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CADERNO DIREITO AMBIENTAL - PROF DIOGO GUANABARA

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Aluna: Flávia P. Crusoé 
 1 
DIREITO AMBIENTAL 
Profº: Diogo Guanabara 
 
NECESSIDADE DE PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE: CONCEITOS BÁSICOS 
 
1. Conceitos Básicos 
Se tem a percepção ao longo do tempo de que a relação do homem com o meio ambiente estava começando a causar 
problemas significativos para o próprio homem. E o direito entra, então, como um grande resolvedor de problemas, 
regulando o uso do meio ambiente pelo mundo. 
 
1.1. Questões ambientais na atualidade 
Alguns macro fatores fizeram com que o homem passasse a se preocupar mais com o meio ambiente, como alguns 
exemplos indicados abaixo: 
 
→ BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO: é, na realidade, uma diminuição da espessura da camada de ozónio que há em 
torno da terra. Através de um acordo internacional parcialmente resolve essa questão, chamado de Protocolo de 
Montreal, de 1989. Nele, as partes envolvidas se comprometeram a mudar em suas legislações fatores que influenciavam 
no impacto da camada de ozônio. 
 
→ DESCONTROLE NO AQUECIMENTO GLOBAL: o aquecimento global é natural, mas o descontrole não, que só ocorre 
por causa da ação humana, como os gases de efeito estufa, que ainda é uma questão a ser resolvida. Assim, em 
decorrência, surgem novos problemas, como os refugiados ambientas 
 
→ GESTÃO DOS RESÍDUOS: o Brasil tem uma política nacional de gestão de resíduos sólidos, a qual proíbe os lixões, 
mas ainda lida com um grande obstáculo, que é a questão do consumismo. 
 
1.2. Direito Ambiental Internacional 
O Brasil historicamente, não é protagonista em direito ambiental, chegando atrasado na regulação jurídica dos bens 
ambientais, considerando, ainda, que a primeira vez que regula o meio ambiente é na Constituição de 88. 
 
A preocupação do direito com a temática ambiental é resultado de dois fatores, que quando juntados, impelem que os 
direitos entre no circuito de regular o meio ambiente. O primeiro é a perspectiva de urgência das tragedias ambientais, 
atrelada com as novas descobertas científicas, que solidificam o nexo de causalidade entre as tragedias ambientais e a 
ação humana. 
 
TRAGÉDIAS AMBIENTAIS + NOVAS DESCOBERTAS CIENTÍFICAS = PRECOUPAÇÃO DO DIREITO COM O AMBIENTE 
 
Essas duas variáveis atuam como estopim para os movimentos sociais a favor do meio ambiente, principalmente na 
década de 60 na Europa. Assim, surgem as grandes ONGs, nacionais e internacionais, buscando questionar o homem e 
a ação humana no meio ambiente. Passa, então, a destinar o questionamento para a atação do Estado que, de forma 
reativa, cria normas jurídicas para que satisfaça a população. Assim, o comprometimento do Estado ganha melhor 
institucionalização com a participação da ONU, que surge após a 2ª Guerra Mundial. Assim, faz a primeira reunião 
internacional cuja o tema foi o meio ambiente. 
 
 1.2.1. Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente de 1972 
Chamada também de Estocolmo 72, marca a inserção dos Estados num debate global sobre o meio ambiente, surgindo, 
assim, o direito ambiental. 
 
→ DECLARAÇÃO DO MEIO AMBIENTE: tratado internacional publicado ao final da Estocolmo 72, reconhece que a 
proteção ao meio ambiente é um direito humano, ou seja, o ser humano tem direito a um ambiente saudável, sendo 
assim, uma revolução na época, vez que contraria toda a logica de desenvolvimento da época, pautado no lucro. Cumpre 
destacar que o direito fundamental é um direito humano constitucionalizado, ou seja, considerando a tutela jurídica do 
meio ambiente como um direito humano, devendo ser contempladas nas Constituições. Só que, na época, o brasil viva 
o auge da ditadura militar, vindo a contemplar o direito ambiental na Constituição de 1988. 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 2 
A conferência ainda reconhece que o ser humano é artífice e resultado do meio ambiente, sofrendo os efeitos do que 
causa ao meio ambiente. Além disso, reconhece a defesa do ambiente para a presente e futuras gerações, surgindo 
assim, a intergeracionalidade, que trata de cuida hoje, do futuro, colocando-o como preocupação principal. E, por fim, 
se destaca o desenvolvimento socio ambiental em harmonia com a preservação ambiental. Dentro dessa perspectiva, 
uma outra realidade se estabeleceu. Criou-se o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, com o 
objetivo de definir o braço da ONU responsável pela preservação ambiental. Assim, surge um grupo de trabalho 
responsável por estudar estilos alternativos de desenvolvimento. 
 
→ RELATÓRIO BRUNDTLAND (1987): resultado do grupo de trabalho que define um modelo alternativo de 
desenvolvimento, chamado de desenvolvimento sustentável, pautado na preservação ambiental. Esse desenvolvimento 
é aquele que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as gerações vindouras 
satisfazerem as suas próprias necessidades. 
 
Após a publicação do relatório, a ONU faz outra conferencia para se trabalhar e disseminar o conceito de 
desenvolvimento sustentável. 
 
1.2.2. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 
Chamada também de ECO 92, Rio 92, Cúpula da Terra ou Estocolmo +20. O ponto central da conferencia foi de tirar o 
protagonismo apenas do Estado de se discutir o meio ambiente, incluindo outros agentes na preservação do meio 
ambiente. Assim, o seu objetivo foi de estabelecer aliança mundial mediante a criação de novos níveis de cooperação 
entre Estado e setores-chave da sociedade, como ONGs, universidades, centro de pesquisas, empresas, entre outros. 
 
A conferencia teve como centro de debate a tentativa de incentivar o desenvolvimento econômico social em harmonia 
com a preservação do meio ambiente. Estabeleceu-se, assim, princípios, como o da prevenção e o da precaução, mas, 
em destaque, o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada, considerando que os estados são responsáveis, 
e acordaram ser responsáveis, pela conservação, proteção e recuperação do meio ambiente e do ecossistema, na medida 
em que contribuíram, em graus vários, para a degradação. 
 
→ DECLARAÇÃO DO RIO: é uma serie de tratado que estabelece uma série de princípios vinculantes, sendo 
considerando, assim, um dos documentos amplos da ECO 92. Estabelece os princípios da prevenção, da precaução, 
entre outros, conforme citado, ajudando a resolver conflitos, através deles. 
 
→ AGENDA 21: outro documento amplo, que se torna um grande exemplo de soft law, sendo uma normativa 
internacional não vinculante, apresentando as metas do desenvolvimento sustentável, que o estado de compromete a 
cumprir, mas, em caso de descumprimento, não há sanção, estabelecendo uma certa flexibilidade no cumprimento das 
ações do documento. 
 
Estabeleceu-se, da mesma maneira, documentos específicos, que trazem mais direitos e obrigações, gerando um nível 
de comprometimento maior dos Estados. 
 
→ CONVENÇÃO SOBRE A DIVERSIDADE BIOLÓGICA: nesse documento, se tem uma série de responsabilidades que o 
Estado deve ter, incluindo, ainda, o combate à extinção de espécies. 
 
→ CONVENÇÃO SOBRE MUDANÇA DO CLIMA: nesse documento, regula um tema apenas do meio ambiente, que é o 
clima, através de diversos anexos, que são os tratados internacionais. 
 
→ DECLARAÇÃO DE PRINCIPIOS SOBRE O USO DAS FLORESTAS: regula temas ligados à preservação das florestas, 
através de um direito subjetivo, enquanto os dois primeiros são mais objetivos. 
 
Entre a conferencia da ECO 92 e a de 2022, ocorre o ataque terrorista de 2001, fazendo o grande tema do debate 
mundial o combate ao terrorismo. 
 
1.2.3. Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável de 2002 
Chamada de Joanesburgo 2002, acabou sendo um pouco frustrada, vez que o grande foco mundial era o combate ao 
terrorismo, em decorrência do ataque de 2002. Nesse sentido, acaba reafirmando os princípios das conferencias 
anteriores. 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 3 
→ DECLARAÇÃO DE JOANESBURGO: não tem nenhum princípio novoou avanço, tendo apenas uma tentativa de 
estabelecer um plano de implementação do desenvolvimento sustentável, através de metas, como a erradicação da 
pobreza, as alterações no padrão de consumo e produção e da proteção aos recursos naturais. Também se falou sobre 
o tratamento específico ao continente africano e aos “estados-ilhas”. 
 
1.2.4. Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável de 2012 
Conhecida como RIO +20, reafirma o princípio da responsabilidade comum, mas diferenciada, entre os Estados. É o 
momento de se rediscutir temáticas ambientais, colocando luzes novas sobre temas já tratados. 
 
→ DOCUMENTO FINAL RIO +20: destaca pontos como a energia, a água, saneamento básico, segurança alimentar, 
oceanos e mares, além da redução de riscos de desastres naturais, mudanças climáticas e biodiversidade. 
 
1.3. Visões do Direito Ambiental: Antropocentrismo x Ecocentrismo 
A pergunta de a quem serve o direito ambiental é respondido através de três modelos axiológicos: o antropocentrismo 
clássico, o ecocentrismo (não antropocentrismo) e o antropocentrismo alargado. 
 
 1.3.1. Antropocentrismo clássico 
Pressupõe o homem como eixo principal de um sistema, seguindo a ideia de que tudo segue o homem, tudo segue o 
que ele deseja. Assim, o planeta é visto como um celeiro de recurso naturais à disposição das necessidades humanas, 
como se o ser humano fosse o dono do ambiente. 
 
Assim, se destaca o especismo, que nada mais é do que um preconceito ou atitude tendenciosa de alguém a favor dos 
interesses de membros de sua própria espécie e contra os de outra. 
 
ESPECISMO = TENDÊNCIA DE FAVORECER SUA PRÓPRIA ESPÉCIE 
 
Há, inclusive, críticas em relação ao desenvolvimento sustentável sob a ótima do antropocentrismo, considerando que 
existe a submissão das ações antrópicas ao respeito à capacidade do ecossistema planetário de atender e tantas e tão 
crescentes demandas da espécie dominante. 
 
 1.3.2. Ecocentrismo (não antropocentrismo) 
Coloca o meio ambiente como centro, se referindo a todas as correntes que criticando ou rejeitam a doutrina 
antropocêntrica. Em todas essas correntes, ocorre a inexistência de qualquer linha de separação rígida entre o humano 
e o não-humano, colocando o ser humano como apenas uma das espécies do meio ambiente. 
 
Nesse sentido, o animalismo cuida do tratamento com os animais não humanos, ou seja, estuda a relação dos animais 
humanos e não humanos. 
 
ANIMALISMO = ESTUDO RELAÇÃO ANIMAIS HUMANOS E NÃO HUMANOS 
 
Dentro do animalismo, se destaca duas perspectivas. 
 
→ BEM-ESTARISMO (PETER SINGER): trata da libertação animal, como também é conhecido. Coloca que não há base 
moral para sustentar o especismo, tendo como ideia básica o princípio da igual consideração de interesse, ou seja, todas 
as espécies merecem igual consideração de interesse, reconhecendo a diferença dos animais, mas não colocando essa 
diferença como fator de hierarquia, em relação aos seus interesses. Não defende a conquista de direito pelos animais 
não humanos, mas sim a obrigação humana de assegurar que os outros animais não sofram desnecessariamente. Assim, 
defende a igualdade entre homens e animais não humanos imposta no âmbito da moralidade. 
 
→ ABOLICIONISMO (TOM REGAN): entende que assim como os seres humanos, alguns animais não humanos devem 
ter direitos, aqueles chamos de sujeitos de uma vida, ou seja, os sensíveis e auto conscientes, que possuem condições 
necessárias para que optem entre o melhor e o pior para viver, devendo existir uma comprovação mais técnica. 
Considera que a maioria dos animais não humanos possui consciência do mundo, linguagem e comportamento 
compreensíveis, corpos, sistemas corporais parecidos com os dos humanos sob vários aspectos. Trata, então, da 
extensão de direitos fundamentais aos não humanos como resultado do princípio da coerência e, nesse sentido, propõe 
uma mudança de paradigma na dogmática jurídica. 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 4 
 1.3.3. Antropocentrismo alargado 
É a superação, ou tentativa de superação, da limitação antropocêntrica para admitir a proteção da natureza pelo seu 
valor intrínseco. Não defende a concessão de direitos aos animais não humanos, mas propõe imposição de deveres aos 
humanos para a proteção dos animais não humanos. Tem sua previsão legal na Convenção Europeia para a Conservação 
de Fauna e Habitats Naturais (19979), na Carta Mundial da Natureza (1982), na Convenção da Biodiversidade (1992) e 
nas Constituições da Bolívia e do Equador. 
 
1.3.4. Tutela jurídica dos animais não humanos 
No Brasil o Constituição prevê a elevação da proteção animal, que tem o intuito de proteger o animal contra a prática 
de crueldade, colocando como dever a todos os cidadãos de proteger o animal de maus-tratos. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (Regulamento) 
 
Adicionalmente, também há previsão legal de proteção infraconstitucional, do mesmo dever, no art. 32 da lei 9.695/98, 
a Lei de Crimes Ambientais. 
 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou 
exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos 
ou científicos, quando existirem recursos alternativos. 
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 
(dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda. (Incluído pela Lei nº 14.064, de 2020) 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. 
 
Na jurisprudência, se destaca o caso da “Farra do Boi”, que carrega um aspecto social, mas é uma prática puramente de 
crueldade. Surge a discussão se a pratica seria inconstitucional, de modo que o STF entendeu, apensar do interesse 
cultural, prevalecer o direito do animal, proibindo a prática de acontecer. 
 
Se destaca também o caso da “Objeção de Consciência”, que ocorre a vivissecção, que é a possibilidade de se estudar 
o animal a partir da leitura dos seus órgãos internos. Nesse caso, se entende que quem acusa essa prática deve provar 
uma prática alternativa, que possa substituir aquela crueldade. 
 
Além disso, se destaca o caso da “Proibição de Finning” que se relaciona com a carne de turbarão, sendo uma prática 
comum no ambiente de pesca, em que voce captura o tubarão, corta suas barbatanas, que é sua parte mais valorizada, 
joga de novo no mar, mas o animal acaba morrendo mesmo assim. Nesse sentido, a condenação de uma empresa ganha 
protagonismo nesse assunto, que foi condenada pelo processamento irregular de quase 6 mil kg de barbatanas de 
tubarão. Importante ressaltar que a pesca do tubarão não é permitida, somente autorizada em algumas situações. 
 
Assim, se infere que há uma tendência, cada vez maior, que o poder judiciário de prevalência aos direitos dos animais, 
falando de uma forma geral. 
 
1.4. Propedêuticas sobre o Direito Ambiental 
Entender o Direito Ambiental como um ramo autônomo é algo novo. Assim, esse ramo do direito é tido como a ciência 
jurídica que estuda, analisa e discute as questões e os problemas ambientais e sua relação com o ser humano, tendo 
por finalidade a proteção do meio ambiente e a melhoria das condições de vida no planeta. 
 
Se relaciona com vários outros ramos do direito e com suas ciências afins, podendoatuar de forma preventiva, se 
aproximando do direito administrativo, de forma reparatória, por sua vez, se relacionamento com a área cível, ou, ainda, 
de forma repressiva, correlacionando, assim, com o direito penal. 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 5 
1.5. Classificação Jurídico-Constitucional do Meio Ambiente 
Quando se fala de meio ambiente a ser protegido, é importante entender que não há um conceito único no Brasil, mas 
sim uma classificação constitucional que direciona o entendimento à um conceito. 
 
Assim, a Constituição classifica levando em conta aspectos que compõem o ambiente, sendo eles: 
 
→ MEIO AMBIENTE NATURAL OU FÍSICO: é o que normalmente se chama de natureza, constituído pela atmosfera, 
biosfera, água, solo, subsolo, inclusive os recursos minerais, bem como a fauna e a flora. É o meio ambiente que 
concentra o fenômeno da homeostase, que é o equilíbrio dinâmico entre os seres vivos e o meio em que vivem. É 
tratado na Constituição em seu art. 225. É tutelado, essencialmente, pelo direito ambiental. 
 
→ MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL: é um ambiente criado pelo homem, como as cidades, sendo assim o meio ambiente 
urbanístico, considerando todos os espaços habitáveis. É tratado na Constituição em seus art.5º, XXIII, art. 21, XX, art. 
182 e art 225. Sua importância se da em garantir a ordenação do uso do solo. Assim, cabe ao direito urbanístico cuidar 
desse ambiente artificial. 
 
→ MEIO AMBIENTE CULTURAL: é o que se chama de património cultural, integrado pelo património histórico, artístico, 
arqueológico, paisagístico e turístico. Traduz a história de um povo, a sua formação, cultura e, portanto, os próprios 
elementos identificadores de sua cidadania. É tratado na Constituição em seu art. 216. Se relaciona muito com o direito 
administrativo, quando tutela, por exemplo, o tombamento. 
 
→ MEIO AMBIENTE DO TRABALHO: é o local onde as pessoas desempenham suas atividades laborais relacionadas à 
saúde, sejam remunerados ou não. Seu equilíbrio está baseado na salubridade do meio e na ausência de agentes que 
comprometam a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores. É tratado na Constituição em seu art. 7º. XXIII e art. 
200, VII. É tutelado, na maioria das vezes, pelo direito do trabalho e do direito previdenciário. 
 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 
 
1. Princípio do Desenvolvimento Sustentável 
Se discute se o desenvolvimento sustentável é um princípio, mas fato é, desde a Estocolmo 72, se destaca a sua base. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a 
todos existências dignas, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
VI - Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos 
e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 
19.12.2003) 
 
Esses dois artigos reforçam a qualidade dada ao meio ambiente pela Constituição, trazendo o conceito do 
desenvolvimento sustentável, segundo o Relatório Brundtland, já visto. Assim, na prática, deve se pensar o meio 
ambiente a sua proteção em um tripé que vai possibilitar a proteção nessa geração e nas próximas. 
 
→ DIMENSÃO SOCIAL: trata da repartição mais justa das riqueza, considerando 
o conceito de justiça social. Destaca também a universalização do acesso a educação e 
saúde e, ainda, a equidade entre sexos, grupos étnicos e religiosos. 
 
→ DIMENSÃO ECONÔMICA: considera a criação de riqueza a partir da 
eficiência do uso de energia e dos recursos naturais, bem como as mudanças nos 
padrões de consumo, atrelado à redução do desperdício. 
 
→ DIMENSÃO AMBIENTAL: fala da utilização parcimoniosa dos recursos 
naturais e da preservação do meio ambiente natural 
SOCIAL 
AMBIENTAL ECONÔMICO 
ESG 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 6 
2. Princípio da Capacidade de Suporte (Princípio do Limite) 
Faz com que se entenda que cabe ao Estado estabelecer os padrões de qualidade ambiental, ou seja, que é dever da 
Administração Pública. 
 
Os padrões estabelecidos, os “standars ambientais”, devem levar em conta o limite de matéria ou energia estranha que 
o ambiente pode suportar sem alterar suas características básicas. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
V - Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para 
a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; (Regulamento) 
 
3. Princípio do Poluidor-Pagador – PPP 
O nome pode dar a impressão de que se o individuo pagar, recebe a autorização de poluir, mas não trata disso. Tem 
sua origem na ECO 92 e traz a lógica de duas facetas de responsabilidade do poluidor. 
 
O poluidor é um grande ator do direito ambiente, devendo, a ele, ser atribuído responsabilidades, seja para evitar o 
dano causado por ele, seja para, caso ele provoque o dano, ser responsabilizado. Nesse sentido, se analisa a postura do 
poluidor em dois planos: 
 
→ PLANO PREVENTIVO: evitar que o poluidor provoque um dano ou uma poluição. O direito ambiental, nesse plano, é 
evitar o dano ambiental, assim, o PPP busca desestimular àquela atividade ou setor econômico potencialmente 
poluidores, evitando a privatização dos lucros e a socialização das perdas. Esse plano tem como ideia básica a 
internalização das externalidades negativas produzidas pelos agentes econômicos, de modo que os custos ambientais 
sejam proporcionalmente arcados por quem polui. 
 
→ PLANO REPRESSIVO: irá responsabilizar o poluidor pelo dano ou poluição provocada, vez que não foi possível evitá-
lo. Assim, é o fundamento para a aplicação de sanções pelo cometimento de atos antijurídicos, ou de obrigações de 
reparar os danos ambientais. Aqui se tem um conjunto de responsabilização cível, administrativa e penal. 
 
4. Princípio do Usuário-Pagador 
É a analise que se faz sobre a responsabilidade do usuário. Mais especificamente, pressupõe a ideia de que usuários de 
recursos naturais devem pagar pela utilização desse mesmo recurso, sendo uma compensação financeira à coletividade 
pela utilização de recursos naturais. 
 
Não se prende a existência de uma poluição, mas sim ao uso de um recurso natural, de bens ambientais. 
 
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, 
da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 
 
POLUIDOR-PAGADOR USUÁRIO-PAGADOR 
Internaliza, no custo dos produtos, os prejuízos sentidos 
por toda sociedade com a degradação do meio 
ambiente. Destina-se a atividades poluentes. 
Imputa, ao usuário dos bens ambientais, o custo por seu 
empréstimo. Destina-se a atividades não poluentes. 
 
5. Princípio da Prevenção 
É a diretriz para a restrição de uma atividade diante da evidência de perigo ou risco ambiental concreto e certo. Nesse 
caso, há certeza da ocorrência do dano, trata-se do risco in concreto. Assim, é uma forma de limitar a liberdade de 
empreender no Brasil, diante de uma situação em que se identifica um risco certo. Tem sua previsão legal na Estocolmo 
72, em seus Princípios 14, 15, 17 e 18 e na Rio 92, Princípios 4, 8, 11, 14, 17, 18 e 19. 
 
 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 7 
6. Princípio da PrecauçãoSurge na ECO 92, através do Princípio 15, tendo a lógica de evitar o dano ambiental, diante de um risco incerto, de que 
esse dano irá ocorrer ou não, considerando o in dúbio pro ambiente. Trata da preocupação de evitar qualquer risco de 
dano ao ambiente. 
 
Considerando esse princípio, ocorre a inversão do ônus da prova, de modo quem deve suportar o ônus de provar que 
sua atividade não traz risco é quem se imputa o dano ambiental, efetivo ou potencial, conforme o disposto no 
Informativo nº 418 do STJ. Assim, se destaca os seguintes pressupostos: 
 
• Falta de evidência científica, incerteza, a respeito da existência do dano temido, como por exemplo o art. 1º da 
Lei de Biossegurança; 
• Possibilidade de que condutas humanas causem danos coletivos vinculados a situações catastróficas que 
podem afetar o macrobem ambiental. 
 
7. Princípio da Participação (Princípio Democrático) 
Surge na ECO 92, através do Princípio 10. Possui dois sentidos, vez que considera o direito de participar no processo de 
tomada de decisões políticas ambientais, ou seja, fornece para a pessoa física o direito de ter conhecimento e participar 
dos processos de criação de ações que impactam o meio ambiente. Por outro lado, considera o dever de atuação da 
coletividade na proteção e preservação do meio ambiente. 
 
A partir desse duplo sentido do princípio da participação, se pode verificar uma série de medidas que o direito propôs, 
algumas espelhadas no texto normativo, algumas não. Podem ser citadas: 
 
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS 
Direito de Informação, art 5º, XXXIII da CF/88 e Direito de Petição, 
art 5º XXIV da CF/88. 
MEDIDAS JUDICIAIS Ação Popular, Ação Civil Pública, ADIN, ADC e ADPF. 
MEDIDAS POLÍTICAS Iniciativa popular. 
 
8. Princípio da Informação Ambiental 
Ajuda os cidadãos à se conscientizar ainda mais sobre o meio ambiente, através do estabelecimento do direito à 
informação e à obtenção de dados em natureza difusa. Desse modo, a legislação define instrumentos destinados a 
difundir a informação ambiental, sendo eles: 
 
• Relatório de Impacto ao Meio Ambiente – RIMA; 
• “Selo Ruído” contra a Poluição Sonora; 
• Relatório de Qualidade Ambiental; 
• Publicação do pedido de licenciamento ambiental. 
 
9. Princípio da Educação Ambiental 
Coloca a educação ambiental como um instrumento de conscientização pública sobre a proteção ambiente, que surgiu 
na Estocolmo 72, através do Princípio 19. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do 
meio ambiente; 
 
Assim, por lei, passa-se a inserir a educação formal nos planos de ensino, seja a forma de educação ambiental formal, 
que é aquela desenvolvido no âmbito dos currículos de instituições de ensino públicas e privadas, seja na forma de 
educação ambiental informal, aquela não vinculada aos currículos escolares. 
 
10. Princípio da Integração (Princípio da Ubiquidade) 
Trata da obrigatoriedade de integração das exigências ambientais na definição e aplicação das políticas públicas. 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 8 
11. Princípio da Proibição do Retrocesso Ambiental 
Trata da questão das garantias de proteção ambiental que, uma vez conquistadas, não podem retroagir, através de 
medidas legislativas e executivas. 
 
Tem o objetivo de preservar o bloco normativo, constitucional e infraconstitucional, já consolidado no ordenamento 
jurídico, impedindo ou assegurando o controle de atos que venham provocar a sua supressão ou restrição dos níveis 
de efetividade vigentes dos direitos fundamentais. 
 
 
ORDEM CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
1. Tratamento na Constituição 
Se tem algumas referências expressas na Constituição, sendo elas: 
 
• Art. 5º, LXXII: ACP Ambiental. 
• Art 23, VI: Competência Comum; 
• Art 24, VI e VII: Competência Concorrente; 
• Art. 129, III: Função Institucional do MP – proteção do meio ambiente); 
• Art. 170, VI: Princípio da Ordem Econômica; 
• Art. 182: Política Urbana no Brasil; 
• Art. 200, VIII: Meio Ambiente do Trabalho; 
• Art. 225: Centro do Sistema Constitucional do Meio Ambiente. 
 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
 
→ TODOS: onde entra a discussão das correntes, onde se debate se são todos os seres vivos ou apenas os seres 
humanos. Todavia, se entende, majoritariamente no Brasil, que todos são os seres humanos brasileiros e estrangeiros 
que residem no Brasil. 
 
→ BEM DE USO COMO DO POVO: se discute se é um bem público ou privado. 
 
→ ESSENCIAL À SADIA QUALIDADE DE VIDA: ou seja, direito fundamental. 
 
→ DEVER DO PODER PÚBLICO E DA COLETIVIDADE DE DEFENDER E PRESERVAR: o dever fundamental. 
 
→ PRESENTES E FUTURAS GERAÇÕES: caráter intrageracional. 
 
1.1. Deveres do Poder Público 
Estão dispostos no §1º do art. 225. 
 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I - Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa 
e manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente 
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que 
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV - Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação 
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; → PAPEL IMPORTANTE DO 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL 
V - Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para 
a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 9 
VI - Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do 
meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, 
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
VIII - manter regime fiscal favorecido para os biocombustíveis destinados ao consumo final, na forma de lei 
complementar, a fim de assegurar-lhes tributação inferior à incidente sobre os combustíveis fósseis, capaz de garantir 
diferencial competitivo em relação a estes, especialmente em relação às contribuições de que tratam a alínea "b" do 
inciso I e o inciso IV do caput do art. 195 e o art. 239 e ao imposto a que se refere o inciso II do caput do art. 155 desta 
Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 123, de 2022) 
 
1.2. Demais parágrafos 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com 
solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, 
a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. → 
RESPONSABILIDADE TRÍPLICE (CIVIL, ADMINISTRATIVA E PENAL) 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são 
patrimônio nacional, e suautilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do 
meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à 
proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão 
ser instaladas. 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas 
que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, 
registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas 
por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 
2017) 
 
→ Requisitos necessários para que uma prática não seja considerada maus tratos: 
• Prática desportiva; 
• De manifestação cultural; 
• Integrante do patrimônio nacional; 
• Com lei específica que regulamenta. 
 
2. Competências Constitucionais Ambientais 
Competência material é aquela competência para criar política pública, podendo exercer, por exemplo, o poder de 
polícia de combater a poluição. 
 
→ COMPETÊNCIA COMUM: diz respeito à proteção do meio ambiente, ao combate a poluição em qualquer das suas 
formas, preservar florestas, fauna e flora e registrar, acompanhar e fiscalizar a concessões de direitos de pesquisa e 
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios. 
 
Já a competência concorrente trata da permissão da Constituição de legislar, mais especificamente a União, os Estados 
membros e o DF. Assim, a União tem competência sobre as normas gerais, e os Estados e o DF, possuem competência 
suplementar, ou seja, complementar e supletiva. 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens 
naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV - Impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico 
ou cultural; 
VI - Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais 
em seus territórios; 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 10 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal 
e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) 
→ COMPETÊNCIA CONCORRENTE: diz respeito à competência de legislar sobre as florestas, a caça, pesca, fauna, 
conservação e defesa dos recursos naturais, à proteção do meio ambiente, ao controle de poluição e à proteção do 
patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico. 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
VI - Florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 
ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, 
turístico e paisagístico; 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - Legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; (Vide ADPF 672) 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade 
de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; 
IV - Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; 
V - Organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, 
incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
VI - Manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação infantil e de ensino 
fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da 
população; 
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do 
parcelamento e da ocupação do solo urbano; 
IX - Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e 
estadual. 
 
→ COMPETENCIA PRIVATIVA DA UNIÃO: a competência privativa da União trata da matéria relacionada à aguas, 
energia, jazidas, minas e outros recursos minerais e atividade nucleares. 
 
Art. 21. Compete à União: 
I - Manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais; 
II - Declarar a guerra e celebrar a paz; 
III - assegurar a defesa nacional; 
IV - Permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 
15/08/95:) 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com 
os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos; 
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária; 
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham 
os limites de Estado ou Território; 
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros; 
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; 
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito 
XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 115, de 2022) 
 
 
 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 11 
POLÍTICA E SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
1. Política Nacional do Meio Ambiente 
A política nacional do meio ambiente, em síntese, trata da atuação da administração publica na tutela do meio ambiente. 
Ou seja, trata dos movimentos articulados do Poder Público com vistas a estabelecer os mecanismos capazes de 
promover a utilização de recursos ambientais de forma mais eficiente possível. Trata sempre do meio ambiente natural. 
Encontra sua base legislativa nas seguintes leis: 
 
• Política Ambiental Federal: Lei Federal nº 6.938/81; 
• Política Ambiental Estadual: Lei Estadual nº 10.431/06; 
• Política Ambiental Municipal: Lei Municipal. nº 8.915/15. 
 
1.1. Conceitos básicos da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
I - Meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; 
II - Degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientaisestabelecidos; 
IV - Poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade 
causadora de degradação ambiental; 
V - Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o 
solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) 
 
Esses conceitos são balizadores da decisão a ser tomada a partir de uma questão do direito ambiental. 
 
MEIO AMBIENTE 
O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
DEGRADAÇÃO DA QUALIDADE 
AMBIENTAL 
A alteração adversa das características do meio ambiente. 
POLUIÇÃO 
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou 
indiretamente cause uma das 5 hipóteses definida em lei. 
POLUIDOR 
A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou 
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; 
RECURSOS AMBIENTAIS 
A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar 
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. 
 
1.2. Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA 
Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: 
I - O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; 
II - O zoneamento ambiental; (Regulamento) 
III - a avaliação de impactos ambientais; 
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; 
V - Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a 
melhoria da qualidade ambiental; 
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais 
como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 
7.804, de 1989) 
 VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; 
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4297.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7804.htm#art1vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7804.htm#art1vi
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 12 
IX - As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou 
correção da degradação ambiental. 
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do 
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) 
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, 
quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) 
 XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos 
ambientais (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) 
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. (Incluído pela 
Lei nº 11.284, de 2006) 
 
Ainda, existem outros instrumentos que se destacam: 
 
→ PADRÃOES DE QUALIDADE AMBIENTAL: Fixado pelo CONAMA, em seu art. 8º, VI e VII. Importante vetor de Segurança 
para a Administração, através da fixação de metas e condicionantes no licenciamento, e para a população, através do 
planejamento dos empreendimentos de acordo com padrões técnicos. 
 
→ ZONEAMENTO AMBINETAL OU ZONEAMENTO ECOLÓGICO ECONÔMICO: atribuída à União, Estados, DF e 
Municípios. Estabelece as diretrizes gerais, objetivos e aspectos que devem ser levados em consideração para fixação 
de zonas de proteção ambiental. Divide-se o território em parcelas nas quais se autoriza determinadas atividades ou se 
interdita de forma total ou parcial. Não substituiu o Plano de Desenvolvimento Urbano – PDDU. 
 
→ SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE O MEIO AMBIENTE: trata do direito a informações ambientais, 
estabelecida através da Lei Federal nº 10.650/13, que atribui o acesso público aos dados e informações existentes nos 
órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. 
 
→ CADASTRO TÉCNICO FEDERAL DE ATIVIDADE E INTRUMENTOS DE DEFESA AMBIENTAL: trata de um registro 
obrigatório de entidades que desenvolvem atividades consideradas por lei como potencialmente poluidoras, 
utilizadoras de recursos ambientais e, ainda, atividades de defesa ambiental. 
 
→ SERVIDÃO AMBIENTAL: disposto no art. 9-A da PNMA. Trata do proprietário rural que voluntariamente renuncia, em 
caráter permanente ou temporário, total ou parcialmente, o direito de uso, exploração ou supressão de recursos naturais 
existentes em sua propriedade. É instituída mediante anuência do órgão ambiental competente. Possui a necessidade 
de averbação no cartório de Registro de Imóveis e não pode ser instituída em APP ou Reserva Legal. Destaca-se, ainda, 
que a servidão não pode ser em área inferior àquela da Reserva Legal. 
 
Art. 9º-A. O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento público ou particular 
ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do Sisnama, limitar o uso de toda a sua propriedade ou 
de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. 
 
→ CONCESSÃO FLORESTAL: trata da delegação onerosa do direito de praticar manejo florestal sustentável de Florestas 
Públicas, conforme o disposto na Lei 11.284/06. 
 
 1.2.1. Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA 
 
Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato gerador é o exercício regular do 
poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA para 
controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. 
 
Tem como sujeito passivo todo aquele que exerça as atividades constantes no Anexo VIII do PNMA, atribuída, ainda, a 
obrigação acessória de entrega ao IBAMA de relatório de atividades até 31 de março de cada ano. 
 
Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aquele que exerça as atividades constantes do Anexo VIII desta Lei. 
§ 1º O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o dia 31 de março de cada ano relatório das atividades exercidas 
no ano anterior, cujo modelo será definido pelo IBAMA, para o fim de colaborar com os procedimentos de controle e 
fiscalização. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7804.htm#art1vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7804.htm#art1vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7804.htm#art1vi
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11284.htm#art84
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11284.htm#art84
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm#anexoviii
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 13 
Sobre a isenção da TCFA, destaca-se: 
 
Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, distritais, estaduais e municipais, as 
entidades filantrópicas, aqueles que praticam agricultura de subsistência e as populações tradicionais. 
 
1.3. Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA 
Trata do poder publico que diz respeito a todos os entes da federação, considerando o disposto na Lei 6.938/81 (PNMA). 
É, então, o conjunto de órgãos ou instituições, vinculadas ao Poder Executivo que são encarregados da proteção ao 
Meio Ambiente. Sendo esses os órgãos: 
 
Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como 
as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão 
o Sistema Nacionaldo Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: 
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da 
política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada pela 
Lei nº 8.028, de 1990) 
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, 
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos 
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, 
supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio 
ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 
IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto 
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar 
a política e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas competências; 
(Redação dada pela Lei nº 12.856, de 2013) 
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo 
controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 
1989) 
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas 
suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989) 
§ 1º - Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaborarão normas supletivas e 
complementares e padrões relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA. 
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também poderão elaborar as normas 
mencionadas no parágrafo anterior. 
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão fornecer os resultados das 
análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por pessoa legitimamente interessada. 
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma Fundação de apoio técnico 
científico às atividades do IBAMA. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989) 
 
ÓRGÃO SUPERIOR CONSELHO DO GOVERNO 
ÓRGÃO CENTRAL MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA 
ÓRGÃO CONSULTIVO E DELIBERATIVO CONAMA 
ÓRGÃO EXECUTOR IBAMA E ICMBio 
ÓRGÃO SECCIONAIS ÓRGÃOS ESTADUAIS 
ÓRGÃO LOCAIS ÓRGÃOS MUNICIPAIS 
 
1.3.1. Cooperação Administrativa entre órgãos do SISNAMA 
A tutela do meio ambiente é uma competência comum da União, dos Estados, Municípios e do DF, de modo que a Lei 
Complementar Federal foi criada para auxiliar esses entes a tutelarem coletivamente. Assim, é possível de haja uma 
delegação de competência entre esses entes. 
 
Art. 4o Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação institucional: 
I - Consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor; 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 14 
II - Convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e entidades do Poder Público, 
respeitado o art. 241 da Constituição Federal; 
III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito Federal; 
IV - Fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos; 
V - Delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar; 
VI - Delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos 
nesta Lei Complementar. 
§ 1o Os instrumentos mencionados no inciso II do caput podem ser firmados com prazo indeterminado. 
§ 2o A Comissão Tripartite Nacional será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e 
descentralizada entre os entes federativos. 
§ 3o As Comissões Tripartites Estaduais serão formadas, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos da 
União, dos Estados e dos Municípios, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada 
entre os entes federativos. 
§ 4o A Comissão Bipartite do Distrito Federal será formada, paritariamente, por representantes dos Poderes Executivos 
da União e do Distrito Federal, com o objetivo de fomentar a gestão ambiental compartilhada e descentralizada entre 
esses entes federativos. 
§ 5o As Comissões Tripartites e a Comissão Bipartite do Distrito Federal terão sua organização e funcionamento regidos 
pelos respectivos regimentos internos. 
 
→ INTRUMENTOS DE COOPERAÇÃO DA TUTELA DO MEIO AMBIENTE (Art. 4º, a LC 140/11): 
• Consórcios Públicos. 
• Convênios, Acordos de cooperação técnica. 
Podem ser firmados por prazo indeterminado 
• Criação de: 
Comissão Tripartite Nacional; 
Comissão Tripartite Estadual; e 
Comissão Bipartite do DF. 
• Fundos Públicos e Privados. 
• Delegação de Atribuições de um ente federativo para o outro. 
• Delegação de Execução de Ações Administrativas de um ente para outro 
 
1.3.2. Delegabilidade de Atribuições 
Art. 4º Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação institucional: 
V - Delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previstos nesta Lei Complementar; 
 
A delegabilidade é um instrumento que viabiliza a cooperação administrativa, sendo necessário, assim, o cumprimento 
de dois requisitos: 
 
• O ente federativo que receber a delegação possua um Órgão Ambiental Capacitado a executar as ações 
administrativas a serem delegadas, considerando que este órgão é aquele que possui seus técnicos próprios ou 
em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível com a demanda das ações administrativas a 
serem delegadas. 
• O ente federativo que receber a delegação possua Conselho do Meio Ambiente, que é um órgão consultivo e 
deliberativo, com objetivo de fazer a fiscalização ambiental das decisões administrativas do órgão. 
 
1.3.3. Órgãos do SISNAMA 
 
• Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (Órgão Consultivo e Deliberativo) 
Um órgão consultivo e deliberativo é um órgão capacitado de editar normas gerais e abstratas do meio ambiente, no 
âmbito das suas competências. 
 
Assim, o CONAMA tem o objeto de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes e políticas 
governamentais para o Meio Ambiente e, ainda, deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões 
compatíveis com o Meio Ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 15 
Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como 
as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão 
o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, assim estruturado: 
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, 
estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos 
naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente 
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 
 
→ COMPETÊNCIAS DO CONAMA (art 8ª doPNMA): 
 Estabelecer normas e critérios para o licenciamento; 
 Determinar e apreciar o EIA/RIMA; 
 Julgar recursos administrativos das multas do IBAMA; 
 Editar normas e resoluções e padrões de qualidade ambiental. 
 
Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 
I - Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou 
potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA; 
II - Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências 
ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a 
entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos 
relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas 
patrimônio nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990) 
IV - Homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na obrigação de executar medidas de 
interesse para a proteção ambiental; (VETADO); 
V - Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder 
Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em 
estabelecimentos oficiais de crédito; (Redação dada pela Vide Lei nº 7.804, de 1989) 
VI - Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, 
aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; 
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com 
vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos. 
 
→ COMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS CONAMA (art. 4º do Decreto nº 99.274/90): 
 Plenário; 
 Câmara Especial Recursal, que julga recursos contra atos do IBAMA; 
 Comitê de Integração de Políticas Ambientais; 
 Câmaras Técnicas; 
 Grupos de Trabalho; 
 Grupos Assessores. 
 
 Obs.: Competência Recursal do CONAMA → Revogação do inc. III do caput do art. 8º da PNMA pela lei 11.941/09. 
 
• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (Órgão Executor) 
Uma das autarquias federais mais antigas do Brasil, instituída através da Lei nº 7735/89. 
 
→ ATRIBUIÇÕES DO IBAMA (art. 2º da Lei 7735/89): 
 Exercer o Poder de Polícia Ambiental; 
 Executar Ações das PNMA, referentes às atribuições federais relativas: Licenciamento Ambiental; Controle da 
Qualidade Ambiental; Autorização de uso dos recursos naturais; Fiscalização, Monitoramento e Controle 
Ambiental a partir de diretrizes do MMA; 
 Executar ações supletivas de competência da União; 
 
• Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (Órgão Executor) 
É uma outra autarquia federal, estabelecida através da Lei 11.516/07, focada em exercer o poder de polícia nas unidades 
de conservação federais. Busca auxiliar o IBAMA na preservação das unidades de conservação. 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 16 
→ ATRIBUIÇÕES DO INSTITUTO CHICO MENDES (art. 1º da Lei 11.516/07): 
Art. 1º Fica criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, autarquia 
federal dotada de personalidade jurídica de direito público, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao 
Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de: 
I - Executar ações da política nacional de unidades de conservação da natureza, referentes às atribuições federais 
relativas à proposição, implantação, gestão, proteção, fiscalização e monitoramento das unidades de conservação 
instituídas pela União; 
II - Executar as políticas relativas ao uso sustentável dos recursos naturais renováveis e ao apoio ao extrativismo e às 
populações tradicionais nas unidades de conservação de uso sustentável instituídas pela União; 
III - fomentar e executar programas de pesquisa, proteção, preservação e conservação da biodiversidade e de educação 
ambiental; 
IV - Exercer o poder de polícia ambiental para a proteção das unidades de conservação instituídas pela União; e 
V - Promover e executar, em articulação com os demais órgãos e entidades envolvidos, programas recreacionais, de uso 
público e de ecoturismo nas unidades de conservação, onde estas atividades sejam permitidas. 
Parágrafo único. O disposto no inciso IV do caput deste artigo não exclui o exercício supletivo do poder de polícia 
ambiental pelo 
 
• Sistema Estadual de Proteção Ambiental da Bahia 
→ Órgão Central: Secretaria Estadual do Meio Ambiente – SEMA, o equivalente ao Ministério do Meio Ambiente. 
 
→ Órgão Deliberativo e Consultivo: Conselho Estadual de Meio Ambiente – CEPRAM, instituído a partir da Lei Estadual 
nº 10.431/06, equivalente ao CONAMA, e o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH, instituído a partir da Lei 
Estadual nº 11.612/09, focado na proteção de recursos hídricos. 
 
→ Órgão Executor: Antigo CRA, Extinção do IMA (Meio Ambiente) e INGÁ (Gestão de Águas), além da Criação do 
Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA, através da Lei Estadual nº 12.212/11, que faz as vezes o papel 
do IBAMA. 
 
 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL E ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA 
 
1. Licenciamento ambiental 
Licenciamento é o procedimento administrativo que pode gerar ao final dele, uma licença ambiental que é um ato 
administrativo. A diferença entre procedimento e ato administrativo é fundamental, vez que o primeiro é uma sequência 
de atos, que tem como produto um ato. 
 
LICENCIAMENTO AMBIENTAL → PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO 
 
LICENÇA AMBIENTAL → ATO ADMINISTRATIVO 
 
A lógica de licenciar algo está apoiado no caráter preventivo, considerando os princípios da precaução e da prevenção. 
A decisão da concessão ou não de uma licença ambiental se da através de uma lógica de avaliação de risco. É o momento 
em que o Estado vai regular o livre empreendedorismo no país, a partir de ideias ambientais, por isso que flexibilizar 
esse procedimento administrativo é uma caminho aberto para banalização dos princípios ambientais. Não se pode dar 
uso ao “bem de uso comum do povo” sem pedir autorização do Estado, conforme o disposto no art. 225 da CF, 
fundando-se, aí, a justificativa do Estado para atuar dessa maneira. 
 
→ DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA: Quando o requerimento é apresentado, é inaugurado o licenciamento 
ambiental, gerando, ao final, uma decisão administrativa discricionária, não sendo considerada, pela maioria da doutrina, 
como uma decisão vinculada. A licença ambiental é um ato administrativo em caráter definitivo, cujo cancelamento 
pode gerar ao particular direito a receber indenização. Nota-se, portanto, uma enorme carga de discricionariedade na 
decisão final de concessão da licença, considerando o conceito do desenvolvimento sustentável. Em pese sim, seja um 
ato discricionário, carrega possibilidades de vincular o Poder Público, em algumas instâncias, até para fornecer a 
segurança jurídica à sociedade 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 17 
1.1. Procedimento do licenciamento ambiental 
O processo de licenciamento ambiental é de competência concorrente de todos os entes da federação. Assim, não existe 
uma norma uniforme de procedimento de licenciamento ambiental no Brasil, vez que a União possui a sua norma 
procedimental, os estados as suas, bem como os municípios. 
Todavia, o procedimento seguido, na maioria dos casos, é o tratado no art.10 da Resolução do CONAMA nº 237/97, 
que é o da União, tido, assim, como um padrão. 
 
Art. 10º- O procedimento de licenciamento ambiental obedecerá às seguintes etapas: 
I - Definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e 
estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamentocorrespondente à licença a ser requerida; 
II - Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos 
ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; 
III - Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais 
apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias; 
IV - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, 
uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, 
podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido 
satisfatórios; 
V - Audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; 
VI - Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências 
públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não 
tenham sido satisfatórios; 
VII - Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; 
VIII - Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. 
§ 1º - No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a certidão da Prefeitura 
Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação 
aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para 
o uso da água, emitidas pelos órgãos competentes. 
§ 2º - No caso de empreendimentos e atividades sujeitos ao estudo de impacto ambiental - EIA, se verificada a 
necessidade de nova complementação em decorrência de esclarecimentos já prestados, conforme incisos IV e VI, o 
órgão ambiental competente, mediante decisão motivada e com a participação do empreendedor, poderá formular 
novo pedido de complementação. 
 
 
Esse é o rito mais padrão, todavia, há como se estabelecer procedimento específicos para as licenças ambientais, 
considerando que algumas atividade económicas precisam de um tratamento mais especializado. Assim, a Constituição 
Definição dos documentos, projetos e estudos 
necessários, estipulados previamente pelo órgão 
ambiental competente
Requerimento de licença ambiental que uma vez 
apresentado, deve ser dado publicidade. Deve 
conter, no minimo, uma certidão da Prefeitura 
Municipal e uma autorização para supressão de 
vegetação - ASV, quando o necessário para a 
construção do negócio, para que o orgão ambiental 
autorize o desmatamento 
Análise dos 
documentos, projetos 
e estudos
Solicitação de 
esclarecimentos e 
compementações 
sobre o que foi 
apresentado
Audiência pública -
não é necessária em 
todos os casos
Solicitação de 
esclarecimentos e 
complementações 
sobre as audiencias 
públicas - caso seja 
necessário. 
Emissão de parecer 
técnico conclusivo, 
elaborados por 
técnicos, e, quando 
couber, parecer 
jurídico. 
Com base nos 
pareceres emitidos, 
será decidada a 
concessão, ou não,a 
licença ambiental, que 
deve ser publicada.
Procedimento prévio: cerca de 2 anos. 
Requerimento até decisão: 6 meses-1 ano. 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 18 
outorga competência para que os entes estabelecem esses procedimento, para satisfazer a necessidade de determinada 
situação. Não se trata de uma liberdade plena, por mais que haja uma outorga de competência, de modo que devem 
ser considerados os seguintes fundamentos: 
 
• Natureza, característica e peculiaridades da atividade ou empreendimento; 
• Compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implementação e operação. 
 
Art. 12º da Resolução do CONAMA nº 237/97 - O órgão ambiental competente definirá, se necessário, procedimentos 
específicos para as licenças ambientais, observadas a natureza, características e peculiaridades da atividade ou 
empreendimento e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, 
implantação e operação. 
§ 1º - Poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados para as atividades e empreendimentos de pequeno 
potencial de impacto ambiental, que deverão ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. 
§ 2º - Poderá ser admitido um único processo de licenciamento ambiental para pequenos empreendimentos e atividades 
similares e vizinhos ou para aqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, previamente, pelo órgão 
governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de empreendimentos ou 
atividades. 
§ 3º - Deverão ser estabelecidos critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das 
atividades e empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a 
melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental. 
 
Adicionalmente, se tem, por vezes, a necessidade de criar critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de 
licenciamento ambiental das atividades e empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de 
gestão ambiental. 
 
Há, então, a possibilidade de se instituir procedimento simplificado de licenciamento ambiental, de competência dos 
entes federativos, após aprovação pelos respectivos Conselhos de Meio Ambiente. Entretanto, o único processo de 
licenciamento ambiental é para empreendimentos ou atividades de pequeno potencial de impacto ambiental, essas 
definidas em um rol extenso, pelos Estados. Trata daqueles integrantes de planos de desenvolvimento aprovados, 
previamente, pelo órgão governamental competente, desde que definida a responsabilidade legal pelo conjunto de 
empreendimentos ou atividades. 
 
1.2. Estágios do Licenciamento Ambiental 
Esse tema é regulamentado por todos os entes da federação, ou seja, do ponto de vista prático, cada ente tem o seu 
procedimento licitatório específico. Dessa forma, o passo a passo serve como referência, mas não necessariamente será 
o mesmo em cada cidade do Brasil, por exemplo. 
 
O licenciamento ambiental não é simples, de modo que a sua burocracia tem vários níveis, de mais simples aos mais 
complexos. Nesse sentido, cumpre destacar licenciamento trifásico, que ocorre, logico, em três fases, divididas em: 
 
LICENÇA PRÉVIA → LICENÇA DE INSTALAÇÃO → LICENÇA DE OPERAÇÃO/FUNCIONAMENTO 
 
Não é qualquer empreendimento no Brasil que precisa ter essas três fases, não sendo necessário, por exemplo, os 
pequenos empreendimento se submeterem à emissão das três licenças, sendo necessária apenas aos grandes 
empreendimentos. Cada licença tem uma razão de ser e, por isso, confere direitos ao empreendedor. 
 
Art. 8º/CONAMA nº 237/97 - O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes 
licenças: 
I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua 
localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a 
serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; 
 
→ LICENÇA PRÉVIA: é quando o empreendedor tem a licença prévia, ele tem a certeza de que o local e o projeto 
apresentado foram avaliados pelo Órgão Ambiental e aprovados, ou seja, atesta a viabilidade ambiental do exercício 
daquele empreendimento e, ainda, estabelece os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 19 
fases de implementação. Só da comprovação de que o projeto, em determinada área, é viável, em termos ambientais. 
Possui validade de até 5 anos, condicionada à aprovação da licença que deve ser emitida em seguida. 
 
II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações 
constantes dos planos,programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais 
condicionantes, da qual constituem motivo determinante; 
 
→ LICENÇA DE INSTALAÇÃO: permitirá, uma vez conseguida, a instalação, ou construção, do empreendimento. Uma 
vez obtida, permite que as construções sejam iniciadas. Deve estar de acordo com as especificações constantes dos 
planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. Possui 
validade de até 6 anos, ou seja, até 6 anos para construir. 
 
III - Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo 
cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes 
determinados para a operação. 
Parágrafo único - As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, 
características e fase do empreendimento ou atividade. 
 
→ LICENÇA DE OPERAÇÃO/FUNCIONAMENTO: permitirá que o empreendimento seja aberto ao publico, ou seja, que 
desenvolva a sua atividade econômica. Realizará uma auditoria para verificar se todas as condicionantes, desde a licença 
prévia, foram cumpridas pelo empreendedor. Assim, impõe medidas de controle ambiental e condicionantes 
determinados para a operação. Possui validade de 04 a 10 anos, de modo que, ao final do prazo, pode ocorrer a 
renovação desta licença, devendo ser solicitada com antecedência mínima de 120 antes da data de encerramento do 
prazo. O procedimento de renovação esta disposto no art. 14 da Lei Complementar nº 140. 
 
Art. 14º/LC nº 140. Os órgãos licenciadores devem observar os prazos estabelecidos para tramitação dos processos de 
licenciamento. 
§ 4º A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da 
expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a 
manifestação definitiva do órgão ambiental competente. 
 
1.2.1. Prazos de análise para a concessão das Licenças Ambientais 
Se tem a disposição normativa sobre os prazos na Lei Complementar nº 140 e na Resolução do CONAMA nº 237/97. 
 
Como regra geral, o prazo desde o requerimento até a decisão final, demora no mínimo 6 meses, a contar do protocolo 
do requerimento, podendo ser maior, em caso de procedimentos licenciatório ambientais em que ocorrem audiências 
publica ou exigir o REA e o RIMA, a lei permite que seja, no mínimo, em até 12 meses. 
 
→ HIPÓTESES DE SUSPENSÃO DO PRAZO: 
• Durante a elaboração dos Estudos Ambientais; 
• Preparação de esclarecimentos pelo Empreendedor, de modo que ele não pode se utilizar do prazo para 
responder ao órgão como forma de atrasar o processo e alegar que o órgão não cumpriu o prazo. 
 
Em relação ao decurso do prazo sem a licença ambiental, não há o que se falar em licença tácita no Brasil, que se 
consideraria o pedido deferido, em caso da não decisão do órgão ambiental em relação ao requerimento. Mas, no Brasil, 
se tem uma única possibilidade, que é a hipótese de se fazer uso supletivo da competência dos outros entes. 
 
Art. 15º/LC nº 140. Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e 
na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses: 
I - Inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União 
deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; 
II - Inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar 
as ações administrativas municipais até a sua criação; e 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve 
desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos. 
 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 20 
Caso a “culpa” da demora não seja relacionado com a atuação do órgão, mas sim do empreendedor, ultrapassando o 
prazo de 180 dias, o órgão ambiental pode arquivar o requerimento. 
 
Art. 16º/CONAMA nº 237/97 - O não cumprimento dos prazos estipulados nos artigos 14 e 15, respectivamente, 
sujeitará o licenciamento à ação do órgão que detenha competência para atuar supletivamente e o empreendedor ao 
arquivamento de seu pedido de licença. 
 
Art. 17º/CONAMA nº 237/97 - O arquivamento do processo de licenciamento não impedirá a apresentação de novo 
requerimento de licença, que deverá obedecer aos procedimentos estabelecidos no artigo 10, mediante novo 
pagamento de custo de análise. 
 
1.2.2. Modificação, Suspensão e Cancelamento da Licença Ambiental 
Todas podem ocorrer, desde que respeitado o devido processo legal e, ainda, se estar diante das seguintes hipóteses: 
• Violação ou inadequação de quaisquer condicionantes ou normas legais (cancelamento ou suspensão); 
• Omissão ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da licença (cancelamento 
ou suspensão); 
• Superveniência de graves riscos ambientais e da saúde (cancelamento e modificação). → ÚNICA HIPÓTESE QUE 
PERMITE A INDENIZAÇÃO DO DONO DO EMPREEDIMENTO. 
 
Caso ocorra a modificação, suspensão ou cancelamento da licença ambiental, a indenização ao empreendedor só será 
possível quando houver fatos e provas novas de que a licença não mais atenda às exigências ambientais. 
 
1.3. Competência para o Licenciamento Ambiental 
No Brasil, todos os entes federativos podem licenciar, todavia, a Lei Complementar nº 140 disciplina essa competência 
e, ainda, estabelece requisitos para. Também é aplicável, para tanto, a Resolução CONAMA nº 237/97. 
 
→ REQUISITOS PARA OS ENTES LICENCIAREM (art. 15/LC nº 140): 
• Possuir conselhos de Meio Ambiente, através de lei, de caráter deliberativo e participativo; 
• Possuir quadros de profissionais legalmente habilitados. 
 
É importante destacar que os empreendimentos não poderão ser licenciados por mais de um ente federativo, conforme 
o disposto no art. 13 da Lei Complementar nº 140. Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao 
órgão responsável pela licença ou autorização de maneira não vinculante. 
 
Art. 13º. Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente 
federativo, em conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei Complementar. 
§ 1º Os demais entes federativos interessados podem manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, 
de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental. 
 
→ CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA A DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA: 
• Dominialidade do bem; 
• Critério geográfico; 
• Alcance dos impactos ambientais diretos do empreendimento, o impacto de âmbito local; 
• Ente instituidor da unidade de conservação; 
• Atividades que lidem com material radiativo; 
• Caráter militar. 
 
1.3.1. Competência da União para licenciar 
É o que disposto no art. 7º, XIV da Lei Complementar nº 140. 
 
Art. 7º São ações administrativas da União: 
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; 
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; 
Aluna: Flávia P. Crusoé 
 21 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção 
Ambiental (APAs); 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos 
no preparo e emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; 
g) destinados a pesquisar,

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