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Efeito do Sorgo em Frangos de Corte

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS 
CÂMPUS DE JABOTICABAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITO DO SORGO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, 
CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O DESENVOLVIMENTO 
DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS 
 
 
 
 
 
 
 
Daniel Mendes Borges Campos 
 Zootecnista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL 
2006 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS 
CÂMPUS DE JABOTICABAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EFEITO DO SORGO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, 
CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O DESENVOLVIMENTO 
DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS 
 
 
 
 
Daniel Mendes Borges Campos 
 
Orientador: Prof. Dr. Marcos Macari 
Co-orientador: Renato Luis Furlan 
 
 
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências 
Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de 
Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção 
do título de Mestre em Zootecnia (Produção Animal). 
 
 
 
 
 
 
Maio de 2006 
Jaboticabal – SP 
 
 
 
 
ii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR 
 
DANIEL MENDES BORGES CAMPOS – nascido em Jaboticabal – SP, no dia 10 
de julho de 1979. Em março de 1998 ingressou no curso de Zootecnia da Faculdade de 
Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (FCAV–
UNESP), concluindo em novembro de 2002. No período de 20 janeiro de 2003 até 21 de 
janeiro de 2004, trabalhou como “Trainee” de produção na empresa Agroceres Nutrição 
Animal, no município de Patos de Minas – MG. Em março de 2004 iniciou o curso de 
Mestrado em Zootecnia, na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal (FCAV–UNESP). 
 
 
iii
 
 
 
 
Aos meus queridos Pais, 
Ivomar Borges Campos e Sandra Maria Mendes Borges Campos 
Aos meus irmãos, 
Eduardo Mendes Borges Campos e Emiliano Mendes Borges Campos 
A minha babá, 
Vera Lúcia Rodrigues da Silva, 
A minha noiva, 
Thaisa Cristina Devós Ganga 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obrigado pelo apoio, incentivo, amor e exemplo de vida 
 
 
 
 
 
 
Dedico 
 
 
iv
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus pela vida e seus encantos. 
Aos Professores Marcos Macari e Renato Luis Furlan pela orientação e exemplo 
como profissionais. 
Aos amigos da Graduação e Pós-Graduação, em especial, Aiani Maria Vaz, 
Bruno Serpa Vieira, Carla Heloisa Faria Domingues, Daniel Emygdio Faria Filho, Karoll 
Alfonso Torres, Paulo Sergio Rosa, Tiago Urbano pela colaboração na condução das 
etapas de campo e discussão do presente trabalho. Um conselho “MENOS CHARLA 
MAS TRABAJO” (Comandante Alfonso). 
Aos funcionários Clara, Damaris, Euclides, Shirley e em especial o Sr. Orandi 
(Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal), Robson, Isildo, Sr. João, e Vicente 
(Setor de Avicultura), Sandra e Oswaldo (Fábrica de Ração) e a Tânia (Departamento 
de Tecnologia) pelo auxílio e amizade. 
Aos professores Isabel Boleli e Vera Maria Barbosa de Moraes (Exame Geral de 
Qualificação) pelas preciosas contribuições desta dissertação. 
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, pela 
concessão de bolsa e estudo durante 2004 e 2005 (Processo 04/05058-8). 
Aos meus amigos e colegas que não estão citados neste texto, mas contribuíram 
de alguma forma para eu chegasse a este momento. 
 
 
 
 
v
SUMÁRIO 
 
 
 
Página 
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS........................................................................... 1 
CAPÍTULO 2 - EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DE MILHO POR SORGO SOBRE O 
DESEMPENHO, AS CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O CUSTO DE 
ARRAÇOAMENTO EM FRANGOS DE CORTE...................................................................... 6 
Resumo.................................................................................................................. 6 
Introdução.............................................................................................................. 7 
Material e Métodos................................................................................................ 8 
Resultados............................................................................................................. 11 
Discussão.............................................................................................................. 13 
Conclusão.............................................................................................................. 15 
CAPÍTULO 3 - CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA MUCOSA INTESTINAL DE 
FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM SORGO BAIXO TANINO............................... 16 
Resumo.................................................................................................................. 16 
Introdução.............................................................................................................. 17 
Material e Métodos................................................................................................ 18 
Resultados............................................................................................................. 22 
Discussão.............................................................................................................. 32 
Conclusão.............................................................................................................. 35 
CAPÍTULO 4 - USO DA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA E MODELOS 
MATEMÁTICOS PARA PREDIZER O DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE 
ALIMENTADOS COM DIETAS À BASE DE MILHO E SORGO.............................................. 36 
Resumo.................................................................................................................. 36 
Introdução.............................................................................................................. 37 
Material e Métodos................................................................................................ 38 
Resultados e Discussão........................................................................................ 40 
Conclusão.............................................................................................................. 43 
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 43 
 
 
vi
EFEITO DO SORGO SOBRE O DESEMPENHO ZOOTÉCNICO, CARACTERÍSTICAS 
DA CARCAÇA E O DESENVOLVIMENTO DA MUCOSA INTESTINAL DE FRANGOS 
 
 
RESUMO - A variação nos preços dos principais ingredientes da alimentação 
avícola (milho e soja), fazem da utilização de ingredientes alternativos a resposta viável 
para a obtenção de resultados econômicos satisfatórios. O sorgo (Sorghum bicolor (L.) 
Moench) é tido como uns dos principais ingredientes energéticos substitutos ao milho, 
todavia, existe certa resistência na utilização de sorgo em rações pré-iniciais devido à 
possibilidade deste cereal afetar o desempenho dos pintainhos. Neste sentido, foram 
realizadas três pesquisas para analisar o desempenho, as características da carcaça e o 
desenvolvimento da mucosa intestinal de frangos alimentados com sorgo baixo tanino 
em substituição ao milho. Concluiu-se que: (1) o sorgo baixo teor em tanino pode 
substituir completamente o milho em dietas para frangos de corte a partir do primeiro dia 
de idade sem comprometimento do desempenho e o rendimento de carcaça e cortes 
comerciais; (2) A altura dos vilos e o número de células caliciformes do intestino não são 
afetados pelos níveis de substituição de milho por sorgo baixo tanino, no entanto, a 
profundidade de cripta do duodeno aumenta com a inclusão de sorgo nas rações; (3) a 
idade apresenta efeito significativo sobre o número de células caliciformes onde ocorre 
aumento na quantidade de células produtoras de mucina no período de 1 a 21 dias de 
idade. A altura dos vilos no duodeno atinge seu desenvolvimentomáximo aos 21 dias de 
idade. 
 
Palavras-chave: altura de vilo, células caliciformes, dieta pré-inicial, modelos 
matemáticos, profundidade de cripta 
 
 
 
 
 
 
vii
 
SORGHUM EFFECT ON PERFORMANCE, CARCASS CHARACTERISTICS AND 
MUCOSAL DEVELOPMENT OF BROILERS 
 
 
SUMMARY – Prices variation of main grains of poultry production (corn and soybean), 
make the utilizations of alternative feeds an important way to obtain good economics 
results. Sorghum (Sorghum bicolor (L.) Moench) is the most common alternative for 
corn, therefore, there is a resistance to use sorghum in pre-starter diets due the 
possibility of this cereal affects the chicks performance. In these sense, three studies, 
were carried out to assess the performance, carcass characteristics and mucosal 
development in broilers fed with sorghum in place of corn. In conclusion: (1) sorghum 
with low tannin content can substitute completely corn in broilers diets since the first day 
of life without impair performance and carcass yield; (2) villus height and goblet cells 
numbers of small gut are not affected by levels of substitutions of corn by sorghum with 
low tannin content, however, crypt depth of duodenum increases with sorghum inclusion; 
(3) goblet cells are significative affected by age, with a the higher amount of these cells 
from 1 to 21 days of age. Villus heights on duodenum reach the maximum development 
at 21 days of age. 
 
 
Keywords: crypt depth, goblet cells, mathematical models, villus height, pre-starter diet 
 
 
 
1
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
 
As grandes oscilações de preços dos ingredientes das rações conduzem a 
avicultura de corte à busca por substitutos dos tradicionais ingredientes utilizados para o 
arraçoamento, buscando assim minimizar custos de produção. No entanto, esta 
substituição pode ser limitada pela qualidade de determinados ingredientes alternativos, 
devido à presença de fatores antinutricionais ou a sua composição bromatológica. 
A nutrição da primeira semana de vida do pintainho de corte tem sido o foco de 
diversas pesquisas, pois representa cerca de 17% do período de vida da ave, além de 
ocorrer a maior taxa de crescimento do trato gastrintestinal (TGI) (GÔNZALEZ & 
SALDANHA, 2001; UNI & FERKET, 2004). 
Os períodos pré e pós-eclosão são críticos para o desenvolvimento e 
sobrevivência de frangos de corte. Durante esse período, os pintainhos sofrem uma 
transição metabólica e fisiológica em função da troca da alimentação dos nutrientes do 
saco vitelínico para um alimento exógeno, uma fonte de nutrientes baseada 
principalmente em lipídeos para uma dieta sólida, baseada em carboidratos e proteínas. 
Imediatamente após a eclosão, os pintainhos utilizam suas limitadas reservas corporais 
para conseguir um rápido desenvolvimento físico e funcional do trato gastrintestinal, a 
fim de desenvolver a capacidade de digerir alimentos e assimilar nutrientes (UNI & 
FERKET, 2004). Esta imaturidade do TGI na fase pré-inicial reduz a capacidade de 
utilização dos nutrientes, o que parece acarretar decréscimo dos valores de energia 
metabolizável (EM) do alimento (LONGO et al., 2005). O intestino delgado é o principal 
órgão responsável pela digestão e absorção de nutrientes, assim quanto antes os 
pintainhos alcançarem sua capacidade funcional, mais cedo poderão utilizar os 
nutrientes da dieta,, crescer eficientemente e demonstrar seu potencial genético, resistir 
a infecções e a doenças metabólicas (UNI & FERKET, 2004). 
O peso do intestino em comparação com o peso do embrião aumenta de 1% do 
décimo sétimo dia de incubação para 3,5% no dia da eclosão. Logo após a eclosão, o 
proventrículo, moela e intestino delgado crescem mais rapidamente do que outros 
 
 
2
órgãos e tecidos. Nos pintainhos, maior tamanho relativo destes órgãos digestivos 
ocorre entre 3 e 7 dias de idade (UNI & FERKET, 2004). 
Na eclosão o TGI dos pintainhos está anatomicamente completo. No entanto, a 
superfície de absorção e taxa de proliferação dos enterócitos aumenta após a eclosão, 
sendo esse rápido desenvolvimento diferente ao longo do intestino delgado. No 
duodeno, o crescimento dos vilos está praticamente completo aos 7 dias de vida, 
enquanto que no jejuno e íleo o desenvolvimento continua além do 14° dia de vida (UNI, 
1999). 
O desenvolvimento da mucosa intestinal envolve o aumento da altura e 
quantidade dos vilos, o que corresponde a um aumento em número de suas células 
epiteliais, enterócitos, células caliciformes e enteroendócrinas. Esse processo decorre 
primariamente de dois eventos citológicos associados: renovação e extrusão celular. A 
renovação consiste na proliferação e diferenciação resultante das divisões mitóticas 
sofridas por células totepotentes (“stem cells”) localizadas na cripta e ao longo dos vilos, 
e a extrusão é a perda de células, que ocorre normalmente no ápice dos vilos. O 
equilíbrio entre esses dois processos determina o “turnover” (síntese-migração-extrusão) 
constante na mucosa, o qual garante a manutenção do tamanho dos vilos e, portanto, a 
manutenção da capacidade digestiva e de absorção intestinal. Quando a mucosa 
intestinal responde a algum agente com um desequilíbrio no “turnover” a favor de um 
desses processos, ocorre modificação na altura dos vilos. A manutenção da mucosa 
intestinal, em condições fisiológicas normais, tem custo energético elevado para o 
frango, segundo MCBRIDE & KELLY (1990) a manutenção do epitélio intestinal e 
estruturas de suporte anexas corresponde a cerca de 20% da energia bruta consumida 
pelo animal, além da redução da quantidade de substrato digerido e absorvido, há ainda 
o custo da restauração do epitélio. A energia conservada pelo reduzido “turnover” de 
células no epitélio intestinal poderá ser utilizada para o desenvolvimento de massa 
muscular. Assim, o rendimento econômico do lote será seriamente comprometido 
quando o “turnover” intestinal for alterado (MAIORKA et al., 2002). 
As aves neste período pré-inicial possuem limitações na atividade enzimática e 
digestiva. Aparentemente são necessários três a quatro dias entre o nascimento e a 
 
 
3
capacidade máxima enzimática para a digestão de carboidratos. A amilase pancreática, 
maltase e sacarase atingem a atividade específica máxima dentro deste período 
(MARCHAIN & KULKA, 1997). NOY & SKLAN (1995) trabalhando com pintainhos de 
corte com quatro dias de idade, demonstraram que a digestão do amido aumentou 
pouco do 4° para o 21° dia de vida das aves, passando de 82 para 89%, 
respectivamente. NITSAN et al. (1991) observaram que o valor máximo de amilase no 
pâncreas ocorre no 8° dia de vida, e no intestino delgado o valor máximo foi encontrado 
no 17°dia. A digestão de gordura também melhora com o aumento da idade, 
(SAKOMURA et al. 2004) concluíram que a digestibilidade da gordura aumentou com a 
idade e que tal variação foi associada com a atividade enzimática da lipase. NITSAN et 
al. (1991) encontraram valores máximos de lipase no pâncreas no 8° dia e no intestino 
delgado no 4° dia de vida das aves. Em peruzinhos a digestibilidade de sebo bovino e 
uma mistura de óleos vegetais passou de 66,4 e 83,7% na 2ª semana de vida para 90,8 
e 96,5% na 8ª semana (SELL et al., 1986). NITSAN et al. (1991) confirmaram a 
presença de quimiotripsina e de tripsina no pâncreas de pintainhos na eclosão, contudo, 
a atuação de ambas as enzimas foram baixas até o 5° ou 6° dia de idade quando 
tiveram um aumento significativo, sendo o ápice da quimiotripsina no 10° dia de vida. No 
geral, a digestão protéica passa de 78 para 90% do 4° para o 21° dia de vida (NOY & 
SKLAN, 1995). 
Assim sendo, devido a características anatômicas e fisiológicas do TGI pertinente 
a esta primeira semana de vida, tais como: as necessidades nutricionais existentes e 
suas limitações em digerir e absorver determinados nutrientes, o rápido crescimento do 
animal, sua dificuldade de sobrevivênciaem ambientes frios e a alta correlação entre o 
peso vivo aos sete dias de vida com o peso de abate, fazem com que os ingredientes 
utilizados para a formulação de sua dieta sejam diferenciados. 
O valor nutricional dos alimentos depende basicamente de seu conteúdo em 
nutrientes, e da sua disponibilidade biológica. Depende ainda, da presença e dos níveis 
de substâncias tóxicas e/ou antinutricionais, as quais podem alterar essa composição ou 
tornar indisponíveis esses nutrientes (PEZZATO, 1995). O sorgo (Sorghum bicolor (L.) 
Moench) tem sido avaliado como substituto do milho nas rações para aves e suínos, 
 
 
4
principalmente nas regiões semi-áridas e tropicais, onde sua cultura apresenta melhor 
rendimento por unidade de área (ROSTAGNO et al., 2000). No entanto, de acordo com 
a classificação apresentada por FARIA FILHO et al. (2005), que estudaram o perfil dos 
aminoácidos dos alimentos utilizados na avicultura em relação ao padrão de 
aminoácidos da proteína ideal, concluíram que a proteína do sorgo apresenta o pior 
perfil de aminoácidos dos cereais utilizados na avicultura. Segundo esta classificação, o 
sorgo só apresenta um perfil melhor de aminoácido que o glúten de milho. As 
simulações de rações elaboradas com a respectiva classificação criada pelos autores, 
demonstraram que a substituição do milho por sorgo baixo tanino afetou o balanço de 
aminoácidos da ração. Dispõe ainda, de nível muito baixo de pigmentos e nível inferior 
de extrato etéreo (SCHEUERMANN, 2003). 
O sorgo contém vários compostos fenólicos que podem afetar a cor, a aparência 
e qualidade nutricional. Esses compostos podem ser classificados em três grupos 
básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos. Os ácidos fenólicos são encontrados 
em todos os tipos de sorgo enquanto os flavonóides não o são. O fenol, conhecido como 
tanino, encontra-se concentrado na testa da semente, que é um tecido altamente 
pigmentado localizado logo abaixo do pericarpo. Os taninos são classificados em 
hidrolisáveis e condensados. Os taninos condensados ou proantocianidinas são 
polímeros de flavonóides, cujos monômeros (flavan-3-ol) são unidos carbono-carbono. 
Os taninos hidrolisáveis são ésteres de ácido gálico e de ácido hexahidroxidifênico e 
glicose, além de outros polióis (AGOSTNI-COSTA, 2003). O grau de toxidade do tanino 
depende do seu tipo, se hidrolisável ou condensado, das suas proporções na dieta, dos 
produtos finais da hidrólise no intestino e da espécie animal (QUINTERO PINTO, 2000). 
As proantocianidinas estão ligadas à coagulação e precipitação de enzimas e alguns 
minerais, formação de complexos com os carboidratos da dieta, inibição da atividade de 
algumas enzimas digestivas, como a tripsina e α-amilase. Quando ingeridos em certas 
quantidades, reduzem a taxa de crescimento, uma vez que diminui o aproveitamento 
energético e protéico da dieta levando a maior excreção de nitrogênio nas fezes como 
resultado da interação tanino-proteínas, formadas por múltiplas pontes de hidrogênio. 
Os taninos condensados também causam necroses e distorções nos vilos da mucosa 
 
 
5
intestinal e aumento no número de células caliciformes (MITJAVILA et al., 1977; 
TREVINO, 1992; CHANG et al., 1994; ORTIZ et al., 1994; OLIVEIRA, 1998). Os ácidos 
fenólicos não têm efeito adverso na qualidade nutricional, porém podem causar cor 
indesejável aos alimentos, quando processados sob condições alcalinas. Os 
flavonóides, a exemplo dos ácidos fenólicos, também não causam problemas na 
digestibilidade e palatabilidade do sorgo. Constituem um amplo grupo de compostos 
fenólicos encontrados nas plantas, sendo que alguns deles estão entre os principais 
pigmentos presentes em vegetais (BUTULO, 2003). 
Alguns trabalhos relataram os efeitos negativos nas dietas que contêm níveis 
elevados de tanino sobre o ganho de peso, consumo de ração e conversão alimentar 
dos frangos de corte (CHANG & FULLER, 1964; ROSTAGNO et al., 1973; DOUGLAS & 
SULLIVAN, 1991; ORTIZ et al., 1994;). No entanto, em trabalhos no quais foram 
utilizados sorgo com baixo teor em tanino, não foram observados efeitos negativos nos 
índices de desempenho. Os autores SILVA (2003) e GARCIA et al. (2005) trabalhando 
com níveis de 0, 25, 50, 75 100% de substituição de milho por sorgo baixo teor em 
tanino, verificaram que os frangos apresentaram médias similares para consumo de 
ração, ganho de peso e conversão alimentar nas fases inicial e crescimento. DOUGLAS 
& SULLIVAN (1991) ao substituírem milho por sorgo baixo teor em tanino na fase inicial 
de frangos de corte não observaram efeito significativo para ganho de peso e conversão 
alimentar. Contudo, mesmo quando o sorgo possui níveis baixos de tanino existe uma 
resistência de se utilizar este cereal em dietas na fase pré-inicial de frangos de corte, 
devido à possibilidade de afetar o desenvolvimento da mucosa intestinal e a atividade 
enzimática do animal e assim afetar o desempenho zootécnico na primeira semana de 
vida. 
Assim, o objetivo do trabalho foi estudar o efeito da substituição do milho por 
sorgo baixo tanino sobre o desempenho, as características da carcaça, o 
desenvolvimento da mucosa intestinal e elaborar modelos de superfície de resposta 
para a predição do desempenho de frangos de corte alimentados com sorgo e/ou milho 
como ingredientes energéticos em rações de frangos de corte. 
 
 
6
CAPÍTULO 2 – EFEITO DA SUBSTITUIÇÃO DE MILHO POR SORGO SOBRE O 
DESEMPENHO, AS CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA E O CUSTO DE 
ARRAÇOAMENTO EM FRANGOS DE CORTE. 
 
 
RESUMO – O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência do sorgo 
baixo teor em tanino sobre o desempenho e o rendimento de carcaça e cortes 
comerciais nos frangos de corte de 1 – 42 dias de idade. Foram utilizados 750 
pintainhos de um 1 dia de idade Cobb-500®, em um delineamento inteiramente 
casualizado. A dieta controle foi à base de milho e farelo de soja e outras quatro dietas 
com substituições de 25, 50, 75 e 100% do milho por sorgo baixo teor em tanino, com 6 
repetições por tratamento totalizando 30 unidades experimentais. As rações 
experimentais foram isonutrientes dentro de cada fase de criação: inicial (1-21 dias de 
idade) e crescimento (22-42 dias de vida). O consumo de ração, o ganho de peso e a 
conversão alimentar não foram afetados (p>0,05) pelos níveis de inclusão de sorgo nos 
períodos 1 a 7, 1 a 14, 1 a 21 e 1 a 42 dias de vida das aves. A viabilidade criatória, o 
índice de eficiência produtiva e o rendimento de carcaça e cortes comerciais aos 42 dias 
de idade também não foram influenciados (p>0,05) pelos níveis crescentes de sorgo. 
Assim, o sorgo baixo teor em tanino pode substituir completamente o milho em dietas 
para frangos de corte a partir do primeiro dia de idade sem comprometimento do 
desempenho e o rendimento de carcaça e cortes comerciais. 
 
 
Palavras-Chave: sorgo, frangos de corte, desempenho, características de carcaça. 
 
 
7
Introdução 
 
 
A nutrição do pintainho de corte em sua primeira semana de vida tem sido o foco 
de diversas pesquisas, devido a forte correlação entre o peso dos animais no sétimo dia 
de vida com o peso de abate. Esta fase representa cerca de 17% do período de vida da 
ave, além de ocorrer a maior taxa de crescimento relativo do trato gastrintestinal (UNI & 
FERKET, 2004; GONZÁLEZ & SALDANHA, 2001). Esse período é considerado uma 
transição entre a vida embrionária (dependente dos nutrientes do saco vitelínico) para a 
vida adulta, baseada em uma dieta sólida constituída basicamente por proteínas e 
carboidratos. Imediatamente após a eclosão, os pintainhos utilizam suas limitadas 
reservas corporais para conseguir um rápido desenvolvimento físico e funcional do trato 
gastrintestinal (TGI), a fim de desenvolver a capacidade de digerir alimentos e assimilar 
nutrientes (UNI & FERKET, 2004). As aves neste período possuem limitações na 
atividade enzimática e digestiva.Diversos autores demonstraram melhora significativa 
na digestibilidade de carboidratos, gorduras e proteínas com o aumento da idade (SELL 
et al., 1986; NITSAN et al., 1991; NOY & SKLAN, 1995; MARCHAIN & KULKA, 1997). 
A necessidade de minimizar custos de alimentação das aves mesmo que 
pequena resulta em grande impacto na avicultura devido ao seu volume de produção, 
por isso, o sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) tem sido avaliado como possível 
substituto do milho nas rações para aves e suínos para tal objetivo. De acordo com 
DOWLING et al. (2002) o sorgo se torna viável economicamente quando seu preço 
equivale a 95% do preço do milho. O sorgo contém vários compostos fenólicos que 
podem afetar a cor, a aparência e qualidade nutricional da dieta. Esses compostos 
podem ser classificados em três grupos básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos. 
No entanto, somente os taninos podem afetar a qualidade nutricional da dieta. Os 
taninos estão ligados à coagulação e precipitação de enzimas e alguns minerais. Eles 
podem formar complexos com os carboidratos da dieta e inibir a atividade de algumas 
enzimas digestivas, como a tripsina e α-amilase. Quando ingeridos em certas 
quantidades, causam redução no ganho de peso e uma pior conversão alimentar de 
 
 
8
frangos de corte, uma vez que diminui o aproveitamento energético e protéico da dieta 
levando a maior excreção nitrogênio nas fezes como resultado da interação tanino-
proteínas, formada por múltiplas pontes de hidrogênio (CHANG & FULLER, 1964; 
ROSTAGNO et al., 1973; DOUGLAS & SULLIVAN, 1991; TREVINO, 1992; CHANG et 
al., 1994; ORTIZ et al., 1994; OLIVEIRA, 1998). 
No entanto em trabalhos nos quais foram utilizados sorgos com baixos teores em 
tanino, não foram observados efeitos negativos nos índices de desempenho (DOUGLAS 
& SULLIVAN, 1991; POUR-REZA & EDRISS, 1997; DINIZ et al., 2002; SILVA, 2003 e 
GARCIA et al., 2005). Contudo, mesmo quando o sorgo possui níveis baixos de tanino, 
existe resistência de se utilizar este cereal em dietas na fase pré-inicial devido à 
possibilidade de afetar a digestibilidade dos nutrientes através das interações do tanino 
com a ração ou com as limitadas enzimas digestivas, além de atuar como possível fator 
de perturbação da mucosa intestinal principalmente na fase pré-inicial ou acarretar lotes 
não homogêneos. 
Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o custo do arraçoamento 
de dietas com sorgo baixo teor em tanino, o desempenho zootécnico e o rendimento de 
carcaça e cortes comerciais de frangos de corte alimentados com sorgo baixo teor em 
tanino em substituição ao milho. 
 
 
Material e Métodos 
 
O experimento foi conduzido no setor de Avicultura do Departamento de 
Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal-SP. 
Foram utilizadas duas câmaras climáticas com 16 unidades experimentais de 2,5 x 
1,6m. 
Foram utilizados 750 frangos machos Cobb-500®, distribuídos em um 
delineamento com blocos casualizados. O objetivo dos blocos foi controlar diferenças de 
temperatura, umidade e gases nas diferentes câmaras. Na chegada dos pintainhos foi 
 
 
9
realizada pesagem de uma amostra do lote para a determinação do peso médio e foram 
montadas unidades experimentais com animais pesando em média 42,48 ± 0,56g. Os 
tratamentos consistiram na administração ad-libitum de uma dieta controle a base de 
milho e farelo de soja e outras quatro dietas com substituições de 25, 50, 75 e 100% do 
milho por sorgo baixo teor em tanino, com 6 repetições por tratamento totalizando 30 
unidades experimentais. As rações experimentais foram isonutrientes dentro de cada 
fase de criação: inicial (1-21 dias de idade) e crescimento (22-42 dias de vida). Foram 
formuladas seguindo a composição nutricional dos ingredientes e os níveis nutricionais 
proposto por ROSTAGNO et al. (2000) (Tabela1). 
O sorgo utilizado no presente experimento teve 4,52 mg de catequina por grama 
de amostra. O conteúdo total de tanino foi analisado pelo método da Vanilina – HCl, este 
método baseia-se na reação da leucoantocianidina (catequina) e proantocianidina 
(tanino condensado) com vanilina na presença de HCl, é um método específico para a 
determinação de tanino condensado e alguns flavonóides. 
Os animais foram vacinados contra doença de Marek e Bouba Aviária no 
incubatório. No 8° dia de idade as aves foram vacinadas (via ocular) contra as doenças 
de Newcastle e Gumboro e no 14° dia contra a doença de Gumboro na água de bebida. 
 
 
 
 
10
Tabela 1 – Composição centesimal das rações experimentais do período inicial (1 - 21 
dias de idade) e crescimento (22 - 42 dias de idade). 
* Suplementadas a fim de alcançar os níveis nutricionais de ROSTAGNO et al. (2000). 
1 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio 
1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 340g; iodo 260mg; coccidiostático 25000mg; antioxidante 
100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; 
vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196mg; 
zinco 18250mg. 
2 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio 
1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 270g; iodo 260mg; coccidiostático 22000mg; antioxidante 
100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; 
vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196,5mg; 
zinco 18250mg. 
 
As aves e as sobras de ração nos comedouros foram pesadas, permitindo 
determinar o consumo de ração (CR), o ganho de peso (GP) e a conversão alimentar 
(CA) no 7°, 14°, 21° e 42° dia de vida das aves. 
A viabilidade criatória (VC) foi calculada pela seguinte formula: VC = 100 – {(NAM 
/ NAI) x 100} onde, NAM é o número de aves mortas por unidade experimental e NAI é o 
número de aves inicial por unidade experimental ao final de 42 dias de vida. 
O índice de eficiência produtiva (IEP) foi calculado pela seguinte formula: IEP = 
(GMD x VC) / (CA x10) onde, GMD é o ganho médio diário (g). 
INICIAL CRESCIMENTO Ingredientes % 
0% 25% 50% 75% 100% 0% 25% 50% 75% 100% 
Milho 54,89 41,17 27,45 13,72 - 60,33 45,25 30,17 15,08 - 
Sorgo baixo tanino - 13,72 27,45 41,17 54,89 - 15,08 30,17 45,25 60,33 
Farelo de Soja, 45 36,31 36,22 36,12 36,03 35,94 30,61 30,51 30,40 30,30 30,20 
Óleo de soja 3,72 4,02 4,32 4,63 4,93 4,24 4,57 4,90 5,24 5,57 
Fosfato bicálcico 1,82 1,82 1,81 1,80 1,80 1,62 1,61 1,61 1,60 1,59 
Calcário Calcítico 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,94 0,94 0,94 0,94 0,94 
Sal Comum 0,46 0,46 0,46 0,46 0,47 0,39 0,39 0,39 0,40 0,40 
DL-metionina* 0,06 0,07 0,08 0,08 0,09 0,08 0,09 0,09 0,10 0,11 
L-lisina* 0,15 0,16 0,17 0,17 0,18 0,20 0,21 0,22 0,23 0,24 
Suplemento mineral e 
vitamínico 0,50
1 0,50 0,50 0,50 0,50 0,502 0,50 0,50 0,50 0,50 
Caulim 1,10 0,88 0,65 0,43 0,21 1,10 0,85 0,60 0,36 0,12 
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 
Energia e Nutrientes Composição Calculada 
Energia Metabolizável(Kcal) 3000 3000 3000 3000 3000 3100 3100 3100 3100 3100 
Proteína bruta (%) 21,40 21,40 21,40 21,40 21,40 19,31 19,31 19,31 19,31 19,31 
Cálcio (%) 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,87 0,87 0,87 0,87 0,87 
Fósforo Disponível (%) 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 
Sódio (%) 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 
Lisina (%) 1,26 1,26 1,26 1,26 1,26 1,16 1,16 1,16 1,16 1,16 
Metionina (%) 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,51 0,51 0,51 0,51 0,51 
Aminoácidos sulfurados (%) 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,82 0,82 0,82 0,82 0,82 
 
 
11
Aos 42 dias foram sacrificadas duas aves por unidade experimental para 
avaliaçãodo rendimento de carcaça inteira, peito, coxa+sobrecoxa, pés, asas, dorso, 
cabeça mais pescoço e gordura abdominal, todos os valores percentuais foram 
expressos em relação ao peso vivo. 
O modelo matemático utilizado para VC, IEP, RC e cortes comercias foi: yij = µ + ti 
+ bj + eij. Onde yij = é o valor observado na parcela que recebeu tratamento i no bloco j, µ 
é o efeito da média, ti é o efeito do tratamento i, bj é o efeito do bloco j e eij é o erro 
experimental na parcela que recebeu o tratamento i no bloco j. 
Os dados foram verificados quanto à presença de “outliers” e testou-se as 
pressuposições de normalidade dos erros studentizados e de homogeneidade das 
variâncias. Após constada a não violação dessas pressuposições, os dados foram 
submetidos à análise de variância através do procedimento GLM do programa SAS® 
(SAS Institute, 2002) e em caso de diferença significativa (5%) as médias foram 
comparadas pelo teste de Tukey (5%). 
 
 
Resultados 
 
Os valores médios obtidos para o consumo de ração, o ganho de peso e a 
conversão alimentar nos períodos de 1 a 7, 1 a 14, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade 
encontram-se na Tabela 2. 
Os níveis de inclusão de sorgo baixo teor em tanino não afetaram de maneira 
significativa os valores médios para consumo de ração, ganho de peso e conversão 
alimentar nos períodos de 1 a 7, 1 a 14, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade. 
 
 
 
12
 
Tabela – 2. Médias e resultados da análise de variância para consumo de ração (CR), ganho de peso 
(GP) e conversão alimentar (CA) das aves nos períodos de 1 – 7, 1 – 14, 1 – 21 e 1 a 42 dias de idade. 
Sorgo% Probabilidades Período 
(dias) Variáveis 0 25 50 75 100 Sorgo % Bloco 
CV(%) 
CR (g) 151,39 148,76 149,06 152,30 148,75 0,7580 0,1775 3,67 
GP (g) 125,08 122,27 123,46 125,52 123,35 0,6813 0,7778 3,35 1 a 7 
CA 1,21 1,19 1,21 1,20 1,20 0,9119 0,1649 3,40 
CR (g) 546,19 537,89 562,30 531,25 540,84 0,8435 0,4002 8,45 
GP (g) 406,67 409,23 407,01 403,02 399,78 0,7556 0,0378 3,25 1 a 14 
CA 1,34 1,32 1,38 1,32 1,36 0,8695 0,0885 10,09 
CR (g) 1191,96 1174,69 1208,21 1177,09 1176,04 0,8103 0,5742 4,20 
GP (g) 853,75 863,74 865,87 877,53 855,03 0,5116 0,0005 2,79 1 a 21 
CA 1,40 1,36 1,39 1,31 1,38 0,4271 0,0651 6,05 
CR (g) 4326,08 4303,12 4379,21 4380,33 4242,11 0,1825 0,6372 2,45 
GP (g) 2601,24 2614,70 2667,74 2684,73 2630,35 0,2790 0,0177 2,77 1 a 42 
CA 1,66 1,65 1,64 1,63 1,61 0,3162 0,0221 2,39 
 
Os valores encontrados para viabilidade criatória (VC), índice de eficiência 
produtiva (IEP), rendimento de carcaça e cortes comerciais não foram afetados de 
maneira significativa pelas dietas experimentais, os resultados estão nas Tabelas 3 e 4. 
Tabela 3 – Médias e resultados da análise de variância para a Viabilidade Criatória (VC) e Índice de 
Eficiência Produtiva (IEP) do lote experimental. 
Sorgo % VC% IEP 
0 99 370 
25 98 370 
50 95 363 
75 95 373 
100 98 381 
Probabilidade 
Sorgo % 0,0802 0,5012 
Bloco 0,1758 0,1062 
CV(%) 3,24 4,68 
 
 
 
13
Tabela 4 – Médias e resultados da análise de variância para rendimento de carcaça (RC), coxa mais 
sobre-coxa (Coxa+Sob %), peito, asa, dorso, pés, gordura abdominal (Go Ab %) e cabeça mais pescoço 
(Cab + Pés %) das aves no período experimental (1 – 42 dias de idade). Todos os valores percentuais 
foram expressos em relação ao peso vivo da ave no abate. 
Sorgo% RC % Coxa+Sob % Peito % Asa % Dorso % Pés % Go Ab % Cab+Pés % 
0 80,92 22,82 26,30 7,92 11,87 3,79 1,49 8,21 
25 81,63 22,91 27,47 8,13 11,22 3,82 1,31 8,08 
50 79,18 21,88 25,69 7,87 11,44 3,94 1,49 8,36 
75 80,77 22,18 26,43 7,75 11,37 3,64 1,43 8,02 
100 80,08 22,96 26,25 7,96 11,38 3,94 1,32 8,50 
Probabilidades 
Sorgo% 0,2797 0,1676 0,2750 0,2666 0,6075 0,2212 0,7211 0,1522 
Bloco 0,0362 0,2130 0,6926 0,3453 0,5042 0,6507 0,8616 0,3430 
CV(%) 2,43 3,90 5,14 3,71 6,34 6,27 20,85 4,38 
 
 
Discussão 
 
O sorgo é um cereal de grande importância, se encontra em quinto lugar no 
“ranking” de produção mundial, está atrás somente do trigo, do milho, do arroz e da 
cevada. O Brasil é atualmente o oitavo país na produção e consumo mundial de sorgo, 
com uma produção que passou de 781.400 toneladas na safra 1999/2000 para 
2.014.100 toneladas na safra 2003/2004, sendo o Centro Oeste a principal região de 
produção com 1.255.500 toneladas (AGRIANUAL, 2004). 
Segundo DOWLING et al. (2002) a proteína proveniente dos cereais em rações 
de aves contribui com mais de 1/3 da proteína da dieta. FARIA FILHO et al. (2005) 
classificaram os alimentos comumente utilizados na avicultura em relação ao perfil de 
aminoácidos tomando como referência o perfil de aminoácidos da proteína ideal. O 
sorgo baixo teor em tanino apresentou o pior perfil de aminoácidos dentre os cereais 
estudados (milho, trigo, linhaça, cevada, aveia, triticale e arroz) e simulações realizadas 
pelos autores demonstraram uma melhora no perfil de aminoácidos das dietas quando 
utilizados ingredientes melhores classificados com relação ao balanço de aminoácidos. 
Apesar do sorgo baixo teor em tanino afetar o perfil de aminoácidos da dieta, 
nossos resultados mostraram que a completa substituição de milho por sorgo baixo teor 
em tanino manteve os mesmos parâmetros consumo de ração, ganho de peso, 
 
 
14
conversão alimentar, rendimento de carcaça e cortes comerciais dentro dos valores 
apresentados por aves alimentadas com ração à base de milho e soja. 
Estes achados positivos corroboram com outros autores que não observaram 
diferença significativa no desempenho de aves alimentadas com sorgo baixo teor em 
tanino. DOUGLAS & SULLIVAN (1991), ao substituírem milho por sorgo baixo teor em 
tanino na fase inicial (1-21 dias) não observaram diferença estatística para ganho de 
peso e conversão alimentar. POUR-REZA & EDRISS (1997) relataram que a 
substituição de milho por sorgo baixo teor em tanino não afetou o desempenho das 
aves, contudo o autor trabalhou a partir do 7° até o 49° dia de vida, não fornecendo 
sorgo na primeira semana. DINIZ et al. (2002) trabalharam com a fase pré-inicial (tempo 
que a parcela experimental levou para consumir 300 g/ave) até os 49 dias de idade, com 
uma substituição de 50 e 100% do milho por sorgo baixo teor em tanino observaram que 
os níveis de inclusão não afetaram a conversão alimentar aos 49 dias de idade. SILVA 
(2003) não verificou diferença significativa no consumo de ração e conversão alimentar 
aos 21 e 42 dias de idade quando o milho foi substituído por 25, 50, 75 e 100% de sorgo 
baixo teor em tanino, resultados semelhantes foram encontrados por GARCIA et al. 
(2005) que não encontraram diferença significativa ao trabalhar com sorgo baixo teor em 
tanino nos níveis 0, 25, 50, 75 e 100% em substituição ao milho para as variáveis 
consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar aos 21, 35 e 42 dias de idade. 
Com relação ao rendimento de carcaça e cortes comerciais resultados 
semelhantes foram encontrados por GARCIA et al. (2005) que não encontraram 
diferença estatística para os valores de carcaça inteira, perna, asas, peito e dorso. 
DINIZ et al. (2002) trabalharam com lote misto. Os machos não foram afetados pela 
substituição do milho por sorgo para as porcentagens de peito, asa e dorso. No entanto, 
os rendimentos de carcaça inteira e coxa + sobre-coxa foram maiores para os 
tratamentos contendo 50 e 100% de sorgo baixo tanino em substituição ao milho. Nas 
fêmeas as médias observadas não diferiram para carcaça inteira, peito e dorso, porém a 
porcentagem de asa apresentou uma média superior para a dieta à base de sorgo e 
soja. 
 
 
15
Estes resultados de desempenho e características de carcaça se devem 
provavelmente à suplementação de aminoácidos sintéticos 100% digestíveis como a 
DL-metionina e L-lisina. No presente estudo, as diferenças na suplementação destes 
aminoácidos chegaram a 50% para DL-metionina e 20% de L-lisina para a fase inicial e 
37,5% de DL-metionina e 20% de L-lisina paraa fase de crescimento entre as dietas 0 e 
100% de sorgo baixo teor em tanino. A dieta 100% de sorgo forneceu as seguintes 
quantidades de aminoácidos digestíveis 1,06% de lisina, 0,51% de metionina e 0,75% 
de metionina+cistina, e a dieta controle forneceu 1,05% de lisina, 0,49% de metionina e 
0,82% de metionina+cistina. 
A viabilidade criatória, índice que avalia o número de aves alojadas e o número 
de aves retiradas para o abate, esta relacionada à genética da ave, ao manejo utilizado, 
às condições sanitárias e ambientais e também as condições nutricionais fornecidas ao 
lote. No presente experimento a viabilidade criatória não sofreu efeito significativo para 
os níveis de inclusão de sorgo baixo teor em tanino, indicando que este cereal não 
afetou o desenvolvimento das aves nas condições em que foram criadas. GARCIA et al. 
(2005) não observaram diferença significativa para mortalidade quando trabalhou com 
sorgo baixo teor em tanino. 
O índice de eficiência produtiva, variável que pondera o ganho de peso diário, 
conversão alimentar e a viabilidade criatória também não apresentou diferença 
significativa, indicando os bons resultados de desempenho encontrados nos tratamentos 
experimentais. 
 
 
Conclusão 
 
O sorgo baixo teor em tanino pode substituir completamente o milho em dietas 
para frangos de corte a partir do primeiro dia de idade sem comprometimento do 
desempenho e o rendimento de carcaça e cortes comerciais. 
 
 
16
CAPÍTULO 3 – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DA MUCOSA INTESTINAL 
DE FRANGOS DE CORTE ALIMENTADOS COM SORGO BAIXO TANINO. 
 
 
RESUMO – O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência do 
sorgo baixo teor em tanino sobre a altura dos vilos, profundidade das criptas e número 
de células caliciformes no epitélio intestinal de frangos de corte de 1 – 42 dias de idade. 
Foram utilizados 750 pintainhos de um dia de idade Cobb-500®, em um delineamento 
em blocos casualizados. A dieta controle foi a base de milho e farelo de soja e outras 
quatro dietas com substituições de 25, 50, 75 e 100% do milho por sorgo baixo teor em 
tanino, com 6 repetições por tratamento totalizando 30 unidades experimentais. As 
rações experimentais foram isonutrientes dentro de cada fase de criação: inicial (1-21 
dias de idade) e crescimento (22-42 dias de vida). Ajustou-se o modelo de superfície de 
resposta para as variáveis analisadas, considerando os efeitos lineares e quadráticos da 
porcentagem do sorgo e idade bem como a interação entre eles. Os parâmetros foram 
estimados pelo método dos quadrados mínimos. A altura dos vilos nos diferentes 
segmentos intestinais não foi afetada pelos níveis crescentes de sorgo. A altura dos 
vilos no duodeno apresentou um crescimento contínuo durante a fase de inicial de 
criação. A profundidade das criptas do duodeno foram maiores para os tratamentos com 
maiores níveis de sorgo na fase final de criação. O número de células caliciformes não 
foi influenciado pelas dietas experimentais. O fator idade apresentou efeito significativo 
sobre o número de células caliciformes onde ocorreu aumento na quantidade de células 
produtoras de mucina no período de 1 a 21 dias de idade. 
 
 
Palavras-Chave: sorgo, frangos de corte, células caliciformes, vilos e criptas intestinais. 
 
 
17
Introdução 
 
 
Oscilações nos preços dos alimentos comumente utilizados nas rações de 
animais de produção levam os nutricionistas a utilizarem ingredientes alternativos para 
que possam alcançar resultados de desempenho e econômicos satisfatórios, contudo 
existem limitações que vão desde fatores antinutricionais à composição nutricional do 
alimento. 
O estudo do desenvolvimento da mucosa intestinal de frangos de corte tem sido o 
foco de diversas pesquisas devido a sua crucial importância no processo de digestão e 
absorção dos alimentos. Após o nascimento, os pintainhos dependentes dos nutrientes 
do saco vitelínico passam a utilizar os nutrientes provenientes da ração, passando de 
uma fonte de nutrientes baseada em gorduras para uma fonte baseada principalmente 
em carboidratos e proteínas. Assim, os pintainhos utilizam suas limitadas reservas 
corporais (saco vitelínico) para conseguir um rápido desenvolvimento físico e funcional 
do trato gastrintestinal, a fim de desenvolver a capacidade de digerir alimentos e 
assimilar nutrientes (UNI & FERKET, 2004). De acordo com MAIORKA et al. (2002) o 
desenvolvimento da mucosa intestinal envolve o crescimento dos vilos, o que 
corresponde a um aumento em número de células epiteliais (enterócitos, células 
caliciformes e enteroendócrinas). 
As células caliciformes, responsáveis pela produção de uma camada de muco 
composta principalmente por glicoproteínas que são conhecidas como mucinas, que 
contêm uma longa porção polissacarídica tornando-as hidrofílicas e viscosas, as 
funções das mucinas são: de proteger a membrana em escova contra agressões 
químicas e efeitos abrasivos da digesta, atuar como barreira contra microrganismos, 
pois integrada ao muco encontra-se a flora intestinal natural e imunoglobulinas e 
influenciar o transporte entre o conteúdo luminal e a membrana em escova (BOLELI, et 
al., 2002; UNI et al., 2003). A hiperplasia e/ou hipertrofia das células caliciformes no 
intestino delgado é visto como resposta a algum tipo de agressão visando manter a 
integridade da mucosa. Diversos trabalhos (MITJAVILA et al., 1977; ORTIZ et al., 1994; 
 
 
18
OLIVEIRA et al., 2000 e UNI et al., 2003) relataram este efeito por diferentes razões, tais 
como os fatores antinutricionais dos alimentos ou o atraso no fornecimento de alimento 
após eclosão. 
O sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) é tido como um dos principais substitutos 
ao milho em rações de aves e suínos. Este cereal contém vários compostos fenólicos 
que podem afetar a cor, a aparência e qualidade nutricional. Esses compostos podem 
ser classificados em três grupos básicos: ácidos fenólicos e flavonóides (inócuos aos 
animais) e o composto fenólico antinutricional conhecido como tanino. As 
proantocianidinas ou tanino estão ligados à coagulação e precipitação de enzimas e 
alguns minerais, formação de complexos com os carboidratos da dieta, inibição da 
atividade de algumas enzimas digestivas, como a tripsina e α-amilase. Quando 
ingeridos em certas quantidades, reduzem a taxa de crescimento do animal, uma vez 
que diminui o aproveitamento energético e protéico da dieta levando a maior excreção 
de nitrogênio nas fezes como resultado da interação tanino-proteínas, formadas por 
múltiplas pontes de hidrogênio. Os taninos condensados também causam necroses e 
distorções nos vilos da mucosa intestinal e aumento no número de células caliciformes 
(MITJAVILA et al., 1977; TREVINO, 1992; CHANG et al., 1994; ORTIZ et al., 1994; 
OLIVEIRA, 1998). De acordo com JIMENEZ et al. (1994), os taninos condensados não 
são absorvidos pela mucosa intestinal de frangos, mas os demais compostos fenólicos 
são absorvidos e distribuídos em vários tecidos do organismo. 
Os cultivares de sorgo que são vendidos atualmente no Brasil possuem pequena 
quantidade de tanino condensado nos grãos. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar 
o desenvolvimento da mucosa intestinal de frangos de corte alimentados com níveis 
crescentes de sorgo baixo teor em tanino em substituição ao milho. 
 
 
Material e Métodos 
 
O experimento foi conduzido no setor de Avicultura do Departamento de 
Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Jaboticabal-SP. 
 
 
19
Foram utilizadas duas câmaras climáticas com 16 unidades experimentais com 2,5 x 
1,6m. 
Foram utilizados 750 frangos machos Cobb-500®, distribuídos em um 
delineamento com blocos casualizados. O objetivo dos blocos foi controlar diferenças de 
temperatura, umidade e gases nas diferentes câmaras. Na chegada dos pintainhos foi 
realizada uma pesagem de uma amostra do lote para a determinaçãodo peso médio e 
foram montadas unidades experimentais com animais pesando em média 42,48 ± 0,56g. 
Os tratamentos consistiram na administração ad-libitum de uma dieta controle a base de 
milho e farelo de soja e outras quatro dietas com substituições de 25, 50, 75 e 100% do 
milho por sorgo baixo teor em tanino, com 6 repetições por tratamento totalizando 30 
unidades experimentais. As rações experimentais foram isonutrientes dentro de cada 
fase de criação: inicial (1-21 dias de idade) e crescimento (22-42 dias de vida). Foram 
formuladas seguindo a composição nutricional dos ingredientes e os níveis nutricionais 
de acordo com ROSTAGNO et al. (2000) (Tabela1). 
O sorgo utilizado no presente experimento teve 4,52 mg de catequina por grama 
de amostra. O conteúdo total de tanino foi analisado pelo método da Vanilina – HCl, este 
método baseia-se na reação da leucoantocianidina (catequina) e proantocianidina 
(tanino condensado) com vanilina na presença de HCl, é um método específico para a 
determinação de tanino condensado e alguns flavonóides. 
Os animais foram vacinados contra doença de Marek e Bouba Aviária no 
incubatório. No 8° dia de idade as aves foram vacinadas (via ocular) contra as doenças 
de Newcastle e Gumboro e no 14° dia contra a doença de Gumboro na água de bebida. 
 
 
 
 
20
Tabela 1 – Composição centesimal das rações experimentais do período inicial (1 - 21 dias de 
idade) e crescimento (22 - 42 dias de idade). 
* Suplementadas a fim de alcançar os níveis nutricionais de ROSTAGNO et al. (2000). 
1 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio 
1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 340g; iodo 260mg; coccidiostático 25000mg; antioxidante 
100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; 
vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196mg; 
zinco 18250mg. 
2
 Níveis de garantia por quilograma do produto: selênio 54,6mg; ácido nicotínico 6930mg; cobre 25000mg; pantotenato de cálcio 
1900mg; biotina 32mg; manganês 15252mg; DL-metionina (mínimo) 270g; iodo 260mg; coccidiostático 22000mg; antioxidante 
100mg; colina 120mg; promotor de crescimento e eficiência alimentar 10000mg; vitamina A 1400000U.I.; vitamina B1 356mg; 
vitamina B12 2000mcg; vitamina B2 1920mg; vitamina B6 693mg; vitamina D3 600000U.I.; vitamina E 5000mg; vitamina K 196,5mg; 
zinco 18250mg. 
 
No 2°, 8°, 14°, 21° e 41° dia de vida, uma ave por repetição foi sacrificada por 
deslocamento cervical e coletadas duas partes de cada região do intestino delgado 
(duodeno: a partir do piloro até a porção distal da alça duodenal; jejuno: a partir da 
porção distal da alça duodenal até o divertículo de Meckel e íleo: entre o divertículo de 
Meckel e a abertura dos cecos). Após a coleta, um dos segmentos foi fixado em Bouin 
por 24 horas para a determinação de mucina neutra, e o outro em Paraformaldeído por 
48 horas para a determinação de mucina ácida, altura de vilo e profundidade de cripta. 
Após a fixação ambos os segmentos foram desidratados, em uma série de 
concentração crescente de etanol (50, 60, 70, 80, 90 e 100%), diafanizados (xilol I e xilol 
II), infiltrados e incluídos em parafina e finalmente cortados. 
INICIAL CRESCIMENTO Ingredientes % 
0% 25% 50% 75% 100% 0% 25% 50% 75% 100% 
Milho 54,89 41,17 27,45 13,72 - 60,33 45,25 30,17 15,08 - 
Sorgo baixo tanino - 13,72 27,45 41,17 54,89 - 15,08 30,17 45,25 60,33 
Farelo de Soja, 45 36,31 36,22 36,12 36,03 35,94 30,61 30,51 30,40 30,30 30,20 
Óleo de soja 3,72 4,02 4,32 4,63 4,93 4,24 4,57 4,90 5,24 5,57 
Fosfato bicálcico 1,82 1,82 1,81 1,80 1,80 1,62 1,61 1,61 1,60 1,59 
Calcário Calcítico 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,94 0,94 0,94 0,94 0,94 
Sal Comum 0,46 0,46 0,46 0,46 0,47 0,39 0,39 0,39 0,40 0,40 
DL-metionina* 0,06 0,07 0,08 0,08 0,09 0,08 0,09 0,09 0,10 0,11 
L-lisina* 0,15 0,16 0,17 0,17 0,18 0,20 0,21 0,22 0,23 0,24 
Suplemento mineral e 
vitamínico 0,50
1 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
2 0,50 0,50 0,50 0,50 
Caulim 1,10 0,88 0,65 0,43 0,21 1,10 0,85 0,60 0,36 0,12 
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 
Energia e Nutrientes Composição Calculada 
Energia Metabolizável(Kcal) 3000 3000 3000 3000 3000 3100 3100 3100 3100 3100 
Proteína bruta (%) 21,40 21,40 21,40 21,40 21,40 19,31 19,31 19,31 19,31 19,31 
Cálcio (%) 0,96 0,96 0,96 0,96 0,96 0,87 0,87 0,87 0,87 0,87 
Fósforo Disponível (%) 0,45 0,45 0,45 0,45 0,45 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 
Sódio (%) 0,22 0,22 0,22 0,22 0,22 0,19 0,19 0,19 0,19 0,19 
Lisina (%) 1,26 1,26 1,26 1,26 1,26 1,16 1,16 1,16 1,16 1,16 
Metionina (%) 0,56 0,56 0,56 0,56 0,56 0,51 0,51 0,51 0,51 0,51 
Aminoácidos sulfurados (%) 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,82 0,82 0,82 0,82 0,82 
 
 
21
Para a determinação das mucinas neutras (PAS+), cortes semi-seriados com 6 
µm de espessura, em um total de cinco cortes por ave, foram desparafinizadas (Xilol I e 
II), hidratadas (álcool absoluto I e II), coradas com ácido periódico 5% (cinco minutos), 
um rápido banho de água destilada, seguido de um banho de água destilada à 50ºC, 
incubação com reativo de Schiff por quinze minutos (acompanhando a coloração do 
tecido), um banho de água sulfurosa (10mL de metabissulfito de sódio, mais 10 mL 
ácido clorídrico 1N com 200 mL de água destilada), um banho com água corrente 
seguido de um banho de água destilada. Após esta bateria de coloração as lâminas 
foram desidratadas, diafanizadas e finalmente montadas. 
Para determinação de mucinas ácidas (AB+), altura de vilo e profundidade de 
cripta, cortes semi-seriados com 5 µm de espessura, em um total de cinco cortes por 
ave, foram desparafinizadas, re-hidratadas e incubadas em uma solução de 3% ácido 
acético por três minutos, seguidas de uma incubação de dez minutos em uma solução 
de Alcian Blue (AB 1% em 3% de ácido acético com pH 2,5). Sendo lavadas com água 
destilada e um rápido banho de eosina. Após sofrerem novo banho com água destilada, 
as lâminas foram desidratadas, diafanizadas e montadas. 
O número de células caliciformes foi contado ao longo de um segmento de 
epitélio do vilo equivalente a 200 µm, em um total de oito vilos por ave (nº células 
caliciformes / 200 µm de epitélio do vilo), através de microscopia de luz. 
As imagens das lâminas AB+ foram digitalizadas e mensuradas a altura dos vilos 
(µm) e a profundidade das criptas (µm) para cada segmento do intestino delgado 
através do programa Image J®, onde cada repetição teve um mínimo de 30 medidas de 
altura de vilo e profundidade de cripta. 
Ajustou-se o modelo de superfície de resposta para as variáveis analisadas, 
considerando os efeitos lineares e quadráticos de porcentagem de substituição de milho 
por sorgo baixo tanino (sorgo%) e idade bem como a interação entre eles. Os 
parâmetros foram estimados pelo método dos quadrados mínimos. Os dados foram 
verificados quanto à presença de “outliers” e testou-se as pressuposições de 
normalidade dos erros studentizados e de homogeneidade de variância. As análises 
foram realizadas pelo general linear models do programa Statistica® 6.0. 
 
 
22
Resultados 
 
As estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de resposta para altura 
do vilo e profundidade da cripta do duodeno encontram-se na Tabela 2. 
 
Tabela -2. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para altura de vilo e 
profundidade de cripta do duodeno de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. 
Altura de Vilo Profundidade de Cripta Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P 
Intercepto 41,34365 9,902924 0,000055 14,42098 2,122309 0,000000 
Sorgo% (S) 0,86555 0,482311 0,075137 -0,20278 0,103365 0,052013 
(S)2* -0,00951 0,007750 0,222194 0,00222 0,001661 0,184100 
Idade (ID) 8,71014 0,835892 0,000000 0,86328 0,179141 0,000004 
(ID)2* -0,11095 0,0169430,000000 -0,01035 0,003631 0,005116 
(S) X (ID) -0,01036 0,008794 0,240855 0,00847 0,001885 0,000016 
r2** 0,75 0,72 
N*** 131 131 
* efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações. 
 
Os termos lineares e quadráticos do polinômio para o fator idade foram 
significativos para a altura de vilo. Os vilos apresentaram um crescimento contínuo 
durante toda fase inicial de criação (1 a 21 dias de idade). Após este período, os vilos 
pouco cresceram e se estabilizaram por volta de 200µm de altura. 
Para profundidade de cripta o polinômio apresentou os termos lineares, 
quadráticos para idade significativos e também apresentou a interação significativa entre 
sorgo% e idade. As criptas foram mais profundas para os tratamentos que receberam 
níveis mais elevados de sorgo baixo tanino na fase final de criação, chegando a 
apresentar quase duas vezes a profundidade de cripta apresentada pelas aves 
alimentadas somente com milho e soja (55µm contra 30µm, respectivamente). O 
desdobramento desta interação e os demais resultados estão ilustrados na Figura 1. 
 
 
 
23
ALTURA VILO - DUODENO
 
PROFUNDIDE CRIPTA - DUODENO
 
Figura – 1. Resultados da superfície de resposta ilustrando 
a altura de vilo e profundidade de cripta duodenal de frangos 
de corte, alimentados com níveis crescentes de sorgo. 
 
As estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de resposta para altura 
de vilo e profundidade de cripta do jejuno encontram-se na Tabela 3. 
 
 
24
Tabela -3. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para altura de vilo 
e profundidade de cripta do jejuno de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. 
Altura de Vilo Profundidade de Cripta Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P 
Intercepto 35,36205 6,952254 0,000001 5,620623 1,743696 0,001619 
Sorgo% (S) -0,18261 0,362608 0,615426 -0044692 0,090946 0,624002 
(S)2* 0,00517 0,006428 0,422967 0,001440 0,001612 0,373584 
Idade (ID) 7,91334 0,634315 0,000000 1,729393 0,159093 0,000000 
(ID)2* -0,12117 0,013466 0,000000 -0,022561 0,003377 0,000000 
(S) X (ID) -0,00924 0,008220 0,263063 -0,001450 0,002062 0,483170 
r2** 0,70 0,73 
N*** 130 130 
* efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações. 
 
Os termos lineares e quadráticos do fator idade foram significativos para altura de 
vilo e profundidade de cripta no jejuno. Os vilos do jejuno apresentaram um crescimento 
contínuo durante a fase inicial de criação (1 a 21 dias de idade), após este período a 
altura dos vilos pouco variou, se estabilizando por volta de 140µm. As profundidades 
das criptas do jejuno alcançaram um platô (35µm) por volta do 30º dia de vida das aves. 
A Figura 2 demonstra o comportamento da mucosa do jejuno das aves experimentais. 
A Tabela 4 apresenta as estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de 
resposta para altura de vilo e profundidade de cripta do íleo. 
 
Tabela -4. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para altura de vilo 
e profundidade de cripta do íleo de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. 
Altura de Vilo Profundidade de Cripta Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P 
Intercepto 17,15969 5,860988 0,003973 6,303544 1,520553 0,000058 
Sorgo% (S) 0,39373 0,286597 0,171652 0,025320 0,074361 0,733989 
(S)2* -0,00448 0,004612 0,333138 -0,000563 0,001199 0,639120 
Idade (ID) 5,81098 0,487012 0,000000 1,059977 0,126698 0,000000 
(ID)2* -0,07887 0,009776 0,000000 -0,015962 0,002547 0,000000 
(S) X (ID) -0,00571 0,005318 0,284646 0,001176 0,001386 0,397793 
r2** 0,73 0,58 
N*** 149 147 
* efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações. 
 
A altura de vilo e a profundidade de cripta do íleo apresentaram os termos 
lineares e quadráticos da idade significativos. O período de crescimento dos vilos do íleo 
apresentou um comportamento semelhante aos demais segmentos intestinais, onde 
durante a fase inicial de criação (1 a 21 dias de idade) apresentou um crescimento 
 
 
25
contínuo, após este período o crescimento pouco variou e se estabilizou por volta de 
120µm. As profundidades das criptas do íleo apresentaram um crescimento contínuo 
durante a fase inicial de criação, após o 21º dia de vida a profundidade pouco variou 
estabilizando-se por volta de 25µm. O comportamento da mucosa do íleo das aves 
alimentadas com níveis crescentes de sorgo encontra-se na Figura 3. 
ALTURA VILO - JEJUNO
 
PROFUNDIDADE CRIPTA - JEJUNO
 
Figura – 2. Resultados da Superfície de resposta ilustrando 
o a altura dos vilos e a profundidade de criptas da mucosa 
do jejuno de frangos de corte, alimentados com níveis 
crescentes de sorgo. 
 
 
26
ALTURA VILO - ÍLEO
PROFUNDIDADE CRIPTA - ÍLEO
Figura – 3. Resultados da superfície de resposta ilustrando 
a altura dos vilos e a profundidade das criptas da mucosa do 
íleo de frangos de corte, alimentados com níveis crescentes 
de sorgo. 
 
A Tabela 5 apresenta as estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de 
resposta para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e 
mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio duodenal. 
Os termos lineares e quadráticos do fator idade apresentaram efeito significativo 
para o número de células que produzem mucina neutra e ácida. Houve um aumento no 
número de ambas as células durante a fase inicial de criação, seguido de um 
 
 
27
decréscimo no número de células depois deste período. Estes resultados estão 
ilustrados na Figura 4. 
 
Tabela -5. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para o número de 
células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio 
duodenal de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. 
Células PAS+ Células AB+ Variáveis 
Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P 
Intercepto 11,47492 0,722849 0,000000 7,176561 0,487889 0,000000 
Sorgo% (S) 0,01393 0,033175 0,675304 -0,002573 0,026122 0,921695 
(S)2* -0,00006 0,000537 0,911209 0,000116 0,000437 0,791825 
Idade (ID) 0,31977 0,058861 0,000000 0,489407 0,043771 0,000000 
(ID)2* -0,00701 0,001162 0,000000 -0,010046 0,000915 0,000000 
(S) X (ID) 0,00019 0,000644 0,771982 -0,000245 0,000522 0,639748 
r2** 0,25 0,53 
N*** 122 109 
* efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações. 
 
As estimativas dos parâmetros do modelo de superfície de resposta para o 
número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida 
(AB+) por 200 µm de epitélio de jejuno encontram-se na Tabela 6. 
 
Tabela - 6. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para o número de 
células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio de 
jejuno de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. 
Células PAS+ Células AB+ Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P 
Intercepto 12,63138 0,682035 0,000000 7,733326 0,465564 0,000000 
Sorgo% (S) 0,04697 0,033679 0,165674 -0,022422 0,026189 0,393881 
(S)2* -0,00123 0,000552 0,027201 0,000468 0,000449 0,300314 
Idade (ID) 0,33428 0,059070 0,000000 0,556361 0,043988 0,000000 
(ID)2* -0,00793 0,001194 0,000000 -0,011684 0,000930 0,000000 
(S) X (ID) 0,00070 0,000676 0,304764 0,000124 0,000526 0,814125 
r2** 0,31 0,64 
N*** 127 109 
* efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações. 
 
Os termos quadráticos para o fator sorgo% e idade e o termo linear do fator idade 
apresentaram efeitos significativos para o número de células caliciformes produtoras de 
mucina neutra (PAS+). Para o número de células produtoras de mucina ácida (AB+) 
somente o fator idade apresentou os termos do polinômio linear e quadrático 
significativo. 
 
 
28
Os números de células caliciformes que produzem mucina neutra e ácida 
aumentaramdurante os primeiros 21 dias de vida, após este período, o número de 
células diminui acentuadamente. 
As médias de células produtoras de mucina neutra (PAS+) no jejuno foram 
maiores para os tratamentos que apresentaram quantidades similares de sorgo e milho, 
para as dietas contento somente milho soja ou sorgo soja as médias foram menores. As 
ilustrações destes resultados estão na Figura 5. 
Número de Células PAS+ DUODENO
 
Número de Células AB+ DUODENO
 
Figura – 4. Gráfico de superfície de resposta ilustrando o número 
de células caliciformes produtoras de mucina por 200µm de epitélio 
duodenal das aves alimentadas com níveis crescentes de sorgo. 
 
 
29
Na Tabela 7 encontram-se as estimativas dos parâmetros do modelo de superfície 
de resposta para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) 
e mucina ácida (AB+) por 200 µm de epitélio de íleo. 
 
Tabela -7. Estimativa dos parâmetros, erro padrão da média (EPM) e probabilidade (P) para o número de 
células caliciformes que produzem mucina neutra (PAS+) e mucina ácida (AB+) por 200µm de epitélio de 
íleo de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. 
Células PAS+ Células AB+ Variáveis Parâmetros EPM P Parâmetros EPM P 
Intercepto 11,71879 0,738472 0,000000 7,575651 0,524105 0,000000 
Sorgo% (S) -0,00397 0,038797 0,918587 0,017454 0,027177 0,521955 
(S)2* 0,00037 0,000643 0,565068 0,000115 0,000472 0,807726 
Idade (ID) 0,52183 0,061442 0,000000 0,583985 0,046061 0,000000 
(ID)2* -0,01038 0,001248 0,000000 -0,011568 0,000963 0,000000 
(S) X (ID) -0,00089 0,000764 0,247061 -0,000747 0,000553 0,178845 
r2** 0,38 0,59 
N*** 133 124 
* efeito quadrático. **r2 = coeficiente de determinação. *** N = número de observações. 
 
Os termos lineares e quadráticos do polinômio foram significativos para fator 
idade para o número de células caliciformes que produzem mucina neutra e ácida. A 
quantidade de células caliciformes do íleo apresentou um comportamento semelhante 
ao número de células do duodeno, onde as médias aumentaram nos primeiros 21 dias 
de idade e sofreram uma queda após este período. O número de células caliciformes 
durante o período experimental no íleo está ilustrado na Figura 6. 
 
 
 
30
 
 
Número de Células PAS+ JEJUNO
 
 
Número de Células AB+ JEJUNO
 
Figura – 5. Gráfico de superfície de resposta ilustrando o 
número de células caliciformes produtoras de mucina por 
200µm de epitélio de jejuno das aves alimentadas com 
níveis crescentes de sorgo. 
 
 
31
 
Número de Células PAS+ ÍLEO
 
Número de Células AB+ ÍLEO
 
Figura – 6. Gráfico de superfície de resposta ilustrando o 
número de células caliciformes produtoras de mucina por 
200µm de epitélio de íleo das aves alimentadas com níveis 
crescentes de sorgo. 
 
 
32
Discussão 
 
Após o nascimento, as aves passam por uma abrupta mudança na fonte de 
suprimentos, os nutrientes do saco vitelínico são substituídos por nutrientes de uma 
dieta exógena rica em carboidratos e proteínas. A ingestão desta nova fonte é seguida 
por um rápido crescimento do trato gastrintestinal e órgãos anexos para assimilar o 
alimento que está sendo ingerido (UNI et al., 1998). A massa intestinal aumenta mais 
rápido do que os demais órgãos da ave, alcançando um pico por volta do sexto dia de 
vida (UNI et al., 1999). A interação entre o crescimento intestinal, funções digestivas e a 
dieta são críticas durante este período. Diversas pesquisas sobre nutrição durante a 
primeira semana tem sido intensificadas e difundidas devido à alta correlação entre o 
peso dos pintainhos no sétimo dia de vida e seu respectivo peso ao abate (ROCHA et 
al., 2003). O sorgo atualmente comercializado em território nacional não possui altas 
concentrações do composto fenólico antinutricional conhecido como tanino, apesar 
desta evidência existe uma resistência de se utilizar este cereal em altas concentrações 
em dietas pré-iniciais. A manutenção da mucosa intestinal, em condições fisiológicas 
normais, tem custo energético elevado para o frango. Quando ocorrem lesões, além da 
redução da quantidade de substrato digerido e absorvido, há ainda o custo da 
restauração desse epitélio. A energia conservada pelo reduzido “turnover” de células no 
epitélio intestinal poderá ser utilizada para o desenvolvimento da massa muscular 
(MAIORKA et al., 2002). 
No presente estudo os níveis crescentes de sorgo baixo tanino não afetou a 
altura dos vilos do duodeno, jejuno e íleo em nenhuma idade avaliada. No entanto, a 
profundidade de cripta do duodeno foi afetada significativamente pela interação entre os 
níveis de inclusão de sorgo e a idade, onde as criptas foram mais profundas nos 
tratamentos com os maiores níveis de inclusão de sorgo na fase final de criação. 
Devemos ressaltar que a cripta é responsável por 55% da capacidade de proliferação 
celular do intestino (BOLELI et al., 2002) e uma cripta maior nos indica um maior 
potencial de proliferação celular. COOK & BIRD (1973) avaliando parâmetros 
morfométricos e a taxa de migração das células de criptas de aves “germ-free” e aves 
 
 
33
criadas em um ambiente convencional, encontraram que as aves convencionais 
apresentaram criptas 54% maiores e maiores taxas de migração celular, e que o 
aumento na taxa de extrusão de algum modo é um estímulo à capacidade de 
proliferação e crescimento das criptas destas aves. Portanto, no duodeno onde 
encontramos criptas com tamanhos diferentes e vilos com alturas semelhantes inferimos 
que ocorreu uma maior proliferação e extrusão nos tratamentos com maiores criptas, ou 
seja, ocorreu um maior “turnover” e um maior gasto energético para manutenção deste 
epitélio. 
O duodeno e o jejuno são as porções do intestino delgado que apresentam 
maiores taxas de proliferação e migração celular, maiores vilos e criptas e respondem a 
agressões e a estímulos da mucosa de maneira mais acentuada (UNI et al., 1998; 
OLIVEIRA et al., 2000; GEYRA et al., 2001). Dessa forma, qualquer tipo de perturbação 
no intestino delgado leva a alterações morfológicas nestas duas regiões, assim a 
alteração das criptas do duodeno na fase final de criação não é um resultado ilógico. 
Porém, alguns autores relatam a capacidade de adaptação de aves mais velhas a 
fatores estressantes como lectinas e tanino (D’MELLO &THOMAS, 1978; CHUBB, 1982; 
OLIVEIRA et al., 2000). Portanto, a alteração morfométrica das criptas do duodeno na 
fase final de criação pode ser uma resposta adaptativa da mucosa intestinal a um efeito 
acumulativo da presença de proantocianidinas do sorgo. 
A altura dos vilos e a profundidade das criptas aumentaram conforme a idade. No 
entanto, o crescimento dos vilos no duodeno teve um comportamento diferente do 
encontrado na literatura. De acordo com UNI (1999), o crescimentos dos vilos do 
duodeno está praticamente completo aos sete dias de vida. Neste experimento, a altura 
dos vilos para todos os tratamentos apresentou um crescimento contínuo durante toda 
fase inicial (de 1 até 21 dias de idade) das aves. 
A camada de mucina no intestino delgado possui uma importante função 
protetora para as células da mucosa e de transporte entre o lúmen e a membrana em 
escova, tendo extensivas implicações nas funções intestinais. A relevância das distintas 
mucinas produzidas ainda não é bem entendida, no entanto, tem sido sugerido que a 
mucina ácida funciona como uma barreira bacteriana dificultando a locomoção e a 
 
 
34
mucina neutra parece ser menos degradável pelas glicosidades bacterianas e proteases 
endógenas. O alimento fornecido, a taxa de migração das células da mucosa intestinal e 
a população microbiana podem afetar o tipo de mucina e a quantidade produzida (UNI et 
al., 2003). 
As análises em superfície de resposta dos diferentes segmentos intestinais 
durante o período experimental, mostraram que os números de células caliciformes que 
produzem mucina neutra e ácida não foram afetadospelos níveis crescentes de sorgo 
baixo tanino. Estes resultados evidenciaram que os maiores níveis de inclusão de sorgo 
não fornece quantidade suficiente de tanino condensado para aumentar o número de 
células caliciformes, mesmo na fase pré-inicial onde o animal se encontra em processo 
de maturação do trato gastrintestinal. Diversos autores trabalhando com alimentos que 
possuem concentrações elevadas de fatores antinutricionais, tais como: lectinas e tanino 
e diferentes modelos biológicos (ratos e frangos), apresentaram um aumento no número 
de células caliciformes no epitélio do trato gastrintestinal como resposta às agressões 
causadas por tais substâncias (OLIVEIRA et al., 2000; ORTIZ et al., 1994; MITJAVILA et 
al., 1977). 
O fator idade demonstrou ter grande importância no número de células 
caliciformes que produzem mucina neutra e ácida. Durante o período de maior 
crescimento do intestino delgado (as primeiras três semanas) as aves apresentaram um 
número crescente de células caliciformes. Quando a velocidade de crescimento do 
epitélio diminuiu, o número de células caliciformes também decresceu. UNI et al. (2003) 
demonstraram que após a eclosão até o 8° dia a proporção de células caliciformes 
aumentou com a idade, porém em uma constante proporção aos enterócitos. No 
presente trabalho, dentro de um mesmo tamanho de epitélio intestinal (200µm) o 
número de células caliciformes variou com a idade. Talvez a necessidade da produção 
de mucina não seja a mesma com o avançar da idade devido a mudanças na taxa de 
proliferação celular, capacidade digestiva, mudança na flora intestinal ou a adaptação à 
dieta utilizada. 
 
 
35
Conclusão 
 
A altura dos vilos e o número de células caliciformes do intestino não são 
afetados pelos níveis de substituição de milho por sorgo baixo tanino, no entanto, a 
profundidade de cripta do duodeno aumenta com a inclusão de sorgo nas rações. 
A idade apresenta efeito significativo sobre o número de células caliciformes onde 
ocorre aumento na quantidade de células produtoras de mucina no período de 1 a 21 
dias de idade. A altura dos vilos no duodeno atinge seu desenvolvimento máximo aos 21 
dias de idade. 
 
 
 
36
CAPÍTULO 4 – USO DA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA E MODELOS 
MATEMÁTICOS PARA PREDIZER O DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE 
ALIMENTADOS COM DIETAS À BASE DE MILHO E SORGO. 
 
RESUMO – Objetivo desta pesquisa foi criar modelos de superfície de resposta, com 
base nos dados selecionados pela revisão sistemática da literatura, para as variáveis 
independentes, níveis de substituição do milho por sorgo e idade, para predição do 
desempenho zootécnico. Localizaram-se nove trabalhos através do método de revisão 
sistemática da literatura, no período de 1995 a janeiro de 2006. Três trabalhos da 
literatura mais um trabalho não publicado do nosso grupo de pesquisa se adequaram 
aos critérios de inclusão estabelecidos: 1) efeito da substituição do milho por sorgo 
baixo teor em tanino; 2) envolveram frangos de corte de linhagem comercial; 3) 
apresentaram número de repetições, número de aves por repetição, níveis nutricionais 
empregados (proteína bruta e energia metabolizável) e apresentaram resultados de 
desempenho em tabela; 4) experimentos em baterias não foram aceitos; 5) utilizaram 
somente milho, soja e sorgo como ingredientes e as dietas com sorgo foram fornecidas 
já na primeira semana de vida. O banco de dados para consumo de ração e ganho de 
peso foi composto por um total de 10900 aves. Ajustou-se um modelo de superfície de 
resposta com duas variáveis independentes (sorgo% e idade). Os parâmetros foram 
estimados pelo método dos quadrados mínimos. Somente o termo quadrático da idade 
apresentou efeito significativo para consumo de ração (r2 = 0,98) e ganho de peso (r2 = 
0,97). Os demais termos do polinômio não apresentaram efeito significativo. Estes 
resultados demonstram que o nível de substituição de milho por sorgo não prejudica o 
consumo de ração e o ganho de peso nas fases pré-inicial, inicial, crescimento ou 
terminação. 
 
 
Palavras-chave: análise de regressão, idade, sorgo baixo tanino, revisão sistemática da 
literatura, superfície de resposta. 
 
 
37
Introdução 
 
 
A grande flutuação no cambio dos principais ingredientes (milho e soja) da 
alimentação avícola, fazem da utilização de ingredientes alternativos a resposta viável 
para a obtenção de resultados econômicos satisfatórios. O sorgo (Sorghum bicolor (L.) 
Moench) é tido como uns dos principais ingredientes energéticos substitutos ao milho, 
todavia, existe certa resistência na utilização de sorgo em rações pré-iniciais devido à 
possibilidade deste cereal afetar o desempenho dos pintainhos neste período. 
A determinação precisa da relação benefício/custo na criação de frangos de corte 
está na dependência do desenvolvimento de modelos matemáticos capazes de predizer 
o crescimento e o consumo de ração dos frangos em função dos fatores que influenciam 
essas variáveis (OVIEDO-RONDÓN & WALDROUP, 2002). Os modelos matemáticos 
são ferramentas que fornecem subsídios para tomadas de decisões que envolvem 
diversas variáveis, mostrando qual caminho seguir para obtenção do melhor retorno 
econômico da atividade desenvolvida. Dentre os possíveis modelos, os de superfície de 
resposta são de grande aplicabilidade prática, pois permitem modelar mais de um fator 
simultaneamente através de polinômios de primeira, segunda ou mais ordens, além de 
testarem a interação entre os fatores envolvidos na pesquisa (FREUND & LITTELL, 
2000). EITS et al. (2005) ressaltaram que os modelos devem ser práticos (incluir 
variáveis conhecidas pelo nutricionista), flexíveis (envolver variáveis como sexo, níveis 
nutricionais, ingredientes, etc.) e precisos (derivados de vários conjuntos de dados). 
Neste contexto, a utilização de modelos que demonstrem a variação do 
desempenho das aves quando são submetidas às dietas compostas por ingredientes 
alternativos é de grande valia para embasar os nutricionistas em suas decisões. 
Para obtenção de dados consistentes, utilizou-se uma revisão sistemática da 
literatura (WANG & BUSHMAN, 1999), uma técnica simples capaz de identificar, 
selecionar e avaliar as pesquisas a serem utilizadas na elaboração do banco de dados a 
ser analisado. Portanto deve-se definir previamente a estratégia de busca, as bases de 
dados utilizadas na pesquisa, período da revisão e os critérios de seleção de estudos. A 
 
 
38
revisão deve mostrar os trabalhos selecionados e também os trabalhos excluídos e a 
razão para tal procedimento. O objetivo de se realizar uma revisão sistemática da 
literatura é propiciar uma revisão reprodutível e não viesada (pois critérios de inclusão 
devem ser explícitos e coerentes impossibilitando uma seleção tendenciosa dos dados). 
Assim, o objetivo desta pesquisa foi criar modelos de superfície de resposta, com 
base nos dados selecionados pela revisão sistemática da literatura, para as variáveis 
independentes, níveis de substituição do milho por sorgo e idade, para predição do 
desempenho zootécnico. 
 
 
Material e métodos 
 
Localização dos estudos 
A revisão sistemática da literatura foi realizada por buscas eletrônicas com as 
palavras chaves sorgo e frangos de corte nas bases de dados “Biological Abstracts”, 
“Cab Abstracs”, “Medline”, “Scielo” e “Athena” no período de 1995 a janeiro de 2006. 
Foram inseridos dados de trabalhos não publicados de nosso grupo de pesquisa 
(Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal). 
 
Critérios de inclusão 
Os trabalhos selecionados apresentaram: 1) efeito da substituição do milho por 
sorgo baixo teor em tanino; 2) envolveram frangos de corte de linhagem comercial; 3) 
apresentaram número de repetições, número de aves por repetição, níveis nutricionais 
empregados (proteína bruta e energia

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