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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE DIREITO 
DEPARTAMENTO DE DIREITO PROCESSUAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEONARDO MORORÓ CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRECEDENTE JUDICIAL COMO PARÂMETRO ARGUMENTATIVO: COMO AS 
INOVAÇÕES DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 COLABORAM PARA A 
APLICAÇÃO DOS PRECEDENTES? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2017
 
LEONARDO MORORÓ CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRECEDENTE JUDICIAL COMO PARÂMETRO ARGUMENTATIVO: COMO AS I-
NOVAÇÕES DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 COLABORAM PARA A 
APLICAÇÃO DOS PRECEDENTES? 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade de Direito da Universidade Federal 
do Ceará, como requisito parcial à obtenção do 
Título de Bacharel em Direito. Área de con-
centração: Direito Processual Civil. 
 
Orientador: Prof. Dr. Hugo de Brito Machado 
Segundo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará 
Biblioteca Universitária 
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) 
 
 
C325p Carvalho, Leonardo Mororó. 
Precedente judicial como parâmetro argumentativo : como as inovações do Código de Processo Civil 
de 2015 colaboram para a aplicação dos precedentes? / Leonardo Mororó Carvalho. – 2017. 
180 f. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Direito, 
Curso de Direito, Fortaleza, 2017. 
Orientação: Prof. Dr. Hugo de Brito Machado Segundo. 
 
1. Precedente Judicial. 2. Código de Processo Civil. 3. Fundamentação da Decisão Judicial. 4. Interpretação 
Judicial. 5. Argumentação Jurídica. I. Título. 
CDD 340 
 
 
LEONARDO MORORÓ CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
PRECEDENTE JUDICIAL COMO PARÂMETRO ARGUMENTATIVO: COMO AS I-
NOVAÇÕES DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015 COLABORAM PARA A 
APLICAÇÃO DOS PRECEDENTES? 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Faculdade de Direito da Universidade Federal 
do Ceará, como requisito parcial à obtenção do 
Título de Bacharel em Direito. Área de con-
centração: Direito Processual Civil. 
 
Orientador: Prof. Dr. Hugo de Brito Machado 
Segundo 
 
 
Aprovado em: / / . 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof. Dr. Hugo de Brito Machado Segundo (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
Prof. Dr. Juraci Mourão Lopes Filho 
Centro Universitário Christus (Unichristus) 
 
Profª. Msc. Janaína Soares Noleto Castelo Branco 
Universidade Federal do Ceará (UFC)
 
AGRADECIMENTOS 
 
Não posso começar se não for agradecendo a Deus, bom Pai que me protege, ao 
meu Senhor Jesus Cristo, salvador da minha vida, e ao Espírito Santo, amigo e companheiro 
diário. Meus agradecimentos não ficaram nisso, fugindo do que observo em outros trabalhos, 
pois este trabalho e todos as pessoas posteriormente mencionadas decorrem da existência e 
atuação dos três acima. 
Ao meu Deus, agradeço por ser bondoso e sempre traçar o melhor para mim (ape-
sar de eu nem sempre fazer o que devo). Ao meu senhor Jesus, pelo maior ato de amor da 
história da humanidade, a morte por nós pecadores. Por fim, ao Espírito Santo, sou grato pela 
presença, que desejo diariamente, e pelas elucidações que me são dadas. 
Em complemento, muitos precisam ser lembrados aqui por auxiliarem direta ou 
indiretamente na composição desse estudo. 
De início, aqueles que contribuíram de forma direta para que alcançasse o resulta-
do apresentado. 
Ao meu orientador, professor doutor Hugo de Brito Machado Segundo, pessoa a 
qual já nutria admiração por ser um excelente autor na área jurídica, além de um admirável 
professor; um exemplo na forma simples e, ao mesmo tempo, completa que expõem seus en-
sinamentos. Apesar de não ter tido a oportunidade de ser aluno seu na graduação, tive a possi-
bilidade de ter um contato mais próximo nesse momento de fim de curso, o que só fez aumen-
tou minha admiração, pois sempre foi muito atencioso e gentil com minha pessoa, além de 
realizar uma orientação dedicada, com muito zelo para enaltecer a minha produção. 
Ao professor doutor Juraci Mourão Lopes Filho que, primeiramente, conheci por 
meio do seu excelente livro sobre precedentes, que acabou por se tornar uma das obras mais 
valiosas (se não, a mais) para a concepção do que escrevi. Depois ainda tive o prazer de parti-
cipar de suas aulas da turma de Teoria dos Precedentes no mestrado do Centro Universitário 
Christus, o que só colaborou pelo apreço que sinto por sua pessoa e adicionou grandiosamen-
te, por meio das discussões com participantes da cadeira, o produto final desse trabalho. 
À professora, em vias de ser doutora, Janaína Soares Noleto Castelo Branco. Com 
certeza, a principal responsável pelo meu interesse inicial pelo ramo do direito processual 
civil, porque frutificou, por meio das aulas de Teoria Geral do Processo, a vontade desse alu-
no de conhecer a matéria e que, ainda, tive a oportunidade de ter mais duas disciplinas como 
seu aluno (recursos e tutelas provisórias/procedimentos especiais). Ademais, iniciou minha 
orientação nesse estudo (bem como em outros), auxiliando com materiais de estudos e conse-
 
lhos valiosos, somente não chegando ao fim porque teve que se licenciar para elaborar sua 
tese que, tenho certeza, será um estudo de referência. 
Por fim, mas não menos importante, ao amigo Jefferson de Queiroz Gomes, que 
realizou atenciosa revisão de cada palavra constante nesse trabalho e que auxiliou na elucida-
ção de várias dúvidas. 
Além desses, tenho que falar de tantos outros. 
Primeiramente, minha mãe Carmem, que é a pessoa que me levou aos caminhos 
de Cristo e que reflete muito do amor de Deus, sendo, com certeza, a mulher mais forte que já 
conheci. Também agradeço à minha irmã Juliana, que apesar dos percalços da vida, segue 
firme como um milagre de Deus e a quem tenho muito amor. Ao meu pai Rinaldo, não posso 
deixar de mencionar os conselhos dados durante todo meu período universitário e o apoio que 
me deu, mesmo os mais simples, como ir comigo a primeira vez até a minha faculdade. 
À minha namorada Karina, que me acompanhou durante quase todo o meu tempo 
na graduação como uma verdadeira companheira, tenho muitos motivos para ser grato e espe-
ro que Deus sempre ilumine a sua vida e o nosso caminhar. 
Também aos meus colegas de graduação. Primeiro começo por meu amigo/irmão 
Daniel. Sou grato porque Deus lhe colocou na minha vida com propósito de me trazer para 
mais perto dEle, pois eu andava afastado dos caminhos. Além disso, agradeço por ter sido 
sempre presente, seja para dar conselhos sobre problemas sérios, seja para compartilhar mo-
mentos de muita alegria. 
Ao João, um homem que tive o prazer de ver crescer durante a faculdade por meio 
do agir de Deus, que muito me ensinou durante todo esse período e que ainda me ensina. A-
gradeço por todos os momentos de alegria que tivemos. 
Ao Saulo, uma das pessoas de melhor coração que já conheci, não posso deixar de 
falar o quanto você foi um companheiro nessa jornada e que espero que nossos caminhos 
permitam que continuemos próximos. 
Ao Gabriel, o Harry, o “NP”, pessoa que tenho certeza que Deus tem algo de mui-
to grande guardado e que tive excelentes momentos juntos. Ao Wilson, sempre me surpreen-
dendo com seu jeito diferente, mas mantendo a camaradagem e a cumplicidade comigo. Ao 
Jefferson, com certeza uma das pessoas mais peculiares que já conheci, mas que é extrema-
mente legal e que agradeço, novamente, por todo apoio dado nesse trabalho. Ao Cunha, um 
rapaz incrível, que me fez rir várias vezes, que admiro pelo empenho que dedica em tudo que 
faz. Ao Pedro, que se revelou um dançarino e que guardo bons momentos, principalmente, o 
dia que conheceu minha mãe (sei que ela émuito engraçada mesmo). 
 
À Carol, amiga que fui muito próximo e que tenho um carinho especial, que Deus 
sempre esteja olhando seu caminhar e que possamos ter muitas conversas tomando milk-
shake. 
A partir de agora tenho medo de esquecer alguém, mas tentarei lembrar do máxi-
mo. 
Aos meus chefes de estágio, Giovana de Melo Araújo, Walker Teixeira Dedê e 
Pachêco, Alex Feitosa de Oliveira e Márcia Maria Sousa e Silva, agradeço os ensinamentos, a 
compreensão, as conversas e os conselhos. 
Aos meus companheiros de estágio na DPE e MPE que tive ótimos momentos, 
também sou grato. 
Às pessoas da DPU, estágio que passei quase dois anos, que gosto tanto que fui 
durante minhas férias, não poderei falar nomes porque são mais de trinta pessoas queridas e 
não quero cometer a injustiça de esquecer nenhum, mas tenho por todos um carinho especial e 
quero que saibam o quanto gosto individualmente de cada. 
Aos colegas das aulas do mestrado na Unichristus que fomentaram tantas refle-
xões sobre diversos assuntos abordados nesse trabalho. 
À Lara Dourado, José Maria, Leonardo Negreiros, Thúlio Mesquita, Isabelly Cys-
ne e Marcus Vinícius que colaboraram com auxílio direto para desenvolvimento desse traba-
lho, passando valiosas/ajuda informações. 
Ao NudiJus e à SONU, grupos de extensão que participei, colaborando muito para 
meu amadurecimento e também para o acúmulo de conhecimentos diversos. 
À professora Raquel Coelho, pelo aprendizado obtido durante a monitoria da ca-
deira de Constitucional II. Também ao Joshua, à Desirée e à Sabrina que acabei tendo contado 
mais próximo devido a monitoria. 
Aos demais professores da UFC, em especial aos professores Raul Carneiro Ne-
pomuceno, Glauco Barreira Magalhães Filho e Carlos César Sousa Cintra que colaboram com 
meu desenvolvimento nessa monografia, mesmo que indiretamente. Também ao professor e 
defensor público federal Filippe Augusto dos Santos Nascimento, pois tenho grande admira-
ção pela pessoa e pelo profissional que é. Ainda, ao professor William Paiva Marques Júnior 
pelo seu desempenho extraordinário a frente da Coordenação do Curso, algo que merece mui-
tas congratulações. 
Por fim, aos meus colegas de sala e também do restante da faculdade, bem como 
os servidores e demais pessoas que tive contato, como Caio e Chuchu, que sabem o porquê 
que estão incluídos nesse momento de agradecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas 
transformem-se pela renovação da sua mente, 
para que sejam capazes de experimentar e 
comprovar a boa, agradável e perfeita vontade 
de Deus.” Romanos, 12:2 
 
RESUMO 
 
O Código de Processo Civil de 2015 propõe um maior apreço aos precedentes judiciais por 
uma série de dispositivos e este trabalho examina como devem ser compreendidas essas ino-
vações da legislação processual dentro do cenário jurídico nacional. A realidade é que o Judi-
ciário vive um momento de muita importância no cenário conturbado que está imerso o Bra-
sil. Exige-se decisões complexas e com grande repercussão sobre a sociedade. Apesar disso, 
muitos problemas recaem sobre a prática jurisdicional. Corrupção, muitos processos e poucos 
juízes, cultura recursal, protelação processual, jurisprudências defensivas, demora no julga-
mento das causas, ausência de padronização racional dos entendimentos, entre tantos outros 
problemas acabam maculando uma prestação judicial em tempo razoável, que seja efetiva e 
justa. O Código de Processo Civil de 2015 surge, exatamente, para diminuir alguns desses 
problemas. Um dos meios escolhidos é o prestígio aos precedentes judiciais, como forma de 
garantir segurança, celeridade e uma melhor decisão judicial. Apesar disso, a comunidade 
jurídica brasileira não está acostumada com um uso que consiga consagrar esses objetivos 
almejados pela lei. Diante disso, analisa-se nesse estudo como a forma como a legislação pro-
cessual de 2015 colabora com o aprimoramento do uso dos precedentes. Para tanto, inicia-se 
com uma exposição sobre as principais tradições jurídicas (civil law e common law), desta-
cando-se que elas são meros reflexos de históricos de características comuns de um conjunto 
de sistemas jurídicos e que, atualmente, estão em um processo de modificação e aproximação. 
Além disso, apresenta-se como os precedentes passaram a ser importantes dentro de outros 
ordenamentos, com foco no fato da vinculação deles ser algo que ocorreu na visão dos juízes 
e não na mudança da lei. Apresenta-se os erros no atual cenário brasileiro ao usar precedentes, 
evidenciando equívocos na forma como se tomam a jurisprudência, a súmula e a ementa. Es-
clarece-se que o principal defeito é tentar resolver a divergência de entendimentos com uma 
percepção impositiva do precedente, adotando-o como o fim das discussões. Explica-se que, 
na verdade, os precedentes são decisões judiciais que servem de parâmetro para o futuro e que 
são utilizadas por meio de um diálogo do que foi feito e do que será decidido, realçando-se a 
importância do raciocínio jurídico elaborado como forma de construir um Direito coerente, 
íntegro e justo. Sobre essas premissas, conclui-se que a nova legislação poderá acrescentar 
caso sejam aceitos que os precedentes auxiliam na resolução, mas não encerram os problemas 
do Direito. 
Palavras-chave: Precedente Judicial. Código de Processo Civil de 2015. Fundamentação da 
Decisão Judicial. Interpretação Judicial. Argumentação Jurídica. 
 
ABSTRACT 
 
The Civil Procedure Code of 2015 proposes a greater appreciation for judicial precedents 
throug a number of provisions, and this paper examines how such innovations of procedural 
law should be understood within the national legal framework. The reality is that the Judiciary 
lives a moment of great importance in the troubled scenario in which Brazil is immersed. It 
requires complex decisions with great repercussion on society. Despite this, many problems 
fall on the jurisdictional practice. Corruption, many processes and few judges, recursal cul-
ture, procedural deferral, defensive jurisprudence, delays in judgment of the causes, lack of 
rational standardization of understandings, among many other problems end up stamping out 
a fair and effective judicial delivery. The Civil Procedure Code of 2015 arrives, exactly, to 
diminish some of these problems. One of the chosen means is the prestige to judicial prece-
dents, as a way to guarantee security, celerity and a better judicial decision. In spite of this, 
the Brazilian legal community is not accustomed to a use of precedents that is able to conse-
crate these goals sought by the law. Given this, it is analyzed in this study how the processual 
legislation of 2015 collaborates with the improvement of the use of precedents. To do so, it 
begins with an exposition on the main legal traditions (civil law and common law), emphasiz-
ing that they are mere reflections of historical characteristics common to a set of legal systems 
and that, currently, are in a process of modification and approximation. In addition, it is pre-
sented how the precedents became important within other jurisdictions, focusing on the fact 
that their connection was something that occurred in the view of the judges and not in the 
change of the law. We present the errors in the current Brazilian scenario by using precedents, 
evidencing misunderstandings in the way the jurisprudence, the summary and the table are 
taken. It is clarified that the main defect is to try to solve the divergence of understandings 
with a taxative perception of the precedent, adopting it like the end of the discussions. It is 
explained that, in fact, precedents are judicial decisions that serve as parameters for the future 
and are used through a dialogue of what was done with what will be decided, emphasizingthe 
importance of the legal reasoning elaborated as a way to build coherent, upright and just Law. 
On these premises, it is concluded that the new legislation may be added if it is accepted that 
precedents assist in the resolution, but do not close the problems of Law. 
 
Keywords: Judicial Precedent. Civil Procedure Code of 2015. Opinion. Judicial Interpreta-
tion. Legal Argumentation. 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
AgInt: Agravo Interno 
 
AG: Agravo 
 
ARE: Agravo Regimental 
 
Art.: Artigo 
 
CC: Código Civil 
 
CF: Constituição Federal 
 
CP: Código Penal 
 
CPC: Código de Processo Civil 
 
DJe: Diário de Justiça Eletrônico 
 
IAC: Incidente de Assunção de Competência 
 
Inq: Inquérito 
 
IRDR: Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas 
 
RE: Recurso Extraordinário 
 
REsp: Recurso Especial 
 
STJ: Superior Tribunal de Justiça 
 
STF: Supremo Tribunal Federal 
 
SUS: Sistema Único de Saúde 
 
TJ: Tribunal de Justiça 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 
2 QUESTÕES PRÉVIAS: MODELOS JURÍDICOS CLÁSSICOS, ATUAL ESTÁGIO 
INTERATIVO E A NECESSIDADE DE APROXIMAÇÃO DO BRASIL AOS 
PRECEDENTES ..................................................................................................................... 15 
2.1 A tradição do civil law e do common law: origens e principais diferenças ............... 15 
2.2 A doutrina do precedente judicial e o stare decisis: do respeito sistemático às 
decisões anteriores à rígida vinculação aos precedentes ................................................. 27 
2.3 Aproximação entre o civil law e o common law e a importância do precedente 
judicial para o sistema jurídico brasileiro ........................................................................ 35 
3 O PRECEDENTE JUDICIAL E SEUS PRINCIPAIS ASPECTOS ............................... 44 
3.1 Afinal, o que é precedente judicial?............................................................................. 44 
3.2 Evitando confusões sobre precedentes judiciais ......................................................... 48 
3.3 A ratio decidendi como parte principal do precedente ............................................... 57 
3.4 Classificação dos precedentes ...................................................................................... 77 
4 ATUAL ESTÁGIO DE UTILIZAÇÃO DOS PRECEDENTES NO BRASIL: 
PRINCIPAIS INSTITUTOS E OS EQUÍVOCOS NO USO DESTES .............................. 89 
4.1 Jurisprudência .............................................................................................................. 90 
4.2 Súmula ........................................................................................................................... 94 
4.3 Ementa ......................................................................................................................... 103 
5 APLICAÇÃO DOS PRECEDENTES E OS CONTRIBUTOS DO NOVO CPC: 
ANÁLISE CRÍTICA SOBRE AS INOVAÇÕES LEGISLATIVAS ................................. 110 
5.1 O art. 926 do CPC e a exigência de estabilidade, integridade e coerência: o fim da 
jurisprudência lotérica? ................................................................................................... 110 
5.2 Entendimento sobre a vinculação do precedente e os incisos do art. 927 do CPC: 
solução ou problema? ....................................................................................................... 121 
5.3 Fundamentação como a pedra base do uso de precedentes: os fatores 
hermenêuticos e argumentativos no trabalho dos juízes, a relevância do contraditório 
na formação/utilização dos precedentes e a variação da força destes dentro do sistema
 
 ............................................................................................................................................ 138 
5.4 Técnicas clássicas do common law e o art. 489, § 1º, VI do CPC: distinguishing, 
overruling e situações intermediárias .............................................................................. 148 
5.5 A necessidade de publicação da decisão para uma cultura de precedente: o § 5º do 
art. 927 do CPC ................................................................................................................. 158 
5.6 A razoável duração do processo e o uso de precedentes .......................................... 159 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 161 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 170 
12 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Vivemos em um país onde a importância do Judiciário é elevada cada vez mais. 
Instabilidade política, crises econômicas, dificuldades na concretização de direitos individuais 
e sociais, sensação de inoperabilidade dos serviços públicos, entre outros fatores, fazem com 
que a população veja no Judiciário uma salvação de todos os males. 
A dificuldade desse pensamento é que este Poder também está sobrecarregado de 
problemas. Além de questões ligadas a corrupção de alguns membros, aparecem, entre outros: 
(1) a quantidade demasiada de processos sobre poucos julgadores, o que gera demora nos 
julgamentos; (2) cultura recursal; (3) protelação processual por parte de certos advogados; (4) 
jurisprudências defensivas de certas Cortes; (5) ausência da prática de condenação por 
litigância de má-fé; (6) oneração do bem da vida objeto do processo devido ao longo período 
para satisfação do provimento; (7) má distribuição de recursos, inclusive de recursos humanos 
(pessoas); (8) falta de maquinário, estrutura ou pessoas para viabilizar a prestação 
jurisdicional em tempo razoável; (9) trabalho letárgico de alguns magistrados e auxiliares da 
Justiça no exercício funcional. 
Esses são alguns dos problemas percebidos no trabalho jurisdicional que acabam 
maculando, por vezes, uma prestação que conceda o direito a quem é devido e em tempo hábil 
para que possa usufruir daquilo concedido. 
Nesse cenário conturbado, emerge uma legislação que tenta auxiliar na melhoria 
do Judiciário: a Lei n° 13.105/15. Várias mudanças são percebidas nesta legislação se 
comparada com a anterior. De início, é apresentado um rol de “normas fundamentais”, 
tentando combater certas práticas recorrentes no dia a dia do Judiciário. De destaque, tem-se 
as seguintes inovações: a exigência de uma visão cooperativa do processo (art. 6º) em prol de 
uma solução integral do mérito com efetividade (art. 4º); um combate a decisões arbitrárias 
(art. 10) e sem uma visão colaborativa do processo, no qual as partes devem estar capacitadas 
a, no mínimo, causar uma influência no julgador (arts. 7º e 9º); um incentivo aos acordos 
judiciais e extrajudiciais (art. 3º); a confrontação de atividades advocatícias temerárias ao 
interesse da Justiça e dos jurisdicionados (art. 5º). A novidade mencionada nesses dispositivos 
não é algo estranho às exigências que os estudiosos já faziam. O problema é – sempre – a 
concretização disto. 
Dessa forma, a nova lei já mostra, logo no início, uma tentativa de mudança. Em 
continuação, durante todas as suas disposições são visualizadas mudanças, preferencialmente 
para tornar os julgamentos mais rápidos, como a improcedência liminar do pedido (art. 332), 
13 
 
as tutelas provisórias (arts. 294 a 311) - com destaque para a de evidência -, o aumento de 
incumbências ao relator, possibilitando o julgamento monocrático em mais situações (art. 
932). Do mesmo modo, querendo-se uma diminuição do tempo de duração dos processos, é 
estabelecido um rol de situações que permitem o agravo de instrumento (art. 1.015), além de 
técnicas de julgamento de processos com grande repetição nos Tribunais (art. 928). Ainda há 
preocupação com uma maiorestabilidade e previsibilidade dos provimentos judiciais, 
exigindo-se dos juízes e tribunais que observem os entendimentos mais consolidados (art. 
927) e que uniformizem suas interpretações (art. 926). Não sendo de menor importância e 
como forma de contrabalancear essa celeridade almejada, a Lei prevê exigências quanto à 
fundamentação (art. 489). 
Em meio a isso surge uma aclamação, por parte dos estudiosos, da figura dos 
precedentes judiciais. Os reflexos legais disso são percebidos nas mencionadas previsões 
legais. Muitos veem no precedente esse meio para agilizar o julgamento e manter uma 
segurança jurídica. Fala-se, também, de técnicas de outros países que adotam os precedentes 
judiciais como vinculantes e da importância de seguirmos também. 
Apesar disso, questiona-se: como as inovações do Código de Processo Civil de 
2015 podem colaborar para a utilização dos precedentes? Esta é a pergunta central em torno 
da qual é desenvolvida a pesquisa. 
A partir disso é que se pautam os objetivos. O principal ponto é saber como as 
normas da nova legislação devem ser tomadas para efetivamente contribuírem para uma 
aplicação dos precedentes judiciais no sistema pátrio. Os outros objetivos que serão 
desvelados para a compreensão correta do principal são: (1) mostrar como as tradições 
jurídicas do common law e do civil law influem na prática jurídica de cada Estado, bem como 
explicar o que é, e como surgiu, a vinculação forte aos precedentes e, ainda, se há alguma 
influência atual da globalização sobre uma interligação dos sistemas jurídicos; (2) conceituar 
precedentes judiciais, elucidar o que eles não seriam, explicar o que é importante neles para 
sua aplicação resolutiva de casos futuros e quais diferenças podem ser percebidas entre os 
tipos de precedentes; (3) averiguar os meios mais comuns de aplicação dos precedentes no 
Brasil e eventuais prejuízos que existam neles, correlacionando ao modo de uso em outros 
sistemas jurídicos. 
Em decorrência disto, opta-se pela seguinte estruturação: de início, no capítulo 2, 
serão abordados o surgimento e as características do modelo jurídico a que o Brasil pertence 
(civil law), bem como o dos países que, normalmente, atribuem uma maior importância aos 
precedentes. Além disso, serão expostas as linhas gerais de surgimento, dentro desses últimos 
14 
 
países, da vinculação ao conteúdo das decisões anteriores. Por último serão explicados os 
motivos que podem ocasionar uma mescla entre as tradições jurídicas clássicas. 
No capítulo 3 será apresentada a conceituação proposta por este autor com fins de 
evidenciar quais pontos são os principais no precedente judicial, como também serão 
contrapostas algumas afirmações que, costumeiramente, são relacionadas a estes. Nesse 
capítulo também se dedicará uma vasta explicação sobre o que é mais importante no uso dos 
precedentes, afastando entendimentos que podem empobrecer sua importância para o Direito. 
Por último, classificar-se-á esses com base em diferenças específicas entre sistemas jurídicos, 
como também dentro de um mesmo sistema. 
O capítulo de número 4 será destinado a evidenciar os meios de utilização dos 
precedentes mais recorrentes pelos juristas brasileiros, quais sejam, jurisprudência, súmula e 
ementa, com foco em problemas que estes podem apresentar, a partir das noções expostas no 
capítulo anterior. 
O último capítulo é aquele em que se encontrará uma análise detalhada dos 
principais dispositivos da Lei nº 13.105/15 que possam auxiliar numa mudança da cultura 
jurídica pátria. Por isso, serão vislumbrados minuciosamente os arts. 926, 927 e 489, § 1º com 
o intuito de, ao fim da análise, perceber-se claramente qual a visão necessária sobre a nova 
legislação para que os precedentes possam, efetivamente, contribuir para o sistema jurídico 
brasileiro. 
 
 
15 
 
2 QUESTÕES PRÉVIAS: MODELOS JURÍDICOS CLÁSSICOS, ATUAL ESTÁGIO 
INTERATIVO E A NECESSIDADE DE APROXIMAÇÃO DO BRASIL AOS 
PRECEDENTES 
 
A análise sobre os modelos jurídicos do common law e do civil law é algo 
considerado desnecessário por parte dos estudiosos. Apesar disso, acredita-se que há dois 
fatores importantes que justificam esse tópico prévio. 
O primeiro é que no Brasil, pela cultura do apego à lei, muitos juristas têm 
dificuldades de compreender como os precedentes judiciais podem contribuir de fato para o 
sistema jurídico, pois não compreendem como estes surgiram e se tornaram vinculantes na 
tradição jurídica do common law. O segundo é evidenciar que as tradições jurídicas, tanto do 
civil law quanto do common law, não impossibilitam um intercâmbio de institutos, os quais 
podem auxiliar na melhoria do sistema jurídico nacional, não só sobre uma visão dogmática, 
mas, também, sobre a percepção teórica. 
São questões prévias, pois precisam ser desmistificadas aos juristas brasileiros 
para que sejam possíveis compreender o objetivo principal deste estudo. Dessa forma, 
indispensável compreender cada uma das famílias (civil e common law), bem como o que é 
stare decisis e como se deu sua formação, além de como está ocorrendo o processo de 
aproximação entre as tradições jurídicas que modificam a forma do jurista brasileiro de pensar 
o direito, o que deve continuar após a imersão da Lei nº 13.105/15 – o novo Código de 
Processo Civil. 
 
 
2.1 A tradição do civil law e do common law: origens e principais diferenças 
 
De início, coloca-se o seguinte: o Brasil é, normalmente, afirmado como um país 
de sistema de civil law
1
. Isto significa que o sistema jurídico pátrio dá um valor normativo 
 
1
 Por todos, cita-se: PUGLIESE, William. Precedentes e a civil law brasileira. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2016, p. 16. E-Book. ISBN 978-85-203-6982-1. ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. 
Precedentes vinculantes e irretroatividade do direito no sistema processual do brasileiro: os precedentes 
dos tribunais superiores e sua eficácia temporal. Curitiba: Juruá, 2012, p. 44. SOUZA, Marcelo Alves Dias de. 
Do precedente judicial à súmula vinculante. Curitiba: Juruá, 2006, p. 39. ZANETI JR, Hermes, PEREIRA, 
Carlos Frederico Bastos. POR QUE O PODER JUDICIÁRIO NÃO LEGISLA NO MODELO DE 
PRECEDENTES DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015? Revista de Processo, v. 257, p. 371-388, 
2016, p. 374. 
16 
 
muito robusto à lei escrita, pautando-se no primado da legalidade
2
 como forma de garantia de 
isonomia de tratamento. 
Apesar disso, a diferenciação entre sistemas de tradição do civil law e de tradição 
do common law já não é algo tão fácil de perceber, porquanto os ordenamentos jurídicos 
produzem influências um nos outros, algo decorrente da intensidade da globalização no seu 
estágio atual
3
. 
Dessa forma, explicitar, de forma sucinta, a origem e o significado dessas distintas 
tradições (civil law e commom law) é essencial para o entendimento geral do que é o 
precedente e, principalmente, de sua utilização dentro de um sistema jurídico. Isso porque, 
como explica William Pugliese
4
, não só no Brasil, mas também em diversos outros locais, os 
estudiosos do Direito realizam tal distinção e utilizam a importância dada aos precedentes 
judiciais como principal fator de diferenciação entre os sistemas. 
Cabe anotar, inicialmente, algo válido para ambas as famílias
5
. Suas 
características são consequências das necessidades comuns observadas em cada sociedade, de 
forma que, ao tentar solucionar estes problemas, os sistemas jurídicos de cada Estado acabam 
apresentando respostas próximas, como será detalhado. Em outras palavras, “os grandes 
sistemas Civil law e Common law não são produtos de uma elaboração doutrinária, nem 
teórica, mas sim [...], dos ‘aprinchos da história’”
6
 (grifos no original). 
Nesse contexto, é oportuno mencionar que o que existem são tradições
7
, das quais2
 MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a 
necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 2. 
Maurício Ramires diz que a visão do Brasil da lei (no sentido de produção legislativa de normas) como núcleo 
central do sistema jurídico vai além de uma constatação histórica sobre a pertença à tradição romano-germânica, 
pois “trata-se, antes, de uma leitura da Constituição Federal, que, no inciso II do seu artigo 5º, estabeleceu que 
‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’”. RAMIRES, Maurício. 
Crítica à aplicação de precedentes no Direito Brasileiro. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 61. 
3
 Com pensamento similar, Sérgio Porto ao dizer que “hodiernamente, em face da globalização [...] observa-se 
um diálogo mais intenso entre as famílias romano-germânicas e a da common law, onde uma recebe influência 
direta da outra”. PORTO, Sérgio Gilberto. Sobre a common law, civil law e o precedente judicial. Estudos de 
Direito Processual Civil em homenagem ao Professor Egas Dirceu Moniz de Aragão. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2005, p. 8. Disponível em: <http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/sergio%20porto-formatado.pdf>. 
Acesso em: 10 nov. 2017. 
4
 O mencionado autor utiliza o exemplo da França como local onde se realiza tal diferenciação de forma clara. 
PUGLIESE, William. op. cit. p. 15. Sobre o uso de precedentes no direito francês ler: TROPER, Michel; 
GRZEGORCZYK, Christophe. Precedent in France. In: MACCORMICK, D. Neil; SUMMERS, Robert S.; 
GOODHART, Arthur L. Interpreting precedents: a comparative study. Great Britain: Aushgate Publishing 
Limited, 1997, p. 103-140. 
5
 Alguns autores também utilizam o termo “família”, tomando-se como exemplo Jaldemiro Rodrigues de Ataíde 
Júnior, expressão que no meu entender é similar à tradição. ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. 
p. 20-21. 
6
 DANTAS, Ivo. Novo direito constitucional comparado. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2010, p. 145 apud ATAÍDE 
JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 24. 
7
 Além dessas duas famosas tradições, pode-se destacar outras. John Henry Merryman coloca entre as grandes 
tradições jurídicas, junto com a tradição do direito civil (civil law) e do direito comum anglo-saxão (common 
17 
 
fazem parte diversos sistemas
8
, conforme explica Hermes Zaneti Jr.: 
Adota-se aqui a denominação “tradição” proposta por Merryman em substituição à 
denominação “sistema”, proposta por René David. Essa atitude impõe-se para evitar 
a confusão entre os modelos apresentados e os sistemas jurídicos internos, bem 
como para facilitar a aproximação das linhas mestras dos diversos sistemas 
nacionais. 
Tradição é entendida aqui justamente como uma comunhão peculiar que permite 
falar de sistemas jurídicos muito diversos entre si (como o da França e o da 
Alemanha) como pertencentes ao mesmo grupo. Tradição, portanto, não se refere a 
um conjunto de regras de direito [...], servindo mais para identificar um conjunto de 
atitudes fundamentais, profundamente arraigadas, historicamente condicionadas, 
sobre a natureza do direito, sobre o papel na sociedade e no corpo político, sobre as 
operações adequadas de um sistema legal, sobre a forma que se faz ou se deveria 
fazer, aplicar, estudar, realizar e ensinar o direito.
9
 (grifos no original) 
 
Ao mencionar Merryman, o autor faz menção ao fato deste enunciar que “a 
tradição jurídica relaciona o sistema jurídico com a cultura da qual este é uma expressão 
parcial. Coloca o sistema jurídico dentro da esfera cultural”
10
, ou seja, tanto o civil law quanto 
o common law expressam culturas jurídicas que são as bases de diversos sistemas, auxiliando, 
inclusive, na compreensão destes. 
Assim, a tradição não deve e nem pode servir como limitadora a avanços em um 
sistema jurídico, posto que a sociedade contemporânea se vê em confronto com diversos 
desafios inusitados em tempos pretéritos, não podendo o Direito ficar limitado a 
características de um certo modelo jurídico. 
 
law), o direito socialista, o qual teria surgido a partir da Revolução Socialista, pois anteriormente o Império 
Russo tinha como tradição o direito civil. MERRYMAN, John Henry. La tradición jurídica romano-canónica. 
Tradução de Carlos Sierra. México: Fondo de Cultura Económica, 1971, p. 18. Já Rene David e Mario Losano 
destacam outras tradições como a muçulmana, a indiana e a do extremo-oriente (Ásia Oriental). DAVID, René. 
Os grandes sistemas do direito contemporâneo. Tradução de Hermínio A. Carvalho. 2. ed. Lisboa: Meridiano, 
1978, p. 469-598. LOSANO, Mario G. Os grandes sistemas jurídicos: introdução aos sistemas jurídicos 
europeus e extra-europeus. Tradução de Marcela Varejão. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 399-542. 
8
 Segundo Merryman, um sistema jurídico “é um corpo operacional de instituições, procedimentos e normas 
jurídicas. Nesse sentido, existe um sistema jurídico federal e cinquenta sistemas jurídicos estaduais nos Estados 
Unidos; outros sistemas jurídicos distintos em cada nação estrangeira e, inclusive, sistemas jurídicos diferentes 
em organizações como a Comunidade Econômica Europeia e as Nações Unidas. Em um mundo organizado em 
estados soberanos e organizações internacionais podem haver tantos sistemas jurídicos quanto existam estados e 
organizações estatais”. No original: “es un cuerpo operativo de instituciones, procedimientos y normas jurídicas. 
En este sentido existen un sistema jurídico federal y cincuenta sistemas jurídicos estatales en los Estados 
Unidos; otros sistemas legales distintas en cada nación extranjera e incluso otros sistemas legales distintos en 
organizaciones tales como la Comunidad Económica Europea y las Naciones Unidas. En un mundo organizado 
en estados soberanos y en organizaciones de estados puede haber tantos sistemas jurídicos cuantos estados y 
organizaciones de estados existan”. MERRYMAN, John Henry. op. cit. p. 13. 
9
 ZANETI JR, Hermes. O valor vinculante dos precedentes: teoria dos precedentes normativos formalmente 
vinculantes. 2. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 31. No mesmo sentido: STRECK, Lenio Luiz; ABBOUD, 
Georges. O que é isto - o precedente judicial e as súmulas vinculantes? 3. ed. Porto Alegre: Livraria do 
Advogado, 2015, p. 20-21. 
10
 Em tradução livre: “la tradición jurídica relaciona el sistema jurídico con la cultura de la cual es una 
expresión parcial. Coloca al sistema jurídico dentro del ámbito cultural”. MERRYMAN, John Henry. op. cit. p. 
15. 
18 
 
Passa-se a expor um pouco da formação de cada tradição. De início, cabe ressaltar 
que não é possível determinar um momento exato para o surgimento da tradição do civil law 
por duas razões: 
[...] primeiramente, depende do preenchimento conceitual do que é civil law, 
levando ou não em conta fatores como a contribuição do direito canônico ou 
germânico, fatores estes que alteram a data de sua formação; mais importante, parte 
do pressuposto de uma tradição ‘pronta’ ou ‘já formada’, o que é um erro, uma vez 
que a ideia de civil law serve para representação de vários sistemas jurídicos, que 
estão em constante transformação.
11 
 
Apesar disso, tenta-se sintetizar as principais causas de sua formação. O civil law 
advém da tradição romana
12
, sendo mencionado, costumeiramente, que a sua origem 
embrionária recai no Corpus Juris Civilis
13
. Esse documento foi uma compilação dos diversos 
textos jurídicos existentes na época
14
 realizada pelo imperador Justiniano com dois intuitos 
principais: o primeiro foi fortificar o direito romano, pois o considerava decadente em 
decorrência da numerosa quantidade de textos contraditórios existentes
15
,enquanto o segundo 
é decorrência da última afirmação, já que o imperador almejava uma maior certeza no 
entendimento do Direito
16
, de modo a evitar trabalhos interpretativos por parte dos 
aplicadores deste. Dessa última situação surge algo marcante para o civil law: dogma “que o 
juiz somente aplica a lei, sem interpretá-la”
17
. 
 
11
 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, 
p. 31. 
12
 Lucas Buril de Macêdo destaca que dois termos são utilizados como sinônimos de tradição do civil law: 
tradição romano-germânica e tradição romano-canônica. Apesar disso, destaca diferenças entre eles 
mencionando que o “termo civil law remete ao Corpus Iuris Civilis, publicado entre 529 e 534 (sic) referindo-se 
basicamente à experiência românica; os outros dois nomes pressupõem outros dados históricos, especificamente 
a influência do direito germânico do usus modernus, que se consolida por voltar do século XVI, e da ordem 
jurídica pré-canônica e do direito canônico [...], que muito influenciaram o direito europeu já no século XI e 
especialmente no XII.”. MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. 
Salvador: JusPODIVM, 2015, p. 29. Somente a título de curiosidade, o termo usus modernus remete a um 
momento da história da ciência do direito na Europa, principalmente dos estudos na Alemanha, no qual esta 
teoria permitiu uma discussão sobre os fundamentos de validade do Corpus Iuris e, por consequência, a 
formação de instituições jurídicas apartadas daquelas típicas dos textos romanos. WIEACKER, Franz. História 
do Direito Privado Moderno. Tradução de A. M. Botelho Hespanha. 2. ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1980, 
p. 226-229. 
13
 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, 
p. 29. PUGLIESE, William. op. cit. p. 18. 
14
 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Estabilidade e adaptabilidade como objetivos do direito: civil law e 
common law. Revista de processo. v. 172, p. 121, 2009. p. 2 da versão digital. Disponível em: 
<http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/estabilidade_e_adaptabilidade_como_objetivos_do_direito_civil.pdf
>. Acesso em: 21 mai. 2017. 
15
 MERRYMAN, John Henry. La tradición jurídica romano-canónica. Tradução de Carlos Sierra. México: 
Fondo de Cultura Económica, 1971, p. 23-24. 
16
 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, 
p. 30. 
17
 PUGLIESE, William. op. cit. p. 18. 
19 
 
Após o término do Império Romano, o direito na Europa passa por um momento 
de aplicação mista do direito romano e dos costumes próprios dos povos bárbaros
18
, somente 
retornando a preocupação por um estudo unificado de leis por volta do século XII, através das 
universidades recém criadas
19
, nas quais são elaboradas glosas, isto é, interpretações sobre o 
texto – principalmente sobre Corpus Juris Civilis – para que o juiz aplique corretamente o 
Direito
20
, formando o jus commune – direito comum europeu
21
. 
Apesar disso, o momento que mais se identifica como formador das principais 
características atribuídas ao que se diz civil law é aquele no qual sobreveio com a Revolução 
Francesa
22
: 
Parece que este é o momento em que se percebe de maneira mais nítida a origem real 
da estrutura do sistema de civil law. Esta passagem do poder do monarca para a 
Nação foi simbolizada pela Revolução Francesa, ambiente no qual nasceu a base do 
estilo de raciocínio jurídico dos sistemas de civil law.
 23 
 
Com o processo de formação dos Estados-Nação europeus a partir, 
principalmente, do século XV, emergiu o absolutismo monárquico como forma de garantir o 
poder unificado e fortalecer a nação
24
. Essa grande concentração de poder, somada a uma 
 
18
 Sobre esse momento de “mescla” no direito, Merryman menciona: “Con la caída del Imperio Romano el 
Corpus Juris Civilis cayó en desuso. Los invasores aplicaron a los habitantes de la península italiana versiones 
del derecho civil romano que eran más burdas y menos refinadas. Los invasores también llevaron consigo sus 
propias costumbres. [...] Con el correr de los siglos esta mezcla produjo lo que los europeos llaman todavía un 
derecho romano "vulgarizado" o "barbarizado" y que aún tiene interés primordial para los historiadores del 
derecho”. Numa tradução livre: “Com a queda do Império Romano o Corpus Juris Civilis caiu em desuso. Os 
invasores aplicaram aos habitantes da península italiana as versões do direito civil romana que eram mais cruas e 
menos refinadas. Os invasores também levaram consigo seus próprios costumes. [...] Ao longo dos séculos, esta 
mistura produziu o que os europeus ainda chamam de direito romano "vulgarizado" ou "barbarizado" e ainda tem 
interesse primordial para os historiadores do direito”. MERRYMAN, John Henry. op. cit. p. 25-26. 
19
 DAVID, René. op. cit. p. 61. 
20
 Lucas Buril de Macêdo, inclusive, informa que alguns apontam que a origem da tradição do civil law estaria 
vinculada com o surgimento das universidades. MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito 
processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, p. 33. 
21
 Sobre o jus commune, Merryman explica que: “De este modo, el derecho civil romano y las obras de los 
Glosadores y de los Comentadores llegaron a ser la base de un derecho común europeo que los historiadores del 
derecho llaman actualmente jus commune. Existía un cuerpo común de leyes, una manera común de escribir 
acerca del derecho, un lenguaje legal común y un método de enseñanza y de estudio también comunes”. Em 
tradução livre: “Deste modo, o direito civil romano e as obras dos Glosadores e dos Comentadores tornaram-se a 
base de um direito europeu comum que os historiadores do direito chamam atualmente de jus commune. Existia 
um corpo comum de leis, uma maneira comum de escrever sobre o direito, uma linguagem jurídica comum e um 
método comum de ensino e estudo”. MERRYMAN, John Henry. op. cit. p. 27. 
22
 Alguns dos autores que destacam isso: ZANETI JR, Hermes, PEREIRA, Carlos Frederico Bastos. op. cit. p. 
373. MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a 
necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 2. 
ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 24. 
23
 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. op.cit. p. 3. 
24
 MERRYMAN, John Henry. op. cit. p. 28. 
20 
 
ordem econômica de caráter feudal, ocasionava severos reflexos na ordem jurídica e na 
atuação dos juízes
25
. 
Neste contexto, Merryman destaca que houve um certo abandono do direito 
comum europeu e criação de direitos nacionais próprios de cada nação
26
. Ademais, nesse 
período, os cargos judiciários eram considerados verdadeiras propriedades
27
. Os juízes 
atuavam, em sua grande maioria, para manter o status quo, não existindo uma distinção entre 
a aplicação e a criação da lei
28
. 
Assim, após a Revolução Francesa, os seus instituidores objetivaram uma divisão 
de poderes rígida – principalmente, entre o legislativo e judiciário – com base nos estudos de 
Montesquieu, bem como foi dada grande importância à lei escrita com fundamento em 
Rousseau, pois esta representaria a vontade do povo
29
. 
Nesta separação, caberia ao Legislativo codificar o Direito da forma mais 
completa possível, enquanto os juízes somente o aplicariam por mera subsunção
30
, em uma 
tendência formalista-interpretativa (“a ideia de que a lei possui uma vontade concreta passível 
de declaração”)
31
, sem atitude interpretativa expansiva, ou seja, sem a necessidade de 
“pensar” o direito, sendo a “bouche de la loi” - a boca da lei
32
. 
Nesse contexto se firma a tradição do civil law, a qual se manifesta em paísesda 
Europa Continental e, via de regra, também naqueles colonizados por estes
33
, sendo 
caracterizado, tradicionalmente, por uma forte importância ao primado da lei – normalmente, 
externada em códigos –, bem como por uma afirmação de que o juiz declara o direito, e não o 
cria
34
, pois isto cabe ao legislador. Por decorrência disso é correto afirmar que, mesmo nos 
 
25
 ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 22. 
26
 MERRYMAN, John Henry. op. cit. p. 28. 
27
 Ibidem, p. 37. 
28
 ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 22-23. Aqui se destaca uma posição criativa do juiz 
francês, vista de forma diferente do juiz inglês – como ficará melhor detalhado posteriormente –, pois na França 
o juiz trabalhava nas regalias dadas pelo poder vigente, prejudicando, muitas vezes, a grande massa 
populacional, o que explica, pelo menos como um dos motivos, a repugnância futura no sistema francês a ideia 
de criação do direito por meio do trabalho jurisprudencial. 
29
 MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a 
necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 28. 
WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. op.cit. p. 3. 
30
 Marinoni conclui que “Assim, conferiu-se o poder de criar o direito apenas ao Legislativo. A prestação judicial 
deveria se restringir à mera declaração da lei”. MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as 
jurisdições de civil law e de common law e a necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da 
Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 29. 
31
 ZANETI JR, Hermes, PEREIRA, Carlos Frederico Bastos. op. cit. p. 376. 
32
 WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. op. cit. p. 3. 
33
 ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 19. 
34
 Ibidem, p. 30. 
21 
 
tempos atuais no qual é aceita a importância da produção jurisprudencial
35
 – conforme será 
detalhado no prosseguimento deste estudo –, a jurisprudência e, por consequência o 
precedente, é utilizada, na maioria das vezes, de forma atrelada a previsão normativa 
legislativa, o que não significa algo ruim por si só
36
. 
Por fim, relembra-se que o civil law é manifesto em Estados com sistemas 
jurídicos complexos e diferenciados, os quais são ligados por algumas semelhanças – algo que 
difere da tradição do commom law
37
, que em sua origem tinha a Inglaterra como única 
representante, somente tendo uma diferenciação de sistemas a partir da utilização do common 
law pelos Estados Unidos
38
. 
Se a exposição histórica e a apresentação do que é o civil law é importante para 
compreender o pensar jurídico brasileiro, explicar um pouco do histórico do common law e 
relatar seus elementos é fundamental para compreender o uso dos precedentes dentro do 
Judiciário. 
Antes de iniciar o estudo, menciona-se que o termo common law é utilizado pela 
doutrina de forma diversa
39
. Para fins do presente estudo, utiliza-se no sentido de família que 
se contrapõe ao civil law. 
Dessa forma, continuando a exposição, primeiro deve se destacar, como dito, que 
o common law surge na Inglaterra
40
. Seus traços iniciais são vistos a partir da conquista da 
 
35
 Nesse sentido, Taruffo e Torre ressaltam que na Itália – país de tradição civil law e com modelo jurisprudência 
semelhante ao do Brasil – “na prática das decisões judiciais, o uso de precedentes agora é certamente importante. 
As últimas décadas viu-se uma grande expansão no uso de precedentes e agora eles são empregados como uma 
das principais bases das decisões judiciais. [...] Não há dúvida de que os precedentes são, de longe, o ‘material de 
justificação’ mais importante usado nas decisões judiciais”. No original: “In the practice of judicial opinions, the 
use of precedents is now certainly major. The last decades have seen a great expansion in the use of precedents, 
and they are now employed as one of the main bases of every judicial decision. [...] There is no doubt that 
precedents are now by far the most important justificatory material used in judicial opinions”. TARUFFO, 
Michele; TORRE, Massimo La. Precedent in Italy. In: MACCORMICK, D. Neil; SUMMERS, Robert S.; 
GOODHART, Arthur L. Interpreting precedents: a comparative study. Great Britain: Aushgate Publishing 
Limited, 1997, p. 152. 
36
 Lenio Streck e Georges Abboud que nos sistemas “partidários” do civil law há uma prevalência do trabalho 
normativo legislado, assim “apenas é possível aferir-se a importância da jurisprudência se levarmos em conta sua 
relação com a lei”, o que, ressalta-se, não é algo maléfico por si só. O precedente pode – e na realidade é sua 
principal função – ser usado como uma forma de se saber como é possível interpretar o Direito no caso concreto. 
O problema reside se se acreditar que o juiz não exerce um trabalho hermenêutico. STRECK, Lenio Luiz; 
ABBOUD, Georges. op. cit. p. 36. 
37
 MACÊDO, Lucas Buril de. op. cit. p. 49. 
38
 Destaca-se que o common law, se entendido como direito composto por costumes, somente é parcela do atual 
Direito inglês, bem como do Direito norte-americano. LOPES FILHO, Juraci Mourão. Os precedentes judiciais 
no constitucionalismo brasileiro contemporâneo. 2. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 126-127. 
39
 Para saber mais sobre os diversos sentidos atribuídos ao common law, ver: SOUZA, Marcelo Alves Dias 
de.op. cit. p. 39-40. MACÊDO, Lucas Buril de. op. cit. p. 52-53. 
40
 SOUZA, Marcelo Alves Dias de.op. cit. p. 57. Segundo René David, o common law não é o direito do Reino 
Unido ou da Grã-Bretanha, mas, sim, e somente, o direito da Inglaterra e do País de Gales. DAVID, René. op. 
cit. p. 329. 
22 
 
região pelos Normandos em 1066
41
, o que ocasionou modificações sociais e políticas, 
acarretando, de tal forma, uma crise de insegurança jurídica, pois “o direito costumeiro inglês 
manteve-se juntamente com o direito feudal recém-trazido do continente”
42
. 
Depois disso, o common law passa por um processo de construção contínuo e 
gradual
43
. René David destaca quatro momentos na história do direito inglês: 
O primeiro, é o período anglo-saxônico, anterior à conquista normanda de 1066. O 
segundo, é o período de formação do common law, que vai de 1066 ao advento da 
dinastia dos Tudors (1485), no qual se desenvolve, em substituição aos costumes 
locais, um sistema de direito novo, comum a todo o reino. O terceiro, é o período de 
rivalidade com a equity, que vai de 1485 a 1832, sendo marcado pelo 
desenvolvimento, ao lado do common law, de um sistema complementar, e as vezes 
rival, que se manifesta nas “regras de equidade”. O quarto, é o período moderno, que 
começa em 1832 e continua até os dias de hoje, no qual o common law teve que 
observar um desenvolvimento sem precedentes da lei [...].
44 
 
Destaca-se algo muito importante. Diferente do que ocorreu no restante da 
Europa, não houve na Inglaterra uma aceitação predominante
45
 do direito romano como um 
direito comum para afastar os inseguros direitos locais e regionais (jus commune), isso 
porque, nesse local ocorreu um processo natural de formação de um direito costumeiro 
aplicável a toda o reino, por meio da atuação dos tribunais
46-47
. O juiz tinha o papel de 
identificar as práticas sociais da comunidade para utilizar nos casos. Assim, formou-se o 
common law como o direito costumeiro dos tribunais, ou seja: 
“[...] os juízes que, com suas sentenças, acabaram criando o Common Law. Esse é, 
portanto, um direito consuetudinário, mas num sentido especial: o costume que é 
 
41
 MERRYMAN, John Henry. op. cit. p. 17. LOSANO, Mario G. op. cit. p. 324. ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro 
Rodrigues de. op. cit. p. 24. MACÊDO, Lucas Buril de. op. cit. p. 46. PUGLIESE, William. op. cit. p. 24.42
 Para entender mais sobre essas modificações ver: MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o 
direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, p. 46-48. 
43
 Para ver todo o histórico do surgimento do common law: DAVID, René. op. cit. p. 330-352. 
44
 DAVID, René. op. cit. p. 331. 
45
 Usa-se a palavra “predominante”, pois, conforme explicam Streck e Abboud, não é pela simples utilização do 
direito romano que o civil law e o common law são diferenciados. Na verdade, existe uma gradação na aceitação 
do direito romano em cada uma das tradições. Na origem, os países de direito escrito consideravam seus 
costumes como iura propria, isto é, direito especiais, contudo com aplicação subsidiária, enquanto que, no 
direito consuetudinário, o direito romano é que era visto com este aspecto subsidiário, numa perspectiva de ratio 
scripta (como um “argumento escrito” numa tradução literal). STRECK, Lenio Luiz; ABBOUD, Georges. op. 
cit. p. 22-23. 
46
 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, 
p. 51-52. DAVID, René. op. cit. p. 334. BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do precedente judicial: a 
justificação e a aplicação de regras jurisprudenciais. São Paulo: Noeses, 2012, p. 4. Mario G. Losano coloca a 
seguinte explicação para a não aceitação do direito romano no sistema inglês: “a unidade jurídica, a centralização 
judiciária e a homogeneidade da classe forense explicam por que o direito romano não foi adotado na Grã-
Bretanha, mesmo sendo favorecido pelas dinastias dos Tudor e dos Stuart. Enquanto na Alemanha a divisão em 
pequenos Estados tornava indispensável aceitar o direito romano como mínimo denominador comum jurídico, a 
Grã-Bretanha já possuía o seu direito comum”. LOSANO, Mario G. op. cit. p. 327. 
47
 A partir da concepção que o common law surge nos tribunais, Souza destaca a importância de conhecer a 
organização judicial da Inglaterra e dos Estados Unidos, o que pode ser visto de forma detalhada nos capítulos 6 
e 7 do seu livro, respectivamente. SOUZA, Marcelo Alves Dias de. op. cit. p. 57-102. 
23 
 
fonte desse direito não nasce do comportamento popular, e sim do comportamento 
dos juízes”
48
 (grifos no original). 
 
A principal característica desse direito reside no chamado case law, ou seja, um 
“direito de casos” – traduzindo-se a grosso modo. 
Muito importante para entender essa tradição que deu origem ao uso mais fiel dos 
precedentes é compreender a equity. Esse sistema existiu em paralelo aos tribunais de 
common law, sendo uma tentativa do rei de centralizar o poder
49
. Nesse contexto, apesar de 
não ser tão abrupta como a que aconteceu na França, há uma importante revolução para 
entender o common law. Trata-se da Revolução Gloriosa de 1688, a qual, todavia, “jamais 
teve a pretensão de criar um novo direito, de anular os poderes dos juízes e subjugá-los ao 
Legislativo”
50
. Tal revolução, na verdade “pautou-se pela afirmação do common law contra o 
rei, e seus princípios davam ao Judiciário condição para controlar os atos legislativos, já que o 
parlamento [...] também se encontrava submetido ao commom law”
51
. 
Ademais, diferente da França, onde o Judiciário foi visto como um escudo de 
proteção do absolutismo e daqueles que queriam manter esse regime
52
, na Inglaterra não 
houve sensação de desconfiança, pois “na Inglaterra, o juiz esteve ao lado do parlamento na 
luta contra o arbítrio do monarca, preocupando-se com a tutela dos direitos e das liberdades 
do cidadão”
53
. 
Assim, no common law há uma maior importância para a função desempenhada 
pelo juiz na construção do direito
54
, pois entende-se que a decisão judicial, a partir dos casos 
apresentados, constituem uma fonte de grande relevância para solução de casos futuros
55
. 
 
48
 LOSANO, Mario G. op. cit. p. 325. 
49
 LOPES FILHO, Juraci Mourão. Os precedentes judiciais no constitucionalismo brasileiro contemporâneo. 
2. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 38. 
50
 ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 28. 
51
 Idem. 
52
 LOPES FILHO, Juraci Mourão. Os precedentes judiciais no constitucionalismo brasileiro contemporâneo. 
2. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 34. 
53
 MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a 
necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 18. 
Lucas Buril de Macêdo falando sobre a figura do Judiciário historicamente no common law diz “os juízes 
acabam sendo vistos como heróis culturais [...] o Judiciário é uma das instituições mais respeitadas e, nas 
vicissitudes históricas, manteve-se ao lado das reivindicações populares ou em posição neutra”. MACÊDO, 
Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, p. 55. 
54
 No common law existiram discussões sobre o juiz declarar ou construir o direito, conforme sintetizado: “A 
teoria meramente declaratória do common law consistia na afirmação de que juízes não criavam direito, mas tão 
somente descobriam e declaravam o common law. Esta doutrina foi alvo de ácidas críticas proferidas por Jeremy 
Bentham e John Austin [...] Desde então, a teoria positivista do Common Law adotou uma teoria constitutiva da 
jurisdição, segundo a noção de que juízes efetivamente criam direito através dos precedentes judiciais e a eles 
estão submetidos, o denominado law making-authority”. ZANETI JR, Hermes, PEREIRA, Carlos Frederico 
Bastos. op. cit. p. 374. Quanto a contribuição dos positivas para a noção que os juízes se sentem submetidos ao 
direito por eles criados – isto é, o stare decisis –, Neil Duxbury expõe que, apesar de Betham e Austin realmente 
24 
 
A afirmação anterior, contudo, não torna correto o pensamento de que não existe 
importância às leis. Os Estados Unidos, por exemplo, apesar de integrantes da tradição anglo-
saxônica, têm uma intensa produção legislativa e os tribunais devem aplicar a lei
56
, o que 
também é algo comum na Inglaterra atual
57
. Lopes Filho vai além, aclarando que a tradição 
inglesa, apesar de focada na atividade do juiz, nunca negou importância à produção normativa 
do parlamento, ressalvando que esta tem uma função diferente se comparada com os países de 
tradição de direito legislado
58
. Portanto, nos países da família do common law há também 
observância das leis. Assim, a principal diferenciação recai sobre a liberdade do ato de julgar: 
No common law, não é permitido ao magistrado negar-se a cumprir a lei. O que 
ocorre é que essa tradição jurídica é mais aberta e flexível quanto a essa questão, 
justamente em virtude da posição e da função exercida pela lei que, além de não ser 
considerada a principal forma de manifestação e desenvolvimento do próprio direito, 
atua de forma mais restrita, respeitando a terminologia jurídica e as divisões 
tradicionais das matérias.
59
 (grifos no original) 
 
Com a explanação sobre o surgimento e um pouco do que é cada sistema, passa-se 
a relatar algumas características normalmente atribuídas a estes, aproveitando para 
desmistificar algumas afirmações comuns na seara jurídica. 
A primeira correlaciona-se com a função do juiz, sendo preciso uma análise mais 
detalhada. A questão seria a criação do direito por meio da atividade jurisdicional. No direito 
 
criticarem a concepção de um juiz como “boca da lei”, não foi, segundo opina o mencionado autor, pelo 
positivismo clássico que os precedentes judiciais passaram a ter uma autoridade que exigia que fossem 
observados em casos futuros, até porque “[...] o positivismo clássico não tinha o aparato conceitual para explicar 
como um precedente poderiaser considerado vinculativo para os futuros julgadores” ou, no original, “classical 
positivism lacked the conceptual apparatus to explain how a precedent might be considered binding on future 
decision-makers”. DUXBURY, Neil. The nature and authority of precedent. Cambridge: Cambridge 
University Press, 2008, p. 37-40. 
55
 DAVID, René. op. cit. p. 386. Sobre as fontes no direito inglês Teresa Wambier, ao mencionar Rupert Cross e 
J. W. Harris, esclarece que “hoje, o direito inglês é composto de dois elementos principais: common law 
(incluindo a equity) e lei escrita. É importantíssimo salientar que o sistema de precedentes vinculantes se aplica, 
no common law, mesmo quando o juiz decide com base na lei”. CROSS, Rupert; HARRIS, J. W. Precedent in 
English Law. 4. ed. Clarendon Law Series. Oxford: Clarendon, 1991, p. 5 apud WAMBIER, Teresa Arruda 
Alvim. op. cit. p. 5. 
56
 Marinoni afirma: “A suposição de que, nos Estados Unidos, a produção legislativa do direito é baixa, o que 
impõe a sua criação pelos juízes, não só é falsa, como produz enganos em termos de direito comparado. É 
provável que um estado típico dos Estados Unidos tenha tanta legislação quanto um país europeu ou latino-
americano, a qual obviamente deve ser aplicada e interpretada pelos juízes. Note-se, portanto, que, ainda que se 
possa admitir que o common law, na sua origem inglesa, era complementado pelo Legislativo, ou que a atuação 
do Legislativo era aí pouco intensa, a existência de lei não se opõe ao common law [...]”. MARINONI, Luiz 
Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a necessidade de respeito 
aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 19. 
57
 PUGLIESE, William. op. cit. p. 27. 
58
 LOPES FILHO, Juraci Mourão. Os precedentes judiciais no constitucionalismo brasileiro contemporâneo. 
2. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 33. 
59
 STRECK, Lenio Luiz; ABBOUD, Georges. op. cit. p. 38. 
25 
 
inglês ficou consagrada a expressão judge-make law
60
, isto é, o juiz faz o direito, o que se 
contrapõe ao civil law, no qual o juiz seria la bouche de la loi
61
, somente declarando o direito. 
Essa relação entre as tradições e as teorias constitutivas ou declaratórias do direito 
nunca foi estanque
62
. Desse modo, no decorrer dos séculos ambas as tradições chegaram a 
mudar a percepção da função do juiz como mero declarador ou, de modo oposto, criador do 
direito, isto é, os países, por exemplo, de tradição do common law já acreditaram em um juiz 
como um “revelador” dos costumes – “oráculo do direito”
63
. Assim, somente é correto 
entender que o common law tem a marca da criatividade e o civil law da declaração se 
compreendido que se trata de um recorte sobre um período que marcou a percepção atual 
sobre a função histórica dos juízes nessas tradições. 
Além disso, atualmente a doutrina vem falando que nenhuma das duas concepções 
é aplicável de forma plena em nenhum sistema jurídico, independentemente de ser de 
common law ou de civil law. A razão disso reside nos seguintes fatos: (1) o sistema de 
controle constitucional que emergiu no civil law e possibilita ao juiz controlar a aplicação da 
lei a partir de uma análise constitucional
64
; (2) a criação no common law não se dá de forma 
arbitrária, pelo contrário, em diversos casos o juiz está atrelado a precedentes anteriores, 
necessitando afastá-los para poder “criar” o direito, além do que, normalmente, o juiz terá que 
observar normas legislativas preexistentes no sistema
65
; e (3) os juízes, mesmo do civil law, 
quando diante de cláusulas abertas e conceitos jurídicos indeterminados têm nítida 
necessidade de realizar uma interpretação e uma argumentação mais abrangente para alcançar 
o significado das normas contidas naqueles conceitos e cláusulas
66
. 
 
60
 ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 27. Jeremy Bentham, jurista inglês do século XVII e 
XIX, por exemplo, acreditava que o case law era um grande equívoco, pois permitir ao juiz criar o direito 
significaria uma concessão de um direito arbitrário. BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. op. cit. p. 73. 
61
 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, 
p. 39. 
62
 SOARES, Guido Fernando Silva. Estudos de Direito Comparado (I) - O que é a "Common Law", em 
particular, a dos EUA. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, v. 92, 1997, p. 182. 
63
 Thomas da Rosa de Bustamante, bem como Juraci Mourão Lopes Filho utilizam a palavra “oráculo” para 
explicar que no direito inglês os juízes evidenciavam os costumes por meio das suas decisões, isto é, não seria 
uma criação do direito, mas uma descoberta deste. Apesar disso, o juiz na Inglaterra, mesmo nesse período tinha 
grande valia na concepção do que era o direito. BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. op. cit. p. 48-50. LOPES 
FILHO, Juraci Mourão. op. cit. p. 33. 
64
 MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a 
necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 21. 
65
 CAPPELLETTI, Mauro. Juízes Legisladores? Tradução de Carlos Alberto Álvaro de Oliveira. Porto Alegre: 
Sérgio Antônio Fabris Editor, 1993, p. 25-26. 
66
 MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a 
necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 50. 
26 
 
Situação correlata é a relacionada às fontes do direito. A visão diferenciada sobre 
a atuação jurisdicional e legislativa nessas tradições culturais tem como uma das suas 
consequências a delimitação das fontes do direito. 
Fonte do direito é o local no qual é possível encontrar uma norma para reger uma 
situação, ou seja, é o lugar onde o aplicador do direito encontra o substrato jurídico para 
solucionar um problema
67
. No Brasil, normalmente, a principal fonte é a lei, considerada 
como principal dentro do ordenamento pátrio, o que é a regra no civil law
68
. Já no common 
law, há uma maior importância para os precedentes judiciais. Ataíde Júnior, entretanto, 
destaca uma modificação nessas percepções, com foco maior a partir da segunda guerra. 
Países de tradição common law estão legislando com maior vigor e país de civil law passam a 
dar maior importância a atividade dos tribunais, pois veem como uma possível alternativa 
para crises jurídicas que passam
69
. Ademais, será destacado no tópico 2.1 e 2.3 uma visão de 
precedente como parâmetro interpretativo para uma futura decisão, o qual tem seu substrato 
principal encontrado nas razões do julgado, o que deixa essa questão das fontes menos 
relevante, pois ele pode ser uma fonte mesmo em países mais apegados a norma legislada. 
Há uma questão que ainda é mencionada como diferenciadora, mas, na atualidade, 
não é tão díspar. Trata-se da codificação. Marinoni posiciona-se da seguinte forma: 
Não se pense que o civil law é caracterizada pelos Códigos e pela tentativa de 
completude da legislação, enquanto o common law tem uma característica 
exatamente contrária. O common law também tem intensa produção legislativa e 
vários Códigos. O que realmente varia do civil law para o common law é o 
significado que se atribui aos Códigos e à função que o juiz exerce ao considerá-los. 
No common law, os Códigos não têm a pretensão de fechar os espaços para o juiz 
pensar; [...]. Nunca se pensou em negar ao juiz do common law o poder de 
interpretar a lei. De modo que, se alguma diferença há, no que diz respeito aos 
Códigos, entre o civil law e o common law, tal distinção está no valor ou na 
ideologia subjacente à ideia de Código.
70 
 
 
67
 FERRAZ JUNIOR, Tercio Ferreira. Introdução ao estudo dodireito: técnica, decisão, dominação. 4. ed. São 
Paulo: Atlas, 2003, p. 227. Cândido Rangel Dinamarco informa que as “fontes formais do direito são os canais 
pelos quais as normas vêm ao mundo jurídico, oriundas da vontade do ente capaz de ditá-las e impô-las ou exigir 
sua observância”. DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. São Paulo: 
Malheiros, 2001, v. 1, p. 70. 
68
 Streck e Abboud aclaram que o Brasil tomou a atividade jurisprudencial de forma tão desordenada que, 
atualmente, não há uma percepção que ainda somos um país de tradição civil law. Fundamentam sua 
irresignação ao explicar que um sistema jurídico dessa tradição deveria utilizar das jurisprudências numa relação 
com a lei, não podendo, por exemplo, realizar um “drible hermenêutico” na legislação quando está fosse de 
dicção clara, exigindo-se um mínimo de respeito aos limites semânticos. STRECK, Lenio Luiz; ABBOUD, 
Georges. op. cit. p. 36-37. 
69
 ATAÍDE JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues de. op. cit. p. 41. 
70
 MARINONI, Luiz Guilherme. Aproximação crítica entre as jurisdições de civil law e de common law e a 
necessidade de respeito aos precedentes no Brasil. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 49, 2009, p. 30. 
27 
 
Somente um equívoco há de ser destacado deste trecho. Marinoni não evidencia 
que, no passado, a tentativa codificadora dos países de civil law foi intensa
71
, algo não 
percebido na Inglaterra até pouco tempo, por exemplo. Nesse aspecto, Caenegem destaca a 
importância da codificação na diferença histórica entre as tradições ao manifestar que “para os 
juristas que estão fora das terras anglo-saxãs, a tradição Common Law é quase 
incompreensível – Bentham falou de sua ‘incognoscibilidade’ – porque não há códigos que o 
englobam [...]”
72
. 
Assim, a codificação deixou de ser algo de notória diferenciação entre os países 
dessas tradições somente na atualidade. De toda forma, a importância que se dava ao código 
como instrumento de clareza e simplicidade para, utopicamente, na visão clássica do civil law, 
retirar atividades interpretativas do juiz
73
, já é algo superado. 
Por tudo, atualmente é dito que há uma nítida aproximação entre essas famílias
74
, 
existindo um certo desuso na diferenciação clássica. O sistema brasileiro não se afasta disso, 
porquanto há uma série de fatores que estão aproximando o nosso ordenamento jurídico de 
traços do common law – apesar de ser equivocado mencionar que mudamos nossa tradição ou 
algo semelhante
75
. Optou-se, todavia, por tratar mais detalhadamente sobre essa aproximação 
no tópico 2.3. 
 
 
2.2 A doutrina do precedente judicial e o stare decisis: do respeito sistemático às decisões 
anteriores à rígida vinculação aos precedentes 
 
 
71
 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, 
p. 34. WIEACKER, Franz. História do Direito Privado Moderno. Tradução de A. M. Botelho Hespanha. 2. ed. 
Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1980, p. 365-395. 
72
 CAENEGEM, Raoul C. Van. The birth of the english common law. 2. ed. Cambridge: Cambridge University 
Press, 1988, p. 85. 
73
 MACÊDO, Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, 
p. 36-37. 
74
 Ibidem, p. 74-75. William Pugliese assevera que “tamanha é a influência de países como os Estados Unidos, 
França e Alemanha, que a aproximação e a comunicação entre as duas tradições jurídicas não deveriam ser vista 
como um fenômeno indesejado nem impossível. Todas as esferas de conhecimento humano têm se desenvolvido 
rapidamente em função da possibilidade de diálogo entre os países e, naturalmente, seria impossível deixar o 
Direito à margem deste processo”. PUGLIESE, William. Precedentes e a civil law brasileira. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2016, p. 17. E-Book. ISBN 978-85-203-6982-1. 
75
 Alguns autores defendem que o sistema brasileiro está em um patamar específico. Nesse sentido, Hermes 
Zaneti Jr., por exemplo, acredita que no Brasil há um sistema híbrido. ZANETI JR, Hermes. O valor vinculante 
dos precedentes: teoria dos precedentes normativos formalmente vinculantes. 2. ed. Salvador: JusPODIVM, 
2016, p. 30. Ravi Peixoto fala em um brazilian law por causa da “adoção do modelo de controle constitucional 
norte-americano e a forma de pensar e o direito infraconstitucional, fortemente influenciados pelo civil law”. 
PEIXOTO, Ravi. Superação do Precedente e Segurança Jurídica. 2. ed. Salvador: JusPODIVM, 2016, p. 121. 
28 
 
Após apresentar os aspectos mais relevantes das clássicas tradições do civil law e 
do common law, demonstrando-se que suas diferenças apareceram a partir de tentativas de 
soluções em certos problemas históricos – normalmente, com intuito de dar maior segurança 
ao direito
76
 –, passa-se a explicar o que significa a doutrina dos precedentes judiciais e, 
também, uma outra expressão bastante mencionada, qual seja, stare decisis. 
Previamente, cumpre salientar que não há um grande rigor pelos estudiosos 
nessas nomenclaturas, ou seja, é possível encontrar denominações diferentes e até alguns que 
não diferenciam um do termo do outro. Por exemplo, Streck e Abboud diferenciam a doutrina 
dos precedentes do stare decisis. Já Bustamante nomeia, respectivamente, de doutrina do 
precedente vinculante simpliciter e de doutrina do precedente absolutely binding
77
. O jurista 
inglês Neil Duxbury trata de forma similar os termos
78
. 
Assim, no tópico, ao se apresentar a evolução da doutrina dos precedentes na 
Inglaterra, opta-se por, em certos momentos, utilizar uma diferenciação entre doutrina dos 
precedentes e o stare decisis, com intuito de evidenciar momentos diferentes na consolidação 
da doutrina do precedente judicial na Inglaterra – utilizando-se o termo na sua forma mais 
ampla, a qual engloba os dois momentos
79
. 
Há quem diferencie ainda o termo stare decisis de uma doutrina do stare decisis. 
Não se observa aqui uma diferença significativa, contudo explica-se qual seria a distinção. O 
termo stare decisis et non quieta movere, em si, significa “deixe-se a decisão firmada e não 
altere-se as coisas que foram assim dispostas, ou, ainda, ficar com o que foi decidido e não 
mover o que está em repouso”
80
, isto é, “representa a tarefa de decidir uma questão de direito 
de modo uniforme em casos materialmente idênticos”
81
. Do mesmo modo, Neil Duxbury diz: 
[...] o argumento clássico do common law de que os precedentes estabelecidos pelos 
tribunais não meramente reivindicam a atenção, mas, de fato, vinculam outros 
tribunais. Esta é a doutrina do stare decisis - ou seja, decisões judiciais anteriores 
devem ser seguidas quando os mesmos pontos surgem novamente em litígios.
82 
 
76
 Lucas Buril de Macêdo explica que “a tradição ocidental - tanto o common law como o civil law - preocupava-
se em ampliar a objetividade, sistematicidade e coerência, em uma busca por segurança jurídica”. MACÊDO, 
Lucas Buril de. Precedentes judiciais e o direito processual civil. Salvador: JusPODIVM, 2015, p. 67. 
77
 BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do precedente judicial: a justificação e a aplicação de regras 
jurisprudenciais. São Paulo: Noeses, 2012, p. 83. 
78
 DUXBURY, Neil. The nature and authority of precedent. Cambridge: Cambridge University Press, 2008, p. 
35-37. 
79
 Idem. 
80
 PORTO, Sérgio Gilberto. Sobre a common law, civil law e o precedente judicial. Estudos de Direito 
Processual Civil em homenagem ao Professor Egas Dirceu Moniz de Aragão. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2005, p. 8. Disponível em: < http://www.abdpc.org.br/abdpc/artigos/sergio%20porto-formatado.pdf>. 
Acesso em: 10 nov. 2017. 
81
 Idem. 
82
 No original: “[...] the classic common law argument that precedents set by courts do not merely claim the 
attention of, but

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