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PLANO-DIRETOR-INTEGRADO-1-2

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PLANO DIRETOR INTEGRADO 
DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Versão 1.2 
 
 
 
 II 
 
EQUIPE 
 
DIRETORIA EXECUTIVA DE PLANEJAMENTO INTEGRADO 
ELABORAÇÃO 
Aline Eid Galante 
Edilene Teresinha Donadon 
Flávia Brito Garboggini 
Gabriela Romero 
Thalita dos Santos Dalbelo 
ESTAGIÁRIOS 
Mariana Valentin 
Marina Nakahara 
Andrei Marcondes 
Natália Marangoni 
Alef Costa 
Pedro Cunha 
COORDENAÇÃO 
Thalita dos Santos Dalbelo 
 
GRUPO DE COLABORAÇÃO TÉCNICA 
Centro de Computação 
Centro para Manutenção de Equipamentos 
Coordenadoria de Projetos da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo 
Coordenadoria de Projetos e Obras 
Diretoria de Serviços de Transporte 
Diretoria Executiva de Planejamento Integrado 
Divisão de Manutenção 
Divisão de Meio Ambiente 
Divisão de Sistemas 
Prefeitura do Campus 
Programa de Ações Imediatas - DEPI 
 
 
 III 
 
Programa de Georreferenciamento e Acervo - DEPI 
Pró-reitoria de Extensão e Cultura 
Secretaria de Administração Regional 
Secretaria de Vivência nos Campi 
 
GRUPO DE COLABORAÇÃO CONCEITUAL 
Profa. Dra. Maria Gabriela Caffarena Celani 
Profa. Dra. Emília Wanda Rutkowski 
Profa. Dra. Silvia Aparecida Mikami Gonçalves Pina 
Prof. Dr. Evandro Ziggiatti Monteiro 
Prof. Dr. Sidney Piochi Bernardini 
 
CÂMARAS TÉCNICAS DE GESTÃO 
CTG Ambiente Urbano 
CTG Campus Inteligente 
CT Educação Ambiental 
CTG Energia 
CTG Fauna e Flora 
CTG Recursos Hídricos 
CTG Resíduos 
 
 
 
 
 
 IV 
 
SUMÁRIO 
 
1. APRESENTAÇÃO............................................................................................................................. 1 
1.1. PLANO DIRETOR INTEGRADO .............................................................................................................. 2 
1.2. METODOLOGIA PLANO DIRETOR INTEGRADO DA UNICAMP ...................................................................... 4 
1.3. ANÁLISE DO RELATÓRIO DAS OFICINAS DE CARTOGRAFIA SOCIAL ................................................................ 8 
1.4. MAPEAMENTO DA ACESSIBILIDADE SOCIOAMBIENTAL .............................................................................. 9 
2. PRINCÍPIOS NORTEADORES ......................................................................................................... 11 
2.1. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PLANES ................................................................................................ 12 
2.2. SUSTENTABILIDADE URBANA ............................................................................................................. 14 
2.3. UNIVERSIDADE SUSTENTÁVEL ........................................................................................................... 21 
2.4. LABORATÓRIO VIVO ........................................................................................................................ 23 
3. PANORAMA DA UNIVERSIDADE .................................................................................................. 24 
3.1. USOS E PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO .................................................................................................... 25 
3.1.1. Histórico de planejamento territorial na Unicamp ........................................................... 25 
3.1.2. Uso e ocupação ................................................................................................................ 33 
3.1.3. Patrimônio construído ...................................................................................................... 45 
3.1.4. Patrimônio cultural........................................................................................................... 47 
3.2. INFRAESTRUTURA URBANA ............................................................................................................... 54 
3.2.1. Saneamento ..................................................................................................................... 54 
3.2.2. Energia Elétrica ................................................................................................................ 57 
3.2.3. Tecnologia da Informação e comunicações ..................................................................... 57 
3.2.4. Resíduos ........................................................................................................................... 58 
3.3. MEIO AMBIENTE ............................................................................................................................ 61 
3.3.1. Sub-bacias da Unicamp – campus Zeferino Vaz ............................................................... 61 
3.3.2. Áreas de preservação permanente e protegidas .............................................................. 64 
3.3.3. Áreas verdes destinadas a experimentação ..................................................................... 65 
3.3.4. Áreas verdes destinadas ao uso comum .......................................................................... 65 
3.4. MOBILIDADE URBANA E ACESSIBILIDADE ............................................................................................ 67 
3.4.1. Meios de Transporte ........................................................................................................ 73 
3.4.2. Ciclovias e Ciclofaixas ....................................................................................................... 79 
3.4.1. Calçadas, caminhos e travessias ...................................................................................... 82 
3.4.2. Estacionamentos .............................................................................................................. 86 
3.4.3. Acessibilidade especifica à pessoa com deficiência .......................................................... 88 
3.5. VIVÊNCIA E FRICÇÃO SOCIAL ............................................................................................................. 90 
3.5.1. Vivência e fricção social na atualidade ............................................................................ 92 
3.5.2. Igualdade de gênero......................................................................................................... 98 
3.5.3. O impacto das redes digitais na estrutura física dos campi universitários ...................... 99 
3.6. UNIVERSIDADE E SOCIEDADE .......................................................................................................... 102 
3.6.1. O localismo e o universalismo da universidade .............................................................. 102 
3.6.2. O destino dos espaços universitários contemporâneos .................................................. 104 
3.6.3. Integração campus e cidade........................................................................................... 105 
3.6.4. A Unicamp como fator de crescimento regional ............................................................ 110 
3.6.5. Extensão universitária e diversidade de usuários ........................................................... 111V 
 
4. CENÁRIO FUTURO E DIRETRIZES ................................................................................................ 113 
4.1. QUALIFICAÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO ............................................................................................... 113 
4.1.1. Centralidades acadêmicas ............................................................................................................. 117 
4.1.2. Centralidades tecnológicas ........................................................................................................... 117 
4.1.3. Parque Tecnológico da Unicamp ................................................................................................... 117 
4.1.4. Saúde ............................................................................................................................................ 117 
4.1.5. Praças pavimentadas .................................................................................................................... 117 
4.1.6. Praças verdes e bosques ............................................................................................................... 118 
4.1.7. Preservação ambiental .................................................................................................................. 118 
4.1.8. Áreas alagáveis .............................................................................................................................. 118 
4.2. EFICIÊNCIA NA UTILIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA URBANA .................................................................... 119 
4.3. RESPONSABILIDADE AMBIENTAL...................................................................................................... 119 
4.4. PROMOÇÃO DA MOBILIDADE E DA ACESSIBILIDADE INCLUSIVAS .............................................................. 120 
4.5. INCENTIVO À FRICÇÃO SOCIAL ........................................................................................................ 120 
4.6. INTEGRAÇÃO UNIVERSIDADE E SOCIEDADE ......................................................................................... 121 
5. PROJETOS E SUBPROJETOS ........................................................................................................ 121 
6. CÓDIGO PARA PROJETOS DE EMPREENDIMENTOS .................................................................... 123 
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 124 
 
 
 
 
 
 1 
 
1. Apresentação 
 
O planejamento urbano reconhece a dinâmica e a complexidade do território e tem 
como objetivo responder aos problemas e estabelecer mecanismos de controle sobre o 
desenvolvimento de determinada área. É entendido como uma técnica do Urbanismo. 
Apesar de as preocupações com o ordenamento dos espaços urbanos terem surgido 
nas cidades, especificamente nas cidades industriais, quando se entende os campi 
universitários como extensões das suas cidades e detentores do caráter institucional de 
uso e ocupação do solo, a elaboração de um planejamento urbano específico faz-se 
necessária. 
A universidade, como agente social, é capaz de adotar o cenário sustentável de 
modelo de desenvolvimento. Nesse sentido, o Plano Diretor Integrado da Unicamp (PD-
Integrado), como instrumento de gestão que estabelece princípios, diretrizes e normas de 
desenvolvimento territorial, indica diretrizes voltadas à sustentabilidade, considerando as 
vocações das áreas já urbanizadas e definindo as vocações das novas áreas da universidade. 
A versão 1.2 do PD-Integrado teve o objetivo de desenvolver a metodologia 
apresentada à Comissão de Planejamento Estratégico Institucional da Unicamp (COPEI), em 
abril de 2018, que inclui o processo integrado, gradual e contínuo de planejamento, com 
colaboração da comunidade local e que está embasado em princípios de desenvolvimento 
sustentável. Nesta versão, o PD Integrado apresenta, principalmente, o panorama atual do 
campus Zeferino Vaz, com indicativos e leitura preliminar do território dos campi de Limeira 
I e II, Piracicaba, da Moradia Estudantil, do Cotuca (Colégio Técnico de Campinas) e do 
CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas). O 
aprofundamento no panorama desses campi será concluído na próxima versão. Além disso, 
esta versão também apresenta as vocações do campus Zeferino Vaz e os parâmetros de 
qualidade urbana para os setores, a fim de direcionar as ocupações futuras. 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
1.1. Plano Diretor Integrado 
 
O Plano Diretor Integrado tem a missão de integrar a gestão da Unicamp como 
universidade sustentável ao planejamento do seu uso e ocupação. Essa integração 
considera os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e envolve a participação de todos 
os atores sociais da Unicamp e seu entorno. Para isso, está em colaboração direta com o 
Gestor Universidade Sustentável no sentido do atendimento às legislações ambientais 
vigentes; da redução do impacto ambiental das instalações da universidade; da melhoria 
da vivência universitária e das relações externas, com órgãos públicos e privados; da 
valorização da experiência dos estudantes e pesquisadores no campo da sustentabilidade 
e da melhoraria do papel social da Unicamp. 
Para isso, estabelece os seguintes objetivos específicos: 
- Elaborar e atualizar o panorama dos campi nas dimensões de Uso Urbano e 
Patrimônio, Infraestrutura Urbana, Meio Ambiente, Mobilidade e Acessibilidade, Vivência 
e Fricção Social e Universidade e Sociedade. 
- Estabelecer diretrizes para alcançar os cenários futuros desejados pela comunidade 
universitária e pelas demandas da sociedade e mantê-las atualizadas. 
- Desenvolver e atualizar o masterplan que contemple os cenários desejados e as 
soluções para os setores de vocações dos campi universitários e seus parâmetros de 
qualidade de ocupação; 
- Institucionalizar o Plano Diretor Integrado em toda universidade. 
- Desenvolver projetos urbanos voltados para as diretrizes do PD Integrado. 
- Atualizar o Plano Diretor Integrado periodicamente. 
- Implantar os princípios do International Sustainable Campus Network (ISCN) ao 
planejamento dos campi e representar a universidade nas atividades dessa rede; 
- Estabelecer relações com os institutos e faculdades da Unicamp para parcerias em 
laboratórios vivos nos campi. 
- Elaborar e atualizar o Código para Projetos de Empreendimentos nos campi. 
 
 
 
 3 
 
O produto do desenvolvimento do PD-Integrado estará em constante atualização e 
será publicado quadrienalmente, de forma a estabelecer os princípios, diretrizes e normas 
de planejamento urbano sustentável para a Unicamp. O plano tem a sustentabilidade 
urbana como conceito norteador e é desenvolvido a partir de áreas de planejamento 
urbano que fazem a relação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Uso e 
Patrimônio, Meio Ambiente, Infraestrutura Urbana, Mobilidade e Acessibilidade, Vivência 
e Fricção Social e Universidade e Sociedade. 
O documento resultante desse trabalho foi apresentado e aprovado pela COPEI, na 
versão 1.2, em dezembro de 2018. A equipe responsável pelo O Plano Diretor Integrado 
ainda fará oficinas de colaboraçãoda comunidade acadêmica – professores, alunos e 
funcionários representantes das faculdades e institutos – e integrará de forma mais 
completa os demais campi da Unicamp. Além disso, ainda haverá o processo de desenho 
do masterplan que contempla o cenário futuro desejado e todas as integrações necessárias 
com as prefeituras municipais dos respectivos campi. 
 
 
 
 
 4 
 
1.2. Metodologia Plano Diretor Integrado da Unicamp 
 
A metodologia de desenvolvimento do Plano Diretor Integrado baseia-se na 
colaboração da comunidade universitária através de oficinas para construção do panorama 
atual de cada uma das áreas de planejamento considerando as potencialidades e 
fragilidades e os levantamentos técnicos existentes; dos cenários futuros desejados; das 
diretrizes e ações para alcançá-los e de indicadores, responsáveis pelo monitoramento 
desses cenários. Essa colaboração é feita através de grupos: 
- Grupo de Colaboração Técnico: formado pelos órgãos responsáveis por 
planejamento, projeto, execução e manutenção civil da Unicamp – CPO, CProj, 
Setores de Projetos da Área da Saúde, DSIS, DM, DMA, CCUEC, Prefeitura do 
Campus, SAR, PROEC e Secretaria de Vivência – que tem como objetivo integrar o 
planejamento urbano do campus e colaborar no levantamento do panorama, do 
cenário futuro da universidade e das diretrizes para alcançá-lo. 
- Grupo de Colaboração Conceitual: formado pelos professores da FEC-
FAU/Unicamp, que tem como objetivo colaborar na integração de conceitos de 
planejamento urbano sustentável no Plano Diretor Integrado. 
- Grupo de Colaboração Associado: formado pelas Câmaras Técnicas de Gestão de 
Ambiente Urbano, Fauna e Flora, Qualidade do Ar, Resíduos, Recursos Hídricos, 
Energia, Educação Ambiental e Campus Inteligente, que tem como objetivo 
colaborar na elaboração do panorama, do cenário futuro para a Unicamp e das 
diretrizes para alcança-lo; integrar o planejamento urbano dos campi; assessorar em 
questões técnicas para solução de problemas urbanos visando à sustentabilidade 
para atender às demandas de projetos urbanos e de levantamentos e diagnósticos 
do Plano Diretor Integrado. Cada CTG está vinculada a área de planejamento 
correspondente no PD-Integrado, conforme Figura 1. 
- Grupo de Colaboração Comunidade Local: formado pelos estudantes, professores, 
funcionários e usuários diários dos campi universitários. 
 
 
 
 5 
 
Figura 1 – Estruturação do Plano Diretor Integrado e Grupo de Colaboração Associado 
 
 
As informações das oficinas são organizadas através de quadros e seguindo o fluxo 
de desenvolvimento de cenário desejado representado na Figura 2. A definição do cenário 
que se deseja para o futuro da universidade leva ao desenho do masterplan, com a 
delimitação de setores de vocações dos campi universitários e seus parâmetros de 
qualidade de ocupação, envolvendo a requalificação das áreas ocupadas e a expansão da 
Unicamp no Hub Internacional de Desenvolvimento Sustentável (Fazenda Argentina). 
Como continuação ao Fluxo de desenvolvimento de um cenário desejado, foi 
estabelecido que cada Área de Planejamento do Plano Diretor Integrado será constituída 
por Projetos, com seus respectivos Subprojetos, que definirão o conjunto de ações e 
instruções a serem seguidas atendendo à diretrizes estabelecidas, sempre alinhadas com 
os demais órgãos técnicos da Unicamp. Os subprojetos de cada Área de Planejamento são 
divididos em: soluções de curto prazo, os que possuem baixo grau de complexidade e 
exigem pequeno investimento; de médio prazo, que possuem complexidade ou 
investimento baixo e os de longo prazo, em que tanto complexidade como investimento 
são grandes. A Figura 2 representa o dinamismo dessa sequência. 
 
 
 
 6 
 
Figura 2 – Fluxo de desenvolvimento de um cenário desejado 
 
 
Alguns desses subprojetos que já existem, estão sendo desenvolvidos por órgãos 
técnicos da Unicamp e estão sendo integrados ao Plano Diretor Integrado através de suas 
diretrizes. Outros projetos de planejamento e infraestrutura urbana surgirão como 
demandas do próprio plano e serão desenvolvidos através de uma rede de colaboração 
com institutos e faculdades, formando laboratórios vivos, em que graduandos e pós-
graduandos, orientados por professores e embasados nas diretrizes do Plano Diretor 
Integrado de acordo com as áreas de planejamento. Todos esses projetos passarão pelo 
processo da cadeia de decisão, com a análise multicritério do Programa de Ações Imediatas 
da DEPI. 
A validação do Plano Diretor Integrado será feita através de oficinas junto à 
comunidade local, bem como apresentação junto à COPEI e ao CONSU. Após a primeira 
validação, o programa deve estar em constante atualização para que seja publicado a cada 
4 anos. Os projetos decorrentes do Plano Diretor Integrado terão fluxo contínuo. 
Para isso, o quadro seguinte indica as ações que devem ocorrer durante o ano de 
2019, a fim de concretizar a validação do PD-Integrado. 
 
 
 
 7 
 
 
 
A validação do Plano Diretor Integrado será feita através de oficinas junto à 
comunidade local, bem como apresentação junto à COPEI e ao CONSU. Após a primeira 
validação, o programa deve estar em constante atualização para que seja publicado a cada 
quatro anos. Os projetos decorrentes do Plano Diretor Integrado terão fluxo contínuo. 
 
 
 
 
 8 
 
1.3. Análise do relatório das oficinas de cartografia social 
 
Para a integração da percepção urbana dos usuários dos campi ao PD-Integrado, 
foram consideradas as Oficinas de Cartografia Social realizadas pela CTG Ambiente Urbano. 
Essas oficinas foram feitas para conhecer a percepção ambiental da comunidade 
universitária sobre sustentabilidade, com o intuito de realizar um diagnóstico participativo. 
O mapeamento dos padrões de uso e apropriação dos espaços foi realizado através da 
legenda do Green Map System®, um sistema padronizado de ícones destinados a identificar 
a sustentabilidade no território. 
Assim como as oficinas de colaboração do Grupo de Colaboração Técnica, as oficinas 
de cartografia social possuem dois momentos: um que representa o cenário atual do local, 
com as percepções e a identificação de aspectos de sustentabilidade e outro, com a 
proposta de um cenário futuro para o local. Os mapas resultantes das oficinas foram 
disponibilizados para a integração ao PD-Integrado, que os analisou através da associação 
entre a legenda Green Map System® e as áreas de planejamento, tendo como viés a 
percepção da comunidade frente ao ambiente urbano.9 
 
1.4. Mapeamento da acessibilidade socioambiental 
 
Para investigar os espaços de transição entre o domínio público (os espaços de uso 
coletivo) e o domínio privado (os espaços das Unidades) do ambiente do campus foi 
adotado como método de análise o Ecological Model of the Urban Environment proposto 
por Stanford Anderson (1990), ajustando-o às especificidades de um campus universitário. 
Este método permite fazer uma leitura com razoável grau de sensibilidade das 
gradações inerentes aos dois domínios (o público e o privado) em sistemas urbanos 
complexos, a partir da classificação e mapeamento das várias forças sociais que ocorrem 
dentro do ambiente físico, de forma a identificar a correlação entre o uso e a forma da 
cidade (ou de um fragmento dela). Os espaços da cidade (ou de partes dela) que são 
publicamente acessíveis compõem um subsistema operacional que permite detectar o 
nível de acessibilidade e os padrões de atividade de um determinado setor urbano. Esse 
subsistema é desenhado para incluir todos os espaços que são, direta ou sequencialmente, 
acessíveis a partir do domínio público, incluindo os espaços que são apenas visualmente 
acessíveis. 
 
“O espaço de domínio público não está delimitado apenas por prédios, 
desde que, em geral se estendem para dentro deles; nem pela relação 
de propriedade, uma vez que espaços publicamente acessíveis e os de 
propriedade pública podem conviver ou ser contíguos; nem pelos 
limites de acesso físico, uma vez que espaços visualmente acessíveis 
podem ser importantes elementos na forma, atividade e significação da 
rua” (ANDERSON, 1990, p. 280). 
 
Importante apontar que espaços acessíveis se referem aqui não apenas àqueles com 
acessibilidade a PCD (Pessoas com Deficiência), como são comumente entendidos, mas 
abrange o universo mais amplo do conceito de acessibilidade como a condição primordial 
para a apropriação e uso de um espaço. Poder estar em um lugar é a condição inicial para 
poder usá-lo. Stephen Carr (1995) classifica três tipos de acesso ao espaço público: físico, 
visual e simbólico ou social. O acesso físico refere-se à ausência de barreiras espaciais ou 
arquitetônicas (construções, plantas, cercas, água etc.). No caso do espaço público, são 
considerados também a localização das aberturas, os fluxos de pessoas, as condições de 
 
 
 10 
 
travessia, a qualidade ambiental dos trajetos, entre outros. O acesso visual, ou visibilidade, 
define a qualidade do primeiro contato com o espaço, do usuário com o lugar, mesmo à 
distância. Perceber e identificar ameaças em potencial são procedimentos instintivos antes 
de adentrar um espaço. O acesso simbólico ou social refere-se à presença de sinais - sutis 
ou ostensivos – indicativos de quem é e quem não é bem-vindo ao lugar. 
Tendo em conta esses conceitos, para detectar o nível de acessibilidade e os padrões 
de atividade do campus-sede da Unicamp, a DEPI, com o auxílio de estagiários, está 
finalizando um levantamento extensivo quadra a quadra, que foi denominado 
Mapeamento da Acessibilidade Socioambiental do Campus (MASA), focando em um dos 
três subsistemas operacionais sugeridos por Anderson (1990): os espaços de direto público, 
(que, no caso do campus que é um território público do Estado, equivalem aos espaços de 
uso coletivo). 
O mapeamento consiste no levantamento de: (1) calçadas, passeios e caminhos, 
incluindo também os caminhos informais, localizando rampas e escadas para vencer 
desníveis e classificando-os por materiais e níveis de acessibilidade; (2) barreiras físicas 
construídas (tais como muros, muretas, cercamentos e obstáculos à livre passagem de 
pessoas); (3) barreiras naturais (taludes e desníveis acentuados que impossibilitam a 
passagem); (4) os acessos às edificações e o nível de controle de cada acesso; (5) os fluxos 
de pedestres e a intensidade desses fluxos. Ver relatório com a análise do Mapeamento 
da Acessibilidade Socioambiental do campus da Unicamp (MASA). 
 
 
 
 
 11 
 
2. Princípios norteadores 
 
O Plano Diretor Integrado está baseado em princípios norteadores que regem a 
Universidade: os objetivos estratégicos do Planes; e em conceitos universalizados: a 
sustentabilidade urbana, a universidade sustentável e o laboratório vivo, com o objetivo de 
organizar a ocupação do território e sistematizar o desenvolvimento do espaço para 
alcançar o melhor aproveitamento em termos sociais, políticos, ambientais e econômicos 
da Unicamp. 
 
 
 
 
 12 
 
2.1. Objetivos estratégicos do Planes 
 
O Planejamento Estratégico da Administração da Unicamp 2016-2020 – Planes – 
define como missão da Universidade “criar e disseminar o conhecimento científico, 
tecnológico, cultural e artístico em todos os campos do saber por meio do ensino, da 
pesquisa e da extensão. Formar profissionais capazes de inovar e buscar soluções aos 
desafios da sociedade contemporânea com vistas ao exercício pleno da cidadania”1. Além 
disso, estabelece seus objetivos estratégicos que criam as condições necessárias para 
integrar as dimensões técnicas do planejamento com a esfera política da administração. 
No que tange aos Objetivos Estratégicos, o Planes tem como fio condutor quatro pilares: 
tornar a Universidade digital; ampliar os princípios da sustentabilidade de maneira ampla; 
aprimorar a gestão dos processos internos e aumentar a transparência administrativa. A 
implementação desses pilares favorecerá o alcance dos quinze objetivos traçados, os quais 
se inserem dentro de três grandes blocos, segundo o 
Quadro 1. 
 
Quadro 1: Objetivos Estratégicos do Planes 2016-2020 
OS 15 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PLANES – 2016-2020 
OBJETIVOS DE RESULTADO PARA A SOCIEDADE 
1 Aprimorar o acesso, permanência e desenvolvimento acadêmico, profissional e 
pessoal como mecanismo de promoção, igualdade e diversidade 
2 Posicionar-se como protagonista no relacionamento com as esferas pública e privada 
3 Aperfeiçoar a governança coorporativa para a promoção da transparência e 
accountability 
OBJETIVOS PARA EXCELÊNCIA NO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO 
4 Aprimorar os métodos educacionais para torna-los flexíveis, contemporâneos e de 
aprendizagem centrada no estudante 
5 Promover a inserção de inovação e empreendedorismo na instituição e na sociedade 
6 Difundir o conhecimento produzido para a sociedade 
7 Aumentar o impacto nacional e internacional de pesquisa 
8 Atualizar a infraestrutura física e tecnológica da academia 
 
1 http://www.unicamp.br/unicamp/ju/650/planejamento-estrategico-da-unicamp-2016-2020 
 
 
 13 
 
9 Ampliar a internacionalização com docentes, discentes, pesquisadores e funcionários 
10 Intensificar parcerias com diferentes setores da sociedade 
OBJETIVOS PARA EXCELÊNCIA NA GESTÃO ADMINISTRATIVA 
11 Garantir a sustentabilidade orçamentária e financeira 
12 Aumentar a eficiência dos processos de trabalho com o suporte tecnológico 
13 Compatibilizar a disponibilidade de pessoal àsnecessidades dos processos e serviços 
14 Favorecer a trajetória de desenvolvimento pessoal e profissional 
15 Otimizar a infraestrutura, os serviços e o uso dos espaços dos campi para garantia de 
um ambiente saudável, verde, seguro e acessível 
 
 
 
 
 
 
 
 
 14 
 
2.2. Sustentabilidade urbana 
 
Em 2015, mesmo ano em que as metas de desenvolvimento sustentável da Rio+20 
entraram em vigor, ocorreu nova reunião de líderes mundiais em Nova York, a Cúpula de 
Desenvolvimento Sustentável. Nessa reunião foi definida uma nova agenda, para finalizar 
o trabalho dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e lançar os novos 17 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no documento “Agenda 2030” (UN-
HABITAT, 2016b), indicados na Figura 3. O Relatório dos Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável do Milênio 2015 indicou que os ODM foram bem-sucedidos em todo o mundo, 
mas ainda existiam deficiências (UNITED NATIONS, 2015a) e, no sentido de atendê-las em 
diferentes níveis, foram criados os ODSs. 
 
Figura 3 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
 
Fonte: https://nacoesunidas.org/conheca-os-novos-17-objetivos-de-desenvolvimento-
sustentavel-da-onu/ 
 
A Conferência Mundial Habitat-III, que ocorreu em Quito, em outubro de 2016, 
declara como direito humano o direito à cidade e estabelece uma Nova Agenda Urbana, 
que apresenta elementos essenciais à criação de um padrão de desenvolvimento 
sustentável urbano para um novo modelo de cidade. Seu território compreenderia as áreas 
urbanas, periurbanas e rurais, e a igualdade seria integrada à questão da justiça social. 
Existe também o reconhecimento da cultura no empoderamento do desenvolvimento 
 
 
 15 
 
sustentável pelos cidadãos, contribuindo com a criação de novos padrões de produção e 
de consumo sustentáveis e uso responsável dos recursos (UN-HABITAT, 2016a). 
A Habitat-III reconheceu a importância do planejamento e do desenho urbano para 
estabelecer uma provisão adequada de bens comuns, incluindo ruas e espaços abertos, em 
um padrão eficiente de construções, e criou um tema na Nova Agenda Urbana chamado 
“Prosperidade e oportunidades urbanas inclusivas e sustentáveis para todos”, que inclui: 
 
Comprometemo-nos a promover o desenvolvimento de estratégias 
espaciais urbanas, incluindo instrumentos de planeamento e 
desenho urbanos que apoiem a gestão e a utilização sustentáveis 
dos recursos naturais e do solo, compacidade e densidade 
adequadas, policentrismo e usos mistos, por meio de estratégias de 
ocupação de vazios urbanos ou de expansões urbanas planejadas, 
conforme o caso, para desencadear economias de escala e de 
aglomeração, fortalecer a planificação do sistema de 
abastecimento alimentar, aumentar a eficiência dos recursos, a 
resiliência urbana e a sustentabilidade ambiental (UN-HABITAT, 
2016a, p. 18). 
 
Além disso, são colocados itens referentes à necessidade de integração de serviços, 
infraestrutura e territórios urbanos e rurais, a fim de promover maior igualdade social, 
eficiência de serviços e utilização sustentável dos recursos naturais. Essas diretrizes 
incluem: compacidade, uso misto, integração de modais de transporte e uso de 
plataformas e ferramentas digitais. 
A Nova Agenda Urbana assume “[...] integralmente os compromissos adotados 
durante o ano de 2015, em particular a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, 
incluindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” (UN-HABITAT, 2016a, p. 3) e 
coloca que sua implementação deve contribuir 
 
[...] para a implementação e localização da Agenda 2030 para o 
Desenvolvimento Sustentável de maneira integrada, e para a 
consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e suas 
metas, inclusive o ODS 11 para tornar as cidades e os 
assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e 
sustentáveis (UN-HABITAT, 2016a, p. 4). 
 
 
 
 16 
 
A UN-Habitat possui uma série de parcerias, entre as quais se destaca a já 
mencionada International Council for Local Environmental Initiatives (ICLEI), associação 
mundial de governos locais para o desenvolvimento sustentável, que atua em mais de 100 
países, e a Urban-LEDS (Urban Low Emission Development Strategies), que também está 
vinculada à ICLEI, mas age na escala local. Ambas as associações trabalham com agendas 
paralelas e que se remetem constantemente aos Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável da ONU, principalmente ao número 11. 
O ODS 11 – cidades e comunidades sustentáveis – enfatizou a urbanização e 
reconheceu que as cidades conectam outros objetivos (Quadro 2). O ODS 11 é monitorado 
através de indicadores que constam no documento “Sustainable Development Goal 11 – 
Make Cities and Human Settlements Inclusive, Safe, Resilient and Sustainable” (2016b). 
 
Quadro 2 – Objetivo de Desenvolvimento Sustentável n. 11 
Objetivo 11: Cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis 
11.1 Em 2030, garantir acesso à moradia adequada, segura e a custo acessível, a serviços básicos 
e a adequação de favelas. 
11.2 Em 2030, providenciar acesso à segurança, acessibilidade de custo e de mobilidade e 
sistemas de transporte sustentáveis a todos, melhorando a segurança nas rodovias, 
expandindo o transporte público com atenção especial a necessidade dos que estão em 
situação o vulnerável, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos. 
11.3 Em 2030, realçar a urbanização inclusiva e sustentável e a capacidade de participação, 
integração, planejamento e gestão de assentamentos humanos sustentáveis em todos os 
países. 
11.4 Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar a cultura e a herança natural mundial. 
11.5 Em 2030, reduzir significativamente o número de mortes e o número de pessoas afetadas e 
reduzir substancialmente as perdas econômicas diretas relativas aos produtos brutos 
domésticos causados por desastres, incluindo os relacionados à água, com foco na proteção 
de pessoas pobres e em situações vulneráveis. 
11.6 Em 2030, reduzir o adverso impacto ambiental per capita das cidades, incluindo atenção 
especial à qualidade do ar e à gestão de resíduos. 
11.7 Em 2030, providenciar acesso universal à segurança, às áreas verdes e públicas inclusivas e 
acessíveis, particularmente para crianças e mulheres, idosos e pessoas com deficiência. 
11.a Apoiar vínculos positivos econômicos, sociais e ambientais entre áreas urbanas, periurbanas 
e rurais expandindo o desenvolvimento do planejamento nacional e regional. 
11.b Em 2020, aumentar substancialmente o número de cidades e assentamentos humanos que 
adotaram e implementaram políticas e planos voltados à inclusão, eficiência em recursos, 
mitigação e adaptação à mudança climática, resiliência a desastres e desenvolveram e 
implementaram, na linha da Sendai Framework for Disaster Risk Reduction 2015-2030, gestão 
de risco de desastres holísticos em todos os níveis. 
11.c Apoiar países de baixo desenvolvimento, incluindo com auxílio financeiro e técnico, na 
construção sustentável e em edifícios resilientes usando materiais locais.17 
 
Fonte: UN-Habitat (2016a, p. 24). 
 
Para o planejamento e o desenho urbano, o ODS 11 não se basta. É preciso integrar 
e interconectar todos os ODSs, pois é no território urbano que devem ocorrer todas as 
transformações para o desenvolvimento sustentável. Nessa linha de pensamento, existem 
diversas publicações sobre como devem ser pensados o ODSs de forma local, no ambiente 
urbano. O relatório “Local Implementation of the SDGs & the New Urban Agenda: towards 
a swedish national urban policy” (FABRE, 2017) indica a necessidade de integrar as diversas 
agendas para o desenvolvimento sustentável e implementar metodologias de ação e de 
monitoramento para fazer cumprir os ODSs. 
A publicação brasileira sobre a implementação dos ODSs a nível local é o Guia para 
Integração dos ODSs nos Municípios Brasileiros (CNM, 2017). Nele são estabelecidas formas 
de aplicação e monitoramento de cada um dos ODSs no planejamento urbano, que no caso 
da Unicamp, remetem às seis Áreas de Planejamento do PD-Integrado, conforme resumo 
no Quadro 3. 
 
Quadro 3 – Aplicação dos ODSs no Planejamento Urbano 
ODS Aplicação no planejamento urbano Áreas de Planejamento 
do PD-Integrado 
 
Acesso aos serviços essenciais básicos – água, 
energia, saúde, assistência social e educação –, às 
tecnologias e à inclusão social. 
Infraestrutura urbana; 
vivência e fricção social; 
universidade e 
sociedade. 
 
Acesso a alimentos nutritivos e seguros, à saúde, à 
produção alimentar sustentável e à agricultura 
local; redução de riscos à saúde. 
Meio Ambiente; 
Universidade e 
Sociedade; Vivência e 
Fricção Social. 
 
Promoção de saúde e bem-estar para todos e em 
todas as idades, acesso aos serviços básicos, à 
segurança no trânsito, às atividades esportivas e à 
programas sociais. 
Meio Ambiente; 
Infraestrutura Urbana; 
Mobilidade e 
Acessibilidade; 
Universidade e 
Sociedade; Vivência e 
Fricção Social. 
 
Educação inclusiva; escolas sustentáveis e ensino 
de sustentabilidade. 
Uso e Patrimônio; 
Universidade e 
Sociedade; Vivência e 
Fricção Social. 
 
 
 18 
 
 
Fim da discriminação contra mulheres, 
empoderamento e igualdade de gênero, 
manutenção de rede de atendimento e assistência 
à mulher. 
Uso e Patrimônio; 
Universidade e 
Sociedade; Vivência e 
Fricção Social; 
Mobilidade e 
Acessibilidade. 
 
Manter o direito à água potável, à saúde à 
segurança alimentar, ao saneamento e a gestão de 
resíduos. 
Infraestrutura Urbana e 
Meio Ambiente. 
 
Acesso às diferentes fontes de energia, 
principalmente as renováveis, eficientes e não 
poluentes. 
Uso e Patrimônio; 
Infraestrutura Urbana. 
 
Crescimento econômico, trabalho e emprego; 
produção e consumo sustentáveis e incentivo a 
estratégias de desenvolvimento econômico que 
aproveitam oportunidades, vocações e recursos 
de seus territórios. 
Uso e Patrimônio; 
Universidade e 
Sociedade. 
 
Promoção de infraestrutura necessária para 
conexão globalizada; transporte, saneamento, 
energia, comunicação e informação sustentáveis; 
industrias inclusivas, eficientes e menos 
poluentes; eficiência no uso de recursos e 
infraestruturas resilientes. 
Uso e Patrimônio; 
Infraestrutura Urbana; 
Mobilidade e 
Acessibilidade. 
 
Redução das desigualdades: renda, patrimônio, 
tipos de moradias, acesso à serviços básicos, à 
justiça, às atividades esportivas e de lazer; 
oportunidade de trabalho; participação pública 
nas decisões políticas e promoção de uso misto do 
solo. 
Uso e Patrimônio; 
Universidade e 
Sociedade; Vivência e 
Fricção Social. 
 
Promoção de qualidade de vida dos habitantes e 
do planejamento urbano; acesso aos serviços 
básicos e desenvolvimento do urbano nos 
aspectos econômico, físico e social. 
Uso e Patrimônio; Meio 
Ambiente; 
Infraestrutura Urbana; 
Mobilidade e 
Acessibilidade; 
Vivência e Fricção 
Social; Universidade e 
Sociedade. 
 
Produção e consumo sustentáveis; inovação 
industrial; destinação adequada de rejeitos; 
reciclagem de resíduos e promoção de economia 
circular. 
Meio Ambiente; 
Infraestrutura Urbana. 
 
Prevenção aos desastres naturais; redução de 
emissão de gases de efeito estufa: conservação e 
manejo florestal sustentável e monitoramento das 
emissões. 
Uso e Patrimônio; Meio 
Ambiente; 
Infraestrutura Urbana. 
 
 
 19 
 
 
Redução do lançamento de efluentes, de resíduos 
industriais e sólidos na rede fluvial. 
Uso e Patrimônio; Meio 
Ambiente; 
Infraestrutura Urbana. 
 
Preservação dos ecossistemas terrestres, das 
florestas e da biodiversidade; promoção da 
mudança de comportamento, do equilíbrio 
ambiental e do bem-estar social. 
Meio Ambiente; 
Infraestrutura Urbana; 
Vivência e Fricção 
Social; Universidade e 
Sociedade. 
 
Melhoria da segurança pública; aumento da 
responsabilidade e da igualdade social; 
transparência e combate à corrupção. 
Uso e Patrimônio; Meio 
Ambiente; 
Infraestrutura Urbana; 
Vivência e Fricção 
Social; Universidade e 
Sociedade. 
 
Implementação da Agenda 2030; fortalecimento 
das alianças locais através de organizações e 
movimentos sociais; gestão de recursos e de 
pessoas; incentivo às parcerias público e privadas 
e à colaboração entre governo, instituição e 
empresas. 
Uso e Patrimônio; Meio 
Ambiente; 
Infraestrutura Urbana; 
Mobilidade e 
Acessibilidade; 
Vivência e Fricção 
Social; Universidade e 
Sociedade. 
 
Apesar da série de publicações e do compromisso firmado de cumprir a Agenda 2030, 
poucos estão sendo os avanços em relação aos ODSs. No meio urbano, as iniciativas 
continuam sendo pontuais e, na maioria das vezes, em regiões privilegiadas. 
Em 2018, foi lançado o primeiro relatório de acompanhamento dos ODSs. Ele indica 
que as situações de conflito e a mudança climática são os principais fatores para o aumento 
do número de pessoas subalimentadas ou desnutridas e refugiadas, além de diminuir o 
acesso aos serviços básicos de saneamento, água potável e saúde. Ao mesmo tempo, o 
relatório indica que houve melhoria na qualidade de vida da população em geral nos 
últimos dez anos, com redução da taxa de mortalidade infantil e aumento do acesso à 
eletricidade (UNITED NATIONS, 2018a). 
No Fórum Político de Alto Nível2 que ocorreu em Nova York, em 2018, foi discutida a 
área temática de “Transformação para sociedades sustentáveis e resilientes”, com a 
 
2 O Fórum Político de Alto Nível é um evento anual coordenado pela ONU que acontece desde a Conferência 
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20 e que tem um papel central no 
acompanhamento e na revisão da Agenda 2030 a nível global. Nele ocorrem compartilhamentos de experiências 
e formação de parcerias entre os países envolvidos. 
 
 
 20 
 
concentração no grupo de indicadores para os ODSs 6, 7, 11, 12, 15 e 17. Um dos resultados 
desse fórum foi a publicação do Relatório Síntese do ODS 11, “Tracking progress towards 
inclusive, safe, resilient and sustainable cities and human settlements”, que descreve o 
progresso da comunidade em direção a implementação da Nova Agenda Urbana e seus 
desafios. 
Nesse relatório há ênfase na valorização da urbanização sustentável como 
facilitadora do alcance aos ODSs, pois considera-se que o processo da urbanização é 
incontrolávele, por isso, as áreas urbanas tornam-se cada vez mais críticas em termos do 
alcance dos ODSs e das metas sociais, econômicas e ambientais da Nova Agenda Urbana. 
O relatório analisa uma série de importantes desenvolvimentos relacionados à prevalência 
de favelas nas cidades, espaços abertos, transporte público, poluição do ar, participação 
cidadã e políticas públicas. Ele também examina os desafios do desenvolvimento de 
metodologias para indicadores do ODS 11 que estão começando a serem monitorados e 
para os quais existem parcerias da ONU com uma série de agências voltadas para o 
urbanismo sustentável (UNITED NATIONS, 2018b). 
O histórico das reuniões e metas internacionais sobre o desenvolvimento sustentável 
urbano começou com a preocupação estritamente ambiental: poluição atmosférica e 
degradação do meio ambiente. Atualmente, tem-se uma enorme gama de temas correlatos 
que variam desde economia, passando pelas questões sociais e culturais e pelas questões 
de infraestrutura. O urbano tem o potencial de progresso na criação de sociedades 
sustentáveis porque nele está a integração das questões econômicas, ecológicas, políticas 
e culturais. Por isso, torna-se cada vez mais urgente a implementação do planejamento, do 
desenho e das ações para a sustentabilidade urbana. 
 
 
 
 
 21 
 
2.3. Universidade sustentável 
 
As universidades são os centros de formação dos futuros tomadores de decisão para 
os setores sociais, políticos e econômicos (LOZANO, 2006). Nelas encontram-se as 
oportunidades de formação de profissionais e líderes pautados no desenvolvimento 
sustentável; de produção de conhecimento e tecnologias que visam ao desenvolvimento 
sustentável e de promoção de capacitação à comunidade, com disseminação do 
desenvolvimento sustentável. São as universidades que podem desenvolver a estrutura 
intelectual e conceitual para atingir o objetivo do desenvolvimento sustentável (CORTESE, 
1992). 
Considerando o campus universitário como um locus urbano ou mesmo um 
microcosmo da sociedade (ALSHUWAIKHAT e ABUBAKAR, 2008; FINLAY e MASSEY, 2002; 
CORTESE, 2003; LIPSCHUTZ, WIT e LEHMAN, 2017), a mudança que se inicia no 
planejamento urbano de uma universidade é uma oportunidade de exemplo e replicação 
na cidade como um todo. 
A Unicamp está inscrita na Rede Internacional de Campus Sustentável3 (ISCN) desde 
abril de 2015. Essa rede estabelece três princípios que devem ser seguidos pelos seus 
membros: 
- demonstrar respeito pela natureza e sociedade: as considerações de sustentabilidade 
devem ser uma parte integrante do planejamento, construção, reforma e operação de 
edifícios no campus; 
- para garantir desenvolvimento sustentável de longo prazo para o campus, o planejamento 
estratégico, plano diretor, objetivos e metas devem incluir metas ambientais e sociais; 
- para alinhar a missão principal da instituição com o desenvolvimento sustentável, 
instalações, pesquisa e ensino devem estar interligados como um “laboratório vivo” para a 
sustentabilidade. 
O Plano Diretor Integrado reconhece o papel da Unicamp para o desempenho do 
desenvolvimento de tecnologias, estratégias, cidadãos e líderes necessários para a 
 
3 International Sustainable Campus Network (ISCN) 
 
 
 22 
 
sustentabilidade. Assim, implementa os princípios do ISCN, definirá metas e publicará o 
desempenho de suas ações regularmente. 
 
 
 
 
 23 
 
2.4. Laboratório vivo 
 
O Plano Diretor Integrado da Unicamp propõe que os projetos urbanos resultantes 
de suas demandas sejam implementados através de laboratórios vivos com o objetivo de 
colocar em prática suas diretrizes a fim de alcançar os cenários futuros desejados, como 
medidas necessárias para a transição para a sustentabilidade nos campi. Os laboratórios 
vivos são espaços físicos e institucionais para processos colaborativos que agem sobre 
desafios complexos de cunho social e tecnológico do desenvolvimento sustentável (KÖNIG, 
2013; LOZANO, 2006). 
Nos laboratórios vivos podem existir parcerias público-privadas em que empresas, 
poder público e comunidade local criam soluções através de inovação, as experimentam, 
validam; desenvolvem protótipos e as apresentam ao mercado. Esse é um processo co-
criativo que permite a integração efetiva entre pesquisa e inovação em um espaço físico 
determinado com a colaboração de profissionais técnicos e acadêmicos e usuários do 
espaço. 
O uso do campus da universidade como laboratório vivo apresenta-se como um nicho 
para a transição para a sustentabilidade e seu fortalecimento e prosperidade resultam na 
transformação do espaço da Unicamp e impulsionam a replicação de seus resultados. O 
objetivo principal de implementar os projetos de planejamento urbano como laboratórios 
vivos na Unicamp é transformar a comunidade local para a sustentabilidade e, através da 
sua consolidação, influenciar e divulgar as soluções para além do campus, de modo a 
expandi-las. 
 
 
 24 
 
3. Panorama da Universidade 
 
O capítulo de Panorama da Universidade apresenta a visão atual da Unicamp, dentro 
de cada uma das seis áreas de planejamento do PD Integrado, a saber: (1) Usos e 
Patrimônio Construído, (2) Infraestrutura Urbana, (3) Meio Ambiente, (4) Mobilidade e 
Acessibilidade, (5) Vivência e Fricção Social e (6) Universidade e Sociedade. Nelas são 
apresentadas as potencialidades e as fragilidades indicadas pelas oficinas com o Grupo de 
Colaboração Técnica, juntamente com a assessoria do Grupo de Colaboração Conceitual e 
das Câmaras Técnicas de Gestão, além da integração com as Oficinas de Cartografia Social. 
 
 
 
 
 25 
 
3.1. Usos e patrimônio construído 
 
Este item traz um panorama sobre o uso e a ocupação dos campi universitários que 
pertencem à Unicamp ou estão sob regime de comodato. Nele é tratado o histórico de 
planejamento territorial específico do campus Zeferino Vaz, com indicações para os demais 
campi e o patrimônio cultural que a universidade possui. 
 
3.1.1. Histórico de planejamento territorial na Unicamp 
 
A Universidade Estadual de Campinas, criada por lei em dezembro de 1962, nasceu 
de uma mobilização sem precedentes da população da cidade pela criação do que 
inicialmente seria uma Faculdade de Medicina. Foi um conjunto de ações lideradas pelo 
Conselho de Entidades de Campinas, frente ao Governo do Estado que durou cerca de vinte 
anos e que, no início da década de 1960, resultaram na proposta de João Goulart, então 
Presidente da República, para a criação de uma Escola Federal de Medicina em Campinas. 
Foi então que o Governo do Estado de São Paulo respondeu politicamente com a lei de 
criação da Universidade Estadual de Campinas. 
O projeto universitário da Unicamp, pautado nasorientações conceituais 
estabelecidas pela Comissão de Planejamento da Unicamp (COPLAN), presidida pelo Reitor 
Prof. Zeferino Vaz tinha a preocupação de assegurar a continuidade entre formulação, 
projeto e implementação, para evitar que seus conceitos originais se perdessem com o 
tempo e fossem descaracterizados, como aconteceu nos casos de suas duas antecessoras, 
a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Brasília (UnB). No caso da Unicamp, 
partiu-se do fundamento que inspirou a proposta inicial da USP: uma estrutura 
universitária dotada de um centro como ponto referencial obrigatório, mas, 
diferentemente da universidade instalada na capital, dimensionada para a escala do 
pedestre. 
Estabeleceu-se, por princípio, que o modelo físico mais adequado para a Cidade 
Universitária Zeferino Vaz – o campus-sede da Unicamp, localizado em área rural no 
Distrito de Barão Geraldo – seria aquele com uma configuração radial regendo seu processo 
 
 
 26 
 
de construção para que a proposta pedagógica de integração das diferentes áreas do 
conhecimento se consolidasse no território como espaço interdisciplinar. Dessa forma, foi 
estabelecida a proposta de desenho urbano radial-concêntrico, com os institutos das 
ciências básicas e das ciências humanas justapostos, lado a lado, com seus vértices voltados 
para a grande praça central do Ciclo Básico de modo a facilitar o convívio de professores e 
alunos das diferentes áreas do saber. As faculdades das engenharias e das ciências 
aplicadas ficariam no segundo nível da estrutura radial, colocadas no prolongamento dos 
institutos, conforme a afinidade entre as disciplinas. 
Nesse sentido, é possível afirmar que, ao longo das cinco décadas de existência da 
Unicamp, o Plano Urbanístico Original, elaborado pelo arquiteto João Carlos Bross, na 
segunda metade da década de 1960, constitui o único Plano Diretor que direcionou a 
ocupação do seu campus-sede. Este plano, pela presença continuada do seu autor, o 
professor Zeferino Vaz, atuando em sintonia com os dirigentes de então, nunca chegou a 
ser formalizado em um documento escrito, mas vigorou por todo o período de implantação 
da universidade, como é conhecido o período de 12 anos de gestão do Reitor Prof. Zeferino 
Vaz, entre 1966 e 1978. Com seu traçado radio-concêntrico e contemplando o núcleo 
central do campus, esse projeto urbanístico concretizou no território o conceito de 
universidade concebido pelos seus fundadores, conforme pode ser visto na Figura 4, que 
mostra a evolução dos diagramas conceituais para os croquis do desenho urbano da 
Unicamp. 
 
 
 
 27 
 
Figura 4 – Concepção do núcleo central da Unicamp 
 
Fonte: João Carlos Bross, 2006. 
 
Planejou-se uma praça central, que pudesse representar o centro do conhecimento, 
com movimentação e intercâmbio de estudantes, pesquisadores e professores. As áreas do 
conhecimento estariam ao redor dessa praça: humanidades, ciências exatas e biológicas e 
saúde, além de um centro de vivência. 
O final dos anos de 1970, quando se finalizava a gestão de Zeferino, caracterizou-se 
como um período de grande crescimento da Unicamp, que levou a uma grande demanda 
de espaço físico para atender às unidades em funcionamento e para abrigar as que estavam 
sendo criadas. Concomitantemente, foi um período de grande escassez de recursos, que 
culminou com a impossibilidade de finalizar grandes obras em execução, tais como: o 
Ginásio Multidisciplinar, o prédio do IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e 
Computação Científica) e o Hospital das Clínicas (HC). Essa conjuntura coincidiu com o início 
da deterioração do plano urbanístico original. A Universidade, nessa época, adquiriu 
diversos galpões em estrutura metálica de baixo custo e os implantou em caráter provisório 
e de forma dispersa pelo campus, para suprir em curto prazo o déficit de espaço físico das 
unidades, visando substitui-los posteriormente por edifícios mais adequados, o que não 
aconteceu. Os galpões permanecem em uso até hoje. No mapa da Figura 5, que mostra os 
edifícios construídos durante a gestão de Zeferino Vaz, até 1978, é possível observar alguns 
desses galpões já implantados nas glebas 1, 2 e 4. 
 
 
 28 
 
 
Figura 5 – Edificações na Unicamp até 1978 
 
Fonte: Unicamp/ DEPI/ PGEO, 2017. 
 
Na sequência, na gestão do Reitor Prof. José Aristodemo Pinoti, com a persistência 
da crise financeira, a Universidade adotou como alternativa a implantação de edifícios 
padronizados e de baixo custo que ficaram conhecidos no campus como “Pinotinhos”. 
Foram construídos mais de 70 prédios dessa tipologia nas décadas de 1980 e 1990, 
conforme mostra o mapa da Figura 6. A implantação desses edifícios que atendiam 
demandas isoladas das unidades e órgãos ocorreu sem a visão territorial adequada, 
preenchendo grande parte dos terrenos disponíveis nas quadras já consolidadas e 
ocupando novas quadras. 
 
 
 
 29 
 
Figura 6 – Implantação de edifícios “Pinotinhos”: entre 1980 e 1990 
 
Fonte: Unicamp/ DEPI/ PGEO, 2017. 
 
No início dos anos de 1980, a Universidade já reconhecia a necessidade de um 
planejamento físico-territorial para resolver as distorções de uso e ocupação do solo que 
se concretizavam no território e chegou a contratar o arquiteto Claudio Mafra, que na 
época estava desenvolvendo o projeto da Biblioteca Central, para elaborar um Plano 
Diretor para o campus. Mafra relatou4 que foram iniciados os levantamentos, mas os 
trabalhos foram interrompidos e não foi concluído nenhum documento que orientasse o 
crescimento do espaço da Universidade. Outras duas iniciativas de planejamento do 
 
4 Informações prestadas pelo arquiteto Cláudio Mosqueira Mafra, em entrevista, aos arquitetos Flávia B. 
Garboggini e Antonio Luis T. Castellano, em 2011. 
 
 
 30 
 
campus ocorreram nas décadas de 2000 e de 2010, nas duas gestões do Reitor Prof. Tadeu 
Jorge, ambas também não se concretizaram5. 
 
Figura 7 – Exemplos de disfunções urbanas no espaço universitário do campus Zeferino Vaz 
 
Fonte: DEPI, 2018. 
 
A composição da Figura 7 mostra alguns resultados do planejamento desordenado. 
A inexistência de uma instância na Unicamp dedicada ao planejamento físico-territorial 
desde finais da década de 1970, consolidou uma lógica de ocupação do campus Zeferino 
Vaz estruturada a partir de demandas isoladas, sem uma visão de conjunto, gerando 
disfunções urbanas que podem ser observadas na atualidade, tais como: áreas ocupadas 
por edificações de baixa qualidade e em vários casos subaproveitadas; ocupação 
desordenada das quadras, com expansões de edificações que desqualificam o ambiente do 
 
5 Os capítulos 4e 5 da tese de doutorado de Garboggini (2012) apresentam um histórico detalhado, com 
fontes documentais do processo de ocupação do território do campus. GARBOGGINI, F. B. O potencial dos 
espaços abertos na qualificação urbana: uma experiência piloto na cidade universitária Zeferino Vaz. Tese de 
doutorado, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, UNICAMP, 2012. 
 
 
 31 
 
campus (os chamados “puxadinhos”); equipamentos de infraestrutura implantados de 
forma inadequada, que se configuram como empecilhos ao aproveitamento otimizado das 
quadras; utilização sistêmica de veículos individuais, motivada pela ineficiência dos 
sistemas de transporte coletivo; estacionamentos insuficientes embora ocupem áreas 
significativas do campus; congestionamentos em horários de pico dentro do campus e nas 
vias que lhe dão acesso; espaço do pedestre relegado a planos secundários e poucos deles 
com acessibilidade facilitada a todos; ausência de padrões urbanísticos que criem uma 
identidade para o campus. 
Nos mapas da evolução territorial das edificações do campus, por períodos (Figuras 
de 09 a 12) é possível acompanhar a forma como se deu a ocupação cronológica do 
território do campus Zeferino Vaz. A Figura 12 mostra também as novas glebas adquiridas 
pela Unicamp em 2013, que pertenciam à Fazenda Argentina e que aumentaram a área do 
campus existente, até então com 2,4 milhões de metros quadrados, em 1,4 milhões de 
metros quadrados, totalizando um campus de aproximadamente 3,8 milhões de metros 
quadrados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9 - Edificações construídas entre 1966 e 
1977 (em vermelho) - campus Zeferino Vaz 
Figura 8 – Edificações construídas entre 1978 e 
1986 (em azul) – campus Zeferino Vaz 
 
 
 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
] 
 
 
 
Figura 12 – Edificações construídas entre 2007 e 2015 (em marrom) – campus Zeferino Vaz 
 
Fonte: Unicamp/ DEPI/ PGEO, 2017 
Figura 11 – Edificações construídas entre 1987 e 
1995 (em verde) – campus Zeferino Vaz 
Figura 10 – Edificações construídas entre 1996 e 
2006 (em magenta) – campus Zeferino Vaz 
 
 
 33 
 
3.1.2. Uso e ocupação 
 
O campus Zeferino Vaz está localizado na microbacia do Ribeirão das Pedras, 
pertencente à bacia do Ribeirão das Anhumas, formado pelos rios Mato Dentro, Proença, 
e Lago do Café, que nascem e/ou percorrem a região central do município de Campinas, 
São Paulo, e que, por sua vez, está na grande bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí – PCJ. 
Em termos geopolíticos, a bacia do Ribeirão das Pedras está na Área de Influência Direta 
da Estrutura Macrometropolitana do município de Campinas, na Macrozona 
Macrometropolitana, no distrito de Barão Geraldo. Aí estão localizados os campi 
universitários da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Pontifícia Universidade 
Católica de Campinas (PUC-Campinas) e da Facamp (Faculdades de Campinas), além de 
parques tecnológicos, empreendimentos comerciais de grande porte, indústrias e áreas 
residenciais e comerciais. De acordo com o Plano Diretor de Campinas, a Unicamp 
configura-se como Polo Estratégico de Desenvolvimento. 
Iniciando em uma escala macro, de acordo com o Plano Diretor e com a Lei de 
Parcelamento, Uso e Ocupação de Solo (LPUOS) do Município de Campinas, o campus 
Zeferino Vaz está inserido em uma zona de interesse estratégico para desenvolvimento de 
Região Metropolitana de Campinas (RMC), denominada Zona de Atividade Econômica A - 
ZAE A - conforme Figura 13. 
 
Figura 13 – Unicamp/Polo CIATEC II no contexto do município de Campinas 
 
 
 
 34 
 
Fonte: LUOS do Município de Campinas, 2018 – adaptada. 
 
A ZAE A contém o Polo CIATEC II, no qual o campus Zeferino Vaz está parcialmente 
inserido, conforme indica a delimitação em amarelo da Figura 13. A área já ocupada no 
campus Zeferino Vaz possui 2.447.057,44m², está localizada no Distrito de Barão Geraldo 
e conforma-se como indutora da urbanização de seu entorno. 
 
Figura 14. A área total desse campus, considerando a área ocupada, delimitada em 
vermelho, e a Fazenda Argentina, delimitada em azul, é de 3.891.700,00m² e a área total 
do CIATEC II é de 8.752.642,00m². A área já ocupada no campus Zeferino Vaz possui 
2.447.057,44m², está localizada no Distrito de Barão Geraldo e conforma-se como indutora 
da urbanização de seu entorno. 
 
Figura 14 – CIATEC II com delimitação do campus Zeferino Vaz e da Fazenda Argentina 
 
Fonte: DEPI, 2018 
 
 
 
 35 
 
O cenário atual do território do campus Zeferino Vaz remete a um planejamento 
territorial interrompido, que acarreta disfunções urbanas e diminuição da qualidade da 
dimensão físico-espacial do ambiente urbano, resultando muitas vezes na: 
- descaracterização de conceitos do plano urbanístico inicial do campus; 
- desvalorização dos espaços abertos, criação de barreiras e falta de continuidade e de 
conexão dos espaços urbanos e caminhos de pedestres; 
- implantação de edifícios novos sem definição do uso pretendido, resultando em reformas 
precoces de espaços recém-construídos; 
- existência de espaços urbanos subaproveitados; 
- implantação de edifícios novos ou ampliações de edifícios existentes gerando 
interferências entre a edificação, as redes de infraestrutura e a vegetação; 
- falta de espaços construídos ou abertos qualificados que favoreçam o convívio e as 
relações sociais inerentes à vida universitária; 
- construção de edificações e estruturas urbanas de baixa qualidade, que comprometem a 
qualidade do ambiente interno e externo; 
- criação de conflitos de uso do espaço; 
- instalação de edifícios e atividades que funcionam como polos geradores de tráfego, sem 
a previsão da infraestrutura correspondente; 
- falta de segurança devido a locais com baixa iluminação e baixo fluxo de pessoas; 
- locais com excessiva impermeabilização, como os muitos bolsões de estacionamento. 
A falta de planejamento urbano reflete, inclusive, na taxa de ocupação por quadras 
do campus Zeferino Vaz. O mapa da Figura 15 mostra maiores taxas de ocupação nas 
quadras de ocupação inicial do campus – primeiro anel do ciclo básico, administração e 
área da saúde – e menores taxas nas demais quadras, o que indica a existência de áreas 
subaproveitadas. Em complementação, o mapa do coeficiente de aproveitamento da 
Figura 16 mostra que, apesar de a verticalização não ser uma característica relevante nas 
construções da Unicamp, os edifícios com mais de um pavimento representam aumento 
do aproveitamento do espaço existente. 
 
 
 
 
 36Figura 15 – Mapa da taxa de ocupação das quadras do campus Zeferino Vaz 
 
Fonte: DEPI, 2018 
 
 
 37 
 
 
Figura 16 – Mapa de Coeficiente de Aproveitamento das quadras do campus Zeferino Vaz 
 
Fonte: DEPI, 2018 
 
 
 
 38 
 
Quanto ao uso do solo, o campus Zeferino Vaz está composto por diversas atividades, 
com destaque para os locais de ensino e pesquisa, como salas de aula e laboratórios e 
edifícios da área da saúde. As demais atividades são para apoio e contemplam espaços para 
biblioteca, administração e infraestrutura, cultura, vivência e esportes. 
 
Figura 17 - Mapa de usos do campus Zeferino Vaz 
 
Fonte: DEPI, 2018 
 
 
 
 
 39 
 
O mapa de uso do campus Zeferino Vaz, representado na Figura 17, mostra a 
existência de alguns setores que possuem vocações de acordo com os atuais usos de suas 
instalações. As quadras localizadas na região sul – 03, 31, 40 e parte da 30, por exemplo, 
têm a nítida vocação para prestação de serviços à comunidade e para ensino, pesquisa e 
extensão no setor da saúde, uma vez que ali encontram-se: o Hospital das Clínicas, a 
Faculdade de Ciências Médicas, o CEB, o CAISM, o Hemocentro, Gastrocentro e a 
Policlínica. 
As quadras 01 e 02 possuem vocação de uso administrativo e compõem a ocupação 
inicial do campus Zeferino Vaz, com a administração geral e superior. Outros edifícios de 
uso administrativo estão localizados em regiões pelo campus. As quadras do núcleo central, 
composto pela praça e o primeiro e segundo anéis do Ciclo Básico, mantém seus usos 
iniciais de ensino e pesquisa nas áreas de humanas, exatas e biológicas e as quadras 04, 05, 
06, 08, 38, 25, 27, 28, 43, 47, 48, 49 e 52 estão mais voltadas para o desenvolvimento de 
ciências tecnológicas. Apesar de haverem exceções, o predomínio é de salas de aulas, de 
pesquisa e laboratórios. 
As quadras 45, 50 e 51 compõem uma área de 100 mil m² e fazem parte do Parque 
Científico e Tecnológico da Unicamp, administrado pela Agência de Inovação Inova 
Unicamp. A criação do parque foi formalizada pela Deliberação CAD-A-001/10 e o 
credenciamento definitivo no Sistema Paulista de Parques foi formalizado pelo DOE de 
23/01/2016. Nesse documento consta um acréscimo de 200 mil m² na área da Fazenda 
Argentina, conforme indica Figura 18. 
 
 
 40 
 
Figura 18 - Áreas do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp 
 
Fonte: DEPI, 2018 
 
A área da Fazenda Argentina, adquirida pela Unicamp em 2013, possui uma única 
ocupação com os edifícios da antiga sede, objeto do evento Campinas Decor de 2018. 
Grande parte da área da Fazenda está arrendada para a usina Ester, com plantação de cana-
de-açúcar. O contrato de arrendamento é acompanhado, também, pela Divisão de Meio 
Ambiente, da Prefeitura do Campus, para o atendimento das questões ambientais do 
contrato. 
Atualmente, a Fazenda Argentina e parte do campus Zeferino Vaz fazem parte do 
Polo CIATEC II, compondo a Zona de Atividade Econômica A, para a qual será elaborada 
legislação específica, visando garantir sua destinação para atividades de alto teor 
tecnológico que investissem em pesquisa e desenvolvimento e que promovessem intensa 
articulação com as universidades. Destacam-se entre os objetivos e diretrizes do Plano 
Diretor do Município de Campinas para essa área: tornar a cidade mais saudável, acessível, 
inovadora e inclusiva, objetivando sustentabilidade para as presentes e futuras gerações; 
incrementar a atratividade econômica de Campinas, considerando especialmente suas 
vocações, dentre as quais, o desenvolvimento científico e tecnológico, visando a inserção 
do município na economia do conhecimento. Apesar de sua localização privilegiada, da 
 
 
 41 
 
existência de legislação específica e da presença de algumas empresas, não houve, até o 
momento, uma efetiva urbanização da área que promovesse a atração das atividades 
previstas, permanecendo a maior parte das glebas ainda vagas. 
Por outro lado, há o interesse da Unicamp no desenvolvimento do Hub Internacional 
de Desenvolvimento Sustentável (HIDS) na Fazenda Argentina e na expansão do conceito 
de distrito sustentável no CIATEC II. Considerando que os projetos urbanísticos de bairros 
e distritos sustentáveis do futuro devem contemplar um arranjo físico-territorial de uso 
misto em que as diferentes atividades possam estar integradas às economias neles 
exercidas, o HIDS poderá ser um indutor da criação de um distrito sustentável modelo, 
tendo a Unicamp como centro irradiador de conhecimento e alinhado às estratégias 
urbanas delineadas pelo município de Campinas, através de uma parceria bem 
estabelecida. Para tanto, é fundamental o desenvolvimento de um planejamento para toda 
a região do Polo II – CIATEC, partindo das diretrizes de uso e ocupação para a área, que 
serão estabelecidas através da colaboração entre pesquisadores e docentes da Unicamp e 
da PUC-Campinas, técnicos da DEPI e da equipe técnica da Secretaria de Planejamento e 
Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Campinas. 
Em Campinas, além do campus Zeferino Vaz, também existem as instalações do 
CPQBA, destinado a apoiar projetos de pesquisa tecnológica, industrial e de prestação de 
serviços especializados em química, biologia e agrícola, atendendo à demanda do setor 
produtivo e de órgãos governamentais. O CPQBA é referência nacional em produtos 
naturais, biotecnologia e meio ambiente e conta com as divisões de: agrotecnologia, 
bioprocessos, farmacologia e toxicologia, microbiologia, química analítica, química 
orgânica e farmacêutica, química de produtos naturais e recursos microbianos. O CPQBA 
possui 407.563,2m² e está localizado na Avenida Alexandre Cazelatto, no município de 
Paulínia. 
 
 
 
 42 
 
Figura 19 - CPQBA 
 
Fonte: DEPI, 2018 
 
O Programa de Moradia Estudantil da Unicamp tem suas instalações localizadas na 
Vila Santa Izabel, também no distrito de Barão Geraldo e destina-se à moradia gratuita de 
alunos regularmente matriculados em cursos de graduação ou pós-graduação oferecidos 
pela Unicamp. A admissão desses estudantes é feita através de processo seletivo por 
critérios socioeconômicos levantados por assistentes sociais e respeitando-se o número de 
vagas disponíveis. O terreno possui 55.043m², com 245 residências ativas, cinco 
interditadas no Bloco B e duas no Bloco H, devido a problemas estruturais.

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