Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escola CETEB de Jovens e Adultos Brasília-DF, 2011. Relações Interpessoais e Ética Profissional CURSO: TÉCNICO EM SECRETARIA ESCOLAR Eixo Tecnológico: Apoio Educacional Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial deste documento, por qualquer forma ou meio – eletrônico ou mecânico, inclusive por processos xerográficos de fotocópia e de gravação – sem a permissão expressa e por escrito do CETEB. DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DO CETEB TODOS OS DIREITOS RESERVADOS Elaboração: Magda Maria de Freitas Querino Revisão Linguística: Equipe Técnica do CETEB Sumário Apresentação __________________________________________________________________________ 4 unidade 1 relações interpessoais Indivíduo e Sociedade _______________________________________________________________ 5 Relações Humanas _________________________________________________________________ 8 Relações Interpessoais no Ambiente de Trabalho ________________________________________ 10 Comunicação como Processo Mediador das Relações Interpessoais ________________________ 13 Atendimento à Comunidade Escolar ___________________________________________________ 16 unidade 2 Ética Profissional Ética e Sociedade __________________________________________________________________ 21 Ética no Mundo Contemporâneo ______________________________________________________ 25 Ética Pessoal, Social e Profissional ____________________________________________________ 29 referências ____________________________________________________________________________ 34 4 APrESENTAÇÃo A oferta de uma Educação Profissional Técnica de Nível Médio com qualidade contribui efetivamente para a melhoria social do nosso País. Acreditamos que, se a aprendizagem é uma jornada, este Caderno servirá de mapa condutor em sua caminhada de estudo. Aqui se encontra um material didático inovador que orientará seu trabalho no desenvolvimento das atividades propostas. Participe, efetivamente, deste Curso, que prioriza as habilidades e as competências necessárias para torná-lo um profissional de sucesso. Organize-se em seus estudos: 1 – reserve um tempo livre do seu dia para dedicar-se ao Curso; 2 – leia todo o material de ensino; 3 – realize todas as atividades propostas. Direção da Escola CETEB Relações Interpessoais Unidade 1 Técnico em Secretaria Escolar Objetivos: • Compreender as relações humanas como construção conjunta e como objeto da educação. • Reconhecer a relevância das relações interpessoais no ambiente de trabalho. • Entender a importância da comunicação nas relações profissionais. • Empregar, no atendimento à comunidade escolar, os princípios da Filosofia da Qualidade. iNdivíduo E SociEdAdE Cada ser humano é único, indivisível, em suas características físicas, psicológicas e comportamentais, o que o classifica como um indivíduo (indiviso, unidade distinta de uma espécie qualquer, orgânica ou inorgânica, cf. Dicionário Aurélio). Mesmo os gêmeos idênticos (univitelinos), que possuem o mesmo genoma e são clones um do outro, diferenciam-se entre si, por alguma característica física e, principalmente, pelas psicológicas. Embora compartilhe características biológicas de sua família (hereditariedade), da sua raça e da própria espécie humana como um todo (código genético), o indivíduo distingue-se de todos os demais que habitam o planeta Terra. Constituem-se em bilhões de indivíduos, interagindo entre si, buscando suprir suas necessidades. Para sobreviver, o ser humano precisa suprir uma série de necessidades, que servem de impulsos às suas ações e que, na maioria das vezes, só podem ser satisfeitas no seu relacionamento com outros indivíduos. Essas necessidades se classificam em básicas ou fisiológicas, sociais e psicológicas. (MASLOW apud BARBOSA et al., p. 27). As necessidades fisiológicas relacionam-se ao bem-estar físico do indivíduo, garantem sua segurança e sobrevivência: a respiração, a saciedade da fome e da sede, o descanso, o abrigo, a proteção do próprio corpo, as atividades físicas, o sexo. As necessidades sociais vinculam-se ao bem-estar social, ao sentimento de inclusão e de aceitação pelo grupo; ao anseio de participação, de associação, de reconhecimento, de prestígio e de realização social. As necessidades psicológicas referem-se à autorrealização, ao amor e ao afeto; estão ligadas à autoestima, ao autorrespeito, além do anseio de reconhecimento e valorização pelos outros. Veja, a seguir, o quadro das necessidades básicas do homem, segundo Maslow. 6Unidade 1 Figura 1 – Escala das necessidades básicas do homem, MASLOW. Desde o início de sua existência no planeta, mesmo se constituindo um indivíduo, o ser humano, levado pelas condições do seu momento histórico, percebeu que individualmente não conseguiria sobreviver, suprir suas necessidades, e buscou a companhia de outros seres humanos para, em conjunto, providenciar a alimentação, a segurança, a habitação, a procriação, garantindo o seu bem-estar físico, como também seu bem-estar social e psicológico, ao conviver e dividir com outros o trabalho para a manutenção da coletividade, estabelecendo raízes da vida em sociedade. Em pequenos grupos, o homem primitivo conseguiu impor-se ao ambiente hostil, caçar e armazenar alimentos, proteger-se das intempéries, buscando abrigos e formas de comunicação de seus estados mentais – desejos, planos, sentimentos – dando origem, dessa forma, ao conhecimento humano. Embora abrigado, alimentado e protegido, esse homem percebeu que não era tão fácil viver em grupo. Cada indivíduo, defendendo interesses próprios, criando conflitos e atritos entre os membros, conduzindo-os ao caos, trazendo o perigo a todos os elementos, constituía uma ameaça à harmonia do grupo. Paulatinamente, inicia-se o estabelecimento de regras e normas, visando à organização do grupo, ao seu disciplinamento. Com o passar do tempo e da evolução do grupo, surgem as civilizações, as instituições, a produção de cultura, ou seja, as bases da sociedade, como hoje se conhece. Segundo Loureiro Filho (2009), a sociedade é um sistema de uma ordem maior, determinada pela diferenciação entre sistema e ambiente. Isto é, o Direito Positivo, a Educação, a Política, a Religião, a Economia são todos, na verdade, subsistemas sociais, que podem interagir entre si, em um ambiente que os contém, que consiste no Sistema Social, ou seja, na própria Sociedade. E, com o passar do tempo, outros sistemas vão ganhando autonomia, e a sociedade aumenta, por conseguinte, em complexidade. Figura 2 – O escriba – arte egípicia – Museu do Louvre – Paris. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_do_Louvre> 7Unidade 1 As sociedades que primeiro dominaram a escrita, produziram uma cultura mais abundante e variada, alcançaram elevados graus de desenvolvimento, em detrimento de outras, que pouco evoluíram ao longo dos milênios. Provoca admiração, espanto, o fato de que, hoje, no século XXI, em plena sociedade tecnológica, cibernética, espacial, tenham-se informações da coexistência de sociedades vivendo, ainda, nos padrões de idades pré-históricas, a exemplo de tribos amazônicas ou mato-grossenses completamente isoladas, sem qualquer contato com a civilização hodierna. Veja, a seguir, uma nota sobre esse assunto. A mais recente descoberta é uma tribo indígena que vive na divisa do Mato Grosso com o sul do Amazonas e ainda nem figura nas estatísticas oficiais. Os primeiros vestígios da existência dos índios foram encontrados no Brasil, no final do ano passado. A localização exata da área ainda é mantida em sigilo. Sabe-se que são andarilhos e se deslocaram das suas áreas de origem fugindo dos predadores brancos. “Eles estão em rota de fuga dos madeireiros e latifundiários”, explica o presidente. Vivem de forma bastante primitiva, em cabanas improvisadas no meio da mata. “Já localizamos cestarias, pilões, arcos, flechase outros utensílios que nos levam a crer que eles pertencem a alguma etnia do tronco tupi”, revela o superintendente da Funai-MT. (Fonte: A Gazeta – Cuiabá-MT, 8-4-2001) Independentemente do grau em que se encontram as diferentes sociedades, percebe-se a sua importância para o homem que dela depende, pois a convivência entre os semelhantes possibilita o aprendizado de normas de conduta, de valores e de comportamentos sociais, bem como dos conhecimentos técnico-científicos acumulados pela humanidade. O estudo científico da formação, da organização, da manutenção e da transformação da sociedade humana constitui a Sociologia, um conjunto de conceitos, de métodos e de técnicas de investigação, produzidos para explicar a vida social, considerando que a evolução da humanidade acarretou grande complexidade aos grupos sociais. Tornou-se necessário compreender a dinâmica que envolve o conceito de grupo social, suas características e seus objetivos, bem como a sua variedade no mundo moderno. Grupo social corresponde à reunião de duas ou mais pessoas que se encontram em interação social, possuindo objetivos comuns, para cujo alcance realizam ações conjugadas. Os grupos sociais podem ser classificados em primários e secundários, de acordo com o grau de envolvimento emocional de seus membros. Os grupos primários constituem-se de indivíduos que mantêm contato direto e íntimo e que demonstram preocupação mútua. Suas principais características são: • maior intimidade nas relações entre os membros (contatos face a face); • cooperação mútua (todos se preocupam com todos); • sentimentos de amor, afeição, lealdade (dedicação entre os integrantes). Figura 3 – Família – grupo primário <http://www.sxc.hu/photo/1155909> 8Unidade 1 A família, a vizinhança, os amigos, os colegas de seção, os desportistas de uma equipe constituem grupos primários. Os grupos secundários definem-se pelo relacionamento distante, sem envolvimento recíproco e afetivo entre seus membros, que se mantêm unidos por objetivos comuns. Suas principais características são: • contatos indiretos menos frequentes; • pouco ou nenhum envolvimento afetivo; • relações empresariais; • união em torno de objetivos comuns. Nação, escola, empresa, clube, partido político, constituem exemplos desse tipo de grupo. Em geral, os grupos secundários constituem-se de uma multiplicidade de grupos. Por exemplo, o Brasil, como nação, representa o grupo secundário e a infinidade de famílias que ele contém, o grupo primário. Convém ressaltar que esses grupos sociais são constituídos por milhares e milhares de indivíduos, seres humanos únicos, com suas particularidades, seus sentimentos e seus desejos; que a convivência, quer em grupos primários, quer em secundários, necessita de harmonia e de solidariedade para que se atinjam os objetivos comuns. Os membros das famílias, por exemplo, ao trabalhar, pretendem viver com relativa tranquilidade financeira que lhes possibilite educar bem os filhos e usufruir os bens materiais e culturais, gerados pelo esforço coletivo de todos que constituem o grupo social denominado Brasil. (CETEB, 2004) Exercícios Responda as questões a seguir. 1. O que caracteriza o indivíduo? 2. Que necessidades o ser humano precisa suprir para sobreviver? 3. Quais as origens da vida em sociedade? 4. Como se deu o desenvolvimento das sociedades? 5. Como se definem os grupos sociais e quais são as suas características? confira suas respostas (Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter enriquecido suas respostas de várias maneiras.) 1. O indivíduo caracteriza-se pelo fato de ser único, indivisível, com suas características físicas, psicológicas e comportamentais. Segundo o Dicionário Aurélio, indivíduo é uma unidade distinta de uma espécie qualquer, orgânica ou inorgânica”. 2. O ser humano precisa suprir uma série de necessidades: básicas ou fisiológicas, relacionadas ao bem-estar físico, saciedade da fome e da sede, ao descanso, ao abrigo, à proteção, à atividade física e sexual; sociais, relacionadas ao bem-estar social, à inclusão pelo grupo, ao prestígio e à realização social; psicológicas, relacionadas à autorrealização, ao amor, ao afeto, à autoestima. 3. As origens da vida em sociedade estão relacionadas à percepção de que, individualmente, o ser humano não conseguiria suprir suas necessidades, nem garantir seu bem-estar físico, social e psicológico, por isso buscou a companhia de outros seres humanos, formando grupos, convivendo e dividindo o trabalho para a manutenção da coletividade. 4. O desenvolvimento da sociedade, sua evolução e sua condição privilegiada entre as realizações humanas não se deram de forma homogênea. As sociedades que primeiro dominaram a escrita e produziram cultura alcançaram níveis superiores em relação a outras que pouco evoluíram. Ainda hoje, na 1ª década do século XXI, encontram-se sociedades, vivendo conforme padrões da idade da pedra, como por exemplo, tribos indígenas na Amazônia. 5. Grupos sociais definem-se como a reunião de duas ou mais pessoas que se encontram em interação social, possuindo objetivos comuns, para cujo alcance realizam ações conjugadas. Podem ser classificados como primários ou secundários, conforme o grau de envolvimento emocional de seus membros. rElAÇõES HumANAS Como se percebe, a vida em sociedade acarreta uma série de compromissos e responsabilidades para cada um de seus membros. A harmonia dos grupos sociais depende do grau de comprometimento dos indivíduos em relação a normas, leis e instituições geradas no interior da sociedade. Um dos aspectos básicos e essenciais para que a sociedade se mantenha coesa e harmônica compreende uma atitude de responsabilidade mútua, denominada relações humanas, que se caracterizam pelo respeito às pessoas, manifesto no início e ao longo dos relacionamentos entre elas. 9Unidade 1 Embora cada ser humano possua características e personalidade próprias, além de sua maneira de sentir e entender as coisas, deve ser respeitado e respeitar os demais para que haja harmonia entre todos. A compreensão entre as pessoas torna-se fundamental para um relacionamento mais proveitoso. O dinamismo e a reciprocidade das relações humanas permitem afirmar que não há uma relação pronta e acabada; ela ocorre em constante processo; define-se como uma construção conjunta em que todos os envolvidos precisam se conscientizar da importância da sua responsabilidade no seu cultivo, na troca de experiências e no saber compreender as emoções dos outros. (CETEB, 2004) Reconhecer o valor da vida humana constitui embasamento para que as relações entre os seres se tornem cada vez mais propícias e positivas. Quando isso não ocorre, há o deterioramento das relações humanas; as sociedades tornam-se violentas; grupos étnicos distintos entram em conflito com o extermínio de um deles, quase sempre; latrocínios e assassinatos mostram-se frequentes nos grandes centros urbanos; atos terroristas e guerras entre nações ocorrem com certa regularidade. A intolerância passa a imperar. Xenofobia, homofobia, misoginia correspondem a atitudes corriqueiras, nesse contexto. Segundo o professor Luiz Mott, do departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia, a homofobia é uma “epidemia nacional”. Ele assevera que o Brasil esconde uma desconcertante realidade: “é o campeão mundial em assassinatos de homossexuais, sendo que, a cada três dias, um homossexual é barbaramente assassinado, vítima de homofobia”. (MOTT, 2001) Por isso, cultivar as relações humanas, essa atitude de respeito às pessoas, constitui o cerne da vida em sociedade. A aceitação do indivíduo, a colaboração mútua, a troca de experiências conduzem a uma real valorização de suas relações com outros seres humanos. Melhorar o convívio das pessoas, nos diversos grupos sociais de que participam, garantindo o convívio harmonioso, consiste no objetivoprincipal das relações humanas. Como esteio da vida em sociedade, as relações humanas não podem ser desconsideradas, desprezadas ou relegadas a segundo plano. A todo instante, devem constituir motivo de intensa vivência no ambiente familiar, no local de moradia, no trabalho, nos esportes, no lazer, ou seja, onde quer que se estabeleçam ou se mantenham contratos entre pessoas. Convém lembrar que, desde o simples “bom-dia”, com que se cumprimentam as pessoas, em casa, no prédio em que se vive, na academia de ginástica, no trabalho, ao mais complexo e profundo debate em simpósios científicos, vivenciam-se relações humanas positivas. Um aspecto importante a considerar consiste no fato de que as relações humanas devem constituir objeto da educação de berço, propiciada pela família, por meio das orientações que pai e mãe devem repassar aos filhos principalmente no que se refere ao respeito, não só aos mais velhos como também aos amigos, aos colegas de escola e aos professores, até a educação formal, ministrada nas instituições de ensino, quer por meios dos temas transversais, em que a ética e os valores humanos devem ser discutidos e vivenciados, quer por meio de cursos específicos, cujos conteúdos contemplem o tema. Deve-se considerar, ainda, que, quando se vivenciam as relações humanas em grupos primários, pessoas interagindo face a face, com relativa frequência, atribui-se-lhes a denominação de relações entre pessoas ou interpessoais. Nessa perspectiva, as relações interpessoais encontram-se presentes na família, unindo seus membros, quando positivas, ou gerando conflitos, quando negativas; no ambiente de trabalho, favorecendo o convívio harmonioso, se positivas, respeitando a hierarquia, ou insuflando a rivalidade, se negativas. As relações interpessoais negativas no ambiente de trabalho não só impedem a produtividade e a colaboração entre os membros do grupo, como também geram o estresse e provocam doenças, devido a reações psicossomáticas, ou seja, quando problemas emocionais desencadeiam reações fisiológicas, atingindo células e órgãos, conduzindo a estados patológicos. Um exemplo típico de doença profissional, já reconhecida pela organização Mundial da 10Unidade 1 Saúde (OMS), gerada principalmente no seio de profissões que lidam com as pessoas, a Síndrome de Burnout, vem demonstrando os efeitos maléficos das relações interpessoais conflituosas, além de outros aspectos relacionados a frustrações advindas da insatisfação profissional. Na escola, a Síndrome de Burnout vem acometendo professores, equipes técnicas e pedagógicas, provocando o absenteísmo e, o pior, causando desmotivação para o trabalho e a falta do comprometimento com a Educação. Conforme expõem Barbosa e Gomes (2010, p. 14): As leis brasileiras de auxílio ao trabalhador, entretanto, já contemplam a Síndrome de Burnout. No Anexo II, refere-se aos Agentes Patogênicos Causadores de Doenças Profissionais – do Decreto no 3.048/1999, de 6 de maio de 1999 – que dispõe sobre a Regulamentação da Previdência Social – conforme previsto no art. 20 da Lei no 8.213/1991, ao se referir aos transtornos mentais e de comportamento relacionado com o trabalho (Grupo V da CID-10). O Inciso XII aponta a “Sensação de estar acabado” – Síndrome de Burn-Out, Síndrome de Esgotamento Profissional (Z73.0). (Ministério da Saúde, 1999) Portanto, vivenciar relações interpessoais positivas garante não só a tranquilidade emocional como também o bem-estar físico, uma vez que um ambiente harmonioso dificulta que o estresse acometa os membros do grupo. Exercícios Responda as questões seguintes 1. O que se entende por relações humanas? 2. Pode-se afirmar que, em algum momento, as relações humanas estejam prontas e acabadas? Explique. 3. Quais as decorrências da deterioração das relações humanas? 4. Cite algumas das suas vivências cotidianas de relações humanas positivas. 5. Que relação existe entre Educação e Relações Humanas? Explique. confira suas respostas (Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter enriquecido suas respostas de várias maneiras.) 1. Relações humanas – atitude de respeito às pessoas, do início e ao longo dos relacionamentos. 2. As relações humanas – construção conjunta de todos os envolvidos – nunca estão prontas e acabadas; encontram-se em constante processo. 3. Como decorrência do deterioramento das relações humanas, têm-se sociedades violentas, conflitos étnicos, latrocínios e assassinatos, atos terroristas, guerras, intolerância, como, por exemplo: xenofobia, homofobia, ginecofobia. 4. Reposta pessoal. 5. As Relações Humanas devem ser objeto de interesse da Educação, desde a vivenciada na família, com orientações e exemplos pelos pais, até a educação formal ministrada nas escolas, quer pelo temas transversais, quer como conteúdo específico. rElAÇõES iNTErPESSoAiS No AmbiENTE dE TrAbAlHo Considerando o que se discutiu até o momento, pode-se afirmar que as relações humanas concretizam, na prática, o mandamento cristão “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, uma vez que orientam a dedicar ao outro o mesmo respeito com que cada um de nós gostaria de ser tratado. Se as relações interpessoais são extremamente importantes para a convivência familiar, o grupo primário, em que todos estão em contato íntimo, afetivo e constante, também o são para a convivência profissional, entre colegas que trabalham na mesma seção ou em seções diferentes da mesma instituição. Se se considerar que as pessoas passam a maior parte do seu dia útil no ambiente de trabalho, em contato próximo, face a face, em convivência que propicia o envolvimento emocional, afetivo (simpatia/antipatia, gostar/desgostar), pode-se compreender a relevância do cultivo de relações interpessoais positivas para que haja harmonia e produtividade nesse convívio. Ao passar horas juntas, em contato próximo, as pessoas devem cuidar para que esse convívio seja prazeroso, para que as atividades desenvolvidas 11Unidade 1 sejam profícuas e para que os objetivos sejam alcançados, em ambiente agradável e estimulante. Convém ressaltar que, nesse período, as pessoas se encontram em interação social. Interagir socialmente significa a troca de ideias, de sentimentos, de ações entre os vários componentes do grupo, ou seja, troca de influência recíproca. A interação social pressupõe algumas formas diferenciadas para se efetivar: a cooperação, a oposição e o ajustamento. A cooperação consiste no fato de pessoas ou grupos trabalharem juntos para alcançar um fim comum. Corresponde à forma ideal de interação social, pois é a maneira de se garantir a união, a sobrevivência e o progresso dos grupos sociais. A cooperação subdivide-se em outras formas, segundo o grau de colaboração entre os elementos: entendimento ou acordo, auxílio mútuo, ação conjunta e divisão de trabalho. Apresentar-se-á, a seguir, cada uma delas com suas características. (CETEB, 2004) a) Entendimento ou acordo: ocorre quando, em situações de desunião social, fazem-se certas concessões de cooperação, com alguém cedendo em algum ponto. Exemplo: em dia de confraternização natalina, todos os funcionários desejam participar da festa, mas a seção não pode fechar, o público precisa ser atendido. Por solicitação do chefe, dois deles concordam em permanecer para atender o público. b) Auxílio mútuo: caracteriza-se por indivíduos ou grupos que prestam serviços a outros, espontaneamente, por livre vontade. Exemplo: após o terremoto no Haiti e no Chile, várias nações enviaram socorro traduzido em equipes especializadas em catástrofes, apoio militar, doação de alimentos, água, roupas etc., de acordo com as necessidades de cada país. c) Ação conjunta: caracteriza-se por pessoas que se agrupam para realizar tarefas da mesma natureza, normalmente, de maneira planejada e voluntária. Exemplos: mutirões para limpeza de praias, de terrenos baldios; para doar alimentose roupas a creches e asilos de idosos. d) Divisão do trabalho: ocorre quando cada indivíduo ou grupo realiza tarefa diferente para a concretização de um objetivo comum, o que leva a uma relação de dependência entre todos os integrantes do grupo. O trabalho estará concluído quando cada um tiver realizado a sua parte. Exemplo: um canteiro de obras, onde cada grupo de operários realiza sua tarefa específica, até a entrega dos apartamentos aos proprietários. A segunda forma de interação social consiste na oposição, quando, ao invés da harmonia, no grupo, há fatores de desunião. A competição e o conflito são dois tipos de oposição. A competição consiste na disputa com outras pessoas para a obtenção de bens escassos ou raros; pode comprometer a harmonia do grupo, gerando a rivalidade. Exemplo: torcidas de um time de futebol. Entretanto, a competição pode ser positiva quando estimula o desempenho do grupo. Exemplo: Jogos Olímpicos. O conflito é a disputa de um indivíduo ou de um grupo para a obtenção da posição social de outros. Visa à eliminação ou ao aniquilamento do rival (duelo, revoluções, guerras). Exemplo: conflitos entre países do Oriente Médio. Veja, a seguir, uma nota sobre o assunto. O conflito israelo-palestino (português brasileiro) ou conflito israelo-palestiniano (português europeu) é a designação dada à luta armada entre israelenses e palestinos, sendo parte de um contexto maior, o conflito árabe-israelense. As raízes remotas do conflito remontam aos fins do século XIX quando colonos judeus começaram a migrar para a região. Sendo os judeus um dos povos do mundo que não tinham um Estado próprio, tendo sempre sofrido por isso várias perseguições, foram movidos pelo projeto do sionismo, cujo objetivo era refundar na Palestina um estado judeu. Entretanto, a Palestina já era habitada há séculos por uma maioria árabe. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_ israelo-palestino. Acesso em 15/5/2010.) A terceira forma de interação social corresponde ao ajustamento que visa à eliminação ou à diminuição dos conflitos. 12Unidade 1 Quando um grupo se encontra bem-ajustado, pressupõe-se a inexistência de conflitos; os desentendimentos já terão sido resolvidos. O ajustamento ocorre por acomodação ou assimilação. Considera-se a acomodação como uma forma aparente e superficial de ajustamento entre os que estiveram em conflito; pode ocorrer das seguintes maneiras: a) coerção – o vencedor, no conflito, impõe-se ao vencido que acata seus costumes ou suas decisões; b) tolerância – a luta entre as partes cessa, porém não há entendimento, essas apenas se toleram mutuamente; c) acordo ou compromisso – as partes em conflito fazem concessões mútuas, quer por arbitramento (um árbitro ou juiz estabelece os termos do acordo), quer por mediação (um terceiro propõe os termos que podem ser discutidos pelos interessados); d) conciliação – as partes em conflito, ao perceberem interesses e propósitos comuns, celebram a paz, apesar de ainda existir alguma hostilidade. Entende-se a assimilação como um processo longo e complexo que modifica os modos de sentir e de pensar dos contendores, levando-os a adotarem valores semelhantes; possui grande valor social, pois garante solução duradoura para os conflitos. Pode-se considerar como exemplo de assimilação a romanização da Península Ibérica que, após um período de resistência, aceitou e passou a viver de acordo com os hábitos e costumes dos romanos (Sec. I – Pax Augusta), culminando em Portugal e Espanha, na atualidade. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%A3o_romana_da_ pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica) De posse dessas informações e com a responsabilidade de liderar a equipe da Secretaria Escolar, como deve proceder o Secretário Escolar para manter um ambiente harmonioso, produtivo e com relações interpessoais positivas? O primeiro passo consiste em lembrar-se de que, pelo exemplo, ensina-se com maior eficácia. O que equivale a dizer que cabe ao chefe criar e manter um clima em que a interação social se caracterize pelos aspectos positivos. Funcionários satisfeitos empenham-se mais, produzem mais e melhor. Entre os motivos de satisfação, encontram-se: o saber-se respeitado e valorizado, o receber feedback do trabalho realizado, o sentir-se participante ativo do grupo. Nessa perspectiva, o chefe deve atentar-se para não cometer alguns pecados, tais como: • trazer para o ambiente de trabalho problemas pessoais e, por causa deles, tratar mal seus subordinados; • descontar nos subordinados medos, frustrações e conflitos pessoais; • humilhar e menosprezar os subordinados, mesmo em particular; • cometer assédio moral por meio de ameaças, de sarcasmo, de piadinhas; • exigir do subordinado a prática de atos ilícitos; • cometer assédio sexual. Um ambiente de trabalho saudável mostra-se estimulador da criatividade, da cooperação mútua e da produtividade. Quando colegas cultivam relações interpessoais positivas, o clima psicológico do ambiente apresenta-se propício à vivência de emoções que possibilitam a cada um, em particular, contribuir para o êxito da equipe, para a realização de suas tarefas com competência e sem rivalidades. Um chefe que valoriza cada um de seus subordinados contribui para que haja harmonia entre o grupo. Tratamento justo e respeitoso garante o fortalecimento da autoestima e da autoconfiança. Sentir-se bem, no ambiente de trabalho, contribui não só para o bem-estar psicológico como também para a saúde física. Mu i tas pessoas desenvo l vem doenças psicossomáticas em decorrência de medos e de pressões psicológicas que sofrem no seu dia a dia profissional. O estresse decorrente dessas situações pode, inclusive, culminar em morte. Relembre-se o que já se referenciou sobre a Síndrome de Burnout, cuja gravidade, na maioria das vezes, continua desconhecida por grande 13Unidade 1 parte de profissionais, como ressaltam Barbosa e Gomes (2010, p. 13): Relacionadas às constantes queixas dos educadores, a Síndrome de Burnout, que vem do termo em inglês que expressa desgaste, exaustão, é conhecida desde a década de 1970, nos países do Primeiro Mundo. Foi registrada primeiramente entre militares, médico e bombeiros. Depois verificou-se que ela estava presente em várias empresas e profissões, como a dos professores. [...] Por não ser amplamente conhecida, a Síndrome de Burnout acaba não sendo considerada, pelos colegas do estabelecimento escolar, como uma hipótese que está comprometendo a saúde de um docente. Daí ser dificilmente identificada. Portanto, todos, no ambiente de trabalho, devem contribuir para que as relações interpessoais sejam as mais profícuas e positivas e cabe ao chefe cuidar para que sua atuação não se configure como desestabilizadora da hamonia do grupo. Exercícios Responda as seguintes questões. 1. Como você vivencia as relações interpessoais no seu ambiente de trabalho? 2. Sintetize as quatro formas de cooperação presentes na interação social. 3. A competição e o conflito estão presentes no seu ambiente de trabalho? Justifique. 4. Defina o ajustamento e suas formas de ocorrência na interação social. 5. Qual a importância das relações interpessoais positivas no ambiente de trabalho? confira suas respostas (Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter enriquecido suas respostas de várias maneiras.) 1. Resposta pessoal. 2. Formas de cooperação: a) entendimento ou acordo: fazer certas concessões de cooperação, em que alguns elementos cedem em algum ponto; b) auxílio mútuo: prestar serviços espontâneos em momentos de necessidade; c) ação conjunta: reunir pessoas para realizar tarefas da mesma natureza, de maneira planejada e voluntária; d) divisão de trabalho: realizar tarefas diferentes para a concretização de um objetivo comum. 3. Resposta pessoal. 4. O ajustamento pressupõe a inexistência de conflitos no grupo; ocorre por acomodação ou assimilação.A acomodação subdivide-se em: coerção, tolerância ou compromisso e conciliação. A comuNicAÇÃo como ProcESSo mEdiAdor dAS rElAÇõES iNTErPESSoAiS O estabelecimento e a manifestação das relações interpessoais realizam-se por meio da comunicação, processo segundo o qual as pessoais trocam experiências, sentimentos, ideias e expectativas, influenciando-se mutuamente e modificando a realidade em que vivem, criando o ambiente social. A comunicação visa ao entendimento mútuo; consiste em fator essencial no relacionamento humano, cuja harmonia depende da clareza como ocorre o processo comunicativo. Mediadora das relações interpessoais, a comunicação não constitui um processo simples, como à primeira vista pode parecer; envolve vários elementos para que possa se concretizar. A palavra comunicação origina-se do latim communicatione e significa tornar comum; transmitir uma imagem mental; compartilhar ideias, sentimentos; dialogar; conversar; influenciar-se mutuamente. Em linhas gerais, durante a comunicação, as imagens que se encontram na mente do emissor (ideias) transferem-se para a mente do receptor ou receptores, tornam-se comuns a todos. Isso é comunicar. Para que se possa estabelecer a complexidade desse processo, utilizar-se-á como referência o filme de Spielberg, Inteligência Artificial (AI). Nas cenas finais, depois de extinta a humanidade, com o planeta Terra totalmente congelado, somente as máquinas (robôs) sobreviveram e se autoaperfeiçoaram durante 2.000 anos. Esses robôs iniciam buscas arqueológicas à procura de seres humanos e descobrem o menino robô, no 14Unidade 1 interior de um helicóptero, aos pés da estátua da Fada Azul em um parque de Manhattan. Não encontrando mais vestígios humanos, centram-se no robozinho que, tendo convivido com os humanos, guarda em sua mente imagens desses, que tanto interessam aos robôs que dominam o planeta. Caso tenha visto o filme, você se lembra da forma como os robôs se comunicaram com o robozinho? Como conseguiram captar as imagens de sua mente? Como souberam que ele desejava viver novamente com a ”mãe” e, assim, realizar-lhe o desejo, clonando-a a partir da mecha de cabelos guardada no urso de pelúcia e permitindo-lhes a convivência por um dia? Figura 4 – Cena do Filme A. I. (http://www.adorocinema.com/filmes/ai/) Você se lembrou? Pois é, ocorreu da seguinte forma: um deles, provavelmente o líder, espalmou a mão, tocando a cabeça do robozinho; os demais, num círculo, cada um com a mão no ombro do outro, a partir do líder, captaram, compartilharam as imagens contidas no cérebro do garoto robô. Assim, puderam conhecer a forma física dos humanos, compreender o amor do robozinho pela “mãe”, entender seu sofrimento pela rejeição dela e seu anseio de tornar-se humano para conviver novamente com a “mãe”. As imagens passaram diretamente, pelo contato, da mente do garotinho robô para a mente dos robôs, efetivando, dessa forma, a comunicação, tão clara e precisa que os desejos do robozinho se realizaram plenamente. (http://pt.wikipedia.org/wiki/A.I._-_Intelig%C3%A Ancia_Artificial) Essas cenas ilustram exatamente o que é o processo da comunicação, com diferenças enormes na forma como foi realizada no filme, fictícia, pelos robôs, e na forma real, entre os seres humanos. Nós, seres humanos, não temos, ainda, como acessar diretamente a mente uns dos outros, para captar as imagens aí contidas (embora os neurologistas, a todo momento, anunciem a descoberta de forma e de aparelhos para esse fim. cf. FANTáSTICO. TV Globo – 28.3.2010 e episódio de House – MD). Para que imagens mentais sejam transmitidas de uns para outros, ocorrendo a comunicação, os seres humanos realizam um processo, envolvendo vários componentes, em etapas sucessivas, conhecidas como diálogo, em que o emissor e receptor trocam constantemente de funções. Nessa perspectiva, os elementos que constituem o processo da comunicação assim se caracterizam. • Emissor – quem emite a mensagem. • Referente – dado da realidade que se transforma em imagem mental no cérebro do emissor. • Código – linguagem selecionada pelo emissor para transmitir a mensagem: língua portuguesa, inglesa, francesa etc. • Mensagem – forma que a imagem mental assume, após a codificação: frases, parágrafos, texto, versos, estrofes etc. • Canal – veículo utilizado pelo emissor para transmitir a mensagem: voz humana, telefone, carta, computador etc. • Receptor – quem recebe a mensagem, o destinatário da mensagem. Observe que, nos dois extremos do processo, encontram-se os seres humanos: de um lado, o emissor que, a partir de um dado qualquer da realidade (referente), criou uma imagem mental e desejou transmiti-la a outrem (receptor) que se encontra do outro lado. Como não possui as habilidades dos robôs do filme citado, para fazer a imagem mental, contida em seu cérebro, transferir-se para o cérebro do receptor, da forma mais fidedigna possível, o emissor precisa servir-se de alguns elementos e processá-los em etapas sucessivas. O cérebro humano realiza essas operações em frações de segundos, por isso não se percebe a relativa complexidade do processo. 15Unidade 1 Observe a seguinte situação. João teve seu valor reconhecido e recebeu uma promoção em seu trabalho; novo cargo, salário melhor. Ao chegar a casa, reuniu esposa e filhos para contar-lhes a novidade. No início, cantarolou a famosa passagem da Quinta Sinfonia de Beethoven, para criar suspense: “tchan... tchan... tchan... tchan...”; em seguida, realizou uma série de mímicas para que adivinhassem o motivo de sua alegria; não se contendo exclamou: – Fui promovido! Vou ganhar mais! Vamos trocar de carro! Analisando-a, distinguem-se os componentes do processo da comunicação aí contidos: a) João – emissor, quem deseja emitir, transmitir algo. b) Valor, promoção, melhor salário – referentes, os dados da realidade que se transformaram em imagens armazenadas em sua mente, acompanhadas dos sentimentos provocados – alegria e desejos de comprar carro novo. c) Sinfonia, mímica e palavras – códigos utilizados para codificar a mensagem a ser transmitida; códigos não verbais (música e mímica) e código verbal – as palavras da língua portuguesa. d) Som da música (”tchan... tchan... tchan... tchan...”), os gestos (apontando para si próprio, elevando o braço e apontando para cima, esfregando o polegar e o indicador e o gesto de segurar o volante e movimentar-se pela sala), as frases (“Fui Promovido! Vou ganhar mais! Vamos trocar de carro!”) – mensagem, caracterizada em diferentes códigos. e) Voz humana cantarolada, gesticulação, voz falada – canais de transmissão da mensagem. A visão e a audição da esposa e dos filhos – canais de recepção. f) Esposa e filhos – receptores, aqueles a quem a mensagem se destina. Nesse contexto, João (emissor) tornou comum, compartilhou suas imagens mentais ou ideias com a família (receptora), realizando, dessa forma, o processo da comunicação. No entanto, nem sempre a comunicação se realiza da forma como concebida pelo emissor; vários fatores interferem na comunicação, criando obstáculos que impedem a sua concretização, ou geram má interpretação. Entre esses fatores, encontram-se os ruídos e as barreiras ou bloqueios. Ruídos são obstáculos que ocorrem em nível de canal, provocados por processos materiais. Impedem que a mensagem chegue de forma clara ao receptor. Exemplos: • Um telefone com defeito, impedindo que o receptor ouça bem a mensagem. • Um canal de TV que sai do ar, interrompendo o noticiário, o filme, ou a novela. Barreiras ou bloqueios são obstáculos provocados por razões emocionais, psicológicas, consequência de conflitos existentes nas relações interpessoais: antipatia pelo emissor, gerando falta de atenção à mensagem. No dia a dia da vida profissional, encontram-se pessoas bastante diferentes: pessoas amáveis e gentis, mas também agressivas e impacientescom as quais se deve conviver. Como a comunicação é um processo mediador das relações interpessoais, é importante que as pessoas conheçam seu funcionamento e procurem realizá-la de forma clara, objetiva e isenta de sentimentos negativos. A delicadeza e a cortesia devem estar presentes no processo comunicativo, aparando arestas, evitando mal-entendidos entre as pessoas que convivem no ambiente de trabalho. Segundo Guillon e Mirshawka (2000, p. 6), As boas/más relações interpessoais numa escola trazem, como resultado, muitas condições que são benéficas/maléficas tanto para o bem-estar físico quanto mental de todos aqueles que frequentam e trabalham na escola. É, pois, de fundamental importância esforçar-se para minimizar os bloqueios da comunicação. Pessoas que se encontram em cargos de chefia devem saber se comunicar, evitando provocar barreiras ou bloqueios em seus subalternos, possibilitando que o diálogo flua sem constrangimentos e sem receios. 16Unidade 1 Utilizar tom de voz na altura e na intensidade certas, evitando deixar-se dominar pela ira ou pelo rancor em determinadas circunstâncias, corresponde ao comportamento adulto e maduro, típico do exercício da liderança, daqueles que exercem cargos hierarquicamente elevados. É importante que saibam ordenar, admoestar, repreender, servindo-se da comunicação como instrumento da promoção da harmonia entre os membros da equipe. Da mesma forma, os colegas, entre si, devem cuidar para estabelecer uma comunicação amistosa, respeitosa, evitando maledicências, mal-entendidos e insatisfações mútuas. Prezar sempre a união, a produtividade e a harmonia, consegue-se por meio e uma comunicação objetiva e clara, sem dubiedade, sem sacarmo, sem ironia. Pessoas que lidam com o púbico devem se conscientizar da importância da comunicação. A delicadeza, a educação e a cortesia devem estar presentes no atendimento às pessoas, e a forma de manifestá-las consiste no cuidado que se deve ter ao passar informações, pois, muitas vezes, as pessoas têm dificuldades em entendê-las, e é necessário paciência e capacidade comunicativa para que a compreensão ocorra. A comunicação, portanto, deve mediar as relações interpessoais, tornando-as mais agradáveis e profícuas no ambiente de trabalho, onde a cooperação mútua deve conduzir sempre ao êxito esperado. Exercícios Responda as seguintes questões. 1. Qual a importância da comunicação para as relações interpessoais? 2. Qual é o objetivo da comunicação? 3. O que significa comunicar? 4. Na situação a seguir, identifique os elementos da comunicação. Após o nascimento da filha, Pedro telefona para os pais e para os sogros, dizendo-lhes que sua filha, um lindo bebê, acabara de nascer. Como os sogros são franceses, Pedro transmitiu-lhes a notícia em francês. 5. Que fatores podem interferir na comunicação? Defina-os. 6. Qual a importância da comunicação para os profissionais que lidam com o público? confira suas respostas (Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter enriquecido suas resposta de várias maneiras.) 1. A importância da comunicação para as relações interpessoais reside no fato de que, por meio dela, as pessoas trocam experiência, sentimentos, ideias, expectativas, influenciando-se mutuamente, criando o ambiente social. 2. O objetivo da comunicação é o entendimento mútuo, permitindo que o grupo social conviva em paz e em harmonia. 3. Comunicar significa tornar comum, compartilhar ideias, sentimentos, emoções, transmitir imagens mentais, dialogar, conversar etc. 4. Elementos da comunicação: Emissor – Pedro Referente – nascimento da filha Códigos – línguas portuguesa e francesa Mensagem – “A filha, um lindo bebê, acaba de nascer.” Canais – voz de Pedro/telefone (emissão) Telefone/audição (recepção); Receptores – pais/sogros. 5. Os fatores que interferem na comunicação são ruídos e barreiras ou bloqueios. Ruídos: obstáculos em nível de canal; resultam de processos materiais (apagão no horário de transmissão de um telejornal). Barreira ou bloqueio: obstáculos emocionais, psicológicos motivados por conflitos: menosprezo ao emissor. 6. A importância da comunicação para as pessoas que lidam com o público corresponde ao fato de que a delicadeza, a educação e a cortesia, necessárias ao atendimento, manifestam-se na forma como a comunicação ocorre, com clareza e com a devida paciência para se fazer entender. ATENdimENTo dE QuAlidAdE à comuNidAdE EScolAr A escola constitui uma instituição cuja função social consiste em servir à comunidade, educando-lhe as crianças, os jovens e os adultos, transmitindo e construindo conhecimentos que lhes possibilitam o amadurecimento intelectual, a inserção no mercado de trabalho e a vivência da cidadania. Embora a escola tenha se democratizado e aberto suas portas a um contingente cada vez maior das classes menos favorecidas, por volta da década de 1980, não se preparou adequadamente, 17Unidade 1 não buscou inovar suas concepções sobre o processo pedagógico nem compreender sua responsabilidade pela aprendizagem de todos os seus alunos. Na realidade, a escola vem ignorando a Filosofia da Qualidade, surgida no setor industrial, disseminada na área de prestação de serviços, imprescindível no mundo competitivo. Entre as razões por que as escolas ainda não se tenham interessado de forma mais intensa pela Filosofia da Qualidade, destaca- -se o fato de não se terem defrontado com problemas graves de sobrevivência. Seus serviços são considerados essenciais pela população, que não abre mão deles, mesmo que não sejam plenamente satisfatórios. Todos preferem uma escola ruim a nenhuma escola. (MEZOMO, apud CETEB, 2004, p. 19) Entretanto, paulatinamente, e com alguma timidez, a Filosofia da Qualidade vai penetrando o espaço escolar, vai se fazendo conhecer por meio da Gestão da Qualidade Total (GQT), que visa à excelência da escola como um todo – pessoas, processos, instrumentos, com vistas ao alcance dos objetivos da escola. Alguns gestores escolares mais esclarecidos e dinâmicos percebem que, para vencer o desafio da Educação, no Brasil, precisam implantar e implementar a Filosofia da Qualidade, perpassando toda a escola, envolvendo todos os seus membros: alunos – para que se empenhem e se interessem mais por seus estudos; professores – para que se dediquem e se comprometam mais com o sucesso da aprendizagem de seus alunos; funcionários administrativos – para que se comprometam e realizem suas funções com cortesia e competência; corpo técnico-pedagógico – para que se dedique e apoie corpos docente e discente com competência e produtividade; gestor escolar – para que se comprometa e democratize sua gestão, possibilitando a participação de representantes de todos os segmentos da escola nas decisões da instituição. Nessa perspectiva, importa ressaltar que o conceito de qualidade, correspondente a um constructo cultural, isto é, desenvolve-se e resulta da cultura de um povo, necessita permear todas as ações humanas, em especial, aquelas que envolvem os seres humanos em contato direto, face a face. Não que aquelas realizadas com o objetivo de alcançar outros seres, mas que não preveem o contato direto, por exemplo, a construção de um edifício ou montagem de carro, possam prescindir da qualidade, mas as que atendem diretamente o público devem primar pela qualidade de sua ação. Para que isso ocorra, torna-se relevante conhecer o conceito de qualidade: “... é a capacidade de quem produz ou presta algum serviço de satisfazer as necessidades, os interesses e os desejos do cliente.” (CETEB, 2004, p. 12). No dizeres de Enguita (2007, pp. 98/99), a qualidade em Educação vem passando por evolução. Na linguagem dos especialistas, das administrações educacionais e dos organismos internacionais, o conceito de qualidade tem invocado sucessivas realidades distintas e cambiantes. Inicialmente foi identificado tão somente com a dotaçãoem recursos humanos e materiais dos sistemas escolares ou suas partes componentes: proporção do produto interno bruto ou do gasto público dedicado à educação, custo por aluno, número de alunos por professor, duração da formação ou nível salarial dos professores etc. Esse enfoque correspondia à forma pela qual, ao menos na época florescente do Estado do Bem-Estar, se tendia a medir a qualidade dos serviços públicos, supondo que mais custos e mais recursos materiais ou humanos, por usuário era igual a maior qualidade. Mais tarde, o foco da atenção do conceito deslocou-se dos recursos para a eficácia do processo: conseguir o máximo resultado com o mínimo custo. Essa já não é a lógica dos serviços públicos, mas da produção empresarial privada. Hoje em dia se identifica antes com os resultados obtidos pelos escolares, qualquer que seja a forma de medi-los: taxas de retenção, taxas de promoção, egressos dos cursos superiores, comparações internacionais do rendimento escolar etc. Esta é a lógica de competição no mercado. Cada nova versão da qualidade não substitui inteiramente e de uma vez por todas as anteriores: a nova versão afasta as antigas para o lado, mas tem de conviver com elas. É isso precisamente que permite que setores e grupos com interesses distintos possam coincidir em torno de uma mesma palavra de ordem. 18Unidade 1 Atualmente, algumas instituições públicas vêm insistindo no conceito de “atendimento de qualidade ao público” e solicitam, após cada atendimento, uma avaliação por parte do usuário, por meio de questionário simples ou por meio de botões (verde-vermelho) que este aperta para expressar satisfação ou insatisfação em relação ao serviço prestado. Para que as escolas implantem a Filosofia da Qualidade, alguns pressupostos básicos devem ser reconhecidos por aqueles que, diretamente, são os responsáveis por ela. Veja esses pressupostos, tais como expressos no Curso de Gestão da Qualidade dos Processos e dos Serviços Educacionais – CETEB – Escola Aberta, 2004, pp. 22/23. • Os resultados de qualidade são gerados em um Sistema de Qualidade. Dessa forma, não adianta a escola insistir em mudar o comportamento das pessoas de forma isolada. É preciso promover a melhoria do sistema como um todo. • O gestor deve focalizar a macroadministração, isto é, os aspectos vitais que criam diferencial para escola. Observam-se com frequência distorções, tais como: o gestor ocupa grande parte do seu tempo no embelezamento da escola, relegando aspectos essenciais da Gestão Pedagógica. O cuidado com a escola é importante e pode ser delegado, em grande parte, a outras pessoas, e o gestor deve concentrar-se em processos essenciais, como recuperação da aprendizagem, merenda, avaliação, desenvolvimento de pessoas etc. • Os clientes internos (equipe da escola) e externos (alunos e comunidade) devem ser ouvidos, atendidos, encantados. Suas necessidades precisam ser detectadas, satisfeitas e até mesmo excedidas. • O ambiente deve ser est imulador da aprendizagem contínua para todos os atores do processo. • As tomadas de decisões devem ser realizadas a partir de dados consistentes. Assim, torna-se necessário utilizar ferramentas de levantamento, controle e análise de dados. • Os processos devem ser otimizados, numa visão de melhoria contínua. As variações dos resultados precisam ser detectadas e eliminadas com brevidade. • A comunicação na Escola dever ser transparente. É importante que as informações sejam difundidas de forma que todos tenham consciência do que ocorre na escola. • A proatividade deve ser exercitada por todos. É preciso conscientizar-se de que prevenir gera economia de tempo, esforços e, em várias situações, de dinheiro. • A missão e os valores institucionais devem ser conhecidos por todos e fortalecidos. • As experiências de sucesso devem ser conhecidas e superadas pela instituição. Como a Secretaria Escolar constitui o setor que atende clientes internos e clientes externos e, na maioria das vezes, representa a escola no primeiro contato com a comunidade, tornando-se, por conseguinte, a vitrine da mesma, suas ações devem consubstanciar-se na Filosofia da Qualidade. Assim, ao assistir a direção da escola e ao atender o corpo docente em suas necessidades (diários de classe em tempo hábil, lançamento de notas em boletins escolares etc.), a Secretaria Escolar deve atentar-se para que a qualidade do processo ressalte, à primeira vista, e que a cortesia e a presteza imperem em todas as ações efetuadas. No atendimento aos clientes externos, os funcionários da Secretaria, liderados pelo Secretário Escolar, devem se lembrar de que se encontram na posição de refletir a qualidade da escola e, por isso, suas ações devem, incontestavelmente, primar pela Filosofia da Qualidade. A qualidade do atendimento concretiza-se de várias formas, a começar pelo ambiente, pelo espaço físico que deve ser limpo, organizado e bem distribuído, com cada coisa em seu lugar, cada arquivo identificado a fim de que não se perca tempo procurando documentos perdidos. Esses e outros aspectos citados encontram-se contidos nas especificações dos 5S, na teoria da Gestão da Qualidade Total – GQT. Correspondem a cinco palavras iniciadas com s, pertencentes à língua japonesa e traduzidas para o português pela expressão “senso de...”, a seguir explicitada. 19Unidade 1 1. Seiri – Senso de Utilização: significa distinguir o necessário do desnecessário e descartá-lo, mantendo apenas o necessário no local de trabalho. 2. Seiton – Senso de Ordenação: significa determinar, de forma visível e lógica, um lugar para cada objeto ou dado, de modo que se encontre facilmente quando se precisar utilizá-lo. 3. Seisou – Senso de Limpeza: significar deixar bem limpo o ambiente de trabalho, inclusive corrigindo falhas humanas. 4. Seiketsu – Senso de Saúde: significa manter as condições de trabalho favoráveis à saúde física e mental. 5. Shitsuke – Senso de Autodisciplina: significa manter a equipe habituada a cumprir procedimentos operacionais, éticos e morais. Autodisciplina diz respeito à internacionalização dos padrões da instituição. Costa, Pena e Boschi (1996, p. 24) sintetizam dessa forma os princípios norteadores da Qualidade Total, aplicando-os ao cotidiano da escola. Depreende-se dessa síntese que o atendimento com qualidade ao público apresenta-se como uma constante para todos os envolvidos nessa tarefa. As pessoas devem se apresentar adequadamente trajadas e evitar exageros nas vestimentas e na maquiagem. A boa educação e a cortesia devem evidenciar-se no trato com o público; a comunicação deve ser clara e objetiva e a paciência, para repassar informações, quantas vezes necessárias, não pode faltar. Convém ressaltar que, muitas vezes, atendem-se comunidades carentes, pessoas com pouca instrução ou analfabetas, que demonstram dificuldades de compreensão e precisam ser orientadas de maneiras diferentes até que consigam captar as informações. Atenção especial deve ser atribuída aos aspectos a seguir abordados que, de maneira alguma, devem ser negligenciados. • Não permanecer em conversas telefônicas particulares, quando há clientes aguardando atendimento. • Não se alimentar enquanto atende clientes. • Não responder de forma irônica ou sarcástica quando solicitado a dar informações. • Não encaminhar o cliente a outros setores quando sua necessidade é responsabilidade do seu setor. • Não alegar falta de tempo (horário de almoço, fim de expediente) quando ainda há clientes aguardando atendimento. • Não desviar a atenção ou o olhar quando estiver atendendo o cliente. • Não deixar o cliente aguardando, durante o atendimento, enquanto se dedica a outra tarefa. As pessoas, por mais humildes que sejam, reconhecem intuitivamente o que é qualidade no atendimento, por isso a Secretaria Escolar deve manter-se atenta para demonstrar à sua comunidade aqualidade da escola que a atende. Exercícios Responda as seguintes questões. 1. Como você concebe a função social da escola? 2. Considerando o contexto educacional contemporâneo, explique por que as escolas ainda não implantaram totalmente a Filosofia de Qualidade. 3. Como evoluiu o conceito de qualidade na Educação? 4. Comente dois pressupostos básicos da Filosofia da Qualidade na Educação. 5. Por que se afirma que a Secretaria Escolar é a vitrine da escola? 6. Acrescente outros aspectos que depõem contra a Filosofia de Qualidade na Educação aos citados no texto. confira suas respostas (Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter enriquecido suas respostas de várias maneiras.) 1. Resposta pessoal. 2. As escolas públicas, em particular, ainda não precisaram enfrentar a competitividade para a sua sobrevivência; a comunidade aceita seus serviços da forma como são oferecidos, sem questionar, o que leva a um comodismo por parte do sistema educacional. 3. O conceito de qualidade em Educação, inicialmente, vinculou-se ao aspecto de dotação orçamentária, pressupondo aumento de recursos humanos, materiais, 20Unidade 1 proporções do produto interno bruto e gastos com educação, custos e benefícios por aluno, formação e salário de professores. Evoluiu para considerar a eficácia do processo: conseguir o máximo resultado com o mínimo custo, como na produção empresarial. Atualmente, relaciona-se com os resultados obtidos pelos escolares, a partir de critérios diferenciados para medi-los: taxas de retenção, de promoção, egressos de cursos superiores, comparações internacionais do rendimento escolar (PISA), concepção coerente com a lógica da competição no mercado. 4. Resposta pessoal. 5. A Secretaria Escolar, ao atender clientes internos e externos e, principalmente, a comunidade circundante em relação a ofertas de vagas, realização de matrículas e expedição de documentos, coloca-se em posição de destaque e reflete a filosofia da escola. 6. Resposta pessoal. Você deve ter se lembrado de vários outros, como, por exemplo, não cumprir o prazo estipulado para entrega de documentos requeridos; não localizar documentos relevantes, quando solicitados, entre outros. Objetivos: • Compreender a importância da sociedade no estabelecimento da moral e dos bons costumes • Conhecer aspectos da Ética Sexual, da Bioética, da Ética na Informática, da Ética na Política e da Ética Ambiental. • Reconhecer a importância do Código de Ética Profissional. ÉTicA E SociEdAdE Como se sabe, o homem é um ser social; integra e interage em diferentes grupos para a consecução de objetivos comuns. A sociedade, que congrega os vários grupos, estabelece regras e hábitos de conduta moral, visando garantir a convivência pacífica entre seus membros, as condições de crescimento econômico e de progresso técnico-científico. Esse conjunto de normas estabelece o certo e o errado, possuindo por parâmetro o conceito de bem, que deve nortear as ações de seus integrantes, e constitui a moralidade de determinada sociedade. Ao crescer e educar-se no seio de uma sociedade, o homem imbui-se desses valores morais, constrói uma consciência moral que lhe permite julgar, em termos de bem e de mal, as suas próprias ações, diferenciando, dessa forma, a moral individual e a moral social. É possível que, algumas vezes, a moral individual entre em desacordo com a moral social. Por exemplo, a moral social proíbe o trabalho escravo, no entanto muitos empregadores rurais possuem trabalhadores escravos, sem que isso lhes perturbe a consciência moral, uma vez que a moral individual lhes permite esse comportamento. Entende-se, pois, a moral “como o conjunto de práticas cristalizadas por costumes e convenções histórico-sociais; possui forte caráter social e apoia-se na cultura, na história e na natureza humana”. (NALINI, 2008) A necessidade de aprofundar estudos sobre a moral e os bons costumes, de interpretá-los sob uma ótica do bem e do mal, conduz ao conceito de ética, a teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e os princípios que regem um determinado sistema moral. Conforme afirma Valls (1996, p. 7): Tradicionalmente, a ética é entendida como um estudo ou uma reflexão científica ou filosófica e, eventualmente, até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida, quando conforme aos costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento. O estudo da ética iniciou-se com os filósofos gregos há 25 séculos: os pré-socráticos já apresentavam reflexões de caráter ético quando buscavam entender as razões do comportamento humano. A ética não é estática; evolui ao longo do tempo para tentar explicar os dilemas morais do ser humano em seu tempo histórico. Como define Valls (1996, p. 10), em relação a esse aspecto, “a ética tem pelo menos também uma formação descritiva: precisa procurar conhecer, apoiando-se em estudos de antropologia cultural e semelhantes, os costumes de diferentes épocas e diferentes lugares”. Ética Profissional Unidade 2 Técnico em Secretaria Escolar 22Unidade 2 As informações, a seguir, compiladas do livro Ética geral e profissional de José Renato Nalini (2008), sintetizam uma visão histórica da ética. Sugere-se consultá-lo para maiores detalhamentos. Trata-se de informações breves, uma vez que não constitui objetivo deste Caderno discorrer exaustivamente sobre o tema. Didaticamente, divide-se o estudo da Ética em Ética grega, Ética cristã medieval, Ética moderna e Ética contemporânea. Figura 5 – Grécia Antiga – Acrópole de Atenas com o Partenon no topo. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga) Ética grega A história da ética, sob o ponto de vista formal, remonta aos filósofos gregos, com abordagens de base filosófica para os problemas morais, já encontradas entre as reflexões dos pré-socráticos ao procurar as razões para a diversidade das ações dos homens. – Sócrates (470–399 a.C.) considerou a Ética como a disciplina em torno da qual deveriam girar todas as reflexões filosóficas. Para ele, só age mal, quem desconhece o bem; ao reconhecer racionalmente o bem, o homem passa a praticá-lo e, em consequência, é feliz. A virtude corresponde ao conhecimento das causas e dos fins das ações fundadas em valores morais identificados pela inteligência. – Platão (427–347 a.C) examinou a ideia do bem à luz da teoria das ideias, subordinando a Ética à metafísica; defendia o dualismo entre o mundo sensível e o mundo das ideias permanentes, eternas, perfeitas e imutáveis, a verdadeira realidade cujo cume é a ideia do bem. A alma – que anima e move o homem – dividia-se em razão, vontade e apetite; pela razão a alma se elevaria ao mundo das ideias, em que predomina a ideia do bem. – Aristóteles (384–322 a.C) formulou a maior parte dos problemas que mais tarde iriam preocupar os filósofos morais: a relação entre as normas e os bens, entre a ética individual e a social, entre a vida teórica e a prática; classificação das virtudes (justiça, caridade e generosidade). A ética aristotélica busca valorizar a harmonia entre a moralidade e a natureza humana. O hedonismo define o prazer como objetivo de uma vida feliz, e exige a virtude da prudência para selecionar os prazeres, preferencialmente os espirituais, para a paz da alma. Principais representantes: Aristipo de Cirene e Epicuro. Os estoicos (Zenão – grego –, Sêneca e Marco Aurélio – romanos) consideravam o bem supremo viver de acordo com a natureza, integrado ao universo – um todo ordenado e harmonioso – e enfrentar seus desejos com moderação, aceitando seu destino. Figura 6 – Época Medieval – Monge escriba medieval. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia) Ética cristã medieval Funde-se ao Cristianismo, edificando a ética teônoma,que fundamenta em Deus os princípios da moral. Aproveitamento de muitas ideias da ética grega (Platão e estoicos): doutrina das virtudes e sua classificação. Procura regular o comportamento dos homens com vistas a um outro mundo (o reino de Deus); o valor supremo 23Unidade 2 transcende o ser humano; encontra-se na divindade. – Santo Agostinho (354–430), africano, retoma o conceito de Platão de purificação da alma para se elevar ao mundo das ideias; nesse caso, elevação ascética até Deus. Atribui a experiência do mal ao livre-arbítrio, que concede aos homens a atividade de exercê-lo, ou melhor, de não praticar o bem. Deus, em sua perfeição, não poderia ter criado o mal que resultaria da prevalência da vontade das paixões humanas. – São Tomás de Aquino (1395–1455), italiano, coincide com Aristóteles; a busca através da contemplação e do conhecimento para alcançar o fim último, Deus. Expoente da Escolástica, defendeu a existência na Igreja, de uma Teologia e de uma Filosofia, sustentadas entre fé e razão. As transformações ocorridas, ao final do Feudalismo, na estrutura social, na política, na economia, nas ciências propiciam a ruptura entre fé e razão, ciência e pressupostos teológicos (religião), Estado e Igreja, homem e Deus. A ruptura, na ética, entre a Idade Média e a Modernidade, ocorre com Nicolau Maquiavel (1469–1527), italiano, que, ao romper com a moral cristã (valores espirituais) e defender uma moral própria em relação ao Estado, em que “os fins justificam os meios” (violência contra os que se opõem aos interesses estatais), encerra um período histórico e inicia novo período, a ética moderna. Figura 7 – França no século XVIII – Proclamação da Constituição francesa de 1791. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa) Ética moderna Surgem novos valores sob a influência de Maquiavel. O homem passa a ser o centro das atenções. Desponta a Ética Antropocêntrica, esboçada pelos iluministas. – Descartes (1596-1650), francês, demonstra que a razão se forma em todos os campos, das ciências às artes; da política à moral. A filosofia baseia-se no homem, que passa a ser o centro de todos os interesses. Outros pensadores, influenciados pela nova ordem de valores, manifestam-se – Thomas Hobbes (1588–1679), inglês, consegue sistematizar a ética do desejo da própria conservação que existe em cada ser, como fundamento da moral e do direito: “O principal dos bens é a conservação de si mesmo. A natureza, com efeito, proveu para que todos desejem o próprio bem, mas a fim de que possam ser capazes disso, é necessário que desejem a vida, a saúde e a maior segurança dessas coisas para o futuro”. – Baruch de Espinosa (1632–1677), holandês, afirmava o egoísmo dos seres humanos, uma vez que “os homens tendem naturalmente a pensar apenas em si mesmos, conduzidos por suas paixões”. A autoconservação e a consecução de tudo o que é útil são interpretadas por Espinosa como ação necessitante da Substância Divina: “...a razão não pede nada que seja contra a natureza, por conseguinte, que cada um se ame a si mesmo, procure o que lhe é útil (...) deseje tudo o que conduz, de fato, o homem a uma maior perfeição...”. – John Locke (1632–1704), inglês, une a tendência à conservação e à satisfação a uma concepção de “felicidade pública: “...Deus estabeleceu um liame indissolúvel entre a virtude e a felicidade pública, e tornou a prática da virtude necessária à conservação da sociedade humana...”. – David Hume (1711–1776), escocês, define que o fundamento da moral é a utilidade, ou seja, é boa ação aquela que proporciona “felicidade” e satisfação à sociedade. As paixões humanas ultrapassam o interesse pessoal; estão baseadas na simpatia (capacidade de sentir em si mesmo os sofrimentos e as alegrias de outrem) – existência de uma razão emocional para o comportamento altruísta. 24Unidade 2 – Jean Jacques Rousseau (1712–1778), francês, defende a noção de que o homem é bom por natureza e seu espírito pode sofrer um aprimoramento quase ilimitado. – Immannuel Kant (1724–1804), alemão, expressão maior da ética moderna; demonstra preocupação em estabelecer a regra de conduta na substância racional do homem; faz do conceito de dever o ponto central da moralidade – ética centrada no dever, denominada hoje em dia, deontologia. – Friedrich Hegel (1770–1831), alemão, o mais importante filósofo do idealismo alemão pós-kantiano; defende que a vida ética ou moral dos indivíduos é determinada pelas relações sociais que mediatizam as relações pessoais intersubjetivas, tornando a ética uma filosofia do direito. Divide-se em ética subjetiva (ou pessoal) e em ética objetiva (ou social). O Estado, segundo Hegel, reúne esses dois aspectos numa totalidade ética. O ideal básico correspondia a uma vida livre, em um Estado livre, que preservasse, os direitos dos homens e lhes cobrasse seus deveres. Figura 8 – Manhattan no século XXI. (http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/papeis-de- parede/edicao-114-setembro-2009-494035.shtml?foto=4p) Ética contemporânea Procura discutir o comportamento moral do homem hodierno inserido no contexto histórico atual. – Karl Max (1818–1883), alemão, considera a moral como uma espécie de “superestrutura ideo lóg ica” , cumpr indo função soc ia l , sacramentando as relações e as condições de existência de acordo com os interesses da classe dominante. Numa sociedade dividida por classes antagônicas, haverá diferentes morais de acordo com essas classes, podendo, inclusive, coexistir várias morais numa mesma sociedade. Há necessidade do estabelecimento de uma nova moral, que não seja reflexo de relações sociais alienadas, mas que seja capaz de acompanhar as transformações da velha sociedade e de garantir a harmonia da emergente sociedade socialista. – John Stuart Mill (1806–1873), inglês, representante da ética utilitarista, segundo a qual o objetivo da moral é o de proporcionar o máximo de felicidade ao maior número de pessoas; defende que a felicidade reside na busca do máximo de prazer e do mínimo de dor. A virtude é um meio de atingir essa felicidade. – Wiliam James (1842–1910) e John Dewey (1859–1952), americanos, psicólogo e educador, respectivamente, são os expoentes do pragmatismo, corrente ligada ao pensamento anglo-saxão, tendo se desenvolvido, particularmente nos Estados Unidos, no final do século XIX. Considerado o reflexo do progresso científico e tecnológico, o pragmatismo define o bem como tudo aquilo que ajuda o homem em suas atividades práticas, variando em cada situação, e conduzindo-o a um êxito. – Nietzsche (1844–1900), alemão, crítico veemente e mordaz de toda moral existente (socrática, judaico-cristã, burguesa etc.), define a vida como vontade de poder, princípio último de todos os valores. O bem corresponde a tudo que exalta no homem o sentimento do poder e o mal, tudo o que vem da fraqueza. – Henri Bergson (1859–1921), francês, distingue uma moral fechada e uma moral aberta. A fechada resume o que é permitido e o que é proibido aos indivíduos de uma sociedade, tendo em vista sua autopreservação. A aberta, fruto de uma emoção criadora, é a moral do amor, da liberdade e da humanidade universal, tornando possível a criação de novos valores. – Bertrand Russel (1872–1970), inglês, seguindo os princípios do liberalismo da ética contemporânea, considera-a subjetiva, sem afirmações verdadeiras ou falsas. Expressa os desejos de um grupo e reafirma que o homem deve reprimir certos desejos e reforçar outros, para atingir a felicidade ou o equilíbrio. – John Rawls (1921–2002), norte-americano, em sua obra “Teoria da Justiça” (1971), defende uma justiça distributiva, partindo de um “estado inicial” por meio do qual se pode assegurar que 25Unidade 2 os acordos básicos, num contrato social, sejam justos e equitativos. Afirma que a justiça deve basear-se em dois princípios: a) cumpre assegurar, paracada pessoa numa sociedade, direitos iguais numa liberdade compatível com a liberdade dos outros; b) deve haver uma distribuição de bens econômicos e sociais de modo que toda desigualdade resulte vantajosa para cada um, podendo, além disso, ter cada um acesso, sem obstáculos a qualquer posição ou cargo. Em sua teoria, defende que os bens sociais primários – liberdade e oportunidade, rendimentos e riquezas, bem como as bases para o autorrespeito e para a autoestima – devem ser igualmente distribuídos, a não ser que a desigualdade beneficie os menos favorecidos. – Jürgem Habermas (1929), alemão, promove uma revisão e atualização do marxismo, para analisar as características do capitalismo avançado da sociedade industrial contemporânea. Critica a racionalidade dessa sociedade, caracterizando a razão instrumental: meios para alcançar um fim determinado, prático, técnico, acarretando a perda do próprio bem. Assevera a necessidade da recuperação da dimensão humana, de uma racionalidade não instrumental, baseada no “agir comunicativo” entre sujeitos livres de caráter emancipador em relação à dominação técnica. Assim, numa visão rápida, procurou-se sintetizar a história cronológica da ética, dos gregos aos filósofos atuais. Exercícios Responda as seguintes questões. 1. Qual a importância da sociedade no estabelecimento das normas morais? 2. Como se define a moral? 3. O que se entende por ética? 4. Escolha dois filósofos representantes de cada corrente histórica e sintetize suas ideias: – Ética grega; – Ética cristã medieval; – Ética moderna; – Ética contemporânea. confira suas respostas (Sugerem-se, apenas, as ideias centrais, você pode ter enriquecido suas respostas de várias maneiras.) 1. A sociedade, visando garantir a convivência pacífica entre seus membros, as condições de crescimento e de progresso técnico-científico, estabelece regras e hábitos de conduta moral. Sua importância reside no fato de que, ao congregar vários grupos, incute-lhes a consciência moral, diferenciando a moral individual e a moral social. 2. A moral é o conjunto de regras e hábitos, baseados no conceito do certo e do errado, do bem e do mal; são valores que devem nortear as ações dos membros de uma determinada sociedade e incutir-lhes uma consciência moral que lhes permita julgar as próprias ações; consiste, pois, no conjunto de práticas cristalizadas pelos costumes e pelas convenções histórico-sociais. 3. A Ética consiste em estudos sobre a moral, constituindo-se em teoria sobre a prática da moral, reflexão teórica que analisa e critica os fundamentos e os princípios que regem um determinado sistema moral. A Ética não é estática, evolui ao longo do tempo para tentar explicar os dilemas morais do ser humano em seu tempo histórico. 4. Resposta pessoal. O importante é ter relacionado, de maneira sucinta, cada filósofo às suas ideias. ÉTicA No muNdo coNTEmPorâNEo Constatou-se que a ética, ao longo da história da humanidade, evoluiu com o objetivo de oferecer respostas aos conflitos morais que se apresentavam aos homens durante os períodos de sua existência no planeta, ou seja, durante o seu tempo histórico. A sucessão das gerações, as mudanças ocorridas em função do progresso, em várias áreas, ao longo do tempo, exigiram comportamentos diferenciados, hábitos e costumes distintos, enfim, uma moralidade que evolui conforme os padrões históricos de cada época. Um exemplo bem próximo pode ser observado, a partir da revolução sexual dos anos 1960, com o advento da pílula anticoncepcional e da liberação feminina. O padrão de comportamento sexual da sociedade mudou: a moral sexual tornou-se diametralmente oposta à vigente no século XIX e na primeira metade do século XX, exigindo uma ética sexual diversificada, capaz de oferecer sustentação a essa nova moral. 26Unidade 2 Para manter a exemplificação na esfera do comportamento sexual da sociedade, basta lembrar que, com a identificação da AIDS, por volta de 1975, como uma doença sexualmente transmissível – DST, com caráter de pandemia, com pico na década de 1990, o comportamento sexual da sociedade vem sofrendo novas mudanças. A ética sexual vem ampliando seu campo de ação e promovendo estudos para considerar crime, desde que haja dolo (intenção), a contaminação dos parceiros, ou seja, quem se sabe portador do HIV, pratica sexo sem segurança e contamina o parceiro, levando-o à morte, pode ser enquadrado como criminoso, em diversos países. (http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=1055. Acesso em: 20/7/2010.) Nessa perspectiva, encontram-se, na sociedade contemporânea, comportamentos diferenciados, morais diversificadas, decorrentes de inovações científico-tecnológicas, e a ética apressa-se e esforça-se para oferecer seu suporte teórico, para justificá-los e sacramentá-los perante a sociedade. bioética Estudo transdisciplinar entre Biologia, Medicina, Filosofia (ética) e Direito (biodireito), investiga as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana, animal, e da responsabilidade ambiental. Temas que ainda não possuem consenso moral, como fertil ização in vitro, aborto, clonagem, eutanásia, transgênicos, pesquisa com células-tronco e com cobaias (animais), bem como a responsabilidade moral de cientistas em suas pesquisas e aplicações são de interesse de bioética. O termo bioética, neologismo surgido na década de 1970, formado a partir das palavras gregas bios (vida) = etos (relativos à ética), traduz a ideia de que a ciência não é mais importante que o homem e que o progresso técnico deve ser controlado para acompanhar a consciência da humanidade sobre os efeitos que essas pesquisas podem ter no mundo e na sociedade, caso haja aplicação inadequada de seus resultados, principalmente, a partir de quando se decifrou o código genético humano. (Wikipédia. Acesso em: 20/7/2010.) Pode-se concluir que o Novo Código de Ética Médica, em vigor desde 13/4/2010, levou em consideração em sua elaboração, os preceitos da bioética. Ética na informática Um dos ramos da tecnologia que mais se desenvolveu, a partir da segunda metade do século XX, foi o da Informática. Novas tecnologias, novos comportamentos, nova moral relativa aos processos comunicativos geram a necessidade de uma ética que possa questionar o conceito de bem e de mal nesses novos comportamentos. Alguns comportamentos, como, por exemplo, invasão de privacidade, isto é, acesso indevido a dados pessoais, armazenados em cadastros bancários, empresariais, etc., roubo de senhas de cartões bancários, objetivando transferência ilegal de recursos financeiros; exposição não autorizada de intimidades sexuais, visando a denegrir a reputação de alguém; infecção de aparelhos por vírus, objetivando danificar sistemas; ação de indivíduos, como os hackers, com interesses diversos, incluindo sistemas de segurança nacionais ou internacionais, objetivando ações terroristas, mostram-se difíceis de se coibir por meio de normatização, justamente pela falta de paradigmas no contexto histórico, ou seja, a inexistência de modelos anteriores posterga o julgamento de uma moral cibernética, isto é, adequada ao tema. Como o avanço tecnológico é muito dinâmico e rápido, um código de ética profissional, na área, não consegue acompanhar esse processo, dificultando a normatização do comportamento ético. Há que ressaltar, ainda, que o acesso à informática não é restrito a profissionais, como nos demais casos: médicos, advogados etc. O Brasil ocupa o segundo lugar na América Latina em termos de proporção da população com acesso à Internet, aproximadamente 42 milhões (7/2010). Crianças, jovens, adultos e idosos acessam-na diariamente. Como regulamentar em termos de ética, a ação particular de cada um desses agentes? Ética na Política Um dos campos de atuação humana que mais polêmica tem provocado com relação à 27Unidade 2 moral e aos bons costumes
Compartilhar