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ELAINE SORAYA COSTA CARVALHO (TURMA- SES 0908) PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: AS ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE INSERÇÃO DO ADOLESCENTE NO MERCADO DE TRABALHO: UMA ABORDAGEM A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO SESC NO SETOR DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO. SÃO LUÍS,MA 2022 Centro Universitário Leonardo da Vinci Curso Bacharelado em Serviço Social ALUNA:ELAINE SORAYA COSTA CARVALHO AS ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE INSERÇÃO DO ADOLESCENTE NO MERCADO DE TRABALHO: UMA ABORDAGEM A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO SESC NO SETOR DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – Uniasselvi, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social. Nome da Tutora: Rita de Cássia Ayres de Holanda SÃO LUÍS,MA 2022 AS ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE INSERÇÃO DO ADOLESCENTE NO MERCADO DE TRABALHO: UMA ABORDAGEM A PARTIR DA EXPERIÊNCIA DO SESC NO SETOR DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO. ELAINE SORAYA COSTA CARVALHO Trabalho de Conclusão de Curso aprovado do grau de Bacharel em Serviço Social, sendo-lhe atribuída à nota “ ” (______________________),pela banca Examinadora formada por: _____________________________________________ Presidente: Prof.Rita de Cássia Ayres de Holanda - Orientadora Local ____________________________________________ Membro: Daniele Costa de Oliveira Lopes - Profissional da área ____________________________________________ Membro: Michelle Wilnnie Menezes Morais – Profissional da área São Luís,MA Data: 30 / 12 / 2022 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus que me deu força para vencer todos os obstáculos que sugiram pelo caminho e a minha família pelo incentivo que me deram durante todo o curso. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter me permitido ingressar na Faculdade de Serviço Social e realizar esse sonho. Principalmente, por ele ter me sustentado até aqui pois a caminhada não foi fácil . Agradeço aos meus pais, Edna Lúcia Lopes Costa e Eneudo Campos Carvalho,que me apoiaram durante toda a trajetória do meu curso para que eu chegasse ao final dessa formação, me dando orientações, conselhos e força para eu não desanimar. Agradeço ao meu noivo André Luís Nogueira da Cunha, que no momento que mais precisei , foi ele que me ajudou a finalizar meu curso, sempre me incentivando a estudar e a não desistir de realizar esse sonho de me formar em Serviço Social mesmo diante de tantas dificuldades. Agradeço a minha professora Rita de Cássia Ayres de Holanda, pela sua paciência em sala de aula, pelos conhecimentos que com muita sabedoria ela soube transmitir e pela atenção, orientação que ela sempre me deu quando precisei durante nossa trajetória no curso. Agradeço a minha primeira professora no curso Daniele Costa de Oliveira Lopes , por todo incentivo dado, mesmo pelo pouco tempo de convivência, a mesma orientou muito bem a turma durante as aulas e a contribuição dela foi bastante importante para a minha formação. Agradeço a Soraya Cristina de Aguiar Viana Mendes, que foi minha supervisora de campo no estágio realizado no Sesc/Deodoro, pelas orientações, confiança, parceria que tivemos não só no estágio mas depois dele também,ensinamentos que ela me repassou e pela amizade que criamos. Mais que nunca é preciso coragem, é preciso ter esperanças para enfrentar o presente. É preciso resistir e sonhar. É necessário alimentar os sonhos e concretizá-los dia-a- dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidários. (Marilda Vilela Iamamoto) RESUMO Este trabalho trata da importância do estágio supervisionado realizado no Sesc- Deodoro, a partir da experiência vivenciada dentro do Projeto Adolescente Cidadão, que é uma iniciativa do Sesc/MA . Busca-se a partir dele, analisar os benefícios que esses projetos sociais trazem para jovens que vivem em áreas de vulnerabilidades sociais, identificar qual o papel do assistente social nesse processo de mudança na vida desses adolescentes, entender o funcionamento do mercado de trabalho desde o seu surgimento, como também desenvolver no autor (a) deste trabalho como futura Assistente Social, maiores conhecimentos e análise crítica para enfrentamento das problemáticas relacionadas ao contexto aqui abordado. O assunto foi abordado a partir da experiência no campo de estágio, como também através de pesquisas bibliográficas. PALAVRAS-CHAVE: Projeto.Vulnerabilidades.Mercado. SUMMARY This work deals with the importance of supervised internship performed at Sesc- Deodoro, based on the experience experienced within the Citizen Adolescent Project, which is an initiative of Sesc/MA. It seeks from it, analyze the benefits that these social projects bring to young people living in areas of social vulnerabilities, identify the role of social worker This process of change in the life of these adolescents, understand the functioning of the labor market since its emergence, as well as develop in the author (a) this work as future Social Worker, knowledge and critical analysis to face the problems related to the context addressed here. The assent was approached from the experience in the internship field, as well as through bibliographic research. KEYWORDS: Project.Vulnerabilities.Mercado. LISTA DE SIGLAS CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CF - Constituição Federal DC - Desenvolvimento Comunitário ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente FAT- Fundo de Amparo ao Trabalhador IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios SESC - Serviço Social do Comércio SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial LISTAS DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- População brasileira, de acordo com as divisões do mercado de trabalho, 2º trimestre 2022.........................................................................................31 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 13 2.1 JUVENTUDE E VULNERABIIDADES SOCIAIS ................................................ 14 2.2 OS ASSISTENTES SOCIAIS E AS VULNERABILIDADES SOCIAIS ............... 18 3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTAO SOCIAL..22 3.1 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E SOCIAL......................................................................................22 3.2 TRABALHO NA CONTEMPORANIDADE: EMPREGABILIDADE EMPREGO.................................................................................................................233.3 TRABALHO E JUVENTUDE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL......................................................................................................................25 4 JUSTIFICATIVA......................................................................................................33 5 OBJETIVOS DA PESQUISA..................................................................................35 5.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................35 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................35 6 METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................36 7. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA...............................................................37 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS........................................................................38 7.2 ANÁLISE DOS DADOS.......................................................................................41 7.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.....................................................................44 8 CONCLUSÕES.......................................................................................................46 REFERÊNCIAS.........................................................................................................48 APÊNDICES..............................................................................................................52 ANEXOS....................................................................................................................55 12 1 INTRODUÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso é fruto da experiência de estágio curricular obrigatório realizado no período de Outubro-2021 a Fevereiro-2022 do Curso de Serviço Social - UNIASSELVI, no Sesc-Serviço Social do Comércio, Núcleo Operacional Deodoro em São Luís , MA. O tema abordado neste trabalho de conclusão de curso foi “As atribuições do Assistente Social no processo de inserção do adolescente no mercado de trabaho: Uma abordagem a partir da experiência do Sesc no setor do Desenvolvimento Comunitário. E a ideia em abordar esse assunto, deu-se através dos conhecimentos apreendidos no campo de estágio onde participamos de forma direta das atividades propostas pelo Projeto Adolescente Cidadão que é uma iniciativa do Sesc/MA que visa contribuir para o desenvolvimento multifacetário de adolescentes em situação de vulnerabilidades sociais; e a partir daí foi possível construir o projeto de intervenção voltado a melhorar algumas demandas do Projeto Adolescente Cidadão. Alguns conceitos serão abordados neste TCC, como: Aprendizagem, Emprego, Empregabilidade, Trabalho, Vulnerabilidades Sociais e Atribuições dos Assistentes Sociais . O Objetivo Geral deste trabalho consiste em estudar “ As atribuições do Assistente Social no processo de inserção do adolescente no mercado de trabalho: Uma abordagem a partir da experiência do Sesc no setor do Desenvolvimento Comunitário”. Ele tem como objetivos específicos, analisar os conceitos de aprendizagem, empregabilidade, primeiro emprego, trabalho, vulnerabilidades sociais e as atribuições do assistente social em meio a essas vulnerabilidades; identificar as dificuldades para a inserção de jovens no mercado de trabalho; identificar experiências exitosas de capacitações para os adolescentes e que contribuem para sua inserção no mercado de trabalho e identificar as ações realizadas pelo Assistente Social do Sesc que contribuem para a qualificação dos adolescentes inseridos nos projetos sociais . 13 2 APRESENTAÇÃO DO TEMA A aprendizagem é uma ferramenta de inserção do jovem no mercado de trabalho,sendo à escola primeira instituição de ensino responsável por esta formação. De acordo com as idéias de Becker (1993), “ Na aula fundada o professor fala e o aluno escuta; o professor dita e o aluno copia; o professor decide o que fazer e o aluno executa; o professor ensina e o aluno aprende”. Consequentemente com a evolução da sociedade, da tecnologia, foram surgindo diversas escolas profissionalizantes e projetos sociais com o objetivo de capacitar os jovens para o mercado de trabalho. Muitas empresas investem em projetos sociais buscando a melhoria da qualidade de vida dos seus frequentadores como é o caso do Sesc-Serviço Social do Comércio que exerce um papel bastante importante voltado para a ação educativa transformadora . Um dos exemplos desse trabalho realizado pelo Sesc- MA, é o Projeto Adolescente Cidadão que tem um histórico de relevante contribuição para garantia de direitos dos participantes e visa contribuir para minimizar a exclusão social de adolescentes na faixa etária de 14 a 18 anos em vulnerabilidades. Foi a partir dessa experiência fazendo o estágio no Sesc-MA para o curso de Serviço Social da Uniasselvi, que foi amadurecida a ideia de abordar essa temática neste trabalho a partir do projeto de intervenção que foi baseado no Adolescente Cidadão. É um grande desafio incluir os jovens no mercado de trabalho principalmente os que vivem em áreas de vulnerabilidades sociais, pois eles sofrem maiores dificuldades, possuem baixa escolaridade, pouquíssimos recursos financeiros e essas dificuldades fazem com que eles não tenham acesso aos direitos básicos que lhe são garantidos: educação, saúde, lazer. Pretende-se com este trabalho, fazer um estudo sobre a inserção dos adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade social no mercado de trabalho, identificando alguns conceitos importantes e dificuldades que influenciam nesse processo de inserção e analisar através de reflexões a importância da atuação do (a) assistente social em todo este process. Como também, visa contribuir para o debate teórico voltado ao tema aqui abordado e a importância de inserí - los em cursos de capacitações para inserção no mercado de trabalho. 14 2.1 JUVENTUDE E VULNERABILIDADES SOCIAIS De acordo com Léon (2005), a categoria juventude foi concebida como uma construção social, histórica, política, econômica, territorial, cultural e relacional e, assim, suas definições dependem de movimentações históricas. As Nações Unidas definem o termo juventude como a faixa etária que abrange pessoas entre os 15 e os 24 anos de idade. No Brasil, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),a juventude abrange a faixa etária dos 12 aos 18 anos. São diversos os conceitos que podemos encontrar sobre juventude, como o período antes da maturidade sexual, que abrange em uma idade de 12 anos, mas ela também pode compreender jovens com mais de 20 anos de idade. É na fase da juventude que o indivíduo irá desenvolver sua identidade, suas funções vitais são também desenvolvidas nesta etapa. No final da década de 1990, que foram criadas as primeiras políticas públicas voltadas para a juventude, objetivando entender as necessidades desse público e o acesso aos direitos. Diante desse contexto, o Congresso Nacional Brasileiro vem discutindo por um longo tempo sobre o Estatuto da Juventude visando estabelecer um marco regulatório sobre a juventude no Brasil. Em 2005, foi aprovada, no Congresso Nacional, a Lei 11.129/2005 que criou a Política Nacional da Juventude, tendo como desdobramentos a criação da Secretaria Nacional da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude, órgãos com a função de propor, implementar e fiscalizar as políticas públicas e zelar pelos direitos da juventude. A criação e implementação dessas políticas públicas passam a ser um desafio ao poder público, pois os jovens são sujeitos de direitos. É na fase da juventude que a vulnerabilidade social vem crescendo entre os jovens. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os jovens entre 15 e 29 anos correspondema 23% da população brasileira, somando mais de 47 milhões de pessoas. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas essa população é uma das mais afetadas pelo desemprego estrutural, e ainda também é a faixa etária que encontra-se fora do sistema de ensino, hoje essa geração é considerada a “geração nem-nem”, nem estuda e nem trabalha. Como demonstra a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas: 15 A percentagem de nem-nem no fim de 2020 é superior aos 23,6% contabilizados no fim de 2019 e está próximo do pico anterior, de 26,3% registrado no fim de 2016. [...] Os dados do estudo do FGV Social mostram que, além de aumentar em quantidade nos últimos anos, o perfil dos jovens “nem-nem” é composto, em grande parte, por pessoas menos privilegiadas no mercado de trabalho: mulheres, negros, pessoas sem instrução e que habitam nas regiões mais pobres do país: Norte e Nordeste [...]. Quase 67% dos jovens “nem-nem”, por exemplo, não têm instrução — percentual bem acima dos 56% registrados no fim de 2014. E, mesmo nas capitais, o número de jovens que não trabalham nem estudam cresceu, entre 2014 e 2020, passando de 19,1% para 26,5%. (CORREIO BRAZILIENSE, 2022, on-line) Devido a população jovem ser bastante grande, é importante voltar o olhar para este público que geralmente é desprotegido pelo Estado e consequentemente sofre com o aumento da vulnerabilidade social. É na etapa da juventude que ocorre o desenvolvimento das potencialidades, das responsabilidades inerentes a vida adulta, para que isso ocorra de forma saudável, é necessário que esses jovens tenham uma rede de apoio para que esse trâmite funcione da melhor forma possível. A vulnerabilidade social pode ser entendida nesse contexto como: o resultado negativo da relação entre a disponibilidade dos recursos materiais ou simbólicos dos atores, sejam eles indivíduos ou grupos, e o acesso à estrutura de oportunidades sociais, econômicas, culturais que provêem do Estado, do mercado e da sociedade. Esse resultado se traduz em debilidades ou desvantagens para o desempenho e mobilidade social dos atores. (ABRAMOVAY, 2002, p. 29) Dessa forma, os jovens são os que mais sofrem com o aumento significativo das expressões da questão social no Brasil, devido à alguns fatores : O não-acesso a determinados insumos (educação, trabalho, saúde, lazer e cultura) diminui as chances de aquisição e aperfeiçoamento desses recursos que são fundamentais para que os jovens aproveitem as oportunidades oferecidas pelo Estado, mercado e sociedade para ascender socialmente. (ABRAMOVAY, 2002, p. 33) 16 Foi a partir da precarização do mercado, das relações trabalhistas no final da década de 90 que surge o conceito de vulnerabilidade social.” Essa precarização deu-se na década de 70 quando surgiu um novo liberalismo que voltou a aumentar a vulnerabilidade social “ (Hobsbawm, 2010, pg. 396). O termo vulnerabilidade a partir da década de 1970 com a crise mundial que desregulamentou o sistema monetário, abriu brechas para incertezas em um estado antes visto como bem-estar social e que acaba perdendo sua força. Nesse período surgiu um novo padrão para organizar a produção capitalista que se instalou gerando uma forte instabilidade econômica, das taxas e juros e de câmbio (Hobsbawm, 2010, pg. 393-420). Delimitou a função reguladora do Estado, limitando as diversas políticas sociais. Isso produziu grandes diferenças e precarização das relações de trabalho, com baixas remunerações, instabilidade de emprego e remuneração, e redução dos direitos sociais e trabalhistas. A partir desse contexto, o termo vulnerabilidade social surge como uma análise inovadora na medida em que abarca situações intermediárias de riscos, frente ao desemprego, a precariedade do trabalho, à pobreza e à falta de proteção social. Acrescenta ainda caráter dinâmico aos estudos de desigualdade, ao propor zonas de vulnerabilidade, que vão desde os setores mais marginalizados e excluídos até setores médios que buscam manter seu padrão de inserção e bem- estar, como forma de proteção as ameaças de precarização do mercado de trabalho (CASTEL, 1998). A vulnerablidade social refere-se à condição de pessoas que vivem à margem da sociedade em locais insalubres, ou seja, pessoas ou famílias que estão em processo de exclusão social, principalmente por fatores socioeconômicos. Algumas características são inerentes ao estado de vulnerabilidade social como a falta de saneamento básico, condições precárias de moradia e ausência de um ambiente familiar. Essas pessoas consideradas vulneráveis sociais, normalmente dependem da ajuda de outras pessoas para sobreviverem,pois elas deixam de gozar dos mesmos direitos e deveres que os demais cidadãos, devido ao desequilíbrio econômico implantado, gerando essas desigualdades sociais. Vulnerabilidade social se refere a uma situação que se interliga com a fragilidade da situação 17 socioeconômica de determinado grupo ou indivíduo. Uma das formas para reduzir a vulnerabilidade social é através da escolaridade, ofertando educação e cultura de qualidade. Os jovens são o público alvo que mais chamam a atenção para o setor da economia no país para que sejam criados novos postos de trabalho, como também é o grupo de pessoas que mais está exposto às situações de vulnerabilidade social e riscos, como as altas taxas de mortalidade. O direcionamento da análise do processo de vulnerabilidade para essa parcela da população é justificado pelo reconhecimento dos inúmeros riscos expostos a esse grupo e das consequências que essa exposição pode acarretar na vida adulta dos mesmos. Outra questão que não pode ser descartada é a influência exercida pelo ambiente social na capacidade ou incapacidade dos jovens se adaptarem a uma situação de risco (SCHUMANN, 2014, p. 6). Principalmente os jovens que moram nas periferias, eles têm mais dificuldade de ingresso ao mercado de trabalho devido às exigências de capacitação, estão mais expostos a violência, às drogas, gravidez na adolescência, todos esses indicadores se unem às condições de vulnerabilidade familiar e do território. Em outras palavras, as desigualdades sociais geram fatores que influenciam nas situações de vulnerabilidades sociais dos adolescentes como a falta de acesso à saúde, à educação, ao lazer, que são direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº 8069/90. A vulnerabilidade abrange outros grupos, como os negros, indígenas e imigrantes, que ainda são discriminados no mercado de trabalho e em outras esferas da sociedade, devido às estratégias de disputa por oportunidades herdadas de uma sociedade colonizada, escravocrata e marcada pela desigualdade (SEADE, Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados,2012) . A vulnerabilidade social ocorre a partir de fatores culturais, políticos e econômicos que confere aos indivíduos menor capacidade de estarem inseridos na sociedade. É por essa menor capacidade de inserção na sociedade que vemos cada vez mais ocorrer o descumprimento e desrespeito em cumprir os direitos da criança e adolescente. Por exemplo, é com frequência que vimos esse público pedindo 18 esmolas nos semáforos, vendendo bombons nos ônibus, fazendo bico como flanelinhas, consequentemente esses fatores geram evasão escolar e muitos desses adolescentes acabam se envolvendo com drogas, álcool, cigarro, trabalho informal precoce e dificuldade de serem inseridos no mercado de trabalho. 2.2 OS ASSISTENTES SOCIAIS E AS VULNERABILIDADES SOCIAIS Nesta fase é importante compreendermos um pouco sobre a trajetória histórica do Serviço Social. Os fatos que mais colaboraram para o surgimento do Serviço Social têm origem na ação católica-intelectualidade laica, estritamente ligada a hierarquia católica, que propugna, com visão messiânica, a recristianizaçãoda sociedade através de um projeto de reforma social. Como afirmam os autores (IAMAMOTO; CARVALHO, 1996, p. 16) “a apreensão do significado histórico da profissão só é desvendada em sua inserção na sociedade capitalista, pois ela se afirma como instituição peculiar e a partir da divisão social do trabalho”. Na América Latina, desde o início a igreja católica desempenhou um papel de extrema importância, tendo seu papel social e político reconhecido no período colonial. A igreja mantinha seu discurso doutrinário (romano ou vaticano) na qual elaborava as diretrizes gerais de compreensão dos problemas, estabelecendo normas para o exercício da fé católica, “prática” feita até hoje pela igreja católica . No período em que o Serviço Social transita para a sua profissionalização, quando penetra nos centros de ensino superior e se vincula a certas instâncias do Estado ou ingressar diretamente na Universidade as duas encíclicas papais Rerum Novarum de 1891 e Quadragésimo Ano de 1931; tiveram grande importância para informar o seu desenvolvimento.Com a forte influência da igreja católica que é a percussora para o surgimento do serviço social através das suas ações de caridade com os mais necessitados, surge então a 1ª Escola de Serviço Social em Santiago no Chile em 1925 fundada pelo médico Drº Alejandro Del Rio, nesse período a profissão de serviço social era subordinada à profissão médica, porque os médicos buscavam elevar sua eficiência e rendimento. A partir deste histórico inicial de surgimento do Serviço Social,começa a se desenvolver no período de 1964 a 1985 o Movimento de Reconceituação do Serviço Social no período da ditadura militar. Nesta fase da ditatura o Serviço Social 19 respondia às demandas que se apresentavam no cenário daquela época, ou seja, a profissão se apresentava como nos primórdios do seu surgimento, com práticas voltadas à caridade, ao assistencialismo, sob forte influência da autocracia burguesa. Conforme com Netto (2005, p. 118) Tudo indica que este componente atendia a duas necessidades distintas: a de preservar os traços subalternos do exercício profissional, de forma a continuar contando com um firme estrato de executores de políticas sociais localizadas bastante dócil e, ao mesmo tempo, de contrarrestar projeções profissionais potencialmente conflituosas com os meios e os objetivos que estavam alocados as estruturas organizacional - institucionais em que se inseriram tradicionalmente os assistentes sociais. O Movimento de Reconceituação foi um marco importante do Serviço Social, pois foi a partir dele que surgiu um novo olhar para a prática profissional, em torno da análise crítica da realidade social, buscando-se um melhor desempenho no exercício profissional. As transformações que foram ocorrendo na sociedade contemporânea influenciam diretamente na dinâmica familiar, causando o empobrecimento que afeta as classes menos favorecidas ou seja, mais vulneráveis a situações de pobreza. A partir deste cenário, que os assistentes sociais irão planejar programas e políticas públicas que deverão ser executados em benefício das famílias em vulnerabilidade social. O assistente social em meio a essa realidade de vulnerabilidade social deverá atuar de forma que esse público que está exposto a exclusão social, tenham acesso aos direitos sociais e essa ação profissional se dá através da análise crítica da realidade que é exatamente a mudança que o Movimento de Reconceituação trouxe para a prática profissional do Serviço Social, proporcionando ao profissional no seu cotidiano, intervir nas diversas realidades sociais, demandas que se apresentam na vida dos usuários para eles resolverem. O Serviço Social no SESC iniciou-se na mesma época que a instituição foi fundada em 13 de setembro de 1946. O Serviço Social surgiu primeiramente através das práticas de caridade realizadas pelas igrejas católicas, posteriormente foi surgindo os Movimentos Sociais onde a profissão do Serviço Social ganhou mais 20 força e reconhecimento.Tanto a instituição SESC como o Serviço Social tem em comum reconhecer os problemas sociais como sendo um problema de massa e enfrentá-los para reduzi-los e criar condições melhores para seu público afetado. Tanto é que o idealizador do SESC definia a ação do Serviço Social como instrumento de não apenas alívio de situações individuais desfavoráveis, mas também de transformação e progresso social. No que se refere à prática profissional do Serviço Social no Sesc-MA, instituição em que o estágio supervisionado foi realizado, o papel da assistente social no Desenvolvimento Comunitário, é de planejar ações direcionadas ao trabalho de organização comunitária, através da articulação e mobilização dos territórios, buscando parcerias internas e externas para fomentar a capacitação de lideranças comunitárias. A ela também compete a elaboração, a execução e a avaliação de projetos como: Adolescente Cidadão; Sesc Criando Arte, Elas por Elas e Na Real. Suas funções devem ser pautadas no projeto ético-político e teórico metodológico da profissão. Mas também entende-se que o assistente social em geral não tem tanta autonomia para desenvolver seu trabalho, com liberdade, pois ele depende da empresa que o contrata. Mas especificamente no que diz respeito ao Sesc-MA que exerce um papel bastante importante na elaboração e execução de projetos sociais; podemos afirmar que a atuação profissional do assistente social no Sesc-MA, é de extrema importância para a execução e resultados esperados dessas ações. Os projetos advindos da área de Assistência do Sesc, são formulados, executados e avaliados pela equipe técnica de Serviço Social dos setores de Desenvolvimento Comunitário e Trabalho Social com Grupos. Segundo Stephanou (2003, p. 11) Os projetos são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para “um outro mundo possível”. A intervenção do assistente social é imprescindível nesses projetos, que tem como finalidade mudar a realidade da população que se encontra em estado de vulnerabilidade social e risco. Para que esta intervenção alcance seus resultados 21 propostos,o assistente social se utiliza de alguns instrumentais técnicos operativos durante sua prática profissional, como as visitas institucionais, entrevistas, relatórios, acolhimento e esses instrumentos são utilizados pela equipe de Serviço Social do Sesc-MA que atuam no setor do desenvolvimento comunitário. É através desse trabalho na Assistência, que o assistente social busca assegurar o bem-estar de indivíduos, grupos, tanto no meio físico como psicológico ou social. Como também é de responsabilidade do assistente social realizar o acompanhamento e monitoramento do público-alvo que está sendo contemplado dentro de determinado projeto social. Sabemos que as desigualdades sociais atingem em massa as crianças e adolescentes. Diante dessa realidade,os projetos sociais surgem como uma forma de mudar esse cenário devastador que se encontram muitos desses jovens em situação de vulnerabilidade social, ou seja, fora da escola, fazendo uso de drogas, de álcool, na prostituição, sem qualificação para o mercado de trabalho. Diante dessa realidade, o assistente social vem para contribuir e garantir que eles saiam desse cenário de vulnerabilidade, ou seja, as atividades desenvolvidas pelo profissional são permeadas pelas demandas, necessidades e lutas dos usuários, em contrapartida aos interesses e relações de poder contidos nos seus espaços de trabalho. ”É nesse terreno de tensões e contradições que o profissional tem atuado”.(IAMAMOTO, 2012). 22 3 PROBLEMATIZAÇÃO DOTEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL. A Motivação que levou a fazer essa pesquisa voltada para a inserção de adolescentes no mercado de trabalho foi o papel social desenvolvido pela empresa Sesc-MA que busca através de seus projetos sociais resgatar a autoestima e dignidade de adolescentes que vivem em áreas de vulnerabilidades sociais, através do investimento em cursos de qualificação profissional para eles. Foi durante o período de estágio no Sesc-MA que foi possível identificar essa demanda para o TCC através dessa vivência em que fomos inseridos acompanhando de perto a realidade de adolescentes inscritos em um projeto social da instituição Sesc e que vivem em áreas vulneráveis. Para a realização dessas ações, o assistente social no Sesc tem um papel bastante importante no sentido de garantir a promoção da cidadania ativa desses jovens e o desenvolvimento dessa comunidade. A problemática da ”inserção de adolescentes no mercado de trabalho” é uma situação que preocupa muitos deles. É um problema social que reflete nos modos de ser de uma geração. Conforme Guilland e Monteiro (2010,p.148) “ o trabalho simboliza a conquista de um lugar na sociedade, então podemos pensar no desemprego como a falta deste lugar e muitas vezes visto como desocupação e marginalização do indivíduo”. A partir desta problemática abordada, podemos entender que o assistente social no Sesc-MA que desenvolve suas funções no setor do desenvolvimento comunitário, atua fazendo o acompanhamento social desses adolescentes em conjunto com os familiares dos mesmos, promovendo atividades que venham favorecer a reflexão coletiva de temas variados como cidadania e trabalho. O assistente social trabalha com as relações sociais e contribui para que a equipe tenha maior compreensão das expressões da questão social que afetam os adolescentes. 3.1 A IMPORTÂNCIA DA APRENDIZAGEM PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E SOCIAL A aprendizagem é uma ferramenta de inserção do jovem no mercado de trabalho, sendo a escola primeira instituição de ensino responsável por esta 23 formação. Consequentemente com a evolução da sociedade, da tecnologia, foram surgindo diversas escolas profissionalizantes e projetos sociais com o objetivo de capacitar esses jovens para o mercado de trabalho. Aprendizagem é um pensar que percebe a realidade como processo,que capta em constante devenir e não como algo estático. Não se dicotomiza a si mesmo.Banha-se permanentemente de temporalidade cujos riscos não teme. FREIRE (1987,p.47). Para Paulo Freire, aprendizagem é aquela que transforma, com diversos saberes reais, construídos entre educadores e educandos. “ Nas condições de verdadeira aprendizagem, os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador igualmente sujeito do processo”(FREIRE,1996,p.26). Os educandos são passíveis de serem os autores principais desse processo ensino-aprendizagem para aquisição de novos conhecimentos. Segundo a teoria de Vygotsky (1997,p.56) “ As relações entre aprendizagem e desenvolvimento são aspectos muito importantes, pois para ele o desenvolvimento é promovido pela aprendizagem, e a interação entre meio e indivíduo é essencial nesse “.Ou seja, é no ambiente que o aluno está inserido que ele vai se desenvolvendo de fora para dentro, através de suas interações no meio em que ele se encontra e na sala de aula que o mesmo irá experimentar e vivenciar suas ações voltadas às concepções de mundo em que ele está inserido. Então é a partir da educação, dos estudos que qualquer indivíduo se prepara para iniciar no mercado de trabalho. Essa oportunidade de aprender algo novo, é proporcionado pelos projetos sociais que são ofertados pelo Sesc-MA à população mais carente. 3.2 TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE: EMPREGABILIDADE E EMPREGO Etimologicamente falando, a palavra trabalho significa em latim: tripalium, instrumento na forma de um X transpassado por um outro pau ao centro, usado para bater cereais como, trigo, arroz. Popularmente falando, trabalho é uma forma de 24 subsistência do ser humano, através dele a pessoa em troca vai receber o salário devido pelo serviço prestado e poder se manter financeiramente. Para Hannah Arendt (2010, p. 10 ), “ o trabalho assegura não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a vida da espécie”. O trabalho contribuiu para a evolução da humanidade e da natureza. Historicamente falando, o trabalho contribuiu para a evolução da natureza de acordo com as necessidades de cada época desde a Antiguidade. Nesta época o predominava o trabalho escravo, somente na Idade Média com o surgimento de novas classes sociais é que as condições do trabalho foi melhorando. O Trabalho é de suma importância para a dignidade da pessoa humana, além de ser uma necessidade de toda pessoa ter um trabalho para sua sobrevivência, ela deve se sentir realizada com ela mesma no que está fazendo, se sentir útil em estar através do seu trabalho ajudando o próximo e a sociedade em geral. A Política de Trabalho no Brasil, é regida pela Constituição Federal de 1988 (CF) a partir do artigo 6º até o artigo 11º que estabelece os Direitos Sociais para todo o cidadão brasilero e também pela Consolidação das Leis Trabalhista (CLT) aprovada pelo Decreto Lei nº 5.452, de 1º de Maio de 1943, que estabelece as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nela previstas,atualmente constam modificações nesta lei. O mercado de trabalho atual exige um novo perfil de profissional,esta pessoa tem que estar no mesmo ritmo de mudança que vai ocorrendo no mercado. Além da experiencia profissional, o novo profissional da atualidade deve ter uma boa capacitação, conhecimento técnico da área que irá atuar, ter flexibilidade, saber trabalhar em equipe, entender de tecnologia, ter uma visão geral de tudo que acontece a sua volta e principalmente competência emocional para ele alinhar bem aquilo que ele faz como profissional em relação aquilo que ele é como pessoa, e partir daí ter controle emocional diante das diversas situações que ele enfrentará no meio profissional e que terá que ter esse equilíbrio emocional para responder bem e com ética determinada demanda. O termo empregabilidade popularmente falando, se refere à necessidade que o indivíduo tem de manter-se ou reinserir-se no mercado de trabalho, é a possibilidade dele estar empregado. 25 Segundo Hedale Rocha (2011, p.140)” A palavra empregabilidade ocupa uma posição de destaque na academia, no mundo empresarial e nas discussões sobre políticas públicas no Brasil e em outros países”. A questão da empregabilidade envolve a economia do país e a qualidade de vida da sua população”. Na empregabilidade, a pessoa está em busca de desenvolver novas habilidades, competências, através de conhecimentos já adquiridos. O termo emprego se refere à ação e ao efeito de empregar, ou seja, conceder à alguém um posto de trabalho e lhe delegar tarefas. O primeiro emprego é bastante importante para os jovens, pois trata-se do início da carreira profissional da pessoa,onde ela irá adquirir experiência,conhecimento, o que poderá lhe abrir portas de empregos maiores futuramente. Mas também é necessário que o jovem já na sua primeira experiência de trabalho aproveite a oportunidade para ser valorizado e assim podendo ser chamado para propostas melhores de empregos ou até mesmo ser promovido a outro cargo dentro da empresa em que trabalha. Por isso é um dos objetivos do Projeto Adolescente Cidadão no Sesc-MA, capacitar, ensinar, para o mercado de trabalho esses adolescentes de comunidades vulneráveis, a terem essa oportunidade de crescimento profissional. 3.3 TRABALHO E JUVENTUDE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL O Trabalho é uma necessidade básica de qualquer ser humano.É através dele, que a pessoa terá condições de sobreviver, recebendo seu salário. Foi na idade da pedra que foi surgindo as primeiras formas de trabalho pois o homem daquela época tinha que encontrar formas de como se alimentar, a partir daí a força do serviço foi usada para sobrevivência básica. Com o passar do tempo, a forma e ideia de se trabalhar foi sendo alterada com a evolução da sociedade. Posteriormente, ele pôde ser dividido de acordo com o modo de produção que foi se desenvolvendo ao longo do tempo pelo ser humano, ou seja, é o que chamamos de regime de trabalho e foram definidos da seguinte forma : a) Primitivo – Surgiu na idade da pedra, seu objetivo era de suprir as necessidades básicas e sua divisão trabalhista era igualitária, defendia que todas as ações eram para o bem de todos. 26 b) Escravo – Os escravos faziam seus trabalhos sem remuneração e de forma desumana. c) Feudal – Época do feudalismo, sua principal característica foi a divisão da sociedade em clero, nobreza e servos. Nesse regime os donos das terras chamados de Senhores Feudais é que detinham o poder. A responsabilidade do clero era a área da espiritualidade, a nobreza proviam a proteção e os servos serviam os senhores feudais através do trabalho braçal. d) Capitalista – Sua principal característica são as diversas formas de trabalho ou seja, diversas classes sociais. Os serviços são remunerados. Nele, quem tem meios de produção dá emprego pra quem não tem. e) Comunista – Nesse regime os lucros e produtos advindos do trabalho são divididos por todos de forma igualitária. Seu principal representante foi Karl Marx. Segundo Marx (1996, p.303), “ O trabalho é apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre homem e a Natureza, condição natural eterna da vida humana ”. Isso quer dizer, que sem a existência da natureza não seria possível existir o ser humano e nem tão pouco qualquer tipo de sociedade. O homem modifica a natureza e se modifica a partir dela, através da aquisição de novas habilidades. Ele transforma a matéria natural criando subsídios, de modo que venha suprir suas necessidades de sobrevivência. No Brasil, o sistema econômico adotado é o capitalista, a mão de obra é remunerada e regida por leis trabalhistas da Consituição Federal de 1988 (CF) e pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Com a evolução da sociedade, nas novas formas de trabalho, surge então uma nova configuração econômica –social chamada de Neoliberalismo. A partir da crise do Estado de Bem-Estar Social é que surge o Neoliberalismo, ele chega desfazendo com a concepção solidária na tutela do indivíduo. Para Emmanuel Teófilo Furtado (2004, pg 272.),” O Neoliberalismo vai propagar o aumento de direitos e tem uma dimensão antieconômica. Ou seja, o Neoliberalismo prega menos influência do Estado sobre as questões trabalhistas, outra consequência foram os altos índices de desempregos formais, precarização das condições de contratação, flexibilização das relações de trabalho, aumento da carga 27 tributária, etc. Com a vinda do Neoliberalismo, as políticas de emprego se resumem em ações voltadas para o mercado de trabalho, garantindo alguns direitos básicos como o seguro-desemprego e educação profissional. No Neoliberalismo, a intervenção do Estado deve ser apenas para consertar as falhas do mercado. No Neoliberalismo as questões mais relevantes como desigualdade e baixa renda presentes nas políticas keynesianas são deixadas para segundo plano, porque a visão das políticas de emprego liberais focam apenas nas falhas do mercado de trabalho. As principais mudanças que ocorreram na sociedade a partir do Neoliberalismo foram as fragilidades das relações trabalhistas, incertezas, desregulamentação, ampliação do desemprego e pauperização da classe trabalhadora. Todas essas transformações impactam negativamente na vida da população, nas condições de vida delas, no trabalho e na organização política. No Brasil, foi durante o governo de Collor que o país sentiu os efeitos negativos do projeto neoliberal sobre o mundo do trabalho e que se intensificou no governo de FHC. Outro fenômeno que contribuiu bastante para as mudanças no mundo do trabalho foi a Globalização que se disseminou ainda no processo Neoliberal. Ela é fruto do capitalismo em expansão.” Na era da globalização neoliberal,prega-se o absenteísmo estatal, o retorno ao Estado mínimo, sujeitando a relação capital-trabalho às leis da oferta e procura (Souza, 2009, p.2). Para Filgueiras e Gonçalves (2007, p.5) O neoliberalismo, no Brasil, se configura como liberal periférico. Liberal, pela natureza das reformas que o constituíram, privatização e desregulação do mercado de trabalho, e periférico, por ser uma forma específica de realização da doutrina neoliberal, sobretudo, por interferir em um país dependente. A Globalização causou um grande impacto nas relações de proteção social, alterando o perfil de empregos, ocasionando algumas mudanças: aumento do desemprego dos trabalhadores com menos qualificação, redução de benefícios da seguridade social prestados pelo Estado/Empresas, emergência de novas profissões/especializações, abrangência dos níveis de concentração de renda, entre outras consequências. A partir da globalização, houve uma diminuição nos níveis de 28 proteção trabalhista. Os sindicatos ficaram enfraquecidos sem poder de negociação, diminuindo assim a sua representatividade, ficando apenas voltado para a tutela de manutenção do emprego, os espaços para reivindicações de melhores condições no trabalho não existiam mais. O termo globalização tem sido usado para representar vários fenômenos,como o crescimento do comércio e dos negócios transnacionais,a interdependência entre os fluxos de capitais e as parcerias (joint-ventures) internacionais (RICARDO, 2000, p.4). Foi também a partir da globalização, que o desemprego aumentou absurdamente, porque ocorreu o aumento da mão-de-obra com baixa qualificação que muitos não conseguem trabalho, a globalização propõe ainda que os estados através da política neoliberal instituem leis que possam flexibilizar as leis trabalhistas. Sendo que alguns direitos que foram tratados na Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto- lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943, que é a legislação que rege as leis trabalhistas, define a relação de trabalho em sete modalidades que foram autorizadas pelo Presidente Getúlio Vargas em 1943, e foram definidas da seguinte forma: Estágio Profissional, Trabalho Eventual, Trabalho Autônomo, Trabalho temporário, Diarista, Trabalho Avulso, e Voluntário. O empregador deve conhecer cada um deles para que os contratos sejam feitos de forma correta,pois nem todos possuem vínculo empregatício. Foi a partir dos anos de 1930 que o mercado brasileiro foi se regulamentando com a elaboração das leis de proteção ao trabalhador por meio da implantação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio neste mesmo ano. O objetivo do Estado Brasileiro com a estruturação do mercado de trabalho era de inserir o trabalhador na estruturação e organização das políticas de emprego. Desta forma se apresentam alguns marcos legais das leis de proteção aos trabalhadores: - em 1943 houve a implantação da Consolidação das Leis Trabalhistas,no ano de 1966 foi a criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; em 1976 surge o Sistema Nacional de Emprego e em 1986 é implantado o Seguro Desemprego. Foi no governo de Getúlio Vargas (1930-1945), que as relaçõe entre capital e o trabalho foram regularizadas, regidas por leis, pela intervenção do Estado. Getúlio 29 Vargas criticava as formas de governo liberais, ele pregava um projeto de Estado autoritário que valorizava a propriedade privada, reconhecia o capital e a importância da livre iniciativaempresarial. A intervenção do Estado na regularização e regulamentação da legislação do trabalho, enquanto política pública de emprego, foi o guia referencial que proporcionou amparo tanto aos patrões como aos trabalhadores. O conhecimento das leis tornou-se fundamental para os patrões e trabalhadores, pois ambos estavam sujeitos às intervenções do Estado. (MOTA E OLIVEIRA, 2015, p.94) Desde meados do século XX, onde começou a aumentar o desemprego,o governo buscou soluções para enfrentar esse problema. A primeira iniciativa na época para combater o desemprego foi a estruturação do Sistema Público de Emprego a partir de um agrupamento de políticas de emprego que era mantido pelos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), este atuante na oferta e qualificação da mão de obra. As ações de emprego que são financiadas pelo FAT fazem parte do Programa do Seguro-Desemprego e dos Programas de Geração de Emprego e Renda existentes até hoje para combater o desemprego. As políticas de emprego atuam no melhoramento da qualificação e profissionalização do trabalhador, para que o mesmo consiga se recolocar no mercado de trabalho. Em relação ao surgimento da questão social, ela surgiu na Europa Ocidental do século XIX, designando o fenômeno da pobreza crescente entre os membros da classe operária. Ela está associada ao sistema capitalista de produção em que mostra como a riqueza de uma sociedade é produzida e dividida. Dessa forma, através do capitalismo é que surgem muitas desigualdades sociais, que é exatamente a área de intervenção do Serviço Social. As expressões da questão social chegam aos assistentes sociais como demandas para eles intervirem e buscarem a melhor solução de resolvê-los. É uma conjuntura de problemas que geram a questão social. Muitos desafios são impostos pela sociedade ao assistente social para que eles conduzam de forma eficaz as demandas que surgem oriundas das questões sociais. De acordo com (YASBEK, 2009 .) , 30 O profissional de serviço social é chamado para realizar a mediação constituindo seu fazer profissional e ao mesmo tempo se torna parte integrante da classe trabalhadora,no qual age em demandas constituídas socialmente que extrapolam sua intencionalidade e muitas vezes sua vontade”. O Serviço Social tem na questão social a base de sua fundamentação como especialização do trabalho.Para Iamamoto (2003, p.27), a questão social é o : conjunto de expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus frutos mantém-se privada,monopolizada por uma parte da sociedade. A questão social está bem vinculada às desigualdades sociais, ambas contribuíram para a criação do Terceiro Setor na sociedade, com o objetivo de criar projetos e programas para ajudar os necessitados. As questões sociais desencadeiam vários problemas como o desemprego, violência, sequestros, desequilíbrios no ambiente político, raça, pobreza, e etnia, etc. O desemprego trata-se de uma situação social de não emprego, onde o cidadão não possui algum trabalho remunerado. Para a Organização Mundial do Trabalho, o desemprego significa como uma situação em que o indivíduo, não está economicamente ocupado, mas está disponível para trabalhar e tomou alguma providência para procurar um trabalho remunerado, ou seja, a pessoa está sem trabalho. As principais causas que ocasionam o desemprego são; crise econômica, falta de qualificação profissional, redução do posto de trabalho. Importante salientar que o significado de trabalho diz respeito a qualquer atividade desenvolvida pelo indivíduo para sua subsistência, o significado de emprego é uma atividade que o indivíduo realiza e recebe salário em troca; pois ambos os termos confundem-se. Para jovens em vulnerabilidade social, as dificuldades são ainda maiores para a inserção dos mesmos no mercado de trabalho, devido principalmente a falta de condições financeiras de suas famílias para uma melhor condição e qualidade de vida. Então esse público fica a mercê do poder público, dependendo de projetos, ajuda financeira vinda por parte dos governantes, e ainda assim muitos ainda não 31 conseguem ter acesso ao básico desse serviços prestados como educação, saúde, lazer, etc. Na maioria das vezes essa falta de acesso se dá até mesmo pela burocracia imposta pelo próprio governo dentro desses planos e projetos elaborados para prestar assistência para essas comunidades mais carentes. De acordo com dados do IBGE, a taxa de pessoas desempregadas no Brasil de acordo com as informações coletadas pela PNAD, só em 2021 o país teve 12,0 milhões de desempregados,11,1% de taxa de desemprego e na Região Nordeste a porcentagem de pessoas na força de trabalho desempregadas em 2021 foi de 15%, a mais alta do país.A pandemia foi um dos fatores para a elevação da taxa de desemprego em todo o país desde o ano de 2020. Gráfico 1: População brasileira, de acordo com as divisões do mercado de trabalho, 2º trimestre 2022. Fonte: : <https:://www.ibge.gov.br>. O desemprego é uma questão social que tráz diversas consequências para esses jovens em vulnerabilidade social, mas também para todos de forma geral que ficam desempregados, não somente consequências sociais, mas também psicológicas, afetando o modo de vida das pessoas.Outra causa que o desemprego ocasiona são os problemas voltados para a saúde física, mental, do indivíduo como por exemplo: autoestima, bem-estar, frustração, mudança de humor, insatisfação. O desemprego causa também problemas sociais na vida da pessoa, aumento da pobreza, com a diminuição da renda familiar, gerando com isso a falta de acesso a determinados bens, serviços e aumentando assim a desigualdade social. Ou seja, a qualidade de vida da pessoa, grupo social ou família passa a ser reduzida. Todas 32 essas consequências que o desemprego gera, pesam bem mais na vida de jovens com menos condições financeiras, em que sua família vive à margem da pobreza dependendo das iniciativas do poder público e do Terceiro Setor. Segundo GUIMARÃES e ALMEIDA (2013), A política de emprego para os jovens é de fundamental importância considerando que além de democratizar as possibilidades de elevação social e minimizar as desigualdades, ainda depara-se com uma parcela que durante décadas sucessivas será integrante primordial da força de trabalho do país,gerando impactos para o potencial produtivo e competitivo. A realização de Políticas Públicas é necessária para mudar a realidade desses jovens, de modo que garantam o acesso e permanência deles no mercado de trabalho. Então a partir de toda essa realidade de inclusão, a oferta que o Sesc- MA demanda de capacitação profissional para esses adolescentes proporciona a eles crescimento, autoconfiança, aprendizado e desperta neles a responsabilidade pessoal e profissional. 33 4 JUSTIFICATIVA A questão social referente à inserção, inclusão do jovem no mercado de trabalho, que está sendo trabalhada neste projeto de TCC foi fruto da elaboração do projeto de intervenção que teve como tema “Projeto Adolescente Cidadão: Jovens em processo de qualificação”, que foi o produto final no campo de estágio, onde foram feitas algumas propostas de intervenções para melhorar algumas demandas que o Projeto Adolescente Cidadão apresentava. O público-alvo a ser contemplado pelas ações definidas no projeto de intervenção, a partir da demanda identificada“o planejamento das atividades sistemáticas do projeto como oficinas”, foram todos os adolescentes na faixa etária de 14 a 18 anos inscritos no projeto Adolescente Cidadão, que é idealizado pelo Sesc-MA, que surgiu devido aescassez de Políticas Públicas direcionadas aos adolescentes de comunidades em situação de vulnerabilidade social. A demanda que foi trabalhada no projeto de intervenção foi justamente para garantir as capacitações técnicas para esses adolescentes se qualificarem para o mercado de trabalho. Sendo que, o projeto Adolescente Cidadão oferta para esses jovens alguns cursos profissionalizantes pelo Senac. A motivação para se trabalhar neste projeto essa temática voltada para a inserção dos jovens em vulnerabilidade social no mercado de trabalho, foi a convivência durante o estágio com adolescentes de baixa renda, testemunhando o sofrimento que eles passam até chegar na fase conclusiva do projeto para agregar mais oportunidades e assim, conquistarem uma melhor qualidade de vida. É importante abordar essa questão social que é a inserção de jovens para o mercado de trabalho, na qual é uma problemática recorrente nos dias atuais. Tendo em vista que esses jovens em vulnerabilidade social estão mais suscetíveis para a situação de desemprego, o que gera necessidade de políticas públicas voltadas para o público jovem. A relevância que o estudo deste tema pode trazer para a área da assistência social, como também para os adolescentes, seus familiares, é o fortalecimento das ações de qualificação nos projetos sociais em que o Sesc-MA investe, fortalecendo também a intermediação feita pelos assistentes sociais inseridos nesses projetos em busca do desenvolvimento intelectual desses jovens 34 mais vulneráveis e melhoria da qualidade de vida desse público. Esse tema também tem o intuito de estimular a empresa Sesc-MA a manter o investimento nos Projetos já existentes que objetivam a mudança de vida dos jovens em vulnerabilidade social. Todas as atividades realizadas nesse período de estágio, tiveram como locais de intervenções para o projeto de intervenção o Sesc/Deodoro e o Senac. Sendo que no Sesc/Deodoro foram realizadas oficinas temáticas, rodas de conversas, dinâmicas, voltadas para os jovens inseridos na edição de 2021 do Projeto Adolescente Cidadão, onde foram abordados diversos temas voltados à área profissional como Mercado de Trabalho, Competências Profissionais. No Senac eram ofertados os cursos de Introdução à Informática, Operador de Computador e Web Designer. Eram realizadas também as visitas técnicas no Senac para monitorar as turmas, para saber sobre o desempenho de cada aluno, se estavam frequentando mesmo as aulas,além de fortalecer o vínculo entre as instituições e com os alunos também. Reuniões com os pais dos adolescentes também foram feitas com o objetivo de organizar informações importantes sobre os cursos, desistência de alunos dentro do projeto por questões financeiras. O público alvo contemplado nessas atividades foram os adolescentes selecionados para participarem do Projeto Adolescente Cidadão juntamente com seus responsáveis. 35 5 OBJETIVOS DA PESQUISA 5.1 OBJETIVO GERAL Estudar sobre as atribuições do assistente social no processo de inserção do adolescente no mercado de trabalho: uma abordagem a partir da experiência do Sesc no setor do desenvolvimento comunitário. 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar os conceitos de aprendizagem, empregabilidade e primeiro emprego, trabalho, vulnerabilidades sociais e as atribuições do assistente social em meio a essas vulnerabilidades, para melhor conduzir o processo de qualificação profissional desses adolescentes. a) Identificar as dificuldades para a inserção de jovens no mercado de trabalho. b) Identificar experiências exitosas de capacitações para os adolescentes e que contribuem para sua inserção no mercado de trabalho. c) Identificar as ações realizadas pelo Assistente Social do Sesc que contribuem para a qualificação dos adolescente inseridos nos projetos sociais. 36 6 METODOLOGIA DE PESQUISA Como metodologia utilizada neste TCC, decidimos pela pesquisa do tipo básica, sendo esta mais comum na área acadêmica. É orientada para o aprofundamento de um conhecimento científico que já foi estudado. Normalmente, o pesquisador que faz um estudo com essa finalidade busca complementar algum aspecto ou alguma particularidade da pesquisa anteriormente feita. Esse é um tipo de pesquisa teórica, que requer obrigatoriamente uma revisão bibliográfica e idéias apresentadas de modo padrão. Quanto à abordagem deste trabalho,trata-se de uma pesquisa qualitativa, nesse tipo de pesquisa, o responsável por fazer a análise das informações coletadas é o próprio pesquisador. Ela se caracteriza por coletar e interpretar as respostas subjetivas dos entrevistados. As técnicas e os métodos estatísticos são dispensados nesse modelo, visto que o investigador se foca em características mais complexas e não-quantificáveis, como o comportamento, as expressões, os sentimentos, etc. Quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa bibliográfica em que consiste na coleta de informações a partir de textos, livros, artigos e demais materiais de caráter científico. Esses dados são usados no estudo sob forma de citações e referências, e servem de embasamento para o desenvolvimento do assunto pesquisado. Trata-se, ainda de uma pesquisa descritiva que é focada em descrever um estudo ou conhecimento já existente. Uma pesquisa é descritiva quando o objetivo é esclarecer ao máximo um assunto que já é conhecido, descrevendo tudo sobre ele. Nesse caso, o pesquisador deve fazer uma forte revisão teórica envolvendo o seu objeto de estudo, e deve analisar e comparar as informações. Trata-se de uma pesquisa exploratória, ela busca identificar algo, ou seja, um possível objeto de estudo ou uma problematização que poderá ser alvo de futuras pesquisas. A pesquisa exploratória é útil quando não há muita informação disponível sobre o objeto de estudo, e faz com que o investigador misture o máximo de referências bibliográficas com outros métodos, como entrevistas, pesquisa documental, etc. 37 7 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA Nesta seção serão apresentadas as informações prestadas pelas mulheres do grupo de convivência do CRAS São José que participaram da entrevista sendo estruturadas para uma maior compreensão, elas foram organizadas em gráficos com sub-temas específicos, para em seguida, analisá-los de forma individual, como também relacionando-os . Nesta seção será apresentado os dados referentes ao tema proposto: As atribuições do assistente social no processo de inserção do adolescente no mercado de trabalho: uma abordagem a partir da experiência do Sesc no Setor do Desenvolvimento Comunitário. É neste tópico que será possível fazer a apresentação dos dados da pesquisa,analisá-los e discutí-los. 7.1 APRESENTAÇÃO DOS DADOS Nesta pesquisa foi utilizado como procedimento para coleta de dados, a aplicação do questionário com a assistente social responsável pelo Projeto Adolescente Cidadão, pesquisa bibliográfica a partir de livros, sites, documentos e dados estatísticos do IBGE por meio de gráfico. Esses dados da pesquisa foram avaliados de forma qualitativa. A apresentação e organização dos dados coletados nesta pesquisa teve a finalidade de responder o objetivo proposto pela pesquisa. Em relação ao gráfico apresentado nesta pesquisa, que consta na página 29, este se refere à divisão do mercado de trabalho no Brasil para o 2º trimestre de 2022, números levantados pela Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios, mas conhecida por PNAD, que é feita pelo IBGE, mostrou que o Brasil em 2022 terá em média 98.269 mil pessoas ocupadas, ou seja, empregadas; 10.080 mil pessoas desocupadas, ou seja, desempregadas; 64.719 mil pessoas fora da força de trabalho ou seja, são pessoas que não estão empregadasmas também não podem ser consideradas desempregadas como é o caso do estudante universitário que dedica seu tempo aos estudos e a dona de casa que exerce seu trabalho em seu lar; e por último temos 40.872 mil pessoas que ainda estão abaixo da idade para 38 trabalhar.Esses números mostram que teremos 10,1 milhões de desempregados, com uma taxa de desemprego de 9,3% de acordo com o IBGE. Outros dados importantes de se pontuar neste trabalho foi a situação de vulnerabilidade social que afeta um número expressivos de brasileiros, e significativamente atinge o segmento de adolescentes e jovens sendo estes afetados pelas expressões da questão social, como falta de acesso a formação profissional. Como destaca Abramovay (2002, p. 33) O não-acesso a determinados insumos (educação, trabalho, saúde, lazer e cultura) diminui as chances de aquisição e aperfeiçoamento desses recursos que são fundamentais para que os jovens aproveitem as oportunidades oferecidas pelo Estado, mercado e sociedade para ascender socialmente. A falta de acesso a educação é um dos fatores que mais afeta o processo de profissionalização de adolescentes e jovens para futura inserção no mercado de trabalho. Durante a pesquisa verificou-se que a população de adolescentes e jovens entre 15 a 29 anos correspondem a 23% da população brasileira, somando mais de 47 milhões de pessoas. Apontamos ainda que essa população também representa um percentual expressivo de jovens fora do mercado de trabalho e também sem estudos, chamados de “geração nem-nem, apontados pelos dados da pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas que apresentou que o número de jovens que não trabalham nem estudam cresceu, entre 2014 e 2020, passando de 19,1% para 26,5%. A partir das discussões dos (as) autoras podemos verificar que o conceito de trabalho está relacionado ao direito social e condiz com o princípio da dignidade humana, conforme diz Hannah Arendt (2010, p. 10 ), “ o trabalho assegura não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas a vida da espécie”. O trabalho além de ser uma necessidade básica de qualquer ser humano para sobreviver, ele é também questão de dignidade do ser humano. A partir do momento que a pessoa possui um trabalho, ela se sente útil para o seu próximo,ela realiza sonhos pessoais,ela se sente importante naquilo que ela está fazendo. 39 Durante o período de estágio podemos observar algumas ações e serviços realizados pelo Serviço Social do Comercio (SESC), através do eixo da responsabilidade social, para o desenvolvimento do protagonismo juvenil e de profissionalização e inserção no mercado de trabalho. Desta forma, buscamos através de um questionário informações sobre o impacto do Projeto Adolescente Cidadão do Sesc-MA, onde a assistente social responsável prestou as seguintes informações: sobre o quantitativo de adolescentes capacitados pelo Projeto Adolescente Cidadão informou que: Ao longo dos 24 anos de sua execução o projeto Adolescente Cidadão já capacitou aproximadamente 1.300 adolescentes entre 14 e 18 anos. Em 2021 o projeto oportunizou cursos na área de informática à 88 participantes. Em 2021 foram registradas 13 evasões que foram imediatamente substituídas por outros adolescentes do Banco de Reserva. Questionamos sobre o surgimento do Projeto e a Assistente social referiu que: “ O projeto surge no Sesc no final da década de 90 (1998) como uma proposta de oportunizar formação pré-profissionalizante aos adolescentes residentes em comunidades do entorno do Sesc Deodoro e Turismo. As primeiras edições ofereceram cursos na área de cabeleireiro, artes manuais, serigrafia e outros.” (Assistente Social entrevistada) Sobre o quantitativo de adolescentes e jovens inseridos no mercado de trabalho após o Projeto a entrevistada nos respondeu que: “O que podemos registrar é que a cada ano cerca de 10% dos inscritos são inseridos formalmente ou informalmente no mercado. O objetivo maior do projeto, não é a inserção ao mercado, mas sim despertar nos participantes um novo olhar sobre suas perspectivas”. Sobre as contribuições do Assistente social no processo de participação do adolescente e do jovem no Projeto Adolescente cidadão, a resposta foi: 40 O projeto Adolescente Cidadão é ação do programa Assistência no SESC, ele é formulado, executado e avaliado pela equipe técnica de Serviço Social dos setores de Desenvolvimento Comunitário e Trabalho Social com Grupos. As assistentes sociais realizam diversas ações complementares aos cursos ofertados pelo Projeto, a fim de motivar a permanência dos adolescentes durante os 04 meses de execução, estas ações compreendem reuniões mensais, rodas de conversa e oficinas dinamizadas. Sobre as contribuições do assitente Social do Sesc no enfrentamento da situação de vulnerabilidade social de adolescentes e jovens, a entrevista referiu que: No Sesc Maranhão as assistentes sociais estão lotadas nos municípios de São Luís e Caxias distribuídas nos Programas de Saúde e de Assistência.(Assistente Social entrevistada) Programa Saúde a) Setor de Educação em Saúde Realiza campanhas, encontros e projetos direcionados ao calendário do Ministério da Saúde. Podendo ser realizadas nas Unidades do Sesc ou nos comércios/empresas. b) Unidade Móvel Sesc Saúde Mulher Realiza o mesmo trabalho de Educação em Saúde, mas direcionado para as mulheres que buscam os serviços de exame preventivo e de mamografia. Programa Assistência c) Setor do Desenvolvimento Comunitário: A assistente social de DC planeja ações direcionadas ao trabalho de organização comunitária, através da articulação e mobilização dos territórios, buscando parcerias internas e externas para fomentar a capacitação de lideranças comunitárias. A ela também compete a elaboração, a execução e a avaliação de projetos: Adolescente Cidadão; Sesc Criando Arte Elas por Elas e Na Real. 41 d) Setor do Trabalho Social com Grupos/Trabalho Social com Idosos: Planejam e desenvolvem ações direcionadas ao bem estar do Idoso, estimulando a psicomotricidade, memorização, atividades de lazer e cultura. Além de articular com Conselhos, Promotoria e outros organismos, seminários, fóruns, palestras que abordem os aspectos sociais, emocionais e jurídicos, enfim, ações que oportunizem o máximo de informações possíveis ao idoso e sua família. e) Segurança Alimentar e Nutricional A assistente social do Programa Mesa Brasil, articula, mobiliza instituições sociais que atuam como escolas e creches comunitárias e, casas de apoio à Idosos; afim de oportunizar seu cadastro no referido programa para que recebam doações de alimentos, que complementem as refeições que estas escolas servem à seus alunos. Finalizando esse tópico,óutro procedimento adotado foram as pesquisas bibliográficas realizadas, elas foram de extrema importância para o estudo do objeto principal desse trabalho que são “As atribuições do assistente social no processo de inserção do adolescente no mercado de trabalho: uma abordagem a partir da experiência do Sesc no Setor do Desenvolvimento Comunitário. Cada referência pesquisada, citações mencionadas nesta pesquisa, trouxeram informações e dados relevantes e importantes para cada conceito abordado. 7.2 ANÁLISE DOS DADOS Tendo em vista todos os conceitos estudados, observou-se a grande importância que os assistentes sociais têm na sociedade, dando prioridade àqueles que mais necessitam, mas expostos às situações de vulnerabilidades. São diversas as áreas que o assistente social pode atuar. Por tratar-se de um profissional que possui conhecimento específico sobre o aspecto social, tem papel fundamental na elaboração, coordenação e desenvolvimento de políticas, programas e projetos sociais, bem como na inclusão de pessoas a quem deles necessitar.42 Em qualquer área que o assistente social for atuar ele irá se deparar com diversos desafios, em especial quando se fala em inclusão nos projetos sociais, acesso aos direitos sociais para esses adolescentes/jovens que vivem em áreas vulneráveis, esse profissional vai sempre se deparar com as burocracias do sistema o que sempre atrasa e dificulta a resolução desses problemas que deveriam ser sanados de forma rápida para esse público atendido. Podemos afirmar que é de grande relevância o trabalho do assistente social na Política de Educação, ou seja, no programa de aprendizagem, pois nesta área o papel principal do assistente social é contribuir para a formação do adolescente/jovem para o mundo do trabalho, e desenvolvimento de competências. A pesquisa mostrou que os jovens constituem um dos grupos mais vulneráveis do Brasil. Podemos dizer que a desocupação e a subutilização, trazem para os jovens sentimentos de frustração e desânimo. São diversos os fatores que dificultam o ingresso dos jovens no mercado de trabalho. Dentre os principais estão a falta de experiência, o alto custo dos encargos sociais, famílias de baixa renda, jovens sem qualificação profissional.O desemprego é uma realidade que pode durar por um bom tempo na realidade de jovens em vulnerabilidade social. Daí a importãncia de políticas púbicas voltadas para atender as demandas desse público específico. Segundo GUIMARÃES e ALMEIDA (2013), a política de emprego para os jovens é de fundamental importância considerando que além de democratizar as possibilidades de elevação social e minimizar as desigualdades, ainda depara-se com uma parcela que durante décadas sucessivas será integrante primordial da força de trabalho do país, gerando impactos para o potencial produtivo e competitivo. A partir desta citação, podemos entender o quanto é importante a política de emprego no Brasil, a partir dos programas sociais que dão oportunidades de qualificar esses jovens de áreas vulneráveis para o mercado de trabalho, elevando neles sua autoestima e melhor perspectiva para o futuro. Os jovens em geral, independente da classe social, almejam serem inseridos no mercado de trabalho. A inclusão no mercado de trabalho, proporciona crescimento, aprendizado, autoconfiança e, principalmente, responsabilidade profissional e pessoal. 43 Segundo Stephanou (2003, p. 11) Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. Os projetos são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para “um outro mundo possível. A pesquisa demonstrou que os projetos sociais idealizados pelo Sesc-MA, em especial, o projeto Adolescente Cidadão, propicia oportunidade de qualificação profissional para adolescentes que vivem em vulnerabilidade social, abrindo-lhes portas para inserção deles no mercado de trabalho a partir dos cursos profissionais ofertados no projeto, mas seu maior objetivo não é a inserção deste jovem ao mercado de trabalho, mas sim despertar neles um novo olhar sobre suas perspectivas. Durante a pesquisa foi possível identificar as ações realizadas pelo Assistente Social do Sesc que contribuem para a qualificação dos adolescentes inseridos nos projetos sociais. Como foi destacado nas respostas referidas pela assistente social responsável pelo Projeto Adolescente Cidadão, foi possível identificar algumas ações pertinentes ao trabalho do serviço social no Sesc-MA em todas as áreas, tais como: Oficinas temáticas, palestras, reuniões,rodas de conversas com os participantes dos projetos, sendo que estas ações contribuem para fomentar as expectativas e perspectivas do adolescente e do jovem para o mercado de trabalho, como pode ser percebido pela fala da entrevistada; “O que podemos registrar é que a cada ano cerca de 10% dos inscritos são inseridos formalmente ou informalmente no mercado. O objetivo maior do projeto, não é a inserção ao mercado, mas sim despertar nos participantes um novo olhar sobre suas perspectivas”. (Assistente Social entrevistada) Diante da atual conjuntura onde temos uma crescente exclusão social dos segmentos mais vulneráveis como os adolescentes e jovens, onde há crescimento de uma geração sem perspectivas de estudo e trabalho, devido a precarização do ensino e pelo estreitamento do mercado de trabalho, o Projeto Adolescente Cidadão 44 pode contribuir para estimular novas perspectivas e a continuidade dos estudos.Podemos observar durante à aplicação do questionário com a assistente social do Sesc-MA, que o projeto Adolescente Cidadão já passou por algumas mudanças em sua metodologia durante esses 24 anos de existência, pois no início ele ofertava alguns cursos diferentes da atualidade: “O projeto surge no Sesc no final da década de 90 (1998) como uma proposta de oportunizar formação pré-profissionalizante aos adolescentes residentes em comunidades do entorno do Sesc Deodoro e Turismo. As primeiras edições ofereceram cursos na área de cabeleireiro, artes manuais, serigrafia e outros.” (Assistente Social entrevistada) Hoje em dia, os cursos ofertados pelo projeto são mais modernos e exigidos no atual mercado de trabalho como: introdução à informática, webdesigner, conserto e manutenção de celulares; introdução à fotografia, e são cursos que chamam bastante a atenção dos adolescentes, despertando neles o interesse em ingressar no projeto. Inserir a intervenção do Serviço Social no contexto das desigualdades sociais ou seja, da questão social é indiscutível. O Serviço Social no Sesc participa desde a formulação até a execução dos projetos sociais. As ações sociais que envolvem os projetos sociais desenvolvidos pelo Sesc-MA, com a atuação das assistentes sociais, buscam o desenvolvimento econômico, social, cultural das comunidades, incentivando sua participação, integração e desenvolvimento de valores. São ações sistemáticas e/ou permanentes que o Sesc –MA desenvolve em comunidades que apresentam indicadores de vulnerabilidade social ou situações de risco elevadas. Garantir o acesso desses jovens em vulnerabilidade no projeto, torna-se também um desafio para as Assistentes Sociais que tem por competência formular, executar e avaliar esses projetos, como destaca Iamamoto (2012); É nesse terreno de tensões e contradições que o profissional tem atuado. 7.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Está relacionado ao objetivo geral desta pesquisa que é de “Estudar sobre as atribuições do assistente social no processo de inserção do adolescente no mercado 45 de trabalho: uma abordagem a partir da experiencia do Sesc no setor do desenvolvimento comunitário. A partir da coleta de dados através das pesquisas bibliográficas, do questionário aplicado com a assistente social responsável pelo Projeto Adolescente Cidadão e do gráfico extraído da pesquisa do IBGE, foi possível identificar a importância desse profissional, pois é de sua responsabilidade realizar as ações complementares aos cursos ofertados pelo Projeto, a fim de motivar a permanência dos adolescentes durante os 04 meses de execução; estas ações compreendem reuniões mensais, rodas de conversa e oficinas dinamizadas. Além dessa ações voltadas para o público jovem, o serviço social no Sesc-MA participa também de outros programas da assistência.Importante compreender também ,que o papel da assistência social no Sesc,é atuar desde a formulação até a execução dos projetos sociais elaborados pela instituição. Nada passa despercebido aos olhos do Serviço Social. Diante da experiência vivenciada no período de estágio no Sesc-MA, como também através de experiências após a conclusão do estágio, por meio da prestação de serviços no Sesc-MA na participação das oficinas
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