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Morfologia e Biossíntese da Tireoide

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Morfologia da Tireoide 
 
É uma glândula localizada na região da garganta, abaixo da laringe, 
macroscopicamente possui dois lobos: lobo direito e lobo 
esquerdo. Unidos na parte central pelo istmo. 
Microscopicamente o parênquima da tireoide apresenta 
estruturas chamadas folículos que apresentam uma parede de 
células epiteliais que formam a parede folicular. No interior dos 
folículos há um espaço livre, vacúolo, onde se acumula uma 
substância que recebe o nome de coloide. 
Além dos folículos, existem as células C que produzem o 
hormônio calcitonina, envolvido na regulação do metabolismo do 
cálcio. As células foliculares, da parede dos folículos tireoidianos, 
produzem T3 e T4. 
 
Hormônios Tireoideanos 
 Tiroxina (T4) – 93%; 
 Triiodotironina (T3) – 7% (mais ativo); 
 Conversão nos tecidos dos órgãos-alvo (diferença entre 
eles – velocidade e intensidade de ação do T3 é maior do 
que do T4); o T4 é convertido em T3 para que haja 
resposta; 
 Aumentam a taxa metabólica. 
 
Formação: 
 Necessita iodo (I); 
 Tireoglobulina (polímero de tirosina); 
 Os hormônios da tireoide são considerados aminas, pois 
são formados a partir de um único aminoácido chamado 
tirosina; 
 
 
 
 
 + 4 I = tiroxina (T4); um fragmento da molécula de 
tireoglobulina ligado a quatro íons iodeto; 
 + 3 I = triiodotironina (T3); um fragmento da molécula 
de tireoglobulina ligado a três íons iodeto; 
 Iodeto é captado da corrente circulatória por cotransporte 
na membrana basolateral dos folículos e, na membrana 
apical, por efluxo vai ao lúmen folicular, espaço vazio onde 
participa da formação da coloide; 
 TSH (hormônio da adenohipófise) estimula: 
− Captação e efluxo de iodeto na membrana apical; 
− Síntese de tireoglobulina. 
Ou seja, o TSH é fundamental para o bom funcionamento da 
glândula tireoide e para a regulação da formação dos hormônios 
da tireoide. 
 
Biossíntese dos hormônios da tireoide: 
 
Representação de uma célula epitelial folicular, a esquerda é o 
sangue e a direita o espaço do lúmen folicular. A membrana 
voltada para o sangue é a membrana basolateral e a que fica 
voltada ao lúmen é a membrana apical. 
A tireoglobulina é sintetizada no interior da célula folicular, através 
de uma síntese proteica, envolvendo ribossomos e complexo de 
golgi, a partir da união de vários aminoácidos tirosina. A 
tireoglobulina, uma vez formada, é embalada em vesículas 
secretoras e transportada da célula para o lúmen folicular. 
O iodeto, íons iodeto, são captados na membrana basolateral 
através do mecanismo de cotransporte. Ingressar na célula 
epitelial pegando carona com o sódio, transporte ativo (gasto de 
energia). Ao entrar na célula folicular, atravessa a célula e no outro 
extremo, membrana apical, é transportado para o lúmen folicular 
da mesma forma que a tireoglobulina é transportada. 
Na membrana apical, os íons iodeto sofrem a ação da enzima 
peroxidase que catalisa todas as outras reações na sequência 
dentro do lúmen folicular. Esta peroxidase promove oxidação do 
íon iodeto, que para participar da formação de T3 e T4 precisa 
estar na forma oxidada. 
→ Uma vez oxidado, este íon iodeto, catalisado pela mesma 
enzima, o próximo passo é a ORGANIFICAÇÃO, ou seja, a ligação 
dos íons iodeto com a molécula de tireoglobulina anteriormente 
sintetizada pela célula (isso tudo ocorre no lúmen folicular). 
Quando os íons iodeto são ligados, organificados, com a molécula 
de tireoglobulina forma dois resíduos: MIT (monoiodotirosina) e 
DIT (diiodotirosina). 
MIT = 1 fragmento da molécula de tireoglobulina com 1 íon 
iodeto ligado. 
DIT = 1 fragmento da molécula de tireoglobulina com 2 íons 
iodeto ligados. 
Neste momento, os resíduos MIT e DIT permanecem ligados a 
tireoglobulina, não há divisão da molécula. 
 
→ Num próximo passo, ainda catalisado pela peroxidase temos a 
reação de ACOPLAMENTO, significa que temos a formação dos 
hormônios T3 e T4. 
T4 = dois resíduos DIT acoplados. 
T3 = um resíduo DIT e um resíduo MIT. 
Nesse momento não há fragmentação da molécula, com o T4, T3 
e alguns resíduos MIT e DIT que não participam do acoplamento. 
A reação de acoplamento de dois resíduos DIT é 10 vezes mais 
rápida do que o acoplamento de um DIT e um MIT. Este é um dos 
motivos pelos quais a tireoide produz uma quantidade 
infinitamente maior de T4 do que de T3. 
Ainda estamos no lúmen folicular. Quando for necessário a 
secreção dos hormônios da tireoide para o sangue a molécula de 
tireoglobulina é endocitada na membrana apical da célula. Ou seja, 
através do processo de endocitose essa molécula ingressa, é 
capturada pela própria célula da parede folicular com todos os 
seus acompanhantes (T4, T3, MIT e DIT). 
 
→ Dentro da célula da parede folicular temos a HIDRÓLISE dessa 
molécula de tireoglobulina, acontece por enzimas lisossômicas da 
própria célula da parede folicular. Através da hidrólise teremos a 
liberação do T3 e do T4 (formas finais do hormônio) que são 
exportados para a corrente circulatória através da membrana 
basolateral e através do sangue serão distribuídos a todo o 
organismo para exercerem suas funções nas células-alvo. 
Os resíduos, o que sobra da molécula de tirosina mais os resíduos 
MIT e DIT que não foram acoplados, sofrem um processo de 
deiodinação. Esse processo é o resultado da ação da enzima 
deiodinase em que há a liberação dos resíduos MIT e DIT do que 
sobrou da molécula de tireoglobulina. Os resíduos MIT e DIT, o 
iodo é retirado pela deiodinase, é separado o iodeto. E esse iodeto 
recomeça o ciclo sendo novamente exportado na membrana 
apical, vai para o lúmen folicular e participa na organificação de 
novas moléculas de tireoglobulina. E a fração proteica da molécula 
que sobraram, resíduos de tirosina, vão ser aproveitados para 
síntese de novas moléculas de tireoglobulina. 
 
Secreção: 
→ T3 e T4 no sangue. 
→ Para serem transportados são combinados com proteínas 
plasmáticas (mais de 99%). 
− Globulina de ligação da tiroxina; a principal; 
− Pré-albumina de ligação da tiroxina; 
− Albumina. 
→ Liberação lenta para as células. É necessário que sejam 
desligados da proteína transportadora para que possa ingressar na 
célula-alvo. 
→ Os hormônios da tireoide, uma exceção dentro da categoria 
das aminas, ingressam na célula-alvo, possui receptores 
intracelulares. 
→ Nas células-alvo = combinam-se com proteínas novamente. 
Pode acontecer de se ligarem a proteínas da própria célula, e 
ficarem armazenados por certo tempo. 
→ Utilização lenta (deficiências). Quando há deficiência, 
sintomatologia aparece em momentos posterior ao início do 
processo, porque há uma reserva no corpo dos hormônios da 
tireoide. 
 
Regulação da Secreção: 
 
Relativamente simples. Para o início do processo é necessário que 
o hipotálamo secrete o TRH (fator estimulador). O TRH chegando 
na hipófise anterior (adenohipófise) estimula a produção do TSH 
(hormônio estimulante da tireoide). O TSH via corrente 
circulatória chega à glândula tireoide onde vai contribuir para a 
formação dos hormônios tireoidianos. 
Com esse processo acontecendo, a tendencia é de que a secreção 
de T3 e T4 aumente e os níveis plasmáticos desses hormônios se 
elevem. 
Níveis plasmáticos elevados de T3 e T4 fazem feedback negativo 
na hipófise anterior (adenohipófise) promovendo a inibição dessa 
glândula hipofisária na produção do TSH, diminuindo seu nível 
circulante e determina a diminuição da atividade da tireoide e da 
síntese de T3 e T4 (até um nível mínimo fisiológico). Onde, por 
estarem baixos, a alça de feedback diminui ou desaparece e a 
hipófise anterior volta a intensificar a secreção de TSH e a tireoide 
volta a produzir T3 e T4. 
 
 
A ação dos hormônios da tireoide ocorre nas células-alvo e, como 
já citado, os receptores para estes hormônios estão no interior da 
célula. Estes receptores estão na membrana dos núcleos dascélulas-alvos, ou seja, são receptores nucleares. Porém, estes 
receptores permitem a ligação do T3 e não T4. O T4, uma vez no 
interior da célula-alvo, sofre a ação da enzima 5-iodinase que retira 
um íon iodeto do T4 transformando-o em T3. Dessa forma ele 
pode se ligar ao receptor nuclear e obter resposta da célula. 
Então, é necessário que haja a transformação de T4 em T3 na 
célula-alvo para que haja resposta. 
A ativação dos receptores nucleares, o que eles determinam, é um 
aumento na transcrição de DNA, aumento na tradução do RNAm 
e intensificação na síntese de novas moléculas proteicas. 
Essas novas moléculas proteicas se distribuem por todo o 
organismo e, dependendo do sistema e da região, determinam 
ações características clássicas no sentido de intensificar, 
incrementar, acelerar a taxa metabólica. 
Esses hormônios, em nível de crescimento, são fundamentais para 
o crescimento como um todo. Especialmente em maturação do 
tecido ósseo. 
Em nível de sistema nervoso central (SNC) são indispensáveis para 
a maturação desse sistema, em indivíduos jovens é de 
fundamental importância. 
No metabolismo basal, estimulam a atividade da bomba de sódio-
potássio, a sódio-potássio ATPase, aumentando o consumo de 
oxigênio, aumentando a produção de calor e aumentando a taxa 
metabólica. Acelera o metabolismo basal. 
No metabolismo como um todo, participam tanto no metabolismo 
de carboidratos, proteínas, lipídios, de maneira a aumentar a 
absorção de glicose pelas as células; aumentar processos como 
gliconeogênese e glicogenólise; aumento na lipólise (consumo de 
ácidos graxos para energia); intensifica síntese e degradação 
proteica (catabolismo efetivo, predomina um pouco a degradação 
proteica pela utilização das proteínas no processo de 
gliconeogênese em detrimento da síntese). 
No sistema cardiovascular, os hormônios tireoidianos estimulam 
o aumento do débito cardíaco, da função cardíaca como um todo. 
 
Funções: resumindo 
 Aumentam a transcrição gênica (síntese de proteínas, 
enzimas e outras substâncias); 
 Aumentam a atividade metabólica celular; aumento de 
geração de calor, consumo de oxigênio e bomba sódio-
potássio; 
 Metabolismo de carboidratos e lipídios (captação e 
utilização de glicose, mobilização de ácidos graxos); 
 Aumentam fluxo sanguíneo, DC, FC, força de contração 
cardíaca. 
Basicamente, aceleram o metabolismo com as consequências 
normais que se pode esperar disso. 
 
Na vida fetal: 
 T3, T4 e TSH não cruzam barreira placentária; 
 Desenvolvimento fetal mantido pela própria tireoide fetal; 
 Hipotireoidismo pré ou pós-natal (gera um distúrbio 
chamado cretinismo em seres humanos). 
 
Distúrbios da Tireoide: 
 Hipertireoidismo Hipotireoidismo 
Sintomas Aumento do metabolismo 
basal. 
Perda de peso. 
Balanço negativo de 
nitrogênio. 
Aumento da produção de 
calor. 
Sudorese. 
Redução do metabolismo 
basal. 
Ganho de peso. 
Balanço positivo de 
nitrogênio. 
Redução da produção de 
calor. 
Sensibilidade ao frio. 
Aumento do débito 
cardíaco. 
Dispineia (falta de ar) 
Tremor, fraqueza 
muscular. 
Exoftalmia. 
Bócio. 
Redução do débito cardíaco. 
Hipoventilação. 
Letargia, lentidão mental. 
Queda das pálpebras. 
Mixedema. 
Retardo do crescimento. 
Retardo mental (perinatal). 
Bócio. 
Causas Doença de Graves 
(aumento das 
imunoglobulinas 
estimulantes da tireoide). 
Neoplasia tireóidea. 
Excesso de secreção de 
TSH. 
T3 e T4 exógenas 
(artificial). 
Tireoidite (tireoidite 
autoimune ou de 
Hashimoto). 
Cirurgia para 
hipertireoidismo. 
Deficiência de I-. 
Congênitas (cretinismo). 
Redução de TRH ou TSH. 
Níveis de 
TSH 
Reduzida (inibição por 
feedback de T3 no lobo 
anterior). 
Aumentados (se o defeito 
for da hipófise anterior). 
Aumentados (por feedback 
negativo, se defeito primário 
for glandular tireoide). 
Reduzidos (se o defeito for 
no hipotálamo ou hipófise 
anterior). 
 
Hipertireoidismo = sintomatologia que expressa aceleração, 
catabolismo, consumo, gasto. 
Hipotireoidismo = sintomas de redução do metabolismo. 
 
 
Apresentam emagrecimento visível, pelo mais áspero, animal 
pode apresentar áreas de perda de pelo e crostas na área do 
ventre. Resultado da aceleração do metabolismo acima do limite 
fisiológico. 
 
 
Letargia, peso acima do normal.

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