Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fernanda Mol Do Mito à Filosofia 1. Origem existencial da filosofia 1.1. Pitágoras: Contemplação= “ver o divino” Tipo de vida própria do filosofo: “vida contemplativa” Filosofamos, conforme Pitágoras, porque não somos sábios como os deuses, não conhecemos a verdade e somos movidos pelo desejo natural de conhece-la. 1.2. Aristóteles O filósofo se admira e espanta-se diante de tudo o que existe e por isso, ciente de sua ignorância, contempla buscando conhecer a si mesmo e ao mundo que o cerca. Segundo Aristóteles, filosofar diz respeito a todos já que compartilhamos uma razão (logos) e somos igualmente movidos pelo desejo natural de conhecer. O saber filosófico seria “desinteressado” já que é um saber buscado por si mesmo, e não por possibilidade de obtenção de alguma verdade. Esse saber é um fim em si mesmo. 2. A origem histórica da filosofia 2.1. Saber oriundo do Oriente ou “milagre grego” A tese intermediária dessa questão é a de que a filosofia não é fruto exclusivo do “milagre grego” nem uma mera adaptação de saberes vindos do oriente. 2.2. Condições que permitiram o surgimento da filosofia Viagens marítimas; invenção do calendário; escrita alfabética; surgimento da vida urbana; política* *Politicamente vale ressaltar que a invenção da cidade- estado representou um grande passo. Isso porque o âmbito político passou a ser “secularizado”, já que a política passava de um domínio religioso a um regime leigo. Houve uma distinção entre ordens privadas (como crenças) e a ordem pública (participação e decisões políticas). Por tal motivo, a participação política tinha um espaço especial: a ágora. Fazer política era, portanto, um direito e um dever. 3. A mitologia 3.1. O que é mito -Não é cronologicamente situável; - Cosmogonia: mito relata como se originou a ordem que caracteriza o próprio modo de ser da natureza, -Protagonizados por entes sobrenaturais obs.: o mito conta com a adesão e a aceitação daqueles indivíduos para os quais é narrado (ainda para que seja possível ser repassado). Conta com um caráter dogmático, não estando sujeito à crítica ou ao questionamento. 3.2. A mitologia grega Cada deus grego encarnava em algum aspecto da vida, uma forca ou elemento da natureza [...] Todos eram imortais, gostavam de se intrometer nos assuntos e negócios humanos e possuíam poderes sobrenaturais. 3.3. Do mito ao logos Mito: narrativa x Filosofia: explicação racional Explicar é estabelecer uma conexão entre efeito e causa. O mito é, ao contrário da filosofia, uma narrativa imaginada pelos seres humanos, sem uma explicação racional. A filosofia surge quando o logos (explicação racional do real por causas reais e naturais) “domina” o mito e vai se impondo como a forma dominante de entendimento e de compressão do mundo natural e humano. 4. O nascimento da filosofia Séc VI a.C., nas colônias gregas espalhadas pelo Mar Mediterrâneo (especialmente Mileto) 4.1. Os principais períodos da filosofia grega Período pré-socrático/cosmológico: Tales até os sofistas Principais escolas: Jônica, Italiana, Eleata e Atomista Investigavam a origem do mundo e as causas das transformações na natureza. Conceitos importantes do período Caos: desordem, desarmonia Cosmos: ordem, harmonia, racionalmente organizado por uma relacao hierárquica de causa e efeito. Mito: baseado na imaginação (cosmogonia: cosmo=ordem, gonos=narrativa) Logos: discurso racional (cosmologia: cosmo=ordem, logia=logica, racionalidade) 5. A filosofia pré-socrática “pensamento filosófico-científico.” Arché: fundamento, origem, princípio. Os primeiros filósofos gregos buscavam a arché, ou seja, o elemento originário ou primordial de tudo o que existe. Buscavam também explicar o movimento. 5.1. Os filósofos pré-socráticos Tales de Mileto Arché: água Heráclito de Éfeso: Arché: fogo Devido ao caráter dinâmico da realidade que mescla mudança contínua, constate e harmonia. Era um representante do imobilismo: tudo é fluxo constante “ninguém nunca entra duas vezes no mesmo rio” - as águas do rio nunca são as mesmas e nos nunca somos os mesmos. Conforme seus interpretes, a realidade possui uma “unidade na pluralidade”, encontrada em representação de complementariedade. Ex.: dia e noite. Pitágoras de Samos Arché: números Demócrito de Abdera Arché: átomos (escola atomista) (materialistas) Parmênides de Eleia: “aquilo que é não pode ser” - dualidade entre a realidade e a aparência. Para Parmênides a mudança seria apenas uma ilusão dos nossos sentidos, cujas impressões são ilusórias, imprecisas e mutáveis, ao passo que o caminho da verdade é o do pensamento e da razão. Lei da identidade: uma coisa é sempre idêntica a si mesma e não pode tornar-se outra sem perder a identidade que lhe é própria e, portando, deixar de ser. Mito Filosofia Dogmático ceticismo Apelo ao sobrenatural racional e natural Fernanda Mol O problema da verdade 1. Contexto histórico “O século de Péricles” - grande prosperidade ateniense Tem fim com o fim da guerra do Peloponeso que arruinou Atenas diante do poderio de Esparta. 1.1. Da aristocracia à democracia A democracia em Atenas surgiu no governo de Péricles que, contraditoriamente, era um aristocrata. Aristocracia: poder no grupo “dos melhores” Para Aristóteles, a oligarquia (governo de poucos voltado ao interesse próprio) seria a forma corrompida da aristocracia. A origem das cidades-estados (poleis) gera a necessidade de uma nova forma de organização social e política. A iniciação da democracia deve-se a Sólon representando à vontade por participação de indivíduos excluídos. A democracia ateniense era direta, mas excludente (10% da pop. era cidadã). 2. Os sofistas: mestres na arte de ensinar Anteriormente sofistas eras sábios professores que ensinavam mediante pagamento. As ideias de Sócrates e Platão tornaram esse termo, de certo modo, pejorativo, fazendo-o significar aquele que não tem compromisso com a verdade e que se vende para quem mais pagar. Por ensinaram jovens de elites, tiveram influência sob os rumos da política. Deste modo adquiriram muitos inimigos, especialmente entre os aristocratas que os culpavam de terem contribuído para a derrocada de seu poder. Os sofistas defendiam uma concepção subjetivista e relativista do conhecimento, sendo este sinônimo de fenômeno, ou seja, perceptíveis aos sentidos podendo variar diante da análise de cada indivíduo. Não haveria uma verdade, um bem ou qualquer outro valor que fosse absoluto. Só existe o verdadeiro segundo a opinião de cada indivíduo. Os sofistas utilizavam-se da arte da persuasão para que sobressaíssem como melhores não as opiniões mais próximas à verdade, mas aquelas que são mais vantajosas ou úteis e, por isso, eram criticados por Sócrates, Platão e Aristóteles. 3. Sócrates: educador e “parteiro” das ideias Não escrevia por acreditar que a filosofia é uma atividade essencialmente dialogal. Sócrates não se curvava às convenções sociais e defendia a necessidade de pensar sobre questões mais importantes da vida. Através do diálogo causava incomodo. Assim como os sofistas, ocupou- se inicialmente de questões éticas, investigando o fundamento dos valores que as pessoas escolhiam para orientar suas vidas, mas não convencia os outros com seus argumentos, apenas agia como um “parteiro das ideias”. Morreu em nome da liberdade de pensamento. 3.1. Método socrático: a ironia e a maiêutica de levar o interlocutor a realizar um “exame de si mesmo”, purificando-se de falsas opiniões e livrando- Para o filósofo um dos maiores impedimentos para se alcançar a verdade é achar que já se sabe. Sócrates se dizia mais sábio por ter ciência de sua ignorância. A “ironia socrática” era uma estratégia do filósofo de, ao declarar-se ignorante, desmascarar seu saber aparente. Questionava para mostrara contrariedade existente entre a doxa (opinião) e a episteme (verdade). Seus objetivos eram se de um saber presumido para depois conduzi-lo à busca do verdadeiro saber. Essa segunda parte é chamada maiêutica (parto) porque o saber já está na alma, devendo apenas ser suscitado ou desenvolvido pela conversação filosófica. Sócrates era a favor do desapego das riquezas, do poder, da fama e da beleza. Defendia a necessidade de aprender a governar a si mesmo e ter autodomínio. 4. Platão: a invenção da metafísica obs.: no contexto platônico, “mito” se refere ao modo simbólico pelo qual Platão procura comunicar seu pensamento. A teoria das ideias tem como base uma ideia metafísica da realidade, tratando-se de uma concepção segundo a qual a realidade teria 2 dimensões: uma física ou sensível e uma não física, suprassensível ou metafísica. Não existe apenas aquilo que comumente chamamos de realidade (sentidos). Existe uma realidade ideal à qual o mundo físico deve sua existência e sua possibilidade de ser conhecido. *Os sentidos não nos mostram como as coisas realmente são, mas sim como elas estão em determinado momento*. Postulou a existência de uma outra realidade (metafísica, pois se encontra além do mundo físico), verdadeira por ser imutável, eterna e perfeita. 4.1. O “mito da caverna”: o que é a realidade? Tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na razão acima dos sentidos. Nossos medos e comodismos nos atrapalham na hora de tentar algo novo e descobrir um mundo diferente fora de nossa caverna. Ficar dentro da caverna é mais fácil por não nos tirar da zona de conforto. Conclusões acercado mito da caverna: .:Os prisioneiros: são os homens comuns que vivem em um mundo limitado, presos as crenças costumeiras. .:A caverna: nosso corpo e nosso sentidos, fonte de conhecimento errôneo e enganoso .:As sombras na parede e os ecos na caverna: sombras e ecos nunca são projetados como o que os ocasiona realmente é. As sombras são distorções imagéticas e os ecos são distorções sonoras. Esses elementos simbolizam, portanto, as opiniões erradas e o conhecimento preconceituoso do senso comum que julgamos verdadeiro. .:A saída da caverna: busca pelo conhecimento verdadeiro .:Luz solar: por ofuscar a visão do prisioneiro libertado, colocando-o em uma situação de desconforto, é o conhecimento verdadeiro, a razão e a filosofia. 4.2. O “mito da linha dividida” 1: Eikasía: percepção de segunda mão, das cópias ou imagens das coisas que existem no mundo sensível. 2: Pítis/Doxa: conhecimento dos sentidos, crença depositada nas nossas percepções que aceitamos passivamente. 3: Dianoia: raciocínio lógico ou discursivo. 4: Nóesis ou episteme: conhecimento das essências, da ideia como princípio da realidade do conhecimento. Intelecto atinge as formas inteligíveis por meio de uma intuição ou visão intelectual, alcançando o verdadeiro saber. Fernanda Mol Os últimos pensadores gregos antigos 1. Contexto histórico Aristóteles nasce na Macedônia, estuda na academia de Atenas e depois volta para ensinar Alexandre. Em sua escola ele ensinava andando= peripatética. Os macedônios eram vistos como bárbaros pelos gregos, mas Felipe II arquitetou a conquista das cidades gregas que estavam enfraquecidas. Alexandre dá continuidade ao expansionismo do pai e deixa um dos mais vasto impérios. Quando Alexandre morreu, o império foi dividido. Os atenienses se rebelaram contra a dominação macedônica levando Aristóteles a fugir de Atenas. Em 322 a.C. ele morreu no Cálcis. O desaparecimento da época de ouro das cidades-estados gregas significou um golpe que destruiu a liberdade política, antes um valor fundamental. Essa ausência de liberdade e tranquilidade no mundo político conduziu, por sua vez, à busca de liberdade e tranquilidade interiores. As escolas do período caracterizavam a busca de um ideal de vida que cada ser humano pudesse seguir por meio de recursos próprios, dependendo apenas de si mesmo, como a imperturbabilidade a sabedoria e a felicidade. 2. Aristóteles: importância da realidade sensorial Conforme Aristóteles, podemos distinguir entre o sensível do inteligível mostrando os papeis que cada um deles exerce no processo de conhecimento sem termos que duplicar a realidade, como fez Platão. Diferentemente de Platão, Aristóteles valoriza a realidade em que nos situamos assim como os sentidos por meio dos quais a conhecemos, por entender que o intelecto humano é capaz de formular conceitos seguros com base nas informações dos sentidos. 2.1. Teoria do conhecimento de Aristóteles Todo o nosso conhecimento se origina da sensação. 10 passo: experiencias sensíveis 20 passo: memória (reter dados das percepções sensoriais) 30 passo: experiencia (capacidade de estabelecer relações entre os dados sensoriais retidos pela memória) 40 passo: Arte ou técnica. O coconhecimento técnico seria superior ao conhecimento prático já que o primeiro leva ao conhecimento da causa enquanto o segundo não. A arte ou técnica tem um caráter eminentemente práticos, pois visa a fins específicos e utilitários. O conhecimento científico (episteme), é um conhecimento livre, gratuito, pois possui um fim em si mesmo e corresponde a curiosidade natural humana e conhecer. Para conhecer a essência mesma das coisas é preciso se perguntar quais são suas propriedades essenciais, aquelas que dizem respeito ao universal e não ao particular. Ciência universal=Metafísica. 2.2. Noção de substância e teoria das 4 causas Substância: ser no seu sentido fundamental Características/propriedades das substâncias: ® Essenciais: faz com que algo seja o que é ® Acidental: presença ou ausência não faz com que um ser deixe de ser o que é. Diferentemente de Platão, Aristóteles acreditava que a essência das coisas e dos seres estaria neles mesmo e não numa realidade à parte, num mundo inteligível. ® Matéria: elemento de que as substâncias individuais são feitas. ® Forma: princípio que determina a matéria e lhe proporciona as virtualidades ou potencialidades contidas na matéria. Teoria das quatro causas -Material: matéria que constitui um corpo -Formal: a forma que a matéria possui para constituir um determinado corpo -Eficiente: operação que faz com que uma materia passse a ter determinada forma -Final: motivo ou razão pela qual uma determinada matéria passa a ter certa forma. (+ importante). Tudo existe por um propósito, nada é casual ou aleatório. A movimento corresponde a um processo de atualização de potencialidades em direção a uma finalidade única determinada para realizar plenamente sua propriedade essencial (télos). 3. Ética e política: felicidade e bem comum Ética e política: ciências teóricas por se referirem à conduta dos seres humanos. Ser humano é seu foco por ser agente e finalidade da ação. A finalidade última do ser humano seria a felicidade. Não seria possível entender o homem isoladamente, sendo preciso analisá-lo em convívio com os demais. Acreditava que o indivíduo existe em função da cidade e coloca o bem comum acima do individual. 3.1. Ética aristotélica: felicidade, virtude e mediania A finalidade de todas as ações seria a felicidade. É impossível dizer para que serve a felicidade já que ela é nosso fim último. Se ela servisse para alguma coisa, seria apenas mais um meio. Aristóteles aponta que o mais feliz dos homens é o filósofo, uma vez que dedica a vida à busca da verdade. Também seria possível ter acesso à felicidade pelas virtudes, adquiridas pela prática. A ética indica aos seres o caminho para a vida virtuosa. A virtude seria uma mediana entre 2 extremos, cada um dos quais é um vício. Vício: sentimento marcada pelo excesso ou pela falta Virtude: equilíbrio e pela moderação. 3.2. A política O estado seria criado com o intuito de bem comum Formas de organizaçãohumana: -Família -Aldeia -Estado Cidadão: quem participa Formas de Estado legítimas / formas corrompidas Monarquia x Tirania (interesse pessoal) Aristocracia x Oligarquia (ricos) Politeia (governo da maioria) x Democracia (demagogia atual, ou seja, interesse dos mais pobres) A política deve ser exercida sempre em favor do bem comum. Via a politeia como a forma de governo mais conveniente para a cidade, já que ela se mostra mais apta a favorecer a igualdade, concedendo a todos a liberdade de participar do governo da polis. 4. As éticas helenísticas Epicurismo (hedonismo): homem busca evitar a dor (mal moral) e alcançar o prazer moderados (felicidade) que conduziriam a ataraxia. “quadruplo remédio”: tetrapharmakon. Estoicismo: a felicidade identifica-se com a exigência do bem, ditada pela razão. São deterministas, acreditando que tudo ocorre tal como deveria e deve ser aceito. O sábio seria aquele que procura viver conforme a natureza, distinguindo o que depende e o que não depende dele para alcançar a ausência de perturbações. Ceticismo: Nutrem uma desconfiança absoluta diante da “verdade”, valendo-se de uma suspensão do juízo ao buscar. Fernanda Mol A filosofia medieval Contexto Histórico A característica principal é a tentativa de união entre a cultura filosófica grega antiga com a religião crista. Vale lembrar que I.M. foi altamente influenciada pela Igreja Católica, logo, os filósofos desse período reforçavam o poder da igreja relacionando-o com a fé e a razão, a existência e a influencia de Deus e os propósitos da teologia e da metafisica. O raciocínio teológico valia-se de métodos filosóficos para refletir e sistematizar a doutrina crista. Patrística: St. Agostinho Influenciado pelo maniqueísmo. A relação entre fé e razão Agostinho teve como base de seu pensamento o neoplatonismo de Plotino e os ensinamentos cristãos, Considera o platonismo a verdadeira filosofia, sendo necessária para a compreensão da verdade revelada por Deus. Por tal motivo, defendia a aproximação entre a fé e a razão. Entretanto, acreditava a razão de mundo definida pela filosofia ser limitada, precisando estar em conjunto com a fé. “Crer para compreender”. Para o filosofo, a fé estimula e promove a inteligência e está fortalece e clarifica a fé. Fe e razão são complementares! A teoria da iluminação divina Os humanos seriam capazes de reconhecer verdades eternas, necessárias e imutáveis: Deus. Segundo o filosofo, Deus seria o responsável por transmitir a luz, ou seja, a capacidade de conhecer a verdade. Assim, para Agostinho, as verdades eternas e imutáveis a que se referia Platão tem sua sede em Deus, já que este é a verdade. Não é possível reconhecer Deus por uma recordação (como defenderia Platão), mas sim por um ato de interiorização pela qual a razão toma consciência da presença de Deus. Logo, o homem precisa olhar para seu interior para descobrir a verdade. O problema do mal: livre-arbítrio A existência do mal entra em conflito com a com a existência de um Deus bom, onipotente e onisciente. Opostamente ao maniqueísmo, que considera a existência do bem (luz) e do mal (trevas), Agostinho acreditava apenas na existência do bem, sendo o mal a ausência ou privação do bem. Partindo da perspectiva de que cada ser/coisa tem seu sentido e a sua razão, tudo é positivo, tornando-se “mal” por uma visão deturpada que temos. Por exemplo, um animal nocivo ou um desastre natural são considerados males por nós, mas não são males por si mesmos, mas considerados assim pelo fato de nossa visão ser limitada e superficial. A origem do mal estaria no livre-arbítrio, concedido por Deus, donde todo mal seria o resultado da escolha do afastamento do bem- escolha pela qual somos responsáveis. Contexto Histórico O surgimento das universidades O caráter questionador dessas instituições leva a aplicação da razão no campo da fé, a fim de sistematizar e compreender as crenças. A razão continuava serva da fé, de forma que os escritos filosóficos eram utilizados seletivamente, visando, em concomitância com a interpretação bíblica, encontrar argumentos para a defesa e explicação da fé. Tradição filosófica árabe Traduções islâmicas dos textos gregos antigos (especialmente de Aristóteles) começam a circular pelo ocidente e, com o tempo, o acesso a essas obras levou-a a ser lida e assimilada pelos pensadores católicos. Escolástica: St. Tomas de Aquino A Escolástica foi uma filosofia que esteve inspirada nos ideais dos filósofos gregos Platão e sobretudo, seu discípulo Aristóteles, além de ter uma fundamentação cristã baseada nas revelações contidas na Bíblia Sagrada. A Escolástica pode ser considerada um método de pensamento crítico que influenciou as áreas do conhecimento das Universidades Medievais. Nesse método de aprendizagem diversas disciplinas estavam inseridas no currículo, e estavam divididas em: * Trivium: gramática, retórica e dialética * Quadrivium: aritmética, geometria, astronomia e música Tomás de Aquino foi um filósofo e sacerdote católico que apresentou em suas teorias a proposta da prova da existência de Deus por meios de cinco caminhos, as cinco vias de São Tomás. Partindo da filosofia de Aristóteles, ele conseguiu unir Fé e Razão. Relações entre fé e razão para St. Tomas de Aquino Não é possível haver contradição entre as verdades da razão e as verdades da fé, já que ambas são oriundas de Deus e se ajudam. Tanto o que pertence a razão, quanto o que nos é assegurado pela revelação divina são necessariamente verdadeiros e, por isso, razão e fé são contrarias ao erro. As 5 vias de St. Tomas de Aquino [Provam a existência de Deus] Argumento do primeiro motor: Segundo Aristóteles, todo movimento tem uma causa. Para Tomas, o primeiro motor é Deus, pois é a causa última de todo movimento, mas por nada pode ser movido. Primeira causa eficiente: (causa da existência) Nada possui em si mesmo a causa eficiente de sua própria existência. Logo, a primeira causa eficiente não poderia ser causada por nada e, por isso, só pode ser Deus. Argumento do existente necessário: As coisas do mundo são contingentes (existem e podem igualmente deixar de existir). Há um ser que sempre existiu, cuja existência seja necessária, não contingente, que tenha em si mesmo causa da existência e da necessidade de todos os seres contingentes (deu existência as coisas). Logo, este ser tinha quer ser eterno e ser a causa necessária de tudo que existe e, este ser é Deus. Argumentos do grau do ser: Verifica-se que há graus de perfeição nos seres. Uns são mais perfeitos que outros, são mais belos, são mais verdadeiros, etc. Este juízo nós humanos o fizemos diariamente. Tomás de Aquino partiu deste raciocínio, concluindo que deve existir um ser que tenha o padrão máximo de perfeição, e que este ser é a causa da perfeição dos demais seres. Este ser, então, é Deus. Argumentos da finalidade do ser: Existe uma ordem no universo, em que cada coisa está cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade. No entanto, não se chega à ordem pelo acaso e nem pelo caos. Logo, há um ser inteligente que dispôs o universo na forma ordenada e que dirige todas as coisas para que cumpram seu objetivo. Este ser é Deus. Fernanda Mol Filosofia política moderna Contexto histórico O renascimento (porta de entrada da modernidade) Sec. XV e XVI- emancipação das ideias da I.M. e a valorização da cultura greco-romana. As principais características são o humanismo e o antropocentrismo. Esse período foi marcado de um retorno ao paganismo visto como suspeito pelo cristianismo vigente. Reforma protestante Conduzida por Lutero, esse movimento levou um número de católicos a separarem-se da Igreja Romana e fundar o protestantismo por uma reação de inconformidade dos que estavam descontentes em relação aos rumos da I.C. (corrupção e depravação moral). Revoluçãocientifica Rompendo com o modelo geocêntrico/ptolomaico que possuía aval e chancela da I.C., Nicolau Copérnico defende o modelo heliocêntrico. Galileu Galilei, após demonstrar empiricamente a veracidade do modelo copernicano e não ter a atenção dos membros da igreja, teve que se retratar para evitar ser queimado pelo tribunal da inquisição (mas permaneceu fiel as suas ideias). O Iluminismo (sec. XVIII/das luzes) Definição: movimento filosófico, político, artístico e cultural caracterizado pela crença nas potencialidades libertadoras da razão e do conhecimento. Características: luta contra os abusos e os preconceitos que dominaram o pensamento durante séc. Missão: libertar o espirito humano da ignorância, da superstição e da submissão as autoridades constituídas e, assim, ao desenvolver sua razão e torna-lo consciente de seus direitos, conduzi-lo `a felicidade. Maquiavel Viveu em um momento político extremamente conturbado já que, não unificada, a Itália era formada por 5 grandes estados regionais que viviam em conflito constante. O pensador rompe com o pensamento antigo greco-medieval em vários aspectos. Para Maquiavel, a ordem política é construída pelas pessoas no intuito de evitar o caos e a barbárie e, uma vez alcançada, não é definitiva, devendo ser fruto da atenção e do trabalho constante daquele que está no exercício do poder, dado que não é certo, necessário e estável no espaço da política. Maquiavel fundou o realismo político ao valer-se “verdades efetivas das coisas”, recusando qualquer idealização da vida política e que não deixa de considerar a feiura da verdade Apesar de acreditar que o ideal seria ser ambos, diz que seria melhor um governante (príncipe) ser temido do que amado, pois os indivíduos só respeitam aquele a quem temem, enquanto o amor algo mais volúvel. Este último, por ser mantido por uma corrente de obrigações se rompe quando deixa de ser necessário já que os homens são egoístas. “O temor nunca falha, pois é mantido pelo medo da punição.” Seria do conflito originado da luta das pessoas pela satisfação de seus interesses e necessidades que tanto exige quanto justifica a existência do poder, entendido como instancia mediadora de conflitos. A política apresenta-se como atividade constitutiva da existência coletiva, sendo o Estado o poder central soberano que legisla e decide sobre todas as questões, tanto internas quanto externas, que interessam e dizem respeito `a coletividade. O detentor do poder de Estado pode e deve fazer tudo para assegurar tal poder, inclusive valer-se da forca e da crueldade quando necessário, mas sem, no entanto, tornar-se um tirano, já que esta não tem como meta o triunfo do Estado, mas sim o capricho de quem se apoderou dele. A existência de partidos antagônicos torna necessária a imposição de mecanismos que estabeleçam a estabilidade das relações sustentando uma determinada correlação entre essas forças. Quando uma nação esta afundada em desordem, o ideal seria optar pela monarquia. Quando a sociedade encontrar um equilíbrio, a república torna-se ideal, já que permite que o Estado se apresente como mediador do povo. Apenas em condição de liberdade existe crescimento já que, somente assim, o interesse comum é respeitado. “não é o interesse particular que faz a grandeza dos Estados, mas o interesse coletivo” A virtu não seria ser moralmente bom, mas capaz de lidar com o conjunto de circunstancias produzidas pelas situaçoes(fortuna) e que não dependem de seu controle. Logo, a virtu mostra o preparo de um príncipe para lidar da fortuna (eventualidades) Contratualistas São os filósofos que defendiam que o homem e o Estado fizeram uma espécie de acordo - um contrato - a fim de garantir a sobrevivência. O ser humano, segundo os contratualistas, vivia no chamado Estado Natural (ou estado de natureza), onde não conhecia nenhuma organização política. A partir do momento em que o ser humano se sente ameaçado, passa a ter necessidade de se proteger. Para isso, vai precisar de alguém maior e imparcial, que possa garantir seus direitos naturais. Assim, o ser humano aceita abdicar sua liberdade para se submeter às leis da sociedade e do Estado. Por sua parte, o Estado se compromete em defender o homem, o bem comum e dar condições para que ele se desenvolva. Esta relação entre o indivíduo e o Estado é chamado de contrato social.
Compartilhar