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LISTA DE EXERCÍCIOS COMENTADOS DE HISTÓRIA PARA O ENEM ASSUNTO: IDADE MÉDIA Fonte das questões: FOCO NO ENEM. Disponível em: <https://foconoenem.com/wp- content/uploads/2022/08/Idade-Media-Lista-de-Exercicios-Historia-ENEM.pdf>. 1. (ENEM) A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas: os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto… Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz. ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA. F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981. A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente, em: a) justificar a dominação estamental / revoltas camponesas. b) subverter a hierarquia social / centralização monárquica. c) impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas. d) controlar a exploração econômica / unificação monetária. e) questionar a ordem divina / Reforma Católica. COMENTÁRIO: A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média e tem como objetivo principal justificar a dominação estamental, isto é, a estrutura social e política baseada nas classes sociais distintas e hierarquizadas. Segundo a ideologia apresentada, a casa de Deus estaria dividida em três partes: os que oram, os que combatem e os que trabalham, e essas três partes coexistem e são interdependentes. Desta forma, cada parte desempenha um papel fundamental na manutenção da ordem social, sendo que os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas. Por outro lado, a ideologia se opõe a revoltas camponesas, que eram uma ameaça à estabilidade da estrutura social da época. As revoltas camponesas eram uma forma de protesto dos camponeses contra a exploração e opressão a que eram submetidos pelos nobres e proprietários terra. A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon buscava perpetuar a dominação estamental justificando-a como parte da divina ordem, minimizando assim as desigualdades sociais e políticas da época. RESPOSTA: a. 2. (ENEM) Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno. b) humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador. c) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho. d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano. e) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade. COMENTÁRIO: Na Idade Média, a vida humana estava estreitamente ligada à natureza e ao ciclo das estações. A agricultura era a principal atividade econômica e as pessoas dependiam dela para sobrevivência. Por isso, o calendário medieval expressava uma concepção de tempo natural, centrada nas atividades agrícolas e nas estações do ano. Cada imagem representando um mês no calendário medieval expressa as atividades humanas que ocorriam naquele período. Por exemplo, na imagem de janeiro, é possível ver pessoas cavando o solo para o plantio, enquanto na imagem de setembro, é possível ver pessoas colhendo os frutos da terra. Essas imagens mostram como as atividades humanas estavam diretamente ligadas às estações do ano e à natureza. Além disso, o calendário também reflete a concepção de tempo como algo cíclico, marcado pelos ciclos da natureza. As imagens são repetidas ao longo dos anos, refletindo a ideia de que o tempo é algo que se repete e que as atividades humanas são regidas pelo ciclo das estações. Em resumo, o calendário medieval expressa uma concepção de tempo natural, centrada nas atividades agrícolas e nas estações do ano, e reflete a estreita relação da sociedade da época com a natureza e o tempo cíclico. RESPOSTA: d. 3. (ENEM) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média — no Ocidente — nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial — digamos modestamente artesanal — que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual — esse homem só aparecerá com as cidades. LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a) a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão do trabalho. c) importância organizacional das corporações de ofício. d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. COMENTÁRIO: A ideia expressa no texto é de que o surgimento da categoria de intelectual na Idade Média está relacionado ao desenvolvimento urbano e à divisão do trabalho. A cidade era o local onde se concentravam as atividades comerciais e industriais (ou artesanais) e, portanto, era também onde se instalavam os homens de ofício. O surgimento de uma classe de profissionais que exerciam a atividade de professor e erudito foi consequência dessa divisão do trabalho e da necessidade de um conhecimento especializado. Em resumo, o intelectual é visto como uma figura que surge com o desenvolvimento urbano e a divisão do trabalho. RESPOSTA: b. 4. (ENEM) A existência em Jerusalém de um hospital voltado para o alojamento e o cuidado dos peregrinos, assim como daqueles entre eles que estavam cansados ou doentes, fortaleceu o elo entre a obra de assistência e de caridade e a Terra Santa. Ao fazer, em 1113, do Hospital de Jerusalém um estabelecimento central da ordem, Pascoal II estimulava a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele, sobretudo daqueles que estavam ligados à peregrinação na Terra Santa ou em outro lugar. A militarização do Hospital de Jerusalém não diminuiu a vocação caritativa primitiva, mas a fortaleceu. DEMURGER, A. Os Cavaleiros de Cristo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002 (adaptado). O acontecimento descrito vincula-se ao fenômeno ocidental do(a) a) surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas. b) descentralização do poder eclesiástico, produzida pelo feudalismo. c) alastramento da peste bubônica, provocado pela expansão comercial. d) afirmação da fraternidade mendicante, estimulada pela reforma espiritual. e) criação das faculdades de medicina, promovida pelo renascimento urbano. COMENTÁRIO: O acontecimento descrito no texto refere-se à vinculação da obra de assistência e caridade com a Terra Santa, com a existência em Jerusalém de um hospital dedicado ao alojamento e cuidado dos peregrinos. Com a centralização do hospital de Jerusalém, feita por Pascoal II, estimulava-se a filiação dos hospitalários do Ocidente a ele, principalmente os ligados à peregrinação. A militarização do hospital não afetou a vocação caritativa original, mas a fortaleceu. Assim, podemos concluir que o acontecimento descrito está relacionado ao fenômeno ocidental do surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas. As cruzadas foram uma série de expedições militares na Idade Média, lideradas por cavaleiros cristãos europeus com o objetivo de recapturar a Terra Santa e proteger os lugares sagrados do cristianismo dos invasores muçulmanos. Com isso, surgiram ordens religiosas-militarescomo os cavaleiros hospitalários, cuja missão principal era ajudar os peregrinos e proteger a Terra Santa. Resumidamente, o texto destaca a ligação entre a vocação caritativa dos hospitalários e a Terra Santa, fortalecida pelo estabelecimento centralizado do Hospital de Jerusalém, na época das cruzadas. Portanto, a opção correta é a letra a), surgimento do monasticismo guerreiro, ocasionado pelas cruzadas. RESPOSTA: a. 5. (ENEM) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-Ios, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, e as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento. DUBY, G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987 (adaptado). O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal, que resultou do(a) a) crescimento do trabalho escravo. b) desenvolvimento da vida urbana. c) padronização dos impostos locais. d) uniformização do processo produtivo. e) descentralização da estrutura fundiária. COMENTÁRIO: A atividade pastoral na Europa ocidental feudal foi intensificada com o aperfeiçoamento da criação de gado, que foi motivada pela procura por lã por parte dos compradores vindos da Flandres ou da Itália. Para satisfazê- los, as raças de animais foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII e as abadias da Ordem de Cister, onde os métodos mais racionais de criação de gado eram utilizados, desempenharam um papel determinante nesse aperfeiçoamento. Assim, é possível afirmar que o texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal. O aperfeiçoamento da criação de gado, que foi motivado pela procura por lã, resultou em avanços técnicos na produção e, consequentemente, no aperfeiçoamento da atividade pastoral. Além disso, a Ordem de Cister desempenhou um papel importante nesse aperfeiçoamento, pois era responsável por aplicar os métodos mais racionais de criação de gado. Portanto, a resposta correta é a opção (d) "uniformização do processo produtivo". O avanço técnico na criação de gado e a uniformização dos métodos de produção em abadias como a Ordem de Cister, levaram a uma uniformização do processo produtivo na atividade pastoral, o que resultou no aperfeiçoamento da produção de lã. RESPOSTA: b. 6. (ENEM) Constantinopla, aquela cidade vasta e esplêndida, com toda a sua riqueza, sua ativa população de mercadores e artesãos, seus cortesãos em seus mantos civis e as grandes damas ricamente vestidas e adornadas, com seus séquitos de eunucos e escravos, despertaram nos cruzados um grande desdém, mesclado a um desconfortável sentimento de inferioridade. RUNCIMAN, S. A Primeira Cruzada e a fundação do Reino de Jerusalém. Rio de Janeiro: Imago, 2003 (adaptado). A reação dos europeus quando defrontados com essa cidade ocorreu em função das diferenças entre Oriente e Ocidente quanto aos(às) a) modos de organização e participação política. b) níveis de disciplina e poderio bélico do exército. c) representações e práticas de devoção politeístas. d) dinâmicas econômicas e culturais da vida urbana. e) formas de individualização e desenvolvimento pessoal. COMENTÁRIO: O texto fala sobre a reação dos europeus quando chegaram a Constantinopla, que é descrita como uma cidade vasta, rica e ativa, com uma população de mercadores e artesãos, cortesãos e grandes damas. Esta riqueza, aparência e a vida vibrante da cidade despertaram nos europeus um grande desdém, misturado a um sentimento de inferioridade. Este desconforto pode ser atribuído às diferenças entre Oriente e Ocidente quanto às dinâmicas econômicas e culturais da vida urbana. É possível que os europeus estivessem acostumados a uma vida mais simples e rústica, e a riqueza e ostentação de Constantinopla tenha sido uma surpresa para eles. Além disso, a vida urbana vibrante e ativa, com sua população de mercadores e artesãos, pode ter sido vista como algo diferente e estranho para os europeus, que eram mais acostumados com uma vida rural e agrícola. RESPOSTA: d. 7. (ENEM) Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios eram o mais frequente tormento da vida urbana no Regnum Halicum. Entre 880 e 1080, as cidades estiveram constantemente entregues ao apetite das chamas. A certa altura, a documentação parece vencer pela insistência do vocabulário, levando até o leitor mais crítico a cogitar que os medievais tinham razão ao tratar aqueles acontecimentos como castigos que antecediam o julgamento final. Como um quinto cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao feitio da peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava de tempos em tempos e expurgava justos e pecadores num tormento derradeiro, como insistiam os textos do século X. O impacto acarretado sobre as relações sociais era imediato e prolongava-se para além da destruição material. As medidas proclamadas pelas autoridades faziam mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem: elas convertiam a devastação em uma ocasião para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas as práticas sociais até então vigentes. RUST L. D Uma calamidade Inssciável Rev. Bras. Mist. n 72, mmo-ago 2016 (adaptado) De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava as sociedades medievais por proporcionar a a) correção dos métodos preventivos e das regras sanitárias. b) revelação do descaso público e das degradações ambientais. c) transformação do imaginário popular e das crenças religiosas. d) remodelação dos sistemas políticos e das administrações locais. e) reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmicas comunitárias. COMENTÁRIO: Segundo o texto, o impacto causado pelos incêndios nas sociedades medievais era imediato e prolongava-se para além da destruição material. As medidas proclamadas pelas autoridades faziam mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem, elas também convertiam a devastação em uma oportunidade para alterar e expandir a topografia urbana e as práticas sociais. Isto indica que as sociedades medievais eram afetadas por mudanças significativas na configuração dos espaços ocupados e nas dinâmicas comunitárias, como consequência dos incêndios. Além disso, o texto menciona que as cidades estavam constantemente sob o risco de incêndios entre 880 e 1080, o que sugere que esses eventos eram frequentes e acarretavam mudanças significativas na sociedade. Como resultado, as autoridades precisavam tomar medidas para reparar os danos causados pelos incêndios, e essas medidas acabavam tendo um impacto muito maior na sociedade, além de serem uma oportunidade para realizar mudanças. RESPOSTA: e. 8. (ENEM) Juiz — Entre, Edmund, falei com o seu senhor. Edmund — Não com o meu senhor, Vossa Excelência, espero ser o meu próprio senhor. Juiz — Bem, com o seu empregador, o Sr. E..., o fabricante de roupas. Serve a palavra empregador? Edmund — Sim, sim, Vossa Excelência, qualquer coisa que não seja senhor. DEFOE, D. apud THOMPSON, E. P. Costumes em comum. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. Qual alteração nas relações sociais na Inglaterra é registrada no diálogo extraído da obra escrita em 1724? a) Melhoria das condições laborais no ambiente fabril. b) Superação do caráter servil nas relações trabalhistas. c) Extinção dos conflitos hierárquicos no contexto industrial. d) Abrandamento dos ideais burgueses nos centros urbanos. e) Desaparecimento das distinções sociais no ordenamento jurídico. COMENTÁRIO: Na cena extraída da obra de Daniel Defoe, escrita em 1724, éregistrada uma alteração nas relações sociais na Inglaterra, onde é indicado o surgimento de uma nova mentalidade, caracterizada pela busca pela independência e liberdade, sejam elas financeiras ou políticas. Isto pode ser observado na fala de Edmund, personagem da obra, que se recusa a ser chamado de "senhor", palavra tradicionalmente associada a relações de submissão e hierarquia, preferindo se identificar como "empregador". Portanto, a alternativa correta é a letra "b) Superação do caráter servil nas relações trabalhistas", já que a fala de Edmund representa uma mudança no modo como as relações trabalhistas eram compreendidas na época, indicando uma tendência para a superação de relações de submissão e uma busca por mais liberdade e independência. Essa mudança pode ser entendida como uma manifestação do processo de transformação da sociedade inglesa no período, marcado pelo surgimento da Revolução Industrial e pelas lutas por direitos e liberdades políticas e trabalhistas. RESPOSTA: b. 9. (ENEM) O processo formativo do Estado desenrolou-se segundo a dinâmica de dois movimentos contraditórios e simultâneos: fragmentação e centralização. De um lado, fragmentação na medida em que os príncipes europeus tiveram de lutar contra o poder universalista do papa; e centralizador na medida em que os príncipes tiveram que lutar contra o poder político e militar de outros chefes políticos rivais. Desse processo resultaram as características fundamentais do Estado moderno: exército e burocracia civil permanentes, padronização tributária, direito codificado e mercado unificado. GONÇALVES, W. Relações internacionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 (adaptado). À institucionalização política mencionada teve como uma de suas causas o êxito de alguns príncipes em a) monopolizar o uso legítimo da força. b) reforçar a hegemonia social do clero. c) restringir a influência cultural da nobreza. d) respeitar a diversidade das vivências locais. e) conter a autoridade das lideranças carismáticas. COMENTÁRIO: De acordo com o texto, o processo formativo do Estado moderno teve como uma de suas características principais a luta dos príncipes europeus contra o poder universalista do papa e outros chefes políticos rivais. Nesse processo, alguns príncipes tiveram sucesso em monopolizar o uso legítimo da força, o que significa que eles foram capazes de estabelecer e controlar a autoridade para usar a força de forma legítima no território que governavam. Esse êxito na monopolização do uso legítimo da força permitiu que os príncipes pudessem estabelecer uma ordem política centralizada, com um exército e uma burocracia civil permanentes, além de uma padronização tributária, um direito codificado e um mercado unificado. Esses elementos são característicos do Estado moderno e foram resultados da luta dos príncipes para consolidar o seu poder e controlar o uso da força em seus territórios. RESPOSTA: a. 10. (ENEM) O café tem origem na região onde hoje se encontra a Etiópia, mas seu cultivo e consumo se disseminaram a partir da Península Árabe. Aportou à Europa por Constantinopla e, finalmente, em 1615, ganhou a cidade de Veneza. Quando o café chegou à região europeia, alguns clérigos sugeriram que o produto deveria ser excomungado, por ser obra do diabo. O papa Clemente VIII (1592-1605), contudo, resolveu provar a bebida. Tendo gostado do sabor, decidiu que ela deveria ser batizada para que se tornasse uma “bebida verdadeiramente cristã”. THORN, J. Guia do café. Lisboa: Livros e livros. 1998 (Adaptado). A postura dos clérigos e do papa Clemente VIII diante da introdução do café na Europa Ocidental pode ser explicada pela associação dessa bebida ao a) ateísmo. b) judaísmo. c) hinduísmo. d) islamismo. e) protestantismo. COMENTÁRIO: A postura dos clérigos e do papa Clemente VIII diante da introdução do café na Europa Ocidental pode ser explicada pelas crenças religiosas e culturais existentes na época. De acordo com o texto, alguns clérigos sugeriram que o café deveria ser excomungado, por ser obra do diabo. Essa postura pode ser entendida como uma expressão do medo e da resistência às mudanças e ao que era visto como diferente ou estranho. No entanto, ao contrário dos clérigos, o papa Clemente VIII decidiu provar a bebida e gostou de seu sabor. Ele decidiu, então, que o café deveria ser batizado para que se tornasse uma "bebida verdadeiramente cristã". Essa atitude pode ser vista como uma forma de incorporar a nova bebida ao universo cultural e religioso da Europa Ocidental, e de evitar que ela fosse rejeitada pela Igreja Católica e pelos cristãos. A decisão do papa Clemente VIII de batizar o café pode ser entendida como uma forma de assegurar a sua aceitação na sociedade europeia, ao mesmo tempo em que reflete a influência e o poder da Igreja na época. Além disso, essa decisão pode ser interpretada como uma forma de amenizar o medo e a resistência às novidades e mudanças, e de manter a ordem e o equilíbrio social e religioso. RESPOSTA: d. 11. (ENEM) Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem que deve ser celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção de não desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo continua na eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma provação aterrorizante, um trampolim para as trevas e o desconhecido. DUBY, G. Ano 1000 Ano 2000: Na pista dos nossos medos. São Paulo: Unesp. 1998 (Adaptado). Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera que houve um processo de a) mercantilização das crenças religiosas. b) transformação das representações sociais. c) disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã. d) diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico. e) amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna. COMENTÁRIO: De acordo com o autor, nas sociedades da Idade Média, a crença na vida eterna e na ressurreição tornava a morte uma passagem a ser celebrada, e não uma provação aterrorizante. Contudo, com a perda do sentimento religioso na contemporaneidade, a morte é vista como algo a ser temido, pois significa um fim completo da existência e uma passagem para as trevas e o desconhecido. Isso sugere uma mudança nas representações sociais acerca da morte, onde a fé na vida eterna e na ressurreição era uma forma de amenizar o medo da morte, mas que perdeu esse papel com a diminuição da importância das crenças religiosas na sociedade. Portanto, ao comparar as maneiras com que as sociedades lidam com a morte, o autor está destacando uma mudança nas representações sociais acerca da mesma, que se deu como consequência da perda do sentimento religioso. RESPOSTA: b. 12. (ENEM) Acompanhando a intenção da burguesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento. SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984. O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marcada pela constante relação entre a) fé e misticismo. b) ciência e arte. c) cultura e comércio. d) política e economia. e) astronomia e religião. COMENTÁRIO: De acordo com o texto, a intenção da burguesia renascentista era ampliar seu domínio sobre a natureza e o espaço geográfico através da pesquisa científica e da invenção tecnológica. Isso indica que o objetivo era controlar o meio ambiente e o espaço para obter mais poder e riqueza. Além disso, o texto menciona que os cientistas também se envolveram nesta aventura, buscando compreender e controlarvários aspectos da natureza. Tudo isso sugere que a relação entre ciência, tecnologia, economia e política era estreita na época do Renascimento. A ciência e a tecnologia eram vistas como meios para alcançar objetivos políticos e econômicos, como a ampliação do poder e da riqueza. Portanto, a alternativa correta é a letra D, que afirma que houve uma relação entre política e economia. RESPOSTA: d. 13. (ENEM) Os cruzados avançavam em silêncio, encontrando por todas as partes ossadas humanas, trapos e bandeiras. No meio desse quadro sinistro, não puderam ver, sem estremecer de dor, o acampamento onde Gauthier havia deixado as mulheres e crianças. Lá os cristãos tinham sido surpreendidos pelos muçulmanos, mesmo no momento em que os sacerdotes celebravam o sacrifício da Missa. As mulheres, as crianças, os velhos, todos os que a fraqueza ou a doença conservava sob as tendas, perseguidos até os altares, tinham sido levados para a escravidão ou imolados por um inimigo cruel. A multidão dos cristãos, massacrada naquele lugar, tinha ficado sem sepultura. J. F. Michaud. História das cruzadas. São Paulo: Editora das Américas, 1956 (com adaptações). Foi, de fato, na sexta-feira 22 do tempo de Chaaban, do ano de 492 da Hégira, que os franj* se apossaram da Cidade Santa, após um sítio de 40 dias. Os exilados ainda tremem cada vez que falam nisso; seu olhar se esfria como se eles ainda tivessem diante dos olhos aqueles guerreiros louros, protegidos de armaduras, que espelham pelas ruas o sabre cortante, desembainhado, degolando homens, mulheres e crianças, pilhando as casas, saqueando as mesquitas. *franj = cruzados. Amin Maanuf. As Cruzadas vistas pelos árabes. 2a ed. São Paulo: Brasiliense, 1989 (com adaptações). Avalie as seguintes afirmações a respeito dos textos, que tratam das Cruzadas. I. Os textos referem-se ao mesmo assunto - as Cruzadas, ocorridas no período medieval -, mas apresentam visões distintas sobre a realidade dos conflitos religiosos desse período histórico. II. II. Ambos os textos narram partes de conflitos ocorridos entre cristãos e muçulmanos durante a Idade Média e revelam como a violência contra mulheres e crianças era prática comum entre adversários. III. III. Ambos narram conflitos ocorridos durante as Cruzadas medievais e revelam como as disputas dessa época, apesar de ter havido alguns confrontos militares, foram resolvidas com base na ideia do respeito e da tolerância cultural e religiosa. É correto apenas o que se afirma em a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. COMENTÁRIO: Estão corretos os itens I e II. O texto de J.F. Michaud e o texto de Amin Maanuf apresentam visões distintas sobre as Cruzadas. Enquanto o texto de J.F. Michaud apresenta uma visão dos eventos das Cruzadas a partir do ponto de vista dos cruzados, o texto de Amin Maanuf apresenta a visão dos muçulmanos sobre o mesmo período histórico. Ambos os textos descrevem conflitos religiosos que ocorreram entre cristãos e muçulmanos durante a Idade Média, como os que foram descritos na conquista da Cidade Santa. Além disso, os dois textos revelam a prática comum da violência contra mulheres e crianças por parte dos adversários. Isso indica que as disputas dessa época eram extremamente violentas e desumanas. No entanto, a afirmação III não é correta, pois ambos os textos descrevem eventos de conflito, e não a resolução das disputas. Além disso, a afirmação não é apoiada pelo texto e não há evidências de que todas as disputas dessa época foram resolvidas pacificamente. RESPOSTAS: d. 14. (ENEM) A Peste Negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o crescimento das cidades. O conhecimento médico da época não foi suficiente para conter a epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo di Tura escreveu: "As pessoas morriam às centenas, de dia e de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas ficavam cheias, cavavam- se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com minhas próprias mãos (...) E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo." Agnolo di Tura. The PIague in Siena: An Italian Chronicle. In: William M. Bowsky, The Black Death: a turning point in history? New York: HRW, 1971 (com adaptações). O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da Peste Negra que assolou a Europa durante parte do século XIV, sugere que a) o flagelo da Peste Negra foi associado ao fim dos tempos. b) a Igreja buscou conter o medo, disseminando o saber médico. c) a impressão causada pelos números de mortos não foi tão forte, porque as vítimas eram poucas e identificáveis. d) houve substancial queda demográfica na Europa no período anterior à Peste. e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo fato de os cadáveres não serem enterrados. COMENTÁRIOS: O testemunho de Agnolo di Tura indica que a população de Siena sofreu enormemente com a epidemia de Peste Negra. O autor relata que as pessoas morriam em grande quantidade, a ponto de parecer o fim do mundo. Essa descrição sugere que a Peste Negra foi associada ao fim dos tempos, ou seja, à ideia de que o fim do mundo estava próximo. O contexto da época era marcado por uma forte crença religiosa, e muitas vezes eventos trágicos como epidemias eram vistos como castigos divinos. Além disso, a falta de conhecimento médico e a capacidade limitada de combater a doença poderia ter amplificado a sensação de que o mundo estava chegando ao fim. O fato de Agnolo di Tura ter escrito sobre sua dor e tristeza em enterrar seus próprios filhos apenas reforça a ideia de que o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo flagelo da Peste Negra. Portanto, a opção "a" é a correta, uma vez que ela reflete o sentimento de Agnolo di Tura e sugere que a Peste Negra foi associada ao fim dos tempos. RESPOSTA: a. 15. (ENEM) É preciso usar de violência e rebater varonilmente os apetites dos sentidos sem atender ao que a came quer ou não quer, mas trabalhando por sujeitá-la ao espirito, ainda que se revolte. Cumpre castigá-la e curvá-la à sujeição. a tal ponto que esteja disposta para tudo, sabendo contentar-se com pouco e deleitar-se com a simplicidade, sem resmungar por qualquer incômodo. KEMPIS, T imitação de Cristo Perópoks Vozes. 2018. Qual característica do ascetismo medieval é destacada no texto? a) Exaltação do ritualismo litúrgico. b) Afirmação do pensamento racional. c) Desqualificação da atividade laboral. d) Condenação da alimentação impura. e) Desvalorização da materialidade corpórea. COMENTÁRIO: O texto de Kempis, "Imitação de Cristo", faz parte da literatura ascética medieval e destaca a importância da submissão dos desejos e necessidades corporais à vontade do espírito ou da alma. De acordo com o autor, é necessário usar violência e trabalhar para sujeitar a carne ao espírito, mesmo que isso cause revolte. Para ele, é importante castigar a carne e curvá-la à sujeição, para que ela esteja disposta a tudo, sem resmungar pelos incômodos, e se satisfaça com pouco e a simplicidade. Este trecho reflete a concepção ascética medieval de que o corpo é uma fonte constante de tentação e pecado e que, para alcançar a santidade, é preciso discipliná-lo e submeter seus desejos e necessidades aos valores espirituais. O ascetismo medieval valoriza a renúncia dos prazeres materiais e a busca da pureza interior, tendo como um dos seus princípios a desvalorização da materialidade corpórea. RESPOSTA: e.
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