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PROTOCOLO DE ULTRASSONOGRAFIA CINESIOLÓGICA PROTOCOLO DE ULTRASSONOGRAFIA CINESIOLÓGICA 1 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 2 HISTÓRICO DA CINESIOLOGIA ........................................................... 3 ORIENTAÇÃO DO CORPO HUMANO ................................................... 7 CENTRO DE GRAVIDADE ..................................................................... 8 LINHA DE GRAVIDADE ......................................................................... 8 PLANOS DE ORIENTAÇÃO DO CORPO .............................................. 8 ANATOMIA E CINESIOLOGIA ............................................................... 9 ULTRASSONOGRAFIA (US) ............................................................... 15 PROTOCOLOS DE TRATAMENTOS CINESIOTERÁPICOS ............... 17 LAUDO DO EXAME DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM ...................... 22 MÉTODOS ........................................................................................... 25 VANTAGENS E DESVANTAGENS COM RELAÇÃO À RADIOGRAFIA ........................................................................................................................ 26 ESPESSURA DOS MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS............................ 29 ANÁLISE DAS DIMENSÕES FACIAIS ................................................. 32 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................... 33 RESULTADOS ..................................................................................... 34 DISCUSSÃO ........................................................................................ 35 REFERÊNCIAS .................................................................................... 44 2 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 3 HISTÓRICO DA CINESIOLOGIA O termo Cinesiologia é uma combinação de dois verbos gregos, kinein, que significa mover, e logos, estudar. Os pesquisadores da área, cinesiologistas, aproveitam estudos da anatomia, ciência que estuda o corpo humano, juntamente com a fisiologia que estuda o funcionamento organizacional do corpo. O pai da Cinesiologia como é conhecido o grego Aristóteles (384-322 a.C), e que segundo registros foi o primeiro a estudar e demonstrar o processo de deambulação, processo esse que mostra que o movimento de rotação pode se transformar em um meio de translação. Esse estudo de Aristóteles tinha como ideais algumas semelhanças posteriores às três leis de Newton, o complexo processo de deambulação, para a época de Aristóteles mostrou-se relevante na importância do centro de gravidade, das leis, do movimento e alavanca. Na Grécia temos relatos de outro cidadão grego de muita importância para o início da Cinesiologia, Arquimedes (287-212 a.C), em sua época apresentou estudos a respeito dos princípios hidrostáticos que até hoje são aplicados na Cinesiologia, na natação, bem como também ajuda parcialmente com a possibilidade de viagens espaciais, já que são usadas por astronautas algumas características desse estudo. O catálogo de estudos feitos por Arquimedes é bastante amplo, com indagações a respeito de leis de alavanca, por exemplo, e relacionando-as a determinação de centro de gravidade, esse seu estudo é chamado de fundação da mecânica teórica e é usado até hoje na ciência de estudo do corpo humano - anatomia - assim como em Cinesiologia. Galeno (131-201 d.C) romano também, 4 4 grande estudioso da Cinesiologia, que a partir da observação em gladiadores na Ásia menor acumulou diversos estudos sobre o movimento do corpo humano, tendo como objeto de estudo esses atletas, e que por isso é conhecido até os dias de hoje como o primeiro médico de equipe da história. Em um estudo feito por Galeno de nome Motu Musculorum, o autor diferencia nervos motores de nervos sensitivos assim como também músculos agonistas e músculos antagonistas, dentre outras observações encontradas na sua obra, é importante falar sobre os termos diartrose e sinartrose que são usados até hoje na termologia da artrologia (estudos das articulações). Relatos afirmam que a ideia de que os músculos se contraem é originado de Galeno, o estudioso afirmava que o Cinesiologia motivo da contração muscular acontecer era algo denominado por ele como espíritos animais do cérebro, usava o mecanismo dos nervos para chegar aos músculos e os induzia a contração. Principalmente por esses motivos, Galeno é considerado o pai da medicina desportiva e através do seu estudo, o primeiro manual de Cinesiologia. Depois das colaborações de Galeno, estudos sobre Cinesiologia permaneceram parados por cerca de 1.000 anos, tendo como próximo colaborador dessa ciência o artista, engenheiro e cientista, Leonardo da Vinci (1452-1519). Da Vinci interessava-se pela estrutura do corpo humano principalmente no que diz respeito ao desempenho e relação entre centro de gravidade, o equilíbrio e o centro de resistência, tendo sido segundo registros o primeiro a descrever de forma científica a marcha humana e registrar esse trabalho. O intuito de Da Vinci em estudar a marcha humana era de demonstrar a diversidade de músculos que são usados neste exercício, bem como mostrar os músculos no seu movimento, e para isso ele utilizou de cordas amarradas em esqueletos em pontos específicos de origem e inserção de cada músculo em estudo, e depois disso realizou o movimento de marcha para que fosse demonstrado o músculo sendo aproveitado. 5 5 Uma curiosidade a respeito dos registros de Da Vince, é que apesar de ser um escritor de textos de fácil compreensão, seus estudos foram registrados em uma linguagem difícil para leigos, e por esse motivo seus relatos só foram utilizados de forma mais ampla 300 anos após sua morte, tendo sido reconhecido em vida apenas por um pequeno grupo de conhecidos. Temos relatos ainda das contribuições de Galileu Galilei (1564-1643) formado na Universidade de Pisa, seguia a filosofia de que a natureza está escrita em símbolos matemáticos, então por esse motivo tomou a matemática como aliada para a explicação de fenômenos físicos. As demonstrações de Galileu a respeito da aceleração de um corpo em queda livre asseguram que a principal característica da velocidade desse movimento não é o peso do corpo, mas sim as relações entre espaço e tempo. A partir dessas verificações, se deu início a mecânica clássica e é conhecida como introdução da metodologia experimental na ciência. Seu trabalho utilizandotermos matemáticos nos movimentos do corpo humano, como explicação para o acontecimento destes eventos, deu ímpeto para a consagração da Cinesiologia como uma ciência. Seguindo orientações de um dos discípulos de Galileu, Alfonso Borelli (1608- 1679), foi mais um a utilizar a matemática como ferramenta de explicação de fenômenos físicos humanos. Em um tratado elaborado por Borelli de nome De Motu Animalium publicado entre 1630 e 1631 o autor afirmou que o corpo humano tem aspectos idênticos aos de máquinas. Aspectos como quantidade de força exercida por vários músculos, assim como a perda da força por algum movimento desfavorável, resistência do ar e resistência da água estavam entre os que Borelli estudava. É atribuída aos estudos de Borelli a teoria que os ossos servem como alavanca e que os músculos auxiliam o movimento seguindo princípios matemáticos. 6 6 Para que os músculos se contraíssem, Borelli reconhecia que era preciso alguns eventos químicos, porém, dizia de forma fantasiosa que os nervos são tubos preenchidos com um tipo de material esponjoso que contém em sua matéria, algo chamado por ele, assim como Galileu de espíritos animais, por vezes traduzido como gás dos nervos. Segundo ele, o funcionamento desse material era agitado das periferias para o cérebro e produzido uma sensação, e o contrário causa a produção, preenchimento e crescimento das porosidades dos músculos, com resultante turgescência (Dilatação, intumescência, inchação). Segundo Borelli, a reação dessa substância nos músculos com uma contração seguinte resulta em um tipo de fermentação. Assim como os demais, Borelli tem participação relevante na história da Cinesiologia por uma consagração ou motivo específico, motivo esse que elege Borelli como fundador e desenvolvimentista daquela área da fisiologia que relaciona os movimentos musculares a princípios mecânicos. A teoria da contração muscular de Borelli sustentou-se por pouco tempo, foi atacada logo após a sua apresentação. Dentre os críticos estava Francis Glisson (1597-1677), que afirmava que as fibras musculares se contraem ao invés de expandirem no ato de flexão, afirmação que é demostrada por Glisson em experiências pletismográficas (instrumento para avaliação de pulso arterial). Esse conceito de Glisson foi posteriormente melhor elaborado pelo eminente fisiologista Albrecht Von Haller (1708-1777), que dizia que a contratilidade muscular é uma função do músculo que independe da função neural para existir. James Keill (1674-1719), um cientista importante na história da Cinesiologia, foi o primeiro a ter a preocupação de contar a quantidade de fibras musculares de alguns músculos, e também assumir que na contração muscular cada fibra torna-se esférica e é responsável pelo levantamento ou impulsão de um determinado peso. Charles Darwin (1809-1882) defendeu teses hoje clássicas no meio científico, no que diz respeito ao conhecimento histórico do corpo humano. 7 7 Em sua tese Cinesiologia Darwin diz que o homem que se conhece hoje é descendente de alguma forma de outro ser, esse conceito de Darwin é conhecido atualmente como teoria da evolução, e essa esclareceu tanto quando foi apresentada como várias questões relativas à Cinesiologia, trazendo para a pesquisa vários antropólogos que agregaram ainda mais conhecimentos à Cinesiologia. Ainda no século XIX, Angelo Mosso (1848-1919) contribuiu com a Cinesiologia por meio da invenção do ergógrafo no ano de 1884 e que até hoje é utilizado de várias formas em pesquisas e trabalho de Cinesiologia principalmente em estudos da função muscular no corpo humano. Estudo da Cinesiologia Tem como enfoque a análise dos movimentos do Corpo Humano sob o ponto de vista físico, os movimentos acontecem sobre nosso corpo, pela ação muscular, porém somente através do estudo cinesiológico conhecemos as forças que atuam sobre nosso corpo. O estudo abrange tanto a estrutura esquelética quanto muscular. Os ossos possuem diferentes tamanhos e formas, principalmente nas articulações, favorecendo ou limitando o movimento. Os músculos variam em tamanho, forma e estrutura de uma parte do corpo para outra, encontrados mais de 600 músculos em todo o corpo humano. ORIENTAÇÃO DO CORPO HUMANO Definir os movimentos do corpo humano é geralmente muito complexo, uma vez que podem ser realizados em diversas direções, assim, ao estudarmos os movimentos dos principais segmentos do corpo humano, precisamos estabelecer pontos de referência e conhecer alguns conceitos de orientação: Posição Anatômica – É uma posição ereta vertical com os pés separados ligeiramente e os braços pendendo relaxados ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para frente. 8 8 Posição Fundamental - É similar a posição anatômica exceto pelos braços, que ficam mais relaxados ao longo do corpo com as palmas voltadas para o tronco. CENTRO DE GRAVIDADE Ponto no qual está concentrado todo o peso do corpo, gerando assim um equilíbrio de todas as partes, sendo ponto de interseção dos três planos: sagital, frontal e transverso. Sua localização irá depender da estrutura anatômica do individuo, mas geralmente nas mulheres é mais baixo do que nos homens, mas de forma não precisa podemos encontrá-lo mais ou menos a 4 centímetros da frente da primeira vértebra sacra. LINHA DE GRAVIDADE Linha vertical que, atravessa o centro da gravidade, portanto sua localização só será possível diante do posicionamento do centro da gravidade. PLANOS DE ORIENTAÇÃO DO CORPO Correspondem às dimensões espaciais onde se executa um movimento. Ver categorias abaixo: Plano Sagital: Atravessando o corpo de frente pra trás, dividindo-o em duas metades iguais, direita e esquerda. Plano Frontal: Conhecido também como plano coronal atravessa o corpo de um lado para outro, em um trajeto paralelo á sutura coronal do crânio, dividindo o corpo em duas metades, anterior e posterior. 9 9 Plano Transverso: Recebe também o nome de horizontal, seu corte acontece na horizontal e atravessa o corpo ao meio dividindo-o em superior e inferior. ANATOMIA E CINESIOLOGIA O sistema musculoesquelético, principal responsável pelo movimento e pela produção de força, é formado por ossos, tecido conjuntivo e músculos. Essas estruturas compõem a unidade funcional do gesto motor, a articulação, embora a maioria dos movimentos descritos por uma articulação seja, na verdade, correspondente aos somatórios e ajustes de articulações adjacentes que formam um complexo articular. Os principais exemplos são os complexos do ombro, cotovelo, joelho e tornozelo (NEUMANN, 2006). O encaixe ósseo é responsável pela estabilidade, amplitude e sistema de alavancas do corpo humano e o tecido conjuntivo orienta e limita esses movimentos, além de proteger as articulações de forças tensivas, compressivas, de cisalhamento e de torção. 1 0 10 Entretanto é o músculo, fundamentado na contração muscular e nas suas anatomias interna e externa, o responsável direto pela produção de força e, consequentemente, de movimento. O músculo é formado por uma parte central e duas extremidades. A parte central, conhecida por ventre muscular, é composta por milhares de fascículos agrupados por um tecido conectivo fibroso, denominado Epimísio, de acordo com sua anatomia interna específica, a arquitetura muscular (Figura 1–A). Cada fascículo, envolvido por outra camada de tecido conectivo, o Perimísio, contém até centenas de fibras musculares paralelas e longitudinais (Figura 1–B). Uma única fibra, também envolvida por tecido conectivo, o Endomísio, écomposta por centenas a milhares de miofibrilas igualmente dispostas (Figura 1–C). Cada uma das miofibrilas possui milhares de sarcômeros em série (Figura 1–D) (HAMILL e KNUTZEN, 1999, KANDEL et al., 2000). 1 1 11 O sarcômero é a unidade funcional básica do músculo porque é constituído de material responsável pela contração muscular (RASH, 1989), conhecida por tensão ativa (TAT). Embora ainda não totalmente definida, admite-se que a contração ocorra por meio do mecanismo descrito pela teoria dos filamentos deslizantes (HUXLEY, 1969). Portanto, o ventre muscular é formado pelos componentes contráteis ou ativos do músculo. Nas extremidades, o Epimísio, denominado aponeurose externa, e o Perimísio se unem e formam uma estrutura entrelaçada e com alta capacidade de suportar forças tensivas, denominada tendões (RASH, 1989). O local de supressão do material contrátil e formação dos tendões é denominado junção miotendínea. Os tendões, estruturas em série com os componentes contráteis, e os tecidos conectivos, em paralelo, são considerados os componentes não contráteis ou passivos do músculo (LIEBER, 2002). 1 2 12 A localização do tendão mais proximal em relação ao esqueleto axial ou ao centro do corpo é conhecida por origem e a mais distal como inserção (BAECHLE e EARLE, 2000). A reta traçada entre essas duas extremidades é considerada o eixo de ação da força muscular (EAFM) (LIEBER, 2002). Alguns músculos possuem uma aponeurose interna que conecta a origem à inserção, considerada a linha anatômica deste eixo. Ao se contrair, o músculo gera TAT para aproximar estes dois pontos por esta reta (LIEBER, 2002, HAMILL e KNUTZEN, 1999). Os tendões respondem às modificações do comprimento do músculo (LMUSC) pelo encurtamento e alongamento dos componentes não contráteis em paralelo (HAMILL e KNUTZEN, 1999). À medida que a musculatura é alongada, os tendões geram força contrária, conhecida por tensão passiva (TPAS) (KANDEL, 2000). Em contrações não isométricas parte da força produzida pelos componentes contráteis é dissipada pelos componentes viscoelásticos (LIEBER, 2002). Em contrações isométricas, embora haja deslocamento da junção miotendínea, assume-se que toda força produzida seja transmitida aos tendões (MAGANARIS E PAUL, 2002). Portanto, a tensão total (TTOT) exercida pelo músculo em determinado nível de contração é quantificada pelo somatório de suas tensões passiva e ativa, e está diretamente relacionada à sua arquitetura interna e à anatomia externa. A arquitetura muscular é a principal característica na descrição das funções e da capacidade de produção de força (WARD et al., 2009, LIEBER, 2002). Definida pelo arranjo das fibras musculares em relação ao EAFM (LIEBER, 2002, e WARD et al., 2009), compreende os parâmetros ângulo de penação e comprimentos do sarcômero e da fibra, além das áreas de secção transversa anatômica e fisiológica, e o volume muscular (LIEBER, 2002). 1 3 13 O ângulo de penação (AP) é o ângulo formado entre as fibras do músculo e o EAFM (MAGANARIS et al., 1998, KAWAKAMI et al., 1998), medido pela direção do fascículo com relação à aponeurose interna (Figura 2). O músculo cujas fibras possuem AP é denominado penado. Fibras praticamente paralelas ao EAFM classificam o músculo como fusiforme (HAMILL e KNUTZEN, 1999). Nos músculos penados, o AP aumenta à medida que é gerada a contração muscular (MAGANARIS et al., 1998, MAGANARIS, 2003, NARICI et al., 1996). O comprimento da fibra (LF), determinado pelo próprio comprimento do fascículo (LFASC) (KAWAKAMI E FUKUNAGA, 2006), é medido pela distância entre as aponeuroses interna e externa nos músculos penados (THOM et al., 2007) (Figura 3). Nos músculos fusiformes o seu tamanho é similar ao do ventre muscular, mensurado de uma junção miotendínea a outra. 1 4 14 O comprimento do sarcômero (LSARC), estimado a partir do LF (MAGANARIS, 2004) ou medido in vitro (GORDON et al., 1966), em cadáveres (WICKIEWICZ et al., 1983, WARD et al., 2009) e por técnicas invasivas (LIEWELLYN et al., 2008) está diretamente relacionado à capacidade de tensão máxima produzida pela fibra (KANDEL, 2000, GORDON et al., 1966). A relação do percentual dessa tensão e o LSARC descrevem a curva comprimento-tensão (GORDON et al., 1966) (Figura 4 – linha tracejada). Seu padrão ascendente-descendente indica que o sarcômero e, consequentemente, a fibra muscular não têm capacidade de produzir tensão no seu menor comprimento. À medida que os sarcômeros são alongados, o percentual do torque total aumenta até atingir um ponto máximo que se mantém por um intervalo de comprimento, entre 2 e 2,25 µm, denominado comprimento ótimo (L0). Em seguida, o 8 percentual se reduz e retorna a zero em alongamento máximo. Em fibras de seres humanos, o gráfico possui padrão similar, deslocado para a direita (Figura 4 – linha contínua) (WALKER e SCHRODT, 1974). O valor máximo absoluto suportado pela fibra em determinado comprimento é denominado de tensão da fibra (σ) (MAGANARIS, 2004). 1 5 15 ULTRASSONOGRAFIA (US) A US é uma técnica que permite a aquisição de imagens através do emprego de ondas de ultrassom que se interagem com as composições biológicas de várias densidades. Esta interação resulta em ecos que possibilitam determinar as características de um material, como o tamanho, forma, distância, consistência, etc. (FURGERI, 2013; VASCONCELOS et al., 2011). Em meados da década de 70 muitos demonstraram empenho e expectativa no emprego da US para o diagnóstico de câncer em geral, acentuando-se o de mama. Na década de 80 com os avanços tecnológicos na área médica e com equipamentos de ultrassons que atuavam em tempo real e em melhor resolução 1 6 16 de imagens, a US passou a ter um papel de destaque no diagnóstico de lesões mamárias. A década de 90 foi um marco para a evolução da US, pois foi nesse período que surgiram mudanças primordiais para seu desempenho até os dias atuais, corroborando para que a US tenha seu uso ampliado e afirme ainda mais seu papel como método complementar de extrema importância na Radiologia (NASCIMENTO et al., 2015). O Exame de US é um método comumente utilizado no auxílio do diagnóstico do CM, que como já dito, o câncer que mais atinge as mulheres (FURGERI et al., 2013; VARELLA, 2015). Possui vantagens bastante relevantes quando comparada a outros métodos, como a de não ser invasivo, não usar radiação e ser bem tolerado por pacientes, além de trazer informações valiosas que complementam o exame físico e a mamografia, principalmente em pacientes que possuem mamas densas, nas quais as lesões poderiam se tornar obscuras/ocultas no exame de MM (ACR, 2016; FURGERI, 2013; SANCHES, 2018). Quando diagnosticadas lesões ou alterações mamográficas, o exame de US auxilia não somente a caracterização e a coleta de biópsias, mas também pode identificar lesões e alterações adicionais mesmo em mulheres com mamas altamente densas, além de ser um exame economicamente viável comparado a RM, podendo ser realizado inúmeras vezes sem surtir efeitos colaterais ao paciente (ACR, 2016; C. ROSA et al., 2018; NASTRI et al., 2011). Sendo um dos principais métodos de diagnóstico por imagem, a US é altamente difundida na medicina. Atualmente, podemos realizar procedimentos tanto diagnósticos como terapêuticos (como a realização de biópsias guiadas por ultrassom). Sua abordagem é tão ampla e de fácil acesso que muitos equipamentos de US são encontrados atualmente em pequenos consultórios, sendo manejados por médicos especializados emáreas bem distintas da radiologia, como Anestesiologia, Cardiologia, Gastroenterologia, Medicina de Urgência, 1 7 17 Ginecologia, Obstetrícia, Neonatologia, Urologia, Ortopedia, Oncologia, etc. (C. ROSA et al., 2018; MASSELLI; HEITOR; PINHEDO, 2013). Alguns autores indicam que a US pode ser uma ferramenta útil, principalmente para as mulheres com alto risco de CM, por ser capaz de diagnosticar achados não identificados de outra forma. Algumas técnicas aplicadas à US podem melhorar sua especificidade, diminuindo os casos falsos positivos. Essas ferramentas são o uso de harmônica, Doppler, agentes de contraste ultrassonográficos, US tridimensional, US automatizada e elastografia mamária (MASSELLI; HEITOR; PINHEDO, 2013; NASTRI et al., 2011). Também chamada de ecográfica, a US é um método aparelho e examinador dependente e depois da criação do BI-RADS ultrassonográfico diminuíram os índices de variabilidade entre observadores. O léxico Breast Imaging Reporting and Data System (BI-RADS) é completo e bem aceito entre os médicos (VARELLA, 2015; VASCONCELOS et al., 2011). PROTOCOLOS DE TRATAMENTOS CINESIOTERÁPICOS Protocolo cinesioterapêutico de Baracho Baracho (2007) descreve seu protocolo de tratamento no pós-operatório tardio, abrangendo os alongamentos da musculatura cervical, cintura escapular e membros superiores. Já os exercícios ativos e ativo-assistidos devem ser realizados com os objetivos de ganho de amplitude de movimento do membro afetado, sendo que os treinamentos de força e a realização de exercícios isométricos só iniciam após a amplitude de movimento estar totalmente restaurada. Após o ganho de amplitude se inicia os exercícios resistidos dos membros superiores, tronco e abdômen, melhorando o desempenho muscular e diminuindo a fadiga. 1 8 18 Protocolo cinesioterapêutico de Silva Já Silva et al. (2004), utilizou um protocolo com exercícios, onde inicialmente em posição ortostática, eram realizados alongamentos com movimentos ativos da musculatura do pescoço, em seguida, elevação e rotação interna e externa do ombro juntamente com flexão e extensão dos cotovelos. Realizavam então movimentos de flexão e abdução dos ombros, elevando e baixando os braços estendidos, estendendo e fletindo os dedos simultaneamente. Na sequência, com as mãos entrelaçadas, fletiam os braços partindo abdômen até a testa, e com os braços abduzidos na lateral do corpo, rodavam internamente e externamente os punhos, além de fletir e estender os cotovelos. Continuavam os exercícios com as mãos sobre os ombros, aduzindo, abduzindo e aproximando os cotovelos. A seguir, segurando um bastão nas costas, com ambas as mãos, realizavam três exercícios: extensão dos braços para trás, flexão dos cotovelos até a altura axilar e deslizamento diagonal com uma mão por cima e outra abaixo do ombro. Em decúbito dorsal, na posição mais confortável para a paciente, eram realizados os últimos exercícios ativos que consistiam em rodar internamente e externamente os braços com ombro abduzido. Finalmente, o alongamento foi orientado na sequência descrita a seguir: em decúbito dorsal, com os cotovelos estendidos, com e sem as mãos entrelaçadas, a paciente elevava os braços. Em decúbito lateral, eram realizados movimentos de abdução e adução do ombro na linha da cabeça. Todos os movimentos descritos eram repetidos dez vezes. Protocolo cinesioterapêutico de Rezende Rezende et al. (2006), utilizaram um protocolo similar ao de Silva et al (2004), onde os primeiros 12 exercícios foram realizados em ortostatismo, do 13º ao 16º eram realizados em decúbito dorsal, dos 1 9 19 17º ao 19º eram realizados em decúbito lateral, onde todos os movimentos tinham 10 repetições. Protocolo cinesioterapêutico de Pereira, Vieira e Alcântara Pereira, Vieira e Alcântara (2005), realizaram um protocolo que era aplicado duas vezes por semana, iniciando com alongamento passivo do membro superior, mobilização da escápula, exercícios passivos de flexão e de abdução do ombro, exercícios ativos assistidos de flexão e abdução de ombro. A partir da quinta sessão foram realizados mobilização da escápula, exercícios ativos livres, de flexão e de abdução de ombro. Protocolo cinesioterapêutico de Camargo e Marx Camargo e Marx, (2000), descrevem seu tratamento da seguinte maneira, o primeiro exercício deve iniciar com as articulações da mão e cotovelo, mesmo elas não sendo afetadas diretamente, é realizado exercícios de prono-supinação de antebraço sem nenhuma resistência e flexão e extensão de cotovelo, o autor relata que esse primeiro exercício não tem o objetivo de ganhar amplitude nem força muscular, mas fazer com que a paciente inicie sua reabilitação sem dor. Em seguida Camargo e Marx (2000), prosseguem seus exercícios com a movimentação de rotação do cotovelo, por realizarem de uma forma indireta o movimento do ombro, conforme demostrado na figura 10. 2 0 20 Em seguida é realizado o seguinte protocolo de Camargo e Marx que tem como objetivo não só restabelecer a funcionalidade da articulação do ombro, mas também de estimular a circulação venosa e linfática do membro. O protocolo conta com 9 exercícios, o primeiro é realizado flexão anterior do braço a 90° com extensão do cotovelo, conforme demostrado na figura 11. 2 1 21 O terceiro exercício executa-se de rotação interna e externa do ombro, conforme demonstrado na figura 13. 2 2 22 LAUDO DO EXAME DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM O laudo do exame de imagem é um documento confeccionado pelo imaginologista por meio das observações realizadas nas imagens geradas, no qual deve constar uma sequência de informações como os dados do paciente, técnica empregada para a obtenção das imagens, achados relevantes, avaliação, conclusão, recomendações, etc. Todo laudo deve ser elaborado de forma clara, concisa e completa, de forma a esclarecer ao máximo as questões propostas pelo médico que solicita o exame (IGNÁCIO et al., 2018). Em sua maioria, o resultado deste exame é transmitido por meio de um laudo em texto livre, elaborado pelo médico que o executa para o médico que solicita o exame. O laudo radiológico é confeccionado, em regra, pelo radiologista e pode ser realizado de forma estruturada ou em texto livre (BARBOSA et al., 2010; M. ROCHA et al., 2018). Erros na interpretação da localização de órgãos podem ocorrer quando é encontrada uma grande estrutura refletora, como a interface pulmão diafragma. A “imagem espelho” do fígado limita este órgão na cavidade torácica em posição imediatamente cranial ao diafragma, podendo simular uma hérnia diafragmática ou uma alteração pulmonar. Este artefato é produzido por interfaces arredondadas com alta reflexão (Larson, 2009) (Figura 2). Uma parte do pulso de ultrassom é refletida de volta para o fígado. Devido a várias reflexões internas que levam a um atraso do retorno dos ecos para o transdutor, o aparelho de ultrassonografia coloca esses ecos de estruturas mais superficiais em localizações mais distais, formando a mesma imagem cranialmente ao diafragma (Han & Hurd, 1994). Artefatos de lobo lateral são produzidos por feixes de ultrassom secundários que viajam ao lado, e em direções diferentes, do feixe de ultrassom primário (Nyland & Matton, 2004). 2 3 23 Superfícies curvas, como diafragma, bexiga e vesícula biliar, e uma interface altamente refletiva, como o ar, são condições comuns em que os artefatos de lobo lateral ocorrem. Eles exibem efeito limiar e desaparecemcom configurações inferiores do aparelho, enquanto os ecos reais persistem. Os artefatos de lobo lateral podem desaparecer quando o ponto focal de um transdutor eletrônico é posicionado mais profundamente ou um transdutor diferente é usado (Nyland & Matton, 2004). Avanços tecnológicos têm contribuído grandemente para a avaliação anatômica e funcional das estruturas bucofaciais. A ultrassonografia (estudo anatômico), a cinesiologia (estudo do movimento), a força de mordida, a eficiência mastigatória e a eletromiografia (estudos funcionais) são exemplos de métodos de avaliação do desempenho funcional do sistema estomatognático, capazes de auxiliar o diagnóstico de suas alterações, bem como determinar fatores etiológicos de maloclusões, permitindo prognosticar e avaliar a evolução de tratamentos instituídos. Diversos estudos in vivo demonstraram a viabilidade e a aplicabilidade da ultrassonografia no estudo de músculos superficiais, como os músculos mastigatórios, por ser um método não invasivo, de fácil manuseio e baixo custo. Além disso, não apresenta dificuldades em sua realização, como a ressonância magnética, que requer sedação em crianças menores de dez anos de idade, e nem os efeitos biológicos cumulativos de outros exames de imagem, como a tomografia computadorizada. Esta técnica permite acesso fácil e reprodutível da espessura muscular, obtendo-se a informação quantitativa da sua capacidade funcional, além de propiciar a determinação de alterações musculares estruturais. A mordida cruzada é uma relação bucal, labial ou lingual anormal entre dentes superiores e inferiores, quando em oclusão. Pode incluir um ou mais dentes de cada arco, ser funcional ou esquelética, além de estar presente uni ou bilateralmente. 2 4 24 Muitos estudos buscaram avaliar suas prováveis causas, sejam de origem genética ou de desenvolvimento; sendo, esta última, apoiada em três hipóteses principais: hábitos de sucção, obstrução das vias respiratórias e mudanças nos hábitos alimentares, com consequente alteração da função mastigatória. A epidemiologia e consequências da presença de maloclusões em crianças têm constituído objeto de pesquisa para se determinar qual a época correta para prevenção e intervenção dessas alterações. Estudos demonstraram que este tipo de maloclusão está associado às alterações da função mastigatória em crianças, como, por exemplo, assimetria da atividade dos músculos mastigatórios e menor eficiência mastigatória; além disso, muitos autores afirmam ser um tipo de maloclusão que frequentemente não apresenta autocorreção. A mastigação, sendo uma atividade neuromuscular aprendida e adaptada durante toda a vida, desenvolve-se concomitantemente com o crescimento craniofacial, com o aumento do volume intrabucal, com os dentes em irrupção e com a maturação dos músculos e articulações, sob coordenação e interação das funções realizadas pelo sistema nervoso central. Daí a importância de que o estado de normalidade neuromuscular, esquelético e das estruturas dentais seja atingido já na dentição decídua. Dada a efetividade dos métodos de avaliação mencionados, torna-se importante utilizá-los de modo a se obter parâmetros comparativos entre os diversos tipos de características morfológicas e funcionais nesta fase, podendo- se acompanhar objetivamente os processos de crescimento e desenvolvimento, diagnosticando precocemente alterações que possam se perpetuar. Além disso, são raros os estudos realizados a respeito das características estruturais e funcionais associadas à mordida cruzada posterior em crianças de pouca idade. Sendo assim, este estudo buscou avaliar a espessura dos músculos masseter e porção anterior do músculo temporal em crianças na fase da dentição decídua e dentição mista inicial com oclusão normal e mordida cruzada posterior 2 5 25 unilateral, correlacionando com as dimensões faciais e com as variáveis corporais. MÉTODOS Foram examinadas crianças de ambos os gêneros, entre três anos e meio e sete anos, cadastradas para tratamento no Departamento de Odontologia Infantil — Faculdade de Odontologia de Piracicaba — Unicamp Universidade Estadual de Campinas. A amostra consistiu de 49 crianças, que foram selecionadas após o consentimento verbal e escrito dos responsáveis para participarem do estudo. A seleção foi realizada após completa anamnese e exame clínico, nos quais verificou-se o bom estado de saúde geral, a normalidade de estruturas orofaciais, o peso e a altura corporais, a oclusão morfológica e o estágio da dentição: dentição decídua completa ou dentição mista — fase inicial (primeiros molares e incisivos em irrupção). A refração do feixe ultrassonográfico ocorre quando a onda sonora incidente atravessa tecidos de diferentes impedâncias acústicas (Nyland & Matton, 2004). O caminho mais longo percorrido pelo eco faz com que o objeto refletido apareça estar mais profundo do que ele realmente se encontra (Toal, 1994). A interação do feixe de som com um limite acústico altamente refletivo como osso, cálculo ou gás resulta no sombreamento acústico (Wrigley, 1998), ocorrendo de forma mais pronunciada e evidente quando se faz uso de transdutores de alta frequência (Toal, 1994). Ocorre um alto grau de reflexão que, atenuando marcadamente o feixe sonoro, bloqueia a sua passagem para uma camada mais profunda de tecido. Esse fenômeno tem aplicação diagnóstica, pois o reconhecimento da sombra ajuda na localização de calcificações, cálculos (Figura 3) e gás. (Carvalho, 2004). Reforço acústico (também chamado de transmissão sem interrupção) representa 2 6 26 um aumento localizado da amplitude do eco que ocorre distal a uma estrutura de baixa atenuação. Em uma avaliação ultrassonográfica, o reforço aparece como uma área de claridade intensificada; isso normalmente é visualizado distal a vesícula biliar, e ocasionalmente, distal a vesícula urinária. Esse artefato é útil na diferenciação de estruturas císticas de massas sólidas, hipoecóicas (Nyland & Matton, 2004), auxiliando na identificação de presença de fluido no interior de uma dada estrutura (Reef, 1998). Muitos estudos atualmente tentam desenvolver técnicas ou equipamentos que diminuam a interferência dos artefatos na formação das imagens, dentre estas se tem a técnica de sinal harmônico. Consiste em transmitir uma onda de frequência usual, e que sofre a ação dos tecidos do corpo do animal, retornando de forma harmônica, geralmente com uma frequência o dobro da transmitida, onde será filtrado, maximizando o sinal, exibindo uma imagem com o mínimo de artefatos. Em resumo, as frequências harmônicas são unicamente geradas pelos tecidos e não pelo pulso transmitido (O’ Brien & Holmes, 2007). VANTAGENS E DESVANTAGENS COM RELAÇÃO À RADIOGRAFIA Atualmente, exames complementares como radiografia e ultrassonografia estão sendo utilizados para auxílio no diagnóstico de diversas patologias, bem como identificar estruturas essenciais em intervenções cirúrgicas No entanto, muitos profissionais encontram dificuldades na escolha do método apropriado para determinada suspeita clínica (Kolber & Kishimoto, 2004). O emprego desses métodos deve ter a finalidade de confirmar Sujeitos portadores de anomalias dentárias de forma, estrutura ou número, lesões de cárie e/ou mordida cruzada bilateral foram excluídos. 2 7 27 Assim, as crianças foram divididas em quatro grupos de acordo com o estágio e o tipo de oclusão (normal ou mordida cruzada posterior unilateral funcional): grupo DN (decídua-normal, n=15), grupo DC (decídua-cruzada, n=10), grupo MN (mista-normal, n=13), grupo MC (mista-cruzada, n=11). As crianças com oclusãonormal não apresentavam sinais e/ou sintomas de disfunção temporomandibular, nem desvio de linha média. Para os exames de ultrassonografia, os lados dos arcos dentários foram divididos em esquerdo e direito (oclusão normal), e normal e cruzado (mordida cruzada posterior unilateral). Gonzalez et al. (2003) fez um estudo comparativo entre a radiologia e a ultrassonografia no diagnóstico de piometra em cães, e percebeu que a ultrassonografia surgiu como um exame 100% sensível, com achados cirurgicamente confirmados. Em outro estudo, realizado por Kolber & Kishimoto (2004), verificou-se que o exame ultrassonográfico é aconselhável para determinadas doenças vesicais, como a cistite, cálculo e neoplasia. Os autores citam que a associação das técnicas de ultrassonografia e radiografia também pode ser útil no diagnóstico de algumas outras doenças. Apesar da impossibilidade de algumas vezes diferenciar neoplasias, pólipos e coágulos, a ultrassonografia contribui na orientação de biopsia aspirativa como meio de confirmação do diagnóstico e é muito importante na determinação da localização exata da neoformação. Permite ainda a avaliação da anatomia interna dos órgãos, muitas vezes facilitando a escolha do melhor exame radiográfico contrastado a ser usado (Kealy & Mcallister, 2000). Um estudo prospectivo destinado a avaliar a ultrassonografia como método de imagem para guiar a realização de biópsias de tumores no sistema musculoesquelético, revelou uma acurácia de 97%, sensibilidade de 96%, especificidade de 100% e valores preditivos positivo e negativo de 100 e 95%, respectivamente, para tumores de partes moles, ou porção extra óssea de tumores ósseos maiores ou iguais a 2 cm no esqueleto apendicular, com 2 8 28 correlação com outros métodos de imagem (tomografia computadorizada, radiografia e ressonância magnética), estudo anatomopatológico e/ou evolução clínica. Este mesmo estudo considerou o método de ultrassonografia limitado para a avaliação de tumores císticos, mixóides e tumores cartilaginosos de lesões localizadas no esqueleto axial (Torriani et al., 2002). Em casos de formação de calos ósseos, exames subsidiários, como planigrafias, tomografias axiais computadorizadas e ressonância nuclear magnética, além da emissão de raios nocivos e das complicações inerentes aos métodos, não podem ser aplicados na maioria das vezes, por sofrerem interferências dos materiais de síntese (Milani, 1994). Este mesmo autor comenta que a ultrassonografia consiste no exame de imagem de melhor precisão e precocidade em casos de diagnóstico de calos ósseos. A avaliação da consolidação do osso quando fraturado pode ser feita através dos exames radiológicos, em que ocorre o aumento da radiopacidade estando relacionado com maior mineralização. Esta metodologia, no entanto, fornece resultados aproximadamente após um mês da fratura, quando o processo osteogênico já está bem avançado (Ricciardi, 1991). Estudos em relação aos exames radiográficos e ultrassonográfico vêm sendo desenvolvidos por diversos profissionais da área, sendo esses, fatores importantes para a evolução, favorecendo não só o profissional em sua conduta, mas beneficiando ambos, o proprietário e o animal. Estes estudos possuem importância prática, pois auxiliará o clínico na melhor opção de escolha entre um estudo radiográfico, ou até mesmo a associação de ambos, de acordo com as suas suspeitas clínicas. Essa associação resulta em informações quanto ao tamanho, forma e posição dos órgãos (Kealy & Mcallister, 2005). Além disso, aumenta a chance 2 9 29 de um diagnóstico definitivo, favorecendo o rápido tratamento e prevenção da doença (Kolber & Kishimoto, 2004). ESPESSURA DOS MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS A espessura dos músculos mastigatórios foi avaliada por meio de ultrassonografia (Just Vision Toshiba®, Japão, 56mm/10MHz transdutor linear, do Departamento de Odontologia Infantil, Área de Odontopediatria — FOP — UNICAMP). As aquisições de imagens foram realizadas para os músculos masseter e porção anterior do músculo temporal, de ambos os lados, nas posições mandibulares de repouso e de máxima intercuspidação. O transdutor foi posicionado transversalmente em relação à direção das fibras musculares, considerando-se que o ventre do músculo masseter localiza- se, aproximadamente, dois centímetros (cm) acima do ângulo da mandíbula em direção à pálpebra superior e à porção anterior do músculo temporal, e cerca 1,5 cm para trás e para cima da comissura palpebral externa. Estas localizações foram confirmadas através de palpação e movimentação do transdutor para se obter uma imagem otimizada. Posicionando-se obliquamente o transdutor, a espessura muscular torna- se aumentada; portanto, a angulação utilizada para se evitar esta alteração deve buscar a melhor definição da imagem do ramo mandibular e do osso temporal. Durante o exame, as crianças permaneceram sentadas, recostadas, sem fixação da cabeça. As medições foram realizadas diretamente sobre a imagem obtida na tela do aparelho, no momento da sua aquisição, com aproximação de 0,1mm. Foram realizados três exames em cada músculo, para cada posição mandibular, com um intervalo de dois minutos entre cada mensuração (Figuras 1, 2, 3 e 4). https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462007000100009&script=sci_arttext&tlng=pt#fig1 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462007000100009&script=sci_arttext&tlng=pt#fig1 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462007000100009&script=sci_arttext&tlng=pt#fig2 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462007000100009&script=sci_arttext&tlng=pt#fig3 https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-18462007000100009&script=sci_arttext&tlng=pt#fig4 3 0 30 3 1 31 3 2 32 ANÁLISE DAS DIMENSÕES FACIAIS Fotografias frontais de cada criança foram obtidas por meio de metodologia padronizada, utilizando-se câmera fotográfica analógica com flash automático (Canon AE-1), montada em tripé e filme negativo. Os sujeitos permaneceram em pé à frente de um fundo claro, sob luz natural e posição relaxada. A cabeça foi posicionada com o plano sagital e o plano de Frankfo(u)rt, respectivamente, perpendicular e paralelo ao solo, dentes em máxima intercuspidação e lábios em repouso. A altura da câmera foi determinada de forma que a face da criança ficasse centralizada nos planos vertical e horizontal. A distância entre a câmera fotográfica e o fundo foi padronizada em 105 cm para todos os sujeitos. Duas fotografias (10x15 cm, coloridas) foram obtidas de cada criança e a melhor foi escolhida para a obtenção das medidas. As mensurações foram realizadas sobre as fotografias utilizando-se papel ultrafan, lápis, esquadro, transferidor e paquímetro digital (Digimatic, série 500, Mitutoyo). Os planos e pontos antropométricos considerados foram. • plano mandibular (plano que tangencia a distância entre o ângulo da mandíbula e o mento, no perfil mole); • plano do ramo mandibular (plano que tangencia a distância entre o ângulo da mandíbula e o arco zigomático, no perfil mole); • ponto pupilar (localizado no centro da pupila) e plano pupilar (plano que passa entre as duas pupilas com o sujeito olhando para o infinito); • zygion (ponto mais lateral do arco zigomático); • gonion (ponto determinado pela bissetriz do ângulo formado pelo plano mandibular e plano do ramo mandibular). 3 3 33 As grandezas consideradas para a análise das dimensões faciais estão na Tabela 1, sendo que as razões AFA/DB (altura facial anterior/distância bizigomática) e AFA/DI (altura facial anterior/distânciaintergoniana) também foram avaliadas. Todas as medidas foram determinadas com precisão de 0,01mm e a média de duas mensurações foi considerada como valor final. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Piracicaba — UNICAMP sob protocolos n. 147/2001 e 148/2002. ANÁLISE ESTATÍSTICA O erro de medida do exame ultrassonográfico foi calculado pela fórmula de Dahlberg's: 1,3 Se = (m1 — m2)2 / 2n; em que: Se = erro de medida; m1 = primeira medição; m2 = segunda medição; n = número de sujeitos. A segunda medição foi realizada uma semana após a primeira. Os resultados foram tabulados e aplicou-se a análise estatística descritiva para as variáveis estudadas, que consistiram de porcentagem, média e desvio padrão; sendo que cada fase da dentição (decídua/mista inicial) foi avaliada separadamente. A espessura dos músculos masseter e porção anterior do temporal foi comparada entre o lado esquerdo e direito, e lados cruzado e normal, nos grupos com oclusão normal e mordida cruzada, respectivamente, pelo teste "t" de Student pareado. A espessura muscular entre os grupos com normoclusão e maloclusão, dentro de cada fase da dentição, foi comparada pela Análise de Variância (Anova), considerando-se os lados direito e esquerdo, cruzado e normal, respectivamente. A espessura muscular e as dimensões faciais foram correlacionadas pela aplicação do teste de correlação de Pearson e Spearman. https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab01.gif 3 4 34 RESULTADOS Os valores da média e desvio padrão da espessura dos músculos masseter e porção anterior do temporal, em repouso e em máxima intercuspidação, das dimensões faciais e das variáveis corporais, para os quatro grupos, estão apresentados na Tabela 2. Os resultados obtidos mostraram que nos grupos de dentição decídua normal (DN) e com mordida cruzada (DC) não houve diferença significativa na espessura muscular entre os lados, tanto em máxima intercuspidação, como no repouso. Na dentição mista inicial, tanto na oclusão normal (MN) como na mordida cruzada (MC), não houve diferença na espessura do músculo masseter entre os lados, em ambas as posições mandibulares. Já no grupo MC, a porção anterior do temporal do lado cruzado apresentou espessura estatística e significativamente maior em relação ao lado normal no repouso (p< 0,05). Pela Análise de Variância (Anova) constatou-se não haver diferença significativa na espessura muscular entre os grupos com normoclusão e maloclusão nas respectivas fases das dentições avaliadas. Os resultados do cálculo do erro de medida do exame ultrassonográfico são mostrados na Tabela 3. Para o cálculo dos Coeficientes de Correlação (Teste de Correlação de Pearson) entre a espessura muscular, as variáveis corporais e as dimensões faciais foram considerados os valores das médias da espessura muscular entre lados para os músculos masseter (nos grupos DN, DC, MN e MC) e temporal (nos grupos DC, DN e MN), enquanto somente o músculo temporal no repouso do grupo MC teve seus lados analisados separadamente pelo Teste de Correlação de Spearman, uma vez que somente neste caso houve diferença significativa na espessura entre os lados cruzado e normal. Os Coeficientes de Correlação obtidos estão presentes na Tabela 4. https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab02.gif https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab03.gif https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab03.gif https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab04.gif 3 5 35 No grupo DC houve correlação positiva significativa somente entre altura e espessura do masseter no repouso; nos grupos de dentição mista, a espessura muscular não apresentou correlação significativa com as variáveis corporais. O grupo DN não apresentou correlação estatisticamente significativa entre espessura muscular e dimensões faciais. A variável AFA apresentou correlação significativa com o músculo temporal anterior no repouso do grupo MC; já as variáveis DB e DI obtiveram coeficientes estatisticamente significativos e positivos, ou próximos do nível de significância com a espessura do músculo masseter. Os coeficientes de correlação obtidos entre as razões AFA/DB e AFA/DI e a espessura do masseter foram negativos e, alguns, estatisticamente significativos. A porção anterior do músculo temporal não mostrou relacionar-se às variáveis DB e DI. DISCUSSÃO A qualidade da função mastigatória é dependente de uma série de fatores: área oclusal, número de dentes, atividade, dimensões e coordenação dos músculos mastigatórios, dimensões craniofaciais e ação da língua e dos músculos peri-bucais na manipulação do alimento. No estudo das funções que abrangem o sistema estomatognático, sobretudo em crianças, é fundamental considerar a idade, o estágio do desenvolvimento dentário e o tipo de oclusão como critérios de seleção da amostra, para evitar variações nos resultados. Pela ultrassonografia foi possível obter imagens bem definidas dos músculos masseter e porção anterior do temporal e determinar sua espessura com grande reprodutibilidade, rapidez e sem que a criança fosse exposta à radiação, o que torna esta técnica adequada para a avaliação dos músculos peribucais. 3 6 36 Comparando os valores absolutos das mensurações musculares em diferentes estudos, observam-se discrepâncias que são devidas às diferenças no tipo de amostra, na localização do transdutor para a captura de imagens e no aparelho e técnica utilizados. No presente estudo, a posição do transdutor para a realização do exame foi determinada por palpação dos músculos, em repouso e em contração. Seu correto posicionamento foi confirmado observando a imagem na tela do aparelho de ultrassom, sendo que as imagens da superfície do ramo mandibular, relativo ao músculo masseter, e do osso temporal, relativo à porção anterior do temporal, deveriam estar bem nítidas. Caso o transdutor fosse posicionado obliquamente, a imagem do músculo ficaria aumentada. É importante considerar, também, que quanto maior a frequência do transdutor, mais nítidas e claras serão as imagens capturadas. Utilizou-se neste estudo um transdutor de 10 MHz, superior aos transdutores utilizados em estudos anteriores, que variaram de 5,0 a 7,5 MHz. Consequentemente, o erro de medida pôde ser considerado baixo (Tabela 3), sendo que para o músculo masseter em repouso este valor foi superior ao da máxima intercuspidação (0,53 mm e 0,36 mm, respectivamente), valores estes similares a outros estudos. O erro na contração muscular foi inferior aos dos referidos estudos (0,49 mm e 0,45 mm, respectivamente). Esta diferença de valores entre as duas posições mandibulares se deve à maior vulnerabilidade do músculo em repouso, às variações de pressão que o transdutor exerce sobre a bochecha, sendo o masseter consequentemente mais susceptível a esta pressão, o que determinou maior erro de medida para o masseter em relação ao temporal. Observou-se, portanto, em todas as mensurações realizadas, que o músculo contraído apresentou espessura maior que a do músculo relaxado, corroborando os resultados anteriores. https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab03.gif https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab03.gif 3 7 37 Os valores da espessura do músculo masseter foram superiores aos da porção anterior do temporal, em todos os grupos. Outros autores encontraram resultados semelhantes, em crianças com dentição mista, enquanto outro grupo relatou ter encontrado valores altos para a espessura do músculo temporal no repouso (média de 14,35 mm em adultos), superioresaté mesmo aos valores do músculo masseter do mesmo estudo. Esta diferença deve-se, provavelmente, às variações no posicionamento do transdutor e à porção do músculo que foi avaliada. No presente estudo, os grupos DN e DC e o grupo MN não apresentaram diferenças significativas na espessura muscular entre os lados (Tabela 2). No grupo MC a porção anterior do músculo temporal em repouso do lado cruzado apresentou-se significativamente mais espesso em relação ao lado normal (p< 0,05). A menor espessura encontrada no lado normal poderia ser devida à menor solicitação muscular para a manutenção do côndilo dentro da cavidade glenóide. Isto porque o côndilo do lado cruzado apresenta-se posicionado mais superior e posteriormente na cavidade do que o côndilo do lado normal. Além disso, crianças com mordida cruzada posterior unilateral podem apresentar maior atividade do músculo temporal posterior no lado cruzado no repouso e em máxima intercuspidação e posição postural assimétrica, isto é, a mandíbula no repouso ainda permanece deslocada para o lado cruzado. Em relação ao músculo masseter, os resultados não mostraram diferenças significativas em ambas as fases das dentições. No entanto, outro estudo 6 apontou que o masseter no lado cruzado apresentou espessura estatisticamente menor do que o lado normal, em crianças na fase de dentição mista; após três anos da correção da mordida cruzada, esta diferença já não foi significativa, sugerindo que o tratamento eliminou a assimetria muscular. De acordo com a teoria de Planas o sujeito portador de mordida cruzada posterior unilateral mastiga preferentemente no lado cruzado, e como https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab02.gif 3 8 38 consequência, o masseter do lado cruzado deveria apresentar-se hipertrofiado pela maior demanda funcional. No entanto, estudos anteriores também demonstraram que não há predileção pelo lado cruzado durante a mastigação em sujeitos portadores de mordida cruzada. Apesar da diferença na faixa etária da amostra, os resultados encontrados no presente estudo concordam com resultados de estudo anterior, que avaliou sujeitos entre sete e 22 anos de idade com diferentes tipos de oclusão, observando que a espessura do músculo masseter entre os lados esquerdo e direito não diferiu significativamente. Também houve concordância com os resultados de estudo, no qual crianças na fase de dentição mista, com mordida aberta e sobremordida, apresentaram maior espessura do músculo temporal anterior em relação àquelas portadoras de oclusão normal, enquanto o músculo masseter não apresentou tal diferença. A comparação entre os grupos com normoclusão e maloclusão, entre os respectivos grupos e dentro de cada fase da dentição considerada, mostrou não haver diferença significativa na espessura dos músculos, em ambas as posições mandibulares. Pode-se sugerir que a faixa etária e as fases das dentições apresentadas pela amostra selecionada poderiam ser de influência. Na dentição decídua, o aspecto funcional da mordida cruzada poderia não estar determinando alterações morfológicas, sendo que as assimetrias funcionais e posturais oriundas do cruzamento ainda não estariam influenciando a estrutura muscular dos músculos avaliados. Na fase da dentição mista, espera-se que algumas alterações dento- alveolares, decorrentes da mordida cruzada, já estejam evidenciando-se. No entanto, de acordo com os resultados do presente estudo, observa-se que a maloclusão ainda não determinou diferenças significativas na espessura do músculo masseter, quando foram comparados os grupos na fase de dentição 3 9 39 mista. Isto também pode ser explicado pela fase da dentição mista avaliada, isto é, a fase inicial, na qual alterações dimensionais ainda não puderam ser detectadas. As dimensões musculares são preditoras da quantidade de força que um músculo é capaz de gerar; assim, as alterações funcionais decorrentes da presença de maloclusão podem ser observadas pelo decréscimo na máxima força de mordida em pré-adolescentes e adultos, mas não em crianças em idade pré-escolar. Ao avaliar a influência das variáveis corporais sobre a espessura muscular, observou-se que somente a espessura do masseter no repouso do grupo DC apresentou correlação positiva e significativa com a altura corporal. Não houve correlação significativa entre as variáveis nos grupos de dentição mista (Tabela 4). Observando os coeficientes obtidos, conclui-se que outros fatores devem atuar como preditores do aumento ou da diminuição da espessura muscular. Comparações com os resultados obtidos em crianças na fase de dentição decídua não foram possíveis, por não terem sido encontrados dados publicados até o momento. Meninas e meninos apresentam massa muscular semelhante, sendo que as diferenças tornam-se significativas na puberdade, sob influência dos hormônios sexuais. Em indivíduos jovens, o músculo masseter apresentou correlação significativa e positiva com o peso e a altura, e somente com o peso, em indivíduos adultos. No presente estudo, o peso corporal não teve influência na espessura muscular, sugerindo que crianças mais pesadas não necessariamente apresentam músculos mais espessos, mas massa adiposa maior. Através da utilização de fotografias frontais padronizadas na análise das dimensões faciais, evita-se que a criança seja exposta à radiação, como ocorre nos estudos cefalométricos. https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab04.gif 4 0 40 Este tipo de estudo já obteve resultados importantes na avaliação da influência do padrão facial sobre as funções que envolvem o sistema estomatognático. Outro método utilizado para a análise facial é a antropometria, no qual as mensurações são realizadas diretamente sobre a face do sujeito. Observou-se no presente estudo que até a fase inicial da dentição mista, a diferença na forma facial entre os gêneros não foi significativa, demonstrado pelo baixo desvio padrão das dimensões faciais (Tabela 2), corroborando estudos anteriores. Já em adultos, a variação da morfologia facial é grande e difere de indivíduo para indivíduo. O conhecimento das influências funcionais e genéticas sobre o crescimento e desenvolvimento craniofacial é ainda limitado e difícil de quantificar. Observa-se que indivíduos portadores de padrão braquicefálico são caracterizados por menor altura facial anterior, menor inclinação da mandíbula, ângulo goníaco menos obtuso e paralelismo entre os planos mandibular e palatino; aqueles com padrão dolicocefálico apresentam maior altura facial anterior, maior inclinação do plano mandibular e ângulo goníaco mais obtuso. Estudos anteriores avaliaram a função dos músculos mastigatórios através da eletromiografia força de mordida, da determinação de suas dimensões e sua relação com a morfologia craniofacial em adultos e indivíduos em crescimento. Assim como o posicionamento vertical dos músculos elevadores pode direcionar o crescimento mandibular e determinar um ângulo goníaco menos obtuso e sobremordida, o tipo de fibra que compõe o músculo masseter pode ser de importância. Além disso, foi observado que crianças com padrão dolicocefálico possuem maior altura das coroas clínicas dos dentes superiores e inferiores, além de aumento no componente dento-alveolar, provavelmente devido à menor https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab02.gif 4 1 41 força de mordida que elas apresentam e que permite sobre-irrupção dos elementos dentários. No presente estudo, observou-se fraca correlação entre a espessura muscular e a altura facial anterior (AFA), de acordo com dados de estudo anterior. Isto poderiaser devido às variações mais significativas da morfologia craniofacial concentrar-se na região inferior da face, abaixo do plano palatino. A variável DI (distância intergoniana) apresentou coeficientes de correlação positivos e, alguns, significativos com a espessura do músculo masseter; um dos motivos deste achado é, justamente, pela variável DI incluir a espessura deste músculo. A distância bizigomática (DB) apresentou coeficientes positivos e significativos, ou bastante próximos do nível de significância, com a espessura do masseter, sugerindo que a maior dimensão transversal da face, que a torna mais larga, está relacionada à maior espessura muscular (Tabela 4). As razões AFA/DB e AFA/DI apresentaram coeficientes negativos ou valores próximos a zero, mas não significativos em sua maioria com a espessura muscular; reforçando a tendência de crianças com faces mais longas de apresentar menor espessura do masseter. Este tipo de relação mostrou-se estatisticamente significativa em mulheres, onde a espessura do masseter correlacionou-se negativamente com as razões AFA/DB e AFA/DI, obtidas também por meio de fotografias frontais. Utilizando a antropometria em indivíduos em crescimento, foram encontradas correlações estatisticamente significativas e positivas entre a espessura do masseter e as distâncias intergoniana e bizigomática; e correlação negativa com a altura facial anterior inferior (subnasal-mento). De forma semelhante, concluíram que indivíduos que possuíam menor espessura do masseter apresentavam a face mais longa. Existem muitos trabalhos que buscaram esta relação através da cefalometria e ultrassonografia em adultos, determinando variáveis craniofaciais lineares e angulares sobre telerradiografias. https://www.scielo.br/img/revistas/rcefac/v9n1/n1a07tab04.gif 4 2 42 Observou-se que a maior espessura do músculo masseter está relacionada à maior altura do ramo mandibular e à menor inclinação mandibular e ângulo goníaco menos obtuso. A espessura do músculo masseter acompanha a largura da maxila e este se torna mais espesso com a idade em indivíduos jovens. Os resultados obtidos na correlação com a espessura da porção anterior do temporal demonstraram que este músculo não parece relacionar-se às variáveis DB e DI. Não há dados para comparações na literatura em crianças de pouca idade, tampouco trabalhos que tivessem avaliado e relacionado a espessura dos músculos mastigatórios às dimensões faciais nesta faixa etária. Os resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que a influência das características funcionais sobre as estruturas que compõem o sistema estomatognático pode ser observada já em crianças de pouca idade. Isto evidencia a importância da atenção precoce multidisciplinar às maloclusões, para que planos de tratamento efetivos possam ser estabelecidos, objetivando o adequado desenvolvimento morfológico associado ao desenvolvimento funcional, permitindo que o sistema estomatognático desenvolva-se e desempenhe sua função harmonicamente. Os resultados obtidos na amostra estudada constataram que: a porção anterior do músculo temporal no repouso apresentou maior espessura no lado cruzado no grupo mista-cruzada (p=0,05); a espessura do músculo masseter não apresentou diferença significativa entre os lados em todos os grupos; as variáveis corporais peso e altura não apresentaram correlação com a espessura dos músculos mastigatórios e crianças com faces mais longas apresentaram menor espessura do músculo masseter. Tais resultados mostraram que a influência das características funcionais sobre as estruturas que compõem o sistema estomatognático pode ser observada em crianças de pouca idade. 4 3 43 A cinesioterapia é um dos tratamentos fisioterapêuticos utilizados em pacientes mastectomizadas, tanto no pré operatório quanto no pós, pois o procedimento cirúrgico e a utilização de outros recursos para a eliminação das células cancerígenas, acabam por proporcionar complicações a paciente, e através de movimentos e exercícios essas complicações podem ser prevenidas ou tratadas. Verificou-se através dos autores estudados e seus protocolos de tratamento que a cinesioterápica proporciona uma melhor recuperação a paciente, prevenindo deformidades, diminuindo o aparecimento de complicações, além de manter e melhorar a funcionalidade da paciente. 4 4 44 REFERÊNCIAS Kiliaridis S, Kalebo P. Masseter muscle thickness measured by ultrasonography and its relation to facial morphology. 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