Buscar

Fluter-Diafragmatico-Sincronico-em-Equinos-de-Enduro

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA 
VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA 
DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 
 
1 
 
Flúter Diafragmático Sincrônico em Equinos de Enduro 
 
 
Janaina Carolina de Sá¹, Kátia de Oliveira², Fraine Natacha Aléssio¹, Juliana Silva 
Rodrigues¹, Thais Paixão Suleiman¹, Reges Heinrichs² 
1 Graduandas do curso de Zootecnia, UNESP/Campus Experimental de Dracena, e-mail: 
janainadesa@dracena.unesp.br 
2 Professor Assistente, Dr., UNESP/Campus Experimental de Dracena, e-
mail: katia@dracena.unesp.br 
 
 
Introdução 
O Flúter Diafragmático Sincrônico (FDS) acomete principalmente cavalos que são 
submetidos a condições de alta temperatura e elevada umidade relativa do ar, mas existem 
outras condições que levam ao seu aparecimento, é muito comum o desenvolvimento desse 
distúrbio em animais praticantes da modalidade de enduro equestre. O FDS ocorre devido a 
uma alteração nos níveis de eletrólitos e no balanço ácido básico. A principal alteração 
eletrolítica associada ao FDS é a alcalose metabólica hipoclorêmica com hipocalcemia, 
hipocalemia e hipomagnesemia. O tratamento é feito através da reposição dos eletrólitos, a 
administração intravenosa de cálcio resulta em uma melhora clínica imediata.(LIMA, 2005). 
Por outro lado, a contribuição de eletrólitos e água antes, durante e após as competições irá 
minimizar ou reduzir a alcalose metabólica, reduzindo assim o risco de desenvolvimento do 
flúter diafragmático sincrônico (CARLSON, 1985; FLAMÍNIO e RUSH, 1998 apud TRIGO 
2011, p.40). 
 
 
Desenvolvimento 
Em algumas provas equestres como enduro e as marchas, nas quais o animal 
percorre longas distâncias, o aporte de nutrientes e de eletrólitos mantidos em seu trato 
digestório é fundamental para que o animal possa concluir eficientemente as provas. 
Aproximadamente 90% da perda de peso representam mudanças no balanço dos fluídos, 
sendo a perda de peso durante as provas de enduro largamente atribuída à desidratação 
(LEWIS, 2000; NRC, 2007 apud RIBEIRO, et al., 2011). 
O enduro é uma modalidade do esporte equestre caracterizado por um esforço 
aeróbio prolongado, de intensidade variável em que o cavalo é submetido a trabalho 
permanente que muito exige dos sistemas orgânicos, para que seja mantida a homeostasia 
(TEIXEIRA NETO et al., 2004). 
O Flúter Diafragmático Sincrônico, trata-se de uma condição que acomete 
geralmente cavalos que são submetidos a exercícios prolongados em condições de elevadas 
mailto:janainadesa@dracena.unesp.br
mailto:katia@dracena.unesp.br
VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA 
VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA 
DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 
 
2 
 
temperatura e umidade relativa do ar, sendo assim relativamente comum em cavalos 
submetidos a provas de enduro (CARLSON, 1987, apud LIMA, 2005, p. 7). 
O FDS é definido como uma contração espasmódica do diafragma sincronicamente 
com o batimento cardíaco (FOWLER, 1980, apud LIMA, 2005, p. 8). Foi identificado em 1831 
por um veterinário que observou “batidas” no flanco de um cavalo que havia percorrido 
aproximadamente 21 Km sem parada. Ele acreditava que a “batida” provinha da contração 
do diafragma, a condição durou umas 18 horas (MANSMANN et al., 1974, apud LIMA, 2005, 
p. 8). 
Segundo Lima (2005), o FDS representa sinais de desbalanço eletrolítico e fadiga, 
ou seja, é um indicador notável de exaustão. Em paradas veterinárias onde os animais não 
recebem a reposição adequada de eletrólitos. Esse desequilíbrio não deve por si só ser 
considerado uma ameaça a vida do animal, porém é um indicativo que a condição 
metabólica leve ou moderada que pode estar se tornando mais séria. É recomendado que 
seja retirado da competição o animal que em qualquer momento da prova apresentar o FDS. 
Durante o exercício, a alcalose metabólica associada a depleção de potássio e cálcio 
pode alterar o potencial de membrana e a transmissão neuromuscular, contribuindo para a 
ocorrência do flúter diafragmático sincrônico. A hipocalcemia diminui o limiar de 
despolarização dos nervos para estimulação elétrica, ao passo que a hipocalemia pode 
causar a hiperirritabilidade de nervos longos. O flúter diafragmático sincrônico não é uma 
situação de risco de vida; entretanto sua ocorrência indica grave desequilíbrio de eletrólitos e 
ácido-base e requer intervenção imediata (FLAMÍNIO & RUSH, 1998, apud TEIXEIRA NETO, 
2002, p.9). 
O flúter diafragmático sincrônico é uma manifestação clínica de alterações 
hidroeletrolíticas intensas, que alteram o potencial de repouso do nervo frênico. Esta 
circunstância da lugar a uma estimulação do nervo que passa através do átrio, assim que a 
abertura é contratada simultaneamente para a despolarização atrial (JOSÉ-CUNILLERAS, 
2004, apud TRIGO, 2010, p. 38). A hipocalcemia e a alcalose metabólica hipocloremica são 
as alterações laboratoriais mais comuns nos animais com este sintoma (MANSMANN et al., 
1974, apud TRIGO, 2010, p. 38). Na verdade, o flúter diafragmático sincrônico pode ser 
induzido de forma experimental em equinos com administração hidroeletrolítica pela 
administração de furosemida seguida da administração oral de una solução hipertônica de 
bicarbonato sódico (CARLSON, 1985; JOSÉ-CUNILLERAS, 2004, apud TRIGO, 2010, p. 
38). 
A alcalose aumenta a fração de Ca ligada a proteínas e por tanto, a fração iônica 
decresce. A hipocalcemia iônica pode ser a responsável pela irritabilidade neuromuscular, 
reduzindo o limiar potencial e facilitando a despolarização e a condução nervosa. Por outro 
lado, a hipercalcemia iônica reduz a irritabilidade neuromuscular para elevar o potencial 
limiar. Além disso, tem se indicado que as alterações entre as concentrações de K intra e 
extracelularmente modifica a excitabilidade celular. A hipocalemia hiperpolariza a membrana 
VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA 
VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA 
DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 
 
3 
 
celular, ou seja, a torna negativa, de modo que a irritabilidade neuromuscular diminui, 
enquanto que a hipercalemia ou o esgotamento intracelular de K aumenta o potencial de 
ação, tornando as células mais excitáveis (TRIGO, 2010). 
As alterações típicas de cavalos de resistência são o esgotamento corporal de K, 
alcalose e por tanto, una maior união do Ca a albumina, com hipocalcemia iônica. Por tanto, 
é possível que o conjunto de estas alterações eletrolíticas e metabólicas seja a responsável 
pelo desenvolvimento do flúter diafragmático sincrônico. A incidência do flúter diafragmático 
sincrônico nos cavalos de enduro não está bem estabelecida. De forma general, esta 
patologia é descrita com maior frequência em cavalos mal condicionados e/o treinados e em 
competições que são realizadas em clima quente. Não foi observado predileção sexual, 
racial o por idade, no entanto a reincidência desse processo é elevada (TRIGO, 2010). 
O flúter diafragmático sincrônico é fácilmente diagnosticável, apoiando uma mão 
sobre o flanco, escutando o coração simultaneamente. Observa-se que os movimentos dos 
flancos, conhecidos como a reação de flanco, são sincrônicos com a contração cardíaca, 
mais especificamente com a despolarização atrial. As contrações musculares podem 
demonstrar-se continua ou intermitente e sua intensidade é variável (MASMANN et al., 1974, 
apud TRIGO, 2010, p. 39). Além disso, esses contragolpes musculares aparecem de forma 
bilateral em 70% dos animais, apresentação exclusiva no lado esquerdo é menos frequente e 
a aparição no lado direito é observada em raras ocasiões (MANSMANN et al., 1974, apud 
TRIGO, 2010, p. 39). 
Além disso, se identificam outros sintomas associados a desidratação e alterações 
hidroeletrolíticas, tais como depressão, membranas mucosas secas ou congestionadas, 
enchimento capilar maior, pulso arterial fraco e persistência de taquicardia e taquipnéia após 
o exercício. Apesar desta sintomatologia,alguns cavalos podem mostrar flúter diafragmático 
sincrônico com poucos sintomas de esgotamento (MANSMANN et al., 1974; JOSÉ-
CUNILLERAS, 2004, apud TRIGO, 2010, p. 39). 
Tem sido sugerido que o desenvolvimento de hipocalcemia e a falta de mobilização 
cálcica desde os depósitos ósseos são os principais mecanismos fisiopatológicos implicados 
no flúter diafragmático sincrônico. Além disso, o consumo excessivo de Ca na dieta poderia 
afetar negativamente a resposta normal da glândula paratireóide na hipocalcemia. Por este 
motivo, se tem recomendado limitar o consumo de alfafa aos cavalos de resistência, já que 
esta leguminosa tem entre 1,2 e 1,4% de Ca. No entanto, deve-se lembrar que o efeito da 
ingestão de alimentos com diversificada composição de Ca na secreção do hormônio 
paratiróide não foi investigado no cavalo. Outra manipulação dietética possível é a 
contribuição de dietas aniônicas, as quais tem um excesso de anions sobre os cátions. O 
excesso aniônico aparentemente aumenta a absorção de Ca no trato gastrointestinal e a 
absorção óssea desse mineral (TRIGO, 2010). 
A prevenção do flúter diafragmático sincrônico inclui a suplementação com eletrólitos 
durante a competição. Neste sentido, deve ter cuidado com o uso de produtos comerciais de 
VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA 
VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA 
DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 
 
4 
 
eletrólitos. Muitos destes contém bicarbonato de sódio ou outros compostos alcalinizantes e 
seu uso em eventos acidóticos no equino ou para o tratamento de enfermidades com estado 
de acidose. Devido ao excesso de bases encontrado nos equinos de resistência, posteriores 
suplementações com bicarbonato estão contra-indiciadas e poderiam agravar o flúter 
diafragmático sincrônico (BOFFI, 2010). 
 
 
Conclusão 
O flúter diafragmático sincrônico deve ser prevenido através da suplementação com 
eletrólitos. 
Os limites dos equinos devem ser respeitados, de modo que não sejam submetidos a 
esforços maiores que seu condicionamento, pois treinamento adequado deve ser 
desenvolvido levando em consideração o clima da região em que são realizadas as 
competições. O FDS geralmente vem acompanhado de sinais de desidratação e 
hipovolemia, e se apresentado uma vez tende a se repetir. 
Se o cavalo tiver sintomas de FDS deve ser retirado imediatamente da competição. 
 
 
Referências 
BOFFI, F. M. Síndrome del Equino Exhausto. In:Simpósio da ABRAVEQ Centro-Oeste, 1, 
2010, Brasília. Anais... Brasília, 2010. 
LIMA, C. K. P. Flutter Diafragmático Sincrônico (FDS). 2005. 27 p. Monografia de 
Especialização Latu Sensu. Universidade de Santo Amaro/Hospital Veterinário 
Jockey Club de São Paulo, São Paulo, 2005. 
RIBEIRO et al. Consumo de Nutrientes e Balanço Hídrico em Equinos Recebendo Dietas 
com Diferentes Níveis de Inclusão de Feno de Alfafa. Ciência Animal Brasileira, 
v.12, n.2, p. 228-234, 2011. 
TEIXEIRA-NETO, A.R.; FERRAZ, G.C.; MATAQUEIRO, M.I.; LACERDA-NETO, J.C.; 
QUEIROZ-NETO, A. Reposição eletrolítica sobre variáveis fisiológicas de cavalos em 
provas de enduro de 30 e 60 Km. Ciência Rural, Santa Maria, v.34, n.5, p.1501-
1511, 2004. 
TEIXEIRA NETO, A. R. Termorregulação e Homeostasia Eletrolítica. Medicina Veterinária 
UNESP, Jaboticabal, 2002. Disponível em: 
<http://www.fcav.unesp.br/queiroz/equilibriohidroeletrolitico.pdf>. Acesso em: 2 set. 
2011. 
TRIGO, P. Fisiopatología del Ejercicio en el Caballo de Resistencia. 2010. 111 h. Tesis 
(Doctoral em Medicina Deportiva) - Universidad de Córdoba, España, 2010. 
http://www.fcav.unesp.br/queiroz/equilibriohidroeletrolitico.pdf

Continue navegando

Outros materiais