Buscar

2016-tccII-scpessoa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
INSTITUTO DE CULTURA E ARTE 
GRADUAÇÃO EM CURSO DE DESIGN-MODA 
 
 
 
 
SABRINA CIDADE PESSOA 
 
 
 
 
 
A NOIVA TRADICIONAL INDIANA HINDU: ANÁLISE DOS ELEMENTOS 
ESTÉTICOS E SUAS SIMBOLOGIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2016 
SABRINA CIDADE PESSOA 
 
 
 
 
 
A NOIVA TRADICONAL INDIANA HINDU: ANÁLISE DOS ELEMENTOS ESTÉTICOS 
E SUAS SIMBOLOGIAS 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
curso de Design-Moda do Instituto de Cultura e 
Arte da Universidade Federal do Ceará, como 
pré-requisito parcial para a obtenção de título de 
bacharel em Design-Moda. 
Orientadora: Profª. Drª. Francisca Raimunda 
Nogueira Mendes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2016 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
P568n Pessoa, Sabrina Cidade.
 A noiva tradicional indiana hindu : análise dos elementos estéticos e suas simbologias / Sabrina
Cidade Pessoa. – 2016.
 45 f. : il. color.
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Instituto de cultura e
Arte, Curso de Design de Moda, Fortaleza, 2016.
 Orientação: Profa. Dra. Francisca Raimunda Nogueira Mendes.
 1. Noiva. 2. Hindu. 3. Índia. 4. Simbologias. 5. Indumentária. I. Título.
 CDD 391
SABRINA CIDADE PESSOA 
 
 
 
 
A NOIVA TRADICONAL INDIANA HINDU: ANÁLISE DOS ELEMENTOS ESTÉTICOS 
E SUAS SIMBOLOGIAS 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
curso de Design-Moda do Instituto de Cultura e 
Arte da Universidade Federal do Ceará, como 
pré-requisito parcial para a obtenção de título de 
bacharel em Design-Moda. 
 
Aprovada em: ___/___/______. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. Francisca Raimunda Nogueira Mendes. (Orientadora) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
_________________________________________ 
Profª. MsC. Marta Sorélia Félix de Castro. 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
_________________________________________ 
Profª. MsC. Walkiria Guedes de Souza. 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, por ter me dado a dádiva da vida, numa família que eu não desejaria 
diferente, e permitir que eu continue minha caminhada. 
Aos meus pais, que dedicaram suas vidas à minha educação e da minha irmã, 
sempre acreditando em nós, fazendo tudo isso com muito amor e carinho. 
À minha irmã, pelo apoio e por ter aguentado firme todas as vezes que precisei, 
cuidando daquilo que eu não pude dar conta. 
À minha família, tios(as), primos(as) que também acreditaram em mim, e me 
deram força e apoio sempre que precisei. 
À minha avó Anita, que de certa forma me inspirou a seguir carreira em Design-
Moda, e que me mesmo não estando mais entre nós, sempre me dá o impulso que preciso para 
continuar. 
À minha professora orientadora Francisca Mendes, por ter me guiado e me 
mantido calma sempre que precisei. 
A todos os professores que tive até hoje, pois no decorrer da vida, foram eles que 
me deram os conhecimentos necessários para evoluir sempre. 
À Déborah, minha melhor amiga, e ao Rafael, meu amor, por terem sido anjos na 
minha vida, sempre me dando credibilidade, apoio e amor. 
À minha turma, Amanda, Jamile, Lézio, Mali e Raphaella, por terem seguido essa 
caminhada junto comigo, me apoiando de diversas formas, em diferentes momentos que 
precisei, e pelas experiências e risadas trocadas em toda essa graduação. E em especial, à 
Manu, que de forma indireta, fez com que eu me interessasse pela cultura indiana, resultando 
nesta pesquisa. 
 A todos aqueles que passaram pela minha vida, me dando suporte para eu 
conseguir o que tenho e ser o que sou hoje. A todos vocês, muito obrigada! 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho configura-se em uma análise da representação e simbologias do vestido 
de noiva usado pelas indianas hindus, como também a ornamentação da noiva para o 
casamento. Aqui identifiquei como a imagem da noiva indiana é construída, através da 
estética, para que esta seja representada de acordo com suas crenças na religião Hindu, que 
possui o maior número de adeptos na Índia. Logo, precisei compreender também alguns 
aspectos das crenças do hinduísmo para entender as aplicações desses elementos estéticos na 
noiva. Para um melhor embasamento, utilizei também uma análise sobre simbologia das cores 
e suas diferentes representações nos respectivos âmbitos pesquisados. A metodologia utilizada 
foi realizada com o auxílio de pesquisa bibliográfica e documental. Ao final dos estudos 
concluiu-se que as cores usadas no traje da noiva indiana hindu como também os rituais são 
de grande importância. Cada ritual pré-casamento tem como finalidade incutir na noiva de 
algo considerado auspicioso, como beleza, prosperidade, sabedoria, obediência, fertilidade; 
assim também como a roupa e os adornos utilizados; assim, a noiva se tornando-a, aum 
espelho de uma Deusa, aquela que trará boa sorte e alegria ao marido e à família a quem está 
sendo entregue. 
 
Palavras-chave: Noiva, Hindu, Índia, Simbologias, Indumentária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This paper presents analysis of symbols and representation in wedding dresses worn by Hindu 
Indian and also the bridal ornamentation for the wedding. It was identified how the image of 
the Indian brides is built by aesthetics, for the representation of their beliefs in Hindu religion, 
which has the largest number of adherents in India. For this purpose had to be understood 
some aspects of Hinduism beliefs to understand the applications of these aesthetic elements 
on the bride. For a better basis, was used an analysis of colors’ symbolism and their different 
representations in their respective surveyed areas. This work’s relevance is justified by the 
lack of academic material written on the subject, especially under by the sight of a fashion 
student, and the information can be used in the creative process items for fashion. This study 
was conducted with the use of bibliographic and documentary research. At the end of the 
studies it was concluded that the colors used in the Hindu Indian bride's costume as well as 
the rituals are of great importance. Each pre-wedding ritual is intended to instill the bride of 
something considered auspicious, such as beauty, prosperity, wisdom, obedience, fertility; as 
well as the clothing and adornments used; So the bride becomes the mirror of a Goddess, the 
one who brings good fortune and joy to her husband and the family to whom she is being 
delivered. 
 
Keywords: Bride, Hindu, India, Symbologies, Clothes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Indianas com sáris coloridos.............................................................................. 27 
Figura 2 - Noiva indiana hindu............................................................................................ 30 
Figura 3 - Salwar kameez..................................................................................................... 31 
Figura 4 - Sári inspirado em Bollywwod.............................................................................. 32 
Figura 5 - Sári tradicional.................................................................................................... 33 
Figura 6 - Cerimônia do Haldi............................................................................................. 36 
Figura 7 - Mãos de noiva ornamentadas com a henna......................................................... 37SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 9 
2 
2.1 
2.2 
2.3 
2.4 
3 
3.1 
3.2 
METODOLOGIA............................................................................................. 
Tipo de Pesquisa................................................................................................ 
Plano de coleta de dados................................................................................... 
Categorias Analíticas........................................................................................ 
Tratamento de dados........................................................................................ 
ÍNDIA: CULTURA E RELIGIÃO.................................................................. 
Hinduísmo.......................................................................................................... 
A mulher indiana ............................................................................................. 
11 
11 
11 
12 
12 
14 
17 
21 
4 
5 
5.1 
5.2 
6 
NOIVAS E CORES........................................................................................... 
A NOIVA INDIANA......................................................................................... 
O traje da noiva................................................................................................. 
Rituais e símbolos.............................................................................................. 
CONCLUSÃO................................................................................................... 
REFERÊNCIAS................................................................................................ 
 
24 
30 
31 
34 
39 
41 
 
 
 
 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Nos casamentos, na maioria das culturas, as noivas são o centro das atenções no 
momento do ritual. Há sempre uma expectativa enorme, tanto do noivo, como das respectivas 
famílias e amigos, em ver a entrada da noiva. Tanto que nos casamentos católicos, por 
exemplo, há uma marcha nupcial, tocada especialmente para a entrada da noiva - geralmente a 
clássica marcha nupcial de Mendelssohn -, sendo ela a última a entrar na igreja. 
Na Índia, apesar das distâncias culturais com os países do Ocidente, a noiva também é um 
espetáculo à parte. No entanto, como podemos perceber nos filmes de Bollywood ou mesmo 
no exemplo da novela brasileira Caminho das Índias, produzida pela Rede Globo, a noiva 
indiana se veste de maneira totalmente diferente das noivas ocidentais. 
É comum ver nos casamentos brasileiros, por exemplo, a noiva buscar uma imagem de 
naturalidade, a maquiagem é suave, o vestido, na maioria das vezes, totalmente branco, os 
brincos, pulseiras e colares são geralmente delicados. Já a noiva indiana se veste com roupas 
bastante coloridas, usando muitas vezes vermelho, cor quase que impensável para a maioria 
das noivas brasileiras; os adornos são joias extravagantes por todo o corpo, brincos, tiaras, 
várias pulseiras, tornozeleiras, colares grandes; e ainda temos as tatuagens em henna que são 
feitas nos braços, mãos, pernas, pé e rosto. 
Gonçalves (2013) afirma que a roupa branca é associada, de diferentes formas, à 
representação de pureza, seja esta, asseio do corpo ou uma alma pura, como também faz 
conotação à sacralidade cristã católica. Sendo assim, da mesma forma que se entende aqui, no 
Brasil, e na maior parte do ocidente, que uma noiva casa vestida de branco para denotar 
pureza, os elementos usados pelas noivas indianas tem suas conotações, que estão ligadas 
principalmente a sua religião, no caso desta pesquisa, a religião hindu. São tantas as 
informações estéticas que são postas sobre a noiva indiana, que foi despertada a curiosidade 
de saber o que tudo isso significa para ela, e para a sociedade que a cerca. 
Este trabalho tem como objetivo geral analisar a simbologia das vestes e ornamentação 
feminina no casamento tradicional hindu. 
Nesta pesquisa contemplamos como objetivos específicos conhecer brevemente alguns 
fatos sobre a cultura indiana; compreender a religião hindu e suas crenças; abordar conceitos 
do casamento ocidental e compará-los com o casamento tradicional indiano hindu; investigar 
a simbologia das cores no casamento indiano hindu; e identificar os elementos estéticos que 
são utilizados para representar simbolicamente os rituais que ocorrem antes e no momento do 
casamento. 
10 
 
O presente trabalho justifica-se pela necessidade de lançar um olhar a diferentes culturas 
e poder usar essas informações, principalmente academicamente, gerando um despertar sobre 
o assunto, que resulte em novas pesquisas mais aprofundadas, como também gerar “bagagem” 
para o processo criativo nos cursos de Design-Moda. 
A metodologia adotada para este trabalho envolveu pesquisas bibliográficas e 
documentais, onde foram observados dois filmes indianos que tem sua trama em torno de 
casamentos (Vivah e 2 States), fotografias e vídeos de casamentos indianos hindus reais. O 
trabalho foi dividido em cinco capítulos. A introdução equivale ao primeiro. 
No capítulo dois encontra-se a metodologia usada para a construção desse trabalho. No 
terceiro capítulo são abordadas questões contextuais sobre a Índia, sua cultura e a religião 
hindu. No quarto capítulo, para fins de comparação, falo sobre a roupa e ornamentações da 
noiva ocidental, como também da significação e relação com as cores nas culturas ocidentais 
e indianas. Chegando ao quinto capítulo, trato de discorrer sobre a noiva indiana hindu, 
tratando das questões familiares, que estão intrinsecamente ligadas ao casamento, como 
também dos rituais e a sua ligação e influência na estética da noiva hindu indiana e ainda 
discorro sobre o comportamento da noiva no processo de noivado e casamento. E por fim, no 
sexto capítulo encontra-se a conclusão deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
2 METODOLOGIA 
 
Este capítulo é dedicado a explicar a metodologia usada para a elaboração do presente 
trabalho. 
 
2.1 Tipo de pesquisa 
 
Para fazer melhor análise das questões simbólicas e culturais que permeiam o universo de 
uma noiva que se casa dentro dos preceitos da religião hindu, o tipo de pesquisa mais 
adequada deve apresentar a abordagem qualitativa que segundo Pádua (2004, p. 36) se 
preocupa “com o significado dos fenômenos e processos sociais, levando em consideração as 
motivações, crenças, valores, representações sociais, que permeiam a rede de relações 
sociais”. 
Sendo assim percebe-se que a pesquisa volta-se para uma questão mais subjetiva e que 
possui embasamento em conhecimentos teóricos coletados a partir de livros, trabalhos 
acadêmicos, como também análises imagéticas a partir de filmes, fotografias e audiovisuais. 
Não foi verificada necessidade de utilizar dados quantitativos na pesquisa. 
Sobre os objetivos da pesquisa afirmamos que seu caráter é principalmente descritivo, 
que segundo Gonçalves (2005, p.91) procura “descobrir a frequência com que o fenômeno 
ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características”; mas também tem 
cunho explicativo onde Gonçalves (2005) afirma ser mais complexa que a descritiva, pois os 
dados coletados estão sendo analisados e interpretados, buscando justificar fenômenos e 
causas. E tratando-se dos procedimentos, classificamos o estudo como pesquisa bibliográfica 
que de acordo com Pádua (2004) tem por finalidade apresentar ao pesquisador os estudos ou 
artigos já desenvolvidos na área de abrangência e pesquisa documental onde Pádua (2004) 
afirma que as fontes de pesquisa que não estão em forma de texto, como, por exemplo, fotos, 
filmes, audiovisuais, entre outros, são considerados documentos para pesquisa. 
 
2.2 Plano de coleta de dados 
 
As etapas para o desenvolvimento da pesquisa organizam-sedesta forma: 1. Pesquisa 
bibliográfica específica - seleção das principais referências bibliográficas (livros e trabalhos 
acadêmicos) que tem relação com o tema abordado; 2. Pesquisa documental específica - 
seleção das principais referências documentais (filmes, audiovisuais, fotografias), sendo 
12 
 
escolhidos os filmes Vivah e 2 States que mostram casamentos hindus, na Índia, de dois 
pontos de vista diferentes, como também alguns vídeos de casamentos indianos reais que 
mostram partes do processo de casamento e dos rituais; e ainda fotografias que mostram 
detalhes da ornamentação da noiva como também de alguns rituais; 3. - Tratamento de dados 
- após a coleta de todos os dados foi possível fazer a análise e interpretação, para poder chegar 
à conclusão desta pesquisa. 
 
2.3 Categorias Analíticas 
 
As categorias, de acordo com Gonçalves (2005) são subdivisões de temas na forma de 
títulos genéricos que representem as conceituações das palavras chaves. No presente trabalho 
foram utilizadas as seguintes palavras chaves para representar as temáticas centrais do 
trabalho: Casamento, Hindu, Índia, Indumentária, Simbologias. 
 
2.4 Tratamento de dados 
 
Para análise dos dados foi feita a observação, análise e comparação das informações 
obtidas a partir dos dados bibliográficos e documentais selecionados. Foram visitados dois 
filmes de produção indiana (bollywood), Vivah e 2 States. Nestes filmes foi possível observar 
como se dá, em partes, a realização de casamentos indianos, e como acontece o envolvimento 
e interferências das famílias dos noivos em todo o processo desde a escolha dos parceiros, 
seja o casamento desejado pela família ou não. Alguns vídeos de casamentos hindus indianos, 
reais (os casamentos de Anisha Karnik & Neil Dewan1, Nisha Patel & Elliott Groves2, Rinal 
Patel & Anish Patel3), e também vídeos de alguns rituais, como a cerimônia da henna4 e a 
cerimônia do haldi5, também fizeram parte da coleta de dados como base para a análise. 
Estes vídeos proporcionaram a observação de como são feitos alguns rituais que são 
realizados antes do casamento e durante a cerimônia de casamento em si. Segundo Pádua 
 
1
 ANISHA karnik & neil dewan - marathi hindu / same day highlights. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=NMUehRvVC5Q>. Acesso em: 11 outubro 2016. 
2 NISHA patel & elliott groves - cinematic hindu highlights. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=AN2qwx6UgJk>. Acesso em: 11 outubro 2016. 
3 RINAL patel & anish patel - cinematic wedding day highlights (hindu). Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=EnZHIE6eEAU>. Acesso em: 11 outubro 2016. 
4 WEDDING henna (mendhi) ceremony. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ry2GHG_FcD8>. 
Acesso em: 25 setembro 2016. 
5
 AYSHA'S colorful haldi ceremony by weddplanner wedding studio. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=4AxpAZHQ9GU>. Acesso em: 23 setembro 2016. 
https://www.youtube.com/watch?v=NMUehRvVC5Q
13 
 
(2004) esta é uma fase muito importante, pois é nela que o pesquisador demonstra a sua 
criatividade na pesquisa. Do contrário, esta seria apensa uma compilação de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
3 ÍNDIA: CULTURA E RELIGIÃO 
 
A Índia é um país bastante diversificado. Sua cultura é rica de informações e crenças, 
hábitos e costumes herdados tanto do oriente como do ocidente. As paisagens são repletas de 
contrastes, um misto de belezas e desgraças que ao olhar estrangeiro provoca a curiosidade de 
saber como essas pessoas conseguem se organizar no caos presente. Suas tradições são 
fortemente seguidas ao mesmo tempo em que o futuro tecnológico instala-se rigorosamente 
em seus cotidianos. 
 
Os indianos absorveram todas as invasões que sofreram, mas mantiveram suas 
tradições. Dizem que nenhuma época eliminou a anterior. [...] E nem poderiam, pois 
a noção de tempo da Índia tradicional é cíclica. Não tem começo nem fim. Segue 
adiante continuamente. [...] Na memória indiana, o passado se confunde com o 
futuro. E isso é evidente até no vocabulário: a palavra kal em híndi quer dizer tanto 
amanhã quanto ontem. (COSTA, 2015, p. 13) 
 
Um país que abriga mais de um bilhão de habitantes não poderia ser de outra maneira, 
senão fortemente diversificado em vários aspectos, como por exemplo, sociais, culturais e 
religiosos/espirituais. Conforme Pétrola (2004, p. 62), “com dois idiomas oficiais (o hindi e o 
inglês), a Índia acolhe outras 14 línguas principais e 844 dialetos falados em diversas 
regiões”. Há diversidade também nas religiões: “Os hindus formam 85% da população 
indiana, mas o país é um mosaico de culturas e religiões: sikhs, católicos, parsis, jainistas, 
budistas, entre outros. Além disso, a sociedade indiana é dividida em castas – que não se 
limitam mais apenas à religião hindu” (PEREIRA, 2010, p.45). 
Muitos confundem a cultura indiana com a cultura hindu, pois elas estão bastante 
interligadas devido à numerosa população de indianos adeptos ao hinduísmo, sendo assim, até 
mesmo o Direito indiano é confundido com o Direito hindu. “Direito indiano e Direito hindu 
não são sinônimos; o primeiro é o Direito do Estado indiano, que se aplica a todo e qualquer 
dos seus habitantes, não importando qual seja a sua Religião, enquanto o Direito hindu é o 
Direito que somente se aplica à comunidade hindu” (CAMPOS NETO, 2009, p. 71). Como 
bom exemplo dessa discordância entre os direitos civis indianos e os religiosos, no caso do 
hindu, podemos citar as castas. As castas são um tipo de organização social que segundo 
Costa (2015) é uma ideologia que provém de textos milenares e preceitua que há uma 
hierarquia que define os homens e suas posições sociais e que estes não podem se desligar 
desta hierarquia nunca. Logo, quem nasce numa casta permanece nela para sempre. Desta 
15 
 
forma, pessoas de castas mais baixas como, por exemplo, os Párias (os intocáveis6), são 
severamente discriminados por quem é hindu e até mesmo por quem não é da religião, o que 
confirma como os costumes hindus estão instalados no inconsciente indiano. Já o Direito 
indiano repudia a discriminação por castas: 
 
A Legislação atual, tornando-se eco da vergonha do indianismo – como a 
“intocabilidade” –, fez com que modernos reformadores ou legisladores 
considerassem uma injustiça social, abolindo o grupo social dos Párias; porém, sua 
situação não melhorou muito e nem se sentem confortados. Os hindus ortodoxos – 
rigorosos na tradição e seus privilégios –, opõem grande resistência a esta Lei, 
nascida há cerca de 20 anos. (CAMPOS NETO, 2009, p. 84) 
 
Um dos personagens mais emblemáticos da Índia foi Mohandas Karamchand Gandhi, 
mais conhecido como Mahatma Gandhi, advogado por formação, lutou durante toda a sua 
vida pelos direitos dos indianos, minorias, e pregou a paz em seus discursos. Ele repudiava a 
“intocabilidade”, mas defendia as castas. 
 
É contrária à alma do indianismo que um homem atribua a si mesmo uma classe 
mais alta, ou designe a outros uma mais baixa. Todo mundo nasceu para servir à 
Criação de Deus, o Brâmane, por sua sabedoria, o Chatria, por sua força protetora, o 
Vaisia, por sua habilidade comercial e o Sudra, por seu trabalho corporal. Isto não 
quer dizer que todo Brâmane esteja dispensado do trabalho corporal, senão que tem 
maior disposição para o estudo, nem que um Sudra não possa adquirir sabedoria, 
senão que servirá melhor com seu corpo... (Palavras de Gandhi apud CAMPOS 
NETO, 2009, p. 83-84) 
 
Devido ao favorecimento de Gandhi na permanência das castas, para muitos indianos 
Párias, ou Dalits, ele é mal visto. Ao contrário, Ambedkar, um Dalit que lutava pelos direitos 
e respeito ao seu povo, é ainda hoje um ídolo para os “intocáveis”. Segundo Costa (2015) 
Ambedkar passou por muitas situações de humilhação no decorrer de sua vida, assimcomo a 
maioria dos Dalits, no entanto este teve a sorte de ser financiado por nobres indianos para 
estudar fora do país, sendo assim o primeiro Dalit a estudar no exterior. Retornando ao seu 
país ele tentou se firmar como advogado, mas não obteve êxito devido a sua “intocabilidade” 
e a partir de então, passou a lutar pelos Párias liderando manifestações, buscando aos poucos 
a igualdade social para sua casta. 
 
Ambedkar e Mahatma Gandhi, dois grandes ícones da Índia, eram rivais. Na sua luta 
contra a intocabilidade, Gandhi costumava limpar toaletes para dar o exemplo – um 
insulto para uma pessoa de casta alta. [...] Gandhi é uma figura histórica 
controvertida para muitos indianos e malvista por muitos dalits até hoje. Em uma 
visita que fiz a um grupo de homens dalits budistas em uma favela de Mumbai, em 
2006, eles me perguntaram qual era o indiano mais admirado no Brasil. “Gandhi” eu 
 
6
 Chamados de intocáveis por que “realizavam ritualmente trabalhos que contaminavam, como o manuseio de 
defuntos.” (PONRAJ, 2012, p. 45). 
16 
 
respondi. Todos me olharam com profunda decepção. Eu tentei explicar que não 
havia nenhuma predisposição contra Ambedkar no Brasil. Os brasileiros 
simplesmente desconheciam sua existência. [...] Um exemplo foi a proposta de 
Ambedkar de criar um eleitorado separado para os dalits. Gandhi era contra porque 
temia a divisão da sociedade hindu e acabou vencendo o cabo de guerra utilizando a 
tática que adotaria mais tarde na luta contra a independência: a greve de fome. 
Ambedkar cedeu para que Gandhi encerrasse seu jejum, mas a mágoa ficou 
guardada e até hoje lideranças dalits acusam o líder pacifista de ter boicotado a 
ascensão política dos intocáveis. (COSTA, 2015, p. 36-37) 
 
Além das castas, outro aspecto interessante da cultura indiana são as festas, as datas 
comemorativas e a forma como eles festejam. Entre as tradições indianas preferidas dos 
turistas estão os festivais. Muito conhecido mundo afora como Festival das cores, o Holi, 
segundo Cachado (2010) é uma celebração hindu à chegada da primavera, ocorre geralmente 
entre os meses de fevereiro e março e tem como finalidade aniquilar coisas negativas e, 
consequentemente trazer a purificação. É realizado com uma brincadeira, onde as pessoas 
saem às ruas vestidas de branco para jogarem pós coloridos umas nas outras. 
 No Brasil, por exemplo, podemos perceber que, ultimamente, vários Festivais das cores 
estão sendo promovidos, e estes atraem vários jovens que apreciam festas e músicas 
eletrônicas. Entre os mais conhecidos estão o Happy Holi – O festival das cores e o Holi One. 
Esses festivais, no Brasil, acontecem todos os anos e percorrem por várias cidades levando 
uma promessa de festa alegre e unificadora, onde os jovens se vestem de branco para depois 
preencher aquele espaço com os pós coloridos. Geralmente, a entrada nestes eventos é 
classificada como livre e, mesmo prevalecendo uma massa jovem, de crianças a idosos, todos 
são convidados a participar da celebração. 
 
Inspirado no Holi, da índia, o evento por lá acontece durante as celebrações da 
primavera, quando os participantes se pintam e lançam um pó colorido ao ar. O 
ponto alto da festa de música eletrônica é quando acontecem os colorblast´s, a cada 
45 minutos, com uma explosão de cores quando todos lançam ao alto o pó colorido. 
(VEJA RIO, 2015)7 
 
Além do holi, a Índia é morada de vários outros festivais conhecidos mundialmente que 
atraem milhares de curiosos todos os anos como, por exemplo, o Diwali, conhecido com 
Festival das luzes, que é celebrado pelo hinduísmo, jainismo8 e pelo sikhismo9; o Navratri, 
 
7VEJA RIO. Festa de música eletrônica Happy Holi chega ao Rio. Disponível em: 
<http://vejario.abril.com.br/cultura-lazer/festival-de-musica-eletronica-happy-holi-acontece-pela-primeira-vez-
no-rio/>. Acesso em: 25 nov. 2015. 
8“O jainismo é uma religião indiana cuja fundação remete ao século VI a.C, na bacia do Gangis, e teria sido 
criada por Varnamana – um príncipe hindu que aos 28 anos decidiu abdicar de seus bens materiais para se 
dedicar à busca espiritual. A palavra “jina”, que dá origem à designação jainismo, tem o significado de 
“conquistador”. A base da religião jainista é a ideia de que cada ser humano está destinado a encarnar em 
http://vejario.abril.com.br/festas
17 
 
Festival das nove noites, hindu, mas celebrado por boa parte dos indianos; o Durga Puja, que 
é uma espécie de continuação do Navratri; entre outros festivais. 
A aproximação com o ocidente fez com que a Índia não só mostrasse para o mundo 
particularidades de sua cultura, mas fez também com que o país absorvesse o processo de 
globalização e se acercasse das evoluções tecnológicas ocidentais. Como país emergente, a 
Índia vem sendo reconhecida por sua capacidade em Tecnologia da Informação (TI). “Das 
500 empresas listadas pela revista Forbes como as maiores do mundo, cerca da metade 
adquirem seus sistemas de informação na Índia” (PEREIRA, 2010, p. 40). De acordo com 
Pétrola (2004) o país asiático vem se mostrando valoroso, a nível mundial, no ramo de 
desenvolvimento de softwares. 
 
Os Estados Unidos absorvem cerca de 60% dos aplicativos para computadores 
desenvolvidos na Índia e são seu principal mercado de destino, a ponto de a 
indústria indiana ter se transformado num prolongamento da economia norte-
americana. A Europa é o segundo mercado para o software produzido na Índia, 
consumindo 21% de suas exportações, seguindo-se o Japão, que fica com 4%. 
Embora modesta, há previsões de que a demanda japonesa cresça no curto prazo. 
(PÉTROLA, 2004, p. 62) 
 
Assim percebemos que cada vez mais a Índia vem se tornando um país globalizado. 
Entretanto, essa globalização não penetra tanto no cotidiano indiano quando se trata da 
religião Hindu, que é reafirmada a cada dia com a eternização dos rituais diários e a 
perseverança do sistema casteísta. 
 
3.1 Hinduísmo 
 
 De acordo com Campos Neto (2009) a religião hindu resulta de uma tradição de 
origem milenar e não possui um único criador, sendo ainda uma religião que possui inúmeros 
deuses, mas estes se unificam numa força maior, um “Ser Universal”, denominado Brahman. 
 
A palavra hinduísta significa simplesmente “indiano” (da mesma raiz do rio Indo), e 
talvez a melhor maneira de definir o hinduísmo seja dizer que é o nome das várias 
formas de religião que se desenvolveram na Índia depois que os indo-europeus 
abriam caminho para a Índia do Norte, de 3 a 4 mil anos atrás (Gaarder et al., 2001, 
s.n.) 
 
 
sucessivos corpos, perfazendo um longo ciclo de reencarnações até atingir o estágio máximo de evolução, 
quando, então, a sequência de ciclos reencarnatórios cessa.” (BARROS, 2013, p. 138). 
9“O sikhismo acredita na existência de um único Deus e nos ensinamentos de dez Gurus. [...] Para um sikh, deus 
é eterno e sem forma, sendo impossível captá-lo em toda a sua essência. [...] Esta religião, fundada por Guru 
Nanak, nos finais do século XV, no Punjab, integra elementos do hinduísmo e do misticismo do islã (o 
sufismo).” (RAJPUT, 2012, p.46). 
18 
 
“Uma das características principais do pensamento hindu é a tendência para a 
introspecção, daí a sua atitude passiva e tranquila, a vida interior contemplativa, a filosofia, a 
actividade religiosa, a vida cenobática e monástica, o pensamento metafísico e a renúncia” 
(FRIAS, 2003, p. 185). 
 Os hindus seguem uma vida cheia de regras e abnegações, e geralmente, fazem isso de 
forma rigorosa, pois eles acreditam na reencarnação. Para eles a vida é cíclica, e este carma, 
só finda quando eles levam uma vida seguindo todos os preceitos hindus. Desta forma, 
Campos Neto (2009) afirma que a maioria dos adeptos do hinduísmo opta por serem 
vegetarianose acreditam que todo ser vivo deva ser respeitado. Ou seja, se um hindu não 
seguir o propósito de sua vida, este não sairá do ciclo e poderá, de repente, voltar em forma de 
animal, por exemplo. 
 
Segundo a tradição védica (dos Vedas, escrituras sagradas), os sábios hindus - 
chamados rishis - descobriram que todo ser individual (fosse um homem, fosse uma 
pedra) estaria ordenado a um fim que lhe seria próprio. Um fim que, caso cumprido, 
traria a felicidade plena daquele sujeito. Ou seja: existiria uma lei da existência. E 
isso foi chamado de darma, enquanto a ação de fazer cumprir essa lei recebeu o 
nome de carma. A sintonia perfeita entre darma e carma leva à suprema iluminação, 
ou libertação. Já os seres que se afastam em vida da lei da existência se mantêm 
aprisionados no ciclo de nascimento, morte e transmigração - chamado em sânscrito 
de samsara. (OPPERMANN, 2015)10 
 
No hinduísmo, assim como no cristianismo, há uma espécie de “Trindade Santa”. 
Conforme Frias (2003) a trindade hindu é chamada por Trimurti e nela encontra-se o Deus 
Brahma, o criador, e seria esse o mais importante, Vixnu, o conservador, e Xiva, o destruidor. 
É interessante notar que, na Índia, as coisas são tão “ramificadas”, por assim dizer, ou mesmo 
complicadas, que diversos autores apresentam os nomes dos deuses com escrita diferente. 
Para Campos Neto (2009), por exemplo, o Trimurti é apresentado como, Brahma, Vishnu e 
Shiva. 
 
Brahma nascido de uma flor de lótus que floresceu no umbigo de Vishnu. Brahma é 
o Criador que constrói o Universo a cada ciclo do mundo. Embora seja o membro 
principal do Trimurti, não é venerado com freqüência de maneira independente. 
Como Vishnu e Shiva representam forças opostas, Brahma é o equilíbrio. (CAMPOS 
NETO, 2009, p. 74) 
 
Uma das características fortes do hinduísmo está na variedade e quantidade de deuses que 
eles veneram. Segundo Campos Neto (2009) cada um dos principais deuses, Brahma, Vishnu 
e Shiva possuem uma representação feminina, Sarasvati para Brahma, Lakshmi para Vishnu e 
 
10OPPERMANN, Álvaro. Hinduísmo - 330 milhões de divindades. Revista Superinteressante. Disponível em: 
<http://super.abril.com.br/historia/hinduismo-330-milhoes-de-divindades>. Acesso em: 25 novembro 2015. 
 
19 
 
Parvati, benigna, ou Durga, temível, para Shiva; e esses ainda podem gerar novos deuses, 
como por exemplo, Ganesha, o deus com cabeça de elefante, que é fruto da união entre Shiva 
e Parvati. E assim, deuses geram mais deuses. “O número oficial de deuses na Índia chega a 
330 milhões. Extraoficialmente, porém, essa conta bate na casa do bilhão” (OPPERMANN, 
2015)². 
No cristianismo temos como forma de guia espiritual, a Bíblia Sagrada, para os hindus, as 
palavras que guiam todos os passos de suas vidas, estão escritas nos textos Védicos. 
 
Os Vedas - significado de conhecimento - são constituídos de quatro Samhitas 
(coleção de antigos textos Shruti, compostos no ano 1000 a.C.) e recompostos 
muitos anos depois. Da quadrilogia Vedas, temos Rigveda, Yajurveda, Sammaveda e 
Atharvaveda; cada um possui um Brahmana (texto explicativo) um Arauyaka 
(conjunto de fórmulas mágicas) e um Upanishad (ensinamentos). (CAMPOS 
NETO, 2009, p. 81) 
 
 Nesses textos estão os ensinamentos básicos da religião hindu, no entanto como 
Santoro e Sartorelli (2015) explicam estes não são compostos de leis, mas sim de rituais. 
 
Os Vedas são textos ritualísticos, e não uma enciclopédia de procedimentos 
religiosos”, diz Carlos Eduardo Barbosa, especialista em cultura hindu e professor 
do Instituto de Cultura Hindu Naradeva Shala, em São Paulo. Além disso, todos os 
textos incorporam um conceito filosófico que está na origem de todo o sistema de 
crenças hinduísta e permanece vivo na maioria das correntes existentes hoje em dia: 
o monismo. “Segundo essa filosofia, somos todos partes de uma coisa só, que é uma 
espécie de inteligência divina”, diz o historiador Edgard Ferreira Neto, da 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. (SANTORO; SARTORELLI, 2015)11 
 
Outro aspecto inerente ao hinduísmo é a organização social que distingue as pessoas 
através do sistema de castas, onde os hindus são divididos através de uma hierarquia, entre: 
“Brâmanes (sacerdotes), Xátrias (guerreiros), Váxias (comerciantes), Sudras (camponeses e 
trabalhadores) e os Parias (os Intocáveis, sem direitos na sociedade)” (LOUZADA; 
LABORDE, 2009, p. 5). 
Segundo Ponraj (2012) os Parias, na realidade, não são considerados hindus, pelo menos 
não pela comunidade hindu, mas apenas para o governo. Ele afirma que as castas teriam se 
originado, assim como o hinduísmo, com a chegada dos arianos à Índia. Ponraj (2012) nos 
mostra um antigo hino Rig-Veda que explica a origem mítica das castas: 
 
Quando os deuses fizeram um sacrifício com o Homem como sua vítima... 
Quando dividiram o Homem, em quantas partes o dividiram? 
Como foi a sua boca,como foram seus braços, como foram as suas coxas e seus pés 
chamados? 
 
11 SANTORO, André; SARTORELLI, André Victor. Os Vedas: um livro aberto. Revista Superinteressante. 
Disponível em: <http://super.abril.com.br/historia/os-vedas-um-livro-aberto>. Acesso em: 25 novembro 2015. 
20 
 
O Brahman era a sua boca, o guerreiro foi feito de seus braços. Suas coxas se 
tornaram Vaishya, dos seus pés o Shudra nasceu. 
Com sacrifício os deuses sacrificaram o Sacrifício, essas foram as primeiras leis 
sagradas. (PONRAJ, 2012, p. 47) 
 
Ponraj (2012) afirma que a palavra em sânscrito para castas seria Varnan que significa 
cor, assim a questão racial seria uma das explicações para a criação do sistema de castas. 
Pereira (2009) nos diz que é possível conhecer a casta de outra pessoa através do 
sobrenome da família, seja este proveniente dos pais, para filhos solteiros ou vindos dos 
maridos para as que são casados. 
 
Na tentativa de apresentar sumariamente a casta, pode-se adiantar que, na sua 
heterogeneidade, é definida pela endogamia (a proibição de casar fora do grupo), 
pela comensalidade (restrições na partilha de alimentos cozinhados e água entre 
grupos) e pela ocupação profissional (a assumpção de que uma certa profissão é 
hereditária e característica de uma casta). (PEREIRA, 2009, p. 20) 
 
Muito se discute sobre a real necessidade e origem das castas, pois estas distinções geram 
muito preconceito e até rivalidade entre os mesmos, o que contraria totalmente os dogmas da 
religião hindu. De acordo com Campos Neto (2009) existe uma teoria de que o sistema de 
castas seria proveniente dos arianos que se infiltraram na Índia nos anos 2000 a.C., entretanto, 
nos textos védicos, que seriam a principal fonte de saberes sobre a invasão ariana na Índia, 
não são mencionadas as castas. 
Para Ponraj (2012) há ainda como classificar o hinduísmo em três tipos: Hinduísmo 
Tribal, Hinduísmo Rural e Hinduísmo Militante. O Hinduísmo Tribal, na verdade, não chega 
a ser hinduísmo, eles poderiam se converter ou mesmo ser influenciados pelo hinduísmo, mas 
sua fé está em espíritos, sacrifícios de sangue e magias. Já o Hinduísmo Rural/Popular é uma 
mistura entre o Hinduísmo Tribal e Ortodoxo (militante). Estes crêem em vários deuses, em 
ofertas, em adorações a templos, em oração, em astrologia, como também em sacrifícios de 
sangue, bruxarias ou feitiços, e são mais receptivos a outras crenças. 
O Hinduísmo Militante ou Ortodoxo é aquele mais severo, onde eles acreditam que 
apenas nas escrituras védicas se encontra a verdade e as respostas para os problemas do 
mundo; onde um hindu só pode ser hindu se este for também indiano, assim como um 
verdadeiro indiano deveria ser hindu, e também que a Índia é o único local perfeito para 
desenvolver a espiritualidade. Apesar dessa afirmação de que um verdadeiro indiano deve ser 
hindu, não é o que se pratica pelos hindus ortodoxos quando renegam, por exemplo, os 
“intocáveis”. 
21 
 
A últimacasta, a dos shudras é considerada como formada por pessoas que devem servir 
as pessoas das outras três castas acima. Os shudras, como vimos anteriormente, teriam saído 
dos pés de Brahman, e por isso recebem a posição dos serviçais. Dessa forma, não há lugar 
para os “intocáveis”, pois eles não têm casta, e se não tem casta teoricamente não são hindus. 
No entanto, o que se vê é que mesmo sem serem considerados hindus, os párias e os hindus 
rurais, muitos deles, ainda se casam seguindo os rituais hindus. 
 
3.2 A mulher indiana 
 
No imaginário dos homens indianos, a mulher indiana é símbolo da beleza maior. De 
acordo com Faux et al (2000) poetas cantavam as belezas das mulheres indianas exaltando 
suas formas e nos mostra a descrição de um poeta chamado Kalidasa, do século VI: 
 
[...] “protótipo de mulher lasciva pelo Criador, esguia e cheia de juventude, tem os 
dentes pontudos e lábios vermelhos como a fruta bimba; sua cintura é estreita e seu 
olhar o de uma gazela assustada; seu umbigo é profundo; anda com passos 
comedidos devido à plenitude de seus seios”. A cor da boca-de-leão é avivada nos 
lábios com suco de ameixas selvagens e de cera para fixar e brilhar. (Kalidasa apud 
FAUX et alii, 2000, p. 266-268) 
 
No entanto, essa visão de mulher perfeita está ligada às imagens das deusas, e ao mesmo 
tempo em que se tem deusas fortemente idolatradas na religião hindu, as mulheres comuns 
são em sua maioria negligenciadas e muitas vezes desprezadas pela sociedade que a cerca. Por 
vezes sua beleza é exaltada, representando a deusa, é vista como forte, inteligente e de beleza 
fascinante, e em outros momentos é tida como o incentivo para o mais profundo dos pecados, 
sendo ela que leva o homem ao caminho da perdição. 
Na Índia, ter uma filha, não é o desejo da maioria das famílias, pois ela é considerada um 
prejuízo para as famílias, já que esta será criada para, quando crescida, ser entregue a outra 
família, através do casamento, levando consigo parte das riquezas de sua família, o dote. 
De acordo com Costa (2015) é comum que o sacerdote hindu deseje a noiva indiana, 
durante o casamento, que ela seja mãe de cem meninos. E quando estas ficam grávidas, todas 
as mulheres da família fazem orações aos deuses para que o feto seja de um menino, ou 
mesmo se este for uma menina, que ele se transforme em menino. 
Com o advento da tecnologia, as mulheres passaram a poder identificar o sexo do feto 
antes de seu nascimento, com os exames de ultrassonografia. Costa (2015) nos afirma que 
esse exame acabou sendo proibido na Índia, pois quando os pais descobriam que o feto era de 
uma menina, tratavam logo de fazer um aborto; essa prática ficou conhecida como aborto 
22 
 
seletivo. “Teoricamente, as mulheres que buscam o aborto seletivo podem ser condenadas a 
três anos de prisão e pagar uma multa equivalente a mais de US$ 1 mil. Médicos que 
informam o sexo do feto podem perder sua licença profissional e estão sujeitos a até cinco 
anos de prisão” (COSTA, 2015, p. 118), mas a punição raramente acontece. É ainda muito 
comum o abandono e o assassinato de meninas na Índia. 
O site Diário do Centro do Mundo12 publicou em 2013, trechos traduzidos do livro 
“Casamento Arranjado” de autoria de Sushi Das, uma jornalista que nasceu na Índia, cresceu 
na Inglaterra e que se fixou na Austrália como editora de opinião do jornal The Age. Segundo 
o site, Sushi Das descreve, em seu livro, de forma humorada, como é ser uma mulher indiana 
e suas dificuldades. Em um dos trechos traduzidos ela diz: 
 
Garotas. Elas são uma dependência econômica para os pais indianos. A criação delas 
é cara. Elas podem arruinar a reputação da família com o poder da indiscrição. Elas 
precisam de um dote quando você as casa, e o que você recebe de volta? Nada além 
de preocupação e miséria. Garotos, por outro lado, são produtivos economicamente. 
Quando crescerem, ganharão salários, trarão uma esposa para casa, recebendo o dote 
desta, e agirão de modo a preservar e trazer prosperidade à situação dos pais, quando 
estes envelhecem. Quem não desejaria filhos?Por sorte, tivemos um filho em nossa 
família. Mamãe não era mais apenas a mãe de filhas; era a mãe de um filho. Seria 
melhor ter sido mãe de vários filhos, mas mamãe estava grata por ter apenas um. 
Grata por ter sido recompensada por uma autoridade elevada, ela era capaz de 
estender sua profunda simpatia para qualquer mulher negligenciada por Deus. (Sushi 
Das apud Diário do Centro do Mundo, 2013) 
E se tratando de noivas, Costa (2015) afirma que é comum acontecer suicídios de 
mulheres devido a pressões psicológicas ou físicas que elas sofrem; em muitos outros casos as 
esposas são assassinadas por não terem entregado o dote prometido. Uma das formas mais 
comuns de assassinato é encharcando a esposa com querosene e ateando fogo nela, e assim, 
pode-se usar como desculpa que esta morreu por acidente de cozinha, já que as suas cozinhas 
são equipadas com fornos que funcionam a base de querosene. 
Quando idosas as mulheres podem ser consideradas respeitosas e sábias devido a sua 
experiência de vida, mas se forem viúvas podem ser consideradas apenas um fardo para a 
família, mesmo sendo uma viúva jovem, e terminam sendo abandonas para mendigar nas 
ruas. No entanto, se a viúva for jovem esta ainda pode se casar com seu cunhado, que assim 
assume responsabilidade pela antiga nora, agora, esposa. 
 
12
 DAS, Sushi apud Diário do Centro do Mundo. Uma escritora conta o que é ser mulher na Índia. [S.I.]: Diário 
do centro do mundo, 2013. Disponível em: < http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-vida-dificil-das-
mulheres-nascidas-na-india/>. Acesso em: 27 setembro 2016. 
 
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-vida-dificil-das-mulheres-nascidas-na-india/
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-vida-dificil-das-mulheres-nascidas-na-india/
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-vida-dificil-das-mulheres-nascidas-na-india/
23 
 
As mulheres, geralmente, são vistas como propriedades masculinas, seja de seu pai ou 
posteriormente de seu marido. De acordo com Jostein Gaarder et al. (2001) o status de uma 
indiana casada, sem filhos, não é dos melhores, e se a mulher for solteira pior ainda. No 
entanto, a Índia está entre os primeiros países a ter uma mulher exercendo um papel político 
de grande importância. Indira Gandhi foi primeira-ministra da Índia durante quinze anos, 
primeiro mandato entre 1966 a 1977 e o segundo mandato entre 1980 e 1984. “Muitas 
mulheres desfrutam de notável influência pública, e em nenhum outro país do Terceiro mundo 
há tantas mulheres trabalhando fora de casa” (Gaarder et al., 2001, não paginado). 
É notável que a mulher indiana tenha de se manter sempre atenta, pois em poucos 
segundos ou por conta de detalhes, esta pode deixar de ser endeusada para ser desmoralizada 
e amaldiçoada. Muitas mulheres na Índia são criadas para servirem como moeda de troca das 
famílias. Felizmente, o contato com culturas ocidentais, está fazendo com que muitas indianas 
repensem a forma como são tratadas e tenham ciência de que merecem ser respeitadas assim 
como se respeita aos homens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
4 NOIVAS E CORES 
 
Nos costumes ocidentais, geralmente, as noivas usam vestidos de casamento na cor 
branca. De acordo com Monger (2004, apud CARVALHO, 2012, p. 47) “elementos culturais 
ocidentais estão presentes em metade dos casamentos japoneses e o vestido branco é 
reconhecido, em grande parte do mundo, como símbolo do casamento”. O vestido branco, 
tempos atrás, remetia obrigatoriamente à pureza e castidade da noiva, onde Gonçalves (2013) 
afirma que a pureza da moça estava associada ao uso da vestimenta branca no dia do 
casamento, revelando assim o prêmio maior, que seria a virgindade dela; e ainda nos diz que a 
vestimenta branca é o divisor de águas entre o limpo e o sujoe desta forma pode ser associada 
tanto a limpeza corporal ou a pureza da alma, remetendo assim, a sacralidade cristã. 
 
A consolidação de Maria no imaginário feminino vai além da imagem sacra que 
repousa nas igrejas católicas, saindo nos momentos de festividade dedicada a ela em 
forma de procissão [...] no período de 1958 a 1968, o casamento, sobretudo o 
católico, com a noiva em vestido longo, branco ou branco alvíssimo, com grinalda 
de flores na cabeça e um longo véu, a exemplo de um manto, parece representar a 
busca e o encontro com a senhora maior do cristianismo [...]. (GONÇALVES, 2013, 
não paginado) 
 
Carvalho (2012, p.42) nos diz que “atualmente, o vestido branco não possui essa mesma 
implicação, visto que a pureza da noiva não é mais enaltecida nem requerida para que o 
matrimônio ocorra, mas branco tornou-se, tradicionalmente, a cor do traje nupcial”. Muitas 
mulheres, ocidentais, sonham em casar na igreja, de véu e grinalda e usando, claro, o tão 
desejado vestido de noiva branco. Algumas sonham toda a sua vida com o momento da 
entrada da noiva na igreja. Um eficiente fortalecedor dessa tradição, aqui no ocidente, são os 
filmes e as novelas que propagam uma imagem de “esplendor da noiva casta” entrando na 
igreja. 
Mas de onde veio realmente essa tradição, muitos não sabem. A Rainha Vitória da 
Inglaterra foi a pessoa que consagrou o vestido de noiva branco como também a cor preta 
para o luto. 
De acordo com Garbelotto e Mitidieri (2010) a Igreja Católica era quem ditava as 
diretrizes do casamento, e no final do Renascimento o modelo de elegância barroco foi 
instituído pela corte católica da Espanha. O preto deveria ser usado para demonstrar uma boa 
índole religiosa, e esse costume passou a ser usado nos vestidos de noivas dessa época. 
A Rainha Vitória, segundo Garbelotto e Mitidieri (2010) foi responsável por mudar a 
simbologia do vestido de noiva, pois apesar de algumas mulheres já terem se casado de 
branco, antes mesmo de Vitória, foi a monarca quem introduziu a associação da cor branca à 
25 
 
pureza e ao romantismo, já que ela teria sido a primeira noiva da realeza a se casar 
declaradamente por amor; e foi também quem perpetuou o costume, já que sua influência era 
grande por fazer parte da corte; a partir de então as noivas passaram a usar branco. “Esse traje 
já trazia todas as características da indumentária de noiva dos nossos dias: o vestido era 
branco, assim como o véu completado por uma grinalda de flores de laranjeiras” 
(GARBELOTTO; MITIDIERI, 2010, p. 6-7). 
Os autores afirmam ainda que houve outro fator, que segundo eles, teria influenciado 
bastante para a perpetuação do costume do vestido de noiva branco, que teria sido uma 
proclamação do Papa Pio IX, no ano de 1854, onde ele dizia que as moças deveriam usar 
vestido de noiva na cor branca para fazer referência à Maria Imaculada, como à Imaculada 
Conceição. Este pronunciamento papal teria estabelecido o tradicional romantismo católico, 
que ditava a noiva qualificada como uma noiva virgem. “Esta bula agregou à sua vestimenta 
um adereço de mão que podia ser um terço ou um pequeno livro de orações, porque além de 
casta, a noiva deveria ser também religiosa” (GARBELOTTO; MITIDIERI, 2010, p. 7). 
Segundo Carvalho (2012) a roupa da noiva é como algo sagrado e esse é um status que 
nenhum dos outros trajes referentes à festa vai ter. E até hoje muitas mulheres ocidentais, 
desejam e casam usando um vestido branco, pois a ideologia romântica ficou tão cravada no 
imaginário dessas mulheres, e também dos homens, que muitos entendem que a noiva casar 
de branco é praticamente uma obrigação. 
Já na Índia, as conotações de cores podem ser totalmente diferentes das que conhecemos 
no ocidente, e devido a isso, muitas vezes o choque cultural é tão grande, que alguns criam 
preceitos negativos sobre uma cultura como a do povo indiano. 
A natureza por si só, nos rodeia com suas infinitas cores e nuances. Estas nos cortejam 
diariamente a cada direção em que olhamos. Desde tempos antigos as cores nos transmitem 
informações, elas nos comunicam sinais, emoções, advertências, ou seja, são carregadas de 
simbologias, a princípio interpretadas por associações às ocorrências da natureza, mas ao 
longo dos anos ganharam várias outras significações através das diferentes culturas como 
também, da modernidade. “No curso da história, as pessoas desenvolveram muitas diferentes 
tradições de representação. Estilos de construção de imagem variam segundo a cultura, 
tecnologia e localização [...]” (FRASER; BANKS, 2007, p.14). 
Para quem observa o país indiano, é possível perceber facilmente como é forte a 
diferença entre os ocidentais e os indianos com relação às cores usadas tanto nas roupas como 
em decorações, ou várias outras situações. Na índia as cores usadas são em sua maioria 
intensas, tudo é muito forte e exagerado. Enquanto nós, ocidentais, usamos um rosa pastel, os 
26 
 
indianos usam o rosa-choque. Perceba que no ocidente nós também usamos rosa-choque, só 
que o fazemos, geralmente, quando é tendência, diferentemente da forma e frequência como é 
usada na Índia, onde não importa qual a tendência vigente, sempre se pode usar o rosa-choque 
ou trazer combinações de cores intensas e berrantes, como afirma Costa (2015): 
 
A influência ocidental tem provocado uma reviravolta no guarda-roupa indiano. Mas 
o país continua colorido. As cores representam a vida. Combinações que para o 
olhar ocidental são fortes demais, para os indianos são normais, como rosa-choque 
com azul-turquesa, verde-abacate com laranja, ou roxo com vermelho. (COSTA, 
2015, p. 285) 
 
O branco na Índia, por exemplo, pode ter uma conotação bem diferente da ocidental. De 
acordo com Costa (2015, p. 285) “bege e branco são considerados cores mortas, boas para 
velório”; já Wills (2000, p. 19) afirma que no hinduísmo, maior parte da população indiana, 
“o branco é associado com a condição suprema, sattva, que representa a paz e a verdade 
divina”. No entanto, Perez et al (2006) justifica que devemos ter ciência de que uma cor pode 
provocar, em alguns momentos um sentimento positivo e em outras circunstâncias, um 
sentimento negativo, e ainda diz: “ [...] a cor branca é signo de paz e harmonia e de tristeza e 
morte (no Oriente, particularmente na Índia)” (PEREZ et al, 2006, p. 97). 
Sendo assim, podemos concluir que mesmo dentro de uma mesma cultura, a significância 
das cores pode variar e isto pode ser exemplificado com a cor branca, no uso dela, por 
exemplo, pelos brâmanes, que como já vimos representam a casta mais alta, fazendo 
referência ao uso da sabedoria; como também o uso da cor branca pelas viúvas, ou seja, a cor 
do luto, da morte. Para Fischer-Mirkin (2001), o branco, no ocidente, representa limpeza, 
altruísmo e remete a um aspecto angelical. Aqui já podemos perceber pontos de vista comuns, 
mesmo em culturas tão diferentes. Em vista disso, o branco é a cor que revela os erros, oposto 
ao preto, remetendo assim, a verdade e ao altruísmo. Por isso esta cor é associada aos sábios e 
no caso dos indianos hindus, aos Brâmanes. 
 No hinduísmo, o preto, segundo Wills (2000, p. 19) significa “a condição mais baixa do 
ser, conhecida como tamas. Essa condição se traduz em letargia e sensualidade”. Costa (2015) 
nos diz que pela tradição o preto não é popular, pois este não seria “auspicioso”. No entanto já 
seria possível observar garotas de elite, usando o nosso “pretinho básico” em festas mais 
modernas. Já no Ocidente, segundo Fischer-Mirkin (2001) o preto pode representar elegância 
e mistério, e é uma cor bastante usada pelas mulheres quando estas não querem errar no look; 
pode representar ainda invisibilidade ou severidade, ou até mesmo erotismo; o autor ainda 
27 
 
fala que antigamente as mulheres que usavam o preto, eram aquelas reconhecidas como 
experientes sexualmente. 
O preto refere-se ainda a algo desconhecido e completo.Podemos até pensar em preto 
como escuridão, esta sempre nos traz um sentimento de insegurança, pois não podemos 
enxergar o que acontece na escuridão, ou o que o outro está fazendo. Dessa forma, os atos 
podem ser mascarados na escuridão e assim seria possível encobrir ações consideradas 
“erradas”. O preto então seria inconscientemente a cor que dá margem ao erro, ao pecado, e 
aquilo que “incentiva” o pecado não é “auspicioso” para os indianos. 
Já o vermelho, é uma cor bastante usada na Índia, principalmente pelas mulheres. Os 
indianos acreditam que a cor vermelha é uma cor “auspiciosa” e de acordo com Perini (2011) 
os indianos enxergam o vermelho como cor representante dos soldados e também sinalizador 
de pureza, por isso é usado para as noivas indianas nos casamentos. De acordo com Heller 
(2008) o vermelho seria a cor sagrada que representa Lakshmi, deusa indiana símbolo da 
beleza e da riqueza. 
 
Figura 1 – Indianas com sáris coloridos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: El Diario Montanes13 Acesso em: 24/01/2017. 
 
Fraser (2007) já nos traz outra visão mencionando que no misticismo indiano e nas 
terapias holísticas, o vermelho faz parte do mais baixo dos sete chacras14, que fica na base da 
 
13 El Diario Montanes. As cores mágicas da Índia. Disponível em: < 
http://www.eldiariomontanes.es/fotos/internacional/201508/08/magicos-colores-india-30113657182460-
mm.html >. Acesso em: 24 janeiro 2017. 
28 
 
espinha dorsal. Representa ainda “paixão, perigo, raiva, amor, sexo, poder - o vermelho evoca 
qualquer tipo de sentimento forte” (FRASER, 2007, p.21). 
Aqui, podemos perceber que já há uma maior distância, em questão de significados e 
representação das cores entre a cultura indiana e a ocidental. Apesar de as mulheres de ambos 
os costumes usarem bastante vermelho, sua conotação para elas é redondamente divergente. 
Ao usar vermelho, a mulher ocidental pretende emitir sensualidade, erotismo ou poder, em 
sua maioria, enquanto a mulher indiana usa o vermelho no casamento, pois este simboliza a 
pureza, que para nós, ocidentais, seria representada pelo branco. 
O dourado, segundo Wills (2000, p.19) simboliza “[...] para os hindus, imortalidade luz e 
verdade. Essa cor é associada a Agni, o deus hindu do fogo e uma das três grandes 
divindades.” Já numa linguagem mais globalizada o dourado pode remeter a riqueza ou 
realeza. Segundo Bastos, Farina e Perez (2006, p. 106) “por ser raro, pouco abundante, a cor 
ouro tem associações vinculadas à escassez; dinheiro, luxo e até felicidade” e ainda afirmam 
que pode remeter ainda a fama e glamour. 
 
No simbolismo cristão, a cor ouro é signo do sagrado. Podemos evidenciar até 
mesmo a origem da palavra “auréola”, vem de aurum – ouro: signo revelador da 
santidade. Percebemos também que as cores do Vaticano são amarelo e branco, ou 
seja, ouro e prata, que são as cores do primado de Pedro. (BASTOS; FARINA; 
PEREZ, 2006, p.107) 
 
 Assim podemos perceber que quando se trata de religião a cor dourada se refere a uma 
questão de soberania da fé e do deus criador. Sendo assim, podemos entender que todos os 
adornos dourados, sejam nas joias ou nos bordados da roupa da noiva, aludem ao ser divino 
em condição plena. Mas certamente não deixam de simbolizar riqueza, já que as famílias 
fazem questão de exibir as melhores joias, usadas tanto pela noiva como pelas demais 
mulheres da família. 
 Bastos, Farina e Perez (2006) nos dizem que o verde remete à umidade, calma, frescor, 
esperança, amizade, equilíbrio além de sugerir associações com a natureza e ecologia; sendo 
também uma cor que favorece o surgimento de paixões. Pires (2011) explica que para os 
indianos além de simbolizar calma e equilíbrio também é associado a rejuvenescimento e 
renovação; e explica que nos rituais hindus são usadas folhas verdes de plantas sagradas para 
fazer referência a natureza e sua importância. Dessa forma podemos reconhecer que o verde 
 
14 “A palavra chakra vem do sânscrito “roda” ou “disco” e originou-se na filosofia do antigo sistema de yoga da 
Índia, mais especificamente dos textos Tântricos. Nesse sistema, há sete chakras principais distribuídos 
verticalmente ao longo da coluna vertebral, começando na base da coluna e terminando no topo da cabeça. No 
corpo físico, esses sete chakras correspondem aos principais gânglios nervosos, glândulas do sistema endócrino e 
vários processos corporais, como a respiração, digestão ou procriação (JUDITH, 2004, p. 4).” 
29 
 
no casamento hindu é usado simbolizando a mudança de vida, um novo começo, e esta 
renovação deve ser vivenciada com equilíbrio e tranqüilidade para que o casamento tenha 
bases sólidas e duradouras. 
Sobre o rosa, Heller (2013) nos diz que pode ter conotações infantis e de carinho, 
como também de sexualidade por conta da semelhança com tons de pele; o rosa também 
lembra feminilidade e gentileza. Para Bastos, Farina e Perez (2006) o rosa ainda se refere à 
encanto e amabilidade. Há também o rosa choque ou pink que é uma cor mais forte, e a versão 
do rosa que as indianas usam com maior frequência. Segundo Heller (2013) o rosa choque é 
considerada uma cor berrante e que não possui seriedade; é relacionada também a artigos de 
plásticos mais baratos. Na Índia, nota-se que as percepções do rosa não são tão diferentes das 
percepções ocidentais. O que acontece é que no ocidente o que se lê como berrante e sem 
seriedade (conotações negativas), na Índia se lê como vibrante e alegre (conotações positivas). 
As cores vão sempre emitir sensações nas pessoas, mas é importante que se observe 
em cada cultura separadamente; já que muitas vezes as concepções de sociedade, de religião, 
de ética, e mesmo de estética de cada cultura é divergente, pois tiveram a construção de suas 
sociedades realizadas em diferentes referenciais e momentos históricos, e assim acontece com 
a construção da simbologia das cores para cada cultura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
5 A NOIVA INDIANA 
 
O casamento indiano hindu, como já observamos, é muito diferente do casamento à moda 
ocidental. Começando pelos próprios conceitos de família e pela forma como se consegue um 
parceiro. Na Índia os casamentos são arranjados, ou seja, são os pais quem escolhem os 
parceiros de seus filhos. Depois, estes iniciam uma maratona de negociações entre as famílias 
para saber dos dotes de cada um dos pretendentes, como também para saber se as informações 
passadas pela outra família são verdadeiras, como por exemplo, a casta ou a renda da família,; 
ou mesmo descobrir se um dos lados possui algum segredo que comprometa a honra das 
famílias. 
A noiva e o noivo indianos passam por uma série de ritos até chegarem ao dia do 
casamento de fato. Geralmente, as festas preparatórias para o casamento, duram em torno de 
uma semana. 
 
Figura 2 - Noiva indiana hindu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Youtube.com15 (Print Screen). Acesso em: 13/01/2017. 
 
É interessante notar através dos filmes e em alguns vídeos de casamentos indianos reais, 
que as noivas, em sua maioria, chegam à cerimônia de cabeça baixa, o olhar é tímido e o 
sorriso quase imperceptível, parecendo até insatisfeitas, o que diverge de todo o espírito da 
celebração, pois toda a sua ornamentação remete a um grande festejo, rico e farto. Costa 
(2015) confirma essa percepção com um relato sobre um casamento que ela acompanhou em 
sua viagem à Índia: “Logo na entrada do salão onde ela se encontraria com Deetimar, Richa 
procura olhar para baixo, um sinal de comedimento que as noivas devem demonstrar. É por 
 
15 NISHA Patel & Elliott Groves - Cinematic Hindu Highlights. Robles Video Productions, 2015. (10min 45s), 
son., color.Disponívelem: <https://www.youtube.com/watch?v=AN2qwx6UgJk>. Acesso em: 13 janeiro 2017. 
https://www.youtube.com/channel/UCSHLIoX0D26bq4xc3oyocXQ
31 
 
isso que boa parte delas não abre um sorriso de orelha a orelha nas fotos” (COSTA, 2015, p. 
101). 
A noiva anda sempre muito comedida, talvez até por conta do grande peso que ela 
carrega em cima de si, já que são inúmeros adornos. Entretanto, há de fato um comedimento 
por conta das crenças em sua religião, onde o homem está sempre acima da mulher e esta lhe 
deve sempre obediência e respeito. 
 
5.1 O traje da noiva 
As roupas, que podem ser o sári (ou saree) ou salwar kameez são sempre cheias de 
bordados e brocados de uma ponta a outra, somado ao peso dos vários metros de tecidos e das 
joias, nos braços, nas orelhas, na testa, nas mãos, nos pés, e na cabeça. 
Segundo Costa (2015) o salwar kameez é uma combinação de túnica que vai até a altura 
dos joelhos ou canelas, com uma calça bem larga e ainda a dupaata um echarpe que serve 
para cobrir os seios, já que essa é a parte do corpo que os homens indianos mais gostam, 
sendo assim o traje feminino que mais esconde as curvas das indianas, por isso é a opção das 
famílias hindus mais rígidas. 
 Figura 3 – Salwar kameez. 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Best Stylo16. Acessado em: 07/02/2017. 
 
16
 Best Stylo. Disponível em: < http://www.beststylo.com/new-punjabi-patiala-salwar-kameez-designs/>. 
Acessado em: 07 fevereiro 2017. 
http://www.beststylo.com/new-punjabi-patiala-salwar-kameez-designs/
32 
 
Em entrevista à revista Inesquecível Casamento, a figurinista Emilia Duncan (2016) – 
responsável pelo figurino da novela Caminho das Índias – afirma que o sári é dividido em 
duas partes. Uma blusa justa ao corpo, conhecida como choli – que para nós lembra o atual 
cropped – e uma saia longa, que pode ser rodada a partir da cintura, conhecida como ghagra, 
ou a partir dos joelhos, que se chama lengha. Podemos observar que há ainda uma forma de 
enrolar o sári em que este não abre roda alguma, mas também não fica justo ao corpo. 
Segundo Costa (2015) essa forma de usar o sári muito justo ao corpo, com blusinhas justas e 
curtas que permitam o vislumbre da barriga e das formas do corpo feminino de forma 
acentuada, são decorrentes dos sucessos de bollywood, sendo assim, famílias mais tradicionais 
evitam que as suas mulheres usem o sári desta forma. 
 Figura 4 – Sári inspirado em Bollywood. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: Pinterest.com17. Acessado em: 13/01/2017. 
Os saris mais sensuais desfilam nas telas de Bollywood. [...] Antigamente, na década 
de 1950, as heroínas dos filmes vestiam sáris comportados, que cobriam todo o 
corpo. Aos poucos surgiram os sáris apertados no bumbum. O sari de Bollywood foi 
escorregando cada vez mais para baixo da cintura, mostrando a barriguinha com 
piercing no umbigo. (COSTA, 2015, p. 287) 
Conforme Costa (2015) o sári é símbolo feminino e também do amadurecimento 
feminino, pois a menina indiana usa o sári pela primeira vez quando se torna adolescente. A 
 
17
 Sári inspirado em Bollywood. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/482940760026665168/>. Acesso 
em: 13 janeiro 2017. 
33 
 
autora ainda nos diz que a choli não era obrigatória antigamente, mas por imposição dos 
britânicos, com sua moral da época vitoriana, foi que passaram a usá-la; então o costume e a 
moral dos britânicos influenciaram a forma de pensar dos indianos. 
A saia é formada por uma longa faixa de tecido, que mede em média seis metros. 
Dependendo da região, o sári é enrolado de diferentes formas, mas a maneira mais comum é 
enrolá-lo pelo corpo formando uma saia e depois lançando a ponta por um dos ombros. Este é 
fixado com auxílio de broches ou alfinetes para que fique seguramente preso em quem o 
veste. Segundo Costa (2015) houve várias tentativas de implantar o sári pronto para vestir, 
onde as suas pregas ou drapeados já estavam devidamente costurados, facilitando assim a 
forma de vestir, no entanto, essa moda não pegou entre as indianas. 
 Figura 5 – Sári tradicional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: The Regal Diaries18. Acessado em: 07/02/2017. 
De acordo com Duncan apud Galvão (2016) os sáris são confeccionados geralmente em 
seda, algodão silk e chiffon; as peças podem ser bordadas, pintadas à mão e decoradas com 
diversos tipos de enfeites. “[...] o sári foi difundido pelas maharanis, as esposas 
 
18
 The Regal Diaries. Disponível em: < https://theregaldiaries.wordpress.com/tag/sabyasachi/>. Acessado em: 07 
fevereiro 2017. 
34 
 
dos maharajas (em sânscrito significa grande rei), dos estados do norte e 
noroeste” (DUNCAN apud GALVÃO, 2016, não paginado). 
No dia a dia Costa (2015) certifica que as mais jovens evitam usar o sári, pois muitas não 
sabem vesti-lo como também pela falta de praticidade, dificultando os afazeres e movimentos 
da vida moderna. E assim, aquelas que desejam continuar na tradição e não enveredam para a 
ocidentalização, fazem preferência pelo uso do salwar kameez, uma combinação que serve 
tanto para homens como para mulheres. E apesar de, na vida moderna e urbana, muitas 
indianas rejeitarem os sáris, no momento do casamento ele é indispensável. 
5.2 Rituais e símbolos 
Segundo Rodolpho (2004) a concepção de “ritual” inicial que a maioria das pessoas tem 
sobre esse assunto, é que este é um evento arcaico e formal, realizado apenas para celebrar 
acontecimentos especiais ou mesmo para ser realizado em cerimônias religiosas como cultos e 
missas; e nos explica que nenhuma dessas formas de pensamento está totalmente certa. 
Dizemos que os rituais emprestam formas convencionais e estilizadas para organizar 
certos aspectos da vida social, mas por que esta formalidade? Ora, as forma 
estabelecidas para os diferentes rituais têm uma marca em comum: a repetição. Os 
rituais, executados repetidamente, conhecidos ou identificáveis pelas pessoas, 
concedem uma certa segurança. Pela familiaridade com a(s) seqüência(s) ritual(is), 
sabemos o que vai acontecer, celebramos nossa solidariedade,partilhamos 
sentimentos, enfim, temos uma sensação de coesão social. (RODOLPHO, 2004, 
p.139) 
De acordo com Turner (2005, p.49) “o símbolo é a menor unidade do ritual que ainda 
mantém as propriedades específicas do comportamento ritual; é a unidade última de estrutura 
específica em um contexto ritual.” Sendo assim este é de extrema importância para ratificar as 
ações rituais. Como por exemplo, uma aliança colocada no dedo anelar da mão esquerda, que 
sela todo o ritual do casamento ocidental. 
Já no casamento hindu, pode-se dizer que a marquinha vermelha que o homem faz na 
testa da noiva com o dedo usando o sindoor19, é aliança que sela o compromisso. Segundo 
Galvão (2016) o sindoor simboliza bênçãos para que o casal tenha prosperidade. A partir 
desse dia a mulher casada terá de aplicar o sindoor todos os dias em sua testa, pois este 
funciona para elas da mesma forma como a aliança ocidental. No entanto, assim como nem 
 
19 Pó avermelhado feito com uma mistura de açafrão e mercúrio 
35 
 
todos - os casados - usam alianças na cultura ocidental, algumas indianas hindus também não 
usam o sindoor mesmo estando casadas. De acordo com Faux et al (2000) esta marca 
vermelha traçada na divisão dos cabelos além de identificar a mulher casada simboliza que ela 
caminhará no caminho reto, ou seja, ali está a marca do compromisso com a sua religião e 
tradições, confirmando que a noiva fará de tudo para cuidar da sua família, do seu marido, e 
tomará o seu devido papel de esposa. 
De acordo com Costa (2015) há vários sinais que indicam as mulheres casadas na 
Índia; além do sindoor,há o mangalsutra, um colar de ouro com pedras pretas, muitas 
chudras nos braços, que são pulseiras vermelhas e brancas; grandes brincos e anéis, de dedos 
das mãos e dos pés; além de tornozeleiras e piercing no nariz. Segundo Pedrosa apud Cardoso 
(2010). 
O casamento é um momento forte na vida da mulher indiana. Alegria faustosa e ritos 
de volúpia. Longa trança perfumada com sândalo. Depilação completa. Máscara 
corporal de argila. Banhos com ervas perfumadas. Aplicação de curcuma ou de 
farinha de grão-de-bico misturada com leite. Fricções para dar a pele uma maciez de 
bebê. Olhos pintados de kajal. Linha das sobrancelhas realçada de pontilhados 
brancos. Jejum ritual de dois dias. Noite da hena em que mãos e pés são ornados 
com arabescos de mendhi, nome indiano da hena. Jóias de ouro. Sári vermelho 
bordado de ouro. Guirlandas de flores suaves. Olhos baixos sob o véu vermelho. 
(FAUX et al, 2000, p. 270-272) 
 
Como já foi dito, o casamento indiano hindu, dura mais de um dia e segundo a consultora 
indiana da novela Caminho das Índias, Mallika Rajagopal, são necessários no mínimo três 
dias. Um dia para os cumprimentos dos noivos e das famílias, um dia para o noivado e um dia 
para o casamento de fato. 
Um dos primeiro ritos que antecedem o casamento é a cerimônia do Haldi20, nesta 
tradição, o haldi é aplicado nos braços e rostos dos noivos pelos convidados, que um por um 
mergulham a mão no recipiente onde fica a mistura e sujam os noivos no rosto e nos braços. É 
geralmente uma cerimônia descontraída. Pelo que podemos observar nos vídeos cerimoniais 
de casamentos hindus, este rito é realizado separadamente para a noiva e para o noivo. No 
filme Vivah, podemos observar esse rito sendo realizado na casa de Prem. Conforme 
 
20
 Mistura feita de curcuma (açafrão) e outras especiarias. 
36 
 
Verano21, esse rito é realizado nos noivos e em sete mulheres casadas com intuito de afastar 
maus espíritos, e sua cor – amarelada – representa sorte e fertilidade. 
Figura 6 - Cerimônia do Haldi. 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Clube do Cabelo & Cia22. Acessado: 13/01/2017. 
 
Após o Haldi, para as noivas, acontece um dos ritos mais conhecidos a nível mundial. A 
cerimônia do Mehendi – henna. Nesse ritual, pés, mãos e braços, são decorados de forma 
complexa com um desenho, escolhido pela noiva, com o uso da henna. É costume também 
que alguns parentes próximos tenham suas mãos e pés decorados com a henna. “[...] a 
tradição diz que se a cor ficar escura, a noiva terá um marido carinhoso e uma boa relação 
com a sogra” (COSTA, 2015, p. 101). Faux et al (2000) explica que este ritual é feito 
geralmente na véspera do casamento. 
 
 
 
 
21
 CASAMENTO Indiano. Revista Casar. Disponível em: <http://revistacasar.net/festa/casamento-indiano/>. 
Acesso em: 12 novembro 2016. 
22
 O SEGREDO da beleza indiana: receita de máscara de açafrão. Disponível em: 
<http://www.clubedocabeloecia.com.br/2013/12/o-segredo-da-beleza-indiana-receita-de.html>. Acesso em: 13 
janeiro 2017. 
http://revistacasar.net/festa/casamento-indiano/
37 
 
 Figura 7 - Mãos de noiva ornamentadas com a henna. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Fashion And Beauty Blogger23. Acessado em: 13/01/2017. 
 
Costa (2015) nos fala que há ainda a festa Sangeet, que seria uma noite regada à muita 
música e danças, bem ao estilo indiano. Há também o Baraat. Este acontece no dia da 
cerimônia do casamento, onde acontece a recepção do noivo e sua família pela família da 
noiva. Segundo Verano24 o noivo faz uma procissão pelas ruas até a chegada no local da 
cerimônia, geralmente acompanho de seus convidados e parentes e também de uma banda. 
O noivo chega ao local da cerimônia principal – às vezes montado num cavalo 
branco – acompanhado de uma banda de músicos vestido em estilo ocidental, com 
botas e jaquetas de mangas compridas, até mesmo no infernal verão indiano. 
Antigamente, o noivo fazia a procissão montado em um elefante, mas isso raramente 
acontece hoje. Alguns vão de carro mesmo. (COSTA, 2015, p. 104) 
Após a procissão, o Baraat, os membros mais próximos da família da noiva 
cumprimentam o noivo e sua família. A mãe da noiva traz consigo uma espécie de bandeja 
onde se encontra um pequeno recipiente com um tipo de óleo, um vela, às vezes pétalas de 
flores, entre outros objetos simbólicos e faz um gestual com essa bandeja sobre a cabeça do 
 
23 EASY mehndi desenhos com vídeo tutoriais. Disponível em: 
<http://www.fashionandbeautyblogger.com/mehndi-design-videos/>. Acesso em: 13 janeiro 2017. 
 
24
 CASAMENTO Indiano. Revista Casar. Disponível em: <http://revistacasar.net/festa/casamento-indiano/>. 
Acesso em: 12 novembro 2016. 
http://revistacasar.net/festa/casamento-indiano/
38 
 
noivo, como se o estivesse abençoando ou desejando sorte. Nesse momento os homens das 
duas famílias também trocam colares de flores em sinal de confraternização. 
Conforme Costa (2015) a oficialização da cerimônia ocorre em uma hora determinada 
pelo astrólogo – pois este seguindo seus conhecimentos marca o casamento de acordo com a 
hora mais “auspiciosa” para o casal – que se consolida geralmente pela madrugada, quando 
muitos dos convidados já se despediram da festa. É nesse momento que os noivos fazem seus 
votos, dando sete voltas na fogueira sagrada enquanto o sacerdote da cerimônia recita versos 
em sânscrito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
6 CONCLUSÃO 
 
O estudo realizado permitiu um breve conhecimento sobre a cultura indiana e os 
costumes e preceitos da religião hindu. Pode-se perceber que a Índia é um país bastante 
diversificado em termos de crenças e articulações sociais, e que estas estão sempre 
intimamente ligadas, ou seja, o ser social não se dissocia do ser religioso, como por exemplo, 
a estrutura casteísta, onde mesmo aqueles que não são da religião, tem uma casta imposta pela 
maioria hindu, e estes são tratados de acordo com suas respectivas castas mesmo sem crer 
nisto. O estudo realizado aqui permitiu uma aproximação sobre a cultura indiana e os 
costumes e preceitos da religião hindu. 
É notável também que a Índia, e principalmente os indianos hindus, enfrentam na 
atualidade vários desafios, que podem por em risco a atual estrutura em que se baseiam suas 
crenças, pois a tecnologia que se instalou no país, traz consigo diferentes compreensões de 
sociedade, vindas do ocidente, principalmente, e que fazem com que os jovens, em sua 
maioria, questionem a concepção de vida tradicional dos indianos hindus. 
Observa-se também que a vida, em termos sociais, da mulher indiana está sempre por 
um fio. Qualquer decisão considerada mal vista pode fazer com que esta seja maltratada pelas 
famílias e vizinhos. Muitas mulheres são consideradas apenas um fardo, que vai trazer gastos 
e posteriormente levar os bens da sua família para a família de outro (futuro marido). 
A análise permitiu notar como a família, está presente, e toma a frente de todas as 
decisões pertinentes aos noivos e até mesmo pessoas que não são da família como, por 
exemplo, o astrólogo, que define a data do casamento. Isso demonstra como a cadeia 
patriarcal hindu está inserida no cotidiano e nas festividades, e assim acontece com o 
casamento e com todos os rituais realizados pelos noivos. Desta forma, as cores, os tecidos, as 
jóias, etc., todos são escolhidas de forma a representar, em cada momento, por mínimo que 
seja, o hinduísmo, como se contassem uma história que se arremata em cada detalhe. 
As cores são outro fator que permeiam os símbolos dos rituais indianos hindus, 
principalmente no casamento. Grande parte das mulheres hindus escolhe a cor vermelha para 
o traje do casamento, que em sua cultura e religião simboliza, além de pureza,

Continue navegando

Outros materiais