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TCC Bioconstruçao

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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Departamento de Geografia e Meio Ambiente.
Maira Magalhães Custódio de Carvalho.
 
Solução Ambiental:
Uma Proposta para a Melhoria na Qualidade de Vida dos Alunos - PUC RIO.
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação.
Rio de Janeiro, 
Janeiro de 2020.
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Departamento de Geografia e Meio Ambiente
Maira Magalhães Custódio de Carvalho.
Solução Ambiental:
Uma Proposta para a Melhoria na Qualidade de Vida dos Alunos – PUC RIO.
Trabalho de Conclusão de Curso da Graduação.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC/RIO,
como parte dos requisitos para obtenção do título de Geógrafo.
Professor - Orientador: Luiz Felipe Guanaes.
Rio de Janeiro,
Janeiro de 2020.
Agradecimentos
Agradeço a todos os desafios passados ao longo da trajetória acadêmica, que em longo prazo me encaminharam e proporcionaram grandes aprendizados. Também a todos os momentos leves e de risadas na graduação, aos amigos que fiz e me apoiaram a chegar até o fim. 
Aos companheiros de trabalho nos estágios realizados, por me acolherem e passarem tantos conhecimentos adiante, por abrirem meu olhar diante a universidade.
A minha família por me incentivar o estudo e me proporcionarem uma boa instituição de ensino, agradeço ao esforço feito pelos meus pais e por acreditarem no meu potencial, e por respeitarem a minha opção de curso.
Ao meu orientador Luiz Felipe Guanaes por acreditar no meu tema e me ajudar no caminho e foco do meu trabalho, por me encaminhar e fornecer todo o auxílio necessário para a conclusão da minha monografia.
A Deus, A Jesus e A Mãe Maria por me fornecerem uma base espiritual forte e estarem sempre comigo, agradeço especialmente ao meu último ano de graduação pela minha aproximação com o amor divino.
Sumário
Introdução									1
1. Qualidade de Vida Estudantil e Fatores Correlacionados 		3
2. Em busca de soluções sustentáveis					5
2.1 Agenda Ambiental da PUC						5
2.2 Agenda Ambiental da ONU 2030					6
2.3 Soluções Baseadas na Natureza					9
2.4 Case de Sucesso						 11
2.5 Viabilidade de uma construção sustentável no campus	 14
3. Metodologia e Métodos							17
3.1 Dados Alfanuméricos							17
3.2 Processo de Mapeamento						18
5. Resultado e Discussões							19
 
 Considerações Finais							28
Referencias Bibliográficas							30
Lista de Figuras 
Figura1. Representação dos 17 Objetivos de 					7
Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Figura2. Estrutura externa e dimensão espacial do 				13
alojamento estudantil sustentável de Tocantins.
Figura3. Estrutura interna do alojamento estudantil				13
 sustentável de Tocantins.
Figura4. Imagem de satélite da zona sul da cidade do RJ.			20
Figura5. Resultado do mapeamento do número de 				24
alunos por bairro.
Figura6. Resultado do mapeamento do tempo e número			24
 de transportes utilizados no trajeto bairro x universidade.
Figura7. Rede dos meios de transporte público discutidos.			25
Lista de Tabelas
Tabela1. Metas contidas na Agenda Ambiental da PUC 			5
para a água do campus. 														
Tabela2. Metas contidas na Agenda Ambiental da PUC 			6
para materiais do campus. 
Tabela3. Metas contidas na Agenda Ambiental da PUC			6
 para resíduos do campus.
Tabela4. Metas contidas na Agenda Ambiental da PUC			6
 para a educação ambiental do campus.
Tabela5. Princípios do objetivo 11 dos Objetivos de 				8
Desenvolvimento Sustentável - ONU.
Tabela6. Princípios do objetivo 12 dos Objetivos de 				8
Desenvolvimento Sustentável - ONU.
Tabela7. Número de alunos por bairros classificados.				21
Tabela8. Valores de tempo e número de transportes 				22
no trajeto bairro x universidade.
Introdução
Na intenção de buscar alternativas sustentáveis a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), promove uma Agenda Ambiental que busca saídas ecologicamente corretas e justas para estimular a qualidade da vida socioambiental do campus, para tal, tem como base princípios humanitários, científicos e éticos, instituindo um conjunto de práticas que permitam essa política: a Agenda Ambiental da - PUC-Rio, elaborada em fevereiro de 2010. Sua formulação iniciou-se em 2008 com a chamada “Comissão para a Sustentabilidade do Campus”, pensada por professores, alunos, funcionários e voluntários, que estruturaram a Agenda Ambiental em diferentes grupos temáticos, sendo eles: Biodiversidade, Água, Energia, Atmosfera, Materiais, Resíduos e Educação Ambiental (PUC-RIO, 2010). 
O compromisso da Agenda Ambiental, portanto, compõe uma estratégia para implementar um sistema ambiental sustentável no espaço do Campus. Diante disso, esse estudo surge com o intuito de seguir os princípios sustentáveis da agenda e beneficiar um dos agentes diário do campus, os alunos, no sentido de demonstrar compromisso em manter a excelência acadêmica e os compromissos sociais/ambientais ao cuidar do planeta, promovendo reciclagem, reutilização e soluções técnicas para a melhor utilização dos recursos encontrados no campus.
Uma solução sustentável pode compreender qualquer tipo de prática, isto é, compreende um conjunto de técnicas para economia de água, luz ou redução da geração de resíduos e lixo, políticas públicas de conscientização ou uso de materiais menos danosos ao meio ambiente. Neste sentido a PUC conta com o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) o qual direciona a universidade para caminhos mais sustentáveis, como por exemplo, o projeto já em prática do descarte correto o qual viabiliza a reciclagem. Por meio dessa parceria com o Núcleo, esse trabalho foi pensado como um novo viés a ser alavancado como resultado dessa parceria. 
Dentro desse panorama, o objetivo principal consiste na melhoria da qualidade de vida de alunos que moram em áreas periféricas a universidade, baseando-se numa reflexão em cima dos fatores: tempo x distância, e do trajeto: bairro x universidade. Outros objetivos específicos vão se desdobrando ao longo dessa reflexão, sendo eles:
· Apresentar como o tempo desperdiçado no trajeto abordado pode ser revertido em outras atividades internas na universidade.
· Apresentar dados motivacionais de desistência de conclusão de curso na graduação, tendo motivo principal os fatores abordados, tempo x distância.
· Correlacionar os princípios da agenda ambiental da PUC com a proposta do trabalho e ressaltar como a agenda vai ao encontro com a agenda da ONU – 2030.
· Propor uma solução socioambiental em prol desses estudantes, estimulando a consciência ambiental no campus da universidade e levando em consideração critérios elencados na Agenda Ambiental. Baseando-se no reuso de materiais encontrados no campus em prol de uma construção sustentável - alojamento sustentável para os estudantes.
· Mostrar exemplos reais que prosperaram na prática, como por exemplo, o projeto do alojamento sustentável em Tocantins para alunos da escola Canuana, incentivando e encorajando tanto os agentes responsáveis quanto os próprios alunos.
1. Qualidade de Vida Estudantil e Fatores Correlacionados
Grande quantidade de alunos reside distante da universidade em bairros periféricos a zona sul da cidade do rio de janeiro, segundo dados fornecidos pela própria universidade (PUC RIO 2016) , essa incidência de alunos que não é baixa, aparecem em áreas não-centrais como, baixada fluminense, zona oeste e em outros municípios... Esses alunos encontram mais dificuldades no dia a dia para chegar à universidade do que os residentes de bairros próximos, e, em muitos casos, necessitam da utilização de mais de um meio de transporte público, gastando em média quatro horas no trajeto ida e volta no dia-a-dia (Segundo análise dos dados apresentados na metodologia). Porém em ocasiões adversas como, por exemplo, tempestades, alagamentos ou em horários de pico, esse tempo tem seu valor dobrado, e quando contabilizado ao fim domês, quatro horas diária combinada a mais de uma condução tem como resultantes:
· Alunos cansados e irritadiços
· Propensos à ansiedade, estresse e aumento de peso
· Poucas horas de estudo, isolamento
· Sonolência nas aulas e perda do entusiasmo.
 	Sendo assim uma questão importante que cabe ser pensado, segundo o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), na pesquisa ‘Sem desistências, número de graduados poderia dobrar no Brasil’, existe a necessidade de ‘’Diminuir a taxa de desistência e a permanência prolongada de alunos nas instituições de ensino superior são desafios da educação brasileira.’’ (Portal INEP, 2018).
De acordo com estudo realizado pelo INEP-2018, foi revelado que de 8,45 milhões alunos matriculados em 2.537 instituições do ensino superior brasileiro, houve uma porcentagem de desistências de 58,3% em instituições privadas e 44,7% na rede pública, tendo como um dos fatores de desistência a relação tempo e distância, sendo impulsionador da desistência de conclusão de curso. 
Evidencia-se que a maior desistência nas universidades privadas se dá pelo fato destes fatores ainda estarem associados ao custo financeiro do serviço educacional, culminando em um maior percentual quando da comparação com os alunos matriculados em instituições públicas.
Dando continuidade, em meio às universidades brasileiras apenas 16 apresentam alojamento estudantil, como relatado na matéria ‘Conheça faculdades públicas com moradia gratuita ou subsidiada - Denise Chiarato (2017),Veja. Abril, no Brasil 15 universidades públicas possuem alojamento estudantil, sendo 3 no RJ a UFRJ, UFF E UFRRJ. 
Já dentre as universidades particulares apenas 1 conta com alojamento, a PUC-GOIAS.
Estes fatores, portanto, resultam em inúmeras consequências como já citado. Assim, a modificação do quadro apresentado visa a partir de propostas de melhoria de qualidade de vida, no presente estudo, possibilitar:
· Aumentar o rendimento dos estudos em sala de aula
· Diminuir gastos com transporte
· Expandir o rendimento em aula
· Aumentar as horas de sono
· Gerar maior entusiasmo
· Estimular a preservação ambiental
· Possibilitar uma maior interação entre alunos periféricos e não periféricos 
· Incentivar a participação em eventos internos: palestras, academia, esportes.
2. Em Busca de Soluções Sustentáveis
2.1 Agenda Ambiental da PUC
Na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro a Agenda Ambiental é coordenada pelo NIMA (Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente da PUC) que administra as propostas de ações sustentáveis no campus. Ela foi elaborada em 2009 como resultado da chamada ‘Comissão para a Sustentabilidade do Campus’, formada interdisciplinarmente por professores, alunos, funcionários, voluntários e colaboradores, em busca da melhoria da qualidade socioambiental no campus. Ela é subdividida em 7 tópicos com metas a curto, médio e longo prazo, os tópicos são: Biodiversidade, Água, Energia, Atmosfera, Materiais, Resíduos e Educação Ambiental. 
O presente trabalho atinge 4 tópicos e suas metas das seguintes formas, segundo a Agenda Ambiental da PUC (2010): 
Tabela 1 - Metas Contidas na Agenda Ambiental da PUC para a Água do Campus. 
	ÁGUA – Meta em Médio Prazo
	Implantar sistemas de captação e reuso da água das chuvas.
	Estimular processos de filtragem e reuso da água.
	Ações normativas administrativas e acadêmicas que orientem o uso sustentável da água no Campus.
Fonte: PUC (2010).
Tabela 2 - Metas Contidas na Agenda Ambiental da PUC para Materiais do Campus. 
	MATERIAIS – Meta em Longo Prazo
	Gestão ambiental sustentável dos materiais adquiridos pela Universidade.
	Durabilidade.
	Promover a adaptação e a expansão do espaço construído do Campus dentro de um padrão de sustentabilidade ambiental, garantindo a adequação dos materiais utilizados.
	Estimulo à utilização de recursos locais nas construções; e oferta de tecnologia e matéria-prima excedente para as comunidades carentes do entorno.
	Redução de consumo de matéria-prima.
	Reciclagem dos materiais.
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Fonte: PUC (2010).
Tabela 3 - Metas Contidas na Agenda Ambiental da PUC para Resíduos do Campus. 
	RESÍDUOS – Meta em Curto Prazo
	Estimular a coleta seletiva de resíduos descartáveis.
	Propor ações normativas administrativas e acadêmicas que estimulem a coleta seletiva e a reciclagem dos resíduos na Universidade.
Fonte: PUC (2010).
Tabela 4 - Metas Contidas na Agenda Ambiental da PUC a Educação Ambiental do Campus. 
	EDUCAÇÃO AMBIENTAL - Meta em Longo Prazo
	Visibilizar exteriormente a Agenda Ambiental da PUC Rio como um instrumento pioneiro construído de maneira interdisciplinar e interdepartamental, voltado para a busca de soluções sustentáveis no nível local.
Fonte: PUC (2010).
2.2 Agenda Ambiental da ONU 2030
Em uma escala mais global, a agenda 2030 propõe metas para a melhoria planetária em diversos âmbitos tanto sociais quanto ambientais básicos para uma vida digna, para isso, representantes dos 193 países membros da ONU, reunidos na Assembleia Geral da ONU mais precisamente em setembro de 2015 definiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), gerando como resultado o documento chamado ‘’Transformando nosso mundo: a agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável’’, o qual aponta os temas humanitários que devem ter prioridade nas políticas públicas internacionais até 2030, visando um caminho mais resiliente e sustentável com base nos ODS.
O plano das ODS inclui 17 objetivos com 169 metas contidas neles, tais objetivos: 
Figura 1 - Representação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Fonte: ONU (2015)
Dentro do nosso atual panorama ambiental é evidente a necessidade dos 17 objetivos, e ir ao encontro da agenda é um passo muito importante para o nosso planeta, tendo em vista disso, a solução socioambiental presente nesse trabalho retrata em escala local âmbitos dos objetivos 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) e 12 (Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis) das OD’S, os quais abordam as seguintes questões, segundo a Agenda da ONU(2015):
Tabela 5 - Princípios do Objetivo 11 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. 
	OBJETIVO 11
	11.1 Até 2030, garantir o acesso de todos a habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas.
	11.3 Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis, em todos os países.
	11.c Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de assistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e robustas, utilizando materiais locais.
Fonte: ONU (2015).
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Tabela 6 - Princípios do Objetivo 11 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. 
	OBJETIVO 12
	12.1 implementar o Plano Decenal de Programas Sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento.
	12.2 até 2030, alcançar gestão sustentável e uso eficiente dos recursos naturais.
	12.8 Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientização para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza.
Fonte: ONU (2015).
O economista Jeffrey Sachs, Conselheiro especial da ONU para sustentabilidade e figura importante na formatação das ODS, é uma das principais referências sobre desenvolvimento sustentável no planeta, tendo diversos livros publicados. Em entrevista concedida a André Trigueiro, exibido no programa Cidades e Soluções, em 23/04/2014:
‘’As cidades tem um papel importante porque mais da metade da população mundial vive em centros urbanos, e até 2030 esse número irá aumentar, as cidades precisam ser resilientes e ter sistemas de energia eficiente de baixa emissão de gás carbônico, sendo necessário metas para ascidades alcançarem e se tornarem mais sustentáveis (...).’’ (SACHS, 2014)
Ainda segundo ele, em seu livro The age of sustainable development (2015, p.3)
‘’Um crescimento econômico socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável.” 
Portanto, chegamos a um momento que a população precisa agir, um projeto coletivo em prol de futuras gerações com intuito de incentivar não só a comunidade PUC mais também a sociedade civil em geral é proposto nesse trabalho, mesmo atuando sobre agentes em escalas diferentes, as duas agendas remetem ao principio da união social em prol do meio ambiente por uma causa maior, nossas futuras gerações.
Baseando-se no respeito ao meio ambiente, as diversidades, em prol da diminuição dessa atual relação predatória do homem com a natureza e de uma cidade mais resiliente e sustentável, como abordado por Sachs. Todos nós seres vivos geramos algum impacto ao meio ambiente diariamente, mais o grau e intensidade é o diferencial que é tentado ser amenizado com iniciativas, mesmo que pequenas juntas fazem a diferença, o presente trabalho pretende na prática seguir os princípios das 3 bases explicitadas, as Soluções baseadas na natureza e agendas ambientais da PUC e dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.
2.3 Soluções Baseadas na Natureza
As ‘Soluções Baseadas na Natureza’ (SBN), enquanto conceito tem sua origem por volta de 2009 e 2010, sendo resultado da ‘International Union for Conservation of Nature’ (IUCN), a qual se apresentou como a primeira união ambiental global em 1948 – França. Seu vasto poder científico é composto por organizações governamentais, sociedade civil, estados, especialistas, ONGs e organizações de povos indígenas. Destaca-se ainda que sua abrangência na rede ambiental tornou-se mundial, e até hoje é a maior e mais diversificada rede ambiental do mundo. A IUCN defende as soluções baseadas na natureza, soluções voltadas para conflitos e desafios sociais / ambientais, desafios estes resultado dos anos de devastação e exploração dos recursos naturais pelo homem. Agora como uma inversão da própria ação antrópica, o ser humano em estado de emergência procura uma consciência ambiental para seu próprio benefício, como um meio de reverter os resultados do avanço do nível do mar, desertificação, mudanças climáticas, fome. 
 Tais soluções apresentam além do olhar sustentável voltado aos ecossistemas e seus recursos, um menor custo no seu produto final, como afirmado por André Trigueiro, (2017), no seu livro ‘Cidades e Soluções-Como Construir uma Sociedade Sustentável’:
‘’Uma construção sustentável agrega valor de mercado ao imóvel pelos custos reduzidos de manutenção. São benfeitorias que impactam positivamente no preço final.’’ ( TRIGUEIRO, 2017, p.248)
Tendo em vista também que soluções artificiais demandam um grande tempo de estudo de materiais e de como aplica-los. Soma-se a isto que em muitos casos tais recursos podem ser encontrados na natureza, assim, reduzindo custos, tempo e melhorando o bem-estar humano, promovendo uma economia verde e socialmente inclusiva. Assim torna-se possível transformar os desafios sociais e ambientais em oportunidades inovadoras, fazendo do capital natural uma fonte de prosperidade, observando a natureza também como genitora de serviços.
Nos últimos anos, diversas iniciativas surgiram ao redor do mundo que buscam enfrentar problemas e desafios contemporâneos importantes da humanidade, como o avanço do nível do mar, a escassez hídrica e a perda da biodiversidade inspirados em processos naturais, observados comumente em ecossistemas saudáveis. 
No Brasil o termo SBN ainda não é muito disseminado, o trabalho realizado pela Fundação Grupo Boticário em conjunto com a FGV-Eaesp (Centro de Estudos em Sustentabilidade) e o Ministério do Meio Ambiente na adoção de medidas para divulgar o conceito e práticas é de extrema importância para o país. Segundo a publicação ‘Soluções Baseadas na Natureza’ da Revista Pagina22on (2017):
 ‘’Esta é a definição que a Fundação Grupo Boticário, membro da IUCN, tem adotado em suas iniciativas para divulgar conceitos e práticas e SbN no Brasil – entre elas, a chamada de casos que é objeto desta edição, por meio da qual a Fundação Grupo Boticário, em parceria com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-Eaesp e o Ministério do Meio Ambiente, selecionaram propostas de diversas regiões do País.’’(SAFATLE, 2017, p.4)
Ainda segundo a mesma publicação na Revista Pagina22on (2017), é estabelecido sete princípios básicos para a estruturação de uma SBN:
	
‘’‒ Entregar uma solução efetiva para um desafio global utilizando a natureza;
‒ Fornecer benefícios da biodiversidade em termos de diversidade e ecossistemas bem manejados;
‒ Apresentar a melhor relação custo-efetividade quando comparada com outras soluções;
‒ Ser comunicada de maneira simples e convincente;
‒ Poder ser medida, verificada e replicada;
‒ Respeitar e reforçar os direitos das comunidades sobre os recursos naturais; 
‒ Atrelar fontes de financiamento público e privadas.’’(SAFATLE, 2017, p.3)
A SBN foi a base abordada, pois vai de encontro com a solução socioambiental proposta e com o principio geral de responsabilidade social e ambiental de ambas agendas ambientais, tanto da ONU 2030, quanto da PUC. 
2.4 Case de sucesso 
O projeto arquitetônico e sustentável apresentado a seguir foi levado como base e um bom exemplo encorajador, o qual apresenta o mesmo princípio e intuito que o proposto nesse trabalho. Encontra-se em Tocantins, mais precisamente em Formoso do Araguaia, a 327 km de Palmas, sendo um projeto dos arquitetos Gustavo Ultrabo e Pedro Duschenes, do escritório Aleph Zero, um alojamento sustentável para alunos da escola Canuana,
Segundo o presidente do Prêmio Internacional Riba, Ben Derbyshire-Em matéria a BBC News Brasil:
‘’A moradia estudantil de Tocantins oferece um ambiente excepcional, destinado a melhorar a vida e o bem-estar das crianças da escola, e ilustra o valor imensurável do design educacional bem feito".(Riba, s/d)
Ainda na mesma matéria:
 ‘’Esse não é o primeiro reconhecimento que a moradia estudantil recebe. Também foi agraciada com o prêmio de Melhor Edifício de Arquitetura Educacional do mundo, da premiação Building Of The Year, em 2018, e o American Architecture Prize 2017 na categoria habitação social.’’(BBC News Brasil, 2018).
O alojamento também teve como fundamento base a melhoria na qualidade de vida dos seus alunos e de melhor desempenho acadêmico, promovendo a sensação de casa e aconchego àqueles que passavam maior tempo de seus dias na escola. 
O case é visto na prática como um tipo de investimento que não proporciona grandes gastos ou demanda de tempo em sua elaboração e gera grandes recompensas socioambientais, segundo publicado na BBC News Brasil, (2018):
"É um projeto muito simples: cobertura metálica, madeira pré-fabricada, piso de cimento e o tijolo feito no local. Isso tornou a execução da obra mais barata e rápida - a construção levou somente 14 meses. Então, eu acho que seria totalmente possível que o poder público fizesse uma edificação como essa, não vejo porque não", defende Utrabo.
‘’Assim, a dificuldade não é técnica e orçamentária, acredita Utrabo, mas política.’’ (Utrabo, s/d).
Figura 2 - Estrutura Externa e Dimensão Espacial do Alojamento Estudantil Sustentável de Tocantins. Fonte: Leonardo Finotti – Arch Daily Brasil (2018)
Figura 3 - Estrutura Interna do Alojamento Estudantil Sustentável de Tocantins. Fonte: Leonardo Finotti – Arch Daily Brasil (2018)
A atual invisibilidade econômica da natureza ainda reduz nosso capital natural, no Brasil existem poucas informações disponíveis sobre o tema, tendo em vista sua maior disseminação no exterior pela comissão europeia, como exemplo de outros casos existentes de alojamentos sustentáveis para universitários existentes em países estrangeiros, como por exemplo: o CPH Village, vila universitária sustentável em Copenhague, na Dinamarca, que utiliza contêineres reciclados com um custo de aluguel de até 30% inferiorao de imóveis feitos com materiais tradicionais; e o Mill Junction Project em Joanesburgo, na África do Sul, também de contêineres, capaz de acomodar até 400 alunos em quatro andares de alojamento e com baixo consumo de água e energia elétrica. 
[footnoteRef:1] [1: 
 [1] ‘’Natural capital is the finite stock of environmental assets, such as water, land, air, species and minerals that produces a flow of ecosystem goods and services which are important for human well-being and for the economy. Natural Capital Approaches (NCAP) aim to make the value of nature more visible in decision making and ultimately to drive better outcomes for biodiversity and ecosystems, particularly by governments, businesses and financial institutions.’’] 
Para maior entendimento do conceito ‘capital natural’ e de sua importância, Nathalie Olsen do programa econômico da IUCN argumenta sobre no artigo ‘Nature-based Solutions to address global societal challenges’ (2016):
‘’Capital natural é o estoque finito de ativos ambientais, como água, terra, ar, espécies e minerais que produzem um fluxo de bens e serviços do ecossistema que são importantes para o bem-estar humano e para o economia. Abordagens sobre o capital natural (NCAP) visam tornar o valor da natureza mais visível em tomada de decisão e, finalmente, dirigir melhor resultados para biodiversidade e ecossistemas, particularmente por governos, empresas e instituições financeiras. ’’ (OLSEN, 2016, p.16, Tradução Própria). [1]
2.5 Viabilidade de Uma Construção Sustentável no Campus 
Esta etapa levou em consideração a aplicação da solução socioambiental no campus da universidade, sendo pensado em termos de participação coletiva da comunidade PUC-Rio, ou seja, envolvendo alunos e professores no projeto. Trata-se de um planejamento grandioso e promissor, no qual os alunos constroem para eles mesmos, obtendo experiência prática e teórica sob a orientação de professores.
No que diz respeito à edificação da construção, foi considerado alguns aspectos importantes, que são: os aspectos institucionais e econômicos, geográficos e sustentáveis, materiais.
•	Aspectos Institucionais e Econômicos:
Esses dois aspectos entram em conjunto, pois um não se sustenta sem o outro, para a efetivação a baixo custo o posicionamento legal da universidade frente ao projeto é de suma importância, o papel fundamental da colaboração de professores e alunos multidisciplinares para alavancar a construção, marcado por olhares multidisciplinares, além também do apoio indispensável do NIMA para efetivação e coordenação. 
Com a mão de obra interna da comunidade PUC e possíveis doações e apoios de empresas interessadas podem tornar os aspectos econômicos alcançáveis, tendo em vista o baixo custo com materiais, encontrados no próprio campus e possíveis doações por meio da criação de um programa de aquisição de fundos para a universidade, como um grupo de pesquisa financiado por instituições governamentais.
•	Geográficos e Sustentáveis:
 É possível pensar em um projeto sustentável que respeite os limites da natureza ali preservada, reutilizando também os materiais e estruturas deixadas por lá, contornando-a em suas delimitações geográficas e aproveitando o espaço o qual seja escolhido. Como proposta inicial o antigo campus da biologia PUC seria recomendado, tendo em vista o grande espaço geográfico livre que lá se encontra, porém é imprescindível uma visita em trabalho de campo para estudos aprofundados nos quesitos, solo, entorno vegetal, fauna local e outras possíveis pertinências.
O Campus da PUC-Rio está inserido no meio da Mata Atlântica, considerado hoje como um dos biomas brasileiros mais ricos em biodiversidade, sendo, por outro lado, um dos mais ameaçados. Sua preservação é premente e todos os esforços de manejos sustentáveis devem ser orientados para a sua manutenção, conhecimento e ampliação. (Agenda Ambiental da PUC, 2010, p.11)
•	Materiais: 
Como salientado no Ebook-Prenova- ‘Construção sustentável reduzindo o impacto ambiental sem perder qualidade na obra’ (2018), os materiais utilizados fazem toda a diferença no âmbito da bioconstrução, segundo o ebook:
‘’Os materiais aplicados na construção são fundamentais para definir se trata-se de uma edificação sustentável ou não. Como já falamos diversas vezes neste material, o setor da construção utiliza matéria prima proveniente de recursos naturais como água, areia, argila, madeira e minérios.’’(Ebook Prenova, 2018, p.14)
Portanto, neste trabalho foi selecionado um complexo híbrido de materiais sustentáveis, como fibras vegetais, madeira reciclada, bambu, plástico - garrafa pet, tinta ecológica, gesso, dentre outros. 
Madeira reciclada por meio de trituração, e os restos não utilizados com serventia para fazer móveis e objetos de decoração internos.
As divisórias entre cômodos feitos de fibras vegetais (composto por matéria orgânica, grama, plantas, restos vegetais como sisal, juta, fibra de coco, bambu, algodão, entre outras...), ressecadas e aglutinadas por meio de pressão até formarem chapas, por fim submetidas por testes físicos e mecânicos.
No quesito coloração, ao invés de solvente, as tintas ecológicas são a base de água e produzidas a partir de pigmentos naturais, seu uso seria ideal, pois contribui com a ausência de insumos derivados de petróleo e componentes sintéticos. A cor do alojamento pintado de tinta branca ecológica e reflexiva a qual reduz em até 70% a temperatura no interior da construção, além de refletir os raios solares que agravam o efeito estufa.
Telhado verde elaborado com bambu, o qual foi consagrado como a matéria-prima versátil, festejado por ser um capim que cresce rapidamente e amadurece em apenas quatro anos, é muito encontrado pelo campus da PUC, logo, seria o revestimento do telhado. Ótimo como escoador da água da chuva, levando a um reservatório onde seria captada.
 Os telhados verdes, além de todos os benefícios naturais, como: a diminuição do aquecimento global e das ilhas de calor, aumento da biodiversidade, redução da emissão de carbono (atenuante da poluição do ar), entre outros, auxilia em um problema recorrente dos últimos tempos: as enchentes.
Acima do revestimento de bambu, um isolante de plástico com micro poros, por onde a água passaria para o telhado verde, logo acima, composto por diversos vegetais, e até uma horta na qual os alunos moradores plantariam hortaliças para o próprio consumo.
Captação da água da chuva: Estima-se que 21% de toda a água tratada no mundo seja direcionada para canteiros de obras. Para atenuar os impactos, o primeiro procedimento é a instalação de cisternas e sistemas de aproveitamento da água da chuva.
A água captada pelo telhado verde e escoada em direção a um tubo que encaminhará para o primeiro filtro seletor - é ele que separa os resíduos e impurezas, por isso é mais grosso. Em seguida, é encaminhada por tubo ao segundo filtro, mais fino, que retém as impurezas menores. Depois, é encaminhada para um reservatório feito de garrafa pet, o qual desinfeta a água por meio de cloro. Por fim, ela é distribuída para utilização em pias, chuveiros e etc.
3. Metodologia e Métodos
A metodologia dividiu-se nas seguintes análises: Dados alfanuméricos, Mapas e a Viabilidade de uma construção sustentável no campus.
Válido ressaltar que os dados disponibilizados pela PUC são do ano de 2016 e se restringem aos bairros da cidade do Rio de Janeiro.
3.1 Dados Alfanuméricos
Os dados fornecidos pela PUC continham o número de alunos matriculados por CEP e bairro do ano de 2016. Desta maneira tornou-se possível a confecção de dados agrupando o número total de alunos por bairros. Os bairros selecionados para o trabalho seguiam o critério de mais de 1 hora e 30 minutos no trajeto bairro x universidade por dia.
Outra tabela elaborada contém o tempo de deslocamento no trajeto de ida, calculado em cima da simulação do trajeto dos bairros localizados dentro da cidade do RJ até a universidade por meio do serviço do google maps, com ela foi possível elencar também o número de transportespúblicos necessários por bairro para chegar a universidade
3.2 Processo de Mapeamento
Realizado por meio do software Arcgis, na confecção dos mapas foi utilizado os arquivos digitais em formato shapefile, como fontes: 
· Instituto Pereira Passos (2017) – Limite de bairros
· Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017) – Limite do Município
· Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (s/d) - Localização campus da PUC.
Para a espacialização dos dados pré-montados nas tabelas de excel, eles foram revertidos para formatação shapefile, assim sendo possível a visualização das informações contidas nas tabelas, sendo elas, numero de alunos, de transportes e de tempo no deslocamento por bairro.
Pensando na melhor visualização espacial, os bairros registrados com um tempo maior ao de critério base, foram demarcados por cores de acordo com o tempo, a mais escura representando o maior tempo gasto. E o número de transportes utilizados foram colocados em evidencia no layout do mapa.
Algumas adversidades devem ser levadas em consideração, como horários de pico que podem variar o tempo gasto no deslocamento e fatores climáticos como chuvas e enchentes, além do tempo de retorno na rota PUC x Bairro que não foi contabilizado.
	Um segundo mapa foi elaborado de acordo com o número de alunos por bairro registrado no primeiro mapa, também representado de acordo com a intensidade das cores, assim, proporcionando uma boa comparação em relação ao numero de alunos x tempo.
4. Resultados e Discussões
	O Campus da PUC-Rio, localizado no vale da Gávea, entre os bairros do Leblon e rocinha, na zona sul da cidade do RJ, mais precisamente na Rua Marquês de São Vicente, 225. Compõe a bacia de drenagem do rio Rainha e suas encostas cobertas por remanescentes da Mata Atlântica.
 A sua localização geográfica é envolta pelo Maciço da Tijuca, o qual inviabiliza acessos lineares e isola desde o bairro de Botafogo até São Conrado, os bairros incluídos nessa delimitação não encontram dificuldade de acesso ao campus, sendo a área que apresenta maior incidência de alunos matriculados, segundo dados da PUC- 2016.
Já os bairros periféricos ao maciço apresentam certa dificuldade no acesso à universidade, com ainda maior incidência de dificuldade os bairros que são também envoltos por outros maciços da cidade, como o da Pedra Branca e Mendanha, evidenciando alunos dos bairros da zona oeste e zona norte. Com isso, diariamente alunos cruzam a cidade do RJ em rotas cansativas e longas. 
 A seguir imagem demonstrativa da geolocalização da universidade e maciços:
Figura 4 - Imagem de Satélite da Zona Sul da Cidade do RJ. Fonte: Google Earth.
Como discorrido na metodologia, as tabelas 7 e 8 foram elaboradas como base para a confecção dos mapas, tendo os seguintes bairros classificados:
· Zona norte – Irajá, Penha, Vila da Penha, Vista Alegre, Brás de Pina, Ilha do Governador, Jardim Guanabara, Galeão, Jardim Carioca, Cacuia, Pitangueiras, Tauá, Moneró, Cocotá, Guadalupe, Anchieta, Marechal Hermes, Pavuna, Ricardo de Albuquerque, Bento Ribeiro, Honório Gurgel, Rocha Miranda, Coelho Neto, Colégio, Costa Barros, Parada de Lucas, Vigário Geral, Jardim América.
· Zona oeste – Santa Cruz, Paciência, Sepetiba, Santíssimo, Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Guaratiba, Pedra de Guaratiba, Senador Vasconcelos, Padre Miguel, Bangu, Vila Kennedy, Senador Camará, Realengo, Magalhães Bastos, Deodoro.
Total de bairros periféricos – 46
Total de alunos inclusos respectivos bairros – 705
Tabela 7 - Número de Alunos por Bairros Classificados. 
	BAIRRO
	N ALUNOS
	BAIRRO
	N ALUNOS
	Vila Kennedy
	1
	Cosmos
	9
	Cocotá
	2
	Jardim Carioca
	9
	Inhoaíba
	3
	Padre Miguel
	9
	Pitangueiras
	3
	Bento Ribeiro
	9
	Deodoro
	3
	Rocha Miranda 
	11
	Taua
	4
	Paciência
	12
	Colégio
	4
	Marechal Hermes
	12
	Costa Barros
	4
	Coelho Neto
	12
	Cacuia
	5
	Jardim América
	13
	Moneró
	5
	Brás de Pina
	14
	Honório Gurgel
	5
	Anchieta
	14
	Parada de Lucas
	5
	Pavuna
	14
	Vigário Geral
	5
	Guaratiba
	26
	Santíssimo
	6
	Penha
	29
	Pedra de Guaratiba
	6
	Santa Cruz
	30
	Senador Vasconcelos
	6
	Vila da Penha
	32
	Galeão
	6
	Realengo
	33
	Magalhães Bastos
	6
	Bangu
	40
	Ricardo de Albuquerque
	6
	Irajá
	48
	Vista Alegre
	7
	Ilha do Governador
	52
	Senador Camará
	7
	Jardim Guanabara
	59
	Guadalupe
	8
	Campo Grande
	87
	Sepetiba
	9
	TOTAL
	705
Fonte: Elaboração Própria
Tabela 8 - Valores de Tempo e Número de Transportes. 
	BAIRRO
	TEMPO
	N TRANSPORTES
	BAIRRO
	TEMPO
	N TRANSPORTES
	Penha
	01:30
	3
	Jardim América
	02:10
	3
	Parada de Lucas
	01:35
	3
	Anchieta
	02:13
	3
	Pavuna
	01:37
	3
	Senador Vasconcelos
	02:15
	3
	Irajá
	01:40
	2
	Cocotá
	02:18
	2
	Bento Ribeiro
	01:40
	2
	Vista Alegre
	02:20
	3
	Colégio
	01:40
	2
	Inhoaíba
	02:20
	3
	Vila da Penha
	01:40
	3
	Guaratiba
	02:25
	3
	Coelho Neto
	01:43
	2
	Cosmos
	02;25
	3
	Marechal Hermes
	01:44
	2
	Jardim Guanabara
	02:26
	2
	Vigário Geral
	01:46
	3
	Paciência
	02:30
	3
	Padre Miguel
	01:46
	3
	Santíssimo
	02:30
	3
	Ricardo de Albuquerque
	01:50
	3
	Campo Grande
	02:30
	3
	Rocha Miranda
	01:50
	3
	Jardim Carioca
	02:30
	2
	Deodoro
	01:51
	3
	Moneró
	02:40
	2
	Brás de Pina
	01:52
	3
	Pedra de Guaratiba
	02:40
	3
	Magalhães Bastos
	01:56
	3
	Vila Kennedy
	02:40
	3
	Guadalupe
	01:56
	3
	Ilha do Governador
	02:40
	2
	Honório Gurgel
	01:57
	3
	Tauá
	02:50
	2
	Bangu
	01:58
	3
	Pitangueiras
	02:50
	2
	Senador Camará
	02:00
	3
	Cacuia
	03:00
	2
	Galeão
	02;10
	2
	Santa Cruz
	03;20
	3
	Realengo
	02:10
	3
	Sepetiba
	03:30
	3
	Costa Barros
	01:10
	3
	
	
	
Fonte: Elaboração Própria.
Como resultado da análise de dados nas tabelas, alguns quesitos são observados:
· Quesito bairros:
 Zona norte com maior número de bairros contemplados, e zona oeste com um número maior de alunos por bairros. No total um número de alunos consideravelmente elevado, o que torna ambas as zonas grandes agentes impulsionadores da universidade.
· Quesito transporte:
Predominância de 3.
· Quesito tempo:
Mais de 2 horas no trajeto de ida e volta, sendo em média 4 horas diárias.
Isso sem contar possíveis adversidades que podem modificar esse tempo, retardando e aumentando, tais adversidades como:
Enchentes devido a fortes chuvas, horários de pico, ‘hora do rush’ e tempo de espera no ponto.
Como fruto da espacialização dessa primeira análise e para melhor visualização:
· Mapa 1
É representado a quantidade de alunos por bairros selecionados.
· Mapa 2
Relaciona o tempo em horas gastos dos respectivos bairros até a universidade e a quantidade de transportes públicos que cada um necessita utilizar no dia a dia.
Em ambos os mapas a graduação de cores é utilizada para representações, e o transporte é representado por informação numérica.
Figura 5 - Resultado do Mapeamento do Número de Alunos por Bairros. Fonte: Elaboração Própria.
Figura 6 - Resultado do Mapeamento do Tempo e Número de Transportes. Fonte: Elaboração Própria.
Quando entramos no quesito transporte, as redes públicas são utilizadas diariamente por esses alunos, sendo assim, importante ressaltar os itinerários lineares das vias de transporte e como os mesmos não compactuam com a realidade de uma cidade moldada em meio a uma topografia acidentada, assentada sobre três maciços e composta por morros, baías e serras. Esta ambientação física deveria promover a criação de uma rede de transporte mais complexa indo de encontro com o relevo encontrado na cidade. 
Para atender a demanda desses alunos as redes de transporte rodoviárias e ferroviárias com valores que variam entre R$ 4,05 e R$4,60, apesar de facilitar o trajeto são ineficazes, valores altos e trajetos ineficazes refletem nas características já citadas no capítulo 1, alunos sonolentos, faltosos e desestimulados. Os meios mais rápidos ainda são os mais caros ou localizados somente em pontos centrais, não atendendo a demanda de alunos residentes de áreas não centralizadas. As obras de expansão do metro até a linha 4 e de construção das transcarioca/brt desafogaram o transito, mais o ônibus aindaé um meio muito utilizado devido ao seu valor e comodidade de passar em maiores localidades da cidade, acarretando em uma frota de veículos enorme nas ruas, gerando trânsito e mais tempo de engarrafamento. 
Figura 7 - Rede dos Meios de Transporte Público Discutidos. Fonte: G1 (2017)
Na imagem acima, presenciamos rotas lineares evidenciando o problema, moradores da zona norte e oeste necessitam pegar mais de 1 transporte porque nenhum dos disponíveis apresenta uma linha que interligue todas as zonas, marca de uma descontinuidade e de poucas conexões entre linhas. Os mais afetados estão entre Campo grande e Magalhães bastos, bairros cortados por apenas 1 linha de trem.
Segundo levantamento do instituto de pesquisa Expert Market (s/d), o qual possui sede em Austin nos Estados Unidos, e é responsável por pesquisas sobre sistemas de transportes em diversas partes do mundo, foram colocadas diversas cidades em um ranking de acordo com seus respectivos sistemas de transporte público e funcionamento. As avaliações foram baseadas nas informações e índices do aplicativo Moovit, levando em consideração:
· Tempo de viagem necessário para o cidadão conseguir fazer seus descolamentos cotidianos.
· Tempo de espera para conseguir ter acesso ao transporte coletivo. 
· Quantidades necessárias de baldeações.
· Peso que as tarifas têm no bolso do cidadão, considerando o impacto sobre a renda mensal média.
 Foram analisados 74 sistemas, dos quais, sete cidades brasileiras, e como resultado em ordem o RJ ficou em última colocação, posição 74.
De acordo com os resultados, o Rio de Janeiro revelou-se como o pior sistema brasileiro e do mundo, sendo enquadrado na última posição do ranking, especialmente devido ao alto custo do transporte público em relação ao salário médio das pessoas que vivem na cidade. Os dados analisados indicaram que os gastos com passagens representam cerca de R$ 160 por mês, que equivale a 9,4% do salário médio, segundo o levantamento. ( Dan Barraclough, s/d)
No mesmo estudo, é apresentado que os passageiros passam 19 minutos por dia esperando um ônibus ou trem e, quando finalmente chega, viajam 12,3 km até o escritório. Essa é a terceira jornada mais longa realizada por trabalhadores em qualquer cidade daquelas adotadas no estudo.
	
	Diante a isso, em longo prazo, além do principal propósito do trabalho, outro aspecto pode ter mudanças positivas, todo o investimento gasto pela universidade PUC com o auxílio transporte cedido a alunos bolsistas, pode ter uma redução consistente com alunos residindo próximos à universidade, assim, retendo gastos para serem revertidos em outras necessidades da universidade e desafogando em parte o trânsito da cidade.
Considerações Finais
Os números, tabelas e mapas nos apresentam uma realidade quantificada e qualificada do grande número de alunos e sua perda diária na qualidade de vida para se alcançar um ensino de qualidade, tanto por fatores territoriais quanto de organização socioambiental da universidade. Esse trabalho segue critérios elencados pela própria universidade em sua agenda ambiental 2010, para fornecer um possível mecanismo para a melhoria da qualidade de vida e estudo, além da permanência de alunos periféricos a localização geográfica do campus universitário.
Apresenta também papel de indicador de vida sustentável em meio a uma metrópole, um exemplo real de sucesso impulsionando outros cidadãos à educação socioambiental, assim podendo alcançar o nível de agenda ambiental da ONU e se aproximando de seus critérios de 2030.
Estamos no limiar de um colapso ambiental planetário, do qual só nos lembramos quando as manchetes nos mostram o quão devastado está a natureza a nossa volta. Neste sentido uma universidade criativa, inovadora e sustentável a seus estudantes pode ser um engate para um bairro ou cidade mais criativa, acolhedora e sustentável para seus moradores. 
Segundo Trigueiro (2017)
‘’Nos últimos 50 anos a população das cidades dobrou e as projeções são de que ela cresça mais 30% nos próximos 30 anos, se hoje em dia as cidades são vistas como parasitas que não são capazes de produzir o que consomem, com essas projeções a tendência desse panorama seria só piorar.’’(TRIGUEIRO, 2017, p
A PUC-RIO como uma universidade que visa à inserção de estudantes que não têm oportunidade de ingressar no ensino superior, apresentando diversas formas de acesso, como o Prouni, o Fies e as bolsas filantrópica/bolsaPUC . Ao pensar também em meios de mantê-los cursando a graduação de forma que proporcione o seu bem estar assume um papel importante e diferenciado perante a sociedade, tendo em vista que o número de alunos que moram em áreas periféricas a universidade em suma maioria são bolsistas, o trabalho traz perspectivas voltadas a atingir esses alunos.
Indo além do propósito de ‘sustentabilizar’ o campus da universidade, o presente trabalho leva em consideração critérios universais que beneficiam não só o campus, mais também bairros, a cidade do RJ e pretende ser exemplo para outras cidades e assim propagar benefícios para além da escala universitária. Universidades com construções sustentáveis já são presentes no exterior, ter o Brasil como espelho reafirma o potencial de outros países da América latina a tomarem a mesma iniciativa.
Referências Bibliográficas:
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 < http://www.p22on.com.br/2017/12/12/pdf-da-edicao-7/> Acesso em: 25 Nov. 2019.
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INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS (INEP) - Sem desistências, número de graduados poderia dobrar no Brasil. Rio de Janeiro. 2019.
PERO, V; STEFANILLI, V. A Questão da Mobilidade Urbana nas Metrópoles Brasileiras. 2015. Revista de Economia Contemporânea.
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO. Agenda Ambiental-PUC-RIO. Rio de Janeiro. 2010. 
PRENOVA. Construção sustentável reduzindo o impacto ambiental sem perder qualidade na obra. Net. Santa Catarina. 2018. P. 12-14. Disponível em: <http://conteudo.mobussconstrucao.com.br/ebook-construcao-sustentavel-reduzindo-o-impacto-ambiental-sem-perder-qualidade-na-obra> Acesso em: 28 de jan. 2020.
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Sachs, J. The age of sustainable development. New York. Marc. 2015. 544p.
SOUZA, J. et al. Aproveitamento de fibras vegetais para a construção sustentável. Brasília: Revista IBICT. 2013. 
TRIGUEIRO, A. Cidades e Soluções, como construir uma sociedade sustentável. Rio de Janeiro. Ed.Leya 2017. 331p.
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