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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3 
Princípios básicos da Educação Ambiental .................................................................... 6 
Objetivos fundamentais da Educação Ambiental ........................................................... 7 
Características da Educação Ambiental .......................................................................... 8 
O meio ambiente no Ensino Fundamental ...................................................................... 8 
Conteúdos de meio ambiente para o primeiro e segundo ciclo ...................................... 9 
Educação ambiental no ensino fundamental ................................................................. 10 
Meio Ambiente e Sustentabilidade ............................................................................... 18 
Sustentabilidade ............................................................................................................ 19 
Pensamento sistêmico ................................................................................................... 21 
Educação ecológica....................................................................................................... 24 
Meio ambiente e sociedade ........................................................................................... 37 
Conflitos ambientais ..................................................................................................... 47 
Água .............................................................................................................................. 51 
Ecoturismo .................................................................................................................... 53 
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 56 
 
 
 
 
 
3 
INTRODUÇÃO 
 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Meio Ambiente, a perspectiva 
ambiental consiste em ver o mundo no qual se evidenciam as interrelações e a 
interdependência dos diversos elementos na constituição e manutenção da vida 
(BRASIL, 1997, p. 19). 
 Nos últimos séculos, a industrialização, a mecanização da agricultura o uso 
intenso de agrotóxicos e a concentração populacional nas cidades fizeram com que a 
exploração dos recursos naturais se intensificasse muito e adquirissem outras 
características (BRASIL, 1997, p.19). 
 A demanda global dos recursos naturais deriva de uma formação econômica 
cuja base é a produção e o consumo em larga escala. A exploração da natureza hoje, e 
responsável por parte da destruição dos recursos naturais, fazendo com que haja um 
crescimento sem fim das demandas quantitativas e qualitativas desses recursos 
(BRASIL, 1997, p.19). 
 Os rápidos avanços tecnológicos viabilizaram formas de produção de bens com 
consequências indesejáveis que se agravam com igual rapidez, como a exploração dos 
recursos naturais intensamente, de forma a por em risco a renovabilidade da mesma 
(BRASIL, 1997, p.19). 
 Como o desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, começaram a 
surgir movimentos e manifestações em busca da reflexão sobre o perigo que a 
humanidade estava correndo por afetar de forma tão violenta o meio ambiente em que 
viviam (BRASIL, 1997, p. 19). 
Em vários países, a preocupação com a preservação de espécies surgiu há muitos 
anos, assim como no Brasil. Contudo, ainda é preocupante a forma como os recursos 
naturais são tratados no Brasil. 
Na metade do século XX, juntamente com o conhecimento cientifico da 
Ecologia juntou-se um movimento ambientalista voltado para a preservação de grandes 
áreas e ecossistemas até então intocados pelo ser humano (BRASIL, 1997, p.20). 
Após a Segunda Guerra Mundial, intensificou-se a percepção de que a 
humanidade estava se encaminhando aceleradamente para o esgotamento ou a 
inviabilização de recursos indispensáveis a sua própria sobrevivência, e que a vida 
dependia unicamente do avanço da ciência e da tecnologia (BRASIL, 1997, p.20). 
É nesse contexto que se iniciam as grandes reuniões mundiais sobre o tema, 
 
 
4 
instituindo-se assim um fórum internacional em que os países, apesar de suas imensas 
divergências, se veem politicamente obrigados a se posicionar quanto as decisões 
ambientais de alcance mundial, de forma que os direitos e os interesses de cada nação 
possam ser minimamente somados em função do interesse maior da humanidade do 
planeta (BRASIL, 1997, p.21). 
Assim a questão ambiental, impõe as sociedades à busca de novas formas de 
pensar e agir, individualmente e coletivamente, de novos caminhos e modelos de 
produção de bens, para suprir necessidades humanas, que garantam a sustentabilidade 
ecológica. Isso implica um novo universo de valores no qual a educação tem um 
importante papel a desempenhar. 
 
A preocupação com a questão ambiental não é algo recente, pois no início da 
década de 60, os problemas ambientais já mostravam a irracionalidade do modelo 
econômico, mas ainda não se falava em educação ambiental. Somente em março de 
1965, na Inglaterra, colocou-se pela primeira vez a expressão Educação Ambiental, com 
a recomendação de que ela deveria se tornar uma parte essencial de educação de todos 
os cidadãos (EFFTING, 2007). 
Os conceitos de Educação Ambiental estão diretamente relacionados à evolução 
dos conceitos de meio ambiente, havendo, portanto vários conceitos de Educação 
Ambiental (EFFTING, 2007). 
 
 
5 
A Educação Ambiental é descrita ao longo dos anos conforme as preocupações 
com o meio ambiente foram se agravando, estando sempre voltada à orientação de como 
resolver os problemas que afetavam o meio ambiente, priorizando a 
interdisciplinaridade e a participação ativa e responsável de cada indivíduo e da 
coletividade. 
Muito se tem discutido a respeito do melhor ou mais adequado conceito de 
Educação Ambiental, mas o que se nota é que todos eles são importantes para delinear a 
metodologia de trabalho da prática da educação ambiental em todos os seguimentos da 
sociedade (ALVES E COLESANTI, 2005). 
Não é tarefa fácil definir a Educação Ambiental, pois há inúmeras definições 
encontradas em artigos da área (RODRIGUES, 2009). Segundo o Ministério do Meio 
Ambiente: “Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a 
comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, 
valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir – 
individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros”. 
 "A Educação Ambiental é a ação 
educativa permanente pela qual a comunidade 
educativa tem a tomada de consciência de sua 
realidade global, do tipo de relações que os 
homens estabelecem entre si e com a natureza, 
dos problemas derivados de ditas relações e suas 
causas profundas”. Ela desenvolve, mediante uma 
prática que vincula o educando com a 
comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a 
transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, 
desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita 
transformação (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – Conferência Sub-regional de 
Educação Ambiental para a Educação Secundária Chosica/Peru (1976). 
De acordo com o Art. 1º da Lei 9.795/99, entende-se por Educação Ambiental os 
processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, 
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do 
meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade devida e sua 
sustentabilidade. 
No que se refere ao Art. 2º desta mesma lei, a Educação Ambiental é um 
 
 
6 
componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de 
forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter 
formal e não-formal. 
De acordo com a Conferência Intergovernamental de Tbilisi (1977), “"A 
Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificações de 
conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em 
relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas 
culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a 
prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhora da qualidade de 
vida". (ALVES E COLESANTI, 2005). 
 
Princípios básicos da Educação Ambiental 
 
 
 Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 4º, são os princípios básicos da Educação 
Ambiental: 
I – o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; 
II – a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a 
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da 
sustentabilidade; 
III – o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da 
inter, multi e transdisciplinaridade; 
IV – a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as praticas sociais; 
V – a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; 
VI – a permanente avaliação critica do processo educativo; 
 VIII – a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, 
nacionais e globais. 
 
 
7 
 
 
Objetivos fundamentais da Educação Ambiental 
 
Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 5º, são os objetivos fundamentais da 
Educação Ambiental: 
I – o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente 
em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, 
legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; 
II – a garantia de democratização das informações ambientais; 
III – o estímulo e fortalecimento de uma consciência crítica sobre a 
problemática ambiental e social; 
IV – o incentivo a participação individual e coletiva, permanente e 
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da 
qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; V - o 
estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e 
macroregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, 
fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça 
social, responsabilidade e sustentabilidade; 
VI – o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a 
tecnologia; 
VII – o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. 
 
 
 
 
8 
Características da Educação Ambiental 
 
 De acordo Marcatto (2002), a Educação Ambiental tem como principais 
características ser um processo: 
• Dinâmico integrativo: processo permanente onde a comunidade toma 
consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimento que os torna aptos a agir 
em busca da resolução dos problemas ambientais; 
• Transformador: objetiva a construção de uma nova visão das relações do 
ser humano com o seu meio e a adoção de novas posturas individuais e coletivas em 
relação ao meio ambiente; 
• Participativo: atua na sensibilização e na conscientização do cidadão, 
estimulando-o a participar dos processos coletivos; 
• Abrangente: ultrapassa as atividades internas da escola tradicional e 
envolve toda a família e a coletividade; 
• Globalizador: considera o ambiente em seus múltiplos aspectos; 
• Permanente: envolvido com as questões ambientais continuamente, sem 
interrupção; 
• Contextualizador: atua de acordo com a realidade de cada comunidade. 
Pensar globalmente, agir localmente; 
• Transversal: as questões ambientais devem permear todos os conteúdos, 
objetivos e orientações didáticas de todas as disciplinas. 
 
O meio ambiente no Ensino Fundamental 
 
 O termo meio ambiente tem sido utilizado para indicar um espaço em que um 
ser vive e se desenvolve, e sua interação com o mesmo. A principal função de se 
trabalhar com o meio ambiente em sala de aula é contribuir para a formação de cidadãos 
conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade sócio-ambiental de um modo 
comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global 
(BRASIL, 1997, p.25). 
 Para se trabalhar o tema meio ambiente é necessária a aquisição de 
conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um 
trabalho adequado junto dos alunos. Isso não quer dizer que os professores deverão 
saber tudo para que possam desenvolver um trabalho junto dos alunos, mas sim que 
 
 
9 
deverá se dispor a aprender sobre o assunto, constantemente (BRASIL, 1997, p.35 e 
36). 
 Os conteúdos de meio ambiente deverão ser integrados ao currículo através da 
transversalidade, pois serão tratados nas diversas áreas do conhecimento, de modo a 
impregnar toda a prática educativa, e ao mesmo tempo, criar uma visão global e 
abrangente da questão ambiental (BRASIL, 1997, p. 36). 
 A lei Federal n 9.795, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, 
estabelece que todos tenhamos direito a educação ambiental, e esta é um componente 
essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente em todos os níveis 
e modalidades do processo educativo, em caráter formal e nãoformal (MARCATTO, 
2002). 
 
 
Conteúdos de meio ambiente para o primeiro e segundo ciclo 
 
 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Meio Ambiente, a questão 
ambiental no ensino de primeiro grau, centra-se principalmente no desenvolvimento de 
valores, atitudes e posturas éticas, e no domínio de procedimentos, mais do que na 
aprendizagem de conceitos, uma vez que vários dos conceitos em que o professor se 
baseara para tratar dos assuntos ambientais pertencem às áreas disciplinares (BRASIL, 
1997, p. 43). 
 O tema meio ambiente consiste em oferecer aos alunos instrumentos que lhes 
possibilitem posicionar-se em relação às questões ambientais. Para que isso ocorra, os 
conteúdos de meio ambiente para os primeiros ciclos foram reunidos em três blocos 
gerais: os ciclos da natureza; sociedade e meio ambiente e manejo e conservação 
ambiental. Estes conteúdos referem-se aos dois primeiros ciclos do ensino fundamental 
(BRASIL, 1997, p.43). 
 
 
10 
 Ao longo das oito séries do ensino fundamental, a escola deverá oferecer meios 
efetivos para cada aluno compreender os fatos naturais e humanos referentes a esta 
temática, desenvolver suas potencialidades e adotar posturas pessoais e comportamentos 
sociais que lhe permitam viver numa relação construtiva consigo mesmo, colaborando 
para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa (BRASIL, 
1997, p.43). 
 
Educação ambiental no ensino fundamental 
 
Segundo a Lei 9.795/99, em seu Art. 9º, entende-se por Educação Ambiental na 
educação escolar a desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino 
públicas e privadas englobando: 
I – educação básica: 
a) educação infantil; 
b) educação fundamental e 
c) ensino médio; 
II – educação superior; 
III – educação especial; 
IV – educação profissional; 
V – educação de jovens e adultos. 
 
 De acordo com o Art. 10 da mesma lei, a Educação Ambiental será 
desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os 
níveis e modalidades do ensino formal, e não deverá ser implantada como disciplina no 
currículo de ensino. 
 No que se refere à Educação Ambiental não- formal, entende-se pela mesma as 
ações e práticaseducativas voltadas a sensibilização da coletividade sobre as questões 
ambientais e a sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente. 
 Já a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA é uma proposta 
programática de promoção da Educação Ambiental em todos os setores da sociedade. 
Diferente de outras leis, não estabelece regras ou sanções, mas estabelece 
responsabilidades e obrigações. A Política de Educação Ambiental legaliza a 
obrigatoriedade de trabalhar o tema ambiental de forma transversal, conforme foi 
proposto pelos Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais. 
 
 
11 
 Quanto ao desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental nos 
diferentes ciclos, os professores entendem que há uma maior facilidade entre a primeira 
e a quarta séries, por ser um professor ministrando as quatro disciplinas do ensino 
fundamental, ficando a cargo dos professores de ciências a principal responsabilidade 
no enfrentamento do desafio da educação ambiental (NOVICKI E MACCARIELLO, 
2002). 
 
 
 
 
 
 
 
12 
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE 
CIÊNCIAS 
 
 A Educação Ambiental é um tema de grande relevância na atualidade, pois está 
ligada a interação do homem com o ambiente em que vive e consequentemente as 
implicações que esta interação causa (GOBARA, AYDOS, SANTOS, PRADO E 
GALHARDO, 1992). 
De acordo com Amaral (2001), uma polêmica que se manifestou desde os 
primórdios da Educação Ambiental, é se ela deveria se constituir e uma nova e 
autônoma disciplina do currículo escolar ou deveria encaixar-se nas já existentes. 
Apesar da UNESCO indicar o segundo caminho, sempre houve influencias quanto a 
outra alternativa. As argumentações baseavam-se em torno das dificuldades que os 
professores das disciplinas tradicionais teriam caso isso acontecesse. 
O currículo escolar ainda não oferece através de suas disciplinas, a visão do 
todo, do curso e do conhecimento, e não favorece a comunicação e o diálogo entre os 
saberes. De forma clara, as disciplinas e seus conteúdos não se integram ou 
complementam, dificultando a perspectiva de conjunto e de globalização (SANTOS, 
2007). 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais tratam o tema Educação Ambiental como 
um tema transversal chamado de Meio Ambiente, convivendo com o bloco de conteúdo 
ambiente, ainda no currículo de ciências, nos demais blocos temáticos, incluiu 
conteúdos inegavelmente pertinentes ao ambiente, portanto individualizando-os e 
fragmentando-os (AMARAL, 2001). 
 
 
13 
Estes temas transversais dizem respeito as grandes questões sociais que afligem 
a humanidade na era contemporânea, não devendo ser abordados como mais uma 
disciplina escolar, e sim como um conjunto de temas que aparecem transversalizados, 
permeando a concepção das diferentes áreas, seus objetivos, conteúdos e orientações 
didáticas (CUNHA, 2007). 
Outra controvérsia relativa a este tema, seria a integração do tema meio 
ambiente com as diferentes disciplinas do ensino fundamental. De acordo com os PCN 
(Parâmetros Curriculares Nacionais) o tratamento transversal dessa temática deve 
considerar que as áreas de Ciências Naturais, História e Geografia são as tradicionais 
parceiras para o desenvolvimento dos conteúdos aqui relacionados, pela própria 
natureza dos seus objetivos de estudo. Faz-se necessário analisar os eixos de sustentação 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais, tomando sua concepção de 
Meio Ambiente como referencial para uma melhor compreensão do ensino dessa 
disciplina e de sua relação com a educação ambiental, de acordo com o que preconizam 
os PCN’s (CUNHA, 2007). 
Sabe-se que o ato de educar é uma necessidade de nossa espécie e um fenômeno 
que deve ser compreendido e analisado para que possa ser eficientemente realizado. O 
ensino de ciências é uma das formas de ajudar na construção do conhecimento, 
utilizando recursos e materiais didáticos que permitem aos alunos exercitarem a 
capacidade de pensar, refletir e tomar decisões, iniciando assim um processo de 
amadurecimento (RODRIGUES, 2009). 
 A Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional para o Ensino de Ciências, 
deixa claro que todas as escolas deverão garantir 
a igualdade de acesso para os alunos a uma base 
nacional comum, que vise estabelecer a relação 
entre a educação fundamental e a vida cidadã 
por meio de articulações entre vários dos seus 
aspectos como: saúde, sexualidade, vida familiar 
e social, meio ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura e as linguagens 
(BRASIL, 1996). 
 O educador em Ciências diariamente é exposto a grandes desafios a fim de 
exercer sua profissão de forma a transmitir os conhecimentos que os alunos precisam 
adquirir. Algumas dessas deficiências são agravadas por deficiências em suas 
 
 
14 
licenciaturas, pois a rapidez com que os conceitos se ampliam e surgem novas 
tecnologias faz com que a formação do professor possa ser considerada ultrapassada 
poucos anos após sua graduação (LIMA E VASCONCELOS, 2006). Alunos do Ensino 
Fundamental da rede pública se deparam com metodologias que nem sempre promovem 
a efetiva construção do conhecimento. Cabe ao educador unificar experiências e 
estratégias de ensino, para qualificar a educação desenvolvendo novas competências a 
serem aplicadas nas escolas. Não haverá métodos ideais para ensinar, mas sim haverá 
alguns métodos potencialmente mais favoráveis do que outros (LIMA E 
VASCONCELOS, 2006). 
 Não ensinar Ciências nas primeiras 
idades invocando uma suposta incapacidade 
intelectual das crianças é uma forma de 
discriminá-las como sujeitos sociais. Este é um 
forte argumento para sustentar o dever inevitável 
da escola de ensino fundamental de divulgar e 
trabalhar o conhecimento científico 
(MALAFAIA, E RODRIGUES, 2008). 
 A Educação tradicional ainda é adotada e 
resiste às novas propostas pedagógicas. Este modelo é caracterizado por concepções de 
ensino como uma transmissão/transferência de conhecimentos (LIMA E 
VASCONCELOS, 2006). 
 No Ensino de Ciências, atividades práticas são fundamentais, afinal o 
desenvolvimento da capacidade investigativa e do pensamento científico são 
diretamente estimulados pela experimentação. Ensinar Ciências é muito mais que 
promover a fixação dos termos científicos. O Ensino de Ciências busca privilegiar 
situações de aprendizagem que possibilitem ao aluno a formação de sua bagagem 
cognitiva. (VASCONCELOS E SOUTO, 2003). 
 O novo paradigma da Educação acredita ser a Transdiciplinaridade que entende 
o intercâmbio e as articulações entre as disciplinas. Na transdisciplinaridade há a 
superação e o desmoronamento de toda e qualquer fronteira que inibe ou reprime, 
reduzindo e fragmentando o saber isolando o conhecimento em territórios delimitados 
(SANTOS, 2007). 
 Neste sentido, tornou-se indispensável à ideia de que a educação desenvolvida 
no ambiente escolar seria incumbida de reorientar nossas formas de relacionamento com 
 
 
15 
o restante da natureza, destacando-se a necessidade do desenvolvimento de uma 
educação ambiental (MAKNAMARA, 2009). 
 Para enfrentarmos os problemas ambientais em busca de uma sociedade 
sustentável, é necessário que haja uma articulação entre todos os tipos de intervenção 
ambiental, incluindo as ações de Educação Ambiental (EFFTING, 2007). 
A Educação Ambiental é um processo educacional criado ao longo dos anos 
através de estudos de especialistas, com visão das necessidades do homem e da natureza 
entrelaçadas em um objetivo comum que é a manutenção da qualidade de vida de todos 
os seres do planeta. Torna-se importante o desenvolvimento deste processo educacional, 
visando à reversão ou a minimização dos problemas ambientais (SANTOS, 2007). 
A Educação Ambiental é uma das ferramentas de orientação para a tomada de 
consciência dos indivíduos frente aos problemas ambientais, por isto sua prática faz-seimportante para solucionar ou mitigar os problemas ambientais que fazem parte do 
nosso dia-a-dia (ALVES E COLESANTI, 2005). É um dos eixos fundamentais para 
impulsionar o processo de prevenção da deterioração ambiental, de aproveitamento 
sustentável de nossos recursos e de reconhecimento do direito do cidadão a um 
ambiente de qualidade (SANTOS, 2007). 
O ambiente escolar é um dos locais para a discussão a respeito das problemáticas 
ambientais, tendo em vista a formação de opinião, a construção de valores e a promoção 
da mudança de comportamento, fundamentais para que sejam resolvidos ou mitigados 
os problemas ambientais (ALVES E COLESANTI, 2005). 
A Educação Ambiental deve ser efetiva no Ensino de Ciências, mais de maneira 
interdisciplinar, ser agregada em outras disciplinas, pois é na conjugação das diversas 
disciplinas que compõem o currículo escolar que a discussão ganhará amplitude. A ideia 
de tema transversal possibilita a discussão e análise do tema meio ambiente em 
diferentes áreas do conhecimento, permeando todas as disciplinas. É um instrumento 
importante para se alcançar a sustentabilidade (ALVES E COLESANTI, 2005). 
A Educação Ambiental é um processo de formação contínua, e deve expandir-se 
a todo sistema educacional, mas implementar este tipo de educação nas escolas tem se 
mostrado uma tarefa exaustiva. Existem grandes dificuldades nas atividades de 
sensibilização e formação, na implantação de atividades e projetos e, principalmente, na 
manutenção e continuidade dos já existentes (EFFTING, 2007). Englobar a Educação 
Ambiental no currículo escolar implica mudanças nas estruturas profundas do sistema e 
a maneira como se organizam o ensino e os métodos que imperam no sistema educativo 
 
 
16 
formal, pois a partir do momento que são aceitos novas formas de educar, 
consequentemente o sistema educativo tradicional estará sendo criticado (SANTOS, 
2007). 
 
 Torna-se evidente que a Educação Ambiental exige um modelo educativo novo, 
onde as teorias sejam expandidas para todas as disciplinas do âmbito cientifico, 
buscando a interdisciplinaridade. O propósito desta nova forma de ensinar é o de se 
construir coletivamente o conhecimento, sem negligenciar o rigor científico. Portanto, a 
Educação Ambiental deve ser trabalhada dentro do Ensino de Ciências por estar contido 
neste os temas transversais propostos pelos parâmetros curriculares nacionais, pois 
tornar a educação ambiental como disciplina específica no currículo escolar, demanda 
uma reestruturação do sistema de ensino, o que no momento torna-se inviável. 
A inserção da Educação Ambiental no Ensino de Ciências proporciona uma 
melhor abordagem do meio ambiente como um todo, e não demanda entendimento 
deste conteúdo por todos os professores, pois sabe-se que nem todos estão abertos a 
novas descobertas e desafios. Professores tradicionalistas não veem propósito alguma 
em aderir em suas disciplinas, temas atuais. Deste modo é respeitável que fiquei a 
critério de cada professor em sua determinada disciplina, trabalhar temais atuais e 
importantes. 
Discutir Ciências e Educação Ambiental não é só debater conceitos e 
concepções já existentes, é resgatar atitudes, valores e comportamentos, discutir a 
 
 
17 
política, o dia-a-dia e os diversos aspectos relacionados com a vida em si. É despertar a 
criticidade e a busca por uma melhor qualidade de na vida. 
Faz-se necessário a ambientalização do Ensino de Ciências tornando explicito a 
todos os sujeitos envolvidos no processo pedagógico de alfabetização científica que 
todos os conteúdos de Ciências são ambientais, ou seja, fazem parte de um ambiente, e 
como tal, pode ajudar a solucionar o atual estado de crise ambiental. Como o Ensino de 
Ciências constitui uma disciplina escolar em que tradicionalmente são abordados 
diferentes elementos e fenômenos da natureza, fica claro que esta é uma disciplina que 
pode contribuir muito para a superação das formas degradantes pelo qual o meio 
ambiente vem passando (MAKNAMARA, 2009). 
De forma a despertar no aluno o desejo de trabalhar no sentido de exercer um 
papel ativo e indispensável na preservação do meio ambiente, é fundamental que este 
seja instigado por meio de questionamentos que desafiem seu senso crítico e o façam 
perceber que tudo que o rodeia é o meio ambiente e que ele faz parte do mesmo 
(OLIVEIRA, OBARA, RODRIGUES, 2007). 
 Sugere-se aos professores, seriam a 
utilização de oficinas e projetos ambientais 
oferecidos dentro da escola, como opção de 
contra-turno. Estas oficinas estimulam 
professores e alunos no entendimento e na 
compreensão, em busca de encontrar soluções 
para a atuação e consequente solução dos 
problemas ambientais abordados na escola. 
Este tipo de trabalho estimula o envolvimento da escola nas grandes questões ligadas à 
realidade dos alunos, proporcionando-lhes a percepção da efetividade educacional, e 
interagindo entre as diversas disciplinas curriculares. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A Educação Ambiental é um tema polêmico, com um leque muito grande de 
conceitos e caracterizações, porém, deve ser efetivamente tratada com a relevância e 
urgência que ela necessita. 
O problema socioambiental ainda é encarado como um problema de 
comportamentos individuais e acreditam na sua solução através da mudança de 
 
 
18 
comportamento dos indivíduos em sua relação com o ambiente. 
O foco principal é a reciclagem do lixo, possuem as lixeiras específicas e fazem 
a correta separação. 
 É fundamental que os professores compreendam a importância de renovar das 
relações interdisciplinares dos vários campos do saber, o que requer o compromisso de 
refletir sempre sobre concepções particulares, atitudes e práticas pedagógicas em sala de 
aula. 
Portanto, ressalta-se que deve existir a preocupação em estabelecer, no contexto 
educativo, a compreensão do respeito à sociedade com enfoque na perspectiva de 
transformação social e na formação de alunos críticos, humanizados e emancipados. 
Ressalta-se que é um tema amplo, portanto, fica sugestão de continuidade ou 
desenvolvimento de novos estudos sobre o tema. 
A Educação Ambiental é hoje o instrumento mais eficaz para se conseguir criar 
e aplicar formas sustentáveis de interação entre o homem e a natureza. É o caminho para 
que cada indivíduo assuma suas responsabilidades em busca de uma melhor qualidade 
de vida e redução dos impactos ambientais. 
Com base na literatura consultada conclui-se que a disciplina de ciências, por se 
tratar de uma potencial ponte entre as demais disciplinas, consiste em um ambiente ideal 
para a inserção da educação ambiental, permitindo, por meio dessa interação a extensão 
da educação ambiental para as demais disciplinas interrelacionadas. 
 
Meio Ambiente e Sustentabilidade 
 
 Neste início de século, as questões 
ambientais têm tomado o centro das atenções, 
tornando-se manchete nos jornais, prioridade 
em programas governamentais e assunto 
discutido nos principais fóruns internacionais. 
O mundo tem caminhado, principalmente no 
último século, em direção a uma crise de 
sustentabilidade, devida principalmente ao 
excesso de ambição econômica, que leva as 
pessoas a procurar resultados financeiros sempre imediatos, não se preocupando se no 
futuro será possível continuar extraindo lucro pelos mesmos meios. A principal 
 
 
19 
característica desta crise é a devastação do meio ambiente, de onde são retirados os 
insumos necessários para a sobrevivência e para o crescimento econômico. Como não 
existe uma real preocupação com a perenização destes recursos, a tendência é de 
esgotamento dos mesmos, com a provável extinção de várias espécies, devido à 
exploração excessiva, sem a necessária reposição. 
É fundamental que a academia volte-se para temas relativos à preservação 
ambiental, para que a crise não se agrave e haja perspectiva de reverter o atual quadrode destruição em que o mundo natural se encontra, pois é nas universidades que surgem 
as discussões, o que possibilita a busca de ideias e soluções para os problemas 
debatidos, e posterior transmissão para a sociedade. 
 
Sustentabilidade 
 
Tornou-se lugar comum afirmar que o grande desafio para o século XXI é 
construir e manter sociedades sustentáveis, o que só será possível com um meio 
ambiente também sustentável. Atualmente, a maioria dos governantes faz questão de 
sempre falar que sem desenvolvimento sustentável o mundo se tornará inviável, assim 
como os grandes industriais declaram que estão buscando a sustentabilidade em suas 
empresas, pois sem isso não existe possibilidade de garantir um futuro para a produção 
e o comércio mundiais. 
Mas afinal, o que é “sustentabilidade”? Antes de tudo, temos de pensar no que 
significa “sustentar”, ou seja, manter, amparar, nutrir, perpetuar. Sustentabilidade, 
então, seria a capacidade de impedir a queda ou degradação da sociedade ou do meio 
ambiente. Desenvolvimento sustentável, por sua vez, é a capacidade de uma sociedade 
se desenvolver econômica e tecnologicamente, sem, no entanto, comprometer a 
qualidade de vida das gerações futuras e a capacidade do meio ambiente de se regenerar 
ou, pelo menos, de evitar uma degradação crítica, irreversível. 
A Comissão Mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento definiu o 
desenvolvimento sustentável em termos de presente e futuro, desta maneira: “o 
desenvolvimento sustentável é o que satisfaz as necessidades do presente sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer as suas”. 
Existem outras definições usadas com frequência: relação entre desenvolvimento 
social e oportunidade econômica por um lado e exigências do meio ambiente por outro. 
Melhoramento das condições de vida para todos, especialmente pobres e carentes, 
 
 
20 
dentro dos limites da capacidade de sustento dos ecossistemas. Equilíbrio dinâmico 
entre muitos fatores, incluídas as exigências sociais, culturais e econômicas da 
humanidade e a necessidade imperiosa de proteger o meio ambiente do qual a 
humanidade faz parte. 
A visão de um mundo mais equitativo é inerente ao conceito de 
desenvolvimento sustentável, considerando que a capacidade de satisfação das 
necessidades não deve ser privilégio de alguns, e sim direito de todos, condição 
necessária para que a humanidade sobreviva enquanto sociedade. Sem um mínimo de 
justiça social, a sociedade tende a entrar em crise, pois não se sustenta num cenário de 
extrema desigualdade, onde seja impossível um convívio social equilibrado. 
O Relatório Brundtland, encomendado pela ONU, afirma que “A humanidade 
tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às 
necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de 
atender às próprias necessidades”. Mas é importante observar que nem sempre potencial 
se traduz em resultado. Se a humanidade tem essa capacidade, deve desde já 
compreender que tem de começar imediatamente a tomar providências para evitar um 
colapso socioambiental, pois no atual ritmo de devastação dos recursos naturais, muito 
em breve não será mais possível uma recuperação, o que resultará num planeta sem 
condições de manter os requisitos vitais básicos para os seres humanos. 
Também temos de levar em consideração que as definições de sustentabilidade 
se limitam, por enquanto, a exortações morais, não existindo ainda definições objetivas 
aceitas mundialmente, pois cada povo, cada cultura, tem sua ideia sobre o que seja 
sustentabilidade, e sua própria lista de prioridades quanto ao desenvolvimento 
econômico e à proteção ou recuperação ambiental. Quando pensamos em 
sustentabilidade, logo nos vem à mente uma questão próxima de nós, um problema com 
o qual convivemos, e que temos nosso próprio jeito de resolver. É difícil pensar na 
sustentabilidade de um país distante, sobre o qual não temos informações detalhadas, do 
qual não conhecemos as questões críticas. 
Desse modo, como realizar a sustentabilidade? Em primeiro lugar, respeitando 
as características locais, pensando globalmente, mas agindo localmente. Não é plausível 
solucionar problemas que não conhecemos, que estão distantes de nós. Assim, devemos 
resolver as questões locais, e a partir daí, ampliar a atuação. Para que seja possível um 
desenvolvimento sustentável, antes de qualquer coisa devemos considerar as diferenças 
regionais, pois só são possíveis soluções a partir de problemas reais, que levem em 
 
 
21 
conta as características do local, da cultura, do meio ambiente. 
Considerando todos esses aspectos, é importante compreender que as 
comunidades sustentáveis devem ser moldadas a partir dos ecossistemas naturais, pois é 
deles que extraímos toda a matéria-prima necessária para o desenvolvimento 
tecnológico e para a produção dos bens necessários ao nosso sustento. Assim, a base 
para o planejamento de uma economia sustentável deve partir do ecossistema natural 
local, que, uma vez respeitado, permitirá que a produção se perenize, evitando o colapso 
resultante do desrespeito às necessidades da natureza, como esgotamento dos recursos 
naturais e doenças causadas pela poluição, por exemplo. 
 
Pensamento sistêmico 
 
Só é possível desenvolver um projeto de sociedade sustentável se pensarmos 
sistemicamente. O pensamento sistêmico é aquele que considera todos os fatores que 
estejam envolvidos no processo. No caso do desenvolvimento de uma sociedade 
ecologicamente sustentável, devem ser contemplados inúmeros fatores, como a escassez 
de alguns recursos, que devem ser importados, a abundância de outros, cujo excedente 
deve ser aproveitado para captar recursos externos, e não desperdiçado, a capacidade de 
regeneração do meio ambiente, que não pode se esgotar em pouco tempo, o que 
inviabilizaria a manutenção da ocupação local, o estabelecimento de regras de 
convivência e instituições que garantam o respeito a essas regras, a capacidade de 
absorção de mão-de-obra, pois nenhuma sociedade se sustenta no longo prazo se não 
houver possibilidade de seus membros se manterem empregados e, por consequência, 
capazes de consumir, o que permite a sobrevivência da própria economia. O 
pensamento sistêmico se baseia na compreensão de relações, padrões e contexto. 
Devem ser consideradas todas as relações entre os agentes envolvidos, os padrões 
existentes nessas relações e o contexto em que elas ocorrem. Sempre devem ser tomadas 
como base as características locais. Não faz sentido planejar uma sociedade sustentável 
no interior da África utilizando o contexto da sociedade norte-americana, pois as 
características ambientais, culturais e econômicas são totalmente distintas. Nesse 
sentido, devemos respeitar as limitações e recursos existentes no local para podermos 
planejar sem ser surpreendidos com resultados totalmente diversos dos esperados. Se 
forem contemplados os aspectos do ambiente, efetuando o planejamento de acordo com 
o potencial da localidade, pensando sistemicamente, a probabilidade de cometer 
 
 
22 
equívocos será consideravelmente menor. 
Para que seja possível pensar o meio ambiente de forma sistêmica, é 
imprescindível compreender os princípios de organização que os próprios ecossistemas 
desenvolveram para manter a teia da vida, o que Capra chama de “alfabetização 
ecológica”. A chamada “Ecologia rasa” é antropocêntrica, ou seja, considera que o ser 
humano é a razão de ser do meio ambiente, e a natureza existe para servi-lo, tendo ele 
todo o direito de usufruir dela o quanto quiser, preocupando-se apenas com suas 
próprias necessidades. O problema deste tipo de pensamento é que não existe 
perspectiva de longo prazo. Os recursos que hoje são abundantes, em pouco tempo 
podem escassear e o homem terá de buscar alternativas, o que nem sempre será viável, e 
neste caso será difícila sobrevivência da sociedade. 
O norueguês Arne Naess foi o primeiro a conceituar a chamada “Ecologia 
profunda”, no início dos anos 1970. A Ecologia profunda considera que o meio 
ambiente baseia-se em uma rede de fenômenos intrinsecamente interligados, e qualquer 
abalo em apenas um dos pontos desta rede pode provocar sérios danos a todo o sistema 
existente. Para compreender esta ideia, basta pensar na cadeia alimentar. Eliminando um 
dos componentes da cadeia, todos os que dependem dele serão afetados, e o 
desequilíbrio será inevitável. As redes são o padrão básico de organização de todo ser 
vivo, tanto externamente quanto internamente. Cada ser vivo é composto de sistemas de 
órgãos que permitem sua sobrevivência, cada órgão sendo responsável por um aspecto 
da manutenção do todo. Se um deles falha, coloca a vida do indivíduo em risco. Ou o 
corpo se adapta, substituindo aquele órgão por outro que supra a sua falta, ou não será 
possível a sobrevivência. O mesmo ocorre num organismo mais complexo, como o 
exemplo anterior da cadeia alimentar. 
A rede das comunidades humanas, por sua vez, tem um elemento fundamental: a 
comunicação. Segundo Capra, “à medida que as comunicações acontecem em uma rede 
social, elas acabam produzindo um sistema compartilhado de crenças, explicações e 
valores – um contexto comum de significados, conhecido como cultura, que é 
sustentado continuamente por novas comunicações. Através da cultura, os indivíduos 
adquirem identidades, como membros da rede social. " 
Não é à toa que a cultura é o conceito básico da antropologia, pois é o elemento 
que define o ser humano enquanto ser social, e a cultura está intrinsecamente ligada à 
comunicação, que permite o compartilhamento e a perenização de conhecimentos, 
hábitos e valores, essenciais para a vida em comunidade. Neste contexto, tanto as redes 
 
 
23 
de relacionamento humano como as redes ecológicas podem ser consideradas redes 
vivas, uma vez que elas estão em constante transformação e adaptação, conforme as 
necessidades advindas da situação em que se encontram. A cada momento podemos 
verificar alterações no ambiente e na vida social, alterações estas provocadas por 
infinitos e constantes acontecimentos, que têm consequências no funcionamento futuro 
das redes. 
As redes vivas, podemos concluir, são redes funcionais, redes de relações entre 
vários processos que ocorrem nos mais variados níveis, baseados nas comunicações 
entre os elementos das redes, que estão continuamente interagindo e provocando 
reações. 
O pensamento sistêmico, então, muda o enfoque dos objetos, como era a 
preocupação da Ecologia rasa, para as relações. Estas relações, entretanto, não podem 
ser mensuradas. Para podermos analisá-las, temos de mapeá-las em busca de padrões, 
que nos permitirão encontrar semelhanças e diferenças entre as redes existentes, e a 
partir daí estabelecer correlações entre as mesmas, o que torna possível uma análise 
sistemática. 
Existem alguns princípios da ecologia, da sustentabilidade ou da comunidade, a 
partir dos quais podemos realizar análises sistêmicas das redes, como por exemplo: 
nenhum ecossistema produz resíduos, já que os resíduos de uma espécie são o alimento 
de outra. A poluição ocorre quando os resíduos estão acima da capacidade de absorção 
pelo ambiente. É raro isso ocorrer sem a interferência humana, mas o homem, por sua 
cultura sedentária, tem a enorme capacidade de concentrar seus resíduos e assim 
impedir sua absorção pelo ambiente, o que causa desequilíbrio na rede e consequentes 
problemas em seu funcionamento normal. 
A matéria circula continuamente pela teia da vida, sempre se transformando e 
sendo reaproveitada em outro estágio da rede, o que permite a continuidade da mesma. 
A energia que sustenta estes ciclos ecológicos vem do Sol, e toda transformação de 
matéria depende desta fonte de energia. Um dos graves problemas que a humanidade 
vem enfrentando, e que se agrava paulatinamente, é a capacidade do meio ambiente 
conservar e filtrar essa energia, o que vem causando desequilíbrios aparentemente 
irreversíveis, que podem comprometer a vida no planeta. A diversidade assegura a 
resiliência, pois quanto maior a variedade de espécies, maior a chance de adaptação aos 
problemas enfrentados, pois haverá maior probabilidade de surgimento de indivíduos 
capazes de suportar condições adversas e consequentemente garantir a preservação. 
 
 
24 
Como resultado, o meio ambiente pode se recuperar dos danos eventualmente sofridos. 
E finalmente, é importante lembrar, a vida, desde seu início há três bilhões de anos, não 
conquistou o planeta pela força, e sim através de cooperação, parcerias e trabalho em 
rede. 
O contraponto a esta tradição é o ser humano, que insiste em desrespeitar as leis 
naturais, buscando exclusivamente sua própria satisfação, sem se preocupar com a 
preservação do mundo que o sustenta. Platão já observou, séculos atrás, que “os homens 
constroem como se fossem viver para sempre e comem como se fossem morrer 
amanhã.” Da Grécia clássica até os dias de hoje, essa afirmação só tem se confirmado e 
agravado, como consequência do desenvolvimento tecnológico e da acumulação de 
capital. Apenas no final do século XX o ser humano se deu conta de que seu estilo de 
vida não é sustentável, e existirá um limite para a expansão de seu domínio sobre a 
natureza. É possível que o quadro já seja irreversível, tal o nível de degradação do meio 
ambiente, então torna-se mister tomar atitudes para reduzir o comprometimento dos 
recursos naturais, garantindo pelo menos uma sobrevida que permita que as próximas 
gerações tomem atitudes corretivas, evitando o colapso do meio ambiente global. 
 
Educação ecológica 
 
 
Até aqui, vimos dois conceitos fundamentais para que o homem possa continuar 
a usufruir do planeta durante um período de tempo razoável: sustentabilidade e 
pensamento sistêmico. Mas nada disso pode ser alcançado sem a pedra fundamental, 
que é a educação. Não é possível atingir o objetivo de uma sociedade econômica e 
 
 
25 
ecologicamente sustentável sem um nível avançado de consciência ambiental difundido 
por toda a população. Se a quantidade de pessoas esclarecidas permanecer por muito 
tempo diminuta como é hoje, e a maioria esmagadora da sociedade continuar na total 
ignorância a respeito das questões ambientais mais básicas, não teremos a menor 
perspectiva de reduzir os impactos ambientais negativos, quanto mais de avançar na 
mitigação dos danos já causados ao ambiente. 
O principal meio para atingirmos essa difusão da consciência ambiental é a 
educação, que deve se dar em todos os níveis, a fim de alcançar todas as estratificações 
sociais e etárias, em todas as partes do planeta, de modo que sejam viabilizadas ações de 
espectro amplo, com ampla participação, sem o que dificilmente serão auferidos 
resultados satisfatórios no processo de recuperação e preservação do ambiente. 
A educação ambiental, no entanto, não deve se limitar apenas ao período escolar 
formal tradicional, e sim ser estendida por toda a vida, pois todos nós, mesmo após 
concluirmos o ensino formal, devemos acompanhar as mudanças ambientais e nos 
preparar para suas consequências. Assim, o processo educacional deve ser contínuo, 
iniciando-se em casa, desde a mais tenra idade, e prosseguindo durante todas as fases da 
vida, tanto na escola como na comunidade, já que as questões ecológicas mudam de 
acordo com a época e os tipos de problemas e relações do ser humano com o meio 
ambiente, e a educação deve, consequentemente, acompanhar pari passu todas essas 
alterações. Assim, é tarefa de toda a sociedade contribuir para o desenvolvimento 
educacional de seus membros. Os pais, em casa, devem preparar o filho para os 
conceitos básicos relativos ao meio ambiente, mostrando como respeitar a natureza, 
evitando poluir o ambiente e desperdiçar recursos importantes,como alimentos e água. 
A educação fundamental é o alicerce de toda a educação e do aprendizado 
futuro. A meta da educação formal deve ser suscitar crianças contentes consigo mesmas 
e com as demais, que se entusiasmem com o ensino e que desenvolvam mentes 
inquisitivas, que comecem a acumular um acervo de conhecimentos sobre o mundo e 
adotem um enfoque para buscar um conhecimento que possam usar e desenvolver ao 
longo da vida. Concomitantemente, durante o processo educacional, a criança deve 
aprender a fazer, a saber, a ser e a viver juntamente com os outros, pois no futuro viverá 
em sociedade, interagindo com outras pessoas, de diferentes opiniões e formações, e 
terá de compartilhar suas experiências e conhecimentos, assim como também aprenderá 
com aqueles com quem mantiver contato. 
 
 
26 
Uma das provas mais exigentes da educação para o desenvolvimento é ajudar as 
pessoas a compreenderem e adaptarem-se às mudanças que ocorrem em uma velocidade 
ainda antinatural para todas as culturas. No século XX, os avanços tecnológicos e suas 
consequências ambientais foram superiores aos de toda a história da humanidade, o que 
gerou uma crise sem precedentes, e nenhuma cultura estava preparada para isso, já que 
sempre houve a crença de que a natureza por si só resolveria todos os problemas, 
considerando que sempre ocorreu desta forma. 
Só muito recentemente, após 
muitos alertas de entidades 
ambientalistas, os governos 
perceberam a gravidade da situação, 
e passaram a pensar a respeito, mas 
a convicção necessária para tomar 
atitudes efetivas quanto à questão 
ambiental ainda se encontra muito aquém do necessário, inclusive no que tange à 
educação, pois, mesmo onde existe um projeto formal de inserção da educação 
ambiental no currículo escolar, a prática ainda não apresentou resultados convincentes, 
o que, em se tratando de tema tão significativo, é preocupante, devido às prováveis 
consequências futuras. 
Segundo a ONU, em todo o mundo, mais de cem milhões de crianças entre seis e 
onze anos de idade nunca foram à escola, e dezenas de milhões retiram-se poucos meses 
ou poucos anos após ingressarem no ensino formal. Existem atualmente cerca de oitenta 
e oito milhões de adultos analfabetos, a maioria dos quais nunca frequentou uma escola. 
O acesso à educação é condição sine qua non para uma participação eficaz em 
todos os níveis da vida do mundo moderno. Neste sentido, é necessário proporcionar 
meios de progressão aos menos favorecidos, através da educação, para que estes possam 
acompanhar o restante da sociedade em sua evolução, contribuindo também no 
processo. Caso contrário, haverá uma multidão de excluídos que, por não 
compreenderem a importância do meio ambiente para a vida no planeta, não 
contribuirão para sua preservação, além de, por falta de informação, tornarem-se 
agentes da degradação ambiental que, por sua quantidade, têm um potencial destrutivo 
avassalador. Observe-se a quantidade de favelas que ocupam áreas de preservação, que 
devastam as florestas, poluem o ambiente, contribuem para o desmoronamento dos 
morros e contaminação dos rios e do solo, geram enorme perda de energia elétrica ao 
 
 
27 
furtar da rede, entre inúmeros outros fatores. 
Para que o processo de educação ambiental tenha realmente sucesso, é essencial 
que haja uma inter-relação entre quase todas as disciplinas do currículo, pois a 
consciência ambiental não pode ficar restrita a uma disciplina específica, já que o tema 
permeia todas as áreas do conhecimento, e é responsabilidade de todo o sistema 
educacional trabalhar para que ocorra uma progressão na conscientização da população 
quanto à temática ecológica. Então, a coordenação pedagógica e os professores devem 
estar sempre em contato uns com os outros, a fim de trabalharem conjuntamente os 
temas ligados à ecologia, de forma que os alunos percebam a relação entre as matérias 
e, fundamentalmente, a importância desta interligação, tomando consciência de um 
mundo integrado, passando a pensar sistemicamente, e não mais de forma fragmentada. 
Isso é o que chamamos de “interdisciplinaridade”, termo tão em voga no meio 
acadêmico atualmente, que tem como objetivo um currículo integrado que valorize o 
conhecimento contextual, permitindo que sejam elaborados projetos em conjunto por 
professores de várias disciplinas, mostrando a relação entre as diferentes áreas e como o 
meio ambiente está integrado em tudo o que diz respeito ao conhecimento e à vida na 
Terra. Um dos objetivos primordiais dos currículos deve ser o desenvolvimento da 
cidadania, destacando virtudes morais, motivação e ética, além de capacidade para 
trabalhar com outros, respeitando as diferenças de cultura e pensamento. Estudos de 
caráter biofísico e geofísico também são pré-requisitos necessários, mas insuficientes, 
para compreender o desenvolvimento social. É importantíssimo também focar as 
ciências humanas e sociais para o desenvolvimento sustentável, solucionando 
problemas locais na relação homem/meio ambiente. Sem este tipo de enfoque, 
dificilmente será possível obter resultados eficientes em termos de educação para um 
futuro sustentável. A educação é essencial para que as pessoas possam usar seus valores 
éticos a serviço de opções conscientes e éticas. A interdisciplinaridade depende em 
primeiro lugar da atitude dos educadores e pesquisadores, dos quais depende a 
eficiência do processo de integração entre as disciplinas e inserção dos temas ambientais 
nos currículos, de forma integrada e organizada. 
A luta por uma educação ambiental que considere comunidade, política e 
transformação, preservação dos meios naturais, que incorpore aspirações dos grupos, 
que consubstancie lutas efetivas em direção à diversidade, em todos os níveis e todos os 
tipos de vida no planeta, considerando os universos social, cultural e natural é, 
indiscutivelmente, a luta por uma nova educação. Não podemos, portanto, nos ater ao 
 
 
28 
estilo de ensino tradicional, em que o professor, onipotente, “permite” que os alunos 
bebam de sua sabedoria passivamente. A participação dos alunos é fator significativo no 
desenvolvimento das aulas, por exemplo, e devemos repensar a educação, concebendo 
formas de aumentar o interesse dos alunos e a eficiência da transmissão dos conceitos. 
A Conferência Mundial sobre Educação para todos optou por definir a educação 
em termos de resultados educativos, e não em termos de níveis de instrução, uma vez 
que os critérios para determinar níveis de instrução podem variar de país para país, além 
de poderem ser manipulados por governos interessados apenas em autopromoção, sem 
uma real preocupação com o desenvolvimento educacional de sua população. Já os 
resultados educativos podem ser aferidos segundo critérios definidos pelo conjunto das 
nações representadas na ONU, o que permite uma melhor avaliação dos progressos e 
uniformização das análises. 
Para os adultos, a educação ambiental focada na sustentabilidade é a chave para 
estabelecer e reforçar o regime democrático, para um desenvolvimento ao mesmo tempo 
sustentável e humano, e para uma paz fundada no respeito mútuo e 
na justiça social. 
“Ensinar esse saber ecológico, que também corresponde à sabedoria dos antigos, 
será o papel mais importante da educação no século XXI. A alfabetização ecológica 
deve se tornar um requisito essencial para políticos, empresários e profissionais de todos 
os ramos, e deveria ser uma preocupação central da educação em todos os níveis – do 
ensino fundamental e médio até as universidades e os cursos de educação continuada e 
treinamento de profissionais.” 
A educação é, em síntese, a melhor esperança e o meio mais eficaz que a 
humanidade tem para alcançar o desenvolvimento sustentável. Dessa forma, devemos 
pensar uma pedagogia centrada na compreensão da vida, experiência de aprendizagem 
no mundo real que supere a alienaçãoda natureza e reacenda o senso de participação, 
elaborando um currículo que ensine os princípios básicos de ecologia, além de fomentar 
o desejo de aprender sempre mais, com o intuito de auxiliar na preservação do planeta 
para que seja aproveitado pelas gerações vindouras. Esta pedagogia deve privilegiar o 
ecocentrismo e percepção sistêmica da vida. 
Existe um consenso entre os mais importantes teóricos da educação, entre eles 
Jean Piaget, Maria Montessori e Rudolf Steiner, quanto ao desenvolvimento das funções 
cognitivas na criança em processo de crescimento, tanto físico quanto mental. Parte 
desse consenso é o reconhecimento de que um ambiente de aprendizagem rico, 
 
 
29 
multissensorial é essencial para o pleno desenvolvimento cognitivo e emocional da 
criança. 
Quanto à educação ambiental propriamente dita, voltada para o pensamento 
sistêmico, deve haver uma tentativa de incentivar a busca de significados, procurar dar 
sentido às experiências. Busca de significados é busca de padrões, e essa é a base do 
pensamento sistêmico, é o que permite a compreensão do todo e a avaliação dos 
progressos obtidos ou dos objetivos não alcançados. É fundamental procurar relacionar 
fenômenos físicos e seus desdobramentos, relações de causa e efeito, realizar 
experiências que exemplifiquem essas relações. E também deve ser destacada a 
necessidade de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam 
conforme o crescimento das populações e riscos ambientais que se intensificam de 
acordo com o desenvolvimento econômico. 
A educação ambiental deve, desta forma, passar a ter um caráter formativo, em 
substituição ao tradicional, informativo, que prioriza o acúmulo de informações, sem 
perceber que a compreensão do todo é que leva ao desenvolvimento e à apreensão do 
conhecimento, que depende de todo um processo de acúmulo de experiências, de 
implicações de causa e efeito, além da interiorização de valores ligados à preocupação 
com o futuro da humanidade e do meio ambiente. Hoje, a interdisciplinaridade peca 
pela precariedade e pelo simplismo 
Um conceito essencial a ser trabalhado com os alunos é a cooperação, que virá 
concomitante ao desenvolvimento do pensamento sistêmico, pois a criança perceberá 
que a cooperação resulta em maior facilidade e eficiência na busca de objetivos comuns. 
Assim, será natural chegar a conceitos como ética, moral e valores, compreendendo a 
importância da formação do comportamento através de valores ambientalmente e 
socialmente corretos. Os alunos devem aprender a ter preocupação com questões 
graves, que representem obstáculos para a construção plena da cidadania, ferindo a 
dignidade das pessoas e diminuindo, assim, seu nível de qualidade de vida, como o uso 
indiscriminado dos recursos naturais, a competição extremada visando apenas o lucro 
pessoal, entre outras. 
Nas sociedades democráticas, as atividades encaminhadas para o 
desenvolvimento sustentável dependem, em última instância, do surgimento do 
interesse público, da compreensão e do apoio da população. Isso é decorrência da 
educação, o que significa que é necessária a criação de um círculo virtuoso, em que a 
educação promova essa conscientização, que servirá de estímulo para a continuidade do 
 
 
30 
processo educacional, com o envolvimento da população e a consequente difusão da 
temática da sustentabilidade. 
Talvez o maior problema encontrado pelas pessoas que promovem o 
desenvolvimento sustentável consista em convencer não apenas os que se opõem a suas 
ideias, mas também aqueles que simplesmente “não querem saber”, que representam 
fatia significativa da população mundial. Em geral, os ambientalistas são considerados 
“ecochatos”, que estão mais preocupados com o mico-leãodourado e com as 
samambaias que com a fome e a miséria. O grande desafio é demonstrar que todos os 
temas estão interligados, e a sobrevivência da humanidade e a possibilidade de uma 
justiça social dependem inteiramente da conservação da biodiversidade e da preservação 
do meio ambiente. 
Assim como a biodiversidade, o respeito à diversidade cultural e ideológica é 
essencial para que possamos almejar um mundo economicamente sustentável, 
porquanto só a diversidade de ideias e opiniões, assim como de referências, pode 
permitir o surgimento de avanços na área do conhecimento. Neste sentido, é 
fundamental a troca de experiências entre as diferentes correntes de pensamento, 
provenientes de variadas culturas e lugares do mundo. 
A consciência ambiental deve ser fundamentada tendo em vista os 5 “E’s”: 
ecologia, economia, espiritualidade, ética e educação. É imprescindível compreender 
que estes cinco aspectos estão intrinsecamente ligados, e um não pode se sustentar sem 
os outros. Devemos pensar esses fatores sistemicamente, percebendo sua inter-relação e 
as consequências de sua interação. O habitante de um mundo eminentemente capitalista 
se preocupa, em primeiro lugar, com a economia, que permitirá o avanço tecnológico 
que terá como efeito um maior conforto pessoal. Mas esse conforto não será completo e 
sustentável se não for estendido à maioria da população, pois num quadro de injustiça 
social os menos abastados tendem a se revoltar e impedir que os privilegiados usufruam 
de seu conforto pessoal, através de revoltas populares ou aumento nos índices de 
criminalidade, por exemplo. Para que as riquezas produzidas pela economia sejam 
permanentes, ou pelo menos durem por um longo tempo, é necessário que a ecologia 
seja respeitada, já que os recursos para que a economia funcione vêm da natureza, e se 
estes se esgotarem, a economia entrará em crise. O respeito à ecologia está ligado a uma 
ética ambiental, que norteará os passos dos agentes no sentido de aproveitar ao máximo 
os recursos, causando o menor impacto negativo possível. Para que essa ética possa ser 
difundida, aprimorada e consolidada, o meio mais eficaz é a educação. E, por fim, a 
 
 
31 
espiritualidade é um fator que facilita uma introspecção, através da qual a consciência 
ambiental pode se instalar no ser humano, permitindo uma maior compreensão desta 
relação entre os vários enfoques que devemos dar ao ambiente em que vivemos. 
Além das disciplinas teóricas do currículo escolar, as artes também são um 
instrumento muito eficaz para desenvolver e refinar a capacidade natural de uma criança 
de reconhecer e expressar padrões. Com elas podemos ensinar o pensamento sistêmico, 
além de reforçar a dimensão emocional, cada vez mais reconhecida como componente 
essencial do processo de aprendizagem. Ao propor à criança a realização de uma obra 
artística, fomentamos uma série de estímulos, tanto visuais como intelectuais, que em 
conjunto possibilitarão o planejamento de um objeto, e a criança poderá perceber todas 
as dimensões que compõem o mesmo, assim como os efeitos de seu resultado. 
A execução de uma horta escolar também é um projeto perfeito para 
experimentar o pensamento sistêmico e os princípios da ecologia em ação. Com ela, 
podemos compreender os ciclos biológicos, visualizando como os nutrientes circulam 
pelo ambiente, passando pelos estágios de plantio, cultivo, colheita, compostagem e 
reciclagem, e a cada etapa apreender todos os fatores envolvidos, como qualidade e 
quantidade de terra, adubo e água necessárias, como os limites de cada elemento, e 
como qualquer um destes componentes pode significar risco à vida, se utilizado em 
excesso. 
O enfoque da educação ambiental deve privilegiar problemas locais, de acordo 
com a máxima “pensar globalmente, agir localmente”, com o intuito de aproximar os 
educandos de sua realidade, apresentando a eles uma forma de pensar e solucionar seus 
problemas mais familiares. Nesse sentido, há uma maior possibilidade tanto de interesse 
por parte dos alunos como de surgirem soluções apropriadas e exequíveis, uma vez que 
existe uma chance real de o aluno executaruma ação e verificar suas consequências, 
coisa improvável em caso de questões que envolvam países distantes ou mesmo o 
mundo inteiro. Segundo o 
“Levantamento Nacional de Projetos de Educação Ambiental” dos Ministérios 
do Meio Ambiente e da Educação e Cultura, apresentado durante a I Conferência 
Nacional de Educação Ambiental, realizada em Brasília, em setembro de 1997, os temas 
mais abordados foram locais, enquanto questões metodológicas, avaliação de projetos 
entre outros temas mais complexos e/ou elaborados foram pouco citados, o que 
confirma o argumento acima. 
Ao executar um projeto de educação ambiental, devemos sempre considerar que 
 
 
32 
há envolvimento de interesses, por parte do governo local, das empresas envolvidas e 
mesmo da comunidade. Estes interesses se mostram comumente conflitivos, 
principalmente quando se trata de utilização de recursos naturais ou de intervenções que 
impactem no meio ambiente. Assim, antes da implantação de um projeto nesse sentido, 
temos de pensar nas estratégias de aplicação das ações educacionais, de forma que 
atendam à expectativa do público alvo, sem afrontar os interesses das partes envolvidas. 
Mais à frente, falaremos sobre negociação de conflitos, e essa questão ficará mais clara. 
Outro ponto muito importante é a complexidade das mensagens. A forma de um 
projeto educacional deve ser condizente com a realidade do público a que se destina. 
Não é possível utilizar o mesmo discurso numa sala de aula de pré-primário num bairro 
de classe média-alta e numa favela. As realidades são muito diferentes, assim como as 
referências a que as crianças têm acesso. Do mesmo modo, não podemos repetir em 
uma conferência de empresários a mensagem utilizada com uma associação de bairro ou 
com um grupo de pescadores. Cada público tem suas próprias referências, de acordo 
com seu ambiente e suas experiências, e é primordial respeitar essas características. 
Esse respeito é básico para que o educador possa ter sucesso no processo de 
comunicação, que é o início do desenvolvimento educacional. 
Talvez fosse recomendável fazer uma consulta à população quanto à 
possibilidade de uma reforma curricular no sentido de priorizar a educação ambiental, 
repensando toda a estrutura curricular vigente, mas isso só teria efeito satisfatório num 
cenário em que a população estivesse suficientemente informada a respeito. É ilusório 
acreditar que em países com baixo nível educacional, como o Brasil, os cidadãos 
tenham preparo e informação que possibilitem a tomada de decisões a respeito de temas 
importantes e complexos como a questão da educação ambiental. Em países com essas 
características, o poder público deve ter consciência e introduzir esta temática nos 
parâmetros curriculares sem o preciosismo de procurar o referendo do povo. Não se 
trata de impor autoritariamente um programa de ensino homogeneizador, mas de 
priorizar questões mais amplas, que demonstrem a importância do pensamento 
sistêmico, respeitando as peculiaridades de cada grupo social. 
No Brasil, devido à urgência social, o meio ambiente é sugerido como tema 
transversal nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ministério da Educação e 
Cultura, mas trata-se apenas de proposta, os professores não estão obrigados a aceitar, e 
os temas transversais ainda não são satisfatoriamente valorizados pelo professorado, em 
parte por causa da falta de formação e informação, em parte pelo comodismo de grande 
 
 
33 
parte dos professores, que preferem continuar com suas aulas tradicionais, que 
demandam menos trabalho para o preparo, dispendendo, assim, menos tempo e esforço 
intelectual. 
Por esses motivos, os governantes devem fomentar o aperfeiçoamento dos 
professores, oferecendo cursos e bolsas de estudos para que estes estejam sempre em 
desenvolvimento, tomando contato com as novidades de suas áreas e aprendendo a 
inovar em suas aulas, além de conhecer novas pessoas e trocar experiências, o que 
sempre contribui para o autodesenvolvimento e para o crescimento individual, e como 
consequência, o professor volta para a sala de aula com um novo ânimo para repassar 
aquilo que aprendeu no curso. 
Algumas questões que devem ser pensadas pelos educadores ambientais e por 
seus alunos, e que podem nortear o trabalho educacional no sentido de buscar a 
participação coletiva: O que cada um entende por educação? O que entende por ser 
humano? O que entende por cidadania? O que entende por meio ambiente? O que 
entende por educação ambiental? O que entende por autoconhecimento? O que julga 
importante para que o ser humano desenvolva a educação ambiental? O que cabe a cada 
um fazer pela educação ambiental? 
Atividades práticas devem ser desenvolvidas em paralelo ao ensino teórico, para 
que haja uma potencialização do aprendizado, pois quando um aluno tem experiências 
práticas, ocorre um outro nível de compreensão, e isso permite que absorva com maior 
eficiência e rapidez o que acabou de conhecer. 
Um bom sinal para a perspectiva de avanços na educação ambiental, e 
consequente desenvolvimento da conscientização popular, é o fato de, recentemente, 
muitos órgãos públicos virem desenvolvendo projetos de educação ambiental no Brasil. 
Além do Estado, várias empresas e escolas estão criando setores e/ou passando a apoiar 
projetos, surgiram inúmeras ONG’s ambientalistas, multiplicaram-se as iniciativas 
particulares, alguns financiamentos começam a exigir como contrapartida 
desenvolvimento de projetos com temática ambiental, e a responsabilidade social e 
ambiental vem tomando espaço importante dentro das organizações, que percebem que 
este tipo de atitude pode ser utilizada como propaganda de suas empresas, como 
consequência do aumento de pessoas preocupadas com este tipo de questão. Um outro 
aspecto é o crescimento do número de consumidores conscientes, que selecionam os 
produtos e serviços que irão utilizar de acordo com os selos de responsabilidade social e 
ambiental. Então, as certificações passam a ter importância no sentido em que o 
 
 
34 
consumidor passa a exigir mudanças na atitude das empresas. 
“Hoje não seria exagero falar-se em milhares de experiências de educação 
ambiental em todo o país, atestando a riqueza e diversidade de ações voltadas à proteção 
do meio ambiente, à melhoria da qualidade de vida, à preservação das espécies e 
ecossistemas, e à participação dos indivíduos no planejamento e gestão de seus espaços 
e de seu futuro. (...) Como reforçar estas experiências e a partir delas influenciar na 
elaboração de políticas públicas?” 
Além das ações governamentais, entidades privadas também têm se envolvido 
crescentemente no sentido de incentivar projetos de educação ambiental. A Second 
Nature, de Boston, por exemplo, é uma organização educacional que colabora com 
muitas instituições de ensino para tornar a educação para a sustentabilidade parte 
fundamental na vida universitária. No Brasil, este tipo de incentivo ainda é incipiente, 
pois as organizações privadas não têm a estrutura necessária para implementar grandes 
projetos. Entretanto, muitas organizações não governamentais têm se prontificado a dar 
um suporte aos estudantes, além de realizar projetos em convênios com as 
universidades. 
Pensar o ambiente ecologicamente sustentável, atualmente, nos mostra que a 
“verdade” científica é insuficiente, agora se trata de viver a “aventura do 
conhecimento”, ou seja, procurar um ousar permanente, que não permita acomodação, 
que esteja sempre instigando a ampliar e melhorar o conhecimento, já que a natureza e o 
avanço tecnológico não param de mudar continuamente, e a ciência ambiental deve 
acompanhar a evolução. 
É muito importante, quando se estiver pensando a elaboração de um projeto, que 
anteriormente à apresentação, seja efetuada uma pesquisa, que contenha informação a 
respeito do projeto, fundamentação técnica, vise um desenvolvimentopermanente, 
preveja aprofundamento durante a execução, além de cruzar temas, o que enriquece o 
projeto, ao mesmo tempo em que abre a possibilidade de integração com outros 
projetos, já existentes ou que venham a ser formulados. 
Existem atualmente diversas correntes do pensamento em educação ambiental, 
sendo que as principais serão brevemente apresentadas a seguir, ressalvando que não 
existe uma mais correta que outra, ou mais preocupada com o meio ambiente que as 
demais. As diferenças de visão são o que anteriormente destacamos como a diversidade 
de opinião que permite o avanço nas teorias, e que só contribui para a sustentabilidade e 
o desenvolvimento do pensamento ecológico. 
 
 
35 
Uma das principais correntes é a chamada “conservacionista” que está presente 
principalmente em países economicamente desenvolvidos, que prioriza a divulgação de 
impactos ambientais causados pelo atual modelo de desenvolvimento, demonstrando 
que a utilização excessiva e desenfreada de recursos naturais terá como resultado o 
colapso dos ecossistemas, e consequentemente dos meios de produção, o que levará à 
insustentabilidade da economia e à incapacidade da sociedade de se perpetuar. 
Outra corrente, designada “educação ao ar livre”, é formada principalmente 
pelos naturalistas, escoteiros, grupos de espeleologia, montanhismo, caminhadas, 
acampamento etc., e procuram incentivar o turismo ecológico, através do qual acreditam 
que será possível conscientizar boa parte da população, principalmente os chamados 
“formadores de opinião”, aqueles que têm condições financeiras de viajar para países 
distantes, onde os ecossistemas estão bem melhor conservados que em seus países de 
origem, e retornar passando suas experiências, multiplicando esse novo saber através do 
fazer cotidiano, individual e social, possibilitando significativas mudanças em seu 
ambiente, a partir da percepção pessoal. 
A corrente denominada “gestão ambiental” pauta-se pela resistência a regimes 
autoritários, embates contra a poluição e as mazelas de um sistema predador do 
ambiente e do ser humano. Está presente em muitos países do hemisfério Sul, onde é 
ainda incipiente a conscientização ambiental, países em que é alto o índice de 
analfabetismo e, consequentemente, baixo o nível de consciência social e ambiental da 
população. Os adeptos desta corrente visam conscientizar a população do país através 
de ações locais, e acreditam que as mudanças são possíveis a partir do momento em que 
haja participação popular, já que a pressão da população é arma importante contra 
governantes ilegítimos e autoritários, bem como contra empresários mais preocupados 
em auferir lucros a qualquer custo, sem se preocupar com os riscos ambientais 
provocados por suas indústrias, mesmo porque geralmente suas matrizes se encontram 
em países distantes, e caso os recursos se esgotem num lugar, poderão ser buscados em 
outros países. 
A última corrente que será aqui apresentada tem duas denominações: “economia 
ecológica” ou “ecodesenvolvimento”, baseada na geração e difusão de tecnologias 
alternativas. Esta corrente é formada por grandes empresários e intelectuais conscientes 
da situação em que se encontra o planeta, e que sabem de seu papel para viabilizar o 
desenvolvimento sustentável e sociedades sustentáveis. 
No Brasil, ocorrem algumas dificuldades no processo de desenvolvimento da 
 
 
36 
educação em função das dimensões e diversidade do país, e da falta de tradição de 
comunicação entre educadores. Isso prejudica a troca de experiências e informações 
entre as escolas e entidades, que poderiam se aperfeiçoar utilizando experiências 
alheias. Não se trata de homogeneizar o ensino em todo o país, pois este tipo de 
educação tende a afastar o interesse do aluno e a se distanciar da realidade local, mas de 
permitir que, através da troca de informações e experiências, possam surgir novas 
ideias, que permitirão um melhor aproveitamento do ensino ecológico. A educação 
ambiental deve ser um instrumento para esse objetivo, evitando ações isoladas, 
desencontradas, que possam fragilizar as propostas e ações. 
A seguir, são sugeridos alguns temas e objetivos que devem ser considerados no 
processo de educação ambiental: 
✓ Biológicos: proteger, conservar e preservar espécies, ecossistemas e o 
planeta como um todo; conservar a biodiversidade e o clima; detectar as causas da 
degradação da natureza, incluindo a espécie humana como parte desta; estabelecer as 
bases corretas para a conservação e utilização dos recursos naturais. 
✓ Espirituais/culturais: promover o autoconhecimento e o conhecimento do 
Universo, através do resgate dos valores, sentimentos e tradições e da reconstrução de 
referências espaciais e temporais que possibilitem uma nova ética fundamentada em 
valores como verdade, amor, paz, integridade, confiança, respeito mútuo, 
responsabilidade, compromisso, solidariedade sincrônica e diacrônica, iniciativa, 
cooperação, pluralismo, ética, criatividade, afetividade, resistência, participação, 
igualdade, espiritualidade, diversidade cultural, felicidade e sabedoria, visão global e 
holística. 
✓ Políticos: desenvolver uma cultura de procedimentos democráticos; 
estimular a cidadania e a participação popular; estimular a formação e aprimoramento 
de organizações, o diálogo na diversidade e a autogestão política. 
✓ Econômicos: contribuir para a melhoria da qualidade de vida através da 
geração de empregos nas atividades “ambientais”, não alienantes e não exploradoras do 
próximo; caminhar em direção à autogestão de seu trabalho, de seus recursos e de seus 
conhecimentos, como indivíduos e como grupos/comunidades. 
✓ Debate entre pontos de vista. 
Fabio Cascino, ao propor uma reflexão sobre os currículos, levanta com muita 
propriedade a questão da espiritualidade, da importância da paz tanto interior como 
exterior para que o ser humano tenha condições de lutar por um mundo mais 
 
 
37 
equilibrado. E afirma que “não lutar por esses romantismos pode significar aceitar a 
barbárie”, pois a mentalidade competitiva do capitalismo, ao ignorar a importância dos 
valores espirituais, acaba relegando o bem-estar psicológico das pessoas a um plano 
inferior. 
 
Meio ambiente e sociedade 
 
No contexto apresentado, fica claro que o homem é o agente de soluções e 
realizações, tanto quanto das destruições e degradações do meio ambiente. Assim, 
depende do próprio ser humano conscientizar-se desse fato e tomar as devidas 
providências para que seja modificada sua atitude em relação às questões ecológicas, 
possibilitando a tão almejada sustentabilidade. Ademais, não é possível resolver os 
problemas do meio ambiente a menos que os problemas sociais e econômicos que 
assolam a humanidade sejam enfrentados seriamente por toda a sociedade organizada, 
incluídos aí os governos, as grandes corporações e as organizações não governamentais. 
É essencial, nesta conjuntura, perceber a importância da cultura e do 
conhecimento como alimentos do crescimento, da liberdade e do desenvolvimento 
social; valores como humanismo, fraternidade e respeito devem ser adotados como 
direitos universais, no intuito de contribuir para uma maior coesão da sociedade, em 
busca de um mundo mais justo socialmente, em que a economia tenha como objetivo o 
desenvolvimento de toda a sociedade, e não o enriquecimento de alguns privilegiados. 
Outro aspecto importante é o respeito à diversidade de culturas e etnias, pois, 
como visto anteriormente, são as diferenças que permitem o aprendizado e o 
crescimento, através das trocas de experiências e do surgimento de ideias novas e 
diferentes. Respeitar culturas e modificá-las na medida do necessário, sempre levando 
em consideração suas particularidades e seu próprio tempo de mudança, para que não 
haja alterações profundas em um período curto, o que pode gerar traumas e resistências, 
além da descaracterização

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