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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 2 LOGÍSTICA APLICADA A SAÚDE ............................................................. 4 3 GESTÃO E LOGÍSTICA EM SERVIÇOS DE SAÚDE ................................ 6 4 SERVIÇOS DE SAÚDE .............................................................................. 9 4.1 Indicadores de desempenho dos serviços da saúde .......................... 10 4.2 Logística comercial e logística nos serviços da saúde: comparações e definições ............................................................................................................11 4.3 Identificação de medições do desempenho logístico nos serviços da saúde ............................................................................................................11 5 LOGÍSTICA NA SAÚDE............................................................................ 12 5.1 Stocks na área da saúde .................................................................... 13 5.2 Distribuição interna aos serviços clínicos ........................................... 13 5.3 Processos Logísticos.......................................................................... 14 6 LOGÍSTICA HOSPITALAR ....................................................................... 15 6.1 Logística Hospitalar: Conceitos e Definições ..................................... 18 6.2 Atividades de logística hospitalar ....................................................... 22 6.3 Gestão e de Organização das atividades de logística hospitalar ....... 29 6.4 Custos logísticos ................................................................................ 30 7 LOGISTICA NA VACINAÇÃO CONTRA COVID – 19............................... 33 7.1 COVID - 19 ......................................................................................... 34 7.2 Operacionalização para vacinação .................................................... 36 7.3 Mecanismo de gestão de saúde ......................................................... 36 7.4 Rede de Frio e o Planejamento Logístico ........................................... 38 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 44 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 LOGÍSTICA APLICADA A SAÚDE Fonte: saudemais.tv Materiais e logística são, juntamente com os recursos humanos e administração financeira, fatores críticos para o desenvolvimento de atividades de atenção à saúde e para a excelência operacional das organizações de saúde (INFANTE et al, 2007). Segundo o autor, a tendência no setor público parece ser reduzir todos os problemas de abastecimento dos serviços de saúde à insuficiência de recursos orçamentários. É bem verdade que os efeitos deletérios dos períodos de desabastecimento provocados por disfunções da execução orçamentária não são desprezíveis. Entretanto, também são notórios os desperdícios e a má utilização de insumos e equipamentos, a escassa qualificação dos profissionais da área de abastecimento e a pouca atenção ao planejamento logístico nas organizações públicas de saúde. Uma organização de saúde é um sistema produtivo de atenção à saúde, onde o setor de abastecimento integra-se como subsistema para atender as necessidades de insumos (materiais de consumo) e de equipamentos (materiais permanentes) daqueles que desenvolvem e disponibilizam os produtos, que são os profissionais de saúde. As atividades de atenção à saúde são atividades complexas, assentadas sobre uma cadeia produtiva que incorpora sequências de ações definidas para a geração 5 de seus produtos (os chamados “procedimentos”). Cada procedimento demanda um mix específico de insumos (bens) e processos de trabalho (serviços), cuja composição pode variar entre diferentes organizações e até segundo os diferentes tipos de pacientes e profissionais de uma mesma organização. Não só os produtos oferecidos em organizações de saúde são complexos e pressupõem elevada qualificação profissional, mas os insumos utilizados em sua produção são cada vez mais sofisticados e numerosos (INFANTE et al, 2007). Segundo o autor, estima-se que o sistema de materiais de um hospital comporte entre 3.000 a 6.000 itens regularmente adquiridos, na dependência do perfil das atividades desenvolvidas pela organização. Esses itens incluem os chamados materiais de consumo médico-hospitalares, medicamentos e reagentes para testes diagnósticos, além de materiais especiais, como órteses e próteses, e itens gerais de escritório, limpeza e alimentos. Dados sobre a participação dos materiais hospitalares (inclusive medicamentos) no orçamento dos hospitais no Reino Unido indicam que ela pode corresponder de 13 a 17% dos custos hospitalares, não diferindo substancialmente das estimativas nacionais, de 15% a 25%. Inúmeros trabalhos apontam a economia potencial e os ganhos de qualidade na assistência advindos da racionalização do sistema de abastecimento, destacando a importância de incorporar os conceitos de logística e cadeia de suprimentos para organizar o sistema produtivo do hospital. Na visão ampliada da cadeia de suprimentos, uma cadeia produtiva abrange desde o desenvolvimento de um produto (que, nas atividades de atenção à saúde, corresponderia à introdução de um novo processo de trabalho e seus insumos correspondentes), passando pelo fornecedor de insumos, até a efetiva oferta do produto ao mercado consumidor (INFANTE et al, 2007). Ainda segundo o autor, o conceito de cadeia de suprimentos destaca a integração interna e externa dos participantes de todas as etapas – “desenvolvedores” do produto, fornecedores de insumos, responsáveis pela logística de aquisição, armazenamento e distribuição dos insumos e responsáveis pela fabricação e distribuição final do produto, incluindo o próprio cliente final. 6 3 GESTÃO E LOGÍSTICA EM SERVIÇOS DE SAÚDE Fonte: qualirede.com Atualmente as organizações de saúde são confrontadas com um duplo desafio: controlar as despesas e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população. Para responder de forma eficaz às restrições orçamentarias e aos imperativos de redução de custos, as instituições de saúde buscam utilizar novas ferramentas e técnicas inovadoras de organização e gestão (BOURAHLI, 2019). Segundo o autor, para enfrentar esses desafios, elas estão voltando-se cada vez mais para a logística como uma nova abordagem para o gerenciamento eficaz das suas atividades, a exemplo do que ocorre com mais frequência nas empresas do setor industrial. Autores consideraram que a distribuição física (logística) como uma das áreas mais tristemente negligenciadas e mais promissoras dos negócios americanos. Por sua vez, Kolb (1972)definiu a logística como "um conjunto de métodos de gestão para resolver de forma global os problemas interdependentes da concepção e o controle de sistemas de abastecimento, sistemas de produção e de distribuição”. O Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP) considerou a logística como uma parte das atividades de uma cadeia de suprimentos. Refere-se ao planejamento, execução e controle do fluxo eficiente e efetivo de armazenamento de produtos, o serviço de informações para essas funções desde o ponto de origem até o ponto de consumo para atender às necessidades dos clientes. 7 Vale observar que o CSCMP introduziu, nesta definição, o conceito de logística, identificando claramente os fluxos físicos e os fluxos de informação, e também incorporou a noção de eficiência (custos mais baixos) e a satisfação do cliente. Tixier et al. (1998) consideram a logística como uma atividade estratégica, pois permite que uma organização atinja seus objetivos de maneira otimizada, ou seja, com o menor custo, respeitando as restrições que considera importantes. Nos estabelecimentos de saúde, o gerenciamento da logística pode contribuir significativamente na melhoria da qualidade do atendimento aos pacientes e na redução dos custos dos processos logísticos no ambiente hospitalar. Esta melhoria pode ser alcançada particularmente nas seguintes áreas segundo Bourahli (2019): Gerenciamento de aquisição de medicamentos e equipamentos médico- hospitalares, cujo objetivo é garantir a disponibilidade dos suprimentos no hospital; Formação e desenvolvimento de práticas de compras em grupo (Group Purchasin Organization (GPO); Gestão de estoques e reabastecimento contínuo com movimentação eficiente de produtos e consequente racionalização de estoques como por exemplo o Vendor Management Inventory (VMI); Utilização da tecnologia da informação como suporte ao processo decisório e de integração das informações entre as áreas da organização; Utilização de tecnologias de monitoramento e rastreamento, para garantir a qualidade e confiabilidade da informação existente; Gestão de relacionamento com fornecedores. No contexto hospitalar, a medição do desempenho tem recebido um interesse crescente de pesquisadores e a sua avaliação constitui-se em um problema crítico na maioria das instituições hospitalares. Neste sentido, os indicadores e as métricas podem desempenhar um papel importante no sucesso das organizações de saúde se a implementação de uma estrutura de medição de desempenho for bem planejada e executada (BOURAHLI, 2019). Segundo o autor, a avaliação do desempenho nas organizações de saúde representa um grande desafio, e é objeto de uma vasta literatura, tendo aplicações relatadas tanto no setor público quanto no setor privado. A medição de desempenho 8 recebeu atenção considerável durante as últimas décadas e a capacidade de medir "a coisa certa no momento certo" para poder tomar decisões oportunas tornou-se essencial para as organizações. Nesse sentido, considera que a medição é fundamental para o conceito de melhoria da qualidade. Ela fornece um meio de definir o que as organizações de saúde realmente fazem e permite comparar as medições com as metas originais, a fim de identificar oportunidades de melhoria. Autores destacam a importância de implantação e uso de um sistema de medição de desempenho, indicando que pode tornar-se uma oportunidade para obter um melhor entendimento das operações realizadas e para manter informada a alta administração do hospital sobre os benefícios obtidos. Além disso, medir o desempenho dos processos e atividades nos hospitais ajuda a informar as organizações sobre a qualidade de suas práticas (BOURAHLI, 2019). De acordo com o autor, para melhorar os processos logísticos, é necessário entender o funcionamento da cadeia de suprimentos de cuidados de saúde. A medição do desempenho pode ajudar a organização a melhorar a eficiência e a eficácia dos processos e a garantir a qualidade do trabalho. As métricas e a medição de desempenho têm um papel importante a desempenhar na definição de objetivos, na avaliação de desempenho e na determinação de futuros cursos de ações. Além disso, para contribuir plenamente para a prestação de melhor atendimento com controle de custos, o gerente de logística deve ter um quadro adequado do seu desempenho e definir sua ação em uma estrutura de gestão baseada no desempenho da sua instituição de saúde. 9 4 SERVIÇOS DE SAÚDE Fonte: digitalks.com Os serviços da saúde podem ser representados pelos pacientes, que estão inseridos no centro de um sistema, onde as necessidades são consideradas complexas e processuais. Este conceito compreende ao contato direto e indireto com os serviços ofertados como consultas, internações hospitalares, exames, diagnósticos, processos que segundo Travassos e Martins (2004) são resultantes do comportamento de cada usuário destes serviços e sua interação com os profissionais que tem como atribuição a condução dos mesmos dentro do sistema de saúde (MATHIAS et al, 2015). O relacionamento destes agentes depende do comportamento do usuário, os processos seguintes são organizados pelos profissionais atuantes na área. Estes, ainda definem a intensidade e tipo de recursos consumidos para resolução dos problemas de saúde apresentados pelos usuários (pacientes). Diferentemente dos serviços comerciais, onde sua utilização depende diretamente da demanda econômica de um produto e público alvo, os serviços da saúde são descritos como fatores relacionados segundo Mathias (2015), à: Necessidade de saúde (morbidade, gravidade e urgência da doença). Usuários (características como: idade, sexo, região, renda, educação, entre outros). 10 Organização (recursos disponíveis, oferta de médicos, hospitais, ambulatórios). Política (tipo do sistema de saúde, legislação e regulamentações). Contudo na sua gestão, os serviços da saúde possuem exigências particulares definidas por suas complexas e variadas necessidades, possuindo significativas variações em função da classe social, representações da saúde, da doença, da morte, assim como sua clientela (crianças, velhos, homens e mulheres) e o mais importante, o tipo do problema definido como agudo ou crônico. Por se tratarem de elementos individuais, podem gerar riscos as pessoas. Em outra definição, serviços ruins podem causar prejuízos graves (MATHIAS et al, 2015). 4.1 Indicadores de desempenho dos serviços da saúde A principal função dos indicadores de desempenho se retrata na identificação das melhorias correspondente aos serviços prestados das organizações que atuam na área da saúde. Flores et al. (2002) corrobora que os indicadores devem identificar pontos fracos e problemas causadores de resultados indesejáveis. Possuem o poder de avaliar o desempenho de uma determinada organização, de forma global ou especifica. Os indicadores de desempenho dos serviços da saúde possuem maior relação com a qualidade dos serviços ofertados, constituída através das necessidades e expectativas dos clientes. Associados às áreas consideradas de maior importância da organização, dando suporte as tomadas de decisão, análises críticas e replanejamentos a uma postura de maior benefício nos processos organizacionais assim como seus resultados (MATHIAS et al, 2015). De acordo com o autor, no desenvolvimento destes indicadores de desempenho, o maior foco para área da saúde é a melhoria da qualidade, avaliando diversas áreas clinicas e organizacionais. Conforme o Institute of Medicine, os progressos apresentados no desenvolvimento de indicadores de desempenho têm como maiores colaboradores as instituições privadas como operadoras de planos de saúde, consórcios, hospitais e associações profissionais. Mesmo com tais esforços, existem necessidadespara maior contribuição, para isso o relatório Quality Chosm propõe o atendimento de seis objetivos da qualidade, são eles: segurança, efetividade, centralização no paciente, pontualidade, eficiência e equidade. 11 Para Rosa e Toledo (2014), estes esforços dedicados à qualidade dos serviços da saúde dependem sumariamente dos tipos de medições do desempenho e elaboração de relatórios (MATHIAS et al, 2015). 4.2 Logística comercial e logística nos serviços da saúde: comparações e definições As condições enfrentadas entre a logística e comercial e de serviços da saúde são diferentes, apesar de algumas instituições da área da saúde não serem públicas e trabalharem em regime comercial. Contudo, os serviços comerciais tradicionais e os da saúde buscam otimizar seus custos, planejamento, qualidade no atendimento aos seus clientes, controle e organização. Porém, existem características específicas nos serviços da saúde. Incluem segundo Mathias (2015): Envolvimento integral com o cliente; Riscos de variações bruscas nos processos; Variabilidade e complexidade dos serviços prestados; Demanda instável. Atualmente no sistema tradicional comercial, são utilizadas duas medidas de desempenho: custo e satisfação do cliente. No entanto, alguns custos não são quantificáveis e outros não são facilmente convertidos (MATHIAS et al, 2015). 4.3 Identificação de medições do desempenho logístico nos serviços da saúde Conforme o que já foi contextualizado, a gestão logística nas organizações na área da saúde é considerada bastante complexa, envolvendo decisões que devem considerar e respeitar a inter dependência e coordenação das áreas funcionais e entre as organizações, assegurando maior qualidade na prestação dos serviços, no tempo adequado e com os custos minimizados (MATHIAS et al, 2015). De acordo com o autor, as medições sobre as funções de suprimento são os que mais exigem indicadores que retratam os objetivos relacionados com a qualidade, tempo adequado e minimização de custos, sendo este considerado essencial para a gestão. Questões como transporte e terceirização (este referente aos serviços laboratoriais prestados às organizações), buscam adequar ou minimizar o tempo de 12 atendimento continuamente para que haja serviços mais eficientes e respostas ágeis conforme a necessidade de seus usuários (pacientes). As medições sobre as atividades da SAMU e Corpo de Bombeiros alocados no transporte, devem estar relacionadas com a liberação pela organização pelo fato de que ambos pertencem a instituições distintas requerendo outros tipos de indicadores e sistemas de medições. No que tange ao operacional nos serviços da saúde, se compreende as atividades como o atendimento (tempo de atendimento, liberação o para procedimentos), comunicação interna e externa, sistemas de informação (banco de dados, tecnologias em T.I.), atividades que interferem no desempenho logístico nos serviços de saúde e que podem minimizar seus custos. 5 LOGÍSTICA NA SAÚDE Fonte: /blog.solistica.com Na área da saúde, a gestão logística pode ser bastante complexa e rigorosa, não só pelo tipo de materiais que se manuseia, mas também por envolver uma vertente humana muito acentuada. Para se conseguir definir procedimentos que vão de encontro ao benefício da organização e dos utentes, é necessário colocar lado a lados os profissionais de gestão e os profissionais de saúde de forma a sensibilizar e apresentar a perspectiva de cada um dos lados. Numerosos tipos de fluxos estão presentes numa unidade de prestação de serviços de saúde, todos os dias, mas, ao 13 contrário da indústria transformadora, aqui não é possível prever a mistura de pacientes ou a procura por material específico, o que implica uma logística muito complexa (MIMOSO, 2017). 5.1 Stocks na área da saúde Os stocks na área da saúde constituem-se dentro de armazéns avançados e/ou intermédios. Numa unidade de prestação de serviços de saúde podemos encontrar cinco grandes grupos de materiais: fármacos, material de consumo clínico, material hoteleiro, material administrativo e material de manutenção e conservação. As principais características dos fármacos e materiais clínicos são a variedade, a criticidade, prazos de validade e ciclos de vida normalmente curtos. A gestão económica de stocks apresentada acima, pode igualmente ser aplicada na área da saúde, consoante a previsão dos consumos. Um estudo de Callender & Grasman (2010) sugere que o controle de stocks, na área da prestação de serviços de saúde, bem como o processo de aquisição de produtos deveria exigir mais atenção por parte dos gestores e que estas práticas devem envolver os médicos, de forma a selecionar os materiais em conformidade com os seus requisitos. A melhoria, nesta área, poderá alcançar-se com o apoio dos sistemas de informação, juntamente com a colaboração e cooperação das partes interessadas (MIMOSO, 2017). 5.2 Distribuição interna aos serviços clínicos Carvalho & Tânia (Logística na Saúde, 2013) distinguem 7 tipos de sistemas logísticos nos serviços clínicos: Sistema logístico com stocks avançados nos serviços clínicos – A farmácia hospitalar é abastecida e a mesma coloca os stocks diretamente nos vários serviços clínicos; Sistema logístico com stocks avançados nos pisos - O armazém central ou farmácia hospitalar coloca os stocks nos vários pisos e apenas abastece 1 serviço clínico; Sistema logístico com stocks avançados nos pisos e partilhados por vários serviços clínicos. O armazém central ou farmácia hospitalar coloca os stocks 14 nos vários pisos e posteriormente mais que um serviço clínico abastece-se desses stocks. -Carrinhos de distribuição destinados a cada serviço clínico; -Sistema de distribuição com ciclo único, a todos os serviços; -Sistema de distribuição com retornos à origem (unidose); -Sistema de distribuição com retornos à origem (malas ou caixas); No entanto, estes sistemas são genéricos e podem variar consoante a realidade de cada unidade de prestação de cuidados de saúde e as suas práticas. Independentemente do modelo de distribuição interna nos serviços clínicos, a definição de responsabilidades, a periodicidade de abastecimento e a atribuição de um centro de custo a cada armazém avançado, são práticas essenciais para alcançar o sucesso e a redução de custos dentro de cada área (MIMOSO, 2017). 5.3 Processos Logísticos A estratégia logística deve ser definida tendo em consideração o ambiente interno e externo da empresa e a sua estratégia corporativa e competitiva. Rushton, Croucher, & Baker (2010), definem quatro aspetos chave para desenhar a estratégia logística: Design do processo; A rede logística; Design do sistema de informação; Estrutura organizacional Estes quatro aspetos podem ser traduzidos na trilogia apresentada por Carvalho, et al. (2012), pessoas, processos e infraestruturas. Desta forma, o sistema logístico deve ser integrado nestas vertentes, pois quando há alteração numa delas, comitantemente as outras sofrem alterações. A definição dos processos logísticos é um dos aspetos chaves para a definição da estratégia logística. É o método que assegura que os objetivos operacionais sejam cumpridos (MIMOSO, 2017). Processos na prestação de serviços de saúde 15 O Process Classification Framework (PCF) da APQC (American Productivity and Quality Center) apresenta uma estrutura genérica de processos, utilizados por todo o mundo como forma de uniformizar as atividades nas diversas organizações com funcionamentos idênticos. Existem tabelas para as diferentes indústrias e ramos de atividades, agrupando os processos comuns a cada uma delas. 6 LOGÍSTICA HOSPITALAR Fonte: segurancadopaciente.com O termo logística tem sua origem na esfera militar, mas, durante os anos1980, esse campo emergiu e aparece como uma atividade (empresarial) de apoio específica e autônoma, diferente do transporte de mercadorias (BOURAHLI, 2019). Do ponto de vista militar, segundo o autor, a logística é definida pela Organisation du Traité de l'Atlantique Nord (OTAN) como a “ciência do planejamento e execução dos movimentos das forças armadas e sua manutenção” (OTAN, 2012). Ainda, segundo a OTAN (2012), o termo logística em seu sentido amplo abrange as principais atividades militares, especificamente: projeto e desenvolvimento, aquisição, armazenagem, movimentação, distribuição, manutenção, evacuação e reforma de equipamentos; transporte de pessoal; aquisição ou construção, manutenção, uso e desativação de instalações; 16 fornecimento ou recebimento de serviços, e apoio e cuidados médicos. No âmbito civil, existem várias definições de logística. Por exemplo, o Council of Supply Chain Management Professional (CSCMP, 2018) define a logística como o processo de planejamento, implementação e controle de procedimentos para o transporte eficiente e eficaz e armazenamento de bens, incluindo serviços, e informações relacionadas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com a finalidade de conformidade com os requisitos do cliente. Esta definição inclui movimentos de entrada, de saída, internos e externos. De fato, a logística deve coordenar todos os processos organizacionais, administrativos e gerenciais para garantir que um produto ou serviço seja entregue ou disponibilizado ao destinatário certo, no momento certo, em boa quantidade e com o custo competitivo (BOURAHLI, 2019). Para fazer isso, a logística deve abranger processos que vão desde compras (gerenciamento de fornecedores), gerenciamento de estoque e de armazém até a distribuição final. A logística inclui, portanto, todas as atividades destinadas a garantir uma boa coordenação entre demanda e oferta. Ela gerencia fluxos de materiais, bem como fluxos de informações relacionados a uma determinada atividade. A evolução da logística, da operacional (ciência dos detalhes) à transversalidade (ciência geral) é confirmada, tanto na esfera militar quanto na área empresarial, ou mesmo em novas áreas como, por exemplo, na gestão hospitalar (COLIN, 2015 apud BOURAHLI, 2019). Morana (2018) avalia que a função logística é central dentro e entre as empresas. Segundo a autora, sem logística, não pode haver atividade profissional. A importância de sua evolução está inscrita ao longo dos séculos XX e XXI. Nessa perspectiva, Rivard-Royer e Beaulieu (2004) sintetizam a evolução das práticas de gestão de abastecimento e logística hospitalar nas últimas décadas em quatro grandes períodos: Antes da 1950: a maioria dos hospitais não possuía um serviço de compras centralizado (fórmula –produtos). Cada departamento gerenciava suas compras e inventários, o que era possível, já que a variedade de produtos e suprimentos era limitada. Essa abordagem poderia funcionar enquanto a variedade de produtos e suprimentos permanecesse reduzida. Após a segunda guerra mundial: um aumento na gama de produtos e número de entregas dificultou a tarefa de gerenciar o abastecimento hospitalar. Como 17 resultado, parte do tempo da equipe de cuidados é usada para a gestão de compras e estoques. Deste modo, foi adotada uma abordagem de suprimento centralizada (fórmula –suprimento), um serviço que lida com compras, gerenciamento de armazéns e controle de estoque Anos 1960 a 1990: o aumento significativo das compras de bens e serviços exige que os tomadores de decisão concedam responsabilidades adicionais à função de suprimento (Fórmula –fornecedor). Estas funções adicionadas têm dois aspectos: - Integração da cadeia de suprimentos interna de hospitais: fusão da central de distribuição e do departamento de suprimentos para criar o serviço de gestão de material. Assim, o desperdício e as duplicações são eliminados no gerenciamento do fluxo de materiais, incrementando subsequentemente a eficiência e a produtividade. - A segunda abordagem, seguiu-se a gestão de estoques no ponto de uso e os programas de consignação para determinados suprimentos, capturando o valor agregado que os fornecedores poderiam oferecer. Nos últimos anos: surgimento do termo "logística hospitalar" que se tornou cada vez mais comum. Ela promove a visão integrada do fluxo de informações, o fluxo de materiais e o fluxo de pacientes dentro da unidade de saúde, a fim de evitar que cada fluxo seja gerido de forma autônoma sem levar em conta esses efeitos em outros ciclos de reabastecimento (fórmula –logística hospitalar) (BOURAHLI, 2019). 18 Posição das fórmulas de gestão de suprimentos e logística Fonte: RIVARD-ROYER &BEAULIEU (2004) apud BOURAHLI, 2019. 6.1 Logística Hospitalar: Conceitos e Definições A diversidade de organizações de saúde e atividades de logística agrupadas sob a expressão de logística hospitalar não facilita a declaração de uma definição. Outros termos semelhantes ou próximos de “logística hospitalar “também são mais ou menos utilizados: logística na saúde, logística de assistência médica, logística nos serviços da saúde, cadeia interna de suprimentos hospitalar, logística de materiais em hospitais etc. Existem, é claro, nuances ou peculiaridades entre todos esses termos, mas todas convergem sobre a necessidade de uma boa gestão de insumos médicos e medicamentos dentro das organizações de saúde. Assim sendo, muitos pesquisadores estudam a logística hospitalar, sem olhar para ela do mesmo ângulo. Cada um propõe uma definição de acordo com a sua disciplina e os objetivos que direcionam sua análise (BOURAHLI, 2019). Assim, segundo o autor, várias definições são dadas para a logística hospitalar (LH) e não existe um entendimento universal sobre o conceito. Para algumas 19 correntes de pesquisa, trata-se de um conjunto de atividades de suporte, e para outros eles a veem como uma técnica de gerenciamento de fluxos. No entanto, estas definições podem ser classificadas de acordo com a sua orientação principal. A LH pode, assim, ser definida como: Conjunto de atividades de coordenação que possibilitam a prestação de serviços médicos. Operações relacionadas com compra, recebimento, gestão de estoque, ressuprimento etc. Gerenciamento de fluxos de pacientes, bens, serviços, informações, financeiros etc. Sistema que objetiva a prestação de serviço aos pacientes com restrições de tempo; Envolve fluxos de bens físicos e fluxos de informação relacionados para apoiar os processos de atendimento ao paciente. Vale observar nessas conceituações da LH uma nítida evolução ao longo de tempo. De simples fornecedora de matéria prima para os serviços, passando por tecnologia de controle de fluxos, incluindo os pacientes e informações e culminando com o Kritchanchai et al. (2017) que consideram a LH com uma rede que realiza um conjunto de atividades necessárias para a prestação de serviços de saúde aos pacientes (BOURAHLI, 2019). Segundo o autor, dessas definições surge uma abordagem abrangente que se aplica a toda logística hospitalar, que está na estratégia da organização de saúde, através de uma gestão de produtos, transforma uma sequência de operações em um processo global e integrado. Além disso, estas definições mostram que a logística hospitalar afeta o desempenho de cada serviço, seja médico, de enfermagem, de hotelaria, de tecnologia médica, da farmácia, administrativo, logístico e técnico. Sem armazéns ou estoques, não pode haver a garantia da segurança do paciente e da continuidade dos serviços. Definições da cadeia hospitalar Autor (es) Definição da logística hospitalar Pontos chave 20 Chow &Heaver (1994b) Distinguem três atividades principais para a logística hospitalar (LH): 1)Aquisição: inclui compras e gerenciamento de estoque de vários produtos. 2) Produção: gerencia as diversas atividades, como lavanderia, cozinha, esterilização etc. 3) Distribuição: assegura a entrega de diversos produtos desde as áreas de armazenamento até os diversos pontos de uso, ou o transporte de resíduos até as áreas de embarque Atividades, aquisição, produção e distribuição Sampieri & Bongiovanni (2000) LH pode ser definida como a tecnologia de controle de fluxos físicos (hotelaria, medicamentos, outros dispositivos médicos, pacientes e funcionários) através do fluxo de informações (médicas e administrativas). Tecnologia de controle, fluxos físicos, pacientes e informações Aptel &Pourjalali (2001) Sugerem que as atividades de logística nos hospitais incluem compra, recebimento, gestão de estoque, gerenciamento do sistema de informação, serviço de alimentação, transporte e atendimento domiciliar. Atividades, compra, recebimento, gestão de estoque, gerenciamento do sistema de informação, transporte Landry &Beaulieu (2001) Definem a LH como um conjunto de atividades de projeto, planejamento e execução que permitem a compra, o gerenciamento de estoque e o reabastecimento de bens e serviços relacionados à prestação de serviços médicos aos pacientes Atividades, projeto, planejamento, execução, compra, reabastecimento, bens, serviços, pacientes Poulin (2003) Considera a LH como um desses processos, cujo objetivo é entregar eficientemente suprimentos médicos e produtos farmacêuticos ao consumidor final, o paciente Processos, eficiente, entrega, suprimentos médicos, produtos farmacêuticos, paciente 21 Hassan (2006) Define a LH como “todas as atividades de projeto, planejamento, gerenciamento de suprimentos, produção de bens e serviços, entrega e gerenciamento de retorno, do fornecedor ao beneficiário (pacientes), todos levando em conta as trajetórias dos pacientes dentro do hospital sem os quais não há fluxo de produtos farmacêuticos. Essas atividades são orquestradas pelo fluxo de informações entre os diversos parceiros da cadeia e levam a fluxos financeiros”. Atividades, coordenação de fluxos (bens, serviços, pacientes, informações e financeiros) direto e reverse ASLOG (2017) Trata-se da gestão dos fluxos de pacientes, produtos, materiais, serviços e informações relacionadas, para garantir qualidade e segurança em um nível definido de desempenho e eficiência, desde o fornecedor até o paciente e, conforme o caso, para o destinatário final Gestão, fluxos, pacientes, materiais, serviços, informações, fornecedor, destinatário final Kritchanchai et al. (2017) Definida como uma série de redes ou sistemas que realizam diferentes atividades visando à prestação de serviços aos pacientes, muitas vezes com limitações severas de tempo Sistemas, atividades, pacientes, prestação de serviços, tempo Moons et al. (2018) A logística dos cuidados de saúde engloba o processo de manuseio de bens físicos (por exemplo, produtos farmacêuticos, produtos médicos cirúrgicos, equipamentos médicos, artigos estéreis, itens de lavanderia, alimentos, etc.) e os fluxos de informação associados, desde a recepção das mercadorias dentro de um hospital até a sua entrega em locais de atendimento ao paciente. Processos, bens físicos, fluxos de informação. Fonte: BOURAHLI, 2019. 22 6.2 Atividades de logística hospitalar Apesar de ter em comum a missão de prestar cuidados de saúde a população, o termo hospital se refere a um conjunto muito heterogêneo de organizações de saúde que podem oferecer uma variedade de serviços e atividades. As atividades de logística em ambiente hospitalar variam de acordo com as instituições de saúde, o tamanho do estabelecimento e a natureza de sua atividade (BOURAHLI, 2019). Segundo o autor, essas atividades geralmente têm uma natureza evolutiva e variável dentro dessas organizações. Nesse contexto, é importante definir exatamente quais atividades são consideradas como pertencentes à logística hospitalar. A Cadeia de Valor de Michael Porter é um modelo que ajuda a mostrar como uma cadeia de valor pode ser construída para uma determinada organização, refletindo as atividades específicas que ela realiza. Mostra também como as atividades na cadeia de valor de uma empresa estão ligadas umas às outras e às atividades de seus fornecedores, canais e clientes, e como essas ligações afetam a vantagem competitiva. Porter (1989) descreve como o escopo das atividades de uma organização afeta a vantagem competitiva por meio de seu impacto na cadeia de valor. Segundo Porter (1989), cada empresa é um conjunto de atividades realizadas para projetar, produzir, comercializar, entregar e suportar seu produto. A cadeia de valor de uma organização e o modo de como ela realiza suas atividades refletem sua história, sua estratégia, sua abordagem à implementação de sua estratégia e a economia subjacente das próprias atividades (BOURAHLI, 2019). O esquema das atividades de uma cadeia de valor de Porter é ilustrado na Figura abaixo. 23 Cadeia de valor genérica de Porter Fonte: Porter (1989) apud BOURAHLI, 2019. O modelo proposto por Porter (1989) classifica as atividades de valor em duas categorias: a primeira como atividades primárias composta pela logística de entrada (inboud), operações, logísticas de saída (outbound), marketing e vendas, e serviços; e a segunda categoria como atividades de apoio composta pela infraestrutura da empresa, gerenciamento de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia, aquisiçãode insumos e serviços (BOURAHLI, 2019). De acordo com o autor, devido às diferentes formas de se produzir determinado bem, ou prestar determinado serviço, as empresas precisam se aprofundar no conhecimento de seus processos, utilizando a principal ferramenta da análise estratégica de custos: a cadeia de valor. Assim, para as atividades primárias, Porter (1989) considera cinco categorias genéricas de atividades primárias envolvidas na competição em qualquer setor. Cada categoria é divisível em várias atividades distintas que dependem do setor da indústria e da estratégia de cada empresa. Logística de entrada. Atividades associadas ao recebimento, armazenamento e disseminação de insumos para o produto, como manuseio de materiais, armazenagem, controle de estoque, agendamento de veículos e devoluções a fornecedores. Operações. Atividades associadas à transformação de insumos na forma de produto final, como usinagem, embalagem, montagem, 24 manutenção de equipamentos, testes, impressão e operações de instalações. Logística de saída. Atividades associadas à coleta, armazenagem e distribuição física do produto aos compradores, como armazenagem de mercadorias acabados, manuseio de materiais, operação de veiculação de veículos, processamento de pedidos e agendamento. Marketing e vendas. Atividades associadas ao fornecimento de um meio pelo qual os compradores podem comprar o produto e induzi-los a fazê- lo, tais como publicidade, promoção, força de vendas, cotação, seleção de canais, relações de canal, e preços. Serviço. Atividades associadas ao fornecimento de serviços para aprimorar ou manter o valor do produto, como instalação, reparo, treinamento, fornecimento de peças e ajuste de produto. As atividades de apoio, na cadeia de valor de Porter, que suportam as atividades primárias são categorizadas em quatro classes genéricas segundo Bourahli (2019): Infraestrutura: Estas são as atividades que a organização precisa para manter as operações de rotina. Consiste em uma série de atividades, incluindo gerenciamento geral, planejamento, finanças, contabilidade, jurídico, assuntos governamentais e gerenciamento da qualidade, etc. Ainfraestrutura, ao contrário de outras atividades de apoio, geralmente suporta toda a cadeia e não atividades individuais. Gerenciamento de Recursos Humanos: consiste em atividades envolvidas no recrutamento, contratação, treinamento, desenvolvimento e remuneração de todos os tipos de pessoal. Visto que os recursos humanos são uma fonte de valor importante, as organizações podem criar vantagens significativas se utilizarem de boas práticas na gestão de pessoas. Desenvolvimento Tecnológico: Inclui as atividades que visam a melhoria do produto o serviço. Agrupa atividades tais como a pesquisa básica, design de produto, design de equipamentos de processo e procedimentos de manutenção. Aquisição: são todos os processos que a organização realiza para adquirir os insumos usados na cadeia de valor. Os insumos adquiridos incluem matérias- 25 primas, suprimentos e outros itens consumíveis, bem como ativos como maquinário, equipamentos de laboratório, equipamentos de escritório e edifícios. Nesse âmbito, Swinehart et al. (1995) adaptaram a cadeia de valor de Porter para descrever as atividades logísticas no contexto das organizações de saúde e apresentaram um modelo que classifica essas atividades em duas grandes classes: atividades de apoio e atividades primárias. Assim, segundo os autores, uma organização de saúde consiste em cinco atividades principais que gerenciam diferentes tipos de insumos e produtos, a fim de oferecer diversos produtos ou serviços que atendam às necessidades dos pacientes (BOURAHLI, 2019). São elas: As atividades de logística de entrada (inbound) são associadas ao fornecimento de todos os componentes necessários para fornecer saídas intermediárias ao hospital. Estas atividades incluem a recepção, armazenamento e distribuição de itens como materiais hospitalares, produtos farmacêuticos e produtos alimentares. A gestão da demanda inclui as atividades associadas ao gerenciamento e a programação de todas as demandas para as saídas intermediárias. Isso inclui a previsão da demanda e o processo de agendamento de salas, procedimentos e outros serviços. As operações e serviços incluem atividades associadas ao gerenciamento do paciente através do ciclo de tratamento desde a sua admissão até sua alta. A logística externa (outbound) está associada às atividades do atendimento pós-hospitalar do paciente. Isso pode incluir tratamentos de acompanhamento, planejamento de atendimento domiciliar, reabilitação e serviços sociais. 26 Atividades primárias de uma organização de saúde Fonte: Swinehart et al. (1995) apud BOURAHLI, 2019. Relacionamento com o cliente / atendimento ao paciente são atividades auxiliares e não essenciais oferecidas pelo hospital. Estas incluem serviços voluntários, serviços sociais, loja de presentes e programas de religiosos (BOURAHLI, 2019). As atividades de apoio, denominadas de “região de infraestrutura” no modelo de Swinehart et al. (1995), compreendem as seguintes atividades: gestão de recursos humanos, finanças, reembolso, marketing e desenvolvimento, compras e suporte técnico e não técnico.Chow &Heaver (1994b), por sua vez, dividiram as atividades logísticas nos estabelecimentos de saúde em três categorias segundo Bourahli (2019): aquisição que inclui compras e gerenciamento de estoque de vários produtos; produção que gerencia as diversas atividades tais como a farmácia, lavanderia, cozinha, esterilização e a gráfica; e distribuição que cuida da entrega de diversos produtos das áreas de armazenamento até os diversos pontos de uso, bem como do transporte de resíduos. 27 É interessante observar no estudo de Chow & Heaver, que não há menção ao gerenciamento de fluxo de pacientes, um conceito relativamente recente que está claramente ausente das preocupações de logística hospitalar dos anos 90. Principais funções de logística / gestão de materiais Fonte: Chow &Heaver (1994b) apud BOURAHLI, 2019. Landry &Beaulieu (2014) se basearam no trabalho de Chow &Heaver (1994b) para descrever a logística hospitalar em 4 atividades principais. Assim, os autores acrescentaram mais uma categoria (reabastecimento) no modelo de Chow &Heaver (1994b) e decompuseram as atividades de logística em quatro categorias: aquisição; produção;reabastecimento; e transporte (BOURAHLI, 2019). Sehundo o autor, as atividades de aquisição incluem, por exemplo, a gestão de contratos, compras e pagamentos de fornecedores. As atividades de produção compreendem principalmente a rouparia, preparação das refeições, a gráfica, e a esterilização. Desse modo, a categoria de reabastecimento envolve o gerenciamento de estoques, medicamentos, fornecimentos e lavanderia. Finalmente, na quarta categoria (transportes) são incluídas as atividades de transportes de pacientes, de 28 amostras de laboratório, equipamentos, resíduos e correio. Sampieri-Teissier (2002) dividem a logística hospitalar em duas partes. Em primeiro lugar, a logística tradicional que abrange a gestão de matérias- primas utilizadas direta ou indiretamente para a produção do serviço: medicamentos, equipamentos médicos, produtos alimentícios, produtos domésticos, produtos de lavanderia. Em segundo lugar, encontra-se a logística de serviços (controle de produção ou logística de reação) que consiste em gerenciar os fluxos de pessoas (funcionários, pacientes, acompanhantes etc.) (BOURAHLI, 2019). Aptel &Pourjalali (2001) apud Bourahli (2019) consideram que um departamento de logística de um hospital pode ter atividades tais como compra, recebimento, gerenciamento de estoques, gestão de sistemas de informação, telemedicina, serviços de alimentação, transporte e serviços de assistência domiciliar. Dembińska-Cyran (2005) apud Bourahli (2019) identificou quatro categorias principais de atividades na logística hospitalar: -Atividades de gerenciamento de estoques, como compras, recebimento e controle de estoques e suprimentos, -Atividades de gerenciamento de transporte, como transporte de pacientes para e dentro do hospital, entrega de produtos farmacêuticos e médicos etc. -Atividades de produção como lavanderia, preparação de refeições, esterilização etc .-Atividades de distribuição como entrega e classificação de itens a granel em solicitações de pedidos para departamentos individuais. Para Pokharel (2005), as atividades de logística nas organizações de saúde envolvem planejamento, projeto, implementação e gerenciamento de fluxos de materiais em uma cadeia de suprimentos para suportar funções como compras, distribuição, gerenciamento de estoque, embalagem e fabricação. Hassan (2006) definiu o campo de intervenção da logística hospitalar em 4 quatro categorias: as atividades de base, atividades de apoio, atividades de transformação e atividades especificas (BOURAHLI, 2019). 29 6.3 Gestão e de Organização das atividades de logística hospitalar Até poucos anos atrás, os hospitais não tinham abordagem centralizada para aquisição de bens relacionados à prestação de serviços médicos aos pacientes, a logística hospitalar, em alguns hospitais, ainda é pouco desenvolvida ou pouco conhecida, e cada departamento gerenciava suas próprias necessidades de compras e de estoque. Para eliminar pedidos redundantes e custos com pessoal, os hospitais criaram um departamento de gerenciamento de materiais separado no intuito de centralizar as compras e as atividades de logística foram agrupadas no departamento técnico do hospital, que inclui: produtos de hotelaria, lavanderia, catering e transporte. No entanto, apesar da importância das atividades logísticas na realização da missão de uma instituição hospitalar, numerosos estudos mostram que a logística hospitalar não recebe a atenção que merece dos tomadores de decisão (BOURAHLI, 2019). Segundo o autor,as atividades de logística são divididas entre múltiplos departamentos (farmácia, departamento de suprimentos, cozinha etc.), e o departamento de aquisições ou gerenciamento de material, que deve ser o primeiro interlocutor para as decisões de logística do hospital, está frequentemente distante dos principais pontos de decisão do hospital, quem o vê apenas como um serviço de apoio a outros serviços. Por fim, esses departamentos de aquisições/compras muitas vezes buscam seguir os procedimentos em vez de pensar em maneiras de melhorá-los. Além disso, Landry & Beaulieu (2001) observam que não existe uma única denominação para o serviço que administra toda ou parte das atividades logísticas em um estabelecimento de saúde, e os hospitais, apesar de suas semelhanças, podem ter diferentes práticas de gestão, incluindo a gestão de atividades logísticas e as responsabilidades dos departamentos de logística também são diferentes entre países (BOURAHLI, 2019). De acordo com o autor, dada a magnitude dessas atividades, onde muitos recursos e vários departamentos de hospitais estão envolvidos na logística hospitalar, apresenta-se a seguir a posição e atribuições dos departamentos de logística no âmbito hospitalar através de casos relatados na literatura revisada. Os casos a serem abordados e analisados nesta seção derivam de estudos realizados sobre as responsabilidades e organização dos departamentos de logística nas organizações de saúde por: Landry & Beaulieu (2001) nos Estados Unidos (EUA) e em Quebec 30 (Canadá); Aptel &Pourjalali (2001, 2009) nos Estados Unidos e na França; Beaulieu &Landry (2002) na França e no Quebec; Dacosta-Claro &Lapierre (2003) em Quebec; e Pan &Pokharel (2007) na Cingapura. Estados Unidos: a pesquisa realizada por Aptel & Pourjalali (2009) em 182 hospitais dos EUA mostrou que quase todos os hospitais dos EUA declararam ter um departamento de logística. A principal responsabilidade do departamento de logística foi relatada como suporte direto ao estoque (compra, fornecimento, recebimento, controle de estoque e distribuição interna). O estudo revelou também que a função de suporte direto dos departamentos de logística declinou de 1998 a 2005, a função de suporte indireto diminuiu ainda mais. A principal redução diz respeito ao gerenciamento de sistemas de informações gerenciais (MIS) como parte dos departamentos de logística. Uma possível explicação é que as funções do MIS estão cada vez mais terceirizadas. Landry & Beaulieu (2001) indicam que nos EUA, esse serviço é mais frequentemente chamado de “gerenciamento de materiais”, e lembram que a responsabilidade por esse serviço é assumida por um gerente intermediário, o que limita sua autoridade, pois na metade dos hospitais dos EUA o departamento de gerenciamento de materiais é subordinado ao diretor financeiro. Os autores observam ainda que essa situação de subordinação pode limitar o poder do departamento de logística/materiais de implementar soluções que afetam as atividades operacionais dos estabelecimentos de saúde (BOURAHLI, 2019). 6.4 Custos logísticos No contexto atual de pressões demográficas e restrições orçamentárias que atingem praticamente todos os países, a gestão dos estabelecimentos de saúde representa desafios significativos e o custo operacional crescente é uma preocupação para os prestadores de cuidados de saúde. A questão do controle de gastos está levando as instituições de saúde a otimizar seus fluxos físicos e de informações em termos do desempenho geral de suas cadeias logísticas. A propósito, Chen et al. (2013) relatam que a reforma do setor de saúde do governo dos Estados Unidos (EUA) e a demanda pública estão pressionando as organizações de saúde, que responderam por 17,9% do produto interno bruto dos EUA em 2011, para procurar maneiras de melhorar a eficiência operacional e reduzir os custos crescentes. Assim, 31 vários estudos têm investigado como as atividades de logística são realizadas para reduzir custos. Neste sentido, Beaulieu & Landry (2010) afirmam que 48% dos custos dos processos na cadeia logística (suprimentos médicos e farmacêuticos) poderiam ser economizados por melhores práticas nos vários elos da cadeia logística. Esses custos constituem a segunda maior despesa em hospitais, depois de gastos com o pessoal. Por sua vez, Aptel &Pourjalali (2001) consideram o departamento de logística como uma parte vital de um hospital porque têm reponsabilidades importantes para apoiar a prestação de atendimento aos pacientes. Consequentemente, é importante examinar as atividades desse setor para melhorar os serviços e reduzir custos (BOURAHLI, 2019). Para Chow &Heaver (1994b), baseados no estudo de Housley realizado em 1978, uma parcela significativa das despesas das organizações de saúde é dedicada às atividades de logística (compras, armazenagem e reabastecimento dos pontos de atendimento). Segundo esses autores, as atividades logísticas podem representar até 46% do orçamento total de um centro hospitalar. A Figura abaixo, mostra os custos logísticos de acordo com Chow & Heaver (1994b) (BOURAHLI, 2019). Importância da logística/ Gestão de materiais 32 Fonte: Chow &Heaver (1994b) apud BOURAHLI, 2019. Os custos de mão de obra incorridos pelas atividades logísticas representam potencialmente mais de 19% do orçamento hospitalar, repartidos entre o pessoal de cuidados e de apoio com 4% e 15% do total da despesa, conforme mostrado na Figura. Os custos não associados ao trabalho referentes à exploração do espaço (utilidades/serviços, por exemplo) não estão incluídos, nem os custos de oportunidade do espaço hospitalar (armazenamento, por exemplo) usados para atividades de logística. Por outro lado, o percentual de 46 % inclui os custos de gerenciamento do equipamento nas unidades de atendimento, os custos de aquisição dos diversos produtos (equipamentos, alimentos, medicamentos, produtos médicos etc.) e os custos de gestão associados à compra desses produtos. Do estudo do Chow &Heaver (1994b), dois elementos importantes merecem ser destacados: As atividades de logística representam uma grande parte do orçamento do hospital, portanto, dedicar tempo e esforço para melhorá-las pode ter um impacto significativo sobre o desempenho organizacional; As atividades de logística são integradas em tarefas de outros setores do hospital, como os serviços de atendimento ao paciente (BOURAHLI, 2019). Um estudo conduzido por Bourgeon et al.(2001) em estabelecimentos de saúde franceses e holandeses afirma que o custo total de aquisição e distribuição de vários produtos e serviços médicos pode representar de 33% dos custos anuais de um centro hospitalar. A estrutura de custos de logística apresentada por Bourgeon et al.(2001) mostra que o item da maior despesa nos hospitais pesquisados é a aquisição, com uma média de 68% do orçamento logístico global. Em seguida, aparecem os custos de hotelaria (19%), o transporte e distribuição (10%) e a gestão de estoques (3%) (BOURAHLI, 2019). Para Bourahli (2019), os custos de aquisição, as compras de produtos farmacêuticos são predominantes e representam mais de metade das despesas, no caso do estabelecimento francês, com quase 54%. Os estudos mostram que a participação média do custo das atividades logísticas no orçamento total de um hospital é importante. Embora não exista uma convergência sobre o percentual exato dos custos logísticos no orçamento dos estabelecimentos de saúde, os resultados das 33 pesquisas apontam percentuais acima dos 30%, o que mostra o peso das atividades logísticas e a sua importância no contexto do gerenciamento hospitalar. 7 LOGISTICA NA VACINAÇÃO CONTRA COVID – 19 Fonte: redetb.org A importância da logística tornou-se essencial, pois ela engloba uma cadeia de atividades que inclui a aquisiçãode matéria-prima, a movimentação, o armazenamento e, por fim, a distribuição do item e/ou serviço desejado, envolvendo o planejamento eficiente e eficaz para o destino e, desde o início do fluxo, visando unicamente atender e satisfazer os clientes finais. Nesse sentido, no qual a visão da sociedade em relação ao consumo cada vez mais vem sofrendo modificações de grande proporção, existe a necessidade de a logística se reinventar para fidelizar e conquistar ainda mais o seu público consumidor (PACHECO et al, 2021). Segundo o autor, o que ajuda a ampliar essa perspectiva de atuação é a preocupação ecológica e a competitividade de grande parte das empresas, direcionando para a criação de fluxos de retorno, ou seja, a logística reversa. A demonstração dos aspectos do enfrentamento atual à COVID-19, juntamente com as necessidades de análises e observações no Sistema de Saúde Brasileiro, nos direciona ao relacionamento de incorporação e de absorção de forma coletiva para serviços e atividades voltadas ao caminho de produtos, de forma a atender à 34 coletividade da maneira mais simples e vital na prática administrativa. Vale destacar que, na administração de empresas, existem diversas frentes, porém a logística nem sempre foi um item relevante nesse processo. Do momento em que a logística tornou-se rentável e as empresas iniciam ramo processo de cuidar desta atividade, houve então um importante marco nos custos e, consequentemente, iniciou-se um processo lucrativo e de fundamental importância até os dias de hoje (PACHECO et al, 2021). Segundo o autor, este marco fez com que a demanda versus a produção destinada ao atendimento da população pudesse contar com a entrega de itens em boas condições físicas de utilização, independentemente do local da solicitação e da distância para a entrega. Esse aspecto se tornou vital para o momento atual em que vivemos, tendo que lidar com a pandemia da COVID-19, uma vez que a distribuição adequada se trata de um dos principais fatores de atendimento aos pacientes afetados pelo novo vírus, devido à ampla área geográfica brasileira e à necessidade de encaminhamento de materiais e/ou medicamentos a toda a população nacional. 7.1 COVID - 19 A covid-19 é a maior pandemia da história recente da humanidade causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Trata-se de uma infecção respiratória aguda potencialmente grave e de distribuição global, que possui elevada transmissibilidade entre as pessoas por meio de gotículas respiratórias ou contato com objetos e superfícies contaminadas (BRASIL, 2021). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% das pessoas com covid-19 se recuperam da doença sem precisar de tratamento hospitalar. Uma em cada seis pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 ficam gravemente doentes e desenvolvem dificuldade de respirar. Os idosos e pessoas com comorbidades, tais como pressão alta, problemas cardíacos e do pulmão, diabetes ou câncer, têm maior risco de ficarem gravemente doentes. No entanto, qualquer pessoa pode se infectar com o vírus da covid-19 e evoluir para formas graves da doença. Para conseguir atingir o objetivo de mitigação dos impactos da pandemia, diversos países e empresas farmacêuticas estão empreendendo esforços na produção de uma vacina segura e 35 eficaz contra a covid-19, e no monitoramento das vacinas que já se encontram em uso emergencial em alguns países. O planejamento da vacinação nacional é orientado com fulcro na Lei nº 12.401, de 28 de abril de 2011, que dispõe sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologia em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde e Lei nº 6.360/1976 e normas sanitárias brasileiras, conforme RDC nº 55/2010, RDC 348/2020 e RDC nº 415/2020 que atribui a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a avaliação de registros e licenciamento das vacinas. Na atual situação, onde se estabelece a autorização temporária de uso emergencial, em caráter experimental, de vacinas COVID-19 para o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância nacional, decorrente do surto do novo coronavírus (SARS-CoV-2), os requisitos estão definidos na RDC nº 444, de 10 de dezembro de 2020. Essa Resolução regula os critérios mínimos a serem cumpridos pelas empresas para submissão do pedido de autorização temporária de uso emergencial durante a vigência da emergência em saúde pública, detalhados no Guia da Anvisa nº 42/2020.Em 09 de setembro de 2020 foi instituído um Grupo de Trabalho para a coordenação de esforços da União na aquisição e na distribuição de vacinas COVID-19 (Resolução n° 8), no âmbito do Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da covid-19, coordenado pelo representante do Ministério da Saúde, e formado por representantes de vários ministérios e secretarias do governo federal, bem como por representantes do Conass e Conasems, com objetivo de coordenar as ações governamentais relativas à vacinas COVID-19 e colaborar no planejamento da estratégia nacional de imunização voluntária contra a covid-19.Para o acompanhamento das ações relativas à vacina AZD 1222/ChAdOx1 n-CoV19 contra covid-19, decorrentes da Encomenda Tecnológica (ETEC) firmada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a empresa AstraZeneca, foi publicada a Portaria GM/MS Nº 3.290, de 4 de dezembro de 2020, instituindo Comitê Técnico no âmbito do Ministério da Saúde (BRASIL, 2021). Além disso, este Ministério segue com o monitoramento técnico e científico do cenário global de desenvolvimento de vacinas COVID-19 e na perspectiva de viabilizar acesso da população brasileira a vacinas seguras e eficazes, se articula com representantes de diversas empresas e laboratórios desenvolvedores de vacinas, para aproximação técnica e logística de candidatas. Até o momento registra-se a adesão do Brasil: Encomenda tecnológica: Fiocruz/AstraZeneca –previstas 102,4 36 milhões de doses, até julho/2021 e em torno de 110 milhões de doses (produção nacional) entre agosto a dezembro/2021.Covax Facility–previstas 42,5 milhões de doses (10 laboratórios estão negociando com a Covax Facilityo cronograma de entrega).Instituto Butantan/ Sinovac -previstas 46 milhões no primeiro semestre de 2021 e 54 milhões no segundo semestre (BRASIL, 2021). 7.2 Operacionalização para vacinação Fonte: sesc.ms 7.3 Mecanismo de gestão de saúde O Ministério da Saúde coordena as ações de resposta às emergências em saúde pública, incluindo a mobilização de recursos, aquisição de imunobiológicos, apoio na aquisição de insumos e a articulação da informação entre as três esferas de gestão do SUS. As diretrizes e responsabilidades para a execução das ações de vigilância em saúde, entre as quais se incluem as de vacinação, são definidas em legislação nacional (Lei nº 6.259/1975), a qual aponta que a gestão das ações é compartilhada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. Devem ser pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e na Comissão Intergestores Bipartite (CIB), tendo por base a regionalização, a rede de serviços e as tecnologias disponíveis (BRASIL, 2021). 37 Planejamento para Operacionalização da Vacinação A CGPNI, visando aumentar a capilaridade da informação, em conjunto do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Apoiadores do MS/OPAS atuante nos Estados está disponibilizando capacitações voltadas para a qualificação de profissionais da saúde do SUS que atuarão nas campanhas de vacinação contra a covid-19, em especial aos profissionais inseridos na Atenção Primária em Saúde e nas mais de 38 mil salas de vacina existentes no país (BRASIL, 2021). O Projeto de Fortalecimento das Ações de Imunização nos Territórios Municipais (ProjetoImuniza SUS), proveniente do convênio do Ministério da Saúde com o Conasems, tem por objetivo ofertar a Educação Continuada com a disponibilização de ferramentas de apoio para o fortalecimento da atuação dos profissionais de imunização no âmbito da atenção básica Municipal. O referido projeto está previsto para início em março de 2021.Corroborando com o projeto supracitado, a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), em acordo com o Ministério da Saúde, está em desenvolvimento de protocolos e procedimentos no Campus Virtual Fiocruz (EaD) sobre a vacinação para Covid-19. A fim de capacitar os profissionais da rede do SUS de todo o país que atuarão na campanha de vacinação, o acesso é público e gratuito e a previsão de disponibilização do curso é para a segunda quinzena de fevereiro de 2021 (BRASIL, 2021). Microprogramação As UF devem dispor de plano de operacionalização e os municípios uma programação local da campanha de vacinação, incluída no Plano Municipal de Saúde, com base nas diretrizes do Plano Nacional. Os dados submetidos à União no decorrer do exercício de 2020 serão referências a serem aplicadas pelas UF nos seus respectivos planos (Anexo II).A microprogramação será importante para mapear a população-alvo e as estratégias mais adequadas para a captação e adesão de cada grupo, bem como alcançar a meta de vacinação definida para os grupos prioritários, sendo fundamental ter informação sobre a população adscrita. Essa planificação 38 requer a articulação das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde com diversas instituições e parceiros, assim como a formação de alianças estratégicas com organizações governamentais e não governamentais, conselhos comunitários e outros colaboradores. Destaca-se a importância e necessidade de uma boa estratégia de comunicação da vacinação, da organização de capacitações de recursos humanos, dentre outros (BRASIL, 2021). A vacinação contra a covid-19 pode exigir diferentes estratégias, devido à possibilidade da oferta de diferentes vacinas, para diferentes faixas etárias/grupos e também da realidade de cada município. Alguns pontos devem ser considerados pelos municípios para definição de suas estratégias, que envolvem os seguintes aspectos, conforme orientação a seguir segundo Brasil (2021): Vacinação de trabalhadores da saúde: exige trabalho conjunto entre Atenção Primária à Saúde e Urgência e Emergência, principalmente para aqueles que atuam em unidades exclusivas para atendimento da covid-19; Vacinação de idosos: a vacinação casa a casa pode ser uma estratégia em resposta àqueles que têm mobilidade limitada ou que estejam acamados; Vacinação em instituições de saúde de longa permanência: fazer um diagnóstico prévio do público alvo institucionalizado para organização da logística de vacinação in loco; Organização da unidade básica de saúde em diferentes frentes de vacinação, para evitar aglomerações: deve-se pensar na disposição e circulação destas pessoas nas unidades de saúde e/ou postos externos de vacinação. 7.4 Rede de Frio e o Planejamento Logístico A Rede de Frio Nacional organiza-se nas três esferas de gestão, viabilizando a adequada logística de aproximadamente 300 milhões de doses dos 47 imunobiológicos distribuídos anualmente pelo PNI, para garantia de vacinação em todo o território nacional. A Rede Conta com a seguinte estrutura (Figura 2): 1 Central Nacional; 27 Centrais Estaduais; 273 Centrais Regionais e aproximadamente 3.342 Centrais Municipais; Aproximadamente 38 mil Salas de Imunização, podendo chegar 39 a 50 mil pontos de vacinação em períodos de campanhas; 52 Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) (BRASIL, 2021). Fonte: CGPNI/DEIDT/SVS/MS. Adaptado Manual de Rede de Frio, 2017. *CRIE pode ser de gestão Estadual ou Municipal (BRASIL, 2021). A Estrutura Nacional de Logística A atividade logística é realizada pelo Departamento de Logística/Coordenação- Geral de Logística de Insumos Estratégicos para Saúde do Ministério da Saúde (DLOG/CGLOG), localizado em Brasília/MS.A operacionalização da logística se dá por meio de uma empresa terceirizada (VTC-LOG), que presta os serviços de armazenagem e transporte dos Insumos Estratégicos em Saúde (IES) do Ministério da Saúde. Esta realiza a entrega dos imunobiológicos nas centrais estaduais de rede de frio das 27 UF. Ressalta-se que o MS possui uma coordenação operando dentro do Centro de Distribuição Logístico (CDL) da empresa que acompanha e fiscaliza in loco toda a operação (BRASIL, 2021). O CDL localiza-se na cidade de Guarulhos - São Paulo, nas proximidades do aeroporto, possui 36.000 m2, distribuídos nos seguintes setores segundo Brasil (2021): 40 Área climatizada: 15º C a 30º C; Área de congelados e maturados: até́ -35º C; e Área de refrigerados: 2° C à 8º C. A área de refrigerados é destinada ao armazenamento, dentre outros, dos imunobiológicos. Dispõe de 7.145 posições palete, dispostas numa área de 7.000 m2. Possui capacidade operacional de recebimento de 30.000.000 de doses de vacina/dia, e de produção e expedição de 18.480.000 doses de vacina/dia. A empresa dispõe de outras 3 sedes, que estão sendo equipadas com câmaras refrigeradas, que possuirão as seguintes capacidades: • Brasília (sede): 1.000 posições palete. • Rio de Janeiro (Galeão): 1.000 posições palete. • Recife: 500 posições palete. As câmaras operam no sistema cross docking, o que permite a maior rapidez e flexibilidade no recebimento e distribuição das vacinas. Na logística de distribuição são utilizados os modais aéreo e rodoviário, esse último opera atualmente com uma frota de 100 veículos com baús refrigerados, com sistema de rastreamento e bloqueio via satélite. A frota encontra-se em expansão. No modal aéreo, o MS terá o apoio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas por meio das companhias aéreas Azul, Gol, Latam e Voepass, para o transporte gratuito da vacina COVID-19 às unidades federadas do país. Ainda, o MS contará com a parceria do Ministério da Defesa, no apoio às ações em segurança, comando e controle e logística para vacinação em áreas de difícil acesso (BRASIL, 2021). A Organização das Centrais de Rede de Frio e Pontos de Vacinação As centrais de rede de frio são organizadas por portes variados de I à III (Portaria n° 2.682/2013), de acordo com a população, que reflete a demanda de doses e, consequente, volume de armazenamento das estruturas. A sala de vacinação tem sua estrutura definida segundo a RDC n° 50 de 21 de fevereiro de 2002 e os CRIE em consonância com a Portaria n° 48 de 28 de julho de 2004. A depender do porte da unidade de rede de frio são utilizadas câmaras frias de infraestrutura, ou câmaras refrigeradas para o armazenamento dos imunobiológicos. Em esforço convergente das diversas esferas de gestão, desde 2012, a rede de frio do Brasil vem substituindo 41 a utilização de refrigeradores domésticos pelas câmaras refrigeradas, equipamentos cadastrados na Anvisa, próprios para o armazenamento seguro das vacinas (BRASIL, 2021). Cadeia de Frio Por meio de uma cadeia de frio estruturada mantém-se rigoroso monitoramento e controle da temperatura, desde as plantas produtoras até os pontos de vacinação, visando a preservação adequada e evitando a exposição dos imunobiológicos distribuídos às condições diversas. A exposição acumulada da vacina às temperaturas mais quentes ou mais frias, ou ainda à luz, em qualquer etapa da cadeia, gera uma perda de potência que não poderá ser restaurada. As vacinas que contêm adjuvante de alumínio, quando expostas à temperatura 0°C, ou inferiores, podem ter perda de potência em caráter permanente (BRASIL, 2021). Logística para a Distribuição de Vacinas Com o objetivo de promover a adequada logística da vacina COVID-19, com segurança,efetividade e equidade, realizou-se um planejamento participativo com os programas estaduais de imunizações das 27 UF e com a CGLOG, que se responsabiliza pelo recebimento das vacinas no CDL, pela amostragem e envio das amostras no prazo de 24 horas para análise do INCQS. Durante a campanha de vacinação contra a covid-19, para promover maior celeridade do processo e em conformidade com a RDC nº 73, de 21 de outubro de 2008, serão realizadas análises por Protocolo Resumido de Produção e Controle de Qualidade (PRPCQ), no prazo de 48 horas e as análises de bancada com previsão de conclusão em 20 dias. Os processos de análises de bancada das vacinas fornecidas pelos Laboratórios ocorrerão de forma concorrente à análise PRPCQ, em conformidade com as orientações da Anvisa. Seguindo os processos internos do MS, os laudos de análise com os resultados são verificados pela equipe do PNI no Sistema online do INCQS (Harpya), para posterior liberação no Sistema de Insumos Estratégicos SIES/MS, no prazo de 24 horas. Após a liberação do SIES/MS os lotes ficam disponíveis para distribuição e inicia-se o envio das doses de vacinas às 27 UF (BRASIL, 2021). 42 Segundo o autor, as vacinas chegam aos estados em até cinco dias. A distribuição dos imunobiológicos aos seus respectivos municípios e regiões administrativas é competência dos estados e do Distrito Federal, tendo prazo variável. Observadas as etapas a serem cumpridas para o planejamento logístico da distribuição das vacinas COVID-19, bem como para a garantia da continuidade da rotina e campanha da influenza, são definidas semanas sequenciais alternadas para distribuição dos imunobiológicos aos estados, além de 96 horas totais para cumprimento das etapas de geração e impressão digital de laudos e liberação no Sistema. O período para completar o esquema de vacinação (dose 1 e dose 2), dependerá do intervalo entre as doses recomendado por cada laboratório, que também será fator condicionante para a logística de distribuição: simultânea das doses (D1+D2) ou envio escalonado. Estes intervalos encontram-se detalhados no Informe Técnico da Campanha Nacional de Vacinação - 2021, atualizado de acordo com as vacinas disponíveis, assim como o cronograma de distribuição. No que cerne a população indígena as orientações são proferidas pela Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena (Nota Técnica n°5 mencionada no Anexo III).Tendo em vista que não se têm disponíveis estudos de coadministração entre as vacinas COVID-19 e outras vacinas e haverá coincidência na realização das campanhas de vacinação contra a covid-19 e influenza a partir de março de 2021, foi estabelecido pelo PNI, após avaliação no âmbito da Câmara Técnica Assessora de Imunizações e em conformidade com o SAGE/OMS (Strategic Advisory Group of Experts on Immunization), que o intervalo mínimo entre a vacina COVID-19 e influenza deverá ser de no mínimo 14 dias. As orientações em estudo estão sujeitas às alterações, que deverão ser atualizadas nos Informes Técnicos da Campanha. O monitoramento e controle de consumo da vacina COVID-19 serão simultâneos à evolução da campanha de forma que o percentual de perdas operacionais, definidos com base nas características específicas da vacina, que incluem esquema de duas doses e estratégia da vacinação em modo campanha, inicialmente previsto de 5%, poderá ser redefinido de acordo com a necessidade, a cada etapa da campanha de vacinação (BRASIL, 2021). Armazenamento 43 Com o objetivo de manter a confiabilidade da temperatura de armazenamento dos imunobiológicos nas diversas unidades de rede de frio orienta-se o registro da temperatura em mapas de controle, no início e término do expediente. Os sensores aplicados à medição devem ser periodicamente calibrados e certificados por Laboratórios de Calibração da Rede Brasileira de Calibração do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia –Inmetro, de forma a garantir a precisão dos registros de temperatura (+2° a +8°C). Em relação à promoção da garantia do desempenho dos equipamentos de armazenamento e das condições de manuseio dos imunobiológicos convenciona-se o uso de ar-condicionado nos ambientes. No que se refere à segurança do funcionamento dos equipamentos, para preservação das condições de armazenamento, a depender da unidade de rede de frio, recomenda-se o uso de geradores de energia elétrica, nobreak, ou ainda câmaras refrigeradas com autonomia de 72 horas ou em conformidade com o plano de contingência local. Observadas todas as medidas de segurança adotadas em orientação única à Rede de Frio Nacional, nos casos de ocorrência de mau funcionamento no abastecimento de energia elétrica e/ou exposição dos imunobiológicos, ou ainda constatação de desvio da qualidade dos imunobiológicos da rede é orientado o registro em formulário padronizado em banco unificado para registro do histórico dos produtos, desde a aquisição até a administração (BRASIL, 2021). 44 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, J. C., & GERBING, D. W. (1988) Structural Equation Modeling in Practice: A Review and Recommended Two-Step Approach, Psychological Bulletin, v. 103(3), p. 411-423. APTEL, O., & POURJALALI, H. (2001) Improving activities and decreasing costs of logistics in hospitals: A comparison of U.S. and Frenchhospitals. The International Journal of Accounting, v. 36 (1), p. 65–90. APTEL, O., POMBERG, M., & POURJALALI, H. (2009). 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