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1 
 
2 
 
 
UNESP – UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA 
Faculdade de Ciências e Letras – Araraquara - Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários 
 
 
 
 
 
PROGRAMAÇÃO E CADERNO DE RESUMOS 
 
XIX Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação 
em Estudos Literários da UNESP/Araraquara 
IV Seminário Internacional de Estudos Literários 
IV Workshop do Grupo de Pesquisasem Dramaturgia e 
Cinema (GPDC) 
“O cinema e seus duplos” 
 
 
 
 
18 a 22 de junho de 2018 
 
 
Déborah Garson Cabral 
Leonardo Vicente Vivaldo 
Brunno V. G. Vieira 
 (Orgs.) 
 
 
ISBN: 978-85-8359-055-2 
 
XIX Seminário Araraquara p. 1-102 2018 
 
 
3 
 
XIX SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO 
EM ESTUDOS LITERÁRIOS 
IV SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS LITERÁRIOS 
IV WORKSHOP DO GRUPO DE PESQUISASEM DRAMATURGIA E CINEMA (GPDC) 
“O CINEMA E SEUS DUPLOS” 
 
 
Realização 
Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários 
GPDC - Grupo de Pesquisa em Dramaturgia e Cinema (CNPq) 
 
Comissão Organizadora 
Brunno V. G. Vieira (Coordenador do PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Renata Soares Junqueira (UNESP/Araraquara/GPDC) 
Fabiane Renata Borsato (UNESP/Araraquara/Coordenadora do Projeto Cine Campus) 
Fernanda Barini Camargo (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Déborah Garson Cabral (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Geisa Cristina Semensato (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Leonardo Vicente Vivaldo (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Mariana Veiga Copertino Ferreira da Silva (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
 
Comitê Científico 
Profa. Dra. Ana Portich (UNESP/Marília) 
Prof. Dr. André Luís Gomes (UnB) 
Prof. Dr. António Preto (Escola Superior Artística do Porto – ESAP) 
Profa. Dra. Aparecida de Fátima Bueno (FFLCH/USP) 
Prof. Dr. Carlos Francisco de Morais (Universidade Federal do Triângulo Mineiro/GPDC) 
Profa. Dra. Claudia Barbieri Masseran (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/GPDC) 
Profa. Dra. Flávia Nascimento Falleiros (UNESP/São José do Rio Preto) 
Prof. Dr. Gilberto Figueiredo Martins (UNESP/Assis) 
Profa. Dra. Márcia Regina Rodrigues (pós-doutoranda UNESP/GPDC) 
Profa. Dra. Maria do Rosário Lupi Bello (Universidade Aberta de Portugal) 
Prof. Dr. Mário Fernando Bolognesi (UNESP/Instituto de Artes) 
Profa. Dra. Milca Tscherne (GPDC) 
Prof. Dr. Pedro Maciel Guimarães (UNICAMP) 
Profa. Dra. Silvana Pessôa de Oliveira (UFMG) 
 
Comissão de Trabalho 
Brunno V G. Vieira (Coordenador do PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Renata Soares Junqueira (UNESP/Araraquara/GPDC) 
Fernanda Barini Camargo (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Mariana Veiga Copertino Ferreira da Silva (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Geisa Cristina Semensato (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Déborah Garson Cabral (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Leonardo Vicente Vivaldo (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Carlos Eduardo Monte (PPGEL/UNESP/Araraquara) 
Cristiane Passafaro Guzzi (UNESP/Araraquara/Prof. Letras) 
Jéssica Fabrícia da Silva (Grad./UNESP/Araraquara) 
 
Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários (19. : 2018 : Araraquara, SP) 
 
Programação e Caderno de Resumos da XIX Semana de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em 
Estudos Literários, IV Seminário Internacional de Estudos Literários e IV Workshop do Grupo de Pesquisas em 
Dramaturgia e Cinema “O cinema e seus duplos” / Organizadores Déborah Garson Cabral, Leonardo Vicente 
Vivaldo, Brunno V. G. Vieira; Araraquara, 2018 (Brasil). – Documento eletrônico. - Araraquara : FCL-UNESP, 
2018. – Modo de acesso: <http://fclar.unesp.br/#!/pos-graduacao/stricto-sensu/estudos-literarios/publicacoes/>. 
 
1. Literatura. 2. Literatura -- Estudo e ensino. 3. Cinema. I. Título. II. Seminário Internacional de Estudos 
Literários (4. : 2018 : Araraquara, SP) III. Workshop do Grupo de Pesquisas em Dramaturgia e Cinema (4. : 2018 : 
Araraquara, SP). IV. Cabral, Déborah Garson. V. Vivaldo, Leonardo Vicente. VI. Vieira, Brunno V. G. 
 
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da FCLAr – UNESP. 
4 
 
Prezados participantes, 
 
 Vimos dar as boas vindas a todos os pesquisadores que atenderam ao nosso 
convite para debater o tema “O cinema e seus duplos”, em especial, aos debatedores e a 
nossos pós-graduandos que aceitaram o desafio do diálogo e da troca de ideias sem os 
quais o conhecimento não se efetiva. 
 O cinema é chamado de “sétima arte” porque surgiu depois das seis que o 
antecederam na história das artes: música, teatro, pintura, escultura, arquitetura e 
literatura. Ao longo de toda a sua evolução desde o final do século XIX, o cinema, pelo 
esforço dos seus fautores (realizadores, teóricos e críticos), não tem feito senão variados 
exercícios com a finalidade de libertar-se da tutela das outras artes – sobretudo da 
literatura e do teatro –, propondo-se como linguagem específica que, podendo embora 
beneficiar-se de todas as outras linguagens artísticas (como, aliás, também ocorre com o 
teatro), é capaz de sugerir sentidos com formas próprias, alcançadas com exclusividade 
pelo dispositivo técnico que gera a arte cinematográfica. A técnica que permite o close-
up, por exemplo, oferece ao espectador de cinema o privilégio de ver as imagens (de 
rostos, objetos etc.) com detalhes que ao espectador de teatro não é dado visualizar. 
 Para refletir sobre essas especificidades, concentramos o XIX Seminário de 
Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários, o IV Seminário 
Internacional de Estudos Literários e o IV Workshop do Grupo de Pesquisas em 
Dramaturgia e Cinema numa proposta única: confrontar diferentes exercícios de análise 
fílmica e suscitar, pelo intercâmbio de perspectivas diversas, discussões sobre o cinema 
enquanto linguagem específica que articula, com os seus meios próprios, outras 
linguagens artísticas como a da literatura, a do teatro, a da pintura, a da música, a da 
arquitetura etc. Destaque especial é dado ao cinema de Manoel de Oliveira (1908/2015), 
objeto de pesquisa de vários dos integrantes do GPDC, que propõem um ciclo 
oliveiriano de filmes para estimular o debate sobre o cinema e seus duplos. 
 
Renata Soares Junqueira 
Brunno V. G. Vieira 
p/ Comissão Organizadora 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
PROGRAMAÇÃO GERAL 
 18/06/2018 19/06/2018 20/06/2018 21/06/2018 22/06/2018 
9:00h às 
10:00h 
(Anfiteatro 
B) 
Conferência de 
abertura: 
O Cinema e seus 
Duplos 
Profa. Dra. Maria do 
Rosário Lupi Bello – 
Universidade Aberta, 
Lisboa, Portugal 
Moderador: Prof. 
Dr. Brunno V. G. 
Vieira 
 
Expediente 
suspenso na 
UNESP, na 
parte da 
manhã, 
Of. Circular 
005/2018-
PROPEG 10:00h às 
12:00h 
(Anfiteatro 
B) 
Mesa-Redonda: 
“Literatura, Teatro e 
Cinema” 
 
“O diálogo entre o 
cinema e o teatro no 
Expressionismo 
alemão” 
Prof. Dr. Carlos 
Francisco de Morais 
(UFTM) 
 
“Jogos e Cenas de 
Eduardo Coutinho” – 
Prof. Dr. Gilberto 
Martins (FCL/ 
Assis/UNESP) 
 
Moderador: Prof. 
Dr. Brunno V. G. 
Vieira 
Palestra: “Os 
duplos do cinema 
em A Divina 
Comédia, de 
Manoel de 
Oliveira” 
 
Profa. Dra. Renata 
Soares Junqueira 
– FCL/Araraquara 
 
 
 
Participação: 
Profa Ma. 
.Edimara Lisboa 
(GPDC - USP); 
Profa. Ma. 
Fernanda Barini 
(GPDC - UNESP) 
e Profa. Ma. 
Mariana 
Copertino. 
(GPDC - UNESP) 
Depoimento: 
“Como trabalha 
um conselheiro 
literário? 
Considerações 
sobre o filme A 
Carta” 
 
Jacques Parsi, 
historiador de 
cinema, tradutor 
e conselheiro 
literário de 
Manoel de 
Oliveira 
 
 
Moderadora: 
Profa Ma. 
Mariana 
Copertino 
(GPDC UNESP) 
Palestra: “Das 
servidões do 
amor (sobre 
Party, de Manoel 
de Oliveira)” 
 
Profa. Dra. 
Silvana Pessôa de 
Oliveira – 
FALE/UFMG 
 
 
 
 
 
 
 
 
Moderadora: 
Profa 
Dra.Claudia 
Barbieri 
Intervalo para almoço 
14:00h às 
15:30h 
(Salas 12, 13, 
14 e 15) 
 
Sessões de 
Comunicação 
 
 
 
Sessões de 
Comunicação 
 
 
 
Sessões de 
Comunicação 
 
 
 
Sessões de 
ComunicaçãoSessões de 
Comunicação 
Coffee break 
16:00h às 
17:30h 
(Salas 12, 13, 
14 e 15; Anf 
C e Anf D) 
 
Debates de Projetos 
de Pesquisa 
 
Debates de 
Projetos de 
Pesquisa 
 
Debates de 
Projetos de 
Pesquisa 
 
Debates de 
Projetos de 
Pesquisa 
 
Debates de 
Projetos de 
Pesquisa 
 
17:30h às 
19:30hs 
(Anfiteatro 
B) 
 
Palestra de 
encerramento: 
“O sorriso de 
Ema: 
considerações 
sobre o ator 
oliveiriano” 
Prof. Dr. Pedro 
Maciel Guimarães 
– UNICAMP 
 
Moderadora: 
Profa Dra Márcia 
Rodrigues 
19:30h às 
22:30h 
 
Ciclo de 
Cinema 
Manoel de 
Oliveira 
(Anfiteatro 
D) 
Exibição de filme 
para debate: A Divina 
Comédia (1991) 
 
 
Exibição de filme 
para debate: A 
carta (1999) 
 
 
Exibição de 
filme para 
debate: Party 
(1996) 
 
 
 
Exibição de filme 
para debate: Vale 
Abraão (1993) 
 
 
 
 
6 
 
PROGRAMAÇÃO GERAL 
18/06/2018 – SEGUNDA-FEIRA das 9h às 10h Anf. B 
 
SESSÃO DE ABERTURA 
Prof. Dr. Cláudio Cesar de Paiva (Diretor da FCL/UNESP/Araraquara) 
Profa. Dra. Renata Soares Junqueira (Líder do GPDC-PPGEL/UNESP) 
Prof. Dr. Brunno Vinicius Gonçalves Vieira (Coordenador do PPGEL/UNESP) 
 
 
CONFERÊNCIA DE ABERTURA 
O cinema e seus duplos 
Profa. Dra. Maria do Rosário Lupi Bello – Universidade Aberta, Lisboa, Portugal 
Moderador: Prof. Dr. Brunno V. G. Vieira 
 
 
18/06/2018 – SEGUNDA-FEIRA das 10h às 12h Anf. B 
MESA REDONDA 
Literatura, Teatro e Cinema 
“O diálogo entre o cinema e o teatro no Expressionismo alemão” 
Prof. Dr. Carlos Francisco de Morais (UFTM) 
“Jogos e Cenas de Eduardo Coutinho” – Prof. Dr. Gilberto Martins (FCL/ 
Assis/UNESP) 
Moderador: Prof. Dr. Brunno V. G. Vieira 
 
\ 
 
18/10/2017 – SEGUNDA-FEIRA das 14h às 15h30 
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO 
 
 SC 1. Romance Moderno e Romance Contemporâneo Sala 12 
Coordenador: Gustavo de Mello Sá Carvalho Ribeiro 
 
1. Gustavo de Mello Sá Carvalho Ribeiro: Testemunho da iniquidade: Justiça e 
Direito em Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. (UNESP/ CAPES) 
2. Elisa Domingues Coelho: Entre o Social e o Religioso: o entre-lugar dos 
personagens do romance de 30. (FCLAr/ UNESP) 
3. Naiara Speretta Ghessi: (Des)filiações, orfandades e o papel (trans)formador da 
arte nos romances de Milton Hatoum. (FCLAr/ UNESP) 
4. Pedro Barbosa Rudge Furtado: A perspectiva do EU sobre a visão de mundo do 
outro em O amanuense Belmiro, de Cyro dos Anjos. (FCLAr/ UNESP) 
 
 
7 
 
SC2. Vertentes de crítica literária Sala 13 
Coordenador: André Luiz Alselmi 
 
1. André Luiz Alselmi: “Eu não sou o que escrevo ou sim, mas de muitos jeitos”: os 
diferentes ÉTHE discursivos na correspondência de Caio Fernando Abreu. (Centro 
Universitário Barão de Mauá/ UNESP) 
2. Claudimar Pereira da Silva: O Fogo, a Madressilva e o Rio: uma isotopia do 
poético em O som e a fúria e Enquanto agonizo, de William Faulkner. (FCLAr/ 
UNESP) 
3. Marcelo Branquinho Massucatto Resende: De Orlando a Orlanda: performances 
literárias da transexualidade no século X. (FCLAr/ UNESP) 
4. Marina Venâncio Grandolpho: Machado de Assis e a formação do crítico. (FCLAr/ 
UNESP) 
 
 
SC3. Relações entre Literatura e Cinema Sala 14 
Coordenadora: Deborah Garson Cabral 
 
1. Deborah Garson Cabral: O efeito da névoa na construção do espaço nas obras de 
Umberto Eco e a referência ao Cinema Noir. (FCLAr/UNESP) 
2. Ana Claudia Rodrigues: Borges e Bertolucci: o verso e o anverso na estética 
tradutória. (UNESP) 
3. Juliana Cristina Minaré Pereira: Da literatura para o cinema, uma distorção 
inevitável? (FCLAr/ UNESP) 
4. Manuela Rodrigues Furtado: Os planos de Lulu! (PUCRS) 
 
 
SC4. Gênero e ficção I Sala 15 
Coordenadora: Leila de Almeida Barros 
 
1. Leila de Almeida Barros: A correlação entre maternidade e morte em Enquanto 
agonizo (1930) e Palmeiras selvagens (1939). (FCLAr/UNESP) 
2. Laís Rodrigues Alves Martins: Ficção Pós-moderna: o passado no tempo presente. 
(FCLAr/UNESP)/ 
3. Marcelo Maciel Cerigioli: A representação da mulher nos romances espanhóis 
sobre o pós-guerra. (FCLAr/UNESP) 
4. Vivian Leme Furlan: A liberdade feminina como força criadora: o matrismo na 
ficção de Natália Correia. (FCLAr/UNESP) 
 
 
 
8 
 
18/06/2018 – SEGUNDA-FEIRA das 16h às 17h30 
SESSÕES DE DEBATES 
 
SD1. Abordagens machadianas Sala 12 
Debatedor: Prof. Dr. Jefferson Cano (UNICAMP) 
Mediador: Prof. Dr. Luiz Gonzaga Marchezan 
 
1. Mauro Roberto Dias Miranda (M): A Semana Literária: Machado de Assis e a 
construção da crítica no Brasil. 
 
2. Sandro Ponciano dos Santos (M): As muitas faces da poesia romântica 
machadiana. 
3. Clarissa Navarro Conceição Lima (D): Machado de Assis e Guy de Maupassant, 
dois autores marcados pelo riso torto. 
4. Maylah Esteves (D): Duplo e o fantástico em uma leitura comparada entre 
Machado de Assis e Edgar Allan Poe. 
 
SD2. Literatura norte-americana e inglesa Anf. D 
Debatedora: Profa. Dra. Juliana Pimenta Attie (UNIFAL) – videoconferência 
Mediadora: Profa. Dra. Maria das Graças Gomes Villa da Silva 
 
1. Gabriela Carlos Luz (M): A desarticulação do monomito do herói em Beowulf. 
2. Rosemary Elza Finatti (M): A sacralização do universo feminino na obra O 
despertar, de Kate Chopin. 
3. Gilliale de Souza Jeremias (M): Emily Dickinson e Manuel Bandeira: um diálogo 
entre poetas. 
 
SD3. Vida e literatura Anf. C 
Debatedora: Profa. Dra. Natali F. Costa e Silva (UNIFAL) – videoconferência 
Mediador: Prof. Dr. Aparecido Donizete Rossi 
 
1. Alessandro da Silva (D) - O intelectual e o exílio na ficção de María Rosa Lojo: 
um estudo comparativo dos romances La pasión de los nómades (1994), Finisterra 
(2005), Árbol de família (2010) e Todos éramos hijos (2014). 
2. Luciléa Ferreira Gandra (M): Vozes veladas sob os véus das filhas de Alá. 
 
18/06/2018 – SEGUNDA-FEIRA das 19h30 às 22h30 Anfiteatro D 
FILME 
Exibição do filme para debate: A Divina Comédia (1991) 
 
9 
 
 
19/06/2018 – TERÇA-FEIRA das 10h às 12h Anf.B 
MESA REDONDA 
 
 “Os duplos do cinema em A Divina Comédia, de Manoel de Oliveira” 
Profa. Dra. Renata Soares Junqueira – FCL Araraquara 
Participação: Profa Ma. .Edimara Lisboa (GPDC - USP); Profa. Ma. Fernanda Barini 
(GPDC - UNESP) e Profa. Ma. Mariana Copertino. (GPDC - UNESP) 
 
 
19/06/2018 – TERÇA-FEIRA das 14h às 15h30 
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO 
 
SC5. Literatura brasileira e portuguesa contemporânea Sala 12 
Coordenadora: Rafaella Berto Pucca 
 
1. Rafaella Berto Pucca: Divergentes vozes do passado: dialogismo, polifonia e 
carnavalização na obra romanesca de Moacyr Scliar. (FCLAr/UNESP) 
2. Gabriel Capelossi Ferrone : O bom samba não tem lugar: os espaços e a música 
em Desde que o Samba é Samba, de Paulo Lins. (FCLAr/UNESP) 
3. Gabriela Cristina Borborema Bozzo: A inversão de máximas em Os meus 
sentimentos, de Dulce Maria Cardoso. (FCLAr/UNESP) 
4. Igor Iuri Dimitri Nakamura: Formas e representações do amor em Marçal 
Aquino: uma leitura do romance “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos 
lábios”. (FCLAr/UNESP) 
 
 
SC6. Literatura, cinema e ensino Sala 13 
Coordenador: Efraim Oscar Silva 
 
1. Efraim Oscar Silva: Símbolos e montagem na produção ficcional de Modesto 
Carone. (FCLAr/UNESP). 
2. Ana Carolina Miguel Costa: Literatura na sala de aula: estudo, método e prática 
da leitura do texto literário. (FCLAr/UNESP) 
3. Bruno Darcoleto Malavolta: O último espetáculo da poesia brasileira: a poesia no 
crepúsculo da cultura. (FCLAr/UNESP) 
4. Glenda Verônica Donadio: Do cinema à narrativa: aplicação do conceito de 
montagem em L´Écume des Jours, de Boris Vian. (FCLAr/UNESP) 
 
 
 
10 
 
SC7. Literatura alemã e romance de formação Sala 14 
Coordenador: Naiara Alberti Moreno 
 
1. Naiara Alberti Moreno: A assimilação do conceito de romance de formação pela 
fortuna crítica de Michel Laub. (FCLAr/UNESP)/COORDENADORA 
2. Carina Zanelato Silva: Der Findling e o fracasso da educação iluminista. 
(FCLAr/UNESP) 
3. Daniel Moraes Gregores: O personagem literário Johannes Kreisler e o gênio 
romântico. (FCLAr/UNESP) 
4. José Lucas Zaffani dos Santos: Melancolia e narração. A morte como estímulo à 
escrita em O Náufrago, de Thomas Bernhard. (FCLAr/UNESP) 
 
 
SC8. Linguagem literária e linguagem cinematográfica Sala 15 
Coordenador: Cristiane Passafaro Guzzi 
 
1. Cristiane Passafaro Guzzi: A escrita audiovisual: problematizando o estatuto do 
roteiro. (UNESP/FROfLetras)/ 
2. Douglas de Magalhães Ferreira: Entre palavras e imagens: Casa-Grande, Senzala e 
Cia, roteiro de Joaquim Pedro de Andrade. (FCLAr/UNESP) 
3. Murilo Eduardo dos Reis: Aproximação entre cinema e literatura em Rubem 
Fonseca. (FCLAr/UNESP) 
4. Thaís Gonçalves Dias Porto: Entre o cinema e a literatura: a mudança de 
perspectiva através da intermidialidade em Das Nackte Auge, de Yoko Tawada. 
(FCLAr/UNESP) 
 
 
19/06/2018 – TERÇA-FEIRA das 16h às 17h30 
SESSÕES DE DEBATES DE PROJETOS 
 
SD4. Ressignificações de obras artísticas Sala 12 
Debatedor: Prof. Dr. Márcio Prado (UEM) 
Mediadora: Profa. Dra. Karin Volobuef 
 
1. Ana Claudia Rodrigues (D): Borges e Bertolucci: traduções do tema. 
2. Isabella Gonçalves Vido (D): Uma fruição no desassossego: o sublime e o trágico 
na tragédia de Friedrich Schiller. 
3. Laura Nogueira Pacheco (M): Leitura em tela: a ressignificação do autor frente à 
literatura digital. 
4. Geisa Cristina Semensato (M): De Corisco a Coirana: euforia e disforia no cinema 
épico de Glauber Rocha. 
11 
 
 
SD5. Recepções da Literatura clássica Sala 13 
Debatedor: Prof. Dr. Raimundo Carvalho (UFES) 
Mediador: Prof. Dr. João Batista Toledo Prado 
 
1. Ingrid Moreno Ferreira (M): “Dafne e Apolo” nas Metamorfoses de Ovídio à luz 
da semiótica figurativa. 
2. Isabela Maia Pereira de Jesus (M): Terentianus, De littera, de syllaba, de pedibus: 
estudo crítico e tradução anotada. 
3. Brendon de Alcantara Diogo (M): O trágico na cena contemporânea: montagem, 
recepção e representação da Tragédia Grega no Brasil. 
 
19/06/2018 – TERÇA-FEIRA das 19h30 às 22h30 Anfiteatro D 
FILME 
Exibição do filme para debate: A carta (1999) 
 
 
 
 
20/06/2018 – QUARTA-FEIRA das 10h às 12h Anfiteatro B 
DEPOIMENTO 
“Como trabalha um conselheiro literário? Considerações sobre o filme A carta” 
Jacques Parsi 
(Historiador de cinema, tradutor e conselheiro literário de Manoel de Oliveira) 
Moderadora: Profa Ma. Mariana Copertino (GPDC UNESP) 
 
20/06/2018 – QUARTA-FEIRA das 14h às 15h30 
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO 
 
SC9. O cinema de Manoel de Oliveira Sala 12 
Coordenadora: Elis Crokidakis Castro 
 
1. Elis Crokidakis Castro: A cidade em Manoel de Oliveira e em dois outros clássicos 
diretores de cinema: Walter Ruttman e Fritz Lang. (UNESA/ FACHA) 
2. Edimara Lisboa: O Porto da memória em Manoel de Oliveira. (FFLCH-USP) 
3. Mariana Copertino: “Você é polícia, você é ladrão”: realismo social e humanismo 
crítico em Aniki-Bobó, de Manoel de Oliveira. (FCLAr/ UNESP) 
4. Moisés Henrique Mietto Romão: Francisca e Belle Toujours: considerações sobre 
a eloquência do silêncio nos filmes de Manoel de Oliveira. (FCLAr/ UNESP) 
 
 
12 
 
 
SC10. Pintura, cinema e fotografia Sala 13 
Coordenador: Renan Augusto Ferreira Bolognin 
 
1. Renan Augusto Ferreira Bolognin: Eu não estou lá? Literatura brasileira 
contemporânea, fotografias e alguns resultados parciais. (FCLAr/UNESP) 
2. Clêmie Ferreira Blaud: Um prefácio para o Fausto de Murnau. (FFLCH-USP) 
3. Ivan Amaral: A obra transfigurada: variações visuais de Marie Menken. (ECA-
USP) 
4. Thais Vieira: Olhares de Van Gogh: o pictórico-cinematográfico como forma de 
narrar uma biografia. (FCLAr/UNESP) 
 
 
SC11. Relações entre literatura e cinema II Sala 14 
Coordenador: Vinicius Lucas de Souza 
 
1. Vinicius Lucas de Souza: Jekyl, Hyde e seus irmãos: diálogos entre O Médico e o 
monstro e O médico e a irmã do monstro. (FCLAr/UNESP) 
2. Erivoneide Barros: A Expressividade literária nas aulas de Serguei Eisenstein. 
(IEL/UNICAMP) 
3. Gabriela Bruschini Grecca: Convenções narrativas do romance distópico no filme 
Alphaville, de Jean-Luc Godard. (FCLAr/UNESP) 
4. Stéfano Stainle: Do parágrafo à cena: o sequestro da construção afetiva. 
(FCLAr/UNESP) 
 
SC12. Perspectivas da ficção no século XX Sala 15 
Coordenadora: Profa. Dra. Claudia F. de Campos Mauro 
 
1. Profa. Dra. Claudia F. de Campos Mauro: Os contos de Primo Levi como território 
do fantástico. (FCLAr/UNESP) 
2. Prof. Dr. Ivair Carlos Castelan: “Senilità”, de Italo Svevo e, “Um Amore”, de Dino 
Buzzati: diálogos possíveis. (FCLAr/UNESP) 
3. Amanda da Silveira Assenza Fratucci: A manifestação do fantástico tradicional no 
século XX: Les Malédictions de Claude Seignolle. (FCLAr/UNESP) 
4. Carlos Eduardo Monte: A Queda da Baliverna, uma abordagem pós-estruturalista 
do conto buzzatiano. (FCLAr/UNESP) 
 
 
13 
 
20/06/2018 – QUARTA-FEIRA das 16h às 17h30 
SESSÕES DE DEBATES DE PROJETOS 
 
SD6. Narrativa italiana do século XX Anf. D 
Debatedora: Profa. Dra. Maria Celeste Tommasello Ramos (UNESP/IBILCE) 
videoconferência 
Mediador: Prof. Dr. Ivair Carlos Castelan 
 
1. Sérgio Gabriel Muknicka (D): Alberto Moravia e a trilogia no feminino:Il 
Paradiso, Un’Altra Vitta e Boh. 
2. Vanessa Matiola (M): A marca do insólito nos contos de Dino Buzzati. 
 
SD7. Literatura e diversidade Sala 13 
Debatedora: Profa. Dra. Rosangela Sarteschi (USP) 
Mediadora: Profa. Dra. Maria Lúcia Outeiro Fernandes 
1. Thaís Fernanda Rodrigues da Luz Teixeira (D): Perspectivas femininas negras nos 
romances: Um defeito de cor, Alzira está morta: Ficção histórica No Mundo Negro 
do Atlântico e As lendas de Dandara: 
2. Daniela de Almeida Nascimentos (M): Memória e construção da identidade em 
Diário de Bitita. 
3. Isabela Cristina do Nascimento (M): Outras macabéas: mulheres nordestinas e 
deslocamento em dois romances de Marilene Felinto. 
 
 
20/06/2018 – QUARTA-FEIRA das 19h30 às 22h30 Anfiteatro D 
FILME 
Exibição do filme para debate: Party (1996) 
 
 
 
 
 
21/06/2018 – QUINTA-FEIRA das 10h às 12h Anfiteatro B 
 
PALESTRA 
Das servidões do amor (sobre Party, de Manoel de Oliveira) 
Profa. Dra. Silvana Pessôa de Oliveira – FALE/UFMG 
 
Moderadora: Profa. Dra. Claudia Barbieri Masseran (UFRRJ) 
 
 
14 
 
21/06/2018 – QUINTA-FEIRA das 14h às 15h30 
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO 
 
SC13. Estética cinematográfica, espaço e memória Sala 12 
Coordenadora: Profa. Dra. Claudia Barbieri Masseran (UFRRJ) 
 
1. Elis Crokidakis Castro (UNESA/FACHA)/ Eliana Monteiro (FACHA): Paisagem 
urbana: cinema, espaços periféricos e corpos. 
2. Fernanda Barini: “[Douro] dum certo idílio com o demoníaco”: reflexões sobre o 
espaço romanesco e o espaço cinematográfico em Vale Abraão. (FCLAr/ UNESP) 
3. Iamni Reche Bezerra: O instante de morte em La Jetée. (Unicamp) 
4. Vanessa Aparecida Ventura Rodrigues: As trajetórias da memória em Hiroshima, 
mon amour. (FCLAr/ UNESP) 
 
 
SC14. Identidade Portuguesa Sala 13 
Coordenadora: Ana Maria Saldanha 
 
1. Ana Maria Saldanha: O cinema militante português: abordagem interdisciplinar 
no Portugal de Abril. (IPM – Instituto Politécnico de Macau) 
2. Carlos Henrique Fonseca: Das páginas ao ecrã: a leitura cinematográfica de Ivo 
Ferreira sobre as Cartas de António Lobo Antunes. (FCLAr/UNESP) 
3. Heloísa Helena Ribeiro: Poesia, intertextualidade e construção da identidade 
portuguesa em Silvestre, de João César Monteiro. (FCLAr/UNESP) 
4. Jorge Eduardo Magalhães de Mendonça: Frei Luís de Sousa: Missões opostas no 
teatro e no cinema. (UFF) 
 
 
SC15. Literatura ClássicaSala 14 
Coordenadora: Jaqueline Vansan 
 
1. Jaqueline Vansan: A domina elegíaca como metáfora do fazer poético. 
(FCLAr/UNESP) 
2. Adilson Oliveira Dos Santos: Vestígios do criador da humanidade na mitologia e 
nas fábulas de Esopo. (FCLAr/UNESP) 
3. Jéssica Frutuoso Mello: Argonáutica(s): o tratamento dado à obra de Apolônio 
por Varrão Atacino. (FCLAr/UNESP) 
4. Vivian Gregores Carneiro Leão Simões: A literatura técnica latina e os seus 
antecedentes gregos. (FCLAr/UNESP) 
 
15 
 
 
SC16. Literatura e crítica Sala 15 
Coordenadora: Bruna Fernanda de Simone 
 
1. Bruna Fernanda de Simone: Traços pós-modernos em A Convergência dos Ventos 
de Nuno Júdice. (FCLAr/UNESP) 
2. Alex Wagner Dias: Construção e utopia na poesia de invenção. (FCLAr/UNESP) 
3. Jorgelina Rivera: Pós-utopia em Haroldo de Campos. Uma aproximação a “A 
educação dos cinco sentidos” por meio do filme “Hiroshima, mon amour”. 
(FCLAr/UNESP) 
4. Rosana Letícia Pugina: CLB: O corpo grotesco e o discurso carnavalizado em A 
Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro. (FCLAr/UNESP) 
 
 
21/06/2018 – QUINTA-FEIRA das 16h às 17h30 
SESSÕES DE DEBATES DE PROJETOS 
 
SD8. Aspectos da poesia brasileira moderno-contemporânea Sala 12 
Debatedora: Profa. Dra. Cristiane Rodrigues de Souza (UFMS) 
Mediador: Prof. Dr. Brunno V. G. Vieira 
 
1. Márcia Maria Sant’Ana Jóe (D): O poema da pintura – relações intersemióticas 
em Poemas, obra de Portinari. 
 
2. Natália Aparecida Bisio de Araujo (D): As relações estéticas entre Blaise Cendrars, 
Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral no Modernismo Braisileiro. 
 
3. Patrícia Vieira Lochini (M): Por uma poética romântica: utopia e resistência em 
Howl (1956), de Allen Ginsberg e Paranoia (1963), de Roberto Piva. 
 
4. Pedro Passerini Rodrigues (M): A poesia futebolística de Carlos Drummond de 
Andrade e João Cabral de Melo Neto. 
 
 
SD9. Poesia em três tempos Sala 13 
Debatedor: Prof. Dr. Fabiano da Silva Santos (UNESP/Assis) 
Mediadora: Profa. Dra. Maria de Lourdes Ortiz Gandini Baldan 
 
1. Daniel de Assis Furtado (D): Lírica sacra no barroco luso-brasileiro. 
 
2. Camila Sabino (M): O futurismo irônico de Álvaro de Campos. 
 
16 
 
3. Zenilda Durci (M): Ferreira Gullar e a poesia de tensão social em Dentro da noite 
veloz e Barulho. 
SD10. Vieses críticos em Literatura brasileira Sala 14 
Debatedor: Prof. Dr. Alvaro Santos Simões Junior (UNESP-Assis) 
Mediador: Prof. Dr. Adalberto Luís Vicente 
 
1. Jonatan de Souza Santos (D): A sátira nas crônicas limabarretianas. 
 
2. Elvis Paulo Couto (M): Entre literatura e sociedade: a crítica literária de Antonio 
Candido e Roberto Schwarz. 
 
3. Jéssica Ciurlin Silva (M): Cíntia Moscovich, leitora de Laços de família de Clarice 
Lispector. 
 
4. Pedro Barbosa Rudge Furtado (D): O social no íntimo e o íntimo no social: modos 
de representar a história no romance de 30. 
 
21/06/2018 – QUINTA-FEIRA das 19h00 às 22h30 Anfiteatro D 
FILME 
Exibição do filme para debate: Vale Abraão (1993) 
 
 
Expediente suspenso na FCL, no período da manhã, Of. Circular 005/2018-PROPEG 
 
 
22/06/2018 – SEXTA-FEIRA das 14h às 15h30 
SESSÕES DE COMUNICAÇÃO 
 
SC17. Cinema e personagem Sala 12 
Coordenadora: Profa. Dra.Fabiane Renata Borsato 
 
1. Profa. Dra. Fabiane Renata Borsato: A Dama do Lotação E Belle de Jour: O duplo 
como índice de metalinguagem e integração do ser e seus desejos. (FCLAr/UNESP) 
2. Carla Alexandre Ezarqui: Instinto criminal versus instinto materno na adaptação 
cinematográfica do romance La Fin de la Nuit de François Mauriac. 
(FCLAr/UNESP) 
3. Felipe Camargo Mello e Manoelle Gabrielle Guerra: A mulher de duas idades: 
Leituras do feminino literário e cinematográfico de órfãos do Eldorado. 
(FCLAr/UNESP) 
4. Márcia Regina Rodrigues: Luís de Lima e o Salário do Medo, de Henry-Georges 
Clouzot. (FCLAr/UNESP) 
 
 
17 
 
SC18. Teatro e cinema Sala 13 
Coordenador: Prof. Dr. Antonio Donizeti Pires 
 
1. Prof. Dr. Antonio Donizeti Pires: Do teatro risonho e trágico ao cinema de amor e 
de ação: o Mito de Orfeu na cena brasileira. (FCLAr/UNESP). 
2. Daniel de Assis Furtado: O triunfo da verdade: sobre Deus da Carnificina e A 
Palavra. (FCLAr/UNESP) 
3. Júlia Mara Moscardini Miguel: Intertextualidade e discurso no teatro de Dea 
Loher. (FCLAr/UNESP) 
4. Lígia Maria Pereira de Pádua Xavier: A poesia dramática villieriana: entre a ilusão 
e a realidade. (FCLAr/UNESP) 
 
 
SC19. Poesia e cinema Sala 14 
Coordenador: Thiago Buoro 
 
1. Thiago Buoro: O vídeo-poema (UNESP) 
2. Alexander Bezerra Lima: A montagem nos processos de criação da poesia 
eletrônica. 
3. Patrícia Resende Pereira: As mãos que sonham o sentido: poesia e poética 
cinematográfica em Carlos de Oliveira e Manuel Gusmão. (UFMG/CNPQ) 
4. Ednéia Minante Vieira: Cenas em linha única: seis microcontos Carrascozeanos 
transpostos para a linguagem fílmica. (FCLAr/UNESP) 
5. Leonardo Vivaldo: “Olavobilaquices”: o movimento serial na poesia de Geraldo 
Carneiro. (FCLAr/UNESP) 
 
 
SC20. Gênero e ficção II Sala 15 
Coordenadora: Karla Cristiane Pintar 
 
1. Karla Cristiane Pintar: A reconstituição dos mitos genuínos para a edificação de A 
Cidade Das Damas. (UNESP/IES) 
2. Camila Goos Damm: As deusas dos ramos e o sagrado feminino. (FCLAr/UNESP) 
3. Juliana Cristina Terra de Souza: Aspectos do mito em As Brumas de Avalon: a 
criação de um imaginário em torno do sagrado feminino na matéria da Bretanha. 
(FCLAr/UNESP) 
4. Maisa dos Santos Trevisoli: Releituras de Branca de Neve e os Sete Anões: a 
intertextualidade e o gótico. (FCLAr/UNESP) 
 
 
18 
 
22/06/2018 – SEXTA-FEIRA das 16h às 17h30 
SESSÕES DE DEBATES DE PROJETOS 
 
SD11. Literatura francesa oitocentista Sala 12 
Debatedora: Profa. Dra. Márcia Eliza Pires (UNESP/Araraquara) 
Mediadora: Profa. Dra. Andressa Cristina de Oliveira 
 
1. Cristovam Bruno Gomes Cavalcante (D): As faces de Saturno: um estudo sobre as 
representações melancólicas na poesia de Alphonsus de Guimaraens e na de Paul 
Verlaine. 
2. Dalila Silva Neroni Jora (M): Tradução literária: da ponte ao abismo – um estudo 
de tradução por meio da literariedade. 
3. Maria Júlia Pereira (M): A concepção de justiça iluminista em Les Miserables: as 
personagens Jean Valjean, Javert, Myriel e Enjolras. 
 
 
SD12. Faces de Agustina Bessa-Luís Sala 13 
Debatedora: Profa. Dra. Silvana Maria Pessôa de Oliveira (UFMG) 
Mediadora: Profa. Dra. Fabiane Renata Borsato 
 
1. Fernanda Barini Camargo (D): Espaço romanesco e espaço cinematográfico: a 
arquitetura e as identidades do lugar em Vale Abraão. 
2. Rodolfo Pereira Passos (D): A liberdade, a divergência e a “memória do amor”: o 
teatro de Agustina Bessa-Luís. 
 
 
 
22/06/2018 – SEXTA-FEIRA das 17h30 às 19h30 Anfiteatro B 
 
 
PALESTRA DE ENCERRAMENTO 
O sorriso de Ema: considerações sobre o ator oliveiriano. 
Prof. Dr. Pedro Maciel Guimarães – UNICAMP 
Moderadora: Profa. Dra. Márcia Rodrigues 
 
19 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumos das comunicações 
 
20 
 
VESTÍGIOS DO CRIADOR DA HUMANIDADE 
NA MITOLOGIA E NAS FÁBULAS DE ESOPO 
 
Adilson Oliveira dos SANTOS (FCLAr/UNESP/M) 
adilsonsantos@fclar.unesp.br. 
Or. Prof. Dr. Fernando Brandão dos SANTOS (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Fábula; mito; Prometeu; Zeus; criação do homem. 
 
Neste artigo, após delimitarmos o campo material do mito e da fábula, fizemos o cotejo 
de algumas fontes de textos gregos e um latino, Metamorfoses de Ovídio, a fim de 
perscrutar a origem da humanidade atribuída a Prometeu. Depois da análise dessas 
fontes, verificamos que as fábulas de Esopo fornecem valiosos registros de Prometeu 
como o deus que criou o homem. Na nossa pesquisa, em concorrência com Prometeu, 
outra interessante atribuição encontrada como sendo o deus criador da humanidadefoi 
Zeus. Descoberta essa que necessitaria de mais pesquisa em busca de outras fontes. 
 
 
CONSTRUÇÃO E UTOPIA NA POESIA DE INVENÇÃO 
 
 Alex Wagner DIAS (FCLAr/UNESP/M) 
 alexwdias@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Lúcia Outeiro FERNANDES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chaves: Poesia; Cinema e Pintura; Invenção e Composição; Utopia 
 
Muitos poetas modernos legaram verdadeiras revoluções tanto em suas obras poéticas 
quanto em suas teorias, ensaios e críticas sobre o fazer literário, a profissão dos poetas e 
escritores e as relações da escrita com outras linguagens artísticas. Neste sentido, este 
trabalho pretende demonstrar, a partir de poemas e textos teóricos de Fernando Pessoa, 
Edgar Allan Poe, João Cabral de Melo Neto, Vladimir Maiakóvski e Haroldo de 
Campos, que suas formas de pensarem a composição perpassam um tripé em que 
podemos definir a invenção permeada por uma equação entre cálculo e utopia. Há, além 
deste debruçar-se sobre a invenção, um outro tripé a ser explorado e que se refere às 
relações das teorias desses poetas com as teorias da pintura e do cinema, aqui 
observadas pelo olhar de artistas que também se destacaram como teóricos nestas artes, 
a saber, Fayga Ostrower, Wassily Kandinsky, Sergei Eisenstein e Andrei Tarkovski. 
Aproximar artistas-críticos de artes distintas, poesia, pintura e cinema, nos permite 
averiguar de modo mais expansivo os percursos que sustentam as composições destes 
poetas-críticos modernos, no plano prático, a obra em si e a metapoesia, e teórico. Com 
isto, esta pesquisa não busca fazer uma arte sobressair-se à outra, mas possibilitar 
diálogos que enriqueçam o desenvolvimento de novos olhares críticos para os poetas 
que destacamos neste trabalho e da possibilidade de encontrarmos novos estímulos às 
leituras de suas obras. As escolhas dos autores se justificam pela importância e 
influência que suas obras, tanto teóricas quanto poéticas, tiveram e ainda têm para 
pesquisadores, críticos e poetas de nosso tempo e que distinguem, em conseguinte, os 
posicionamentos desses poetas e artistas em relação as ideias de inspiração, intuição e o 
trabalho profissional em arte. Assim, os poemas, no presente trabalho, servem como 
campo de comparação para as sustentações das teorias sobre composição em seus 
autores e não para análises que busquem decompor os poemas para depois remontá-los, 
visto que isso constituiria um outro objetivo, muito embora, este projeto sirva como 
mailto:adilsonsantos@fclar.unesp.br
mailto:e_mail@email.com.br
21 
 
esteio, no sentido de citar-se diversos pesquisadores que fizerem essas análises frente às 
obras dos poetas citados. As análises dos poemas, aqui, buscarão uma fruição estética 
que se valha de uma linguagem mais poética, que consideramos mais adequada para 
tratarmos de tais temas e abordagens. 
 
 
A MONTAGEM NOS PROCESSOS DE CRIAÇÃO 
DA POESIA ELETRONICA DIGITAL: O USO DA TECNICA DE MONTAGEM 
EM JUSTA POSIÇÃO USADA NO CIMENA NA GERAÇÃO DE SENTIDOS 
NO PROCESSO CRIAÇÃO DE POEMAS DIGITAIS. 
 
Alexander Bezerra LIMA (UNIARA) 
alexiconartes@gmail.com 
 
Palavras-chave: montagem; cinema; poesia digital. 
 
O poema criado em ambiente digital exige tipos específicos de conhecimentos em várias 
áreas. Podem-se citar conhecimentos sobre os aspectos verbais e não-verbais desta 
poesia, sua visualidade, seus aspectos sonoros, a carga cultural de interpretação e o 
conhecimento sobre o uso de ferramentas tecnológicas disponíveis para a sua criação. 
Nesse processo de criação do poema digital, observa-se a possibilidade do uso de uma 
técnica de montagem usada no cinema potencializando interpretações criadas a partir de 
um texto poético que possibilite elaboração de um roteiro e, posteriormente, de 
montagem com a intenção de suscitar estímulos, aumentando a percepção e gerando 
novos sentidos. A montagem, segundo alguns teóricos da área do cinema, é usada como 
processo criativo em várias linguagens artísticas, tendo como base sempre a 
justaposição de dois elementos. No caso da leitura interpretativa dos poemas, tendo o 
computador como mediador, a possibilidade de experimentar essa técnica é 
potencializada.Há uma particularidade nesse conceito de montagem no que diz respeito 
à criação do roteiro. Nele o artista vai definir qual o tipo de montagem que vai usar e 
assim estimular a geração de imagens nas quais a determinação da ordem das palavras, 
no sentido da montagem, dará maior ou menor intensidade na geração de sentidos. A 
ordem da apresentação do texto, comumente chamada se adaptação, pode modificar a 
“impressão”, ou o sentido, ou ainda a imagem recriada pelo leitor. A partir desse 
argumento, podemos sugerir que os poemas digitais são um tipo de artefato artístico, 
cujo lugar está entre o texto e o cinema, uma vez que é preciso seguir um roteiro de 
montagem para o poema neste novo suporte oferecendo outras possibilidades narrativas, 
mas diferentemente do cinema e do texto impresso. 
 
 
A MANIFESTAÇÃO DO FANTÁSTICO TRADICIONAL NO SÉCULO XX: 
LES MALÉDICTIONS DE CLAUDE SEIGNOLLE 
 
Amanda da Silveira Assenza FRATUCCI (FCLAr/UNESP/D) 
as.assenza@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Ana Luiza Silva CAMARANI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Literatura Francesa; Fantástico; Claude Seignolle. 
 
A literatura fantástica surgiu como modalidade literária durante o período do 
Romantismo europeu, com a intenção de representar o mundo interior e subjetivo da 
mente, conferindo à imaginação humana uma importância maior do que a da razão e da 
mailto:alexiconartes@gmail.com
mailto:as.assenza@gmail.com
22 
 
realidade. Grande parte dos estudiosos do fantástico afirma que esse fantástico 
tradicional que se manifestou ao longo do século XIX teve uma vida relativamente 
curta, não chegando ao século XX. Tzvetan Todorov, principal estudioso da literatura 
fantástica do século XIX, afirma em sua Introdução à Literatura Fantástica, que a 
manifestação tradicional da modalidade se esgotou com os textos de Maupassant no 
final do século XIX. O que temos nos dias atuais, portanto, é uma série de estudos a 
respeito da manifestação mais recente da modalidade fantástica que afirmam que há 
atualmente um neofantástico, principalmente nas literaturas de língua espanhola; outros 
tratam o Realismo Mágico ou Maravilhoso como manifestação fantástica atual. Assim, 
o presente estudo tem por objetivo mostrar que o fantástico tradicional do século XIX 
ainda tem, ao longo do século XX e até os dias atuais, uma permanência na literatura. O 
objetivo maior deste trabalho é, portanto, dar continuidade aos estudos teórico-críticos 
acerca da modalidade fantástica, mostrando que o fantástico tradicional continuou 
manifestando-se na literatura do século XX, trazendo a hesitação como principal 
aspecto. Para isso, partiremos da leitura, interpretação e análise dos textos ficcionais 
selecionados, de autoria de Claude Seignolle, escritor contemporâneo, verificando e 
buscando compreender como se dá a presença do fantástico tradicional nas obras do 
autor. Além disso, buscaremos compreender quais são as características que diferenciam 
esse fantástico tradicional aplicado à literatura dos séculos XX e XXI do neofantástico 
definido por Sartre, Alazraki ou Bessière. 
 
 
LITERATURA NA SALA DE AULA: 
ESTUDO, MÉTODO E PRÁTICA DA LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO 
 
Ana Carolina Miguel COSTA (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
carol_c_fdj@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Fabiane Renata BORSATO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: literatura; texto literário; ensino. 
 
Ao observarmos o cenário da educação brasileira na atualidade, notamos como esta se 
esvai dia a dia, com escolas sem estrutura; material de qualidade ruim; professores, de 
um lado, não capacitados, e de outro, marginalizados; a falta de interesse dos discentes e 
da sociedade;dentre tantos outros obstáculos. Ao adentramos a elementos mais 
específicos, como a leitura, ou ainda, a leitura de textos literários, percebemos que a 
defasagem é ainda maior. Na sala de aula, o docente deve conseguir o prazer da leitura, 
e a conscientização sobre seus benefícios, porém muitos não o fazem, utilizam os textos 
como meio para ensinar algum conteúdo específico, tal como a gramática ou técnicas de 
redação. Além disso, percebemos que cada vez mais o aprendizado está baseado no 
ensino especializado, visto que professores apenas reproduzem conteúdos que serão 
cobrados em exames vestibulares. Ou seja, o aluno não é visto como protagonista, um 
ser ativo que pode refletir, criar, criticar, interpretar, questionar; ele é colocado como 
um receptáculo, que vai reproduzir mecanicamente o que lhe foi transmitido, sendo, 
então, a literatura para ele não como um ato libertador, mas castrador. Diante desse 
problema, pretendemos ponderar sobre o fato de que a literatura não é um instrumento 
para outros fins e planear métodos para aproximar alunos dos textos literários. Desse 
modo, queremos mostrar possibilidades de leitura do texto literário na sala de aula, 
através dos resultados obtidos com pesquisa de campo - que teve início elencado na 
seleção de textos literários, seguida de elaboração de questões epilinguísticas, conforme 
proposto pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa (1997), 
para incitar a reflexão sobre o texto e seus recursos expressivos e na leitura em voz alta 
mailto:emaildoaluno@email.com.br
mailto:emaildoaluno@email.com.br
23 
 
dos textos - e estudos teóricos, sendo a análise de conteúdo pautada no método 
quantitativo e qualitativo proposto por Laurence Bardin (1977). 
 
 
BORGES E BERTOLUCCI: 
O VERSO E O ANVERSO NA ESTÉTICA TRADUTÓRIA 
 
Ana Claudia RODRIGUES (FCLAr/UNESP/D) 
Anac_redacao@yahoo.com.br 
Or. Maria de Lourdes Ortiz Gandini BALDAN (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Tradição; tradução; criação; discussão estética. 
 
O intuito desta comunicação é estabelecer uma análise de cunho intersemiótico do conto 
“Tema do traidor e do herói” (1944), de Jorge Luis Borges, no filme A estratégia da 
aranha (1970), de Bernardo Bertolucci, e daí, articular, à luz de uma leitura crítica do 
olhar, uma categoria estética da tradução como criação emanada pelo tradutor/recriador. 
A partir do título do filme, percebe-se a desconstrução do conceito de fidelidade frente à 
tradução, e, desse modo, o tradutor torna-se fiel à própria sensibilidade que translada no 
tempo e no espaço – o outro (conto) e o mesmo (filme) como elementos estéticos 
distintos na forma, mas unidos na imanência da relação tradição/ tradução, que nada 
mais seria que um remanejamento, um despertar de uma obra na outra por intermédio de 
novos sentidos. E nesse espelhamento entre conto e filme, infere-se o reflexo, quase 
secreto, de algo maior, uma vez tratar-se da história enigmática daquele que sai em 
busca da biografia de seu ancestral, e, de imediato, recebe a informação de que se trata 
de um herói, mas à medida que as investigações se aprofundam, descobre outra versão 
dos fatos: o tão aclamado herói era um traidor, e que tudo não passava de uma trama 
arquitetada numa história cíclica, aquela, dentro de tantas outras que remonta, aqui no 
caso, às obras de Shakespeare (Júlio César e Macbeth). E diante da revelação de que o 
herói era um traidor, fez-se silêncio, ora imbuído pelo choque que ofusca os olhos 
quando se está diante da ‘verdade’ consumada, ora pela constatação de que a ‘verdade’ 
não importa, e sim, a estratégia de sua representação. Portanto, mediante tais arranjos de 
duplicidades (Shakespeare e Borges), (Borges e Bertolucci), (traidor e herói), (trágico e 
dramático), emana a síntese de que o elemento estético que perdura no tempo requer a 
perda da ilusão unívoca e intocável que possa recair sobre si, a fim de que transcenda 
nos seus duplos, tal e qual o verso e o anverso de uma mesma moeda, não 
necessariamente, a tradução literal, mas a transgressão criadora. 
 
 
“EU NÃO SOU O QUE ESCREVO OU SIM, MAS DE MUITOS JEITOS”: 
OS DIFERENTES ÉTHE DISCURSIVOS NA CORRESPONDÊNCIA 
DE CAIO FERNANDO ABREU 
 
André Luiz ALSELMI (Centro Universitário Barão de Mauá /FCLAr/UNESP/D) 
andre_alselmi@yahoo.com.br 
Or. Prof. Dr. Adalberto Luis VICENTE (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Caio Fernando Abreu; Cartas e Literatura; Éthe discursivos. 
 
Muitos estudiosos valem-se das cartas de personalidades históricas ou literárias para 
investigar aspectos ligados à identidade do emissor. Nesse sentido, os documentos 
epistolares são tomados como lugar da verdade, devido à suposta sinceridade 
mailto:Anac_redacao@yahoo.com.br
mailto:andre_alselmi@yahoo.com.br
24 
 
constituinte do discurso epistolar. Entretanto, de acordo com os estudos mais recentes 
sobre o gênero, ao invés de se creditar às missivas um caráter de discurso verdadeiro – 
que traria à cena a essência do remetente – é preciso desconfiar do discurso do 
epistológrafo, que manipula a linguagem a fim de construir uma “ilusão epistolar”, 
apresentando ao destinatário uma imagem bastante controlada de si. Nesse sentido, a 
correspondência pode ser lida como um discurso simulado e, nesse caso, o eu que se 
enuncia na carta não pode ser relacionado diretamente à pessoa de carne e osso do 
emissor, devendo ser entendido, assim, mais como um efeito de linguagem que como 
substituto de um eu real. Partindo dessas ideias, esta comunicação apresenta uma análise 
da construção dos diferentes éthe discursivos de Caio Fernando Abreu a partir discurso 
epistolar de alguns textos reunidos na coletânea Cartas (2002), organizada por Italo 
Moriconi . Com base nas ideias de Mikhail Bakhtin e de José Luiz Fiorin, que 
consideram o enunciador do texto como um efeito de linguagem, são analisadas as 
diferentes personae de Caio Fernando Abreu nas cartas e sua variabilidade de acordo 
com determinados destinatários: a de filho, quando escreve a seus pais; a de amigo, 
quando se comunica com pessoas que compõem seu círculo de amizades; a de amante, 
quando se comunica com Vera Antoun; e, por fim, a de escritor, quando escreve para 
personalidades da cena literária. A partir do contraste entre as diferentes vozes, 
analisam-se elementos como a linguagem, o tema e o tom das missivas, bem como 
alguns componentes estruturais, como a assinatura desses textos. O discurso epistolar é 
considerado, assim, a partir da relação entre as suas três dimensões constituintes: éthos 
(enunciador); páthos (enunciatário) e logos (discurso). 
 
 
DE MÃO DADA COM MEU AMIGO JEAN VIGO: 
A POESIA “CINEMATOGRÁFICA” DE ADÍLIA LOPES 
 
André Luiz Menezes de MORAIS (IBILCE/UNESP/M/CAPES) 
andremorais1@bol.com.br 
Or. Prof. Dr. Orlando Nunes de AMORIM (IBILCE/UNESP) 
 
Palavras-chave: Adília Lopes; Jean Vigo; poesia/cinema. 
 
Nesta comunicação, proponho uma discussão sobre questões que envolvem poesia e 
cinema tomando como ponto de partida para essa reflexão o poema “[De mão dada]”, 
da portuguesa Adília Lopes (1960- ). Nesse poema, Adília Lopes expõe dois traços 
fundamentais de sua poética: a narração e a referência cultural. Em quatro versos, a 
poeta relata um episódio entre si (eu-lírico) e seu amigo, enquanto ambos “assistem” aos 
filmes do cineasta francês Jean Vigo (1905-1934). Intenciono aproximar os recursos 
poéticos utilizados pela autora portuguesa àqueles praticados pelos cineastas, tendo os 
filmes de Jean Vigo como “interlocutores” dessa leitura entre as práticas poética e 
cinematográfica. 
 
 
DO TEATRO RISONHO E TRÁGICO AO CINEMA DE AMOR E DE AÇÃO: 
O MITO DE ORFEU NA CENA BRASILEIRA 
 
Prof. Dr. Antônio Donizeti PIRES (FCLAr/UNESP/ CNPq) 
adpires@fclar.unesp.br 
 
Palavras-chave: Mito órfico; Cinema; Teatro. 
 
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mailto:adpires@fclar.unesp.br
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Desde o século XIX,na cena teatral brasileira há pelo menos três peças que partem do 
mito de Orfeu e o aclimatam à realidade problemática dos trópicos, ainda que em 
diapasões muito diferentes: a comédia Orfeu na roça (1868), de Francisco Correia 
Vasques (1839-1892); o poema dramático Orpheu (1923), de Homero Prates (1890-
1957); e a “tragédia carioca” Orfeu da Conceição (estreia teatral em 1956), de Vinicius 
de Moraes. Se a primeira, adaptada e representada (com enorme sucesso de público) por 
Correia Vasques, ativo ator/escritor cômico e empresário teatral carioca, é uma paródia 
em segundo grau da paródica ópera-bufa Orfeu nos infernos (1858), de Jacques 
Offenbach (música) e Hector Crémieux (texto), a segunda é um poema dramático de 
estofo parnaso-simbolista, idealista e espiritual, que nunca foi levado à cena. Já a 
terceira, a mais bem-sucedida experiência teatral do poeta-músico Vinicius de Moraes, 
por ele mesmo subintitulada “tragédia carioca”, é a base de dois filmes emblemáticos, 
em português, sobre o mito de Orfeu: Orfeu negro (1959), de Marcel Camus, premiado 
em Cannes e em Hollywood, e Orfeu (1999), de Carlos Diegues. O primeiro (acusado 
de exotismo, mas importante porta-estandarte da MPB e dos valores musicais afro-
brasileiros no exterior) e o segundo (mais vincadamente realista, ao explorar a violência 
e o estado paralelo conflagrado pelo tráfico de drogas nas favelas, nos tempos atuais) – 
ainda que muito diferentes entre si – são recriações/releituras/reescrituras do mito de 
Orfeu (através, claro, da ótica pioneira de Vinicius de Moraes) e, tal qual na peça de 
1956, valem pela construção que empreendem de uma personagem autêntica e 
ontologicamente válida, imersa em um espaço sócio-cultural e histórico degradado, com 
seus problemas pessoais e coletivos. E porque tais revisões e reelaborações 
cinematográficas são vincadas por perspectivas, pontos de vista e contextos sociais e 
histórico-culturais muito diferentes da origem, que acabam por problematizar (e 
enriquecer) a própria tradição clássica grega, é que se pretende realçá-las na 
comunicação, que condensará dois textos publicados pelo autor: “Orfeu na cena trágica 
brasileira” (Portugal, 2015) – parcialmente apresentado no XIV Congreso de Estudios 
Clásicos da SEEC, Barcelona, Espanha, 2015 – e “Três personae de Orfeu na cena 
brasileira” (Brasil, 2017). 
 
 
TRAÇOS PÓS-MODERNOS EM 
A CONVERGÊNCIA DOS VENTOS DE NUNO JÚDICE 
 
Bruna Fernanda de SIMONE (FCLAr/UNESP/D) 
bru_aisha@hotmail.com 
Or. Prof. Dra. Maria Lúcia Outeiro FERNANDES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: poesia portuguesa contemporânea; Pós-Modernidade; Nuno Júdice. 
 
O poeta português Nuno Júdice, autor de uma densa e rica obra poética, empreende, 
desde suas primeiras publicações, um trabalho voltado à discussão do lugar da arte e do 
poema no mundo contemporâneo, tais temáticas estão presentes dentro de suas 
produções por meio de uma retomada da tradição literária ocidental. Em 2015, com a 
publicação de A Convergência dos Ventos, não foi diferente. Há, nessa obra, uma 
quantidade considerável de poemas em que o poeta algarvio deixa evidente seu intuito 
de reavivar escritores de outras épocas, momentos e personagens da literatura. Tal 
processo pode ser identificado como uma característica pós-moderna em sua obra. 
Período de revisão e reflexão a respeito de pensamentos racionalistas e totalitários que 
permearam o século XX, a pós-modernidade promove uma análise crítica das grandes 
narrativas, da História e da própria modernidade. Tal atitude tem como um de seus 
reflexos, no âmbito literário, a descrença no novo, na originalidade e a retomada do 
mailto:bru_aisha@hotmail.com
26 
 
passado literário como um exercício de diálogo com este. Assim, buscando o 
entendimento do passado e a ruptura com a ideia de tempo cronológico e acelerado, um 
dos traços essenciais da pós-modernidade é a inclinação sobre questões e releituras de 
outras épocas e de outros momentos da literatura. Essa inclinação pode ser notada nos 
poemas de Júdice, em A Convergência dos Ventos, pois há neles uma preocupação em 
fazer de cada poema o lugar seguro para que o passado seja retomado e fixado, busca-se 
o congelamento do tempo pela palavra. Muitos de seus poemas são uma compilação de 
histórias da literatura que não devem ser esquecidas, eles reafirmam a importância de 
compreender a arte e a poesia por meio de tudo o que já existiu e que retorna 
infinitamente, tal como num ciclo. Portanto, através da análise de alguns poemas 
judicianos da obra em questão, objetiva-se demonstrar quais são os procedimentos 
utilizados pelo poeta para reanimar as histórias míticas, escritores de diversas épocas da 
literatura ocidental e até mesmo personagens marcantes, que fazem de sua produção 
poética o lugar da retomada do passado. Além disso, pretende-se evidenciar que essa 
obsessão pelo retorno à tradição é, em sua obra, um aspecto proveniente das questões 
pós-modernas. 
 
 
O ÚLTIMO ESPETÁCULO DA POESIA BRASILEIRA: 
A POESIA NO CREPÚSCULO DA CULTURA 
 
Bruno Darcoleto MALAVOLTA (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
brunomalavolta@gmail.com 
Or. Prof. Dr. João Batista Toledo PRADO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Teoria crítica; Guy Debord; Sociedade do Espetáculo; Poesia. 
 
Agambem reconhece a materialização econômico-cultural denunciada pela teoria do 
espetáuclo de Guy Debord, embasada esta, por sua vez, em uma percepção de que o 
conceito marxista do fetiche da mercadoria havia estabelecido, para além daquela 
indústria cultural adorniana e horkeimeriana, um estado de coisas de dependência 
aboluta deste sistema-espetáculo para se mediar as relaões humanas de toda ordem, 
fazendo jus a um sistema hegeliano que obedeça a uma totalidade imanente. Pertence, 
logo, este espetáculo, à grandeza dos objetos linguísticos, como uma linguagem exterior 
do estado que deseja suprimir o poético, e nele toda sua comunicação, agora convertida 
em racionalismao técnico, o oposto da linguagem simbólica. Como, pois, responderia a 
poesia brasileira, no caldo de sua cultura cada vez mais apartadada ocidentalidade, e 
sobretudo como o fariam quatro poetas fundamentais de nossa modernidade e 
contemporaneidade líricas, a saber, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, 
Roberto Piva e Alberto Pucheu? Eis o rastro que farejaremos, munidos da intuição de 
que o Drummond de Sentimento do mundo e A rosa do povo representa a reação desta 
poesia aos primeiros estilhaços espetaculares, chamando a si a responsabilidade de 
salvaguardar uma certa cultura oral arremessada na cultura de massa, pacificando o 
hiato apontado por Cândido para o diminuto papel da cultura erudita neste processo de 
modernização. Drummond não deixa, ainda, de apontar pelas vias de um comunismo 
primitivo uma possível organização discursiva que poderia, se extremada, ferir a 
organização retórica espetacular. Não é senão o que fará Gullar, que em seu Romances 
de cordel sacrificará seu próprio projeto estético em razão de extremar o discurso 
ideologicamente à esquerda e, em um Dentro da noite veloz, abandonará um certo 
fetiche pelo prognóstico marxista, e rebalizará sua dialética com a imanência do 
capitalismo tardio, chegando a seu poema social maduro. A a empreitada ideológica 
dessa poesia se esgotará em Piva, para quem o ataque ao espetáculo se dará pela 
mailto:brunomalavolta@gmail.com
27 
 
organização do discurso sob uma perspectiva nietzscheana, e já não ideológica, pois 
dionisíaca, em que o irracionalismo toma as rédeas do ataque à medula da cultura 
ocidental. Ficando a cargo de Pucheu dar uma resposta do hoje para a consolidação da 
era espetacular em seu mais perfeito funcionamento e potencialidade, em busca de 
questionar o lugar da poesia em seu Para que poetas em tempos de terrorismos, quando 
dois gêneros retóricos, o lírico e o espetacular, embatem uma guerra especulativa em 
torno da palavra hoje. 
 
 
AS DEUSASDOS RAMOS E O SAGRADO FEMININO 
 
Camila Goos Damm (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
camilagdamm@hotmail.com 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete Rossi (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Sagrado feminino; arquétipos; mitologia celta. 
 
O projeto tem como objetivo analisar as características arquetípicas e mitológicas 
presentes nas personagens Rhiannon, Arianrhod e Blodeuwedd, encontradas no 
conjunto de lendas galesas chamadas Os Quatro Ramos do Mabinogion. Essas lendas, 
registradas em dois manuscritos medievais e traduzidas para o inglês por Lady Charlotte 
Guest, apresentam diversas evidências de pertencerem a uma tradição oral do folclore 
pré-cristão dos povos celtas que ali habitavam. A análise será feita tanto dentro do 
conjunto simbólico particular à cultura celta quanto através dos estudos de mitologia 
comparada, a partir de uma perspectiva junguiana e das reflexões de Erich Neumann em 
A Grande Mãe. A partir dessa análise, buscaremos demonstrar a relevância do resgate 
de figuras femininas pertencentes às mitologias fundadoras para o conceito de sagrado 
feminino, pois a relação entre a mulher e a espiritualidade sofreu grande repressão desde 
o declínio do paganismo e a ascensão do cristianismo e, concomitantemente, de uma 
ordem cultural crescentemente patriarcal. Com a expansão e a ramificação de diversos 
movimentos feministas, o interesse numa espiritualidade que contemple o sagrado 
feminino cresce novamente, voltando seu olhar para figuras tanto reais quanto fictícias 
do passado na busca por predecessoras e inspiração para uma nova identidade espiritual. 
Mostraremos também a importância desse resgate para o movimento feminista dentro 
da perspectiva literária, que tem como uma de suas buscas o redescobrimento dos mitos 
e histórias em que a mulher é figura central ou tem papel de destaque; para questões de 
representatividade da figura feminina e de como se inspiram, criam e percebem essas 
personagens no contexto atual e partindo de uma perspectiva crítica de como a mulher 
tem sido representada na ficção; e também para o resgate da relevância histórica e 
cultural das mitologias ora referidas, das quais podemos ver reflexos até hoje, apesar 
das tentativas de modificação e mascaramento visando o menosprezo da figura 
feminina. 
 
 
DER FINDLING E O FRACASSO DA EDUCAÇÃO ILUMINISTA 
 
Carina Zanelato SILVA (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
carinazs@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Karin VOLOBUEF (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Pedagogia Iluminista; Heinrich von Kleist; Immanuel Kant. 
 
mailto:camilagdamm@hotmail.com
mailto:carinazs@hotmail.com
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A pedagogia desenvolvida na época do Iluminismo procurou debater os meios de se 
educar o homem para o bem e para a independência intelectual, fundando os 
pressupostos dessa formação em uma lógica moral voltada para o exemplo da virtude e 
da boa conduta, que tinha como propósito unir harmoniosamente todos os homens sob o 
princípio comum das leis morais. Para tanto, a filosofia do Século das Luzes pregou 
como parâmetro de sua pedagogia a total responsabilidade do homem por seus atos, o 
que acarretou na imprescindibilidade de uma formação adequada, que operasse na 
natureza humana uma transformação positiva, resultando em ações pautadas na máxima 
do bem moral. Inicialmente adepto a esta proposta, Heinrich von Kleist, logo após sua 
famosa “crise kantiana”, passou a contestar o modelo de educação Iluminista, 
pontuando a sua reflexão a partir de um viés cético, que discutia não só a capacidade 
humana de adquirir conhecimentos, como também os processos de formação que 
garantiriam ao homem uma educação mais completa, pois, para o autor, a nova visão de 
realidade aberta pelo criticismo kantiano evidenciou os fracassos da pedagogia 
iluminista. Sob este novo ponto de vista, as noções de liberdade e de moralidade 
ganharam uma nova caracterização, já que se tornou impossível para Kleist determinar 
ou prever quais seriam os resultados dos projetos educacionais, até então vigentes, na 
conduta humana; o homem seria em si mesmo contraditório, e estaria ligado, pelo 
destino ou pelo fim dado a ele pela natureza, a milhares de outras instâncias que muitas 
vezes se sobrepõem à educação formal fornecida pelos pais ou pela escola. Esta 
discussão, que aparece em suas cartas e ensaios, foi transposta também para a sua 
literatura. Em seu conto Der Findling (O adotado, 1811), Kleist, criticamente, coloca 
em xeque uma educação pautada nos valores morais burgueses da família e do bem 
supremo, desembocando em um texto repleto de violência, maldade e malogro da 
felicidade, o que nos despertou o interesse para a análise destes aspectos na elaboração 
dos elementos que compõem a narrativa. Assim, nesta comunicação, enfocaremos como 
Kleist constrói em seu conto personagens e espaços que evidenciam a falha no sistema 
educacional iluminista. 
 
 
INSTINTO CRIMINAL VERSUS INSTINTO MATERNO 
NA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA DO ROMANCE 
LA FIN DE LA NUIT DE FRANÇOIS MAURIAC 
 
 Carla Alexandra EZARQUI (FCLAr/UNESP /M/CNPq) 
carla.ezarqui@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Andressa Cristina de OLIVEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Narrativa francesa ;personagem; adaptação cinematográfica. 
 
Publicado em 1935, o romance La fin de la nuit, de François Mauriac dá continuidade 
ao drama do desajuste, da busca pela identidade vivenciado por Thérèse, personagem 
protagonista, de origem provinciana, e que vive há quinze anos em Paris, após uma 
tentativa fracassada de envenenar o marido. Seu conflito interior é agravado pela paixão 
que lhe devota o namorado da filha, Marie, uma jovem de dezessete anos, com quem 
estabeleceu poucos contatos depois de sua partida para a capital. A infância, o 
casamento, o envenenamento e a separação são retratados no romance Thérèse 
Desqueyroux (1927), embora o próprio autor tenha declarado não haver uma 
interdependência entre ambas as obras. Adaptado ao cinema, pela primeira vez, por 
Albert Riéra, em 1966, La fin de la nuit obteve uma mis en scène semelhante àquela da 
adaptação do romance Thérèse Desqueyroux, de 1962 por Georges Franju, conservando, 
inclusive, os mesmos atores para a personagem protagonista e seu marido, Bernard. Na 
mailto:carla.ezarqui@hotmail.com
29 
 
primeira, houve a colaboração do autor e ambas retrataram fielmente o texto literário, 
tanto no que tange ao enredo quanto aos diálogos, ligeiramente alterados, explorando a 
dramaticidade presente na escrita do romance. Thérèse Desqueyroux recebeu nova 
adaptação cinematográfica em 2012, por Claude Miller, que reproduziu a obra 
resguardando a época (década de 20), a caracterização das personagens e grande parte 
do diálogo. Em contrapartida, em 2015, o diretor Lucas Belvaux concedeu a La fin de la 
nuit uma adaptação livre cuja mis en scène se compromete, sobretudo, em denotar o que 
há de intemporal na obra de Mauriac, ou seja, a humanidade da personagem, cuja 
expressão é partilhada entre a literatura e o cinema. O drama familiar, reproduzido no 
contexto atual, é submetido a várias adequações, por consequência, os conflitos 
secundários tomam nova forma. Assim, objetiva-se analisar a maneira pela qual os 
instintos criminal e materno são transpostos para a tela e, ainda, o modo como os 
elementos são estruturados para representar o “espírito” da obra, sobretudo no que 
concerne à atmosfera das cenas transcorridas na província, e à crítica à burguesia, tão 
particulares em Mauriac. 
 
 
A QUEDA DA BALIVERNA, UMA ABORDAGEM 
PÓS-ESTRUTURALISTA DO CONTO BUZZATIANO 
 
Carlos Eduardo MONTE (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
monteadvocacia@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Cláudia Fernanda de Campos MAURO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Dino Buzzati; A queda da Baliverna; pós-estruturalismo. 
 
A queda da Baliverna é um conto de Dino Buzzati. Escrito em 1957, quando a Itália se 
levantava das agruras da Segunda Guerra, o que lemos é a aventura, ou a desventura,de 
um protagonista/herói que, tendo o hábito hebdomadário de visitar um antigo mosteiro, 
a Baliverna, construído no século XVII para abrigar a ordem dos frades de São Celso, 
vê-se, certa feita, após um ato relativamente infantil (puxar uma haste), como 
responsável pela queda da gigantesca construção, em decorrência de uma sucessão de 
efeitos. A magnânima construção, no entanto, exemplo fundamental de uma ordem 
religiosa, que repousa no binômio estrutural, modelo e organicidade, é lida como uma 
das engenhosas alegorias de Buzzati e, aqui, colocada em análise questões que são 
revisitadas com o advento de novos rumos teóricos, sobretudo com o pós-estruturalismo 
e a desconstrução, de Jacques Derrida. Por estas balizas, que se avolumam a partir dos 
anos 60, valores cristalizados pelo modernismo, e que vinham sendo questionados por 
Nietzsche e Heidegger, entre outros, como as ideias de origem, tradição, técnica, 
utilidade, início ou centro, até então inexoráveis, passam a ser investigados mais 
detidamente. Neste trabalho, marcadamente, dois destes cânones, em certa medida se 
alinham: estrutura e progresso. O conto de Buzzati ora é lido como um exemplo, como 
uma impressão de um mundo que, pouco a pouco, percebe-se sofrendo cada vez mais 
com os efeitos das imposições que o circundam; por uma realidade, ou os efeitos 
ilusórios desta, que necessariamente se integram como apenas mais um objeto em 
análise. A heterotelia, noção que se expande com a rubrica do pós-modernismo, 
sobretudo em autores como Michel Maffesoli, e a da traição da herança, com Harold 
Bloom, faz com que se discuta a circunscrição originária do constructum, de quanto, na 
estrutura já se encontra presente o jogo de massas em equilíbrio, algo que poderá ser 
acionado com um simples quebrar de hastes, dando-nos, pelo apocalipse, a dimensão de 
sua fragilidade. 
 
mailto:monteadvocacia@yahoo.com.br
30 
 
DAS PÁGINAS AO ECRÃ: A LEITURA CINEMATOGRÁFICA D 
E IVO FERREIRA SOBRE AS CARTAS DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES 
 
Carlos Henrique FONSECA (FCLAr/UNESP/D) 
karloshfonseca@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Lúcia Outeiro FERNANDES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: António Lobo Antunes; Ivo Ferreira; Cartas da Guerra; Literatura e 
Cinema. 
 
D’este viver aqui neste papel descripto (2005) é um livro organizado pelas filhas do 
escritor António Lobo Antunes, Maria José Lobo Antunes e Joana Lobo Antunes, que 
reúne cartas do pai à sua primeira esposa, Maria José, durante o período em que serviu 
como médico combatente na Guerra Colonial, no leste de Angola, entre os anos 1971 e 
1973. Em 2016, o diretor português Ivo Ferreira dirige o filme Cartas da Guerra, uma 
leitura cinematográfica daquilo que resultou em uma obra epistolar de Lobo Antunes. 
Este trabalho propõe uma análise da forma com que enquadramentos, planos, 
iluminação, filmagem e montagem, categorias próprias da linguagem fílmica, bem 
como categorias compartilhadas entre a arte do cinema e a literatura como tempo, 
espaço, narrador e ambientação foram empregados no filme a fim de captar a natureza 
poética das referidas cartas, em que já estão presentes vários elementos que constituirão, 
posteriormente, recorrências estéticas e temáticas da produção romanesca 
loboantuniana, na qual ecoa, de várias formas, a experiência individual e coletiva da 
guerra. Duas escolhas do diretor servirão como ponto de partida para a análise ora 
proposta: a) a filmagem total do filme em preto e branco que, além de uma escolha 
estética específica, é eficiente na recriação de uma atmosfera mais densa e intimista, em 
sintonia com o período salazarista e a perversa herança do colonialismo; b) a narração 
da quase totalidade das cartas na voz feminina, lidas pela atriz que interpreta a esposa 
do médico combatente, mas que traz, no seu cerne, uma voz coletiva das mulheres e 
famílias que foram privadas de seus pais, maridos e filhos ao longo dos treze anos de 
guerra colonial. Tal escolha narrativa ratifica também a distância, a saudade, o 
sofrimento e os absurdos da guerra, vividos pelo autor das cartas e que viria a se tornar 
um dos maiores nomes da literatura portuguesa contemporânea. O objetivo é ressaltar a 
forma como o “específico fílmico” consegue resultar numa produção esteticamente 
autônoma, ainda que objetivando explorar profundamente os temas e estruturas 
recorrentes na primeira fase do universo literário loboantuniano. 
 
 
O FOGO, A MADRESSILVA E O RIO: UMA ISOTOPIA DO POÉTICO EM 
O SOM E A FÚRIA E ENQUANTO AGONIZO, DE WILLIAM FAULKNER 
 
Claudimar Pereira da SILVA (FCLAr/UNESP/M/CNPq) 
claudimarsilva84@gmail.com 
Prof. Dr. Paulo César Andrade da SILVA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: William Faulkner; narrativa poética; fragmentação. 
 
William Faulkner é considerado um dos mais importantes e influentes escritores do 
século 20, uma das quatro bases de sustentação da literatura modernista, ao lado de 
James Joyce, Virginia Woolf e Marcel Proust. Como as árvores da região Sul dos 
Estados Unidos, a obra de Faulkner enraíza-se em um tronco semântico-estrutural 
imponente, enfeixando temas e figuras articuladas à conjuntura histórica, social e 
mailto:claudimarsilva84@gmail.com
31 
 
econômica desta região do país, representada imaginariamente pelo condado de 
Yoknapatawpha, microcosmos fictício criado pelo autor. Na obra do escritor sulista, há 
o constante jogo escorregadio dos tempos, a pluralidade de vozes e perspectivas, a 
supuração de subjetividades desagregadas que desaguam em linguagens fragmentadas e 
densamente poéticas, a um passo do silêncio de si mesmas. Nos anos de 1929 e 1930, 
em plena metástase do ideário modernista, Faulkner publicou, respectivamente, O som e 
a fúria e Enquanto agonizo, considerados pela crítica como dois de seus romances mais 
experimentais. Fraturado em quatro partes e imbuído de vozes narrativas distintas, O 
som e a fúria (2004) narra o processo de decomposição moral e econômica de uma 
família do sul dos Estados Unidos, os Compson, cuja ruína ocorre devido à 
incapacidade de seus membros em adaptar-se à nova conjuntura histórico-social que 
instala-se no sul após a derrota na Guerra Civil Americana (1861-1865). Enquanto 
agonizo (2010), romance polifônico sustentado na apresentação de 59 monólogos 
interiores, dispostos alternadamente, narra a viagem dos Bundren, uma família de 
agricultores pobres, através dos espaços míticos do condado de Yoknapatawpha, com o 
objetivo de enterrar o corpo de Addie Bundren, a matriarca da família, cujos restos 
mortais ela pede que sejam enterrados em Jefferson, sua cidade natal. Desse modo, a 
presente comunicação objetiva a análise da narrativa poética nestes dois romances, 
tendo como corpus três narradores: os irmãos Benjy e Quentin Compson, de O som e a 
fúria, e Darl Bundren, de Enquanto agonizo. Trabalhamos com a hipótese de que estas 
três vozes narrativas operam na constituição daquilo que nomearemos como uma 
poética da fragmentação, isto é, a representação da dissolução subjetiva do (s) narrador 
(es), em termos de estrutura, linguagem e poeticidade. Para tanto, serão utilizados os 
pressupostos teóricos sobre a narrativa poética de Jean-Yves Tadié (1978), Ralph 
Freedman (1963) e Massaud Moisés (1967), além do montante teórico-crítico de 
Faulkner, no intuito de respaldar nossas análises. 
 
 
UM PREFÁCIO PARA O FAUSTO DE MURNAU 
 
Clêmie Ferreira BLAUD (FFLCH/USP/M) 
clemieblaud@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Leon KOSSOVITCH (FFLCH/USP) 
 
Palavras-chave: F.W. Murnau; cinema; Fausto; Goethe. 
 
Fausto, uma lenda alemã, adaptada da obra de Goethe, é assim anunciado nos créditos 
iniciais do filme de longa-metragem realizado em 1926 por F. W. Murnau. Visual, o 
filme evoca obras pictóricas e escultóricas que traduzem aquilo que não se pode dizer 
em palavras reafirmando a tradição horaciana do ut pictura poesis na abordagem 
renascentista de Leonardo Da Vinci: “pinturaé poesia muda, poesia é pintura cega” 
para oferecer-nos um Fausto onde se escondem tableaux vivants. Silencioso, o filme 
conta com breves indicações de diálogos nos intertítulos mantendo um frágil vínculo 
com a peça teatral do poeta alemão. Murnau faz as vezes de um Homero, compilando 
para além da segunda versão do Fausto de Goethe, os Faustos de Lessing que nunca 
foram concluídos, a versão de Christopher Marlowe e lendas antigas. Ora, o debate 
sobre as fronteiras entre as artes perpassa pintores e escritores ao longo dos séculos e 
alcança os poetas alemães de Fausto: Lessing com seu polêmico texto publicado em 
1766 Laocoonte ou sobre as fronteiras da poesia e da pintura, ao qual Goethe 
responderá em 1794 com Sobre Laocoonte. Um século depois, nem teatro, nem 
escultura, nem pintura, nem poesia, o cinema nasce “mudo” e enquanto aprender a falar 
tenta resolver os problemas de especificidade herdados do discurso da história da arte 
mailto:clemieblaud@gmail.com
32 
 
acrescentando a ele mais dúvidas: se o filme é uma nova arte, qual seria a sua 
especificidade? O Fausto de Murnau é uma via de reflexão paradigmática neste debate 
onde poesia e pintura se misturam subvertendo a narrativa para a perspectiva do diabo. 
Neste breve estudo sobre o filme de 1926, apontaremos algumas cenas que sucitam 
indagações sobre as fronteiras entre as artes mobilizando o texto goetheniano, obras 
visuais e recursos da arte do movimento que serviram à mise-en-scène Murnau. Trata-se 
de colocar mais perguntas do que defender hipóteses, porém - admitindo-se que pelo 
menos uma teoria da linguagem cinematográfica pode estar contida no interior de cada 
filme - Fausto é obra referencial para investigação sobre a especificidade do cinema. 
Tentemos conhecê-lo e apreciá-lo. 
 
 
A ESCRITA AUDIOVISUAL: 
PROBLEMATIZANDO O ESTATUTO DO ROTEIRO 
 
Cristiane Passafaro GUZZI (UNESP/ProfLetras) 
crisguzzi@gmail.com 
 
Palavras-chave: roteiro; escrita audiovisual; literatura. 
 
A questão da localização dos roteiros de Tv e cinema em um lugar específico dos 
estudos discursivos tem sido alvo de muita discussão nas faculdades de Letras, o que 
não deve acontecer, naturalmente, nas Escolas de Comunicação. Nestas, o estudo do 
roteiro tem lugar certo e o estatuto do texto como um projeto de realização midiática 
não oferece motivo de questionamento. Nas faculdades de Letras não é assim. O roteiro 
não é visto como texto literário – objeto privilegiado de estudo - e como texto-partitura 
ele não é comumente estudado. Nesse sentido, pretendemos problematizar, aqui, o 
roteiro como texto a ser investigado no campo dos estudos literários, se não como um 
texto com este estatuto, mas como um texto que evidencia – ainda que pela ausência – 
as questões relativas ao literário: narratividade, composição de personagens, espaço, 
tempo, organização linear das cenas, questões enunciativas etc. Tais problematizações 
nos levaram a estruturar um projeto de pós-doutoramento, ora concluído, mas em 
desdobramento contínuo, que pauta-se na problematização do estatuto do roteiro e, 
consequentemente, do estatuto do que é literatura. O roteiro é, afinal, um potencial 
gênero literário ou uma mera produção técnica? Se nem literatura, nem filme ainda, qual 
é então o seu lugar, ou melhor, o seu entre-lugar? As ficções escritas para teatro são 
consideradas literatura. Então, por que razão as ficções escritas para cinema não o 
podem ser? A aceitação da “qualidade literária” de alguns roteiros pode ser um 
caminho? A constatação de uma possível genealogia da própria História da literatura e 
do cinema e televisão, a partir do modo como alguns escritores e diretores lidam com o 
texto literário em suas traduções para roteiros, parece criar um campo propício para o 
gênero não ser mais entendido apenas como um mero instrumento técnico, com 
indicações de câmera, ângulos e ambientação cênica, mas como um texto consolidado, 
em alguns casos de extrema qualidade literária e que, em tempos de reconfiguração do 
que é literatura dentro de um cenário de artes intercambiáveis, merece atenção e 
inclusão em estudos acadêmicos e em novas práticas de leitura. Para tanto, buscaremos 
problematizar e revisitar estudos existentes sobre as especificidades da literatura e do 
roteiro, a partir de diferentes trabalhos realizados por escritores, roteiristas e diretores de 
cinema e televisão 
 
 
mailto:crisguzzi@gmail.com
33 
 
O PERSONAGEM LITERÁRIO JOHANNES KREISLER 
E O GÊNIO ROMÂNTICO 
 
Daniel Moraes GREGORES (FCLAr/UNESP/ M/ CNPq) 
daniel_gregores@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Karin VOLOBUEF (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Gênio; Johannes Kreisler; Gato Murr; E. T. A. Hoffmann. 
 
É no contexto do século XIX que se situa o fenômeno responsável por primeiro nos 
despertar atenção no que tange ao personagem do autor alemão E. T. A. Hoffmann: 
trata-se da influência concreta exercida pelo Kapellmeister Johannes Kreisler sobre 
alguns dos principais nomes do romantismo musical europeu, como Schumann, 
Brahms, Berlioz, Wagner e Mahler. Frente a esse fenômeno, foi levantada a hipótese de 
pesquisa de que talvez, para além da temática musical, a confluência de um ideal de 
época, mais especificamente, o do gênio romântico, fosse responsável por tal influência. 
De modo a pôr à prova a hipótese levantada, mostrou-se essencial empreender uma 
investigação acerca do entendimento da ideia do gênio no período que antecedeu a 
compreensão e configuração do entendimento mais propriamente romântico do termo. 
Nesse sentido, sem desconsiderar a contribuição da herança clássica ao ideal do gênio, o 
recorte epistemológico estabelecido compreende o período entre fins do século XVII e 
princípios do século XIX e se pauta, sobretudo, segundo o entendimento e reflexão de 
autores expoentes de Inglaterra, França e Alemanha que se debruçaram sobre a questão 
do gênio à época. Com relação ao personagem literário Johannes Kreisler, adotou-se 
como obra de referência o seu retrato segundo o romance Lebensansichten des Katers 
Murr, que serviu de base para a análise da potencialidade do personagem hoffmanniano. 
Num percurso que permite entrever as mudanças em torno da compreensão do papel do 
artista e do próprio entendimento da criação em arte, as diferentes concepções 
levantadas e estudadas nos permitiram avaliar o fato literário de Kreisler à luz do 
poderia ser apontado como um ideal de gênio romântico, sobretudo em se tratando do 
primeiro grupo romântico alemão de Jena. O objetivo da comunicação é, por fim, 
apresentar os resultados decorrentes da pesquisa empreendida durante o mestrado que se 
mostram de interesse não somente para o contexto de estudo da obra do escritor alemão 
E. T. A. Hoffmann como também para o da própria compreensão do Romantismo de 
uma maneira geral, fundamental para as bases da modernidade. 
 
 
O EFEITO DA NÉVOA NA CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO 
NAS OBRAS DE UMBERTO ECO E A REFERÊNCIA AO CINEMA NOIR 
 
Deborah Garson CABRAL (FCLAr/UNESP/D) 
debcabral_rp@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dr. Claudia Fernanda de Campos MAURO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Névoa; espaço; Cinema Noir; Umberto Eco. 
 
Nas produções narrativas de Umberto Eco é possível verificar a construção do espaço 
de maneira cinematográfica. A descrição dos lugares, a ambientação, além de outros 
elementos, facilitam a construção imagética dos espaços em que a narrativa se 
desenvolve. Não em vão sua primeira obra literária foi transformada em filme, obtendo 
grande sucesso de bilheteria ao redor do mundo. Este autor procura construir a narrativa 
de maneira a buscar referências em outras mídias, utilizando de recursos narrativos para 
mailto:daniel_gregores
mailto:debcabral_rp@yahoo.com.br
34 
 
aproximar as artes, causando um efeito cinematográfico na construção do espaço em 
suas histórias. Assim ocorre em “O nome da Rosa” (1980), trama de suspense e 
investigação,em “A misteriosa chama da rainha Loana” (2004), narrativa memorialista, 
em “O cemitério de Praga” (2011), romance histórico, em “Numero Zero” (2015), mais 
um enredo de suspense, mesclado com narrativa histórica, entre outros. Elementos 
como a névoa, a sombra, os espaços obscuros como guetos e ruas sombrias, o jogo entre 
luz e sombra, além das temáticas desenvolvidas em cada um dos romances citados, 
promovem, no percurso da leitura, a construção de ambientes que remontam ao Cinema 
Noir, no qual há predominância dessas composições, além de outros elementos como a 
abordagem detetivesca da narrativa, bem como a presença da femme fatale, a ocorrência 
de um crime a ser investigado, entre outros. Dessa forma, o presente trabalho se propõe 
a relacionar, nas obras citadas, os devidos elementos e, com isso, demonstrar a presença 
da referência do Cinema Noir na composição de Umberto Eco, levando em conta o 
contexto em que esse estilo cinematográfico surgiu e também o de escrita do autor, 
verificando a não gratuidade de sua descrição narrativa do espaço, pois nela há o 
explícito objetivo de reverenciar essa tão grandiosa arte, o cinema. 
 
 
ENTRE PALAVRAS E IMAGENS: CASA-GRANDE, SENZALA E CIA, 
ROTEIRO DE JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE 
 
Douglas de Magalhães FERREIRA (FCLAr/UNESP/D/ CAPES) 
doug-mf@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria de Lourdes O. G. BALDAN (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: literatura e cinema; roteiro cinematográfico; intermidialidade; 
Joaquim Pedro de Andrade. 
 
RESUMO: Inserido no intrincado campo de pesquisa das inter-relações 
literatura/cinema, este trabalho toma como objeto de reflexão e análise um roteiro 
cinematográfico não filmado de autoria de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988), um 
dos expoentes do Cinema Novo que assina, dentre outros, o longa-metragem 
Macunaíma (1969). Trata-se de Casa-grande, senzala & cia, roteiro-leitura do célebre 
estudo sociológico de Gilberto Freyre e publicado em 2001, em edição repleta de 
materiais complementares, como diários da produção, croquis de cenários, imagens de 
bastidores e entrevistas com o diretor. Ciente das contradições do trabalho no qual se 
inspirou, o cineasta procurou ampliar o painel lá retratado, de modo que seu Casa-
grande, senzala & cia trabalha, de forma intercalada, com as façanhas dos diferentes 
grupos em conflito durante os primeiros tempos do Brasil colonial, configurando-se, 
assim, como uma espécie de épica à brasileira, mas sem pompas e repleta de lances de 
sensualidade e brutalidade, humor e horror, e de atos antropofágicos. Como se pretende 
demonstrar, o roteiro faz uso de um método de composição pouco ortodoxo para o 
gênero, com raras indicações técnicas de câmera, elaboração de títulos para cada cena e 
a preferência, muitas vezes, pelo discurso indireto em lugar do direto, o que aponta para 
uma evidente preocupação com a palavra. Pretende-se, aqui, por meio da análise de 
excertos do objeto, explorar tais peculiaridades, bem como as potencialidades do gênero 
roteiro, no intuito de contribuir tanto para a sua caracterização enquanto produção 
intermidiática – imagens projetadas por palavras –, quanto para a (re)interpretação da 
cinematografia de Joaquim Pedro de Andrade, uma vez que o roteiro não filmado em 
questão e os filmes de fato produzidos pelo cineasta guardam muitos traços comuns 
entre si, como a prática do humor irônico, o sublinhar da hipocrisia das relações 
interpessoais, o interesse pela formação social, tradição cultural e identidade nacional 
mailto:doug-mf@hotmail.com
35 
 
brasileiras. 
 
 
O PORTO DA MEMÓRIA EM MANOEL DE OLIVEIRA 
 
Edimara LISBOA (FFLCH/USP/D) 
edimaralisboa@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Fátima BUENO (FFLCH/USP) 
 
Palavras-chave: Cinema; Memória; Duplicação do eu. 
 
O convite para elaborar um documentário sobre sua cidade natal, de modo a prestigiar 
as comemorações da jornada cultural Porto 2001 – Capital Europeia da Cultura, levou 
Manoel de Oliveira a realizar o filme memorialístico Porto da Minha Infância 
(Portugal; França, 2001, Biografia; Docuficção, 62 min., cor). Quando Manoel de 
Oliveira nasceu, em 1908, o cinema português contava pouco mais de uma década de 
história, portanto é compreensível que uma pesquisa das imagens de arquivo da cidade 
do Porto na Cinemateca Portuguesa, para atender ao convite, tenha acabado por 
entrecruzar-se com as lembranças do cineasta, que experienciou tanto a história do 
cinema em Portugal (como um dos protagonistas), quanto o desenvolvimento cultural 
portuense ao longo de todo o século XX. “Recordar momentos dum passado longínquo 
é viajar fora do tempo. Só a memória de cada um o pode fazer. É o que vou tentar” – 
este intertítulo que abre a obra oferece uma chave de leitura para a compreensão dos três 
episódios em que o filme é estruturado: a meninice de Manoel de Oliveira; a experiência 
boêmia da sua juventude; e o surgimento de sua paixão pelo cinema. A comunicação 
pretende evidenciar os artifícios de montagem que organizam esses três momentos do 
filme em consideração ao potencial do cinema de articular outras linguagens artísticas 
por meio de seus próprios mecanismos formais. Nesse sentido, a análise dos elementos 
cinematográficos terá em conta os processos de duplicação do eu mapeados pelos 
estudos da literatura de memórias, de maneira a investigar os índices de construção de 
uma imagem coerente de si mesmo que resultam numa escrita de si fílmica. Através de 
uma montagem conciliadora, Porto da Minha Infância consegue dar sentido de 
conjunto a uma série de fragmentos imagéticos e às lembranças a eles atreladas. Assim, 
ao perscrutar vivências do cineasta, o filme oferece possibilidades de reflexão sobre a 
memória cultural não só do artista, mas também de uma cidade. 
 
 
CENAS EM LINHA ÚNICA: SEIS MICROCONTOS CARRASCOZEANOS 
TRANSPOSTOS PARA A LINGUAGEM FÍLMICA 
 
 
Ednéia Minante VIEIRA (FCLAr/UNESP/M) 
neiaminante@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Juliana SANTINI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-Chave: Linha Única, microcontos, curta-metragem. 
 
A interseção entre a literatura e o cinema é antiga e, na contemporaneidade, a 
transposição da linguagem literária para a cinematográfica tem se tornado cada vez mais 
recorrente, como no caso de romances e contos que foram adaptados em filmes ou, 
ainda, filmes que foram transformados em livros. O diálogo entre literatura e cinema é 
objeto de importantes pesquisas e, com o avanço das tecnologias cinematográficas e da 
mailto:edimaralisboa@gmail.com
mailto:neiaminante@hotmail.com
36 
 
imagem, muitas obras podem ser analisadas a partir da conexão entre essas duas áreas. 
Dentro do cenário literário recente, as formas breves têm sido frequentemente 
exploradas, com especial destaque para os minicontos e microcontos, um desafio no 
processo de transmutação para a linguagem cinematográfica, já que há uma importante 
concisão no enredo e nas ações das personagens que, muitas vezes, dificulta a captação 
das cenas em movimento. Pensando nesses aspectos, o presente trabalho pretende 
analisar como a linguagem literária dos microcontos é transposta para a linguagem 
fílmica. Para isso, analisaremos a obra intitulada Linha Única, de João Anzanello 
Carrascoza, uma coletânea de microcontos escrita em uma única linha e materializada 
graficamente de diferentes formas, que teve seis de suas micronarrativas, 
posteriormente, transpostas para dois curtas-metragens, incorporando, dessa forma, 
recursos do cinema. Diante disso, refletiremos a relação entre a tessitura narrativa dos 
microcontos e sua “representação” cinematográfica, pontuando de que forma as 
micronarrativas, mesmo diante de sua brevidade, possibilitam a criação de cenas que as 
sintetizam. Nesse processo de transmutação do papel para a tela, pontuaremos a abertura 
e flexibilidade que os microcontos proporcionam, já que a construção fílmica abrange 
elementos no enredo que ultrapassamo texto propriamente dito. Dessa forma, 
verificaremos como a relação entre as diferentes linguagens se configura e se os curtas-
metragens, feito cena em gotas, cenas em linha única, conseguiram apreender a essência 
dos microcontos de João Anzanello Carrascoza. 
 
SÍMBOLOS E MONTAGEM NA PRODUÇÃO 
FICCIONAL DE MODESTO CARONE 
 
Efraim Oscar Silva (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
efraimoscarsilva8@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Rejane Cristina Rocha (UFSCar) 
 
Palavras-chave: literatura; cinema; Modesto Carone. 
 
A literatura, a dramaturgia e a pintura foram - e em certa medida continuam a ser - 
referenciais no processo de criação cinematográfica. Uma vez tendo consolidado as suas 
formas de expressão, o cinema passou a ser ele próprio uma referência para a literatura e 
o teatro. Procedimentos e recursos próprios da representação literária e da pintura, 
como, por exemplo, as variações do foco narrativo e a perspectiva, foram apropriados 
pelo cinema e, tendo adquirido maior grau de sofisticação, resultaram na multiplicidade 
de enquadramento, no flashback, etc. Muitas obras literárias e montagens teatrais do 
século XX empregaram, em maior ou menor grau, algumas dessas técnicas 
“reconfiguradas” pelo cinema. No âmbito do debate sobre as inter-relações entre 
literatura e cinema, formulamos a hipótese de que a obra ficcional de Modesto Carone 
faz uso do símbolo e da montagem, deslocando-os do âmbito teórico para o universo da 
criação. Para comprová-la, apresentamos trechos de três livros de ficção de Carone, 
juntamente com as reflexões acerca dos conceitos de símbolo e montagem na literatura 
e no cinema, desenvolvidas por dois teóricos do cinema e pelo próprio escritor, em sua 
tese de doutorado. Concluímos que a apropriação dessas duas técnicas é verificável na 
sua obra ficcional e atende a finalidades específicas. Mais conhecido como tradutor da 
obra de Kafka para o português brasileiro e como crítico literário, Modesto Carone 
construiu, em paralelo e de forma discreta, uma carreira como criador literário, já tendo 
publicado quatro volumes de contos e uma novela. Duas características singulares da 
sua obra ficcional são a neutralização de algumas das marcas mais consagradas da 
representação literária e a aproximação com a forma do discurso ensaístico, documental, 
reflexivo, normalmente considerado “não literário”. Essa proximidade com as formas de 
mailto:efraimoscarsilva8@gmail.com
37 
 
expressão não literárias e as implicações daí advindas estão no foco da pesquisa que 
desenvolvemos atualmente, que, embora não contemple as relações da obra de Carone 
com o cinema, tampouco as considera irrelevantes. 
 
 
A CIDADE EM MANOEL DE OLIVEIRA E EM DOIS OUTROS CLÁSSICOS 
DIRETORES DE CINEMA: WALTER RUTTMAN E FRITZ LANG 
 
Elis Crokidakis CASTRO (UNESA/ FACHA) 
eliscrokidakis@yahoo.it 
 
Palavras-chaves: cidade; cinema; arquitetura. 
 
Neste trabalho faremos um passeio por alguns filmes de Manoel de Oliveira que visitam 
a cidade do Porto sua terra natal e os espaços da cidade que é olhada pelo cineasta.Falar 
das cidades não chega a ser uma novidade em termos teóricos, todavia falar da cidade 
de alguém, ou da cidade de um cineasta principalmente é algo que suscita uma 
curiosidade. Quando trabalhamos as cidades descritas na literatura, temos em mente 
que, o que interpretamos e lemos passa necessariamente por nossa forma de ler, pelas 
significações que damos às narrativas, para criar nossas próprias imagens, nossos 
próprios filmes e esses se mostram diferentes para cada leitor, mas como ler se as 
imagens não precisam ser imaginadas, quando elas já estão prontas, feitas pelo cineasta 
que as selecionou e montou? Assim ocorre uma diferença entre ver em imagens da 
Sevilha de João Cabral de Melo Neto, ou o Rio de Janeiro de João do Rio ou a Paris de 
Baudelaire ou a São Petersburgo descrita por Marshall Berman, que são descritas no 
texto, requerendo de nós um mergulho também em nossos próprias imagens de 
memória ou de literatura e ver as imagens de Manoel de Oliveira, Walter Ruttman, 
Fritz Lang e muitos outros cineastas que tem nas cidades parte ou toda a sua matéria 
fílmica. E como ler tais imagens no universo de uma cidade exaustivamente filmada 
por um criador? É isso que analisaremos nas criações de Manoel de Oliveira: “Douro 
faina Fluvial”, “A cidade do Porto”, e também em outros dois filmes que influenciaram 
o diretor: de Walter Ruttman, “Berlin - Symphony of a Metropolis” (1927), e de Fritz 
Lang, “Metrópolis.” (1927), onde tais filmes, cada um dentro de seu contexto, sendo 
documental ou de ficção, marcarão a história do cinema servindo até hoje de referência 
para todos os cineastas que transitam pelas cidades em busca de matéria 
cinematográfica. 
PAISAGEM URBANA: CINEMA, ESPAÇOS PERIFÉRICOS E CORPOS 
 
Elis Crokidakis CASTRO (UNESA/FACHA) 
Eliscrokidakis@yahoo.it 
Eliana MONTEIRO (FACHA) 
Elianamonteiro55@gmail.com 
Palavras chave: cidade; cinema; corpos. 
 
A relação entre a câmera e os corpos dos atores/personagens em filmes de Cláudio Assis 
(Texas Hotel, 1999, Amarelo Manga,2002, Crime Delicado, 2005, Baixio das Bestas, 
2006, A Febre do Rato, 2011 e Big Jato, 2015), será um dos focos centrais desse 
trabalho onde a interface entre esses dois elementos confere ao diretor uma estética 
própria e, inconfundível, que soma os corpos e a cidade onde eles se inserem. 
Reconhecemos em Assis como um dos diretores mais relevantes de sua geração, capaz 
de levar às telas um olhar dilatado sobre aquilo que se passa diante da lente, provocando 
em seus espectadores um “choque perceptivo”. Buscaremos refletir o estado de 
mailto:eliscrokidakis@yahoo.it
mailto:Eliscrokidakis@yahoo.it
mailto:Elianamonteiro55@gmail.com
38 
 
degradação de seus personagens (marcada nos corpos sob diversos aspectos) como 
também suas desintegrações sociais levadas, tanto uma como a outra, ao limite mais 
criativo do diretor, que será a luz do conceito de “obscenidade” de Jean Baudrillard 
analisado. Em tal conceito se configuram o avesso da cena, o avesso do espetáculo e o 
avesso do jogo de sedução. Também nessa análise estabeleceremos as intrínsecas 
relações do espaço físico com o espaço afetivo da memória e da representação que é 
pontuado através desse cinema de certa forma marginal, onde algumas vezes esse 
espaço é reflexo, outras vezes ele é ruína e outras ainda representação simbólica de algo 
afetivo ou mesmo político. Isso porque, no universo do estudo do cinema nos 
deparamos muitas vezes com imagens de espaços\cidades que não existem mais, ou de 
cidades inventadas ou de cidades que precisam servir para denunciar algo que ocorre 
com seus habitantes .Assim, uma das obras de Cláudio Assis será observada sob a 
perspectiva de um cineasta pernambucano, nascido em Caruaru - região do agreste 
brasileiro - capaz de construir correspondências, física e social entre as mais diversas 
periferias do país e que adquirem sentido umas em relação às outras. Assis é um 
cineasta que, assim como o Brasil, parece fora de controle. 
 
 
ENTRE O SOCIAL E O RELIGIOSO: O ENTRE-LUGAR DOS 
PERSONAGENS NO ROMANCE DE 30 
 
Elisa Domingues COELHO (FCLAr/UNESP/D) 
elisadcoelho@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Juliana Santini (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Literatura Brasileira; Romance; década de 30. 
 
A produção literária de 1930 vem sendo estudada segundo uma chave de leitura do 
Modernismo que articula ruptura e inovação. Circunstância que, juntamente ao contexto 
histórico da década e à forte polarização ideológica da intelectualidade nesse decênio, 
consolidou uma crítica em que literário e ideológico se misturam e deixam muitas 
lacunas na análise literária dos romances dessa geração. Todavia, um olhar mais atento 
às permanências do que às rupturas, como o fazem Afrânio Coutinho e Mário de 
Andrade, pode, filiando-se a uma outra perspectiva, mostrar que a prosa de 30 está 
inseridaem uma tradição que remonta ao Romantismo e que, portanto, a maneira como 
sua configuração aparece na fortuna crítica do decênio – entre duas grandes tendências 
– também pode ser explicada por questões não literárias. Uma delas, que ocupa um 
lugar central nessa nossa revisão da crítica de 30, é a relação entre literatura e religião, a 
qual fez com que essa prosa fosse estudada e dividida entre dois temas inconciliáveis: 
social e religioso. A proposição desse trabalho é, justamente, a partir de um estudo 
ainda inicial de Maria Luiza, de Lúcia Miguel Pereira, preservar o emaranhado desses 
elementos na estrutura narrativa e compreender como a construção da prosa dessa 
década se configura a partir, justamente, da presença da relação entre social e religioso, 
que se fundem na economia do romance ao trazer a trajetória das personagens em busca 
de uma saída para a crise social e humana que se configurou em 30. Dessa forma, 
através do estudo da trajetória da protagonista e da estruturação da voz e do foco 
narrativos, podemos ver como a percepção da personagem desse mundo e dos 
acontecimentos que compõem o enredo iluminam as contradições na medida em que o 
desenvolvimento do seu fluxo de consciência a retira da centralidade de sua estrutura 
familiar – que se filia ao passado – e a lança em uma busca – característica da 
personagem de 30 – por um novo lugar possível, fazendo do deslocamento no discurso 
religioso protagonizado pela personagem o próprio deslocar operado pela crise de 30. 
mailto:elisadcoelho@gmail.com
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A EXPRESSIVIDADE LITERÁRIA NAS AULAS DE SERGUEI EISENSTEIN 
 
Erivoneide BARROS (IEL/UNICAMP/D) 
erivoneidebarros@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Fabio Akcelrud DURÃO (IEL/Unicamp) 
 
Palavras-chave: Literatura Comparada; Eisenstein; Cinema. 
 
Resumo: Nos escritos do cineasta e teórico russo Serguei Eisenstein, a arte literária está 
presente como um modelo de estrutura artística, motivadora de reflexões sobre aspectos 
formais e estilísticos, envolvidos nas diferentes fases da concepção artística. A 
Literatura, tanto russa quanto mundial, tornou-se um recurso pedagógico fundamental 
no programa de ensino interdisciplinar desenvolvido por Eisenstein para o curso de 
Direção Cinematográfica do Instituto Estatal de Cinema Russo (VGIK). O novo cenário 
social em construção na União Soviética, após o advento do Plano Quinquenal, 
implantado por Iósef Stálin, gerou profundas transformações no sistema educacional. 
Muitos discentes ingressavam nos institutos de ensino superior sem uma formação 
anterior sólida que oferecesse a este público o desenvolvimento de aspectos críticos e 
estéticos em relação às diferentes manifestações artísticas. Para Eisenstein, um futuro 
diretor precisaria ser um ávido leitor, além de conhecedor das diferentes artes, pois só 
dessa maneira seria capaz de criar uma estética própria. Dentro dessa perspectiva, no 
primeiro e no segundo ano do curso, estava prevista a leitura e discussão coletiva de 
diferentes obras literárias a fim de observar criticamente os aspectos que constituem o 
fenômeno artístico no campo da Literatura. Desse modo, a articulação entre o fazer e o 
pensar teórico permitiria ao aluno entender que Cinema e Literatura são linguagens que 
dialogam e ampliam possibilidades significativas que estão além dos meandros da 
adaptação de uma obra literária para a linguagem cinematográfica. Considerando a 
afirmação de Eisenstein de que o cinema apresenta mecanismos de construção artística 
advindos da linguagem literária, essenciais para o estabelecimento de uma imagem que 
não esteja presa meramente ao factual (representação), minha proposta para esta 
comunicação é discutir o conceito de expressividade artística explorado pelo teórico-
cineasta. A leitura partirá da análise do texto Literatura e Cinema (1928), em que 
Eisenstein discute as relações entre a estrutura das obras literárias Germinal e A terra, 
de Émile Zola, e seu filme A greve (1924) e o projeto cinematográfico de A linha geral, 
além de trechos de artigos oriundos dos exercícios realizados em suas aulas, 
posteriormente publicados em revistas e livros. 
 
 
“A DAMA DO LOTAÇÃO” E BELLE DE JOUR: O DUPLO COMO ÍNDICE DE 
METALINGUAGEM E INTEGRAÇÃO DO SER E DE SEUS DESEJOS 
 
Fabiane Renata BORSATO (FCLAr/UNESP/ILCML/U.Porto) 
fabiane@fclar.unesp.br 
 
Palavras-chave: A dama do lotação; Belle de jour; relações intersemióticas. 
 
Desdobramentos de protagonistas em alteridades cujos comportamentos surpreendem 
seus maridos e a sociedade são temas de “A dama do lotação”, uma das narrativas da 
obra A vida como ela é... O homem fiel e outros contos (1951-61), de Nelson Rodrigues 
e do filme Belle de jour, de Luís Buñuel, surgido em 1967. As protagonistas de “A 
mailto:erivoneidebarros@gmail.com
mailto:fabiane@fclar.unesp.br
mailto:fabiane@fclar.unesp.br
40 
 
dama do lotação” e Belle de jour não são unidades ególatras, ao contrário, sustentam-se 
como consciências e inconsciências em conflito, desdobradas nas alteridades que dão 
título às obras. Nelson Rodrigues e Buñuel abandonaram traços naturalistas em favor da 
criação de planos imaginários e fantasiosos, de universos patológicos que procuram 
uma causa, mas acabam por gerar ainda mais incertezas, como é exemplo a cena de 
infância de Séverine e a consequente insinuação de abuso sexual ligado ao universo 
religioso e à recusa da hóstia na primeira comunhão, por parte da menina. No conto de 
Nelson Rodrigues, a protagonista Solange oferece indícios de que a dama do lotação é 
um constructo cênico, um papel dramático que não compromete sua condição de esposa 
fiel. Conto e filme apresentam, portanto, protagonistas que assumem tanto a condição 
de esposas fiéis e ingênuas, quanto de mulheres atraentes e libidinosas. Trata-se de 
projeções oníricas em que o inconsciente parece não caber no diálogo, o que promove a 
liberação das fantasias que, postas em relação com os fatos, colocam em xeque a lógica 
costumeira e as certezas do espectador/leitor. Este estudo propõe analisar o jogo de 
representações e desdobramentos das personagens do conto e do filme, bem como as 
implicações entre ficcionalidade, despersonalização e múltiplas identidades, sendo estes 
elementos que impedem julgamentos morais das personagens e anunciam o traço 
metalinguístico do conto de Nelson Rodrigues. Para tanto, mobilizaremos estudos sobre 
teoria do cinema, desenvolvidos por Robert Stam, Ismail Xavier e Bordwell & 
Thompson; sobre gêneros literários, escritos por Garcia Berrio e Rosenfeld; sobre o 
Surrealismo, de autoria de Octavio Paz e sobre a personagem da narrativa, do teatro e 
do cinema, em textos de Almeida Prado, Candido e Sales Gomes. 
 
 
“[DOURO] DUM CERTO IDÍLIO COM O DEMONÍACO”: REFLEXÕES 
SOBRE O ESPAÇO ROMANESCO E O ESPAÇO CINEMATOGRÁFICO EM 
VALE ABRAÃO 
 
Fernanda Barini CAMARGO (FCLAr/UNESP/D) 
fernanda.barini.camargo@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Renata Soares JUNQUEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: espaço romanesco; espaço cinematográfico; Vale Abraão. 
 
Os espaços na arte nos atualizam sobre o lugar de identidades ficcionais no mundo. Se 
Agustina Bessa-Luís o escreve com a caneta, Manoel de Oliveira o faz com a câmera, a 
partir do texto da romancista. Em Vale Abraão, longa-metragem (1993) e romance 
homônimo (1991), a geografia inventada do Vale é o alicerce da fábula protagonizada 
por Ema, mulher sedutora, sensual e desafiadora, cuja insatisfação (ou tédio) romântica 
a conduz a jogos erótico-amorosos – sempre incapazes de preencher o inquietante vazio 
que a habita. A trajetória percorrida pela personagem é fortemente marcada pela 
presença de cinco quintas: o Romesal, onde nascera e crescera, a quinta de Vale Abraão, 
sua residência matrimonial, a quinta das Jacas, palco para a sua apresentação à 
sociedade burguesa que ali vivia, a Caverneira, a qual abriga um adensamento de 
paixões e a quintado Vesúvio, ambiente de consumação do desenlace trágico. Os 
espaços arquitetônicos criados no romance de Agustina servem de andaimes para a 
construção de metáforas-chave, as quais sustentam os pilares narrativos. Constata-se 
deste modo, que o espaço narrativo para a romancista rejeita a atribuição de mero pano 
de fundo ficcional. Ao recriar a trama cinematográfica da fábula literária, Manoel de 
Oliveira não apenas se apropria das imagens do Douro e, portanto, do Vale, como 
cenário – ele transporta para o ecrã o narrador romanesco heterodiegético em voz-over, 
responsável por comentar o espaço filmado e usá-lo como via de acesso para a 
mailto:fernanda.barini.camargo@gmail.com
41 
 
consciência das personagens. Os enquadramentos escolhidos, vários deles emoldurados 
pelas estruturas arquitetônicas, instigam simbologias ligadas aos campos semânticos 
claustrofobia e castração. Todavia há, na narrativa fílmica, um eixo de força, tão 
enigmático e indomável quanto Ema: o rio Douro. Compondo o espaço e fiando o 
tempo, o rio é para onde todas as janelas se voltam, sendo também área demarcadora de 
um ambiente perturbador. Com o objetivo de promover reflexões sobre o modus 
operandi da construção do espaço no romance agustiniano e no cinema oliveiriano, esta 
comunicação se propõe a analisar Vale Abraão, filme e romance homônimo, a partir das 
formas artísticas que o edificam: a literatura e o cinema. 
 
 
O BOM SAMBA NÃO TEM LUGAR: OS ESPAÇOS E A MÚSICA EM 
DESDE QUE O SAMBA É SAMBA, DE PAULO LINS. 
 
Gabriel Capelossi FERRONE (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
gabrielcapelossi@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Juliana SANTINI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Espacialidade. Samba; Paulo Lins. 
 
Este trabalho visa apontar e analisar as diferentes estratégias narrativas para a 
construção de espacialidades no romance Desde que o samba é samba (2012), de Paulo 
Lins. Na obra, o autor responsabiliza-se por recriar o nascimento e o desenvolvimento 
do gênero Samba no início do século XX no Rio de Janeiro. A história narrada 
desenvolve-se não apenas a partir das figuras fictícias, como Valdirene, Sodré e 
Bancura, mas também pela ficcionalização de figuras históricas, como Tia Ciata, Ismael 
Silva, Francisco Alves e Osvaldo Caetano Vasques. A trama é, além disso, fortemente 
apoiada nas relações de deslocamento espaciais às quais as personagens são submetidas. 
Isto é, na narrativa, o Samba é responsável por promover dinamicidades topográficas – 
físicas e simbólicas – capazes de reestruturar o convívio político-social – e, por 
consequência, as respectivas relações conflituosas – criado por Lins. Isso leva a crer que 
o autor não pensou o espaço narrativo meramente como um aspecto cênico limitado a 
um elemento ingênuo ou coincidencial de seu livro. Sobre isso, Paul Claval nos mostra 
que o espaço intervém diretamente na vida social porque serve, também, como elemento 
de base à atividade simbólica (Samba). Portanto, para que os apontamentos realizados 
em torno das diferentes espacialidades do romance discutam o espaço como uma 
matéria fundamental na análise do romance, este estudo se valerá das proposições de 
Michel de Certeau, com suas diferenciações entre Espaço e Lugar, de Maurice 
Halbwachs, com sua teoria sobre a memória coletiva, e de Georg Wink, sobre a 
intencionalidade da construção de um espaço em determinada narrativa. Além disso, 
para aprofundar a observação da interferência que o espaço pode tomar na valoração das 
manifestações culturais e sociais construídas ao longo da trama, serão utilizados os 
pensamentos de Roberto DaMatta sobre os conceitos de casa e rua e de Norbert Elias, 
com os estabelecidos e os outsiders. 
 
 
A INVERSÃO DE MÁXIMAS EM OS MEUS SENTIMENTOS, 
DE DULCE MARIA CARDOSO 
 
Gabriela Cristina Borborema BOZZO (FCLAr/UNESP/M/CNPq) 
gabrielaborborema@live.com 
Or. Profa. Dra. Maria Célia de Moraes LEONEL (FCLAr/UNESP) 
mailto:gabrielcapelossi@hotmail.com
mailto:gabrielaborborema@live.com
42 
 
 
Palavras-chave: Dulce Maria Cardoso, Os meus sentimentos, inversão de máximas. 
 
O estudo da produção romanesca de Dulce Maria Cardoso revela um minucioso 
trabalho da forma – categorias narrativas de modo geral – que, organicamente, elaboram 
o tema de cada livro. Acreditamos que tal arquitetura chega ao ápice em Os meus 
sentimentos composto por apenas um período que se estende por mais de trezentas 
páginas, urdindo o tema da não-pertença. Neste trabalho, tendo tal romance como 
objeto, tomamos como tema um aspecto específico da elaboração da linguagem – a 
inversão de máximas, provérbios, ditados - com o objetivo de verificar de que modo 
esse componente – em colaboração com outros recursos linguísticos e com outras 
categorias da narrativa, especialmente, a história, a protagonista, o tempo – contribui 
para construir o tema mencionado. Na composição, saltam à vista, entre outros recursos 
como o ritmo de fluxo de consciência, a ironia. Para a concretização dessa última é que 
a escritora lança mão da inversão de máximas, gerando o questionamento de verdades 
absolutas que compõem a realidade sócio-histórica representada na narrativa que 
incorpora o período salazarista e a Revolução dos Cravos. As inversões, como 
pretendemos mostrar, corroboram a realização do projeto artístico da autora conforme 
proposto por Gonçalves Neto e Gama em relação a outro romance, O chão dos pardais. 
Para atingir os objetivos, levantamos os provérbios presentes no texto e investigamos o 
modo como se dá a sua inversão nas diferentes ocorrências. Para tanto, contamos com 
embasamento teórico-crítico dividido em três linhas principais: a) crítica da produção da 
escritora com centro no ensaio “Liquidez, reconfigurações e pluralidades: a 
representação identitária da sociedade portuguesa em Chão de Pardais de Dulce Maria 
Cardoso”, de Gonçalves Neto e Gama; b) teoria relativa ao conceito de máxima, com 
fulcro na Arte retórica de Aristóteles, em “La Rochefoucauld: reflexões ou sentenças e 
máximas”, de Roland Barthes e A Ciropédia de Xenofante: um romance de formação na 
Antiguidade, de Emerson Cerdas; c) estudo sobre a antifábula de James Thurber, em 
“The american face of Aesop: Thurber’s Fables and Tradition”, de Pack Carnes. 
 
 
CONVENÇÕES NARRATIVAS DO ROMANCE DISTÓPICO NO FILME 
ALPHAVILLE, DE JEAN-LUC GODARD 
 
Gabriela Bruschini GRECCA (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
gabrielabgrecca@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Rejane Cristina ROCHA (UFSCar/ FCLar/UNESP) 
 
Palavras-chave: Ficção científica; narrativa distópica; Alphaville. 
 
Esta comunicação objetiva debater e analisar uma das primeiras obras da filmografia de 
Jean-Luc Godard, Alphaville (1965). O filme, enquadrado no gênero cinematográfico de 
ficção científica, apresenta diversos traços que são considerados convenções 
tradicionais do romance distópico, gênero literário que se popularizou no decorrer do 
século XX a partir do surgimento de suas obras mais prototípicas, como Nós, de 
Yevgeny Zamyatin, e 1984, de George Orwell. Esta última ecoa, em Alphaville, 
diversos aspectos temáticos conhecidos mundialmente pela forma como foram 
abordados neste romance, o que torna pertinente, para esta discussão, pontuar as 
influências no filme do romance distópico, gênero tão amplo, a partir da obra de Orwell, 
a fim de que as aproximações entre os traços de ambas as obras sejam demonstradas de 
maneira mais concreta. Assim, seis convenções das narrativas distópicas foram 
selecionadas, a fim de debater o modo como foram trazidas por Orwell em 1984 e como 
mailto:gabrielabgrecca@hotmail.com
43 
 
elas aturam na construção do espaço e do Poder em Alphaville, sendo elas: o governo 
pelo medo; a ascensão do poder pela tecnologia; o cerceamento das liberdades 
individuais; o controle da linguagem; a manipulação da história; e a resistência do 
protagonista pela arte. Com isto, pretende elucidar-se como a literatura e o cinemase 
influenciam dialeticamente. A primeira é capaz de agir sobre o segundo não somente 
quando a obra cinematográfica é uma adaptação direta de um texto literário, mas 
também quando suas maneiras de recriar os questionamentos existenciais e sociais 
extrapolam o nível do enredo e formulam novos modos de engajar-se a estas questões, 
possíveis de serem transportados para as outras manifestações artísticas. Já o cinema 
age sobre a literatura quando atua na expansão, na modificação e na transformação dos 
próprios limites do gênero literário; afinal, um filme como Alphaville, a partir das 
especificidades dos recursos cinematográficos, pode apresentar um universo distópico 
de modos ainda imprevistos pelos autores de literatura, ressignificando, de um modo 
geral, a relação entre as artes e os impulsos utópicos/distópicos, tão próprios de 
momentos sócio-históricos de crise e de mudança de paradigmas. 
 
 
DO CINEMA À NARRATIVA: APLICAÇÃO DO CONCEITO DE 
MONTAGEM EM L’ÉCUME DES JOURS, DE BORIS VIAN 
 
Glenda Verônica DONADIO (FCLAr/UNESP/M/CNPQ) 
glendadonadio@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Andressa Cristina de OLIVEIRA (FCLAR/UNESP) 
 
 
Palavras-chave: Boris Vian; Eisenstein; Montagem. 
 
Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise comparativa entre o texto de 
Eisenstein (2002) e a obra L’écume des jours (2017), de autoria de Boris Vian, levando 
em conta, sobretudo, o conceito de montagem explicado n’O sentido do filme. Pretende-
se demonstrar como o conceito de montagem seria aplicado no contexto de uma obra 
literária, como também evidenciar os efeitos imagéticos resultantes de sua utilização, 
por meio da seleção de dois trechos exemplificativos. Além disso, busca-se evidenciar o 
emprego de duas técnicas de montagem: a metonímia (mais especificamente, a 
sinédoque) e a metáfora (via justaposição de duas imagens) consoante definições de 
Jakobson em Linguística. Poética. Cinema. (1970) e Martin em A linguagem 
cinematográfica (2007). A análise comparativa será pautada, portanto, nas observações 
pontuadas ao longo dos trabalhos de Eisenstein, Jakobson e Martin buscando, 
posteriormente, demonstrar como estes conceitos seriam aplicados no decorrer da obra 
de Vian. A demonstração ocorrerá por meio da exposição e explicação dos trechos 
exemplificativos. Assim, visa-se esclarecer que os conceitos teóricos a respeito da 
montagem, apesar de voltarem-se, essencialmente, ao meio cinematográfico, abordam, 
também, questões tocantes à literatura, as quais serão o foco dessa breve análise. 
Primeiramente, será apresentado um trecho de L’Écume des jours no qual adota-se o 
conceito de montagem por meio da metonímia, ou seja, os diferentes planos (planos 
gerais, planos médios, primeiros e primeiríssimos planos) evidenciariam partes do corpo 
das personagens como representação do todo, sendo que a imagem final é elaborada 
pelo autor, dessa maneira, com objetivo de contar a confusão causada pela personagem 
principal ao causar um acidente na pista de patinação de gelo, o qual resulta em um 
amontoado de patinadores. Por conseguinte, será apresentado o segundo e último 
trecho, no qual se efetua o conceito de montagem por meio da metáfora, ou seja, serão 
apresentadas considerações a respeito da importância da justaposição de duas cenas 
mailto:glendadonadio@yahoo.com.br
44 
 
contrastantes – o ambiente agradável, ensolarado e alegre apresentado inicialmente, 
sucedido pela inserção contínua de elementos sombrios, responsáveis por imprimir uma 
espécie de estranhamento, concretizando a disparidade entre uma cena e outra – com o 
propósito de construir a imagem final pretendida pelo autor. Por fim, será ressaltada a 
importância da aplicação da justaposição na obra L’Écume des jours, seja no trecho 
exemplificativo, seja na história como um todo. 
 
 
TESTEMUNHO DA INIQUIDADE: JUSTIÇA E DIREITO EM MEMÓRIAS DO 
CÁRCERE DE GRACILIANO RAMOS 
 
Gustavo de Mello Sá Carvalho RIBEIRO (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
gustavo.fcl2010@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Maria Célia de Moraes LEONEL (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Graciliano Ramos; Memórias do cárcere; autobiografia. 
 
Sabe-se que a obra de Graciliano Ramos tem, cada livro à sua maneira, fortes marcas 
autobiográficas, mas, ao lado de Infância de 1945, é em Memórias do cárcere, 
publicação póstuma de 1953, que essas características surgem de maneira mais vívida 
por tratar-se de uma narrativa de testemunho em que o escritor alagoano expõe, por uma 
rememoração crítica, detalhada e elaborada, o período de cerca de um ano em que 
esteve, sem motivo legal ou formal, privado da liberdade pelo governo de Getúlio 
Vargas. Dados os acontecimentos relatados e as reflexões feitas pelo autor, tomamos um 
tema que tem relevância não apenas nessa obra, mas na prosa nacional, especialmente 
nos chamados romances de 30. Trata-se da justiça, entendida aqui tanto como valor 
quanto como órgão estatal responsável pelo exercício de tal princípio. O objetivo do 
trabalho é, portanto, verificar como tal tema é construído pelo narrador por meio de 
rememorações e reflexões que faz em seu relato. Para isso, damos enfoque às 
particularidades da literatura de testemunho na sua forma de representação literária da 
justiça. A metodologia do trabalho consiste em, a partir de proposições teóricas sobre 
justiça e direito e conceitos relativos a esses campos, levantar e examinar como 
componentes literários constroem a visão desses temas na obra em pauta por meio da 
investigação minuciosa das categorias narrativas - personagens, história, narrador, 
focalização, tempo, espaço, linguagem - sempre relacionadas umas às outras. Ressalta-
se que levamos em conta para tal análise o que Philippe Lejeune chama de "pacto 
autobiográfico" e que tais elementos narrativos, em Memórias do cárcere, são lidos 
como reelaborados pela memória e escrita do autor. Para consecução de nossos 
objetivos, lançamos mãos de embasamento teórico que pode ser resumido da seguinte 
forma: primeiramente, ensaios sobre o autor e a obra em questão como, por exemplo, 
"Dettera: ilusão e verdade - Sobre a (im)propriedade em alguns narradores de 
Graciliano Ramos" de Valentim Facioli e "Graciliano e as Memórias do cárcere" de 
Flávio Loureiro Chaves; em segundo lugar, teorias do direito e da justiça, das quais 
destacamos História do direito de Flávia Lages de Castro e Filosofia do direito de 
Paulo Nader; em terceiro, teorias da narrativa como O discurso da narrativa de Genette 
e, por último, estudos de narrativa, em especial sobre escritas de si, como "Graciliano 
Ramos: considerações autobiográficas" de Maria Célia Leonel e José Antonio Segatto. 
 
 
 
 
mailto:gustavo.fcl2010@yahoo.com.br
45 
 
POESIA, INTERTEXTUALIDADE E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE 
PORTUGUESA EM SILVESTRE, DE JOÃO CÉSAR MONTEIRO. 
 
Heloísa Helena RIBEIRO (FCLAr/UNESP/G/FAPESP) 
helo100ribeiro@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Fabiane Renata BORSATO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: filme; intertextualidade; duplo. 
 
A pesquisa em questão tem como objetivo analisar os intertextos da cantiga La Laranja 
e do conto popular português A Mão do Finado, existentes no Longa Metragem 
Silvestre (1981). Ademais, busca-se observar como se relacionam as referências 
medievais populares indicadas acima, nesse enredo fílmico contemporâneo. O filme tem 
como enredo uma construção intertextual que parte da fusão entre duas histórias 
populares portuguesas A Mão do Finado e Donzela Que Vai à Guerra, porém resgata 
outras formas como a cantiga La Laranja, e ditados populares. Além das questões 
intertextuais para as quais a pesquisa se volta, o filme permite a discussão de outros 
tópicos, como duplo, existente no intertexto de Silvestre com Donzela Que Vai à 
Guerra, história popular de origem castelhana transcrita em verso. Na película esse 
intertexto ocorre quando Sílvia se transforma em Silvestre, quem dá nome ao filme, a 
fim de sejuntar à guerra para resgatar o pai que fora sequestrado. Nesse momento, uma 
parte de Donzela Que Vai à Guerra é transcrito integralmente nas falas de Sílvia e de 
sua irmã mais velha, Susana. Assim, a partir da transfiguração da jovem, manifesta-se a 
figura da donzela guerreira— arquétipo presente na literatura de diferentes regiões do 
mundo desde a antiguidade. A donzela guerreira é essencialmente o duplo, contido na 
figura da donzela—representação do feminino—, e da guerreira—representação do 
masculino—, considerando-se o papel desempenhado pela mulher, e as características 
atribuídas ao feminino e ao masculino, nas sociedades. O filme também apresenta a 
figura do peregrino, presente no eixo temático da intertextualidade com A Mão do 
Finado. No longa, o peregrino é um homem com uma mão brilhante, associado pelas 
irmãs ao maligno. Contudo, ele se apresenta primeiramente como um romeiro cristão, e 
posteriormente como um pretendente a marido que heroicamente derrota o dragão de 
Sílvia, ganhando sua mão. Portanto cria-se, na película, a partir da figura desse homem, 
um duplo entre anjo e demônio, e herói e vilão. A fim de se estudar a construção das 
personagens em questão, em relação as modificações e aos novos significados gerados a 
partir da transposição, utilizar-se-á, pois, de teorias da intertextualidade tais como as de 
Genette, Compagnon, e Hutcheon, bem como, da teoria da personagem de Genette, e de 
discussões acerca da personagem realizadas por Beth Brait. 
 
 
O INSTANTE DE MORTE EM LA JETÉE 
 
Iamni Reche BEZERRA (IEL/UNICAMP/D) 
iamnireche@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Marcos SISCAR (UNICAMP) 
 
Palavras-chave: La jetée; instante; Jacques Derrida. 
 
Esta comunicação tem como objetivo apresentar um leitura da noção do “instante”, 
enquanto o tempo próprio do testemunho e da morte, a partir do curta-metragem La 
jetée, lançado em 1962 com roteiro e direção do documentarista Chris Marker. Em uma 
Paris em ruínas após a Terceira Guerra Mundial, um homem marcado por uma intensa 
mailto:iamnireche@gmail.com
46 
 
memória de infância é escolhido pelos alemães para passar por experiências de viagem 
no tempo, com o propósito de pedir ajuda e mantimentos às sociedades futuras para que 
a reconstrução da cidade pós-guerra seja possível. A película é a única obra ficcional de 
Marker que, conhecedor das técnicas do documentário, compôs La jetée a partir de 
fotogramas (não há movimento de câmera, à excessão de uma única e brevíssima cena). 
As fotografias e o tom documental da obra resgatam a impressão realista do relato, 
colocando em questão o estatuto da verdade fotográfica e testemunhal, expondo sua 
instabilidade, descrita por Jacques Derrida como a necessária indecidibilidade entre 
ficção e verdade, literatura e testemunho. Em Demeure. Maurice Blanchot. (1998), 
Derrida se reporta ao tensionamento do sujeito na narrativa blanchotiana, 
compreendendo o “instante” a partir de sua estrutura aporética, que o obriga a 
permanecer (demeure) exatamente ali onde não se poderia demorar. Assim, o instante 
de enunciação testemunhal abala a estrutura do tempo presente, sendo, ao mesmo 
tempo, antecipação e adiamento, confusão onde se veem circunscritas as viagens no 
tempo da película de Marker (memória de passado e memória de futuro nos são 
apresentadas como fragmenos dessa estrutura dramática). Se tomamos como princípio 
estético do filme a montagem fotográfica, podemos pensar que o que está em jogo é o 
instante de captura deste presente que se da a ver em sua condição de ruína, dessa 
memória que se reconstroi na mente do personagem a cada sessão do experimento no 
laboratório, anunciando, como vemos no desfecho de La jetée, o instante que é também, 
e especialmente, o instante de sua morte. 
 
 
FORMAS E REPRESENTAÇÕES DO AMOR EM MARÇAL AQUINO: UMA 
LEITURA DO ROMANCE “EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS 
SEUS LINDOS LÁBIOS” 
 
Igor Iuri Dimitri NAKAMURA (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
igornakamura@hotmail.com 
Or. Prof. Dr. Paulo Cézar Andrade da SILVA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Amor; Literatura; Marçal Aquino. 
 
Este trabalho assunta as figurações do amor no romance Eu receberia as piores notícias 
dos seus lindos lábios de Marçal Aquino. Estuda o amor entre as fronteiras do erotismo 
e da sexualidade. Depreende uma narrativa amorosa e destrincha sua estrutura e 
elementos textuais. A hipótese é que o amor não é construído involuntariamente para 
tornar deglutível uma história da violência. O trabalho se subdivide estruturalmente em 
quatro capítulos. No primeiro capítulo, explana sobre a vida, a obra e a recepção de 
Marçal Aquino, assim como o seu lugar na literatura. No segundo capítulo, traça um 
percurso teórico com o qual se apresentam noções sobre o amor de Platão (2004a) a 
Bauman (2004), com um recorte do escopo teórico em seguida. Ressalta o pressuposto 
teórico de que o amor encontra-se no plano do conteúdo e se materializa no plano da 
expressão (HJELMSLEV, 1975), ou seja, do âmbito social, externo, se perfaz no âmbito 
estético, interno (CANDIDO, 2000). No terceiro capítulo, o trabalho mostra que o 
discurso erótico-amoroso constitui lufadas de linguagem (BARTHES, 1981) no 
romance cujas manifestações do erotismo abalam o simulacro do real. A figuração 
corpórea adensa-se e as formas feminis reificam o erotismo dos corpos (BATAILLE, 
1987) no amour-passion (GIDDENS, 1993). Equipara-se o amor como uma simbiose 
amorosa (FROMM, 2000) entre a dominação e a servidão, a femme fatale e a femme 
fragile em torno da bipolaridade da protagonista. No quarto capítulo, embasa-se nas 
categorias de ordem, duração, frequência, modo e voz, de Genette (1995), para a análise 
mailto:igornakamura@hotmail.com
47 
 
narrativa com ênfase no tema amoroso. O trabalho expõe uma narrativa amorosa e uma 
diegese da barbárie, das quais resulta a tensão entre poesia e violência. Nos 
desdobramentos dos níveis narrativos (extra, intra, metadiegético), as facetas amorosas 
ilustram os conflitos do amor carnal (Eros) com o amor cristão (Ágape) e o amor 
fraterno (Philia). A relação entre quem conta (narrador) e quem ouve (narratário) sujeita 
a temática amorosa a nível de conversa. A posição de quem vê (focalização) é 
construída para exprimir a emotividade do eu que ama diante do impacto da paixão. 
Apercebem-se os signos da espera e da angústia da perda do objeto amoroso sobre os 
quais se prostra o eu que os edifica com as anacronias no tempo da memória. Os 
espaços diegéticos carregam-se de sentidos e funcionam como aprisionamento e 
libertação dos sujeitos passionais. O trabalho mostra que o amor consiste em uma forma 
motriz de resistência. 
 
 
 
“SENILITÀ”, DE ITALO SVEVO E, “UN AMORE”, 
DE DINO BUZZATI: DIÁLOGOS POSSÍVEIS 
 
Ivair Carlos CASTELAN (FCLAr/UNESP/PósD) 
ivaircastelan@gmail.com 
Supa: Profa. Dra. Claudia Fernanda de Campos MAURO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Senilità; Un amore; personagem. 
 
O presente trabalho pretende investigar as possíveis convergências no tocante à 
caracterização dos protagonistas em dois grandes romances da literatura italiana: 
Senilità (1898) de Italo Svevo, e Un amore (1963), de Dino Buzzati, em Senilità, de 
Svevo, a narrativa se desenvolve a partir e em torno da relação afetiva entre Emilio 
Brentani e Angiolina Zarri. Ele, um solteirão de 35 anos, simples empregado de uma 
firma de seguros que no passado publicara um livro, com relativo sucesso e que lhe 
rendeu certa fama de literato, a qual não se manteve por sua inércia, vive uma monótona 
e opaca existência ao lado de sua irmã Amália, até conhecer a jovem Angiolina, por 
quem se apaixona perdidamente.Assim como em Senilità, Un amore, de Buzzati, 
também apresenta uma narrativa construída em torno de uma relação afetiva vivida 
entre Antonio Dorigo, arquiteto renomado de 49 anos e, Laide, uma “suposta” aspirante 
a bailarina do famoso teatro Scala de Milão, mas que na verdadenão passa de uma 
prostituta. O percurso dos personagens dos dois romances selecionados é muito 
semelhante. Tanto Emilio Brentani, protagonista de Senilità, de Svevo, quanto Antonio 
Dorigo, protagonista de Un amore, de Buzzati, percorrerão o caminho narrativo em 
busca de autoconhecimento, auto identificação em suas relações com as belas, jovens e 
inteligentes amantes. Ainda que os dois autores tenham escrito em períodos históricos 
diferentes, Svevo no final do século XIX e Buzzati em pleno século XX, os dois 
romances selecionados apresentam vários pontos convergentes quanto à temática, estilo 
e retratação dos respectivos protagonistas. Importante explicitar ainda que, embora 
Senilità tenha sido publicado em 1898, isto é final do século XIX, já esboça, de forma 
plena características, valores, elementos que serão posteriormente esmiuçados na 
literatura do Novecento italiano. Desse modo, o que se pretende explicitar neste 
momento, partindo primeiramente das próprias narrativas, é o processo de 
caracterização desses protagonistas, que apresenta vários pontos de contato, dos quais 
pretende-se averiguar. 
 
 
mailto:ivaircastelan@gmail.com
48 
 
A OBRA TRANSFIGURADA: VARIAÇÕES VISUAIS DE MARIE MENKEN 
 
Ivan AMARAL (ECA/USP/M) 
ivanamaral.reis@gmail.com 
Prof. Dr. Cristian BORGES (ECA/USP) 
 
Palavras-chave: Marie Menken; cinema experimental; vanguarda. 
 
Marie Menken (1909-1970), filha de imigrantes lituanos dos EUA, inicia carreira de 
artista plástica em Nova York com pinturas abstratas que exploravam materiais não-
tradicionais, como quando utilizava tinta luminescente e barbantes, entre outros, para 
buscar um apelo à luz e ao movimento em seu trabalho pictórico. Algumas exibições em 
galerias de arte da metrópole norte-americana contemplaram seu trabalho, no entanto, é 
a partir de 1943 que Menken, quando realiza seu primeiro filme, acaba por produzir 
obra cinematográfica que transforma radicalmente a maneira de se fazer cinema 
experimental nos EUA, influenciando cineastas como Stan Brakhage e Jonas Mekas. 
Ainda que não contemplada pela crítica e pela teoria de maneira justa com sua 
importância no meio em que atuava, Menken era significativamente reconhecida pelo 
meio artístico de Nova York, sendo amiga bastante próxima de Andy Warhol, para o 
qual também dedica um filme, e tendo inspirado, como protagonista, a peça de teatro 
Quem tem medo de Virginia Woolf?.nA presente comunicação, dentre o variado 
montante de vinte e quatro filmes que compreendem sua obra cinematográfica, tem 
como objetivo apresentar a relação entre cinema, música experimental e artes plásticas 
que compete ao seu primeiro filme: Visual Variations on Noguchi (1943). Por meio 
dele, poderemos compreender tanto a confluência entre distintas expressões artísticas 
quanto algumas características específicas do meio fílmico, as quais permitem o 
entendimento de um processo de criação o qual chamamos de transfiguração. Desse 
modo, as esculturas de seu amigo e arquiteto Isamu Noguchi, filmadas por meio de 
fulgurosos movimentos com a câmera na mão que deslocam a forma fílmica da 
linguagem narrativa para a da abstração, são transfiguradas para o meio fílmico. Tal 
transfiguração permite uma percepção radicalmente nova tanto das esculturas quanto do 
próprio cinema, permitindo encontrar no filme aspectos da fotogenia, termo de Jean 
Epstein, e conceitos de Vilém Flusser acerca do aparato cinematográfico que se 
contrapõe à delimitação imposta por P. Adams Sitney ao cinema da realizadora, 
classificado por ele como resultado do filme-lírico e do que também chama de “câmera-
somática”. 
 
 
A DOMINA ELEGÍACA COMO METÁFORA DO FAZER POÉTICO 
 
Jaqueline VANSAN (FCLAr/UNESP/D) 
jaque.vansan@yahoo.com.br 
Or. Prof. Dr. João Batista Toledo PRADO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: elegia latina; domina elegíaca; fazer poético 
 
Difundido na Grécia, principalmente entre os séculos VII e V a.C., o gênero elegíaco 
originalmente foi caraterizado pelo uso de métrica própria, materializada no dístico 
elegíaco, estrofe formada pela sequência composta por um verso hexâmetro, constituído 
de seis pés métricos, e outro pentâmetro, organizado em torno de cinco pés métricos, os 
quais eram usados para tratar de assuntos variados, desde lamentos fúnebres, temas 
bélicos, exaltação patriótica, questões morais até temas amorosos, além de, na época 
mailto:ivanamaral.reis@gmail.com
mailto:jaque.vansan@yahoo.com.br
49 
 
alexandrina, servir como meio para a descrição de lendas da mitologia, em especial as 
que continham fundo erótico. Inspirados pelo metro e pelo caráter mítico-sentimental 
que esse gênero alcançou em terras helênicas, poetas como Tibulo, Propércio e Ovídio 
popularizam a elegia em Roma, no século I a.C., atribuindo a ela contornos altamente 
subjetivos. As composições elegíacas latinas, desse modo, tratavam do relacionamento 
conflituoso entre um eu lírico, apresentado, em geral, como a figura do próprio poeta, e 
uma bela, porém inclemente, mulher, a puella ou domina elegíaca, que muitas vezes era 
também cobiçada por outro amante de condições de vida abastada, o diues amator, rival 
encarregado de completar o triângulo amoroso em que se apoiavam os poemas desse 
gênero desenvolvido sob o reinado do imperador Otaviano Augusto. Personagem 
central da trama concebida pela elegia romana, a domina, caracterizada como uma 
mulher possuidora de rara erudição e livre do controle masculino, embora interessada 
nos recursos financeiros que o amante pode lhe proporcionar, por vezes, confunde-se 
com o próprio poema, uma vez que detalhes utilizados em sua descrição evocam as 
origens e influências do gênero quando desenvolvido entre os latinos, bem como 
celebram as convenções e a grandeza dos poetas e da própria elegia amorosa romana. 
Tendo isso em vista, a presente comunicação tem como objetivo analisar passagens de 
elegias escritas por Propércio e Ovídio em que a domina torna-se uma metáfora do fazer 
poético elegíaco, representando, dessa forma, não somente a paixão do eu lírico pela 
mulher amada, mas também o ardor do poeta pelo seu ofício. 
 
 
ARGONÁUTICA(S): O TRATAMENTO DADO À OBRA DE APOLÔNIO POR 
VARRÃO ATACINO 
 
Jéssica Frutuoso MELLO (FCLAr/UNESP/M/CNPq) 
jessicafrutuoso@yahoo.com.br 
Prof. Dr. Brunno Vinicius Gonçalves VIEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Apolônio de Rodes; Varrão Atacino; tradução. 
 
As histórias relacionadas à viagem dos argonautas em busca do velocino de ouro têm se 
mostrado, desde a Antiguidade, muito produtivas dentro e fora de ambiente literário. 
Em meados do século III a.C., Apolônio de Rodes compõe a primeira epopeia, de que se 
tem notícia, dedicada a narrar a viagem empreendida por Jasão e cerca dos cinquenta 
melhores heróis da Grécia à Cólquida, onde, com a ajuda de Medeia por ele enamorada, 
obtém o velocino e, finalmente, retorna a Iolcos, trazendo não só o velocino demandado 
por Pélias, mas também a feiticeira com quem se casara no reino dos feácios. Apolônio 
apresenta diferentes inovações em sua obra quanto ao gênero épico, como o tamanho – 
são apenas quatro cantos, vinte a menos que suas antecessoras homéricas –, e o desenho 
de seu herói principal que parece não se adequar ao ideal de herói épico, em 
contraposição a seu companheiro de viagem, Héracles. Já em solo romano, sua obra era 
considerada importante o suficiente para receber, além de menções e citações, pelo 
menos uma tradução, a de Varrão Atacino, contemporâneo de Catulo, no século I a.C.. 
Assim como o texto original, a tradução de Varrão Atacino também recebe nota de 
outros poetas, como Ovídio, Propércio, Sêneca, o Velho e Quintiliano, embora nem 
sempre em tons elogiosos. Infelizmente, dessa tradução, restam apenas poucos 
fragmentos. De qualquer forma, essa obra lhe confere o rótulo de interpres, já que tende 
a seguir um modelo uerbum pro uerbo, mesmo que apresente algumas prováveisinovações, conforme ainda é possível averiguar nos fragmentos supérstites, como a 
supressão de termos e a desambiguação de determinado trecho. Alguns estudiosos 
propõem mesmo a possibilidade de que tenha ocorrido contaminatio a partir de autores 
mailto:jessicafrutuoso@yahoo.com.br
50 
 
como Catulo, com base na escolha vocabular do tradutor. Propõem-se, então, alguns 
comentários acerca da relação entre Apolônio e seu par latino em termos de tradução e 
contaminatio. 
 
 
FREI LUÍS DE SOUSA: MISSÕES OPOSTAS NO TEATRO E NO CINEMA 
 
Jorge Eduardo Magalhães de MENDONÇA (UFF/D) 
jemagalhaes@yahoo.com.br 
Or. Prof. Dr. Sílvio Renato JORGE (UFF) 
 
Palavras-chave: Teatro, Ditadura, Cinema 
 
Este trabalho tem como principal objetivo fazer uma breve associação entre a Literatura, 
o Teatro e o Cinema e sua utilização como fomentação do regime político, geralmente 
opressor e ditatorial, de um país. Em sistemas ditatoriais é comum utilizar as artes e a 
cultura nacional como propaganda do governo, sendo dado destaque ao Estado Novo 
Português. Será feita uma abordagem histórica em relação à intenção de Antônio Ferro, 
diretor do Secretariado Nacional de Propaganda, em utilizar a arte e a cultura, 
principalmente o cinema português como objeto de propaganda do Estado Novo, 
despertando no imaginário coletivo a glorificação de mitos portugueses de seu passado 
glorioso. Será dado enfoque aos dois objetivos opostos do drama histórico Frei Luís de 
Sousa, de Almeida Garrett, que, assim como vários autores que viveram em regimes 
ditatoriais, usam como subterfúgio analogias históricas para criticar o presente sem 
sofrerem represálias. O drama Garrettiano, escrito na década de 40 do século XIX, 
retorna ao passado histórico português, quando o país estava sob domínio filipino, para 
criticar a então presente ditadura de Costa Cabral; ao contrário da sua versão 
cinematográfica no século XX, que, apesar de sua adaptação para as telas ser bem fiel 
ao texto original de Garrett, tem a missão oposta: servir como objeto de propaganda do 
Estado Novo Português, dentro da política de propaganda de Antônio Ferro, que durante 
sua gestão estimulou a adaptação de diversos clássicos da Literatura Portuguesa para as 
telas do cinema, que além do citado drama de Garrett, contou também, por exemplo, 
com as versões cinematográficas dos romances campestres de Júlio Dinis, o drama A 
severa, de Júlio Dantas e Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, dentre outros. 
Todas estas importantes obras que eram convenientes para o estímulo de um 
nacionalismo patriótico utilizado para exaltação do regime de Salazar. 
 
 
PÓS-UTOPIA EM HAROLDO DE CAMPOS. UMA APROXIMAÇÃO A “A 
EDUCAÇÃO DOS CINCO SENTIDOS” POR MEIO DO FILME “HIROSHIMA, 
MON AMOUR” 
 
Jorgelina RIVERA (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
jorgelina.r@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Diana Junkes Bueno MARTHA (UFSCar) 
 
Palavras-chave: Memória; Poesia pós-utópica; Haroldo de Campos. 
 
O pilar central deste trabalho será a importância da memória e pós-utopia na obra de 
Haroldo de Campos. Em conjunção, para a construção deste pilar, utilizaremos os 
conceitos de ‘ruína’ e ‘história aberta’ do filósofo Walter Benjamin. Como 
embasamento para este estudo serão fundamentais como referenciais teóricos os ensaios 
mailto:jemagalhaes@yahoo.com.br
mailto:jorgelina.r@gmail.com
51 
 
de Walter Benjamin “Experiência e pobreza” (1933) e as teses II, VI, VII e IX de Sobre 
o conceito de história (1940) em conjunção com alguns trechos pertinentes ao assunto 
do filme “Hiroshima mon amour” (1959). Paralelamente, para um melhor 
aproveitamento da obra do filósofo alemão utilizaremos o livro Walter Benjamin: aviso 
de incêndio (2001) de Michael Löwy. O poema escolhido para fechar essa comunicação 
e utilizar como exemplo será “A educação dos cinco sentidos” de Haroldo de Campos, 
pertencente ao livro homónimo (1985). Para complementar, utilizaremos o prefácio ao 
livro “A educação do sexto sentido: poesia e filosofia em Haroldo de Campos” de 
Kenneth David Jackson e o “Prefácio à primeira edição espanhola” de Andrés Sanchez 
Robayna. No seu livro A educação dos cinco sentidos (1985), Haroldo de Campos 
propõe por meio dos cinco sentidos atingir um sexto que seria o sentido poético: aquele 
que encontra-se no limiar ou, segundo Lacan, o que poderia se denominar como ‘real’ 
que foge a uma materialização, aquilo que não pode ser dito ou expressado. Campos 
utiliza como matéria de construção da sua poética a memória, ou mnemosyne, mãe da 
musa da épica, a reminiscência quem possui a força/poder do seu pai, Zeus, e a memória 
da sua mãe. Paralelamente, no filme “Hiroshima, mon amour” a protagonista vive entre 
o passado e o presente, suas memórias constroem o presente e influenciam nela: embora 
ela tente esquecer o vivido, as experiências voltam, pois é preciso que conviva com elas 
para prosseguir. Em “Educação dos cinco sentidos”, Haroldo de Campos retoma ao 
filósofo Karl Marx para arquitetar um poema que procura ir além dos cinco sentidos 
superficiais que nos relacionam ou aproximam ao ‘real’. O sexto sentido, que remete à 
linguagem, é a poesia. Ela se encontra num lugar de transição: o inter (o limiar de W. 
Benjamin?) o Purgatório (Dante Alighieri), ou o salto tigrino (Andrade de Souza). Esse 
lugar de mudança constante define a poesia haroldiana, que se caracteriza por fundar-se 
numa viagem através do significante e o significado, onde o substantivo cumpre um 
papel essencial. 
 
 
MELANCOLIA E NARRAÇÃO. A MORTE COMO ESTÍMULO À ESCRITA 
EM O NÁUFRAGO, DE THOMAS BERNHARD 
 
José Lucas Zaffani dos SANTOS (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
zaffanilucas@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Wilma Patrícia Marzari Dinardo MAAS (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: escrita; morte; narrador. 
 
O romance O náufrago (1983), do austríaco Thomas Bernhard, é a tentativa do narrador 
(anônimo) de elaborar o luto pela morte dos amigos Glenn Gould e Wertheimer. Os três 
conheceram-se, na juventude, quando foram estudar piano no Mozarteum, em Salzburg. 
Após Glenn Gould tornar-se um nome reconhecido na música do século XX ao executar 
as Variações Goldberg, de Bach, Wertheimer e o narrador iniciaram seu processo de 
derrocada. Imbuídos por uma sensação de fracasso, ambos abandonaram o piano e 
passaram a cultivar uma existência melancólica. O desfecho de Wertheimer figura como 
o mais trágico, uma vez que, depois da morte de Glenn, ele se suicida. Herdeiro dessa 
amizade, o narrador, em seu relato, oferece uma panorâmica da personalidade dos 
amigos. Paralelamente, a subjetividade do narrador irrompe em determinados momentos 
criando, assim, uma relação especular em que ele ora se reflete em Glenn, ora em 
Wertheimer. Nosso objetivo concentra-se no processo de escrita do narrador no que 
tange, sobretudo, sua experiência com a morte. Por meio da memória, o narrador 
reconstrói o passado ao lado dos amigos, ao mesmo tempo em que parece experienciar 
sua própria morte simbólica. A narrativa manifesta afetos como dor e melancolia e tem, 
mailto:zaffanilucas@gmail.com
52 
 
na perda, um estímulo à escrita e à narração. É pela escrita que se vislumbra algum 
sentido para o que se perde e para o tempo que dispersa. A fim de compreender como a 
manifestação desses afetos, suscitados, sobretudo, pela instância da morte, contribui 
para a fatura da obra, traremos como aporte teórico textos do filósofo francês Maurice 
Blanchot, dentre os quais A parte do fogo e O espaço literário. No pensamento de 
Blanchot, o sujeito que escreve ousa permanecer senhor de si perante a morte. Mais 
ainda, o sujeito que pensa a morte encara-a como uma oportunidade de tecer relações 
com a arte. 
 
 
INTERTEXTUALIDADE E DISCURSO NO TEATRO DE DEA LOHER 
 
Júlia Mara Moscardini MIGUEL (FCLAr/UNESP/ D/ CAPES) 
jumoscardini@hotmail.com 
Profa. Dra. Elizabete Sanches ROCHA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: intertextualidade; teatro político;teatro contemporâneo; 
 
O discurso é composto por várias vozes, premissa anunciada desde os estudos de 
Bakhtin. A partir dessa linha teórica, várias frentes surgiram com grande abrangência 
para discutir o conceito de intertextualidade. Os avanços no campo dos estudos do 
intertexto permitiram uma especificação maior do termo, abrindo espaço para discussão 
das várias ocorrências do mesmo na literatura. Para além da discussão bakhtiniana, o 
termo intertextualidade vai se moldando entre as várias definições possíveis defendidas 
por teóricos do discurso. A escritora francesa Tiphaine Samoyault faz um apanhado 
sobre o fenômeno da intertextualidade e sua manifestação nos textos literários 
pontuando as várias maneiras de retomada textual e sua acomodação em um texto de 
acolhida. A partir dos escritos de Samoyault e da teoria do também francês Antoine 
Compagnon, é possível fazer um apanhado dos efeitos de sentido atribuídos pelo 
intertexto na composição de duas obras da dramaturga contemporânea alemã, Dea 
Loher. Em duas de suas peças, Olgas Raum e Licht, há a recorrência do trabalho com o 
intertexto, sendo que o presente artigo almeja investigar essas manifestações. Loher faz 
uso de citações, referências e alusões, recortando trechos de outros textos e acoplando-
os à sua escrita. Além do âmbito textual, esse jogo de recortar e colar é visível também 
no trabalho estético da dramaturga, que recorre a elementos presentes em outras 
estéticas teatrais e os adapta em sua obra, dando origem a um estilo original. 
Representante da vertente política no teatro, Loher proporciona ao leitor a possiblidade 
de reflexão e, nas duas peças em questão, ela o faz através da desconstrução do discurso 
canônico, mostrando como os discursos são fabricados e como estão ligados à 
manutenção do poder. Dessa maneira, o intertexto, a estética híbrida e outros recursos 
estéticos e linguísticos são orquestrados para abrigar essa temática política que chega 
até o leitor como questionamentos e indagações. 
 
 
DA LITERATURA PARA O CINEMA, UMA DISTORÇÃO INEVITÁVEL? 
 
Juliana Cristina Minaré PEREIRA (FCLAr/UNESP/M/CNPq) 
juminare@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Guacira Marcondes Machado LEITE (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Desmundo, adaptação, literatura, cinema. 
 
mailto:jumoscardini@hotmail.com
mailto:juminare@gmail.com
53 
 
O presente trabalho pretende analisar o filme Desmundo, de Alain Fresnot, adaptado da 
obra homônima de Ana Miranda. O objetivo primordial do trabalho é discutir as 
adaptações realizadas na transposição da linguagem literária para a linguagem 
cinematográfica e os diferentes efeitos de sentido causados no leitor / espectador e 
apenas no espectador. Para tanto, analisar-se-á os recortes narrativos feitos pelo diretor e 
como eles foram desenvolvidos no filme, comparando-os com a obra literária. Intenta-se 
observar o que é semelhante, mas, sobretudo, o que é diferente para que se possa 
compreender a razão pela qual essas mudanças são empreendidas, que vão além da 
linguagem. Focar-se-á principalmente na questão do narrador, maior modificação 
percebida no caso em análise. No literário, quem narra é uma das órfãs enviadas de 
Portugal para o Brasil para se casar forçadamente com um dos colonos que já estavam 
desbravando o novo mundo. No filme, Oribela, personagem narradora, continua sendo 
obrigada a ser casar, entretanto, ao perder seu lugar para um narrador onisciente, com 
um olhar diferente do seu, altera sobremaneira a percepção que se tem sobre a história e 
sobre a própria personagem, que perde sua capacidade de argumentação com a mudança 
de foco narrativo. No que tange ao literário, uma das características mais marcantes da 
obra é justamente a voz feminina combativa, que se coloca em constante luta contra a 
subjugação imposta pelo patriarcado. Esse movimento contra o sistema também 
acontece no cinema, porém, de maneira menos intensa e representativa, sendo que há, 
em alguns momentos, o reforço da misoginia. O propósito desta análise é, portanto, 
problematizar algumas escolhas feitas pelo diretor, se foram inevitáveis ou se 
representam algo mais profundo, que diz respeito à hegemonia do discurso masculino 
dominante, e quais implicações que essa mudança provoca na compreensão global da 
história e na propagação de ideias distorcidas para quem apenas tem contato com o 
filme. 
 
 
ASPECTOS DO MITO EM AS BRUMAS DE AVALON: A CRIAÇÃO DE UM 
IMAGINÁRIO EM TORNO DO SAGRADO FEMININO NA MATÉRIA DA 
BRETANHA 
 
Juliana Cristina Terra de SOUZA (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
julianacristinaterra@yahoo.com.br 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete ROSSI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Mito, Feminino, Matéria da Bretanha. 
 
A extensa produção literária da escritora norte-americana Marion Zimmer Bradley 
(1930-1999) é composta de contos e romances, na grande maioria pertencentes aos 
gêneros de ficção científica e fantasia. As brumas de Avalon (The Mists of Avalon, de 
1982), trata-se de sua obra de maior fama e foi responsável por conferir à autora sucesso 
mundial. Nesta proposta de comunicação, buscaremos analisar brevemente aspectos do 
mito em torno do sagrado feminino criados no romance, bem como relacionar tal 
advento com o contexto histórico vivido por Bradley. Na narrativa em questão, Bradley 
se utilizou de episódios presentes na Matéria da Bretanha para criar sua releitura, 
contudo, a autora buscou desarticular os sentidos tradicionais atribuídos às personagens 
femininas e construiu uma centralidade do sagrado que não segue o Cristianismo – o 
que é desenvolvido ao longo de todas as versões do ciclo arturiano a partir da Baixa 
Idade Media –, mas o divino no aspecto feminino. Tendo como fonte um mito que se 
desenvolve em torno de uma figura masculina e cristã– um rei exemplar – Bradley 
revisita a tradição literária e cria novos mitos para a Matéria da Bretanha, a partir de 
uma perspectiva de valorização do feminino – seja em relação às sacerdotisas de 
mailto:julianacristinaterra@yahoo.com.br
54 
 
Avalon, seja quanto à figura da Deusa-Mãe. O embate religioso ocorre entre o 
Cristianismo que se institucionalizava com cada vez mais força na Europa, passando a 
ser a religião dos nobres vassalos e, por outro lado, a crença nos deuses pagãos antigos, 
que resistia. Avalon, a Ilha Sagrada, foi o último reduto onde o culto à Deusa Mãe ainda 
figurava como crença dominante. A função dos mitos em As brumas de Avalon é a de 
dar protagonismo às mulheres da narrativa. Para tanto, a autora transforma os mitos 
cristãos masculinos consolidados no ciclo arturiano, em mitos pagãos femininos, a partir 
do arquétipo da Grande Deusa (o divino no aspecto feminino) – o que faz por meio da 
união de aspectos da cultura celta, que estão na origem das lendas arturianas, mas que 
foram apagados nas versões cristãs, somados aos elementos esotéricos e neo-pagãos em 
voga no século XX, momento de escritura da autora. 
 
 
A RECONSTITUIÇÃO DOS MITOS GENUÍNOS PARA A EDIFICAÇÃO DE A 
CIDADE DAS DAMAS 
 
Karla Cristiane PINTAR (IES/UNESP/D) 
karlapintar@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Guacira Marcondes Machado LEITE (IES/Unesp) 
 
 
Palavras-chave: mito genuíno; mito tecnificado; ressignificação. 
 
Os mitos sempre foram importantes para a constituição de uma sociedade, de seus 
costumes e de suas crenças. Não é diferente, portanto, com o período da Idade Média: 
uma época ainda pouco visitada e estudada, mas de valores extremos para a 
compreensão da atual sociedade e, no contexto deste trabalho, da posição da mulher – 
particularmente de sua escrita – em um momento em que imperavam histórias sobre o 
feminino contada por olhares, geralmente, masculinos. Assim, A Cidade das Damas [Le 
Livre de la Cité des Dames, 1405] é, portanto, a proposta de uma ressignificação dos 
mitos para a compreensão dos valores atribuídos à época em relação às mulheres a partir 
da análise de histórias de damas religiosase pagãs dentro da obra. Esse livro é a criação 
de uma Cidade constituída por valores morais e éticos, os quais foram perdidos em 
proveito dos mitos tecnificados que foram elaborados para o controle de uma parcela da 
população e estabelecimento de poderes numa época em que o feminino se encontrava 
às sombras de um cânone varonil vigente. Desse modo, é possível identificar tanto a 
importância da tecnificação dos mitos para a apresentação da mulher a essa sociedade 
quanto da ressignificação dada a eles por Pizan, remodulando as interpretações até então 
estabelecidas. Este trabalho, portanto, tem o intuito de analisar a estratégia 
argumentativa da autora Christine de Pizan para desmitificar as crenças estabelecidas na 
sociedade do Medievo e voltar aos significados dos mitos genuínos que, na visão da 
autora, poderiam harmonizar o espaço ideal edificado dentro da obra. Dessa maneira, 
Pizan usa de sua perspicácia e prudência para evidenciar a linguagem poética como base 
para que significados sejam revistos e recriados em proveito de uma voz que se expande 
em pluralidade, conferindo importância ao corpo feminino a às suas palavras, mesmo 
que inserida dentro de uma urbe ficcional apresentada. 
 
 
 
 
 
 
mailto:karlapintar@hotmail.com
55 
 
FICÇÃO PÓS-MODERN@: O PASSADO NO TEMPO PRESENTE 
 
Laís Rodrigues Alves MARTINS (FCLAr/UNESP/M/CNPq) 
laisramartins@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete ROSSI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: As Horas; Pós-Modernismo; Virginia Woolf. 
 
No decurso do século XX, observou-se, em escala global, uma série de alterações nos 
tecidos sociais que posteriormente culminariam na gestação da pós-modernidade tal 
como a conhecemos hoje. Pode-se dizer que as raízes do pós-moderno remontam à 
década de 1960, período de efervescências e transformações culturais nas mais variadas 
esferas e âmbitos. Mais tarde, em meados dos anos 1980, empregar-se-ia, de fato, o 
termo “pós-moderno” na Bienal de Veneza, com vistas a descrever a mescla de estilos 
old/new em monumentos arquitetônicos. A partir desse momento, o pós-moderno se 
instaura no campo da arquitetura e posteriormente migra para os mais diversos nichos, 
como cinema, fotografia, dança, teatro, música, literatura, entre outros. A arte 
proveniente dessa época, conforme se procurará demonstrar, distancia-se, de certa 
forma, dos ideais modernistas vinculados a crenças de originalidade e universalidade, e 
sinaliza em favor de uma maior abertura ao polissêmico, à heteroglossia e ao 
hibridismo, bem como à problematização das noções de central e periférico e das 
fronteiras entre os gêneros artísticos. Passa-se a explorar, de maneira mais enfática, as 
relações entre-textos, especialmente por meio do estabelecimento de diálogos explícitos 
com obras e demais manifestações discursivas do passado, revisita essa sempre 
acompanhada de um revisionismo crítico, com o intuito de conferir a esses objetos 
renovados vieses e nuances, por meio de sua transposição a novos cenários. A narrativa 
As Horas (The Hours, 1998), de autoria do norte-americano Michael Cunningham 
(1952 --), pode ser tomada como uma representante dessa estética, posto que se vale, 
tanto estrutural quanto tematicamente, de Mrs. Dalloway (1925), um dos romances 
canônicos do modernismo em língua inglesa e produção de destaque em meio ao opus 
literário de Virginia Woolf (1882 – 1941), para sua composição. Intenta-se, nessa 
comunicação, demonstrar como Cunningham entretece sua narrativa à da escritora 
britânica, promovendo, por meio desse movimento, simultaneamente, um tributo à 
Woolf e a seu espólio, aproximando-os do contexto contemporâneo, e promovendo, 
destarte, uma mescla entre o “velho” e o “novo”. 
 
 
A CORRELAÇÃO ENTRE MATERNIDADE E MORTE EM ENQUANTO 
AGONIZO (1930) E PALMEIRAS SELVAGENS (1939) 
 
Leila de Almeida BARROS (FCLAr/UNESP/D) 
leilabarros_@hotmail.com 
Or. Prof. Dr. Alcides Cardoso dos SANTOS (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Mulher; Finitude; Existência. 
 
Resumo: Nos núcleos de Enquanto Agonizo (1930) e Palmeiras Selvagens (1939) 
jazem três importantes personagens femininas: Addie Bundren, Dewey Dell e Charlotte 
Rittenmeyer. Em Enquanto Agonizo, Addie é a matriarca de uma família de agricultores 
que, em seu leito de morte, verbaliza ao marido o desejo de ser enterrada em Jefferson, 
a sede do condado imaginário de Yokanapatawpha. Nos entremeios do romance, depois 
de sua morte, a voz de Addie se faz ouvir de dentro do caixão onde jaz seu corpo. 
mailto:laisramartins@gmail.com
mailto:leilabarros_@hotmail.com
56 
 
Finalmente, o leitor pode acessar, por meio de um monólogo, as memórias da família e 
a história da matriarca contadas a partir de seu ponto de vista. Quando o silêncio e a 
inércia do corpo em decomposição de Addie dão lugar a uma linguagem ácida e 
desconcordante em relação aos padrões estabelecidos por sua sociedade, é possível 
vislumbrar as motivações e sentimentos de uma mulher que jamais se ajustou aos papeis 
de mãe e esposa que lhes foram imputados. A desconfiança da personagem com relação 
às palavras marca seu entendimento de que o casamento e a maternidade são noções 
idealizadas pelos homens através da palavra – sob a forma da lei – que devem ser 
executadas pelas mulheres, por meio de seus corpos. Depois de parir e criar seus filhos, 
Addie elege a finitude como a possibilidade mais autêntica de seu ser e começa a 
preparar-se, em vida, para morrer. Anos depois, sua única filha, Dewey Dell, fará a 
viagem rumo a Jefferson ao lado do caixão da mãe tendo em mente uma única meta: 
comprar um remédio abortivo para livrar-se do filho que está esperando do namorado. 
Apenas assim será possível deixar de reproduzir a jornada de infortúnios que fora a vida 
de sua mãe. O aborto passa a ser, também, o objetivo primordial de Charlotte, de 
Palmeiras Selvagens, que abandona o casamento e os filhos para viver com um 
estudante de medicina uma história de amor fora dos padrões, pautada pelo nomadismo 
e pelo livre-arbítrio. A descoberta de uma gravidez indesejada e o anseio por abortar 
levam Charlotte à óbito pelas mãos do próprio amante. Sendo assim, compreender 
como se estabelece a relação entre maternidade e morte em Enquanto Agonizo (1930) e 
Palmeiras Selvagens (1939) é o objetivo central deste trabalho. A maternidade e a 
morte, ao se materializarem como destino irrevogável dessas personagens, apontam para 
as várias facetas do tema da morte e sua abrangência na ficção faulkneriana. 
 
 
A POESIA DRAMÁTICA VILLIERIANA: 
ENTRE A ILUSÃO E A REALIDADE 
 
Lígia Maria Pereira de Pádua XAVIER (FCLAr/UNESP/D) 
lmpp23@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Guacira Marcondes Machado LEITE (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Villiers de l’Isle-Adam; poesia dramática; Crise da representação. 
 
No final do século XIX, as normas que regiam a criação artística caem por terra e o 
artista vivencia uma crise da representação engendrada pela ruptura da linguagem 
referencial, e a palavra poética, por sua vocação transgressora, é reivindicada como 
suporte basilar da criação artística, daí decorre o advento do Simbolismo que coloca em 
pauta as suas potencialidades simbólicas. No drama, esta palavra funda um novo tipo 
de teatro que não tem mais o intuito de comunicar, mas de sugerir fazendo com que as 
fronteiras entre as artes se fundam levando a cabo o processo romântico de mistura de 
gêneros. Não mais sujeitos à verossimilhança aristotélica, os dispositivos cênicos 
desvencilham-se das regras das três unidades estabelecendo um novo conceito de teatro 
mais afeito às revoluções artísticas da época. A dramaturgia de Villiers de l’Isle-Adam 
coloca-se, assim, no epicentro desta crise e faz-se testemunha de suas implicações já 
que é justamente na recusa do tratamento mimético da realidade que o teatro villieriano 
se coloca e se faz poesia dramática. Alcunhadas pelo próprio autor de “poema dramáticoem prosa” ou “drama em prosa”, as peças villierianas vindicam a palavra poética como 
fundadora da tessitura dramática lançando o leitor/espectador a um jogo especular entre 
ilusão e realidade através de estratégias que remetem à ruptura entre o significante e o 
significado. Solapando a mimesis aristotélica, Villiers funda, então, sua obra dramática 
no princípio da arbitrariedade do signo linguístico. Dessa forma, o objetivo da minha 
mailto:lmpp23@yahoo.com.br
57 
 
comunicação será apresentar as estratégias das quais Villiers lança mão para tecer 
especularmente seu texto teatral e para criar no espaço vazio deixado pela ruptura do 
significante e do significado uma outra forma de percepção do real calcada na 
plasmação dramática da palavra poética que desloca continuamente o referente de suas 
bases delatando, assim, a corrupção da linguagem comunicacional pelo seu valor 
essencialmente monetário e acusando seu caráter falsário de criação de um simulacro 
verista. 
 
 
“OLAVOBILAQUICES”: O MOVIMENTO SERIAL 
NA POESIA DE GERALDO CARNEIRO 
 
Leonardo Vicente VIVALDO (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
leovivaldo@yahoo.com.br 
Or. Prof. Dr. Antônio Donizeti Pires (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-Chave: Poesia brasileira contemporânea; Série, Olavo Bilac, Geraldo 
Carneiro. 
 
O marco inicial da poesia de Geraldo Carneiro (1952) está relacionado aos anos 70 e a 
poesia marginal – através da Coleção Frenesi e da famosa antologia 26 poetas hoje, de 
Heloísa Buarque de Hollanda. Contudo, é perceptível, após a convivência com os seus 
oito livros, e mais de 40 anos de poesia, que a dicção de Carneiro, embora devedora dos 
legados marginais, acaba indo muito além dessa filiação inicial. Prova disso é o seu 
mergulho na tradição poética do Ocidente, concretizada através da utilização maciça do 
recurso intertextual. Em busca da construção de sua “eros-dicção”, Carneiro emprega 
incessantemente a fusão da palavra poética do Eu com a palavra poética do Outro – 
expandindo a cosmovisão de sua poesia pelos mais diversos autores do cânone 
ocidental. Mas de Dante Alighieri e Camões, passando por Mallarmé e Shakespeare, 
curiosamente, chegamos até Olavo Bilac. Em fala proferida na ABL, o professor e 
também poeta Antônio Secchin, acerca da poesia de Geraldo Carneiro, afirma: “No seu 
Poemas Reunidos, de 2010, eu constatei ali, com maior ou menor respeito para com os 
escritores com os quais ele dialoga, que Geraldo ora é Camões; ora é Bilac – que, aliás, 
é uma verdadeira obsessão” (SECCHIN, 2014). A obsessão de Carneiro por Olavo 
Bilac, referenciada por Secchin, é construída e descontruída em diversas séries que 
acabam formando um verdadeiro thriller poético em que o mocinho (ou anti-herói?) 
Bilac, e a sua poesia, tão execrada depois do Modernismo de 22, é revisitado como 
protagonista de uma trama repleta de (con)fusões, elogios, galhofas e reviravoltas. 
 
 
RELEITURAS DE BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES: A 
INTERTEXTUALIDADE E O GÓTICO 
 
Maisa dos Santos TREVISOLI (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
mahtrevisoli@yahoo.com.br 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete ROSSI (FCLAr) 
 
Palavras-chave: revisões; Branca de Neve; gótico. 
 
Contos de fadas oferecem ao público que os lê uma viagem a um mundo de fantasias e 
encantamento que se desdobram ao redor das personagens caracterizados por suas 
ações, boas ou ruins, que após encontros e confrontos culminam em um final feliz, para 
mailto:leovivaldo@yahoo.com.br
58 
 
os heróis, certamente. Quem assistiu a produção da Disney de Branca de Neve e os Sete 
Anões (1937) poderia pensar que a história é clichê, moralizante, infantil, porém, o que 
muitos não pensariam é que a história original, que inspirou o filme, é bem mais 
sombria e violenta. A obra Little Snow-White (1812), dos irmãos Grimm, sofreu 
modificações a cada edição publicada, sempre retirando ou reescrevendo algo para 
deixá-los mais adequados ao público infantil até o ponto em que a madrasta não mais 
morria em uma dança mortal calçando sapatos vermelhos em brasa. Na segunda metade 
do século XX iniciou-se uma tendência em buscar nos contos de fadas inspirações para 
reescrevê-los, modificando-os seja por meio das personagens, do cenário, do ponto de 
vista, dos acontecimentos, do estilo. As revisões de contos de fadas, por meio de suas 
subversões, problematiza suas criações patriarcais, machistas e socializantes, assim 
como abre espaço para colocar em pauta movimentos do próprio momento histórico, o 
feminismo, a fragmentação do ser humano, a luta por igualdade de gêneros e raças, para 
citar algumas. Após ler diversas revisões, é possível perceber um tom gótico nas 
narrativas, no cenário, na caracterização das personagens, em diferentes níveis, que 
permeiam a maioria dessas reescritas. Esse tom gótico nos levou a debater se essa 
escolha estilística não seria mais do que isso ao levar em consideração a própria 
natureza híbrida do gótico, bem como sua capacidade de trazer à tona as aflições e 
descontentamentos de uma sociedade por meio sombrio, do horror, do terror, do 
sublime, do inquietante. Essa pesquisa propõe que o gótico é o elemento intertextual 
que conecta as revisões e o conto “original” por meio de uma processo palimpséstico 
inerente ao gótico. Analisaremos as obras Snow, Glass, Apples (1994), de Neil Gaiman, 
The Dead Queen (1973), de Robert Coover, e Branca dos Mortos e os Sete Zumbis 
(2013), de Fábio Yabu, sendo elas revisões do conto Little Snow-White, dos irmãos 
Grimm, buscando indícios que comprovem nossa hipótese. 
 
 
A MULHER DE DUAS IDADES: LEITURAS DO FEMININO LITERÁRIO E 
CINEMATOGRÁFICO DE ÓRFÃOS DO ELDORADO 
 
Felipe Camargo MELLO (FCLAr/UNESP/G) 
fcamargomello@gmail.com 
Manoelle Gabrielle GUERRA (FCLAr/UNESP/M) 
manuhguerra@gmail.com 
 
Palavras-chave: Órfãos do Eldorado; cinema; narrativa brasileira contemporânea. 
 
Este trabalho tem por objetivo discutir a novela Órfãos do Eldorado (2008), de Milton 
Hatoum, ao lado de sua adaptação cinematográfica, observando a composição das 
personagens Florita e Dinaura a partir dos processos narrativos empreendidos em cada 
uma das realizações. Tal análise terá como base a organização da narrativa literária a 
partir de um domínio autodiegético no qual as personagens são caracterizadas por meio 
do olhar do narrador, Arminto Cordovil, que confere às mulheres traços de caráter 
específicos, delimitando a influência que elas exercem no interior dos fatos narrados. 
Ao contar a própria história, o protagonista embaralha tempos e imagens e constrói as 
figuras femininas sempre associadas à sua vivência e à decadência financeira de sua 
família, polarizando Florita e Dinaura. Ao pensar o modo como tal construção se dá no 
interior da narrativa fílmica, é possível entrever uma quebra desse procedimento, dando 
lugar a um movimento que busca amalgamar essas figuras femininas, tornando-as duas 
faces de uma mesma moeda. Na mente de Arminto, as duas mulheres são pólos opostos, 
mas no decorrer da história elas mostram-se cada vez mais próximas, ambas 
interferindo em seu julgamento e direcionando seu comportamento por meio de jogos 
mailto:fcamargomello@gmail.com
mailto:manuhguerra@gmail.com
59 
 
mentais. A junção de Dinaura e Florita em uma mesma pessoa se dá, no filme, a partir 
de um entrelaçamento de passado e presente. Uma delas refere-se à menina, àquela que 
foi trazida para o convívio da família Cordovil; e a outra é a mulher, a figura do tempo 
presente, que se origina em Vila Bela. Corrobora-se para uma possível interpretação de 
um dos epítetos dados a mais jovem pelo narrador de “a mulher de duas idades”. Essa 
transfiguração ocorrida coloca-se para além daquilo que é mostrado no romance, e 
institui-se como um potencial de leitura e interpretação do texto hatoumniano que toma 
forma imagética e particular no cinema. 
 
 
OS PLANOS DE LULU 
 
Manuela Rodrigues FURTADO (PUCRS/M/CAPES) 
manuela_rf6@hotmail.comOr. Prof. Dr. Paulo Ricardo KRALIK (PUCRS) 
 
Palavras-chave: Cinema; cinematografia; Linguagem; Enquadramentos; Planos. 
 
Este artigo tem por objetivo uma reflexão sobre uma releitura e reexpressão de uma 
obra literária transposta para uma obra cinematográfica. Para tanto, utiliza-se como 
estudo de caso a obra As Idades de Lulu, longa metragem que estreou na Espanha no 
ano de 1990 e é baseado na novela homônima de Almudena Grandes. Dirigido por 
Bigas Luna, este filme é então uma releitura, uma reexpressão da obra literária levada às 
telas de cinema. O filme é de estilo biográfico. Conta e mostra as experiências de Lulu, 
seu desenvolvimento como mulher dentro daquele contexto social, os idos anos da 
década de 90. Encena-se, com a história da protagonista, uma proposta de discussão do 
papel social da mulher e sua subjetividade, a formação de sua personalidade que explora 
a sexualidade por meio das experiências vivenciadas com parceiros e situações diversas. 
Desejos e fantasias sexuais da personagem feminina relatados de forma a construir um 
diálogo humano. Os cenários principais da narrativa são espaços internos, fechados: 
quartos, salas, oficinas, cafés e bares. Há poucas cenas externas no filme, como, por 
exemplo, o casamento da protagonista que ocorre a céu aberto, em um jardim, 
contrastando marcadamente com a cena final, um quarto escuro, um vestíbulo, quase 
um buraco, perigoso, onde pouco se vê e muito acontece. No filme as páginas e as letras 
adquirem uma nova roupagem expressa por meio do som e da imagem, onde é 
processada uma nova fórmula de comunicação expressiva, a arte do cinema. Nele 
percebe-se uma outra visão artística de mundo onde outras possibilidades interpretativas 
são apresentadas através das ferramentas técnicas da filmagem cinematográfica. Desde 
um outro ponto de vista desfruta-se de planos, enquadramentos e movimentos de 
câmera tão sensíveis quanto às descrições narrativas da obra em sua linguagem literária 
original. Como método, aponta-se as partes do livro encenadas tratando de interpretar e 
entender as escolhas de enquadramento, lado e altura de ângulo do mesmo, e a 
movimentação de câmera dos quadros das cenas do filme, desenvolvendo uma análise 
das escolhas dessas composições e suas respectivas narrativas. Desta forma, entende-se 
que a rica possibilidade da exploração e de construção entre as artes cinematográfica e 
literária é legítima. 
 
A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NOS ROMANCES ESPANHÓIS SOBRE 
O PÓS-GUERRA 
 
Marcelo Maciel CERIGIOLI (FCLAr/UNESP/D) 
marcelocerigioli@hotmail.com 
mailto:manuela_rf6@hotmail.com
mailto:marcelocerigioli@hotmail.com
60 
 
Or. Profa. Dra. María Dolores Aybar RAMÍREZ (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Representação; Mulher; Romance Espanhol. 
 
Resumo: A Espanha passou por um momento muito conturbado no século XX, que foi 
a sua Guerra Civil, composta de batalhas sangrentas, confrontos por terra, bombardeios 
e grandes fugas de pessoas de seu território, o que deixou marcas profundas no país e na 
sociedade, com muitos mortos, desaparecidos e outros tantos refugiados. Na sequência 
vieram 36 anos de regime ditatorial, no qual o Estado estabelecia as obrigações, os 
direitos e os deveres do cidadão no âmbito público e privado. A partir de 2006, com o 
debate em relação à criação da Lei da Memória Nacional, surgiu na Espanha o grande 
interesse por resgatar as memórias públicas e privadas desse período histórico, o que se 
refletiu também no cenário literário, com o mercado editorial publicando muitos livros 
que retratam a Espanha do século XX. Estudando a produção ficcional espanhola 
contemporânea que trata do período pós-guerra civil, observamos que algumas 
escritoras também passaram a se dedicar a esse contexto, dando maior visibilidade às 
personagens femininas. Desta forma, chegamos à presente pesquisa de doutorado, que 
busca analisar como romances contemporâneos retratam a mulher desse período. Para 
esta investigação foram selecionados como corpus os livros Mujeres que caminan sobre 
hielo, escrito por Gloria Ruiz e La sonata del silencio, de Paloma Sánchez-Garnica. 
Seguindo o pressuposto de que a obra literária pode constituir um modo de 
representação da realidade e ampliando-o em direção às questões de gênero, para a 
análise utilizamos uma reflexão sociológica na abordagem do texto literário. A 
fundamentação teórica para esta investigação se baseia nos estudos da narrativa, sobre o 
romance, a representação e a questão de gênero. Como resultados preliminares, o estudo 
em andamento mostra o processo de construção de identidade das protagonistas para 
sobreviver, desempenhar a sua cidadania, trabalhar e, ao mesmo tempo, poder exercer a 
sua individualidade perante as restrições que eram impostas ao gênero feminino nesse 
contexto. 
 
 
DE ORLANDO A ORLANDA: PERFORMANCES LITERÁRIAS DA 
TRANSEXUALIDADE NO SÉCULO XX 
 
Marcelo Branquinho Massucatto RESENDE (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
Marcelobranquinho9@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete ROSSI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Transexualidade; estudos de gênero; desconstrução; teoria queer. 
 
A presente dissertação pretende buscar pela literatura do século XX uma possível 
arqueologia dos romances cuja temática principal consiste na construção de uma 
performance narrativa da transexualidade como conhecida no início de século XXI. Ao 
longo do século XX (e ainda no XXI), a transexualidade era/é caracterizada como 
patologia e doença mental passível de interferência das ciências médicas, percepção 
herdada da visão falocrática e positivista acerca do corpo dos séculos XVIII e XIX. O 
desenvolvimento dos estudos culturais na segunda metade do século XX possibilitou 
leituras queer de obras literárias sob a perspectiva da desconstrução, originada a partir 
dos escritos do filósofo Jacques Derrida, permitindo a contestação de leituras cânones 
de obras literária já estabelecidas como parte da literatura universal. O romance 
Orlando (1928), de Virginia Woolf, narra um aristocrata do século XVI que 
experimenta sua fluidez de gêneros e vivencia as transformações da sociedade inglesa 
61 
 
ao longo da Modernidade. De acordo com as leituras de Harold Bloom e Camille 
Paglia, Orlando é um romance cuja inconsistência gira em torno do fato do personagem 
principal ser andrógino, sendo a única forma de ler o romance desprendendo-o de uma 
leitura feminista ou política, que tenha como foco a fluidez de identidades ou a 
transexualidade de Orlando. O que pretendemos é apresentar, por meio da teoria queer e 
da desconstrução, uma leitura que tenha como foco a transexualidade e a jouissance do 
texto, bem como a intertextualidade com obras posteriores à sua publicação, como o 
romance Orlanda (1996), da belga Jacqueline Harpman, em que a protagonista Aline 
experimenta seu desejo de trocar de corpo com Lucien e experimentar novas vivências 
no lugar de sua metade/duplo masculinx, batizadx Orlanda. A partir de uma análise 
conjunta de duas obras publicadas em diferentes períodos do século XX, que dialogam 
entre si por meio da mesma performance temática e da intertextualidade, pretende-se 
apontar pontos em comum e divergentes, levando em conta seu contexto e averiguando 
quais as possíveis contribuições e heranças que deixaram para a literatura e 
subjetividade transexuais do século XXI. 
 
 
LUÍS DE LIMA E O SALÁRIO DO MEDO, DE HENRY-GEORGES CLOUZOT 
 
Márcia Regina RODRIGUES (FCLAr/UNESP/PósD) 
marregna@gmail.com 
 
Palavras-chave: Luís de Lima; personagem cinematográfica; Henry-Geoges Clouzot. 
 
Nascido em Portugal, o ator, encenador e tradutor Luís de Lima (1925-2002) escolhe 
viver no Brasil, a partir da década de 1950, e aqui realiza importantes atividades nas 
artes cênicas – hoje consideradas um grande contributo para o desenvolvimento do 
teatro moderno brasileiro. Antes de se mudar para São Paulo, inicialmente para dar 
aulas deinterpretação na Escola de Arte Dramática, Lima passa alguns anos em Paris, 
onde atua no premiado filme franco-italiano O salário do medo (Le salaire de la peur), 
1953, de Henry-Georges Clouzot (1907-1977), mestre do suspense do cinema francês. 
Baseado no romance homônimo de Georges Arnaud (1917-1987), O salário do medo é 
um filme de suspense e narra a história de imigrantes europeus que, vivendo em 
condição de miséria numa região pobre da América Latina, sonham retornar ao seu país 
de origem num futuro próximo. Para conseguirem dinheiro para a viagem de regresso à 
pátria, candidatam-se às vagas de motorista dos caminhões que deverão transportar 
explosivos, sendo dois homens a se revezarem na direção do veículo durante o difícil 
percurso. O filme pode ser dividido em duas partes: a que narra o processo de 
contratação dos motoristas, em que são apresentadas as personagens; e a que mostra o 
transcorrer da viagem para o transporte da perigosa carga, momento no qual se dá um 
aprofundamento das relações entre os motoristas e deles com a situação tensa em que se 
encontram, resultando numa reflexão acerca da condição humana. O jovem ator Luís de 
Lima interpreta o italiano Bernardo e, apesar de ser uma personagem secundária, o seu 
papel é bastante significativo, pois representa, na primeira parte de O salário do medo, o 
prenúncio da tragédia que afinal se concretiza, como se fosse uma síntese da construção 
diegética do filme. Além disso, Bernardo – que não passou no exame para a condução 
dos caminhões – e os outros motoristas, que protagonizam a ação do transporte de 
dinamite, têm o mesmo destino fatal; de modo que, ao fim e ao cabo, os imigrantes são 
todos iguais, sofrem a mesma miséria, independentemente da experiência ou da falta 
dela, da idade, ou da esperteza. 
A proposta desta comunicação é dar a conhecer o ator Luís de Lima numa de suas 
primeiras experiências de atuação no cinema e apresentar alguns apontamentos acerca 
mailto:marregna@gmail.com
62 
 
das personagens do filme de Clouzot a partir das considerações de Paulo Emílio Sales 
Gomes sobre a personagem cinematográfica. 
 
 
“VOCÊ É POLÍCIA, VOCÊ É LADRÃO”: REALISMO SOCIAL E HUMANISMO 
CRÍTICO EM ANIKI-BÓBÓ, DE MANOEL DE OLIVEIRA 
 
Mariana Veiga Copertino F. SILVA (FCLAr/UNESP) 
mariveigacopertino@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Renata Soares JUNQUEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Manoel de Oliveira; cinema; literatura; Aniki Bobó; Presença. 
No primeiro longa-metragem de Manoel de Oliveira, Aniki Bóbó (1942), a infância e 
todo o universo genuíno que a circunda é, ao mesmo tempo, o tema central do filme e o 
recurso para expressar a realidade humana daquele momento em particular. Inspirada no 
poema em prosa Os meninos milionários, de Rodrigues de Freitas, a película aborda 
questões relacionadas ao universo dos adultos, através da vivência das crianças pobres 
da ribeira do Porto. Originalmente, o conto de Freitas foi publicado em 1935, na revista 
Presença, folha modernista que teve papel fundamental na concepção estética da 
cinematografia de Manoel de Oliveira, uma vez que, em torno dela, reuniam-se diversos 
intelectuais que contribuíram para a formação do realizador no universo das artes, 
dentre eles estavam Casais Monteiro, José Régio e o próprio Rodrigues de Freitas. A 
película conta a história de Carlitos que é apaixonado por Terezinha e disputa o carinho 
e as atenções da amada com Eduardito, seu rival e antagonista. Enquanto o primeiro 
garoto é doce e gentil, o segundo parece ser o seu oposto, maldoso e sempre disposto a 
uma briga. O pueril triângulo amoroso impulsiona atitudes erradas da parte de Carlitos 
que comete uma infração para tentar agradar a Terezinha e precisa lidar com a culpa 
resultante de suas ações. A narrativa, fabular e delicada, trabalha um jogo de opostos a 
fim de transmitir uma mensagem pautada tanto no realismo social, quanto no 
humanismo crítico, preceitos em voga no momento do lançamento da obra. Diante 
disso, esta comunicação se propõe analisar o filme Aniki-Bóbó, de Manoel de Oliveira, 
em perspectiva comparada com o texto literário que lhe serviu de fonte, procurando 
observar o retrato que o realizador faz do mundo infantil como duplo da realidade social 
na qual estão inseridas as personagens. Além disso, cumpre observar o jogo de espelhos 
que se configura na narrativa, especialmente conduzido pelo embate entre o bem e o 
mal a atormentar o jovem protagonista em sua jornada amorosa. 
 
 
MACHADO DE ASSIS E A FORMAÇÃO DO CRÍTICO 
 
Marina Venâncio GRANDOLPHO (FCLAr/UNESP/D) 
marinavegran@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Wilton José MARQUES (UFSCar) 
 
Palavras-chave: Oitocentismo; Machado de Assis; crítica literária. 
 
Resumo: O presente trabalho é resultado da primeira parte de nosso projeto de pesquisa 
sobre a crítica literária desenvolvida pelo escritor Machado de Assis (1839-1908) na 
coluna “Semana literária”, publicada semanalmente no jornal Diário do Rio de Janeiro 
entre janeiro e julho de 1866 e definida pelo crítico francês Jean-Michel Massa como 
um “manual de literatura”, definição na qual nos pautamos para evidenciar a 
mailto:mariveigacopertino@yahoo.com.br
mailto:marinavegran@gmail.com
63 
 
importância de tal contribuição machadiana. Nesse sentido, a primeira etapa de nosso 
trabalho tem como objetivo tratar da formação de Machado de Assis como crítico 
literário, apresentando um panorama geral da crítica literária produzida por ele entre os 
anos 1856, quando publica seu primeiro artigo sobre literatura, e 1866, quando estreia a 
coluna “Semana Literária”. Dessa maneira, importa destacar que a crítica produzida 
pelo escritor em 1866 já conta com o reconhecimento do meio literário da época e se 
apresenta mais aprofundada e resoluta, diferentemente dos artigos publicados por ele 
anteriormente, que, embora apresentassem ideias pertinentes à discussão do cenário 
literário oitocentista, ainda eram incipientes e pouco aprofundadas. Por essa razão, é 
imprescindível compreender a formação do crítico literário que Machado foi, uma vez 
que seu percurso de formação é marcado pelo estudo e exercício constantes, fato que o 
tornou notável crítico nos periódicos da época. Foram muitos os artigos publicados pelo 
escritor entre 1856 e 1858 e eles representam considerável contribuição não só para a 
crítica literária oitocentista, mas também para a literatura brasileira oitocentista como 
um todo, já que neles Machado trata da importância estabelecida pela crítica literária na 
formação de um público leitor, ainda escasso no cenário oitocentista no período, e no 
fazer literário como um ofício de constante aprimoramento. Assim, considerando a 
relevância da crítica literária desempenhada por Machado de Assis, sobretudo na coluna 
“Semana literária”, propomos refletir brevemente sobre aspectos que fazem com que a 
formação de Machado como crítico literário contribua para o cenário literário brasileiro 
oitocentista. 
 
 
FRANCISCA E BELLE TOUJOURS: CONSIDERAÇÕES SOBRE A 
ELOQUÊNCIA DO SILÊNCIO NOS FILMES DE MANOEL DE OLIVEIRA 
 
Moisés Henrique Mietto ROMÃO (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
moises_romao@hotmail.com.br 
Profa. Dra. Renata Soares JUNQUEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Manoel de Oliveira; silêncio; misé-en-scéne. 
 
Dono de uma longeva filmografia, o singular cineasta português Manoel de Oliveira 
(1908-2015) sempre se mostrou avesso ao paradigma filmográfico hollywoodiano. Ao 
contrário, a ruptura da linearidade diegética e da transparência é comum em seus filmes, 
o que leva o espectador a refletir sobre as revelações de seus métodos cinematográficos. 
Além disso, o realizador apresenta uma construção fílmica que explicita a soma de 
outras artes, como a pintura, a literatura, a música e o teatro, para citar só algumas. Do 
teatro, por exemplo, nota-se a importância do texto. A palavra tem um peso muito 
grande nas películas do portuense– tão grande a ponto de Oliveira filmar, em certas 
ocasiões, a própria palavra escrita para ressaltar a crucial significância desta para a 
apreensão total da obra. Tendo isso em mente, e sublinhando alguns filmes em que os 
diálogos são imprescindíveis, como em Viagem ao princípio do mundo (1997) ou Um 
filme falado (2003), para citar apenas dois, é interessante cotejar Francisca (1981) e 
Belle toujours (2006), obras em que os diálogos existem e são importantes, mas que 
recorrem ao silêncio das personagens, em planos fulcrais, para sugerir um significado 
maior do que aquele que qualquer palavra seria capaz de enunciar. A mise-en-scène, 
nesses momentos pontuais, é composta por elementos expressivos e muito 
significativos, os quais parecem gritar e dar voz à mudez. Apesar de serem fragmentos 
relativamente curtos, o peso da quietude faz parecerem horas. Diante disso, a presente 
comunicação procura elucidar os pontos de convergência entre dois planos 
emblemáticos e analisar como se dá a eloquência do silêncio em ambos: o primeiro, em 
mailto:moises_romao@hotmail.com.br
64 
 
um taciturno jantar comemorativo entre os recém-casados José Augusto e Francisca 
Owen, no longa-metragem Francisca; e o segundo, um jantar silencioso que marca um 
reencontro, após 39 anos sem se verem, entre Henri Husson e Séverine Serizy, em Belle 
toujours. 
 
 
APROXIMAÇÕES ENTRE CINEMA E LITERATURA EM RUBEM FONSECA 
 
Murilo Eduardo dos REIS (FCLAr/UNESP/CAPES) 
muriloreis86@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Célia de Moraes LEONEL (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Rubem Fonseca; narrativa; romance policial. 
 
A comunicação resulta da intenção de verificar como Rubem Fonseca utiliza-se de 
linguagem que aproxima a vertente literária do romance policial por ele produzido do 
cinema – no Brasil, sua obra é tida como um marco, no que diz respeito ao tipo de 
narrativa inaugurada por Edgar Allan Poe nos contos protagonizados por Dupin. Para 
atingirmos nossos objetivos, é fundamental que tomemos, como embasamento teórico, 
bibliografia que dá conta das categorias da narrativa, da mesma maneira que referências 
textuais a respeito da produção fonsequiana. Dessa maneira, utilizamos fortuna crítica 
do escritor, formada por ensaios que podem ser classificados como gerais e específicos 
ou pontuais, que abordam características de sua obra. Examinamos, com base em 
trechos dos romances O caso Morel e Agosto – publicados, respectivamente, em 1973 e 
em 1990 –, como o escritor vale-se de estilo que aproxima seu texto de roteiros escritos 
para o cinema e seu narrador, que emprega modos de narrar variados, do profissional 
que expande e afunila imagens ao manipular o anel da lente de sua câmera. Como se 
sabe, Rubem Fonseca é assumidamente muito influenciado pela cinematografia. O autor 
trabalhou como roteirista de filmes publicitários do Instituto de Pesquisas e Estudos 
Sociais (Ipês) na década de 1960 e atuou como participante ativo das adaptações 
fílmicas e televisivas de seus livros – caso de Bufo & Spallanzani e Agosto. As 
apreciações que fizemos de trechos dos romances selecionados para este trabalho 
mostram que a narrativa fonsequiana é caracterizada pela grande precisão verbal e, por 
isso, aproxima-se de artes predominantemente imagéticas, como o cinema e a 
fotografia. Outros textos de Rubem Fonseca também são trazidos à baila por conta da 
repetição de certas características de sua obra (principalmente entre os anos 1960 e 
1990). Dessa maneira, buscamos explicar como essa aproximação entre cinema e 
literatura contribui para a reconhecida linguagem sofisticada de Fonseca. 
 
 
A ASSIMILAÇÃO DO CONCEITO DE ROMANCE DE FORMAÇÃO PELA 
FORTUNA CRÍTICA DE MICHEL LAUB 
 
Naiara Alberti MORENO (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
naiara.moreno@fclar.unesp.br 
Or. Profa. Dra. Juliana SANTINI. (FCLAr/UNESP) 
Co-or. Profa. Dra. Patricia MAAS (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Bildungsroman; crítica literária; Michel Laub. 
 
O termo alemão Bildungsroman, comumente traduzido para o português como romance 
de formação, foi criado em 1810 e, desde então, tem-se mostrado bastante profícuo, mas 
mailto:muriloreis86@gmail.com
mailto:naiara.moreno@fclar.unesp.br
65 
 
também bastante problemático aos estudos literários. O impasse se impõe desde o 
questionamento sobre a pertinência de traduzi-lo: os megaconceitos Bildung (formação) 
e Roman (romance), nessa junção, estão historicamente circunstanciados ao esforço de 
autoafirmação da incipiente burguesia alemã, que busca então legitimar seu lugar diante 
de uma aristocracia decadente, produto do absolutismo tardio do final do século XVIII. 
As noções de formação e romance surgem, portanto, nesse contexto, como instituições 
burguesas, integradas ao universo cultural da Aufklärung (Iluminismo). Assim, a 
complexidade em relação a essa categoria literária decorre, entre outras razões, da 
ancoragem histórica e cultural de sua origem, em contraposição à expansão de seu uso 
ao longo do tempo, por meio de processos de apropriação e ressignificação. Outro ponto 
controverso está na possível discrepância, apontada pela historiografia, entre as 
conceituações basilares do termo e o romance ao qual esteve comumente associado, Os 
anos de aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe, obra consagrada pela crítica como 
paradigma do gênero. A despeito dessas controvérsias, poucas designações foram tão 
largamente difundidas, consolidando-se no léxico crítico dentro e fora do continente 
europeu. Assim, em mais de dois séculos de existência, o romance de formação ganhou 
diferentes acepções à medida que foi empregado para tratar de um repertório de obras 
cada vez mais heterogêneo. Na crítica literária brasileira, a trajetória do termo é bastante 
recente: foi Massaud Moisés, na década de 1970, quem primeiro o empregou, 
relacionando-o a obras como O Ateneu, de Raul Pompéia, e Amar, verbo intransitivo, de 
Mário de Andrade. Desde então, várias outras produções brasileiras já foram incluídas 
nessa tradição. Neste século, tal expediente continua em voga e não raras são as vezes 
em que romances contemporâneos brasileiros são associados a esse cânone. 
Reconhecendo a escassez de trabalhos que, em vista da complexa genealogia do termo, 
problematizem esse uso, propõe-se aqui uma contribuição para o rastreamento do estado 
da questão na crítica literária brasileira deste século. Para tanto, partindo do 
desenvolvimento histórico do conceito, confere-se enfoque à fortuna crítica do escritor 
gaúcho Michel Laub, terreno aparentemente fértil à discussão. Por meio do 
levantamento da presença do termo nesse discurso crítico e da averiguação de seus usos, 
espera-se cooperar para a delimitação de seu status, esclarecendo o que a crítica tem 
compreendido como romance de formação. 
 
 
(DES)FILIAÇÕES, ORFANDADES E O PAPEL (TRANS)FORMADOR DA 
ARTE NOS ROMANCES DE MILTON HATOUM 
 
Naiara Speretta Ghessi 
naiara_speretta@hotmail.com 
 
 
 
Palavras-chave: literatura brasileira contemporânea; Milton Hatoum; identidade; voz 
narrativa. 
 
Ao observar o conjunto ficcional de Milton Hatoum, é possível depreender que há uma 
reincidência de narradores e/ou protagonistas que têm a genealogia truncada e que 
buscam uma formação ou uma transformação por meio da escrita - e de outras artes, o 
que se reflete na fragmentação desses registros. Dessa forma, é interessante observar o 
modo como essa situação engendra-se em Relato de um certo Oriente e Cinzas do Norte 
e como os personagens desses romances assumem as suas respectivas bastardias para 
buscarem a (re)construção de suas identidades. Além de apresentarem uma genealogia 
truncada e problemas relacionados à própria origem, eles são, em sua maioria, 
66 
 
personagens transeuntes, expatriados, errantes, inadaptados, ou seja, o deslocamento 
tem início dentro do eixo familiar e estende-se ao espaço que os circunda. Contudo, 
ambos – a narradora nãonomeada e Mundo – reivindicam a possiblidade de autonomia 
e de reescrever as suas memórias e o fazem cada qual a seu modo, pois ela escreve o seu 
relato a partir de diversos pontos de vista, mas, ao transcrever as outras falas, assume 
um papel ativo sobre a sua história e resiste por meio dela. Já Mundo o faz por meio de 
sua arte, pois, apesar de Lavo, o seu amigo, ser o narrador e organizador da compilação 
sobre a sua vida, Mundo conta a sua história a partir do projeto “Memórias de um filho 
querido” ao exemplificar, por meio de sete quadros objetos, a decadência dessas vidas 
esfaceladas. Assim, a hipótese defendida por este trabalho é a de que mesmo após as 
suas andanças, esses personagens não conseguem reconfigurar as suas origens ou se 
encontrar, já que a identidade não é algo que possa ser adquirido em um espaço ou em 
um tempo, mas se constitui como a soma de todas as experiências vivenciadas. No 
entanto, o deslocamento geográfico que ambos realizam é o meio pelo qual eles são 
capazes de contar a sua história e compreender que, mesmo que a reelaboração das 
origens não seja possível, a tentativa é inevitável. 
 
 
AS MÃOS QUE SONHAM O SENTIDO: POESIA E POÉTICA 
CINEMATOGRÁFICA EM CARLOS DE OLIVEIRA E MANUEL GUSMÃO 
 
Patrícia Resende PEREIRA (UFMG/D/CNPq) 
patriciarpereira@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Silvana Maria Pessôa de OLIVEIRA (UFMG) 
 
Palavras-chave: Carlos de Oliveira; Manuel Gusmão; cinema; poesia 
 
O propósito é realizar um estudo teórico-crítico e comparativo da releitura 
cinematográfica da obra do poeta português Carlos de Oliveira feita pelo crítico e 
também poeta Manuel Gusmão, um dos mais importantes estudiosos do trabalho do 
escritor, no filme Carlos de Oliveira – Sobre o lado esquerdo. Dirigido por Margarida 
Gil, com quem Gusmão co-escreve o roteiro, o média-metragem de 50 minutos, de 
2007, pode ser entendido como resultado da leitura feita pelo ensaísta do trabalho 
poético do escritor português, possibilitando que o filme transite entre o cinema, a 
poesia e o ensaio crítico, além de servir como uma homenagem. Para tanto, Manuel 
Gusmão tem em mãos Finisterra: paisagem e povoamento (1978), que oferece o cerne 
da narrativa; textos de O aprendiz de feiticeiro, especialmente os que dizem respeito ao 
processo da escrita, tema de reflexão constante da obra de Carlos de Oliveira, e poemas 
selecionados de Mãe pobre, Cantata, Terra de harmonia, Descida aos infernos e Sobre 
o lado esquerdo. Há, ainda, alusões à produção cinematográfica de Uma abelha na 
chuva, “adaptação” da obra homônima, escrita em 1953. Em referência a esta 
“transposição”, de 1972, tem-se, no elenco do média-metragem, o diretor Fernando 
Lopes e a atriz Laura Soveral, intérprete de Maria dos Prazeres, esposa de Álvaro 
Silvestre, o que reforça a proposta de se fazer uma homenagem à obra de Carlos de 
Oliveira. No média-metragem, Soveral representa a mulher da família de Finisterra, 
enquanto Lopes está envolvido em duas situações da narrativa: as sequências em que 
trechos da “biografia” do poeta são lidos e quando interpreta o adulto do último 
romance escrito pelo poeta, tarefa que divide com o ator Luís Miguel Cintra. Há de se 
levar em consideração, ainda para o estudo proposto, o fato de que Manuel Gusmão, em 
seu trabalho como poeta, publica, em A terceira mão (2008), uma série de conjuntos em 
que se coloca como assumido continuador da obra de Carlos de Oliveira. É nesse livro 
onde se encontra argumentos que forçam a ideia de um diálogo a ser estabelecido entre 
mailto:patriciarpereira@gmail.com
67 
 
os dois autores no média-metragem. 
 
 
A PERSPECTIVA DO EU SOBRE A VISÃO DE MUNDO DO OUTRO EM O 
AMANUENSE BELMIRO, DE CYRO DOS ANJOS 
 
Pedro Barbosa Rudge FURTADO (FCLAr/UNESP/D) 
pedro.sonata@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Célia de MORAES LEONEL (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Personagem; ideologia; romance intimista. 
 
Objetiva-se, na comunicação, debater como os fios ideológicos das personagens 
secundárias desse romance – que emula a forma diário – de Cyro dos Anjos infiltram-se 
na psique do protagonista. No afã de se conciliar com o mundo, Belmiro tenta não 
entrar em conflito com o que o cerca, permanecendo, dessa forma, num fogo cruzado no 
que toca à visão de mundo, mais ou menos sedimentada, de seus amigos. Cyro dos 
Anjos, ao elaborar um protagonista repleto de dúvidas, titubeante em tomadas de 
posição, posiciona os fios ideológicos mais rígidos nas personagens secundárias. Tal 
rigidez só pode existir por meio da mediação de Belmiro sobre o outro; é a partir da 
perspectiva dele, então, que concebemos as outras personagens, servindo, muitas vezes, 
como objeto de estudos da mente humana pelo amanuense. Tais investigações da 
personagem principal perpassam boa parte de seu relato íntimo, que iria fincar-se, a 
priori, no passado – visto por ele – como glorioso. Valores do passado, do presente e 
dos outros combinam-se internamente em Belmiro, fazendo com que as suas 
contradições aflorem. Vale ressaltar a grave polarização ideológica pela qual o mundo e, 
igualmente, o Brasil passavam no decênio de 1930, em que a dinâmica social 
requisitava uma tomada de partido política. Belmiro, evadindo-se das tensões do 
presente, rejeita os conflitos do seu tempo internamente; no entanto, dialogicamente, 
ainda que se embrenhando no próprio ego reminiscente, ele acaba por trazer à tona, por 
meio da sua consciência vigilante, os embates sócio-históricos de sua época, muito a 
partir da cosmovisão do outro. No que tange a isso, o conflito base do romance – que 
gera grande parte dos (não) acontecimentos da narrativa – é conduzido no que se vê 
entre transcendência – figurado, principalmente, pela voz de Silviano – e materialismo – 
ecoados nas vozes de Redelvim e Jandira. Balizando os nossos estudos, encontram-se 
tanto obras sobre o conturbado período de 30 – como de Luís Bueno e Sérgio Miceli – 
quanto relevantes textos da fortuna crítica d’O amanuense Belmiro. 
 
 
 
 
DIVERGENTES VOZES DO PASSADO: DIALOGISMO, POLIFONIA E 
CARNAVALIZAÇÃO NA OBRA ROMANESCA DE MOACYR SCLIAR 
 
Rafaella Berto PUCCA (FCLAr/UNESP/D) 
rafaellatuca@yahoo.com.br 
Or. Profa, Dra Maria Lúcia Outeiro FERNANDES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Dialogismo; Releitura histórica; Moacyr Scliar. 
 
Este trabalho busca apresentar recortes da obra romanesca de Moacyr Scliar em diálogo 
com a teoria crítica de Mikhail Bakhtin, sobretudo ao que se refere ao uso da 
file:///C:/pedro/AppData/Roaming/Microsoft/Word/pedro.sonata@gmail.com
mailto:rafaellatuca@yahoo.com.br
68 
 
carnavalização como processo de criação literária que incorpora múltiplas vozes na 
reescrita da História por meio da ficção. Trata-se, pois, de obras que valorizam o jogo 
discursivo, ou seja, o que vemos na narrativa de Scliar é um grande número de 
personagens ativas, que falam e vivem grandes histórias cotidianas e que, ao ganharem 
voz na trama, resgatam a memória como forma de polemizar a ordem instituída pela 
historiografia tradicional, revelando, assim, as contradições, as máscaras e o grotesco 
presente nas relações humanas de todos os tempos. Em outras palavras, estamos diante 
de uma produção que favorece o exercício da polifonia, uma vez que observamos a 
presença de muitos pontos de vistas em narrativas que se propõem abertas ao diálogo, 
tanto com o cânone, por intermédio de alusões e do uso frequente da intertextualidade; 
quanto com os diferentes discursos sociais e gêneros textuais, ou até mesmo com as 
distintas leituras advindas de seus interlocutores (considerando que se privilegia o 
discurso direto e há várias inserções metanarrativas de diálogos da narração com o 
possível leitor). Grosso modo, a intenção é fazer uma breve explanação dos conceitos de 
dialogismo, polifonia e carnavalização, mostrando a presença destas características em 
algumas composições do escritor gaúcho de origem judaica,escritor este que faz do 
dialogismo constitutivo uma marca de sua produção, um traço recorrente em autores 
contemporâneos considerados pós-modernos, conforme iremos evidenciar retomando a 
obra crítico-teórica de Linda Hutcheon. Para tanto, as narrativas selecionadas como 
suporte para a análise são: O Centauro no Jardim (1983), Cenas da Vida Minúscula 
(1991), Sonhos Tropicais (1992) A Majestade do Xingu (1997), A Mulher que Escreveu 
a Bíblia (1999) e Manual da Paixão Solitária (2006). 
 
 
EU NÃO ESTOU LÁ? LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA, 
FOTOGRAFIAS E ALGUNS RESULTADOS PARCIAIS 
 
Renan Augusto Ferreira BOLOGNIN (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
renanbolognin@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Rejane Cristina ROCHA (UFSCar) 
 
 
Palavras-chave: Literatura brasileira contemporânea; Fotografias; Diálogo 
inespecífico. 
 
Resumo: Três textos literários brasileiros contemporâneos possuem como 
particularidade a infiltração de seus autores, seja como personagens da trama narrativa, 
seja através de fotografias de suas próprias vidas. Os livros que apresentam essa 
particularidade foram publicados no século XXI e alcançaram reconhecimento notório 
pela crítica especializada. Isto posto, não por acaso Nove noites (2002), de Bernardo 
Carvalho; Rremembranças da menina de rua morta nua (2006), de Valêncio Xavier; e 
Divórcio (2013), de Ricardo Lísias, constituem o corpus central de nossa tese em 
andamento. A esse respeito, uma revisão bibliográfica - ainda não finalizada - 
demonstra que o diálogo entre literatura e fotografia remonta ao gênero romance, como 
Ana Marques Martins (2013, p. 13) explicita em sua tese de doutorado - Paisagem com 
figuras – que a primeira aparição deste diálogo remonta ao livro Bruges-la-morte 
(Éditions du boucher, 2005), do escritor simbolista belga Georges Rodenbach, em 1892. 
Usualmente, recorda-se o romance Nadja (Cosac Naify, 2009), publicado em 1928 por 
André Bréton, como essencial para o estabelecimento deste diálogo. Além destes, tanto 
autores estrangeiros do calibre de W.G. Sebald, Júlio Córtazar, Alan Pauls, Sophie 
Calle, Virginia Woolf, Oham Pamuk; quanto os brasileiros Victor Heringer, Dráuzio 
Varella, Chico Buarque, Paloma Vidal, Eliza Caetano, Ricardo Piva, Victor Ramil, 
mailto:renanbolognin@hotmail.com
69 
 
Altair Martins, etc contribuíram estilisticamente para tornar este diálogo inespecífico 
vigoroso em seus livros. Assim sendo, para estudar o corpus a contento, propomos que 
o(s) porquê(s) dos diálogos entre fotografia e literatura no período contemporâneo 
sejam questionados através dos conceitos de inespecífico e de campo expansivo, de 
Florencia Garramuño (2014); do embasamento filosófico de Jacques Rancière (2009); e 
dos conceitos de simulacro/simulação, de Jean Baudrillard (1991), como sustentáculos 
teóricos. Como resultado incipiente, a pesquisa realizada demonstra os simulacros 
(BAUDRILLARD, 1981) dos autores como personagens de suas narrativas decorrer no 
esboroamento das estruturas de gêneros, tais como na escrita etnográfica (em Nove 
noites); na notícia televisiva/jornalística (em Rremembranças da menina de rua morta 
nua); e no álbum de família e redes sociais (em Divórcio). Deste modo, como 
discussões para esta comunicação, propomos as seguintes: i. O diálogo inespecífico 
(entre literatura e fotografia) dos textos do corpus possui traços distintivos em relação a 
textos narrativos brasileiros/estrangeiros de períodos históricos anteriores; ii. O uso 
abundante de imagens no período contemporâneo serve como ponto de contraste do 
corpus a outros textos; iii. A exposição do eu ganha fôlego como alicerce de críticas 
implícitas a campos do conhecimento contemporâneo. 
 
 
CLB: O CORPO GROTESCO E O DISCURSO CARNAVALIZADO EM 
A CASA DOS BUDAS DITOSOS, DE JOÃO UBALDO RIBEIRO 
 
Rosana Letícia PUGINA (FCLAr/UNESP/D/CNPq) 
rosanapugina@gmail.com 
Maria de Lourdes Ortiz Gandini BALDAN (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: corpo grotesco; carnavalização; A casa dos budas ditosos. 
 
À luz das reflexões bakhtinianas, o tema deste trabalho é o estudo o discurso 
carnavalizado e da estética do corpo grotesco no romance A casa dos budas ditosos, de 
João Ubaldo Ribeiro, pertencente à coleção “Plenos pecados”, da qual figura como o 
volume dedicado à luxúria. Para Bakhtin, quanto mais poderosa for a dominação do 
sistema, maior satisfação acarretarão o seu destronamento e o seu rebaixamento. Como 
consequência, o corpo grotesco tem caráter carnavalesco quando estimula e cria o 
humor conscientizador: aquele que expõe e problematiza a dissimulação social por meio 
do riso. Assim, na estética do grotesco, assiste-se à ridicularização de certos fenômenos 
sociais e a carnavalização do mundo, do pensamento e da palavra. Nesse quadro, notam-
se a ordem hierárquica invertida e a orientação desse jogo para uma recusa violenta 
dirigida ao mundo oficial, com todas as suas interdições e restrições. O romance 
brasileiro A casa dos budas ditosos tem como núcleo o relato das aventuras sexuais de 
uma mulher que sempre viveu intensamente as infinitas possibilidades do sexo, por 
meio da experimentação de todas as formas de prazer, sem indícios de culpa e sem 
censura. CLB, personagem-protagonista do romance ubaldiano, nega tudo: é a 
encarnação “ao avesso” do mundo das possibilidades humanas limitadas, do exercício 
das funções e das interdições socialmente sacramentadas, ou seja, resume, em si, os 
conceitos supracitados. Os objetivos da pesquisa são verificar como se dá a estética do 
grotesco e compreender os mecanismos de constituição da carnavalização edificada na 
construção da personagem central de João Ubaldo Ribeiro, sobretudo com referência à 
exposição do corpo e do ato sexual. A metodologia do trabalho quanto à abordagem é 
exploratória, qualitativa e de cunho bibliográfico. Espera-se, como resultado, ter 
analisado profundamente a personagem, cuja criação refrata e reacentua vozes do seu 
tempo, sob o arcabouço teórico proposto para que seja demonstrada a sua tendência 
mailto:rosanapugina@gmail.com
70 
 
singular de anarquizar o discurso e ver, com olhar crítico, os usos e os costumes da 
sociedade: subversão, carnavalização e desconstrução são elementos constitutivos da 
personagem, que vive e propõe a vida saturada por uma liberdade sexual plena. 
 
 
 
DO PARÁGRAFO À CENA: O SEQUESTRO DA CONSTRUÇÃO AFETIVA 
 
Stéfano STAINLE (FCLAr/UNESP/D) 
stefano@stainle.com.br 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete ROSSI (UNESP/FCLAr) 
 
Palavras-chave: cinema; literatura; J. R. R. Tolkien. 
 
A narrativa tolkieniana, entre outros, emprega o método de narração descritiva e a isso 
se deve a sua técnica realista. O universo ficcional do autor possui dimensões épicas, 
necessita de lenta e repetitiva assimilação em virtude da magnitude dessa extensão 
ficcional que apresenta ao leitor uma tempestade de nomes, línguas, raças, locais, 
objetos e datas a serem organizados durante o ato da leitura. A carga afetiva empregada 
junto ao exercício de imaginação no ato da leitura é um dos pré-requisitos para o 
entendimento da organização ficcional da obra de J. R. R. Tolkien que, além de 
convidar o leitor a fruir com o texto, também o convida e o desafia a construir seus 
próprios conteúdos afetivos em meio às cenas descritivas de longa duração. Nesse 
sentido, as adaptações cinematográficas de Peter Jackson, apesar do inigualável e 
espontâneo sucesso de bilheteria, não deixam espaço para a construção desses afetos. 
Tal fato se deve à estrutura das cenas, em parte por causa do apelo contemporâneo ao 
caráter dinâmico das cenas e à exigência de ação bélica constante. Embora se possa 
assistir ao filme repetidamente, seriam necessárias longas pausas e contemplações, 
quadro a quadro, para que a assimilação de todo o conteúdo descritivo tivesse o mesmo 
efeito que tem durante o ato de leitura. A palavra escrita carrega consigo a descrição de 
tempo e espaço,além dos diálogos e ações envolvidos, no sentido de que cria espaço 
para a imaginação e permite o acompanhamento das cenas de movimento constante. Os 
filmes, enquanto realizações e adaptações das narrativas, sequestram o exercício 
imaginativo e com ele se esvai toda construção afetiva capaz de tornar mágica a duração 
da construção afetiva tal como ocorre nos romances. 
 
 
 
ENTRE O CINEMA E A LITERATURA: A MUDANÇA DE PERSPECTIVA 
ATRAVÉS DA INTERMIDIALIDADE EM DAS NACKTE AUGE, 
DE YOKO TAWADA 
 
Thaís Gonçalves Dias PORTO (FCLAr/UNESP/M) 
thagdporto@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Profa. Dra. Natália Corrêa Porto Fadel BARCELLOS (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: cinema; intermidialidade; literatura contemporânea; identidade 
 
Resumo: O romance Das nackte Auge (2004) emprega em sua narrativa referências a 
filmes de diferentes épocas e realizadores. A autora, a japonesa Yoko Tawada, utiliza-se 
da hipertextualidade para compor uma narrativa que explora de maneira ímpar o poder 
persuasivo da sétima arte. Trata-se da história de uma jovem garota vietnamita, cujo 
mailto:stefano@stainle.com.br
mailto:thagdporto@gmail.com
71 
 
nome nunca é revelado, que, devido a um engano, desembarca na cidade de Paris no 
final da década de oitenta, onde passa a viver ilegalmente e, ao mesmo tempo, a 
frequentar as salas de cinema da capital francesa. Impossibilitada de se comunicar com 
os locais, a personagem nutri uma grande afeição pelas personagens interpretadas por 
Catherine Deneuve. Cada capítulo do romance leva o título de um filme em que atuou a 
atriz francesa. As referências midiáticas crescem progressivamente dentro do romance, 
de modo a esmaecer as fronteiras entre a ficção literária e fílmica. Tal processo 
relaciona-se à uma das características mais fortes da literatura contemporânea: a 
intermidialidade. A autora utiliza-se dos filmes como hipotextos que, sob as operações 
de seleção, ampliação, concretização ou realização, transforma, modifica, elabora ou 
amplia o hipertexto, isto é, o romance em questão. Tawada, assim como um realizador 
cinematográfico, elabora uma montagem, uma espécie de efeito Kuleshov literário, que 
modifica a maneira como o leitor compreende o romance. Desta forma, a autora explora 
a questão da identidade do sujeito fragmentado no mundo contemporâneo, cuja 
velocidade do fluxo de pessoas e informações, dificulta a oferta de momentos 
contemplativos. Justamente neste ponto faz-se necessária a ação da arte, que 
desempenha o fundamental papel desautomatizador, uma ferramenta que desloca o 
sujeito. Essa mudança de perspectiva representa um dos principais pontos dentro do 
projeto literário de Yoko Tawada, seja através de personagens que se encontram 
dispersos de sua terra natal, ou através da inversão de perspectiva do olhar ocidental 
sobre o mundo oriental. 
 
 
OLHARES DE VAN GOGH: O PICTÓRICO-CINEMATOGRÁFICO COMO 
FORMA DE NARRAR UMA BIOGRAFIA 
 
Thais VIEIRA (FCLAr/UNESP/G) 
thais.p.vieira@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Fabiane Renata BORSATO (UNESP/Araraquara) 
 
Palavras-chave: cinema, pintura, Van Gogh. 
 
O filme Com Amor, Van Gogh (2017), idealizado pela animadora polonesa Dorota 
Kobiela, é inteiramente produzido a partir de pinturas a óleo, as quais imitam o estilo do 
pintor pós-impressionista. A ação, que decorre em 1891, um ano após a morte do artista, 
é motivada por uma carta, escrita pelo pintor holandês, que não havia chegado ao 
destinatário, seu irmão Theo. O personagem condutor do enredo, Armand Roulin 
(inspirado pelo quadro Retrato de Armand Roulin, 1888 - Bojimans Van Beuningen, 
Rotterdam), é encarregado pessoalmente de fazer com que a carta seja entregue, e acaba 
por se envolver em uma espécie de odisseia investigativa. A viagem permeada de 
acontecimentos imprevistos apresenta-se como pretexto para que sejam explorados 
diversos quadros celebres de Vincent Van Gogh, assim como relatos de terceiros sobre 
o artista. A partir desses relatos, a narrativa se desenvolve sob diversos pontos de vista, 
particulares a cada personagem que teve contato com o pintor em momentos 
precedentes à sua morte. Este trabalho busca investigar a manifestação dessas visões 
que se entrelaçam a produções do próprio Van Gogh. Considerando o compilado de 
vozes exteriores (relatos) e interiores (expressadas pelas pinturas e cartas do holandês), 
pretende-se averiguar, nesta biografia cinematográfica, a maneira de narrar que, ao 
incorporar produções inerentes ao artista, tange um recorte de realidade singular, que 
flutua na lacuna existente entre as diversas facetas da personalidade de Van Gogh. 
Levando em consideração também o fato de o enredo ter sido baseado nos escritos do 
artista, verifica-se uma constante dualidade na estrutura da linguagem fílmica: ao passo 
mailto:thais.p.vieira@hotmail.com
72 
 
que o pictórico pré-expressionista dialoga com a figura aparentemente perturbada de 
Van Gogh, há também, ao longo de toda a obra cinematográfica, aspectos que remetem 
a uma poeticidade típica do conjunto de textos epistolares do artista. Esses aspectos 
refletem ora na forma, ora no conteúdo do longa-metragem. Partindo, portanto, dessas 
observações sobre o misto de vozes narrativas que compõem um enredo tanto biográfico 
quanto ficcional, este trabalho objetiva atingir não somente o ponto de intersecção das 
artes plásticas em diálogo com a arte cinematográfica, como também a influência das 
cartas escritas pelo pintor como fonte literária para a montagem da película. 
 
 
O VÍDEO-POEMA 
 
Thiago BUORO (FCLAr/UNESP/D) 
thiago.buoro@hotmail.com 
Profa. Dra. Fabiane Renata BORSATO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: vídeo-poema; poesia visual; concretismo. 
 
Ao se tratar do intercâmbio entre Cinema e Literatura, não se pode deixar de considerar 
aquele que se especificou no domínio da poesia, particularmente a poesia que apresenta 
em sua linguagem pendor para os elementos fundamentais do filme: a poesia visual. 
Entre os concretistas brasileiros, a experiência desenvolveu-se programaticamente. 
Autor dos conhecidos Clip-poemas, Augusto de Campos denomina categoricamente 
cinepoemas as composições “LIFE” e “Organismo”, feitas ainda nos anos 1950, em 
suporte de papel, por Décio Pignatari. São poemas organizados numa sintaxe muito 
próxima da do cinema. A partir dessa época, o poema pôde contar cada vez mais com 
novos recursos tecnológicos: letraset, neon, holografia, laser, vídeo e, finalmente, 
computação digital. Assim, os poemas verbovocovisuais, na denominação joyceana dos 
concretistas, encontraram nas novas tecnologias meios correlatos não só de expressão, 
mas de expansão – ao ganhar novos significantes, ganharam novos significados. De 
todas as possibilidades tecnológicas, entre elas a exclusiva sonorização, enfatiza-se 
nesta minha abordagem, que pretende respeitar o tema do Seminário, a realização do 
poema em vídeo. Isso implica, em termos metodológicos, o mínimo exame das 
interações semióticas entre a linguagem cinematográfica e a linguagem do poema 
gráfico; interações que são bem compreendidas como operações de tradução 
intersemiótica. O poema escrito para o livro, ou para outro suporte na mesma medida 
bidimensional que dependa da leitura e visualização do receptor, converte-se em 
linguagem audiovisual, cujos signos possuem outra constituição morfológica e outra 
organização sintática. A evidente diferença está no aspecto cinético. O poema, antes 
acionado pela leitura decodificadora ativa, passa a integrar uma estrutura dinâmica que 
simula o movimento, exigindo uma percepção realista do espaço. Embora a versão 
gráfica traga a latência do movimento, sua tradução para o vídeo resulta evidentemente 
em nova criação. Assim, um vídeo-poema está muito além de ser uma simples 
mensagem veiculada pelo vídeo, ou um simples poema contido no recipiente do vídeo. 
 
AS TRAJETÓRIAS DA MEMÓRIA EM HIROSHIMA, MON AMOUR 
 
 VanessaAparecida Ventura RODRIGUES (FCLAr/UNESP/D) 
 Vanessa.ventura@hotmail.com 
 Or. Profa. Dra. Guacira Marcondes Machado LEITE (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Memória; Amor; Guerra; Esquecimento. 
mailto:thiago.buoro@hotmail.com
mailto:Vanessa.ventura@hotmail.com
73 
 
 
Quando falamos em memória, logo somos levados a pensar nas histórias e narrativas 
que antes eram conhecidas por meio da narrativa oral. Hoje, temos a escrita como forma 
de não permitir que esqueçamos o que chamamos por memória do trauma, pois 
escritores ao longo dos séculos buscaram retratar em suas obras momentos históricos 
marcantes, ou mesmo suas experiências, angústias e vivências. A relação História e 
Literatura não é uma problemática recente, ao contrário, remete aos pensadores da 
Antiguidade e vem sendo pensada e repensada desde então; assim, podemos dizer que 
as palavras memória e história evocam o mesmo tempo – o passado. Esta proposta tem 
como objetivo estabelecer relações entre os quatro eixos temáticos - Amor, Memória, 
Morte e Esquecimento -presentes em Hiroshima MonAmour(1959), filme produzido 
pelo cineasta francês Alain Resnais (1922 – 2014), com roteiro da escritora francesa 
Marguerite Duras (1914 – 1996), visando mostrar o quanto o universo produzido pelos 
dois desfila sobre tabus num discurso glorioso sobre guerra e paz. Esse discurso envolve 
de forma tão eficaz o telespectador, que mesmo o patriota francês ou qualquer ser 
humano que se posicione contra certos valores sociais, como o adultério, ficam 
desarmados frente ao encantamento da não discussão desses mesmos valores. Assim, 
procura-se demonstrar que Hiroshima MonAmour é um filme sobre o Amor e as dores 
da perda frente à guerra, num processo de rompimento com os conceitos convencionais 
do tempo narrativo, mesclando passado, presente e futuro, introduzindo técnicas que 
permitiram harmonizar tempo presente e memória. Um filme revolucionário no uso de 
flashbacks, utilização de planos inusitados, etc., no qual Resnais evoca toda uma 
coletividade massacrada pela guerra por meio de apenas dois personagens. No mais, 
cabe ressaltar que essa obra grandiosa não explica o horror a que os homens foram 
submetidos, mas é, sim, uma obra composta de inúmeros questionamentos, indagações 
que devem permanecer na mente de cada um de nós, como forma de afrontamento e 
denúncia de nossas mazelas históricas. 
 
 
JEKYLL, HYDE E SEUS IRMÃOS: DIÁLOGOS ENTRE O MÉDICO E O 
MONSTRO E O MÉDICO E A IRMÃ DO MONSTRO 
 
Vinicius Lucas de SOUZA (FCLAr/UNESP/D) 
viniciuslucassouza@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete ROSSI (FCLAr/UNESP) 
 
 
Palavras-chave: O médico e o monstro; O médico e a irmã do monstro; duplo. 
 
Ao se considerar o romance O médico e o monstro (Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. 
Hyde, 1886), de Robert Louis Stevenson, essa narrativa está entre as muitas obras 
literárias que se dedicaram à abordagem do motivo do duplo (Doppelgänger), tropo que 
tenciona relações entre o eu e o outro, o original e a cópia, o verdadeiro e o falso. No 
romance de Stevenson, o Dr. Henry Jekyll, um cientista renomado, por meio de uma 
substância química fruto de seu experimento de Medicina Transcendental, altera sua 
corporeidade, transformando-se no infame e repulsivo Mr. Edward Hyde, dando vazão, 
assim, aos prazeres e paixões proibidos à faceta respeitável do doutor. Se passarmos ao 
campo do Cinema, inúmeras releituras do romance em questão foram e são realizadas 
ao longo dos anos. Numa dessas releituras, O médico e a irmã do monstro (Dr. Jekyll 
and Sister Hyde, 1971), dirigido por Roy Ward Baker e roteiro de Brian Clemens, a 
história do médico e do monstro é inovada ao adicionar uma mulher ao dilema Jekyll-
Hyde. No filme, o foco da pesquisa do cientista é o elixir da vida e, para tanto, 
mailto:viniciuslucassouza@gmail.com
74 
 
desenvolve sua droga baseada em hormônios femininos, a qual, uma vez ingerida, 
transforma-o numa mulher, a irmã Hyde, que aos poucos configura-se como uma femme 
fatale. No entanto, para aperfeiçoar seu elixir, a coleta dos hormônios passa a ser 
realizada por meio do assassinato de prostitutas das ruas de Londres, evidenciando 
Jekyll como o notório assassino de Whitechapel, Jack, o Estripador. Ademais, o duplo 
não só se presentifica na relação entre Jekyll e Hyde, mas também numa outra dupla, 
dois irmãos que se relacionam com o cientista e sua irmã, replicando a duplicidade na 
obra cinematográfica para além do signo dúplex. O objetivo da presente comunicação, 
portanto, é analisar O médico e a irmã do monstro, focando no motivo do duplo, 
presente tanto na forma quanto na temática fílmicas, e como o filme dialoga e relê o 
romance O médico e o monstro. 
 
A LITERATURA TÉCNICA LATINA E OS SEUS 
ANTECEDENTES GREGOS 
 
Vivian Gregores Carneiro Leão SIMÕES (FCLAr/UNESP/CAPES) 
vivian.simoes@ufrr.br 
 Or. Prof. Dr. João Batista Toledo PRADO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Literatura técnica grega; literatura técnica latina; influências. 
 
Como acontece em outros gêneros, existe uma influência primordial da produção 
literária técnica grega nos escritos técnicos romanos, entretanto, a literatura técnica 
latina adquire precocemente certa independência da tradição que a precede, 
especialmente no que diz respeito à temática e à forma literária, e desenvolvem 
peculiaridades mais propriamente romanas que muitos outros gêneros, como a épica e a 
lírica, por exemplo. Dessa forma, a literatura técnica latina não sustenta com os seus 
precedentes genéricos helênicos o mesmo paralelo que outras obras da literatura latina, 
ao contrário, a importância que os escritos técnicos romanos têm no âmbito da literatura 
latina é bastante diferente daquela de seus correspondentes na literatura grega. O sentido 
da utilitas é o causador desta clara diferença entre os fatos literários, uma vez que os 
autores se propunham a servir de proveito ao mundo romano com suas obras. O 
desenvolvimento da literatura latina, especialmente da literatura técnica, está 
diretamente relacionado, desde o período republicano, às condições sociais e culturais 
de Roma, surge em resposta a um estímulo determinado por uma situação histórica, 
assim, produção da literatura latina, incluindo a literatura técnica, é uma reação direta e 
criativa à preponderante influência grega na Itália durante o período. A relação com a 
utilitas, de acordo com Albrecht (1997, p. 536), afeta de modo singular os escritos 
técnicos que têm nesse conceito uma de suas fundamentais razões de ser, assim, as 
disciplinas tecnológicas, como a agronomia, agrimensura, arquitetura e mesmo a 
medicina, bem como atividades como o direito, a retórica ou a gramática, que faziam 
parte fundamental da vida do romano, tinham particular importância. Todas essas 
atividades constituíram em Roma ofícios mais ou menos habituais e o conjunto de 
conhecimentos técnicos e científicos desenvolvidos em torno deles era suscetível de ser 
transmitido através da educação sistematizado através de disciplinas ou em forma de 
texto. Isto posto, a presente comunicação pretende expor e discutir o contexto do 
surgimento da literatura técnica latina, os seus antecedentes gregos e as condições para 
o seu desenvolvimento em Roma. 
 
 
A LIBERDADE FEMININA COMO FORÇA CRIADORA: O MATRISMO NA 
mailto:vivian.simoes@ufrr.br
mailto:vivian.simoes@ufrr.br
75 
 
FICÇÃO DE NATÁLIA CORREIA 
 
Vivian Leme FURLAN (UNESP/FCLAr/D/FAPESP) 
viviufscar@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Jorge Vicente VALENTIM (UFSCar) 
 
Palavras-chave: Matrismo; Autoria feminina; corpo feminino; ginocrítica. 
 
Resumo: O projeto propõe investigar a obra literária de Natália Correia, direcionando a 
análise ao percurso da literatura de autoria feminina em Portugal e ao conceito de 
“matrismo” proposto pela autora. Militante da liberdade, a escritora ocupou múltiplos 
papeis na sociedade portuguesa, desde tradutora, jornalista atédeputada da Assembleia 
da República. Através da leitura de sua extensa obra é impossível não enxergar os traços 
de uma voz emancipadora, dos questionamentos sobre o lugar da mulher e os 
movimentos dos corpos em liberdade no espaço social que (ainda) se sustenta em 
estruturas heteronormativas e patriarcais. Assim, através do resgate desta posição 
matrista, objetiva-se investigar se esta proposta não seria uma maneira da autora em 
elencar e consolidar avant la lettre uma forma especial de feminismo, em que prioriza, 
sobretudo, a igualdade dos gêneros. Ao sugerir a desconstrução dos paradigmas e 
nomenclaturas pré-estabelecidos (machismo viril, feminismo caricata), Natália Correia 
sugere a diluição destes binarismos através da nomenclatura matrista, por se basear na 
natureza como Grande-Mãe, a qual todos os seres pertencem de maneira igualitária. 
Para tanto, a análise centrar-se-á, em especial, em três de seus textos: A Madona (1968), 
A ilha de Circe (1983) e As Núpcias (1992). Em A Madona, romance publicado em 
1968 em um contexto de censura salazarista em Portugal, a personagem Branca distingue-
se da clássica imagem da madona maternal representada pela história da arte, vivendo além 
das experiências homoeróticas e o domínio de seus amantes, o autoconhecimento de seu 
corpo em transe e em trânsito pelos países e vivências sexuais. Entendemos que esse e os 
outros dois romances que compreendem o corpus da tese, ao tocarem em temas como a 
liberdade do corpo feminino, o erotismo, a androginia, o incesto, a mitologia, a crítica 
aos conceitos cristãos cerceadores, atrelados à ideia de transcendência, e, 
principalmente, ao conceito de matrismo, proposto pela autora, acabam por envolver 
também propostas de emancipação dos textos de autoria feminina/feminista, tão 
importantes na consequente e devida ocupação do espaço das mulheres na literatura e na 
sociedade. Buscaremos reiterar este gesto político de Natália Correia, estabelecendo 
diálogo crítico-literário com o pensamento da ginocrítica de Elaine Showalter (1981). 
mailto:viviufscar@gmail.com
76 
 
 
 
 
 
Resumos de 
Projetos de Pesquisa em andamento 
 
77 
 
O INTELECTUAL E O EXÍLIO NA FICÇÃO DE MARÍA ROSA LOJO: UM 
ESTUDO COMPARATIVO DOS ROMANCES LA PASIÓN DE LOS NÓMADES 
(1994), FINISTERRA (2005), ÁRBOL DE FAMÍLIA (2010) E TODOS ÉRAMOS 
HIJOS (2014) 
 
Alessandro da SILVA (FCLar/UNESP/D) 
alessandromaximian15@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Dolores Aybar RAMIREZ (FCLar/UNESP) 
 
Palavras-chave: María Rosa Lojo; Intelectual; Exílio. 
 
O presente estudo pretende constatar a construção de um projeto literário ligado à 
questão do exílio em quatro romances da escritora María Rosa Lojo, a saber, La Pasión 
de los Nómades (1994), Finisterra (2005), Árbol de Familia ( 2010) e Todos Éramos 
Hijos (2014). María Rosa Lojo tem sido uma das escritoras promissoras da literatura 
contemporânea argentina e sua obra tem despertado interesses críticos tanto em seu país 
quanto no exterior. De modo geral, os críticos afirmam que sua produção oscila entre 
dois eixos temáticos: o exílio e a ficcionalização da História. Além disso, vários estudos 
sinalizam a preocupação da escritora – também professora universitária e crítica literária 
– em usar uma ficção que beira ao ensaio para reproduzir o seu posicionamento 
intelectual e unir crítica e ficção em seus textos. Esse tecido híbrido – mescla de ficção 
e ensaio – é particularmente o interesse dessa pesquisa que pretende confrontar os 
romances supracitados e verificar a ligação entre eles, no que se refere ao processo de 
reconhecimento e aceitação do exílio. Filha de imigrantes espanhóis que chegaram à 
Argentina durante a Guerra Civil na Espanha, Lojo, desde cedo, aprendeu a viver em 
companhia do exílio e afirma que escrever literatura é, por assim dizer, negociar com 
essa realidade de exilada e/ou desterrada. Nesse sentido, o exílio torna-se uma lente 
usada pela escritora para fazer o texto literário, principalmente nessas narrativas 
escolhidas como corpus desse trabalho, tendo em vista que nelas aparecem personagens 
nômades à procura de um lugar no mundo. Tal como a escritora que aceita para si a 
condição de exilada, seus personagens também buscam constantemente permanecer e 
criar raízes, pois já não querem mais viver o exílio. Desse modo, por meio de análises 
comparativas dos romances selecionados e tendo como ferramentas os estudos de 
teóricos do romance e outros ensaios sobre o exílio, objetiva-se comprovar a hipótese 
inicial de que o exílio liga as quatro obras e ao escrevê-las a escritora negocia sua 
condição de exilada e encontra, no último romance, seu lugar num mundo que não é o 
seu, mas, ainda assim, é possível fixar raízes. 
 
 
BORGES E BERTOLUCCI: 
TRADUÇÕES DO TEMA DO TRAIDOR E DO HERÓI 
 
Ana Claudia RODRIGUES (FCLAr/UNESP/D) 
anac_redacao@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Maria de Lourdes Ortiz Gandini BALDAN (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras chaves: Tradição; tradução; criação; sentido. 
 
 
Resumo: O intuito deste projeto é estabelecer uma análise da tradução intersemiótica, 
ou transcriação, do conto de Jorge Luis Borges, “Tema do traidor e do herói”, (1944), 
mailto:alessandromaximian15@gmail.com
mailto:Anac_redacao@yahoo.com.br
78 
 
no filme A estratégia da aranha (1970), de Bernardo Bertolucci. À luz de um estímulo 
criativo, portanto, não fechado e concluso, vislumbra-se a apreciação de uma obra 
paralela e não meramente servil entre os elementos estéticos mencionados. Bertolucci, 
ao instaurar o trânsito entre tempos e espaços distintos, recria o conto de Borges não 
com um rigor absoluto perante um modo inquebrantável, mas, pelo contrário, adentra-se 
no próprio ‘jogo’ proposto no conto: a desconstrução da história de um herói. Pretende-
se, portanto, inferir que Borges, a partir do próprio título do conto, propõe o caminho da 
investigação que recai sobre a história, seja esta estética ou biográfica para, no final, 
compreender que neste jogo ou teia estratégica, a ‘verdade’ não é unívoca e estanque, 
portanto, é múltipla e, por vezes, ambígua, e, dessa forma, mediante um descentramento 
do indivíduo, o que se denomina herói pode ser revelado, paulatinamente, traidor. 
Assim, o objetivo deste projeto é extrair do conto de Borges o caminho metafórico 
daquele que se envereda no âmago da tradição (passado) para trazê-la renovada à luz de 
uma tradução diversa. Bertolucci, de acordo com a análise presente, assumiria o papel 
do material que ele mesmo traduz – o tradutor ou resgatador de um passado, só que 
agora reinventado nos códigos de imagem, som e movimento. Em síntese, o que se 
pretende é uma relação de duplicidade: a análise da tradução dos códigos linguísticos do 
conto de Borges no sistema de signos audiovisuais do filme de Bertolucci, ao mesmo 
tempo que a emersão do papel tradutor – seria como se Borges, ao traduzir o próprio 
pensamento em suas obras, sobretudo, no conto em evidência, cuja história engendra-se 
na rememoração de tantas outras, e Bertolucci, ao traduzir este mesmo conto em seu 
filme, revelassem que, no fundo, as traduções seriam sempre eternizações do fazer 
artístico sob a égide de infindáveis e renovados sentidos, elemento que por si só seria 
capaz de exonerar, em rigor, o tradutor da ideologia de fidelidade ao original. Mas se é 
para falar sobre isso (fidelidade), prima-se aqui por outra ordem de lealdade: ao 
momento presente da recriação, sem jamais perder de vista as raízes em que se debruça 
o tradutor-recriador. 
 
 
LÍRICA SACRA NO BARROCO LUSO-BRASILEIRO 
 
Daniel de Assis FURTADO (FCLAr/UNESP/D) 
assis27@hotmail.com 
Or. Prof. Dr. Antônio Donizeti PIRES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: poesia luso-brasileira; barroco; lírica sacra. 
 
Os objetivos específicos deste projeto são: a) revisitar a poesia lírica de caráter religioso 
produzida em Portugal e no Brasil durante o período Barroco,realizando, sob esse 
enfoque, o resgate e a releitura dessas composições poéticas e de seus autores; b) 
comparar os principais recursos de expressão adotados por esses poetas; e c) levantar as 
principais características da poesia lírica barroca de caráter religioso produzida em 
Portugal e no Brasil, apontando suas peculiaridades e seus usos. Para tais esforços, 
tomaremos como referência o uso que Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711) fez 
desses recursos de expressão em sua Lira sacra (manuscrito de 1703, editado em 1971), 
perpassando também a poesia religiosa de Gregório de Matos Guerra (1636-1696) e 
buscando o aproveitamento que todos esses poetas possam ter feito da poesia de Frei 
Iñigo de Mendoza (1425?-1507?), Alonso de Ledesma (1552-1623), Jerónimo de 
Cáncer y Velasco (159?-1655) e José de Valdivieso (1565-1638) — os mais ilustres 
representantes da corrente peninsular, e também brasileira, da poesia lírica a lo divino; a 
poesia religiosa do Cancioneiro (1554), de Jorge de Montemor (1520?-1561?), 
censurada em seu tempo pelo Santo Ofício, também será consultada. Sendo Gregório de 
mailto:assis27@hotmail.com
79 
 
Matos o representante par excellence da poesia barroca brasileira e a Lira sacra, de 
Botelho de Oliveira, nosso ponto de partida, acreditamos que a busca pela poesia sacra 
nas obras de poetas portugueses ou brasileiros do período barroco — como o padre Luís 
da Cruz (1543-1604), Bento Teixeira (155?-1600), Francisco Rodrigues Lobo (1580-
1621), Dom Tomás de Noronha (?-1651), Diogo Camacho (?-?), Dom Francisco 
Manuel de Melo (1608-1666), Antônio Barbosa Bacelar (1610-1663), Sóror Violante do 
Céu (160?-1693), Bernardo Vieira Ravasco (1617-1697), Jerônimo Baía (162?-1688), 
Frei Eusébio de Matos e Guerra (1629-1692), Frei Antônio das Chagas (1631-1682), 
Domingos Barbosa (1632-1685), José Borges de Barros (1657-1719), Gonçalo Ravasco 
Cavalcanti de Albuquerque (1659-1725), Sebastião da Rocha Pita (1660-1738), João de 
Brito e Lima (1671-1747), Dom Francisco de Vasconcelos (1673-1743), Dom Francisco 
Xavier de Meneses (1673-1743), Gonçalo Soares da França (1676-1742), Luís Camelo 
de Noronha (1689-?), Frei Antônio de Santa Maria Jaboatão (1695-1779), Frei Manuel 
de Santa Maria Itaparica (1704-1768) e João Borges de Barros (1706-?) — venha 
também a contribuir tanto com o resgate dos mesmos, cujos nomes via de regra são 
esquecidos ou relegados aos bastidores do estilo da época, quanto com a análise mais 
cuidadosa do conjunto de suas obras. 
 
 
O TRÁGICO NA CENA CONTEMPORÂNEA: MONTAGEM, RECEPÇÃO E 
REPRESENTAÇÃO DA TRAGÉDIA GREGA NO BRASIL 
 
Brendon de Alcantara DIOGO (FCLAr/UNESP/M) 
brendondiogo@hotmail.com 
Or. Prof. Dr. Fernando Brandão dos SANTOS (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Tragédia Grega; Representação; Recepção. 
 
Pretendo pesquisar o trágico no teatro brasileiro, principalmente as montagens contemporâneas 
da tragédia grega no Brasil, para tentar entender, à luz da teoria da recepção dos Clássicos 
postuladas por Fiona MacIntosh, Lorna Hardwick, Edith Hall, Anastasia Bakogiani, Simon 
Goldhill, entre outros estudiosos da teoria da recepção. Como suporte teórico para análise dos 
textos a serem debatidos em minha dissertação a exemplo de: Édipo Rei representada em 2012 
no Espaço Sesc, Mata teu pai, adaptação de Medeia, encenada em 2017 e Antígona, também 
encenada em 2017, me utilizarei da semiologia teatral e os estudos de Kowzan a respeito dos 
sistemas de significação do espetáculo teatral, do mesmo modo, irei recorrer à semiótica de 
Ubersfeld para a compreensão dos signos, da representação teatral e no que mais for necessário. 
Tendo em vista que pesquisadores a exemplo de Daisi Malhadas, Fernando Brandão dos 
Santos, entre outros estudiosos que fizeram levantamentos a respeito da representação do teatro 
grego no Brasil, principalmente a partir dos anos 1960. Desse modo, parto também dos estudos 
estabelecidos por Gilson Motta, a respeito do espaço da tragédia grega representada no Brasil 
na cena contemporânea. Terei como foco para a minha abordagem sobretudo as representações 
de Édipo Rei (2012) Mata teu pai (2017) e Antígona (2017) uma vez que pretendo dar 
continuidade aos trabalhos publicados sobre a representação da tragédia grega no Brasil. 
 
 
O FUTURISMO IRÔNICO DE ÁLVARO DE CAMPOS 
 
Camila SABINO (FCLAr/UNESP/M) 
ccamila.sabino@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Lúcia Outeiro FERNANDES (FCLAr/UNESP) 
 
mailto:brendondiogo@hotmail.com
mailto:ccamila.sabino@gmail.com
80 
 
Palavras-chave: Álvaro de Campos; ironia; vanguardas europeias. 
 
O presente projeto tem por objetivo analisar como foi configurada a vanguarda futurista 
na obra de Fernando Pessoa, especialmente na poesia do heterônimo Álvaro de Campos, 
cujos textos são interpretados por uma quantidade significativa de críticos como sendo 
efetivos representantes de uma estética futurista. O movimento futurista teve seu início 
em 1909, quando seu fundador Filippo Tommaso Marinetti publica no jornal francês Le 
Figaro seu primeiro manifesto. Para Marinetti e seus seguidores, o futurismo era a nova 
expressão estética capaz de refletir todas as transformações do início do século XX, 
como o avanço técnico-científico e as novas formas de comunicação e transportes. Eles 
acreditavam numa arte agressiva para combater o passado, exaltavam a vida moderna e 
as metrópoles e faziam o culto à velocidade e às máquinas. Assim, Campos por ser o 
poeta do mundo moderno, das grandes cidades, das máquinas e das guerras apresenta 
alguns aspectos relevantes desta vanguarda. Seus poemas exteriorizam todas as 
sensações do mundo frenético celebrado pelos futuristas, numa poesia que segue uma 
forma livre, com tom agressivo e vertiginoso obtido por meio de procedimentos que 
privilegiam as imagens fortes, o discurso caótico, com várias interjeições, exclamações 
e onomatopeias. Mas, apesar da aproximação com esta vanguarda, Campos não adere ao 
futurismo. Ao analisarmos os poemas nos quais percebemos o uso que o poeta faz dos 
elementos formais e temáticos próprios da estética futurista, verificamos também que a 
apropriação de elementos temáticos e formais pelo heterônimo de Pessoa é sempre 
acompanhada de muita ironia e de uma crítica bastante ambígua, mas muito 
contundente, contra as pregações promovidas pelos futuristas italianos. Campos é um 
poeta marcado por uma profunda dor de existir e pela fragmentação interior, que 
representa o homem moderno dilacerado pela própria realidade. A sua poesia, longe de 
expressar celebração do mundo moderno, expressa a angústia e o niilismo do sujeito 
lírico mergulhado em um mundo decadente e opressor. Pela perspectiva da teoria e da 
crítica literária buscamos compreender, assim, de que forma esses três elementos 
(despersonalização, ironia e vanguarda futurista) estão articulados nos poemas e nos 
textos teóricos de Campos. O corpus da pesquisa contará, em princípio, com poemas 
que corroboram o tema tais como Tão pouco heráldica a vida, Ode Triunfal, Ode 
Marítima, Ode Marcial, Saudação a Walt Whitman, A passagem das horas, A partida, 
Arco do triunfo, Marinetti acadêmico e o Ultimatum. Deste conjunto selecionado 
previamente sairão os textos a serem analisados. 
 
 
MACHADO DE ASSIS E GUY DE MAUPASSANT, DOIS AUTORES 
MARCADOS PELO RISO TORTO. 
 
Clarissa Navarro Conceição LIMA (FCLAr/UNESP/D) 
clarissa_cla@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Andressa Cristina de OLIVEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
 
Palavras-chave: Machado de Assis; Maupassant; Literatura Comparada. 
 
Machado de Assis e Guy de Maupassant: contemporâneos do século XIX e pertencentes 
a mesma corrente realista-naturalista, cada um retratou, à sua maneira, além da 
sociedade de seu país, a condição humana: o que há dentro do homem de mais 
mesquinho, cruel, baixo, contraditório e, muitas vezes, incompreensível. Seus contos 
têm grandes semelhanças no trato do comportamento humano. Ambosviveram em meio 
às ideias em voga da época: o positivismo, o cientificismo e o naturalismo, e se 
mailto:clarissa_cla@hotmail.com
81 
 
assemelham, ainda, na rejeição de muitas delas. São irônicos, ácidos e semelhantes na 
postura fatalista perante a vida e o homem. Maupassant e Machado não querem 
reformar os valores da sociedade ou mudar a natureza humana, mas escancarar a 
condição humana. Os objetivos desta pesquisa são analisar como a ironia é construída 
nos contos, como perpassa os elementos do texto e produz seus efeitos de sentido; 
analisar o distanciamento irônico e o humeur railleuse dos autores e, ainda, analisar a 
mimèsis, a construção coerente do real, a elaboração da verossimilhança nos textos. Este 
trabalho também visa discorrer sobre o realismo na França e o realismo no Brasil, 
apontando suas semelhanças e diferenças, além da recepção do realismo no Brasil; 
discorrer e analisar o Realismo diferenciado dos autores, uma vez que fogem, muitas 
vezes, dos preceitos desta Escola e partem de um modo próprio de criação; analisar as 
correlações entre os temas: loucura, miséria, crueldade, entre outros, com os panos de 
fundo da escravidão e da guerra e com as sociedades do século XIX na França e no 
Brasil e, por fim, analisar a posição e a intromissão do narrador/autor em ambos os 
autores. A pesquisa é essencialmente bibliográfica e teórico-analítica. Partimos da 
leitura e análise de contos de Maupassant e de Machado de Assis, focando a estrutura e 
suas relações com a História, com o Homem e com a Ironia. Para análise e 
aprofundamento teóricos iniciais, utilizaremos as obras dos estudiosos Bosi, Candido, 
Gledson, Schwarz, Compagnon, Adorno, Aristóteles, Auerbach, Muecke, Alleman, 
Elgozy, entre outros. 
 
 
AS FACES DE SATURNO: UM ESTUDO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES 
MELANCÓLICAS NA POESIA DE ALPHONSUS DE GUIMARAENS E NA DE 
PAUL VERLAINE 
 
Cristovam Bruno Gomes CAVALCANTE (FCLAr/UNESP/D) 
cbgc13@hotmail.com 
Or. Prof. Dr. Adalberto Luis VICENTE (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Melancolia; Paul Verlaine; Alphonsus de Guimaraens. 
O que se apontou como melancolia no passado, hoje, após o desenvolvimento das ciências 
médicas, sabemos tratar-se de uma gama de disposições psíquicas disfóricas que podem ter as 
mais diversas origens, o que revela a amplitude e a complexidade do conceito. No entanto, a 
partir das análises e dos apontamentos feitos por Jean Starobinski, por Sigmund Freud, por 
Julia Kristeva e por Moacyr Scliar sobre o chamado sentimento ou temperamento 
melancólico, termo genérico usado para designar vários estados de disposições anímicas 
negativas, este projeto de pesquisa tenciona identificar, por meio de análises temáticas e 
estilísticas sugeridas por alguns desses críticos, como essas disposições disfóricas se 
formalizam nas obras Poèmes saturniens, Fêtes galantes, La Bonne chanson, Romances sans 
paroles, Sagesse e Jadis et naguère do autor francês Paul Verlaine, nome emblemático para o 
Decadentismo e o Simbolismo francês, e nas obras Dona Mística, Setenário das dores de 
Nossa Senhora, Câmara ardente, Kiriale, Pauvre lyre, Pastoral aos crentes do amor e da 
morte, Escada de Jacó, Pulvis e Salmos da noite do poeta brasileiro Alphonsus de 
Guimaraens, grande expoente do Simbolismo no Brasil. A partir da busca pela identificação 
de traços na expressão poética que remetem ao tema, avaliar-se-á se a caracterização das duas 
poéticas como melancólicas pela historia literária é justificável. A escolha de comparar a obra 
de ambos é resultante de recorrentes afinidades temáticas sugeridas pela crítica literária 
brasileira, o que rendeu por vezes a Alphonsus de Guimaraens o epíteto de “Verlaine 
brasileiro”. Partindo-se da identificação dos procedimentos comuns aos dois poetas no que 
concerne ao tema e à sua forma de expressão, buscar-se-á examinar, pela mediação dessa 
mailto:cbgc13@hotmail.com
82 
 
temática, os pontos convergentes e os divergentes entre as duas poéticas, revelando o modo 
como esses dois autores constituem-se como vozes originais no contexto simbolista. Também 
será possível, assim, compreender de que maneira essas poéticas dialogam com a estética 
romântica, que, sobremaneira, foi marcada pela nostalgia e, por vezes, pela negatividade. 
 
 
TRADUÇÃO LITERÁRIA: DA PONTE AO ABISMO – UM ESTUDO DE 
TRADUÇÃO POR MEIO DA LITERARIEDADE 
 
Dalila Silva Neroni JORA (FCLAr/UNESP/M) 
dalilajora@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Andressa Cristina de OLIVEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: estudos de tradução; tradução comparada; literariedade. 
 
Publicado em 1831, Notre-Dame de Paris teve o título modificado para O corcunda de 
Notre-Dame (The Hunchback of Notre-Dame) após sua tradução para o inglês em 1833. 
A mudança, além de não agradar a Hugo, alterou o principal foco da obra e a inversão, 
que parecia inocente, criou um abismo na formação imagética dos leitores da versão 
traduzida deste romance. Ao transferir o protagonismo a Quasimodo, automaticamente, 
o núcleo da narrativa muda e o olhar do leitor passa a ser guiado, sobretudo, por esta 
personagem, relegando a catedral apenas como mero cenário onde se dá a narrativa. 
Desta forma, a tradução, que, metaforicamente, se apresenta como uma ponte, cuja 
finalidade é auxiliar leitores que não possuem conhecimento de uma determinada língua 
e cultura na travessia de uma margem a outra, figura-se, aqui, perigosamente, como 
sorvedouro cultural. Em sua tradução, a catedral é posta em segundo plano e o objetivo 
politizado do romance de Hugo perde, desta maneira, um pouco de sua força. Partindo 
disto, o presente trabalho objetiva realizar uma análise descritiva e crítica, comparando 
alguns capítulos previamente escolhidos de duas versões brasileiras entre si e com a 
obra original de Victor Hugo, a fim de refletir sobre a natureza do texto original e as 
proximidades e distâncias dos textos derivados. Ressaltaremos, também, o lugar de 
Victor Hugo e do romance Notre-Dame de Paris em seu contexto estético e histórico a 
partir da fortuna crítica de Victor Hugo e do Romantismo na França. O 
desenvolvimento desta pesquisa tem como ponto de partida a tradutologia aplicada à 
versão de obras literárias. Resulta oportuno destacar que a tradução é em grande parte 
estudada, analisada e teorizada por meio de um viés linguístico, abordagem que não 
proporciona dimensão literária. Como resultado destas considerações, depreendemos a 
importância de investigar a tradução por meio da literariedade. 
 
 
 
MEMÓRIA E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE EM DIÁRIO DE BITITA, DE 
CAROLINA MARIA DE JESUS 
 
Daniela de Almeida NASCIMENTO (FCLAr/UNESP/M) 
adanielanascimento@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Paulo César Andrade da SILVA 
 
Palavras-chave: identidade; literatura negro-brasileira; memória. 
 
mailto:dalilajora@gmail.com
mailto:adanielanascimento@gmail.com
83 
 
Este trabalho propõe um estudo analítico da construção da identidade em Diário de 
Bitita (1986), enquadrando-o na tradição da literatura afro-brasileira. Essa conformação 
teórica, por si só, abala a noção de uma identidade nacional una e coesa (DUARTE, 
2005). Publicado postumamente, a narrativa da escritora Carolina Maria de Jesus 
oferece uma leitura da história sob uma perspectiva rara na literatura brasileira: a 
infância e juventude de uma mulher negra, que desafiou e superou imensas adversidades 
para existir desde seu nascimento numa pequena cidade de Minas Gerais, Sacramento, 
seu êxodo e errância por cidades mineiras e paulistas do interior, até a sua chegada a 
cidade de São Paulo. As memórias de Diário de Bitita são tão individuais quanto são 
coletivas, um “eu-que-se-quer-negro”: trata-se da vida e da formação da autora-
narradora e é a história daqueles que ficaram circunscritos às margens do 
desenvolvimento e do “progresso” do país. Há um empenho em resgatar uma memória 
negra esquecida, cuja marca na escrita é a ruptura com contratosde fala e de escritura 
ditados pelo mundo branco (BERND, 1988). Cronologicamente anterior aos seus 
primeiros dois livros autobiográficos, Quarto de despejo (1960) e Casa de alvenaria 
(1961), Diário de Bitita, apesar do título, situa-se nas fronteiras entre memórias e 
autobiografia e integra o que reconhecemos ser um projeto literário idealizado, 
indicativo de uma busca por coerência e globalidade no qual Carolina de Jesus coloca-
se como a autora da sua própria história, construindo, textualmente, sua identidade 
como escritora, mulher negra, brasileira, mas também como herdeira e participante de 
uma tradição ancestral africana. Pretende-se, então, uma análise da construção dessa 
identidade mediante o diálogo que a narrativa estabelece entre literatura, memória e 
história, o individual e o coletivo em quatro esferas: 1) a da autoria; 2) a do ponto de 
vista; 3) a da temática e 4) a da discursividade. O aporte ideológico de Diário de Bitita é 
exatamente essa relação entre literatura, memória e história por meio da qual a autora-
narradora constitui-se sujeito situado historicamente. 
 
 
ENTRE LITERATURA E SOCIEDADE: A CRÍTICA LITERÁRIA DE 
ANTONIO CANDIDO E ROBERTO SCHWARZ 
 
Elvis Paulo COUTO (FCLAr/UNESP/M) 
coutoelvis@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Maria Célia de Moraes LEONEL (FCLAr/UNESP) 
Coo-or. Prof. Dr. Antonio Ianni SEGATTO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Antonio Candido; Roberto Schwarz; crítica literária. 
 
Objetiva-se avaliar os critérios de análise de texto de certa crítica literária que se propõe 
dialética. Trata-se de uma pesquisa dos métodos utilizados por Antonio Candido nos 
ensaios “Dialética da malandragem” e “De cortiço a cortiço” e por Roberto Schwarz em 
Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. Apesar de Schwarz ser visto 
por Leopoldo Waizbort e Alfredo de Melo como um continuador do trabalho de 
Candido, nossa pesquisa focalizará uma possível descontinuidade entre os autores: 
Nossa hipótese é a de que a crítica de Schwarz ao romance Memórias póstumas de Brás 
Cubas, de Machado de Assis, se alinha à de Theodor W. Adorno sobre o drama de 
Samuel Beckett, pois ambas colocam em prática o método dialético de exposição 
segundo a acepção hegeliano-marxista. Por outro lado, a crítica de Candido aos 
romances Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, e O 
cortiço, de Aluísio Azevedo, apresenta um modo dialético de exposição desvinculado 
do hegelianismo, cuja formulação heterodoxa de Candido se baseia na ideia de 
generalidade das relações sociais como constituinte dos “pressupostos de fatura”. 
mailto:coutoelvis@yahoo.com.br
84 
 
Partiremos da análise de uma carta que Adorno escreveu a Benjamin em 1938, na qual 
aquele aponta as falhas relativas ao emprego da dialética na interpretação que este faz 
da poesia de Charles Baudelaire. Acreditamos que as objeções assinaladas por Adorno 
servirão de fundamento para que caracterizemos como opera, no campo dos estudos 
literários, a dialética hegeliano-marxista, da qual tanto o filósofo alemão como Schwarz 
seriam adeptos. Em seguida, faremos uma leitura imanente dos referidos ensaios de 
Candido, a fim de examinar o funcionamento da dialética da ordem e da desordem e da 
dialética do espontâneo e do dirigido. Buscaremos também compreender, por meio do 
texto “Duas vezes ‘A passagem do dois ao três’”, no qual Candido discorre sobre 
questões de método, aquilo que o autor compreende como dialética. Nosso trabalho será 
fazer, por conseguinte, a crítica da crítica — ou a metacrítica —, pois queremos 
distinguir as diferenças de método na leitura de romances brasileiros realizada por dois 
críticos que optaram, desde o início de sua trajetória intelectual, por ver a obra como 
parte integrante do mundo, sem incorrer no chamado sociologismo. 
 
 
ESPAÇO ROMANESCO E ESPAÇO CINEMATOGRÁFICO: A 
ARQUITETURA E AS IDENTIDADES DO LUGAR EM VALE ABRAÃO 
 
Fernanda Barini CAMARGO (FCLAr/UNESP/D) 
fernanda.barini.camargo@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Renata Soares JUNQUEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Espaço; Agustina Bessa-Luís; Manoel de Oliveira. 
 
O longevo cineasta português Manoel de Oliveira ficou conhecido na pelas suas 
originais transposições de textos literários para o cinema. Dentre as suas mais 
produtivas parcerias está a da prolífica escritora Agustina Bessa-Luís, nortenha também 
ela. União criativa conflituosa, entre os laços compartilhados pelos artistas estão 
memórias do Douro, da tertúlia intelectual e de uma convergência de valores artísticos. 
O realizador e a romancista mostraram predileção por retratar a região que cerca o rio 
Douro, onde viveram. Conduziram os olhares de seus espectadores e leitores ao Porto, 
Lamego, Vila Real, Régua, Vila do Conde e às margens do rio de “sua aldeia”. O 
espaço é, deste modo, chave para uma análise que se proponha a estudar as 
possibilidades interpretativas engendradas pelo texto cinematográfico e literário de cada 
um dos artistas, a quem importou construir um retrato duriense, da sua geografia, da sua 
arquitetura, do seu contexto urbano e, sobretudo, rural, fortemente marcado pelas 
figuras das casas, quintas e solares. Esta reflexão se mostra ainda mais fecunda quando 
incide sobre a robustez semântica que apresentam tais ambientes à luz das personagens 
ficcionais e históricas que neles transitam: o tipo de geografia e residência onde vivem, 
a caracterização (sintática e semântica) desses espaços, as demais identidades que ali 
habitam, as práticas sociais e culturais ali estabelecidas, e os objetos que os cercam. Isto 
posto, o que se traz aqui é o desenvolvimento de uma investigação que se apoie em 
estudos dedicados ao espaço enquanto componente narrativo literário e cinematográfico, 
considerando processos de adaptação, com o objetivo de, numa ponta, arquitetar as 
relações entre as experiências vividas por Oliveira e Agustina no Douro, bem como das 
faces ficcionais desse mesmo Douro em objetos artísticos distintos e, noutra ponta, tecer 
uma reflexão consistente acerca dos recursos mobilizados pela literatura e pelo cinema 
para a orquestração de funções estéticas e semânticas do espaço. Para tal fim, escolheu-
se como corpus de análise, uma obra fulcral dentre as produzidas por Manoel de 
Oliveira e Agustina Bessa-Luís: Vale Abraão, longa-metragem (1993) e romance 
homônimo (1991), cujo fio diegético percorre cinco quintas: o Romesal, a quinta de 
mailto:fernanda.barini.camargo@gmail.com
85 
 
Vale Abraão, a quinta do Vesúvio, a Caverneira e a quinta das Jacas, espaços singulares 
tanto para o adensamento semântico da narrativa e de suas personagens quanto para um 
retrato do Douro rural, que sofre mudanças sociais e econômicas devidas à globalização 
e às transformações do Portugal pós- Revolução dos Cravos (1974). 
 
 
A DESARTICULAÇÃO DO MONOMITO DO HERÓI EM BEOWULF 
 
Gabriela Carlos LUZ (FCLAr/UNESP/M) 
gabrielacarlosluz@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete Rossi (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Beowulf; monomito; literatura inglesa. 
 
O poema Anglo-Saxão Beowulf, de autor e data desconhecidos, narra a história do 
personagem homônimo, que parte em uma jornada com seus companheiros para livrar a 
tribo germânica dos Danos de um monstro chamado Grendel e efetivamente conquistar 
seu lugar de herói. Ao final do poema, em sua segunda parte, vemos Beowulf como um 
rei velho, cuja missão é livrar seu próprio povo, a tribo dos Getas, dos perigos de um 
dragão. Beowulf e sua missão se tornam ícones do heroísmo germânico e nórdico, mas 
seus caminhos e escolhas revelam um herói clássico com uma dimensão mais profunda 
do que se foi pensada anteriormente pela crítica especializada. O foco dado aos seus 
últimos momentos como rei velho aponta que o autor anônimo talvez não pretendesse 
apenas contar ao leitor sobre a jornada de um grande herói, mas mostrar os perigos que 
o temperamento impulsivopode causar a uma sociedade quando os deveres de um rei 
não são cumpridos em razão de sua impulsividade. Enquanto personagem, Beowulf se 
encaixa historicamente na figura de um herói tradicional clássico, porém os estudos 
feitos até agora nos mostram não só um herói com uma moral diferente do que se 
esperava encontrar na época em que fora composto, mas também um personagem cujos 
atos se assemelham aos de heróis ficcionais românticos e modernos. Analisando a figura 
do herói encontramos algumas incompatibilidades no que é considerado o modo 
tradicional dos heróis serem representados em obras equivalentes a um mito de certa 
sociedade, neste caso, a germânica. Partindo de estudos já feitos à respeito da figura do 
herói, especialmente o monomito proposto por Joseph Campbell em O Herói de Mil 
Faces (1949), trabalharemos como a figura única que é vista em Beowulf se distancia de 
uma forma relevante aos estudos de personagens clássicos pela crítica especializada. 
Sendo um personagem anterior ao período medieval, Beowulf levanta a questão de sua 
classificação como herói tradicional clássico, cuja investigação é o objeto da pesquisa 
que ora se propõe. 
 
 
DE CORISCO A COIRANA: EUFORIA E DISFORIA NO CINEMA ÉPICO DE 
GLAUBER ROCHA 
 
Geisa Cristina SEMENSATO (FCLAr/UNESP/M) 
geisasemensato@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Renata Soares JUNQUEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: cinema épico, Glauber Rocha, O dragão da maldade contra o santo 
guerreiro. 
 
mailto:emaildoaluno@email.com.br
mailto:geisasemensato@yahoo.com.br
86 
 
O cinema do brasileiro Glauber Rocha (1939-1981) produziu-se em duas fases distintas: 
antes e depois do golpe militar de 1964 no Brasil. Inspirados pelo neorrealismo italiano 
na sua reação aos artifícios ilusionistas do cinema industrial produzido em Hollywood, 
cineastas independentes deram origem, na França, à Nouvelle Vague, encabeçada por 
François Truffaut e Jean-Luc Godard. No Brasil, Glauber Rocha criou, no Cinema 
Novo, um cinema independente que desde logo se distinguiu daquele produzido na 
França pela sua explícita e urgente intenção política, bem como pela sua 
autoconsciência de cinema terceiro-mundista, alcançando assim, por notória 
originalidade, repercussão internacional ao mesmo tempo em que estimulava, no 
próprio cinema brasileiro, manifestações igualmente combativas e originais. A fase pré-
64, que inclui os longas-metragens Barravento (1961) e Deus e o diabo na terra do sol 
(1964), caracteriza-se estética e politicamente por uma excitação que ora chamamos 
euforia revolucionária; a fase pós-64, que ainda na década de 1960 ficaria bem marcada 
pelos filmes Terra em transe (1967) e O dragão da maldade contra o santo guerreiro 
(1969), é reveladora, por sua vez, de uma desolação nomeada aqui por disforia política 
que, segundo a nossa leitura, se traduz no discurso cinematográfico em termos de uma 
sensível inflação das alegorias de que o cineasta habitualmente fazia uso. Este projeto 
propõe uma abordagem interdisciplinar dos filmes de 1964 e 1969, que serão analisados 
e interpretados à luz da teoria brechtiana do teatro épico. Se a melhor crítica 
especializada tem demonstrado que todo o cinema novo de Glauber Rocha se constrói 
segundo os mesmos princípios de disjunção formal e descontinuidade diegética que 
Brecht preconizava no teatro, então é preciso identificar e analisar os procedimentos 
formais específicos que fazem de O dragão da maldade contra o santo guerreiro uma 
narrativa disfórica, sendo embora um filme que também versa sobre o sertão nordestino 
e o cangaço, já antes glosados pelo cineasta baiano no eufórico Deus e o diabo na terra 
do sol. 
 
 
EMILY DICKINSON E MANUEL BANDEIRA: 
UM DIÁLOGO ENTRE POETAS 
 
Gilliale de Souza JEREMIAS (FCLAr/UNESP/M) 
gillialedesouza@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Antônio Donizeti PIRES (FCLAr/UNESP) 
 
 
Palavras-chave: Literatura comparada; Poesia; Tradução. 
 
O ato de traduzir determinado texto implica uma parte substancial da cultura e 
subjetividade daquele que se predispõe ao exercício da tradução, isto é, do tradutor. 
Emily Dickinson, poetisa norte-americana do século XIX, foi autora de uma poesia que 
estava às margens do movimento literário então vigente, tendo sido introduzida à 
Língua Portuguesa pela tradução inaugural de apenas cinco de seus poemas por Manuel 
Bandeira que, ao selecioná-la, traduzi-la para a nossa língua e introduzi-la aos nossos 
leitores, sente-se contemplado na poesia de Dickinson através de sua intuição criadora 
enquanto tradutor. Nascidos em tempos diferentes e influenciados por autores distintos, 
mesmo que ambos os poetas estejam temporal e culturalmente distantes, vislumbramos, 
através da obra de ambos, poetas que se emparelham por seus temas e estilo. O 
esmorecimento e a morte elucidados por um estilo coloquial-irônico simbolizam o 
cotidiano de forma irônica, quase jocosa, e de maneira que a linguagem empregada por 
ambos esteja tão livre, irregular e cheia de consciência que, através do seu traço irônico, 
tanto Dickinson quanto Bandeira fazem uso de traços simbolistas, inicialmente, 
mailto:gillialedesouza@gmail.com
87 
 
empregando seus próprios significados ante a efemeridade da vida, mas avançam rumo 
a uma poesia de consciência, vale dizer, uma poesia irônica que corrobora com a 
inclusão de Emily Dickinson na modernidade e a irmana com Manuel Bandeira. O 
presente trabalho tem por objetivo demonstrar as intersecções entre a poesia de Emily 
Dickinson e Manuel Bandeira partindo de seus recursos estilísticos e temáticos, além de 
elucidar os aspectos da tradução do poeta brasileiro enquanto tradutor. O estilo 
coloquial-irônico e as recorrentes temáticas de esmorecimento e morte são traços 
igualmente presentes em Dickinson e Bandeira durante a sua criação poética em suas 
particularidades enquanto poetas e, mais especificamente neste estudo, na atividade de 
tradução e recepção de Emily Dickinson no Brasil por Manuel Bandeira no começo do 
século XX. 
 
 
“DAFNE E APOLO” NAS METAMORFOSES DE OVÍDIO À LUZ DA 
SEMIÓTICA FIGURATIVA 
 
Ingrid Moreno FERREIRA (FCLAr/UNESP/M) 
ming.fcl@gmail.com 
Prof. Dr. Márcio N. THAMOS (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Poesia latina; Ovídio; semiótica figurativa. 
 
O presente trabalho procura explorar a figuratividade poética no texto latino, com bases 
no instrumental teórico que a Poética e a Semiótica Literária nos fornecem, tendo como 
corpus o episódio de “Dafne e Apolo”, que compõe a obra Metamorfoses (livro I, 452 – 
567), de autoria de Ovídio (43 a.C. – 17 d.C.), considerado um dos maiores poetas da 
Roma Antiga. As Metamorfoses são um longo poema escrito em hexâmetros datílicos, 
dividido em quinze livros, que narra cronologicamente a mudança na forma de homens, 
de animais, de plantas e minerais, resgatando, de modo lúdico e dinâmico, origens 
mitológicas da natureza que o autor tece literariamente. Trata, portanto, do surgimento 
dos elementos que compõem o mundo e da transformação ocorrida com diversos seres 
mitológicos em uma narrativa contínua. No trecho selecionado para a investigação, 
conta-se o primeiro amor de Apolo, que desencadeou uma perseguição a Dafne, filha do 
rio Peneu. O deus é atingido por uma flecha de ouro de Cupido, apaixonando-se pela 
ninfa; ela, por sua vez, é atingida por uma flecha de cobre e o rejeita. Há, com isso, uma 
perseguição e a ninfa, tentando fugir, suplica ajuda a seu pai quando Apolo a está 
alcançando; a narrativa se encerra com ela sendo transformada, pelo seu pai, em 
loureiro. Por meio de estudos acerca dos processos de figuratividade do discurso 
(quando um tema é revestido por figuras semióticas), a pesquisadora propõe uma 
investigação da narrativa, explorando-a a fim de que, sem esgotar o assunto, sejam 
identificados expedientes de iconicidade, que proporcionam os efeitos de ilusão 
referencial. Como resultado dessa investigação, pretende-seproduzir um discurso 
metalinguístico para se reconhecer os recursos da figuratividade poética determinantes 
da expressão. Ademais, para maior aprofundamento da análise e como base no 
desenvolvimento do trabalho, será produzida uma tradução de estudo (literal), com 
notas de referência e comentários acerca da cultura (sociedade, mitologia, história, 
geografia, filosofia etc.). 
 
 
OUTRAS MACABÉAS: MULHERES NORDESTINAS E DESLOCAMENTO EM 
DOIS ROMANCES DE MARILENE FELINTO 
 
mailto:emaildoaluno@email.com.br
88 
 
Isabela Cristina do NASCIMENTO (FCLAr/UNESP) 
nascimentoisabelacristina@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Juliana SANTINI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras- chave: deslocamento, narrativa contemporânea, mulheres nordestinas. 
 
Este trabalho tem por objetivo analisar o modo como o deslocamento das protagonistas 
dos romances As mulheres de Tijucopapo (1982) e O lago encantado de Grogonzo 
(1987), de Marilene Felinto, atua na construção de suas identidades, problematizando, 
assim, a relação que se cria entre o espaço do sertão e o espaço da metrópole nas 
narrativas e atrelando essa discussão a um questionamento sobre o lugar ocupado pela 
mulher nas relações sociais e intersubjetivas no sertão contemporâneo. O trabalho parte 
da hipótese de que as personagens da autora apontam para uma nova perspectiva de 
representação da mulher nordestina em deslocamento na literatura brasileira, vinculada 
– ou não – a um domínio narrativo (voz e focalização) que interfere em sua composição. 
A jornalista e escritora brasileira Marilene Felinto, que em 1970 migrou de Pernambuco 
para São Paulo, cria no mundo ficcional dos dois romances personagens femininas 
coléricas nos sentimentos e palavras, com experiências de vida marcadas pela 
fragmentação e busca da identidade. Diferentemente do que já foi verificado nas obras 
regionalistas dos anos 30 sobre a migração nordestina e suas motivações – como a seca, 
a miséria e a fome – a mobilidade de personagens nordestinas que surge nas produções 
contemporâneas envolve, para além dos problemas geográficos e sociais, outros 
estímulos, outras vozes e outras nuances de significado. Os anseios, o sentimento de 
não-pertencimento e a revolta das personagens felintianas são desencadeados pelo 
deslocamento que compõe suas trajetórias de vida: saem do espaço de origem para um 
espaço outro e, no entanto, retornam. Neste fato reside uma dos aspectos norteadores 
deste trabalho: por que voltam? Segundo os estudos de Regina Dalcastagnè, a produção 
contemporânea avança com outros significados para a questão da retirada e retorno das 
personagens para as regiões agrárias de onde saíram. As mulheres que habitam os dois 
romances da autora pernambucana possuem, dentre outras semelhanças, o fato de 
realizarem o movimento regressivo: saem das metrópoles que as “criaram” em direção 
às suas origens, buscando respostas – ou não – para suas inquietações e memórias. Falar 
de personagens femininas e mobilidade na literatura é unir pontos antagônicos – já que 
grande parte dessas personagens permanece imóvel – que juntos envolvem a 
representação da transgressão, opressão, preconceito, coragem e protagonismo 
feminino. O projeto ainda permitirá o aprofundamento em narrativas e personagens que, 
por vezes, foram colocadas às margens da crítica literária. 
 
 
TERENTIANUS DE LITTERA, DE SYLLABA, DE PEDIBUS: ESTUDO 
CRÍTICO E TRADUÇÃO ANOTADA 
 
Isabela Maia Pereira de JESUS (FCLAr/UNESP/M/CAPES) 
isabelamaiapj@gmail.com 
Or. Prof. Dr. João Batista Toledo PRADO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Terentianus Maurus. Poética Clássica. Literatura Técnica. 
 
Este estudo se concentra na leitura e análise da obra Terentianus de littera, de syllaba, 
de pedibus, do autor latino Terenciano Mauro (TM). Caracteriza-se por ser um tratado 
técnico que tem por objetivo analisar e descrever os principais conceitos relacionados à 
métrica clássica greco-latina, bem como demonstrar e utilizar como modelos os 
mailto:nascimentoisabelacristina@yahoo.com.br
mailto:isabelamaiapj@gmail.com
89 
 
mecanismos de composição empregados por poetas latinos renomados. Ressalta-se que 
a obra é versificada e composta, em geral, em hexâmetros latinos. Diz-se “em geral”, 
pois o gramático alterna a metrificação ao longo do tratado. Observa-se que o emprego 
de versos e suas variações na produção de um tratado de natureza técnica são 
características que parecem se distanciar da tradição. Além disso, são indícios de que o 
autor se dedica de modo singular à composição formal do texto. Assim, esta pesquisa 
procura compreender a função que os recursos expressivos empregados por TM, 
atrelados aos demais elementos textuais, exercem sobre a unidade de sentido do tratado. 
Essa característica revela-se como um aspecto performativo e metalinguístico, pois a 
matéria de estudo se concretiza no momento em que o autor compõe aplicando preceitos 
que descreve e analisa. Não há dúvidas de que a obra de TM se define como um texto 
técnico, uma vez que ele próprio demonstra ter consciência disso em seu prefácio. No 
entanto, ainda que o objetivo do artígrafo latino seja ensinar conceitos técnicos para a 
composição poética, não significa que não possa haver ali nenhum elemento poético 
nem recurso expressivo, como se pode observar na escolha estilística do tratado. Desse 
modo, procura-se compreender o espaço que a obra ocupa dentro do gênero técnico, 
analisando suas principais características que contribuem para o entendimento da 
Poética Clássica, a partir da perspectiva de um autor latino. Ademais, também propõe-se 
neste estudo a tradução completa da obra em vernáculo, de modo que seu intuito não 
consiste em torná-la equivalente à forma do texto, mas em apresentar uma leitura e uma 
possibilidade de expressão em vernáculo português. 
 
 
UMA FRUIÇÃO NO DESASSOSSEGO: O SUBLIME E O TRÁGICO NA 
TRAGÉDIA DE FRIEDRICH SCHILLER 
 
Isabella Gonçalves VIDO (FCLAr/UNESP/D) 
isa.g.vido@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Karin VOLOBUEF (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: sublime; trágico; Friedrich Schiller. 
 
Resumo: Poeta e dramaturgo de considerável importância para a literatura alemã do 
século XVIII, Friedrich Schiller foi também o autor de uma série de ensaios sobre as 
artes e a estética. Tendo-se dedicado sobretudo a estudos sobre as obras dramáticas e ao 
potencial emancipatório nas artes, Schiller acreditou que a íntima relação entre a 
categoria do sublime e seu efeito trágico concede à tragédia o apanágio de exercer 
decisivas influências sobre o aprimoramento do ser humano. À medida que o escritor 
ampliou de modo próprio os conceitos filosóficos circulantes em seu tempo, as noções 
concernentes ao sublime que se popularizaram entre os autores românticos – herança da 
filosofia crítica de Immanuel Kant – transformaram-se, no ateliê filosófico de Schiller, 
no “sublime patético”, que representa, através da ficção, o sofrimento do personagem 
que nos atinge em afeto e em consciência da própria liberdade. Igualmente, evidencia-se 
em artigos teóricos de nosso autor – a exemplo daqueles editados em 1792, “Acerca da 
razão por que nos entretêm assuntos trágicos” e “Sobre a arte trágica”, que versam sobre 
os desdobramentos da experiência trágica no espectador da peça teatral, bem como 
questões teóricas do teatro, ou ainda, artigos lançados mais tarde, como “Sobre o 
patético” (1793) e “Sobre o sublime” (1801) –, a ultrapassagem do trágico conforme 
esteve presente no panorama da reflexão teórica e crítica sobre as artes para alcançar 
temas tão caros ao pensamento como a vida, a existência e a história. Pronto que estava 
a buscar, na filosofia à qual vinha se dedicando, ferramentas teóricas capazes de se 
converter no aperfeiçoamento de sua confecção poética, o autor caracterizou-se pelo 
mailto:isa.g.vido@gmail.com
90 
 
aproveitamento de conteúdos prementemente filosóficos em sua poesia, (“O ideal e avida”, “O poder do canto”, etc.), na narrativa d’ O visionário (1787) e, sobretudo, nas 
peças teatrais de sua fase clássica, dentre as quais devem-se destacar Maria Stuart 
(1800), A donzela de Orleáns (1801) e Guilherme Tell (1803-4). A fim de compreender 
as contribuições do autor à fundamentação estética da modernidade, nosso trabalho 
busca pôr em contato o sublime e o trágico tal como nos são apresentados em quatro 
artigos compreendidos na Teoria da tragédia de Friedrich Schiller e destacar a forma 
que eles adquirem na economia de Maria Stuart. 
 
 
CÍNTIA MOSCOVICH, LEITORA DE LAÇOS DE FAMÍLIA DE CLARICE 
LISPECTOR 
 
 Jéssica Ciurlin SILVA (FCLAr/UNESP/M) 
 jessicacirlin@hotmail.com 
Or. Prof. Dr. Luiz Gonzaga MARCHEZAN (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Clarice Lispector, Cíntia Moscovich, Laços de família. 
 
A presente pesquisa busca mostrar as afinidades existentes entre os contos de Clarice 
Lispector e Cíntia Moscovich. Para isso, selecionamos seis contos, sendo quatro deles 
de Lispector – Os laços de família, Uma galinha, A legião estrangeira e Amor – e dois 
de Moscovich – Os laços e os nós, os brancos e os azuis e O telhado e o violinista. Para 
a seleção dos contos levamos em consideração as narrativas de Cíntia que abordam os 
mesmos temas e figuras que a de Clarice. O objetivo da pesquisa é analisar a maneira 
como Cíntia Moscovich retoma, em suas narrativas, como nas circunstâncias comuns do 
cotidiano presente nos contos Laços de família e A legião estrangeira, temas e figuras 
que sustentam, nas histórias das ficcionistas, epifanias encenadas em meio aos fatos 
banais vividos. Para isso, discutimos a noção de interdiscursividade presente no capítulo 
Polifonia Textual e Discursiva, do livro Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade, em 
que José Luiz Fiorin discute a noção de Bakhtin de que textos e discursos não se 
produzem por eles mesmos, mas sim diante de outros textos e discursos. As vozes de 
um discurso sempre ressoam em noutros. Dentro dessa ideia, Fiorin desenvolve a noção 
de interdiscursividade, que segundo o estudioso é o processo em que um texto incorpora 
temas e figuras de outro texto. Assim, pela análise dos contos, podemos observar que 
Cíntia Moscovich retoma os mesmos temas e figuras já desenvolvidos por Clarice 
Lispector em suas narrativas. Os temas e figuras retomados são diversos. Em O telhado 
e o Violinista, Cíntia recupera o tema desenvolvido por Clarice em Uma galinha: a 
relação entre humanos e animais. Moscovich resgata as mesmas figuras utilizadas por 
Lispector: a da galinha, do ovo, dos membros da família. Ainda no conto O telhado e o 
violinista, Cíntia retoma a figura da garotinha maldosa que mata o pintinho, presente no 
conto A legião estrangeira de Clarice Lispector. Em Os laços e os nós, os brancos e os 
azuis, o tema retomado é o distanciamento entre mãe e filha presentes em Os laços de 
família. Outra questão que será desenvolvida no decorrer da pesquisa: o assunto da 
epifania, próspero para os estudos da ficção de Clarice e Cíntia, uma vez que ambas 
trabalham com o temário da epifania a partir de acontecimentos comuns do cotidiano. 
 
 
A SÁTIRA NAS CRÔNICAS LIMABARRETIANAS 
 
Jonatan de Souza SANTOS (FCLAr/UNESP/D) 
jonatan.souzasantos@gmail.com 
mailto:jessicacirlin@hotmail.com
mailto:jonatan.souzasantos@gmail.com
91 
 
Or. Profa. Dra. Juliana SANTINI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Crônica; Lima Barreto; Sátira. 
 
No presente trabalho, há o intuito de analisar a sátira nas crônicas de Lima Barreto, 
reunidas nos livros Feiras e Mafuás, Marginália e Vida Urbana. Desse modo, é 
possível verificar como o cronista carioca, também autor de Triste fim de Policarpo 
Quaresma, utiliza seu narrador para denunciar debilidades de uma realidade política e 
social brasileira, o mesmo estilo que serve de influência aos seus romances, além do já 
mencionado, Recordações do escrivão Isaías Caminha, Vida e morte de M. J. Gonzaga 
de Sá, Numa e a Ninfa. Este narrador limabarretiano não poupa sua acidez ao 
ridicularizar figuras que atuam no contexto político representado; por meio da ironia e 
da caricatura, os personagens e instituições são desmascarados em suas falhas, como se 
pode ver em “Histórias de Niterói”, “Efeitos da Lei Valetudinária”, “Queixa de 
Defunto”, “Os Cachorros da 'Barra'”, “Fala o Corvo”, “Projeto de Lei”, “Firmeza 
Política”, “A Fraude Eleitoral”, entre outras crônicas. Considerando essas observações, 
nota-se a intenção de Lima Barreto, como cronista satírico, em realizar obra literária de 
combate, como propunha no ensaio “O Destino da Literatura”, discurso de uma 
conferência que faria em Mirassol-SP, mas que não chegou a ser realizado; assim como 
nos romances e nos contos, sustenta seu projeto militante de arte, rompendo com 
padrões imitativos de uma imagem não condizente com a realidade problemática 
brasileira nos primeiros anos do século XX. É por isso que, nas crônicas 
limabarretianas, vê-se uma faceta não somente de um simples chamado “pré-
modernista”, mas de um literato que ousou aplicar uma escrita de ruptura, prenunciativa 
em relação ao modernismo, ao trazer ao plano ficcional a realidade não mostrada pela 
tradição neoparnasiana e pela obra ornamentalista que vigorava, manifestando elemento 
de antecipação por meio da crítica social contida na sátira. É na postura satírica, 
militante e antecipadora de Lima Barreto cronista que concentra-se a atual pesquisa. 
 
 
LEITURA EM TELA: A RESSIGNIFICAÇÃO DO AUTOR FRENTE À 
LITERATURA DIGITAL 
 
 Laura Nogueira PACHECO (FCLAr/UNESP/M) 
lauranpacheco@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Rejane Cristina ROCHA (UFSCar) 
 
Palavras-chave: Literatura brasileira; Contexto Digital; Autoria. 
 
Com o desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação, o mundo tem se 
transformado e a cultura adquirido diversas nuances. A respeito das produções literárias 
no meio digital, muito se especula sobre o possível desaparecimento do livro, bem como 
as implicações advindas a partir desse novo suporte. Frente às novas possibilidades de 
se produzir literatura na contemporaneidade, o presente projeto tem como objetivo 
investigar de que modo a figura do autor tem se modificado no contexto digital e 
mapear os processos de concepção dialógicas presentes na relação entre autor e leitor 
durante a produção das obras escolhidas para compor o corpus. A fim de desenvolver 
essa análise, as proposições acerca da figura do autor explanadas por Barthes (2004) e 
Foucault (2009) serão usadas como referencial teórico inicial e, posteriormente, 
pretende-se trabalhar com a noção de dialogismo proposta por Bakhtin (2011) e, assim, 
pensar em uma relação não dicotômica entre leitor e autor. Ademais, as contribuições de 
Pierre Lévy (1999) acerca do conceito de Cibercultura servirão como base para 
92 
 
compreender a forma como os seres humanos têm se relacionado com o ambiente 
virtual e suas especificidades. Por fim, dois romances brasileiros produzidos em rede 
foram selecionados como objetos de análise para discussão aqui proposta, Os Anjos de 
Badaró (2000), de Mário Prata, escrito inteiramente online e acompanhado por milhares 
de internautas e Boa Noite (2016), de Pam Gonçalves, em que a autora compartilhou 
sua rotina de escrita com os seguidores do seu canal no Youtube. Além da análise 
bibliográfica, o projeto prevê um levantamento de dados acerca das condições de 
produção de ambos os romances, a fim de compreender os sentidos produzidos pelos 
sujeitos envolvidos nesse processo de concepção das obras. O recorte que aqui é dado 
mostra-se inovador, uma vez que a própria temática da Literatura Digital é um campo 
pouco explorado (se comparado às outras áreas) e os romances escolhidos também 
foram pouco investigados. 
 
 
VOZES VELADASSOB OS VÉUS DAS FILHAS DE ALÁ 
 
Luciléa Ferreira GANDRA (FCLAr/UNESP) 
Lucygandra.make@gmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Dolores Aybar RAMIRES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: literatura; mulheres; muçulmanas. 
 
Nosso projeto propõe-se ao estudo da literatura produzida por mulheres muçulmanas 
pois verificamos que apesar dos processos pós-modernos de globalização e suas 
consequentes mudanças nas estruturas sociais e culturais, as diferenças de tratamento e 
valorização permanecem. Diante disso, tomamos consciência de que para o discurso da 
história literária tradicional, a sociedade se baseia essencialmente na desigualdade entre 
os sexos e culturas e que, mesmo diante das mudanças nas estruturas sociais e/ou 
culturais, suas consequências são diferentes para homens e mulheres, ocidentais e 
orientais. Ainda que muito se tenha avançado, desde a segunda metade do século XX, 
na tentativa de desvendar o que seria uma escritura de autoria feminina ou um suposto 
texto que carregaria as marcas dessa feminilidade, a maioria dos estudos em nosso país 
limita-se a abordagens referentes às autoras ocidentais, com prevalência das brasileiras, 
seguidas pelas europeias e estadunidenses. Somente estudos recentes parecem abranger 
um olhar no sentido de se estender a outras partes do mundo, descobrindo, assim, a 
existência e a riqueza de produções literárias, principalmente de mulheres, em locais 
recônditos, impensáveis até então. Constatamos ainda, que nas sociedades 
contemporâneas ocidentais, o lenço/véu/hijãb tem assumido uma dimensão política e 
propiciado uma diversidade de narrativas sobre o Islão. Desse modo, ele se torna o véu-
bandeira, o principal símbolo de opressão sobre as mulheres, dentro e fora da literatura e 
desmistifica-lo não contribui para analisar os discursos de normatividade 
social/religiosa, principalmente diante das diferentes versões do que é ser muçulmano. 
Assim, estamos nos propondo a ouvir essas vozes, as das muçulmanas e escritoras, 
mulheres que transgrediram as interdições a elas impostas, que subverteram as ordens 
que durante muito tempo as mantiveram incultas e, portanto, caladas e submissas, 
presas às suas condições de meio-mortas, meio-vivas. A partir dessa perspectiva, 
acreditamos que seja exatamente a marginalidade da produção literária das mulheres e 
sua importância de fator social dentro da criação artística que justificam uma imersão 
em seus textos, ainda mais quando essa escrita é marcada por crenças, costumes, 
dogmas e anos de exclusão e dominação masculina. 
 
 
mailto:Lucygandra.make@gmail.com
93 
 
O POEMA DA PINTURA – RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS EM 
POEMAS, OBRA DE PORTINARI 
 
Márcia Maria Sant´Ana JÓE (FCLAr/UNESP/D) 
santanaletras@yahoo.com.br 
Or. Profa. Dra. Maria de Lourdes Ortiz Gandini BALDAN (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Poesia; Pintura; Portinari. 
 
O objeto de Mestrado teve como ponto de partida a pesquisa de 32 poemas-pinturas de 
Arte em exposição, de Carlos Drummond de Andrade, do livro intitulado Farewell, de 
1990. Para o presente trabalho de Doutorado pretendemos estudar a obra Poemas de 
Cândido Portinari, seu único livro de poemas e sem ilustrações. A obra póstuma de 
1964 possui Nota da Editora, Poema de Vinícius de Morais em homenagem a Cândido 
Portinari, Prefácio de Manuel Bandeira, Nota bibliográfica de Antônio Callado e 
Retrato por Luís Jardim. A obra Poemas está dividida em 4 partes: O menino e o 
povoado, Aparições, A revolta e Uma prece. Os temas de Portinari-pintor e Portinari-
poeta são os mesmos, mas agora são quadros feitos de palavras: as alegrias e medos dos 
tempos em Brodósqui. Vamos estudar como o pintor Cândido Portinari imita o processo 
de composição de suas obras plásticas por meio da palavra ou da linguagem verbal, 
assim pesquisando as relações estéticas entre essas diferentes linguagens, tendo como 
instrumento de análise a semiótica greimasiana, segundo o conceito de 
intertextualidade, figuratividade e questões próprias da poética: ritmo, rima e 
distribuição espacial das palavras. O objetivo é avaliar se tais dados podem configurar 
uma poética que se aproxime das pinturas de Portinari a serem observadas. Portinari 
circulava e frequentava a elite intelectual brasileira, presenciando e estimulando uma 
mudança da atitude estética e cultural do país e o expressionismo representou um marco 
na evolução da arte de Portinari. O objetivo do artista é de recriar o mundo e não de 
imitá-lo da mesma forma que se apresenta. A intenção é a de destacar o subjetivismo da 
expressão. A partir de então, Portinari retrataria o povo brasileiro especialmente a gente 
de sua terra, afirmando a opção pela temática social, que foi o fio condutor de toda a sua 
obra: denunciar as desigualdades da sociedade brasileira e as consequências desse 
desequilíbrio. Pintor, desenhista, Candido Portinari era também poeta e é 
predominantemente neste aspecto que nos debruçaremos. A intenção é a de mostrar as 
possíveis relações entre poesia e pintura no seu único livro de poesia. Os poemas de 
Portinari deverão ser analisados a partir do percurso gerativo de cada poema-pintura, até 
formas de sentido mais abstratas, como as de ordem tensiva, as da dimensão perceptiva 
e as relações de ordem afetiva ligadas às paixões e aos sentimentos, que possam fazer 
sentido para entender os poemas, únicos, no universo do artista-pintor. 
 
 
A CONCEPÇÃO DE JUSTIÇA ILUMINISTA EM LES MISÉRABLES: AS 
PERSONAGENS JEAN VALJEAN, JAVERT, MYRIEL E ENJOLRAS 
 
Maria Júlia PEREIRA (FCLAr/UNESP/M/CNPq) 
majuper@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Adalberto Luis VICENTE (UNESP) 
 
Palavras-chave: personagem; concepção de justiça iluminista; Les Misérables. 
 
A presente pesquisa pretende demonstrar, no romance Les Misérables (1862), de Victor 
mailto:santanaletras@yahoo.com.br
94 
 
Hugo, a relação das personagens Javert, Jean Valjean, Myriel e Enjolras com a 
concepção de justiça iluminista, na medida em que a encarnam e também reagem a ela. 
Tal concepção de justiça provoca importantes reações nas personagens, e, por isso, é 
possivelmente um dos principais móveis da ação da história: determina o senso de 
justiça que constrói e constitui as personagens, além de guiar suas ações no meio social 
e político apresentado em Les Misérables. Nesse sentido, este trabalho abordará a 
constituição, a construção e a ação das personagens na narrativa e na história da obra 
por meio dos textos teóricos sobre a personagem romanesca e também por meio da 
fortuna crítica de Victor Hugo. Tratará da concepção de justiça iluminista a partir do 
pensamento de Kant quanto à legalidade, à moralidade e à justiça fundamentada na 
liberdade e na obediência à lei jurídica; sendo igualmente relevante, para análise da 
personagem Enjolras, o pensamento de Montesquieu no que diz respeito às ideias de 
insurreição, república democrática, virtude política e sua relação com a justiça. De 
forma mais específica, esta pesquisa buscará: apontar como a personagem Jean Valjean, 
condenada e injustiçada pelo sistema legal, encarna a oposição à concepção de justiça 
legalista; expor a relação da personagem Javert com a concepção de justiça enquanto 
conformidade à lei, traduzida em sua postura legalista extremada e também em sua 
reação ao legalismo – a ruptura representada pelo suicídio – pois a lei implica injustiça, 
e, portanto, não se sustenta; demonstrar como a personagem Myriel representa reação à 
concepção de justiça legalista, visto que concebe a equidade como justiça; evidenciar a 
oposição da personagem Enjolras à concepção de justiça legalista, na medida em que 
lidera a insurreição contra a ordem imposta e crê em uma república democrática, 
baseada na equidade e apta a construir uma sociedade fraterna e justa. 
 
 
“A SEMANA LITERÁRIA”: MACHADO DE ASSIS E A CONSTRUÇÃO DA 
CRÍTICA NO BRASIL 
Mauro Roberto Dias MIRANDA (FCLAr/UNESP/M) 
maurodias_98@yahoo.com 
Or.Profa. Dra. Fabiane Renata BORSATO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Machado de Assis; crítica literária; “A Semana Literária”. 
 
A presente pesquisa pretende investigar, a partir da série de textos de crítica literária de 
Machado de Assis, intitulada "A Semana Literária", a importância do autor de Dom 
Casmurro para a formação e sistematização desse gênero no Brasil. Para tanto, 
evocaremos sua crítica aos textos produzidos por seus contemporâneos, expressa em 
textos como "O ideal do crítico" (1865) e "Notícias da atual literatura brasileira - 
Instinto de nacionalidade" (1873), em que questiona a imaturidade de seus pares na 
prática de uma crítica literária impressionista, laudatória ou destruidora de talentos 
nascentes. Em decorrência de seus questionamentos quanto à importância da formação 
de uma literatura brasileira a partir da crítica bem executada e fundada no texto literário 
e nas "leis poéticas", empreende, de janeiro a julho de 1866, uma série de 30 crônicas 
em que debate ou revisa obras então lançadas no cenário nacional, ou ligadas ao Brasil, 
que serão o principal objeto de nossa análise, no sentido de identificar a postura crítica 
de Machado de Assis, seus métodos de análise e sua concepção de literatura, uma vez 
envolvido com o processo criativo. O projeto contará com um breve panorama da 
atividade crítica no Brasil - história e natureza, aspectos da crítica impressionista 
combatida por Machado, apresentação detalhada da série "Semana Literária", e, 
finalmente, a análise do corpus selecionado de textos extraídos da série supracitada, 
destacando as leis poéticas que conduzem suas análises, o repertório formal mobilizado 
mailto:maurodias_98@yahoo.com
95 
 
e outros aspectos, como a própria vivência literária do autor e o meio intelectual 
circundante. 
 
 
DUPLO E O FANTÁSTICO EM UMA LEITURA COMPARADA ENTRE 
MACHADO DE ASSIS E EDGAR ALLAN POE 
 
Maylah ESTEVES (FCLAr/UNESP/D) 
may7esteves@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Brunno V. G. VIEIRA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Machado de Assis; fantástico; duplo; Edgar Allan Poe. 
 
O presente projeto tem por objetivo aprofundar os estudos do fantástico e do duplo em 
dois expoentes da literatura mundial, o americano Edgar Allan Poe (1809-1849) e o 
brasileiro Machado de Assis (1839-1908), através da análise comparativa de contos 
menos conhecidos de ambos os autores, que podem ajudar a contribuir para o 
entendimento da literatura fantástica oitocentista. A saber os contos escolhidos de 
Machado “A decadência de dois grandes homens” (1873), “As academias de Sião” 
(1884) e a “Igreja do Diabo” (1884); e, de Poe, “Metzengerstein” (1832), “O Rei Peste” 
(1835) e o “Diabo do Campanário” (1839). Levando em conta, como base teórica, a 
hesitação todoroviana, o duplo mítico de Nicole Fernandez Bravo (in BRUNEL, 1997) 
e as críticas sociais imbuídas nos contos de ambos os autores, (cf CESERANI, 2006). O 
presente resumo pretende conduzir o leitor sobre a teoria do fantástico e do duplo, 
levando em consideração o fantástico do século XIX, ao qual o teórico búlgaro-francês 
Tzvetan Todorov irá teorizar em Introdução à literatura fantástica. É sabido que muito 
se avançou quanto aos estudos do fantástico, culminando em David Roas, escritor e 
teórico, que concorda que o fantástico é uma modalidade narrativa, que prestigia 
sobretudo a forma, a sinestesia, sinédoque, hipérboles e outras figuras de linguagem, 
que ambientam a hesitação. Por esse termo cunhado por Todorov, a hesitação seria a 
dúvida que o leitor tem depois de ler um conto fantástico oitocentista, se houve ou não o 
sobrenatural na narrativa. Será explorado também as reminiscências góticas, cuja a 
ambientação trouxe muito ao fantástico, o noturno, o horror, o terror e a tensão que 
perpetua por toda a narrativa, que ambos os autores aqui estudados escolheram a 
modalidade do conto (CUNHA, 1998). Ainda levantamos a questão do quanto o 
brasileiro leu das obras poeanas e de que modo essas possíveis leituras influenciaram 
em seus contos fantásticos, lembrando que há indícios que Machado tenha lido Poe, 
conforme atestam inserções em seus textos (como o conto “Só!” de 1885) e a tradução 
de “The Raven”, (1845); “O Corvo”, na tradução machadiana de 1883. Portanto, 
levantaremos essas questões durante os oito semestres de trabalho na presente 
instituição, afim de enriquecer os estudos comparativos acerca do gótico, do fantástico, 
do maravilhoso e, principalmente, de como o duplo se comporta nas obras fantásticas 
oitocentistas. 
 
 
POR UMA POÉTICA ROMÂNTICA: UTOPIA E RESISTÊNCIA EM HOWL 
(1956), DE ALLEN GINSBERG E PARANOIA (1963), DE ROBERTO PIVA 
 
Patrícia Vieira LOCHINI (FCLAr/UNESP/M) 
 pvlochini@gmail.com 
Or. Prof. Dr. Paulo César Andrade da SILVA (FCLAr/UNESP) 
mailto:may7esteves@gmail.com
mailto:pvlochini@gmail.com
96 
 
 
Palavras-chave: Romantismo; resistência; poesia contemporânea. 
 
Segundo os críticos Michael Löwy e Robert Sayre, o Romantismo não deve ser 
concebido não apenas como movimento histórico, mas como uma “estrutura mental 
coletiva”, uma visão de mundo que se manifesta não somente na Literatura, mas em 
diversos campos do conhecimento. Pensando nesse conceito de “estrutura mental 
coletiva” podemos afirmar que o espírito romântico não se limita aos séculos XVIII e 
XIX, mas se estende às manifestações reconhecidamente românticas que se desdobram 
em atitudes e comportamentos ao longo do século XX. A obra de Allen Ginsberg e 
Roberto Piva pertence a uma linhagem de tradição romântica que, em permanente 
contestação à ordem burguesa, trilham os caminhos da resistência, rebelando-se contra 
os valores de sua época. Um exemplo são os surrealistas, que se mantiveram com a 
tradição romântico-simbolista, tendo como ponto de partida a poesia em prosa de 
Rimbaud. Pela viagem, pelo discurso profético, pela religiosidade, pelo ritmo, as 
influências mais relevantes vão de Walt Whitman a William Carlos Williams. Deste 
modo, este estudo tem como objetivo discutir a presença romântica nas gerações 
rebeldes do século XX, a partir da análise da obra Howl (1956) de Allen Ginsberg, e 
Paranoia (1963), de Roberto Piva, com o intuito de investigar a permanência do 
pensamento romântico não como um movimento histórico, mas como uma “estrutura 
mental coletiva” e, partindo da reflexão sobre a permanência do pensamento de rebeldia 
nos diferentes contextos no século XX, identificar procedimentos formais, estilísticos, 
discursivos advindos de uma tradição romântica do século XIX. A pesquisa utiliza de 
uma abordagem comparatista, método eficaz para se descrever, analisar, identificar e 
por em relevo contextos históricos diversos, que fornece bases para descrever o projeto 
artisticamente intencional de cada poeta e entender as relações. Assim, pretende-se 
analisar os motivos desencadeadores dos ideais propagados pelos poetas e como estes se 
interrelacionam, estabelecendo, assim, um entrecruzamento literário entre períodos 
históricos, mas que se relacionam pela busca da identidade pessoal e coletiva. 
 
 
A POESIA FUTEBOLÍSTICA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE E 
JOÃO CABRAL DE MELO NETO 
 
Pedro Passerini RODRIGUES (FCLAr/UNESP/M) 
pedro.passerini06@gmail.com 
Prof. Dr. Paulo César Andrade da SILVA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Drummond; Cabral; poesia brasileira; futebol. 
 
Sabemos que o futebol é o “esporte chefe” em nosso país. Somos “a pátria de 
chuteiras”, segundo Nelson Rodrigues; e por isso mesmo o futebol é trazido à tona nos 
mais diversos meios artísticos. Na Literatura, o futebol ficou próximo do gênero crônica 
e ajudou a consolidar grandes nomes do jornalismo esportivo brasileiro das décadas de 
50 até a década de 90. Poucos poetas exploraram o tema com qualidade e também por 
isso ainda são poucos os trabalhos acadêmicos que tratam deste rico campo – com o 
perdão do trocadilho – de estudo. Para compreendermos o valor dofutebol enquanto 
objeto da poesia, este projeto de pesquisa escolheu os poemas futebolísticos de dois dos 
maiores nomes da poesia brasileira: Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de 
Melo Neto. Nosso corpus é formado por dezesseis poemas, sendo que nove deles são de 
autoria do poeta mineiro e os outros sete foram produzidos pelo pernambucano. 
Pontuamos que os poemas Drummondianos foram retirados da obra Quando é dia de 
mailto:pedro.passerini06@gmail.com
97 
 
futebol (2002), enquanto os poemas Cabralinos compõe três obras do poeta: Museu de 
Tudo (1975), Agrestes (1985) e Poesia Completa (2014). Revisitaremos a fortuna crítica 
de ambos os poetas, bem como todo material escrito por eles que trata do futebol 
(crônicas, etc.). Utilizaremos todo o material teórico que trata do futebol como objeto à 
serviço da literatura para dar corpo às nossas análises. Nesta proposta é imprescindível a 
leitura de autores como o já citado Nelson Rodrigues, além de outros como Hans Ulrich 
Gumbrecht, Milton Pedrosa, José Miguel Wisnik, etc. O intuito é justificar e esclarecer 
as nossas interpretações acerca dos textos poéticos analisados. Como parte do 
referencial teórico, nós selecionamos críticos-literários como Antônio Carlos Secchin, 
Antônio Cândido, João Alexandre Barbosa, Sebastião Uchoa Leite, etc. Caso seja 
possível e necessário, tentaremos desconstruir algumas das premissas que foram 
levantadas por estes – e outros – teóricos. Através desta pesquisa, pretendemos situar os 
poemas futebolísticos de Cabral e Drummond dentro da obra de cada um deles, para 
posteriormente compreendermos o valor do esporte como objeto da poesia e mais 
amplamente da Literatura brasileira. 
 
 
A LIBERDADE, A DIVERGÊNCIA E A “MEMÓRIA DO AMOR”: 
O TEATRO DE AGUSTINA BESSA-LUÍS 
 
Rodolfo Pereira PASSOS (FCLAr/UNESP/D) 
 e-mail: rodo230@yahoo.com.br 
Or. Prof. Dr. Jorge Vicente VALENTIM (UFSCar) 
 
Palavras-chave: Agustina Bessa-Luís; Mulheres; Teatro Português. 
 
O presente trabalho tem como objetivo analisar a obra teatral completa da escritora 
portuguesa Agustina Bessa-Luís, composta por 5 textos: O Inseparável ou O amigo por 
testamento (1958), A Bela Portuguesa (1986), Estados Eróticos Imediatos de Sören 
Kierkegaard (1992), Garrett, o Eremita do Chiado (1998) e Três Mulheres com 
Máscara de Ferro (2015). É nosso intuito discutir sobre as relações de poder em torno 
dos diálogos agustinianos, compreendendo principalmente o binômio masculino-
feminino; assim, tentaremos demonstrar como a autora promove uma reflexão e um 
questionamento sobre a condição feminina a partir de suas peças teatrais. É necessário 
destacar o fato de que Agustina mescla de modo profícuo, em seu teatro, uma insigne 
capacidade do imaginário com uma preocupação notadamente de caráter social; 
principalmente no que diz respeito a uma singular e feérica história das mulheres e, 
sobretudo, a uma problematização e ficcionalização da própria História. Vale a pena 
ressaltar que a questão da liberdade é essencial nesta discussão, na medida em que o 
questionamento sobre a libertação da mulher reflete-se sistematicamente em toda a obra 
ficcional de Agustina Bessa-Luís, com reflexos significativos em seu teatro. À luz desta 
perspectiva, por exemplo, na peça Três Mulheres com Máscara de Ferro (2015), de 
Agustina Bessa-Luís, temos um diálogo dramático em que encontramos três 
personagens agustinianas fundamentais: Sibila, Fanny e Ema. Estas mulheres são 
protagonistas de três romances da autora que, justamente, subvertem os valores vigentes 
a partir de uma perspectiva feminina. É importante notar ainda que a percepção do outro 
vem a ser um tema central para a compreensão da obra agustiniana, sobretudo, a 
problematização da diferença. Observando, portanto, um estranho silenciamento da 
crítica sobre a obra teatral de uma das autoras mais instigantes da literatura portuguesa 
do século XX, é nosso intuito, aqui, estudar todas as peças de teatro de Agustina Bessa-
Luís, revelando aquilo que tem sido esquecido pela crítica, isto é, levando em conta uma 
certa “desatenção” legada até o momento à produção teatral da autora portuguesa. 
mailto:rodo230@yahoo.com.br
98 
 
 
 
A SACRALIZAÇÃO DO UNIVERSO FEMININO NA OBRA O DESPERTAR, 
DE KATE CHOPIN 
 
Rosemary Elza FINATTI (FCLAr/UNESP/M) 
rosefinatti@gmail.com 
 Or. Prof. Dr. Aparecido Donizete ROSSI (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Kate Chopin; O despertar; Afrodite. 
 
O célebre romance O despertar (The Awakening, 1899), obra-prima da autora Kate 
Chopin (1850 – 1904) tem sido analisado por diversos críticos como um romance 
político e de temática sexual, no qual a protagonista Edna Pontellier frequentemente é 
considerada como uma Bovary Crioula, ou uma Bovary Americana, semelhante à 
Emma Bovary, protagonista do romance Madame Bovary (1857) de Gustave Flaubert. 
Do ponto de vista de tais análises críticas, a protagonista é vista como uma mulher 
sulista casada e insatisfeita com os papéis sociais de mãe e esposa impostos pela 
sociedade patriarcal, que busca o amor, a liberdade e a autoafirmação, assim como 
Emma Bovary. E o final trágico do romance de Flaubert serve de lição para advertir as 
mulheres das consequências que sofreriam caso desobedecem às regras de conduta 
moldadas pela cultura do patriarcado. Diferentemente da perspectiva da crítica em geral, 
o ensaio intitulado “The Second Coming of Aphrodite: Kate Chopin’s Fantasy of 
Desire” (1983), de Sandra Gilbert, defende a ideia de que o sagrado feminino pode ser 
compreendido como o mito de Afrodite na figura de Edna Pontellier. O presente 
projeto alinha-se a esta perspectiva e considera o mito de Afrodite como determinante 
de suas instâncias narrativas e que a atmosfera mítica envolve todo o romance. Neste 
sentido, a protagonista se transforma em uma mulher independente, desperta para o seu 
próprio espírito, para o seu poder de pensar e agir, de tomar suas próprias decisões e de 
ir e vir independentemente das regras patriarcais. Dessa forma, pretende-se apresentar 
uma proposta diferente de leitura da obra máxima chopiniana, no que tange ao seu 
caráter mítico, à transformação da protagonista em Afrodite e uma nova abordagem em 
relação ao suposto suicídio no final do romance: a volta da protagonista para o mar, 
como a deusa que ela encarna. Tomaremos como principais fundamentações teóricas da 
pesquisa os apontamentos do ensaio de Sandra Gilbert, as reflexões de Mircea Eliade 
sobre o sagrado, as considerações de Cathérine Clement e Julia Kristeva sobre o sagrado 
feminino, os elementos oferecidos pela mitologia grega sobre Afrodite e sua relação 
simbólica com a água e o sagrado feminino e a vertente crítica do feminismo que se 
dedica à questão do sagrado e do metafísico relacionado ao feminino. 
 
 
AS MUITAS FACES DA POESIA ROMÂNTICA MACHADIANA 
 
Sandro Ponciano dos SANTOS (FCLAr/UNESP/M) 
rpsandrop@hotmail.com 
 Or. Prof. Dr. Antônio Donizeti PIRES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Poesia brasileira; Romantismo; Machado de Assis. 
 
Esta pesquisa tem como objetivo principal o estudo da poesia machadiana da chamada 
fase romântica, que compreende os três livros iniciais de Machado de Assis, a saber: 
Crisálidas (1864), Falenas (1870) e Americanas (1875). A investigação privilegiará a 
mailto:rosefinatti@gmail.com
mailto:rpsandrop@hotmail.com
99 
 
ótica da subjetividade lírica, e buscará esclarecer e aprofundar aquelas características 
românticas perceptíveis nas três obras, como o eu lírico afundado na subjetividade e na 
expressão de sua individualidade; a figura feminina idealizada; a cor local perpassada de 
certo indianismo também idealizado. A pesquisa ainda terá como finalidade mostrar 
outros aspectos relevantes e os componentes específicos da poesia de Machado de 
Assis, tanto no plano do conteúdo como no plano estrutural, o que se pretende 
demonstrar através das análises poéticasminuciosas que serão feitas no decorrer da 
pesquisa buscando-se, portanto, evidenciar as muitas faces da poesia do escritor e o seu 
impacto na fase final do Romantismo brasileiro. O interesse pelo estudo da poesia 
machadiana foi despertado pelo fato dela ser tão pouco apreciada e estudada pela crítica 
– isto culmina no fato de Machado de Assis ser reconhecido apenas como o maior 
romancista de todos os tempos da Literatura Brasileira, daí sabermos que sua poesia 
ficou à margem em relação à sua prosa. Por qual motivo? O que faltou para Machado 
ser elevado ao status de um grande poeta? Por que será que a poesia do escritor não 
acompanhou a grandiosidade de sua prosa? Penso que seja necessário um estudo 
detalhado e aprofundado do legado poético machadiano – estudo este que se beneficiará 
do aporte da própria crítica machadiana sobre poesia lírica, notadamente a do 
Romantismo brasileiro – o que justifica então a presente proposta de pesquisa. No 
momento, estamos em fase de reelaboração do projeto, por instâncias do orientador, 
bem como de levantamento bibliográfico, de leitura e fichamento da fortuna crítica 
machadiana e de textos crítico-teóricos e analíticos que fundamentem e aprofundem a 
concepção moderna de poesia lírica e nos deem subsídios para repensar os vários 
caminhos que o poeta trilhou. 
 
 
ALBERTO MORAVIA E A TRILOGIA NO FEMININO: IL PARADISO, 
UN’ALTRA VITA E BOH 
 
Sérgio Gabriel MUKNICKA (FCLAr/UNESP/D/CAPES) 
sergiomuknicka@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Maria Célia de Moraes LEONEL (UNESP/FCLAr) 
 
Palavras-chave: Alberto Moravia, literatura italiana, narrativa. 
 
Este estudo tem por objetivo demostrar a intelectualidade no discurso das narradoras 
dos livros Il paradiso (1970), Un’altra vita (1973) e Boh (1976) do autor italiano 
Alberto Moravia (1907-1990). Como embasamento teórico, utilizaram-se as questões 
convocadas por Gérard Genette em Discours du récit (2007) e por Lilia Crocenzi em La 
donna nella narrativa de A. Moravia (1964). É imprescindível ressaltar que, em todos 
os contos, as personagens femininas são narradoras autodiegéticas. Estas obras foram 
escolhidas, pois seus contos trazem à tona questões fulcrais no que diz respeito à poética 
moraviana. Como exemplo, pode-se citar a lassitude do indivíduo frente à realidade 
vivida, o corpo como mercadoria e objeto de consumo, o fetichismo de objetos, a 
hipocrisia social, o sexo, a revolta e a angústia existencial. As protagonistas dos contos 
debatem-se até o último momento para tentar lidar com as situações intrincadas de suas 
vidas. Ao fim e ao cabo, no entanto, tudo é reduzido a uma visão de mundo apática e 
desencantada. Por meio da cuidada seleção dos traços mais pungentes da personalidade 
humana, Moravia consegue expor a psicologia nevrótica de suas protagonistas, 
retratando-as como figuras cínicas e, aparentemente, distantes. A linguagem, simples e 
desprovida de ornamentos excessivos, é reflexo disso. Acredita-se, todavia, que o tom 
de oralidade, às vezes bastante marcado nos contos, pode ser lido como a confissão 
monologante dessas personagens que desfrutam da posição privilegiada, embora não 
mailto:sergiomuknicka@hotmail.com
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totalmente confiável, de um narrador autodiegético que pode ficcionalizar à vontade 
suas histórias por meio do discurso em primeira pessoa e de uma focalização unilateral. 
Ao longo das narrativas, observou-se que o autor transferiu seu pensamento intelectual 
para a personagem feminina que, refletindo sobre si mesma, lucubra acerca das mazelas 
da existência humana. Diferentemente de personagens de obras de fôlego do autor, 
como Mariagrazia de Gli indifferenti (1929) ou Cecilia de La noia (1960), as 
personagens desses contos não mais aparecem para dar apoio à figura do intelecual 
masculino, mas fazem-se ouvir por meio de suas próprias narrações, expondo seus 
dramas de forma bastante teatralizada. 
 
 
PERSPECTIVAS FEMININAS NEGRAS NOS ROMANCES: UM DEFEITO DE 
COR, ALZIRA ESTÁ MORTA: FICÇÃO HISTÓRICA NO MUNDO NEGRO DO 
ATLÂNTICO E AS LENDAS DE DANDARA 
 
Thaís Fernanda Rodrigues da Luz TEIXEIRA (FCLAr/UNESP/D) 
thaisluz7@gmail.com 
Prof. Dr. Paulo César Andrade da SILVA (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: literatura negra; romance histórico; identidades. 
 
Pretende-se, com este trabalho, a partir das obras Um defeito de cor (2006), de Ana 
Maria Gonçalves, Alzira está morta: ficção histórica no mundo negro do atlântico 
(2015), de Goli Guerreiro e As lendas de Dandara (2016), de Jarid Arraes, examinar 
como são construídas as perspectivas femininas negras, considerando as manifestações 
identitárias das protagonistas que se materializam por meio do viés memorístico 
exaltado durante as narrativas. Segundo Bernd (1988) a literatura negra narra a 
emergência do ser, ela nasce da ruptura que se cria entre o homem e o mundo, 
originando-se do esforço de superar essa fragmentação, pois ao recordar o que foi 
esquecido, ela recupera o mundo perdido. No mais, a negritude é a tomada de 
consciência que promoveu o nascimento de um discurso literário negro que se 
transformou no lugar por excelência da manifestação do “eu-que-se-quer-negro” 
(BERND, 1988). Nesse sentido, Ribeiro (2017) destaca que, para a mulher negra, falar 
sobre suas experiências, significa ocupar o lugar de fala, isto é, ultrapassar o silêncio 
instituído para quem foi subalternizado, um movimento no sentido de romper com a 
hierarquia. Dessa forma, as obras narram os infortúnios e tentativa de apagamento das 
identidades culturais do povo negro pelas mãos do homem branco, mas ao mesmo 
tempo delineia a dinâmica de uma humanização histórica que promove a reapropriação 
de espaços existenciais próprios (BERND, 1988). No decorrer das narrativas, a tomada 
de consciência das protagonistas é responsável por desmistificar o imaginário 
construído pelos colonizadores que os negros são naturalmente inferiores e não têm 
história (MUNANGA, 1988). É pelo olhar feminino que se constrói uma nova história, 
e modelos propagados por uma voz masculina, branca são reconfigurados, isto é, o 
discurso trazido pelas protagonistas é contra hegemônico no sentido que visa 
desestabilizar a norma, porém igualmente é discurso forte e construído a partir de outros 
referenciais e geografias, visa pensar outras possibilidades de existências para além das 
impostas pelo regime discursivo dominante (RIBEIRO, 2017). Essas e outras 
considerações remetem ao que diz Fanon (2008), diante do branco, o negro tem um 
passado a valorizar e uma revanche a encaminhar, é preciso transformar o negro em um 
ser de ação. 
 
 
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A MARCA DO INSÓLITO NOS CONTOS DE DINO BUZZATI 
 
Vanessa MATIOLA (FCLAr/UNESP/M) 
vanessamatiola@hotmail.com 
Or. Profa. Dra. Claudia Fernanda de Campos MAURO (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chave: Dino Buzzati; insólito; literatura italiana. 
 
Um dos possíveis caminhos para o trabalho com a obra do escritor italiano Dino Buzzati 
é a análise de seus contos tendo o fantástico como ponto norteador. Em algumas dessas 
narrativas curtas, um elemento sobrenatural aparece como fator que desestabiliza a 
realidade vivida pelas personagens, o que é essencial para enquadrá-lo dentro do gênero. 
Além disso, nos contos de Buzzati, o sobrenatural é unido a uma atmosfera de 
estranhamento angustiante que, por sua vez, se faz presente não apenas nos contos 
fantásticos do autor, mas também em outros que não se enquadram na categoria por não 
trazerem nada que foge do que seja considerado como “real”. Tendo isso em vista, 
procuramos o elemento comum aos contos buzzatianos que criaria a aura de incômodo 
causado pelo estranho. Após o contato com ensaios escritos pelos membros do grupo de 
pesquisa “Nós do Insólito: vertentes da ficção, da teoria e da crítica”, da UFRJ, e 
organizados por Flavio Garcia, chegamos à hipótese de que o insólito seria o 
componente conciliador doscontos fantásticos e não fantásticos de Dino Buzzati. O 
insólito é definido como tudo o que não é sólido, isto é, o que não se enquadra no plano 
do real e é considerado estranho, incomum, infrequente, anormal, inusitado e até 
incômodo. Contudo, a realidade é relativa e se apresenta de diferentes maneiras para 
cada indivíduo, o que se torna evidente quando as circunstâncias de tempo e espaço são 
consideradas, por exemplo. Assim, o insólito, sendo aquilo que foge do real, também 
terá diversas maneiras de manifestar-se. Nos contos de Buzzati, acompanhamos a 
perspectiva de uma personagem e a noção de “real” será baseada nela. Dessa forma, 
insólito se manifestará a partir da irrupção de algo que destoe da realidade ficcional 
criada, não necessariamente um fator sobrenatural. Selecionamos os contos “Eppure 
battono alla porta”, “Una goccia”, “Il mantello”, “Il disco si posò”, “La fine del 
mondo”, “I sette messaggeri” e “Sette piani” para trabalhar com esta ideia. 
 
 
FERREIRA GULLAR E A POESIA DE TENSÃO SOCIAL EM DENTRO DA 
NOITE VELOZ E BARULHOS 
 
Zenilda DURCI (FCLAr/UNESP/M) 
zdurci@hotmail.com 
Prof. Dr. Antônio Donizeti PIRES (FCLAr/UNESP) 
 
Palavras-chaves: Poesia brasileira contemporânea; Ferreira Gullar; Tensão social. 
 
O presente projeto de pesquisa de mestrado tem como objetivo fazer um estudo da 
poesia de tensão social nas obras Barulhos (1987) e Dentro da noite veloz (1975), de 
Ferreira Gullar (1930-2016), pseudônimo de José Ribamar Ferreira, que além de poeta, 
teve papel relevante como teórico da poesia, da arte e da cultura em geral, ademais de 
ser dramaturgo, roteirista e pintor. A pesquisa justifica-se pela relevância das obras 
mencionadas e do próprio poeta, bem como pelos poucos estudos existentes acerca de 
sua produção.Os dois livros escolhidos para compor o presente projeto, Dentro da noite 
veloz e Barulhos, foram publicados em momentos históricos diferentes: o primeiro, 
contendo poemas dos anos 60 e 70, é publicado pós-exílio; o segundo, dos anos 80, que, 
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mailto:zdurci@hotmail.com
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ao menos em parte recupera a preocupação central de Ferreira Gullar com a questão da 
linguagem e da metalinguagem, se afastando um pouco da poesia de tensão social, tão 
típica dos anos 60. Ou seja, as duas questões fundamentais da poesia lírica, forma e 
conteúdo, estarão então entre as preocupações da pesquisa. Em Dentro da noite veloz, 
publicado em 1975, Gullar reuniu poemas escritos entre os anos de 1962 e 1974, que 
representam momentos de protesto e de recordação, compostos durante o regime 
militar. Posteriormente, em sua produção poética com Barulhos (1987), no qual há 
vários metapoemas e a própria avaliação do trabalho de poeta, o autor demonstra uma 
postura bastante crítica em relação ao mundo das letras. De modo específico, a partir 
dessas obras, o objetivo é refletir sobre problemas de construção formal, de linguagem 
e metalinguagem, tão caros ao poeta no decorrer de sua vasta obra . De modo geral, há o 
intuito de refletir sobre a inserção e a importância do poeta Ferreira Gullar no panorama 
geral da poesia brasileira da segunda metade do século XX. 
 
 
 
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