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UNISC – Disciplina: Contabilidade Avançada Profe: Vânia Stiebbe Peiter CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Aspectos básicos da consolidação das demonstrações contábeis. Introdução A consolidação tem por objetivo apresentar demonstrações financeiras de duas ou mais sociedades como se fossem uma única entidade. As sociedades consolidadas continuam existindo juridicamente, sendo a consolidação efetuada de forma extra contábil. A companhia aberta que possuir investimentos em sociedades controladas e controle conjuntos (CPC 18) é obrigada a elaborar demonstrações financeiras consolidadas. O pronunciamento técnico que trata de consolidação de demonstrações financeiras consolidadas é o (CPC 36). A consolidação de balanços, como é mais conhecida, já é adotada em muitos outros países há muitos anos, particularmente naqueles em que o sistema de captação de recursos, por meio da emissão de ações ao público pelas Bolsas de Valores, é importante para as empresas. Somente por meio dessa técnica é que se pode realmente conhecer a posição financeira da empresa controladora e das demais empresas do Grupo. A leitura de demonstrações contábeis não consolidadas de uma empresa que tenha investimentos em outras perde muito de sua significação, pois essas demonstrações não fornecem elementos completos para o real conhecimento e entendimento da situação financeira em sua totalidade e do volume total das operações. Nesse sentido, deve prevalecer o conceito de controle ao efetuar-se a consolidação. Esse controle não abrange apenas o acionário, mas também o da decisão em relação à política a serem seguidas pelas empresas, mais conhecidas como “influência sobre a administração”. Devemos sempre lembrar que as diversas empresas de um grupo formam um conjunto de atividades econômicas que, muitas vezes, são complementares umas das outras. Assim, é dentro dessa visão e contexto que as demonstrações contábeis devem ser analisadas, ou seja, representam o reflexo de um conjunto de atividades econômicas de um grupo empresarial; e isto só é conseguido se forem demonstrações contábeis consolidadas, apesar de a adoção do método da equivalência patrimonial para avaliação de investimentos já produza efeitos próximos aos da consolidação quanto ao lucro líquido e ao patrimônio líquido. Objetivo da Consolidação e Quem a Fará O objetivo da consolidação é apresentar aos leitores, principalmente acionistas e credores, os resultados das operações e a posição financeira da sociedade controladora e de suas controladas, como se o grupo fosse uma única empresa que tivesse uma ou mais filiais ou divisões. Isso permite uma visão mais geral e abrangente e melhor compreensão do que inúmeros balanços isolados de cada empresa. Efetivamente, a análise individual das diversas demonstrações financeiras faz perder a visão de conjunto, do desempenho global do grupo. As inúmeras transações realizadas entre empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico necessitam ser eliminadas das demonstrações consolidadas, obtendo-se, assim, apenas os valores apurados em função de operações efetuadas com terceiros alheios ao grupo. Técnicas de Consolidação O objetivo básico da consolidação é apresentar a posição financeira e os resultados das operações das diversas empresas do grupo, como se fossem uma única empresa. Assim, tendo em mãos as demonstrações contábeis das empresas que serão consolidadas, a técnica básica é, primeiramente, somar os saldos das contas. Exemplo: Suponhamos a consolidação de três empresas que tenham como Disponibilidade: Empresa A $ 1.310 Empresa B $ 845 Empresa C $ 455 $ 2.610 Assim, o saldo consolidado de Disponível é o somatório do Disponível das três empresas, que é $ 2.610. O mesmo seria feito para as demais contas do Balanço, como Duplicatas a Receber, Estoques, Imobilizado, Contas a Pagar, Fornecedores e etc. Eliminação de Saldos do Balanço e do Resultado do Exercício: A consolidação não é, todavia, simplesmente a soma dos saldos de cada conta das diversas empresas. Há necessidade, também, de eliminar os saldos existentes ou transações realizadas entre as empresas do grupo. a) Duplicatas a Receber – que aparecem na empresa do conjunto que vendeu mercadorias ou prestou serviços à outra empresa do conjunto. Logicamente, essa outra empresa terá o mesmo saldo a pagar na conta Fornecedores. Débito – Fornecedores (Empresa A) Crédito – Duplicatas a Receber (Empresa B) b) Contas Correntes – diversas operações podem normalmente ocorrer entre empresas do grupo que são debitadas ou creditadas em conta corrente. Na data do Balanço, haverá um saldo devedor em uma empresa e um correspondente saldo credor em outra; ambos deverão eliminados na consolidação, como se segue: Débito – Contas Correntes Credoras (Empresa A) Crédito – Contas Correntes Devedoras (Empresa B) c) Investimentos – a participação acionária em controladas, representada pela conta de investimento que uma empresa tiver na outra, será, também, eliminada. Exemplo: em um Investimento de $ 1.000.000, teremos: Eliminação a Débito Capital Social 400.000 “ “ Reservas de Capital 250.000 “ “ Reservas de Lucro 150.000 “ “ Lucros Acumulados 200.000 Eliminação a Crédito Investimento 1.000.000 É como se a conta de Investimento no ativo da controladora representasse um valor a receber da controlada, e uma parte das contas do patrimônio líquido da controlada representasse um valor a pagar à controladora. d) Eliminação dos Lucros existentes nos Ativos É comum que, havendo diversas sociedades em um mesmo conjunto, haja transações entre elas de venda de produtos e mercadorias (estoques) e, em casos menos comuns, de bens do imobilizado. Vamos analisar esses casos, a partir das seguintes situações: Eliminação nas contas de Resultados do Exercício: Vendas – de uma empresa para outra empresa do conjunto, a eliminação atinge também o custo dos produtos vendidos, como será mais bem explicado adiante. Comissões sobre venda, juros e outros – cobrados de outras empresas do grupo a serem eliminadas. Participações Minoritárias Anteriormente, vimos o caso da eliminação dos investimentos, que seria feita contra o capital ou patrimônio da controlada. Naquele exemplo, a suposição era a de que a empresa controladora detinha a totalidade (de 100%) das ações da controlada. Todavia, o que ocorre, na maioria das vezes, é que a controladora não possui, direta ou indiretamente, os 100%, mas uma porcentagem menor. O restante dessas ações ou quotas da controlada pertence a outras pessoas jurídicas ou físicas, denominados minoritários (ou acionistas não controladores) . Na consolidação do Balanço, a parcela do capital minoritário, conforme determina o (CPC 36) Demonstrações Consolidadas, deve ser apresentado dentro do patrimônio líquido consolidado. BALANÇO PATRIMONIAL PASSIVO+PATRIMÔNIO LÍQUIDO Passivo Circulante Passivo Não Circulante Patrimônio Líquido Participações minoritárias Total do Patrimônio Líquido Total do Passivo Consolidação das Demonstrações Contábeis de Sociedades Controladas em Conjunto Os componentes do ativo e passivo, as receitas e as despesas das sociedades controladas em conjunto deverão ser agregados às demonstrações contábeis consolidadas de cada investidora, na proporção da participação destas no seu capital social. Controlada em conjunto é a sociedade em que nenhum acionista exerce, individualmente, os poderes nem mediante a existência de acordo de votos. A controladora final deverá passar a consolidar integralmente os elementos do seu patrimônio, caso uma das sociedades investidoras passe a exercer o controle isolado sobre a sociedade controlada em conjunto. Em nota explicativa às Demonstrações Contábeis Consolidadas, deverão ser divulgadoso montante dos principais grupos do ativo, passivo e resultado das sociedades controladas em conjunto, bem como o percentual de participação em cada uma delas. Disposições Finais Serão objeto de exame e de parecer de auditores independentes as demonstrações contábeis consolidadas e respectivas notas explicativas, devendo incluir o exame das demonstrações contábeis de todas as controladas, abertas ou fechadas, incluídas na consolidação. As demonstrações contábeis consolidadas, assim como as notas explicativas e quadros analíticos, integram, em cada exercício social, as demonstrações contábeis da companhia aberta investidora ou da sociedade de comando de grupo de sociedades que inclua companhia aberta. O que é 'consolidação proporcional'? A princípio é importante ressaltarmos que a forma de avaliação dos investimentos por participação no capital de outra companhia depende do tipo de relacionamento entre o investidor e sua investida. Assim, poderemos ter as seguintes situações: (i) pouca ou nenhuma influência, (ii) influência significativa, (iii) controle e (iv) controle compartilhado. No primeiro caso (i), os títulos patrimoniais são classificados como ativo financeiro (instrumentos financeiros) e, portanto, avaliados a valor justo (ou a custo em alguns casos); no segundo caso (ii), são considerados investimentos em coligadas e avaliados por equivalência patrimonial; e, nos demais casos (iii e iv) surgem as controladas e as joint ventures (entidades controladas em conjunto), situação que exige, no balanço individual, a equivalência patrimonial, bem como a consolidação (integral para as controladas e proporcional para as joint ventures). Conforme visto, a Consolidação Proporcional é exigida para os investimentos em Joint Ventures. Mas o que seria uma Joint Ventures? As Joint Ventures tem origem na aquisição ou formação de uma entidade por dois ou mais empreendedores, sem que um deles sozinho detenha o controle da entidade. O controle conjunto requer que decisões essenciais ao negócio sejam de consenso entre os empreendedores, pelo menos entre os que dividem o poder de controle. Essa partilha do controle é usualmente definida no estatuto ou contrato social ou em documentos firmados à parte. Lembrar que os empreendedores podem até ter participações societárias diferentes na entidade controlada em conjunto (por exemplo, a Empresa A detém 70% e a Empresa B detém 30%) e, ainda assim, o controle pode ser compartilhado, quando o estatuto ou acordo firmado entre tais acionistas definir que o controle será compartilhado, ou seja, que haverá decisões consensuais entre as partes no exercício do poder para reger as políticas financeiras e operacionais da entidade. Um exemplo comum de entidade controlada em conjunto é quando duas empresas combinam suas atividades em uma linha específica de negócio pela formação de uma entidade distinta, a qual é controlada em conjunto pelas duas empresas instituidoras. Depois de conceitual Joint Ventures, o que seria a Consolidação Proporcional, afinal?? A consolidação proporcional é “o método de contabilização pelo qual a participação do empreendedor nos ativos, passivos, receitas e despesas da entidade controlada em conjunto são combinadas, linha a linha, com itens similares nas demonstrações contábeis do empreendedor, ou em linhas separadas nessas demonstrações contábeis” (CPC 19). Ou seja, a consolidação proporcional implica em reconhecer a parte do empreendedor nos ativos, passivos, receitas e despesas da joint ventures, adicionando tais valores a seus próprios ativos, passivos, receitas e despesas, por natureza (método linha a linha), incluindo tais valores em linha subsequente à linha correspondente às contas patrimoniais e de resultado de mesma natureza em suas demonstrações contábeis. Assim, basta aplicar o percentual de participação efetivo do empreendedor sobre o saldo de cada ativo, passivo, receita e despesa da joint venture, integrando-os em suas demonstrações contábeis. Portanto, não existirá a figura da participação dos não controladores, até porque não existe um controlador unilateral com preponderância nas decisões sobre políticas financeiras e operacionais da joint venture. Vale ressaltar que, a diferença entre a consolidação integral e proporcional é que, na primeira, para as demonstrações consolidadas são integrados os valores correspondente a 100% dos ativos, passivos, receitas e despesas, porque há de fato o controle de 100% sobre esses elementos. E, na segunda, para as demonstrações consolidadas são integrados os valores correspondente à parte de empreendedor (certamente menor que 100%) em cada conta patrimonial e de resultado. Assim, a aplicação da consolidação proporcional significa que o balanço patrimonial do empreendedor inclui sua participação nos ativos que ele controla de forma conjunta e sua parte nos passivos pelos quais ele é conjuntamente responsável. Da mesma forma, a demonstração do resultado do empreendedor inclui sua parte nas receitas e despesas da entidade controlada em conjunto. Da mesma forma que nos investimentos em controladas e coligadas, poderá haver saldos de operações ativas ou passivas entre as partes (empreendedor e joint venture). Nesse sentido, vale lembrar que, de acordo com o CPC 19, quando o investidor transfere ativos para a joint venture, ele reconhece no resultado somente a parte desse lucro atribuível aos demais empreendedores; é como se o empreendedor estivesse vendendo (com lucro) uma parte do ativo para os demais empreendedores (cujo ganho é reconhecido no resultado) e outra parte para si mesmo (não reconhecendo nenhum ganho no resultado, pois essa parte continua sob seu controle). Por outro lado, quando o empreendedor comprar ativos da joint venture, ele não reconhece em seu resultado a parte que lhe cabe no lucro dessa venda (auferido pela joint venture), nem em suas demonstrações individuais (via MEP) e nem nas demonstrações consolidadas (via consolidação proporcional). Bibliografia: -Manual de Contabilidade Societária – Aplicável a Todas as Sociedades de Acordo com as Normas Internacionais e do CPC – FIPECAFI – São Paulo- Editora Atlas – 2012; -Contabilidade Avançada – Marcelo Cavalcante Almeida – Rio de Janeiro – Editora Atlas – 2012. -Manual Prático de Interpretação Contábil da Lei Societária – Marcelo Cavalcanti Almeida – São Paulo – Editora Atlas – 2010. -NBC TG 36 – Demonstrações Consolidadas. www.crc.org.br - A contabilização dos investimentos sob a ótica dos novos pronunciamentos contábeis.
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