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2 
 
CADERNO DE RESUMOS DO VI CONACIR 
CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIA DA 
RELIGIÃO 
 
 
RELIGIÃO, BUSCA PELA PAZ E 
DIREITOS HUMANOS 
 
VOL I 
 
ISSN: 2447-7184
 
3 
 
VI CONACIR 
CONGRESSO NACIONAL DE CIÊNCIA DA 
RELIGIÃO 
 
 
RELIGIÃO, BUSCA PELA PAZ E 
DIREITOS HUMANOS 
 
 
20 a 23 de setembro de 2022 
 
 
 
Caderno de Resumos 
 
 
Vol. I 
 
Juiz de Fora 
2022 
 
 
 
4 
 
 
 
Organização 
DISCENTES DO PPCIR/UFJF 
 
 
A revisão textual dos manuscritos originais é de responsabilidade de seus respectivos 
autores, com anuência dos coordenadores dos Grupos de Trabalho. 
 
 
 
 
Apoio: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Congresso Nacional de Ciência da religião. (6. : 2022 : 
C749r Juiz de Fora, MG). 
 Religião, busca pela paz e Direitos Humanos: caderno de 
resumos do VI CONACIR – Confresso Nacional de Ciência da 
Religião, v.1; 20 a 23 de setembro de 2022, Juiz de Fora, MG, 
Brasil / Organizado por Frederico Pieper Pires, Felipe de 
Queiroz Souto, Ernani Francisco dos S. Neto. Editado por 
Rafael Bertante. [realização Discentes PPCIR]. – Juiz de Fora, 
Minas Gerais: PPCIR/UFJF, 2022. 
 1 documento eletrônico (110 p.) 
 
 
 ISSN: 2447-7184 
 
 1. Ciência da Religião- Anais- Juiz de Fora -Minas 
Gerais. 2. Religião. I. Universidade Federal de Juiz de Fora, 
Núcleo de Estudos do Catolicismo. II. Título. 
 
 CDD 200 
 CDU 2 
 
 
 
6 
 
O R G A N I Z A Ç Ã O 
 
COMISSÕES 
 
PRESIDENTE 
Prof. Dr. Frederico Pieper Pires 
 
COORDENAÇÃO DISCENTE 
Felipe de Queiroz Souto 
Ernani Francisco dos Santos Neto 
 
COMISSÃO CIENTÍFICA 
 
Docentes 
Dr. Emerson Sena (Religião, Sociedade e Cultura) 
Drª. Maria Cecília dos Santos Ribeiro Simões (Tradições Religiosas e Perspectivas de Diálogo) 
Dr. Jonas Roos (Filosofia da Religião) 
 
Discentes 
Grazyelle Fonseca (Religião, Sociedade e Cultura) 
Gisele Maia (Tradições Religiosas e Perspectivas de Diálogo) 
Rondinele Laurindo Felipe (Filosofia da Religião) 
 
SECRETARIA E TESOURARIA 
Maria Angélica de Farias Jurity Martins 
Danilo Souza Mendes de Vasconcellos 
Presley Henrique Martins 
 
COMISSÃO ARTÍSTICA 
Luanna Telles 
Giovanna Sarto 
 
EQUIPE TÉCNICA 
Adriana Rocha Ribeiro Araújo 
Mariane Gonçalves Bento 
Paulo Victor Cota 
Rosiléa Archanjo de Almeida 
Sérgio Manoel 
Viviane de Sousa Rocha 
EQUIPE DE TRANSMISSÃO 
André Yuri Gomes Abijaudi 
Rafael Bertante 
 
EDIÇÃO 
Claudia Santos 
Rafael Bertante 
 
COMUNICAÇÃO 
Giovanna Sarto 
Larissa Dantas 
 
SITE DO CONACIR 
Theobaldo Tollendal 
 
ARTE 
Luana Telles 
 
7 
 
Sumário 
Apresentação ............................................................................................................................ 8 
GT 1 - CONSERVADORISMO E MODERNIDADE: DISCUSSÕES SOBRE O 
PENSAMENTO CONSERVADOR, VIOLÊNCIA E DIREITOS HUMANOS ................ 10 
GT 2 - CONTEMPORANEIDADE (PÓS-MODERNIDADE) E ESPIRITUALIDADES . 16 
GT 3 - CRISTIANISMO DAS ORIGENS .............................................................................. 20 
GT 4 - DECOLONIALIDADE, RELIGIÃO, DIREITOS HUMANOS E PÓS-
SECULARISMO ....................................................................................................................... 24 
GT 7 - FILOSOFIA DA RELIGIÃO ....................................................................................... 40 
GT 8 - GÊNERO, OUTRAS INTERSECCIONALIDADES E CIDADANIA NA 
RELAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E ESPAÇO PÚBLICO NA AMÉRICA LATINA: 
DESAFIOS E INTERPELAÇÕES NA BUSCA PELA PAZ ................................................. 49 
GT 9 - HERMENÊUTICA DA RELIGIÃO ............................................................................ 55 
GT 10 - ENTRE RELIGIÃO E O ESPAÇO PÚBLICO: FESTAS, TURISMO RELIGIOSO 
E PATRIMÔNIO CULTURAL ................................................................................................ 61 
GT 11 - O CATOLICISMO ENTRE OS DIREITOS HUMANOS E OS DIREITOS 
DIVINOS ................................................................................................................................... 65 
GT 13 - RELIGIÃO E CULTURA VISUAL ........................................................................... 69 
GT 14 - RELIGIÃO E VIOLÊNCIA ....................................................................................... 74 
GT 15 - RELIGIÃO, ARTE E MATERIALIDADES: NOVOS DESAFIOS E 
POSSIBILIDADES DE ESTUDOS ......................................................................................... 85 
GT 18 - RELIGIOSIDADES AFRO-AMERICANAS: CRENÇAS, SINCRETISMOS, 
RITUAIS E RESISTÊNCIAS ..................................................................................................... 92 
GT 19 - RELIGIOSIDADES, MOVIMENTOS SOCIAIS E CRIAÇÃO DE HORIZONTES 
POSSÍVEIS ................................................................................................................................ 98 
GT 20 - TRADIÇÕES E RELIGIÕES ASIÁTICAS ............................................................. 101 
 
 
 
 
8 
 
Apresentação 
 
Este ano o Congresso Nacional de Ciência da Religião organizado pelas e pelos 
discentes do PPCIR da UFJF chega na sua sexta edição. Com o compromisso de 
refletir sobre o tempo presente, o tema do evento será "Religião, busca pela Paz 
e Direitos Humanos". 
 
A situação de violência, guerra e desumanidade atravessa as inúmeras 
experiências dos povos em todos os continentes do planeta Terra. A recente 
escalada dos governos totalitários em diversas partes do mundo, a guerra na 
Ucrânia ocasionada pela invasão russa, os contextos de fome, racismo, 
homofobia, xenofobia e tantas outras intolerâncias ocasionadas pela 
indiferença ao outro. A indiferença aparece para nós como sinal do início da 
violência nos contextos sociais. 
 
A partir deste fator, o congresso propõe a observação da relação da religião 
nestas esferas; isto é, como elas podem ocasionar violências ou serem 
possibilidades de superação? Quais as chaves de leitura que as religiões nos dão 
para interpretarmos os conflitos mundiais? Como podemos pensar a busca pela 
Paz em relação com o diálogo inter-religioso? 
 
Com essas questões, esperamos fomentar o debate acadêmico entre 
pesquisadores da área e aprofundar a reflexão em busca pela Paz e na 
valorização dos direitos humanos. Influenciados pela poesia de Drummond, 
queremos olhar a flor que brota da realidade dura dos diversos contextos 
conflitivos. Assim diz o poeta: 
 
 
"Uma flor nasceu na rua! 
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. 
Uma flor ainda desbotada 
ilude a polícia, rompe o asfalto. 
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, 
garanto que uma flor nasceu" 
 
(A flor e a náusea - Drummond) 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
Grupos de Trabalhos 
 
 
 
 
 
 
10 
 
GT 1 - CONSERVADORISMO E MODERNIDADE: DISCUSSÕES SOBRE 
O PENSAMENTO CONSERVADOR, VIOLÊNCIA E DIREITOS 
HUMANOS 
 
Doutoranda Karolina dos Santos (UFJF) 
Doutorando Rafael de Souza Bertante (UFJF) 
 
Ementa: Em meio a modernidade e suas complexidades, presenciamos a 
existência de diversos grupos que buscam reforçar suas identidades. 
Concomitantemente, outros movimentos tombam ante crises de sentidos. Pois 
essas transformações se dão – nos tempos atuais – em consonância com 
elementos da modernidade e do conservadorismo. Neste sentido, voltamos a 
nossa atenção para os grupos que se constroem a partir de ideias 
conservadoras e para aqueles que se encontram em crise de identidade. Nesses 
últimos, por vezes, percebemos discursos que afirmamum “retorno da tradição” 
e, portanto, se colocam como um modelo a ser seguido, recusando influências 
externas. Entretanto, ressaltamos que apesar do apelo para esse “retorno”, não 
devemos negar a existência da modernidade nessas interpretações e linhas de 
pensamento dos grupos. Outro ponto importante a ser levantado, é que por 
vezes os movimentos conservadores e de retorno às origens, são 
acompanhados por uma série de conflitos, sejam eles políticos ou religiosos. Um 
caminho para proferir essas ideias e discursos, tem sido através do domínio da 
linguagem digital e do bem executar das redes sociais. Ainda que 
estatisticamente esses grupos não sejam tão numerosos, eles conseguem, 
proporcionar “barulho” e consequentemente influenciar pessoas a sua volta. 
Algo que preocupa, é a expansão de grupos conservadores mais extremados, 
que incitam o uso da violência e violação dos direitos humanos. A partir deste 
cenário, este grupo de trabalho buscará discutir aspectos utilizados em grupos 
religiosos conservadores, destacando o quanto há de elementos políticos como 
pano de fundo, sobretudo, quando notamos o uso da violência, intolerância e o 
desrespeito aos direitos humanos. Um caminho para notar essas questões está 
na análise dos discursos e nos atos e práticas de cada grupo, tomando em 
consideração, as linhas de interpretações que procuram modelos ideais de 
religião e os diálogos com as ideias da modernidade. A atualidade deste tema se 
faz no nosso próprio contexto, onde percebemos o fortalecimento da ideologia 
conservadora em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Logo, entendemos 
ser necessário realizar estudos e debates acerca do tema, pois a circulação de 
pesquisas sobre as questões que envolvem o conservadorismo religioso e a 
violência, nas diversas identidades religiosas, pode nos ajudar a criar reflexões, 
em busca de diminuir os conflitos e as violências e, quando possível, buscar, da 
melhor forma, propostas dialogais. 
Palavras-chave: Modernidade; Identidade; Conservadorismo; Violência; 
 
11 
 
“NÃO HÁ NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL”: QOHÉLET E A 
CRÍTICA AO PROJETO PAN-ISRAELITA DO REINO DO SUL. 
Filipe Costa Machado 
filipemachado91@gmail.com 
 
Resumo: Na antiguidade israelense, período em que se deu a escrita da Bíblia 
Hebraica, havia uma intenção de centralizar o poder político e social em 
Jerusalém, aqui denominado pan-israelismo, principalmente a partir da 
construção do templo, coração da vida religiosa. Dessa forma, a religião de 
Israel não somente legitimou as guerras para conquista da terra, como também 
atribuiu a responsabilidade pela invasão assíria ao Reino do Norte à suposta 
idolatria dos separatistas. Para a Obra Histórica Deuteronomista, principal fonte 
da Bíblia Hebraica que defende o pan-israelismo, a suposta salvação do Norte, 
entendida como arrependimento e volta à fidelidade para com Iavé, estaria na 
submissão ao Sul e ao Templo de Jerusalém. Nesse sentido, a presente 
comunicação tem como proposta apresentar a crítica do livro de Eclesiastes ao 
projeto unificador sulista em duas vertentes: a crítica à sabedoria tradicional e à 
monarquia. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, caracteriza-se o projeto 
pan-israelita da Bíblia Hebraica. Em seguida, apresenta-se o livro de Qohélet 
como uma nova perspectiva inserida no texto sagrado para se repensar o 
Divino. Finalmente expõe-se sua crítica à sabedoria tradicional - conhecida 
como a teologia da retribuição e à monarquia, que abrem a possibilidade de 
uma nova análise dos textos canônicos, não mais como legitimadores de um 
domínio político conservador ou do uso da violência, mas como resultado de 
um processo histórico e social, cuja consequência é a impossibilidade de leituras 
fundamentalistas ou conflituosas. 
Palavras-chave: Bíblia Hebraica; Pan-israelismo; Eclesiastes; Qohélet; 
Conservadorismo. 
 
ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA CIDADE DE BARBACENA MG: A 
RELIGIÃO NO DEBATE PÚBLICO 
Geraldo Magela Rodrigues de Oliveira Neto 
geraldoliveira1951@gmail.com 
Luiz Ernesto Guimarães 
pr.ernesto@protonmail.com 
Resumo: O presente projeto tem como intuito apresentar a relação que se 
estabeleceu entre religião e política durante o período eleitoral de 2020, na 
cidade de Barbacena, em que o então candidato pelo MDB se apresentou como 
mailto:filipemachado91@gmail.com
mailto:geraldoliveira1951@gmail.com
mailto:pr.ernesto@protonmail.com
 
12 
 
um nome forte para a renovação política do município, com um discurso muito 
acentuado na temática da religião e da manutenção dos valores cristãos 
guiados pelo seu contato com a RCC. A campanha se desenvolveu com um 
vínculo similar ao apresentado pelo atual presidente Jair Bolsonaro, quando 
candidato em 2018. A pesquisa buscou identificar os principais argumentos e 
movimentos utilizados pelo então candidato para disputar o cargo do executivo 
municipal. A pesquisa foi desenvolvida a partir do levantamento de dados das 
redes sociais (Instagram e Facebook), bem como entrevistas realizadas pelo 
candidato, uma vez que o período eleitoral de 2020 teve sua particularidade, a 
pandemia de Covid 19 e a necessidade do afastamento social. A pesquisa 
buscou, portanto, a demonstração da influência do discurso religioso para a 
disputa do pleito municipal no interior de Minas Gerais. 
Palavras-chave: Antropologia da política; Renovação Carismática Católica; 
Religião e Política; Barbacena-MG. 
 
JIHAD: REFLEXÕES SOBRE RELIGIÃO, CONSERVADORISMO E 
VIOLÊNCIAS VIGENTES 
Karolina dos Santos 
apachesantos87@yahoo.com.br 
 
Resumo: O conceito de jihad dentro do islã é considerado polissêmico, e 
regado a categorias. Dessa forma, pretende-se abordar uma dessas categorias 
do jihad, a qual se refere a defesa da fé e dos direitos. Portanto, é preciso 
pontuar a importância desse conceito na religião. Para além disso, dentro do 
contexto atual, grupos retratados como conservadores religiosos, e relacionados 
ao terrorismo e grupos de guerrilha, farão o uso do conceito de jihad e, 
também, dessa categoria. O conceito de jihad, muito usado nos dias de hoje ao 
abordar determinados grupos, é um conceito que nem sempre possui 
conotação religiosa. Os pensadores jihadistas propõem o jihad como um ato de 
liberdade para exercer a fé, além de ser colocado como dever de todo 
muçulmano. Pensadores e idealizadores do jihad tais como Abdullah Azzam, 
Mohamed al Maqdisi (Barqawi) e um dos co-fundadores da Al Qaeda, Ayman al 
Zawahiri ainda contribuem de forma significativa para as ações vigentes de 
grupos, tais como o Talibã, Al Qaeda, e em partes o Estado Islâmico. Portanto, 
para realizar essa análise, e trazer a tona parte do pensamento jihadista 
elaborado por esses, será feito o uso de documentos, e escritos elaborados 
pelos pensadores, para apresentar suas teorias e vivências a respeito do jihad. 
Sendo assim, poderemos observar uma melhor compreensão referente ao 
campo jihadista atual, onde é permeado por questões culturais, religiosas e, 
também, políticas. Consequentemente, o presente trabalho irá contribuir com 
mailto:apachesantos87@yahoo.com.br
 
13 
 
discussões e apontamentos a respeito do conservadorismo e violência, 
relacionados a essa forma de interpretação do jihad exercida pelos grupos e 
teóricos citados. 
Palavras-chave: Jihad; Abdullah Azzam; Ayman al Zawahiri. 
A INQUISIÇÃO SOB A ÓTICA DE UM PADRE REACIONÁRIO 
BRASILEIRO 
Letícia Maia Dias 
leticiamaiadias@hotmail.com 
 
Resumo: O artigo em questão tem como objetivo analisar como a Inquisição é 
abordada pelo Padre Paulo Ricardo, que nas últimas duas décadas se firmou 
como uma das principais lideranças do catolicismo ultraconservador no Brasil, e 
cujos ideais disseminam através das mídias sociais. Destarte, a partir do 
minicurso desenvolvido pelo mesmo e que se encontra disponível online, 
buscamos compreender como a temática do Tribunal do Santo Ofício e sua 
atuação são interpretadas. Alémdisso, pautado na concepção Foucaultiana, 
mostraremos qual o perigo existente na proliferação de alguns discursos, como 
o empregado ao longo do minicurso, um discurso que, revestido de 
revisionismo histórico, contraria toda uma historiografia clássica, que é 
referência no tratamento do tema. Tal discurso busca atenuar e naturalizar as 
práticas de tortura aplicadas e as milhares de mortes causadas durante o 
medievo e sobretudo ao longo da modernidade, evidenciando relações 
complexas de dominação e poder. Portanto, mostraremos também uma 
crescente disputa pela verdade e memória histórica, que ligada ao espectro 
político-ideológico ganha cada vez mais espaço no Brasil da atualidade. 
Palavras-chave: Inquisição; Padre Paulo Ricardo; revisionismo histórico. 
 
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA E POLÍTICA: UMA ANÁLISE 
DO PRIMEIRO ANO DE MANDATO DO PREFEITO DE BARBACENA, 
MINAS GERAIS (2021) 
Luiz Ernesto Guimarães 
pr.ernesto@protonmail.com 
Julia Geralda dos Santos Machado 
juuhhmachado45@gmail.com 
Resumo: O presente trabalho busca compreender a relação entre a Renovação 
Carismática Católica (RCC) e a política no município de Barbacena, Minas Gerais. 
A pesquisa foi desenvolvida na observação da atuação do atual prefeito da 
cidade, vinculado ao movimento carismático, que organiza o seu mandato a 
mailto:leticiamaiadias@hotmail.com
mailto:pr.ernesto@protonmail.com
mailto:juuhhmachado45@gmail.com
 
14 
 
partir das diretrizes da RCC. Vale ressaltar que essa pesquisa é fruto de uma 
análise prévia já finalizada sobre o processo eleitoral de 2020 que culminou na 
vitória do respectivo prefeito. Para conceber este novo estudo foi considerado o 
primeiro ano de mandato (2021), partindo de análises das redes sociais do 
prefeito (Instagram e Facebook), além de entrevistas com o mesmo, de modo a 
elucidar o vínculo entre religião e política. Logo, a pesquisa contribui para 
compreensão de como esses discursos altamente em voga no cenário nacional 
também permeiam o cenário micro, nesse caso, o município de Barbacena. 
Ademais, o trabalho busca fortalecer pesquisas que buscam compreender a 
presença do fenômeno religioso no campo político. 
Palavras-chave: Renovação Carismática Católica, Religião e política, 
Antropologia da política, Barbacena-MG. 
“IDEOLOGIA DE GÊNESIS” E A DISPUTA PELA GRAMÁTICA DOS 
DIREITOS HUMANOS 
Maria Andoyiki 
maria.andoyiki@usp.br 
 
Resumo: Nos últimos anos, principalmente a partir dos governos Lula-Dilma, 
temos visto uma crescente nas políticas públicas e ampliação de direitos 
voltados para a população LGBTQIA+. Porém, juntamente com essa ampliação, 
uma ofensiva conservadora tem ganhado projeção mundial, trazendo para a 
arena pública uma disputa sobre a gramática dos Direitos Humanos. No caso da 
América Latina, principalmente do Brasil, o sintagma “ideologia de gênero” foi 
grande mobilizador de candidaturas da direita conservadora e, também, de 
várias produções que visavam alertar a população sobre os perigos do avanço 
de pautas feministas e LGBTQIA+. Assim, esta apresentação tem como ponto 
central expor alguns dados sobre o mapeamento das produções anti-gênero e 
como elas, através do conceito de “ideologia de gênesis”, tem se inserido no 
debate público político-jurídico para se contrapor a pautas progressistas e, ao 
mesmo tempo, lutar por pautas supostamente ligadas à ideia de pluralismo e 
liberdade religiosa. 
Palavras-chave: Conservadorismo, Direitos Humanos, Ideologia de Gênesis. 
“VOLTANDO À ESSÊNCIA”: A PRODUÇÃO DE TEOLOGIAS 
CONSERVADORAS DESTINADAS ÀS JUVENTUDES BATISTAS DE 
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ 
Williams Moreira Barros Luna 
wmbluna@pq.uenf.br 
 
mailto:maria.andoyiki@usp.br
mailto:wmbluna@pq.uenf.br
 
15 
 
Resumo: Esta comunicação é resultado da minha dissertação de mestrado, que 
buscou compreender entre outros aspectos um conservadorismo religioso a 
partir da Segunda Igreja Batista em Campos dos Goytacazes e seu grupo jovem, 
o Face a Face Movement. Para tanto, analisa-se a 5ª edição da conferência 
anual destinada ao público jovem desta denominação, intitulada “Essência”, 
onde realizei observações participantes e entrevistas semiestruturadas a três 
jovens em sua formação missionária, no intuito de entender seus afetamentos 
em relação às teologias conservadoras observadas durante toda a conferência. 
Entendendo as teologias como formações substantivas de interpretações e 
experiências com o sagrado, é observado durante o evento a produção de 
narrativas teológicas em uma latente guerra espiritual em curso no mundo, que 
faz uso de diversos ritos pentecostais, no que chamamos conceitualmente de 
batistismo hibridizado. Na esteira do movimento jovem evangélico 
norteamericano The Send, este grupo jovem observado reproduz tanto a 
estética, quanto sua liturgia conservadora através da negação e combate ao 
que se denomina “ideologia de gênero”, “esquerdização” e “pautas falsamente 
progressistas”, que segundo os pastores que lideram o grupo jovem e que 
participaram da conferência, estão vinculadas ao “mundo secular”. Na tentativa 
de emular uma guerra cultural que se reproduz no imanente e no 
transcendente, a conferência conclama os jovens a resistir a esta secularidade 
diversa afirmando ideologias e teologias conservadoras. A escolha do objeto 
justifica-se pois o grupo jovem possui uma grande adesão das juventudes do 
Norte-Fluminense, dentre os quais, após convertidos, alguns tornam-se 
missionários evangélicos no Brasil e em outras partes do mundo. No entanto, 
como breves apontamentos finais indicam, apesar deste apelo conservador, 
nem todos os jovens entrevistados se sentem representados por este panorama 
teológico, reforçando uma pluralização de experiências religiosas de modo 
independente das lideranças pastorais, ocasionando conflitos internos. Deste 
modo, a comunicação proposta se constitui como uma importante contribuição, 
pois demonstra empiricamente a complexidade que como efeito da bricolagem 
entre política e religião, produz teologias conservadoras diversas alinhadas a 
ideologias políticas de direita, buscando reforçar uma cosmovisão cristã que 
almeja um retorno à “essência”, uma era escatológica mítica cuja polidez e 
retidão moral eram exemplares às juventudes. 
Palavras-chave: Igreja batista; missões evangélicas; conservadorismo religioso; 
juventudes. 
 
 
 
 
16 
 
GT 2 - CONTEMPORANEIDADE (PÓS-MODERNIDADE) E 
ESPIRITUALIDADES 
 
Prof. Dr. Douglas Willian Ferreira 
Profa. Dra. Tatiene Ciribelle 
 
Ementa: O GT Contemporaneidade (pós-modernidade) e espiritualidades 
objetiva reunir pesquisadores que investigam sobre as diversas concepções de 
espiritualidades no contexto contemporâneo e/ou pós-moderno. No atual 
cenário cultural, político e religioso brasileiro, é importante destacar o relevante 
papel das espiritualidades na reflexão crítica acerca dos constantes ataques aos 
Direitos Humanos. Nesse sentido, destacamos a pobreza, a injustiça e a 
desigualdade social como fomentadoras da contínua violação desses direitos, 
incluindo o direito à segurança. Desse modo, considera-se também pertinente a 
discussão sobre as distintas formulações do fenômeno religioso, como por 
exemplo, a tendência de racionalização da fé que culmina, muitas vezes, no 
surgimento de espiritualidades laicas e céticas. As discussões do GT se abrem, 
também, para a compreensão da espiritualidade do homem crente que faz sua 
experiência com o Divino. Como principais objetivos se propõe: valorizar o 
fenômeno religioso como fundamento da experiência espiritual; analisar as 
transformações provocadas pela espiritualidade na vida do ser humano 
contemporâneo, principalmente ao dialogar com a esfera pública; valorizar o 
diálogo entre as diversas manifestações espirituais, incluindo sua vertente 
ateísta, cética e também laica, que caracteriza a pluralidade do século XXI; 
analisar criticamente a relação entre ateísmos, direitoshumanos e práticas 
humanizadoras; apresentar a espiritualidade como possibilitadora da superação 
da violência em suas diversas manifestações; avaliar a centralidade da 
espiritualidade na prática religiosa e social; compreender o papel da 
espiritualidade na valorização e promoção dos direitos humanos e da cultura da 
paz; destacar a espiritualidade como fundamento do diálogo entre as religiões e 
da fuga dos fundamentalismos e, por fim, refletir acerca da importância do 
estudo da espiritualidade na Ciência da Religião. 
 
Palavras-chave: Espiritualidades. Pós-modernidade. Ciência da Religião. Direitos 
humanos. 
 
 
 
 
 
17 
 
A FILOSOFIA COMO DISCURSO DO ESPÍRITO: PENSANDO A 
ESPIRITUALIDADE LAICA 
Douglas Willian Ferreira 
douglasinvictus@hotmail.com 
Resumo: Propomos aqui pensar o processo de secularização em que acontece a 
dissolução do religioso na filosofia. De acordo com Luc Ferry, quando a relação 
com o transcendente deixa de ser vertical, ou seja, o ser humano não mais se 
subordina a um divino exterior à própria humanidade, como por exemplo, ao 
Deus cristão, há um deslocamento dessa transcendência para a interioridade do 
ser humano, ou seja, relacionando-se por vias horizontais, na relação com o 
outro. A partir de estudos bibliográficos, compreendemos o quanto a filosofia 
permite desenvolver o mais alto grau de experiência do absoluto na 
reconciliação do divino com a humanidade, do infinito e do finito, do ser 
humano consigo mesmo. E essa reconciliação, segundo o autor, resulta da 
verdade que se encontra na imanência da subjetividade, ou, em outras palavras, 
que habita o subjetivo, na forma da busca pelo próprio sentido da vida. O 
resultado dessa proposta será construção de uma concepção soteriológica da 
filosofia que, em seu bojo, possibilita a experiência de espiritualidades laicas. 
Palavras-chave: Espiritualidades, Filosofia, Luc Ferry, Soteriologia. 
 
A MÍSTICA SECULAR EM ETTY HILLESUM 
Lucas Cordeiro Santos 
lcs2098@hotmail.com 
 
Resumo: A presente comunicação objetiva apresentar à comunidade científica a 
espiritualidade de Etty Hillesum, uma jovem judia que sofreu as mazelas da 
perseguição nazista e foi vítima desta. Enquanto Amsterdã era assolada por 
bombardeios nos anos 1940 e 1943, a jovem Etty Hillesum vivia uma profunda 
experiência espiritual a partir da relação com seu psicólogo, Julius Spier, e da 
escrita em diários. A relação de Julius Spier e Etty Hillesum se caracterizou pelo 
binômio mestre e discípulo, no qual Etty Hillesum sentia-se orientada 
espiritualmente por Spier. A partir da revisão bibliográfica dos diários escritos 
por Hillesum busca-se por meio desta comunicação entender a gestação de 
uma mística secular, sem vínculos religiosos institucionais. Além disso, analisa-se, 
também, como Etty Hillesum passou de uma jovem de postura inconsistente, 
para a afirmação de uma personalidade integrada e dedicada a ajudar judeus 
no campo de concentração na busca pela sua própria vida interior. Por meio 
desta análise, intenta-se conceituar e entender a experiência religiosa não 
institucionalizada que acomete a sociedade contemporânea e quais são suas 
reais imbricações. Tal proposta parece coadunar intimamente com a discussão 
proposta no GT Contemporaneidade (pós-modernidade) e espiritualidades, pois 
mailto:douglasinvictus@hotmail.com
mailto:lcs2098@hotmail.com
 
18 
 
estuda uma experiência espiritual atual e pungente, bem como, aborda a 
experiência mística forjada na cruel situação de supressão dos direitos 
individuais e permanência em campos de concentração. 
Palavras-chave: Mística secular; Espiritualidade; Escrita de si. 
 
A FABRICAÇÃO DO CORPO E A INCIDÊNCIA NO PSIQUISMO: OS 
PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO A PARTIR DA AYAHUASCA, ENTRE 
PSICANÁLISE E ANTROPOLOGIA 
Marina Batista de Souza 
batista.marina@hotmail.com 
 
Resumo: A ayahuasca é uma bebida de origem indígena que tornou-se 
conhecida a partir da segunda metade do século XX, pelo uso não-indígena 
realizado por três grupos religiosos distintos: Santo Daime, União do Vegetal e 
Barquinha. Luna (2002) propõe: “Sob certas condições algumas plantas ou 
‘vegetais’ possuidoras de sábios espíritos, teriam a faculdade de “ensinar” às 
pessoas que os procuram. (LUNA 2002, p. 181). Portanto, no contexto em que é 
utilizada é considerada uma planta mestra. Esse trabalho é parte da pesquisa 
que desenvolvo no mestrado em Psicologia, a pesquisa busca compreender os 
processos de transformação pessoal através do uso da ayahuasca. A psicanálise 
compreende o processo de constituição do psiquismo, a partir da ideia da 
atividade psíquica a partir do conceito de pulsão, mostrando a importância do 
corpo no âmbito psicanalítico e sua incidência no psiquismo. Corpo será nosso 
ponto de partida, no sentido que, no perspectivismo “o corpo humano não mais 
ocupa um lugar único e estável no esquema do cosmos, já que sua forma é 
inteiramente relativa à perspectiva de um testemunho” (TAYLOR; VIVEIROS DE 
CASTRO, 2006, p.01). Portanto, o corpo é um instrumento de subjetivação 
privilegiado, também ativo na experiência ayahuasqueira. 
Palavras-chave: Ayahuasca; Psicanálise; Subjetivação; Perspectivismo Ameríndio. 
 
ESPIRITUALIDADES E EDUCAÇÃO: EM FOCO A FORMAÇÃO 
DOCENTE 
Ruthmary Fernanda de Souza Fernandes 
ruthmaryjf@gmail.com 
Sandrelena da Silva Monteiro 
sandrelenasilva@yahoo.com.br 
Resumo: Esse trabalho se constrói a partir de uma revisão de literatura fazendo 
um diálogo entre dois conceitos fundamentais ao pensar a educação e 
mailto:batista.marina@hotmail.com
mailto:ruthmaryjf@gmail.com
mailto:sandrelenasilva@yahoo.com.br
 
19 
 
especialmente a formação docente nos dias atuais: a concepção de pessoa 
humana e o humanescer na docência. Trazer tais conceitos para o campo da 
formação docente, tanto como conceitos teóricos quanto práticas formativa 
implica em se pensar a pessoa humana em sua integralidade, considerando sua 
unidade na multiplicidade constitutiva do ser no mundo. A perspectiva de 
integralidade humana tem sido preterida frente ao apelo de uma formação 
docente tecnicista e robotizada para o cumprimento de planos de 
produtividade e resposta às estatísticas escolares. Nesse contexto o trabalho 
apresenta como objetivo central tecer uma concepção de formação docente a 
partir do entrelaçamento dos conceitos de pessoa humana em sua 
integralidade e do humanescer na docência a partir do diálogo com as terias de 
Viktor Frankl e Maria Glória Ditrich. Tanto em uma perspectiva teórica quanto 
em outra, conceber a pessoa humana em sua integralidade implica em 
conceber não apenas suas dimensões biológicas, psíquica, mas também sua 
dimensão espiritual, em outras palavras, sua espiritualidade. Aqui espiritualidade 
é concebida como uma dimensão constitutiva do ser humano que se faz 
presente em sua vida quer seja em manifestações de práticas religiosas ou não. 
Espera-se que essa pesquisa possa contribuir para pensar uma formação 
docente mais humanizada visando a elaboração de práticas docentes atentas 
ao cuidado necessário com o profissional e aos estudantes de forma geral, 
evitando que o cotidiano acelerado dos/nos dias atuais atropele a humanidade 
que há em nós. No que se refere à contribuição aos estudos realizados no GT 
Contemporaneidade (Pós-Modernidade) e Espiritualidades, intenta-se 
especialmente trazer em discussão a formação docente, profissional 
fundamental na construção e uma sociedade mais humana e menos 
excludente, mas que tem tido sua formação engessada em princípios de 
produtividade e robotização da pessoa humana. 
Palavras-chave: Espiritualidades; Formação Docente; Pessoa Humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
GT 3 - CRISTIANISMO DAS ORIGENS 
Doutorando Iuri Nunes (UFJF) 
Me. Daniel Salomão Silva 
Ementa: O esforço de se compreender o contexto geográfico e cultural da 
memória dos ditos de Jesus, a forma como foram organizados teologicamente 
por seus primeiros seguidores, bem como o processode transmissão das 
narrativas que deram origem ao material do Novo Testamento, e mesmo de 
textos não canônicos, pode nos oferecer uma visão mais robusta sobre as 
primeiras comunidades cristãs em sua diversidade. Nesse sentido, esse GT tem o 
objetivo de acolher pesquisas sobre materiais dos séculos III a.C. a III d.C., 
judaico-cristãos ou não, mas que possam enriquecer as reflexões sobre os 
cristianismos originários. São naturalmente bem-vindas as contribuições dos 
campos da História, da Teologia, das Ciências Sociais, dos Estudos Culturais e 
Literários, bem como da própria Ciência da Religião, destacando seu caráter 
multidisciplinar. Estudos filológicos e exegéticos dos judaísmos e cristianismos 
antigos deram início às Ciências da Religião na Europa juntamente com a 
História Comparada das Religiões e a posterior Fenomenologia da Religião. 
Logo, entendemos como importante a tentativa de se recuperar essa tradição 
junto à Ciência da Religião e em meio ao nosso atual contexto social e político, 
ainda que de forma crítica e atenta às metodologias mais recentes. Mantendo 
também em mente a importância do diálogo entre as pesquisas acadêmicas e a 
comunidade não acadêmica, essas reflexões podem também ser um rico 
material para os próprios grupos cristãos ou não que fazem parte de nossa 
sociedade atual, para a compreensão de suas narrativas, como são articuladas e 
incorporadas aos seus contextos específicos, em diálogo com o que podemos 
estimar das primeiras formulações cristãs entre as comunidades originárias. Em 
um momento em que leituras e posturas fundamentalistas, que se afirmam 
baseadas na literatura bíblica, têm se destacado, entendemos como produtivo o 
desenvolvimento de uma leitura mais atenta, crítica e madura dos textos bíblicos 
neotestamentários e seus contemporâneos. 
Palavras-chave: cristianismos originários. Novo Testamento. Narrativas judaico-
cristãs. 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
A ANÁLISE NARRATIVA APLICADA AOS TEXTOS BÍBLICOS 
Daniel Salomão Silva 
salomaoime@yahoo.com.br 
 
Resumo: Os métodos histórico-críticos, a despeito da contribuição que deram e 
ainda dão à pesquisa bíblica, têm suas limitações apontadas já há algumas 
décadas. Categorias como "intenção do autor" ou "do redator", bem como a 
expectativa de plena reconstrução do contexto histórico em que o texto foi 
redigido, vêm sendo questionadas. Contudo, comparar os textos bíblicos com 
seus contemporâneos, entendê-los em sua própria estrutura e reunir 
informações históricas plausíveis são ações importantes que podem ser somadas 
à análise narrativa na busca de uma compreensão mais profunda. A 
Narratologia, que tem como objeto de estudo a narração, preocupa-se com o 
ato da comunicação, com os efeitos da disposição do texto da descrição dos 
personagens sobre o leitor, enquanto estratégia que o oriente no processo de 
recepção da mensagem. Mesmo textos historiográficos, as cartas paulinas os 
evangelhos contêm elementos de ficcionalidade, a partir do momento em que 
seus autores escolhem, por exemplo, enfatizar ou reordenar os episódias 
narrados. Logo, pensar assim não significa tratar as informações do texto como 
falsas ou inventadas, algo fora do escopo dessa análise, mas pressupô-las como 
dispostas de uma forma que estruture a decifração de sentido pelo leitor. Afinal, 
a essência da narrativa é sempre a comunicação de uma experiência humana, 
com suas escolhas e demandas. Nossa comunicação propõe uma apresentação 
introdutória do tema, destacando referências bibliográficas importantes e 
apontando exemplos e campos de aplicação da análise narrativa à pesquisa 
bíblica. 
Palavras-chave: Cristianismos das origens; Bíblia; Narratologia. 
 
MATERNIDADE DIVINA: DAS ORIGENS À ÉFESO 
Eduardo Antônio de Faria 
dudufaria@terra.com.br 
Resumo: No escopo maior dos estudos teológicos, a mariologia ocupa lugar de 
destaque, uma vez que uma correta compreensão deste tema em muito nos 
auxilia na própria compreensão acerca do Cristo e de sua Igreja, sobretudo no 
que tange à “Missio Ecclesiae”, semelhante à de Maria, de trazer Cristo ao 
mundo. Pretendemos analisar alguns aspectos históricos do Dogma da 
Maternidade Divina de Maria, destacando seu enunciado, sua fundamentação 
escriturística, bem como suas implicações cristológicas e eclesiológicas. A 
expressão “Theotókos” já é encontrada na prece mariana mais antiga de que se 
tem conhecimento, “Sub tuum praesidium.” Composta em grego, esta oração 
foi encontrada em uma liturgia natalina copta, datando de meados do século III. 
mailto:salomaoime@yahoo.com.br
mailto:dudufaria@terra.com.br
 
22 
 
Em Lucas 1,43 lemos: “E de onde me provém que me venha visitar a mãe do 
meu Senhor?” Nesta passagem, Isabel, cheia do Espírito Santo, afirma que Maria 
é mãe do SENHOR (kyrios). É sabido que o nome do Deus de Israel, quando 
vertido para a LXX, era traduzido como “Senhor” (kyrios). Desta forma, esta 
passagem poderia até mesma ser traduzida como “E de onde me provém que 
me venha visitar a mãe do meu Deus?” Por sua natureza viva, é natural que um 
ensinamento da Igreja se desenvolva com o tempo. Observando algumas 
poucas citações dos Padres sobre este tema, podemos perceber que a 
compreensão da Maternidade Divina de Maria não foge a essa regra. Santo 
Irineu de Lyon, Santo Atanásio e São Cirilo de Alexandria são exemplos que 
fazem uma “confissão cristológica em forma mariológica.” Ao dizermos que 
Maria é Mãe de Deus, apontamos para a união hipostática, ou seja, em Cristo há 
apenas uma pessoa, a divina. O concílio nos relembra que “a Virgem está 
intimamente ligada à Igreja; a Mãe de Deus é o tipo e a figura da Igreja.” (LG63) 
Desta forma, podemos afirmar que todos os Dogmas Marianos revelam algo 
acerca da própria natureza da Igreja. Em relação a este dogma especificamente, 
assim como Maria tornou-se portadora do Deus-Filho para o mundo, também a 
Igreja, no poder do Espírito, tem a missão de levar Cristo ao mundo, o Cristo 
gerado na Igreja. 
Palavras-chave: Mariologia; Desenvolvimento da doutrina; Theotokos. 
 
OS LÓGOI DE JESUS NAS BEM-AVENTURANÇAS DE MT 5,3-12 
Marta Luzie de Oliveira Frecheiras 
marta.luzie@uol.com.br 
Resumo: Esta comunicação pretende abordar a importância da Crítica Textual, 
da Retórica, da Exegese e da hermenêutica bíblicas visando a uma análise mais 
atenta do texto bíblico, a fim de poder identificar quais passagens poderiam ser 
consideradas próprias do Jesus histórico, considerando a época e a geografia 
do mesmo. Tais conhecimentos aproximam-nos da pessoa de Jesus de Nazaré, 
ampliando a compreensão de sua mensagem salvífica. Nesse sentido, 
apresentaremos, nesta comunicação, o debate acerca das Bem-aventuranças 
em Mt 5,3-12 a fim de chegar a uma resposta à nossa pergunta: são essas bem-
aventuranças lógoi de Jesus ou são apenas redações posteriores, sem nenhum 
rebatimento no Jesus histórico? Quais são os métodos exegéticos que nos 
permitem propor uma solução? São dez ou oito as bem-aventuranças? Quais 
delas seriam lógoi de Jesus ou todas elas seriam lógoi? Além disso, a análise da 
retórica bíblica semítica nos trará informações valiosas acerca do modo de 
pensar do povo hebreu da época de Jesus. Trata-se de um modo concêntrico de 
raciocínio, distinto do modo abstrato da retórica grega, que nos é mais 
conhecida. Por fim, traremos uma solução ao nosso problema teórico, 
demonstrando a plausibilidade científica da mesma, além de apresentarmos 
mailto:marta.luzie@uol.com.br
 
23 
 
alguns pontos importantes acerca da característica central desses lógoi de Jesus 
para os dias atuais, a fim de estabelecermos um aggiornamento, uma 
atualização dessa mensagem jesuânica. 
Palavras-chave: Logoi; Hermenêutica; Retórica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
GT 4 - DECOLONIALIDADE, RELIGIÃO, DIREITOS HUMANOS E PÓS-
SECULARISMO 
 
Profa. Dra. Clarissa De Franco (UMESP) 
Profa. Dra. Jaci de Fátima Souza Candiotto (PUC-PR) 
Ementa: O GT objetivaestabelecer um diálogo interdisciplinar na esfera pública 
entre direitos humanos, decolonialidade, religiões e pós-secularismo, de forma a 
apresentar caminhos para a compreensão e desconstrução da lógica colonial. 
Para tal tarefa, consideramos fundamental estudar a perspectiva do pós-
secularismo, segundo a qual as religiões compõem uma área relevante na 
construção do debate público e democrático sobre direitos humanos. As 
dicotomias e cisões, típicas do pensamento moderno, trouxeram um 
“secularismo agressivo”, termo utilizado por Ahmet Kuru (2009) para designar a 
postura laicizante que concebe as religiões como adversárias do processo 
democrático. Diante desta postura excludente e reducionista, Boaventura de 
Sousa Santos aponta o pós-secularismo como o espaço encontrado pelas 
“teologias políticas progressistas” ao “formular concepções historicamente 
concretas de dignidade humana, pela qual Deus é o garantidor último da 
liberdade e da autonomia nas lutas em que os sujeitos, tanto individuais como 
coletivos, travam no sentido de se tornar sujeitos da própria história” (SANTOS, 
2014, p. 114). A hermenêutica diatópica proposta por Boaventura Santos (2014, 
2006) conduz à possibilidade de diálogo e negociação intercultural, envolvendo 
uma razão que tensiona as relações com base na desigualdade de poder e 
sugere uma transição paradigmática apoiada em uma “ecologia dos saberes”, 
articulando diferentes concepções de dignidade humana. De maneira análoga 
à proposta de diálogos interculturais, Habermas fala em “esforços de tradução” 
(2007) do conteúdo semântico religioso, no âmbito de uma linguagem racional, 
de forma que as contribuições das religiões para o debate democrático sejam 
acessíveis. Neste contexto, a presença cotidiana e pública das religiões na esfera 
democrática tem sido exaltada por Habermas (2007), que reconhece nas 
cosmovisões religiosas um “potencial de racionalidade”, compreendendo que a 
linguagem religiosa pode oferecer contribuições valiosas para o debate público. 
Por sociedade pós-secular, portanto, designa-se o deslocamento da consciência 
pública, que envolve a reivindicação das religiões na participação dos debates 
democráticos. Boaventura de Sousa Santos (2014, p. 113) indica a “possibilidade 
de ligar o retorno de Deus a um humanismo trans-moderno concreto”, a partir 
de práticas interculturais e contra-hegemônicas, nas quais a participação das 
religiões ou do que o autor chama de teologias progressistas e pluralistas 
(SANTOS, 2014) atua na luta contra o sofrimento humano, em conjunto com 
outros grupos. Portanto, as epistemologias do Sul e as teorias decoloniais 
apontam caminhos de diálogo e tradução interculturais que atravessam os 
desafios inerentes às tensões da vida pública nas sociedades contemporâneas, 
considerando também o lugar das religiões nessa construção coletiva. O GT 
pretende reunir pesquisadores/as e acolher propostas de comunicações que 
 
25 
 
discutam os elementos teórico-metodológicos acerca da articulação das 
temáticas acima elencadas no intuito de examinar e propor reflexões críticas à 
lógica colonial. 
Palavras-chave: decolonialidade; pós-secularismo; direitos humanos; religião; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
MISSÕES, COLONIALISMO E HOMOTRANSFOBIA: 
AUTOETNOGRAFIA DE UMA “BICHA CRENTE” 
André da Silva Muniz / Kigéw Puri 
andredsmuniz@gmail.com 
Resumo: Os movimentos missionários da contemporaneidade são um 
fenômeno complexo, como pode ser visto pelas suas aproximações e embates 
com o Estado por um lado, e com os movimentos sociais por outro – 
especialmente o movimento indígena, desde a participação de missionários na 
colonização do país num primeiro momento ao apoio aos povos nativos em 
anos recentes por parte de organizações católicas como o Conselho Indigenista 
Missionário (CIMI) e a Teologia da Libertação. Portanto, a partir de uma pesquisa 
autoetnográfica, o pesquisador, uma pessoa indígena, não-binária e gay que 
frequentou escolas missionárias e atuou como tal por uma igreja evangélica, 
pretende-se analisar as bases do movimento missionário de um modo geral, 
especialmente a partir de vertentes evangélicas, e os desdobramentos destas 
em seus discursos e práticas; bem como apresentar outros movimentos que se 
colocam como alternativos ao missionarismo protestante hegemônico. A 
autoetnografia – a “escrita de si” – é uma metodologia que critica a suposta 
neutralidade da ciência ocidental e permite que pessoas de grupos 
subalternizados “possam falar”, para usar a terminologia de Gayatri Spivak. 
Assim, a partir das experiências do próprio pesquisador, o movimento 
missionário evangélico contemporâneo será analisado em suas intersecções 
com o colonialismo, raça, gênero e sexualidade. Espera-se, portanto, demonstrar 
que a origem do missionarismo como ferramenta da colonização permanece 
viva em suas bases teológicas e epistemológicas e se desdobra em discursos e 
ações colonialistas, racistas, machistas, homofóbicas e transfóbicas. 
Palavras-chave: Missões; Colonialismo; Gênero e sexualidade; Autoetnografia. 
 
ARTE E DECOLONIALIDADE NAS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS 
Andréa Olimpio de Oliveira 
andrea.olimpiodeoliveira@gmail.com 
Resumo: Este estudo tem como tema “Arte e Decolonialidade em Religiões Afro-
brasileiras”. Objetiva-se evidenciar de que modo a arte pode servir como 
alternativa às práticas decoloniais, ou seja, suplantando os efeitos do racismo e 
da colonialidade, tanto em relação ao entendimento da arte em si, quanto nas 
suas representações artísticas expressas nas religiões afro-brasileiras. Almeja-se 
encontrar, ainda, uma compreensão da religiosidade afro-brasileira para além 
das concepções hegemônicas da modernidade, no qual a arte e as expressões 
de crença e fé se dão simultaneamente no mesmo espaço/tempo. A 
metodologia é baseada na pesquisa bibliográfica, através de textos teóricos que 
mailto:andredsmuniz@gmail.com
mailto:andrea.olimpiodeoliveira@gmail.com
 
27 
 
abarquem à temática estudada, além de produções artísticas que ilustrem os 
conceitos trabalhados. É primordial o reconhecimento de que nos espaços dos 
terreiros de umbandas e candomblés existem artes e que às diversas formas de 
manifestações artísticas produzidas em continuidade às religiões afro-brasileiras 
podem ser entendidas como espaços de luta e resistências contra ações de 
silenciamento e invisibilidade. Como contribuição aos estudos de 
Decolonialidade e Religião, espera-se fomentar novas discussões que promovam 
a inter-relação da arte, à decolonialidade e às religiões afro-brasileiras, 
integrando novos sentidos ao pensamento global da modernidade. 
Acreditamos ser possível ampliar essa reflexão com novos estudos e temáticas 
que considerem às especificidades locais e regionais, das mais diversas formas 
de expressão artística nas religiões afro-brasileiras e que se sustentam em 
movimentos de luta e resistência ao pensamento colonial. 
Palavras-chave: Religião; Modernidade; Arte decolonial; Decolonialismo; Religião 
afro-brasileira. 
 
OS RUMOS DA ESPIRAL: UMA ANÁLISE DO PAGANISMO 
ENQUANTO MOVIMENTO CONTRAMODERNO 
Dartagnan Abdias Silva 
dartagnanabdias@gmail.com 
Resumo: Paganismo é uma religiosidade presente e crescente no mundo 
ocidental. Compreender essa religiosidade como um todo é uma tarefa 
complexa ao considerarmos toda a sua diversidade e pluralidade. Generalizar o 
Paganismo pode não ser uma tarefa indicada, uma vez que o próprio 
movimento e religiosidade não possui uma definição própria. Nos é possível, 
entretanto, abraçar o Paganismo em seu contexto histórico, enquanto um 
movimento contracultural, e pretençamente contra-hegemônico. A intenção 
deste trabalho, portanto, é ser um ensaio, trazendo reflexões coletadas através 
da pesquisa de campo e das considerações levantadas em minha tese de 
Doutorado, aliadas a análises conceituais e bibliográfica para tentar 
compreender o Paganismo enquanto uma religiosidadecontramoderna. Como 
o Paganismo se ambienta ou responde à crise de sentido da modernidade? De 
quais movimentos históricos e religiosos ele é herdeiro e se alia no curso de sua 
trajetória até a contemporaneidade? São perguntas que tentarei responder 
nesse artigo. E para tanto, será necessário abarca-lo enquanto uma religiosidade 
(contra)moderna, secularizada e encantada, com toda complexidade das 
religiosidades frente aos problemas modernos e aos embates com a 
secularização, globalização e da privatização da fé. Paralelamente poderemos 
constatar os desafios que se colocam ao Paganismo em sua adequação de 
agenda rumo a uma possível atuação contra-hegemônica, cuja aplicação 
mailto:dartagnanabdias@gmail.com
 
28 
 
prática deriva de uma decolonialidade teórica ou embrionária que ainda não se 
consolidou de forma prática. 
Palavras-chave: Paganismo; Contramodernidade; Contra-Hegemonia. 
 
INTERCULTURALIDADE E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: UM ESTUDO 
DE CASO SOBRE A ATUAÇÃO ÉTICO-ECUMÊNICA DA TEOLOGIA 
DA LIBERTAÇÃO 
Flávia Ribeiro Amaro 
flavia.ramaro@gmail.com 
Resumo: Diante da ampliação do escopo de atuação dos fundamentalismos no 
campo religioso brasileiro, cujas implicações são sentidas em diversas esferas da 
vida individual e coletiva, e da necessidade de se viabilizar a pauta do 
pluralismo, refletir sobre possíveis conexões epistêmicas entre a perspectiva 
intercultural e a proposta ético-ecumênica do diálogo inter-religioso se 
configura como um desafio de caráter urgente e imprescindível. A reflexão 
acerca de possíveis interconexões, teórico-práticas, entre a interculturalidade e o 
diálogo inter-religioso, se apresenta como uma demanda fundamental junto aos 
esforços de combate à intolerância religiosa, alinhando-se às estratégias 
decoloniais para a reformulação e/ou construção de alternativas críticas e 
criativas voltadas ao tratamento do fenômeno religioso. Com o intuito de 
aprofundar nessa discussão, é apresentado um estudo de caso sobre o 
movimento teológico, intelectual e político, de caráter ecumênico, conhecido 
como Teologia da Libertação – encarado aqui, como um dos precursores do 
paradigma decolonial/ intercultural, em função de associar à reflexão científica, 
uma práxis engajada nas causas cotidianas e espirituais dos povos oprimidos. 
Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica, com destaque para as obras 
de pesquisadores brasileiros das ciências da religião e latino-americanos 
vinculados ao grupo de estudos Modernidade/Colonialidade. 
Palavras-chave: decolonialidade; interculturalidade; diálogo inter-religioso; 
Teologia da Libertação. 
 
MORTE E (R)EXISTÊNCIA: O CONTRADISCURSO PERIFÉRICO COMO 
FUNDAMENTO DO “SER-LATINO” 
 
Victor Pereira Aversa 
victor.aversa.cre@gmail.com 
Resumo: Como cita a “Subpoesia” de José Luís Mendonça, somos sujeitos 
subentendidos e subespécie do submundo. Estamos na periferia do mundo e 
por vezes acreditamos ser algo que não o somos. Por fim, somos latinos. Mas o 
mailto:flavia.ramaro@gmail.com
mailto:victor.aversa.cre@gmail.com
 
29 
 
que é o “Ser-latino”? De onde viemos e para onde estamos indo? 
Independentemente das respostas para quaisquer possíveis perguntas que 
possamos elaborar neste sentido, sabemos que o latino é aquele sujeito que 
tem como “modo-de-ser” a resistência. O simples ato de acordar do latino é uma 
forma de resistir, em um mundo onde o eixo eurocêntrico baseia a sua 
existência na exploração da América Latina (e outros “subcontinentes”). Neste 
trabalho, propomos uma reflexão, como parte de nossa tese de doutorado, 
sobre a ideia de “contradiscurso periférico”, e de como esta dinâmica 
epistemológica pode se apresentar como um dos fundamentos possíveis para a 
ideia de “Ser-latino”. Fazemos, aqui, um contradiscurso heideggeriano, tomando 
emprestada a ideia de “ser-aí” e “ser-para-a-morte”, aplicando esses termos 
dentro de uma perspectiva latina e decolonial. Partindo da hipótese de que, 
sendo o sentido da existência do “ser-aí” o próprio “ser-para-a-morte”, o invasor 
europeu coloca a existência latina em “cheque”, ao sequestrar a nossa 
possibilidade de viabilizar uma aceitação da morte enquanto horizonte 
existencial, instrumentalizando ela (a morte) para fins de controle e ideologia 
colonial. Acreditamos que essa reflexão possa vir a contribuir com a discussão 
de outros pesquisadores e pesquisadoras que tentam, assim como nós, 
encontrar um caminho de nos colocarmos enquanto latinos e latinas diante do 
mundo, com existência própria, resistindo e vivendo a partir da nossa própria 
realidade. 
 
Palavras-chave: América latina; morte; existência; resistência decolonialidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
GT 6 - ENSINO RELIGIOSO: DIVERSIDADE E HUMANIZAÇÃO 
Doutoranda Nathália Ferreira de Sousa Martins (UFJF) 
Mestranda Adriana Rocha Ribeiro Araújo (UFJF) 
Doutorando Harry Carvalho da Silveira Neto (UFPB) 
Ementa: Este Grupo de Trabalho procura atrair pesquisas que tratam sobre o 
Ensino Religioso (ER) nas escolas públicas e privadas do Brasil para um debate 
reflexivo e analítico deste componente curricular com a pretensão de ser um 
espaço para a abordagem de temas como: educação, democracia, ética, 
humanização e religião. Sobretudo, como o ER pode minimizar a intolerância 
religiosa nas escolas a partir do entendimento dele como uma área do 
conhecimento que tem por objetivo promover um (re)conhecimento do outro, 
com suas diferenças e similaridades, que visa produzir práticas de respeito e 
tolerância, o que colabora com uma perspectiva de garantia dos direitos 
humanos. Nesse sentido, um ER que foge de práticas confessionais e 
proselitistas. A relevância do ER para a formação crítica do (a) cidadão (ã) 
justifica-se também no fato que inúmeras expressões religiosas presentes no 
cenário brasileiro convivem por vezes em relações de tensão entre si e com a 
sociedade, buscando legitimar seus discursos e doutrinas, extrapolando o 
âmbito privado. Nesse sentido, esse GT abarca temáticas variadas que envolvam 
o diálogo entre religião e educação com o propósito de entender e analisar a 
configuração do ER na atualidade, seus avanços e perspectivas, principalmente 
neste momento no qual este componente curricular é contemplado na BNCC 
(Base Nacional Comum Curricular), assim como possui uma área de referência, 
as Ciências da Religião, garantido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) 
para licenciatura em Ciências da Religião. O ER nesse sentido, longe de 
perpetuar o status quo, sendo um instrumento de reprodução social, se alinha a 
uma perspectiva de educação que visa a transformação da sociedade, através 
do diálogo, da empatia, do pensamento crítico e autônomo dos e das 
estudantes. Assim, trabalhos que pesquisam os aspectos históricos, curriculares, 
práticos, didáticos, epistemológicos, de formação e capacitação docente do ER 
não confessional serão bem-vindos a esse debate. 
Palavras-chave: Ensino Religioso; Humanização; Diversidade. 
 
31 
 
A DEMOCRACIA NO ENSINO RELIGIOSO PERPASSA SOBRE RAÇA E 
GÊNERO 
Adriana Rocha Ribeiro Araújo 
arocharibeiroaraujo@gmail.com 
 
Resumo: Abordar um ensino laico e dentro de uma abordagem voltada para 
promoção dos direitos humanos pode parecer fácil em termos gerais, mas as 
dificuldades e entraves podem ir muito mais além do que apenas falar sobre 
várias religiões nas aulas de ensino religioso. A BNCC expõe que a 
“interculturalidade e a ética da alteridade constituem fundamentos teóricos e 
pedagógicos do ensino religioso”, visando assim “combater a intolerância, a 
discriminação e exclusão”. Assim, como seria pensar religião no ensino religioso 
em termos éticos perpassando também por termos estéticos que envolva a ação 
política do professor da disciplina considerando questões como raça e gênero? 
Acreditamos que a decoloniar a educação é possibilitar que vozes identitárias 
apareçam no estudo dos fenômenos religiosos promovendoo que é proposto 
pela BNCC. Da mesma forma, acreditamos que conduzir um estudo dos 
fenômenos religiosos nessa perspectiva seja um exercício de democracia 
visando o reconhecimento e respeito às alteridades. Esta comunicação versará 
em reflexão sobre essa questão, tendo Paulo Freire, Elisa Rodrigues, Andrei 
Mussopkf e Aparecida de Jesus Ferreira como suportes teóricos para 
metodologia em estudo bibliográfico. Compreendemos as dificuldades que 
possa haver em abordagens de gênero e raça no estudo dos fenômenos 
religiosos que podem recair sobre a falta de preparo do professor sobre essas 
questões pela ausência da formação em licenciatura em Ciência da Religião; 
bem como outras dificuldades advindas do desconhecimento ou do 
preconceito ou de visões fundamentalistas sobre a questão de gênero tanto do 
professor quanto da comunidade escolar. Também compreendemos que haja 
uma redução relacional de raça a religiões de matrizes africanas esquecendo 
que o negro transita por diversas tradições religiosas levando consigo sua 
ancestralidade. Esperamos contribuir com reflexão sobre a importância de 
incluir questões de raça e de gênero nas aulas de ensino religioso. 
Palavras-chave: Ensino Religioso; Raça; Gênero; Ética: Estética. 
 
 
 
 
mailto:arocharibeiroaraujo@gmail.com
 
32 
 
O COTIDIANO ESCOLAR MARCADO PELA PRESENÇA DA RELIGIÃO: 
UMA ANÁLISE DE ESCOLAS PÚBLICAS DO RIO DE JANEIRO 
Amanda André de Mendonça 
amandademendonca@gmail.com 
Renata Brito 
reandradebr@hotmail.com 
Resumo: A presente pesquisa tem o objetivo de analisar a presença de 
manifestações religiosas em escolas públicas, contando para isto com os 
posicionamentos e a prática dos sujeitos que atuam neste espaço. O problema 
levantado se centra na naturalização de elementos religiosos no cotidiano das 
escolas públicas do Rio de Janeiro, percebendo-se a tendência de privilegiar os 
segmentos hegemônicos e marginalizar os minoritários, contrariando assim os 
princípios de liberdade religiosa e de laicidade do Estado. Para compreensão de 
como a religiosidade, principalmente derivada de religiões cristãs, acaba sendo 
transmitida, inculcada e naturalizada na escola pública foi necessário buscar o 
aporte teórico-metodológicos indicados pelo conceito de cultura escolar 
com Julia (2001) e Viñao Frago (2000, 2008)Considera-se que uma abordagem 
crítica é pertinente nesta discussão, a fim de identificar os interesses de grupos e 
indivíduos ao se inserir a questão religiosa na escola pública da educação 
básica. Neste sentido, as pesquisas de Cury (2007), Cunha (2007), Fischmann 
(2008) podem ser citadas como exemplos que problematizam e expõem a 
forma como tais políticas se formulam e como é importante o olhar crítico sobre 
a temática. A pesquisa qualitativa se propôs observar duas escolas da rede 
Estadual de ensino: uma localizada no município do Rio de Janeiro e uma no 
município de Niterói. Estas observações evidenciaram as contradições e 
polêmicas acerca de um tema que está longe de se ter um consenso e torna a 
educação pública o espaço que tem sido apropriado ou negado pela religião. 
Esta pesquisa utilizou como mecanismo de pesquisa a observação direta 
nas escolas e entrevistas semiestruturadas. O objetivo foi apresentar como a 
relação escola pública laica e o respeito às expressões religiosas se configuram 
na prática no ambiente escolar. Com a análise destas duas escolas públicas da 
rede estadual pode-se perceber que a religião é naturalizada pelos sujeitos de 
forma a privilegiar vertentes do cristianismo em detrimento de outras formas de 
crer e não crer. 
Palavras-chave: laicidade do Estado; religião; escola pública; cotidiano escolar. 
 
 
 
mailto:amandademendonca@gmail.com
mailto:reandradebr@hotmail.com
 
33 
 
ENSINO RELIGIOSO: RELEVANTE COMPONENTE CURRICULAR 
PARA COMBATER A INTOLERÂNCIA ÉTNICO-RACIAL E RELIGIOSA 
NAS ESCOLAS 
Cléa Luíza Rosa Dias 
cleacexa2017@gmail.com 
Heli Santos Santana 
heli29053@gmail.com 
 
Resumo: Propomos mostrar como o componente curricular Ensino Religioso 
pode contribuir para a formação de uma sociedade menos violenta, mais 
igualitária e antirracista. A presente pesquisa tem o escopo de identificar as 
manifestações cotidianas de intolerâncias nas escolas e como enfrentá-las. 
Inicialmente será utilizada a Legislação, partindo da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB) – Lei 9.394/1996, que preconiza o respeito à 
diversidade cultural religiosa do Brasil. No entanto, esta lei deixou a lacuna de 
promover a valorização histórico-cultural e religiosa sem proselitismo, havendo 
necessidade de alterá-la pelas Leis 9.475/1997 e 10.639/2003 e, 
posteriormente, esta última, modificada pela Lei 11.645/2008. Estas foram 
elaboradas com viés de incluir obrigatoriamente o estudo da história e cultura 
afro-brasileira e indígena. A diversidade cultural e pluralismo religioso dentro do 
ambiente escolar, gera uma tensão constante entre os alunos da educação 
básica, aumentando a violência e distanciando-os de uma boa formação cidadã. 
O problema maximiza com a falta de especialização e/ou capacitação dos 
professores e professoras na área de ciências da religião para mediar estes 
conflitos, ocasionando o principal entrave para aplicação efetiva das leis 
retromencionadas. Quanto a metodologia, será baseada em pesquisas 
bibliográficas em artigos publicados em periódicos científicos, dissertações, teses 
e obras nas áreas de teologia e pedagogia. Justifica-se que o Ensino Religioso é 
relevante para trabalhar valores e respeito às diferenças histórico-culturais e 
religiosas. Dessa forma, a pesquisa propõe elaboração de materiais didático-
pedagógicos que possam auxiliar professores e professoras a ministrarem suas 
aulas através de ensino lúdico e interdisciplinares, contendo histórias em 
quadrinhos (HQ), culinária, arte, poesia, ciência, religião e jogos digitais. 
Destarte, almejamos contribuir com o GT 6 (Ensino Religioso: diversidade e 
humanização), mostrando que o Ensino Religioso, o(a) professor(a) e a escola, 
terão uma grande relevância em reconhecer a diversidade e pluralismo como 
construção histórica, social, religiosa e política das diferenças, com enfoque na 
valorização humana e, consequentemente, no combate ao racismo e quaisquer 
outros tipos de intolerância. 
Palavras-chave: Ensino Religioso; Legislação; Violência; Intolerância. 
mailto:cleacexa2017@gmail.com
mailto:heli29053@gmail.com
 
34 
 
O ENSINO RELIGIOSO NA PERSPECTIVA DO CURRÍCULO 
REFERÊNCIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
Diego José Maria de Melo 
josdiego43@yahoo.com.br 
Mauro Rocha Baptista 
mauro.baptista@uemg.br 
Resumo: A implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) 
através da resolução Nº 2, de 22 de dezembro de 2017 do Conselho Nacional 
da Educação trouxe inúmeras mudanças para o cenário educacional nacional. 
Ela representou a concretização de uma nova organização para educação 
brasileira cumprindo aquilo que estava previsto pela Constituição Federal de 
1988, cujas determinações estabelecem a educação como um direito de todos e 
um dever do Estado, visando o desenvolvimento humano em todas as 
dimensões. Assim todo o processo de abertura permitiu que estados e 
municípios construíssem seus próprios currículos observando as determinações 
da BNCC. Como exemplo deste movimento podemos citar o estado de Minas 
Gerias que em 2018 instituiu o Currículo de Referência (CRMG) contendo as 
habilidades e conhecimentos a serem desenvolvidas em todo o território 
mineiro no âmbito da educação básica. O que inclui o componente curricularde 
Ensino Religioso ramo disciplinar que busca propiciar ao indivíduo 
conhecimentos religiosos e culturais provenientes de diferentes vivências. Dessa 
Forma como parte do Projeto de Pesquisa “O Ensino Religioso na política 
pública do estado de Minas Gerais a partir do Currículo de Referência de 2018” 
Financiadopelo Programa de Apoio a Pesquisa (PAPq) da Universidade do 
Estado de Minas Gerais - (UEMG) este trabalho tem o objetivo de propor uma 
reflexão a respeito das determinações do currículo de referência para o Ensino 
Religioso partindo da análise da resolução 437 que institui e orienta a 
implementação do currículo nas escolas estaduais assim como do parecer 937 
que manifesta a respeito da estrutura a ser trabalhada no processo. A inclusão 
no GT se justifica ao observamos a implicação desses documentos na prática 
escolar cotidiana o que demanda estudos contínuos em busca de resultados 
que propiciem melhor desenvolvimento do processo de ensino e 
aprendizagem, e assim atuar na construção de indivíduos prontos para a 
transformação social por meio do exercício do pensamento crítico e da 
autonomia. 
Palavras-chave: Currículo Referência; Ensino Religioso; Base Nacional Comum 
Curricular. 
 
mailto:josdiego43@yahoo.com.br
mailto:mauro.baptista@uemg.br
 
35 
 
INTERCULTURALIDADE E DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO: UM ESTUDO 
DE CASO SOBRE A ATUAÇÃO ÉTICO-ECUMÊNICA DA TEOLOGIA 
DA LIBERTAÇÃO 
Flávia Ribeiro Amaro 
flavia.ramaro@gmail.com 
Resumo: Diante da ampliação do escopo de atuação dos fundamentalismos no 
campo religioso brasileiro, cujas implicações são sentidas em diversas esferas da 
vida individual e coletiva, e da necessidade de se viabilizar a pauta do 
pluralismo, refletir sobre possíveis conexões epistêmicas entre a perspectiva 
intercultural e a proposta ético-ecumênica do diálogo inter-religioso se 
configura como um desafio de caráter urgente e imprescindível. A reflexão 
acerca de possíveis interconexões, teórico-práticas, entre a interculturalidade e o 
diálogo inter-religioso, se apresenta como uma demanda fundamental junto aos 
esforços de combate à intolerância religiosa, alinhando-se às estratégias 
decoloniais para a reformulação e/ou construção de alternativas críticas e 
criativas voltadas ao tratamento do fenômeno religioso. Com o intuito de 
aprofundar nessa discussão, é apresentado um estudo de caso sobre o 
movimento teológico, intelectual e político, de caráter ecumênico, conhecido 
como Teologia da Libertação – encarado aqui, como um dos precursores do 
paradigma decolonial/ intercultural, em função de associar à reflexão científica, 
uma práxis engajada nas causas cotidianas e espirituais dos povos oprimidos. 
Para tanto, foi realizada uma revisão bibliográfica, com destaque para as obras 
de pesquisadores brasileiros das ciências da religião e latino-americanos 
vinculados ao grupo de estudos Modernidade/Colonialidade. 
Palavras-chave: Decolonialidade; Interculturalidade; Diálogo inter-religioso; 
Teologia da Libertação. 
 
O ENSINO RELIGIOSO DESENVOLVIDO PELO ESTADO DE MINAS 
NOS PLANOS DE ESTUDOS TUTORADOS DURANTE O ENSINO 
REMOTO 
Goretti Marciel Pereira Goulart 
goretti.0793337@discente.uemg.br 
Luís Fernando Oliveira do Nascimento 
luizmiduoliver@gmail.com 
Resumo: O presente trabalho busca apresentar os resultados alcançados através 
do projeto de pesquisa: “O Ensino Religioso nos Planos de Estudos Tutorados 
dos anos finais do Ensino Fundamental”, realizado com apoio do PAPq/UEMG. 
mailto:flavia.ramaro@gmail.com
mailto:goretti.0793337@discente.uemg.br
mailto:luizmiduoliver@gmail.com
 
36 
 
Os PETs foram apresentados como primeiro material oficial produzido no estado 
de Minas Gerais durante o Regime Especial de Atividades não Presenciais 
(REANP). O objetivo foi analisar o conteúdo presente e os silenciamentos dos 
PETs apresentado pela SEE/MG. Os primeiros resultados permitem considerar 
que houve uma amenização do teor não confessional da BNCC em nome de 
uma postura mais guiada pela posição interconfessional, ou ecumênica, 
historicamente defendida no estado de Minas desde a década de 1970. Esta 
posição fica também caracterizada quantitativamente pela maior presença de 
referências ao cristianismo quando comparada a outras tradições. Uma vez que, 
a BNCC como base para adaptação do currículo de referência dos estados 
reforça sua vinculação do ensino religioso ao modelo da ciência da religião 
(BRASIL, 2018, p. 435). Por sua vez, não sendo entendida como uma disciplina 
centrada em uma religião ou das religiões, mas proporcionam o conhecimento 
dos elementos básicos que compõem o fenômeno religioso, de acordo com os 
pressupostos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) proposto pelo Fórum 
Nacional Permanente do Ensino Religioso. (FONAPER 2009, p. 5). Por 
conseguinte, a escola é apresentada como o espaço propício para a formação 
do cidadão para este tipo de convívio respeitoso com a pluralidade. Como 
metodologia, a princípio foi desenvolvida a comparação das inclusões e 
exclusões feitas no texto do CRMG em relação a BNCC. Em seguida foi 
produzido um levantamento das habilidades da BNCC e do CRMG 
contempladas e negligenciadas ao longo do ano de 2020. A última etapa do 
projeto envolveu o desenvolvimento de tabelas com as tradições apresentadas 
nos PETs e a quantificação de cada aparição para posterior análise dos dados 
que serão apresentados neste congresso. 
Palavras-chave: Ensino Religioso; Ciência da Religião; REANP; BNCC; CRMG. 
 
LAICIDADE, NEGACIONISMO E ESCOLA: TENSÕES 
CONTEMPORÂNEAS 
José Antonio Sepulveda 
josesepulveda@id.uff.br 
Fernanda Moura 
fernandapmoura@gmail.com 
Resumo: O crescimento do extremismo religioso no Brasil, principalmente em 
tempos de pandemia, expôs a importância de se lutar por um estado laico. A 
esse respeito pensamos ser relevante retomar a relação de classe com o 
extremismo religioso. Em tal relação, à justificação moral do capitalismo passa a 
se articular a noção de bem-estar com o progresso material. Ao percebemos a 
combinação desses fatores simbólicos e materiais, compreendemos a 
mailto:josesepulveda@id.uff.br
mailto:fernandapmoura@gmail.com
 
37 
 
universalização da economia capitalista bem como a total introjeção da 
ideologia neoliberal como principal instância reguladora e coordenadora das 
ações sociais do mundo de hoje. Nesse sentido, como consequência mais 
imediata em um mundo marcado pela violência, despojado de encantamento e 
valores éticos, há um número crescente de sujeitos a procurar as religiões ou 
seu substituto, o discurso pseudocientífico que combina crenças místicas com 
vocabulário emprestado das ciências. Como destacado por Rodrigo Nunes, o 
negacionismo precisa ser entendido sobre uma dupla chave: a da oferta e a da 
procura. Se por um lado há uma complexa rede de produção e distribuição de e 
materiais negacionistas que se utiliza da facilidade de difusão de informações 
trazida pelos novos meios de comunicação e da internet, por outro lado há uma 
grande demanda por explicações que de alguma forma reconfortem sujeitos 
que sentem os efeitos deletérios do capitalismo sem conseguir compreender de 
onde vem o seu mal-estar e muito menos como se organizar para combatê-lo. 
Os debates envolvendo a questão religiosa e seu papel na organização social 
não são recentes. Diversos autores já buscaram compreender este complexo 
fenômeno que envolve a relação entre religiosidade e sociedade. Sendo assim, 
o objetivo desse texto é discutir, a partir de uma ampla revisão bibliográfica, a 
importância da laicidade como forma de enfrentamento a movimentos 
conservadores no campo educacional, como por exemplo o Escola sem Partido 
e os argumentos referentes a “ideologia de gênero”. A proposta de valorizar a 
laicidade como forma de enfrentamento ao negacionismo científico é uma 
forma de defender a sociedade de argumentos religiosos extremistas que ferem 
princípios básicos de direitos humanos, como por exemplo a violência contra as 
mulheres, a população LGBTQIAP+ e pessoas racializadas. 
Palavras-chave: laicidade; extremismo religioso; capitalismo; educação; 
negacionismo. 
 
AS CIÊNCIAS DAS RELIGIÕES, O ENSINO RELIGIOSO E SUA 
RELAÇÃO COM A CIDADANIA PARA A EDUCAÇÃOATUAL 
Norma Maria Duran 
normaduran710@yahoo.com.br 
 
Resumo: Este estudo têm-se por objetivos analisar o Ensino Religioso e defender 
o papel das Ciências das Religiões nesse processo. Para tanto, realizou-se uma 
pesquisa bibliográfica, fundamentada na preocupação dos educadores com a 
formação do cidadão mediante o Ensino Religioso (ER) nas escolas instituídas 
pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O Estado e as instituições 
religiosas, mesmo sob tensões históricas, caminham unidos na tentativa de 
estabelecer tanto o poder educacional quanto a proteção às crianças e aos 
mailto:normaduran710@yahoo.com.br
 
38 
 
adolescentes. Isto por meio de algumas entidades que assistem os menores 
desamparados e de escolas que primam pela qualidade de ensino. Nesse 
cenário, as Ciências das Religiões poderão, pelas vias das pesquisas científicas, 
isto é, pelo princípio da cientificidade, observar, experimentar, buscar os 
indicadores de negligências tanto do Estado quanto da sociedade, apontando 
soluções viáveis ao desenvolvimento da educação, das instituições religiosas e 
do ensino religioso. O estudo revelou um ensino religioso interdisciplinar e 
transdisciplinar, que se apresenta como uma disciplina que colabora com outras 
ciências, o que justifica a necessidade de compreender o ensino religioso por 
meio de construções teórico-filosóficos/sociológicos das religiões. Ante o ensino 
religioso atual, as Ciências das Religiões podem contribuir de forma neutra e 
sem comparar as religiões entre si. 
Palavras-chave: Ciências da Religião; Educação; Ensino Religioso; BNCC; Estado. 
 
MÚLTIPLAS FACES DA ESPIRITUALIDADE: CONCEPÇÕES DE 
ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PAULISTAS 
Patrick Vieira Ferreira 
prpatrickvf@gmail.com 
Vera Maria Nigro de Souza Placco 
veraplacco7@gmail.com 
Resumo: A finalidade desta pesquisa é investigar as implicações do papel da 
escola contemporânea para a constituição da espiritualidade de estudantes do 
Ensino Médio, na cidade de São Paulo, sob o ponto de vista desses alunos. 
Utilizaram-se dois instrumentos de produção e coleta de dados: 1) aplicação de 
questionários a 34 estudantes do Ensino Médio, com idade entre 14 e 18 anos, 
de quatro escolas (2 confessionais e 2 públicas) e 2) grupos de discussão, 
realizados com 21 estudantes de duas escolas (1 confessional e 1 pública). 
Como procedimentos de análise dos dados, optamos, para as respostas do 
questionário, pela utilização do programa estatístico Statistical Package of Social 
Science (SPSS), com análise descritiva das frequências, variância e estatística 
inferencial. E para compreender as falas dos grupos de discussão, inspiramo-nos 
na Análise de Prosa. Os resultados evidenciaram que a concepção de 
espiritualidade dos jovens e adolescentes enquadra-se nas categorias: 1) 
Espiritualidade como fator protetivo; 2) Espiritualidade como parte do ser 
integral; 3) Espiritualidade como sentido da vida; e 4) Espiritualidade em relação 
com a religiosidade. Houve diferentes ênfases, nas escolas confessional e 
pública, em relação aos significados de espiritualidade. Identificamos também 
que o papel da escola na constituição da espiritualidade envolve: 1) 
proporcionar ambientes em que a dimensão espiritual possa ser explorada; 2) 
mailto:prpatrickvf@gmail.com
mailto:veraplacco7@gmail.com
 
39 
 
oferecer auxílio psicoemocional aos alunos; 3) ensejar que os professores sejam 
mediadores de conhecimentos profundos; e 4) capacitar os docentes a que 
desenvolvam uma relação com os alunos baseada em práticas humanizadoras. 
Palavras-chave: Espiritualidade; Dimensão Espiritual; Educação; Juventude. 
 
CULTURA DE PAZ NA ESCOLA: SOBRE A RESPONSABILIDADE DE 
PAZ DAS RELIGIÕES A PARTIR DAS CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO 
RELIGIOSO 
Robson dos Santos Pimentel Junior 
juninhopimentel21@gmail.com 
 
Resumo: A escola pública, sendo um ambiente extremamente diverso e 
acolhedor, recebe o indivíduo que antes de ser um aprendente é um ser 
humano, com todas as suas particularidades e vivências. E assim como as 
religiões os jovens se declaram a favor da paz embora hajam conflitos diários. E 
nesse ponto o docente tem um papel essencial como afirma Paulo Freire: “É 
nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que puramente 
treinar o educando no desempenho de destrezas”. (FREIRE 2018 p. 16). A escola 
educa para a cidadania plena, se educa para a vida. Esse trabalho traz algumas 
contribuições do ensino religioso escolar no âmbito da educação pública como 
fomentador da cultura de paz a partir do estudo das religiões e seus conflitos 
em sala de aula. 
Palavras-chave: Religião; Conflito; Paz; Educação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:juninhopimentel21@gmail.com
 
40 
 
GT 7 - FILOSOFIA DA RELIGIÃO 
Doutoranda Rubia Campos Guimarães Cruz (UFJF) 
Doutorando Danilo Mendes (UFJF) 
Ementa: Desde os primeiros passos do que denominamos hoje como filosofia, a 
religião com ela se relaciona de diferentes modos. As interpretações sobre essa 
relação são tão vastas em multiplicidade quanto a relação mesma. O protótipo 
fundamental da lógica filosófica, por exemplo, que se instaura a partir do 
fragmento de Parmênides que diz que “o ser é, e que o não ser não é”, surge em 
um momento no qual o filósofo dialoga com uma deusa não identificada. 
Longe de mera abstração proveniente de um momento de ócio, como uma 
imagem vulgar da figura de um filósofo poderia sugerir, a pedra fundamental 
sobre a qual se constitui uma importante virada a favor da constituição 
racionalista da filosofia se dá a partir da sabedoria de uma deusa. Essa relação 
inicial, apesar de não apontar um destino teleológico a ser seguido, indica que a 
questão religiosa está posta desde as origens da filosofia ocidental. Por isso, 
fazer filosofia da religião é tarefa primordial tanto para quem se aventura a 
pensar filosofia, quanto para quem se debruça sobre a religião. A partir disso, 
o GT “Filosofia da Religião” no CONACIR propõe promover, a reunião de 
diferentes pesquisadores para discutir reflexões, de cunho filosófico, relativos 
aos modos de percepção e apreensão do fenômeno religioso. Em vista desse 
propósito, apresenta-se três eixos temáticos, sendo: 1) a relação entre fé e razão; 
2) conceitos filosóficos ligados a contemporaneidade; 3) o pensamento 
filosófico-religioso de distintos/as pensadores/as historicamente relevantes. O 
GT se caracteriza, de modo geral, pela investigação filosófica do fenômeno 
religioso em suas múltiplas possibilidades de abordagem e compreensão, a 
saber: fenomenológica, hermenêutica, teológica ou comparativa. Serão aceitos 
trabalhos de estudantes de pós-graduação (mestrado e doutorado) das áreas de 
Ciência da Religião, Filosofia e Teologia para comunicação oral e trabalhos de 
estudantes de graduação das mesmas áreas para apresentação de banner 
científico, dispostos a pensar filosoficamente as representações do fenômeno 
religioso. 
Palavras-chave: Religião; Fenômeno Religioso; Filosofia da Religião. 
 
 
 
41 
 
CIÊNCIA E RELIGIÃO: UM DIÁLOGO A PARTIR DA OBRA DE 
TEILHARD DE CHARDIN E PIETRO UBALDI 
Alexsandro Melo Medeiros 
alexsandromedeiros@ufam.edu.br 
 
Resumo: Além de padre jesuíta, Pierre Teilhard de Chardin era também 
paleontólogo. Por isso, procurou, ao longo de toda sua vida, conciliar os 
princípios científicos com os dogmas religiosas, sobretudo da religiosidade 
cristã. Analisando a obra do padre jesuíta, o filósofo espiritualista e cristão, Pietro 
Ubaldi, considera alguns pontos de semelhança entre as suas ideias e as de 
Teilhard, dentre as quais podemos destacar, exatamente, a possibilidade de 
conciliar o conhecimento científico com o conhecimento religioso. Assim, nosso 
objetivo com este trabalho será o de analisar essa síntese entre ciência e 
religião, a partir da obra destes dois pensadores, e como suas ideias se 
aproximam exatamente considerandoesta possibilidade. O ponto de 
convergência entre as suas ideias se dá a partir da visão evolucionista que nós 
encontramos tanto na obra O Fenômeno Humano (de Teilhard) quanto na 
obra A Grande Síntese (de Ubaldi). Para o padre jesuíta, o estágio evolutivo 
atual que culminou na consciência (noogênese) foi precedido por um longo 
processo de expansão da vida (biogênese) que por sua vez foi precedido por 
um processo ainda mais longo de organização da matéria inanimada 
(cosmogênese). Todo esse processo tem uma finalidade: atingir o ponto ômega, 
que é Deus. É o mesmo telefinalismo que encontramos na obra do filósofo 
italiano Pietro Ubaldi: o espírito, criado por Deus, através de um longo e lento 
processo de maturação evolutiva, retorna ao Criador. É assim que ciência e 
religião apontam para uma mesma direção. Não são dois tipos de 
conhecimentos antagônicos, mas que revelam algo da própria essência da vida: 
a de que a vida é evolução e de que essa evolução tem um propósito espiritual 
de natureza divina. Com esta comunicação pretende-se contribuir para um 
profícuo debate entre ciência e religião, tão necessário na atualidade. Como 
metodologia utilizamos a pesquisa bibliográfica. 
Palavras-chave: Ciência; Religião; Espiritualidade; Deus. 
 
TEMPO E MEMÓRIA NAS CONFISSÕES DE SANTO AGOSTINHO DE 
HIPONA 
Ana Paula Ferreira Gomes 
anapaulaferreiragomes03@gmail.com 
Fabiano Veliq 
veliqs@gmail.com 
mailto:alexsandromedeiros@ufam.edu.br
mailto:anapaulaferreiragomes03@gmail.com
mailto:veliqs@gmail.com
 
42 
 
Resumo: A obra de Agostinho de Hipona, em toda a sua dimensão, trabalha 
temas valiosíssimos para a teologia, desde a patrística, nos primeiros séculos do 
cristianismo, até os dias atuais, considerando sua influência sobre a filosofia 
ocidental. Sendo assim, o presente trabalho, em uma tentativa de sondar parte 
de sua literatura, busca, como objetivo principal, explorar os conceitos de tempo 
e memória e sua relação, aos quais a obra Confissões reserva alguns livros, bem 
como compreender as implicações desses conceitos para as ideias de Amor, 
Vida Feliz e Eternidade.Iniciando suas ponderações sobre o tempo, Agostinho 
trata das ideias de criação e criador. O tempo, enquanto criação, submete-se ao 
criador, e não poderia existir até ser, enfim, criado. Desse modo, o agir de Deus, 
o criador, não se define pelas mesmas contingências do agir humano: suas 
obras não podem ser contidas pelo tempo ou pelo espaço. O tema do tempo se 
articula à questão da memória quando a tratamos enquanto habilidade da 
mente humana. A memória, segundo Agostinho, é capaz de duplicar a imagem 
dos objetos que captam a atenção dos sentidos, de forma que, mesmo não 
tendo o objeto em mãos, podemos nos lembrar dele. Com o armazenamento de 
imagens dos objetos e acontecimentos passados, a mente também se mostra 
capaz de criar ideias e expectativas para o futuro, por meio da recombinação 
das imagens guardadas. O estudo desses temas abre espaço para a 
investigação do conceito de Vida Feliz, bem como da origem da alma humana e 
a possibilidade de memórias que guardamos desse período, ponderações essas 
importantes ao debate da filosofia através dos séculos. 
Palavras-chave: Memória; Tempo; Teologia; Vida Feliz. 
 
A CRÍTICA MARXISTA DA RELIGIÃO E A DEFESA CRÍTICA DOS 
DIREITOS HUMANOS 
Bruno Reikdal Lima 
bruno@reikdal.net 
 
Resumo: O tema da religião foi relativamente pouco trabalhado pela tradição 
marxista. Ainda assim, temos contribuições de autores consagrados como Lênin, 
Kautsky, Rosa Luxemburgo, Walter Benjamin e Ernst Bloch. Contudo, foi na 
América Latina dos anos de 1970, na esteira da teologia da libertação, que a 
religião recebeu destaque a partir da produção teórica de Marx. Desse 
movimento, as obras Enrique Dussel e Franz Hinkelammert tiveram grande 
impacto ao articular de modo sistemático a crítica da religião à teoria do 
fetichismo. Em ambos, o critério material de manutenção das condições para a 
produção e reprodução da vida humana é o ponto de partida para que essa 
conexão seja possível. Isto posto, assumindo as contribuições de Dussel e 
Hinkelammert, em nosso trabalho propomos reconstituir o desenvolvimento da 
mailto:bruno@reikdal.net
 
43 
 
crítica da religião na produção teórica de Marx entre 1842 e 1872 para articulá-
la à defesa crítica dos Direitos Humanos. Nesse sentido, nossa exposição se 
divide em três momentos: 1. uma apresentação geral do desenvolvimento da 
crítica da religião em Marx; 2. uma discussão sobre a possibilidade de uso da 
teoria do fetichismo a partir do critério do imperativo categórico derivado da 
crítica da religião na Introdução de 1844; e 3. um apontamento sobre os 
desdobramentos desse conteúdo para a defesa dos Direitos Humanos. Nossa 
hipótese é que a retomada da crítica da religião em Marx possibilita, para além 
de um instrumento de análise das relações sociais, um conteúdo procedimental 
de mobilização popular em defesa da vida humana que busca evitar a redução 
da luta por direitos aos limites da legalidade – sem que isso implique na 
negação da necessidade de instituições e de ordenamento jurídico. O tema 
ganha maior relevância na medida em que temos hoje tensões que manifestam 
certos limites e até mesmo falência de instituições vigentes sob forte pressão de 
grupos de vertentes conservadoras e reacionárias – por vezes com grande 
apoio de grupos religiosos. Tanto os limites da legalidade, quanto a necessidade 
de mobilização popular, requerem instrumentos de análise e disputa, com os 
quais pretendemos contribuir. 
Palavras-chave: Marx; crítica da religião; teoria do fetichismo; Direitos Humanos. 
 
FILOSOFIA DA RELIGIÃO NA ERA DO CANSAÇO – UMA LEITURA 
EM BYUNG-CHUL HAN 
Danilo Mendes 
danilo.smendes@hotmail.com 
 
Resumo: O que pode a religião na era da positividade do cansaço? Nossa 
comunicação pretende apontar indícios de que a religião pode servir como 
modo de resistência aos problemas apontados pela análise da 
contemporaneidade feita por Byung-Chul Han. Para o autor, vivemos em um 
tempo marcado pelo excesso de positividade, simbolizado pela passagem de 
um paradigma biopolítico a um psicopolítico. Nessa contemporaneidade 
transparente, o cansaço pode ser entendido como uma palavra-chave para 
entendermos a situação em que o ser humano se encontra: explorado por si 
mesmo, entregue à perda do tempo e do próprio valor de sua humanidade 
frente ao empreendedorismo de si. Diante dessa situação, Han propõe uma 
revolução temporal que tente gerar um outro tempo, ou ainda, um tempo do 
outro que se contrapõe ao tempo do capital e ao tempo do trabalho. A partir 
dessa proposta, buscamos refletir sobre como a religião possui as 
potencialidades necessárias para a proposta de um outro tempo – que não 
condiga com a temporalidade capitalista nem faça coro com o cansaço. 
Sugerimos, por fim, que a própria filosofia de Byung-Chul Han abre espaço para 
mailto:danilo.smendes@hotmail.com
 
44 
 
que a religião seja percebida como preciosa aliada ao movimento de resistência 
ao capitalismo psicopolítico. 
 
Palavras-chave: Byung-Chul Han; Filosofia da Religião; Anticapitalismo; Filosofia 
Política 
 
A PERSPECTIVA DE RELIGIÃO NO PENSAMENTO DE EMMANUEL 
LEVINAS 
Fabiano Victor Campos 
fvocampos@hotmail.com 
Luiz Fernando Pires Dias 
l.ferna2805@gmail.com 
A presente comunicação tem como objetivo pontuar a concepção de religião 
no pensamento de Emmanuel Levinas, perspectiva que tem a ética como o 
tópos originário da inteligibilidade. O filósofo franco-lituano abriu novas 
possibilidades à questão através de pressupostos e postulações que 
determinaram uma profunda unidade entre a ética e a transcendência, 
distanciando-se da tematização e da rigidez conceitual, frequentemente, 
empregadas no discurso filosófico sobre Deus. Levinas recusa a abordagem de 
Deus como ser, mesmo que na condição de ser supremo, situando a questãona 
intriga ética da relação humana. No entendimento de Levinas, a ética 
assimétrica – aquela que não constitui uma totalidade, com o Eu assumindo a 
responsabilidade incondicional e intransferível pelo outro homem, 
resguardando a sua alteridade inalienável – mantém uma relação de homologia 
com a religião, fora do campo institucional. A abordagem da religião e de Deus 
em Levinas afastou-se de um horizonte dogmático, enfatizando a questão do 
significado, buscando as circunstâncias nas quais tais palavras podem ser 
pronunciadas com sentido. O rosto de Outrem, na sua total nudez, é o lugar 
privilegiado onde Deus vem à ideia como palavra significante, como 
mandamento de responsabilidade pelo próximo, fazendo do rosto o lugar 
central da religião e da ética no pensamento de Levinas. 
Palavras-chave: Deus, Ética, Levinas, Religião, Transcendência. 
 
 
mailto:fvocampos@hotmail.com
mailto:l.ferna2805@gmail.com
 
45 
 
A BUSCA PELA ESPIRITUALIDADE E SUA RELAÇÃO COM O 
PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO 
Leandro da Costa Alhadas Cavalcanti 
leandropsi@konekta.io 
 
Resumo: Este estudo tem como proposta analisar e identificar as interfaces entre 
a experiência da espiritualidade e o processo de individuação; conceito central 
da Psicologia Analítica, desenvolvida pelo psiquiatra suíço, Carl Gustav Jung 
(1875–1961). Objetiva-se com este estudo, realizar uma correlação entre a 
experiência da busca pela espiritualidade, com o processo de individuação. 
Como metodologia, se trata de uma pesquisa de revisão bibliográfica cuja fonte 
literária primária é o Jung. Apoiando-se nos fundamentos teóricos da Psicologia 
Analítica, assim como em artigos que aprofundam o conceito de espiritualidade, 
o texto busca esclarecer as diferenças entre espiritualidade e religião, bem como 
de individualismo e individuação. Ao comparar os conceitos de espiritualidade e 
individuação, o estudo analisa a espiritualidade como um fenômeno de caráter 
coletivo e qualidade arquetípica, inerente à própria estrutura psíquica, que 
remete há tempos primordiais da humanidade. Espera-se com este estudo trazer 
contribuições que ampliem o entendimento da espiritualidade dentro de um 
contexto clínico, independente da crença religiosa do paciente ou da 
abordagem teórica do psicólogo. Ao passo que não há intenção de trazer 
respostas fixas, o resultado desta pesquisa poderá contribuir com um 
aclaramento sobre a função da espiritualidade dentro do manejo clínico e como 
parte integrante do processo psicoterápico. 
Palavras-chave: Arquétipo; espiritualidade; individuação; psicologia analítica. 
 
O PRINCÍPIO PLURALISTA, A CRÍTICA A MODERNIDADE E O 
DESAFIO DOS DIREITOS HUMANOS NA CONTEMPORANEIDADE A 
PARTIR DE JACQUES MARITAIN 
Moacir Ferreira Filho 
moacirff@hotmail.com 
 
Resumo: O presente trabalho é parte de uma pesquisa de doutorado em 
andamento que pretende compartilhar alguns resultados preliminares de modo 
que se abra ao diálogo acadêmico. Tendo como referencial teórico e, 
posteriormente, como objeto de análise crítica, o pensamento de Jacques 
Maritain, propõe-se expor o princípio pluralista fundamentado pelo autor e a 
partir disso, analisar o pensamento dele e suas críticas ao pensamento moderno 
que tem enfraquecida a dignidade da pessoa humana e cria um ambiente onde 
mailto:leandropsi@konekta.io
mailto:moacirff@hotmail.com
 
46 
 
o ser humano é tratado como mera coisa. Nessa perspectiva, abrem-se as 
possibilidades de se instaurar um comportamento de violência legitimado pelas 
religiões ferindo a dignidade da pessoa humana e seu status de ser dotado de 
direitos. A partir de uma revisão sistemática, análise crítica e de procedimentos 
observacionais, elaborou-se um estudo qualitativo de natureza aplicada com 
objetivo exploratório de procedimento bibliográfico. Essa pesquisa pretende 
abrir o diálogo em relação a pluralidade e diversidade presente em nossos 
tempos, refletir sobre o pensamento moderno e contemporâneo acerca da 
imagem do ser humano diverso em si e enfim, propor caminhos possíveis para a 
geração da paz social, o respeito entre as pessoas e a promoção da dignidade 
da pessoa humana tão ferida em nossos tempos. Nessa perspectiva, pretende 
contribuir para esse GT no que se refere ao desafio da promoção da dignidade 
da pessoa humana em meio ao contexto de tantos discursos de ódio em 
violência onde em pleno século XXI a humanidade recorre a guerras como meio 
de "solucionar" conflitos. 
Palavras-chave: Diversidade; Modernidade; Direitos Humanos; Jacques Maritain. 
 
 
PRINCÍPIO DE CARIDADE EM GIANNI VATTIMO NA PROMOÇÃO 
DO DIÁLOGO PELA BUSCA DOS DIREITOS HUMANOS E DA PAZ 
Ruan de Oliveira Gomes 
ruan.mariae@gmail.com 
 
Resumo: Na passagem da Veritas metafísica, forte e violenta por natureza, para 
o princípio da Caritas que é horizonte de abertura ao outro encontra-se a 
possibilidade de diálogo que gera e possibilita uma sociedade mais plural e 
aberta e assim cria-se espaços e narrativas para buscar alternativas frente a 
violência chegando à promoção da paz e dos direitos humanos. A Caritas, em 
Vattimo, é lugar ético como um norte para um diálogo intercultural e sem ela 
dificilmente chega-se a um consenso sobre a forma e os meios como se busca a 
promoção dos direitos humanos, além disso não há paz onde a Veritas seja o 
pressuposto. Nesse sentido, busca-se compreender no presente trabalho a 
possibilidade de um diálogo dentro da Caritas onde o outro não seja somente 
suportado e como a noção Veritas objetiva se desdobrou no pensamento 
filosófico ocidental. Dessarte, o objetivo do trabalho e contribuições ao GT é 
contribuir na reflexão para superação da violência e através das discussões do 
filósofo turinense, a partir do diálogo, pensar propostas para os direitos 
humanos e na promoção da paz. 
Palavras-chave: Diálogo; Caridade; Verdade; Violência. 
mailto:ruan.mariae@gmail.com
 
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A CHAVE HERMENÊUTICA ‘LEI E EVANGELHO’ – UMA ANÁLISE 
Rúbia Campos Guimarães Cruz 
rubiacamposgc@gmail.com 
 
Resumo: Os conceitos lei e evangelho constituem uma importante chave 
hermenêutica. Essa chave é usada desde os tempos bíblicos (por exemplo, pelo 
apóstolo Paulo), foi muito enfatizada no período da Reforma Protestante 
(primeiramente por intermédio de Lutero e depois por outros) e também 
reconhecida por pensadores posteriores, como Hans-Georg Gadamer (2022). 
Sendo assim, este trabalho visa uma análise dessa chave hermenêutica, 
apontando que a mesma é constituída através de uma interdependência entre 
seus conceitos, ou seja, lei e evangelho não podem existir e não funcionam 
separadamente. Para explicitar isso, propõe-se uma análise dos Loci Theologici 
de 1521, texto considerado como a primeira dogmática protestante, de Felipe 
Melanchthon, reformador que esteve ao lado de Lutero. Neste texto 
Melanchthon faz uso dessa chave para construir sua síntese da doutrina cristã. 
Ali, é possível perceber que essa chave é importante e necessária para correta 
leitura bíblica, é desenvolvida a partir de uma relação específica entre os termos 
que a compõe, e tem como finalidade ser um auxílio para interpretação de 
outros conceitos. Em vista disso, este trabalho deseja elucidar cada um desses 
aspectos. Espera-se com isso, tanto um resgate da figura histórica de 
Melanchthon, quanto um resgate de seu pensamento, em âmbito filosófico e, 
também, religioso. 
Palavras-chave: Lei; Evangelho; Chave hermenêutica; Filipe Melanchthon. 
 
ÉTICA DA ALTERIDADE E ACOLHIMENTO LEVINASIANO COMO 
CUIDADO EM DIREÇÃO AO OUTRO 
Simone Maria Zanotto 
simone.zanotto@estudante.ufjf.br 
 
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar os conceitos de “Ética 
da alteridade” e de “Acolhimento” a partir da filosofia de Emmanuel Lévinas, 
como cuidado em direção ao Outro, o qual pode ser apresentado na figura dos 
vulneráveis da sociedade contemporânea. O interesse dessa investigaçãojustificasse das inquirições de observações fatuais as quais apontam um espírito 
desagregador presente em diversas esferas da sociedade deslocando a 
humanização e a compaixão do ser humano em relações egóicas e totalitárias. 
O problema proposto verifica de que maneira é possível pensar a filosofia 
levinasiana, enquanto uma dimensão de cuidado com os mais frágeis na luta e 
na superação das violências, das perseguições, das exclusões e das injustiças de 
mailto:rubiacamposgc@gmail.com
mailto:simone.zanotto@estudante.ufjf.br
 
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nossos tempos? A metodologia utilizada neste estudo permeou fontes de 
revisão e de reflexão bibliográfica, sobretudo os textos clássicos de Emmanuel 
Lévinas a respeito da temática abordada. Com base no exposto, essa 
comunicação no GT 12 - Religião e cuidado: perspectivas protestantes e 
existenciais traz como resultado o fomento do debate sobre o tema em questão, 
em relação ao apontamento do cuidado como prática não só da religião, mas 
de outros setores da esfera pública no agir do mundo pela garantia da paz e 
dos Direitos Humanos. 
Palavras-chave: Religião; Ética da alteridade; Acolhimento; Cuidado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GT 8 - GÊNERO, OUTRAS INTERSECCIONALIDADES E CIDADANIA 
NA RELAÇÃO ENTRE RELIGIÃO E ESPAÇO PÚBLICO NA AMÉRICA 
LATINA: DESAFIOS E INTERPELAÇÕES NA BUSCA PELA PAZ 
Doutoranda Giovanna Sarto (UFJF) 
Doutoranda Paulina Valamiel (UFMG) 
Ementa: Nos últimos vinte anos o Campo Religioso Brasileiro tem intensificado 
os laços com o espaço público. Conforme apontou Roberta Bivar Campos, no 
texto “Interpretações do catolicismo: do sincretismo e antissincretismo na/da 
cultura brasileira” (2009), se, por um lado, a configuração do Estado moderno e 
democrático valoriza a pluralidade e diversidade, por outro, tal pluralidade e 
diversidade não significa necessariamente respeito e tolerância. No contexto da 
modernidade, a pluralidade de identidades, sejam elas de gênero, sexualidade, 
classe, raça e religião, entre outras, também se apresentam no campo religioso e 
em sua relação com o espaço público. As pautas reivindicadas pelos 
movimentos sociais têm se feito presentes no interior das religiões, 
reorganizando suas práticas, sobretudo a partir das reivindicações feitas pelas 
teólogas e teologias feministas, queer, lésbicas, gays e negras. Ao mesmo 
tempo, nota-se que tais reivindicações de grupos subalternizados têm 
desestabilizado identidades fixas e restritivas as quais muitas vezes são 
defendidas e asseguradas pela religião. Movidos pela ideia de combate a essas 
pautas, diversos grupos religiosos encontram nesse combate, novas formas de 
participação política. Com efeito, gênero, raça, classe e identidade religiosa 
configuram-se como temas centrais na relação entre Religião e Espaço Público e 
implicam em relações diretas e mudanças fundamentais nas diversas áreas que 
se propõem a uma análise científica sobre a relação entre essas 
interseccionalidades e o fenômeno religioso. Isso porque tanto as religiões 
configuram e são configuradas pelas relações sociais que os indivíduos na 
sociedade civil estabelecem, quanto porque historicamente sempre 
desempenharam ações sociais. Esses grupos transformam e complementam a 
noção de cidadania à medida que elaboram reflexões e ações práticas acerca 
dos problemas sociais para além do plano político-governamental. Ao se 
inserirem de forma mais ou menos institucionalizada no debate público, 
movimentos sociais, bem como diferentes construções identitárias, vêm 
disputando espaços dentro e fora da religião. Nesse sentido, ela atua como 
ferramenta política – que pode funcionar como instrumento tanto de opressão 
quanto de emancipação de grupos subalternizados. Uma vez que oscila entre 
conservadorismo e fundamentalismo, em concepções restritivas de gênero e 
outras interseccionalidades, mas também entre inclinações progressistas e mais 
abertas a novas epistemologias. Nesse sentido, o presente GT abre espaço a 
pesquisas que visam refletir sobre a busca pela paz, à guisa de convocar e 
articular categorias interseccionais como as de gênero, raça, classe e identidade 
 
50 
 
religiosa para análise das alternativas, desafios e interpelações a um diálogo 
democrático e construtivo. 
Palavras-chave: Religião e Espaço público. Religião e Gênero. 
Interseccionalidade. Modernidade. Cidadania. 
 
51 
 
DO FLAVIO À ELIS REGINA: PERFORMATIVIDADE DE GÊNERO NO 
ROMANCE UM AMOR DIFERENTE. NOSSAS ESCOLHAS DO 
ESPÍRITU AUGUSTO CESAR VANNUCCI E O MÉDIUM JOÃO 
ALBERTO TEODORO 
Henry Isaac Peña Grajales 
henisapegraj@aol.com 
 
Resumo: Flavio é o garoto homogênero, protagonista do romance homoafetivo 
"Um amor diferente", que trabalha, como transformista todo fim de 
semana no espaço público de uma casa de entretenimento noturno. Seus 
espetáculos musicais têm muito sucesso, suas imitações de mulheres são 
perfeitas, atraentes e interessantes para os homens que curtem esses musicais 
performativos de gênero na procura de lazer e diversão. Uma das artistas 
performadas, interpretadas e dubladas pelo Flavio é a cantora brasileira Elis 
Regina, desencarnada em 1982. À luz do espiritismo, o espírito imortal não tem 
sexo, isso explana que identidade de gênero sejam questão de desconstrução e 
performance social e espiritual. No ato performativo representativo, como a 
representação e construção de uma personagem ou da feminidade mesma, não 
há um dado fornecido, mas performado, representado, construído, 
desconstruído e reconstruído. Dai que ninguém nasça mulher, e sim se 
transforme numa delas (BEAUVOIR, 1970), como é o caso da performação e 
representação no cenário da Elis Regina por Flávio. É tal qual disse Butler (2003) 
a categoria mulher é um quefazer cultural variável, posto que ninguém nasce 
com um gênero, o gênero é sempre adquirido, aprendido, performado. Através 
da metodologia bibliográfico-argumentativa se pretende explicar o fenômeno e 
o fato da performance de gênero com base na teoria do espiritismo e na obra 
Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade da Judith Butler 
(2003). Para ela a performatividade de gênero se dá em dois casos: no primeiro, 
dá volta em torno à figura da linguagem metalepse, e, no segundo, como 
repetição e ritual que consegue seu efeito no contexto de um corpo, 
compreendido como a duração temporal mantida culturalmente. O objetivo é 
relacionar o romance espírita homoafetivo com a teoria da performatividade da 
Judith Butler. A apresentação contribuirá para compreendermos o 
transformismo musical como um ato artístico, público e performático de gênero. 
Espera-se que o relacionamento fato entre o romance e a performance de 
gênero motive mais analises de personagens lésbicas, homogenéricas, 
bigenéricas, trigenéricas, etc., em narrativas literárias espíritas para a busca da 
compreensão, a valorização e a convivência pacífica em espaços públicos de 
performance artística de gênero. 
mailto:henisapegraj@aol.com
 
52 
 
Palavras-chave: Transformismo; Performatividade de gênero; Performance 
musical em público. 
 
UM FEMINISMO PARA ALÉM SAGRADO: A COMPREENSÃO 
POLÍTICA DAS AÇÕES DAS BRUXAS FEMINISTAS NO CERNE DA 
WICCA 
Jessica Freire Pereira de Aquino 
psiquejf1987@gmail.com 
 
Resumo: Quando falamos sobre mulheres na bruxaria Wicca, em geral observa-
se um pensamento que gira em torno das contribuições e ações realizadas por 
esse grupo acerca do sagrado feminino, da valorização das concepções de 
gênero e principalmente da sexualidade. No entanto, a atenção que tais temas 
merecem não foram dados a essas mulheres desde sempre, na verdade eles 
surgiram a partir de organizações, reinvindicações e ações de mulheres como 
Zsuzsanna Budapeste e Miriam Simos que percebiam a importância de tais 
discussões dentro no movimento religioso. Budapeste por exemplo, 
compreendia que a religião deveria ser entendida como algo político,uma vez 
que, influencia suas ações. Nesse sentido a política torna-se um veículo pela 
qual a religião perpetua um sistema social. Devemos considerar ainda uma 
outra pauta marcadamente atribuída aos Wiccanos como intrínseca, que é a 
luta contra a destruição ecológica. Problemática que na verdade só ganha 
importância em decorrência das ações de bruxas feministas norte americanas e 
posteriormente torna-se uma máxima do neopaganismo com a forte ligação do 
ecofeminismo. Nesse sentido, o presente trabalho propõe um estudo de 
compreensão sobre as pautas inseridas na Wicca através das ações das bruxas 
feministas e que seguem vigentes ainda hoje como o cerne da religião. Tais 
compreensões, partem de análises de publicações feitas por essas bruxas que 
visam nortear direcionamentos de tradições presentes na Wicca. Por fim, 
compreendo a importância desse trabalho para o GT, uma vez que, ainda se 
percebe o pouco conhecimento sobre a bruxaria Wicca, e menos ainda as 
ferramentas políticas feministas acionadas por essas mulheres a fim de 
reivindicar uma posição de não subalternização na religião. 
Palavras-chave: Feminismo; Bruxaria; Política. 
 
OS ARQUÉTIPOS FEMININOS DE IEMANJÁ E IANSÃ: DE AMOROSA 
À INSUBMISSA 
Juliana Carvalho da Silva 
carvalhojuliana0701@gmail.com 
mailto:psiquejf1987@gmail.com
mailto:carvalhojuliana0701@gmail.com
 
53 
 
 
Resumo: No presente trabalho buscar-se-á analisar e compreender, através do 
método comparativo, de que forma se dá a construção dos arquétipos 
femininos das mulheres negras no mundo ocidental e, mais especificamente, na 
sociedade brasileira, partindo das figuras dos orixás Iemanjá e Iansã. E, de tal 
forma, buscar-se-á também compreender como a religiosidade interfere e 
contribui na construção do imaginário acerca das expressões afro-brasileiras. 
Palavras-chave: Candomblé; Feminino; Arquétipo; Orixás. 
 
 
ESCOLAS DE SEXUALIDADE: O USO DA RELIGIÃO NO PROCESSO 
DE APRENDIZAGEM DE UMA “SEXUALIDADE CRISTÃ E BÍBLICA” 
 
Nathalia Oliveira Celestino Magalhães 
nathaliaocm@outlook.com 
 
Resumo: A presente pesquisa propõe discutir sobre as escolas de sexualidade, 
iniciativas cristãs que pregam o ensino de uma “sexualidade cristã e bíblica” e 
visam o enfrentamento e reversão de comportamentos considerados 
pecaminosos, apresentando duas delas atuantes no Brasil e identificando o 
modo como a religião é articulada dentro das pedagogias de sexualidade 
presentes nessas escolas. Assim, o objetivo do trabalho é identificar como a 
religião age junto das pedagogias dessas escolas no processo de ensino e 
controle dessa vivência sexual “santa”. Para isso, será feita uma pesquisa 
exploratória em redes sociais, sites e Youtube, objetivando a coleta de dados e 
análise sobre o movimento e seus conceitos, apresentações, funcionamentos e 
módulos de aprendizado. Com isso, espera-se identificar como se articulam os 
símbolos religiosos em cada uma dessas categorias, compreendendo a 
construção das pedagogias e analisando em que medida esses símbolos 
religiosos apresentam-se como parte constituinte delas. Portanto, o trabalho visa 
contribuir para o entendimento do fenômeno religioso das Escolas de 
Sexualidade e seu impacto na produção e regulação de discursos religiosos 
sobre a sexualidade humana. 
Palavras-chave: Escola; Sexualidade; Pedagogia; Reversão. 
 
O VOTO EVANGÉLICO E AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2018: A 
FORÇA DO SEGMENTO RELIGIOSO 
Weverson Gusmão Soares 
weversongsoares@gmail.com 
mailto:nathaliaocm@outlook.com
mailto:weversongsoares@gmail.com
 
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Resumo: Diante do exposto, o trabalho busca analisar a força do segmento 
religioso, tendo como base o voto evangélico e as eleições presidenciais de 
2018, a qual elegeu o atual presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro em país 
laico, a possível relação existente entre a religião e a representação política, 
atraves de recorte metodológico e pesquisa qualitativa, objetivos o 
protestantismo na cultura brasileira, a influencia dos evangélicos no sistema 
eleitoral, estado laico, com posse do presidente o estado passou tem um 
seguimento teocrático, Podendo contribuir para Grupo de Trabalho, como a 
exclusão de grupos e programas com ideologías divergentes dos evangélicos. 
Palavras-chave: Estado Laico; Evangélico; Eleição Presidencial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
GT 9 - HERMENÊUTICA DA RELIGIÃO 
Prof. Dr. Luís Gabriel Provinciatto (PUC-Campinas) 
Prof. Dr. Márcio Cappelli (PUC-Campinas) 
Ementa: A hermenêutica da religião não se resume a técnicas de leitura e 
interpretação de textos sagrados provindos de diferentes tradições religiosas. A 
hermenêutica é um método de investigação reconhecidamente aplicado à 
linguagem e àquilo que nela se expressa. Nesse sentido, a hermenêutica da 
religião lida com textos concretos e também com os diferentes modos de 
concretização da linguagem: fala, gesto, dança, música, símbolo, rito, mito, 
imagem, entre outros. Ela, por assim dizer, desafia o intérprete a 
compreender/interpretar a religião em suas múltiplas formas de manifestação e 
em suas variadas tradições. O olhar dirigido à linguagem deve se encontrar com 
a experiência aí realizada e manifestada: o que a linguagem manifesta é o 
sentido da religião, que, no entanto, nunca se esgota em um só significado. O 
que a hermenêutica da religião, a princípio, aborda é o fenômeno religioso, o 
que torna-a próxima da fenomenologia. A também possível abordagem 
fenomenológico-hermenêutica precede a redução gnosiológica sujeito-objeto 
porque entende a religião em sua manifestabilidade, ou seja, antes de ser 
objeto da ciência. O fenômeno religioso é compreendido como experiência viva 
e vivida. Isso é fundamental para a constituição da ciência da religião, pois 
compreende-se a religião enquanto manifestação de sentido possível, que, por 
sua vez, ocorre antes da objetivação científica. A hermenêutica da religião, 
assim, desvela-se como um vasto campo de investigação que abriga 
abordagens teórico-práticas e está em diálogo com outras metodologias 
provenientes da filosofia, teologia, ciências sociais, entre outras. Ela contribui, de 
fato, para uma epistemologia integral da religião. Por fim, o grupo temático 
“Hermenêutica da religião” está aberto a receber comunicações provenientes 
de investigações teórico-bibliográficas e/ou empírico-quantitativas desde que 
nelas se faça perceber uma efetiva abordagem hermenêutica da religião. 
Palavras-chave: Hermenêutica; Religião; Fenômeno religioso; Ciências da 
Religião. 
 
56 
 
O SILÊNCIO DE DEUS NO DISCURSO DO PAPA BENTO XVI EM 
AUSCHWITZ: “SENHOR, POR QUE SILENCIASTES? POR QUE 
TOLERASTE TUDO ISTO?” 
Arlindo José Vicente Junior 
arlindovicentejr@hotmail.com 
 
Resumo: Objetiva-se com esta comunicação apresentar e colocar em destaque, 
o discurso do Papa Bento XVI realizado durante sua visita ao Campo de 
Concentração em Auschwitz, no dia 28 de maio de 2006. Em um lugar de 
horror e de sofrimento humano padecido por inocentes, levantam-se algumas 
questões que serão respondidas neste trabalho: qual é a narrativa da Igreja 
Católica diante sofrimento humano? As perguntas que são feitas pelo Papa 
Bento XVI, são respondidas no seu discurso? Para responder as questões 
levantadas nessa comunicação, que trata-se de uma pesquisa qualitativa 
apresentando os resultados que foram encontrados nas leituras bibliográficas 
das inúmeras narrativas da Igreja Católica diante da dor do outro. Propomos um 
diálogo do discurso do papa alemão com a obra de Hans Jonas: “O conceito de 
Deus após Auschwitz: uma voz judia”. O discurso de Bento XVI se transformou 
numa hermenêutica da religião frente ao desafio de sustentar a fé diante do 
problema do sofrimento e do mal causado neste lugar de horror e que nos leva 
a refletir sobre o papel da Teologia diante de temas tão adversos e que estão 
sendo estudados nesta pesquisa em andamento no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião. 
Palavras-chave: silêncio, Bento XVI, Auschwitz, sofrimento, discurso. 
 
CRISTIANISMO, SUBJETIVIDADE E HERMENÊUTICA: UMA 
CONTRADIÇÃO DE GIANNI VATTIMO? 
Felipe de Queiroz Souto 
felipeqsouto@gmail.com 
 
Resumo: O pensamento filosófico de Gianni Vattimo constitui-se por uma 
retomada da filosofia heideggeriana, mas também do cristianismo enquanto 
sua religião de pertença e como herança histórica. Ao construir uma filosofia 
cristã, leva Vattimo assume contradições tanto da perspectiva heideggeriana, 
quanto da perspectiva da teologia cristã. Nos interessamos aqui a pensar a 
primeira contradição que se configura pela interpretação de Vattimo acerca da 
subjetividade, termo que corriqueiramente é apresentada em seus textos como 
interioridade, devido a retomada do cristianismo em seu pensamento. Por levar 
a cabo a leitura de Heidegger acerca da modernidade, Vattimo entende que 
mailto:arlindovicentejr@hotmail.com
mailto:felipeqsouto@gmail.com
 
57 
 
essa é a época da história do ser na qual o paradigma da objetividade metafísica 
recebe sua maior força e estabelece seus maiores feitos. No entanto, 
contrariando aquilo que Heidegger articula em O tempo da imagem do mundo 
(1998) de que a objetividade se configura como uma circularidade junto à 
subjetividade, Vattimo coloca a subjetividade como eixo pelo qual a 
objetividade pode ser desarticulada. Assim, ele põe ênfase na necessidade de 
afirmação da subjetividade na época pós-moderna à medida em que ela 
aparece como uma motivação hermenêutica. Vattimo recupera do cristianismo 
a noção de interioridade e a articula com sua noção de sujeito hermenêutico. 
Parece que há, deste modo, um problema que compromete todo o pensamento 
de Vattimo e que pode trazer consequências que desmontam sua própria 
argumentação, já que a noção de interioridade cristã será importante para o 
filósofo articular sua hermenêutica e, até mesmo, sua filosofia política pelo 
princípio da caritas. Na tentativa de apresentar o problema, iremos abordar 
como a questão da subjetividade se articula com a objetividade partindo 
daquilo que Heidegger expõe, para então vermos a subjetividade enquanto a 
interioridade cristã resgatada por Vattimo em Depois da cristandade (2004) e 
Después de la muerte de Dios (2010). Por fim, nos apoiaremos na articulação 
que Vattimo faz entre sujeito e o Übermensch de Nietzsche, pela qual é possível 
encontrarmos uma resposta à questão apresentada, à medida em que ela pode 
se revelar mais como uma má apresentação, por parte de Vattimo, do conceito 
de subjetividade em suas obras de filosofia da religião. 
Palavras-chave: Subjetividade; cristianismo; hermenêutica; objetivismo. 
 
NARRATIVAS DE CONVERSÃO E APROPRIAÇÃO SIMBÓLICA 
Lucas Andrade Ribeiro 
lucasandraderibeiro@gmail.com 
 
Resumo: Existem narrativas sobre conversões que acabaram por se tornar 
fundantes especialmente dentro do seio cristão, e por terem se tornado tão 
conhecidos e repercutidos, acabaram por se tornar numa espécie de 
paradigma, ou como opta-se por abordar nesta pesquisa, acabaram se 
transformando em narrativas míticas oriundas deste símbolo dentro da 
sociedade ocidental, por meio de sua matriz cultural judaico-cristã e seu 
desenvolvimento secular. Estes relatos de conversão, que se interpreta nesta 
tese pela hermenêutica do símbolo, tendem a enfatizar uma abordagem de 
mudanças abruptas na vida de personagens bíblico e de cristãos famosos que 
viveram ao longo dos séculos que nos antecedem. “A história da conversão de 
Paulo [está] no fundamento do caminho cristão, é a história do século IV da 
conversão de Agostinho que surge como o caso clássico. Agostinho nasceu no 
mailto:lucasandraderibeiro@gmail.com
 
58 
 
norte da África em 354.”[1] Essas narrativas têm grande potência de sentidos e 
significados, algo tão caro a hermenêutica, pois elas amplificam as 
possibilidades interpretativas e de compreensão, sendo dessa forma, geradoras 
de novos mundos e de novas realidades existenciais, porque: Quando 
Agostinho reflete sobre sua vida e conversão, ele de fato realiza pelo menos 
duas operações simbólicas. Por um lado, ele examina suas ações mundanas 
para encontrar nelas pepitas da sabedoria de Deus - uma operação metafórica. 
Por outro, ele descreve os destaques experimentais do drama de conversão, a 
fim de apontar além deles para o “plano de Deus” - uma operação 
metonímica.[2] [1] POEWE, Karla. “Charismatic conversion in the light of 
Augustine’s Confessions.” In: LAMB, Christopher; BRYANT, M. Darrol (ed.). 
Religious Conversion: contemporary practices and controversies. London; New 
York: Cassell, 1999. p. 203. [2] BRYANT, M. Darrol. “Conversion in Christianity: 
from without and from within.” In: LAMB, Christopher; BRYANT, M. Darrol (ed.). 
Religious Conversion: contemporary practices and controversies. London; New 
York: Cassell, 1999. p. 181. 
Palavras-chave: Símbolo; Narrativa; Conversão. 
 
A POESIA É RASTRO DE DEUS NAS COISAS 
Rosineide de Aquino Oliveira 
aquino.re39@gmail.com 
 
Resumo: O presente trabalho se constrói a partir da relação entre Literatura e 
Religião sob viés da perspectiva do diálogo buberiano como encontro poético 
sobre o qual nos remete à compreensão hermenêutica de como a primeira se 
apresenta como expressão da alma, abrindo espaço para elucidar a poética da 
narrativa humana em confluência com a segunda quando esta se volta às 
questões do cotidiano imbricadas no âmbito literário, no qual se revela o 
verdadeiro propósito da poesia como linguagem religiosa. Neste ínterim, o fazer 
científico em torno do uso do termo religião recai sobre inúmeras possibilidades 
de abordagem interdisciplinar que está para além de sua definição da qual 
perpassa a função redentiva do ponto de vista simbólico, sobre o qual nos 
instiga a compreender como se perfaz a presença do sagrado em consonância 
com a construção poética voltada a religiosidade presente na poesia adeliana. 
Palavras-chave: Religião; Hermenêutica; Literatura; Linguagem. 
 
 
mailto:aquino.re39@gmail.com
 
59 
 
A PACIÊNCIA DE JÓ E ESTADOS DE BHAKTI YOGA – CATEGORIAS 
DE COMPREENSÃO DE SOFRIMENTO E DE AMOR. 
Sumaya Machado Lima 
sumayamlima@gmail.com 
Resumo: O Livro de Jó conta a história de um devoto muito dedicado e 
paciente, que chama a atenção de Deus. Curioso, Deus quer saber a opinião do 
Diabo, já que a tarefa deste é perambular pelo mundo, confundindo a razão das 
pessoas. Tantas qualidades de Jó parecem ter despertado a inveja e o despeito 
do Diabo, pois que este dúvida que o personagem continue tão bem 
conceituado diante de Deus, se acaso seja privado de algum conforto que 
possui. Desafiado, Deus permite o Diabo testar a paciência de Jó, retirando-lhe o 
que julgar necessário. Obviamente, o Diabo não tem compaixão. Priva-o de 
todo o conforto, segurança material, afeto familiar, status social e saúde. Apesar 
do sofrimento, Jó permanece aos farrapos, na sarjeta, culpando apenas a si, 
nunca a Deus. Os amigos de Jó, com pretexto de ajudá-lo, o oprimem ainda 
mais fazendo-lhe perguntas e acusações até o desfecho da história mudar. De 
forma despretensiosa, a análise desse livro faz uma analogia da relação de 
alguns personagens com sua visão de Deus, do sofrimento e da devoção. O 
comportamento dos personagens e seus discursos podem ilustrar os conceitos 
de Devoção, Bhakti Yoga encontrados na filosofia do tantra Yoga da instituição 
espiritualista Ananda Marga no Brasil. Categorizando quatro tipos de 
personagens e suas visões sobre a figura Divina, o texto aproxima-as de noções 
tais como Tamásika Bhakti, Rajásika Bhakti, Sattvik Bhakti e kevala Bhakti. Desse 
modo, numa linguagem despojada e elucidativa, pretende-se abrir espaço para 
um diálogo entre escrituras tradicionais ainda pouco visitadas no estudo 
hermenêutico. 
Palavras-chave: Livro de Jó; Sofrimento; Devoção; Bhakti;Yoga; Diálogos. 
 
O CÍRCULO DE ÉRANOS COMO UMA MANIFESTAÇÃO 
ARQUETÍPICA PARA AS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO 
Vitor Chaves de Souza 
vitorchaves@gmail.com 
João Victor Sant'Anna Silva 
psicologo.joao@gmail.com 
Resumo: A comunicação demonstrará um possível aprofundamento da 
Hermenêutica da Religião tendo no Círculo de Éranos um modelo para tal 
tarefa. Em 1933, Suíça, inspirado no sanatório Monte Veritá, Olga Fröbe-
mailto:sumayamlima@gmail.com
mailto:vitorchaves@gmail.com
mailto:psicologo.joao@gmail.com
 
60 
 
Kapteyn, até então preocupada com práticas de medicinas complementares, 
criou um grupo de encontro e reflexão a partir de uma conversa com Rudolf 
Otto. Seguindo o conselho de Otto, Olga Fröbe-Kapteyn confere um caráter 
científico para os encontros e Otto o batiza de Círculo de Éranos. A proposta 
consistia em um espaço para unir temas antagônicos e existenciais (como 
Oriente e Ocidente, vida e morte, espírito e matéria) com pensadores de 
diferentes áreas. O período de maior expressão do grupo é aquele durante o 
qual Carl Jung o frequentou, de 1933 até 1951. Jung, considerado o Spiritus 
Rector do Círculo de Éranos, teve a oportunidade de dialogar com Rudolf Otto, 
Martin Buber, Paul Tillich, Jakob Hauer, Heinrich Zimmer, Karoly Kerenyi, 
Gershom Scholem, Henry Corbin e Mircea Eliade. Este último, em especial -- e 
não por acaso --, foi o principal interlocutor de Jung, a ponto de Jung 
reformular o seu conceito de arquétipo em virtude do diálogo com Eliade. Não 
apenas a maturidade do conceito referido, mas, também, o nascimento de 
obras consagradas (como Aspectos Empíricos do Processo de Individuação, em 
1933, e Sobre a Sincronicidade, em 1951) se deu neste espaço. Sensibilizado 
pelo teor narrativo proporcionado pelos encontros no Círculo de Éranos, 
identificando neste espaço a premissa mais elementar do círculo hermenêutico 
no diálogo de seus participantes, a comunicação desenvolverá a noção de 
arquétipo de Mircea Eliade, de Carl Jung e de como o próprio encontro dos dois 
pensadores pode servir como um paradigma arquetípico para as Ciências da 
Religião na tarefa hermenêutica. A proposta, portanto, sustentará uma 
possibilidade interpretativa da religião a partir de reflexões teóricas gerais por 
movimentos circulares, tendo naquelas alterações feitas por Jung em seu 
próprio pensamento um exemplo inédito e significativo para a hermenêutica da 
religião. Trata-se, por fim, de uma pesquisa com metodologia crítico-analítica e 
objetivos interpretativos do sentido religioso na escola da hermenêutica. 
Palavras-chave: Círculo de Éranos; arquétipo; Carl Jung; Mircea Eliade; 
hermenêutica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
61 
 
GT 10 - ENTRE RELIGIÃO E O ESPAÇO PÚBLICO: FESTAS, TURISMO 
RELIGIOSO E PATRIMÔNIO CULTURAL 
Doutorando Diego Santos Barbosa (UNIRIO) 
Doutoranda Elza Aparecida de Oliveira (UFJF) 
Ementa: Este GT pretende discutir a temática da religião na sua relação com o 
espaço público e apresentar pesquisas que propõem um lócus religioso fora dos 
limites do Estado. As discussões estarão orientadas prioritariamente para a 
compreensão dos fenômenos religiosos e suas possíveis articulações entre si. 
Pretende-se, também, ressaltar a pluralidade de reflexões contemporâneas e 
favorecer um debate profícuo entre perspectivas conceituais que perpassam 
diferentes áreas temáticas, como é o caso dos temas: Festa, Turismo Religioso e 
Patrimônio Cultural. Interessa-nos a conjugação entre os estudos de rituais, 
símbolos, performances e as abordagens das formas expressivas – gêneros 
poético-musicais, danças, encenações, manipulação e fabricação de objetos e 
artefatos que se articulam e desarticulam no contexto de formas mais festivas ou 
mais cotidianas da prática social. O GT pretende reunir pesquisas que reflitam 
sobre os processos associados entre os espaços e a religião no mundo 
contemporâneo, com o intuito de colocar em discussão as formas pelas quais as 
religiões participam da vida pública, adquire expressão e contribuem para 
configurar o nosso universo social. 
Palavras-Chave: Religião; Espaço Público; Patrimônio. 
 
62 
 
A CAMINHADA PARA SÃO JORGE EM PORTO ALEGRE – RS 
Blue Mariro 
b.cienciasdareligiao@outlook.com 
 
Resumo: Jorge da Capadócia, conforme a tradição atuou como soldado 
romano no exército do imperador Diocleciano, considerado um mártir cristão. 
Na hagiografia é um dos santos mais populares e venerados no Catolicismo, na 
Igreja Ortodoxa, e na Comunhão Anglicana. No Brasil são Jorge assume o 
cargo de santo protetor e guerreiro, patrono dos policiais, brigadistas. militares e 
do estado do RS. É associado nacionalmente com mais dois orixás Ogum e 
Oxossi (matriz africana), e internacionalmente também tem relação com Marte 
(romano), Ares (grego), Gerovit (eslavo), entre outras divindades com arquétipo 
bélico. Há uma escassez de pesquisas referentes a temática no RS, justificando-se 
a realização do levantamento. A metodologia utilizada neste trabalho foi a 
documental e bibliográfica. Espera-se com a presente pesquisa ao analisar os 
fundamentos teóricos que tem direcionado a paisagem da religião. Possibilite 
contribuir para uma reflexão sobre o papel da Geografia da religião na análise 
deste monumento católico presente no RS e sua relação com a comunidade. 
Contribuindo com a visibilidade das manifestações de fé do povo gaúcho. 
Palavras-chave: São Jorge; Igreja; Rio Grande do Sul. 
 
DOIS CAMINHOS DE FÉ, UM ÚNICO DESTINO: PIACATUBA, 
DISTRITO DE LEOPOLDINA (MG) COM POTENCIAL DE 
DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RELIGIOSO 
Dora Deise Stephan Moreira 
ddsstephan@gmail.com 
 
Resumo: Dois caminhos de fé, um único destino: Piacatuba, distrito de 
Leopoldina (MG)com potencial para o desenvolvimento do turismo religioso. A 
partir do ano 2000 (Steil; Carneiro, 2008), começaram a surgir no Brasil as 
peregrinações que seguem o modelo do Caminho de Santiago de Compostela, 
na Espanha. Em 2013, em Cataguases, cidade localizada na Zona da Mata 
mineira, um grupo de fiéis criou a peregrinação Caminhos da Piedade que, 
conforme informações do Jornal Leopoldinense (Edição online de 02/09/2019), 
que teve como inspiração o Caminho de Santiago. Em 2015, surgiu em 
Leopoldina a peregrinação Fé na estrada, organizada pela Igreja Nossa Senhora 
do Rosário. Ambas acontecem na mesma data, 1° de setembro, e têm como 
destino Piacatuba, distrito leopoldinense localizado entre as duas cidades. A 
programação consiste em missa campal na Praça da Santa Cruz, onde se localiza 
mailto:b.cienciasdareligiao@outlook.com
mailto:ddsstephan@gmail.com
 
63 
 
o principal símbolo religioso do distrito, a Capela da Cruz Queimada, seguida de 
procissão até a Igreja de Nossa da Piedade, onde a imagem da santa de mesmo 
nome é abençoada. O presente trabalho problematiza a possibilidade de que 
essas peregrinações possam ser inseridas, inicialmente, no calendário cultural 
das duas cidades e, posteriormente, no calendário nacional de peregrinações, 
de forma a fomentar o turismo religioso na região. Partimos da perspectiva de 
que na contemporaneidade a experiência religiosa e a experiência turística 
“podem se imbricar num mesmo contexto, sendo que para isso é preciso 
“reconhecer que os próprios ‘olhares’ (religioso e turístico) passam por um 
processo de transformação no mundo contemporâneo” 
(STEIL;CARNEIRO,2008,p.108). Conforme os autores “essa nova modalidade de 
peregrinação, a que provisoriamente atribuímos o rótulo de ‘moderna’ parece 
re-vitalizar o fenômeno da peregrinação, não só como experiência religiosa, de 
um lado, mas também como expressão cultural (turística), de outro” (ibidem). 
Cremos também que a junção do religioso com o turismo pode fomentar o 
desenvolvimento sócioeconômico da região. Utilizaremos como referenciais 
teóricos os autores supracitados, além de Emerson Silveira (2007) Edênio Vale 
(2006), Antônio Giddens (1991) Zygmunt Bauman (1999),dentre outros, de 
modo a entendermos o turismo religioso enquanto fenômeno religioso da 
modernidade. 
Palavras-chave: Turismo religioso; modernidade; Piacatuba; Capela da cruz 
queimada. 
 
CAMINHADA DA FÉ: A DEVOÇÃO MARIANA À APARECIDA 
Rosiléa Archanjo de Almeida 
O presente artigo apresenta a peregrinação a pé feita por fiéis da cidade de Juiz 
de Fora à Aparecida (SP), onde localiza-se o Santuário Nacional em honra à 
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira do Brasil. Analisamos os 
discursos dos peregrinos juiz-foranos que percorrem o trajeto de 297Km na 
chamada “Caminhada da Fé”. Enfrentam no percurso, adversidades, como calo 
nos pés, cansaço corporal e mental. Sabendo de tais condições, nos 
questionamos: o que motiva estes sujeitos religiosos a participarem desta 
Caminhada? Acreditamos que além da fé, a pertença a um grupo social são os 
motes para a participação na Caminhada. Para chegar aos objetivos deste 
artigo, apresentamos as falas dos caminhantes, a partir da série “Caminhos da 
Fé”, publicada no jornal impresso Tribuna de Minas, e em suas mídias sociais. O 
artigo se mostra oportuno ao GT proposto, por se tratar de uma pesquisa do 
 
64 
 
lócus religioso fora do estado de Minas Gerais, discutindo a temática da religião 
na sua relação com o espaço público. 
Palavras-chave: Caminhada da Fé; Peregrinação; Nossa Senhora Aparecida; 
Devoção; Espaço Público. 
FOLKCOMUNICAÇÃO E EX-VOTOS NA FIGURA DO MONSENHOR 
RIOS 
Viviam Lacerda de Souza 
viviamlacerd@gmail.com 
José Antônio da Silva 
janthonius@uol.com.br 
Resumo: Por meio desta pesquisa buscamos compreender o religioso Antônio 
Rodrigues Paiva e Rios, o Monsenhor Rios no que tange as suas ações em vida e 
as manifestações de ex-voto que potencializam possíveis milagres decorrentes 
ao religioso no âmbito da folkcmunicação. Para tanto, nos valemos da pesquisa 
empírica e utilizamos como método de pesquisa a fundamentação teórica do 
trabalho baseada em estudo bibliográfico, entrevistas abertas e semi-
estruturadas, análise documental, observação e análise de relatos de língua 
corrente e vestígios históricos. Esperamos identificar como se perfaz o proceso 
comunicacional por meio dos exvotos atribuídos ao monsenhor e relacionar a 
representação da crença e fé diante de um cenário místico que se valida na 
construção de subjetividades, onde o imaginário religioso se caracteriza uma 
fonte de sentidos, vínculos sociais e sentimento de pertença. Acreditamos que 
este trabalho contribui com o GT 10 - Entre Religião e o Espaço Público: Festas, 
Turismo Religioso e Patrimônio Cultural - no momento em que o contexto ao 
qual se insere nosso sujeito investigado condiz à uma realidade histórica e 
religiosa, pertencente ao turismo religioso e com potencial para inserção no 
patrimônio cultural imaterial do município de Vassoras/RJ e região Sul 
Fluminese do Vale do Café. 
Palavras-chave: Monsenhor Rios; Ex-voto; Folkcomunicação. 
 
CÍRIO DE NAZARÉ: RELIGIÃO, CULTURA E TRADIÇÃO 
Wanessa de Lima Grigoletto 
wanessadlgrigoletto@gmail.com 
 
Resumo: O Círio de Nossa Senhora de Nazaré é considerado uma das maiores 
manifestações religiosas católicas do mundo, possuindo um conjunto de 
celebrações e eventos que ocorrem durante todo o mês de outubro, na cidade 
de Belém–PA, sendo a principal procissão realizada no segundo domingo de 
mailto:viviamlacerd@gmail.com
mailto:janthonius@uol.com.br
mailto:wanessadlgrigoletto@gmail.com
 
65 
 
outubro, reunindo uma multidão de mais de 2 milhões de pessoas, entre 
devotos e turistas. Em dezembro de 2013, na cidade de Baku, capital de 
Azerbaijão, o Círio de Nazaré entrou na Lista Representativa do Patrimônio 
Cultural da Humanidade da Unesco, durante a 8ª seção do Comitê 
Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial. E em 
novembro de 2021 o Iphan revalidou o Círio de Nazaré como Patrimônio 
Cultural do Brasil, através de uma avaliação das transformações pelas quais 
passou nos últimos anos, sendo uma delas o aumento significativo no número 
de participantes nas diversas celebrações e romarias. Durante o mês de 
outubro, além dos eventos religiosos, ocorrem, também, eventos culturais 
ligados ao Círio como o Auto do Círio, a Ode ao Círio, o Arrastão do Pavulagem 
e a Festa da Chiquita. O Círio de Nazaré é um acontecimento que envolve, 
direta ou indiretamente, toda a população paraense, se estendendo para além 
dos limites do estado do Pará, podendo ser analisado sob vários pontos de vista: 
religioso, estético, turístico, cultural, sociológico e antropológico. Desse modo, 
buscaremos evidenciar o Círio de Nazaré como parte da cultura e tradição do 
catolicismo em Belém. Esta pesquisa será construída de forma etnográfica e 
bibliográfica respeitando as possíveis restrições causadas pela pandemia da 
Covid-19. O referido trabalho é um desdobramento de uma pesquisa para a 
dissertação de mestrado no PPGCR/UEPA, sob orientação do Prof. Dr. Thiago 
Azevedo. 
Palavras-chave: Círio de Nazaré; Religião; Cultura Paraense. 
GT 11 - O CATOLICISMO ENTRE OS DIREITOS HUMANOS E OS 
DIREITOS DIVINOS 
Prof. Dr. Rodrigo Portella (UFJF) 
Me. Paulo Victor Zaquieu-Higino (UFJF) 
Me. Nilmar de Sousa Carvalho (UFJF). 
Ementa: A civilização ocidental, apesar das constantes inflexões que tem sofrido 
- sobretudo na contemporaneidade - está de tal maneira eivada de traços 
cristãos que, em muito, tais traços – como, por exemplo, princípios morais 
cristãos - são reconhecidos nas várias esferas da gestão pública e no cotidiano 
da vida social. Contudo, a partir do recrudescimento de conflitos envolvendo os 
mais variados segmentos religiosos e não religiosos, o catolicismo também tem 
enfrentado conflitos (internos e externos a ele). Estes conflitos se dão, 
principalmente, no âmbito de disputas internas relativas à discussão sobre qual 
deva ser a missão da Igreja no mundo (moderno), e interferem no 
posicionamento da Igreja diante de pautas globais e locais, como: economia, 
guerras, direitos reprodutivos e sexuais, uso de recursos naturais, entre outras 
 
66 
 
pautas visibilizadas por movimentos sociais. A partir de tal cenário, o GT 
pretende reunir pesquisadoras e pesquisadores com interesse em discutir 
temáticas relacionadas ao papel da Igreja na sociedade ao longo da história, 
especialmente no que diz respeito à: proteção dos direitos fundamentais do ser 
humano; influência da Doutrina Social da Igreja na construção de direitos 
trabalhistas; concepção de pessoa humana à luz da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos e da doutrina da Igreja; direitos da pessoa à liberdade de 
culto, de maneira privada ou pública; relação entre a liberdade religiosa e a 
política; devoções populares e sincretismos ante o olhar da hierarquia; discursos 
e reações que se entendem como conservadores e tradicionais na Igreja. Em 
síntese, coloca-se a pergunta: até que ponto há convergências e divergências 
entre as denominadas leis divina e natural, propugnadas pela Igreja, e a 
compreensão moderna ocidental de Direitos Humanos, com suas respectivas 
consequências práticas e legais na sociedade contemporânea? 
Palavras-chave: Igreja Católica; Direitos humanos; Igreja e Sociedade; 
Modernidade. 
 
UM “GRITO DO NORDESTE” BRASILEIRO DE 1967: OS DIREITOS 
HUMANOS E DIVINOS POR MEIO DA AÇÃO CATÓLICA RURAL 
Felipe de Lima França 
felipe.mazzapx@gmail.com 
Severino Vicente da Sailva 
severino.vsilva@ufpe.br 
Resumo: A Ação Católica Rural (ACR) surgiu como uma proposta de 
evangelização das pessoas do campo, iniciando em Recife em 1964 a convite de 
Dom Hélder Câmara a um padre francês de nome Joseph Servat, e que se 
espalhou por todo o nordeste brasileiro. Em 1967, inspirados na encíclica de 
Paulo VI acerca da promoção do homem “Populorum Progressio” (O 
desenvolvimento dos povos) surgiu o “Grito do Nordeste”, jornal trimestral de 
comunicação elaborada pelas própriasequipes responsáveis dessas 
experiências e publicadas a partir do mesmo ano como um dos importantes 
frutos dessa promoção. São vários os temas e as provocativas abordadas em 
cada edição, encontrando uma colaboração em rede que envolve os líderes 
regionais e nacionais, a Igreja, os estados nordestinos, os homens e as mulheres, 
os letrados e os analfabetos, os ministros ordenados e o povo, os anônimos e 
invisíveis, os periféricos e marginalizados, entre tantos outros. Dessa forma, o 
presente trabalho se propõe a isolar os quatro primeiros números 
mailto:felipe.mazzapx@gmail.com
mailto:severino.vsilva@ufpe.br
 
67 
 
contemplando assim todo o ano de 1967, e identificar como a ACR fez, por 
meio desse instrumento, para assumir posições tanto de intermediação e ponte 
entre os direitos divinos com os direitos humanos, como também de 
conscientização de direitos silenciados ou suprimidos, apagados ou esquecidos. 
Palavras-chave: Ação Católica Rural - ACR; Movimentos Sociais; Igreja Católica. 
 
O DIÁLOGO COM O NORTE E O SUL DO MUNDO: DOM HELDER 
CAMARA AO ENCONTRO DAS JUVENTUDES (1967-1969) 
José Romélio Rodrigues dos Santos Júnior 
romelio.jr@hotmail.com 
João Victor de Oliveira Estevam 
joaoviictor65@gmail.com 
Resumo: Buscando desenvolver uma narrativa acerca do personagem Dom 
Helder Camara (1964-1985), recolhemos o máximo de informações, 
documentos e obras bibliográficas sobre este religioso. Quanto ao objetivo da 
pesquisa, buscamos analisar e destacar elementos que apontam as ideias do 
arcebispo de Olinda e Recife acerca da relevância dos jovens para combater as 
injustiças sociais, contextualizados pela segunda metade do século XX, período 
da Ditadura Militar no Brasil, Guerra Fria no mundo e a Revolução da juventude 
em vários países, na década de 1960. Diante dessas circunstâncias, Helder viaja 
a diversos países realizando conferências/palestras em vários continentes, 
tratando sobre a cultura de paz, direito dos jovens e seus deveres enquanto 
cidadãos, a desigualdade mundial etc. Assim, analisamos os discursos realizados 
por ele nos Estados Unidos (1967), Berlim (1968) e Inglaterra (1969), em 
direção aos jovens do mundo. Nossa pesquisa procurou indagar-se e responder: 
Qual objetivo das viagens do Arcebispo? Qual sua mensagem? Suas denúncias, 
nas muitas universidades, afetaram o momento em que o Brasil se encontrava? 
O que pensava acerca dos jovens? Sendo o pós-guerra um tempo bastante 
conflituoso – disputa política, econômica e militar – analisar uma figura como 
Helder Camara é significativo, ciente do seu envolvimento, de forma nacional e 
internacional, na luta contra a miséria, atingindo vários públicos. Em suma, 
pontuamos a contribuição deste trabalho para o campo da História e da Ciência 
da Religião, pois lidamos com questões que envolvem a religiosidade, a política, 
a economia e a juventude do período estudado. 
Palavras-chave: Catolicismo; Juventudes; Diretos Humanos; Justiça social. 
 
mailto:romelio.jr@hotmail.com
mailto:joaoviictor65@gmail.com
 
68 
 
TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E A UNIÃO DO CÉU COM A TERRA EM 
TEMPOS DE FASCISMO NO BRASIL: O POVO COMO PROJETO 
SALVÍFICO 
Tulio Barbosa 
fale@anticolonialismo.org 
 
Resumo: A Teologia da Libertação tem papel central na promoção dos direitos 
humanos no Brasil, pois esse conjunto teórico/prático formado por religiosos e 
religiosas brasileiras empreenderam diretamente o enfrentamento doutrinário 
tradicional e se puseram na vanguarda teológica quanto ao papel da religião e 
da religiosidade católica no cotidiano da classe trabalhadora. Historicamente os 
esforços do conservadorismo teológico católico para silenciar a Teologia da 
Libertação trouxeram prejuízos para o fortalecimento de um projeto salvífico 
coletivo que partiria do cotidiano do povo. Em tempos de exacerbação dos 
movimentos fascistas e predomínio do conservadorismo teológico na Igreja 
brasileira é importante reconstituir os processos históricos articulados 
escalarmente com as questões políticas e territoriais; assim, o presente trabalho 
objetiva compreender no tempo presente como a Igreja distanciou os 
propósitos teológicos do cotidiano da classe trabalhadora ao promover o 
silêncio da Teologia da Libertação, bem como apresentar a reorganização de 
leigos e leigas pelo reconstrução das Comunidades Eclesiais de Base e com isso 
entender o enfrentamento teológico como uma necessidade de ruptura teórica 
e prática para o cotidiano da classe trabalhadora na ampliação dos direitos 
humanos e no aperfeiçoamento da democracia brasileira. 
Palavras-chave: Catolicismo; Teologia da Libertação; Direitos Humanos; 
Democracia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:fale@anticolonialismo.org
 
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GT 13 - RELIGIÃO E CULTURA VISUAL 
 
Ma. Ana Beatriz de Carvalho dos Santos Alexandrini 
Me. Edmilson Sousa Rocha 
Doutoranda Elainy Fátima de Souza (UFJF) 
Ementa: As áreas de estudos Religião e Cultura Visual são limítrofes, atuando 
tanto no discurso simbólico quanto nos componentes visuais, referindo-se ao 
intelecto humano. Segundo Helmut Renders, as diversas linguagens textuais, 
pictoriais, ritualistas e gestuais, sonoras, oftálmicas, espaciais, experimentados e 
imaginados possibilitam a sistematização humana da religião. Assim sendo, os 
variados meios de condução ao sagrado englobam elementos visuais ao se 
tratar das díspares formas religiosas que podem ser legitimadas ou não. Por 
outro lado, a cultura visual de uma determinada sociedade não deve ser 
compreendida de maneira limitante, apenas como uma atividade estética ou 
mercadológica. Entretanto, como um vasto campo epistemológico inerente à 
religião, no qual também há uma busca pela condição espiritual humana, pelo 
incentivo à paz, e na contemporaneidade pela promoção dos direitos humanos. 
Desta maneira, a idealização e as perspectivas ampliam as manifestações das 
várias relações e as diferenças de classe, gênero e etnias. Levando isto em 
consideração, as pesquisas sobre o diálogo inter(trans)disciplinar ampliam-se no 
meio acadêmico. Conforme Etienne Higuet, é possível utilizar vários repertórios 
de procedimentos interpretativos das imagens e questionar a finalidade da 
imagem pictural, que não pretende apenas copiar ou representar, mas também, 
concentrar, aumentar e enriquecer a realidade. Destarte, este GT tem como 
finalidade agregar pesquisadores que aprofundem às conexões entre a religião 
e as diversificadas modalidades da cultura visual. Para tanto, incorpora 
pesquisas que tratem das inúmeras características, pelas quais a cultura visual 
ganha expressão (ícones, fotografia, gravura, escultura, artes plásticas, cinema, 
etc.) dos mais diversos períodos históricos, tradições religiosas e culturas. 
Englobando, trabalhos que apresentam análises da força performativa de 
imagens e sobre a metodologia para interpretação da cultura visual 
contemporânea. 
Palavras-chave: Religião; Diálogo inter(trans)disciplinar; Cultura visual; Artes. 
 
 
 
 
70 
 
A LINGUAGEM VISUAL DA JAMES HARPER’S ILLUMINATED AND 
NEW PICTORIAL BIBLE: UMA ARTICULAÇÃO POPULAR METODISTA 
DO AFETO RELIGIOSO E DA SENSIBILIDADE SOCIAL 
Ana Beatriz de Carvalho dos Santos Alexandrini 
biaalexandrini@hotmail.com 
Resumo: Nesta comunicação, trabalharemos a linguagem visual protestante, 
presente na James Harper’s Illuminated and New Pictorial Bible, uma Bíblia de 
família ilustrada, em língua inglesa, criada, editada e comercializada pelos 
irmãos Harper, leigos da Igreja Metodista Episcopal, que viveram nos Estados 
Unidos durante o século 19. Utilizando o método iconológico de Erwin 
Panofsky, procuraremos vestígios nas ilustrações de uma possível existência de 
uma funcionabilidade na utilização das imagens na Bíblia de sensibilidade social 
e afeto religioso, tendo em vista que, se trata de uma grande obra, com 
aproximadamente, 1600 ilustrações em moldes de xilogravuras. A justificativapara essa pesquisa é a necessidade de conhecer melhor as linguagens visuais 
evangélicas usadas em tempos passados, inclusive dentro dessa denominação 
que pertence ao Brasil, no Protestantismo de Missão, no caso dessa pesquisa, a 
Igreja Metodista. Para tanto, buscaremos conhecer brevemente, um pouco da 
história que envolvem a produção desta Bíblia, tanto de seus criadores, quanto 
dos antecessores metodistas e protestantes, na utilização de linguagem visual 
em seus cultos, ritos e meios de comunicação sociais. 
Palavras-chave: Linguagem visual; ErwinPanofsky; afeto religioso; sensibilidade 
social; metodismo. 
 
O CORAÇÃO COMO CENTRO DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA NA 
RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA 
Edmilson Sousa Rocha 
edmilsoncat41@gmail.com 
 
Resumo: Esta comunicação analisa a presença da religio cordis na Renovação 
Carismática Católica, nossa primeira abordagem parte da história da Renovação 
Carismática Católica; e sua relação com a religio cordis, sua influência inicial e 
sua consolidação no movimento apresentando suas representações textuais e 
visuais nos diversos âmbitos de sua estrutura organizacional de modo a 
identificar a forte presença da religião do coração na RCC. Num segundo 
momento a abordagem será sobre as narrativas visuais históricas da religio 
cordis até a primeira metade do século 20, e as novas narrativas visuais 
desenvolvidas a partir da conclusão do Concílio Vaticano II que inseriu a Igreja 
Católica na modernidade, até os nossos dias. Por fim num terceiro momento, 
mailto:biaalexandrini@hotmail.com
mailto:edmilsoncat41@gmail.com
 
71 
 
abordaremos de maneira mais profunda sobre a utilização religião do coração 
pela Renovação Carismática Católica como símbolo da mediação com o 
sagrado, para este intento utilizaremos o conceito filosófico sobre as formas 
simbólicas de Ernst Cassirer, a aproximando a figura do coração as formas 
simbólicas da religião e da arte, além de apresentar as narrativas visuais de 
diversas áreas de atuação do movimento. 
Palavras-chave: Religio Cordis; Renovação Carismática Católica; Coração; Cultura 
Visual. 
 
 
RELÍQUIAS E IMAGENS NO BUDISMO DE GANDHARA 
Estela Piccin 
estelapiccin@gmail.com 
 
Resumo: Após a morte do Buddha Sakyamuni – mais especificamente, seu 
parinirva?a, a passagem para a cessação definitiva dos sofrimentos – as relíquias 
(sarira) resultantes de sua cremação foram divididas em oito partes que foram 
distribuídas entre membros de diferentes clãs que as armazenaram em 
monumentos funerários construídos para este fim, chamados estupas. O culto 
às relíquias de Buddha presentes em estupas era muito importante para o 
Budismo Inicial – e o é até hoje de diferentes maneiras. Na região de Gandhara 
(antigo noroeste da Índia, atualmente partes do Paquistão e do Afeganistão) é 
possível que o culto a relíquias tenha incentivado o culto a imagens, ou vice-
versa. Através da investigação bibliográfica de produções de Gregory Schopen, 
Juhyung Rhi e Johannes Bronkhorst, buscamos compreender o processo do 
surgimento do culto às relíquias e sua relação com imagens na cultura visual e 
material budista, área de pesquisa ainda incipiente no Brasil, e com isso 
buscamos contribuir com os estudos da cultura visual e material budista. 
Palavras-chave: Budismo; Gandhara (Paquistão / Afeganistão); Cultura Visual 
Religiosa. 
 
A ICONOGRÁFICA DAS BEM-AVENTURANÇAS NA ARTE RELIGIOSA 
E A BUSCA PELA PAZ: O EXEMPLO DO PÁTIO DO MONASTÉRIO 
SANTA CLARA EM COIMBRA 
Helmut Renders 
helmut.renders@metodista.br 
Resumo: Já faz um tempo que me raparei que em diversas gravuras católicas 
dos dois caminhos as bem-aventuranças ocupam um lugar de destaque para 
mailto:estelapiccin@gmail.com
mailto:helmut.renders@metodista.br
 
72 
 
conduzir o discernimento e a devoção. Recentemente vi em Portugal na cidade 
de Coimbra no pátio interior do mosteiro de Santa Clara uma instalação de uma 
série de azulejos também retratando as bem-aventuranças. Quando li o tema do 
CONACIR desse ano, “Religião, busca pela paz e Direitos Humanos” pensei que 
seria interessante investigar se o uso de destaque das bem-aventuranças em 
gravuras, litografias e instalações em pátios interiores de monastérios nos dá 
algumas pistas iconográficas e iconológicas em especial, para a “busca pela 
paz”. Quanto ao monastério de Santa Clara pode se além disso ainda afirmar em 
relação ao contexto de que se trata nesse lugar do único programa 
iconográfico. Proponho de interpretar os aspectos iconográficos dos dez 
azulejos do século 18 no monastério de Santa Clara em Coimbra. sob a 
consideração adicional que a composição de cada bem-aventurança segue a 
estrutura de um emblema (com suas respetivas implicações para seu “uso”). 
Como método proponho aplicar o método iconológico de Erwin Panofsky. 
Quero entender se a linguagem iconográfica foca na vida interna do 
monastério ou eventualmente também demonstra aspectos que podem ser 
hoje traduzidos como orientações para a promoção de uma cultura da paz no 
espaço público. 
Palavras-chave: Monastério Santa Clara em Coimbra; azulejos das bem-
aventuranças; iconografia; iconologia; Erwin Panofsky. 
 
ENTRE A CRUZ E O CALDEIRÃO: REPRESENTAÇÕES CULTURAIS DA 
BENZEDEIRA E DA BRUXA NAS TELENOVELAS BRASILEIRAS A 
PARTIR DE "ILHA DAS BRUXAS" 
Mariana de Carvalho Ilheo 
marianacarvalho.i@outlook.com 
 
Resumo: O objetivo é analisar como são construídas as representações de 
bruxas e benzedeiras nas telenovelas brasileiras e como elas se relacionam na 
medida em que personificam uma batalha travada entre o bem e o mal. O texto 
tratará de um caso: a minissérie Ilha das Bruxas, produzida pela Rede Manchete 
e exibida pela primeira vez em 1991; dividida em dezesseis capítulos, teve 
repercussão polêmica devido a cenas de sexo e nudez, cujo conteúdo foi 
considerado sensível pela temática relacionada à bruxaria. A trama se passa no 
ano de 1919, em uma vila de pescadores na Ilha de Santa Catarina: os conflitos 
amorosos e de poder são atravessados pela presença de uma benzedeira e um 
benzedor principais, postos como antagônicos a um grupo de mulheres que se 
revoltam com a opressão masculina na comunidade, liderado por uma velha. 
Por último – discutindo a representação cultural de tais personagens –, o que se 
espera é, de um lado, compreender as nuances de uma oposição imaginada 
mailto:marianacarvalho.i@outlook.com
 
73 
 
entre a religião e a magia; de outro, elucidar aspectos relacionados a essas 
figuras enquanto expressões do poder feminino e a especificidades das relações 
ao nível da dinâmica local. 
Palavras-chave: Benzedeiras; Bruxas; Telenovelas; Ilha das Bruxas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
74 
 
GT 14 - RELIGIÃO E VIOLÊNCIA 
Doutorando Jungley de Oliveira Torres Neto (UFJF) 
Doutorando Rondinele Felipe (UFJF) 
Ementa: O objetivo deste Grupo de Trabalho é promover um debate qualificado 
em torno da temática: religião e violência. A abordagem poderá se desenvolver 
a partir de teóricos variados e abordagens metodológicas diversas, com ênfase 
nos seguintes eixos: violência no campo da vida política, cultural, econômica e 
da epistemologia; essas referidas instâncias tocam propriamente à religião e se 
repercutem. Abrir-se-á para abordagens da violência no campo simbólico, em 
que não há coação física, mas há danos morais, psicológicos, afetivos, e traços 
bem ‘violentos’ ao ser humano em sua afeição. As propostas ao GT podem 
enfocar em ‘estratégias’ de adotar uma postura anti-violenta, como, por 
exemplo: o caminho dialógico, interdisciplinar e interreligioso. Como extensão 
da proposta do núcleo ETER, a proposição do GT dedica-se ao debate e ao 
estudo de teorias sobre a religião, com intuito de reunir professores, 
pesquisadores e estudantes interessados nessa temática supracitada, e, por 
conseguinte, em debatê-la. A proposta pode seguir tantona linha da Filosofia e 
Epistemologia da Religião, quanto da Antropologia da Religião. Vertentes que 
pretendem investigar os aspectos filosóficos, históricos e sistemáticos da 
constituição da área de CR e debates contemporâneos sobre o tema, no que se 
refere ao nexo entre religião e violência. Pensar a religião sob os aspectos 
ambíguos da violência poderá ser promissor no sentido de buscar reflexões, às 
vezes polêmicas, mas não sem efeitos práticos para uma possível 
implementação didática de busca pela paz, respeito e tolerância entre os povos. 
Pensar nessa polêmica junção entre religião e violência, significa também 
investigar o conceito de violência e sua repercussão nos cenários religiosos. 
Semelhante questão, nos dará suporte para tentarmos responder o que é 
violência, ou como a violência se apropria do sagrado. E mais: Quais são as 
contribuições da Ciência da Religião para o tema? Movendo-nos na direção 
desses questionamentos buscar-se-á trazê-los para o campo da abordagem, 
debate e reflexão temática da: religião e violência ou, por extensão, religião e a 
atitude anti-violenta, de busca pela paz e dos direitos humanos. Neste 
desiderato, também será muito interessante proposições de abordagens 
fenomenológicas e hermenêuticas. Que investigam como pensadores da 
fenomenologia (tanto da religião como filosófica) e da hermenêutica podem 
auxiliar na interpretação da religião. Neste caminho, serão indagadas as 
 
75 
 
contribuições para o entendimento e relação entre religião e violência numa 
aproximação hermenêutica e que busca outras fontes para se pensar o tema. 
Palavras-chave: Religião; Violência; Diálogo; Paz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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GORDOFOBIA: OBESIDADE X GULA 
Ana Paula de Paula de Oliveira 
mailanapauladepaula@gmail.com 
 
Resumo: O presente estudo gira em torno da correlação contemporânea da 
obesidade com o pecado da gula. A gordofobia gera estigmatização da pessoa 
com excesso de peso ou obesidade, afetando tanto sua vida social quanto 
religiosa. Para tanto, pretende-se realizar uma pesquisa exploratória 
bibliográfica-documental, por meio de uma compreensão histórica acerca dessa 
correlação a partir da Revolução Francesa. A erudição no que concerne essa 
analogia, possivelmente logra a consciência sobre o preconceito estabelecido 
na sociedade contemporânea. Objetiva-se a compreensão histórica quanto às 
similitudes levantas social e academicamente acerca da obesidade e o pecado 
da gula ou glutonaria. Espera-se ampliar a compreensão acerca da correlação 
entre essas duas temáticas, confirmando o preconceito nessa correlação que se 
encontra engendrada na sociedade contemporânea. Acredita-se que o 
presente estudo poderá contribuir para o grupo de trabalho, religião e 
violência. Visto que o preconceito denominado pelo neologismo, gordofobia, 
reflete na vida dos sujeitos com excesso de peso ou obesidade. Afetando o bem 
estar-mental, a saúde física e espiritual desses indivíduos que são segregados 
por pessoas que julgam o excesso de peso e a obesidade, principalmente pela 
ligação do mesmo a um dos pecados capitais, a gula, e neste sentido 
culpabilizando os atores por seus pecados. 
Palavras-chave: Preconceito; gordofobia; obesidade; pecado. 
 
OS DEMÔNIOS DE LOUDUN, DE ALDOUS HUXLEY: VIOLÊNCIA 
DOS DISCURSOS POLÍTICOS E RELIGIOSOS NO SÉCULO XVII E 
ATUALMENTE 
Erik Dorff Schmitz 
erik.schmitz@hotmail.com 
 
Resumo: Esta pesquisa propõe realizar um debate entre violência e religião a 
partir da obra Os Demônios de Loudun (1952), de Aldous Huxley, e de teorias 
diversas da Filosofia, Teologia e Ciências da Religião. O livro desenvolve um 
revisionismo histórico, tecendo análises e críticas que alteram a compreensão 
dos fatos consolidados. A história convencional afirma que religiosas de um 
convento em Loudun, na França, foram possuídas por Demônios no século XVII. 
Na obra de Huxley, essa história é revisitada, e o que foi afirmado pela Igreja e 
pelo Estado na época como fruto de uma possessão demoníaca é visto como 
um caso de histeria coletiva. O autor acrescenta novas camadas de 
mailto:mailanapauladepaula@gmail.com
mailto:erik.schmitz@hotmail.com
 
77 
 
compreensão com reflexões históricas, filosóficas, teológicas e psicológicas 
sobre os fatos históricos narrados. Práticas de violências físicas, psicológicas e 
espirituais foram realizadas sobre as religiosas de Loudun, e torturas foram 
infligidas sobre o pároco da cidade com consequente execução na fogueira. 
Nossa análise tem como objetivos demonstrar que o fato visto como possessão 
na época, pode hoje ser considerado como doença psicossomática; que os 
poderes políticos e religiosos da França exerceram influência no desenrolar dos 
fatos; e que atualmente discursos políticos no Ocidente buscar relacionar 
política e religião para objetivos escusos de maneira obscurantista. Nossa 
abordagem metodológica será bibliográfica e teórico-crítica, sendo que tal 
justifica-se pelo fato de que o espaço da religião por muitos momentos na 
história foi lugar de condutas violentas sobre corpos e mentes humanas, prática 
que ainda é possível encontrar nos dias atuais, levantando debates que buscam 
promover o respeito pela vida humana. Com isto buscamos contribuir com as 
reflexões que norteiam este GT. 
Palavras-chave: Violência; Política; Religião; Loudun. 
 
EUFEMISMOS NA TRADUÇÃO DA VIOLÊNCIA VERBAL NO NOVO 
TESTAMENTO 
Francisco Benedito Leite 
ethnosfran@hotmail.com 
 
Resumo: O cristianismo primitivo, antes de sua institucionalização, cujo 
desenvolvimento começou a ocorrer no fim do século I E.C., é caracterizado 
como um movimento plural e diverso, sem hierarquia e sem unidade 
doutrinária. As comunidades cristãs estavam unidas pela crença na 
messianidade de Jesus – que foi injustamente morto, condenado à crucificação, 
e ressuscitou – e que esses acontecimentos haviam feito irromper o novo éon, a 
nova aliança de Deus com a humanidade. Apesar disso, havia muitas diferenças 
entre as crenças que eram compartilhadas pelas comunidades que residiam em 
diferentes localizações do Império Romano e que surgiram em diferentes 
momentos do primeiro século. Todas as comunidades cristãs primitivas eram 
judaicas, já que o próprio cristianismo era uma seita judaica na época, do 
mesmo modo todas elas estavam influenciadas pelo helenismo, que era a 
corrente cultural dominante naquele ambiente e naquele período. Entretanto, 
os diversos grupos cristãos diferenciavam-se, sobretudo, no que diz respeito à 
permanente adesão ao seguimento de certas tendências judaicas estritas, como 
a circuncisão, o regime alimentar, a segregação da mulher e a guarda do 
sábado. Nesse sentido, no Novo Testamento, os textos do apóstolo Paulo e do 
Apocalipse de João podem ser apresentados como polaridades. Por exemplo, 
mailto:ethnosfran@hotmail.com
 
78 
 
de um lado, o apóstolo dos gentios insiste que os crentes em Cristo de origem 
pagã não devem se circuncidar e que, ao invés disso, já que os judaizantes estão 
tão apegados a essa tradição, eles é que deveriam “castrar-se”; de outro, o autor 
do apocalipse canônico trata as comunidades paulinas da Ásia Menor como 
“sinagogas de Satanás”. Ataques verbais de um grupo cristão contra outro 
foram frequentes e estão no cânon neotestamentário, mas a leitura religiosa 
ignora-os e tenta silenciá-los a ponto de atualmente só serem perceptíveis por 
meio de uma leitura especializada. Diante disso, propomo-nos a realizar uma 
análise da ocorrência da violência verbal entre as comunidades primitivas, no 
caso, delimitamos as cartas paulinas e o Apocalipse. 
Palavras-chave: violência verbal; Paulo; Apocalipse; judaísmo; cristianismo. 
 
INTOLERÂNCIA E A “BUSCA PELA PAZ”: ANÁLISE DE DISCURSOS 
NEOPENTECOSTAIS DIRECIONADOS A RELIGIÕES AFRO- 
BRASILEIRAS 
Julia Geralda dos Santos Machado 
juuhhmachado45@gmail.comAiriely Ingrid Souza de Paula 
airielypaula@gmail.com 
Resumo: A intolerância religiosa destinada a religiões afro-brasileiras é um 
fenômeno que tem crescido, gradativamente, na sociedade brasileira. A 
presença de violências físicas e simbólicas em relação a esses grupos em 
diferentes contextos se deu mediante as especificidades do Brasil, construído às 
margens de um colonialismo segregativo e impositivo. Diante da crescente 
desse fato e da emergência, progressiva, dos grupos neopentecostais no Brasil, 
a presente pesquisa visa observar como se concebe essa intolerância 
atualmente por parte dos neopentecostais destinados às religiões afro-
brasileiras. Para isso, pretende-se analisar os discursos de Edir Macedo e 
Valdemiro Santiago - líderes evangélicos - em suas redes sociais (Instagram, 
Twitter e YouTube), de modo a detectar as características discriminatórias 
voltadas às religiões afro-brasileiras. Não obstante, é possível notar que os 
neopentecostais consideram religiões de matrizes africanas como “inimigas” e, 
por isso, promovem tais violências. A pesquisa se encontra em fase embrionária, 
mas traz percepções sobre como a marginalização social acontece e assim, fere 
a liberdade de expressão e os direitos humanos no que tange a diversidade 
social do país. Além disso, nos faz compreender como se dá a magnitude do 
fenômeno e troca de saberes de estudos relacionados com as questões étnico- 
raciais, contemplando o desenvolvimento da pesquisa. 
mailto:juuhhmachado45@gmail.com
mailto:airielypaula@gmail.com
 
79 
 
Palavras-chave: Discurso; Intolerância Religiosa; Neopentecostal. 
 
DA HERMENÊUTICA À DECOLONIALIDADE 
Jungley de Oliveira Torres Neto 
jungleyjf@hotmail.com 
 
Resumo: Pretende-se mediar a hermenêutica filosófica, a partir de Gadamer e a 
sua postura socrático-platônica, com o pensamento Latino-americano, mais 
precisamente, com a decolonialidade, abrindo-se às perspectivas de abordagens 
anti-violentas. A presente comunicação seguirá, portanto, o método 
hermenêutico em seu caminho dialógico. Neste labor, será proposta a reflexão 
dialógica nas bases da hermenêutica de Gadamer para além de seu lugar de 
fala. Em outros termos, será proposto o encontro autêntico da hermenêutica 
filosófica/ dialógica de Gadamer com o pensamento da América subalternizada 
durante anos, construindo-se, assim, uma proposta crítica e, ao mesmo tempo, 
de possibilidades de contatos e necessárias mediações. A justificativa da 
proposição da presente comunicação respalda-se na importância de debater e 
abordar as muitas faces da relação entre Religião e Violência, sejam elas 
denominadas: violência física, violência psicológica, violência moral, violência 
política, violência cultural ou toda força violenta de poder que se sobrepõe no 
mundo de modo discursivo, simbólico e prático. Objetiva-se suscitar o diálogo 
intercultural nas trilhas da hermenêutica filosófica, através da perspectiva 
dialógica, enquanto postura anti-violenta, pois o diálogo enquanto experiência 
hermenêutica conserva o lógos que pode ser compartilhado por todos, de 
modo que construa uma ‘ponte’ entre o Eu e o “Outro”. O caminho dialógico 
situa-se no movimento de abertura e não se enquadra em pressupostos fixos e/ 
ou fechados que justificam a apropriação do “Outro” nas categorias do Eu. 
Nessa abertura do diálogo, justifica-se a atitude anti-violenta, que leva em 
consideração a diversidade étnica: religiosa, cultural e histórica do “Outro”. 
Almeja-se suscitar reflexões e contribuições na área de pesquisa em Filosofia da 
Religião e, por conseguinte, no GT de Religião e Violência, de pensar na 
liberação da “verdade” do conhecimento epistêmico eurocêntrico, enquanto 
projeto universal-ocidental de bases económicas, políticas e epistêmicas de 
poder. Aspira-se refletir, na perspectiva dos entre-lugares, nos pontos de 
mediações/ fronteiras: que, ao mesmo tempo, separa, limita, mas, igualmente, 
permite o contato e, eventualmente, aproxima. O que permite-nos ir além da 
“terra natal” de Gadamer (ponto de partida da proposta de trabalho) e se 
direcionar às abordagens decoloniais (ponto de avanço do presente trabalho). 
Palavras-chave: Decolonialidade; Diálogo; Hermenêutica; Violência. 
mailto:jungleyjf@hotmail.com
 
80 
 
A PESSOA COMO FUNDAMENTO DA RELIGIÃO EM MAX SCHELER 
Luiza Bello 
luizabelloborges@gmail.com 
 
Resumo: Esta comunicação alicerça-se em uma pesquisa em andamento que 
pretende relacionar o personalismo ético, desenvolvido por Max Scheler em sua 
obra Formalismus in der Ethik und die materiale Wertethik (1912) e a 
possibilidade de renovação da religião na obra Probleme der Religion (1921). A 
fundamentação fenomenológica conferida por Scheler à pessoa oferece duas 
vias de reflexão. A primeira delas permite compreender a pessoa enquanto um 
valor do Sagrado (Wert des Heiligen), constituindo-se em um conteúdo estático 
independente das contingências dinâmicas do acontecer histórico, 
especialmente dos conflitos e das guerras pelos quais as vivências humanas 
perpassam. Ou seja, a pessoa - enquanto resíduo absoluto e eterno - resiste ao 
que há de violento no mundo. A segunda, por sua vez, refere-se à possibilidade 
da primeira via ter o condão de fundar uma renovação da religião no sentido 
da universalização e do compromisso com o que há de eterno no fenômeno 
humano, isto é, com a pessoa enquanto conteúdo valorativo. Os valores 
do Sagrado são incapazes de limitação, divisão e redução em seu próprio ser. 
Ora, se é a pessoa um valor desta natureza, eterno e universal, a intuição do ser 
pessoal do outro abre-se como possibilidade de apelo ao divino e comum nas 
experiências coletivas. Intuir o outro ser pessoal corresponde a uma vivência 
valorativa do Sagrado. Assim, a pessoa abre-se para as dimensões do divino, 
como o Incondicionado, o Infinito, a Finalidade última, a Fonte da ordem, a 
Origem da harmonia e o Sentido da vida. Tais dimensões confluem para Deus, 
transcendendo as dimensões meramente individuais, sensíveis e psicofísicas das 
concretudes vivenciais. Trata-se da possibilidade pessoal de ascender ao 
universal, eterno e absoluto. Nesse sentido, Scheler apresenta uma possibilidade 
de renovação da religião, compreendendo-a como um compromisso universal 
com a pessoa. O desenvolvimento da pesquisa se dá na forma de investigação 
filosófica em que se define um objeto identificável, o personalismo ético de 
Scheler e a possibilidade de renovação da religião, com o intuito de situar a 
pessoa como valor do Sagrado, oferecendo um olhar fenomenológico possível 
acerca da religião. 
Palavras-chave: Pessoa; valor; sagrado; religião; violência. 
 
 
 
mailto:luizabelloborges@gmail.com
 
81 
 
 
VIOLÊNCIA COMO HERMENÊUTICA RELIGIOSA 
Marcio Henrique S. Ribeiro 
mhribeiro@uol.com.br 
 
Resumo: Esta comunicação aborda a crítica feita pelo chamado novo ateísmo à 
religião, tendo em conta sua relação com a violência. Seu objetivo é apresentar 
seus questionamentos e hipóteses, bem como, as implicações para a imagem 
divina e a prática de fé a partir da violência. Metodologicamente, a análise do 
discurso dos autores representantes do novo ateísmo nos serve como mediação 
para a compreensão da crítica atual à religião. Para tanto, o objeto material 
desse exame são as obras representativas desse discurso; sendo objeto formal o 
modo como a religião e as imagens divinas são apresentadas. Disso resultam 
hipóteses que caracterizam a religião, seja como fenômeno imanente, ou 
fenômeno natural que exerce uma força maligna significativa em nosso mundo; 
seja como origem da violência e do mal, que, a partir de sua influência ambígua 
com relação à humanidade, ela não apenas representa, mas é um veneno para 
essa humanidade. Consequentemente, ao interpretar a religião como causa e 
replicação da violência, a crítica do atual ateísmo afirma a destrutividade da 
religião e predicaum mundo sem religião por conta do mal e da violência. 
Palavras-chave: Religião; Violência; Hermenêutica religiosa. 
 
O PAPEL DA IGREJA NA PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS QUANTO A 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E INTRAFAMILIAR 
Rosemeire Celestino da Costa 
rosemarrie1000@outlook.com 
 
Resumo: O Brasil tem convivido com um problema complexo e desafiador que 
vem abalando toda a sociedade, a violência doméstica e intrafamiliar contra 
crianças. Os traumas e as consequências desse mal merecem profunda reflexão, 
seguida de iniciativas sérias e urgentes, a fim de que o número de vítimas não 
atinja níveis incontroláveis. O objetivo geral é analisar, através de pesquisa 
bibliográfica, a responsabilidade e o compromisso da Igreja na proteção das 
crianças no que se refere a violência doméstica e intrafamiliar. A pesquisa 
bibliográfica visa contribuir na ampliação da compreensão a respeito dos 
aspectos que envolvem o tema em foco, sendo de fundamental importância, 
visto que suscita questionamentos de interesse acadêmico e social. O tema é 
relevante, visto que visa levar a Igreja a refletir sobre seu papel sociopolítico, 
pedagógico e cultural na prevenção e no enfrentamento desse tipo de violência 
mailto:mhribeiro@uol.com.br
mailto:rosemarrie1000@outlook.com
 
82 
 
contra as crianças. A Igreja deve assumir um papel mais efetivo na defesa dos 
direitos da criança, construindo estratégias eficazes de enfrentamento da 
violência doméstica e intrafamiliar para que possa modificar esse cenário, 
conscientizando, sensibilizando e instrumentalizando os líderes religiosos para a 
gravidade desse problema. Palavras-chave: Igreja. Violência doméstica e 
intrafamiliar. Crianças. 
Palavras-chave: Igreja; Violência doméstica e intrafamiliar; Crianças. 
 
VIOLÊNCIA E MECANISMO VITIMÁRIO NO CENÁRIO POLÍTICO 
BRASILEIRO ATUAL 
Rondinele Laurindo Felipe 
rondinelelfelipe@gmail.com 
 
Resumo: A pretendida comunicação versará acerca do debate das ocorrências 
de violências e perseguições vitimárias no cenário político brasileiro inspirada na 
teoria mimética do pensador franco-americano René Girard. Desse autor, 
destacaremos seu mote principal que é o estreito vínculo entre a violência e o 
sagrado, como consequência da polêmica noção de que os humanos seriam 
governados por um mimetismo de caráter competitivo que instauraria em crises 
e bestialidades de tal ordem que uma fortuita solução pacificadora não se 
isentaria de violência. Aliás, tratar-se-ia de violência vitimária e coletiva contra 
uma vítima, um bode expiatório. Desse modo, os sacrifícios expiatórios ao 
mesmo tempo que assumiam a função de apaziguarem a explosão de conflitos, 
revelariam nossa terrível disposição com implicações persecutórias e vitimárias. 
Isso nos faz pensar nas vítimas afetadas pelo sistema político no contexto 
brasileiro. De certa forma, a moralidade evangélica associada à política parece 
nos ofuscar ao ponto de encararmos com certa naturalidade as imposições de 
caráter violento propagadas em nome de deus. Diante disso, em que medida o 
“fator deus” legitima e sustenta formas de violências? Semelhante questão 
parece se confirmar na expressão máxima da campanha política, por assim 
dizer, vitimária do governo Bolsonaro que diz: “Brasil acima de tudo deus acima 
de todos.” Essa taxação de cunho hegemônico e exclusivista não deixa de 
reverberar com aspectos autoritários e pretenciosos quando assume uma 
ideologia particularmente teocêntrica. Aqui, o problema da violência não 
parece ser a violência em si, mas na maneira como impomos nossas “verdades” 
para maioria. Afinal, parece que a ideologia impositiva, pseudo evangélica, se 
impõe em virtude do bem comum, em nome da família, de deus, dos “cidadãos 
de bem.” Não obstante, os desassistidos vítimas da miséria, dos preconceitos e 
autoritarismos de todos os tipos, de um Brasil que ainda respira ares de violência 
patriarcal e colonial. Talvez, a postura decolonial nos permitirá enxergar através 
mailto:rondinelelfelipe@gmail.com
 
83 
 
dessa nuvem nebulosa que esconde as verdadeiras vítimas; os bodes 
expiatórios, inocentes, perseguidos pela lógica implacável e sentenciadora da 
epistemologia dominante. 
Palavras-chave: Violência; política; mecanismo vitimário; subalternidade; 
decolonialidade. 
 
CRÍTICA A DITADURA MILITAR BRASILEIRA À LUZ DA 
INTERPRETAÇÃO ESPINOSANA DE MARILENA CHAUÍ 
Tarcísio Lage Louzada 
tarcisio.louzada@usp.br 
 
Resumo: O presente trabalho pretende abordar a noção de história estrutural, 
dando ênfase a sua relação com a crítica da superstição espinosana tais como 
foram pensadas por Marilena Chauí, sobretudo em sua tese de doutorado 
Introdução à leitura de Espinosa, defendida em 1971. Partimos do pressuposto 
de que a noção de história estrutural foi fundamental para Marilena tecer o 
motivo central daquele trabalho: pensar o Estado autoritário a partir da crítica 
da superstição e a o possibilidade de transformação daquele. Dessa forma, 
entendemos ser possível tangenciar alguns dos pontos centrais da tese da 
autora, tendo em mente a afirmação da autora, qual seja, “No tempo sem 
garantia onde se efetuam liberdade e desejo de servir, a história se faz e, desde 
que não confundamos memória e hábito, o recurso ao passado é maneira de 
narrar o presente.” Pretendemos com essa temática repensar a relação entre o 
trabalho de história da filosofia e o tempo presente, isto é, de que modo a 
leitura de um autor clássico, como Espinosa, pode nos abrir um campo de 
pensamento que nos franqueie reagir criticamente a uma inquietação do 
presente, no caso de Marilena em seu texto e contexto de doutorado, a 
violência do Estado autoritário bem como da sociedade autoritária. 
Palavras-chave: Estado autoritário; violência; história estrutural; superstição; 
poder teológico-político. 
A GUERRA ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA: UMA REFLEXÃO A PARTIR 
DAS CIÊNCIAS DA RELIGIÃO 
Walison Almeida Dias 
prof.walisondias@gmail.com 
Carolina Lisboa Sisnando 
carolinasisnando1@gmail.com 
mailto:tarcisio.louzada@usp.br
mailto:prof.walisondias@gmail.com
mailto:carolinasisnando1@gmail.com
 
84 
 
Resumo: A presente pesquisa aborda uma reflexão do conflito armado e 
geopolítico entre Rússia e Ucrania, buscando abordar o papel da religião e 
como ela alimenta o nacionalismo russo e seu sentimento antiocidentalista. 
Metodologicamente, este trabalho caracteriza-se como um estudo bibliográfico, 
que para MARCONI e LAKATOS (2003) trata-se de uma “pesquisa e de um 
apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de 
importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes 
relacionados com o tema que compõem”. Nesse proposito metodológico, 
comtempla-se as seguintes etapas: 1) Levantamento bibliográfico; 2) 
Formulação do problema; 3) Identificação das fontes; 4) Leitura analítica do 
material; 5) Construção de fichamentos; 6) Redação final. Este estudo justifica-se 
na compreensão da religiosidade Russa enquanto um mecanismo legitimador 
da instituição governamental, passando a ter sua participação na guerra, de tal 
modo que a religião acabou tornando-se uma mola propulsora para a invasão 
do pais vizinho. O objetivo desta pesquisa é refletir o impacto da religião e da 
religiosidade no conflito entre Rússia e Ucrânia, percebendo sua força 
agenciadora na construção do ideal nacionalista e do sentimento de nação que 
emerge diante de várias demandas políticas, sociais e culturais. Os resultados 
prévios desta pesquisa apontam para uma reflexão do papel da religião 
enquanto um mecanismo de influência no conflito entre Rússia e a Ucrânia, 
haja vista que a elaboração de uma identidade única contribui para o 
argumento do atual presidente, justificada no discurso da “limpeza cultural 
legitima”. Com ambos países predominantemente ortodoxos, apelar para a 
religiosidade e as similaridades entre valores e costumes acaba sendo uma 
estratégiade unificação territorial possível para o chefe de Estado Russo. Neste 
sentido, a pesquisa contribui ao GT para a reflexão do papel da religião em 
conflitos armados em um mundo liquido e global, uma vez que direitos 
humanos são violados constantemente em virtude das ações políticas. Dessa 
forma, pensar o papel da religiosidade na guerra é criar possíveis rotas de 
análise em como a religião pode flutuar entre a promoção da paz, da vida e da 
liberdade humana, e ao mesmo tempo funcionar como mecanismo ideológico 
que justifica conflitos e desterritorializações. 
Palavras-chave: Religião; Religiosidade; Guerra; Rússia; Ucrânia. 
 
 
 
 
85 
 
GT 15 - RELIGIÃO, ARTE E MATERIALIDADES: NOVOS DESAFIOS E 
POSSIBILIDADES DE ESTUDOS 
Doutoranda Mara Bontempo Reis (UFJF) 
Mestranda Viviane de Sousa Rocha (UFJF) 
Ementa: Este Grupo de Trabalho (GT) tem por objetivo acolher pesquisas que 
abordam a relação entre religião, arte, materialidades religiosas, ritos, espaços e 
práticas devocionais, buscando produzir debates que compreendam os múltiplos 
atravessamentos dessas relações. Outrossim, a proposta deste GT é dar destaque às 
formas materiais e imateriais de produção de sentido e de experiência religiosa, 
como também de denúncia de violação dos direitos humanos e de busca pela paz 
na experiência e vivência do ser humano por meio da arte e da religião, por 
exemplo. Compreende-se por materialidades religiosas, tudo que compõe a 
dimensão material, ou seja, que envolve os aspectos físicos da religião, sejam eles 
objetos sagrados, construções arquitetônicas, arte sacra, dentre outros. Os estudos 
sobre religião material buscam compreender como as pessoas experimentam e 
vivenciam as religiões a partir dos objetos e toda a sua configuração. Trazer à luz os 
estudos sobre materialidade religiosa se faz necessário, tendo em vista que 
a dimensão material é essencial para a construção de identidades, crenças, grupos 
e comunidades religiosas (MEYER, 2019). Meyer considera que no campo das 
investigações sobre materialidades religiosas, deve haver o pressuposto de que as 
coisas, com os seus valores, ações e uso não são algo que se acrescenta às religiões, 
mas sim algo delas indissociáveis, pois os objetos não são inertes, eles estão o 
tempo todo participando, afetando e sendo afetados e desempenham um papel 
importante na relação humana. Paul Tillich (2009, p. 83) expõe que: "não existe 
criação cultural que não expresse a preocupação básica". Para esse autor é possível 
olhar para as obras culturais, artísticas e filosóficas, e também música, literatura, 
arquitetura, dança, como um protesto. Para ele, "religião é a substância da cultura e 
a cultura é a forma da religião" (TILLICH, 2009, p. 88). Mesmo a cultura, a arte 
secular, apresentam um olhar para o incondicional, o infinito. Ambos autores, 
Meyer e Tillich, consideram a religião e arte, a cultura da humanidade, e nos 
mostram que somente o ser humano é religioso e faz e admira a arte e é afetado 
por ela. Assim sendo, religião e arte constroem sentidos e identidades a partir da 
materialidade e do simbólico. Portanto, esse GT pretende reunir trabalhos de 
pesquisadores (a) que buscam investigar as diversas articulações entre religião e 
arte e suas diferentes configurações, propondo debater e apontar novos desafios e 
possibilidades de estudos. 
Palavras-Chave: Religião. Arte. Materialidades Religiosas. Práticas Devocionais. 
Direitos Humanos. 
 
86 
 
SANTUÁRIO DA SERRA DA PIEDADE: A ARTE SACRA UMA 
PERSPECTIVA DA LINGUAGEM DO CULTO MARIANO 
Adriana Fernandes Balbi 
adrianaf.balbi@gmail.com 
 
Resumo: Esta comunicação é fruto das pesquisas iniciais do percurso da 
dissertação de mestrado que visa na área de Linguagem Religiosa analisar a 
narrativa do culto mariano. Desse Modo laçando um olhar sobre a 
peregrinação, nos levantamentos de invocações à padroeira de Minas Gerais no 
Santuário da Serra da Piedade, o presente estudo tende analisar a arte sacra na 
imagem da Pietá. Lentava-se a seguinte pergunta: Qual o processo de leitura da 
imagem da Pietá na perspectiva da arte como uma proximidade de 
representação do sagrado? Através de revisão bibliográfica de autores que 
dialoguem com a temática pretende-se analisar a influência mútua da arte com 
a religião. Na trajetória histórica das peregrinações e seus enigmas, ao 
contemplar uma imagem o devoto torna se um artesão que retira 
representações do sagrado, esculpindo a expressão simbólica da imagem de 
Nossa Senhora sob o titulo da Piedade. A partir desses contextos, as relações 
entre arte e religião se estreitam, permitindo compreender ambas como formas 
de representação da narrativa de interpretações nas camadas de leituras do 
fenômeno contemplativo. 
Palavras-chave: Peregrinação; Arte Sacra; Culto Mariano. 
 
GRUPO DE MARACATU BAQUE MULHER 
Anna Paula Barreto Pedra 
ap_pedra@hotmail.com 
 
Resumo: O Baque Mulher é um grupo de maracatu formado em sua maioria 
por mulheres e liderado pela mestra Joana Cavalcante, Yakekerê Mãe Joana da 
Oxum (Mãe Pequena do Terreiro – segunda pessoa na hierarquia de mando de 
uma casa de Candomblé). Mestre Joana é a primeira mulher a coordenar o 
batuque de uma nação de Maracatu de Baque Virado, a Nação Encanto do 
Pina. Sua liderança marcou uma nova fase no maracatu através da inserção de 
mulheres na condução de instrumentos, lugar antes ocupado somente pelos 
homens. Isso gerou maior protagonismo feminino no maracatu, rearticulando 
pautas como gênero, tradição e luta política. Sendo uma expressão cultural 
gestada a partir de religiões afro-brasileiras - principalmente o candomblé nagô, 
o maracatu reproduz em suas letras e toques uma herança espiritual afro-
diaspórica, carregada de imagens, danças e cantos, além de sons e 
mailto:adrianaf.balbi@gmail.com
mailto:ap_pedra@hotmail.com
 
87 
 
instrumentos, que se tornam a própria manifestação do elemento religioso. Os 
trabalhos de Birgit Mayer (2019) apontam para a virada material nos estudos de 
religião que procura compreender como a religião ocorre materialmente, 
principalmente ao trabalhar a noção dos conceitos a partir dos dados 
etnográficos. A primeira forma de fazer isso é voltar a análise para a 
materialização do religioso em práticas corporais, musicais e instrumentais, 
distanciando-se de uma concepção cristã das abordagens religiosas. Assim, o 
objetivo desta comunicação é compreender como certas coisas e práticas, como 
os sons e instrumentos, constituem a religião no Baque Mulher. Analisaremos, o 
lugar dos instrumentos, das danças e da música como mediadores da religião 
no maracatu. Espera-se que esta discussão possa não só contribuir com as 
perspectivas materiais de compreensão da religião, como identificar em 
expressões culturais que articulam a luta antirracista e o empoderamento 
feminino a presença da religião. 
Palavras-chave: Maracatu; Baque Mulher; Religião Material. 
 
SALMO APÓCRIFO: UMA POESIA EXPERIENCIAL DE DEUS 
Letícia Alves Duarte Corrêa 
leticiaduarteteo@gmail.com 
 
Resumo: A palavra “apócrifo” é de origem grega e significa “escondido”. No 
cristianismo, conhecemos esta palavra como um adjetivo denominador dos 
livros não reconhecidos como autênticos pela igreja, livros que não estão 
presentes no cânon bíblico da igreja em questão. O livro dos Salmos é 
reconhecido como canônico por todas as igrejas que professam o cristianismo, 
além de ser um livro poético. Este possui grande importância para a 
religiosidade e espiritualidade cristãs, a poesia salmítica compreende o falar de 
Deus através da poesia para aquele que a lê e o experiencia. Contudo, a poesia 
não cessou após o falar dos salmistas, seguiu pela igreja primitiva e ate? hoje 
manifesta a voz do Poeta, Deus. Desta forma, o objetivo deste trabalho é 
apresentar a poesia apócrifa que segue sendo escrita, recitada e experienciada 
no mundo, mais precisamente, atravésda escritora mineira Adélia Prado. Adélia 
tem a fé como um fator importante na sua obra e em sua vida, para ela a 
experiência religiosa e a experiência poética procedem de uma mesma fonte. A 
poeta que não deseja fazer o pão de Deus, que fica feia quando ele lhe tira a 
poesia, que chora até entender qual é o seu ex-voto e que exclama que a poesia 
a salvará, nos ensina acerca da experiência poética e de como a poesia pode ser 
uma condutora da fé. 
Palavras-chave: Poesia; salmos; apócrifo; Adélia Prado. 
mailto:leticiaduarteteo@gmail.com
 
88 
 
IMAGENS SIMBÓLICAS: UM ESTUDO DA OBRA “O NASCIMENTO 
DE VÊNUS” A PARTIR DE ABY WARBURG 
Marcel Henrique Rodrigues 
marcel_academico@hotmail.com 
 
Resumo: A História da Arte, com seu caráter interdisciplinar, tem muito a 
contribuir com a Ciência da Religião. Isso fica evidenciado na análise de uma 
obra de arte, especialmente as obras que foram produzidas durante o 
Renascimento que, em sua grande maioria, possuem significados religiosos. 
Assim, o presente trabalho pretende trazer à tona a importância de se estudar 
imagens no âmbito da Ciência da Religião, exemplificada através de uma obra 
de arte em especial: “O nascimento de Vênus” de Sandro Botticelli. Para isso, 
vamos lançar mão dos estudos do historiador da arte Aby Warburg, uma vez 
que suas contribuições abrangem importantes aspectos religiosos na 
interpretação do mencionado quadro. Porém, mais do que a análise dessa obra 
prima, Warburg mostra-se genial ao abordar questões que vão desde a religião, 
passando pela Filosofia, Mitologia, História da Medicina entre outros campos. 
Assim, os estudos de Warburg são um exemplo para nós, pesquisadores da 
Ciência da Religião, de como outras disciplinas investigativas podem auxiliar na 
compreensão do fenômeno religioso, especialmente a partir da linguagem 
religiosa, tendo como fonte a própria obra de arte, uma vez que essa última, 
assim como a religião, caminha, desde tempos imemoriais, junto com a 
Humanidade. 
Palavras-chave: Renascimento; Aby Warburg; História da Arte; Ciência da 
Religião; Nascimento de Vênus. 
 
ISLÃ X CANDOMBLÉ A MATERIALIDADE DOS MALÊS COMO 
LEGADO RELIGIOSO NO TERREIRO DO BOGUM, SALVADOR, 
BAHIA 
Rodrigo Nogueira Martins 
rodrygovirtual@hotmail.com 
 
Resumo: Esta comunicação organiza-se a partir da compreensão de que houve 
um compartilhamento de saberes nas concepções sagradas entre o Islã e o 
Candomblé, em especial pelos Malês, na comunidade do Terreiro do Bogum, 
que tem como nome oficial: Zoogodô Bogum Malê Rundó. Sendo desenvolvida 
inicialmente através de uma revisão bibliográfica sobre os Malês e o Terreiro do 
Bogum, tendo como ponto de partida a Revolta dos Malês, seguida de um 
estudo etnográfico a ser realizado na comunidade do Terreiro do Bogum. 
Tendo como foco o estudo da cultura material-religiosa do Islã no Bogum 
mailto:marcel_academico@hotmail.com
mailto:rodrygovirtual@hotmail.com
 
89 
 
Contemporâneo. Com o objetivo de identificar o contexto material e imaterial 
do Islã e a sua produção de sentido e de experiência religiosa oriundos do 
contato entre ambas as religiões nas dependências do terreiro. A realização 
desta comunicação justifica-se pelo fato de que a interseção religiosa entre o Islã 
e o Candomblé ainda não foi abordada pelas Ciências da Religião, menos ainda 
quando se pretende buscar a compreensão da cultura-histórico-religiosa dos 
Malês, e menos ainda, abrangendo como foco da pesquisa a materialidade do 
Islã em um terreiro. Para um entendimento mais amplo sobre a materialidade 
proveniente do contato entre o Candomblé e o Islã, se fará necessária a 
compressão da origem, translado ao Brasil e religiosidade dos Malês, aliado a 
um resgate sobre a gênese do Terreiro do Bogum e o seu papel na Revolta dos 
Malês. Por fim, esta comunicação pretende promover não apenas o 
aprofundamento do estudo da materialidade religiosa nas Ciências da Religião, 
como ainda aplicar seus conceitos para analisar a partir deste ponto de partida 
os espaços de culto destinados às religiões de religiões de matrizes africanas e 
suas construções de sentido. 
Palavras-chave: Islã; Candomblé; Arte; Materialidade; 
 
IMAGENS SACRAS EMPAREDADAS - MATERIALIDADE DA 
DEVOÇÃO CAIÇARA. 
(LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO) 
Rosangela D. Ressurreição 
roseress@uol.com.br 
 
Resumo: A cidade de São Sebastião foi elevada à categoria de vila em 1636 nas 
primeiras décadas do século XVII, mantendo algumas práticas religiosas, cultura 
material edificada e imagens sacras - testemunho da fé e devoção caiçara. Essa 
cidade histórica possui um Museu de Arte Sacra que ocupa as dependências da 
Capela de São Gonçalo, um exemplar do século XVII situado na zona central da 
cidade. Patrimônio arquitetônico de São Paulo, foi construída em alvenaria de 
pedra e barro. Embora seu acervo tenha origem paroquial, as imagens religiosas 
estão presentes de forma importante no cotidiano das famílias dos moradores 
da região. As imagens sagradas são objetos de devoção que vão além de sua 
finalidade principal: participam da vida da comunidade caiçara e afetam a 
todos. A história do caiçara baseia-se nas práticas religiosas no cotidiano, por 
meio das quais o sagrado se torna vívido e real, possibilitando a conexão do 
material e do espiritual. Nesse sentido e na prática religiosa cotidiana, a 
expressão das crenças do povo caiçara torna-se visível e tangível. Nessa 
comunicação, o objetivo é destacar o trabalho de restauração realizado de 
quatro imagens sagradas encontradas na restauração da Matriz em 2000. As 
mailto:roseress@uol.com.br
 
90 
 
peças foram emparedadas e, quando encontradas, foram cuidadosamente 
embaladas e armazenadas na reserva técnica do museu. Nossa Senhora com o 
Menino de cerâmica modelada, dourada e policromada, a Imagem do Bispo de 
cerâmica modelada, dourada e policromada, a Imagem de Santo Antônio foi 
encontrada com 70% da volumetria íntegra e a última peça resultante da 
reforma da Matriz é a Imagem de Cristo, essa peça estava fragmentada em 
numerosas partes, cerca de 100 fragmentos, o que correspondem, a pelo 
menos 70% da peça íntegra. 
Palavras-chave: Materialidade; Imagens Sacras; devoção. 
 
“BELAS PRA GLÓRIA DE DEUS” – NOTAS INTRODUTÓRIAS A 
ANÁLISE DE UMA TEOLOGIA DO CUIDADO NO CALVINISMO 
CONTEMPORÂNEO 
Sergio Tuguio Ladeira Kitagawa 
sergiokita@gmail.com 
 
Resumo: O trabalho tem por objetivo apresentar notas introdutórias a análise 
da abordagem do cuidado nos textos e falas de Norma Braga Venâncio. 
Evangélica, Venâncio é doutora em literatura francesa pela Universidade 
Federal do Rio de Janeiro e mestre em teologia pelo Centro Presbiteriano de 
Pós-Graduação Andrew Jumper, atuando como conferencista em eventos 
promovidos por diferentes instituições evangélicas. Publicou o livro “A Mente 
de Cristo: conversão e cosmovisão cristã” que inclui textos publicados em seu 
blog “Teologia & Beleza”, voltado para o público evangélico feminino onde trata 
de temas como imagem pessoal, beleza interior, submissão da esposa ao 
marido, dentre outros. Também pelo blog, oferece palestras sobre 
“Cosmovisão Cristã e Beleza Feminina” e seus serviços de consultoria de 
imagem. Analisando seus textos veiculados no blog e em sites evangélicos, bem 
como suas postagens em redes sociais (Twitter, Facebook, Instagram) e ainda 
palestras e apresentações disponíveis em seu canal no Youtube, pretende-se 
esboçar o que pode ser percebida como uma “Teologia do Cuidado” ou mesmo 
uma “Teologia da Beleza”, amparada no referencial teológico calvinista. 
Buscando elementos para definir a concepção de Venâncio sobre o cuidado, 
espera-se contribuir para a análise da construção de identidades e 
representações do feminino no calvinismo contemporâneo, enquanto modo 
constitutivo do indivíduo que reflete sobre seu agir no mundo a partir da fé. 
Palavras-chave: Calvinismo; Teologia;Beleza; Cuidado; Cosmovisão; 
 
mailto:sergiokita@gmail.com
 
91 
 
MÚSICA COMO RELIGIÃO MATERIAL: A EMERGÊNCIA DE UMA 
NOVA ABORDAGEM E O CASO GOSPEL 
Waldney de Souza Rodrigues Costa 
professordney@gmail.com 
 
Resumo: Geralmente tida como cultura imaterial, a música sempre foi 
importante no estudo acadêmico das religiões, mas a forma se alterou ao longo 
da história da disciplina. O objetivo dessa comunicação é, a partir de um 
comentário à bibliografia disponível, apresentar as principais alterações em 
direção ao paradigma do estudo das religiões a partir da cultura material e 
destacar traços gerais do que seria uma abordagem da música como religião 
material, tomando o caso do fenômeno gospel como exemplo. A literatura 
parece indicar que, na Ciência da Religião, a abordagem da música 
acompanhou a evolução da descoberta das fontes de pesquisa. Quando 
textuais, o foco recaiu sobre as letras das canções como texto, e, quando orais, 
sobre elementos comumente analisados em entrevistas, como entonações e 
silêncios. A descoberta das fontes materiais e a tomada do som como elemento 
material permite destacar aspectos que as abordagens anteriores deixavam a 
descoberto. No caso gospel, chama a atenção a dinâmica religiosa gerada 
quando o som passa a circular em diferentes suportes não atrelados às 
instituições religiosas e as variações especificamente musicais, em termos de 
compasso, ritmo e harmonia, que acompanharam as transformações religiosas, 
sobretudo no contexto brasileiro. 
Palavras-chave: Cultura material; Ciência da Religião; Música Gospel; 
Protestantismo e Pentecostalismo; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:professordney@gmail.com
 
92 
 
GT 18 - RELIGIOSIDADES AFRO-AMERICANAS: CRENÇAS, 
SINCRETISMOS, RITUAIS E RESISTÊNCIAS 
Doutorando Eduardo Garcia Necco Peixoto Regis (UFJF) 
Doutoranda Vitória Marques Bergo (UFJF) 
Mestranda Tharsis Corrêa Oliveira (UFJF) 
Ementa: A diáspora forçada de africanos escravizados para as Américas, através 
da colonização européia, moldou as modalidades de crença nesses territórios. 
Tenha sido pelo trânsito de ideais e conceitos religiosos entre as diversas 
crenças africanas diante da imposição do cristianismo, pela interação com as 
culturas ameríndias ou pelo surgimento de modalidades crenças próprias dos 
povos das Américas, é possível destacar que o campo religioso americano tem 
sido fértil e interessante para as pesquisas desenvolvidas pela ciência da 
religião. Neste sentido, além de oportuno, é necessário que a discussão e que a 
produção de conhecimento acerca destas religiosidades seja fomentada, 
objetivando uma compreensão mais precisa do próprio campo religioso 
americano atual. Compreende-se que o olhar cuidadoso para as diversas 
modalidades de crenças americanas que apresentam matriz africana, bem como 
o estudo comparativo das mesmas são chaves para que possamos perceber as 
estruturas de crença que moldaram o cenário cultural americano. Além disso, a 
difusão de trabalhos cujos temas circundam as religiosidades de matriz africana 
corrobora com a proposta temática do VI CONACIR: "Religião, busca pela Paz e 
Direitos Humanos". Na medida em que a intolerância religiosa contra as 
religiões de matriz afro vem crescendo nos últimos anos, compreendemos a 
importância da disseminação, divulgação e circulação das pesquisas científicas 
que abordam tais manifestações, em suas pluralidades, convergências e 
diferenças. Assim, o GT também busca oportunizar o debate proposto pelo 
evento, sobre como podemos pensar a busca pela Paz em relação com o 
diálogo inter-religioso. Este GT tem o objetivo então de promover a discussão 
acerca de religiosidades afro-americanas, como: Candomblé, Umbanda, 
Quimbanda, Tambor de Mina, Jurema, Vodou, Voodoo da Louisiana, Palo 
Monte, Regla de Ocha, Maria Lionza e outras. Neste contexto, buscamos 
destacar trabalhos que estejam em desenvolvimento no âmbito das pesquisas 
em Ciência da Religião e das Ciências Humanas, abordando tanto questões 
relativas a estas modalidades de crença em sua singularidade, quanto em 
comparação com outras modalidades afro-americanas: principalmente no que 
tange as suas crenças e capital simbólico formativo, derivativo, rituais, mitos e 
experiências religiosas, bem como hibridismos e sínteses. Serão priorizados os 
trabalhos em fase atual de desenvolvimento, cujas pesquisas estejam em curso e 
que dialoguem com a área da Ciência da Religião. 
Palavras-Chave: Religiosidade afro-americana; Religiosidade ameríndia; 
Sincretismo; 
 
93 
 
UMA PROPOSTA DE DESCONSTRUÇÃO DO RACISMO RELIGIOSO 
SOFRIDO PELOS ADEPTOS DO TAMBOR DE MINA NA AMAZÔNIA: 
CONTRIBUIÇÕES DA FILOSOFIA DE THEODOR ADORNO 
Arlindo Figueiredo Do Rosário Júnior 
ajuniordeode@yahoo.com.br 
 
Resumo: Este estudo tem por objetivo apresentar possíveis formas de destruição 
de preconceito e racismo religioso sofridos pelos adeptos do tambor de mina 
tradicional na Amazônia, tendo como base a filosofia adorniana. A metodologia 
utilizada foi a pesquisa bibliográfica que apresenta as ideias fundamentais 
acerca do tambor de mina, bem como os pressupostos teóricos apresentados 
pelo filósofo Theodor Adorno, fazendo como que haja um estudo 
pormenorizado do fenômeno afro-religioso. É uma pesquisa qualitativa que 
agrega ideias que possam resolver a seguinte problemática: Como podemos 
propor o aniquilamento do racismo religioso na Amazônia, a partir do 
pensamento adornando? O tambor de mina compõe um grupo de religiões 
que constantemente são vítimas da barbárie que é o racismo religioso. Os 
ataques a terreiros, a discriminação, os insultos, são atos constantes. Em se 
tratando de “barbárie”, podemos recorrer aos filósofos frankfurtianos que são 
contemporâneos à trágica realidade do Nazismo de Hitler e o extermínio de 
judeus em campos de concentração. Adorno faz uma grande análise da 
realidade alemã nos ajudando a extrair meios de superação da atual barbárie na 
Amazônia, com relação a destruição de minorias religiosas. Nossas inquietações 
nasceram a partir das considerações finais da pesquisa intitulada “Tambor de 
mina tradicional: Diálogos pertinentes entre religião e meio ambiente”, onde foi 
concluído que não existe respeito para com os ritos do tambor de mina e que 
estes são discriminados por falta de conhecimento por parte das pessoas. 
Dentre os resultados da pesquisa, a implementação de uma educação 
emancipatória onde a pessoa seja livre para exercer o pensar, a partir de suas 
verdades, que podem se concebidos através de uma pedagogia libertadora. 
Esta pesquisa contribui com uma discussão sobre a ideia de resistência que as 
comunidades tradicionais de matriz africana vêm tendo diante de uma 
sociedade racista e preconceituosa, além de propor um diálogo inter-religioso 
para o evento. 
Palavras-chave: Tambor de mina; Racismo religioso; Educação emancipatória. 
 
MÚSICA E RELIGIÃO NO ATLÂNTICO NEGRO: O CASO DO RAP 
BRASILEIRO 
Bruno De Carvalho Rocha 
brunorocha_47@hotmail.com 
 
mailto:ajuniordeode@yahoo.com.br
mailto:brunorocha_47@hotmail.com
 
94 
 
Resumo: A música desempenha um papel central em manifestações políticas, 
culturais e religiosas entre populações africanas de diferentes lugares. Distintos 
gêneros musicais decorrentes desse processo apresentam-se revestidos de 
múltiplos sentidos civilizatórios de todo um povo em dispersão e em 
movimento. O trânsito de ritmos e de experiências sonoras, gestadas no interior 
das culturas afro-diaspóricas, fundamentam uma das mais importantes 
expressões musicais contemporâneas: o rap. Nas palavras do rapper Edi Rock, 
“A música negra é como uma grande árvore, com vários galhos e tal. O Rap é 
um, o Reggae é outro, o Samba também. Agora vamos mostrar mais um deles, 
então: Racionais Mc’s, fio da navalha”. Esse gênero musical desenvolvido na 
periferia dos grandes centros urbanos navega entre os limites e encruzilhadas 
do Atlântico negro, conectando e articulando as mais variadas expressõesda 
experiência moderna e do imaginário religioso trans-atlântico. Sendo uma 
herança narrativa cancional de negros e pobres da diáspora, o rap, enquanto 
parte da música negra, articula um “fundo comum de experiências urbanas”, 
um “legado de africanismos”, além de um “estoque de experiências religiosas” 
(GILROY, 2012, p.175). Segundo Paul Gilroy, todas essas expressões musicais 
“alimentaram uma nova metafísica da negritude”, responsável por organizar e 
negociar a experiência de jovens negros nos mais diversos contextos de 
vulnerabilidade social. Através de algumas canções do rap brasileiro, o objetivo 
desta comunicação é compreender a construção do imaginário religioso afro-
diaspórico por meio do que chamaremos de “modos mítico-poéticos do rap” e 
como esta discussão contribui para o desenvolvimento de pesquisas na ciência 
da religião, que tem nas musicalidades negras o seu interlocutor/objeto 
principal. 
Palavras-chave: Música; Religião; Atlântico negro; Diáspora; Rap. 
 
CANDOMBLÉ: MEMÓRIA, RESISTÊNCIA, INOVAÇÃO 
Janara Puchulate De Moraes 
janarapuchulate@id.uff.br 
 
Resumo: Ainda que um ser humano olhe para outro e veja um objeto, aquele 
que é olhado como coisa continua sendo humano e continua possuindo 
cultura, costumes e fé. É sobre a permanência e reinvenção da fé dos iorubás, 
que estão entre os povos que foram trazidos forçadamente da África para o 
Brasil, que pretendemos dissertar. As crenças dos iorubás que foram trazidas 
para o Brasil através da escravização se transformaram, entre outras 
manifestações culturais, no Candomblé. O Candomblé, então, religião muitas 
vezes vista como algo ruim, apesar de ter origens na fé praticada na África, é 
uma religião brasileira que surgiu na Bahia, no século XIX. Não existia a religião 
chamada Candomblé na África. Antes da vinda dos iorubás para o Brasil, antes 
da colonização europeia na África, não havia em tal continente a necessidade 
de se nomear a fé. O que havia em tal região era a religiosidade local, que, no 
mailto:janarapuchulate@id.uff.br
 
95 
 
Brasil, recebeu uma ressignificação. Acreditamos que tal ressignificação coloca o 
Candomblé como uma religião que guarda a memória dos tempos da 
escravidão e do período anterior a ela. Como também faz do Candomblé uma 
forma de resistência, já que não se admitia que pretos e pretas fossem pessoas, 
que dirá pessoas com uma forma própria de fé. Mas para isso tudo o 
Candomblé também precisou da inovação para se fazer existir e permanecer 
existindo num contexto desfavorável à sua existência. 
Palavras-chave: Candomblé; Memória, Resistência, Religiosidade;Ressignificação. 
 
AS RELIGIÕES AFROBRASILEIRAS NO AMAZONAS: UM CAMPO DE 
ESTUDOS EM CONSTRUÇÃO 
Manoel Vitor Barbosa Neto 
neto_barbosa28@outlook.com 
 
Resumo: Quando se fala em religiões afrobrasileiras o Estado do Amazonas não é 
lembrado como um polo da presença destas. Alguns elementos podem ser 
utilizados para justificar essa realidade como a construção historiográfica que por 
muito tempo invisibilizou a presença africana na região norte ou no processo de 
consolidação dos estudos das religiões de matriz africana que pensou esta região de 
maneira genérica ou sem importância sustentada pelas ideias de “pureza religiosa”, 
etc. e, do ponto de vista acadêmico local, este grupo de religiões não adquiriu tanto 
interesse para a práxis investigativa. Esses fatores contribuíram para a invisibilidade 
das religiões afrobrasileiras no Estado, porém, não significa dizer inexistem trabalhos 
realizados nessa área. Nos últimos sete anos têm surgido teses e dissertações sobre 
este tema. Nesse sentido, esta comunicação objetiva apresentar um estado da arte 
das pesquisas sobre as religiões de matriz africana em solo amazonense, tratando-
se, portanto, de um estudo preliminar de natureza bibliográfica. A perspectiva 
adotada nessa pesquisa possibilitou conhecer algumas características do campo 
afroreligioso. Considerando a proposta deste GT, esta pesquisa é um contributo à 
difusão das pesquisas sobre as religiões afrobrasileira no Amazonas. 
Palavras-chave: Religiões Afrobrasileiras; Amazonas; Pesquisa. 
 
 
O JARÊ EM TORTO ARADO 
 
Paula Mendonça Dias 
paulamendoncad@gmail.com 
 
Resumo: No romance Torto arado (2018), vencedor dos prêmios Jabuti e 
Oceanos de 2020, escrito pelo autor e geógrafo baiano Itamar Vieira Junior, são 
notórias a presença e a influência do jarê, religião desenvolvida na Chapada 
Diamantina, concebida historicamente a partir do entrelaçamento entre 
entidades do candomblé, santos católicos e espíritos indígenas. Por isso, neste 
mailto:neto_barbosa28@outlook.com
mailto:paulamendoncad@gmail.com
 
96 
 
trabalho, objetiva-se criar uma ponte entre o jarê e o papel que exerce no 
romance a fim de melhor compreendê-lo e analisá-lo. Para tanto, pretende-se 
primeiramente explorar as origens dessa religião, suas festas, cantigas e 
entidades. Em um segundo momento, procura-se identificar e investigar as 
implicações do jarê na obra, dando ênfase à entidade narradora Santa Rita 
Pescadeira, considerando sua função dentro da narrativa e, principalmente, no 
desfecho do livro. Por fim, procura-se verificar de que modo o jarê dentro de 
Torto arado representa não só uma religião sincrética característica da região, 
mas também uma estratégia de resistência no contexto rural do sertão baiano, 
em especial na fazenda de Água Negra. Dessa forma, espera-se, a partir deste 
trabalho, poder contribuir para a pesquisa acerca do recente romance e da 
religião ainda pouco conhecida e estudada. 
Palavras-chave: Literatura afro-brasileira; Torto arado; Jarê. 
 
DIREITOS HUMANOS E A QUESTÃO DO RACISMO RELIGIOSO 
CONTRA AS RELIGIÕES DE TRADIÇÃO DE TERREIRO 
Ronald Belinassi 
rbelinazzi@gmail.com 
 
Resumo: Os praticantes das religiões de tradição de terreiros sofrem com 
ataques intolerantes e ameaças aos seus direitos de liberdade religiosa, 
perpetradas por diversos fatores que configuram a presença de um racismo 
religioso originário do passado colonial e revigorado por discursos e práticas 
religiosas que atuam como postulantes de uma “verdade” e de pretensos 
universalismos dos perseguidores do povo de santo. Nesse sentido, o presente 
trabalho, apresentará os resultados da atuação dos praticantes da fé das 
religiões de tradição de terreiro, diante dos atos intolerantes e do desrespeito à 
liberdade religiosa. O objetivo desta análise é compartilhar uma reflexão sobre a 
forma como os praticantes usam os recursos de defesa de sua fé, dos meios 
legais para legitimação dos terreiros e de constantes diálogos com diversas 
religiões não cristãs, configuram como um empecilho ao proselitismo cristão e 
suas pretensões de imposições de fé através da violência e das violações dos 
direitos à liberdade religiosa. 
Palavras-chave: Direitos humanos; Intolerância religiosa; Racismo religioso; 
Religiões tradicionais de terreiro; Resistências. 
 
 
 
 
mailto:rbelinazzi@gmail.com
 
97 
 
QUANDO O SUBALTERNO FALA: A NARRATIVA DE AXÉ DE MÃE 
BEATA DE YEMONJÁ 
Sávio Roberto Fonseca De Freitas 
savioroberto1978@yahoo.com.br 
José Bartolomeu Dos Santos Júnior 
jbsjr@hotmail.com 
 
Resumo: O objetivo deste estudo é desenvolver uma análise de contos de Mãe 
Beata de Yemonjá e mostrar que a literatura afro-brasileira de autoria feminina 
cumpre uma agenda social de reflexão sobre temas que se voltam ao universo 
da cultura afro-brasileira. A coletânea de contos Caroço de dendê (2002), de 
Mãe Beata, apresenta a sabedoria dos terreiros como uma possibilidade de 
construção de uma poética afro-brasileira, a ficção curta de axé, que ensina o 
conhecimento oral dos babalorixás, das ialorixás e dos orixás como veículo de 
uma educação que se pauta na lei do santo (VALLADO, 2010), da 
representatividade de grupos minoritários (SOUZA, 2002, p.81) e da mitologia 
dos orixás (PRANDI, 2001). 
 
Palavras-chave: Poética afro-brasileira, Ficção curta de Axé, Mãe Beata de 
Yemonjá.mailto:savioroberto1978@yahoo.com.br
mailto:jbsjr@hotmail.com
 
98 
 
GT 19 - RELIGIOSIDADES, MOVIMENTOS SOCIAIS E CRIAÇÃO DE 
HORIZONTES POSSÍVEIS 
 
Profa. Dra. Maria do Carmo Gregório (UFF) 
Profa. Dra. Susana Maria Maia (UFF) 
Doutorando Joilson de Souza Toledo (PUC-Rio) 
Ementa: Na contemporaneidade e na história do continente latino-americano 
os movimentos sociais têm sido lugares de gestar, nutrir e reavivar utopias. 
Mulheres e homens das mais diversas faixas etárias têm se reunido e elaborado 
práticas, ideias, vivências e discursos sistematizados ou não, tendo em vista a 
transformação da sociedade, a busca pela paz, e a luta pelos direitos humanos e 
sociais. Diante das estruturas sociais em voga em cada tempo coletivos, 
insurreições, movimentos, agremiações, grupos e pastorais tem sido um espaço 
de afirmação que “outro mundo é possível e necessário”. A disputa antes e na 
atualidade não se dá somente no concreto das reivindicações, mas também na 
constituição e legitimação de valores, projetos e horizontes possíveis. Não se 
constituíram somente a partir das pautas que apresentaram, mas 
principalmente construíram enfrentamentos, reivindicações e proposições, 
algumas destas posteriormente tornaram cotidiano o que décadas atrás era 
percebido como inusitado. Em vários destes grupos e movimentos sociais é 
possível reconhecer as religiosidades como fator de motivação ou aglutinação 
das pessoas. A maneira como pessoas, entidades e grupos experienciaram (e 
experienciam) o sagrado, fomenta, dá plausibilidade e traz sentido para a 
compreensão do protagonismo dos empobrecidos, a defesa de direitos 
humanos e sociais e o envolvimento em lutas pela libertação. Estes processos 
têm sido investigados a partir de vários campos do saber e em especial pelas 
ciências da religião. Os cenários brasileiros atuais onde agendas e disputas têm 
sido atravessadas por discursos religiosos mostram mais prementes as 
investigações neste campo. O presente GT propõe- se a acolher trabalhos que 
investiguem a interface entre os mais diversos grupos e movimentos 
reivindicadores de direitos com as religiosidades, na construção de horizontes 
possíveis. Atravessados pelos desafios do cenário nacional, este GT entende 
como fundamental que a pesquisa científica, de forma interdisciplinar, analise as 
lutas sociais atravessadas pelo fenômeno religioso. 
Palavras-chave: Religiosidades; Disputas; Direitos; 
 
99 
 
PRESSUPOSTOS, SALVO ENGANO, DAS "TEOLOGIAS DE 
LIBERTAÇÃO” 
André Vinicius Souza Castro 
andrevscastro@outlook.com 
 
Resumo: A crítica, enquanto tentativa teórica de primarizar o objeto e a partir 
dele desenhar um método que tenha os traços das suas contradições, parece 
ter sido abandonada nas leituras feitas das Teologias de Libertação. Essa nova 
forma teológica que prioriza a práxis de libertação enquanto fundamento 
educativo da produção teológica muitas vezes permanece como uma aporia 
social. Quando se tenta explicitar os contornos das novidades que criou, sem 
abraçar as suas próprias formas e contradições sociais imanentes, não se 
consegue apreender o movimento do objeto, mas uma imagem estática, 
incompleta. O atual trabalho pretender apreender, dando primazia ao objeto, o 
lastro que as Teologias de Libertação fundaram nas construções e contextos 
políticos dos seus períodos, e para isso iremos adentrar na leitura das primeiras 
obras de três autores de tradições diferentes das Teologias de Libertação: James 
H. Cone, em Black Theology and Black Power (1969); Rubem Alves, Towards a 
Liberation Theology (1968); Hugo Assmann, Teología desde la praxís de la 
liberación (1973). Nessas obras iremos debater o que elas dialogam 
internamente, e o que elas apresentam de um conteúdo social que lhes era 
comum. Trata-se, sobretudo, de buscar nas Teologias da Libertação as marcas 
de um social que já não existe no novo tempo do mundo. 
Palavras-chave: Teologia de Libertação; Luta popular; Novo tempo do mundo; 
Crítica imanente; 
 
"A ESPERANÇA TECE A LINHA DO HORIZONTE": APONTAMENTOS 
DE UMA PESQUISA 
Joilson de Souza Toledo 
mistagogo@yahoo.com.br 
 
Resumo: Os anos 60 no continente Latino-Americano foram marcados pela 
emergência de uma configuração de cristianismo onde o seguimento de Jesus é 
vivenciado no compromisso com os empobrecidos. Nestas vivências fé e 
política, vida em comunidade e atuação publica, oração e militância se tornaram 
momentos, ou dimensões, de uma única experiência confessional. Os frutos 
mais expressivos deste processo são da Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) e 
a Teologia da Libertação. Neste contexto os movimentos sociais têm sido uma 
importante ferramenta de implicação com as causas e projetos de 
transformação social em diversos contextos. Todo este fenômeno que Michael 
Löwy intitulou Cristianismo da Libertação. Desde sua obra Guerra dos deuses 
este conceito tem sido utilizado em pesquisas nas ciências sociais, nas ciências 
mailto:andrevscastro@outlook.com
mailto:mistagogo@yahoo.com.br
 
100 
 
da religião, mas também em outros campos de saber. A presente comunicação 
é parte de uma pesquisa em andamento que almeja abordar um segmento de 
Cristianismo da Libertação, a Pastoral da Juventude (PJ), a partir do conceito 
esperança responsável. Inicia a apresentando o Reino de Deus como uma das 
principais representações que mobilizam os cristãos da libertação. 
Posteriormente apresenta o conceito de esperança responsável em diálogo com 
a conceituação de esperança presente em autores da teologia e das ciências da 
religião. Por fim elenca perspectivas para a continuidade das pesquisas. 
 
Palavras-chave: Reino de Deus; Libertação; Esperança; Seguimento de Jesus; 
Empobrecidos; 
 
 
RELIGIOSIDADES E MOVIMENTOS SOCIAIS: DA PEDAGOGIA DO 
ACOMPANHAMENTO A PEDAGOGIA DO POVO SEM VEZ ENTRE 
1970 E 1990. 
Maria do Carmo Gregório 
mcgregorio@id.uff.br 
 
Resumo: O Cristianismo da Libertação foi um movimento que estendeu suas 
vivencias e implicações para além dos espaços do catolicismo e mesmo do 
cristianismo nas áreas rurais e nas periferias de grandes cidades. Enquanto 
construção religiosa e popular buscou nas lutas sociais do passado as 
ferramentas necessárias na construção de experiências e diálogos visando a 
plenitude humana para diferentes sujeitos sociais individuais e coletivos. As 
experiências desencadeadas por esse processo foram objetos de diferentes 
estudos. As pesquisas acadêmicas sobre os grupos católicos identificados com a 
Teologia da Libertação apontam aproximações, implicações e compromissos 
entre a vivência de uma cultural religiosa e as lutas sociais na perspectiva da 
mudança social. A presente comunicação integra uma pesquisa em andamento 
que investiga como a Igreja Católica dialogou com uma população em luta pela 
terra no Litoral Sul Fluminense/RJ (GREGÓRIO, 2018). Um território composto 
por um rico patrimônio material e imaterial que remete aos diferentes processos 
históricos vivenciados a partir do processo de colonização brasileiro. Essa 
comunicação tem por objetivo, explicitar um modelo de pedagogia popular 
implementado por setores da Igreja Católica junto à população do campo e da 
cidade fundamental na construção da autonomia política de sujeitos sociais que 
passaram por esse processo de formação em territórios marcados por conflitos 
pela posse da terra. A modernização implementada nas estruturas da Igreja 
católica através das diretrizes do Concilio Vaticano II e das Conferências 
Episcopais Latino-Americanas, especificamente, em Medellín, na Colômbia, em 
1968, e Puebla, no México, em 1979, possibilitou novas funções para a 
instituição eclesial. 
 
Palavras-chave: Cristianismo de Libertação; movimentos sociais; pedagogia. 
mailto:mcgregorio@id.uff.br
 
101 
 
GT 20 - TRADIÇÕES E RELIGIÕES ASIÁTICAS 
Prof. Dr. Bruno do Carmo Silva 
Doutorando Matheus Landau de Carvalho (UFJF) 
Ementa: Há algumas décadas, é claramente perceptível uma certa ausência de 
realidades asiáticasnas graduações de Letras, Filosofia e Ciências Humanas do 
Ensino Superior brasileiro em geral, principalmente no âmbito do magistério, tanto 
como objetos de pesquisa, quanto como referenciais metodológicos de verificação 
ou reflexão que transcendem metodologias aplicadas e objetos de estudo 
circunscritos apenas às matrizes greco-romana e judaico-cristã. Este aspecto é 
importante para a(s) Ciência(s) da(s) Religião(ões) pelo fato do interesse pelas 
realidades asiáticas terem constituído parte fundamental de seus primeiros 
momentos institucionais, pelo menos desde seu fundador formal no século XIX E.C., 
Friedrich Max Müller, estudioso de tradições religiosas da Ásia e editor – e também 
tradutor de alguns volumes – da coleção Sacred Books of the East [Livros Sagrados 
do Oriente], cinquenta volumes publicados em inglês pela Oxford University Press 
entre 1879 e 1910, compostos, entre outros, por fontes védicas, islâmicas, budistas, 
daoístas, mazdeístas e jainistas. O objetivo do GT Tradições e Religiões Asiáticas é 
reunir pesquisadores/as visando estimular os estudos e o diálogo em torno da 
pluralidade de tradições que se desenvolveram na Ásia como um todo, desde a 
Capadócia e a Palestina até os arquipélagos filipino, japonês e indonésio. Estes 
estudos podem ser compreendidos através: (1) de uma dimensão religiosa, 
expressa em práticas rituais e devocionais, narrativas mitológicas, sistemas de 
moralidade, projetos soteriológicos e produções artísticas; (2) de uma dimensão 
filosófica, identificada na investigação dos princípios metafísicos, ontológicos, 
lógicos, éticos e estéticos que caracterizam especulações de caráter cognitivo; e (3) 
de uma dimensão histórica, que englobe expressões socioculturais e literárias 
genuinamente asiáticas como objeto de análise de metodologias das Ciências 
Humanas, como a Sociologia, a Linguística, a Psicologia, a Antropologia, a Ciência 
Política, a Teologia, a Geografia, a Literatura e a História. Seja qual for a dimensão 
da pesquisa, deve refletir iniciativas contemporâneas de compreensão e/ou revisão 
de vários estudos e realidades orientais, com a possibilidade de incluir processos de 
transplantação ou transnacionalização cultural, estudo comparado das religiões e 
perspectivas de diálogo inter-religioso. Neste sentido, o presente GT é um convite 
para o alargamento de horizontes teóricos e epistemológicos no intuito de apontar 
para o Homo historicus, o Homo aequalis, o zoon politikon, o Homo linguisticus, 
o Homo oeconomicus, o Homo geographicus, o Homo hierarchicus, o Homo 
psychologicus, o Homo sociologicus e o Homo religiosus, como possibilidades 
paradigmáticas do Homo sapiens sapiens capazes de transcender, no tempo e no 
espaço, as matrizes lógico-racionais, linguístico-semânticas e neuro-psicológicas 
oriundas do hemisfério ocidental, com vistas ao estímulo dos estudos e do diálogo 
em torno da pluralidade de tradições que se desenvolveram no continente asiático. 
Palavras-chave: História da Ásia; tradições religiosas asiáticas; tradições filosóficas 
asiáticas; 
 
102 
 
MÚSICA COMO ELEMENTO DE INCULTURAÇÃO: APROXIMAÇÕES 
COM O IMAGINÁRIO CRISTÃO PELA IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL 
NO BRASIL 
Breno Corrêa Magalhães, 
magalhaes.breno81@gmail.com 
Fabiano Muniz Lima 
prof.fabianomuniz@gmail.com 
 
Resumo: A transplantação da Igreja Messiânica Mundial, uma Nova Religião 
Japonesa, do Japão para o Brasil foi objeto de pesquisas que evidenciaram 
mudanças na liturgia de culto (ANJOS, 2012) e em aspecto arquitetônicos; da 
construção do Solo Sagrado (RIBEIRO, 2009), categoria nativa que denomina o 
espaço, sagrado para os messiânicos, que representaria o protótipo de 
construção do Paraíso na Terra. O Solo Sagrado edificado em São Paulo, às 
margens da represa de Guarapiranga, possui características próprias quando 
comparado aos originais idealizados pelo fundador, Mokichi Okada. Este 
processo de mudanças pelo qual a IMM passou ao ser inserido em um novo 
contexto social é verificado também nas músicas utilizadas nos rituais. Temos 
como hipótese que este foi um importante meio de inculturação da fé 
messiânica no Brasil o que procuramos demonstrar neste artigo. Para tanto, 
além de uma breve revisão bibliográfica sobre as já mencionadas pesquisas 
sobre a transplantação da IMM, realizamos uma análise musical dos salmos do 
fundador. Para tanto, comparamos os poemas no estilo haiku - composições 
tradicionais de três versos com regularidade de 5, 7 e 5 sílabas métricas cada - 
que são entoados diariamente nos cultos da igreja no Japão com dois hinos que 
compõem os cultos mensais de agradecimento no Brasil: Hino da Luz Divina e 
Salmo Plano Divino. Desta forma buscamos evidenciar que não apenas as letras, 
mas, sobretudo, as músicas, ganharam acordes e arranjos que as aproximaram 
do estilo cristão dos hinos de congregação. 
Palavras-chave: Igreja Messiânica Mundial, Inculturação Da Fé, Música. 
 
JVEDAS, UPANISHADS E A FILOSOFIA DA ESCOLA VEDANTA 
Bruno do Carmo Silva 
brunokarmo@hotmail.com 
Resumo: A filosofia da Escola Vedanta é uma das mais conhecidas e divulgadas 
no Ocidente, não somente por ter um grande número de adeptos e ser a mais 
popular na Índia, mas também por ser uma filosofia radicalmente lógica e 
soteriológica. Entretanto, apesar da sua ampla divulgação no Ocidente, muitas 
pessoas ainda não sabem, ao certo, qual é a origem da Escola Vedanta e qual é 
a sua proposta filosófica. Sendo assim, apresentarei aqui, de uma maneira 
mailto:magalhaes.breno81@gmail.com
mailto:prof.fabianomuniz@gmail.com
mailto:brunokarmo@hotmail.com
 
103 
 
bastante simples e resumida, a origem e a filosofia da Escola Vedanta. Para isso, 
apresentarei os Vedas e a sua dupla dimensão, i.e., karmakaa ou dimensão 
ritual, e jñanakaa ou dimensão soteriológica. Contudo, darei um destaque 
especial a essa dimensão última dos Vedas, viz., jñanakaa, que é constituída 
fundamentalmente pelos Upaniads. Os Upani?ads são as textualidades que, 
juntamente com o Brahmasutra e o Bhagavadgita, constitui o que 
tradicionalmente é chamado de prasthanatraya ou a tríplice fundação do 
Vedanta. A própria expressão “vedanta”, por sua composição, já denota a 
dimensão última dos Vedas, pois é uma expressão formada pela junção das 
palavras sânscritas “veda” e “anta”, que em uma tradução literal, poderíamos 
traduzir, respectivamente, por “conhecimento” e “final”. Portanto, a Escola 
Vedanta refere-se ao Conhecimento final ou a dimensão última dos Vedas. Para 
cumprir com o objetivo aqui proposto, irei recorrer a alguns trabalhos realizados 
por estudiosos da filosofia védica, principalmente trabalhos sobre a filosofia 
vedantina. 
Palavras-chave: Vedas; Upanishads; Vedanta. 
 
 
UM BARCO PARA TODOS: A ABRANGÊNCIA DA PRÁTICA DE 
BHAKTI-YOGA NA BHAGAVAD-GITA 
Caio Cézar Busani 
caiobusani@gmail.com 
 
Resumo: A Bhagavad-Gita, que pode ser traduzida como a Canção do Senhor, 
é um trecho de um dos mais extensos épicos da humanidade, o Maha Bharata, 
que possui cerca de 100.000 versos (Dharma, 2016). Ela consiste no diálogo 
entre o príncipe-guerreiro Arjuna e seu amigo e primo Krishna (um avatara, 
encarnação na Terra do Deus Vishnu) momentos antes da batalha de 
Kurukshetra, onde Arjuna e seus irmãos, os Pandavas, guerreiam pelo trono da 
Índia contra seus primos malignos, os Kauravas. O diálogo acontece, pois, o 
príncipe se vê confuso pouco antes da grande guerra, sem saber se o que está 
fazendo é correto ou não. Aqui, irei usar como fonte a versão da Gita traduzida 
e comentada por Bhaktivedanta Swami Prabhupada, fundador do 
popularmente conhecido Movimento Hare Krishna. Focarei a análise no 
capitulo 12, intitulado “Bhakti-Yoga”, traduzido como “Serviço Devocional”. Este 
capítulo é conhecido por ter como tema principal a questão da fé e da devoção 
em relação ao divino (Krshna). Logo, Bhakti-yoga pode ser entendi como o 
caminho de (re)conexão a Deus, através do amor. Demonstro que para 
Prabhupada (e toda a linhagem que elerepresenta), esse amor não se 
estabelece simplesmente através de um sentimento, mas sim através de práticas 
performáticas, que visam expressar e refinar os sentimentos relacionais (rasa) 
com Krshna (Loundo, 2021). Deste modo, o serviço devocional é um processo, 
um método de se aproximar de Deus, a partir de um sentimento amoroso que é 
mailto:caiobusani@gmail.com
 
104 
 
criado, mantido e desenvolvido ao se relacionar com Ele, seguindo as regras e 
regulações dos mestres desta tradição. Tais regras e regulações são específicas, 
porem o processo se dá de maneira abrangente e acolhedora, respeitando o 
tempo e a capacidade de cada praticante. Mostro, segundo alguns versos do 
capítulo 12, como o processo de bhakti busca integrar todos aqueles que 
querem fazer parte dele, mesmo com determinadas limitações individuais. 
Palavras-chave: Bhakti-Yoga; Hare Krishna; Devoção; Rasa; Vedanta. 
 
O CONCEITO DE SURGIMENTO DEPENDENTE NO 
SALISTAMBA SUTRA 
Ethel Panitsa Beluzzi 
ethel.filosofia@gmail.com 
 
Resumo: O conceito de surgimento dependente (pratityasamutpada) é essencial 
dentro da compreensão da filosofia budista, relacionando-se diretamente com a 
compreensão de temas como o estudo das atividades (karma) e do vazio de 
existência inerente (sunyata). Nesse contexto, o texto Sutra do Broto de Arroz 
(Salistamba Sutra) se torna um texto central: ele trabalha uma explicação 
detalhada do conceito de surgimento dependente a partir de uma perspectiva 
interna(adhyatmika) e uma externa (bahya), analisando relações causais 
(hetupanibandhata) e condicionais (pratyayopanibandhata). Dentro dessa 
abordagem, o conceito de doze elos do surgimento dependente (começando 
com o elo da ignorância e indo até os elos de nascimento, envelhecimento e 
morte) é trabalhado dentro das relações causais do surgimento dependente 
interno. Tendo assim apresentado o tema principal a ser trabalhado, nosso 
objetivo nessa comunicação pode ser dividido em três: (a) primeiro, trabalhar a 
importância do conceito de surgimento dependente dentro da filosofia budista; 
(b) segundo, apresentar o histórico do sutra e suas traduções, bem como alguns 
dos comentários tradicionais associados a ele; (c) terceiro, estudar a 
apresentação do conceito de surgimento dependente da maneira como é 
apresentada no sutra. Com isso, nosso objetivo é situar aqueles que estiverem 
presentes no histórico e na importância do sutra, bem como apresentar ideias 
gerais sobre o principal tema trabalhado. 
Palavras-chave: Surgimento Dependente; Salistamba Sutra; Budismo. 
 
 
HISAMATSU E A ESCOLA DE KYOTO: UMA BREVE INTRODUÇÃO 
Fábio Roberto G O Medeiros 
fabiomedeiros.psico@gmail.com 
 
Resumo: O nome Escola de Kyoto apareceu pela primeira vez impresso em um 
artigo de jornal no ano de 1932 de Tosaka Jun intitulado Philosophy of the 
Kyoto School. Dentre os filósofos vinculados à Escola de Kyoto o professor 
mailto:ethel.filosofia@gmail.com
mailto:fabiomedeiros.psico@gmail.com
 
105 
 
Shin’ichi Hisamatsu - (1870-1945), discípulo do professor Kitar Nishida e do 
professor Masao Abe, destaca-se em preencher as lacunas entre os estudos da 
filosofia e da religião. Juntamente com vários de seus alunos na University Kyoto 
o professor Hisamatsu fundou a Gakud Dj, o objetivo do grupo de estudos era 
referente ao auto despertar de toda a humanidade, que em 1944 obteve um 
reconhecimento nas atividades filosóficas a nível internacional e como resultado 
o grupo foi renomeado para Sociedade FAS. Shin’ichi Hisamatsu tornou-se 
conhecido, principalmente, no Ocidente como um mestre Zen que criticou o 
próprio Zen budismo e ao longo de sua vida dedicou-se a viver a “verdade 
absoluta” – aquilo que se chamava vida religiosa. Para a apresentação deste 
trabalho a metodologia usada será a pesquisa qualitativa documental sobre 
vida e obra do professor Hisamatsu com o objetivo de apresentar sua 
contribuição para o pensamento filosófico e religioso do “Ocidente” justificando 
a relevância para os estudos no grupo temático de Tradições e religiões 
asiáticas. Além disso, buscar incentivar mais estudos sobre os pensadores da 
Escola de Kyoto. 
Palavras-chave: Hisamatsu, Escola De Kyoto, Zen Budismo. 
 
ASPECTOS DA TERRA PURA: UMA ÉTICA BASEADA NO 
OUTRO PODER 
Fernando Rodrigues de Souza 
fernandordesouza@yahoo.com 
 
Resumo: O presente artigo analisa os aspectos éticos do Budismo da Terra Pura 
e seu enfoque no conceito de "outro poder". A pesquisa se justifica na 
necessidade de se compreender o ethos amidista e suas implicações diante dos 
paradigmas da modernidade. Para isso, foi empregado o procedimento técnico 
de pesquisa bibliográfica, desenvolvido a partir de material já publicado, como 
livros, artigos e revistas acadêmicas. A pesquisa concluiu que a ética do Budismo 
da Terra Pura, baseada no conceito de "outro poder", representado na figura do 
Buda Amida, possui um processo soteriológico que a difere de todas as demais 
tradições budistas, que por sua vez, focalizam esse processo como parte da 
iniciativa e ações do adepto (poder próprio). Isso faz com que o Budismo da 
Terra Pura esteja ornado de um escopo ético diferente das demais tradições, 
que culmina em uma atitude ética dos fieis que não é realizada como parte de 
um processo em direção à salvação, mas como consequência. 
Palavras-chave: Budismo; Ética; Terra Pura; Filosofia. 
 
 
mailto:fernandordesouza@yahoo.com
 
106 
 
A TRADUÇÃO DE UM ÉDITO DE ASOKA: OFICIAIS NEOCOLONIAIS 
E A FUNDAÇÃO DO CAMPO DOS ESTUDOS BUDISTAS 
Loyane Aline Pessato Ferreira 
loyaneferreira@gmail.com 
 
Resumo: Uma etapa importante dos estudos budistas ocorreu durante e por 
conta do período neocolonial. Teve como participantes oficiais da Companhia 
das Índias Britânicas. James Prinsep, George Turnour e Brian Hodgson, na Índia, 
Sri Lanka e Nepal, respectivamente, que se comunicaram por cartas e por 
artigos publicados na revista da Sociedade Asiática de Bengala. Tratavam dos 
escritos de um monumento na Índia, que viria a ser o primeiro pilar de Asoka 
lido e decifrado após séculos de esquecimento. Essa comunicação apresentará 
como suas descobertas se somaram para desvendar os escritos de um pilar do 
século II a.C. A metodologia é estudo bibliográfico e a análise de textos dos 
oficiais supracitados. A justificativa é pela importância que esta descoberta 
adquiriu na história dos Estudos Budistas. O objetivo geral é demonstrar o 
processo de construção desta descoberta e o objetivo específico é verificar se e 
como o contexto colonial impactou nas interpretações sobre o pilar. Espera-se 
que haja impactos, pelo fato de as descobertas ocorrerem no contexto colonial, 
feitas pelas mãos de oficiais, mas também pelo processo de análise dos materiais 
e interpretações. O trabalho contribuirá com um olhar sobre a História dos 
Estudos Budistas estabelecidos pelos europeus, demonstrando o sentido dos 
impactos de visões eurocêntricas. 
Palavras-chave: Estudos Budistas; Colonialismo; Asoka. 
 
PRESSUPOSTOS DA FILOSOFIA MADHYAMAKA E OS DESAFIOS DO 
SEU ESTUDO NA REALIDADE BRASILEIRA CONTEMPORÊA 
Luciana Fernandes Marques 
luciana.marques@ufrgs.br 
 
Resumo: O silenciamento sobre as filosofias asiáticas no meio acadêmico é 
evidente para quem se interessa por esses temas. Ele se faz sentir desde a sua 
ausência nos currículos até a inexistência de prateleiras em bibliotecas 
universitárias destinadas aos temas. Entretanto, a população brasileira está 
repleta de “orientalismos” seja nas práticas integrativas e complementares do 
SUS, nas religiosidades asiáticas de imigração ou de conversão ou nos livros de 
auto-ajuda. Junte-se a isso o argumento de valorização de culturas locais 
marginalizadas como as indígenas e quilombolas que carregam ancestralidade 
e saberes tradicionais, a pergunta sempre é “por que importar conhecimento se 
aqui temos o nosso?”. A tradição filosófica indiana conhecida como Filosofia do 
Caminho do Meio ou Madhyamaka é uma filosofia dialética de baselógica e 
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mailto:luciana.marques@ufrgs.br
 
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racional que remonta séc II dC e questiona barreiras construídas em torno de 
conceitos que definem a realidade. Esta é uma pesquisa documental que visa 
localizar os principais pressupostos da filosofia Mahdyamaka e os desafios do 
seu estudo na realidade contemporêa brasileira bem como localizar qual o 
interesse nessa filosofia pelo público nacional; também visa fomentar a 
transcendência dos limites ocidental/oriental, os limites étnico-raciais e 
temporais que aparentemente nos separam dessa tradição. 
Palavras-chave: Filosofia Budista; Caminho do Meio; Madhyamaka. 
 
USOS DE KANANA (BOSQUE) NA ESPIRITUALIDADE HINDU 
SEGUNDO O ARAYAKAA, DO RAMAYAA DE VALMIKI 
Matheus Landau de Carvalho 
matheuslandau@gmail.com 
 
Resumo: O Ramayaa de Valmiki é uma extensa narrativa das tradições hindus, 
um épico sobre as vicissitudes pelas quais passou Rama durante seu percurso 
neste mundo enquanto um avatara de Viu. Um dos objetivos doutrinários do 
Ramayaa de Valmiki é uma exposição propedêutica dos preceitos do dharma 
hindu, um conjunto de deveres éticos e ritualísticos com vistas à obtenção de 
objetos transcendentes de fruição numa outra vida, que pode ser um paraíso 
(svarga) propriamente dito ou um renascimento numa condição humana 
superior segundo as doutrinas do karma e do sasara. O terceiro dos sete livros 
(kaas) que compõem o Ramayaa de Valmiki é o Arayakaa, o kaa das florestas e 
das matas, no qual é possível identificar nitidamente vários perfis humanos de 
eminente conhecimento védico segundo as diretrizes do dharma hindu, cuja 
santidade está intimamente vinculada à mata indiana. A partir da análise dos 
usos semânticos que o Arayakaa faz de um dos termos sânscritos que designam 
a floresta, o bosque indiano, i.e. kanana, o objetivo desta Comunicação é 
apresentar as maneiras pelas quais a espiritualidade hindu circunscrita ao 
dharma acontece na natureza. Por natureza compreender-se-á todos aqueles 
elementos naturais e formas de vida que prescindem de qualquer cálculo ou 
intervenção humana para existirem como tais. 
Palavras-chave: Ramayaa de Valmiki, kanana (bosque), dharma hindu. 
 
CHEGADA DO BUDISMO À CHINA: ASSIMILAÇÃO E INTERAÇÕES 
Maria Luiza da Silva Laranjeiras 
mlslaranjeiras@gmail.com 
 
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Resumo: A comunicação propõe tratar introdutoriamente dos primeiros 
contatos da China com o budismo indiano, ainda no séc. I de nossa era. Por 
meio de revisão bibliográfica, que acompanha a obra “História do Pensamento 
Chinês” de Anne Cheng como seu fio condutor, visa explorar dois 
questionamentos: como se deu a assimilação de aspectos da doutrina budista 
no cotidiano Chinês da época e como figuraram propriamente essas primeiras 
interações. Além disso, objetiva explanar a complexa fusão de conceitos 
originários de filosofias e religiosidades chinesas já estabelecidas, como o 
taoísmo e confucionismo, no processo de tradução das ideias e doutrina 
budista, entendendo esse processo como filosófico em si mesmo, político 
externamente e originário de um budismo essencialmente chinês. Utiliza-se da 
denominação dada pela autora base - “primeira fase do budismo na China” - 
para explorar esse período marcado por traduções que mesclavam conceitos da 
filosofia chinesa com os termos originais budistas em sânscrito. Nesse sentido, 
procura demonstrar um pouco mais sobre as influências desse momento de 
maior criação de terminologias do que uma fiel transliteração do Dharma. 
Também parte do princípio de que o contexto encontrado pelo budismo na 
China distingue-se dos daquele dos demais países asiáticos uma vez que os 
fundamentos das filosofias chinesas já estavam consolidados naquela 
civilização. Por fim, espera demonstrar os aspectos políticos e filosóficos que 
moldaram o primeiro momento do budismo na China, além de entender a 
relevância desse modelo de traduções na formação dessa religião. Visa, 
também, ampliar a incipiente produção acadêmica de conteúdos sobre a 
história do budismo chinês em língua portuguesa. 
Palavras-chave: Budismo; China; Filosofia Chinesa; Pensamento Chinês. 
 
“ESSES IDÓLATRAS TIBETANOS”: COLONIZAÇÃO OCIDENTAL 
ATRAVÉS DA TRADUÇÃO DE TEXTOS BUDISTAS 
Patricia Guernelli Palazzo Tsai 
patriciagpalazzotsai.adv@gmail.com 
 
Resumo: As tradições religiosas asiáticas acabam por atrair o interesse e 
imaginário dos sujeitos “ocidentais”, que buscavam (e ainda buscam) analisar 
através de chaves de leitura ocidentalizadas as mais diferentes tradições e 
expressões culturais que ocorrem em países “orientais”. As relações 
“diplomáticas” entre tradições religiosas, em especial as missões enviadas pela 
Igreja Católica, não eram novidade, e no séc. XVII qualquer outra religião que 
não Cristianismo, Judaísmo e Islamismo eram idolatria. Entretanto, ao se deparar 
com uma bagagem textual e cultural muito diversa, eram essas missões as 
responsáveis pela comunicação ao Vaticano, e a partir desse momento um 
processo de categorização do outro era realizada. As missões que visitaram o 
Tibete colocavam a religiosidade budista como idolatria, como as realizadas por 
mailto:patriciagpalazzotsai.adv@gmail.com
 
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Bernard Picart, Francesco Maria da Tours, Domenico da Fano e Giovanni da 
Fano, todas ocorridas no séc. XVIII. Essas viagens “confirmaram” a visão que 
Marco Polo teve da religiosidade tibetana, no séc. XIII, de que era idolatria. E 
com isso foi cunhado o termo “lamaísmo” para designar a expressão religiosa 
tibetana. Ao definir o outro como idólatra abre-se a possibilidade para colonizá-
lo não apenas através da conquista militarizada, mas especialmente através dos 
processos de tradução, sob as lentes e agendas europeias. O objetivo do 
presente é trazer à discussão como a noção de idolatria serviu de justificativa 
não apenas para tentar converter budistas em solo tibetano, mas também como 
base para uma outra forma de dominação: a que ocorreu através dos processos 
de tradução, principalmente ao traduzir bodhi (Tib.) como iluminação. 
Palavras-chave: Budismo, Eurocentrismo, Idolatria, Tradução. 
 
COMIDA E INTERDEPENDÊNCIA: AS RELAÇÕES NA DOAÇÃO DE 
ALIMENTOS EM TRADIÇÕES DO BUDISMO THERAVADA 
Thaís Moraes Azevedo Maestuka 
thaais90@gmail.com 
 
Resumo: Os alimentos têm grande importância na vida. Não apenas para 
mantê-la, mas participa de diversos aspectos, especialmente sociais. 
Naturalmente, tais aspectos precisam ser abordados no budismo, 
principalmente, com relação à alimentação dos monges, que de maneira 
originária no budismo indiano, era fornecida pela comunidade leiga, já que os 
monges seriam pessoas que teriam renunciado às obrigações sociais e não 
trabalhavam. Esse suporte, por sua vez, ocorria de acordo com certos costumes 
e crenças indianas. Porém, inda hoje, em alguns locais, o budismo da escola 
Theravada ainda mantém esse costume. Onde os monges ainda saem de seus 
monastérios e mendigam por comida para a comunidade leiga. Esta por sua 
vez, também fornece esse suporte de acordo com certos fundamentos budistas, 
adaptados ao contexto social e valores locais. Assim, a relação de troca entre a 
comunidade monástica e leiga ocorrem, o suporte por parte da comunidade 
leiga, pelos serviços religiosos por parte da comunidade monástica. Além disso, 
certos fundamentos e conceitos budistas, como a prática de generosidade e 
acumulação de mérito também estão presentes dando suporte a relação. 
Valores importados das primeiras comunidades budistas indianas, mas 
adaptados ao local. Dessa forma, avaliar essas relações e fundamentações se 
tornam interessantes para a compreensão da sustentação da comunidade 
monástica pela leiga nesses locais. 
Palavras-chave: Mérito, Monges, Leigos, Generosidade, Suporte. 
 
 
mailto:thaais90@gmail.com
 
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