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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS COORDENAÇÃO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO KALIANY PEREIRA MARTINS GESTÃO DE RESÍDUOS ORIUNDOS DAS OFICINAS MECÂNICAS AUTOMOTIVAS DE JOÃO PESSOA - PB TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ÁREA: GESTÃO AMBIENTAL João Pessoa/PB JUNHO / 2010 2 KALIANY PEREIRA MARTINS GESTÃO DE RESÍDUOS ORIUNDOS DAS OFICINAS MECÂNICAS AUTOMOTIVAS DE JOÃO PESSOA - PB Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Coordenação do Serviço de Estágio Supervisionado em Administração, do Curso de Graduação em Administração, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às Exigências para a Obtenção do Grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dr. Joácio de Araújo Morais Júnior João Pessoa/PB JUNHO / 2010 3 Ao Professor Orientador Joácio de Araújo Morais Júnior. Solicitamos examinar e emitir parecer no Trabalho de Conclusão de Curso da aluna Kaliany Pereira Martins. João Pessoa, 08 de julho de 2010. ______________________________________ Prof. Fabio Walter Coordenador do SESA/CCSA/UFPB Parecer do Professor Orientador: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4 KALIANY PEREIRA MARTINS GESTÃO DE RESÍDUOS ORIUNDOS DAS OFICINAS MECÂNICAS AUTOMOTIVAS DE JOÃO PESSOA - PB Trabalho de Conclusão de Curso Aprovado em: 08 de julho de 2010. Banca Examinadora ______________________________ Prof. Dr. Joácio de Araújo Morais Júnior Orientador __________________________ Prof. Msc. Jorge de Oliveira Gomes Examinador ___________________________ Prof. Msc.Jailson Ribeiro de Oliveira Examinador 5 Dedico esta monografia a duas pessoas Nicácio e Edilzete, que em nenhum momento medem esforços para realização dos meus sonhos, me guiam pelos caminhos corretos, me ensinam a fazer as melhores escolhas, me mostram que a honestidade e o respeito são essenciais à vida, e que devemos sempre lutar pelo que queremos. A eles devo a pessoa que me tornei, sou extremamente feliz e tenho muito orgulho por chamá-los de pai e mãe. 6 AGRADECIMENTOS Ao meu Orientador Prof. Dr. JOÁCIO DE ARAÚJO MORAIS JÚNIOR pelo apoio, acolhida, simpatia e presteza no auxílio às atividades e discussões sobre o andamento e normatização deste Trabalho de Conclusão de Curso. Especialmente ao Professor JORGE DE OLIVEIRA GOMES pelo incentivo ao tema escolhido, pela paciência e por me mostrar a importância e me dá oportunidade de participação em monitoria e publicações. Ao Professor JAILSON RIBEIRO DE OLIVEIRA, ao qual me encontro sem palavras para agradecer a simpatia, a presteza e a boa vontade de aceitar meu convite. Aos demais idealizadores, coordenadores e funcionários da UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA. Aos colegas de classe pela espontaneidade, alegria e amizades conquistadas que serão levadas para o resto da vida. Em especial a amiga CINTIA FONSECA DE MEDEIROS. A minha querida irmã WILLYANA PEREIRA MARTINS, sem a qual minha Monografia não teria a mesma qualidade. A minha prima e professora talentosíssima ALBA LÚCIA NUNES GOMES pela ajuda indispensável. E, finalmente, a DEUS pela oportunidade e pelo privilégio que me foi dado em compartilhar tamanha experiência e, ao freqüentar este curso, perceber e atentar para a relevância de temas que não faziam parte, em profundidade, da minha vida. 7 "A gestão ambiental é uma ferramenta fundamental para a melhoria da qualidade de vida." (Eugênio Singer) 8 MARTINS, Kaliany Pereira. Gestão de resíduos oriundos das oficinas mecânicas automotivas de João Pessoa – PB. Trabalho de Conclusão do Curso. 51 fls. (Curso de Graduação em Administração). Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2010. RESUMO De acordo com as normas ISO 14000 (2004) a gestão ambiental consiste num conjunto de medidas e procedimentos bem definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. Contanto, verificou-se que há certa resistência, sobre essa questão, por parte das empresas de reposição automotiva no que se refere à implantação de tais procedimentos que beneficiariam o meio ambiente. Surgiu então a necessidade de adequá-las a todas as conformidades, atendendo, consequentemente, às expectativas dos clientes. Logo, o objetivo do presente estudo foi analisar o tratamento dos resíduos produzidos pelas oficinas mecânicas automotivas da Avenida Beira Rio da cidade de João Pessoa/PB, visando identificar possíveis benefícios ambientais, e entre outras perspectivas, incentivar a reciclagem numa perspectiva ambiental. A metodologia consistiu na análise de informações obtidas através de aplicação de questionário em dezoito (18) unidades de oficinas mecânicas nas seguintes tipologias de produtos de reposição: lubrificantes, baterias, pneus e escapamentos. Dentre os resíduos produzidos no universo estudado, os mais reaproveitados são os lubrificantes. Como resultados alcançados, destaca-se que as empresas de reposição automotiva precisam desenvolver consciência ambiental, interesse e disposição para desenvolver novas maneiras de gerenciar a disposição final dos seus resíduos e a introdução de novas tecnologias voltadas a Reciclagem, necessárias para uma prestação de serviços mais eficiente e eficaz. Palavras-chave: Gestão ambiental. Reciclagem. Resíduos sólidos. Oficinas mecânicas. 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Etapas Material Reciclável........................................................................27 FIGURA 2 – Fluxograma da metodologia utilizada.......................................................38 FIGURA 3 – Produtos de reposição..............................................................................39 FIGURA 4 - Tipo de resíduo e seu destino – Papel/Papelão..........................................40 FIGURA 5 - Tipo de resíduo e seu destino – Plástico....................................................41 FIGURA 6 - Tipo de resíduo e seu destino – Metal.......................................................41 FIGURA 7 - Tipo de resíduo e seu destino – Óleo queimado........................................42 FIGURA 8 - Tipo de resíduo e seu destino – Carcaça de bateria..................................42 FIGURA 9 - Tipo de resíduo e seu destino – Estopa suja de óleo e/ou graxa...............43 FIGURA 10 - Tipo de resíduo e seu destino – Pneu......................................................43 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Classificação de Resíduos Sólidos..........................................................19 QUADRO 2 - Descrição do Resíduo Classe I.................................................................21 QUADRO 3 - Descrição do Resíduo Classe II ou Classe III..........................................22 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Correlação teórica.....................................................................................40 TABELA 2 – Resíduos sólidos e seus destinos..............................................................44 TABELA3 – Correlação teórica.....................................................................................44 10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................12 1.1 Delimitação do tema e formulação do problema de pesquisa...................................13 1.2 Justificativa................................................................................................................15 1.3 Objetivos...................................................................................................................16 1.3.1 Objetivo Geral........................................................................................................16 1.3.2 Objetivos Específicos.............................................................................................16 1.4 Estrutura do trabalho.................................................................................................17 2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................18 2.1 Resíduos Sólidos.......................................................................................................18 2.1.1 Definição de Resíduos Sólidos Industriais............................................................19 2.1.2 Classificação dos Resíduos Sólidos Industriais.....................................................20 2.2 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos.......................................................................23 2.2.1 Geração................................................................................................................. 23 2.2.2 Acondicionamento..................................................................................................24 2.2.3 Transporte...............................................................................................................25 2.2.4 Tratamento..............................................................................................................26 2.2.4.1 Reciclagem...........................................................................................................27 2.2.4.2 Recuperação........................................................................................................28 2.2.4.3 Incineração..........................................................................................................28 2.2.4.4 Tecnologias Limpas............................................................................................29 2.2.4.5 Coleta Seletiva.....................................................................................................30 2.2.5 Destinação Final.....................................................................................................31 2.3 Sistema de Gestão Ambiental...................................................................................32 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................35 3.1 Método de estudo.......................................................................................................35 3.2 Objeto de Estudo.......................................................................................................36 3.3 Universo e Amostra...................................................................................................36 3.4 Coleta de dados..........................................................................................................37 3.5 Organização dos dados..............................................................................................37 3.6 Análise dos dados......................................................................................................38 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ...................................................39 4.1 Produtos de Reposição...............................................................................................39 4.2 Tipos de resíduos e seus destinos..............................................................................40 4.3 Pertinência em relação aos destinos dos resíduos produzidos...................................45 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................46 5.1 Sugestões de melhoria...............................................................................................47 REFERÊNCIAS............................................................................................................48 APENDICES Apêndice A (Carta de apresentação)...............................................................................52 11 Apêndice B (Questionário de pesquisa)..........................................................................53 Apêndice C (Imagens)....................................................................................................54 12 1. INTRODUÇÃO Os resíduos perigosos produzidos pelas empresas de reposição automotiva, são particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma grave ameaça ao meio ambiente. Segundo Kraemer (2010): Os resíduos produzidos em todos os estágios das atividades humanas, em termos tanto de composição como de volume, variam em função das práticas de consumo e dos métodos de produção. As principais preocupações estão voltadas para as repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). A compreensão da problemática do lixo (resíduo) considerado industrial no âmbito das oficinas mecânicas automotivas segundo Ministério do Meio Ambiente (MMA), e a busca de sua resolução pressupõem mais do que a adoção de tecnologias. Uma ação na origem do problema exige reflexão não sobre o lixo em si, no aspecto material, busca-se o amadurecimento da humanidade por meio da educação e conseqüente conscientização individual e/ou coletiva não apenas para sobreviver, mas destacar-se num mercado altamente competitivo. Este estudo tem como objetivo geral analisar o tratamento dos resíduos produzidos pelas oficinas mecânicas automotivas da Avenida Beira Rio da cidade de João Pessoa/PB, visando identificar possíveis benefícios ambientais. A metodologia utilizada foi pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Definiu-se como universo todas as oficinas mecânicas automotivas da Avenida Beira Rio da cidade de João Pessoa/PB. Embora o número de empresas com essa característica nessa avenida seja grande, essa amostragem é constituída por dezoito oficinas pelo fato de que existem muitas outras, porem clandestinas. As oficinas da presente amostra e seus respectivos nomes são: AutoInjet, UTI Injeção Eletrônica, Nicácio Auto Service, O Escape do Bebel, Borracharia do Gago, PneuMix, SOS Injeção Eletrônica, Freio & Suspensão, Riva Auto Peças, BatCenter, O Escape do Bebel 2, Marcop Pneus, Escape Beira Rio, Miramar Auto Peças, ZN Auto Peças, Oficina Beira Rio, Arthur Car e Service Car. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionário composto por três questões fechadas e abertas, o qual foi entregue pessoalmente. Obtive-se um retorno de todos os questionários aplicados (100%). 13 1.1 Delimitação do tema e formulação do problema de pesquisa. Kraemer (2010) afirma que a preocupação ambiental por parte das empresas pode representar um estímulo ao aumento de inovações, as quais podem resultar em uma maior eficiência do processo produtivo, com redução de custos ou agregação de valor ao produto. Dessa forma, tal preocupação vem demonstrando novas oportunidades de negócios e de produtos menos agressivos ao meio ambiente. De acordo com Demajorovic (1995, p. 89): A relação entre resíduos e problemas ambientais é mais evidente no campo dos resíduos sólidos, uma vez que seu grau dedispersão é bem menor do que os líquidos e gasosos. É fácil ter uma idéia da dimensão do problema apenas imaginando as quantidades de lixo produzidas em cada casa ou em cada unidade industrial e que, de uma alguma forma, devem ser dispostas. Com isso, a preocupação ambiental deve resultar em ações que modifiquem o processo produtivo e o produto de maneira a torná-los menos impactantes ao meio ambiente, através de várias formas de reaproveitamento, entre elas a reciclagem, transformando objetos materiais usados em novos produtos para o consumo. Esta necessidade foi despertada pelos seres humanos a partir do momento em que se verificaram os benefícios que este procedimento trás. Foram levados em consideração importantes fatores na escolha do tema. Entre eles se inclui a afetividade e um alto grau de interesse pessoal relacionado ao campo de pesquisa, por se tratar do próprio ambiente de trabalho da autora, o que lhe causa prazer nesta atividade e gosto no assunto. Entre esse interesse, sentiu-se o desejo de despertar a conscientização ambiental e a vontade dos empresários em buscar forma ideais de disposição final de seus resíduos, entre as várias formas de tratamento. Além disso, a autora contou com a disponibilização de tempo para a realização de todas as atividades que precisou cumprir para executar o trabalho, conciliando-a com o que tem que cumprir no cotidiano, não relacionado à pesquisa. As oficinas mecânicas automotivas que foram estudadas no projeto de pesquisa estão localizadas na Avenida Beira Rio, considerada como uma das de maior fluxo e extensão da cidade de João Pessoa/PB, portanto, ponto ideal de oficinas mecânicas, pois oferece infra-estrutura adequada, onde tais estruturas são básicas e simples, compostas basicamente de duas a três áreas, uma para o escritório, outra para estoque de mercadorias (se houver) e outra para área operacional (execução dos serviços), e 14 facilidade no acesso tanto para os clientes como para a realização da pesquisa em questão. Dentre as oficinas desta avenida foram restringidas àquelas que oferecem produtos e serviços semelhantes e que estão corretamente regulamentadas. O mercado consumidor dos serviços dessas oficinas mecânicas é geralmente constituído por proprietários particulares de automóveis, frotistas, empresas ou pessoas que possuem um ou diversos carros, órgãos públicos, seguradoras, etc. Santos (2003) afirma que até meados dos anos 80, as oficinas mecânicas constituíam território dominado quase que exclusivamente pelos homens. O lugar onde a graxa se misturava com peças de carros soltas. Há também outra marca registrada: as paredes repletas de fotos de mulheres nuas. Esse modelo perdurou por vários anos e até hoje quando se fala em oficina mecânica, o que vem à cabeça são esses aspectos. Santos (2003) complementa ainda que: Aos poucos as oficinas estão perdendo seu aspecto “sujo” e algumas delas se modernizaram. Mas isso não quer dizer que elas, ou pelo menos a grande maioria, esteja investindo ou se preocupando como deveriam quanto implantação de gestão ambiental e reciclagem de resíduos provenientes dos serviços realizados, se dessa forma fosse, seriam amortizados os impactos e aumentar-se-ia o desenvolvimento sustentável. Diante desta realidade, surge a seguinte questão a ser respondida: Como as oficinas mecânicas automotivas na cidade de João Pessoa / PB estão tratando seus resíduos? 15 1.2 Justificativa O presente trabalho propõe-se a verificação dos resíduos gerados a partir dos produtos de reposição, de que maneira estão sendo descartados e aplicar nas oficinas mecânicas automotivas da Avenida Beira Rio da cidade de João Pessoa/PB métodos de tratamento para os resíduos produzidos pelos serviços realizados nestas, a fim de transformar objetos materiais usados em novos produtos para o consumo através, por exemplo, da reciclagem. São exemplos dos produtos analisados: metal (ferro velho em geral, peças de alumínio, peças de aço, pregos, cobre), papel (jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embalagens de papel), plástico (sacos/sacolas plásticas, embalagens), baterias (resíduos sólidos altamente perigosos para o meio ambiente que merecem um sistema de coleta e reciclagem rigoroso, pois são formadas por compostos químicos com alta capacidade de poluição e toxidades para o solo e água), óleo queimado e objeto e materiais de limpeza contaminados do mesmo. Segundo o site Suapesquisa (2009), muitas campanhas educativas têm despertado atenção para o problema do lixo nas grandes cidades. Donaire (1995, p. 30) afirma que cada vez mais, os centros urbanos, com grande crescimento populacional, têm encontrado dificuldades em conseguir locais para instalarem depósitos de lixo. Portanto, a reciclagem apresenta-se como uma solução viável economicamente, além de ser ambientalmente correta. A significação do tema escolhido se referiu a sua oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais, pois percebe-se a partir das vivências e observações que se trata de um tema que desperta interesse e certa importância para um grupo de pessoas ou para a sociedade em geral, além de proporcionar destaque para as oficinas em relação ao diferencial competitivo, no que as torna mais limpas, atrativas e acessíveis aos clientes. Donaire (1995, p.37) afirma que a proteção ao meio ambiente deixa de ser uma exigência punida com multas e sanções e inscreve-se em um quadro de ameaças e oportunidades, em que as conseqüências passam a poder significar posições na concorrência e a própria permanência ou saída do mercado. A pesquisa em questão é viável pela facilidade no acesso ao campo de pesquisa e também por não apresentar custos significantes para a autora. Em relação aos custos no que diz respeito aos tipos de tratamentos de resíduos, pode-se dizer que não há custos para o procedimento por parte das oficinas, o gerador apenas deve ser responsável pelos seus resíduos os encaminhado para a reciclagem, os administradores 16 devem dispor de estrutura adequada para o descarte, fazer o recolhimento constantemente e encaminhá-lo às recicladoras para o reaproveitamento desses resíduos e/ou agregar valor aos materiais. Além de contribuir para a diminuição da poluição do meio ambiente, todos os materiais recolhidos são vendidos para as recicladoras, obtendo assim viabilidade tanto econômica quanto ecológicas. Diante do exposto, o presente estudo torna-se importante, uma vez que, os processos de tratamentos de resíduos além de preservar o meio ambiente gera empregos nas grandes cidades e vai aos poucos caminhando para o desenvolvimento sustentável. 1.3. Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral Analisar o tratamento dos resíduos produzidos pelas oficinas automotivas da Avenida Beira Rio da cidade de João Pessoa/PB, visando identificar possíveis benefícios ambientais. 1.3.2 Objetivos específicos • Selecionar e caracterizar as tipologias de produtos de reposição mais representativos na geração de resíduos sólidos nas oficinas mecânicas automotivas; • Analisar o gerenciamento ambiental nas oficinas, em relação a forma de descarte final dos resíduos gerados; • Disseminar conhecimentos sobre as possíveis vantagens e ganhos que podem ser alcançados através da gestão dos resíduos; • Incentivar a Reciclagem e a Coleta Seletiva em oficinas mecânicas, numa perspectiva ambiental. 17 1.4 Estrutura do Trabalho Este trabalho inicia com a apresentação do problema de pesquisa ao abordar a preocupação ambiental por parte das empresas de reposição automotivas, onde a gestão de seus resíduos traria benefícios tanto no que diz respeito ao diferencial competitivo, como para a saúde humana e do meio ambiente. Neste sentido, é apresentado o objetivo geral de Analisaro tratamento dos resíduos produzidos pelas oficinas automotivas da Avenida Beira Rio da cidade de João Pessoa/PB, visando identificar possíveis benefícios ambientais. Os referencias teóricos apresentados no capítulo 2, consta de autores que tratam dos temas relevantes à discussão levantada: Resíduos Sólidos e sua classificação, Resíduos Sólidos Industriais, Gerenciamento dos Resíduos Sólidos, relatando desde a sua geração até o destino final e o Sistema de Gestão Ambiental. No capítulo 3, são apresentados os aspectos metodológicos que caracterizam este trabalho: um estudo descritivo de abordagem qualitativa, realizado através de pesquisa de campo. O capítulo 4 busca cumprir os objetivos específicos e, por conseqüência, o objetivo geral deste trabalho ao apresentar a análise dos dados e os resultados obtidos. Por fim, no capítulo 5, apresentam-se as considerações finais sobre o estudo realizado. 18 2. REFERENCIAL TEÓRICO Estruturou-se a revisão literária a partir dos itens a seguir, onde relataremos inicialmente o conceito de Resíduos Sólidos mostrando sua classificação, Resíduos Sólidos Industriais, a importância de seu gerenciamento mostrando desde a geração, abordando a Reciclagem como uma das soluções até a sua disposição final. Posteriormente, uma visão holística do Sistema Gestão Ambiental (SGA) em empresas. Utilizou-se como base algumas Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Normas Brasileiras (NBR) 10004 e a ISO 14000 aos Resíduos Sólidos, como também ao reaproveitamento, de uma forma geral, desses resíduos. Já para o parâmetro da Gestão Ambiental, seguiu-se a linha de raciocínio de Peter H. May, Maria Cecília Lustosa e Valeria da Vinha. 2.1 Resíduos Sólidos Os conceitos de resíduo e lixo são semelhantes, onde muitas vezes são confundidos como sinônimos. Ambos são produzidos pelo homem, porém, a palavra resíduo precedida da palavra sólido possui um significado técnico específico. Segundo Philippi, Roméro e Bruna (2004, p. 156) resíduo sólido é aquilo que o homem coloca no meio em formas que o meio naturalmente não conhece e não tem capacidade de absorção nem mesmo em longo prazo. Segundo as Normas Brasileiras (NBR) 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação, revisada em 2004, define os resíduos sólidos como sendo: Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. No quadro 1 tem-se a definição para os diversos tipos de resíduos sólidos. 19 Quadro 1 – Classificação de Resíduos Sólidos Tipos de Resíduo Sólido Definição Residencial Chamado de lixo domiciliar, constituído de restos de alimentação, invólucros diversos, varredura, folhagem, ciscos e outros. Comercial Proveniente de diversos estabelecimentos comerciais, como escritórios, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados, quitandas e outros. É constituído principalmente de papel, papelão, plástico, caixa, etc. Industrial Resultante de diferentes áreas da indústria, e portanto, de constituição muito variada. Serviços de saúde Constituído de resíduos das mais diferentes áreas do estabelecimento: refeitório e cozinha, área de patogênicos, administração, limpeza e outros. Especial Lixo constituído por resíduos e materiais produzidos esporadicamente como: folhagens de limpeza de jardins, restos de podas, animais mortos, entulhos, etc. Feira, varrição e outros Proveniente de varrição regular das ruas, conservação da limpeza de núcleos comerciais, limpeza de feiras, constituindo- se de papéis, cigarros, invólucros, restos de capinação, areia, ciscos e folhas. Fonte: SCHALCH (1991) De acordo com as informações obtidas através do quadro acima, constata-se que os resíduos gerados a partir de serviços de mecânica automotiva melhor se enquadram como sendo industriais. 2.1.1 Definição de Resíduos Sólidos Industriais A partir da Resolução (CONAMA 313/2002) Resíduo Sólido Industrial é todo resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre em estado sólido, semi-sólido, gasoso – quando contido, líquido – cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou ecologicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. É notório que os resíduos oriundos de oficinas mecânicas são comprendidos como residuos industriais, que são um dos maiores responsáveis pelas agressões fatais ao ambiente. Neles estão incluídos produtos químicos, metais e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados. Os resíduos sólidos industrias são amontoados e enterrados; os líquidos são despejados em rios e mares; os gases são 20 lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente, e conseqüentemente dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes tragedias. 2.1.2 Classificação dos Resíduos Sólidos Industriais A classificação baseia-se nas características dos resíduos, se reconhecidos como perigosos, ou quanto à concentração de poluentes em suas matrizes. De acordo com a NBR 10004 (2004), os resíduos são classificados da seguinte forma: Resíduos Classe I – Perigosos: são aqueles cujas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas podem acarretar em riscos à saúde pública e/ou riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada. São exemplos em oficinas mecânicas: Óleo lubrificante usado ou contaminado; Equipamentos descartados contaminados com óleo; Acumuladores elétricos a base de chumbo (baterias); entre outros. De acordo com a NBR 10004, os resíduos classe II – Não perigosos dividem-se em: Resíduos Classe II - A Não inertes: aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes. Os resíduos classe II A – Não inertes podem apresentar propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. São exemplos de Resíduos Classe II A todo o lixo comum gerado em qualquer unidade industrial (provenientes de restaurantes, escritórios, banheiros, etc.). Resíduos Classe II - B Inertes: quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G, da NBR 10004. No quadro 2 é apresentada a relação do Resíduo Classe I: 21 Quadro 2 – Descrição do Resíduo Classe I Descrição do Resíduo Classe I 1.Listagem 10 – Resíduos perigosos por conterem componentes voláteis, nos quais não se aplicam testes de lixiviação e/ou solubilização, apresentando concentrações superiores aos indicados na listagem 10 da NBR 10004. 2.Resíduos perigosos por apresentarem inflamabilidade 3. Resíduos perigosos por apresentarem corrosividade 4. Resíduos perigosos por apresentarem reatividade 5. Resíduos perigosos por apresentarem patogenicidade 6.Listagem 7 da NBR 10004: resíduos perigosos caracterizados pelo teste de lixiviação 7.Aparas de couro curtido ao cromo 8.Serragem e pó de couro contendo cromo 9.Lodo de estações de tratamento de efluentes de curtimento ao cromo 10.Resíduo de catalisadores não especificados na Norma NBR 10004 11.Resíduooriundo de laboratórios industriais (produtos químicos) não especificado na Norma NBR 10004 12.Embalagens vazias contaminadas não especificados na Norma NBR 10004 13.Solventes contaminados (especificar o solvente e o principal contaminante) 14.Outros resíduos perigosos – especificar 15.Listagem 1 da Norma NBR 10004 – resíduos reconhecidamente perigosos – Classe 1, de fontes não- específicas 16.Bifenilas Policloradas – PCB’s. Embalagens contaminadas com PCBs inclusive transformadores e capacitores 17.Listagem 5 da Norma NBR 10004 – resíduos perigosos por conterem substancias agudamente tóxicas (restos de embalagens contaminadas com substancias da listagem 5; resíduos de derramamento ou solos contaminados, e produtos fora da especificação ou produtos de comercialização proibida de qualquer substancia constante na listagem 5 da Norma NBR 10004 18.Listagem 2 da Norma NBR 10004 – resíduos reconhecidamente perigosos de fontes especificas 19.Restos e borras de tintas e pigmentos 20.Resíduo de limpeza com solvente na fabricação de tintas 21.Lodo de ETE da produção de tintas 22.Resíduos de laboratórios de pesquisa de doenças 23.Borra do re-refino de óleos usados (borra ácida) 24.Listagem 6 da Norma NBR 10004 – resíduos perigosos por conterem substancias toxicas (resíduos de derramamento ou solos contaminados; produtos fora de especificação ou produtos de comercialização proibida de qualquer substancia constante na listagem 6 da Norma NBR 10004 Fonte: (CONAMA 313/2002) Notadamente, os resíduos provenientes de serviço automotivo pertencem a classificação demonstrada a partir dos dados contidos no Quadro 2 acima. No quadro 3 é apresentada a descrição dos Resíduos Classe II e III: 22 Quadro 3 – Descrição do Resíduo Classe II ou Classe III Descrição do Resíduo Classe II ou Classe III 1.Resíduos de restaurante (restos de alimentos) 2.Resíduos gerados fora do processo industrial (escritório, embalagens, etc.) 3.Resíduos de varriação de fábrica 4.Sucata de metais ferrosos 5.Embalagens metálicas (latas vazias) 6.Tambores metálicos 7.Sucata da metais não ferrosos (latão, etc.) 8.Embalagens de metais não ferrosos (latas vazias) 9.Resíduos de papel e papelão 10.Resíduos de plástico polimerizados de processo 11.Bombonas de plástico não contaminadas 12.Filmes e pequenas embalagens de plástico 13.Resíduos de borracha 14.Resíduos de acetato de etil vinila (EVA) 15.Resíduos de poliuretano (PU) 16.Espumas 17.Resíduos de madeira contendo substancias não tóxicas 18.Resíduos de materiais têxteis 19.Resíduos de minerais não metálicos 20.Cinzas de caldeira 21. Escória de fundição de alumínio 22.Escória de produção de ferro e aço 23.Escória de fundição de latão 24.Escória de fundição de zinco 25.Areia de fundição 26.Resíduos de refratários e materiais cerâmicos 27.Resíduos de vidros 28.Resíduos de metais compostos de metais não tóxicos 29.Resíduos sólidos de estações de tratamento de efluentes contendo material biológico não tóxico 30. Resíduos sólidos de estações de tratamento de efluentes contendo substancias não tóxicas 31. Resíduos pastosos de estações de tratamento de efluentes contendo substancias não tóxicas 32.Resíduos pastosos contendo calcário 33.Bagaço de cana 34.Fibra de vidro 35.Outros resíduos não perigosos 36.Aparas salgadas 37.Aparas de peles caleadas 38.Aparas, retalhos de couro atanado 39.Carnaça 40.Resíduos orgânicos de processo (sebo, soro, ossos, sangue, outros da industria alimentícia, etc.) 41.Casca de arroz 42.Serragem, farelo e pó de couro atanado 43. Lodo do caleiro 44. Resíduos de frutas (bagaço, mosto, casca, etc.) 45. Escórias de jateamento contendo substancias não tóxicas 46. Catalisadores usados contendo substancias não tóxicas 47. Resíduos de sistema de controle de emissão gasosa contendo substancias não tóxicas (precipitadores, 48. Produtos fora da especificação os fora do prazo de validade contendo substancias não perigosas. Fonte: (CONAMA 313/2002) 23 Os resíduos derivados de serviço automotivo também pertencem a classificação demonstrada a partir dos dados contidos no Quadro 3 acima, referente as Classes II e III, porem com menos freqüência e evidência do que as categorias representadas pelo Quadro 2 referente a Classe I. 2.2 Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Nos itens a seguir, faz-se uma abordagem sobre o processo de gerenciamento dos resíduos sólidos, desde a sua geração, acondicionamento, transporte, os tipos de tratamento até a destinação final. 2.2.1 Geração Concordando com Dagnino (2010), é no metabolismo urbano onde se processam o dia-a-dia dos homens em suas funções biológicas, assim como as multivariadas funções de trabalho, circulação, consumo e, também, as práticas sociais e culturais. Segundo a ótica desse autor o metabolismo urbano gera um produto final, um excremento ou uma matéria residual proveniente de diversos processos de apropriação e reprodução da natureza. Neste caso o que temos é uma dinamização desta lógica e um produto final rico em materiais potencialmente reutilizáveis em outros processos. É importante frisar que essa relação natureza-sociedade sofre importantes modificações ao longo do tempo. Segundo Eiseley (1969, p. 42): As informações que um depósito de lixo pré-histórico apresenta ao arqueólogo, e que podem em muito ser comparadas às análises estratigráficas dos paleontólogos, são exemplo disso. Assim, algumas análises dos resíduos gerados permitem remontar ao tipo de organização de uma sociedade, quais eram os seus conhecimentos tecnológicos e qual a disponibilidade dos recursos naturais, entre outras características. Dagnino (2010) afirma que, de modo geral: Uma análise do passado aponta que as primeiras comunidades humanas eram bastante pequenas: grupos nômades que coletavam diretamente os alimentos e ferramentas, em função das suas necessidades básicas, de um lado, e da disponibilidade e da proximidade espacial em relação aos recursos, de outro. 24 Podemos observar, no entanto, que com o passar do tempo, através da crescente manipulação tecnológica da natureza e das relações desequilibradas dos homens organizados em sociedade, as formas de utilização dos recursos têm impulsionado o crescimento dos impactos ambientais negativos. Segundo Dagnino (2010), a produção em massa de bens é, ao mesmo tempo, causa e conseqüência do consumo em massa, e esta relação causou modificações na maneira de se pensar os objetos. Através da criatividade e da propaganda, consegue-se fazer crer à população que os bens que as empresas desejam produzir sejam imprescindíveis à sua existência. Segundo Watson (1997, p. 19): A criação de novas necessidades de consumo, de lazer, entre outras, vem acompanhada de datas específicas para a renovação deste ritual, e a valorização crescente da propriedade, em detrimento do ser e sentir humanos tem alimentado um pensamento de que consumindo mais, teremos nossa vida enriquecida. É neste contexto que vem ganhando força a iniciativa de buscar incorporar os trabalhadores catadores, mediante a elaboração de políticas públicas, na atividade de reciclagem, em direção a um desenvolvimento sustentável, como ver-se a adiante. 2.2.2 Acondicionamento De acordo com o Maroun (2006, p. 14), é importante identificar quais serão as formas de manuseio e acondicionamento dos resíduos. As principais razões para preocupar-se com esses dois processos são as seguintes: • O manuseio e o acondicionamento corretos dos resíduos possibilitarão a maximização das oportunidades com a reutilização e a reciclagem, já que determinados resíduos podem ficar irrecuperáveis no caso de serem acondicionados de forma incorreta. • Caso haja mistura de resíduos de classes diferentes, um resíduo não perigoso pode ser contaminado e tornar-se perigoso, dificultando seu gerenciamento e aumentando oscustos a ele associados. • Redução de riscos de contaminação do meio ambiente, do trabalhador e da comunidade. É certamente menos oneroso manusear e acondicionar resíduos de forma adequada do que a recuperação de recursos naturais contaminados, bem como o tratamento de saúde do pessoal envolvido com os resíduos. 25 O referido autor relaciona algumas dicas para a separação de resíduos: • A separação deve ser realizada no local de origem; • Devem ser separados os resíduos que possam gerar condições perigosas quando combinados; e • Deve-se evitar a mistura de resíduos de classes distintas de periculosidade ou incompatíveis entre si. Caso haja mistura de resíduos de classes diferentes, um resíduo não perigoso pode ser contaminado e tornar-se perigoso, dificultando seu gerenciamento e aumentando os custos a ele associados. A cerca da separação, Maroun (2006, p. 14) afirma: A separação correta e criteriosa permite o tratamento diferenciado, a racionalização de recursos despendidos e facilita a reciclagem. A primeira etapa do processo de remoção dos resíduos sólidos corresponde à atividade de acondicionamento do lixo. Podem ser utilizados diversos tipos de vasilhames, como: vasilhas domiciliares, tambores, sacos plásticos, sacos de papel, contêineres comuns, entre outros. O lixo mal acondicionado significa poluição ambiental e risco à segurança da população, pois pode levar ao aparecimento de doenças. O lixo bem acondicionado facilita o processo de coleta. 2.2.3 Transporte Para a coleta e transporte do lixo existem os caminhões coletores da EMLUR, que é Autarquia Municipal Especial de Limpeza Urbana, responsável por todo o trabalho de limpeza urbana de João Pessoa. Todavia, existe em João Pessoa, assim como nas demais grandes cidades, a coleta do lixo através dos catadores de materiais recicláveis. Esse método é utilizado pelas empresas recicladoras locais, como associações ou cooperativas, embora existam os catadores autônomos. De acordo com o IBAM (2010) – Instituto Brasileiro de Administração Municipal: O trabalho dos catadores nas cidades brasileiras teve início muito antes da tomada de consciência ambiental, largamente difundida na década de 80. As ações originais surgiram como uma estratégia de sobrevivência. Hoje em dia, alem da motivação ligada à fonte de renda, eles também são considerados agentes ambientais, colaboradores diretos dos sistemas de reaproveitamento e reciclagem de materiais. 26 Para o IBAM (2010), a importância das parcerias entre o poder público e as associações de catadores está nas vantagens que podem gerar, tais como: • Geração de emprego e renda; • Resgate da cidadania dos catadores; • Redução das despesas com os programas de coleta seletiva; • Organização do trabalho dos catadores nas ruas evitando problemas na coleta de lixo e o armazenamento de materiais em logradouros públicos; • Redução de despesas com a coleta, transferência e disposição final dos resíduos separados pelos catadores e que não serão encaminhados ao local de disposição final. Os catadores recolhem, em geral, um ou mais tipos específicos de resíduos como papel e/ou papelão; metal (ferro velho); plástico (embalagens, sacos plásticos, vasilhames); entre outros. No caso de oficinas mecânicas, alem dos resíduos mencionados, existe o óleo queimado também considerado resíduo sólido. Este tipo de resíduo é transportado por empresas encarregadas. Pela resolução CONAMA 362/2005: Somente podem exercer a atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado as pessoas jurídicas devidamente cadastradas no Órgão Regulador da Indústria de Petróleo (ANP) e licenciadas pelo órgão ambiental competente. Veículos coletores devem atender às normas da sinalização de segurança previstas no decreto 96.044 de 18 de maio de 1988 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 2.2.4 Tratamento Neste subtópico, faremos uma abordagem de algumas técnicas de tratamento de resíduos sólidos e possíveis soluções para o estudo em questão, tais como: Reciclagem, Recuperação, Incineração, Tecnologias limpas e Coleta seletiva. Segundo Valle (2002, p. 89), a caracterização dos resíduos gerados ou acumulados em um estabelecimento tem papel importante na escolha da melhor solução para seu tratamento ou disposição. 27 2.2.4.1 Reciclagem De acordo com as Normas ISO 14000 (2004), o ato de reciclar permite retomar a origem, na forma de matérias-primas, dos materiais que não se degradam facilmente e que podem ser reprocessados, mantendo suas características básicas. A reciclagem, não deve ser confundida, portanto, com reúso. Neste caso, não existe reciclagem, mas a utilização do mesmo artigo, na forma em que foi originalmente produzido. Para a redução no volume de resíduos urbanos, é necessária disposição adequada com a realização da separação prévia das materiais recicláveis mais comuns. Essa redução do volume de resíduos traz como resultado uma vida útil mais longa para os aterros sanitários e a possibilidade de se utilizarem incineradores de resíduos urbanos de menor capacidade. Para Valle (2002, p. 115), existem cinco elos obrigatórios nos programas de reciclagem para que se possa assegurar que do lixo reciclável se chegue ao material reciclado. GERAÇAO DE MATERIAL RECICLÁVEL COLETA DO MATERIAL RECICLÁVEL CENTRO DE TRIAGEM PARA O MATERIAL RECICLÁVEL UNIDADE DE TRATAMENTO OU CENTRAL DE RECICLAGEM MERCADO PARA O MATERIAL RECICLADO Figura 1 – Ciclo Material Reciclável Fonte: Valle (2002) A reciclagem é a solução mais indicada para materiais de fácil reprocessamento e fácil comercialização, que podem retornar ao mercado na forma de matérias-primas recicladas. 28 A coleta seletiva dos resíduos oriundos de oficinas mecânicas é pouco frequente, a separação quase sempre não é feita, sendo acumulados todos os resíduos, até mesmo os considerados perigosos, junto com o lixo comum. Tornando difícil o reaproveitamento correto e desperdiçando grande parte desse material, além de prejudicar os aterros sanitários. Soares (2006, p. 6-7) afirma que: Reciclar resíduos é transformá-los em produtos com valor agregado. Do ponto de vista ambiental essa prática é muito atraente, pois diminui a quantidade de resíduos lançados no meio ambiente, alem de contribuir para a conservação dos recursos naturais, minimizando a utilização de recursos não- renováveis. A reciclagem, porém, depende do custo de transporte e da quantidade de resíduos disponíveis para que o reprocessamento se torne viável ecologicamente. Devido à crescente conscientização social, a reciclagem de resíduos tende a se tornar cada vez mais comum. Sua pratica requer empresas e profissionais habilitados, bem como tecnologias adequadas, capazes de assegurar qualidade e segurança em sistemas cada vez mais complexos. 2.2.4.2 Recuperação Alguns resíduos podem ser tratados com a finalidade de serem reaproveitados em condições visivelmente econômicas. A recuperação é a solução mais indicada para os resíduos que contenham metais e substancias valiosas, que possam ser purificados para venda ou reaproveitados pela própria indústria. Segundo Valle (2002, p. 118), os metais constituem bons exemplos de recuperação desde seus resíduos. Mais de 60% do chumbo consumido atualmente no mundo provêm de processos de recuperação. 2.2.4.3 Incineração Segundo Mano, Pacheco e Bonelli, (2005, p. 120) a incineração consiste num processo de oxidação térmica à alta temperatura, normalmente variando de 800°C a 1300°C, utilizado para a destruição de resíduos, para a redução de volume e toxidade. 29 De acordo com Dias (2006, p. 34) A incineração aparece como uma possível solução para a problemática dos resíduos sólidos nos grandes centrosurbanos, por ser um processo que reduz drasticamente o peso e o volume do lixo por meio da combustão controlada, tendo como destino final na maioria dos casos, um aterro sanitário. Apesar de que, a fumaça resultante da queima constituem nova fonte de poluição para o meio ambiente e a saúde humana. No entanto, nos incineradores modernos existem sistemas de tratamento com lavagem dos gases e retenção de partículas, objetivando minimizar os danos ao meio ambiente. 2.2.4.4 Tecnologias limpas Para Valle (2002, p. 104): O conceito de produção mais limpa, inicialmente designado como tecnologia limpa, significa aplicar de forma contínua e integrada uma estratégia ambiental aos processos, produtos e serviços de uma indústria. Essa estratégia visa a prevenir a geração de resíduos e ainda minimizar o uso de matérias-primas, a água e energia. Por um lado, a conversão para as tecnologias limpas implica, quase sempre, modificações nos processos produtivos e/ou nos produtos. De acordo com Valle (2002, p. 105), com o uso das tecnologias limpas, a solução tradicional da abordagem “fim de tubo” cede lugar ao procedimento mais racional de eliminar o problema em sua origem, antes que se gerem resíduos. Segundo o mesmo autor, a adoção do conceito de tecnologia limpa, os processos produtivos utilizados na empresa devem passar por uma reavaliação e podem sofrer modificações que resultem em: • Eliminação do uso de matérias-primas e de insumos que contenham substâncias perigosas; • Otimização das reações químicas, que tem como resultado a minimização do uso de matérias-primas e a redução, no possível, da geração de resíduos; • Segregação, na origem, dos resíduos perigosos dos não perigosos; • Eliminação de vazamentos e perdas no processo; • Promoção e estímulo do reprocessamento e da reciclagem interna; 30 • Integração do processo produtivo em um ciclo que inclua as alternativas para a destruição dos resíduos e a otimização da reciclabilidade dos produtos ao fim de sua vida útil. Com os exemplos apresentados, é possível ter uma idéia do potencial oferecido pelas tecnologias limpas como solução para tantos problemas. 2.2.4.5 Coleta Seletiva Para facilitar o processo de separação dos resíduos, a Resolução CONAMA N°275/01 (1999) estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Padrão de cores: AZUL: papel/papelão; VERMELHO: plástico; VERDE: vidro; AMARELO: metal; PRETO: madeira; LARANJA: resíduos perigosos; BRANCO: resíduos ambulatoriais e de serviços de saúde; ROXO: resíduos radioativos; MARROM: resíduos orgânicos; CINZA: resíduo geral não reciclável ou misturado, ou contaminado não passível de separação. A operação de coleta engloba desde a partida do veículo de sua garagem, compreendendo todo o percurso gasto na viagem para remoção dos resíduos dos locais onde foram acondicionados aos locais de descarga até o retorno ao ponto de partida. Segundo Mano, Pacheco e Bonelli (2005, p. 114): A coleta normalmente pode ser classificada em dois tipos de sistemas: sistema especial de coleta (resíduos contaminados) e sistema de coleta de resíduos não contaminados. Neste último, a coleta pode ser realizada de maneira convencional (resíduos são encaminhados para o destino final) ou seletiva (resíduos recicláveis são encaminhados para locais de tratamento e/ou recuperação). No caso das oficinas mecânicas automotivas, tais resíduos se classificam como comerciais quando produzidos em estabelecimentos comerciais do tipo materiais de escritório, por exemplo (papéis, plásticos, embalagens diversas), onde a prefeitura é responsável pela coleta e disposição em pequenas quantidades, geralmente abaixo de 50 kg/dia. E classificam-se como industriais alguns materiais encontrados entre esses resíduos são considerados perigosos, é o caso de produtos para motores, como óleos 31 lubrificantes, peças e estopas contaminadas com óleo usado, baterias e etc., onde a responsabilidade para destinação fica para o estabelecimento. Portanto, devem ser separados do lixo comum para que lhes seja dada uma destinação especifica, depois de descartados. Segundo Mano, Pacheco e Bonelli (2005, p. 99) após a produção ou utilização de qualquer material sólido, tanto em nível urbano quanto em nível industrial ou agrícola, sobram resíduos. Especialmente em locais menos desenvolvidos, esses resíduos são descartados aleatoriamente. A coleta seletiva funciona, também, como um processo de educação ambiental na medida em que sensibiliza a comunidade sobre os problemas do desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo lixo. 2.2.5 Destinação final A destinação dos resíduos sólidos se dá em função dos riscos de contaminação de comunidades vizinhas, sobretudo quando são atingidos o solo e os corpos d’água. Valle (2002, p.47). Entretanto, esses acidentes que resultam de riscos ambientais, muitas vezes resultam também de riscos operacionais mal administrados. Para atingir o objetivo, é necessário que haja nas cidades um bom sistema de coleta seletiva e reciclagem de lixo. Segundo Mano, Pacheco e Bonelli (2005, p. 113) em geral, é adotada a filosofia dos 3Rs: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Reduzir é a diminuição da geração de resíduo sólido, seja por meio da redução na fonte, seja na redução do consumo, ou na redução do desperdício. Inclui-se também a redução da periculosidade, ou seja, opção pela utilização de materiais ou equipamentos que apresentem menor risco no manejo e menor impacto ao meio ambiente. Após o descarte, é necessário que o governo estabeleça programas de incentivo a redução de lixo produzido; Reutilizar é a possibilidade de utilizar um produto descartado para várias finalidades, aperfeiçoar o máximo o seu uso antes do descarte final, ou, ainda, seu reenvio ao processo produtivo, ao planejar a embalagem, o fabricante deve levar em consideração a possibilidade de o consumidor reutilizá-la; Reciclar é a transformação de um produto após o fim de sua vida útil, utilizando os materiais que o compõem em outro produto com finalidade diferente do produto original, onde o que se aproveita é o material para ser transformado em uma nova peça. Muitos dos resíduos sólidos são compostos de materiais recicláveis e podem retornar a cadeia de produção, gerando renda para trabalhadores e lucro para empresas. 32 O problema do descarte do lixo está diretamente relacionado ao aumento crescente de sua produção e à falta de locais adequados para sua disposição. Mano, Pacheco e Bonelli (2005, p. 99) afirma que o resíduo urbano, depois de descartado, é geralmente enviado a um vazadouro, ou um aterro controlado, ou um aterro sanitário, ou à triagem. Daí, o material é encaminhado à reciclagem, ou à reutilização, e em alguns casos à incineração. O lixão ou vazadouro é uma forma inadequada de disposição final dos resíduos. Consiste em seu despejo em terrenos a céu aberto, sem medidas de proteção ao meio ambiente e a saúde; O aterro controlado é uma técnica que geralmente não dispõe de impermeabilização de base, o que compromete a qualidade das águas subterrâneas; O aterro sanitário consiste na utilização de princípios de Engenharia para confinamento dos resíduos sólidos em camadas, cobertas com material inerte, geralmente solo, segundo normas operacionais específicas. Usina de triagem é uma instalação para onde são encaminhados os resíduos sólidos urbanos, após a coleta normal e o transporte, para serem submetidos ao processo de separação. 2.3 Sistema de Gestão Ambiental Segundo May, Lustosa e Vinha (2003, p.167), um sistema de Gestão Ambiental (SGA) pode ser definido como uma estrutura organizacional que permite à empresa avaliar e controlaros impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Para Seiffert (2008, p.23) a Gestão Ambiental é entendida como um processo adaptativo e contínuo, através do qual as organizações definem, e redefinem, seus objetivos e metas relacionados à proteção do ambiente, à saúde de seus empregados, bem como clientes e comunidade. De acordo com as normas ISO 14000 (2004) a gestão ambiental consiste num conjunto de medidas e procedimentos bem definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente. Segundo a ótica desses autores, o conceito de gestão ambiental envolve diretamente questões estratégicas das organizações abrangendo itens que são concretizados através de posturas e ações altamente objetivas relacionadas à questão ambiental. Antes do processo de globalização, o comportamento ambiental das empresas era reativo, ou seja, as atitudes ecologicamente corretas só eram tomadas de forma 33 compulsória – na maioria das vezes forçadas pela legislação ambiental. Atualmente, algumas empresas passaram a adotar um comportamento ambiental proativo, ou seja, passaram a adotar práticas menos agressivas ao meio ambiente, antecipando-se às regulamentações ambientais. Braga (2002, p. 29) cita que uma das principais formas de classificar as medidas destinadas ao controle da degradação ambiental seria separá-las em medidas preventivas e medidas corretivas: • As preventivas devem antecipar-se e impedir ou minorar a ocorrência dos fatores de degradação. • As corretivas são em geral onerosas e muitas vezes de implementação difícil. Dependem não só de a sociedade reservar os recursos necessários para implantá-las, como também da sua capacidade de acessar e aplicar técnicas e tecnologias nem sempre triviais e sob seu efetivo domínio. Para May, Lustosa e Vinha (2003, p. 160) na medida em que a preservação do meio ambiente tornou-se um fator de diferenciação para as empresas, caracterizando-se como uma oportunidade de negócios, surgiu a possibilidade de incluir preocupações ambientais em suas estratégias empresariais. A gestão ambiental requer como premissa fundamental, um comprometimento da alta administração da organização em definir uma política ambiental clara e objetiva, que norteie as atividades da organização com relação ao meio ambiente (ISO 14000, 2004). A gestão ambiental passou a ocupar uma função de destaque entre as funções organizacionais, não só pela contribuição positiva que agrega à imagem da empresa, mas também pelos efeitos prejudiciais que um mau desempenho ambiental pode causar a essa imagem. Com vários exemplos de setores e empresas que sofreram pressões para tornarem seus produtos e/ou métodos de produção ambientalmente corretos, a “hipótese de Porter” citado por May, Lustosa e Vinha (2003, p. 168) demonstra que as inovações adotadas para cumprir com as regulamentações ambientais fazem com que as empresas utilizem seus insumos de maneira mais produtiva, reduzindo custos e compensando os gastos com as melhorias ambientais. Assim, a preservação ambiental está associada ao aumento da produtividade dos recursos utilizados na produção e, consequentemente, ao aumento da competitividade da empresa. 34 A questão ambiental leva, entretanto, os empresários a algumas indagações sobre os custos desse gerenciamento ambiental e sobre a oportunidade de investir recursos na proteção do meio ambiente. Portanto, começa-se a identificar no tema meio ambiente fatores que fortalecem a competitividade das organizações que passaram a abordar esse tema: as reduções nos custos de energia, água, matérias-primas e outros, alcançadas por meio de uma boa gestão ambiental. Além disso, a gestão ambiental feita nos moldes propostos pelo sistema ISO 14000 (2004), compromete-se com o principio da melhoria contínua e almeja o desenvolvimento sustentável, através da conscientização ambiental, a prevenção da poluição e o atendimento à legislação e as normas ambientais aplicáveis. 35 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia é um conjunto de métodos e técnicas utilizados para a realização de uma pesquisa. Neste capítulo discorre-se sobre os procedimentos metodológicos inerentes ao desenvolvimento do estudo. 3.1 Método de estudo O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa descritiva que Vergara (2005, p. 47) define como uma pesquisa que expõe características de determinado fenômeno. Para Triviños (1987, p. 110) os estudos descritivos têm por objetivo aprofundarem a descrição de determinada realidade. O mesmo estudo caracteriza-se como pesquisa qualitativa, pois segundo Neves (1996, p. 19), em certa medida, os métodos qualitativos se assemelham a procedimentos de interpretação dos fenômenos que empregamos no nosso dia-a-dia, que têm a mesma natureza dos dados que o pesquisador qualitativo emprega em sua pesquisa. Para Maanem (1979, p.520) a pesquisa qualitativa tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social; trata-se de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação. Segundo Neves (1996), nas pesquisas qualitativas, é freqüente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua interpretação dos fenômenos estudados. Logo, a expressão “pesquisa qualitativa” assume diferentes significados no campo das ciências sociais. O método qualitativo é utilizado para caracterizar uma tentativa de compreender em detalhes os significados e características apresentadas pelas pessoas que responderam o questionário referente às questões abertas. Salientando ainda, que também foi utilizada a análise quantitativa referente aos dados das questões fechadas. De acordo com Richardson (1989, p. 29): O método quantitativo, como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informação, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, 36 média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficientes de correlação, análise de regressão, etc. 3.2 Objeto de Estudo O estudo foi realizado nas oficinas mecânicas situada na Avenida Beira Rio da cidade de João Pessoa/PB. Estabeleceu-se o campo de estudo a partir destas oficinas, pois possuem as características esperadas no que diz respeito à realização dos serviços oferecidos e/ou prestados, onde encontramos a quantificação e a caracterização dos resíduos necessários para a realização deste trabalho. Onde analisou-se, também, a forma de descarte dos resíduos nelas produzidos. 3.3 Universo e Amostra Richardson et al. (1989, p. 103), afirma que universo é definido como o conjunto de elementos que possuem determinadas características. O universo pode ser o conjunto de indivíduos que trabalham em um mesmo lugar, como os alunos de uma universidade, todos os funcionários de uma fábrica ou todos os animais de uma mesma espécie, entre outros. Portanto, definiu-se que esta pesquisa iria coletar dados junto a todas as oficinas mecânicas da cidade de João Pessoa/PB. Isto gerou um número muito grande de lojas a serem pesquisadas. A partir da constatação da impossibilidade de tempo para pesquisar em todos os estabelecimentos, fez-se a escolha de optar e considerar como amostra apenas as oficinas da Av. Beira Rio, por se tratar do local de trabalho da própria autora. Segundo Vergara (2005, p. 51), população amostral ou amostra é uma parte do universo escolhida segundo critério de representatividade. O número exato da quantidade de oficinas mecânicas que existem na cidade de João Pessoa-PB não foi fornecido pela Associação Comercial da Paraíba, Prefeitura Municipal de João Pessoa,JUCEP - Junta Comercial da Paraíba e IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pois segundo estes órgãos não há registros com essa informação nem tampouco possuía uma relação das oficinas mecânicas. Assim, optou-se em selecionar as oficinas pesquisadas entre as que possuíssem as seguintes características: estruturas físicas semelhantes, em termos de fornecer produtos e serviços em comum, portar espaço para estacionamento de clientes e que fossem 37 devidamente regulamentadas (não clandestinas) possuindo CNPJ. Reuniu-se uma relação de dezoito (18) oficinas atendendo ao padrão estabelecido anteriormente, contatou-se pessoalmente através de visitas e aplicou-se os questionários. Assim, tem-se que a amostra desta pesquisa foi constituída por dezoito (18) oficinas mecânicas que compreendem a relação seguinte: AutoInjet, UTI Injeção Eletrônica, Nicácio Auto Service, O Escape do Bebel, Borracharia do Gago, PneuMix, SOS Injeção Eletrônica, Freio & Suspensão, Riva Auto Peças, BatCenter, O Escape do Bebel 2, Marcop Pneus, Escape Beira Rio, Miramar Auto Peças, ZN Auto Peças, Oficina Beira Rio, Arthur Car e Service Car. 3.4 Coleta de dados Primeiramente selecionou-se uma avenida que possuísse um bom número de estabelecimentos de oficinas mecânicas automotivas e que possuíssem o padrão determinado. Em seguida entrou-se em contato direto com as pessoas responsáveis pelos estabelecimentos onde aplicou-se os questionários. Foram visitadas in loco todas as oficinas da nossa amostra e houve boa receptividade na maioria delas. O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados foi um questionário (apêndice B) composto por questões abertas e fechadas, no total de três (03) questões. Os questionários foram entregues pessoalmente, sendo a pesquisa de campo realizada no período de 26 a 28/04/2010 (vinte e seis a vinte e oito de abril de dois mil e dez). O preenchimento desse instrumento foi feito pelos próprios proprietários ou na ausência destes, pelos funcionários responsáveis pela oficina. Obtendo um retorno de 100% dos questionários aplicados. 3.5 Organização dos dados Ao receber os questionários, organizou-se a questão 1 de respostas fechadas a partir de gráficos com barras, a questão 2 de respostas fechadas a partir de gráficos com pizzas e a questão de resposta aberta a partir de categoria de análise. Tal categoria foi analisada quanto à pertinência em relação aos destinos dos resíduos produzidos nas oficinas mecânicas. 38 3.6 Análise dos dados A avaliação dos resíduos sólidos gerados e seu respectivo destino final foram realizados por tipologia dos produtos utilizados nas reposições mediante prestação de serviços das oficinas mecânicas, visando à concordância entre as informações disponibilizadas com os objetivos a serem atingidos. O porte das oficinas não foi critério de seleção deste trabalho, porque o estudo do tratamento foi fundamentado sobre o resíduo produzido na unidade estudada, reaproveitado pela mesma ou por outras empresas, apesar de alguns representantes das empresas estudadas não considerar o resíduo reaproveitável, ou não dar importância as conseqüências de uma destinação final inadequada. Na figura 2 está apresentada a seqüência de etapas empregadas na metodologia. Figura 2 – Fluxograma da metodologia utilizada Fonte: Dados de pesquisa (2010) Levantamento das oficinas na área de estudo Seleção das oficinas a serem visitadas Elaboração do questionário Aplicação do questionário Análise dos resultados 39 4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Neste item desenvolveremos a análise e interpretação dos dados coletados. 4.1 Produtos de Reposição A princípio analisou-se quais os produtos de reposição das oficinas estudadas, sendo eles: lubrificantes, baterias, pneus e escapamento. Neste primeiro quesito, observou-se que das 18 oficinas pesquisadas, 15 (quinze) trabalham com lubrificantes, correspondendo a 83,3%; 12 (doze) trabalham com baterias, correspondendo a 66,6%; 7 (sete) trabalham com pneus, correspondendo a 38,8%; e 10 (dez) trabalham com escapamento, correspondendo a 55,5%. Tais dados mostram que os lubrificantes predominaram na amostra pesquisada. Figura 3 – Produtos de reposição Fonte: Dados de pesquisa (2010) A tabela 1 demonstra a correlação existente entre os ojetivos específicos que se desejou atingir e as bases conceituais: 40 Tabela 1 - Correlação teórica Fonte: Dados de pesquisa (2010). 4.2 Tipos de resíduos e seus destinos Nesta categoria, relativa ao segundo quesito, estão relacionados aos tipos de resíduos que são produzidos nas oficinas e seu destino. O resíduos são gerados de acordo com as reposições dos produtos analisados no item anterior. Tais resíduos foram os seguintes: o papel/papelão, o plástico, o metal, o óleo queimado, a carcaça de bateria, a estopa suja de óleo e/ou graxa e o pneu. Observamos que, com relação aos papéis e papelões, das 18 (dezoito) oficinas pesquisadas, 4 (quatro) encaminham esse tipo de resíduos para a reciclagem, correspondendo a 22,2%, 8 (oito) encaminham para o lixo comum, correspondendo a 44,4% e 33,3% não responderam. Figura 4 – Tipo de resíduo e seu destino – Papel/Papelão Fonte: Dados de pesquisa (2010) Com relação ao plástico como resíduo gerado, observamos que das 18 (dezoito) oficinas pesquisadas, 6 (seis) encaminham esse tipo de resíduos para a reciclagem, Objetivo específico Bases conceituais • Selecionar e caracterizar as tipologias de produtos de reposição mais representativos na geração de resíduos sólidos nas oficinas mecânicas automotivas; Resolução CONAMA 257/1999; Resolução CONAMA 258/1999; Resolução CONAMA 313/2002; Resolução CONAMA 362/2005; NBR 10004 (2004) 41 correspondendo a 33,3%, 7 (sete) encaminham para o lixo comum, correspondendo a 38,8% e 27,7% não responderam. Figura 5 - Tipo de resíduo e seu destino - Plástico Fonte: Dados de pesquisa (2010) Com relação ao metal como resíduo gerado, observamos que das 18 (dezoito) oficinas pesquisadas, 11 (onze) encaminham esse tipo de resíduos para a reciclagem, correspondendo a 61,1%, 2 (duas) encaminham para o lixo comum, correspondendo a 11,1% e 27,7% não responderam. Figura 6 - Tipo de resíduo e seu destino - Metal Fonte: Dados de pesquisa (2010) 42 Com relação ao óleo queimado como resíduo gerado, observamos que das 18 (dezoito) oficinas pesquisadas, 15 (quinze) encaminham esse tipo de resíduos para a reciclagem, correspondendo a 100%, pois o restante dos estabelecimentos não trabalham com este tipo de produto. Figura 7 - Tipo de resíduo e seu destino – Óleo queimado Fonte: Dados de pesquisa (2010) Com relação à carcaça de bateria como resíduo gerado, observamos que das 18 (dezoito) oficinas pesquisadas, 12 (doze) encaminham esse tipo de resíduos para a reciclagem, correspondendo a 100%, pois o restante dos estabelecimentos não trabalham com este tipo de produto. Figura 8 - Tipo de resíduo e seu destino – Carcaça de bateria Fonte: Dados de pesquisa (2010) 43 Com relação às estopas sujas de óleo e/ou graxa como resíduo gerado, observamos que das 18 (dezoito) oficinas pesquisadas, 17 (dezessete) encaminham esse tipo de resíduos para a reciclagem, correspondendo a 100%, pois a oficina restante não utiliza a estopa para a limpeza. Figura 9 - Tipo de resíduo e seu destino – Estopa suja de óleo e/ou graxa Fonte: Dados de pesquisa (2010) Com relação ao pneu como resíduo gerado, observamos que das 18 (dezoito) oficinas pesquisadas, 6 (seis) encaminham esse tipo de resíduos para a reciclagem, correspondendo a 33,3%, 1 (uma) encaminham para o lixo comum, correspondendo a 5,5% e 61,2% não responderam.Figura 10 - Tipo de resíduo e seu destino - Pneu Fonte: Dados de pesquisa (2010) 44 A tabela 2 resumi os gráficos disposto acima: Tabela 2 – Resíduos sólidos e seus destinos Fonte: Dados de pesquisa (2010). Na tabela 2 encontram-se destacados os itens 4. Óleo queimado e 6. Estopa suja de óleo e/ou graxa, em virtude de seus resultados absolutos, os quais influenciaram os objetivos desejados. A tabela 3 demonstra a correlação teórica existente entre os objetivos que se desejou atingir e as bases conceituais: Tabela 3 – Correlação teórica Fonte: Dados de pesquisa (2010) RESÍDUO LIXO COMUM(%) RECICLAGEM(%) NÃO RESPONDERAM 1.Papel/Papelão 44,4 22,2 33,3 2.Plástico 38,8 33,3 27,7 3.Metal 11,1 61,1 27,7 4.Óleo queimado - 100 - 5.Carcaça de Bateria - 100 - 6.Estopa suja de óleo e/ou graxa 100 - - 7.Pneu 5,5 33,3 61,2 Figura Objetivo específico Bases conceituais 4 2 Resolução CONAMA 237/1997; Resolução CONAMA 313/2002; 5 2 Resolução CONAMA 275/2001; Resolução CONAMA 313/2002; 6 2 Resolução CONAMA 313/2002; 7 2 Resolução CONAMA 362/2005; Resolução CONAMA 313/2002; NBR 10004 (2004) 8 2 Resolução CONAMA 257/1999; Resolução CONAMA 313/2002; NBR 10004 (2004) 9 2 Resolução CONAMA 362/2005; NBR 10004 (2004) 10 2 Resolução CONAMA 258/1999 45 4.3 Pertinência em relação aos destinos dos resíduos produzidos A terceira e última questão foi formulada como questão aberta, onde solicitou-se aos pesquisados que justificassem suas respostas quanto ao quesito anterior, no que diz respeito à importância do destino final dos resíduos gerados em seus estabelecimentos. Observou-se, através das respostas obtidas, que o destino final dos resíduos sólidos oriundos das oficinas mecânicas é comprometido pela falta de infraestrutura da cidade com relação à forma de coleta, pois estes resíduos sólidos apesar de considerados industriais são coletados pela EMLUR – Empresa Municipal de Limpeza Urbana, órgão municipal responsável, como sendo resíduos comerciais, portanto são encaminhados para o lixo comum. A iniciativa por parte dos proprietários das oficinas com relação ao descarte de seus resíduos é insuficiente, onde salientam que não fazem a separação do lixo por falta de espaço, pela ausência de recolhedores (catadores) e relataram os altos custos para investir em controle através de um Sistema de Gestão Ambiental, como também em disposições convencionais, como incineradores. É notória a falta de informação quanto aos destinos corretos e as consequências que podem refletir no meio ambiente, a existência de leis e normas e principalmente falta de fiscalização e punição. É importante ressaltar que a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos industriais, desde a geração até a disposição final desses resíduos, é do próprio gerador (Resolução CONAMA 05/1993). É notório que não se tem conhecimentos que apontam a gravidade que a empresa dá quanto a essa dialética, no entanto, podemos perceber que seu grau de importância é relevante para os geradores. 46 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Iniciou-se esta pesquisa indagando de que maneira as oficinas mecânicas automotivas na cidade de João Pessoa/PB estão tratando seus resíduos, realizando um estudo bibliográfico e de campo, buscando respostas para tal indagação. A partir dos dados obtidos no universo estudado pode-se concluir que: Entre os produtos de reposição mais utilizados nas oficinas mecânicas automotivas da cidade de João Pessoa/PB, que conseqüentemente geram mais resíduos, são os lubrificantes, correspondendo a um total de 83,3%. Os lubrificantes (óleos queimados) são entendidos como resíduos sólidos industriais, segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e de acordo com as Normas Brasileiras NBR 10004 são classificados como Resíduo Classe I - Perigosos, pois quando não encaminhados ao destino adequado são despejados em rios e mares, prejudicando a saúde ambiental e humana. Apesar de estar inserido na classificação citada acima, e alem de representar a maior quantidade de resíduos gerados nas oficinas mecânicas de João Pessoa/PB, os lubrificantes ganharam destaque entre as oficinas estudadas no que diz respeito à melhor forma de gerenciamento: destinação final. Em contrapartida, dentre os resíduos gerados, os mais preocupantes são as estopas sujas de óleo e/ou graxa, entre outros, obviamente, demais produtos contagiados, este percentual chegou a 100%. Isso significa que todas as oficinas mecânicas estudadas encaminham seus resíduos contaminados para o lixo comum. De acordo com o Maroum (2006, p. 14) é importante identificar as formas de manuseio e acondicionamento dos resíduos, pois, caso haja mistura de resíduos de classes diferentes, um resíduo não perigoso pode ser contaminado e tornar-se perigoso, dificultando seu gerenciamento e aumentando os custos a ele associados. Percebe-se a partir dos pressupostos teóricos enfatizados desde a geração até o destino final, que o grande desafio para o campo da gestão de resíduos oriundos de oficinas mecânicas vai muito mais além de incentivar a reciclagem ou a coleta seletiva, mas sim disseminar conhecimentos sobre o referido tema, uma vez que o foco dos tratamentos de resíduos sólidos, de forma geral, está diretamente ligado ao desenvolvimento sustentável. 47 Uma importante conclusão é que para este segmento estudado, os tratamentos e disposições convencionais, como aterros e incineradores, tem se mostrado em determinados casos onerosos e problemáticos. 5.1 Sugestões de melhoria Todavia o reaproveitamento, dentro da própria unidade, pode ser expandido se a oficina desenvolver mudanças em algumas atitudes, tais como: gerenciamento dos resíduos sólidos produzidos e identificação do mercado consumidor para os resíduos sólidos gerados. A primeira alternativa proporcionaria outras formas de reaproveitamento a partir da geração do próprio resíduo. A segunda alternativa, que é a identificação do mercado consumidor, resultaria em outras formas de utilização para o resíduo gerado, independente de o consumidor ter ganhado ou comprado o resíduo. O reaproveitamento dos resíduos oriundos dos estabelecimentos de oficinas mecânicas tem como uma das alternativas a venda e a doação. Para conseguir tal comercialização, é necessária a criação de um mecanismo de gestão ambiental que atue como um facilitador, permitindo a integração entre as empresas. Onde podemos admitir essa lógica através da “hipótese de Porter” citado por May, Lustosa e Vinha (2003, p. 168) onde demonstra que as inovações adotadas para cumprir com as regulamentações ambientais fazem com que as empresas utilizem seus insumos de maneira mais produtiva, reduzindo custos e compensando os gastos com as melhorias ambientais. Esta alternativa proporciona ganhos diretos e indiretos para a oficina, a sociedade e o meio ambiente. Isto ajudaria a sustentar um bom funcionamento e um amplo controle do que está sendo gerado e os resultados que estão sendo obtidos. Alem de fomentar pesquisas técnicas e cientificas para redução da produção e expansão do reaproveitamento. 48 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILERIA DE NORMAS TECNICAS – ABNT. Classificação de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, 2004. AUTARQUIA ESPECIAL MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA – EMLUR. Relatório de atividades anual. João Pessoa, 1998. BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 005, de agosto de 1993. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n° 257, de 30 de junho de 1999. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 258, de 26 de agosto de 1999. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001. CONSELHO
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