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PROFESSORAS Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha Me. Michele Vanessa Werner Esp. Andressa Bareta Esp. Priscila de Almeida Souza Esp. Silviane Del Conte Curi Gestão do Sistema Único da Assistência Social e o Trabalho Social com Famílias ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! EXPEDIENTE Coordenador(a) de Conteúdo Maria Cristina Araujo de Brito Cunha Projeto Gráfico e Capa André Morais, Arthur Cantareli e Matheus Silva Editoração Adrian Marçareli dos Santos Design Educacional Amanda Peçanha Revisão Textual Anna Clara Gobbi dos Santos Ilustração Andre Luis Azevedo da Silva Fotos Shutterstock DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. BARETA, Andressa; CUNHA, Maria Cristina Araújo de Brito; SOUZA, Priscila de Almeida; WERNER; Michele Vanessa Gestão do Sistema Único da Assistência Social e o Trabalho com Famílias. Andressa Bareta, Maria Cristina Araújo de Brito Cunha, Michele Vanessa Werner, Priscila de Almeida Souza. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 188p. ISBN 978-85-459-2131-8 “Graduação - EaD”. 1. Social 2. Família 3. Sistema. I. Título. CDD - 22 ed. 362 FICHA CATALOGRÁFICA Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria- mente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for- mando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor- tante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transforma- ção na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos- sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quin- tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu- nidade de fazer a sua mudança! Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Michele Vanessa Werner Olá! Meu nome é Michele Vanessa Werner e vou contar um pouquinho da minha história e meu currículo. Venho de uma cidade no interior do Paraná que se chama Santa Helena. Por ser uma cidade pequena, para fazer faculdade tive que me deslocar por quatro anos para Foz do Iguaçu, onde cursei Relações Internacionais. Por ser um curso muito amplo, na graduação eu estudei desde política, economia, história e comércio exterior, ou seja, toda essa movimentação que existe na sociedade, desde o passado até os dias atuais. Mas, como em todo curso o estudante acaba se identificando mais com algu- ma área específica, eu voltei para a área social. Neste período de graduação, o contato com ONGs e entidades do terceiro setor era muito grande, o que moti- vou após um tempo a procura pelo Mestrado em Serviço Social em busca de conhecer um pouco mais sobre a pro- fissão do Assistente Social. As coisas foram fluindo, iniciei a Graduação em Serviço Social e também o mestrado, onde consegui uma bolsa de pesquisa pela CAPES. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11207 O mestrado foi realmente um desafio que acontecia em minha vida, tendo paralelamente a isso uma pande- mia que assolava o mundo inteiro. Iniciei o estágio de docência no curso de graduação e foi possível ampliar meu desenvolvimento como professora, que foi muito gratificante!. Minha pesquisa final foi sobre a política de saneamento básico e a realidade de crianças e adolescen- tes que vivem sem esse direito social. Atualmente sou funcionária pública e docente da Uni- cesumar, e trago um pouco da minha história para que de certa forma possa te incentivar a seguir um caminho com muita dedicação e fé. Grande abraço e bons estudos! Lattes: http://lattes.cnpq.br/6146629580035719 Como garantir a proteção social de milhões de famílias brasileiras em meio a uma pandemia? Uma vez instalada a situação emergencial que o Covid-19 causou, ficou ainda mais notória a importância da Assistência Social para enfrentá-la. Com isso, o SUAS teve que se ampliar e lidar com questões muito maiores e que até então não faziam parte da rotina profissional. Desafios esses que envolviam desde a ausência de recursos, até a impossibilidade de se fazerem visitas domiciliares. O Sistema único da Assistência Social foi criado em 2005, no intuito de proteger a população de riscos sociais. Essas ações se dividem entre a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial. Este trabalho social realizado em todos os municípios brasilei- ros iniciam no CRAS - Centro de Referência de Assistência Social, é neste local que as fa- mílias adquirem as primeiras informações sobre benefícios e outros encaminhamentos. Abordamos neste livro sobre a gestão do Sistema Único da Assistência Social e do Trabalho social com as famílias, um importante pilar na formação dos futuros assis- tentes sociais e de como funcionará o seu trabalho. Porém, mais do que apresentar o conteúdo e teorias a respeito, é necessário dar ênfase que o Serviço Social segue a risca os conhecimentos teórico-práticos da Norma Operacional Básica (NOB/RH) no SUAS, e por isso é tão relevante compreender cada regra e cada objetivo proposto na legislação, enquanto processo de construção da cidadania e garantia de direitos sociais. Para uma imersão neste assunto tão importante, leia a Norma Operacional Básica do SUAS e anote os procedimentos mais importantes no trabalho profissional dos Assistentes Sociais. GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL E O TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS Acesse o QR CODE ao lado para ter acesso ao material indicado.https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14174 Você já se perguntou como o SUAS consegue se organizar em meio a tantos municí- pios brasileiros e a vasta imensidão do território nacional?. A gestão e o desenvolvimen- to do SUAS envolvem muitos fatores, desde os seus eixos estruturantes até o funciona- mento junto ao Ministério da Cidadania (antigo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome - MDS) - onde foram criadas diversas publicações, relatórios técnicos orientando o funcionamento deste sistema. Além de compreender esta transição de ministérios nos últimos anos, é preciso destacar a importância das Conferências Nacio- nais de Assistência Social na construção, consolidação e aperfeiçoamento do sistema. Dentro deste contexto, esta gestão não funcionaria sem os seus instrumentos, que oferecem suporte na Gestão da Informação, monitoramento e avaliação do SUAS, além dos planos e orçamentos da Assistência Social, que devem ser corretamente elabora- dos. Devido ao amplo funcionamento da tecnologia nos últimos anos, o SUAS conta com uma ferramenta essencial neste processo, a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação - SAGI, que elabora anualmente um relatório com o intuito de apresentar informações e avaliar resultados. O êxito na gestão do SUAS se deve muito ao compi- lado de dados fornecidos pelos municípios brasileiros à SAGI, proporcionando novos subsídios para a população beneficiária. Todos os instrumentos e as ferramentas utilizados no SUAS pautam as ações para garantir direitos socioassistenciais e proteção social a indivíduos e a famílias. As ações que são propostas como atividades, programas, planos e projetos são desenvolvidas e executadas por profissionais específicos a cada nível de proteção social. Assim, a base conceitual de Trabalho Social se manifesta contemplando a listagem dos profissionais necessários aos níveis de proteção básica e especial, a equipe de referência exigida pela legislação concernente, em equipamentos públicos e/ou privados, como também a origem de recursos para o financiamento dessas equipes de referência. Para tanto, os profissionais que venham a compor as equipes de atendimento e referência do SUAS nos equipamentos públicos e privados têm garantido pela Política Nacional de Capacitação do SUAS o nivelamento dos conhecimentos para que a pa- dronização dos serviços atendam às demandas sociais com a mesma qualidade em todo território nacional. Assim, a capacitação dos profissionais do SUAS pauta-se nas atribuições específicas de cada função, que compõem os Serviços de Proteção Social Bá- sica e Serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. Dessa forma, algumas legislações sociais são essenciais que o profissional conheça para desenvolver suas atribuições com sucesso no atendimento e encaminhamento da demanda. Ao longo deste estudo, nossa discussão será norteada pelo trabalho social realiza- do pela equipe de atendimento da rede socioassistencial, com as famílias brasileiras nos serviços de proteção social básica e nos serviços de proteção social especial de média e alta complexidade da Política Nacional de Assistência Social. Sob tal enfoque, o conceito de vulnerabilidade social e de família se apresentam, sendo essenciais ao exercício profissional do trabalho em rede com as famílias na perspectiva do SUAS. Nesse processo, trataremos do trabalho da equipe técnica no atendimento social com as famílias, bem como o atendimento em rede, como mecanismo de proteção social e garantia de acesso a direitos e serviços, e como a equipe de referência atua no acom- panhamento às famílias em situação de vulnerabilidade. Sejam bem-vindos e vamos juntos conhecer sobre este sistema tão fundamental em nosso país e para a Assistência Social! IMERSÃO RECURSOS DE Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS NOVAS DESCOBERTAS Enquanto estuda, você pode aces- sar conteúdos online que amplia- ram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tec- nologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experien- ce. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recur- sos em Realidade Aumentada. Ex- plore as ferramentas do App para saber das possibilidades de intera- ção de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o códi- go, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PÍLULA DE APRENDIZAGEM OLHAR CONCEITUAL Neste elemento, você encontrará di- versas informações que serão apre- sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te ajudarão no entendimento do con- teúdo de forma rápida e clara Professores especialistas e convi- dados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discu- tido, de forma mais objetiva. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 2 3 4 5 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES 11 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO 39 65 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS. 107 TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE. 143 O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS 1Gestão e Desenvolvimento do SUAS: Eixos Estruturantes Me. Michele Vanessa Werner Nesta unidade você poderá compreender um pouco mais sobre o Sis- tema Único da Assistência Social - SUAS, desde a estrutura atual como também as suas bases históricas. O contexto pandêmico do (Covid-19) apesar de ter dado notoriedade à importância do SUAS, também de- monstrou as fragilidades desta política. Diante disso, você como futu- ro(a) Assistente Social, poderá entender nesta unidade como se deu o processo de criação e funcionamento deste sistema, buscando ao decorrer desta e das outras unidades, identificar e relacionar quais aspectos que podem ser melhorados na política do SUAS. UNIDADE 1 12 Se você tivesse no comando de uma política pública de Assistência Social, onde o compromisso fosse enfrentar uma situação de emergência no Brasil, sabendo que nesta política, haveria recursos limitados, alta demanda e dificuldade de im- plantação desses comandos nos municípios, o que você faria?. Imagine que o Sistema Único da Assistência Social seja o principal meio para que famílias tenham acesso a serviços básicos de proteção social, em meio a di- versos problemas que vivenciam, mas que agora essa demanda tenha triplicado e a sua margem de atuação enquanto dirigente desta política seja um tanto quanto limitada por diversos aspectos, qual seria a melhor saída?. Este é um questionamento que o Ministério da Cidadania e a Assistência Social vêm se perguntando desde a chegada da pandemia do Coronavírus em 2019. As medidas urgentes exigiram um dinamismo por parte do sistema público, necessitando de informações atualizadas, procedimentos técnicos e monitoramentos com precisão e agilidade. Já falamos sobre os novos desafios que passaram a fazer parte do SUAS, agora você estudante conhecerá um pouco mais sobre a estrutura deste sistema, mas ficando com a tarefa importante de acompanhar a atuação do SUAS em seu município, iden- tificando possíveis estratégias para torná-lo cada vez mais acessível e universalizado. A proteção social aos cidadãos se dá por meio da Assistência Social ofereci- da pelo SUAS. Recentemente, com a pandemia do Covid-19 o governofederal buscou medidas para controlar os impasses econômicos e sociais provocados, proporcionando um suporte financeiro às pessoas de baixa renda e trabalhadores informais. Embora o SUAS tenha se organizado da melhor forma para atender às crescentes e novas demandas que surgiram desde 2019, o mesmo carece de adaptações frente aos desafios que surgem na sociedade. 13 Para um primeiro contato com o SUAS e estar por dentro dos desafios que o sistema enfrenta com a pandemia, indicaremos que você consulte o site oficial do Ministério da Cidadania e do SUAS para analisar as ações e deliberações acerca deste assunto. Você conhece algum Assistente Social que faz parte da equipe do SUAS de seu município? Se pos- sível, converse com algum profissional e questione quais desafios tem feito parte do trabalho desta pessoa atuando neste sistema. Utilize o diário de bordo para responder a essas reflexões. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13603 UNIDADE 1 14 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES Para que possamos compreender o processo de gestão e desenvolvimento do SUAS, é necessário discutir sobre as suas bases, suas estruturas históricas, legais e sociais, que perpassam não somente esses componentes, mas toda a gama de ações que movimentam a sociedade brasileira, desde a gênese dos movimentos sociais que reivindicaram e reivindicam a garantia de direitos humanos, sociais e constitucionais até a construção de um sistema para ga- rantir a proteção social de indivíduos e famílias. Para tal estudo, iniciaremos a discussão pautando-nos na construção histórica e na formatação básica da estrutura organizacional do SUAS, sua composição e sua origem, mas não sem antes conhecer o órgão que coordena o sistema, o Ministério da Cidadania, e sua posição na estrutura de Estado. Ministério Da Cidadania - Espaço Na Estrutura Ad- ministrativa Figura 01: Logo Do Ministério Da Cidadania (2021) Fonte: BRASIL. Secretaria Especial do Desenvolvimento Social. Assinatura do Ministério da Cidada- nia. 1 fotografia. 2021. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/cidadania/marca_gov/ horizontal/ASSINATURA_CIDADANIA_216X64px.png. Acesso em 26 abr. 2021. Descrição da Imagem: na imagem há a bandeira do Brasil nas cores azul, verde e amarelo, e ao lado direito a escrita pátria amada Brasil e governo federal abaixo, e ao lado esquerdo a escrita ministério da cidadania na cor cinza. 15 Antes de iniciarmos o conhecimento sobre o atual Ministério da Cidadania, pre- cisamos resgatar sobre o antigo Ministério do Desenvolvimento Social – MDS e a sua importância para a Assistência Social no Brasil. O MDS foi criado, em janeiro do ano de 2004, com o objetivo de promover a inclusão social, a seguran- ça alimentar, a assistência integral e uma renda mínima às famílias em situação de pobreza. Para compreendermos a posição ocupada pelo MDS na estrutura governamental, visualizamos suas bases, conhecendo a origem de um ministério. Pautada na legislação brasileira, a pessoa que ocupar a função de Presidente da República, por meio de lei especial, tem o poder de criar, modificar a estrutu- ra e extinguir ministérios, secretarias ou órgãos da administração pública. Essa atribuição é exercida quando são necessários arranjos e rearranjos institucionais na organização pública, visando o cumprimento de sua missão. A ordem da estrutura da organização pública, no Poder Executivo Federal, projeta-se no intuito de fortalecer estratégias, de se ajustar aos sistemas de gestão, com vistas ao sucesso das ações do Estado, e atua com base nos princípios consti- tucionais da Administração Pública, conforme o art. 37 da CF/88, de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Nessa estrutura, os minis- térios integram a cúpula administrativa e hierárquicamente são subordinados diretamente à Presidência da República, tendo autonomia técnica, financeira e administrativa para planejar e executar ações nas suas áreas de competência. Incluindo, entre esses, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário – MDS, atual Ministério da Cidadania, que é responsável pela coordenação da Política Nacional da Assistência Social - PNAS, e um de nossos focos de estudo. No ano de 2018, outros ministérios foram agrupados com outros no intuito de enxugar a máquina pública. Diante disso, os Ministérios que no ano de 2021 constituem o governo federal são: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mi- nistério da Cidadania, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Ministério das Comunicações, Ministério da Defesa, Ministério da Economia, Ministério da Educação, Ministério da Infraestrutura, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Ministério da Saúde, Ministério das Relações Exteriores, Ministério de Minas e Energia, Ministério do Desenvolvimento Regional, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turis- mo e o Ministério do Trabalho e Previdência (BRASIL, 2021). Cabe aos Ministérios criar normas, acompanhar e avaliar programas fede- rais, estabelecer estratégias, diretrizes e prioridades na aplicação dos recursos UNICESUMAR UNIDADE 1 16 públicos. O Ministro de cada pasta é responsável pela coordenação e supervi- são dos órgãos e entidades da administração federal na sua área, e é escolhido pelo(a) Presidente da República. Cada ministério tem, atrelado a si, secretarias, que são responsáveis por estimular o compartilhamento das responsabilidades entre Estado e sociedade, e sua atuação está fundamentada na garantia do prin- cípio constitucional da participação social, enquanto afirmação da democracia. Constroem os espaços de participação da sociedade na elaboração das políticas públicas, conhecidos como conselhos de gestão pública. Com base nas informações publicadas por órgão governamental, atualmente, as secretarias diretamente atreladas à Presidência da República são a Secretaria Especial de Assuntos Federativos; Secretaria Especial de Relações Institucionais; Secretaria Especial de Articulação Social e Secretaria Especial de Assuntos Par- lamentares. Cada secretaria possui sua atribuição específica a sua área de com- petência e atuação. Quanto aos conselhos de gestão pública, cabe-lhes propor diretrizes, tomar decisões concernentes às políticas ou cuidar da gestão dos pro- gramas. Alguns têm, em sua composição, a participação de diversos segmentos vinculados à sua área, assim como dos integrantes da administração pública de diferentes esferas de governo. Dentre esse total de Conselhos de gestão pública, a área de trabalho do profissional de serviço social utiliza mais frequentemente as matérias do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana; do Conselho de Recursos da Previdência Social; do Conselho Nacional da Juventude; do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional; do Conselho Nacional dos Direi- tos da Criança e do Adolescente; e do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso. O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS não está vinculado à gestão pública, mas ao Ministério da Cidadania. Foi instituído pela Lei Orgânica da Assistência Social, a LOAS (Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993), e trata-se de um órgão de deliberação colegiada, cujos membros são nomeados pela Pre- sidência da República. Sua composição é paritária, com 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, sendo 9 (nove) representantes governamentais e 9 (nove) representantes da sociedade civil, escolhidos em foro próprio, sob fiscalização do Ministério Público Federal. Seu presidente é eleito entre seus membros, com mandato de 1 (um) ano, e conta com uma Secretária Executiva, subordinada ao Poder Executivo, por meio do Ministério da Cidadania. Esse conselho tem a atribuição de aprovar a Política Nacional de Assistência Social, assim como a de normatizar as ações e regular a prestação de serviços de 17 natureza pública e privada no campo da assistência social.Também lhe é pertinente zelar pela correta efetivação do SUAS, convocar ordinariamente a Conferência Na- cional de Assistência Social, bem como apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada ao Ministério da Cidadania. Todas as suas decisões, as contas e as prestações de contas do Fundo Nacional de Assistência So- cial - FNAS devem obrigatoriamente ser publicadas em órgão oficial de imprensa. Antes de passarmos para o próximo assunto, apresento-lhe a Resolução CNAS nº 207, de 16 de dezembro de 1998, que aprovou a primeira versão da Política Nacional de Assistência Social - PNAS e a Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB2. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL RESOLUÇÃO Nº 207, 16 DE DEZEMBRO DE 1998. Aprova a Política Nacional de Assistência Social - PNAS e a Norma Opera- cional Básica da Assistência Social -NOB2 O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, em Reunião Plenária, realizada nos dias 15 e 16 de dezembro de 1998, dentro das competên- cias e das atribuições conferidas pelo artigo 18, inciso I, II e V, da Lei n o 8.742, de 7 de dezembro de 1993, Resolve: Artigo 1º – Aprovar por una- nimidade a Política Nacional de Assistência Social – PNAS e a Norma Operacional Básica da Assistência Social – NOB2; Artigo 2º – apresentar as seguintes recomendações referentes à PNAS e à NOB2: I – que sejam encaminhadas ao Senhor Ministro da Previdência e Assistência Social para, através de Portaria, legitimar e divulgar a PNAS e a NOB2, recomendando o envio à Câmara de Política social da Presidência da República para conhecimento e providências cabíveis; II – que sejam amplamente divulgadas na imprensa nacional; III – que os órgãos Gestores e Conselhos de Assistência publicizem as informações contidas nos referidos documentos; IV – que o Plano Nacional de Capacitação de Conselheiros e Gestores da Assistência Social priorize em sua qualificação o conteúdo dos docu- mentos; Que seja atualizado o marco situacional da Política Nacional de Assistência Social, com os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD/97 e com o novo Plano Plurianual de 1999, tão logo estejam disponíveis. Artigo 3º – Os textos da Política Nacional de Assistência Social e Norma Operacional Básica da Assistência Social serão impressos e distribuídos. Artigo 4º – Esta Resolução entre em vigor na data de sua publicação. *Republica do Original do D.O de 18 de dezembro de 1998, seção I página 368. GILSON ASSIS DAYREL Presidente do CNAS . BRASIL (1998, online). UNICESUMAR UNIDADE 1 18 Para a assistência social, com base nas lutas e conquistas da Constituição Fe- deral de 1988, pudemos confirmar que as garantias sociais previstas na Carta Magna iniciaram sua construção, ainda em 1988, com a promulgação da Po- lítica Nacional de Assistência Social, pelo Ministério de Previdência e Assis- tência e Conselho Nacional de Assistência Social. Atualmente, tais legislações são construídas a partir dos Conselhos, como já vimos, mas são estruturadas e implementadas pelo Ministério da Cidadania. MINISTÉRIO DA CIDADANIA: ATRIBUIÇÕES Uma das principais mudanças do antigo Ministério do Desenvolvimento Social - MDS para o atual Ministério da Cidadania tem sido em sua estrutura orga- nizacional. Através dos decretos n° 9.674/2019 e nº 10.357/2020 o Ministério da Cidadania surgiu da união do Ministério do Esporte com o Ministério do Desenvolvimento Social. Diante disso, 3 (três) secretarias foram reorganizadas e assumindo novas funções, sendo elas: a Secretaria Executiva; a Secretaria Especial do Desenvolvimento Social e a Secretaria do Esporte (BRASIL, 2020). Dada a importância de cada departamento do Ministério, daremos ênfase neste momento para as secretarias que são vinculadas à Secretaria Especial do Desenvolvimento Social. A Secretaria Nacional de Renda e Cidadania - SENARC que conta com 3 (três) departamentos, é responsável pela implementação da Política Nacional de Renda e Cidadania, promovendo a transferência direta de renda a famílias em situação de vulnerabilidade econômica, condições de pobre- za e extrema pobreza no âmbito do território nacional. São os Departamentos desta secretaria, o Departamento de Operação; o Departamento de Benefícios; o Departamento de Cadastro Único; o Departamento de Condicionalidades. Dentro da Secretaria Especial de Desenvolvimento Social, além da SENARC encontramos a Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância, a Secretaria Nacional de cuidados e Prevenção às Drogas, Secretaria Nacional de Inclusão Social e Produtiva, e por fim a Secretaria Nacional de Assistência Social. É pre- ciso destacar que esta última secretaria possui 5 (cinco) departamentos que são extremamente importantes para o funcionamento da Assistência Social, isto é, o Departamento de Gestão do SUAS; o Departamento de Benefícios Assistenciais; 19 Departamento de Proteção Social Básica; Departamento de Proteção Social Es- pecial e Departamento da Rede Socioassistencial Privada do SUAS. A Secretaria Nacional de Assistência Social - SNAS é o órgão do Ministério da Cidadania responsável pela gestão da Política Nacional de Assistência Social, com a meta prioritária de consolidar o direito à assistência social em todo o território brasileiro e de melhor execução de suas tarefas. As atribuições da SNAS foram estabelecidas pelo art. 19, da LOAS, e, algumas dessas atribuições, ela desenvolve em parceria com uma outra secretaria do MDS, a Secretaria de Avaliação da Ges- tão da Informação – SAGI. Juntas, executam as funções de regular, cofinanciar, acompanhar as ações implementadas pelos entes federados, avaliar, monitorar e promover a capacitação dos recursos humanos dos estados e municípios, além de prestar assessoramento técnico a estados e municípios. Entretanto, se faz ne- cessário registrar que as ações da SNAS são desenvolvidas associadas às outras secretarias do Ministério da Cidadania, e que os beneficiários dos Programas Bolsa Família e Segurança Alimentar e Nutricional, comumente, são públicos prioritários dos serviços de proteção da assistência social brasileira. Devemos destacar também a Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) - trata-se de um órgão técnico-administrativo, responsável pelas ações de gestão da informação, monitoramento, avaliação e capacitação das políticas e programas do Ministério. Desenvolve atividades para que o MDS possa conhecer o público-alvo de suas políticas e programas, e busca, por meio do monitoramento e da avaliação dos programas, indicar melhores caminhos para o desenvolvimento e implementação de ações. Tem a missão de minimizar os esforços e ampliar a possibilidade de resultados positivos do esforço governa- mental, na área deste Ministério, para que as equipes técnicas e gestores das três esferas de governo envolvidos em políticas de desenvolvimento social tenham condições de aprimorar os programas e as ações. Essa secretaria desenvolve e utiliza instrumentos de informação por meio de sistemas e dados organizados, disponibilizados em painéis de monitoramento, em pesquisas de avaliação de impacto e resultados e em estudos técnicos espe- cíficos, muitos, ainda, são distribuídos em publicações eletrônicas e impressas. Realiza, também, capacitações e cursos de formação profissional. É composta por equipe multidisciplinar, formada por sociólogos, antropólogos, economistas, estatísticos, educadores, cientistas políticos, profissionais de informática, enge- nheiros, profissionais de saúde, educação e psicologia. Os técnicos trabalham nos UNICESUMAR UNIDADE 1 20 quatro departamentos da SAGI, em conteúdos e missões distintas, mas inter-rela- cionados. Para que todas as suas atividades já listadas sejam desempenhadas com qualidade, essa Secretaria conta com 4 (quatro) departamentos, conforme segue: o Departamento de Gestão da informação; o Departamento de Monitoramento; o Departamento deAvaliação; o Departamento de Formação e Disseminação. Conversaremos, ainda mais adiante, a respeito dessa Secretaria. A seguir, uma parte do organograma do Ministério da Cidadania, com suas Secretarias, está apresentado abaixo, para que você possa visualizar a estrutura que lhe apresentamos em texto. MINISTÉRIO DA CIDADANIA - ESTRUTURA MINISTÉRIO DA CIDADANIASECRETARIAEXECUTIVA SECRETARIA ESPECIAL DO ESPORTE Diretoria de Assuntos Internacionais Secretaria Nacional do Cadastro Único Secretaria de Gestão de Fundos e Transferências Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação - SAGI Ouvidorias Corregedorias Assuntos Administrativos Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. Secretaria de Incentivo e Fomento ao Esporte. Secretaria Nacional do Paradesporto. SECRETARIA ESPECIAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Departamento de Gestão do SUAS Departamento de Benefícios Assistenciais Departamento de Proteção Social Básica Departamento de Proteção Social Especial Departamento da Rede Socioassistencial Privada do SUAS Secretaria Nacional de Renda de Cidadania Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas Secretaria Nacional de Inclusão Social e Produtiva ÓRGÃOS COLEGIADOS: Conselho Nacional de Assistência Social CNAS Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família Conselho Nacional do Esporte CNE Conselho Nacional de Economia Solidária Figura 02: Ministério da Cidadania (estrutura). Fonte: BRASIL (2021, online). Descrição da Imagem: na imagem, há um esquema mostrando a estrutura do Ministério da Cidadania e os órgãos que são vinculados a cada uma das três secretarias, do desenvolvimento social, do esporte e a secretaria executiva. 21 Com base na figura do organograma, podemos perceber que o Conselho Nacio- nal de Assistência Social está diretamente vinculado ao Ministério da Cidadania e praticamente equiparado na hierarquia de gestão deste ministério. Agora que já estamos familiarizados com a organização funcional do MDS, da SNAS e sabemos quem coordena a gestão da PNAS, podemos avançar nossa discussão sobre o SUAS, no próximo item. Construção Histórica E Organização Básica Do Sis- tema Único Da Assistência Social. Figura 03: Logo oficial do Sistema Único de Assi stência Social (SUAS). Fonte: BRASIL. Ministério da Cidada- nia. Logo do Sistema Único de Assi stência Social (SUAS). 1 fotografia. 2021. Disponível em http://www. mds.gov.br/webarquivos/sala_de_ imprensa/marcas_selos/assisten- cia_social/logo_suas_grande.jpg. Acesso em 26 abr. 2022. Descrição da Imagem: na ima- gem há o desenho de duas pes- soas na cor amarela e abaixo um círculo verde escrito SUAS - Sistema único de Assistência Social. Daremos sequência aos nossos estudos sobre o SUAS. Com base na Constituição Federal Brasileira de 1988, marco legal sem pre- cedentes na direção da consolidação dos direitos de cidadania, são pautadas as origens do SUAS, que traz em seu Art. 195 a discussão sobre o financiamento da seguridade social - saúde, assistência social e previdência. UNICESUMAR UNIDADE 1 22 “ Na constituição de 1988, colocou-se, pela primeira vez na nossa história, a consagração de um projeto de sociedade democrática, reconhecendo-se a vinculação necessária entre regime democrático e direitos sociais (NETTO, Anais da II Conferência Nacional de Assistência Social, 1997, p. 22). No que tange à saúde e à assistência social, os critérios de transferência de recursos, para organizações públicas e privadas, estão dispostos no § 10 do mesmo artigo, que menciona um Sistema Único de Saúde e “ações” de assis- tência social, todavia a Carta Magna não faz menção a um sistema para a assistência social, uma vez que a organização de sistema específico para a área social somente foi criado alguns anos depois, por meio da Lei n° 8742/1993, a Lei Orgânica da Assistência Social- LOAS. Para compreendermos as origens do Sistema Único da Assistência Social - SUAS, estudaremos um pouco mais de perto a LOAS, discutindo, a seguir, alguns artigos da referida legislação. Essa Lei organiza todas as ações da assistência social e, com base em seus princípios e diretrizes, em seu Capítulo III, sob o título “Da organização e da gestão”, cria, legalmente, o Sistema Único da Assistência Social - SUAS, sob o seguinte enunciado: “ Art. 6º A gestão das ações na área de assistência social fica or-ganizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos: I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a coo- peração técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, proje- tos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6º-C;III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de as- sistência social; IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; 23 V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de di- reitos (BRASIL, 1993). As principais diretrizes de organização desse sistema estão alinhadas aos Artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, no primeiro, garantindo acesso à assistência social “a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social” e, no seguinte, quando estabelece, em seus incisos, seu dire- cionamento quanto às questões da descentralização político-administrativa e da “participação popular, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis”. A LOAS, ainda, acres- centa a essas determinações constituintes “a responsabilidade do Estado na con- dução da política de assistência social em cada esfera de governo”. Os princípios, as diretrizes e os objetivos da LOAS, em consonância com a legislação federal, buscam a garantia dos direitos assegurados e a melhor forma de execução das ações para efetivá-los. Para a consolidação da assistência social, pretendeu-se, por meio de normas e leis, construir todo o arcabouço para a organização e gestão de ações em prol da superação das demandas sociais. Nesse aspecto, o texto do art. 6º da LOAS remete à criação do Sistema Único da Assistência Social, quando afirma que: “ A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (SUAS), [...] (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) (BRASIL, 2011). As sementes do Sistema Único da Assistência Social - SUAS foram lançadas em solo fértil e passaram a ser regadas pelos saberes profissionais, técnicos e da so- ciedade civil, orientadas pelas legislações e normativas. Visa proteger “à família, à maternidade, à adolescência e à velhice e como base de organização, o território” (LOAS - Art. 6º, § 1 ), tendo suas medidas organizadas em tipos de proteção social, a proteção social básica e a proteção social especial (de média e alta complexidade), UNICESUMAR UNIDADE 1 24 conforme o nível de vulnerabilidade e risco social a que está submetido o indivíduo e/ou a família, será preventiva ou reconstrutiva. Essas proteções com base na lei, “ [...] serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organiza-ções de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especi- ficidades de cada ação (BRASIL, 1993). Esse vínculo dos entes públicos e das organizações de assistência social ocorre por meiode cadastros, que devem atender critérios documentais e, essencialmente, às exigências quanto aos serviços que são ofertados a cada parcela da população. Porém, para a manutenção desses cadastros, a avaliação se dá no controle, no acompanhamento e na avaliação das propostas e execução delas. A criação do sistema organiza o serviço no intuito de tornar o atendimento e a prestação de serviços ágil, efetivo, eficaz e eficiente. Não se trata de, apenas, um sistema de informação e controle informatizado, mas de um sistema integrado de ações, planos e projetos para atendimento às demandas sociais. As informações que são coletadas por ele são utilizadas para monitoramento, controle da avaliação dos programas, projetos e serviços da área da assistência social, gerando relatórios e dados suficientes para alteração ou in- tensificação de ações, quando e se necessário. Os órgãos de controle e a população têm acesso a tais informações para conhecer onde e como os recursos estão sendo aplicados, e se a aplicação desses recursos está conforme o planejado. Para que as entidades de assistência social prestem os serviços pertinentes à assistência social e façam jus à celebração de convênios com órgãos públicos, ne- cessitam terem sua vinculação ao SUAS reconhecidas pelo Ministério da Cidada- nia, atendendo a requisitos da tipificação dos serviços socioassistenciais e demais legislação pertinentes a organização da sociedade civil. Entre eles, ter inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social ou do Distrito Federal. A inscrição de projetos ou da entidade nos respectivos conselhos locais garante que a exe- cução de ações, projetos e serviços estejam em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social e legislações posteriores pertinentes. A LOAS determina que seja garantido o acesso à celebração de convênios, contratos, acordos ou ajustes com o poder público, para a execução de servi- ços, programas, projetos e ações de assistência social, somente àquelas vincu- 25 ladas ao SUAS. (Art. 6º-B, § 3º ) O Art. 10 delimita que a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem celebrar convênios com entidades e organizações, desde que as propostas estejam alinhadas aos Planos de As- sistência Social aprovados pelos Conselhos de cada esfera, respectivamente. Tais celebrações, do ente público com a esfera privada, proporcionam, à sociedade, a execução de ações preventivas, protetivas e paliativas no âmbito da assistência social, na direção da garantia de direitos. Asseguram à esfera privada, na figura das organizações não governamentais, a elaboração e a execução de projetos e atividades em complementaridade ao Estado. Para compreendermos o funcionamento do SUAS, no que concerne ao finan- ciamento, faz - se necessário conhecer a sua composição e atribuições, conforme veremos no próximo item. Sugerimos a leitura sobre os Fundos de Assistência Social, que agregará o conhecimento necessário para compreensão das origens de financiamento por esfera de governo, das ações, dos programas, projetos, atividades e das equipes de trabalhadores que compõem o SUAS. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL A composição do SUAS é formada pelos entes federativos nas três esferas de governo, seus respectivos Conselhos de Assistência Social e por entidades e orga- nizações de assistência social enquadradas na legislação vigente. A coordenação da Política Nacional de Assistência Social é delegada ao Ministério da Cidadania, e fixar as respectivas Políticas de Assistência Social cabe, respectivamente, a cada esfera de governo, executando as ações de forma articulada. Os artigos 12º ao 15º da LOAS estabelecem as competências de cada esfera de governo e do Distrito Federal, o cofinanciamento, a gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios e, ainda, o monitoramento e a avaliação da política de assistência social. O art. 16 define que as instâncias deliberativas do SUAS são de caráter permanente, devem funcionar regularmente, visando acompanhar, controlar e avaliar a política de assistência social. Para ser parti- cipativo, conforme art. 6º determina, ainda, que sua composição seja paritária entre governo e sociedade civil. Essas instâncias deliberativas são compostas por: UNICESUMAR UNIDADE 1 26 1. o Conselho Nacional de Assistência Social; 2. os Conselhos Estaduais de Assistência Social; 3. o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal; 4. os Conselhos Municipais de Assistência Social (BRASIL, 1993). O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS é composto por 18 membros e respectivos suplentes, cujo mandato é de 2 (dois) anos, sendo permitida uma recondução pelo mesmo período. O presidente será eleito entre seus membros, para mandato de 1 (um) ano, tendo uma recondução permitida por igual período. Os Conselhos, em cada esfera de governo, estão vinculados ao órgão gestor de assistência social, cabendo a ele a responsabilidade de garantir as condições para seu funcionamento, tais como infraestrutura, recursos humanos e financeiros, esses últimos, inclusive, nas despesas com passagens e diárias dos conselheiros, se estiverem no exercício das suas atribuições. Cabendo aos “ [...] Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16, com competência para acompanhar a execução da política de assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em consonância com as diretrizes das conferências nacionais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação. [...] e “deverão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, mediante lei específica "(BRASIL, 1993). A lei determinou um total de 14 atribuições a esse Conselho, entre elas, a de normatizar, regular, acompanhar e fiscalizar a prestação dos serviços públicos e privados no âmbito da assistência social, bem como aprovar os critérios de transferência dos recursos para os Estados, Municípios e Distrito Federal, acom- panhando e avaliando a gestão dos recursos. Tornou-o responsável, também, pela convocação ordinária das Conferências Nacionais, periodicamente. Conhecemos, neste tópico, as bases do Conselho de Assistência Social e como ele se faz representar nas respectivas esferas de governo. Tivemos a oportunidade de conhecer sobre o espaço que ocupa e como se organiza financeira e estrutu- ralmente, pautado nas responsabilidades do órgão gestor. Também listamos suas atribuições essenciais, conhecimento básico necessário à discussão do próximo tópico, que trata das Conferências de Assistência Social e como estão articuladas 27 com esse Conselho. O espaço democrático de discussão, articulação e avaliação se concretiza nas Conferências de Assistência Social, que acontecem bianual- mente, em cada esfera de governo, com base na representatividade do governo e sociedade civil. É amplo e se fortalece a partir das estratégias de organização e reorganização das propostas e diretrizes estabelecidas para a Política de Assis- tência Social, repensando as ações, com vistas a sua estruturação e consolidação, enquanto garantia de acesso e direitos sociais. Conheceremos, a seguir, os caminhos percorridos pela assistência social nos espaços democráticos de discussão, até culminar na IV Conferência Nacional de Assistência Social, quando foi criado o Sistema Único da Assistência Social - SUAS, que é o tema central da nossa discussão nesta disciplina. Apresentar as discussões e temas das Conferências Nacionais de Assistência Social é de extrema relevância para que acompanhemos o processo de consolidação da assistência social, enquanto sistema, conforme estudaremos. CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL O espaço de participação social democrática no âmbito da assistência social se consolida a partir da I Conferência Nacional, que aconteceu de 20 a 23 de no- vembro de 1995, na cidade de Brasília, e teve por objetivo avaliar a situação da AssistênciaSocial, visando propostas de concretização e aperfeiçoamento do UNICESUMAR UNIDADE 1 28 Sistema Único da Assistência Social, de forma participativa e descentralizada, tendo por tema a assistência social como direito do cidadão e dever do Estado. A Portaria nº 4.251 de 24 de novembro de 1997, convocou a II Conferência, tendo sido realizada no período de 9 a 12 de dezembro de 1997, em Brasília. Essa Conferência teve como tema geral “O Sistema Descentralizado e participativo da Assistência Social - Construindo a Inclusão - Universalizando Direitos” e, de acordo com o Conferencista José Paulo Netto, em seu discurso de abertura, cons- truir a inclusão e universalizar direitos está “diretamente vinculado ao projeto de construir uma sociedade democrática em nosso País.” Com base nos anais do re- ferido evento, o conferencista, ainda, complementa a discussão sobre a construção dessa sociedade democrática, desvinculando-a do regime político democrático: “ Não devemos e não podemos identificar a vigência de um regime político democrático com a existência de uma sociedade democrá-tica. [...] Mas a democracia política, ainda quando por sua inteira efetividade, o que não é o nosso caso, não é um valor para ser apre- ciado em si mesmo, é um instrumento estratégico para viabilizar a democratização da sociedade e do Estado. Uma sociedade demo- crática é mais, muito mais que o Estado de direito democrático, uma sociedade democrática é aquela em que, contando-se com o indispensável suporte da democracia política, todos e cada um de seus membros dispõem de condições reais de construir sua auto- nomia pessoal sem os agravantes da exclusão social (NETTO, 1997, p. 20 “Anais II Conferência”). Pautados nessa discussão, percebemos que a democracia deve ser exercida, in- clusive, no âmbito da autonomia individual, com base na criação de condições concretas para efetivação dos direitos sociais, de forma participativa. Em 30 de março de 2001, o CNAS, por meio da Portaria nº 909, convoca a III Conferência Nacional de Assistência Social, para ser realizada entre os dias 4 e 7 de dezembro de 2001, e define como tema central de discussão a “Política de Assistência Social: Uma trajetória de Avanços e Desafios”. Essa conferência teve discussão pautada em 3 painéis. O grupo do primeiro painel refletiu sobre a “Avaliação do Controle Social nos Oito anos da LOAS”, sendo traduzido em deli- berações acerca do papel político dos conselhos, da participação dos conselhos na elaboração dos planos de assistência social e no controle dos recursos, bem como 29 na garantia de acesso à participação dos usuários nas conferências realizadas nos três níveis de governo. Deliberou sobre a necessidade de investimento na criação e fortalecimento de instituições de usuários das políticas sociais que fortalecesse a articulação entre os Conselhos de Assistência e outros Conselhos de Direitos. Em 12 de agosto de 2003, a Portaria nº 262 do Ministério de Estado da As- sistência Social, publicada no Diário Oficial da União - DOU, entre outras pro- vidências, convocou, extraordinariamente, a IV Conferência Nacional de Assis- tência Social que ocorreu entre 7 e 10 de dezembro do mesmo ano, na cidade de Brasília. Essa portaria determinou, além da convocação, a data, o local, instituiu comissão organizadora e definiu, como tema geral, a “Assistência Social como Política de Inclusão: uma Nova Agenda para a cidadania - LOAS 10 anos”, tendo por finalidade avaliar a situação da assistência social, visando encontrar novas diretrizes para o seu aperfeiçoamento (BRASIL, 2003). A comissão organizadora, com base na determinação do art. 4º da referida Portaria, teve os seguintes representantes: I - Presidente do CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social; II - Vice- Presidente do CNAS; e III - Representantes Governamentais: ■ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; ■ Ministério da Saúde; ■ Ministério do Trabalho e Emprego; e ■ FONSEAS - Fórum Nacional de Secretários(as) de Estado da Assistência Social. IV - Representantes da sociedade Civil: ■ Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua - MNMM; ■ Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente - AMENCAR; ■ Conselho Federal de Serviço Social - CFESS; e, ■ Central Única dos Trabalhadores. V - Secretário Executivo do CNAS (Portaria nº 262, 2003). Como sistematização do trabalho realizado durante a IV Conferência, foi elabo- rado um relatório, visando socializar para a sociedade, integralmente, os conteú- dos produzidos pelos 1.053 participantes ali presentes, visto que se tratou de um passo importante na “sedimentação dos novos termos da Política Nacional de UNICESUMAR UNIDADE 1 30 Assistência Social no Brasil” e “tradução concreta da Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS” (BRASIL, 2003, p. 7). Teve, por subtemas, a Assistência Social: conceber a política para realizar o direito; Gestão e organização - planejar localmente para descentralizar e demo- cratizar o direito; Financiamento - assegurar recursos para garantir a política; Mobilização e Participação como estratégia para fortalecer o controle social. Com base na discussão de descentralização e democratização do direito, essa Conferência traz como contribuição essencial, para nossa discussão, a criação do SUAS, sistema público, não contributivo, que organiza, entre os seus participantes, a gestão dos serviços socioassistenciais no Brasil. Utiliza recursos e esforços dos três níveis de governo para execução e financiamento da PNAS, com base nas legislações previstas vigentes nessas esferas, que conheceremos mais detalhada- mente discutido em item posteriormente. A realização da V Conferência Nacional de Assistência Social, em dezem- bro do ano de 2005, foi pautada na proposta de consolidação de um plano com metas e estratégias que visassem à implementação da Política Nacional de Assistência Social nos 10 anos seguintes. Nesse evento, foi firmado o pacto em favor de um mutirão nacional para a construção do recém-criado Siste- ma Único da Assistência Social, além de deliberar sobre as metas de gestão de recursos humanos da assistência social; metas de gestão do SUAS; metas de financiamento; sobre as metas de controle social. O tema geral da VI Conferência Nacional de Assistência Social, realizada no mês de dezembro do ano de 2007, foi Compromissos e responsabilidades para assegurar a Proteção Social pelo SUAS. No mês de dezembro de 2009, com o tema geral: Participação e Controle Social no SUAS, ocorreu a VII Conferência Nacional de Assistência Social, objetivando uma discussão norteadora da democratização do SUAS, propor- cionando o acesso de indivíduos e famílias aos serviços, projetos, programas e benefícios socioassistenciais no Brasil. As suas deliberações contribuíram para a discussão sobre cofinanciamento dos governos estaduais e federal aos municípios que possuíssem CRAS. A VIII Conferência Nacional de Assistência Social aconteceu em dezembro do ano de 2011, tendo como tema: Avançando na Consolidação do Sistema Único da Assistência Social com a valorização dos trabalhadores e a qualificação da gestão dos serviços, programas, projetos e benefícios, discutindo estratégias para 31 a estruturação da gestão do trabalho no SUAS, assim como o reordenamento e a qualificação dos serviços socioassistenciais, entre outros subtemas. Quanto à IX Conferência Nacional de Assistência Social, que aconte- ceu em dezembro de 2013, teve como tema A Gestão e o Financiamento na efetivação do SUAS, utilizando e criando, durante as discussões, instrumen- tais para a avaliação local do SUAS e para o Registro e Sistematização das Conferências Municipais de Assistência Social. Os informes oriundos dessa Conferência, orientam a questão da participação popular e da organização das Conferências Estaduais e Municipais de assistência social. Já para o ano de 2015, em 09 de fevereiro, a Ministra de Estado do Desenvolvi- mento Social e Combate à Fome - MDS, em conjuntocom o Presidente, convocou a X Conferência Nacional de Assistência Social realizado na data pre- visto no período de 07 a 10 de dezembro do corrente ano, tendo como tema: Consolidar o SUAS de vez rumo a 2026. Todo o material sobre as Conferências, você pode acessar no site do MDS, na aba CNAS. No ano de 2017 a conferência tratou de discutir sobre o tema “Garantia dos Direitos no Fortalecimento do SUAS” e foi realizada nos dias de 5 a 8 de de- zembro de 2017 em Brasília/DF. Posteriormente, no ano de 2021 em meio a um contexto pandêmico devido ao vírus Covid-19, a Conferência Nacional da Assistência Social tratou de dialogar sobre um contexto desafiador. Primeiramen- te, porque o cenário brasileiro antes da pandemia já enfrentava desigualdades intensas devido às instabilidades políticas, econômicas e territoriais. Conforme o caderno de deliberações da 12ª Conferência Nacional de Assis- tência Social, cujo tema “Assistência Social: Direito do Povo e Dever do Estado, com financiamento público, para enfrentar as desigualdades e garantir proteção social”, diversas questões foram levantadas como o aumento do desemprego, fome e insegurança alimentar, violência doméstica, assassinatos de mulheres, discrimi- nação de gênero, racismo, intolerância religiosa e outras questões em nosso país. “ O tema da Conferência Nacional de Assistência Social, “Assistên-cia Social: Direito do Povo e Dever do Estado, com financia-mento público, para enfrentar as desigualdades e garantir proteção social”, além de oportuno, representa a afirmação da assistência social como uma política pública indispensável e es- tratégica em meio a uma condição social perversa que assola o UNICESUMAR UNIDADE 1 32 país. É um tema que afirma e requisita o compromisso do Estado Brasileiro com a preservação da vida, com a proteção social dos mais vulneráveis, e com o desenvolvimento de ações públicas para fortalecer a autonomia e a independência social e econômica de cada brasileiro atingido pela chaga da desigualdade social que agride e avilta o nosso povo (BRASIL, 2021). Uma das principais preocupações da 12ª conferência foi a questão do SUAS estar preparado para eventuais situações de emergências ou calamidades públicas. De certo modo, embora já existam regulamentações sobre esse assunto, garantir que ações eficazes sejam tomadas na velocidade necessária e que as políticas de Assis- tência Social sejam devidamente reconhecidas é um desafio político básico nas situações de desastres e emergências públicas. É notória a necessidade de elevar os padrões, garantir orçamentos e financiar regularmente o trabalho antes, durante e depois de realizado. Os eventos de emergência possibilitam aos profissionais do SUAS proteger e preparar, fornecer treinamento, suporte técnico, estrutura adequada e condições de trabalho, e garantir a renda de famílias e indivíduos afetados em caso de desastre e emergência (BRASIL, 2021). Conversamos, superficialmente, sobre as conferências nacionais para que tivesse condições de visualizar o contexto de mobilização dos profissionais da rede socioassistencial e, principalmente, para que percebesse o quanto SUAS está presente em, praticamente, todas as discussões desses eventos, haja vista que se trata do instrumento que busca auxiliar no processo de monitoramento, avaliação e controle dos programas, projetos e serviços de assistência social, com o foco de que as análises pautem novas propostas, que promovam a garantia e a defesa dos direitos socioassistenciais à população em situação de vulnerabilidade social e econômica, em regime de prevenção de situação de pobreza ou mesmo de extinção dessa condição de vida. O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Como já vimos, o SUAS foi criado em um contexto de mobilização democráti- ca com base na Constituição Federal de 1988, teve contribuição legal na LOAS e se solidificou a partir de deliberação da IV Conferência Nacional de Assistên- 33 cia Social. Concretizou sua operacionalização, em 2005, com a Norma Opera- cional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS na tentativa de constituir um modelo de gestão que integrasse os entes federativos e consolidasse o sistema de forma descentralizada e participativa. Visa regular e organizar as ações de assistência social, assim como o Sistema Único de Saúde - SUS, realiza com as ações da área de saúde. Para a concretização dessa tarefa, o planejamento deve acontecer de forma articulada nos níveis de governo, com base em princípios e diretrizes comuns, mesmo quando respeitando a diversidade em todas as suas representações, tais como territorial, cultural, entre outras. Trata-se de um sistema coordenado pelo Ministério da Cidadania, em que o poder público, nos três níveis, e a sociedade civil participam, diretamente, do pro- cesso de gestão compartilhada. Esse sistema, que foi definido por meio da PNAS, organiza e apresenta as ações da assistência social, articulando e promovendo as ações em níveis de proteção, conforme o quadro ao lado, que foi elaborado pelo Ministério para apresentação do Sistema, sobre algumas de suas características. A Proteção Social Básica atua no âmbito da prevenção de riscos sociais e pessoais, garantindo programas, projetos, serviços e benefícios a pessoas expostas à situação de vulnerabilidade social. Já a Proteção Social Especial visa o atendi- mento de pessoas já em situação de risco, muitas vezes, com direitos violados. A Proteção Social Especial, para garantir amplitude no atendimento, subdivide-se em proteção social especial de média e alta complexidade, conforme o nível de risco da situação vivenciada pela pessoa ou família. O SUAS, para contribuir na superação das situações de risco e vulnerabili- dade, organiza e articula a oferta de serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais. A criação do sistema, além de pretender organizar os serviços so- cioassistenciais, também se deu na intenção de superar alguns impasses na im- plementação da política pública de assistência social, na garantia dos direitos sociais e, entre seus problemas, destacamos os fatos de que não possuía regulação suficiente dos serviços, de não haver definição das atribuições e competências dos três níveis de governo quanto à gestão e ao financiamento,e ausência de proces- sos continuados de capacitação e de política de recursos humanos. Na busca por superar os entraves iniciais de implantação da política nacional de assistência social, foram estabelecidas as bases de organização do SUAS, conforme dispostas, na Norma Operacional Básica - NOB/RH/SUAS: UNICESUMAR UNIDADE 1 34 Conceitos Base para a Organização do SUAS ■ Matricialidade sócio-familiar ■ Descentralização político administrativa e Territorialização ■ Financiamento pelas três esferas de governo, com divisão de responsa- bilidades ■ Controle Social ■ Política de Recursos Humanos ■ Informação, Monitoramento e Avaliação. (BRASIL, 2005). Os conceitos e as bases de organização do SUAS são pautados nas legislações sociais e pretendem garantir o atendimento das famílias e indivíduos em situação de risco ou vulnerabilidade, proteger e prevenir contra tais situações. Durante a discussão, pudemos conhecer o que é o SUAS e quais seus objetivos. Entretanto, precisamos saber um pouco mais a respeito deste siste- ma, para que, com condições técnicas termos uma noção gradual sobre seus instrumentos de gestão, informação, monitoramento e avaliação, conforme veremos a partir da próxima unidade. Que tal aprender um pouco mais sobre a estrutura e con- solidação do SUAS? Ouça o podcast e saiba mais sobre a importância deste sistema! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11202 35 A gestão da informação do SUAS tem como ferramenta a Secretaria de Avaliação e Ges- tão da Informação (SAGI). De acordo com o Decreto nº 10.357 de 20 de maio de 2020, a SAGI é dividida em quatro departamentos, cada um com suas características, trabalhando de forma integrada, para que com isso,possa fiscalizar e avaliar as políticas públicas de cidadania. • Avaliação • Monitoramento • Gestão da Informação • Formação e Disseminação É muito importante que você, futuro (a) Assistente Social, dê muita atenção à gestão de dados do SUAS, pois isso é a chave para o levantamento de recursos nas esferas estaduais e municipais. Fonte: Ministério da Cidadania (online). PENSANDO JUNTOS De acordo com a LOAS/ lei 8742/93 Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos de proteção: I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da as- sistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familia- res e comunitários; II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos instrumentos das proteções da assistência social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território. Art. 6o-B. As proteções sociais básica e especial serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especificidades de cada ação. EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 1 36 Todos os questionamentos e situações apresentadas sobre a atuação do SUAS e a sua capacidade de lidar com estados emergenciais foram necessários para termos uma noção breve de algumas dificuldades que os profissionais enfrentam no dia a dia. Sejam elas por demandas novas, dificuldades de implantação e organização do SUAS nos municípios, baixa gestão da informação, entre outros. NOVAS DESCOBERTAS Título: Sistema Único de Assistência Social no Brasil - uma realidade em movimento. Autor: Berenice Rojas Couto, Maria Carmelita Yazbek, Maria Ozanira da Silva e Silva, Raquel Raichelis. Editora: Cortez Editora. Sinopse: Se até pouco tempo o tema da política da assistência social mobilizava, sobretudo, o interesse dos profissionais e pesquisadores da área de Serviço Social, hoje a interlocução é outra. Milhares de novos trabalhadores de distintas áreas, milhares de gestores públicos de entidades privadas e os milhões de novos sujeitos de direitos compõem um multifacetado e ávido segmento social, que no cotidiano são desafiados a construir a nova matriz do Sistema Único da Assistência Social o SUAS, com suas virtudes e vicissitudes, diriam as autoras. Para este vasto público, a leitura deste livro é preciosa. Trata-se de uma obra que reúne de ma- neira instigante um belo e amplo observatório da políticas pública de assistência social hoje. Ao examinar tema tão relevante, expondo a difícil dialética de sua da sua realidade em movi- mento, a equipe de autoras nos presenteia com uma feliz oportunidade de preparar melhor o estudo e intervenção profissional nesta complexa, fundamental, e não poucas vezes mal compreendida, política social. WEB : Para obter maiores informações e contribuir no aprendizado, você pode visitar o portal Capacitação Cidadania, uma platafor- ma EaD do Ministério da Cidadania, com cursos livres e auto instrucionais sobre o SUAS e outros assuntos pertinentes. Fonte: Ministério da Cidadania (online). https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13604 37 1. A proteção social no âmbito da Assistência Social organiza-se por dois tipos, isto é, a proteção social básica e a proteção social especial. Descreva detalhadamente as funções e evidencie as áreas em que cada uma se dedica. 2. De acordo com a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS - Lei nº 8.742/1993, o SUAS possui instâncias deliberativas de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil. Com relação a essas instâncias deliberativas, responda quais são e a sua importância dentro do SUAS. 3. O Conselho Nacional de Assistência Social é o órgão responsável por aprovar e de- liberar sobre a Política Nacional da Assistência Social. Deste modo, pontue algumas características sobre o conselho e também como é a composição de seus membros. 2Gestão e Desenvolvimento do SUAS: Instrumentos de Gestão Me. Michele Vanessa Werner Nesta unidade você entenderá como funcionam os instrumentos de gestão do SUAS, suas origens e também as bases legais, como tam- bém aprender o papel do Plano de Assistência Social. Nesta parte você também verá sobre os aspectos relevantes que o financiamento ocupa na concretização de uma política pública. Além disso, refletir sobre a contribuição das ferramentas de informação, monitoramento e avaliação do SUAS à Política Pública de Assistência Social. UNIDADE 2 40 Imagine que você, Assistente Social de um município, tenha que fazer vários atendimentos no mês de fevereiro, e devido à alta demanda, deixe de lançar os dados daquele período ao sistema de informação do SUAS. No mês seguinte, os atendimentos seguem altos, a equipe da Assistência Social do município é suficiente mas, ao mesmo tempo reduzida, e os dados no sistema do SUAS seguem acumulando para serem lançados. Naquela semana, a equipe de monitoramento de avaliação do SUAS con- voca você e seus colegas de trabalho para uma importante reunião, onde serão destinados novos recursos para programas e projetos que tenham prioridade no momento. Assim, a equipe solicita um levantamento de dados, mas infeliz- mente eles não foram lançados no sistema, inviabilizando uma análise comple- ta da situação. Devido à demora e falta de organização para o recebimento do recurso, o mesmo é repassado primeiro ao município vizinho pela celeridade das informações prestadas ao órgão gestor. Você enquanto Assistente Social, se preocupa e tenta adequar todas as bases de dados e considerações, mas apesar da organização nos dias seguintes, ainda precisa aguardar uma nova avaliação dos gestores para que os recursos sejam concedidos ao município. Você conseguiu ter uma dimensão da importância que é a gestão da infor- mação para o SUAS?. Exemplos como esse acontecem em vários municípios brasileiros diariamente, e o êxito da Política Nacional da Assistência Social depende que o SUAS esteja trabalhando em Rede, no qual todos os pontos alimentem informações para que este sistema funcione em sinergia. Agora, vamos aprender um pouco mais sobre isso! O objetivo da gestão da informação é criar condições estruturais para as ope- rações de gestão, monitoramento e avaliação do SUAS, de acordo com a NOB/ SUAS-2005. E, para isso, a avaliação torna-se um desafio com base em obrigações morais, e avança em questões estratégicas. Esta ferramenta é fundamental para a manutenção de políticas públicas, planos, projetos, serviços e interesses que são, portanto, vitais para a aquisição, sequenciamento e aplicação de recursos. Poden- do com isso, detectar problemas ou desvios na execução de uma ação, projeto ou plano, e permitir que ações corretivas sejam tomadas durante a sua execução. 41 Para que você, estudante, tenha uma experiência inicial sobre o tema, que tal entrar no site do Ministério da Cidadania e ver alguns Manuais do Censo SUAS 2021?. Com isso você poderá ter um breve conhecimento de como funciona a coleta de informações dos municípios. Acesse o site abaixo e confira: A partir do exemplo exposto, quais reflexões você pode observar na coleta de informações do censo SUAS?. Procure pensar sobre as dificuldades que um município com uma localização mais longe dos grandes centros possui na hora de levantar esses dados e anote abaixo possíveis adaptações para isso. UNIDADE 2 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13606UNIDADE 2 42 INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO SUAS Para tratarmos de instrumentos de gestão, vamos dar início a uma apresentação sobre os papéis desenvolvidos pelos entes federados no que diz respeito à assis- tência social. Alicerçados nas publicações do Ministério da Cidadania (antigo MDS), consideramos para o SUAS quatro tipos de gestão, que ocorrem no âmbito da União, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios. A gestão no âmbito da assistência social tem por objetivo contribuir na consolidação dos direitos sociais, trata-se da administração das demandas advindas da sociedade que expressam as necessidades da população. A for- mulação das políticas públicas, a implementação da política social, dos pro- gramas e dos projetos de cunho sócio assistencial são considerados os canais, os meios, de resposta às demandas sociais (KAUCHAKJE, 2012, p. 22- 25). Nesse sentido, Kauchakje (2012, p. 26) conclui que: “ Há uma íntima articulação entre as ações que visam assegurar direi-tos sociais, tais como políticas públicas, programas, projetos e servi-ços sociais destinados à população como um todo (universalidade) e a grupos sociais específicos (priorização social). Essa articulação acontece já na distribuição das atribuições das esferas de go- verno, situação em que cada uma assume seu papel na elaboração, coordenação, execução, monitoramento, avaliação dos planos, programas, projetos e serviços na área da assistência social. 43 Nesse sentido, compete a cada esfera realizar as atividades concernentes às suas responsabilidades pactuadas. A cargo da União, cabe a formulação, apoio, articulação e coordenação das ações, enquanto que os estados estão incumbidos da gestão da assistência social em seu âmbito, com base na NOB/SUAS. Já para a gestão municipal, a habilitação ao SUAS pode acontecer por meio de um dos três níveis, gestão inicial, básica e plena, cada nível define a amplitude das ações de assistência que o município irá assumir e cada nível amplia o alcance da ação. Por exemplo, a gestão inicial é para os municípios que tenham conselho em funcionamento, seus fundos e planos municipais de assistência social criados e executem as ações da Proteção Social básica, com recursos próprios, já no nível de gestão plena, gere totalmente as ações socioassistenciais. Quando um município não se habilita, os recursos federais ficam à disposição da gestão estadual (MDS, 2015). O SUAS conta, na sua metodologia de gestão, com instâncias de pactuação, que recebem o nome de Comissão Intergestores Tripartite - CIT e Comissão In- tergestora Bipartite - CIB. Tais comissões articulam nos três níveis de governo as suas demandas, negociando questões operacionais e intercambiando informações para efetivação da descentralização prevista no modelo de gestão do SUAS. As CITs articulam a organização e a gestão do sistema entre as três esferas, e as CIBs entre estados e municípios sempre considerando as deliberações dos Conselhos de Assistência Social na respectiva esfera. As pactuações definidas são encaminhadas ao Conselho Estadual/Municipal e para CNAS para registro e cientificação. Com base nisso, trataremos dos assuntos que envolvem os instrumen- tos de gestão do SUAS, retomando a discussão sobre a participação, pois o “modelo de organização institucional e distribuição de responsabilidades, e ao conjunto de mecanismos jurídicos e políticos, instrumentos técnicos, ferramentas informacionais e processos administrativos”, (MDS, 2015) está atrelado à questão essencial de responsabilidades dos envolvidos, na execu- ção, eficiência, eficácia e efetividade do conjunto de ações qualificadas nos serviços, programas, projetos, benefícios e transferências de renda. A execução da tarefa de controle social deve refletir a participação e a co- gestão do sistema, definida a partilha do poder e a democratização de decisões, estas necessitam ter suas determinações em esfera populacional, possibilitando fiscalização e controle pela população nas decisões e ações nos três níveis de go- verno. A aplicação dos princípios constitucionais, da legalidade, impessoalidade, UNIDADE 2 UNIDADE 2 44 publicidade e eficiência, de gestão pública direta e indireta, também pauta a gestão do SUAS no cumprimento do art. 6º da Lei Orgânica da Assistência Social, de nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993, que define os objetivos do SUAS, seguem: “ I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a coopera-ção técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6º-C; III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na orga- nização, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social;IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades re- gionais e municipais; V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos (BRASIL, 1993) Tais objetivos são alcançáveis, desde que sejam utilizados instrumentos de gestão, enquanto ferramentas de planejamento, de ordem técnica e financeira da PNAS e do SUAS, nos três níveis de governo. Embora haja previsão constitucional para a integração do planejamento e do orçamento público, na esfera da PNAS, a NOB/ SUAS - 2005 inclui outros instrumentos de gestão ao SUAS, identificando-os como o Plano de Assistência Social, o Orçamento da Assistência Social, a Ges- tão da Informação, Monitoramento e Avaliação, e o Relatório Anual de Gestão, tendo como parâmetro o diagnóstico social e os eixos de proteção social, básica e especial (NOB/SUAS, 2005). Nesse sentido: “ A gestão do SUAS, portanto, está relacionada a. processo técnico e político por meio do qual as ações acima refe-ridas são formuladas e implementadas; 45 b. modelo de organização institucional e distribuição de responsa- bilidades entre atores, instituições e unidades da federação quanto ao processo de planejamento, financiamento, execução, monitora- mento e avaliação da política pública; c. Conjunto de mecanismos jurídicos e políticos, instrumentos técnicos, ferramentas informacionais e processos administrativos, mobilizados pelos diversos atores que atuam na área – gestores, téc- nicos, conselheiros etc. – visando garantir a efetividade das ações e o seu controle pela sociedade (BRASIL, 2005). Os mecanismos, instrumentos e ferramentas listados embasam a formulação, a implementação, o controle, o monitoramento e a avaliação das ações e das deci- sões no processo de gestão compartilhada. Com base no art. 6º da LOAS, texto incluído pela Lei 12.435, de 2011, no “§ 2º O Suas é composto pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social abrangi- das por esta Lei”. Uma equipe que transcende a base técnica e une, em desafio, gestores, representações governamentais e da sociedade civil (nos espaços de controle social - os conselhos), cada qual com sua parcela de responsabilidade na garantia da efetividade da ação e no controle da aplicação dos recursos para a sua implementação. Considerando isso, iremos saber um pouco mais a respeito dos Instrumen- tos de Gestão do SUAS, a saber: o Plano de Assistência Social, o Orçamento da Assistência Social, a Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação e o Relatório Anual de Gestão. O PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Como vimos, com base na NOB/SUAS, o Plano de Assistência Social é uma das ferramentas de planejamento técnico e financeiro da PNAS e do SUAS, é um instrumento de gestão que organiza, regula e norteia a execução física e financeira da PNAS. Pautado no princípio democrático e participativo, deve ser submetido à aprovação do respectivo Conselho de Assistência Social
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