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Fundamentos filosóficos e sociológicos da educação

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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS E
SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
CAPÍTULO 1 - FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E
SUAS INTERFACES COM A EDUCAÇÃO
Marcone Costa Cerqueira
Introdução
O processo educacional é composto não só pelo aspecto pedagógico, próprio da prática escolar, mas se
constitui, também, de aspectos sociais, culturais e políticos. Nesse sentido, como convergir tais
aspectos, tão difusos na sociedade, em um processo educacional? Esse é um desafio que precisa ser
enfrentado, em vista de se pensar uma interface entre a Filosofia e Sociologia no processo educacional.
Essas ciências tratam diretamente dos aspectos indicados, tanto a formação social quanto as
expressões culturais e arranjos políticos são fartamente discutidos nos temas propostos pela Filosofia e
Sociologia. No entanto, como articular essas discussões e construir um diálogo profícuo com a
pedagogia? Para responder a essa questão, precisamos compreender como se dá a relação entre
Filosofia, Sociologia e Pedagogia no espaço escolar, abordando o âmbito social e racional do processo
de aprendizado. Mais ainda, é necessário interligar os diversos aspectos formadores da sociedade com
o papel mediador da realidade escolar.
Seria o caso de pensarmos, então, em uma discussão apenas teórica, pautada nos pressupostos
conceituais da filosofia e da sociologia, em vista da premência do processo educacional? Certamente
não é esse o caminho. A relação entre essas ciências, a filosofia, a sociologia e a pedagogia, não pode
se limitar a uma discussão teórica, puramente conceitual, faz-se necessário partir da prática, da
realidade social e política vivenciada pelos indivíduos que participam do processo. Sendo assim, é
necessário compreender o lugar do indivíduo e da coletividade no processo educacional, tendo como
suporte os conceitos que podemos extrair da filosofia e da sociologia nessa construção de uma
interface com a pedagogia.
Esperamos que ao final deste capítulo você possa construir sua própria opinião sobre os temas e ser
capaz de aplicá-la em sua prática profissional.
Vamos começar nossos estudos? Vejamos!
1.1 Relação entre Filosofia da Educação, Ciências Sociais,
Pedagogia e escola
Buscar uma relação entre a Filosofia da Educação, as Ciências Sociais — em especial a Sociologia — e a
Pedagogia a partir do espaço escolar, é um intricado processo que só pode ser executado se
compreendido desde sua base. Nesse sentido, a base seria a constituição de uma interface entre o
âmbito racional e o âmbito social no processo de aprendizagem.
Tanto a Filosofia quanto a Sociologia e a Pedagogia são ciências compostas por um aporte teórico e um
profundo conhecimento prático, o que nos possibilita estabelecer uma discussão que se valha desses
dois substratos.
Sendo assim, estabeleceremos neste tópico a busca de uma compreensão da relação entre os âmbitos
racional e social que constituem o processo educacional, tendo como substrato os aportes teórico e
prático, comuns à filosofia, sociologia e pedagogia.
1.1.1 Aprendizado enquanto processo racional e social
Se pensarmos a educação a partir de um contexto histórico, teremos a percepção de que a
compreensão de um lugar de aprendizado, voltado para a transmissão de conhecimento e formação
social dos indivíduos, é comum a quase todas as culturas, mas se instituem de formas distintas. Assim,
ao pensarmos a realidade da escola, seu papel no processo de aprendizado, devemos levar em
consideração os âmbitos que constituem sua base, a saber, um racional e outro social.
Durante grande parte da história, como nos aponta Marrou (1966), a transmissão de conhecimento entre
os indivíduos, dentro das organizações sociais, não se deu a partir de uma instituição estabelecida
unicamente para essa finalidade. A ideia de um lugar próprio para tal fim, uma instituição, surge em
culturas que gozavam de grande riqueza e tempo para o ócio, sendo esse, por exemplo, o caso dos
gregos. As “academias” ou “liceus” eram lugares para onde os jovens de famílias ricas eram enviados
para adquirir conhecimento e cultura. Pode-se dizer que tais instituições são o que chamamos hoje de
escolas, faculdades etc., ou seja, lugar ao qual os indivíduos vão para adquirir conhecimento e formação.
Todavia, ainda por esse prisma, o conhecimento deveria ter uma ligação direta com a realidade social
dos indivíduos. Nas culturas antigas, o que determinava a utilidade de um conhecimento era aquilo que
ele significava para o bem-estar da coletividade e para a manutenção dos costumes e expressões
culturais dos povos nos quais ele surgia.
Ao se voltar para a realidade do processo educacional moderno, principalmente em vista de se
compreender seu papel no atual modelo de sociedade, faz-se necessário levar em consideração esses
aspectos que sempre marcaram sua constituição. Os aportes teóricos, de praticamente todas as
ciências, têm sofrido um gigantesco salto, por conta das novas formas de condução da busca de
conhecimentos cada vez mais amplos. As relações sociais, políticas e culturais também têm se tornado
cada vez mais difusas, amplas e, até, em alguns casos, conflituosas.
Para ajudar a direcionar a compreensão desse complexo cenário, a Filosofia e a Sociologia podem
contribuir no processo pedagógico de organização do conhecimento, surgido principalmente de uma
construção racional, frente às demandas sociais impostas pelo moderno modelo de sociedade, o que se
Figura 1 - A modelagem moderna que temos de escola, enquanto lugar próprio para o ensino e
aprendizado, foi uma construção paulatina por toda a história
Fonte: joyfuldesigns (https://www.shutterstock.com/pt/g/joyfuldesigns), Shutterstock, 2020.
https://www.shutterstock.com/pt/g/joyfuldesigns
dá principalmente nas interações dos indivíduos. O processo educacional nessa sociedade moderna
começa ainda na infância, impondo de forma direta um condicionamento ao qual os indivíduos devem
se adequar.
Diversas correntes da Filosofia e Sociologia têm discutido essa interface entre o conhecimento que se
estabelece enquanto racional, predominantemente abstrato; e o conhecimento social, aquele que se
baseia na significação do sujeito dentro de sua realidade.
Porém, para começarmos a discutir tais correntes, suas relações e, principalmente, seus impactos na
construção de um conhecimento próprio da Pedagogia; é necessário discorrermos um pouco mais sobre
o papel da escola nesse processo. No próximo item, nos ocuparemos dessa questão, buscando discutir
de forma sucinta o papel da escola e sua base pedagógica.
1.1.2 A pedagogia e o papel mediador da escola
Partindo do entendimento expresso no item anterior, podemos afirmar que a instituição da escola
enquanto lugar próprio de transmissão e aquisição de conhecimento é algo que ocorre de forma gradual
e diversa nas inúmeras culturas. Sendo assim, ela pode ser compreendida como uma instituição social
que evolui junto às mudanças no cenário amplo da sociedade. Contudo, tal evolução — que ocorre em
paralelo — não se dá de maneira despregada. Nesse sentido, todas as mudanças vividas pelo corpo
social e político são reverberadas nas diversas formas de ensino. A própria percepção social e
intelectual dos indivíduos, frente a essas alterações, impacta a maneira como buscam, assimilam e
utilizam o conhecimento.
A Pedagogia é a ciência que estabelece o parâmetro e direcionamento para que o processo de
aprendizado seja coadunado com as necessidades dos indivíduos e sua sincronização com as diversas
mudanças sociais. Não se trata de um ajustamento social efetivado pelo processo educacional, muito
menos da formação de indivíduos que correspondam apenas a parâmetros sociais tidos como aceitos.
VOCÊ QUER LER?
A base de dados Scielo traz milhares de artigos científicos de todas as áreas do
conhecimento. Nela, podemos pesquisar praticamente todos os temas
relacionados à Educação, Filosofia e Sociologia da Educação, bem como inúmeros
artigos relacionados à questão social. Visite a página e pesquise os temas que lhe
interessam: https://www.scielo.org/pt (https://www.scielo.org/pt). 
https://www.scielo.org/ptO que se indica, aqui, é o papel preponderante da pedagogia dentro do processo educacional, sendo ela
a ciência que melhor comporta os termos dessa discussão. Na opinião de Rodrigues (1987), o processo
educacional não deve partir de uma ótica individualista, ao contrário, precisa privilegiar o aspecto social,
tendo assim uma ampla compreensão da relação entre indivíduo e sociedade. Dessa forma, a escola
exerce um papel mediador em que o processo educacional ocorre, a fim de direcionar o indivíduo no
desenvolvimento de todas as suas capacidades intelectuais e, por conseguinte, possibilitar sua inserção
nas diversas esferas da sociedade. Ao mesmo tempo, a escola interage com as diversas mudanças
sociais.
Figura 2 - O ambiente escolar deve proporcionar os meios necessários para uma formação crítica do
indivíduo, contribuindo para sua inserção ativa na sociedade
Fonte: michaeljung (https://www.shutterstock.com/pt/g/michaeljung), Shutterstock, 2020.
https://www.shutterstock.com/pt/g/michaeljung
Se a escola tem um papel mediador, estabelecendo-se como lugar próprio de interação entre indivíduo e
sociedade, como dito, não de simples condicionamento social; a Pedagogia, então, tem um papel de
direcionadora desse processo. Os dois âmbitos do processo de aprendizado (racional e social) se
convergem no ambiente escolar por meio da fina sintonia estabelecida pelos métodos pedagógicos. Por
esse prisma, vê-se que a Pedagogia não pode se tornar uma ciência engessada, despregada da
realidade, das mudanças sociais, muito menos fechada em uma perspectiva puramente “intelectualista”
que privilegia o conteúdo em detrimento da prática.
Se o ambiente escolar for direcionado por uma prática pedagógica puramente “intelectualista”, pautada
em um “conteudismo” exacerbado, tem-se uma fratura do papel mediador que ela deve exercer. Como
bem aponta Gadotti (1981, p. 25, grifos do autor), “[…] na educação não há não há somente um cogito
que se interroga, há um ato a produzir”. Não se trata apenas de construir um conhecimento racional,
mas, antes, de direcionar esse conhecimento racional para uma prática social. Para que os indivíduos
exercitem suas capacidades intelectuais e inquisitórias, é necessária a interpelação por meio de temas
concretos que possam instigar esse processo.
No próximo tópico, ampliaremos essa discussão e nos voltaremos para o aprofundamento na relação
entre educação e sociedade, principalmente, em vista de se apontar tendências pedagógicas e as
contribuições da filosofia e da sociologia nessa questão.
1.2 Educação e sociedade: tendências pedagógicas na
prática escolar
O direcionamento pedagógico do processo de aprendizado pode se dar em vista de um movimento
crítico às diversas mudanças sociais, tendo como ponto central de diálogo a própria construção da
sociedade; ou se tornar primordialmente formal, estando mais próximo de um idealismo educacional e
de princípios fixos.
Buscar classificar o que se poderia denominar de tendências pedagógicas é um exercício demorado e
que, no fim, pode se mostrar insuficiente se não forem percebidos os desafios apontados para a
construção de um direcionamento pedagógico. Os dois principais grupos, nos quais podemos centrar
nossa discussão, são as tendências liberais e as progressistas.
Sendo assim, neste tópico, nos deteremos na análise dos pressupostos teóricos e práticos que
sustentam a construção dessas tendências. Acompanhe!
1.2.1 Da prática à teoria: o processo educacional a partir da realidade social
Os dois principais grupos indicados na introdução do tópico, aquele de tendência liberal e o de tendência
progressista, partem da construção social para postulação de suas práticas pedagógicas. Todavia, a
perspectiva que cada um deles assume é o que os diferencia em vista de refletir um processo
educacional que se volte para a realidade social.
Basicamente, as tendências liberais se constituem como promulgadoras de uma continuidade do
chamado status quo, ou seja, a formatação sectária do tecido social, dividido em classes bem definidas
e socialmente fixas.
Essa tendência liberal abarca correntes como a tecnicista e a renovadora, mas seu cerne está expresso,
principalmente, na corrente tradicional, a qual se pauta pela autoridade de conhecimento do docente e
pela extrema conceitualização do conhecimento. Sua perspectiva social é que as classes sociais devem
ser mantidas no sentido tradicional, tendo como fundamento a educação moral do indivíduo e sua
inserção na estrutura social. Por esse viés, é possível perceber que as tendências liberais não propõem
uma leitura de ruptura com as estruturas sociais fixas, nesse sentido, não consideram de forma crítica
as diversas mudanças sociais.
Dessa forma, não há uma análise crítica das desigualdades estruturais da sociedade, o que se colocaria
como uma crítica da própria divisão existente na construção social. Antes, há uma centralidade na figura
do indivíduo. Assim, é necessário, apenas, segundo tal entendimento, um foco na formação do indivíduo
e na sua preparação para se tornar bem-sucedido.
Figura 3 - É necessário romper com uma visão pedagógica tradicional que limita e, às vezes, inviabiliza a
crítica da desigualdade social
Fonte: Komar (https://www.shutterstock.com/pt/g/Komar), Shutterstock, 2020.
https://www.shutterstock.com/pt/g/Komar
Por sua vez, a tendência progressista sustenta uma visão mais crítica das próprias estruturas sociais,
refletindo em suas principais correntes uma ideia de ruptura com os moldes tradicionais, principalmente
aqueles que isolam o indivíduo da realidade social. Dessa forma, correntes como a educação libertadora
e a libertária tomam um direcionamento distanciado dos moldes fixos de construção da divisão social,
principalmente em vista das condições dos indivíduos alcançarem sua própria emancipação.
Ao contrário das correntes presentes na tendência liberal; nas correntes progressistas, o próprio
processo de aprendizado é levado a romper com uma separação academicista entre a construção
racional do conhecimento e a prática social dos próprios sujeitos envolvidos no processo. Nesse
sentido, o processo de aprendizado deve partir da prática social dos indivíduos, privilegiar o
conhecimento que eles trazem de suas vivências dentro do arranjo social. Mais ainda, esse movimento
visa romper com o engessamento de uma visão conteudista na qual o docente é a autoridade máxima,
detentora de um conhecimento, enquanto o aluno é um “absorvedor” desse conhecimento transmitido
pela autoridade.
VOCÊ SABIA?
O termo “liberalismo” remete a uma ampla corrente de pensamento que se
estende tanto para uma vertente filosófica quanto para uma vertente
econômica. A base dessa corrente é a ideia de centralidade do indivíduo, suas
potencialidades, seus interesses e a possibilidade de seu desenvolvimento
particular, sem amarras sociais, religiosas e econômicas. Por esse viés, sua
conotação é sempre direcionada para uma compreensão nucleada,
individualizada, das relações sociais (REALE; ANTISERI, 1990).
A prática pedagógica pautada em uma tendência liberal se mostrará mais próxima de um idealismo
educacional, menos crítica e mais centrada no indivíduo, em sua adequação à ordenação tradicional da
sociedade e em sua preparação para assumir um posto nessa ordenação.
Por sua vez, a prática pedagógica desenvolvida em uma tendência progressista se pautará mais por um
realismo educacional, ancorado na crítica da ordenação social, na construção de uma autonomia do
indivíduo e na emancipação de suas potencialidades.
VOCÊ O CONHECE?
Paulo Freire (1921 - 1997) foi um pensador, filósofo e educador. Sua obra gira em
torno da questão da educação como propulsora da emancipação, libertação e
autonomia dos indivíduos. Uma de suas principais teses foi a que criticava de
forma direta o que ele chamou de “educação bancária”, presente na educação
tradicional, que se limitava a transmitir o conhecimento do professor para o aluno
(FREIRE, 2017).
Com essa sucinta diferenciação, podemos compreender que tanto a tendência liberalquanto a
tendência progressista comportam uma leitura da realidade, mas a primeira tem uma perspectiva de
manutenção da ordem vigente, já a segunda uma visão de mudança e progresso, que responde às
diversas alternâncias sociais. No que se refere às correntes filosóficas e sociológicas, será fácil,
também, perceber que essa diferenciação pode ser observada.
Para empreendermos essa análise, no próximo item, nos ateremos à discussão sobre as reflexões
filosóficas e sociológicas na prática escolar.
1.2.2 Da teoria à prática: reflexões filosóficas e sociológicas na prática escolar
As perspectivas sustentadas tanto por correntes liberais quanto por correntes progressistas encontram
ampla fundamentação teórica na Filosofia e na Sociologia. Os temas da educação, da construção social,
do indivíduo e da formação racional do conhecimento são fartamente discutidos nessas ciências, tendo
como lastro primordial a sólida postulação teórica de seus princípios.
No tópico anterior, apontamos que a escola, enquanto instituição própria para transmissão e construção
do conhecimento, surge de forma paulatina durante toda a história, porém a preocupação com a prática
do processo de ensino e aprendizado sempre margeou a construção intelectual e social. Em vista disso,
ao discutirmos a prática escolar a partir das tendências pedagógicas atuais, tendo em conta as
reflexões filosóficas e sociológicas, é preciso levar em consideração a longa tradição teórica dessas
ciências.
CASO
A Escola da Ponte é uma experiência educacional bem-sucedida em Portugal. Sua
organização pode ser classificada como influenciada pela corrente libertária,
constante na tendência pedagógica progressista, que visa compartilhar o espaço
escolar de forma que acaba por anular as separações de turmas, horários e
conteúdos fixos. O projeto pedagógico aplicado visa criar um ambiente de ajuda
mútua na busca do conhecimento, aproveitando a vivência de todos, sem dividir
aqueles que têm a autoridade do conhecimento e aqueles que precisam aprender
algo. Assim, todos precisam e podem aprender alguma coisa.
No entanto, esse direcionamento pedagógico não anula as regras de convivência,
troca mútua de conhecimento e respeito ao próximo, mas são os próprios
indivíduos, incluindo as crianças, que estabelecem essa convivência e as regras
para o respeito e a valorização da contribuição de cada um. Além de questionar o
próprio modelo tradicional de educação escolar, a Escola da Ponte nos leva a
pensar sobre as artificiais divisões sociais, sua perpetuação e falta de crítica
(ALVES, 2001).
Estabelecemos que tanto a tendência liberal quanto a progressista se voltam para a realidade social,
mas a distinção existente na forma como cada uma trata essa realidade é que as torna praticamente
antagônicas. As reflexões teóricas que sustentam esse tratamento diferenciado da realidade social
podem ser tidas como fruto não só de uma preocupação com a busca do conhecimento, mas, antes,
como condição da própria predominância, em algumas correntes, do formal sobre o concreto.
Pode-se afirmar que essa predominância do formal é claramente vista em autores clássicos e medievais
da Filosofia, tendo influenciado as práticas pedagógicas das escolas tradicionais. Temos desde o
idealismo platônico, passando pela filosofia medieval — predominantemente teológica — até chegarmos
ao racionalismo moderno de Descartes.
Por outro lado, uma extrema valorização da prática sobre o formalismo também pode direcionar uma
prática pedagógica deslocada da realidade social. Não necessariamente se pode dizer que a construção
teórica que valorize o aporte prático, empírico, vá fundamentar tão somente uma prática pedagógica
pautada na realidade social. Tomando como exemplo as correntes tecnicistas, que podem ser alinhadas
à tendência liberal, vemos que uma extrema valorização do conhecimento experimental pode deixar em
segundo plano o conhecimento social.
Pode-se elencar nesse grupo o empirismo, o tecnicismo e o próprio positivismo como correntes que
supervalorizavam as construções teóricas pautadas na prática experimental, mas que mantinham uma
visão tradicional sobre a ordenação social. No entanto, se nos voltarmos para correntes filosóficas como
o realismo, o materialismo dialético, a teoria crítica e outras correntes críticas da ordenação social,
podemos perceber uma visão distinta daquela defendida pelas construções teóricas mais alinhadas à
tendência liberal.
Interessa-nos, então, compreender que as tendências pedagógicas — seja liberal, seja progressista —,
além de terem uma perspectiva própria sobre a realidade social, ou seja, da prática para a teoria; têm
também uma fundamentação teórica. Nesse contexto, o movimento que vai da teoria à prática é
VOCÊ QUER VER?
O documentário “A educação proibida” (2012), dirigido por German Doin e Verónica
Guzzo, é uma instigante obra que aborda as perspectivas da educação moderna em
mais de oito países da América Latina, por meio da opinião de diversos pensadores.
A interessante abordagem dessa obra é a troca de ideias, visões e construções
teóricas e práticas em torno da questão da escola frente às mudanças sociais. Vale
a pena ver!
complementar aquele que vai da prática à teoria. Trata-se, portanto, de um movimento contínuo, sendo
primordial compreendermos que as práticas pedagógicas escolares que surgem desse movimento são
reflexos das tendências que as sustentam.
No próximo tópico, nos debruçaremos mais detidamente sobre os pressupostos filosóficos nas diversas
teorias da educação, esperamos poder ampliar a discussão iniciada neste tópico.
1.3 Pressupostos filosóficos nas teorias da educação
Os diversos temas tratados pela Filosofia são sempre fundamentados em sólida conceitualização e
sistematização. Esse caráter torna mais fácil a percepção de influências e divergências entre as várias
correntes dessa ciência. Dentro da discussão pedagógica, a gama de temas tangenciados por correntes
filosóficas é imensa, tornando bastante amplo o campo de análise.
Dessa forma, parece mais produtivo abordar essa discussão a partir de dois temas bem debatidos tanto
na Pedagogia quanto na Filosofia: a educação do indivíduo e sua formação, bem como a educação em
vista da organização social e do coletivo.
Sendo assim, ao longo deste tópico, abordaremos esses dois pontos buscando aprofundar as noções
filosóficas contidas neles. Acompanhe com atenção!
1.3.1 Indivíduo, liberdade e autonomia: educação do “eu”
Os temas da liberdade e autonomia estão, hoje, atrelados à ideia de que é necessário respeitar a
individualidade de cada sujeito. Sendo assim, tais prerrogativas são associadas à possibilidade de
desprendimento das diversas amarras sociais. Todavia, na antiguidade, a liberdade e autonomia dos
indivíduos eram entendidas como possibilidades intrinsecamente dependentes da participação social,
ou seja, da inclusão e dependência do indivíduo para com o arranjo da sociedade.
Como nos indica Vasconcelos (2017 p. 26),
As teorias e as práticas pedagógicas, é claro, têm variado enormemente ao longo da história,
pois o modo como um grego antigo ou um camponês medieval aprendiam ou mesmo o
conteúdo de sua aprendizagem estavam relacionados às condições sociais, políticas,
econômicas e culturais da época.
Essa assertiva nos serve para começarmos a compreender a relação entre educação, liberdade e
autonomia.
Aristóteles (1997) indica que os indivíduos que não vivem em sociedade, ou são deuses ou animais, pois
não precisariam de ninguém e não teriam a necessidade de exercitar sua liberdade, o que só pode ser
concretizado na vida política. Essa visão aristotélica é compartilhada por praticamente todos os
pensadores gregos de sua época, na realidade, a educação grega é basicamente pautada na formação
do indivíduo para exercer sua liberdade na sociedade.
A educação no período da Idade Média é direcionada por uma interiorização do conhecimento e da
prática ética. O conhecimento é tido como algo que flui da alma, principalmente em vista da iluminação
divina. Com a ideia de que a políticaé uma área deturpada da realidade humana, a educação se centra
na evolução moral, ética e espiritual, tendo no conhecimento a base para tal evolução.
Nesse período medieval, como nos instrui Marrou (1966), as escolas surgem nos entornos das igrejas,
assim como as academias e liceus gregos se alocavam ao lado dos templos. Para a doutrina cristã,
predominante nesse período, a autonomia do indivíduo só é alcançada a partir de sua completa
libertação das necessidades materiais.
Entretanto, já no alvorecer da modernidade, correntes surgidas dentro da Filosofia, tal como o
Iluminismo, classificam esse período medieval como “período das trevas” e promulgam a liberdade do
indivíduo humano a partir do uso completo de sua racionalidade. Esses filósofos iluministas propõem
que a liberdade só é conquistada a partir da razão humana e de sua superioridade sobre a natureza, para
compreendê-la e dominá-la.
A proposta de educação feita por esses pensadores é totalmente direcionada para a evolução da
racionalidade, das artes e das ciências naturais. Porém, a temática da liberdade e da autonomia
continuam, assim como no medievo, centradas no “eu”, na potencialidade intelectual de cada indivíduo.
1.3.2 Sociabilidade, tolerância e direitos: educação do “nós”
Como tratado no item anterior, é possível apresentar um processo histórico e filosófico de discussão
sobre as noções de liberdade e autonomia dos indivíduos, oscilando entre a maior ou menor
dependência desse indivíduo para a coletividade social. Em geral, as correntes filosóficas que viam na
racionalidade o meio para se garantir a liberdade e a autonomia dos indivíduos estavam centradas na
educação do “eu”.
Na modernidade, mesmo dentro da corrente do Iluminismo, que privilegiava a individualidade intelectual
e a liberdade proporcionada pela razão; surgiram alguns pensadores que buscavam retomar e aprimorar
os princípios clássicos.
Figura 4 - Basicamente, a educação dos gregos clássicos era direcionada para a vida pública
Fonte: ESB Professional (https://www.shutterstock.com/pt/g/ESB+Professional), Shutterstock, 2020.
https://www.shutterstock.com/pt/g/ESB+Professional
É bastante plausível afirmar que a educação do “nós” estabelece que os indivíduos devem desenvolver
suas potencialidades intelectuais, mas que a liberdade alcançada por essas potencialidades só tem
sentido se compartilhada com os demais indivíduos em sociedade. Noções como autonomia, liberdade,
tolerância e, principalmente, direitos, só fazem sentidos se percebidas a partir da perspectiva da
coletividade.
No próximo tópico nos debruçaremos sobre as principais contribuições de autores clássicos da
sociologia para essa discussão das tendências educacionais e práticas escolares.
1.4 Principais percursos da Sociologia da Educação: Weber,
Marx e Durkheim
Ao tratarmos da influência teórica e prática da Sociologia na Pedagogia, faz-se necessário compreender
a importância dos autores clássicos para a construção e consolidação dessa ciência social. Tais autores
clássicos, como Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, trataram de diversos assuntos tangenciais às
questões sociais, econômicas, filosóficas, políticas e educacionais, de forma direta ou indireta.
Para termos uma satisfatória visão da contribuição desses autores para a discussão pedagógica,
buscaremos tratar cada um de forma sucinta, mas apontando os pontos essenciais que definem e
sustentam suas construções teóricas.
1.4.1 Max Weber: educação e capitalismo
Para Weber, a Sociologia está direcionada pela ideia de ciência que, por sua vez, estabelece-se por uma
demonstrabilidade empírica, tendo sempre a realidade como base. Esse caráter de demonstrabilidade
empírica abarca uma compreensão das leis sociais próprias da organização social, em detrimento das
leis puramente transcendentais ou abstratas. Tais leis sociais podem ser apreendidas por meio das
próprias relações das ações dos indivíduos na sociedade e o significado de suas ações sociais.
Essa percepção proposta por Weber leva a uma ideia do tipo ideal, o qual pode ser uma espécie de
“parâmetro”, um medidor para se aferir a realidade social de determinada sociedade ou cultura. Como
bem indica Trigo (2013), os homens modernos viram na compreensão das leis da natureza e, por
conseguinte das leis sociais na sociologia, uma forte sensação de controle do mundo.
Weber propõe a existência de quatro tipos de ações bem definidas na organização dos indivíduos em
sociedade.
A primeira é a ação racional em relação a um objetivo, sendo
iniciativas propostas a fim de se alcançar um objetivo
determinado, tanto na construção de algo físico como na
produção econômica ou em qualquer outra área que tenha uma
finalidade empírica para sua atividade;
já o segundo tipo, ainda racional, é a ação com relação a um
valor, a finalidade proposta não é empírica ou objetiva, mas o
simples fato de permanecer fiel a uma ideia que lhe impõe um
dever;
um terceiro tipo é a ação afetivo-emocional, que se constitui da
reação do indivíduo partindo apenas de seus impulsos emocionais
•
•
•
no momento da tomada de decisão, como defesa ou como ataque
a alguma situação desconfortável;
o quarto tipo é a ação tradicional, em que o ator social age de
acordo com os hábitos adquiridos por ele no convívio social, por
costumes, crenças e práticas culturais. Pode-se compreender que
essas postulações efetuadas por Weber direcionam para uma
visão funcionalista da sociedade, na qual os indivíduos exercem
ações condicionadas pela organização social.
 
No entanto, é em relação à questão da educação, em vista da construção da ética e da prática
econômica, que Weber tem uma influência mais abrangente. Em sua obra mais famosa, “a ética
protestante e o espírito do capitalismo”, Weber (2004) parte do interesse em determinar a possibilidade
de se entender o capitalismo como fenômeno ocidental e a educação desenvolvida pelos protestantes
como pilares do sucesso obtido pelos indivíduos dessa vertente cristã no cenário capitalista.
Sua pesquisa está direcionada a compreender em que ponto uma visão em relação ao trabalho —
configurada por crenças religiosas — e uma educação específica teriam sido fatores preponderantes
para a singularidade do fenômeno histórico do capitalismo e do destaque da doutrina protestante.
Contudo, sua visão não se coaduna com uma visão orgânica expressa por outros autores, como
Augusto Comte e o próprio Durkheim.
Falta-nos, agora, buscar compreender as construções teóricas dos dois outros clássicos da sociologia,
Karl Marx e Émile Durkheim, o que faremos nos próximos itens.
1.4.2 Karl Marx: educação e luta de classes
Karl Marx foi um pensador de difusas preocupações, suas obras englobam desde a Filosofia até a
Economia Política, mas todos os assuntos são perpassados por arguta compreensão da organização
social.
É necessário pontuar que Marx teve em seu amigo Friedrich Engels um enorme ajudador na construção
de toda a sua obra. Ambos propuseram juntos as bases para o comunismo moderno, chamado de
científico, bem como uma leitura mais contundente da organização social, de suas desigualdades e
constantes processos de mudanças.
Por essa perspectiva, pode-se afirmar que Marx destoa das posturas de autores como Comte e
Durkheim sobre a organização social, apesar de se voltarem para o mesmo objeto: a sociedade
capitalista moderna. A teoria marxista, então, enxerga um cenário de constante luta social. No cenário
no qual autores como Comte e Durkheim veem uma necessária organização social “funcional”, baseada
na ordem e no arranjo orgânico dos indivíduos; Marx e Engels veem a extinção de uma das classes
sociais antagônicas, a classe dominante capitalista, como única forma de superação das lutas sociais.
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Segundo Marx (2013), nesse cenário de luta de classes e exploração produtiva, o trabalhador não se
identifica com seu trabalho, exatamente por não possuir aquilo que produz, não tem uma relação com o
objeto produzido. Esse é um dos fatores que causam a submissão do trabalhador, aquele que tem que
vender sua força de trabalho,em relação ao capitalista, proprietário dos meios de produção. Todavia,
esse é apenas o ponto central da teoria proposta por Marx e Engels em vista de explicar a gritante
desigualdade social, mas ao se voltarem para a questão da educação, eles postulam que o modelo
tradicional apenas reproduz uma divisão que começa na esfera produtiva.
Por esse prisma, as classes dominantes têm interesse em manter a tradicional ordenação social para
manterem, desta forma, seus próprios privilégios, tanto produtivos quanto sociais e políticos. Para Marx,
é essencial que o trabalhador tenha consciência de sua condição de explorado, o que se dá, via de regra,
por uma educação que o leve a questionar sua própria inserção no processo produtivo (MARX, 2013).
A visão de análise filosófica e sociológica proposta por Marx baseia de forma ampla uma tendência
mais progressista de prática educacional, não só por privilegiar uma visão de revolução social, mas por
atrelar a questão social e econômica à construção do processo educacional dentro de uma sociedade
tradicional (MARX, 2013).
Para continuarmos em nosso propósito de apresentar de forma sucinta os pressupostos centrais dos
autores clássicos da sociologia, nos voltaremos para o pensamento de Émile Durkheim no próximo item.
1.4.3 Émile Durkheim: educação como processo “geracional” da sociedade
Para Durkheim (1934), a Sociologia pode ser dividida do seguinte modo: a chamada morfologia social,
ocupando-se do substrato material da sociedade; e a fisiologia, tendo como finalidade e objeto a ligação
funcional da sociedade. Por essa divisão, fica clara a predileção de Durkheim pela fisiologia, para a qual
ele dá mais relevo e com a qual ele se detém mais, em vista de sua centralidade das funções sociais.
A complexa e rápida industrialização ocorrida nos países europeus causou uma espécie de ruptura com
os modelos produtivos anteriores, alterando também a forma como a própria realidade do trabalho
afetava a relação entre os indivíduos. Essa realidade se torna para Durkheim um fato social com
Figura 5 - A luta de classes é caracterizada pela extrema diferença nas condições sociais, políticas e
econômicas entre dominante e dominada
Fonte: Lightspring, Shutterstock, 2020.
inúmeras implicações, principalmente a dificuldade de inserção que os indivíduos encontram dentro da
nova dinâmica do trabalho e sua função social.
A partir dessa centralidade dos fatos sociais, Durkheim constrói sua teorização tendo como pontos
primordiais de discussão a observação desses fatos ligados aos meios produtivos e a questão moral-
religiosa, como pode ser visto em suas principais obras: “Da divisão do trabalho social”, “O suicídio” e
“As formas elementares da vida religiosa”. Nelas, o autor traça fundamental análise dos processos que
proporcionaram e sustentaram a formação da moderna sociedade industrial.
No entanto, é em outra obra que ele trata de forma direta da questão educacional e de seu caráter
geracional, tendo como base principalmente a construção de parâmetros sociais que demonstram uma
ordenação orgânica da sociedade. Em “Educação e Sociologia”, Durkheim (1934, p. 45) afirma que “[…] a
educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontrem ainda
preparadas para a vida social, tem por objeto suscitar e desenvolver na criança, certo número de estados
físicos, intelectuais e morais [...]”.
Por esse ângulo, fica evidente que a percepção durkheimiana é pautada por uma visão orgânica da
sociedade que estabelece uma ordenação funcional, tradicional, na qual os papéis sociais são
“ensinados” aos indivíduos mais jovens pelos indivíduos mais velhos. Esse processo claramente dificulta
uma mudança drástica, uma ruptura na organização tradicional de tal sociedade. Os fatos sociais
podem demonstrar, segundo o autor, o processo dessa construção social, bem como seus pontos de
trauma, o que ocasiona, como foi o caso do trauma causado pelo modo de produção capitalista,
sequelas sociais profundas (DURKHEIM, 1934).
Conclusão
Este é o momento final de nosso estudo, em que sintetizaremos o que foi estudado sobre a temática de
interfaces entre Filosofia, Sociologia e educação. A partir da discussão feita neste capítulo, tendo como
base sua opinião a respeito dessa temática, esperamos que você esteja apto a refletir sobre sua prática
profissional, emprenhando-se na aplicação dos conceitos aqui abordados em sua área de atuação.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
compreender a constituição racional e social dos processos de
aprendizado, tendo como base a noção de integração do
conhecimento, não apenas enquanto construção intelectual, mas
como prática social e política;
entender a relação entre as tendências pedagógicas e seus
reflexos na prática escolar, tendo em vista a forma distinta com
que cada tendência, bem como suas respectivas correntes, que
lidam com a realidade social e a inserção do indivíduo nelas;
analisar e compreender os pressupostos filosóficos na
constituição das principais noções de educação, tendo em conta
os temas de liberdade, autonomia, sociabilidade, direitos e
tolerância;
compreender as contribuições dos autores clássicos da Sociologia
para uma ampla discussão acerca do processo educacional, em
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