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UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA ADRIANA DE OLIVEIRA SILVA PROTOCOLO DE MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DO PRIMEIRO PRÉ- MOLAR SUPERIOR PARA O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E ANÁLISE DAS CONCENTRAÇÕES DE TENSÕES NA REGIÃO CERVICAL DO ESMALTE. Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências Odontológicas - Área de Dentística Restauradora, da Faculdade de Odontologia de Araraquara, - Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Doutor em Dentística Restauradora. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Ferrarezi de Andrade Co-orientador: Prof. Dr. Pedro Yoshito Noritomi Araraquara 2008 2 Silva, Adriana de Oliveira. Protocolo de modelagem tridimensional do primeiro pré-molar superior para o método dos elementos finitos e análise das concentrações de tensões na região cervical do esmalte/ Adriana de Oliveira Silva . – Araraquara: [s.n.], 2008. 191 f. ; 30 cm. Tese (Doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia Orientador : Prof. Dr. Marcelo Ferrarezi de Andrade Co-orientador: Prof. Dr. Pedro Yoshito Noritomi 1. Análise de elemento finito 2. Anatomia 3. Esmalte dentário I. Título Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Ceres Maria Carvalho Galvão de Freitas, CRB-8/4612 Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP 3 ADRIANA DE OLIVEIRA SILVA PROTOCOLO DE MODELAGEM TRIDIMENSIONAL DO PRIMEIRO PRÉ- MOLAR SUPERIOR PARA O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS E ANÁLISE DAS CONCENTRAÇÕES DE TENSÕES NA REGIÃO CERVICAL DO ESMALTE. COMISSÃO JULGADORA TESE PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR Presidente e Orientador : Prof. Dr. Marcelo Ferrarezi de Andrade. 2º Examinador : Prof. Dr. Osmir Batista de Oliveira Jr. 3º Examinador: Prof. Dr. José Roberto Cury Saad 4º Examinador : Prof. Dr. Jorge Vicente Lopes da Silva 5º Examinador : Prof. Dr. João Carlos Gomes Araraquara, 05 de agosto de 2008. 4 DADOS CURRICULARES ADRIANA DE OLIVEIRA SILVA NASCIMENTO 10/05/1972- São Carlos/SP FILIAÇÃO Moysés Gomes da Silva Celina de Oliveira Silva 1990/1994 Curso de Graduação Universidade Estadual de Londrina 1999/2000 Especialização em Dentística Restauradora EAP/ABO- Ponta Grossa- PR. 2002/2004 Mestrado em Clínica Integrada - Novos Materiais Universidade Estadual de Ponta Grossa -PR. 2005/2008 Doutorado em Dentística Restauradora UNESP- Universidade Estadual Paulista Faculdade de Odontologia de Araraquara 5 Dedico este trabalho... Aos meus pais Moysés e Celina e às minhas irmãs Cláudia e Daniele. Agradeço por todo amor, carinho e compreensão. Por estarem presentes em todos os momentos da minha vida, incentivando, torcendo e aconselhando com sabedoria Seria impossível tentar expressar em palavras todo meu sentimento e gratidão. Amo vocês!!! 6 AGRADECIMENTOS A Deus. A Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na pessoa do Magnífico Reitor Prof. Dr. Marcos Macari. A Pró-Reitoria de Pós-Graduação- PROPG, na pessoa da Profª Drª Marilza Vieira Cunha Rudge. Ao coordenador do Programa de Pós-Graduação em Dentística Restauradora Prof. Dr. Osmir Batista de Oliveira Júnior. Ao Prof. Dr. Marcelo Ferrarezi de Andrade, orientador deste trabalho, pela confiança depositada para a realização desta pesquisa. Aos professores da disciplina de Dentística Restauradora do Curso de pós-graduação, Profs., Osmir, Sillas, Saad, Salete e Marcelo pela contribuição em minha formação. Aos amigos do doutorado André, Adriano, Cristiane, Carol, Darlon, Hugo, Martin, Elídio e Patrícia pela amizade, convivência e troca de conhecimentos e experiências que tivemos durante este curso. Ao Centro de Pesquisas Renato Archer – CenPRA, na pessoa de Jorge Vicente Lopes da Silva pela colaboração com equipamentos e informações essenciais para a realização desta pesquisa. Às funcionárias da secretaria da Pós-Graduação, Mara Rosângela e Vera, pela paciência, simpatia e disposição em ajudar. À bibliotecária Maria Helena pela disposição e orientação. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-CAPES/DS pela concessão de bolsa de estudo. 7 AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Ao Dr. Pedro Yoshito Noritomi, co-orientador deste trabalho, pela confiança em mim depositada, por acreditar neste projeto e torná-lo possível, pela tranqüilidade com que me assistia e orientação precisa no desenvolvimento desta pesquisa. Ao André Uehara pela disponibilidade com que encaminhou esta tese. Agradeço também, pelas vezes que procurou melhorar algo, que já estaria bom para a maioria das pessoas, incentivando-me a procurar a excelência, superando os desafios e buscando alternativas para atingir os objetivos. Sua paciência e competência foram fundamentais nesta pesquisa. Ao Prof. Dr. Osmir Batista de Oliveira Júnior por acreditar neste projeto e buscar alternativas para a sua realização. Sua contribuição neste trabalho foi simplesmente essencial. Obrigada pela ajuda. Ao Jorge Vicente Lopes da Silva pela confiança e incentivo, por manter as portas abertas, procurando dentro de suas condições, viabilizar nossas atividades de pesquisa. Ao amigo Hugo Henriques Alvim pela amizade, convivência, por estar sempre pronto a ajudar, pelo incentivo e parceria que tornaram essa etapa do meu desenvolvimento profissional muito mais importante. 8 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS MEF= Método dos Elementos Finitos CAD= Computer Aided Design STL= Stereolithography μm= Micrômetro mm = Milímetro kgf = Quilograma força Lb = Libra JCE= Junção Cemento-Esmalte % = Porcento N = Newton 1°PMSD= Primeiro pré-molar superior direito 1°PMSE= Primeiro pré-molar superior esquerdo 1°PMID= Primeiro pré-molar inferior direito 1°PMIE= Primeiro pré-molar inferior esquerdo COA= Crista Óssea Alveolar M= Molares 9 PM= Pré-molares PMS= Pré-molares Superiores MPa = Megapascal GPa = Gigapascal Bis-GMA= Bisphenol A-Glycidyl Metacrilato E= Módulo de elasticidade ou Módulo de Young ν= Coeficiente de Poisson σy= Tensão normal na direção y σ1= Tensão máxima de tração σ3= Tensão máxima de compressão MOD= Mésio-Ocluso-Distal MD= Mésio- Distal IGES= Initial Graphics Exchange Specification NURBS= Non Uniform Rational B-Splines 10 SUMÁRIO Resumo.......................................................................................................... 12 Abstract........................................................................................................... 13 1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 14 2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................... 2.1. ANATOMIA........................................................................................ 20 20 2.2. ABFRAÇÃO....................................................................................... 33 2.3. MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS............................................ 42 3 PROPOSIÇÃO.......................................................................................... 83 4 MATERIAL E MÉTODO......................................................................... 4.1 MORFOLOGIA DENTAL- ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS E SUA IMPORTÂNCIA............................................................................... 4.1.1 Coroa dental............................................................................... 4.1.2 Raiz dental.................................................................................4.2 UTILIZANDO AS REFERÊNCIAS DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS DA MORFOLOGIA DENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROTOCOLO DE MODELAGEM DA CONFIGURAÇÃO EXTERNA E INTERNA DO PRÉ-MOLAR SUPERIOR: DESENVOLVENDO CONCEITOS DE BIOCAD ................. 4.2.1 Modelagem do esmalte.............................................................. 4.2.2 Modelagem da dentina............................................................... 4.2.3 Modelagem do ligamento periodontal........................................ 4.2.4 Modelagem do processo alveolar.............................................. 4.3 DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA .......................................................... 84 86 86 93 94 95 97 102 103 106 11 4.3.1 Face Oclusal................................................................................ 4.3.2 Face Vestibular............................................................................ 4.3.3 Face Palatina............................................................................... 4.3.4 Faces proximais........................................................................... 4.3.5 Raízes.......................................................................................... 4.4 DESENHO DA GEOMETRIA............................................................. 4.5 PRÉ-PROCESSAMENTO................................................................. 4.6 PROCESSAMENTO......................................................................... 106 107 108 108 109 109 114 127 5 RESULTADO.......................................................................................... 128 6 DISCUSSÃO............................................................................................ 6.1 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS............................................. 6.2 DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA E CARREGAMENTO......................... 6.3 LESÕES CERVICAIS NÃO CARIOSAS............................................. 6.4 RESULTADOS OBTIDOS.................................................................. 6.4.1 Oclusão fisiológica....................................................................... 6.4.2 Oclusão não-fisiológica................................................................ 6.4.2.1 Prematuridade retrusiva...................................................... 6.4.2.2 Prematuridade latero-protrusiva.......................................... 6.4.2.3 Prematuridade em crista e Prematuridade em fossa........... 6.4.2.4 Ausência de contato em crista e Ausência de contato em fossa.................................................................................... 141 141 149 164 167 171 174 175 177 180 181 7 CONCLUSÃO......................................................................................... 182 8 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 183 12 RESUMO Silva AO. Protocolo de modelagem tridimensional do primeiro pré-molar superior para o método dos elementos finitos e análise das concentrações de tensões na região cervical do esmalte [tese de doutorado] Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2008. Este estudo objetivou a descrição de um protocolo para modelagem tridimensional de um primeiro pré-molar superior hígido para o método dos elementos finitos e a validação do modelo pela análise da distribuição de tensões de tração na região cervical do esmalte vestibular quando submetido à aplicação de cargas oclusais fisiológicas e não-fisiológicas, relacionando os resultados obtidos com os estudos dos mecanismos formadores das lesões de abfração descritos na literatura. Projetou-se anatomia das estruturas envolvidas a partir de referenciais arquitetônicos básicos da morfologia dental descritos na literatura científica. As dimensões anatômicas vestibular, oclusal e mesial do dente hígido e estruturas de suporte foram desenhadas em papel milimetrado, escaneados e com 3DSMax® -Autodesk, modelados tridimensionalmente. O modelo foi exportado para o NeiNastran® -Noran Engineering, Inc., onde foram definidas as propriedades das estruturas biológicas, além da geração da malha de elementos finitos e condições de contorno. Foi analisada a tensão tração presente no modelo de onde se concluiu que houve diferenças significativas na distribuição de tensão entre os grupos analisados. As simulações de oclusão não-fisiológica interferiram acentuadamente na distribuição de tensões quando comparados com a oclusão fisiológica, sendo que a localização dos pontos de maior concentração de tensão de tração variou de acordo com a topografia do carregamento aplicado. A simulação de prematuridade retrusiva apresentou os maiores valores de tensão de tração na região cervical vestibular de esmalte. Palavras-chave: Análise de elemento finito; anatomia; esmalte dentário 13 ABSTRACT Silva AO. Three-dimensional modeling protocol of the first maxillary premolar by finite elements method and analyze stress on cervical region of the enamel. [tese de doutorado] Araraquara: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2008. The main objective of this study is the description of a protocol for three- dimensional modeling of the first maxillary premolar using finite elements methodology by the validation of the stress analysis distribution in the cervical region of the enamel when submitted to the physiological occlusion load and non- physiological, relating the results obtained with the studies of mechanisms that causes the described injuries due to abfraction in literature. The involved structures were designed using basic architectural of the dental morphology described in scientific literature. The vestibular, occlusal and mesial anatomical dimensions of the tooth and support structures were drawn in milimetric paper, scanned and modeled three-dimensionally by 3DSMax® - Autodesk. The model was exported to the NeiNastran® - Noran Engineering, Inc., where the finite elements mesh and further biological properties of the structures and constraints were set. The traction tension at the model was analyzed and it was concluded that appeared significant differences the distribution of tension between the analyzed groups. The simulation of non-physiological occlusion cases had highly interfered at the distribution of tensions when compared with the physiological occlusion cases. Moreover, the localization of the regions of bigger concentration of tension was related with the topography variation of the applied load. The simulation of retruded prematurity presented the biggest values of tension in the cervical enamel region. Keywords: finite element; anatomy; dental enamel 14 1 INTRODUÇÃO A evolução da ciência e tecnologia tem motivado a realização de simulações e análises mecânicas de estruturas biológicas por sistemas computacionais avançados. O método dos elementos finitos (MEF) constitui uma técnica analítica e representa atualmente, uma das ferramentas computacionais mais completas para o estudo da distribuição de tensões em odontologia85. A análise dos modelos matemáticos pelo método dos elementos finitos fornece informações difíceis de serem obtidas pelos métodos experimentais convencionais como a distribuição de tensão, deformação e aquecimento da estrutura ou componente56. As simulações visam transpor resultados, antecipando situações encontradas em clínica e oferecendo maior previsibilidade comportamental aos materiais restauradores; além de não comprometerem grande número amostral de estruturas biológicas, uma vez que, atualmente por motivos éticos, têm-se dado muita atenção e preferência aos estudos que não incluam indiscriminadamente tecidos vivos, sejam de origem humana ou animal70. O conceito básico desse método é a modelagem da estrutura real e contínua. Usualmente modelos bidimensionais (área) e tridimensionais(volume) são utilizados para os estudos70, 73, 74, 75, 78. A análise bidimensional apresenta como vantagem a maior facilidade e rapidez de modelagem e processamento, embora implique em hipóteses simplificadoras, que podem ser responsáveis por aproximações, muitas vezes, pouco representativas. A análise tridimensional tem mostrado ser o método ideal para análise de tensões, deformações e deslocamentos em dentes, pois possibilita a 15 simulação com maior representatividade da morfologia e carregamento73, 74. No entanto, devido à complexidade geométrica das estruturas biológicas e da modelagem tridimensional com os programas CAD (Computer Aided Design ), as pesquisas desenvolvidas pelo método dos elementos finitos para odontologia são, em sua maioria, em modelos bidimensionais, planos ou axissimétricos70, 73, 74, 75, 81. Pode-se dizer que o desenvolvimento de um modelo efetivo, refere-se a uma tarefa técnica que deve ser realizada com habilidade, baseada em conhecimentos e experiência. É fundamental caracterizar bem o sistema físico a ser analisado, conhecer as potencialidades e limitações do método e dos algoritmos envolvidos, assim como tirar proveito das opções de geração de modelos e análise disponibilizada pelo sistema computacional em uso78. Dessa forma, para aplicações em bioengenharia torna-se fundamental a integração entre odontologia e engenharia. As pesquisas odontológicas com o método dos elementos finitos tridimensionais disponíveis na literatura, geralmente, descrevem de forma simplificada a etapa do desenvolvimento dos modelos dentais. Além das particularidades fenomenológicas, ligadas à fisiologia típica de todos os indivíduos, a modelagem em bioengenharia apresenta ainda uma dificuldade adicional, pois normalmente as geometrias não são projetadas, mas sim obtidas de estruturas naturais escaneadas ou tomografadas. Isso significa que não há um modelo geométrico computacional prévio da geometria a ser analisada. No caso da bioengenharia existe a necessidade de obter a geometria diretamente a partir do indivíduo, 55. 16 Geralmente, são utilizadas secções milimétricas transversais ou longitudinais de dentes naturais extraídos (ou peças protéticas) que são digitalizadas e servem de referência para o desenho tridimensional nos programas de CAD1, 5, 8,23, 28, 32,44,52, 56, 58,59, 62,63, 64, 65,66, 67, 77, 81, 84. Outras pesquisas relatam a utilização de modelos obtidos por micro tomografias computadorizadas12, 35, 36. As imagens tomográficas fornecem informações para a geração automática de modelos tridimensionais em programas de CAD específicos, no entanto, esses modelos não são compatíveis com os programas de análise em elementos finitos e necessitam de conversão ou recuperação para possibilitar a geração de um sólido. Geralmente, os modelos gerados pelas tomografias são utilizados apenas como referência para uma nova modelagem, compatível em superfície e extensão de exportação com os programas de análise. Portanto, pode-se dizer que o desenvolvimento de geometrias computacionais representativas da morfologia dental e estruturas de suporte, ainda é um desafio para a bioengenharia. Considerando as poucas referências encontradas na literatura para o desenvolvimento dos modelos odontológicos tridimensionais, esta pesquisa procurou utilizar as características arquitetônicas e geométricas principais de um primeiro pré-molar superior como base para o desenvolvimento de um protocolo de modelagem de fácil execução, ou seja, um conceito de BioCAD ( CAD para estruturas biológicas: termo descrito por Wei Sun em 2005) que possibilite alterações em detalhes da geometria e mantenha uma configuração adequada para o processo de geração, controle de malhas e análise por elementos finitos. 17 Para isso, foi necessário um estudo detalhado da configuração externa e interna dos dentes, de sua estrutura e arquitetura, das suas relações recíprocas, do seu modo de implantação e fixação, pois é imprescindível o entendimento de que forma e função apresentam uma interdependência essencial para um eficaz trabalho de modelagem. O conhecimento das características morfológicas das estruturas anatômicas dos dentes: sulcos, cúspides, arestas, fóssulas, cristas e contornos são de suma importância, já que quando alteradas clinicamente, levam ao desenvolvimento de doenças e por isso devem ser representadas corretamente. A otimização e racionalização dos parâmetros de modelagem baseados nas características fundamentais da anatomia dentária visa desenvolver um conceito de BioCAD como uma evolução aplicável aos programas de CAD disponíveis no mercado, tanto para modelagem de estruturas representativas de uma população (a partir de referenciais anatômicos descritos em literatura) quanto para casos de engenharia reversa para recuperação de geometrias complexas a partir de tomografia computadorizada ou ressonância magnética55. Embora o modelo matemático guarde aproximações em relação ao sistema físico original, a sua solução é dita exata78. A eficiência do método tem sido comprovada por estudos nos quais resultados de ensaios mecânicos, análise foto-elástica e observações clínicas são comparados com as tensões resultantes obtidas pela análise numérica 77, 85. Grippo30 (1996) declarou que as pesquisas sobre as reações e mudanças que ocorrem nos dentes durante a dinâmica de carregamento oclusal 18 deveriam ser examinadas sob modernas tecnologias. Lembrou que muito se sabe sobre embriologia, histologia, bioquímica, anatomia e reações microbiológicas que ocorrem nos dentes, porém existem áreas da biomecânica, bioquímica e bioeletricidade que permanecem inexploradas apesar de fazerem parte das reações que ocorrem nos tecidos duros dos dentes. Acrescentou também, que avanços tecnológicos nos têm permitido a utilização de equipamentos sofisticados para quantificar e qualificar as mudanças que ocorrem durante a dinâmica oclusal e, portanto, pesquisadores providos dessas informações poderiam entender melhor o que ocorre no órgão dental74. Considerando a necessidade de validação do protocolo desenvolvido para a modelagem do primeiro pré-molar superior com situações encontradas clinicamente optou-se pela análise da concentração de tensões na região cervical de esmalte, pois, observa-se, freqüentemente, na prática clínica a existência de dentes permanentes com perda de estrutura dentária na região cervical não associada ao processo de cárie dental. Essas alterações são denominadas de lesões cervicais não cariosas e são conseqüência de processos destrutivos crônicos como a erosão, abrasão e abfração. É necessário que se conheça a etiologia, a ação e a interação entre a erosão, abrasão e abfração; para que se possa interromper o processo já existente, efetuar o tratamento adequado e aplicar a prevenção. No entanto, a natureza multifatorial das lesões cervicais não cariosas e a complexidade do órgão dental, dificultam esse tipo de análise, as quais em sua maior parte são desenvolvidas sob observações clínicas e teóricas30. Muitas teorias sobre a etiologia das lesões cervicais não cariosas têm sido descritas na literatura. A teoria da abfração baseia-se na 19 formação de lesões cervicais pela indução de esforços, ou seja, uma progressiva perda de estrutura dental resultante da ação de cargas oclusais laterais que repetidamente, durante a mastigação e/ou parafunção, causam forças de compressão e tração com subseqüentes micro-fraturas, fadiga, flexão e deformação da estrutura dental. Pesquisas têm dado suporte a essa teoria, mas somente poucos estudos biomecânicos têm demonstrado o papel da flexão dental no desenvolvimento das lesões de abfração. A utilização de um modelo tridimensional para investigar a concentração de tensões na região cervical pela flexão dental decorrente de forcas oclusais permitea representação físico-geométrica das estruturas envolvidas e das condições de contorno e carregamento do modelo dental, simulando as situações de oclusão fisiológica e não fisiológica, possibilitando a obtenção de resultados qualitativos e quantitativos, confiáveis e seguros na área da biomecânica52, 71, 75. Esta pesquisa procurou fornecer uma contribuição a modelagem tridimensional de dentes por meio do desenvolvimento de protocolos e validar sua aplicação no método dos elementos finitos analisando a concentração de tensão de tração na região cervical de esmalte de um primeiro- pré-molar superior e fornecer uma contribuição científica para o entendimento da etiologia das lesões cervicais não cariosas. 20 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ANATOMIA Fejerskov et al.20 (1973) realizaram uma análise morfométrica das fissuras oclusais em primeiros pré-molares superiores. O ângulo oclusal, profundidade e largura da fissura além da espessura do esmalte foram mensurados. Os resultados indicaram profundidade da fissura entre 120 e 1.050µm, largura entre 40 e 156 µm e espessura de esmalte na base da fissura variando entre 270 e 1.008 µm com ângulos entre 51,6° e 84,5°. Os autores concluíram relatando que as fissuras oclusais são reconhecidamente os sítios preferidos para desenvolvimento da cárie dentária, no entanto, a localização das lesões de cárie nas fissuras precisaria ser analisada com dados morfométricos mais precisos. el-Hadary et al.31 (1975) analisaram a espessura de esmalte e dentina em diferentes locais da porção coronária de pré-molares e sua relação com os tratamentos conservadores. Na revisão de literatura descreveram as seguintes espessuras: a) Hopewell – Smith: esmalte incisal 2mm; cúspides pré-molares 2,3mm e cúspides molares 2,6mm; b) Orban (1966): Cúspides molares e pré-molares 2-2,5mm. No estudo, os autores utilizaram secções longitudinais de pré- molares superiores e inferiores (com mínima atrição e sem cáries). Os cortes foram analisados por 2 pesquisadores e os resultados obtidos para os pré- molares superiores foram de 1,32mm para cúspide vestibular em esmalte, 21 3,71mm de dentina na cúspide vestibular, 1,66mm de esmalte e 4,01 de dentina na cúspide palatina. A espessura de dentina no centro do dente, entre o sulco e a polpa foi de 3,30 mm. A espessura da parede mesial em dentina foi de 2,17mm enquanto, a distal foi de 2,29mm. A parede vestibular de dentina apresentou 2,37mm de espessura e a palatina 2,51mm. Os autores concluíram que a espessura de dentina sobre as cúspides é geralmente 3 vezes a espessura do esmalte e que a espessura de dentina entre a polpa e o sulco é maior em pré- molares superiores. Gibbs et al.27 (1986) avaliaram os limites de força da mordida humana. Citaram os maiores valores reportados na literatura, encontrados nos esquimós, como sendo de 348 lbs (158kgf). Testaram nesta pesquisa a hipótese de que a força de mordida em indivíduos com bruxismo e apertamento dental pode exceder os valores referidos aos esquimós. Com o uso de um dinamômetro especial, os maiores valores encontrados foram de 975 lbs (443 kgf) mantidos por aproximadamente 2 segundos. Os valores reportados aos indivíduos sem parafunções foram de 20 a 127 kgf. Os autores concluíram que em alguns indivíduos com bruxismo, a força de mordida pode ser seis vezes maior que em indivíduos com dentição natural sem parafunções. Santos Jr., Fichman72 (1982) publicaram um livro destinado aos estudantes de odontologia, aos profissionais e também aos técnicos de prótese dental salientando a importância da forma na função. Relataram os detalhes da anatomia dental através de uma revisão anatômica dos dentes permanentes e decíduos. Os autores concluíram que dada à grande importância do 22 conhecimento anátomo-funcional dos elementos dentais, o desenho e a escultura dentais vêm a ser o método mais prático e objetivo para a motivação e obtenção desses conhecimentos. Figun, Garino22 (1989) descreveram que a ação mastigatória recebe interferência das forças representadas pelos músculos da mastigação e os dentes e, portanto, deve-se considerar: a intensidade das forças que os músculos devem desenvolver para projetar os dentes inferiores contra os superiores, a intensidade das forças que os dentes podem aceitar em oposição sem que, contudo, se lesem ou se deteriorem os tecidos de sustentação e a intensidade da força que requer cada tipo de alimento para ser fragmentado. Opinaram que a ação mastigatória não depende somente da forma dos dentes, mas também da força que recebe através do trabalho da musculatura mastigadora. Quanto mais próximo se encontra o dente do local de aplicação das forças que levam os dentes inferiores contra os superiores, maior será potência. De acordo com isso, a pressão que se exerce na zona dos molares é máxima e decresce gradualmente em direção aos incisivos. Admitiram que os músculos mastigadores podem exercer uma pressão de 90 a 136 kgf, mas conceituaram como excepcional que sobre qualquer dente se produza uma força que exceda 45 kgf. O limite dessa intensidade não reside nas possibilidades musculares, mas na capacidade do dente e do periodonto para suportar forças musculares superiores sem se alterarem. Descreveram as pressões ou forças médias que agem sobre cada dente como: incisivo central superior – 19 kgf; incisivo central inferior -15 kgf; incisivo lateral superior -15 kgf; incisivo lateral inferior - 22 kgf; canino superior - 22 kgf; canino inferior – 26 kgf; primeiro pré- 23 molar superior - 31 kgf; primeiro pré-molar inferior – 32 kgf; segundo pré-molar superior - 30 kgf; segundo pré-molar inferior - 28 kgf; primeiro molar superior - 36 kgf; primeiro molar inferior - 34 kgf; segundo molar superior - 35 kgf; segundo molar inferior - 33 kgf; terceiro molar superior - 23 kgf e terceiro molar inferior - 40 kgf. Os autores relataram ainda as funções estéticas, fonéticas e de preservação relacionadas ao sistema dental e detalharam as características anatômicas de todos os dentes permanentes e decíduos. Källestal, Matsson38 (1989) determinaram radiograficamente a distância normal entre a junção cemento-esmalte (JCE) e a crista óssea alveolar (COA) para definir uma base para a decisão diagnóstica de perda óssea em adolescentes. Foram realizadas radiografias bite-wing e exames clínicos. O nível ósseo interproximal de pré-molares e molares foram avaliados. Baseados nos dados encontrados e que as medidas em sítios normais (clinicamente e radiograficamente) variaram entre 0-2 mm, os autores concluíram e sugerem que as distâncias >2mm poderiam ser utilizadas como critério de análise para o estudo da perda óssea alveolar em adolescentes. Motsch53 (1990) descreveu em seu livro a técnica de ajuste oclusal, partindo de um princípio moderno, funcional e gnatológico. Revisou sobre a função do periodonto e estabeleceu as inter-relações entre a oclusão, parafunções, bruxismos e alterações musculares e articulares, salientando que constituem os fundamentos da parte teórica e considerando-os pré-requisitos para a realização do ajuste oclusal de maneira científica e funcional. Concluiu relatando que a bibliografia sobre ajuste oclusal é ampla e que seria impossível 24 inserir no livro todas as informações disponíveis com o tema. Por isso, selecionou os textos mais importantes e decisivos na técnica. Hubar34 (1993) relatou que a lâmina dura é tipicamente descrita na literatura como presente ou ausente. Em seu estudo, utilizou radiografias digitalizadas para quantificar a espessura da lâmina dura em diferentes regiões da cavidade bucal de adultos saudáveis. Os resultados mostraram diferenças mensuráveis na espessura para dentes anteriores e posteriores com médias entre 0,22 a 0,54 mm. Os pré-molares superiores apresentaram médias entre 0,29 a 0,43mm. Gaspersic25 (1995) realizouuma análise morfométrica da estrutura do esmalte cervical em terceiros molares superiores. 52 dentes foram seccionados e analisados por microscopia eletrônica. Foram obtidas medidas da altura do esmalte cervical aprismático, esmalte cervical com prismas atípicos e esmalte cervical sem as bandas de Hunter-Schreger. A altura do esmalte cervical com prismas atípicos variou de 103 a 756µm. Os autores concluíram que a região cervical com esmalte atípico pode afetar a susceptibilidade a cárie dentária e também eficácia do condicionamento ácido. Kartal et al.39 (1998) investigaram a morfologia do canal radicular de pré-molares. 300 primeiros pré-molares superiores e 300 segundos pré-molares superiores foram analisados por microscopia quanto ao número de raízes, canais radiculares, ramificações dos canais principais e localização das anastomoses e foraminas apicais. A incidência de um único canal para os 1ºs 25 pré-molares foi de 8,66%, enquanto 89,64% das amostras apresentaram dois canais. Somente 1,66% apresentaram 3 canais. Os autores concluíram que o conhecimento da morfologia do canal radicular e suas possíveis variações são de fundamental importância para a terapia endodôntica. Kulmer et al.43 (1999) analisaram a inclinação e o comprimento das guias oclusais na dentição natural com o propósito de definir os pontos iniciais e finais dos elementos guias; reproduzir as medidas em um modelo e comparar os resultados encontrados com os descritos na literatura. 34 pares de modelos de jovens de 14 anos foram analisados e forneceram informações para um programa tridimensional de analise computacional. Os valores obtidos foram analisados estatisticamente sendo que foram encontradas diferenças significantes para o comprimento dos planos guias, mas não para sua inclinação. Os autores concluíram que a inclinação e comprimento dos elementos guias de oclusão obtidos na pesquisa puderam ser confirmados com os dados encontrados na literatura científica e que estas informações deveriam ser incluídas na determinação das condições oclusais e no plano de tratamento onde terapias incluíssem a modificação da oclusão. Brägger10 (2000) publicou uma revisão de literatura em periodontia incluindo como tópicos de discussão as radiografias odontológicas, os parâmetros radiográficos obtidos em periodontia, o processamento das imagens a percepção de processos biológicos, o impacto dos parâmetros radiográficos na prática clínica e as radiografias digitais. O autor concluiu que os parâmetros radiográficos podem ser utilizados para realizar o diagnóstico de 26 doenças periodontais, desenvolver planos de tratamento, estimar os riscos das doenças, documentar a estabilidade dos tecidos e talvez detectar fatores de risco para problemas cardiovasculares. McNeill50 (2000) definiu oclusão como a relação dinâmica funcional e morfológica entre todos os componentes do sistema mastigatório, incluindo dentes, tecidos de suporte, sistema neuromuscular, articulações temporomandibulares e esqueleto craniofacial. Relatou que as forças normais geradas durante a mastigação e a deglutição são de 40% da força oclusal máxima. As forças, geradas pela oclusão forçada máxima na posição de intercuspidação, são descritas na faixa de 244N (50lb) a 1.250N (280lb) com limite superior de 4.339N (975 lb). Em outros estudos, a força oclusal molar unilateral média foi mensurada na faixa de 189 + 78N e no lado da oclusão preferida foi de 211 + 77N. As cargas axiais dos dentes em direção levemente mesial, permitem que as forças reacionais ao fechamento, ou durante a oclusão forçada, sejam transmitidas vertical mais do que lateralmente, ao longo ou próximo do longo eixo dos dentes. As cargas não axiais geram movimentos mecânicos, ou forças de torque, próximas ou sobre a crista alveolar. Concluiu que os objetivos fundamentais da terapia oclusal precisam ser baseados em fundamentação científica. Tamse et al.79 ( 2000) realizaram um estudo morfométrico da invaginação freqüentemente encontrada nas raízes vestibulares dos primeiros pré-molares superiores. As raízes vestibulares de 35 dentes foram seccionadas 27 em fatias de 1 mm e medidas horizontalmente e verticalmente em microscopia. A principal profundidade da invaginação (0,4mm) foi encontrada a 1,18mm da furca, sendo que a distância média entre a parede e o canal radicular foi de 0,81mm. Os autores concluíram que a utilização de instrumentos rotatórios e colocação de pinos a este nível tornam-se contra indicado, pois podem induzir perfurações e fraturas radiculares. Wu et al.88 (2000) investigaram a prevalência e extensão de canais ovais no terço apical de 180 dentes humanos. As raízes foram seccionadas horizontalmente a 1, 2, 3, 4 e 5 mm do ápice. O diâmetro dos canais foi mensurado por microscopia. Canais ovalados foram encontrados em 25% dos casos investigados, sendo mais comum aos 5 mm. Os canais próximos ao ápice tendem a ser mais arredondados. Em relação aos pré- molares houve maior prevalência de canais ovais em dentes unirradiculares. Kleinfelder, Ludwig41 (2002) analisaram a força máxima de mordida em pacientes com e sem redução dos tecidos periodontais de suporte e com e sem esplintagem. Vinte pacientes tiveram a força da mordida analisada sendo que 10 apresentavam perda do tecido periodontal de suporte e 10 apresentavam-se periodontalmente saudáveis (controle). Os resultados obtidos através de um aferidor de tensões posicionado na região dos pré-molares foram: 357+ 70N como máxima força de mordida em pacientes com perda de suporte periodontal; 378 + 66 N para o grupo controle. Após a esplintagem houve um aumento para 509 + 75N e 534 + 49N respectivamente. Os autores concluíram 28 que a redução dos tecidos de suporte não parece influenciar a força de mordida. Fantini19 (2002) relatou que a posição de máxima intercuspidação é alcançada em torno de 5000 vezes por dia, durante as funções normais que incluem, entre outras, o ciclo mastigatório e a deglutição. As cargas mastigatórias variam entre os indivíduos, em função do sexo, dos padrões facial e muscular, e, numa mesma pessoa, depende da idade, do estado emocional e do tipo de alimento a ser mastigado. Destacou que as informações encontradas na literatura, relacionadas à duração do contato dentário e a intensidade de cargas desenvolvidas durante a mastigação são bastante variadas. Ferrario et al.21 ( 2004) avaliaram a força de mordida em adultos jovens para quantificar o impacto sobre cada dente nas reabilitações bucais. No estudo, utilizou-se um strain-gauge individual e a influência da posição do dente no arco, lado, sexo e força máxima de mordida foram analisados. Não foram encontradas diferenças estatísticas entre o lado direito e esquerdo. Em ambos os sexos as menores forças de mordida foram registradas para os incisivos (40-48% da força máxima) e os valores mais altos para os primeiros molares. Os valores da força foram maiores para o sexo masculino. Os autores concluíram que o transdutor de forças utilizado na pesquisa permitiu quantificar a força de mordida em cada dente do arco e que os maiores valores (molares e pré-molares) apresentaram-se distribuídos de forma simétrica entre os lados direito e esquerdo. 29 Yitschaky et al.89 ( 2004) estabeleceram um modelo de regressão linear para a determinação do comprimento dos primeiros pré-molares baseados em radiografias panorâmicas. O comprimento real de 112 pré-molares, extraídos por razões ortodônticas, foram medidos e comparados com as medidas obtidas nas radiografias. Os dentes foram divididos em 4 grupos de acordo com sua posição no arco (T14 : 1º PMSD, T24: 1º PMSE; T34: 1º PMID E T44:1º PMIE) e analisados estatisticamente. Os resultados de regressão linear foram (p < 0,0001): • T14 - comprimento presumido = (comprimento radiografia x 0,698) + 2,61 • T24 - comprimentopresumido = (comprimento radiografia x 0,5056) + 7,844 • T34 - comprimento presumido = (comprimento radiografia x 0,5075) + 9,282 • T44 - comprimento presumido = (comprimento radiografia x 0,436) + 11,298 Os autores concluíram que predizer o comprimento dos primeiros pré-molares utilizando radiografias é possível e seguro. Bozkurt et al.9 (2005) avaliaram a efetividade do ultra-som na medição da espessura do esmalte oclusal. Foram analisadas 20 áreas abrasionadas de 20 pré-molares por 2 pesquisadores. As medidas iniciais foram registradas e então, as pontas das cúspides foram desgastadas com papel abrasivo. Novas medidas com ultra-som foram obtidas e registradas. Os dentes foram seccionados e então, o esmalte remanescente foi mensurado sob microscopia de luz polarizada. Os resultados demonstraram que houve correlação entre os valores obtidos pelas medidas de microscopia e do ultra- som. As medidas das cúspides dos pré-molares registradas inicialmente foram 30 de 1,823 + 0,465mm. Os autores concluíram que o sistema de ultra-som usado no estudo é confiável para obtenção detalhes da espessura do esmalte. Darby et al.13 (2005) investigaram a prevalência de perda óssea alveolar em crianças de 5-12 anos. Radiografias bitewing de 542 crianças foram analisadas. As distâncias entre junção cemento-esmalte (JCE) e a crista óssea alveolar (COA) foram medidas e agrupadas na seguinte categoria: - JCE – COA � 2 mm: sem perda óssea - JCE - COA > 2 e < 3 mm: perda óssea questionável - JCE – COA � 3 mm: perda óssea definida. Os autores concluíram que a prevalência de perda óssea questionável foi de 26% e de perda óssea definida foi 13%. Vertucci86 (2005) descreveu e ilustrou a morfologia dental e discutiu sua relação com os procedimentos endodônticos. Ressaltou que o entendimento da complexidade dos sistemas dos canais radiculares é fundamental para o entendimento dos princípios e problemas do preparo radicular e limpeza do conduto, para a determinação dos limites apicais e desempenho dos procedimentos cirúrgicos. Deguchi et al.14(2006) avaliaram quantitativamente a espessura do osso cortical em vários locais da maxila e mandíbula. As distâncias entre as corticais e entre as raízes de pré-molares e molares foram avaliadas para determinar altura e larguras aceitáveis de mini-ancoragens para tratamentos ortodônticos. Imagens tridimensionais de 10 pacientes foram obtidas com a 31 utilização de tomografias computadorizadas. A espessura da cortical foi medida por vestibular e lingual das regiões mesial e distal do primeiro molar, distal do segundo molar e em dois níveis da pré-maxila. Significativamente menores espessuras de cortical foram encontradas na região distal dos segundos molares (1,3+/-0,5mm). A espessura de cortical entre os pré-molares e molares superiores foi de 1,8+/-0,6mm para vestibular e 1,7+/-0,9mm para lingual a nível oclusal. Em relação ao plano sagital obtido das linhas paralelas ao eixo longitudinal dos dentes as médias obtidas foram de 2,0+/-0,8mm (a 6-7mm do nível oclusal – 30º), 1,5+/-0,6 (3-4mm do nível oclusão – 45º) e 1,2+/-0,5mm (nível oclusal – 90º) para vestibular da maxila e 2,2+/-0,4mm (6-7mm do nível oclusal – 30º), 1,7+/-0,5 (3-4mm do oclusal – 45º) e 1,3+/-0,3mm (nível oclusal – 90º) para face palatina. Os autores concluíram que a melhor localização para a colocação de mini-implantes é a mesial ou distal do primeiro molar a 6-8mm do nível oclusal da crista óssea. Peterson et al.61 (2006) analisaram as propriedades da maxila. O objetivo do estudo foi de determinar as variáveis regionais de maxilas dentadas. Amostras de cortical foram obtidas de cadáveres adultos. A espessura da cortical, densidade, propriedades elásticas e direção de maior rigidez foram obtidas. Os resultados mostraram que o osso cortical na região alveolar tende a ser espesso, menos denso e menos rígido do que o osso alveolar no corpo da maxila. As maiores espessuras foram encontradas vestibularmente e palatinamente próximos ao canino (2,4+ 1,6mm e 2,3+1,1mm respectivamente). Os autores concluíram que as propriedades elásticas da maxila humana, especialmente a orientação dos eixos de rigidez são mais variáveis que da 32 mandíbula e que a incorporação do resultado desde estudos em modelos de elementos finitos poderia melhorar sua exatidão e confiabilidade. Willershausen et al.87 (2006) determinaram a freqüência, localização das curvaturas do canal radicular e a distância entre a junção cemento-esmalte e a primeira curvatura de pré-molares superiores. Os dentes foram digitalmente radiografados pela técnica do paralelismo, exportados para o Adobe Photoshop (7.0) e os valores obtidos analisados estatisticamente. 95% dos primeiros pré-molares superiores do lado direito e 89,9% dos 1ºPMSE apresentaram 2 canais radiculares. A média de comprimento para a distância junção cemento-esmalte primeira curvatura foi de 8,4 mm para o canal vestibular do 1ºPMSD, 8,5 para o canal palatino do 1ºPMSE, 9,1mm para o canal vestibular do 1ºPMSE e 8,9mm para o canal palatino do 1º PMSE. A média do comprimento total dos canais foi de 15,2 mm para o canal vestibular do 1º PMSD, 14,7 mm para o canal palatino do 1º PMSD; 15,5mm para o canal vestibular do 1º PMSE e 14,8 mm par ao canal palatino do 1º PMSE. Os autores concluíram relatando que o conhecimento das medidas dos canais radiculares é essencial para eliminar riscos durante tratamento endodônticos e restauradores com pinos. Katranji et al.40 ( 2007) determinaram a espessura vestibular e lingual do osso cortical em cadáveres dentados e desdentados na região de molares (M), pré-molares (PM) e dentes anteriores (A) de maxilas e mandíbulas. Os resultados das espessuras (a 3 mm da crista óssea) foram de 1,69mm (M), 1,43mm (PM) e 1,04mm (A) para vestibular da maxila desdentada, 2,06mm (M), 33 1,78mm (PM) e 1,36mm (A) para a vestibular da mandíbula desdentada. Para vestibular da maxila dentada as médias foram de 2,23 + 0,84mm (M), 1,62+0,48mm(PM) e 1,59 +0,71mm (A) e para palatina da maxila dentada foram 2,35+/-0,24mm (M), 2,0+0,33mm (PM) e 1,95+ 0,70mm (A). Os valores de espessura da cortical óssea variaram de 1,0 a 2,1 mm para maxila desdentada e de 1,6 a 2,2mm para maxila e mandíbula dentada. Os autores concluíram que as menores espessuras foram encontradas na região anterior inferior e as mais espessas na região posterior superior. 2.2 ABFRAÇÃO Lee, Eakle45 (1984) observaram hipoteticamente que o fator etiológico primário em lesões induzidas por tensão é esforço mecânico causado pela mastigação e má oclusão e que o meio local faz um papel secundário na dissolução da estrutura do dente para criar a lesão. Forças laterais criam regiões cervicais de tensão e compressão. Quando a oclusão não é ideal, forças laterais significativas são geradas podendo causar flexão do dente e criar dois tipos de força: a primeira é uma carga compressiva localizada primariamente no sentido em que o dente é flexionado; o segundo tipo de tensão é uma força que age no lado contrário da direção da flexão. A região sob a maior força de tensão é aquela mais perto do fulcro, enquanto que as regiões de maior força compressiva são os contatos oclusais, o fulcro e o ápice da raiz. A capacidade da estrutura dental de suportar tensão é limitada. A força de tensão que age no dente pode causar ruptura das ligações químicas entre os cristais de hidroxiapatita. Uma lesão criada como resultado de força de tensão deve possuir 34 certas características. Primeiro: a lesão deve ser perto ou no fulcro; segundo: a região de maior concentração de força de tensão cria um volume cuneiforme no fulcro, o qual é a típica morfologia de lesões cervicais erosivas. Fatores locais tenderiam a modificar a forma da lesão, mas os padrões gerais deveriam ser cuneiformes com ângulos de linha agudo; terceiro: a direção daforça lateral que gera a força de tensão determina o local da lesão. Se houver duas direções de forças laterais agindo no mesmo dente haverá duas lesões sobrepostas de dois volumes cuneiformes; quarto: o tamanho da lesão seria diretamente relativo à magnitude e freqüência de aplicação da força de tensão. Os autores concluíram que embora o esforço tensivo, seja proposto como o fator iniciante na etiologia de erosões cervicais, fatores múltiplos afetam o processo de desenvolvimento. Alguns desses fatores são: a abrasão da escovação, ácidos em fluidos orais, presença de fluoretos nos dentes e fluidos orais, a presença de dentes adjacentes que afetam a adesão do dente sobre o esforço tensivo, e o alinhamento e a anatomia dos dentes. Grippo29 (1991) afirmou que um carregamento biomecânico aplicado sobre os dentes, tanto estático (deglutição e apertamento), quando cíclico (mastigação) é capaz de desenvolver tensões resultantes capazes de provocar perda da estrutura dental na dentina e esmalte, dependendo da magnitude, duração, direção, freqüência e localização das forças resultantes desenvolvidas por flexão e fadiga do dente envolvido. Baseando-se nas observações clínicas de uma variedade de lesões, os autores propuseram uma nova terminologia para a classificação desse tipo de lesão denominando-a de “abfração”. 35 Grippo30 (1996) relatou que o órgão dental deveria ser reexaminado quanto as suas reações e alterações durante a dinâmica do carregamento oclusal com novas tecnologias, pois muito se sabe sobre embriologia, histologia, bioquímica, anatomia e reações microbiológicas que ocorrem nos dentes, porém existem áreas da biomecânica, bioquímica e bioeletricidade que permanecem inexploradas. Lee, Eakle46 (1996) após acúmulo de evidências experimentais e clínicas realizadas durante 10 anos, desde a descoberta feita por eles a respeito da etiologia das lesões de abfração, realizaram um trabalho avaliando os avanços e elucidando algumas questões importantes surgidas após esta descoberta. Os autores consideram que um correto diagnóstico é um pré- requisito para o tratamento de lesão de abfração. A chave de diagnóstico para essas lesões é verificação da presença de força lateral oclusal durante a mastigação ou movimentos parafuncionais. Outros fatores como a presença de facetas de desgaste, forma de cunha definida na lesão, localização subgengival de toda ou parte da lesão fazem parte do diagnóstico. Existência patológica comum como erosões ácidas, cáries cervicais e abrasões, também devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de lesões cervicais induzidas por tensão. A realização de um correto diagnóstico e de um diagnóstico diferencial entre lesão de abrasão e lesão cervical induzida por tensão terá importante significado para o sucesso das restaurações porque as lesões não estão sujeitas às mesmas forças físicas que são responsáveis pela deterioração das restaurações. Os autores chegaram a algumas outras conclusões importantes: 36 como muitos aspectos da dentística restauradora o tratamento de lesões cervicais induzidas por tensão depende criticamente da oclusão; se os problemas oclusais que causaram a lesão não forem corrigidos qualquer processo restaurador poderá falhar; a descoberta da etiologia das lesões cervicais induzidas por tensão e investigação na falha das restaurações de classe V possibilitou abrir caminho para avanços em materiais e técnicas; o desenvolvimento e conhecimento de novos materiais que combinam adesão química e material de restauração com propriedades elásticas apropriadas, isto é, adesivos dentinários e resinas compostas de micropartículas com baixo módulo de elasticidade, prometem sucesso das restaurações por muito mais tempo. Miller et al.51 (2003) verificaram a ocorrência de sinais de escovação excessiva e de distúrbios oclusais associados à abfração. Evidências clínicas foram pesquisadas em 61 pacientes que apresentaram lesões cervicais não cariosas. A presença de placa, cálculo, periodontites ou mobilidade também foi observada. A freqüência e porcentagem foram utilizadas para descrever a ocorrência de diferentes sinais clínicos associados à presença de abfrações. Os autores relataram a presença de lesões de abfração em 40,7% e periodontites em 20,4%. Observaram também que abfrações coexistem quase sistematicamente com a presença de facetas de desgaste (94,5%). Concluíram que sinais clínicos de escovação excessiva não foram evidentes, enquanto sinais de distúrbios oclusais apareceram constantemente na presença de abfrações. 37 Ress, Jagger68 (2003) relataram que a perda de estrutura dental na região cervical dos dentes é freqüentemente atribuída à abrasão pela escovação, erosão ou a combinação de ambos. Sugeriram que as lesões cervicais têm etiologia multifatorial com contribuição de forças oclusais que causariam flexões laterais das cúspides e conseqüentemente aumentariam a concentração de tensões na região cervical. O ciclo persistente de carregamento decorrente da mastigação, deglutição e movimentos parafuncionais iniciaria a formação de falhas resultando na destruição da união entre os cristais de hidroxiapatita e eventuais perdas de esmalte. Os autores objetivaram evidenciar a relação entre cargas oclusais e a perda de substância dental na região cervical e também relacionar essa perda de estrutura a outro agente etiológico – a erosão ácida. Concluíram, pela possibilidade de reprodução de lesões em laboratório, que as lesões de abfração não são mitos e que existe a possibilidade de que a erosão ácida possa solapar o esmalte causando um aumento nos efeitos de flexão das cúspides. Borcic et al.7 (2004) realizaram um estudo para determinar a prevalência e severidade das lesões cervicais não cariosas. Foram examinados 18.555 dentes permanentes de cidadãos Croatas. Os indivíduos foram divididos em seis grupos de acordo com a idade. GI – 10-25 anos; GII – 26-35 anos; GIII – 36-45 anos; GIV – 46-55 anos; GV – 56-65 anos e GVI – 65 anos ou mais. O terço cervical das superfícies vestibulares de todos os dentes foi analisado clinicamente e as lesões classificadas de acordo com a profundidade das lesões em: 0 – não mudança no contorno, 1- mínima perda de contorno, 2 - defeitos < 38 1mm de profundidade, 3 – defeitos de 1-2 mm de profundidade, 4 - defeitos > 2mm. Os autores relataram que os primeiros pré-molares inferiores apresentaram mais prevalência e severidade de lesões cervicais não cariosas (34,2%), seguidos dos segundos pré-molares inferiores 25,2 – 31,2% e de maneira similar os 1 e os 2ºs pré-molares superiores (17,9 – 21,5%) enquanto todos os outros dentes obtiveram menos que 20% de freqüência. Concluíram que a freqüência e severidade das lesões cervicais não cariosas aumentam com a idade. Bartlett, Shah4 (2006) publicaram uma revisão de literatura sobre papel da abfração, erosão e abrasão no desenvolvimento de lesões cervicais não cariosas. Relataram que os termos abfração e abrasão descrevem a causa das lesões encontradas nas margens cervicais dos dentes e que erosão e atrição também estão associadas com a sua formação. A abfração envolve tensão oclusal produzindo micro-fraturas na região cervical predispondo os dentes à erosão e abrasão. Os autores descrevem a prevalência das lesões e enfatizaram sua etiologia multifatorial. Concluíram que existe muita dificuldade para especificar a etiologia das lesões já que são provavelmente uma combinação de erosão, abrasão e atrição e que não há evidencias suficientes para confirmar que as lesões de abfração realmente existem. Bernhardt et al.6 (2006) determinaram indicadores de risco para a etiologia de abfrações. Parâmetros de história médica, dental e sociodemográficos de 2707 representantes selecionados de 20 – 59 anos de idade, com mais de 4 dentes naturais foram checados para possível associação39 com a ocorrência de abfrações. Foi estimado que a prevalência do desenvolvimento de abfrações aumenta com a idade. As variáveis analisadas foram: recessão gengival, facetas oclusais de desgaste, inclinação dental e inlays. Os autores relataram que os primeiros pré-molares apresentaram o mais alto risco estimado para desenvolvimento de abfrações, seguidos pelos 2º PM. Não havendo diferenças significativas entre dentes superiores e inferiores. 77% nos dentes com abfração apresentaram recessão gengival, 76,4% apresentaram facetas de desgaste; 3,5% inlays; 4,6% estavam inclinados. Concluíram que as lesões de abfração podem ser associadas a fatores oclusais, como facetas de desgaste, alterações no posicionamento dental e procedimentos restauradores. Maseki, Tanaka49 (2006) analisaram as lesões cervicais não cariosas em 129 caninos superiores e 274 pré-molares superiores humanos extraídos com o objetivo de investigar a relação entre forma e simetria (mesio distal), desgaste de cúspides e curvatura das raízes. As amostras foram analisadas usando fotografias e escaneamento tridimensional. Os autores relataram a ocorrência de lesões assimétricas em 69,0% dos caninos e 44,5% dos pré-molares. Desgastes de cúspides foram observados e curvatura nas raízes de 48,1% dos caninos e 43,4% dos pré-molares. No entanto, os autores concluíram não haver relação entre simetria e desgaste de cúspides e curvatura de raízes na maioria das amostras. Telles et al.80 (2006) avaliaram as lesões cervicais não cariosas em pacientes jovens para estabelecer uma possível relação com a presença de facetas de desgaste. Dos 1.131 dentes analisados, 129 40 apresentaram lesões cervicais. Vinte e nove dos 40 casos analisados tinham pelo menos um dente com lesão. Após 3 anos, os casos foram reexaminados e 57 novas lesões foram encontradas. Os primeiros molares inferiores (22,3%), primeiros pré-molares inferiores (13,2%), segundos pré-molares inferiores (13,2%) e primeiros molares superiores (12,4%) mostraram a maior prevalência de lesões. Ao final da análise, 86,8% de todos os dentes com lesões mostraram facetas de desgaste, sendo que a identificação de novas lesões associadas com a presença de facetas de desgaste durante o primeiro exame 3 anos antes também foi estatisticamente significante. Os autores concluíram que os padrões de facetas de desgaste encontrados na população examinada podem ser associados com o aumento da ocorrência de lesões cervicais não cariosas. Ommerborn et al.57 (2007) avaliaram as lesões cervicais não cariosas em indivíduos com bruxismo noturno. Um total de 91 voluntários, 58 mulheres e 33 homens, com média de idade de 28,37 + 4,89 anos participaram da pesquisa. Os participantes foram divididos em 2 grupos: 58 indivíduos com bruxismo e 33 para o grupo controle. Adicionalmente, foi avaliado o número de dentes presentes, a existência/ausência de lesões cervicais não cariosas, a freqüência das lesões para o tipo do dente, o esquema da guia oclusal e a sensibilidade. Os autores relataram que a presença de lesões cervicais foi significativamente mais prevalente em pacientes com bruxismo (39,7%) do que no grupo de controle (12,1%). Nos indivíduos com bruxismo, os primeiros pré-molares foram os dentes mais afetados enquanto que, no grupo de controle, foram os primeiros molares. 41 Sensibilidade dentária foi reportada em 62,1% dos indivíduos com bruxismo e em 36,4% do grupo de controle. A avaliação oclusal não apresentou diferenças significativas entre os grupos. Os autores concluíram que mesmo com as limitações do estudo, ficou demonstrado que os indivíduos com bruxismo registraram mais lesões cervicais não cariosas que o grupo de controle e que o tipo de guia oclusal não tem importância no desenvolvimento das lesões. Smith et al.76 (2008) determinaram a prevalência e severidade das lesões não cariosas em um grupo de pacientes atendidos na Universidade de Trinidad e investigaram sua relação com a história médica e dental, prática de higiene bucal, hábitos alimentares e oclusão. As informações foram obtidas por questionários e exame clínico. Foram examinados 156 pacientes com média de idade de 40,6 anos e 62,2% apresentaram uma ou mais lesões. Pacientes mais jovens apresentaram menos correlação com a presença de lesões cervicais não-cariosas do que pacientes mais velhos. Também foi significante a correlação entre a presença de lesões cervicais não cariosas em pacientes que escovam os dentes mais de uma vez ao dia e que consomem frutas cítricas, álcool, vitamina C. Associações significantes também foram encontradas em pacientes com função em grupo e facetas de desgaste. Os autores concluíram que os dentes mais afetados pela presença de lesões cervicais não cariosas foram os pré- molares superiores e inferiores e os primeiros molares superiores. 42 2.3 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS O método de elementos finitos surgiu em 1955, sendo que os primeiros elementos foram concebidos por engenheiros aeronáuticos para análise da distribuição de tensões em chapas de asas de avião78. Na área odontológica, o método foi empregada pela primeira vez por Huang e Ledley (1969). No Brasil, o primeiro estudo foi realizado por Correa e Matson (1977)47, 70. Em linhas gerais, pode-se definir o MEF como um método matemático, no qual um meio contínuo (modelo virtual) é discretizado (subdividido) em elementos que mantém as propriedades de quem os originou. Esses elementos são descritos por equações diferenciais e resolvidos por modelos matemáticos para que sejam obtidos os resultados desejados5, 47, 56, 70, 73, 74. O método dos elementos finitos pode ser descrito em três etapas: 1. Pré-processamento: Consiste na construção do modelo geométrico e carregamento do programa de análise com informações relativas às propriedades dos materiais empregados na construção do modelo. Em seguida, a estrutura do modelo é dividida em um número finito de elementos (discretização) que são interconectados por pontos nodais os quais se encontram no sistema de coordenadas X,Y,Z, onde o conjunto resultante é denominado “malha”. Ainda, após o processo de modelagem são consideradas as restrições do modelo físico, onde as condições de contorno estruturais são aplicadas com a finalidade de simular o modelo físico real. 43 Essas condições de contorno resumem-se em fixação do modelo e aplicação do carregamento. 2. Processamento: Após a criação do modelo, com o processamento numérico, o problema estrutural é solucionado computacionalmente. Os resultados dos campos de tensões e deformações são obtidos. 3. Pós-processamento: A análise do modelo é efetuada utilizando-se os resultados obtidos, como os campos de tensões e deformações, entre outros. A análise de tensões pode ser feita pela comparação dos componentes de tensões normais, tensões principais ou ainda tensão equivalente de Von Mises (tensão efetiva). Rubin et al.71 (1983) desenvolveram um modelo tridimensional de um primeiro molar inferior para analisar a distribuição de tensão nas estruturas dentais mediante aplicação de cargas oclusais. Comentaram a respeito da multiplicidade de aplicações do método de elementos finitos em pesquisas odontológicas, dentre elas, a otimização de desenho de restaurações, implantes dentais, pinos ou núcleos, próteses parciais fixas ou removíveis, interações entre osso, ligamento periodontal e dente, efeitos físicos biomecânicos e biológicos das forças mastigatórias e aparelhos ortodônticos. Salienta-se neste artigo a preocupação do autor com a configuração geométrica do modelo tridimensional e com os pontos de oclusão para o carregamento e simulação. Reinhardt et al.69 (1983) empregaram o método dos elementos finitos bidimensionais para simular cargas funcionais em incisivos centrais 44 superiores reconstruídos com pino e núcleo fundido, variandoo nível de suporte ósseo (a distância entre crista óssea alveolar e junção cemento/ esmalte variou em 2mm, 4mm e 6mm). O autor procurou evidenciar a importância do nível de implantação óssea para a localização das regiões de maior concentração de tensão. O modelo foi construído a partir de referências da literatura. De acordo com os resultados obtidos os autores puderam concluir que a modificação da altura óssea alveolar pode influenciar no aumento da concentração de tensões em dentina, quanto maior a perda óssea maior a concentração de tensões nas paredes de dentina e no ápice dos pinos. Goel et al.28 (1991) analisaram a tensão na junção amelodentinária de dentes humanos pela análise por elementos finitos. Um modelo tridimensional, linear e elástico de um primeiro pré-molar superior foi desenvolvido a partir de cortes longitudinais de um dente natural. As tensões de compressão, tração e cisalhamento foram avaliadas sob uma aplicação de 170 N na superfície oclusal do esmalte. Não foram modelados ligamento periodontal nem osso alveolar. As tensões foram analisadas pelo programa Ansys. Os resultados demonstraram altas tensões de compressão para o esmalte e de tração para a dentina. Os autores concluíram que essa diferença nos padrões de distribuição de tensões pode ocasionar a separação dessas estruturas e assim contribuir para o desenvolvimento de lesões cervicais. Ko et al.42 (1992) avaliaram os efeitos da inserção de pinos intra-radiculares na redução de tensão dentinária em incisivos centrais superiores despolpados, empregando a análise de elementos finitos. Dois 45 modelos bidimensionais foram gerados: um com pino intra-radicular em ouro e outro sem pino. Foram modelados osso cortical e trabecular. A inserção do pino intra-radicular induziu uma redução na tensão máxima em dentina de 3% a 8% quando estes dentes foram submetidos às cargas mastigatórias e traumáticas. Redução na tensão máxima em mais de 20% foi observada para o carregamento vertical, embora tal forma de carregamento seja pouco freqüente em incisivos e caninos. Os autores concluíram que a colocação de um pino intra-radicular embora induza uma pequena redução na tensão máxima, compromete a integridade dentinária, sendo desta forma, duvidoso o reforço de um dente despolpado por um pino intra-radicular. Evidencia-se neste artigo a modelagem do osso cortical e do osso trabecular como entidades diferenciadas. Ho et al.32 (1994) avaliaram a influência de pinos na distribuição de tensão em dentina de dentes despolpados. 3 modelos de elementos finitos tridimensionais de um incisivo central superior foram desenvolvidos. Para a obtenção dos modelos, um incisivo foi restaurado com núcleo de ouro e reconstruído segundo procedimentos padrões. Em seguida, foi incluído em resina acrílica, seccionado e fotografado. A geometria tridimensional foi obtida e um modelo de elementos finitos foi construído através do programa Patran e analisado pelo programa ANSYS. A camada de cemento que cobre a dentina radicular foi tratada como parte da dentina por serem as propriedades mecânicas da dentina e do cemento similares. O osso cortical e trabecular foram modelados separadamente. Dois carregamentos de 100 N foram aplicados. O primeiro simulava a força mastigatória, sendo aplicado na face palatina, na margem incisal, direcionada a 45º e o segundo uma força traumática 46 aplicada horizontalmente na superfície vestibular. A análise de tensões sugere que a restauração empregando pinos intra-radiculares, comparada com a terapia conservadora do canal radicular, pode não diminuir a tensão em dentina. Os autores concluíram que os efeitos benéficos do reforço com pinos intra- radiculares para dentes tratados endodonticamente parecem duvidosos. Santos73 (1995) analisou através de uma representação físico- geométrica do incisivo central inferior, as curvas de tensões, deformações e deslocamentos resultantes de carregamentos distribuídos axialmente e discutiu de forma teórica a metodologia empregada pelo método dos elementos finitos em modelos tridimensionais. Para este estudo um modelo em escala de um incisivo central inferior humano foi mapeado, em seções de 1 mm à parte, em uma máquina de medir coordenadas. A matriz de coordenadas foi importada por um programa de CAD (Computer Aided Design), onde linhas foram desenhadas para gerar um modelo e então um sólido. Atribuiu-se uma malha de elementos finitos tridimensionais, as condições de carregamento, contorno e foram adotadas as propriedades físico-mecânicas dos componentes considerados nos modelos (dentina e ligamento periodontal). Os resultados indicaram um acúmulo de tensões na região de aplicação das forças. Os deslocamentos e deformações resultantes foram no sentido apical, havendo pequena expansão na face vestibular e leve contração na lingual causado pelo deslocamento dos elementos finitos. A autora concluiu que o modelo tridimensional demonstrou ser a estrutura ideal para a simulação do órgão dental. 47 Holmes et al.33 (1996) usaram o MEF para determinar a distribuição de tensões na dentina radicular de dentes restaurados com pinos e núcleos metálicos fundidos de diferentes diâmetros. Foi construído um modelo tridimensional axissimétrico de um canino inferior e suas estruturas de suporte. Consideraram o ligamento com 0,175mm de espessura. O cemento e a dentina foram modelados como uma só estrutura, pois apresentam propriedades elásticas similares. Aplicou-se uma carga de 100 N na ponta de cúspide lingual, com inclinação de 45° em relação ao longo eixo do d ente. Diante dos resultados, os autores concluíram que: as maiores tensões de compressão e tração ocorreram na face lingual da dentina; pequenas alterações nas dimensões dos pinos têm efeito mínimo na distribuição de tensão de compressão e tração na dentina; a maior concentração de tensão de cisalhamento ocorreu na adjacência do pino na seção vestíbulo lingual no meio da raiz; quando o comprimento do pino foi reduzido, as tensões de cisalhamento foram maiores. Mori et al.52 (1997) realizaram um estudo pelo MEF em modelos bidimensionais de segundo pré-molar inferior. Os modelos foram construídos a partir de fotografias e desenhos de uma mandíbula, seccionada no sentido axio-vestibulo-lingual, na região do segundo pré-molar inferior esquerdo. Os autores avaliaram a distribuição de tensões internas geradas em dente natural integro e dente tratado endodonticamente, com cargas axiais aplicadas de 30 kgf em três pontos. Concluíram que no dente restaurado as tensões foram maiores devido ao maior módulo de elasticidade dos materiais restauradores demonstrando que existem diferenças nas distribuições de tensões no dente e na base óssea. 48 Ress, Jacobsen67 (1997) realizaram um estudo com o objetivo de chegar a um valor real aproximado do módulo de elasticidade do ligamento periodontal. Os autores empregaram uma malha de elementos finitos bi- dimensional de um primeiro pré-molar inferior (obtido pelo do seccionamento buco-lingual de um dente hígido) e um modelo com duas diferentes cargas dentárias que mediam deslocamentos verticais e/ou horizontais no dente em questão. Concluíram que o valor ideal do módulo de elasticidade do ligamento periodontal seria de 50 MPa. Anusavice2 (1998) descreveu em seu livro as propriedades mecânicas dos materiais dentários. Estas propriedades podem ser definidas pelas leis da mecânica, isto é, a ciência física que lida com a energia e forças e seus efeitos nos corpos. O autor definiu tensões e deformações, bem como as propriedades mecânicas embasadas em deformações elásticas, detalhando os testes que podem ser aplicados para aferição. Rees63 (1998) analisou o papel da flexão das cúspides no desenvolvimento de lesões de abfração utilizando o método dos elementos finitos bidimensionais. Modelos de um segundopré-molar inferior com restaurações oclusais (amálgama) foram desenvolvidos e receberam uma carga oclusal excêntrica de 100N. Os resultados mostraram concentrações de tensão na região cervical vestibular que excederam os limites de fratura para o esmalte. Aumentos na profundidade da cavidade oclusal resultaram em aumento na tensão da região cervical mais do que o aumento na largura da cavidade. Os 49 autores concluíram que os preparos cavitários podem contribuir para o desenvolvimento de lesões cervicais não cariosas. Toparli et al.82 (1999) utilizaram o método dos elementos finitos tridimensional para investigar a distribuição de tensão resultante da força de mastigação e da tensão residual da contração e expansão dos diferentes materiais restauradores. Inicialmente as propriedades físicas dos materiais, módulo de Young e coeficiente de Poisson, foram medidas experimentalmente, Posteriormente, o MEF foi usado para o cálculo das tensões. A geometria do dente foi realizada de acordo com informações da literatura. O modelo tridimensional de um segundo pré-molar superior foi desenvolvido. A Simulação de uma restauração de amálgama e de resina composta sobre uma base de cimento de ionômero de vidro foi avaliada. A tensão investigada foi resultante das forças de mastigação e daquelas relacionadas com a contração e expansão dos materiais restauradores. Um carregamento de 450 N, em um ângulo de 45 º ao eixo longitudinal do dente foi aplicado em sua margem. As estruturas dentárias foram consideradas isotrópicas, homogêneas, linearmente elásticas e axissimétricas. Os autores concluíram que a distribuição das tensões de cisalhamento, compressão e tração foi plotada para toda a estrutura, constatando-se que a tensão de tração e de cisalhamento no amálgama e a tensão compressiva na resina composta são pequenas, de forma que podem ser desconsideradas. Palamara et al.59 (2000) investigaram a variação de tensão no esmalte submetido a diferentes padrões de carregamento oclusal utilizando o 50 método dos elementos finitos tridimensionais e análise de tensões em dentes naturais extraídos. Um modelo tridimensional de um segundo pré-molar inferior foi utilizado para investigar os efeitos das cargas oclusais na superfície do esmalte, principalmente no carregamento com forças oblíquas. Cargas de 100N foram aplicadas axialmente e a 45º da cúspide vestibular (vertente externa/ triturante) e também com variação no plano mésio/distal (angulação + 20º e – 20º). O padrão de tensões observado com o método dos elementos finitos foi confirmado experimentalmente utilizando straingauge em pré-molares extraídos montados em uma máquina de ensaio. Observou-se que tensões concentraram próxima a junção cemento/esmalte independente da direção da carga. Cargas verticais na ponta da cúspide resultaram em tensões compressivas na superfície vestibular e pequena tensão na lingual. As tensões resultantes de cargas oblíquas na cúspide vestibular foram complexas e assimétricas. Os autores concluíram que a magnitude, direção e características das tensões no esmalte cervical são dependentes dos padrões de carregamento. Os padrões assimétricos de tensões no esmalte cervical são consistentes com as características clínicas de lesões cervicais não-cariosas. Santos74 (2000) realizou uma pesquisa com o propósito de apresentar uma contribuição para o estudo da etiologia das lesões cervicais não cariosas resultantes de forças biomecânicas, mais especificamente a abfração. As tensões cervicais em um modelo tridimensional de um incisivo central inferior foram analisadas pelo método dos elementos finitos. O modelo foi composto por dentina e ligamento periodontal e recebeu um carregamento estático de 245N no sentido do eixo longitudinal. A autora concluiu que as concentrações de tensões 51 de tração desenvolvidas no modelo dental podem estar relacionadas com a etiologia da lesão cervical não cariosa e sugerem um vínculo entre a anatomia dental e o desenvolvimento de concentração de tensões de tração na área cervical. Scabell75 (2000) realizou um estudo com o propósito de avaliar o efeito das cargas oclusais sobre a região cervical do primeiro pré-molar superior por meio do MEF. A imagem de um corte sagital do elemento dentário selecionado foi digitalizada e com o auxílio do programa ANSYS versão 5.5 (Ansys Corporation, Houston, PA). Foi simulada a aplicação de cargas oclusais, axiais e horizontais. O modelo computacional bi-dimensional foi constituído de 11.012 elementos e 11.096 nós. O experimento constou de três etapas, sendo que o valor da carga oclusal foi padronizado em 170 N. Na primeira fase, a carga axial foi dividida em dois pontos da superfície oclusal, simulando-se o contato na fossa mesial. Nas duas etapas subseqüentes as cargas horizontais foram aplicadas em sentido vestibular sobre a cúspide vestibular do dente e em sentido palatino sobre a cúspide palatina. O método possibilitou a análise qualitativa e quantitativa da distribuição de tensões de tração e compressão no modelo selecionado. Os resultados mostraram que a carga oclusal horizontal aplicada sobre a cúspide palatina gerou a maior concentração de tensão de tração na estrutura do esmalte. Esses valores variaram entre 362,757 MPa e 725,513 MPa. Esta tensão de tração concentrou-se no interior da estrutura do esmalte, na área cervical vestibular do dente, próxima à junção amelocementária. 52 Jones et al.37 ( 2001) desenvolveram um modelo tridimensional de um incisivo central superior para analisar a movimentação dentária com a aplicação de forças ortodônticas. Um aparato de aferição a laser foi utilizado em 10 voluntários humanos para testar, in vivo, a resposta dental à aplicação de cargas (0-39N) e validar o modelo de elementos finitos. As informações obtidas nos testes in vivo foram utilizadas para o cálculo das propriedades do ligamento periodontal. O movimento dental variou entre 0,012 a 0,133mm. A análise de tensões em elementos finitos sugeriu maiores concentrações de tensões na região da crista alveolar. Os autores concluíram que o modelo computacional desenvolvido é válido para o estudo dos detalhes da movimentação ortodôntica. Rees64 (2001) investigou a importância do ligamento periodontal e osso alveolar como estruturas de suporte em estudos pelo método dos elementos finitos. Um modelo bidimensional de um segundo pré-molar inferior com ligamento periodontal e osso alveolar foi desenvolvido. Cargas de 50N foram aplicadas para simular o efeito das forças em oclusão cêntrica. Planos de análise foram definidos na coroa e região cervical. Cada uma das estruturas de suporte foi sistematicamente removida e o remanescente das estruturas novamente analisadas. Os autores relataram que quando as estruturas de suporte estavam ausentes a concentração de tensões na região cervical aumentou drasticamente. Com isso, concluiu-se que a inclusão de ligamento periodontal e estruturas de suporte é muito importante para os estudos pelo método dos elementos finitos. 53 Poppe et al.62 (2001) determinaram os parâmetros de elasticidade do ligamento periodontal humanos através de medidas tridimensionais, analisando o deslocamento inicial no sentido vestíbulo-lingual de oito dentes unirradiculares em mandíbula humana, usando um método não invasivo. Os espécimes foram usados para desenvolver o modelo em elementos finitos. Os modelos apresentavam geometria similar aos respectivos espécimes. Esses modelos serviram de base para simular movimentos computadorizados, cujas características foram construídas numa linha a qual os movimentos foram experimentalmente registrados adaptando os parâmetros de elasticidade do ligamento periodontal. Os autores usaram parâmetros individuais de elasticidade determinando desta forma, com qual deslocamento o modelo no computador realmente poderia
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