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Investigação e Perícia Criminal, Crimes Ambientais e Crimes Digitais, Livro Anhanguera

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INVESTIGAÇÃO E PERÍCIA CRIMINAL: CRIMES AMBIENTAIS E CRIMES DIGITAIS 
UNIDADE 1, SESSÃO 1: MEIO AMBIENTE 
CONHECENDO A DISCIPLINA 
Caro estudante, neste material, abordaremos as nuances relativas à 
investigação e perícia criminal nos delitos ambientais e digitais, 
analisando sua efetiva aplicabilidade prática. 
Na primeira unidade da disciplina, iniciaremos nossos estudos 
relativos aos aspectos sistêmicos e teóricos dos crimes ambientais, 
procedendo à análise, logo na primeira seção, do meio ambiente e 
seus conceitos, espécies e os princípios a ele aplicáveis. 
A segunda seção desta unidade é reservada ao estudo dos aspectos 
históricos que permeiam o direito ambiental, na qual analisaremos 
a evolução histórica dessa importante disciplina, traçando um 
paralelo com seu tratamento no direito comparado, abordando, 
ainda, os aspectos relevantes relativos ao desenvolvimento do 
protecionismo ambiental no decorrer dos anos. 
Na terceira seção desta primeira unidade, faremos uma análise 
concatenada dos crimes ambientais no Brasil, abordando os 
conceitos e elementos do ato criminoso, bem como as bases 
normativas aplicáveis ao caso concreto e às consequências desses 
atos. 
A segunda unidade da disciplina é voltada à parte da matéria, ou 
seja, analisaremos a investigação e perícia ambiental em espécie. 
Na primeira seção da segunda unidade, estudaremos o efetivo 
trabalho de fiscalização ambiental realizado pelo IBAMA e como 
funciona a fiscalização ambiental no Estado de São Paulo, 
pontuando, ainda, quem e quais são as atribuições dos agentes de 
fiscalização. 
Os aspectos conceituais e legais relativos às perícias ambientais, 
serão tratados na segunda seção da unidade, onde será abordada a 
atividade pericial propriamente dita e as previsões legais inerentes 
à atividade, demonstrando, ainda, qual o efetivo papel e importância 
do perito na investigação. 
A terceira seção da unidade trata dos aspectos técnicos que 
permeiam a matéria, tendo por objeto o estudo os procedimentos 
técnicos adotados, os laudos periciais e a utilização da prova pericial 
no âmbito do processo civil. 
A terceira unidade da disciplina é voltada, por sua vez, aos aspectos 
técnicos e sistêmicos dos crimes digitais, onde analisaremos os 
crimes cibernéticos e suas classificações, os softwares criminosos 
que vêm sendo utilizados e a análise do tempo e local do crime. 
Na terceira unidade, estudaremos as nuances do marco civil da 
internet e a tipificação dos delitos informativos realizados com o 
advento da Lei 12.737/12, abordando os aspectos relevantes da 
Convenção Europeia sobre crimes cibernéticos. 
Essa unidade terá ainda como objeto de estudo a proteção de dados 
e o controle de informação, onde será analisada a Lei Geral de 
Proteção de Dados e os detalhes que permeiam o tratamento de 
dados pessoais de crianças no mundo virtual. 
A última unidade da disciplina é voltada à análise efetiva da 
investigação forense digital, sendo analisado, logo na primeira 
seção, os aspectos relativos à investigação forense digital, desde a 
perícia forense computacional até a perícia digital em dispositivos 
móveis, e as técnicas de coleta utilizadas pela perícia. 
Estudaremos ainda os procedimentos forenses relativos à 
investigação e perícia digital, procedendo a uma análise fiel das 
etapas que permeiam o processo, como o procedimento de coleta, 
extração, análise e apresentação. 
Por fim, o objeto de estudo da última seção são os aspectos 
relevantes e controversos quanto à investigação, como os aspectos 
jurídicos dos ataques por Ransomware, a utilização de provas ilícitas 
no processo penal e a inter-relação entre o direito penal do inimigo 
e a investigação criminal. 
CONVITE AO ESTUDO 
Nesta unidade, você será apresentado ao mundo das investigações e perícias criminais no 
âmbito dos crimes ambientais, principalmente no que tange a seus aspectos orgânicos e 
sistêmicos. 
Na primeira seção desta unidade, iniciaremos nossos estudos com o exame dos 
conceitos relativos ao Meio Ambiente, abordando as espécies de meio ambiente e os 
princípios que permeiam o tema. 
A segunda seção desta unidade é reservada ao estudo dos aspectos históricos que 
permeiam o direito ambiental, onde analisaremos a evolução histórica dessa importante 
disciplina, traçando um paralelo com seu tratamento no direito comparado, abordando os 
aspectos relevantes relativos ao desenvolvimento do protecionismo ambiental no decorrer 
dos anos. 
Na terceira seção desta primeira unidade, faremos uma análise concatenada dos crimes 
ambientais no Brasil, abordando os conceitos e elementos do ato criminoso, bem como 
as bases normativas aplicáveis ao caso concreto e as consequências advindas desses atos. 
Assim, convidamos você a se aprofundar no tema, ampliando seus conhecimentos 
relativos ao assunto. 
PRATICAR PARA APRENDER 
Nesta seção, vamos dar os primeiros passos em direção às investigações e à perícia 
criminal em matéria ambiental, assim, é indispensável entendermos os conceitos iniciais 
que permeiam a matéria. 
Vamos iniciar nossos estudos tomando por base os conceitos que regem o Direito 
Ambiental, fazendo uma análise aprofundada acerca das espécies de meio ambiente 
existentes. 
De absoluta relevância para a matéria, abordaremos os princípios gerais relativos ao 
direito ambiental e sua aplicabilidade prática, posto que, mesmo ante a inexistência de 
um consenso doutrinário a esse respeito, todos são importantes para o desenvolvimento 
do meio ambiente e do direito ambiental como um todo. 
Após o estudo de todo o material, imagine a situação hipotética na qual você, na condição 
de magistrado, recebe um processo para sentença. Nele, consta um pedido do Ministério 
Público, por meio de Ação Civil Pública, no qual postula a suspensão dos efeitos de 
normas municipais que impõem aos munícipes o pagamento de imposto de melhoria em 
razão da expansão urbana. No polo passivo está a Fazenda Municipal e os 
empreendedores responsáveis pelo impacto ambiental. 
Fundamente a decisão, de forma concisa, trazendo o princípio que atende o caso. 
CONCEITO-CHAVE 
CONCEITOS 
Ao tratarmos de Direito Ambiental, é importante destacar que esta é uma ciência jurídica 
voltada a disciplinar os atos humanos que causam ou têm potencial de causar impactos 
no meio ambiente. 
O objetivo primordial do Direito Ambiental é a efetiva defesa e preservação do meio 
ambiente, a fim de mantê-lo em padrões de qualidade aceitáveis, tanto para as gerações 
presentes quanto para as futuras. 
Assim, é possível destacar que o Direito Ambiental tem por escopo regular as relações 
entre as pessoas, os governos, as empresas e o próprio meio ambiente, conciliando os 
interesses de todos com a manutenção do bem-estar e das condições ambientais. 
Ao tratar do direito à integridade do meio ambiente, o próprio Supremo Tribunal Federal 
foi didático no julgamento do MS 22.164-0 SP (STF, 1995): 
O direito à integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – constitui 
prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação 
dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo 
identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à 
própria coletividade social. 
A importância do Direito Ambiental reside na necessidade de combater os efeitos nocivos 
da degradação do meio ambiente, tendo a Constituição Federal, em seu art. 23, VI e VII, 
atribuído como competência comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios 
“proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas” e, ainda, 
“preservar as florestas, a fauna e a flora”. 
Sob a ótica da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, a qual trata da Política 
Nacional do Meio Ambiente, o conceito de meio ambiente está especificado em seu art. 
3º, que define como “o conjuntode condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” 
Com base em tal premissa, o autor José Afonso da Silva (2007, p. 20) conceitua o meio 
ambiente como: 
a interação do conjunto de elementos naturais artificiais e culturais que propiciem o 
desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A integração busca 
assumir uma concepção unitária do ambiente, compreensiva dos recursos naturais e 
culturais. 
Diante dessas assertivas, é fácil a conclusão de que o meio ambiente é formado não apenas 
por seres vivos, mas contempla um espectro muito mais amplo, englobando todos os 
elementos que permitem a existência da vida como conhecemos, incluindo a vida 
humana, vegetal e animal. 
Com isso, é possível afirmar que a preservação do meio ambiente é de suma importância 
para a continuidade da própria vida, demonstrando, dessa forma, a importância da 
presente matéria, principalmente no que tange aos meios que o Estado dispõe para 
investigar e punir as ações lesivas ao meio ambiente. 
ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE 
Ao tratarmos de direito ambiental e do meio ambiente propriamente dito, é indispensável 
compreender as classificações do meio ambiente, visando a correta interpretação dos 
conceitos estudados. 
No direito alemão, adota-se o conceito mais restritivo de meio ambiente, que engloba 
apenas os elementos naturalistas, ou seja, fauna, flora, solo, água, excluindo-se elementos 
“humanos ou sociais”. Isso é o que se extrai da Lei Fundamental Alemã, em seu art. 20a, 
que dispõe sobre a proteção dos recursos naturais e animais. 
A doutrina brasileira, ao abordar o assunto, não exclui os elementos humanos e sociais, 
classificando o meio ambiente em: natural, cultural, artificial e do trabalho. 
O chamado “meio ambiente natural” é justamente aquele apresentado no modelo estrito, 
ou seja, formado pela fauna, flora, recursos hídricos, solo, etc. 
O “meio ambiente cultural”, por sua vez, engloba todo o patrimônio artístico-cultural, 
folclore, cultura popular, obras de arte, etc. Assim, é possível afirmar que o meio ambiente 
cultural contempla o patrimônio material e imaterial, como muito bem explana o autor 
Fabiano Melo (2017, p. 40): 
Considera-se patrimônio cultural material aqueles bens móveis e imóveis relevantes no 
processo cultural, como imóveis tombados, obras de artes etc. Já o patrimônio cultural 
imaterial é constituído pelos saberes, lugares, celebrações e formas de expressão. Como 
exemplos, as festas religiosas (Círio de Nazaré em Belém-PA, Festa do Divino Espírito 
Santo em Paraty-RJ e em Pirenópolis-GO), as danças (frevo, samba de roda do Recôncavo 
baiano, as manifestações do samba carioca), as manifestações folclóricas (Bumba meu 
Boi), os saberes na elaboração de algumas comidas (queijo minas, acarajé etc.). 
O “meio ambiente artificial”, como a própria expressão indica, é aquele formado por meio 
de intervenção humana, ou seja, o espaço urbano propriamente dito, como os parques, 
equipamentos públicos, redes de esgoto, praças, sistema de iluminação pública, etc. É 
importante ter atenção ao tratar das edificações, até porque, na hipótese de estarmos diante 
de um imóvel tombado em razão de seu valor cultural, tratar-se-á de meio ambiente 
cultural e não artificial, sobrepondo-se seu valor à sua forma. 
Por fim, mas não menos importante, o meio ambiente do trabalho é aquele onde o 
trabalhador exerce suas atividades laborais. 
O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial nº 725.257, de 
relatoria do Ministro José Delgado, em voto prolatado em 2007, foi didático: 
Com a Constituição Federal de 1988, passou-se a entender também que o meio ambiente 
divide-se em físico ou natural, cultural, artificial e do trabalho. Meio ambiente físico ou 
natural é constituído pela flora, fauna, solo, água, atmosfera etc., incluindo os 
ecossistemas (art. 225, §1º, I, VII). Meio ambiente cultural constitui-se pelo patrimônio 
cultural, artístico, arqueológico, paisagístico, manifestações culturais, populares, etc. (art. 
215, §1º e §2º). Meio ambiente artificial é o conjunto de edificações particulares ou 
públicas, principalmente urbanas (art.182, art.21,XX e art.5º, XXIII), e meio ambiente do 
trabalho é o conjunto de condições existentes no local de trabalho relativos à qualidade 
de vida do trabalhador (art.7º, XXXIII e art.200). 
Assim, é possível concluir que, no que tange à classificação do meio ambiente, o Brasil 
acolheu o conceito amplo em detrimento do restritivo adotado pelo sistema alemão, 
visando dar proteção não apenas aos aspectos físicos, mas levando em conta também os 
aspectos humanos e culturais. 
PRINCÍPIOS 
Os princípios que regem o Direito Ambiental não são tratados de maneira uniforme pela 
doutrina, posto que não há um consenso formado entre os autores, sendo considerados 
princípios diversos por cada um deles. 
Ao tratar do assunto, Ingo Wolfgang Sarlet (2020) enumera, como princípios do Direito 
Ambiental o princípio da dignidade da pessoa humana; o princípio da dignidade animal 
e da natureza; o princípio da integridade ecológica; o princípio da solidariedade; o 
princípio da responsabilidade em face das presentes e futuras gerações; o princípio do 
poluidor-pagador; o princípio do desenvolvimento sustentável; o princípio da função 
ambiental; o princípio da participação pública; o princípio da prevenção; o princípio da 
precaução; o princípio da cooperação e o princípio da não discriminação. 
O autor Paulo de Bessa Antunes (2020), por sua vez, lista como princípios do Direito 
Ambiental: o princípio da dignidade da pessoa Humana; o princípio do desenvolvimento; 
o princípio democrático; o princípio da precaução; o princípio da prevenção; o princípio 
do equilíbrio; o princípio da capacidade de suporte; o princípio da responsabilidade e o 
princípio do poluidor-pagador. 
Ante a pluralidade de princípios e a grande divergência doutrinária sobre o assunto, 
vamos tratar apenas daqueles que consideramos mais relevantes, devendo o assunto ser 
aprofundado em estudo individual. 
Ao abordarmos o princípio da dignidade da pessoa humana e seu alcance no Direito 
Ambiental, é indispensável ressaltar que o bem-estar do ser humano é enfoque primordial 
do Direito Ambiental, posto que a própria preservação ambiental visa dar melhores 
condições de vida às pessoas; sob essa ótica, o princípio da dignidade da pessoa humana 
guarda estrita relação com o Direito Ambiental, ao passo que a própria “Declaração de 
Estocolmo sobre Meio Ambiente Humano” (1972) é clara ao dispor que: 
O homem tem o direito fundamental à liberdade, à igualdade e ao desfrute de condições 
de vida adequadas em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida 
digna e gozar de bem-estar, tendo a solene obrigação de proteger e melhorar o meio 
ambiente para as gerações presentes e futuras. 
No que concerne aos princípios da precaução e prevenção, referem-se à necessidade de 
evitar riscos ao meio ambiente, por meio de ações que visem a preservação ambiental e a 
mitigação de riscos, no intuito de preservar o meio ambiente propriamente dito. 
Assim, o princípio da precaução tem por objetivo impedir o risco de perigo abstrato, ou 
seja, quando mesmo diante de insuficiência de certeza científica, o fato pode causar 
danos, estando, portanto, com maior proximidade ao início do fato do que ao dano 
propriamente dito. 
Por sua vez, o princípio da prevenção tem como objetivo primordial evitar um risco 
concreto, ou seja, embasado em dados científicos, há a comprovação de que determinada 
atividade causará, invariavelmente, danos ambientais. Assim, a prevenção busca mitigar 
ou mesmo evitar a ocorrência desse dano. 
De absoluta relevância para o presente estudo, está o princípio do poluidor-pagador, 
segundo o qual os custos ambientais devem ser arcados pelo empreendedor e afastadosda coletividade. Possui caráter econômico e preventivo/repressivo, ao passo que tem por 
objetivo evitar a ocorrência de danos ambientais e, caso ocorram, garantir sua reparação. 
É importante lembrar que há diversos outros princípios que permeiam os processos 
ambientais além dos aqui citados, sendo aconselhável uma análise acurada de todos, 
principalmente no que tange ao caráter protetivo e à necessidade de conciliar e equilibrar 
o desenvolvimento urbano e a proteção ambiental. 
ASSIMILE 
O Meio Ambiente do Trabalho é um conceito relativamente novo, cujo objeto de estudo 
e conceito vêm sendo delimitados, porém cabe frisar que a garantia de um meio ambiente 
de trabalho saudável possui status constitucional, tendo sua proteção delineada no art. 7º, 
XXII, da Constituição Federal. 
REFLITA 
A respeito do tema estudado, cabe a reflexão acerca da proteção constitucional trazida 
pelo art. 225, analisando sobre quais espécies de meio ambiente ela se entende. 
EXEMPLIFICANDO 
Em se tratando do meio ambiente cultural, algumas manifestações artísticas ganharam 
expressividade ante a proteção conquistada junto à Organização das Nações Unidas para 
a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO, como no caso do Frevo, considerado 
expressão artística do carnaval pernambucano, que foi reconhecido na 7ª Sessão do 
Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, como 
Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. 
Os conceitos abordados nesta disciplina têm por objetivo auxiliar você no processo de 
assimilação e introdução à matéria de investigação e perícia criminal relativa aos crimes 
ambientais, demonstrando, inicialmente, os principais conceitos e aspectos que permeiam 
o tema em estudo. 
REFERÊNCIAS 
ANTUNES, P. de B. Direito Ambiental. São Paulo: Atlas, 2020. 
ANTUNES, P. de B. Os princípios da precaução e da prevenção no direito 
ambiental. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de 
Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Direitos Difusos e Coletivos. 
Nelson Nery Jr., Georges Abboud, André Luiz Freire (coord. de tomo). 1. ed. São 
Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível 
em: https://bit.ly/3gAm3Lu. Acesso em: 10 set. 2021. 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp nº 725257 / MG (2005/0022690-5). Rel. 
José Delgado. Julgado em: 14/05/2007. 
Deutscher Bundestag: Grundgesetz. Lei Fundamental Alemã. Disponível 
em: https://bit.ly/3JfJohS. Acesso em: 2 ago. 2021 
SARLET, I. W. Curso de Direito Ambiental. Rio de Janeiro: Forense, 2020. 
SILVA, J. A. da. Direito ambiental constitucional. São Paulo: Malheiros, 2007. 
SOUZA, M. C. Meio ambiente. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes 
Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.). Tomo: Direito 
Penal. Christiano Jorge Santos (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3Jvm9AD. 
Acesso em: 10 set. 2021. 
Bons estudos! 
SEM MEDO DE ERRAR 
Foi apresentada, no início do material, a situação hipotética em que 
você, na condição de magistrado, recebe um processo para 
sentença. 
Nesse processo, consta um requerimento do Ministério Público, por 
meio de Ação Civil Pública, que postula a suspensão dos efeitos de 
normas municipais que impõem aos munícipes o pagamento de 
imposto de melhoria em razão da expansão urbana. No polo passivo 
está a Fazenda Municipal e os empreendedores responsáveis pelo 
impacto ambiental. 
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/330/edicao-1/os-principios-da-precaucao-e-da-prevencao-no-direito-ambiental
https://www.btg-bestellservice.de/pdf/80208000.pdf
https://conteudo.colaboraread.com.br/202201/INTERATIVAS_2_0/INVESTIGACAO_E_PERICIA_CRIMINAL_CRIMES_AMBIENTAIS_E_CRIMES_DIGITAIS/LIVRO_DIGITAL/npf_u1s1.html
Com base na premissa apresentada, deve ser apresentado o 
princípio que melhor atende ao caso. 
É esperado que você fundamente sua resposta apontando que o 
princípio do poluidor pagador impõe o pagamento dos custos dos 
abalos ambientais aos empreendedores que estão desenvolvendo 
seus projetos de expansão urbana, afastando a coletividade de tal 
responsabilidade, dado o seu caráter econômico, preventivo e 
repressivo. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
MEIO AMBIENTE CULTURAL 
Você foi chamado para fazer sustentação oral no Tribunal de Justiça 
de Pernambuco, em sede de recurso de Agravo de Instrumento, em 
face de uma decisão de primeiro grau que indefere liminarmente a 
realização do carnaval local, em razão do excessivo barulho causado 
pelos blocos e folias, além de apontar, expressamente, certa 
ridicularização ao frevo. Registra-se, para esse caso, tempos de 
normalidade sanitária e jurídica. Fundamente sua manifestação, 
frente às matérias aqui estudadas. 
 
UNIDADE 1, SESSÃO 2: ASPECTOS HISTÓRICOS 
PRATICAR PARA APRENDER 
Caro estudante, reservamos esta seção para o estudo dos aspectos históricos que 
permeiam o direito ambiental, na qual analisaremos a evolução histórica dessa importante 
disciplina, desde os primórdios do descobrimento, quando imperava a exploração 
desregrada de recursos, até a realização do Congresso Internacional sobre o Meio 
Ambiente, realizado em 1972, e o advento da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, 
em 1981, que marcaram o início dos esforços pelo protecionismo ambiental, analisando 
ainda o desenvolvimento das políticas protecionistas posteriores. 
Traçaremos ainda um paralelo com o tratamento do meio ambiente dentro do espectro do 
direito comparado, abordando ainda os aspectos relevantes relativos ao tema. 
Imagine a situação hipotética na qual, diante do vasto e respeitado conhecimento sobre o 
tema, você foi convidado para representar o País na Conferência das Nações Unidas sobre 
Mudanças Climáticas - COP26. Chegando lá, o representante da França faz fortes 
acusações sobre a despreocupação do Brasil com o Meio Ambiente e ações para abalos 
climáticos. Com direito de resposta, apresente argumento sustentável a fim de justificar, 
por direito comparado, a preocupação com a matéria. 
CONCEITO-CHAVE 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
Ao tratarmos de perícias e investigações relativas a crimes ambientais é indispensável 
compreender a evolução e desenvolvimento histórico que permeiam o tema, até porque, 
quando comparado a outros direitos, o protecionismo ambiental é relativamente recente, 
tendo o país atravessado uma longa fase de exploração desregrada de seus recursos, desde 
o descobrimento, no ano de 1500, sendo que as noções relativas à efetiva necessidade de 
proteção ambiental e as consequências da exploração desregrada só vieram à tona 
recentemente. 
O autor Marcelo Abelha Rodrigues (2021, p. 31), ao tratar do desenvolvimento histórico 
do Direito Ambiental, é didático ao ponderar que, mesmo havendo resquícios de medidas 
de proteção ambiental desde a antiguidade, os objetivos eram mediatos e 
antropocêntricos, servindo apenas de combustível para o egoísmo do homem, in verbis: 
Porquanto os bens ambientais (água, fauna, flora, ar, etc.) já tenham sido objeto de 
proteção jurídico normativa desde a antiguidade, importa dizer que, salvo em casos 
isolados, o que se via era uma tutela mediata do meio ambiente, tendo em vista que o 
entorno e seus componentes eram tutelados apenas na medida em que se relacionavam às 
preocupações egoísticas do próprio ser humano. 
Assim, é possível afirmar que essa primeira fase do protecionismo ambiental tinha por 
escopo apenas a proteção econômica do meio ambiente, visto como pertencente ao 
indivíduo e não à coletividade. 
Essa afirmativa pode ser facilmente conferida no revogado Código Civil de 1916, onde, 
ao tratar dos direitos de vizinhança, é possível conferir que a tutela dos bens ambientais 
possui caráter autônomo, tratados como propriedade, sob a ótica exclusiva de seu valor 
patrimonial. 
Cabe pontuar que, mesmo a visão econômicado meio ambiente, já poderia ser traduzida 
como uma preocupação ou mesmo uma percepção do legislador de que esses bens 
naturais não eram infinitos. 
Já na década de 1960, algumas legislações de caráter ambiental foram promulgadas, como 
a Lei nº 4.771/65 e a Lei nº 5.197/67, denominadas, respectivamente, Código Florestal e 
Código de Caça. 
É importante destacar que os citados diplomas, apesar do caráter protecionista, não 
tinham por objetivo tutelar o meio ambiente de forma autônoma, tendo por efetivo objeto 
a proteção da saúde do homem, ou seja, o escopo era a proteção do meio ambiente para, 
assim, proteger ao próprio indivíduo. 
Até o início da década de 1970, imperava o pensamento de que o meio ambiente era um 
poço inexaurível de recursos naturais, porém o advento de catástrofes ambientais, como 
as secas, inversão térmica e demais efeitos decorrentes do efeito estufa, levaram a uma 
conscientização global de que a exploração dos recursos naturais, da forma como vinha 
sendo realizada, traduzir-se-ia em verdadeiro problema para a manutenção das condições 
ideais de vida. 
No intuito de criar regras para a exploração ambiental e visando a efetiva proteção e até 
mesmo renovação dos recursos naturais, em meados de 1972, convocou-se, em 
Estocolmo, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, tendo 
participado 113 países, a qual teve como desdobramento a produção da Declaração sobre 
Ambiente Humano, também chamada Declaração de Estocolmo, definindo 26 princípios 
de caráter protecionista ambiental. 
Assim, já na década de 1980, deu-se início efetivamente ao que, hoje, conhecemos como 
direito ambiental, tutelando-se não mais os interesses do homem, mas a proteção 
autônoma do próprio meio ambiente. 
Com base em tal mudança de paradigma, em 31 de agosto de 1981, foi promulgada a Lei 
nº 6.938/81, dispondo acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, traduzindo-se 
como verdadeiro marco da evolução histórica do protecionismo ambiental, sendo a 
normativa que efetivamente passou a tratar do meio ambiente de modo autônomo, 
extirpando, dessa forma, o tratamento antropocêntrico, ao definir, em seu art. 3º I, que o 
meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 
1981). 
DIREITO COMPARADO 
Não é só no Brasil que a percepção quanto à importância da proteção ambiental ganhou 
notoriedade. 
Após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, de 1972, a 
degradação ambiental foi apresentada como um problema global, ao qual deveriam ser 
depreendidos esforços internacionais para sua efetiva preservação. 
Enquanto a Constituição Federal Brasileira possui um conceito amplo de protecionismo 
ao definir, em seu artigo 225 que “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes 
e futuras gerações” (BRASIL, 1988), a legislação francesa, por exemplo, em sua Carta 
do Meio Ambiente, é pontualmente rasa ao tratar do protecionismo ambiental, em seu art. 
1º, garantindo apenas o direito de cada um de viver em um meio ambiente equilibrado e 
saudável. 
Em se tratando da União Europeia como um todo, o Tratado Sobre o Funcionamento da 
União Europeia reserva seu título XX, do art. 191 a 193, ao meio ambiente, onde dispõe 
acerca dos objetivos da União no que tange à preservação, proteção e melhoria de 
qualidade do meio ambiente. 
Cabe enfatizar que, sob a ótica do protecionismo ambiental, a União Europeia possui 
algumas das normas ambientais mais exigentes, tomando por base dados técnicos e 
científicos, objetivando manter o equilíbrio entre o efetivo protecionismo e o 
desenvolvimento econômico-social da União. 
Já na América do Sul, a Argentina, assim como o Brasil, passou por um processo 
evolutivo de sua legislação e da própria consciência ambiental após a Conferência de 
Estocolmo, passando a abordar o tema com maior seriedade, após a reforma 
constitucional de 1994, quando passou a institucionalizar o protecionismo ambiental por 
meio de informações técnicas e da educação ambiental. 
A Ley General del Ambiente, promulgada em Buenos Aires, aos 6 de novembro de 2002, 
estabeleceu os objetivos da política ambiental argentina, impondo, logo em seu segundo 
artigo, que a política ambiental do país tem por objetivo a preservação, conservação, 
recuperação e melhoramento da qualidade dos recursos ambientais, tanto naturais como 
culturais, e a realização de atividades antrópicas. 
Assim, é possível notar que o próprio conceito de meio ambiente, no âmbito da política 
nacional argentina, é mais amplo, englobando, assim como no Brasil, o meio ambiente 
cultural. 
Em se tratando das políticas ambientais dos Estados Unidos da América, sua estrutura é 
complexa, sendo formada principalmente por leis federais e estaduais, julgados 
da common law e regulações expedidas por agências federais. 
Compulsando as legislações norte-americanas, é possível destacar algumas de maior 
importância para o Direito Ambiental, em especial o NEPA, ou National Environmental 
Policy Act, que é o responsável por estabelecer os objetivos da política nacional e que 
determina que as agências federais realizem avaliações de impacto ambiental. 
Outro relevante instrumento de proteção ambiental norte-americano é o Clean Air Act, 
que tem por objetivo exigir controles de qualidade do ar, para combater, dessa forma, a 
emissão de poluentes nos Estados Unidos e para mitigar a ocorrência de chuvas ácidas 
em regiões poluentes. 
Assim, no que tange à análise comparada da legislação ambiental, é possível notar que, 
após a década de 1970 e a conscientização ambiental a nível global, conquistada após a 
convenção de Estocolmo, não apenas o Brasil, mas todos os países passaram a exercer 
esforços para a proteção do meio ambiente. 
Não é diferente com a preocupação climática, pois estamos na 25ª Conferência das 
Nações Unidas sobre mudanças Climáticas - COP25, discutindo, inclusive, sobre o 
Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris, onde várias Nações dispuseram sobre direito 
comparado. 
ASPECTOS RELEVANTES 
Ao tratarmos dos aspectos relevantes do Direito Ambiental, sob a ótica de seu 
desenvolvimento histórico, cabe destacar que a própria normativa ambiental 
desenvolveu-se tomando por base as preocupações internacionais, expostas na 
Convenção de Estocolmo, que demonstraram ser indispensáveis para o desenvolvimento 
da premissa protecionista, alcançar o efetivo equilíbrio entre a proteção ambiental e a 
evolução econômica e social. 
A respeito do tema, o ambientalista Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin (2011, 
p. 45) é didático ao expor sua linha de pensamento: 
Retrospectivamente e em favor da clareza didática, podemos identificar três momentos 
(mais modelos do que propriamente períodos) históricos na evolução legislativo-
ambiental brasileira. Não se trata de fases históricas cristalinas, apartadas, delimitadas e 
mutuamente excludentes. Temos, em verdade, valorações ético-jurídicas do ambiente 
que, embora perceptivelmente diferenciadas na forma de entender e tratar a degradação 
ambiental e a própria natureza, são, no plano temporal, indissociáveis, já que funcionam 
por combinação e sobreposição parcial, em vez de substituição pura e simples. A 
interpenetração é sua marca, deparando-nos com modelos legais que convivem, lado a 
lado — o que não dizer harmonicamente —, não obstante suas diversas filiações 
históricas ou filosóficas, o que, em certa medida, amplia a complexidade da interpretação 
e implementação dos textos normativos em vigor. 
Outro aspecto relevante em relação ao Direito Ambiental, diz respeito à natureza jurídica 
do meio ambiente. O art. 225 da Magna Carta, cláusula pétrea(de caráter imutável pelo 
Poder Constituinte Reformador), defende um meio ambiente como bem de uso comum 
do povo, indivisível e de dever absoluto do Estado. 
Dessa forma, o meio ambiente, enquanto pertencente ao povo e de caráter naturalmente 
indivisível, até porque sua titularidade, em sendo de todo o povo, é indeterminável, possui 
clara característica de direito difuso, ou seja, de interesse para a coletividade. 
Essa característica de direito difuso e até mesmo ubíquo (dada a ausência de fronteiras ou 
limites de seu alcance), apenas ganhou espaço com o advento da Política Nacional do 
Meio Ambiente, promulgada por meio da Lei Federal nº 6.938/81 e da própria 
Constituição Federal de 1988, até porque, como mencionado, até então, a legislação 
nacional tratava o meio ambiente sob a ótica antropocentrista, não lhe conferindo caráter 
autônomo. 
De grande relevância para entender a evolução histórica do Direito Ambiental em âmbito 
nacional, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento 
(CNUMAD) – Rio 92, realizada em junho de 1992, deu origem à Declaração dos 
Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que consagrou a proteção ao meio 
ambiente como interesse não apenas desta como das futuras gerações e, ainda, reconheceu 
a responsabilidade dos países industrializados como os principais causadores dos danos 
já ocorridos ao meio ambiente, servindo de verdadeiro corolário lógico do que foi criado 
em Estocolmo, na década de 1970. 
ASSIMILE 
Ao tratarmos da evolução histórica do protecionismo ambiental, cabe destacar que, apesar 
da parca legislação anterior à década de 1960, a Constituição dos Estados Unidos do 
Brasil, de 1946, em seu art. 175 fazia menção a tal garantia, expondo que: “as obras, 
monumentos e documentos de valor histórico e artístico, bem como os monumentos 
naturais, as paisagens e os locais dotados de particular beleza ficam sob a proteção do 
Poder Público”. 
A respeito do tema, cabe apontar, ainda, que a Constituição de 1967 manteve essa 
característica, dispondo de igual forma em seu art. 8º, XVII e parágrafo único do art. 172. 
REFLITA 
Em se tratando da evolução histórica do Direito Ambiental e do próprio caráter 
protecionista adotado pela legislação brasileira, reflita: até que ponto o protecionismo 
ambiental deve ser levado quando comparado às necessidades de desenvolvimento 
econômico e social? Como devemos sopesar as necessidades da sociedade e do meio 
ambiente? 
EXEMPLIFICANDO 
A importância de compreender o desenvolvimento das políticas e pensamentos 
ambientais reside, principalmente, na possibilidade de aplicação e, até mesmo, na 
evolução dos conceitos estudados por parte das gerações futuras. Os conceitos abordados 
demonstram que a aplicabilidade prática do protecionismo ambiental decorre da 
necessidade de que as pessoas se tornem mais conscientes sobre a importância da 
sustentabilidade. 
Com base nos conteúdos apresentados, é possível entender, mesmo sem esgotar a matéria, 
a forma com que o Direito Ambiental e a própria consciência protecionista evoluíram e 
se desenvolveram do decorrer dos anos, principalmente ante a elaboração de políticas 
públicas voltadas à defesa ambiental e à efetiva noção de que o meio ambiente deve ser 
tratado de forma autônoma, não como um mero elemento econômico. 
REFERÊNCIAS 
BENJAMIN, A. H. V. Introdução ao direito ambiental brasileiro. São Paulo: Revista 
dos Tribunais, 2011. 
COMITÊ FACILITADOR DA SOCIEDADE CIVIL CATARINENSE. Declaração 
Final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - 
RIO+20. O Futuro que Queremos. Disponível em: https://bit.ly/3oCjFYZ. Acesso em: 12 
de setembro de 2021. 
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração de Estocolmo sobre o ambiente 
humano - 1972. Disponível em: https://bit.ly/3HDiGz7. Acesso em: 12 de setembro de 
2021. 
RODRIGUES, M. A.. Direito Ambiental Esquematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 
2021. 
Bons estudos! 
SEM MEDO DE ERRAR 
Foi apresentada anteriormente a situação hipotética em que, na Conferência das Nações 
Unidas sobre mudanças Climáticas COP26, você, na condição de palestrante, foi 
questionado pelo representante da França, que fez fortes acusações sobre a 
despreocupação do Brasil com o Meio Ambiente e ações para abalos climáticos, devendo, 
portanto, apresentar argumento sustentável a fim de justificar, por direito comparado, a 
preocupação com a matéria, embasando-se no conteúdo estudado. 
É esperado que o aluno sustente que a Constituição Federal Brasileira possui um conceito 
amplo de protecionismo ao definir, em seu artigo 225 (BRASIL, 1988), que “Todos têm 
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e 
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever 
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Justamente o oposto 
ocorre na legislação francesa, vez que, em sua Carta do Meio Ambiente é pontualmente 
rasa ao tratar do protecionismo ambiental em seu art. 1º, garantindo apenas o direito de 
cada um de viver em um meio ambiente equilibrado e saudável. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
MEIO AMBIENTE COMO CLÁUSULA PÉTREA 
https://riomais20sc.ufsc.br/files/2012/07/CNUDS-vers%C3%A3o-portugu%C3%AAs-COMIT%C3%8A-Pronto1.pdf
https://conteudo.colaboraread.com.br/202201/INTERATIVAS_2_0/INVESTIGACAO_E_PERICIA_CRIMINAL_CRIMES_AMBIENTAIS_E_CRIMES_DIGITAIS/LIVRO_DIGITAL/www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Meio-Ambiente/declaracao-de-estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html
Você é um recém aprovado no concurso da Procuradoria Legislativa do Estado de São 
Paulo. Ansioso para iniciar os trabalhos, lhe é enviado um projeto de lei do Deputado 
João Lenhador, versando sobre Direito Ambiental, tratando o tema como direito divisível. 
Apresente o direito que atenda ao caso com base nos estudos apresentados, pontuando a 
viabilidade ou não daquela minuta. 
RESOLUÇÃO 
Bons estudos! 
 
UNIDADE 1, SESSÃO 3: CRIMES AMBIENTAIS NO BRASIL 
PRATICAR PARA APRENDER 
Caro estudante, nesta seção, abordaremos os aspectos sistêmicos e teóricos relativos aos 
crimes ambientais no Brasil, tratando de seus conceitos e elementos, em especial, das 
principais definições necessárias ao correto entendimento do tema. 
Trataremos, ainda, das bases normativas do Direito Ambiental no Brasil, posto que há 
uma vasta gama de legislação esparsa a respeito do tema, a depender do microbem 
tutelado, como, por exemplo, o Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651/12); Lei de 
Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98); Lei de Fauna (Lei nº 5.197/67); Política Nacional 
de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97); Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
da Natureza (Lei nº 9.985/2000); Lei das Estações Ecológicas e Áreas de Proteção 
Ambiental (Lei nº 6.902/81) e Política Agrícola (Lei nº 8.171/91). 
A fim de complementar a disciplina, estudaremos as consequências dos crimes ambientais 
no Brasil relativas à própria degradação ambiental, bem como as consequências para os 
praticantes dos atos poluidores. 
Imagine a situação hipotética em que a Sra. Sissi, famosa caçadora de felinos, vai visitar 
o núcleo engordador, lugar de proteção da fauna e flora, localizado na Serra da Cantareira, 
em São Paulo. Chegando lá, juntamente com seu marido, o Sr. Rodrigo, instigados pelo 
seus instintos primitivos, decidem caçar, o que é proibido. Imediatamente, encontram 
uma jaguatirica, momento que desferem disparos de arma de fogo, matando o animal. 
Porém, não contavam com um protetor que lá estava (Sr. Moreira), que chamou a polícia 
ambiental, sendo presos em flagrante delito. 
Você é a autoridade policial de plantão e precisa definir a situação, enquadrando-a como 
macro ou microbem e tipificando a conduta. 
CONCEITO-CHAVE 
CONCEITOS E ELEMENTOS 
A fim de compreender corretamente as bases relativas ao Direito Ambiental Brasileiro, é 
indispensável a compreensão dealguns conceitos importantes para a disciplina. 
A definição de meio ambiente é descrita no artigo 3º da Lei de Política Nacional do Meio 
Ambiente, que o conceitua como “o conjunto de condições, leis, influências e interações 
https://conteudo.colaboraread.com.br/202201/INTERATIVAS_2_0/INVESTIGACAO_E_PERICIA_CRIMINAL_CRIMES_AMBIENTAIS_E_CRIMES_DIGITAIS/LIVRO_DIGITAL/fmt_u1s2.html#resolucao%20.item-1
de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas”. 
Em se tratando da definição de meio ambiente no âmbito do direito brasileiro, é 
importante conceituarmos a divisão existente entre macrobem ambiental e microbem 
ambiental. 
Por macrobem ambiental entendemos o meio ambiente como um todo, ou seja, a definição 
dada pelo art. 3º da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente em espécie, considerando 
a harmonia e o equilíbrio ecológico entre todos os seus elementos. 
Assim, no que tange ao macrobem ambiental, sua proteção possui caráter amplo, 
observando quaisquer atos que afetem ou perturbem o equilíbrio ecológico e os 
ecossistemas. 
Por sua vez, ao tratarmos do microbem ambiental, estamos diante do tratamento 
individualizado de cada um dos elementos que o compõem, como água, solo, flora, fauna, 
atmosfera, etc. Assim, a proteção dos microbens ambientais, ante o seu caráter 
individualizado, possui caráter estrito, havendo até mesmo legislações específicas para 
cada um deles, como a Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional 
de Recursos Hídricos e a Lei 8.171, de 17 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política 
agrícola. 
Outro relevante conceito a ser abordado na presente disciplina é o “poluidor”, até mesmo 
em decorrência do princípio do poluidor-pagador. 
A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, conceitua poluidor, em seu art. 3º, IV, 
como “a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”, ou seja, o poluidor é 
aquele que pratica direta ou indiretamente ato que altere negativamente as características 
do meio ambiente. 
Ao tratar do conceito de poluidor, Celso Antônio Pacheco Fiorillo (2020, p. 52-53) é 
didático ao enfatizar a amplitude dos atos praticados: 
Diante desses conceitos, percebe-se que haverá poluição com a degradação da qualidade 
ambiental, ou seja, com a ocorrência de qualquer alteração adversa das características do 
meio ambiente. Todavia, mister que se preencha o conceito de qualidade ambiental. Seu 
conteúdo é dado pelo inciso que cuida de definir poluição, quando elenca todos os bens 
que são tutelados sob o rótulo de qualidade ambiental. São eles: a saúde, a segurança, o 
bem estar da população, as condições normais das atividades sociais e econômicas, a 
preservação da biota (fauna e flora), a manutenção das condições estéticas (paisagem) e 
sanitárias do próprio meio ambiente, a existência e o respeito aos padrões ambientais 
estabelecidos. 
Diante dos conceitos e elementos apresentados, será possível a melhor compreensão do 
universo abordado na matéria, partindo, dessa forma, para compreender os objetivos a 
serem alcançados nas investigações e perícias que visem apurar crimes ambientais. 
BASES NORMATIVAS 
O Direito Ambiental brasileiro é regido por disposições expressas da Constituição Federal 
e, ainda, por diversas legislações esparsas que compreendem o universo dos já estudados 
microbens ambientais. 
A Constituição Federal, em seu art. 225, é enfática ao garantir que “Todos têm direito ao 
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”, assegurando, dessa forma, 
a efetividade do direito ao incumbir o Poder Público de uma série de atribuições voltadas 
à preservação e proteção ambiental. 
Ainda sob a ótica constitucional, o inciso VI do art. 170 da Magna Carta lista a defesa do 
meio ambiente como um princípio a ser observado pela própria ordem econômica, 
garantindo, inclusive, “tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos 
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”. 
Cabe ressaltar, ainda, que o art. 129, III da Constituição Federal atribuiu como função do 
Ministério Público a promoção de ações civis públicas como instrumento para, dentre 
outros, a proteção do meio ambiente, traduzindo-se, assim, em verdadeira ferramenta à 
disposição do órgão ministerial para a defesa ambiental. 
Em termos de legislação infraconstitucional, a Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, é a de 
caráter mais amplo, ao passo que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente seus 
fins e mecanismos de formulação e aplicação, apresentando os principais objetivos da 
normativa, inclusive no que tange à racionalização do uso do solo; planejamento e 
fiscalização do uso de recursos ambientais; proteção de ecossistemas; recuperação de 
áreas degradadas, controle de atividades poluidoras; proteção de áreas ameaçadas e, até 
mesmo, o acompanhamento do estado da qualidade ambiental, conforme disposições 
expressas em seu art. 2º. 
A Lei 6.938/91 é de absoluta relevância em qualquer disciplina que envolva a matéria 
ambiental, estabelecendo instrumentos indispensáveis à consecução de seus objetivos, 
como a avaliação de impactos ambientais, prevista no art. 9º, III do mencionado códex, e 
também na Resolução nº 237 do CONAMA. 
Dentre as principais leis brasileiras relativas à matéria ambiental, temos a já citada 
Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/91) e, ainda, o Código Florestal 
Brasileiro (Lei nº 12.651/12); Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98); Lei de Fauna 
(Lei nº 5.197/67); Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/97); Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº 9.985/2000); Lei das Estações 
Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental (Lei nº 6.902/81) e Política Agrícola (Lei nº 
8.171/91). 
Dentre as normativas citadas, o Código Florestal Brasileiro trata, efetivamente, de normas 
gerais concernentes à preservação da vegetação, áreas de Preservação Permanente e de 
Reserva Legal. A importância da normativa reside ainda nas definições constantes de seu 
art. 3º, que conceituam Amazônia Legal; Áreas de Preservação Permanente; Reserva 
Legal; área rural consolidada; pequena propriedade rural, dentre outras expressões 
indispensáveis para estudo do Direito Ambiental. 
A Lei de Crimes Ambientais, por sua vez, é voltada às sanções penais e administrativas 
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, tratando desde a gradação 
das penalidades, suas agravantes e atenuantes, até a tipificação dos crimes propriamente 
ditos. 
A Lei de Fauna reserva-se exclusivamente à proteção da fauna enquanto microbem do 
Direito Ambiental, tipificando os delitos contra os animais, inclusive no que concerne à 
caça e exportação, além de tratar da caça legal e do registro de clubes amadoristas. 
Os recursos hídricos no âmbito nacional são tratados pela mencionada Lei 9.433/97, que 
cria a Política Nacional de Recursos Hídricos, cujo objetivo primordial é descrito em seu 
art. 2º (BRASIL, 1997): “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária 
disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”, além 
de promover o uso racional dos recursos hídricos e a promoção à captação. 
A fim de regulamentar o art. 225 da Constituição Federal, foi instituído o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, por meio da Lei 9.985/2000, 
estabelecendo, dessa forma, critérios e normas para a criação, implantação e gestão das 
unidades de conservação, definidas no art. 1º do citado códex (BRASIL, 2000) como o 
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com 
características naturaisrelevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com 
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao 
qual se aplicam garantias adequadas de proteção. 
No que tange às disposições da Lei Federal nº 6.902/81, sua importância reside na 
possibilidade de criação de estações ecológicas, dando providências quanto ao tratamento 
a ser conferido nessas estações, inclusive sobre práticas vedadas no perímetro. 
Por fim, a Lei 8.171, que dispõe sobre a política agrícola nacional, fixa os fundamentos, 
objetivos, competências e estabelece instrumentos da política agrícola, relativamente às 
atividades agropecuárias, agroindustriais e de planejamento das atividades pesqueira e 
florestal. 
CONSEQUÊNCIAS 
Ao tratarmos dos crimes ambientais no Brasil, não podemos deixar de abordar as 
consequências que essa espécie de delito gera, em especial no que concerne ao impacto 
ambiental. 
No estudo relativo aos impactos ambientais, cabe, por primeiro, frisar que nem todos os 
impactos são negativos, havendo impactos positivos decorrentes da intervenção humana 
na reconstrução do meio ambiente e, até mesmo, nas ações tomadas para sua efetiva 
preservação. 
Paulo de Bessa Antunes (2020, p. 385-386), ao tratar do mencionado binômio dos 
impactos ambientais, é objetivo ao tratar da contribuição humana como ferramenta de 
impactos positivos: 
Impacto é choque, modificação brusca causada por força exterior que tenha colidido com 
um objeto. Sinteticamente: o impacto ambiental é uma modificação brusca causada no 
meio ambiente. O EIA somente examina os impactos ambientais antrópicos. A análise, 
contudo, poderá incluir a contribuição humana para a ocorrência de impactos ambientais 
naturais, como ocorre com a atual discussão sobre mudanças climáticas globais. 
[...] 
O impacto ambiental pode ser (i) positivo e (ii) negativo. Normalmente, o direito 
ambiental está mais voltado para o impacto ambiental negativo, pois é ele que será capaz 
de gerar o dano ambiental e, consequentemente, a responsabilidade. O EIA deve indicar 
todos os impactos ambientais, positivos e negativos, como forma de propiciar ao 
administrador os instrumentos necessários para a correta avaliação do empreendimento. 
Em se tratando de crimes ambientais, o enfoque é voltado aos impactos negativos 
advindos das ações que prejudicam e degradam o meio ambiente. 
Cabe frisar que, ao tratarmos de consequências, os crimes ambientais possuem o que 
podemos chamar de “responsabilidade ambiental tripla”, ao passo que a própria 
Constituição Federal, em seu art. 225, §3º, impõe que as condutas lesivas ao meio 
ambiente sujeitarão os infratores a sanções penais e administrativas, independentemente 
da obrigação de reparar os danos causados, ou seja, gerando consequências na esfera civil, 
penal e administrativa. 
Na esfera penal, as consequências são relativas à aplicação das sanções descritas para o 
delito tipificado, enquanto, na esfera cível, a consequência mais comum diz respeito à 
aplicação de multas. Por fim, as consequências na esfera civil são aquelas concernentes à 
efetiva reparação do dano ambiental, possuindo, dessa forma, caráter objetivo, ou seja, 
basta a ocorrência do dano e a existência de nexo causal para sua incidência. 
ASSIMILE 
O princípio do poluidor-pagador impõe que os custos ambientais devem ser arcados pelo 
empreendedor e afastados da coletividade. Possui caráter econômico e 
preventivo/repressivo, ao passo que tem por objetivo evitar a ocorrência de danos 
ambientais e, caso ocorram, garantir sua reparação. 
REFLITA 
Com base nas premissas apresentadas, é possível realizar a seguinte reflexão: 
O aumento da ocorrência de crimes ambientais no Brasil pode ser decorrente das punições 
brandas previstas em legislações mais antigas? 
EXEMPLIFICANDO 
Um claro exemplo de dano ambiental com impactos negativos para todo o ecossistema é 
o vazamento de petróleo. O petróleo, devido à sua viscosidade, bloqueia a luz solar, 
impedindo, dessa forma, a fotossíntese do fitoplâncton. 
O fitoplâncton é o alimento do zooplâncton que, por sua vez, serve de alimento para 
diversos organismos maiores, ou seja, o efeito do vazamento de petróleo afeta não apenas 
um, mas toda a cadeia alimentar marinha, por vezes, de modo irreversível, razão pela qual 
é indispensável a adoção de medidas que mitiguem os danos ambientais causados. 
As premissas estudadas na presente seção têm por objetivo servir de prelúdio ao estudo 
das investigações e perícias relativas aos crimes ambientais, sendo que os conceitos, 
princípios e bases normativas estudados são indispensáveis para o aprofundamento na 
matéria proposta. 
REFERÊNCIAS 
ANTUNES, P. de B. Direito Ambiental. 21. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020. 
FARIAS, T. Q. Princípios gerais do direito ambiental. Âmbito Jurídico [online]. 2 dez. 
2006. Disponível em: https://bit.ly/3BaaOD5. Acesso em 15 set. 2021. 
FIORILLO, C. A. P. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. 
Bons estudos! 
SEM MEDO DE ERRAR 
No início da seção, foi apresentada a situação hipotética em que dois caçadores matam 
um felino dentro de uma área de proteção, tendo sido surpreendidos por um protetor que 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-ambiental/principios-gerais-do-direito-ambiental/
chamou a polícia que, por sua vez, confirmou o flagrante. 
Colocado no papel de autoridade policial, é esperado que o aluno aponte que se trata de 
caça isolada, apontando a violação ao microbem. Cabe apontar a proteção constitucional 
do art. 225. 
O aluno deve complementar sua resposta, apontando que a lei da fauna, Lei n°5.197/67, 
em seu art. 2°, aponta a proibição da caça profissional e, no art. 27, da mesma lei, pune 
com pena de reclusão de 2 a 5 anos a violação do referido dispositivo do art.2°. 
Por fim, a Lei n° 9605/98, no seu art. 29, traz a caça de animais silvestres, cominando 
pena de detenção de 6 meses a 1 ano, mais multa. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL 
Você é o promotor de justiça da sua cidade e lhe chega uma notícia crime em que uma 
pessoa física, maior e capaz, provocou diretamente degradação ambiental, causando 
alteração negativa nas características do meio ambiente (em especial contra o microbem, 
água). Informe a peça processual e o direito material que deve ser alegado. 
RESOLUÇÃO 
Bons estudos! 
 
UNIDADE 2, SESSÃO 1: FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL 
CONVITE AO ESTUDO 
Nesta unidade, você, aluno(a), será apresentado(a) ao mundo das investigações e perícias 
criminais no âmbito dos crimes ambientais, a fim de tratar das investigações e perícias na 
prática, incluindo o papel da fiscalização, a atividade pericial e os aspectos técnicos 
envolvidos. 
Na primeira seção desta unidade, iniciaremos nossos estudos com o exame do efetivo 
papel da fiscalização ambiental e como sua atuação é realizada no âmbito federal e 
estadual, pontuando, de forma didática, as atribuições do Agente de Fiscalização. 
A segunda seção desta unidade é reservada ao estudo dos aspectos conceituais e legais da 
perícia ambiental. Nela analisaremos a atividade pericial, as previsões legais relativas à 
perícia ambiental e o papel do perito ambiental no âmbito das investigações. 
Na terceira seção desta segunda unidade, faremos uma análise concatenada dos aspectos 
técnicos que envolvem o trabalho da perícia ambiental, inclusive no que tange aos laudos 
periciais e a utilização da prova pericial no processo civil. 
Assim, convido você a se aprofundar no tema, ampliando seus conhecimentos relativos 
ao assunto. 
https://conteudo.colaboraread.com.br/202201/INTERATIVAS_2_0/INVESTIGACAO_E_PERICIA_CRIMINAL_CRIMES_AMBIENTAIS_E_CRIMES_DIGITAIS/LIVRO_DIGITAL/fmt_u1s3.html#resolucao%20.item-1
PRATICAR PARA APRENDER 
Nesta seção, vamos estudar a prática das investigações e perícias criminais em matéria 
ambiental tomando por base a atuação dos órgãos de fiscalizaçãoe de seus agentes. 
De absoluta relevância para a matéria, iniciaremos a seção analisando o efetivo papel do 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) 
enquanto autarquia federal, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, voltada ao 
exercício do poder de Polícia Ambiental. 
Ainda nesta seção, abordaremos o papel da fiscalização ambiental em âmbito estadual, 
pontuando as diferenças de atuação nessa esfera, bem como explanando o papel dos 
órgãos pertencentes ao Estado. 
Por fim, abordaremos uma figura de grande protagonismo no procedimento de 
fiscalização, que é o Agente de Fiscalização, o qual, dotado de poder de polícia inerente 
ao seu cargo, materializa a fiscalização ambiental, instaurando os autos de infração ou 
procedimentos administrativos necessários à apuração do fato ou imposição de sanção. 
Após o estudo de todo o material, imagine a situação hipotética na qual você, aluno(a), 
está no meio da fase oral do concurso para o cargo de Analista Ambiental do IBAMA, 
quando o examinador lhe interrompe, questionando o seguinte: Prezado Doutor, vi que o 
senhor domina a matéria, mas gostaria de saber se a fiscalização ambiental, como 
atividade estatal, encontra limites constitucionais. Neste momento, engolindo seco e 
disfarçando bem o nervosismo, cabe ao candidato oportunizar a resposta, ganhando 
tempo suficiente para que não venham outras dúvidas do examinador. 
Assim, elabore uma apresentação segura, a fim de dar por satisfeito o questionamento. 
CONCEITO-CHAVE 
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL PELO IBAMA 
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) 
é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, criada por meio da 
Lei Federal nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. 
Nos termos do mencionado códex, a finalidade do IBAMA é, efetivamente, exercer o 
poder de polícia ambiental, executar ações das políticas nacionais relativas ao 
licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, à autorização de uso dos 
recursos naturais e a fiscalização, monitoramento e controle ambiental. 
Ao tratarmos especificamente da fiscalização ambiental enquanto atribuição do IBAMA, 
podemos defini-la como o efetivo exercício de poder de polícia decorrente da legislação 
ambiental, consistindo, desta forma, na materialização da atribuição estatal de fiscalizar 
os atos ou condutas praticadas por potenciais poluidores e por aqueles que se utilizam dos 
recursos naturais, garantindo assim a preservação ambiental ou mesmo a mitigação de 
eventuais danos ambientais. 
O objetivo da fiscalização ambiental é, por meio de sua atuação preventiva ou repressiva, 
induzir a alteração do comportamento social por meio da coerção, materializada na 
aplicação de sanções previstas na legislação. 
São características da fiscalização executada pelo IBAMA a discricionariedade, 
autoexecutoriedade e a coercibilidade. A discricionariedade está atrelada à ideia de 
liberdade na atuação do órgão fiscalizador, ao passo que deve valorar, sob a ótica da 
conveniência e oportunidade, a graduação das sanções. A autoexecutoriedade, por sua 
vez, versa sobre a efetiva possibilidade de imposição, e forma direta, de medidas ou 
sanções relativas ao poder de polícia administrativa, cujo objetivo é a repressão da 
atividade lesiva ao meio ambiente. Por fim, a coercibilidade trata especificamente da 
imposição de sanções com o intuito de coagir o praticante do ato a não reincidir em sua 
prática ou, até mesmo, servir de exemplo para que outros não venham a praticar tais 
condutas. 
O art. 70 da Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais), 
atribui, dentre outras, ao IBAMA a competência para lavrar autos de infração na esfera 
federal e ainda para a instauração de processos administrativos de apuração de infração. 
Como a execução das atribuições do IBAMA dizem respeito à esfera federal, insta 
consignar que a Lei Complementar nº 140/11, visando esclarecer quaisquer dúvidas a 
respeito do tema, definiu, de forma didática, as competências de cada ente na proteção 
ambiental, tratando da esfera federal especificamente no artigo 7º. 
Ao tratar do poder fiscalizatório do IBAMA, talvez o mais importante instrumento para 
consecução de seus objetivos seja o Processo Administrativo Sancionador, voltado a 
responsabilização administrativa ambiental em face de eventuais atos danosos ao meio 
ambiente. 
Ao tratar do exercício da fiscalização por parte do IBAMA, o autor Paulo de Bessa 
Antunes (2020, p. 140) é didático ao dispor acerca de seus objetivos: 
A fiscalização efetivada pelo Ibama é regida pelas normas contidas no Regulamento 
Interno da Fiscalização (RIF) do Ibama aprovado pela Portaria nº 24 de 16 de agosto de 
2016, com nova redação dada pela Portaria nº 3.326, de 12 de setembro de 2019. O 
objetivo principal da atividade fiscalizatória é a prevenção da prática de ilícitos 
administrativos ambientais, “induzindo o comportamento social de conformidade com a 
legislação ambiental pela aplicação de sanções administrativas e das medidas judiciais 
cabíveis” (artigo 3º), cabendo-lhe, ainda, a apuração administrativa dos atos infracionais. 
A fiscalização ambiental, assim como qualquer atividade estatal, possui limites 
constitucionais que devem ser respeitados, ou seja, o IBAMA, no efetivo exercício de 
suas atribuições, deve pautar suas ações nos limites do respeito aos direitos e às garantias 
fundamentais, dando plena observância aos princípios da legalidade, publicidade e 
impessoalidade, bem como respeitando a privacidade de domicílio. 
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL NO ESTADO 
No âmbito dos estados, as atribuições gerais relativas à proteção ambiental estão descritas 
no art. 8º da Lei Complementar nº 140/11, sendo especificado no inciso XIII que, dentre 
as competências, compete ao Estado “exercer o controle e fiscalizar as atividades e os 
empreendimentos cuja atribuição para licenciar ou autorizar, ambientalmente, for 
cometida aos Estados”. 
A título exemplificativo, no âmbito do Estado de São Paulo, há diversos órgãos 
responsáveis pela fiscalização ambiental, como: Centro de Vigilância Sanitária (CVS-
SP); Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (ARSESP); 
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA-SP); Companhia Ambiental 
do Estado de São Paulo (CETESB); Coordenadoria de Licenciamento Ambiental de 
Recursos Naturais do Estado de São Paulo (CPRN-SP); Coordenadoria de Biodiversidade 
e Recursos Naturais (CBRN); entre muitos outros, cada qual responsável por um 
microbem ambiental. 
A fim de abordar o tema relativo à fiscalização no Estado de São Paulo, é indispensável 
nos aprofundarmos especificamente no papel da CETESB, principalmente por ser a 
responsável pelo licenciamento e fiscalização de atividades potencialmente lesivas ao 
meio ambiente, como as geradoras de poluição, tendo por escopo a preservação e/ou 
recuperação da qualidade do ar, da água e do solo. 
A CETESB foi originalmente criada pelo Decreto Estadual nº 50.079, de 24 de julho de 
1968, tendo passado por ampla reestruturação quando a Lei Estadual nº 13.542, de 08 de 
maio de 2009, entrou em vigor, ganhando o manto de agência ambiental, sendo-lhe 
incumbidas atribuições relativas ao efetivo controle e fiscalização do meio ambiente. 
Ainda no que concerne ao Estado de São Paulo, a Lei nº 14.626, de 29 de novembro de 
2011, em seu Anexo I, apresenta o rol de atividades potencialmente poluidoras e 
utilizadoras de recursos ambientais, definindo o grau de “potencial poluidor” (Pp) de cada 
uma das atividades, criando ainda a Taxa Ambiental Estadual, objetivando a otimização 
da fiscalização ambiental. 
Ao tratarmos da fiscalização ambiental no âmbito do Estado de São Paulo, é indispensável 
abordarmos o Decreto Estadual nº 64.456, de 10 de setembro de 2019, que “dispõe sobre 
o procedimento para apuração de infraçõesambientais e imposição de sanções, no âmbito 
do Sistema Estadual de Administração da Qualidade Ambiental, Proteção, Controle e 
Desenvolvimento do Meio Ambiente e Uso Adequado dos Recursos Naturais 
(SEAQUA)”. O referido Decreto apresenta as nuances relativas ao processo 
administrativo de apuração de infrações ambientais, especificando seus requisitos, prazos 
e princípios, inclusive que concerne a efetiva necessidade de observação do contraditório 
e ampla defesa no âmbito administrativo ambiental. 
AGENTE DE FISCALIZAÇÃO 
Ao tratarmos do processo de fiscalização ambiental, uma figura de grande protagonismo 
no procedimento é o Agente de Fiscalização que, dotado de poder de polícia inerente ao 
seu cargo, materializa a fiscalização ambiental, instaurando os autos de infração ou 
procedimentos administrativos necessários à apuração do fato ou imposição de sanção. 
A Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), em seu art. 70, define quem são os responsáveis 
pela lavratura do auto de infração ou processo administrativo, assim dispondo: 
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole 
as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. 
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar 
processo administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema 
Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, 
bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha. 
(BRASIL, 1998) 
Em se tratando da fiscalização realizada pelo IBAMA, a Portaria nº 24, de 16 de agosto 
de 2016, aprova o regulamento interno da fiscalização justamente com o intuito de 
uniformizar e dar segurança jurídica ao exercício de poder de polícia administrativo do 
órgão, afirmando ainda, em seu art. 5º, que “a fiscalização ambiental emprega a dissuasão 
como a principal forma de promover a mudança de comportamento social e prevenir a 
prática de ilícitos ambientais”, conceituando que, por dissuasão, entende-se a mudança 
esperada no comportamento do indivíduo pelo medo de ser punido. 
O exercício da fiscalização ambiental é efetivado pelo servidor designado pelo Presidente 
do IBAMA por meio de portaria, nos termos do art. 8º da Portaria 24/16, o qual deve ser 
analista ambiental ou técnico ambiental do quadro efetivo do órgão e cumprir os 
requisitos elencados no art. 10 da mesma portaria, sendo assim designado como Agente 
Ambiental Federal (AAF). 
Aos Agentes Ambientais Federais compete, dentre outras funções, a elaboração de 
relatório de fiscalização, que deve conter, nos termos do art. 14 da Instrução Normativa 
Conjunta MMA/IBAMA/ICMBIO nº 1, de 12 de abril de 2021: 
I - a descrição das circunstâncias que levaram à constatação da infração ambiental e à 
identificação da autoria, 
II - o nexo de causalidade entre a situação infracional apurada e a conduta do infrator 
identificado, comissiva ou omissiva; 
III - o registro dos meios de prova, evidências materiais, documentais ou testemunhais 
coletadas, aptos à demonstração das elementares do tipo infracional cometido e à 
dosimetria da sanção; 
IV - os critérios e a dosimetria utilizados para a fixação da multa; 
V - a identificação clara e objetiva do dano ambiental; 
VI - as circunstâncias agravantes e atenuantes; e 
VII - todos e quaisquer outros elementos considerados relevantes para a caracterização 
da responsabilidade administrativa. 
(BRASIL, 2021) 
Ao constatar a ocorrência de uma infração ambiental, o Agente Ambiental Federal deve 
lavrar o auto de infração, indicando a imposição de sanções, que podem ser de 
advertência, multa, apreensão, destruição, suspensão de venda ou fabricação, embargo ou 
demolição de obra, suspensão de atividades ou restritiva de direitos. 
Assim, enquanto protagonista do processo de fiscalização ambiental, o agente de 
fiscalização é indispensável ao efetivo cumprimento das políticas protecionistas, posto 
que é responsável pela atuação na linha de frente da defesa do meio ambiente, 
independente do microbem afetado. 
ASSIMILE 
A portaria nº 24, de 16 de agosto de 2016, traz uma série de requisitos para designação 
do servidor como Agente Ambiental Federal, a saber (BRASIL, 2016): 
Art. 10. Para a designação do servidor para a função de AAF, deverão ser atendidos os 
seguintes requisitos: 
I - ser analista ambiental ou técnico ambiental do quadro efetivo do Ibama; 
II - ter concluído curso de fiscalização ambiental com aproveitamento de, no mínimo, 
70% (setenta por cento); 
III - ter aptidão física apropriada para o exercício da função; 
IV- apresentar atestado de saúde para o exercício da função; 
V- não ter sentença condenatória transitada em julgado em processo criminal por conduta 
incompatível com a função de AAF; 
VI - não ter sido condenado em processo administrativo 
disciplinar por conduta incompatível com a função de AAF; 
VII - não apresentar conduta ou atividade conflitante, pretérita ou presente, ou contrária 
ao disposto neste RIF, ao interesse institucional ou às demais regras de conduta no serviço 
público; 
VIII - estar lotado, ou em exercício, em unidade que tenha competência de realizar 
fiscalização ambiental; e 
IX - ter disponibilidade e condições para participar de atividades externas e viagens a 
serviço. 
REFLITA 
Diante do quando estudado até agora, é possível traçar um paralelo entre a pluralidade de 
órgãos e distribuição de atribuições com a maior eficácia da proteção ambiental ou você 
acredita que essa divisão de funções dificulta o trabalho de fiscalização? 
EXEMPLIFICANDO 
O IBAMA não atua somente na fiscalização ambiental, mas também na efetiva proteção 
ambiental por meio de operações específicas, como a Operação Mata do Mamão 2021, 
que teve início em 19 de julho de 2021, com a participação do Instituto Chico Mendes da 
Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Fundação Nacional do Índio (Funai), em 
que 142 pessoas, entre servidores e brigadistas, atuaram para controlar e extinguir os 
incêndios florestais dentro e no entorno da Mata do Mamão, localizada no sudoeste do 
estado do Tocantins (TO). 
Ante ao conteúdo estudado, é possível notar a importância do trabalho fiscalizatório para 
a consecução das políticas ambientais, principalmente diante da efetiva necessidade de 
buscar um meio ambiente saudável e ampliar a proteção conferida ao macrobem 
ambiental. 
REFERÊNCIAS 
ANTUNES, P. B. Direito Ambiental. 21. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020. 
BRASIL. Lei n. 9.605, de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e 
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 fev. 1998. Disponível 
em: https://bit.ly/3sLtxRF. Acesso em: 1 fev. 2022. 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e 
dos Recursos Naturais Renováveis. Portaria n. 24, de 16 de agosto de 2016. Diário Oficial 
da União, Brasília, DF, 22 ago. 2016. Disponível em: https://bit.ly/3ryfQGa. Acesso em: 
1 fev. 2022. 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa Conjunta 
MMA/IBAMA/ICMBIO n. 1, de 12 de abril de 2021. Regulamenta o processo 
administrativo federal para apuração de infrações administrativas por condutas e 
atividades lesivas ao meio ambiente. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 abr. 2021. 
Disponível em: https://bit.ly/35TQH09. Acesso em: 1 fev. 2022. 
IBAMA. O que é fiscalização ambiental. Disponível em: https://bit.ly/3Lw6RNM. 
Acesso em: 30 set. 2021. 
Bons estudos! 
SEM MEDO DE ERRAR 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/23514630/do1-2016-08-22-portaria-n-24-de-16-de-agosto-de-2016-23514366
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa-conjunta-mma/ibama/icmbio-n-1-de-12-de-abril-de-2021-314019923http://www.ibama.gov.br/fiscalizacao-ambiental/o-que-e-fiscalizacao
Foi apresentada a situação hipotética na qual, você, aluno(a), em uma banca de concurso, 
é questionado sobre os limites constitucionais da fiscalização ambiental enquanto 
atividade estatal. 
Primeiro, cabe a você demonstrar conhecimento sobre o tema. Mencione que a 
fiscalização pelo IBAMA é regida pelo Regulamento Interno da Fiscalização - Portaria 
nº 24/16 (com nova redação dada pela Portaria nº 3.326/19). Relate que o objetivo 
principal da atividade fiscalizatória é a prevenção da prática de ilícitos administrativos 
ambientais, para incutir no comportamento social a conformidade com a legislação 
ambiental. Dada todas essas razões, além de seus fundamentos no art. 225 da CRFB, 
importe em afirmar que a fiscalização ambiental, assim como qualquer atividade estatal, 
possui limites constitucionais que devem ser respeitados, ou seja, o IBAMA, no efetivo 
exercício de suas atribuições deve pautar suas ações nos limites do respeito aos direitos e 
às garantias fundamentais, dando plena observância aos princípios da legalidade, 
publicidade e impessoalidade, bem como respeitando a privacidade de domicílio. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
GARIMPANDO 
Um Analista Ambiental, devidamente designado, com uma equipe, foi chamado para 
averiguar uma denúncia de crime ambiental em um Parque Tombado pela União, quando 
depara, em estado de flagrância, um senhor garimpando a área (conhecido Amon Dente 
de Ouro), vindo até a assumir a responsabilidade naquele momento. Foi lavrado pelo 
Analista o auto de infração. Concomitante à ação criminosa, foi aberto o processo 
administrativo, o qual culminou na punição do causador do abalo ambiental. Insatisfeito 
com a decisão, o advogado do Amon Dente de Ouro, além de recorrer da punição, 
representou o Analista alegando que não era sua atribuição a lavratura do auto de infração, 
mas sim ao Técnico Ambiental que participou desde o início da operação, buscando, 
assim, a nulidade do ato. Na conclusão da sindicância, foi reconhecida a prática do crime 
(porque apurado na esfera penal) e a individualização do agente. Por sua surpresa, na 
sequência, foi aberto o processo disciplinar para apurar sua responsabilidade por ter 
realizado o auto de infração. Você é o advogado(a) do caso e precisa apresentar uma 
defesa para o Analista. Aponte o direito que reserva ao caso apresentado. Mãos à obra! 
RESOLUÇÃO 
Bons estudos! 
 
UNIDADE 2, SESSÃO 2: ASPECTOS CONCEITUAIS E LEGAIS DA PERÍCIA AMBIENTAL 
 
PRATICAR PARA APRENDER 
https://conteudo.colaboraread.com.br/202201/INTERATIVAS_2_0/INVESTIGACAO_E_PERICIA_CRIMINAL_CRIMES_AMBIENTAIS_E_CRIMES_DIGITAIS/LIVRO_DIGITAL/fmt_u2s1.html#resolucao%20.item-1
Prezado(a) aluno(a), nesta seção abordaremos a atividade pericial 
propriamente dita e a importância da realização de perícias em 
matéria ambiental para a efetiva elucidação e quantificação de 
danos ao meio ambiente. 
Estudaremos ainda as previsões legais concernentes à perícia 
ambiental, passando pelas legislações esparsas que tratam sobre o 
assunto, seja no Código de Processo Penal, Lei de Crimes Ambientais 
ou mesmo no Código de Processo Civil, possibilitando, assim, a 
realização de uma análise concatenada dos objetivos do trabalho 
pericial enquanto ferramenta voltada à investigação criminal 
ambiental 
Por fim, abordaremos o efetivo papel do perito não apenas na 
investigação, mas nos processos que envolvam matéria ambiental 
como um todo, elucidando que suas atribuições não são 
unicamente voltadas para apontar a materialidade de um 
determinado fato, mas, principalmente, quantificar seu alcance e o 
prejuízo causado, demonstrando ainda que a sua atuação é 
diretamente ligada com o exercício do contraditório e da ampla 
defesa. 
Seguindo tais premissas, imagine uma situação hipotética em que 
você é chamado para defender os interesses de um cliente que 
responde por crime ambiental. Sabe-se que o perito esteve no local, 
cumprindo a regra do art. 6º do CPP, entretanto, sugeriu ao dano o 
importe de R$100.000,00 (cem mil reais) para fins de instrumento 
balizador da multa ambiental. Ocorre que não apresentou 
justificativa da sua aferição. Em peça de recurso, apresente a defesa 
que comporta ao caso em tela. 
CONCEITO-CHAVE 
A ATIVIDADE PERICIAL 
Em matéria ambiental, a perícia é o procedimento cuja finalidade é 
avaliar eventuais danos ao meio ambiente e todos os seus 
microbens, investigando e detectando causas de um acontecimento 
ou de uma situação potencialmente nociva, objetivando, por meio 
de uma análise estritamente técnica, solucionar os fatos ocorridos e 
emitindo o competente laudo. 
A perícia ambiental traduz-se em verdadeiro instrumento 
investigativo, desempenhando papel crucial nas demandas 
ambientais perante a Justiça, principalmente ao tratarmos de crimes 
ambientais. 
Sob o aspecto histórico, na Inglaterra dos anos 70 foram criadas as 
primeiras auditorias e perícias, cuja finalidade era instrutiva e 
preventiva. Já no Brasil, foi apenas com o advento da Lei Federal nº 
9.605/98 que houve uma maior ampliação em sua aplicabilidade. 
A atividade pericial ambiental tem por escopo não apenas identificar 
o eventual fato danoso, mas também sua extensão e consequências. 
O perito ambiental pode ter formação em diversas áreas, dentre 
elas, Ciências biológicas; Engenharia Ambiental; Oceanografia; 
Agronomia; Ecologia e etc., a depender das necessidades expostas 
no caso concreto. 
O autor Fabiano Melo Gonçalves de Oliveira (2017, p. 506), ao tratar 
da atividade pericial, é didático no que tange a finalidade do 
trabalho: 
Se o crime ambiental deixar vestígios, tornar-se-á imprescindível o exame 
pericial para constatação da materialidade delitiva necessária à justa causa 
da ação penal. O exame pericial também é necessário para outras questões 
relevantes, por exemplo, para aferição da extensão do ano ambiental que 
servirá de baliza para dosagem da pena ou até para o reconhecimento de 
uma agravante ou qualificadora de pena. 
A Lei Federal nº 9.605/98 deu tamanha importância ao trabalho 
pericial, que trouxe a previsão, em seu art. 19, de que, sempre que 
possível, quando da realização de perícia para constatação de 
eventual dano ambiental, deve haver a demonstração do efetivo 
prejuízo causado pelo ato, auxiliando, desta forma, a fixação de 
fiança (se o caso) e o cálculo da multa aplicável. 
Assim como em todo trabalho pericial, a atividade pericial em 
matéria ambiental tem por escopo auxiliar o magistrado, posto que 
não é exigido que este possua conhecimento técnico em todas as 
ciências exatas e humanas, portanto, sempre que necessária uma 
opinião técnica a respeito de determinado assunto, imperiosa a 
realização de perícia. 
Em termos técnicos, a NBR 14653-1:2001 (2001, p. 5), editada pela 
Associação Brasileira de Normas Técnicas, ao tratar da “Avaliação de 
Bens” conceitua perícia como “atividade técnica realizada por 
profissional com qualificação específica, para averiguar e esclarecer 
fatos, verificar o estado de um bem, apurar as causas que 
motivaram determinado evento, avaliar bens, seus custos, frutos ou 
direitos”. 
Ante às premissas estudadas, pode-se concluir que o trabalho 
pericial sob a ótica da investigação ambiental é imprescindível ao 
sucesso não apenas de uma determinada investigação, mas para a 
própria consecução das políticas protecionistas ambientais e para o 
bom andamento dos feitos judiciais, principalmente no que tange a 
efetiva mensuração do dano visando a fixação de multas. 
PREVISÕES LEGAIS RELATIVAS À PERÍCIA AMBIENTAL 
Em matéria ambiental, a legislação brasileira é tida como vasta e 
abrangente, servindo, inclusive, de modelo para outros países. A 
positivação da preservação ambiental acabou por fomentar os 
mecanismos judiciais voltados ao protecionismo ambiental, desde 
os direitos relativos à efetiva indenização pela

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