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Tema: As defesas das borboletas – Responsável: Jaqueline Amanda S. C. de Camargo - Bolsista MEC/SESu - PET O tema tratado foi retirado do artigo de Neto, H. F. P., publicado na revista Ciência Hoje, vol 42, maio 2008. Pág 71-73. A ordem Lepidoptera (do grego: lepido (escama) e ptera (asa)) possui em torno de 180 mil espécies em todo o mundo, sendo que dessas cerca de 50 mil são encontradas somente no Brasil. Esses pequenos invertebrados dividem-se em dois grupos: as borboletas, caracterizadas por apresentarem cores bastante vivas e serem ativas durante o dia; e as mariposas, que por sua vez são conhecidas por terem atividade noturna e cores mais escuras. O padrão de cores diferente encontrado nos grupos deve-se ao fato de seus diferentes hábitos de forrageamento. As borboletas por se reproduzirem durante o dia apresentam cores mais vistosas, com o “intuito” de chamar a atenção do parceiro; já as mariposas apresentam cores mais escuras com o “objetivo” maior de se esconderem de predadores durante a noite. Algumas famílias de borboletas são bastante admiradas e valorizadas pelo espetacular padrão de cores e formas que apresentam, porém muitas dessas são consideradas, no campo, como pragas agrícolas. Por apresentarem desenvolvimento completo, os lepidópteros passam pelo estágio de larva (lagarta), e são justamente essas que causam prejuízos às plantações. Para se desenvolverem e posteriormente entrarem em fase de pupa, as lagartas alimentam-se “ferozmente” de folhas, flores e néctar, resultando em grandes perdas para o agricultor. As borboletas apresentam uma imensidão de predadores, isso porque em qualquer fase de desenvolvimento são potenciais presas; seja por invertebrados ou vertebrados. Assim ao longo de toda a evolução, diversas estratégias foram desenvolvidas pelo grupo, variando desde simples mudanças de comportamento até complexos padrões de percepção de predadores. Todas as estratégias podem ser classificadas em dois padrões, as defesas primárias ou secundárias. A primeira compreende aquelas defesas que visam prevenir a detecção do inseto pelo predador, e a segunda envolve estratégias após serem percebidos pelo mesmo. O tipo de defesa varia muito de acordo com o estágio de desenvolvimento da borboleta. Lagartas por exemplo podem apresentar defesas como barreiras físicas (enrolamento de folhas para construir um tipo de túnel; pontes de fezes que servem de refúgio), mudanças comportamentais (ao se alimentarem danificam somente as bordas das folhas, não provocando uma mudança brusca na forma dessas; logo, dificulta-se uma possível detecção, pois predadores procuram suas presas principalmente em folhas danificadas, com furos, rasgadas e modificadas) e por fim podem apresentar associações do tipo mutualismo, na qual formigas atraídas por secreções açucaradas protegem as lagartas em troca da manutenção dessa fonte. Já nos adultos as defesas típicas compreendem comportamentos que os confundem com objetos do meio em que se encontram – espécies crípticas, ou com animais de outras ordens – camuflagem. Outro tipo de comportamento refere-se ao aposematismo, que consiste em exibir um padrão de coloração bem visível e facilmente reconhecido por possíveis inimigos, porém é mais freqüentemente encontrado em borboletas que possuem gosto ruim ou produzem toxinas prejudiciais. Dentro de estratégias pertencentes a qualquer fase de desenvolvimento encontra-se a produção de componentes químicos. Esses podem ser adquiridos tanto das folhas, do néctar quanto do pólen. Fêmeas que “seqüestram” essas substâncias podem transferi-las para os ovos, conferindo proteção a esses; porém não são transferidas de um estádio para outro de desenvolvimento. Muito mais que uma importância econômica e de beleza cênica, as borboletas são importantíssimas também no aspecto ecológico, pois além de serem espécies-chave para a manutenção do equilíbrio ecológico nos ecossistemas e polinizadores de inúmeras espécies vegetais, são bioindicadores dos ambientes que habitam.
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