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Anatomofisiologia da pele Apresentação A pele é o órgão que recobre todo o corpo humano, revestindo nosso organismo e protegendo de patógenos externos. É o órgão mais acessível à observação e, por estar tão exposta, sofre diversos danos ao longo da vida, apresentando marcas do tempo/idade. Além disso, a pele não é apenas um órgão funcional, ela está intimamente ligada à estética e à autoimagem de cada um. Para a classificação dos tipos de pele, é importante considerar parâmetros como a hidratação da pele, que interferirá na elasticidade; a quantidade de lipídeos, que interferirá na nutrição e na suavidade; assim como o nível de sensibilidade, que determinará a resistência da pele. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver os aspectos anatômicos e fisiológicos de um dos órgãos de maior complexidade do corpo humano, a pele. Você vai ser capaz de avaliar e, então, classificar todos os tipos de pele, além de reconhecer as patologias mais comuns. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os aspectos anatômicos e fisiológicos da pele.• Classificar os tipos de pele, associando-os aos aspectos anatomofisiológicos.• Identificar as mais comuns patologias da pele, associando-as com sua anatomofisiologia.• Desafio A constante exposição que vivemos hoje provoca um aumento no interesse das pessoas por uma pele jovem, sem rugas e manchas. Os grandes responsáveis pelo aumento da procura por tratamentos estéticos são os sinais de envelhecimento, principalmente aqueles relacionados ao fotoenvelhecimento. Desses sinais, pode-se destacar o melasma, que é uma hipermelanose, responsável por afetar áreas fotoexpostas da pele. A exposição solar é fator importante, no entanto, seu aparecimento pode ser relacionado a fatores hormonais, vasculares e predisposição genética. Analise o caso clínico a seguir: Considerando que essa paciente não pode fazer o uso de ácidos devido à amamentação, responda: a) Que tratamentos são contraindicados? b) Que tratamentos o profissional poderia sugerir para as manchas na região periorbital? c) Como funciona o tratamento indicado? Infográfico Saber identificar o tipo de pele é muito importante para o profissional esteta, uma vez que os protocolos de tratamento são diferentes de acordo com o tipo de pele. Neste Infográfico, você vai identificar os diferentes tipos de pele e suas características anatômicas e fisiológicas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/6ea78efa-de44-48e4-8193-e4f91691eae3/fe2cdc5a-3bed-40e9-bedc-abaf564fb2e1.jpg A partir desse conhecimento, você vai poder desenvolver com segurança os tratamentos estéticos de acordo com o tipo de pele específico. Conteúdo do livro No capítulo Anatomofisiologia da pele, da obra Anatomofisiologia aplicada à estética, você vai ver como reconhecer os aspectos anatômicos e fisiológicos da pele, suas camadas e as células que a compõem. Além de identificar, você vai poder analisar os processos celulares importantes para a fisiologia da pele e as patologias mais comuns. Outro ponto abordado é a classificação de todos os tipos de pele: normais, secas, oleosas e mistas, por exemplo. Boa leitura! ANATOMOFISIOLOGIA APLICADA À ESTÉTICA Laura Reck Cechinel Anatomofisiologia da pele Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os aspectos anatômicos e � siológicos da pele. Classi� car os tipos de pele, associando-as os aspectos anatomo� siológicos. Identi� car as mais comuns patologias da pele, associando-as com a sua anatomo� siologia. Introdução Neste texto, você vai compreender os aspectos anatômicos e fisiológicos de um dos órgãos de maior complexidade do corpo humano: a pele. É ela órgão que recobre todo o corpo humano, revestindo o organismo. Por ser o órgão mais acessível à observação e, por estar tão exposta, a pele sofre diversos danos ao longo da vida, apresentando marcas do tempo/idade. Assim, a pele não é apenas um órgão funcional, ela está intimamente ligada à estética e à autoimagem de cada um. Por isso, é importante que o profissional da área de estética entenda as carac- terísticas fisiológicas da pele e saiba classificar todos os tipos de pele, reconhecendo as patologias mais comuns para que possa atender seus pacientes de maneira efetiva. Aspectos anatômicos e fisiológicos da pele A pele é o órgão integrante do sistema tegumentar e atua como um manto de revestimento do organismo, sendo indispensável à vida, pois isola os compo- nentes orgânicos do meio exterior. A pele é o órgão de maior peso corporal, pode representar aproximadamente 17% do peso de um indivíduo, portanto, desempenha funções essenciais na manutenção da homeostasia (ROTTA, 2008). Esse tecido reveste e delimita o organismo, tendo por objetivo básico manter o meio interno em constante equilíbrio, além de ser a primeira linha de defesa, porque protege e interage constantemente com o meio exterior, evitando a penetração de substâncias estranhas e nocivas ao organismo (OBAGI, 2004). Ainda, desempenha importante papel na síntese de vitamina D e auxilia na regulação da temperatura. A pele tem uma estrutura estratifi cada, é composta de três grandes camadas de tecidos: a epiderme (camada superior), a derme (camada intermediária) e a hipoderme ou tecido celular subcutâneo (camada profunda) (KIERSZENBAUM; TRES, 2016). A epiderme tem aproximadamente 100 μm de espessura, e desenvolve-se em um folheto único da superfície ectodérmica do embrião. É formada por várias camadas de células pavimentosas que formam um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. A epiderme é formada por quatro tipos celulares: os queratinócitos, o principal tipo celular, responsável por produzir a quera- tina, os melanócitos, os responsáveis pela produção de melanina, pigmento responsável pela coloração da pele, seu corpo celular fica localizado no estrato basal, enquanto que as extensões citoplasmáticas podem manter contato com cerca de 30 queratinócitos, formando a unidade epidérmica de melanina, as células de Langherans (estas são as que fazem parte do sistema imunitário) e as células de Merkel portadoras de terminações nervosas. As células da epiderme estão organizadas em cinco camadas ou estra- tos (estrato córneo, estrado lúcido, estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal). As células metabolicamente ativas da epiderme localizam-se nas camadas mais profundas. As células do estrato basal mantêm o equilíbrio entre a diferenciação celular e a divisão mitótica, e também são responsáveis por reparar o dano. Os queratinócitos dos estratos córneo e lúcido sofrem um queratinização ou cornificação, passando por processos que envolvem modificações moleculares, a fim de manter o número de células e promover a renovação celular (KIERSZENBAUM; TRES, 2016). Os melanócitos derivam da crista neural e contêm, no seu citoplasma, organelas especializadas, denominadas melanossomas, onde ocorre a síntese da melanina. A enzima tirosinase regula a produção de melanina, a qual se inicia pela oxidação da L-tirosina à L-Dopa e oxidação de L-Dopa à dopaquinona. Com a transformação espontânea da dopaquinona em leucodopacromo e dopa- cromo, inicia-se uma cascata bioquímica, na qual termina com a formação do pigmento castanho-preto chamado eumelanina. A combinação de dopaquinona com cisteína ou glutationa resulta em cisteinildopa e glutationildopa. Ambos passam por uma série de transformações, gerando, finalmente, um pigmento vermelho-amarelo chamado feomelanina. O pigmento melânico, geralmente, é uma mistura da eumelalina e feomelanina. A cor da pele pode variar nos indivíduos, de acordo com a região onde ele habita. Da mesma forma, sexo, idade, condições climáticas e também a saúde (metabolismo) influem sobre Anatomofisiologiada pele2 a pele. As pessoas de pele escura têm apreciável quantidade de melanina em todas as camadas da epiderme, enquanto que as pessoas de pele clara há pouca melanina distribuída entre as camadas da epiderme (RIVITTI, 2014). Além dos melanócitos, existem outras células dendríticas na epiderme: as células de Langerhans. Essas células originam-se na medula óssea e constituem de 2 a 8% da população celular total da epiderme, são células dendríticas periféricas do sistema imune, portanto, tais células estão en- volvidas nos processos de resposta contra antígenos estranhos na pele. Por fim, as células de Merckel são receptores táteis (mecanorreceptores) e são abundantes nas pontas dos dedos e na base dos folículos pilosos (KIER- SZENBAUM; TRES, 2016). A derme se trata de um tecido conjuntivo compressível e elástico, cons- tituída por fibras de colágeno e elastina. Fortemente irrigada e inervada, sua função é dar sustentação e nutrição à epiderme e aos anexos. A sua espessura varia entre de 1 a 4 mm, com um valor médio de 2 mm. Ela é subdividida em derme papilar, constituída por inúmeras papilas dérmicas interdigitadas com as pregas interpapilares formando a junção dermoepidérmica, que é constituída por tecido conjuntivo frouxo e a derme reticular é a maior parte da derme, de tecido conjuntivo denso não modelado. A principal célula do tecido dérmico, encarregada da reparação tecidual, é o fibroblasto, pois ativa a proliferação de proteínas para a cicatrização e remodelação cutânea. Essas fibras colágenas são dispostas em diferentes sentidos, e conferem resistência ao estiramento. Também se encontram nesse tecido os anexos cutâneos, os vasos sanguíneos e linfáticos, ainda, os nervos e terminações nervosas sensoriais, que podem ser livres ou encapsuladas (KIERSZENBAUM; TRES, 2016). A hipoderme ou tecido celular subcutâneo é a camada mais profunda da pele, de espessura variável, composta por tecido conjuntivo frouxo e também por tecido adiposo, ou seja, células repletas de gordura divididos por septos fibrosos compostos de colágeno, por onde correm vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Funcionalmente, a hipoderme, além de depósito nutritivo de reserva, participa no isolamento térmico e na proteção mecânica do organismo às pressões e aos traumatismos externos, facilitando a mobilidade da pele em relação às estruturas subjacentes (BORGES; SCORZA, 2017). A pele desempenha diversas funções: proteção contra injúrias, barreira impermeável que impede a desidratação, regulação da temperatura corporal, síntese de vitamina D e ainda desempenha função como órgão sensorial. Entre estas a mais importante é de proteção ao organismo humano, atuando como uma barreira contra agressores físico-químicos (abrasão e corrosão) e biológicos (microrganismos, proteínas estranhas e outros) (AZULAY, 2004). 3Anatomofisiologia da pele Assim, a pele é um órgão vascularizado e esse suporte vascular é res- ponsável por uma função primária da pele: a termorregulação. Além disso, o suporte vascular tem importante papel na nutrição da pele e dos apêndices. A organização dos vasos permite que o fluxo sanguíneo seja rapidamente alterado para atender às necessidades de perda ou conservação do calor. Existem três redes que fazem o suprimento vascular da pele: plexo subpapi- lar (ao longo da camada papilar e reticular da derme), plexo cutâneo (no limite das camadas papilar e reticular da derme), plexo hipodérmico ou subcutâneo (na hipoderme ou no tecido adiposo subcutâneo). Existem anastomoses arterio- venosas que se desviam da rede capilar, são muito comuns nas regiões reticular e hipodérmica das orelhas, lábios, nariz, mãos e pés. Os desvios vasculares estão sob controle autônomo e garantem a circulação cutânea profunda, por isso que, na face, essa circulação é afetada pelo estado emocional. A maioria dos tratamentos estéticos utilizados atualmente baseia-se na reparação do dano induzido à pele. Os estímulos podem provocar a danifi- cação ou destruição da epiderme, e esta deve ser reparada por meio de um mecanismo chamado cicatrização. O processo de cicatrização envolve quatro etapas distintas, desde o reconhecimento do dado ao reparo da lesão: 1. Coagulação: primeiramente, ocorre a formação de um coágulo tem- porário, que nada mais é do que várias plaquetas aprisionadas em uma malha fibrosa (fibrina), essas plaquetas liberam fatores de crescimento. 2. Inflamação: ao mesmo tempo, ocorre a migração celular para o local da lesão, produção de óxido nítrico, liberação de citocinas pró-inflamatórias pelos leucócitos e neutrófilos. 3. Proliferação: essas citocinas provocam a ativação dos fibroblastos na derme e dos queratinócitos na epiderme, juntamente, acontece a vasoconstrição no local. O processo de reepitelização inicia-se quando os queratinócitos do estrato basal migram das bordas da lesão. Os fibroblastos migram do tecido adjacente e depositam colágeno tipo III e outras proteínas da matriz extracelular. Observa-se também a neo- vascularização e a formação do tecido de granulação. 4. Remodelação: após a superfície da lesão ter sido recoberta pelos que- ratinócitos, um novo epitélio pavimentoso estratificado é formado. A remodelação inicia aproximadamente de 3 a 4 dias após a injúria tecidual. O tecido conjuntivo da derme se contrai, aproximando as bordas da lesão. Juntos, macrófagos e metaloproteinases produzidas pelos fibroblastos removem o tecido de granulação e alinham as fibras de colágeno tipo I para formação do tecido cicatricial. O processo de Anatomofisiologia da pele4 cicatrização, no entanto, pode produzir uma sensibilidade excessiva e cicatrizes desfigurantes, dependendo da extensão da lesão (KIER- SZENBAUM; TRES, 2016). Figura 1. Camadas da pele. Fonte: Stockshoppe / Shutterstock.com Tipos de pele e aspectos anatomofisiológicos Para a classifi cação detalhada dos tipos de pele, é importante considerar parâmetros como a hidratação da pele, que irá interferir na elasticidade; a quantidade de lipídeos, que interfere na nutrição e suavidade; e o nível de sensibilidade, que determinará a resistência da pele. Além desses, outros parâmetros são considerados, como o grau de pigmentação e vascularização, que é fundamental para caracterização do tipo de pele, e a escolha adequada do tratamento a ser realizado, bem como, o cosmético mais apropriado. As glândulas sudoríparas e as glândulas sebáceas têm influência na aparência e na saúde da pele. Estão localizadas na derme e sua secreção é uma mistura de lipídeos, cuja função é a de lubrificação, além da ligeira ação bactericida. 5Anatomofisiologia da pele As glândulas sebáceas produzem o sebo, que é uma secreção de caráter oleoso, e as glândulas sudoríparas produzem o suor, que é uma secreção de caráter aquoso. Estas secreções (sebo e suor) são lançadas sobre a pele formando a emulsão epicutânea, também chamada de manto hidrolipídico. Qualquer distúrbio no fluxo dessa secreção para a superfície da epiderme pode causar uma inflamação nos ductos obstruídos, denominada acne. Helena Rubenstein, no início do século XX, classificou quatro tipos de pele: normal, seca, oleosa e mista. A pele normal apresenta um aspecto liso, com poucos poros visíveis, rosada e sedosa, equilibrada em seu manto hidrolipídico e mantém umidade natural, seu pH normalmente é neutro. Esse tipo de pele, em geral, é tido na infância. O aparecimento das rugas é variável, mais intenso na região periorbital, no entanto, devido a condições de estresse e ao meio ambiente, fica-se sujeito a modificações que a tornam diferente, por isso, este tipo de pele é mais difícil de encontrar na idade adulta. A pele seca ou ressecada é suscetível às alterações genéticas, às variações hormonais ou de fatores externos como vento ou radiação solar. Os poros, nessa pele, serão praticamente imperceptíveis, devido à pouca produção de sebo. A pele tem pouca luminosidade, é áspera e apresenta finas linhas de expressão aoredor dos olhos e da boca. Uma pele extremamente seca pode descamar, principalmente, nas costas da mão e no lado exterior dos braços, antebraços e pernas. Esse tipo de pele costuma ser mais manchada, ressecada e repuxada, é sensível ao sol, vento e poluição. A pele oleosa tem a produção de sebo aumentada, assim, apresenta um aspecto mais brilhante, espessa, com poros dilatados, principalmente nas regiões centrais da face, nariz, bochechas e queixo e, ocasionalmente, espinhas. Envelhece mais lentamente, e também tem menor tendência ao aparecimento de rugas e linhas de expressão, além disso seu pH é mais alcalino. A oleosidade varia de um dia para o outro, causada pela hiperatividade das glândulas sebá- ceas, que produzem mais sebo do que o necessário em decorrência da entrada na puberdade, alterações hormonais, estresse, uso de certos medicamentos e exposição ao calor ou humidade excessiva. A pele mista é caracterizada pelos poros dilatados no nariz, testa e mento. Tem uma oleosidade mais intensa nesta área e leve tendência a formar cravos (zona T). Na região das bochechas, há pele normal ou seca, com aparecimento de rugas variável. É um tipo de pele muito comum nos habitantes dos países de clima mediterrâneo. Os tratamentos cosméticos devem levar em consideração essa realidade, tratando das duas áreas separadamente, de acordo com as suas características próprias (BORGES; SCORZA, 2017). Anatomofisiologia da pele6 Uma outra classificação, amplamente difundida, é a de Fitzpatrick, que no ano de 1976, classificou a pele humana em seis tipos, de acordo com o fototipo e etnia, com variação do tipo I (pele mais branca) ao tipo VI (pele negra), conforme apresentado no Quadro 1. A classificação deste tipo de pele, segundo Fitzpatrick tem sido utilizada para categorizar a sensibilidade cutânea à radiação ultravioleta, embora tenha sido baseada, originalmente, em reposta à pele branca (ROBERTS, 2009). Fonte: Mota e Barja (2009). Grupo Eritema Bronzeado Sensibilidade I Branca Sempre Nunca Muito sensível II Branca Sempre Às vezes Sensível III Morena clara Moderado Moderado Normal IV Morena moderada Pouco Sempre Normal V Morena escura Raro Sempre Pouco sensível VI Negra Nunca Pele muito pigmentada Insensível Quadro 1. Classificação dos fototipos de pele proposta por Fitzpatrick. Patologias comuns da pele A pele e seus anexos apresentam várias disfunções devido à grande extensão e ao contato com o meio ambiente e seus agentes agressores. Muitas lesões e disfunções se apresentam em decorrência de um processo infl amatório. A infl amação representa um complexo de mobilização dos sistemas de defesa celular e humoral do organismo, com participação vascular, neural e hormonal desencadeada por estímulos físicos, químicos ou biológicos. A falha de algum destes mecanismos envolvidos na resposta infl amatória, sucede a perda do controle com predisposição ao desenvolvimento de um processo infl amatório crônico (OTUKI, 2005). Existem algumas condições inflamatórias crônicas que afetam a pele. Algumas patologias são bem comuns quando se leva em consideração as afecções de pele. Veja algumas dessas patologias: 7Anatomofisiologia da pele A acne acomete adolescentes e adultos jovens de ambos os sexos, sendo mais precoce em adolescentes do sexo feminino do que do sexo masculino. É causada pela obstrução do folículo pilossebáceo e/ou produção exacerbada de sebo, em algumas regiões do corpo, em especial na face e tronco, que ocasiona a formação de comedões, pústulas e lesões nódulo císticas cuja evolução depende da intensidade do processo inflamatório que leva à formação de abcessos. Geralmente, ocorre por algum distúrbio hormonal, mas também, por uso de alguns medicamentos ou então estresse e alimentação. De acordo com a característica clínica das lesões, a acne passa a ser classificada em cinco graus de acometimento: grau 0 (pré-acne/hiperqueratose folicular), grau I (acne com comedões/comedões e pápulas), grau II (Acne pápulopustulosa/ pápulas e pústulas superficiais), grau III (acne pústulo nodular/pústulas pro- fundas e nódulos) e grau IV (acne nódulo quístico/nódulos, quistes e cicatrizes) (ARAÚJO; DELGADO; MARÇAL, 2011). A rosácea é uma doença inflamatória crônica, que acomete, predomi- nantemente, a área centro-facial, sobretudo as regiões malares, nariz, região frontal e mento. Caracteriza-se por episódios recorrentes de ruborização, edema e vermelhidão facial, complicada pela presença de pápulas, pústulas, telangiectasias e fibrose tecidual. Em alguns casos mais graves, podem ocor- rer alterações oculares inflamatórias, como conjuntivite ou inflamação da córnea, pálpebra e íris. A rosácea é uma doença de curso crônico e não existe um tratamento que a elimine definitivamente, mas ela pode ser mantida sob controle. Deve-se evitar os fatores que provocam a sua exacerbação. Possui 3 estágios, sendo o estágio I representado por eritema ou cianose, o estágio II pode desenvolver telangiectasias e sensibilidade a cosméticos e medicamentos, já o estágio III apresenta eritema e pústulas persistentes por algumas semanas ou mais (TRINDADE NETO et al., 2006). O melasma é uma dermatose comum que cursa com alteração da cor da pele normal, resultante da hiperatividade melanocítica focal epidérmica de clones de melanócitos hiperfuncionantes, com consequente hiperpigmentação melânica induzida, principalmente, pela radiação ultravioleta. É caracterizada por manchas de tonalidade acastanhada variada, simétricas que acometem áreas expostas da pele, principalmente as regiões frontal e malar. Afeta ambos os sexos, com maior incidência em mulheres, especialmente, gestantes. Ocorre em todas as raças, particularmente, em indivíduos com fototipos altos, que vivem em áreas com elevados índices de radiação ultravioleta. O melasma é classificado de acordo com características clínicas e histológicas. A localização do pigmento pode ser epidérmica, dérmica ou mista. Essa classificação tem importância para definir a escolha terapêutica e o prognóstico. O tratamento Anatomofisiologia da pele8 do melasma tem como principal objetivo o clareamento das lesões, prevenção e redução da área afetada, com o menor número possível de efeitos adversos. Embora a afecção tenha uma relevância somente do ponto de vista estético, ela pode atrapalhar a vida social, familiar e profissional dos indivíduos aco- metidos, pois provoca efeitos psicológicos que não podem ser negligenciados (MIOT et al., 2009). As estrias definem-se como um processo degenerativo cutâneo, com uma atrofia tegumentar adquirida, em geral linear, atrófica e superficial e, eventu- almente, franzida discretamente, com mínimas rugas transversas ao seu maior eixo que somem quando tracionadas. Apresentam caráter de bilateralidade, isto é, existe uma tendência da estria a distribuir-se simetricamente e em ambos os lados. Evoluem clinicamente em estágios semelhantes aos de formação de uma cicatriz. Com lesões ativas, eritema e nenhuma depressão aparente, podem ser originadas por diversos fatores, porém, existem teorias que tentam justificar sua etiologia. As estrias, frequentemente, aparecem por motivo de obesidade, estresse, gravidez, atividade física vigorosa (musculação), uso tópico ou sistêmico de esteroides (cortisona ou ACTH), infecções agudas e debilitantes (HIV, tuberculose, lúpus, febre reumática) e tumores suprarrenais. Estudos apontam para causas multifatoriais, como fatores endocrinológicos e mecânicos, além deles, existe uma predisposição genética e familiar. A expressão dos genes determinantes para formação do colágeno, de elastina e fibronectina está diminuída em pacientes com estrias, existindo uma alteração no metabolismo do fibroblasto. No início, na fase inflamatória, as estrias são avermelhadas e podem estar discretamente elevadas, uma vez que se apresentam edemaciadas devido ao processo inflamatório. Elas podem apresentar um infiltrado perivascular linfocíticoem torno das vênulas, o que explicaria uma ocasional queixa de prurido com erupções planas levemente rosadas e, eventualmente, dor. Já quando as estrias estão em fase mais avançada, a epiderme fica delgada devido ao achatamento das cristas epiteliais e a perda de colágeno e elastina. Dessa forma, as lesões adquirem uma coloração esbranquiçada (estria alba) e podem ser denominadas como nacaradas. É indicado iniciar o tratamento para melhoria das estrias quando estas ainda estão na fase inicial, rubras, pois o processo de cicatrização ainda não se encerrou, portanto, é mais fácil fazer a reversão (SABBAG; OLIVEIRA; LUBI, 2010). 9Anatomofisiologia da pele A psoríase é uma doença epiderme-dérmica inflamatória mediada pelo sistema imune. Ela caracteriza-se por: 1. Hiperplasia persistente da epiderme pela proliferação e a diferenciação anormal das células. Os queratinócitos se movem para a camada basal superficial em 3-5 dias, em vez dos 28-30 dias na pele normal. 2. Angiogênese anormal nos plexos capilares. Vasos sanguíneos dilatados e retorcidos. 3. Infiltração de células inflamatórias na epiderme e na derme. Os neutrófilos migram para a epiderme e formam microabscessos. (KIERSZENBAUM; TRES, 2016) ARAÚJO, A. P. S.; DELGADO, D. C.; MARÇAL, R. Acne diferentes tipologias e formas de tratamento. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA. 7., Maringá, 2011. Trabalhos...Maringá: Cesumar, 2011. AZULAY, R. D. Dermatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan, 2004. BORGES, F.; SCORZA, F. A. Terapêutica em estética: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2017. KIERSZENBAUM, A.; TRES, L. Histologia e biologia celular: uma introdução à patologia. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2016. MIOT, L. D. B. et al. Fisiopatologia do melasma. Anais brasileiros de dermatologia, Rio de Janeiro, v. 84, n. 6, p. 623-635, 2009. MOTA, J. P.; BARJA, P. R. Classificação de fototipos de pele: análise fotoacústica x análise clínica. In: ENCONTRO LATINO AMERICANO DE PÓS-GRADUAÇÃO. 6., São José dos Campos, 2006. Artigos... São José dos Campos: Universidade do Vale da Paraíba, 2006. p. 2561-2564. OBAGI, Z. E. Restauração e rejuvenescimento da pele. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. OTUKI, M. F. Atividade antiinflamatória tópica de extratos e triterpenos isolados da Protium kleinii. 121 f., 2005. Tese (Doutorado em Farmacologia) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Biológicas, Florianópolis, 2005. RIVITTI, E. A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. Porto Alegre: Artes Médicas, 2014. ROBERTS, W. E. Skin type classification systems old and new. Dermatologic clinics, Atlanta, v. 27, n. 4, p. 529-533, 2009. Anatomofisiologia da pele10 ROTTA, O. Guia de dermatologia: clínica, cirúrgica e cosmiátrica. São Paulo: Manole, 2008. v. 2. SABBAG, P. K.; OLIVEIRA, S. P.; LUBI, N. C. Estrias e suas abordagens terapêuticas: revisão de literatura. Curitiba: Universidade Tuiti do Paraná, 2010. TRINDADE NETO, P. B. et al. Rosácea granulomatosa: relato de caso-enfoque terapêu- tico. Anais brasileiros de dermatologia, Rio de Janeiro, v. 81, n.s. 3, 2006. Leitura recomendada FRANCO, T. et al. Influência do envelhecimento na qualidade da pele de mulheres brancas: o papel do colágeno, da densidade de material elástico e da vascularização. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, São Paulo, v. 28, n. 1, 2013. 11Anatomofisiologia da pele Dica do professor Existe o envolvimento de alguns fatores sobre o envelhecimento cutâneo, por exemplo, fatores intrínsecos, que são fatores internos, ou seja, relacionados à passagem natural do tempo, e também fatores extrínsecos, que estão relacionados com o ambiente, como exposição à luz UV, uso de medicamentos, entre outros. Identificar e compreender os processos relacionados ao envelhecimento é essencial, uma vez que, atualmente, o que mais se busca é atenuar os sinais do envelhecimento. A Dica do Professor vai ajudar você a contextualizar alguns aspectos sobre o envelhecimento cutâneo. Confira! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/854c093f5f9bb5e9368da1c3dbafa229 Exercícios 1) A epiderme, porção mais superficial da pele, é formada por quatro tipos de células distintas. Quais são elas? A) Células adiposas, corpúsculos de Meissner, células de Langerhans e melanócitos. B) Melanócitos, fibroblastos, queratinócitos e células enterocromafins. C) Células de Merkel, células adiposas, pneumócitos e melanócitos. D) Melanócitos, queratinócitos, células de Langerhans e células de Merkel. E) Corpúsculos de Meissner, mastócitos, queratinócitos e células de Langerhans. 2) A derme é uma espessa camada, localizada abaixo da epiderme, responsável por 90% da espessura da pele. Essa camada é formada por tecido: A) Muscular. B) Conjuntivo. C) Nervoso. D) Ósseo. E) Epitelial. 3) A pele é um órgão integrante do sistema tegumentar e atua como um manto de revestimento, exercendo a função essencial de proteção do organismo. No entanto, esse órgão desempenha diversas outras funções, entre elas pode-se citar: A) Realização de trocas gasosas. B) Regulação da temperatura corporal. C) Captação de estímulos de luz. D) Síntese de vitamina A. E) Produção de muco. 4) Para que o profissional esteta possa planejar um protocolo de tratamento adequado, é essencial que ele saiba reconhecer os tipos de pele. Alguns fatores influenciam no tipo de pele, podendo-se citar como um fator determinante para a classificação do tipo pele o(a): A) Uso de fármacos diuréticos. B) Ingestão de proteínas. C) Número de glândulas sebáceas. D) Atividade física. E) Produção de muco. 5) Considerando a estrutura anatômica e os aspectos fisiológicos das camadas e das células que constituem a pele, leia as frases a seguir e assinale a alternativa correta. I. A pele é o maior órgão do corpo – corresponde a cerca de 16% do peso corporal. II. A pele tem a função de proteção, imunidade, termorregulação e participa da ativação da vitamina D pela luz solar. III. No tecido cicatricial, o colágeno é basicamente do tipo I. O processo de reparo ao dano gerado na pele pode ser classificado em três etapas. A) As frases I, II e III estão corretas. B) Apenas a frase II está correta. C) Apenas as frases II e III estão corretas. D) Apenas as frases I e III estão corretas. E) Apenas a frase I está correta. Na prática Devido à grande extensão da pele e ao contato constante com o meio ambiente e seus agentes agressores, a pele apresenta várias disfunções. Muitas lesões e disfunções não chegam a provocar impedimento no indivíduo acometido, mas podem implicar alterações na vida social. A disfunção mais comum na pele é a acne. A acne pode ser classificada como uma afecção de pele genético-hormonal, crônica e inflamatória que atinge as glândulas sebáceas e o folículo piloso. Sendo muito frequente em adolescentes, em alguns casos pode deixar cicatrizes que os acompanham até a vida adulta, quando decidem procurar tratamento. Os trabalhos na literatura e a prática clínica indicam diversas técnicas e protocolos de tratamento. Veja agora um estudo de caso em que foi feita a escolha do microagulhamento para tratar as cicatrizes provocadas pela acne. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f8251a7e-5cfd-4ae0-bcd8-20be33c9d1e9/c9512fc2-83ef-4d51-8313-bce71fcd1332.jpg A literatura científica indica que o microagulhamento é um dos procedimentos mais indicados para tratar as cicatrizes de acne. Essa técnica estimula a migração e a proliferação de fibroblastos, resultando em deposição de colágeno. As lesões causadas pelas agulhas promovem o processo normal de cura de feridas com liberação de fatores de crescimento. Além disso, é um procedimento seguro, sem maiorescomplicações, considerando que seja realizada uma anamnese correta, e também não causa nenhum impedimento ao paciente, podendo este continuar com todas as suas atividades, lembrando sempre de evitar exposição ao sol e usar protetor solar. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Quer saber mais sobre a estrutura da pele? Veja o vídeo a seguir. O material aborda principalmente a epiderme. Ter conhecimento sobre essa camada de proteção é essencial para a boa prática dos procedimentos estéticos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. No site da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, você pode ler e explorar diversos assuntos relacionados ao que foi estudado nesta Unidade de Aprendizagem. Explore o conteúdo e fique por dentro de todas as novidades desta área de atuação! Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/jwJ-A4HcnKM?rel=0 https://www.sbcd.org.br
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