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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA CURSO DE AGRONOMIA LUCAS DE AGUIAR SILVA IMPACTOS DO MANEJO FLORESTAL NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA CAATINGA FORTALEZA 2017 1 LUCAS DE AGUIAR SILVA IMPACTOS DO MANEJO FLORESTAL NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA CAATINGA Monografia apresentada ao curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Agronomia. Orientador: Prof. Dr. Renato Innecco FORTALEZA 2017 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) S581i Silva, Lucas de Aguiar. Impactos do manejo florestal na composição florística da caatinga / Lucas de Aguiar Silva. – 2017. 36 f. : il. color. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias, Curso de Agronomia, Fortaleza, 2017. Orientação: Prof. Dr. Renato Innecco. 1. Conservação da caatinga. 2. Fitossociologia. 3. Produção de energia. I. Título. CDD 630 3 LUCAS DE AGUIAR SILVA IMPACTOS DO MANEJO FLORESTAL NA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DA CAATINGA Monografia apresentada ao curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Agronomia. Aprovado em 07/12/2017. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ Prof. Dr. Renato Innecco (Orientador Pedagógico) ___________________________________________________ M. Sc. Mauro Ferreira Lima Engenheiro Florestal ___________________________________________________ Dra. Aurilene Araújo Vasconcelos Engenheira Agrônoma 4 A Deus. Aos meus pais e família. Aos meus amigos. 5 AGRADECIMENTOS A Deus e a minha família, tias, primos(as), avós por torcer pelo meu sucesso e para que eu conseguisse alcançar meus objetivos. Em especial aos meus pais e irmã pela educação e cuidado desde a infância até o presente momento de termino do curso de graduação em Agronomia. Agradeço a Universidade Federal do Ceara por proporcionar o curso que me concederá a profissão a ser seguida ao longo de toda minha carreira profissional. A Agronômica Consultoria e Projetos Agropecuários, local onde primeiro conheci a realidade de um trabalho na área, onde ganhei experiências e conheci pessoas que se tornaram grandes amigos (as). Ao grupo de estudos GAMA-DT, coordenado pelo professor Adunias dos Santos Teixeira, meu primeiro orientador e onde tive minha primeira experiência com pesquisas agronômicas. Ao professor Mauro Ferreira Lima por ter sido além de orientador, um grande amigo e companheiro de trabalho, pelas portas que abriu para mim e pelo apoio durante o curso e o presente trabalho. As instituições que contribuíram para minha formação, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Terra Fértil Comercio e Representação, locais onde tive a oportunidade de estagiar e adquirir ricas experiências profissionais. Ao Professor Renato Innecco por ter aceitado ser meu orientador pedagógico nesse trabalho e ao Grupo Tavares que disponibilizou a propriedade e deu todo o suporte necessário para sua realização. 6 “Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo para vencer é tentar mais uma vez.” Thomas Edison 7 RESUMO A caatinga é um bioma brasileiro localizado no nordeste do país, região caracterizada por baixa pluviosidade e longos períodos de estiagem. Para sobreviver a essas condições, a vegetação nativa possui grande capacidade de regeneração e diversas adaptações para redução da perda de água. Essa vegetação é explorada com distintos objetivos, seja para produção de energia (lenha e carvão), para forrageamento ou é suprimida para dar lugar a outras atividades, como a pecuária. Diante disso, surge a necessidade de conhecer melhor esse bioma para que se possa explorá-lo sem comprometer sua capacidade produtiva. O presente trabalho foi realizado em uma fazenda no município de São Gonçalo do Amarante, no distrito de Croata, Ceara. A área está submetida a um plano de manejo florestal sustentável desde 1996. O objetivo do estudo foi avaliar o comportamento da vegetação ao longo do tempo. Para isso realizou-se um inventario florestal em 2008 e outro em 2016 para a obtenção da composição florística, da densidade, da dominância, do índice de valor de cobertura (IVC), do índice de valor de importância (IVI) e a composição volumétrica das espécies presentes na área. Esses parâmetros foram utilizados para analisar o comportamento florístico. Sabiá, Catingueira, Marmeleiro, Jurema Branca, Mofumbo, Jurema Preta e Tiririca foram as 7 (sete) espécies com maior índice de valor de importância e maior índice de valor de cobertura nos dois levantamentos, mostrando que a vegetação mantém um comportamento semelhante ao longo dos anos. O crescimento em volume também se mostrou satisfatório, pois no levantamento inicial verificou-se um incremento médio anual de 13,92 stereos por hectare por ano enquanto que em 2016 verificou-se um crescimento de 17,24. Palavras-chave: Conservação da Caatinga. Fitossociologia. Produção de Energia. 8 ABSTRACT The caatinga is a Brazilian biome located in the northeastern of the country, characterized by low pluviosity and long periods of drought. In order to survive these conditions, native vegetation has a large capacity for regeneration and several adaptations to reduce water loss. This vegetation is exploited for different purposes, either for energy production (firewood and charcoal), for foraging or is suppressed to give opportunity to other activities, such as livestock. It is necessary to know this biome better so that it can be explored without compromising its productive capacity. This study was realized on a farm at Croata district, São Gonçalo do Amarante City, Ceara Estate. The area is submitted to a sustainable forest management plan since 1996. The objective was to evaluate the vegetation behavior over time. For this, a forest inventory was carried out in 2008 and another in 2016 to obtain the floristic composition, density, dominance, coverage value index, importance value index and volumetric composition of the species present in this area. These parameters were used to analyze the floristic behavior. Sabia, Catingueira, Marmeleiro, Jurema Branca, Mofunbo, Jurema Preta e Tiririca were the seven (7) species with the highest index of importance and highest index of cover value found in the two surveys, showing that the vegetation keeps the similar behaviors over the years. The growth in volume was also satisfactory, since in the initial survey there was verified an average annual increase of 13.92 stereos per hectare per year, while in 2016 there was a growth of 17.24. Keywords: Conservation of the Caatinga. Phytosociology. Production of Energy. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Mapa da região da Fazenda Alvorada, em São Gonçalo do Amarante, município onde foi desenvolvido o estudo.............................................................................................. 16 Figura 2 - Planta da área manejada. Talhão 01 (T01), compreendendo 38,98ha..................17 Figura 3 - Detalhe da demarcação das áreas com piquetes................................................... 18 Figura 4 - Suta Finlandesa, utilizada nas medições.............................................................. 19 Gráfico 1 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 2008........................................................................................................................................ 27 Gráfico 2 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 2016........................................................................................................................................ 28 Gráfico 3 - Dominância das espécies no inventario florestal de 2008.................................. 29 Gráfico 4 - Dominância das espécies no inventario florestal de 2016......................................... 29 Gráfico 5 - Variações de IVC em comparação dos anos de 2008 e 2016............................... 33 Gráfico 6 - Valores de IVI em comparação dos anos 2008 e 2016......................................... 34 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Espécies identificadas no talhão T01 em 2008.................................................... 24 Tabela 2 - Espécies identificadas no talhão T01 em 2016.................................................... 24 Tabela 3 - Comparação entre as espécies presentes no talhão T01 nos anos de 2008 e 2016......................................................................................................................................... 26 Tabela 4 - Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2008................... 30 Tabela 5 - Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2016................... 30 Tabela 6 - Composição volumétrica das parcelas do talhão T01 em 2008........................... 31 Tabela 7 - Composição volumétrica nas parcelas do inventario florestal de 2016............... 32 Tabela 8 - Incremento médio anual do talhão 01.................................................................. 32 11 SUMARIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 12 2 OBJETIVOS ...................................................................................................... 13 2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 13 2.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 13 3 REFERÊNCIAL TEORÍCO ............................................................................. 14 4 METODOLOGIA ............................................................................................. 16 4.1 Local de estudo e caracterização da região........................................................ 16 4.2 Coleta de dados ................................................................................................. 16 4.2.1 Inventario Florestal e Amostragem ................................................................... 18 4.3 Parâmetros analisados ....................................................................................... 19 4.3.1 Composição Florística ....................................................................................... 20 4.3.2 Similaridade Florística ...................................................................................... 20 4.3.3 Densidade .......................................................................................................... 20 4.3.4 Dominância ....................................................................................................... 21 4.3.5 Frequência ......................................................................................................... 21 4.3.6 Composição Volumétrica .................................................................................. 22 4.3.7 Incremento Médio Anual (IMA) ....................................................................... 22 4.3.8 Índice Valor de Importância (IVI) .................................................................... 22 4.3.9 Índice Valor de Cobertura (IVC) ...................................................................... 23 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 24 5.1 Composição Florística ...................................................................................... 24 5.2 Densidade ......................................................................................................... 27 5.3 Dominância ....................................................................................................... 28 5.4 Similaridade Florística ...................................................................................... 29 5.5 Composição Volumétrica ................................................................................. 30 5.6 Incremento Médio Anual (IMA) ...................................................................... 32 5.7 Índice Valor de Cobertura (IVC) ...................................................................... 32 5.8 Índice Valor de Importância (IVI) .................................................................... 33 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 35 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 36 12 1. INTRODUÇÃO O Brasil é o quinto maior país em extensão territorial do mundo. Possui uma grande biodiversidade que está distribuída em seis biomas: Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal, Amazônia, Pampas e Caatinga. Cada um apresenta uma série de peculiaridades e passaram por diferentes processos de ocupação e uso. “A caatinga ocupa uma área de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Engloba os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais” (MMA, 2017). Está presente em todos os estados do nordeste brasileiro, bioma de clima predominantemente semiárido. A região tem grande parte de seu território recoberto por uma vegetação xerófila, em que maior parte das espécies tem habito caducifólio, para resistir ao clima com alto potencial de evaporação e baixas medias de precipitação. (RODAL. et al, 2007). Folhas coriáceas, espinhos e acúleos são outras características desenvolvidas pelas espécies vegetais para reduzir a perda de água por transpiração. (RIBEIRO. et al, 2014). Cerca de 25% da energia utilizada por setores da indústria e do comercio, localizados na região nordeste, tem origem em biomassa florestal, gerando cerca de 900 mil empregos diretos e indiretos. (GARIGLIO. et al, 2010). Outras fontes de renda geradas pela vegetação são o fornecimento de forragem e os produtos florestais não madeireiros como mel, frutas e plantas medicinais. Apesar da importância econômica e social desse bioma, pouca informação vem sendo disseminada, algo que dificulta a tomada de decisões por técnicos e produtores. (APNE; CNIP, 2015). Dentro desse contexto, surge a necessidade do desenvolvimento de técnicas para explorar de forma racional o bioma caatinga, sem degradar e mantendo o potencial produtivo de seu território. 13 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivos gerais Avaliar os efeitos de um plano de manejo florestal utilizando corte raso sob a vegetação da Caatinga. 2.2 Objetivos específicos a) Identificar a variação na composição florística; b) Verificar possíveis alterações na densidade das espécies; c) Avaliar a dominação das espécies; d) Verificar a similaridadeflorística; e) Avaliar a composição volumétrica das parcelas; f) Observar o incremento médio anual; g) Comparar o IVI entre os dois ciclos de corte. 14 3. REFERÊNCIAL TEÓRICO Desde meados da década de 80 o uso sustentável da Caatinga e sua conservação tornaram-se tema de estudo. Nesse período gerou-se muito conhecimento a respeito da vegetação desse bioma e nota-se uma dependência socioeconômica da população no semiárido.” (APNE; CNIP, 2008) A Caatinga é um dos principais biomas brasileiros e vem colaborando para o desenvolvimento regional como fonte energética para as indústrias, famílias de agricultores, como fonte de forragem para manutenção dos rebanhos ou ofertando produtos florestais madeireiros e não-madeireiros como fonte de renda. (MINC. et al, 2008). A Caatinga possui uma vegetação xerófila, bem adaptada a baixa pluviosidade anual e a alternância de chuvas de anos com chuvas regulares e anos com precipitações abaixo da média. É constituída de arbustos e arvores de pequeno a médio porte, normalmente com galhos retorcidos e espinhos ou acúleos fortes. A agricultura itinerante causou degradação em muitas áreas, esse processo foi bastante intenso nas margens dos rios o que provocou também erosão que acabou levando embora a camada superficial (mais fértil) de solos que em sua maioria já são naturalmente rasos. Em áreas de grandes demandas de lenha como no entorno de grande centro, o corte em intervalos muito curtos acabou reduzindo a diversidade florística. (GARIGLIO. et al, 2010) Para que se possa explorar a caatinga de forma consciente faz-se necessário a realização de um plano de manejo florestal que irá definir como se dará a exploração, embasada em um inventario florestal. Esse processo consiste na mensuração florestal para que se estude técnicas, processos e métodos confiáveis para a obtenção de informações seguras em relação a cobertura vegetal da área, fornecendo estimativas confiáveis para o alcance de determinados objetivos (MEUNIER, 2014). Nos trabalhos de inventário florestal na vegetação da região semiárida foram utilizados diversos tamanhos de unidades amostrais, dentre estas experiências encontram-se as testadas pelo Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA/87/007 (Desenvolvimento Florestal para o Nordeste do Brasil, 1991 a 1993), onde foram estudados vários formatos e dimensões de parcelas. O resultado deste estudo revelou que o formato da parcela que melhor se adaptou foi a de forma quadrada, com dimensões de 20 m x 20 m (400 m²), tendo em vista o alcance do objetivo proposto, resposta estatística favorável, praticidade de execução, menor tempo e custo de implantação (IBAMA, 1993). 15 A competência pela gestão dos planos de manejo, assim como dos recursos florestais como um todo é do estado através da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE) conforme previsto da Lei n° 12.488 de 13/09/1995 que estabelece a Política Florestal do Estado do Ceará, regulamentada pelo DECRETO Nº 24.221 de 12/09/1096, além da legislação Federal existente (CEARÁ, 1996). 16 4. METODOLOGIA 4.1 Local de estudo e caracterização da região O trabalho foi realizado na Fazenda Alvorada no município de São Gonçalo do Amarante, distrito de Croata, estado do Ceará (FIGURA 1). Segundo a classificação de Kopper, o clima da região é do tipo AW’ e segundo Gaussen é do tipo Bth, ou seja, tropical quente de seca acentuada. A precipitação média é de 1200 mm. A fazenda possui uma área de 1192,46ha e em 506,16ha funciona um Plano de Manejo Florestal desde 1996, onde a cada ano é explorada uma área diferente em um regime de rotação de 10 anos. Toda a produção vegetal é destinada a atender a demanda dos fornos das cerâmicas pertencentes aos proprietários. 4.2 Coleta de dados No planejamento do manejo florestal, toda a área recoberta por vegetação lenhosa, foi subdividida em áreas menores denominadas de talhões. Cada talhão corresponde à área a Figura 1 – Mapa da região da Fazenda Alvorada, em São Gonçalo do Amarante, município onde foi desenvolvido o estudo. Fonte: Elaborado pelo autor. 17 ser explorada a cada ano. O período de rotação foi estabelecido para 10 anos, por isso, a área total de vegetação foi subdividida em 10 talhões conforme é mostrado a seguir (FIGURA 2). Figura 2 – Planta da área manejada. Talhão 01 (T01), compreendendo 38,98ha. Neste trabalho realizou-se um inventário florestal na área do talhão 01 (T01). Este talhão foi explorado em “corte raso” inicialmente no ano de 1996, ficando esta área em pousio até 2012, quando foi explorada novamente, iniciando-se o terceiro período de rotação ou ciclo de exploração. Para acompanhar o desenvolvimento da regeneração natural na área do talhão 01, e confirmar a sustentabilidade do manejo florestal, cujo objetivo é a produção de madeira para geração de energia, em 2008 foi realizado um Inventário Florestal. Com este estudo pôde-se observar a taxa de crescimento volumétrico médio, na vegetação em regeneração natural com a idade de 12 anos. Em 2012 esta área foi explorada novamente em “corte raso” iniciando-se um novo período de rotação. No segundo semestre de 2016, portando quatro (4,0) anos após a exploração do talhão T01, foi realizado um novo Inventário Florestal nas mesmas áreas das parcelas do inventário de 2008. Este novo estudo realizado utilizou a mesma metodologia dos inventários Fonte: Elaborado pelo autor. 18 anteriores e está sendo utilizado como parâmetro para a avaliação da recuperação da vegetação submetida ao Manejo florestal em regime de desenvolvimento sustentável. 4.2.1 Inventário Florestal e Amostragem Neste estudo foi utilizado um sistema de amostragem aleatória simples com parcelas ou pontos amostrais de forma quadrada, com dimensões de 20 m por 20 m (400 m²), tendo em vista o alcance do objetivo proposto, resposta estatística favorável, praticidade de execução, menor tempo e custo de implantação. As parcelas foram marcadas com piquetes nos vértices e linhas para delimitação de sua área (FIGURA 3), as medições de diâmetro foram realizadas com Suta Finlandesa (FIGURA 4) a altura era estimada e o nome popular coletado com um morador da região que acompanhou todo o trabalho. Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 3 – Detalhe da demarcação das áreas com piquetes. 19 No inventário florestal foram avaliados dados quantitativos e qualitativos dentro das unidades amostrais. Para isso, foram medidas as seguintes variáveis em cada árvore: • Diâmetro na Altura do Peito (DAP), apenas os iguais ou superiores a classe diamétrica de 2 cm; • Diâmetro na Base (DNB): Medida realizada a 0,30 m da superfície do solo; • Diâmetro na Altura do Peito (DAP): Medida realizada a 1,30 m da superfície do solo; • H (Altura Total da árvore): Medida realizada desde a superfície do solo até a extremidade do galho mais alto da árvore. A medição é realizada com uma vara marcada com intervalos de 0,50 m. Os parâmetros coletados em campo (espécie, DAP, DNB e H) para cada indivíduo, foram processados através do Software INFL, Programa de Inventário Florestal específico para a caatinga, desenvolvido pelo Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA/087/077. 4.3 Parâmetros Analisados Para avaliar o comportamento da vegetação sob manejo florestal, foram avaliados aspectos qualitativos e quantitativos da vegetação ao longo do tempo, ou seja, antes e após o corte. Os parâmetros avaliados foram: Figura 4 - Suta Finlandesa, utilizada nas medições. Fonte: Elaborado pelo autor. 20 • Composição Florística; • Similaridade Florística; • Densidade; • Dominância; • Composição Volumétrica; • IncrementoMédio Anual (IMA); • Índice Valor de Importância (IVI); • Índice Valor de Cobertura (IVC). 4.3.1 Composição Florística A composição florística consiste na listagem das espécies catalogadas no inventario, identifica os grupos de plantas presentes e permite realizar inferências a respeito da idade da população e conservação da área apenas observando as famílias e as espécies ali presentes. 4.3.2 Similaridade Florística A similaridade florística permite quantificar quanto que determinada população é semelhante a outra com base na presença ou ausência de cada espécie dentro da unidade amostral. A partir dos dados amostrados calcula-se o Índice de Sorenses (IS) que considera as espécies comuns e exclusivas amostradas dentro do povoamento. O índice é calculado pela seguinte formula: �� = + + � Onde: a = Número de espécies comuns em todas as parcelas; b = Número de espécies que ocorrem somente em uma parcela; c = Número de espécies que ocorrem somente na outra parcela. 4.3.3 Densidade A densidade pode ser dividida em Densidade Absoluta (Dabs), quando considera o número de arvores ou de indivíduos de uma mesma espécie em um hectare ou relativa (Drel) quando considera a população de determinada espécie em relação as demais, ambas as formas são determinadas por equações como descrito abaixo: • Densidade Absoluta 21 = ℎ • Densidade Relativa = � Onde: n = Numero de indivíduos de uma mesma espécie em um hectare e (n/N) = Relação entre o número de indivíduos de uma espécie e o total de indivíduos em um hectare. 4.3.4 Dominância A dominância permite quantificar a potencialidade produtiva da floresta. Esse indicador é calculado pela soma das áreas basais dos indivíduos, pertencentes a uma determinada espécie. A dominância é dividida em relativa e absoluta e pode ser obtida conforme descrito das equações abaixo. Dominância Absoluta: = ℎ Onde: ab/ha = área basal de determinada espécie por hectare. Dominância Relativa: = /ℎ/ℎ � Onde: AB/ha = área basal do total de arvores por hectare. 4.3.5 Frequência A frequência quantifica a regularidade na distribuição de cada espécie dentro da área amostrada. Considera-se a ocorrência de cada espécie dentro das unidades amostrais de igual tamanho, no caso 400m². A frequência absoluta considera a quantidade de amostras em que determinada espécie ocorreu em relação ao total de pontos de amostragem. Já a frequência relativa considera a frequência absoluta de uma espécie em relação ao somatório das frequências absolutas de todas as espécies. � = � é � ú 22 Onde: Fabs = Frequência absoluta; � = � � �� Onde: Frel = Frequência relativa; 4.3.6 Composição Volumétrica A composição volumétrica foi determinada através de equações volumétricas desenvolvidas pelo projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA /87/007. No projeto foram desenvolvidas equações especificas para as espécies consideradas mais importantes e uma equação geral para as demais espécies. Através desses modelos matemáticos dentro de um programa de computador (INFL) pôde-se determinar o volume empilhado e o volume real de cada espécie, o peso verde e o peso seco de cada espécie. 4.3.7 Incremento Médio Anual (IMA) O incremento médio anual considera o crescimento das arvores, ou seja, seu aumento de volume em relação ao tempo. Através desse valor pode-se ter uma ideia da idade da vegetação e seu potencial de regeneração. Esse indicador mostra a média de crescimento da vegetação a cada ano, como mostra a equação abaixo: � = Onde: • IMA = Incremento Médio Anual • Cn = Crescimento em n anos • n = idade em anos da vegetação. 4.3.8 Índice Valor de Importância (IVI) Segundo HOSOKAWA et al. (1998), os dados estruturais (densidade, dominância e frequência) demonstram aspectos essenciais na composição florística da floresta, mas são dados parciais, que isolados não informam sobre a estrutura florística da vegetação”. Por isso, 23 deve-se obter um valor que permita uma visão mais ampla da estrutura das espécies ou caracterize a importância de cada espécie no conglomerado total do povoamento. Este valor pode ser obtido da combinação dos três aspectos parciais mencionados em uma única expressão que abranja o aspecto estrutural em sua totalidade, calculando o chamado Índice do Valor de Importância. Obtém-se esse índice somando, para cada espécie, os valores relativos de abundâncias, dominâncias e frequências. O Índice de Valor de Importância foi calculado da seguinte forma: ��� = + + � Onde: IVI = índice de Valor de Importância; Drel = Abundância relativa em %; Dorel = Dominância relativa em %; Frel = Frequência relativa em %. 4.3.9 Índice Valor de Cobertura (IVC) Segundo HOSOKAWA et al. (1998), a importância de uma espécie caracteriza-se pelo número de árvores e suas dimensões (densidade e dominância), o que determina seu espaço dentro da biocenose florestal, não importando se as árvores apareçam isoladas ou em grupos. As espécies foram caracterizadas pelo valor de cobertura (abundância relativa + dominância relativa). Utilizando-se o método de Braun-Blanquet, o qual relata que uma espécie é representada pelo seu valor de avaliação, potencial da espécie, o que corresponde à somatória de densidade e dominância. O IVC pode ser calculado segundo a seguinte formula: �� = + 24 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Composição Florística Em 2008, no talhão T01, foram identificadas 26 espécies de vegetais distribuídas em 12 famílias botânicas, conforme descrito na tabela a seguir (TABELA 1). Dentre as famílias se destacaram a Euphorbiaceae e a Mimosaceae que juntas têm o maior número de espécies dentro do povoamento, com cinco espécies cada. Tabela 1 – Espécies identificadas no talhão T01 em 2008. Família Nome Popular Nome Científico Anacardiaceae Aroeira Myracrodruon Urundeuva Apocinaceae Pereiro Aspidosperma pirifolium M. Boraginaceae Boraginaceae Boraginaceae Frei-jorge Cordia olliodora Cham Pau-branco Auxemma oncocalyx Taub João-mole Cordia insignis Burseraceae Emburana Bursera leptophloeos Caesalpinaceae Caesalpinaceae Caesalpinaceae Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tull São-joão Cassia bicapsulares L. Juca Caesalpinia ferre Mart. Capparaceae Feijão-bravo Capparis flexuosa Combretaceae Combretaceae Sipauba Thiloa glaucocarpa Mofumbo Combretum leprosum Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Cocão Pera glabrata (Scott) Maniçoba Manihot caerulescens Marmeleiro Croton sonderianus Muell. Arg Marmeleiro-branco Croton sincorensis Mart. Pinhão bravo Jatropha mollisima (Phol) Mimosaceae Mimosaceae Mimosaceae Mimosaceae Mimosaceae Tiririca Mimosa hostilis Mart. Jurema-branca Piptadenia stipulacea Jurema-preta Mimosa tenuiflora Sabiá Mimosa caesalpiniifolia Surucucu Piptadenia viridiflora Mirtaceae Guabiraba Eugenia spp Poligonaceae Cipo Coccoloba sp. Rhamnaceae Guaxuma Colubrina glandulosa P. Fonte: Inventario Florestal de 2008 Em 2016 no talhão 1 foram identificadas 29 espécies distribuídas em 15 famílias, conforme apresentado a seguir (TABELA 2), sendo predominantes as famílias Euphorbiaceae e Mimosaceae com cinco e quatro espécies, respectivamente. 25 Tabela 2 - Espécies identificadas no talhão T01 em 2016. Família Nome Popular Nome Científico Anacardiaceae Aroeira Myracrodruon Urundeuva Apocinaceae Pereiro Aspidosperma pirifolium M. Boraginaceae Pau-branco Auxemma oncocalyx Taub Boraginaceae João-mole Cordia insignis Bixaceae Pacotê Cochlospermum vitifolium (Willd.) Burseraceae Emburana Bursera leptophloeos Caesalpinaceae Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tull Caesalpinaceae Juca Caesalpinia ferre Mart Capparaceae Feijão-bravo Capparis flexuosa Combretaceae Sipauba Thiloa glaucocarpa Combretaceae Mofumbo Combretum leprosum Euphorbiaceae Brandão Sebastuana macrocarpa EuphorbiaceaeBurra-leiteira Sapium lanceolatum Euphorbiaceae Maniçoba Manihot caerulescens Euphorbiaceae Marmeleiro Croton sonderianus Muell. Arg Euphorbiaceae Marmeleiro-branco Croton sincorensis Mart Euphorbiaceae Pinhão-bravo Jatropha mollisima (Phol) Fabaceae Coração-de-negro Caesalpinia peltophoroides Fabaceae Violeta Salbergia cearensis Ducke Mimosaceae Tiririca Mimosa hostilis Mart. Mimosaceae Jurema-branca Piptadenia stipulacea Mimosaceae Jurema-preta Mimosa tenuiflora Mimosaceae Sabiá Mimosa caesalpiniifolia Olcaceae Ameixa Ximenia americana L. Poligonaceae Cipo Coccoloba sp. Rhamnaceae Juazeiro Ziziphus joazeiro Rubiaceae Angelica Guettarda platypoda Indetermiada Pitiá - Indetermiada Unha-de-gato - Fonte: Elaborado pelo autor. Ao observar as tabelas 1 e 2, nota-se que ocorreu um aumento no número de espécies no inventario de 2016 quando a vegetação tinha 4 anos após o corte, em relação ao inventario de 2008, quando a vegetação tinha 12 anos após o corte. Isso pode ter ocorrido devido à maior quantidade de luz disponível nos anos iniciais de regeneração, favorecendo espécies pioneiras como as da família Fabaceae que não estavam presentes em 2008. Outro fator que pode ter contribuído para esse surgimento de espécies foram as precipitações ocorridas nos anos anteriores ao corte, o que favoreceu a produção de sementes que são facilmente dispersas por aves e mamíferos, da fauna silvestre. A seguir, é apresentada a comparação entre as espécies presentes na área em 2008 e em 2016 (TABELA 3). 26 Tabela 3 - Comparação entre as espécies presentes no talhão T01 nos anos de 2008 e 2016. Família Nome Popular Nome cientifico 2008 2016 Anacardiaceae Aroeira Myracrodruon Urundeuva X X Apocinaceae Pereiro Aspidosperma pirifolium M. X X Bixaceae Pacotê Cochlospermum vitifolium (Willd.) X Boraginaceae Frei-Jorge Cordia olliodora Cham X Boraginaceae Pau-branco Auxemma oncocalyx Taub X X Boraginaceae João-mole Cordia insignis X X Burseraceae Emburana Bursera leptophloeos X X Caesalpinaceae Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tull X X Caesalpinaceae Juca Caesalpinia ferre Mart X X Caesalpinaceae São-João Cassia bicapsularis L. X Capparaceae Feijão-bravo Capparis flexuosa X X Combretaceae Sipauba Thiloa glaucocarpa X X Combretaceae Mofumbo Combretum leprosum X X Euphorbiaceae Cocão Pera glabrata (Scott.) Baill X Euphorbiaceae Brandão Sebastuana macrocarpa X Euphorbiaceae Burra-leiteira Sapium lanceolatum X Euphorbiaceae Maniçoba Manihot caerulescens X X Euphorbiaceae Marmeleiro Croton sonderianus Muell. Arg X X Euphorbiaceae Marmeleiro- branco Croton sincorensis Mart. X X Euphorbiaceae Pinhão-bravo Jatropha mollisima (Phol) X X Fabaceae Coração-de-negro Caesalpinia peltophoroides X Fabaceae Unha-de-gato Acacia paniculata X Fabaceae Violeta Salbergia cearensis Ducke X Mimosaceae Tiririca Mimosa hostilis Mart. X X Mimosaceae Jurema-branca Piptadenia stipulacea X X Mimosaceae Jurema-preta Mimosa tenuiflora X X Mimosaceae Sabiá Mimosa caesalpiniifolia X X Mimosaceae Surucucu Piptadenia viridiflora X Mirtaceae Guabiraba Eugenia spp X Olcaceae Ameixa Ximenia americana L. X Poligonaceae Cipo Coccoloba sp. X X Rhamnaceae Guaxuma Colubrina glandulosa X Rubiaceae Angelica Guettarda platypoda X Indetermiada Pitiá X Fonte: Elaborado pelo autor. Ao observar o quadro 3 nota-se que 19 espécies estavam presentes nos dois levantamentos, 5 espécies estavam na área apenas em 2008 e 8 delas foram encontradas apenas em 2016. As espécies que foram encontradas apenas em 2008 são em sua maioria de crescimento lento, como o Frei Jorge, e foram verificadas em baixas densidades o que 27 aumenta as chances desses indivíduos não terem sido contemplados na amostragem ou que não obedecessem ao critério de amostragem de DAP igual ou maior que 2 cm. Sampaio (et al, 1998), ao realizar levantamento florístico em área antes e dois anos após o desmatamento também observou a ausência de espécies, antes presentes, e o surgimento de espécies novas após o corte, resultado também verificado no presente trabalho. 5.2 Densidade As densidades das espécies dentro do povoamento em 2008 podem ser observadas a seguir (GRAFICO 1). As densidades das espécies dentro do povoamento em 2016 são explanadas no gráfico a seguir (GRÁFICO 2). Gráfico 1 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 2008. Fonte: Elaborado pelo autor. 28 Ao observar os gráficos 1 e 2 nota-se que existem 7 espécies com densidade relativa acima de 3% e que 6 delas são as mesmas nos dois levantamentos. Nota-se uma variação na posição das espécies em relação às demais no levantamento. Em 2016 a Catingueira e a Tiririca apresentaram uma participação maior dentro do povoamento (GRÁFICO 3) o que indica uma maior necessidade de luz para o desenvolvimento dessas espécies, já que em 2008 com a vegetação de 12 anos elas tiveram uma participação menor. Marmeleiro e sabiá foram as espécies de maior densidade nos dois inventários, no entanto, em 2008 esses valores mostram-se maiores devido à idade do povoamento. Durante o inventario de 2016 foi observado grande quantidade de indivíduos com diâmetro que não atendia ao critério de amostragem, com isso, acredita-se que com o tempo esses valores se tornem cada vez mais próximos. 5.3 Dominância Nos gráficos a seguir, podem-se avaliar a dominância das espécies nos inventários de 2008 e 2016, respectivamente (GRÁFICO 3 E GRÁFICO 4). Gráfico 2 - Densidades absolutas e relativas das espécies presentes no povoamento em 2016. Fonte: Elaborado pelo autor. 29 Ao avaliar os dois gráficos observa-se que entre as 7 espécies de maior dominância o sabia tem aumentado sua dominância ao longo do tempo, pois na área com 12 anos de idade ele apresentou uma dominância relativa de 35,78% enquanto que na área com idade de 4 anos a espécie tinha apresentado uma dominância de 20,5%. Essa é uma informação de extrema relevância dentro do manejo florestal, pois além de ser uma espécie excelente para produção de estacas e mourões tem também bom poder calorífero. Gráfico 3 – Dominância das espécies no inventario florestal de 2008. Fonte: Elaborado pelo autor. Gráfico 4 - Dominância das espécies no inventario florestal de 2016. Fonte: Elaborado pelo autor. 30 O Sabiá e a Jurema-branca mostraram-se com maior poder de competição já que apresentaram maiores valores de dominância no povoamento mais velho, já o Marmeleiro e o Mofumbo tiveram alterações pouco significativas no povoamento mais jovem em relação ao povoamento mais antigo. As demais espécies, catingueira, jurema preta, tiririca, apresentaram maiores valores de dominância no povoamento jovem, mostrando que essas espécies necessitam de grande quantidade de luz, o que as coloca em desvantagem aos competir com as demais ao longo do tempo. 5.4 Similaridade Florística O cálculo da similaridade florística foi realizado através do Índice de Sorensen que avalia a similaridade de forma qualitativa entre as espécies presentes nas parcelas do inventario. Os resultados encontrados estão expressos nas tabelas a seguir (TABELA 4 E TABELA 5). O cálculo da similaridade florística foi realizado através do Índice de Sorensen que avalia a similaridade de forma qualitativa entre as espécies presentes nas parcelas do inventario. Os resultados encontrados estão expressos nas tabelas a seguir (TABELA 4 E TABELA 5). Tabela 4 – Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2008. Tabela 5 – Similaridade florística nas parcelas do inventario florestal de 2016. Similaridade Florística 1 2 3 4 5 6 7 1 x 52,17 60,86 57,14 58,82 52,17 43,47 2 x 53,84 75 60 61,53 53,84 3 x 58,33 50 69,23 53,84 4 x 66,66 7566,66 5 x 50 50 6 X 76,92 7 X Fonte: Elaborado pelo autor. Similaridade 1 2 3 4 5 6 7 1 x 69,56 80 60 44,44 57,14 53,84 2 x 72,72 59,25 58,33 77,77 52,17 3 x 41,37 46,15 50 64 4 X 51,61 56 53,33 5 x 63,63 66,66 6 x 57,14 7 x Fonte: Elaborado pelo autor. 31 O cálculo da similaridade florística foi realizado através do Índice de Sorensen que avalia a similaridade de forma qualitativa entre as espécies presentes nas parcelas do inventario. Em 2008 95,23% das comparações apresentaram valores a cima de 0,5, o que segundo Fonseca e Silva Júnior (2004), de modo geral é considerados alto. Em 2016 85,70% das comparações apresentaram valores a cima de 0,5, ou seja, nas duas situações pode-se considerar que a vegetação se mostrou bastante homogênea. 5.5 Composição Volumétrica A composição volumétrica das parcelas, bem como suas analises estatísticas estão apresentadas nos quadros a seguir (TABELA 6 E TABELA 7). Tabela 6 – Composição volumétrica das parcelas do talhão T01 em 2008. CÁLCULOS ESTATÍSTICOS (AMOSTRAGEM ALEATÓRIA) VOLUME ESTIMADO parcela Hectare parcela hectare PARCELAS AMOSTRAIS (m³) (m³) (st) (st) 1 2,30 57,51 6,78 169,63 2 2,06 47,43 6,07 139,88 3 2,43 60,57 7,14 178,35 4 1,92 47,90 5,67 141,4 5 2,22 55,61 6,56 164,08 6 2,68 55,61 7,89 164,08 7 2,27 65,20 6,67 192,2 MÉDIA (M) 2,27 55,69 6,68 164,23 VARIÂNCIA (S²) 0,06 41,08 0,52 354,17 DESVIO PADRÃO (S) 0,25 6,41 0,72 18,82 COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) 10,85 11,51 10,74 11,46 ERRO PADRÃO DA MÉDIA (SM) 0,09 2,42 0,27 7,11 SOMATÓRIO (∑xi) 15,88 389,83 46,78 1.149,62 INTERVALO DE CONFIANÇA INFERIOR (LCi) 2,09 50,98 6,16 150,41 INTERVALO DE CONFIANÇA SUPERIOR (LCs) 2,45 60,40 7,21 178,05 ERRO DE AMOSTRAGEM OCORRIDO (EA) 7,97 8,45 7,89 8,42 TAMANHO DA AMOSTRAGEM NECESSÁRIA (N) 1,11 1,25 1,09 1,24 Fonte: Elaborado pelo autor. 32 Tabela 7 – Composição volumétrica nas parcelas do inventario florestal de 2016. CÁLCULOS ESTATÍSTICOS (AMOSTRAGEM ALEATÓRIA) VOLUME ESTIMADO parcela hectare parcela Hectare PARCELAS AMOSTRAIS (m³) (m³) (st) (st) 1 0,59 14,87 1,75 43,73 2 1,18 29,52 3,47 86,77 3 1,09 27,36 3,22 80,47 4 0,92 22,96 2,70 67,58 5 0,91 22,67 2,66 66,52 6 0,76 18,95 2,23 55,75 7 1,11 27,65 3,25 81,38 MÉDIA (M) 0,94 23,43 2,75 68,89 VARIÂNCIA (S²) 0,04 27,41 0,38 237,13 DESVIO PADRÃO (S) 0,21 5,24 0,62 15,40 COEFICIENTE DE VARIAÇÃO (CV) 22,43 22,35 22,33 22,35 ERRO PADRÃO DA MÉDIA (SM) 0,08 1,98 0,23 5,82 SOMATÓRIO (∑xi) 6,56 163,98 19,28 482,20 INTERVALO DE CONFIANÇA INFERIOR (LCi) 0,78 19,58 2,30 57,58 INTERVALO DE CONFIANÇA SUPERIOR (LCs) 1,09 27,27 3,21 80,19 ERRO DE AMOSTRAGEM OCORRIDO (EA) 16,47 16,41 16,40 16,42 TAMANHO DA AMOSTRAGEM NECESSÁRIA (N) 4,75 4,71 4,71 4,72 Fonte: Elaborado pelo autor. Tabela t-student 90%(t=1,943), grau de liberdade=6, erro estabelecido 20% A amostragem feita foi volumétrica, realizada conforme IN N° 3 de 4 de maio de 2001. As tabelas 6 e 7 mostram que 2 e 5 amostras seriam suficientes para representar o povoamento em 2008 e em 2016, respectivamente. No entanto durante os inventarios foram coletadas 7 amostras em cada levantamento. 5.6 Incremento Médio Anual (IMA) O incremento médio anual, referente ao ano de 2008 é apresentado a seguir (TABELA 8). Tabela 8 – Incremento médio anual do talhão 01. Talhão 1 Idade (anos) Volume (st) IMA (st/há/há) Levantamento 2008 12 167,10 13,92 Levantamento 2016 4 68,97 17,24 Fonte: Elaborado pelo autor. Em 2008 quando o povoamento estava com doze anos de idade ele apresentou um IMA de 13,92 st/há/ano, em 2016 quando o povoamento estava com 4 anos de idade o crescimento foi de 17,24. Isso mostra que o manejo não vem prejudicando a capacidade de regeneração das espécies, além de manter ou aumentar sua capacidade produtiva ao longo dos anos. 33 O crescimento da vegetação tende a reduzir ao longo dos anos, no entanto, com 17,24st/há/ano se espera que em doze anos a área apresente um maior volume de biomassa em relação a área com mesma idade em 2008. Os valores de crescimentos encontrados nesse trabalho foram superiores aos encontrados por Pareyn e Gariglio (1999), que para povoamentos de até 15 anos encontrou crescimento de até 7 st/há/ano, essa diferença pode ter ocorrido por diferença de precipitação entre as áreas de estudo. Os valores apresentados no quadro 8 se assemelham aos encontrados por (APNE; CNIP, 2015) que para regiões com índice pluviométrico a cima de 700mm encontrou IMA iguais a 18,5 e 15,7st/há/ano. Os resultados das pesquisas mostram que as áreas de manejo não estão perdendo seu potencial de regeneração, característica importante para manter a floresta produtiva, no entanto, deve-se buscar o tempo de rotação adequado para cada região. 5.7 Índice Valor de Cobertura (IVC) O gráfico que expressa as variações nos valores de IVC, comparando 2008 e 2016 está apresentado a seguir (GRÁFICO 5) Gráfico 5 - Variações de IVC em comparação dos anos de 2008 e 2016. Fonte: Elaborado pelo autor. O somatório da participação das sete principais espécies em 2008 e em 2016 foi de 88,37% e de 85,76% respectivamente. Os valores se mantiveram próximos mostrando uma semelhança na cobertura vegetal nos dois levantamentos, sendo que três dessas espécies apresentaram maior cobertura em 2008, quando o povoamento estava com 12 anos, já as demais se tiveram maior participação na cobertura em 2016, com um povoamento mais jovem 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% IVC 2008 2016 34 de apenas 4 anos. Isso pode ter ocorrido devido a maior intensidade de luz e pela germinação do banco de sementes presente no solo que encontrou condições ideais para se desenvolver. 5.8 Índice Valor de Importância (IVI) Os valores de IVI, em comparação dos anos 2008 e 2016 são apresentados no gráfico a seguir (GRÁFICO 6). Gráfico 6 - Valores de IVI em comparação dos anos 2008 e 2016. Fonte: Elaborado pelo autor. As sete espécies que apresentaram maior importância têm características interessantes para atender demandas como fontes de energia. Segundo RAMOS (2007), Marmeleiro, Catingueira e Jurema-preta possuem chamas com boa durabilidade e pouca fumaça e estão entre as espécies de maior preferência da população. Marmeleiro, Catingueira, Jurema-preta e Jurema-branca mostraram-se dentro das 15 espécies com maior Índice de Valor Combustível. O sabiá além do potencial energético apresenta boa produção de estacas e mourões, devido sua durabilidade. 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% IVI 2008 2016 35 6. CONCLUSÃO O manejo florestal através de corte raso não causou prejuízos a regeneração da vegetação, o que mantem o sistema produtivo. Podendo ser recomendado para a vegetação da Caatinga nas condições climática tropical quente de seca acentuada. 36 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO PLANTAS DO NORDESTE – APNE; CNIP. Banco de Dados: lista de planos de manejo do Bioma Caatinga. Estatística Florestal da Caatinga. Natal: Ministério do Meio Ambiente, Programa Nacional de Florestas. v. 1. 2008. ASSOCIAÇÃO PLANTAS DO NORDESTE – APNE; CNIP. Banco de Dados: lista de planos de manejo do Bioma Caatinga. Estatística Florestal da Caatinga. Natal: Ministério do Meio Ambiente, Programa Nacional de Florestas. v. 2. 2015. CEARÁ. Decreto nº 24.221, de 12 de setembro de 1996. Regulamenta a Lei nº 12.448, de 13 de setembro de 1995. Diário Oficial [do] Estado do Ceará, Fortaleza, CE, 12 set. 1996. FONSECA, M. S. DA; SILVA JÚNIOR, M. C. DA. Fitossociologia e similaridade florística entre trechos de Cerrado sentido restrito em interflúvio e em vale no Jardim Botânico de Brasília, DF. Acta Botânica Brasílica, v. 18, n. 1, p. 19–29, 2004. GARIGLIO,M. A. Estatística Florestal da Caatinga. [S.l: s.n.], 2015. v. 2. GARIGLIO, M. A. et al. Uso sustentável e Conservação dos Recursos Florestais da Caatinga. [S.l: s.n.], 2010. HOSOKAWA, R. T. et al. Introdução ao manejo e economia florestal. Editora da UFPR, Curitiba, 1998. IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Diagnóstico florestal do Rio Grande do Norte / Plano de manejo florestal para a região do Seridó do Rio Grande do Norte. Projeto PNUD/FAO/IBAMA/BRA/ 87/007. Natal: Ministério do Meio Ambiente, 1993. 45p. MEUNIER, I. M. J. Análises de sustentabilidade de planos de manejo florestal em Pernambuco. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Ciência Florestal, Recife, 135p., 2014. MINC, C. et al. Manejo Sustentável dos Recursos Florestais da Caatinga/MMA. Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Departamento de Florestas. Programa Nacional de Florestas. Unidade de Apoio do PNF no Nordeste. Natal : MMA, 28p., 2008. MMA (Ministério do Meio Ambiente). Caatinga, 03 dezembro 2017. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga>. Acesso em: 03 de dezembro de 2017 37 PAREYN, F. G.; GARIGLIO, M. A. Manejo florestal sustentado da Caatinga: desenvolvimento florestal para o Nordeste do Brasil. 2. ed. Recife: 1999. 26p. IBAMA/PNUD/BRA/93-033. RAMOS, M. A. Plantas usadas como combustível em uma área de Caatinga (Nordeste do Brasil): Seleção de espécies, padrões de coleta e qualidade do recurso. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife., 86p., 2007. RIBEIRO, A. A. et al. Introdução ao manejo florestal sustentável e ao uso sustentável do bioma/Manejo florestal sustentável da Caatinga. Serviço Florestal Brasileiro, 2014. RODAL, MA. J. N. et al. Manual sobre métodos de estudos florístico e fitossociológico: Ecossistema Caatinga. Sociedade Botânica do Brasil - SBB, 24p., 2007. SAMPAIO, E. V. D. S. B. et al. Regeneração da vegetação de caatinga após corte e queima, em Serra Talhada, PE. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 33, n. 5, p. 621–632, 1998.
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