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APOSTILA DA DISCIPLINA

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Prévia do material em texto

Educação Física e Saúde
Professora Me. Claudiana Marcela Siste Charal
Professora Ticiana Roberta Siste Charal
Professor Esp. Charles B. da Silva de Araujo e Souza
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Caroline da Silva Marques
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Geovane Vinícius da Broi Maciel
Jéssica Eugênio Azevedo
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
Carlos Firmino de Oliveira
2022 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2022 Os autores
Copyright C Edição 2022 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Per-
mitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas 
sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
C469e Charal, Claudiana Marcela Siste 
 
 Educação física e saúde / Claudiana Marcela Siste 
 Charal, Ticiana Roberta Siste Charal, Charles B. da Silva de 
 Araujo e Souza . Paranavaí: EduFatecie, 2022. 
 115 p.: il. Color. 
 
 
 
1. Educação física. 2. Saúde 3. Professores de educação 
 física. I. Charal, Ticiana Roberta Siste. II. Souza, Charles B. 
 da Silva de Araujo e. III. Centro Universitário UniFatecie. IV. 
 Núcleo de Educação a Distância. V. Título. 
 
 CDD: 23 ed. 796.023 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock.
AUTORES
Claudiana Marcela Siste Charal
● Mestre em Promoção da Saúde no Envelhecimento Ativo (Unicesumar)
● Licenciatura Plena em Educação Física (CESUMAR)
● Especialista em Neuroaprendizagem (Unicesumar)
● Especialista em Tecnologias Aplicadas no Ensino A Distância (UniFCV)
● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e 
Inovação (Unicesumar)
● Tutora Pedagógica (UniFCV)
● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação 
(UniFCV)
● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UniFATECIE)
● Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância) desde 2019 até os dias atuais.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7940297809849482
Ticiana Roberta Siste Charal
● Psicóloga formada pela Universidade Estadual de Maringá em 2005;
● Psicanalista em formação;
● Membro Associada da Associação de Psicanálise de Maringá Ato Analitico; 
● Idealizadora do Projeto Fazendo a Diferença, que atende crianças e adolescentes 
vítimas de violência sexual desde 2016.
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/2906082261526771
Charles Bronne da Silva de Araujo e Souza
● Licenciatura em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá -UEM)
● Especialista Em Metodologia do Ensino da Educação Física (Faculdade Eficaz)
● Tutor Pedagógico (UniFCV)
● Professor de Educação Física do Município de Paiçandu-PR
CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1597962657524439
http://lattes.cnpq.br/7940297809849482 
http://lattes.cnpq.br/2906082261526771
http://lattes.cnpq.br/1597962657524439
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, prezado(a) acadêmico(a)!
Seja bem-vindo(a) à disciplina Educação Física e Saúde!!!
Esta apostila foi organizada de modo especial para você, pois acreditamos ser 
de extrema importância para a sua jornada acadêmica, que no nosso entendimento tem 
buscado com excelência compreender os desafios que envolvem o setor da saúde. 
A mesma é composta por uma introdução seguida de quatro unidades criteriosamente 
analisadas, selecionadas para dar sustentação à presente discussão e conclusão, a fim de 
ampliar seus horizontes e somar novos conhecimentos à sua prática profissional.
Estruturalmente, este material traz, na primeira unidade, intitulada Introdução Aos 
Estudos: Foco Na Saúde, apresentará discussões sobre os seguintes temas: aspectos 
históricos da saúde e saúde pública no Brasil; conceito de saúde e de qualidade de vida; as 
condições e estilo de vida; além de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde.
Na sequência, na unidade II, denominada de A Educação Física e a Saúde, 
abordará os seguintes conteúdos: aspectos históricos da Educação Física e promoção de 
saúde; políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física; sistema público e privado 
de saúde: Educação Física e seu papel.
Mais adiante, na unidade III, cujo título é Atividade Física em Foco, tem ênfase nos 
seguintes conteúdos: relação entre atividade física e saúde individual e coletiva; pesquisa em saúde 
coletiva; atividade física e doenças crônicas: definições, riscos, benefícios e recomendações.
Por fim, na unidade IV, denominada de Atuação Profissional, nossa reflexão será 
sobre: gestão em saúde; o profissional de Educação Física na prevenção, promoção, 
proteção e reabilitação da saúde e os projetos e programas de Educação Física na Saúde.
Dessa maneira caro(a) graduando(a), acreditamos que os conteúdos aqui 
apresentados irão corroborar para sua formação acadêmica, contudo, para uma prática 
pedagógica de excelência, faz-se necessária constante atualização profissional, ou seja, a 
busca incessante por novos saberes.
Então, venha, embarque conosco nessa trilha de conhecimentos!!!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 4
Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
UNIDADE II ................................................................................................... 29
A Educação Física e a Saúde
UNIDADE III .................................................................................................. 50
Atividade Física em Foco
UNIDADE IV .................................................................................................. 74
Atuação Profissional
4
Plano de Estudo:
● Aspectos históricos da saúde e saúde pública no Brasil;
● Conceito de saúde;
● Conceito de qualidade de vida;
● Condições de vida e estilo de vida;
● Prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os aspectos históricos da saúde e da saúde pública no Brasil;
● Entender o conceito de saúde;
● Estudar sobre o conceito de qualidade de vida;
● Entender o que é condições de vida e estilo de vida;
● Estudar sobre a prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde 
como uma área de atuação do profissional de Educação Física.
UNIDADE I
Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Professora Me. Claudiana Marcela Siste Charal
Professora Ticiana Roberta Siste Charal
Professor Esp. Charles pecialista da Silva de Araujo e Souza
5UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
INTRODUÇÃO
Olá aluno(a)!!
Seja bem-vindo(a) a primeira unidade da apostila“Educação e Saúde”!! Nesta 
unidade iremos fazer um resgate histórico da saúde no Brasil, assim como foi a implantação 
da saúde pública no nosso país. 
Iremos conhecer o conceito de saúde propriamente dito, o que vem a ser qualidade 
de vida, conceito de vida e também, estilo de vida.
Para finalizar essa unidade, iremos entender de que maneira a prevenção, a 
promoção, a proteção e a reabilitação da saúde pode ser uma opção para a atuação do 
profissional de Educação Física.
Vamos juntos iniciar mais uma apostila, adquirir mais conhecimento e entender um 
pouco mais sobre a “Educação Física e a Saúde”?!
6UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA SAÚDE E SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
 
Caro aluno, vamos navegar pela história da saúde no Brasil e entender de que 
maneira aconteceu o processo de implantação da saúde pública, até que, atualmente, ela 
seja um direito garantido a todos os cidadãos brasileiros.
A história das políticas de saúde no Brasil está inserida em um contexto que trata da 
própria história do Brasil como Estado-Nação. De acordo com Baptista (2007), os primeiros 
movimentos em saúde pública observados por aqui foram implantados pelos governantes no 
período colonial com a chegada da família real no Brasil em 1808, cujo o interesse estava em 
torno de manter uma mão-de-obra saudável e garantir os negócios promovidos pela realeza.
Nessa época, o povo brasileiro constituía-se de portugueses, outros imigrantes 
europeus e, principalmente, índios e negros escravos. Muitas doenças acometiam a população 
local e o conhecimento acerca da forma de transmissão, controle ou tratamento dessas doenças 
também era visto de maneira diferente por cada um desses grupos, de acordo com a tradição 
de cada cultura e costume. Recorriam ao que era mais viável física e financeiramente.
Existia o barbeiro ou prático, um conhecedor de algumas técnicas utilizadas pelos 
médicos europeus, tais como as sangrias, que atendia a população com condições de 
pagá-lo. Os curandeiros e pajés, pertencentes às culturas negra e indígena, mais acessíveis 
à maioria da população que se utilizavam das plantas, ervas, rezas e feitiços para tratar 
os doentes. Havia também os jesuítas que tinham algum conhecimento da prática médica 
europeia e utilizavam a disciplina e o isolamento para tratar os doentes.
7UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Ainda segundo a mesma autora, a vinda da família real para o Brasil possibilitou também 
a chegada de mais médicos ao Brasil e o aumento da preocupação com as condições de vida 
nas cidades, possibilitando o início de um projeto de institucionalização do setor saúde no Brasil 
e a regulamentação da prática médica profissional. Foi assim que, no mesmo ano da chegada 
da família ao Brasil (1808), foi inaugurada a primeira faculdade de medicina, a Escola médico-
cirúrgica, localizada em Salvador, na Bahia, com o objetivo da institucionalização de programas 
de ensino e a normalização da prática médica em conformidade aos moldes europeus. 
Assim como acontecia em outros países europeus, no Brasil, o interesse pela 
saúde e pela regulamentação da prática profissional estavam estritamente relacionados ao 
interesse político e econômico do Estado, de garantir sua sustentabilidade e a produção da 
riqueza (COSTA, 1985). Portanto, as primeiras ações de saúde pública que passaram a ser 
implementadas no Brasil, assim como no mundo todo, estavam voltadas à saúde da cidade 
e do produto, a assistência ao trabalhador era uma consequência dessa política. A prioridade 
era a proteção e saneamento das cidades, principalmente as portuárias, responsáveis 
pela comercialização e circulação dos produtos exportados; o controle e observação das 
doenças e doentes, inclusive e principalmente dos ambientes; construção do conhecimento 
científico acerca das doenças e adoção de práticas mais eficazes no controle das mesmas. 
A proclamação da República em 1889 inicia um novo ciclo na política de Estado 
com o fortalecimento e a consolidação econômica da burguesia cafeeira. Segundo Lima, 
Fonseca e Hochman (2005), as políticas de saúde ganham ainda mais espaço nesse 
contexto, assumindo um papel importante na construção da autoridade estatal sobre o 
território, pois a lavoura do café e toda a base para armazenamento e exportação do 
produto, dependentes do trabalho assalariado, necessitava cada vez mais de mão-de-obra, 
e as epidemias que se alastravam entre os trabalhadores, devido às péssimas condições 
de saneamento, prejudicava o crescimento da economia.
A partir de 1902, com a entrada de Rodrigues Alves na presidência da República, 
ocorreu um conjunto de mudanças significativas na condução das políticas de saúde 
pública. A reforma na saúde foi implementada a partir de 1903, sob a coordenação de 
Oswaldo Cruz, que assumiu a diretoria geral de saúde pública. Entre outras medidas de 
combate e prevenção a doenças, Osvaldo cruz implementa a campanha de vacinação 
obrigatória, com o intuito de erradicar doenças no Brasil, mas que provocou protestos 
e revoltas, entre elas, a mais popular que aconteceu no rio de Janeiro, conhecida como 
Revolta da Vacina (COSTA, 1985; COC, 1995). 
8UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Apesar de inúmeras críticas aos seus métodos, com as ações de Oswaldo Cruz 
conseguiu-se avançar bastante no controle e combate de algumas doenças, possibilitando 
também o conhecimento acerca das mesmas. Mas o fato de as ações de saúde pública 
estarem voltadas especialmente para ações coletivas e preventivas deixava ainda 
desamparada grande parcela da população que não possuía recursos próprios para 
custear uma assistência à saúde. O direito à saúde integral não era uma preocupação dos 
governantes e não havia interesse na definição de uma política ampla de proteção social. 
O tempo passou e, de acordo com Mendes (1993), a partir da década de 
1950, mudanças ocorreram no sistema de proteção à saúde. O processo de acelerada 
industrialização do Brasil determinou um deslocamento do polo dinâmico da economia. 
Até então, o Brasil tinha sua economia assentada na agricultura, mas, a partir dessa 
década, com o processo de industrialização, os grandes centros urbanos passaram a 
ser o pólo dinâmico da economia, o que gerou uma massa operária que precisava ser 
amparada pelo sistema de saúde. O modelo de saúde que passa a se definir baseado no 
hospital e na assistência cada vez mais especializada.
Ainda nos anos de 1950, ganhou espaço a ideologia desenvolvimentista que 
apontou a relação pobreza-doença-subdesenvolvimento, indicando a necessidade de 
políticas que resultassem em melhora do nível de saúde da população como condição 
para se obter desenvolvimento. 
Foram acontecimentos importantes deste período e que marcaram a trajetória da 
política de saúde: a criação do Ministério da Saúde em 1953, atribuindo um papel político 
específico para a saúde no contexto do Estado brasileiro. O que existia nesse momento era 
política de saúde pública universal e com ênfase na prevenção das doenças transmissíveis, 
e uma política de saúde previdenciária restrita aos contribuintes da previdência e seus 
dependentes, com ênfase na assistência curativa. O direito à saúde integral ainda não era 
um direito do cidadão brasileiro. 
Na década de 1970 houveram mudanças significativas nas políticas de acesso à saúde 
e ampliou-se a discussão sobre o direito à saúde no Brasil. A saúde passou a assumir um sentido 
mais abrangente, sendo resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, 
meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso a serviços de saúde, 
entre outros fatores. Portanto, o direito à saúde significava a garantia, pelo Estado, de condições 
dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção 
e recuperação, em todos os níveis, de todos os habitantes do território nacional.9UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Portanto, como discorre Baptista (2003), a proposta de reforma para a saúde era 
também uma proposta de reforma do Estado, Estado este que se havia constituído sob uma 
base fundada no patrimonialismo, política de clientela, centralização decisória e exclusão social. 
No ano de 1986, já sob o governo da Nova República, o Ministério da Saúde convocou 
técnicos, gestores de saúde e usuários para uma discussão aberta sobre a reforma do 
sistema de saúde, realizando, assim, a VIII Conferência Nacional de Saúde (VIII CNS). Esta 
conferência foi um marco histórico da política de saúde brasileira, pois, pela primeira vez, 
contava-se com a participação da comunidade e dos técnicos na discussão de uma política 
setorial (FARIA, 1997). As propostas da VIII CNS não foram concretizadas de imediato, mas 
foram utilizadas como estratégias para a construção do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na Assembleia Nacional Constituinte de 1987/88, o relatório da VIII CNS foi tomado 
como base para a discussão da reforma do setor saúde, e o SUS foi finalmente aprovado. 
Portanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado em 1988 pela Constituição Federal 
Brasileira. Após a sua legalização, em 1988, buscou-se definir em novas leis, assim como 
em portarias do Ministério da Saúde, regras para garantir o financiamento do setor e a 
regulação do setor privado e demais pontos da política. 
O SUS foi peça-chave no processo de luta e construção do modelo protetor 
brasileiro. Com a sua instituição, o Estado assumiu a saúde como um direito de todos e 
um dever do Estado, assegurado mediante políticas sociais e econômicas que visem a 
redução do risco de doença e de outros agravos e uma política setorial de saúde capaz 
de garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e 
recuperação da saúde da população (BRASIL, 1988). 
De acordo com o exposto por Baptista (2007), o SUS possui quatro princípios que 
foram instituídos:
● Princípio 1: Universalização do acesso às ações e serviços de saúde, 
que consiste na garantia de que todos os cidadãos, sem privilégios ou barreiras, 
devem ter acesso aos serviços de saúde públicos e privados conveniados, em 
todos os níveis do sistema;
● Princípio 2: Integralidade da atenção, que diz respeito à garantia de acesso 
à um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, 
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade 
do sistema, devendo o sistema de saúde proporcionar ao indivíduo ou a coletividade, 
as condições de atendimento, de acordo com as suas necessidades. 
10UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
● Princípio 3: Descentralização, com direção única do sistema, tem o propósito 
de promover uma maior democratização do processo decisório na saúde, já que 
até então se estabeleciam práticas centralizadoras de poder no âmbito federal de 
governo. É vista como um enfrentamento das desigualdades regionais e sociais 
e prevê a transferência do poder decisório do governo federal, para os governos 
regionais (União, estados e municípios).
● Princípio 4: Participação popular, trata da garantia constitucional de que 
a população, por meio de suas entidades representativas, poderá participar do 
processo de formulação das políticas e do controle de sua execução. Esse princípio 
expressa bastante bem o momento político de redemocratização vivido pelo país e 
a capacidade de articulação do movimento social no contexto da saúde. 
SAIBA MAIS
Princípios e Conquistas do SUS
Após a implantação do SUS e visando implementar estratégias de promoção em 
saúde, o Ministério da Saúde compôs o Pacto em Defesa da Vida, um documento que 
estabeleceu ênfase no fortalecimento e na qualificação es tratégica da Saúde da Família 
a qual deveria visar a promoção, informação e educação em saúde com destaque na 
promoção de atividade física, na promoção de hábi tos saudáveis de alimentação e vida, 
controle do tabagismo, controle do uso abusivo de bebida alcoólica e cuidados especiais 
voltados ao processo de envelhecimento (BRASIL, 2006).
A área de pesquisas das práticas corporais com vistas à promoção da saúde pública 
é recente e está tendo aplicação prática com o programa Núcleos de Apoio à Saúde 
da Família (NASF) com o objetivo de ampliar as ações da atenção básica, apoiando 
a estratégia de Saúde da Família na rede de serviços, este projeto visa a inserção de 
profissionais de diferentes áreas para promover a saúde da população apoiando os 
Programas de Saúde da Família (PSF). 
Para atender a esta nova forma de visão, o Sistema Único de Saúde (SUS) organizou um 
conjunto de ações de saúde denominado Política Nacional de Atenção Básica que abrange 
a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a 
reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por trabalhos em equipe, e uma de 
suas áreas estratégicas de atuação é a promoção da saúde (BRASIL, 2007).
11UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Portanto, este formato de reorganizar a atenção básica elimina o modelo assistencialista 
e atende a nova demanda na área de promoção e prevenção da saúde, visando a origem 
do problema, evitando que ele evolua, fazendo com que os gastos com a saúde sejam 
menores e a qualidade de vida para a população melhore. Desta forma, o atendimento 
no nível de atenção primária fica mais perto da família e isso aumenta a qualidade de 
vida dos brasileiros (BRASIL, 2009 e CORTEZ e TOCANTINS, 2006).
Como estratégia de promoção da saúde e melhora na qualidade de vida da população, 
em 17 de fevereiro de 2020, segundo o Conselho Regional de Educação Física da 1ª 
Região (RJ/ES) (2020), os profissionais de Educação Física foram reconhecidos pela 
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), sob o código 2241-40, como “Profissional 
de Educação Física na Saúde”, passando a ter mais reconhecimento dentro do SUS, 
onde a descrição primária de suas atribuições foi ampliada para: “Estruturam e realizam 
ações de promoção da saúde mediante práticas corporais, atividades físicas e de lazer na 
prevenção primária, secundária e terciária no SUS e no setor privado”.(CREF, 2020, s/p).
Ainda segundo a mesma publicação, entre as competências descritas na letra G do 
Código 2241-40, temos: “realizar ações de promoção da saúde mediante práticas 
corporais, atividades físicas e lazer, que englobam realizar atendimento individual; 
realizar atendimento em grupos; realizar consultas compartilhadas; participar de 
eventos, campanhas, ações e programas de educação em saúde; promover atividades 
de educação permanente; promover ações em práticas integrativas e complementares 
(pics); desenvolver ações de saúde nas escolas e centros culturais; promover atividades 
de lazer e recreação; realizar visitas domiciliares; trabalhar em rede de serviços; matriciar 
equipes; desenvolver ações de atividade física e práticas corporais inclusivas na saúde; 
estruturar ações de atividade física e práticas corporais na prevenção primária, secundária 
e terciária no SUS; estruturar ações de atividade física e práticas” (CREF, 2020) .
Portanto, caro aluno, é possível perceber que a história da saúde no Brasil nos mostra que 
hoje, a atuação do profissional de educação física está inserido nas políticas públicas em 
saúde, como instrumento indispensável de estratégias em prevenção e promoção da saúde.
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema Único de Saúde (SUS). SUS: Princípios e Conquistas. Disponível 
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf. Acesso em: 02 maio 2021.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_principios.pdf
12UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
2. CONCEITO DE SAÚDE
 
Querido aluno, a definição do conceito de saúde não é tão simples quanto parece 
e neste tópico iremos abordar essa questão.
Em 1948, a Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS, 2016) definiuque “Saúde 
é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência 
de doença ou enfermidade”. Essa ideia de saúde remete à um ideal de saúde, um estado 
de “saúde ótima”, porém, possivelmente inatingível já que, a mudança é algo natural e 
predominante na vida e não, a estabilidade.
A própria compreensão de saúde tem também alto grau de subjetividade e determi-
nação histórica, na medida em que indivíduos e sociedades consideram ter mais ou menos 
saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuem a uma situação. 
Partindo dessa definição de saúde proposta pela OMS, podemos então pensar 
a saúde sob três aspectos distintos: a saúde como ausência de doença; a saúde como 
bem-estar e, por fim, a saúde como um valor social.
A visão da saúde entendida como ausência de doença é largamente difundida no 
senso comum, mas não está restrita a esta dimensão do conhecimento. Pelo contrário, 
essa ideia não só é afirmada pela medicina, como tem orientado a grande maioria das 
pesquisas e da produção tecnológica em saúde, especialmente aqueles referentes aos 
avanços na área de diagnóstico. 
Até meados do século XVIII, a doença era vista como uma entidade que subsistia 
no ambiente como qualquer outro elemento da natureza.
13UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Esse caráter ontológico da doença está presente na transformação da medicina em 
‘medicina das espécies’. Por influência de outros campos disciplinares, como a botânica, as 
doenças foram agrupadas em um sistema classificatório baseado nos sintomas.
O hospital, anteriormente concebido como lugar de exclusão dos doentes e miseráveis 
do meio social e de exercício de caridade, transforma-se gradativamente, em local de cura. À 
medida que as doenças passam a ser acompanhadas estatisticamente, o hospital também se 
transforma em espaço de produção de conhecimento e de ensino para os médicos-aprendizes. 
Com a mudança na estrutura perceptiva que sustentava o pensamento médico 
científico emergente, os fenômenos passam a ser explicados pela nova racionalidade a 
partir do estudo, baseado na observação e na experiência, das mudanças morfológicas, 
orgânicas e estruturais. Por conseguinte, a saúde passa a ser entendida como seu oposto: 
a ausência de patologia. própria fisiologia. Essa profunda transformação na forma de 
conceber a doença irá assentar as bases do sistema teórico do modelo biomédico, cuja 
força explicativa é responsável pela sua presença até os dias de hoje. 
Com base em uma epistemologia naturalista, Boorse (apud ALMEIDA FILHO e 
JUCÁ, 2002, p. 881) elabora um conceito negativo da saúde, percebendo-a também como 
ausência de doença: “A saúde de um organismo consiste no desempenho da função natural 
de cada parte”. O autor exclui as dimensões econômica, social, cultural e psicológica da 
base teórica da saúde-doença, rejeitando também a experiência clínica como referência 
viável, reafirmando que somente a biologia e a patologia podem fornecer dados objetivos 
para sua definição (ALMEIDA FILHO e JUCÁ, 2002). 
Na discussão da atualidade, diversos autores têm criticado a definição negativa de 
saúde. Para Almeida Filho e Andrade (2003, p. 101), “em uma perspectiva rigorosamente 
clínica (...) a saúde não é o oposto lógico da doença e, por isso, não poderá de modo 
algum ser definido como ‘ausência de doença’. (...) os estados individuais de saúde não são 
excludentes vis à vis a ocorrência de doença”. 
Abordagens que combatem a ideia boorseana de saúde, propõem que a definição de 
saúde como ausência de doença foi ampliada pela perspectiva da ‘saúde com possibilidade 
de adoecimento’ (CANGUILHEM, 2006; COELHO e ALMEIDA FILHO, 2003). 
De acordo com Canguilhem (2006), a saúde implica poder adoecer e sair do estado 
patológico. Em outras palavras, a saúde é entendida por referência à possibilidade de enfrentar 
situações novas, pela “margem de tolerância ou de segurança que cada um possui para 
enfrentar e superar as infidelidades do meio” (CANGUILHEM, 2006, p. 148), ou ainda “um guia 
regulador das possibilidades de reação” (CANGUILHEM, 2006, p. 149). A ameaça da doença 
é, portanto, um dos elementos constitutivos da saúde. (COELHO e ALMEIDA FILHO, 2003). 
14UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Portanto, Canguilhem (2006, p. 53-55) critica o reducionismo da concepção biomédica 
mecanicista: “é compreensível que a medicina necessite de uma patologia objetiva, mas 
uma pesquisa que faz desaparecer seu objeto não é objetiva. (...) A clínica coloca o médico 
em contato com indivíduos completos e concretos, e não com seus órgãos ou funções”. 
Retomando o conceito de saúde no que diz respeito ao bem-estar, Caponi (1997) 
faz uma advertência relevante pois, a concepção de bem-estar é algo utópico e subjetivo, 
o que poderia incorrer no erro de servir para justificar práticas arbitrárias de controle e 
exclusão de tudo aquilo que for considerado indesejável ou perigoso. A simples tentativa de 
definir estado de bem-estar mental e social poderá supor uma existência sem angústias ou 
conflitos, sabidamente inerentes à própria história de cada ser humano e de cada sociedade.
A autora se contrapõe ao conceito enunciado pela OMS:
O que chamamos de bem-estar se identifica com tudo aquilo que em uma 
sociedade e em um momento histórico preciso é valorizado como ‘normal’ 
(...) Para Canguilhem, as infidelidades do meio, os fracassos, os erros e o 
mal-estar formam parte constitutiva de nossa história e desde o momento 
em que nosso mundo é um mundo de acidentes possíveis, a saúde não 
poderá ser pensada como carência de erros e sim como a capacidade de 
enfrentá-los” (CAPONI, 1997, p. 300 - 301).
Ao descontextualizar os fenômenos de saúde e doença do desenvolvimento histórico 
e cultural da sociedade, também isenta-se o poder público e culpabiliza-se o sujeito. Entre 
outras conseqüências, essa concepção tem sustentado a tese do focalismo em saúde que, 
diante de um cenário de recursos limitados, preconiza a definição de prioridades para a 
oferta de serviços de saúde, em detrimento da oferta universal, defendida como direito 
inalienável do cidadão e dever do Estado. 
Diversos autores (CAMPOS, 2003; CARVALHO, 2005; LEFEVRE, F. e LEFEVRE, A., 
2004) alertam para os riscos da penalização dos indivíduos mediante o estabelecimento de 
critérios discutíveis de homogeneização de comportamentos. Esse dispositivo configuraria 
uma agudização do autoritarismo sanitário, diminuindo a margem de autonomia das 
pessoas, dos grupos humanos e das coletividades. 
A responsabilização das pessoas por estilos de vida ‘não-saudáveis’ tenderia a 
desviar a discussão de fatores sociais, ambientais, econômicos e sobre as condições de 
trabalho que influenciam fortemente no processo saúde-doença. 
No que diz respeito a saúde como um valor social, é possível retomar a reforma 
Sanitária de 1988 que representou uma conquista social sem precedentes ao transformar-
se em texto constitucional que diz:
Em sentido amplo, a saúde é a resultante das condições de alimentação, 
habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, 
lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. 
Sendo assim, é principalmente resultado das formas de organização social, 
de produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de 
vida” (BRASIL, 1986, p. 04).
15UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
A força de seus postulados procura resgatar a importância das dimensões 
econômica, social e política na produção da saúde e da doença nas coletividades. 
Pensar a saúde como acesso à educação, trabalho, transporte, lazer, alimentação, 
implica a superação do modelo biomédico e a adoção de outros princípios norteadores 
capazes de auxiliar na necessária reorganização do modelo de atenção à saúde, ainda 
voltado às ações curativas e assistenciais. 
O conceito e as práticas de promoção da saúdetêm representado uma possibilidade 
concreta de ruptura desse paradigma ao proporem uma nova forma de conceber e intervir 
no campo da saúde. O fato de o conceito de saúde ser impreciso, dinâmico e abrangente 
não impede que seja possível tomá-lo como eixo para a reorientação das práticas de saúde. 
Pelo contrário: sua importância é fundamental para a superação de um modelo de atenção 
biologista, medicalizante e prescritivo. 
Neste sentido, há uma tendência de buscar novas práticas que atendam às 
demandas atuais da sociedade, quais sejam, a prevenção, a busca por uma melhor 
qualidade de vida e a promoção da saúde. O novo paradigma de saúde, marcado por sua 
promoção, abre um campo para atuação do Profissional de Educação Física nos serviços 
de saúde pública, pois este se preocupa com o controle da saúde e condições de vida 
da população e uma das principais intervenções que ele pratica são ações educativas e 
preventivas (CABRAL, SOUSA e RAYDAN, 2007).
Portanto, se tomarmos a saúde como um sistema complexo e pensarmos que a 
situação da saúde pública nos convoca a superar a simples atenção das necessidades 
aparentes, procurando a eliminação de problemas que se encontram tanto na esfera dos 
determinantes sociais da saúde, quanto no âmbito da resolutividade das práticas médicas, 
então estaremos, de fato, nos posicionando em defesa de uma ética que valorize a vida 
humana, buscando colaborar efetivamente para a construção de ambientes e de uma 
sociedade mais justa e saudável. 
16UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
3. CONCEITO DE QUALIDADE DE VIDA
Querido aluno, o termo qualidade de vida é comumente usados no cotidiano pelo 
senso comum de forma a resumir melhorias ou um alto padrão de bem-estar na vida 
das pessoas, sejam elas de ordem econômica, social ou emocional. Todavia, a área de 
conhecimento em qualidade de vida encontra-se numa fase de construção de identidade. 
Ora identificam-na em relação à saúde, ora à moradia, ao lazer, aos hábitos de atividade 
física e alimentação, mas o fato é que essa forma de saber afirma que todos esses fatores 
levam a uma percepção positiva de bem-estar. 
A compreensão sobre qualidade de vida lida com inúmeros campos do conhecimento 
humano, biológico, social, político, econômico, médico, entre outros, numa constante inter-
relação. Por ser uma área de pesquisa recente, encontra-se em processo de afirmação de 
fronteiras e conceitos; por isso, definições sobre o termo são comuns, mas nem sempre 
concordantes. Outro problema de ordem semântica em relação à qualidade de vida é que 
suas definições podem tanto ser amplas, tentando abarcar os inúmeros fatores que exercem 
influência, como restritas, delimitando alguma área específica. 
O que geralmente se entende como qualidade de vida atualmente, promove nas 
pessoas, uma corrida para alcançar algo que o senso comum sabe que é bom, mas não 
tem claros seus limites conceituais e sua abrangência semântica. É como se tratasse de um 
ideal da contemporaneidade, que se expressa na política, na economia, na vida pessoal. 
Busca-se qualidade de vida em tudo (BARBOSA, 1998). 
17UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
No entanto, em abordagens sobre qualidade de vida, é necessário ter atenção 
à multiplicidade de questões que envolvem esse universo, desde parâmetros sociais até 
de saúde ou econômicos. Esses indicadores podem ser analisados (e assim o são) por 
diferentes áreas de conhecimento, com referenciais e procedimentos diferentes, sendo 
vinculadas definições e concepções variadas. 
A qualidade de vida sempre esteve entre os homens; remete-se ao interesse pela 
vida. Logo, é possível estabelecer que qualidade de vida não é algo a ser alcançado, um 
objeto de desejo da sociedade contemporânea que deve ser incorporado à vida a partir 
de esforço e dedicação individual. Pelo contrário, é uma percepção que sempre esteve e 
sempre estará presente na vida do ser humano. O fato é que, a partir desse tipo de análise, 
todos os sujeitos têm qualidade de vida, não sendo esse um elemento a ser alcançado 
através de ações embutidas no padrão de boa vida da sociedade contemporânea; 
porém, o interessante para a vida de cada um é buscar uma boa qualidade frente às suas 
possibilidades individuais de ação. 
De acordo com Minayo et al. (2000, p.10), qualidade de vida:
...é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau 
de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à 
própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese 
cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu 
padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que 
refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades 
que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, 
sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural.
Nota-se que essa abordagem esbarra numa compreensão social do termo, que 
considera questões subjetivas como bem-estar, satisfação nas relações sociais e ambientais, 
e a relatividade cultural. Ou seja, esse entendimento depende da carga de conhecimento 
do sujeito, do ambiente em que ele vive, de seu grupo de convívio, da sua sociedade e das 
próprias expectativas em relação a conforto e bem-estar. 
Gonçalves e Vilarta (2004) abordam qualidade de vida pela maneira como as 
pessoas vivem, sentem e compreendem seu cotidiano, envolvendo, portanto, saúde, 
educação, transporte, moradia, trabalho e participação nas decisões que lhes dizem respeito. 
Essa abordagem indica, num primeiro momento, para as expectativas de um sujeito ou de 
determinada sociedade em relação ao conforto e ao bem-estar. Isso depende das condições 
históricas, ambientais e socioculturais de determinado grupo, ou seja, o entendimento e a 
percepção sobre qualidade de vida, nessa perspectiva, são relativos e variáveis. 
18UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Gonçalves (2004, p. 13) define qualidade de vida como “a percepção subjetiva do 
processo de produção, circulação e consumo de bens e riquezas. A forma pela qual cada 
um de nós vive seu dia-a-dia”. 
Para Nahas et al. (2001, p. 5), qualidade de vida é a “condição humana resultante 
de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que 
caracterizam as condições em que vive o ser humano”. 
Por fim, qualidade de vida, para a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995, 
p. 1403), é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e 
sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, 
padrões e preocupações”. 
Não é possível existir um conceito único e definitivo sobre qualidade de vida, mas 
se pode estabelecer elementos para pensar nessa noção enquanto fruto de indicadores ou 
esferas objetivas (sociais) e subjetivas (individuais), a partir da percepção que os sujeitos 
constroem em seu meio. (BARBOSA, 1998).
“Os indicadores de qualidade de vida têm sido usados para avaliação da eficácia, da 
eficiência e do impacto de determinados tratamentos na comparação entre procedimentos 
para o controle de doenças” (SEIDL e ZANNON, 2004, p. 581). Embora tais perspectivas 
levem em consideração as relações entre saúde e qualidade de vida, elas explicitam a 
intenção desses indicadores de elucidar os perfis das populações em relação às condições 
e aos parâmetros em que estão ocorrendo suas vidas. Os dados gerados levam a 
caracterização e comparação dos grupos, e podem ser usados para fins diversos, como a 
promoção de saúde ou objetivos políticos e mercadológicos. 
Independentemente da concepção adotada, do instrumento indicador utilizado ou 
do conceito adotado sobre qualidade de vida, existe uma íntima relação entre este campo de 
conhecimento, a área da saúde e a prática de atividade física. Embora haja certa prevalência, 
principalmentenos instrumentos indicadores, de uma abordagem de saúde mais próxima da 
área médica (GARCIA, 2002), a abrangência desse elemento se apresenta de forma bem 
ampla, relacionada a aspectos físicos, emocionais, de relacionamentos, ligada ao bem-estar. 
A relação entre saúde e qualidade de vida depende da cultura da sociedade em 
que está inserido o sujeito, além de ações pessoais (esfera subjetiva) e programas públicos 
ligados à melhoria da condição de vida da população (esfera objetiva). O estado de saúde 
é um indicador das possibilidades de ação do sujeito em seu grupo, se apresentando como 
um facilitador para a percepção de um bem-estar positivo ou negativo.
19UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
É influenciado pelo ambiente, pelo estilo de vida, pela biologia humana e pela 
organização do sistema de atenção à saúde em que o sujeito está inserido.
A noção de saúde se coloca como uma resultante social da construção coletiva 
dos padrões de conforto e tolerância que determinada sociedade estabelece (MINAYO et 
al., 2000). As necessidades de saúde, como uma das vertentes da qualidade de vida, não 
podem ser separadas dos movimentos sociais urbanos e nem da dimensão da cidadania 
(BARBOSA, 1998). 
Como acima exposto, a qualidade de vida está intimamente ligada aos aspectos 
socioeconômicos de determinada população, que configuram a condição de vida dos 
sujeitos dela integrantes. Existe uma relação direta entre essas variáveis e as condições 
de saúde, expressa e comprovada por instrumentos e indicadores objetivos (GONÇALVES 
e VILARTA, 2004). 
Tais condições são determinadas pelas possibilidades de acesso aos cuidados 
à saúde que são disponibilizados à população. Deslandes (2004) cita duas abordagens 
político-organizacionais referentes à organização desses serviços: prevenção em saúde e 
promoção da saúde. A primeira diz respeito ao incentivo da associação direta e predominante 
entre os hábitos do sujeito e sua condição de saúde. Essa linha de intervenção se apoia numa 
concepção de responsabilização do sujeito pelo seu estado de saúde (responsabilização 
da vítima), pois se aplica em um modelo médico hegemônico, centrado no atendimento 
de doentes e na divulgação de hábitos positivos à manutenção de bons níveis de saúde. 
A segunda, surge primeiramente na Conferência de Ottawa, em 19861 , pela iniciativa da 
responsabilização múltipla, que uniria esforços voltados à promoção da saúde advindos 
do Estado (por meio de políticas públicas saudáveis), da comunidade, de indivíduos, 
do sistema de saúde e de parcerias intersetoriais (BUSS, 2000). A partir desse período, 
são valorizados na promoção da saúde (DESLANDES, 2004, p. 02): “políticas públicas 
saudáveis, fortalecimento dos recursos de saúde comunitários, ambientes favoráveis à 
saúde, desenvolvimento de habilidades pessoais, redefinição dos serviços de saúde.”
Esse modelo lida com a ideia de totalidade, definindo saúde como uma questão social 
ampliada, além de incorporar a ação individual. Na ideia de promoção da saúde, um estilo de 
vida tido como positivo é importante, assim como a prática de atividades físicas e esportivas. 
Porém, isso é uma parte do processo de integração entre vários fatores, e não a única solução. 
Essas abordagens representam a organização da atenção à saúde da população, 
estabelecendo processos e possibilidades de acesso a esses cuidados.
 11ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, 1986, Ottawa, Canadá.
20UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
São responsabilidades do Estado, assim como a preocupação de proporcionar 
possibilidades de acesso a bens de consumo tidos como indispensáveis na sociedade 
contemporânea: educação, transporte, moradia, alimentação, saneamento básico, e, claro, 
cuidado à saúde clínica.
Em relação aos hábitos individuais e estilos de vida dos sujeitos, a esfera subjetiva 
de cuidados à saúde diz respeito ao impacto dos costumes cotidianos do indivíduo perante 
sua vida. Entre os comportamentos considerados saudáveis na sociedade, pode-se observar 
aspectos voltados à alimentação, aos relacionamentos sociais e às práticas sistemáticas de 
atividades físicas. A adoção de um estilo de vida tido como saudável depende do acesso 
à informação, às oportunidades para prática de atividade física e aos hábitos positivos, ao 
apoio socioeconômico e à atitude para mudança de comportamento (NAHAS et. al., 2001).
A atividade física é colocada na sociedade contemporânea como uma ponte segura 
para melhores situações de saúde. Ao levar em consideração a multiplicidade de formas de 
atividade física e suas consequências para o bem-estar do sujeito, para a manutenção ou 
melhoria dos quadros de saúde, é necessário que essa prática esteja adequada às condições 
e expectativas individuais, assim como ao local, aos processos e ao ambiente em que ocorre. 
Para concluir querido aluno, a proposta de atividade física como uma forma de 
melhoria do bem-estar e da qualidade de vida exige atenção do profissional de educação 
física, tanto em relação ao seu impacto sobre a saúde clínica, quanto social e emocional, 
pois a autonomia pessoal é fruto de boa condição de saúde, relacionamentos pessoais e 
capacidade da realização prática de expectativas individuais. 
REFLITA 
“Eu acredito que a causa final do homem, seu objetivo supremo é a felicidade. Atingir a 
felicidade e uma boa vida depende de uma conduta moral moderada, sem excesso, na 
justa medida dos “pitagóricos”. Habituar-se a uma boa conduta é ter bons costumes e 
uma vida intelectual sossegada”.
Fonte: ARISTÓTELES (384 - 322 a.C.)
21UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
4. CONDIÇÕES DE VIDA E ESTILO DE VIDA
Caro aluno, temos visto até aqui que a saúde está relacionada ao modo como 
vivemos e ao meio no qual vivemos. Vamos avançar neste estudo entendendo um pouco 
mais sobre os conceitos utilizados comumente para descrever a qualidade ou o tipo de vida 
que a população de determinada região ou país possui.
Em diversos estudos realizados, as condições de vida de uma população é 
medida ou baseada a partir da análise das desigualdades em saúde, ou seja, a categoria 
“condições de vida”, proposto por Castellanos (1997) , destaca que o indivíduo, a 
família, a comunidade e o grupo populacional, em cada momento de sua existência, 
tem necessidades e riscos que lhes são próprios, seja por sua idade, pelo sexo e por 
outras características individuais, seja por sua localização geográfica e ecológica, por 
sua cultura e nível educativo, ou seja por sua inserção econômico-social, que resulta em 
um perfil de problemas de saúde/doença peculiares, os quais favorecem e dificultam, em 
maior ou menor grau, sua realização como indivíduo e como ser social. 
O autor considera ainda que o perfil de condições de vida expressa quatro dimensões 
da reprodução social, qual seja, biológica, ecológica, econômica e da consciência e 
comportamento que cada grupo da população terá de necessidades (riscos).
22UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
O perfil epidemiológico de uma dada população, enquanto componente da situação 
de saúde, segundo Paim (1997) é determinado, de um lado, pela estrutura de produção, 
ou seja, por meio do processo de trabalho e das condições de trabalho e de outro, pela 
estrutura de consumo (modo de vida) que, juntamente com a renda obtida no mercado de 
trabalho, proporciona e possibilita as condições e o estilo de vida de cada indivíduo. As 
condições de vida acabam por expressar as condições materiais de existência dos grupos 
humanos de uma determinada população ou sociedade. 
Assim, a reprodução social de uma dada classe social ou fração desta, passa pela 
infraestrutura econômica (inserção no mercado de trabalho através da renda e condições de 
trabalho) mas passa também por todo um conjunto de relações sociais que incluem a intervenção 
do Estado, como no caso da formulação de políticas públicas,como também pelas ideologias 
que permeiam o estabelecimento dos níveis de consciência da população sobre os problemas 
sociais e sobre a organização popular na produção de certas condições de vida. 
Isto significa que o estudo das condições de vida (ou desigualdades sociais) 
de determinados grupos deve levar em conta não só a distribuição de renda e o poder 
aquisitivo na esfera do consumo individual, mas também certas ações do Estado, como 
a formulação das políticas sociais, que buscam garantir o atendimento de necessidades 
básicas como a saúde, saneamento, educação, nutrição, segurança e lazer. Portanto, o 
perfil epidemiológico da população de um país ou o seu quadro sanitário está associado, 
em última análise, ao seu grau de desenvolvimento sócio-econômico e por conseguinte ao 
desenvolvimento das políticas sociais, especialmente as de saúde. 
Entendendo o conceito de condições de vida, podemos neste momento, querido aluno, 
articulá-lo com a definição de estilo de vida. Precisamos refletir, o que a reflexão sobre as 
condições de vida pode nos fazer pensar sobre o estilo de vida de um indivíduo?! Para tal 
reflexão, se faz necessário entender também o conceito de estilo de vida e o faremos a seguir.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004, p. 37) o Estilo de Vida:
é o conjunto de hábitos e costumes que são influenciados, modificados, 
encorajados ou inibidos pelo prolongado processo de socialização. Esses 
hábitos e costumes incluem o uso de substâncias tais como o álcool, fumo, chá 
ou café, hábitos dietéticos e de exercício. Eles têm importantes implicações 
para a saúde e são frequentemente objeto de investigações epidemiológicas.
Outros estudiosos também seguem a mesma linha e postulam que estilo de vida é 
o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na 
vida dos sujeitos (NAHAS et. al., 2001). Acrescentando a contribuição de Bourdieu (1983b) 
a essa afirmação, pode-se compreender que se trata das ações individuais que refletem os 
hábitos e a carga cultural do sujeito e que interferem diretamente em sua vida.
23UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Essas ações são permeadas pela possibilidade de escolha do indivíduo e de adoção 
ou não de práticas no seu cotidiano.
Porém, considerando a ocorrência de diferentes formas de consumo simbólico 
(como é feito o consumo e com qual finalidade para a pessoa ou grupo) ou consumo 
material (consumo de bens) entre as diferentes estruturas sociais, as oportunidades de 
escolha não se apresentam da mesma forma para todos. Elas dependem das chances de 
ação em sua vida, geradas pelas condições econômicas, de subsistência, saneamento, 
entre outras. Alguém que tenha um orçamento e condições de subsistência melhores do 
que outra pessoa terá maiores possibilidades de escolhas em relação às práticas adotadas 
em seu estilo de vida. Essas possibilidades são criadas de acordo com a condição e o 
modo de vida do indivíduo (VILARTA e GONÇALVES, 2004), que permitirão que ele possa 
fazer escolhas que direcionem seu estilo de vida.
A adoção de um estilo de vida tido como saudável é tomada, na sociedade 
contemporânea, como um fator determinante perante a situação de saúde e de vida dos 
sujeitos. Porém, muitas vezes isso não ocorre, não por falta de vontade do sujeito, mas pela 
ausência de condições socioeconômicas favoráveis. Hábitos como uma nutrição adequada, 
horas de descanso, visitas periódicas e profiláticas ao médico, e prática frequente de 
atividade física, nem sempre são possíveis para todos os indivíduos, devido a modos e 
condições de vida que não possibilitam tais ações.
Conclui-se então que, o uso do termo estilo de vida é muito comum e se faz de 
grande importância quando são focadas questões relativas à qualidade de vida, pois essa 
grande área diz respeito ao padrão de vida que a própria sociedade define e se mobiliza para 
conquistar, e ao conjunto de políticas públicas que induzem e norteiam o desenvolvimento 
humano como um todo (MINAYO et al., 2000).
24UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
5. PREVENÇÃO, PROMOÇÃO, PROTEÇÃO E REABILITAÇÃO DA SAÚDE
 
Iniciamos mais um tópico desta primeira unidade e vamos avançando na aquisição 
do conhecimento referente a saúde e suas implicações na vida do indivíduo e da sociedade. 
Aqui iremos entender, querido aluno, como acontece o processo de prevenção, promoção, 
proteção e a reabilitação da saúde.
O termo risco refere-se ao grau de probabilidade da ocorrência de um determinado 
evento (PEREIRA, 1995). Do ponto de vista da saúde/doença, o termo é utilizado para 
definir a probabilidade de que indivíduos saudáveis, mais expostos a determinados fatores, 
adquiram certa doença. Os fatores que se associam ao aumento do risco de se contrair 
uma doença são chamados fatores de risco. Contrariamente, há fatores que conferem ao 
organismo a capacidade de se proteger contra a aquisição de determinada doença, sendo 
chamados fatores de proteção (INCA, 2021). 
Os fatores de risco podem ser encontrados no ambiente físico, serem herdados 
ou representarem hábitos ou costumes próprios de um determinado ambiente social e 
cultural (INCA, 2021). 
Pequenas mudanças nos fatores de risco em indivíduos que estão sob risco moderado 
podem ter um enorme impacto em termos de morte e incapacidade. Por meio da prevenção 
de doenças em grandes populações, pequenas reduções na pressão arterial e no nível de 
colesterol sanguíneo, por exemplo, poderiam alcançar a redução de custos na saúde.
25UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
Caso esses fatores de risco fossem eliminados por meio de mudanças no estilo 
de vida, pelo menos 80% de todas as doenças do coração, dos derrames e dos diabetes 
do tipo 2 poderiam ser evitados. Além disso, mais de 40% dos cânceres poderiam ser 
prevenidos (OMS, 2005). 
Conhecer a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção na população 
brasileira é fundamental para o planejamento e a avaliação de políticas públicas de saúde. 
Dessa forma, o Ministério da Saúde implantou a pesquisa Vigitel (Sistema de Vigilância de 
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas) em 2006, realizada em 26 estados 
brasileiros e no Distrito Federal, para fins de monitoramento dos principais fatores de risco 
e proteção para o desenvolvimento de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. 
Os resultados desta pesquisa mostraram, de modo geral, que os fatores de risco 
e a saúde estão diretamente relacionados à alimentação e à atividade física, ou seja, uma 
alimentação saudável e a prática de atividades físicas são métodos de proteção à saúde e 
de prevenção de doenças. 
A promoção de práticas alimentares saudáveis está inserida no contexto da adoção 
de estilos de vida saudáveis, sendo importante para a promoção da saúde. A atividade 
física e o exercício previnem efetivamente a ocorrência de eventos cardíacos, reduzem a 
incidência de acidente vascular cerebral, hipertensão, diabetes mellitus do tipo 2, cânceres 
de cólon e mama, fraturas osteoporóticas, doença vesicular, obesidade, depressão e 
ansiedade, além de retardarem a mortalidade (ACSM, 2007). 
Considerando a alta prevalência do sedentarismo aliada ao significativo risco referente 
às doenças crônico-degenerativas, o aumento da atividade física de uma população influencia 
na qualidade da saúde da coletividade, minimizando custos com tratamentos, inclusive 
hospitalares, o que reflete seus consideráveis benefícios sociais (CARVALHO et al., 1996). 
A recomendação de prática de atividade física deve considerar os interesses 
individuais, as necessidades de saúde e estado clínico do indivíduo ou da população-alvo. 
Os benefícios de saúde advindos da prática regular de atividade física serão diretamente 
influenciados pela quantidade e intensidade com que é praticada. 
Tendo em vista as questões levantadas sobre a prevenção, promoção e proteção 
à saúde, é precisotambém pensar a respeito sobre a reabilitação da saúde. A reabilitação 
é “uma proposta de atuação multiprofissional voltada para a recuperação e o bem-estar 
biopsicossocial do indivíduo” (COFFITO, 1987, p. 7609). 
26UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
De acordo com o Relatório Mundial sobre Deficiência (2011), reabilitação é “Conjunto 
de medidas que ajudam pessoas com deficiência ou prestes a adquirir deficiências a terem 
e manterem uma funcionalidade ideal na interação com o seu ambiente” (OMS, 2011, p. 100). 
A reabilitação deve ser compreendida de forma ampliada, considerando diferentes 
fatores. Primeiro deve-se levar em conta que nem toda anomalia é necessariamente 
patológica, admitindo que estratégias de adaptação podem promover o estabelecimento 
de uma nova ordem (norma) funcional para o indivíduo, minimizando seu sofrimento 
(CANGUILHEM, 2006). Segundo, as necessidades de reabilitação extrapolam o campo 
de conhecimento biomédico (BRASIL, 2010) e terceiro, o melhor prognóstico é alcançado 
quando a intervenção se inicia logo após a lesão ou instalação da doença que provocou 
a deficiência (ainda em ambiente hospitalar) e em muitos casos após a alta ambulatorial 
será necessária a manutenção de cuidados específicos no ambiente em que se vive. E 
para promover tudo isso é necessário um sistema que integre as ações de diferentes 
profissionais nos distintos níveis de atenção. 
Atuando na área de reabilitação, o profissional de Educação Física, por ser especialista 
na área da saúde em avaliar, programar e orientar programas de exercícios físicos para todas 
as populações deverá estar presente desde a primeira fase de reabilitação, onde seu olhar 
técnico e objetivo somado aos conhecimentos de profissionais de outras áreas elevarão 
as potencialidades do programa. Poderá também ensinar ao indivíduo os benefícios que a 
atividade física regular e a mudança no seu estilo de vida poderão proporcionar a ele. 
Entende-se que a importância do papel do profissional de Educação Física no 
processo de reabilitação está no fato de que este profissional será o responsável por 
elaborar programas de exercício físico supervisionado de maneira estruturada, respeitando 
a individualidade do beneficiário para que o mesmo consiga melhorar seu condicionamento 
físico, aptidão física, habilidades motoras, que conquiste sua autonomia/independência e 
adoção de um estilo de vida saudável e melhore por consequência sua qualidade de vida. 
Contudo, a reabilitação deve, portanto, incluir uma visão integral e holística do 
ser humano. Os serviços devem focar nas necessidades da pessoa com o objetivo de 
promover a acessibilidade, autonomia, independência, inclusão social e dessa forma 
melhorar a qualidade de vida. 
27UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caros alunos, chegamos ao final da primeira unidade da apostila “Educação e 
Saúde” e adquirimos muito conhecimento até aqui.
Aprendemos sobre a história da saúde no Brasil e também como foi o processo de 
implantação de políticas públicas em saúde. Conhecemos o complexo conceito de saúde, bem 
como o conceito de qualidade de vida, sendo que a compreensão deste conceito, nos revela 
também o entendimento de condições de vida e estilo de vida, ou seja, são conceitos que estão 
interligados e a compreensão da dinâmica de um depende da articulação com o outro.
Por fim, estudamos sobre a prevenção, promoção, proteção da saúde e a reabilitação 
da mesma como uma possível área de atuação para o profissional de Educação Física. 
Acima de tudo, compreendemos que o ser humano é um sujeito que precisa ser entendido 
e analisado em todas as suas esferas e que a relação saúde/doença acontece no âmbito 
biopsicossocial do indivíduo.
28UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Saúde, Promoção da Saúde e Educação Física
Autor: Paulo de Tarso Veras Farinatti.
Editora: UERJ.
Ano: 2006.
Sinopse: Este livro apresenta reflexões sobre as relações entre 
educação física e saúde. Na primeira parte são revisados aspectos 
conceituais relacionados à saúde e à promoção da saúde, em uma 
perspectiva evolutiva. Na segunda, os conceitos são aplicados 
à educação física escolar e à problemática do envelhecimento. 
Assim, esse estudo debate a educação física e saúde aliando à 
discussão teórica experiências práticas consolidadas - escapando 
da esfera do provável ou do possível e focalizando o real.
 
FILME/VÍDEO 
Título: Nise - O Coração da Loucura
Ano: 2016.
Sinopse: Nos anos 1950, uma psiquiatra contrária aos tratamentos 
convencionais de esquizofrenia da época é isolada pelos outros 
médicos. Ela então assume o setor de terapia ocupacional, onde 
inicia uma nova forma de lidar com os pacientes, pelo amor e a arte. 
29
Plano de Estudo:
● Aspectos históricos da Educação Física e promoção de saúde;
● Políticas Públicas e a saúde: foco na Educação Física;
● Sistema público e privado de saúde: Educação Física e seu papel.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conhecer os aspectos históricos da educação
Física e a promoção de saúde;
● Estudar sobre as políticas públicas e a saúde, 
com o foco da Educação Física;
● Entender qual o papel da Educação Física no 
sistema público e privado de saúde.
UNIDADE II
A Educação Física e a Saúde
Professora Me. Claudiana Marcela Siste Charal
Professora Ticiana Roberta Siste Charal
Professor Esp. Charles pecialista da Silva de Araujo e Souza
30UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 30UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
INTRODUÇÃO
Bem-vindo queridos alunos!! Estamos iniciando a segunda unidade da apostila 
“Educação e saúde” e aqui iremos nos aprofundar um pouco mais no conhecimento da 
saúde relacionada à área da educação Física.
Para tal, iremos fazer um resgate histórico da Educação Física e sua relação com 
a promoção da saúde, na sequência estudaremos as políticas públicas e a saúde com o 
foco da Educação física e, por fim, abordaremos o papel da Educação Física no Sistema 
de Saúde Público e Privado.
Estamos apenas no início desta descoberta e quero você comigo em cada tópico 
para que possamos, juntos, conhecer ainda mais esse vasto campo de atuação para o 
Profissional de Educação Física.
31UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 31UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E PROMOÇÃO DE SAÚDE
Caro aluno, a compreensão sobre os aspectos históricos da Educação Física na 
contemporaneidade permite situá-la numa posição de destaque na sociedade devido às 
grandes movimentações acontecidas em sua formação. Torna-se uma profissão, uma 
disciplina e uma prática difundida, onde os seus objetivos necessitam de novas discussões 
em virtude de sua dinamicidade ao longo dos anos. 
O acesso à Educação Física passa a ser proporcionado em escala cada vez 
mais democrática para a população, levando-se em consideração as relações coletivas 
e sociais. Algumas vezes essa inserção era independente de classe social, idade, 
condição física, cor, religião, opção sexual ou alguma deficiência física, motora ou mental 
(BAGNARA; LARA; CALONEGO, 2010). 
Os diferentes momentos da história da Educação Física no Brasil resgatam as 
diferentes influências sofridas ao longo de seu percurso. As instituições militares e os médicos 
foram influenciadores da Educação Física desde o Brasil Império (CASTELLANI FILHO, 2013). 
O início do desenvolvimento cultural da Educação Física no Brasil, apesar de não 
ter ocorrido de forma contundente, ocorreu no período do Brasil Império, pois foi nessa 
época que surgiram os primeiros tratados sobre a Educação Física.
Em 1823, Joaquim Antônio Serpa, elaborou o “Tratado de Educação Física e Moral dos 
Meninos”. Esse tratado postulava que a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do 
espírito, e considerava que os exercícios físicos deveriam ser divididos em duas categorias, a 
primeira, osque exercitavam o corpo; e a segunda, os que exercitavam a memória.
32UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 32UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
Além disso, esse tratado entendia a educação moral como coadjuvante da Educação 
Física e vice-versa (GUTIERREZ, 1972).
O Início da Educação Física escolar no Brasil, inicialmente denominada Ginástica, 
ocorreu oficialmente com a reforma Couto Ferraz, em 1851. No entanto, foi somente 
em 1882, que Rui Barbosa ao lançar o parecer sobre a “Reforma do Ensino Primário, 
Secundário e Superior”, denota a importância da Ginástica na formação do brasileiro 
(RAMOS, 1982). Nesse parecer, Rui Barbosa relata a situação da Educação Física em 
países mais adiantados politicamente e defende a Ginástica como elemento indispensável 
para a formação integral da juventude (RAMOS, 1982).
De acordo com estudos do professor Ghiraldelli (2004), a Educação Física 
brasileira, passou por cinco fases: a higienista, militarização, pedagogização, competitivista 
e a popular, que foram marcantes ao longo da sua formação e na busca da caracterização 
dos pressupostos teóricos que lhe servem de fundamento, mantém-se historicamente ao 
longo dos anos em busca de adequações e características específicas do pensar a prática 
da Educação Física. 
A Educação Física Higienista foi a fase que aconteceu até o ano de 1930, e se 
preocupava em colocar a Educação Física como agente potencializador de saneamento 
público, dava ênfase à questão da saúde, e tinha a Educação Física como importante papel 
de formação de homens sadios e fortes, na busca de uma sociedade livre de doenças 
infecciosas e dos vícios que deterioravam a saúde e o caráter dos homens. 
Esta fase aconteceu também na época da criação das leis abolicionistas, onde, os 
negros, recém libertos, se deslocaram para as cidades em busca de trabalho, e encontravam 
as péssimas condições de trabalho, moradia e a falta de saneamento básico que eram 
propícias ao surgimento de doenças. Neste momento, a escola passa a ter um papel de 
fundamental importância para disseminar hábitos de higiene, e a Educação Física como 
a disciplina que melhor abordaria essas questões em um contexto amplo de abordagens. 
A fase da Educação Física Militarista (1930-1945), foi o período compreendido entre 
a Revolução de 1930 e o fim da 2ª Guerra Mundial. Neste período também existiu uma 
preocupação com a saúde numa perspectiva diferente da atual, mas o objetivo principal 
desta fase era a obtenção de uma juventude forte e saudável que fosse capaz de suportar 
o combate, a luta e a guerra.
33UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 33UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
Na década de 1930, surgiram através dos estímulos da Educação Física, a 
concretização de uma identidade moral e cívica, além do envolvimento com os princípios 
de Segurança Nacional, referente a necessidade do adestramento físico, num primeiro 
momento necessário à defesa da pátria, que se afiguravam no sentido de desestruturação 
da ordem político-econômica constituída, como também à iminência de configuração de 
um conflito bélico a nível mundial, e, em outro instante, visando assegurar ao processo 
de industrialização implantado no país, mão de obra fisicamente adestrada e capacitada, 
cabendo a ela cuidar da recuperação e manutenção da força de trabalho (CASTELLANI 
FILHO, 2013). Nesta mesma época foi criado o Ministério da Educação e Cultura (MEC). 
Nas escolas foi adotado o método francês de ginástica, que havia sido adotado também 
pelo exército brasileiro na década de 1920.
Segundo Ghiraldelli (2004), na Educação Física Pedagogista (1945 – 1964), a 
Educação Física tornou-se o “centro vivo” da escola pública e advogou a “educação do 
movimento” utilizando a ginástica, a dança e o esporte como meio de educação do aluno. 
Foi uma concepção do período pós-guerra, que convocou toda a sociedade a compreender 
a Educação Física simultaneamente como uma prática capaz de promover a saúde e de 
disciplinar a juventude inserida no currículo escolar. A Educação Física Desportiva Generalizada 
foi o método que se estabeleceu nesse período, destacando o valor educativo do jogo. 
Após 1964 e diante do processo de esportivização da Educação Física, já iniciado 
na fase pedagogista, a ideologia do “desenvolvimento com segurança” e a divulgação pelos 
meios de comunicação, ocorre a expansão do esporte em todo país, surge a fase chamada 
de Educação Física Competitivista. Durante o período da ditadura militar, a Educação Física 
estava a serviço da hierarquização e da elitização social, voltada para o culto do atleta herói, 
aquele que, a despeito de todas as dificuldades, chegou ao pódio. Esta fase se preocupava 
em selecionar as turmas para treinamento, buscando a especialização dos alunos em uma 
modalidade ou esporte específico com principal objetivo de conseguir medalhas olímpicas 
para o país, reduzindo desta forma a Educação Física, aos esportes de alto nível.
34UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 34UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
SAIBA MAIS
Você sabia?
O esporte surgiu na Grécia antiga e os jogos olímpicos ou, como comumente são 
chamados, as Olimpíadas, tiveram a sua origem por volta da segunda metade do 
século VIII a.C., na antiga civilização grega. Esses jogos estavam associados a cultos 
religiosos dedicados ao deus Zeus. 
Leia mais em: https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm
Fonte: FERNANDES, C. Modalidades esportivas das Olimpíadas da Grécia Antiga. Disponível em: https://
www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm. Acesso em: 01 de maio de 2021.
Dentre uma das importantes medidas que impactaram a Educação Física neste 
período, estava a obrigatoriedade da Educação Física/Esportes no ensino superior, por meio 
do decreto lei no 705/69 (BRASIL, 1969). Segundo Castellani Filho (1998), esse decreto lei 
tinha como propósito político favorecer o regime militar, desmantelando as mobilizações e 
o movimento estudantil que era contrário ao regime militar, uma vez que as universidades 
representavam um dos principais polos de resistência a esse regime.
No Pós-Guerra, estudiosos começaram a entender que a Educação Física não 
pretendia ser disciplinadora de homens e muito menos estava voltada ao incentivo da busca 
de medalhas, e principalmente não transformaria o Brasil em uma potência olímpica. Criou-
se, então, uma grande crise de identidade, configurando a necessidade de mudança nos 
rumos da Educação Física brasileira. Esta fase foi chamada de Educação Física Popular. 
A Educação Física pautada na tendência popular é dominada pelos anseios operários 
de ascensão na sociedade. Conceitos como inclusão, participação, cooperação, afetividade, 
lazer e qualidade de vida passam a fazer parte dos debates dessa disciplina (FERREIRA, 2013).
Novas explicações para a Educação Física, além do fenômeno biológico emergiram, 
fortalecendo dessa forma uma comunidade científica voltada aos estudos da Educação 
Física que contemplaria aspectos biopsicossociais. 
https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm
https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm
https://www.historiadomundo.com.br/grega/esportesexolimpicos.htm
35UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 35UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
Durante a década de 1980, a resistência à concepção biológica da Educação Física 
foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos (DARIDO e RANGEL, 2005). 
A preocupação com a formalização da prática da Educação Física e da formação 
dos profissionais da área se intensificam e o cenário se altera com a homologação da 
resolução n. 3/1987, pelo Conselho Federal de Educação, que institucionaliza cursos de 
bacharelado em educação física no Brasil, instaurando outro tipo de fragmentação no 
processo de formação, ainda que restrito a poucas universidades. 
Com a promulgaçãoda lei n. 9696/1998, que cria o Conselho Federal e os Conselhos 
Regionais de Educação Física, e a homologação da resolução n. 7/2004, pelo Conselho 
Nacional de Educação (CNE), que instituiu as Diretrizes Curriculares para os cursos de 
graduação em educação física, os debates se tornaram mais intensos em torno da divisão da 
formação profissional e do campo de atuação de licenciados e bacharéis (Fraga et al., 2010).
Atualmente, coexistem na Educação física, diversas concepções, modelos, 
tendências ou abordagens, que tentam romper com o modelo mecanicista, esportista 
e tradicional que outrora foi embutido aos esportes. Entre essas diferentes concepções 
pedagógicas pode-se citar: a psicomotricidade; desenvolvimentista; saúde renovada; 
críticas; e mais recentemente os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997)
A concepção pedagógica psicomotricidade foi divulgada inicialmente em programas 
de escolas “especiais”, voltada para o atendimento de alunos com deficiência motora e 
intelectual (DARIDO e RANGEL, 2005). É o primeiro movimento mais articulado que surgiu 
a partir da década de 1970, em oposição aos modelos pedagógicos anteriores. A concepção 
psicomotricidade tem como objetivo o desenvolvimento psicomotor, extrapolando os limites 
biológicos e de rendimento corporal, incluindo e valorizando o conhecimento de ordem 
psicológica. Para isso, a criança deve ser constantemente estimulada a desenvolver sua 
lateralidade, consciência corporal e a coordenação motora (DARIDO e RANGEL, 2005). No 
entanto, sua abordagem pedagógica tende a valorizar o fazer pelo fazer, não evidenciando 
o porquê de se fazer e como o fazer.
Já o modelo desenvolvimentista por sua vez, busca propiciar ao aluno condições para 
que seu comportamento motor seja desenvolvido, oferecendo-lhe experiências de movimentos 
adequados às diferentes faixas etárias (DARIDO e RANGEL, 2005). Neste modelo pedagógico, 
cabe aos professores observarem sistematicamente o comportamento motor dos alunos, no 
sentido de verificar em que fase de desenvolvimento motor eles se encontram, localizando os 
erros e oferecendo informações relevantes para que os erros sejam superados.
36UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 36UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
A perspectiva pedagógica saúde renovada, diferentemente das citadas anteriores, 
tem por finalidade convicta e às vezes única, de ressaltar os aspectos conceituais acerca 
da importância de se conhecer, adotar e seguir conceitos relacionados à aquisição de uma 
boa saúde (DARIDO e RANGEL, 2005).
Por outro lado, as abordagens pedagógicas críticas, sugerem que os conteúdos 
selecionados para as aulas de Educação Física devem propiciar a leitura da realidade do 
ponto de vista da classe trabalhadora (DARIDO e RANGEL, 2005).
Nessa visão a Educação Física é entendida como uma disciplina que trata do 
conhecimento denominado cultura corporal, que tem como temas, o jogo, a brincadeira, 
a ginástica, a dança, o esporte, entre outros, e apresenta relações com os principais 
problemas sociais e políticos vivenciados pelos alunos (DARIDO e RANGEL, 2005). 
Em 1996, com a reformulação dos PCNs, é ressaltada a importância da articulação 
da Educação Física entre o aprender a fazer, o saber por que se está fazendo e como 
relacionar-se nesse saber (BRASIL., 1997). De forma geral, os PCNs trazem as diferentes 
dimensões dos conteúdos e propõe um relacionamento com grandes problemas da 
sociedade brasileira, sem, no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão 
na esfera da cultura corporal. Os PCNs buscam a contextualização dos conteúdos da 
Educação Física com a sociedade que estamos inseridos, devendo a Educação Física 
ser trabalhada de forma interdisciplinar, transdisciplinar e através de temas transversais, 
favorecendo o desenvolvimento da ética, cidadania e autonomia.
E da importância do trabalho interdisciplinar na área da saúde e na necessidade de 
se reconhecer a imprescindibilidade das ações realizadas pelos diferentes profissionais de 
nível superior, no ano de 1997 o Conselho Nacional de Saúde (BRASIL., 1997) reconhece 
os profissionais de Educação Física como profissionais de saúde de nível superior. 
A partir deste resgate histórico podemos perceber que a Educação Física se 
desenvolveu de acordo com as demandas do tempo e da sociedade em que ela estava 
inserida. Como disciplina escolar, área acadêmica ou profissão regulamentada, a Educação 
Física passou a ser vista como uma das áreas líderes no processo que visa educar, motivar 
para mudanças e criar oportunidades para que as pessoas atinjam plenamente seu potencial 
humano e tenham melhores condições de saúde. 
37UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 37UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
As universidades passaram a ter uma responsabilidade ainda maior na produção 
do conhecimento, seja na identificação de problemas, descrição de características das 
populações e sua associação com saúde e qualidade de vida, na experimentação de novos 
processos e na formação de profissionais mais competentes e em consonância com as 
expectativas da sociedade. 
O profissional de Educação Física tem na sua formação a oportunidade de ser o 
agente transformador na qualidade de vida do sujeito e consequentemente, da sociedade e 
a promoção da saúde está entre uma das possibilidades de sua atuação.
A promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade 
para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde.
Pode ser definida, também como uma combinação de apoios educacionais e 
ambientais que visam atingir ações e condições de vida conducentes à saúde. Uma das 
metas da promoção da saúde é o impulso à cultura da saúde e ao estilo de vida saudável, 
dando prioridade às questões da saúde, entre elas a prática de atividades físicas. 
Não podemos falar de promoção da saúde sem comentar educação em saúde, 
pois são conceitos correlacionados. Educação em saúde é entendida por “quaisquer 
combinações de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações 
voluntárias conducentes à saúde” (PEDROSA, 2001, p. 270). 
Como afirma Forte (1998), a educação em saúde deve ter como pressuposto básico 
o respeito à dignidade humana. É um dos componentes fundamentais a serem utilizados 
nas estratégias para a promoção da saúde, pois contribui para conscientizar as pessoas, 
oferecer condições para que os indivíduos possam analisar criticamente sua realidade, 
capacitar os sujeitos para conquistarem o controle da sobre sua vida e saúde, enfim, 
fornecer conhecimentos para libertação e mudança. 
Assim, a prática de atividades físicas, como um meio da educação em saúde, é um 
processo educativo que visa informar, capacitar e levar a toda a comunidade seus benefícios, 
estando desta maneira, contribuindo para a promoção da saúde e a qualidade de vida.
Diante do acima exposto podemos entender que a promoção da saúde e a educação 
em saúde são inseparáveis, destacando que a educação em saúde procura alterar 
comportamentos individuais, enquanto que a promoção de saúde, embora sempre inclua 
a educação em saúde, visa mudanças organizacionais, que sejam capazes de beneficiar 
um setor da comunidade. A Promoção da Saúde só se concretiza com o conjunto de ações 
educativas, tornando o indivíduo e seu grupo social saudáveis, podendo esta ser uma das 
atuações do profissional de Educação Física. 
38UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 38UNIDADE II A Educação Física e a Saúde
REFLITA 
“A falta de atividade física destrói a boa condição de qualquer ser humano, enquanto 
o movimento e o exercício físico metódico o salva e o preserva”. ... “Para o homem se 
manter sadio não basta se alimentar, mas também praticar algum tipo de movimento”. 
Fonte: PLATÃO - filósofo grego e da Humanidade (427 a.C. – 347 a.C.)
39UNIDADE I Introdução aos Estudos: Foco na Saúde 39UNIDADE II A Educação Física

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