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2017-tcc-lasilva-1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA 
CURSO DE AGRONOMIA 
 
 
 
 
 
LUCAS DE AGUIAR SILVA 
 
 
 
IMPACTOS DO MANEJO FLORESTAL NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA 
CAATINGA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2017
1 
 
 
LUCAS DE AGUIAR SILVA 
 
 
IMPACTOS DO MANEJO FLORESTAL NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA 
CAATINGA 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em 
Agronomia. 
Orientador: Prof. Dr. Renato Innecco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2017 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
S581i Silva, Lucas de Aguiar.
 Impactos do manejo florestal na composição florística da caatinga / Lucas de Aguiar Silva. – 2017.
 36 f. : il. color.
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências
Agrárias, Curso de Agronomia, Fortaleza, 2017.
 Orientação: Prof. Dr. Renato Innecco.
 1. Conservação da caatinga. 2. Fitossociologia. 3. Produção de energia. I. Título.
 CDD 630
3 
 
LUCAS DE AGUIAR SILVA 
 
 
IMPACTOS DO MANEJO FLORESTAL NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA 
CAATINGA 
 
 
Monografia apresentada ao curso de 
Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em 
Agronomia. 
 
Aprovado em 07/12/2017. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
___________________________________________________ 
Prof. Dr. Renato Innecco (Orientador Pedagógico) 
 
___________________________________________________ 
M. Sc. Mauro Ferreira Lima 
Engenheiro Florestal 
 
___________________________________________________ 
Dra. Aurilene Araújo Vasconcelos 
Engenheira Agrônoma 
 
 
 
 
 
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A Deus. 
Aos meus pais e família. 
Aos meus amigos. 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
A Deus e a minha família, tias, primos(as), avós por torcer pelo meu sucesso e 
para que eu conseguisse alcançar meus objetivos. Em especial aos meus pais e irmã pela 
educação e cuidado desde a infância até o presente momento de termino do curso de 
graduação em Agronomia. 
Agradeço a Universidade Federal do Ceara por proporcionar o curso que me 
concederá a profissão a ser seguida ao longo de toda minha carreira profissional. 
A Agronômica Consultoria e Projetos Agropecuários, local onde primeiro conheci 
a realidade de um trabalho na área, onde ganhei experiências e conheci pessoas que se 
tornaram grandes amigos (as). Ao grupo de estudos GAMA-DT, coordenado pelo professor 
Adunias dos Santos Teixeira, meu primeiro orientador e onde tive minha primeira experiência 
com pesquisas agronômicas. 
Ao professor Mauro Ferreira Lima por ter sido além de orientador, um grande 
amigo e companheiro de trabalho, pelas portas que abriu para mim e pelo apoio durante o 
curso e o presente trabalho. 
As instituições que contribuíram para minha formação, Serviço Nacional de 
Aprendizagem Rural (SENAR), Terra Fértil Comercio e Representação, locais onde tive a 
oportunidade de estagiar e adquirir ricas experiências profissionais. 
Ao Professor Renato Innecco por ter aceitado ser meu orientador pedagógico 
nesse trabalho e ao Grupo Tavares que disponibilizou a propriedade e deu todo o suporte 
necessário para sua realização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Nossa maior fraqueza está em desistir. O 
caminho mais certo para vencer é tentar mais 
uma vez.” 
Thomas Edison 
7 
 
RESUMO 
A caatinga é um bioma brasileiro localizado no nordeste do país, região caracterizada por 
baixa pluviosidade e longos períodos de estiagem. Para sobreviver a essas condições, a 
vegetação nativa possui grande capacidade de regeneração e diversas adaptações para redução 
da perda de água. Essa vegetação é explorada com distintos objetivos, seja para produção de 
energia (lenha e carvão), para forrageamento ou é suprimida para dar lugar a outras 
atividades, como a pecuária. Diante disso, surge a necessidade de conhecer melhor esse bioma 
para que se possa explorá-lo sem comprometer sua capacidade produtiva. O presente trabalho 
foi realizado em uma fazenda no município de São Gonçalo do Amarante, no distrito de 
Croata, Ceara. A área está submetida a um plano de manejo florestal sustentável desde 1996. 
O objetivo do estudo foi avaliar o comportamento da vegetação ao longo do tempo. Para isso 
realizou-se um inventario florestal em 2008 e outro em 2016 para a obtenção da composição 
florística, da densidade, da dominância, do índice de valor de cobertura (IVC), do índice de 
valor de importância (IVI) e a composição volumétrica das espécies presentes na área. Esses 
parâmetros foram utilizados para analisar o comportamento florístico. Sabiá, Catingueira, 
Marmeleiro, Jurema Branca, Mofumbo, Jurema Preta e Tiririca foram as 7 (sete) espécies 
com maior índice de valor de importância e maior índice de valor de cobertura nos dois 
levantamentos, mostrando que a vegetação mantém um comportamento semelhante ao longo 
dos anos. O crescimento em volume também se mostrou satisfatório, pois no levantamento 
inicial verificou-se um incremento médio anual de 13,92 stereos por hectare por ano enquanto 
que em 2016 verificou-se um crescimento de 17,24. 
Palavras-chave: Conservação da Caatinga. Fitossociologia. Produção de Energia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
The caatinga is a Brazilian biome located in the northeastern of the country, characterized by 
low pluviosity and long periods of drought. In order to survive these conditions, native 
vegetation has a large capacity for regeneration and several adaptations to reduce water loss. 
This vegetation is exploited for different purposes, either for energy production (firewood and 
charcoal), for foraging or is suppressed to give opportunity to other activities, such as 
livestock. It is necessary to know this biome better so that it can be explored without 
compromising its productive capacity. This study was realized on a farm at Croata district, 
São Gonçalo do Amarante City, Ceara Estate. The area is submitted to a sustainable forest 
management plan since 1996. The objective was to evaluate the vegetation behavior over 
time. For this, a forest inventory was carried out in 2008 and another in 2016 to obtain the 
floristic composition, density, dominance, coverage value index, importance value index and 
volumetric composition of the species present in this area. These parameters were used to 
analyze the floristic behavior. Sabia, Catingueira, Marmeleiro, Jurema Branca, Mofunbo, 
Jurema Preta e Tiririca were the seven (7) species with the highest index of importance and 
highest index of cover value found in the two surveys, showing that the vegetation keeps the 
similar behaviors over the years. The growth in volume was also satisfactory, since in the 
initial survey there was verified an average annual increase of 13.92 stereos per hectare per 
year, while in 2016 there was a growth of 17.24. 
Keywords: Conservation of the Caatinga. Phytosociology. Production of Energy. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
Figura 1 - Mapa da região da Fazenda Alvorada, em São Gonçalo do Amarante, município 
onde foi desenvolvido o estudo.............................................................................................. 16 
Figura 2 - Planta da área manejada. Talhão 01 (T01), compreendendo 38,98ha..................17 
Figura 3 - Detalhe da demarcação das áreas com piquetes................................................... 18 
Figura 4 - Suta Finlandesa, utilizada nas medições.............................................................. 19 
Gráfico 1 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 
2008........................................................................................................................................ 27 
Gráfico 2 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 
2016........................................................................................................................................ 28 
Gráfico 3 - Dominância das espécies no inventario florestal de 2008.................................. 29 
Gráfico 4 - Dominância das espécies no inventario florestal de 2016......................................... 29 
Gráfico 5 - Variações de IVC em comparação dos anos de 2008 e 2016............................... 33 
Gráfico 6 - Valores de IVI em comparação dos anos 2008 e 2016......................................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Espécies identificadas no talhão T01 em 2008.................................................... 24 
Tabela 2 - Espécies identificadas no talhão T01 em 2016.................................................... 24 
Tabela 3 - Comparação entre as espécies presentes no talhão T01 nos anos de 2008 e 
2016......................................................................................................................................... 26 
Tabela 4 - Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2008................... 30 
Tabela 5 - Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2016................... 30 
Tabela 6 - Composição volumétrica das parcelas do talhão T01 em 2008........................... 31 
Tabela 7 - Composição volumétrica nas parcelas do inventario florestal de 2016............... 32 
Tabela 8 - Incremento médio anual do talhão 01.................................................................. 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
SUMARIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12 
2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 13 
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 13 
2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 13 
3 REFERÊNCIAL TEORÍCO ............................................................................. 14 
4 METODOLOGIA ............................................................................................. 16 
4.1 Local de estudo e caracterização da região........................................................ 16 
4.2 Coleta de dados ................................................................................................. 16 
4.2.1 Inventario Florestal e Amostragem ................................................................... 18 
4.3 Parâmetros analisados ....................................................................................... 19 
4.3.1 Composição Florística ....................................................................................... 20 
4.3.2 Similaridade Florística ...................................................................................... 20 
4.3.3 Densidade .......................................................................................................... 20 
4.3.4 Dominância ....................................................................................................... 21 
4.3.5 Frequência ......................................................................................................... 21 
4.3.6 Composição Volumétrica .................................................................................. 22 
4.3.7 Incremento Médio Anual (IMA) ....................................................................... 22 
4.3.8 Índice Valor de Importância (IVI) .................................................................... 22 
4.3.9 Índice Valor de Cobertura (IVC) ...................................................................... 23 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 24 
5.1 Composição Florística ...................................................................................... 24 
5.2 Densidade ......................................................................................................... 27 
5.3 Dominância ....................................................................................................... 28 
5.4 Similaridade Florística ...................................................................................... 29 
5.5 Composição Volumétrica ................................................................................. 30 
5.6 Incremento Médio Anual (IMA) ...................................................................... 32 
5.7 Índice Valor de Cobertura (IVC) ...................................................................... 32 
5.8 Índice Valor de Importância (IVI) .................................................................... 33 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 35 
 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 36 
 
12 
 
1. INTRODUÇÃO 
O Brasil é o quinto maior país em extensão territorial do mundo. Possui uma 
grande biodiversidade que está distribuída em seis biomas: Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, 
Amazônia, Pampas e Caatinga. Cada um apresenta uma série de peculiaridades e passaram 
por diferentes processos de ocupação e uso. 
“A caatinga ocupa uma área de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 
11% do território nacional. Engloba os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, 
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais” 
(MMA, 2017). Está presente em todos os estados do nordeste brasileiro, bioma de clima 
predominantemente semiárido. 
A região tem grande parte de seu território recoberto por uma vegetação xerófila, 
em que maior parte das espécies tem habito caducifólio, para resistir ao clima com alto 
potencial de evaporação e baixas medias de precipitação. (RODAL. et al, 2007). Folhas 
coriáceas, espinhos e acúleos são outras características desenvolvidas pelas espécies vegetais 
para reduzir a perda de água por transpiração. (RIBEIRO. et al, 2014). 
Cerca de 25% da energia utilizada por setores da indústria e do comercio, 
localizados na região nordeste, tem origem em biomassa florestal, gerando cerca de 900 mil 
empregos diretos e indiretos. (GARIGLIO. et al, 2010). Outras fontes de renda geradas pela 
vegetação são o fornecimento de forragem e os produtos florestais não madeireiros como mel, 
frutas e plantas medicinais. 
Apesar da importância econômica e social desse bioma, pouca informação vem 
sendo disseminada, algo que dificulta a tomada de decisões por técnicos e produtores. (APNE; 
CNIP, 2015). Dentro desse contexto, surge a necessidade do desenvolvimento de técnicas 
para explorar de forma racional o bioma caatinga, sem degradar e mantendo o potencial 
produtivo de seu território. 
 
 
 
 
 
13 
 
2. OBJETIVOS 
2.1 Objetivos gerais 
Avaliar os efeitos de um plano de manejo florestal utilizando corte raso sob a 
vegetação da Caatinga. 
2.2 Objetivos específicos 
a) Identificar a variação na composição florística; 
b) Verificar possíveis alterações na densidade das espécies; 
c) Avaliar a dominação das espécies; 
d) Verificar a similaridadeflorística; 
e) Avaliar a composição volumétrica das parcelas; 
f) Observar o incremento médio anual; 
g) Comparar o IVI entre os dois ciclos de corte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
3. REFERÊNCIAL TEÓRICO 
Desde meados da década de 80 o uso sustentável da Caatinga e sua conservação 
tornaram-se tema de estudo. Nesse período gerou-se muito conhecimento a respeito da 
vegetação desse bioma e nota-se uma dependência socioeconômica da população no 
semiárido.” (APNE; CNIP, 2008) 
A Caatinga é um dos principais biomas brasileiros e vem colaborando para o 
desenvolvimento regional como fonte energética para as indústrias, famílias de agricultores, 
como fonte de forragem para manutenção dos rebanhos ou ofertando produtos florestais 
madeireiros e não-madeireiros como fonte de renda. (MINC. et al, 2008). 
A Caatinga possui uma vegetação xerófila, bem adaptada a baixa pluviosidade 
anual e a alternância de chuvas de anos com chuvas regulares e anos com precipitações abaixo 
da média. É constituída de arbustos e arvores de pequeno a médio porte, normalmente com 
galhos retorcidos e espinhos ou acúleos fortes. 
A agricultura itinerante causou degradação em muitas áreas, esse processo foi 
bastante intenso nas margens dos rios o que provocou também erosão que acabou levando 
embora a camada superficial (mais fértil) de solos que em sua maioria já são naturalmente 
rasos. Em áreas de grandes demandas de lenha como no entorno de grande centro, o corte em 
intervalos muito curtos acabou reduzindo a diversidade florística. (GARIGLIO. et al, 2010) 
Para que se possa explorar a caatinga de forma consciente faz-se necessário a 
realização de um plano de manejo florestal que irá definir como se dará a exploração, 
embasada em um inventario florestal. Esse processo consiste na mensuração florestal para que 
se estude técnicas, processos e métodos confiáveis para a obtenção de informações seguras 
em relação a cobertura vegetal da área, fornecendo estimativas confiáveis para o alcance de 
determinados objetivos (MEUNIER, 2014). 
Nos trabalhos de inventário florestal na vegetação da região semiárida foram 
utilizados diversos tamanhos de unidades amostrais, dentre estas experiências encontram-se as 
testadas pelo Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA/87/007 (Desenvolvimento Florestal para o 
Nordeste do Brasil, 1991 a 1993), onde foram estudados vários formatos e dimensões de 
parcelas. O resultado deste estudo revelou que o formato da parcela que melhor se adaptou foi 
a de forma quadrada, com dimensões de 20 m x 20 m (400 m²), tendo em vista o alcance do 
objetivo proposto, resposta estatística favorável, praticidade de execução, menor tempo e 
custo de implantação (IBAMA, 1993). 
15 
 
A competência pela gestão dos planos de manejo, assim como dos recursos 
florestais como um todo é do estado através da Superintendência Estadual do Meio Ambiente 
(SEMACE) conforme previsto da Lei n° 12.488 de 13/09/1995 que estabelece a Política 
Florestal do Estado do Ceará, regulamentada pelo DECRETO Nº 24.221 de 12/09/1096, além 
da legislação Federal existente (CEARÁ, 1996). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
4. METODOLOGIA 
4.1 Local de estudo e caracterização da região 
O trabalho foi realizado na Fazenda Alvorada no município de São Gonçalo do 
Amarante, distrito de Croata, estado do Ceará (FIGURA 1). Segundo a classificação de 
Kopper, o clima da região é do tipo AW’ e segundo Gaussen é do tipo Bth, ou seja, tropical 
quente de seca acentuada. A precipitação média é de 1200 mm. A fazenda possui uma área de 
1192,46ha e em 506,16ha funciona um Plano de Manejo Florestal desde 1996, onde a cada 
ano é explorada uma área diferente em um regime de rotação de 10 anos. Toda a produção 
vegetal é destinada a atender a demanda dos fornos das cerâmicas pertencentes aos 
proprietários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.2 Coleta de dados 
No planejamento do manejo florestal, toda a área recoberta por vegetação lenhosa, 
foi subdividida em áreas menores denominadas de talhões. Cada talhão corresponde à área a 
Figura 1 – Mapa da região da Fazenda Alvorada, em São Gonçalo do Amarante, município 
onde foi desenvolvido o estudo. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
17 
 
ser explorada a cada ano. O período de rotação foi estabelecido para 10 anos, por isso, a área 
total de vegetação foi subdividida em 10 talhões conforme é mostrado a seguir (FIGURA 2). 
Figura 2 – Planta da área manejada. Talhão 01 (T01), compreendendo 38,98ha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Neste trabalho realizou-se um inventário florestal na área do talhão 01 (T01). Este 
talhão foi explorado em “corte raso” inicialmente no ano de 1996, ficando esta área em pousio 
até 2012, quando foi explorada novamente, iniciando-se o terceiro período de rotação ou ciclo 
de exploração. 
Para acompanhar o desenvolvimento da regeneração natural na área do talhão 01, 
e confirmar a sustentabilidade do manejo florestal, cujo objetivo é a produção de madeira para 
geração de energia, em 2008 foi realizado um Inventário Florestal. Com este estudo pôde-se 
observar a taxa de crescimento volumétrico médio, na vegetação em regeneração natural com 
a idade de 12 anos. Em 2012 esta área foi explorada novamente em “corte raso” iniciando-se 
um novo período de rotação. 
 No segundo semestre de 2016, portando quatro (4,0) anos após a exploração do 
talhão T01, foi realizado um novo Inventário Florestal nas mesmas áreas das parcelas do 
inventário de 2008. Este novo estudo realizado utilizou a mesma metodologia dos inventários 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
18 
 
anteriores e está sendo utilizado como parâmetro para a avaliação da recuperação da 
vegetação submetida ao Manejo florestal em regime de desenvolvimento sustentável. 
4.2.1 Inventário Florestal e Amostragem 
Neste estudo foi utilizado um sistema de amostragem aleatória simples com 
parcelas ou pontos amostrais de forma quadrada, com dimensões de 20 m por 20 m (400 m²), 
tendo em vista o alcance do objetivo proposto, resposta estatística favorável, praticidade de 
execução, menor tempo e custo de implantação. 
As parcelas foram marcadas com piquetes nos vértices e linhas para delimitação 
de sua área (FIGURA 3), as medições de diâmetro foram realizadas com Suta Finlandesa 
(FIGURA 4) a altura era estimada e o nome popular coletado com um morador da região que 
acompanhou todo o trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Figura 3 – Detalhe da demarcação das áreas com piquetes. 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No inventário florestal foram avaliados dados quantitativos e qualitativos dentro 
das unidades amostrais. Para isso, foram medidas as seguintes variáveis em cada árvore: 
• Diâmetro na Altura do Peito (DAP), apenas os iguais ou superiores a classe 
diamétrica de 2 cm; 
• Diâmetro na Base (DNB): Medida realizada a 0,30 m da superfície do solo; 
• Diâmetro na Altura do Peito (DAP): Medida realizada a 1,30 m da superfície 
do solo; 
• H (Altura Total da árvore): Medida realizada desde a superfície do solo até a 
extremidade do galho mais alto da árvore. A medição é realizada com uma vara marcada com 
intervalos de 0,50 m. 
Os parâmetros coletados em campo (espécie, DAP, DNB e H) para cada 
indivíduo, foram processados através do Software INFL, Programa de Inventário Florestal 
específico para a caatinga, desenvolvido pelo Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA/087/077. 
4.3 Parâmetros Analisados 
Para avaliar o comportamento da vegetação sob manejo florestal, foram avaliados 
aspectos qualitativos e quantitativos da vegetação ao longo do tempo, ou seja, antes e após o 
corte. Os parâmetros avaliados foram: 
Figura 4 - Suta Finlandesa, utilizada nas medições. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
20 
 
• Composição Florística; 
• Similaridade Florística; 
• Densidade; 
• Dominância; 
• Composição Volumétrica; 
• IncrementoMédio Anual (IMA); 
• Índice Valor de Importância (IVI); 
• Índice Valor de Cobertura (IVC). 
4.3.1 Composição Florística 
A composição florística consiste na listagem das espécies catalogadas no 
inventario, identifica os grupos de plantas presentes e permite realizar inferências a respeito 
da idade da população e conservação da área apenas observando as famílias e as espécies ali 
presentes. 
4.3.2 Similaridade Florística 
A similaridade florística permite quantificar quanto que determinada população é 
semelhante a outra com base na presença ou ausência de cada espécie dentro da unidade 
amostral. A partir dos dados amostrados calcula-se o Índice de Sorenses (IS) que considera as 
espécies comuns e exclusivas amostradas dentro do povoamento. O índice é calculado pela 
seguinte formula: 
�� = + + � 
Onde: a = Número de espécies comuns em todas as parcelas; b = Número de espécies 
que ocorrem somente em uma parcela; c = Número de espécies que ocorrem somente na outra 
parcela. 
4.3.3 Densidade 
A densidade pode ser dividida em Densidade Absoluta (Dabs), quando considera 
o número de arvores ou de indivíduos de uma mesma espécie em um hectare ou relativa 
(Drel) quando considera a população de determinada espécie em relação as demais, ambas as 
formas são determinadas por equações como descrito abaixo: 
• Densidade Absoluta 
21 
 = ℎ 
• Densidade Relativa 
= � 
Onde: n = Numero de indivíduos de uma mesma espécie em um hectare e (n/N) = 
Relação entre o número de indivíduos de uma espécie e o total de indivíduos em um hectare. 
4.3.4 Dominância 
A dominância permite quantificar a potencialidade produtiva da floresta. Esse 
indicador é calculado pela soma das áreas basais dos indivíduos, pertencentes a uma 
determinada espécie. A dominância é dividida em relativa e absoluta e pode ser obtida 
conforme descrito das equações abaixo. 
Dominância Absoluta: 
= ℎ 
Onde: ab/ha = área basal de determinada espécie por hectare. 
Dominância Relativa: 
= /ℎ/ℎ � 
Onde: AB/ha = área basal do total de arvores por hectare. 
4.3.5 Frequência 
A frequência quantifica a regularidade na distribuição de cada espécie dentro da 
área amostrada. Considera-se a ocorrência de cada espécie dentro das unidades amostrais de 
igual tamanho, no caso 400m². A frequência absoluta considera a quantidade de amostras em 
que determinada espécie ocorreu em relação ao total de pontos de amostragem. Já a 
frequência relativa considera a frequência absoluta de uma espécie em relação ao somatório 
das frequências absolutas de todas as espécies. 
� = � é � ú 
 
22 
 
Onde: Fabs = Frequência absoluta; 
� = � � �� 
Onde: Frel = Frequência relativa; 
4.3.6 Composição Volumétrica 
A composição volumétrica foi determinada através de equações volumétricas 
desenvolvidas pelo projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA /87/007. No projeto foram 
desenvolvidas equações especificas para as espécies consideradas mais importantes e uma 
equação geral para as demais espécies. 
Através desses modelos matemáticos dentro de um programa de computador 
(INFL) pôde-se determinar o volume empilhado e o volume real de cada espécie, o peso verde 
e o peso seco de cada espécie. 
4.3.7 Incremento Médio Anual (IMA) 
O incremento médio anual considera o crescimento das arvores, ou seja, seu 
aumento de volume em relação ao tempo. Através desse valor pode-se ter uma ideia da idade 
da vegetação e seu potencial de regeneração. Esse indicador mostra a média de crescimento 
da vegetação a cada ano, como mostra a equação abaixo: 
� = 
Onde: 
• IMA = Incremento Médio Anual 
• Cn = Crescimento em n anos 
• n = idade em anos da vegetação. 
 
4.3.8 Índice Valor de Importância (IVI) 
Segundo HOSOKAWA et al. (1998), os dados estruturais (densidade, dominância 
e frequência) demonstram aspectos essenciais na composição florística da floresta, mas são 
dados parciais, que isolados não informam sobre a estrutura florística da vegetação”. Por isso, 
23 
 
deve-se obter um valor que permita uma visão mais ampla da estrutura das espécies ou 
caracterize a importância de cada espécie no conglomerado total do povoamento. 
Este valor pode ser obtido da combinação dos três aspectos parciais mencionados 
em uma única expressão que abranja o aspecto estrutural em sua totalidade, calculando o 
chamado Índice do Valor de Importância. Obtém-se esse índice somando, para cada espécie, 
os valores relativos de abundâncias, dominâncias e frequências. 
O Índice de Valor de Importância foi calculado da seguinte forma: 
��� = + + � 
Onde: IVI = índice de Valor de Importância; Drel = Abundância relativa em %; 
Dorel = Dominância relativa em %; Frel = Frequência relativa em %. 
4.3.9 Índice Valor de Cobertura (IVC) 
Segundo HOSOKAWA et al. (1998), a importância de uma espécie caracteriza-se 
pelo número de árvores e suas dimensões (densidade e dominância), o que determina seu 
espaço dentro da biocenose florestal, não importando se as árvores apareçam isoladas ou em 
grupos. 
As espécies foram caracterizadas pelo valor de cobertura (abundância relativa + 
dominância relativa). Utilizando-se o método de Braun-Blanquet, o qual relata que uma 
espécie é representada pelo seu valor de avaliação, potencial da espécie, o que corresponde à 
somatória de densidade e dominância. 
O IVC pode ser calculado segundo a seguinte formula: 
�� = + 
 
 
 
 
 
 
24 
 
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
5.1 Composição Florística 
Em 2008, no talhão T01, foram identificadas 26 espécies de vegetais distribuídas 
em 12 famílias botânicas, conforme descrito na tabela a seguir (TABELA 1). Dentre as 
famílias se destacaram a Euphorbiaceae e a Mimosaceae que juntas têm o maior número de 
espécies dentro do povoamento, com cinco espécies cada. 
Tabela 1 – Espécies identificadas no talhão T01 em 2008. 
Família Nome Popular Nome Científico 
Anacardiaceae Aroeira Myracrodruon Urundeuva 
Apocinaceae Pereiro Aspidosperma pirifolium M. 
Boraginaceae 
Boraginaceae 
Boraginaceae 
Frei-jorge Cordia olliodora Cham 
Pau-branco Auxemma oncocalyx Taub 
João-mole Cordia insignis 
Burseraceae Emburana Bursera leptophloeos 
Caesalpinaceae 
Caesalpinaceae 
Caesalpinaceae 
Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tull 
São-joão Cassia bicapsulares L. 
Juca Caesalpinia ferre Mart. 
Capparaceae Feijão-bravo Capparis flexuosa 
Combretaceae 
Combretaceae 
Sipauba Thiloa glaucocarpa 
Mofumbo Combretum leprosum 
Euphorbiaceae 
Euphorbiaceae 
Euphorbiaceae 
Euphorbiaceae 
Euphorbiaceae 
Cocão Pera glabrata (Scott) 
Maniçoba Manihot caerulescens 
Marmeleiro Croton sonderianus Muell. Arg 
Marmeleiro-branco Croton sincorensis Mart. 
Pinhão bravo Jatropha mollisima (Phol) 
Mimosaceae 
Mimosaceae 
Mimosaceae 
Mimosaceae 
Mimosaceae 
Tiririca Mimosa hostilis Mart. 
Jurema-branca Piptadenia stipulacea 
Jurema-preta Mimosa tenuiflora 
Sabiá Mimosa caesalpiniifolia 
Surucucu Piptadenia viridiflora 
Mirtaceae Guabiraba Eugenia spp 
Poligonaceae Cipo Coccoloba sp. 
Rhamnaceae Guaxuma Colubrina glandulosa P. 
Fonte: Inventario Florestal de 2008 
Em 2016 no talhão 1 foram identificadas 29 espécies distribuídas em 15 famílias, 
conforme apresentado a seguir (TABELA 2), sendo predominantes as famílias Euphorbiaceae 
e Mimosaceae com cinco e quatro espécies, respectivamente. 
 
 
25 
 
Tabela 2 - Espécies identificadas no talhão T01 em 2016. 
Família Nome Popular Nome Científico 
Anacardiaceae Aroeira Myracrodruon Urundeuva 
Apocinaceae Pereiro Aspidosperma pirifolium M. 
Boraginaceae Pau-branco Auxemma oncocalyx Taub 
Boraginaceae João-mole Cordia insignis 
Bixaceae Pacotê Cochlospermum vitifolium (Willd.) 
Burseraceae Emburana Bursera leptophloeos 
Caesalpinaceae Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tull 
Caesalpinaceae Juca Caesalpinia ferre Mart 
Capparaceae Feijão-bravo Capparis flexuosa 
Combretaceae Sipauba Thiloa glaucocarpa 
Combretaceae Mofumbo Combretum leprosum 
Euphorbiaceae Brandão Sebastuana macrocarpa 
EuphorbiaceaeBurra-leiteira Sapium lanceolatum 
Euphorbiaceae Maniçoba Manihot caerulescens 
Euphorbiaceae Marmeleiro Croton sonderianus Muell. Arg 
Euphorbiaceae Marmeleiro-branco Croton sincorensis Mart 
Euphorbiaceae Pinhão-bravo Jatropha mollisima (Phol) 
Fabaceae Coração-de-negro Caesalpinia peltophoroides 
Fabaceae Violeta Salbergia cearensis Ducke 
Mimosaceae Tiririca Mimosa hostilis Mart. 
Mimosaceae Jurema-branca Piptadenia stipulacea 
Mimosaceae Jurema-preta Mimosa tenuiflora 
Mimosaceae Sabiá Mimosa caesalpiniifolia 
Olcaceae Ameixa Ximenia americana L. 
Poligonaceae Cipo Coccoloba sp. 
Rhamnaceae Juazeiro Ziziphus joazeiro 
Rubiaceae Angelica Guettarda platypoda 
Indetermiada Pitiá - 
Indetermiada Unha-de-gato - 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Ao observar as tabelas 1 e 2, nota-se que ocorreu um aumento no número de 
espécies no inventario de 2016 quando a vegetação tinha 4 anos após o corte, em relação ao 
inventario de 2008, quando a vegetação tinha 12 anos após o corte. Isso pode ter ocorrido 
devido à maior quantidade de luz disponível nos anos iniciais de regeneração, favorecendo 
espécies pioneiras como as da família Fabaceae que não estavam presentes em 2008. Outro 
fator que pode ter contribuído para esse surgimento de espécies foram as precipitações 
ocorridas nos anos anteriores ao corte, o que favoreceu a produção de sementes que são 
facilmente dispersas por aves e mamíferos, da fauna silvestre. A seguir, é apresentada a 
comparação entre as espécies presentes na área em 2008 e em 2016 (TABELA 3). 
26 
 
 
Tabela 3 - Comparação entre as espécies presentes no talhão T01 nos anos de 2008 e 2016. 
Família Nome Popular Nome cientifico 2008 2016 
Anacardiaceae Aroeira Myracrodruon Urundeuva X X 
Apocinaceae Pereiro Aspidosperma pirifolium M. X X 
Bixaceae Pacotê 
Cochlospermum vitifolium 
(Willd.) X 
Boraginaceae Frei-Jorge Cordia olliodora Cham X 
Boraginaceae Pau-branco Auxemma oncocalyx Taub X X 
Boraginaceae João-mole Cordia insignis X X 
Burseraceae Emburana Bursera leptophloeos X X 
Caesalpinaceae Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tull X X 
Caesalpinaceae Juca Caesalpinia ferre Mart X X 
Caesalpinaceae São-João Cassia bicapsularis L. X 
Capparaceae Feijão-bravo Capparis flexuosa X X 
Combretaceae Sipauba Thiloa glaucocarpa X X 
Combretaceae Mofumbo Combretum leprosum X X 
Euphorbiaceae Cocão Pera glabrata (Scott.) Baill X 
Euphorbiaceae Brandão Sebastuana macrocarpa X 
Euphorbiaceae Burra-leiteira Sapium lanceolatum X 
Euphorbiaceae Maniçoba Manihot caerulescens X X 
Euphorbiaceae Marmeleiro Croton sonderianus Muell. Arg X X 
Euphorbiaceae Marmeleiro-
branco Croton sincorensis Mart. X X 
Euphorbiaceae Pinhão-bravo Jatropha mollisima (Phol) X X 
Fabaceae Coração-de-negro Caesalpinia peltophoroides X 
Fabaceae Unha-de-gato Acacia paniculata X 
Fabaceae Violeta Salbergia cearensis Ducke X 
Mimosaceae Tiririca Mimosa hostilis Mart. X X 
Mimosaceae Jurema-branca Piptadenia stipulacea X X 
Mimosaceae Jurema-preta Mimosa tenuiflora X X 
Mimosaceae Sabiá Mimosa caesalpiniifolia X X 
Mimosaceae Surucucu Piptadenia viridiflora X 
Mirtaceae Guabiraba Eugenia spp X 
Olcaceae Ameixa Ximenia americana L. X 
Poligonaceae Cipo Coccoloba sp. X X 
Rhamnaceae Guaxuma Colubrina glandulosa X 
Rubiaceae Angelica Guettarda platypoda X 
Indetermiada Pitiá X 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Ao observar o quadro 3 nota-se que 19 espécies estavam presentes nos dois 
levantamentos, 5 espécies estavam na área apenas em 2008 e 8 delas foram encontradas 
apenas em 2016. As espécies que foram encontradas apenas em 2008 são em sua maioria de 
crescimento lento, como o Frei Jorge, e foram verificadas em baixas densidades o que 
27 
 
aumenta as chances desses indivíduos não terem sido contemplados na amostragem ou que 
não obedecessem ao critério de amostragem de DAP igual ou maior que 2 cm. Sampaio (et al, 
1998), ao realizar levantamento florístico em área antes e dois anos após o desmatamento 
também observou a ausência de espécies, antes presentes, e o surgimento de espécies novas 
após o corte, resultado também verificado no presente trabalho. 
5.2 Densidade 
As densidades das espécies dentro do povoamento em 2008 podem ser observadas 
a seguir (GRAFICO 1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As densidades das espécies dentro do povoamento em 2016 são explanadas no 
gráfico a seguir (GRÁFICO 2). 
 
 
 
 
 
 
Gráfico 1 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 2008. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao observar os gráficos 1 e 2 nota-se que existem 7 espécies com densidade 
relativa acima de 3% e que 6 delas são as mesmas nos dois levantamentos. Nota-se uma 
variação na posição das espécies em relação às demais no levantamento. Em 2016 a 
Catingueira e a Tiririca apresentaram uma participação maior dentro do povoamento 
(GRÁFICO 3) o que indica uma maior necessidade de luz para o desenvolvimento dessas 
espécies, já que em 2008 com a vegetação de 12 anos elas tiveram uma participação menor. 
Marmeleiro e sabiá foram as espécies de maior densidade nos dois inventários, no entanto, em 
2008 esses valores mostram-se maiores devido à idade do povoamento. Durante o inventario 
de 2016 foi observado grande quantidade de indivíduos com diâmetro que não atendia ao 
critério de amostragem, com isso, acredita-se que com o tempo esses valores se tornem cada 
vez mais próximos. 
5.3 Dominância 
Nos gráficos a seguir, podem-se avaliar a dominância das espécies nos inventários 
de 2008 e 2016, respectivamente (GRÁFICO 3 E GRÁFICO 4). 
 
 
 
 
Gráfico 2 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 2016. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao avaliar os dois gráficos observa-se que entre as 7 espécies de maior 
dominância o sabia tem aumentado sua dominância ao longo do tempo, pois na área com 12 
anos de idade ele apresentou uma dominância relativa de 35,78% enquanto que na área com 
idade de 4 anos a espécie tinha apresentado uma dominância de 20,5%. Essa é uma 
informação de extrema relevância dentro do manejo florestal, pois além de ser uma espécie 
excelente para produção de estacas e mourões tem também bom poder calorífero. 
Gráfico 3 – Dominância das espécies no inventario florestal de 2008. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Gráfico 4 - Dominância das espécies no inventario florestal de 2016. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
30 
 
O Sabiá e a Jurema-branca mostraram-se com maior poder de competição já que 
apresentaram maiores valores de dominância no povoamento mais velho, já o Marmeleiro e o 
Mofumbo tiveram alterações pouco significativas no povoamento mais jovem em relação ao 
povoamento mais antigo. As demais espécies, catingueira, jurema preta, tiririca, apresentaram 
maiores valores de dominância no povoamento jovem, mostrando que essas espécies 
necessitam de grande quantidade de luz, o que as coloca em desvantagem aos competir com 
as demais ao longo do tempo. 
5.4 Similaridade Florística 
O cálculo da similaridade florística foi realizado através do Índice de Sorensen 
que avalia a similaridade de forma qualitativa entre as espécies presentes nas parcelas do 
inventario. Os resultados encontrados estão expressos nas tabelas a seguir (TABELA 4 E 
TABELA 5). 
O cálculo da similaridade florística foi realizado através do Índice de Sorensen 
que avalia a similaridade de forma qualitativa entre as espécies presentes nas parcelas do 
inventario. Os resultados encontrados estão expressos nas tabelas a seguir (TABELA 4 E 
TABELA 5). 
Tabela 4 – Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2008. 
Tabela 5 – Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2016. 
Similaridade Florística 
 1 2 3 4 5 6 7 
1 x 52,17 60,86 57,14 58,82 52,17 43,47 
2 x 53,84 75 60 61,53 53,84 
3 x 58,33 50 69,23 53,84 
4 x 66,66 7566,66 
5 x 50 50 
6 X 76,92 
7 X 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 Similaridade 
 1 2 3 4 5 6 7 
1 x 69,56 80 60 44,44 57,14 53,84 
2 x 72,72 59,25 58,33 77,77 52,17 
3 x 41,37 46,15 50 64 
4 X 51,61 56 53,33 
5 x 63,63 66,66 
6 x 57,14 
7 x 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
31 
 
O cálculo da similaridade florística foi realizado através do Índice de Sorensen 
que avalia a similaridade de forma qualitativa entre as espécies presentes nas parcelas do 
inventario. Em 2008 95,23% das comparações apresentaram valores a cima de 0,5, o que 
segundo Fonseca e Silva Júnior (2004), de modo geral é considerados alto. Em 2016 85,70% 
das comparações apresentaram valores a cima de 0,5, ou seja, nas duas situações pode-se 
considerar que a vegetação se mostrou bastante homogênea. 
5.5 Composição Volumétrica 
A composição volumétrica das parcelas, bem como suas analises estatísticas estão 
apresentadas nos quadros a seguir (TABELA 6 E TABELA 7). 
Tabela 6 – Composição volumétrica das parcelas do talhão T01 em 2008. 
 
 
 
 
 
CÁLCULOS ESTATÍSTICOS (AMOSTRAGEM ALEATÓRIA) 
 VOLUME ESTIMADO 
 parcela Hectare parcela hectare 
PARCELAS AMOSTRAIS (m³) (m³) (st) (st) 
1 2,30 57,51 6,78 169,63 
2 2,06 47,43 6,07 139,88 
3 2,43 60,57 7,14 178,35 
4 1,92 47,90 5,67 141,4 
5 2,22 55,61 6,56 164,08 
6 2,68 55,61 7,89 164,08 
7 2,27 65,20 6,67 192,2 
MÉDIA (M) 2,27 55,69 6,68 164,23 
VARIÂNCIA (S²) 0,06 41,08 0,52 354,17 
DESVIO PADRÃO (S) 0,25 6,41 0,72 18,82 
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) 10,85 11,51 10,74 11,46 
ERRO PADRÃO DA MÉDIA (SM) 0,09 2,42 0,27 7,11 
SOMATÓRIO (∑xi) 15,88 389,83 46,78 1.149,62 
INTERVALO DE CONFIANÇA INFERIOR (LCi) 2,09 50,98 6,16 150,41 
INTERVALO DE CONFIANÇA SUPERIOR (LCs) 2,45 60,40 7,21 178,05 
ERRO DE AMOSTRAGEM OCORRIDO (EA) 7,97 8,45 7,89 8,42 
TAMANHO DA AMOSTRAGEM NECESSÁRIA (N) 1,11 1,25 1,09 1,24 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
32 
 
Tabela 7 – Composição volumétrica nas parcelas do inventario florestal de 2016. 
CÁLCULOS ESTATÍSTICOS (AMOSTRAGEM ALEATÓRIA) 
 VOLUME ESTIMADO 
 parcela hectare parcela Hectare 
PARCELAS AMOSTRAIS (m³) (m³) (st) (st) 
1 0,59 14,87 1,75 43,73 
2 1,18 29,52 3,47 86,77 
3 1,09 27,36 3,22 80,47 
4 0,92 22,96 2,70 67,58 
5 0,91 22,67 2,66 66,52 
6 0,76 18,95 2,23 55,75 
7 1,11 27,65 3,25 81,38 
MÉDIA (M) 0,94 23,43 2,75 68,89 
VARIÂNCIA (S²) 0,04 27,41 0,38 237,13 
DESVIO PADRÃO (S) 0,21 5,24 0,62 15,40 
COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) 22,43 22,35 22,33 22,35 
ERRO PADRÃO DA MÉDIA (SM) 0,08 1,98 0,23 5,82 
SOMATÓRIO (∑xi) 6,56 163,98 19,28 482,20 
INTERVALO DE CONFIANÇA INFERIOR (LCi) 0,78 19,58 2,30 57,58 
INTERVALO DE CONFIANÇA SUPERIOR (LCs) 1,09 27,27 3,21 80,19 
ERRO DE AMOSTRAGEM OCORRIDO (EA) 16,47 16,41 16,40 16,42 
TAMANHO DA AMOSTRAGEM NECESSÁRIA (N) 4,75 4,71 4,71 4,72 
Fonte: Elaborado pelo autor. Tabela t-student 90%(t=1,943), grau de liberdade=6, erro estabelecido 20% 
A amostragem feita foi volumétrica, realizada conforme IN N° 3 de 4 de maio de 
2001. As tabelas 6 e 7 mostram que 2 e 5 amostras seriam suficientes para representar o 
povoamento em 2008 e em 2016, respectivamente. No entanto durante os inventarios foram 
coletadas 7 amostras em cada levantamento. 
5.6 Incremento Médio Anual (IMA) 
O incremento médio anual, referente ao ano de 2008 é apresentado a seguir 
(TABELA 8). 
Tabela 8 – Incremento médio anual do talhão 01. 
Talhão 1 Idade (anos) Volume (st) IMA (st/há/há) 
Levantamento 2008 12 167,10 13,92 
Levantamento 2016 4 68,97 17,24 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Em 2008 quando o povoamento estava com doze anos de idade ele apresentou um 
IMA de 13,92 st/há/ano, em 2016 quando o povoamento estava com 4 anos de idade o 
crescimento foi de 17,24. Isso mostra que o manejo não vem prejudicando a capacidade de 
regeneração das espécies, além de manter ou aumentar sua capacidade produtiva ao longo dos 
anos. 
33 
 
O crescimento da vegetação tende a reduzir ao longo dos anos, no entanto, com 
17,24st/há/ano se espera que em doze anos a área apresente um maior volume de biomassa em 
relação a área com mesma idade em 2008. Os valores de crescimentos encontrados nesse 
trabalho foram superiores aos encontrados por Pareyn e Gariglio (1999), que para 
povoamentos de até 15 anos encontrou crescimento de até 7 st/há/ano, essa diferença pode ter 
ocorrido por diferença de precipitação entre as áreas de estudo. 
Os valores apresentados no quadro 8 se assemelham aos encontrados por (APNE; 
CNIP, 2015) que para regiões com índice pluviométrico a cima de 700mm encontrou IMA 
iguais a 18,5 e 15,7st/há/ano. Os resultados das pesquisas mostram que as áreas de manejo 
não estão perdendo seu potencial de regeneração, característica importante para manter a 
floresta produtiva, no entanto, deve-se buscar o tempo de rotação adequado para cada região. 
5.7 Índice Valor de Cobertura (IVC) 
O gráfico que expressa as variações nos valores de IVC, comparando 2008 e 2016 
está apresentado a seguir (GRÁFICO 5) 
Gráfico 5 - Variações de IVC em comparação dos anos de 2008 e 2016. 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
O somatório da participação das sete principais espécies em 2008 e em 2016 foi 
de 88,37% e de 85,76% respectivamente. Os valores se mantiveram próximos mostrando uma 
semelhança na cobertura vegetal nos dois levantamentos, sendo que três dessas espécies 
apresentaram maior cobertura em 2008, quando o povoamento estava com 12 anos, já as 
demais se tiveram maior participação na cobertura em 2016, com um povoamento mais jovem 
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
35,00%
40,00%
IVC
2008
2016
34 
 
de apenas 4 anos. Isso pode ter ocorrido devido a maior intensidade de luz e pela germinação 
do banco de sementes presente no solo que encontrou condições ideais para se desenvolver. 
5.8 Índice Valor de Importância (IVI) 
Os valores de IVI, em comparação dos anos 2008 e 2016 são apresentados no 
gráfico a seguir (GRÁFICO 6). 
Gráfico 6 - Valores de IVI em comparação dos anos 2008 e 2016. 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
As sete espécies que apresentaram maior importância têm características 
interessantes para atender demandas como fontes de energia. Segundo RAMOS (2007), 
Marmeleiro, Catingueira e Jurema-preta possuem chamas com boa durabilidade e pouca 
fumaça e estão entre as espécies de maior preferência da população. Marmeleiro, Catingueira, 
Jurema-preta e Jurema-branca mostraram-se dentro das 15 espécies com maior Índice de 
Valor Combustível. O sabiá além do potencial energético apresenta boa produção de estacas e 
mourões, devido sua durabilidade. 
 
 
 
 
 
0,00%
5,00%
10,00%
15,00%
20,00%
25,00%
30,00%
IVI
2008
2016
35 
 
6. CONCLUSÃO 
O manejo florestal através de corte raso não causou prejuízos a regeneração da 
vegetação, o que mantem o sistema produtivo. Podendo ser recomendado para a vegetação da 
Caatinga nas condições climática tropical quente de seca acentuada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
REFERÊNCIAS 
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planos de manejo do Bioma Caatinga. Estatística Florestal da Caatinga. Natal: Ministério 
do Meio Ambiente, Programa Nacional de Florestas. v. 1. 2008. 
ASSOCIAÇÃO PLANTAS DO NORDESTE – APNE; CNIP. Banco de Dados: lista de 
planos de manejo do Bioma Caatinga. Estatística Florestal da Caatinga. Natal: Ministério 
do Meio Ambiente, Programa Nacional de Florestas. v. 2. 2015. 
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<http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga>. Acesso em: 03 de dezembro de 2017 
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RAMOS, M. A. Plantas usadas como combustível em uma área de Caatinga (Nordeste do 
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