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ANEXO-A---Gabriela-de-Almeida-Nascimento

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ANEXO A 
PROJETO DE TRABALHO DE GRADUAÇÃO 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL 
 
Nome do estudante: Gabriela de Almeida Nascimento 
Nome do orientador: Ricardo Gabbay de Souza 
Nome do coorientador: Fabiana Alves Fiore Pinto 
 
Título do trabalho: Avaliação do ciclo de vida da disposição final de REEE no Brasil 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
1.1 Resíduos de equipamentos eletroeletrônicos REEE 
 
A taxa de geração de lixo eletrônico é a que mais cresce entre todos os outros tipos de 
resíduos. Além disso, esta classe de resíduo possui grande complexidade de análise devido 
à variedade de materiais componentes (Kiddee et al., 2013). Dessa forma, a importância de 
se reciclar e analisar este resíduo tornou-se muito relevante, principalmente nos aspectos 
relacionados ao desenvolvimento sustentável (Oliveira et al., 2012). 
Além disso, o setor de aparelhos eletroeletrônicos é um dos mais dinâmicos da economia 
brasileira, sendo responsável por cerca de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. 
Atualmente, o Brasil é o quinto maior produtor de computadores e o mercado destes aparelhos 
teve um crescimento considerável nos últimos anos, principalmente nas categorias de 
computadores e celulares (Oliveira et al., 2012). 
Alguns componentes presentes no lixo eletrônico são substâncias tóxicas que podem 
contaminar não só o ambiente em que se encontram, mas também prejudicar a saúde dos 
seres humanos que entrarem em contato com tais substâncias. Algumas pesquisas 
demonstraram que alguns desses metais tóxicos (Ba, Cd, Cr, Pb, Hg, Se e Ag) e também 
orgânicos polihalogenados do tipo Éteres de Difenila Polibromados (PBDEs) podem ser 
encontrados neste resíduo e podem causar sérios problemas ao meio ambiente e aos 
humanos (Kiddee et al., 2013). 
Existem três grupos principais de substâncias que podem ser liberadas durante a 
reciclagem e recuperação do material, que são os maiores alvos de preocupação de 
pesquisadores desta área, são eles: os constituintes originais dos equipamentos, tais como 
Chumbo e Mercúrio; constituintes que podem ser adicionados durante os processos de 
recuperação, como Cianeto; e as substâncias que podem ser formadas pelo processo de 
reciclagem, como as Dioxinas (Lundgren, 2012). 
Além disso, é comum que neste resíduo contenham metais preciosos e/ou raros, e a 
reutilização destes elementos pode ser economicamente vantajoso. As estratégias de 
 
 
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reutilização destes materiais são baseadas na Avaliação do Ciclo de Vida dos elementos e 
seu potencial pode ser mensurado a partir da multiplicação do peso de cada um dos metais 
pelo fator respectivo de caracterização que, por sua vez, é uma proporção da base de reserva 
à taxa de extração de um recurso, comparada a uma proporção de Antimônio (Sb) de 
referência (Woo et al., 2016). 
 
1.2 Disposição final de REEE 
 
No Brasil, a primeira política de gestão de resíduos foi aprovada em 2010, a Lei 
12.305/2010: Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em que algumas de suas 
diretrizes são baseadas no conceito do EPR. Esta sigla, em inglês Extended producer 
Responsability foi definida pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
(OECD) como uma política ambiental em que o produtor é responsável não só pelo produto, 
mas também pela destinação final deste (Oliveira et al., 2012). 
A Lei nº 12.305/2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos em que ficam dispostas 
as diretrizes relativas à gestão integrada e o gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os 
perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos 
aplicáveis (BRASIL, 2010). 
Conforme disposto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), disposição final 
ambientalmente adequada é a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas 
operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e 
minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010). 
No Art.9º da PNRS está contida a hierarquia dos resíduos para a gestão e gerenciamento de 
resíduos sólidos, seguindo a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, 
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos 
rejeitos (BRASIL, 2010). Portanto, entende-se que não produzir resíduos é prioridade e, para isso, 
é necessário atuar na fase de projeto, com objetivo de obter um produto mais sustentável, em que 
a recuperação de peças e materiais seja facilitada desde a etapa de desmontagem (Condemi et 
al., 2019). 
Já no que se diz respeito às legislações sobre este tema, ainda existem grandes diferenças 
entre a gestão de resíduos eletrônicos dos países desenvolvidos para os países em 
desenvolvimento (Oliveira et al., 2012). Além disso, existe uma grande diferença entre o que está 
disposto na legislação e o que realmente é feito (Orlins & Guan, 2016). 
De acordo com o panorama Abrelpe (2018/2019), o volume de resíduos sólidos urbanos 
(RSU) coletados atingiu 199.311 toneladas por dia no Brasil. A quantidade de cidades que dis-
põem de serviços de coleta seletiva aumentou em todas as regiões do país, a de maior destaque 
é a região Sul, onde 90,9% dos municípios possuem coleta seletiva. 
 
 
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Em 2018, das 72,7 milhões de toneladas de RSU coletadas, 59,5% tiveram disposição final 
adequada, sendo encaminhadas para aterros sanitários. Contudo, lixões e aterros controlados 
ainda têm participação significativa (23% e 17,5%, respectivamente). Essas unidades inadequa-
das estão presentes em todas as regiões do país e recebem mais de 80 mil toneladas de resíduos 
por dia, com elevado potencial de poluição ambiental e impactos negativos à saúde (ABRELPE, 
2019). 
Já em relação ao volume de materiais recicláveis coletados por cooperativas e associações 
de catadores acompanhadas pela Ancat, os resíduos estão divididos por categorias e, entre elas, 
estão os resíduos eletroeletrônicos. Em 2017, o volume coletado deste material foi de 68 toneladas 
e, em 2018, 145 toneladas (ABRELPE, 2019). 
Na Política Nacional de Resíduos Sólidos também está definido o conceito de logística reversa 
como um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de 
ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e restituição dos resíduos sólidos 
ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra 
destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010). 
Além disso, a logística reversa é justificada nesta Lei como estratégia para reduzir o impacto 
ambiental dos resíduos, visando promover ações para garantir que o fluxo de resíduos sólido seja 
direcionado à cadeia de produção. Isso facilitará a restituição destes resíduos aos produtos para 
que sejam tratados ou reaproveitados em um novo ciclo ou até mesmo em outros ciclos, dimi-
nuindo ou cessando a geração de resíduos (de Oliveira Neto et al., 2017). 
Contudo, existem alguns problemas relacionados à disposição final destes resíduos. O mais 
preocupante é a desmontagem manual e a recuperação de componentes valiosos de fios, cabos 
e placas de circuito impresso devido aos altos níveis de metais como Arsênio dissolvido, Cromo, 
Lítio, Molibdênio, Antimônio, Selênio, Prata, Berílio, Cádmio, Cobalto, Cobre, Níquel, Chumbo e 
Zinco (Lundgren, 2012). 
Além disso, também existe a reciclagem informal de REEE, praticada ao ar livre, geralmente 
dentro de pequenasoficinas. Na maioria das situações, os ambientes de trabalho encontram-se 
em situações abaixo do padrão aceitável que forneça segurança ocupacional e condições de sa-
neamento adequados. Os trabalhadores ficam em áreas de pouca ventilação, baixa iluminação e 
não utilizam os equipamentos de proteção adequados, tais como máscaras de rosto e de nariz 
(Cesaro et al., 2019). 
Outro fator importante a ser considerado é a geração de lixiviado destes resíduos quando 
dispostos em aterros. Mediante as condições de saneamento inadequadas, algumas toxinas po-
dem ser transmitidas oralmente ou também pelas mãos das pessoas ao comer ou tocar nos olhos 
ou nariz. Além disso, o lixiviado destes materiais podem penetrar no solo do aterro, gerando com-
plicações ambientais (Lundgren, 2012). 
 
 
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1.3 Avaliação do Ciclo de vida de sistemas de REEE 
 
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) consiste em uma metodologia estruturada, abrangente 
e internacionalmente padronizada. Ela quantifica todas as emissões e recursos consumidos e seus 
respectivos impactos sobre o meio ambiente e a saúde, considerando questões relacionadas ao 
esgotamento de recursos associados a quaisquer bens ou serviços (IBICT, 2014). 
Esta metodologia leva em consideração todo o ciclo de vida de um produto: desde a 
extração dos recursos utilizados em sua confecção até sua produção, uso, reciclagem e descarte 
final dos resíduos. Outro aspecto disposto nesta metodologia é que estes estudos de ACV ajudam 
a evitar que a solução de um problema ambiental acabe criando outros problemas, ou seja, não é 
interessante reduzir um impacto ambiental em um ponto do ciclo de vida para aumentar efeitos 
negativos em outro ponto (IBICT, 2014). 
Além desses aspectos, a ACV pode subsidiar a identificação de oportunidades para a 
melhoria do desempenho ambiental de produtos em diversos pontos de seus ciclos de vida; o nível 
de informação dos tomadores de decisão na indústria e nas organizações visando, por exemplo, 
a definição de prioridades; seleção de indicadores de desempenho ambiental relevantes; 
marketing, por exemplo, na implementação de um esquema de rotulagem ambiental (ABNT, 2019). 
A Especificação Técnica ISO 14040 fornece requisitos e diretrizes para a aplicação efetiva 
das ABNT ISO 14040 e ABNT ISO 14044 para as organizações, detalhando a aplicação dos 
princípios e metodologia da Avaliação do Ciclo de Vida. Nesta Norma constam os benefícios 
proporcionados pela, a fronteira do sistema, as considerações específicas ao lidar com Inventário 
do Ciclo de Vida (ICV), Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida (AICV) e interpretação, e as 
limitações relativas aos relatórios, declarações ambientais e afirmações comparativas (ABNT, 
2019). 
Nesta metodologia, ficam dispostas de forma clara todas as etapas necessárias para a 
realização da ACV. A primeira delas é estabelecer o objetivo da ACV, e para isso, alguns itens 
devem ser declarados de forma que não haja ambiguidade, tais como: a aplicação pretendida, os 
motivos para a execução do estudo, o público-alvo e uma declaração de que os resultados não se 
destinam ao uso em afirmações comparativas destinadas à divulgação ao público (ABNT, 2019). 
Posteriormente, no escopo do estudo deve conter: unidade de referência incluindo a 
declaração das características de desempenho, unidade de referência, fronteira do sistema e os 
critérios de corte para a inclusão inicial de entradas e saídas (ABNT, 2019). 
A análise de inventário do ciclo de vida (ICV) deve conter: procedimentos de coleta de 
dados, descrição qualitativa e quantidade dos processos elementares, fontes de literatura 
publicada, procedimentos de cálculo, validação de dados (avaliação da qualidade dos dados e 
tratamento da falta de dados), análise de sensibilidade para refinamento da fronteira do sistema e 
 
 
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os princípios e procedimentos de alocação. Em seguida, é mostrada a etapa de Avaliação do 
Impacto de Ciclo de Vida (AICV), e nesta parte, os seguintes elementos são obrigatórios: seleção 
das categorias de impacto, correlação dos resultados do ICV às categorias de impacto 
selecionadas e o cálculo dos resultados dos indicadores de categoria (ABNT, 2019). 
Por fim, na interpretação do ciclo de vida, deve conter: resultados, pressupostos e 
limitações associados à interpretação dos resultados, tanto relacionados à metodologia quanto 
aos dados, avaliação da qualidade dos dados e a total transparência em termos de escolhas de 
valores, razões lógicas e pareceres de especialistas (ABNT, 2019). 
Nesta última fase, alguns elementos devem estar presentes, como a identificação das 
questões significativas com base dos resultados das fases anteriores, uma avaliação do estudo, 
verificando se as informações estão completas, sensibilidade e consistência, e as conclusões, 
limitações e recomendações (ABNT, 2019). 
 
 
1.4 Estudos existentes sobre o tema 
 
O estudo realizado por Li et.al. possui uma metodologia muito próxima a qual será utilizada 
neste projeto. A análise foi realizada nos Estados Unidos e também consiste em fazer um aterro 
simulado em tanques com solo, RSU e REEE e simular as precipitações de acordo com o 
encontrado na região. A partir disso, o lixiviado foi analisado e os impactos ambientais também 
foram discutidos (Li et al., 2009). 
 Como resultado, encontrou-se que o Pb presente nos REEE pode lixiviar e ficar retido dos 
RSU, mas isso não significa que este metal fique permanente imobilizado, pois em caso de 
mudança nas condições normais, o Pb pode migrar, atingir o fundo do aterro e, eventualmente, 
entrar no meio ambiente (Li et al., 2009). 
Outro estudo realizado por Kidee et. al. também utilizou desta metodologia de aterro 
simulado em tanques. Neste caso, três tanques foram utilizados e instalados em uma área aberta 
situada no sul da Austrália. Estes tanques foram alocados em uma base de concreto com uma 
ligeira inclinação e uma torneira para a drenagem do chorume (Kiddee et al., 2013). 
O lixiviado foi coletado mensalmente e algumas análises foram realizadas, tais como: pH, 
potencial de óxido-redução, condutividade, Sólidos dissolvidos, Carbono total, Alumínio, Arsênio, 
Bário, Berílio, Cádmio, Cobalto, Cromo, Cobre, Ferro, Níquel, Chumbo, Antimônio, Vanádio e Zinco. 
Como resultado, verificou-se que as concentrações médias de Al, Ba, Be, Cd, Co, Cr, Cu, Nu, Pb, 
Sb foram maiores nos tanques cujo lixiviado continha REEE (Kiddee et al., 2013). 
Já o autor Ishchenko (2019) realizou uma pesquisa na Alemanha e analisou a 
concentração de quatro metais pesados no lixiviado dos resíduos: Pb, Cd, Ni e Cr. Neste caso, 
baterias e resíduos eletroeletrônicos foram considerados como principais fontes de metais 
pesados nos resíduos urbanos analisados. As amostras de metal, vidro, resíduos perigosos, 
 
 
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borracha, madeira, restos de comida, papel, plástico, tecido e resíduos de construção civil foram 
triturados até que as partículas ficassem com 1mm. Assim, duas amostras foram separadas e 
diferenciavam-se devido à quantidade de materiais que compunham a amostra homogênea e 
foram levadas aos reatores que simulavam um aterro por 3 meses. 
O fundo destes reatores foi coberto por uma camada de 10 cm de pedras, seguida por uma 
camada de tecido para filtrar o lixiviado e depois a camada de amostra homogeneizada, seguida 
também por uma camada de tecido e outra de pedregulhos para pressionar os resíduos. Os 
reatores foram mantidos da 37ºC por um isolamentoespecial. Como resultado, verificou-se que o 
lixiviado de todos os metais analisados obteve a maior concentração no tanque que continha 
menor teor de matéria orgânica. Além disso, observou-se que o Pb teve a menor taxa de lixiviação, 
enquanto Cd e Cr possuíram as mais taxas, indicando um potencial risco ambiental caso estes 
compostos sejam liberados (Ishchenko, 2019). 
 
2. OBJETIVOS 
 
Avaliar impactos ambientais do ciclo de vida da disposição final de REEE em aterros 
sanitários e depósitos a céu aberto no Brasil. 
Diante disso, os objetivos específicos serão: 
• Caracterizar a importância do problema de pesquisa, analisando a viabilidade de 
pesquisa com base em outros estudos já existentes; 
• Amostrar o resíduo e o solo de São José dos Campos a partir da caracterização 
gravimétrica da cidade, para que a simulação fique bem próxima à realidade; 
• Analisar a presença de metais críticos no lixiviado e verificar se houve influência 
dos RSU na degradação dos REEE; 
• Avaliar o Ciclo de Vida destes metais, verificar os impactos ambientais e propor 
soluções ambientalmente viáveis. 
 
 
3. MATERIAIS E MÉTODO 
 
A Figura 1 mostra o fluxograma que contém todas as etapas do projeto, desde sua 
aprovação até a finalização. Estas etapas são detalhadas a seguir. 
 
 
 
 
 
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Figura 1. Fluxograma do plano de atividades 
 
 
O projeto pode ser dividido em quatro partes principais: revisão bibliográfica, amostragem 
de resíduos e solo, realização do experimento e avaliação do ciclo de vida, de acordo com os 
objetivos da pesquisa. 
 Na primeira parte (revisão bibliográfica), será realizada uma revisão sistemática da 
 
 
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literatura, com busca em banco de periódicos científicos conhecidos, como Scopus e Web of 
Science, a fim de encontrar artigos que possam nortear o estudo. Posteriormente, será realizada 
a análise das referências, para verificar as metodologias utilizadas por outros autores e também 
as maiores dificuldades encontradas dentro do tema de pesquisa. Com todas essas informações 
disponíveis, os artigos utilizados ficarão guardados em nuvem (online) para que permaneçam 
disponíveis para estudo. 
 A pré-caracterização dos resíduos, segunda parte do projeto, consiste na amostragem de 
solo e de resíduos será norteada pelas Normas ABNT existentes. A primeira a ser utilizada é a 
Norma ABNT 10007: amostragem de resíduos sólidos, especificamente na parte da amostragem 
em tambores e recipientes similares, permitindo escolher o amostrador e o procedimento de 
amostragem, e também definir o volume e a quantidade de amostras necessárias. 
 Posteriormente, será necessário adquirir recursos que serão utilizados na montagem do 
aparato experimental, como aquisição de parcerias, equipamentos e insumos. A coleta de 
amostras de resíduos eletroeletrônicos, em sua maior parte, será disponibilizada pela Techfive, 
uma empresa de São José dos Campos que trabalha com a gestão de REEE. 
Já a coleta das amostras de solo e de outros resíduos será realizada em parceria com a 
Urbanizadora Municipal (URBAM), empresa responsável pela coleta e disposição final dos 
resíduos sólidos urbanos (RSU) de São José dos Campos. Além disso, a caracterização 
gravimétrica da cidade também será uma informação proveniente da mesma empresa. 
Os dados de pluviosidade de São José dos Campos, que serão necessários para simular 
a precipitação nos tanques, serão disponibilizados pela equipe responsável pela estação 
meteorológica da UNESP do campus de São José dos Campos. Essa simulação pode ser feita 
manualmente, com auxílio de programação arduíno ou até mesmo com a utilização de um timer. 
Independentemente da alternativa escolhida, será considerado o solo saturado para o início das 
operações e a água utilizada nas precipitações terá o mesmo pH que as chuvas características da 
região estudada. 
 Então, esses resíduos serão misturados de forma homogênea e colocados nos tanques de 
estudos, preparadas conforme a Norma 10007 anteriormente citada. Serão necessários quatro 
tanques para que seja possível verificar se há diferença entre os lixiviados de aterro e disposição 
à céu aberto. 
Como mostrados na Figura 2, o primeiro tanque (esquerda para direita) será composto 
somente de solo, denominado “controle”; o segundo será formado por solo + RSU e REEE + solo, 
nesta ordem, simulando as condições de um aterro sanitário. O terceiro será solo + REEE + solo, 
para verificar se há lixiviado de REEE nestas condições; e o último será de solo e REEE, nesta 
ordem, simulando as condições de disposição à céu aberto. 
 
 
 
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Figura 2. Projeto dos tanques utilizados na simulação 
 
 
 Os tanques serão dimensionados a partir dos dados disponibilizados pela URBAM e 
baseados nos estudos de Li et. al. (2009). Eles terão formatos cilíndricos, sendo de material 
polimérico, com diâmetro de 400mm e altura de 1,20m (altura útil de 1,10m com 10 cm para a 
realização da precipitação). Cada camada de solo terá 20 cm de altura, sendo a maior parte da 
coluna preenchida com os resíduos obedecendo a disposição indicada na Figura 2. 
Quando os tanques entrarem em operação, a coleta das amostras do lixiviado de cada um 
destes tanques poderá ser realizada. As análises do lixiviado serão em conformidade com a 
metodologia 3015A, através da série de Normas Americanas SW-486, e acontecerão durante 6 
meses, sendo uma coleta e análise por mês para cada tanque. Serão analisados parâmetros como 
temperatura, pH, condutividade, potencial de redução-oxidação, Demanda Química de Oxigênio 
(DQO) e presença de metais no lixiviado, em que esta última será realizada em parceria com o 
Instituto de Estudos Avançados do Mar (IEAmar) da UNESP. 
 Por fim, na última etapa, serão avaliados tanto os impactos ambientais das concentrações 
dos metais no lixiviado, quanto os impactos destes metais encontrados no solo com base nos 
estudos e pesquisas encontrados na fase da revisão bibliográfica. As amostras de solo serão 
analisadas através do Method 3051ª da série de Normas Americanas SW-486. 
Essa análise consiste basicamente na utilização de uma unidade de micro-ondas para a 
digestão ácida das amostras de solo através da adição de Ácido Nítrico concentrado (HNO3) e 
Ácido Clorídrico (HCl) para posterior análise de espectrometria de massa por plasma acoplado 
indutivamente (ICP-MS). 
Os elementos que serão analisados são: Al, Sb, As, Ba, Be, Cd, Ca, Cr, Co, Cu, Fe, Pb, Mg, 
Mn, Hg, Mo, Ni, K, Se, Ag, Na, Sr, Tl e Zn. Devido ao fato de ser uma análise custosa, esses 
elementos serão analisados de acordo com a disponibilidade o IEAmr, entretanto, caso não seja 
possível analisar todos, a prioridade será Cr, As, Cd e Pb, selecionados após classificação 
decrescente dos fatores de caracterização por toxicidade identificados no método CML através da 
AICV – Avaliação de Impactos do Ciclo de Vida (Crespo Mendes et al., 2013). 
Assim, torna-se possível fazer uma análise do ciclo de vida destes metais com o auxílio do 
software SIMAPRO e seguindo todos os procedimentos descritos na Norma ABNT NBR ISO 14040 
e ABNT NBR ISO 14044. 
 
 
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4. EXEQUIBILIDADE 
 
Para este projeto, os tanques já estão disponíveis na Sala 106 do Departamento de 
Engenharia Ambiental (DEA). Os resíduos sólidos serão coletados com auxílio de voluntáriose os 
resíduos orgânicos serão coletados de uma parceria com o restaurante situado dentro do Parque 
Tecnológico de São José dos Campos. Os resíduos eletroeletrônicos serão disponibilizados uma 
parte pela aluna, outra por voluntários e outra parte será proveniente de uma parceria com a 
Techfive, uma empresa de São José dos Campos que trabalha com a gestão de REEE. 
A análise do ciclo de vida será de acordo com as Normas ABNT disponíveis no site da 
biblioteca da Universidade e o software SIMAPRO será utilizado a partir de uma licença 
educacional. 
 
5. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO 
 
 
• ETAPA 1: A primeira etapa será dedicada às revisões sistemática e bibliográfica, leitura das 
Normas ABNT, listagem da quantidade dos materiais necessários, testes de engenharia 
com o solo que será utilizado e coleta de dados específicos sobre a região de São José 
dos Campos; 
• ETAPA 2: Na segunda etapa serão iniciadas as coletas dos materiais necessários, a 
desmontagem dos REEE, trituração dos RSU volumosos e montagem dos tanques; 
• ETAPA 3: Início da etapa em que o tanque entrará em operação. Nessa fase, serão 
realizadas, mensalmente e durante 6 meses, análises de pH, temperatura, condutividade, 
potencial de óxido-redução, Demanda Química de Oxigênio (DQO), volume e presença de 
metais no lixiviado; 
• ETAPA 4: Com estes dados em mãos, os primeiros procedimentos sobre a Avaliação do 
Ciclo de Vida dos metais encontrados podem ser iniciados como definição do objetivo e 
escopo e também a análise do inventário 
• ETAPA 5: Analisar todas as etapas da Avaliação do Ciclo de Vida contidas na Norma ABNT 
NBR ISSO 14044 com o auxílio do software SIMAPRO; 
• ETAPA 6: Finalização da dissertação e apresentação do TCC. 
 
 
 
 
 
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Cronograma da Pesquisa 
 
 
Etapa/
Mês 
 
1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês 7º mês 8º mês 9º mês 10º mês 
1 
2 
3 
4 
5 
6 
* sugestão de demonstração cronológica com 10 meses, ainda que o TG possa ser realizado com no mínimo 8 meses. 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 
ABRELPE. (2019). Panorama Dos Sólidos. Panorama Dos Resíduos Sólidos No Brasil 
2018/2019, 68. www.abrelpe.org.br 
Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR ISO 14040: Gestão ambiental - Avaliação do 
ciclo de vida. 2001. 
Associação Brasileira De Normas Técnicas. NBR ISO 14044: Gestão ambiental - Avaliação do 
ciclo de vida - Requisitos de orientação. 2014. 
BRASIL. Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Lei nº 12305/2010. 
Cesaro, A., Belgiorno, V., Gorrasi, G., Viscusi, G., Vaccari, M., Vinti, G., Jandric, A., Dias, M. I., 
Hursthouse, A., & Salhofer, S. (2019). A relative risk assessment of the open burning of 
WEEE. Environmental Science and Pollution Research, 26(11), 11042–11052. 
https://doi.org/10.1007/s11356-019-04282-3 
Condemi, A., Cucchiella, F., & Schettini, D. (2019). Circular economy and e-waste: An oppor-
tunity from RFID TAGs. Applied Sciences (Switzerland), 9(16). 
https://doi.org/10.3390/app9163422 
de Oliveira Neto, G. C., de Jesus Cardoso Correia, A., & Schroeder, A. M. (2017). Economic and 
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PARECER DO PROFESSOR ORIENTADOR 
 
O Projeto tem grande relevância científica e para a sociedade brasileira. Grande parte dos 
recursos necessários já está disponível, e o acesso a algumas análises laboratoriais deverá ser 
viabilizado em 2021, após o retorno de laboratórios da Unesp como o IEAMar e a FEB/Bauru. O 
Cronograma é adequado para a realização da pesquisa. 
 
 
 
São José dos Campos, 10 de novembro de 2020. 
 
 
 
 Gabriela de Almeida Nascimento 
 Assinatura do orientando 
 
 
 
 
 _______________________________________________ 
 Assinatura do professor orientador 
 
 
 
 
 
 
 _______________________________________________ 
 Assinatura do coorientador (se houver)

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