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METODOLOGIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA Tiago Loyo Silveira Números naturais: operações e algoritmos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a constituição dos números naturais. Aplicar as quatro operações nas práticas cotidianas. Identificar diferentes formas de representar um algoritmo. Introdução Os números naturais, apesar de serem um conjunto “simples”, são funda- mentais para a compreensão das operações matemáticas básicas. Foram as necessidades básicas de contagem que deram origem aos números naturais e às operações que os sucedem. Portanto, retomar o contexto histórico do surgimento dos números naturais e dominar as operações nesse conjunto são a base para o desenvolvimento do conhecimento matemático. Neste capítulo, você vai ver como o surgimento dos números na- turais está ligado às necessidades dos homens primitivos. Também vai ver como aplicar as quatro operações fundamentais em problemas do cotidiano. Por fim, vai conhecer diferentes algoritmos para a resolução das operações fundamentais. Constituição dos números naturais Cerca de 20 mil anos antes de Cristo, as civilizações primitivas começaram a ter necessidades rudimentares de contagem. Nesse período, contagens realiza- das com meios simples, como pedras, riscos em ossos e nós em cordas, eram sufi cientes para se lidar com pequenas quantidades, que hoje são representadas pelos símbolos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. É natural não contar algo que não se tem, não é? Por isso, os antigos sis- temas de numeração, que utilizavam regras para a composição dos números de forma aditiva, não usavam o zero. Somente no século II d.C. é que surgem os primeiros inscritos babilônicos com uma lacuna vazia para representar o zero, já nos primórdios do sistema decimal. Segundo Boyer (1996), a mais antiga ocorrência indubitável de um zero na Índia se acha numa inscrição de 876. Ainda de acordo com Boyer (1996), é possível que o algarismo utilizado para o zero tenha sido importado dos gregos de Alexandria. Porém, ainda há autores que não consideram o zero como um número natural. O sistema decimal e a representação dos números naturais por meio dos algarismos indo-arábicos são, sem dúvidas, invenções incríveis. Tanto que ambas se espalharam e dominaram a cultura mundial, facilitando a representa- ção e as operações numéricas. Os algarismos combinados no sistema decimal representam números que formam o conjunto dos números naturais. Veja: Um importante subconjunto de está representado a seguir: O sinal * significa que o zero foi excluído do conjunto. No cotidiano, diversas situações envolvem representações com números natu- rais e também giram em torna das necessidades básicas que deram origem a eles. Suponha que João foi comprar algumas balas para o seu neto. Ele começa a contar as balas que está levando: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10. No processo de contagem, João usa os números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, etc. Esses são os chamados números naturais. Atualmente, o zero é considerado natural pela maioria dos matemáticos. O conjunto dos números naturais possui um menor elemento, independen- temente de se considerar o zero ou não. Porém, ele não possui maior elemento. A sequência dos naturais é infinita à direita, de forma que você pode escrever o sucessor de todo número natural somando 1 a ele. Veja: 1 (+1) 2 (+1) 3 (+1) 4 (+1) 5 (+1) ... Números naturais: operações e algoritmos2 O sucessor de um número natural é o número que vem imediatamente depois dele. Enquanto o sucessor é o número natural que vem imediatamente a seguir, o antecessor é o número natural que vem imediatamente antes, ou seja, com a subtração de 1. Números naturais consecutivos são agrupamentos formados por um menor natural e uma sequência de sucessores. O sucessor de 5 é 6. O sucessor de 19 é 20. O sucessor de 5.800 é 5.801. O antecessor de 20 é 19. O antecessor de 1 é 0, mas 0 não tem antecessor natural. O antecessor de 5.801 é 5.800 e assim sucessivamente. Os números 10 e 11 são consecutivos. Os números 33, 34 e 35 são consecutivos. Os números 5.800, 5.801, 5.802 e 5.803 são consecutivos. Além disso, os naturais podem ser agrupados de acordo com sua paridade. Os números pares são os múltiplos de 2. Eles podem ser escritos de forma genérica como 2n, sendo que n é um número natural. Veja: 0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18, ... Por sua vez, os números naturais ímpares são representados genericamente por 2n + 1, sendo que n é um número natural: 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17, ... Além da classificação entre pares e ímpares, os números naturais podem ser divididos em primos ou compostos. Um número natural é primo quando ele só tem dois divisores naturais: 1 e o próprio número. Os primeiros números primos são: 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, ... 3Números naturais: operações e algoritmos Os números primos são infinitos, porém 2 é o único primo par. Se um número não é primo, então ele é composto, por se tratar do produto de primos. 6 = 2 ∙ 3 8 = 2 ∙ 2 ∙ 2 12 = 2 ∙ 2 ∙ 3 Reta natural A reta dos números naturais, também conhecida como reta numérica, é um auxílio visual posicional dos números. Observe: Determina-se o ponto para representar o zero. Seguindo para a direita e mantendo determinada distância, são marcados os sucessores naturais 1, 2, 3, 4 e assim por diante. Agora, veja como comparar os números naturais em: > Maior que < Menor que = Igual Dados dois números naturais representados na reta numérica, o maior será o que estiver posicionado à direita do outro. 4 < 6 (lê-se: 4 é menor do que 6, pois 4 está à esquerda de 6). 7 > 2 (lê-se: 7 é maior do que 2, pois 7 está à direita de 2). Números naturais: operações e algoritmos4 Veja ainda a representação de intervalos numéricos naturais. Quais são os números naturais menores do que 8? 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1, 0. Quais são os números naturais maiores do que 8? Existem infinitos números naturais maiores do que 8, de forma que 9, 10, 11, ... é uma representação desse intervalo natural. Quantos números naturais há de 5 até 10? 5, 6, 7, 8, 9 e 10. Portanto, 6 números. Para calcular quantidades com o uso dos conectivos “de” e “até”, você deve calcular a diferença do intervalo e acrescentar 1 ao resultado. Dessa forma: 10 – 5 + 1 = 6 números no intervalo. Quantos números naturais há entre 4 e 8? Há três números naturais: 5, 6 e 7. Para calcular quantidades com o uso do conectivo “entre”, você deve calcular a diferença do intervalo e subtrair 1 do resultado. Dessa forma: 8 – 4 – 1 = 3 números no intervalo. As quatro operações nas práticas cotidianas As quatro operações aritméticas fundamentais são: adição, subtração, multi- plicação e divisão. A seguir, você vai ver cada uma delas. Adição Considere as seguintes situações. 1. Na escola X, havia 280 alunos. Foram matriculados outros 70. Com quantos alunos a escola ficou? 2. Na escola Y, existem duas turmas de 1º ano do ensino fundamental. Uma delas tem 32 alunos e a outra tem 33. Quantos alunos de 1º ano há na escola? 5Números naturais: operações e algoritmos Observe que na primeira situação a ideia envolvida é de acréscimo. Já na segunda situação, a ideia é de junção. Em ambos os conceitos, acrescentar e juntar, há a operação de adição. O algoritmo base da adição é representado da seguinte forma: Nessa representação, os números devem ser escritos e posicionados para que as ordens de cada número estejam sobrepostas. Dessa forma, eles estarão alinhados da direita para a esquerda. A operação também se dará da direita para a esquerda. A nomenclatura usual da adição é: Sempre que a soma dos algarismos de uma mesma ordem igualar ou su- perar 10 unidades da ordem, uma unidade deverá ser adicionada à ordem imediatamente à esquerda. Dessa forma: Propriedades da adição Propriedade comutativa: a ordem das parcelas não altera a soma. Dessa forma, na adição de dois números naturais a e b, você tem: a + b =b + a Propriedade associativa: o agrupamento associado de adições não interfere na soma. Dessa forma, na adição de três números naturais a, b e c, você tem: a + b + c = (a + b) + c = a + (b + c) Números naturais: operações e algoritmos6 Existência do elemento neutro: o zero é o elemento neutro aditivo, de forma que não infl uencia uma operação de adição. Assim, considerando um número natural a, você tem: a + 0 = 0 + a = a Propriedade do fechamento: toda adição de naturais tem como soma outro número natural. Subtração Considere as seguintes situações. 1. Carlinhos tem R$ 500,00 na sua conta-poupança. Ele pediu aos seus pais se poderia utilizar R$ 150,00 para comprar um jogo novo para seu videogame. Quanto restará na sua poupança? 2. A empresa ALFA contratou 400 funcionários. Sabendo que ela deve fechar seu quadro de contratações com 680 funcionários, quantos ainda precisa contratar? Observe que na primeira situação a ideia envolvida é uma retirada, ou seja, uma subtração. Já na segunda situação, a ideia envolvida é uma comparação, ou seja, deseja-se saber quanto falta para completar determinada quantidade. Subtrair, comparar e completar são ideias básicas da subtração. O algoritmo base da subtração é representado da seguinte forma: Os números devem ser escritos e posicionados de forma semelhante à utilizada na adição. Assim, eles ficam alinhados da direita para a esquerda. A operação segue a mesma ordem da adição, de modo que os números são subtraídos um a um, da direita para a esquerda. A nomenclatura usual da adição é: 7Números naturais: operações e algoritmos Quando um dos algarismos do minuendo for menor do que o do subtraendo, será necessário que uma unidade imediatamente à esquerda seja convertida em 10 novas unidades da ordem que for insuficiente para subtrair. Essa operação é comumente conhecida como “pedir emprestado”. Se a ordem imediatamente à esquerda não tiver algarismo significativo, o “pedido” segue para a próxima ordem à esquerda. Veja este exemplo. 680 – 400: 280 Centenas simples Dezenas simples Unidades simples – 6 8 0 4 0 0 6 – 4 = 2 8 – 0 = 8 0 – 0 = 0 Agora veja mais um exemplo e, em seguida, observe os quadros. 901 – 425: 476 3ª ordem 2ª ordem 1ª ordem – 9 0 1 4 2 5 1 – 5 = ? 3ª ordem 2ª ordem 1ª ordem – 9 – 1 = 8 0 + 10 1 4 2 5 1 – 5 = ? 3ª ordem 2ª ordem 1ª ordem – 8 10 – 1 = 9 1 + 10 4 2 5 Números naturais: operações e algoritmos8 3ª ordem 2ª ordem 1ª ordem – 8 9 11 4 2 5 8 – 4 = 4 9 – 2 = 7 11 – 5 = 6 Propriedade fundamental da subtração Em uma subtração, o minuendo é igual à soma do subtraendo ao resto. Dessa forma, você tem: m – s = d ↔ m = s + d Veja ainda as seguintes considerações quanto à subtração. A soma dos três termos de uma subtração (minuendo, subtraendo e diferença) é o dobro do minuendo. Veja: m + s + d = 2m A subtração é a operação inversa da adição. Dessa forma, adicionar e subtrair um mesmo número é equivalente a não realizar nenhuma das operações. Veja: a + b – b = a A subtração não se restringe aos números naturais. Isso significa que nem toda subtração é possível nesse conjunto. Veja: 6 – 2 é natural, pois 6 > 2; 12 – 12 é natural, pois 12 = 12; 2 – 6 não é natural, pois 2 < 6. Você pode recorrer ao livro Materiais Manipulativos para o Ensino das Quatro Operações Básicas (SMOLE; DINIZ, 2016) para ver sugestões de como usar diversos materiais didáticos a fim de ensinar as operações fundamentais nos anos iniciais. 9Números naturais: operações e algoritmos Multiplicação Considere as seguintes situações. 1. Sr. Arthur tem 5 filhos e decidiu dar uma mesada de R$ 30,00 para cada um deles. Quanto Sr. Arthur gastará em mesada? Dessa forma, a multiplicação surge como uma alternativa para simplificar adições de parcelas repetidas. Assim, você tem: 5 × 30 = 150 2. Em um jogo de baralho, existem 4 naipes (copas, ouro, espada e paus). Cada naipe possui 13 cartas (ás, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, valete, dama e rei). Quantas cartas diferentes há em um baralho completo? Copas: ás, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, valete, dama e rei Ouro: ás, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, valete, dama e rei Espada: ás, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, valete, dama e rei Paus: ás, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, valete, dama e rei 4 × 13 = 52 Observe que a primeira situação consiste na ideia de adicionar parcelas iguais. Na segunda situação, acontece uma combinação entre naipes e cartas. A ideia de adicionar parcelas iguais e a ideia de combinar são a síntese da multiplicação. O algoritmo base da multiplicação é representado por: De forma semelhante à que caracteriza a adição, os números são operados da direita para a esquerda. E, da mesma forma, ao acumular mais de 10 unidades em uma ordem, uma nova unidade deve ser acrescida na ordem imediatamente à esquerda, caso exista. Números naturais: operações e algoritmos10 A nomenclatura usual da adição é: Como consequência da multiplicação, se diz que o produto é um múltiplo dos fatores envolvidos. a × b = p Então, p é múltiplo de a e b. Quando um produto tiver ambos os fatores com mais de dois algarismos, cada algarismo do fator irá gerar uma parcela. Ao final, as parcelas deverão ser somadas. Veja: 4 × 5 = 20 unidades simples. Logo, você deve representar com zero unidade simples e duas unidades de dezena, que devem ser adicionadas na ordem das dezenas. Na sequência, você deve efetuar o produto 4 × 4 = 16 e só depois deve efetuar a adição com as duas unidades de dezena adicionais, de forma a obter 16 + 2 = 18. Porém, não há mais ordens à esquerda das dezenas. Agora, você deve repetir o processo efetuando os produtos com o algarismo 2. Veja: 2 × 5 = 10, ou zero unidade simples e uma unidade de dezena. O resultado do produto deve ser deslocado uma ordem à esquerda, como consequência do fato de o algarismo 2 representar uma quantidade superior ao algarismo 4 no fator 24. 11Números naturais: operações e algoritmos Veja: 2 × 4 + 1 = 9. Fique atento ao fato de ter de realizar o produto antes da soma. Por fim, basta somar as parcelas obtidas: O processo será semelhante no caso de um dos fatores ter mais de dois algarismos, sempre adicionando uma parcela para cada algarismo e deslo- cando uma ordem à esquerda. Uma sugestão é utilizar o fator com menos algarismos na parte abaixo do algoritmo, de forma a obter menos parcelas a serem somadas. Propriedades da multiplicação Propriedade comutativa: a ordem dos fatores não altera o produto. Dados dois números naturais quaisquer a e b, você tem: a × b = b × a Propriedade associativa: o agrupamento associado de multiplicações não interfere no produto. Dados três números naturais quaisquer a, b e c, você tem: a × b × c = (a × b) × c = a × (b × c) Existência do elemento neutro: o número 1 é o elemento neutro multiplicativo, de forma que não interfere em uma operação de multiplicação. Assim, sendo um número natural a, você tem: a × 1 = 1 × a = a Propriedade do fechamento: toda multiplicação de naturais tem como produto outro número natural. Propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição: dados três números naturais quaisquer a, b e c, você tem: a × (b + c) = a × b + a × c Números naturais: operações e algoritmos12 Nesse caso, convém ressaltar que a operação de multiplicação tem prioridade em relação à adição. Portanto, deve ser operada primeiro. Divisão Considere as seguintes situações. 1. João vai repartir suas 21 bolinhas de gude com seus dois irmãos, de forma que todos fiquem com quantidades iguais. Com quantas bolinhas cada um ficará? A melhor maneira de entender a divisão é por meio do agrupamento dos objetos em quantidades iguais. Dessa forma: 21 ÷ 3 = 7. 2. Na hora de fazer sua mudança, dona Maria precisou guardar sua coleção de copos em caixas. Sabendo que dona Maria possui 18 copos e que em cada caixa cabem 6 copos, de quantas caixas ela precisa? 18 – 6 = 12: primeira caixa fechada 12 – 6 = 6: segunda caixa fechada 6 – 6 = 0:terceira caixa fechada Portanto, dona Maria precisa de 3 caixas para guardar seus copos. Na primeira situação, a divisão é entendida como repartição em partes iguais. Já na segunda situação, a divisão pode ser interpretada pela quantidade de subtrações iguais, consecutivas. Observe que na primeira situação descrita as divisões ocorreram sem que nenhum irmão ficasse com quantidades diferentes de bolinhas, ou que sobrassem bolinhas. Na segunda situação, foram fechadas três caixas completas de copos. Esse tipo de divisão é chamada de divisão exata. Isso 13Números naturais: operações e algoritmos ocorre porque os valores a serem divididos são múltiplos do número pelo qual serão divididos. Observe: 21 ÷ 3 = 7, pois 7 × 3 = 21. 18 ÷ 6 = 3, pois 3 × 6 = 18. O algoritmo base da divisão é: A nomenclatura usual da divisão é: De forma linear, você tem o seguinte: D = q × d + r No link a seguir, você pode acompanhar exemplos do algoritmo da divisão. https://goo.gl/eq3BLU Em uma divisão exata, o dividendo é divisível pelo divisor. Isso significa que o dividendo é múltiplo do divisor. Nesse caso, o resto sempre será igual a zero. Existem ainda algumas considerações relevantes quanto à divisão: a divisão é a operação inversa da multiplicação (e vice-versa); o resultado da divisão de zero por qualquer divisor será sempre zero; as divisões por zero são impossíveis. Observe: D ÷ 0 = q ↔ q × 0 = D Números naturais: operações e algoritmos14 Porém, todo produto em que um dos fatores é zero resulta em zero. Logo: D = 0. Além das divisões exatas, que possuem resto zero, há as divisões não exatas, que possuem resto diferente de zero. Nesse caso, seu resultado pode ser representado em conjuntos numéricos naturais. Assim, o conjunto dos naturais não é fechado para a divisão. A operação de divisão é a que mais resulta em erros. Isso se deve em parte às dificulda- des que muitas pessoas têm com a multiplicação, já que são operações inversas. Além disso, isso se deve às diversas peculiaridades do algoritmo, principalmente quando o conjunto não for dos números naturais. No link a seguir, você pode aprender mais sobre as peculiaridades do algoritmo da divisão. https://goo.gl/4Vhr2T Expressões numéricas As expressões numéricas são os agrupamentos de operações matemáticas. Certas operações devem ser realizadas com prioridade em detrimento de outras para se obter o valor da expressão. Veja este exemplo: 3 × 5 + 2 Uma expressão serve para representar matematicamente problemas e situações reais em que existam prioridades nas operações a serem realizadas. Entre as operações fundamentais, considere que há dois grupos relativos à ordem de prioridade: 1. multiplicações e divisões; 2. adições e subtrações. Se uma expressão possuir mais de uma operação com o mesmo grau de prioridade, você deve realizar os cálculos da esquerda para a direita. 15Números naturais: operações e algoritmos Uma expressão numérica pode conter elementos que auxiliam nas relações de prioridade. Com relação a esses elementos, é fundamental que você se fa- miliarize com o uso dos parênteses, ( ), dos colchetes, [ ], e das chaves { }. Entre esses elementos, também há uma ordem de prioridade: 1. resolver as operações entre parênteses; 2. resolver as operações entre colchetes; 3. resolver as operações entre chaves. Veja este exemplo: Como você pode notar, em alguns momentos existem sinais operatórios que antecedem os parênteses, os colchetes ou as chaves. Se os operadores forem × ou ÷, você pode aplicar a propriedade distributiva da multiplicação. Na divisão, o mesmo pode ser feito, pois a divisão é a inversa da multiplica- ção. Se o operador for +, ele conservará as operações internas. Você deve ter cuidado principalmente com as situações em que o operador que antecede os parênteses, os colchetes ou as chaves for de subtração. Nesse caso, você deve alterar os sinais de adição e subtração internos, ou ainda alterar o resultado operado no interior dos parênteses, dos colchetes ou das chaves. Considere este exemplo: Diferentes formas de representação de um algoritmo Além dos algoritmos que você viu, existem outros modos de expressar e de operar as operações aqui descritas. A seguir, você vai ver algoritmos alter- nativos para as operações fundamentais. Além deles, existem muitos outros. Números naturais: operações e algoritmos16 Adição: método das somas parciais Nesse método, ocorre a decomposição dos números envolvidos de forma a expressá-los por meio de uma soma em que as ordens são inteiras. Veja este exemplo: 284 = 200 + 80 + 4 Agora veja essa decomposição alinhada no algoritmo tradicional: 284 + 592 O reagrupamento pode ser feito: 700 + 170 + 6 = 876. Esse processo é muito utilizado nos cálculos mentais. Subtração: algoritmo de riscar, método de subtração da esquerda para a direita A seguir, veja o processo passo a passo. Ou seja, 500 − 200 = 300, que é representado pelo número 3, que ocupa a coluna das centenas. Ou seja, 390 − 80 = 310, que é representado pelos números 3 e 1, que ocupam as colunas das centenas e dezenas, respectivamente. Ou seja, 12 − 4 = 08, que é representado pelos números 0 e 8, que ocupam as colunas das dezenas e unidades, respectivamente. Finalmente, o resultado 308, que é representado pelos números 3, 0 e 8, que ocupam as colunas das centenas, dezenas e unidades, respectivamente. 17Números naturais: operações e algoritmos Multiplicação: método dos camponeses russos A multiplicação que você viu até aqui utiliza como símbolo operador ×. Porém, o ponto (∙) também pode ser a representação do operador de multiplicação. Veja como os camponeses russos operavam a multiplicação. Observe: 36 ∙ 13 Agora considere os números colocados lado a lado: 36 13 A ideia é determinar a metade do primeiro e o dobro do segundo, escrevendo os resultados abaixo dos fatores correspondentes: 36 13 18 26 Procede-se do mesmo modo com os resultados obtidos: 36 13 18 26 9 52 Chegando a um número ímpar (9), que não tem divisão exata por 2, se reduz uma unidade e depois se segue com a divisão, de forma que: 36 13 18 26 9 52 4 104 2 208 1 416 Por fim, se somam os números da coluna da direita que possuem corres- pondentes ímpares na coluna da esquerda. Veja: 416 + 52 = 468, que é o produto de 36 ∙ 13 Números naturais: operações e algoritmos18 Existem diversos métodos alternativos para a multiplicação: egípcio, grego, árabe, chinês, entre outros. Você pode aprender mais sobre esses métodos consultando o texto Revisi- tando os Algoritmos para Operações Aritméticas Fundamentais, disponível no link a seguir. https://goo.gl/R3yk9d Divisão: método egípcio A divisão que você viu até aqui utiliza como símbolo operador ÷. Porém, os dois-pontos (:) também podem ser a representação do operador de divisão. Segundo Moraes (2015), “[...] o Papiro de Rhind (conhecido também como Papiro de Ahmes) é uma das principais fontes históricas sobre as raízes da aritmética. Encontramos, registrado no papiro, o problema ‘dividir 19 por 8’”. Usando a aritmética atual para representar o método egípcio, você tem: Se você somar as linhas com (*), vai obter a soma 19. Dessa forma, a solução do problema é obtida assim: Esse não é um resultado natural. Portanto, veja agora um exemplo com resultado natural: 19Números naturais: operações e algoritmos Se você somar as linhas com (*), vai obter a soma 28. Dessa forma, a solução do problema é obtida assim: 28 : 4 = 3 + 4 = 7 BOYER, C. B. História da matemática. São Paulo: Edgard Blücher, 1996. MORAES, E. C. L. Revisitando os algoritmos para operações aritméticas fundamentais. 2015. 94 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Departamento de Matemática da Universidade de Brasília, Brasília, 2015. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/ bitstream/10482/19789/1/2015_EmmanuelCristianoLopesdeMoraes.pdf>. Acesso em: 2 out. 2018. SMOLE, K. S.; DINIZ,M. I. (Org.). Materiais manipulativos para o ensino das quatro operações básicas. Porto Alegre: Penso, 2016. Leituras recomendadas RIBEIRO, A. Divisão com vírgula. Escola Kids, 2018. Disponível em: <https://escolakids. uol.com.br/divisao-com-virgula.htm>. Acesso em: 2 out. 2018. SANTANA, G. S. Algoritmos utilizados para as quatro operações elementares. 2016. 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de Goiás, Goiâ- nia, 2016. Disponível em: <https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/6449/5/ Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Gracielly%20da%20Silva%20Santana%20-%20 2016.pdf>. Acesso em: 2 out. 2018. SILVA, J. B. R. A Função do ábaco na formação continuada de professores dos anos iniciais. Curitiba: Appris, 2010. SILVA, L. P. M. Algoritmo da divisão. Mundo Educação, 2018. Disponível em: <https:// mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/algoritmo-divisao.htm>. Acesso em: 2 out. 2018. SMOLE, K. S.; MUNIZ, C. A. A matemática em sala de aula. Porto Alegre: Penso, 2013. Números naturais: operações e algoritmos20 Conteúdo:
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