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Relação interpessoais

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Escola CETEB de Jovens e Adultos
Brasília-DF, 2011.
Relações Interpessoais 
e Ética Profissional
CURSO: TÉCNICO EM 
SECRETARIA ESCOLAR
Eixo Tecnológico: 
Apoio Educacional
Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial deste 
documento, por qualquer forma ou meio – eletrônico ou mecânico, inclusive por processos 
xerográficos de fotocópia e de gravação – sem a permissão expressa e por escrito do CETEB.
DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DO CETEB
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Elaboração:
Magda Maria de Freitas Querino
Revisão Linguística:
Equipe Técnica do CETEB
Sumário 
Apresentação __________________________________________________________________________ 4
unidade 1
relações interpessoais
Indivíduo e Sociedade _______________________________________________________________ 5
Relações Humanas _________________________________________________________________ 8
Relações Interpessoais no Ambiente de Trabalho ________________________________________ 10
Comunicação como Processo Mediador das Relações Interpessoais ________________________ 13
Atendimento à Comunidade Escolar ___________________________________________________ 16
unidade 2
Ética Profissional
Ética e Sociedade __________________________________________________________________ 21
Ética no Mundo Contemporâneo ______________________________________________________ 25
Ética Pessoal, Social e Profissional ____________________________________________________ 29
referências ____________________________________________________________________________ 34
4
APrESENTAÇÃo
A oferta de uma Educação Profissional Técnica de Nível Médio com qualidade contribui efetivamente 
para a melhoria social do nosso País. Acreditamos que, se a aprendizagem é uma jornada, este Caderno 
servirá de mapa condutor em sua caminhada de estudo.
Aqui se encontra um material didático inovador que orientará seu trabalho no desenvolvimento das 
atividades propostas. Participe, efetivamente, deste Curso, que prioriza as habilidades e as competências 
necessárias para torná-lo um profissional de sucesso.
Organize-se em seus estudos:
1 – reserve um tempo livre do seu dia para dedicar-se ao Curso;
2 – leia todo o material de ensino;
3 – realize todas as atividades propostas.
Direção da Escola CETEB
Relações Interpessoais
Unidade 1
Técnico em Secretaria Escolar
Objetivos:
•	 Compreender as relações humanas como 
construção conjunta e como objeto da educação.
•	 Reconhecer a relevância das relações 
interpessoais no ambiente de trabalho.
•	 Entender a importância da comunicação nas 
relações profissionais.
•	 Empregar, no atendimento à comunidade 
escolar, os princípios da Filosofia da Qualidade. 
iNdivíduo E SociEdAdE
Cada ser humano é único, indivisível, em 
suas características físicas, psicológicas e 
comportamentais, o que o classifica como um 
indivíduo (indiviso, unidade distinta de uma 
espécie qualquer, orgânica ou inorgânica, cf. 
Dicionário Aurélio). Mesmo os gêmeos idênticos 
(univitelinos), que possuem o mesmo genoma e 
são clones um do outro, diferenciam-se entre si, 
por alguma característica física e, principalmente, 
pelas psicológicas.
Embora compartilhe características biológicas de 
sua família (hereditariedade), da sua raça e da 
própria espécie humana como um todo (código 
genético), o indivíduo distingue-se de todos os 
demais que habitam o planeta Terra. Constituem-se 
em bilhões de indivíduos, interagindo entre si, 
buscando suprir suas necessidades.
Para sobreviver, o ser humano precisa suprir uma 
série de necessidades, que servem de impulsos às 
suas ações e que, na maioria das vezes, só podem 
ser satisfeitas no seu relacionamento com outros 
indivíduos. Essas necessidades se classificam em 
básicas ou fisiológicas, sociais e psicológicas. 
(MASLOW apud BARBOSA et al., p. 27).
As necessidades fisiológicas relacionam-se ao 
bem-estar físico do indivíduo, garantem sua 
segurança e sobrevivência: a respiração, a 
saciedade da fome e da sede, o descanso, o 
abrigo, a proteção do próprio corpo, as atividades 
físicas, o sexo.
As necessidades sociais vinculam-se ao bem-estar 
social, ao sentimento de inclusão e de aceitação 
pelo grupo; ao anseio de participação, de 
associação, de reconhecimento, de prestígio e 
de realização social. 
As necessidades psicológicas referem-se à 
autorrealização, ao amor e ao afeto; estão ligadas 
à autoestima, ao autorrespeito, além do anseio 
de reconhecimento e valorização pelos outros. 
Veja, a seguir, o quadro das necessidades básicas 
do homem, segundo Maslow.
6Unidade 1
Figura 1 – Escala das necessidades básicas do homem, MASLOW.
Desde o início de sua existência no planeta, mesmo 
se constituindo um indivíduo, o ser humano, 
levado pelas condições do seu momento histórico, 
percebeu que individualmente não conseguiria 
sobreviver, suprir suas necessidades, e buscou 
a companhia de outros seres humanos para, em 
conjunto, providenciar a alimentação, a segurança, 
a habitação, a procriação, garantindo o seu 
bem-estar físico, como também seu bem-estar 
social e psicológico, ao conviver e dividir com outros 
o trabalho para a manutenção da coletividade, 
estabelecendo raízes da vida em sociedade.
Em pequenos grupos, o homem primitivo conseguiu 
impor-se ao ambiente hostil, caçar e armazenar 
alimentos, proteger-se das intempéries, buscando 
abrigos e formas de comunicação de seus estados 
mentais – desejos, planos, sentimentos – dando 
origem, dessa forma, ao conhecimento humano. 
Embora abrigado, alimentado e protegido, esse 
homem percebeu que não era tão fácil viver em 
grupo. Cada indivíduo, defendendo interesses 
próprios, criando conflitos e atritos entre os 
membros, conduzindo-os ao caos, trazendo o 
perigo a todos os elementos, constituía uma 
ameaça à harmonia do grupo.
Paulatinamente, inicia-se o estabelecimento de 
regras e normas, visando à organização do grupo, 
ao seu disciplinamento. Com o passar do tempo 
e da evolução do grupo, surgem as civilizações, 
as instituições, a produção de cultura, ou seja, 
as bases da sociedade, como hoje se conhece. 
Segundo Loureiro Filho (2009), a sociedade é 
um sistema de uma ordem maior, determinada 
pela diferenciação entre sistema e ambiente. 
Isto é, o Direito Positivo, a Educação, a Política, 
a Religião, a Economia são todos, na verdade, 
subsistemas sociais, que podem interagir entre 
si, em um ambiente que os contém, que consiste 
no Sistema Social, ou seja, na própria Sociedade. 
E, com o passar do tempo, outros sistemas vão 
ganhando autonomia, e a sociedade aumenta, 
por conseguinte, em complexidade.
Figura 2 – O escriba – arte egípicia – Museu do Louvre – Paris.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Museu_do_Louvre>
7Unidade 1
As sociedades que primeiro dominaram a escrita, 
produziram uma cultura mais abundante e variada, 
alcançaram elevados graus de desenvolvimento, 
em detrimento de outras, que pouco evoluíram 
ao longo dos milênios.
Provoca admiração, espanto, o fato de que, hoje, 
no século XXI, em plena sociedade tecnológica, 
cibernética, espacial, tenham-se informações 
da coexistência de sociedades vivendo, ainda, 
nos padrões de idades pré-históricas, a exemplo 
de tribos amazônicas ou mato-grossenses 
completamente isoladas, sem qualquer contato 
com a civilização hodierna.
Veja, a seguir, uma nota sobre esse assunto.
A mais recente descoberta é uma tribo 
indígena que vive na divisa do Mato Grosso 
com o sul do Amazonas e ainda nem figura 
nas estatísticas oficiais. Os primeiros 
vestígios da existência dos índios foram 
encontrados no Brasil, no final do ano 
passado. A localização exata da área 
ainda é mantida em sigilo. Sabe-se que 
são andarilhos e se deslocaram das suas 
áreas de origem fugindo dos predadores 
brancos. “Eles estão em rota de fuga dos 
madeireiros e latifundiários”, explica o 
presidente. Vivem de forma bastante 
primitiva, em cabanas improvisadas no 
meio da mata. “Já localizamos cestarias, 
pilões, arcos, flechase outros utensílios 
que nos levam a crer que eles pertencem 
a alguma etnia do tronco tupi”, revela o 
superintendente da Funai-MT.
(Fonte: A Gazeta – Cuiabá-MT, 8-4-2001)
Independentemente do grau em que se encontram 
as diferentes sociedades, percebe-se a sua 
importância para o homem que dela depende, 
pois a convivência entre os semelhantes possibilita 
o aprendizado de normas de conduta, de valores 
e de comportamentos sociais, bem como dos 
conhecimentos técnico-científicos acumulados 
pela humanidade.
O estudo científico da formação, da organização, 
da manutenção e da transformação da sociedade 
humana constitui a Sociologia, um conjunto 
de conceitos, de métodos e de técnicas de 
investigação, produzidos para explicar a vida social, 
considerando que a evolução da humanidade 
acarretou grande complexidade aos grupos 
sociais.
Tornou-se necessário compreender a dinâmica 
que envolve o conceito de grupo social, suas 
características e seus objetivos, bem como a sua 
variedade no mundo moderno.
Grupo social corresponde à reunião de duas ou 
mais pessoas que se encontram em interação 
social, possuindo objetivos comuns, para cujo 
alcance realizam ações conjugadas.
Os grupos sociais podem ser classificados em 
primários e secundários, de acordo com o grau 
de envolvimento emocional de seus membros.
Os grupos primários constituem-se de indivíduos 
que mantêm contato direto e íntimo e que 
demonstram preocupação mútua. Suas principais 
características são:
•	 maior intimidade nas relações entre os 
membros (contatos face a face);
•	 cooperação mútua (todos se preocupam com 
todos);
•	 sentimentos de amor, afeição, lealdade 
(dedicação entre os integrantes).
Figura 3 – Família – grupo primário
<http://www.sxc.hu/photo/1155909>
8Unidade 1
A família, a vizinhança, os amigos, os colegas de 
seção, os desportistas de uma equipe constituem 
grupos primários.
Os grupos secundários definem-se pelo 
relacionamento distante, sem envolvimento 
recíproco e afetivo entre seus membros, que 
se mantêm unidos por objetivos comuns. Suas 
principais características são:
•	 contatos indiretos menos frequentes;
•	 pouco ou nenhum envolvimento afetivo;
•	 relações empresariais;
•	 união em torno de objetivos comuns.
Nação, escola, empresa, clube, partido político, 
constituem exemplos desse tipo de grupo.
Em geral, os grupos secundários constituem-se 
de uma multiplicidade de grupos. Por exemplo, o 
Brasil, como nação, representa o grupo secundário 
e a infinidade de famílias que ele contém, o grupo 
primário.
Convém ressaltar que esses grupos sociais 
são constituídos por milhares e milhares de 
indivíduos, seres humanos únicos, com suas 
particularidades, seus sentimentos e seus 
desejos; que a convivência, quer em grupos 
primários, quer em secundários, necessita de 
harmonia e de solidariedade para que se atinjam 
os objetivos comuns.
Os membros das famílias, por exemplo, ao trabalhar, 
pretendem viver com relativa tranquilidade 
financeira que lhes possibilite educar bem os filhos 
e usufruir os bens materiais e culturais, gerados 
pelo esforço coletivo de todos que constituem o 
grupo social denominado Brasil.
(CETEB, 2004)
Exercícios
Responda as questões a seguir. 
1. O que caracteriza o indivíduo?
2. Que necessidades o ser humano precisa suprir para 
sobreviver?
3. Quais as origens da vida em sociedade?
4. Como se deu o desenvolvimento das sociedades?
5. Como se definem os grupos sociais e quais são as suas 
características?
confira suas respostas
(Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter 
enriquecido suas respostas de várias maneiras.)
1. O indivíduo caracteriza-se pelo fato de ser único, 
indivisível, com suas características físicas, psicológicas 
e comportamentais. Segundo o Dicionário Aurélio, 
indivíduo é uma unidade distinta de uma espécie 
qualquer, orgânica ou inorgânica”.
2. O ser humano precisa suprir uma série de necessidades: 
básicas ou fisiológicas, relacionadas ao bem-estar 
físico, saciedade da fome e da sede, ao descanso, ao 
abrigo, à proteção, à atividade física e sexual; sociais, 
relacionadas ao bem-estar social, à inclusão pelo 
grupo, ao prestígio e à realização social; psicológicas, 
relacionadas à autorrealização, ao amor, ao afeto, à 
autoestima.
3. As origens da vida em sociedade estão relacionadas à 
percepção de que, individualmente, o ser humano não 
conseguiria suprir suas necessidades, nem garantir seu 
bem-estar físico, social e psicológico, por isso buscou a 
companhia de outros seres humanos, formando grupos, 
convivendo e dividindo o trabalho para a manutenção 
da coletividade.
4. O desenvolvimento da sociedade, sua evolução e sua 
condição privilegiada entre as realizações humanas 
não se deram de forma homogênea. As sociedades 
que primeiro dominaram a escrita e produziram cultura 
alcançaram níveis superiores em relação a outras que 
pouco evoluíram. Ainda hoje, na 1ª década do século 
XXI, encontram-se sociedades, vivendo conforme 
padrões da idade da pedra, como por exemplo, tribos 
indígenas na Amazônia.
5. Grupos sociais definem-se como a reunião de duas 
ou mais pessoas que se encontram em interação 
social, possuindo objetivos comuns, para cujo alcance 
realizam ações conjugadas. Podem ser classificados 
como primários ou secundários, conforme o grau de 
envolvimento emocional de seus membros.
rElAÇõES HumANAS
Como se percebe, a vida em sociedade acarreta uma 
série de compromissos e responsabilidades para 
cada um de seus membros. A harmonia dos grupos 
sociais depende do grau de comprometimento dos 
indivíduos em relação a normas, leis e instituições 
geradas no interior da sociedade.
Um dos aspectos básicos e essenciais para que 
a sociedade se mantenha coesa e harmônica 
compreende uma atitude de responsabilidade 
mútua, denominada relações humanas, que se 
caracterizam pelo respeito às pessoas, manifesto 
no início e ao longo dos relacionamentos entre elas.
9Unidade 1
Embora cada ser humano possua características 
e personalidade próprias, além de sua maneira de 
sentir e entender as coisas, deve ser respeitado 
e respeitar os demais para que haja harmonia 
entre todos. A compreensão entre as pessoas 
torna-se fundamental para um relacionamento 
mais proveitoso.
O dinamismo e a reciprocidade das relações 
humanas permitem afirmar que não há uma 
relação pronta e acabada; ela ocorre em 
constante processo; define-se como uma 
construção conjunta em que todos os envolvidos 
precisam se conscientizar da importância da 
sua responsabilidade no seu cultivo, na troca de 
experiências e no saber compreender as emoções 
dos outros.
(CETEB, 2004)
Reconhecer o valor da vida humana constitui 
embasamento para que as relações entre 
os seres se tornem cada vez mais propícias 
e positivas. Quando isso não ocorre, há o 
deterioramento das relações humanas; as 
sociedades tornam-se violentas; grupos étnicos 
distintos entram em conflito com o extermínio 
de um deles, quase sempre; latrocínios e 
assassinatos mostram-se frequentes nos grandes 
centros urbanos; atos terroristas e guerras 
entre nações ocorrem com certa regularidade. 
A intolerância passa a imperar. Xenofobia, 
homofobia, misoginia correspondem a atitudes 
corriqueiras, nesse contexto. Segundo o professor 
Luiz Mott, do departamento de Antropologia da 
Universidade Federal da Bahia, a homofobia é 
uma “epidemia nacional”. Ele assevera que o 
Brasil esconde uma desconcertante realidade: 
“é o campeão mundial em assassinatos de 
homossexuais, sendo que, a cada três dias, um 
homossexual é barbaramente assassinado, vítima 
de homofobia”.
(MOTT, 2001)
Por isso, cultivar as relações humanas, essa 
atitude de respeito às pessoas, constitui o cerne 
da vida em sociedade. A aceitação do indivíduo, 
a colaboração mútua, a troca de experiências 
conduzem a uma real valorização de suas relações 
com outros seres humanos.
Melhorar o convívio das pessoas, nos diversos 
grupos sociais de que participam, garantindo o 
convívio harmonioso, consiste no objetivoprincipal 
das relações humanas. 
Como esteio da vida em sociedade, as relações 
humanas não podem ser desconsideradas, 
desprezadas ou relegadas a segundo plano. 
A todo instante, devem constituir motivo de 
intensa vivência no ambiente familiar, no local 
de moradia, no trabalho, nos esportes, no lazer, 
ou seja, onde quer que se estabeleçam ou se 
mantenham contratos entre pessoas. Convém 
lembrar que, desde o simples “bom-dia”, com 
que se cumprimentam as pessoas, em casa, no 
prédio em que se vive, na academia de ginástica, 
no trabalho, ao mais complexo e profundo debate 
em simpósios científicos, vivenciam-se relações 
humanas positivas.
Um aspecto importante a considerar consiste no 
fato de que as relações humanas devem constituir 
objeto da educação de berço, propiciada pela 
família, por meio das orientações que pai e mãe 
devem repassar aos filhos principalmente no que 
se refere ao respeito, não só aos mais velhos como 
também aos amigos, aos colegas de escola e aos 
professores, até a educação formal, ministrada 
nas instituições de ensino, quer por meios dos 
temas transversais, em que a ética e os valores 
humanos devem ser discutidos e vivenciados, quer 
por meio de cursos específicos, cujos conteúdos 
contemplem o tema.
Deve-se considerar, ainda, que, quando se 
vivenciam as relações humanas em grupos 
primários, pessoas interagindo face a face, com 
relativa frequência, atribui-se-lhes a denominação 
de relações entre pessoas ou interpessoais.
Nessa perspectiva, as relações interpessoais 
encontram-se presentes na família, unindo 
seus membros, quando positivas, ou gerando 
conflitos, quando negativas; no ambiente de 
trabalho, favorecendo o convívio harmonioso, se 
positivas, respeitando a hierarquia, ou insuflando 
a rivalidade, se negativas.
As relações interpessoais negativas no ambiente 
de trabalho não só impedem a produtividade e a 
colaboração entre os membros do grupo, como 
também geram o estresse e provocam doenças, 
devido a reações psicossomáticas, ou seja, 
quando problemas emocionais desencadeiam 
reações fisiológicas, atingindo células e órgãos, 
conduzindo a estados patológicos.
Um exemplo típico de doença profissional, 
já reconhecida pela organização Mundial da 
10Unidade 1
Saúde (OMS), gerada principalmente no seio de 
profissões que lidam com as pessoas, a Síndrome 
de Burnout, vem demonstrando os efeitos 
maléficos das relações interpessoais conflituosas, 
além de outros aspectos relacionados a frustrações 
advindas da insatisfação profissional.
Na escola, a Síndrome de Burnout vem acometendo 
professores, equipes técnicas e pedagógicas, 
provocando o absenteísmo e, o pior, causando 
desmotivação para o trabalho e a falta do 
comprometimento com a Educação.
Conforme expõem Barbosa e Gomes (2010, p. 14): 
As leis brasileiras de auxílio ao trabalhador, 
entretanto, já contemplam a Síndrome 
de Burnout. No Anexo II, refere-se aos 
Agentes Patogênicos Causadores de 
Doenças Profissionais – do Decreto no 
3.048/1999, de 6 de maio de 1999 – que 
dispõe sobre a Regulamentação da 
Previdência Social – conforme previsto no 
art. 20 da Lei no 8.213/1991, ao se referir aos 
transtornos mentais e de comportamento 
relacionado com o trabalho (Grupo V da 
CID-10). O Inciso XII aponta a “Sensação 
de estar acabado” – Síndrome de Burn-Out, 
Síndrome de Esgotamento Profissional 
(Z73.0).
(Ministério da Saúde, 1999)
Portanto, vivenciar relações interpessoais positivas 
garante não só a tranquilidade emocional como 
também o bem-estar físico, uma vez que um 
ambiente harmonioso dificulta que o estresse 
acometa os membros do grupo.
Exercícios
Responda as questões seguintes
1. O que se entende por relações humanas?
2. Pode-se afirmar que, em algum momento, as relações 
humanas estejam prontas e acabadas? Explique.
3. Quais as decorrências da deterioração das relações 
humanas?
4. Cite algumas das suas vivências cotidianas de relações 
humanas positivas. 
5. Que relação existe entre Educação e Relações 
Humanas? Explique.
confira suas respostas
(Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter 
enriquecido suas respostas de várias maneiras.)
1. Relações humanas – atitude de respeito às pessoas, do 
início e ao longo dos relacionamentos.
2. As relações humanas – construção conjunta de todos 
os envolvidos – nunca estão prontas e acabadas; 
encontram-se em constante processo.
3. Como decorrência do deterioramento das relações 
humanas, têm-se sociedades violentas, conflitos étnicos, 
latrocínios e assassinatos, atos terroristas, guerras, 
intolerância, como, por exemplo: xenofobia, homofobia, 
ginecofobia. 
4. Reposta pessoal.
5. As Relações Humanas devem ser objeto de interesse 
da Educação, desde a vivenciada na família, com 
orientações e exemplos pelos pais, até a educação 
formal ministrada nas escolas, quer pelo temas 
transversais, quer como conteúdo específico.
rElAÇõES iNTErPESSoAiS No 
AmbiENTE dE TrAbAlHo
Considerando o que se discutiu até o momento, 
pode-se afirmar que as relações humanas 
concretizam, na prática, o mandamento cristão 
“Ama o teu próximo como a ti mesmo”, uma vez 
que orientam a dedicar ao outro o mesmo respeito 
com que cada um de nós gostaria de ser tratado.
Se as relações interpessoais são extremamente 
importantes para a convivência familiar, o grupo 
primário, em que todos estão em contato 
íntimo, afetivo e constante, também o são 
para a convivência profissional, entre colegas 
que trabalham na mesma seção ou em seções 
diferentes da mesma instituição.
Se se considerar que as pessoas passam a maior 
parte do seu dia útil no ambiente de trabalho, 
em contato próximo, face a face, em convivência 
que propicia o envolvimento emocional, afetivo 
(simpatia/antipatia, gostar/desgostar), pode-se 
compreender a relevância do cultivo de relações 
interpessoais positivas para que haja harmonia e 
produtividade nesse convívio.
Ao passar horas juntas, em contato próximo, as 
pessoas devem cuidar para que esse convívio seja 
prazeroso, para que as atividades desenvolvidas 
11Unidade 1
sejam profícuas e para que os objetivos sejam 
alcançados, em ambiente agradável e estimulante. 
Convém ressaltar que, nesse período, as pessoas 
se encontram em interação social. Interagir 
socialmente significa a troca de ideias, de 
sentimentos, de ações entre os vários componentes 
do grupo, ou seja, troca de influência recíproca. 
A interação social pressupõe algumas formas 
diferenciadas para se efetivar: a cooperação, a 
oposição e o ajustamento.
A cooperação consiste no fato de pessoas ou 
grupos trabalharem juntos para alcançar um fim 
comum. Corresponde à forma ideal de interação 
social, pois é a maneira de se garantir a união, a 
sobrevivência e o progresso dos grupos sociais.
A cooperação subdivide-se em outras formas, 
segundo o grau de colaboração entre os elementos: 
entendimento ou acordo, auxílio mútuo, ação 
conjunta e divisão de trabalho.
Apresentar-se-á, a seguir, cada uma delas com 
suas características.
 (CETEB, 2004)
a) Entendimento ou acordo: ocorre quando, 
em situações de desunião social, fazem-se 
certas concessões de cooperação, com 
alguém cedendo em algum ponto. Exemplo: 
em dia de confraternização natalina, todos os 
funcionários desejam participar da festa, mas 
a seção não pode fechar, o público precisa ser 
atendido. Por solicitação do chefe, dois deles 
concordam em permanecer para atender o 
público.
b) Auxílio mútuo: caracteriza-se por indivíduos 
ou grupos que prestam serviços a outros, 
espontaneamente, por livre vontade. Exemplo: 
após o terremoto no Haiti e no Chile, várias 
nações enviaram socorro traduzido em equipes 
especializadas em catástrofes, apoio militar, 
doação de alimentos, água, roupas etc., de 
acordo com as necessidades de cada país.
c) Ação conjunta: caracteriza-se por pessoas 
que se agrupam para realizar tarefas da 
mesma natureza, normalmente, de maneira 
planejada e voluntária. Exemplos: mutirões 
para limpeza de praias, de terrenos baldios; 
para doar alimentose roupas a creches e 
asilos de idosos.
d) Divisão do trabalho: ocorre quando cada 
indivíduo ou grupo realiza tarefa diferente 
para a concretização de um objetivo comum, 
o que leva a uma relação de dependência 
entre todos os integrantes do grupo. O trabalho 
estará concluído quando cada um tiver 
realizado a sua parte. Exemplo: um canteiro 
de obras, onde cada grupo de operários 
realiza sua tarefa específica, até a entrega dos 
apartamentos aos proprietários.
A segunda forma de interação social consiste 
na oposição, quando, ao invés da harmonia, no 
grupo, há fatores de desunião. A competição e 
o conflito são dois tipos de oposição.
A competição consiste na disputa com outras 
pessoas para a obtenção de bens escassos ou 
raros; pode comprometer a harmonia do grupo, 
gerando a rivalidade. Exemplo: torcidas de um 
time de futebol. Entretanto, a competição pode 
ser positiva quando estimula o desempenho do 
grupo. Exemplo: Jogos Olímpicos.
O conflito é a disputa de um indivíduo ou de um 
grupo para a obtenção da posição social de outros. 
Visa à eliminação ou ao aniquilamento do rival 
(duelo, revoluções, guerras). Exemplo: conflitos 
entre países do Oriente Médio. Veja, a seguir, uma 
nota sobre o assunto.
O conflito israelo-palestino (português 
brasileiro) ou conflito israelo-palestiniano 
(português europeu) é a designação 
dada à luta armada entre israelenses e 
palestinos, sendo parte de um contexto 
maior, o conflito árabe-israelense. As 
raízes remotas do conflito remontam 
aos fins do século XIX quando colonos 
judeus começaram a migrar para a região. 
Sendo os judeus um dos povos do mundo 
que não tinham um Estado próprio, 
tendo sempre sofrido por isso várias 
perseguições, foram movidos pelo projeto 
do sionismo, cujo objetivo era refundar na 
Palestina um estado judeu. Entretanto, a 
Palestina já era habitada há séculos por 
uma maioria árabe.
(Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Conflito_
israelo-palestino. Acesso em 15/5/2010.)
A terceira forma de interação social corresponde 
ao ajustamento que visa à eliminação ou à 
diminuição dos conflitos.
12Unidade 1
Quando um grupo se encontra bem-ajustado, 
pressupõe-se a inexistência de conflitos; os 
desentendimentos já terão sido resolvidos.
O ajustamento ocorre por acomodação ou 
assimilação.
Considera-se a acomodação como uma forma 
aparente e superficial de ajustamento entre os que 
estiveram em conflito; pode ocorrer das seguintes 
maneiras:
a) coerção – o vencedor, no conflito, impõe-se 
ao vencido que acata seus costumes ou suas 
decisões;
b) tolerância – a luta entre as partes cessa, 
porém não há entendimento, essas apenas se 
toleram mutuamente;
c) acordo ou compromisso – as partes em 
conflito fazem concessões mútuas, quer por 
arbitramento (um árbitro ou juiz estabelece 
os termos do acordo), quer por mediação 
(um terceiro propõe os termos que podem ser 
discutidos pelos interessados);
d) conciliação – as partes em conflito, ao 
perceberem interesses e propósitos comuns, 
celebram a paz, apesar de ainda existir alguma 
hostilidade.
Entende-se a assimilação como um processo 
longo e complexo que modifica os modos de 
sentir e de pensar dos contendores, levando-os 
a adotarem valores semelhantes; possui grande 
valor social, pois garante solução duradoura para 
os conflitos.
Pode-se considerar como exemplo de assimilação 
a romanização da Península Ibérica que, após um 
período de resistência, aceitou e passou a viver de 
acordo com os hábitos e costumes dos romanos 
(Sec. I – Pax Augusta), culminando em Portugal e 
Espanha, na atualidade.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Invas%C3%A3o_romana_da_
pen%C3%ADnsula_Ib%C3%A9rica)
De posse dessas informações e com a 
responsabilidade de liderar a equipe da Secretaria 
Escolar, como deve proceder o Secretário Escolar 
para manter um ambiente harmonioso, produtivo 
e com relações interpessoais positivas?
O primeiro passo consiste em lembrar-se de que, 
pelo exemplo, ensina-se com maior eficácia. O que 
equivale a dizer que cabe ao chefe criar e manter 
um clima em que a interação social se caracterize 
pelos aspectos positivos. 
Funcionários satisfeitos empenham-se mais, 
produzem mais e melhor. Entre os motivos de 
satisfação, encontram-se: o saber-se respeitado 
e valorizado, o receber feedback do trabalho 
realizado, o sentir-se participante ativo do grupo. 
Nessa perspectiva, o chefe deve atentar-se para 
não cometer alguns pecados, tais como:
•	 trazer para o ambiente de trabalho problemas 
pessoais e, por causa deles, tratar mal seus 
subordinados;
•	 descontar nos subordinados medos, frustrações 
e conflitos pessoais;
•	 humilhar e menosprezar os subordinados, 
mesmo em particular;
•	 cometer assédio moral por meio de ameaças, 
de sarcasmo, de piadinhas;
•	 exigir do subordinado a prática de atos ilícitos;
•	 cometer assédio sexual.
Um ambiente de trabalho saudável mostra-se 
estimulador da criatividade, da cooperação 
mútua e da produtividade. Quando colegas 
cultivam relações interpessoais positivas, o clima 
psicológico do ambiente apresenta-se propício 
à vivência de emoções que possibilitam a cada 
um, em particular, contribuir para o êxito da 
equipe, para a realização de suas tarefas com 
competência e sem rivalidades.
Um chefe que valoriza cada um de seus 
subordinados contribui para que haja harmonia 
entre o grupo. Tratamento justo e respeitoso garante 
o fortalecimento da autoestima e da autoconfiança. 
Sentir-se bem, no ambiente de trabalho, contribui 
não só para o bem-estar psicológico como também 
para a saúde física.
Mu i tas pessoas desenvo l vem doenças 
psicossomáticas em decorrência de medos e de 
pressões psicológicas que sofrem no seu dia a dia 
profissional. O estresse decorrente dessas situações 
pode, inclusive, culminar em morte.
Relembre-se o que já se referenciou sobre a 
Síndrome de Burnout, cuja gravidade, na maioria 
das vezes, continua desconhecida por grande 
13Unidade 1
parte de profissionais, como ressaltam Barbosa 
e Gomes (2010, p. 13):
Relacionadas às constantes queixas dos 
educadores, a Síndrome de Burnout, que 
vem do termo em inglês que expressa 
desgaste, exaustão, é conhecida desde a 
década de 1970, nos países do Primeiro 
Mundo. Foi registrada primeiramente entre 
militares, médico e bombeiros. Depois 
verificou-se que ela estava presente em 
várias empresas e profissões, como a dos 
professores.
[...]
Por não ser amplamente conhecida, 
a Síndrome de Burnout acaba não 
sendo considerada, pelos colegas do 
estabelecimento escolar, como uma 
hipótese que está comprometendo a 
saúde de um docente. Daí ser dificilmente 
identificada.
Portanto, todos, no ambiente de trabalho, devem 
contribuir para que as relações interpessoais sejam 
as mais profícuas e positivas e cabe ao chefe cuidar 
para que sua atuação não se configure como 
desestabilizadora da hamonia do grupo.
Exercícios
Responda as seguintes questões.
1. Como você vivencia as relações interpessoais no seu 
ambiente de trabalho?
2. Sintetize as quatro formas de cooperação presentes na 
interação social.
3. A competição e o conflito estão presentes no seu 
ambiente de trabalho? Justifique. 
4. Defina o ajustamento e suas formas de ocorrência na 
interação social.
5. Qual a importância das relações interpessoais positivas 
no ambiente de trabalho?
confira suas respostas
(Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter 
enriquecido suas respostas de várias maneiras.)
1. Resposta pessoal.
2. Formas de cooperação:
a) entendimento ou acordo: fazer certas concessões 
de cooperação, em que alguns elementos cedem em 
algum ponto;
b) auxílio mútuo: prestar serviços espontâneos em 
momentos de necessidade;
c) ação conjunta: reunir pessoas para realizar tarefas da 
mesma natureza, de maneira planejada e voluntária;
d) divisão de trabalho: realizar tarefas diferentes para 
a concretização de um objetivo comum. 
3. Resposta pessoal.
4. O ajustamento pressupõe a inexistência de conflitos 
no grupo; ocorre por acomodação ou assimilação.A 
acomodação subdivide-se em: coerção, tolerância ou 
compromisso e conciliação.
A comuNicAÇÃo como 
ProcESSo mEdiAdor dAS 
rElAÇõES iNTErPESSoAiS
O estabelecimento e a manifestação das relações 
interpessoais realizam-se por meio da comunicação, 
processo segundo o qual as pessoais trocam 
experiências, sentimentos, ideias e expectativas, 
influenciando-se mutuamente e modificando a 
realidade em que vivem, criando o ambiente social. 
A comunicação visa ao entendimento mútuo; consiste 
em fator essencial no relacionamento humano, cuja 
harmonia depende da clareza como ocorre o processo 
comunicativo.
Mediadora das relações interpessoais, a comunicação 
não constitui um processo simples, como à primeira 
vista pode parecer; envolve vários elementos para que 
possa se concretizar. 
A palavra comunicação origina-se do latim 
communicatione e significa tornar comum; transmitir 
uma imagem mental; compartilhar ideias, sentimentos; 
dialogar; conversar; influenciar-se mutuamente. 
Em linhas gerais, durante a comunicação, as 
imagens que se encontram na mente do emissor 
(ideias) transferem-se para a mente do receptor 
ou receptores, tornam-se comuns a todos. Isso é 
comunicar.
Para que se possa estabelecer a complexidade 
desse processo, utilizar-se-á como referência o 
filme de Spielberg, Inteligência Artificial (AI). Nas 
cenas finais, depois de extinta a humanidade, 
com o planeta Terra totalmente congelado, 
somente as máquinas (robôs) sobreviveram e se 
autoaperfeiçoaram durante 2.000 anos. Esses 
robôs iniciam buscas arqueológicas à procura de 
seres humanos e descobrem o menino robô, no 
14Unidade 1
interior de um helicóptero, aos pés da estátua da 
Fada Azul em um parque de Manhattan.
Não encontrando mais vestígios humanos, 
centram-se no robozinho que, tendo convivido 
com os humanos, guarda em sua mente imagens 
desses, que tanto interessam aos robôs que 
dominam o planeta.
Caso tenha visto o filme, você se lembra da forma 
como os robôs se comunicaram com o robozinho? 
Como conseguiram captar as imagens de sua 
mente? Como souberam que ele desejava viver 
novamente com a ”mãe” e, assim, realizar-lhe o 
desejo, clonando-a a partir da mecha de cabelos 
guardada no urso de pelúcia e permitindo-lhes a 
convivência por um dia?
Figura 4 – Cena do Filme A. I.
(http://www.adorocinema.com/filmes/ai/)
Você se lembrou? Pois é, ocorreu da seguinte 
forma: um deles, provavelmente o líder, espalmou 
a mão, tocando a cabeça do robozinho; os demais, 
num círculo, cada um com a mão no ombro do 
outro, a partir do líder, captaram, compartilharam 
as imagens contidas no cérebro do garoto robô. 
Assim, puderam conhecer a forma física dos 
humanos, compreender o amor do robozinho pela 
“mãe”, entender seu sofrimento pela rejeição dela 
e seu anseio de tornar-se humano para conviver 
novamente com a “mãe”.
As imagens passaram diretamente, pelo contato, 
da mente do garotinho robô para a mente dos 
robôs, efetivando, dessa forma, a comunicação, 
tão clara e precisa que os desejos do robozinho 
se realizaram plenamente.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/A.I._-_Intelig%C3%A Ancia_Artificial)
Essas cenas ilustram exatamente o que é o 
processo da comunicação, com diferenças 
enormes na forma como foi realizada no filme, 
fictícia, pelos robôs, e na forma real, entre os 
seres humanos. 
Nós, seres humanos, não temos, ainda, como 
acessar diretamente a mente uns dos outros, 
para captar as imagens aí contidas (embora os 
neurologistas, a todo momento, anunciem a 
descoberta de forma e de aparelhos para esse 
fim. cf. FANTáSTICO. TV Globo – 28.3.2010 e episódio de 
House – MD).
Para que imagens mentais sejam transmitidas de 
uns para outros, ocorrendo a comunicação, os 
seres humanos realizam um processo, envolvendo 
vários componentes, em etapas sucessivas, 
conhecidas como diálogo, em que o emissor e 
receptor trocam constantemente de funções. 
Nessa perspectiva, os elementos que constituem o 
processo da comunicação assim se caracterizam.
•	 Emissor – quem emite a mensagem.
•	 Referente – dado da realidade que se transforma 
em imagem mental no cérebro do emissor.
•	 Código – linguagem selecionada pelo emissor 
para transmitir a mensagem: língua portuguesa, 
inglesa, francesa etc.
•	 Mensagem – forma que a imagem mental 
assume, após a codificação: frases, parágrafos, 
texto, versos, estrofes etc.
•	 Canal – veículo utilizado pelo emissor para 
transmitir a mensagem: voz humana, telefone, 
carta, computador etc.
•	 Receptor – quem recebe a mensagem, o 
destinatário da mensagem.
Observe que, nos dois extremos do processo, 
encontram-se os seres humanos: de um lado, 
o emissor que, a partir de um dado qualquer da 
realidade (referente), criou uma imagem mental 
e desejou transmiti-la a outrem (receptor) que 
se encontra do outro lado. Como não possui 
as habilidades dos robôs do filme citado, para 
fazer a imagem mental, contida em seu cérebro, 
transferir-se para o cérebro do receptor, da 
forma mais fidedigna possível, o emissor precisa 
servir-se de alguns elementos e processá-los em 
etapas sucessivas.
O cérebro humano realiza essas operações em 
frações de segundos, por isso não se percebe a 
relativa complexidade do processo.
15Unidade 1
Observe a seguinte situação.
João teve seu valor reconhecido e recebeu 
uma promoção em seu trabalho; novo 
cargo, salário melhor. Ao chegar a casa, 
reuniu esposa e filhos para contar-lhes 
a novidade. No início, cantarolou a 
famosa passagem da Quinta Sinfonia de 
Beethoven, para criar suspense: “tchan... 
tchan... tchan... tchan...”; em seguida, 
realizou uma série de mímicas para que 
adivinhassem o motivo de sua alegria; não 
se contendo exclamou:
– Fui promovido! Vou ganhar mais! Vamos 
trocar de carro!
Analisando-a, distinguem-se os componentes do 
processo da comunicação aí contidos:
a) João – emissor, quem deseja emitir, transmitir 
algo.
b) Valor, promoção, melhor salário – referentes, 
os dados da realidade que se transformaram 
em imagens armazenadas em sua mente, 
acompanhadas dos sentimentos provocados – 
alegria e desejos de comprar carro novo.
c) Sinfonia, mímica e palavras – códigos 
utilizados para codificar a mensagem a ser 
transmitida; códigos não verbais (música 
e mímica) e código verbal – as palavras da 
língua portuguesa.
d) Som da música (”tchan... tchan... tchan... 
tchan...”), os gestos (apontando para si próprio, 
elevando o braço e apontando para cima, 
esfregando o polegar e o indicador e o gesto 
de segurar o volante e movimentar-se pela 
sala), as frases (“Fui Promovido! Vou ganhar 
mais! Vamos trocar de carro!”) – mensagem, 
caracterizada em diferentes códigos.
e) Voz humana cantarolada, gesticulação, 
voz falada – canais de transmissão da 
mensagem. A visão e a audição da esposa e 
dos filhos – canais de recepção.
f) Esposa e filhos – receptores, aqueles a quem 
a mensagem se destina.
Nesse contexto, João (emissor) tornou comum, 
compartilhou suas imagens mentais ou ideias com 
a família (receptora), realizando, dessa forma, o 
processo da comunicação.
No entanto, nem sempre a comunicação se 
realiza da forma como concebida pelo emissor; 
vários fatores interferem na comunicação, criando 
obstáculos que impedem a sua concretização, ou 
geram má interpretação. 
Entre esses fatores, encontram-se os ruídos e as 
barreiras ou bloqueios. 
Ruídos são obstáculos que ocorrem em nível 
de canal, provocados por processos materiais. 
Impedem que a mensagem chegue de forma clara 
ao receptor. Exemplos:
•	 Um telefone com defeito, impedindo que o 
receptor ouça bem a mensagem.
•	 Um canal de TV que sai do ar, interrompendo 
o noticiário, o filme, ou a novela.
Barreiras ou bloqueios são obstáculos provocados 
por razões emocionais, psicológicas, consequência 
de conflitos existentes nas relações interpessoais: 
antipatia pelo emissor, gerando falta de atenção 
à mensagem.
No dia a dia da vida profissional, encontram-se 
pessoas bastante diferentes: pessoas amáveis 
e gentis, mas também agressivas e impacientescom as quais se deve conviver.
Como a comunicação é um processo mediador 
das relações interpessoais, é importante que 
as pessoas conheçam seu funcionamento e 
procurem realizá-la de forma clara, objetiva e 
isenta de sentimentos negativos.
A delicadeza e a cortesia devem estar presentes 
no processo comunicativo, aparando arestas, 
evitando mal-entendidos entre as pessoas que 
convivem no ambiente de trabalho.
Segundo Guillon e Mirshawka (2000, p. 6),
As boas/más relações interpessoais numa 
escola trazem, como resultado, muitas 
condições que são benéficas/maléficas 
tanto para o bem-estar físico quanto 
mental de todos aqueles que frequentam 
e trabalham na escola. 
É, pois, de fundamental importância esforçar-se 
para minimizar os bloqueios da comunicação.
Pessoas que se encontram em cargos de 
chefia devem saber se comunicar, evitando 
provocar barreiras ou bloqueios em seus 
subalternos, possibilitando que o diálogo flua 
sem constrangimentos e sem receios.
16Unidade 1
Utilizar tom de voz na altura e na intensidade 
certas, evitando deixar-se dominar pela ira ou 
pelo rancor em determinadas circunstâncias, 
corresponde ao comportamento adulto e maduro, 
típico do exercício da liderança, daqueles que 
exercem cargos hierarquicamente elevados.
É importante que saibam ordenar, admoestar, 
repreender, servindo-se da comunicação como 
instrumento da promoção da harmonia entre os 
membros da equipe.
Da mesma forma, os colegas, entre si, devem 
cuidar para estabelecer uma comunicação 
amistosa, respeitosa, evitando maledicências, 
mal-entendidos e insatisfações mútuas.
Prezar sempre a união, a produtividade e 
a harmonia, consegue-se por meio e uma 
comunicação objetiva e clara, sem dubiedade, 
sem sacarmo, sem ironia.
Pessoas que lidam com o púbico devem se 
conscientizar da importância da comunicação. A 
delicadeza, a educação e a cortesia devem estar 
presentes no atendimento às pessoas, e a forma 
de manifestá-las consiste no cuidado que se deve 
ter ao passar informações, pois, muitas vezes, 
as pessoas têm dificuldades em entendê-las, e é 
necessário paciência e capacidade comunicativa 
para que a compreensão ocorra.
A comunicação, portanto, deve mediar as relações 
interpessoais, tornando-as mais agradáveis 
e profícuas no ambiente de trabalho, onde a 
cooperação mútua deve conduzir sempre ao êxito 
esperado.
Exercícios
Responda as seguintes questões.
1. Qual a importância da comunicação para as relações 
interpessoais?
2. Qual é o objetivo da comunicação?
3. O que significa comunicar?
4. Na situação a seguir, identifique os elementos da 
comunicação.
Após o nascimento da filha, Pedro telefona para os pais 
e para os sogros, dizendo-lhes que sua filha, um lindo 
bebê, acabara de nascer. Como os sogros são franceses, 
Pedro transmitiu-lhes a notícia em francês.
5. Que fatores podem interferir na comunicação? Defina-os.
6. Qual a importância da comunicação para os profissionais 
que lidam com o público?
confira suas respostas
(Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter 
enriquecido suas resposta de várias maneiras.)
1. A importância da comunicação para as relações 
interpessoais reside no fato de que, por meio dela, as pessoas 
trocam experiência, sentimentos, ideias, expectativas, 
influenciando-se mutuamente, criando o ambiente social.
2. O objetivo da comunicação é o entendimento mútuo, 
permitindo que o grupo social conviva em paz e em 
harmonia.
3. Comunicar significa tornar comum, compartilhar ideias, 
sentimentos, emoções, transmitir imagens mentais, 
dialogar, conversar etc.
4. Elementos da comunicação:
Emissor – Pedro
Referente – nascimento da filha
Códigos – línguas portuguesa e francesa
Mensagem – “A filha, um lindo bebê, acaba de nascer.” 
Canais – voz de Pedro/telefone (emissão)
Telefone/audição (recepção);
Receptores – pais/sogros.
5. Os fatores que interferem na comunicação são ruídos e 
barreiras ou bloqueios.
Ruídos: obstáculos em nível de canal; resultam de 
processos materiais (apagão no horário de transmissão 
de um telejornal).
Barreira ou bloqueio: obstáculos emocionais, psicológicos 
motivados por conflitos: menosprezo ao emissor.
6. A importância da comunicação para as pessoas que lidam 
com o público corresponde ao fato de que a delicadeza, 
a educação e a cortesia, necessárias ao atendimento, 
manifestam-se na forma como a comunicação ocorre, 
com clareza e com a devida paciência para se fazer 
entender.
ATENdimENTo dE QuAlidAdE à 
comuNidAdE EScolAr
A escola constitui uma instituição cuja função social 
consiste em servir à comunidade, educando-lhe 
as crianças, os jovens e os adultos, transmitindo e 
construindo conhecimentos que lhes possibilitam 
o amadurecimento intelectual, a inserção no 
mercado de trabalho e a vivência da cidadania.
Embora a escola tenha se democratizado e aberto 
suas portas a um contingente cada vez maior das 
classes menos favorecidas, por volta da década 
de 1980, não se preparou adequadamente, 
17Unidade 1
não buscou inovar suas concepções sobre o 
processo pedagógico nem compreender sua 
responsabilidade pela aprendizagem de todos os 
seus alunos.
Na realidade, a escola vem ignorando a Filosofia 
da Qualidade, surgida no setor industrial, 
disseminada na área de prestação de serviços, 
imprescindível no mundo competitivo.
Entre as razões por que as escolas ainda 
não se tenham interessado de forma mais 
intensa pela Filosofia da Qualidade, destaca-
-se o fato de não se terem defrontado com 
problemas graves de sobrevivência. Seus 
serviços são considerados essenciais 
pela população, que não abre mão deles, 
mesmo que não sejam plenamente 
satisfatórios. Todos preferem uma escola 
ruim a nenhuma escola.
(MEZOMO, apud CETEB, 2004, p. 19)
Entretanto, paulatinamente, e com alguma 
timidez, a Filosofia da Qualidade vai penetrando o 
espaço escolar, vai se fazendo conhecer por meio 
da Gestão da Qualidade Total (GQT), que visa à 
excelência da escola como um todo – pessoas, 
processos, instrumentos, com vistas ao alcance 
dos objetivos da escola.
Alguns gestores escolares mais esclarecidos e 
dinâmicos percebem que, para vencer o desafio 
da Educação, no Brasil, precisam implantar e 
implementar a Filosofia da Qualidade, perpassando 
toda a escola, envolvendo todos os seus membros: 
alunos – para que se empenhem e se interessem 
mais por seus estudos; professores – para que se 
dediquem e se comprometam mais com o sucesso 
da aprendizagem de seus alunos; funcionários 
administrativos – para que se comprometam e 
realizem suas funções com cortesia e competência; 
corpo técnico-pedagógico – para que se dedique e 
apoie corpos docente e discente com competência 
e produtividade; gestor escolar – para que se 
comprometa e democratize sua gestão, possibilitando 
a participação de representantes de todos os 
segmentos da escola nas decisões da instituição.
Nessa perspectiva, importa ressaltar que o 
conceito de qualidade, correspondente a um 
constructo cultural, isto é, desenvolve-se e resulta 
da cultura de um povo, necessita permear todas 
as ações humanas, em especial, aquelas que 
envolvem os seres humanos em contato direto, 
face a face.
Não que aquelas realizadas com o objetivo de 
alcançar outros seres, mas que não preveem o 
contato direto, por exemplo, a construção de um 
edifício ou montagem de carro, possam prescindir 
da qualidade, mas as que atendem diretamente o 
público devem primar pela qualidade de sua ação. 
Para que isso ocorra, torna-se relevante conhecer 
o conceito de qualidade: “... é a capacidade de 
quem produz ou presta algum serviço de satisfazer 
as necessidades, os interesses e os desejos do 
cliente.” (CETEB, 2004, p. 12).
No dizeres de Enguita (2007, pp. 98/99), a 
qualidade em Educação vem passando por 
evolução.
Na linguagem dos especialistas, das 
administrações educacionais e dos 
organismos internacionais, o conceito 
de qualidade tem invocado sucessivas 
realidades distintas e cambiantes. 
Inicialmente foi identificado tão somente 
com a dotaçãoem recursos humanos e 
materiais dos sistemas escolares ou suas 
partes componentes: proporção do produto 
interno bruto ou do gasto público dedicado 
à educação, custo por aluno, número de 
alunos por professor, duração da formação 
ou nível salarial dos professores etc. 
Esse enfoque correspondia à forma pela 
qual, ao menos na época florescente do 
Estado do Bem-Estar, se tendia a medir a 
qualidade dos serviços públicos, supondo 
que mais custos e mais recursos materiais 
ou humanos, por usuário era igual a maior 
qualidade. Mais tarde, o foco da atenção do 
conceito deslocou-se dos recursos para a 
eficácia do processo: conseguir o máximo 
resultado com o mínimo custo. Essa já não 
é a lógica dos serviços públicos, mas da 
produção empresarial privada. Hoje em 
dia se identifica antes com os resultados 
obtidos pelos escolares, qualquer que seja 
a forma de medi-los: taxas de retenção, 
taxas de promoção, egressos dos cursos 
superiores, comparações internacionais 
do rendimento escolar etc. Esta é a 
lógica de competição no mercado. Cada 
nova versão da qualidade não substitui 
inteiramente e de uma vez por todas as 
anteriores: a nova versão afasta as antigas 
para o lado, mas tem de conviver com 
elas. É isso precisamente que permite que 
setores e grupos com interesses distintos 
possam coincidir em torno de uma mesma 
palavra de ordem.
18Unidade 1
Atualmente, algumas instituições públicas vêm 
insistindo no conceito de “atendimento de 
qualidade ao público” e solicitam, após cada 
atendimento, uma avaliação por parte do usuário, 
por meio de questionário simples ou por meio de 
botões (verde-vermelho) que este aperta para 
expressar satisfação ou insatisfação em relação 
ao serviço prestado.
Para que as escolas implantem a Filosofia da 
Qualidade, alguns pressupostos básicos devem 
ser reconhecidos por aqueles que, diretamente, 
são os responsáveis por ela.
Veja esses pressupostos, tais como expressos 
no Curso de Gestão da Qualidade dos Processos 
e dos Serviços Educacionais – CETEB – Escola 
Aberta, 2004, pp. 22/23.
•	 Os resultados de qualidade são gerados em um 
Sistema de Qualidade. Dessa forma, não adianta 
a escola insistir em mudar o comportamento das 
pessoas de forma isolada. É preciso promover a 
melhoria do sistema como um todo.
•	 O gestor deve focalizar a macroadministração, 
isto é, os aspectos vitais que criam diferencial 
para escola. Observam-se com frequência 
distorções, tais como: o gestor ocupa grande 
parte do seu tempo no embelezamento da 
escola, relegando aspectos essenciais da 
Gestão Pedagógica. O cuidado com a escola 
é importante e pode ser delegado, em grande 
parte, a outras pessoas, e o gestor deve 
concentrar-se em processos essenciais, como 
recuperação da aprendizagem, merenda, 
avaliação, desenvolvimento de pessoas etc.
•	 Os clientes internos (equipe da escola) e 
externos (alunos e comunidade) devem 
ser ouvidos, atendidos, encantados. Suas 
necessidades precisam ser detectadas, 
satisfeitas e até mesmo excedidas.
•	 O ambiente deve ser est imulador da 
aprendizagem contínua para todos os atores 
do processo.
•	 As tomadas de decisões devem ser realizadas 
a partir de dados consistentes. Assim, torna-se 
necessário utilizar ferramentas de levantamento, 
controle e análise de dados.
•	 Os processos devem ser otimizados, numa 
visão de melhoria contínua. As variações 
dos resultados precisam ser detectadas e 
eliminadas com brevidade.
•	 A comunicação na Escola dever ser transparente. 
É importante que as informações sejam 
difundidas de forma que todos tenham 
consciência do que ocorre na escola.
•	 A proatividade deve ser exercitada por todos. É 
preciso conscientizar-se de que prevenir gera 
economia de tempo, esforços e, em várias 
situações, de dinheiro.
•	 A missão e os valores institucionais devem ser 
conhecidos por todos e fortalecidos.
•	 As experiências de sucesso devem ser 
conhecidas e superadas pela instituição.
Como a Secretaria Escolar constitui o setor que 
atende clientes internos e clientes externos e, na 
maioria das vezes, representa a escola no primeiro 
contato com a comunidade, tornando-se, por 
conseguinte, a vitrine da mesma, suas ações devem 
consubstanciar-se na Filosofia da Qualidade.
Assim, ao assistir a direção da escola e ao atender 
o corpo docente em suas necessidades (diários 
de classe em tempo hábil, lançamento de notas 
em boletins escolares etc.), a Secretaria Escolar 
deve atentar-se para que a qualidade do processo 
ressalte, à primeira vista, e que a cortesia e a 
presteza imperem em todas as ações efetuadas. 
No atendimento aos clientes externos, os 
funcionários da Secretaria, liderados pelo Secretário 
Escolar, devem se lembrar de que se encontram 
na posição de refletir a qualidade da escola e, 
por isso, suas ações devem, incontestavelmente, 
primar pela Filosofia da Qualidade.
A qualidade do atendimento concretiza-se de 
várias formas, a começar pelo ambiente, pelo 
espaço físico que deve ser limpo, organizado e 
bem distribuído, com cada coisa em seu lugar, 
cada arquivo identificado a fim de que não se 
perca tempo procurando documentos perdidos.
Esses e outros aspectos citados encontram-se 
contidos nas especificações dos 5S, na teoria da 
Gestão da Qualidade Total – GQT.
Correspondem a cinco palavras iniciadas com s, 
pertencentes à língua japonesa e traduzidas para 
o português pela expressão “senso de...”, a seguir 
explicitada.
19Unidade 1
1. Seiri – Senso de Utilização: significa distinguir 
o necessário do desnecessário e descartá-lo, 
mantendo apenas o necessário no local de 
trabalho.
2. Seiton – Senso de Ordenação: significa 
determinar, de forma visível e lógica, um lugar 
para cada objeto ou dado, de modo que se 
encontre facilmente quando se precisar utilizá-lo.
3. Seisou – Senso de Limpeza: significar deixar 
bem limpo o ambiente de trabalho, inclusive 
corrigindo falhas humanas.
4. Seiketsu – Senso de Saúde: significa manter 
as condições de trabalho favoráveis à saúde 
física e mental.
5. Shitsuke – Senso de Autodisciplina: significa 
manter a equipe habituada a cumprir 
procedimentos operacionais, éticos e morais. 
Autodisciplina diz respeito à internacionalização 
dos padrões da instituição.
Costa, Pena e Boschi (1996, p. 24) sintetizam 
dessa forma os princípios norteadores da 
Qualidade Total, aplicando-os ao cotidiano da 
escola.
Depreende-se dessa síntese que o atendimento 
com qualidade ao público apresenta-se como uma 
constante para todos os envolvidos nessa tarefa. 
As pessoas devem se apresentar adequadamente 
trajadas e evitar exageros nas vestimentas e na 
maquiagem.
A boa educação e a cortesia devem evidenciar-se 
no trato com o público; a comunicação deve 
ser clara e objetiva e a paciência, para repassar 
informações, quantas vezes necessárias, não 
pode faltar. Convém ressaltar que, muitas vezes, 
atendem-se comunidades carentes, pessoas com 
pouca instrução ou analfabetas, que demonstram 
dificuldades de compreensão e precisam ser 
orientadas de maneiras diferentes até que 
consigam captar as informações.
Atenção especial deve ser atribuída aos aspectos a 
seguir abordados que, de maneira alguma, devem 
ser negligenciados.
•	 Não permanecer em conversas telefônicas 
particulares, quando há clientes aguardando 
atendimento.
•	 Não se alimentar enquanto atende clientes.
•	 Não responder de forma irônica ou sarcástica 
quando solicitado a dar informações.
•	 Não encaminhar o cliente a outros setores 
quando sua necessidade é responsabilidade 
do seu setor.
•	 Não alegar falta de tempo (horário de almoço, 
fim de expediente) quando ainda há clientes 
aguardando atendimento.
•	 Não desviar a atenção ou o olhar quando estiver 
atendendo o cliente.
•	 Não deixar o cliente aguardando, durante o 
atendimento, enquanto se dedica a outra tarefa.
As pessoas, por mais humildes que sejam, 
reconhecem intuitivamente o que é qualidade 
no atendimento, por isso a Secretaria Escolar 
deve manter-se atenta para demonstrar à sua 
comunidade aqualidade da escola que a atende.
Exercícios
Responda as seguintes questões.
1. Como você concebe a função social da escola?
2. Considerando o contexto educacional contemporâneo, 
explique por que as escolas ainda não implantaram 
totalmente a Filosofia de Qualidade.
3. Como evoluiu o conceito de qualidade na Educação?
4. Comente dois pressupostos básicos da Filosofia da 
Qualidade na Educação.
5. Por que se afirma que a Secretaria Escolar é a vitrine 
da escola?
6. Acrescente outros aspectos que depõem contra a 
Filosofia de Qualidade na Educação aos citados no texto.
confira suas respostas
(Sugerem-se, apenas, as ideias centrais; você pode ter 
enriquecido suas respostas de várias maneiras.)
1. Resposta pessoal.
2. As escolas públicas, em particular, ainda não precisaram 
enfrentar a competitividade para a sua sobrevivência; 
a comunidade aceita seus serviços da forma como são 
oferecidos, sem questionar, o que leva a um comodismo 
por parte do sistema educacional.
3. O conceito de qualidade em Educação, inicialmente, 
vinculou-se ao aspecto de dotação orçamentária, 
pressupondo aumento de recursos humanos, materiais, 
20Unidade 1
proporções do produto interno bruto e gastos com 
educação, custos e benefícios por aluno, formação 
e salário de professores. Evoluiu para considerar a 
eficácia do processo: conseguir o máximo resultado 
com o mínimo custo, como na produção empresarial. 
Atualmente, relaciona-se com os resultados obtidos 
pelos escolares, a partir de critérios diferenciados para 
medi-los: taxas de retenção, de promoção, egressos 
de cursos superiores, comparações internacionais do 
rendimento escolar (PISA), concepção coerente com a 
lógica da competição no mercado.
4. Resposta pessoal.
5. A Secretaria Escolar, ao atender clientes internos e 
externos e, principalmente, a comunidade circundante 
em relação a ofertas de vagas, realização de matrículas 
e expedição de documentos, coloca-se em posição de 
destaque e reflete a filosofia da escola.
6. Resposta pessoal. Você deve ter se lembrado de 
vários outros, como, por exemplo, não cumprir o prazo 
estipulado para entrega de documentos requeridos; não 
localizar documentos relevantes, quando solicitados, 
entre outros.
Objetivos:
•	 Compreender a importância da sociedade no 
estabelecimento da moral e dos bons costumes
•	 Conhecer aspectos da Ética Sexual, da 
Bioética, da Ética na Informática, da Ética na 
Política e da Ética Ambiental.
•	 Reconhecer a importância do Código de Ética 
Profissional.
ÉTicA E SociEdAdE
Como se sabe, o homem é um ser social; integra e 
interage em diferentes grupos para a consecução 
de objetivos comuns.
A sociedade, que congrega os vários grupos, 
estabelece regras e hábitos de conduta moral, 
visando garantir a convivência pacífica entre 
seus membros, as condições de crescimento 
econômico e de progresso técnico-científico.
Esse conjunto de normas estabelece o certo e o 
errado, possuindo por parâmetro o conceito de bem, 
que deve nortear as ações de seus integrantes, e 
constitui a moralidade de determinada sociedade.
Ao crescer e educar-se no seio de uma sociedade, 
o homem imbui-se desses valores morais, constrói 
uma consciência moral que lhe permite julgar, em 
termos de bem e de mal, as suas próprias ações, 
diferenciando, dessa forma, a moral individual e 
a moral social.
É possível que, algumas vezes, a moral individual 
entre em desacordo com a moral social. Por 
exemplo, a moral social proíbe o trabalho escravo, 
no entanto muitos empregadores rurais possuem 
trabalhadores escravos, sem que isso lhes 
perturbe a consciência moral, uma vez que a moral 
individual lhes permite esse comportamento.
Entende-se, pois, a moral “como o conjunto de 
práticas cristalizadas por costumes e convenções 
histórico-sociais; possui forte caráter social e apoia-se 
na cultura, na história e na natureza humana”.
(NALINI, 2008)
A necessidade de aprofundar estudos sobre a moral 
e os bons costumes, de interpretá-los sob uma 
ótica do bem e do mal, conduz ao conceito de ética, 
a teoria sobre a prática moral, uma reflexão teórica 
que analisa e critica os fundamentos e os princípios 
que regem um determinado sistema moral.
Conforme afirma Valls (1996, p. 7):
Tradicionalmente, a ética é entendida como 
um estudo ou uma reflexão científica ou 
filosófica e, eventualmente, até teológica, 
sobre os costumes ou sobre as ações 
humanas. Mas também chamamos de 
ética a própria vida, quando conforme 
aos costumes considerados corretos. A 
ética pode ser o estudo das ações ou dos 
costumes, e pode ser a própria realização 
de um tipo de comportamento.
O estudo da ética iniciou-se com os filósofos gregos 
há 25 séculos: os pré-socráticos já apresentavam 
reflexões de caráter ético quando buscavam 
entender as razões do comportamento humano.
A ética não é estática; evolui ao longo do tempo 
para tentar explicar os dilemas morais do ser 
humano em seu tempo histórico.
Como define Valls (1996, p. 10), em relação a esse 
aspecto, “a ética tem pelo menos também uma 
formação descritiva: precisa procurar conhecer, 
apoiando-se em estudos de antropologia cultural 
e semelhantes, os costumes de diferentes épocas 
e diferentes lugares”.
Ética Profissional
Unidade 2
Técnico em Secretaria Escolar
22Unidade 2
As informações, a seguir, compiladas do livro Ética 
geral e profissional de José Renato Nalini (2008), 
sintetizam uma visão histórica da ética. Sugere-se 
consultá-lo para maiores detalhamentos.
Trata-se de informações breves, uma vez que 
não constitui objetivo deste Caderno discorrer 
exaustivamente sobre o tema.
Didaticamente, divide-se o estudo da Ética em 
Ética grega, Ética cristã medieval, Ética moderna 
e Ética contemporânea.
Figura 5 – Grécia Antiga – Acrópole de Atenas com o 
Partenon no topo.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga)
Ética grega
A história da ética, sob o ponto de vista formal, 
remonta aos filósofos gregos, com abordagens 
de base filosófica para os problemas morais, já 
encontradas entre as reflexões dos pré-socráticos 
ao procurar as razões para a diversidade das ações 
dos homens.
– Sócrates (470–399 a.C.) considerou a Ética 
como a disciplina em torno da qual deveriam girar 
todas as reflexões filosóficas. Para ele, só age 
mal, quem desconhece o bem; ao reconhecer 
racionalmente o bem, o homem passa a praticá-lo 
e, em consequência, é feliz. A virtude corresponde 
ao conhecimento das causas e dos fins das ações 
fundadas em valores morais identificados pela 
inteligência.
– Platão (427–347 a.C) examinou a ideia do bem 
à luz da teoria das ideias, subordinando a Ética à 
metafísica; defendia o dualismo entre o mundo 
sensível e o mundo das ideias permanentes, 
eternas, perfeitas e imutáveis, a verdadeira 
realidade cujo cume é a ideia do bem. A alma 
– que anima e move o homem – dividia-se em 
razão, vontade e apetite; pela razão a alma se 
elevaria ao mundo das ideias, em que predomina 
a ideia do bem.
– Aristóteles (384–322 a.C) formulou a maior 
parte dos problemas que mais tarde iriam 
preocupar os filósofos morais: a relação entre 
as normas e os bens, entre a ética individual e a 
social, entre a vida teórica e a prática; classificação 
das virtudes (justiça, caridade e generosidade). A 
ética aristotélica busca valorizar a harmonia entre 
a moralidade e a natureza humana.
O hedonismo define o prazer como objetivo de 
uma vida feliz, e exige a virtude da prudência 
para selecionar os prazeres, preferencialmente 
os espirituais, para a paz da alma. Principais 
representantes: Aristipo de Cirene e Epicuro.
Os estoicos (Zenão – grego –, Sêneca e Marco 
Aurélio – romanos) consideravam o bem supremo 
viver de acordo com a natureza, integrado ao 
universo – um todo ordenado e harmonioso – e 
enfrentar seus desejos com moderação, aceitando 
seu destino.
Figura 6 – Época Medieval – Monge escriba medieval.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia)
Ética cristã medieval
Funde-se ao Cristianismo, edificando a ética 
teônoma,que fundamenta em Deus os princípios 
da moral. Aproveitamento de muitas ideias da 
ética grega (Platão e estoicos): doutrina das 
virtudes e sua classificação. Procura regular o 
comportamento dos homens com vistas a um 
outro mundo (o reino de Deus); o valor supremo 
23Unidade 2
transcende o ser humano; encontra-se na 
divindade.
– Santo Agostinho (354–430), africano, retoma o 
conceito de Platão de purificação da alma para se 
elevar ao mundo das ideias; nesse caso, elevação 
ascética até Deus. Atribui a experiência do mal ao 
livre-arbítrio, que concede aos homens a atividade 
de exercê-lo, ou melhor, de não praticar o bem. 
Deus, em sua perfeição, não poderia ter criado o 
mal que resultaria da prevalência da vontade das 
paixões humanas.
– São Tomás de Aquino (1395–1455), italiano, 
coincide com Aristóteles; a busca através da 
contemplação e do conhecimento para alcançar 
o fim último, Deus. Expoente da Escolástica, 
defendeu a existência na Igreja, de uma Teologia 
e de uma Filosofia, sustentadas entre fé e razão.
As transformações ocorridas, ao final do 
Feudalismo, na estrutura social, na política, na 
economia, nas ciências propiciam a ruptura entre 
fé e razão, ciência e pressupostos teológicos 
(religião), Estado e Igreja, homem e Deus.
A ruptura, na ética, entre a Idade Média e a 
Modernidade, ocorre com Nicolau Maquiavel 
(1469–1527), italiano, que, ao romper com a 
moral cristã (valores espirituais) e defender uma 
moral própria em relação ao Estado, em que “os 
fins justificam os meios” (violência contra os que 
se opõem aos interesses estatais), encerra um 
período histórico e inicia novo período, a ética 
moderna.
Figura 7 – França no século XVIII – Proclamação da 
Constituição francesa de 1791.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa)
Ética moderna
Surgem novos valores sob a influência de 
Maquiavel. O homem passa a ser o centro das 
atenções.
Desponta a Ética Antropocêntrica, esboçada 
pelos iluministas. – Descartes (1596-1650), 
francês, demonstra que a razão se forma em todos 
os campos, das ciências às artes; da política à 
moral. A filosofia baseia-se no homem, que passa 
a ser o centro de todos os interesses.
Outros pensadores, influenciados pela nova ordem 
de valores, manifestam-se – Thomas Hobbes 
(1588–1679), inglês, consegue sistematizar a 
ética do desejo da própria conservação que existe 
em cada ser, como fundamento da moral e do 
direito: “O principal dos bens é a conservação de 
si mesmo. A natureza, com efeito, proveu para 
que todos desejem o próprio bem, mas a fim de 
que possam ser capazes disso, é necessário que 
desejem a vida, a saúde e a maior segurança 
dessas coisas para o futuro”.
– Baruch de Espinosa (1632–1677), holandês, 
afirmava o egoísmo dos seres humanos, uma vez 
que “os homens tendem naturalmente a pensar 
apenas em si mesmos, conduzidos por suas 
paixões”. A autoconservação e a consecução de 
tudo o que é útil são interpretadas por Espinosa 
como ação necessitante da Substância Divina: 
“...a razão não pede nada que seja contra a 
natureza, por conseguinte, que cada um se ame 
a si mesmo, procure o que lhe é útil (...) deseje 
tudo o que conduz, de fato, o homem a uma maior 
perfeição...”.
– John Locke (1632–1704), inglês, une a 
tendência à conservação e à satisfação a uma 
concepção de “felicidade pública: “...Deus 
estabeleceu um liame indissolúvel entre a virtude 
e a felicidade pública, e tornou a prática da 
virtude necessária à conservação da sociedade 
humana...”.
– David Hume (1711–1776), escocês, define 
que o fundamento da moral é a utilidade, ou seja, 
é boa ação aquela que proporciona “felicidade” 
e satisfação à sociedade. As paixões humanas 
ultrapassam o interesse pessoal; estão baseadas 
na simpatia (capacidade de sentir em si mesmo os 
sofrimentos e as alegrias de outrem) – existência 
de uma razão emocional para o comportamento 
altruísta.
24Unidade 2
– Jean Jacques Rousseau (1712–1778), 
francês, defende a noção de que o homem é 
bom por natureza e seu espírito pode sofrer um 
aprimoramento quase ilimitado. 
– Immannuel Kant (1724–1804), alemão, 
expressão maior da ética moderna; demonstra 
preocupação em estabelecer a regra de conduta 
na substância racional do homem; faz do conceito 
de dever o ponto central da moralidade – ética 
centrada no dever, denominada hoje em dia, 
deontologia.
– Friedrich Hegel (1770–1831), alemão, o 
mais importante filósofo do idealismo alemão 
pós-kantiano; defende que a vida ética ou moral 
dos indivíduos é determinada pelas relações 
sociais que mediatizam as relações pessoais 
intersubjetivas, tornando a ética uma filosofia do 
direito. Divide-se em ética subjetiva (ou pessoal) 
e em ética objetiva (ou social).
O Estado, segundo Hegel, reúne esses dois 
aspectos numa totalidade ética. O ideal básico 
correspondia a uma vida livre, em um Estado livre, 
que preservasse, os direitos dos homens e lhes 
cobrasse seus deveres.
Figura 8 – Manhattan no século XXI.
(http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/papeis-de-
parede/edicao-114-setembro-2009-494035.shtml?foto=4p)
Ética contemporânea
Procura discutir o comportamento moral do 
homem hodierno inserido no contexto histórico 
atual.
– Karl Max (1818–1883), alemão, considera 
a moral como uma espécie de “superestrutura 
ideo lóg ica” , cumpr indo função soc ia l , 
sacramentando as relações e as condições 
de existência de acordo com os interesses da 
classe dominante. Numa sociedade dividida por 
classes antagônicas, haverá diferentes morais de 
acordo com essas classes, podendo, inclusive, 
coexistir várias morais numa mesma sociedade. 
Há necessidade do estabelecimento de uma nova 
moral, que não seja reflexo de relações sociais 
alienadas, mas que seja capaz de acompanhar as 
transformações da velha sociedade e de garantir 
a harmonia da emergente sociedade socialista. 
– John Stuart Mill (1806–1873), inglês, 
representante da ética utilitarista, segundo a qual 
o objetivo da moral é o de proporcionar o máximo 
de felicidade ao maior número de pessoas; 
defende que a felicidade reside na busca do 
máximo de prazer e do mínimo de dor. A virtude 
é um meio de atingir essa felicidade.
– Wiliam James (1842–1910) e John Dewey 
(1859–1952), americanos, psicólogo e educador, 
respectivamente, são os expoentes do pragmatismo, 
corrente ligada ao pensamento anglo-saxão, tendo 
se desenvolvido, particularmente nos Estados 
Unidos, no final do século XIX. Considerado o 
reflexo do progresso científico e tecnológico, o 
pragmatismo define o bem como tudo aquilo 
que ajuda o homem em suas atividades práticas, 
variando em cada situação, e conduzindo-o a 
um êxito.
– Nietzsche (1844–1900), alemão, crítico 
veemente e mordaz de toda moral existente 
(socrática, judaico-cristã, burguesa etc.), define 
a vida como vontade de poder, princípio último de 
todos os valores. O bem corresponde a tudo que 
exalta no homem o sentimento do poder e o mal, 
tudo o que vem da fraqueza.
– Henri Bergson (1859–1921), francês, distingue 
uma moral fechada e uma moral aberta. A fechada 
resume o que é permitido e o que é proibido aos 
indivíduos de uma sociedade, tendo em vista sua 
autopreservação. A aberta, fruto de uma emoção 
criadora, é a moral do amor, da liberdade e da 
humanidade universal, tornando possível a criação 
de novos valores. 
– Bertrand Russel (1872–1970), inglês, 
seguindo os princípios do liberalismo da ética 
contemporânea, considera-a subjetiva, sem 
afirmações verdadeiras ou falsas. Expressa os 
desejos de um grupo e reafirma que o homem 
deve reprimir certos desejos e reforçar outros, 
para atingir a felicidade ou o equilíbrio.
– John Rawls (1921–2002), norte-americano, 
em sua obra “Teoria da Justiça” (1971), defende 
uma justiça distributiva, partindo de um “estado 
inicial” por meio do qual se pode assegurar que 
25Unidade 2
os acordos básicos, num contrato social, sejam 
justos e equitativos. Afirma que a justiça deve 
basear-se em dois princípios: a) cumpre assegurar, 
paracada pessoa numa sociedade, direitos iguais 
numa liberdade compatível com a liberdade 
dos outros; b) deve haver uma distribuição de 
bens econômicos e sociais de modo que toda 
desigualdade resulte vantajosa para cada um, 
podendo, além disso, ter cada um acesso, sem 
obstáculos a qualquer posição ou cargo. Em sua 
teoria, defende que os bens sociais primários – 
liberdade e oportunidade, rendimentos e riquezas, 
bem como as bases para o autorrespeito e para a 
autoestima – devem ser igualmente distribuídos, 
a não ser que a desigualdade beneficie os menos 
favorecidos.
– Jürgem Habermas (1929), alemão, promove 
uma revisão e atualização do marxismo, para 
analisar as características do capitalismo avançado 
da sociedade industrial contemporânea. Critica a 
racionalidade dessa sociedade, caracterizando 
a razão instrumental: meios para alcançar um 
fim determinado, prático, técnico, acarretando a 
perda do próprio bem. Assevera a necessidade 
da recuperação da dimensão humana, de uma 
racionalidade não instrumental, baseada no “agir 
comunicativo” entre sujeitos livres de caráter 
emancipador em relação à dominação técnica. 
Assim, numa visão rápida, procurou-se sintetizar 
a história cronológica da ética, dos gregos aos 
filósofos atuais.
Exercícios
Responda as seguintes questões.
1. Qual a importância da sociedade no estabelecimento das 
normas morais?
2. Como se define a moral?
3. O que se entende por ética?
4. Escolha dois filósofos representantes de cada corrente 
histórica e sintetize suas ideias:
– Ética grega;
– Ética cristã medieval;
– Ética moderna;
– Ética contemporânea.
confira suas respostas
(Sugerem-se, apenas, as ideias centrais, você pode ter 
enriquecido suas respostas de várias maneiras.)
1. A sociedade, visando garantir a convivência pacífica 
entre seus membros, as condições de crescimento e de 
progresso técnico-científico, estabelece regras e hábitos 
de conduta moral. Sua importância reside no fato de que, 
ao congregar vários grupos, incute-lhes a consciência 
moral, diferenciando a moral individual e a moral social. 
2. A moral é o conjunto de regras e hábitos, baseados no 
conceito do certo e do errado, do bem e do mal; são 
valores que devem nortear as ações dos membros de uma 
determinada sociedade e incutir-lhes uma consciência 
moral que lhes permita julgar as próprias ações; 
consiste, pois, no conjunto de práticas cristalizadas pelos 
costumes e pelas convenções histórico-sociais.
3. A Ética consiste em estudos sobre a moral, constituindo-se 
em teoria sobre a prática da moral, reflexão teórica que 
analisa e critica os fundamentos e os princípios que 
regem um determinado sistema moral. A Ética não é 
estática, evolui ao longo do tempo para tentar explicar os 
dilemas morais do ser humano em seu tempo histórico. 
4. Resposta pessoal. O importante é ter relacionado, de 
maneira sucinta, cada filósofo às suas ideias.
ÉTicA No muNdo 
coNTEmPorâNEo
Constatou-se que a ética, ao longo da história 
da humanidade, evoluiu com o objetivo de 
oferecer respostas aos conflitos morais que se 
apresentavam aos homens durante os períodos 
de sua existência no planeta, ou seja, durante o 
seu tempo histórico. 
A sucessão das gerações, as mudanças ocorridas 
em função do progresso, em várias áreas, ao 
longo do tempo, exigiram comportamentos 
diferenciados, hábitos e costumes distintos, 
enfim, uma moralidade que evolui conforme os 
padrões históricos de cada época. 
Um exemplo bem próximo pode ser observado, a 
partir da revolução sexual dos anos 1960, com o 
advento da pílula anticoncepcional e da liberação 
feminina. O padrão de comportamento sexual 
da sociedade mudou: a moral sexual tornou-se 
diametralmente oposta à vigente no século XIX 
e na primeira metade do século XX, exigindo 
uma ética sexual diversificada, capaz de oferecer 
sustentação a essa nova moral. 
26Unidade 2
Para manter a exemplificação na esfera do 
comportamento sexual da sociedade, basta 
lembrar que, com a identificação da AIDS, por 
volta de 1975, como uma doença sexualmente 
transmissível – DST, com caráter de pandemia, com 
pico na década de 1990, o comportamento sexual 
da sociedade vem sofrendo novas mudanças. A 
ética sexual vem ampliando seu campo de ação 
e promovendo estudos para considerar crime, 
desde que haja dolo (intenção), a contaminação 
dos parceiros, ou seja, quem se sabe portador do 
HIV, pratica sexo sem segurança e contamina o 
parceiro, levando-o à morte, pode ser enquadrado 
como criminoso, em diversos países.
(http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=1055. 
Acesso em: 20/7/2010.)
Nessa perspectiva, encontram-se, na sociedade 
contemporânea, comportamentos diferenciados, 
morais diversificadas, decorrentes de inovações 
científico-tecnológicas, e a ética apressa-se e 
esforça-se para oferecer seu suporte teórico, 
para justificá-los e sacramentá-los perante a 
sociedade. 
bioética
Estudo transdisciplinar entre Biologia, Medicina, 
Filosofia (ética) e Direito (biodireito), investiga as 
condições necessárias para uma administração 
responsável da vida humana, animal, e da 
responsabilidade ambiental.
Temas que ainda não possuem consenso 
moral, como fertil ização in vitro, aborto, 
clonagem, eutanásia, transgênicos, pesquisa 
com células-tronco e com cobaias (animais), 
bem como a responsabilidade moral de cientistas 
em suas pesquisas e aplicações são de interesse 
de bioética. 
O termo bioética, neologismo surgido na década 
de 1970, formado a partir das palavras gregas 
bios (vida) = etos (relativos à ética), traduz a 
ideia de que a ciência não é mais importante 
que o homem e que o progresso técnico deve ser 
controlado para acompanhar a consciência da 
humanidade sobre os efeitos que essas pesquisas 
podem ter no mundo e na sociedade, caso 
haja aplicação inadequada de seus resultados, 
principalmente, a partir de quando se decifrou o 
código genético humano.
(Wikipédia. Acesso em: 20/7/2010.)
Pode-se concluir que o Novo Código de Ética 
Médica, em vigor desde 13/4/2010, levou em 
consideração em sua elaboração, os preceitos 
da bioética.
Ética na informática
Um dos ramos da tecnologia que mais se 
desenvolveu, a partir da segunda metade do 
século XX, foi o da Informática. Novas tecnologias, 
novos comportamentos, nova moral relativa aos 
processos comunicativos geram a necessidade 
de uma ética que possa questionar o conceito 
de bem e de mal nesses novos comportamentos.
Alguns comportamentos, como, por exemplo, 
invasão de privacidade, isto é, acesso indevido 
a dados pessoais, armazenados em cadastros 
bancários, empresariais, etc., roubo de senhas de 
cartões bancários, objetivando transferência ilegal 
de recursos financeiros; exposição não autorizada 
de intimidades sexuais, visando a denegrir a 
reputação de alguém; infecção de aparelhos 
por vírus, objetivando danificar sistemas; ação 
de indivíduos, como os hackers, com interesses 
diversos, incluindo sistemas de segurança 
nacionais ou internacionais, objetivando ações 
terroristas, mostram-se difíceis de se coibir por 
meio de normatização, justamente pela falta 
de paradigmas no contexto histórico, ou seja, 
a inexistência de modelos anteriores posterga 
o julgamento de uma moral cibernética, isto é, 
adequada ao tema.
Como o avanço tecnológico é muito dinâmico e 
rápido, um código de ética profissional, na área, não 
consegue acompanhar esse processo, dificultando 
a normatização do comportamento ético.
Há que ressaltar, ainda, que o acesso à informática 
não é restrito a profissionais, como nos demais 
casos: médicos, advogados etc. O Brasil ocupa o 
segundo lugar na América Latina em termos de 
proporção da população com acesso à Internet, 
aproximadamente 42 milhões (7/2010). Crianças, 
jovens, adultos e idosos acessam-na diariamente. 
Como regulamentar em termos de ética, a ação 
particular de cada um desses agentes?
Ética na Política
Um dos campos de atuação humana que 
mais polêmica tem provocado com relação à 
27Unidade 2
moral e aos bons costumes

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