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Sabrina Angheben │ Ginecologia e Obstetrícia Avaliação fetal: vitalidade e sofrimento Vitalidade fetal ● Viabilidade fetal - Consiste da IG em que há 50% de sobrevida fora do útero - O feto é viável partir de 24 semanas ● Indicações - Situações de risco de comprometimento da oxigenação fetal - Compreende - Doença materna - Intercorrências gestacionais - Doenças do feto ● Métodos - Ausculta cardíaca fetal intermitente - Cardiotocografia - Perfil biofísico fetal - USG com dopplervelocimetria Ausculta cardíaca fetal intermitente (BCF) - Principal parâmetro clínico de avaliação ● Indicação - 30/30 min de 5-8 cm - 15/15 min de 8-10 cm - 5/5min se 10 cm ● Técnica - Antes, durante e após a contração, por 30-60 seg Cardiotocografia - Consiste na avaliação dos efeitos da hipoxemia no SNC fetal, avaliando a FC ● Formas de realização - Repouso → CT basal - Estimulação - Sobrecarga ● Parâmetros - Linha base - É a média da FC fetal - Avaliada em 10 minutos - Exceto se diferenças superiores a 25 bpm - Valor de referência - 110-160 bpm - Variabilidade BCF - É a oscilação da linha de base da FC fetal - Variabilidade moderada indica oxigenação adequada do SNC - Variabilidade mínima ou ausente não necessariamente indica alteração do SNC por hipóxia - Causa de redução - Hipóxia - Prematuridade - Sono fisiológico - Uso de medicamentos - Barbitúricos - Opióides - Tranquilizantes - Causas de aumento - Movimentação excessiva - Hipoxemia aguda - Padrão sinusoidal - Indicativo de sofrimento fetal - Acelerações transitórias - Indicativos de movimentação fetal e ausência de alteração neurológica por hipóxia - Ausência de aceleração ´não é necessariamente patológico - Causas se redução - Sono fetal - Uso de medicações - Prematuridade - Deve haver ao menos duas em 20 minutos - Desacelerações - Consistem nas quedas de BCF - Podem indicar sofrimento fetal agudo (SFA) - Desaceleração intraparto tipo I (DIP I) ou precoce ou cefálica - Quedas que coincidem com as contrações uterinas - São achados benignos - Resposta autonômica às mudanças de pressão que comprimem o polo cefálico - DIP II ou tardias - Queda do BCF 20 segundos após a contração - Indicam - Baixo nível de pressão de O2 - Pode ser por hipoxemia fetal por insuficiência uteroplacentária - Indica cesárea de urgência - DIP II recorrente - DIP III ou variáveis umbilicais - Quedas abruptas do BCF associadas à compressão do cordão umbilical, durante as contrações uterinas ou movimentos fetais - Costumam se associar com acelerações imediatamente antes ou depois - Não indicam cesárea de urgência ● Sofrimento fetal agudo (SFA) - Alteração ocorre de forma sequencial - Desaparecimento das acelerações - Redução da variabilidade - Taquicardia fetal - Variabilidade ausente - DIP II - Bradicardia - Óbito fetal ● Classificação - Classe I - Normal - Bem-estar fetal - Acompanhamento - Classe II - Indeterminada - Reavaliação - Classe III - Anormal - SFA - Parto pela via mais rápida é indicado ● Conduta - Reanimação intrauterina - Deve-se realizar reanimação intrauterina pela alta taxa de falso-positivo - Estímulo mecânico ou sonoro - Alimentação ou glicose - Mudança de posição - DLE - Suspensão de ocitocina - O relaxamento uterino propicia melhor circulação - Hidratação venosa - O2 suplementar Perfil biofísico fetal ● Visão geral - Objetiva avaliar as atividades fetais, pois dependem da oxigenação adequada - Reflete, portanto, o grau de oxigenação do SNC ● Equipamentos - Cardiotocografia + USG ● Indicações - Complementar ao CTG - Principalmente em casos suspeitos ou anormais ● Parâmetros - Sofrimento fetal agudo - BCF - Movimentos corpóreos - Movimentos respiratórios - Tônus fetal - Sofrimento fetal crônico - Volume de líquido amniótico ● Fisiologia relacionada - Parâmetros agudos - Dependem da oxigenação e maturação do SNC - Em casos de hipoxemia gradual a sensibilidade desses centros ocorre na ordem inversa da embriologia - BCF é o primeiro parâmetro a alterar - Ordem de alteração - BCF - Movimentos respiratórios - Movimentos corporais - Tônus PARÂMETROS PBF ● BCF - Linha base entre 110-160 bpm - Variabilidade moderada - Presença de acelerações transitórias - Ausência de desacelerações tipo II ou III ● Movimentos respiratórios fetais (MRF) - 1 episódio de 30 seg em 30 minutos - Alterações - Ausente - Hipóxia - Infecção ovular - Hipoglicemia - Aumentado - Hiperglicemia - Uso excessivo de cafeína ● Movimentos corpóreos fetais (MCF) - Mínimo - 1 movimento rápido e amplo OU 3 movimentos discretos em 30 minutos - Redução - Sono fetal - Drogas sedativas - Tabagismo - Hipóxia fetal - Estímulos - Contração uterina - Estímulo sonoro ou motor externo ● Tônus fetal (TF) - Avaliado pela atitude fetal ou pela movimentação corporal adequada - Abertura e fechamento das mãos, movimentos palpebrais ou sucção - Devem ocorrer em até 30 minutos ● Volume de líquido amniótico (ILA) - Único marcador crônico - Avaliação - Maior bolsão vertical (MBV) - Normal se >=2,0 cm - Índice de líquido amniótico (ILA) - Normal se >5 cm - Quando desconsiderar a medida - Membranas rotas - Agenesia renal - Cromossomopatias - Doenças gestacionais que causam oligoidrâmnio transitório - Infecções - Alteração TGI - Descompensação cardíaca ● Interpretação e conduta - Pontuação - 0-2 pontos por parâmetro - Portanto, de 0-8 ou 0-10 se CTG incluso - Normal se >=8 - PBF <6 - Associação com acidose ao nascimento - Padrão-ouro para indicar sofrimento fetal - Conduta ativa se >34 semanas USG com doppler ● Efeito doppler - Princípio físico em que se verifica a alteração de frequência de ondas sonoras refletidas quando há movimento - As hemácias em movimento no interior do vaso comportam-se como corpos refletores - O doppler detecta o movimento do sangue ● Visão geral - Objetiva avaliar a circulação placentária e fetal e identificar alterações sugestivas de sofrimento fetal - Uteroplacentária → artérias uterinas - Fetoplacentária → artérias umbilicais ● Indicação - Fatores de risco para má-implantação ou alteração da circulação - DM - HAS - Trombofilias - Cardiopatias - Pneumopatias ● Função placentária - Artérias uterinas - Alterações indicam invasão trofoblástica inadequada - Maior risco de PE e CIUR - Se IP médio acima do percentil 95 no primeiro trimestre - Iniciar profilaxia de pré-eclâmpsia - Artérias umbilicais - Indica a resistência placentária - Alterações - Aumentada - Placentação inadequada - Infartos - Trombos - Lesão em 30% da placenta - Aumento da relação sístole/diástole - Lesão em >70% da placenta - Fluxo ausente ou reverso Avaliação da resposta hemodinâmica fetal - Consiste na avaliação por meio de dopplervelocimetria da resposta fetal à hipoxemia - Detectada na insuficiência placentária das artérias umbilicais - Buscar por adaptações fetais ● Metabolismo fetal na hipoxemia - Em caso de hipóxia inicia-se a priorização de tecidos - SNC - Coração - Glândulas adrenais ● Centralização fetal - Causa - Obstrução >=30% dos vasos placentários - Caracterização - Relação AU/ACM >1 - Indica que a resistência da ACM está reduzida e da AU aumentada - Ordem dos eventos - Vasodilatação central - Vasoconstrição periférica - Fisiologia relacionada - Doppler da ACM reduzido persistentemente - Ocorre vasodilatação encefálica (artéria cerebral média) - Torna-se de baixa resistência para aumentar a oxigenação (centralização do fluxo) - Doppler a. umbilical aumentado persistentemente - Marca a redução da pressão fetal e a da transferência de O2 - Artéria cerebral média (ACM) - Aumento do fluxo sanguíneo na diástole (ACM) - Redução dos índices de pulsatilidade (ducto venoso) - Ducto venoso - Representa o território venoso - Após a vasodilatação dos territórios nobres, na persistência de hipóxia, ocorre vasoconstrição periférica - Aumenta a pressão sobre as câmaras cardíacas - Dá indícios finais de sofrimentofetal - Indica insuficiência placentária muito grave - Relação com acidemia ao nascimento ● Conduta - Parto imediato - Diástole reversa das AU - Ducto venoso com UO >1,5 - IP ducto venoso entre 1-1,5 - Corticoterapia + interrupção da gestação em 24 horas da segunda dose ÍNDICE DE LÍQUIDO AMNIÓTICO → OLIGODRAMNIA ● Definição oligodramnia - Consiste na redução do volume de líquido amniótico, sendo um parâmetro de sofrimento fetal crônico ● Fisiopatologia - Hipóxia crônica → Redução da perfusão pulmonar e renal → menor diurese → Redução do volume de líquido amniótico ● Medidas - Maior bolsão vertical (MBV) - VR 2,0-8,0 cm - Índice de líquido amniótico - Somatório das medidas dos maiores bolsões dos 4 quadrantes da cavidade amniótica - É o método mais utilizado - VR 5,1-25 cm ● Classificação ● Conduta - Oligodramnia isolada - Acompanhamento até atingir maturidade fetal - Avaliar demais critérios de vitalidade - >37 semanas - Parto - Oligodramnia + CIUR e/ou outras alterações de insuficiência placentária ao doppler - Resolução da gestação, independente da idade gestação - 25-34 semanas - Tocólise por 48h + corticoterapia CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO (CIUR) ● Definição - Caracterizado como fetos com peso estimado inferior ao percentil 10º para a IG - Taxa de mortalidade perinatal 10x maior que o peso normal ● Causas de morbimortalidade neonatal relacionadas - Imediatas - Hipóxia - Aspiração meconial - Insuficiência respiratória - Hipoglicemia - Hipocalcemia - Policitemia - Hipotermia - Hemorragia pulmonar - Alteração do prejuízo neuropsicomotor - Tardias - DM 2 - Hipercolesterolemia - Coronariopatias - HAS ● Indicativos clínicos - Altura uterina >=3 cm de discrepância de IG ● Fatores de risco ● Classificação - Tipo I, simétrico e precoce - Alteração do padrão de crescimento desde o início da gestação - Fase de hiperplasia celular - Caracterização - Simétrico - CC proporcional à CA - Causas - Doenças genéticas - Doenças infecciosas - Tipo II, assimétrico e tardio - Ocorre após a fase de hiperplasia celular - Causas - Fatores extrínsecos aos fetos - Insuficiência placentária - Doenças maternas - Ex. HAS - Fisiopatologia - A causa externa leva a redução do aporte de nutrientes fetais - Redução CA - Pelo menor tamanho do fígado - CC e CF são menos acometidas - Caracterização - CA significativamente menor que CC e CF ● Conduta conforme estágio - Estágio 1 - Compreende - CIUR com insuficiência placentária moderada - Caracterização - IP AU > percentil 95 OU IPACM <50 - Conduta - Acompanhamento semanal da vitalidade - Considerar parto com 37 semanas - Estágio 2 - Compreende - CIUR com insuficiência placentária grave - Caracterização - Diástole zero da AU - Conduta - Vitalidade a cada 2 dias - Parto cesárea com 34 semanas - Estágio 3 - Compreende - CIUR com deterioração fetal avançada - Caracterização - Diástole reversa da AU - Conduta - Vitalidade fetal diária - Cesária com 30 semanas após 2 doses de corticóide - Estágio 4 - Compreende - CIUR com alta probabilidade de acidose fetal ou risco de óbito - Caracterização - Alteração do ducto venoso - Onda A reversa - Pouca variabilidade do CTG - Conduta - Cesárea imediata ● CIUR x pequeno constitucional - Feto pequeno constitucional - Consiste no PIG (pequeno para idade gestacional) - Pequeno em comparação com a população geral na mesma IG - Caracterização - Mães hígidas - Fetos sem sinais de sofrimento fetal - CTG, doppler e líquido amniótico - Segue a curva de crescimento - CIUR - Apresenta sinais de sofrimento fetal crônico - Comumente há comorbidade materna
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