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2 CADERNO DE RESUMOS DO VI CONACIR CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIA DA RELIGIÃO RELIGIÃO, BUSCA PELA PAZ E DIREITOS HUMANOS VOL I ISSN: 2447-7184 3 VI CONACIR CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIA DA RELIGIÃO RELIGIÃO, BUSCA PELA PAZ E DIREITOS HUMANOS 20 a 23 de setembro de 2022 Caderno de Resumos Vol. I Juiz de Fora 2022 4 Organização DISCENTES DO PPCIR/UFJF A revisão textual dos manuscritos originais é de responsabilidade de seus respectivos autores, com anuência dos coordenadores dos Grupos de Trabalho. Apoio: 5 Congresso Nacional de Ciência da religião. (6. : 2022 : C749r Juiz de Fora, MG). Religião, busca pela paz e Direitos Humanos: caderno de resumos do VI CONACIR – Confresso Nacional de Ciência da Religião, v.1; 20 a 23 de setembro de 2022, Juiz de Fora, MG, Brasil / Organizado por Frederico Pieper Pires, Felipe de Queiroz Souto, Ernani Francisco dos S. Neto. Editado por Rafael Bertante. [realização Discentes PPCIR]. – Juiz de Fora, Minas Gerais: PPCIR/UFJF, 2022. 1 documento eletrônico (110 p.) ISSN: 2447-7184 1. Ciência da Religião- Anais- Juiz de Fora -Minas Gerais. 2. Religião. I. Universidade Federal de Juiz de Fora, Núcleo de Estudos do Catolicismo. II. Título. CDD 200 CDU 2 6 O R G A N I Z A Ç Ã O COMISSÕES PRESIDENTE Prof. Dr. Frederico Pieper Pires COORDENAÇÃO DISCENTE Felipe de Queiroz Souto Ernani Francisco dos Santos Neto COMISSÃO CIENTÍFICA Docentes Dr. Emerson Sena (Religião, Sociedade e Cultura) Drª. Maria Cecília dos Santos Ribeiro Simões (Tradições Religiosas e Perspectivas de Diálogo) Dr. Jonas Roos (Filosofia da Religião) Discentes Grazyelle Fonseca (Religião, Sociedade e Cultura) Gisele Maia (Tradições Religiosas e Perspectivas de Diálogo) Rondinele Laurindo Felipe (Filosofia da Religião) SECRETARIA E TESOURARIA Maria Angélica de Farias Jurity Martins Danilo Souza Mendes de Vasconcellos Presley Henrique Martins COMISSÃO ARTÍSTICA Luanna Telles Giovanna Sarto EQUIPE TÉCNICA Adriana Rocha Ribeiro Araújo Mariane Gonçalves Bento Paulo Victor Cota Rosiléa Archanjo de Almeida Sérgio Manoel Viviane de Sousa Rocha EQUIPE DE TRANSMISSÃO André Yuri Gomes Abijaudi Rafael Bertante EDIÇÃO Claudia Santos Rafael Bertante COMUNICAÇÃO Giovanna Sarto Larissa Dantas SITE DO CONACIR Theobaldo Tollendal ARTE Luana Telles 7 Sumário Apresentação ............................................................................................................................ 8 GT 1 - CONSERVADORISMO E MODERNIDADE: DISCUSSÕES SOBRE O PENSAMENTO CONSERVADOR, VIOLÊNCIA E DIREITOS HUMANOS ................ 10 GT 2 - CONTEMPORANEIDADE (PÓS-MODERNIDADE) E ESPIRITUALIDADES . 16 GT 3 - CRISTIANISMO DAS ORIGENS .............................................................................. 20 GT 4 - DECOLONIALIDADE, RELIGIÃO, DIREITOS HUMANOS E PÓS- SECULARISMO ....................................................................................................................... 24 GT 7 - FILOSOFIA DA RELIGIÃO ....................................................................................... 40 GT 8 - GÊNERO, OUTRAS INTERSECCIONALIDADES E CIDADANIA NA RELAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E ESPAÇO PÚBLICO NA AMÉRICA LATINA: DESAFIOS E INTERPELAÇÕES NA BUSCA PELA PAZ ................................................. 49 GT 9 - HERMENÊUTICA DA RELIGIÃO ............................................................................ 55 GT 10 - ENTRE RELIGIÃO E O ESPAÇO PÚBLICO: FESTAS, TURISMO RELIGIOSO E PATRIMÔNIO CULTURAL ................................................................................................ 61 GT 11 - O CATOLICISMO ENTRE OS DIREITOS HUMANOS E OS DIREITOS DIVINOS ................................................................................................................................... 65 GT 13 - RELIGIÃO E CULTURA VISUAL ........................................................................... 69 GT 14 - RELIGIÃO E VIOLÊNCIA ....................................................................................... 74 GT 15 - RELIGIÃO, ARTE E MATERIALIDADES: NOVOS DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE ESTUDOS ......................................................................................... 85 GT 18 - RELIGIOSIDADES AFRO-AMERICANAS: CRENÇAS, SINCRETISMOS, RITUAIS E RESISTÊNCIAS ..................................................................................................... 92 GT 19 - RELIGIOSIDADES, MOVIMENTOS SOCIAIS E CRIAÇÃO DE HORIZONTES POSSÍVEIS ................................................................................................................................ 98 GT 20 - TRADIÇÕES E RELIGIÕES ASIÁTICAS ............................................................. 101 8 Apresentação Este ano o Congresso Nacional de Ciência da Religião organizado pelas e pelos discentes do PPCIR da UFJF chega na sua sexta edição. Com o compromisso de refletir sobre o tempo presente, o tema do evento será "Religião, busca pela Paz e Direitos Humanos". A situação de violência, guerra e desumanidade atravessa as inúmeras experiências dos povos em todos os continentes do planeta Terra. A recente escalada dos governos totalitários em diversas partes do mundo, a guerra na Ucrânia ocasionada pela invasão russa, os contextos de fome, racismo, homofobia, xenofobia e tantas outras intolerâncias ocasionadas pela indiferença ao outro. A indiferença aparece para nós como sinal do início da violência nos contextos sociais. A partir deste fator, o congresso propõe a observação da relação da religião nestas esferas; isto é, como elas podem ocasionar violências ou serem possibilidades de superação? Quais as chaves de leitura que as religiões nos dão para interpretarmos os conflitos mundiais? Como podemos pensar a busca pela Paz em relação com o diálogo inter-religioso? Com essas questões, esperamos fomentar o debate acadêmico entre pesquisadores da área e aprofundar a reflexão em busca pela Paz e na valorização dos direitos humanos. Influenciados pela poesia de Drummond, queremos olhar a flor que brota da realidade dura dos diversos contextos conflitivos. Assim diz o poeta: "Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu" (A flor e a náusea - Drummond) 9 Grupos de Trabalhos 10 GT 1 - CONSERVADORISMO E MODERNIDADE: DISCUSSÕES SOBRE O PENSAMENTO CONSERVADOR, VIOLÊNCIA E DIREITOS HUMANOS Doutoranda Karolina dos Santos (UFJF) Doutorando Rafael de Souza Bertante (UFJF) Ementa: Em meio a modernidade e suas complexidades, presenciamos a existência de diversos grupos que buscam reforçar suas identidades. Concomitantemente, outros movimentos tombam ante crises de sentidos. Pois essas transformações se dão – nos tempos atuais – em consonância com elementos da modernidade e do conservadorismo. Neste sentido, voltamos a nossa atenção para os grupos que se constroem a partir de ideias conservadoras e para aqueles que se encontram em crise de identidade. Nesses últimos, por vezes, percebemos discursos que afirmamum “retorno da tradição” e, portanto, se colocam como um modelo a ser seguido, recusando influências externas. Entretanto, ressaltamos que apesar do apelo para esse “retorno”, não devemos negar a existência da modernidade nessas interpretações e linhas de pensamento dos grupos. Outro ponto importante a ser levantado, é que por vezes os movimentos conservadores e de retorno às origens, são acompanhados por uma série de conflitos, sejam eles políticos ou religiosos. Um caminho para proferir essas ideias e discursos, tem sido através do domínio da linguagem digital e do bem executar das redes sociais. Ainda que estatisticamente esses grupos não sejam tão numerosos, eles conseguem, proporcionar “barulho” e consequentemente influenciar pessoas a sua volta. Algo que preocupa, é a expansão de grupos conservadores mais extremados, que incitam o uso da violência e violação dos direitos humanos. A partir deste cenário, este grupo de trabalho buscará discutir aspectos utilizados em grupos religiosos conservadores, destacando o quanto há de elementos políticos como pano de fundo, sobretudo, quando notamos o uso da violência, intolerância e o desrespeito aos direitos humanos. Um caminho para notar essas questões está na análise dos discursos e nos atos e práticas de cada grupo, tomando em consideração, as linhas de interpretações que procuram modelos ideais de religião e os diálogos com as ideias da modernidade. A atualidade deste tema se faz no nosso próprio contexto, onde percebemos o fortalecimento da ideologia conservadora em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Logo, entendemos ser necessário realizar estudos e debates acerca do tema, pois a circulação de pesquisas sobre as questões que envolvem o conservadorismo religioso e a violência, nas diversas identidades religiosas, pode nos ajudar a criar reflexões, em busca de diminuir os conflitos e as violências e, quando possível, buscar, da melhor forma, propostas dialogais. Palavras-chave: Modernidade; Identidade; Conservadorismo; Violência; 11 “NÃO HÁ NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL”: QOHÉLET E A CRÍTICA AO PROJETO PAN-ISRAELITA DO REINO DO SUL. Filipe Costa Machado filipemachado91@gmail.com Resumo: Na antiguidade israelense, período em que se deu a escrita da Bíblia Hebraica, havia uma intenção de centralizar o poder político e social em Jerusalém, aqui denominado pan-israelismo, principalmente a partir da construção do templo, coração da vida religiosa. Dessa forma, a religião de Israel não somente legitimou as guerras para conquista da terra, como também atribuiu a responsabilidade pela invasão assíria ao Reino do Norte à suposta idolatria dos separatistas. Para a Obra Histórica Deuteronomista, principal fonte da Bíblia Hebraica que defende o pan-israelismo, a suposta salvação do Norte, entendida como arrependimento e volta à fidelidade para com Iavé, estaria na submissão ao Sul e ao Templo de Jerusalém. Nesse sentido, a presente comunicação tem como proposta apresentar a crítica do livro de Eclesiastes ao projeto unificador sulista em duas vertentes: a crítica à sabedoria tradicional e à monarquia. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, caracteriza-se o projeto pan-israelita da Bíblia Hebraica. Em seguida, apresenta-se o livro de Qohélet como uma nova perspectiva inserida no texto sagrado para se repensar o Divino. Finalmente expõe-se sua crítica à sabedoria tradicional - conhecida como a teologia da retribuição e à monarquia, que abrem a possibilidade de uma nova análise dos textos canônicos, não mais como legitimadores de um domínio político conservador ou do uso da violência, mas como resultado de um processo histórico e social, cuja consequência é a impossibilidade de leituras fundamentalistas ou conflituosas. Palavras-chave: Bíblia Hebraica; Pan-israelismo; Eclesiastes; Qohélet; Conservadorismo. ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA CIDADE DE BARBACENA MG: A RELIGIÃO NO DEBATE PÚBLICO Geraldo Magela Rodrigues de Oliveira Neto geraldoliveira1951@gmail.com Luiz Ernesto Guimarães pr.ernesto@protonmail.com Resumo: O presente projeto tem como intuito apresentar a relação que se estabeleceu entre religião e política durante o período eleitoral de 2020, na cidade de Barbacena, em que o então candidato pelo MDB se apresentou como mailto:filipemachado91@gmail.com mailto:geraldoliveira1951@gmail.com mailto:pr.ernesto@protonmail.com 12 um nome forte para a renovação política do município, com um discurso muito acentuado na temática da religião e da manutenção dos valores cristãos guiados pelo seu contato com a RCC. A campanha se desenvolveu com um vínculo similar ao apresentado pelo atual presidente Jair Bolsonaro, quando candidato em 2018. A pesquisa buscou identificar os principais argumentos e movimentos utilizados pelo então candidato para disputar o cargo do executivo municipal. A pesquisa foi desenvolvida a partir do levantamento de dados das redes sociais (Instagram e Facebook), bem como entrevistas realizadas pelo candidato, uma vez que o período eleitoral de 2020 teve sua particularidade, a pandemia de Covid 19 e a necessidade do afastamento social. A pesquisa buscou, portanto, a demonstração da influência do discurso religioso para a disputa do pleito municipal no interior de Minas Gerais. Palavras-chave: Antropologia da política; Renovação Carismática Católica; Religião e Política; Barbacena-MG. JIHAD: REFLEXÕES SOBRE RELIGIÃO, CONSERVADORISMO E VIOLÊNCIAS VIGENTES Karolina dos Santos apachesantos87@yahoo.com.br Resumo: O conceito de jihad dentro do islã é considerado polissêmico, e regado a categorias. Dessa forma, pretende-se abordar uma dessas categorias do jihad, a qual se refere a defesa da fé e dos direitos. Portanto, é preciso pontuar a importância desse conceito na religião. Para além disso, dentro do contexto atual, grupos retratados como conservadores religiosos, e relacionados ao terrorismo e grupos de guerrilha, farão o uso do conceito de jihad e, também, dessa categoria. O conceito de jihad, muito usado nos dias de hoje ao abordar determinados grupos, é um conceito que nem sempre possui conotação religiosa. Os pensadores jihadistas propõem o jihad como um ato de liberdade para exercer a fé, além de ser colocado como dever de todo muçulmano. Pensadores e idealizadores do jihad tais como Abdullah Azzam, Mohamed al Maqdisi (Barqawi) e um dos co-fundadores da Al Qaeda, Ayman al Zawahiri ainda contribuem de forma significativa para as ações vigentes de grupos, tais como o Talibã, Al Qaeda, e em partes o Estado Islâmico. Portanto, para realizar essa análise, e trazer a tona parte do pensamento jihadista elaborado por esses, será feito o uso de documentos, e escritos elaborados pelos pensadores, para apresentar suas teorias e vivências a respeito do jihad. Sendo assim, poderemos observar uma melhor compreensão referente ao campo jihadista atual, onde é permeado por questões culturais, religiosas e, também, políticas. Consequentemente, o presente trabalho irá contribuir com mailto:apachesantos87@yahoo.com.br 13 discussões e apontamentos a respeito do conservadorismo e violência, relacionados a essa forma de interpretação do jihad exercida pelos grupos e teóricos citados. Palavras-chave: Jihad; Abdullah Azzam; Ayman al Zawahiri. A INQUISIÇÃO SOB A ÓTICA DE UM PADRE REACIONÁRIO BRASILEIRO Letícia Maia Dias leticiamaiadias@hotmail.com Resumo: O artigo em questão tem como objetivo analisar como a Inquisição é abordada pelo Padre Paulo Ricardo, que nas últimas duas décadas se firmou como uma das principais lideranças do catolicismo ultraconservador no Brasil, e cujos ideais disseminam através das mídias sociais. Destarte, a partir do minicurso desenvolvido pelo mesmo e que se encontra disponível online, buscamos compreender como a temática do Tribunal do Santo Ofício e sua atuação são interpretadas. Alémdisso, pautado na concepção Foucaultiana, mostraremos qual o perigo existente na proliferação de alguns discursos, como o empregado ao longo do minicurso, um discurso que, revestido de revisionismo histórico, contraria toda uma historiografia clássica, que é referência no tratamento do tema. Tal discurso busca atenuar e naturalizar as práticas de tortura aplicadas e as milhares de mortes causadas durante o medievo e sobretudo ao longo da modernidade, evidenciando relações complexas de dominação e poder. Portanto, mostraremos também uma crescente disputa pela verdade e memória histórica, que ligada ao espectro político-ideológico ganha cada vez mais espaço no Brasil da atualidade. Palavras-chave: Inquisição; Padre Paulo Ricardo; revisionismo histórico. RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA E POLÍTICA: UMA ANÁLISE DO PRIMEIRO ANO DE MANDATO DO PREFEITO DE BARBACENA, MINAS GERAIS (2021) Luiz Ernesto Guimarães pr.ernesto@protonmail.com Julia Geralda dos Santos Machado juuhhmachado45@gmail.com Resumo: O presente trabalho busca compreender a relação entre a Renovação Carismática Católica (RCC) e a política no município de Barbacena, Minas Gerais. A pesquisa foi desenvolvida na observação da atuação do atual prefeito da cidade, vinculado ao movimento carismático, que organiza o seu mandato a mailto:leticiamaiadias@hotmail.com mailto:pr.ernesto@protonmail.com mailto:juuhhmachado45@gmail.com 14 partir das diretrizes da RCC. Vale ressaltar que essa pesquisa é fruto de uma análise prévia já finalizada sobre o processo eleitoral de 2020 que culminou na vitória do respectivo prefeito. Para conceber este novo estudo foi considerado o primeiro ano de mandato (2021), partindo de análises das redes sociais do prefeito (Instagram e Facebook), além de entrevistas com o mesmo, de modo a elucidar o vínculo entre religião e política. Logo, a pesquisa contribui para compreensão de como esses discursos altamente em voga no cenário nacional também permeiam o cenário micro, nesse caso, o município de Barbacena. Ademais, o trabalho busca fortalecer pesquisas que buscam compreender a presença do fenômeno religioso no campo político. Palavras-chave: Renovação Carismática Católica, Religião e política, Antropologia da política, Barbacena-MG. “IDEOLOGIA DE GÊNESIS” E A DISPUTA PELA GRAMÁTICA DOS DIREITOS HUMANOS Maria Andoyiki maria.andoyiki@usp.br Resumo: Nos últimos anos, principalmente a partir dos governos Lula-Dilma, temos visto uma crescente nas políticas públicas e ampliação de direitos voltados para a população LGBTQIA+. Porém, juntamente com essa ampliação, uma ofensiva conservadora tem ganhado projeção mundial, trazendo para a arena pública uma disputa sobre a gramática dos Direitos Humanos. No caso da América Latina, principalmente do Brasil, o sintagma “ideologia de gênero” foi grande mobilizador de candidaturas da direita conservadora e, também, de várias produções que visavam alertar a população sobre os perigos do avanço de pautas feministas e LGBTQIA+. Assim, esta apresentação tem como ponto central expor alguns dados sobre o mapeamento das produções anti-gênero e como elas, através do conceito de “ideologia de gênesis”, tem se inserido no debate público político-jurídico para se contrapor a pautas progressistas e, ao mesmo tempo, lutar por pautas supostamente ligadas à ideia de pluralismo e liberdade religiosa. Palavras-chave: Conservadorismo, Direitos Humanos, Ideologia de Gênesis. “VOLTANDO À ESSÊNCIA”: A PRODUÇÃO DE TEOLOGIAS CONSERVADORAS DESTINADAS ÀS JUVENTUDES BATISTAS DE CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ Williams Moreira Barros Luna wmbluna@pq.uenf.br mailto:maria.andoyiki@usp.br mailto:wmbluna@pq.uenf.br 15 Resumo: Esta comunicação é resultado da minha dissertação de mestrado, que buscou compreender entre outros aspectos um conservadorismo religioso a partir da Segunda Igreja Batista em Campos dos Goytacazes e seu grupo jovem, o Face a Face Movement. Para tanto, analisa-se a 5ª edição da conferência anual destinada ao público jovem desta denominação, intitulada “Essência”, onde realizei observações participantes e entrevistas semiestruturadas a três jovens em sua formação missionária, no intuito de entender seus afetamentos em relação às teologias conservadoras observadas durante toda a conferência. Entendendo as teologias como formações substantivas de interpretações e experiências com o sagrado, é observado durante o evento a produção de narrativas teológicas em uma latente guerra espiritual em curso no mundo, que faz uso de diversos ritos pentecostais, no que chamamos conceitualmente de batistismo hibridizado. Na esteira do movimento jovem evangélico norteamericano The Send, este grupo jovem observado reproduz tanto a estética, quanto sua liturgia conservadora através da negação e combate ao que se denomina “ideologia de gênero”, “esquerdização” e “pautas falsamente progressistas”, que segundo os pastores que lideram o grupo jovem e que participaram da conferência, estão vinculadas ao “mundo secular”. Na tentativa de emular uma guerra cultural que se reproduz no imanente e no transcendente, a conferência conclama os jovens a resistir a esta secularidade diversa afirmando ideologias e teologias conservadoras. A escolha do objeto justifica-se pois o grupo jovem possui uma grande adesão das juventudes do Norte-Fluminense, dentre os quais, após convertidos, alguns tornam-se missionários evangélicos no Brasil e em outras partes do mundo. No entanto, como breves apontamentos finais indicam, apesar deste apelo conservador, nem todos os jovens entrevistados se sentem representados por este panorama teológico, reforçando uma pluralização de experiências religiosas de modo independente das lideranças pastorais, ocasionando conflitos internos. Deste modo, a comunicação proposta se constitui como uma importante contribuição, pois demonstra empiricamente a complexidade que como efeito da bricolagem entre política e religião, produz teologias conservadoras diversas alinhadas a ideologias políticas de direita, buscando reforçar uma cosmovisão cristã que almeja um retorno à “essência”, uma era escatológica mítica cuja polidez e retidão moral eram exemplares às juventudes. Palavras-chave: Igreja batista; missões evangélicas; conservadorismo religioso; juventudes. 16 GT 2 - CONTEMPORANEIDADE (PÓS-MODERNIDADE) E ESPIRITUALIDADES Prof. Dr. Douglas Willian Ferreira Profa. Dra. Tatiene Ciribelle Ementa: O GT Contemporaneidade (pós-modernidade) e espiritualidades objetiva reunir pesquisadores que investigam sobre as diversas concepções de espiritualidades no contexto contemporâneo e/ou pós-moderno. No atual cenário cultural, político e religioso brasileiro, é importante destacar o relevante papel das espiritualidades na reflexão crítica acerca dos constantes ataques aos Direitos Humanos. Nesse sentido, destacamos a pobreza, a injustiça e a desigualdade social como fomentadoras da contínua violação desses direitos, incluindo o direito à segurança. Desse modo, considera-se também pertinente a discussão sobre as distintas formulações do fenômeno religioso, como por exemplo, a tendência de racionalização da fé que culmina, muitas vezes, no surgimento de espiritualidades laicas e céticas. As discussões do GT se abrem, também, para a compreensão da espiritualidade do homem crente que faz sua experiência com o Divino. Como principais objetivos se propõe: valorizar o fenômeno religioso como fundamento da experiência espiritual; analisar as transformações provocadas pela espiritualidade na vida do ser humano contemporâneo, principalmente ao dialogar com a esfera pública; valorizar o diálogo entre as diversas manifestações espirituais, incluindo sua vertente ateísta, cética e também laica, que caracteriza a pluralidade do século XXI; analisar criticamente a relação entre ateísmos, direitoshumanos e práticas humanizadoras; apresentar a espiritualidade como possibilitadora da superação da violência em suas diversas manifestações; avaliar a centralidade da espiritualidade na prática religiosa e social; compreender o papel da espiritualidade na valorização e promoção dos direitos humanos e da cultura da paz; destacar a espiritualidade como fundamento do diálogo entre as religiões e da fuga dos fundamentalismos e, por fim, refletir acerca da importância do estudo da espiritualidade na Ciência da Religião. Palavras-chave: Espiritualidades. Pós-modernidade. Ciência da Religião. Direitos humanos. 17 A FILOSOFIA COMO DISCURSO DO ESPÍRITO: PENSANDO A ESPIRITUALIDADE LAICA Douglas Willian Ferreira douglasinvictus@hotmail.com Resumo: Propomos aqui pensar o processo de secularização em que acontece a dissolução do religioso na filosofia. De acordo com Luc Ferry, quando a relação com o transcendente deixa de ser vertical, ou seja, o ser humano não mais se subordina a um divino exterior à própria humanidade, como por exemplo, ao Deus cristão, há um deslocamento dessa transcendência para a interioridade do ser humano, ou seja, relacionando-se por vias horizontais, na relação com o outro. A partir de estudos bibliográficos, compreendemos o quanto a filosofia permite desenvolver o mais alto grau de experiência do absoluto na reconciliação do divino com a humanidade, do infinito e do finito, do ser humano consigo mesmo. E essa reconciliação, segundo o autor, resulta da verdade que se encontra na imanência da subjetividade, ou, em outras palavras, que habita o subjetivo, na forma da busca pelo próprio sentido da vida. O resultado dessa proposta será construção de uma concepção soteriológica da filosofia que, em seu bojo, possibilita a experiência de espiritualidades laicas. Palavras-chave: Espiritualidades, Filosofia, Luc Ferry, Soteriologia. A MÍSTICA SECULAR EM ETTY HILLESUM Lucas Cordeiro Santos lcs2098@hotmail.com Resumo: A presente comunicação objetiva apresentar à comunidade científica a espiritualidade de Etty Hillesum, uma jovem judia que sofreu as mazelas da perseguição nazista e foi vítima desta. Enquanto Amsterdã era assolada por bombardeios nos anos 1940 e 1943, a jovem Etty Hillesum vivia uma profunda experiência espiritual a partir da relação com seu psicólogo, Julius Spier, e da escrita em diários. A relação de Julius Spier e Etty Hillesum se caracterizou pelo binômio mestre e discípulo, no qual Etty Hillesum sentia-se orientada espiritualmente por Spier. A partir da revisão bibliográfica dos diários escritos por Hillesum busca-se por meio desta comunicação entender a gestação de uma mística secular, sem vínculos religiosos institucionais. Além disso, analisa-se, também, como Etty Hillesum passou de uma jovem de postura inconsistente, para a afirmação de uma personalidade integrada e dedicada a ajudar judeus no campo de concentração na busca pela sua própria vida interior. Por meio desta análise, intenta-se conceituar e entender a experiência religiosa não institucionalizada que acomete a sociedade contemporânea e quais são suas reais imbricações. Tal proposta parece coadunar intimamente com a discussão proposta no GT Contemporaneidade (pós-modernidade) e espiritualidades, pois mailto:douglasinvictus@hotmail.com mailto:lcs2098@hotmail.com 18 estuda uma experiência espiritual atual e pungente, bem como, aborda a experiência mística forjada na cruel situação de supressão dos direitos individuais e permanência em campos de concentração. Palavras-chave: Mística secular; Espiritualidade; Escrita de si. A FABRICAÇÃO DO CORPO E A INCIDÊNCIA NO PSIQUISMO: OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO A PARTIR DA AYAHUASCA, ENTRE PSICANÁLISE E ANTROPOLOGIA Marina Batista de Souza batista.marina@hotmail.com Resumo: A ayahuasca é uma bebida de origem indígena que tornou-se conhecida a partir da segunda metade do século XX, pelo uso não-indígena realizado por três grupos religiosos distintos: Santo Daime, União do Vegetal e Barquinha. Luna (2002) propõe: “Sob certas condições algumas plantas ou ‘vegetais’ possuidoras de sábios espíritos, teriam a faculdade de “ensinar” às pessoas que os procuram. (LUNA 2002, p. 181). Portanto, no contexto em que é utilizada é considerada uma planta mestra. Esse trabalho é parte da pesquisa que desenvolvo no mestrado em Psicologia, a pesquisa busca compreender os processos de transformação pessoal através do uso da ayahuasca. A psicanálise compreende o processo de constituição do psiquismo, a partir da ideia da atividade psíquica a partir do conceito de pulsão, mostrando a importância do corpo no âmbito psicanalítico e sua incidência no psiquismo. Corpo será nosso ponto de partida, no sentido que, no perspectivismo “o corpo humano não mais ocupa um lugar único e estável no esquema do cosmos, já que sua forma é inteiramente relativa à perspectiva de um testemunho” (TAYLOR; VIVEIROS DE CASTRO, 2006, p.01). Portanto, o corpo é um instrumento de subjetivação privilegiado, também ativo na experiência ayahuasqueira. Palavras-chave: Ayahuasca; Psicanálise; Subjetivação; Perspectivismo Ameríndio. ESPIRITUALIDADES E EDUCAÇÃO: EM FOCO A FORMAÇÃO DOCENTE Ruthmary Fernanda de Souza Fernandes ruthmaryjf@gmail.com Sandrelena da Silva Monteiro sandrelenasilva@yahoo.com.br Resumo: Esse trabalho se constrói a partir de uma revisão de literatura fazendo um diálogo entre dois conceitos fundamentais ao pensar a educação e mailto:batista.marina@hotmail.com mailto:ruthmaryjf@gmail.com mailto:sandrelenasilva@yahoo.com.br 19 especialmente a formação docente nos dias atuais: a concepção de pessoa humana e o humanescer na docência. Trazer tais conceitos para o campo da formação docente, tanto como conceitos teóricos quanto práticas formativa implica em se pensar a pessoa humana em sua integralidade, considerando sua unidade na multiplicidade constitutiva do ser no mundo. A perspectiva de integralidade humana tem sido preterida frente ao apelo de uma formação docente tecnicista e robotizada para o cumprimento de planos de produtividade e resposta às estatísticas escolares. Nesse contexto o trabalho apresenta como objetivo central tecer uma concepção de formação docente a partir do entrelaçamento dos conceitos de pessoa humana em sua integralidade e do humanescer na docência a partir do diálogo com as terias de Viktor Frankl e Maria Glória Ditrich. Tanto em uma perspectiva teórica quanto em outra, conceber a pessoa humana em sua integralidade implica em conceber não apenas suas dimensões biológicas, psíquica, mas também sua dimensão espiritual, em outras palavras, sua espiritualidade. Aqui espiritualidade é concebida como uma dimensão constitutiva do ser humano que se faz presente em sua vida quer seja em manifestações de práticas religiosas ou não. Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para pensar uma formação docente mais humanizada visando a elaboração de práticas docentes atentas ao cuidado necessário com o profissional e aos estudantes de forma geral, evitando que o cotidiano acelerado dos/nos dias atuais atropele a humanidade que há em nós. No que se refere à contribuição aos estudos realizados no GT Contemporaneidade (Pós-Modernidade) e Espiritualidades, intenta-se especialmente trazer em discussão a formação docente, profissional fundamental na construção e uma sociedade mais humana e menos excludente, mas que tem tido sua formação engessada em princípios de produtividade e robotização da pessoa humana. Palavras-chave: Espiritualidades; Formação Docente; Pessoa Humana. 20 GT 3 - CRISTIANISMO DAS ORIGENS Doutorando Iuri Nunes (UFJF) Me. Daniel Salomão Silva Ementa: O esforço de se compreender o contexto geográfico e cultural da memória dos ditos de Jesus, a forma como foram organizados teologicamente por seus primeiros seguidores, bem como o processode transmissão das narrativas que deram origem ao material do Novo Testamento, e mesmo de textos não canônicos, pode nos oferecer uma visão mais robusta sobre as primeiras comunidades cristãs em sua diversidade. Nesse sentido, esse GT tem o objetivo de acolher pesquisas sobre materiais dos séculos III a.C. a III d.C., judaico-cristãos ou não, mas que possam enriquecer as reflexões sobre os cristianismos originários. São naturalmente bem-vindas as contribuições dos campos da História, da Teologia, das Ciências Sociais, dos Estudos Culturais e Literários, bem como da própria Ciência da Religião, destacando seu caráter multidisciplinar. Estudos filológicos e exegéticos dos judaísmos e cristianismos antigos deram início às Ciências da Religião na Europa juntamente com a História Comparada das Religiões e a posterior Fenomenologia da Religião. Logo, entendemos como importante a tentativa de se recuperar essa tradição junto à Ciência da Religião e em meio ao nosso atual contexto social e político, ainda que de forma crítica e atenta às metodologias mais recentes. Mantendo também em mente a importância do diálogo entre as pesquisas acadêmicas e a comunidade não acadêmica, essas reflexões podem também ser um rico material para os próprios grupos cristãos ou não que fazem parte de nossa sociedade atual, para a compreensão de suas narrativas, como são articuladas e incorporadas aos seus contextos específicos, em diálogo com o que podemos estimar das primeiras formulações cristãs entre as comunidades originárias. Em um momento em que leituras e posturas fundamentalistas, que se afirmam baseadas na literatura bíblica, têm se destacado, entendemos como produtivo o desenvolvimento de uma leitura mais atenta, crítica e madura dos textos bíblicos neotestamentários e seus contemporâneos. Palavras-chave: cristianismos originários. Novo Testamento. Narrativas judaico- cristãs. 21 A ANÁLISE NARRATIVA APLICADA AOS TEXTOS BÍBLICOS Daniel Salomão Silva salomaoime@yahoo.com.br Resumo: Os métodos histórico-críticos, a despeito da contribuição que deram e ainda dão à pesquisa bíblica, têm suas limitações apontadas já há algumas décadas. Categorias como "intenção do autor" ou "do redator", bem como a expectativa de plena reconstrução do contexto histórico em que o texto foi redigido, vêm sendo questionadas. Contudo, comparar os textos bíblicos com seus contemporâneos, entendê-los em sua própria estrutura e reunir informações históricas plausíveis são ações importantes que podem ser somadas à análise narrativa na busca de uma compreensão mais profunda. A Narratologia, que tem como objeto de estudo a narração, preocupa-se com o ato da comunicação, com os efeitos da disposição do texto da descrição dos personagens sobre o leitor, enquanto estratégia que o oriente no processo de recepção da mensagem. Mesmo textos historiográficos, as cartas paulinas os evangelhos contêm elementos de ficcionalidade, a partir do momento em que seus autores escolhem, por exemplo, enfatizar ou reordenar os episódias narrados. Logo, pensar assim não significa tratar as informações do texto como falsas ou inventadas, algo fora do escopo dessa análise, mas pressupô-las como dispostas de uma forma que estruture a decifração de sentido pelo leitor. Afinal, a essência da narrativa é sempre a comunicação de uma experiência humana, com suas escolhas e demandas. Nossa comunicação propõe uma apresentação introdutória do tema, destacando referências bibliográficas importantes e apontando exemplos e campos de aplicação da análise narrativa à pesquisa bíblica. Palavras-chave: Cristianismos das origens; Bíblia; Narratologia. MATERNIDADE DIVINA: DAS ORIGENS À ÉFESO Eduardo Antônio de Faria dudufaria@terra.com.br Resumo: No escopo maior dos estudos teológicos, a mariologia ocupa lugar de destaque, uma vez que uma correta compreensão deste tema em muito nos auxilia na própria compreensão acerca do Cristo e de sua Igreja, sobretudo no que tange à “Missio Ecclesiae”, semelhante à de Maria, de trazer Cristo ao mundo. Pretendemos analisar alguns aspectos históricos do Dogma da Maternidade Divina de Maria, destacando seu enunciado, sua fundamentação escriturística, bem como suas implicações cristológicas e eclesiológicas. A expressão “Theotókos” já é encontrada na prece mariana mais antiga de que se tem conhecimento, “Sub tuum praesidium.” Composta em grego, esta oração foi encontrada em uma liturgia natalina copta, datando de meados do século III. mailto:salomaoime@yahoo.com.br mailto:dudufaria@terra.com.br 22 Em Lucas 1,43 lemos: “E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor?” Nesta passagem, Isabel, cheia do Espírito Santo, afirma que Maria é mãe do SENHOR (kyrios). É sabido que o nome do Deus de Israel, quando vertido para a LXX, era traduzido como “Senhor” (kyrios). Desta forma, esta passagem poderia até mesma ser traduzida como “E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Deus?” Por sua natureza viva, é natural que um ensinamento da Igreja se desenvolva com o tempo. Observando algumas poucas citações dos Padres sobre este tema, podemos perceber que a compreensão da Maternidade Divina de Maria não foge a essa regra. Santo Irineu de Lyon, Santo Atanásio e São Cirilo de Alexandria são exemplos que fazem uma “confissão cristológica em forma mariológica.” Ao dizermos que Maria é Mãe de Deus, apontamos para a união hipostática, ou seja, em Cristo há apenas uma pessoa, a divina. O concílio nos relembra que “a Virgem está intimamente ligada à Igreja; a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja.” (LG63) Desta forma, podemos afirmar que todos os Dogmas Marianos revelam algo acerca da própria natureza da Igreja. Em relação a este dogma especificamente, assim como Maria tornou-se portadora do Deus-Filho para o mundo, também a Igreja, no poder do Espírito, tem a missão de levar Cristo ao mundo, o Cristo gerado na Igreja. Palavras-chave: Mariologia; Desenvolvimento da doutrina; Theotokos. OS LÓGOI DE JESUS NAS BEM-AVENTURANÇAS DE MT 5,3-12 Marta Luzie de Oliveira Frecheiras marta.luzie@uol.com.br Resumo: Esta comunicação pretende abordar a importância da Crítica Textual, da Retórica, da Exegese e da hermenêutica bíblicas visando a uma análise mais atenta do texto bíblico, a fim de poder identificar quais passagens poderiam ser consideradas próprias do Jesus histórico, considerando a época e a geografia do mesmo. Tais conhecimentos aproximam-nos da pessoa de Jesus de Nazaré, ampliando a compreensão de sua mensagem salvífica. Nesse sentido, apresentaremos, nesta comunicação, o debate acerca das Bem-aventuranças em Mt 5,3-12 a fim de chegar a uma resposta à nossa pergunta: são essas bem- aventuranças lógoi de Jesus ou são apenas redações posteriores, sem nenhum rebatimento no Jesus histórico? Quais são os métodos exegéticos que nos permitem propor uma solução? São dez ou oito as bem-aventuranças? Quais delas seriam lógoi de Jesus ou todas elas seriam lógoi? Além disso, a análise da retórica bíblica semítica nos trará informações valiosas acerca do modo de pensar do povo hebreu da época de Jesus. Trata-se de um modo concêntrico de raciocínio, distinto do modo abstrato da retórica grega, que nos é mais conhecida. Por fim, traremos uma solução ao nosso problema teórico, demonstrando a plausibilidade científica da mesma, além de apresentarmos mailto:marta.luzie@uol.com.br 23 alguns pontos importantes acerca da característica central desses lógoi de Jesus para os dias atuais, a fim de estabelecermos um aggiornamento, uma atualização dessa mensagem jesuânica. Palavras-chave: Logoi; Hermenêutica; Retórica. 24 GT 4 - DECOLONIALIDADE, RELIGIÃO, DIREITOS HUMANOS E PÓS- SECULARISMO Profa. Dra. Clarissa De Franco (UMESP) Profa. Dra. Jaci de Fátima Souza Candiotto (PUC-PR) Ementa: O GT objetivaestabelecer um diálogo interdisciplinar na esfera pública entre direitos humanos, decolonialidade, religiões e pós-secularismo, de forma a apresentar caminhos para a compreensão e desconstrução da lógica colonial. Para tal tarefa, consideramos fundamental estudar a perspectiva do pós- secularismo, segundo a qual as religiões compõem uma área relevante na construção do debate público e democrático sobre direitos humanos. As dicotomias e cisões, típicas do pensamento moderno, trouxeram um “secularismo agressivo”, termo utilizado por Ahmet Kuru (2009) para designar a postura laicizante que concebe as religiões como adversárias do processo democrático. Diante desta postura excludente e reducionista, Boaventura de Sousa Santos aponta o pós-secularismo como o espaço encontrado pelas “teologias políticas progressistas” ao “formular concepções historicamente concretas de dignidade humana, pela qual Deus é o garantidor último da liberdade e da autonomia nas lutas em que os sujeitos, tanto individuais como coletivos, travam no sentido de se tornar sujeitos da própria história” (SANTOS, 2014, p. 114). A hermenêutica diatópica proposta por Boaventura Santos (2014, 2006) conduz à possibilidade de diálogo e negociação intercultural, envolvendo uma razão que tensiona as relações com base na desigualdade de poder e sugere uma transição paradigmática apoiada em uma “ecologia dos saberes”, articulando diferentes concepções de dignidade humana. De maneira análoga à proposta de diálogos interculturais, Habermas fala em “esforços de tradução” (2007) do conteúdo semântico religioso, no âmbito de uma linguagem racional, de forma que as contribuições das religiões para o debate democrático sejam acessíveis. Neste contexto, a presença cotidiana e pública das religiões na esfera democrática tem sido exaltada por Habermas (2007), que reconhece nas cosmovisões religiosas um “potencial de racionalidade”, compreendendo que a linguagem religiosa pode oferecer contribuições valiosas para o debate público. Por sociedade pós-secular, portanto, designa-se o deslocamento da consciência pública, que envolve a reivindicação das religiões na participação dos debates democráticos. Boaventura de Sousa Santos (2014, p. 113) indica a “possibilidade de ligar o retorno de Deus a um humanismo trans-moderno concreto”, a partir de práticas interculturais e contra-hegemônicas, nas quais a participação das religiões ou do que o autor chama de teologias progressistas e pluralistas (SANTOS, 2014) atua na luta contra o sofrimento humano, em conjunto com outros grupos. Portanto, as epistemologias do Sul e as teorias decoloniais apontam caminhos de diálogo e tradução interculturais que atravessam os desafios inerentes às tensões da vida pública nas sociedades contemporâneas, considerando também o lugar das religiões nessa construção coletiva. O GT pretende reunir pesquisadores/as e acolher propostas de comunicações que 25 discutam os elementos teórico-metodológicos acerca da articulação das temáticas acima elencadas no intuito de examinar e propor reflexões críticas à lógica colonial. Palavras-chave: decolonialidade; pós-secularismo; direitos humanos; religião; 26 MISSÕES, COLONIALISMO E HOMOTRANSFOBIA: AUTOETNOGRAFIA DE UMA “BICHA CRENTE” André da Silva Muniz / Kigéw Puri andredsmuniz@gmail.com Resumo: Os movimentos missionários da contemporaneidade são um fenômeno complexo, como pode ser visto pelas suas aproximações e embates com o Estado por um lado, e com os movimentos sociais por outro – especialmente o movimento indígena, desde a participação de missionários na colonização do país num primeiro momento ao apoio aos povos nativos em anos recentes por parte de organizações católicas como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e a Teologia da Libertação. Portanto, a partir de uma pesquisa autoetnográfica, o pesquisador, uma pessoa indígena, não-binária e gay que frequentou escolas missionárias e atuou como tal por uma igreja evangélica, pretende-se analisar as bases do movimento missionário de um modo geral, especialmente a partir de vertentes evangélicas, e os desdobramentos destas em seus discursos e práticas; bem como apresentar outros movimentos que se colocam como alternativos ao missionarismo protestante hegemônico. A autoetnografia – a “escrita de si” – é uma metodologia que critica a suposta neutralidade da ciência ocidental e permite que pessoas de grupos subalternizados “possam falar”, para usar a terminologia de Gayatri Spivak. Assim, a partir das experiências do próprio pesquisador, o movimento missionário evangélico contemporâneo será analisado em suas intersecções com o colonialismo, raça, gênero e sexualidade. Espera-se, portanto, demonstrar que a origem do missionarismo como ferramenta da colonização permanece viva em suas bases teológicas e epistemológicas e se desdobra em discursos e ações colonialistas, racistas, machistas, homofóbicas e transfóbicas. Palavras-chave: Missões; Colonialismo; Gênero e sexualidade; Autoetnografia. ARTE E DECOLONIALIDADE NAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS Andréa Olimpio de Oliveira andrea.olimpiodeoliveira@gmail.com Resumo: Este estudo tem como tema “Arte e Decolonialidade em Religiões Afro- brasileiras”. Objetiva-se evidenciar de que modo a arte pode servir como alternativa às práticas decoloniais, ou seja, suplantando os efeitos do racismo e da colonialidade, tanto em relação ao entendimento da arte em si, quanto nas suas representações artísticas expressas nas religiões afro-brasileiras. Almeja-se encontrar, ainda, uma compreensão da religiosidade afro-brasileira para além das concepções hegemônicas da modernidade, no qual a arte e as expressões de crença e fé se dão simultaneamente no mesmo espaço/tempo. A metodologia é baseada na pesquisa bibliográfica, através de textos teóricos que mailto:andredsmuniz@gmail.com mailto:andrea.olimpiodeoliveira@gmail.com 27 abarquem à temática estudada, além de produções artísticas que ilustrem os conceitos trabalhados. É primordial o reconhecimento de que nos espaços dos terreiros de umbandas e candomblés existem artes e que às diversas formas de manifestações artísticas produzidas em continuidade às religiões afro-brasileiras podem ser entendidas como espaços de luta e resistências contra ações de silenciamento e invisibilidade. Como contribuição aos estudos de Decolonialidade e Religião, espera-se fomentar novas discussões que promovam a inter-relação da arte, à decolonialidade e às religiões afro-brasileiras, integrando novos sentidos ao pensamento global da modernidade. Acreditamos ser possível ampliar essa reflexão com novos estudos e temáticas que considerem às especificidades locais e regionais, das mais diversas formas de expressão artística nas religiões afro-brasileiras e que se sustentam em movimentos de luta e resistência ao pensamento colonial. Palavras-chave: Religião; Modernidade; Arte decolonial; Decolonialismo; Religião afro-brasileira. OS RUMOS DA ESPIRAL: UMA ANÁLISE DO PAGANISMO ENQUANTO MOVIMENTO CONTRAMODERNO Dartagnan Abdias Silva dartagnanabdias@gmail.com Resumo: Paganismo é uma religiosidade presente e crescente no mundo ocidental. Compreender essa religiosidade como um todo é uma tarefa complexa ao considerarmos toda a sua diversidade e pluralidade. Generalizar o Paganismo pode não ser uma tarefa indicada, uma vez que o próprio movimento e religiosidade não possui uma definição própria. Nos é possível, entretanto, abraçar o Paganismo em seu contexto histórico, enquanto um movimento contracultural, e pretençamente contra-hegemônico. A intenção deste trabalho, portanto, é ser um ensaio, trazendo reflexões coletadas através da pesquisa de campo e das considerações levantadas em minha tese de Doutorado, aliadas a análises conceituais e bibliográfica para tentar compreender o Paganismo enquanto uma religiosidadecontramoderna. Como o Paganismo se ambienta ou responde à crise de sentido da modernidade? De quais movimentos históricos e religiosos ele é herdeiro e se alia no curso de sua trajetória até a contemporaneidade? São perguntas que tentarei responder nesse artigo. E para tanto, será necessário abarca-lo enquanto uma religiosidade (contra)moderna, secularizada e encantada, com toda complexidade das religiosidades frente aos problemas modernos e aos embates com a secularização, globalização e da privatização da fé. Paralelamente poderemos constatar os desafios que se colocam ao Paganismo em sua adequação de agenda rumo a uma possível atuação contra-hegemônica, cuja aplicação mailto:dartagnanabdias@gmail.com 28 prática deriva de uma decolonialidade teórica ou embrionária que ainda não se consolidou de forma prática. Palavras-chave: Paganismo; Contramodernidade; Contra-Hegemonia. INTERCULTURALIDADE E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A ATUAÇÃO ÉTICO-ECUMÊNICA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO Flávia Ribeiro Amaro flavia.ramaro@gmail.com Resumo: Diante da ampliação do escopo de atuação dos fundamentalismos no campo religioso brasileiro, cujas implicações são sentidas em diversas esferas da vida individual e coletiva, e da necessidade de se viabilizar a pauta do pluralismo, refletir sobre possíveis conexões epistêmicas entre a perspectiva intercultural e a proposta ético-ecumênica do diálogo inter-religioso se configura como um desafio de caráter urgente e imprescindível. A reflexão acerca de possíveis interconexões, teórico-práticas, entre a interculturalidade e o diálogo inter-religioso, se apresenta como uma demanda fundamental junto aos esforços de combate à intolerância religiosa, alinhando-se às estratégias decoloniais para a reformulação e/ou construção de alternativas críticas e criativas voltadas ao tratamento do fenômeno religioso. Com o intuito de aprofundar nessa discussão, é apresentado um estudo de caso sobre o movimento teológico, intelectual e político, de caráter ecumênico, conhecido como Teologia da Libertação – encarado aqui, como um dos precursores do paradigma decolonial/ intercultural, em função de associar à reflexão científica, uma práxis engajada nas causas cotidianas e espirituais dos povos oprimidos. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica, com destaque para as obras de pesquisadores brasileiros das ciências da religião e latino-americanos vinculados ao grupo de estudos Modernidade/Colonialidade. Palavras-chave: decolonialidade; interculturalidade; diálogo inter-religioso; Teologia da Libertação. MORTE E (R)EXISTÊNCIA: O CONTRADISCURSO PERIFÉRICO COMO FUNDAMENTO DO “SER-LATINO” Victor Pereira Aversa victor.aversa.cre@gmail.com Resumo: Como cita a “Subpoesia” de José Luís Mendonça, somos sujeitos subentendidos e subespécie do submundo. Estamos na periferia do mundo e por vezes acreditamos ser algo que não o somos. Por fim, somos latinos. Mas o mailto:flavia.ramaro@gmail.com mailto:victor.aversa.cre@gmail.com 29 que é o “Ser-latino”? De onde viemos e para onde estamos indo? Independentemente das respostas para quaisquer possíveis perguntas que possamos elaborar neste sentido, sabemos que o latino é aquele sujeito que tem como “modo-de-ser” a resistência. O simples ato de acordar do latino é uma forma de resistir, em um mundo onde o eixo eurocêntrico baseia a sua existência na exploração da América Latina (e outros “subcontinentes”). Neste trabalho, propomos uma reflexão, como parte de nossa tese de doutorado, sobre a ideia de “contradiscurso periférico”, e de como esta dinâmica epistemológica pode se apresentar como um dos fundamentos possíveis para a ideia de “Ser-latino”. Fazemos, aqui, um contradiscurso heideggeriano, tomando emprestada a ideia de “ser-aí” e “ser-para-a-morte”, aplicando esses termos dentro de uma perspectiva latina e decolonial. Partindo da hipótese de que, sendo o sentido da existência do “ser-aí” o próprio “ser-para-a-morte”, o invasor europeu coloca a existência latina em “cheque”, ao sequestrar a nossa possibilidade de viabilizar uma aceitação da morte enquanto horizonte existencial, instrumentalizando ela (a morte) para fins de controle e ideologia colonial. Acreditamos que essa reflexão possa vir a contribuir com a discussão de outros pesquisadores e pesquisadoras que tentam, assim como nós, encontrar um caminho de nos colocarmos enquanto latinos e latinas diante do mundo, com existência própria, resistindo e vivendo a partir da nossa própria realidade. Palavras-chave: América latina; morte; existência; resistência decolonialidade. 30 GT 6 - ENSINO RELIGIOSO: DIVERSIDADE E HUMANIZAÇÃO Doutoranda Nathália Ferreira de Sousa Martins (UFJF) Mestranda Adriana Rocha Ribeiro Araújo (UFJF) Doutorando Harry Carvalho da Silveira Neto (UFPB) Ementa: Este Grupo de Trabalho procura atrair pesquisas que tratam sobre o Ensino Religioso (ER) nas escolas públicas e privadas do Brasil para um debate reflexivo e analítico deste componente curricular com a pretensão de ser um espaço para a abordagem de temas como: educação, democracia, ética, humanização e religião. Sobretudo, como o ER pode minimizar a intolerância religiosa nas escolas a partir do entendimento dele como uma área do conhecimento que tem por objetivo promover um (re)conhecimento do outro, com suas diferenças e similaridades, que visa produzir práticas de respeito e tolerância, o que colabora com uma perspectiva de garantia dos direitos humanos. Nesse sentido, um ER que foge de práticas confessionais e proselitistas. A relevância do ER para a formação crítica do (a) cidadão (ã) justifica-se também no fato que inúmeras expressões religiosas presentes no cenário brasileiro convivem por vezes em relações de tensão entre si e com a sociedade, buscando legitimar seus discursos e doutrinas, extrapolando o âmbito privado. Nesse sentido, esse GT abarca temáticas variadas que envolvam o diálogo entre religião e educação com o propósito de entender e analisar a configuração do ER na atualidade, seus avanços e perspectivas, principalmente neste momento no qual este componente curricular é contemplado na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), assim como possui uma área de referência, as Ciências da Religião, garantido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para licenciatura em Ciências da Religião. O ER nesse sentido, longe de perpetuar o status quo, sendo um instrumento de reprodução social, se alinha a uma perspectiva de educação que visa a transformação da sociedade, através do diálogo, da empatia, do pensamento crítico e autônomo dos e das estudantes. Assim, trabalhos que pesquisam os aspectos históricos, curriculares, práticos, didáticos, epistemológicos, de formação e capacitação docente do ER não confessional serão bem-vindos a esse debate. Palavras-chave: Ensino Religioso; Humanização; Diversidade. 31 A DEMOCRACIA NO ENSINO RELIGIOSO PERPASSA SOBRE RAÇA E GÊNERO Adriana Rocha Ribeiro Araújo arocharibeiroaraujo@gmail.com Resumo: Abordar um ensino laico e dentro de uma abordagem voltada para promoção dos direitos humanos pode parecer fácil em termos gerais, mas as dificuldades e entraves podem ir muito mais além do que apenas falar sobre várias religiões nas aulas de ensino religioso. A BNCC expõe que a “interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e pedagógicos do ensino religioso”, visando assim “combater a intolerância, a discriminação e exclusão”. Assim, como seria pensar religião no ensino religioso em termos éticos perpassando também por termos estéticos que envolva a ação política do professor da disciplina considerando questões como raça e gênero? Acreditamos que a decoloniar a educação é possibilitar que vozes identitárias apareçam no estudo dos fenômenos religiosos promovendoo que é proposto pela BNCC. Da mesma forma, acreditamos que conduzir um estudo dos fenômenos religiosos nessa perspectiva seja um exercício de democracia visando o reconhecimento e respeito às alteridades. Esta comunicação versará em reflexão sobre essa questão, tendo Paulo Freire, Elisa Rodrigues, Andrei Mussopkf e Aparecida de Jesus Ferreira como suportes teóricos para metodologia em estudo bibliográfico. Compreendemos as dificuldades que possa haver em abordagens de gênero e raça no estudo dos fenômenos religiosos que podem recair sobre a falta de preparo do professor sobre essas questões pela ausência da formação em licenciatura em Ciência da Religião; bem como outras dificuldades advindas do desconhecimento ou do preconceito ou de visões fundamentalistas sobre a questão de gênero tanto do professor quanto da comunidade escolar. Também compreendemos que haja uma redução relacional de raça a religiões de matrizes africanas esquecendo que o negro transita por diversas tradições religiosas levando consigo sua ancestralidade. Esperamos contribuir com reflexão sobre a importância de incluir questões de raça e de gênero nas aulas de ensino religioso. Palavras-chave: Ensino Religioso; Raça; Gênero; Ética: Estética. mailto:arocharibeiroaraujo@gmail.com 32 O COTIDIANO ESCOLAR MARCADO PELA PRESENÇA DA RELIGIÃO: UMA ANÁLISE DE ESCOLAS PÚBLICAS DO RIO DE JANEIRO Amanda André de Mendonça amandademendonca@gmail.com Renata Brito reandradebr@hotmail.com Resumo: A presente pesquisa tem o objetivo de analisar a presença de manifestações religiosas em escolas públicas, contando para isto com os posicionamentos e a prática dos sujeitos que atuam neste espaço. O problema levantado se centra na naturalização de elementos religiosos no cotidiano das escolas públicas do Rio de Janeiro, percebendo-se a tendência de privilegiar os segmentos hegemônicos e marginalizar os minoritários, contrariando assim os princípios de liberdade religiosa e de laicidade do Estado. Para compreensão de como a religiosidade, principalmente derivada de religiões cristãs, acaba sendo transmitida, inculcada e naturalizada na escola pública foi necessário buscar o aporte teórico-metodológicos indicados pelo conceito de cultura escolar com Julia (2001) e Viñao Frago (2000, 2008)Considera-se que uma abordagem crítica é pertinente nesta discussão, a fim de identificar os interesses de grupos e indivíduos ao se inserir a questão religiosa na escola pública da educação básica. Neste sentido, as pesquisas de Cury (2007), Cunha (2007), Fischmann (2008) podem ser citadas como exemplos que problematizam e expõem a forma como tais políticas se formulam e como é importante o olhar crítico sobre a temática. A pesquisa qualitativa se propôs observar duas escolas da rede Estadual de ensino: uma localizada no município do Rio de Janeiro e uma no município de Niterói. Estas observações evidenciaram as contradições e polêmicas acerca de um tema que está longe de se ter um consenso e torna a educação pública o espaço que tem sido apropriado ou negado pela religião. Esta pesquisa utilizou como mecanismo de pesquisa a observação direta nas escolas e entrevistas semiestruturadas. O objetivo foi apresentar como a relação escola pública laica e o respeito às expressões religiosas se configuram na prática no ambiente escolar. Com a análise destas duas escolas públicas da rede estadual pode-se perceber que a religião é naturalizada pelos sujeitos de forma a privilegiar vertentes do cristianismo em detrimento de outras formas de crer e não crer. Palavras-chave: laicidade do Estado; religião; escola pública; cotidiano escolar. mailto:amandademendonca@gmail.com mailto:reandradebr@hotmail.com 33 ENSINO RELIGIOSO: RELEVANTE COMPONENTE CURRICULAR PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA ÉTNICO-RACIAL E RELIGIOSA NAS ESCOLAS Cléa Luíza Rosa Dias cleacexa2017@gmail.com Heli Santos Santana heli29053@gmail.com Resumo: Propomos mostrar como o componente curricular Ensino Religioso pode contribuir para a formação de uma sociedade menos violenta, mais igualitária e antirracista. A presente pesquisa tem o escopo de identificar as manifestações cotidianas de intolerâncias nas escolas e como enfrentá-las. Inicialmente será utilizada a Legislação, partindo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei 9.394/1996, que preconiza o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil. No entanto, esta lei deixou a lacuna de promover a valorização histórico-cultural e religiosa sem proselitismo, havendo necessidade de alterá-la pelas Leis 9.475/1997 e 10.639/2003 e, posteriormente, esta última, modificada pela Lei 11.645/2008. Estas foram elaboradas com viés de incluir obrigatoriamente o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. A diversidade cultural e pluralismo religioso dentro do ambiente escolar, gera uma tensão constante entre os alunos da educação básica, aumentando a violência e distanciando-os de uma boa formação cidadã. O problema maximiza com a falta de especialização e/ou capacitação dos professores e professoras na área de ciências da religião para mediar estes conflitos, ocasionando o principal entrave para aplicação efetiva das leis retromencionadas. Quanto a metodologia, será baseada em pesquisas bibliográficas em artigos publicados em periódicos científicos, dissertações, teses e obras nas áreas de teologia e pedagogia. Justifica-se que o Ensino Religioso é relevante para trabalhar valores e respeito às diferenças histórico-culturais e religiosas. Dessa forma, a pesquisa propõe elaboração de materiais didático- pedagógicos que possam auxiliar professores e professoras a ministrarem suas aulas através de ensino lúdico e interdisciplinares, contendo histórias em quadrinhos (HQ), culinária, arte, poesia, ciência, religião e jogos digitais. Destarte, almejamos contribuir com o GT 6 (Ensino Religioso: diversidade e humanização), mostrando que o Ensino Religioso, o(a) professor(a) e a escola, terão uma grande relevância em reconhecer a diversidade e pluralismo como construção histórica, social, religiosa e política das diferenças, com enfoque na valorização humana e, consequentemente, no combate ao racismo e quaisquer outros tipos de intolerância. Palavras-chave: Ensino Religioso; Legislação; Violência; Intolerância. mailto:cleacexa2017@gmail.com mailto:heli29053@gmail.com 34 O ENSINO RELIGIOSO NA PERSPECTIVA DO CURRÍCULO REFERÊNCIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS Diego José Maria de Melo josdiego43@yahoo.com.br Mauro Rocha Baptista mauro.baptista@uemg.br Resumo: A implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) através da resolução Nº 2, de 22 de dezembro de 2017 do Conselho Nacional da Educação trouxe inúmeras mudanças para o cenário educacional nacional. Ela representou a concretização de uma nova organização para educação brasileira cumprindo aquilo que estava previsto pela Constituição Federal de 1988, cujas determinações estabelecem a educação como um direito de todos e um dever do Estado, visando o desenvolvimento humano em todas as dimensões. Assim todo o processo de abertura permitiu que estados e municípios construíssem seus próprios currículos observando as determinações da BNCC. Como exemplo deste movimento podemos citar o estado de Minas Gerias que em 2018 instituiu o Currículo de Referência (CRMG) contendo as habilidades e conhecimentos a serem desenvolvidas em todo o território mineiro no âmbito da educação básica. O que inclui o componente curricularde Ensino Religioso ramo disciplinar que busca propiciar ao indivíduo conhecimentos religiosos e culturais provenientes de diferentes vivências. Dessa Forma como parte do Projeto de Pesquisa “O Ensino Religioso na política pública do estado de Minas Gerais a partir do Currículo de Referência de 2018” Financiadopelo Programa de Apoio a Pesquisa (PAPq) da Universidade do Estado de Minas Gerais - (UEMG) este trabalho tem o objetivo de propor uma reflexão a respeito das determinações do currículo de referência para o Ensino Religioso partindo da análise da resolução 437 que institui e orienta a implementação do currículo nas escolas estaduais assim como do parecer 937 que manifesta a respeito da estrutura a ser trabalhada no processo. A inclusão no GT se justifica ao observamos a implicação desses documentos na prática escolar cotidiana o que demanda estudos contínuos em busca de resultados que propiciem melhor desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, e assim atuar na construção de indivíduos prontos para a transformação social por meio do exercício do pensamento crítico e da autonomia. Palavras-chave: Currículo Referência; Ensino Religioso; Base Nacional Comum Curricular. mailto:josdiego43@yahoo.com.br mailto:mauro.baptista@uemg.br 35 INTERCULTURALIDADE E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A ATUAÇÃO ÉTICO-ECUMÊNICA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO Flávia Ribeiro Amaro flavia.ramaro@gmail.com Resumo: Diante da ampliação do escopo de atuação dos fundamentalismos no campo religioso brasileiro, cujas implicações são sentidas em diversas esferas da vida individual e coletiva, e da necessidade de se viabilizar a pauta do pluralismo, refletir sobre possíveis conexões epistêmicas entre a perspectiva intercultural e a proposta ético-ecumênica do diálogo inter-religioso se configura como um desafio de caráter urgente e imprescindível. A reflexão acerca de possíveis interconexões, teórico-práticas, entre a interculturalidade e o diálogo inter-religioso, se apresenta como uma demanda fundamental junto aos esforços de combate à intolerância religiosa, alinhando-se às estratégias decoloniais para a reformulação e/ou construção de alternativas críticas e criativas voltadas ao tratamento do fenômeno religioso. Com o intuito de aprofundar nessa discussão, é apresentado um estudo de caso sobre o movimento teológico, intelectual e político, de caráter ecumênico, conhecido como Teologia da Libertação – encarado aqui, como um dos precursores do paradigma decolonial/ intercultural, em função de associar à reflexão científica, uma práxis engajada nas causas cotidianas e espirituais dos povos oprimidos. Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica, com destaque para as obras de pesquisadores brasileiros das ciências da religião e latino-americanos vinculados ao grupo de estudos Modernidade/Colonialidade. Palavras-chave: Decolonialidade; Interculturalidade; Diálogo inter-religioso; Teologia da Libertação. O ENSINO RELIGIOSO DESENVOLVIDO PELO ESTADO DE MINAS NOS PLANOS DE ESTUDOS TUTORADOS DURANTE O ENSINO REMOTO Goretti Marciel Pereira Goulart goretti.0793337@discente.uemg.br Luís Fernando Oliveira do Nascimento luizmiduoliver@gmail.com Resumo: O presente trabalho busca apresentar os resultados alcançados através do projeto de pesquisa: “O Ensino Religioso nos Planos de Estudos Tutorados dos anos finais do Ensino Fundamental”, realizado com apoio do PAPq/UEMG. mailto:flavia.ramaro@gmail.com mailto:goretti.0793337@discente.uemg.br mailto:luizmiduoliver@gmail.com 36 Os PETs foram apresentados como primeiro material oficial produzido no estado de Minas Gerais durante o Regime Especial de Atividades não Presenciais (REANP). O objetivo foi analisar o conteúdo presente e os silenciamentos dos PETs apresentado pela SEE/MG. Os primeiros resultados permitem considerar que houve uma amenização do teor não confessional da BNCC em nome de uma postura mais guiada pela posição interconfessional, ou ecumênica, historicamente defendida no estado de Minas desde a década de 1970. Esta posição fica também caracterizada quantitativamente pela maior presença de referências ao cristianismo quando comparada a outras tradições. Uma vez que, a BNCC como base para adaptação do currículo de referência dos estados reforça sua vinculação do ensino religioso ao modelo da ciência da religião (BRASIL, 2018, p. 435). Por sua vez, não sendo entendida como uma disciplina centrada em uma religião ou das religiões, mas proporcionam o conhecimento dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, de acordo com os pressupostos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) proposto pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. (FONAPER 2009, p. 5). Por conseguinte, a escola é apresentada como o espaço propício para a formação do cidadão para este tipo de convívio respeitoso com a pluralidade. Como metodologia, a princípio foi desenvolvida a comparação das inclusões e exclusões feitas no texto do CRMG em relação a BNCC. Em seguida foi produzido um levantamento das habilidades da BNCC e do CRMG contempladas e negligenciadas ao longo do ano de 2020. A última etapa do projeto envolveu o desenvolvimento de tabelas com as tradições apresentadas nos PETs e a quantificação de cada aparição para posterior análise dos dados que serão apresentados neste congresso. Palavras-chave: Ensino Religioso; Ciência da Religião; REANP; BNCC; CRMG. LAICIDADE, NEGACIONISMO E ESCOLA: TENSÕES CONTEMPORÂNEAS José Antonio Sepulveda josesepulveda@id.uff.br Fernanda Moura fernandapmoura@gmail.com Resumo: O crescimento do extremismo religioso no Brasil, principalmente em tempos de pandemia, expôs a importância de se lutar por um estado laico. A esse respeito pensamos ser relevante retomar a relação de classe com o extremismo religioso. Em tal relação, à justificação moral do capitalismo passa a se articular a noção de bem-estar com o progresso material. Ao percebemos a combinação desses fatores simbólicos e materiais, compreendemos a mailto:josesepulveda@id.uff.br mailto:fernandapmoura@gmail.com 37 universalização da economia capitalista bem como a total introjeção da ideologia neoliberal como principal instância reguladora e coordenadora das ações sociais do mundo de hoje. Nesse sentido, como consequência mais imediata em um mundo marcado pela violência, despojado de encantamento e valores éticos, há um número crescente de sujeitos a procurar as religiões ou seu substituto, o discurso pseudocientífico que combina crenças místicas com vocabulário emprestado das ciências. Como destacado por Rodrigo Nunes, o negacionismo precisa ser entendido sobre uma dupla chave: a da oferta e a da procura. Se por um lado há uma complexa rede de produção e distribuição de e materiais negacionistas que se utiliza da facilidade de difusão de informações trazida pelos novos meios de comunicação e da internet, por outro lado há uma grande demanda por explicações que de alguma forma reconfortem sujeitos que sentem os efeitos deletérios do capitalismo sem conseguir compreender de onde vem o seu mal-estar e muito menos como se organizar para combatê-lo. Os debates envolvendo a questão religiosa e seu papel na organização social não são recentes. Diversos autores já buscaram compreender este complexo fenômeno que envolve a relação entre religiosidade e sociedade. Sendo assim, o objetivo desse texto é discutir, a partir de uma ampla revisão bibliográfica, a importância da laicidade como forma de enfrentamento a movimentos conservadores no campo educacional, como por exemplo o Escola sem Partido e os argumentos referentes a “ideologia de gênero”. A proposta de valorizar a laicidade como forma de enfrentamento ao negacionismo científico é uma forma de defender a sociedade de argumentos religiosos extremistas que ferem princípios básicos de direitos humanos, como por exemplo a violência contra as mulheres, a população LGBTQIAP+ e pessoas racializadas. Palavras-chave: laicidade; extremismo religioso; capitalismo; educação; negacionismo. AS CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES, O ENSINO RELIGIOSO E SUA RELAÇÃO COM A CIDADANIA PARA A EDUCAÇÃOATUAL Norma Maria Duran normaduran710@yahoo.com.br Resumo: Este estudo têm-se por objetivos analisar o Ensino Religioso e defender o papel das Ciências das Religiões nesse processo. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, fundamentada na preocupação dos educadores com a formação do cidadão mediante o Ensino Religioso (ER) nas escolas instituídas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O Estado e as instituições religiosas, mesmo sob tensões históricas, caminham unidos na tentativa de estabelecer tanto o poder educacional quanto a proteção às crianças e aos mailto:normaduran710@yahoo.com.br 38 adolescentes. Isto por meio de algumas entidades que assistem os menores desamparados e de escolas que primam pela qualidade de ensino. Nesse cenário, as Ciências das Religiões poderão, pelas vias das pesquisas científicas, isto é, pelo princípio da cientificidade, observar, experimentar, buscar os indicadores de negligências tanto do Estado quanto da sociedade, apontando soluções viáveis ao desenvolvimento da educação, das instituições religiosas e do ensino religioso. O estudo revelou um ensino religioso interdisciplinar e transdisciplinar, que se apresenta como uma disciplina que colabora com outras ciências, o que justifica a necessidade de compreender o ensino religioso por meio de construções teórico-filosóficos/sociológicos das religiões. Ante o ensino religioso atual, as Ciências das Religiões podem contribuir de forma neutra e sem comparar as religiões entre si. Palavras-chave: Ciências da Religião; Educação; Ensino Religioso; BNCC; Estado. MÚLTIPLAS FACES DA ESPIRITUALIDADE: CONCEPÇÕES DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PAULISTAS Patrick Vieira Ferreira prpatrickvf@gmail.com Vera Maria Nigro de Souza Placco veraplacco7@gmail.com Resumo: A finalidade desta pesquisa é investigar as implicações do papel da escola contemporânea para a constituição da espiritualidade de estudantes do Ensino Médio, na cidade de São Paulo, sob o ponto de vista desses alunos. Utilizaram-se dois instrumentos de produção e coleta de dados: 1) aplicação de questionários a 34 estudantes do Ensino Médio, com idade entre 14 e 18 anos, de quatro escolas (2 confessionais e 2 públicas) e 2) grupos de discussão, realizados com 21 estudantes de duas escolas (1 confessional e 1 pública). Como procedimentos de análise dos dados, optamos, para as respostas do questionário, pela utilização do programa estatístico Statistical Package of Social Science (SPSS), com análise descritiva das frequências, variância e estatística inferencial. E para compreender as falas dos grupos de discussão, inspiramo-nos na Análise de Prosa. Os resultados evidenciaram que a concepção de espiritualidade dos jovens e adolescentes enquadra-se nas categorias: 1) Espiritualidade como fator protetivo; 2) Espiritualidade como parte do ser integral; 3) Espiritualidade como sentido da vida; e 4) Espiritualidade em relação com a religiosidade. Houve diferentes ênfases, nas escolas confessional e pública, em relação aos significados de espiritualidade. Identificamos também que o papel da escola na constituição da espiritualidade envolve: 1) proporcionar ambientes em que a dimensão espiritual possa ser explorada; 2) mailto:prpatrickvf@gmail.com mailto:veraplacco7@gmail.com 39 oferecer auxílio psicoemocional aos alunos; 3) ensejar que os professores sejam mediadores de conhecimentos profundos; e 4) capacitar os docentes a que desenvolvam uma relação com os alunos baseada em práticas humanizadoras. Palavras-chave: Espiritualidade; Dimensão Espiritual; Educação; Juventude. CULTURA DE PAZ NA ESCOLA: SOBRE A RESPONSABILIDADE DE PAZ DAS RELIGIÕES A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO RELIGIOSO Robson dos Santos Pimentel Junior juninhopimentel21@gmail.com Resumo: A escola pública, sendo um ambiente extremamente diverso e acolhedor, recebe o indivíduo que antes de ser um aprendente é um ser humano, com todas as suas particularidades e vivências. E assim como as religiões os jovens se declaram a favor da paz embora hajam conflitos diários. E nesse ponto o docente tem um papel essencial como afirma Paulo Freire: “É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas”. (FREIRE 2018 p. 16). A escola educa para a cidadania plena, se educa para a vida. Esse trabalho traz algumas contribuições do ensino religioso escolar no âmbito da educação pública como fomentador da cultura de paz a partir do estudo das religiões e seus conflitos em sala de aula. Palavras-chave: Religião; Conflito; Paz; Educação. mailto:juninhopimentel21@gmail.com 40 GT 7 - FILOSOFIA DA RELIGIÃO Doutoranda Rubia Campos Guimarães Cruz (UFJF) Doutorando Danilo Mendes (UFJF) Ementa: Desde os primeiros passos do que denominamos hoje como filosofia, a religião com ela se relaciona de diferentes modos. As interpretações sobre essa relação são tão vastas em multiplicidade quanto a relação mesma. O protótipo fundamental da lógica filosófica, por exemplo, que se instaura a partir do fragmento de Parmênides que diz que “o ser é, e que o não ser não é”, surge em um momento no qual o filósofo dialoga com uma deusa não identificada. Longe de mera abstração proveniente de um momento de ócio, como uma imagem vulgar da figura de um filósofo poderia sugerir, a pedra fundamental sobre a qual se constitui uma importante virada a favor da constituição racionalista da filosofia se dá a partir da sabedoria de uma deusa. Essa relação inicial, apesar de não apontar um destino teleológico a ser seguido, indica que a questão religiosa está posta desde as origens da filosofia ocidental. Por isso, fazer filosofia da religião é tarefa primordial tanto para quem se aventura a pensar filosofia, quanto para quem se debruça sobre a religião. A partir disso, o GT “Filosofia da Religião” no CONACIR propõe promover, a reunião de diferentes pesquisadores para discutir reflexões, de cunho filosófico, relativos aos modos de percepção e apreensão do fenômeno religioso. Em vista desse propósito, apresenta-se três eixos temáticos, sendo: 1) a relação entre fé e razão; 2) conceitos filosóficos ligados a contemporaneidade; 3) o pensamento filosófico-religioso de distintos/as pensadores/as historicamente relevantes. O GT se caracteriza, de modo geral, pela investigação filosófica do fenômeno religioso em suas múltiplas possibilidades de abordagem e compreensão, a saber: fenomenológica, hermenêutica, teológica ou comparativa. Serão aceitos trabalhos de estudantes de pós-graduação (mestrado e doutorado) das áreas de Ciência da Religião, Filosofia e Teologia para comunicação oral e trabalhos de estudantes de graduação das mesmas áreas para apresentação de banner científico, dispostos a pensar filosoficamente as representações do fenômeno religioso. Palavras-chave: Religião; Fenômeno Religioso; Filosofia da Religião. 41 CIÊNCIA E RELIGIÃO: UM DIÁLOGO A PARTIR DA OBRA DE TEILHARD DE CHARDIN E PIETRO UBALDI Alexsandro Melo Medeiros alexsandromedeiros@ufam.edu.br Resumo: Além de padre jesuíta, Pierre Teilhard de Chardin era também paleontólogo. Por isso, procurou, ao longo de toda sua vida, conciliar os princípios científicos com os dogmas religiosas, sobretudo da religiosidade cristã. Analisando a obra do padre jesuíta, o filósofo espiritualista e cristão, Pietro Ubaldi, considera alguns pontos de semelhança entre as suas ideias e as de Teilhard, dentre as quais podemos destacar, exatamente, a possibilidade de conciliar o conhecimento científico com o conhecimento religioso. Assim, nosso objetivo com este trabalho será o de analisar essa síntese entre ciência e religião, a partir da obra destes dois pensadores, e como suas ideias se aproximam exatamente considerandoesta possibilidade. O ponto de convergência entre as suas ideias se dá a partir da visão evolucionista que nós encontramos tanto na obra O Fenômeno Humano (de Teilhard) quanto na obra A Grande Síntese (de Ubaldi). Para o padre jesuíta, o estágio evolutivo atual que culminou na consciência (noogênese) foi precedido por um longo processo de expansão da vida (biogênese) que por sua vez foi precedido por um processo ainda mais longo de organização da matéria inanimada (cosmogênese). Todo esse processo tem uma finalidade: atingir o ponto ômega, que é Deus. É o mesmo telefinalismo que encontramos na obra do filósofo italiano Pietro Ubaldi: o espírito, criado por Deus, através de um longo e lento processo de maturação evolutiva, retorna ao Criador. É assim que ciência e religião apontam para uma mesma direção. Não são dois tipos de conhecimentos antagônicos, mas que revelam algo da própria essência da vida: a de que a vida é evolução e de que essa evolução tem um propósito espiritual de natureza divina. Com esta comunicação pretende-se contribuir para um profícuo debate entre ciência e religião, tão necessário na atualidade. Como metodologia utilizamos a pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: Ciência; Religião; Espiritualidade; Deus. TEMPO E MEMÓRIA NAS CONFISSÕES DE SANTO AGOSTINHO DE HIPONA Ana Paula Ferreira Gomes anapaulaferreiragomes03@gmail.com Fabiano Veliq veliqs@gmail.com mailto:alexsandromedeiros@ufam.edu.br mailto:anapaulaferreiragomes03@gmail.com mailto:veliqs@gmail.com 42 Resumo: A obra de Agostinho de Hipona, em toda a sua dimensão, trabalha temas valiosíssimos para a teologia, desde a patrística, nos primeiros séculos do cristianismo, até os dias atuais, considerando sua influência sobre a filosofia ocidental. Sendo assim, o presente trabalho, em uma tentativa de sondar parte de sua literatura, busca, como objetivo principal, explorar os conceitos de tempo e memória e sua relação, aos quais a obra Confissões reserva alguns livros, bem como compreender as implicações desses conceitos para as ideias de Amor, Vida Feliz e Eternidade.Iniciando suas ponderações sobre o tempo, Agostinho trata das ideias de criação e criador. O tempo, enquanto criação, submete-se ao criador, e não poderia existir até ser, enfim, criado. Desse modo, o agir de Deus, o criador, não se define pelas mesmas contingências do agir humano: suas obras não podem ser contidas pelo tempo ou pelo espaço. O tema do tempo se articula à questão da memória quando a tratamos enquanto habilidade da mente humana. A memória, segundo Agostinho, é capaz de duplicar a imagem dos objetos que captam a atenção dos sentidos, de forma que, mesmo não tendo o objeto em mãos, podemos nos lembrar dele. Com o armazenamento de imagens dos objetos e acontecimentos passados, a mente também se mostra capaz de criar ideias e expectativas para o futuro, por meio da recombinação das imagens guardadas. O estudo desses temas abre espaço para a investigação do conceito de Vida Feliz, bem como da origem da alma humana e a possibilidade de memórias que guardamos desse período, ponderações essas importantes ao debate da filosofia através dos séculos. Palavras-chave: Memória; Tempo; Teologia; Vida Feliz. A CRÍTICA MARXISTA DA RELIGIÃO E A DEFESA CRÍTICA DOS DIREITOS HUMANOS Bruno Reikdal Lima bruno@reikdal.net Resumo: O tema da religião foi relativamente pouco trabalhado pela tradição marxista. Ainda assim, temos contribuições de autores consagrados como Lênin, Kautsky, Rosa Luxemburgo, Walter Benjamin e Ernst Bloch. Contudo, foi na América Latina dos anos de 1970, na esteira da teologia da libertação, que a religião recebeu destaque a partir da produção teórica de Marx. Desse movimento, as obras Enrique Dussel e Franz Hinkelammert tiveram grande impacto ao articular de modo sistemático a crítica da religião à teoria do fetichismo. Em ambos, o critério material de manutenção das condições para a produção e reprodução da vida humana é o ponto de partida para que essa conexão seja possível. Isto posto, assumindo as contribuições de Dussel e Hinkelammert, em nosso trabalho propomos reconstituir o desenvolvimento da mailto:bruno@reikdal.net 43 crítica da religião na produção teórica de Marx entre 1842 e 1872 para articulá- la à defesa crítica dos Direitos Humanos. Nesse sentido, nossa exposição se divide em três momentos: 1. uma apresentação geral do desenvolvimento da crítica da religião em Marx; 2. uma discussão sobre a possibilidade de uso da teoria do fetichismo a partir do critério do imperativo categórico derivado da crítica da religião na Introdução de 1844; e 3. um apontamento sobre os desdobramentos desse conteúdo para a defesa dos Direitos Humanos. Nossa hipótese é que a retomada da crítica da religião em Marx possibilita, para além de um instrumento de análise das relações sociais, um conteúdo procedimental de mobilização popular em defesa da vida humana que busca evitar a redução da luta por direitos aos limites da legalidade – sem que isso implique na negação da necessidade de instituições e de ordenamento jurídico. O tema ganha maior relevância na medida em que temos hoje tensões que manifestam certos limites e até mesmo falência de instituições vigentes sob forte pressão de grupos de vertentes conservadoras e reacionárias – por vezes com grande apoio de grupos religiosos. Tanto os limites da legalidade, quanto a necessidade de mobilização popular, requerem instrumentos de análise e disputa, com os quais pretendemos contribuir. Palavras-chave: Marx; crítica da religião; teoria do fetichismo; Direitos Humanos. FILOSOFIA DA RELIGIÃO NA ERA DO CANSAÇO – UMA LEITURA EM BYUNG-CHUL HAN Danilo Mendes danilo.smendes@hotmail.com Resumo: O que pode a religião na era da positividade do cansaço? Nossa comunicação pretende apontar indícios de que a religião pode servir como modo de resistência aos problemas apontados pela análise da contemporaneidade feita por Byung-Chul Han. Para o autor, vivemos em um tempo marcado pelo excesso de positividade, simbolizado pela passagem de um paradigma biopolítico a um psicopolítico. Nessa contemporaneidade transparente, o cansaço pode ser entendido como uma palavra-chave para entendermos a situação em que o ser humano se encontra: explorado por si mesmo, entregue à perda do tempo e do próprio valor de sua humanidade frente ao empreendedorismo de si. Diante dessa situação, Han propõe uma revolução temporal que tente gerar um outro tempo, ou ainda, um tempo do outro que se contrapõe ao tempo do capital e ao tempo do trabalho. A partir dessa proposta, buscamos refletir sobre como a religião possui as potencialidades necessárias para a proposta de um outro tempo – que não condiga com a temporalidade capitalista nem faça coro com o cansaço. Sugerimos, por fim, que a própria filosofia de Byung-Chul Han abre espaço para mailto:danilo.smendes@hotmail.com 44 que a religião seja percebida como preciosa aliada ao movimento de resistência ao capitalismo psicopolítico. Palavras-chave: Byung-Chul Han; Filosofia da Religião; Anticapitalismo; Filosofia Política A PERSPECTIVA DE RELIGIÃO NO PENSAMENTO DE EMMANUEL LEVINAS Fabiano Victor Campos fvocampos@hotmail.com Luiz Fernando Pires Dias l.ferna2805@gmail.com A presente comunicação tem como objetivo pontuar a concepção de religião no pensamento de Emmanuel Levinas, perspectiva que tem a ética como o tópos originário da inteligibilidade. O filósofo franco-lituano abriu novas possibilidades à questão através de pressupostos e postulações que determinaram uma profunda unidade entre a ética e a transcendência, distanciando-se da tematização e da rigidez conceitual, frequentemente, empregadas no discurso filosófico sobre Deus. Levinas recusa a abordagem de Deus como ser, mesmo que na condição de ser supremo, situando a questãona intriga ética da relação humana. No entendimento de Levinas, a ética assimétrica – aquela que não constitui uma totalidade, com o Eu assumindo a responsabilidade incondicional e intransferível pelo outro homem, resguardando a sua alteridade inalienável – mantém uma relação de homologia com a religião, fora do campo institucional. A abordagem da religião e de Deus em Levinas afastou-se de um horizonte dogmático, enfatizando a questão do significado, buscando as circunstâncias nas quais tais palavras podem ser pronunciadas com sentido. O rosto de Outrem, na sua total nudez, é o lugar privilegiado onde Deus vem à ideia como palavra significante, como mandamento de responsabilidade pelo próximo, fazendo do rosto o lugar central da religião e da ética no pensamento de Levinas. Palavras-chave: Deus, Ética, Levinas, Religião, Transcendência. mailto:fvocampos@hotmail.com mailto:l.ferna2805@gmail.com 45 A BUSCA PELA ESPIRITUALIDADE E SUA RELAÇÃO COM O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO Leandro da Costa Alhadas Cavalcanti leandropsi@konekta.io Resumo: Este estudo tem como proposta analisar e identificar as interfaces entre a experiência da espiritualidade e o processo de individuação; conceito central da Psicologia Analítica, desenvolvida pelo psiquiatra suíço, Carl Gustav Jung (1875–1961). Objetiva-se com este estudo, realizar uma correlação entre a experiência da busca pela espiritualidade, com o processo de individuação. Como metodologia, se trata de uma pesquisa de revisão bibliográfica cuja fonte literária primária é o Jung. Apoiando-se nos fundamentos teóricos da Psicologia Analítica, assim como em artigos que aprofundam o conceito de espiritualidade, o texto busca esclarecer as diferenças entre espiritualidade e religião, bem como de individualismo e individuação. Ao comparar os conceitos de espiritualidade e individuação, o estudo analisa a espiritualidade como um fenômeno de caráter coletivo e qualidade arquetípica, inerente à própria estrutura psíquica, que remete há tempos primordiais da humanidade. Espera-se com este estudo trazer contribuições que ampliem o entendimento da espiritualidade dentro de um contexto clínico, independente da crença religiosa do paciente ou da abordagem teórica do psicólogo. Ao passo que não há intenção de trazer respostas fixas, o resultado desta pesquisa poderá contribuir com um aclaramento sobre a função da espiritualidade dentro do manejo clínico e como parte integrante do processo psicoterápico. Palavras-chave: Arquétipo; espiritualidade; individuação; psicologia analítica. O PRINCÍPIO PLURALISTA, A CRÍTICA A MODERNIDADE E O DESAFIO DOS DIREITOS HUMANOS NA CONTEMPORANEIDADE A PARTIR DE JACQUES MARITAIN Moacir Ferreira Filho moacirff@hotmail.com Resumo: O presente trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento que pretende compartilhar alguns resultados preliminares de modo que se abra ao diálogo acadêmico. Tendo como referencial teórico e, posteriormente, como objeto de análise crítica, o pensamento de Jacques Maritain, propõe-se expor o princípio pluralista fundamentado pelo autor e a partir disso, analisar o pensamento dele e suas críticas ao pensamento moderno que tem enfraquecida a dignidade da pessoa humana e cria um ambiente onde mailto:leandropsi@konekta.io mailto:moacirff@hotmail.com 46 o ser humano é tratado como mera coisa. Nessa perspectiva, abrem-se as possibilidades de se instaurar um comportamento de violência legitimado pelas religiões ferindo a dignidade da pessoa humana e seu status de ser dotado de direitos. A partir de uma revisão sistemática, análise crítica e de procedimentos observacionais, elaborou-se um estudo qualitativo de natureza aplicada com objetivo exploratório de procedimento bibliográfico. Essa pesquisa pretende abrir o diálogo em relação a pluralidade e diversidade presente em nossos tempos, refletir sobre o pensamento moderno e contemporâneo acerca da imagem do ser humano diverso em si e enfim, propor caminhos possíveis para a geração da paz social, o respeito entre as pessoas e a promoção da dignidade da pessoa humana tão ferida em nossos tempos. Nessa perspectiva, pretende contribuir para esse GT no que se refere ao desafio da promoção da dignidade da pessoa humana em meio ao contexto de tantos discursos de ódio em violência onde em pleno século XXI a humanidade recorre a guerras como meio de "solucionar" conflitos. Palavras-chave: Diversidade; Modernidade; Direitos Humanos; Jacques Maritain. PRINCÍPIO DE CARIDADE EM GIANNI VATTIMO NA PROMOÇÃO DO DIÁLOGO PELA BUSCA DOS DIREITOS HUMANOS E DA PAZ Ruan de Oliveira Gomes ruan.mariae@gmail.com Resumo: Na passagem da Veritas metafísica, forte e violenta por natureza, para o princípio da Caritas que é horizonte de abertura ao outro encontra-se a possibilidade de diálogo que gera e possibilita uma sociedade mais plural e aberta e assim cria-se espaços e narrativas para buscar alternativas frente a violência chegando à promoção da paz e dos direitos humanos. A Caritas, em Vattimo, é lugar ético como um norte para um diálogo intercultural e sem ela dificilmente chega-se a um consenso sobre a forma e os meios como se busca a promoção dos direitos humanos, além disso não há paz onde a Veritas seja o pressuposto. Nesse sentido, busca-se compreender no presente trabalho a possibilidade de um diálogo dentro da Caritas onde o outro não seja somente suportado e como a noção Veritas objetiva se desdobrou no pensamento filosófico ocidental. Dessarte, o objetivo do trabalho e contribuições ao GT é contribuir na reflexão para superação da violência e através das discussões do filósofo turinense, a partir do diálogo, pensar propostas para os direitos humanos e na promoção da paz. Palavras-chave: Diálogo; Caridade; Verdade; Violência. mailto:ruan.mariae@gmail.com 47 A CHAVE HERMENÊUTICA ‘LEI E EVANGELHO’ – UMA ANÁLISE Rúbia Campos Guimarães Cruz rubiacamposgc@gmail.com Resumo: Os conceitos lei e evangelho constituem uma importante chave hermenêutica. Essa chave é usada desde os tempos bíblicos (por exemplo, pelo apóstolo Paulo), foi muito enfatizada no período da Reforma Protestante (primeiramente por intermédio de Lutero e depois por outros) e também reconhecida por pensadores posteriores, como Hans-Georg Gadamer (2022). Sendo assim, este trabalho visa uma análise dessa chave hermenêutica, apontando que a mesma é constituída através de uma interdependência entre seus conceitos, ou seja, lei e evangelho não podem existir e não funcionam separadamente. Para explicitar isso, propõe-se uma análise dos Loci Theologici de 1521, texto considerado como a primeira dogmática protestante, de Felipe Melanchthon, reformador que esteve ao lado de Lutero. Neste texto Melanchthon faz uso dessa chave para construir sua síntese da doutrina cristã. Ali, é possível perceber que essa chave é importante e necessária para correta leitura bíblica, é desenvolvida a partir de uma relação específica entre os termos que a compõe, e tem como finalidade ser um auxílio para interpretação de outros conceitos. Em vista disso, este trabalho deseja elucidar cada um desses aspectos. Espera-se com isso, tanto um resgate da figura histórica de Melanchthon, quanto um resgate de seu pensamento, em âmbito filosófico e, também, religioso. Palavras-chave: Lei; Evangelho; Chave hermenêutica; Filipe Melanchthon. ÉTICA DA ALTERIDADE E ACOLHIMENTO LEVINASIANO COMO CUIDADO EM DIREÇÃO AO OUTRO Simone Maria Zanotto simone.zanotto@estudante.ufjf.br Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar os conceitos de “Ética da alteridade” e de “Acolhimento” a partir da filosofia de Emmanuel Lévinas, como cuidado em direção ao Outro, o qual pode ser apresentado na figura dos vulneráveis da sociedade contemporânea. O interesse dessa investigaçãojustificasse das inquirições de observações fatuais as quais apontam um espírito desagregador presente em diversas esferas da sociedade deslocando a humanização e a compaixão do ser humano em relações egóicas e totalitárias. O problema proposto verifica de que maneira é possível pensar a filosofia levinasiana, enquanto uma dimensão de cuidado com os mais frágeis na luta e na superação das violências, das perseguições, das exclusões e das injustiças de mailto:rubiacamposgc@gmail.com mailto:simone.zanotto@estudante.ufjf.br 48 nossos tempos? A metodologia utilizada neste estudo permeou fontes de revisão e de reflexão bibliográfica, sobretudo os textos clássicos de Emmanuel Lévinas a respeito da temática abordada. Com base no exposto, essa comunicação no GT 12 - Religião e cuidado: perspectivas protestantes e existenciais traz como resultado o fomento do debate sobre o tema em questão, em relação ao apontamento do cuidado como prática não só da religião, mas de outros setores da esfera pública no agir do mundo pela garantia da paz e dos Direitos Humanos. Palavras-chave: Religião; Ética da alteridade; Acolhimento; Cuidado. 49 GT 8 - GÊNERO, OUTRAS INTERSECCIONALIDADES E CIDADANIA NA RELAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E ESPAÇO PÚBLICO NA AMÉRICA LATINA: DESAFIOS E INTERPELAÇÕES NA BUSCA PELA PAZ Doutoranda Giovanna Sarto (UFJF) Doutoranda Paulina Valamiel (UFMG) Ementa: Nos últimos vinte anos o Campo Religioso Brasileiro tem intensificado os laços com o espaço público. Conforme apontou Roberta Bivar Campos, no texto “Interpretações do catolicismo: do sincretismo e antissincretismo na/da cultura brasileira” (2009), se, por um lado, a configuração do Estado moderno e democrático valoriza a pluralidade e diversidade, por outro, tal pluralidade e diversidade não significa necessariamente respeito e tolerância. No contexto da modernidade, a pluralidade de identidades, sejam elas de gênero, sexualidade, classe, raça e religião, entre outras, também se apresentam no campo religioso e em sua relação com o espaço público. As pautas reivindicadas pelos movimentos sociais têm se feito presentes no interior das religiões, reorganizando suas práticas, sobretudo a partir das reivindicações feitas pelas teólogas e teologias feministas, queer, lésbicas, gays e negras. Ao mesmo tempo, nota-se que tais reivindicações de grupos subalternizados têm desestabilizado identidades fixas e restritivas as quais muitas vezes são defendidas e asseguradas pela religião. Movidos pela ideia de combate a essas pautas, diversos grupos religiosos encontram nesse combate, novas formas de participação política. Com efeito, gênero, raça, classe e identidade religiosa configuram-se como temas centrais na relação entre Religião e Espaço Público e implicam em relações diretas e mudanças fundamentais nas diversas áreas que se propõem a uma análise científica sobre a relação entre essas interseccionalidades e o fenômeno religioso. Isso porque tanto as religiões configuram e são configuradas pelas relações sociais que os indivíduos na sociedade civil estabelecem, quanto porque historicamente sempre desempenharam ações sociais. Esses grupos transformam e complementam a noção de cidadania à medida que elaboram reflexões e ações práticas acerca dos problemas sociais para além do plano político-governamental. Ao se inserirem de forma mais ou menos institucionalizada no debate público, movimentos sociais, bem como diferentes construções identitárias, vêm disputando espaços dentro e fora da religião. Nesse sentido, ela atua como ferramenta política – que pode funcionar como instrumento tanto de opressão quanto de emancipação de grupos subalternizados. Uma vez que oscila entre conservadorismo e fundamentalismo, em concepções restritivas de gênero e outras interseccionalidades, mas também entre inclinações progressistas e mais abertas a novas epistemologias. Nesse sentido, o presente GT abre espaço a pesquisas que visam refletir sobre a busca pela paz, à guisa de convocar e articular categorias interseccionais como as de gênero, raça, classe e identidade 50 religiosa para análise das alternativas, desafios e interpelações a um diálogo democrático e construtivo. Palavras-chave: Religião e Espaço público. Religião e Gênero. Interseccionalidade. Modernidade. Cidadania. 51 DO FLAVIO À ELIS REGINA: PERFORMATIVIDADE DE GÊNERO NO ROMANCE UM AMOR DIFERENTE. NOSSAS ESCOLHAS DO ESPÍRITU AUGUSTO CESAR VANNUCCI E O MÉDIUM JOÃO ALBERTO TEODORO Henry Isaac Peña Grajales henisapegraj@aol.com Resumo: Flavio é o garoto homogênero, protagonista do romance homoafetivo "Um amor diferente", que trabalha, como transformista todo fim de semana no espaço público de uma casa de entretenimento noturno. Seus espetáculos musicais têm muito sucesso, suas imitações de mulheres são perfeitas, atraentes e interessantes para os homens que curtem esses musicais performativos de gênero na procura de lazer e diversão. Uma das artistas performadas, interpretadas e dubladas pelo Flavio é a cantora brasileira Elis Regina, desencarnada em 1982. À luz do espiritismo, o espírito imortal não tem sexo, isso explana que identidade de gênero sejam questão de desconstrução e performance social e espiritual. No ato performativo representativo, como a representação e construção de uma personagem ou da feminidade mesma, não há um dado fornecido, mas performado, representado, construído, desconstruído e reconstruído. Dai que ninguém nasça mulher, e sim se transforme numa delas (BEAUVOIR, 1970), como é o caso da performação e representação no cenário da Elis Regina por Flávio. É tal qual disse Butler (2003) a categoria mulher é um quefazer cultural variável, posto que ninguém nasce com um gênero, o gênero é sempre adquirido, aprendido, performado. Através da metodologia bibliográfico-argumentativa se pretende explicar o fenômeno e o fato da performance de gênero com base na teoria do espiritismo e na obra Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade da Judith Butler (2003). Para ela a performatividade de gênero se dá em dois casos: no primeiro, dá volta em torno à figura da linguagem metalepse, e, no segundo, como repetição e ritual que consegue seu efeito no contexto de um corpo, compreendido como a duração temporal mantida culturalmente. O objetivo é relacionar o romance espírita homoafetivo com a teoria da performatividade da Judith Butler. A apresentação contribuirá para compreendermos o transformismo musical como um ato artístico, público e performático de gênero. Espera-se que o relacionamento fato entre o romance e a performance de gênero motive mais analises de personagens lésbicas, homogenéricas, bigenéricas, trigenéricas, etc., em narrativas literárias espíritas para a busca da compreensão, a valorização e a convivência pacífica em espaços públicos de performance artística de gênero. mailto:henisapegraj@aol.com 52 Palavras-chave: Transformismo; Performatividade de gênero; Performance musical em público. UM FEMINISMO PARA ALÉM SAGRADO: A COMPREENSÃO POLÍTICA DAS AÇÕES DAS BRUXAS FEMINISTAS NO CERNE DA WICCA Jessica Freire Pereira de Aquino psiquejf1987@gmail.com Resumo: Quando falamos sobre mulheres na bruxaria Wicca, em geral observa- se um pensamento que gira em torno das contribuições e ações realizadas por esse grupo acerca do sagrado feminino, da valorização das concepções de gênero e principalmente da sexualidade. No entanto, a atenção que tais temas merecem não foram dados a essas mulheres desde sempre, na verdade eles surgiram a partir de organizações, reinvindicações e ações de mulheres como Zsuzsanna Budapeste e Miriam Simos que percebiam a importância de tais discussões dentro no movimento religioso. Budapeste por exemplo, compreendia que a religião deveria ser entendida como algo político,uma vez que, influencia suas ações. Nesse sentido a política torna-se um veículo pela qual a religião perpetua um sistema social. Devemos considerar ainda uma outra pauta marcadamente atribuída aos Wiccanos como intrínseca, que é a luta contra a destruição ecológica. Problemática que na verdade só ganha importância em decorrência das ações de bruxas feministas norte americanas e posteriormente torna-se uma máxima do neopaganismo com a forte ligação do ecofeminismo. Nesse sentido, o presente trabalho propõe um estudo de compreensão sobre as pautas inseridas na Wicca através das ações das bruxas feministas e que seguem vigentes ainda hoje como o cerne da religião. Tais compreensões, partem de análises de publicações feitas por essas bruxas que visam nortear direcionamentos de tradições presentes na Wicca. Por fim, compreendo a importância desse trabalho para o GT, uma vez que, ainda se percebe o pouco conhecimento sobre a bruxaria Wicca, e menos ainda as ferramentas políticas feministas acionadas por essas mulheres a fim de reivindicar uma posição de não subalternização na religião. Palavras-chave: Feminismo; Bruxaria; Política. OS ARQUÉTIPOS FEMININOS DE IEMANJÁ E IANSÃ: DE AMOROSA À INSUBMISSA Juliana Carvalho da Silva carvalhojuliana0701@gmail.com mailto:psiquejf1987@gmail.com mailto:carvalhojuliana0701@gmail.com 53 Resumo: No presente trabalho buscar-se-á analisar e compreender, através do método comparativo, de que forma se dá a construção dos arquétipos femininos das mulheres negras no mundo ocidental e, mais especificamente, na sociedade brasileira, partindo das figuras dos orixás Iemanjá e Iansã. E, de tal forma, buscar-se-á também compreender como a religiosidade interfere e contribui na construção do imaginário acerca das expressões afro-brasileiras. Palavras-chave: Candomblé; Feminino; Arquétipo; Orixás. ESCOLAS DE SEXUALIDADE: O USO DA RELIGIÃO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE UMA “SEXUALIDADE CRISTÃ E BÍBLICA” Nathalia Oliveira Celestino Magalhães nathaliaocm@outlook.com Resumo: A presente pesquisa propõe discutir sobre as escolas de sexualidade, iniciativas cristãs que pregam o ensino de uma “sexualidade cristã e bíblica” e visam o enfrentamento e reversão de comportamentos considerados pecaminosos, apresentando duas delas atuantes no Brasil e identificando o modo como a religião é articulada dentro das pedagogias de sexualidade presentes nessas escolas. Assim, o objetivo do trabalho é identificar como a religião age junto das pedagogias dessas escolas no processo de ensino e controle dessa vivência sexual “santa”. Para isso, será feita uma pesquisa exploratória em redes sociais, sites e Youtube, objetivando a coleta de dados e análise sobre o movimento e seus conceitos, apresentações, funcionamentos e módulos de aprendizado. Com isso, espera-se identificar como se articulam os símbolos religiosos em cada uma dessas categorias, compreendendo a construção das pedagogias e analisando em que medida esses símbolos religiosos apresentam-se como parte constituinte delas. Portanto, o trabalho visa contribuir para o entendimento do fenômeno religioso das Escolas de Sexualidade e seu impacto na produção e regulação de discursos religiosos sobre a sexualidade humana. Palavras-chave: Escola; Sexualidade; Pedagogia; Reversão. O VOTO EVANGÉLICO E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018: A FORÇA DO SEGMENTO RELIGIOSO Weverson Gusmão Soares weversongsoares@gmail.com mailto:nathaliaocm@outlook.com mailto:weversongsoares@gmail.com 54 Resumo: Diante do exposto, o trabalho busca analisar a força do segmento religioso, tendo como base o voto evangélico e as eleições presidenciais de 2018, a qual elegeu o atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro em país laico, a possível relação existente entre a religião e a representação política, atraves de recorte metodológico e pesquisa qualitativa, objetivos o protestantismo na cultura brasileira, a influencia dos evangélicos no sistema eleitoral, estado laico, com posse do presidente o estado passou tem um seguimento teocrático, Podendo contribuir para Grupo de Trabalho, como a exclusão de grupos e programas com ideologías divergentes dos evangélicos. Palavras-chave: Estado Laico; Evangélico; Eleição Presidencial. 55 GT 9 - HERMENÊUTICA DA RELIGIÃO Prof. Dr. Luís Gabriel Provinciatto (PUC-Campinas) Prof. Dr. Márcio Cappelli (PUC-Campinas) Ementa: A hermenêutica da religião não se resume a técnicas de leitura e interpretação de textos sagrados provindos de diferentes tradições religiosas. A hermenêutica é um método de investigação reconhecidamente aplicado à linguagem e àquilo que nela se expressa. Nesse sentido, a hermenêutica da religião lida com textos concretos e também com os diferentes modos de concretização da linguagem: fala, gesto, dança, música, símbolo, rito, mito, imagem, entre outros. Ela, por assim dizer, desafia o intérprete a compreender/interpretar a religião em suas múltiplas formas de manifestação e em suas variadas tradições. O olhar dirigido à linguagem deve se encontrar com a experiência aí realizada e manifestada: o que a linguagem manifesta é o sentido da religião, que, no entanto, nunca se esgota em um só significado. O que a hermenêutica da religião, a princípio, aborda é o fenômeno religioso, o que torna-a próxima da fenomenologia. A também possível abordagem fenomenológico-hermenêutica precede a redução gnosiológica sujeito-objeto porque entende a religião em sua manifestabilidade, ou seja, antes de ser objeto da ciência. O fenômeno religioso é compreendido como experiência viva e vivida. Isso é fundamental para a constituição da ciência da religião, pois compreende-se a religião enquanto manifestação de sentido possível, que, por sua vez, ocorre antes da objetivação científica. A hermenêutica da religião, assim, desvela-se como um vasto campo de investigação que abriga abordagens teórico-práticas e está em diálogo com outras metodologias provenientes da filosofia, teologia, ciências sociais, entre outras. Ela contribui, de fato, para uma epistemologia integral da religião. Por fim, o grupo temático “Hermenêutica da religião” está aberto a receber comunicações provenientes de investigações teórico-bibliográficas e/ou empírico-quantitativas desde que nelas se faça perceber uma efetiva abordagem hermenêutica da religião. Palavras-chave: Hermenêutica; Religião; Fenômeno religioso; Ciências da Religião. 56 O SILÊNCIO DE DEUS NO DISCURSO DO PAPA BENTO XVI EM AUSCHWITZ: “SENHOR, POR QUE SILENCIASTES? POR QUE TOLERASTE TUDO ISTO?” Arlindo José Vicente Junior arlindovicentejr@hotmail.com Resumo: Objetiva-se com esta comunicação apresentar e colocar em destaque, o discurso do Papa Bento XVI realizado durante sua visita ao Campo de Concentração em Auschwitz, no dia 28 de maio de 2006. Em um lugar de horror e de sofrimento humano padecido por inocentes, levantam-se algumas questões que serão respondidas neste trabalho: qual é a narrativa da Igreja Católica diante sofrimento humano? As perguntas que são feitas pelo Papa Bento XVI, são respondidas no seu discurso? Para responder as questões levantadas nessa comunicação, que trata-se de uma pesquisa qualitativa apresentando os resultados que foram encontrados nas leituras bibliográficas das inúmeras narrativas da Igreja Católica diante da dor do outro. Propomos um diálogo do discurso do papa alemão com a obra de Hans Jonas: “O conceito de Deus após Auschwitz: uma voz judia”. O discurso de Bento XVI se transformou numa hermenêutica da religião frente ao desafio de sustentar a fé diante do problema do sofrimento e do mal causado neste lugar de horror e que nos leva a refletir sobre o papel da Teologia diante de temas tão adversos e que estão sendo estudados nesta pesquisa em andamento no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião. Palavras-chave: silêncio, Bento XVI, Auschwitz, sofrimento, discurso. CRISTIANISMO, SUBJETIVIDADE E HERMENÊUTICA: UMA CONTRADIÇÃO DE GIANNI VATTIMO? Felipe de Queiroz Souto felipeqsouto@gmail.com Resumo: O pensamento filosófico de Gianni Vattimo constitui-se por uma retomada da filosofia heideggeriana, mas também do cristianismo enquanto sua religião de pertença e como herança histórica. Ao construir uma filosofia cristã, leva Vattimo assume contradições tanto da perspectiva heideggeriana, quanto da perspectiva da teologia cristã. Nos interessamos aqui a pensar a primeira contradição que se configura pela interpretação de Vattimo acerca da subjetividade, termo que corriqueiramente é apresentada em seus textos como interioridade, devido a retomada do cristianismo em seu pensamento. Por levar a cabo a leitura de Heidegger acerca da modernidade, Vattimo entende que mailto:arlindovicentejr@hotmail.com mailto:felipeqsouto@gmail.com 57 essa é a época da história do ser na qual o paradigma da objetividade metafísica recebe sua maior força e estabelece seus maiores feitos. No entanto, contrariando aquilo que Heidegger articula em O tempo da imagem do mundo (1998) de que a objetividade se configura como uma circularidade junto à subjetividade, Vattimo coloca a subjetividade como eixo pelo qual a objetividade pode ser desarticulada. Assim, ele põe ênfase na necessidade de afirmação da subjetividade na época pós-moderna à medida em que ela aparece como uma motivação hermenêutica. Vattimo recupera do cristianismo a noção de interioridade e a articula com sua noção de sujeito hermenêutico. Parece que há, deste modo, um problema que compromete todo o pensamento de Vattimo e que pode trazer consequências que desmontam sua própria argumentação, já que a noção de interioridade cristã será importante para o filósofo articular sua hermenêutica e, até mesmo, sua filosofia política pelo princípio da caritas. Na tentativa de apresentar o problema, iremos abordar como a questão da subjetividade se articula com a objetividade partindo daquilo que Heidegger expõe, para então vermos a subjetividade enquanto a interioridade cristã resgatada por Vattimo em Depois da cristandade (2004) e Después de la muerte de Dios (2010). Por fim, nos apoiaremos na articulação que Vattimo faz entre sujeito e o Übermensch de Nietzsche, pela qual é possível encontrarmos uma resposta à questão apresentada, à medida em que ela pode se revelar mais como uma má apresentação, por parte de Vattimo, do conceito de subjetividade em suas obras de filosofia da religião. Palavras-chave: Subjetividade; cristianismo; hermenêutica; objetivismo. NARRATIVAS DE CONVERSÃO E APROPRIAÇÃO SIMBÓLICA Lucas Andrade Ribeiro lucasandraderibeiro@gmail.com Resumo: Existem narrativas sobre conversões que acabaram por se tornar fundantes especialmente dentro do seio cristão, e por terem se tornado tão conhecidos e repercutidos, acabaram por se tornar numa espécie de paradigma, ou como opta-se por abordar nesta pesquisa, acabaram se transformando em narrativas míticas oriundas deste símbolo dentro da sociedade ocidental, por meio de sua matriz cultural judaico-cristã e seu desenvolvimento secular. Estes relatos de conversão, que se interpreta nesta tese pela hermenêutica do símbolo, tendem a enfatizar uma abordagem de mudanças abruptas na vida de personagens bíblico e de cristãos famosos que viveram ao longo dos séculos que nos antecedem. “A história da conversão de Paulo [está] no fundamento do caminho cristão, é a história do século IV da conversão de Agostinho que surge como o caso clássico. Agostinho nasceu no mailto:lucasandraderibeiro@gmail.com 58 norte da África em 354.”[1] Essas narrativas têm grande potência de sentidos e significados, algo tão caro a hermenêutica, pois elas amplificam as possibilidades interpretativas e de compreensão, sendo dessa forma, geradoras de novos mundos e de novas realidades existenciais, porque: Quando Agostinho reflete sobre sua vida e conversão, ele de fato realiza pelo menos duas operações simbólicas. Por um lado, ele examina suas ações mundanas para encontrar nelas pepitas da sabedoria de Deus - uma operação metafórica. Por outro, ele descreve os destaques experimentais do drama de conversão, a fim de apontar além deles para o “plano de Deus” - uma operação metonímica.[2] [1] POEWE, Karla. “Charismatic conversion in the light of Augustine’s Confessions.” In: LAMB, Christopher; BRYANT, M. Darrol (ed.). Religious Conversion: contemporary practices and controversies. London; New York: Cassell, 1999. p. 203. [2] BRYANT, M. Darrol. “Conversion in Christianity: from without and from within.” In: LAMB, Christopher; BRYANT, M. Darrol (ed.). Religious Conversion: contemporary practices and controversies. London; New York: Cassell, 1999. p. 181. Palavras-chave: Símbolo; Narrativa; Conversão. A POESIA É RASTRO DE DEUS NAS COISAS Rosineide de Aquino Oliveira aquino.re39@gmail.com Resumo: O presente trabalho se constrói a partir da relação entre Literatura e Religião sob viés da perspectiva do diálogo buberiano como encontro poético sobre o qual nos remete à compreensão hermenêutica de como a primeira se apresenta como expressão da alma, abrindo espaço para elucidar a poética da narrativa humana em confluência com a segunda quando esta se volta às questões do cotidiano imbricadas no âmbito literário, no qual se revela o verdadeiro propósito da poesia como linguagem religiosa. Neste ínterim, o fazer científico em torno do uso do termo religião recai sobre inúmeras possibilidades de abordagem interdisciplinar que está para além de sua definição da qual perpassa a função redentiva do ponto de vista simbólico, sobre o qual nos instiga a compreender como se perfaz a presença do sagrado em consonância com a construção poética voltada a religiosidade presente na poesia adeliana. Palavras-chave: Religião; Hermenêutica; Literatura; Linguagem. mailto:aquino.re39@gmail.com 59 A PACIÊNCIA DE JÓ E ESTADOS DE BHAKTI YOGA – CATEGORIAS DE COMPREENSÃO DE SOFRIMENTO E DE AMOR. Sumaya Machado Lima sumayamlima@gmail.com Resumo: O Livro de Jó conta a história de um devoto muito dedicado e paciente, que chama a atenção de Deus. Curioso, Deus quer saber a opinião do Diabo, já que a tarefa deste é perambular pelo mundo, confundindo a razão das pessoas. Tantas qualidades de Jó parecem ter despertado a inveja e o despeito do Diabo, pois que este dúvida que o personagem continue tão bem conceituado diante de Deus, se acaso seja privado de algum conforto que possui. Desafiado, Deus permite o Diabo testar a paciência de Jó, retirando-lhe o que julgar necessário. Obviamente, o Diabo não tem compaixão. Priva-o de todo o conforto, segurança material, afeto familiar, status social e saúde. Apesar do sofrimento, Jó permanece aos farrapos, na sarjeta, culpando apenas a si, nunca a Deus. Os amigos de Jó, com pretexto de ajudá-lo, o oprimem ainda mais fazendo-lhe perguntas e acusações até o desfecho da história mudar. De forma despretensiosa, a análise desse livro faz uma analogia da relação de alguns personagens com sua visão de Deus, do sofrimento e da devoção. O comportamento dos personagens e seus discursos podem ilustrar os conceitos de Devoção, Bhakti Yoga encontrados na filosofia do tantra Yoga da instituição espiritualista Ananda Marga no Brasil. Categorizando quatro tipos de personagens e suas visões sobre a figura Divina, o texto aproxima-as de noções tais como Tamásika Bhakti, Rajásika Bhakti, Sattvik Bhakti e kevala Bhakti. Desse modo, numa linguagem despojada e elucidativa, pretende-se abrir espaço para um diálogo entre escrituras tradicionais ainda pouco visitadas no estudo hermenêutico. Palavras-chave: Livro de Jó; Sofrimento; Devoção; Bhakti;Yoga; Diálogos. O CÍRCULO DE ÉRANOS COMO UMA MANIFESTAÇÃO ARQUETÍPICA PARA AS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO Vitor Chaves de Souza vitorchaves@gmail.com João Victor Sant'Anna Silva psicologo.joao@gmail.com Resumo: A comunicação demonstrará um possível aprofundamento da Hermenêutica da Religião tendo no Círculo de Éranos um modelo para tal tarefa. Em 1933, Suíça, inspirado no sanatório Monte Veritá, Olga Fröbe- mailto:sumayamlima@gmail.com mailto:vitorchaves@gmail.com mailto:psicologo.joao@gmail.com 60 Kapteyn, até então preocupada com práticas de medicinas complementares, criou um grupo de encontro e reflexão a partir de uma conversa com Rudolf Otto. Seguindo o conselho de Otto, Olga Fröbe-Kapteyn confere um caráter científico para os encontros e Otto o batiza de Círculo de Éranos. A proposta consistia em um espaço para unir temas antagônicos e existenciais (como Oriente e Ocidente, vida e morte, espírito e matéria) com pensadores de diferentes áreas. O período de maior expressão do grupo é aquele durante o qual Carl Jung o frequentou, de 1933 até 1951. Jung, considerado o Spiritus Rector do Círculo de Éranos, teve a oportunidade de dialogar com Rudolf Otto, Martin Buber, Paul Tillich, Jakob Hauer, Heinrich Zimmer, Karoly Kerenyi, Gershom Scholem, Henry Corbin e Mircea Eliade. Este último, em especial -- e não por acaso --, foi o principal interlocutor de Jung, a ponto de Jung reformular o seu conceito de arquétipo em virtude do diálogo com Eliade. Não apenas a maturidade do conceito referido, mas, também, o nascimento de obras consagradas (como Aspectos Empíricos do Processo de Individuação, em 1933, e Sobre a Sincronicidade, em 1951) se deu neste espaço. Sensibilizado pelo teor narrativo proporcionado pelos encontros no Círculo de Éranos, identificando neste espaço a premissa mais elementar do círculo hermenêutico no diálogo de seus participantes, a comunicação desenvolverá a noção de arquétipo de Mircea Eliade, de Carl Jung e de como o próprio encontro dos dois pensadores pode servir como um paradigma arquetípico para as Ciências da Religião na tarefa hermenêutica. A proposta, portanto, sustentará uma possibilidade interpretativa da religião a partir de reflexões teóricas gerais por movimentos circulares, tendo naquelas alterações feitas por Jung em seu próprio pensamento um exemplo inédito e significativo para a hermenêutica da religião. Trata-se, por fim, de uma pesquisa com metodologia crítico-analítica e objetivos interpretativos do sentido religioso na escola da hermenêutica. Palavras-chave: Círculo de Éranos; arquétipo; Carl Jung; Mircea Eliade; hermenêutica. 61 GT 10 - ENTRE RELIGIÃO E O ESPAÇO PÚBLICO: FESTAS, TURISMO RELIGIOSO E PATRIMÔNIO CULTURAL Doutorando Diego Santos Barbosa (UNIRIO) Doutoranda Elza Aparecida de Oliveira (UFJF) Ementa: Este GT pretende discutir a temática da religião na sua relação com o espaço público e apresentar pesquisas que propõem um lócus religioso fora dos limites do Estado. As discussões estarão orientadas prioritariamente para a compreensão dos fenômenos religiosos e suas possíveis articulações entre si. Pretende-se, também, ressaltar a pluralidade de reflexões contemporâneas e favorecer um debate profícuo entre perspectivas conceituais que perpassam diferentes áreas temáticas, como é o caso dos temas: Festa, Turismo Religioso e Patrimônio Cultural. Interessa-nos a conjugação entre os estudos de rituais, símbolos, performances e as abordagens das formas expressivas – gêneros poético-musicais, danças, encenações, manipulação e fabricação de objetos e artefatos que se articulam e desarticulam no contexto de formas mais festivas ou mais cotidianas da prática social. O GT pretende reunir pesquisas que reflitam sobre os processos associados entre os espaços e a religião no mundo contemporâneo, com o intuito de colocar em discussão as formas pelas quais as religiões participam da vida pública, adquire expressão e contribuem para configurar o nosso universo social. Palavras-Chave: Religião; Espaço Público; Patrimônio. 62 A CAMINHADA PARA SÃO JORGE EM PORTO ALEGRE – RS Blue Mariro b.cienciasdareligiao@outlook.com Resumo: Jorge da Capadócia, conforme a tradição atuou como soldado romano no exército do imperador Diocleciano, considerado um mártir cristão. Na hagiografia é um dos santos mais populares e venerados no Catolicismo, na Igreja Ortodoxa, e na Comunhão Anglicana. No Brasil são Jorge assume o cargo de santo protetor e guerreiro, patrono dos policiais, brigadistas. militares e do estado do RS. É associado nacionalmente com mais dois orixás Ogum e Oxossi (matriz africana), e internacionalmente também tem relação com Marte (romano), Ares (grego), Gerovit (eslavo), entre outras divindades com arquétipo bélico. Há uma escassez de pesquisas referentes a temática no RS, justificando-se a realização do levantamento. A metodologia utilizada neste trabalho foi a documental e bibliográfica. Espera-se com a presente pesquisa ao analisar os fundamentos teóricos que tem direcionado a paisagem da religião. Possibilite contribuir para uma reflexão sobre o papel da Geografia da religião na análise deste monumento católico presente no RS e sua relação com a comunidade. Contribuindo com a visibilidade das manifestações de fé do povo gaúcho. Palavras-chave: São Jorge; Igreja; Rio Grande do Sul. DOIS CAMINHOS DE FÉ, UM ÚNICO DESTINO: PIACATUBA, DISTRITO DE LEOPOLDINA (MG) COM POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RELIGIOSO Dora Deise Stephan Moreira ddsstephan@gmail.com Resumo: Dois caminhos de fé, um único destino: Piacatuba, distrito de Leopoldina (MG)com potencial para o desenvolvimento do turismo religioso. A partir do ano 2000 (Steil; Carneiro, 2008), começaram a surgir no Brasil as peregrinações que seguem o modelo do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Em 2013, em Cataguases, cidade localizada na Zona da Mata mineira, um grupo de fiéis criou a peregrinação Caminhos da Piedade que, conforme informações do Jornal Leopoldinense (Edição online de 02/09/2019), que teve como inspiração o Caminho de Santiago. Em 2015, surgiu em Leopoldina a peregrinação Fé na estrada, organizada pela Igreja Nossa Senhora do Rosário. Ambas acontecem na mesma data, 1° de setembro, e têm como destino Piacatuba, distrito leopoldinense localizado entre as duas cidades. A programação consiste em missa campal na Praça da Santa Cruz, onde se localiza mailto:b.cienciasdareligiao@outlook.com mailto:ddsstephan@gmail.com 63 o principal símbolo religioso do distrito, a Capela da Cruz Queimada, seguida de procissão até a Igreja de Nossa da Piedade, onde a imagem da santa de mesmo nome é abençoada. O presente trabalho problematiza a possibilidade de que essas peregrinações possam ser inseridas, inicialmente, no calendário cultural das duas cidades e, posteriormente, no calendário nacional de peregrinações, de forma a fomentar o turismo religioso na região. Partimos da perspectiva de que na contemporaneidade a experiência religiosa e a experiência turística “podem se imbricar num mesmo contexto, sendo que para isso é preciso “reconhecer que os próprios ‘olhares’ (religioso e turístico) passam por um processo de transformação no mundo contemporâneo” (STEIL;CARNEIRO,2008,p.108). Conforme os autores “essa nova modalidade de peregrinação, a que provisoriamente atribuímos o rótulo de ‘moderna’ parece re-vitalizar o fenômeno da peregrinação, não só como experiência religiosa, de um lado, mas também como expressão cultural (turística), de outro” (ibidem). Cremos também que a junção do religioso com o turismo pode fomentar o desenvolvimento sócioeconômico da região. Utilizaremos como referenciais teóricos os autores supracitados, além de Emerson Silveira (2007) Edênio Vale (2006), Antônio Giddens (1991) Zygmunt Bauman (1999),dentre outros, de modo a entendermos o turismo religioso enquanto fenômeno religioso da modernidade. Palavras-chave: Turismo religioso; modernidade; Piacatuba; Capela da cruz queimada. CAMINHADA DA FÉ: A DEVOÇÃO MARIANA À APARECIDA Rosiléa Archanjo de Almeida O presente artigo apresenta a peregrinação a pé feita por fiéis da cidade de Juiz de Fora à Aparecida (SP), onde localiza-se o Santuário Nacional em honra à Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil. Analisamos os discursos dos peregrinos juiz-foranos que percorrem o trajeto de 297Km na chamada “Caminhada da Fé”. Enfrentam no percurso, adversidades, como calo nos pés, cansaço corporal e mental. Sabendo de tais condições, nos questionamos: o que motiva estes sujeitos religiosos a participarem desta Caminhada? Acreditamos que além da fé, a pertença a um grupo social são os motes para a participação na Caminhada. Para chegar aos objetivos deste artigo, apresentamos as falas dos caminhantes, a partir da série “Caminhos da Fé”, publicada no jornal impresso Tribuna de Minas, e em suas mídias sociais. O artigo se mostra oportuno ao GT proposto, por se tratar de uma pesquisa do 64 lócus religioso fora do estado de Minas Gerais, discutindo a temática da religião na sua relação com o espaço público. Palavras-chave: Caminhada da Fé; Peregrinação; Nossa Senhora Aparecida; Devoção; Espaço Público. FOLKCOMUNICAÇÃO E EX-VOTOS NA FIGURA DO MONSENHOR RIOS Viviam Lacerda de Souza viviamlacerd@gmail.com José Antônio da Silva janthonius@uol.com.br Resumo: Por meio desta pesquisa buscamos compreender o religioso Antônio Rodrigues Paiva e Rios, o Monsenhor Rios no que tange as suas ações em vida e as manifestações de ex-voto que potencializam possíveis milagres decorrentes ao religioso no âmbito da folkcmunicação. Para tanto, nos valemos da pesquisa empírica e utilizamos como método de pesquisa a fundamentação teórica do trabalho baseada em estudo bibliográfico, entrevistas abertas e semi- estruturadas, análise documental, observação e análise de relatos de língua corrente e vestígios históricos. Esperamos identificar como se perfaz o proceso comunicacional por meio dos exvotos atribuídos ao monsenhor e relacionar a representação da crença e fé diante de um cenário místico que se valida na construção de subjetividades, onde o imaginário religioso se caracteriza uma fonte de sentidos, vínculos sociais e sentimento de pertença. Acreditamos que este trabalho contribui com o GT 10 - Entre Religião e o Espaço Público: Festas, Turismo Religioso e Patrimônio Cultural - no momento em que o contexto ao qual se insere nosso sujeito investigado condiz à uma realidade histórica e religiosa, pertencente ao turismo religioso e com potencial para inserção no patrimônio cultural imaterial do município de Vassoras/RJ e região Sul Fluminese do Vale do Café. Palavras-chave: Monsenhor Rios; Ex-voto; Folkcomunicação. CÍRIO DE NAZARÉ: RELIGIÃO, CULTURA E TRADIÇÃO Wanessa de Lima Grigoletto wanessadlgrigoletto@gmail.com Resumo: O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é considerado uma das maiores manifestações religiosas católicas do mundo, possuindo um conjunto de celebrações e eventos que ocorrem durante todo o mês de outubro, na cidade de Belém–PA, sendo a principal procissão realizada no segundo domingo de mailto:viviamlacerd@gmail.com mailto:janthonius@uol.com.br mailto:wanessadlgrigoletto@gmail.com 65 outubro, reunindo uma multidão de mais de 2 milhões de pessoas, entre devotos e turistas. Em dezembro de 2013, na cidade de Baku, capital de Azerbaijão, o Círio de Nazaré entrou na Lista Representativa do Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco, durante a 8ª seção do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial. E em novembro de 2021 o Iphan revalidou o Círio de Nazaré como Patrimônio Cultural do Brasil, através de uma avaliação das transformações pelas quais passou nos últimos anos, sendo uma delas o aumento significativo no número de participantes nas diversas celebrações e romarias. Durante o mês de outubro, além dos eventos religiosos, ocorrem, também, eventos culturais ligados ao Círio como o Auto do Círio, a Ode ao Círio, o Arrastão do Pavulagem e a Festa da Chiquita. O Círio de Nazaré é um acontecimento que envolve, direta ou indiretamente, toda a população paraense, se estendendo para além dos limites do estado do Pará, podendo ser analisado sob vários pontos de vista: religioso, estético, turístico, cultural, sociológico e antropológico. Desse modo, buscaremos evidenciar o Círio de Nazaré como parte da cultura e tradição do catolicismo em Belém. Esta pesquisa será construída de forma etnográfica e bibliográfica respeitando as possíveis restrições causadas pela pandemia da Covid-19. O referido trabalho é um desdobramento de uma pesquisa para a dissertação de mestrado no PPGCR/UEPA, sob orientação do Prof. Dr. Thiago Azevedo. Palavras-chave: Círio de Nazaré; Religião; Cultura Paraense. GT 11 - O CATOLICISMO ENTRE OS DIREITOS HUMANOS E OS DIREITOS DIVINOS Prof. Dr. Rodrigo Portella (UFJF) Me. Paulo Victor Zaquieu-Higino (UFJF) Me. Nilmar de Sousa Carvalho (UFJF). Ementa: A civilização ocidental, apesar das constantes inflexões que tem sofrido - sobretudo na contemporaneidade - está de tal maneira eivada de traços cristãos que, em muito, tais traços – como, por exemplo, princípios morais cristãos - são reconhecidos nas várias esferas da gestão pública e no cotidiano da vida social. Contudo, a partir do recrudescimento de conflitos envolvendo os mais variados segmentos religiosos e não religiosos, o catolicismo também tem enfrentado conflitos (internos e externos a ele). Estes conflitos se dão, principalmente, no âmbito de disputas internas relativas à discussão sobre qual deva ser a missão da Igreja no mundo (moderno), e interferem no posicionamento da Igreja diante de pautas globais e locais, como: economia, guerras, direitos reprodutivos e sexuais, uso de recursos naturais, entre outras 66 pautas visibilizadas por movimentos sociais. A partir de tal cenário, o GT pretende reunir pesquisadoras e pesquisadores com interesse em discutir temáticas relacionadas ao papel da Igreja na sociedade ao longo da história, especialmente no que diz respeito à: proteção dos direitos fundamentais do ser humano; influência da Doutrina Social da Igreja na construção de direitos trabalhistas; concepção de pessoa humana à luz da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da doutrina da Igreja; direitos da pessoa à liberdade de culto, de maneira privada ou pública; relação entre a liberdade religiosa e a política; devoções populares e sincretismos ante o olhar da hierarquia; discursos e reações que se entendem como conservadores e tradicionais na Igreja. Em síntese, coloca-se a pergunta: até que ponto há convergências e divergências entre as denominadas leis divina e natural, propugnadas pela Igreja, e a compreensão moderna ocidental de Direitos Humanos, com suas respectivas consequências práticas e legais na sociedade contemporânea? Palavras-chave: Igreja Católica; Direitos humanos; Igreja e Sociedade; Modernidade. UM “GRITO DO NORDESTE” BRASILEIRO DE 1967: OS DIREITOS HUMANOS E DIVINOS POR MEIO DA AÇÃO CATÓLICA RURAL Felipe de Lima França felipe.mazzapx@gmail.com Severino Vicente da Sailva severino.vsilva@ufpe.br Resumo: A Ação Católica Rural (ACR) surgiu como uma proposta de evangelização das pessoas do campo, iniciando em Recife em 1964 a convite de Dom Hélder Câmara a um padre francês de nome Joseph Servat, e que se espalhou por todo o nordeste brasileiro. Em 1967, inspirados na encíclica de Paulo VI acerca da promoção do homem “Populorum Progressio” (O desenvolvimento dos povos) surgiu o “Grito do Nordeste”, jornal trimestral de comunicação elaborada pelas própriasequipes responsáveis dessas experiências e publicadas a partir do mesmo ano como um dos importantes frutos dessa promoção. São vários os temas e as provocativas abordadas em cada edição, encontrando uma colaboração em rede que envolve os líderes regionais e nacionais, a Igreja, os estados nordestinos, os homens e as mulheres, os letrados e os analfabetos, os ministros ordenados e o povo, os anônimos e invisíveis, os periféricos e marginalizados, entre tantos outros. Dessa forma, o presente trabalho se propõe a isolar os quatro primeiros números mailto:felipe.mazzapx@gmail.com mailto:severino.vsilva@ufpe.br 67 contemplando assim todo o ano de 1967, e identificar como a ACR fez, por meio desse instrumento, para assumir posições tanto de intermediação e ponte entre os direitos divinos com os direitos humanos, como também de conscientização de direitos silenciados ou suprimidos, apagados ou esquecidos. Palavras-chave: Ação Católica Rural - ACR; Movimentos Sociais; Igreja Católica. O DIÁLOGO COM O NORTE E O SUL DO MUNDO: DOM HELDER CAMARA AO ENCONTRO DAS JUVENTUDES (1967-1969) José Romélio Rodrigues dos Santos Júnior romelio.jr@hotmail.com João Victor de Oliveira Estevam joaoviictor65@gmail.com Resumo: Buscando desenvolver uma narrativa acerca do personagem Dom Helder Camara (1964-1985), recolhemos o máximo de informações, documentos e obras bibliográficas sobre este religioso. Quanto ao objetivo da pesquisa, buscamos analisar e destacar elementos que apontam as ideias do arcebispo de Olinda e Recife acerca da relevância dos jovens para combater as injustiças sociais, contextualizados pela segunda metade do século XX, período da Ditadura Militar no Brasil, Guerra Fria no mundo e a Revolução da juventude em vários países, na década de 1960. Diante dessas circunstâncias, Helder viaja a diversos países realizando conferências/palestras em vários continentes, tratando sobre a cultura de paz, direito dos jovens e seus deveres enquanto cidadãos, a desigualdade mundial etc. Assim, analisamos os discursos realizados por ele nos Estados Unidos (1967), Berlim (1968) e Inglaterra (1969), em direção aos jovens do mundo. Nossa pesquisa procurou indagar-se e responder: Qual objetivo das viagens do Arcebispo? Qual sua mensagem? Suas denúncias, nas muitas universidades, afetaram o momento em que o Brasil se encontrava? O que pensava acerca dos jovens? Sendo o pós-guerra um tempo bastante conflituoso – disputa política, econômica e militar – analisar uma figura como Helder Camara é significativo, ciente do seu envolvimento, de forma nacional e internacional, na luta contra a miséria, atingindo vários públicos. Em suma, pontuamos a contribuição deste trabalho para o campo da História e da Ciência da Religião, pois lidamos com questões que envolvem a religiosidade, a política, a economia e a juventude do período estudado. Palavras-chave: Catolicismo; Juventudes; Diretos Humanos; Justiça social. mailto:romelio.jr@hotmail.com mailto:joaoviictor65@gmail.com 68 TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E A UNIÃO DO CÉU COM A TERRA EM TEMPOS DE FASCISMO NO BRASIL: O POVO COMO PROJETO SALVÍFICO Tulio Barbosa fale@anticolonialismo.org Resumo: A Teologia da Libertação tem papel central na promoção dos direitos humanos no Brasil, pois esse conjunto teórico/prático formado por religiosos e religiosas brasileiras empreenderam diretamente o enfrentamento doutrinário tradicional e se puseram na vanguarda teológica quanto ao papel da religião e da religiosidade católica no cotidiano da classe trabalhadora. Historicamente os esforços do conservadorismo teológico católico para silenciar a Teologia da Libertação trouxeram prejuízos para o fortalecimento de um projeto salvífico coletivo que partiria do cotidiano do povo. Em tempos de exacerbação dos movimentos fascistas e predomínio do conservadorismo teológico na Igreja brasileira é importante reconstituir os processos históricos articulados escalarmente com as questões políticas e territoriais; assim, o presente trabalho objetiva compreender no tempo presente como a Igreja distanciou os propósitos teológicos do cotidiano da classe trabalhadora ao promover o silêncio da Teologia da Libertação, bem como apresentar a reorganização de leigos e leigas pelo reconstrução das Comunidades Eclesiais de Base e com isso entender o enfrentamento teológico como uma necessidade de ruptura teórica e prática para o cotidiano da classe trabalhadora na ampliação dos direitos humanos e no aperfeiçoamento da democracia brasileira. Palavras-chave: Catolicismo; Teologia da Libertação; Direitos Humanos; Democracia. mailto:fale@anticolonialismo.org 69 GT 13 - RELIGIÃO E CULTURA VISUAL Ma. Ana Beatriz de Carvalho dos Santos Alexandrini Me. Edmilson Sousa Rocha Doutoranda Elainy Fátima de Souza (UFJF) Ementa: As áreas de estudos Religião e Cultura Visual são limítrofes, atuando tanto no discurso simbólico quanto nos componentes visuais, referindo-se ao intelecto humano. Segundo Helmut Renders, as diversas linguagens textuais, pictoriais, ritualistas e gestuais, sonoras, oftálmicas, espaciais, experimentados e imaginados possibilitam a sistematização humana da religião. Assim sendo, os variados meios de condução ao sagrado englobam elementos visuais ao se tratar das díspares formas religiosas que podem ser legitimadas ou não. Por outro lado, a cultura visual de uma determinada sociedade não deve ser compreendida de maneira limitante, apenas como uma atividade estética ou mercadológica. Entretanto, como um vasto campo epistemológico inerente à religião, no qual também há uma busca pela condição espiritual humana, pelo incentivo à paz, e na contemporaneidade pela promoção dos direitos humanos. Desta maneira, a idealização e as perspectivas ampliam as manifestações das várias relações e as diferenças de classe, gênero e etnias. Levando isto em consideração, as pesquisas sobre o diálogo inter(trans)disciplinar ampliam-se no meio acadêmico. Conforme Etienne Higuet, é possível utilizar vários repertórios de procedimentos interpretativos das imagens e questionar a finalidade da imagem pictural, que não pretende apenas copiar ou representar, mas também, concentrar, aumentar e enriquecer a realidade. Destarte, este GT tem como finalidade agregar pesquisadores que aprofundem às conexões entre a religião e as diversificadas modalidades da cultura visual. Para tanto, incorpora pesquisas que tratem das inúmeras características, pelas quais a cultura visual ganha expressão (ícones, fotografia, gravura, escultura, artes plásticas, cinema, etc.) dos mais diversos períodos históricos, tradições religiosas e culturas. Englobando, trabalhos que apresentam análises da força performativa de imagens e sobre a metodologia para interpretação da cultura visual contemporânea. Palavras-chave: Religião; Diálogo inter(trans)disciplinar; Cultura visual; Artes. 70 A LINGUAGEM VISUAL DA JAMES HARPER’S ILLUMINATED AND NEW PICTORIAL BIBLE: UMA ARTICULAÇÃO POPULAR METODISTA DO AFETO RELIGIOSO E DA SENSIBILIDADE SOCIAL Ana Beatriz de Carvalho dos Santos Alexandrini biaalexandrini@hotmail.com Resumo: Nesta comunicação, trabalharemos a linguagem visual protestante, presente na James Harper’s Illuminated and New Pictorial Bible, uma Bíblia de família ilustrada, em língua inglesa, criada, editada e comercializada pelos irmãos Harper, leigos da Igreja Metodista Episcopal, que viveram nos Estados Unidos durante o século 19. Utilizando o método iconológico de Erwin Panofsky, procuraremos vestígios nas ilustrações de uma possível existência de uma funcionabilidade na utilização das imagens na Bíblia de sensibilidade social e afeto religioso, tendo em vista que, se trata de uma grande obra, com aproximadamente, 1600 ilustrações em moldes de xilogravuras. A justificativapara essa pesquisa é a necessidade de conhecer melhor as linguagens visuais evangélicas usadas em tempos passados, inclusive dentro dessa denominação que pertence ao Brasil, no Protestantismo de Missão, no caso dessa pesquisa, a Igreja Metodista. Para tanto, buscaremos conhecer brevemente, um pouco da história que envolvem a produção desta Bíblia, tanto de seus criadores, quanto dos antecessores metodistas e protestantes, na utilização de linguagem visual em seus cultos, ritos e meios de comunicação sociais. Palavras-chave: Linguagem visual; ErwinPanofsky; afeto religioso; sensibilidade social; metodismo. O CORAÇÃO COMO CENTRO DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA NA RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA Edmilson Sousa Rocha edmilsoncat41@gmail.com Resumo: Esta comunicação analisa a presença da religio cordis na Renovação Carismática Católica, nossa primeira abordagem parte da história da Renovação Carismática Católica; e sua relação com a religio cordis, sua influência inicial e sua consolidação no movimento apresentando suas representações textuais e visuais nos diversos âmbitos de sua estrutura organizacional de modo a identificar a forte presença da religião do coração na RCC. Num segundo momento a abordagem será sobre as narrativas visuais históricas da religio cordis até a primeira metade do século 20, e as novas narrativas visuais desenvolvidas a partir da conclusão do Concílio Vaticano II que inseriu a Igreja Católica na modernidade, até os nossos dias. Por fim num terceiro momento, mailto:biaalexandrini@hotmail.com mailto:edmilsoncat41@gmail.com 71 abordaremos de maneira mais profunda sobre a utilização religião do coração pela Renovação Carismática Católica como símbolo da mediação com o sagrado, para este intento utilizaremos o conceito filosófico sobre as formas simbólicas de Ernst Cassirer, a aproximando a figura do coração as formas simbólicas da religião e da arte, além de apresentar as narrativas visuais de diversas áreas de atuação do movimento. Palavras-chave: Religio Cordis; Renovação Carismática Católica; Coração; Cultura Visual. RELÍQUIAS E IMAGENS NO BUDISMO DE GANDHARA Estela Piccin estelapiccin@gmail.com Resumo: Após a morte do Buddha Sakyamuni – mais especificamente, seu parinirva?a, a passagem para a cessação definitiva dos sofrimentos – as relíquias (sarira) resultantes de sua cremação foram divididas em oito partes que foram distribuídas entre membros de diferentes clãs que as armazenaram em monumentos funerários construídos para este fim, chamados estupas. O culto às relíquias de Buddha presentes em estupas era muito importante para o Budismo Inicial – e o é até hoje de diferentes maneiras. Na região de Gandhara (antigo noroeste da Índia, atualmente partes do Paquistão e do Afeganistão) é possível que o culto a relíquias tenha incentivado o culto a imagens, ou vice- versa. Através da investigação bibliográfica de produções de Gregory Schopen, Juhyung Rhi e Johannes Bronkhorst, buscamos compreender o processo do surgimento do culto às relíquias e sua relação com imagens na cultura visual e material budista, área de pesquisa ainda incipiente no Brasil, e com isso buscamos contribuir com os estudos da cultura visual e material budista. Palavras-chave: Budismo; Gandhara (Paquistão / Afeganistão); Cultura Visual Religiosa. A ICONOGRÁFICA DAS BEM-AVENTURANÇAS NA ARTE RELIGIOSA E A BUSCA PELA PAZ: O EXEMPLO DO PÁTIO DO MONASTÉRIO SANTA CLARA EM COIMBRA Helmut Renders helmut.renders@metodista.br Resumo: Já faz um tempo que me raparei que em diversas gravuras católicas dos dois caminhos as bem-aventuranças ocupam um lugar de destaque para mailto:estelapiccin@gmail.com mailto:helmut.renders@metodista.br 72 conduzir o discernimento e a devoção. Recentemente vi em Portugal na cidade de Coimbra no pátio interior do mosteiro de Santa Clara uma instalação de uma série de azulejos também retratando as bem-aventuranças. Quando li o tema do CONACIR desse ano, “Religião, busca pela paz e Direitos Humanos” pensei que seria interessante investigar se o uso de destaque das bem-aventuranças em gravuras, litografias e instalações em pátios interiores de monastérios nos dá algumas pistas iconográficas e iconológicas em especial, para a “busca pela paz”. Quanto ao monastério de Santa Clara pode se além disso ainda afirmar em relação ao contexto de que se trata nesse lugar do único programa iconográfico. Proponho de interpretar os aspectos iconográficos dos dez azulejos do século 18 no monastério de Santa Clara em Coimbra. sob a consideração adicional que a composição de cada bem-aventurança segue a estrutura de um emblema (com suas respetivas implicações para seu “uso”). Como método proponho aplicar o método iconológico de Erwin Panofsky. Quero entender se a linguagem iconográfica foca na vida interna do monastério ou eventualmente também demonstra aspectos que podem ser hoje traduzidos como orientações para a promoção de uma cultura da paz no espaço público. Palavras-chave: Monastério Santa Clara em Coimbra; azulejos das bem- aventuranças; iconografia; iconologia; Erwin Panofsky. ENTRE A CRUZ E O CALDEIRÃO: REPRESENTAÇÕES CULTURAIS DA BENZEDEIRA E DA BRUXA NAS TELENOVELAS BRASILEIRAS A PARTIR DE "ILHA DAS BRUXAS" Mariana de Carvalho Ilheo marianacarvalho.i@outlook.com Resumo: O objetivo é analisar como são construídas as representações de bruxas e benzedeiras nas telenovelas brasileiras e como elas se relacionam na medida em que personificam uma batalha travada entre o bem e o mal. O texto tratará de um caso: a minissérie Ilha das Bruxas, produzida pela Rede Manchete e exibida pela primeira vez em 1991; dividida em dezesseis capítulos, teve repercussão polêmica devido a cenas de sexo e nudez, cujo conteúdo foi considerado sensível pela temática relacionada à bruxaria. A trama se passa no ano de 1919, em uma vila de pescadores na Ilha de Santa Catarina: os conflitos amorosos e de poder são atravessados pela presença de uma benzedeira e um benzedor principais, postos como antagônicos a um grupo de mulheres que se revoltam com a opressão masculina na comunidade, liderado por uma velha. Por último – discutindo a representação cultural de tais personagens –, o que se espera é, de um lado, compreender as nuances de uma oposição imaginada mailto:marianacarvalho.i@outlook.com 73 entre a religião e a magia; de outro, elucidar aspectos relacionados a essas figuras enquanto expressões do poder feminino e a especificidades das relações ao nível da dinâmica local. Palavras-chave: Benzedeiras; Bruxas; Telenovelas; Ilha das Bruxas. 74 GT 14 - RELIGIÃO E VIOLÊNCIA Doutorando Jungley de Oliveira Torres Neto (UFJF) Doutorando Rondinele Felipe (UFJF) Ementa: O objetivo deste Grupo de Trabalho é promover um debate qualificado em torno da temática: religião e violência. A abordagem poderá se desenvolver a partir de teóricos variados e abordagens metodológicas diversas, com ênfase nos seguintes eixos: violência no campo da vida política, cultural, econômica e da epistemologia; essas referidas instâncias tocam propriamente à religião e se repercutem. Abrir-se-á para abordagens da violência no campo simbólico, em que não há coação física, mas há danos morais, psicológicos, afetivos, e traços bem ‘violentos’ ao ser humano em sua afeição. As propostas ao GT podem enfocar em ‘estratégias’ de adotar uma postura anti-violenta, como, por exemplo: o caminho dialógico, interdisciplinar e interreligioso. Como extensão da proposta do núcleo ETER, a proposição do GT dedica-se ao debate e ao estudo de teorias sobre a religião, com intuito de reunir professores, pesquisadores e estudantes interessados nessa temática supracitada, e, por conseguinte, em debatê-la. A proposta pode seguir tantona linha da Filosofia e Epistemologia da Religião, quanto da Antropologia da Religião. Vertentes que pretendem investigar os aspectos filosóficos, históricos e sistemáticos da constituição da área de CR e debates contemporâneos sobre o tema, no que se refere ao nexo entre religião e violência. Pensar a religião sob os aspectos ambíguos da violência poderá ser promissor no sentido de buscar reflexões, às vezes polêmicas, mas não sem efeitos práticos para uma possível implementação didática de busca pela paz, respeito e tolerância entre os povos. Pensar nessa polêmica junção entre religião e violência, significa também investigar o conceito de violência e sua repercussão nos cenários religiosos. Semelhante questão, nos dará suporte para tentarmos responder o que é violência, ou como a violência se apropria do sagrado. E mais: Quais são as contribuições da Ciência da Religião para o tema? Movendo-nos na direção desses questionamentos buscar-se-á trazê-los para o campo da abordagem, debate e reflexão temática da: religião e violência ou, por extensão, religião e a atitude anti-violenta, de busca pela paz e dos direitos humanos. Neste desiderato, também será muito interessante proposições de abordagens fenomenológicas e hermenêuticas. Que investigam como pensadores da fenomenologia (tanto da religião como filosófica) e da hermenêutica podem auxiliar na interpretação da religião. Neste caminho, serão indagadas as 75 contribuições para o entendimento e relação entre religião e violência numa aproximação hermenêutica e que busca outras fontes para se pensar o tema. Palavras-chave: Religião; Violência; Diálogo; Paz. 76 GORDOFOBIA: OBESIDADE X GULA Ana Paula de Paula de Oliveira mailanapauladepaula@gmail.com Resumo: O presente estudo gira em torno da correlação contemporânea da obesidade com o pecado da gula. A gordofobia gera estigmatização da pessoa com excesso de peso ou obesidade, afetando tanto sua vida social quanto religiosa. Para tanto, pretende-se realizar uma pesquisa exploratória bibliográfica-documental, por meio de uma compreensão histórica acerca dessa correlação a partir da Revolução Francesa. A erudição no que concerne essa analogia, possivelmente logra a consciência sobre o preconceito estabelecido na sociedade contemporânea. Objetiva-se a compreensão histórica quanto às similitudes levantas social e academicamente acerca da obesidade e o pecado da gula ou glutonaria. Espera-se ampliar a compreensão acerca da correlação entre essas duas temáticas, confirmando o preconceito nessa correlação que se encontra engendrada na sociedade contemporânea. Acredita-se que o presente estudo poderá contribuir para o grupo de trabalho, religião e violência. Visto que o preconceito denominado pelo neologismo, gordofobia, reflete na vida dos sujeitos com excesso de peso ou obesidade. Afetando o bem estar-mental, a saúde física e espiritual desses indivíduos que são segregados por pessoas que julgam o excesso de peso e a obesidade, principalmente pela ligação do mesmo a um dos pecados capitais, a gula, e neste sentido culpabilizando os atores por seus pecados. Palavras-chave: Preconceito; gordofobia; obesidade; pecado. OS DEMÔNIOS DE LOUDUN, DE ALDOUS HUXLEY: VIOLÊNCIA DOS DISCURSOS POLÍTICOS E RELIGIOSOS NO SÉCULO XVII E ATUALMENTE Erik Dorff Schmitz erik.schmitz@hotmail.com Resumo: Esta pesquisa propõe realizar um debate entre violência e religião a partir da obra Os Demônios de Loudun (1952), de Aldous Huxley, e de teorias diversas da Filosofia, Teologia e Ciências da Religião. O livro desenvolve um revisionismo histórico, tecendo análises e críticas que alteram a compreensão dos fatos consolidados. A história convencional afirma que religiosas de um convento em Loudun, na França, foram possuídas por Demônios no século XVII. Na obra de Huxley, essa história é revisitada, e o que foi afirmado pela Igreja e pelo Estado na época como fruto de uma possessão demoníaca é visto como um caso de histeria coletiva. O autor acrescenta novas camadas de mailto:mailanapauladepaula@gmail.com mailto:erik.schmitz@hotmail.com 77 compreensão com reflexões históricas, filosóficas, teológicas e psicológicas sobre os fatos históricos narrados. Práticas de violências físicas, psicológicas e espirituais foram realizadas sobre as religiosas de Loudun, e torturas foram infligidas sobre o pároco da cidade com consequente execução na fogueira. Nossa análise tem como objetivos demonstrar que o fato visto como possessão na época, pode hoje ser considerado como doença psicossomática; que os poderes políticos e religiosos da França exerceram influência no desenrolar dos fatos; e que atualmente discursos políticos no Ocidente buscar relacionar política e religião para objetivos escusos de maneira obscurantista. Nossa abordagem metodológica será bibliográfica e teórico-crítica, sendo que tal justifica-se pelo fato de que o espaço da religião por muitos momentos na história foi lugar de condutas violentas sobre corpos e mentes humanas, prática que ainda é possível encontrar nos dias atuais, levantando debates que buscam promover o respeito pela vida humana. Com isto buscamos contribuir com as reflexões que norteiam este GT. Palavras-chave: Violência; Política; Religião; Loudun. EUFEMISMOS NA TRADUÇÃO DA VIOLÊNCIA VERBAL NO NOVO TESTAMENTO Francisco Benedito Leite ethnosfran@hotmail.com Resumo: O cristianismo primitivo, antes de sua institucionalização, cujo desenvolvimento começou a ocorrer no fim do século I E.C., é caracterizado como um movimento plural e diverso, sem hierarquia e sem unidade doutrinária. As comunidades cristãs estavam unidas pela crença na messianidade de Jesus – que foi injustamente morto, condenado à crucificação, e ressuscitou – e que esses acontecimentos haviam feito irromper o novo éon, a nova aliança de Deus com a humanidade. Apesar disso, havia muitas diferenças entre as crenças que eram compartilhadas pelas comunidades que residiam em diferentes localizações do Império Romano e que surgiram em diferentes momentos do primeiro século. Todas as comunidades cristãs primitivas eram judaicas, já que o próprio cristianismo era uma seita judaica na época, do mesmo modo todas elas estavam influenciadas pelo helenismo, que era a corrente cultural dominante naquele ambiente e naquele período. Entretanto, os diversos grupos cristãos diferenciavam-se, sobretudo, no que diz respeito à permanente adesão ao seguimento de certas tendências judaicas estritas, como a circuncisão, o regime alimentar, a segregação da mulher e a guarda do sábado. Nesse sentido, no Novo Testamento, os textos do apóstolo Paulo e do Apocalipse de João podem ser apresentados como polaridades. Por exemplo, mailto:ethnosfran@hotmail.com 78 de um lado, o apóstolo dos gentios insiste que os crentes em Cristo de origem pagã não devem se circuncidar e que, ao invés disso, já que os judaizantes estão tão apegados a essa tradição, eles é que deveriam “castrar-se”; de outro, o autor do apocalipse canônico trata as comunidades paulinas da Ásia Menor como “sinagogas de Satanás”. Ataques verbais de um grupo cristão contra outro foram frequentes e estão no cânon neotestamentário, mas a leitura religiosa ignora-os e tenta silenciá-los a ponto de atualmente só serem perceptíveis por meio de uma leitura especializada. Diante disso, propomo-nos a realizar uma análise da ocorrência da violência verbal entre as comunidades primitivas, no caso, delimitamos as cartas paulinas e o Apocalipse. Palavras-chave: violência verbal; Paulo; Apocalipse; judaísmo; cristianismo. INTOLERÂNCIA E A “BUSCA PELA PAZ”: ANÁLISE DE DISCURSOS NEOPENTECOSTAIS DIRECIONADOS A RELIGIÕES AFRO- BRASILEIRAS Julia Geralda dos Santos Machado juuhhmachado45@gmail.comAiriely Ingrid Souza de Paula airielypaula@gmail.com Resumo: A intolerância religiosa destinada a religiões afro-brasileiras é um fenômeno que tem crescido, gradativamente, na sociedade brasileira. A presença de violências físicas e simbólicas em relação a esses grupos em diferentes contextos se deu mediante as especificidades do Brasil, construído às margens de um colonialismo segregativo e impositivo. Diante da crescente desse fato e da emergência, progressiva, dos grupos neopentecostais no Brasil, a presente pesquisa visa observar como se concebe essa intolerância atualmente por parte dos neopentecostais destinados às religiões afro- brasileiras. Para isso, pretende-se analisar os discursos de Edir Macedo e Valdemiro Santiago - líderes evangélicos - em suas redes sociais (Instagram, Twitter e YouTube), de modo a detectar as características discriminatórias voltadas às religiões afro-brasileiras. Não obstante, é possível notar que os neopentecostais consideram religiões de matrizes africanas como “inimigas” e, por isso, promovem tais violências. A pesquisa se encontra em fase embrionária, mas traz percepções sobre como a marginalização social acontece e assim, fere a liberdade de expressão e os direitos humanos no que tange a diversidade social do país. Além disso, nos faz compreender como se dá a magnitude do fenômeno e troca de saberes de estudos relacionados com as questões étnico- raciais, contemplando o desenvolvimento da pesquisa. mailto:juuhhmachado45@gmail.com mailto:airielypaula@gmail.com 79 Palavras-chave: Discurso; Intolerância Religiosa; Neopentecostal. DA HERMENÊUTICA À DECOLONIALIDADE Jungley de Oliveira Torres Neto jungleyjf@hotmail.com Resumo: Pretende-se mediar a hermenêutica filosófica, a partir de Gadamer e a sua postura socrático-platônica, com o pensamento Latino-americano, mais precisamente, com a decolonialidade, abrindo-se às perspectivas de abordagens anti-violentas. A presente comunicação seguirá, portanto, o método hermenêutico em seu caminho dialógico. Neste labor, será proposta a reflexão dialógica nas bases da hermenêutica de Gadamer para além de seu lugar de fala. Em outros termos, será proposto o encontro autêntico da hermenêutica filosófica/ dialógica de Gadamer com o pensamento da América subalternizada durante anos, construindo-se, assim, uma proposta crítica e, ao mesmo tempo, de possibilidades de contatos e necessárias mediações. A justificativa da proposição da presente comunicação respalda-se na importância de debater e abordar as muitas faces da relação entre Religião e Violência, sejam elas denominadas: violência física, violência psicológica, violência moral, violência política, violência cultural ou toda força violenta de poder que se sobrepõe no mundo de modo discursivo, simbólico e prático. Objetiva-se suscitar o diálogo intercultural nas trilhas da hermenêutica filosófica, através da perspectiva dialógica, enquanto postura anti-violenta, pois o diálogo enquanto experiência hermenêutica conserva o lógos que pode ser compartilhado por todos, de modo que construa uma ‘ponte’ entre o Eu e o “Outro”. O caminho dialógico situa-se no movimento de abertura e não se enquadra em pressupostos fixos e/ ou fechados que justificam a apropriação do “Outro” nas categorias do Eu. Nessa abertura do diálogo, justifica-se a atitude anti-violenta, que leva em consideração a diversidade étnica: religiosa, cultural e histórica do “Outro”. Almeja-se suscitar reflexões e contribuições na área de pesquisa em Filosofia da Religião e, por conseguinte, no GT de Religião e Violência, de pensar na liberação da “verdade” do conhecimento epistêmico eurocêntrico, enquanto projeto universal-ocidental de bases económicas, políticas e epistêmicas de poder. Aspira-se refletir, na perspectiva dos entre-lugares, nos pontos de mediações/ fronteiras: que, ao mesmo tempo, separa, limita, mas, igualmente, permite o contato e, eventualmente, aproxima. O que permite-nos ir além da “terra natal” de Gadamer (ponto de partida da proposta de trabalho) e se direcionar às abordagens decoloniais (ponto de avanço do presente trabalho). Palavras-chave: Decolonialidade; Diálogo; Hermenêutica; Violência. mailto:jungleyjf@hotmail.com 80 A PESSOA COMO FUNDAMENTO DA RELIGIÃO EM MAX SCHELER Luiza Bello luizabelloborges@gmail.com Resumo: Esta comunicação alicerça-se em uma pesquisa em andamento que pretende relacionar o personalismo ético, desenvolvido por Max Scheler em sua obra Formalismus in der Ethik und die materiale Wertethik (1912) e a possibilidade de renovação da religião na obra Probleme der Religion (1921). A fundamentação fenomenológica conferida por Scheler à pessoa oferece duas vias de reflexão. A primeira delas permite compreender a pessoa enquanto um valor do Sagrado (Wert des Heiligen), constituindo-se em um conteúdo estático independente das contingências dinâmicas do acontecer histórico, especialmente dos conflitos e das guerras pelos quais as vivências humanas perpassam. Ou seja, a pessoa - enquanto resíduo absoluto e eterno - resiste ao que há de violento no mundo. A segunda, por sua vez, refere-se à possibilidade da primeira via ter o condão de fundar uma renovação da religião no sentido da universalização e do compromisso com o que há de eterno no fenômeno humano, isto é, com a pessoa enquanto conteúdo valorativo. Os valores do Sagrado são incapazes de limitação, divisão e redução em seu próprio ser. Ora, se é a pessoa um valor desta natureza, eterno e universal, a intuição do ser pessoal do outro abre-se como possibilidade de apelo ao divino e comum nas experiências coletivas. Intuir o outro ser pessoal corresponde a uma vivência valorativa do Sagrado. Assim, a pessoa abre-se para as dimensões do divino, como o Incondicionado, o Infinito, a Finalidade última, a Fonte da ordem, a Origem da harmonia e o Sentido da vida. Tais dimensões confluem para Deus, transcendendo as dimensões meramente individuais, sensíveis e psicofísicas das concretudes vivenciais. Trata-se da possibilidade pessoal de ascender ao universal, eterno e absoluto. Nesse sentido, Scheler apresenta uma possibilidade de renovação da religião, compreendendo-a como um compromisso universal com a pessoa. O desenvolvimento da pesquisa se dá na forma de investigação filosófica em que se define um objeto identificável, o personalismo ético de Scheler e a possibilidade de renovação da religião, com o intuito de situar a pessoa como valor do Sagrado, oferecendo um olhar fenomenológico possível acerca da religião. Palavras-chave: Pessoa; valor; sagrado; religião; violência. mailto:luizabelloborges@gmail.com 81 VIOLÊNCIA COMO HERMENÊUTICA RELIGIOSA Marcio Henrique S. Ribeiro mhribeiro@uol.com.br Resumo: Esta comunicação aborda a crítica feita pelo chamado novo ateísmo à religião, tendo em conta sua relação com a violência. Seu objetivo é apresentar seus questionamentos e hipóteses, bem como, as implicações para a imagem divina e a prática de fé a partir da violência. Metodologicamente, a análise do discurso dos autores representantes do novo ateísmo nos serve como mediação para a compreensão da crítica atual à religião. Para tanto, o objeto material desse exame são as obras representativas desse discurso; sendo objeto formal o modo como a religião e as imagens divinas são apresentadas. Disso resultam hipóteses que caracterizam a religião, seja como fenômeno imanente, ou fenômeno natural que exerce uma força maligna significativa em nosso mundo; seja como origem da violência e do mal, que, a partir de sua influência ambígua com relação à humanidade, ela não apenas representa, mas é um veneno para essa humanidade. Consequentemente, ao interpretar a religião como causa e replicação da violência, a crítica do atual ateísmo afirma a destrutividade da religião e predicaum mundo sem religião por conta do mal e da violência. Palavras-chave: Religião; Violência; Hermenêutica religiosa. O PAPEL DA IGREJA NA PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS QUANTO A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E INTRAFAMILIAR Rosemeire Celestino da Costa rosemarrie1000@outlook.com Resumo: O Brasil tem convivido com um problema complexo e desafiador que vem abalando toda a sociedade, a violência doméstica e intrafamiliar contra crianças. Os traumas e as consequências desse mal merecem profunda reflexão, seguida de iniciativas sérias e urgentes, a fim de que o número de vítimas não atinja níveis incontroláveis. O objetivo geral é analisar, através de pesquisa bibliográfica, a responsabilidade e o compromisso da Igreja na proteção das crianças no que se refere a violência doméstica e intrafamiliar. A pesquisa bibliográfica visa contribuir na ampliação da compreensão a respeito dos aspectos que envolvem o tema em foco, sendo de fundamental importância, visto que suscita questionamentos de interesse acadêmico e social. O tema é relevante, visto que visa levar a Igreja a refletir sobre seu papel sociopolítico, pedagógico e cultural na prevenção e no enfrentamento desse tipo de violência mailto:mhribeiro@uol.com.br mailto:rosemarrie1000@outlook.com 82 contra as crianças. A Igreja deve assumir um papel mais efetivo na defesa dos direitos da criança, construindo estratégias eficazes de enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar para que possa modificar esse cenário, conscientizando, sensibilizando e instrumentalizando os líderes religiosos para a gravidade desse problema. Palavras-chave: Igreja. Violência doméstica e intrafamiliar. Crianças. Palavras-chave: Igreja; Violência doméstica e intrafamiliar; Crianças. VIOLÊNCIA E MECANISMO VITIMÁRIO NO CENÁRIO POLÍTICO BRASILEIRO ATUAL Rondinele Laurindo Felipe rondinelelfelipe@gmail.com Resumo: A pretendida comunicação versará acerca do debate das ocorrências de violências e perseguições vitimárias no cenário político brasileiro inspirada na teoria mimética do pensador franco-americano René Girard. Desse autor, destacaremos seu mote principal que é o estreito vínculo entre a violência e o sagrado, como consequência da polêmica noção de que os humanos seriam governados por um mimetismo de caráter competitivo que instauraria em crises e bestialidades de tal ordem que uma fortuita solução pacificadora não se isentaria de violência. Aliás, tratar-se-ia de violência vitimária e coletiva contra uma vítima, um bode expiatório. Desse modo, os sacrifícios expiatórios ao mesmo tempo que assumiam a função de apaziguarem a explosão de conflitos, revelariam nossa terrível disposição com implicações persecutórias e vitimárias. Isso nos faz pensar nas vítimas afetadas pelo sistema político no contexto brasileiro. De certa forma, a moralidade evangélica associada à política parece nos ofuscar ao ponto de encararmos com certa naturalidade as imposições de caráter violento propagadas em nome de deus. Diante disso, em que medida o “fator deus” legitima e sustenta formas de violências? Semelhante questão parece se confirmar na expressão máxima da campanha política, por assim dizer, vitimária do governo Bolsonaro que diz: “Brasil acima de tudo deus acima de todos.” Essa taxação de cunho hegemônico e exclusivista não deixa de reverberar com aspectos autoritários e pretenciosos quando assume uma ideologia particularmente teocêntrica. Aqui, o problema da violência não parece ser a violência em si, mas na maneira como impomos nossas “verdades” para maioria. Afinal, parece que a ideologia impositiva, pseudo evangélica, se impõe em virtude do bem comum, em nome da família, de deus, dos “cidadãos de bem.” Não obstante, os desassistidos vítimas da miséria, dos preconceitos e autoritarismos de todos os tipos, de um Brasil que ainda respira ares de violência patriarcal e colonial. Talvez, a postura decolonial nos permitirá enxergar através mailto:rondinelelfelipe@gmail.com 83 dessa nuvem nebulosa que esconde as verdadeiras vítimas; os bodes expiatórios, inocentes, perseguidos pela lógica implacável e sentenciadora da epistemologia dominante. Palavras-chave: Violência; política; mecanismo vitimário; subalternidade; decolonialidade. CRÍTICA A DITADURA MILITAR BRASILEIRA À LUZ DA INTERPRETAÇÃO ESPINOSANA DE MARILENA CHAUÍ Tarcísio Lage Louzada tarcisio.louzada@usp.br Resumo: O presente trabalho pretende abordar a noção de história estrutural, dando ênfase a sua relação com a crítica da superstição espinosana tais como foram pensadas por Marilena Chauí, sobretudo em sua tese de doutorado Introdução à leitura de Espinosa, defendida em 1971. Partimos do pressuposto de que a noção de história estrutural foi fundamental para Marilena tecer o motivo central daquele trabalho: pensar o Estado autoritário a partir da crítica da superstição e a o possibilidade de transformação daquele. Dessa forma, entendemos ser possível tangenciar alguns dos pontos centrais da tese da autora, tendo em mente a afirmação da autora, qual seja, “No tempo sem garantia onde se efetuam liberdade e desejo de servir, a história se faz e, desde que não confundamos memória e hábito, o recurso ao passado é maneira de narrar o presente.” Pretendemos com essa temática repensar a relação entre o trabalho de história da filosofia e o tempo presente, isto é, de que modo a leitura de um autor clássico, como Espinosa, pode nos abrir um campo de pensamento que nos franqueie reagir criticamente a uma inquietação do presente, no caso de Marilena em seu texto e contexto de doutorado, a violência do Estado autoritário bem como da sociedade autoritária. Palavras-chave: Estado autoritário; violência; história estrutural; superstição; poder teológico-político. A GUERRA ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA: UMA REFLEXÃO A PARTIR DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO Walison Almeida Dias prof.walisondias@gmail.com Carolina Lisboa Sisnando carolinasisnando1@gmail.com mailto:tarcisio.louzada@usp.br mailto:prof.walisondias@gmail.com mailto:carolinasisnando1@gmail.com 84 Resumo: A presente pesquisa aborda uma reflexão do conflito armado e geopolítico entre Rússia e Ucrania, buscando abordar o papel da religião e como ela alimenta o nacionalismo russo e seu sentimento antiocidentalista. Metodologicamente, este trabalho caracteriza-se como um estudo bibliográfico, que para MARCONI e LAKATOS (2003) trata-se de uma “pesquisa e de um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema que compõem”. Nesse proposito metodológico, comtempla-se as seguintes etapas: 1) Levantamento bibliográfico; 2) Formulação do problema; 3) Identificação das fontes; 4) Leitura analítica do material; 5) Construção de fichamentos; 6) Redação final. Este estudo justifica-se na compreensão da religiosidade Russa enquanto um mecanismo legitimador da instituição governamental, passando a ter sua participação na guerra, de tal modo que a religião acabou tornando-se uma mola propulsora para a invasão do pais vizinho. O objetivo desta pesquisa é refletir o impacto da religião e da religiosidade no conflito entre Rússia e Ucrânia, percebendo sua força agenciadora na construção do ideal nacionalista e do sentimento de nação que emerge diante de várias demandas políticas, sociais e culturais. Os resultados prévios desta pesquisa apontam para uma reflexão do papel da religião enquanto um mecanismo de influência no conflito entre Rússia e a Ucrânia, haja vista que a elaboração de uma identidade única contribui para o argumento do atual presidente, justificada no discurso da “limpeza cultural legitima”. Com ambos países predominantemente ortodoxos, apelar para a religiosidade e as similaridades entre valores e costumes acaba sendo uma estratégiade unificação territorial possível para o chefe de Estado Russo. Neste sentido, a pesquisa contribui ao GT para a reflexão do papel da religião em conflitos armados em um mundo liquido e global, uma vez que direitos humanos são violados constantemente em virtude das ações políticas. Dessa forma, pensar o papel da religiosidade na guerra é criar possíveis rotas de análise em como a religião pode flutuar entre a promoção da paz, da vida e da liberdade humana, e ao mesmo tempo funcionar como mecanismo ideológico que justifica conflitos e desterritorializações. Palavras-chave: Religião; Religiosidade; Guerra; Rússia; Ucrânia. 85 GT 15 - RELIGIÃO, ARTE E MATERIALIDADES: NOVOS DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE ESTUDOS Doutoranda Mara Bontempo Reis (UFJF) Mestranda Viviane de Sousa Rocha (UFJF) Ementa: Este Grupo de Trabalho (GT) tem por objetivo acolher pesquisas que abordam a relação entre religião, arte, materialidades religiosas, ritos, espaços e práticas devocionais, buscando produzir debates que compreendam os múltiplos atravessamentos dessas relações. Outrossim, a proposta deste GT é dar destaque às formas materiais e imateriais de produção de sentido e de experiência religiosa, como também de denúncia de violação dos direitos humanos e de busca pela paz na experiência e vivência do ser humano por meio da arte e da religião, por exemplo. Compreende-se por materialidades religiosas, tudo que compõe a dimensão material, ou seja, que envolve os aspectos físicos da religião, sejam eles objetos sagrados, construções arquitetônicas, arte sacra, dentre outros. Os estudos sobre religião material buscam compreender como as pessoas experimentam e vivenciam as religiões a partir dos objetos e toda a sua configuração. Trazer à luz os estudos sobre materialidade religiosa se faz necessário, tendo em vista que a dimensão material é essencial para a construção de identidades, crenças, grupos e comunidades religiosas (MEYER, 2019). Meyer considera que no campo das investigações sobre materialidades religiosas, deve haver o pressuposto de que as coisas, com os seus valores, ações e uso não são algo que se acrescenta às religiões, mas sim algo delas indissociáveis, pois os objetos não são inertes, eles estão o tempo todo participando, afetando e sendo afetados e desempenham um papel importante na relação humana. Paul Tillich (2009, p. 83) expõe que: "não existe criação cultural que não expresse a preocupação básica". Para esse autor é possível olhar para as obras culturais, artísticas e filosóficas, e também música, literatura, arquitetura, dança, como um protesto. Para ele, "religião é a substância da cultura e a cultura é a forma da religião" (TILLICH, 2009, p. 88). Mesmo a cultura, a arte secular, apresentam um olhar para o incondicional, o infinito. Ambos autores, Meyer e Tillich, consideram a religião e arte, a cultura da humanidade, e nos mostram que somente o ser humano é religioso e faz e admira a arte e é afetado por ela. Assim sendo, religião e arte constroem sentidos e identidades a partir da materialidade e do simbólico. Portanto, esse GT pretende reunir trabalhos de pesquisadores (a) que buscam investigar as diversas articulações entre religião e arte e suas diferentes configurações, propondo debater e apontar novos desafios e possibilidades de estudos. Palavras-Chave: Religião. Arte. Materialidades Religiosas. Práticas Devocionais. Direitos Humanos. 86 SANTUÁRIO DA SERRA DA PIEDADE: A ARTE SACRA UMA PERSPECTIVA DA LINGUAGEM DO CULTO MARIANO Adriana Fernandes Balbi adrianaf.balbi@gmail.com Resumo: Esta comunicação é fruto das pesquisas iniciais do percurso da dissertação de mestrado que visa na área de Linguagem Religiosa analisar a narrativa do culto mariano. Desse Modo laçando um olhar sobre a peregrinação, nos levantamentos de invocações à padroeira de Minas Gerais no Santuário da Serra da Piedade, o presente estudo tende analisar a arte sacra na imagem da Pietá. Lentava-se a seguinte pergunta: Qual o processo de leitura da imagem da Pietá na perspectiva da arte como uma proximidade de representação do sagrado? Através de revisão bibliográfica de autores que dialoguem com a temática pretende-se analisar a influência mútua da arte com a religião. Na trajetória histórica das peregrinações e seus enigmas, ao contemplar uma imagem o devoto torna se um artesão que retira representações do sagrado, esculpindo a expressão simbólica da imagem de Nossa Senhora sob o titulo da Piedade. A partir desses contextos, as relações entre arte e religião se estreitam, permitindo compreender ambas como formas de representação da narrativa de interpretações nas camadas de leituras do fenômeno contemplativo. Palavras-chave: Peregrinação; Arte Sacra; Culto Mariano. GRUPO DE MARACATU BAQUE MULHER Anna Paula Barreto Pedra ap_pedra@hotmail.com Resumo: O Baque Mulher é um grupo de maracatu formado em sua maioria por mulheres e liderado pela mestra Joana Cavalcante, Yakekerê Mãe Joana da Oxum (Mãe Pequena do Terreiro – segunda pessoa na hierarquia de mando de uma casa de Candomblé). Mestre Joana é a primeira mulher a coordenar o batuque de uma nação de Maracatu de Baque Virado, a Nação Encanto do Pina. Sua liderança marcou uma nova fase no maracatu através da inserção de mulheres na condução de instrumentos, lugar antes ocupado somente pelos homens. Isso gerou maior protagonismo feminino no maracatu, rearticulando pautas como gênero, tradição e luta política. Sendo uma expressão cultural gestada a partir de religiões afro-brasileiras - principalmente o candomblé nagô, o maracatu reproduz em suas letras e toques uma herança espiritual afro- diaspórica, carregada de imagens, danças e cantos, além de sons e mailto:adrianaf.balbi@gmail.com mailto:ap_pedra@hotmail.com 87 instrumentos, que se tornam a própria manifestação do elemento religioso. Os trabalhos de Birgit Mayer (2019) apontam para a virada material nos estudos de religião que procura compreender como a religião ocorre materialmente, principalmente ao trabalhar a noção dos conceitos a partir dos dados etnográficos. A primeira forma de fazer isso é voltar a análise para a materialização do religioso em práticas corporais, musicais e instrumentais, distanciando-se de uma concepção cristã das abordagens religiosas. Assim, o objetivo desta comunicação é compreender como certas coisas e práticas, como os sons e instrumentos, constituem a religião no Baque Mulher. Analisaremos, o lugar dos instrumentos, das danças e da música como mediadores da religião no maracatu. Espera-se que esta discussão possa não só contribuir com as perspectivas materiais de compreensão da religião, como identificar em expressões culturais que articulam a luta antirracista e o empoderamento feminino a presença da religião. Palavras-chave: Maracatu; Baque Mulher; Religião Material. SALMO APÓCRIFO: UMA POESIA EXPERIENCIAL DE DEUS Letícia Alves Duarte Corrêa leticiaduarteteo@gmail.com Resumo: A palavra “apócrifo” é de origem grega e significa “escondido”. No cristianismo, conhecemos esta palavra como um adjetivo denominador dos livros não reconhecidos como autênticos pela igreja, livros que não estão presentes no cânon bíblico da igreja em questão. O livro dos Salmos é reconhecido como canônico por todas as igrejas que professam o cristianismo, além de ser um livro poético. Este possui grande importância para a religiosidade e espiritualidade cristãs, a poesia salmítica compreende o falar de Deus através da poesia para aquele que a lê e o experiencia. Contudo, a poesia não cessou após o falar dos salmistas, seguiu pela igreja primitiva e ate? hoje manifesta a voz do Poeta, Deus. Desta forma, o objetivo deste trabalho é apresentar a poesia apócrifa que segue sendo escrita, recitada e experienciada no mundo, mais precisamente, atravésda escritora mineira Adélia Prado. Adélia tem a fé como um fator importante na sua obra e em sua vida, para ela a experiência religiosa e a experiência poética procedem de uma mesma fonte. A poeta que não deseja fazer o pão de Deus, que fica feia quando ele lhe tira a poesia, que chora até entender qual é o seu ex-voto e que exclama que a poesia a salvará, nos ensina acerca da experiência poética e de como a poesia pode ser uma condutora da fé. Palavras-chave: Poesia; salmos; apócrifo; Adélia Prado. mailto:leticiaduarteteo@gmail.com 88 IMAGENS SIMBÓLICAS: UM ESTUDO DA OBRA “O NASCIMENTO DE VÊNUS” A PARTIR DE ABY WARBURG Marcel Henrique Rodrigues marcel_academico@hotmail.com Resumo: A História da Arte, com seu caráter interdisciplinar, tem muito a contribuir com a Ciência da Religião. Isso fica evidenciado na análise de uma obra de arte, especialmente as obras que foram produzidas durante o Renascimento que, em sua grande maioria, possuem significados religiosos. Assim, o presente trabalho pretende trazer à tona a importância de se estudar imagens no âmbito da Ciência da Religião, exemplificada através de uma obra de arte em especial: “O nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli. Para isso, vamos lançar mão dos estudos do historiador da arte Aby Warburg, uma vez que suas contribuições abrangem importantes aspectos religiosos na interpretação do mencionado quadro. Porém, mais do que a análise dessa obra prima, Warburg mostra-se genial ao abordar questões que vão desde a religião, passando pela Filosofia, Mitologia, História da Medicina entre outros campos. Assim, os estudos de Warburg são um exemplo para nós, pesquisadores da Ciência da Religião, de como outras disciplinas investigativas podem auxiliar na compreensão do fenômeno religioso, especialmente a partir da linguagem religiosa, tendo como fonte a própria obra de arte, uma vez que essa última, assim como a religião, caminha, desde tempos imemoriais, junto com a Humanidade. Palavras-chave: Renascimento; Aby Warburg; História da Arte; Ciência da Religião; Nascimento de Vênus. ISLÃ X CANDOMBLÉ A MATERIALIDADE DOS MALÊS COMO LEGADO RELIGIOSO NO TERREIRO DO BOGUM, SALVADOR, BAHIA Rodrigo Nogueira Martins rodrygovirtual@hotmail.com Resumo: Esta comunicação organiza-se a partir da compreensão de que houve um compartilhamento de saberes nas concepções sagradas entre o Islã e o Candomblé, em especial pelos Malês, na comunidade do Terreiro do Bogum, que tem como nome oficial: Zoogodô Bogum Malê Rundó. Sendo desenvolvida inicialmente através de uma revisão bibliográfica sobre os Malês e o Terreiro do Bogum, tendo como ponto de partida a Revolta dos Malês, seguida de um estudo etnográfico a ser realizado na comunidade do Terreiro do Bogum. Tendo como foco o estudo da cultura material-religiosa do Islã no Bogum mailto:marcel_academico@hotmail.com mailto:rodrygovirtual@hotmail.com 89 Contemporâneo. Com o objetivo de identificar o contexto material e imaterial do Islã e a sua produção de sentido e de experiência religiosa oriundos do contato entre ambas as religiões nas dependências do terreiro. A realização desta comunicação justifica-se pelo fato de que a interseção religiosa entre o Islã e o Candomblé ainda não foi abordada pelas Ciências da Religião, menos ainda quando se pretende buscar a compreensão da cultura-histórico-religiosa dos Malês, e menos ainda, abrangendo como foco da pesquisa a materialidade do Islã em um terreiro. Para um entendimento mais amplo sobre a materialidade proveniente do contato entre o Candomblé e o Islã, se fará necessária a compressão da origem, translado ao Brasil e religiosidade dos Malês, aliado a um resgate sobre a gênese do Terreiro do Bogum e o seu papel na Revolta dos Malês. Por fim, esta comunicação pretende promover não apenas o aprofundamento do estudo da materialidade religiosa nas Ciências da Religião, como ainda aplicar seus conceitos para analisar a partir deste ponto de partida os espaços de culto destinados às religiões de religiões de matrizes africanas e suas construções de sentido. Palavras-chave: Islã; Candomblé; Arte; Materialidade; IMAGENS SACRAS EMPAREDADAS - MATERIALIDADE DA DEVOÇÃO CAIÇARA. (LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO) Rosangela D. Ressurreição roseress@uol.com.br Resumo: A cidade de São Sebastião foi elevada à categoria de vila em 1636 nas primeiras décadas do século XVII, mantendo algumas práticas religiosas, cultura material edificada e imagens sacras - testemunho da fé e devoção caiçara. Essa cidade histórica possui um Museu de Arte Sacra que ocupa as dependências da Capela de São Gonçalo, um exemplar do século XVII situado na zona central da cidade. Patrimônio arquitetônico de São Paulo, foi construída em alvenaria de pedra e barro. Embora seu acervo tenha origem paroquial, as imagens religiosas estão presentes de forma importante no cotidiano das famílias dos moradores da região. As imagens sagradas são objetos de devoção que vão além de sua finalidade principal: participam da vida da comunidade caiçara e afetam a todos. A história do caiçara baseia-se nas práticas religiosas no cotidiano, por meio das quais o sagrado se torna vívido e real, possibilitando a conexão do material e do espiritual. Nesse sentido e na prática religiosa cotidiana, a expressão das crenças do povo caiçara torna-se visível e tangível. Nessa comunicação, o objetivo é destacar o trabalho de restauração realizado de quatro imagens sagradas encontradas na restauração da Matriz em 2000. As mailto:roseress@uol.com.br 90 peças foram emparedadas e, quando encontradas, foram cuidadosamente embaladas e armazenadas na reserva técnica do museu. Nossa Senhora com o Menino de cerâmica modelada, dourada e policromada, a Imagem do Bispo de cerâmica modelada, dourada e policromada, a Imagem de Santo Antônio foi encontrada com 70% da volumetria íntegra e a última peça resultante da reforma da Matriz é a Imagem de Cristo, essa peça estava fragmentada em numerosas partes, cerca de 100 fragmentos, o que correspondem, a pelo menos 70% da peça íntegra. Palavras-chave: Materialidade; Imagens Sacras; devoção. “BELAS PRA GLÓRIA DE DEUS” – NOTAS INTRODUTÓRIAS A ANÁLISE DE UMA TEOLOGIA DO CUIDADO NO CALVINISMO CONTEMPORÂNEO Sergio Tuguio Ladeira Kitagawa sergiokita@gmail.com Resumo: O trabalho tem por objetivo apresentar notas introdutórias a análise da abordagem do cuidado nos textos e falas de Norma Braga Venâncio. Evangélica, Venâncio é doutora em literatura francesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestre em teologia pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, atuando como conferencista em eventos promovidos por diferentes instituições evangélicas. Publicou o livro “A Mente de Cristo: conversão e cosmovisão cristã” que inclui textos publicados em seu blog “Teologia & Beleza”, voltado para o público evangélico feminino onde trata de temas como imagem pessoal, beleza interior, submissão da esposa ao marido, dentre outros. Também pelo blog, oferece palestras sobre “Cosmovisão Cristã e Beleza Feminina” e seus serviços de consultoria de imagem. Analisando seus textos veiculados no blog e em sites evangélicos, bem como suas postagens em redes sociais (Twitter, Facebook, Instagram) e ainda palestras e apresentações disponíveis em seu canal no Youtube, pretende-se esboçar o que pode ser percebida como uma “Teologia do Cuidado” ou mesmo uma “Teologia da Beleza”, amparada no referencial teológico calvinista. Buscando elementos para definir a concepção de Venâncio sobre o cuidado, espera-se contribuir para a análise da construção de identidades e representações do feminino no calvinismo contemporâneo, enquanto modo constitutivo do indivíduo que reflete sobre seu agir no mundo a partir da fé. Palavras-chave: Calvinismo; Teologia;Beleza; Cuidado; Cosmovisão; mailto:sergiokita@gmail.com 91 MÚSICA COMO RELIGIÃO MATERIAL: A EMERGÊNCIA DE UMA NOVA ABORDAGEM E O CASO GOSPEL Waldney de Souza Rodrigues Costa professordney@gmail.com Resumo: Geralmente tida como cultura imaterial, a música sempre foi importante no estudo acadêmico das religiões, mas a forma se alterou ao longo da história da disciplina. O objetivo dessa comunicação é, a partir de um comentário à bibliografia disponível, apresentar as principais alterações em direção ao paradigma do estudo das religiões a partir da cultura material e destacar traços gerais do que seria uma abordagem da música como religião material, tomando o caso do fenômeno gospel como exemplo. A literatura parece indicar que, na Ciência da Religião, a abordagem da música acompanhou a evolução da descoberta das fontes de pesquisa. Quando textuais, o foco recaiu sobre as letras das canções como texto, e, quando orais, sobre elementos comumente analisados em entrevistas, como entonações e silêncios. A descoberta das fontes materiais e a tomada do som como elemento material permite destacar aspectos que as abordagens anteriores deixavam a descoberto. No caso gospel, chama a atenção a dinâmica religiosa gerada quando o som passa a circular em diferentes suportes não atrelados às instituições religiosas e as variações especificamente musicais, em termos de compasso, ritmo e harmonia, que acompanharam as transformações religiosas, sobretudo no contexto brasileiro. Palavras-chave: Cultura material; Ciência da Religião; Música Gospel; Protestantismo e Pentecostalismo; mailto:professordney@gmail.com 92 GT 18 - RELIGIOSIDADES AFRO-AMERICANAS: CRENÇAS, SINCRETISMOS, RITUAIS E RESISTÊNCIAS Doutorando Eduardo Garcia Necco Peixoto Regis (UFJF) Doutoranda Vitória Marques Bergo (UFJF) Mestranda Tharsis Corrêa Oliveira (UFJF) Ementa: A diáspora forçada de africanos escravizados para as Américas, através da colonização européia, moldou as modalidades de crença nesses territórios. Tenha sido pelo trânsito de ideais e conceitos religiosos entre as diversas crenças africanas diante da imposição do cristianismo, pela interação com as culturas ameríndias ou pelo surgimento de modalidades crenças próprias dos povos das Américas, é possível destacar que o campo religioso americano tem sido fértil e interessante para as pesquisas desenvolvidas pela ciência da religião. Neste sentido, além de oportuno, é necessário que a discussão e que a produção de conhecimento acerca destas religiosidades seja fomentada, objetivando uma compreensão mais precisa do próprio campo religioso americano atual. Compreende-se que o olhar cuidadoso para as diversas modalidades de crenças americanas que apresentam matriz africana, bem como o estudo comparativo das mesmas são chaves para que possamos perceber as estruturas de crença que moldaram o cenário cultural americano. Além disso, a difusão de trabalhos cujos temas circundam as religiosidades de matriz africana corrobora com a proposta temática do VI CONACIR: "Religião, busca pela Paz e Direitos Humanos". Na medida em que a intolerância religiosa contra as religiões de matriz afro vem crescendo nos últimos anos, compreendemos a importância da disseminação, divulgação e circulação das pesquisas científicas que abordam tais manifestações, em suas pluralidades, convergências e diferenças. Assim, o GT também busca oportunizar o debate proposto pelo evento, sobre como podemos pensar a busca pela Paz em relação com o diálogo inter-religioso. Este GT tem o objetivo então de promover a discussão acerca de religiosidades afro-americanas, como: Candomblé, Umbanda, Quimbanda, Tambor de Mina, Jurema, Vodou, Voodoo da Louisiana, Palo Monte, Regla de Ocha, Maria Lionza e outras. Neste contexto, buscamos destacar trabalhos que estejam em desenvolvimento no âmbito das pesquisas em Ciência da Religião e das Ciências Humanas, abordando tanto questões relativas a estas modalidades de crença em sua singularidade, quanto em comparação com outras modalidades afro-americanas: principalmente no que tange as suas crenças e capital simbólico formativo, derivativo, rituais, mitos e experiências religiosas, bem como hibridismos e sínteses. Serão priorizados os trabalhos em fase atual de desenvolvimento, cujas pesquisas estejam em curso e que dialoguem com a área da Ciência da Religião. Palavras-Chave: Religiosidade afro-americana; Religiosidade ameríndia; Sincretismo; 93 UMA PROPOSTA DE DESCONSTRUÇÃO DO RACISMO RELIGIOSO SOFRIDO PELOS ADEPTOS DO TAMBOR DE MINA NA AMAZÔNIA: CONTRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA DE THEODOR ADORNO Arlindo Figueiredo Do Rosário Júnior ajuniordeode@yahoo.com.br Resumo: Este estudo tem por objetivo apresentar possíveis formas de destruição de preconceito e racismo religioso sofridos pelos adeptos do tambor de mina tradicional na Amazônia, tendo como base a filosofia adorniana. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica que apresenta as ideias fundamentais acerca do tambor de mina, bem como os pressupostos teóricos apresentados pelo filósofo Theodor Adorno, fazendo como que haja um estudo pormenorizado do fenômeno afro-religioso. É uma pesquisa qualitativa que agrega ideias que possam resolver a seguinte problemática: Como podemos propor o aniquilamento do racismo religioso na Amazônia, a partir do pensamento adornando? O tambor de mina compõe um grupo de religiões que constantemente são vítimas da barbárie que é o racismo religioso. Os ataques a terreiros, a discriminação, os insultos, são atos constantes. Em se tratando de “barbárie”, podemos recorrer aos filósofos frankfurtianos que são contemporâneos à trágica realidade do Nazismo de Hitler e o extermínio de judeus em campos de concentração. Adorno faz uma grande análise da realidade alemã nos ajudando a extrair meios de superação da atual barbárie na Amazônia, com relação a destruição de minorias religiosas. Nossas inquietações nasceram a partir das considerações finais da pesquisa intitulada “Tambor de mina tradicional: Diálogos pertinentes entre religião e meio ambiente”, onde foi concluído que não existe respeito para com os ritos do tambor de mina e que estes são discriminados por falta de conhecimento por parte das pessoas. Dentre os resultados da pesquisa, a implementação de uma educação emancipatória onde a pessoa seja livre para exercer o pensar, a partir de suas verdades, que podem se concebidos através de uma pedagogia libertadora. Esta pesquisa contribui com uma discussão sobre a ideia de resistência que as comunidades tradicionais de matriz africana vêm tendo diante de uma sociedade racista e preconceituosa, além de propor um diálogo inter-religioso para o evento. Palavras-chave: Tambor de mina; Racismo religioso; Educação emancipatória. MÚSICA E RELIGIÃO NO ATLÂNTICO NEGRO: O CASO DO RAP BRASILEIRO Bruno De Carvalho Rocha brunorocha_47@hotmail.com mailto:ajuniordeode@yahoo.com.br mailto:brunorocha_47@hotmail.com 94 Resumo: A música desempenha um papel central em manifestações políticas, culturais e religiosas entre populações africanas de diferentes lugares. Distintos gêneros musicais decorrentes desse processo apresentam-se revestidos de múltiplos sentidos civilizatórios de todo um povo em dispersão e em movimento. O trânsito de ritmos e de experiências sonoras, gestadas no interior das culturas afro-diaspóricas, fundamentam uma das mais importantes expressões musicais contemporâneas: o rap. Nas palavras do rapper Edi Rock, “A música negra é como uma grande árvore, com vários galhos e tal. O Rap é um, o Reggae é outro, o Samba também. Agora vamos mostrar mais um deles, então: Racionais Mc’s, fio da navalha”. Esse gênero musical desenvolvido na periferia dos grandes centros urbanos navega entre os limites e encruzilhadas do Atlântico negro, conectando e articulando as mais variadas expressõesda experiência moderna e do imaginário religioso trans-atlântico. Sendo uma herança narrativa cancional de negros e pobres da diáspora, o rap, enquanto parte da música negra, articula um “fundo comum de experiências urbanas”, um “legado de africanismos”, além de um “estoque de experiências religiosas” (GILROY, 2012, p.175). Segundo Paul Gilroy, todas essas expressões musicais “alimentaram uma nova metafísica da negritude”, responsável por organizar e negociar a experiência de jovens negros nos mais diversos contextos de vulnerabilidade social. Através de algumas canções do rap brasileiro, o objetivo desta comunicação é compreender a construção do imaginário religioso afro- diaspórico por meio do que chamaremos de “modos mítico-poéticos do rap” e como esta discussão contribui para o desenvolvimento de pesquisas na ciência da religião, que tem nas musicalidades negras o seu interlocutor/objeto principal. Palavras-chave: Música; Religião; Atlântico negro; Diáspora; Rap. CANDOMBLÉ: MEMÓRIA, RESISTÊNCIA, INOVAÇÃO Janara Puchulate De Moraes janarapuchulate@id.uff.br Resumo: Ainda que um ser humano olhe para outro e veja um objeto, aquele que é olhado como coisa continua sendo humano e continua possuindo cultura, costumes e fé. É sobre a permanência e reinvenção da fé dos iorubás, que estão entre os povos que foram trazidos forçadamente da África para o Brasil, que pretendemos dissertar. As crenças dos iorubás que foram trazidas para o Brasil através da escravização se transformaram, entre outras manifestações culturais, no Candomblé. O Candomblé, então, religião muitas vezes vista como algo ruim, apesar de ter origens na fé praticada na África, é uma religião brasileira que surgiu na Bahia, no século XIX. Não existia a religião chamada Candomblé na África. Antes da vinda dos iorubás para o Brasil, antes da colonização europeia na África, não havia em tal continente a necessidade de se nomear a fé. O que havia em tal região era a religiosidade local, que, no mailto:janarapuchulate@id.uff.br 95 Brasil, recebeu uma ressignificação. Acreditamos que tal ressignificação coloca o Candomblé como uma religião que guarda a memória dos tempos da escravidão e do período anterior a ela. Como também faz do Candomblé uma forma de resistência, já que não se admitia que pretos e pretas fossem pessoas, que dirá pessoas com uma forma própria de fé. Mas para isso tudo o Candomblé também precisou da inovação para se fazer existir e permanecer existindo num contexto desfavorável à sua existência. Palavras-chave: Candomblé; Memória, Resistência, Religiosidade;Ressignificação. AS RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS NO AMAZONAS: UM CAMPO DE ESTUDOS EM CONSTRUÇÃO Manoel Vitor Barbosa Neto neto_barbosa28@outlook.com Resumo: Quando se fala em religiões afrobrasileiras o Estado do Amazonas não é lembrado como um polo da presença destas. Alguns elementos podem ser utilizados para justificar essa realidade como a construção historiográfica que por muito tempo invisibilizou a presença africana na região norte ou no processo de consolidação dos estudos das religiões de matriz africana que pensou esta região de maneira genérica ou sem importância sustentada pelas ideias de “pureza religiosa”, etc. e, do ponto de vista acadêmico local, este grupo de religiões não adquiriu tanto interesse para a práxis investigativa. Esses fatores contribuíram para a invisibilidade das religiões afrobrasileiras no Estado, porém, não significa dizer inexistem trabalhos realizados nessa área. Nos últimos sete anos têm surgido teses e dissertações sobre este tema. Nesse sentido, esta comunicação objetiva apresentar um estado da arte das pesquisas sobre as religiões de matriz africana em solo amazonense, tratando- se, portanto, de um estudo preliminar de natureza bibliográfica. A perspectiva adotada nessa pesquisa possibilitou conhecer algumas características do campo afroreligioso. Considerando a proposta deste GT, esta pesquisa é um contributo à difusão das pesquisas sobre as religiões afrobrasileira no Amazonas. Palavras-chave: Religiões Afrobrasileiras; Amazonas; Pesquisa. O JARÊ EM TORTO ARADO Paula Mendonça Dias paulamendoncad@gmail.com Resumo: No romance Torto arado (2018), vencedor dos prêmios Jabuti e Oceanos de 2020, escrito pelo autor e geógrafo baiano Itamar Vieira Junior, são notórias a presença e a influência do jarê, religião desenvolvida na Chapada Diamantina, concebida historicamente a partir do entrelaçamento entre entidades do candomblé, santos católicos e espíritos indígenas. Por isso, neste mailto:neto_barbosa28@outlook.com mailto:paulamendoncad@gmail.com 96 trabalho, objetiva-se criar uma ponte entre o jarê e o papel que exerce no romance a fim de melhor compreendê-lo e analisá-lo. Para tanto, pretende-se primeiramente explorar as origens dessa religião, suas festas, cantigas e entidades. Em um segundo momento, procura-se identificar e investigar as implicações do jarê na obra, dando ênfase à entidade narradora Santa Rita Pescadeira, considerando sua função dentro da narrativa e, principalmente, no desfecho do livro. Por fim, procura-se verificar de que modo o jarê dentro de Torto arado representa não só uma religião sincrética característica da região, mas também uma estratégia de resistência no contexto rural do sertão baiano, em especial na fazenda de Água Negra. Dessa forma, espera-se, a partir deste trabalho, poder contribuir para a pesquisa acerca do recente romance e da religião ainda pouco conhecida e estudada. Palavras-chave: Literatura afro-brasileira; Torto arado; Jarê. DIREITOS HUMANOS E A QUESTÃO DO RACISMO RELIGIOSO CONTRA AS RELIGIÕES DE TRADIÇÃO DE TERREIRO Ronald Belinassi rbelinazzi@gmail.com Resumo: Os praticantes das religiões de tradição de terreiros sofrem com ataques intolerantes e ameaças aos seus direitos de liberdade religiosa, perpetradas por diversos fatores que configuram a presença de um racismo religioso originário do passado colonial e revigorado por discursos e práticas religiosas que atuam como postulantes de uma “verdade” e de pretensos universalismos dos perseguidores do povo de santo. Nesse sentido, o presente trabalho, apresentará os resultados da atuação dos praticantes da fé das religiões de tradição de terreiro, diante dos atos intolerantes e do desrespeito à liberdade religiosa. O objetivo desta análise é compartilhar uma reflexão sobre a forma como os praticantes usam os recursos de defesa de sua fé, dos meios legais para legitimação dos terreiros e de constantes diálogos com diversas religiões não cristãs, configuram como um empecilho ao proselitismo cristão e suas pretensões de imposições de fé através da violência e das violações dos direitos à liberdade religiosa. Palavras-chave: Direitos humanos; Intolerância religiosa; Racismo religioso; Religiões tradicionais de terreiro; Resistências. mailto:rbelinazzi@gmail.com 97 QUANDO O SUBALTERNO FALA: A NARRATIVA DE AXÉ DE MÃE BEATA DE YEMONJÁ Sávio Roberto Fonseca De Freitas savioroberto1978@yahoo.com.br José Bartolomeu Dos Santos Júnior jbsjr@hotmail.com Resumo: O objetivo deste estudo é desenvolver uma análise de contos de Mãe Beata de Yemonjá e mostrar que a literatura afro-brasileira de autoria feminina cumpre uma agenda social de reflexão sobre temas que se voltam ao universo da cultura afro-brasileira. A coletânea de contos Caroço de dendê (2002), de Mãe Beata, apresenta a sabedoria dos terreiros como uma possibilidade de construção de uma poética afro-brasileira, a ficção curta de axé, que ensina o conhecimento oral dos babalorixás, das ialorixás e dos orixás como veículo de uma educação que se pauta na lei do santo (VALLADO, 2010), da representatividade de grupos minoritários (SOUZA, 2002, p.81) e da mitologia dos orixás (PRANDI, 2001). Palavras-chave: Poética afro-brasileira, Ficção curta de Axé, Mãe Beata de Yemonjá.mailto:savioroberto1978@yahoo.com.br mailto:jbsjr@hotmail.com 98 GT 19 - RELIGIOSIDADES, MOVIMENTOS SOCIAIS E CRIAÇÃO DE HORIZONTES POSSÍVEIS Profa. Dra. Maria do Carmo Gregório (UFF) Profa. Dra. Susana Maria Maia (UFF) Doutorando Joilson de Souza Toledo (PUC-Rio) Ementa: Na contemporaneidade e na história do continente latino-americano os movimentos sociais têm sido lugares de gestar, nutrir e reavivar utopias. Mulheres e homens das mais diversas faixas etárias têm se reunido e elaborado práticas, ideias, vivências e discursos sistematizados ou não, tendo em vista a transformação da sociedade, a busca pela paz, e a luta pelos direitos humanos e sociais. Diante das estruturas sociais em voga em cada tempo coletivos, insurreições, movimentos, agremiações, grupos e pastorais tem sido um espaço de afirmação que “outro mundo é possível e necessário”. A disputa antes e na atualidade não se dá somente no concreto das reivindicações, mas também na constituição e legitimação de valores, projetos e horizontes possíveis. Não se constituíram somente a partir das pautas que apresentaram, mas principalmente construíram enfrentamentos, reivindicações e proposições, algumas destas posteriormente tornaram cotidiano o que décadas atrás era percebido como inusitado. Em vários destes grupos e movimentos sociais é possível reconhecer as religiosidades como fator de motivação ou aglutinação das pessoas. A maneira como pessoas, entidades e grupos experienciaram (e experienciam) o sagrado, fomenta, dá plausibilidade e traz sentido para a compreensão do protagonismo dos empobrecidos, a defesa de direitos humanos e sociais e o envolvimento em lutas pela libertação. Estes processos têm sido investigados a partir de vários campos do saber e em especial pelas ciências da religião. Os cenários brasileiros atuais onde agendas e disputas têm sido atravessadas por discursos religiosos mostram mais prementes as investigações neste campo. O presente GT propõe- se a acolher trabalhos que investiguem a interface entre os mais diversos grupos e movimentos reivindicadores de direitos com as religiosidades, na construção de horizontes possíveis. Atravessados pelos desafios do cenário nacional, este GT entende como fundamental que a pesquisa científica, de forma interdisciplinar, analise as lutas sociais atravessadas pelo fenômeno religioso. Palavras-chave: Religiosidades; Disputas; Direitos; 99 PRESSUPOSTOS, SALVO ENGANO, DAS "TEOLOGIAS DE LIBERTAÇÃO” André Vinicius Souza Castro andrevscastro@outlook.com Resumo: A crítica, enquanto tentativa teórica de primarizar o objeto e a partir dele desenhar um método que tenha os traços das suas contradições, parece ter sido abandonada nas leituras feitas das Teologias de Libertação. Essa nova forma teológica que prioriza a práxis de libertação enquanto fundamento educativo da produção teológica muitas vezes permanece como uma aporia social. Quando se tenta explicitar os contornos das novidades que criou, sem abraçar as suas próprias formas e contradições sociais imanentes, não se consegue apreender o movimento do objeto, mas uma imagem estática, incompleta. O atual trabalho pretender apreender, dando primazia ao objeto, o lastro que as Teologias de Libertação fundaram nas construções e contextos políticos dos seus períodos, e para isso iremos adentrar na leitura das primeiras obras de três autores de tradições diferentes das Teologias de Libertação: James H. Cone, em Black Theology and Black Power (1969); Rubem Alves, Towards a Liberation Theology (1968); Hugo Assmann, Teología desde la praxís de la liberación (1973). Nessas obras iremos debater o que elas dialogam internamente, e o que elas apresentam de um conteúdo social que lhes era comum. Trata-se, sobretudo, de buscar nas Teologias da Libertação as marcas de um social que já não existe no novo tempo do mundo. Palavras-chave: Teologia de Libertação; Luta popular; Novo tempo do mundo; Crítica imanente; "A ESPERANÇA TECE A LINHA DO HORIZONTE": APONTAMENTOS DE UMA PESQUISA Joilson de Souza Toledo mistagogo@yahoo.com.br Resumo: Os anos 60 no continente Latino-Americano foram marcados pela emergência de uma configuração de cristianismo onde o seguimento de Jesus é vivenciado no compromisso com os empobrecidos. Nestas vivências fé e política, vida em comunidade e atuação publica, oração e militância se tornaram momentos, ou dimensões, de uma única experiência confessional. Os frutos mais expressivos deste processo são da Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e a Teologia da Libertação. Neste contexto os movimentos sociais têm sido uma importante ferramenta de implicação com as causas e projetos de transformação social em diversos contextos. Todo este fenômeno que Michael Löwy intitulou Cristianismo da Libertação. Desde sua obra Guerra dos deuses este conceito tem sido utilizado em pesquisas nas ciências sociais, nas ciências mailto:andrevscastro@outlook.com mailto:mistagogo@yahoo.com.br 100 da religião, mas também em outros campos de saber. A presente comunicação é parte de uma pesquisa em andamento que almeja abordar um segmento de Cristianismo da Libertação, a Pastoral da Juventude (PJ), a partir do conceito esperança responsável. Inicia a apresentando o Reino de Deus como uma das principais representações que mobilizam os cristãos da libertação. Posteriormente apresenta o conceito de esperança responsável em diálogo com a conceituação de esperança presente em autores da teologia e das ciências da religião. Por fim elenca perspectivas para a continuidade das pesquisas. Palavras-chave: Reino de Deus; Libertação; Esperança; Seguimento de Jesus; Empobrecidos; RELIGIOSIDADES E MOVIMENTOS SOCIAIS: DA PEDAGOGIA DO ACOMPANHAMENTO A PEDAGOGIA DO POVO SEM VEZ ENTRE 1970 E 1990. Maria do Carmo Gregório mcgregorio@id.uff.br Resumo: O Cristianismo da Libertação foi um movimento que estendeu suas vivencias e implicações para além dos espaços do catolicismo e mesmo do cristianismo nas áreas rurais e nas periferias de grandes cidades. Enquanto construção religiosa e popular buscou nas lutas sociais do passado as ferramentas necessárias na construção de experiências e diálogos visando a plenitude humana para diferentes sujeitos sociais individuais e coletivos. As experiências desencadeadas por esse processo foram objetos de diferentes estudos. As pesquisas acadêmicas sobre os grupos católicos identificados com a Teologia da Libertação apontam aproximações, implicações e compromissos entre a vivência de uma cultural religiosa e as lutas sociais na perspectiva da mudança social. A presente comunicação integra uma pesquisa em andamento que investiga como a Igreja Católica dialogou com uma população em luta pela terra no Litoral Sul Fluminense/RJ (GREGÓRIO, 2018). Um território composto por um rico patrimônio material e imaterial que remete aos diferentes processos históricos vivenciados a partir do processo de colonização brasileiro. Essa comunicação tem por objetivo, explicitar um modelo de pedagogia popular implementado por setores da Igreja Católica junto à população do campo e da cidade fundamental na construção da autonomia política de sujeitos sociais que passaram por esse processo de formação em territórios marcados por conflitos pela posse da terra. A modernização implementada nas estruturas da Igreja católica através das diretrizes do Concilio Vaticano II e das Conferências Episcopais Latino-Americanas, especificamente, em Medellín, na Colômbia, em 1968, e Puebla, no México, em 1979, possibilitou novas funções para a instituição eclesial. Palavras-chave: Cristianismo de Libertação; movimentos sociais; pedagogia. mailto:mcgregorio@id.uff.br 101 GT 20 - TRADIÇÕES E RELIGIÕES ASIÁTICAS Prof. Dr. Bruno do Carmo Silva Doutorando Matheus Landau de Carvalho (UFJF) Ementa: Há algumas décadas, é claramente perceptível uma certa ausência de realidades asiáticasnas graduações de Letras, Filosofia e Ciências Humanas do Ensino Superior brasileiro em geral, principalmente no âmbito do magistério, tanto como objetos de pesquisa, quanto como referenciais metodológicos de verificação ou reflexão que transcendem metodologias aplicadas e objetos de estudo circunscritos apenas às matrizes greco-romana e judaico-cristã. Este aspecto é importante para a(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões) pelo fato do interesse pelas realidades asiáticas terem constituído parte fundamental de seus primeiros momentos institucionais, pelo menos desde seu fundador formal no século XIX E.C., Friedrich Max Müller, estudioso de tradições religiosas da Ásia e editor – e também tradutor de alguns volumes – da coleção Sacred Books of the East [Livros Sagrados do Oriente], cinquenta volumes publicados em inglês pela Oxford University Press entre 1879 e 1910, compostos, entre outros, por fontes védicas, islâmicas, budistas, daoístas, mazdeístas e jainistas. O objetivo do GT Tradições e Religiões Asiáticas é reunir pesquisadores/as visando estimular os estudos e o diálogo em torno da pluralidade de tradições que se desenvolveram na Ásia como um todo, desde a Capadócia e a Palestina até os arquipélagos filipino, japonês e indonésio. Estes estudos podem ser compreendidos através: (1) de uma dimensão religiosa, expressa em práticas rituais e devocionais, narrativas mitológicas, sistemas de moralidade, projetos soteriológicos e produções artísticas; (2) de uma dimensão filosófica, identificada na investigação dos princípios metafísicos, ontológicos, lógicos, éticos e estéticos que caracterizam especulações de caráter cognitivo; e (3) de uma dimensão histórica, que englobe expressões socioculturais e literárias genuinamente asiáticas como objeto de análise de metodologias das Ciências Humanas, como a Sociologia, a Linguística, a Psicologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Teologia, a Geografia, a Literatura e a História. Seja qual for a dimensão da pesquisa, deve refletir iniciativas contemporâneas de compreensão e/ou revisão de vários estudos e realidades orientais, com a possibilidade de incluir processos de transplantação ou transnacionalização cultural, estudo comparado das religiões e perspectivas de diálogo inter-religioso. Neste sentido, o presente GT é um convite para o alargamento de horizontes teóricos e epistemológicos no intuito de apontar para o Homo historicus, o Homo aequalis, o zoon politikon, o Homo linguisticus, o Homo oeconomicus, o Homo geographicus, o Homo hierarchicus, o Homo psychologicus, o Homo sociologicus e o Homo religiosus, como possibilidades paradigmáticas do Homo sapiens sapiens capazes de transcender, no tempo e no espaço, as matrizes lógico-racionais, linguístico-semânticas e neuro-psicológicas oriundas do hemisfério ocidental, com vistas ao estímulo dos estudos e do diálogo em torno da pluralidade de tradições que se desenvolveram no continente asiático. Palavras-chave: História da Ásia; tradições religiosas asiáticas; tradições filosóficas asiáticas; 102 MÚSICA COMO ELEMENTO DE INCULTURAÇÃO: APROXIMAÇÕES COM O IMAGINÁRIO CRISTÃO PELA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL NO BRASIL Breno Corrêa Magalhães, magalhaes.breno81@gmail.com Fabiano Muniz Lima prof.fabianomuniz@gmail.com Resumo: A transplantação da Igreja Messiânica Mundial, uma Nova Religião Japonesa, do Japão para o Brasil foi objeto de pesquisas que evidenciaram mudanças na liturgia de culto (ANJOS, 2012) e em aspecto arquitetônicos; da construção do Solo Sagrado (RIBEIRO, 2009), categoria nativa que denomina o espaço, sagrado para os messiânicos, que representaria o protótipo de construção do Paraíso na Terra. O Solo Sagrado edificado em São Paulo, às margens da represa de Guarapiranga, possui características próprias quando comparado aos originais idealizados pelo fundador, Mokichi Okada. Este processo de mudanças pelo qual a IMM passou ao ser inserido em um novo contexto social é verificado também nas músicas utilizadas nos rituais. Temos como hipótese que este foi um importante meio de inculturação da fé messiânica no Brasil o que procuramos demonstrar neste artigo. Para tanto, além de uma breve revisão bibliográfica sobre as já mencionadas pesquisas sobre a transplantação da IMM, realizamos uma análise musical dos salmos do fundador. Para tanto, comparamos os poemas no estilo haiku - composições tradicionais de três versos com regularidade de 5, 7 e 5 sílabas métricas cada - que são entoados diariamente nos cultos da igreja no Japão com dois hinos que compõem os cultos mensais de agradecimento no Brasil: Hino da Luz Divina e Salmo Plano Divino. Desta forma buscamos evidenciar que não apenas as letras, mas, sobretudo, as músicas, ganharam acordes e arranjos que as aproximaram do estilo cristão dos hinos de congregação. Palavras-chave: Igreja Messiânica Mundial, Inculturação Da Fé, Música. JVEDAS, UPANISHADS E A FILOSOFIA DA ESCOLA VEDANTA Bruno do Carmo Silva brunokarmo@hotmail.com Resumo: A filosofia da Escola Vedanta é uma das mais conhecidas e divulgadas no Ocidente, não somente por ter um grande número de adeptos e ser a mais popular na Índia, mas também por ser uma filosofia radicalmente lógica e soteriológica. Entretanto, apesar da sua ampla divulgação no Ocidente, muitas pessoas ainda não sabem, ao certo, qual é a origem da Escola Vedanta e qual é a sua proposta filosófica. Sendo assim, apresentarei aqui, de uma maneira mailto:magalhaes.breno81@gmail.com mailto:prof.fabianomuniz@gmail.com mailto:brunokarmo@hotmail.com 103 bastante simples e resumida, a origem e a filosofia da Escola Vedanta. Para isso, apresentarei os Vedas e a sua dupla dimensão, i.e., karmakaa ou dimensão ritual, e jñanakaa ou dimensão soteriológica. Contudo, darei um destaque especial a essa dimensão última dos Vedas, viz., jñanakaa, que é constituída fundamentalmente pelos Upaniads. Os Upani?ads são as textualidades que, juntamente com o Brahmasutra e o Bhagavadgita, constitui o que tradicionalmente é chamado de prasthanatraya ou a tríplice fundação do Vedanta. A própria expressão “vedanta”, por sua composição, já denota a dimensão última dos Vedas, pois é uma expressão formada pela junção das palavras sânscritas “veda” e “anta”, que em uma tradução literal, poderíamos traduzir, respectivamente, por “conhecimento” e “final”. Portanto, a Escola Vedanta refere-se ao Conhecimento final ou a dimensão última dos Vedas. Para cumprir com o objetivo aqui proposto, irei recorrer a alguns trabalhos realizados por estudiosos da filosofia védica, principalmente trabalhos sobre a filosofia vedantina. Palavras-chave: Vedas; Upanishads; Vedanta. UM BARCO PARA TODOS: A ABRANGÊNCIA DA PRÁTICA DE BHAKTI-YOGA NA BHAGAVAD-GITA Caio Cézar Busani caiobusani@gmail.com Resumo: A Bhagavad-Gita, que pode ser traduzida como a Canção do Senhor, é um trecho de um dos mais extensos épicos da humanidade, o Maha Bharata, que possui cerca de 100.000 versos (Dharma, 2016). Ela consiste no diálogo entre o príncipe-guerreiro Arjuna e seu amigo e primo Krishna (um avatara, encarnação na Terra do Deus Vishnu) momentos antes da batalha de Kurukshetra, onde Arjuna e seus irmãos, os Pandavas, guerreiam pelo trono da Índia contra seus primos malignos, os Kauravas. O diálogo acontece, pois, o príncipe se vê confuso pouco antes da grande guerra, sem saber se o que está fazendo é correto ou não. Aqui, irei usar como fonte a versão da Gita traduzida e comentada por Bhaktivedanta Swami Prabhupada, fundador do popularmente conhecido Movimento Hare Krishna. Focarei a análise no capitulo 12, intitulado “Bhakti-Yoga”, traduzido como “Serviço Devocional”. Este capítulo é conhecido por ter como tema principal a questão da fé e da devoção em relação ao divino (Krshna). Logo, Bhakti-yoga pode ser entendi como o caminho de (re)conexão a Deus, através do amor. Demonstro que para Prabhupada (e toda a linhagem que elerepresenta), esse amor não se estabelece simplesmente através de um sentimento, mas sim através de práticas performáticas, que visam expressar e refinar os sentimentos relacionais (rasa) com Krshna (Loundo, 2021). Deste modo, o serviço devocional é um processo, um método de se aproximar de Deus, a partir de um sentimento amoroso que é mailto:caiobusani@gmail.com 104 criado, mantido e desenvolvido ao se relacionar com Ele, seguindo as regras e regulações dos mestres desta tradição. Tais regras e regulações são específicas, porem o processo se dá de maneira abrangente e acolhedora, respeitando o tempo e a capacidade de cada praticante. Mostro, segundo alguns versos do capítulo 12, como o processo de bhakti busca integrar todos aqueles que querem fazer parte dele, mesmo com determinadas limitações individuais. Palavras-chave: Bhakti-Yoga; Hare Krishna; Devoção; Rasa; Vedanta. O CONCEITO DE SURGIMENTO DEPENDENTE NO SALISTAMBA SUTRA Ethel Panitsa Beluzzi ethel.filosofia@gmail.com Resumo: O conceito de surgimento dependente (pratityasamutpada) é essencial dentro da compreensão da filosofia budista, relacionando-se diretamente com a compreensão de temas como o estudo das atividades (karma) e do vazio de existência inerente (sunyata). Nesse contexto, o texto Sutra do Broto de Arroz (Salistamba Sutra) se torna um texto central: ele trabalha uma explicação detalhada do conceito de surgimento dependente a partir de uma perspectiva interna(adhyatmika) e uma externa (bahya), analisando relações causais (hetupanibandhata) e condicionais (pratyayopanibandhata). Dentro dessa abordagem, o conceito de doze elos do surgimento dependente (começando com o elo da ignorância e indo até os elos de nascimento, envelhecimento e morte) é trabalhado dentro das relações causais do surgimento dependente interno. Tendo assim apresentado o tema principal a ser trabalhado, nosso objetivo nessa comunicação pode ser dividido em três: (a) primeiro, trabalhar a importância do conceito de surgimento dependente dentro da filosofia budista; (b) segundo, apresentar o histórico do sutra e suas traduções, bem como alguns dos comentários tradicionais associados a ele; (c) terceiro, estudar a apresentação do conceito de surgimento dependente da maneira como é apresentada no sutra. Com isso, nosso objetivo é situar aqueles que estiverem presentes no histórico e na importância do sutra, bem como apresentar ideias gerais sobre o principal tema trabalhado. Palavras-chave: Surgimento Dependente; Salistamba Sutra; Budismo. HISAMATSU E A ESCOLA DE KYOTO: UMA BREVE INTRODUÇÃO Fábio Roberto G O Medeiros fabiomedeiros.psico@gmail.com Resumo: O nome Escola de Kyoto apareceu pela primeira vez impresso em um artigo de jornal no ano de 1932 de Tosaka Jun intitulado Philosophy of the Kyoto School. Dentre os filósofos vinculados à Escola de Kyoto o professor mailto:ethel.filosofia@gmail.com mailto:fabiomedeiros.psico@gmail.com 105 Shin’ichi Hisamatsu - (1870-1945), discípulo do professor Kitar Nishida e do professor Masao Abe, destaca-se em preencher as lacunas entre os estudos da filosofia e da religião. Juntamente com vários de seus alunos na University Kyoto o professor Hisamatsu fundou a Gakud Dj, o objetivo do grupo de estudos era referente ao auto despertar de toda a humanidade, que em 1944 obteve um reconhecimento nas atividades filosóficas a nível internacional e como resultado o grupo foi renomeado para Sociedade FAS. Shin’ichi Hisamatsu tornou-se conhecido, principalmente, no Ocidente como um mestre Zen que criticou o próprio Zen budismo e ao longo de sua vida dedicou-se a viver a “verdade absoluta” – aquilo que se chamava vida religiosa. Para a apresentação deste trabalho a metodologia usada será a pesquisa qualitativa documental sobre vida e obra do professor Hisamatsu com o objetivo de apresentar sua contribuição para o pensamento filosófico e religioso do “Ocidente” justificando a relevância para os estudos no grupo temático de Tradições e religiões asiáticas. Além disso, buscar incentivar mais estudos sobre os pensadores da Escola de Kyoto. Palavras-chave: Hisamatsu, Escola De Kyoto, Zen Budismo. ASPECTOS DA TERRA PURA: UMA ÉTICA BASEADA NO OUTRO PODER Fernando Rodrigues de Souza fernandordesouza@yahoo.com Resumo: O presente artigo analisa os aspectos éticos do Budismo da Terra Pura e seu enfoque no conceito de "outro poder". A pesquisa se justifica na necessidade de se compreender o ethos amidista e suas implicações diante dos paradigmas da modernidade. Para isso, foi empregado o procedimento técnico de pesquisa bibliográfica, desenvolvido a partir de material já publicado, como livros, artigos e revistas acadêmicas. A pesquisa concluiu que a ética do Budismo da Terra Pura, baseada no conceito de "outro poder", representado na figura do Buda Amida, possui um processo soteriológico que a difere de todas as demais tradições budistas, que por sua vez, focalizam esse processo como parte da iniciativa e ações do adepto (poder próprio). Isso faz com que o Budismo da Terra Pura esteja ornado de um escopo ético diferente das demais tradições, que culmina em uma atitude ética dos fieis que não é realizada como parte de um processo em direção à salvação, mas como consequência. Palavras-chave: Budismo; Ética; Terra Pura; Filosofia. mailto:fernandordesouza@yahoo.com 106 A TRADUÇÃO DE UM ÉDITO DE ASOKA: OFICIAIS NEOCOLONIAIS E A FUNDAÇÃO DO CAMPO DOS ESTUDOS BUDISTAS Loyane Aline Pessato Ferreira loyaneferreira@gmail.com Resumo: Uma etapa importante dos estudos budistas ocorreu durante e por conta do período neocolonial. Teve como participantes oficiais da Companhia das Índias Britânicas. James Prinsep, George Turnour e Brian Hodgson, na Índia, Sri Lanka e Nepal, respectivamente, que se comunicaram por cartas e por artigos publicados na revista da Sociedade Asiática de Bengala. Tratavam dos escritos de um monumento na Índia, que viria a ser o primeiro pilar de Asoka lido e decifrado após séculos de esquecimento. Essa comunicação apresentará como suas descobertas se somaram para desvendar os escritos de um pilar do século II a.C. A metodologia é estudo bibliográfico e a análise de textos dos oficiais supracitados. A justificativa é pela importância que esta descoberta adquiriu na história dos Estudos Budistas. O objetivo geral é demonstrar o processo de construção desta descoberta e o objetivo específico é verificar se e como o contexto colonial impactou nas interpretações sobre o pilar. Espera-se que haja impactos, pelo fato de as descobertas ocorrerem no contexto colonial, feitas pelas mãos de oficiais, mas também pelo processo de análise dos materiais e interpretações. O trabalho contribuirá com um olhar sobre a História dos Estudos Budistas estabelecidos pelos europeus, demonstrando o sentido dos impactos de visões eurocêntricas. Palavras-chave: Estudos Budistas; Colonialismo; Asoka. PRESSUPOSTOS DA FILOSOFIA MADHYAMAKA E OS DESAFIOS DO SEU ESTUDO NA REALIDADE BRASILEIRA CONTEMPORÊA Luciana Fernandes Marques luciana.marques@ufrgs.br Resumo: O silenciamento sobre as filosofias asiáticas no meio acadêmico é evidente para quem se interessa por esses temas. Ele se faz sentir desde a sua ausência nos currículos até a inexistência de prateleiras em bibliotecas universitárias destinadas aos temas. Entretanto, a população brasileira está repleta de “orientalismos” seja nas práticas integrativas e complementares do SUS, nas religiosidades asiáticas de imigração ou de conversão ou nos livros de auto-ajuda. Junte-se a isso o argumento de valorização de culturas locais marginalizadas como as indígenas e quilombolas que carregam ancestralidade e saberes tradicionais, a pergunta sempre é “por que importar conhecimento se aqui temos o nosso?”. A tradição filosófica indiana conhecida como Filosofia do Caminho do Meio ou Madhyamaka é uma filosofia dialética de baselógica e mailto:loyaneferreira@gmail.com mailto:luciana.marques@ufrgs.br 107 racional que remonta séc II dC e questiona barreiras construídas em torno de conceitos que definem a realidade. Esta é uma pesquisa documental que visa localizar os principais pressupostos da filosofia Mahdyamaka e os desafios do seu estudo na realidade contemporêa brasileira bem como localizar qual o interesse nessa filosofia pelo público nacional; também visa fomentar a transcendência dos limites ocidental/oriental, os limites étnico-raciais e temporais que aparentemente nos separam dessa tradição. Palavras-chave: Filosofia Budista; Caminho do Meio; Madhyamaka. USOS DE KANANA (BOSQUE) NA ESPIRITUALIDADE HINDU SEGUNDO O ARAYAKAA, DO RAMAYAA DE VALMIKI Matheus Landau de Carvalho matheuslandau@gmail.com Resumo: O Ramayaa de Valmiki é uma extensa narrativa das tradições hindus, um épico sobre as vicissitudes pelas quais passou Rama durante seu percurso neste mundo enquanto um avatara de Viu. Um dos objetivos doutrinários do Ramayaa de Valmiki é uma exposição propedêutica dos preceitos do dharma hindu, um conjunto de deveres éticos e ritualísticos com vistas à obtenção de objetos transcendentes de fruição numa outra vida, que pode ser um paraíso (svarga) propriamente dito ou um renascimento numa condição humana superior segundo as doutrinas do karma e do sasara. O terceiro dos sete livros (kaas) que compõem o Ramayaa de Valmiki é o Arayakaa, o kaa das florestas e das matas, no qual é possível identificar nitidamente vários perfis humanos de eminente conhecimento védico segundo as diretrizes do dharma hindu, cuja santidade está intimamente vinculada à mata indiana. A partir da análise dos usos semânticos que o Arayakaa faz de um dos termos sânscritos que designam a floresta, o bosque indiano, i.e. kanana, o objetivo desta Comunicação é apresentar as maneiras pelas quais a espiritualidade hindu circunscrita ao dharma acontece na natureza. Por natureza compreender-se-á todos aqueles elementos naturais e formas de vida que prescindem de qualquer cálculo ou intervenção humana para existirem como tais. Palavras-chave: Ramayaa de Valmiki, kanana (bosque), dharma hindu. CHEGADA DO BUDISMO À CHINA: ASSIMILAÇÃO E INTERAÇÕES Maria Luiza da Silva Laranjeiras mlslaranjeiras@gmail.com mailto:matheuslandau@gmail.com mailto:mlslaranjeiras@gmail.com 108 Resumo: A comunicação propõe tratar introdutoriamente dos primeiros contatos da China com o budismo indiano, ainda no séc. I de nossa era. Por meio de revisão bibliográfica, que acompanha a obra “História do Pensamento Chinês” de Anne Cheng como seu fio condutor, visa explorar dois questionamentos: como se deu a assimilação de aspectos da doutrina budista no cotidiano Chinês da época e como figuraram propriamente essas primeiras interações. Além disso, objetiva explanar a complexa fusão de conceitos originários de filosofias e religiosidades chinesas já estabelecidas, como o taoísmo e confucionismo, no processo de tradução das ideias e doutrina budista, entendendo esse processo como filosófico em si mesmo, político externamente e originário de um budismo essencialmente chinês. Utiliza-se da denominação dada pela autora base - “primeira fase do budismo na China” - para explorar esse período marcado por traduções que mesclavam conceitos da filosofia chinesa com os termos originais budistas em sânscrito. Nesse sentido, procura demonstrar um pouco mais sobre as influências desse momento de maior criação de terminologias do que uma fiel transliteração do Dharma. Também parte do princípio de que o contexto encontrado pelo budismo na China distingue-se dos daquele dos demais países asiáticos uma vez que os fundamentos das filosofias chinesas já estavam consolidados naquela civilização. Por fim, espera demonstrar os aspectos políticos e filosóficos que moldaram o primeiro momento do budismo na China, além de entender a relevância desse modelo de traduções na formação dessa religião. Visa, também, ampliar a incipiente produção acadêmica de conteúdos sobre a história do budismo chinês em língua portuguesa. Palavras-chave: Budismo; China; Filosofia Chinesa; Pensamento Chinês. “ESSES IDÓLATRAS TIBETANOS”: COLONIZAÇÃO OCIDENTAL ATRAVÉS DA TRADUÇÃO DE TEXTOS BUDISTAS Patricia Guernelli Palazzo Tsai patriciagpalazzotsai.adv@gmail.com Resumo: As tradições religiosas asiáticas acabam por atrair o interesse e imaginário dos sujeitos “ocidentais”, que buscavam (e ainda buscam) analisar através de chaves de leitura ocidentalizadas as mais diferentes tradições e expressões culturais que ocorrem em países “orientais”. As relações “diplomáticas” entre tradições religiosas, em especial as missões enviadas pela Igreja Católica, não eram novidade, e no séc. XVII qualquer outra religião que não Cristianismo, Judaísmo e Islamismo eram idolatria. Entretanto, ao se deparar com uma bagagem textual e cultural muito diversa, eram essas missões as responsáveis pela comunicação ao Vaticano, e a partir desse momento um processo de categorização do outro era realizada. As missões que visitaram o Tibete colocavam a religiosidade budista como idolatria, como as realizadas por mailto:patriciagpalazzotsai.adv@gmail.com 109 Bernard Picart, Francesco Maria da Tours, Domenico da Fano e Giovanni da Fano, todas ocorridas no séc. XVIII. Essas viagens “confirmaram” a visão que Marco Polo teve da religiosidade tibetana, no séc. XIII, de que era idolatria. E com isso foi cunhado o termo “lamaísmo” para designar a expressão religiosa tibetana. Ao definir o outro como idólatra abre-se a possibilidade para colonizá- lo não apenas através da conquista militarizada, mas especialmente através dos processos de tradução, sob as lentes e agendas europeias. O objetivo do presente é trazer à discussão como a noção de idolatria serviu de justificativa não apenas para tentar converter budistas em solo tibetano, mas também como base para uma outra forma de dominação: a que ocorreu através dos processos de tradução, principalmente ao traduzir bodhi (Tib.) como iluminação. Palavras-chave: Budismo, Eurocentrismo, Idolatria, Tradução. COMIDA E INTERDEPENDÊNCIA: AS RELAÇÕES NA DOAÇÃO DE ALIMENTOS EM TRADIÇÕES DO BUDISMO THERAVADA Thaís Moraes Azevedo Maestuka thaais90@gmail.com Resumo: Os alimentos têm grande importância na vida. Não apenas para mantê-la, mas participa de diversos aspectos, especialmente sociais. Naturalmente, tais aspectos precisam ser abordados no budismo, principalmente, com relação à alimentação dos monges, que de maneira originária no budismo indiano, era fornecida pela comunidade leiga, já que os monges seriam pessoas que teriam renunciado às obrigações sociais e não trabalhavam. Esse suporte, por sua vez, ocorria de acordo com certos costumes e crenças indianas. Porém, inda hoje, em alguns locais, o budismo da escola Theravada ainda mantém esse costume. Onde os monges ainda saem de seus monastérios e mendigam por comida para a comunidade leiga. Esta por sua vez, também fornece esse suporte de acordo com certos fundamentos budistas, adaptados ao contexto social e valores locais. Assim, a relação de troca entre a comunidade monástica e leiga ocorrem, o suporte por parte da comunidade leiga, pelos serviços religiosos por parte da comunidade monástica. Além disso, certos fundamentos e conceitos budistas, como a prática de generosidade e acumulação de mérito também estão presentes dando suporte a relação. Valores importados das primeiras comunidades budistas indianas, mas adaptados ao local. Dessa forma, avaliar essas relações e fundamentações se tornam interessantes para a compreensão da sustentação da comunidade monástica pela leiga nesses locais. Palavras-chave: Mérito, Monges, Leigos, Generosidade, Suporte. mailto:thaais90@gmail.com 110