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Compatibilidade Biológica de Cimentos Endodônticos


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MARCIA CARNEIRO VALERA 
Estudo da Compatibilidade Biológica de Alguns Cimentos 
Endodônticos à Base de Hidróxido de Cálcio e um Cimento de 
Ionômero de Vidro. Avaliação do Selamento Marginal Apical e Análise 
Morfológica por Microscopia de Força Atômica. 
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia, Campus de Araraquara, 
Universidade Estadual Paulista .Júlio de Mesquita Filho., como parte 
dos requisitos para a obtenção do título de DOUTOR, pelo Curso de 
Pós-Graduação em ODONTOLOGIA, Área de Concentração em 
ENDODONTIA. 
Orientador: Prof. Dr. Mário Roberto Leonardo 
Faculdade de Odontologia de Araraquara 
Araraquara 
1995 
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\'' .~ J.~)) 
Valera, Marcia Carneiro 
Estudo da Compatibilidade Biológica de Alguns 
cimentos Endodônticos à Base de Hidróxido de Cálcio e um 
Cimento de Ionômero de Vidro. Avaliação do selamento 
Marginal Apical e Análise Morfológica por Microscopia de 
Força Atômica. I Marcia Carneiro Valera. Araraquara: 
M.C.V., 1995. 
333 f: ii.; 29,7cm 
Tese (Doutorado em Endodontia) Faculdade de 
Odontologia, Campos de Araraquara, Universidade Estadual 
Paulista "Júlio de Mesquita Filho". 
Orientador: Prof. Dr. Mário Roberto Leonardo 
Black D24 
Dl5 
CDD 617.634 
Meu maior agradecimento: 
.... ~as os que esperam no Senhor renovarão as 
suas forças, subirão com asas como águias; 
con-erão, e não se cansarão; caminharão e 
não se fatigarão .. 
Is. 40:3/. 
A Deus, por meio de Jesus Cristo, 
seja dada toda a honra, toda glória 
e todo o louvor. 
Obrigada Senhor! 
(;! uando eu era filha aos pés de meu pai, e diante de minha mãe, eles 
me ensinavam e me diziam: 
Retenha o teu coração as minhas palavras, 
Adquire a sabedoria, adquire o entendimento; ... 
Não a abandones, e ela te guardará; 
Ama-a e ela te preservará. 
Quando andares, não se embaraçarão os teus passos; 
e se correres não tropeçarás. 
Não andes pelos maus caminhos. 
Evita-o, ... passe de largo . 
.... Porque a vereda do justo é como a luz da aurora 
que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito .. 
Aos meus amados pais e familiares eu dedico este trabalho. 
~ inha homenagem e agradecimento 
Prof. Dr. Mário Roberto Leonardo, que dedicou 
sua vida ao ensino e a pesquisa. Que deu-me a oportunidade de andar 
nesse caminho, repartindo suas experiências, me orientando de forma 
segura, moldando a minha aptidão e me incentivando para que eu 
pudesse transformar o meu ideal em uma realização. As palavras não 
são capazes de expressar o meu respeito, carinho, amizade e gratidão. 
Que Deus o abençoe e lhe dê infinitamente mais. 
. e4 s palavras dos sábios são como aguilhões; e como pregos bem 
)veados são as palavras coligidas do mestre ..... 
Prof. Dr. Alberto Consolaro: 
Mestre, expoente no ensino e pesquisa; lutador, corajoso e vencedor. O 
seu exemplo de vida e o seu brilhantismo me estimulam a refletir e a 
prosseguir. 
Obrigada professor, cientista, poeta e orientador; 
Obrigada amigo. 
Prof. Dr. Vladimir de Jesus Trava-Airoldi: 
Um grande cientista, que soube se inclinar para me ajudar a visualizar 
outros horizontes, permitindo-me o convívio interdisciplinar no mundo 
fascinante da ciência. 
A você, que me incentivou, orientou e ainda me recebeu no interior de 
sua família, meu muito obrigada. 
Não existem palavras para agradecer um verdadeiro amigo. 
tn:J eus sinceros agradecimentos aos, agora, amigos: 
Prof, Nivaldo Antônio Parlzotto; doutorando do curso de Engenharia 
Elétrica da Universidade Estadual de Campinas- UNICAMP. 
Prof. Dr. Mauricio Urban Kleinke; professor do Departamento de 
Física Aplicada da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. 
Prof. Dahge Chiadin Chang; doutorando do curso de Engenharia 
Elétrica da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. 
Prof. Dr. Eva/do José Corat, do Laboratório de Interfaces do Instituto 
Nacional de Pesquisas Espaciais- INPE, de São José dos Campos. 
Obrigada pelos conhecimentos transmitidos, pela atenção, pela 
dedicação que dispensaram durante a execução deste trabalho. 
Que Deus os abençoe. 
7ambém agradeço: 
Aos Profs. do Departamento de Odontologia Restauradora (Dentístíca 
e Endodontia), da Faculdade de Odontologia de São José dos Campos 
- UNESP, pelo convívio diário harmonioso e pela compreensão durante 
as minhas ausências. 
Em especial agradeço: 
Praf. Dr. Jaime Freitas Ribeiro, professor responsável pela disciplina 
de Endodontia, pela confiança em mim depositada, e apoio durante a 
execução deste trabalho. 
À Prof. Dra. Maria Amélia Máximo de Araújo, pelo incentivo e 
exemplo de mulher lutadora. 
À Prof. Dra. Rosehelene Marotta de Araújo, Chefe do Departamento 
de Odontologia Restauradora, pela colaboração e atenção dispensada. 
Às fUncionárias do Departamento de Odontologia Restauradora, em 
especial à Senhora Tirza Garcia Durante Lopes e Maria Lúcia Silva. 
c1l gradecimentos Institucionais: 
À Faculdade de Odontologia de Araraquara da Universidade Estadual 
Paulista .Júlio de Mesquita Filho., UNESP, na pessoa do Senhor 
Diretor Prof Dr. Luís Roberto de T. Ramalho. 
À Faculdade de Odantologia de São José dos Campos da Universidade 
Estadual Paulista .Júlio de Mesquita Filho., UNESP, na pessoa do 
Senhor Diretor Prof Dr. José Eduardo Junho de Araújo. 
À Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo, 
USP, na pessoa do Prof Dr. Alberto Consolara, do Departamento 
de Patologia, pela valiosa contribuição na realização de parte 
deste trabalho. 
À Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de 
Campinas, UNICAMP, na pessoa do responsável pelo 
Departamento de Dispositivos Semicondutores, Prof Dr. Vítor 
Baranauskas, pela valiosa contribuição na realização de parte 
deste trabalho. 
Ao Instituto de Física da Universidade Estadual de Campinas, 
UNICAMP, por meio do Coordenador do Laboratório de 
Interfaces, Prof Dr. Omar Teschke, pela contribuição na 
realização de parte deste trabalho. 
Ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -INPE, de São José dos 
Campos, por meio do Senhor Prof Dr. Vladimir de Jesus Trava-
Airoldi, do Laboratório Associado de Sensores e Materiais, pela 
valiosa contribuição na realização de parte deste trabalho. 
cJI gradeço ainda: 
Ao Prof Dr. Ary José Dias Mendes, pela orientação e realização da 
análise estatística. 
Aos Professores Doutores Roberto Miranda Esberard e Jdomeo Bonettí 
Filho e Professores Renato de Toledo Leonardo, Mário Tanomaru 
Filho e Fábio Berbert, da disciplina de Endodontia da Faculdade de 
Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista .Júlio 
de Mesquita Filho., pela acolhida e convívio. 
À minha grande amiga e colega de Faculdade, a quem posso chamar 
de irmã, Mônica Fernandes Gomes, pela colaboração e incentivo nos 
momentos mais difíceis. 
Aos professores do curso de Pós Graduação da Faculdade de 
Odontologia de Araraquara, UNESP. 
Aos meus colegas do curso de Doutorado, Mário Tanomaru Filho e 
Walter Antonio de Almeida, pelo companheirismo. 
Às minhas amigas e companheiras de Araraquara, Patricia, Helena e 
Daniele ... . Vocês, estarão sempre dentro do meu coração .. Obrigada! 
Ao Senhor Edson Luis Mori, técnico de laboratório da Disciplina de 
Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara, UNESP, 
pela dedicação, e valiosa colaboração durante a execução da parte 
experimental do estudo da biocompatibilidade. 
Ao Senhor Juracy do Nascimento, da Disciplina de Patologia da 
Faculdade de Odontologia de Bauru, USP, pela atenção e dedicação 
na histotécnica. 
Às Funcionárias da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de São 
José dos Campos, UNESP, na pessoa da Senhora Lei/a Novaes, pela 
competência e dedicação. 
Às fUncionárias da Pós Graduação da Faculdade de Odontologia de 
Araraquara, UNESP, Otilia Conceição Ramos de Oliveira, Mara 
Cândida Munhoz do Amaral, Vera Lúcia Perruci Roque e Rosângela 
Aparecida Silva dos Santos. 
Aos funcionários da disciplina de Endodontia daFaculdade de 
Odontologia de Araraquara, UNESP, Emília, Ivone e Pedro, pela 
atenção dedicada. 
À disciplina de Microbiologia da Faculdade de Odontologia de São 
José dos Campos, UNESP, na pessoa do Senhor Prof Dr. Antônio 
O/avo Cardoso Jorge; da Senhora. Clélia Aparecida Paiva Martins e 
demais funcionários pela atenção dispensada. 
Aos colegas do curso de Pós Graduação da Faculdade de Odontologia 
de Araraquara da Universidade Estadual Paulista .Júlio de Mesquita 
Filho., em especial as companheiras Gisela, Delani e Ana Helena. 
Ao Senhor Valdir João Afonso, pelo auxílio na correção do texto. 
Aos meus amigos Leonor Lima Egídio e Augusto Odécio Egídio, pelo 
apoio na cidade de São José dos Campos. 
Às minhas eternas e fiéis amigas Ana Paula Ferreira Caíres, Ana 
Maria Nogueira e Ezilaine do Nascimento, pelo constante sustento em 
orações. 
À todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a execução 
deste trabalho, meu muito obrigada! 
LISTA DE QUADROS 
LISTA DE FIGURAS 
LISTA DE TABELAS 
LISTA DE IDSTOGRAMAS 
RESUMO 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇA0 ............................................................................... 29 
2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................... .35 
2.1 Cimentos à base de resina, óxido de zinco e eugenol e outros .. .36 
2.1.1 Propriedades biológicas ............................................................ 36 
2.1.2 Propriedades fisicas ................................................................... 41 
2.2 Hidróxido de cálcio ...................................................................... 43 
2.3 Cimentos à base de hidróxido de cálcio ...................................... 52 
2.3.1 Propriedades biológicas ............................................................ 52 
2.3.2 Selamento marginal .................................................................. 66 
2.3.3 Outras propriedades .................................................................. 82 
2.4 Cimentos adesivos e de ionômero de vidro ................................ 88 
2.4.1 Propriedades biológicas ........................................................... 88 
2.4.2 Propriedades flsicas ................................................................... 91 
2.5 Infiltração marginal: Imersão no corante; Tempo 
de armazenamento ...................................................................... ! 03 
3 PROPOSIÇÃ0 .............................................................................. 118 
4 MATERIALEMÉTODOS ......................................................... l20 
4.1 Avaliação da biocompatibilidade em tecido subcutãneo 
de ratos ........................................................................................ 124 
4.1.1 Metodologia experimental ..................................................... 124 
4.1.2. Análises microscópicas .......................................................... 127 
4.1.2.1 Infiltrado inflamatório e reações correlatas ......................... l27 
4.1.2.2 Fenômenos reparatórios e reações correlatas •.................... .l28 
4.1.2.3 Caracteristicas do cimento obturador .................................. l29 
4.1.3 Análise estatística .................................................................... 130 
4.2 Avaliação do selamento marginal apical... ............................... .l32 
4.2.1 Metodologia experimental ...................................................... l32 
4.2.2 Análise das infiltrações .......................................................... .l39 
4.2.3 Análise estatística .................................................................... l40 
4.3 Análise morfológica em aumento de alta resolução dos 
cimentos após a obturação dos canais radiculares e após um 
periodo de seis meses, utilizando-se da microscopia de força 
atômica ....................................................................................... 141 
4.3.1 Microscopia de força atômica (MFA ou AFM) ...................... l41 
4.3.1.1 Teoria de funcionamento do microscópio de 
força atômica ................. ..................................................... .. 144 
4.3 .1.2 Cuidados na medida ............................................................. 148 
4.3.2 Metodologia Experimental... ................................................... 149 
4.3.2.1 Preparo das amostras ............................................................ 149 
4.3.2.2 Utilização das amostras ........................................................ I 54 
4.3.2.3 Armazenamento das amostras .............................................. I 55 
4.3.2.4 Reutilização das amostras ..................................................... l56 
5 RESULTADOS .............................................................................. 158 
5.1 Avaliação da biocompatibilidade em tecido subcutãneo de 
ratos ............................................................................................. 158 
5.1.1 Infiltrado inflamatório e reações correlatas ........................... 159 
5.1.1.1 Análise microscópica descritiva ........................................... 159 
5 .1.1.1.1 Grupo experimental Sealapex ........................................... 159 
5.1.1.1.2 Grupo experimental Apexit ............................................... l66 
5.1.1.1.3 Grupo experimental Sealer 26 ........................................... 172 
5.1.1.1.4 Grupo experimental Ketac Endo ....................................... 177 
5.1.1.2 Análise estatística da magnitude geral das inflamações ..... 182 
5.1.2 Fenômenos reparatórios e reações correlatas .......................... 187 
5.1.2.1 Análise microscópica descritiva .......................................... 187 
5.1.2.1.1 Grupo experimental Sealapex .......................................... .l87 
5.1.2.1.2 Grupo experimental Apexit ............................................... 188 
5.1.2.1.3 Grupo experimental Sealer 26 .......................................... .189 
5.1.2.1.4 Grupo experimental Ketac Endo ...................................... .l90 
5.1.2.2 Análise estatística dos fenômenos reparatórios ................... 191 
5.1.2.2.1 Proliferação tibroblástica .................................................. 191 
5.1.2.2.2 Proliferação angioblástica ................................................. 197 
5.1.2.2.3 Densidade do fibrosamento .............................................. 203 
5.1.3 Características inerentes ao material obturador ...................... 211 
5 .1.3 .I Grupo experimental Sea1apex .............................................. 211 
5.1.3.2 Grupo experimental Apexit .................................................. 211 
5.1.3.3 Grupo experimental Sealer 26 .............................................. 212 
5.1.3.4 Grupo experimental Ketac Endo .......................................... 213 
5.2 Avaliação do selamento margina apical .................................... 214 
5.2.1 Dados obtidos .......................................................................... 214 
5.2.2 Análise estatística .................................................................... 215 
5.3 Análise morfológica em aumento de alta resolução dos 
cimentos após a obturação dos canais radiculares e após um 
período de seis meses, utilizando-se da microscopia de força 
atômica ....................................................................................... 219 
5.3.1 Grupo experimental Sealapex ................................................. 219 
5.3.2 Grupo experimental Apexit... .................................................. 226 
5.3.3 Grupo experimental Sealer 26 ................................................. 231 
5.3.4 Grupo experimental Ketac Endo ............................................. 235 
-6 DISCUSSA0 ................................................................................. 242 
6.1 Dos cimentos obturadores ..........................................................242 
6.2 Da biocompatibilidade ............................................................... 245 
6.2.1 Da metodologia ....................................................................... 245 
6.2.2 Dos resultados .......................................................................... 249 
6.3 Do selamento marginal apical .................................................... 257 
6.3.1 Da metodologia ....................................................................... 257 
6.3 .2 Dos resultados ......................................................................... 268 
6.4 Da análise morfológica utilizando-se a microscopia de força 
atômica ........................................................................................ 276 
6.4.1 Da metodologia ....................................................................... 276 
6.4.2 Dos resultados ......................................................................... 280 
6.5 Considerações gerais .................................................................. 284 
7 CONCLUSÕES ............................................................................. 285 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................... 288 
ABSTRACT ........................................................................................ 333 
LISTA DE QUADROS 
Quadro I - Distribuição dos grupos experimentais para a avaliação do 
selamento marginal apical. 
Quadro 2 - Técnicas de microscopia, considerando a ampliação, meio 
ambiente de operação, tipo de imagem e dano causado na 
amostra. 
Quadro 3 - Representação esquemática da metodologia utilizada com o 
AFM. 
Quadro 4 - Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Sealapex no período 
de 14 dias. 
Quadro 5 - Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Sealapex no período 
de 90 dias. 
Quadro 6 - Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Apexit no período de 
14 dias. 
Quadro 7 - Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Apexit no período de 
90 dias. 
Quadro 8- Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Sealer 26 no período 
de 14 dias. 
Quadro 9 - Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Sealer 26 no período 
de 90 dias. 
Quadro I O - Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Ketac Endo no 
período de 14 dias. 
Quadro II -Ficha utilizada para o registro das análises microscópicas 
das reações provocadas pelo cimento Ketac Endo no 
período de 90 dias. 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Representação esquemática do funcionamento do AFM. 
Figura 2- Fotomicrografia da superficie dentinária radicular, 
utilizando-se da AFM. 
Figura 3 - Representação esquemática do segmento número dois da 
amostra e suas identificações. 
Figura 4 - Aspectos microscópicos da reação tecidual frente ao Sealapex 
após 14 (A) e 90 (B) dias da implantação. Nestes espécimes 
não se observou extravasamento do material pela luz do tubo, 
restringindo-se aos limites durante a sua colocação. Aos 90 
dias (B), numerosos macrófagos continham partículas de 
Sealapex no seu interior, o mesmo ocorrendo com alguroas 
CGMis. (aumento original: A e B = 40x; H. E.). 
Figura 5 -Aspectos microscópicos da reação tecidual frente ao Sealapex 
após 14 (A) e 90 (B) dias da implantação. Em ambos os 
espécimes houve extravasamento pela luz do tubo, induzindo 
reação granulomatosa tipo corpo estranho. Destaca-se o 
grande número de macrófagos e CGMis carregados de 
partículas de Sealapex no seu citoplasma (aumento original: 
A e B = 40x; H.E.). 
Figura 6 - Aspectos microscópicos da reação tecidual frente ao Apexit 
após 14 (A) e 90 (B) dias da implantação. Aos 14 dias (A), 
destaca-se a infiltração de células inflamatórias e faixa de 
tecido de granulação periférica com discreto grau de 
fibrosamento, embora organizado. Nota-se ainda a presença 
de macrófagos contendo material obturador. Aos 90 dias (B), 
tem-se ainda extensa faixa de tecido de granulação 
organizado mas infiltrado por células inflamatórias e 
associadas à intensa congestão vascular (aumento original: A 
e B = 40x; H. E.). 
Figura 7 - Aspectos microscópicos da reação tecidual frente ao Sealer 
26 após 14 (A) e 90 (B) dias da implantação. Aos 14 dias (A), 
destaca-se a estreita faixa tecidual reacional bem organizada e 
pouco infiltrada por células inflamatórias. Aos 90 dias (B), 
observa-se a cápsula fibrosa bem organizada e fma, 
apresentando eventuais macrófagos carregados de partículas 
do Sealer 26 (aumento original: A e B = 40x; H.E.). 
Figura 8 - Aspectos microscópicos da reação tecidual frente ao Ketac 
Endo após 14 (A) e 90 (B) dias da implantação. Destaca-se 
em ambos os períodos a presença exuberante das estruturas 
cristalinas do material no interior dos macrófagos e CGMis. 
Na interface com o material, observa-se uma fina e 
organizada cápsula fibrosa (aumento original: A e B = 40x; 
H.E.). 
Figura 9 - Representação gráfica da magnitude geral das inflamações 
provocadas pelos cimentos estudados. 
A - período experimental de 14 dias; 
B - período experimental de 90 dias. 
Figura I O - Representação gráfica da variabilidade da proliferação 
fibroblástica ocorrida entre os espécimes no período 
experimental de 14 dias. 
Figura 11: Representação gráfica da variabilidade da proliferação 
fibroblástica ocorrida entre os espécimes no período 
experimental de 90 dias. 
Figura 12- Representação gráfica da variabilidade da proliferação 
angioblástica ocorrida entre os espécimes no período 
experimental de 14 dias. 
Figura 13 - Representação gráfica da variabilidade da proliferação 
angioblástica ocorrida entre os espécimes no período 
experimental de 90 dias. 
Figura 14 - Representação gráfica da variabilidade da densidade de 
tibrosamento ocorrida entre os espécimes no período 
experimental de 14 dias. 
Figura 15 - Representação gráfica da variabilidade da densidade de 
fibrosamento ocorrida entre os espécimes no período 
experimental de 90 dias. 
Figura 16 - Representação gráfica das médias dos fenômenos 
reparatôrios observados após a implantação dos cimentos, 
nos periodos de 14 (A) e 90 (B) dias. 
Figura 17 - Representação gráfica das medidas das infiltrações apicais 
ocorridas com a utilização dos quatro cimentos estudados 
nos diferentes períodos experimentais. 
Figura 18 - Superfície do cimento Sealapex após a obturação do canal 
radicular. Fotomicrografia pelo AFM. (aumento 8400x). 
Figura 19 - Superfície B do cimento Sealapex após seis meses da 
manutenção em plasma sangüíneo. Fotomicrografia pelo 
AFM. (aumento 8400x). 
Figura 20 - Superfície A do cimento Sealapex após seis meses de 
manutenção no plasma sangüíneo. Fotomicrografia pelo 
AFM. (aumento 8400x). 
Figura 21 - Superfície do cimento Apexit após a obturação do canal 
radicular. Fotomicrografia pelo AFM. (aumento 8400x). 
Figura 22 - Superficie A do cimento Apexit após seis meses de 
manutenção no plasma sangüineo. Fotomicrografia pelo 
AFM. (aumento 8400x). 
Figura 23 - Superficie do cimento Sealer 26 após a obturação do canal 
radicular. Fotomicrografia pelo AFM. (aumento 8400x). 
Figura 24 - Superficie B do cimento Sealer 26 após seis meses de 
manutenção no plasma sangüíneo. Fotomicrografia pelo 
AFM. (aumento 6100x). 
Figura 25 - Superficie do cimento Ketac Endo após a obturação do 
canal radicular. Fotomicrografia pelo AFM.(aumento 
8400x). 
Figura 26 - Superficie B do cimento Ketac Endo após seis meses de 
manutenção no plasma sangüíneo. Fotomicrografia pelo 
AFM. (aumento 8400x ). 
Figura 27 - Superficie A do cimento Ketac Endo após seis meses de 
manutenção no plasma sangüíneo.Fotomicrografia pelo 
AFM. (aumento 8400x). 
LISTA DE TABELAS 
Tabela I -Valores observados de H e de p de acordo com o cimento, 
período, interações e comparações múltiplas. 
Tabela 2 - Postos médios e conjuntos de acordo com o material, período 
e interação material x período. 
Tabela 3 - Valores observados de H e de p de acordo com o cimento, 
período, interação e comparações múltiplas. 
Tabela 4- Postos médios e conjuntos de acordo com o cimento, período 
e interação cimento x período. 
Tabela 5 - Valores observados de H e de p de acordo com o cimento, 
período, interação e comparações múltiplas. 
Tabela 6 - Postos médios e conjuntos de acordo com o cimento, período 
e interações cimento x período. 
Tabela 7 - Valores observados de H e de p de acordo com o cimento, 
período, interação e comparações múltiplas. 
Tabela 8 - Postos médios e conjuntos de acordo com o cimento, período 
e interação cimento x período. 
Tabela 9 - Valores de infiltração apical de acordo com o cimento e 
período de imersão no corante (mm). 
Tabela 10- Análise de Variância aplicada sobre os valores das 
infiltrações apicais. 
Tabela li - Médias, erro-padrão e conjuntos de médias iguais para a 
infiltração de acordo com o cimento, imersão e interação 
cimento x imersão (mm). 
LISTA DE HISTOGRAMAS 
Histograma I - Referente à superficie do cimento Sealapex após a 
obturação do canal radicular. 
Histograma 2 - Referente à superficie B do cimento Sealapex após seis 
meses de contato com o plasma sangüíneo. 
Histograma 3 - Referente à superficie A do cimento Sealapex após seis 
meses de contato com o plasma sangüíneo. 
Histograma 4 - Referente à superficie do cimento Apexit após a 
obturação do canal radicular. 
Histograma 5 - Referente à superficie A do cimento Apexit após seis 
meses de contato com o plasma sangüíneo. 
Histograma 6 - Referente à superficie do cimento Sealer 26 após a 
obturação do canal radicular. 
Histograma 7 - Referente à superficie B do cimento Sealer 26 após seis 
meses de contato com o plasma sangüíneo. 
Histograma 8 - Referente à superficie do cimento Ketac Endo após a 
obturação do canal. 
Histograma 9 - Referente à superfície B do cimento Ketac Endo após 
seis meses de contato com o plasma sangüíneo. 
Histograma I O - Referente à superfície A do cimento Ketac Endo após 
seis meses de contato com o plasma sangüíneo. 
RESUMO 
Este trabalho avaliou a compatibilidade biológica, 
em tecido subcutâneo de ratos, e o selamento apical de canais 
radiculares obturados com os cimentos endodônticos Sealapex, Apexit, 
Sealer 26 e Ketac Endo. Foram também realizadas caracterizações 
morfológicas de alta resolução desses cimentos, utilizando-se uma 
recente técnica de microscopia de força atômica (AFM.), que permite a 
observação de microestruturas não-condutoras. 
No estudo da biocompatibilidade, tubos de 
polietileno contendo os cimentos obturadores, foram implantados no 
tecido conjuntivo subcutâneo de ratos. Os animais foram sacrificados 
após 14 e 90 dias. 
Para o estudo do selamento apical foram utilizadas 
136 raízes. Após o preparo biomecânico, os canais radiculares foram 
obturados pela técnica da condensação lateral ativa com os cimentos em 
estudo. Metade das amostras foi imersa imediatamente na solução de 
azul de metileno e a outra metade após 6 meses de armazenamento em 
plasma sangüíneo humano. 
Para a análise da nitra-estrutura dos cimentos, outras 
16 amostras de canais radiculares obturados foram avaliadas por AFM. 
• 
Essas avaliações foram realizadas imediatamente após as obturações 
dos canais radiculares e após seis meses de contato com o plasma 
sangüineo humano. 
Quanto à biocompatibilidade constatamos que 
houve diferenças estatísticas entre os cimentos nos dois períodos de 
avaliações. Quanto ao selamento apical, observamos diferenças 
estatisticamente significantes entre os cimentos e entre os períodos 
estudados. Na análise por AFM, verificamos que alguns cimentos 
sofrem uma maior desintegração. 
I INTRODUÇÃO 
O sucesso do tratamento endodôntico está 
condicionado à perfeita execução de todas as fases operatórias dessa 
terapia, que devem ser realizadas de forma coerente, com o emprego de 
técnicas e materiais adequados, levando em consideração os princípios 
biológicos, respeitando, conseqüentemente, os tecidos apicais e 
periapicais, de forma a não agredi-los ou até estimulá-los nos processos 
de cicatrização. 
A fase da obturação do canal radicular complementa 
todo o esforço realizado nas etapas prévias como o diagnóstico, a 
abertura coronária, o preparo biomecânico e a chamada fase da 
desinfecção, conduzindo e contribuindo para o êxito definitivo do 
tratamento endodôntico. A obturação tende a manter o canal radicular 
livre de microorganismos, ou de sua proliferação, quando esses 
sobrevivem na massa dentinária após a biomecânica. Impede também a 
estagnação de líquidos tissulares, vedando o canal em toda a sua 
extensão - quer no seu diâmetro, quer em profundidade - e assegurando 
um selamento o mais hermético possível do forame apical. A 
importáncia dessa fase tem sido demonstrada por vários autores que 
correlacionam os fracassos endodônticos com obturações incompletas 
30 
(Grossman et al.89, 1964; Tamburus231 , 1983, Petersson et al. 185, 1986, 
Bonetti Filho et al.28, 1988). 
A obturação possui objetivos de natureza técnica, 
voltados à obliteração de todo o sistema de canais radiculares. Também 
tem objetivos de natureza biológica, permitindo o fechamento do 
forame apical, através da deposição de tecido mineralizado por parte do 
organismo (Holland et al. 101, 1971, Leonardo & Leal 139, 1991). 
Para alcançar esses objetivos, além das técnicas de 
obturação, os materiais obturadores têm um papel de extrema 
importância. 
O material obturador em estado sólido ma1s 
utilizado é a guta-percha que, apesar da sua compatibilidade biológica 
(Schildel03 , 1967, Holland et al. 103, 1975, Weine245 , 1982, Nguyen110, 
1984, Tavares et al.233, 1994), não é capaz de selar o canal radicular 
quando utilizada sozinha, devendo ser associada aos cimentos 
obturadores (Limkangwalmongkol et al. 146, 1992). Esses cimentos 
preenchem os espaços existentes entre a guta-percha e as paredes do 
canal, e entre os cones de guta-percha, quando se emprega a técnica de 
obturação com múltiplos cones (Leonardo & Leal139, 1991). 
Na escolha de um material obturador em estado 
plástico, cimentos e pastas, deve-se levar em consideração as 
propriedades fisicas e biológicas desse material. 
Segundo Branstetter & Von Fraunhofer32, 1982, o 
material obturador deveria ter as seguintes características: 
-não ser irritante ao coto pulpar e tecidos periapicais; 
-ser impermeável; 
-ter atividade bactericida ou bacteriostática; 
31 
-não manchar as estruturas dentárias ou tecidos moles; 
-ser insolúvel nos fluidos tissulares; 
-ser radiopaco; 
-oferecer aderência à dentina e aos núcleos sólidos; 
-apresentar tempo de presa suficiente para facilitar sua introdução 
no canal radicular e presa rápida após a obturação; 
-não perder o volume após a presa; 
-oferecer solubilidade a solventes comerciais para facilitar sua 
eventual remoção em casos de retratamento. 
Essas propriedades são defendidas pelas 
especificações número 57 da ADA 4 para cimentos endodônticos, mas 
nenhum cimento preenche esses requisitos (Caiedo & Von 
Fraunhofer'6, 1988). 
Outra característica do cimento obturador seria a de 
estimular a deposição de tecido mineralizado, para o fechamento 
biológico do forame apical (Sonat215, 1991). 
Por anos, tem havido uma progressiva melhora nas 
propriedades dos cimentos, com mudanças nas fórmulas e composições 
desses materiais. 
Durante décadas, os cimentos mais utilizados foram 
à base de óxido de zinco e eugenol que, apesar de possuírem boas 
propriedades tisicas (Benatti et al. 16, 1978; Holland et al. 102, 1974), 
deixam muito a desejardo ponto de vista biológico (Leonardo137, 
1973). O eugenol usado em demasia nas misturas recém-preparadas 
provoca necrose imediata nos tecidos seguida de anestesia local, que 
desaparece com o passar do tempo. Persiste, porém, uma inflamação 
aguda que, na maioria das vezes progride culminando em um processo 
32 
crónico nos tecidos apicais (Biven et ai.23 , 1972, Cook & Taylor49 , 
1973, Timpawat & Vajrabhayi35, 1988, Yesilsol53, 1988, Barbosa et 
9 ai. ' 1993). 
Esse fato levou a urna nova abordagem e a um novo 
critério na definição dos materiais endodônticos, dando ênfase às 
propriedades biológicas (Leonardo & Holland138, 1974, Meryon & 
Brook159, 1990, Barkhordar et al. 12, 1992, Zmener"58, 1992), mantendo 
- mesmo aprimorando - as propriedades fisicas e ainda com 
preocupações quanto à adesão dos cimentos às estruturas dentais (Pitt 
Ford189, 1979, Powis et a1. 192, 1982, Wennberg & Orstavik247, 1990, 
Geiger & Weiner76, 1993, Wu et al.'51 , 1994). 
Devido aos conhecidos efeitos terapêuticos do 
hidróxido de cálcio (Foreman & Barnes68, 1990, Silva207, 1991, Sjõgren 
et a1.208, 1991), essa substãocia foi introduzida nos cimentos 
endodônticos, com a finalidade de melhorar as propriedades biológicas 
desses materiais. Também, com base nos estudos de Wilson & Kent248' 
249
, 1971 e 1972, surgiram os cimentos de ionômero de vidro, de 
comprovado potencial de adesão tisica e quimica tanto ao esmalte 
quanto à dentina (Powis et al. 192, 1982.), permitindo margens 
completamente seladas (McLean & Wilson 148, 1977.) e compatibilidade 
biológica (Snuggs et ai. 212, 1993). 
Em 1979, Pitt Ford 189 relatou pela primeira vez o 
uso desse cimento nas obturações de canais radiculares. E, 
recentemente, surgiu no comércio, um cimento de ionômero de vidro 
específico para endodontia. 
Os efeitos fisicos e biológicos dos cimentos podem 
ser avaliados de várias maneiras. 
JJ 
Biologicamente, realizam-se os testes primários, que 
dão um perfil geral da toxicidade dos materiais. Incluem-se aí testes de 
toxicidade sistêmica a curto prazo, de toxicidade sistêmica aguda, 
inalação, hemólise, mutagenicidade, teste letal dominante e 
citotoxicidade in vitro. 
Testes secundários avaliam a toxicidade local e 
incluem os implantes subcutâneos e ósseos, que avaliam a toxicidade in 
vivo de materiais que terão contato prolongado com esses tecidos. Entre 
os testes secundários temos ainda os de sensibilização e de irritação da 
membrana da mucosa bucal. 
Finalmente, temos os testes convencionais ( usage 
tests ), que são propostos para avaliar a resposta da ferida pulpar e 
tecidos periapicaís aos materiais endodônticos (ISO/TR 7405!19, 1984, 
Watts & Paterson243, 1992, Browne33, 1994, Hõrsted-Bindslev116, 1994, 
Larsson133, 1994, Mjõr162, 1994, Schmall04, 1994). 
Com relação às propriedades físicas, pode-se avaliar 
a força de compressão, absorção de água, solubilidade e desintegração. 
Consideram-se também as alterações dimensionais, o tamanho das 
partículas dos componentes do material, o tempo de endurecimento e a 
espessura da película do cimento. Pode-se avaliar ainda o pH, a 
radiopacidade e o escoamento, além do selamento marginal - aspecto 
que tem merecido especial atenção em muitos estudos (Bransteter & 
Von Fraunhofer32, 1982, Bonetti Filho et al. 27, 1987). 
Vários métodos têm sido utilizados para avaliar a 
capacidade de selamento dos cimentos obturadores de canais 
radiculares. Os mais clàssicos utilizam a penetração de corantes, com ou 
sem vácuo (Bonetti Filho et al.27 , 1987, Goldman et al.82 1989, 
34 
Spangberget al.217, 1989, Holland et al. 108, 1990, Limkaugwa1mongko1 
et al. 147, 1991, Va1era242, 1993), ou substâncias radioativas (Going et 
a!."9, 1960, Holland et al. 102, 1974), técnicas eletroquímicas (Jacobson 
& Von Fraunbofer122, 1976, Barkhordar et al. 11 , 1989), modelos 
transparentes (Robertson & Leeb 196, 1982, Tagger et a1.228, 1983), 
penetração de bactérias ou de seus produtos (Torabinejad et al.237, 1990; 
Deveaux et a!. 56, 1992, Torabinejad et al.236, 1992). A avaliação através 
da microscopia eletrônica de varredura lan3bém tem sido utilizada por 
alguns autores (Krell & Wefel129, 1984) e, mais recentemente, o 
mecanismo de transporte de fluidos (Pashley et al. 181 , 1987;Wu et al.250, 
1994) e a infiltração in vivo (Barnett et ai. 13, 1989) têm despertado o 
interesse de alguns pesquisadores. 
As propriedades fisicas e biológicas do Sealapex 
foranJ bastante avaliadas. Por outro lado, faz-se oportuna uma revisão 
da literatura pertinente, para viabilização de uma investigação quanto às 
propriedades biológicas e fisicas dos novos cimentos à base de 
hidróxido de cálcio - Apexit e Sealer 26 - bem como do Ketac Endo -
cin3ento de ionômero de vidro. 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
Neste capítulo, procurou-se realizar wna revisão 
sintética sobre os cimentos à base de resina, óxido de zinco e eugenol e 
outros que, pelas suas características ou metodologia empregada para o 
seu estudo, poderiam contribuir com o presente trabalho e na discussão 
dos resultados posteriormente obtidos. De forma mais abrangente, 
discorreu-se sobre o hidróxido de cálcio e cimentos que contêm esta 
substância na sua composição. Produziu-se uma revisão sobre os 
cimentos adesivos -que levaram à utilização do cimento de ionômero de 
vidro na endodontia-. Ainda, realizou-se um revisão sobre estudos de 
infiltração marginal, dando ênfase ao fator tempo de armazenamento 
antes da imersão no corante. 
36 
2.1 Cimentos à base de resina, óxido de zinco e eugenol e outros. 
Até a década de oitenta, os cimentos disponíveis no 
mercado especializado eram baseados em fórmulas tendo como 
principais componentes o óxido de zinco e o eugenol. Após o advento 
das resinas plásticas, foram incorporados também ao mercado os 
cimentos de resina epóxica, resina polimérica e hidrofilica. 
Diferentes trabalhos compararam esses cimentos 
quanto às suas propriedades biológicas e fisicas. 
2.1.1 Propriedades biológicas 
Erausquin64, 1970, avaliou a resposta do tecido 
periapical de dentes de ratos obturados com óxidos de: zinco, titânio, 
chumbo e alumínio. Os periodos de observações foram de sete, 30 e 90 
dias. Nenhum dos óxidos mostrou evidências de ser dissolvido ou 
absorvido pelo organismo. Os óxidos de alumínio e titânio provocaram 
o aparecimento de grande número de macrófagos que fagocitavam suas 
partículas. Estes induziram uma progressiva e persistente reação 
inflamatória, que foi particularmente mais severa nos espécimes onde se 
usou óxido de titânio. Os óxidos de chumbo e zinco foram muito bem 
tolerados pelos tecidos periapicais. 
( 
37 
Holland et ai. "JO, 1971, estudaram o comportamento 
do tecido conjuntivo subcutâneo de ratos aos cimentos de óxido de 
zinco e eugeno1 e Pyocidina com su1fa, num período de observação de 
30 dias. Verificaram a presença de infiltrado inflamatório intenso para 
todos os cimentos testados. 
Crane et al.51 , 1980, observaram que os cimentos 
sem eugenol na sua composição são mais compatíveis do que cimentos 
com esta substância na sua composição. 
Olsson et al. 174, 1981, estudaram a compatibilidade 
biológica dos cimentos Kloroperka NO, Kerr sealer e AH26. Os 
períodos de observação foram de 14, 30, 90 e 180 dias. Observaram 
grande presença de macrófagos e células gigantes tipo corpo estranho. 
Os autores consideraram esses cimentos semelhantes com relação ao 
grau de irritabilidade. 
Benatti Neto et al. 14, 1982, avaliaram as reações do 
tecido conjuntivo subcutâneo de ratos aos componentes do cimento 
AH26. O componente éter de bisfenol A foi avaliado sozinho ou 
misturado com os componentes do pó (hexametilenotetramina, óxido 
de bismuto, óxido de titânio e prata pulverizada). Após os períodos de 
48 e 72 h, sete, 21 e 60 dias, os animais foram sacrificados. As reações 
inflamatórias observadas, em ordem decrescente foram: éter de bisfenolA, éter de bisfenol A + óxido de bismuto, éter de bisfenol A + óxido de 
titânio, éter de bisfeno1 A + prata pulverizada e éter de bisfenol A + 
hexametilenotetramina. O óxido de titânio foi o que mais se espalhou 
pelo tecido e induziu reação macrofágica acentuada. 
38 
Safavi et a1.198, 1983, avaliaram a reação tecidual de 
misturas frescas dos cimentos AH26 e Hydron. Os períodos de 
avaliação foram de 7, 14, 30, 90 e 180 dias. Em todos os períodos de 
observação, pode-se notar áreas de necrose e inflamação ao redor dos 
materiais testados. 
Benatti Neto et ai. 15, 1986, avaliaram os cimentos 
endodônticos AH26, OZE, Fill canal e Endomethasone. Utilizaram 
segundos e terceiros pré-molares inferiores de quatro cães. Após o 
preparo biomecânico, os canais foram preenchidos com os cimentos e 
cones de guta-percha. O período de avaliação foi de 90 dias. 
Observaram um comportamento biológico mais favorável ao AH26 e 
OZE, tanto junto ao coto pulpar quanto na região periapical. O Fill 
canal apresentou-se mais agressivo à região periapical. 
Lia et a1. 144, 1988, avaliaram as reações do tecido 
subcutâneo de ratos aos componentes do cimento AH26. Os períodos de 
observação foram de dois, três, sete, 21 e 60 dias. Todas as substâncias 
se apresentaram irritantes na seguinte ordem decrescente de 
agressividade: éter de bisfenol A, óxido de titânio, óxido de bismuto, 
prata pulverizada e hexametilenotetramina. A atividade macrofágica foi 
intensa principalmente para o óxido de bismuto, prata pulverizada e éter 
de bisfenol A. Encapsulamento com colagenização foi permitido apenas 
para a hexametilenotetramina e a prata pulverizada. 
Orstavik & Mjõr176, 1988, compararam a 
compatibilidade biológica de cimentos à base de óxido de zinco e 
eugenol, resina e outros. Os períodos de avaliação foram de 14 e 90 
dias. Verificaram pequena reação tecidual para os materiais à base de 
resina. Os cimentos de óxido de zinco e eugenol apresentaram respostas 
39 
mrus severas. Implante de AH26 e Hydron forrun rodeados por 
macrófagos fagocitando componentes metálicos pesados (Bi, Ba). 
Zmener et al?64, 1988, utilizaram o método 
histométrico e quantitativo em estudos de biocompatibilidade. Tubos de 
silicone contendo misturas recém-espatuladas de Endogel (gel 
absorvível de um composto protéico de origem bovina) ou de silicone 
sólida, foram implantados em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos e 
avaliados após sete, 30 e 90 dias. Os resultados mostraram que o 
Endogel provocou intensa resposta inflamatória em todos os períodos 
de observação com a presença de polimorfonucleares, linfócitos e 
macrófagos. Puderam observar a presença de tecido fibroso bem 
organizado em contato com a silicone. 
Pissiotis & Spangberg187, 1990, avaliaram a reação 
do tecido ósseo ao implante de hidroxiapatita, colágeno e hidróxido de 
cálcio puro ou diferentes combinações destes. Os implantes foram 
realizados bilateralmente em mandíbulas de porquinhos da guiné. As 
reações teciduais foram avaliadas nos períodos de dois, oito e 16 
semanas. Não foram observadas grandes reações inflamatórias em 
nenhum dos materiais. A hidroxiapatita não foi reabsorvida após os 
períodos de observação, e o hidróxido de cálcio junto com o colágeno 
foram parcialmente ou totalmente reabsorvidos pelo tecido ósseo. 
Hong et ai. 113, 1991 , estudaram a reação teci dual do 
cimento fosfato de cálcio em dentes de macacos. Observaram resposta 
tecidual suave após um mês. Míoima reação foi visualizada em 
períodos mais longos. Observaram neoformação óssea ao redor do 
cimento. 
40 
P et al 179 1991 1. ascon . , , ava ~aram a 
biocompatibilidade de cimentos endodônticos. Cento e vinte e um 
dentes de 21 babuinos tiveram seus canais preparados um milimetro 
aquém do forame e irrigados com hipoclorito de sódio a I%. Os canais 
foram obturados pela técnica da condensação lateral e os cimentos 
AH26, Kerr pulp canal sealer e Kloroperka NO. As reações periapicais 
foram avaliadas a um, sete, 30, 365, 730 e 1095 dias. Nos curtos 
períodos de observações (um a sete dias), o AH26 causou severa reação 
e o Kerr pulp canal sealere kloroperka NO, reações moderadas e leves, 
respectivamente. Nos períodos de dois e três anos as reações foram: 
leves, para o AH26; moderadas, para o Kerr pulp canal sealer; severas, 
para a Kloroperka NO. 
Gulati et a1.90, 1991, observaram a elevada 
citotoxicidade de cimentos contendo eugenol, e resposta suave para 
cimentos sem esta substãncia. 
Orstavik & Mjõr177, 1992, avaliaram os cimentos 
AH26, Endomethasone, Kloroperka NO ou Procosol. Canais radiculares 
com polpa vital de dentes de macacos foram instrumentados e 
obturados pela técnica de condensação lateral e os cimentos citados. 
Foram realizadas avaliações radiográficas e histológicas, num período 
de um e seis meses. Radiograficamente observaram patologia periapical 
em seis de todas as 60 raízes. Histologicamente foram vistas 
inflamações periapicais após seis meses na seguinte proporção: l-
AH26 - de nove raízes, duas com inflamação moderada e uma suave; 2-
Endomethasone - de sete raízes, uma moderada; 3- Kloroperka- de sete 
raízes, mna suave; 4- Procosol - de sete raízes, uma suave. As 
41 
observações radiográficas e histopatológicas foram significantemente 
correlacionadas no período de seis meses. 
Araki et al.6, 1993, estudaram a citotoxicidade in 
vitro de dois cimentos obturadores de canais radiculares. Os cimentos 
continham uma mesma composição para o pó. A diferença entre eles é 
que o líquido de um era constituído de eugenol e o outro de ácidos 
oleosos. Ambos os materiais foram tóxicos, logo após a mistura e após 
24 h de endurecimento. Após uma semana, o cimento com eugenol 
continuou sendo tóxico. 
2.1.2 Propriedades tísicas 
Grieve & Parkholm86, 1973, avaliaram o selamento 
marginal de cimentos à base de resina e de óxido de zinco e eugenol, 24 
h após as obturações, e constataram melhor selamento com os à base de 
resina. 
Mattisson & Von Fraunhofer158, 1983, também 
realizando um estudo comparativo com os mesmos materiais, 
observaram um melhor selamento com os cimentos de óxido de zinco e 
eugenol. 
42 
Orstavik, et al. 178, 1983, notaram maior capacidade 
de adesão à dentina por parte dos cimentos de resina. Mas os resultados 
foram melhores com os cimentos de óxido de zinco e eugenol nos casos 
das infiltrações marginais. 
Negm169, 1989, observou que o Tubliseal selou 
melhor que o AH26, mas que este cimento à base de resina apresentou 
um selamento melhor que os demais cimentos de óxido de zinco e 
eugenol. 
70 Ainda os estudos de Fragola et ai. , 1979, 
investigaram o efeito do tamanho das partículas de um cimento 
endodôntico, sobre o tempo de presa, escoamento, densidade 
radiográfica e aparência microscópica desses materiais. Verificaram que 
o tempo de endurecimento e a densidade do cimento podem ser 
variados pela alteração no tamanho das partículas de seus componentes. 
Partículas menores aceleram o endurecimento, são mais fáceis de 
misturar e aumentam a densidade da mistura formando uma matriz mais 
homogênea e cristalina após o endurecimento do mesmo. 
Spangberg et ai. 218, 1993, avaliaram o papel da 
hexametilenotetramina, presente no cimento AH26, como fonte de 
liberação de formaldeído. Foram realizadas comparações com o 
cimento N2. Puderam verificar que o pó e a resina do AH26 não contem 
formaldeído, mas após a mistura, verificaram uma crescente presença 
desta substância nos dois primeiros dias de endurecimento. A 
concentração da mesma diminuiu após sete dias. 
Kazemi et ai. 127, 1993, compararam as alterações 
dimensionais ocorridas a longo prazo com os cimentos OZE, AH26, 
Endofill e Endomethasone. Os cimentos AH26 e Endofiii apresentaram 
43 
expansão inicial, seguida por perda volumétrica. Os cimentos de OZE, 
se contraíram nos períodos iniciais. 
2.2 Hidróxido de cálcio 
O hidróxido de cálciofoi introduzido na 
Odontologia por Nygreen em 1838, conforme Leonardo & Lea1139, 
1991, utilizado por Codman, 1851, citado por Mallo et a1. 154, 1987, mas 
foi em 1920, que Hermano, empregou este medicamento no tratamento 
de canais radiculares, observando o reparo 139• 
Subseqüente, Zander254, 1939, utilizando o Calxyl 
no tratamento de polpas vivas, observou a formação de uma ponte 
calcificada recobrindo o tecido pulpar exposto. 
Glass & Zander78, 1949, utilizaram o hidróxido de 
cálcio e água destilada, ou o óxido de zinco e eugenol, no capeamento 
pulpar de dentes permanentes jovens. Observaram que polpas expostas 
e capeadas com o óxido de zinco e eugenol apresentavam reação 
inflamatória crônica persistente no local de exposição do tecido pulpar, 
enquanto que, polpas capeadas com hidróxido de cálcio, após 4 
semanas, apresentavam reparação no local da exposição. Observaram a 
formação de barreira de dentina e o aparecimento de nova camada 
odontoblástica. 
44 
Mitchell & Shanwalker161 , 1958, observaram haver 
compatibilidade biológica do hidróxido de cálcio associado à água 
destilada, em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos. Os períodos de 
observação variaram de dois a 3 5 dias. V eríficaram uma zona de 
necrose de coagulação ao redor do material nos períodos iniciais, e nos 
períodos mais avançados, observou tecido osteoide, com reação 
inflamatória moderada. 
Em 1960, Matsumiya & Kitamural 156, avaliaram o 
efeito da pasta de hidróxido de cálcio e água destilada em canais 
infectados de dentes de cães. Ao exame microscópico, observaram 
processo de reparo dos tecidos periapicais. 
Também os estudos de Sciaky & Pisante03 
verificaram a origem dos íons cálcio dos tecidos mineralizados após o 
reparo. Concluíram que o hidróxido de cálcio é um iniciador do 
processo de mineralização e que os íons cálcio advêm possivelmente de 
via sangüínea. 
Eda62, 1961, utilizando técnicas histoquímicas, 
analisou a reação do tecido pulpar após a colocação de hidróxido de 
cálcio, fluoreto de cálcio e óxido de magnésio. Observou que, após 
trinta minutos de contato com o hidróxido de cálcio, havia a deposição 
de carbonato de cálcio e partículas Von Kossa positiva no tecido pulpar 
logo após a camada de necrose. Aos dez dias verificou a presença de 
células semelhantes a odontoblastos na área de exposição, e aos 15 dias 
observou a formação de uma camada de dentina. 
45 
Em 1964, Maisto & Capurro152 propuseram o uso 
da associação de hidróxido de cálcio, iodofórmio e suspensão de meti! 
celulose, como material obturador temporário para tratamento de dentes 
com ápice incompleto. 
Cabrini et al. 35, em 1965, realizaram exposição 
pulpar em dentes molares e pré-molares humanos, e após a permanência 
de cinco a dez minutos de contato com os fluidos bucais, o tecido 
exposto foi recoberto com pasta de hidróxido de cálcio. As cavidades 
foram seladas com óxido de zinco e eugenol e cimento de silício 
fosfato. As observações foram feitas de 62 a 84 dias. O exame 
microscópico revelou a presença de barreira mineralizada induzida pelo 
hidróxido de cálcio. 
Sampaio199, 1967, avaliou a reação do tecido pulpar 
de dentes de ratos, após a colocação do hidróxido de cálcio. Polpas 
dentais foram contaminadas e em seguida protegidas com pasta de 
hidróxido de cálcio. O autor pode verificar reparo com formação de 
barreira de tecido mineralizado. 
Em 1970, Heithersa/5 utilizou pasta de hidróxido 
de cálcio em suspensão de meti! celulose, como obturação temporária 
para casos de dentes com reabsorção apical e grandes lesões periapicais. 
Pode verificar regressão das lesões e constatou a eficácia desse material 
para estes casos. 
Dylewski60 1971, estudou o processo de reparo de 
dentes com ápice incompleto, após a colocação de hidróxido de cálcio e 
p-monocloroferol canforado. O estudo foi realizado em dentes de 
macacos. Observou reparo apical com formação de tecido calcificado 
tentando selar os ápices radiculares. 
46 
Em, 1971, Holland et al. 101 avaliaram a resposta dos 
tecidos periapicais de dentes de cães, após a obturação com hidróxido 
de cálcio e outros materiais, precedidos ou não pela colocação de 
curativo com corticosteróide e antibiótico. Observaram que o hidróxido 
de cálcio preservou a vitalidade do coto pulpar e favoreceu a deposição 
de cemento na região apical. Holland et al. 99 utilizaram hidróxido de 
cálcio associado ou não ao iodofórmio, em dentes de cães, que haviam 
ficado expostos ao meio bucal, e com ápice aberto. Observaram a 
deposição de tecido mineralizado, obliterando o ápice radicular e 
isolando o material dos tecidos periapicais. 
Rasmussen & Mjõr194, 1971, avaliaram os efeitos 
do hidróxido de cálcio como um potencial indutor de calcificações 
ectópicas. Esse material foi implantado em contato direto ou separado 
por um filtro de milipore em subcutâneo e em cavidades 
intraperitoneais de ratos. Os periodos de observações foram de seis a 18 
semanas. Quando o hidróxido de cálcio foi colocado em contato direto 
com o tecido, observaram em alguns casos a formação de uma 
hiperplasia de tecido conjuntivo e numerosas células gigantes 
multinucleares. Notaram ocasionais estruturas basofilicas mal definidas, 
e estruturas isoladas Von Kossa positivo, semelhantes ao tecido ósseo 
imaturo. Nos casos onde se utilizou a membrana de milipore, não 
verificaram reações no tecido do hospedeiro 
Em 1971, Boume29, verificou que o alto pH do 
hidróxido de cálcio ativou a fosfatase alcalina e neutralizou a atividade 
da enzima osteoclástica. 
47 
Em 1972, Andreasen5; Cvek52 preconizaram o 
hidróxido de cálcio em dentes com rizogênese incompleta, mostrando a 
ocorrência de completa formação radicular e reparação das lesões 
periapicais, respectivamente. 
S & Gl. h 219 pector 1mc er , 1972, mostram as 
fosfoproteínas como fator iniciador da mineralização na presença do 
hidróxido de cálcio. 
Leonardo137, 1973, realizou um estudo clinico, 
radiográfico e microscópico em dentes de humanos. Nos casos de 
biopulpectomia, os canais foram obturados no terço apical com pasta de 
hidróxido de cálcio e o restante com cones de guta-percha e cimento de 
Rickert. Nos casos de polpas necrosadas, utilizaram-se diferentes 
soluções irrigadoras e um curativo com p-monoclorofenol canforado. 
Os canais foram obturados com cones de guta-percha e óxido de zinco e 
eugenol. Observou que o hidróxido de cálcio preservou a vitalidade do 
coto pulpar e estimulou a deposição cementária. Nos casos de 
necropulpectomia, apesar do êxito clínico e radiográfico, o exame 
microscópico mostrou reação inflamatória com infiltrado do tipo 
crônico. 
Tomeck et al.239 , 1973, avaliaram a utilização do 
hidróxido de cálcio associado ao p-monoclorofenol canforado, em 
dentes jovens de macacos, após a contaminação pelo meio bucal. 
Observaram fechamento apical e concluíram que o hidróxido de cálcio 
aumenta o potencial de reparação. 
Binnie & Rowe20, 1973, avaliaram a reação apical 
de dentes jovens de cães, expostos ao meio bucal, por uma semana, e 
obturados com o cimento de Grossman, pasta Calxyl ou pasta de 
48 
hidróxido de cálcio com água destilada. Observaram sucesso clínico e 
radiográfico. Microscopicamente verificaram ausência de infiltrado 
inflamatório, nos tecidos em contato com o hidróxido de cálcio. 
Cvek et ai. 54, 1974, avaliaram o efeito da pasta de 
hidróxido de cálcio em 38 dentes humanos reimplantados, sendo 21 
com rizogênese completa e 17 com rizogênese. incompleta. Observaram 
que em dentes reimplantados e tratados com hidróxido de cálcio, a 
reabsorção radicular associada a áreas radiolúcidas pode ser evitada. 
Dentes com rizogênese incompleta, apresentaram menor porcentagem 
de anquilose. 
Cvek & Sunsdstrõm 53, 1974, avaliaram 
microscopicamente dentes com necrose pulpar e ápice incompleto, 
tratados com hidróxido de cálcio. Os dentes foram luxados, antes do 
tratamentoe extraídos por razões ortodônticas. Observaram áreas de 
calcificação com deposição de tecido cementóide na região apical. 
Catanzaro-Guimarães & Alle41 , 1974, avaliaram a 
compatibilidade do Calcidrox em tecido subcutâneo de ratos. Os 
períodos de avaliação foram de seis, 12 e 24 dias. Observaram intensa 
reação histoquímica para a fosfatase alcalina e para lipídios neutros do 
tecido que circundava o hidróxido de cálcio. Não foram observadas 
reações inflamatórias crônicas tardias, nem granulomatosa do tipo 
corpo estranho. 
Leonardo & Holland138, 1974, estudaram o processo 
de reparo clínico e histológico em dentes de humanos com dor 
espontânea após biopulpectomia e obturação com hidróxido de cálcio. 
O coto pulpar foi recoberto com uma pasta de hidróxido de cálcio e 
49 
água destilada e o restante do canal obturado pela técnica da 
condensação lateral com o cimento de Rickert. 
Os períodos das avaliações foram de um a cento e 
noventa dias. A avaliação clínica mostrou ausência de sintomatologia 
dolorosa em todos os casos. O exame histológico permitiu observar que 
o coto foi preservado em todos os casos. Nos períodos mais adiantados 
houve a deposição de cemento entre o coto e o material obturador. 
Holland et ai. 105, 1979, avaliaram a influência do 
limite das obturações, quando se utiliza o hidróxido de cálcio como 
material obturador. Os canais foram preparados e o hidróxido de cálcio 
foi forçado além do ápice. Após 30 dias, metade dos canais preenchidos 
com hidróxido e cálcio foi novamente aberta e reinstrumentada. 
Noventa dias após o primeiro tratamento, as análises histológicas 
mostraram resultados mais favoráveis aos canais reobturados. As 
sobreobturações com hidróxido de cálcio estimulam a formação de 
áreas de reabsorção e impedem o crescimento do tecido conjuntivo 
períapical. 
C G . & p . 42 atanzaro- unnarães ercmoto , 1984, 
estudaram o efeito do hidróxido de cálcio, OZE e AH26, sobre o afluxo 
de macrófagos e sobre a taxa de fusão destas células para formar 
granulomas, nos períodos de 4, 8, 12, 24, 30 e 40 dias, em tecido 
conjuntivo de ratos. Dos resultados, sugeriu-se capacidade altamente 
citotóxica do óxido de zinco e eugenol, para macrófagos. O hidróxido 
de cálcio não teve grande influencia sobre o processo de fusão ou taxa 
de atrair fagócitos mononucleares, indicando que o hidróxido de cálcio 
tem pequeno efeito citotóxico para macrófagos. 
50 
Schrõder205, 1985, relatou os efeitos do hidróxido 
de cálcio sobre a polpa. Inicialmente formou-se uma necrose superficial 
que causou pequena irritação estimulando a defesa e o reparo pulpar. 
Logo após, iniciou a proliferação e migração vascular e de células 
inflamatórias, células mesenquimais e a formação de colágeno. Os 
odontoblastos diferenciados e o tecido formado assumiram a aparência 
de dentina, normalizando a função pulpar. 
A mineralização do colágeno teve IIDCIO com as 
calcificações distróficas tanto da zona de necrose, como da degeneração 
das células dos tecidos adjacentes, levando a deposição de minerais no 
colágeno recentemente formado. A presença de íons cálcio estimulou a 
precipitação de carbonato de cálcio na área ferida e talvez possa ter 
contribuído para o processo de mineralização. A formação de tecido 
duro em contato com cimentos de hidróxido de cálcio indicou menor 
injúria química inicial, quando comparada áquela produzida pelo 
hidróxido de cálcio puro. As diferentes respostas dos tecidos aos vários 
cimentos de hidróxido de cálcio podem estar relacionadas com fatores 
como: diferenças no pH e taxa de liberação de íons, cálcio e hidroxila. 
Outros componentes dos cimentos levam a diferentes reações químicas 
que podem inativar o hidróxido de cálcio ou serem nocivos aos tecidos. 
Kawakami et al. 126, 1987, avaliaram os aspectos 
estruturais e histoquímicos do início de calcificação em tecido 
subcutâneo de ratos após a aplicação de um material obturador de canal 
constituído por hidróxido de cálcio, iodofórmio e óleo de silicone 
(Vitapex). As análises foram feitas pela microscopia eletrônica e por 
técnicas histoquímicas. Os períodos de avaliação foram de quatro a 129 
dias. Puderam observar a presença de calcificações heterotópicas 
jJ 
sugerindo que esse material como um excelente material obturador de 
canais radiculares capaz de induzir as células mesenquimais do 
ligamento periodontal a se diferenciarem em osteoblastos ou 
cementoblastos. 
52 
2.3 Cimentos à base de hidróxido de càlcio 
2.3.1 Propriedades Biológicas 
Oliveira172, 1977, adicionou hidróxido de cálcio ao 
pó do cimento AH26, nas proporções de cinco, dez, 20 e 40%. Quarenta 
e oito horas após a espatulação, observou que o AH26 puro, 
apresentava pH próximo a sete. Quando misturado ao hidróxido de 
cálcio, esse pH aumentou para 9,5 a 11,6, enquanto que a pasta de 
hidróxido de cálcio apresentou pH de 11,0 a 12,0. Prosseguindo, 
avaliou a compatibilidade biológica do cimento original, das misturas 
desse com hidróxido de cálcio e da pasta aquosa de hidróxido de cálcio, 
que foram implantados em tecido subcutáneo de ratos. 
O exame histopatológico dos tecidos circunvizinhos 
aos materiais implantados, após períodos de oito, 30 e 60 dias, permitiu 
verificar que a pasta de hidróxido de cálcio apresentou melhor 
compatibilidade seguido pelo cimento AH26 com 5% de hidróxido de 
cálcio, 20%, 40% e 10%. O cimento AH26 puro mostrou reação 
tecidual mais intensa. Verificou também, que a pasta de hidróxido de 
cálcio e os cimentos originados do AH26 contendo 20 e 40% de 
hidróxido de cálcio, induziram calcificações no tecido conjuntivo 
subcutâneo. Concluiu que as reações inflamatórias degenerativas frente 
aos cimentos contendo AH26, guardam relação direta com a quantidade 
de partículas provenientes do pó original do cimento dispersadas nos 
tecidos. 
53 
Holland & Souza98 , !985, estudaram a capacidade 
do Sealapex como estimulador da formação de tecido duro em dentes 
de cães e macacos. Utilizaram 160 canais radiculares de dentes de cães. 
Após as aberturas coronárias as polpas foram removidas a I mm aquém 
do ápice radiográfico (pulpectomia parcial), e no limite apical 
(pulpectomia total). Nas pulpectomias totais, os forames foram 
arrombados, seguido de um recuo para a realização do batente apical. 
Os canais obturados com pasta de hidróxido de cálcio e água destilada, 
ou pela condensação lateral de cones de guta-percha e os cimentos 
Sealapex ou Kerr pulp canal sealer. 
O experimento em macacos foi realizado de forma 
semelhante, em 80 canais radiculares. Os resultados observados nos 
dentes de cães e macacos após 180 dias foram semelhantes e sugeriram 
que o Sealapex e o hidróxido de cálcio encorajaram o fechamento 
apical pela deposição de cemento. A ocorrência de fechamento do 
forame foi a mesma para os dois materiais (70%) nos casos de 
pulpectomias periapicais, mas para as pulpectomias totais foi de 33,3% 
para o Sealapex e I 0,0% para o hidróxido de cálcio. Observaram ainda 
que ambos os materiais, quando extruídos para o ligamento periodontal 
provocam reação inflamatória crônica) mas que o Sealapex, 
fteqüentemente estimula a deposição de tecido duro nesta região. 
Zmener & Cabrini260, 1987, estudaram os efeitos de 
três cimentos à base de hidróxido de cálcio, sobre o comportamento de 
uma população celular mista de células humanas ( monócitos e 
linfócitos). As células foram mantidas em contato direto ou próximas 
aos cimentos Sealapex, CRCS e Dycal. Em ordem crescente de efeitos 
tóxicos, puderam observar Sealapex, CRCS e Dycal. Os autores 
54 
consideraram o Dycal menos compatível devido à grande quantidade de 
íons cálcio e hidroxila liberados, elevando o pH e desnaturando as 
proteínas da parede celular. Os efeitos adversos do CRCS foram 
devidos à presença de eugenol e eucalipto! na sua composição. 
Feiglin66, 1987, estudou as respostas dos cimentos 
Procosol, Tubliseal,Diaket-A e CRCS, sobre a migração celular em 
granulomas experimentais. Os cimentos foram colocados sobre as 
lâminas de vidro, deixados endurecer e implantados em ratos. Os 
períodos de avaliação foram de 4, 8, 12, 24, 30 e 40 dias. A 
citotoxicidade foi avaliada pelo afluxo das células mononucleares ou 
macrófagos e sua transfonnação em células gigantes inflamatórias. O 
CRCS mostrou ser o melhor cimento, seguido pelo Procosol e 
Tubliseal. O cimento mais citotóxico foi o Diaket. 
Tronstad et al?40, 1988, avaliaram a solubilidade e a 
biocompatibílídade dos cimentos CRCS e Sealapex. A superfície 
vestibular da mandíbula de quatro cães foi exposta e realizados buracos 
e nestes, foram implantados tubos de teflon e obturados com os 
cimentos. Utilizaram como controle óxido de zinco e eugenol e uma 
pasta de hidróxido de cálcio. O período de observação foi de 90 dias. 
Os espécimes contendo hidróxido de cálcio e solução salina foram 
completamente obturados com tecido ósseo. O Sealapex deslocou-se 
parcialmente das aberturas dos tubos e foi substituído por tecido 
conjuntivo; pode-se observar macrófagos ao redor do material. Os 
cimentos CRCS e OZE pennaneceram no interior dos tubos após três 
meses. O CRCS pareceu ser o cimento de hidróxido de cálcio mais 
estável. 
55 
Também Zmener et al.263, 1988, analisaram a 
resposta tecidual dos cimentos Sealapex e CRCS. Tubos de silicone 
contendo os cimentos experimentais e um grupo controle preenchido 
com silicone, foram implantados em tecido conjuntivo subcutâneo de 
trinta ratos. Após sete, 30 e 90 dias de implantação, os animais foram 
sacrificados. Medidas histométricas foram realizadas, quantificando 
cada célula inflamatória em três campos de visão separados para cada 
peça. Os resultados revelaram que em contato com o Sealapex formou-
se um tecido granulomatoso do tipo corpo estranho, com células 
gigantes multinucleadas e macrófagos com material fagocitado no seu 
interior. Essa reação aumentou nos períodos de 30 e 90 dias. Com 
relação os CRCS, houve uma reação inflamatória aguda em contato 
com o material nos periodos inicias que foi diminuindo até os noventa 
dias. Uma cápsula de tecido fibroso organizado foi observada ao redor 
do grupo controle após 90 dias. 
Yesilsoy et al.253, 1988, fizeram análise 
histopatológica de cimentos obturadores de canais radiculares 
implantando-os em tecido subcutáneo de 12 porquinhos da guiné. 
Foram avaliados os cimentos de Grossman, Eucapercha, Endofil, 
CRCS, Sealapex e Hypocal. Como controle, utilizou-se solução salina 
estéril. Cada material foi preparado de acordo com as especificações do 
fabricante ou de acordo com a utilização clínica, no caso da 
Eucapercha. Estes foram imediatamente injetados no tecido subcutâneo 
num sistema de rodizio quanto ao local de implantação e guardando 
uma distãncia de 20 mm entre as aplicações. 
56 
Os animais foram sacrificados após seis, 15 e 80 
dias. As respostas inflamatórias foram graduadas pela contagem do 
número de células inflamatórias. Os cimentos apresentaram inflamação 
significantemente maior que o controle, em todos os períodos 
avaliados. O Sealapex e Endofill exibiram inflamação significantemente 
menor que os demais materiais. No período de 80 dias, todos os 
cimentos provocaram inflamação suave sem diferenças estatísticas entre 
eles. Pode-se observar a presença de células gigantes multinucleares 
próximas aos cimentos Sealapex, Endo-fi li e Eucapercha, e ao final de 
80 dias visualizaram-se calcificações, para todos materiais à base de 
hidróxido de cálcio. 
Leal et ai. 134, 1988, estudaram a biocompatibilidade 
dos cimentos CRCS, Sealapex, N-Rickert e Fill canal. Os cimentos 
foram colocados no interior de tubos de polietileno e implantados em 
tecido subcutâneo de ratos. Os períodos de observação foram de 7, 21 e 
60 dias. De um modo geral, todos os materiais mostraram-se irritantes, 
provocando reações inflamatórias de diferentes intensidades. No 
período inicial o Sealapex e o N-Rickert exibiram uma reação tecidual 
moderada e o CRCS e Fiii-Canal mostraram reação intensa. Na fase 
final houve uma diminuição em todos os quadros inflamatórios sendo 
que o Sealapex, CRCS e o N-Rickert exibiram discreta reação tecidual e 
o Fiii-Cana!, reação tecidual mais acentuada. 
Matsumoto et al. 157, 1989, compararam a 
citotoxicidade dos cimentos endodônticos N ew A - à base de óxido de 
zinco e eugenol -, New B e New B-2 - à base de hidróxido de cálcio -, e 
os cimentos AH26, Diaket, Canais, Tubliseal e Sealapex. Foram 
utilizadas células de polpa dental de ratos, obtidas através de cultura 
57 
celular primária. No experimento com os cimentos recentemente 
preparados, os cimentos AH26 e Diaket mostraram forte efeito 
inibitório sobre a sintese de DNA, ao passo que não foram notados estes 
efeitos com os novos cimentos e o Sealapex. Com os cimentos 
endurecidos, o Diaket e os novos cimentos exerceram baixa influência 
sobre as células, enquanto que os demais tiveram considerável 
toxicidade. 
Pitt Ford & Rowe190, 1989, avaliaram o selamento e 
a biocompatibilidade de um cimento experimental de hidróxido de 
cálcio comparado com o cimento de Grossman. Para a análise da 
compatibilidade biológica, realizaram biopulpectomia em dentes de 
macacos. Os canais foram preparados e obturados pela técnica da 
condensação lateral de cones de guta-percha e os cimentos testados. 
Após seis meses, observaram tecido normal ao redor de todos os canais 
obturados com o cimento experimental. 
Orstavik & Kerekes175, 1989, observaram 
clinicamente o efeito do cimento obmrador sobre o reparo apical. Vinte 
e três dentes com evidências radiográficas de periodontite apical foram 
obtutados com os cimentos Sealapex ou Procosol. Os canais foram 
tratados em duas sessões, após a colocação de um curativo de demora 
com hidróxido de cálcio e o estado bacteriológico dos canais foi 
monitorado usando técnica de cultura anaeróbia. Os dentes foram 
aleatoriamente escolhidos para a utilização de cada cimento selador. 
Todos os procedimentos inclusive as radiografias foram padronizados e 
os tratamentos seguidos por seis meses após as obturações. Canais 
obturados com o cimento Sealapex mostraram menores evidências de 
cura após seis meses (6/13) do que canais obturados com o cimento 
58 
Procosol (8/9). Pelos resultados não se pode afirmar que o reparo com o 
Sealapex é mais ou menos rápido do que com o Procosol. 
Tagger & Tagger'26, 1989, realizaram 
biopulpectomias com obturações imediatas em 31 raízes de incisivos e 
pré-molares do três macacos jovens. Em seis incisivos o forame apical 
foi ampliado para permitir a sobreinstrumentação. Os canais foram 
obturados pela técnica da compactação termomecânica da guta-percha e 
os cimentos CRCS, Sealapex e AH26. Os períodos de observação foram 
de 7 a 8 meses e de 14 meses. Nos canais obturados com AH26 e 
CRCS, pode-se observar próximo ao forame apical reações 
inflamatórias que variaram de suave a severa. Os espécimes obturados 
com Sealapex não mostraram células inflamatórias, exceto macrófagos 
com seus citoplasmas carregados de partículas do material obturador; 
Também notaram tendências a neoformação de tecido calcificado nos 
canais obturados com esse cimento. Os cimentos Sealapex e AH26 
foram irritantes quando extravasados no tecido ósseo. 
Wennberg246, 1989, avaliou a compatibilidade dos 
cimentos Grossman, Tubli seal, Sealapex, K.loroperka NO, AH26 e 
Diaket, quando implantados em cavidades no músculo de coelhos. 
Após 1 , 7, 14, 60 ou 180 dias as reações teciduais foram avaliadas. O 
cimento de Grossman provocou uma constante mas pequena reação 
tecidual, em todos os períodos de avaliação, enquanto que para os 
demais cimentos, houve uma regressão gradual, destas reações. 
Zmener et al. 265 , 1990, analisaram a 
biocompatibilidade do cimento Sealapex sem dióxido de titãnio. O 
cimento foi colocadoem tubos de silicone e implantado em tecido 
subcutãneo de 30 ratos. Os animais foram sacrificados após 7, 30 e 90 
59 
dias. Para verificar a presença dos componentes do Sealapex 
experimental, áreas específicas foram fotografadas sob microscopia 
ótica e preparados para o exame de sonda microeletrônica. Detectou-se 
em contato com o material, um tecido granulomatoso contendo 
numerosas células gigantes tipo corpo estranho e macrófagos 
carregados de partículas. Também foram observados fibroblastos e 
vasos neofonnados. Essas reações aumentaram progressivamente após 
trinta e noventa dias. A análise do tecido granulomatoso com micro 
sonda eletrônica, mostrou a presença de um componente pesado 
constituído de bário, zinco e enxofre. 
Soares et al.213, 1990, avaliaram a resposta do tecido 
periapical de dentes de cães obturados com os cimentos Sealapex, 
CRCS e cimento de OZE. Cento e vinte canais radiculares de dentes de 
cães foram instrumentados com arrombamento do forame apical, 
seguido da realização de um batente apical com o instrumento de 
número 45. 
Os canais radiculares foram obturados pela técnica 
da condensação lateral de cones de guta-percha e os cimentos a serem 
testados. Os animais foram sacrificados após trinta e 180 dias. Os 
resultados mostraram resposta tecidual semelhante para os três 
cimentos. Nos casos onde o material obturador atingiu o limite do 
batente apical, foi notado o crescimento de tecido conjuntivo com 
células inflamatórias crônicas. Independente do cimento utilizado, 
houve deposição de novo tecido duro nas paredes laterais do canal 
radicular causando parcial fechamento do forame apical. 
Holland et a!. 107, 1990, realizaram um trabalho 
utilizando 30 raizes de dentes de cães. Os canais foram 
60 
sobreinstrumentados até o instrumento número 25, e o batente apical foi 
realizado I mm aquém da vértice radicular até o instrumento de número 
40, Os canais foram obturados pela técnica da condensação lateral e os 
cimentos: 1- Sealapex puro; 2- Sealapex acrescido de 30 miligramas de 
iodofórmio; 3- Sealapex acrescido de 112 miligramas de iodofórmio, 
Da análise microscópica após seis meses, notou-se que no grupo do 
Sealapex puro, houve selamento biológico com a deposição de cemento 
em 4 casos. Os grupos constituídos pelo acréscimo de iodofórrnio 
exibiram resultados semelhantes sendo que dentre os vinte espécimes 
destes grupos sete mostraram selamento biológico completo. Quando o 
cimento pbturador ficou no nível do forame ou ligeiramente além, 
; 
pode-se ~bservar cemento recobrindo-o. Foi comum a observação de 
partícula$ de Sealapex dispersas no tecido e no interior do citoplasma 
de macrófagos. Não houve diferenças entre os grupos experimentais. 
Bonetti Filho26, 1990, avaliou a biocompatibilidade, 
em dent~s de cães, de quatro técnicas de obturação de canais 
radicular~s: I. clássica com Fill canal; 2. biológica controlada com Fill 
canal; 3. 4olocação do plug apical de hidróxido de cálcio e Fill canal; 4. 
; 
clássica cpm Sealapex. Os canais foram obturados na mesma sessão, e 
após 180 ~ias os animais foram sacrificados. De acordo com o grau de 
reparo po~e-se classificar: I. técnica clássica com Sealapex; 2. técnica 
com colo~ação apical de hidróxido de cálcio e Fill canal; 3. técnica 
clássica e fill canal. 
Meryon & Brook159, !990, estudaram a 
citotoxicidade in vitro de doze cimentos endodônticos. Em alguns 
espécimes, lascas de dentina foram compactadas sob o material testado 
simulando tampão apical de dentina. Os cimentos avaliados foram o 
61 
AH26 com prata, AH26 sem prata, Biocalex, Diaket, Endomethasone, 
Forfenan, Kerr's pulp canal sealer, Kloroperka, kri paste, Sealapex, 
Spad e Tubliseal. Os resultados das análises foram avaliados 
estatisticamente. Na ausência de dentina, Kloroperka, Biocalex, Diaket 
e Endomethasone foram levemente citotóxicos; AH26 com e sem prata, 
Sealapex, Tubliseal e Kerr's pulp canal sealer foram moderadamente 
citotóxicos, enquanto que Forfenan, Spad e Kri paste foram fortemente 
citotóxicos. Na presença de dentina, a citotoxicidade destes materiais 
foi consideravelmente reduzida, com exceção do Endomethasone, 
F orfenan, Spad e Kri paste. 
A resposta tecidual de canais radiculares obturados 
com Sealapex, hidróxido de cálcio e guta-percha foi avaliada por Sonat 
et al.215, 1990. Cinqüenta e seis canais de pré-molares de cães foram 
preparados no limite CDC, irrigados com solução salina e obturados da 
seguinte forma: 1- condensação lateral de cones de guta-percha; 2-
condensação lateral de cones de guta-percha e pasta de hidróxido de 
cálcio ou água destilada; 3- condensação lateral de cones de guta-percha 
e cimento Sealapex. Os animais foram sacrificados nos períodos de 7, 
30 e 90 dias. Os resultados das análise histopatológica evidenciaram 
reparo mais pronunciado nos casos de obturações com o cimento 
Sealapex do que com os demais grupos experimentais. A pasta de 
hidróxido de cálcio também estimulou o reparo com a deposição de 
cemento. Ambos, Sealapex e pasta de hidróxido de cálcio causaram 
reação inflamatória crónica quando o material foi extruído através do 
ápice radicular. 
62 
Takahara et al.229 , 1990, avaliaram a citotoxicidade 
dos cimentos New B-1, New B-5 e New B-6 (à base de hidróxido de 
cálcio), New A (à base de óxido de zinco), Sealapex, Canais, Tubliseal, 
Diaket e AH26, que foram aplicados em células ósseas cultivadas, 
obtidas de ratos. Medidas de incorporação de timidina, atividade da 
fosfatase alcalina e liberaçllo de cálcio foram realizadas após 24 e 48 h. 
Nllo foram encontradas diferenças na síntese de DNA celular e na 
atividade da fosfatase alcalina entre células expostas ao New B-1, New 
B-5 e controle após exposição por 24 e 48h. A liberação de cálcio em 
24h, foi significantemente diferente dos grupos controles quando as 
células foram tratadas com New B-6 e New B-5. Após 48h, células 
tratadas com New B-1, New B-5 e New B-6 mostraram diferenças 
significantes dos controles mas não das células expostas ao Sealapex. 
Os novos cimentos endodônticos tiveram toxicidade in vitro mais baixa 
do que os cimentos convencionais. 
Binnan et al.21 , 1990, estudaram as propriedades 
biológicas e fisicas dos cimento Sealapex e N-Rickert. Para avaliação da 
biocompatibilidade foram utilizados camundongos distribuídos em 
grupos de cinco animais para cada tempo (3, 7, 15, 30 e 60 dias). 
Lamínulas de vidro contendo os cimentos manipulados nas condições 
usuais foi implantada no tecido conjuntivo subcutáneo dos animais. O 
cimento Sealapex mostrou marcante reação inicial, persistindo uma 
reação inflamatória mononuclear difusa que aos 60 dias foi 
caracterizada por reações tipo corpo estranho. Não foram observados 
focos de calcificações. 
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Gutmann & Fava92, 1991, relataram um caso clínico 
de um incisivo central superior, com área de rarefação óssea periapical, 
obturado com Sealapex, onde houve extravasamento do cimento 
durante a obturação do canal radicular. Puderam constatar através do 
exame radiográfico, que após doze meses, havia uma redução quase 
completa da área radiolúcida, a dissolução do excesso de cimento e 
subseqüente reparo ósseo no tecido periapical com sugestiva 
inexistência da lesão. 
Molloy et al. 163, 1992, avaliaram a resposta 
inflamatória em tecido subcutãneo de ratos expostos aos cimentos: 
Resina experimental, Resina experimental com prata, Sealapex, Kerr, 
AH26 e Cimento de Roth. Os cimentos foram manipulados, colocados 
em tubos de polietileno e em seguida implantados em tecido conjuntivo 
de dez ratos. Cada animal recebeu seis implantes. Os periodos de 
avaliação foram de 3, I O, 20, 30 e 60 dias. Nos períodos iniciais todos 
os cimentos apresentaram inflamação suave. O cimento AH26 mostrou 
uma reação inflamatória ligeiramente maior aos 1 O, 20 e 30 dias. Após 
60 dias, todos os cimentos se equipararam e apresentaram boa

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