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Poliomielite: Causas, Sintomas e Diagnóstico

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Poliomielit�
Poliomielite (paralisia infantil)
é uma doença contagiosa aguda
causada por vírus que pode
infectar crianças e adultos e em
casos graves pode acarretar
paralisia nos membros inferiores.
�siopatologi�
O vírus entra por via fecal-oral
ou respiratória, então se
multiplica na mucosa orofaríngea e
do trato gastrintestinal inferior.
O vírus é secretado pela saliva e
pelas fezes, a partir de onde pode
ser transmitido para outras
pessoas.
O vírus então entra nos linfonodos
cervicais e mesentéricos. Segue-se
uma viremia primária (menor) com
disseminação do vírus pelo sistema
reticuloendotelial. A infecção
pode ser contida nesse ponto ou o
vírus pode se multiplicar ainda
mais, provocando vários dias de
viremia secundária, culminando no
desenvolvimento de sintomas e de
anticorpos.
Nas infecções paralíticas, os
vírus alcançam o sistema nervoso
central — não está claro se por
viremia secundária ou por migração
ascendente pelos nervos
periféricos. Lesão significante
ocorre somente na coluna espinhal
e no cérebro, particularmente nos
nervos que controlam a função
motora e autonômica. A inflamação
é composta de danos produzidos por
invasão viral primária.
Fatores que predispõem à lesão
neurológica grave incluem:
● Aumento da idade (ao
longo da vida)
● Tonsilectomia recente ou
injeção intramuscular
● Gestação
● Comprometimento da
função das células B
● Esforço físico
simultâneo ao início da
fase no sistema nervoso
central
Os poliovírus estão presentes na
garganta e nas fezes durante o
período de incubação e, após o
início dos sintomas, persistem por
1 a 2 semanas na garganta e ≥ de 3
a 6 semanas nas fezes.
Os poliovírus possuem 3 sorotipos.
O tipo 1 é o mais paralitogênico e
a causa mais comum de epidemias.
Os seres humanos são os únicos
hospedeiros naturais. A infecção é
altamente transmissível por
contato direto. Infecções
assintomáticas ou secundárias
(poliomielite abortiva) são mais
comuns do que infecções não
paralíticas ou paralíticas em ≥
60:1, sendo a fonte principal de
disseminação.
Vacinação extensa quase erradicou
a doença em todo o mundo. Porém,
casos ainda ocorrem em regiões com
imunização incompleta, como na
África Subsaariana e no sul da
Ásia. Em 2020, houve 140 casos
confirmados do poliovírus tipo 1
do tipo selvagem (Afeganistão, 56
casos; Paquistão, 84 casos) e
quase 1.000 casos de poliovírus
derivado da vacina circulante, a
maioria dos quais ocorreu no
Afeganistão, Paquistão, Chade e
República Democrática do Congo.
Sinai� � sintoma� d� poliomielit�
A maioria das infecções (70 a 75%)
não provoca sintomas. Doença
sintomática é classificada como:
* Poliomielite abortiva.
* Poliomielite paralítica ou não
paralítica
Poliomielite abortiva
A maioria das infecções
sintomáticas, em particular em
crianças pequenas, é menor, com 1
a 3 dias de febre discreta,
mal-estar, cefaleia, faringite e
vômitos, que se desenvolvem 3 a 5
dias após a exposição. Não há
qualquer sinal ou sintoma
neurológico e o exame físico não é
relevante, exceto quando houver
febre.
Poliomielite paralítica e
poliomielite não paralítica
Cerca de 4% dos pacientes com
infecção por poliovírus apresentam
comprometimento não paralítico do
sistema nervoso central com
meningite asséptica. Os pacientes
geralmente apresentam rigidez de
nuca e/ou dor lombar e cefaleia
que aparecem após vários dias de
pródromo semelhante à forma
abortiva da poliomielite. As
manifestações duram de 2 a 10
dias.
A poliomielite paralítica ocorre
em < 1% de todas as infecções por
poliovírus. Pode manifestar-se
como doença bifásica em lactentes
e crianças pequenas com uma fase
paralítica ocorrendo vários dias
após a resolução dos sintomas da
poliomielite abortiva. A incubação
normalmente é de 7 a 21 dias.
As manifestações comuns da
poliomielite paralítica, além de
meningite asséptica, são dor
muscular profunda, hiperestesia,
parestesia e, durante a mielite em
atividade, retenção urinária e
espasmos musculares. Paralisia
flácida e assimétrica pode se
desenvolver e evoluir em 2 a 3
dias. Algumas vezes, há
predominância de sinais de
encefalite.
Disfagia, regurgitação nasal e voz
anasalada são sinais precoces de
envolvimento bulbar, mas alguns
pacientes apresentam paralisia da
faringe e não conseguem controlar
as secreções orais. Como na
paralisia da musculatura
esquelética, o comprometimento
bulbar pode piorar em 2 a 3 dias
e, em alguns pacientes, afetar o
centro respiratório e circulatório
do tronco cerebral, levando a um
comprometimento respiratório.
Insuficiência respiratória se
desenvolve raramente quando o
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/enterov%C3%ADrus/poliomielite#v1020259_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/enterov%C3%ADrus/vis%C3%A3o-geral-das-infec%C3%A7%C3%B5es-por-enterov%C3%ADrus#v1020086_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/enterov%C3%ADrus/vis%C3%A3o-geral-das-infec%C3%A7%C3%B5es-por-enterov%C3%ADrus#v1020086_pt
diafragma ou os músculos
intercostais são comprometidos.
Alguns pacientes desenvolvem
síndrome pós-poliomielite anos ou
décadas depois da poliomelite
paralítica. Essa síndrome é
caracterizada por fadiga muscular
e diminuição da resistência,
muitas vezes com fraqueza,
miofasciculações e atrofia.
Diagn�tic� d� poliomielit�
● Punção lombar
● Cultura viral (fezes,
garganta e líquido
cerebrospinal)
● Reação em cadeia da
polimerase com
transcriptase reversa do
sangue ou líquido
cerebrospinal
● Sorologia para os
sorotipos de vírus da
poliomielite, outros
enterovírus e vírus do
Nilo Ocidental
Quando não há manifestações no
sistema nervoso central, a
poliomielite sintomática
(poliomelite abortiva)
assemelha-se a outras infecções
sistêmicas virais e, tipicamente,
não é considerada ou
diagnosticada, exceto durante uma
epidemia.
A poliomielite não paralítica pode
se assemelhar às outras meningites
virais. Nesses pacientes,
normalmente é feita punção lombar;
os achados típicos no líquido
cerebrospinal são glicose normal,
proteína ligeiramente elevada e
uma contagem celular de 10 a
500/mcL (predominantemente
linfócitos). A detecção do vírus
em um swab da garganta, fezes ou
líquido cerebrospinal, ou a
demonstração de elevação nos
títulos de anticorpos específicos
confirma a poliomielite, mas
geralmente não é necessário nos
pacientes com meningite asséptica
não complicada.
Pode haver suspeita de
poliomielite paralítica em
crianças não imunizadas ou adultos
jovens com paralisia assimétrica
dos membros ou paralisias bulbares
flácidas sem perda sensorial
durante uma doença febril aguda.
Entretanto, certos vírus coxsackie
dos grupos A e B (especialmente o
A7), vários ecovírus e enterovírus
71 podem produzir achados
semelhantes. Além disso, foram
identificados casos de fraqueza
muscular focal ou paralisia após
infecção pelo enterovírus D68. A
infecção pelo vírus do Nilo
Ocidental também pode provocar
paralisia flácida aguda que é
clinicamente indiferenciável da
poliomielite paralítica decorrente
do vírus da pólio.
A síndrome de Guillain-Barré causa
paralisia flácida, mas pode ser
distinguida por causa do seguinte:
● Geralmente não causa
febre.
● A fraqueza muscular é
simétrica.
● Ocorrem déficits
sensoriais em 70% dos
pacientes
● A proteína no líquido
cerebrospinal geralmente
é elevada e a
celularidade no líquido
cerebrospinal é normal.
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/enterov%C3%ADrus/s%C3%ADndrome-p%C3%B3s-poliomielite
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/meningite/vis%C3%A3o-geral-da-meningite#v8339682_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/enterov%C3%ADrus/vis%C3%A3o-geral-das-infec%C3%A7%C3%B5es-por-enterov%C3%ADrus#v12811145_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/arbov%C3%ADrus-arenav%C3%ADrus-e-filov%C3%ADrus/v%C3%ADrus-do-nilo-ocidental
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/arbov%C3%ADrus-arenav%C3%ADrus-e-filov%C3%ADrus/v%C3%ADrus-do-nilo-ocidentalhttps://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/dist%C3%BArbios-do-sistema-nervoso-perif%C3%A9rico-e-da-unidade-motora/s%C3%ADndrome-de-guillain-barr%C3%A9
Evidências epidemiológicas (p.
ex., história de imunização,
viagem recente, idade, estação)
podem ajudar a indicar a causa.
Como a identificação do poliovírus
ou outro enterovírus como causa da
paralisia flácida aguda é
importante por motivos de saúde
pública, em todos os casos deve-se
fazer cultura viral da garganta
com swabs, das fezes e do líquido
cerebrospinal, bem como reação em
cadeia da polimerase transcriptase
reversa do sangue e do líquido
cerebrospinal. Testes sorológicos
específicos para vírus da
poliomielite, outros enterovírus e
vírus do Nilo Ocidental também
devem ser feitos.
Progn�tic� d� poliomielit�
Nas formas não paralíticas, a
recuperação é completa.
Na poliomelite paralítica,
aproximadamente dois terços dos
pacientes têm fraqueza permanente
residual. A paralisia bulbar tem
mais probabilidade de resolução do
que a paralisia periférica. A
mortalidade é de 4 a 6%, mas
aumenta para 10 a 20% em adultos e
em pessoas com doença bulbar.
Tratament� d� poliomielit�
● Cuidados de suporte
O tratamento convencional da
poliomelite é de suporte, com
repouso e uso de analgésicos e
antipiréticos, quando necessário.
Não há terapia antiviral
específica.
Durante a mielite ativa,
precauções para evitar
complicações decorrentes da
inatividade pelo fato de o
paciente permanecer acamado (p.
ex., trombose venosa profunda,
atelectasia, infecção do trato
urinário) e ter imobilidade
prolongada (p. ex., contraturas)
podem ser necessárias.
Insuficiência respiratória pode
requerer ventilação mecânica.
Ventilação mecânica ou paralisia
bulbar requerem medidas higiênicas
pulmonares intensivas.
Prevençã� d� poliomielit�
Todos os lactentes e crianças
devem ser imunizados com a vacina
contra poliomelite. A American
Academy of Pediatrics recomenda
vacinação aos 2, 4 e aos 6 a 18
meses de idade e uma dose de
reforço aos 4 a 6 anos (ver tabela
Cronograma de imunização
recomendada para 0 a 6 anos de
idade). Vacinação na infância
produz imunidade em > 95% dos
vacinados.
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-poliomielite
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-poliomielite
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/vacina%C3%A7%C3%A3o-infantil/calend%C3%A1rio-de-vacina%C3%A7%C3%A3o-infantil#v59514686_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/vacina%C3%A7%C3%A3o-infantil/calend%C3%A1rio-de-vacina%C3%A7%C3%A3o-infantil#v59514686_pt
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/pediatria/vacina%C3%A7%C3%A3o-infantil/calend%C3%A1rio-de-vacina%C3%A7%C3%A3o-infantil#v59514686_pt
A vacina Salk de poliovírus
inativado (VPI) é preferível à
vacina Sabin oral de poliovírus
vivo inativado (VPO). O vírus
atenuado na VPO se replica no
intestino dos receptores e é
excretado transitoriamente nas
fezes e, portanto, é capaz de
disseminação fecal-oral para
outros indivíduos, potencialmente
imunizando alguns indivíduos que
não receberam diretamente a
vacina.
Mas essa disseminação entre várias
pessoas pode levar a mutações do
vírus da vacina, muito raramente
para uma cepa Sabin pode sofrer
mutação para uma cepa (poliovírus
derivado da vacina) que pode
causar poliomielite paralítica,
que resulta em cerca de 1 caso por
2.400.000 doses de VPO.
Essa mutação geralmente ocorre no
componente do poliovírus tipo 2 da
vacina. Por isso a Sabin não está
mais disponível nos EUA. Além
disso, o poliovírus tipo 2 foi
removido da Sabin em 2016 em
decorrência de surtos resultantes
de vírus derivados de vacina
circulantes geneticamente
divergentes, apesar da erradicação
oficial do poliovírus tipo 2 do
tipo selvagem. Efeitos adversos
graves não foram associados à VPI.
Adultos não são vacinados
rotineiramente. Aqueles não
imunizados, que viajam para áreas
endêmicas ou epidêmicas, devem
receber vacinação primária com
VPI, incluindo 2 doses
administradas em intervalo de 4 a
8 semanas, e uma 3ª administrada 6
a 12 meses mais tarde. Pelo menos
1 dose é administrada antes da
viagem. Adultos imunizados que
viajam para áreas endêmicas ou
epidêmicas devem receber 1 dose de
VPI. Pacientes imunocomprometidos
e seus contatos domiciliares não
devem receber VPO.

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