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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” Campus Experimental de Ourinhos DELIMITAÇÃO DE MICRO BACIA HIDROGRÁFICA E DETERMINAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DESTA NA CAPTAÇÃO/ SUCÇÃO EM PIVÔ CENTRAL NA FAZENDA ATALIBA LEONEL, MANDURI, SP. Verusa Alvim Castaldim e Souza Orientador: Prof. Dr. Edson Luís Piroli Trabalho de conclusão de curso para obtenção de título de especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas pela UNESP, Campus Experimental de Ourinhos Ourinhos Novembro de 2012 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” Campus Experimental de Ourinhos DELIMITAÇÃO DE MICRO BACIA HIDROGRÁFICA E DETERMINAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DESTA NA CAPTAÇÃO/ SUCÇÃO EM PIVÔ CENTRAL NA FAZENDA ATALIBA LEONEL, MANDURI, SP. Verusa Alvim Castaldim e Souza Trabalho de conclusão de curso para obtenção de título de especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas pela UNESP, Campus Experimental de Ourinhos Ourinhos Novembro de 2012 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a Deus e à minha família pelo constante incentivo. AGRADECIMENTOS Agradeço, inicialmente, a Deus, que me motivou desde o início nesse trabalho e me deu forças para finalizá-lo. Agradeço também à minha família sem a qual não conseguiria participar desta pós-graduação, bem como realizar as atividades. Por fim, porém não menos importante agradeço aos professores, amigos (e não colegas) e todos aqueles que participaram de alguma forma durante essa fase tornando possível esse trabalho. Obrigada a todos pela compreensão, paciência, estímulos, incentivos, transmissão de conhecimentos e experiências. SUMÁRIO I. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ....................................................................... 2 II. OBJETIVOS .............................................................................................................. 4 II. i. Objetivo geral ......................................................................................................... 4 II. ii. Objetivo específico ................................................................................................ 4 III. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 5 III. i. Fazenda Ataliba Leonel........................................................................................ 5 III. i. a. Histórico da Fazenda Ataliba Leonel e sua utilização................................... 5 III. ii. Características geológicas, formação, localização, hidrografia....................... 7 III. iii. SIG – Sistema de Informações Geográficas ................................................... 10 III. iii. a. Conceito e aplicações de um SIG ................................................................ 10 III. iii. b. Escala............................................................................................................. 13 III. iii. c. Representação gráfica por modelos ............................................................ 14 III. iii. c. 1 - Modelo Vetorial ....................................................................................... 14 III. iii. c. 2. Modelo Matricial (ou raster) ................................................................... 18 III. iii. c. 3. Erros........................................................................................................... 21 III. iii. c. 3. a. Erros comuns: ....................................................................................... 21 III. iii. c. 3. b. Erros Resultantes de Variações Naturais ou Medidas de Originais 21 III. iii. d. Tipos de dados geográficos .......................................................................... 22 III. iii. d. 1. Plani-altimétricos .................................................................................... 22 III. iii. d. 2. Ambientais ................................................................................................ 23 III. iii. d. 3. Cadastrais ................................................................................................. 24 III. iii. e. Representação espacial dos dados geográficos........................................... 24 III. iii. e. 1. Modelo Numérico de Terreno (MNT) ou Modelo Digital de Terreno (MDT) ............................................................................................................................ 25 III. iii. e. 2. Mapa Temático Ambiental ...................................................................... 26 III. iii. e. 3. Mapa Temático Cadastral ...................................................................... 26 III. iii. e. 4. Redes .......................................................................................................... 27 III. iii. f. Modelagem de dados em SIG...................................................................... 28 III. iii. g. Operações de análise de dados de um SIG................................................. 29 III. iii. h. Classificação dos atributos .......................................................................... 29 III. iii. h. 1. Quantil....................................................................................................... 30 III. iii. h. 2. Intervalo igual ........................................................................................ 30 III. iii. h. 3. Desvio padrão ......................................................................................... 30 III. iii. h. 4. Quebras Naturais ................................................................................... 30 III. iii. h. 5. Valor Único ............................................................................................. 30 III. iii. i. Cálculo de Medidas Lineares e de Área ...................................................... 31 III. iii. j. Cruzamento de camadas............................................................................... 31 III. iii. j. 1. Corte ........................................................................................................... 31 III. iii. j. 2. Intersecção ................................................................................................. 32 III. iii. j. 3. União........................................................................................................... 32 III. iii. l. Geração de áreas de proximidade................................................................ 32 III. iii. m. Agregação espacial por atributos .............................................................. 33 III. iv. Irrigação ............................................................................................................ 33 III. iv. a. Irrigação no Brasil ........................................................................................ 35 III. iv. b. Métodos de Irrigação ................................................................................... 36 III. iv. b. Superficiais .................................................................................................... 37 III. iv. c. Sulcos.............................................................................................................. 37 III. iv. c. 1. Sulcos retos ................................................................................................ 38 III. iv. c. 2. Sulcos em contorno ................................................................................. 38 III. iv. c. 3. Sulcos corrugados ..................................................................................... 39 III. iv. d. Inundação ...................................................................................................... 39 III. iv. e. Irrigação Subterrânea................................................................................... 39 III. iv. f. Irrigação sob pressão.....................................................................................40 III. iv. f. 1. Aspersão ..................................................................................................... 40 III. iv. f. 1. a. Aspersão convencional móvel .............................................................. 42 III. iv. f. 1. b. Montagem direta .................................................................................. 42 III. iv. f. 1. c. Autopropelido........................................................................................ 43 III. iv. f. 1. d. Pivô central ............................................................................................ 43 III. iv. f. 1. e. Lateral rolante....................................................................................... 44 III. iv. f. 1. f. Microaspersão......................................................................................... 44 III. iv. f. 2. Irrigação Localizada.................................................................................. 44 III. iv. f. 2. a. Gotejamento ........................................................................................... 46 III. iv. g. O manejo da irrigação .................................................................................. 46 III. iv. h. Seleção do método de irrigação.................................................................... 47 III. iv. h. 1. Água ........................................................................................................... 47 III. iv. h. 1. a. Quantidade de água.............................................................................. 47 III. iv. h. 1. b. Consumo de água na Irrigação ........................................................... 48 III. iv. h. 1. c. Aproveitamento de água para irrigação............................................. 48 III. iv. h. 1. d. Qualidade da água................................................................................ 49 III. iv. h. 1. e. Salinidade .............................................................................................. 49 III. iv. h. 1. f. Toxidade................................................................................................. 49 III. iv. h. 1. g. Sedimentos............................................................................................. 49 III. iv. h. 1. h. Coliformes fecais .................................................................................. 50 III. iv. h. 2. Solo ............................................................................................................. 50 III. iv. h. 2. a. Capacidade de infiltração da água no solo................................... 50 III. iv. h. 2. b. Capacidade de retenção da água no solo...................................... 51 III. iv. h. 2. c. Cálculo da lâmina e turno de irrigação .............................................. 51 III. iv. h. 3. Cultura....................................................................................................... 52 III. iv. h. 4. Relevo......................................................................................................... 53 III. iv. h. 5. Mão-de-obra.............................................................................................. 53 III. iv. h. 6. Energia....................................................................................................... 54 III. iv. h. 7. Custo .......................................................................................................... 54 III. iv. h. 8. Meio ambiente........................................................................................... 55 III. iv. h. 9. Balanço Hídrico ........................................................................................ 55 III. iv. h. 10. Eficiência de irrigação............................................................................ 56 III. v. Culturas de verão e de inverno comumente produzidas na unidade de estudo ........................................................................................................................................ 57 III. vi. Bacia Hidrográfica............................................................................................ 58 III. vii. Morfometria ..................................................................................................... 62 III. viii. Precipitação..................................................................................................... 63 III. viii. a. Definição...................................................................................................... 63 III. viii. b. Medições ...................................................................................................... 63 III. viii. c. Precipitação média em uma microbacia hidrográfica............................. 64 III. viii. d. Freqüência de Totais Precipitados............................................................ 64 III. viii. e. Séries Históricas.......................................................................................... 66 V. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................... 67 V. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 73 VI. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 74 VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 75 ANEXOS ....................................................................................................................... 76 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 01. . Localização da cidade de Manduri no Estado de São Paulo, onde se situa a Fazenda Ataliba Leonel, SAA..................................................................... 2 Figura 02. Mapa da UGRHI 14 no Estado de São Paulo.............................................9 Figura 03. Mapa da UGRHI 14....................................................................................10 Figura 04. Representação geométrica dos elementos geográficos.............................15 Figura 05. Formação dos elementos geográficos........................................................ 16 Figura 06. Relações entre os elementos da estrutura de armazenamento topológica................................................................................................................ 17 Figura 07. Comparação entre a estrutura topológica e spaghetti.............................18 Figura 08. Modelo de representação matricial........................................................... 19 Figura 09. Imagens IKONOS (1m) e SPOT (20 m)....................................................19 Figura 10. Isolinhas e pontos de amostragem............................................................. 25 Figura 11. Dados demográficos representados como Mapa Temático Cadastral e Modelo Numérico................................................................................................... 27 Figura 12. Representação por rede..............................................................................28 Figura 13. Opções na construção de buffers...............................................................33 Figura 14. Mapa da fazenda confeccionado com GPS Magellan..............................72 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Municípios integrantes da UGRHI 14 com especificação daqueles que também possuem território em outras UGRHI’s. ....................................................... 7 Tabela 2. Finalidade, objetivo e áreas de aplicação dos SIG’s. ................................ 11 Tabela 3. Funções de acordo com o modelo de representação geométrica. ............ 20 Tabela 4. Sistemas de irrigação mais utilizados e suas eficiências esperadas. ........ 57 Tabela 5. Conceitos de bacia hidrográfica. ................................................................ 60 Tabela 6. Conceitos de microbaciahidrográfica. ...................................................... 61 Tabela 7. Conceitos de Sub-bacia hidrográfica. ........................................................ 62 Tabela 8. Dados de precipitação para a região nos últimos dez anos. Dados obtidos na estação experimental de Ataliba Leonel, manduri, SP. ....................................... 76 Tabela 9. . Dados de precipitação para a região nos últimos dez anos. Dados obtidos na estação experimental de Ataliba Leonel, manduri, SP. .......................... 85 1 RESUMO Caracterização de um micro bacia hidrográfica localizada na Fazenda Ataliba Leonel, também conhecida como Fazenda do Estado, na cidade de Manduri, São Paulo, órgão da CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Tal caracterização será obtida pela junção de informações geográficas da região por meio de mapas, como rede hidrográfica, curvas de nível, relevo e outras como dados pluviométricos e dados do pivô central instalado na área, além de georreferenciamento da área. A área de contribuição desta micro bacia estudada será determinada com os cruzamentos dos dados citados anteriormente e com utilização de programa computacional, no caso, o AutoCAD, com o qual será traçada área de contribuição. Por fim, será possível classificar a utilização do sistema de irrigação da área segundo a disponibilidade de água para tal finalidade. Palavras-chaves: micro bacia hidrográfica, área de contribuição, georreferenciamento Abstract: Characterization of a micro watershed located on Farm Ataliba Leonel, also known as the Fazenda do Estado, in the city of Manduri, São Paulo, organ of CATI – Coordenadoria de Assistencia Técnica Integral. This characterization is obtained by joining the region's geographic information through maps, as hydrographic network, contours, and other relief as rainfall data and data center pivot installed in the area, and georeferencing area. The contribution of this area of micro watershed studied will be determined with the crossings of the data cited above and with use of a computer program, in this case, AutoCAD, with which will be drawn contribution area. Finally, it is possible to classify the use of the irrigation system area according to availability of water for this purpose. Keyworks: micro watershed, contribution area, georeferencing 2 I. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA O objeto de estudo é uma área sob pivô central na Fazenda Ataliba Leonel, que está localizada no município de Manduri, a 334 Km da capital do Estado de São Paulo, pertencente à CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, órgão da SAA – Secretaria de Agricultura e Abastecimento. A fazenda estudada localiza-se entre os municípios de Manduri e Piraju, na Rodovia SP 287, Km 50. Suas coordenadas geográficas são latitude 23º 10’S e longitude 49º 20’W. Abaixo há um mapa com a localização do município de Manduri no Estado de São Paulo. Figura 01. . Localização da cidade de Manduri no Estado de São Paulo, onde se situa a Fazenda Ataliba Leonel, SAA. Nesta fazenda há quatro pivôs centrais responsáveis por uma área de 120 hectares cada um, onde se planta, basicamente, no verão milho e, no inverno trigo, triticale, aveia e outros cereais típicos da época. Empresas públicas e privadas buscam pequenas áreas sob esses pivôs para instalarem ensaios de materiais e avaliarem o desempenho de tais cultivares, inclusive ensaios nacionais; a própria fazenda realiza ensaios nessas áreas para avaliar seus materiais, que são milho, painço, mamona, sorgo e outras. É impossível se mencionar sistema de irrigação sem pensar no termo ‘ÁGUA’. Este insumo importantíssimo tem aparecido em noticiários em posições de destaque, seja pela excelência ou abundância em alguns lugares, pela contaminação em outros ou pela escassez que certos locais têm de enfrentar; há, inclusive, o ‘Dia Mundial da Água’, comemorado em 22 de março. A realidade é que não há vida sem água. A água é essencial para a germinação e o desenvolvimento de todas as culturas, umas menos, outras mais, variando também, de acordo com seu estádio de desenvolvimento e a possibilidade de oferecer essa quantidade de água à cultura e sanar 3 uma possível falta por meio de sistema de irrigação é uma realidade nesta propriedade de estudo. A ideia de se isolar um pivô e analisa-lo torna o problema pontual facilitando o manejo das informações e conclusões. O conhecimento da área in loco também é um fator positivo para esclarecimentos que possam surgir. 4 II. OBJETIVOS II. i. Objetivo geral O objetivo geral desse trabalho é localizar um dos pivôs centrais da Fazenda Ataliba Leonel e, por meio de recursos computacionais e dados cartográficos, geográficos, meteorológicos e estatísticos proceder à análise de reposição da água referente a microbacia onde está inserido para avaliações a respeito da sua utilização. II. ii. Objetivo específico O objetivo específico desse trabalho é conhecer o volume de água correspondente à área de contribuição da microbacia hidrográfica onde está situado um dos pivôs centrais na Fazenda Ataliba Leonel e, com esse dado avaliar se o seu uso está sendo predatório ou consciente. 5 III. REVISÃO DE LITERATURA III. i. Fazenda Ataliba Leonel III. i. a. Histórico da Fazenda Ataliba Leonel e sua utilização A Fazenda Ataliba Leonel faz parte da rede de vinte e um núcleos (quinze de sementes e seis de mudas) do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes da CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral – da SAA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Em 21 de junho 1941 a Fazenda foi adquirida por meio de desapropriação (o governo queria desenvolver, no local, pesquisa e produção de sementes de milho híbrido), era dos herdeiros de “Nhonhô” Braga. Na época da desapropriação era denominada Fazenda Santo Antonio, de 1945 a 1957 foi chamada de Fazenda Modelo e Experimental. Até meados de 1950 a produção de sementes era feita na Fazenda Ipanema: o Ministério da Agricultura deu um ano de prazo para a entrega de terras e benfeitorias da estação experimental Ipanema, na região de Sorocaba, e o Governador do Estado Jânio Quadros determinou e autorizou a transferência para Ataliba Leonel do acervo estadual nela existente e o seu pessoal foi designado para prestar serviços na Fazenda de Milho Híbrido Ataliba Leonel. Tal fazenda empregava grande número de trabalhadores da região e produzia grande volume de sementes. O nome Ataliba Leonel surgiu devido à existência de uma Estação Ferroviária no ramal Piraju-Manduri que tinha esse nome. Há, na fazenda, a estação meteorológica pertencente ao Instituto Agronômico de Campinas, que foi Instalado em 1962. Desde então são efetuadas observações diariamente sobre temperaturas, velocidade do vento, sentido do vento, pressão atmosférica, chuvas, evaporação, evapotranspiração, temperatura da relva, geada, insolação, temperatura do solo em vários níveis, etc. Ainda hoje, esta participa na produção de sementes voltada ao agricultor familiar, embora atenda também grandes produtores. Os seus carros chefes são: na safra de verão, o milho e, na safra de inverno, cereais dessa época, como trigo, triticale, aveias (preta e branca) e outros. A CATI produz também sementes de nabo forrageiro, painço (utilizado tanto para alimentação de pássaros quanto para cobertura do solo na entressafra, sendo que, o ciclo é de cerca de 65 a 80 dias e de 45 a 50 dias, 6 respectivamente), guandu (que é, comumente utilizado para adubação verde), um destaque desse departamento é a produção de biodiesel de óleo de girassol, este plantado para ocupação de áreas no inverno. Em 1989 teve início o programa para se obter variedades de milho, justamente visando o agricultor familiar, uma vez que o preço dessa semente é bem mais reduzido do que a do híbrido e sua produtividade não e reduz na mesma proporção. Em seguida teve início o programa de melhoramento de variedades onde são feitos experimentos, análises, cruzamentosde plantas com características buscadas a fim de se obter uma planta “ideal”. O programa de melhoramento é contínuo, pois sempre é possível melhorar uma característica. O que deve ser citado é que, para a produção de grãos, por exemplo, busca-se uma planta baixa (que tenha eficiência e baixo índice de perdas na colheita), já para um milho destinado para silagem espera-se que tenha porte mais elevado, aumentando, assim a quantidade de massa; além disso pode-se optar por grãos moles ou duros, branco ou amarelo, enfim são itens que se busca de acordo com a finalidade daquele milho. Esse programa de melhoramento genético é aplicado principalmente ao milho, porém também no painço, sorgo, girassol, feijão, nabo forrageiro e mamona. As variedades selecionadas no melhoramento genético são apresentadas em Dias de Campo na unidade, onde é aberto também para outras empresas públicas e privadas cultivarem, apresentarem e divulgarem as características de seus principais produtos. Essa é a principal forma de se aproximar o agricultor das mais novas tecnologias no setor. Recentemente a unidade de Ataliba Leonel passou a ter um rebanho de bovinos com a finalidade de corte. Outra atividade que merece ser citada é a implantação de florestas de eucaliptos, inclusive pesquisas estão sendo desenvolvidas com diferentes espécies na fazenda para avaliação das melhores segundo a finalidade a que é destinada, celulose ou madeira. As vendas, tanto dos animais quanto das árvores são realizadas por meio de leilões. A fazenda possui uma área de 3383 hectares, sendo 1673 cultiváveis, dos quais, 480 ha são irrigados por 4 pivôs centrais; mata nativa e reflorestamento somam uma área de 1645 ha. Pertence à fazenda também uma unidade de beneficiamento de sementes (UBS) onde as sementes, vindas do campo são limpas, separadas em diversas classes (de acordo com tamanho, formato), secas e armazenadas até que sejam comercializadas. Em época de pico de safra tal estrutura não é suficiente, sendo necessário beneficiar os grãos em outras unidades com essa finalidade, como a unidade 7 de Avaré, Paraguaçu Paulista, Ibitinga ou outro núcleo que tenha capacidade e disponibilidade no momento. III. ii. Características geológicas, formação, localização, hidrografia Manduri pertence à UGRHI 14 – Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos número 14, que corresponde à Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema e localiza-se na região sudoeste do Estado de São Paulo. Abaixo é apresentada a posição desta UGRHI no Estado de São Paulo e, em seguida nota-se uma tabela onde há a relação de todos os municípios integrantes da UGRHI 14, bem como aqueles que ultrapassam o território e avançam para uma UGRHI vizinha, caso esse, observado para Manduri, porém para a realização desse trabalho esse fator não é relevante, pois a Fazenda Ataliba Leonel está totalmente inserida na UGRHI 14. Tabela 1. Municípios integrantes da UGRHI 14 com especificação daqueles que também possuem território em outras UGRHI’s. Município UGRHI com localização parcial do território Angatuba Arandu Barão de Antonina Bernardino de Campos UGRHI 17 Bom Sucesso de Itararé Buri Campina do Monte Alegre Capão Bonito Coronel Macedo Fartura Guapiara Guareí Ipaussu UGRHI 17 Itaberá Itaí Itapetininga Itapeva Itaporanga Itararé Manduri UGRHI 17 Nova Campina 8 Paranapanema Pilar do Sul UGRHI 10 Piraju Ribeirão Grande UGRHI 10 Riversul São Miguel Arcanjo Sarutaiá Taquarituba Taquarivaí Tejupá Timburi A UGRHI 14 possui uma área de drenagem de aproximadamente 22.550 km2, compreendendo a Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema, cujos principais cursos d’água são o Rio Paranapanema, Rio Apiaí-Guaçu, Rio Taquari, Rio Itapetininga, Rio Verde, Rio Capivari, Rio Itararé e Ribeirão das Almas. No território da bacia, encontram-se os reservatórios Boa Vista, Jurumirim, Piraju e Chavantes. O clima da UGRHI do Alto Paranapanema pode ser classificado, de um modo geral, como tropical úmido com ligeira variação entre as regiões mais ao interior e a serra de Paranapiacaba. Abaixo é apresentado o mapa da UGRHI 14 no Estado de São Paulo. 9 Figura 02. Mapa da UGRHI 14 no Estado de São Paulo. A seguir está o mapa da UGRHI 14. 10 Figura 3. Mapa da UGRHI 14. III. iii. SIG – Sistema de Informações Geográficas III. iii. a. Conceito e aplicações de um SIG Um SIG ou GIS (Geographic Information System) é um sistema composto por software, usuário, hardware, dados e metodologia (ou técnicas) de análise, que permite o uso integrado de dados georreferenciados com uma finalidade específica, ou seja, é um sistema de informação capaz de gravar, armazenar e analisar informações sobre elementos que compõem a superfície da Terra, além de gerar imagens de uma área em duas ou três dimensões e representar elementos naturais associados a elementos artificiais. Até o advento da informática, a manipulação de dados geográficos era feita através de mapas e outros documentos impressos ou desenhados em uma base, porém essa maneira impunha algumas limitações, como a análise combinada de mapas oriundos de diversas fontes, temas e escalas e, na atualização dos dados era necessária a reimpressão ou o redesenho em outra base, o que se torna impossível para um grande volume de informações. 11 A partir de meados do século XX a situação anteriormente descrita começa a mudar: dados geográficos passam a ser tratados por um conjunto de técnicas matemáticas e computacionais – é o geoprocessamento. Já os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) correspondem às ferramentas computacionais do geoprocessamento, com as quais se realizam análises complexas ao se integrar dados de diversas fontes e elaborar bancos de dados. O primeiro SIG foi criado na década de 60 no Canadá com o intuito de possibilitar a criação de um inventário de recursos naturais, quando os programas eram muito difíceis de utilizar e exigiam mão de obra especializada (alto custo), esta situação começou a mudar com o desenvolvimento da informática e de modelos matemáticos para aplicação da cartografia em meio computadorizado, os GIS foram se aperfeiçoando. Já na década seguinte, Ottawa (Canadá) sediaria o primeiro simpósio sobre Sistemas de Informações Geográficas do mundo. Abaixo é apresentada a tabela 01 que dá exemplos da utilização de SIG’s. Tabela 2. Finalidade, objetivo e áreas de aplicação dos SIG’s. Finalidade Objetivo Área de aplicação Projetos Definição das características do projeto Projeto de loteamentos Projeto de irrigação Planejamento territorial Delimitação de zoneamentos e estabelecimento de normas e diretrizes de uso Elaboração de planos de manejo de unidades de conservação Elaboração de planos diretores municipais Modelagem Estudo de processos e comportamento Modelagem de processos hidrológicos Gerenciamento Gestão de serviços e de recursos naturais Gerenciamento de serviços de utilidade pública Gerenciamento costeiro Banco de Dados Armazenamento e recuperação de dados Cadastro urbano e rural Avaliação de riscos e potenciais Identificação de locais susceptíveis à ocorrência de um determinado evento ou fenômeno Elaboração de mapas de risco Elaboração de mapas de potencial Monitoramento Acompanhamento da evolução dos fenômenos através da comparação de mapeamentos sucessivos no tempo Monitoramento da cobertura florestal Monitoramento da expansão urbana Logístico Identificação de pontos e rotas Definição da melhor rota Identificação de locais para implantação de atividades econômicas O Sistema de Informação Geográfica realiza, basicamente, três operações: 12 1- Gerenciamento de banco de dados geográficos – armazenamento, integração e recuperação de dados de fontes diversas, formatos e temas dispostos em um único banco de dados. 2- Análises espaciais – a partir de um banco de dados geográficos, combinações e cruzamentos de dados são realizados por operações geométricas e topológicas cujo resultado é a geração de novos dados;3- Produção cartográfica – edição e configuração da representação gráfica dos dados a fim de atingir a visualização através da tela ou na forma impressa. Diferentemente dos sistemas de informação, os sistemas aplicativos utilizados em geoprocessamento não desempenham funções de banco de dados, mas tarefas específicas sobre a base de dados. Entre estes sistemas, podemos destacar: CAD (computer aided design - projeto auxiliado por computador) – sistemas, cujo objetivo é facilitar a elaboração de projetos de engenharia e arquitetura, são utilizados em cartografia digital. Empregadas para a digitalização das bases cartográficas através da vetorização de um documento cartográfico em formato raster diretamente na tela ou em papel utilizando uma mesa digitalizadora. Estes sistemas apresentam recursos para apresentação com recursos sofisticados de edição gráfica, exibição e impressão. PDI (Processamento Digital de Imagens) – sistemas que realizam operações de tratamento nas imagens de sensoriamento remoto por meio de análise estatística nestas para melhoria da qualidade para extração de informações pelo analista humano e à classificação das imagens. Há as técnicas de realce, as filtragens, as operações algébricas e a transformação por componentes principais. MNT (Modelos Numéricos de Terreno) – sistemas que, através da interpolação de pontos amostrais ou isolinhas, geram uma superfície contínua representando a distribuição espacial como altimetria, batimetria, dados geológicos, meteorológicos e geofísicos. É bastante utilizado. Os dados geográficos descrevem os objetos do mundo real, a partir de três fatores, a saber: 1- Localização geográfica - posição em relação a um sistema de coordenadas conhecidas; 13 2- Relacionamentos espaciais ou topológicos - relações espaciais com outros objetos - referências; 3- Atributos temáticos - propriedades medidas ou observadas. Ao se analisar um banco de dados geográficos, estes podem ser armazenados em camadas a fim de facilitar seu manuseio e sua sobreposição representa o modelo do mundo real, um cuidado que deve ser tomado é que há a necessidade de possuírem projeção cartográfica, sistema de coordenadas e sistema geodésico (datum) comuns e tenham sido geradas em escalas próximas. Um exemplo da utilização de camadas é uma cidade que tem sua área urbana representada por uma camada, dentro desta área urbana há as avenidas principais que são outra camada e assim por diante. As camadas são compostas por uma coleção de elementos geográficos, denominados também como entes ou entidades espaciais ou objetos, relacionados a um único tema ou uma classe de informação e representam algo (um tema). Conceitualmente, em uma única camada não devem existir elementos que se sobreponham espacialmente, pois como a camada contém elementos de um único tema, não é correto que um elemento pertença a duas classes do mesmo tema simultaneamente. Por exemplo, um elemento não pode pertencer a ambas as classes floresta e área urbana, em um mapa de uso e cobertura do solo. III. iii. b. Escala Os atributos para serem representados em um ambiente computacional devem ser expressos em uma escala de medida ou de referência, podendo ser nominal e ordinal (chamadas medidas temáticas) ou intervalo e razão, que são utilizadas para nomear ou classificar, e não para expressar magnitude da medida (como se pode sugerir), portanto não são utilizados em expressões matemáticas. A escala nominal descreve os atributos segundo classes de determinado tema, como os mapas de uso e cobertura do solo, pedologia etc. Já a escala ordinal é utilizada para expressar a ordenação de um conjunto de dados, assim ela não define a magnitude do evento, mas o posicionamento relativo a um conjunto de dados ordenados. Este tipo de escala é utilizado em mapas de susceptibilidade, onde é expresso o risco de um evento ocorrer (baixo, médio e alto risco). Um outro exemplo corresponde a dados que representam hierarquias, como a ordem dos canais de drenagem. 14 Já as escalas de intervalo e de razão (medidas numéricas) expressam a magnitude dos fenômenos ou eventos. Porém enquanto os valores da escala racional podem ser utilizados em expressões matemáticas, os valores expressos na escala de intervalo devem ser convertidos para escala racional para serem utilizados. Na escala de intervalo, o ponto de referência zero é definido de forma arbitrária e a extensão dos intervalos é estabelecida por convenção. O valor zero não significa ausência do atributo e permite a atribuição de valores negativos e positivos. Os valores medidos nesta escala não podem ser usados para estimar proporções, devido à posição arbitrária do valor de referência. As escalas de medição de temperatura (Celsius, Fahrenheit) e o sistema de coordenadas geográficas são exemplos de escalas de intervalo. Na escala de razão, ou racional, o ponto de referência zero não é arbitrário, corresponde à origem da escala de medida e significa a ausência do atributo, logo os valores negativos não fazem parte desta escala. Medidas de distância, peso, área, volume e contagem de ocorrências são exemplos da escala racional. III. iii. c. Representação gráfica por modelos A representação da componente gráfica no ambiente digital é feita por modelos geométricos denominados matricial (ou raster) e vetorial. As operações executadas nos SIG’s requerem que as camadas estejam representadas em determinado modelo. Abaixo são descritos, sucintamente, cada um deles. III. iii. c. 1 - Modelo Vetorial Nesta estrutura, a localização e a feição geométrica do elemento são armazenadas e representadas por vértices definidos por um par de coordenadas. Dependendo da sua forma e da escala cartográfica, os elementos podem ser expressos pelas formas geométricas (Figura 01): Pontos – representados por um vértice, isto é, por um par de coordenadas, definindo a localização de objetos. Não apresentam área nem comprimento. Exemplos: hospital representado em uma escala intermediária ou cidade em uma escala pequena, epicentro de um terremoto. 15 Linhas poligonais ou arcos – representados por, no mínimo, dois vértices ligados, gerando polígonos abertos que expressam elementos que possuem comprimento ou extensão linear. Exemplos: estradas, rios. Polígonos - representados por, no mínimo, três vértices conectados, e o primeiro vértice tem coordenadas idênticas ao do último, portanto, são polígonos fechados e definem elementos geográficos que apresentam área e perímetro. Exemplos: limites políticos-administrativos (municípios, estados), classes de mapas temáticos (uso e cobertura do solo, pedologia). Figura 4. Representação geométrica dos elementos geográficos. Fonte: ESRI (2004) Em uma camada pode haver um ou vários elementos gráficos, depende da conveniência para operação, visualização, praticidade ou outros fatores. Os rios de uma bacia hidrográfica, por exemplo, formados por um conjunto de linhas poligonais, podem estar agrupados e armazenados como um único elemento e ser uma camada, ou os rios podem ser subdivididos e cada grupo obtido ser uma camada, essas conveniências dependem, muitas vezes, da praticidade de operação dos elementos e do objetivo do trabalho. Em uma camada de municípios, aqueles compostos por parte insular e continental são representados por um conjunto de polígonos agrupados formando um único elemento. Há casos em que o elemento é representado por um polígono e outros contidos dentro deste, delimitando “buracos”, como, por exemplo, um corpo d’água no interior de uma mancha de urbana (Figura 05). 16 Figura 5. Formação dos elementos geográficos. Fonte: Estudo dirigido As feições geométricas (ponto, linha e polígono) utilizadas para representação dos elementos, bem como a sua estrutura de armazenamento, estabelecem as relações espaciais entre os elementos geográficos, ou seja, relações existentes entre si e entre os outros elementos, denominadas detopológicas (Burrough, 1998).As relações espaciais são percebidas intuitivamente; ao analisar um mapa, por exemplo, os elementos que fazem fronteiras com outros elementos são facilmente identificados. Entretanto, como os sistemas computacionais não são capazes de perceber estas relações, para processamento de análises espaciais nos SIG, há necessidade que estas sejam definidas explicitamente nos arquivos digitais que armazenam as feições geométricas dos elementos, ou seja, é necessário que se definam as formas e as agrupe. A estrutura de armazenamento dos dados vetoriais pode ser: - topológica: as relações espaciais entre os elementos geográficos (nós, arcos e polígonos), são armazenados em tabelas; os nós são entidades unidimensionais e representam os vértices inicial e final dos arcos, além das feições pontuais; os arcos correspondem a entidades unidimensionais, iniciando e finalizando por um nó, podendo representar o limite de um polígono ou uma feição linear e os polígonos, que representam feições de área, são definidos por arcos que compõem o seu perímetro. A topologia permite estabelecer as seguintes relações entre os elementos: Pertinência – os arcos definem os limites dos polígonos fechados definindo uma área (tornam-se objetos); 17 Conectividade – os arcos são conectados com outros a partir de nós, permitindo a identificação de rotas e de redes, como rios e estradas; Contigüidade – os arcos comuns definem a adjacência entre polígonos. Abaixo é apresentada a figura 06 com as relações entre os elementos da estrutura de armazenamento topológica. Figura 6. Relações entre os elementos da estrutura de armazenamento topológica. Fonte: UNBC GIS LAB (2005) - spaghetti: as coordenadas das feições são armazenadas linha a linha, o que estabelece arquivos contendo uma lista de coordenadas. A simplicidade desta estrutura limita a sua utilização em análises espaciais, já que podem gerar incongruências como as listadas na Figura 07, que compara as duas estruturas (topológica e spaguetti). 18 Figura 7. Comparação entre a estrutura topológica e spaghetti. Fonte: Adaptado UNBC GIS LAB (2005) A representação das entidades pode ser feita dois modelos principais, a saber: III. iii. c. 2. Modelo Matricial (ou raster) No modelo matricial o terreno é representado por uma matriz M(i, j), composta por i colunas e j linhas, que definem células, denominadas como pixels (picture cell), ao se cruzarem (Figura 08) – forma-se uma espécie de grade sobre a imagem onde cada cada pixel apresenta um valor que se refere ao atributo que representa tal pixel, além dos valores que definem o número da coluna e o número da linha, correspondendo, quando o arquivo está georreferenciado, às coordenadas x e y, respectivamente. 19 Figura 8. Modelo de representação matricial. Fonte: Estudo dirigido Neste tipo de representação, a superfície é concebida como contínua, onde cada pixel representa uma área no terreno, definindo a resolução espacial – quanto menor o pixel, maior a resolução (maior a precisão). Em dois documentos visualizados na mesma escala, o de maior resolução espacial apresentará pixels de menor tamanho, já que discrimina objetos de menor tamanho. Por exemplo, um arquivo com a resolução espacial de 1 m possui maior resolução do que um de 20 m, pois o primeiro discrimina objetos com tamanho de até 1 m, enquanto o segundo de até 20 m. As medidas de área e distância serão mais exatas nos documentos de maior resolução, mas, por sua vez, eles demandam mais espaço para o seu armazenamento. A seguir é apresentada a figura 06 onde se pode comparar as resoluções de 1m e de 20m. Figura 9. Imagens IKONOS (1m) e SPOT (20 m). Fonte: estudo dirigido O modelo raster é adequado para armazenar e manipular imagens de sensoriamento remoto, isto é, imagens da superfície terrestre geradas a partir da detecção e do registro, por sensor instalado em veículo aéreo ou orbital, da radiação eletromagnética refletida ou emitida por uma área da superfície terrestre. Os atributos dos pixels representam um valor proporcional à energia eletromagnética refletida ou emitida pela superfície terrestre. Para identificação e classificação dos elementos geográficos, é necessário recorrer às técnicas de processamento digital de imagem e de fotointerpretação para torna-la capaz de utilizar. A seguir é apresentado um quadro onde se pode comparar os modelos matricial e vetorial: 20 Tabela 3. Funções de acordo com o modelo de representação geométrica. Função Representação Vetorial Representação Matricial Relações espaciais entre objetos Relacionamentos topológicos entre objetos disponíveis Relacionamentos espaciais devem ser inferidos Ligação com banco de dados Facilita associar atributos a elementos gráficos Associa atributos apenas a classes do mapa Análise, Simulação e Modelagem Representação indireta de fenômenos contínuos Álgebra de mapas é limitada Representa melhor fenômenos com variação contínua no espaço Simulação e modelagem mais fáceis Algoritmos Problemas com erros geométricos Processamento mais rápido e eficiente. Fonte: Adaptado Câmara et al. (2005). O modelo vetorial permite que os relacionamentos topológicos estejam disponíveis junto com os objetos, já no modelo matricial eles devem ser inseridos no banco de dados. Esta propriedade possibilita que os arquivos vetoriais sejam mais adequados para execução de consultas espaciais. A associação entre o atributo e a componente gráfica também é mais adequada ao vetorial, já que neste modelo um elemento é identificado como único, enquanto no raster este é definido por um conjunto de pixels que possuem um atributo comum. Assim, operações de consultas aos atributos são mais adequadas de serem executadas nos arquivos vetoriais. Por outro lado, a representação da superfície por pixels permite que os fenômenos contínuos sejam adequadamente representados no modelo matricial. No modelo vetorial, para cada variação do fenômeno, há necessidade de criação em um novo elemento. Por isto, que o modelo matricial é utilizado nas imagens de sensoriamento remoto e, também, nos modelos numéricos de terreno (MNT), onde cada pixel tem um valor que o representa. A representação contínua da superfície facilita a realização de simulação e modelagem, com o uso de MNT, por exemplo, é possível fazer modelagem hidrológica. Este tipo de representação também facilita as operações algébricas entre camadas (operações com matrizes), correspondendo a operações algébricas entre os pixels de camadas sobrepostas corretamente, ou seja, georreferenciadas e com mesma resolução espacial, é como se colocasse uma grade sobre a outra. Este processamento é utilizado na elaboração de mapas de susceptibilidade (potencial/risco), onde se somam ou não os 21 valores; o valor obtido por cada pixel, após as operações algébricas, pode ser classificado em níveis de susceptibilidade (baixo, médio, alto). III. iii. c. 3. Erros Um fato importante e que merece bastante atenção é a possibilidade de erros que afetam a qualidade dos dados utilizados em georreferenciamento e podem gerar conclusões equivocadas. Diante desta realidade serão apresentados abaixo as principais fones de erros e a qualidade dos dados. Os erros podem ser comuns, resultantes de variações naturais ou de medidas originais ou de processamento. III. iii. c. 3. a. Erros comuns: - Idade dos dados; - Cobertura da área de interesse; - Escala do mapa/carta; - Densidades de observações; - Relevância; - Formato; - Acessibilidade; - Acurácia posicional; - Custo. III. iii. c. 3. b. Erros Resultantes de Variações Naturais ou Medidas de Originais Estes erros estão relacionados com a variabilidade da informação espacial e a correspondente acurácia com que foi adquirida; Normalmente é detectado quando se estiver trabalhando intimamente com os dados; Podem ser de: acurácia posicional, acurácia do conteúdo, fontes de variações nos dados. Abaixo encontram-se alguns esclarecimentos sobre termos utilizadosanteriormente: 22 Acurácia posicional - sua importância nos dados geográficos depende fundamentalmente do tipo de dado; Acurácia do conteúdo - pode estar ligada aos atributos dos pontos, linhas e área na base de dados geográfica, a qual pode ou não estar correta; Fontes de variações nos dados - podem ocorrer nos dados geográficos devido a vários fatores: erros resultantes de enganos na entrada de dados, erros de medida, erros na coleta dos dados no campo, erros de laboratório e erros devido a variações espaciais e qualidade do mapa. Erros resultante de enganos na entrada de dados - são os mais comuns, embora nas fontes originais estes possam estar corretos; Erros de medida - poucos dados podem levar a dados sem confiança, sem exatidão ou observações tendenciosas; Erros na coleta dos dados no campo - um bom procedimento de coleta dos dados no campo, com bastante atenção, e uma padronização adequada dos mesmos ajudam a reduzir observações incorretas. Fontes de variações nos dados: Erros de laboratório - esse tipo de erro está associado principalmente à qualidade e precisão dos equipamentos usados, bem como dos procedimentos de análise empregados; Erros devido a variações espaciais e qualidade do mapa - muitos mapas temáticos, principalmente os que representam fenômenos ou feições naturais como solo ou vegetação, não mostram fontes de variações localizadas (específicas). Consideram as diversas categorias homogêneas, quando na maioria das vezes isto não acontece. III. iii. d. Tipos de dados geográficos Os dados geográficos podem ser classificados, segundo o conjunto de técnicas e métodos empregados em seu levantamento: III. iii. d. 1. Plani-altimétricos Determinam a posição do objeto em relação à localização de coordenadas (x,y), responsável pelo termo ‘plani’ referindo-se a ‘plano’ e à altura ou altitude (z), se faz 23 alusão a altimetria. Os métodos de levantamento podem ser divididos em quatro grupos: Os levantamentos topográficos são baseados na medição de distâncias e ângulos e a aplicação de relações trigonométricas, através de equipamentos analógicos ou por estações totais. São utilizados em levantamentos com extensão de aproximadamente 30 km, onde a curvatura da Terra não necessita ser considerada. Os levantamentos geodésicos são similares aos topográficos, com a diferença que são destinados a levantamentos de maiores extensões, onde a curvatura da Terra precisa ser levada em conta. A determinação da localização planimétrica dos pontos pode ser feita por triangulação, poligonação ou trilateração e a altitude por nivelamento geodésico. Os levantamentos aerofotogramétricos utilizam-se de fotografias aéreas para determinação da posição dos objetos. Não dependem de dados levantados pelos métodos descritos anteriormente, é necessário ter pontos de controle com coordenadas conhecidas para a transformação dos pontos das fotos em valores das coordenadas; Os levantamentos por posicionamento por satélites fundamentam- se na utilização de rastreadores geodésicos que recebem ondas eletromagnéticas emitidas de posições conhecidas, permitindo a determinação da posição do objeto na superfície terrestre. São exemplos deste levantamento aqueles realizados com o auxílio de sistema de posicionamento por satélites artificiais, como o GPS e o GLONASS. III. iii. d. 2. Ambientais Coletam dados qualitativos ou quantitativos de fenômenos, bem como a sua expressão espacial, a partir de uma variedade de métodos que podem ser agrupados em dois grupos: Nos levantamentos contínuos, os dados de interesse são obtidos de forma contínua no terreno, em geral remotamente, isto é, sem 24 contato direto com objeto, como é o caso do sensoriamento remoto, e fornecem a expressão espacial e a categoria do atributo. Devido à possibilidade de coleta temporal contínua, é possível fazer o monitoramento espacial do fenômeno estudado. Exemplo: Mapa de Uso e Cobertura do Solo. Os levantamentos pontuais têm como base a coleta dos dados em campo a partir de uma rede de pontos de amostragem que visam medir a magnitude do fenômeno estudado. As estações de coleta de dados como as estações hidrometeorológicas podem são exemplos, porém a possibilidade de que as informações sejam enviadas por telemetria reduz a quantidade de visitas a campo. Nestes levantamentos, podem ser obtidas séries temporais contínuas gerando uma série histórica de dados e, assim, permitindo a análise do comportamento do fenômeno estudado. Os levantamentos remotos propiciam a coleta de dados de áreas extensas e de difícil acesso viabilizando o estudo, enquanto que os de campo podem fornecer mais detalhamento. III. iii. d. 3. Cadastrais Referem-se ao número de ocorrências (contagem) e seus atributos. Estes levantamentos podem ser feitos por amostragem, nos quais parte representativa da população é levada em conta, ou por censo, onde todo universo da população é levantado. Os métodos de levantamento podem ser por observação ou por entrevistas. Os levantamentos cadastrais, como o fundiário e o imobiliário, são exemplos dos métodos de observação. As pesquisas domiciliares demográficas e sócio-econômicas são exemplos dos métodos baseados em entrevistas, onde os atributos são obtidos através da aplicação de questionários. III. iii. e. Representação espacial dos dados geográficos Os dados geográficos podem ser representados espacialmente por: 25 III. iii. e. 1. Modelo Numérico de Terreno (MNT) ou Modelo Digital de Terreno (MDT) Representa a distribuição espacial da magnitude (grandeza) de determinado fenômeno, através de uma representação matemática computacional (Felgueiras, 2005). A magnitude é expressa por valores numéricos obtidos no levantamento ambiental pontual, levantamento cadastral e levantamento plani-altimétrico. A primeira etapa para a geração de MNT corresponde à aquisição de amostras, representadas por curvas de isovalores (isolinhas) ou pontos tridimensionais, compostos pelas coordenadas (x,y) e pelo valor da magnitude (z), altimetria (Figura 10). A seguir, procede-se à modelagem propriamente dita, que tem como resultado a geração de uma grade retangular ou triangular (Figura 11). A primeira corresponde a uma matriz (raster) com espaçamento fixo, onde cada ponto da grade apresenta um valor estimado a partir da interpolação das amostras. Os MNT podem ser aplicados para representar espacialmente a magnitude de qualquer tipo de fenômeno, como hidrometeorológico, geofísico, geoquímico e altimetria; este último recebe uma denominação específica: Modelo Digital de Elevação (MDE). Com base nesses modelos é possível: Calcular volume e área; Traçar perfil e secção transversal; Gerar isolinhas e mapas de declividade, orientação de vertentes, sombreamento e visibilidade; Visualizar em perspectiva tridimensional. Tais modelos são muito utilizados em situações de cálculos de aterramento, retirada ou deposição de terras, por exemplo. Figura 10. Isolinhas e pontos de amostragem. Fonte: Estudo dirigido 26 III. iii. e. 2. Mapa Temático Ambiental Representa dados qualitativos (que possuem um tema que os representam), gerados nos levantamentos ambientais contínuos. Os mapas temáticos podem ser representados tanto por arquivos matriciais (os atributos dos pixels correspondem a um código que está associado a uma classe de tema) quanto vetoriais, onde elemento geográfico representa a ocorrência espacial da classe do tema em estudo. Como exemplo, têm-se os mapas geológicos, pedológicos, de uso e cobertura do solo. III. iii. e. 3. Mapa Temático Cadastral Representa dados quantitativos ou qualitativos, gerados por levantamentos cadastrais, que formam um banco de dados alfanuméricos associados a uma unidade territorial pré-definida, como município, bairro, setor censitário etc, diferentemente dos ambientais onde a ocorrência espacial do atributo não é pré-definida. A estrutura vetorial é o formato mais apropriado pararepresentação. Os atributos são expressos espacialmente de acordo com simbologia definida a partir de intervalos de classes. São exemplos destes mapas: demográficos, sócio- econômicos, cadastro de imóveis etc. A Figura 11 apresenta dados cadastrais representados por um mapa temático, onde o atributo população está associado aos municípios, e por um MNT. Enquanto num mapa temático os atributos são delimitados aos limites político-administrativo, no MNT a sua representação não obedece a estes limites, já que a sua representação gráfica é fruto da interpolação da população associada ao centróide, ou seja, centro geométrico dos polígonos (municípios). 27 Figura 11. Dados demográficos representados como Mapa Temático Cadastral e Modelo Numérico. Fonte: Estudo dirigido III. iii. e. 4. Redes São capazes de armazenar elementos geográficos em modelo vetorial com topologia de rede (arco-nó). A ligação com o banco de dados é fundamental, já que as principais operações requeridas por esta categoria de dados consistem na consulta ao banco de dados e na definição de melhor caminho. Este tipo de representação é muito bem aceito para manipulação de informações relacionadas a serviços de utilidade pública, como água, energia e telefone, redes de drenagem e vias de transporte. Numa rede elétrica, por exemplo, as linhas de transmissão são representadas como arcos, enquanto os demais componentes (postes, transformadores, subestações, linhas de transmissão) representados como nós (Figura 12). 28 Figura 12. Representação por rede. Fonte: Estudo dirigido III. iii. f. Modelagem de dados em SIG Ao se adotar o SIG como a ferramenta de tratamento e análise de dados em um projeto, o primeiro passo é gerar um modelo de análise que represente o objeto de estudo de forma conveniente e que seja baseado no objetivo do projeto. Este modelo deve conter os seguintes componentes: Base de dados – deve ser definida a base de dados necessária para alcançar o objetivo proposto, a componente gráfica quanto e os atributos. Nesta etapa, também devem ser identificadas: as propriedades cartográficas dos dados (escala, projeção, datum), o modelo geométrico de representação (vetor ou raster), a unidade territorial de integração dos dados (ou análise de dados), as fontes disponíveis de dados e os métodos de coleta, possíveis erros. Processamento – as operações de tratamento e de análise da base de dados no SIG devem ser especificadas. O tratamento dos dados destina-se à montagem e à preparação da base de dados (a fim de se atingir o objetivo proposto), consistindo em operações como: digitalização, adequação da base de dados às propriedades cartográficas, construção das tabelas de atributos e especificação dos geocódigos, organização de dados para a montagem da base de dados e possibilitar as operações de análise que se destinam a atingir o objetivo do projeto propriamente dito. Resultados – durante o processamento dos dados, serão gerados resultados intermediários e, sobre estes, serão executadas novas operações até atingir o resultado final. Tanto os produtos intermediários e o final devem ser definidos 29 no modelo de análise. Tais resultados devem ser apreciados para que se avalie sua coerência ou necessidade de reavaliação dos procedimentos desenvolvidos. III. iii. g. Operações de análise de dados de um SIG A quantidade de operações que um SIG pode executar é grande, podendo ser classificadas em três grupos. Há o grupo relacionado à produção cartográfica, onde esão inseridas operações como: representação gráfica dos elementos geográficos (cor, espessura e tipo de linha, símbolos), inserção de elementos de um mapa (legenda, orientação, escala, título, toponímia). há também o grupo das operações relacionadas ao gerenciamento de banco de dados geográficos, onde está inserida a operação de consulta. Já a análise espacial dos dados gera novas informações a partir da base de dados existente. Serão apresentadas as operações de consulta e análise espacial de dados aplicadas a uma base de dados de modelo vetorial. A associação entre a camada e uma tabela de atributos é feita a partir de um campo comum entre estas, o que possibilita que os resultados das consultas aos atributos seja conjuntamente selecionada a componente gráfica vinculada aos registros selecionados da tabela. Duas camadas podem ser diretamente vinculadas, a partir da associação entre elementos geográficos de uma aos de outra camada, tendo como base a localização destes elementos. Quando o vínculo espacial é estabelecido entre duas camadas do tipo ponto ou do tipo linha, o critério para a associação é a distância entre os elementos de cada camada. Caso uma delas seja do tipo polígono, o conteúdo ou a interseção entre os elementos geográficos é analisada. No vínculo espacial estabelecido pela distância, pode haver a opção de que seja calculada a distância entre os dois elementos como um atributo a ser acrescentado à tabela. Esta operação é apropriada para calcular a menor distância entre dois elementos pertencentes a duas camadas distintas, por exemplo. III. iii. h. Classificação dos atributos A classificação de atributos destina-se ao estabelecimento de uma representação gráfica comum (cor, tipo e tamanho) dos elementos geográficos a partir da diferenciação dos atributos, ou seja, os atributos pertencentes a uma mesma classe são representados graficamente de modo idêntico. O número de classes, o tipo de 30 classificador e a representação gráfica dos elementos são definidos pelo usuário. Os mais comumente utilizados são: III. iii. h. 1. Quantil Cada classe deve possuir o mesmo número de elementos. A partir da definição do número de classes, os intervalos são estipulados definindo o número de elementos de cada uma delas, obtido através da divisão entre o número total de elementos e número de classes e, posteriormente, ordenando os elementos pelo atributo a ser classificado. III. iii. h. 2. Intervalo igual As classes devem possuir o mesmo intervalo, calculado pela subtração entre o valor máximo e valor mínimo do atributo que será classificado e, posteriormente, dividido este valor pelo número de classes. III. iii. h. 3. Desvio padrão As classes são determinadas com base na soma e na subtração do desvio padrão da média do atributo a ser classificado, gerando, assim, respectivamente, as classes acima da média e as classes abaixo da média. III. iii. h. 4. Quebras Naturais Classes são estabelecidas a partir das quebras identificadas pelo ordenamento dos atributos, resultando em classes com valores próximos enquanto as diferenças entre as classes são maximizadas. Geralmente é utilizado o algoritmo denominado de otimização de Jenks para classificar os atributos. Este algoritmo agrupa os atributos baseado na menor erro possível, definido pela soma absoluta dos desvios da classe mediana ou, alternativamente, a soma quadrada dos desvios da classe média (ESRI, 2004). III. iii. h. 5. Valor Único 31 Utilizado para medidas temáticas (dados qualitativos). Os atributos com mesmo valor são inseridos na mesma classe. De acordo com a distribuição dos dados, um determinado tipo de classificador é mais adequado. Tal utilização depende da finalidade do trabalho. No caso de dados com intervalo de valores fixo, como, por exemplo, porcentagens e temperaturas, o classificador intervalos iguais pode ser uma boa opção. Para dados com distribuição heterogênea (não-linear), os classificadores por quebras naturais e desvio-padrão são as melhores opções. No caso deste tipo de distribuição, a classificação feita pelos classificadores - quantil e intervalos iguais - pode resultar em interpretações incorretas, já que estes podem agrupar em uma mesma classe elementos com valores muito diferentes e separar elementos com valores próximos. III. iii. i. Cálculo de Medidas Lineares e de Área Uma das operações básicas de um SIG é o cálculo de medidas lineares e de área, desde que a base de dadosesteja em uma estrutura topológica e corretamente georreferenciada, caso contrário poderá levar a erros grosseiros. Podem ser calculados: a distância entre elementos geográficos, a extensão de feições lineares, a área e o perímetro de feições poligonais. Com base nestas medidas, outros cálculos podem ser feitos, como densidade por área, indicadores de fragmentação e da geometria de bacias hidrográficas, enfim, podem ser utilizados como cálculos intermediários (ou auxiliares) a fim de se chegar ao objetivo proposto. III. iii. j. Cruzamento de camadas Uma das funções mais relevantes e usadas em um SIG é o cruzamento de camadas, gerando um novo plano com as feições gráficas originadas do cruzamento das camadas envolvidas e com os atributos de um ou de todos os planos cruzados. Os cruzamentos podem ser dos seguintes tipos: III. iii. j. 1. Corte 32 A partir do cruzamento de duas camadas, é gerado um novo plano contendo os atributos e as feições da primeira (plano de entrada) com apenas a área de abrangência da segunda (plano de corte). III. iii. j. 2. Intersecção A partir do cruzamento de duas ou mais camadas, é gerado um novo plano podendo conter os atributos das camadas envolvidas e a área abrangência correspondendo à interseção das camadas cruzadas. III. iii. j. 3. União A partir do cruzamento de duas ou mais camadas, é gerado um novo plano podendo conter os atributos das camadas envolvidas e a área abrangência correspondendo à união das camadas cruzadas. III. iii. l. Geração de áreas de proximidade Esta função gera polígonos – buffer – no entorno de elementos a partir de uma distância definida pelo usuário ou de um atributo de distância vinculado aos elementos, é como se, ao delimitar um rio, estabelece que em seu entorno fosse demarcada uma distância de 50 metros, esse método seria interessante para fazer. No caso de definir uma distância, serão criados um ou mais polígonos com a distância igual em torno dos elementos (ponto ou linha) ou do seu perímetro (polígono). Na outra forma, o atributo vinculado aos elementos estabelece a distância para geração dos polígonos, neste caso o buffer a ser construído no entorno de cada elemento variará segundo este valor (Figura 13). 33 Figura 13. Opções na construção de buffers Fonte: Estudo Dirigido III. iii. m. Agregação espacial por atributos Esta função tem a capacidade de gerar uma nova camada a partir da agregação espacial de elementos com base em um atributo a eles vinculado. Dessa forma, a partir de uma camada com elementos de certo nível de agregação espacial, uma nova camada pode ser gerada com elementos de diferente agregação espacial, por exemplo, setores censitários podem ser agregados em bacias hidrográficas. Ainda, os atributos podem ser tratados, isto é, uma nova tabela pode ser construída a partir da agregação de registros com base em um atributo. A agregação dos registros pode se dar a partir de medidas estatísticas (média, moda, variância, desvio- padrão, soma). III. iv. Irrigação A história da irrigação se confunde com a do desenvolvimento e prosperidade das civilizações. Essa técnica de produção de alimentos já era utilizada a mais de 4.000 anos e hoje, aproximadamente 17% da agricultura praticada no globo é irrigada, no entanto, essa pequena parcela contribui com 40% do total produzido. As civilizações mais poderosas surgiram ao longo dos rios, desenvolvendo sua agricultura nos vales destes e utilizando-os para navegação e expansão de fronteiras, era de onde se obtinham alimentos. O Egito, por exemplo, ergueu-se às margens do Rio Nilo, cujas cheias ocorriam devido às precipitações de húmus muito fértil e, quando as águas baixavam, ali cultivava-se principalmente o trigo. Se as cheias eram muito altas, 34 ocorriam inundações, se muito baixas, viam-se secas e consequentemente menos terra fértil nestes anos o que provocava escassez de alimento. No ano de 4000 aC foram construídos reservatórios para armazenar água nos períodos de cheia, propiciando utilizá-la quando e como fosse mais apropriado – tem início a irrigação no planeta. Nesta época a irrigação teve início também na região da Mezopotamia (atual Turquia e Irã) com utilização de água dos rios Tigre e Eufrates. No ano de 2000 aC o rei Hammurabi da Babilônia desenvolveu a irrigação em grande escala com a construção de uma rede de canais de irrigação construídos por prisioneiros, cuja área era superior a 2.600.000ha e eram também usados para navegação. Acredita-se que os famosos jardins da Babilônia foram os primeiros do mundo a serem irrigados por aspersão. As principais cidades da Índia, Mohenjodaro e Harapa foram construídas no vale do rio Indus e a civilização se desenvolveu graças à agricultura ali praticada, especialmente o arroz. Esse país contribuiu muito em estudos de hidráulica de canais e sistemas de irrigação devido à sua experiência. Na China a irrigação vem se desenvolvendo desde 3000 aC no cultivo de arroz. Estima-se que que no ano 1000 aC iniciou a agricultura irrigada na América (Fukuda, 1981) e prosperou por mais de 2000 anos. A partir de 300 aC o sistema de irrigação foi intensamente expandido em Menphis (sul do Cairo) pelo rei Menes. A irrigação é uma prática agrícola que visa principalmente atender as necessidades hídricas das culturas em momento adequado, proporcionando a maior produtividade possível. Há situações onde a irrigação é total, isto é, para que a cultura se desenvolva depende, exclusivamente, da atividade de irrigar, são locais onde a falta de água é constante ou insuficiente sempre; por outro lado, existem locais onde a irrigação é apenas suplementar, pois a precipitação não ocorre no momento em que a cultura necessita ou não é suficiente para seu ideal desenvolvimento. A água é um fator limitante para o desenvolvimento agrícola, sendo que sua falta ou excesso afetam fundamentalmente o desenvolvimento, a sanidade e a produção das culturas. Conforme relatado por Caruso (1998) a água doce própria para consumo humano e produção de alimentos não passa de 1% do total de água líquida encontrada no globo terrestre (97% é água salgada e 2% gelo). Atualmente a atividade agrícola utiliza mais de 70% do volume de água doce consumida no mundo, dessa forma, observa-se a grande necessidade do uso racional da água para produção de alimentos diante de uma população mundial crescente. 35 No Brasil, na maioria dos estados há uma época do ano seca e outra úmida, porém, como se observa existem variações e modificações inesperadas, como, por exemplo no ano de 2009 quando choveu muito mais que o considerado normal para a época no estado de São Paulo, comprometendo, inclusive, lavouras de cereais de inverno, as quais não suportam muita umidade. Diante disso o ideal é fazer uma análise hidrológica com série histórica dos períodos de chuvas na região, para tomar alguma decisão quanto a irrigação no local. O que vale ser mencionado é que não basta uma razoável distribuição de chuvas numa região em determinado período se ocorrerem perdas ou o solo não adquirir umidade suficiente para que a semente germine e a planta desenvolva bem. As perdas podem acontecer devido à evaporação da água antes que esta atinja o solo, pela evaporação da água interceptada pela planta ou da água que caiu no solo ou ainda pela transpiração das plantas; ao conjunto: evaporação somado à transpiração se dá o nome de evapotranspiração. Outras perdas podem ocorrer também pelo escoamento superficial ou por percolação profunda ou, em menor escala, por perdas laterais. III. iv. a. Irrigação no Brasil Não há registro de irrigação no Brasil pelos índios. O primeiro projeto de irrigação neste país data de 1881 no Rio Grande do Sul para o cultivo de arroz, com a construção do reservatório Cadro e, em Cachoeira do Sul teve início em 1912. A irrigação no Brasil começou a ter expressão em 1950 com uma área de 64.000ha e evolui constantemente sendo que o Rio Grande do Sul é o se destaca. Em termosgovernamentais, o primeiro programa de irrigação no Brasil foi em 1909 com a criação do Ministério da Viação e Obras Públicas e deu origem ao DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas com a construção de açudes, abertura de canais de irrigação, perfuração de poços e outros. O Ministério da Irrigação, que criava projetos governamentais, teve início em 1987, alguns destes são citados a seguir: - PPI: programa Plurianual de Irrigação, em 1969; - PIN: Programa de Integração Nacional, em 1970; - PROVARZEA: Programa Nacional para Aproveitamento Racional de Várzeas Irrigáveis. Final da década de 80 e início de 90. O objetivo inicial era incorporar áreas de várzea ao sistema produtivo através de drenagem com cultivo de soja e milho; 36 - PROFIR: Programa de Financiamento de Equipamentos de Irrigação. Fim da década de 80 e início de 90. Projeto específico de irrigação; - PRONI: Programa Nacional de Irrigação, em 1986. Aplicado em terras altas para compra de equipamentos; - PROINE: Programa de Irrigação do Nordeste, em 1986. Basicamente, irrigação por aspersão e gotejamento. Programa do governo em parceria com a iniciativa privada em que o governo fica responsável pela transmissão e distribuição de energia elétrica e macro drenagem (Christofidis, 1999); - FRUTICULTURA IRRIGADA: programa caracterizado por irrigação em pequenas áreas nas regiões sudeste e nordeste; A partir de 1995 foi criada a política Nacional de Irrigação e Drenagem, que foi denominada de Projeto Novo Modelo de Irrigação. III. iv. b. Métodos de Irrigação A irrigação pode ser realizada por diferentes métodos: aspersão, localizada, superfícial e subterrânea. Com relação à escolha do método de irrigação, não existe um melhor que o outro, e sim o que mais se adapta a cada situação em particular. Existem vantagens e limitações no emprego de cada um deles. Para escolha do método adequado de irrigação, alguns aspectos devem ser considerados, como a disponibilidade e qualidade da água, energia e mão-de-obra despendida, a topografia e o tipo de solo, o custo de implantação, o clima e a cultura. Até o inicio dos anos 80, no Brasil irrigava-se aproximadamente 1 milhão de hectares, sendo o método superficial por inundação o que ocupava a maior parte dessas áreas. A partir daí, com o incentivo do Programa Nacional de Irrigação (PRONI), houve um grande impulso na irrigação pressurizada, alcançando no ano agrícola 86/87 uma área irrigada de 2,3 milhões de hectares. Tomando esse ano agrícola como referência, a área irrigada correspondia a somente 4% do total cultivado, porém, com alta produtividade, representando 16% de todo alimento produzido, de alto valor comercial, gerando renda de 25% do total. Atualmente, a área irrigada situa-se em torno de 2,7 a 3 milhões de ha, correspondendo a 4,9 a 5% da área cultivada, e responsável pela produção de 18 a 20% da produção. Atualmente há regiões que estão se destacando pela implantação de sistemas pressurizados visando alta produtividade em suas lavouras, porém, os produtores se 37 deparam com a regularização na captação de água que, tem exigido outorga para a utilização da água para tal finalidade. III. iv. b. Superficiais Também são chamados de métodos de gravidade, uma vez que a água é aplicada diretamente sobre a superfície do solo e conduzida, gravitacionalmente, da cota maior para a menor do terreno. O sistema de irrigação por superfície é formado por: fonte de suprimento d´água; canais adutor, principais e secundários; tomadas d´água; estruturas medidoras de vazão e unidades de irrigação. Neste sistema de irrigação, é fundamental grande disponibilidade de água, terreno plano e solos com baixa capacidade de infiltração, que é um parâmetro desejável para a utilização deste método (para que a cultura utilize), caso contrário ter-se-á uma grande rede de sulcos curtos, que dificultam ou até inviabilizam o manejo e a operação de tal sistema, além de reduzir drasticamente a eficiência de aplicação de água. No Estado de São Paulo é pouco usado devido às características dos solos, o que propiciaria sulcos de comprimento reduzido e dificultariam sua operacionalização. A irrigação por superfície é de baixo custo inicial, de fácil operação após a implantação, não é afetado pelo vento, com baixo consumo de energia (gravidade), não interferindo no controle fitossanitário. A uniformidade de aplicação do sistema é baixa, quando comparada com os métodos de irrigação pressurizados; a demanda de água é alta quanto a topografia do terreno; não se adapta bem a solos permeáveis e algumas vezes necessita de sistematização da área (o que pode encarecer um pouco a implantação) e controle das perdas por percolação profunda. Os tipos de irrigação por superfície são: III. iv. c. Sulcos A distribuição da água é feita por meio de pequenos canais ou sulcos paralelos às fileiras das plantas para que estas utilizem-na. A água é derivada no início do sulco, por gravidade, a partir do canal principal ou secundário através de sifões ou tubos, estes canais podem ser revestidos ou não. Conforme a água vai 38 avançando pelo sulco, vai infiltrando-se e sendo disponibilizada à cultura. A vazão no início do sulco é maior que a vazão no final do sulco, assim a vazão derivada deve ser tal que não exceda a vazão máxima e cause erosão, mas atinja as plantas no final do sulco. Este método é indicado para culturas em linha (milho, soja, feijão, árvores frutíferas). A irrigação por sulcos molha de 30 a 80 % da superfície do solo, diminuindo assim as perdas por evaporação, além de possibilitar a colheita logo após as irrigações (Salassier, 1989). Não é recomendada para solos com taxa de infiltração básica superior a 25 mm/h, pois ocorreriam perdas de água por percolação, por outro lado, em solos com taxa de infiltração muito baixa são comuns perdas por escoamento superficial. As vazões no sulco variam entre 0,2 e 2,0 l/s. A declividade do terreno no sentido do sulco deve ser menor do que 2%. O comprimento dos sulcos varia em média entre 50 e 300 metros, podendo atingir 800 m, sendo que solos mais argilosos, com menor taxa de infiltração, podem ser mais compridos. Para solos arenosos, com altas taxas de infiltração, recomenda-se sulcos curtos a fim de se reduzir a perda de água por percolação. A irrigação por sulcos admite as seguintes variações: III. iv. c. 1. Sulcos retos É o tipo mais comum. Declividades dos sulcos variam de 0 a 1% (Salassier, 1989). III. iv. c. 2. Sulcos em contorno Construídos com declividades até 2% na direção das curvas de nível, perpendicular ao terreno. Indicados para terrenos com declividade mais elevada (até 8%), o que pode causar transbordamento com a água da chuva, e levar à erosão. A saída é construí-los com uma seção transversal maior que os sulcos retos. Mas este aumento de seção dificulta a passagem das máquinas agrícolas. Não são indicados para regiões de chuvas intensas. 39 III. iv. c. 3. Sulcos corrugados Sulcos muito pequenos construídos na direção da maior declividade do terreno a fim de direcionar o fluxo d´água sobre a superfície do solo. Podem ser feitos em terrenos uniformes com declividades até 15% (Salassier, 1989). São indicadas para culturas com alta densidade de plantio, como a pastagem, alfafa e forrageiras. III. iv. d. Inundação A água é aplicada em faixas de terrenos delimitadas por taipas (diques, que impossibilitam a passagem de máquinas agrícolas). O contorno dos tabuleiros deve ter declividade zero, realmente torna a área inundada. Pode ser necessário fazer a sistematização do terreno, podendo encarecer a implantação. Alaga-se o terreno de maneira uniforme permanecendo a água tempo suficiente para infiltrar até a profundidade explorada
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