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Estudo sobre adubação e população de plantas na produtividade de melancia

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS 
CÂMPUS DE JABOTICABAL 
 
 
 
 
 
 
PRODUTIVIDADE DE MELANCIA EM FUNÇÃO DA 
ADUBAÇÃO NITROGENADA, POTÁSSICA E 
POPULAÇÃO DE PLANTAS. 
 
 
 
 
 Anderson Luiz Feltrim 
 Engenheiro Agrônomo 
 
 
 
 
 
 
 
 
JABOTICABAL - SÃO PAULO – BRASIL 
2010 
 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS 
CÂMPUS DE JABOTICABAL 
 
 
 
 
PRODUTIVIDADE DE MELANCIA EM FUNÇÃO DA 
ADUBAÇÃO NITROGENADA, POTÁSSICA E 
POPULAÇÃO DE PLANTAS. 
 
 
 
Anderson Luiz Feltrim 
 
 Orientador: Prof. Dr. Arthur Bernardes Cecílio Filho 
Co-Orientadores: Prof. Dr. Luiz Carlos Pavani 
Prof. Dr. José Carlos Barbosa 
 
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e 
Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte 
das exigências para obtenção do título de Doutor em 
Agronomia (Produção Vegetal). 
 
 
 
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL 
Janeiro de 2010
 ii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR 
 
 
Anderson Luiz Feltrim – Filho de Altamiro Feltrim e Doracy Feltrim, nascido na 
cidade de Coronel Vivida, no Estado do Paraná, em 24 de Janeiro de 1977. Em março 
de 1998, começou sua formação acadêmica, no curso de graduação em Agronomia, na 
Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa - PR. No período de 2000 a 
2002 foi bolsista de iniciação científica pelo CNPq. Graduou-se em dezembro de 2002. 
Iniciou em março de 2003 o curso de Pós-graduação em Agronomia (Produção Vegetal) 
curso de Mestrado, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade 
Estadual Paulista (UNESP), Câmpus de Jaboticabal, com conclusão em julho de 2005. 
No período de junho de 2004 a dezembro de 2006, foi professor substituto das 
disciplinas Olericultura, Silvicultura e Climatologia, na Universidade Tecnológica Federal 
do Paraná (UTFPR) curso de Agronomia. Em março de 2006 ingressou no curso de 
doutorado. Atualmente é bolsista do CNPq do programa de Pós-graduação em 
Agronomia (Produção Vegetal) da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da 
Universidade Estadual Paulista (UNESP), Câmpus de Jaboticabal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iii
MENSAGEM 
 
Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu 
aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior. Estas atitudes se 
refletirão em mudanças positivas no seu ambiente familiar. Deste ponto em diante, as 
mudanças se expandirão em proporções cada vez maiores. Tudo o que fazemos 
produz efeito, causa algum impacto. 
 
 Autor: Dalai Lama 
 
Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. 
Não importa quais sejam os obstáculos e as dificuldades. Se estamos possuídos de 
uma inabalável determinação, conseguiremos superá-los. Independentemente das 
circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho. 
 
Autor: Dalai Lama 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 iv
 
 
Aos meus pais, Altamiro e Doracy Feltrim, por todo 
ensinamento, apoio e amor. 
Aos meus irmãos, Fernanda e Rafael, pelo carinho com 
que sempre me apoiaram e torceram por mim. 
Aos meus avós Luiz (in memorian) e Adelina Feltrim, 
Guardino e Terezinha Giareta (in memorian). 
 
DEDICO 
 
 
 
 
 
 
 
Ao amigo Prof. Dr. Arthur Bernardes Cecílio Filho, pela 
confiança e amizade construída. 
 
OFEREÇO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 v
AGRADECIMENTOS 
 
À DEUS, por estar sempre presente e iluminando meus caminhos. 
À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), UNESP, Câmpus de 
Jaboticabal, pela oportunidade de realizar o presente curso. 
Ao Prof. Dr. Arthur Bernardes Cecílio Filho, pela compreensão, paciência e 
orientações muito importantes nesta caminhada. 
Ao Profs. Dr. José Carlos Barbosa e Dr. Luiz Carlos Pavani pela co-orientação. 
Aos Profs. Dra. Leila Trevizan Braz, Dra. Mara Cristina Pessôa da Cruz, Dr. José 
Renato Zanini , Dr. Jairo Augusto Campos de Araujo, pelas orientações e sugestões no 
exame de qualificação. 
Aos Profs. Dra. Mara Cristina Pessôa da Cruz, Dr. Renato de Mello Prado, Dr. 
Roberto Lyra Villas Boas, Bráulio Luciano Alves Rezende pelas orientações e 
sugestões na defesa.A FAPESP pela concessão de auxílio a pesquisa. 
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela 
concessão de bolsa de estudo. 
Ao Bráulio Luciano Alves Rezende e família pela confiança, amizade e apoio em 
todos os momentos. 
Ao amigo Marcus Vinicius Irano Gonsalves, pela paciência em aturar as chatices 
e a ajuda na condução do experimento; pode ter certeza que levarei para sempre esta 
experiência. 
Aos amigos da república em Tupã: Fernando, Ivan, Guilherme, Rodolfo, 
Alexandre, Braian, Cristiano, Daniel e Matheus pelo acolhimento em suas casas e a 
amizade construída; podem ter certeza que levarei para sempre os momentos 
convividos. 
Aos funcionários da FCAV, em especial, Inauro, Thiago, João e Cláudio, Sidnéia 
e Nádia (Departamento de Produção Vegetal), pelo apoio técnico e amizade. 
Aos funcionários da Biblioteca, pelas informações prestadas. 
À Syngenta Seed, na pessoa do agrônomo MSc. Aparecido Alécio Schiavon 
Junior, pelos auxílios prestados para realização dos experimentos. 
 vi
Ao Luiz e ao Manuel, proprietários do viveiro de mudas BIOTEC de Tupã, pela 
parceria, apoio e confiança depositada na realização do experimento. E aos 
funcionários da empresa, em especial, Thais, Carlos e Wanderlei, pelo apoio de campo. 
Aos novos amigos André, Bidoia, Lelila, Paty, Mirian, Rosana, Tailise, de Tupã, 
pela amizade construída. 
À minha namorada Aline Barros Pessoa, pela compreensão, companheirismo e 
amor dedicado em todos os momentos. 
A todos os colegas e amigos do Departamento de Produção Vegetal, em 
especial aos da Olericultura, pela amizade, incentivo e companheirismo durante o 
curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 vii
SUMÁRIO 
 
Página 
RESUMO............................................................................................................ ix 
ABSTRACT........................................................................................................ x 
INTRODUÇÃO................................................................................................... 1 
REVISÃO DE LITERATURA 3 
Melancia 8 
Exigência nutricional da melancia 5 
Nitrogênio e melancia 6 
Potássio e melancia 7 
Fertirrigação 9 
Espaçamento 10 
MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 12 
Caracterização da área experimental...................................................... 12 
Tratamentos e delineamento experimental.............................................. 12 
Instalação e condução do experimento................................................... 15 
Fertirrigação............................................................................................. 19 
Manejo da Fertirrigação........................................................................... 17 
Características avaliadas......................................................................... 18 
Concentrações de N e K na solução do solo 18 
Teor de N e K na folha diagnóstica do estado nutricional 19 
Produção total e comercial de frutos por planta, produtividade total e 
comercial de frutos, e classificação de frutos 
19 
Número de frutos por planta e por área: total, comercial por classes 20 
Massa média dos fruto 21 
Sólidos solúveis totais (°Brix) 21 
Análise estatística dos dados.................................................................. 21 
RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 23 
Híbrido Shadow......................................................................................23 
 viii
Concentração de nitrato na solução do solo 23 
Concentração de K na solução do solo 26 
Teor de N e K na folha diagnóstica 32 
Número de frutos por planta: total, comercial e por classes 33 
Produção de frutos por planta: total, comercial e por classes 36 
Massa média de frutos 38 
Número total de frutos e comercial, produtividade total e comercial, e 
classificação de frutos expressos por hectare 
39 
Teores de sólidos solúveis 44 
Híbrido Top Gun 45 
Concentração de nitrato na solução do solo 45 
Concentração de K na solução do solo 51 
Teor de N e K na folha diagnóstica 56 
Número de frutos por planta: total, comercial e por classes 57 
Produção de frutos por planta: total, comercial e por classes 59 
Massa média de frutos 61 
Número total de frutos e comercial, produtividade total e comercial, e 
classificação de frutos expressos por hectare 
62 
Teores de sólidos solúveis 65 
CONCLUSÕES.................................................................................................. 66 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ix
PRODUTIVIDADE DE MELANCIA EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA, 
POTÁSSICA E POPULAÇÃO DE PLANTAS 
 
RESUMO – Foram conduzidos dois experimentos no período de 05/08/2009 a 
31/10/2009, no município de Tupã-SP, cujas coordenadas geográficas são latitude 
21º56'05" S, longitude 50º30'49" W e altitude de 524 metros, com objetivo de avaliar 
doses de N e K2O (79,8 e 106,7; 106,4 e 142,2; 133,0 e 177,7; 159,6 e 213,2 kg ha
-1), 
via fertirrigação, e espaçamentos entre plantas (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 m) na produtividade 
de dois híbridos de melancia. Os híbridos utilizados foram Shadow e Top Gun, sem e 
com semente, respectivamente. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, 
em parcela subdividida, com três repetições. Na parcela e na subparcela foram 
casualizadas doses de NK2O e espaçamentos para cada híbrido, respectivamente. O 
espaçamento entre as linhas foi de 2,0 m. As mudas foram formadas em bandejas com 
capacidade de 200 mudas e transplantadas quando apresentavam duas folhas. Foram 
avaliados os teores de nitrogênio e potássio na folha diagnóstico e na solução do solo, 
massa média de frutos, número de frutos e as produtividades total, comercial e 
classificação dos frutos, por planta e por área, para os dois híbridos. A dose de 79,8 kg 
ha-1 de N e 106,7 kg ha-1 de K2O, correspondente a 75% da dose de referência 
avaliada, é a recomendada para ser aplicada por fertirrigação tanto no híbrido Shadow 
como no híbrido Top Gun. O espaçamento de 0,5 m entre plantas proporcionou menor 
quantidade e produção de frutos por planta dos híbridos Shadow e Top Gun, com 
incremento significativo de quantidade de frutos e produção por área. Com o 
desenvolvimento da planta houve redução nas concentrações de nitrato e potássio na 
solução do solo. 
Palavras-chave: Citrullus lanatus var. lanatus, densidade de plantas, nitrogênio, 
potássio, fertirrigação, concentração de nitrogênio e potássio no solo. 
 
 
 
 
 x
 
WATERMELON PRODUCTIVITY IN FUNCTION OF NITROGEN, POTASSIUM AND 
POPULATION OF PLANTS 
 
ABSTRACT – Two experiments were conducted in the period from August 6 to 
October 31 of 2009, in Tupa, Sao Paulo State, Brazil, whose geographic coordinates are 
21°56'05" S latitude, 50°30'49" W longitude and altitude of 524 meters, the objective of 
this work was to evaluate the doses of N and K2O (79.8 and 106.7, 106.4 and 142.2, 
133.0 and 177.7, 159.6 and 213.2 kg ha-1) by fertigation and within-row plant spacing 
(0.5, 1.0, 1.5 and 2.0 m) in the productivity of two watermelon hybrids. The hybrids used 
were Shadow and Top Gun without and with seeds, respectively. The experimental 
design was randomized block in split-plot with three replications. The fertilizers doses 
were randomized at the plot, while the within-row spacing was randomized at the 
subplots. The row spacing was 2.0 m. The seedlings were formed in trays with capacity 
for 200 plants and transplanted when had two leaves. The variables evaluated were 
concentrations of nitrogen and potassium in the diagnosis leaf and in the soil solution, 
fruit mean mass, total and commercial fruit number, total and commercial productivity 
and classification of fruits per plant and per area of the two hybrids. The dose of 79.8 kg 
ha-1 N and 106.7 kg ha-1 K2O representing 75% of the reference dose evaluated it is 
recommended to be applied by fertigation in Shadow and Top Gun hybrids . The 
spacing of 0.5 m among plants provided a smaller amount and production per plant of 
Shadow and Top Gun hybrids with increased significantly in the amount of fruits and 
yield per area.The concentrations of nitrate and potassium in the soil solution decreased 
with the development of the plant. 
Keywords: Citrullus lanatus var. lanatus, plant density, nitrogen, potassium, fertigation, 
concentrations of nitrogen and potassium in the soil. 
 
 
 
 
 1
I - INTRODUÇÃO 
 
 
A planta de melancia é cultivada praticamente em todo o Brasil. As médias 
anuais de produção e de área cultivada, no período de 1999 a 2006, são 1.826.134,5 
toneladas e 81.891,75 hectares, respectivamente. A exportação brasileira de melancia, 
embora pequena, representou um faturamento médio anual de 8,29 milhões de dólares 
no período de 2004 a 2007. O Estado do Rio Grande do Sul é o maior produtor, com 
428.089,6 toneladas, seguido pelo Estado da Bahia, com 244.336,6 toneladas, e São 
Paulo, com 207.196 toneladas (AGRIANUAL, 2009). 
A área média anual cultivada com melancia no Estado de São Paulo, no período 
de 1999 a 2007, foi de 7.622,77 hectares. Os principais municípios produtores são 
Marília (17,8%), Presidente Prudente (11,3%), Itapetininga (10,3%), Tupã (8,8%), 
Ourinhos (8,2%), Itapeva (6,5%), Assis (5,4%) e Araçatuba (3,7%), que totalizam 72% 
da produção estadual (IEA, 2009). Segundo dados fornecidos pela Companhia de 
Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP), a quantidade de 
melancia comercializada no período de 2006 a 2008 teve um crescimento próximo de 
12,3%, em comparação a 2002-2005. 
A produção e a qualidade dos frutos de melancia estão associadas a fatores 
genéticos, climáticos e fitotécnicos, sendo a nutrição da planta de fundamental 
importância para se conseguir resultados satisfatórios. O nitrogênio e potássio são os 
nutrientes extraídos em maior quantidade pela planta de melancia (GRANGEIRO & 
CECÍLIO FILHO, 2004a). De modo geral, pode-se considerar que o nitrogênio é o 
nutriente com maior efeito na produção, enquanto o potássio é o nutriente com maior 
efeito na qualidade dos frutos. 
Atualmente, a adubação via água de irrigação, fertirrigação, é uma prática com 
potencial de uso na olericultura. O emprego da fertirrigação como prática agrícola 
permite, em relação à prática convencional de fertilização, melhor adequação da 
quantidade e época de fornecimento de nutrientes, maior eficiência da fertilização, 
economia de mão-de-obra e de tráfego ou trânsito na cultura. No entanto, no cultivo de 
 2
melancia existem poucas informações sobre o uso de fertirrigação, necessitando, por 
isso, de mais estudos quanto ao seu manejo. 
Outro fator que interfere na quantidade e qualidade dos frutos é a densidade 
populacional. A busca incessante pelo aumento de produtividade faz com que, 
constantemente, em razão de novas cultivares, novas regiões de plantio e de 
características de mercado, a otimização de práticas culturais, entre elas da fertilização, 
seja associada à adequação da densidade populacional. Variações no espaçamento 
entre plantas e/ou entre linhas podem diminuir ou aumentar a exigência nutricional da 
planta, em conseqüência altera o desenvolvimento da planta e a resposta aos fatores 
de produção. 
Atualmente, tanto para a fertilização, quanto para a densidade populacionalde 
melancia fertirrigada, as recomendações são baseadas em culturas não irrigadas. 
Em razão do exposto, este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos de 
doses de nitrogênio e potássio via fertirrigação, e espaçamentos entre plantas em dois 
híbridos de melancia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
II - REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1 Melancia 
 
A planta de melancia é originária das regiões secas da África tropical e tem como 
centro de diversificação secundário o sul da Ásia. A melancia cultivada (Citrullus lanatus 
var. lanatus) deriva, provavelmente, da espécie Citrullus lanatus var. citroides, existente 
na África central. A domesticação ocorreu nesta região, onde é cultivada há mais de 
5.000 anos. No Egito e no Médio Oriente é cultivada há mais de 4.000 anos. 
Disseminou-se pelo mundo e no século XVI foi introduzida na América (ALMEIDA, 
2003). 
A planta de melancia é uma planta herbácea, de ciclo vegetativo anual. O 
sistema radicular é extenso, mas superficial, com um predomínio de raízes nos 
primeiros 40 cm de profundidade do solo. Os caules são rastejantes, angulosos, 
estriados, com gavinhas ramificadas. As folhas da melancia são profundamente 
recortadas. A espécie é monóica. As flores são solitárias, pequenas, de corola amarela. 
Tanto as flores femininas quanto as masculinas localizam-se nas ramas principais, nas 
axilas das folhas. As flores femininas, menos numerosas, localizam-se a partir do meio 
até as extremidades das ramas. Permanecem abertas durante menos de um dia e são 
polinizadas por insetos. As plantas são autocompatíveis e a percentagem de 
polinização cruzada é muito variável. O fruto é um pepônio cuja massa varia entre 1 a 
25 kg. A forma pode ser redonda, oblonga ou alongada, podendo atingir 60 cm de 
comprimento. A casca é espessa (1a 4 cm). O exocarpo é verde, claro ou escuro, de 
tonalidade única, listrado ou manchado. A polpa é, normalmente, vermelha, podendo 
ser amarela, laranja, branca ou verde. Ao contrário dos frutos de melão e de abóbora, o 
da melancia não possui cavidade. As sementes encontram-se incluídas no tecido da 
placenta que constitui a parte comestível (ALMEIDA, 2003; FILGUEIRA, 2008). 
A cultura da melancia desenvolve-se melhor sob condições de clima quente e 
umidade relativa do ar baixa, com temperaturas variando de 18 a 25 ºC e extremos de 
 4
10 a 32 ºC. O melhor crescimento ocorre em temperaturas de 20 a 30 ºC, sem muita 
variação entre diurnas e noturnas. É bastante sensível ao frio e a ventos fortes. Embora 
possa ser cultivada nos mais variados tipos de solos, os de textura areno-argilosa, 
profundos e bem estruturados são os mais indicados. A melancia é levemente tolerante 
à acidez do solo, se desenvolvendo bem em pH(H2O) de 5,0 a 6,8 (MINAMI & IAMAUTI, 
1993; VILLA et al., 2001). 
A melancia é uma espécie diplóide com um número haplóide de cromossomos 
igual a 11. As cultivares com sementes são diplóides. As cultivares de melancia sem 
sementes são triplóides (3n=33) e resultam do cruzamento de um progenitor feminino 
tetraplóide (4n=44) com um masculino diplóide (KIHARA, 1951), as quais são estéreis. 
Embora a fecundação não ocorra, a polinização é necessária para estimular o 
desenvolvimento do ovário e a produção de frutos partenocárpicos. A semente é de alto 
custo, pois as linhas tetraplóides produzem apenas 5-10% da quantidade de semente 
das linhas diplóides (ALMEIDA, 2003). 
A produção mundial de frutos de melancia nos últimos oito anos atingiu média 
anual de 87.671.052,1 toneladas (t), em área de 3.343.192,1 hectares (ha), equivalendo 
a produtividade média no período de 26,2 t ha-1. 
Em termos de volume de produção, a melancia ocupa o quarto lugar dentre as 
hortaliças mais importantes no Brasil, com média anual de 1.826.134,5 t, no período de 
1999 a 2006, e área média anual cultivada de 81.891,8 ha, no mesmo período, o que 
corresponde a uma produtividade média de 22,2 t ha-1, inferior à produtividade média 
mundial. 
Os Estados do Rio Grande do Sul e Bahia participaram, no período de 1999 a 
2006, com 23,4 e 13,4% da produção anual, respectivamente, com produtividade média 
de 21,9 e 21,7 t ha-1, respectivamente. O Estado de São Paulo ocupa a terceira posição, 
com participação de 11,3% na produção de melancia (AGRIANUAL, 2009). Entretanto, 
segundo IEA (2009), a produtividade média do estado paulista no período de 1999 a 
2006 foi de 28,1 t ha-1, superior a produtividade média mundial, média brasileira e dos 
principais estados produtores Bahia e Rio Grande do Sul (AGRIANUAL, 2009). 
 
 5
2.1.1 Exigência nutricional da melancia 
 
Os estudos de adubação visando otimizar o fornecimento de nutrientes, tanto a 
dose quanto a época, é objetivo de estudos de fertilização de cultivos agrícolas. 
No Brasil, o primeiro trabalho sobre marcha de acúmulo de nutrientes na cultura 
da melancia foi publicado por NASCIMENTO et al. (1991) e apresenta informações 
parciais, com avaliações realizadas até o início de frutificação. Mais recentemente, 
GRANGEIRO & CECÍLIO FILHO (2004b) realizaram estudo mais completo com o 
híbrido de melancia Tide (frutos com semente) na região de Borborema, SP. Os autores 
verificaram que o híbrido apresentou crescimento inicial lento, intensificando-se a partir 
dos 30 dias após o transplante (DAT), atingindo no final do ciclo 1.800 g planta-1 de 
massa seca total. Desta, a contribuição da parte aérea foi de 31% e a dos frutos de 
69%. O acúmulo de nutrientes também foi pequeno no início do ciclo, atingindo aos 30 
DAT menos de 2% da massa seca total obtida no final do ciclo. Com a frutificação, 
houve um forte incremento na quantidade de nutrientes acumulados, sendo observadas 
no período de 45 a 60 DAT as maiores demandas para N, Ca e Mg e para P, K e S de 
60 aos 75 DAT. O acúmulo de nutrientes pela cultura aos 75 DAT foi de 139; 13; 155; 
25; 17 e 9 kg ha-1, respectivamente de N, P, K, Ca, Mg e S. 
No híbrido de melancia sem sementes, híbrido Nova, GRANGEIRO & CECÍLIO 
FILHO (2003) também verificaram crescimento inicial lento, intensificando-se a partir 
dos 30 DAT e acumulando, aos 70 DAT, 545,1 g planta-1 de massa seca total, sendo 
que a parte vegetativa contribuiu com 61% e os frutos com 39%. O acúmulo de 
nutrientes foi pequeno até 30 DAT e, nos últimos 25 dias do ciclo, a cultura acumulou 
80; 80; 77; 84; 88 e 81% do total, respectivamente de N, P, K, Ca, Mg e S, 
demonstrando ser muito grande a demanda por nutrientes neste curto período. 
Segundo TRANI et al. (1997), a adubação da melancia deve ser feita, 
aproximadamente 30 dias antes da semeadura, com 20 a 40 t ha-1 de esterco de bovino 
ou 5 a 10 t ha-1 de esterco de galinha, 30 kg ha -1 de N, 120 a 240 kg ha -1 de P2O5 e 30 
a 90 kg ha-1 de K2O, cujas doses dependem dos teores disponíveis no solo. Em 
 6
cobertura, recomendam 50 a 100 kg ha-1 de N e de K2O, parcelados em três aplicações, 
aos 15, 30 e 50 dias após a emergência das plântulas. 
 
 
2.2 Nitrogênio e melancia 
 
O nitrogênio é um nutriente muito importante para se obter alta produtividade dos 
cultivos, pois apresenta função estrutural importante, sendo componente de 
aminoácidos, amidas, proteínas, ácidos nucléicos, nucleotídeos, coenzimas, 
hexoaminas, clorofila e metabólitos secundários como alcalóides, glicosídeos 
cianogênicos, glucosinolatos e aminoácidos não protéicos que atuam na defesa da 
planta (MALAVOLTA et al., 1997; TAIZ & ZEIGER, 2004). Este macronutriente está 
relacionado com os mais importantes processos bioquímicos e fisiológicos que ocorrem 
na planta, tais como fotossíntese, respiração, desenvolvimento e atividade das raízes, 
absorção iônica de outros nutrientes, crescimento e diferenciação celular (CARMELLO, 
1999). 
Uma vez que o nitrogênio se encontra associado a vários componentes 
celulares, o primeiro sintoma a se manifestar nas plantas é a clorose das folhas mais 
velhas, devido à translocaçãodo nitrogênio nelas contido para as folhas mais novas 
para que ocorra a manutenção dos pontos de crescimento (TAIZ & ZEIGER, 2004) e, 
posteriormente, há redução na taxa de crescimento. Em melancia, a deficiência de N 
surge primeiramente em folhas mais velhas com coloração verde claro, evoluindo para 
cor amarela, característico de plantas deficientes em N. Ocorrem também redução do 
crescimento de folhas mais novas e aumento da distância entre folhas mais novas 
(VIDIGAL et al. 2006). 
O excesso de nitrogênio também pode ser prejudicial à planta, pois causa maior 
crescimento da parte aérea em relação ao sistema radicular, deixando a planta mais 
suscetível ás deficiências hídrica e de nutrientes, principalmente fósforo e potássio. 
Com o desenvolvimento foliar excessivo, o efeito positivo do nitrogênio na fotossíntese 
diminui pelo autossombreamento. O aumento do sombreamento pode gerar alterações 
 7
nas condições microclimáticas, potencializando a incidência de infecções por fungos. O 
nitrogênio também aumenta a concentração de aminoácidos e de amidas no apoplasto 
e na superfície foliar, que, aparentemente, tem maior influência do que os açúcares no 
desencadeamento de doenças fúngicas (RAIJ, 1991; ENGELS & MARSCHENER, 
1995; SALES, 2005). A aplicação excessiva de nitrogênio também pode causar danos 
ambientais como a contaminação do lençol freático. Segundo STEVENSON (1982), do 
total de N aplicado no solo muito pouco é recuperado pelas plantas, evidenciando 
grande perda por processos de volatilização, lixiviação, desnitrificação, erosão e 
imobilização microbiana. 
O manejo adequado da adubação nitrogenada é, portanto, essencial para uma 
atividade produtiva consciente, que visa altas produtividades, com redução de custo, 
respeitando-se a qualidade do produto e o meio ambiente. 
 
 
2.3 Potássio e melancia 
 
Diferentemente do N, o potássio (K) não faz parte de compostos orgânicos na 
planta; portanto, não tem função estrutural. Segundo MARSCHNER (1995), o potássio 
participa no processo de abertura e fechamento de estômatos, respiração celular, 
síntese de proteínas, osmorregulação, extensão celular e balanço de cátions e ânions. 
O nutriente caracteriza-se, também, por ser um ativador de um grande número de 
enzimas vegetais, principalmente dos grupos das sintetases, desidrogenases, 
oxirredutases, quinases e transferases, estando estreitamente relacionado com os 
processos de assimilação de carbono e de nitrogênio, favorecendo a formação de 
compostos nitrogenados e na síntese, translocação e armazenamento de açúcares 
(MALAVOLTA & CROCOMO, 1982). O potássio aumenta a resistência natural da parte 
aérea das hortaliças que tornam os tecidos mais fibrosos e resistentes às doenças 
fúngicas, inclusive ao acamamento e, principalmente, diminuindo efeitos negativos do 
excesso de N (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA PESQUISA DA POTASSA E DO 
FOSFATO, 1990; FAQUIN, 1994 e FILGUEIRA, 2008). 
 8
O K é o cátion principal que afeta o potencial osmótico, o que, sem dúvida, está 
relacionado com a presença na célula como íon livre. Aumentando a concentração de K 
na célula aumenta também a sua capacidade de absorver água (MALAVOLTA, 2006). 
No processo de abertura e fechamento dos estômatos, o K, especialmente do 
vacúolo, influencia na turgescência das células-guarda, pois eleva o potencial osmótico 
dessas células, resultando em absorção de água das células-guarda e adjacentes e, 
consequentemente, maior abertura dos estômatos. Assim, a baixa perda de água pelas 
plantas bem supridas em potássio é devida à redução na taxa de transpiração, a qual 
não depende somente do potencial osmótico das células, mas também é controlada 
pela abertura e fechamento dos estômatos. Esse controle da abertura/fechamento dos 
estômatos também é importante na taxa de fotossíntese, pois em plantas deficientes 
em K a abertura dos estômatos não ocorre regularmente, diminuindo a entrada de CO2 
(STEINECK & HAEDER, 1978). 
Uma das razões que explicam o fato das plantas apresentarem alta exigência em 
potássio é a necessidade que estas têm de manter elevado o seu teor no citoplasma, 
principalmente para garantir atividade enzimática ótima, pois esse nutriente não tem 
alta afinidade com compostos orgânicos. Outro motivo da necessidade de alta 
concentração do K no citossol e no estroma dos cloroplastos é para manter a 
neutralização de ânions (ácidos orgânicos e inorgânicos solúveis e ânions de 
macromoléculas) e manutenção do pH nos níveis adequados para o funcionamento da 
célula, isto é, pH de 7,0-7,5 no citossol e, aproximadamente, 8,0 no estroma 
(MARSCHNER, 1995). 
As plantas o absorvem na forma de K+, sendo bastante permeável nas 
membranas plasmáticas, e isto o torna facilmente absorvido e transportado a longa 
distância pelo xilema e pelo floema. Grande parte do potássio total está na forma 
solúvel (mais de 75%), portanto, a sua redistribuição é bastante fácil no floema. Sob 
condições de baixo suprimento de K no meio, o nutriente é redistribuído das folhas mais 
velhas para as mais novas e para as regiões em crescimento, razão pela qual os 
sintomas de deficiência aparecem primeiro nas folhas mais velhas (FAQUIN, 1994). 
 9
Os sintomas de deficiência de K nas culturas, em geral, caracterizam-se pela 
clorose marginal, seguida de necrose nas folhas, inicialmente, nas mais velhas. Em 
estádios mais avançados de deficiência, a clorose e a necrose podem difundir-se para 
as folhas mais novas, ocorrendo abscisão prematura das folhas mais velhas (SILVA 
JÚNIOR et al.,1995; LOCASCIO, 1996). Em melancia, segundo FARIA (1998), os 
sintomas de deficiência de potássio iniciam-se com murcha, logo após clorose nas 
margens das folhas mais velhas, que evolui para necrose. 
O excesso de K desequilibra a nutrição das hortaliças, dificultando a absorção de 
Ca e Mg. Os sintomas confundem-se com os danos causados pela salinidade, que é 
alta nos principais fertilizantes potássicos. 
 
 
2.4 Fertirrigação 
 
O sistema de irrigação por gotejo, além de altamente eficiente para a aplicação 
de água, é também perfeitamente adequado para a fertirrigação. 
A fertirrigação é muito vantajosa para os produtores, por possibilitar menor custo 
de aplicação de fertilizantes ao economizar mão-de-obra e máquinas. Também, o maior 
número de parcelas da dose total, diminuindo perdas e melhorando o atendimento às 
necessidades das plantas nas diferentes etapas de desenvolvimento da cultura, 
melhoram a eficiência dos fertilizantes e permitem maximizar o potencial produtivo da 
cultura. 
Dentre as limitações da fertirrigação tem-se a distribuição desigual de produtos 
químicos, quando o dimensionamento ou a operação do sistema de irrigação é 
inadequado, reação química dos fertilizantes no sistema podendo causar corrosão, 
precipitação de materiais químicos e/ou entupimento das saídas e poluição das fontes 
de água quando há refluxo da solução fertilizante (PAPADOPOULOS, 1999). 
A melancia pode ser irrigada por sulco, aspersão ou gotejamento. A irrigação por 
gotejamento apresenta um excelente potencial de uso na cultura da melancia, 
permitindo aumentar a produtividade da cultura e a eficiência de uso da água, quando 
 10
comparado ao uso de outros métodos de irrigação (MIRANDA et al., 2005). CLARK et 
al. (1996) citados por MIRANDA et al. (2005) afirmam que o uso da irrigação por gotejo 
permite maior precisão no fornecimento de água e fertilizantes ao longo de todo o ciclo 
da cultura, em comparação ao uso de irrigação por aspersão ou por superfície. 
Em melancia, SOARES et al. (1998) avaliando doses de nitrogênio verificaram 
que a maior produtividade (48,06 t ha-1) foi obtida com 60 kg de N ha-1 aplicados por 
fertirrigação, sem que o teor de sólidos solúveis totais fosse significativamente diferente 
dos teores obtidos nas demais doses. 
O efeito da aplicação combinada de N e K não tem sido estudo na cultura damelancia. No entanto, em meloeiro cultivado em solo arenoso e fertirrigado por gotejo, 
SOUSA et al. (2005) observaram que maiores matéria seca (93 g planta-1), massa de 
frutos (1,85 kg) e produtividade comercial (48,13 t ha-1) foram obtidos com as 
combinações de 100 e 190 kg ha-1, 220 e 190 kg ha-1, 100 e 370 kg ha-1 de N e K2O, 
respectivamente. 
A irrigação, apesar de ser cada vez mais utilizada pelos produtores, ainda é feita 
sem controle, ou seja, seu uso de indicadores da necessidade hídrica da cultura 
(tensiômetros, tanque classe “A”). E, segundo FREITAS (2004), a irrigação quando não 
é bem conduzida pode provocar danos indesejáveis como a salinização do solo, baixa 
produtividade, aumento de doenças fúngicas e qualidade inferior de frutos, além do 
desperdício de água. 
Para o manejo adequado da água de irrigação é necessário o controle da 
umidade do solo e/ou o conhecimento da evapotranspiração durante todo o ciclo da 
cultura. Para tanto, é indispensável que os parâmetros relacionados às plantas, ao solo 
e ao clima, sejam conhecidos para que se possa determinar o momento oportuno de 
irrigar e a quantidade de água a ser aplicada (SILVA & MAROUELLI, 1998). 
 
 
2.5 Espaçamento 
No Brasil, nos plantios irrigados por sulco ou por gotejo, se recomenda para a 
cultura da melancia espaçamentos que podem variar de 2,5 a 3,0 m entre linhas e 0,7 a 
 11
1,0 m entre plantas na linha, deixando apenas uma planta por cova. No final da estação 
chuvosa os plantios requerem espaçamentos mais amplos, considerando que as 
plantas apresentam maior crescimento vegetativo e encurtamento do ciclo. 
Especificamente no Estado de São Paulo, o espaçamento para a cultura da 
melancia pode variar de 2,5 a 3,5 m entre linhas e 1,5 a 2,0 m entre plantas, 
dependendo da cultivar e das condições de cultivo (VILLA, 2001). 
Em Petrolina, o espaçamento de 3 m entre linhas resultou em maior 
produtividade (42,46 t ha-1), enquanto para espaçamentos entre plantas de 0,6 e 0,8 m 
alcançaram as maiores produtividades com 42,50 e 45,29 t ha-1, respectivamente, sem 
diferenças significativas entre si. O espaçamento 3,0 x 0,8 m resultou em maior massa 
fresca do fruto (8,83 kg fruto-1) e em maior número médio de frutos por planta (1,35 
fruto), segundo RESENDE & COSTA (2003). 
 Em Paraipaba, CE, MIRANDA et al. (2005) observaram que não houve diferença 
significativa entre os espaçamentos (2,0 x 1,0 m com uma planta por cova, com 2,0 x 
1,0 m com duas planta por cova e 2,0 x 1,5 m com duas planta por cova) quanto à 
produção total e comercial de melancia. No espaçamento de 2 x 1 m, com uma planta 
por cova, foi constatado maior número de frutos por planta e maior massa de frutos, 
sendo o mais recomendado para mercados com preferência por frutos grandes. Os 
espaçamentos com duas plantas por cova (2,0 x 1,0 m e 2,0 x 1,5 m) podem ser 
recomendados para mercados com preferência por frutos de tamanho médio. Por outro 
lado, alteração no espaçamento, reflete em aumento na densidade populacional, com 
possível alteração na demanda por nutrientes pela planta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12
III - MATERIAL E MÉTODOS 
 
 
3.1 Caracterização da área experimental 
 
Os experimentos foram realizados de 05-08-2008 a 31-10-2008, em propriedade 
rural, em área de pastagem com Brachiaria sp. por 15 anos, situada no município de 
Tupã, SP, cujas coordenadas geográficas são 21º56'05" S, 50º30'49" W e altitude de 
524 metros. O clima de Tupã é classificado, segundo Köppen, como tropical com 
estação seca no inverno (Aw). A precipitação pluvial média anual é de 1.290,9 mm e a 
temperatura média anual é de 24,5 oC, a média das máximas é de 29,3 ºC e média das 
mínimas de 19,6 ºC (CEPAGRI, 2008). 
Durante o período de condução dos experimentos, a precipitação pluvial total foi 
de 97,1 mm, com a ocorrência de chuvas a partir dos 32 dias após o transplante (DAT) 
das mudas e maior concentração a partir dos 57 DAT, quando ocorreu a maior chuva 
(32,7 mm). 
O solo da área foi classificado como Argissolo Vermelho Amarelo, de acordo com 
EMBRAPA (2006). 
 
 
3.2 Tratamentos e delineamento experimental 
 
Foram conduzidos dois experimentos, simultaneamente, sendo cada um com um 
híbrido de melancia: ‘Top Gun’: híbrido F1, caracterizado pela precocidade, com ciclo 
médio de 80 a 90 dias, frutos com semente, de formato globular, de massa entre 10 e 
14 kg, casca verde com listras longitudinais largas verde-escuras e polpa vermelho-
escura, apresenta resistência/tolerância à fusariose/raça 1 e à antracnose, e ‘Shadow’: 
híbrido F1 triplóide, de frutos sem sementes, caracterizado por planta vigorosa, ciclo de 
90 a 100 dias, fruto redondo ovalado, casca verde-escura-média com faixas verde-
escuras, polpa vermelha, com massa média de 7 a 8 kg (VILLA, 2001) 
 13
Em cada experimento instalado sob delineamento de blocos casualizados, com 
parcelas subdivididas, foram avaliados quatro tratamentos principais (doses de 
nitrogênio e potássio – NK2O) e quatro tratamentos secundários (espaçamentos entre 
plantas), com três repetições. Nos tratamentos principais, as doses de nitrogênio e 
potássio avaliadas foram, em kg ha-1: Tratamento 1 (79,8 N; 106,7 K2O), Tratamento 2 
(106,4 N; 142,2 K2O), Tratamento 3 (3) (133,0 N; 177,7 K2O) e Tratamento 4 (159,6 N; 
213,2 K2O). As doses avaliadas corresponderam a 75, 100, 125 e 150% das 
quantidades de 106,4 kg ha-1 de N e 142,2 kg ha-1 de K2O. Estas doses foram propostas 
a partir das quantidades de N e de K exportadas por frutos de melancia, híbrido Tide 
(melancia com semente), verificadas por GRANGEIRO & CECÍLIO FILHO (2004a). Em 
todos os tratamentos, a relação N:K2O foi mantida em 1:1,33. 
Os fertilizantes utilizados na fertirrigação foram nitrato de amônio (NH4NO3), 
nitrato de potássio (KNO3) e cloreto de potássio (KCl) como fontes de N e K. A partir do 
florescimento, em cada fertirrigação e em igual quantidade para todos os tratamentos, 
foi aplicado 1,45 kg ha-1 de cálcio, na forma de nitrato de cálcio, objetivando evitar 
podridão apical dos frutos. O nitrogênio fornecido pelo fertilizante nitrato de cálcio foi 
somado ao fornecido por nitrato de amônio e nitrato de potássio para atender o total 
estabelecido pelo tratamento. 
Nos tratamentos secundários, os espaçamentos avaliados foram 0,5; 1,0; 1,5 e 
2,0 m entre as plantas na linha de cultivo. O espaçamento entre linhas foi de 2,0 m. A 
variação no espaçamento entre plantas na linha proporcionou avaliação de cultivos com 
densidades populacionais de 10.000, 5.000, 3.333 e 2.500 plantas por hectare. 
Cada unidade experimental foi composta por três linhas de seis plantas, 
considerando útil para a avaliação a linha central de cada parcela. 
 
 
3.3 Instalação e condução da cultura 
O preparo do solo foi realizado com aração, gradagem e abertura de sulcos. 
Previamente, amostras de solo da camada de 0 a 20 cm foram coletadas para análise 
química e os resultados encontram-se na Tabela 1. 
 14
 
 
 
Com base nessa análise química e de acordo com TRANI et al. (1997), elevou-se 
a saturação por bases do solo a 70%, aplicando-se 15 dias antes do transplante das 
mudas calcário calcinado (PRNT de 125%), com teor de CaO de 48% e MgO de 16%. 
O teor de magnésio foi corrigido para 9 mmolc dm
-3 no sulco de plantio (50 cm de 
largura e 20 cm de profundidade) pela aplicação de sulfato de magnésio. Também no 
sulco de plantio foram aplicados 240 kg ha-1 de P2O5, na forma de superfosfato simples. 
As aplicações de boro (ácido bórico) (1 kg ha-1) e de zinco (sulfato de zinco) (3 kg ha-1) 
foram realizadas via fertirrigação, divididas em duas parcelas, aos 15 e 30 DAT. 
As quantidades de N e K2O seguiram as recomendações de cada tratamento. 
Não foi realizada adubação orgânica. 
As mudas foram adquiridas do viveiro de Mudas Biotec, localizado no município 
de Tupã, SP, sendo formadas em bandejas de polipropileno com 200 célulase 
substrato Plantmax® HT e permaneceram em ambiente protegido até o transplante no 
dia 05-08-2008, quando apresentavam duas folhas. Foi utilizado uma planta por cova. 
Os blocos do experimento ‘Top Gun’ foram localizados entre os blocos do híbrido 
Shadow, que por ser macho estéril, necessita de cultivar doadora de pólen. Também 
foram colocadas três colméias ao redor da área experimental para garantir a 
polinização. 
O controle fitossanitário foi realizado com um pulverizador costal de 20 L, para 
tripes, pulgão e mosca-branca utilizando inseticidas à base de hidrocloreto de 
formetanato e thiamethoxam, e as doenças crestamento gomoso do caule (Didymella 
bryoniae) e antracnose (Colletotrichum lagenarium) com fungicidas à base de 
difenoconazol, azoxystrobin, thiophanate methyl e chlorothalonil. Após a instalação das 
colméias (25 DAT), as pulverizações com inseticidas foram realizadas no final da tarde. 
Tabela 1. Resultados da análise química do solo da área experimental. 
pH M.O. P resina K Ca Mg H+Al SB T V 
CaCl2 g dm
-3 mg dm-3 ----------------------mmolc dm
-3------------------------- % 
4,7 9 3 1,5 8 5 18 14,5 32,5 45 
B Cu Fe Mn Zn S-SO4
-2 Al 
 --------------------------------------mg dm-3-------------------------- ---------mmolc dm
-3--------- 
0,16 0,3 19 4 0,2 1 2 
 
 15
O controle de plantas daninhas de folhas estreitas foi realizado com herbicida à 
base de haloxifope. Para as de folhas largas foi realizada capina manual. 
 
 
3.4 Fertirrigação 
 
Para irrigação e fertirrigação da cultura foi utilizado o método de gotejamento. A 
água foi proveniente de poço artesiano, que abastecia dois reservatórios que juntos 
tinham capacidade total de 30.000 L. 
Uma amostra de água foi encaminhada para o Departamento de Tecnologia da 
UNESP, Campus de Jaboticabal, para a análise química, e os resultados obtidos 
encontram-se na Tabela 2. 
Tabela 2. Resultados da análise química da água de irrigação dos experimentos. 
CaCO3 Na Ca Mg B Cl F Fe N C.E. pH RAS* 
----------------------------------------mg L-1------------------------------------------------------- dS m
-1 - - 
35 0,75 8,0 4,0 0,1 1,9 0,8 < 0,1 0,85 0,12 6,36 0,05 
*Razão de Adsorção de Sódio 
 
O equipamento de irrigação era composto por uma bomba hidráulica centrífuga 
acoplada a um motor elétrico de 2,2 kW (3 cv) de potência no eixo, rotação de 
3.400 rpm; vazão da bomba de 8,5 m3 h-1 para uma altura manométrica de 320 kPa 
(32 m c. a.) e rendimento de 70%; um sistema de filtragem de água composto por filtros 
de discos de 120 mesh para evitar o entupimento dos gotejadores; válvulas hidráulicas 
automatizadas para abertura e fechamento do fluxo de água e de solução fertilizante 
para as tubulações; válvulas reguladoras de pressão instaladas no início de cada linha 
secundária para padronizar a pressão na entrada das linhas laterais e válvulas de 
retenção de água nas linhas de derivação das parcelas para impedir o retorno do fluxo 
para as parcelas em cotas mais baixas quando do desligamento do sistema; tubulações 
principais de PVC com diâmetro nominal (DN) de 50 mm e pressão nominal (PN) de 40 
kPa; linhas secundárias de PVC de DN 35 mm e PN 40 kPa e linhas de derivação (LD) 
 16
nas parcelas, de PVC de mesmos DN e PN das linhas secundárias; das linhas de 
derivação saiam três linhas laterais portagotejadores (LL) por parcela, de polietileno de 
baixa densidade e 16 mm de DN, espaçadas de 2,0 m entre si. Em cada LL haviam 
gotejadores inseridos internamente, espaçados de 0,5 m entre si, com vazão nominal 
de 1,4 L h-1 para uma pressão de serviço de 100 kPa. Como cada gotejador 
representava o ponto central de uma área de 1,0 m2 (0,5 x 2,0 m) a taxa média de 
aplicação de água pelos gotejadores era de 1,4 mm h-1. 
Para aplicação dos quatro tratamentos de fertirrigação, um conjunto de injeção 
de solução fertilizante foi acoplado ao cabeçal de controle do sistema de irrigação. Esse 
conjunto era composto por quatro reservatórios de polietileno, independentes, com 
capacidade para 1.000 L, onde eram preparadas as soluções fertilizantes com as 
concentrações respectivas a cada tratamento. A injeção da solução fertilizante de cada 
reservatório no sistema foi realizada por quatro bombas injetoras de 0,56 kW (0,75 cv) 
que foram reguladas por meio de um sistema de retorno para uma taxa de injeção de 
200 L h-1. Antes de chegar às tubulações principais do sistema de irrigação, a solução 
fertilizante passava por filtros de discos de 120 mesh para retenção de partículas que 
poderiam obstruir os gotejadores e depois por hidrômetros para controle do volume de 
solução a ser injetada na tubulação de cada tratamento específico. 
A fim de que, no campo, todas as plantas dos diferentes tratamentos recebessem 
a solução de nutrientes com a mesma condutividade elétrica, o tempo de injeção de 
fertilizantes para cada tratamento foi diferente. Assim, o tempo de injeção e os volumes 
de calda para os tratamentos NK2O (1), NK2O (2), NK2O (3) e NK2O (4) foram de 30 
minutos e 100 litros, 40 minutos e 133 litros, 50 minutos e 167 litros e 60 minutos e 200 
litros, respectivamente. Contudo, o tempo total de aplicação de irrigação foi o mesmo 
para todos os quatro tratamentos, ou seja, 180 minutos. 
Inicialmente, após o acionamento do sistema de irrigação, eram aguardados 20 
minutos de bombeamento de água para a total pressurização do sistema. Após a 
pressurização, eram acionadas as bombas injetoras NK2O (4) e NK2O (1), pois o 
sistema permitia somente o acionamento simultâneo de duas das quatro bombas 
injetoras. Quando a bomba NK2O (1) concluía o tempo de injeção da solução de 
 17
nutrientes, imediatamente era desligada e acionada a bomba NK2O (3). O mesmo 
ocorria para a bomba NK2O (4) e NK2O (2). Após a injeção dos fertilizantes era 
realizada a lavagem do sistema por 60 minutos, tempo necessário para que a 
condutividade elétrica da água de irrigação (CEa), medida com um condutivímetro 
portátil calibrado, retornasse ao valor de 0,14 dS m-1 obtido no início da injeção. O valor 
máximo de CEa observado foi 2,58 dS m-1. 
As fertirrigações foram feitas de 2 em 2 dias, iniciando-se aos 3 DAT, totalizando 
28 fertirrigações ao longo do ciclo da cultura. No período de 3 a 21 DAT foi aplicado 
20% das doses NK2O dos tratamentos, e no período subseqüente, 24 a 60 DAT, os 
80% restantes. 
 
 
3.5 Manejo da Irrigação 
 
O manejo da irrigação foi realizado por meio da estimativa diária da 
evapotranspiração da cultura (ETc), utilizando-se da expressão: 
ETc = ETo . Kc 
Em que ETo é a evapotranspiração de referência (mm dia-1) e Kc é o coeficiente 
de cultivo para a melancia (adimensional). 
 A ETo foi estimada utilizando-se o método do tanque classe A (ALLEN et al., 
1998). Para isso foi instalado, ao lado da área cultivada, um tanque classe A (TCA) com 
tanque tranquilizador e medidor micrométrico de gancho, sobre um estrado de madeira, 
sendo este conjunto assentado sobre solo sem cobertura vegetal por um raio de 
aproximadamente 10 m. A leitura da evaporação da água no TCA era feita diariamente 
pela manhã. Para a conversão da água evaporada no TCA (ECA) em ETo, os valores 
diários de ECA (mm) foram multiplicados pelo coeficiente de tanque Kp assumido como 
0,7, uma vez que não havia disponibilidade de dados de velocidade do vento e de 
umidade relativa média do ar para se estimar mais corretamente este coeficiente. 
Os coeficientes de cultura (Kc) utilizados foram os propostos pela FAO para a 
melancia (ALLEN et al., 1998): estádio inicial (0 até 15 DAT) de 0,4; estádio de 
 18
desenvolvimento vegetativo acelerado (16 a 32 DAT) de 0,4 a 1,0; estádio intermediário 
(33 a 75 DAT) de 1,0 e estádio final (76 DAT até a colheita) de 1,0 a 0,75. 
 
 
3.6 Características avaliadas 
 
3.6.1 Concentrações de N e K na solução do solo 
 
Para a obtenção da solução do solo,foram utilizados dois extratores com 
cápsulas cerâmicas microporosas colocados, em linha imaginária paralela à linha de 
plantio, a 20 cm da linha de plantas e a 10 cm da linha de gotejadores. Portanto, o 
tubogotejador ficou localizado entre a linha de plantas e a dos extratores. A cápsula dos 
extratores ficaram situadas a 30 cm de profundidade. 
Em cada parcela foram colocados dois extratores, sendo um à frente da planta 
central e outro distante deste em 0,25, 0,5, 0,75 e 1 m nos tratamentos com 0,5; 1,0; 1,5 
e 2,0 m entre plantas na linha, respectivamente. Assim, em cada parcela havia um 
extrator à frente da planta central e outro posicionado na metade da distância entre a 
planta central e a planta imediatamente ao seu lado. 
Os extratos de solução do solo foram coletados aos 17 DAT (início do 
crescimento), 29 DAT (início do florescimento), 39 DAT (início da frutificação, início de 
crescimento do primeiro fruto), 53 DAT (frutificação plena) e 73 DAT (maturação do 
primeiro fruto). Aos 39 DAT, para o híbrido Top Gun, não foi possível coletar solução 
suficiente para análise das concentrações de N e K. 
Para a extração da solução do solo foi feita aplicação de vácuo superior a 50 
kPa, com uma bomba manual de vácuo a pistão. Após 24 horas da aplicação do vácuo 
(na manhã do dia seguinte), antes da fertirrigação, a solução do solo acumulada nos 
extratores era coletada com o auxílio de uma seringa de sucção acoplada a um tubo de 
plástico. As amostras foram adequadamente acondicionadas em frascos de 
polipropileno. As concentrações de N e K na solução do solo foram determinadas 
segundo o método descrito por APHA, AWWA, WPCF (1998), com leitura em 
 19
espectrofotômetro a 220 nm e leitura em espectrofotômetro de absorção atômica, 
respectivamente. 
 
 
3.6.2 Teor de N e K na folha diagnóstica do estado nutricional 
 
No início da frutificação, foi coletada a quinta folha a partir da ponta do ramo, 
excluindo-se o tufo apical, de acordo com recomendações de TRANI & RAIJ (1997). 
Foram coletadas folhas das plantas localizadas na linha central da unidade 
experimental, quando os primeiros frutos encontravam-se com 5 cm de diâmetro, o que 
correspondeu a 37 DAT para o híbrido Top Gun e a 44 DAT para o híbrido Shadow. 
As folhas foram lavadas e secas em estufa com circulação forçada de ar, a 
65 °C. Após secagem, o material foi moído e digerido, para determinação dos teores de 
N e K, conforme métodos descritos por BATAGLIA et al. (1983). 
 
 
3.6.3 Produção total e comercial de frutos por planta, produtividade total e 
comercial de frutos, e classificação de frutos 
 
As colheitas dos frutos do híbrido Top Gun foram realizadas em 20-10 e 28-10-
2008, quando os frutos atingiram a maturidade fisiológica constatada pelo secamento 
da gavinha mais próxima ao fruto. Para o híbrido Shadow, realizou-se somente uma 
colheita (31-10-2008), quando observou-se coloração creme da casca do fruto em 
contato com o solo, haja vista o secamento da referida gavinha não ocorrer neste 
híbrido, ou acontecer muito tardiamente. Os períodos de cultivo (transplante à colheita) 
dos híbridos Top Gun e Shadow foram 84 e 87 dias. 
Os frutos foram pesados em balança digital com precisão de duas casas 
decimais. 
A produção total por planta (PTP) foi obtida somando-se toda a produção obtida 
por parcela e dividindo-se pelo número de plantas da parcela. Não foram considerados 
 20
frutos com podridão ou com rachaduras. Para a estimativa da produtividade total (PT, 
kg ha-1) a partir da produção obtida em uma parcela, considerou-se para o híbrido Top 
Gun (melancia com sementes) a área cultivada de 1 hectare igual a 10.000 m2, sem 
descontar os carreadores que são utilizados para a passagem de trator para realizar as 
pulverizações e transporte dos frutos colhidos, área que corresponde a 
aproximadamente 8% da área total. Para o híbrido Shadow (melancia sem semente), a 
estimativa da PT considerou a área efetivamente cultivada com este híbrido (7.500 m2), 
uma vez que 25% da área foi ocupada com o híbrido Top Gun usado como doador de 
pólen. Também para o híbrido Shadow não foi descontada a área referente aos 
carreadores. 
Os frutos foram classificados em: a) Melancia com sementes (‘Top Gun’): frutos 
não comerciais (< 6 kg), classe 1 (6 a 8 kg), classe 2 (8 a 10 kg ), classe 3 (10 a 12 kg) 
e classe 4 (> 12 kg); b) Melancia sem sementes (‘Shadow’): frutos não comerciais (< 3 
kg), classe 1 (3 a 5 kg), classe 2 (5 a 7 kg ), classe 3 (7 a 9 kg) e classe 4 (> 9 kg). 
 A produção comercial de frutos por planta (PCP) e produtividade comercial (PC, 
kg ha-1) dos híbridos Shadow e Top Gun corresponderam a frutos com massa superior 
a 3 kg e 6 kg, respectivamente; e que não apresentaram podridões e rachaduras. 
 
 
3.6.4 Número de frutos por planta e por área: total, comercial por classes 
 
O número total de frutos por planta (FTP) foi obtido pela razão entre produção 
das plantas da parcela e número de plantas da parcela. O número de frutos comerciais 
por planta (FCP) correspondeu ao número de frutos com massa superior a 3 kg e 6 kg, 
respectivamente para ‘Shadow’ e ‘Top Gun’; e que não apresentaram podridões ou 
rachaduras. 
Para a estimativa do número total de frutos por área (FTA) e comercial (FCA) 
utilizou-se do mesmo procedimento descrito para estimativa de PT e PC. 
 
 
 21
3.6.5 Massa média dos frutos 
 
 Para cálculo da massa média dos frutos dos híbridos Shadow e Top Gun foram 
usados somente os frutos comerciais. 
 
 
3.6.6 Sólidos solúveis totais (°°°°Brix) 
 
Aleatoriamente, dois frutos de cada unidade experimental foram avaliados quanto 
ao teor de sólidos solúveis totais. Os frutos foram cortados ao meio e coletou-se uma 
pequena porção de polpa, da região central do fruto, obtido o suco, e feita a leitura em 
refratômetro portátil. 
 
 
3.7 Análise estatística dos dados 
 
Os dados obtidos das características avaliadas, exceto para concentrações de 
nitrato e potássio na solução do solo, foram submetidos à análise de variância pelo 
teste F, segundo delineamento de blocos casualizados, com parcelas subdivididas. 
Quando significativo (P < 0,05) o efeito dos fatores, realizou-se o estudo de regressão 
polinomial, de acordo com BANZATO & KRONKA (1992). 
Diferentemente das demais características avaliadas, realizou-se a análise de 
variância para concentrações de nitrato e de potássio no extrato do solo segundo 
delineamento de blocos casualizados, com parcelas subsubdivididas. Os tratamentos 
primários, secundários e terciários corresponderam, respectivamente, à doses de 
NK2O, espaçamento entre plantas e posição dos extratores. Para as concentrações de 
potássio na solução do solo, os dados foram transformados em log (|valor real| + 1). 
Quando a interação tripla foi significativa, para análise desta, ter-se-ia que 
discutir os tratamentos isoladamente. Como o interesse é somente nos efeitos 
 22
principais e nas interações duplas, não foi analisado o efeito isolado de cada 
tratamento. 
Para melhor interpretação do efeito das interações dos fatores doses, 
espaçamento entre plantas e posição do extrator, realizou-se o estudo de superfície de 
resposta polinomial quadrática. Quando esta foi significativa para as interações (teste F, 
P < 0,05), este modelo foi utilizado para o estudo da interação dos fatores doses, 
espaçamento e época. 
O modelo utilizado para estudo da superfície de resposta foi: 
 z = b0 + b1 x + b2 y + b3 x² + b4 xy + b5 y² 
Em que: 
x - espaçamento entre linhas. 
y - espaçamento entre plantas. 
z - variável dependente. 
b0, b1, b2, b3, b4, e b5 - parâmetros do modelo. 
 Quando o modelo não foi significativo, realizou-se o estudo da regressão 
polinomial e se também não significativo, as médias foram comparadas por meio do 
teste de Tukey a 5% de probabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23
IV - RESULTADOS EDISCUSSÃO 
 
 
4.1 Híbrido Shadow 
 
4.1.1 Concentração de nitrato na solução do solo 
 
Para todas as épocas de avaliação da concentração de nitrato na solução do 
solo, não houve efeito significativo das interações doses, espaçamentos e posição do 
extrator (Tabela 3). Portanto, a superfície de resposta não apresentou ajuste 
significativo, pois esta depende dos efeitos significativos das interações. 
Aos 17 DAT, não foram verificados efeitos significativos dos fatores 
isoladamente. O estudo da regressão também não foi significativo. Nesta época, a 
concentração média de nitrato no solo foi de 6,70 mg L-1 (Tabela 3). 
Aos 29 DAT, somente foi constatado efeito significativo da posição do extrator, 
sendo que, no extrator instalado a distância média entre a planta central da linha de 
avaliação e sua adjacente, verificou-se 0,13 mg L-1 a mais de nitrato do que no extrator 
localizado frente à planta central da linha de avaliação (Tabela 3). 
Aos 39 DAT, o espaçamento entre plantas influenciou significativamente a 
concentração de nitrato na solução do solo (Tabela 3). À medida que aumentou o 
espaçamento maior foi a concentração de nitrato na solução do solo (y = 0,33x + 5,92; 
R2=0,93**). O efeito das doses NK2O na concentração de nitrato também ajustou-se a 
equação linear e verificou-se que o aumento da dose aumentou a concentração de 
nitrato na solução do solo (y = 0,006x + 5,66; R2=0,85*). 
Aos 53 DAT, tanto o espaçamento entre plantas quanto a dose de NK2O 
influenciaram significativamente a concentração de nitrato na solução do solo, porém 
não houve interação significativa dos fatores (Tabela 3). Os efeitos dos fatores sobre a 
concentração de nitrato ajustaram-se à equação linear, sendo crescente os valores de 
nitrato à medida que maiores foram as doses de NK2O (y = 0,025x + 1,85; R
2=0,86**) 
ou espaçamentos entre plantas (y = 0,92x + 3,50; R2=0,84**). 
 24
Tabela 3. Resumo da análise de variância e médias da concentração de nitrato na 
solução do solo (mg L-1) em função das doses de NK2O, espaçamentos entre 
plantas e posições do extrator de solução do solo, em cinco épocas do ciclo da 
melancia híbrido Shadow. UNESP, Câmpus de Jaboticabal, 2008. 
 
 Causas de variação Dias após o transplante 
Doses NK2O em relação à de 
referência (D)1 
17 29 39 53 73 
75 % 6,71 a 2 6,57 a 6,04 a 3,67 b 1,08 a 
100 % 6,76 a 6,60 a 6,35 a 4,62 ab 1,55 a 
125 % 6,66 a 6,61 a 6,47 a 4,53 ab 1,49 a 
150 % 6,65 a 6,59 a 6,50 a 5,76 a 1,84 a 
DMS 0,76 0,47 0,61 1,78 1,03 
Teste F 0,10ns 0,03ns 2,89ns 5,60** 2,18ns 
CV(%) 11,38 7,20 9,58 38,36 69,32 
Espaçamento (E) 
0,5 m 6,60 a 6,52 a 6,03 b 3,78 b 1,15 a 
1,0 m 6,63 a 6,53 a 6,34 ab 4,78 ab 1,45 a 
1,5 m 6,81 a 6,69 a 6,42 ab 4,69 ab 1,51 a 
2,0 m 6,75 a 6,64 a 6,56 a 5,33 a 1,86 a 
DMS 0,38 0,30 0,49 1,14 0,92 
Teste F 1,02ns 1,23ns 3,08* 4,80** 1,51ns 
CV(%) 7,23 5,65 9,81 38,98 77,56 
 D x E 1,47ns 0,76ns 1,45ns 1,88ns 0,68ns 
Posição (P) 
Distante da planta 6,72 a 6,66 a 6,43 a 4,60 a 1,36 a 
Perto da planta 6,67 a 6,53 b 6,24 a 4,68 a 1,62 a 
DMS 0,16 0,11 0,20 0,69 0,32 
Teste F 0,60ns 5,81* 3,79ns 0,12ns 2,46ns 
CV(%) 5,62 4,06 7,59 25,43 51,91 
D x P 0,28ns 1,07ns 0,98ns 2,31ns 0,33ns 
E x P 2,07ns 1,92ns 0,08ns 0,06ns 1,22ns 
D x E x P 1,86ns 1,48ns 0,53ns 1,13ns 0,85ns 
1 Dose NK2O de referência: 106,4 kg ha
-1 de N e 142,2 kg ha-1 de K2O; 
2 Médias seguidas da mesma 
letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. *, ** e ns correspondem 
ao teste F significativo a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente. 
 
Aos 73 DAT, nenhum dos fatores influenciou significativamente a concentração 
de nitrato na solução do solo (Tabela 3). Nesta época, 14 dias antes da colheita, 
 25
y =-0,002x2+0,079x+5,985 R²=0,99**
y =-0,003x2+0,151x+4,651 R²=0,98**
y =-0,002x2+0,092x+5,737 R²=0,99**
y =-0,002x2+0,031x+6,799 R²=0,98**
0
1
2
3
4
5
6
7
8
17 29 39 53 73
C
on
ce
nt
ra
çã
o 
de
 n
itr
at
o 
(m
g 
L-
1 )
Dias após o transplante
75%
100%
125%
150%
verificou-se concentração média de 1,5 mg L-1 de nitrato na solução do solo. No 
entanto, aos 73 DAT, houve ajuste significativo da equação linear para concentração de 
nitrato na solução do solo com aumento na dose NK2O (y = 0,009x + 0,50; R
2=0,84*) e 
do espaçamento entre plantas (y = 0,44x + 0,95; R2=0,95*). 
As concentrações de nitrato na solução do solo, aos 73 DAT, foram muito 
menores do que as observadas na primeira época avaliada (17 DAT) (Figura 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Concentração de nitrato na solução do solo para 75, 100, 125 e 150% da dose 
106,4 kg ha-1 N e 142,2 kg ha-1 de K2O, no decorrer do ciclo da melancia híbrido 
Shadow. UNESP. Câmpus de Jaboticabal, 2008. 
 
Até 39 DAT, a concentração de nitrato na solução do solo oscilou entre 6,57 e 
6,76 mg L-1 para as doses. A partir deste período até a última avaliação, aos 73 DAT, 
houve redução de 4,96, 4,80, 4,98, 4,66 mg L-1 para as doses 75, 100, 125 e 150% de 
106,4 kg ha-1 de N e 142,2 kg ha-1 K2O, respectivamente (Figura 1). 
Para os espaçamentos, até aos 39 DAT, a concentração de nitrato oscilou entre 
6,52 a 6,81 mg L-1 e depois, para todos os espaçamentos avaliados as concentrações 
reduziram acentuadamente até a última avaliação (Figura 2). 
 
 
 
 26
y =-0,002x2+0,103x+5,488 R²=0,99**
y =-0,002x2+0,121x+5,262 R²=0,99**
y =-0,002x2+0,087x+5,929 R²=0,99**
y =-0,002x2+0,043x+6,484 R²=0,98**
0
1
2
3
4
5
6
7
8
17 29 39 53 73
C
on
ce
nt
ra
çã
o 
de
 n
itr
at
o 
(m
g 
L-
1 )
Dias após o transplante
0,5 m
1,0 m
1,5 m
2,0 m
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Concentração de nitrato na solução do solo em função do espaçamento entre 
plantas (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 m), no decorrer do ciclo da melancia híbrido Shadow. 
UNESP. Câmpus Jaboticabal, 2008. 
 
 
4.1.2 Concentração de K na solução do solo 
 
Exceto aos 17 DAT, as demais épocas de avaliação demonstram que o teor de 
potássio no espaçamento 0,5 m é menor, pois as plantas retiram mais nutriente do solo 
devido à maior quantidade de planta por área e densidade radicular (Tabela 4). 
Na primeira época avaliada, aos 17 DAT, a concentração de K na solução do 
solo foi influenciada significativamente somente pela interação doses de NK2O e 
espaçamento entre plantas (Tabela 4). Procedeu-se a análise de superfície de resposta, 
mas não foi observado ajuste significativo. Estudou-se a desdobramento da interação 
doses de NK2O e de espaçamento (Tabela 5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27
Tabela 4. Resumo da análise de variância e médias da concentração de potássio na 
solução do solo (mg L-1), em função de doses de NK2O, espaçamentos entre 
plantas e posições do extrator de solução do solo, em cinco épocas do ciclo da 
melancia híbrido Shadow. UNESP, Câmpus de Jaboticabal, 2008. 
 
Causas de 
variação 
Dias após o transplante 
Doses NK2O em 
relação à dose 
 17 29 39 53 73 
de referência (D)4 Real1 Trans.2 Real Trans. Real Trans. Real Trans. Real Trans. 
75% 31,13 1,34 a 3 19,30 1,18 a 14,18 0,99 b 8,32 0,70 a 3,00 0,49 c 
100% 41,72 1,41 a 45,79 1,50 a 32,22 1,37 ab 21,17 1,06 a 5,88 0,64 ab 
125% 23,11 1,31 a 28,55 1,35 a 31,38 1,36 ab 21,70 1,09 a 3,86 0,58 bc 
150% 46,23 1,46 a 49,47 1,54 a 43,49 1,55 a 40,73 1,50 a 5,89 0,74 a 
DMS 15,24 0,47 0,51 0,84 0,20 
Teste F 1,75ns 2,78ns 4,96* 3,25ns 3,35** 
CV(%) 17,90 34,06 38,92 77,88 22,73 
Espaçamento E) 
0,5 m 44,50 1,41 a 32,55 1,35 a 23,74 1,19 a 15,21 0,81 a 3,97 0,56 a 
1,0 m 34,78 1,37 a 34,87 1,37 a 29,60 1,31 a 22,59 1,13 a 3,85 0,61 a 
1,5 m 32,39 1,41 a 31,96 1,39 a 28,59 1,33 a 24,41 1,14 a 4,41 0,59 a 
2,0 m 30,51 1,34 a 43,73 1,45 a 39,34 1,43 a 29,71 1,23 a 6,390,69 a 
DMS 0,32 0,40 0,42 0,47 0,27 
Teste F 0,17ns 0,17ns 0,83ns 2,40ns 0,69ns 
CV(%) 29,26 36,20 39,82 54,11 56,04 
D x E 3,71** 0,91ns 0,72ns 0,64ns 0,57ns 
Posição (P) 
Distante da planta 41,38 1,43 a 35,23 1,41 a 32,90 1,37 a 23,73 1,12 a 4,33 0,60 a 
Perto da planta 29,71 1,34 a 36,32 1,38 a 27,74 1,26 b 22,23 1,04 a 4,98 0,63 a 
DMS 0,11 0,10 0,09 0,14 0,11 
Teste F 2,71ns 0,33ns 5,98* 1,36ns 0,25ns 
CV(%) 19,70 17,96 16,95 30,69 44,49 
D x P 0,72ns 1,12ns 1,75ns 0,55ns 2,11ns 
E x P 0,89ns 0,15ns 0,11ns 1,80ns 0,33ns 
D x E x P 1,33ns 2,70* 2,95* 1,52ns 1,91ns 
1 Valor real; 2 Valor transformado para log (| valor real| + 1) para análise estatística; 3 Médias seguidas da 
mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; *, **, e ns 
correspondem a significativo pelo teste F para as probabilidades de 5%, 1% e não significativo, 
respectivamente; 4 Dose NK2O de referência: 106,4 kg ha
-1 de N e 142,2 kg ha-1 de K2O. 
 
 28
Tabela 5. Desdobramento da interação doses de NK2O e espaçamentos aos 17 DAT 
para concentração de potássio na solução do solo (mg L-1) híbrido Shadow. 
UNESP, Câmpus de Jaboticabal, 2008. 
 
Espaçamento entre plantas 
Doses NK2O em relação à de referência
1 
75% 100% 125% 150% 
0,5 m 1,24 A a2 1,93 A a 1,25 A b 1,19 AB b 
1,0 m 1,28 A ab 1,09 B b 1,27 A ab 1,81 A a 
1,5 m 1,58 A a 1,50 AB a 1,41 A a 1,13 B a 
2,0 m 1,25 A ab 1,10 B b 1,30 A ab 1,69 AB a 
1 Dose NK2O de referência: 106,4 kg ha
-1 de N e 142,2 kg ha-1 de K2O. 
2 Médias seguidas da mesma letra 
minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de 
probabilidade. 
 
O ajuste significativo de equação para médias de espaçamento foi obtido 
somente na dose de 100% do NK2O de referência, observando-se redução linear com 
aumento do espaçamento entre plantas (y = -0,41x + 1,92; R2=0,45**). Nas doses de 75 
e 125% do NK2O de referência, não houve diferença significativa entre os 
espaçamentos, enquanto na dose de 150% de NK2O, maior concentração de K na 
solução do solo foi observada no espaçamento entre plantas de 1,0 m, mas sem diferir 
dos valores observados nos espaçamentos de 0,5 e 2,0 m entre plantas (Tabela 5). 
Nota-se, portanto, que os resultados observados para concentração de K na solução do 
solo não apresentaram uma tendência de resposta, dificultando a interpretação dos 
resultados. 
Na análise da concentração de K na solução do solo em função da dose, a 
dificuldade de compreensão dos resultados observados pode ser constatada nos 
ajustes significativos das equações (Figura 3). Nos espaçamentos de 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 
m, as máximas concentrações de K foram 1,63; 1,73; 1,62 e 1,57 mg L-1 (Figura 3). 
Aos 29 DAT não houve efeito significativo dos fatores isolados ou interação 
(Tabela 4). 
Aos 39 DAT não houve interação significativa entre os fatores avaliados (Tabela 
4). Observou-se somente efeito dos fatores doses e posição do extrator isoladamente 
(Tabela 4). Verificou-se resposta linear crescente para concentração de K na solução 
do solo (y = 0,0066x + 0,5687; R2=0,85*) à medida que aumentou a dose NK2O 
 29
y=-0,0003x2+0,064x-1,7836 R² = 0,46*
y=0,00029x2-0,0591x+4,0685 R²=1,0
y=-0,0057x+2,0521 R²=0,90*
y=0,0061x+0,6533 R²=0,62*
0,5
0,7
0,9
1,1
1,3
1,5
1,7
1,9
2,1
75 100 125 150
C
on
ce
nt
ra
çã
o 
po
tá
ss
io
 (
m
g 
L-
1 )
Doses de referencia NK2O
0,5 m
1,0 m
1,5 m
2,0 m
aplicada no solo. No extrator localizado na distância média entre a planta central da 
linha de avaliação e a sua adjacente, foi verificada maior concentração de K na solução 
do solo (Tabela 4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Concentração de potássio na solução do solo, em função das doses NK2O em 
relação à dose de referência (75, 100, 125 e 150% da dose 106,4 kg ha-1 N e 
142,2 kg ha-1 de K2O), dentro de cada espaçamento da melancia híbrido 
Shadow. UNESP. Câmpus Jaboticabal, 2008 
 
Aos 53 DAT, nenhum dos fatores avaliados influenciou, isoladamente ou em 
interação, a concentração de K na solução do solo (Tabela 4), que apresentou valor 
médio observado de 23 mg L-1. Provavelmente, o alto coeficiente de variação pode ter 
sido o motivo para não ter sido detectada diferença significativa entre as doses e 
espaçamentos avaliados (Tabela 4). Contudo, verificou-se ajuste linear crescente para 
aumento das doses de NK2O (y = 0,0092x + 0,0440; R
2=0,92*) na concentração de K 
na solução do solo e para o aumento dos espaçamentos (y = 0,2553x + 0,7606; 
R2=0,92*). Maior concentração de K na solução do solo foi observada com a maior dose 
de NK2O aplicada (150%), atingindo 114% a mais do que com a menor dose de NK2O 
(75%). Para os espaçamentos, o aumento foi de 154% a mais no maior espaçamento 
em relação ao observado para o menor espaçamento (0,5 m). 
Aos 73 DAT, somente o fator doses de NK2O influenciou significativamente a 
concentração de K na solução do solo (Tabela 4). Verificou-se ajuste linear crescente, 
 30
ou seja, à medida que aumentou a dose houve um aumento na concentração de K na 
solução do solo (y = 0,0027x + 0,3077; R2=0,71**). A maior dose NK2O aplicada (150%) 
proporcionou concentração de K 139% maior do que a observada na menor dose NK2O 
(75%). 
No início do ciclo, as concentrações de K na solução do solo, que eram de 31,13 
e 41,72 mg L-1, respectivamente para as doses de 75 e 100% de 106,4 kg ha-1 de N e 
142,2 kg ha-1 de K2O, reduziram linearmente com o desenvolvimento das plantas e 
atingiram, na última avaliação, 73 DAT, 3,00 e 5,88 mg L-1, respectivamente (Figura 4). 
 
 
Figura 4. Concentração de potássio na solução do solo para 75, 100, 125 e 150% da 
dose 106,4 kg ha-1 N e 142,2 kg ha-1 de K2O, no decorrer do ciclo da melancia 
híbrido Shadow. UNESP. Câmpus Jaboticabal, 2008. 
 
 
Por outro lado, para as doses de 125 e 150% de 106,4 kg ha-1 de N e 142,2 
kg ha-1 de K2O, ocorreu aumento de K na solução do solo até 37 e 29 DAT 
respectivamente (Figura 4), quando atingiram as máximas concentrações de K, 29,79 e 
48,95 mg L-1. A partir de então, a concentração de K reduziu, sendo de 4,91 e 5,30 mg 
L-1 de K, respectivamente, aos 73 DAT (Figura 4). 
No maior espaçamento entre plantas, 2 m, observou-se aumento expressivo na 
concentração de K, atingido o máximo (35,13 mg L-1) aos 35 DAT (Figura 5). Este 
y =-0,479x+35,387 R²=0,92**
y =-0,716x+59,560 R²=0,92**
y =-0,023x2+1,354x+29,027 R²=0,97**
y =-0,018x2+1,287x+6,879 R²=0,98**
0
10
20
30
40
50
60
17 29 39 53 73
C
on
ce
nt
ra
çã
o 
de
 p
ot
ás
si
o 
(m
g 
L-
1 )
Dias após o transplante
75%
100%
125%
150%
 31
aumento na concentração de K no maior espaçamento, provavelmente, ocorreu devido 
à maior concentração radicular próximo ao eixo da planta e menor absorção de K 
aplicado por gotejadores localizados entre duas plantas. 
Com 1,0 m entre plantas, o incremento de K na solução do solo foi muito 
pequeno entre as avaliações feitas aos 17 e 29 dias, reduzindo-se a partir de então. 
Com espaçamentos de 0,5 e 1,5 m, houve ajuste linear com redução da concentração 
de K na solução do solo com o decorrer do ciclo (Figura 5). 
 
 
Figura 5. Concentração de potássio na solução do solo em função do espaçamento 
entre plantas (0,5; 1,0; 1,5 e 2,0 m), no decorrer do ciclo da melancia híbrido 
Shadow. UNESP. Câmpus Jaboticabal, 2008. 
 
 A redução nas concentrações de nitrato e potássio na solução do solo a partir 
dos 39 DAT coincide com o período de frutificação, que, segundo GRANGEIRO & 
CECÍLIO FILHO (2003) e GRANGEIRO & CECÍLIO FILHO (2004 a, b) é o período de 
elevada a demanda por nutrientes, correspondendo, neste período, a mais de 80% do 
total acumulado pela planta. 
Os resultados demonstram o quanto a solução do solo expressa a relação solo 
planta. Como o aumento da demanda da planta houve diminuição importante de nitrato 
e potássio nasolução do solo. 
y =-0,711x+54.007 R²=0,98**
y =-0,010x2+0,367x+31,841 R²=0,99**
y =-0,493x+45,171 R²=0,85**
y =-024x2+1,665x+11,258 R²=0,96**
0
10
20
30
40
50
60
17 29 39 53 73
C
on
ce
nt
ra
çã
o 
de
 p
ot
ás
si
o 
(m
g 
L-
1 )
Dias após o transplante
0,5 m
1,0 m
1,5 m
2,0 m
 32
 
4.1.3 Teor de N e K na folha diagnóstica 
 
Efeitos significativos da interação doses e espaçamentos e dos fatores isolados 
não foram observados para o teor de N nas folhas (Tabela 6). 
 
Tabela 6. Resumo da análise de variância e médias dos teores de N e K (g kg-1) na 
folha diagnóstica do estado nutricional da melancia em função de doses de 
NK2O em relação à da referência NK2O
 e de espaçamentos entre plantas do 
híbrido Shadow. UNESP, Câmpus de Jaboticabal, 2008. 
1 Dose NK2O de referência: 106,4 kg ha
-1 de N e 142,2 kg ha-1 de K2O. 
2 Médias seguidas da mesma letra 
na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade; ** e ns correspondem ao teste F 
significativo a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente. 
 
O teor foliar médio de N foi de 29,5 g kg-1, que se encontra dentro da faixa (25 a 
50 g kg-1) considerada por TRANI & RAIJ, (1997) como adequada para a cultura da 
melancia. 
Causas de variação 
Doses de NK2O em relação 
à dose de referência(D)1 
N 
(g kg-1) 
K 
(g kg-1) 
75 % 29,84 a2 27,33 b 
100 % 30,11 a 33,08 a 
125 % 29,42 a 32,72 ab 
150 % 28,63 a 35,84 a 
DMS 1,51 5,64 
Teste F 2,67 ns 5,89 ** 
CV(%) 5,62 15,75 
Espaçamento (E) 
0,5 m 29,22 a 31,40 a 
1,0 m 29,71 a 31,17 a 
1,5 m 30,03 a 32,72 a 
2,0 m 29,03 a 31,68 a 
DMS 1,51 5,64 
Teste F 0,97 ns 0,33 ns 
 D x E 2,14 ns 0,89 ns 
CV(%) 5,62 15,75 
 33
Quanto ao teor de K na folha diagnóstica, somente foi verificado efeito 
significativo da adubação com NK2O (Tabela 6). Os teores de K na folha aumentaram 
linearmente com o aumento das doses de NK2O segundo a equação y = 0,1006x + 
20,922 (R² = 0,83**) e os teores observados, entre 27,3 e 35,8 g kg-1, dentro da faixa 25 
a 40 g kg-1 são considerados adequados para a melancia (TRANI & RAIJ, 1997). 
 
 
4.1.4 Número de frutos por planta: total, comercial e por classes 
 
Efeitos significativos da interação doses e espaçamentos e da dose NK2O 
isoladamente não foram observados no número de frutos total por planta (FTP), 
comercial (FCP) e nas classes 3 a 5 kg (FP35), 5 a 7 kg (FP57), 7 a 9 kg (FP79) e 
acima de 9 kg (FP9). Porém, o espaçamento entre plantas influenciou 
significativamente todas as características anteriormente citadas (Tabela 7). 
A ausência de resposta positiva da planta ao incremento de N e K pode ser 
atribuída à ausência de efeito significativo das doses NK2O no teor foliar de N e, ainda 
que significativo para o teor foliar de K, os teores deste nutriente situaram-se dentro da 
faixa adequada para a nutrição da planta, fato relevante para que não haja resposta 
diferenciada da planta às doses de NK2O em todas as características avaliadas. 
Também, a maior eficiência da fertirrigação em relação à adubação convencional 
contribui para diminuir a quantidade de fertilizantes na adubação da cultura. A eficiência 
de aproveitamento do N e K, segundo PAPADOPOULOS (1999), está entre 70 e 80%, 
quando a aplicação é via gotejo. Em pimentão, foi verificada redução de 50% nas doses 
de N e K, via fertirrigação, em relação à praticada de modo convencional (FEITOSA 
FILHO et al., 2001), enquanto em banana constatou-se que a fertirrigação reduziu em 
20% a dose recomendada na adubação convencional, mantendo-se a produtividade 
(TEIXEIRA et al., 2007). 
As menores quantidades de N (79,8 kg ha-1) e de K2O (106,7 kg ha
-1) entre as 
doses avaliadas, e que foram utilizadas pelo ‘Shadow’ para crescer e produzir sem 
diferir das maiores doses, correspondem a 25% menos das quantidades de N e K 
 34
exportados por 40 t ha-1 de frutos do híbrido Tide (frutos com semente), conforme 
verificado por GRANGEIRO & CECÍLIO FILHO (2004a). 
Tabela 7. Resumo da análise de variância para número de frutos por planta: total (FTP), 
comercial (FCP), com 3 a 5 kg (FP35), com 5 a 7 kg (FP57), com 7 a 9 kg 
(FP79), com mais de 9 kg (FP9), em função de doses NK2O e espaçamentos 
entre plantas de melancia híbrido Shadow. UNESP, Câmpus Jaboticabal, 2008. 
1 Dose NK2O de referência: 106,4 kg ha
-1 de N e 142,2 kg ha-1 de K2O; 2 Médias seguidas da mesma 
letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade; ** e ns correspondem a 
significativo pelo teste F a 1% de probabilidade e não significativo, respectivamente. 
 
A economia de fertilizantes proporcionada pela fertirrigação, observada no 
presente trabalho e por PAPADOPOULOS (1999), FEITOSA FILHO et al. (2001) e 
TEIXEIRA et al. (2007), pode ser atribuída à capacidade desta em aumentar a 
quantidade de raízes finas e muito finas, com efeito positivo na absorção de nutrientes, 
conforme mencionado por COELHO et al. (2001). 
A dose de 79,8 kg ha-1 de N e 106,7 kg ha-1 de K2O considerada adequada pelos 
resultados observados estão próximas às doses verificadas por MEDEIROS et al. 
Causas de variação 
Doses NK2O em 
relação à de 
referência (D)1 
FTP 
(frutos pl-1) 
FCP 
(frutos pl-1) 
FP35 
(frutos pl-1) 
FP57 
(frutos pl-1) 
FP79 
(frutos pl-1) 
FP9 
(frutos pl-1) 
75 % 1,90 a2 1,78 a 0,86 a 0,65 a 0,22 a 0,05 a 
100 % 1,88 a 1,73 a 0,73 a 0,69 a 0,27 a 0,06 a 
125 % 1,83 a 1,74 a 0,71 a 0,72 a 0,24 a 0,07 a 
150 % 1,90 a 1,83 a 0,71 a 0,76 a 0,27 a 0,04 a 
DMS 0,42 0,43 0,28 0,22 0,11 0,04 
Teste F 0,18ns 0,17ns 0,77ns 0,70ns 0,51ns 0,71ns 
CV(%) 20,55 22,02 34,08 28,07 41,32 78,29 
Espaçamento (E) 
0,5 m 1,12 c 1,03 c 0,50 c 0,43 c 0,09 c 0,02 c 
1,0 m 1,61 b 1,54 b 0,67 bc 0,62 bc 0,22 b 0,04 bc 
1,5 m 2,16 a 2,08 a 0,90 ab 0,82 ab 0,29 ab 0,07 ab 
2,0 m 2,56 a 2,44 a 1,00 a 0,96 a 0,40 a 0,09 a 
DMS 0,42 0,43 0,28 0,22 0,11 0,04 
Teste F 32,44** 30,14** 8,97** 16,53** 18,64** 7,61** 
D x E 0,25ns 0,12ns 0,77ns 0,84ns 1,41ns 1,67ns 
CV(%) 20,55 22,02 34,08 28,07 41,32 78,29 
 35
y=0,95x + 0,58 R²=0,99**
y=0,97x + 0,64 R²=0,99**
y=0,34x + 0,33 R²=0,98**
y=0,36x + 0,26 R²=0,99**
y= 0,2x + 0,002 R² =0,98**
y=0,05x - 0,01 R²=0,99**
0
0,6
1,2
1,8
2,4
3
0,5 1,0 1,5 2,0
F
ru
to
s 
 p
la
nt
a-
1
Espaçamento entre plantas (m)
FTP
FCP
FP35
FP57
FP79
FP9
(2006b), 74,9 kg ha-1 de N e 130,2 kg ha-1 de K2O, para produzir 30,5 t ha
-1 da cultivar 
Mickylee, de frutos pequenos e com sementes, e próximas às obtidas por ADERSON 
JUNIOR (2006a), 97,6 kg ha-1 de N e 92 kg ha-1 de K2O, para 60 t ha
-1 da cultivar 
Crimson Sweet, frutos grandes e com sementes. 
O aumento no espaçamento entre plantas de 0,5 para 2,0 m causou incrementos 
nos números de frutos por planta total, comercial e nas classes avaliadas, incrementos 
estes que se ajustaram, significativamente, ao modelo linear (Figura 6). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6. Número total de frutos por planta (FTP), comercial (FCP), na classe 3 a 5 kg 
(FP35), classe 5 a 7 kg (FP57), classe 7 a 9 kg (FP79) e maior que 9 kg (FP9) 
por planta, em função do espaçamento entre plantas de melancia híbrido 
Shadow. UNESP. Câmpus Jaboticabal, 2008. 
 
Nas classes FP35 e FP57, que juntas representam mais de 80% de frutos 
comercias nos espaçamentos avaliados, quando o espaçamento entre plantas passou 
de 0,5 para 2 m verificaram-se aumentos de 1 e 1,2 frutos por planta, respectivamente 
para FP35 e FP57. 
Estes resultados estão de acordo com os observados por BRINEN et al. (1979), 
os quais afirmaram que planta de melancia responde com grande modificação em seu 
crescimento e produção à alteração no espaçamento. Os autores constataram que à 
medida que aumentou a disponibilidade de área a melancieira aumentou o crescimento 
 36
e a produção.

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