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Direito Civil II Discente: Rafael Diniz Gonçalves Ferrero Docente: Thiago Carvalho Borges AULA I Provas: Primeira Unidade: 29/09 - totalmente teórica Segunda Unidade: 24/11 - questões práticas Deve-se levar o vade para realizar a avaliação. Bibliografia: - Parte Geral do Código Civil - Livro III “Dos Fatos Jurídicos”. - Parte Especial - Livro I “Do Direito das Obrigações” L10406compilada - Marcos Bernardes de Mello; Teoria do Fato Jurídico - Plano da Existência (ler para primeira avaliação). Para que serve o Direito? O Direito serve, essencialmente, para criar expectativas de comportamento social. As pessoas se comportam conforme o Direito porque há uma expectativa de que todos o farão. O Direito é um sistema de expectativa de comportamento. Estado de Direito é um Estado onde o poder político se submete ao Direito. Quem legitima a política é o Direito. Todos os processos políticos para serem válidos têm que ser chancelados pelo Direito. Fato Jurídico é tudo aquilo que é regulado pela norma. Por exemplo: “nasce com vida quem nasce respirando” - isso é um fato jurídico por estar no ordenamento jurídico. Nem todo dever está relacionado com o Direito. Como eu sei que determinada prática é jurídica? O Direito se produz através da manifestação da autoridade, da força e do procedimento. “O Direito é composto de normas complexas e abstratas que emanam de uma autoridade seguindo determinados procedimentos. Isso diferencia o Direito de outras manifestações sociais de orientação do comportamento (moral, religião…).” - Thiago Borges O procedimento determina a juridicidade da norma. O Direito é determinado por um procedimento regulado por uma autoridade. AULA II Suporte Fático http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm Subsunção: quando o suporte hipotético acontece na realidade e se torna um suporte fático concreto. Incidência (ou Suporte Fático Abstrato/Hipotético): a norma descreve uma situação hipotética que se acontecer no mundo dos fatos a norma incidirá. A incidência envolve a subsunção, mas abarca também os princípios, que exigem uma argumentação para além da subsunção (que não necessita de grande interpretação, apenas observar se o que aconteceu na realidade está previsto na norma). Suporte fático concreto é quando o suporte fático hipotético acontece na realidade. Regra preceito + prescrição Preceito: descrição do fato na norma Prescrição: como se darão as operações jurídicas. Art. 1233 - “Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí la ao dono ou legítimo ou possuidor” - Preceito - Prescrição Norma Jurídica Toda Norma Jurídica tem um elemento subjetivo (sujeito) e um elemento objetivo (objeto). Toda Norma Jurídica se refere a um sujeito e um objeto. Elementos Nucleares: Toda Norma Jurídica tem Elementos Nucleares Conceito: é o que caracteriza a norma jurídica São Elementos Nucleares: Cerne e Completante - Cerne: - Completante: - Por exemplo, em um contrato de compra e venda, a manifestação de vontade consciente das partes é o cerne e a entrega do bem negociado e o pagamento por ele são os fatos completantes, pois somente o acordo, que consiste na manifestação de vontade, não leva ao cumprimento integral do negócio, é necessária também a entrega do objeto e efetuada a prestação para que haja a tradição. “Quem quer que ache (cerne) coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.” - Agente, objeto, forma (art.104) Elementos complementares e integrativos: são os atos estranhos ao fato a que se referem, mas que são essenciais para a sua eficácia. - Os elementos complementares, contudo, não integram o núcleo do suporte fático, mas o complementam levando à perfeição de seus elementos. Isto significa que para a consolidação de um fato jurídico, por exemplo, não basta haver um objeto qualquer, esse objeto deve compreender os seguintes aspectos: licitude, moralidade, as possibilidades física e jurídica e a determinabilidade, como também o sujeito, este deve cumprir certos ditamos, como: ter capacidade civil plena, legitimidade, perfeição da manifestação de vontade, isto significa a ausência de erro, dolo, coação, dentre outros defeitos do negócio jurídico e boa-fé - Qualidades, características… (lícitos, ilícitos…) AULA III Planos - Plano da existência: é um plano ontológico (um plano do ser). O código não trabalha expressamente com o plano da existência nos fatos jurídicos, ele trabalha apenas com o plano da validade e da eficácia (planos deontológicos - do dever ser). - Plano da validade: diz respeito aos elementos complementares (os requisitos legais impostos como condição para eficácia de certos fatos). Uma norma pode ser válida ou inválida. Entre as inválidas, pode ser nula ou anulável. O plano da existência é requisito para o plano da validade. - Plano da eficácia: os efeitos que a norma pretende gerar em relação às partes e/ou a terceiros. É a consequência do fato. O plano da validade é requisito da eficácia (tirando algumas exceções - exemplo: casamento putativo), para um ato surtir efeito primeiro ele precisa ser válido. Ato: fato que tem a vontade como cerne. AULA IV Classificação dos Fatos Jurídicos Fatos Jurídicos em Sentido Amplo (lato sensu) Fatos jurídicos em sentido estrito (stricto sensu - uma espécie de fato jurídico) - conceito: fatos da natureza que incidem contra o ser humano. Um fato da natureza que preenche o suporte fático abstrato de uma norma. Um evento da natureza que produz efeitos jurídicos. - Fato jurídico em sentido estrito ordinário: - exemplos: nascer; morrer; completar 18 anos… - O simples fato de uma criança nascer com vida faz ela adquirir os direitos à personalidade. - Fato jurídico stricto sensu extraordinário: rompe as expectativas gerais de comportamento. Caso fortuito de força maior. - Exemplo: terremoto que destroi casas, uma enchente que te impede de chegar a determinado lugar Atos fatos jurídicos - Reais ou Materiais: - conceito: comportamento humano que produz efeito independentemente da vontade de quem o praticou. Nessa categoria no suporte fático não há comportamento humano – são fatos do mundo da vida a que a norma atribui efeitos jurídicos independentemente de qualquer comportamento humano - exemplo: achar algo: independente da sua vontade de achar o objeto, o fato de achar produziu o efeito da obrigação de devolver: pescar: ao ir pescar eu não tenho o desejo de me tornar proprietário de um peixe, mas se eu pescá-lo me tornarei independente da minha vontade. - Atos-fatos: produzem efeito independente da vontade. - Indenizatórios: situações em que de um ato humano lícito (ou seja, não contrário ao Direito) decorre prejuízo a terceiro com dever de indenizar - Caducificantes: gera uma perda de um direito por deixar um prazo passar, independente da vontade de fazê-lo. - Prescrição: há um contrato de crédito e você pode cobrar de alguém o pagamento da dívida. A pena também é um crédito a se pagar, por isso também falamos de prescrição no direito penal. - Decadência: a perda efetiva de um direito que não foi não requerido no prazo legal. - Preclusão: acontece no processo judicial. Prazos judiciais: citação, intimação… Thiago, cuja mulher acabou de dar à luz, dirige em direção ao hospital com pressa de conhecer seu filho. No caminho colide com o carro de João. Quais espécies de fato jurídico ocorreram? (Sem consulta). - Barema: - Fato jurídico em sentido estrito (nascimento). Valor: 1,5 - Ato-fato jurídico indenizatório (colidir com o carro de João). Valor: 1,5 AULA V Atos jurídicos lícitos: - Elemento cerne: manifestação de vontade - Atos jurídicos em sentido estrito: - Manifestação de vontade. Você não delibera sobre a sua vontade, você apenas exerce um direito. - Tirar carteira de motorista, votar, pagar algo… O simples exercício de um direito. - Negócio jurídico: - Deliberação de uma vontade, delimitando o contorno do ato jurídico. Âmbito de extremo exercício da autonomia da vontade e da autonomia privada. - Exemplos: contratos, testamento… Meu contratocom a faculdade, uma compra e venda, o meu estágio… - Validade: tanto no Ato Jurídico em sentido estrito quanto no Negócio Jurídico a vontade precisa preencher requisitos legais. Estar dentro dos contornos legais. Estar no plano da validade. A validade só recai sobre os atos jurídicos lícitos. Ato ilícito: - Ato ilícito geral: ato que por culpa ou dolo gera dano a outro. Art. 127 diz que há a responsabilidade objetiva de indenização independente de culpa ou quando envolver risco para direitos de outrem. - Mesmo quando o ato for lícito, se ele ferir a boa fé objetiva será considerado ilícito. - Abuso do direito - A ilicitude só são atos humanos volitivos (segundo Thiago Borges). Segundo Marcos Bernardes de Mello, um terremoto que derrubou uma casa é um ato ilícito. Planos Plano da Existência: plano ontológico/substantivo (plano do ser ou não ser). Existe ou não existe. Plano da Validade (art. 104): plano deontológico/adjetivo (plano do dever ser) - manifestação de vontade. O Plano da Validade é qualificador do Plano da Eficácia. Preenche os requisitos legais para produzir o fato jurídico que será eficaz? - O agente precisa ser capaz - O objeto lícito, possível, determinado ou determinável - Objeto impossível: - absolutamente impossível: contratar alguém para me tornar invisível - subjetivamente impossível: contratar barriga de aluguel. É possível para mulheres e impossível para homens. - Objeto determinado: objeto específico. AQUELE celular. - Objeto determinável: objeto genérico. Um Iphone 12. Aquele modelo de celular. - Forma prescrita ou não defesa em lei - Manifestação da vontade: precisa ser livre, consciente e de boa fé - Forma: procedimento. Meio pelo qual se manifesta a vontade. - Em alguns casos a lei determina a forma: a venda de um bem imóvel precisa se dar através de escritura pública. - Não defesa em lei: não proibida por lei. - Forma Solene: procedimento específico para validar determinado ato. Plano da Eficácia: plano deontológico (plano do dever ser) - fato jurídico. AULA VI Plano da Validade O Plano da Validade se refere a uma verificação da validade da vontade com o ordenamento. O Plano da Validade é o plano do Cerne/Vontade, porém nossa vontade precisa atender a determinados requisitos para surtir efeito. Se um determinado ato não preenche os requisitos ele é um ato contrário a expectativa normativa, portanto ilícito. Todo ato jurídico LÍCITO é praticado em busca da eficácia. Se meu ato não preenche os requisitos legais, aquela vontade manifestada não irá produzir os efeitos desejados, pois o ato será inválido. Invalidade 1. A consequência da invalidade é a ineficácia. Todo ato invalido é ilícito, portanto, como regra, não produz efeito. 2. Quando um ato inválido produz efeito? Casamento putativo, quando feito de boa fé (sem conhecimento do ilícito). 3. Existem dois tipos de invalidade: 3.1. Nulidade: é nulo. É nulo por natureza, desde sua gênese. (ex tunc - como se nunca tivesse produzido efeitos. 3.1.1. Ordem pública 3.1.2. Qualquer pessoa pode invocar a nulidade. 3.1.3. Tem efeitos “erga omnes” (o nulo é nulo para todos) 3.1.4. Pode ser declarada de ofício, pelo próprio juiz. 3.1.5. É insanável e não convalida. O ato nulo é nulo por essência. 3.1.5.1. Insanável: mesmo que as partes manifestem a vontade de manter o ato nulo isso não é possível 3.1.6. Nulidade declaratória: o juiz não torna o ato nulo, ele já o é. O juiz apenas declara. 3.1.7. Exemplo: ato praticado por absolutamente incapaz. 3.2. Anulabilidade: não é nulo, mas anulado. Não era nulo, mas foi tornado nulo. (ex nunc - não produz mais efeitos da sua decretação em diante pra frente) 3.2.1. Ordem privada 3.2.2. Só pode ser alegada pelos diretamente interessados. 3.2.3. Só aproveita quem alega. 3.2.4. Pode ser alegada pela parte. 3.2.5. Sanável e convalida 3.2.5.1. Sanável: se as partes manifestarem a vontade de manter o ato, ele será mantido. 3.2.5.2. Convalida: tornar válido um ato 3.2.6. Nulidade Constitutiva: é a sentença que torna o ato anulado. 3.2.7. Exemplo: contrato assinado mediante coação. Nulidade: Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes. Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; Anulabilidade: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo. Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor. Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente. Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. - O ato anulável tende a validade. Ou seja: se o interessado não requerer a anulação, ele permanecerá válido. - O ato anulado tem efeito de nulo, ou seja, os atos anteriores à sentença também devem ser desfeitos. Casos de Nulidade: Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; Causa: objetivo. Contrato. Motivo: subjetivo. O que te levou a assinar o contrato. Se o motivo comum foi a prática de ato ilícito, o negócio jurídico não prevalecerá. IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. Se a lei proíbe algum ato, mas não diz se esse ato é nulo ou anulável, ele é considerado nulo. Para um ato ser anulável isso precisa estar escrito na lei. Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1° Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2° Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. - Uma simulação busca esconder um ato que não pode ser feito. Uma mãe quer vender um carro ao filho preferido sem autorização dosdemais filhos. Para isso ela primeiro vende o carro à sua amiga que em seguida vende para seu filho. A venda da mãe para a amiga foi simulada e a venda indireta para o filho foi dissimulada. - §2° terceiro de boa fé tem sua vontade respeitada em caso de simulação. - A simulação é causa de nulidade. Lei dispositiva: a que comporta modificação por vontade das partes. As partes podem afastar a sua aplicação. AULA VII Casos de Anulabilidade: Relação comercial: quando um fornecedor vende para um comerciante. Relação de consumo: comprar de alguém que é produtor ou exerce atividade comercial para consumo final. Relação civil: comprar de alguém que não é produtor. Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: Só haverá Anulabilidade nos casos expressamente declarados em lei. I - por incapacidade relativa do agente; Há necessidade de um terceiro confirmar a prática do ato, de forma que o relativamente incapaz não cause prejuízo a si próprio. O ato de relativamente incapaz tende a validade, pois se nada for feito ele se tornará válido, conforme o art. 178. II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. Vícios de consentimento (em relações cíveis): - Erro ou ignorância (art. 138 - 144): são anuláveis os negócios jurídicos quando a declaração de vontade decorre de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal. - A pessoa sem ser induzida por ninguém decorre em erro. O erro ou ignorância é responsabilidade de quem erra. A pessoa acha que a realidade é uma, mas na verdade é outra, por negligência, descuido. Nesse caso o negócio jurídico não é anulável, pois é um erro grosseiro, você tinha como saber, mas foi descuidado. - Erro quanto à natureza do negócio (erro fático): a pessoa acha que o efeito do negócio é um, mas na verdade é outro. - Erro quanto ao objeto (em si ou quanto suas qualidades essenciais): a coisa não é aquilo que você achava que era. Ex: comprou um animal para reproduzir e descobriu que ele era estéril (erro das qualidades essenciais). Ex²: comprar um vira-lata caramelo achando que é um golden (erro quanto ao objeto em si). - Erro quanto a pessoa: descobrir, após o casamento, que seu cônjuge tem doença mental, é estéril, tem doença degenerativa anterior ao casamento... Pode ser anulável. - “Deixo minha herança para o funcionário José da Silva que salvou meu filho.” Descobrem que não existe nenhum funcionário chamado José da Silva, mas tem um João da Silva. Nesse caso o ato não é anulável. - Art. 144: o erro não prejudica a validade do negócio quando pode ser corrigido. - Falso motivo: se o motivo se mostrar falso o negócio pode ser anulado (a princípio o motivo não afeta o negócio). Exemplo de falso motivo: após laudo médico a pessoa compra um equipamento para ser tratada e posteriormente se constata que o laudo foi equivocado. Nesse caso poderia se alegar erro por falso motivo e anular o negócio, desde que reparando, quando houver, a parte prejudicada. - 142: o erro cometido por representando também é anulável. - Dolo (145 - 150): se a pessoa percebe Erro ou Ignorância da outra parte, mas não avisa, isso configura dolo. Quando uma parte induz a outra ao cometimento de um erro. Só é considerado dolo quando o negócio ocorreu por conta do erro induzido. O dolo acidental não permite a anulação do negócio, permitindo somente indenização. - Dolus Malus: falseia a realidade e compromete o entendimento da outra parte. - Dolus Bonus: há uma indução a realização do negócio sem falsear a realidade. - Dolo de terceiro (148): se um terceiro pratica dolo induzindo alguém a realizar um negócio, esse negócio pode ser anulado, desde que a pessoa beneficiada pelo dolo devesse ter conhecimento do dolo cometido. - Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma poderá alegá-lo. - Dolo de representante (115 - 120): ocorre quando uma pessoa está apta a praticar atos da vida civil em nome de terceiros. Pode ser legal ou convencional. - Representação legal: representação de pessoa jurídica, ente despersonalizado, espólio, relativamente incapaz, condomínio… Você não tem liberdade para aceitar que irá te representar, a lei determina isso. Como você não teve a liberdade de escolher seu representante você pode ser responsabilizado solidariamente - Representação convencional: quando uma pessoa defere, através de procuração, a um terceiro o poder de realizar em seu lugar atos da vida civil. Nesse caso, se você nomeou um procurador que agiu com dolo e causou a terceira parte um prejuízo, você responde solidariamente junto ao procurador (culpa in eligendo). Se você teve liberdade de escolher o representante e escolheu mal você também é responsável. Mandato: espécie contratual que cria uma relação jurídica de representação convencional. O mandato se concretiza por meio de uma procuração: a procuração, portanto, é o instrumento do mandato Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou. - em até 180 dias. Distinção entre erro e dolo: - Erro: Bia quer me vender um relógio, eu acredito que é de ouro sem ninguém alegar isso, e posteriormente eu descubro que não é de ouro. Eu fui responsável por crer nisso. - Dolo: Bia quer me vender um relógio que não é de ouro dizendo que é. Ela me induziu a crer nisso. - Coação - Estado de perigo - Lesão - Fraude Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro. Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo. Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava. Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor. Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente. Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. O menor não pode se valer dessa proteção se ele omitiu da outra parte sua condição de relativamente incapaz quando perguntado. Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga. Se eu vendi algo a um relativamente incapaz eu devo provar que esse algo foi revertido em favor dele (se eu vendi uma coxinha e ele comeu isso foi revertido em seu proveito). Caso contrário esse ato é anulável. AULA VIII Coação Vis absoluta: coação física. Ex: tortura. Toda vontade manifestada com coação física é considerada inválida. Vis compulsiva: coação psicológica, aquela que não chega às vias de fato. Ex: apontar uma arma. Seção III Da Coação Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa,à sua família, ou aos seus bens. Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. - Requisitos da coação (§ único): fundado temor de um dano iminente e considerável à sua família, sua pessoa ou aos seus bens. Dependendo da situação qualquer pessoa pode ser vítima da ameaça para se configurar coação. - Critérios para apreciar a coação (152): sexo, idade, condição de saúde, temperamento do paciente e mais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. - Temor reverencial (153): não é considerado coação pois acontece na cabeça de quem se sentiu coagido. O “chefe” ou superior hierárquico não impôs a ação, mas o subordinado se sentiu na obrigação. - 154: vicia o negócio jurídico em que há coação de terceiro se a parte que aproveitou tem ou devesse ter conhecimento, e responderá solidariamente com aquele que coagiu por perdas e danos - 155: o negócio jurídico feito através de coação de terceiro será válido se a parte que aproveita não tem e não devesse ter conhecimento. O autor da coação responderá por todas perdas e danos que houver causado ao coacto (prejudicado) Estado de Perigo Seção IV Do Estado de Perigo Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. - Estado de perigo: ele não foi posto em uma situação de perigo por terceiro, mas está em uma situação perigosa e o terceiro tem consciência disso. Ex: um paciente muito doente vai ao hospital que, se aproveitando da situação, cobra um valor exorbitante pelo atendimento. - Dolo de aproveitamento: a pessoa age para salvar-se de perigo e a outra, sabendo dessa situação, se aproveita. - Só se configura Estado de Perigo: se a obrigação exigida for excessivamente onerosa e houver prova do Dolo de Aproveitamento. Lesão Seção V Da Lesão Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1 o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2 o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. - Art. 157: lembra o Estado de Perigo, mas não tem relação. Normalmente é quando alguém premente necessidade financeira ou inexperiência se expõe a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. - O CDC exige-se apenas que a parte prejudicada esteja em condição desfavorável - Na Lesão não precisa haver Dolo de Aproveitamento, ou seja, não precisa ser provado o aproveitamento do beneficiário - § 1°: a Lesão tem que ser originária. Desde quando o negócio foi feito ele já era desproporcional. Se a Lesão acontecer depois e houver, por exemplo, uma desvalorização do câmbio que o prejudica, não é configurada Lesão. - Para configurar lesão a mesma precisa ser originária - §2°: se a parte favorecida diminuir seu proveito para equilibrar as prestações o negócio não é anulado. Ou seja, se o juiz entender que o desequilíbrio foi suprido a parte prejudicada não pode recusar Fraude Contra Credores Seção VI Da Fraude Contra Credores Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. § 1 o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente. § 2 o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles. Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da preferência ajustada. - Erro, dolo, coação e lesão são vícios de consentimento. A Fraude Contra Credores é um vício social, ou seja, quem pratica o ato viola a boa fé. - Todo empréstimo tem um credor e um devedor, sendo o credor o titular do crédito e o devedor o titular da prestação. - Prestação: fazer ou não fazer algo - Patrimônio = bens + direitos (crédito); patrimônio bruto = patrimônio - dívidas - Insolvente: aquela pessoa que não conseguirá pagar a dívida do seu credor pois lhe faltam bens suficientes para quitá-la. Mesmo vendendo tudo que tem não consegue pagar o que deve. - Remissão de dívida: perdão da dívida. É uma liberalidade na qual o credor dispensa o devedor do pagamento, dando-lhe quitação sem pagamento - Credores quirografários (quiro = mão; grafário: escrita): aquele de quem o crédito depende de um contrato. - Credor privilegiado: aquele que tem preferência no pagamento, aquele que está assegurado por uma preferência em relação aos outros credores, isto é, que tem direito a ser pago antes dos demais. Ex: doação ou remissão de dívida - Fraude Contra Credores: diminuição do patrimônio do devedor que visa prejudicar o interesse do credor. Um credor esvaziando os seus ativos para atingir quem está na ponta do seu passivo - Se alguém sabe que está quebrado, ou seja, seu passivo é maior que seu ativo, e começa a vender seus ativos visando prejudicar o credor, isso é Fraude Contra Credor. - Só quem já era credor quando a doação/remissão for feita pode alegar Fraude Contra Credores - 159: quando a insolvência for notória/óbvia, até as alienações onerosas (ex: compra e venda) podem ser anuladas por Fraude Contra Credores AULA IX Questão: Claudiodoa um carro para Bruno, seu filho. Após o processo de transferência dos bens se descobre que Bruno tentou assassinar seu pai, mas sem sucesso. Quais as espécies de fatos jurídicos presentes acima? Todos são válidos? Qual a consequência da incidência verificada nesse caso? Barema: - Quais as espécies de fato jurídico presentes? Negócio jurídico (doação); ingratidão (fato jurídico strictu sensu); tentativa de assassinato (ato ilícito caduficificante). Valor: 0,33. - Todos são válidos? Sim, mas a doação é desjuridicizada. Valor: 0,33 - Qual a consequência da incidência? Desjuridicização. Valor: 0,33 Eficácia do inválido Conversão Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo. Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Eficácia putativa/aparente de atos nulos: a eficácia é mantida por não ter havido prejuízo social. O ato foi revertido em proveito do absolutamente incapaz. Condição (... - estudar) AULA X Termo (arts. 130 - 137) Conceito: evento futuro e certo quanto a sua ocorrência, embora possa não haver certeza quanto ao momento. Exemplo: morte (termo incerto - quanto ao momento). O testamento é um negócio jurídico referente a um termo incerto. - Usualmente o uso do Termo é com o estabelecimento de um momento certo, a partir do qual o negócio jurídico passará a produzir efeitos ou cessará seus efeitos. - Termo inicial: condição suspensiva - Termo final: condição resolutiva - Se as partes não estipulam um termo final o negócio se diz por prazo indeterminado - Quando os termos, inicial e final, são certos, o tempo entre um e outro chama-se Prazo - Se o prazo é de 10 dias você só pode exigir esse Direito - O termo inicial permite a aquisição do direito, mas impede o seu exercício até que o dia marcado chegue - No geral o Termo Certo é marcado por dia/hora - Presume-se que o prazo do termo é em favor do devedor (podendo haver circunstâncias em que o prazo é em favor do credor ou de ambos) - Negócios sem termo inicial são imediatamente eficazes, salvo se a execução depender de lugar específico ou tempo (art. 134) - Encargo (136): é uma prestação que é agregada a uma liberalidade, interferindo na sua eficácia - Liberalidade: ato praticado sem a pretensão de obter uma contraprestação (doação, empréstimo sem custo…). Atos gratuitos que buscam beneficiar o outro sem contraprestação - Aquele beneficiado pela liberalidade pode contrair encargos que não chegam a configurar uma contraprestação por conta do desequilíbrio econômico entre o benefício e o encargo - Uma doação com encargo é uma doação onerosa - Não configura uma troca pois a doação tem valor muito superior ao encargo - Para o encargo ser considerado como tal, não pode ser equivalente ao benefício - O encargo não pode ser condicionado ao benefício deliberado (“se você fizer tal coisa eu te dou tal coisa”) - Condição suspensiva: impede a aquisição e o exercício - Condição resolutiva: não impede a aquisição, mas torna o direito resolúvel - Encargo: prestação que se agrega ao negócio interferindo na sua eficácia. O beneficiário tem que realizar o encargo, mas não necessariamente de forma antecipada - Ex: uma doação pode ser revogada por inexecução do encargo (art. 555). - Condição: sujeitar o negócio a evento futuro incerto. O negócio só será válido se o evento futuro incerto ocorrer
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