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XXXI SEMANA DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA Tema: SELMAT e o jubileu de ouro do curso: a Licenciatura em Matemática resiste! CADERNO DE RESUMOS Faculdade de Ciências - Câmpus de Bauru Outubro de 2019 CADERNO DE RESUMOS XXXI SEMANA DA LICENCIATURA EM MATEMÁTICA Organizadores: Profa. Dra. Maria Ednéia Martins Salandim Profa. Dra. Adriana Cristina Cherri Nicola Profa. Dra. Cristiane Alexandra Lázaro Profa. Dra. Ivete Maria Baraldi Prof. Associado Rubens de Figueiredo Camargo Profa. Dra. Marisa da Silva Dias Realização: Conselho de Curso de Matemática - Licenciatura Unesp – Câmpus Bauru Semana da Licenciatura em Matemática (31. : 2019 : Bauru) Caderno de resumos [recurso eletrônico] / XXXI Semana de Licenciatura em Matemática, realizada em Bauru, em outubro de 2019 ; Organizadores: Maria Ednéia Martins- Salandim ... [et al.]. - Bauru : Unesp/FC/Departamento de Matemática, 2019 70 p. Disponível em: https://www.fc.unesp.br/#!/departamentos/matematica/semana-da- licenciatura/caderno-de-resumos/ 1.Aritmética. 2. Álgebra. 3. Geometria. 4. Matemática – Formação de professores. 5. Matemática – Estudo e ensino. I. Martins-Salandim, Maria Ednéia. II. Título. COMISSÃO ORGANIZADORA Docentes Profa. Dra. Maria Ednéia Martins Salandim Profa. Dra. Adriana Cristina Cherri Nicola Profa. Dra. Cristiane Alexandra Lázaro Profa. Dra. Ivete Maria Baraldi Prof. Associado Rubens de Figueiredo Camargo Profa. Dra. Marisa da Silva Dias Técnicos-Administrativos Christian Ferreira Oivane Daniel Buso de Lima Danilo Pires Maciel Ivone Reina Barbieri Discentes Micaeli Mendola Theodoro – Presidente da Comissão Discente Ana Laura Penna Diego Pereira Brasil Felipe Lacorte de Souza Gabriela Madalena João Pedro Rodrigues Nonato Leonardo Lima Moraes Letícia Leite Pavanello Luigi Henrique Gomes Braga Luiz Gabriel Pinto Araújo Mariana Teixeira Matheus Marcelino do Nascimento Matheus Ninuma Pereira Matheus Pereira de Melo Paulla Riehl Figueiredo Thiago Martins da Silva COMISSÃO CIENTÍFICA Profa. Dra. Maria Ednéia Martins Salandim Profa. Dra. Adriana Cristina Cherri Nicola Prof. Associado Antonio Roberto Balbo Profa. Dra. Cristiane Alexandra Lázaro Profa. Dra. Ivete Maria Baraldi Prof. Associado Rubens de Figueiredo Camargo Sumário A importância da matemática na aula de física Niomar Bolano Jalhium; Rogério Falasca Alexandrino; Fernanda Cátia Bozelli ............................................ 6 Análise das funções de Wannier de um cristal fotônico unidimensional Helena Borlina Tanaue; Alexys Bruno-Alfonso ........................................................................................... 10 Cálculo de sequentes: um método dedutivo alternativo para o sistema trivalorado I1 Elias Oliveira Vieira dos Santos; Luiz Henrique da Cruz Silvestrini ............................................................. 13 Cálculo fracionário e aplicações Micaeli Mendola Theodoro; Rubens de Figueiredo Camargo ....................................................................... 16 Crenças de autoeficácia docente e atitudes em relação à matemática: um estudo sobre a afetividade em relação à geometria Carla Francieli Rodrigues Vicente; Nelson Antonio Pirola ........................................................................... 19 Elementos para uma história do Curso de Matemática da Unesp Bauru: um olhar para os anos iniciais na Fundação Educacional de Bauru Mariana Cristina Boaretti Cavenaghi Johansen; Maria Ednéia Martins-Salandim ...................................... 22 Esponja de Menger: um fractal em 3D? Patrícia Bertini da Silva; Tatiana Miguel Rodrigues de Souza .................................................................... 25 Instrumentação aeronáutica - a matemática por trás Raul Galhego da Silva; Luis Antonio da Silva Vasconcelos .......................................................................... 28 Investigação e elaboração de didáticas da matemática na perspectiva da diversidade envolvendo problemas ampliados Luis Fernando Affonso Fernandes da Cunha; Mara Sueli Simão Moraes; Emília de Mendonça Rosa Marques; Antonio Roberto Balbo .............................................................................................................................. 31 Matemática, arte e tecnologia: interdisciplinaridade, complementariedade e cooperação Matheus Ninuma Pereira; Emília de Mendonça Rosa Marques ................................................................... 34 Método evolução diferencial aplicado ao problema de despacho econômico com ponto de carregamento de válvula João Vitor Dias; Edméa Cássia Baptista ..................................................................................................... 36 Método heurístico para o problema de corte de estoque unidimensional com sobras aproveitáveis Letícia Leite Pavanello; Adriana Cristina Cherri ......................................................................................... 39 O porquê da modelagem fracionária e a influência da função de Mittag-Leffler Vitor Henrique Lopes Gusson; Rubens de Figueiredo Camargo..................................................................... 42 O uso do operador lógico deôntico de proibição em um contexto prático para alunos do ensino médio e recém-egressos Alexandre Morelli Alves de Oliveira; Luiz Henrique da Cruz Silvestrini ....................................................... 45 Otimização multiobjetivo: técnicas de solução e aplicações João Rafael Parolim de Luca; Matheus Yuichi Yamashiro; Sônia Cristina Poltroniere ................................ 47 Otimização por enxame de partículas aplicada em despacho econômico com funções de custo não convexas Amanda Nerger; Leonardo Nepomuceno .................................................................................................... 50 Pibid Matemática: (re)fazendo o conceito de fração Fernanda Galhani de Souza; Fernanda Postigo Adami; Gabriel Garcia Bortotti; Isadora Cremer Mendonça; Leonardo Lima Moraes; Milena Rodrigues Maciel........................................................................................ 53 Potencialidades do acervo pessoal do professor Ruy Madsen Barbosa para a pesquisa em educação matemática Tamiris Corrêa Luiz; Maria Ednéia Martins-Salandim ............................................................................... 55 Resolução do cubo mágico através de estruturas algébricas Mylena Verona das Neves; Cristiane Alexandra Lázaro ............................................................................... 58 Sistemas dinâmicos caóticos: uma introdução Thiago Martins da Silva; Tatiana Miguel Rodrigues de Souza .................................................................... 61 Um estudo em educação matemática: a comunicação entre o professor de matemática, o professor interlocutor e o aluno surdo Gabriel Torralba; Ivete Maria Baraldi ........................................................................................................ 64 Um estudo sobre o ensino de matemática para alunos com transtorno do espectro autista matriculados no ensino médio Jéssica Knaak da Costa; Ivete Maria Baraldi .............................................................................................. 67 Um tableaux analítico para o sistema S5 Gabriela Stéfany Cirilo; Luiz Henrique da Cruz Silvestrini ......................................................................... 69 A importância da Matemática na aula de Física Niomar Bolano Jalhium UNESP/Bauru, Educação para a Ciência nb.jalhium@unesp.br Rogério Falasca Alexandrino UNESP/Bauru,Educação para a Ciência rogerio.falasca@unesp.br Fernanda Cátia Bozelli UNES/Faculdade de Engenharia/ Departamento de Física e Química fernanda.bozelli@unesp.br . Introdução As utilizações das ferramentas matemáticas nas aulas de Física são de extrema importância para se trabalhar com essa Ciência, uma vez que auxilia na estruturação do pensamento. Mesmo tendo a Matemática como uma linguagem estruturante da Ciência, esta quando estruturada no raciocínio matemático escolar para a compreensão dos fenômenos físicos mostra-se como sendo um obstáculo epistemológico. Percebe-se uma enorme carência nos fundamentos matemáticos, de conhecimentos básicos, tais como, divisão, fração, regra de três, equações, funções, leitura e interpretação de gráfico, pelos alunos na transposição do fenômeno físico para a linguagem matemática. Segundo o Parâmetro Curricular Nacional do Ensino Médio (PCNEM), a maioria dos conteúdos da disciplina de Física, prevista para ser ensinada no Ensino Médio, necessita do desenvolvimento do raciocínio lógico para o seu entendimento, bem como na forma como se ensina e se utiliza da linguagem matemática. Cabe lembrar aqui o papel fundamental da Matemática na construção do conhecimento físico e as práticas comuns da escola em relação às dificuldades dos alunos. Observa-se que em muitos casos se diz que o fracasso na aprendizagem da Física é atribuído à falta de conhecimento em Matemática. Essa visão é parcial, pois há dificuldades inerentes à própria Física que acabam maquiadas, como os conhecimentos prévios dos alunos, que são difíceis de serem trabalhados pelo professor. Além disso, se o aluno não dispõe de determinado instrumento matemático para compreender a Física, ele deverá ser ensinado. Esse problema deve ser resolvido pela escola com a colaboração dos professores das diversas disciplinas e jamais ser considerado como exclusivo da tarefa específica do ensino de Física. Outro equívoco que reforça a falsa dissociação da Matemática na estruturação do conhecimento físico é a forma como se ensina. Na prática, é comum a resolução de problemas utilizando expressões matemáticas dos princípios físicos, sem argumentos que as relacionem aos fenômenos físicos e ao modelo utilizado. Isso se deve em parte ao fato já mencionado de que esses problemas são de tal modo idealizados que podem ser resolvidos com a mera aplicação de fórmulas, bastando ao aluno saber qual expressão usar e substituir os dados presentes no enunciado do problema. Essas práticas não asseguram a competência investigativa, visto que não promovem a reflexão e a construção do conhecimento. Ou seja, dessa forma ensina- se mal e aprende-se pior. (BRASIL, 2006, p. 54) E, conforme Pietrocola (2002) há uma estrutura de pré-requisitos que faz com que os conteúdos presentes nas disciplinas se articulem, e caso não ocorra essa articulação a Física se torna um quebra-cabeça de difícil solução para os alunos. O autor ainda ressalta que, os Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 6 professores de Física gostariam que seus alunos chegassem ao Ensino Médio com os pré- requisitos matemáticos completos. Mas admitir que o problema de aprendizado da Física se remete a falta de domínio da Matemática é uma visão um tanto quanto ingênua, como ressalta o próprio PCNEM (BRASIL, 2006). Pietrocola (2002), também destaca que esta questão, quando avaliada no contexto científico, há necessidade de aprofundar uma análise estrutural do conhecimento físico, para melhor avaliar a linguagem matemática no seu ensino. O fato de atribuir a Matemática como um instrumento da Física é incoerente com a tradição empírico- realista e recebe a ideia espontânea que se tem da linguagem, e a linguagem está ligada com os códigos que apresentamos na comunicação, sendo que a linguagem matemática exprime como os produtos da Física são apresentados como, por exemplo, símbolos, gráficos, equações, ângulos. Ou seja, a matemática, enquanto linguagem empresta sua estruturação para compor os modelos físicos sobre o mundo (PIETROCOLA, 2002). Sendo assim, é por meio da linguagem matemática e de todas as suas regras que as teorias científicas podem representar uma leitura do mundo, ou seja, toda teoria científica é um conjunto de conceitos, cuja estruturação é acima de tudo Matemática. Contudo, como essa articulação entre a linguagem matemática e a Física podem se dar, de forma a promover uma aprendizagem significativa, em que o aluno perceba a relação entre tais conhecimentose de forma menos traumática e mais estruturante como a Ciência deve ser concebida. Nesse sentido, este trabalho procurou, por meio de uma atividade com alunos do segundo ano do Ensino Médio integrado ao Ensino Técnico em Informática, que apresentassem seminários sobre o tema Calorimetria, conteúdo visto na seriação, em que seria analisado como estes estavam avaliando, ou melhor, percebendo a presença da Matemática na estruturação da explicação do fenômeno físico envolvido na Calorimetria. Desenvolvimento da atividade de seminário sobre o conteúdo de Calorimetria: análise e discussão A atividade de ensino de Calorimentria por meio do uso de seminários foi desenvolvida com 40 alunos do segundo ano do Ensino Médio Integrado a Informática de uma Escola Técnica do Centro Paula Souza. Os alunos foram divididos em grupos de 4 alunos formando um total de 10 grupos. Cada grupo teve que organizar um seminário utilizando slides, podendo fazer uso de vídeos, livros, etc. Cada grupo teve um tempo de 20 minutos para a apresentação. Além do seminário, os alunos também entregaram um trabalho escrito sobre o tema. Cabe destacar que este conteúdo não havia sido trabalhado com os alunos, de forma que o uso de seminários foi pensando como forma de iniciar o ensino do conteúdo e, ao mesmo tempo, verificar as dificuldades de explicação e compreensão do conhecimento envolvido. Entre as dificuldades, avaliar como a Matemática se mostrava como obstáculo na leitura do fenômeno físico envolvido. A seguir são apresentados alguns slides que ilustram como os alunos trouxeram a Matemática em suas apresentações. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 7 Pode-se verificar pelo slide que o aluno apresenta a Matemática na Física como estando presente no que tradicionalmente chamamos de “fórmula”. Pode-se ver também que a Matemática aparece sob a forma de gráfico e tabelas que envolvem números com decimais, etc. Ao terem que explicar fazem apenas uma leitura das grandezas físicas como sendo leitura sob a forma como está representado. Ao serem abordados pela professora, que indaga o significado de cada variável, os alunos sentem dificuldades em reconhecer o significado de cada uma, omitindo o sinal da operação matemática envolvida, por exemplo, o sinal de multiplpicação. Falam como “É isso aí que está na fórmula”. A professora indaga sobre como os alunos fariam para saber uma determinada grandeza específica na fórmula, o que requereria do aluno a explicação do uso de conhecimentos de equações algébricas para a solução. Na leitura de gráficos os alunos partem de uma explicação que em primeiro momento é extremamente visual e não conceitual, ou seja, ao verem uma reta que está “subindo” relacionam com a temperatura estar aumentando. Mas não conseguem explicar o que ocorre com o gelo na medida em que a temperatura está aumentando. Ou seja, há uma dificuldade na estrutração das duas linguagens envolvidas. Algumas considerações Foi possível verificar que o desafio do professor vai além do domínio do conhecimento de sua área de atuação, e que mais do que ensinar o conteúdo específico é preciso muita paciência e ao mesmo tempo uma percepção cuidadosa dos obstáculos que estão diante da aprendizagem dos alunos. A estruturação dosconhecimentos em linguagens se torna também um obstáculo para o professor na medida em que este precisa estar lendo a Matemática da forma correta, pois ao ler “Q ma ce t”, o professor está omitindo a construção de sentidos e significados matemáticos reforçando memorizações. Como dizia Freire (1996) o professor também precisa repensar a sua prática. Nesse sentido, na atividade desenvolvida o professor precisou não somente acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos em relação ao uso da Matemática na explicação da Física, mas também como estava mediando essa articulação. O que mais chamou a atenção dos alunos após a utilização dos conteúdos matemáticos, na Física, ao fazerem a análise dos gráficos e equações referente ao diagrama de estado da água, os alunos leram e interpretaram os gráficos e equações, ampliaram e compreenderam a contribuição da linguagem matemática para solucionar os conteúdos de física, permitindo um aprendizado de maneira correta. Agradecimento Ao Centro Paula Souza que, por meio da parceria com a Universidade Estadual Paulista – UNESP. Referências BRASIL. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 135 p. (Orientações curriculares para o ensino médio; volume 2) FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 144 p. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 8 PIETROCOLA, Maurício. A Matemática como estruturante do conhecimento Físico. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianópolis, v. 19, n. 1, p.89-109, ago. 2002. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 9 Análise das funções de Wannier de um cristal fotônico unidimensional Helena Borlina Tanaue UNESP - Bauru helena.tanaue@unesp.br Alexys Bruno-Alfonso UNESP - Bauru alexys.bruno-alfonso@unesp.br Introdução As funções de Bloch e as funções de Wannier servem para descrever ondas que se propagam em meios com propriedades que dependem periodicamente da posição. Neste trabalho, consideramos a propagação de ondas eletromagnéticas num cristal fotônico unidimensional [1] cujo índice de refração varia periodicamente na direção do eixo 𝑧, com período 𝑎. As funções de Bloch, denotadas por ℎ𝑘(𝑧), dependem da posição 𝑧 e do vetor de onda 𝑘, sendo periódicas em 𝑘, com período 2𝜋/𝑎. As funções de Wannier, denotadas por 𝑤𝑛(𝑧), são os coeficientes de Fourier de ℎ𝑘(𝑧). Em aplicações, prefere-se funções de Wannier com decaimento exponencial. Esse decaimento foi verificado por Romano et al. [4], para um cristal com simetria de reflexão. Aqui investigamos um caso em que o cristal carece dessa simetria. Objetivo Calcular e analisar as funções de Wannier de um cristal fotônico, enfatizando o comportamento assintótico delas. Materiais e métodos Consideramos a propagação de ondas monocromáticas na direção do eixo 𝑧, sendo os vetores do campo elétrico e do campo magnético paralelos aos eixos 𝑥 e 𝑦, respectivamente. A coordenada 𝑦 do campo magnético é denotada pela função (complexa) de Bloch, ℎ𝑘(𝑧). Esta satisfaz ℎ𝑘(𝑧 + 𝑎) = exp(𝑖𝑘𝑎) ℎ𝑘(𝑧) e a equação diferencial − 𝑑 𝑑𝑧 1 𝜀(𝑧) 𝑑 𝑑𝑧 ℎ𝑘(𝑧) = ( 𝜔𝑘 𝑐 ) 2 ℎ𝑘(𝑧), (1) em que 𝜀(𝑧) é a permissividade dielétrica (raiz quadrada do índice de refração), 𝜔𝑘 é a frequência angular da onda e 𝑐 é a velocidade da luz no vácuo. Há mais três condições: (i) ℎ𝑘+2𝜋/𝑎(𝑧) = ℎ𝑘(𝑧), (ii) ℎ𝑘 ∗ (𝑧) = ℎ−𝑘(𝑧) e (iii) ∫ |ℎ𝑘(𝑧)| 2 𝑑𝑧 = 1 𝑎 0 . (2) A frequência satisfaz uma equação da forma 𝑅(𝜔𝑘) = cos (𝑘𝑎). Esta tem infinitas soluções e cada uma define uma banda. As funções de Wannier são dadas por ℎ𝑘(𝑧) = ∑ 𝑤𝑛(𝑧) exp (𝑖𝑘𝑛𝑎) 𝑛∈𝑍 (3) e satisfazem 𝑤𝑛(𝑧) = 𝑤0(𝑧 − 𝑛𝑎), sendo que Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 10 𝑤0(𝑧) = 𝑎 2𝜋 ∫ ℎ𝑘(𝑧) 𝑑𝑘 𝜋/𝑎 −𝜋/𝑎 . (4) Apesar de todas as condições, ℎ𝑘(𝑧) fica determinada até um fator da forma exp (𝑖𝜙𝑘), em que 𝜙𝑘 é real e satisfaz 𝜙𝑘+2𝜋/𝑎 = 𝜙𝑘 = −𝜙−𝑘. Otimizamos 𝜙𝑘 de modo que, para a distribuição de probabilidades definida por |𝑤𝑛(𝑧)| 2, a variância da variável 𝑧 seja mínima [2]. A integração em 𝑘 usa interpolações lineares em 1024 subintervalos. A integral em 𝑧 sobre cada intervalo com 𝜀(𝑧) constante é calculada mediante interpolações lineares em 32 subintervalos. Resultados e discussão Os cálculos numéricos são realizados, mediante o software Mathematica, para o cristal fotônico investigado Tang et al. [3]. O cristal carece de simetria de reflexão, como ilustra a Figura 1(a). A Figura 1(b) mostra os gráficos das primeiras cinco bandas de frequência. Estão destacadas as faixas de frequências proibidas (gaps). A Figura 1(c) mostra o gráfico de 𝑅(𝜔). Este permite calcular as bandas e explicar o decaimento das funções de Wannier. Figura 1: (a) Permissividade dielétrica do cristal fotônico. (b) Bandas de frequência e gaps do cristal fotônico. (c) Função 𝑹(𝝎) que determina as bandas de frequência. As setas estão nos extremos relativos. A Figura 2(a) mostra a função de Wannier da primeira banda. A função tende a zero quando 𝑧 tende a ±∞. A Figura 2(b) mostra a mesma função em escala logarítmica. Os máximos locais decaem de forma aproximadamente linear, indicando que a função de Wannier decai na forma 𝑤0(𝑧 ± 𝑛𝑎) ≈ 𝐴± exp (∓𝛼 𝑛), quando 𝑛 é suficientemente grande. Figura 2: Função de Wannier da primeira banda em (a) escala linear e (b) escala logarítmica. A Figura 3(a) mostra os valores de ln|𝑤0(𝑧 + 𝑛𝑎)| como função de 𝑛, com 𝑧 = 2𝑎/3 e 𝑛 positivo. Aos onze pontos com 50 ≤ 𝑛 ≤ 60, foi ajustada uma reta pelo método de mínimos quadrados. O valor do coeficiente no decaimento exponencial é oposto do coeficiente angular dessa reta e obtivemos 𝛼 ≈ 0.398932. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 11 Figura 3: (a) 𝐥𝐧|𝒘𝟎(𝒛 + 𝒏𝒂)|, com 𝒛 = 𝟐𝒂/𝟑, e reta que ajusta os 11 pontos à direita. (b) Valores de 𝐥𝐧 |𝒘𝟎(𝒛 + 𝒏𝒂)/𝒘𝟎(𝒛 + (𝒏 + 𝟏)𝒂)| em função de 𝐥𝐧 (𝟏 + 𝟏/𝒏) e reta que ajusta os 10 pontos à esquerda. O valor obtido para 𝛼 está em bom acordo com a regra obtida mediante teoria das funções de variável complexa [2, 4, 5, 6]. Para a primeira banda, a regra é 𝛼 = arccosh(𝑅1), em que 𝑅1 é o comprimento da primeira seta desenhada na Figura 1(b). Como arccosh(𝑅1) ≈ 0.385168, o erro relativo do valor ajustado de 𝛼 é aproximadamente 3.5%. Para diminuir o erro, poderíamos ajustar a reta para valores de 𝑛 maiores que 60, aumentando o custo computacional. Numa descrição mais completa do comportamento assintótico [2, 6], teríamos 𝑤0(𝑧 + 𝑛𝑎) ≈ 𝐴 exp(−𝛼 𝑛) 𝑛 −3/4. Portanto, ln |𝑤0(𝑧 + 𝑛𝑎)/𝑤0(𝑧 + (𝑛 + 1)𝑎)| ≈ 𝛼 + 0.75 ln (1 + 1/𝑛). Um novo ajuste, para 50 ≤ 𝑛 ≤ 59, fornece 𝛼 ≈ 0.385083, como ilustra a Figura 3(b). Desta vez o erro relativo é de aproximadamente −0.022%. Conclusões Calculamos uma função de Wannier da primeira banda de um cristal fotônico sem simetria de reflexão. Ela decai exponencialmente, como nos cristais simétricos [4]. A descrição mais completa do decaimento leva a um valor mais preciso do coeficiente da exponencial. Agradecimentos Bolsa de Iniciação Científica FAPESP (Processo 2018/11550-5). Referências [1] JOANNOPOULOS, J. D; JOHNSON, S. G.; WINN, J. N.; MEADE, R. D. Photonic crystals: molding the flow of light. 2nd ed. Princeton: Princeton University Press,2008. [2] BRUNO-ALFONSO, A.; NACBAR, D. R. Wannier functions of isolated bands in one- dimensional crystals. Physical Review B, v. 75, p. 115428, 2007. [3] TANG, R.-Y., WU, J.-W.; NAKAMI, B. Investigation of band-gap properties in one- dimensional ternary photonic crystals with a single defect layer. Quantum Electronics, v. 46, p. 640, 2006. [4] ROMANO, M. C.; NACBAR, D. R.; BRUNO-ALFONSO, A. Wannier functions of a one-dimensional photonic crystal with inversion symmetry. Journal of Physics B, v. 43, p. 215403, 2010. [5] KOHN, W. Analytic Properties of Bloch Waves and Wannier Functions. Physical Review, v.115, n. 4, p, 809, 1959. [6] HE, L.; VANDERBILT, D. Exponential decay properties of Wannier functions and related quantities. Physical Review Letters, v. 86, n. 23, p. 5341, 2001. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 12 Cálculo de Sequentes: um método dedutivo alternativo para o sistema trivalorado I1 Elias Oliveira Vieira dos Santos Unesp, Faculdade de Ciências, Matemática elias.ov.santos@unesp.br Luiz Henrique da Cruz Silvestrini Unesp, Faculdade de Ciências, Matemática lh.silvestrini@unesp.br Introdução O cálculo I¹ foi introduzido em 1995 por Sette e Carnielli, sendo um sistema de caráter intuicionista, no mesmo sentido do sistema lógico desenvolvido por Arend Heyting (1898- 1980), o qual surgiu como a lógica subjacente a Matemática Intuicionista, ou construtivista, por exemplo, ¬ ¬A → A não é uma tautologia em I¹. Ademais, o cálculo I¹ é uma lógica trivalorada que, ao contrário da lógica clássica, não admite apenas dois valores de verdade, mas sim três, estes são T, F* e F. Os valores T e F denotam, respectivamente, verdade e falsidade, enquanto que F* pode ser interpretado como “falsidade por falta de evidência positiva”. O ambiente semântico dessa lógica, apresenta apenas um valor distinguido. Carnielli e Lima-Marques (1999) introduziram a semântica da lógica I¹, provando sua corretude e completude com o sistema axiomático, definindo a expressão matricial desta lógica do seguinte modo: I1 = ( {1, ½, 0}, →, ¬, {1} ) Santos e Silvestrini (2018) introduziram a lógica I¹ em sistema de tableaux, denotado por TI1. O qual foram apresentadas cláusulas de fechamento e regras de expansão de tal sistema e provado a equivalência lógica entre I¹ e TI1. O sistema de prova denominado cálculo de sequentes, ou sistema de Gentzen, foi criado em 1935, por Gerhard Gentzen com a intenção de demonstrar o teorema da eliminação do corte (ou Hauptsatz), para que fosse possível provar a consistência da aritmética. Esse sistema, criado por Gentzen como uma extensão de seu sistema de prova de dedução natural, é considerado o sistema mais elegante e flexível para provas de escrita. Objetivos O objetivo de nossa pesquisa é desenvolver um método dedutivo alternativo ao axiomático e ao de tableaux para o sistema I¹, ou seja, introduziremos um sistema de cálculo de sequentes para tal lógica. Estabeleceremos, por meio de teoremas, que toda dedução obtida do sistema axiomático também será deduzida pelo sistema de cálculo de sequentes proposto. Material e Métodos Trata-se de um trabalho teórico, para o qual será desenvolvido um rigoroso e aprofundado estudo dos textos propostos nas Referências. A presente pesquisa visa estabelecer a lógica I¹, apresentada por Sette e Carnielli (1995), por meio do método dedutivo via cálculo de sequentes. Desse modo, será demonstrada a adequação (Corretude e Completude) entre os dois sistemas; além disso, busca-se reconhecer o método de cálculo de sequentes como um método alternativo ao axiomático e por tableaux. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 13 Resultados e Discussão Define-se um sequente por Γ Δ, em que Γ e Δ são conjuntos finitos de fórmulas. Chamamos Γ de antecedente e Δ de consequente. Entendemos um sequente Γ Δ como (A1 ... An) → (B1 ... Bm). As provas no cálculo de sequentes são como árvores invertidas, em que a partir do axioma e através de regras especiais (estruturais ou operacionais), obtemos o sequente desejado. Apresentaremos aqui os axiomas, que são usados sempre ao início das deduções e regras estruturais: Figura 1: Axiomas e regras estruturais Fonte: Os próprios autores Analisando as regras e axiomas do sistema de Gentzen para o cálculo proposicional clássico, buscamos entender seu comportamento, para posteriormente criar nossas regras do cálculo de sequentes para a Lógica I1. Apresentamos um exemplo de prova, o princípio da explosão, A → (A → B). Figura 2: Dedução do princípio de explosão em cálculo de sequentes Fonte: Os próprios autores Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 14 Conclusões Atualmente, o cálculo de sequentes é uma ferramenta importante no desenvolvimento e na apresentação de sistemas lógicos. Em vista disso, em nossa pesquisa pretendemos desenvolver a lógica trivalente e intuicionista I1 numa versão de cálculo de sequentes e provar a sua equivalência dedutiva com a lógica I1, introduzida originalmente em sistema axiomático. Agradecimentos e apoios Agradecemos ao CNPq e à PROPe – Unesp pelo fomento de nossa pesquisa. Referências CARNIELLI, W. A.; LIMA-MARQUES, M. Society semantics for multiple-valued logics. In W.A. Carnielli and I.M.L. D’Ottaviano, editors, Advances in Contemporary Logic and Computer Science, volume 235 of Contemporary Mathematics Series, pp. 33-52. American Mathematical Society, 1999. GENTZEN, G. The collected papers of Gerhard Gentzen. Editor M. E. Szabo. Amsterdam: North-Holland Publishing Company, 1969. SANTOS, E. O. V.; SILVESTRINI, L. H. C. Regras de expansao do sistema TI1 para uma logica intuicionista In: XXX Semana da Licenciatura em Matemática (SELMAT), 2018. SETTE, A. M.; CARNIELLI, W. A. Maximal Weakly-intuicionistic logics, Studia Logica 55, 1995, pp. 181-203. SCHWICHTENBERG, H.; TROELSTRA, A. S. Basic proof theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. SMULLYAN, R. M. First-order logic. New York: Springer-Verlag / Dover Publication, 1968. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 15 Cálculo fracionário e aplicações Micaeli Mendola Theodoro Unesp, Faculdade de Ciências, Licenciatura em Matemática. micaelitheodoro@gmail.com Rubens de Figueiredo Camargo Unesp, Faculdade de Ciências, Departamamento de Matemática. rubens.camargo@unesp.br Introdução Apesar do, assim chamado, Cálculo Fracionário (CF) ter alcançado maior notoriedade entre o século XX e XXI por conta da sua aplicabilidade e aperfeiçoamento de alguns modelos matemáticos, o nascimento do CF, curiosamente, tem data exata, 30 de setembro de 1695 em uma carta de Leibniz endereçada a l'Hôpital questionando como generalizaríamos o conceito de derivada inteira para uma ordem arbitrária, l'Hôpital respondeu com uma outra pergunta, no caso particular da derivada de ordem meio. “Em uma audaciosa e profética resposta, Leibniz apresenta o resultado e afirma: isto é, aparentemente, um paradoxo que um dia vai gerar várias consequências importantes.” A partir dessa troca de correpondências consideramos o início do CF, ou cálculo de ordem- arbitrária. Acredita-se que Leibniz foi o primeiro estudioso a buscar definições de derivada de ordem não-inteira, trocando a ordem 𝑛, um número inteiro positivo por 𝑞 um número racional. Ao longo da história, grandes matemáticos deram suas contribuições para o desenvolvimento do Cálculo Fracionário e atualmente tem se mostrado uma grande ferramenta para resolver problemas relacionados à matemática aplicada [2]. No Cálculo Clássico quando estamos elaborando uma Equação Diferencial Ordinária (EDO) ou umsistema de EDO sempre fazemos algumas considerações, por exemplo, no modelo clássico Lotka-Volterra (Predador-presa) nós assumimos que a presa possui alimentos em abundância e o predador possui como único alimento a presa, o que na realidade pode não acontecer desta forma. O Cálculo Fracionário vem como uma alternativa para refinar esses modelos. Modelagem Fracionária O primeiro modelo analisado foi a Equação de Malthus que é a base para a análise do crescimento populacional propõe que a população cresce proporcional a ela mesma: 𝑑𝑃(𝑡) 𝑑𝑡 = 𝑘𝑃(𝑡). Ao fazermos a generalização fracionária da Equação de Malthus alteramos a ordem da derivada que é 1 para 𝛼, onde 0 < 𝛼 ≤ 1, e fazendo a correção da unidade de medida de , temos: 𝑑𝛼𝑃(𝑡) 𝑑𝑡𝛼 = 𝑘𝛼𝑃(𝑡). Utilizando a Metodologia das Transformadas Integrais, nós aplicamos a Transformada de Laplace e depois a Transformada de Laplace Inversa para encontrar a solução da equação. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 16 𝑃(𝑡) = 𝑃(0)𝐸𝛼((𝑘𝑡) 𝛼). Figura 1: Gráficos da Equação Fracionária de Malthus tomando 𝒌 = 𝟎. 𝟕 e 𝒌 = 𝟏. 𝟐, respectivamente. Agora analisando outro problema de modelagem o Movimento Harmônico Simples do Pêndulo, que consiste em um corpo (massa) suspenso, preso por uma corda. Figura 2: Representação gráfica de um pêndulo com as forças atuantes, retirada de [1]. Contabilizando as forças representadas na Figura 2 obtemos a seguinte Equação Diferencial Ordinária, considerando 𝜃 ≃ 0, isto é, 𝜃suficientemente pequeno e chamando de 𝑥 sua posição horizontal: 𝑚 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 + 𝑚𝑔 𝐿 𝑥 = 0. Transformando a Equação do MHS clássica na sua generalização fracionária, tomando 𝜔 = √ 𝑔 𝐿 , temos: 𝑑𝛼𝑥 𝑑𝑡𝛼 + 𝜔2𝛼𝑥 = 0, onde 1 < 𝛼 ≤ 2. Resolvendo a Equação Clássica e Fracionária por meio da metodologia das transformadas integrais, mencionada acima, obtemos, respectivamente as seguintes soluções: 𝑥(𝑡) = 𝑥(0)𝑐𝑜𝑠√ 𝑔 𝐿 𝑡. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 17 𝑥(𝑡) = 𝑥(0)𝐸𝛼 (( 𝑔 𝐿 𝑡) 𝛼 ). Analisamos a nossa solução de acordo com dados reais obtidos em experimento no artigo [1] produzimos esses gráficos: Figura 3: Gráficos das soluções clássica e fracionária do pêndulo, tomando os parâmetros utilizados em [1]. Figura 4: Gráfico produzido por [1]. Podemos inferir que os gráficos da solução fracionária e de [1] tiveram comportamento parecido e nesse caso a modelagem fracionária superou a clássica, principalmente se analisarmos . Agradecimentos Agradecemos à FAPESP pelo apoio financeiro e institucional Processo:2018/13969-3 e ao grupo de pesquisa do CNPq, CF@FC – Cálculo Fracionário e Aplicações, por importantes e profícuas discussões. Referências [1] ARNOLD, F. J. et al. Estudo do amortecimento do pêndulo simples: uma proposta para aplicação em laboratório de ensino. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 33, n. 4, 4311. 2011. [2] CAMARGO, R. F.; OLIVEIRA, E. C. Cálculo fracionário. São Paulo: Livraria da Física, 2015. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 18 Crenças de autoeficácia docente e atitudes em relação à Matemática: um estudo sobre a afetividade em relação à Geometria Carla Francieli Rodrigues Vicente Universidade Estadual Paulista “ Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências,Licenciatura em Matemática carla.francieli29@outlook.com Nelson Antonio Pirola Universidade Estadual Paulista “ Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências, departamento de Educação npirola@uol.com.br Resumo da pesquisa A pesquisa realiza um levantamento teórico dos assuntos a serem tratados, as atitudes em relação ao ensino de Matemática, além de assuntos como atitudes e a família, atitudes e o gênero, com maior ênfase no ensino de Geometria. As crenças de autoeficácia com a Teoria Sócio Cognitiva de Albert Bandura, realizando um breve relato de sua vida e o aprofundamento desta teoria, sua relação com o autoconceito, o parecer de outros autores sobre o assunto e alguns trabalhos realizados nessa área. Há ainda um estudo sobre a Geometria, na história e nos currículos no decorrer do tempo, além de seu ensino e a formação dos professores referente a essa disciplina. Análise dos dados coletados a partir de um questionário aplicado a 81 professores, contendo as escalas de atitudes em relação ao ensino de Geometria e as crenças de autoeficácia docente em relação ao ensino de Geometria. Podendo concluir de maneira quantitativa os tipos de sentimentos que os professores apresentam, sobre suas formações iniciais, o ensino de Matemática e mais especificamente sobre o ensino de Geometria, em que mostram-se inseguros quando se trata incentivar sentimentos positivos em relação a Geometria nos alunos, e até mesmo a segurança em ensiar este conteúdo. Palavra-chave: autoeficácia, atitudes, geometria. Introdução O grupo de Pesquisa em Psicologia da Educação Matemática, GPPEM, do qual o orientador é líder realiza uma investigação maior da qual esta pesquisa faz parte e que conta com a parceria de pesquisadores da Universidade de Lyon, França. O GP realiza, desde março de 2018, um estudo sobre a afetividade relacionada às atitudes e crenças de autoeficácia apresentadas por professores que ensinam Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As atitudes em relação à Matemática têm sido investigadas por vários pesquisadores, sendo que Brito (1996)1, foi quem alavancou os estudos desse tema no Brasil. De acordo com essa pesquisadora, de modo geral, as atitudes são predisposições positivas ou negativas para a realização de uma atividade Matemática. A teoria das crenças de autoeficácia foi desenvolvida por Bandura (1997)2. Segundo esse autor, essas crenças dizem respeito ao julgamento que as pessoas fazem das próprias capacidades para realizar determinadas tarefas. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 19 Objetivos Esta pesquisa tem como objetivo estudar a afetividade dos professores quanto o ensino de Matemática, mais especificamente sobre o ensino de Geometria, estudando assim as crenças de autoeficácia e as atitudes que professores dos anos inicais do ensino Fundamental apresentam, analisando também a formação inicial que receberam. Material e método O material utlizado, posterior a um levantamento teório sobre os conteúdos foi o banco de dados do Grupo de Pesquisa em Psicologia de Educação Matemática (GPPEM/UNESP) que teve a participação de 81 professores. Desta forma foram utlizados os questionários e as escalas de atitudes em relação à Geometria e escala de autoeficácia em relação ao ensino de Geometria. Resultados e discussão Quanto às atitudes em relação ao ensino de Geometria, aproximadamente 10,6% dos professores concordaram com as afirmações que tratavam de insegurança, inquietude, dentre outros sentimentos aversivos relacionados ao ensino de Geometria. Há também afirmações que expressavam sentimentos positivos, sendo que 69,93% dos professores disseram concordar com afirmações que remetiam à segurança em ensinar, à diversão, dentre outros sentimentos favoráveis em relação ao ensino de Geometria. Quanto às crenças de autoeficácia em relação ao ensino de Geometria, ao se tratar da segurança dos professores, 78,82% mostraram-se seguros sobre o uso de algumas práticas de ensino de Geometria em sala de aula, acreditando sentir-se capaz de desenvolver nos alunos sentimentos positivos para a aprendizagem de Geometria. Referente à formação inicial dos participantes, a análise dos dados mostrou que aproximadamente 69,3% dos professores demonstraram estar satisfeitos com aformação que recebeu. Os resultados evidenciados nesse estudo estão de acordo com aqueles obtidos por Brito (1996) e por outros trabalhos desenvolvidos no GPPEM/UNESP. O alfa de Cronbach encontrado para a validação da escala de autoeficácia foi de 0,921, sendo considerado excelente, o que mostra que o instrumento utilizado possui boa consistência interna. A insegurança em ensinar geometria também foi encontrada em trabalhos desenvolvidos pelo GPPEM, entretanto, esta pesquisa avança em relação às outras no sentido de se utilizar um referencial teórico e instrumentos mais consistente sobre as crenças de autoeficácia docente. Conclusões É possível observar que ao serem indagados sobre seus sentimentos e seguranças, aproximadamente 69,3% dos professores mostrou-se positivamente satisfeitos tanto com suas formações iniciais quanto com a segurança de desenvolver nos alunos os sentimentos positivos em relação ao ensino de Geometria. Entretanto, é necessário também notar que, mesmo em menor quantidade, há professores que não se sentem seguros em ensinar e desenvolver nos alunos os sentimentos positivos quanto à Geometria, além de estarem insatisfeitos com a formação acadêmica que receberam. Espera-se que os programas de formação continuada de Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 20 professores possam abordar não só os conteúdos de Geometria, mas também diferentes formas de se desenvolver atitudes positivas e boas crenças de autoeficácia em relação a essa parte da Matemática. Agradecimentos Ao professor doutor Nelson Antônio Pirola pela orientação nesta pesquisa. Ao CNPq pela bolsa concedida para a realização da pesquisa. Bibliografia 1 BRITO, M. R. F. Um estudo sobre as atitudes em relação à Matemática em estudantes de 1º e 2º graus. Tese (Livre-Docência em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1996. 2 BANDURA, A. Self-efficacy: the exercise of control. New York: W. H. Freeman, 1997. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 21 Elementos para uma história do Curso de Matemática da Unesp Bauru: um olhar para os anos iniciais na Fundação Educacional de Bauru Mariana Cristina Boaretti Cavenaghi Johansen Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, Licenciatura em Matemática maboaretti@gmail.com Maria Ednéia Martins-Salandim Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, Departamento de Matemática maria.edneia@unesp.br Dois mil e dezenove é um marco na história da Licenciatura em Matemática do câmpus de Bauru da Unesp, que celebra o seu jubileu de ouro. Ao longo de seus 50 anos, o curso tem formado professores que ensinam/ensinaram Matemática na Educação Básica e Superior, bem como pesquisadores que atuam em áreas diversas, em especial em Matemática Pura, Matemática Aplicada e Educação Matemática. O objetivo desse artigo é apresentar elementos para uma História da Educação Matemática brasileira, decorrente da pesquisa de iniciação científica desenvolvida por Johansen (2019), cujo objetivo foi fazer um estudo documental dos anos iniciais do curso de Matemática da Unesp de Bauru, cuja origem se deu na Fundação Educacional de Bauru em 1969. Desde sua criação, este curso tem passado por mudanças, permanências e avanços que se refletem nas concepções pedagógicas e de pesquisa de seus egressos. Defendemos que entender essas mudanças significa ampliar as compreensões sobre como têm se dado a formação de professores de Matemática no país. É a isso que alguns pesquisadores do Grupo História Oral e Educação Matemática (GHOEM), do qual fazemos parte, têm direcionado seus esforços: mapear a formação e a atuação de professores que ensinam/ensinaram Matemática no Brasil, no que se constitui um projeto de amplo espectro (GARNICA, 2010). Em relação ao interior do estado de São Paulo, Martins-Salandim e Garnica (2014) tematizaram a expansão de cursos de Licenciatura em Matemática nos anos 1960 e revelam que as motivações para a criação de licenciaturas foram diversas. Em alguns casos, esses cursos surgiram como consequência de uma formação geral, cujos focos eram voltados ao atendimento de necessidades da indústria e do mercado de trabalho. Em outros, buscava-se a constituição de um corpo de matemáticos para atuarem nas instituições de formação superior ou a legalização da prática de indivíduos que já atuavam como professores no ensino básico. Quais, então, teriam sido as demandas para a criação, em 1969, do curso de Licenciatura em Matemática na Fundação Educacional de Bauru (FEB)? A Fundação Educacional de Bauru, criada em 1967 já oferecia o curso de Engenharia Mecânica e outros cursos de tecnologia cujas grades curriculares contemplavam disciplinas de Matemática. A Fundação Educacional de Bauru foi transformada em Universidade de Bauru em 1985, a qual foi encampada pela Unesp em 1988. Apostamos na pesquisa qualitativa e de viés historiográfico para buscar dados que, julgamos, fossem passíveis de clarear nossas incertezas e indagações. Inseridas nestas perspectivas, nos propusemos a estudar, em Iniciação Científica, a criação e a evolução deste curso em seus primeiros anos, a partir de fontes documentais, tendo em vista a inexistência de estudos dessa natureza. Para isso, contamos com o apoio de servidores das Seções Técnicas de Graduação (STG) da Faculdade de Engenharia de Bauru (FEB) e da Faculdade de Ciências (FC), tanto para a localização dos documentos de interesse, como para a obtenção de permissão para consulta e/ou empréstimo dos mesmos. Amparamo-nos em Bacellar (2005) para trabalharmos com nossas fontes, documentos de arquivos institucionais da FEB, da FC e do patrimônio da Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 22 Unesp, sobretudo no que se refere aos cuidados durante o seu manuseio, tendo em vista a preservação de sua integridade e a higiene, a saúde e a proteção das pesquisadoras. Os dados obtidos foram sistematizados em tabelas, que futuramente constituirão um catálogo online. Em relação aos arquivos da FEB, optamos por estudar os programas das disciplinas, considerando o período compreendido entre 1967 e 1970, com o intuito de identificar as disciplinas de Matemática que eram oferecidas nos cursos de Engenharia e de tecnologia e, eventualmente, os professores que as ministravam. Com isso, objetivávamos encontrar elementos que nos ajudassem a responder ao questionamento: o curso de Licenciatura em Matemática foi criado por iniciativa de professores que já ministravam disciplinas de Matemática nos cursos de Engenharia ou de tecnologia existentes? Nossas informações, entretanto, ainda se mostram insuficientes para uma conclusão, uma vez que nem sempre é possível identificar os professores responsáveis pelas disciplinas e não há indicações de equivalências entre disciplinas. Quanto aos arquivos da FC, nos interessaram os programas das disciplinas dos cursos, tendo sido possível consultar e sistematizar os relativos aos cursos Matemática entre 1969 e 1976, de Ciências entre 1969 a 1975 e de Física entre 1969 e 1971. Buscávamos analisar aspectos como o regime (anual ou semestral), o período e o número de créditos em que as disciplinas eram oferecidas; a indicação ou não de bibliografia/texto base e pré-requisitos; e a indicação do departamento e do professor responsáveis pela disciplina. Esses dados nos permitiram identificar algumas mudanças, que consideramos significativas, pelas quais o curso passou, a saber: • Em 1969 o curso foi oferecido em regime anual, passando a ser semestral em 1970 e assim permanecendo até o último ano estudado (1976); • Em 1970, houve a inclusão das disciplinas “Estudo de Problemas Brasileiros I” e “Estudode Problemas Brasileiros II”, respectivamente no 1º e 2º ano, comuns a todos os cursos e legalmente exigidas em virtude do endurecimento da Ditadura Militar; • As disciplinas pedagógicas eram oferecidas nos 3º e 4º anos, sendo elas: Didática Geral (1971-1972) /Didática (1973-1976), Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1º e 2º grau, História da Física, História da Matemática, Prática de Ensino da Física, Prática de Ensino da Matemática e Psicologia Educacional. • Durante o período estudado foram oferecidas disciplinas específicas nos quatro anos do curso, a citar: Cálculo, Cálculo Numérico, Álgebra, Álgebra das Matrizes, Álgebra Moderna, Álgebra Linear, Análise Superior, Fundamentos de Matemática, Topologia, Topologia Geral, Desenho Geométrico, Geometria, Geometria Descritiva, Geometria Superior, Física, Iniciação à Ciência da Computação, Linguagem da Computação, Sistema da Computação, Geometria Analítica, Geometria Analítica e Vetores, Lógica da Matemática, Laboratório de Física/Física Geral, Matemática Financeira, Probabilidade e Estatística e Mecânica Geral; • Até 1973, o curso teve duração de quatro anos. Em 1974 e 1975 foram oferecidas duas disciplinas adicionais: Equações Diferenciais e Teoria dos Grupos (1974) /Teoria de Galois (1975), que conferiam ao curso o caráter de Bacharelado; • Em 1975 houve a inclusão de disciplinas básicas do curso de Ciências, além de disciplinas de prática de ensino de Ciências e de Psicologia da Aprendizagem e da Adolescência, devido à mudança dos cursos de Licenciatura para cursos de Ciências com habilitações. No que se refere ao arquivo do patrimônio da FC, foi necessário “/.../ garimpar os documentos nas condições mais ou menos precárias em que se encontram” (BACELLAR, 2005, p. 45). Quando fazemos nossas as palavras de Bacellar, assumimos precárias as condições tanto de preservação como de identificação dos documentos no arquivo patrimonial da FC, o que particularmente dificultou nossa busca por fontes de dados. Em suma, consultamos pastas de alunos contendo documentos pessoais e livros de termo de colação de grau e de registro de Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 23 licenciados da Faculdade de Ciências da Fundação Educacional de Bauru. Os dados sistematizados dos dois livros de termo de colação de grau consultados indicam que o número de formandos em Licenciatura em Matemática foi: dois em 1972; onze em 1973; dezoito em 1974; quarenta e dois em 1975; vinte e dois em 1976; vinte e oito em 1977 e seis em 1978. Além disso, foram concedidos títulos de Licenciado em Ciências com habilitação em Matemática, sendo um em 1977; um em 1978 e dois em 1979. Embora nossos resultados sejam potenciais para ampliar compreensões sobre a formação de professores de Matemática no Brasil e constituam fontes para pesquisas posteriores em Educação Matemática (de nossa autoria ou de terceiros), eles precisam ser aprofundados e confrontados com outros, oriundos inclusive de outras fontes. Devido às limitações impostas pelo tempo, não foi possível estudar todos os documentos do arquivo do patrimônio e nem aprofundar o estudo quanto aos programas das disciplinas dos cursos da FC. Os termos de colação de grau, por exemplo, são divergentes quanto à especificação do título de licenciados em um mesmo período (licenciados em Matemática e em Ciências com habilitação em Matemática em um mesmo ano, por exemplo) e ao ano de colação de grau (o registrado no termo e o de assinatura). Esses e outros fatores nos impulsionam para a continuidade desse projeto, em nível de mestrado, para que possamos responder às questões que nos provocaram incômodo e a outras que possam ainda surgir. Nossa pretensão nunca foi exaurir esse tema, pelo contrário, nosso intuito era mostrar as potencialidades que o estudo deste curso representa para a Educação Matemática, especificamente no que se refere à formação de professores de Matemática. Nossa pesquisa disparou uma sistematização de documentos, uma compreensão inicial sobre a estruturação desse curso, com destaque para a existência do bacharelado em Matemática durante os anos 1974 e 1975 como complementação à Licenciatura, o que já implica em uma importante contribuição para a história das licenciaturas, modificando o conhecido modelo “3+1” – três anos de bacharelado seguidos de um ano de formação didático-pedagógica – para um modelo “4+1” – quatro anos de licenciatura mais um ano de bacharelado. AGRADECIMENTOS E APOIOS À Reitoria-Unesp, pelo apoio financeiro. REFERÊNCIAS BACELLAR, C. Uso e mau uso dos arquivos. In: BASSANEZI, C. P. (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. GARNICA, A. V. M. Presentificando ausências: a formação e a atuação dos professores de Matemática. In: CUNHA, A. M. de O. (org.). Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente. Belo Horizonte: Autêntica, 2010. p. 555 -569. JOHANSEN, M. C. B. C. Um estudo dos anos iniciais do curso de Matemática da Fundação Educacional/Unesp de Bauru: licenciatura plena, licenciatura com habilitação e bacharelado. Relatório de Iniciação Científica. Departamento de Matemática, Faculdade de Ciência, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Bauru, 2019. MARTINS-SALANDIM, M. E; GARNICA, A. V. M. Um movimento, suas clareiras e desvãos: a expansão das licenciaturas pelo interior paulista e as concepções sobre a formação de professores de matemática. In: GARNICA, A. V. M. (org.). Cartografias contemporâneas: mapeando a formação de professores de matemática no Brasil. Curitiba: Appris, 2014. p. 129-151. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 24 Esponja de Menger: um fractal em 3D? Patrícia Bertini da Silva Unesp Bauru, Faculdade de Ciências, Departamento de Matemática patriciabertini2015@gmail.com Tatiana Miguel Rodrigues de Souza Unesp Bauru, Faculdade de Ciências, Departamento de Matemática tatiana.rodrigues@unesp.br Introdução A natureza em geral é constituída por formas nas quais predominam a irregularidade e o caos. Tentar simplificá-las usando figuras da geometria clássica seria inadequado. A Geometria Fractal, na qual se torna possível o surgimento de objetos com dimensão fracionária, oferece um método para analisar e descrever objetos e formas naturais, contrapondo-se as limitações da Geometria Euclidiana. Esses “objetos” foram denominados fractais por Benöit Mandelbrot, precursor dos estudos da Geometria Fractal. As figuras fractais são geradas a partir de processos iterativos e uma de suas principais características é a autossemelhança, isto é, cada uma de suas partes é semelhante à figura total. Objetivo O objetivo deste trabalho foi estudar a Geometria Fractal e suas diferenças com a Geometria Euclidiana. Neste trabalho, em particular, apresentaremos a Esponja de Menger, calcularemos sua dimensão fractal e mostraremos que esta é diferente da dimensão do cubo na Geometria Euclidiana. Além disso, calcularemos o volume deste fractal, mostrando que este é nulo e que, portanto, não serve para ocupar o espaço. Material e métodos Foram consultados os livros que constam na bibliografia. Também foi usado o software “Geogebra” com o qual foi possível construir computacionalmente o fractal apresentado. Resultados e discussão Inicialmente vamos construir a Esponja de Menger. Considere um cubo e divida cada uma de suas faces em 9 quadrados iguais. Desse modo, o cubo inicial passa a ficar subdividido em 27 cubos menores. Remova o cubo do centro de cada uma das 6 faces e também o cubo central, sobrando assim 20 cubos. Dessa forma, obtém-se o primeiro nível da Esponja de Menger. O segundo nível é caracterizado pela repetição do processo em cada um dos 20 cubos restantes. O limite deste processo depois de um númeroinfinito de iterações forma a Esponja de Menger. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 25 Figura 1: Níveis da Esponja de Menger Figuras retiradas do site https://matemelga.wordpress.com/2015/01/09/la-esponja-de-menger/ Na geometria euclidiana convencionou-se que um ponto tem dimensão zero, uma reta tem dimensão 1, um plano tem dimensão 2 e o espaço tem dimensão 3. A partir desses conceitos analisaremos a dimensão de objetos com autossemelhança, por exemplo, os fractais obtidos por recorrência. Denotando por N o número de partes que o objeto foi dividido e r o fator de redução, ou seja, o valor em que a figura total é multiplicada para se obter cada parte. Assim, a dimensão D de um objeto com autossemelhança satisfaz a seguinte relação: N = 1/rD. Em objetos da geometria euclidiana verifica-se essa relação. Suponhamos um segmento de reta e o dividimos em três partes iguais. Assim, cada parte será 1/3 do segmento inicial. Nesse caso temos N = 3 e r = 1/3. Utilizado a relação acima, temos: 3 = 1/(1/3)¹. Portanto, a dimensão de um segmento é 1, o que é válido na geometria euclidiana, isto é, esse objeto ocupa totalmente o espaço delimitado pela figura inicial. Já no caso de um fractal, ele pode ocupar partes ou ultrapassar esse espaço. A dimensão de um fractal seria o quanto de espaço esse fractal ocupa dentro de onde ele está inserido. Sabemos que N = 1/rD é equivalente à N = (1/r)D, então se aplicarmos logaritmo nos dois lados dessa igualdade temos: log(N) = log (1/r)D ⇒ log(N) = D.log(1/r) ⇒ D = log(N)/log(1/r). Para a Esponja de Menger, sabemos que a cada iteração as arestas são reduzidas à 1/3 da inicial. Além disso, em cada nível do fractal são obtidas 20 partes do anterior. Isto é, r = 1/3 e N = 20. Portanto, temos: D = log 20/log (1/(1/3)) = log 20/log 3 ≈ 2,73. Vamos agora analisar o volume da Esponja de Menger. Seja V o volume do cubo inicial. No primeiro nível do fractal, obtemos 20 cubos com volume V/27, isto é, V1 = V(20/27)¹. No segundo nível, obtemos 20² cubos com volume V/27², isto é, V2 = V(20/27)². Sendo assim, no nível n da Esponja de Menger, Vn = V(20/27) n. Aplicando o limite quando n vai para o infinito, temos que Vn tende a zero, pois 20/27 < 1. Logo, este fractal possui volume nulo. Conclusões Portanto, a dimensão da Esponja de Menger é, aproximadamente, 2,73. Esse valor é um pouco menor que 3, o qual é a dimensão de um cubo, o que mostra que esse fractal não ocupa totalmente o espaço. Além disso, temos que o volume é nulo, logo não seria possível armazenar Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 26 nada, inclusive água. Agradecimentos e apoios Agradecemos ao Departamento de Matemática FC/UNESP. Referências ARITA, A. C. P.; SILVA, F. S. M.; GAMBERA, L. R. A geometria da esponja de Menger. C.Q.D. – Revista Eletrônica Paulista de Matemática, Bauru, v. 2, n. 2, p. 70-77, dez. 2013. BARBOSA, R. Descobrindo a geometria fractal. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. BARNSLEY, M. F. Fractals everywhere, New York: Academic Press Professional, 1993. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 27 Instrumentação aeronáutica - a matemática por trás Raul Galhego da Silva UNESP, Faculdade de Ciencias, Licenciatura em Matemática raulgalhego@gmail.com Luis Antonio da Silva Vasconcelos UNESP, Faculdade de Ciências, Departamamento de Matemática toninho@fc.unesp.br Introdução A fase de desenvolvimento de um avião pode ser dividida em duas etapas: a etapa de projeto e a etapa de testes para certificação. Somente após a certificação o avião pode ser produzido para fins militares ou civis (BOTHE; CRABIE, 1994). A etapa de testes é feita com base em uma instrumentação embarcada nas aeronaves, de forma que os valores das medições durante o teste são gravados através de um sistema de aquisição de dados, responsável por converter o sinal de cada instrumento de medição para um sinal que possa ser lido pelo computador e realizar a gravação desses valores para análises posteriores. Um dos equipamentos utilizados para essas medições é o transdutor (STOLIKER, 2005), um dispositivo que recebe um sinal e o retransmite, independentemente de conversão de energia. Em uma definição mais restrita (e bastante utilizada), é um dispositivo que transforma um tipo de energia em outro, utilizando para isso um elemento sensor. Por exemplo, o sensor pode traduzir informação não elétrica (velocidade, posição, temperatura, pH) em informação elétrica (corrente, tensão, resistência). Um desses sensores é o termopar, um sensor de temperatura que abrange uma faixa de -260 ºC a 1300 ºC. São muito utilizados devido ao seu baixo custo e facilidade de instalação. Consiste em um transdutor composto por dois metais fundidos nas pontas (Ex: Alumel e Cromel), que, quando submetido a uma variação de temperatura, gera uma diferença de potencial na extremidade desses dois fios proporcional a essa variação (GÓES, 2009; REBELO, 2010). A questão é que tais dispositivos geram dados, que, na prática, ainda são convertidos e, com isso, há uma pequena perda de precisão. Neste sentido, analisa-se a possibilidade de tratar este conjunto de dados com outra metodologia, isto é, aproximações numéricas. Objetivos Esse trabalho analisa o conjunto de dados referente as instrumentações na certificação de um avião e avalia se a utilização de aproximações numéricas poderia fornecer resultados próximos aos obtidos por meio das medições com equipamentos utilizados na prática, facilitando a coleta e análise dos mesmos. Materiais e Métodos Até o momento foram realizadas uma série de simulações utilizando o software Isis Proteus com o conjunto de dados referente as medições realizadas em circuitos eletrônicos e também o EXCEL para análise gráfica. Resultados e Discussão As análises preliminares demonstram que, utilizando aproximações polinomiais sobre o Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 28 conjunto de dados, é possível obter resultados semelhantes aos encontrados na literatura, sem uma perda significativa de precisão, demonstrando que os modelos atuais podem ser simplificados e que esta metodologia pode ser empregada. Figura 1: Gráfico de Temperatura x Tensão dos modelos de Termopar gerado no Excel Fonte: Próprio autor Figura 2: Gráfico de Temperatura x Tensão já existente Fonte: Engineering ToolBox, (2001) Conclusões Os resultados obtidos incialmente demonstram que tais medições podem ser simplificadas Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 29 com a utilização das fórmulas encontradas sem perder a eficiência. Agradecimentos e apoios Aos pais e amigos que me apoiaram durante o projeto; Aos Prof. Dr. Luis Antonio da Silva, Prof. Dr. Valter Locci, Prof. Dr. José Carlos Rodrigues, por apresentarem o PIC-ME e pelo incentivo, e ao CNPQ pelo financiamento da pesquisa. Referências BOTHE, H.; CRABIE, R. Basic Principles of Flight Test Instrumentation Engineering. 1 ed; 1994. Vol. 1. GÓES, L. C. S.; SANTANA, I. R.; Efeitos dos Erros Não Modelados da Instrumentação de Ensaios em Voo na Estimação dos Parâmetros Aerodinâmicos de uma Aeronave; VIII Semetro. João Pessoa - PB, 2009. Disponível em: <http://limcserver.dee.ufcg.edu.br/semetro/www/pdf/52122_1.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2018. REBELO, D. R.; Automação, Integração de dados e Intrumentação de um Simulador de Voo. 2010. 57 f. Monografia (Especialização) - Curso de Graduação em Engenharia de Controle e Automação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010. Disponível em: <http://www.coro.cpdee.ufmg.br/publications/diego_rebelo.pdf>.Acesso em: 12 mar. 2018. STOLIKER, F.N.; Flight Test Techniques. Introduction to Flight Test Engineering. 1. ed.; 2005; 456 p. ; Vol 14. Engineering ToolBox, (2001). [online] Disponível em: https://www.engineeringtoolbox.com . Acesso em: 16 ago. 2019. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 30 Investigação e elaboração de didáticas da matemática na perspectiva da diversidade envolvendo problemas ampliados Luis Fernando Affonso Fernandes da Cunha Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Bauru, Faculdade de Ciências, Pós- graduação em Educação para Ciência, e-mail: luis_phipho@hotmail.com Mara Sueli Simão Moraes Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Bauru, Faculdade de Ciências, Departamento de Matemática, e-mail: msmoraes@fc.unesp.br Emília de Mendonça Rosa Marques Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Bauru, Faculdade de Ciências, Departamento de Matemática, e-mail: emilia@fc.unesp.br Antonio Roberto Balbo Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP Bauru, Faculdade de Ciências, Departamento de Matemática, e-mail: antonio.balbo@unesp.br Introdução: problematização e justificativas A Universidade Estadual Paulista (Unesp/FC), por meio do sistema da Universidade Aberta do Brasil (UAB), da Secretaria de Educação Básica (SEB) e do Ministério da Educação (MEC), realizou o Curso de Produção de Material Didático para Diversidade (PMDD) de formação continuada para professores e professoras da rede pública de ensino com intuito de formar concepções didático-pedagógicas e visões críticas de mundo, com intenção de alcançar uma sociedade justa e, portanto, com menos assimetrias sociais (MORAES; REBECHI JUNIOR, 2015). Esse curso de formação continuada resultou na coleção Produção de Material Didático para a Diversidade, com conteúdos que estimulam debates reflexivos sobre temas contemporâneos da diversidade, reflexão sobre os materiais didáticos existentes, produção de recursos didáticos e elaborações de estratégias metodológicas utilizando diferentes linguagens para tratar os temas da diversidade: cidadania, direitos humanos, gênero e relações étnico- raciais. Antes de implementar o curso, o MEC constatou que em nosso país existia (e ainda existe) uma grande escassez de material didático e formação de professores para o trabalho com os temas da diversidade. Assim, mesmo que previsto na Constituição Federal de 1988 a discriminação racial como crime, muitas vezes podemos observar nas escolas manifestações de racismo, discriminação racial e étnica, por parte dos professores, alunos ou da equipe escolar, algumas vezes de forma involuntária ou inconsciente, outras vezes de forma intencional. Basta refletir por um instante e logo recordamos de situações, brincadeiras, piadas ou “ditados” racistas, machistas etc que representam uma forma eufemística de propagação de pré-conceitos. Vencato (2014), que utiliza o termo diferenças no lugar de diversidade, expõe o quão é urgente trabalhar com essas temáticas na escola, já que: Essas exclusões aparecem com frequência nas piadas, risadas e violências físicas e/ou simbólicas e, aos poucos, empurram para fora do espaço da escola todas as pessoas que não se encaixam em certo padrão normativo ou, ao menos, não contemplam em suas performances na vida social a expressão pública desse padrão normativo [...] (VENCATO, 2014, p. 5) Tendo em vista essas preocupações, este trabalho apresenta um recorte da minha pesquisa de doutorado que baseia-se em um dado observado sobre os cursistas concluintes do PMDD. Foram ofertadas 180 vagas distribuídas em três polos de São Paulo (Bálsamo, Franca e Itapevi), Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 31 porém apenas 131 foram preenchidas, sendo que 82 professores concluíram o curso. Para a conclusão do curso PMDD, foi proposto aos professores cursistas que apresentassem um plano de aula para ser trabalhado em sala, com seus alunos, sendo seus resultados mostrados em um Seminário de Avaliação. Esse plano deveria envolver uma das linguagens estudadas no curso (Mídia-Educação, Cinema, Literatura, Jornalismo, Fotografia e Problemas Ampliados), bem como um dos temas da diversidade. Após a apresentação de todos os seminários constatou-se que nenhum trabalho usou os Problemas Ampliados como linguagem e estratégia de ensino da Matemática na perspectiva da diversidade. Na Matemática, a diversidade pode ser trabalhada por meio da resolução de Problemas Ampliados, os quais englobam questionamentos a respeito do tema estruturador, de modo a viabilizar o exercício da análise crítica deste por meio de situações vinculadas à realidade do aluno, contribuindo para a compreensão de diversos fenômenos político-sociais do meio em que está inserido. O tema estruturador dos Problemas Ampliados podem envolver questões da diversidade humana e questionamentos sociopolíticos, sendo que sua resolução não se finda na solução numérica encontrada, usando o instrumento didático-pedagógico para oportunizar reflexões em sala de aula. (o questionamento) para oportunizar reflexões e propostas de ação para a sala de aula (MORAES, 2013). Objetivo geral Nosso trabalho objetiva investigar, por meio de questionários, os motivos pelos quais os professores e as professoras não utilizaram em seu trabalho final do curso PMDD os Problemas Ampliados para ensinar e discutir os conteúdos da Matemática sob a ótica da Diversidade. A partir dos resultados dessa coleta de dados, pretende-se levantar experiências didáticas nacionais e internacionais com o intuito de identificar técnicas, métodos, recursos e materiais que são facilitadores para o trabalho envolvendo a Matemática e a Diversidade, para que se possa elaborar, por fim, uma proposta de atividades didáticas voltadas ao ensino da Matemática na perspectiva da Diversidade, utilizando os Problemas Ampliados. Material e métodos Utiliza-se como metodologia a investigação qualitativa, segundo Bogdan e Biklen (1994): Os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico. As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo, outrossim, formuladas com o objetivo de investigar os fenômenos em toda a sua complexidade e em contexto natural. (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 16). Dentro da concepção qualitativa, que preocupa-se em analisar e “interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano. Fornece análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento etc”. (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 269), essa pesquisa utiliza de procedimentos que se desenvolve em três níveis: exploratório, descritivo e explicativo. De forma geral, a investigação vai se delinear em dois momentos metodológicos distintos: o da pesquisa, ou coleta de dados; e a etapa de análise e interpretação destes dados coletados, formando assim o corpus da pesquisa. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 32 Forma de análise dos resultados Para efetivar a análise dos resultados com a coleta de dados obtida mediante questionários, recorre-se à etapa descritiva e explicativa, de forma sistemática e organizada para garantir rigor científico: A análise de dados é o processo de busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais e de lhe permitir apresentar aos outros aquilo que encontrou. A análise envolve o trabalhocom os dados, a sua organização, divisão em unidade manipuláveis, síntese, procura de padrões, descoberta dos aspectos importantes e do que deve ser aprendido e a decisão sobre o que vai ser transmitido aos outros. (...) A análise de dados leva-o das páginas de descrições vagas até estes produtos finais. (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p. 205). Bardin (2010) nos fornece uma técnica de análise de conteúdo que acontece, basicamente, em de três fases: 1. pré-análise, 2. exploração do material e 3. tratamento dos resultados, inferência e interpretação. A fase de pré-análise visa à organização, compondo-se da análise flutuante, escolha das informações, documentos, considerando hipóteses e objetivos (BARDIN, 2010). A segunda fase remete à aplicação sistemática das decisões tomadas na etapa anterior, com operações que visam à enumeração, por exemplo, das informações do material coletado mediante regras previamente formuladas (BARDIN, 2010). Nesta pesquisa, a proposta é usar da análise categorial. Cada pergunta do questionário pertenceria a uma categoria de investigação da pesquisa. Finalmente, a última fase da análise tem como objetivo apresentar os dados de maneira a se tornarem significativos e válidos, para, a partir daí, poder realizar as inferências e interpretações conforme o desejado. Referências BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2010. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Características da investigação qualitativa. In: Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Porto Editora, 1994. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MORAES, M. S. S. Contribuições das pesquisas na perspectiva da pedagogia histórico- crítica na educação matemática. 2013. 22 f. Tese (Livre-docência) – Faculdade de Ciências, UNESP, Bauru, 2013. MORAES, M. S. S.; REBECHI JUNIOR, A. (org). Produção didática sobre o tema diversidade. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. VENCATO, A. P. A diferença dos outros: discursos sobre diferenças no curso Gênero e Diversidade na Escola da UFSCar. Contemporânea, São Carlos, v. 4, n. 1, p.211-229, jan- jul. 2014. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 33 Matemática, Arte e Tecnologia: interdisciplinaridade, complementariedade e cooperação Matheus Ninuma Pereira Universidade Estadual de São Paulo "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Ciências, Licenciatura em Matemática matheusninuma@gmail.com Emília de Mendonça Rosa Marques Universidade Estadual de São Paulo "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Ciências, Departamento de Matemática emilia.marques@unesp.br Introdução O projeto busca modificar a percepção de estudantes e público em geral em relação a temas matemáticos, mostrando a presença da matemática no cotidiano. Através de exposições de quadros criados com computação gráfica a partir de funções complexas, articulamos o ensino interdisciplinar da matemática com a computação gráfica e a Arte. Os quadros são criados utilizando o software F(C): Funções Complexas, que foi desenvolvido em nosso grupo de pesquisa "Ensino de Ciências e Tecnologia Educacional". Durante as exposições promovemos conversas e palestras sobre as possibilidades do software e do processo de criação dos quadros (Método dos Domínios Coloridos). Ofertamos ainda oficinas em laboratórios de informática para os integrantes efetivos do projeto, para a produção de material gráfico. Objetivos O projeto visa: 1) a integração de saberes entre a equipe do projeto e a comunidade; 2) possibilitar vivências positivas na área de Matemática, apresentando o tema em novos contextos; 3) mudanças significativas na relação de estudantes do EM e público em geral com temas matemáticos; 4) o aumento da percepção dos cidadãos de que a Matemática está presente em sua vida cotidiana; 5) o compartilhamento com a sociedade de parte da produção científica do Grupo de Pesquisa "Ensino de Ciências e Tecnologia Educacional" da FC/Bauru; 6) Promover conversas sobre o tema matemático popularizando os números complexos e suas funções. Material e método O projeto prevê a exposição de quadros, de banners explicativos e disposição para a discussão sobre os objetivos do projeto com o público. Com um acervo de 50 quadros, são feitas seleções para os eventos e feiras, determinada a disposição dos quadros e os participantes do projeto Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 34 ficam a disposição do público para apresentar as obras e também mostrar o intuito do projeto. Em escolas também são ofertadas oficinas com o software. Resultados e discussão O projeto realizou diferentes exposições durante o ano, dessa forma é notório os resultados diante do público que se interessa pela Arte à uma primeira vista e se aprofunda no conteúdo matemático logo em seguida. As exposições foram realizadas em diferentes ambientes, como na Feira de Projetos de Extensão da Unesp/Bauru e no Arraiá Aéreo em Bauru. O projeto também foi apresentado no IMPA/Rio de Janeiro no 1º Encontro Brasileiro de Mulheres Matemáticas e no CNMAC - Congresso Brasileiro de Matemática Aplicada e Computacional. Além disso uma oficina para professores da rede de ensino básico. Conclusões O projeto tem sido exitoso, visto que seus objetivos estão sendo atingidos. Durante as exposições observamos muito interesse nos estudantes participantes, fazendo muitas perguntas e buscando compreender os números complexos e suas funções nesse novo contexto, associado à Arte e à Tecnologia. Porém como o projeto está presente também em eventos, muitas pessoas se surpreender com a Arte e se interessam mais ainda quando percebem que aquela obra é gerada a partir de uma função matemática. Dessa forma percebemos que os objetivos estão sendo alcançados com a desmistificação da Matemática e seus conteúdos. Agradecimentos e apoios À PROEX/Unesp pelo apoio financeiro Referências MARQUES, E. M. R.; SOUZA, A. R.; BREDA, A. M. D. Matemática e Arte: Incursões na interdisciplinaridade. Rematec-Revista de matemática e cultura, v. 7, p. 73-88, 2012. SILVA, E. L.; SOUZA, A. R.; MARQUES, E. M. R. Trabalhando números complexos com software para representações gráficas. 2008. Minicurso apresentado ao I Encontro Regional de Matemática Aplicada e Computacional, São Paulo, 2008. Caderno de resumos da XXXI Semana da Licenciatura em Matemática - Unesp, Bauru/SP, 7 a 11/10/2019 35 Método Evolução Diferencial aplicado ao Problema de Despacho Econômico com Ponto de Carregamento de Válvula João Vitor Dias UNESP, Faculdade de Engenharia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica joao.dias@unesp.br Edméa Cássia Baptista UNESP, Faculdade de Ciências, Departamamento de Matemática edmea.c.baptista@gmail.com Introdução O Problema de Despacho Econômico (PDE) é definido na área de sistemas de energia elétrica e tem por finalidade de se calcular a geração termoelétrica de energia ao menor custo possível, respeitando os limites físicos operacionais do sistema. Do ponto de vista matemático é possível formulá-lo como um problema não-linear e restrito não convexo, quando neste é considerado o ponto de carregamento de válvula, o qual é chamado de Problema de Despacho Econômico com Ponto de Carregamento de Válvula (PDE-PV). Neste trabalho, elegeu-se o método heurístico Evolução Diferencial (Storn & Price) para a resolução do PDE-PV. Um programa computacional foi desenvolvido e testes com o PDE associado aos sistemas elétricos do IEEE serão realizados. O problema foi implementado no software Matlab 2010b para a resolução do PDE-PV contendo 3, 13 e 19 geradores, com base nos dados descritos em Silva (2014). Descrição do problema O modelo de otimização para o PDE-PV pode ser descrito matematicamente
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