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E-BOOK CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM Conformação mecânica - metalurgica APRESENTAÇÃO Você já se perguntou, por exemplo, como o aço pode transformar-se em uma lâmina de faca — ou o cobre em fios que conduzem eletricidade? São metais, elementos essenciais para o setor industrial, que passaram por modificações até chegarem a esses formatos. E isso ocorre por meio do processo de conformação. Antes de entender como se processa essa conformação, devemos compreender a estrutura dos metais. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar conceitos fundamentais de estrutura cristalina dos metais, que será a base para entender o que é deformação plástica do cristal, conformabilidade plástica e suas propriedades. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os principais conceitos fundamentais de estrutura cristalina dos metais.• Identificar os conceitos e efeitos de deformação plástica do cristal e da solidificação dos metais. • Relacionar as características das estruturas dos metais com a conformabilidade plástica e suas propriedades. • DESAFIO Imagine que você faz parte de um grupo de engenheiros e realizou uma fotomicrografia, isto é, utilizou um microscópio junto à camêra, para ampliar em nove vezes a imagem de um metal cortado e polido. Seu objetivo é entender o comportamento das amostras de cobre policristalino de elevada pureza. O resultado é o que você vê na imagem a seguir. Seu desafio é descrever o que aconteceu ao material para apresentar este efeito visual. INFOGRÁFICO Ao estudar conformação mecânica, você irá se deparar frequentemente com o termo discordância. Saber o significado deste termo e a relação dentro do processo de conformação é importante para entender o tema desta Unidade de Aprendizagem. Acompanhe, no infográfico, as representações gráficas da estrutura da discordância. CONTEÚDO DO LIVRO Na indústria metalúrgica, são colocados em prática os conhecimentos de Engenharia e Ciências dos Materiais, aos quais nos confere a capacidade de entender a estrutura cristalina dos metais, além de planejar e antecipar métodos e processos a fim de desenvolver e melhorar a conformação mecânica de acordo com os objetivos dos produtos finais. Acompanhe o capítulo Metalúrgica, do livro Conformação mecânica e soldagem, que serve de referencial teórico para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM André Shataloff Conformação mecânica: metalúrgica Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os principais conceitos fundamentais de estrutura cristalina dos metais. � Categorizar os conceitos fundamentais de deformação plástica do cristal, sistemas de escorregamento e os efeitos das discordâncias. � Relacionar os principais fundamentos sobre contorno de grão, encru- amento, recozimento, recristalização, texturas e anisotropia, fratura dúctil, conformabilidade plástica e seus principais tipos. Introdução Os metais são produzidos e disponibilizados pela indústria metalúrgica em diversos formatos, como blocos, tarugos, vigas, placas grossas, mé- dias e finas, lingotes etc. Para a simples entrega destes formatos, já foi necessária a conformação mecânica inicial desses metais. Para entender como se processa essa conformação, é preciso compreender inicialmente a estrutura dos metais, de que maneira ela favorece a maleabilidade, quais as variáveis pós-processo de deformação, além da correção e da obtenção das propriedades mecânicas desejadas. Neste texto, você estudará conceitos fundamentais de estrutura cris- talina dos metais necessários para se entender o que favorece a deforma- ção plástica do cristal e, por sua vez, relacionar as características dessas estruturas objetivando a conformabilidade plástica e as propriedades finais desses metais. U N I D A D E 1 Fundamentos da estrutura cristalina dos metais Conforme a regularidade do arranjo atômico dos metais na solidificação, um padrão se repete tridimensionalmente desde a ligação de cada átomo e seus vizinhos, formando uma estrutura cristalina. O padrão de formação constante é a principal característica das estruturas cristalinas, cujas imperfeições darão o tom das propriedades mecânicas desse material. Quando observamos pequenas formações, entidades repetitivas, ao longo de uma cadeia de estruturas cristalinas, as denominamos célula unitárias. Na família dos metais há formatos diferenciados dessas células, a exemplo das formas cúbicas, dos paralelepípedos e dos prismas com três conjuntos de faces paralelas. Segundo Callister e Rethwisch (2014), no caso dos metais há três estruturas cristalinas relativamente comuns que abrangem a maioria dos casos, sendo: � cúbica de faces centradas (CFC); � cúbica de corpos centrados (CCC); � hexagonal compacta (HC). Quando no centro das faces há um átomo e nos demais vértices há mais de um, se trata da estrutura CFC, de geometria cúbica. Materiais como alumínio, chumbo, cobre, níquel, ouro, platina, prata, dentre outros, participam deste grupo. Estão organizados nesta formação oito átomos nos vértices e seis átomos nas faces. Na estrutura CCC, em que há um único átomo no centro e os demais nos vértices, estão metais como cromo, ferro (α), molibdênio e tungstênio. Conformação mecânica: metalúrgica2 Figura 1. Principais formas de estruturas cristalinas nos metais. Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 63, 65, 66). (1a) (1b) (1c) (2a) (2b) (2c) a c Fator de empacotamento De acordo com Smith e Hashemi (2012), ao adotarmos uma célula unitária ao modo de conjunto de esferas rígidas, podemos calcular o percentual de ocupação do espaço conforme esse arranjo celular. Um exemplo de 0,60 de fator de empacotamento (FEA) significa que 40% do espaço da célula unitária possui espaço vazio. A relação entre o volume total das esferas (VE) pelo volume total da célula unitária (VC) é o fator de empacotamento: FEA = VE ÷ VC O valor de FEA quanto aos padrões de células unitárias para CCC é de 0,68, enquanto CFC é 0,74 e HC é 0,74, igual ao CFC. No aço, a célula unitária CCC é chamada de ferrita; e a CFC, de austenita. A variação desse fator será determinante para se entender, por exemplo, no caso do aço, a facilidade ou a dificuldade de a solubilização sólida do Fe-Fe3C, Ferro–Carbono, mudar à medida que se altera o padrão da célula unitária em função dos processos de transformação, utilizando o diagrama de transformação tempo–temperatura (TTT). 3Conformação mecânica: metalúrgica O diagrama de transformação de contínuo resfriamento, ou diagrama de transformação tempo temperatura (TTT), indica o tempo necessário para uma fase se decompor em outras fases continuamente para diferentes taxas de transferência de calor (SMITH; HASHEMI, 2012). Para saber mais sobre isso, leia o texto “Estruturas longe das condições de equilíbrio” (CARDOSO et al., 2017) https://goo.gl/TVBUjp Deformação plástica do cristal, sistemas de escorregamento e discordâncias As discordâncias, segundo Askeland e Wright (2014), são muito importantes em metais e ligas metálicas, como o aço, na forma de um mecanismo para a deformação plástica. Podemos definir a deformação plástica como o resultado de tensões aplicadas, gerando movimento das discordâncias, se acumulando no efeito do escorregamento de grupos de discordâncias e produzindo uma deformação permanente. A discordância é importante para a deformação dos metais, pois favorece pouca energia na sua deformação. A não existência dessas falhas tornaria mais difícil a conformação e os processos metalúrgicos. O entendimento dessas discordâncias é a base para se compreender as propriedades mecânicas dos metais. Conformação mecânica: metalúrgica4 De acordo com Smith e Hashemi (2012), a maior parte das ligas no campo da engenharia é policristalina. A condição do policristalinos implicater grãos; os contornos de grãos promovem obstáculos ao movimento de deformação impostos por tensões. Um grão fino resulta em comportamento mais isotrópico do material, igual em todas as direções nas quais são solicitados esforços. De acordo com Callister e Rethwisch (2014), as discordâncias não se movem igualmente em todas as direções, mas sim ocorrem em um plano preferencial de escorregamento e acabam por orientar uma direção de escorregamento. Sistema de escorregamento é a combinação de plano e direção de escorrega- mento. Esse sistema depende da estrutura cristalina do metal, podendo existir diversos sistemas no material policristalino. Principais imperfeições Segundo Smith e Hashemi (2012), as imperfeições nas redes cristalinas são classificadas em: a) Defeitos adimensionais — de dimensão zero — ou pontuais: corres- pondem à posição atômica, a exemplo da falta de um átomo, ou à presença de um átomo extra, o intersticial. Quando existem impurezas intersticiais, também podem provocar defeitos pontuais. b) Defeitos unidimensionais ou lineares — discordâncias: são defeitos em torno de uma linha. Os dois tipos principais são de cunha (aresta) e hélice (espiral). c) Defeitos bidimensionais: incluem os contornos de grãos e as super- fícies. Sua tipologia são defeitos planares, contornos entre os grãos, maclas, contornos de grão com alto ângulo e baixo ângulo, falhas de empilhamento e torções. d) Defeitos macroscópicos tridimensionais ou volumétricos: resultados de soma de defeitos pontuais formando um vazio ou poro. Variação dimensional entre nanômetros e centímetros. 5Conformação mecânica: metalúrgica Na Figura 2, apresentamos os principais tipos de defeitos presentes nos metais, classificados de acordo com suas geometria e forma. Figura 2. Principais tipos de defeitos e imperfeições cristalinas nos metais. Fonte: Modificada de Smith e Hashemi (2012, p. 109, 113). Defeito pontual: vazios ou lacunas Defeito pontual: intersticial Defeito linear: cunha Defeito planar: esquema de um contorno de baixo ângulo torcido Defeito planar: contorno de baixo ângulo formado por discordância de arestaDefeito linear: hélice Solidificação dos metais e seus efeitos A compreensão das etapas de solidificação de metais e ligas é necessária para se entender as características dos materiais e a evolução estrutural ocorrida durante as etapas de conformação mecânica. O grão, segundo Askeland e Wright (2014), é uma parte do material na qual o arranjo de átomos é praticamente idêntico. A orientação da estrutura neste grão tende a ser diferente dos demais grãos vizinhos. O contorno do grão é o limite; a superfície delimitadora entre os grãos busca por acomodação. Os grãos produzem tensões de tração e compressão entre si. As propriedades mecânicas dos metais e ligas dependem do tamanho do grão e do tamanho da área de contorno. Conformação mecânica: metalúrgica6 É importante saber mais sobre o aço, um dos principais metais utilizados na indústria. Leia o texto “Guia do aço” (ARCELOR MITTAL, 2017) e aproveite para aprofundar seus conhecimentos sobre este material. https://goo.gl/1zbs1N A formação do grão O processo de solidificação segue as etapas de formação de núcleos estáveis no líquido — nucleação —, em sequência o crescimento dos núcleos, formando os cristais, e a posterior formação de uma estrutura de grãos. Segundo Smith e Hashemi (2012), a nucleação pode ocorrer de duas formas: homogênea e heterogênea. No caso da nucleação homogênea, o próprio líquido fornece átomos para formar os núcleos. Na heterogênea, o início do processo de nucleação de partículas sólidas é formado sobre o recipiente quando o metal líquido utilizado no molde interage nas impurezas encontradas na própria cavidade do molde. Devido às impurezas e variações de temperaturas, praticamente sempre ocorrerá na indústria a nucleação heterogênea. O crescimento de cristais e a formação de uma estrutura de grãos A descrição das fases de solidificação pode ser observada na Figura 3: 1. surgimento dos núcleos no líquido, conforme a Figura 3a; 2. rearranjo dos átomos em um modelo regular, agrupando-se em orien- tações díspares, diferentes aos demais, conforme a Figura 3b; 3. a solidificação completa dos grãos demarcada através dos contornos, conforme a Figura 3c. 7Conformação mecânica: metalúrgica Figura 3. Etapas de solidificação dos materiais. Fonte: Modificada de Smith e Hashemi (2012, p. 98). Líquido Cristais que formarão grãos Contornos de grãos GrãoLíquido Núcleo (a) (b) (c) Em metais relativamente puros, como mostrado na Figura 4a, podem ser formados dois tipos de grãos: equiaxiais e colunares. Somente nos casos em que a solidificação for semelhante em todas as direções, os grãos equiaxiais se apresentarão ao lado das paredes frias do molde, como na Figura 4b. Os grãos colunares são mais grosseiros e acabam por se solidificar perpendicularmente ao núcleo, seguindo a direção do esfriamento, de fora para o centro, seguindo o núcleo mais quente e último a esfriar da peça. A eliminação desses grãos grosseiros pode ser corrigida por meio de refinadores de grãos. Figura 4. Esquema de estrutura de grão de um metal solidifcado. Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 102). Grãos colunares Molde (a) (b) Grãos equiaxiais Conformação mecânica: metalúrgica8 O encruamento Vlack e Hall (1984) definem o encruamento — endurecimento por deforma- ção — como o aumento de dureza e de resistência decorrente da deformação plástica. Observe que nos ensaios laboratoriais demonstra-se aumento de dureza devido a essa deformação, acompanhado por aumento nos limites de resistência e limite de escoamento, entretanto com redução da ductilidade. Para corrigir o excesso de dureza e o aumento da fragilidade do material são utilizados os tratamentos térmicos (Figura 5). Figura 5. Demonstração de dois tipos de tratamentos térmicos do alumínio policristalino. Fonte: Smith e Hashemi (2012). Tratamentos térmicos Acúmulo de tensões pós-conformação Tratamento térmico Alívio de tensões Tratamento térmico Recozimento Fotomicrogra�as após deforação a frio obtendo grãos fortemente alongados. Fotomicrogra�as após alívio de tensões, aquecida durante 1h a 302ºC. Fotomicrogra�as após ser recozida, durante 1h a 316ºC. Opção 2 Opção 1 Para corrigir os efeitos que ocorrem durante e depois da conformação dos metais, devemos nos inteirar dos tratamentos térmicos. Lembre-se: os tratamentos específicos podem funcionar para determinado material, cristal, estruturas policristalinas etc, e não ter o menor efeito em um segundo caso. Observe as características de cada material! 9Conformação mecânica: metalúrgica Tratamentos térmicos Os tratamentos térmicos são formas de alterar as propriedades dos metais; entretanto, devido a inúmeras aplicações, o aço é largamente utilizado e res- ponde a grandes variações de propriedades físico-químicas pelo fato de ser uma solução sólida de ao menos dois elementos, o ferro e o carbono. Quatro dos tratamentos térmicos usuais empregados para os aços são: alívio de tensões, recozimento pleno, normalização e esferoidização. Esses tratamentos térmicos são usados para as seguintes finalidades: (1) eliminar os efeitos do trabalho a frio; (2) controlar o endurecimento por dispersão; ou, ainda, (3) melhorar a usinabilidade (ASKELAND; WRIGHT, 2014). O tratamento para alívio de tensões é aplicado ao aço perto de 0,25% de carbono, tendo como principal objetivo eliminar o encruamento desse material. Para tal é aquecido a temperaturas ainda baixas ao aço, entre 80º e 170ºC, abaixo da faixa de austenitização. O recozimento No recozimento, segundo Askeland e Wright (2014), o aço é aquecido para produzir uma austenita homogênea e monofásica (fase γ, CFC), em um processo de austenitização. Para se atingir o recozimento pleno, uma vez homogenizado o material, o aço é deixado resfriar dentro do forno lentamente, permitindo a produção de perlita grosseira.O processo conhecido por normalização é semelhante ao recozimento; entretanto se deseja a perlita fina obtida através de resfriamento mais rápido, exposto ao ar, em vez de deixar no forno. Na normalização, a resistência mecânica é mais alta, e no recozimento o material fica mais dúctil. A recristalização Devido à necessidade de combinar tenacidade e resistência, vimos a impor- tância do recozimento para chegar à ductilidade desejada. A fim de efetivar um bom tratamento térmico de recozimento é preciso conhecer a temperatura de recristalização e a variação dos tamanhos dos grãos. A recristalização, de acordo com Askeland e Wright (2014), é o processo de formação de novos grãos por meio do aquecimento de um material previamente deformado a frio. Em temperaturas mais altas de recozimento, a recuperação Conformação mecânica: metalúrgica10 e a recristalização ocorrem de maneira rápida, formando uma estrutura fina de grãos recristalizados. O efeito é simples: os grãos menores são unidos a outros, aumentando seu tamanho, e em cascata absorvem outros menores. Não é sempre desejada a recristalização, pois há perda de propriedades mecânicas e o material amolece. Os principais objetivos dos tratamentos térmicos são: � aumento ou diminuição da dureza; � aumento da resistência mecânica; � melhora da ductilidade; � melhora das propriedades de corte; � melhora da resistência ao desgaste; � melhora da resistência à corrosão; � melhora da resistência ao calor; � melhora da usinabilidade; � modificação das propriedades elétricas e magnéticas; � remoção ou alívio de tensões internas no material. Para obter mais informações, leia o texto “Aços-liga, efeitos dos elementos de liga, propriedades mecânicas” (INFO- MET, 2017), sobre aplicação de tratamentos térmicos em soldagens. https://goo.gl/ibwaZA As texturas De acordo com Askeland e Wright (2014), a deformação plástica — seja a frio ou a quente — gera uma microestrutura em grãos alongados em razão da exposição às tensões mecânicas. Processos de fabricação como a extru- 11Conformação mecânica: metalúrgica são e a trefilação produzem uma textura do tipo fibra, que é o alinhamento preferencial das direções cristalinas. A expressão fibra deriva dos grãos e inclusões alongados na direção paralela ao eixo do produto extrudado ou na trefilação, como no caso dos fios de arame mais resistentes à tração devido ao alinhamento do material. A orientação do material demonstrado por tex- turas deflagra o comportamento de os grãos girarem e se alongarem em certa direção, implicando a alteração de planos cristalográficos e favorecendo o comportamento anisotrópico. A textura cristalográfica pode indicar também a variação em propriedades óticas, magnéticas e elétricas. A anisotropia dos metais Segundo Callister e Rethwisch (2014), as propriedades físicas dos monocris- tais de algumas substâncias dependem da direção cristalográfica na qual as medições são feitas. Isto significa que de acordo com as direções dos ensaios, grandezas referentes ao índice de refração, ao módulo de elasticidade e à condutividade elétrica podem variar. Esse efeito entre a direcionalidade e as propriedades é denominado anisotropia. Quando o material possui o mesmo comportamento independente da direção, chamamos de substâncias isotrópicas. Quanto maior a assimetria estrutural, maior será a anisotropia; quanto maior a simetria, menor é este efeito. A fratura dúctil Callister e Rethwisch (2014) definem a fratura simples a exemplo da separação de um corpo em duas ou mais partes, fruto da imposição de uma tensão de natureza estática em temperaturas abaixo do ponto de fusão. As fraturas podem ser de outras origens, como a fadiga — tensões cíclicas, ou mesmo de afluência — e a deformação em temperaturas elevadas. As fraturas podem se dividir em dúctil ou frágil, e ambas se desenvolvem da formação da trinca, em primeiro lugar, e da posterior propagação até a ruptura. Quando frágeis, ocorrem rapidamente sem aviso prévio. A fratura dúctil é mais previsível devido ao tempo de propagação da trinca e necessita de mais energia de deformação, ocorrendo em materiais mais tenazes. Conformação mecânica: metalúrgica12 Quando observamos diversos materiais, podemos distingui-los em três categorias: a) o frágil, a exemplo do giz, que ao ser tracionado rapidamente se rompe, não diminuindo a secção transversal e não escoando o material antes da separação em dois pedaços; b) o moderadamente dúctil, como o aço, que reduz gradativa e modera- damente a secção transversal até romper-se, gerando uma área visível de propagação da trinca inicial até sua ruptura; c) o altamente dúctil, como plásticos esticando e diminuindo sua secção até a ruptura, deflagrando uma capacidade de escoamento que os materiais metálicos não possuem. Ao analisar a formação cristalina dos metais e suas imperfeições, desta- cando as discordâncias, observamos o papel fundamental do escoamento das estruturas e o esticar de grãos, permitindo uma deformação previsível típica de materiais como o aço, a qual se prevê por meio de margens de segurança atendendo aplicações do dia a dia, desde os cabos utilizados em elevadores, até a estrutura de determinado prédio capaz de resistir a tensões além do dimensionado, avisando a sua iminente ruptura. A conformabilidade plástica Para transformar os metais em produtos são aplicados diversos processos e recursos, observando-se as propriedades dos materiais para sua produção. Sob o ponto de vista da conformabilidade plástica, o foco é na aptidão dos metais em se deformar através de tensões, e, em determinados casos, no aumento de temperatura para se moldar, conformar, adotar nova forma em um único processo de fabricação ou ao longo de processos até assumir as dimensões do produto final. A característica dos materiais metálicos para atender essa conformação não seria apenas a deformação elástica, não permanente, pois neste caso as tensões aplicadas não alteram a forma do blank ou do melhor material de base. A deformação plástica é a característica necessária à conformabilidade, per- mitindo ao material ser laminado, extrudado e estampado, dentre os variados processos de fabricação mecânica. 13Conformação mecânica: metalúrgica De acordo com Callister e Rethwisch (2014), a deformação plástica cor- responde à quebra de ligações com os átomos vizinhos originais e, então, à formação de ligações com novos átomos vizinhos, conforme um grande nú- mero de átomos ou moléculas se move em relação aos outros. Com a remoção da tensão, não se retorna às posições originais, fruto das discordâncias das estruturas cristalinas e consequentemente do processo de escorregamento, permitindo ocorrer tal transformação. Segundo Bresciani et. al. (1997), os processos de conformação podem ser divididos em dois grupos: processos mecânicos promovendo deformações através de tensões externas, podendo estar a altas temperaturas, sem a sua liquefação; e processos mecânicos promovendo deformações através de tensões externas, podendo estar a altas temperaturas, liquefazendo e fundindo, ou atra- vés da difusão de partículas metálicas, a exemplo do processo de sinterização. Os processos de conformação mecânicos são de conformação plástica e, geralmente, a tensão inferior está ao limite de ruptura. Quando trabalha acima deste limite, ocorre a retirada de material, o cavaco, denominando-se usinagem. Os estágios de conformação — seja um ou vários estágios — atendem o princípio de fabricar peças no estado sólido, com características controladas, obtendo desta forma propriedades mecânicas, qualidade superficial, forma e dimensão. As formas de classificação dos processos de conformação plástica podem ser: 1. tipo de esforço preponderante; 2. temperatura de trabalho; 3. forma do material base ou produto final; 4. abrangência da região deformada, parcial ou total; 5. tipo de fluxo do material, contínuo ou intermitente; 6. tipo de produto obtido,acabado ou semiacabado. Bresciani et. al. (1997) definem cinco tipos de classificação dos processos de conformação de acordo com o tipo de esforços predominantes (Figura 6), sendo: 1. conformação à compressão direta — predomina a solicitação externa por compressão sobre a peça, sendo exemplos a laminação e o forjamento; 2. conformação à compressão indireta — as forças externas são de tração ou compressão, e a conformação, indireta, devido à reação da matriz sobre a peça. A trefilação e a extrusão de tubos e fios e a estampagem profunda são exemplos disso; Conformação mecânica: metalúrgica14 3. conformação à tração — aplicação de forças em suas extremidades, a exemplo de estiramento de chapas; 4. conformação a cisalhamento — aplicação de forças cisalhantes, apenas torcendo ou cortando, a exemplo de torção de barras e corte de chapas; 5. conformação à flexão — aplicação de momento fletor, modificando a forma, a exemplo de dobra de chapas, peças e chapas. Classificação simplificada dos processos de conformação Figura 6. Esquema simplificado da classificação dos processos de conformação. Fonte: Bresciani et al. (1997). La m in aç ão Extrusão Tre �la ção Estampagem Forjam ento a a a a a a a a 15Conformação mecânica: metalúrgica ARCELOR MITTAL. Guia do aço. [S.l.]: Arcelor Mittal, [2017]. Disponível em: <http:// brasil.arcelormittal.com.br/pdf/quem-somos/guia-aco.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2017. ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. São Paulo: Cengage Learning, 2014. BRESCIANI, E. F. et al. Conformação plástica dos metais. 5. ed. São Paulo: Unicamp, 1997. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Fundamentos da ciência e engenharia dos materiais: uma abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2014. CARDOSO, A. V. Et al. (Coord.). Estruturas longe das condições de equilíbrio. In: CAR- DOSO, A. V. Et al. (Coord.). Ciência dos materiais multimídia. [S.l.: CETEC, 2017]. Disponível em: <http://www.cienciadosmateriais.org/index.php?acao=exibir&cap=13&top=11 4&fig=121>. Acesso em: 11 dez. 2017. INFOMET. Aços-liga, efeitos dos elementos de liga, propriedades mecânicas. [S.l.]: InfoMet, 2017. Disponível em: <http://www.infomet.com.br/site/acos-e-ligas-conteudo-ler. php?codConteudo=8>. Acesso em: 11 dez. 2017. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. VLACK, V.; HALL, L. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. Leitura recomendada NOVO INFOSOLDA.COM.BR 4.0 – O portal Brasileiro da Soldagem. [S.l.]: InfoSolda, c2013. Disponível em: <http://www.infosolda.com.br/biblioteca-digital.html>. Acesso em: 24 nov. 2017. Conformação mecânica: metalúrgica16 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O que faz um material ser maleável e ter diferentes formatos enquanto que em outros isso não é possível? A resposta está na estrutura dos átomos que compõem esse material. Para entender mais sobre esse tópico e qual a relação com o processo de conformação mecânica-metalúrgica, assista à dica do professor, a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre as principais formas de estruturas cristalinas dos metais, analise a figura e assinale a alternativa que melhor define os significados, seguindo a ordem de exposição (a), (b) e (c): A) Células unitárias isoladas, (a) CCC, (b) CFC e (c) HC B) Células unitárias das principais estruturas cristalinas, (a) HC, (b) CFC e (c) CCC C) Células unitárias isoladas, (a) HC, (b) CCC e (c) CFC D) Células unitárias com esferas rígidas, (a) HC, (b) CCC e (c) CFC E) Células unitárias das principais estruturas cristalinas, (a) HC, (b) CCC e (c) CFC 2) Sobre a solidificação de metais e a formação de grãos, temos uma situação em que há o crescimento de núcleos estáveis e a formação de uma estrutura de grãos de dois tipos de estruturas: grãos equiaxiais e grãos colunares. Qual grupo de materiais melhor adequa-se a esse perfil? A) Metais policristalinos B) Metais monocristais C) Polímeros sintéticos D) Metais relativamente puros E) Metais relativamente puros com refinadores de grãos. 3) Testes laboratoriais demonstram o aumento de dureza devido à deformação plástica, acompanhado por um aumento nos limites de resistência e limite de escoamento. A qual característica estamos nos referindo? A) Nitretação B) Encruamento. C) Ductilidade D) Martêmpera E) Recozimento 4) Qual o nome dado ao processo de formação de novos grãos por meio do aquecimento de um material previamente deformado a frio, em que há, por vezes, a perda de propriedades mecânicas e o amolecimento do material devido a temperaturas elevadas por determinado período? A) Cementação B) Recozimento C) Têmpera D) Texturização E) Recristalização 5) Qual característica dos materiais metálicos está relacionada diretamente ao significado das variações das direções de ensaios, grandezas referentes ao índice de refração, módulo de elasticidade e condutividade elétrica? A) Ductilidade B) Cristalografia C) Anisotropia D) Policristalinidade E) Soluções intersticiais NA PRÁTICA Você sabe responder qual a relação entre a fabricação de uma latinha de refrigerante e o nosso assunto de estudo? Pois trata-se de um processo de conformação mecânica-metalúrgica. Para entender um pouco mais sobre isso, acompanhe o conteúdo a seguir. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Assista à videoaula sobre Estrutura cristalina e imperfeições: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Assista ao vídeo que mostra um exemplo de conformação, neste caso, a transformação do ferro gusa em aço: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Para saber mais sobre o processo de conformação plástica, consulte o trabalho Conformação plástica dos metais: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conformação mecânica – efeitos da temperatura na conformação APRESENTAÇÃO O alumínio é um elemento encontrado na natureza em forma de minério. Ao passar por processos químicos, torna-se um metal puro, pronto para ser matéria-prima de indústrias. É possivel, por exemplo, utilizar o metal na fabricação de latas. Essa mesma latinha, ao ser reciclada, é aquecida até que o alumínio torne-se líquido. A partir desse ponto, pode-se gerar outros produtos ou obter formas específicas. Veja que as etapas citadas alteram as propriedades dos metais e mudam suas características mecânicas; há um elemento essencial em todas elas: a temperatura. Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá o motivo da temperatura ser fator importante para o processo de conformação de metais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as características da recristalização efetiva.• Relacionar os impactos associados à geração de calor nos processos de conformação de metais. • Analisar os efeitos da temperatura no processo de conformação de metais.• DESAFIO Em uma aula sobre conformação mecânica, seu professor lançou um desafio: forneceu três amostras fotomicrográficas, ampliadas 200 vezes, de um processo produtivo específico, extraídas em etapas diferentes do mesmo produto, o aço SAE 1006. O metal sofreu processos de conformação mecânica, e cada pedaço foi preparado a partir do final de cada etapa realizada. As amostras foram dispostas em ordem aleatória, e o desafio dos alunos é ordená-las de forma correta e justificar as mudanças ocorridas. Você topa esse desafio? Conseguiria ordenar as amostras e justificá-las? INFOGRÁFICO O trabalho a frio afeta as propriedades do material, e devemos entender os limites de alongamento, pois, se necessária uma deformaçãomaior, o recozimento entre etapas é recomendado. Já a geração de calor e os efeitos nos processos, além do custo de produção, interferem diretamente no material. Temos também as tecnologias modernas de simulação que nos favorecem na análise das características finais dos produtos. Acompanhe, no infográfico, três exemplos de representação gráfica dos efeitos da temperatura na conformação. CONTEÚDO DO LIVRO Saber os efeitos da temperatura na estrutura cristalina dos metais é ponto importante, afinal, a temperatura tem grande influência na etapa de conformação mecânica dos metais. Acompanhe o capítulo Efeitos da temperatura na conformação, do livro Conformação mecânica, que serve de referencial teórico para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM André Shataloff Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os principais conceitos associados aos efeitos da tempe- ratura sobre a recristalização efetiva dos processos de conformação de metais. � Relacionar os conceitos associados à geração de calor nos processos de conformação de metais. � Reconhecer os efeitos da temperatura sobre os processos de con- formação de metais. Introdução Os metais são produzidos e disponibilizados pela indústria metalúrgica em diversos formatos, tais como: blocos, tarugos, redondos, vigas, placas grossas, médias e finas, lingotes etc. A conformação mecânica pode ser feita em produtos primários ou secundários, ou seja, produtos acabados a partir do derretimento do metal em sua formação inicial, na qual se aproveita a condição de fluidez do material para gerar produtos ou para obter formas específicas que serão transformadas em fase subsequente. Esses processos de produção provocam o aquecimento, a conformação e o esfriamento, alteram as propriedades dos metais e mudam as carac- terísticas mecânicas. Para garantir as propriedades, devem-se observar as composições químicas das estruturas e aplicar formas de correção da recristalização, recuperando e atendendo as necessidades. Neste texto, você vai estudar conceitos associados aos efeitos da temperatura sobre a recristalização efetiva dos processos de conformação de metais e, por sua vez, relacionar a geração de calor com os efeitos da temperatura sobre os referidos processos. Efeitos da temperatura na recristalização efetiva Conforme a regularidade do arranjo atômico dos metais na solidificação, um padrão se repete tridimensionalmente desde a ligação de cada átomo e seus vizinhos, formando uma estrutura cristalina. Um padrão de formação constante é a principal característica das estruturas cristalinas cujas imperfeições darão o tom das propriedades mecânicas desse material. Por conta da necessidade de características mecânicas exigentes e desenvolvimento de novos materiais, a indústria cada vez mais utiliza materiais policristalinos, ou seja, ligas metálicas. De acordo com Smith e Hashemi (2012), a maior parte das ligas no campo da engenharia são policristalinas. A condição dos materiais policristalinos implica em ter grãos espalhados na estrutura, ou seja, durante a solidificação surgem diversos núcleos aos quais vão se formando estruturas celulares desorientadas uns dos outros grãos, o que leva à condição de grande capacidade de deforma- ção, além de não haver uma única estrutura cristalina. Os contornos de grãos promovem obstáculos ao movimento de deformação impostos por tensões. Um grão fino resulta em um comportamento mais isotrópico do material, igual em todas as direções às quais são solicitadas esforços. Caso determinado material tenha grãos mais refinados, teremos maior resistência à movimentação da estrutura, o que dificulta a deformação. Há uma relação entre a dureza e o tamanho do grão, isto é, quanto menor o diâmetro dos grãos, maior a tensão para atingir o limite de escoamento. Uma justificativa para a dificuldade do escoamento dos grãos menores é o desencontro das discordâncias de um determinado grão aos dos demais e, conforme o raio diminui, o escorregamento das falhas diminui o espaço da deformação, tornando o material mais resistente. Efeito da deformação plástica a frio no aumento da resistência mecânica dos metais Segundo Smith e Hashemi (2012), a densidade da discordância aumenta em função da deformação a frio, provocando a interação entre as discordâncias previamente existentes e as geradas pela ação da deformação. O nome desse fenômeno é encruamento, no qual o material endurece em virtude do aumento das discordâncias. Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação2 O encruamento ou endurecimento ajuda a aumentar a resistência mecâ- nica de alguns metais, tais como os utilizados na trefilação, melhorando sua resistência à tração e o limite de escoamento. Na Figura 1 podemos observar uma liga metálica de 70% Cu-30% Zn, o conhecido latão, cujas propriedades de resistência à tração sobem à medida que aumentamos o alongamento a frio. Um exemplo seria, na condição inicial, termos, para zero de trabalho a frio, uma capacidade de resistência à tração de 46 Ksi. Uma vez que se trabalha a frio em 43%, o limite de resistência à tração passa para 80 Ksi, ao passo que seu limite de escoamento cai para 10 Ksi. Tal valor mostra a variação da capacidade de trabalho do material em função da deformação a frio. Para melhorar o limite de escoamento, podemos recuperar ou recristalizar o metal, favorecendo o restabelecimento de características desejadas ao produto final. Figura 1. Porcentagem de deformação a frio em função do limite de resistência à tração e alongamento até a quebra da liga 70% de Cu-30% de Zn. Fonte: Adaptada de Smith e Hashemi (2012, p. 184). 120 100 80 60 40 20 60 40 20 200 10 40 % de trabalho a frio Alongamento Limite de escoamento (MPa) Li m ite d e re sis tê nc ia à tr aç ão e li m ite d e es co am en to (K si) Limite de resistência à tração 70% Cu-30% Zn % d e al on ga m en to 30 6050 3Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação Recristalização De acordo com Smith e Hashemi (2012), se aquecermos o material a tempera- turas abaixo da faixa de recristalização do material, ou seja, não permitindo a nucleação de novos grãos na estrutura metálica, ocorrerá apenas o alívio das tensões internas do metal. Na Figura 2, a curva das tensões internas residuais cai significativamente, a ductilidade aumenta e a dureza altera pouco. Atingindo a temperatura de recristalização, poderá ocorrer recristalização primária por meio do surgimento da nucleação dentro dos grãos maiores, deformados, ou o crescimento de subgrãos formados nos contornos dos grãos e que tendem a migrar das regiões fortemente deformadas, aliviando, assim, a energia interna do material. A resistência à tração decai, aumentando in- versamente a ductilidade. Figura 2. Efeito do recozimento na alteração da estrutura e propriedades me- cânicas de um metal em função do aumento da temperatura. Fonte: Adaptada de Smith e Hashemi (2012, p. 184). Te ns õe s in te rn as re sid ua is Re sis tê nc ia , du re za , du ct ili da de Resistência Ta m an ho de g rã os Ductilidade Dureza Novos grãos Recristalizado Aumento de temperatura Deformado a frio e recuperado Recuperado Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação4 Variáveis observadas no processo de recristalização, segundo Smith e Hashemi (2012): � a recristalização necessita do encruamento, uma deformação significativa anterior; � a temperatura deverá ser maior para que se perceba o efeito em pequenas deformações; � o trabalho em temperaturas mais altas diminui o tempo de trabalho; � quanto maior a deformação, menor o tamanho do grão formado e menor a tem- peratura de trabalho; � nos materiais de grãos maiores, a deformação deverá sergrande, tornando signi- ficativa a recristalização; � a adição de elementos de liga aumenta a temperatura de recristalização: quanto mais puro o metal, menor será a temperatura de trabalho. Veja o vídeo Properties and Grain Structure [Aprofundando conhecimentos em propriedades de grãos e estruturas] – legendado. Disponível em: https://goo.gl/vPz9jB Geração de calor nos processos de conformação Segundo Weiss (2012), a maioria dos metais inicia o processo de conformação por meio da fundição via fornos de aquecimento. Os tipos mais comuns são: forno a cadinho, forno cubilot, forno elétrico e forno de indução. O metal é transferido para o molde, derramado no canal de abastecimento. Na indústria metalúrgica, metais e ligas darão forma a lingotes estacionários ou contínuos. Na siderurgia, o gusa é produzido no primeiro refino; ao ser direcionado ao alto-forno, por meio do coque metalúrgico, se transforma em ferro-gusa. 5Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação No convertedor, o ferro-gusa será refinado por meio de oxigênio e terá suas propriedades químicas corrigidas, a fim de alcançar equilíbrio para atender a determinadas especificações. Na fase seguinte, passa para o con- versor, submetendo-se a uma transformação a aço-carbono, na qual ocorre outra reação química que produz escória. Os fornos de arco elétrico e os de indução favorecem melhor o controle da formação do aço, e podem servir para a formação de aço-liga ou de aço-especial. Quando possível, aproveita-se a energia e o calor desse processo e, em seguida, o material é disposto em canais refratários, sendo distribuído na lingoteira. Os processos primários que estão relacionados a essa etapa são: laminação, extrusão, trefilação, forjamento e estampagem. O máximo aproveitamento da energia inicial de fundição para a realização dos produtos e subprodutos diminui o custo da necessidade de reaquecer. Trabalhar a frio pode resultar na alteração das propriedades mecânicas, o que exigiria novos tratamentos térmicos. Segundo Schaeffer (2009), para conhecer os problemas de conformação mecânica, precisamos primeiro conhecer os parâmetros de tensões, deforma- ções, velocidades de deformações, atrito e geração de calor ou condutividade térmica. Para saber sobre o calor gerado, devemos conhecer o atrito, muitas ve- zes associado ao consumo de energia, desgaste de ferramentas, aumento da temperatura etc. O atrito é importante nos casos de laminação e forjamento. Existem tabelas de parâmetro que devem ser verificadas in loco, no entanto, temos, de acordo com Schaeffer (2009), algumas referências: � laminação a frio: entre 0,03 e 0,07 / a quente: 0,2; � forjamento a frio: entre 0,05 e 0,1 / a quente: entre 0,05 e 0,2. Quanto à transferência de calor, deve ser considerada a ocorrência da condução, da radiação e da convecção térmica. Hoje, muito desses cálculos são feitos com simuladores de processos. Os cálculos das grandezas envolvidas são complexos, sendo necessário o conhecimento do coeficiente de condutibi- lidade térmica (λ) e do calor específico (cp) em diversas temperaturas. Além disso, devemos considerar o coeficiente de transferência de calor (α) entre os corpos em contato e o ar. Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação6 Simulações. A conformação mecânica é um processo antigo; tentar entender a ação e os efeitos da variação das temperaturas sempre foi um desafio. Nas últimas décadas, a simulação computacional permitiu um avanço nessas análises. Observe nas Figuras 3a e b as simulações e veja, no primeiro momento, a variação heterogênea da temperatura sendo considerada na peça e, no momento seguinte, essa mesma peça sendo forjada. Figura 3. a) Distribuição de temperaturas em um tarugo de alumínio, inicialmente aquecido, de forma homogênea, até 350 °C e resfriado a ar por 10 segundos. b) Gradiente de temperatura de tarugo de alumínio aquecido até 350 °C e resfriado por 10 segundos, sem troca de calor entre as matrizes e a peça, em que: I. Forjado até 20 mm de deslocamento da matriz superior; II Forjado até o final. Fonte: Adaptada de Silva et al. (2017). b) v = 50 mm/s v = 50 mm/s Temperatura (ºC) 445 395 345III a) Cilindro de alumínio Altura inicial: 80 mm Diâmetro inicial: 40mm Temperatura inicial 350 ºC 10 s a ar Convecção: 0,0 kW/m2 ºC Temperatura (ºC) 350 347 345 7Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação Efeitos da temperatura sobre os processos de conformação Quanto aos efeitos da temperatura sobre os processos de conformação, podemos, de acordo com Chiavenini (1986), observar as características dos principais métodos e classificá-los em três parâmetros: a) frio atuando em temperaturas de zero a 30% da temperatura de fusão; b) morno atuando entre 30 e 50% da temperatura de fusão; e c) quente, acima de 50% da temperatura de fusão. Na fundição, salvo a condição inicial da siderúrgica ou metalúrgica, ob- servamos industrialmente a fundição sob pressão, utilizando o sistema de injeção, que pode ser de dois tipos básicos: � em câmara quente: o material se funde a baixa temperatura e o peso das peças é de até 25 kg; � em câmara fria: utilizadas, em geral, no alumínio, no magnésio e no cobre, funcionam através de um sistema de bombeamento que empurra o material despejado por uma panela, até alimentar a cavidade. No processo de fundição por centrifugação, onde se despeja metal líquido e o molde centrifuga, o sistema de alimentação é externo, alimentado por meio de panela. Na fundição de precisão é utilizado um molde cujo modelo é revestido de modelo consumível. O metal vazado se torna igual ao modelo. Exemplos de peças feitas por fundição de precisão são: materiais da indústria aeronáutica, ligas de aço e alumínio, ligas de magnésio, equipamentos aeroespaciais, equipamentos eletrônicos etc. Na fundição contínua são produzidas peças longas em diversos formatos padrão. Na laminação, trabalha-se a quente e a frio. As características a quente são: � emprega menor esforço mecânico; � a estrutura refinada possui melhor tenacidade, reduzindo propriedades mecânicas; � elimina melhor as impurezas, diminui a porosidade e deixa o material mais resistente em uma direção; � deforma mais profundamente o trabalho, podendo recristalizar; � exige materiais na construção resistentes ao calor; � facilita a oxidação do material; � dificulta o trabalho a curta tolerância; Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação8 � produz o defeito casca de laranja, propenso a produzir superfícies ásperas. No forjamento, o processo de conformação é realizado por meio de pren- sagem ou martelamento. A temperatura máxima é a de fusão do material: se for alta, pode oxidar; se for baixa, favorece o encruamento. Quanto mais mole, mais alta será a temperatura, e com isso mais deformação o material aceitará. Na estampagem, as operações de conformação são geralmente a frio. As operações são, basicamente: � corte; � dobramento e encurvamento; � estampagem profunda. É importante saber mais sobre a utilização de dados sobre materiais em simuladores computacionais de conforma- ção mecânica. Acesse o link https://goo.gl/TpNS8n e veja as tendên- cias para o futuro! Existem vantagens e desvantagens ao se trabalhar a frio, a morno ou a quente, pois cada caso tem uma aplicação conveniente. Por exemplo, na condição morna, o material tem um alívio de tensões, mas não se dilata tanto. Observe a seguir as vantagens e desvantagens do trabalho a quente, segundo Rocha (2012). Vantagens do trabalho a quente: � requer menos energia, pois a tensão de escoamento decai junto com o aquecimento; � proporciona ductilidade, melhor performance em escoar; � leva à homogeneização da estrutura, favorecendo a eliminação de contaminantes; � elimina bolhas e poros; 9Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação CHIAVENINI, V. Tecnologia mecânica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.ROCHA, O. F. L. Conformação mecânica. Belém: IFECT, 2012. SCHAEFFER, L. Conformação mecânica. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2009. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. WEISS, A. Processos de fabricação mecânica. Curitiba: Livro Técnico, 2012. Leituras recomendadas ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. São Paulo: Cengage Learning, 2014. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Fundamentos da ciência e engenharia dos materiais: uma abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2014. MACHADO, L. P. M. Conformação dos metais: fundamentos e aplicação. Vitoria: IFES, 2008. OLÍVIO, N. Introdução à engenharia de fabricação mecânica. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2013. VLACK, V.; HALL, L. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. � torna os grãos mais uniformes e equiaxiais e diminui a granulação; � melhora a tenacidade. Desvantagens do trabalho a quente: � gera gasto de energia e uso de equipamentos especiais resistentes ao calor; � tem propensão à oxidação nos metais e promove a descarbonatação superficial nos aços, perdendo dureza superficial; � a formação de óxidos dificulta aplicação de acabamento; � gera maior dificuldade na manutenção e maior desgaste das ferramentas; � a dilatação dificulta a verificação dimensional; � as propriedades da estrutura são menos homogêneas, se comparadas a peças feitas a frio, e depois recozidas. Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação10 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Sabemos que a conformação mecânica pode ocorrer sob efeito de altas ou baixas temperaturas, certo? Mas você deve se perguntar: qual a melhor maneira? Para saber a resposta, assista à dica do professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A conformação mecânica depende de esforços para realizar trabalho e modificar as características dos materiais metálicos a cada etapa de produção. A temperatura é variável importante na obtenção de propriedades mecânicas adequadas à exigência de projeto. Qual alternativa melhor define o efeito da temperatura durante a conformação? A) Endurecimento a frio, recristalização a morno e têmpera a quente. B) Recuperação a frio, recristalização a morno e têmpera a quente. C) Deformação a frio, recuperação a morno e têmpera a quente. D) Encruamento a frio, recuperação a morno e recristalização a quente. E) Deformação a frio, recuperação a morno e recristalização a quente. 2) Quais são as principais vantagens de se trabalhar com temperaturas frias? A) Aumenta a resistência à tração, reduz a dureza, tem melhor acabamento superficial e pode ser feito o recozimento depois do processo. B) Diminui a resistência à tração, diminui a dureza, tem melhor acabamento superficial e pode ser feito recozimento depois do processo. C) Aumenta a resistência à tração, aumenta a dureza, tem pior acabamento superficial e pode ser feito recozimento depois do processo. D) Diminui a resistência à tração, diminui a dureza, tem melhor acabamento superficial e não pode ser feito o recozimento depois do processo. E) Aumenta a resistência à tração, aumenta a dureza, tem melhor acabamento superficial e pode ser feito o recozimento depois do processo. 3) Quais são as principais vantagens de se trabalhar com temperaturas mornas? A) Aumenta a dureza interna da peça e amolece a superfície. B) Diminuem os esforços quando comparados ao trabalho a frio, melhora a precisão dimensional e o acabamento em comparação ao trabalho a quente. C) Requer menos energia e contribui para homogeneizar as discordâncias internas adquiridas na conformação. Requer menos energia e contribui para heterogeinizar as discordâncias internas adquiridas D) na conformação. E) A formação de óxidos na superfície do material. 4) Em relação ao efeito de recozimento do material, qual alternativa define os termos "recuperação" e "recristalização"? A) Recuperação é o aumento das discordâncias internas, diminuindo levemente a ductilidade. Recristalização é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. B) Recuperação é o rearranjo das discordâncias internas, melhorando levemente a ductilidade. Recristalização é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. C) Recristalização é o rearranjo das discordâncias externas, melhorando levemente a ductilidade. Recuperação é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. D) Recuperação é o rearranjo das discordâncias internas, melhorando plenamente a ductilidade. Recristalização é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. E) Recristalização é o rearranjo das discordâncias internas, melhorando levemente a ductilidade. Recuperação é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. 5) Com base em seus conhecimentos sobre a relação entre temperatura e conformação mecânica, qual alternativa define as vantagens de trabalhar a quente? A) Aumenta a dureza superficial da peça e amolece o núcleo. B) Aumenta a dureza interna da peça e amolece a superfície. C) Requer menos energia e contribui para homogeneizar as discordâncias internas adquiridas na conformação. D) A formação de óxidos na superfície do material. E) A dilatação térmica. NA PRÁTICA A decisão de aplicar um processo de conformação com temperatura alta ou baixa precisa ser analisada com relação a alguns itens, como, por exemplo, o consumo de energia. Por isso, é importante conhecer as vantagens e desavantagens dos efeitos da temperatura. Confira, a seguir, exemplo de processo a quente. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Para conhecer sobre o processo de recozimento, a indicação é da dissertação de mestrado Efeito da temperatura de encharque no recozimento contínuo e das deformações na laminação de encruamento sobre as propriedades mecânicas de um aço microligado laminado a frio: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Leia o texto Processos de fabricação: fundição, extrusão, laminação e soldagem: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Em Simulações integradas do processo, você encontrará material sobre tratamento térmico: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conformação mecânica – efeitos da temperatura na conformação APRESENTAÇÃO O alumínio é um elemento encontrado na natureza em forma de minério. Ao passar por processos químicos, torna-se um metal puro, pronto para ser matéria-prima de indústrias. É possivel, por exemplo, utilizar o metal na fabricação de latas. Essa mesma latinha, ao ser reciclada, é aquecida até que o alumínio torne-se líquido. A partir desse ponto, pode-se gerar outros produtos ou obter formas específicas. Veja que as etapas citadas alteram as propriedades dos metais e mudam suas características mecânicas; há um elemento essencial em todas elas: a temperatura. Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá o motivo da temperatura ser fator importante para o processo de conformação de metais. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as características da recristalização efetiva.• Relacionar os impactos associados à geração de calor nos processos de conformação de metais. • Analisar os efeitos da temperatura no processo de conformação de metais.• DESAFIO Em uma aula sobre conformação mecânica, seu professor lançou um desafio: forneceu três amostras fotomicrográficas, ampliadas 200 vezes, de um processo produtivo específico, extraídas em etapas diferentes do mesmo produto, o aço SAE 1006. O metal sofreu processos de conformaçãomecânica, e cada pedaço foi preparado a partir do final de cada etapa realizada. As amostras foram dispostas em ordem aleatória, e o desafio dos alunos é ordená-las de forma correta e justificar as mudanças ocorridas. Você topa esse desafio? Conseguiria ordenar as amostras e justificá-las? INFOGRÁFICO O trabalho a frio afeta as propriedades do material, e devemos entender os limites de alongamento, pois, se necessária uma deformação maior, o recozimento entre etapas é recomendado. Já a geração de calor e os efeitos nos processos, além do custo de produção, interferem diretamente no material. Temos também as tecnologias modernas de simulação que nos favorecem na análise das características finais dos produtos. Acompanhe, no infográfico, três exemplos de representação gráfica dos efeitos da temperatura na conformação. CONTEÚDO DO LIVRO Saber os efeitos da temperatura na estrutura cristalina dos metais é ponto importante, afinal, a temperatura tem grande influência na etapa de conformação mecânica dos metais. Acompanhe o capítulo Efeitos da temperatura na conformação, do livro Conformação mecânica, que serve de referencial teórico para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM André Shataloff Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever os principais conceitos associados aos efeitos da tempe- ratura sobre a recristalização efetiva dos processos de conformação de metais. � Relacionar os conceitos associados à geração de calor nos processos de conformação de metais. � Reconhecer os efeitos da temperatura sobre os processos de con- formação de metais. Introdução Os metais são produzidos e disponibilizados pela indústria metalúrgica em diversos formatos, tais como: blocos, tarugos, redondos, vigas, placas grossas, médias e finas, lingotes etc. A conformação mecânica pode ser feita em produtos primários ou secundários, ou seja, produtos acabados a partir do derretimento do metal em sua formação inicial, na qual se aproveita a condição de fluidez do material para gerar produtos ou para obter formas específicas que serão transformadas em fase subsequente. Esses processos de produção provocam o aquecimento, a conformação e o esfriamento, alteram as propriedades dos metais e mudam as carac- terísticas mecânicas. Para garantir as propriedades, devem-se observar as composições químicas das estruturas e aplicar formas de correção da recristalização, recuperando e atendendo as necessidades. Neste texto, você vai estudar conceitos associados aos efeitos da temperatura sobre a recristalização efetiva dos processos de conformação de metais e, por sua vez, relacionar a geração de calor com os efeitos da temperatura sobre os referidos processos. Efeitos da temperatura na recristalização efetiva Conforme a regularidade do arranjo atômico dos metais na solidificação, um padrão se repete tridimensionalmente desde a ligação de cada átomo e seus vizinhos, formando uma estrutura cristalina. Um padrão de formação constante é a principal característica das estruturas cristalinas cujas imperfeições darão o tom das propriedades mecânicas desse material. Por conta da necessidade de características mecânicas exigentes e desenvolvimento de novos materiais, a indústria cada vez mais utiliza materiais policristalinos, ou seja, ligas metálicas. De acordo com Smith e Hashemi (2012), a maior parte das ligas no campo da engenharia são policristalinas. A condição dos materiais policristalinos implica em ter grãos espalhados na estrutura, ou seja, durante a solidificação surgem diversos núcleos aos quais vão se formando estruturas celulares desorientadas uns dos outros grãos, o que leva à condição de grande capacidade de deforma- ção, além de não haver uma única estrutura cristalina. Os contornos de grãos promovem obstáculos ao movimento de deformação impostos por tensões. Um grão fino resulta em um comportamento mais isotrópico do material, igual em todas as direções às quais são solicitadas esforços. Caso determinado material tenha grãos mais refinados, teremos maior resistência à movimentação da estrutura, o que dificulta a deformação. Há uma relação entre a dureza e o tamanho do grão, isto é, quanto menor o diâmetro dos grãos, maior a tensão para atingir o limite de escoamento. Uma justificativa para a dificuldade do escoamento dos grãos menores é o desencontro das discordâncias de um determinado grão aos dos demais e, conforme o raio diminui, o escorregamento das falhas diminui o espaço da deformação, tornando o material mais resistente. Efeito da deformação plástica a frio no aumento da resistência mecânica dos metais Segundo Smith e Hashemi (2012), a densidade da discordância aumenta em função da deformação a frio, provocando a interação entre as discordâncias previamente existentes e as geradas pela ação da deformação. O nome desse fenômeno é encruamento, no qual o material endurece em virtude do aumento das discordâncias. Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação2 O encruamento ou endurecimento ajuda a aumentar a resistência mecâ- nica de alguns metais, tais como os utilizados na trefilação, melhorando sua resistência à tração e o limite de escoamento. Na Figura 1 podemos observar uma liga metálica de 70% Cu-30% Zn, o conhecido latão, cujas propriedades de resistência à tração sobem à medida que aumentamos o alongamento a frio. Um exemplo seria, na condição inicial, termos, para zero de trabalho a frio, uma capacidade de resistência à tração de 46 Ksi. Uma vez que se trabalha a frio em 43%, o limite de resistência à tração passa para 80 Ksi, ao passo que seu limite de escoamento cai para 10 Ksi. Tal valor mostra a variação da capacidade de trabalho do material em função da deformação a frio. Para melhorar o limite de escoamento, podemos recuperar ou recristalizar o metal, favorecendo o restabelecimento de características desejadas ao produto final. Figura 1. Porcentagem de deformação a frio em função do limite de resistência à tração e alongamento até a quebra da liga 70% de Cu-30% de Zn. Fonte: Adaptada de Smith e Hashemi (2012, p. 184). 120 100 80 60 40 20 60 40 20 200 10 40 % de trabalho a frio Alongamento Limite de escoamento (MPa) Li m ite d e re sis tê nc ia à tr aç ão e li m ite d e es co am en to (K si) Limite de resistência à tração 70% Cu-30% Zn % d e al on ga m en to 30 6050 3Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação Recristalização De acordo com Smith e Hashemi (2012), se aquecermos o material a tempera- turas abaixo da faixa de recristalização do material, ou seja, não permitindo a nucleação de novos grãos na estrutura metálica, ocorrerá apenas o alívio das tensões internas do metal. Na Figura 2, a curva das tensões internas residuais cai significativamente, a ductilidade aumenta e a dureza altera pouco. Atingindo a temperatura de recristalização, poderá ocorrer recristalização primária por meio do surgimento da nucleação dentro dos grãos maiores, deformados, ou o crescimento de subgrãos formados nos contornos dos grãos e que tendem a migrar das regiões fortemente deformadas, aliviando, assim, a energia interna do material. A resistência à tração decai, aumentando in- versamente a ductilidade. Figura 2. Efeito do recozimento na alteração da estrutura e propriedades me- cânicas de um metal em função do aumento da temperatura. Fonte: Adaptada de Smith e Hashemi (2012, p. 184). Te ns õe s in te rn as re sid ua is Re sis tê nc ia , du re za , du ct ili da de Resistência Ta m an ho de g rã os Ductilidade Dureza Novos grãos Recristalizado Aumento de temperatura Deformado a frio e recuperado Recuperado Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação4 Variáveis observadas no processo de recristalização,segundo Smith e Hashemi (2012): � a recristalização necessita do encruamento, uma deformação significativa anterior; � a temperatura deverá ser maior para que se perceba o efeito em pequenas deformações; � o trabalho em temperaturas mais altas diminui o tempo de trabalho; � quanto maior a deformação, menor o tamanho do grão formado e menor a tem- peratura de trabalho; � nos materiais de grãos maiores, a deformação deverá ser grande, tornando signi- ficativa a recristalização; � a adição de elementos de liga aumenta a temperatura de recristalização: quanto mais puro o metal, menor será a temperatura de trabalho. Veja o vídeo Properties and Grain Structure [Aprofundando conhecimentos em propriedades de grãos e estruturas] – legendado. Disponível em: https://goo.gl/vPz9jB Geração de calor nos processos de conformação Segundo Weiss (2012), a maioria dos metais inicia o processo de conformação por meio da fundição via fornos de aquecimento. Os tipos mais comuns são: forno a cadinho, forno cubilot, forno elétrico e forno de indução. O metal é transferido para o molde, derramado no canal de abastecimento. Na indústria metalúrgica, metais e ligas darão forma a lingotes estacionários ou contínuos. Na siderurgia, o gusa é produzido no primeiro refino; ao ser direcionado ao alto-forno, por meio do coque metalúrgico, se transforma em ferro-gusa. 5Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação No convertedor, o ferro-gusa será refinado por meio de oxigênio e terá suas propriedades químicas corrigidas, a fim de alcançar equilíbrio para atender a determinadas especificações. Na fase seguinte, passa para o con- versor, submetendo-se a uma transformação a aço-carbono, na qual ocorre outra reação química que produz escória. Os fornos de arco elétrico e os de indução favorecem melhor o controle da formação do aço, e podem servir para a formação de aço-liga ou de aço-especial. Quando possível, aproveita-se a energia e o calor desse processo e, em seguida, o material é disposto em canais refratários, sendo distribuído na lingoteira. Os processos primários que estão relacionados a essa etapa são: laminação, extrusão, trefilação, forjamento e estampagem. O máximo aproveitamento da energia inicial de fundição para a realização dos produtos e subprodutos diminui o custo da necessidade de reaquecer. Trabalhar a frio pode resultar na alteração das propriedades mecânicas, o que exigiria novos tratamentos térmicos. Segundo Schaeffer (2009), para conhecer os problemas de conformação mecânica, precisamos primeiro conhecer os parâmetros de tensões, deforma- ções, velocidades de deformações, atrito e geração de calor ou condutividade térmica. Para saber sobre o calor gerado, devemos conhecer o atrito, muitas ve- zes associado ao consumo de energia, desgaste de ferramentas, aumento da temperatura etc. O atrito é importante nos casos de laminação e forjamento. Existem tabelas de parâmetro que devem ser verificadas in loco, no entanto, temos, de acordo com Schaeffer (2009), algumas referências: � laminação a frio: entre 0,03 e 0,07 / a quente: 0,2; � forjamento a frio: entre 0,05 e 0,1 / a quente: entre 0,05 e 0,2. Quanto à transferência de calor, deve ser considerada a ocorrência da condução, da radiação e da convecção térmica. Hoje, muito desses cálculos são feitos com simuladores de processos. Os cálculos das grandezas envolvidas são complexos, sendo necessário o conhecimento do coeficiente de condutibi- lidade térmica (λ) e do calor específico (cp) em diversas temperaturas. Além disso, devemos considerar o coeficiente de transferência de calor (α) entre os corpos em contato e o ar. Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação6 Simulações. A conformação mecânica é um processo antigo; tentar entender a ação e os efeitos da variação das temperaturas sempre foi um desafio. Nas últimas décadas, a simulação computacional permitiu um avanço nessas análises. Observe nas Figuras 3a e b as simulações e veja, no primeiro momento, a variação heterogênea da temperatura sendo considerada na peça e, no momento seguinte, essa mesma peça sendo forjada. Figura 3. a) Distribuição de temperaturas em um tarugo de alumínio, inicialmente aquecido, de forma homogênea, até 350 °C e resfriado a ar por 10 segundos. b) Gradiente de temperatura de tarugo de alumínio aquecido até 350 °C e resfriado por 10 segundos, sem troca de calor entre as matrizes e a peça, em que: I. Forjado até 20 mm de deslocamento da matriz superior; II Forjado até o final. Fonte: Adaptada de Silva et al. (2017). b) v = 50 mm/s v = 50 mm/s Temperatura (ºC) 445 395 345III a) Cilindro de alumínio Altura inicial: 80 mm Diâmetro inicial: 40mm Temperatura inicial 350 ºC 10 s a ar Convecção: 0,0 kW/m2 ºC Temperatura (ºC) 350 347 345 7Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação Efeitos da temperatura sobre os processos de conformação Quanto aos efeitos da temperatura sobre os processos de conformação, podemos, de acordo com Chiavenini (1986), observar as características dos principais métodos e classificá-los em três parâmetros: a) frio atuando em temperaturas de zero a 30% da temperatura de fusão; b) morno atuando entre 30 e 50% da temperatura de fusão; e c) quente, acima de 50% da temperatura de fusão. Na fundição, salvo a condição inicial da siderúrgica ou metalúrgica, ob- servamos industrialmente a fundição sob pressão, utilizando o sistema de injeção, que pode ser de dois tipos básicos: � em câmara quente: o material se funde a baixa temperatura e o peso das peças é de até 25 kg; � em câmara fria: utilizadas, em geral, no alumínio, no magnésio e no cobre, funcionam através de um sistema de bombeamento que empurra o material despejado por uma panela, até alimentar a cavidade. No processo de fundição por centrifugação, onde se despeja metal líquido e o molde centrifuga, o sistema de alimentação é externo, alimentado por meio de panela. Na fundição de precisão é utilizado um molde cujo modelo é revestido de modelo consumível. O metal vazado se torna igual ao modelo. Exemplos de peças feitas por fundição de precisão são: materiais da indústria aeronáutica, ligas de aço e alumínio, ligas de magnésio, equipamentos aeroespaciais, equipamentos eletrônicos etc. Na fundição contínua são produzidas peças longas em diversos formatos padrão. Na laminação, trabalha-se a quente e a frio. As características a quente são: � emprega menor esforço mecânico; � a estrutura refinada possui melhor tenacidade, reduzindo propriedades mecânicas; � elimina melhor as impurezas, diminui a porosidade e deixa o material mais resistente em uma direção; � deforma mais profundamente o trabalho, podendo recristalizar; � exige materiais na construção resistentes ao calor; � facilita a oxidação do material; � dificulta o trabalho a curta tolerância; Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação8 � produz o defeito casca de laranja, propenso a produzir superfícies ásperas. No forjamento, o processo de conformação é realizado por meio de pren- sagem ou martelamento. A temperatura máxima é a de fusão do material: se for alta, pode oxidar; se for baixa, favorece o encruamento. Quanto mais mole, mais alta será a temperatura, e com isso mais deformação o material aceitará. Na estampagem, as operações de conformação são geralmente a frio. As operações são, basicamente: � corte; � dobramento e encurvamento; � estampagem profunda. É importante saber mais sobre a utilização de dados sobre materiais em simuladores computacionais de conforma- ção mecânica. Acesse o link https://goo.gl/TpNS8n e veja as tendên- cias para o futuro! Existem vantagens e desvantagens ao se trabalhar a frio, a morno ou a quente, pois cada caso tem uma aplicação conveniente. Por exemplo, na condição morna, o material tem um alívio de tensões, mas não se dilata tanto. Observe a seguir as vantagens e desvantagens do trabalho a quente,segundo Rocha (2012). Vantagens do trabalho a quente: � requer menos energia, pois a tensão de escoamento decai junto com o aquecimento; � proporciona ductilidade, melhor performance em escoar; � leva à homogeneização da estrutura, favorecendo a eliminação de contaminantes; � elimina bolhas e poros; 9Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação CHIAVENINI, V. Tecnologia mecânica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. ROCHA, O. F. L. Conformação mecânica. Belém: IFECT, 2012. SCHAEFFER, L. Conformação mecânica. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2009. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. WEISS, A. Processos de fabricação mecânica. Curitiba: Livro Técnico, 2012. Leituras recomendadas ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. São Paulo: Cengage Learning, 2014. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Fundamentos da ciência e engenharia dos materiais: uma abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2014. MACHADO, L. P. M. Conformação dos metais: fundamentos e aplicação. Vitoria: IFES, 2008. OLÍVIO, N. Introdução à engenharia de fabricação mecânica. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2013. VLACK, V.; HALL, L. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. � torna os grãos mais uniformes e equiaxiais e diminui a granulação; � melhora a tenacidade. Desvantagens do trabalho a quente: � gera gasto de energia e uso de equipamentos especiais resistentes ao calor; � tem propensão à oxidação nos metais e promove a descarbonatação superficial nos aços, perdendo dureza superficial; � a formação de óxidos dificulta aplicação de acabamento; � gera maior dificuldade na manutenção e maior desgaste das ferramentas; � a dilatação dificulta a verificação dimensional; � as propriedades da estrutura são menos homogêneas, se comparadas a peças feitas a frio, e depois recozidas. Conformação mecânica: efeitos da temperatura na conformação10 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Sabemos que a conformação mecânica pode ocorrer sob efeito de altas ou baixas temperaturas, certo? Mas você deve se perguntar: qual a melhor maneira? Para saber a resposta, assista à dica do professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A conformação mecânica depende de esforços para realizar trabalho e modificar as características dos materiais metálicos a cada etapa de produção. A temperatura é variável importante na obtenção de propriedades mecânicas adequadas à exigência de projeto. Qual alternativa melhor define o efeito da temperatura durante a conformação? A) Endurecimento a frio, recristalização a morno e têmpera a quente. B) Recuperação a frio, recristalização a morno e têmpera a quente. C) Deformação a frio, recuperação a morno e têmpera a quente. D) Encruamento a frio, recuperação a morno e recristalização a quente. E) Deformação a frio, recuperação a morno e recristalização a quente. 2) Quais são as principais vantagens de se trabalhar com temperaturas frias? A) Aumenta a resistência à tração, reduz a dureza, tem melhor acabamento superficial e pode ser feito o recozimento depois do processo. B) Diminui a resistência à tração, diminui a dureza, tem melhor acabamento superficial e pode ser feito recozimento depois do processo. C) Aumenta a resistência à tração, aumenta a dureza, tem pior acabamento superficial e pode ser feito recozimento depois do processo. D) Diminui a resistência à tração, diminui a dureza, tem melhor acabamento superficial e não pode ser feito o recozimento depois do processo. E) Aumenta a resistência à tração, aumenta a dureza, tem melhor acabamento superficial e pode ser feito o recozimento depois do processo. 3) Quais são as principais vantagens de se trabalhar com temperaturas mornas? A) Aumenta a dureza interna da peça e amolece a superfície. B) Diminuem os esforços quando comparados ao trabalho a frio, melhora a precisão dimensional e o acabamento em comparação ao trabalho a quente. C) Requer menos energia e contribui para homogeneizar as discordâncias internas adquiridas na conformação. Requer menos energia e contribui para heterogeinizar as discordâncias internas adquiridas D) na conformação. E) A formação de óxidos na superfície do material. 4) Em relação ao efeito de recozimento do material, qual alternativa define os termos "recuperação" e "recristalização"? A) Recuperação é o aumento das discordâncias internas, diminuindo levemente a ductilidade. Recristalização é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. B) Recuperação é o rearranjo das discordâncias internas, melhorando levemente a ductilidade. Recristalização é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. C) Recristalização é o rearranjo das discordâncias externas, melhorando levemente a ductilidade. Recuperação é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. D) Recuperação é o rearranjo das discordâncias internas, melhorando plenamente a ductilidade. Recristalização é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. E) Recristalização é o rearranjo das discordâncias internas, melhorando levemente a ductilidade. Recuperação é a formação de novos grãos e o reestabelecimento da ductilidade. 5) Com base em seus conhecimentos sobre a relação entre temperatura e conformação mecânica, qual alternativa define as vantagens de trabalhar a quente? A) Aumenta a dureza superficial da peça e amolece o núcleo. B) Aumenta a dureza interna da peça e amolece a superfície. C) Requer menos energia e contribui para homogeneizar as discordâncias internas adquiridas na conformação. D) A formação de óxidos na superfície do material. E) A dilatação térmica. NA PRÁTICA A decisão de aplicar um processo de conformação com temperatura alta ou baixa precisa ser analisada com relação a alguns itens, como, por exemplo, o consumo de energia. Por isso, é importante conhecer as vantagens e desavantagens dos efeitos da temperatura. Confira, a seguir, exemplo de processo a quente. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Para conhecer sobre o processo de recozimento, a indicação é da dissertação de mestrado Efeito da temperatura de encharque no recozimento contínuo e das deformações na laminação de encruamento sobre as propriedades mecânicas de um aço microligado laminado a frio: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Leia o texto Processos de fabricação: fundição, extrusão, laminação e soldagem: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Em Simulações integradas do processo, você encontrará material sobre tratamento térmico: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conformação mecânica – processo de extrusão e trefilação APRESENTAÇÃO Os fios e cabos que conduzem eletricidade até sua casa passaram pelo processo de trefilação para terem o formato e as medidas adequados para a função. Já as barras e os tarugos utilizados em usinagem foram submetidos a outro tipo processo, chamado extrusão. Com isso, temos que trefilação e extrusão são, portanto, dois exemplos de conformação mecânica, essenciais na fabricação de produtos tanto para o setor industrial quanto para o doméstico. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará os conceitos gerais do processo de conformação, extrusão e trefilação, bem como as propriedades e qualidades dos produtos obtidos. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as principais características do processo de extrusão.• Expressar as principais características do processo de trefilação.• Identificaras qualidades dos produtos extrudados e trefilados.• DESAFIO Você é engenheiro, e um inexperiente cliente lhe trouxe um problema. Ele pediu um lote de tubos de cobre de 500 metros, entregue no formato de bobina, com especificação de diâmetro Ø3/4". Depois da entrega, ele percebeu que, na verdade, precisava de tubos de Ø1/2". O cliente também explicou que o processo subsequente é de tornar o lote em peças menores, variando entre 1 a 3 metros. Com base na situação, qual a solução que você daria ao cliente para que não haja prejuízo? INFOGRÁFICO Trefilação é um processo de conformação mecânica, certo? Para saber se é o processo correto para seu projeto, você precisa conhecer a definição, as características, a estrutura e os resultados. Então, acompanhe, no infográfico a seguir, seis tópicos que fazem parte do tema trefilação. CONTEÚDO DO LIVRO Para dar continuidade aos seus estudos sobre conformação mecânica, você deve conhecer os conceitos gerais da mecânica dos processos de extrusão e de trefilação, as propriedades de produtos resultantes, além de aprender sobre equipamentos e máquinas para execução dos processos. Para isso, acompanhe o capítulo Conformação mecânica - Processos de extrusão e trefilação, do livro Conformação mecânica, que serve de referencial teórico para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM André Shataloff Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever o processo, a mecânica, as ferramentas utilizadas na extrusão e as principais propriedades dos produtos extrudados. � Descrever o processo, a mecânica, as ferramentas usadas na trefilação e as principais propriedades dos produtos trefilados. � Reconhecer a qualidade dos produtos extrudados e trefilados. Introdução Os metais são produzidos e disponibilizados pela indústria metalúrgica em diversos formatos, tais como: blocos, tarugos, redondos, vigas, placas (grossas, médias e finas), lingotes etc. Na conformação mecânica, os produtos primários podem ser feitos conformados em vários processos, dentre os quais o processo de extrusão, sendo moldado por pressão, ou o processo de trefilação, cuja transformação ocorre via estiramento ou tracionamento. Neste texto, você irá estudar os conceitos gerais da extrusão (a quente e a frio) e da trefilação (com escorregamento e sem escorregamento), bem como as propriedades e qualidades dos produtos extrudados e laminados. Extrusão De acordo com Altan, Oh e Gegel (2012), o processo de extrusão consiste em pressionar um tarugo ou lingote pré-aquecido ou não, a fluir através de uma matriz de perfil desejado. Eles são utilizados para produzir produtos semiaca- bados com seção transversal constante e compridos, tais como barras sólidas, seções ocas e tubos. Cada tarugo, material de base cilíndrica, é, geralmente, aquecido e extrudado individualmente, sendo classificado como um processo descontínuo de produção. Mecanismos de extrusão Segundo Moro e Auras (2006), os parâmetros de extrusão se dividem em características geométricas e físicas. Quanto aos fatores geométricos, se destacam: a) o ângulo de afunilamento da matriz (observe o ângulo α na Figura 1); b) a força de extrusão; c) a tem- peratura inicial do lingote; d) o tipo de lubrificante utilizado. Pressão de extrusão A pressão de extrusão pode ser calculada por meio da análise da técnica de deformação homogênea que é determinada por: σE = σ0 . ln Re, onde σE é a tensão de escoamento, σ0 é a tensão inicial e Re = A0 / Af →, a relação entre a área inicial e área final. Figura 1. Principais tipos de extrusão. (a) Ilustração da extrusão direita; (b) ilustração da extrusão inversa; (c) ilustração da extrusão hidrostática. Fonte: Adaptada de Moro e Auras (2006, p. 4, 5). Principais tipos de extrusão Tarugo Per l extrudado ArAoPressão Câmara Matriz (a) (b) Pistão Matriz Fluído (c) Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação2 Ferramentas de extrusão e equipamentos De acordo com Moro e Auras (2006), a classificação quanto aos principais tipos de processo de extrusão se restringem em três categorias: a) extrusão direta, representada na Figura 1a; b) extrusão indireta, representada na Figura 1b; c) extrusão hidrostática, representada na Figura 1c. Na extrusão direta, um lingote cilíndrico é posicionado na câmara na qual o êmbolo hidráulico pressiona o calço — colocado entre o lingote e o êmbolo —, conferindo pressão e forçando fluir através da matriz de perfil estipulado. Ao atingir o fim de curso do êmbolo, a parte final do tarugo junto ao calço é cortada, e a partir desse momento o processo é reiniciado. O lingote se destaca na concessão quanto a força aplicada na direção do sentido do movimento, gerando um pico maior de força e decaindo rapidamente (Figura 2). Na extrusão indireta, chamada de invertida, a matriz é empurrada contra o lingote, no sentido oposto da produção do extrudado. A força de ação exer- cida ao tarugo é mais homogênea. De acordo com Altan, Oh e Gegel (2012), utilizar uma haste oca para empurrar a matriz em direção ao tarugo contra a câmara impede que haja atrito nessa interface tarugo/câmara, diminuindo a temperatura de deformação proveniente do atrito. A grande vantagem desse sistema é a redução de 25 a 30% da carga do trabalho na extrusão direta. A extrusão hidroestática diferencia-se dos demais tipos pelo fato de haver um lubrificante entre a peça e a câmara, sendo esta preenchida com fluido hidráulico que permite trabalhar a temperatura ambiente e elevada. É o método com melhor curva de aplicação de forças durante a deformação do lingote, o que confere excelente continuidade das propriedades mecânicas no decorrer do percurso da conformação das barras. Extrusão a quente e a frio Segundo Moro e Auras (2006), a elevação da temperatura do lingote antes do processo de fabricação é necessária por causa dos materiais de baixa ductili- dade, como elementos de liga, e outros fatores relevantes, tais como a geometria e os detalhes do perfil, que exigem a alteração de parâmetros de extrusão. As temperaturas elevadas podem trazer alguns problemas ao equipamento, a saber: a) maior desgaste da matriz; b) perda de temperatura na câmara da extrusora, que pode alterar o fluxo do material e gerar alterações na formação da barra; c) oxidação do tarugo na superfície, que gera descontinuidade no material. 3Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação Segundo Bresciani e Silva (2011), um equipamento complementar ao pro- cesso de extrusão é o forno de aquecimento dos lingotes. A configuração e os tipos de fontes de calor podem variar de elétricos a utilização de combustíveis. O melhor forno é o elétrico à indução magnética, que apresenta uniformidade no aquecimento e maior controle na temperatura. O uso de atmosfera controlada durante o aquecimento evita a oxidação dos tarugos. A utilização do calço ou disco metálico entre o pistão e o êmbolo do cilindro evita a fusão do lingote ao pistão devido às altas temperaturas — na extrusão a quente — e à pressão exercida durante o processo. Figura 2. Ciclo do processo de extrusão. Fonte: Adaptada de Bresciani e Silva (2011, p. 48). Ciclo do processo de extrusão direta Alimentação da prensa Início da extrusão com avanço do pistão Fim da extrusão I II III Retirada da ferramenta e do extrudado com o resíduo do tarugo Recuo do pistão e corte do resíduo do tarugo Retirada da casca do tarugo com avanço do função usando o disco de raspagem IV V VI Matrizes para extrusão Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), quando se trabalha em matrizes de peças ocas, são necessárias matrizes de múltiplos furos ao qual o material irá soldar-se através de temperatura e pressão. Na Figura 3, temos três exemplos de peças cabeçotes e matrizes de peças ocas. O material é separado,cisalhado para fluir a cada orifício e se solda perfei- tamente depois, conferindo complexidade à geometria. Trata-se de um processo limitado a determinados materiais de baixa resistência ao cisalhamento, pois a conformação é feita em material no estado sólido. O principal material aplicado a essas configurações é o alumínio. Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação4 Figura 3. Matrizes com múltiplos furos usados para extrusão. Fonte: Adaptada de Altan, Oh e Gegel (2012, p. 44). As matrizes de múltiplos furos para extrusão Matriz Câmara de soldagem Matriz Matriz PonteAranha Portas de entrada Propriedade dos extrudados As propriedades dos extrudados são determinadas em projeto, pois através da escolha do material e dos tratamentos térmicos pode-se obter uma variedade de condições. Para se obter um extrudado atendendo às características planejadas, deve-se, segundo Bresciani e Silva (2011), cuidar do material-base fazendo aná- lises quanto às propriedades mecânicas — ensaios de tração e compressão — e análises químicas —composição e impurezas —, observando os tratamentos térmicos necessários, avaliando e prevenindo a oxidação durante o processo. De acordo com Rocha (2012), as reduções reais no processo de extrusão podem ocorrer na ordem de 10 a 60 para 1, resultando em grandes transfor- mações na geometria original durante o trabalho. 5Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação Procure ter acesso ao material de um fabricante obser- vando características de fabricação: Explore as tolerâncias na seção transversal do perfil, os diâmetros e a espessura de parede dos tubos extrudados. A matriz extrusão está disponível no link: https://goo.gl/bKF8HX O processo de extrusão está disponível no link: https://goo.gl/YyciHS Trefilação De acordo com Rocha (2012), a trefilação é um processo de conformação conduzindo um fio, barra ou tubo, deformando e descrevendo sua geometria ao passar através da ferramenta denominada fieira. Em outras palavras, trata-se da compressão nas paredes da ferramenta. O produto-base sofre redução de seção, encrua e altera as propriedades mecânicas, reduzindo a ductilidade e aumentando a resistência mecânica. Às vezes é necessário a inclusão de tratamentos térmicos no decorrer do processo para garantir a continuidade das deformações e estiramento até que se alcance as dimensões especificadas. Aplicada em materiais ferrosos e não ferrosos, são utilizados em muitos materiais, tais como o aço, o alumínio, o cobre e suas ligas. A origem do material confere a forma inicial de trabalho: arame, barra ou tubo, e se passaram nos processos de conformação de laminação ou extrusão. Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação6 Mecanismos de trefilação Observando a Figura 4a, identifica-se o semiângulo de trefilação α em que o material é tracionado ao passar através da fieira e forçado a estirar na direção do movimento e se conformar no diâmetro Df. Isso resulta na aplicação da tensão de trefilação (σTR). Por meio da análise do fenômeno utilizando a técnica de deformação homogênea, determina-se: σTR = σ0. ln(Ai/Af), onde σTR é a tensão de trefilação, σ0 é a tensão inicial, Ai é a área inicial e Af, a área final. Na Figura 4b, observa-se o fenômeno da tensão de tração (σT) do mate- rial trefilado, que gera tensões de compressão (σC) e apresenta uma zona de deformação plástica. Condição de redução máxima Segundo Rocha (2012), desconsiderando o atrito, pode-se deduzir: σT = σ0. ln(Ai/Af). O máximo valor para R é 63%. Dessa forma, ao reduzir e necessitar de redução maior que 63%, o material é dividido em diversas fases de redução. De acordo com as propriedades do material, serão necessários processos gradativos, passando em diversas fieiras, e utilizar tratamento térmico inter- mediário de recristalização para continuar a redução até o ponto desejado. Figura 4. Mecanismo de trefilação. Em (a), passagem do fio pela fieira com redução do diâmetro; em (b), esforços atuantes de tração e compressão. Fonte: Adaptada de Bresciani e Silva (2011, p. 49). Esforços atuantes na �eira α FIEIRA Di = DIÂMETRO INICIAL Df = DIÂMETRO FINAL (a) ZONA DE DEFORMAÇÃO PLÁSTICA MOVIMENTO DO FIO Ot = TENSÃO DE TRAÇÃO Oc = TENSÃO DE COMPRESSÃO FIO (b) 7Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação Ferramenta de trefilação De acordo com Moro e Auras (2006), a fieira é o dispositivo básico da trefilação. Ao observar a Figura 5a, temos: em (a), o cone de entrada; em (b), o cone de trabalho; em (c), o cilindro de calibração; e em (d), o cone de saída. Na Figura 5b, temos: β = semiângulo de entrada; α = semiângulo de trabalho; Hc = altura de calibração; Dc = diâmetro de calibração; γ = semiângulo de saída. Quanto à utilização dos materiais na fieira, os principais são: metal duro, aços revestidos de cromo, aços especiais e materiais cerâmicos. Segundo Moro e Auras (2006), a trefilação pode ser dividida em dois grupos: a) trefiladora de bancada, utilizada na conformação de barras e tubos (Figura 6c); b) trefiladora de tambor com escorregamento (Figura 6a) e sem escorregamento (Figura 6b). Figura 5. Ferramenta de trefilação. (a) Representação das regiões da fieira: a — cone de entrada; b — cone de trabalho; c — cilindro de calibração; d — cone de saída. (b) Repre- sentação dos semiângulos dos cones e da altura e diâmetro do cilindro de calibração. Fonte: Adaptada de Bresciani e Silva (2011, p. 54). Esquema de tre�lar com deslizamento α = semiângulo do cone de trabalho (ou semiângulo da �eira) β = semiângulo de entrada γ = semiângulo de saída Hc = altura do cilindro de calibração Dc = diâmetro do cilindro de calibração(a) (b) Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação8 Figura 6. Esquema da máquina de trefilar com duas fieiras: (a) sem deslizamento; (b) com duas fieiras, e esquema de trefilação de bancada (c). Fonte: Bresciani e Silva (2011) e Moro e Auras (2006). Tre�ladoras de tambor Roldana Roldana Roldana Roldana1ª �eira 2ª �eira 1º anel tirante e acumulador 2º anel tirante e acumulador Bobinadeira (a) sem deslizamentoDesbobinadeira Desbobinadeira Bobinadeira1ª �eira 2ª �eira Roldana 1º anel tirante com �o deslizante 2º anel tirante com �o deslizante (b) com deslizamento Fieira Mordaça Gancho Corrente (c) Tre�ladora de bancada Lubrificação na trefilação Segundo Bresciani e Silva (2011), o atrito é importante na trefilação, pois está ligado ao desgaste de ferramenta, defeitos no fio e aumento de temperatura. O controle do atrito é feito através do lubrificante, mantendo a temperatura constante ao fazê-la se comportar em uma ação refrigerante. A ação do lubrificante também será necessária para garantir o bom aca- bamento superficial do fio e reduzir os esforços. Propriedade dos trefilados Moro e Auras (2006) consideram o material trefilado com propriedades equi- paradas a outros métodos, como a trefilação, por exemplo. Quando o assunto é barras e tubos, no entanto, a precisão dimensional é maior na condição de arames e fios superfinos e o trefilado possui acabamento polido e uniforme. 9Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação A capacidade de alongamento e redução de seção é alta, permitindo, assim, fios chamados capilares com diâmetro menor que 0,15 mm. A resistência à tração no produto final também é excelente. As propriedades dos produtos dependem da matéria-prima e dos fatores de processo. Acesse o material apresentado no link a seguir e aprofunde seus conhecimentos em trefilação. O processo de trefilação está disponível em: https://goo.gl/2ot5iA Aprofunde seus conhecimentos assistindo o vídeo “Linha de trefilação para arames” e veja a lubrificação do material sendo feita para auxiliar no acabamento do material e o processo de embobinamento. https://goo.gl/UwgQA7 Veja também a trefilação de arames sem escorrega- mento e acompanhe a produção. https://goo.gl/P2Ag2Y Conformação mecânica: processosde extrusão e trefilação10 Qualidades dos produtos extrudados e trefilados De acordo com Bresciani e Silva (2011), a qualidade final dos produtos extruda- dos e trefilados começa na escolha da matéria-prima, no controle metalográfico ao observar a composição química e nas propriedades mecânicas, valorizando ensaios a exemplo da tração e da compressão. Produtos extrudados podem apresentar alguns defeitos, tais como: a) va- zios internos decorrentes ao escoamento; b) trinca perpendicular ao fluxo devido às altas temperaturas de processo; c) escamas superficiais; d) riscos decorrentes de oxidações metálicas; e) inclusão de materiais estranhos; f) bolhas superficiais resultantes de gases da fundição; g) marcas transversais, manchas e perda de cor. Produtos trefilados podem apresentar alguns defeitos, tais como: a) anéis de trefilação devido ao desgaste no cone de trabalho; b) marcas transversais e longitudinais; c) trincas no núcleo da fieira devido à redução excessiva; d) rugosidade por falta de lubrificação; e) riscos de erro no polimento. De acordo com Rocha (2012), algumas considerações devem ser feitas a respeito da qualidade dos perfis na extrusão: � caraterísticas do metal a ser conformado a extrusão; � tolerâncias especificadas em projeto; � tensões conforme a geometria do produto, observando arredondamentos para alívio e prevenção de problemas; � contração térmica no produto final; � qualidade do fluxo do material ao passar na matriz. Quanto à trefilação, Rocha (2012) valoriza em projeto a qualidade da fieira em: � favorecer a produção de grande produção de fios; � trabalhar a altas velocidades; � reduzir reduções elevadas; � manter constante o diâmetro do fio; � longa vida útil; � obter superfície lisa e brilhante. 11Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação ALTAN, T.; OH, S.; GEGEL, H. Processos de conformação dos materiais: introdução aos processos de conformação: parte II. São Carlos: USP, Escola de Engenharia de São Carlos, 2012. BRESCIANI, F. E.; SILVA, I. B. Conformação plástica dos metais. 2. ed. São Paulo: EPUSP, 2011. MORO, N.; AURAS, A. P. Processos de fabricação: conformação mecânica II: extrusão, trefilação e conformação de chapas. Florianópolis: CEFET-SC, 2006. Curso Técnico de Mecânica Industrial. ROCHA, O. F. L. da. Conformação mecânica. Belém: IFPA, 2012. Leituras recomendadas ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. São Paulo: Cengage Learning, 2014. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Fundamentos da ciência e engenharia dos materiais: uma abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2014. CHIAVENINI, V. Tecnologia mecânica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. MACHADO, L. P. M. Conformação dos metais: fundamentos e aplicação. Vitoria: IFES, 2008. OLÍVIO, N. Introdução à engenharia de fabricação mecânica. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2013. SCHAEFFER, L. Conformação mecânica. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2009. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. VLACK, V.; HALL, L. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. WEISS, A. Processos de fabricação mecânica. Curitiba: Livro Técnico, 2012. Conformação mecânica: processos de extrusão e trefilação12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Estamos estudando dois processos de conformação que possuem singularidades e também pontos em comum. Você sabe definir o que é extrução e trefilação? Além disso, apontar quais são as diferenças entre os dois? Não se preocupe, pois as respostas são simples e você pode acompanhá-las na Dica do Professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Em relação às especificidades da extrusão direta e indireta (invertida), podemos afirmar: A) a) Na extrusão direta, a matriz é empurrada contra o lingote, no sentido oposto da produção do extrudado. B) b) Na extrusão indireta, o lingote cilíndrico é posicionado na câmara na qual o êmbolo hidráulico pressiona o calço colocado entre o lingote e o êmbolo, conferindo pressão e forçando o fluido através da matriz de perfil estipulado. C) c) Na extrusão indireta, não há atrito na interface lingote/câmara, e a grande vantagem é a redução da carga máquina, comparado ao trabalho na extrusão direta. D) d) Na extrusão direta, há um lubrificante entre a peça e a câmara, sendo esta preenchida com fluido hidráulico e podendo trabalhar a altas temperaturas, além da ambiente. E) e) Na extrusão indireta, há um lubrificante entre a peça e a câmara, sendo esta preenchida com fluido hidráulico e podendo trabalhar a altas temperaturas, além da ambiente. 2) Quais fatores devem ser considerados em relação à qualidade dos perfis na extrusão? A) a) Anéis de trefilação, devido ao desgaste no cone de trabalho e às marcas transversais. B) b) As propriedades químicas dos metais não interferem na conformação mecânica. C) c) Sobre as propriedades da matéria-prima, somente o ensaio de impacto é relevante ao controle da variação do processo, no requisito propriedades mecânicas. D) d) As bolhas superficiais, devido aos gases da fundição, não afetam a produção, pois são eliminadas pelo calor gerado e pelo trabalho realizado. E) e) A escolha da matéria-prima, o controle metalográfico ao verificar a composição química e as propriedades mecânicas são determinantes na extrusão. 3) Qual das afirmações refere-se ao processo de conformação mecânica de trefilação? A) a) A trefilação consiste em pressionar um tarugo ou lingote, pré-aquecido ou não, a fluir através de uma matriz de perfil desejado. B) b) A trefilação é um processo de conformação, conduzindo um fio, uma barra ou um tubo, deformando e descrevendo sua geometria, ao passar através da ferramenta denominada fieira, ou seja, comprimido(a) nas paredes da ferramenta. C) c) Na trefilação, a matriz é empurrada contra o lingote, no sentido oposto da produção. D) d) Na trefilação, podemos trabalhar na trefiladora de bancada, trefiladora de tambor e trefiladora hidrostática. E) e) Na trefilação, não se aplica lubrificação. Qual é a ordem de trabalho, conforme a passagem do material, nas regiões da fieira 4) utilizada na trefilação? A) a) Semiângulo de entrada, altura de calibração, semiângulo de trabalho, diâmetro de calibração e semiângulo de saída. B) b) Cone de entrada, cone de alívio, cilindro de calibração, cone de saída. C) c) Cone de entrada, cone de trabalho, cilindro de calibração, cone de saída. D) d) Semiângulo de entrada, semiângulo de trabalho, altura de calibração, diâmetro de calibração e semiângulo de saída. E) e) Cone de trabalho, cilindro de calibração e cone de saída. 5) Quanto ao uso da lubrificação no processo de trefilação, qual alternativa melhor condiz com a prática? A) a) Quanto maior for o atrito, menor será o desgaste da ferramenta, entretanto maior torna- se o esforço de trefilação e a elevação da temperatura. B) b) Em consequência da ação lubrificante, consegue-se reduzir o desgaste da ferramenta fieira, beneficia-se o acabamento superficial do fio e reduz-se o esforço de trefilação. C) c) Quanto maior for o atrito, maior será o desgaste da ferramenta, entretanto menor torna- se o esforço de trefilação e eleva-se a temperatura. D) d) Em consequência da ação lubrificante, consegue-se reduzir o desgaste da ferramenta fieira, beneficia-se o acabamento superficial do fio, sem reduzir o esforço de trefilação. e) O coeficiente de atrito entre o fio e a fieira não depende da natureza das superfícies em E) contato e das condições de lubrificação. NA PRÁTICA A extrusão consiste na passagem, através de um orifício, de um corpo sólido, pré-aquecido ou não, que adquirirá um formato alongado. O produto resultante é chamado de extrudado, e sua qualidade dependede fatores, como, por exemplo, a escolha da matéria-prima. Veja um breve esquema do processo de extrusão. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Para ver na prática como ocorre a trefilação, assista ao vídeo: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Assista à demonstração do processo de extrusão: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Acompanhe o processo de extrusão: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conformação mecânica – processo de estampagem APRESENTAÇÃO Você pode não reparar, mas a estampagem favorece nosso dia-a-dia em muitos aspectos. As rodas, portas e o para-lama de um carro passam pelo processo de estampagem para terem o formato que conhecemos. Da mesma forma são produzidas panelas, formas para bolos, instrumentos musicais, componentes para computador e uma série de objetos que fazem parte da nossa vida. Na estampagem, os produtos apresentam alta produtividade, excelente qualidade final, além de alta tecnologia agregada. Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará os conceitos gerais do processo de conformação de estampagem, o processo de estampagem profunda, bem como as propriedades e as qualidades dos produtos estampados. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as principais características do processo de estampagem.• Reconhecer o processo de estampagem profunda.• Identificar as qualidades dos produtos estampados. • DESAFIO Você é especialista em estampagem e, ao fazer uma visita técnica à determinada ferramentaria, foi solicitado para ajudar a resolver um problema de dimensionamento de matriz e punção em função da demanda de projeto e execução de estampo novo. Foram passados o desenho da peça e um esboço dos principais punções e da matriz. você deve determinar os valores dimensionais dos perímetros de corte para a geometria quadrada e circular, sendo que o material da chapa a ser processado tem uma espessura de 5,5 mm e feito em aço duro. INFOGRÁFICO Estampagem é um processo de conformação mecânica, certo? As possibilidades e a abrangência do trabalho dos estampos dependem das formas de processo, se é a corte, à dobra ou à estampagem profunda. Então, acompanhe, no infográfico, e observe alguns tipos e características de processos que fazem parte do tema estampagem. CONTEÚDO DO LIVRO Para dar continuidade aos seus estudos sobre conformação mecânica, você deve conhecer os conceitos gerais do processo de estampagem, as propriedades de produtos resultantes, além de aprender sobre os equipamentos e as máquinas para execução dos processos. Acompanhe o capítulo Conformação mecânica — processos de estampagem, do livro Conformação mecânica. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM André Shataloff Conformação mecânica: processos de estampagem Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as principais características do processo de estampagem. Expressar o processo de estampagem profunda. Identificar as qualidades dos produtos estampados. Introdução Os metais são produzidos e disponibilizados pela indústria metalúrgica em diversos formatos, tais como: blocos, tarugos, vigas, chapas, placas (grossas, médias e finas), lingotes etc. Na conformação mecânica, os produtos primários podem ser conformados em vários processos, dentre eles o processo de estampagem moldado à pressão. Neste texto, você irá estudar os conceitos gerais do processo de con- formação de estampagem, o processo de estampagem profunda e as propriedades e qualidades dos produtos estampados. Estampagem Segundo Moro e Auras (2006), o processo de estampagem, também deno- minado de conformação de chapas metálicas, consiste em dar novas formas geométricas a formas geralmente planas, com o auxílio de ferramentas de punção e matriz. Bresciani e Silva (2011) dividem o processo em dois grandes grupos: a estampagem profunda ou embutimento e a conformação em geral. Na Figura 1 são apresentados alguns tipos de estampagem. Figura 1. Principais processos de estampagem: (a) flangeamento reto; (b) flangeamento de furo; (c) enrolamento parcial; (d) Enrolamento total; (e) dobramento; (f) redobramento; (g) corrugamento; (h) nervuramento; (i) estaqueamento; (j) conformação de tubo dobramento; (k) conformação de tubo expansão; (l) abaulamento; (m) pregueamento. Fonte: Adaptada de Bresciani e Silva (2011, p. 63). (a) (e) (f ) (g) (h) (m)(l)(k) (j) (i) (b) (c) (d) De acordo com Chiaverini (1986), na maioria das aplicações a conformação é feita a frio, mas em estampagem profunda pode ser feita a quente, atendendo a necessidades técnicas. O autor prefere dividir o processo em três grupos principais: corte; dobramento e encurvamento; estampagem profunda. Vamos nos aprofundar primeiramente na estampagem sob a ótica do corte e do dobramento, entendendo seus mecanismos. Mecanismos da estampagem Mecanismos da estampagem de corte Segundo Weiss (2012), as forças cortantes devido a ação contrária do punção e da matriz provocam a separação do material por cisalhamento. Na Figura 2, na posição (a1), podemos observar uma linha de corte que representa as Conformação mecânica: processos de estampagem2 cunhas de corte. Para se atingir a condição (a2), é necessário o empenho da força de corte na qual a matriz reage à força contrária do punção. O cálculo dessa força é determinante para a escolha da máquina de trabalho. Figura 2. Esquema de deformação na estampagem: (a1) aproximação e (a2) corte de chapa por meio do punção; (b1) aproximação e (b2) dobramento de flange; (c1) aproximação e (c2) dobramento em V; (d) layout da posição de corte da peça sobre a chapa, onde (d2) tem melhor aproveitamento que (d1); (e) dobra em V, ocorre tração na região externa e com- pressão nas linhas internas. Símbolos: V = movimento; F = força aplicada ao dobramento; Fm = força de fixação. Fonte: Adaptada de Groover (2014) e Moro e Auras (2006). punção descarte matriz (a1) (a2) (b1) (d1) (d2)(c2)(c1) (b2) corte Fixação da peça punção matriz (e)tração linha neutra compressão Per�l em V matriz punção Quanto aos fatores determinantes ao cálculo da força de corte, se destacam: a) o perímetro total, ou seja, o comprimento do corte; b) a espessura da chapa; c) a resistência do material da chapa às tensões de cisalhamento. O perímetro total será a soma de todas as geometrias trabalhadas; por exemplo, caso se utilize um punção quadrado e outro cilíndrico, teríamos: perímetro do quadrado = 4.L; perímetro do punção cilíndrico = p × D. Perímetro total = 4 × L + p × D = PT A espessura ajuda a determinar a seção de corte. S = PT.e → S = área de corte 3Conformação mecânica: processos de estampagem Onde: PT = perímetro total de corte; e = espessura. A força de corte será: F = S × t Onde: F = Força (N); S = área (m2); t = Resistência ao cisalhamento (N/m2). O aproveitamento da chapa depende do layout e da disposição das figuras sobre a chapa trabalhada. Na Figura 2, os itens (d1) e (d2) representam duas formas de trabalho. A condição (d2) é melhor, pois aproveita superiormente a área e, consequentemente, produz mais peças por metro. Quanto mais complexa é a geometria do formato, mais complexa é a determinação do posicionamento do produto se limitando, às vezes, a questões técnicas. Mecanismos da estampagem de dobramento Na estampagem de dobramento em fl ange, mostrada na Figura 2 (b1) e (b2), com dobramento em V (c1) e (c2), deve ser calculado, além do ângulo desejado α, um percentual maior devido à elasticidade do material, uma vez que ele tende a fechar, retornando após a liberação do punção. Segundo Bresciani e Silva (2011), em virtude da recuperação elástica, quanto maior for o limite de escoamento do materiala compor a chapa, maior será o ângulo de trabalho, inclusive se a espessura for aumentada. Isso implica na maior resistência à deformação; para tal teremos de dobrar mais. Na Figura 2 (e), a condição da linha neutra é de tensões, onde: σT = σC = 0. A tensão de tração é igual a tensão de compressão. A parte externa da peça é tracionada, enquanto a parte interna é comprimida. Esse ponto é neutro, e toda linha de união dos pontos neutros é denominada linha neutra. É utilizada como referência por não comprimir ou tracionar seu comprimento, não variando em função dos trabalhos realizados. Inicialmente, essa linha se encontra no centro da peça, entretanto, ao final do trabalho, ela tende a se deslocar em direção à superfície comprimida. Conformação mecânica: processos de estampagem4 Ferramental de estampagem Segundo Weiss (2012), as ferramentas de estampar são chamadas de estam- pos, pois as máquinas geralmente possuem características que permitem executar não somente um único produto ou uma única ferramenta, mas sim uma faixa de trabalho, geralmente se limitando às forças máximas exigidas, à área a qual se aplicam essas forças e à velocidade dos ciclos de trabalho. As ferramentas podem ser confi guradas para o corte, a dobra e a estampagem profunda. Estampo de corte Bresciani e Silva (2011) observam que as ferramentas de corte utilizadas na estampagem são chamadas de estampos de corte. A principal função de corte é exercida por meio do fi o de corte feito no perfi l externo ao punção em trabalho e ao fi o de corte do perfi l interno da matriz. Quanto ao processo de corte, a maioria das peças nem sempre é fi- nalizada em uma única estampagem, ocorrendo um processo sequencial. Essa sequência de modificações no blank – material base – é denominada progressão de corte, ou seja, as fases de confecção da peça. A ferramenta pode fazer somente uma mudança de geometria a cada abertura e fechamento do estampo; então, a peça semiacabada é encaminhada a outra ferramenta também no estágio seguinte, até o ponto final de estampagem. No estampo de corte progressivo, a própria ferramenta é construída para guiar a chapa passo a passo, conformando através do punção 1, depois punção 2 e as- sim sucessivamente, proporcionando a otimização do processo, tempo. Por exemplo: na Figura 3(a) e 3(b), a chapa é cortada lateralmente no primeiro passo da ferramenta, depois há o corte do furo circular no segundo passo e, por último, no terceiro passo, é cortado o furo quadrado, sacando da chapa uma peça quadrada com furo circular no centro. Esse processo é típico do estampo de corte progressivo. 5Conformação mecânica: processos de estampagem Figura 3. Esquema do estampo de corte progressivo: (a) detalhamento dos elementos da ferramenta; (b) detalhamento das dimensões de punções, dimensões, furos da matriz e espessura da chapa. Fonte: Adaptada de Weiss (2012, p. 29-31). Detalhamento da ferramenta Punções, matriz e chapa Parafuso tipi “Allen” Faca de avanço Guia Tira Placa guia Placa matriz Placa base Pinos de guia Suporte (a) Punção cortador Placa de choque Placa superior Espiga Rasgo para chave radial Punção quadrado Espessura da chapa O punção O punçãoO punção Punção furo redondo Faca de corte O furo matriz O furo matriz O furo matriz Placa matriz (b) Peça útil Retalho do furo Retalho da faca de corte Punção furador Tira de chapa Placa porta-punção A ferramenta de corte do estampo é um conjunto de peças que permite a fixação, a movimentação dos elementos internos e a condução paulatina da chapa, seguindo ritmo em harmonia com os punções e a matriz. Essa matriz pode ser única ou estar fixada na placa porta-matriz, possibilitando uma rápida substituição e/ou manutenção. Segundo Bresciani e Silva (2011), quando estudamos o estampo de corte, observamos outros elementos na ferramenta além do(s) punção(ões) e da(s) matriz(es). Na Figura 3(a), observamos uma guia para a tira da chapa, placa matriz, placa guia, placa porta-punção, placa superior, pino de guias etc. Isso se deve ao fato de o estampo de corte ser uma ferramenta robusta e que deve produzir milhares e, não raro, milhões, de peças. Nesse exemplo, observamos não só a condição dos itens necessários ao estampo, mas um conceito de estampo sequencial, de corte progressivo. Com o passar do tempo, o desgaste que ocorre nas linhas de corte passa a afetar a geometria do produto final. Bresciani e Silva (2011) reforça ser comum produzir de 20 a 30 mil peças que não necessitam de reformas, mas isso varia de acordo com o tamanho dos punções, ocorrendo diversas retifi- cações ─ que podem chegar a 40 ─ na ferramenta durante a vida útil da peça. Isso representa uma produção média da ferramenta com reformas na faixa de 800.000 a 1.200.000 peças. Conformação mecânica: processos de estampagem6 De acordo com Weiss (2012), o estampo é composto de duas partes, conjunto inferior e superior, e a chapa é processada entre elas. O processo de fabricação do estampo de corte segue as seguintes etapas: a) definição do desenho do produto; b) elaboração do projeto da ferramenta; c) elaboração do processo da peça; d) escolha dos materiais que irão determinar a durabilidade da ferramenta; e) usinagem da ferramenta; f) tratamentos térmicos nos elementos necessários; g) realização de try-out, ou teste da ferramenta. Matrizes e punções para estampagem Segundo Chiaverini (1986), para se fazer a matriz e o(s) punção(ões), deve-se estudar as tolerâncias do produto. Na Figura 3(b), verifi camos o desenho em explosão e o número de variáveis, observando a variação limite a cada cota. A avaliação do projeto deve sempre levar em consideração as características do material a ser conformado no estampo. A determinação da folga entre o punção e a matriz depende: a) da espessura da chapa a ser cisalhada; b) do tipo de material a ser trabalhado, verifi cando a tração do material. Folga = D1 - D Onde: D1 = Diâmetro da peça, o furo feito pelo punção; D = Diâmetro do punção; Folga = Valor obtido por meio do gráfico da Figura 4, determinado pela resistência à tração do material. 7Conformação mecânica: processos de estampagem Figura 4. Folga entre punção e matriz. Fonte: Adaptada de Chiaverini (1986, p. 107). Fo lg a f = D 1 - D (m m ) 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 Espessura da chapa (mm) Para aprofundar os estudos, observe o cálculo de folga de um conjunto punção-matriz: Sabendo que um punção de diâmetro D = 10 mm deve cortar uma chapa de latão, qual deve ser o diâmetro da matriz D1? Considere: espessura da chapa = 4,3 mm. A folga é: Folga f = D1 – D D1 =? D = 10 mm Conformação mecânica: processos de estampagem8 Devemos buscar qual é a folga consultando o gráfico da Figura 5. Determinação do valor da folga entre matriz e punção 4,3 Cálculo da folga entre o punção e a matriz de estampagem Dada a espessura da chapa e = 4,3 mm, subimos na linha até deparar a curva do material a ser conformado – latão –, e rebatemos na direção da escala de determinação da folga: valor aproximado = 0,3 mm. Espessura da chapa (mm) Fo lg a f = D 1 - D (m m ) Figura 5. Determinação do valor da folga entre matriz e punção. Fonte: Adaptada de Chiaverini (1986, p. 107). Dessa forma: Folga f = D1 – D D = 10 mm D1 = D + Folga f D1 = 10 + 0,3 mm Resposta: D1 = 10,3 mm Obs.: Nas literaturas técnicas, existem gráficos e tabelas que determinam os valores de folga em função da espessura da chapa e de seu material. De acordo com Rocha (2012), as matrizes de corte terão as dimensões correspondentes ao limite inferior da tolerância das peças e, por outro lado, nos punções, devemos sempre adotar nos cálculos as dimensões correspondentes ao limite superior da tolerância. Tipos de máquinas utilizadas em estamparia As operações de estampagem podem ser processadas em mais de umpadrão de máquinas, segundo Bresciani e Silva (2011), classifi cando-se em dois tipos: a) máquinas de movimento retilíneo alternativo, a exemplo de prensas hidráu- licas, prensas excêntricas, guilhotinas e viradeiras; b) máquinas de movimento giratório contínuo, a exemplo das perfi lhadoras, laminadoras, curvadoras e customizadas para determinadas operações. 9Conformação mecânica: processos de estampagem A aplicação de um determinado tipo de máquina pode estar atrelada ao projeto da ferramenta. Fatores determinantes na escolha são: quantidade de peças a serem produzidas, dimensão e formato. Para alimentar rapidamente as máquinas, são utilizadas chapas ou bobinas, que favorecem a produção em massa e nem sempre utilizam alimentação automática. De acordo com Weiss (2012), a prensa excêntrica tem duas configurações, podendo ser de corpo inclinável e fixo, como mostram as Figuras 6a e 6b. Ambos os tipos são utilizados para operações de corte, no entanto, a prensa de corpo inclinável favorece o estampo progressivo, adaptando o sistema pneumático e facilitando a extração da peça. A prensa hidráulica, apresentada na Figura 6c, possui elevada carga de compressão, o que a torna apropriada para trabalhar em repuxo e dobra. A prensa guilhotina, mostrada na Figura 6d, é utilizada para chapas de metais, corte a frio e possui elevada capacidade de carga. Figura 6. Prensas de estampagem: (a) excêntrica tipo C; (b) excêntrica de corpo fixo; (c) hidráulica; (d) guilhotina. Fonte: Adaptada de Weiss (2012, p. 26-27). (a) (b) (c) (d) Na prensa viradeira, mostrada nas Figuras 7a e 7b, observa-se a régua prismática e a faca, apropriados para dobrar grande número de peças. Conformação mecânica: processos de estampagem10 Figura 7. Prensa viradeira: (a) visão geral da máquina; (b) régua prismática, faca e peça. Fonte: Taechit Tanantornanutra/Shutterstock.com e Dreamsquare/Shutterstock.com. Na Figura 8a, tem-se uma vista panorâmica da puncionadeira que trabalha a alta velocidade, troca ferramentas e atua, além do corte, na dobra e no re- puxo. Ela também possui Comando Numérico Computadorizado (CNC), que permite boa competitividade. A Figura 8b mostra a puncionadeira cortando e, na Figura 8c, dobrando. Figura 8. Puncionadeira CNC: (a) vista geral; (b) cabeçote e ferramenta de corte; (c) cabeçote, ferramenta de corte e dobra. Fonte: Sergey Ryzhov/Shutterstock.com, Dainis Derics/Shutterstock.com e uskystudio/Shutterstock.com. Propriedade dos estampados As propriedades dos estampados são de elevada resistência mecânica devido ao encruamento ocasionado no trabalho a frio. Segundo Bresciani e Silva (2011), as peças devido a nervuras e dobras, ou seja, devido a geometria de certos processos de estampagem, melhoram as propriedades mecânicas dos produtos. A composição química do material-base é determinante no resultado fi nal, sendo um dos meios de se garantir as propriedades desejadas. Uma 11Conformação mecânica: processos de estampagem grande aplicação é a indústria automotiva, que constrói veículos mais leves com carenagens mais resistentes e seguras. Aprofunde seus conhecimentos assistindo a um vídeo sobre a linha de estampagem de uma montadora de veículos nos EUA, que utiliza esse meio de produção competitivo e moderno. Fiat Chrysler Automobiles Sterling Stamping Plant, Sterling Heights, Michigan. Disponível em: https://goo.gl/Jpo2jq Aqui temos uma empresa fornecedora de peças estampadas. kf estamparia. Disponível em: https://goo.gl/kFkPH8 Estampagem profunda De acordo com Moro e Auras (2006), a estampagem profunda, mostrada na Figura 9, é a transformação de uma chapa em um copo. O repuxo ou embutimento consiste no material ser puxado à força para dentro da matriz, conformando as paredes da peça. Um parâmetro para que esse tipo de estam- pagem seja considerado profundo é a condição atingir uma altura superior à metade de seu diâmetro. Os materiais aplicados nesse processo são o aço-carbono e baixa liga, o alumínio e o latão. Conformação mecânica: processos de estampagem12 Figura 9. Estampagem profunda: (a) representação peça original, blank; (b) processo de estampagem profunda, a peça é fixa na matriz por meio de anel fixador e a ferramenta pistão inicia a conformação; (c) peça estampada; (d) ferramenta no final do curso, conformando a estampagem profunda. Fonte: Adaptada de Ferreira (2010, p. 219 e 232). Anel �xador (a) (b) (d) (c) Matriz Ferramenta Ferramental de estampagem profunda De acordo com Moro e Auras (2006), a baixa pressão de trabalho no estampo de repuxo favorece o aparecimento de rugas; a pressão alta pode romper a peça na cavidade. Deve ser observado o espaçamento entre a matriz e o punção para que isso não aconteça. As variações nas propriedades do material utilizado podem tornar necessá- rio o escamoteamento das operações, ou seja, fazer conformação intermediária a forma desejada. Observe a Figura 10. Em (a), o punção está indo de encontro ao blank, a chapa-base. Em (b) tem início o dobramento, o diâmetro da chapa diminui e o material segue dobrando em direção ao fundo da matriz. Em (c), o material vai endireitando e segue fluindo ao fim de curso do punção. Em (d), vai com- primindo e dando forma final às paredes do copo, sendo pressionado a escoar para o vão entre a matriz e o punção. Em (e) a peça encontra-se finalizada. 13Conformação mecânica: processos de estampagem Figura 10. Esquema de deformação: (a) o punção pouco antes do contato com a peça de trabalho; (b)dobramento; (c) endireitamento; (d) atrito e compressão; (e) copo final com indicação dos efeitos de afinamento nas paredes do estampo. Fonte: Adaptada de Groover (2014). (a) (b) (c) (e)(d) Endireitamento Compressão e espessamento da �ange Dobramento Na Figura 11 temos, sob dois aspectos diferentes, dois processos aconte- cendo, 11(a1) e 11(b1), ambos tendo uma força aplicada às chapas segurando o blank para evitar que ele escorregue e tendo o punção a empurrar ao centro. Em (a2), a peça está sendo estampada no sentido reverso à forma apresentada, e em (b2) a peça é reestampada no mesmo sentido, mas deformando somente parte central. Esses dois métodos de estampagem reversa e reestampagem são derivações do processo de estampagem profunda. Conformação mecânica: processos de estampagem14 Figura 11. Operações diferenciadas: estampagem reversa, iniciando em (a1) aproximação e recalque, e (a2) chapa estampada no sentido oposto da estampagem inicial. Reestampagem de um copo em (b1) aproximação e recalque, e (b2) estampando no mesmo sentido da deformação anterior. Fonte: Adaptada de Groover (2014). (a2) (a1) (b1) (b2) Lubrificação na estampagem profunda Segundo Moro e Auras (2006), a lubrifi cação é importante para o rendimento. Aplica-se óleos para elevadas pressões, evitando corrosão no material. O grande problema na lubrifi cação é a difi culdade da remoção após o uso no produto conformado e na matriz. 15Conformação mecânica: processos de estampagem Para saber mais: Acesse o material no link a seguir e aprofunde seus conhecimentos em trefilação. https://goo.gl/2ot5iA Veja, também, o vídeo com exemplo de célula de repuxo. Observe também os dispositivos feitos para otimizar o processo e analise a velocidade produtiva. PH3CR 40T — Célula de repuxo. Disponível em: https://goo.gl/P97zbZ Linha de trefilação para arames. Disponível em: https://goo.gl/UwgQA7 Veja também a produção de caneca filtro automotivo. Observe os dispositivos pneumáticos ligados à máquina para aumentar a velocidade de extração da peça. Repuxo progressivo. Disponível em: https://goo.gl/vmYtYq Qualidade dos produtos estampados Quanto à qualidade fi nal dos produtos estampados, segundo Bresciani e Silva (2011), o latão é uma liga cobre-zinco que funciona muito bem em estampados. O preço faz restringir a aplicação, mas a estampagem do alumínio e do zinco também facilita o trabalho. O estudo de ligas e materiais como o açode baixo carbono favorece a aplicação em estampagem profunda. Produtos estampados podem apresentar alguns defeitos, tais como: a) enru- gamento na flange; b) enrugamento na parede; c) rasgamento; d) deformações devido à anisotropia, o orelhão; e) riscos superficiais. Conformação mecânica: processos de estampagem16 De acordo com Weiss (2012), algumas considerações devem ser feitas quanto à segu- rança ao usar prensas, principalmente na estampagem: Toda prensa deve ter dispositivos para prevenir acidentes, a exemplo de ter de acionar dois interruptores ao mesmo tempo, liberando funcionamento da máquina; O manuseio de chapas só pode ser feito com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs); O operador de máquina deve fazer um curso para trabalhar em prensas; É preciso observar a Norma Regulamentadora (NR) Nº12, as ações desde o pro- jeto e a rotina de trabalho para garantir que máquinas, equipamentos e pessoas estejam seguros. BRESCIANI, F. E.; SILVA, I. B. Conformação plástica dos metais. 2. ed. São Paulo: EPUSP, 2011. CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. FERREIRA, R. A. S. Conformação plástica: fundamentos metalúrgicos e mecânicos. 2.ed. Recife: UFPE, 2010. GROOVER, M. P. Introdução aos processos de fabricação. Rio de Janeiro: LTD, 2014. MORO, N.; AURAS, A. P. Processos de fabricação: conformação mecânica II: extrusão, trefilação e conformação de chapas. Florianópolis: CEFET-SC, 2006. Curso Técnico de Mecânica Industrial. ROCHA, O. F. L. Conformação mecânica. Belém: IFPA, 2012. WEISS, A. Processos de fabricação mecânica. Curitiba: Livro Técnico, 2012. Leituras recomendadas ALTAN, T.; OH S.; GEGEL, H. Processos de conformação dos materiais: introdução aos processos de conformação: parte II. São Carlos: USP, Escola de Engenharia de São Carlos, 2012. ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. São Paulo: Cengage Learning, 2014. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Fundamentos da ciência e engenharia dos materiais: uma abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2014. 17Conformação mecânica: processos de estampagem MACHADO, L. P. M. Conformação dos metais: fundamentos e aplicação. Vitoria: IFES, 2008. OLÍVIO, N. Introdução à engenharia de fabricação mecânica. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2013. SCHAEFFER, L. Conformação mecânica. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2009. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. VLACK, V.; HALL, L. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. Conformação mecânica: processos de estampagem18 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Você já reparou no formato de uma lata de sardinha? Como que uma peça de metal resulta em um produto como este? Pois é por meio da estampagem, processo dinâmico e essencial para muitas indústrias e produção de bens de consumo. Na Dica do Professor, você acompanhará características, tipos e itens essenciais desse processo de conformação mecânica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Qual é a alternativa correta sobre a prática do uso de lubrificação na estampagem profunda? A) A lubrificação é importante para o rendimento. Aplicam-se óleos para elevadas pressões, evitando a corrosão no material. O grande problema é a dificuldade de remoção após o uso, tanto no produto quanto na matriz. B) Quanto maior atrito, maior será o desgaste da ferramenta, entretanto maior será o esforço na fieira. Por isso, deve-se lubrificar. C) A lubrificação não é importante para o rendimento. Aplicam-se óleos para baixas pressões, evitando a corrosão no material. O grande problema é a dificuldade de remoção após uso, tanto no produto quanto na matriz. D) Em consequência da ação lubrificante, consegue-se reduzir o desgaste da ferramenta, o cilindro de conformação a quente, e a chapa beneficia o acabamento superficial. E) A lubrificação é importante para o rendimento. Aplicam-se óleos para elevadas pressões, evitando a contaminação do material. O grande problema é a dificuldade de remoção após o uso no produto. 2) Quais operações referem-se ao processo de conformação mecânica de estampagem? A) Flangeamento reto, flangeamento de furo, enrolamento parcial, enrolamento total, dobramento, rebordamento, corrugamento, nervuramento, estancamento, conformação de tubo dobramento, conformação de tubo expansão, abaulamento e pregueamento. B) Flangeamento reto, flangeamento de abaulamento, enrolamento parcial, enrolamento total, dobramento, rebordamento, corrugamento, nervuramento, estaqueamento, conformação de tubo dobramento, conformação de tubo expansão, abaulamento e pregueamento. C) Flangeamento reto, flangeamento de furo, enrolamento parcial, enrolamento total, dobramento, rebordamento, corrugamento, nervuramento, estaqueamento, conformação de tubo dobramento, conformação de tubo expansão, abaulamento e pregueamento. D) Flangeamento reto, flangeamento de furo, enrolamento parcial, enrolamento total, dobramento, rebordamento, corrugamento, enervamento, estaqueamento, conformação de tubo dobramento, conformação de tubo expansão, abaulamento e pregueamento. E) Flangeamento reto, fundição, enrolamento parcial, enrolamento total, dobramento, rebordamento, corrugamento, nervuramento, estaqueamento, conformação de tubo dobramento, conformação de tubo expansão, abaulamento e pregueamento. 3) Qual o efeito da anisotropia plástica na qualidade da estampagem profunda? A) Rompimento do fundo da peça B) Aumento da probabilidade de formação de orelhas C) Riscos nas superfícies D) Enrugamento no flange E) Enrugamento na parede 4) Como podemos justificar o efeito mola durante a conformação mecânica de chapas e que dificulta a precisão no dobramento? A) Quando a tensão de dobramento é removida no final da estampagem, o material recupera parte desse movimento devido ao módulo de elasticidade do material e seu limite de ruptura. B) Quando a tensão de dobramento é removida no final da estampagem, o material recupera parte desse movimento devido ao módulo de plasticidade do material. C) Quando a tensão de dobramento é removida no final da estampagem, o material recupera parte desse movimento devido ao limite de plasticidade do material. D) Quando a tensão de dobramento é removida no final da estampagem, o material recupera parte desse movimento devido ao módulo de elasticidade do material e seu limite de escoamento. E) 5) Que tipos de máquinas são mais utilizados nos processos de estampagem? A) Fornos de fundição, prensas excêntricas, guilhotinas, viradeiras, perfilhadoras, laminadoras e curvadoras. B) Prensas hidráulicas, prensas excêntricas, guilhotinas, viradeiras, perfilhadoras, laminadoras e curvadoras. C) Prensas hidráulicas, prensas excêntricas, guilhotinas, viradeiras, perfilhadoras, extrusoras e curvadoras. D) Prensas hidráulicas, prensas excêntricas, retíficas, guilhotinas, viradeiras, perfilhadoras e curvadoras. E) Tornos, prensas excêntricas, guilhotinas, viradeiras, perfilhadoras, laminadoras e curvadoras. NA PRÁTICA A estampagem consiste, geralmente, na transformação de chapas metálicas em produtos finais ou intermediários de itens que participam do nosso cotidiano. E uma das aplicações da estampagem é na fabricação de partes do carro. Acompanhe a seguir parte do processo produtivo de uma montadora e perceba de que maneira a estampagem está presente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Metalúrgicas e Matrizes Assista produtos ganhando forma pelo processo de estampagem. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Metalúrgicae Matrizes Assista ao vídeo e veja na prática a Estampagem. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Metalurgia - Processo de Estampagem Acompanhe no vídeo a explicação sobre o processo de estampagem. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conformação mecânica – processo de forjamento a quente, a semi-quente (morno) e a frio APRESENTAÇÃO Você sabe o que um alicate e um virabrequins (eixo de manivela) têm em comum? Em um primeiro momento, sua resposta pode ser nada, afinal são dois produtos com finalidades diferentes, concorda? Pois saiba que ambos são produzidos pelo método de conformação mecânica chamado forjamento. No forjamento, o metal é martelado ou prensado na forma desejada, e o material pode ser trabalhado a quente, a semi-frio (morno) ou a frio. Nesta Unidade de Aprendizagem, portanto, você irá estudar os conceitos gerais da mecânica do processo de forjamento. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever os efeitos da temperatura no forjamento a quente, a semi-quente (morno) e a frio. • Expressar a utilização do ferramental e dos maquinários empregados no processo de forjamento. • Identificar a qualidade e aplicação dos produtos forjados. • DESAFIO Você está participando de um processo seletivo em uma multinacional da área metalúrgica, e uma das fases é resolver dois desafios. O teste foi dividido em duas etapas: Etapa (a): Você deve observar as imagens – que ilustram o processo de forjamento - e classificar a matriz utilizada. Etapa (b): Em seguida, você deve ordenar a sequência de imagens, visualizando o processo produtivo, e justificar sua escolha. Coloque seus conhecimentos em prática e resolva o desafio. INFOGRÁFICO O processamento de forjamento pode ser a quente, morno ou frio. Na maioria dos casos, trabalha-se a quente, o que significa usar faixas de temperaturas que se adequem ao tipo de material e sejam favoráveis ao que se propõe como resultado. Conhecer as etapas fundamentais desse processo é relevante para seus estudos na engenharia, por isso, veja, no infográfico, imagens que mostram a sequência do processo de conformação mecânica de forjamento. CONTEÚDO DO LIVRO Entre os processos de oconformação mecânica, há o forjamento que utiliza a força de choque ou a força progessiva de compressão. Saber as características desse metódo é importante para que você compreenda a conformação como um todo. Por isso, você deve estudar os conceitos gerais do processo de forjamento a quente, a semi-quente (morno) e a frio, a utilização do ferramental e dos maquinários de forjamento, bem como a qualidade e aplicação dos produtos forjados. Acompanhe o capítulo Conformação mecânica - processo de forjamento a quente, a semi- quente (morno) e a frio, do livro Conformação mecânica, que serve de referencial teórico para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM André Shataloff Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: Descrever sobre os efeitos da temperatura nos diferentes processos de forjamento a quente, a morno e a frio. Expressar a utilização das ferramentas e maquinários usados no pro- cesso de forjamento. Identi� car a qualidade e aplicação dos produtos forjados. Introdução Os metais são produzidos e disponibilizados pela indústria metalúrgica em diversos formatos, tais como: blocos, tarugos, vigas, chapas, placas (grossas, médias e finas), lingotes etc. Na conformação mecânica, os produtos primários podem ser conformados em vários processos, dentre eles o processo de forjamento por impacto, que utiliza força de choque, ou forjamento em prensa, que aplica força progressiva de compressão. Neste texto, você irá estudar os conceitos gerais do processo de forjamento a quente, a morno e a frio, a utilização das ferramentas e maquinários de forjamento, bem como a qualidade e aplicação dos produtos forjados. Forjamento Segundo Smith e Hashemi (2012) e Moro e Auras (2006), o processo de forjamento é um dos métodos de conformação mecânica no qual o metal é martelado ou prensado na forma desejada. O material é na maioria dos casos forjado a quente, mas também é trabalhado a morno e a frio. No forjamento, são usados, principalmente, os seguintes métodos: a) golpes rápidos e repetidos com um martelo, aplicando força de choque sobre o metal; b) prensas, submetendo o material-base à compressão progressiva. De acordo com Moro e Auras (2006), a matriz de forjamento pode moldar vários produtos, tais como moedas, pregos, parafusos, âncoras, peças de cone- xão hidráulicas, virabrequins, entre outros. Altan, Oh e Gegel (2012) reforçam que, devido a características mecânicas, os produtos forjados são usados em automóveis, caminhões, tratores, equipamentos ferroviários, aeronáuticos etc. Categorias de forjamento Segundo Bresciani e Silva (2011), o forjamento se divide em duas categorias: forjamento livre, denominado matriz aberta (Figura 1a); e forjamento em matriz fechada (Figura 1b1), que pode ser trabalhado com produção de rebarba ou forjamento sem rebarba (Figura 1b2). No forjamento livre, a deformação ocorre entre ferramentas planas ou de geometrias simples, como mostra a Figura 2, e o material escoa mais livre e com menor atrito, permitindo produzir peças maiores. O processo pode ser fase anterior do forjamento em matriz fechada para que a peça atinja sua forma final, mais cheia de detalhes. Outra aplicação é quando a quantidade de peças não justifica a construção de matrizes e opta-se pela redução de custos. O forjamento em matriz fechada permite o trabalho de peças com menores tolerâncias dimensionais e grande volume produtivo, pois as ferramentas têm custo elevado. De acordo com Bresciani e Silva (2011), o grande problema da matriz fechada é determinar com precisão o volume de material a ser posto na matriz, e para trabalhar esse problema, a solução é preencher a cavidade para que o excesso vá para a bacia da calha da rebarba. A rebarba pode ser eliminada manualmente, após a utilização da matriz fechada, ou via dispo- sitivo feito para rebarbagem em matriz aberta, que muitas vezes aproveita o material ainda quente. Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio2 Em geral, a deformação do material na conformação mecânica de forjamento confere a melhoria das propriedades mecânicas do metal, alterando as formas dos grãos do produto. Por essa razão, é relevante identificar qual temperatura de trabalho atende melhor as especificações e aumenta a produtividade. Figura 1. Operações de forjamento: (a) Forjamento em matriz aberta. (b1) Forjamento em matriz fechada. (b2) Forjamento em matriz fechada sem rebarba. Fonte: Adaptada de Groover (2014). 3Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Figura 2. Formas básicas de forjamento em matriz aberta. Fonte: Smith e Hashemi (2012, p. 155). Efeitos da temperatura nos diferentes processos de forjamento De acordo com Moro e Auras (2006), a classifi cação quanto à temperatura de trabalho na conformação mecânica é defi nida em três tipos: 1. trabalho a quente (TQ), que permite trabalhar a temperaturas que se adequem ao tipo de material usado e, assim, recristalizar os grãos – estruturas cristalinas deformadas em conformações –, formando novos grãos e reduzindo as tensões internas; 2. trabalho a frio (TF), que não permite a recristalização – processo que dá forma a novos grãos – e não reduz tensões internas, que podem ser tratadas após o forjamento, se necessário; 3. trabalho a morno (TM), que também não recristaliza o material, mas permite o ajuste dos defeitos das estruturas cristalinas, melhorando a ductilidade do material e gerando um efeito chamado de recuperação.Processos de forjamento a quente Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), a temperatura do material em processo é maior em relação à matriz, ao contrário do fl uxo do material na cavidade, que é determinado pelos seguintes fatores: a) fl uidez do material em função da resistência ao escoamento plástico; b) atrito e perda de calor material/matriz; c) geometria da peça. Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio4 Ao observar a forjabilidade na maioria dos metais, notou-se que esta au- menta em função da temperatura, porém isso implica no aumento do tamanho do grão, e em determinadas ligas esse maior tamanho diminui a forjabilidade. Segundo Moro e Auras (2006), o trabalho a quente não só necessita de menor energia mecânica de conformação como também alivia as heteroge- neidades da estrutura dos lingotes fundidos. Uma vez ocorrendo variações de temperatura devido à deformação do produto na cavidade, as diversas velocidades de resfriamento em regiões mais espessas e mais finas torna irregular a estrutura do metal. As velocidades diferenciadas de resfriamento resultam na diferenciação dos tamanhos dos grãos, permitindo, no núcleo da peça, grãos maiores. Observe na Tabela 1 as vantagens e desvantagens comparadas ao processo de forjamento a quente quando comparado com a conformação a frio e a morno. Fonte: Moro e Auras (2006). TQ TF TM Força e energia < > ~ Elimina defeitos da fundição > < ~ Recristalização sim não não Recuperação não não sim Surgimento de discordâncias < > ~ Tolerância e acabamento < > ~ Uniformidade da microestrutura < > ~ Legenda: < maior ; < menor; ~ intermediário Tabela 1. Comparação de fatores. 5Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio De acordo com Bresciani e Silva (2011), a perda de temperatura ocorre em virtude da transmissão de calor à ferramenta, sendo mais significativa a perda por radiação. Essa diferença de temperaturas afetará a velocidade de resfriamento. O ideal seria, na condição dos aços, aquecer as ferramentas previamente perto de 300º C. No caso dos não ferrosos, o correto seria nivelar as temperaturas de forjamento e ferramenta. Para se ter uma boa qualidade, cada aço precisa ter uma temperatura de processo. Quando está entre 700 e 900º C, corre-se o risco de encrua- mento e aparecimento de fissuras que não poderão ser eliminadas através do recozimento. De acordo com Ferreira (2010), a variação de temperaturas na peça pode levar à contração de um segmento ao esfriamento rápido e ser, ao mesmo tempo, freada em outra área ainda quente. A variação dessas tensões na solidificação acaba induzindo fortes tensões nas partes finas do produto, promovendo trincas nessas áreas. Outra vantagem de se trabalhar a quente é a possibilidade de evitar trincas circunsferenciais, ou seja, a tendência ao abarrilamento, quando o material fica fino nas pontas e rechonchudo no meio. Essa condição provoca tensões que podem ser aliviadas através da recristalização. Essas tensões se tornam um problema quando trabalhadas abaixo da temperatura de recristalização, seja a morno ou a frio. Processos de forjamento a frio Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), no processo de forjamento a frio o material é forçado a fl uir plasticamente através de forças compressivas, assumindo uma nova geometria conforme o projeto. O trabalho a frio é vantajoso em pelo menos cinco aspectos: a) alta produtividade; b) excelente controle dimensional do produto acabado devido ao fato de ter maior controle dimensional, uma vez que não sofre bruscas dilatações térmicas no processo; c) alto detalhamento e efi ciência quando comparados aos processos de usinagem; d) alta resistência ao escoamento e à tração, fruto do encruamento dos grãos; e) resistência mecânica elevada devido à não alteração de fl uxo de grãos pela variação de velocidade de resfriamento da peça. Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio6 O volume produzido deve ser alto, pois o investimento nas matrizes de forjamento a frio é alto. Quanto menor é a peça, menor seu valor comercial, assim, peças com menos de 20 gramas ficam restritas ao lote econômico de 10.000 peças, em condições padrão e para situações especiais; peças complexas podem chegar a 500.000 unidades, segundo Altan, Oh e Gegel (2012). Os melhores materiais para o forjamento a frio são aqueles cuja boa ductili- dade se mantém à temperatura ambiente, como é o caso das ligas de alumínio, ligas de cobre, estanho, aço entre outros. Processos de forjamento a morno Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), o processo de forjamento a morno é traba- lhado abaixo da temperatura de recristalização, entre 700 e 800º C, ganhando fl uidez ao diminuir a tensão de escoamento se comparado ao processo a frio. Moro e Auras (2006) afirmam que existem informações controversas quanto ao consenso da faixa de trabalho na conformação a morno dos aços e chamam a atenção para o limite mínimo de 500º C, que evita a fragilidade ao trabalhar em baixas temperaturas. Entre 200 e 400º C, átomos intersticiais difundem-se, dando ao metal um aspeto azulado, fruto da formação de óxidos, o que serve como sinal de alerta aos serviços nessas temperaturas. Maquinários e ferramentas aplicados no forjamento Segundo Bresciani e Silva (2011), através da conformação mecânica processos de forjamento é possível trabalhar dois efeitos no produto fi nal: a) atribuir geometria e dimensional desejado; b) melhorar propriedades mecânicas ao mexer na estrutura cristalina, modifi cando e refi nando os grãos. O material-base que alimenta o forjamento é de blank fundido, que possui menor homogeneidade na estrutura do metal, e o material laminado, que é mais indicado graças ao seu melhor acabamento e estrutura homogênea. De acordo com Groover (2014), os equipamentos aplicados no forjamento são: máquinas de forjamento, ferramentas a exemplo das matrizes, aquece- dores de peças, dispositivos de alimentação e descarga e, quando necessário, estações de retirada das rebarbas. 7Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Mecanismos de forjamento De acordo com Altan, Oh e Gegel (2012), as pressões de forjamento dependem da geometria da peça, do produto e do material utilizado, e na prática variam entre 30 e 110 kgf/mm2. Na Figura 3a, temos um esquema de matriz fechada que nos permite observar os detalhes da peça e as rebarbas formadas. Isso ajuda a analisar a Figura 3b e a verificar a variação da curva de tensão durante a conformação de forjamento. Percebemos que o maior pico de tensão na cavidade (σc) é localizado ao centro, no local de maior reação à força da matriz ao fluxo de metal, segue em direção à calha e diminui mais rapidamente a tensão na faixa do estrangulamento de fluxo (σe) para formar a rebarba, na faixa da tensão final (σf), resultando na perda de carga e esfriamento do metal. Na Figura 4 há o esquema do movimento de fechamento e formação da curva (Figura 4d). Vamos estudar o passo a passo: 1º) para entender o processo, deve-se admitir o blank suficiente de metal para preencher a cavidade e também a condição de estrangulamento e perda de carga do material ao passar no canal e na calha da rebarba; 2º) as cargas são mais baixas até o material atingir o canal da rebarba, isto é, o ponto P1, que é o ponto de recalque devido à restrição ao fluxo; 3º) a carga aumenta a taxa elevada até o enchimento da peça, atingindo o ponto P2; 4º) a carga final assegura a finalização da peça, atingido o ponto P3. Podemos observar que os pontos P1, P2 e P3 são três estágios distintos de deslocamento da matriz superior ou punção. A formação da rebarba está diretamente relacionada à quantidade de material extra da peça. Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio8 Figura 3. Esquema de um estampo fechado simples: (a) Detalhamento. (b) Distribuição de pressões de forjamento. 9Conformaçãomecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Figura 4. Fluxo de metal e curva deslocamento-carga. Máquinas de forjamento Segundo Bresciani e Silva (2011), os equipamentos de forjamento conforme o princípio de trabalho podem ser divididos em dois grupos: a) martelos de forjamento; b) prensas de forjamento. Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio10 Na Figura 5, temos um ferreiro trabalhando em sua prensa, moldando o aço incandescente. Na Figura 6a, é apresentado o martelo de forjar, que funciona por intermédio do princípio da deformação resultante da energia cinética do martelo, liberada através da repetição de pancadas. São divididos em três tipos: a) martelo de queda livre, limitado em função da altura e peso do martelo; b) martelo de dupla-ação, no qual existe a associação a equipamento hidráulico ou pneumático, tornando a força até 20 vezes o peso do martelo (Figura 6c); c) martelo de contragolpe, que utiliza duas massas que se chocam, proporcionando menos vibração à peça e ao solo. A prensa de forjar (Figura 6b) é destinada ao forjamento e se divide em três tipos: a) prensa hidráulica, à qual se aplica velocidades e pressões uniformes; b) prensa mecânica excêntrica, que possui baixo custo de operação e está limitada a peças médias e pequenas; c) prensa de fricção, que possui uma rosca sem fim por intermédio da qual a descida da massa giratória produz energia cinética, pressionando um prato ao outro, sendo, por isso, indicada para cunhar medalhas, moedas etc. Figura 5. Trabalho em martelo de forja. Fonte: Studio 72/Shutterstock.com. 11Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Figura 6. Principais equipamentos de forjamento: (a) Prensa mecâ- nica ou martelo de forjar. (b) Prensa hidráulica. (c) Martelo de forjar. Fonte: Ferreira (2010, p. 132) e Prabhjit S. Kalsi/Shutterstock.com. É preciso utilizar lubrificação no forjamento? Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), para realizar a lubrificação no forjamento são necessárias algumas características e o desempenho de algumas funções, tais como: reduzir atrito do material na cavidade, reduzindo a pressão requerida ao enchimento; inibir a soldagem do material à matriz, evitando danos; minimizar a perda de calor no contato do blank com a superfície da matriz; recobrir toda a matriz como um filme; não ser abrasivo, prevenindo a erosão da matriz; não gerar resíduos que possam acumular em cantos da ferramenta; desenvolver uma característica de fácil desmoldagem do produto; não haver produtos tóxicos produtores de fumaça durante aplicação. Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio12 Ferramentas de forjamento De acordo com Groover (2014), a boa execução do forjamento depende de um bom projeto da ferramenta e da matriz. Na Figura 1 foi demonstrada a diferenciação das matrizes abertas, fechadas e fechadas sem rebarba. O projeto de ferramentas abertas é mais simples (como mostrado na Figura 2) devido à forma simples, ao contrário das ferramentas e das matrizes fechadas. Segundo Bresciani e Silva (2011), os principais materiais utilizados na confecção das ferramentas são os aços-ligas. Na conformação do aço, utiliza-se aços enriquecidos com tungstênio para melhorar a performance a altas tempe- raturas. Em materiais não ferrosos, costuma-se aplicar, devido à tenacidade, os aços cromo-níquel e cromo-molibinênio. Forjamento em matriz aberta Na Figura 7, observamos as principais operações em forjamento livre, segundo Bresciani e Silva (2011), dentre as quais podemos citar: deformação simples (Figura 7a); recalque, estiramento, alargamento (Figura 7b); rebaixamento, dobramento, fendilhamento (Figura 7c); expansão (Figura 7d); e corte rebar- bação etc. (Figura 7e). De acordo com Ferreira (2010), o forjamento livre ou forjamento em matriz aberta não significa a construção da ferramenta plana, e sim a liberdade do escoamento e a ausência de restrição lateral. O objetivo é a redução gradativa da secção da peça, podendo essa etapa ser inicial para depois seguir em matriz fechada ou mesmo etapas de usinagens. A característica simplificada é a redução da altura e um abarrilamento, isto é, uma deformação à semelhança de um barril, quando o material fica fino nas pontas e rechonchudo no meio, como mostra a Figura 7a. A Figura 8 mostra a operação de recalque, utilizada para confecção de pregos e parafusos de diversos tipos. Geralmente classificada em operação de matriz aberta, pode assumir configurações fechadas, a exemplo do caso apresentado nas imagens, cujo material não tem saída livre da matriz, sendo uma exceção. O sistema de funcionamento consiste em mordentes (Figura 8a) que seguram o batente – material a ser conformado –; depois, a peça é cortada e se inicia o recalque (Figura 8b). Por último, é feita a conformação completa da cabeça de acordo com a geometria da ferramenta (Figuras 8c, 8d e 8e). 13Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio De acordo com Machado (2008), pode-se sintetizar o forjamento livre das seguintes maneiras: a) formas mais simples e regulares; b) peças de peque- nas a grandes dimensões; c) baixa produtividade; d) utilizando o martelo de forjamento. Figura 7. Esquema de matrizes abertas simples. (a) Deformação em matriz aberta. (b) Recalque, estiramento e alargamento. (c) Fendilhamento. (d) Expansão. (e) Corte. Fonte: Adaptada de Bresciani e Silva (2011, p. 134). Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio14 Figura 8. Operações de forjamento por recalque. (a) Mordentes apertam o batente e o excesso é cortado. (b) O punção inicia o recalque; (c) Conformação alternativa de cabeça sextavada. (d) Finaliza-se o recalque conformando a cabeça. (e) Conformação alternativa de cabeça de parafuso com fenda. Fonte: Adaptada de Groover (2014). Forjamento em matriz fechada Bresciani e Silva (2011) observam que no forjamento em matriz fechada o material sofre conformação por compressão e é pressionado em direções conforme a ferramenta. De acordo com Ferreira (2010), a dificuldade de escoamento no forjamento em matriz fechada inviabiliza a conformação numa única vez, devendo ser dividida em etapas, iniciando, inclusive, na matriz aberta. A dificuldade em fluir o material na cavidade leva à necessidade de forçar o material a passar através de canais de escape e formar rebarba, evitando quebras da ferramenta. Quando há necessidade de acabamento (por exemplo, a usinagem), deve-se observar a formação de sobremetal, prevendo essas operações. Na Figura 9 observamos o exemplo de matriz fechada para produção de bielas. Analise que na própria ferramenta foram confeccionadas cavidades formando o produto em quatro etapas. Na Figura 10 temos em a e b dois produtos diferentes, sendo necessário nas fases iniciais a utilização do forjamento em matriz aberta. 15Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Figura 9. Conjunto de matrizes para forjamento em matriz fechada para produção de bielas. 3° 4° 1° 2° Figura 10. Sequência de forjamento. (a) Na fase I temos o blank; na II, o entalhamento, feito em matriz aberta; na III, a moldagem em matriz aberta; na IV, a ocorrência de uma ou mais etapas em matriz fechada até formal final. (b) Etapas do forjamento de uma virabrequim. Fonte: Ferreira (2010, p. 65) e Machado (2008, p. 50). (I) (I) (II) (II) (III) (III) (IV) (IV) (a) (b) Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio16 Acesse o material no link a seguir e aprofunde seus conhecimentos em forjamento. https://goo.gl/4DZ7ev Veja no link a seguir, um vídeo de como são fabricados parafusos e porcas. https://goo.gl/GUJDSp Veja também a produção de mola e forjamento a frio. Observe o comportamento do material durante a execução dos trabalhos. https://goo.gl/BsFgqR Qualidade e aplicação em forjamento Propriedadedos forjados Segundo Bresciani e Silva (2011), há uma diferença signifi cativa nas caracte- rísticas de resistência à tração e a ductilidade entre peças feitas a frio, a morno e a quente. As propriedades dos forjados a frio são de elevada resistência mecânica devido ao encruamento ocasionado no trabalho. Às vezes, trabalhando em processos de forjamento a quente, a substituição planejada de materiais com composições químicas melhores, a exemplo do aço-liga, podem ser substituídos em composições simples de menor custo e for- jamento a frio que, devido às propriedades mecânicas, acabam se equiparando. A diferenciação entre forjados a frio e a quente aumenta conforme se trabalha com peças maiores, devido à variação da estrutura dos materiais próximos à superfície e aqueles próximos ao núcleo da peça. Outro ponto diferencial é a rugosidade superficial ser melhor nos forjados a frio. Na Figura 11, é possível observar o detalhamento do efeito do uso do martelo, no efeito do impacto da deformação, e a homogeneização da estrutura do material somatório da tensão gerada e da transformação termodinâmica ocorrida no material fruto do recalque, transformando grãos grosseiros, efeito do chamado refino termodinâmico, em grãos equiaxiais. 17Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Figura 11. Demonstração esquemática da modificação microestrutural de- corrente do forjamento, do impscto σ + transformação termodinâmica (TT). Qualidade dos forjados Segundo Altan, Oh e Gegel (2012), os produtos forjados oferecem alta resis- tência mecânica, ductilidade e resistência ao impacto capazes de conformar componente de alta qualidade a custos competitivos. Segundo Moro e Auras (2006), forjados podem apresentar os seguintes defeitos: trincas superficiais, devido ao excesso de trabalho na superfície sem temperatura adequada; trincas nas rebarbas, podendo se propagar na peça, devido à impurezas; trincas internas, fruto de grandes deformações; gotas frias, oriundas de fluxos anormais na cavidade; incrustações de óxidos, formadas durante aquecimento; descarbonetação, perda de carbono na superfície devido aquecimento excessivo. Veja o vídeo disponível no link a seguir para aprofundar seus conhecimentos na linha de conformação mostrando o forjamento de roda de aço. https://goo.gl/K2VfDx Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio18 ALTAN, T.; OH, S.; GEGEL, H. Processos de conformação dos materiais: introdução aos processos de conformação: parte II. São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos, USP, 2012. BRESCIANI, F. E.; SILVA, I. B. Conformação plástica dos metais. 2. ed. São Paulo: EPUSP, 2011. FERREIRA, R. A. S. Conformação plástica: fundamentos metalúrgicos e mecânicos. 2. ed. Recife: UFPE, 2010. GROOVER, M. P. Introdução aos processos de fabricação. Rio de Janeiro: LTD, 2014. MACHADO, L. P. M. Conformação dos metais: fundamentos e aplicação. Vitoria: IFES, 2008. MORO, N.; AURAS, A. P. Processos de fabricação: conformação mecânica II: extrusão, trefilação e conformação de chapas. Florianópolis: CEFET-SC, 2006. Curso Técnico de Mecânica Industrial. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. Leituras recomendadas ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. São Paulo: Cengage Learning, 2014. CALLISTER, W. D.; RETHWISCH, D. G. Fundamentos da ciência e engenharia dos materiais: uma abordagem integrada. Rio de Janeiro: LTC, 2014. CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica. 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. OLÍVIO, N. Introdução à engenharia de fabricação mecânica. 2. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2013. ROCHA, O. F. L. Conformação mecânica. Belém: IFPA, 2012. VLACK, V.; HALL, L. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais. Rio de Janeiro: Elsevier, 1984. 19Conformação mecânica: processo de forjamento a quente, a morno e a frio Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR A conformação por forjamento nos oferece, por exemplo, peças de automóveis, rodas de locomotivas, ferramentas e outros produtos de alta resistência mecânica. É um tipo de processo que opera por dois modos. Você sabe quais são? E o que é possível dizer sobre a influência da temperatura (frio, morno ou quente) nas características dos produtos? Para saber a resposta, assista à dica do professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) No caso do aço, por que o forjamento realizado a temperaturas abaixo de 700oC a 900oC não é recomendado e, quando trabalhado abaixo dessa faixa, evita-se entrar em outra faixa de 200o a 400oC? A) Ao evitar ficar abaixo da faixa entre 700oC e 900oC, elimina-se o risco de fundirem o material. Entre 200oC e 400oC, ainda é muito quente, mas já ocorre a recristalização. B) Ao evitar ficar abaixo da faixa entre 700oC e 900oC, os átomos intersticiais difundem-se, formando óxidos e fragilizando o material. Entre 200oC e 400oC, corre-se o risco de encruamento e aparecimento de fissuras, que serão eliminadas no recozimento. C) Ao evitar ficar abaixo da faixa entre 700oC e 900oC, corre-se o risco de encruamento e aparecimento de fissuras, que serão eliminadas no recozimento. Entre 200oC e 400oC, os átomos intersticiais difundem-se, formando óxidos e fragilizando o material. D) Ao evitar ficar abaixo da faixa entre 700oC e 900oC, corre-se o risco de encruamento e aparecimento de fissuras, que serão eliminadas na recuperação. Entre 200oC e 400oC, os átomos intersticiais difundem-se, formando óxidos e fragilizando o material. E) Ao evitar ficar abaixo da faixa entre 700oC e 900oC, elimina-se o risco de fundirem o material. Entre 200oC e 400oC, os átomos intersticiais difundem-se, formando óxidos e fragilizando o material. 2) Em relação à diferenciação dos equipamento de forjamento, é correto afirmar: A) Os equipamentos de forjamento, conforme o princípio de trabalho, podem dividir-se em dois grupos: martelos de forjamento e prensas de forjamento. B) Os equipamentos de forjamento, conforme o princípio de trabalho, podem dividir-se em dois grupos: martelos de dupla-ação e prensas de forjamento. C) Os equipamentos de forjamento, conforme o princípio de trabalho, podem dividir-se em dois grupos: martelos de contragolpe e prensas de forjamento. D) Os equipamentos de forjamento, conforme o princípio de trabalho, podem dividir-se em dois grupos: martelos de queda livre e prensas de forjamento. E) Os equipamentos de forjamento, conforme o princípio de trabalho, podem dividir-se em dois grupos: martelos de forjamento e prensas excêntricas. 3) Quando comparamos as temperaturas de trabalho quente (TQ), fria (TF), semi-quente, morna (TM), qual alternativa caracteriza a relação entre temperatura e forjamento? A) Na temperatura quente, elimina-se relativamente os defeitos da fundição e, em temperaturas mornas, ocorre maior eliminação de defeitos de fundição. B) Na temperatura morna, faz-se a recristalização do material e, em temperaturas frias, prevalecem a capacidade de encruamento. Na temperatura morna, mantém-se melhor tolerância e acabamento. Em temperaturas frias, C) prevalecem mais dificuldade de acabamento e mantêm-se as tolerâncias. D) Na temperatura morna, faz-se a recuperação do material. Em temperaturas frias, prevalece a capacidade de encruamento. E) Na temperatura morna, faz-se melhor uniformidade da microestrutura do material. Em temperaturas frias, prevalece a menor uniformidade. 4) Quanto à lubrificação no forjamento, podemos afirmar na condição ideal: A) A lubrificação contribui para evitar a soldagem do metal do produto à cavidade, a diminuir e prevenir a erosão da ferramenta, facilitar a desmoldagem do produto e reduzir o atrito, diminuindo a pressão requeridaao enchimento. B) Não é necessário, no processo de forjamento, pois o atrito é fundamental para a transformação do blank em produto final. C) A produção de fumaça durante aplicação ajuda a manter o calor no blank, sendo necessária ao lubrificante. D) Não é necessário o recobrimento de toda a matriz. E) O lubrificante inibe a soldagem do material à matriz, evitando danos, e deve recobrir com um filme toda ela. Não pode gerar resíduos que acumulem em cantos da ferramenta, e ajuda a aumentar a perda de calor do blank e da matriz. 5) Observando o grau de restrição ao fluxo de metal nas ferramentas, podemos afirmar sobre o forjamento: A) O forjamento em matriz sem rebarba não significa a construção de ferramenta plana, e, sim, a liberdade do escoamento e a ausência de restrição lateral. B) O forjamento em matriz com rebarba e matriz fechada não significam a construção de ferramenta plana, e, sim, a liberdade do escoamento e a ausência de restrição lateral. C) O forjamento livre ou forjamento em matriz aberta significa a construção de ferramenta plana, independentemente da liberdade do escoamento e a ausência de restrição lateral. D) O forjamento em matriz fechada não significa a construção de ferramenta plana, e, sim, a liberdade do escoamento e a ausência de restrição lateral. E) O forjamento livre ou forjamento em matriz aberta não significa a construção de ferramenta plana, e, sim, a liberdade do escoamento e a ausência de restrição lateral. NA PRÁTICA Os equipamentos utilizados no processo de forjamento são os martelos e as prensas de forjamento. No caso dos martelos, consiste em uma ferramenta que funciona pelo princípio da deformação de energia cinética. Em outras palavras, sua aplicação é por meio de repetições de pancadas na peça. Existem três tipos de martelos: de queda-livre, de dupla-ação e de contragolpe. Acompanhe, a seguir, imagens com o martelo de forja na prática. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Prensa para forjar - Smeral Quer saber como é uma prensa de forjar? Veja no vídeo: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como são criadas as peças de carro? Acompanhe uma das aplicações do forjamento: como são criadas peças de carro. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Processo de forjamento Acesse o vídeo para conhecer como funciona uma forjaria. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Soldagem – conceitos gerais APRESENTAÇÃO Você sabia que a soldagem está entre as formas mais eficientes de unir peças e materiais de modo permanente? Isso se deve à facilidade e versatilidade de sua aplicação, assim como ao vasto número de profissionais capacitados a executar tal processo. Os processos de soldagem são utilizados nas mais distintas áreas, como, por exemplo, na construção civil, automotiva, aeronáutica, naval e biomédica. As juntas soldadas podem oferecer resistência igual ou até mesmo superior ao próprio material-base. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a união dos materiais por meio do processo de soldagem, entendendo as definições, os princípios e os aspectos físicos ligados a esse processo. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer as uniões de metais por soldagem, bem como a definição de soldagem e de juntas soldadas. • Descrever os diferentes processos de soldagem e seus respectivos princípios.• Identificar os aspectos físicos do processo de soldagem. • DESAFIO Você é soldador e, durante a execução de um serviço de soldagem em campo, percebeu que o local indicado para efetuar o processo poderia pôr em risco a qualidade da solda, já que se travata de um ambiente aberto em que ventava muito. Então, antes de começar a executar a tarefa, cercou o local com tapumes, a fim de diminuir o impacto do vento em seu trabalho. A partir dessa atitude, como você explicaria a influência do vento sobre o processo de soldagem? INFOGRÁFICO Podemos entender os processos de soldagem pela forma com que a temperatura para unir os materiais é alcançada, a qual pode ocorrer de duas maneiras: por fusão e por pressão. A soldagem por fusão pode, ainda, acontecer por chama ou pelo uso do arco elétrico. Neste Infográfico, você perceberá as características dos principais processos de soldagem por arco elétrico, identificando suas diferenças e semelhanças. CONTEÚDO DO LIVRO No capítulo Soldagem - Conceitos Gerais, do livro Conformação Mecânica, você irá estudar os conceitos gerais sobre soldagem e, com isso, saber a definição, reconhecer os tipos e perceber os aspectos físicos desse processo. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM André Shataloff U N I D A D E 3 Soldagem: conceitos gerais Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Saber sobre as uniões de metais por soldagem e a definição de sol- dagem e de juntas soldadas. � Reconhecer os diferentes processos de soldagem e seus respectivos princípios. � Perceber os aspectos físicos do processo de soldagem. Introdução Você sabia que a soldagem é um dos métodos mais eficazes para unir peças e materiais permanentemente? Além disso, as juntas soldadas podem oferecer resistência igual ou até mesmo superior ao próprio material base. Sua popularidade se deve à facilidade e à versatilidade de sua aplica- ção, além, é claro, do vasto número de profissionais aptos a executar tal procedimento, que pode ser realizado de diferentes formas. Os processos de soldagem são utilizados nas mais diversas áreas da Engenharia, tais como: construção civil, automotiva, aeronáutica, naval, biomédica, entre outras. Neste capítulo, você vai estudar sobre a união dos materiais através do processo de soldagem, entendendo as definições, os princípios e os aspectos físicos ligados a ele. Processos de soldagem Embora o correto seja soldagem, “solda” é um dos nomes mais usados na indústria para se referir ao processo. No entanto, a solda é, na verdade, o resultado final, o que significa que essa palavra deve ser utilizada para nomear a região do material onde o processo foi utilizado. Metal base é aquele que recebe o processo de soldagem; já o metal de adição, utilizado em muitos processos, é um material externo que pode ou não ter as mesmas propriedades do metal base e que, ao ser introduzido no processo, favorece a união entre as partes, pois se funde ao metal base através da poça de fusão, que carrega o metal líquido durante o processo e é mantida em temperatura elevada para proporcionar a fusão entre os materiais. A atmosfera protetora, formada pela queima do revestimento do eletrodo ou pela inserção de gás no processo, desempenha um papel importante, uma vez que impede que elementos externos, como poeira e umidade, prejudiquem a qualidade da solda. A Figura 1 a seguir ilustra de modo geral o processo de soldagem. Figura 1. Processo de soldagem. Fonte: Geary e Miller (2013, p. 145). Vareta de soldagem Espaço entre as peças Bico do maçarico Cordão Metal-base Poça de fusão Soldagem: conceitos gerais2 O calor adicionado ao material, por unidade de comprimento linear, leva o nome de aporte térmico e é dado em kJ/mm; por conta dele, surgem as cha- madas zonas termicamente afetadas (ZTA). Em materiais de alta resistência, o aporte térmico pode formar regiões mais fracas que o material base; já em aços de baixa resistência, pode formar regiões mais fortes e sólidas. Os aços estruturais podem ser classificados em três grupos principais, conforme a tensão de escoamento mínima especificada. A Tabela 1 mostra os tipos de aço de acordo com o limite de escoamento. Fonte: Centro Brasileiro da Construção em Aço (2017). Tipo Limite de escoamento mínimo (Mpa) Aço carbono de média resistência195 a 259 Aço de alta resistência e baixa liga 290 a 345 Aços ligados tratados termicamente 630 a 700 Tabela 1. Representação esquemática do ciclo celular. A interface entre a solda e o material base é chamada de margem, e a raiz, base da solda, conforme se observa na Figura 2. Peças de grande espessura podem requerer a soldagem chanfrada, que proporciona uma melhor inserção e preenchimento mais adequado da solda. Por se tratar do ponto mais impor- tante da solda, a raiz pode, muitas vezes pela exigência da solicitação, passar por processos de soldagem mais demorados, porém mais eficazes, como é o 3Soldagem: conceitos gerais caso do processo TIG. O cobre-junta, por sua vez, pode ser de aço, cobre ou cerâmica, tendo influência direta na taxa de resfriamento do passe de raiz. Figura 2. Seção transversal de uma junta soldada. Fonte: Norton (2013, p. 930). Reforço Face Margem Garganta Cobre-junta (a) Terminologia geral da solda Abertura da raiz Raiz Zona termicamente afetada (ZTA) (b) Corte transversal de um cordão de solda mostrando a ZTA e uma falha Garganta Reforço Note a falha na garganta Linha de solda Margem Penetração ZTA As Figuras 3 e 4 mostram, respectivamente, exemplos de juntas soldadas e de soldas. Figura 3. Tipos de juntas soldadas. Fonte: Norton (2013, p. 932). topo canto aresta tê sobreposta Soldagem: conceitos gerais4 Figura 4. Tipos de solda Fonte: Norton (2013, p. 932). Chanfro JPC (entalhe) Chanfro JPP (entalhe) Filetes Tampão (furo) Tampão (ranhura) As fontes de energia de soldagem podem ser divididas em: elétrica, química, ótica e mecânica. Já a classificação dos processos pode ser feita através do modo como se alcança a temperatura correta para união dos materiais. Eles podem ser: por fusão, por chama, por arco elétrico e por pressão, sendo a solda por fricção o principal exemplo. A utilização de eletrodo também pode ser classificada em dois tipos, consumível ou não consumível. 5Soldagem: conceitos gerais Dos processos de soldagem, os mais utilizados são aqueles que fazem uso de energia elétrica, dentre os quais se destacam os seguintes: com uso de eletrodo revestido, com arco submerso, TIG (tungsten inert gas), MIG (metal inert gas) e MAG (metal active gas). No caso da soldagem de peças de grande espessura, é necessário mais do que um passe para completar todo o processo, dessa forma é realizado o passe de raiz, passes de enchimento e, por fim, passes de acabamento. Esse processo é conhecido como soldagem multipasse e deve seguir uma sequência de realização adequada. A Figura 5 ilustra a sequência utilizada no processo. Figura 5. Sequência de passes na soldagem multipasse. Fonte: Nunes et al. (2011, p. 225). Passes de acabamento Passes de raiz Passes de enchimento 4 5 3 2 1 Os chanfros são extremamente importantes na realização da soldagem, principalmente quando se trata de peças de grande espessura. Os principais elementos que os constituem são: � nariz (S): parte não chanfrada da junta; � abertura da raiz, ou simplesmente Raiz (f): menor distância existente entre as partes a serem soldadas; � ângulo de bisel (β): ângulo de uma das juntas; � ângulo de chanfro (α): ângulo total formado entre as regiões chanfradas. Para casos onde somente uma das peças recebe o chanfro, o ângulo de bisel é igual ao ângulo de chanfro (β = α). Soldagem: conceitos gerais6 A Figura 6 ilustra esses elementos. Figura 6. Principais elementos de um chanfro. Fonte: Elektriska Svetsnings-Aktiebolaget (2017). . α β f S r S f α = β Outro aspecto muito relevante no processo é a posição de soldagem. A designação da posição consiste em um número, que representa a posição, e uma letra, que representa o tipo de junta. As Tabelas 2 e 3 mostram essas designações. Fonte: GoWelgind (2017). Posição de soldagem Posição de teste Plana 1G Horizontal 2G Vertical 3G Sobre cabeça 4G Tubo fixo horizontal 5G Tubo fixo @ 45 6G Tabela 2. Posições de soldagem para juntas de topo. 7Soldagem: conceitos gerais Fonte: GoWelgind. Posição de soldagem Posição de teste Plana (junta a 45º) 1F Horizontal 2F Horizontal rotacionada 2FR Vertical 3F Sobrecabeça 4F Tubo fixo horizontal 5F Tabela 3. Posições de soldagem para juntas de filete. Contudo, alguns processos de soldagem são restritos a determinadas po- sições, como é o caso da soldagem com arco submerso, que dificilmente será executada em uma posição diferente da plana e jamais será executada na posição sobrecabeça. Além disso, determinados consumíveis, como os eletrodos revestidos, são específicos para determinadas posições, não sendo recomendado utilizar o de uma posição em outra. A Figura 7 ilustra as posições de soldagem. Figura 7. Posições de soldagem. Fonte: Elektriska Svetsnings-Aktiebolaget (2017).. 1G/PA 2G/PC 3G/PF & PG 4G/PE 5G/PF & PG 6G/HL045 1F/PA 2F/PB 3F/PF & PG 4F/PD Soldagem: conceitos gerais8 A fim de garantir a qualidade da solda, cada vez mais empresas e profis- sionais buscam a qualificação em soldagem. Para as empresas, a qualificação é a garantia da correta seleção/execução das etapas do processo de soldagem, e para os profissionais da área, como soldadores e inspetores, trata-se de atestar o conhecimento e a destreza para realizar o processo. Leia o artigo “Influência dos parâmetros de soldagem no ensaio de torção de solda a ponto em um dispositivo automatizado recém desenvolvido” (AVILA; BRACARENSE, 2017) para ver o estudo da influência dos parâmetros de soldagem no ensaio de torção. https://goo.gl/YwP2gV Para aprender sobre o processo de soldagem subaquá- tico, leia o artigo “Soldagem subaquática molhada pelo processo SMAW” (SANTOS et al., 2015). https://goo.gl/ZiFS11 9Soldagem: conceitos gerais AVILA, T. L. D.; BRACARENSE, A. Q. Influência dos parâmetros de soldagem no ensaio de torção de solda a ponto em um dispositivo automatizado recém desenvolvido. Solda- gem & Inspeção, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 228-237, abr./jun. 2017. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-92242017000200228&lng= pt&tlng=pt>. Acesso em: 11 dez. 2017. CENTRO BRASILEIRO DA CONSTRUÇÃO EM AÇO. Site. [S.l.]: CBCA, [2017]. Disponível em: <http://www.cbca-acobrasil.org.br>. Acesso em: 11 dez. 2017. ELEKTRISKA SVETSNINGS-AKTIEBOLAGET. Guia de soldagem: arames tubulares para aços ao carbono e de baixa liga em todas as posições de soldagem. Disponível em: < http://www.esab.com.br/br/pt/education/apostilas/upload/guia-de-soldagem- -arames-tubulares-todas-as-posi%C3%A7%C3%B5es.pdf >. Acesso em: 04 jan. 2017. GEARY, D.; MILLER, R. Soldagem. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. (Série Tekne). GOWELDING. Site. [S.l.]: Gowelding, [2017]. Disponível em: <http://www.gowelding. com/>. Acesso em: 11 dez. 2017. NORTON, R. L. Projeto de máquinas. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. NUNES, E. B. et al.. Efeito da energia de soldagem sobre a microestrutura e propriedades mecânicas da zona afetada pelo calor de juntas de aço inoxidável duplex. Soldagem & Inspeção, Curitiba, v. 16, n. 3, p. 223-231, 2011. SANTOS, A. T. et al.. Soldagem subaquática molhada pelo processo SMAW. Perspectivas Online, v. 5, n. 11, p. 43-47, 2015. Disponível em: <http://www.seer.perspectivasonline. com.br/index.php/exatas_e_engenharia/article/view/187/518>. Acesso em: 11 dez. 2017. ). Leituras recomendadas BOXER SOLDAS. Site. [S.l.]: Boxer Soldas, 2017. Disponível em: <http://boxersoldas. com.br>. Acesso em: 11 dez. 2017. CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL MECÂNICA. Site. [S.l.]: CIMM, 2017. Disponível em: <https://www.cimm.com.br>. Acesso em: 11 dez. 2017. ENDEAVOR BRASIL. PDCA: a prática levando sua gestão à perfeição. Endeavor Brasil, 16 jul. 2015. Disponível em: <https://endeavor.org.br/pdca/>. Acesso em: 04 nov. 2016. LINCOLN ELECTRIC. Site. [S.l.]: Lincoln Electric, 2017. Disponível em: <www.lincolne- lectric.com.br/>. Acesso em: 11 dez. 2017. MACHADO, I. G. Soldagem & técnicas conexas: processos. Porto Alegre: [s.n.],1996. Soldagem: conceitos gerais10 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Você sabia que, no processo de soldagem com eletrodo revestido, o revestimento contribui diretamente para qualidade da solda? A queima do eletrodo gera a atmosfera protetora, que auxilia a proteger a poça de fusão das impurezas do ar, e seu revestimento proporciona estabilidade ao arco e controla a forma do cordão de solda. Dentre os aspectos que indicam a boa qualidade da solda, estão sua capacidade de penetração e a aparência do cordão de solda. Veja a explicação acerca desses componentes na Dica do Professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Assinale a alternativa correta sobre a definição do processo de soldagem. A) Processo de união de materiais usado para obter a coalescência localizada de metais e não metais, produzido por aquecimento até uma temperatura adequada, com ou sem a utilização de pressão e/ou material de adição. B) Processo de união de materiais usado para obter a coalescência localizada somente de metais, produzido por aquecimento até uma temperatura adequada, com ou sem a utilização de pressão e/ou material de adição. C) Processo de união de materiais usado para obter a coalescência localizada de metais e não metais, produzido por aquecimento até uma temperatura adequada, sem a utilização de pressão e com ou sem a adição de material. Processo de união de materiais usado para obter a coalescência localizada de metais e não metais, produzido por aquecimento até uma temperatura adequada, com ou sem a D) utilização de pressão e com a adição de material. E) Processo de união de materiais usado para obter a coalescência localizada somente de metais, produzido sem aquecimento, com ou sem a utilização de pressão e/ou material de adição. 2) Quanto à soldabilidade dos materiais, assinale a alternativa correta. A) Soldabilidade é a facilidade de unir os materiais, havendo alterações significativas em suas características mecânicas. B) Soldabilidade é a facilidade de unir os materiais sem que haja alterações significativas em suas características mecânicas. C) Soldabilidade é a facilidade de unir os materiais desde que haja alterações significativas em suas características mecânicas. D) Soldabilidade é a busca por processos de soldagem mais modernos e eficientes. E) Soldabilidade é o desenvolvimento de novos materiais. 3) Sobre a utilização do termo "solda", assinale a alternativa correta. A) O termo "solda" é sinônimo de processo de soldagem. B) Solda são alterações significativas nas características mecânicas dos materiais. C) Solda é a região do material onde foi empregado o processo, constituindo o resultado final da soldagem. D) Solda é o metal-base que recebe o processo de soldagem. E) Solda é o metal adicionado no processo de soldagem. 4) A partir da definição de aporte térmico, assinale a alternativa correta. A) O calor adicionado ao material, por unidade de área, leva o nome de aporte térmico e é dado em kJ/mm2. Por conta disso, surgem as chamadas zonas termicamente afetadas (ZTAs). B) O calor adicionado ao material leva o nome de aporte térmico e é dado em kPa/mm. Por conta disso, surgem as chamadas zonas termicamente afetadas (ZTAs). C) O calor adicionado ao material, por unidade de comprimento linear, leva o nome de aporte térmico e é dado em kN/mm. Por conta disso, surgem as chamadas zonas termicamente afetadas (ZTAs). D) O calor adicionado ao material, por unidade de comprimento linear, leva o nome de aporte térmico e é dado em kJ/mm. Por conta disso, surgem as chamadas zonas termicamente afetadas (ZTAs). E) O calor adicionado ao material, por unidade de volume, leva o nome de aporte térmico e é dado em kJ/mm3. Por conta disso, surgem as chamadas zonas termicamente afetadas (ZTAs). 5) Assinale a alternativa correta quanto à soldagem de peças de grande espessura. A) Para peças de grande espessura, basta aplicar cobrejunta, material que pode ser de aço, cobre ou cerâmica e exerce influência direta na taxa de resfriamento do passe de raiz. Peças de grande espessura podem requerer a realização das juntas de solda chanfrada, o B) que impede a penetração e melhora o preenchimento da solda. C) Peças de grande espessura podem requerer a realização das juntas de solda chanfrada, melhorando a penetração e impedindo o preenchimento da solda. D) Peças de grande espessura podem requerer a realização das juntas de solda chanfrada, impedindo a penetração e o preenchimento da solda. E) Peças de grande espessura podem requerer a realização das juntas de solda chanfrada, o que permite uma penetração e um preenchimento mais adequados da solda. NA PRÁTICA A soldagem é um processo que pode envolver o uso de eletrodo revestido, arco submerso, TIG, MIG/ MAG, fricção, plasma, laser, entre outros elementos. A escolha de qual tipo de soldagem aplicar depende do projeto, dos resultados esperados, assim como da peça e do material envolvidos. Por isso, antes de proceder a uma soldagem, é necessário conhecer os princípios e as características desse processo. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Influência dos parâmetros de soldagem no ensaio de torção de solda a ponto em um dispositivo automatizado recém-desenvolvido. Acesse o link para ler o estudo da influência dos parâmetros de soldagem no ensaio de torção. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Soldagem – metalurgia da soldagem APRESENTAÇÃO Você sabia que a soldagem envolve aquecimento, fusão, solidificação e resfriamento do material? E que as transformações que ocorrem no aquecimento e resfriamento, as fases formadas durante a fusão e a solidificação estão diretamente ligadas à qualidade da solda? Para entender sobre cada uma dessas etapas, recorremos à metalurgia da soldagem que compreende os efeitos da operação de soldagem sobre estruturas e propriedades dos materiais. Nesta Unidade de Aprendizagem, portanto, você vai estudar sobre a metalurgia da soldagem, com destaque para as distorções. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer o fluxo de calor no processo de soldagem.• Relacionar o ciclo térmico com o processo de soldagem.• Identificar as distorções no processo de soldagem.• DESAFIO Você é o montador da empresa e, ao receber algumas peças em seu setor, teve a impressão de que o cordão de solda (soldado pelo processo MIG) não havia tido uma penetração completa no metal base. Imediatamente você chamou o inspetor de qualidade para relatar o fato. O inspetor recolheu as peças e levou a um local adequado, onde pudesse realizar o ensaio de líquido penetrante. Com a realização do teste, foi detectado que, não só aquela, outras peças estavam sendo produzidas com um defeito de solda, conhecido como falta de penetração. Diante da situação, como você resolveria esse problema? Qual a medida mais adequada para impedir que as próximas peças tenham o mesmo defeito? INFOGRÁFICO O fenômeno da distorção e do empenamento nos itens soldados surge por conta das tensões residuais geradas pelo aquecimento e resfriamento de forma abrupta nas juntas soldadas, causando expansão e contração térmica, especialmente na soldagem a arco elétrico. Acompanhe no infográfico as principais técnicas utilizadas para combater as distorções de solda. CONTEÚDO DO LIVRO Leia o capítulo Metalurgia da soldagem, do livro Conformação mecânica e soldagem, e veja os fatores envolvidos no fluxo de calor, os aspectos pertinentes ao ciclo térmico e os problemas das distorções no processo de soldagem. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM Ederval LisboaSoldagem: metalurgia da soldagem Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você alcançará os seguintes aprendizados: � Saber sobre o fluxo de calor no processo de soldagem. � Relacionar o ciclo térmico com o processo de soldagem. � Averiguar sobre as distorções no processo de soldagem. Introdução Você sabia que a soldagem envolve aquecimento, fusão, solidificação e resfriamento do material, e que, portanto, as transformações que ocorrem no aquecimento, as fases formadas durante a fusão, a solidificação e as transformações ocorridas no resfriamento estão diretamente relacionadas à qualidade da solda? A metalurgia da soldagem compreende os efeitos do processo de soldagem sobre estruturas e propriedades dos materiais. Neste texto, você vai estudar sobre a metalurgia da soldagem, percebendo sobre o fluxo de calor, averiguando as distorções e relacionando o ciclo térmico com o processo de soldagem. Fluxo e calor no processo de soldagem A soldagem envolve aquecimento, fusão, solidificação e resfriamento do material. Portanto, as transformações que ocorrem no aquecimento, as fases formadas durante a fusão, a solidificação e as transformações que ocorrem no resfriamento estão diretamente ligadas à qualidade da solda. A metalurgia da soldagem se propõe a em estudar o efeito da operação de soldagem sobre a estrutura dos materiais, principalmente para determinar os parâmetros operacionais que mais influenciam as alterações nas propriedades. Soldagem: metalurgia da soldagem2 Na soldagem por fusão, a fonte de calor produz significativas alterações estruturais no material, tais como a mudança de estado físico (sólido – líquido – sólido), as transformações metalúrgicas e o gradiente térmico, que poderá gerar descontinuidades físicas, fases indesejadas, concentrações de tensão e até distorções. Grande parte dos processos ocorre por fusão, onde há a zona do metal de base não afetada, a zona termicamente afetada, a zona de ligação e a zona fundida, conforme mostra a Figura 1. Figura 1. Junta soldada mostrando o cordão de solda e a zona afetada pelo calor. Fonte: Santos et al. (2002). Zona termicamente afetada (ZTA) Zona fundida (ZF) Zona de ligação (ZL) Metal de base (MB) Cobre-junta A área não afetada do metal de base é uma região que, embora não sofra alteração microestrutural, pode carregar elevadas tensões residuais. A zona termicamente afetada possui característica microestrutural di- ferente da zona fundida, pois a temperatura a qual essa região se submete é relativamente menor que a temperatura de fusão. Grande parte das falhas em juntas soldadas acontecem nessa região. 3Soldagem: metalurgia da soldagem A zona de ligação corresponde a fina camada entre a zona termicamente afetada e a zona fundida, com composição química similar à do metal de base. A zona fundida contém o metal de base e o metal de adição, ambos já completamente fundidos. Uma das principais características dessa região é o alto grau de homogeneização entre os componentes metálicos que foram fundidos. O processo de solidificação da solda se assemelha ao da fundição, contudo, enquanto que no processo de fundição, ao atingir a temperatura de solidificação há o surgimento de núcleos nas paredes do molde, na soldagem os átomos se solidificam na poça de fusão, evitando, assim, o surgimento de núcleos devido ao surgimento dos grãos com crescimento epitaxial, como se observa na Figura 2. Figura 2. Representação esquemática do crescimento de grão epitaxial. Fonte: Neves et al. (2009, p. 106). Zona de ligação Metal de base Direção da soldagem Contorno de grão solidi�cado Interface Sólido-líquido Zona de fusão Grãos colunares também surgem no metal de solda fundido e tendem a se tornar mais grosseiros quando metais dissimilares são usados. A Figura 3 mostra uma microestrutura típica da zona de fusão, onde é possível observar os grãos colunares. Soldagem: metalurgia da soldagem4 Etimologicamente, a palavra “epitaxial” vem do grego (epi = “acima” + taxis = “de maneira ordenada”) e se refere ao modo como o grão cresce, de maneira ordenada e sobre o metal de base. Esse tipo de crescimento ocorre somente na soldagem. Figura 3. Microestrutura típica da zona de fusão (a) e da zona afetada pelo calor (b) do aço AISI 316L. Fonte: Ventrella et al. (2010, p. 270). ZF Z A C 20 μm5 μm (a) (b) As regiões que possuem as direções cristalinas de maiores velocidades de crescimento alinhadas com a direção de extração de calor apresentam aceleração de crescimento. Essa aceleração gera grãos alongados que compõem a zona colunar e que são de- senvolvidos tanto em fundição quanto em soldagem. Fonte: Centro de Informação Metal Mecânica – CIMM. O fluxo de calor A quantidade de calor Uf (dada em J/mm 3) a ser usada para fundir um certo volume de metal em temperatura ambiente pode ser dada por: 5Soldagem: metalurgia da soldagem Uf = KTf 2 Onde a variável Tf representa a temperatura de fusão do metal (dada em Kelvin) e K é uma constante de proporcionalidade cujo valor é 3,33×10-6 (Tabela 1). Fonte: Geary e Miller (2013). Carbono 1900 ºC 1800 ºC Cromo 1700 ºC Ferro puro Ferro laminado Aço com pouco teor carbono 1600 ºC Aço inox, 12% Cr 1500 ºC Cobalto Níquel Silício Aço inox, 19% Cr 1300 ºC Manganês 1200 ºC Ferro fundido Cobre 1000 ºC Prata Latão Bronze 800 ºC Alumínio 700 ºC Magnésio 600 ºC Ligas de alumínio Ligas de magnésio Zinco 400 ºC Chumbo 300 ºC Estanho 200 ºC Tabela 1. Ponto de fusão de alguns metais e suas ligas (para valores em Kelvin, somar 273,15). Soldagem: metalurgia da soldagem6 Apesar da constante busca pelo aperfeiçoamento dos processos de soldagem, a energia gerada não é totalmente usada na fusão dos materiais porque boa parte dela é perdida, por exemplo, pela dissipação de calor ao longo do material. Dessa forma, a energia térmica disponível para soldagem QS (dada em J) pode ser obtida por: Qs = f1 f2QT Onde a variável QT representa a energia total gerada no processo e f1 e f2 são, respectivamente, fatores de transferência de calor e fusão. A energia térmica disponível para soldagem QS (dada em J) também pode ser determinada pelo produto da quantidade de calor Uf (dado em J/mm 3) a ser usado para fundir determinado volume de metal, pelo volume V de metal fundido (dado em mm3), a saber: Qs = UfV Considerando a área da seção transversal AS da junta soldada (dada em mm 2) e a velocidade de soldagem v (dada em mm/s), a taxa de equilíbrio térmico qS (dada em J/s) pode ser expressa como função da quantidade de calor Uf (dado em J/mm3) a ser usada para fundir um certo volume de metal em temperatura ambiente, conforme: qs = UsAsv 7Soldagem: metalurgia da soldagem Quando se trabalha com soldagem a arco elétrico, uma forma também possível de obter a energia de soldagem H (dada em J/mm) é através de: H = hEIv-1 Onde a variável E representa a tensão (dada em V), I a corrente (dada em A), e v a velocidade de soldagem (dada em mm/s). Por sua vez, h é uma variável adimensional e representa o rendimento térmico em função do processo de soldagem, variando entre 0 e 1. A Tabela 2 mostra alguns valores de h usados para diferentes tipos de processo. Fonte: Marques e Modenesi (2014, p. 92). Processo ɳ Eletrodo revestido 0,65 – 0,85 GMAW 0,65 – 0,85 GTAW (CC+) 0,50 – 0,80 GTAW (CA) 0,20 – 0,50 SAW 0,80 – 0,99 Oxigás 0,25 – 0,80 Tabela 2. Valores típicos para h. Soldagem: metalurgia da soldagem8 Veja neste exemplo a determinação da energia de soldagem para um processo (Figura 4). Questão: A junção permanente de duas chapas deve ser feita com eletrodo reves- tido E7018 de 4 mm. Considerando a velocidade de deposição de 2,0 mm/s, a taxa de deposição de aproximadamente 2,0 kg/h e uma tensão de 15 V, encontre o valor máximo da energia de soldagem do processo. Resposta: Figura 4. Taxa de deposição de eletrodos revestidos de diâmetro 4,0 mm. Fonte: ESAB (c2018). 7 6 5 4 3 2 LI BR AS P O R H ORA CORRENTE (A) 150 200 250 3,2 2,7 2,3 1,8 1,4 0,9 Taxa de deposição eletrodos revestidos diâmetro 4,0 mm E70 24 E601 3 E6010 E7018 H = hEIv-1 H = 0,85×15[V]×200[A]×2[mm/s]-1 H =1275[J/mm] Ciclo térmico de soldagem O ciclo térmico da soldagem é um gráfico no qual é possível estimar a variação da temperatura em diferentes pontos da junta soldada, sendo expressa como função do tempo. A Figura 5 mostra um gráfico típico de ciclo térmico. 9Soldagem: metalurgia da soldagem Figura 5. Ciclo térmico de soldagem Fonte: Soares (2006, p. 35). Te m pe ra tu ra Tp Tc T1 T2 ( )dTdt T tp Δt Tempo Conforme Soares (2006), o ciclo térmico pode ser descrito pelos seguintes fatores: � Temperatura de pico (Tp): temperatura máxima atingida. � Temperatura crítica (Tc): acima dessa temperatura ocorrem alterações microestruturais. � Tempo de permanência (tp): tempo que o componente soldado fica submetido a uma temperatura acima da crítica. � Velocidade de resfriamento (VR): é a derivada da temperatura na curva de resfriamento, definida segundo: VR = (dT/dt)T Soldagem: metalurgia da soldagem10 Veja neste exemplo a determinação da temperatura da junta soldada em função do tempo. Ciclo térmico (GMAW-P 40 l/min. 5 bar) Tempo (s) Te m pe ra tu ra (º C) 35 1750-1850 1450-1550 1150-1250 850-950 550-650 250-350 1650-1750 1350-1450 1050-1150 750-850 450-550 150-250 1550-1650 1 mm 1250-1350 950-1050 650-750 350-450 50-150 70 0 140 210 280 350 420 490 560 630 700 770 840 910 980 1050 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 Questão: Considerando os dados da amostra de junta soldada, indique a temperatura que teremos passado 1 min. Resposta: Considerando o gráfico acima, podemos afirmar que passado 1 min (60 s) teremos a temperatura de 35°C. Ciclo térmico (GMAW-P 40 l/min. 5 bar) Tempo (s) Te m pe ra tu ra (º C) 35 70 0 140 210 280 350 420 490 560 630 700 770 840 910 980 1050 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 11Soldagem: metalurgia da soldagem Clique no link abaixo e saiba mais sobre o uso do ciclo térmico na avaliação da perfuração na soldagem em ope- ração pelo processo MIG/MAG de dutos de alta resistência e baixa espessura. https://goo.gl/QMgQTQ Distorções Nos processos de soldagem, o termo “distorção” pode ser definido como deformação significativa nos componentes soldados, a ponto de impedir a correta utilização destes. Os tipos mais comuns são: contração transversal, contração longitudinal, distorção rotacional, distorção angular, flambagem e flexão longitudinal. A Figura 6 ilustra alguns tipos de distorção na soldagem. Figura 6. Distorção na soldagem. Fonte: Masubuchi (1980) apud La Porta Neto, Gonzalez e Mazzaferro (2017, p. 175). a) contração trasversal b) contração longitudinal c) distorção rotacional d) distorção angular e) �ambagem f ) �exão longitudinal Soldagem: metalurgia da soldagem12 O processo de soldagem exige um alto teor de calor que é depositado de forma não uniforme sobre o material. A poça de fusão atinge temperaturas tão altas que permitem fundir o metal de base e o metal de adição, o que gera contrações térmicas. Com o resfriamento do cordão de solda há a solidifi- cação do metal de solda e, consequentemente, uma contração térmica. Se as tensões provenientes do fenômeno dilatação-contração excederem o limite de escoamento do material, passando para a zona plástica, essas alterações dimensionais ficarão permanentemente nos componentes soldados (Figura 7). Figura 7. Parte linear do diagrama tensão-deformação de engenharia, expandido sobre o eixo da deformação para uma determinação mais apurada nos 0,02% de desvio da tensão de escoamento. Fonte: Smith e Hashemi (2012, p.164). 80 70 60 50 40 30 20 10 Te ns ão d e en ge nh ar ia (1 .0 00 p si) 500 400 300 200 100 0 0,2% Tensão de escoamento Desvio de 0,2% na construção da linha Deformação de engenharia (mm/mm) 0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,010 0,002 polpol X 100% = 0,2% desvio 13Soldagem: metalurgia da soldagem Além disso, alguns materiais podem mudar sua forma cristalina de acordo com a temperatura, e isso se relaciona diretamente com as tensões residuais, propiciando o surgimento das distorções. A Figura 8 mostra a variação da estrutura cristalina do ferro com a variação da temperatura. Figura 8. (a) (b) Células unitárias das principais estruturas cristalinas dos metais: (a) cúbida de corpo centrado, (b) cúbica de faces centradas. (c) Formas cristalinas alotrópicas do ferro, em função da temperatura, à pressão atmosférica. Fonte: Adaptada de Smith e Hashemi (2012, p. 62 e 81). a b c Ferro líquido Ferro-δ (CCC) Ferro-α (CCC) Ferro-γ (CFC) Te m pe ra tu ra -273 912 1394 1539 C Algumas técnicas são usadas a fim de conter as distorções, tais como: utilização de fixadores de soldagem, instalação de dissipadores de calor, ponteamento das peças antes da execução da soldagem, preaquecimento dos materiais a serem soldados e, após a soldagem, a realização do alívio de tensão. A utilização de dispositivos que possam conter distorções é um dos méto- dos mais utilizados, contudo, ao passo que permite diminuir a distorção, ele também pode propiciar o surgimento de trincas nas peças. Por esse motivo, é sempre recomendado inspecionar a solda após o processo. Uma técnica pouco comum, mas não menos importante, é a instalação de dissipadores de calor, que dissipam o calor contido na peça por conta do aporte térmico, permitindo que hajam menos dilatações nas peças soldadas. Uma prática comum entre os soldadores é a realização do ponteamento das peças antes de executar a soldagem. Esse procedimento, feito de forma espaçada ao longo da junta a ser soldada, requer certo cuidado para que não haja a fragilização da solda, uma vez que não há fusão do metal de solda com os pontos dados. Soldagem: metalurgia da soldagem14 Ao realizar o preaquecimento da peça, a diminuição no diferencial de temperatura resulta em menores distorções nas peças. O alívio de tensão diminui a velocidade de resfriamento, permitindo que a estrutura da junta soldada possa se reorganizar de uma forma mais suavizada. Porém nenhuma dessas técnicas pode ser tão eficiente quanto uma análise apurada sobre o projeto, identificando eventuais possibilidades de diminuição do cordão de solda, bem como da quantidade de juntas soldadas necessárias. Clique no link abaixo e confira algumas equações úteis em soldagem: https://goo.gl/XgCX7X ESAB. Site. [S.l.]: ESAB, c2018. Disponível em: <http://www.esab.com.br>. Acesso em: 10 jan. 2018. GEARY, D.; MILLER, R. Soldagem. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. (Série Tekne). LA PORTA NETO, D. G.; GONZALEZ, A. R.; MAZZAFERRO, J. A. E. Análise da influência da espessura de aba, espessura de alma e energia de soldagem sobre as distorções angulares em juntas em ângulo de filete. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 174-193, 2017. MARQUES, P. V.; MODENESI, P. J. Algumas equações úteis em soldagem. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 91-101, 2014. NEVES, M. D. M. et al. Solidificação da zona de fusão na soldagem do AISI 304 com inconel 600 por laser de Nd: YAG. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v.14, n. 2, p. 104- 113, 2009. SANTOS, M. L. et al. Estudo microestrutural e resistência à corrosão de uma liga de Au soldada a laser, empregada em prótese sobre implantes. Eclética Química, São Paulo, v. 27, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ 15Soldagem: metalurgia da soldagem abstract&pid=S0100-46702002000100016&lng=pt&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 10 jan. 2018. SMITH, W. F.; HASHEMI, J. Fundamentos de engenharia e ciência dos materiais. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. SOARES, H. C. G. Estudo de sequências de soldagem para redução e eliminação de dis- torções. 2006. 96 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, UniversidadeFederal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006. VENTRELLA, V. A.; BERRETTA, J. R.; ROSSI, W. Influência da energia de soldagem em uniões de lâminas finas através de laser pulsado de Nd:YAG. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 15, n. 4, p. 265-272, out./dez. 2010. Leituras recomendadas CENTRO DE INFORMAÇÃO METAL MECÂNICA. Site. [S.l.]: CIMM, c2018. Disponível em: <https://www.cimm.com.br>. Acesso em: 10 jan. 2018. GOWELDING. Site. [S.l.]: Gowelding, 2014. Disponível em: <http://www.gowelding. com/>. Acesso em: 10 jan. 2018. MACHADO, I. G. Soldagem & técnicas conexas: processos. Porto Alegre: editado pelo autor, 1996. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/lstc/download/livrosoldagemetec- nicasconexas/soldagemetecnicasconexasprocessos.html>. Acesso em: 10 jan. 2018. NOVO INFOSOLDA 4.0. Site. [S.l.]Infosolda, c2013. Disponível: <http://www.infosolda. com.br>. Acesso em: 10 jan. 2018. PEREIRA, S. A.; BUSCHINELLI, A. J. A.; KEJELIN, N. Z. Avaliação da perfuração na soldagem em operação pelo processo MIG/MAG de dutos de alta resistência e baixa espessura. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 235-244, 2013. RUHAM, P. R. et al. Influência do material de base sobre o rendimento de fusão em soldagem a arco. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 16, n. 4, p. 369-376, 2011. THE JAPAN WELDING ENGINEERING SOCIETY. Site. [S.l.]: JWES, c2018. Disponível em: <http://www.jwes.or.jp/>. Acesso em: 10 jan. 2018. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Você sabia que, além das distorções geradas pelas tensões residuais, existem ainda outros defeitos de solda? São eles: trincas, vazios ou porosidades, inclusões sólidas, falta de fusão, forma imperfeita, abertura de ar, mordedura, deposição insuficiente e sobreposição. Confira, na Dica do Professor, um pouco mais sobre cada um dos defeitos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre a zona termicamente afetada de uma junta soldada, assinale a alternativa correta: A) A zona termicamente afetada contém característica microestrutural diferente da zona fundida: a temperatura que essa região se sujeita é menor que a temperatura de fusão; grande parte das falhas em juntas soldadas acontece nessa região. B) A zona termicamente afetada contém característica microestrutural igual à da zona fundida: a temperatura que essa região se sujeita é menor que a temperatura de fusão; grande parte das falhas em juntas soldadas acontece nessa região. C) A zona termicamente afetada contém característica microestrutural diferente da zona fundida: a temperatura que essa região se sujeita é maior que a temperatura de fusão; grande parte das falhas em juntas soldadas acontece nessa região. D) A zona termicamente afetada contém característica microestrutural diferente da zona fundida: a temperatura que essa região se sujeita é menor que a temperatura de fusão; grande parte das falhas em juntas soldadas acontece na zona fundida. E) A zona termicamente afetada contém característica microestrutural diferente da zona fundida: a temperatura que essa região se sujeita é igual à temperatura de fusão. 2) Quanto à zona fundida de uma junta soldada, assinale a alternativa correta: A) Na zona fundida, é possível perceber somente o metal de adição. Por isso do elevado grau de homogeneização nessa região. B) A zona fundida contém o metal base e o metal de adição, ambos já completamente fundidos. C) Na zona fundida, os grãos colunares também surgem no metal de solda fundido. Eles tendem a tornarem-se mais finos à medida que metais dissimilares são usados. D) O processo de solidificação da solda assemelha-se ao da fundição, exceto que, na fundição, há os grãos colunares e, na soldagem, há o surgimento dos grãos com crescimento epitaxial. E) O surgimento de núcleos é evitado nos vãos do metal de base, devido ao surgimento dos grãos colunares. 3) Assinale a alternativa correta sobre a quantidade de calor empregada para fundir um certo volume de metal em temperatura ambiente: A) A quantidade de calor empregada para fundir um certo volume de metal em temperatura ambiente é dada em Joule. B) A quantidade de calor empregada para fundir um certo volume de metal em temperatura ambiente é dada em Kelvin. C) A quantidade de calor empregada para fundir um certo volume de metal em temperatura ambiente é dada em J/mm3. D) O produto da quantidade de calor pela área do metal a ser fundido é igual à energia térmica disponível para soldagem. E) A relação entre a quantidade de calor e a área do metal a ser fundido é igual à energia térmica disponível para soldagem. 4) Sabendo que o ciclo térmico é um gráfico da variação da temperatura em função do tempo, assinale a alternativa correta sobre suas características: A) O ciclo térmico somente é descrito pela temperatura de pico (Tp), que é a temperatura máxima atingida. B) A temperatura crítica (Tc) indica a temperatura máxima que a junta pode atingir. C) O tempo de permanência (tp) indica a velocidade de resfriamento do componente soldado. D) O ciclo térmico da soldagem trata-se de um gráfico onde é possível estimar a variação da temperatura em diferentes pontos da junta soldada. E) A derivada da temperatura na curva de resfriamento nos dá a temperatura crítica (Tc). 5) Sobre o fenômeno da distorção, assinale a alternativa que o caracteriza corretamente: A) Uma avaliação cautelosa do projeto pode contribuir para que se evite soldas em excesso nos equipamentos, minimizando o problema das tensões residuais que ocorrem devido às altas temperaturas. B) Antes de proceder a soldagem, poderá ser realizado alívio de tensão, minimizando o problema de distorção. C) As tensões residuais impedem o surgimento das distorções. D) Distorção são ajustes nos componentes soldados, para propiciar a correta utilização destes. E) Dentre os tipos de distorção, as mais comuns são: contração transversal, contração longitudinal, distorção rotacional, distorção angular, flambagem e flexão longitudinal. NA PRÁTICA Distorções em peças soldadas podem acontecer devido ao alto grau da temperatura. É uma situação que gera risco, pois leva à perda de material, energia, mão de obra, além de que uma peça deformada não terá sua eficiência completa. Diante de um problema de distorção, o que deve ser feito? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Saiba mais sobre o uso do ciclo térmico no artigo Avaliação da perfuração na soldagem em operação pelo processo MIG/MAG de dutos de alta resistência e baixa espessura: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Para conhecer Algumas das equações úteis em soldagem: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Soldagem - terminologia e simbologia APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! Você sabia que existe uma linguagem específica aplicada ao processo de soldagem? São termos como, por exemplo, metal de base, chanfro e bisel, e símbolos, isto é, representações gráficas, usados em desenhos para representar informações sobre a característica da solda a ser trabalhada. Conhecer as terminologias e simbologias é essencial, pois proporcionam uma eficiente comunicação entre o projeto, a execução e a inspeção do processo em componentes. A aplicação dos termos corretos, assim como a utilização adequada dos símbolos, é fundamental para se alcançar uma junta soldada de qualidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre terminologias e simbologias de soldagem, com destaque para a aplicação prática em projetos mecânicos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os principais termos utilizados nosprocessos de soldagem.• Identificar os principais símbolos empregados nos processos de soldagem.• Relembrar a aplicação dos símbolos de solda em desenhos de projetos mecânicos.• DESAFIO Durante a execução de um serviço de soldagem na fábrica, você percebeu um símbolo que não era familiar. Como se tratava de projeto de 15 elevadores de caçambas, que já estavam com cinco dias de atraso, resolveu realizar a soldagem de todos os equipamentos somente para os símbolos que conhecia. Tratava-se de uma solda de filete com 5 mm, intermitente e alternada com 40 mm de comprimento e passo de 150 mm, executada com eletrodo revestido E60. O símbolo que você não conhece é uma seta que está circulada em vermelho, como se pode observar na imagem abaixo. Logo após a realização da soldagem, você foi consultar o engenheiro sobre o problema. Diante dessa situação, qual a orientação do engenheiro a respeito do símbolo desconhecido? INFOGRÁFICO A certificação da qualidade da junta soldada deve ser realizada por um profissional capacitado e habilitado, chamado inspetor de solda (welding inspector). Dentre um conjunto de métodos que merece destaque, estão os ensaios não destrutivos (END), que, como o próprio nome diz, não prejudicam a integridade dos itens submetidos. Neste infográfico, você verá sobre os principais ENDs utilizados nas indústrias. CONTEÚDO DO LIVRO Leia o capítulo Terminologia e Simbologia de Soldagem, do livro Conformação Mecânica e Soldagem, e veja os aspectos mais relevantes para se alcançar uma comunicação efetiva nos processos de soldagem. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM Ederval Lisboa Soldagem: terminologia e simbologia Objetivos de aprendizagem Ao final deste capítulo, você deverá apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer os principais termos utilizados nos processos de soldagem. � Identificar os principais símbolos empregados nos processos de soldagem. � Descrever a aplicação dos símbolos de solda em desenhos de projetos mecânicos. Introdução A comunicação escrita, definida como a representação simbólica da linguagem falada, foi um dos maiores feitos produzidos pela humani- dade, pois somente com ela foi possível registrar fatos, descobrimentos e teorias, o que possibilitou entender os eventos históricos e avançar sobre os conhecimentos científicos. Por meio de uma comunicação eficaz, algo definido de um lado do planeta é executado com precisão do outro lado. Contudo, para que isso seja real, é necessário que os interlocutores dominem a linguagem, ou seja, é preciso que tanto o que faz quanto o que recebe o comunicado dominem a linguagem, utilizando termos adequados e símbolos corretos. Para os processos de soldagem, a mesma ideia deve ser aplicada, uma vez que dentro desse universo existem termos e expressões intrínsecos. A fim de estabelecer uma comunicação efetiva sobre os processos de soldagem por intermédio da padronização de símbolos e expressões, em vários países surgiram associações sobre o tema, sendo a Sociedade Americana de Soldagem (AWS, do inglês American Welding Society) uma das principais delas. No Brasil, quem cuida dessa normatização é o Comitê Brasileiro de Soldagem da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que se baseia nas normas da Organização Internacional de Nor- malização (ISO, do inglês International Organization for Standardization) e na própria AWS. As empresas brasileiras, por sua vez, adotam as normas nacionais e internacionais, observando as particularidades referentes às suas atividades, como é o caso da Petrobras, cuja Comissão de Normas Técnicas (CONTEC) estabelece as aplicações cabíveis. Terminologia de soldagem Com base na norma Petrobras N-1438 E:2009, dos termos utilizados para se entender sobre o processo de soldagem, os que mais se destacam são: � Abertura da raiz (root opening): menor distância entre as peças a serem soldadas, conforme Figura 1. � Alma do eletrodo (electrode core): região metálica de seção circular existente no centro do eletrodo revestido, conforme Figura 2. � Ângulo do bisel (bevel angle): ângulo do corte em relação à perpendi- cular à superfície cortada, conforme Figura 1. � Ângulo de abertura de junta ou ângulo do chanfro (groove angle): ângulo entre ambas as extremidades da junta, conforme Figura 1. � Ângulo de trabalho (work angle): ângulo agudo entre o plano do eletrodo e do eixo de solda e o plano de referência. � Atmosfera protetora ou gases de proteção (protective atmosfere): região de influência dos gases que protegerão a poça de fusão, conforme Figura 2. � Bisel (bevel): borda do componente a ser soldado. � Camada (layer): deposição do material em passes. � Chanfro (groove): entidades de extrema importância na realização da soldagem, principalmente quando se trata de peças de grande espessura. � Chapa de teste (test coupon): material utilizado para efetuar o teste de soldagem. � Cobre-Junta (backing): material colocado por baixo da junta de solda para suportar o metal de solda. � Consumível (consumable): itens utilizados no processo de soldagem que são consumidos com rapidez. � Cordão de solda (weld bead): depósito de solda resultante de um passe. Soldagem: terminologia e simbologia2 � Corpo de prova (test specimen): junta soldada utilizada para ensaios destrutivos e não destrutivos. � Corrente de soldagem (welding current): correte medida em Ampére para realização da solda elétrica. � Dimensão da solda (weld size): comprimentos dos catetos do maior triângulo retângulo que pode ser inscrito dentro da seção transversal da solda ou distância da face à raiz da solda. � Eletrodo nu (bare electrode): metal, de adição ou não, sem revestimento. � Eletrodo revestido (covered electrode): metal de adição com camada, conforme Figura 2, que pode ser básica, rutílica ou celulósica. � Equipamento (equipment): itens a serem soldados, que conterão a junta soldada. � Equipamentos de soldagem (welding equipment): utensílios utilizados no processo de soldagem, como máquinas, alicates, martelos, picadores, dispositivos, etc. � Gabarito de solda (weld gage): dispositivo para verificar a forma e as dimensões de soldas, conforme Figura 1b. � Garganta de solda (throat of a fillet weld): menor distância entre a raiz e a face plana teórica da solda. Figura 1. a) Ângulos de solda. b) Gabarito de solda para verificação da garganta. Fonte: a) Adaptada de Petrobras N-1438 E:2009. b) Kimtaro/Shutterstock.com. Ângulo do chanfro Ângulodo bisel Abertura da raiz Ângulo do chanfro Ângulodo bisel Abertura da raiz 3Soldagem: terminologia e simbologia Figura 2. Elementos do processo de soldagem. Fonte: Adaptado de ESAB (c2018). Eletrodo Revestimento Vareta (alma) Atmosfera ProtetoraPoça de fusão Escória solidi�cada Metal de solda Metal de base Ângulo de trabalho (Figura 3): 1. para chapa: é o ângulo agudo entre o plano ortogonal e o plano principal do metal de base e o plano definido pelo eixo do eletrodo e o eixo da solda, em juntas em ângulo, o plano principal é o do elemento que não está de topo. 2. para tubos: é o ângulo agudo entre o plano ortogonal e o plano da superfície cilíndrica do tubo, no ponto de intersecção entre os eixos do eletrodo e da solda, e o plano definido pelo eixo do eletrodo e o eixo da solda no ponto de soldagem. Soldagem: terminologia e simbologia4 Linha d e cent ro do tub o Linha de tangência (b) Ângulo de trabalho Ângulo de deslocamento Eixo da solda Ângulo de deslocamento (a) Ângulo de trabalho Eixo da s olda Ângulo de deslocamento Ângulo de trabalho Figura 3. Ângulo de trabalho. Fonte: Adaptada de Quites (2011) e Petrobras (1997). 5Soldagem: terminologia e simbologia � Gás de proteção (shielding gas): gás utilizado para proteção da poça de fusão. � Goivagem (gouging): processo de remoção do material para formar o chanfro. � Goivagem na raiz (back gouging): remoção do metalde solda e do metal de base pelo lado oposto de uma junta parcialmente soldada para facilitar a fusão e a penetração na soldagem subsequente naquele lado. � Junta ( joint): região estabelecida para ser realizado o processo de soldagem. � Junta soldada (welded joint): região onde os materiais foram coales- cidos, tornando-se uma única peça. As juntas podem ser de materiais iguais, similares ou diferentes, sendo empregados os chanfros quando necessário. � Junta de aresta (edge joint): junta com um ângulo de, aproximadamente, 180° entre as peças. Os principais tipos de chanfros (Figura 4) aplicados na indústria são: � chanfro em J (single-J-groove); � chanfro em duplo J (double-J-groove); � chanfro em U (single-U-groove); � chanfro em duplo U (double-U-groove); � chanfro em V (single-V-groove); � chanfro em X (double-V-groove); � chanfro em meio V (single-bevel-groove); � chanfro em K (double-bevel-groove); � chanfro I ou chanfro reto (square-groove). Soldagem: terminologia e simbologia6 � Junta dissimilar (dissimilar joint): junta soldada composta por materiais cujas composições químicas se diferem. � Junta de ângulo: junta em que numa seção transversal, os componentes a soldar apresentam-se sob forma de um ângulo, a Figura 5 apresenta alguns exemplos de juntas de ângulo. � Junta de topo (butt joint): junta entre duas peças colineares. � Junta sobreposta (lap joint): junta formada entre duas peças, onde uma se assenta sobre a outra. Chanfro J Chanfro duplo J Chanfro duplo U Chanfro duplo V ou X Chanfro U Chanfro V Chanfro meio V Chanfro K Chanfro I ou chanfro reto Figura 4. Principias tipos de chanfro. Fonte: Petrobras (1997). 7Soldagem: terminologia e simbologia Veja neste exemplo algumas posições particulares das juntas de ângulo (Figura 5): a) junta de ângulo em quina; b) junta de ângulo em L; c) junta de ângulo em T. Junta de ângulo (situação genérica) (A) Junta de ângulo em T (B) Junta de ângulo em quina (C) Junta de ângulo em L Figura 5. Exemplos de juntas de ângulo. Fonte: Adaptada de Petrobras (1997). � Martelamento (peening): Trabalho mecânico de impacto aplicado na junta soldada para remoção da escória solidificada. � Metal de adição ( filler metal): material metálico adicionado à solda durante o processo de soldagem. � Metal de base (base metal): material metálico que recebe a solda. � Metal de solda (weld metal): região fundida constituída pelo metal de base e pelo metal de adição. � Penetração da raiz (root penetration): alcance da raiz na junta soldada. � Perna de solda ( fillet weld leg): menor distância entre a raiz e a margem da solda em ângulo. � Poça de fusão (molten weld pool): região líquida durante a soldagem. � Ponteamento (tack weld): menor solda possível ente duas peças a fim de fixar para manter o alinhamento e diminuir a distorção. � Porta-Eletrodo (electrode holder): dispositivo mecânico que além de prender o eletrodo, transmite a corrente elétrica. � Posição de soldagem (welding position): posição em que será efetuada a solda (veja na Figura 6 as principais posições de soldagem). Soldagem: terminologia e simbologia8 Principais posições de soldagem aplicadas na indústria: � Posição horizontal (horizontal position): 2G, 2F, 2FR, 5G, 5F, 6G. � Posição plana (flat position): 1G, 1F. � Posição sobre-cabeça (overhead position): 4G, 4F. � Posição vertical (vertical position): 3G, 3F. 1G/PA 2G/PG 3G/PF & PG 5G/PF & PG 4G/PE 6G/HL045 1F/PA 2F/PB 3F/PF & PG 4F/PD Figura 6. Posições de soldagem. Fonte: Adaptada de ESAB (c2018). � Preaquecimento (preheating): aquecimento controlado aplicado ao metal base instantes antes de iniciar a soldagem. � Soldador (welder): executor do processo de soldagem. � Solda autógena (autogenous weld): soldagem sem metal de adição. � Solda de aresta (edge weld): solda executada numa junta de aresta. � Solda de costura (seam seld): cordão de solda contínuo ou numa série consecutiva de pontos alinhados, para união de peças longas. � Solda de fixação (tack weld): técnica empregada antes da soldagem final, a fim de conter a distorção das peças. � Solda descontínua: cordões de solda intercalados com vãos ao longo da junta soldada. � Solda descontínua coincidente: cordões de solda espaçados e no mesmo alinhamento em ambos os lados da junta. 9Soldagem: terminologia e simbologia � Solda descontínua intercalada: cordões de solda espaçados e desali- nhados em ambos os lados da junta. � Solda de selagem (seal weld): processo de soldagem executado para evitar o vazamento de produtos, sobretudo fluidos. � Solda de tampão (plug weld): processo de soldagem realizado em aberturas, quase sempre circulares, em uma das peças que alcançam outra peça. � Solda de topo (butt weld): processo de soldagem aplicado às juntas de topo. � Solda em ângulo ou solda de filete ( fillet weld): solda cuja seção trans- versal apresenta forma triangular. � Solda em chanfro (groove weld): processo de soldagem aplicado em uma junta com chanfro. � Solda homogênea: característica atribuída às soldas cujo metal de solda contém propriedades químicas similares ao do metal-base. � Solda heterogênea: característica atribuída às soldas cujo metal de solda contém propriedades químicas diferentes do metal-base. � Soldabilidade (weldability): capacidade de soldagem aplicada a um dado material. � Soldagem (welding): processo de coalescência. � Soldagem a arco (arc welding): processo de coalescência realizado a partir de uma diferença de potencial elétrico. � Soldagem automática (automatic welding): soldagem executada sem a intervenção direta de um soldador. � Soldagem manual (manual welding): soldagem executada com a inter- venção direta de um soldador. � Taxa de deposição (deposition rate): massa de material depositado por unidade de tempo (kg/h). � Tensão residual de soldagem (residual stress): tensão residual prove- niente de um processo de soldagem. � Tratamento térmico após soldagem (postwelding heat treatment): pro- cesso aplicado à junta soldada, após a soldagem, com o emprego de temperatura. � Tratamento térmico de alívio de tensões (stress relief heat treatment): aquecimento e resfriamento controlados da junta soldada, a fim de diminuir as tensões residuais. � Zona termicamente afetada (heat-affected zone): região diretamente impactada pelo aporte térmico. Soldagem: terminologia e simbologia10 Simbologia de soldagem A simbologia básica empregada em desenhos e projetos de juntas soldadas, conforme normatizado pela AWS, consiste em uma referência contendo infor- mações quanto à característica da solda, englobando todo o processo, que vai desde a preparação dos chanfros até o tratamento térmico após a soldagem. Um dos itens que requer atenção especial é a seta, pois é ela quem determina o local da junta que receberá a solda, observando-se ainda se os símbolos da solda estão em ambos os lados, do lado da seta (ou seja, posicionado abaixo da linha de referência) ou do lado oposto (isto é, posicionado acima da linha de referência). Na Figura 7 temos a representação geral para os processos de soldagem. Figura 7. Simbologia geral empregada em desenhos e projetos de juntas soldadas. Fonte: Adaptada de Budynas e Nisbett (2016). O símbolo de acabamento pode ser plano, representado por uma linha reta; ou convexo, representado por um arco de círculo. Na cauda ou apêndice, destinada a especificações, podem ser colocadas as mais diversas informações, como o tipo de eletrodo a ser empregado, ou, ainda, o tratamento térmico a ser realizado depois da soldagem. O símbolo de solda no campo, quando especificado, designa uma junta soldada a ser realizada durante a montagem do equipamento na obra. 11Soldagem: terminologia e simbologia O símbolo de solda em toda volta deve ser aplicado quando se deseja solda em todo o perímetro. Os símbolos específicos de contorno também são padronizados, sendo discriminados conforme mostraa Figura 8. Figura 8. Símbolos representando os tipos de juntas soldadas. Fonte: Adaptada de Budynas e Nisbett (2016). Tipos de solda Contra- solda Filete Tampão Chanfro Reto V Bisel U J A seguir, na Figura 9, são apresentados alguns exemplos da correta utili- zação dos símbolos de solda e suas respectivas interpretações. 5 1. Solda contínua de filete, com 5 mm de dimensão, realizada em todo o contorno. Soldagem: terminologia e simbologia12 5 2. Solda contínua de filete, com dimensão de 5 mm, realizada em ambos os lados. 60 200 60-2006 3. Solda de filete com 6 mm dimensão, cordão com 60 mm de comprimento e espaço de 200 mm entre os cordões, realizada em ambos os lados e de forma intercalada. 60º 60º 2 2 4. Solda em chanfro V de 60º, com abertura de raiz de 2 mm. 45° 45° 5. Solda em chanfro meio V 45º. 13Soldagem: terminologia e simbologia 6. Solda em chanfro reto realizada em ambos os lados. 60° 7. Solda em chanfro duplo V 60º realizada em ambos os lados. E60 8. Solda em chanfro U, com acabamento convexo, executada com eletrodo E60. Figura 9. Exemplos de aplicações dos símbolos de soldagem. Fonte: Adaptada de Budynas e Nisbett (2016). Soldagem: terminologia e simbologia14 Além dos símbolos mostrados, o Comitê Brasileiro de Máquinas e Equi- pamentos Mecânicos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da ABNT NBR 13043:1993, padroniza números e nomes de processos de soldagem, para representação simbólica em desenho técnico. A Tabela 1 a seguir mostra os principais processos utilizados nas indústrias com seus respectivos códigos. Fonte: ABNT NBR 13043:1993. Número Nome 1 Soldagem a arco elétrico 11 Soldagem a arco elétrico com eletrodo-fusível sem proteção gasosa 111 Soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido 12 Soldagem a arco submerso 121 Soldagem a arco submerso com alarme-eletrodo 122 Soldagem a arco submerso com fita-eletrodo 13 Soldagem a arco elétrico sob proteção gasosa com alimentação de arame consumível 135 Soldagem a arco elétrico sob proteção gasosa inerte com alimentação de arame consumível (soldagem MIG) 136 Soldagem a arco elétrico sob proteção gasosa ativa com alimentação de arame consumível (soldagem MAG) 137 Soldagem a arco elétrico com gás inerte e arame tubular 14 Soldagem com proteção gasosa e eletrodo não consumível 141 Soldagem a arco elétrico com proteção gasosa e eletrodo de tungstênio (soldagem TIG) 3 Soldagem a gás combustível 31 Soldagem a gás oxicombustível Tabela 1. Números e nomes de processos de soldagem. 15Soldagem: terminologia e simbologia Saiba mais sobre outros símbolos de soldagem segundo a AWS (Figura 10): QUADRO GERAL DE SIMBOLOGIA DE SOLDAGEM (AWS) Figura 10. Outros símbolos de soldagem. Fonte: Novo InfoSolda 4.0 (c2013). Aplicações práticas dos símbolos de solda em desenhos e projetos Quando falamos da inserção dos símbolos de solda em desenhos e projetos, alguns cuidados devem ser considerados, a fim de propiciar uma comunicação efetiva entre os interlocutores. Uma prática opcional, mas comumente adotada, é a inserção de um “som- breamento” simbolizando o local onde a solda deverá ser aplicada, conforme mostra a Figura 11. Soldagem: terminologia e simbologia16 Figura 11. Detalhe de projeto. Fonte: Adaptada de Petrobras N-0279 G:2013. SEÇÃO” A-A” FOLGA DE 5 150 CHAPA XADREZ 1/4” L 2”x2”x1/4” 5”x3/8”x150 5 Quando a especificação de solda é para ambos os lados, os símbolos devem ser dispostos na parte superior e inferior da linha de referência, contudo, os valores pertinentes à especificação da solda podem ser inseridos em apenas em um dos lados, como mostra a Figura 12. Figura 12. Detalhe de projeto. Fonte: Adaptada de Petrobras N-0279 G:2013. 3 1/2”x3 1/2”x3/8” VER NOTA 1 2”x1/4” LINHA DE REFERÊNCIA 20 5 25 2”x2”x1/4” B 80 B 17Soldagem: terminologia e simbologia Em casos onde houver chanfro em apenas uma das chapas, a seta deverá apontar para esta, a fim de que não haja dúvidas sobre a aplicação do chanfro, conforme mostrado na Figura 13. Figura 13. Detalhe de projeto. Fonte: Adaptada de Petrobras N-0279 G:2013. Q QP P A VER NOTA 2 C Q S S B Q 8 Os valores referentes à perna da solda de filete devem ser posicionados sempre à esquerda do símbolo, ou seja, próximo à linha vertical do símbolo, conforme Figura 13. Quando da aplicação de solda intermitente, os valores referentes ao compri- mento do cordão de solda e do centro entre os cordões devem ser posicionados à direita do símbolo de solda, ou seja, próximo à linha inclinada do símbolo, conforme Figura 14. Soldagem: terminologia e simbologia18 Figura 14. Detalhe de projeto. Fonte: Adaptada de Petrobras N-0279 G:2013. MONTAGEM PERMANENTE DE CHAPA XADREZ 6 300-225 10 FUROS 09/16” PARA PARAFUSOS DE 1/2” DE CABEÇA CÔNICA FENDADA SOMENTE PARA CHAPAS REMOVÍVEIS CH. 3”x1/4 CHAPA DE PISO JUNÇÃO PARA CHAPAS DE PISO A dimensão mínima da perna da solda é limitada pela menor espessura das chapas a serem unidas. A Tabela 2 mostra as dimensões mínimas da solda de filete em função da chapa mais fina. Fonte: ABNT NBR 8800:2008. Espessura da chapa mais fina, t (mm) Dimensão mínima da perna, b (mm) t ≤ 6,35 3 6,35 < t ≤ 12,5 5 12,5 < t ≤ 19,0 6 t > 19,0 8 Tabela 2. Dimensões mínimas das pernas de solda aplicada à solda de filete. Para casos de chapas com espessura inferior a 6,35 mm, onde a solda é executada em sua borda, a ABNT NBR 8800:2008 estabelece que a dimensão máxima da solda não deve ultrapassar a espessura da chapa mais fina (b = t). Para os casos com espessura de chapa a partir de 6,35, o limite máximo para a perna do filete é da espessura da chapa mais fina subtraída de 1,5 mm (b = t – 1,5 mm). 19Soldagem: terminologia e simbologia Quanto ao comprimento do cordão de solda, sua dimensão mínima é de 40 mm e quatro vezes o valor da perna do filete. Caso não seja possível alcançar ambas as condições, apenas 25% do valor do cordão deve ser considerado nos cálculos de resistência da junta soldada. Para os casos em que a solda é aplicada até a extremidade da peça, o cordão de solda deve contornar os cantos, com dimensão mínima de duas vezes o valor da perna de solda. Veja no link abaixo um artigo técnico-científico com uma revisão crítica do dimensio- namento das juntas soldadas de filete. Disponível em: https://goo.gl/3MdQED Em muitos softwares comerciais de desenho e projeto, os símbolos de solda estão contidos em uma biblioteca. Para saber mais sobre a utilização dos símbolos com o AutoCad Mechanichal®, acesse: https://goo.gl/9gKuT5 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8800:2008. Projeto de estrutura de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13043:1993. Soldagem – Números e nomes de processos. Rio de Janeiro: ABNT, 1993. Soldagem: terminologia e simbologia20 BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. ESAB. Site. [S.l.]: ESAB, c2018. Disponível em: <http://www.esab.com.br>. Acesso em: 23 jan. 2018. NOVO INFOSOLDA 4.0. Site. [S.l.]: Novo InfoSolda 4.0, c2013. Disponível em: <http:// www.infosolda.com.br>. Acesso em: 23 jan. 2018. PETROBRAS. N-0279 G:2013. Projeto de estrutura metálica. Rio de Janeiro: Petrobras, 2013. PETROBRAS. N-1438. Terminologia soldagem. Rio de Janeiro: Petrobras, 1997. PETROBRAS. N-1438 E:2009. Terminologia soldagem. Rio de Janeiro: Petrobras, 2009. QUITES, A. M. Terminologia de soldagem: análise crítica da N-1438. [S.l.]: Solda Soft, 2011. Leituras recomendadas AMERICAN WELDING SOCIETY. AWS D1.1/D1.1M:2010. Código de soldagem estrutural – Aço. Miami: AWS, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14842:2003. Certificação de inspetores de soldagem. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. MACHADO, I. G. Dimensionamento de juntas soldadas de filete: uma revisão crítica. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 16, n.2, p. 189-201, abr./jun. 2011. MACHADO, I. G. Soldagem & técnicas conexas: processos. Porto Alegre: editado pelo autor, 1996. PETROBRAS. N-0133 N:2017. Soldagem. Rio de Janeiro: Petrobras, 2017. PETROBRAS. N-1852 G:2011. Estruturas oceânicas – Fabricação e montagem de unidades fixas. Rio de Janeiro: Petrobras, 2011a. PETROBRAS. N-2036 F:2011. Soldagem subaquática. Rio de Janeiro: Petrobras, 2011b. PETROBRAS. N-2301 E:2016. Elaboração da documentação técnica de soldagem. Rio de Janeiro: Petrobras, 2016. 21Soldagem: terminologia e simbologia Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR As dimensões do cordão de solda interferem diretamente na resistência mecânica da junta soldada. As normas brasileiras, baseadas em critérios internacionais, estabelecem valores mínimos e máximos a serem aplicados para que o resultado seja de qualidade, como, por exemplo, a resistência à tração do metal de solda e o fator de ponderação para soldas longas. Confira essas informações na Dica do Professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre a terminologia chanfro dos processos de soldagem, assinale a alternativa correta. A) Chanfro (groove) é a abertura devidamente preparada, na superfície de uma peça ou entre dois componentes, para conter a solda. B) Face do chanfro (groove face) é a superfície do metal de base a ser fundida durante a soldagem. C) O chanfro pode ser formado por meio de remoção de material em uma operação com o cobre-junta (backing). D) Solda em chanfro (groove weld) é a solda descontínua, executada em ambos os lados de uma junta de ângulo. E) Os principais tipos de chanfros são os seguintes: J, U, V, T, X, K, I. 2) Com relação ao ângulo de trabalho de um processo de soldagem, assinale a alternativa correta. A) Quando de trata da chapa, é o ângulo formado entre o eletrodo e o plano comum ao eixo da solda. B) Quando se trata do tubo, é o ângulo formado entre o eletrodo e a linha da superfície do metal de base. C) Quando se trata da chapa, é o ângulo agudo entre a perpendicular à superfície principal do metal de base e o plano definido pelo eixo do eletrodo e o eixo da solda. D) Quando se trata da chapa, é o ângulo obtuso que o eletrodo faz com uma linha de referência perpendicular ao eixo da solda contida em um plano que passa por este eixo. E) Quando se trata de tubos, é o ângulo agudo coplanar à superfície cilíndrica do tubo no ponto de intersecção entre os eixos do eletrodo e da solda. 3) Assinale a alternativa correta sobre simbologia de soldagem. A) O apêndice contém informações sobre o comprimento do cordão de solda e nunca deve ser omitido. B) O símbolo de acabamento pode ser plano ou convexo. C) O símbolo de solda em toda volta é posicionado acima da linha de referência. D) O símbolo de solda em campo é posicionado abaixo da linha de referência no seu centro. E) O valor de profundidade do bisel é colocado na extremidade da seta. 4) Sobre os símbolos de solda em desenhos e projetos, assinale a alternativa correta sobre suas aplicações. A) Quando a especificação de solda é para ambos os lados, o símbolo pode ser disposto somente na parte superior da linha de referência. B) Quando a especificação de solda é para ambos os lados, o símbolo pode ser disposto somente na parte inferior da linha de referência. C) Em casos de chanfro em apenas uma das chapas, a seta aponta para a chapa não chanfrada. D) Em casos de chanfro em apenas uma das chapas, a seta deverá apontar para a chapa chanfrada. E) Sempre que houver junta soldada indicada no desenho, é obrigatório haver um sombreamento simbolizando o local onde a solda deverá ser aplicada. 5) Sobre as dimensões das soldas, assinale a alternativa correta. A) Os valores referentes à perna da solda de filete devem ser posicionados sempre à direita do símbolo. B) A dimensão mínima da perna da solda é sempre a menor espessura das chapas a serem unidas. C) Quando da aplicação de solda intermitente, os valores referentes ao comprimento do cordão de solda e do intervalo entre os cordões devem ser posicionados à direita do símbolo de solda. D) Quando da aplicação de solda intermitente, os valores referentes ao comprimento do cordão de solda e do centro entre os cordões devem ser posicionados à esquerda do símbolo de solda. E) Para casos de chapas com espessura inferior a 6,35 mm, em que a solda é executada em sua borda, a dimensão máxima da solda não deve ultrapassar a espessura da chapa mais fina (b = t). NA PRÁTICA Junta em T, sonda de chanfro, soldagem com eletrodo E70, ângulo de 45o são apenas algumas das terminologias usadas no processo de soldagem. Além disso, há os símbolos que representam as referências sobre a característica da solda a ser aplicada. Conhecer e entender o significado dos termos e símbolos é fundamental para interpretar os desenhos de projetos mecânicos. Neste Na Prática, você irá ver uma situação que ilustra a necessidade de saber a terminologia e simbologia da soldagem. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Para criar Símbolos de solda Em muitos softwares comerciais de desenho e projeto, os símbolos de solda estão contidos em uma biblioteca. Para saber mais sobre a utilização dos símbolos com o AutoCad Mechanichal®, acesse o link. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Dimensionamento de Juntas Soldadas de Filete: Uma Revisão Crítica Leia o artigo que mostra as muitas opções existentes no projeto de juntas soldadas de filete, quando carregadas transversalmente, inclinada, ou paralelamente ao eixo do cordão de solda. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Quadro Geral de Simbologia de Soldagem (AWS) Saiba mais sobre outros símbolos de soldagem segundo a AWS. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Soldagem por eletrodos revestido APRESENTAÇÃO Você sabia que dentre os processos de soldagem por arco elétrico, a solda com eletrodo revestido é uma das mais realizadas? Isso se deve não somente à simplicidade e versatilidade na aplicação, mas também ao baixo custo envolvido no seu emprego. Além disso, existe a possibilidade de utilização em locais de difícil acesso, quando comparado com outros métodos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre os conceitos, as aplicações e os equipamentos empregados nesse importante processo industrial. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os conceitos que envolvem o processo de soldagem por eletrodo revestido.• Identificar aplicações referentes ao processo de soldagem por eletrodo revestido.• Caracterizar os equipamentos empregados no processo de soldagem por eletrodo revestido. • INFOGRÁFICO A definição de eletrodo revestido (covered electrode) pode ser dada por: metal de adição composto, que consiste de uma alma do eletrodo sobre o qual um revestimento é aplicado. Já a alma do eletrodo (electrode core), refere-se ao núcleo metálico do eletrodo revestido, cuja seção transversal apresenta uma forma circular maciça. A identificação do eletrodo deve ser individual, por meio de inscrição legível, e a embalagem não deve apresentar defeitos que provoquem a contaminação e/ou danos no consumível. Quando armazenados na posição vertical, as embalagens devem ser posicionadas com as pontas de abertura de arco voltadas para cima. Veja no infográfico a seguir as características do revestimento e o tipo de corrente em que podem ser aplicados os eletrodos. CONTEÚDO DO LIVRO Leia o capítulo Soldagem por eletrodo revestido, do livro Conformação Mecânica, e veja os principais aspectos que envolvemo processo de soldagem por eletrodo revestido. Boa leitura. CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM Ederval de Souza Lisboa Soldagem por eletrodos revestidos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer conceitos que envolvem o processo de soldagem por eletrodo revestido. � Identificar aplicações referentes ao processo de soldagem por eletrodo revestido. � Caracterizar equipamentos empregados no processo de soldagem por eletrodo revestido. Introdução Até o final do século XIX, o emprego dos processos de soldagem se dava, em grande parte, com o uso de altos-fornos. O uso de energia elétrica no processo de soldagem era visto com bons olhos, mas ocorria de forma tímida em razão dos maus resultados em pesquisa. No início do século seguinte, Oscar Kjellberg, um engenheiro naval formado pela Escola Técnica de Bremen (Hochschule Bremen), insatisfeito com os métodos de reparo e remendos usados nos navios, feitos em cal- deiras a vapor e nos componentes de máquinas no Porto de Gotemburgo (em sueco, Göteborgs hamn), aprofundou-se em um estudo detalhado sobre o emprego de energia elétrica no processo de soldagem e con- seguiu, em 1904, realizar a soldagem elétrica com eletrodo revestido. O revestimento, feito com uma camada de cal, proporcionou estabilidade ao arco elétrico, num trabalho que envolvia soldar os cilindros e as mangas do aparelho de ancoragem do canhoneiro H. M. Svensksund, que havia congelado e quebrado. Nesse mesmo ano, Oscar Kjellberg fundou a Em- presa de Soldagem Elétrica (ESAB, sigla que, em sueco, significa Elektriska Svetsnings-Aktiebolaget) e em 1907 solicitou a patente da soldagem por eletrodo revestido, conforme mostra a Figura 1. Anos depois, após o assassinato do herdeiro ao trono do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Fernando, teve início a Primeira Guerra Mundial (que durou de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918), que gerou uma demanda ainda maior por processos industriais mais rápidos e eficientes, alavancando o setor industrial em muitos países. A partir de então, o emprego de soldagem por eletrodo revestido só se intensificou, chegando a um patamar de popularidade ainda pouco alcançado por outros processos industriais, devido à simplicidade do equipamento, à resistência e qualidade das soldas, e ao baixo custo. Figura 1. Patente requerida por Oscar Kjellberg. Fonte: ESAB (2005). Soldagem por eletrodos revestidos2 Soldagem por eletrodo revestido: conceitos A soldagem a arco elétrico por eletrodo revestido (Shielded Metal Arc Wel- ding — SMAW), consiste na passagem de uma corrente elétrica através do ar ou outro meio fluido, gerando uma temperatura adequada para se alcançar a fusão do material-base e do eletrodo. Seguindo as especificações da norma AWS D1.1/D1.1M, o eletrodo re- vestido (covered electrode), feito com uma alma metálica recoberta por um revestimento composto por minerais e vários produtos químicos, é responsável pela abertura do arco, ao tocar rapidamente a peça a ser soldada e, assim, gerar um curto-circuito, e exerce o papel de metal de adição para a junta soldada. A alma do eletrodo (electrode core) se trata do núcleo metálico do eletrodo revestido, cuja seção transversal apresenta uma forma circular maciça. O revestimento confere ao processo uma maior facilidade na abertura do arco, além de aumentar sua estabilidade, queimando de forma suave, numa situação ideal, mesmo a baixas correntes. Após a queima, gerada pela magnitude do calor alcançado (que pode chegar a 6000 K), o revestimento libera fumos que protegem a poça de fusão da atmosfera ao seu redor, sobretudo do oxigênio e do nitrogênio, que ao se combinarem com o ferro, dão origem a nitretos de ferro e óxidos de ferro, que causam fragilidade e porosidade ao metal de solda. O arco elétrico é o responsável pela transferência do metal fundido até a poça de fusão, dando origem ao metal de solda. Durante a soldagem, para garantir uma boa qualidade do cordão de solda, é importante que a distância entre a peça e o eletrodo seja a menor possível. Nessas condições, na extre- midade do eletrodo surge uma cratera que contribui com o direcionamento do fluxo do arco elétrico. Formada do revestimento do eletrodo e das impurezas do metal de base, segundo a norma ASME IX, a escória flutua sobre a poça de fusão e controla a taxa de resfriamento do cordão de solda. Também controla o contorno, a uniformidade e a aparência geral do cordão de solda, protegendo a poça de fusão da contaminação atmosférica. Agindo como purificadora, a escória aprisiona as impurezas que são levadas à superfície. Após o processo de soldagem, a escória, que se solidifica sobre o cordão de solda, deve ser removida com o trabalho mecânico de impacto chamado martelamento (peening). A limpeza também pode ser feita com o uso de uma escova de aço apropriada. 3Soldagem por eletrodos revestidos A Tabela 1 mostra a composição e função dos constituintes do revestimento de alguns eletrodos, enquanto a Figura 2 ilustra o mecanismo de soldagem por eletrodo revestido. Fonte: ESAB (2005). Classe Composição Função Proteção E6010 Celulose (C6H10O5) 35% Formador de gases 40% H2 40% CO + CO2 20% H2O Rutilo (TiO2) 15% Formador de escória (estabilizador do arco) Ferro- -manganês 5% Desoxidante (ferro-liga) Talco 15% Formador de escória Silicato de sódio 25% Aglomerante (agente fluxante) Umidade 5% E7018 Carbonato de cálcio 30% Formador de fases (agente fluxante) 80% CO 20% CO2 Fluorita (CaF2) 20% Formador de escória (agente fluxante) Ferro- -manganês 5% Desoxidante (ferro-liga) Silicato de potássio 15% Aglomerante (estabilizador do arco) Pó de ferro 30% Agente de decomposição Umidade 0,1% Tabela 1. Características dos constituintes do revestimento de alguns eletrodos. Soldagem por eletrodos revestidos4 Machado (1996) afirma que o processo de soldagem por eletrodo revestido (Figura 2) é apropriado para as ligas metálicas que possuam, no mínimo, os seguintes consumíveis disponíveis: aços ao carbono, baixa liga, resistentes à corrosão e altamente ligados; ferros fundidos; alumínio; cobre; níquel. Entretanto, o mesmo não vale para ligas com ponto de fusão muito baixo, tais como chumbo, estanho ou zinco, devido à intensa energia gerada pelo arco elétrico, e nem para aquelas extremamente reativas, corno zircônio ou titânio, por não oferecer proteção suficiente à contaminação e/ou reação do metal fundido com os gases da atmosfera. Figura 2. Mecanismo de solda com eletrodo revestido. Fonte: Adaptada de Eutectic Castolin (2017). Escória Solidi�cada Metal de solda solidi�cado Revestimento fundido Eletrodo Atmosfera protetora Escória Líquida Direção de soldagem Revestimento Alma Cratera Gota do metal de adição Poça de fusão Comprimento do arco elétrico Metal Base 5Soldagem por eletrodos revestidos Aços-liga são ligas de ferro e carbono com adição de outros elementos, tais como: níquel (Ni), cromo (Cr), molibdênio (Mo), manganês (Mn), vanádio (V), tungstênio (W), cobalto (Co), silício (Si), alumínio (Al), etc., que fornecem propriedades distintas aos aços. Contudo, a principal finalidade dessas ligas é oferecer aos aços características especiais, tornando-os adequados aos diferentes fins, de acordo com as exigências técnicas da engenharia contemporânea. Os aços-liga são vulgarmente designados pelo nome do elemento ou elementos que exercem influência nas suas características, independentemente do seu teor ou teores que entram na composição. Podem ser chamados de: aço-níquel, aço-molibdênio, aço-níquel-cromo, aço-cromo-níquel-molibdênio, aço-manganês. Dentre os processos de soldagem, o realizado por eletrodo revestido não é o mais eficiente, pois se apresenta tipicamente como um processo manual, cuja performance depende diretamente da habilidade do soldador. No entanto, esse é um dos processos com maior versatilidade,podendo ser aplicado em todos os tipos de juntas e em todas as posições, segundo a especificação do eletrodo. Comparada a outros, a taxa de deposição (kg/h) nesse processo é, geral- mente, muito baixa, ficando entre 1 e 5 kg/h. A Figura 3 mostra um exemplo da taxa de adição para alguns tipos de eletrodo. Por outro lado, a eficiência de deposição (%) costuma ser fornecida pelo fabricante do eletrodo. A seguir, é possível verificar a equação aplicada para se alcançar tais valores; a Tabela 2 traz alguns exemplos dessa informação. Ef (%) = Massa do metal depositadoMassa total do eletrodo × 100 Soldagem por eletrodos revestidos6 Figura 3. Taxa de deposição de eletrodos revestidos com 4 mm de diâmetro. Fonte: Adaptada de ESAB (2005). LI BR AS P O R H O RA kg /h 7 3,2 2,7 2,3 1,8 1,4 0,9 6 5 4 3 2 150 E6010 E6013 E7018 E70 24 200 250 TAXA DE DEPOSIÇÃO ELETRODOS REVESTIDOS DIÂMETRO 4,0mm Fonte: ESAB (2005). Classe Eficiência de deposição média (%) E6010 63,8 E6011 68,5 E6012 66,9 E6013 66,8 E6014 64,6 E6016 62,8 E6018 69,5 E6020 65,2 E7024 66,8 E7027 68,6 Nota: inclui perda de ponta de 50 mm. Tabela 2. Eficiência de deposição de eletrodos revestidos para aços carbono. 7Soldagem por eletrodos revestidos Confira no artigo do link abaixo um estudo sobre o papel do pó de ferro no mecanismo de deposição de eletrodos revestidos. https://goo.gl/31VLbo Soldagem por eletrodo revestido: aplicações Apesar da soldagem por eletrodo revestido se destacar dos demais processos devido à sua versatilidade, a limitação se dá basicamente na condição intrínseca do uso do eletrodo, ou seja, não se pode soldar todos os tipos de materiais com todos os tipos de eletrodo. Os eletrodos para aço carbono são classificados, segundo a norma AWS D1.1/D1.1M:2010, com base nas propriedades mecânicas do metal de solda, no tipo de revestimento, na posição de soldagem e no tipo de corrente, al- ternada (CA) ou contínua (CC). A Figura 4 mostra a codificação da norma e a Figura 5 apresenta as posições de soldagem. Outro importante órgão de engenharia, a American Society of Mechanical Engineers (ASME), utiliza tanto as especificações quanto os requisitos de eletrodos da AWS integralmente, adicionando as letras SF antes do número da especificação, fazendo com que a especificação AWS A5.1 se transforme em ASME SF A5.1. Sempre que possível, a escolha do eletrodo deve ser feita com base nos níveis apropriados de resistência e no serviço pretendido para a junta soldada (AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS, 2004). Soldagem por eletrodos revestidos8 Figura 4. Classificação de eletrodos revestidos para aços carbono, segundo a AWS. Fonte: Balmer [2015?]. 9Soldagem por eletrodos revestidos Figura 5. Posições de soldagem: 1G, 1F, 2G, 2F, 3G, 3F, 4G, 4F, 5G, 5F e 6G. Fonte: Lincoln Electric (2016). A partir das informações disponíveis dos principais fabricantes de consu- míveis (como ESAB, Lincoln Eletric e Denver), é possível fazer as seguintes afirmações acerca dos eletrodos revestidos: Os eletrodos com revestimento celulósico possuem uma alta inserção e pouca formação de escória, sendo, portanto, de fácil remoção. Apresentam elevada produção de gases (CO2, CO, H2, H2O) resultantes da combustão dos materiais orgânicos, sobretudo da celulose, e, por esse motivo, a aplicação em materiais sujeitos a trincas por hidrogênio deve ser evitada. A ressecagem desses consumíveis não é recomendada. Soldagem por eletrodos revestidos10 Os eletrodos com revestimento rutílico — que apresenta até 50% de rutilo (TiO2) — possuem média inserção; a escória formada é de rápida solidifica- ção e fácil remoção. O metal de solda pode apresentar um elevado nível de hidrogênio (até 30 mL/100g). Para se evitar porosidade grosseira no metal de solda, a ressecagem em temperaturas pouco elevadas é recomendada. Os eletrodos com revestimento básico possuem as melhores propriedades mecânico-metalúrgicas, especialmente tenacidade, entre todos os eletrodos. Propicia cordão de média inserção e perfil plano ou convexo; a escória formada é de fácil remoção. Por ser altamente higroscópio, mesmo após poucas horas em contato com a atmosfera, a ressecagem a temperaturas relativamente altas é recomendada. Os eletrodos de altíssimo rendimento possuem revestimento (rutílico/ básico) com adição de pó de ferro, que proporciona um aumento em sua taxa de deposição. Como resultado, há um aumento na fluidez da escória, pela formação de óxido de ferro, e na estabilidade do arco. Com isso, as ocorrên- cias de mordeduras são reduzidas, por conta da alta intensidade de corrente. Contudo, pode haver redução da tenacidade do metal de solda. A Tabela 3 traz alguns exemplos de temperaturas e tempos utilizados para a ressecagem de eletrodos revestidos. Fonte: ESAB (2005). Tipo de eletrodo Temperatura efetiva no pacote de eletrodos (ºC) Tempo real na temperatura efetiva (h) Básicos 325 ± 25 1,5 ± 0,5 Altíssimo rendimento 275 ± 25 1,5 ± 0,5 Rutílico 80 ± 10 1,5 ± 0,5 Ferro fundido 80 ± 10 1,5 ± 0,5 Inoxidáveis rutílicos 275 ± 25 1,5 ± 0,5 Inoxidáveis básicos 225 ± 25 1,5 ± 0,5 Tabela 3. Temperatura e tempo empregados para ressecagem. 11Soldagem por eletrodos revestidos Para se obter uma junta soldada de qualidade, é essencial conhecer os constituintes e as propriedades do metal de base, pois essas informações são indispensáveis para a correta seleção do eletrodo. Em chapas de pequena espessura, são indicados eletrodos de baixa inserção; já para chapas de espessura maior, os eletrodos com alta inserção são os mais adequados. Quando da realização do passe de raiz, preferencialmente devem ser utilizados os eletrodos de maior inserção; já para os passes de enchimento, são recomendados os eletrodos com alta taxa de deposição. A seguir, são relacionados alguns tipos de eletrodos e suas principais aplicações, conforme especificações das normas AWS D1.1/D1.1M, e ASME IX. Para outras referências, as próprias normas devem ser consultadas, ou, ainda, o próprio fabricante dos eletrodos. � E6010: Revestimento celulósico; indicado para todas as posições; cor- rente CC+; resistência mínima de 413 MPa; possui grande inserção; uso geral em aços comuns; aplicável em diferentes equipamentos, tais como implementos agrícolas, construção naval, estruturas metálicas, tubulações, etc. � E6013: Revestimento rutílico (potássio); indicado para todas as posições; correntes CC+ CC- e CA; resistência mínima de 413 MPa; possui arco estável; projetado principalmente para aplicação em chapas finas. � E7010: Revestimento celulósico; indicado para todas as posições; cor- rente CC+; resistência mínima de 482 MPa; possui grande inserção; uso geral em aços comuns; aplicável em diferentes equipamentos, tais como implementos agrícolas, construção naval, estruturas metálicas, tubulações, etc. � E7018: Revestimento básico (pó de ferro); de baixo hidrogênio (quando ressecado corretamente); indicado para todas as posições; correntes CC+ e CA; resistência mínima de 482 MPa; uso geral em aços comuns; aplicável em aços carbono (inclusive com alto teor de carbono), aços de alta resistência e aços de baixa liga. Soldagem por eletrodos revestidos12 Dicas para ressecagem: � não prolongar a ressecagem por tempo além do recomendado pelo fabricante do consumível; � controlar adequadamente a temperatura/tempo de ressecagem; � evitar ressecagem de grandes quantidades; � guardar os eletrodos ressecados em estufas apropriadas; � a ressecagem minimiza o hidrogênio proveniente da umidade do revestimento em eletrodos de baixo hidrogênio; � seguir as recomendações do fabricante do consumível sempre que possível; � aplicar, em fornos adequados, para eletrodos básicos, de altíssimo rendimento, rutílicos e para ferros fundidos e inoxidáveis; � evitar para celulósicos; � realizar manutenção em estufas próprias. Para saber mais sobre a seleção de consumíveis e equipamentos, acesse o link abaixoe conheça a Calculadora de Solda Eletrodo Revestido Boxer, que contém os parâmetros ideais para o trabalho de soldagem, a máquina ideal para a aplicação, a bitola de arame correto para soldar determinada espessura de chapa e as espessuras de chapas possíveis de serem soldadas com determinada bitola de eletrodo. https://goo.gl/Mn2hmh Soldagem por eletrodo revestido: equipamentos Dentre os equipamentos aplicáveis para processos de soldagem, os itens rela- cionados ao processo por eletrodo revestido é o que possui menor custo, sendo esse um dos principais diferenciais do processo. 13Soldagem por eletrodos revestidos Na composição da configuração básica, temos (Figura 6): Figura 6. Configuração dos equipamentos para soldagem por eletrodo revestido. Fonte: Heavypong/Shutterstock.com. A partir das informações disponibilizadas pelos fabricantes de equipamen- tos (como ESAB, Lincoln Eletric, Balmer, Boxer Soldas e Denver), é possível fazer as seguintes afirmações: Fonte de energia: sua função é transformar a energia da rede elétrica (alta tensão e baixa corrente) em energia de soldagem (baixa tensão e alta corrente). Podem ser do tipo: transformadores, que fornecem CA; retificadores, que fornecem CC; geradores, que podem fornecer CC ou CA; e inversores, que fornecem CC. Devem oferecer uma corrente estável e permitir a regulagem da tensão e da corrente elétrica. De acordo com o revestimento do eletrodo, o processo de soldagem pode ser realizado em: � corrente Alternada (CA), que permite a soldagem em distâncias maiores por conta de uma menor queda de tensão ao longo do cabo de ligação; � corrente Contínua (CC), que possui maior estabilidade do arco e melhor qualidade de depósito. Soldagem por eletrodos revestidos14 Além disso, ainda podem ser trabalhados como: � corrente contínua eletrodo negativo (CCEN ou CC-) (direct current electrode negative), que se trata de polaridade reversa, ou seja, ligação dos cabos elétricos para soldagem a arco com corrente contínua, onde o eletrodo é o polo negativo e a peça é o polo positivo do arco elétrico. Essa configuração resulta em uma maior taxa de fusão do eletrodo; � corrente contínua eletrodo positivo (CCEP ou CC+) (direct current electrode positive), que se trata de polaridade direta, ou seja, ligação dos cabos elétricos para soldagem a arco com corrente contínua, onde o eletrodo é o polo positivo e a peça é o polo negativo do arco elétrico. Essa configuração resulta em uma maior inserção do cordão de solda. A Figura 7 ilustra ambos os tipos de ligação (CC+ e CC-). Figura 7. Corrente de soldagem CCEN à direita, e CCEP à esquerda. Fonte: Carvalho (1999). Porta-eletrodo ou alicate (electrode holder): trata-se do utensilio empre- gado para fixar mecanicamente o eletrodo e transferir a corrente elétrica. É imprescindível que possua boas condições de uso, a fim de não gerar acidentes. Normalmente, são encontrados para correntes de 200 a 800 A, mas deve sempre ser dimensionado levando em consideração a corrente máxima que a fonte de energia pode alcançar, evitando, assim, problemas de superaquecimento. A correta fixação e boa isolação dos cabos é fundamental para que os riscos de choque sejam minimizados. As garras podem ser de ferro cobreado, bronze/ latão ou liga de cobre, e normalmente permite a fixação do eletrodo em três ângulos diferentes, por exemplo 0°, 45° e 90°. O material do punho, a alavanca e os isolantes costumam ser de polímero termofixo, muitas vezes reforçado com fibra de vidro. A Figura 8 mostra um modelo de porta-eletrodos em detalhes. 15Soldagem por eletrodos revestidos Figura 8. Porta-eletrodos em vista expandida. Fonte: Adaptada de Argon Soldas [201-?]. Alavanca 03-S Capa da mola 05-S Isolante 02-S Isolante 08-S Mola 04-S Parafuso 01-S Parafuso 09-S Pino 06-S Punho 10-S 02S 03S 04S 01S 05S 10S 06S 01S 08S Cabos (3): são os condutores de corrente, localizados entre a fonte de energia e o porta-eletrodo, e entre a fonte de energia e o grampo-terra. Cabos e conectores devem ser mantidos em boas condições; quando gastos, estragados ou sem isolamento não sevem ser usados. Fabricados em cobre ou alumínio, os cabos possuem uma camada exterior de material isolante termoplástico de policloreto de vinila (PVC), para temperatura de operação no condutor de 70º C, resistente a abrasão. A seleção dos cabos de soldagem se dá, basicamente, pela informação da corrente de soldagem, devendo sempre ser dimensionado con- siderando a corrente máxima que a fonte de energia pode alcançar. No Brasil, a ABNT 8762 define as especificações para o emprego de cabos extraflexíveis para máquinas de soldar a arco. A Tabela 4 mostra a relação entre a corrente empregada e o diâmetro do cabo, a fim de proporcionar maior durabilidade dos equipamentos. Soldagem por eletrodos revestidos16 Fo nt e: E SA B (2 00 5) . Fa ix a de co rr en te d e so ld ag em (A ) Co m pr im en to to ta l d o ca bo (m ) Q ue da de te ns ão pa ra ≤ 15 ≤ 30 ≤ 75 ≤ 15 0 Ca bo Q ue da d e te ns ão Ca bo Q ue da d e te ns ão Ca bo Q ue da d e te ns ão Ca bo Q ue da d e te ns ão 20 a 1 80 #3 1, 8 #2 2, 9 #1 5, 7 #0 9,1 18 0 A 30 a 2 50 #2 1, 8 #1 2, 5 #0 5, 0 #0 9, 9 20 0 A 60 a 3 75 #0 1, 7 #0 3, 0 #0 0 5, 9 #0 00 9, 3 30 0 A 80 a 5 00 #0 0 1, 8 #0 00 2, 5 #0 00 0 5, 0 #0 00 0 9, 9 40 0 A 10 0 a 60 0 #0 0 2, 0 #0 00 0 2, 5 -- - -- - -- - 50 0 A Ta be la 4 . D iâ m et ro s r ec om en da do s d e ca bo s p ar a so ld ag em . 17Soldagem por eletrodos revestidos Uma boa soldagem requer um bom aterramento. Processos com aterra- mentos deficitários podem gerar custos extras, além de colocar em risco a integridade dos operadores. O grampo-terra (welding ground clamp) ou terminal-terra (4), é utilizado para fazer a ligação do cabo-terra até a peça. Pode ser de cobre ou de alumínio, fundido ou estampado. Sua fixação se dá por meio de parafuso ou pela pressão gerada por uma mola em seu interior, que devem ser fortes o suficiente para não se desprender do ponto conectado. Assim como o porta-eletrodo e os cabos, sua seleção deve ser feita considerando a corrente máxima que a fonte de energia pode alcançar. Veja no link abaixo aplicações do processo de soldagem com eletrodo revestido para alguns tipos de materiais e saiba como conectar os cabos corretamente, como regular os parâmetros e como ter uma soldagem mais eficiente. https://goo.gl/Xr4RHR AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS. Qualification standard for welding and brazing procedures, welders, brazers, and welding and brazing operators. New York, American Society of Mechanical Engineers, 2004. Disponível em: <http://www. webaero.net/ingenieria/equipos/Estaticos/Presurizados/Normativa_Codigo/ASME/ ASME%20IX%20-%20Welding%20and%20Brazing%20Qualifications/ASMEIX_2004. pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. ARGON SOLDAS. São Paulo, [201-?]. Disponível em: <http://www.argonsoldas.com. br/loja/5-pe%C3%A7as-de-reposi%C3%A7%C3%A3o-porta-eletrodo-linha-s---car- bografite/92>. Acesso em: 5 abr. 2018. BALMER. Processo de soldagem ao arco elétrico. Ijuí: Fricke Soldas, [2015?]. Disponível em: <http://www.balmer.com.br/balmer/wp-content/uploads/2015/12/BALMER- -Apostilas-t%C3%A9cnicas-Eletrodo-Revestido.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. CARVALHO, M. J. Orientações práticas de soldagem em aço inox. São Paulo: Acesita, 1999. Disponível em: <http://guides.com.br/home/wp-content/uploads/2011/09/ Soldagem-apostila_aco_inox_manual_pratico.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. Soldagem por eletrodos revestidos18 ESAB. Apostila de Eletrodos Revestidos. Disponível em: <http://www.esab.com.br/br/ pt/education/apostilas/upload/1901097rev1_apostilaeletrodosrevestidos_ok.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. EUTECTIC CASTOLIN. Manual de aplicações em soldagem. 4. ed. Indaiatuba: Eutectic do Brasil, 2017. Disponível em: <http://www.eutectic.com.br/catalogos/manual-de--aplicacoes-em-soldagem.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. LINCOLN ELECTRIC. Eletrodos revestidos: eBook de iniciação a soldagem pelo processo eletrodo revestido. São Paulo: Lincoln Electric, 2016. (Série Livros Digitais de Processos, 1). Disponível em: <http://materiais.lincolnelectric.com.br/ebook-solda-eletrodo- -revestido>. Acesso em: 9 abr. 2018. MACHADO, I. G. Soldagem & técnicas conexas: processos. Porto Alegre: edição do autor, 1996. 477 p. Leituras recomendadas AMERICAN WELDING SOCIETY. Código de soldagem estrutural: aço. Miami: Sociedade Americana de Soldagem, 2010. Disponível em: <https://pubs.aws.org/Download_ PDFS/D1.1-D1.1M-2010-PR-PV.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. ARCELORMITTAL. Guia do aço. Disponível em: <http://brasil.arcelormittal.com/pdf/ quem-somos/guia-aco.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. BOXER SOLDAS. Disponível em: <http://boxersoldas.com.br/>. Acesso em: 5 abr. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Reguladora (NR) 6: equipamento de proteção individual: EPI. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/ NR6.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Reguladora (NR) 18: condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/ima- ges/Documentos/SST/NR/NR18/NR18atualizada2015.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. DENVER S/A: eletrodos e equipamentos. Disponível em: <http://www.denversa.com. br>. Acesso em: 5 abr. 2018. KJELLBERG, O. Electric welding, brazing, or soldering. Google Patents. Disponível em: <http://www.google.com/patents/US948764>. Acesso em: 5 abr. 2018. MAGALHÃES, V. A. N. et al. O papel do pó de ferro no mecanismo de deposição de eletrodos revestidos. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 28-38, jan.-mar. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104- -92242015000100028&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 5 abr. 2018. PETROBRAS. N-1438: Rev. E: terminologia soldagem. Rio de Janeiro, 2011. PORTAL MET@LICA CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em: <http://www.metalica.com. br>. Acesso em: 5 abr. 2018. 19Soldagem por eletrodos revestidos SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL OFFSHORE. Disponível em: <http://sinaval.org.br/>. Acesso em: 5 abr. 2018. SOLUÇÃO: publicação institucional da ESAB Brasil. Contagem: ESAB Brasil, abr. 2005. Disponível em: <http://www3.esab.com.br/Revista_Solucao_200505.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. Soldagem por eletrodos revestidos20 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) determina, por meio da Norma Regulamentadora 6, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI). O emprego dos EPIs para o soldador é algo fundamental, já que durante o processo de soldagem, o profissional está sujeito a diversos acidentes, que variam desde queimaduras leves até a cegueira. Dessa forma, é vital buscar sempre se proteger da inalação de gases e de possíveis lesões como, por exemplo, nos olhos e na pele. Para isso, cada EPI (que é especificado para o trabalhador) não pode deixar de ser utilizado para sua própria proteção. Confira essas informações na Dica do Professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Sobre o processo de soldagem por eletrodo revestido, assinale a alternativa correta: A) A alma do eletrodo é composta por minerais e vários produtos químicos. B) O eletrodo revestido (covered electrode) é o responsável pela abertura do arco elétrico. C) O revestimento confere ao processo de soldagem estabilidade do arco e, somente em baixas correntes, uma maior facilidade na abertura deste. D) O revestimento libera oxigênio e nitrogênio, que ao se combinarem com o ferro, protegem a poça de fusão da atmosfera ao seu redor. E) Os fumos liberados pela queima do eletrodo transferem o metal fundido até a poça de fusão, dando origem ao metal de solda. 2) Sobre a escória gerada no processo de soldagem por eletrodo revestido, assinale a alternativa correta: A) A escória é formada pelo revestimento do eletrodo e pelas impurezas do metal de solda. B) A escória controla a taxa de resfriamento e o contorno do cordão de solda; já os fumos liberados pela queima do revestimento propiciam a uniformidade e a aparência geral do cordão de solda. C) A escória é responsável pela proteção da poça de fusão da contaminação atmosférica e uniformiza a aparência geral do cordão de solda. D) Agindo como purificadora, a escória libera as impurezas que são levadas à superfície. A limpeza é feita com o uso de escova de aço apropriada. E) A escória depositada sobre a poça de fusão deve ser removida com o uso de trabalho mecânico de impacto, chamado martelamento (peening). Além disso, a limpeza também é feita com o uso de escova de aço apropriada. 3) Assinale a alternativa correta sobre a classificação e seleção dos eletrodos revestidos: A) Os eletrodos para aço carbono são classificados com base nas características mecânicas do metal de solda e no tipo de corrente (CA, CC+ ou CC-). B) A ASME utiliza tanto as especificações quanto os requisitos de eletrodos da AWS integralmente, adicionando as letras SF antes do número da especificação. C) O nível de resistência e o serviço pretendido para a junta soldada não podem ser utilizados como requisitos para a seleção do eletrodo revestido, visto que não se pode soldar todos os tipos de materiais com todos os tipos de eletrodo. Já o conhecimento dos constituintes e das propriedades do metal de base é indispensável para a correta seleção do eletrodo. D) Os eletrodos com revestimento celulósico possuem uma alta penetração e pouca formação de escória de fácil remoção. A aplicação em materiais sujeitos a trincas por hidrogênio deve ser evitada e é recomendada a ressecagem em temperaturas não muito elevadas (80oC por 1,5h). E) Os eletrodos com revestimento rutílico apresentam elevada produção de gases (CO2, CO, H2, H2O), resultantes da combustão dos materiais orgânicos. 4) Sobre as aplicações do processo de soldagem por eletrodos revestidos, assinale a alternativa correta: A) Em chapas de pequena espessura, são indicados eletrodos de alta penetração. Já para chapas de espessura maior, são indicados os eletrodos com baixa penetração. B) Quando da realização do passe de raiz, devem ser utilizados, preferencialmente, os eletrodos de menor penetração. Já para os passes de enchimento, são recomendados os eletrodos com baixa taxa de deposição. C) O eletrodo E7010 possui revestimento celulósico, sendo indicado para todas as posições em corrente CC+ com resistência mínima de 413 MPa. D) O eletrodo E7018 possui revestimento básico (pó de ferro), sendo indicado para todas as posições em correntes CC+ e CA. E) O eletrodo E6010 é indicado para todas as posições em corrente CC+ CC- e possui grande penetração, sendo aplicável em diferentes equipamentos como implementos agrícolas, construção naval, estruturas metálicas, tubulações, etc. 5) Sobre os equipamentos de soldagem por eletrodo revestido, assinale a alternativa correta: A) O processo de soldagem pode ser realizado em corrente contínua (CC) e possui maior estabilidade do arco. B) A CCEP trata de polaridade reversa e essa configuração resulta numa maior taxa de fusão do eletrodo. C) A CCEN trata de polaridade inversa, ou seja, o eletrodo é o polo positivo e a peça é o polo negativo do arco elétrico. D) O Porta-Eletrodo deve ser dimensionado considerando-se a corrente de trabalho especificada pelo eletrodo. E) A CC permite a soldagem em distâncias maiores, por conta de uma menor queda de tensão ao longo do cabo de ligação. NA PRÁTICA Um problema de soldagem pode ser resolvido com eletrodos revestidos. Mas para isso você precisa saber qual tipo de eletrodo é o mais adequado: celulósico, rutílicoou básico? Quais as características de cada um? Qual resultado terá se usarmos, por exemplo, o do tipo básico? É preciso analisar a situação e então decidir qual procedimento será o melhor. E é isso que você verá no Na Prática a seguir. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O Papel do Pó de Ferro no Mecanismo de Deposição de Eletrodos Revestidos Entenda mais sobre o processo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Como soldar com a Bantam 145i Veja no link aplicações do processo de soldagem com eletrodo revestido para alguns tipos de materiais e saiba como conectar os cabos corretamente, como regular os parâmetros e como ter uma soldagem mais eficiente. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Calculadora de Solda Eletrodo Revestido Boxer Para saber mais sobre a seleção de consumíveis e equipamentos, acesse o link. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!