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Revisão 2021/2025 ABORDAGEMTÉCNICA ATENTATIVAS DESUICÍDIO MANUAL DE REFERÊNCIA ME TG ÉA CD NR ICO ABAA OITE DÍN CT IA UT SI V EA DS Revisão 2020/2022 ABORDAGEMTÉCNICA ATENTATIVAS DESUICÍDIO MANUAL DE REFERÊNCIA ME TG ÉA CD NR ICOB AAA OT IE DÍN CT IA UT SI V EAS D A reprodução, compartilhamento, comercialização ou qualquer outro tipo de exposição da obra é expressamente proibida. Esta obra é protegida pela lei 9610/98 com todo nºseus direitos reservados ao autor e ao Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo. Autor:Revisão: Desenhistas: Ilustração Digital:Diagramação: Redatores: Maj PM Diógenes Martins MunhozCap PM Tiago Régis FrancoCap PM Maria de Fátima Rosa Franco1º Ten PM Guilherme Luiz Santana de Araujo1º Sgt PM Rodrigo Silva Lacerda2º Sgt PM Priscilla Regina Martins2º Sgt PM Edinei Fernando dos SantosCb PM Raquel Gomide RimoliSd PM Lucyanne Maria B. de CastroSd PM MarcílioSd PM 2ª Cl Anderson Yoshikazu MinamiSd PM 2ª Cl Mayco do PradoSd PM 2ª Cl Pedro Henrique Moreira Vila NovaSd PM 2ª Cl Lucas Ferreira de BarrosSd PM 2ª Cl Carlos Rafael Silva AbreuSd PM 2ª Cl Fernanda Poleone da SilvaSd PM 2ª Cl Rafaela Pradella KodamaSd PM 2ª Cl João Luiz Rodrigues JuniorSd PM 2ª Cl Wiliam VisacriSd PM 2ª Cl Jéssica Silva de CarvalhoSd PM 2ª Cl Leonel Silva Rocha EDITORAÇÃO ÍNDICEAULA 01FENÔMENO SUICIDA E OS TRANSTORNOS DA MENTEPÁG. 06AULA 02MITOS / GLORIFICAÇÃO DE SÍTIO PÁG. 15AULA 03PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PÁG. 21AULA 04FASES DA ABORDAGEM TÉCNICA PÁG. 28AULA 05GERENCIAMENTO OPERACIONAL PÁG. 38AULA 06LIBRAS PÁG. 46REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PÁG. 51GLOSSÁRIO PÁG. 52 O presente manual destinase a orientar o participante no Curso de Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio e treinamentos afins da mesma matéria durante seus estudos. A proteção intelectual deste arquivo pertence ao autor, ao Corpo de Bombeiros da Policia Militar do Estado de São Paulo e a Comissão Nacional de Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio, podendo ser alterado, copiado ou reproduzido somente com a autorização expressa da diretoria, conforme termos da lei vigente. ME TG ÉA CD NR ICO ABA AULA 1 Apresentaremos situações que podem desencadear o suicídio, relatando as características em geral que identificam os métodos utilizados pelo tentante. FENÔMENO SUICIDAE OS TRANSTORNOS DA MENTE ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO06 ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 07 Durante o atendimento a emergências deste tipo, podemos lidar com pessoas que em seu desespero buscam o suicídio como solução a situações consideradas insuportáveis por elas mesmas, tais como: SITUAÇÕES QUE PODEM DESENCADEAR O SUICÍDIO • Suicídio como vingança ou punição, a fim de suscitar remorso em outras pessoas e fazer cair sobre elas o repúdio da comunidade; • Suicídio como pedido e chantagem, visando pressionar alguém; • Suicídio como sacrifício e modo de atingir um valor ou estado considerado superior; • Suicídio como brincadeira, para pôr a si mesmo à prova; • Suicídio por desgosto ou crise existencial; • Suicídio como saída natural para uma conduta delinquente;• Suicídio como gesto heroico. • Suicídio em sinal de luto pela perda de um componente da personalidade ou de um modelo de vida; • Suicídio como castigo para expiar um erro real ou imaginário; • Suicídio como delito, arrastando na morte uma outra pessoa; O fenômeno do suicídio engloba uma série de comportamentos autodestrutivos como a tentativa de suicídio e o suicídio completo. Quem tenta o suicídio nunca tem a intenção de morrer, os atos autodestrutivos são um pedido de ajuda à família e à sociedade. BREVE ENTENDIMENTO DO SUICÍDIO MÉTODOS DE SUICÍDIO MAIS FREQUENTES A gravidade da tentativa deve relacionarse com a "potencialidade autodestrutiva" do método utilizado. De acordo com as estatísticas de atendimento a ocorrências de tentativas de suicídio efetuadas pelo Corpo de Bombeiros nos últimos anos, percebese um ranking dos métodos mais utilizados para o autoextermínio. Tais métodos, ainda não são correlacionados com fatores sociais ou mesmo características pessoais. Tal situação, ainda carece de estudo, porém, vejamos a seguir os métodos mais atendidos nos últimos cinco anos. 6 Abaixo podemos verificar os métodos mais frequentesutilizados para o suicídio.1º Envenenamento2º Enforcamento3º Precipitação4º Ferimento com arma branca5º Asfixia ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO08 6º Autoimolação Segundo estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), percebese que a maioria das pessoas que tentam suicídio pela primeira vez, quando não valorizam seus próprios tratamentos, poderão vir a tentar novamente. Em linhas gerais, algumas características notadas em determinados indivíduos podem ter uma maior propensão a tais atos. A seguir apresentaremos algumas características que podem ser observadas: em um tentante. Mais de um motivo: • Histórico de violência doméstica;• Histórico de violência sexual;• Depressão e doença psiquiátrica;• Isolamento social;• Mudança nas condições de saúde ou de estado físico;• Problemas econômicos e de desemprego.• Alcoolismo e uso de drogas; • Tentativas anteriores de suicídio;• Idealização de suicídio verbalizada;• Histórico familiar de suicídio ou tentativa de suicídio;• Conhecimento de casos recentes de suicídio;• Morte recente de alguém próximo;• Fim de relacionamento afetivo;• Conflitos familiares; ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 09 COMO IDENTIFICAR PESSOASCOM POSSÍVEL RISCO DE SUÍCIDIO TRANSTORNOS DA MENTE ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO10 ª Termo utilizado por Diógenes Martins Munhoz em sua obra “Abordagem Técnica a Tentativa de Suicídio”. 2018. Editora AuthenticFire. Este termo substitui o termo “Suícida”, por entender que para o contexto e propósito estabelecido, adaptase de forma harmônica. TRANSTORNOS DA MENTE ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 11 O comportamento tentante entre jovens envolvem humor depressivo, abuso de substâncias, problemas emocionais, familiares e sociais, histórico familiar de transtorno psiquiátrico, rejeição familiar, negligência, além de abuso físico e sexual ainda na infância. Doenças clínicas não psiquiátricas foram associadas ao suicídio, tais como tentantes com câncer, HIV, doenças neurológicas, doença de Parkinson. Outros eventos que precisam ser cuidados são maus tratos na infância ou adolescência. Destacam–se ainda outros fatores de risco: a desesperança, o desespero, o desamparo e a impulsividade. DEFINIÇÃO DE SUICÍDIO: O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, usando um meio que ele acredita ser letal. Também faz parte do comportamento tentante os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio. Sendo assim, um comportamento tentante tem por natureza a multifatoriedade que é resultado da interação de fatores psicológicos, biológicos, genéticos, culturais e sociodemográficos. O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios, no entanto, há que salientarse que estão excluídos os números referentes a uma possível subnotificação, ou seja, os casos que não entraram para a estatística. No manejo em ocorrências que envolvam tentativas de suicídio, é importante que avaliemos os fatores de risco e de proteção ao indivíduo, pois, é por meio dessa avaliação que podemos implementar estratégias no sentido de evitarmos a concretização da autopunição. Os dois principais fatores de risco são: a tentativa prévia de suicídio e a doença mental. O indivíduo que tentou suicídio, previamente, tem de cinco a seis vezes mais chances de tentar suicídio novamente. Há uma estimativa que 50% dos que se suicidaram, já haviam tentado previamente. Quanto a doença mental, estimase que 90% daspessoas cometeram suicídio. Os transtornos psiquiátricos mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, dependência de álcool e outras drogas além de transtornos de personalidade, Burnout e esquizofrenia. Um fator de risco de adolescentes é o suicídio de figuras proeminentes, suicídios em grupo ou comunidades semelhantes. O risco de suicídio aumenta entre aqueles com histórico familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio. São fatores de proteção: bom suporte familiar, laços sociais bem estabelecidos com a família e amigos, religiosidade, ausência de doença mental, estar empregado, capacidade de adaptação positiva, capacidade de resolução de problemas. A OMS aponta três características psicopatológicas comuns no estado mental dos tentantes: A ambivalência: o desejo de viver e morrer se confundem no indivíduo. Muitos não desejam morrer, querem resolver seus problemas. A impulsividade: O suicídio parte de um ato que é usualmente motivado por eventos negativos. O impulso é transitório e tem duração de alguns minutos ou horas. Pode ser desencadeado por eventos negativos do dia a dia e por rejeição, recriminação, fracasso, falência, etc. A rigidez: a pessoa decide terminar com a sua vida, os seus pensamentos, sentimentos e ações giram em torno disso, ela fica incapaz de perceber outras maneiras de enfrentar o problema. O funcionamento mental gira em torno de três sentimentos: “não suportar,” “sem saída”, e “sem fim”. Existe uma distorção da percepção de realidade com avaliação negativa de si, do mundo e do futuro. Outra doença que requer atenção é o transtorno bipolar, que caracterizase por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos, alternandose com episódios de euforia. Estimase que até 50% dos portadores tentam o suicídio ao menos uma vez em suas vidas. O risco acontece principalmente nas fases depressivas ou quando há a combinação de sintomas ao mesmo tempo depressivos e maníacos. Voltemos ao enfoque das doenças mentais: A depressão é uma doença que tende a ser crônica e recorrente, segundo a OMS, é a doença mental que mais está associada ao suicídio e caracterizase por alguns sintomas, como sentirse triste durante a maior parte do dia ou diariamente, perder o apetite, ter perda ou aumento de peso, insônia ou necessidade aumentada de dormir, sensação de cansaço o tempo todo, sentirse inútil, culpado e sem esperança, sentirse irritado o tempo todo, dificuldade de concentração, ter pensamento de morte e suicídio frequentemente. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO12 Cerca de 5% a 10% das pessoas dependentes de álcool terminam suas vidas pelo suicídio. Nos transtornos de personalidade estão presentes alterações no jeito de sentir, perceber a si e ao mundo e se relacionar. Alguns traços da personalidade psicopata já são notados por pais, professores e médicos na infância ou adolescência. A etiologia é considerada multifatorial, aspectos biológicos, sociais e psicológicos. Fatores desencadeantes de suicídio em indivíduos com transtornos de personalidade são estressores sociais, como problemas no trabalho, familiares ou dificuldade financeira. A esquizofrenia é uma doença crônica que afeta 1% da população e contribui com mais 10% dos suicídios. Caracterizase por sintomas como delírios, alucinações, distorção ou exagero da linguagem, comunicação e fala, além de comportamentos desorganizados, retraimento social, embotamento afetivo, passividade, carência de contato, dificuldade de pensamento abstrato, falta de espontaneidade, entre outros. Nesse quadro, as tentativas são frequentemente precipitadas pela depressão, estressores e sintomas psicossociais, de forma que a principal tarefa diante de um indivíduo com esquizofrenia é contribuir com o controle dos sintomas e na redução de recaídas. Os transtornos de personalidade aumentam a possibilidade do indivíduo cometer suicídio, especialmente o antissocial e Borderline (limítrofe). ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 13 Fonte: ww w.leouve. com.br Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros. A Síndrome de Burnout envolve nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo e torturas. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença. Normalmente esses sintomas surgem de forma leve, mas tendem a piorar com o passar dos dias. Por essa razão, muitas pessoas acham que pode ser algo passageiro. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO14 AULA 2 Reconheceremos as atuais estatísticas brasileiras sobre o fenômeno Tentante, a glorificação de sítio e os principais mitos sobre o tema. MITOS/ GLORIFICAÇÃO DE SÍTIO ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO15 ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 16 MITOS SOBRE O SUICÍDIO Seguem abaixo as principais crenças que envolvem o assunto, sendo essas de caráter errôneo, ou não: Conforme estudo realizado pelo Conselho Federal de Medicina (2014), erros e preconceitos vêm sendo historicamente repetidos, contribuindo para a formação de um estigma em torno da doença mental e do comportamento tentante. O estigma é resultado de um processo em que pessoas são levadas a se sentirem envergonhadas, excluídas e discriminadas.PRIMEIRO MITOAs pessoas que tentam o suicídio realmente querem se matar? Ambivalência é um sintoma marcante nos tentantes. Muitos não querem morrer, querem simplesmente escapar de uma situação insuportável.SEGUNDO MITOSe uma pessoa tentar matar-se uma vez, é menos provável que ela volte a tentar. Cerca de 70% dos tentantes que não são acompanhados ou não persistem nos tratamentos adequados, voltam a tentar ou consumam o suicídio.É importante saber que as pessoas que querem atentar contra a própria vida, usualmente sentemse assim durante um tempo e posteriormente recuperamse, pedem ajuda ou morrem.TERCEIRO MITOExistem casos em que as pessoas só querem chamar a atenção,se quisessem realmente se matar, já o teriam feito. Cada pessoa reage de uma forma frente ao problema que considera insuportável. Qualquer pessoa que expõe sua vida ao risco, ameaçando suicídio, precisa de tratamento adequado e merece toda atenção por parte das guarnições destacadas para o atendimento da emergência. TODO TENTANTE QUER CHAMAR A ATENÇÃO. É SUA FORMA DE TENTAR GRITAR PORAJUDA E CHEGAR ATÉ ALGUÉM QUE POSSA SOLUCIONAR SEU PROBLEMA!Lembre-se: FALSO! FALSO! FALSO! ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO17 QUARTO MITOTentantes depressivos acabam consumando mais o ato, pois encontram-semenos esperançosos e tal abordagem por parte das equipesde socorro são sempre mais complicadas. A letalidade de um tentante dependerá de algumas variáveis, porém, sempre será influenciada pelo tipo de abordagem do profissional da equipe de socorro. QUINTO MITOMulheres acabam sendo mais efetivas na consumação do suicídio. De acordo com os dados da OMS (2012), há mais suicídios entre os homens (15 para cada 100 mil habitantes) do que entre as mulheres (8 para cada 100 mil habitantes), porém, no grupo dos chamados “sobreviventes de si mesmos”, as mulheres são maioria (80%), ou seja, os homens, quando tentam se matar, são mais efetivos, conforme consta no quadro abaixo que indica uma projeção entre os dois sexos até o ano de 2020. FALSO! FALSO! 3025201510501950 1995 2020 HomensMulheres LETALIDADE ENTRE AS TENTATIVASDepressivos17% Transtorno Bipolar33% Esquizofrênicos21% TranstornoBipolar Alcoolistas Esquizofrênicos DepressivosAlcoolistas29% Fonte: OMS ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 18 SEXTO MITONo Brasil os índices de suicídio ainda são bem baixos, pois se tratade um país tropical com um povo muito alegre. Acima de 15De 10 a 15 O Brasil aparece abaixo da média mundial de suicídios, mas tais números apresentamse em diferentes maneiras, pois, se no mundo a taxa média de suicídios é de 11,4 mortes por 100 mil habitantes, no Brasil esse índice cai para 5,8 mortes por 100 mil habitantes, o que deixa o país em uma posição aparentemente cômoda: 133º lugar, em um ranking de 172 países. Se, em números relativos, a posição do Brasil parece confortável, em números absolutos o país ocupa a alarmante 8ª posição no ranking mundial, com 11.821 óbitos por suicídio em 2012. Essa média totaliza 32 suicídios por dia no país. (TRIGUEIRO, 2015). FALSO! Fonte: Organização Mundial da Saúde ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 19 SÉTIMO MITOO suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o livre arbítrio O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco. Os tentantes estão passando, quase invariavelmente, por uma doença mental que altera de forma radical a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio.FALSO!OITAVO MITOQuando uma pessoa tenta em se suicidar terá risco de suicídio para o resto de sua vidaFALSO! NONO MITO A maioria dos que cometeram suicídio falaram ou deram sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte destes expressaram constantemente aos profissionais de saúde em dias ou semanas anteriores seu desejo de tentativa de suicido. As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção. FALSO! DÉCIMO MITO Se uma pessoa que se sente deprimida e pensa em tentativa de suicídio, em um momento seguinte passa a se sentir melhor normalmente significa que o problema já passou. Alguém que pensava em tentativa de suicídio, de repente, parece tranquilo e aliviado, não significa que o problema já passou.FALSO! ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 20 A GLORIFICAÇÃO DE SÍTIO De acordo com pesquisa realizada com parte do efetivo operacional do Corpo de Bombeiros do estado de São Paulo em monografia de mestrado profissional do então Capitão Diógenes Munhoz no ano de 2015, verificase, por meio das estatísticas de atendimento a esse tipo de ocorrência, um fenômeno conhecido empiricamente como “glorificação de sítio”, ou seja, constatase que os locais escolhidos por tentantes parecem sempre ser repetidos dentro de uma mesma região geográfica. Tal fenômeno está diretamente ligado ao fato de que, se o local escolhido pelo tentante também tenha sido escolhido recentemente para esse fim por outro tentante e essa escolha tenha gerado algum tipo de comoção social durante o atendimento àquela ocorrência, esses locais tendem a ser repetidos e “glorificados” pelos futuros tentantes de suicídio naquela determinada região. Alguns dos locais mencionados pelos entrevistados indicam as pontes da Marginal Tietê como sendo pontos de constante réplica deste tipo de ocorrência, assim como é possível verificar no mapa abaixo, em que as mesmas encontramse plotadas. Fonte: Divulgação. Tal assunto se tornou tão importante que é recorrente em várias doutrinas que abordam o assunto, e a explicação para tal fenômeno encontrase na verdadeira falta de informação dos órgãos envolvidos na abordagem ao tentante, pois acabam criando alguns pontos inexistentes. AULA 3 Nesta aula, citaremos os pontos positivos e os pontos a serem evitados em uma Abordagem Técnica.PROCEDIMENTOS TÉCNICOS ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO21 ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 22 A observação e a comunicação são duas ações de grande importância para ajudar o tentante. O abordador deve observar as suas ações para que possa ter uma leitura de seu estado e atuar com a finalidade de aliviar seu sofrimento. Cabe ao abordador servir como uma ponte entre o desespero do tentante e seus fatores de proteção, que no momento da tentativo não estão visíveis para esse tentante. A comunicação pode ser feita através de mensagem verbal (fala e a escrita) e extra verbal, realizadas a partir de expressão corporal (postura e mímica facial). O tentante pode interpretar de maneira inadequada a informação que o abordador transmite a partir de sua comunicação extra verbal. O controle na linguagem não verbal do abordador para com o tentante se torna essencial. PROCEDIMENTOS POSITIVOS EM UMA ABORDAGEM TÉCNICA TENTAR FORMAR VÍNCULO COM O TENTANTE O vínculo passa a existir de forma adequada quando o profissional passa a ter atitudes coerentes na abordagem para com o tentante, o que promove segurança e confiança no abordador. O abordador deve ser atencioso e compreensivo para saber ouvir e não julgar. Se identificar de maneira formal (nome, trabalho, função e o motivo de estar ali), realizando a apresentação com gentileza, receptividade, respeito e expressando empatia com o sofrimento do tentante. Veremos isso mais a frente na aula de Fases da Abordagem. Com licença.Eu sou o Sd Brasilino doCorpo de Bombeiros ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO23 A partir da criação do vínculo, devese preserválo com a finalidade de conseguir a desistência da ideia da morte, a qual só vira pela verdade na abordagem, ou seja, não há de se falar em desistência a não ser pela verdade na abordagem. O uso da comunicação precisa ser feito de forma cuidadosa, para que o vínculo estabelecido com tentante seja preservado. Caso o tentante perceba, durante a abordagem, que abusaram de sua fragilidade, que mentiram, ameaçaram ou o desafiaram, podem ocorrer atitudes imprevisíveis pela quebra de confiança.MANTER CANAL DE COMUNICAÇÃO ABERTO Quando o tentante estiver desorientado, modificando diversas vezes o assunto, o profissional, como bom ouvinte, atuará limitando o diálogo a se fixar numa única linha de raciocínio, retornando a conversa ao tema toda vez que fugir do assunto. Para isso, veremos mais a frente uma ferramenta essencial de recolocação de diálogo chamada de paráfrase resumida.OLHAR PARA O TENTANTE Durante o atendimento, o abordador deve manter os olhos no tentante, além de demonstrar respeito e atenção, isso também garante a própria segurança das equipes. O fator surpresa, no caso de uma possível agressão ao profissional é diminuída, pois não existe dispersão. Porém o olhar fixo nos olhos de um tentante poderá ser lido como um desafio, isso dependerá do grupo de tentantes que fizer parte. Veremos isso mais a frente. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 24 OUVIR ATENTAMENTE Para demonstrar atenção, educação e respeito é importante que o abordador ouça o tentante e mantenha diálogo. É possível que ao desabafar e perceber a demonstração de interesse a ele, a tensão seja aliviada e o vínculo se fortaleça. O abordador não deve em momento algum demonstrar rejeição, rispidez, ameaça moral/física ou desafiálo caso o mesmo esteja confuso ou mudando várias vezes de assunto. RESPEITAR PAUSAS SILENCIOSAS Há tentantes que ao relatarem seus conflitos e problemas podem ter um aumento de seu sofrimento e por vezes necessitam de uma paralisação (uma pausa para ordenar o pensamento e aliviar a pressão). Caso ocorra esta pausa, o abordador deve, por alguns instantes, mantêla e em seguida estimular o retorno da comunicação. Na possibilidade do tentante rejeitar, o oriente a procurálo quando achar conveniente. Por outro lado, não se deve deixar o tentante por muito tempo em silêncio. Estimule o tentante a falar.“Quem mais precisa falar é o tentante, não o abordador!”NÃO COMPLETAR FRASES PARA O TENTANTE No caso do tentante não conseguir falar de maneira compreensível, o abordadorl deve ajudálo quanto à dificuldade demanter a comunicação e se mostrar disponível quando necessário. Existem tentantes que tem o pensamento lento e por isso possuem dificuldades para se expressar. Não conseguem completar frases, falar fluentemente e terminar um assunto. O profissional deve estimular o tentante a concluir a frase com suas próprias palavras na tentativa de melhorar este pensamento (estímulos). REPETIR, RESUMIR E RELACIONAR IDEIAS PARA O TENTANTE Quando o tentante mantém diálogo e fornece várias informações importantes, se faz necessário que, ao final, o abordador repita as ideias após um pequeno resumo das mesmas e verifique a reação do tentante. O abordador ao devolver essas ideias deve observar a comunicação extra verbal do tentante assim como as colocações verbais que produzirão. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO25 AJUDAR O TENTANTE A ENCONTRAR SOLUÇÕES O abordador pode ajudar o tentante na tentativa de resolução de seus problemas, mas sempre tendo em vista que não deve dar opinião pessoal ou conselho. O tentante é quem deve tomar as decisões, o profissional pode ajudálo fazendo uma orientação, relacionando ideias, mostrando pontos ou situações que o mesmo não vê e resumindo seu relato. Não dizer ao tentante o que deve fazer, mas sim, o influenciar e guiálo para que ele mesmo chegue a uma solução, para isso algumas ferramentas de conversação serão vistas mais a frente.ESPAÇO PARA O TENTANTE PERGUNTAR Devese sempre deixar um espaço para que o tentante se sinta à vontade para se expressar. O respeito ao sofrimento e às necessidades, deve sempre estar em primeiro plano para que se possa aplicar uma abordagem de dissuasão eficaz. PROCEDIMENTOS NEGATIVOS EM UMA ABORDAGEM TÉCNICAMentir, prometer ou seduzir. Não se deve, em nenhuma ocasião, mentir para o tentante. Caso o mesmo descubra a verdade, se sentirá enganado e o vínculo que poderia existir será perdido .É literalmente impossível criar um vinculo com o tentante, a não ser que seja pela verdade. Ao prometer algo, confirme que esteja dentro das possibilidades, com atuação adequada. O tentante pode estar pedindo proteção, ajuda ou atenção. Além de necessitar de alimentação ou de algum material como café ou cigarro. Sempre utilize o bomsenso frente aos pedidos do mesmo. Não ceda aos pedidos do tentante enquanto o mesmo estiver em situação de risco. LINGUAGEM CORPORAL Todos os envolvidos no atendimento da ocorrência devem estar atentos à linguagem corporal própria e a do tentante. A partir desta leitura, é possível visualizar se o tentante está envolvido na conversa ou não, bem como se está prestes a consumar o ato. A boa postura corporal por parte da equipe de atendimento ajuda a fortalecer o vínculo com o tentante. O QUE DEVEMOS FAZER!!!NÃO ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 26 Caso o pedido feito envolva comida, água, celular ou algum outro item que seja de fácil acesso, devese fazer o tentante compreender que o produto estará disponível assim que a situação esteja segura e sob o acompanhamento e controle do abordador, ou seja, após o mesmo desistir da ideia de se matar. Cabe salientar que a abordagem de dissuasão é uma via dupla em todos os pontos positivos de uma comunicação, ou seja, o respeito, a empatia, a verdade, a humanização. Em outras palavras o tentante é respeitado mas também deve respeitar Deve se manter atento para perceber qualquer situação de teste ou manipulação, pois o abordador não deve satisfazer a vontade do tentante, principalmente caso seu comportamento seja inadequado. É comum que o abordador, frente a essa situação e ao se sentir inseguro e/ou com medo, satisfaça a vontade do tentante. Neste caso, a tendência do tentante é pedir cada vez mais, tornando a situação insustentável. Por isso, logo na primeira tentativa de teste, devese demonstrar a percepção e limitar a ação do tentante.CHAMAR POR APELIDOS OU NOMES DEPRECIATIVOS O tentante será chamado pelo seu nome e não por apelidos ou de forma carinhosa. Não utilizar de termos como: “irmão”, “tia”, “avó”, “mano”, etc. Também não se deve fazer comentários negativos sobre o tentante entre a equipe ou com os familiares/acompanhantes. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO27 SER AGRESSIVO OU RÍSPIDO COM O TENTANTE Em nenhum momento, o abordador pode ser agressivo, seja de forma verbal ou física com o tentante. Nos casos de tentante agressivo, o abordador deve usar a ação física somente para proteção de si ou de terceiros, mas de forma alguma para agredir o mesmo. Devese adotar a técnica de contenção física em ultimo caso, procurando não agredir o tentante para contêlo. Também é necessário atuar de forma educada e firme com o tentante, demonstrando atenção, sem ser grosseiro, maleducado, ríspido ou agressivo verbalmente.AMEAÇAR O TENTANTE Para se obter uma resposta positiva do tentante, não devese, em situação alguma, ameaçálo com pressões morais, físicas ou de tratamento.DESAFIAR O TENTANTE Há tentante que ameaça o profissional frente a uma situação, mas o abordador deve saber lidar com a necessidade do mesmo. Quando colocado frente a um desafio, deve mostrarse na função de orientador das ideias do tentante. Um exemplo claro desta situação é quando o abordador ao se aproximar do tentante é recepcionado com xingamentos e palavrões. Isto é altamente positivo para as equipes de emergência. Devemos lembrar, que quem xinga, além de ter aberto o diálogo, também alivia um pouco a tensãoJULGAR, DAR OPINIÃO PESSOAL OU ACONSELHAR Mesmo que o tentante ou familiar peça, não se deve emitir ou expressar opinião pessoal, julgar seus atos ou aconselhar o tentante, pois isso pode piorar muito o estado do mesmo. NUNCA FAZER: Ceder a qualquer exigência do tentante que vá contra o protocolo, como fornecer cigarros, celulares ou refeições. Antecipar a ação tática, efetuar comemorações na frente do tentante ou levar parentes ou conhecidos no local da ocorrência. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 28 AULA 4 A Abordagem Técnica é constituída por fases e realizada em diferentes grupos de tentantes. Vejamos nesta aula a forma correta de realizar uma abordagem segura e eficaz nos três grupos de tentantes e como fazer isso utilizando as ferramentas de comunicação. FASES DA ABORDAGEMTÉCNICA ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO29 FASES DA ABORDAGEM DE DISSUASÃO 1ª APROXIMAÇÃOA aproximação deverá ser calma, silenciosa e com o consentimento do tentante, respeitando o seu espaço. 2ª SILÊNCIO INICIALAlguns segundos de silêncio entre a chegada e a apresentação são recomendados para o tentante acostumarse com a presença do bombeiro.3ª APRESENTAÇÃO PESSOALO bombeiro deve se identificar de maneira formal, dizendo seu nome, trabalho, função e porque está ali.4ª INÍCIO DO DIÁLOGOCom intuito de criar o vínculo o mais rápido possível, o bombeiro deve dizer ao tentante que percebe sua aflição diante da situação. 1 PERGUNTA SIMPLES As perguntas simples, que tem como resposta o “SIM” e o “NÃO”, tem o objetivo de colher informações do próprio tentante, verificando assuntos que o comovem e o emocionam, ajudando o abordador a encontrar o motivo principal de sua aflição, ou seja, encontrar os fatores de proteção e os fatores de risco, sendo que esses últimos devem ser totalmente eliminados da abordagem de dissuasão . FERRAMENTAS DE CONVERSAÇÃO ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 30 Por definição didática, a maiêutica socrática é um método ou técnica que pressupõe que a verdade está latente em todo ser humano, podendo aflorar aos poucos na medida em que se responde a uma série de perguntas simples, quase ingênuas, porém perspicazes. Ou seja, é fazer com que o tentante deduza algo lógico, sem impor afirmativas, apenas perguntando coisas simples. 4 TEIA DE INDUÇÃO A Teia de Indução Técnica é baseada em proporcionar ao ouvinte (tentante)duas ou três opções de respostas a questões pré formuladas pelo abordador a fim de fazer com que o tentante vinculese à apenas uma das opções propostas. Tal técnica de diálogo busca direcionar o abordado e induzilo a escolher e se vincular a uma das opções propostas pelo abordador.Exemplo: Mas você quer que eu vá embora porque sou bombeiro, porque quer ficar sozinho ou porque quer pensar melhor e daqui a pouco desistir da ideia de se matar? Perceba que qualquer uma das opções que o tentante escolher não trará prejuízo algum ao mesmo. Ou seja, o abordador induz o tentante a escolher uma das opções que ele propôs, fazendo com que o diálogo seja controlado. 5 MAIÊUTICA Tratase de uma síntese, feito pelo abordador, do que foi dito pelo próprio tentante, excluindo assuntos paralelos e direcionando a conversa para o problema em questão. O objetivo é diminuir o tempo de abordagem psicológica, atentandose ao fato principal que gerou o comportamento tentante. 3 PARÁFRASE RESUMIDA Este recurso pode ser utilizado em qualquer momento da abordagem quando o tentante desviarse do tema principal, motivo da tentativa de suicídio, divagando para outros assuntos. Exemplo:Abordador pergunta a um tentante que perdeu o emprego Mas você já teve outros empregos?Diante de uma afirmativa, prossegue com outro perguntando E perdeu esses emprego? 2 PAUSA SILENCIOSA Tal ferramenta deve ser utilizada juntamente com todas as outras ferramentas aqui elencadas. O objetivo é fazer uma pausa silenciosa por parte do abordador para que o tentante possa refletir acerca de uma propositura ou questionamento efetuado pelo abordador, dando espaço para que esse possa criar uma ideia sobre o assunto ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO31 7 DESISTÊNCIA IMPOSITIVA Com essas questões, levase o tentante a deduzir que perdeu outros empregos e foi capaz de constituir novos. Dessa vez, também será capaz de realizar a mesma ação, ou seja, arranjar outro emprego. É possivelmente a uúltima ferramenta a ser utilizada em uma abordagem técnica. Tem como principal objetivo acelerar a desistência por parte do tentante do seu ato suicida. Baseiasee em estimular o tentante a deixar o local de risco ou mesmo abandonar o método e se vincular a uma opção dada pelo abordador de forma derradeira. Esta ferramenta poderá ser implementada quando o abordador verificar que o tentante já expressou a possibilidade de desistência do ato suicida algumas vezes. Dessa forma, ele acelerará tal processo com uma imposição positiva.Exemplo: João, então, eu vou dar alguns passos trás, você vai descer dai e vir me dar um abraço. 6 MEMÓRIA LINKADA Tratase de um mecanismo de ativar lembranças positivas em um instante por meio de suas memórias. Tal mecanismo de conversação ajuda a ativar novos fatores de proteção que até então não tenham sido encontrados. Exemplo: Chamar a atenção de um tentante para sua casa e pedir para que o mesmo possa descrever momentos felizes de sua infância, que viveu naquelas paredes. Tal ferramenta pode ser utilizada em que qualquer das fases da conversação a partir do momento do qual o abordador encontra dificuldade para localizar fatores protetivos do tentante. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO32 Com o tentante já sob controle da equipe, tentar, de forma singela, enquadrar o nervosismo e a aflição do mesmo pelo assunto em questão dentro da normalidade, evitando que ele se sinta constrangido ou envergonhado. TRAZER O TENTANTE PARA UM LOCAL SEGURO, AFASTANDOO DOS RISCOS É OBRIGATÓRIO QUE O ABORDADOR QUE REALIZOU A ABORDAGEM ACOMPANHE O TENTANTE NO INTERIOR DA VIATURA DE RESGATE ATÉ O P.S. ESPECIALIZADO, ONDE DEVERÁ PASSAR O CASO À EQUIPE MÉDICA. É perfeitamente normal que uma pessoa se desespere com a perda de um familiar.Exemplo: DIZER AO TENTANTE QUE É NORMAL QUE AS PESSOAS PERCAM O CONTROLE EM SITUAÇÕES DIFÍCEIS APÓS A DESISTÊNCIA ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 33 A ocorrência de tentativa de suicídio é uma ocorrência que por si só gera imagens forte e impactantes, mesmo não tendo como final a morte do tentante. Os sinais clínicos característicos são apresentados pelos sintomas psicopatológicos divididos nos seguintes grupos: O revivenciar o evento traumático (através de sonhos constantes, pesadelos, pensamentos incontroláveis, sentimentos e imagines que insistentemente invadem a mente, flashbacks, etc.); a evitação ou esquiva de estímulos relacionados ao evento traumático desencadeante (o tentante poderá evitar falar, lembrar, ver alguma imagem que lembre o trauma, falar com alguém que esteja relacionado ao trauma, ir ao local onde aconteceu o evento ou que lembre o fato, etc.) ABORDAGEM TÁTICA A abordagem tática é a ultima ferramenta que deve ser utilizada para evitar a morte de um tentante. Antes da criação da abordagem técnica a tentativas de suicídio a abordagem tática era o único recurso que as equipes possuíam para evitar a morte de tentantes, toda via, hoje após décadas de estudo a abordagem tática, ou seja, o confronto corporal despendido a um tentante deve ser a ÚLTIMA alternativa dentro de desse tipo de ocorrência. Respeitar o espaço e o tempo de um tentante e agir de forma indireta para evitar a criação de possíveis traumas na vida desta pessoa do suicídio.Para determinar o exato momento no qual uma abordagem tática deve ser desencadeada, segue abaixo fluxograma. As corporações mantém programas altamente eficientes quanto a esse autocuidado, procurar esses programas ou ser, encaminhados a eles é cuidar não so de si mas de todos aqueles que o cercam. TODA GUARNIÇÃO DEVE ESTAR CONSCIENTE DE QUE MESMO REALIZANDO TODOS OS PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS, O TENTANTE PODERÁ CONSUMAR O SUICÍDIO, E SE ISSO ACONTECER, A GUARNIÇÃO NÃO TERÁ CULPA NENHUMA SOBRE. TRANSTORNO POR EXPOSIÇÃO (ESTRESSE) PÓS TRAUMÁTICA O transtorno (muito mais reconhecido após a observação do comportamento dos sobreviventes de guerras) desenvolvese a partir da vivência de um evento traumático que deflagra uma resposta intensa de medo, desamparo ou horror e que desenvolve sintomatologia característica persistente ao longo de, pelo menos, quatro semanas após o trauma. Cuidarse e preservarse de fatos que possam causar algum transtorno posterior na vida do abordador, é necessário o acompanhamento por parte de profissionais da área da psicologia e ou da psiquiatria, é fundamental para que o abordador mantenhase são em sua capacidade mental. CUIDANDO DO CUIDADOR Realizar a abordagem verificando constantemente o vínculo com o paciente O vínculo /confiança /diálogo está forte? Sim Prosseguir no assuntoque está sendo abordado emanter o abordador!! Alterar o assunto domomento(mudar o foco)Não O vínculo tornou-se mais forte?Não SimEfetuar a troca doabordador Agilizar o Back up, poispoderá ser utilizado Não NãoA troca foi feitacom êxito?Sim Back up pronto paraser acionado? SimApresenta sinais deConsumo do suicídio? SimAcionar Back up Não 1. Falar o menos possível para dar ao tentante oportunidade de desabafar;2. Evite olhar diretamente nos olhos, mire na raiz do nariz;3. Se possível, fique no nível da tentante, ou em nível abaixo; 8. Não ceda a suas exigências.6. Em hipótese alguma reaja a qualquer provocação ou xingamento; 4. Quanto mais o tentante gritar, mais fale baixo;5. Tente evitar palavras de negação como: não pode, não vai, etc;7. Nunca desafie o tentante; REGRAS PARA ABORDAGEM A PESSOAS AGRESSIVAS: AGRESSIVOS Por definição, dentro de um parâmetro psicológico, a pessoa agressiva é aquela que reage a todo acontecimento como se fosse uma prova, contenda ou disputa na sua leitura mental. A competição passa a reinar na alma da pessoa e se for feito um levantamento da história do indivíduo, descobrese que desde cedo o mesmo se esforçou em demasiapara não vivenciar a experiência da exclusão. (ARAUJO, A Calves) Durante a abordagem de dissuasao, tais indivíduos tendem a não aceitarem qualquer tipo de imposição e de forma alguma devem ser confrontados, pois isso só os tornaria mais agressivos com a tendência de consumar o atosuicida GRUPOS DE TENTANTES De acordo com os atuais atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo e também conforme os ditames da psicologia moderna, podese separar em três grandes grupos os tentantes de suicídio e de acordo com cada um deles realizar uma abordagem diferente, pois suas reações são diversas. Cabe salientar que os grupos estao separados de acordo com a postura de um tentante e nao com a sua patologia Por exemplo, quando o abordador se depara com tentantes agressivos, tem a tendência de proferir as mesmas frases e chavões que realizaria para um tentante depressivo, todavia a reação, em regra, de tentantes agressivos são opostas àquelas esperadas em tentantes depressivos, logo, o abordador nunca deve abordálo da mesma forma. Segue abaixo o estudo de cada um desses grupos e como agir perante suas reações específicas: ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 35 Muitas pessoas com doença depressiva nunca procuram tratamento, porém, a grande maioria, até aquelas com depressão mais severa, podem melhorar com tratamento. Pesquisas intensivas sobre a depressão mostram resultados em desenvolvimento de remédios, psicoterapias e outros métodos de tratamento para pessoas com transtorno depressivo. Os sintomas da depressão incluem humor triste persistente, falta de interesse ou prazer em atividade que outrora eram prazerosas, alterações no peso e apetite, dificuldade de dormir ou sono exagerado, agitação ou lentidão, perda de energia, sentimento de falta de importância ou culpa inapropriada, dificuldade de pensar ou concentrar, pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. Em regra, esses indivíduos necessitam de uma orientação durante a abordagem, pois apresentam uma carência de aconselhamento muito grande, todavia, o abordador não deve adotar essa postura, mas sim, ajudar os depressivos e induzilos a chegar em soluções aparentemente sozinhos. DEPRESSIVOS 3. Se possível, no mesmo nível;2. Abordar o tentante a sua frente;1. Muita fala até conseguir estabelecer um diálogo;4. Ter uma atitude mais enérgica, mas sem ser agressivo;5. Manipule o diálogo de modo que o tentante pense que chegou a uma conclusão por si só;6. Não aconselhe;7. Seja positivo a todo momento. REGRAS PARA ABORDAGEM A PESSOAS DEPRESSIVAS PSICÓTICOS A esquizofrenia apresenta várias manifestações, afetando diversas áreas do funcionamento psíquico. Os principais sintomas são: O surto psicótico decorre de doenças como, por exemplo, a esquizofrenia que é uma doença mental crônica que se manifesta na adolescência ou início da idade adulta. Sua frequência na população em geral é de 1 caso para cada 100 pessoas, havendo cerca de 40 casos novos para cada 100.000 habitantes por ano. No Brasil estimase que exista cerca de 1,6 milhão de psicóticos. A cada ano cerca de 50.000 pessoas manifestam a doença pela primeira vez. Ela atinge em igual proporção homens e mulheres, em geral iniciase mais cedo no homem, por volta dos 2025 anos de idade, e na mulher, por volta dos 2530 anos. Delírios: São ideias falsas das quais o tentante tem convicção absoluta. Por exemplo, ele se acha perseguido ou observado por câmeras escondidas, acredita que os vizinhos ou as pessoas que passam na rua querem lhe fazer mal.1. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO36 Fonte: Divulgação Alterações de afetividade: Muitos tentantes têm uma perda da capacidade de reagir emocionalmente às circunstâncias, fincando indiferente e sem expressão afetiva. Outras vezes o tentante apresenta reações afetivas que são incongruentes, inadequadas em relação ao contexto em que se encontra. Tornase pueril e se comporta de modo excêntrico ou indiferente ao ambiente que o cerca.Diminuição da motivação: O tentante perde a vontade, fica desanimado e apático, não sendo capaz de enfrentar as tarefas do dia a dia. Quase não conversa, fica isolado e retraído socialmente. Alucinações: São percepções falsas dos órgãos dos sentidos, as mais comuns na esquizofrenia são as auditivas, em forma de vozes. O tentante ouve vozes que falam sobre ele ou que acompanham suas atividades com comentários. Muitas vezes essas vozes dão ordens de como agir em determinada circunstância. Outras formas de alucinação, como visuais, táteis ou olfativas também podem ocorrer na esquizofrenia.Alterações do pensamento: As ideias podem se tornar confusas, desorganizadas ou desconexas, tornando o discurso do tentante difícil de compreender. Muitas vezes o tentante tem a convicção de que seus pensamentos podem ser lidos por outras pessoas, ou que pensamentos são roubados de sua mente ou inseridos nela. 2. 3. 4. 5.REGRAS PARA ABORDAGEM A PESSOAS COM SURTOS PSICÓTICOS: ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 37Fonte: www.elmedicointeractivo.com Ainda não existe consenso sobre o modo de uma abordagem segura a este tipo de tentante. Todavia, é altamente indicado que o abordador adentre as ilusões e as fantasias do tentante psicótico, pois tais delírios podem representar um fator de proteção para a criação e manutenção do vínculo.Estatisticamente são abordagens mais demoradas. Nunca leve para a abordagem de dissuasão memórias ou lembranças referentes ao tratamento psiquiátrico deste tentante.Geralmente são tentantes já conhecidos das guarnições, mas isso não deve ser lido como sendo uma abordagem fácil.Caso haja, utilize abordadores conhecidos do tentante. 1. 2. 3.4. AULA 5 O Gerenciamento Operacional abordará todas as fases que envolvem os diversos métodos e cenários das ocorrências de tentativas de Suicídio. Envolvendo as providências corretas para a solução da crise e o reconhecimento dos riscos individuais de cada método com a finalidade correta de minimizá-los. GERENCIAMENTOOPERACIONAL ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO38 GERENCIAMENTO DE EMERGÊNCIAS ENVOLVENDOTENTATIVAS DE SUICÍDIO 1) DESLOCAMENTO E CHEGADA AO LOCAL DA OCORRÊNCIA• Coletar o maior número de informações através do Centro de Comunicações;• De acordo com o informado, definir o E.P.I. adequado de acordo com o método de suicídio escolhido pelo tentante;• Chegar de forma calma e discreta com os dispositivos luminosos e sonoros desligados. Como toda emergência, devese adotar providências cabíveis em cada uma de suas fases:PROVIDÊNCIAS GERAIS DE GERENCIAMENTO 2) ANÁLISE DA SITUAÇÃO • Presença de perigos elétricos;• Possibilidade de atropelamento; • Possibilidade incêndio e queimadura; • Presença de gases que possam provocar asfixia; • Presença de arma branca;• Presença de arma de fogo; • Presença de gases inflamáveis;• Presença gases tóxicos;• Possibilidade de queda de local elevado;• Possibilidade de afogamento; • Coletar dados e informações de fontes seguras;• Confirmar a localização e condições do tentante;• Identificar o método escolhido pelo tentante;• Levantar as características construtivas e de acesso ao local onde se encontra o tentante;• Levantar os locais inseguros que devem ter restrição de acesso.2.2 AVALIAÇÃO DE RISCOS• Levantar os riscos gerados pelo método escolhido para a tentativa;• Levantar os riscos gerados pelo local escolhido para a tentativa; • Confirmar as informações iniciais; • Possibilidade de contaminação;• Possibilidade de envenenamento;• Possibilidade de enforcamento. 2.1 AVALIAÇÃO INICIAL ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 39 3) PREPARAÇÃO • Estabelecer responsabilidades pessoais de controle;• Tornar segura a área quente: neutralizar ou minimizar os riscos encontrados durante a avaliação de riscos;• Posicionar a equipe encarregada do plano B prontae em condições. • Evacuar local se necessário;• Controlar tráfego de veículos e pessoas; • Posicionar cada equipe conforme especialização no local adequado de acordo com a função e o risco estabelecido para pronta atuação; • Demarcar áreas de atendimento: área quente, morna e fria, afastando a imprensa e outros profissionais sem relação direta com a emergência ou que não estejam com o E.P.I. adequado; • Determinar o pessoal que permanecerá nas áreas de risco;• Confirmar o E.P.I. necessário para cada equipe de trabalho envolvida na emergência de acordo com os riscos a que estão expostos; 4) OPERAÇÃO DE SALVAMENTO • Conduzir o diálogo para que o tentante encontre uma solução;• Iniciar a abordagem psicológica e tentar formar vínculo com o tentante o mais rápido possível;• Afastar o tentante dos riscos detectados e conduzilo em segurança à viatura para transporte ao P.S. • Dar início no plano de ação definido;• Posicionamento da equipe encarregada do plano B;• Aproximarse com calma e realizar contato com o tentante;• Apresentarse formalmente para o tentante; 5) ENCERRAMENTO• Remoção de equipamentos e ferramentas;• Estabelecimento de responsabilidades pessoais;• Conduzir o tentante ao P.S.;• Passar o caso ao médico responsável. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO40 EQUIPE DE ABORDAGEM DO ABORDADOR AUXILIAR O abordador auxiliar deverá ter as mesmas qualidades e capacidades do abordador principal e acompanhálo em todas as ações, servindo assim, como reserva (backup), caso haja necessidade de troca do abordador; Quando não houver necessidade de troca, o abordador auxiliar, se manterá com o abordador principal, auxiliandoo na formação de vínculo, no diálogo e na desmotivação da consumação do suicídio. COMPOSIÇÃO DA EQUIPE DE ABORDAGEM A equipe de abordadores deve estar dividida em: comandante, abordador, abordador auxiliar, equipe de abordagem tática, equipe responsável pela coleta de informações sobre o tentante e segurança. DO COMANDANTE O comandante deverá ser o abordador mais experiente no local, deliberando qual será ação tática a ser realizada e deixar a equipe a postos antes de começar a abordagem técnica, sendo assim, o responsável por todo o cenário da ocorrência; Estabelecer qual será a voz de comando para acionamento da abordagem tática, caso seja necessária; Determinar as rotas de fuga antes de realizar a abordagem técnica; Antes de realizar a abordagem, deverá coletar o maior número de informações possíveis, buscando os fatores de risco e proteção, e o fator desencadeante da tentativa (fator principal); Durante a abordagem deverá tentar formar vínculo com o tentante, ouvindoo atentamente. DO ABORDADOR É primordial que o Comandante tenha acesso visual da abordagem técnica e contato via rádio com a equipe da abordagem tática. Verificar todas as equipes, viatura e meios de apoio; O comandante então se desloca junto com o abordador e o abordador auxiliar ao encontro do tentante; O abordador deverá ter realizado o curso de Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio ou ter conhecimentos nesta área. Ser atencioso, observador, respeitoso, calmo, eloquente, comunicativo, que ouça com atenção e paciência e que não julgue o tentante; ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 41 A equipe de abordagem tática deverá ser composta por abordadores com qualificações específicas para cada método, como, por exemplo, no caso de precipitação, todos abordadores que atuarão, deverão ser especialistas em salvamento em altura; Deverá ser chefiada por um oficial ou graduado, estando este sempre em contato com o comandante passando as novidades e a condição do pronto emprego; DO SEGURANÇA A coleta de informações deverá ser realizada por um abordador ou equipe especifica para tal, devendo levar em conta a importância de se utilizar mais de uma fonte e a todo o momento alimentar o comandante com as informações adquiridas na coleta. Somente será acionada pelo comandante da ocorrência e com voz de comando previamente estipulada. DA EQUIPE DE ABORDAGEM TÁTICA Em caso de qualquer ação que afete as condições de segurança dos abordadores da ocorrência, o responsável pela segurança deverá informar o Comandante para providências imediatas. DA EQUIPE RESPONSÁVEL PELA COLETA DE INFORMAÇÕES O responsável pela segurança deverá fiscalizar todas as ações a respeito da segurança pessoal de cada abordador, verificando a utilização de EPI, as medidas de segurança, as condições do local da emergência, a mitigação de riscos, as probabilidades de possíveis danos a guarnição e verificar e estipular a rota de fuga; Deverá ser uma equipe treinada e capacitada para tal ação; PROVIDÊNCIAS PARA ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS Através destas informações o comandante da emergência poderá traçar seu plano de ação, adotar medidas de segurança no local para a equipe de serviço e para terceiros e então neutralizar ou minimizar os riscos. É muito importante a rápida identificação do método escolhido pelo tentante para a tentativa do suicídio, quer seja solicitando maiores informações ao COBOM durante o caminho para a ocorrência, quer seja através de rápida análise e levantamento de informações no próprio local da ocorrência. A gravidade da tentativa relacionase com a "potencialidade autodestrutiva" do método utilizado. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO42 1) OCORRÊNCIA COM ARMA BRANCA • Caso o tentante reaja ou forneça condições reais de ferir os abordadores, a equipe de abordagem tática deverá acionar o esguicho em direção ao tentante a fim de neutralizálo e retirar a arma branca. • Acionar o policiamento para apoio na segurança dos abordadores e da cena em geral; • Neste caso a equipe de abordagem tática atua junto com a equipe de abordagem técnica, a fim de protegêla;• É necessária uma equipe de Suporte Avançado e uma equipe de Suporte Básico em condições de pronto emprego; • De preferência, o abordador deve permanecer protegido por um anteparo, formando um obstáculo entre o tentante e ele para que atue em segurança; • Estabelecer a rota de fuga antes da abordagem técnica;• A abordagem tática deverá ser realizada com mangueira de 2 ½ ” pressurizada a no mínimo 80 PSI; • Equiparse com EPI de incêndio para maior segurança; 2) PRECIPITAÇÃO • Em caso de acionamento da abordagem tática, dois bombeiros realizam o “Rapel tático” em direção ao tentante com finalidade de tirálo da zona de risco. • O comandante deverá indicar qual será o melhor meio de abordagem tática (exemplo: rapel tático) e de qual local será a saída da ação;• O mais qualificado da equipe tática deverá verificar qual será o melhor tipo de ancoragem (exemplo: ancoragem simples ou humana);• Quando a equipe tática estiver em condições de pronto emprego deverá informar o Comandante para que então se inicie a abordagem técnica; • Equiparse com EPI de salvamento em altura; • É necessária uma equipe de Suporte Avançado e uma equipe de Suporte Básico em condições de pronto emprego; 3) OCORRÊNCIA ENVOLVENDO EXPLOSIVOS, GASES ELÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS• Equiparse com EPI de incêndio completo;• Desligar energia elétrica;• Eliminar possíveis fontes de ignição;• Determinar raio de isolamento seguro aos populares;• Realizar o máximo de aberturas possíveis, auxiliando a ventilação natural;• Estabelecer a rota de fuga antes da abordagem técnica; ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 43 • Caso o tentante reaja ou forneça condições reais de ferir os abordadores, a equipe de abordagem tática deverá acionar o esguicho em direção ao tentante a fim de neutralizálo e retirar a fonte de combustão;• Retirada de material combustível do local; • Neste caso a equipe de abordagem tática atua junto com a equipe de abordagem técnica, a fim de protegêla;• É necessária uma equipe de Suporte Avançado e uma equipe de Suporte Básico em condiçõesde pronto emprego; • A abordagem tática deverá, se necessário, ser realizada com mangueira de 2 ½ “ pressurizada a no mínimo 80 PSI. • Acionamento de viatura de apoio para controle de curiosos e multidões.4) ENFORCAMENTO• Equiparse com EPI de Salvamento, faca ou outro equipamento cortante e escada que alcance o local de possível queda do tentante;• Na ação tática deverá ser previsto anteparo para suportar o peso do tentante até que a corda seja cortada;• A equipe de ação tática ficará à retaguarda da equipe de abordagem técnica, verificando qual é o meio mais rápido e eficaz de chegar ao tentante no caso de acionamento;• É necessária uma equipe de Suporte Avançado e uma equipe de Suporte Básico em condições de pronto emprego.5) SUBIDA EM TORRE TRELIÇADA • O abordador auxiliar irá com o sistema de salvamento pronto debrear o tentante e auxiliar na abordagem. • Equiparse com EPI e materiais de Salvamento em Altura (triângulo de salvamento, cordas, fitas tubulares, mosquetões, polias, talabartes); • Para a abordagem técnica deverão subir dois bombeiros abordadores especialistas em salvamento em altura;• O abordador acessará a vítima o mais rápido possível para iniciar a abordagem técnica; • É necessária uma equipe de Suporte Avançado e uma equipe de Suporte Básico em condições de pronto emprego;• Acionar equipes de apoio para controle de curiosos e multidões; • Em caso de torres de alta tensão, acionar equipe especializada da concessionária para corte de fornecimento de energia e aterramento, antes de realizar a subida; ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO44 6) OCORRÊNCIA COM ARMA DE FOGO • Esta é uma ocorrência peculiar, na qual a abordagem técnica direta ao tentante não será realizada pelo Serviço de Atendimento PréHospitalar, mas sim pelo Policiamento de Área e/ou Grupo de Ações Táticas Especiais. • Ao Serviço de Resgate caberá apenas o apoio com o Suporte Básico de Vida em caso de ferimentos ou lesões por arma de fogo, permanecendo em um primeiro momento na área fria.OUTRAS PROVIDÊNCIAS Controlar acesso de outros órgãos e autoridades que estejam sem o E.P.I. adequado ou que não tenham ligação direta com a emergência; Afastar objetos que possam ser utilizados pelo tentante, como armas;Em pontes, posicionar uma embarcação no rio, próximo ao local onde o tentante possa se jogar;Solicitar à Central de Operações para que entre em contato com o órgão responsável para afastar aeronaves da imprensa do local caso as mesmas estejam prejudicando o desenrolar da emergência. Qualquer outra providência que for julgada necessária para garantir a segurança do tentante e das guarnições em atendimento. ••• •• ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 45 AULA 6 Visando a Inclusão Social de pessoas que possuem deficiências auditivas, instruiremos noções primordiais para a melhor atuação do abordador para com o tentante surdo. LIBRAS ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO46 ABORDAGEM TÉCNICA A TENTANTES SURDOS – LIBRAS O Corpo de Bombeiros, junto a Comissão Nacional de Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio visa a inclusão social de pessoas que possuem deficiências auditivas e para que a atuação do abordador para com o tentante surdo seja eficaz, traremos breves conceitos que o auxiliarão na comunicação. Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais. Um conjunto de formas gestuais, utilizado por deficientes auditivos para comunicação entre eles e outras pessoas, sejam elas surdas ou não. • Semântico (significado). LIBRAS possui uma estrutura gramatical própria, Considerase LIBRAS uma língua por possuir todos os níveis linguísticos: E o que vai diferenciar essa língua das demais é a sua modalidade visualespacial, pois o que denominamos de palavra na língua oralauditiva, em LIBRAS é representado pelos sinais. • Sintático (função na frase); • Morfológicos (forma); A Língua de Sinais não é universal. CONCEITO CONTEXTO HISTÓRICO O Criador da língua de sinais foi o abade francês CharlesMichel. Ela ganhou espaço quando o Conde aceitou o convite de D. Pedro II para fundar a primeira escola para meninos surdos primeiramente chamada Imperial Instituto de Surdos Mudos, atual INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos). Na metade do século XVIII, ele desenvolveu um sistema de sinais para alfabetizar crianças surdas que serviu de base para o método usado até hoje. Na época, as crianças com deficiências auditivas e na fala não eram alfabetizadas. O abade fundou, em 1755, a primeira escola para surdos, ensinando o alfabeto a seus alunos com gestos manuais descrevendo letra por letra. Esse método foi, então, aperfeiçoado ao longo dos séculos nos vários países onde foi adotado. “Em 1856, o conde francês Ernest Huet, que era surdo, trouxe ao Brasil a língua de sinais francesa”. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 47 Fonte: Di vulgação A partir da fundação da escola, os surdos brasileiros puderam então criar a Língua Brasileira de Sinais, que se originou da Língua de Sinais Francesa e das formas de comunicação já utilizadas pelos surdos de vários locais do país. Essa conquista se somou a outras mais atuais, que sempre passaram pelo campo da legislação. Nos últimos anos, não foram poucas as leis e recomendações que buscaram regulamentar aspectos da língua de sinais para propagar o seu uso e garantir direitos à comunidade surda: Mesmo com todos esses avanços, a Libras ainda é pouco conhecida e usada entre os ouvintes. Seu status de língua oficial não é validado na prática. Para mudar essa realidade precisamos tratar a Língua Brasileira de Sinais como realmente nossa, defendendoa e procurando aprender mais sobre ela. 2004: Lei que determina o uso de recursos visuais e legendas nas propagandas oficiais do governo;2008: Instituído o Dia Nacional do Surdo, comemorando em 26 de Setembro, considerado o mês dos surdos;2010: Foi regulamentada a profissão de Tradutor e Intérprete de Libras;2015: Publicação da Lei Brasileira de Inclusão (ou Estatuto da Pessoa com Deficiência), que trata da acessibilidade em áreas como educação, saúde, lazer, cultura, trabalho, etc.;2016: Anatel publica resolução com as regras para o atendimento das pessoas com deficiência por parte das empresas de telecomunicações. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO48 Inclusão no momento de crise: “Segundo dados do IBGE, cerca de 2,6 milhões de pessoas no país, são surdas e possuem (por causa dessa surdez) algum tipo de dificuldade de interação no seu meio. Preocupados com essa situação, o Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, adotou em seu curso de Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio, aulas básicas de Libras, fazendo com que se essas pessoas tentarem o suicídio, possam ser abordadas também de uma forma humanizada. O Corpo de Bombeiros também está engajado na causa dos surdos de todo o Brasil.” (MUNHOZ, 2019) LIBRAS NA ABORDAGEM TÉCNICA A utilização de Libras na Abordagem, incentiva o aproveitamento adquirido no curso ao profissional, promovendo a aquisição de uma nova Língua ao mesmo tempo. Além de se tornar uma referência deste tema, na respectiva unidade, pratica a habilidade de se expressar para atender empaticamente a todos que necessitam e inclusive ouvintes. (Filipe Macedo)“Faço de minhas mãos boca para que seus olhos possam me ouvir” ALFABETO DE LIBRAS ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 49 Fonte:wreducacional.com.br Fonte: cursodelibras.org PRINCIPAIS EXPRESSÕES“Oi, você é surdo?”“Você sabe Libras?”“Vou chamar um intérprete?”“Eu falo um pouco de Libras”“Estou preocupado com você”“É importante você falar o que sente, desabafa, pode falar”“Calma, eu espero você falar”“Podemos ir juntos ao hospital?”“Posso me aproximar de você?”“Sei que sua dor é verdadeira”“Sua vida é muito importante”“Te dou meu apoio, vamos ao hospital” ALFABETO NUMÉRICO DE LIBRAS 1 2 34 0 1 2 3 45 6 7 8 9 1 2 3 4 5 6 7 8 9 A B C ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO50 Fonte: cu rsodelibra s.org MINOIS, Georges. História do Suicídio São Paulo, Unesp, 2018.MUNHOZ. Diógenes Martins. Proposta de Capacitação ao Efetivo do Corpo de Bombeiros para o Atendimento a Ocorrências de Tentativas de Suicídio. Monografia do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, 2016. 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É composta pela avaliação inicial e pela avaliação de riscos.Avaliação inicial constituise do levantamento de todas as informações necessárias para a tomada de decisão em uma emergência e da análise do cenário inicial encontrado. Iniciase com o despacho da emergência e o recebimento das informações iniciais pelo Centro de Comunicações. Para os efeitos didáticos consideramse os seguintes conceitos e definições:Abordador é o profissional com capacitação adquirida nos cursos de especialização em Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio ou em treinamento semelhante a esse, desde que reconhecido oficialmente pela CONATTS.Abordador auxiliar é o profissional com capacitação adquirida nos cursos de especialização em Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio ou em treinamento semelhante a esse, desde que reconhecido oficialmente pela CONATTS. Sua função é a de acompanhar o abordador em todas as ações durante o atendimento da ocorrência, servindo assim, como reserva (backup), caso haja a necessidade de substituílo ou mesmo servir como segurança do Abordador.Abordagem de Dissuasão é a atuação desejada do abordador para com o tentante, pautada na verdade e na busca pelo vínculo, de forma humanizada, coerente e respeitosa, com o intuito de descobrir os fatores de risco e de proteção, e utilizálos de forma acertada, de modo a conduzir o tentante a desistir da ideia do suicídio.Abordagem Tática é a abordagem de contenção do tentante, por equipe de militares do Corpo de Bombeiros, realizada nas ocasiões em que a Abordagem de Dissuasão se torne contraindicada ou ineficaz. Avaliação de riscos constituise da avaliação de todos os riscos envolvidos no cenário da emergência, com objetivo de neutralizálos ou minimizálos. Requer a análise da gravidade, da probabilidade e da exposição de cada risco potencial identificado. Fator de proteção São elementos trazidos durante o transcorrer da Abordagem de dissuasão que servem de apoio ao tentante, gerando memórias afetivas positivas que podem auxiliar na desistência da ideia morte. Ato inseguro é todo comportamento irregular que pode gerar acidentes de trabalho. Normalmente, eles acontecem por falta de atenção ou por comportamentos de risco assumidos durante os atendimentos.Comandante da Emergência é o profissional de maior posto ou graduação, presente no local da emergência, responsável pela gestão de todas as atividades emergenciais, com autoridade e responsabilidade total pela condução das operações.CONATTS Comissão Nacional de Abordagem Técnica a Tentativas de Suicídio.Condições insegurassão os fatores presentes no cenário da emergência que proporcionam riscos à integridade física e/ou à saúde das equipes em atendimento.Controle de perímetro é o estabelecimento do isolamento das áreas de risco e o controle de acesso de pessoas não autorizadas, inclusive de bombeiros e profissionais de saúde sem equipamentos de proteção, ou não requisitados no momento. Engloba o estabelecimento das zonas quente, morna, fria, e de exclusão.Equipe de abordagem tática – é a equipe de abordagem, composta por profissionais com capacitações específicas para atuar com segurança na contenção do tentante, considerando o método de suicídio escolhido, nas ocasiões em que a abordagem técnica se torne contraindicada ou ineficaz. A atuação da equipe de abordagem tática requer, a princípio, o acionamento pelo comandante da emergência por meio de sinal combinado ou voz de comando.Fator de risco São elementos trazidos durante o transcorrer da abordagem de dissuasão que promovem reações contrárias às desejadas pelo abordador e podem provocar nos tentantes atos que estimulam o ato de se matar. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 53 ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO54 Linguagem corporal forma de comunicação nãoverbal que abrange principalmente os gestos, a postura, as expressões faciais, os movimentos dos olhos e os movimentos do corpo humano. A atenção na linguagem corporal do tentante permite antecipar seus passos, ações e reações.Método de suicídio meio escolhido/utilizado pelo tentante para a consumação do suicídio.Mitigação do risco ato de minimizar os efeitos dos riscos potenciais identificados na avaliação de riscos.Neutralização do risco ato de eliminar os efeitos dos riscos potenciais identificados na avaliação de riscos.Perigo fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à propriedade, meio ambiente, local de trabalho ou a combinação destes.Plano de Ação da Emergênciaé o planejamento operacional específico para a resposta a um incidente. Compreende obrigatoriamente a análise da situação e a definição dos objetivos, das estratégias e dos recursos necessários para a resposta à emergência.Responsável pela segurança é o profissional com a função de auxiliar o comandante da emergência na identificação, minimização ou neutralização dos riscos inerentes a cada emergência. Nos casos de atos inseguros ou ações inseguras deve informar o Comandante para providências imediatas.Risco combinação da probabilidade de ocorrência e da consequência de um determinado evento perigoso. SICOE Sistema de Comando de Operações e Emergências.Sistema de Resgate a Acidentados Sistema estadual composto pelo Corpo de Bombeiros (CBPMESP), o Comando de Aviação da Polícia Militar (CAvPM), e o Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências (GRAU). Tentante pessoa com a intenção de causar a própria morte.Unidade de Serviço (USv) – é a conjugação do efetivo, da viatura e dos equipamentos, devidamente registrados no Sistema de Gerenciamentode Ocorrências.Vínculo é a união, a relação ou a ligação estabelecida entre uma pessoa e outra, no caso entre o abordador e o tentante.Zona quenteé uma área restrita, situada imediatamente ao redor do incidente, que se prolonga até o ponto em que os riscos e seus efeitos nocivos não possam mais afetar as pessoas posicionadas fora dela. Dentro dessa área ocorrerão as ações de controle, sendo permitida apenas a presença de pessoal técnico qualificado, devidamente trajados com equipamentos de proteção individual (EPI) necessários à segurança.Zona morna é uma área demarcada após a zona quente, onde ocorrerão as atividades de descontaminação de pessoas e de equipamentos, triagem, bem como suporte ao pessoal em atuação direta à emergência. Nesta área será permitida somente a permanência de profissionais especializados e devidamente rajados com EPI, os quais darão apoio às ações de controle desenvolvidas dentro da zona quente. Essa área é destinada ao posicionamento de equipamentos que, porventura, poderão ser utilizados na emergência.Zona fria é uma área demarcada após a zona morna, destinada para outras funções de apoio. É o local onde estará o Posto de Comando, a Área de Espera, e toda a logística do atendimento.Zona de exclusão nesta área permanecerão as pessoas e instituições que não possuem qualquer envolvimento direto com a ocorrência, como a imprensa e a comunidade. ABORDAGEM TÉCNICA A TENTATIVAS DE SUICÍDIO 55 Página 1 Página 2 Página 3 Página 4 Página 5 Página 6 Página 7 Página 8 Página 9 Página 10 Página 11 Página 12 Página 13 Página 14 Página 15 Página 16 Página 17 Página 18 Página 19 Página 20 Página 21 Página 22 Página 23 Página 24 Página 25 Página 26 Página 27 Página 28 Página 29 Página 30 Página 31 Página 32 Página 33 Página 34 Página 35 Página 36 Página 37 Página 38 Página 39 Página 40 Página 41 Página 42 Página 43 Página 44 Página 45 Página 46 Página 47 Página 48 Página 49 Página 50 Página 51 Página 52 Página 53 Página 54 Página 55
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