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Com o avanço tecnológico característico da contemporaneidade, é possível a percepção das redes sociais e serviços utilitários digitais como um fator fortemente presente no cotidiano mundial. Para que esta utilização, gratuita ou não, ocorra, o usuário precisa passar por um processo de aceitação dos termos de utilização da plataforma em questão, em que através dele são acordadas as regras para o uso da aplicação, bem como os direitos e deveres de cada parte envolvida, estes que são decididos unilateralmente. Em primeiro lugar, é necessário evidenciar o que se conta no Código de Defesa do Consumidor, que define contrato de adesão como aquele “cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo” (art. 54); caracterizando esta forma contratual como legalmente aceita. Logo, a partir disso, cabe ao contratante decidir se irá utilizar a plataforma ou não, sendo isento de possibilidades de alterações contratuais com a empresa, mas ainda regido de deveres e obrigações para com o que foi acordado. São poucos os casos, no entanto, em que o contratante irá se opor aos termos de uso, considerando o desenvolvimento contemporâneo e as relações tecnológicas existentes no que se diz respeito às práticas de produção, comercialização, consumo, cooperação e competição entre os agente econômicos e até mesmo de relações interpessoais. Por certo, o Facebook é uma das redes sociais de maior visibilidade desde sua fundação, em 2004. Desde este período, é notória sua posição como alvo de críticas no que diz respeito a privacidade dos usuários, como o caso ocorrido em 2013 em que foi exposto de forma indevida o número de telefone de aproximadamente 6 milhões de usuários; e em 2018, em que dados de 87 milhões de seus utilizadores foram compartilhados de forma indevida com a empresa de consultoria política Cambridge Analytica, fato que ocorria desde 2015, com o intuito de influenciar o resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos, das eleições do México e também no Brexit. Para o decorrer desta discussão, será analisada então comparativamente a Política de Dados (parte contratual para a utilização do serviço definida unilateralmente pela empresa Meta, com enfoque na cláusula “Compartilhamento de Dados com Terceiros”) com os expostos constitucionais acerca da prática de exposição de dados do usuário. A partir do princípio da privacidade, é necessário o exposto de que esta é prevista pela Constituição Federal, no artigo 5º, inciso X, que pode ser complementada pela inviolabilidade do sigilo de dados, em seu Artigo 5º, inciso XII, que realiza a previsão ao direito à intimidade e a vida privada. Essa, do ponto de vista digital, também é exposta no Marco Civil, no inciso VII do artigo 7º, que define “fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas em leis.”, sendo assim não permitido o compartilhamento de dados de um usuário a terceiros. O Facebook, então, a partir de seus escândalos, iniciou a utilização do sistema de controle de privacidade opt-out, em que é possível alterar parcialmente as configurações de privacidade de cada usuário, mas as opções pré-selecionadas padronizadamente são as que mais expõe os dados daquele usuário, contrapondo-se com o sistema opt-in, adotado pela legislação brasileira, que define a opção padrão como aquela que não permite o compartilhamento de dados até o momento em que o próprio usuário a modifique, de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados. No entanto, esta possibilidade de configuração não oferece um padrão mínimo de privacidade, considerando que o Facebook afirma, através de seus termos, a coleta de informações como localização, contatos, reconhecimento facial, ações e inclusive comunicações dos usuários com as diretrizes de “a fim de analisar o contexto e o conteúdo incluído nesses itens para as finalidades descritas abaixo”, em que estas finalidades contam com a personalização de recursos e conteúdos dentro e fora de seus produtos, assim como a avaliação da efetividade e distribuição de seus anúncio, em que neste caso a ferramenta se encontra afirmada no direito de monitorar o conteúdo das comunicações privativas de seus utilizadores, com finalidades comerciais, contrapondo-se ao exposto do Artigo 5º, XII da CF, com o direito à inviolabilidade das comunicações. “Trabalhamos com parceiros externos que nos ajudam a fornecer e a aprimorar nossos Produtos ou que usam as Ferramentas de Negócios do Facebook para ampliar os negócios, o que possibilita a operação de nossas empresas e o fornecimento de serviços gratuitos para pessoas do mundo inteiro. Não vendemos nenhuma de suas informações para ninguém e jamais o faremos. Também impomos fortes restrições sobre como nossos parceiros podem usar e divulgar os dados que fornecemos. Aqui estão os tipos de terceiros com os quais compartilhamos informações: (...)”. Cláusula “Compartilhamento de Dados com Terceiros”, da Política de Dados do Facebook. Portanto, é necessário o compreendimento das relações contratuais existentes a partir das cláusulas dos termos de uso de redes sociais e aplicativos utilitários, pois existe um acordo entre ambas as partes sobre suas responsabilidades e deveres mediante a contratação, que pode culminar em situações como exposto anteriormente de coleta de dados. Referências: Martins, Gustavo. “O uso de dados e imagens e os contratos das redes sociais que ninguém lê”. Publish News. Disponível em <https://www.publishnews.com.br/materias/2019/01/24/o-uso-de-dados-e-imagem-e-os-contr atos-das-redes-sociais-que-ninguem-le>. Acessado em 03/02/2022 BRADSHAW, S.; MILLARD, C.; WALDEN, I. Contracts for Clouds: Comparison and Analysis of the Terms and Conditions of Cloud Computing Services, 2010. Disponivel em: . Acesso em: 14 novembro 2018. Facebook. Política de Dados. Disponível em: <https://www.facebook.com/privacy/explanation/>. Acessado em 03/02/2022 Carneiro, Ramon. LI E ACEITO: Violações a Direitos Fundamentais nos Termos de Uso do Facebook. Faculdade de Direito, Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2018 BENJAMIN, A. H. V. Manual de Direito do Consumidor. 2ª. ed. [S.l.]: RT, 2009. 59 p. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> https://www.publishnews.com.br/materias/2019/01/24/o-uso-de-dados-e-imagem-e-os-contratos-das-redes-sociais-que-ninguem-le https://www.publishnews.com.br/materias/2019/01/24/o-uso-de-dados-e-imagem-e-os-contratos-das-redes-sociais-que-ninguem-le https://www.facebook.com/privacy/explanation/
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