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USF_EAD_Etica_e_Cidadania_Completo

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Prévia do material em texto

ANTÔNIO MARCOS FELICIANO
ÉTICA E CIDADANIA
2020
ÉTICA E CIDADANIA
Antônio Marcos Feliciano
PRESIDENTE 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL 
Jorge Apóstolos Siarcos 
REITOR 
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM 
VICE-REITOR 
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO 
Adriel de Moura Cabral 
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO 
Dilnei Giseli Lorenzi 
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD 
Renato Adriano Pezenti
GESTOR DO CENTRO DE SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CSE
Fernando Rodrigo Andrian
CURADORIA TÉCNICA
Mônica Bertholdo
DESIGNER INSTRUCIONAL 
Abner Pereira de Almeida
 REVISÃO ORTOGRÁFICA
Giovana Stimpel Amaral
PROJETO GRÁFICO
Impulsa Comunicação
DIAGRAMADORES
João Garcia 
Ariane Soares 
Maria Carolina de Andrade Miranda
CAPA
Jean dos Santos Mendonça
© 2020 Universidade São Francisco
Avenida São Francisco de Assis, 218
CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA 
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL – 
ORDEM DOS FRADES MENORES
ANTÔNIO MARCOS FELICIANO
Doutor e Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento pelo Programa de Pós-gra-
duação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC (PPEGC/UFSC).
O AUTOR
SUMÁRIO
UNIDADE 01: Moral e Ética na Sociedade ................................................................. ..6
1. Abordagem Conceitual ......................................................................................... ..6
UNIDADE 02: Ética Profissional .................................................................................. 24
1. O Ser Humano nas Organizações ....................................................................... 24
2. Ética e Profissão .................................................................................................. 28
3. Valores, Responsabilidades e Deveres Individuais e Coletivos nas Organizações 30
4. Valor Social das Profissões e Virtudes Profissionais ........................................... 33
5. Ética nas Organizações ....................................................................................... 36
6. Tendências da Ética Profissional .......................................................................... 40
UNIDADE 03: Ética e Cidadania Aplicada................................................................... 44
1. Ética Aplicada aos Âmbitos Sociais e ao Cotidiano ............................................. 44
2. O Individualismo Ético x a Ética Coletiva ............................................................. 49
3. Ética na Ciência ................................................................................................... 54
UNIDADE 04: Ética e Cidadania na Sociedade Globalizada e Tecnológica ............... 62
1. Mudanças na Contemporaneidade ...................................................................... 62
2. Diferentes Momentos da Sociedade Tecnológica ................................................ 67
3. Os Limites da Ética no Mundo Virtual .................................................................. 70
Importante entender!
É um espaço dedicado a entender os conceitos centrais do 
conteúdo.
Para refletir
Espaço para questionamento sobre o assunto. Situação 
hipotética para reflexão e compreensão sobre o tema estudado.
Exemplo
Momento para se apresentar uma situação real do assunto 
trabalhado.
Leis
Lei ou artigo de extrema importância para o aprofundamento 
do aluno.
Leitura fundamental
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento da 
aprendizagem do aluno.
Sugestão de leitura
Apresentação de leituras interessantes para o aluno, 
relacionadas ao tema.
Relembre
Pontos fundamentais que guiarão o aluno. São nortes que 
o ajudarão a interpretar o texto.
Curiosidades
Fato, acontecimento histórico ou ponto curioso relacionado 
ao tema abordado.
Saiba mais
Livros e textos imprescindíveis para o desenvolvimento
da aprendizagem do aluno.
Glossário
Termos e siglas específicas sobre o tema tratado na unidade.
Pesquise
Apresentação de fontes para que o aluno explore mais 
o conteúdo abordado. Serão apresentados: livros, sites, 
reportagens, dissertações, vídeos, revistas, etc.
significado das
CAIXAS DE DESTAQUE
Moral e Ética na Sociedade
6
1 UNIDADE 1
MORAL E ÉTICA NA SOCIEDADE
1. ABORDAGEM CONCEITUAL
Uma pequena e inocente fofoca não faz mal a ninguém, aliás, quem nunca fez isso? 
Levar uma vantagenzinha no trânsito maluco das cidades e rodovias, quem nunca fez 
isso? Usar equipamentos e outros recursos da empresa para realizar um trabalho parti-
cular, quem nunca fez isso? Contar uma mentirinha, quem nunca fez isso? Parece mes-
mo difícil pensar em um mundo perfeito em que todos tenham comportamento ético, 
reto, sem verdadeiramente levar vantagens sobre os demais.
As contradições e incertezas apresentadas no contexto da sociedade faz com que a humani-
dade busque explicar cada vez mais sua realidade por meio de atributos éticos e morais, que 
fazem parte de qualquer grupo social da vida de qualquer pessoa, em qualquer situação. Os 
valores sociais comumente limitam as pessoas em suas ações, pois todo valor social apre-
senta consigo uma sanção, por isso seu caráter limitador ao comportamento humano.
A incerteza acompanha o homem desde os primórdios, fazendo parte da evolução da 
espécie e do domínio humano sobre a natureza. Foi por meio da capacidade humana 
que os recursos naturais foram gradativamente sendo utilizados para garantir sua so-
brevivência, que ocorreu desde a geração de energia elétrica, passando pela moradia, 
alimentação, segurança, criação de medicamentos, entre outros usos.
Não devemos perder de vista que, de fato, o homem travou batalhas homéricas contra 
a natureza, pelo menos em um passado recente. Devemos destacar que, durante toda 
a sua história, o grande inimigo do homem sempre foi ele mesmo, por isso a incerteza 
de continuidade da espécie se mantém presente até os dias atuais.
Até certo período da humanidade, a virtude pessoal significava um verdadeiro atestado 
de segurança relativa à honra individual, garantindo prestígio social aos virtuosos. O 
resgate da ética para resolver questões sociais que causam grandes incertezas depen-
de de pessoas virtuosas, com ampla capacidade de refletir e agir com espírito coletivo, 
isto é, visando o bem-estar comum, estando atento para a pluralidade que é o mundo.
VIRTUDE, MORAL E ÉTICA
Nesse contexto, convém destacar que Passos (2006, p. 22) argumenta que nos dias 
atuais, “[...] a palavra virtude está em desuso, enquanto a palavra moral foi substituída 
por ética, por ser mais geral e menos identificada com a religião”. Apesar de isso ter 
acontecido, você deve compreender que o comportamento humano é constituído pri-
7Ética e Cidadania
1meiramente pela moral, pois é esta que contém a estrutura de valores que nos afasta 
das ações animalescas.
A realidade mundial muda rapidamente. Comparando a sociedade mundial e brasileira 
na década de 50 com a atual, por exemplo, vemos que, embora diferentes, ambas têm 
em comum muitos aspectos da ética. Nesse sentido, podemos afirmar que a evolução 
da sociedade tem por base seu código de conduta, que é definido pela ética, a qual 
define valores, comportamentos, enfim, está no cerne da virtude social.
No plano conceitual, Sá (2010, p. 3) afirma que “[...] a Ética tem sido entendida como a 
ciência da conduta humana perante o ser e seus semelhantes”.
Em momentos de crises, quando a sociedade percebe o potencial risco ao seu equilí-
brio, a ética é resgatada pelos virtuosos. Desse modo, podemos reconhecer seu papel 
fundamental para o equilíbrio harmônico nas relações humanas.
A competição é inerente a todas as espécies, fazendo parte do comportamento de cada 
indivíduo e, com o ser humano, não é diferente. A virtude e os códigos éticos e morais, 
por outro lado, impedem que as competições sejam desleais ao ponto de serem violen-
tas. Portanto, sem esses aspectos,a convivência dos homens seria impossível.
VOCÊ JÁ IMAGINOU O AMBIENTE FAMILIAR, SOCIAL OU DO TRABALHO 
SEM CÓDIGOS ÉTICOS?
A disputa violenta pela alimentação e propriedade de qualquer objeto poderia tornar insus-
tentável qualquer espaço ocupado por mais de uma pessoa.
Passos (2006) admite que a virtude não é um elemento relevante para o status social dos 
indivíduos. Apesar disso, é possível perceber que as pessoas fundamentam seus projetos 
de vida em valores sociais morais. Em outras palavras, o comportamento individual é para-
metrizado pelos valores morais coletivos.
A amplitude dos valores morais é sintetizada por Passos (2006, p. 22), ao considerar que os 
valores estão presentes em todas as ações e relações humanas, possuindo aspectos “[...] 
estéticos, políticos, jurídicos ou morais”. A materialidade da ética é evidenciada nesse tipo 
de relação a partir de vários pontos de vista.
Você pode pensar que é possível haver razoabilidade na taxa de lucro em uma relação 
econômica ou que não é ético enganar as pessoas no contexto econômico. Por isso, relem-
bramos Passos (2006) ao considerar que toda ação humana possui algum valor moral que 
fundamenta o comportamento.
Nessa direção, Sá (2010, p. 3) aponta que a ética “[...] envolve os estudos de aprovação 
e desaprovação da ação dos homens”. O autor ainda complementa que a ética também 
envolve a análise da vontade e o desempenho virtuoso das pessoas a partir das suas inten-
ções e atuações, seja do ponto de vista individual, ou sob o prisma das normas coletivas.
Na direção conceitual, Cortina e Martinez (2005, p. 9) evidenciam que a ética “[...] é um tipo de 
saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as ações dos seres humanos”. Nesse 
sentido, por meio da ética é possível propor soluções concretas para problemas concretos.
Moral e Ética na Sociedade
8
1 A ética pode ser considerada como um braço operacional da moral, que, por sua vez, na 
visão de Cortina e Martinez (2005, p. 9) orienta a ação humana de forma indireta e “[...] no 
máximo, pode indicar qual concepção moral é mais razoável para que, a partir dela, possa-
mos orientar nossos comportamentos”
Entenda que ambas, ética e moral, são definidas a partir de modelos teóricos, no entanto, é 
na ação prática humana que podemos identificar com maior facilidade os aspectos éticos.
Cortina e Martinez (2005, p. 11) indicam que a ética é:
[...] entendida à maneira aristotélica como saber orientado para o esclareci-
mento da vida boa, com o olhar posto na realização da felicidade individual e 
comunitária [...] Se a pergunta ética para Aristóteles era, “quais virtudes morais 
temos de praticar para conseguir uma vida feliz, tanto individual como comu-
nitariamente”, na era moderna, em contrapartida, a pergunta ética seria esta 
outra: “quais deveres morais básicos têm de reger a vida dos homens para que 
seja possível uma convivência justa, em paz e em liberdade, dado o pluralismo 
existente quanto às maneiras de ser feliz”.
Essa passagem deixa claro que pode haver múltiplos entendimentos e práticas para 
alcançar a felicidade, entretanto, as ações humanas são limitadas para que não se 
constituam em práticas desleais que atentem à moral coletiva. Dessa forma, podemos 
afirmar que, com a evolução da sociedade surgem novas necessidades, como novos 
códigos éticos, os quais visam orientar as ações das pessoas em busca da felicidade.
De acordo com Cunha (2012), a moral tem relação com as decisões humanas – não so-
mente as consequências de uma decisão em relação ao coletivo, mas também no que diz 
respeito ao tomador da decisão, pois uma decisão precede uma ação.
Dessa forma, você deve perceber que há limites entre a moral e a ética, os quais podemos 
descrever da seguinte forma: posso me beneficiar muito com minha ação que, mesmo sen-
do legal, pode ser imoral e, a partir dessa noção de moralidade/imoralidade, surge a ética 
como uma forma de corrigir as distorções morais no plano prático.
Apesar de aparentemente possuir o mesmo significado, e é justamente no emprego dos ter-
mos que se percebe as diferenças, a ética é uma espécie de “examinadora da moral” para 
manter o caráter civilizador às nossas ações. Isso ocorre, segundo Passos (2006), porque 
a ética permite a reflexão e a teorização da conduta humana, tendo função fundamental nas 
nossas atitudes diárias e corriqueiras, pois ela regula o comportamento humano.
Com isso, você aprende que a ética e a moral são mutantes no sentido de alterar conforme 
o contexto social. Se o Brasil da década de 1950 era muito diferente do Brasil de hoje, então 
a ética e a moral sofreram mudanças. Como se trata de um comportamento associado a 
valores culturais e a outros aspectos sociais, você deve pensar que as mudanças não são 
estanques, isto é, não há um rompimento definitivo entre os padrões éticos e morais de um 
período em relação ao momento subsequente, pois se trata, na verdade, de um processo 
permanente de construção.
Dessa forma, é correto afirmar que a ética e a moral se conformam com a função de facilitar 
a convivência em sociedade. Assim, Aristóteles e outros pensadores que se debruçaram 
sobre o tema ainda estão muito presentes na sociedade atual.
9Ética e Cidadania
1Por exemplo, um indivíduo pode não perceber que há problemas em usar os recursos da 
empresa onde trabalha para realizar atividades de caráter particular. E, ainda, outro é ca-
paz de utilizar um veículo público para ir ao supermercado e fazer suas compras pessoais. 
Enfim, a partir da materialidade da ética, você pode promover reflexões adaptando o con-
ceito à sua realidade.
Convém lembrar que a coletividade procura, diante das contradições sociais, agir para que 
se mantenha harmonia entre as pessoas. Portanto, não se trata de moldar a ética e a moral 
a interesses específicos, mas de tornar os níveis de convivência idealmente equilibrados.
1.2. FORMAÇÃO E TRAJETÓRIA EVOLUTIVA DA ÉTICA
Desde os tempos mais remotos, a ética tem sido alvo de estudos e pesquisas, ampliando o 
escopo de análise para todos os campos da ciência e da sociedade. Muitos autores inves-
tem esforços sobre o assunto, tecendo contribuições que se complementam aos escritos 
de outros, possibilitando o melhor entendimento do comportamento humano. Sem dúvida 
alguma, os escritos de filósofos que viveram na Antiguidade, como Aristóteles (384 a. C. – 
322 a. C.), Platão (428 a. C – 347 a. C) e Sócrates (470 a. C – 399 a. C) ainda balizam novas 
pesquisas, deivido má tamanha influência das teorias elaboradas por esses pensadores.
Na sequência, apresentaremos alguns importantes filósofos, cujas contribuições para a ci-
ência e para o desenvolvimento do tema da ética são reconhecidas em todo o mundo.
Aristóteles
384 a. C 322 a. C
Karl Marx
1818 – 1883
David Hume
1711 – 1776
Sócrates
470 a. C – 399 a. C
René Descartes 
1596 – 1650
Immanuel Kant 
1724 – 1804
Hannah Arent
1906 – 1975
Hugo Grotius
1583 – 1645
Jürgen Habermas 
1929 – Ainda vivo
Hans-Georg 
Gadamer
1900 – 2002
Platão
428 a. C – 347 a. C
Martin Heidegger
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Moral e Ética na Sociedade
10
1 A complexidade da sociedade aumenta quanto mais seu desenvolvimento se acentua. 
Após a Segunda Guerra Mundial, a sociedade clamava por paz e justiça social, deman-
dando também um novo modelo de desenvolvimento e padrões inovadores de relacio-
namentos entre pessoas, empresas e países. Surgiram então preocupações ecológicas 
e a necessidade de atender as necessidades das minorias, com o entendimento cada 
vez mais forte de que a sociedade é plural. Desse modo, a ética é novamente chamada 
a fim de trazer uma melhor compreensão desse universo.
Nesse último aspecto, você deve considerar tanto as formas de relação entre os ho-
mens e os recursos naturais como o homem em suas relações no âmbito familiar, no 
trabalho, na vida social, enfim, em qualquer espaço da sociedade.
Saiba que mesmo os pensadores contemporâneosque se debruçam sobre a ética 
como campo de estudos, partem dos aspectos apontados pelos autores clássicos para 
tecer suas análises.
1.3 TIPOLOGIA E CONDUTA ÉTICA
A ética nunca sai de moda, o que ocorre 
é que, em alguns períodos, a humani-
dade parece esquecê-la ou ignorá-la. 
Portanto, em alguns momentos, há a 
necessidade em redescobri-la. Essa 
necessidade deriva das barbáries que 
a espécie humana é capaz de cometer, 
gerando grandes incertezas e contradi-
ções sociais, fazendo com que a virtude 
moral da sociedade se manifeste para 
retomar o curso da história, equilibran-
do as relações, mantendo níveis de 
convivência minimamente aceitáveis.
Passos (2006, p. 21) considera que as 
situações de contradições sociais não ocorrem ao acaso, elas tomam maiores proporções 
quando a “[...] sociedade passa por graves crises de valores, identificada pelo senso co-
mum como falta de decoro, de respeito pelos outros e de limites”.
Existem situações inerentemente inaceitáveis, como a omissão em relação às pessoas 
em condição de vulnerabilidade social, a fome, as guerras e situações comumente iden-
tificadas como injustiça social. Esses aspectos comovem, emocionam e fazem a socieda-
de se movimentar em busca da resolução ou mitigação desses tipos de problemas.
O levante social ocorre geralmente pela explícita falta de condições mínimas para a so-
brevivência dos atingidos pelas injustiças sociais. Nesse momento, mais do que coletiva-
mente, é a união dos indivíduos que faz movimentar a sociedade. A ética individual e a 
ética coletiva são influenciadas pela injustiça social.
Passos (2006, p. 23) afirma que uma brusca ruptura nas normas sociais influencia o modo 
de agir das pessoas, que, “[...] a princípio podem parecer absolutamente individuais, por 
Fo
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e:
 1
23
rf.
11Ética e Cidadania
1consistir em uma ação praticada por um sujeito, a partir de um posicionamento no mundo 
e de uma decisão por ele tomada”. O fato, considera a autora, é que a sociedade possui 
níveis de tolerância para atos de injustiça social. No entanto, quando ameaçadas a so-
brevivência da espécie ou as condições mínimas de convivência, a sociedade resgata a 
moral e a ética como formas de redirecionar as ações e exigir a resolução dos problemas.
Quando falamos no resgate da ética e da moral, estamos falando claramente que a so-
ciedade evolui, que o conhecimento humano é cumulativo e complementar. Assim, a so-
ciedade se desenvolve de acordo com padrões aceitáveis e, mesmo individualmente ou 
coletivamente, a exclusão social e o progresso científico e tecnológico possuem níveis de 
aceitação por parte da sociedade.
Dessa forma, podemos falar em liberdade individual e ética individual sob uma configu-
ração social estabelecida, posto que a ética coletiva, impregnada pelos valores morais, 
é superior ao desejo individual que, de alguma forma, manifesta algum tipo de injustiça 
social. Assim, fica fácil compreender que a ética individual é severamente limitada pela 
ética coletiva. No dizer de Passos (2006, p. 25): Os valores morais dominantes não são 
decididos voluntariamente por sujeitos individuais; eles emergem da própria experiên-
cia do grupo humano [...]. Ao serem socializados, vão se tornando consenso entre os 
membros da sociedade.
Por isso, é possível comparar a ética e a moral ao comportamento das pessoas em 
relação ao código penal, em que a ação individual está de acordo com a lei ou fora dela.
A aplicação da ética por meio da ação humana em qualquer ambiente pressupõe a 
liberdade, que, de forma geral, pode ser compreendida como o melhor remédio contra 
a coação e o poder arbitrário.
O fato é que, atualmente, estamos vivenciando um período no qual o individualismo pa-
rece se configurar em uma tendência para o comportamento humano. Sá (2010) afirma 
que a conduta estritamente individualista é pouco recomendável às pessoas, pois os 
interesses pessoais não podem, em hipótese alguma, subjugar os coletivos, sob pena 
de as pessoas assumirem seus próprios pontos de vista como únicos corretos.
Em um ambiente organizacional, a ética é fundamental para a sustentabilidade do ne-
gócio, pois as empresas dependem das equipes de trabalho e, mesmo havendo níveis 
de competição entre os membros de qualquer equipe, as empresas devem buscar o 
equilíbrio harmônico entre seus colaboradores. Para isso, instituem-se códigos de con-
duta para os relacionamentos profissionais e institucionais.
Todo código de ética, seja no interior de uma empresa ou de uma categoria profissional, 
como advogados, médicos, enfermeiros, entre outros, objetiva aculturar as pessoas 
para a consciência de grupo. Atualmente, os gestores organizacionais sabem que pes-
soas motivadas e focadas no negócio, produzem com muita efetividade, são criativas, 
proativas, inovadoras e costumam agir dentro das regras éticas.
Moral e Ética na Sociedade
12
1
Os códigos de ética são importantes instrumentos norteadores e condutores dos com-
portamentos na sociedade. As equipes em que a consciência de grupo predomina, facil-
mente resolvem problemas de convivência e diferenças de visão de mundo.
Para manter os valores organizacionais sempre presentes nas relações no seu ambien-
te, as empresas precisam concentrar muitos esforços, sobretudo quando o contingente 
de pessoas é expressivo. Mas não devemos pensar que é fácil manter os indivíduos no 
centro dos valores organizacionais quando a empresa possui poucos colaboradores. 
Bennett (2014, p. 11), por sua vez, argumenta que “a maioria das pessoas tem uma 
noção geral do que é certo ou errado, em especial no ambiente de trabalho”. Por isso, 
as empresas devem criar condições para que seus valores e suas práticas éticas se 
mantenham presentes entre as pessoas.
As empresas precisam monitorar a conduta ou os relacionamentos internos e externos 
de seus colaboradores, afinal, sua imagem está presente no comportamento deles.
Segundo Bennett (2014), as empresas precisam observar alguns aspectos na conduta 
de seus colaboradores para se certificar da presença de seus valores no comportamen-
to de quem a representa nas relações com o mercado.
CONFLITO DE INTERESSES
O grande problema existente é quando uma pessoa prioriza seus interesses individuais, 
relegando ao segundo plano os interesses ou as necessidades do grupo.
HONESTIDADE E JUSTIÇA
Esse aspecto tem relação com honestidade e transparência nos relacionamentos entre 
as pessoas e atos institucionais, que devem priorizar o justo.
COMUNICAÇÃO
Esse aspecto trata da capacidade de informar corretamente os atores que mantêm algum tipo 
de relacionamento com a empresa. Uma marca pode ser reconhecida pela honestidade que 
transmite ao mercado.
RELACIONAMENTO ORGANIZACIONAL
A ética e a moral podem ser facilmente identificadas nos códigos de conduta de classes. Es-
ses documentos reúnem valores e orientações práticas para as ações profissionais. Apesar 
de toda conduta profissional se fundamentar na ética e moral social, devemos destacar que 
existem peculiaridades nas profissões que requerem atenção dos conselhos profissionais.
A ética pode ser dividida em campos de análise para melhor entendimento do compor-
tamento humano no seu âmbito profissional. Dessa forma, temos a Ética do trabalho, a 
Conhecer a história dos códigos de ética possibilita compreender a evolução da 
conduta profissional.
13Ética e Cidadania
1Ética ecológica, a Ética familiar, a Ética na educação, a Ética nas classes profissionais 
etc. Se o objeto de análise é a conduta humana, então, onde há ação humana, faz-se 
necessário analisar os parâmetros de relacionamentos éticos.
1.4 VALORES E CÓDIGOS DE CONDUTA SOCIAL
Quando estamos em família, partilhamos de valores comuns e aceitos por todos, pois 
é com base nesses valores que os indivíduos são educados. Entretanto, na medida 
em que as pessoas crescem e ampliam seus relacionamentos com outras pessoas e 
grupos sociais, seus valores passam por mudanças – sua visão de mundo se amplia, 
sofrendo modificações e, em muitosmomentos, acontecem conflitos com os valores 
familiares. Por isso, é ainda no âmbito familiar que a pessoa deve ser preparada para 
enfrentar diferentes valores sociais.
A família é uma importante unidade social, pois, independentemente do seu tamanho, 
incorpora os valores da sociedade, configurando-se, portanto, em um importante meca-
nismo da capilaridade da cultura da sociedade.
Apesar de certos exageros, ao se comparar a empresa com a família, você deve com-
preender que ambas são configuradas em unidades sociais diferentes e que cumprem 
papéis distintos na sociedade.
A empresa é, sem qualquer dúvida, uma importante unidade social, pois possui no seu 
escopo valores, cultura, crenças, metas, objetivos, visão de mundo, pessoas, enfim, to-
dos os atributos presentes na unidade social denominada família. Podemos afirmar que 
as empresas são mais racionais em sua forma de funcionar e em seus relacionamentos 
do que as famílias.
Passos (2006, p. 52) informa que “[...] como as organizações em geral, e as empresas 
em específico, são microestruturas sociais, partícipes da sociedade, também criam va-
lores, escolhem caminhos, optam por uma forma de ser e de agir consciente ou incons-
cientemente”. De forma geral, os valores orientam a conduta institucional e individual 
no âmbito das empresas.
Você sabe que é difícil manter a harmonia familiar, então, imagine o quão complexo 
pode ser em um ambiente de trabalho. Na família, comumente uma conversa entre 
irmãos ou pais e filhos serve para resolver os problemas de relacionamento, principal-
mente até o final da adolescência.
Como nas empresas há uma gama de pessoas diferentes com objetivos distintos, há 
a necessidade de se fazer a gestão dos conflitos, para que o negócio não seja afetado 
por disputas internas.
O conflito é inerente às pessoas, por isso as empresas sabem que em algum 
momento o conflito entre colaboradores ocorrerá. Na literatura, alguns fatores 
geradores de conflito no ambiente corporativo são conhecidos, entre outros, 
competição, acomodação, colaboração.
Moral e Ética na Sociedade
14
1 O conflito de valores é mais comum do que você imagina, por isso, na visão de Bennett 
(2014), as pessoas buscam vagas de emprego em empresas cujos valores são conver-
gentes com os seus.
Evidentemente, as pessoas devem ter a clara noção de que o mundo não é perfeito, 
portanto, será inevitável haver algumas diferenças entre os valores organizacionais e 
individuais, cabendo às pessoas se adaptarem, pois, de outra forma, dificilmente en-
contrarão a vaga de trabalho ideal. Lembre-se que a família deve ter a preocupação em 
preparar seus membros para o conflito de valores quando esses mantiverem relações 
com outras pessoas ou grupos sociais.
Você se imagina trabalhando em uma empresa cujos valores são completamente opostos 
aos seus? Pois é, sabemos que há diferença entre o mundo ideal e o real e em ambos 
você pode fazer suas escolhas. Adaptar-se a um ambiente em que há algumas diferenças 
entre os valores, não seria nada difícil, pois as pessoas possuem capacidade de adapta-
ção. Porém, ter que sair de casa diariamente para um ambiente que provoca significativo 
desconforto, certamente, além de desagradável, leva a pessoa ao limite da tolerância. 
Evitar situações como essa é fundamental para ambos. O colaborador, ao perceber a 
convergência de valores, atua proativamente com motivação, ajudando a empresa, que 
vê seus resultados ampliarem sua capacidade competitiva.
Não se iluda, os valores influenciam a capacidade de trabalho das pessoas e o ambien-
te de trabalho. Por isso as empresas atuam nessa área com o objetivo de evitar fuga de 
esforços, conflitos internos e tantos outros malefícios que a distorção ou a interpreta-
ção, ou mesmo o distanciamento entre os valores organizacionais e individuais podem 
acarretar no seu ambiente.
Dessa forma, a união entre as pessoas no ambiente de trabalho é muito importante 
para os resultados das empresas.
Vamos deixar mais claro: você pode se adaptar aos valores organizacionais, afinal, 
dentro do razoável, isso é perfeitamente factível. Difícil e complexo é atuar em empre-
sas que atuam de forma antiética. Nesses casos, Bennett (2014, p. 17) afirma que o 
indivíduo tem três opções:
 �Primeira opção
Aceitar o modo como a empresa faz negócios e tentar se adaptar, sem ficar 
pessoalmente envolvido em decisões antiéticas;
 �Segunda opção
Procurar emprego em outro lugar e deixar a organização;
 �Terceira opção
Aprender a ficar sozinho significa ser a pessoa que tenta mudar de dentro a 
organização antiética. Esse papel é extremamente estressante e, com frequ-
ência, exige uma boa dose de coragem pessoal.
15Ética e Cidadania
1De forma geral, as escolhas apresentadas por Bennett (2014) podem ser resumidas da 
seguinte forma:
Figura 01. Escolhas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Tudo inicia pela satisfação pessoal com o trabalho, em pertencer ao grupo social a partir 
de relacionamentos que têm por fundamentos valores.
A questão dos valores, da ética no ambiente de trabalho, não se trata apenas de uma 
questão individual, afinal, atualmente as empresas estão atuando no sentido de for-
malizar seus códigos de conduta, isto é, definem diretrizes para os comportamentos 
desejáveis no âmbito da empresa e fora dela.
Bennett (2014, p. 21) apresenta alguns valores comumente identificados nas em-
presas que se preocupam com sua imagem no mercado, principalmente em relação 
ao seu público-alvo.
Moral e Ética na Sociedade
16
1
1. Demonstrar honestidade e justiça
 �Seguir todas as regras e regulamentos. Procurar orientação sempre que 
estiver em dúvida.
 �Apresentar as informações com precisão, sem enganos nem exageros.
 �Comunicar-se com clareza e honestidade.
 �Tratar os outros com justiça e honestidade.
2. Respeitar os outros
 �Colocar sempre a segurança em primeiro lugar.
 �Proteger o meio ambiente ao fazer seu trabalho.
 �Tratar todos com civilidade e respeito.
3. Assumir responsabilidades
 �Ser responsável pelo que diz e faz.
 �Obter confiança atendendo aos compromissos.
 �Seguir políticas, padrões e procedimentos.
 �Procurar orientação sempre que estiver inseguro.
Agora chegamos ao ponto de você ter claro que os valores individuais e coletivos po-
dem ser facilmente acompanhados e percebidos na conduta das pessoas, tanto no 
ambiente das empresas, como na sociedade.
Afinal, o que é valor? Passos (2006, p. 52) afirma que a palavra valor, “[...] do latim 
valore, é a qualidade pela qual nós escolhemos alguma coisa em detrimento de outra”.
Ainda no sentido conceitual, Cortina e Martinez (2005, p. 43) entendem que os valores 
estão amplamente inseridos nos costumes dos grupos sociais e “[...] são uma parte 
indispensável da identidade de um povo em cada momento de sua história”.
Cunha (2012, p. 53) identifica que, superficialmente ou inicialmente, as pessoas asso-
ciam a palavra valor a uma “[...] qualidade das coisas ou ações [...] percebemos, depois, 
que não há coisas (ou ações) que sejam valiosas em si mesmas”.
17Ética e Cidadania
1Isso significa que o valor às coisas ou objetivos e ações é atribuído pelas pessoas em 
graus e de maneiras diferentes. Isso decorre do sentido de ética e do entendimento da 
moral social do indivíduo e do grupo social ao qual pertence ou está inserido.
Tamayo e Godin (1996, p. 64 apud PASSOS 2006, p. 53) indicam que “[...] uma das 
funções dos valores organizacionais compartilhados entre os membros da empresa 
é criar neles modelos mentais semelhantes relativos ao funcionamento e missão da 
organização”. O valor pode ser objetivo, entretanto, como elemento que está no plano 
de análise do comportamento social das pessoas, gera aprendizados, por isso contribui 
com o desenvolvimento do comportamento social, claramente percebido nas famílias, 
grupos sociais e empresas.
1.5 ÉTICA INDIVIDUAL E ÉTICA COLETIVA NO AMBIENTE 
ORGANIZACIONAL
O que uma empresa é ou pretende ser, o que o mercado pode esperar do comporta-
mento de uma empresa,entre outros aspectos, podem ser visualizados em documentos 
institucionais, como o planejamento estratégico e o estatuto da empresa, que apresen-
tam visão, missão, valores e objetivos.
Entre outros pontos, esses aspectos facilitam a identificação de informações relevantes 
sobre a empresa, permitindo um melhor posicionamento do mercado sobre o papel que 
pretende cumprir.
Mas o que a empresa espera de um colaborador normalmente não está descrito nos 
documentos mencionados, mas sim em documentos que tratam do desempenho espe-
rado pelas pessoas, do papel delas na empresa, enfim, que retratam as relações entre 
empresa e pessoas.
O código de conduta ou de ética é um dos documentos que identificam as expectativas 
da empresa em relação à conduta do colaborador, oferecendo, inclusive, a descrição 
de procedimentos adotados em diversas situações, como em reuniões com parceiros, 
relações entre líderes e liderados, relacionamentos entre membros de equips e respon-
sabilidades e aspectos que retratam a conduta das pessoas no ambiente de trabalho.
O valor costuma atribuir utilidade ao seu objeto, que pode ser um produto ou serviço, 
ou um comportamento. O importante é perceber o sentido de utilidade, isto é, se um 
comportamento possui valor por um grupo social possivelmente, isso é útil para manter 
a coesão, a harmonia, o desenvolvimento do grupo ou outra utilidade por ele percebida. 
Nesse sentido, Cunha (2012, p. 53) se apropria de Kluckhohl (1968) ao afirmar que “[...] 
um valor não é somente uma preferência, mas uma preferência que se sente ou que se 
considera justificada”.
No âmbito das organizações, sendo compreendidas como um microambiente social, 
portanto, uma coletividade de interesses, há necessidade em se definir condutas, com-
portamentos, para que os objetivos organizacionais sejam materializados no sucesso 
do seu negócio, isto é, o ambiente organizacional jamais pode ser como um cabo de 
guerra em que os interesses são disputados entre grupos.
Moral e Ética na Sociedade
18
1 Cortina e Martinez (2005, p. 44) observam que as regras de conduta institucionais preci-
sam ser claras para que sua observância seja constante, possibilitando a aproximação de 
valores individuais e coletivos em torno de objetivos comuns, “[...] maneiras de se vestir, 
de se pentear, de cumprimentar etc., embora, em princípio, sejam assuntos alheios a toda 
concepção moral, podem assumir certa ‘carga moral’ em determinadas circunstâncias”.
Os comportamentos das pessoas variam em ambientes diversos, no relacionamento com 
pessoas diferentes daquelas em que habitualmente estão acostumadas, em situações de 
maior ou menor pressão, entre outros. Para evitar problemas com a sua imagem, as em-
presas criam procedimentos que devem ser seguidos por todos os seus colaboradores.
Dessa forma, ela estabelece padrões na conduta dos seus colaboradores a partir dos 
seus objetivos, dos objetivos negociais institucionais. Nesse sentido, Sá (2010) asse-
vera que as organizações ou grupos sociais criam seus códigos de conduta ou de pro-
cedimentos éticos, justamente para evitar com que o individualismo deturpe a ética, e, 
portanto, tenhamos relações estabelecidas em interesses momentâneos, fragmentados 
pela visão individual, pessoal em detrimento do bem coletivo. Na sociedade e nas em-
presas, o coletivo deve estar permanentemente atento ao individual, para que este são 
se sobreponha ao primeiro.
Nesse sentido, Sá (2010, p. 53) destaca alguns aspectos que devem ser de responsabili-
dade de cada um, evitando que práticas individuais se sobreponham ao interesse coletivo:
Para evitar que práticas individuais se sobreponham ao interesse coletivo é preciso:
Compreender a necessidade de limitar a liberdade individual a uma disciplina de 
convivência harmoniosa com seus semelhantes.
Ser menos fantasioso e mais prático.
Harmonizar saber, crença, inteligência e sentimento.
Agir racionalmente controlando a emoção, a fé e a crença.
19Ética e Cidadania
1
Esses aspectos dizem respeito diretamente à ideia de que os valores consagrados pela 
coletividade devem ser sistematicamente comunicados para não caírem no esqueci-
mento dos indivíduos ou grupos menores, pois, vieses egoísticos na conduta pessoal 
ou de pequenos grupos podem criar desarmonias sociais graves.
Abaixo você confere um código de ética universal, conhecido, reconhecido e legitimado 
pela coletividade mundial, contendo ações condenáveis pela sociedade, tanto do ponto 
de vista moral como criminal.
Considerar que o interesse econômico é relevante, mas não o preponderante sobre 
o interesse humano.
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Amar a Deus sobre todas as coisas. Não pecar contra a castidade.
Não tomar seu santo nome em vão. Não roubar.
Guardar domingos e festas. Não levantar falso testemunho.
Honrar Pai e Mãe. Não desejar a mulher do próximo.
Não matar. Não cobiçar as coisas alheias.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Independentemente do credo religioso ou mesmo para o ateu, alguns aspectos aborda-
dos nos 10 mandamentos, quando cometidos, são reprovados pela coletividade e por isso 
algumas condutas assumem valores culturais que não necessariamente seriam passíveis 
de formalização ou sistematização. Todos nós sabemos que ninguém tem o direito de tirar 
a vida de outrem, nem mesmo de roubar ou pegar bens de outra pessoa sem autorização.
Por exemplo, atos de corrupção, que são completamente antiéticos, têm sua legislação 
punitiva, além de os códigos morais condenarem esse tipo de ação. Quando se aborda 
esse assunto, devemos ter claro que atos de corrupção fazem parte da história huma-
Moral e Ética na Sociedade
20
1 na, pois as pequenas ou grandes ações de corrupção são desdobramentos da conduta 
meramente antiética. Em alguns países, ao serem descobertos, os corruptos cometem 
suicídio, pois sabem que a moral coletiva condenará não somente o corrupto, mas 
também seus familiares. Em outros locais, os corruptos, mesmo depois de pegos, de-
claram inocência. Nesses casos, certamente a moral social não é rígida e consistente o 
suficiente para condenar o corrupto. Também nesses casos a própria legislação criminal 
costuma ser branda com os antiéticos.
As regras de conduta têm um papel importante no controle do comportamento indivi-
dual, pois é da natureza humana pensar primeiro no bem-estar pessoal, para depois 
agir em benefício comum e por isso as pessoas faltam com a verdade, desrespeitam os 
valores sociais estabelecidos, manipulam regras de convivência, estabelecem alianças 
por interesses particulares. A capacidade de raciocínio humana pode ser empregada 
para ações boas ou más. Dessa forma, o coletivo atua sempre sobre o individual, limi-
tando sua ação.
É bem simples raciocinar sobre o papel do que chamamos de hierarquia ética ou con-
trole da conduta ética coletiva sobre comportamento individual, pois já tivemos muitos 
exemplos de indivíduos ou grupos que tentaram fazer com que a sociedade ou a cole-
tividade tornasse legítimas suas práticas. Em resumo, objetivavam subjugar interesses 
coletivos, criando um perigoso cenário de ruptura de relacionamentos sociais, portanto, 
colocando em risco a harmonia coletiva.
Agora, podemos claramente entender o dito popular “a liberdade de uma pessoa ter-
mina quando começa a liberdade de outra pessoa”. Ultrapassar essa fronteira é muito 
perigoso, por isso a sociedade ou a coletividade limita nossas liberdades individuais.
Agora chegamos a mais uma materialidade da ética facilmente percebida no nosso 
cotidiano. A liberdade e a conduta das pessoas são definidas formalmente por meio 
de regras, normas e leis que são socialmente ou coletivamente aceitas, consagradas, 
legítimas, prevendo punições aos que as descumprirem.
1.6 ÉTICA APLICADA: CONDUTA HUMANA EM GRUPOS
Pelo apresentado, você deve perceber no seu cotidiano atos éticos e antiéticos, deve 
testemunhar diariamente o desrespeito a valores sociais e organizacionais. Isso ocorre 
porque nem o mundo e nem as pessoas são perfeitas. Somossuscetíveis a erros, al-
guns reconhecemos e com outros não fazemos o mesmo.
Certamente, a maioria das pessoas que está em uma fila no trânsito de uma autoestra-
da se indigna com os motoristas que cortam caminho pelo acostamento, que, além de 
ser um ato passível de punição no rigor da lei, é imoral. A pessoa que comete tal condu-
ta faz para levar vantagem em relação aos demais, que estão cumprindo com a lei e que 
reconhecem a prática da vantagem como antiética, portanto, moralmente condenável.
Mesmo condenável, o exemplo acima é corriqueiro, pelo menos no trânsito brasileiro, e 
pode ser em uma autoestrada, em uma metrópole ou mesmo em um pequeno vilarejo. Se 
for possível, o motorista brasileiro vai tentar levar vantagem de alguma situação. Há diver-
21Ética e Cidadania
1sos fatores que levam as pessoas a cometerem atos antiéticos, mas, o que não devemos 
pensar é que todas as ações antiéticas são tomadas de forma involuntária, inconsciente.
A seguir, verificaremos um grande problema que a sociedade começa a enfrentar como 
um ato que, de involuntário, passou a consciente, pois já dispomos de legislação que 
proíbe o uso de aparelhos celulares em certos ambientes ou situações.
Só uma olhadinha! Essa é uma expressão conhecida quando as pessoas fazem uso do 
aparelho de celular em situações em que não deveria cometer tal ato. No trabalho, no 
lazer, na igreja, na escola, ao volante, no restaurante, enfim, as situações são diversas. 
Como dissemos, algumas são proibidas por lei e outras, convenhamos, constrangedo-
ras, isto é, condenadas pela moral, mesmo assim, as pessoas simplesmente fazem. 
Quer dizer, a vontade individual suplanta a moral coletiva, entretanto, a condenação não 
é somente velada, pois as demais pessoas podem também executar a mesma ação.
Você sabia que empregados norte-americanos perdem cinco horas de trabalho por 
semana usando o celular para fins particulares? Usar celular no trabalho pode gerar 
demissão, até por justa causa.
No trabalho especificamente, o coletivo não reprova explicitamente, pois todos podem 
se deparar com a mesma situação, entretanto, não é desejável pelas empresas que 
constantemente seus colaboradores tenham que interromper suas atividades para 
atender alguma necessidade familiar.
De fato, todos podem se ver envolvidos em situações imprevistas com a família que, 
inevitavelmente, influencia o desempenho no trabalho. Por isso Bennett (2014, p. 29) 
destaca alguns aspectos que a pessoa deve atentar para manter o controle das ativida-
des no trabalho, sem descuidar das necessidades familiares, e vice-versa.
Acesse o endereço e confira novidades e curiosidades sobre o assunto: http://
economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2017/08/07/celular-
no-trabalho-pode-gerar-demissao-numero-de-casos-deve-aumentar.htm. Acesso 
em: 27 jul. 2019.
VOCÊ TEM O CONTROLE DE SUA VIDA
Se desejar fazer mudanças, você é quem deve efetuá-las.
 �Avalie suas prioridades
O que é mais importante – seu trabalho ou a família?
 �Seja realista
Seja realista quanto às expectativas que estabelece para si.
Moral e Ética na Sociedade
22
1
Lembre-se de que a empresa e seus colegas de trabalho, as pessoas de convívio, os fa-
miliares, enfim, todos que você se relaciona possuem alguma expectativa em relação à 
sua conduta. De fato, apesar de as pessoas desempenharem diferentes papéis, profis-
sional, pai, mãe, estudante, esposo, esposa, entre outros, tudo isso é feito por apenas 
uma pessoa que é influenciada por eventos múltiplos que ocorrem em seu cotidiano.
Apesar dessa complexidade, as pessoas interiorizam os valores familiares, profissio-
nais e sociais que definem sua conduta e limitam que seu comportamento se torne com-
pletamente diverso ao dos demais membros da sua família, trabalho ou grupo social.
É importante observar que toda sociedade, por mais rudimentar e simples que seja, 
transfere seus valores por meio das suas instituições sociais, como a escola, a família, 
a igreja, entre outras. As instituições sociais assumem um papel fundamental na disse-
minação e na configuração do comportamento individual socialmente aceito, por isso 
você dificilmente vai perceber grandes discrepâncias entre os valores que você apren-
de na família com os valores existentes em outras instituições sociais, até mesmo nas 
empresas privadas.
CONCLUSÃO
Nesta unidade vimos que a ética, a moral e os valores são importantes elementos orde-
nadores do comportamento das pessoas em empresas, grupos sociais, famílias e em 
qualquer parte ou setor da sociedade.
Para isso, faz-se uso de instituições sociais como a escola, a igreja, as entidades de 
classes, os partidos políticos, as instituições oficiais do Estado ou da sociedade civil.
Vimos também que as empresas possuem valores que visam a facilitar a inserção das 
pessoas em seu ambiente, o trabalho em equipe, entre outros elementos que possibi-
litam a identificação ética e moral em um ambiente controlado, como o das empresas. 
Por isso, as organizações procuram criar as condições para que as pessoas melhor se 
adaptem ao seu ambiente, fazendo a gestão dos inevitáveis conflitos entre pessoas no 
seu espaço. Esses conflitos são comumente originados em disputas por espaços ou por 
diferenças nas visões de mundo individuais.
Assim, compreendemos que são as pessoas que devem se adaptar aos valores organi-
zacionais, mesmo que esses sofram mudanças ao longo do tempo.
 �Converse
Converse com os membros da família a respeito de seus desafios profissionais.
Converse também com seu supervisor, mas tente não transformar os co-
mentários em exigências.
 �Foco
Permaneça focado no ambiente em que se encontrar.
23Ética e Cidadania
1Além disso, observamos que há como materializar os valores e o comportamento ético 
desejado por meio de códigos, leis e normas. Mecanismos sistematizam regras de con-
duta, por isso a ética coletiva limita o comportamento individual.
REFERÊNCIAS
1. BENNET, C. Ética profissional. São Paulo: Senac, 
2014.
2. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. A história 
dos códigos de ética médica. Pensar e dizer, Brasí-
lia, maio-jun. 2009. Disponível na biblioteca virtual da 
USF. Acesso em: 26 jul. 2019.
3. CORTINA, A.; MARTINEZ, E. Ética. São Paulo: 
Loyola, 2005. CUNHA, S. S. Ética. São Paulo: Sa-
raiva, 2012.
4. FRIEDRICH, T. L.; WEBER, M. A. L. Gestão de 
conflitos: transformando conflitos organizacionais 
em oportunidades. CRAS-RS, Porto Alegre, 14 jan. 
2014. Disponível na biblioteca virtual da USF. Acesso 
em: 26 jul. 2019.
5. PASSOS, E. Ética nas organizações. São Paulo: 
Atlas, 2006. 
6. SÁ, A. L. de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: 
Atlas, 2010.
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2
Ética Profissional
UNIDADE 2
ÉTICA PROFISSIONAL
1. O SER HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES
Desde sempre as pessoas são fundamentais para o desenvolvimento das empresas, 
pois aprendem, agregam, contribuem com suas competências, habilidades e atitudes, 
ampliando as capacidades competitivas das organizações.
Dessa forma, você deve partir da ideia de que, sem as pessoas, as organizações não al-
cançam a almejada sustentabilidade, ou, de forma mais clara, não conseguem sobreviver.
As pessoas devem compreender que ao adentrarem em uma empresa para desen-
volver suas atividades profissionais, devem se comportar conforme o elemento social 
(empresa) concebe como necessário e correto. Por isso é que as empresas definem 
atividades, procedimentos e processos, para que cada pessoa saiba qual seu papel 
nessa estrutura e o que a empresa espera da sua conduta.
Enquanto estrutura social, Sá (2010, p. 169) considera que “[...] todas as capacidades 
necessárias ou exigíveis para o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos”. 
Nesse sentido, surge aqui a combinação entre necessidades individuais e deveres e 
responsabilidades institucionais.
Além do conflito de valores, as pessoas precisam compreender que todas as ações 
no âmbito organizacional precisam convergir com o negócio, portanto, são racionais, 
objetivas e com propósitos definidos.Não queremos dizer com isso que não existe 
subjetividade nas tomadas de decisão, mas, convenhamos, se o negócio é que gera 
sustentabilidade à organização, então, por que ela agiria distante do seu negócio?
O cérebro nos dá a capacidade de distinguir entre certo e errado, bom e mau, entre 
outros aspectos ligados à ética e à moral que são amplamente trabalhados pelas em-
presas, visando manter seus colaboradores focados e contribuindo continuamente para 
a expansão do negócio.
Na posição de colaborador de uma empresa, possivelmente você não perceberá mal 
algum em usar o computador e a impressora para elaborar e imprimir um trabalho da 
faculdade. Mas inverta os papéis e se imagine na figura de proprietário da empresa, 
será que a percepção se manteria? Lembre-se de que a ética não deve ser aplicada 
convenientemente, mas ela deve estar à frente de todas as ações do cotidiano.
Imprimir um trabalho particular na impressora da empresa, usar o tempo do trabalho 
para se dedicar às atividades de foro privado, são ações que podem ser vistas por dife-
rentes atores como éticas ou antiéticas. Isso depende também do papel que se cumpre 
na empresa, da sua visão de mundo e outros fatores.
2
Ética e Cidadania 25
Para evitar situações constrangedoras, as empresas costumam elaborar manuais de 
procedimentos e condutas, objetivando nivelar o comportamento das pessoas no am-
biente de trabalho, tornando coletivo o conhecimento sobre os valores e as práticas 
éticas, preservando a empresa.
Dentre as diversas responsabilidades das empresas, uma delas é a de oferecer totais 
condições para que seu colaborador desempenhe ao máximo suas atividades. Dessa 
forma, disponibiliza computador, impressora, caneta, lápis, veículo, telefone, mesa, en-
tre outros instrumentos usados diariamente nas atividades laborais.
Os colaboradores devem, ou deveriam saber, que tais materiais devem ser utilizados 
somente em suas atividades laborais. Bennett (2014, p. 43) considera que “[...] o au-
mento do uso da tecnologia no local de trabalho nos últimos vinte anos trouxe novas 
preocupações e exige que decisões éticas sejam tomadas”.
A mesa ou estação de trabalho é reconhecida como o espaço reservado do profissional, 
sendo considerada, desde que guardadas as devidas proporções, como o seu espaço 
íntimo na organização, o lugar da empresa com o qual ele melhor se identifica. Espera-se 
que nenhum colega vasculhe as gavetas a procura de algo, mesmo um documento impor-
tante para a empresa. Nas gavetas, além de materiais relativos ao trabalho, as pessoas 
costumam guardar materiais de uso pessoal e, em muitos casos, documentos pessoais.
Isso ilustra bem a noção de ética no ambiente de trabalho. A empresa tem direito de 
abrir as gavetas de qualquer mesa em suas dependências, mas é o bom senso, a mo-
ral, a ética, uma regra precípua da boa convivência que faz com que as pessoas não 
mexam no espaço dos colegas. Convém destacar que o profissional deve ter a visão 
muito clara de que aquele espaço que ocupa, de fato, não é seu, é da empresa.
Veja esse caso de como uma pessoa pode tomar para si algo que não é seu, fazendo 
uso incorreto de um instrumento destinado apenas para suas atividades profissionais. 
Um deputado federal brasileiro foi flagrado no plenário, em plena sessão legislativa, 
com um aparelho celular da Câmara dos Deputados, assistindo um vídeo pornográfico. 
Tudo indica um ato, no mínimo, antiético, mas a autoridade parlamentar não sofreu 
punição, nem mesmo teve sua atenção chamada pela instituição e, com base no seu 
comportamento, não se sentiu constrangido.
Entretanto, sabemos que eticamente sua atitude deveria ser reprovada pela instituição, 
cabendo uma advertência formal, para que esse tipo de comportamento não volte a se 
repetir, por encontrarse distante dos princípios organizacionais. Além disso, por ser uma 
figura pública e estar de posse de um bem público, deveria também pedir desculpas ao 
contribuinte pelo erro cometido.
A imagem de uma empresa é influenciada pela conduta de seus colaboradores, por 
isso, o uso de instrumentos de comunicação institucional somente pode ser utilizado 
para fins laborais, como exemplo, o e-mail institucional, o telefone e todos os demais 
instrumentos disponibilizados pela empresa para o exercício da profissão.
O telefone é um dos importantes canais de comunicação para qualquer empresa, por 
isso, assim como os demais, deve ficar claro para todos os colaboradores os procedi-
26
2
Ética Profissional
mentos de uso. Você vai concordar que alguns procedimentos são básicos ao se usar 
um telefone, por exemplo. Ao atender, é importante fazer uma saudação cordial e se 
identificar pelo nome e local de trabalho. Essa postura deve ser adotada para ligações 
externas ou internas, pois, especialmente em empresas de grande porte, em que corri-
queiramente os colaboradores não se conhecem, sendo reconhecidos pelo número da 
matrícula e departamento em que atuam, esse tipo de procedimento se faz necessário.
A máxima “respeite para ser respeitado” é fundamental ser seguida nesses casos, afinal, 
a chance de um colaborador manter contato, seja por e-mail ou telefone, com alguém 
do ambiente interno ou externo que não conheça é grande. Por isso ser cordial, atender 
as pessoas com respeito e ética, ser claro e objetivo na informação são essenciais para 
qualquer pessoa ou empresa.
Para evitar problemas maiores na comunicação interna e externa, é comum que as em-
presas criem seus planos de comunicação, indicando formas de redigir documentos, pos-
tura em reuniões, uso da internet, e-mail, telefone, uso de documentos institucionais etc.
As regras de conduta nas empresas são importantes para que se evite ao máximo os 
efeitos das fofocas, boatos, ou seja, a ação das pessoas que sempre enxergam os 
aspectos negativos mais que os positivos em qualquer evento. Você sabe que toda 
empresa possui uma “rádio peão”, e é comum também que as empresas ou equipes de 
trabalho tenham o que se chama de sabotadores silenciosos, que atuam sempre visan-
do desagregar, confundir e semear a discórdia, fazer oposição a qualquer comunicação 
da empresa, boicotar pessoas, entre outros atos.
As empresas se configuram como um ambiente controlável, dinâmico, competitivo, em 
que a competição é real e está presente em muitas relações, por isso esse é um am-
biente complexo, como ilustra a figura a seguir.
A complexidade é inerente ao ambiente organizacional, contudo, por vezes se asseve-
ra, principalmente quando a equipe está dividida, insatisfeita com atitudes dos principais 
executivos da empresa ou quando há entre os colaboradores os sabotadores. Para 
Bennett (2014, p. 63), “[...] um sabotador silencioso é aquele cujos jogos sutis e sub-
versivos podem de fato prejudicar os relacionamentos de trabalho, a produtividade, a 
satisfação com o emprego e a confiança nos colegas”.
Bennett (2014) adiciona que os sabotadores silenciosos comumente agem da seguinte forma:
Ações dos sabotadores silenciosos
 �Guardam consigo informações úteis ao trabalho.
 �Assumem o crédito por algo feito por outra pessoa.
 �Não expressam reconhecimento e apreciação aos colegas quando fazem 
algum trabalho diferenciado.
 �Perdem tempo em atividades não produtivas para os projetos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
2
Ética e Cidadania 27
Os sabotadores silenciosos são mais comuns do que se imagina, poucas empresas não 
têm os seus. Sob o ponto de vista ético, evidentemente que as ações dos sabotadores 
silenciosos são condenáveis, por isso, dependendo do perfil da empresa, não prosperam, 
e, quando descobertos, são demitidos.
Os planos de comunicação e outros documentos institucionais costumam apresentar di-
versos aspectos das relações entre as pessoas nas empresas, em especial, àquelas que 
envolvem os relacionamentos entre líderes e liderados ou supervisores e empregados. 
Esses são colaboradores que possuem relações de trabalho, mas estão posicionados 
hierarquicamente em níveis diferentes.
Gerentes, chefese supervisores que praticam atos antiéticos costumam tentar de alguma 
forma corromper alguns dos seus comandados. Uma das formas mais comuns de perce-
ber isso tem relação com o tratamento diferenciado do chefe para com seus comandados. 
Nesse caso, é possível perceber que com alguns são aplicadas as regras institucionais, 
com até certo grau de autoritarismo, enquanto que para outros há regalias.
A pior coisa que pode acontecer a uma equipe de trabalho é ter alguém que atua como 
leva e traz para o chefe. Esse tipo de atitude gera desconfiança, chegando à revolta da 
equipe. Isso costuma desagregar, desmotivar e comprometer a produtividade da equipe 
e da empresa.
Outra prática recorrente, mas absolutamente condenada pelas empresas, é o assédio 
sexual. Muitas pessoas investidas em cargos fazem uso da sua posição hierárquica para 
se aproveitar desse tipo de situação. Além de fazer parte dos códigos de conduta das 
empresas, o assédio sexual é crime, especificado no código penal brasileiro.
A Lei Federal nº 10.224, de 14 de maio de 2001, versa sobre o crime de assédio 
sexual, em seu artigo 216 A e dispõe que constranger alguém com o intuito de obter 
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição se 
superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo 
ou função. Pena: detenção de um a dois anos. A lei nº 10.224 altera o decreto-lei 
2.848 de 7 de dezembro de 1940. Leia ambos e observe as alterações, pois elas 
refletem a evolução da percepção da sociedade em relação ao tema.
As diferenças entre essas normativas expõem claramente a evolução da sociedade 
em relação ao tema, requerendo, no atual momento, novas condutas de empresas 
e de seus colaboradores.
Relações íntimas ou romances no local de trabalho são indesejados pelas empresas, 
pois, pessoas que mantêm relações afetivas no local de trabalho tendem a se proteger, 
podendo esse sentimento de proteção prejudicar o desempenho, alterando negativamen-
te a conduta dos envolvidos.
As empresas investem para que as pessoas tenham no seu local de trabalho relações 
positivas, éticas, iguais e capazes de solidificar o ambiente organizacional.
Atualmente, as empresas procuram eliminar problemas como esses, criando processos 
institucionais que, dependendo da situação, são tratados somente pela cúpula da em-
28
2
Ética Profissional
presa, sem a participação da gerência média. Um exemplo disso são os canais de re-
clamação dos empregados em relação à conduta dos chefes. Após encaminhados, os 
relatos são apreciados e debatidos entre os principais executivos. Deve-se destacar que 
as reclamações dos colaboradores em relação aos seus superiores não se limitam ao 
campo do assédio sexual, mas podem estar relacionadas à falta de comprometimento, 
atitudes antiéticas, entre outras, que, sob o ponto de vista empresarial, comprometem o 
desempenho do negócio.
Bennett (2014, p. 94) argumenta com muita propriedade que, “[...] a mais inocente das 
intenções pode dar origem a situações complicadas, que exigem processos legais para 
serem resolvidas”.
O que se percebe é que, atualmente, as ações individuais podem de fato comprometer a 
imagem organizacional, criar rupturas internas e até influenciar negativamente o compor-
tamento das equipes, afetando o resultado da empresa. Portanto, normatizar o comporta-
mento das pessoas no ambiente organizacional ainda continua a ser uma das estratégias 
mais utilizadas para coibir condutas antiéticas..
2. ÉTICA E PROFISSÃO
Antes de evoluirmos no tópico, você deve ter claro que cada profissão requer habilidades 
e conhecimentos próprios, pois cada uma possui atividades específicas.
Sá (2010, p. 155) considera que:
A profissão, como a prática habitual de um trabalho, oferece uma relação entre 
necessidade e utilidade, no âmbito humano, que exige uma conduta específica 
para o sucesso de todas as partes envolvidas, quer sejam os indivíduos dire-
tamente ligados ao trabalho, quer sejam os grupos maiores ou menores onde 
tal relação se insere.
As empresas têm em seu escopo ético o padrão de conduta desejado pela sociedade, 
por isso alguns comportamentos são considerados e facilmente reconhecidos por toda a 
sociedade como éticos ou antiéticos, por possuírem um caráter universal. Apesar disso, 
as especificidades dos comportamentos dos profissionais são tipificadas em instrumentos 
normativos comumente conhecidos como códigos de ética.
Em uma relação comercial, é preciso ter confiança entre as partes. Essa relação tem iní-
cio quando ocorre uma demanda por parte do consumidor, que, via de regra, deposita fé 
no profissional que atende seu chamado.
Segundo Sá (2010, p. 228), no relacionamento comercial ético, especialmente por parte 
do profissional, há necessidade da observância de alguns aspectos:
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Ética e Cidadania 29
Figura 01. Aspectos para o relacionamento comercial ético
O uso de franqueza com o cliente.
Ouvir atentamente o cliente, estabelecendo 
uma comunicação resolutiva.
Usar de objetividade e transparência nas res-
postas às dúvidas ou demandas do cliente.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A não observância desses aspectos pode levar à dissolução da relação por meio do 
rompimento contratual após a constatação de práticas antiéticas, evidentemente.
Ser respeitoso com os colegas de profissão é fundamental para qualquer profissional, 
pois é por meio da ética que as equipes de trabalho se mantêm coesas e motivadas, 
além de fortalecer as relações profissionais no ambiente de trabalho, é salutar para as 
relações pessoais.
Parece óbvio, mas esses são aspectos que as pessoas aprendem desde cedo, pois o 
respeito ao outro faz parte da cultura, da moral social, portanto, trata-se de uma prática 
ética universal. Mesmo assim, comumente os códigos de ética profissionais reforçam 
esses elementos, fazendo o profissional perceber com clareza que não está sozinho em 
seu negócio ou em uma empresa, mas sim, que seu trabalho interage com outros ou 
mesmo que seus clientes dependem dos serviços prestados e da confiança depositada.
Sá (2010, p. 238) considera que:
objetivamente, perante sua comunidade, o profissional tem deveres diversos, mas 
basicamente o de sustentar a estrutura de organização da comunidade à qual se 
vincula, protegendo o conceito desta e o mantendo sempre elevado e protegido.
Por isso os códigos de ética e os comitês de ética profissional atuam visando manter os 
aspectos legais e éticos dentro dos padrões estabelecidos, mas também para que a classe 
profissional tenha uma boa imagem perante a sociedade, merecendo seu respeito.
Havemos de concordar que todo profissional ingressa em uma carreira com expectati-
vas, planos e interesses sociais e esses são aspectos legitimados e reconhecidos pelas 
classes, dessa forma, o entendimento geral estampado nos códigos de ética profissional 
considera essas possibilidades, não permitindo que apenas os interesses pessoais se 
posicionem acima da ética do profissional ou do coletivo.
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Ética Profissional
3. VALORES, RESPONSABILIDADES E DEVERES INDIVIDUAIS 
E COLETIVOS NAS ORGANIZAÇÕES
O local de trabalho é um ambiente social, isto é, não se configura em um espaço em 
que as pessoas apenas exercem atividades de produção de bens materiais ou serviços. 
Sendo assim, nesse ambiente há múltiplas relações e sentimentos que afloram diaria-
mente, dependendo das situações.
Figura 02. Dicotomias de sentimentos presentes no espaço de trabalho
Fonte: Elaborado pelo autor.
SENTIMENTOS
Frustração x Satisfação
Egoísmo x Solidariedade
Desejo de vingança x Amizade
Medo x Coragem
Pertencimento x Isolamento
Alegria x Tristeza
Esperança x Descrença
Amor x Ódio
A dimensão da complexidade do ambiente social, que é o espaço de trabalho, pode ser 
claramente percebida na variação de sentimentos individuais e, por vezes, coletivos, 
visto que nesse ambiente há pessoas de origem de diversos ambientes sociais, mas 
que precisam manter intensas e continuadas relações, provocando mudançascompor-
tamentais, ampliando a complexidade do ambiente.
O relacionamento entre as pessoas e as organizações ocorre de várias formas sob o 
ponto de vista da ética e da moral. Esses ocorrem formal e objetivamente, até informal 
e subjetivamente, havendo, sobretudo, uma relação de troca e compartilhamento cons-
tante e continuado.
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Ética e Cidadania 31
A troca ocorre também no ato de compra e venda de um produto ou serviço, ou também 
na prestação de serviços de um funcionário que deposita seus esforços e habilidades 
na empresa em troca de uma remuneração.
O compartilhamento pode ocorrer de várias formas, como elogios aos produtos e servi-
ços feitos pelos clientes, pelo uso comum de logística entre a empresa e um fornecedor, 
ou ainda pelo uso de conhecimento dos colaboradores no processo produtivo, consulti-
vo, criador, enfim, em vários processos do negócio da empresa.
Independentemente do tipo de relacionamento que uma empresa tem com as outras 
pessoas, todos possuem responsabilidades e deveres. As pessoas que são contrata-
das para atuar em uma empresa devem ter, por dever, conhecimento técnico sobre as 
atividades que irá executar, mas deve também ter ciência dos valores que guiarão sua 
conduta no ambiente organizacional.
Você sabe que as organizações são diferentes umas das outras e que as profissões 
também são. Seria muito simples para qualquer pessoa fazer a escolha por uma profis-
são, seja um engenheiro químico, cientista social, contador, economista, administrador 
de empresas, enfim, qualquer uma delas, mas a complexidade reside em que a pessoa 
precisa saber que há peculiaridades nas atividades, e é seu dever conhecê-las. As frus-
trações com as profissões se iniciam justamente em função de a pessoa não conhecer 
amplamente o escopo de tarefas da profissão escolhida, com isso, não ocorre a relação 
prazerosa com o ofício da profissão.
Sá (2010, p. 169), afirma que:
A profissão não deve ser um meio, apenas, de ganhar a vida, mas de ganhar 
pela vida que ela proporciona, representando um propósito de fé. Seus de-
veres, nesta acepção, não são imposições, mas vontades espontâneas. Isto 
exige, portanto, que a seleção da profissão passe pela vocação, pelo amor ao 
que faz, como condição essencial de uma opção.
Essa afirmação de Sá (2010) é relevante, sobretudo do ponto de vista ético à medida em 
que ao atuar em uma profissão com vontade, motivação e amor, certamente a pessoa es-
tará atuando com zelo, procurando o conhecimento sobre as tarefas da profissão, evitando 
erros nas atividades, que se configuram como o mais pernicioso problema que uma pessoa 
ou empresa pode ter. Trabalhos malfeitos mancham a imagem de um profissional ou de 
uma empresa, acarretando problemas maiores, como processos judiciais, perda de clien-
tes, perda de espaço no mercado, falta de confiança na marca, entre outros.
Para evitar problemas, as empresas procuram profissionais que demonstram ter capacida-
des básicas para o exercício profissional. Sá (2010) destaca algumas dessas capacidades: 
abnegação, aptidão, caráter, coerência, criatividade, determinação, disciplina, eficácia, efici-
ência, empenho, espontaneidade, fidelidade, firmeza, honestidade, lealdade, objetividade, 
parcimônia, perseverança, pontualidade, prudência, receptividade, sensibilidade, sincerida-
de, temperança, tolerância e zelo.
Evidentemente que cada uma dessas capacidades requer deveres a serem cumpridos pe-
las pessoas em relação aos seus múltiplos relacionamentos e responsabilidades no âmbito 
da vida profissional.
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Ética Profissional
Para Cunha (2014, p.138), “[...] só é dever o que aparece como necessitante perante a 
consciência pessoal”. Por isso, na visão desse autor existe uma diferença determinante 
entre dever e obrigação. O dever satisfaz, enquanto a obrigação é executada por força ex-
terna e muitas vezes não satisfaz, nem mesmo motiva, por implicar uma relação de subor-
dinação. Cunha (2017, p. 137) ainda destaca que, “[...] não existe sentimento de obrigação, 
enquanto é muito comum falar-se em sentimento de dever”.
A confusão entre dever e obrigação é bastante comum, mas quando você compreende que 
existe esferas do dever, percebendo-as em suas práticas diárias, fica mais fácil de entender 
as sutis diferenças entre esses termos. Na visão de Cunha (2014, p.140), existem duas 
esferas dos deveres, os particulares e os corporativos.
Particulares
Os particulares possuem relação com a ex-
pressão “lição de casa”, isto é, são as tarefas 
que cumprimos em nossa vida privada, por 
exemplo, fazer os trabalhos escolares.
Corporativos
Os deveres corporativos estão no plano profis-
sional, como os relativos ao cargo de presi-
dente de uma empresa ou entidade de classe.
Entender e saber a amplitude e a profundidade, isto é, a complexidade das tarefas de uma 
profissão, torna a obrigação menos pesada e o dever mais prazeroso.
Por certo, todas as pessoas que escolhem bem sua profissão, isto é, estão convictos da sua 
vocação, tendem a ser felizes, realizadas, e são pessoas mais produtivas do que aquelas 
que não souberam explorar suas virtudes.
Cortina e Martinez (2013, p. 60) classificam as virtudes em dois grupos:
Virtudes intelectuais Virtudes éticas
Inteligência Justiça
Ciência Veracidade
Sabedoria Amabilidade
- Magnificência
Fonte: Elaborada pelo autor.
Essas virtudes estão presentes nas pessoas, entretanto, algumas sabem potencializá-las 
e isso é possível à medida que cada indivíduo amplia sua visão de mundo, seus relacio-
namentos sociais e até mesmo os conflitos de valores contribuem para que isso aconteça.
Você não deve ter dúvidas de que as pessoas são a verdadeira fonte do conhecimento e da 
competitividade de qualquer organização, por isso todos os aspectos que envolvem a ética 
no âmbito organizacional devem ser tratados com a maior seriedade, tanto quanto as estra-
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Ética e Cidadania 33
tégias dos negócios organizacionais. Quando falamos em pessoas, estamos nos referindo 
a todas as pessoas que, de alguma forma, mantêm relações com as empresas.
Como saber se, ao entrar em uma loja, um cliente efetuará uma compra volumosa, uma 
compra modesta, ou sairá apenas com uma informação?
Por desconhecer a potencialidade dos clientes, toda empresa deve ter uma política de ética 
no atendimento às pessoas, evitando julgamentos superficiais e aparentes, ou mesmo por 
condição econômica e social. Com isso se evitam situações constrangedoras.
Parece inimaginável que uma empresa faça distinção entre seus clientes, mas isso ocor-
re corriqueiramente no comércio, na indústria ou em qualquer ramo empresarial, tanto no 
setor privado como no público. Certamente você deve se lembrar de muitas situações em 
que esse tipo de coisa tenha ocorrido, trata-se de uma postura antiética da empresa e das 
pessoas que cometem essas práticas. Passos (2006) adverte que as empresas devem ter 
práticas humanistas em relação às pessoas com quem interage, isso significa conceber seu 
negócio tendo por base que seu valor principal é o ser humano. A ética e a moral permeiam 
todas as relações estabelecidas no ambiente organizacional, fazendo parte consciente ou 
inconscientemente da prática das pessoas, por isso que cada um deve ter clareza do seu 
papel nesse ambiente social, para então agir conforme as regras da profissão e da empre-
sa, cumprindo com suas responsabilidades e seus deveres.
4. VALOR SOCIAL DAS PROFISSÕES E VIRTUDES 
PROFISSIONAIS
Em ambientes repletos de vícios, em que a desonestidade, a inverdade e o desrespeito im-
peram, a virtude não se faz presente. Se você conhece alguma organização em que esses 
elementos estão presentes, então tenha certeza de que se trata de uma organização dis-
tante da moral social, por vezes condenada pela sociedade, portanto tende não prosperar 
em seu negócio. A virtude organizacional ou individual tem seus fundamentos no respeito.
Sá (2010, p. 80) afirma que “[...] na conduta ética, a virtude é condição basilar, ou seja, não 
se pode conceber o ético semo virtuoso como princípio, nem deixar de apreciar tal capaci-
dade em relação a terceiros”.
O respeito é essencial à virtude e à ética, portanto, é fundamental às profissões, pois é 
ele que parametriza os relacionamentos entre as pessoas, tanto no âmbito profissional 
como fora dele.
Você já parou para pensar o que significa profissão? Sá (2010, p. 147) menciona que 
“[...] profissão provém do latim professione, do substantivo professio [...] Na atualidade, 
representa trabalho que se pratica habitualmente a serviço de terceiros, ou seja, prática 
constante de um ofício”.
As profissões têm papel social relevante, pois promovem a relação equilibrada entre as 
pessoas, facilitam o compartilhamento de conhecimentos, hábitos culturais, experiências de 
vida, criam e fortalecem relações, ampliam o entendimento jurídico, sociológico, psicológico 
e econômico do comportamento humano em sociedade.
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Ética Profissional
Em seu cotidiano, as pessoas cumprem muitos papéis, como trabalhador, pai, mãe, filho, 
esposo, esposa etc., sem mesmo tomar consciência da importância social de cada um de-
les. No que se refere às atividades profissionais, Sá (2010, p. 147) toma de Cuvillier (1947) 
aspectos relevantes do papel social cumprido pelas profissões, conforme segue:
 �É pela profissão que o indivíduo se destaca e se realiza plenamente, provando sua 
capacidade, habilidade, sabedoria e inteligência, comprovando sua personalidade 
para vencer obstáculos.
 �Por meio do exercício profissional, consegue o homem elevar seu nível moral.
 �É na profissão que o homem pode ser útil à sua comunidade e nela se eleva e 
destaca na prática dessa solidariedade orgânica.
Esses aspectos facilitam a nossa percepção sobre o valor social das profissões, inde-
pendentemente do seu nível de interação com a sociedade, isto é, do tipo de serviço 
prestado para satisfazer as necessidades humanas e sociais.
Deixemos de lado o serviço prestado diretamente à sociedade e passemos para o plano 
informacional. Você já pensou o quanto de informações as profissões geram para a so-
ciedade e como essas informações podem ser úteis? Por exemplo, com um pouco mais 
de atenção e investimentos públicos em campanhas publicitárias, as pessoas podem 
vir a saber como proceder em situações críticas, tais como acidentes de trânsito, aten-
dimento inicial a uma pessoa passando por um mal súbito, características de doenças, 
eventos climáticos extremos, entre outros.
São os profissionais que reúnem as capacidades para criar produtos ou serviços inten-
sivos em informações como elementos facilitadores das tomadas de decisões das pes-
soas em eventos críticos. Esse tipo de atividade reforça o compromisso das profissões 
para com a sociedade, que, por sua vez, reforça o papel social das profissões.
Nesse momento, não estamos destacando nenhuma profissão, mas, como as informa-
ções geradas em decorrências de suas atividades podem ajudar a sociedade, certa-
mente você deve estar vislumbrando as profissões que possuem esse perfil.
Outro aspecto importante, e mesmo determinante para a massificação das informações, 
diz respeito ao papel desempenhado pelas novas tecnologias, que, apesar de facilitar 
enormemente a difusão de informações, apresenta um já bem conhecido desafio à ética: 
a veracidade e credibilidade da informação.
Especialmente nas redes sociais são constatadas facilmente muitas informações falsas, 
denegrindo notórios profissionais, pessoas comuns, políticos, autoridades públicas e em-
presas. Em questão de horas, uma informação não verdadeira pode causar problemas 
significativamente sérios. Por isso que a fonte da informação também é outro elemento 
importante para as pessoas e organizações.
As classes profissionais constituem um importante elemento nesse cenário, afinal, quan-
do o Estado resolve agir por meio dos governos, precisa-se das classes profissionais para 
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Ética e Cidadania 35
mobilizar esforços. As classes representativas têm força para mover seus profissionais 
no entorno de ações que, de alguma, maneira contribuem com o desenvolvimento da 
sociedade, sendo o bem-estar social um dos princípios que norteiam as ações classistas. 
Quando requeridas à atuação, mostram seu potencial de conhecimento, atendendo às 
necessidades da sociedade. Convém destacar que faz parte do espírito da missão de 
toda entidade de classe agir concomitantemente às necessidades da sociedade.
A ética ou a falta dela por parte de profissionais ou classes vem sendo discutida em 
muitos fóruns, uma vez que, sobretudo nas últimas três décadas, vivencia-se um inten-
so ritmo na direção do comportamento individualista, que comumente relega a ética ao 
segundo plano em qualquer tipo de atividade. Também tomou corpo nos últimos anos a 
elevada concorrência por espaço no mercado, e, quando isso ocorre, é comum que algu-
mas pessoas e empresas percam a noção do sentido amplo do significado da ética em 
suas atividades profissionais.
Para agravar um pouco a situação, com a globalização, inúmeros países tiveram que 
se adequar ao novo cenário, apresentando projetos eticamente duvidosos, cujos desdo-
bramentos promoviam claramente o desmonte de estruturas cujas atividades focavam 
diretamente o bem comum, isto é, atendendo a missão precípua das instituições públicas.
Além desses, no Brasil, testemunhamos incursões de dirigentes classistas cujos objeti-
vos nada mais eram do que se projetarem pessoalmente, ou seja, usavam entidades de 
classes como trampolim, especialmente para acessar a carreira política.
Esses aspectos influenciam no êxito das políticas públicas, comprometendo o papel de 
profissionais. Quando observamos um quadro caótico em um hospital, podemos até 
imaginar que a política pública de saúde não está satisfatoriamente sendo executada, 
entretanto, entre a política pública e a população que necessita dos serviços, há di-
versos profissionais, como médicos, enfermeiros, assistentes socais, entre outros, que 
têm sua imagem prejudicada, primeiro por não conseguir atender toda a demanda e, 
segundo, por ver sua imagem questionada pelos pacientes e familiares. Então, no valor 
social das profissões, devemos sempre compreender o contexto em que as práticas 
profissionais estão em aplicação.
Quando nos deparamos com esse tipo de atitude, não devemos julgar a profissão, mas 
sim o profissional, que não possui as virtudes necessárias para o exercício ético e com-
petente da sua profissão.
Dessa forma, a entidade de classe deve julgar o profissional por seus erros, e não dei-
xar com que a sociedade faça seus julgamentos contra a profissão. Atualmente se tor-
naram comuns notícias de escândalos de corrupção em várias esferas do poder público 
e do setor privado, entretanto, colocar todos os profissionais no mesmo nível consiste 
em um exagero injusto.
A confiança depositada em qualquer profissão decorre do histórico que esta possui em 
relação aos serviços prestados à sociedade. É dessa forma que ocorre a construção do 
valor social das profissões, sendo de uma forma bastante básica, ou seja, a soma das 
práticas individuais fortalece a imagem da profissão.
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Ética Profissional
5. ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES
Vivemos um momento conturbado, tanto no Brasil como em outros países, em que os 
escândalos envolvendo empresas se avolumam e tomam conta da mídia mundial. Em-
presas gigantescas muitas vezes se envolvem em confusão por manter profissionais 
antiéticos ou por deixar com que a ganância pelo lucro ofusque a ética institucional.
Agir auferindo resultados econômicos faz parte das estratégias de qualquer empresa, pois 
esse aspecto é inerente ao sistema capitalista e fora dele, pois o fator econômico consiste 
em um dos pilares da sustentabilidade organizacional. Entretanto, fazer com que os valores 
econômicos definam toda e qualquer estratégia pode significar, em algum momento, riscos 
à empresa, pois a busca pelo lucro costuma ofuscar as virtudes éticas e morais.
Por isso os valores éticos precisam sim fazer parte das estratégias

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