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PROFESSORAS Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha Me. Michele Vanessa Werner Esp. Andressa Bareta Esp. Priscila de Almeida Souza Esp. Silviane Del Conte Curi Gestão do Sistema Único da Assistência Social e o Trabalho Social com Famílias ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! EXPEDIENTE Coordenador(a) de Conteúdo Maria Cristina Araujo de Brito Cunha Projeto Gráfico e Capa André Morais, Arthur Cantareli e Matheus Silva Editoração Adrian Marçareli dos Santos Design Educacional Amanda Peçanha Revisão Textual Anna Clara Gobbi dos Santos Ilustração Andre Luis Azevedo da Silva Fotos Shutterstock DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. BARETA, Andressa; CUNHA, Maria Cristina Araújo de Brito; SOUZA, Priscila de Almeida; WERNER; Michele Vanessa Gestão do Sistema Único da Assistência Social e o Trabalho com Famílias. Andressa Bareta, Maria Cristina Araújo de Brito Cunha, Michele Vanessa Werner, Priscila de Almeida Souza. Maringá - PR: Unicesumar, 2022. 188p. ISBN 978-85-459-2131-8 “Graduação - EaD”. 1. Social 2. Família 3. Sistema. I. Título. CDD - 22 ed. 362 FICHA CATALOGRÁFICA Reitor Wilson de Matos Silva A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade, ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria- mente para que nossa educação à distância continue como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre quatro pilares que consolidam a visão abrangente do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o profissional, o emocional e o espiritual. A nossa missão é a de “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for- mando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”. Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor- tante para o cumprimento integral desta missão: o coletivo. São os nossos professores e equipe que produzem a cada dia uma inovação, uma transforma- ção na forma de pensar e de aprender. É assim que fazemos juntos um novo conhecimento diariamente. São mais de 800 títulos de livros didáticos como este produzidos anualmente, com a distribuição de mais de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos- sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700 polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina, Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre os 10 maiores grupos educacionais do país. Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima história da jornada do conhecimento. Mário Quin- tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu- nidade de fazer a sua mudança! Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Michele Vanessa Werner Olá! Meu nome é Michele Vanessa Werner e vou contar um pouquinho da minha história e meu currículo. Venho de uma cidade no interior do Paraná que se chama Santa Helena. Por ser uma cidade pequena, para fazer faculdade tive que me deslocar por quatro anos para Foz do Iguaçu, onde cursei Relações Internacionais. Por ser um curso muito amplo, na graduação eu estudei desde política, economia, história e comércio exterior, ou seja, toda essa movimentação que existe na sociedade, desde o passado até os dias atuais. Mas, como em todo curso o estudante acaba se identificando mais com algu- ma área específica, eu voltei para a área social. Neste período de graduação, o contato com ONGs e entidades do terceiro setor era muito grande, o que moti- vou após um tempo a procura pelo Mestrado em Serviço Social em busca de conhecer um pouco mais sobre a pro- fissão do Assistente Social. As coisas foram fluindo, iniciei a Graduação em Serviço Social e também o mestrado, onde consegui uma bolsa de pesquisa pela CAPES. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11207 O mestrado foi realmente um desafio que acontecia em minha vida, tendo paralelamente a isso uma pande- mia que assolava o mundo inteiro. Iniciei o estágio de docência no curso de graduação e foi possível ampliar meu desenvolvimento como professora, que foi muito gratificante!. Minha pesquisa final foi sobre a política de saneamento básico e a realidade de crianças e adolescen- tes que vivem sem esse direito social. Atualmente sou funcionária pública e docente da Uni- cesumar, e trago um pouco da minha história para que de certa forma possa te incentivar a seguir um caminho com muita dedicação e fé. Grande abraço e bons estudos! Lattes: http://lattes.cnpq.br/6146629580035719 Como garantir a proteção social de milhões de famílias brasileiras em meio a uma pandemia? Uma vez instalada a situação emergencial que o Covid-19 causou, ficou ainda mais notória a importância da Assistência Social para enfrentá-la. Com isso, o SUAS teve que se ampliar e lidar com questões muito maiores e que até então não faziam parte da rotina profissional. Desafios esses que envolviam desde a ausência de recursos, até a impossibilidade de se fazerem visitas domiciliares. O Sistema único da Assistência Social foi criado em 2005, no intuito de proteger a população de riscos sociais. Essas ações se dividem entre a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial. Este trabalho social realizado em todos os municípios brasilei- ros iniciam no CRAS - Centro de Referência de Assistência Social, é neste local que as fa- mílias adquirem as primeiras informações sobre benefícios e outros encaminhamentos. Abordamos neste livro sobre a gestão do Sistema Único da Assistência Social e do Trabalho social com as famílias, um importante pilar na formação dos futuros assis- tentes sociais e de como funcionará o seu trabalho. Porém, mais do que apresentar o conteúdo e teorias a respeito, é necessário dar ênfase que o Serviço Social segue a risca os conhecimentos teórico-práticos da Norma Operacional Básica (NOB/RH) no SUAS, e por isso é tão relevante compreender cada regra e cada objetivo proposto na legislação, enquanto processo de construção da cidadania e garantia de direitos sociais. Para uma imersão neste assunto tão importante, leia a Norma Operacional Básica do SUAS e anote os procedimentos mais importantes no trabalho profissional dos Assistentes Sociais. GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL E O TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS Acesse o QR CODE ao lado para ter acesso ao material indicado.https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14174 Você já se perguntou como o SUAS consegue se organizar em meio a tantos municí- pios brasileiros e a vasta imensidão do território nacional?. A gestão e o desenvolvimen- to do SUAS envolvem muitos fatores, desde os seus eixos estruturantes até o funciona- mento junto ao Ministério da Cidadania (antigo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome - MDS) - onde foram criadas diversas publicações, relatórios técnicos orientando o funcionamento deste sistema. Além de compreender esta transição de ministérios nos últimos anos, é preciso destacar a importância das Conferências Nacio- nais de Assistência Social na construção, consolidação e aperfeiçoamento do sistema. Dentro deste contexto, esta gestão não funcionaria sem os seus instrumentos, que oferecem suporte na Gestão da Informação, monitoramento e avaliação do SUAS, além dos planos e orçamentos da Assistência Social, que devem ser corretamente elabora- dos. Devido ao amplo funcionamento da tecnologia nos últimos anos, o SUAS conta com uma ferramenta essencial neste processo, a Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação - SAGI, que elabora anualmente um relatório com o intuito de apresentar informações e avaliar resultados. O êxito na gestão do SUAS se deve muito ao compi- lado de dados fornecidos pelos municípios brasileiros à SAGI, proporcionando novos subsídios para a população beneficiária. Todos os instrumentos e as ferramentas utilizados no SUAS pautam as ações para garantir direitos socioassistenciais e proteção social a indivíduos e a famílias. As ações que são propostas como atividades, programas, planos e projetos são desenvolvidas e executadas por profissionais específicos a cada nível de proteção social. Assim, a base conceitual de Trabalho Social se manifesta contemplando a listagem dos profissionais necessários aos níveis de proteção básica e especial, a equipe de referência exigida pela legislação concernente, em equipamentos públicos e/ou privados, como também a origem de recursos para o financiamento dessas equipes de referência. Para tanto, os profissionais que venham a compor as equipes de atendimento e referência do SUAS nos equipamentos públicos e privados têm garantido pela Política Nacional de Capacitação do SUAS o nivelamento dos conhecimentos para que a pa- dronização dos serviços atendam às demandas sociais com a mesma qualidade em todo território nacional. Assim, a capacitação dos profissionais do SUAS pauta-se nas atribuições específicas de cada função, que compõem os Serviços de Proteção Social Bá- sica e Serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. Dessa forma, algumas legislações sociais são essenciais que o profissional conheça para desenvolver suas atribuições com sucesso no atendimento e encaminhamento da demanda. Ao longo deste estudo, nossa discussão será norteada pelo trabalho social realiza- do pela equipe de atendimento da rede socioassistencial, com as famílias brasileiras nos serviços de proteção social básica e nos serviços de proteção social especial de média e alta complexidade da Política Nacional de Assistência Social. Sob tal enfoque, o conceito de vulnerabilidade social e de família se apresentam, sendo essenciais ao exercício profissional do trabalho em rede com as famílias na perspectiva do SUAS. Nesse processo, trataremos do trabalho da equipe técnica no atendimento social com as famílias, bem como o atendimento em rede, como mecanismo de proteção social e garantia de acesso a direitos e serviços, e como a equipe de referência atua no acom- panhamento às famílias em situação de vulnerabilidade. Sejam bem-vindos e vamos juntos conhecer sobre este sistema tão fundamental em nosso país e para a Assistência Social! IMERSÃO RECURSOS DE Ao longo do livro, você será convida- do(a) a refletir, questionar e trans- formar. Aproveite este momento. PENSANDO JUNTOS NOVAS DESCOBERTAS Enquanto estuda, você pode aces- sar conteúdos online que amplia- ram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tec- nologia a seu favor. Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experien- ce. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recur- sos em Realidade Aumentada. Ex- plore as ferramentas do App para saber das possibilidades de intera- ção de cada objeto. REALIDADE AUMENTADA Uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o códi- go, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PÍLULA DE APRENDIZAGEM OLHAR CONCEITUAL Neste elemento, você encontrará di- versas informações que serão apre- sentadas na forma de infográficos, esquemas e fluxogramas os quais te ajudarão no entendimento do con- teúdo de forma rápida e clara Professores especialistas e convi- dados, ampliando as discussões sobre os temas. RODA DE CONVERSA EXPLORANDO IDEIAS Com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discu- tido, de forma mais objetiva. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3881 APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 1 2 3 4 5 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES 11 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: INSTRUMENTOS DE GESTÃO 39 65 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: TRABALHADORES DO SUAS. 107 TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS E A TIPIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE. 143 O TRABALHO EM REDE COM FAMÍLIAS NA PERSPECTIVA DO SUAS 1Gestão e Desenvolvimento do SUAS: Eixos Estruturantes Me. Michele Vanessa Werner Nesta unidade você poderá compreender um pouco mais sobre o Sis- tema Único da Assistência Social - SUAS, desde a estrutura atual como também as suas bases históricas. O contexto pandêmico do (Covid-19) apesar de ter dado notoriedade à importância do SUAS, também de- monstrou as fragilidades desta política. Diante disso, você como futu- ro(a) Assistente Social, poderá entender nesta unidade como se deu o processo de criação e funcionamento deste sistema, buscando ao decorrer desta e das outras unidades, identificar e relacionar quais aspectos que podem ser melhorados na política do SUAS. UNIDADE 1 12 Se você tivesse no comando de uma política pública de Assistência Social, onde o compromisso fosse enfrentar uma situação de emergência no Brasil, sabendo que nesta política, haveria recursos limitados, alta demanda e dificuldade de im- plantação desses comandos nos municípios, o que você faria?. Imagine que o Sistema Único da Assistência Social seja o principal meio para que famílias tenham acesso a serviços básicos de proteção social, em meio a di- versos problemas que vivenciam, mas que agora essa demanda tenha triplicado e a sua margem de atuação enquanto dirigente desta política seja um tanto quanto limitada por diversos aspectos, qual seria a melhor saída?. Este é um questionamento que o Ministério da Cidadania e a Assistência Social vêm se perguntando desde a chegada da pandemia do Coronavírus em 2019. As medidas urgentes exigiram um dinamismo por parte do sistema público, necessitando de informações atualizadas, procedimentos técnicos e monitoramentos com precisão e agilidade. Já falamos sobre os novos desafios que passaram a fazer parte do SUAS, agora você estudante conhecerá um pouco mais sobre a estrutura deste sistema, mas ficando com a tarefa importante de acompanhar a atuação do SUAS em seu município, iden- tificando possíveis estratégias para torná-lo cada vez mais acessível e universalizado. A proteção social aos cidadãos se dá por meio da Assistência Social ofereci- da pelo SUAS. Recentemente, com a pandemia do Covid-19 o governofederal buscou medidas para controlar os impasses econômicos e sociais provocados, proporcionando um suporte financeiro às pessoas de baixa renda e trabalhadores informais. Embora o SUAS tenha se organizado da melhor forma para atender às crescentes e novas demandas que surgiram desde 2019, o mesmo carece de adaptações frente aos desafios que surgem na sociedade. 13 Para um primeiro contato com o SUAS e estar por dentro dos desafios que o sistema enfrenta com a pandemia, indicaremos que você consulte o site oficial do Ministério da Cidadania e do SUAS para analisar as ações e deliberações acerca deste assunto. Você conhece algum Assistente Social que faz parte da equipe do SUAS de seu município? Se pos- sível, converse com algum profissional e questione quais desafios tem feito parte do trabalho desta pessoa atuando neste sistema. Utilize o diário de bordo para responder a essas reflexões. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13603 UNIDADE 1 14 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DO SUAS: EIXOS ESTRUTURANTES Para que possamos compreender o processo de gestão e desenvolvimento do SUAS, é necessário discutir sobre as suas bases, suas estruturas históricas, legais e sociais, que perpassam não somente esses componentes, mas toda a gama de ações que movimentam a sociedade brasileira, desde a gênese dos movimentos sociais que reivindicaram e reivindicam a garantia de direitos humanos, sociais e constitucionais até a construção de um sistema para ga- rantir a proteção social de indivíduos e famílias. Para tal estudo, iniciaremos a discussão pautando-nos na construção histórica e na formatação básica da estrutura organizacional do SUAS, sua composição e sua origem, mas não sem antes conhecer o órgão que coordena o sistema, o Ministério da Cidadania, e sua posição na estrutura de Estado. Ministério Da Cidadania - Espaço Na Estrutura Ad- ministrativa Figura 01: Logo Do Ministério Da Cidadania (2021) Fonte: BRASIL. Secretaria Especial do Desenvolvimento Social. Assinatura do Ministério da Cidada- nia. 1 fotografia. 2021. Disponível em: http://www.mds.gov.br/webarquivos/cidadania/marca_gov/ horizontal/ASSINATURA_CIDADANIA_216X64px.png. Acesso em 26 abr. 2021. Descrição da Imagem: na imagem há a bandeira do Brasil nas cores azul, verde e amarelo, e ao lado direito a escrita pátria amada Brasil e governo federal abaixo, e ao lado esquerdo a escrita ministério da cidadania na cor cinza. 15 Antes de iniciarmos o conhecimento sobre o atual Ministério da Cidadania, pre- cisamos resgatar sobre o antigo Ministério do Desenvolvimento Social – MDS e a sua importância para a Assistência Social no Brasil. O MDS foi criado, em janeiro do ano de 2004, com o objetivo de promover a inclusão social, a seguran- ça alimentar, a assistência integral e uma renda mínima às famílias em situação de pobreza. Para compreendermos a posição ocupada pelo MDS na estrutura governamental, visualizamos suas bases, conhecendo a origem de um ministério. Pautada na legislação brasileira, a pessoa que ocupar a função de Presidente da República, por meio de lei especial, tem o poder de criar, modificar a estrutu- ra e extinguir ministérios, secretarias ou órgãos da administração pública. Essa atribuição é exercida quando são necessários arranjos e rearranjos institucionais na organização pública, visando o cumprimento de sua missão. A ordem da estrutura da organização pública, no Poder Executivo Federal, projeta-se no intuito de fortalecer estratégias, de se ajustar aos sistemas de gestão, com vistas ao sucesso das ações do Estado, e atua com base nos princípios consti- tucionais da Administração Pública, conforme o art. 37 da CF/88, de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Nessa estrutura, os minis- térios integram a cúpula administrativa e hierárquicamente são subordinados diretamente à Presidência da República, tendo autonomia técnica, financeira e administrativa para planejar e executar ações nas suas áreas de competência. Incluindo, entre esses, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário – MDS, atual Ministério da Cidadania, que é responsável pela coordenação da Política Nacional da Assistência Social - PNAS, e um de nossos focos de estudo. No ano de 2018, outros ministérios foram agrupados com outros no intuito de enxugar a máquina pública. Diante disso, os Ministérios que no ano de 2021 constituem o governo federal são: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mi- nistério da Cidadania, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Ministério das Comunicações, Ministério da Defesa, Ministério da Economia, Ministério da Educação, Ministério da Infraestrutura, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Ministério da Saúde, Ministério das Relações Exteriores, Ministério de Minas e Energia, Ministério do Desenvolvimento Regional, Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Turis- mo e o Ministério do Trabalho e Previdência (BRASIL, 2021). Cabe aos Ministérios criar normas, acompanhar e avaliar programas fede- rais, estabelecer estratégias, diretrizes e prioridades na aplicação dos recursos UNICESUMAR UNIDADE 1 16 públicos. O Ministro de cada pasta é responsável pela coordenação e supervi- são dos órgãos e entidades da administração federal na sua área, e é escolhido pelo(a) Presidente da República. Cada ministério tem, atrelado a si, secretarias, que são responsáveis por estimular o compartilhamento das responsabilidades entre Estado e sociedade, e sua atuação está fundamentada na garantia do prin- cípio constitucional da participação social, enquanto afirmação da democracia. Constroem os espaços de participação da sociedade na elaboração das políticas públicas, conhecidos como conselhos de gestão pública. Com base nas informações publicadas por órgão governamental, atualmente, as secretarias diretamente atreladas à Presidência da República são a Secretaria Especial de Assuntos Federativos; Secretaria Especial de Relações Institucionais; Secretaria Especial de Articulação Social e Secretaria Especial de Assuntos Par- lamentares. Cada secretaria possui sua atribuição específica a sua área de com- petência e atuação. Quanto aos conselhos de gestão pública, cabe-lhes propor diretrizes, tomar decisões concernentes às políticas ou cuidar da gestão dos pro- gramas. Alguns têm, em sua composição, a participação de diversos segmentos vinculados à sua área, assim como dos integrantes da administração pública de diferentes esferas de governo. Dentre esse total de Conselhos de gestão pública, a área de trabalho do profissional de serviço social utiliza mais frequentemente as matérias do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana; do Conselho de Recursos da Previdência Social; do Conselho Nacional da Juventude; do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional; do Conselho Nacional dos Direi- tos da Criança e do Adolescente; e do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso. O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS não está vinculado à gestão pública, mas ao Ministério da Cidadania. Foi instituído pela Lei Orgânica da Assistência Social, a LOAS (Lei 8.742, de 07 de dezembro de 1993), e trata-se de um órgão de deliberação colegiada, cujos membros são nomeados pela Pre- sidência da República. Sua composição é paritária, com 18 (dezoito) membros e respectivos suplentes, sendo 9 (nove) representantes governamentais e 9 (nove) representantes da sociedade civil, escolhidos em foro próprio, sob fiscalização do Ministério Público Federal. Seu presidente é eleito entre seus membros, com mandato de 1 (um) ano, e conta com uma Secretária Executiva, subordinada ao Poder Executivo, por meio do Ministério da Cidadania. Esse conselho tem a atribuição de aprovar a Política Nacional de Assistência Social, assim como a de normatizar as ações e regular a prestação de serviços de 17 natureza pública e privada no campo da assistência social.Também lhe é pertinente zelar pela correta efetivação do SUAS, convocar ordinariamente a Conferência Na- cional de Assistência Social, bem como apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada ao Ministério da Cidadania. Todas as suas decisões, as contas e as prestações de contas do Fundo Nacional de Assistência So- cial - FNAS devem obrigatoriamente ser publicadas em órgão oficial de imprensa. Antes de passarmos para o próximo assunto, apresento-lhe a Resolução CNAS nº 207, de 16 de dezembro de 1998, que aprovou a primeira versão da Política Nacional de Assistência Social - PNAS e a Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB2. MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL RESOLUÇÃO Nº 207, 16 DE DEZEMBRO DE 1998. Aprova a Política Nacional de Assistência Social - PNAS e a Norma Opera- cional Básica da Assistência Social -NOB2 O Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, em Reunião Plenária, realizada nos dias 15 e 16 de dezembro de 1998, dentro das competên- cias e das atribuições conferidas pelo artigo 18, inciso I, II e V, da Lei n o 8.742, de 7 de dezembro de 1993, Resolve: Artigo 1º – Aprovar por una- nimidade a Política Nacional de Assistência Social – PNAS e a Norma Operacional Básica da Assistência Social – NOB2; Artigo 2º – apresentar as seguintes recomendações referentes à PNAS e à NOB2: I – que sejam encaminhadas ao Senhor Ministro da Previdência e Assistência Social para, através de Portaria, legitimar e divulgar a PNAS e a NOB2, recomendando o envio à Câmara de Política social da Presidência da República para conhecimento e providências cabíveis; II – que sejam amplamente divulgadas na imprensa nacional; III – que os órgãos Gestores e Conselhos de Assistência publicizem as informações contidas nos referidos documentos; IV – que o Plano Nacional de Capacitação de Conselheiros e Gestores da Assistência Social priorize em sua qualificação o conteúdo dos docu- mentos; Que seja atualizado o marco situacional da Política Nacional de Assistência Social, com os dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD/97 e com o novo Plano Plurianual de 1999, tão logo estejam disponíveis. Artigo 3º – Os textos da Política Nacional de Assistência Social e Norma Operacional Básica da Assistência Social serão impressos e distribuídos. Artigo 4º – Esta Resolução entre em vigor na data de sua publicação. *Republica do Original do D.O de 18 de dezembro de 1998, seção I página 368. GILSON ASSIS DAYREL Presidente do CNAS . BRASIL (1998, online). UNICESUMAR UNIDADE 1 18 Para a assistência social, com base nas lutas e conquistas da Constituição Fe- deral de 1988, pudemos confirmar que as garantias sociais previstas na Carta Magna iniciaram sua construção, ainda em 1988, com a promulgação da Po- lítica Nacional de Assistência Social, pelo Ministério de Previdência e Assis- tência e Conselho Nacional de Assistência Social. Atualmente, tais legislações são construídas a partir dos Conselhos, como já vimos, mas são estruturadas e implementadas pelo Ministério da Cidadania. MINISTÉRIO DA CIDADANIA: ATRIBUIÇÕES Uma das principais mudanças do antigo Ministério do Desenvolvimento Social - MDS para o atual Ministério da Cidadania tem sido em sua estrutura orga- nizacional. Através dos decretos n° 9.674/2019 e nº 10.357/2020 o Ministério da Cidadania surgiu da união do Ministério do Esporte com o Ministério do Desenvolvimento Social. Diante disso, 3 (três) secretarias foram reorganizadas e assumindo novas funções, sendo elas: a Secretaria Executiva; a Secretaria Especial do Desenvolvimento Social e a Secretaria do Esporte (BRASIL, 2020). Dada a importância de cada departamento do Ministério, daremos ênfase neste momento para as secretarias que são vinculadas à Secretaria Especial do Desenvolvimento Social. A Secretaria Nacional de Renda e Cidadania - SENARC que conta com 3 (três) departamentos, é responsável pela implementação da Política Nacional de Renda e Cidadania, promovendo a transferência direta de renda a famílias em situação de vulnerabilidade econômica, condições de pobre- za e extrema pobreza no âmbito do território nacional. São os Departamentos desta secretaria, o Departamento de Operação; o Departamento de Benefícios; o Departamento de Cadastro Único; o Departamento de Condicionalidades. Dentro da Secretaria Especial de Desenvolvimento Social, além da SENARC encontramos a Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância, a Secretaria Nacional de cuidados e Prevenção às Drogas, Secretaria Nacional de Inclusão Social e Produtiva, e por fim a Secretaria Nacional de Assistência Social. É pre- ciso destacar que esta última secretaria possui 5 (cinco) departamentos que são extremamente importantes para o funcionamento da Assistência Social, isto é, o Departamento de Gestão do SUAS; o Departamento de Benefícios Assistenciais; 19 Departamento de Proteção Social Básica; Departamento de Proteção Social Es- pecial e Departamento da Rede Socioassistencial Privada do SUAS. A Secretaria Nacional de Assistência Social - SNAS é o órgão do Ministério da Cidadania responsável pela gestão da Política Nacional de Assistência Social, com a meta prioritária de consolidar o direito à assistência social em todo o território brasileiro e de melhor execução de suas tarefas. As atribuições da SNAS foram estabelecidas pelo art. 19, da LOAS, e, algumas dessas atribuições, ela desenvolve em parceria com uma outra secretaria do MDS, a Secretaria de Avaliação da Ges- tão da Informação – SAGI. Juntas, executam as funções de regular, cofinanciar, acompanhar as ações implementadas pelos entes federados, avaliar, monitorar e promover a capacitação dos recursos humanos dos estados e municípios, além de prestar assessoramento técnico a estados e municípios. Entretanto, se faz ne- cessário registrar que as ações da SNAS são desenvolvidas associadas às outras secretarias do Ministério da Cidadania, e que os beneficiários dos Programas Bolsa Família e Segurança Alimentar e Nutricional, comumente, são públicos prioritários dos serviços de proteção da assistência social brasileira. Devemos destacar também a Secretaria Nacional de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) - trata-se de um órgão técnico-administrativo, responsável pelas ações de gestão da informação, monitoramento, avaliação e capacitação das políticas e programas do Ministério. Desenvolve atividades para que o MDS possa conhecer o público-alvo de suas políticas e programas, e busca, por meio do monitoramento e da avaliação dos programas, indicar melhores caminhos para o desenvolvimento e implementação de ações. Tem a missão de minimizar os esforços e ampliar a possibilidade de resultados positivos do esforço governa- mental, na área deste Ministério, para que as equipes técnicas e gestores das três esferas de governo envolvidos em políticas de desenvolvimento social tenham condições de aprimorar os programas e as ações. Essa secretaria desenvolve e utiliza instrumentos de informação por meio de sistemas e dados organizados, disponibilizados em painéis de monitoramento, em pesquisas de avaliação de impacto e resultados e em estudos técnicos espe- cíficos, muitos, ainda, são distribuídos em publicações eletrônicas e impressas. Realiza, também, capacitações e cursos de formação profissional. É composta por equipe multidisciplinar, formada por sociólogos, antropólogos, economistas, estatísticos, educadores, cientistas políticos, profissionais de informática, enge- nheiros, profissionais de saúde, educação e psicologia. Os técnicos trabalham nos UNICESUMAR UNIDADE 1 20 quatro departamentos da SAGI, em conteúdos e missões distintas, mas inter-rela- cionados. Para que todas as suas atividades já listadas sejam desempenhadas com qualidade, essa Secretaria conta com 4 (quatro) departamentos, conforme segue: o Departamento de Gestão da informação; o Departamento de Monitoramento; o Departamento deAvaliação; o Departamento de Formação e Disseminação. Conversaremos, ainda mais adiante, a respeito dessa Secretaria. A seguir, uma parte do organograma do Ministério da Cidadania, com suas Secretarias, está apresentado abaixo, para que você possa visualizar a estrutura que lhe apresentamos em texto. MINISTÉRIO DA CIDADANIA - ESTRUTURA MINISTÉRIO DA CIDADANIASECRETARIAEXECUTIVA SECRETARIA ESPECIAL DO ESPORTE Diretoria de Assuntos Internacionais Secretaria Nacional do Cadastro Único Secretaria de Gestão de Fundos e Transferências Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação - SAGI Ouvidorias Corregedorias Assuntos Administrativos Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social. Secretaria de Incentivo e Fomento ao Esporte. Secretaria Nacional do Paradesporto. SECRETARIA ESPECIAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Departamento de Gestão do SUAS Departamento de Benefícios Assistenciais Departamento de Proteção Social Básica Departamento de Proteção Social Especial Departamento da Rede Socioassistencial Privada do SUAS Secretaria Nacional de Renda de Cidadania Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância Secretaria Nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas Secretaria Nacional de Inclusão Social e Produtiva ÓRGÃOS COLEGIADOS: Conselho Nacional de Assistência Social CNAS Conselho Consultivo e de Acompanhamento do Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza Conselho Gestor Interministerial do Programa Bolsa Família Conselho Nacional do Esporte CNE Conselho Nacional de Economia Solidária Figura 02: Ministério da Cidadania (estrutura). Fonte: BRASIL (2021, online). Descrição da Imagem: na imagem, há um esquema mostrando a estrutura do Ministério da Cidadania e os órgãos que são vinculados a cada uma das três secretarias, do desenvolvimento social, do esporte e a secretaria executiva. 21 Com base na figura do organograma, podemos perceber que o Conselho Nacio- nal de Assistência Social está diretamente vinculado ao Ministério da Cidadania e praticamente equiparado na hierarquia de gestão deste ministério. Agora que já estamos familiarizados com a organização funcional do MDS, da SNAS e sabemos quem coordena a gestão da PNAS, podemos avançar nossa discussão sobre o SUAS, no próximo item. Construção Histórica E Organização Básica Do Sis- tema Único Da Assistência Social. Figura 03: Logo oficial do Sistema Único de Assi stência Social (SUAS). Fonte: BRASIL. Ministério da Cidada- nia. Logo do Sistema Único de Assi stência Social (SUAS). 1 fotografia. 2021. Disponível em http://www. mds.gov.br/webarquivos/sala_de_ imprensa/marcas_selos/assisten- cia_social/logo_suas_grande.jpg. Acesso em 26 abr. 2022. Descrição da Imagem: na ima- gem há o desenho de duas pes- soas na cor amarela e abaixo um círculo verde escrito SUAS - Sistema único de Assistência Social. Daremos sequência aos nossos estudos sobre o SUAS. Com base na Constituição Federal Brasileira de 1988, marco legal sem pre- cedentes na direção da consolidação dos direitos de cidadania, são pautadas as origens do SUAS, que traz em seu Art. 195 a discussão sobre o financiamento da seguridade social - saúde, assistência social e previdência. UNICESUMAR UNIDADE 1 22 “ Na constituição de 1988, colocou-se, pela primeira vez na nossa história, a consagração de um projeto de sociedade democrática, reconhecendo-se a vinculação necessária entre regime democrático e direitos sociais (NETTO, Anais da II Conferência Nacional de Assistência Social, 1997, p. 22). No que tange à saúde e à assistência social, os critérios de transferência de recursos, para organizações públicas e privadas, estão dispostos no § 10 do mesmo artigo, que menciona um Sistema Único de Saúde e “ações” de assis- tência social, todavia a Carta Magna não faz menção a um sistema para a assistência social, uma vez que a organização de sistema específico para a área social somente foi criado alguns anos depois, por meio da Lei n° 8742/1993, a Lei Orgânica da Assistência Social- LOAS. Para compreendermos as origens do Sistema Único da Assistência Social - SUAS, estudaremos um pouco mais de perto a LOAS, discutindo, a seguir, alguns artigos da referida legislação. Essa Lei organiza todas as ações da assistência social e, com base em seus princípios e diretrizes, em seu Capítulo III, sob o título “Da organização e da gestão”, cria, legalmente, o Sistema Único da Assistência Social - SUAS, sob o seguinte enunciado: “ Art. 6º A gestão das ações na área de assistência social fica or-ganizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (Suas), com os seguintes objetivos: I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a coo- peração técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, proje- tos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6º-C;III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na organização, regulação, manutenção e expansão das ações de as- sistência social; IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades regionais e municipais; 23 V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de di- reitos (BRASIL, 1993). As principais diretrizes de organização desse sistema estão alinhadas aos Artigos 203 e 204 da Constituição Federal de 1988, no primeiro, garantindo acesso à assistência social “a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social” e, no seguinte, quando estabelece, em seus incisos, seu dire- cionamento quanto às questões da descentralização político-administrativa e da “participação popular, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis”. A LOAS, ainda, acres- centa a essas determinações constituintes “a responsabilidade do Estado na con- dução da política de assistência social em cada esfera de governo”. Os princípios, as diretrizes e os objetivos da LOAS, em consonância com a legislação federal, buscam a garantia dos direitos assegurados e a melhor forma de execução das ações para efetivá-los. Para a consolidação da assistência social, pretendeu-se, por meio de normas e leis, construir todo o arcabouço para a organização e gestão de ações em prol da superação das demandas sociais. Nesse aspecto, o texto do art. 6º da LOAS remete à criação do Sistema Único da Assistência Social, quando afirma que: “ A gestão das ações na área de assistência social fica organizada sob a forma de sistema descentralizado e participativo, denominado Sistema Único de Assistência Social (SUAS), [...] (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) (BRASIL, 2011). As sementes do Sistema Único da Assistência Social - SUAS foram lançadas em solo fértil e passaram a ser regadas pelos saberes profissionais, técnicos e da so- ciedade civil, orientadas pelas legislações e normativas. Visa proteger “à família, à maternidade, à adolescência e à velhice e como base de organização, o território” (LOAS - Art. 6º, § 1 ), tendo suas medidas organizadas em tipos de proteção social, a proteção social básica e a proteção social especial (de média e alta complexidade), UNICESUMAR UNIDADE 1 24 conforme o nível de vulnerabilidade e risco social a que está submetido o indivíduo e/ou a família, será preventiva ou reconstrutiva. Essas proteções com base na lei, “ [...] serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organiza-ções de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especi- ficidades de cada ação (BRASIL, 1993). Esse vínculo dos entes públicos e das organizações de assistência social ocorre por meiode cadastros, que devem atender critérios documentais e, essencialmente, às exigências quanto aos serviços que são ofertados a cada parcela da população. Porém, para a manutenção desses cadastros, a avaliação se dá no controle, no acompanhamento e na avaliação das propostas e execução delas. A criação do sistema organiza o serviço no intuito de tornar o atendimento e a prestação de serviços ágil, efetivo, eficaz e eficiente. Não se trata de, apenas, um sistema de informação e controle informatizado, mas de um sistema integrado de ações, planos e projetos para atendimento às demandas sociais. As informações que são coletadas por ele são utilizadas para monitoramento, controle da avaliação dos programas, projetos e serviços da área da assistência social, gerando relatórios e dados suficientes para alteração ou in- tensificação de ações, quando e se necessário. Os órgãos de controle e a população têm acesso a tais informações para conhecer onde e como os recursos estão sendo aplicados, e se a aplicação desses recursos está conforme o planejado. Para que as entidades de assistência social prestem os serviços pertinentes à assistência social e façam jus à celebração de convênios com órgãos públicos, ne- cessitam terem sua vinculação ao SUAS reconhecidas pelo Ministério da Cidada- nia, atendendo a requisitos da tipificação dos serviços socioassistenciais e demais legislação pertinentes a organização da sociedade civil. Entre eles, ter inscrição no Conselho Municipal de Assistência Social ou do Distrito Federal. A inscrição de projetos ou da entidade nos respectivos conselhos locais garante que a exe- cução de ações, projetos e serviços estejam em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Assistência Social e legislações posteriores pertinentes. A LOAS determina que seja garantido o acesso à celebração de convênios, contratos, acordos ou ajustes com o poder público, para a execução de servi- ços, programas, projetos e ações de assistência social, somente àquelas vincu- 25 ladas ao SUAS. (Art. 6º-B, § 3º ) O Art. 10 delimita que a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal podem celebrar convênios com entidades e organizações, desde que as propostas estejam alinhadas aos Planos de As- sistência Social aprovados pelos Conselhos de cada esfera, respectivamente. Tais celebrações, do ente público com a esfera privada, proporcionam, à sociedade, a execução de ações preventivas, protetivas e paliativas no âmbito da assistência social, na direção da garantia de direitos. Asseguram à esfera privada, na figura das organizações não governamentais, a elaboração e a execução de projetos e atividades em complementaridade ao Estado. Para compreendermos o funcionamento do SUAS, no que concerne ao finan- ciamento, faz - se necessário conhecer a sua composição e atribuições, conforme veremos no próximo item. Sugerimos a leitura sobre os Fundos de Assistência Social, que agregará o conhecimento necessário para compreensão das origens de financiamento por esfera de governo, das ações, dos programas, projetos, atividades e das equipes de trabalhadores que compõem o SUAS. COMPOSIÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL A composição do SUAS é formada pelos entes federativos nas três esferas de governo, seus respectivos Conselhos de Assistência Social e por entidades e orga- nizações de assistência social enquadradas na legislação vigente. A coordenação da Política Nacional de Assistência Social é delegada ao Ministério da Cidadania, e fixar as respectivas Políticas de Assistência Social cabe, respectivamente, a cada esfera de governo, executando as ações de forma articulada. Os artigos 12º ao 15º da LOAS estabelecem as competências de cada esfera de governo e do Distrito Federal, o cofinanciamento, a gestão descentralizada dos serviços, programas, projetos e benefícios e, ainda, o monitoramento e a avaliação da política de assistência social. O art. 16 define que as instâncias deliberativas do SUAS são de caráter permanente, devem funcionar regularmente, visando acompanhar, controlar e avaliar a política de assistência social. Para ser parti- cipativo, conforme art. 6º determina, ainda, que sua composição seja paritária entre governo e sociedade civil. Essas instâncias deliberativas são compostas por: UNICESUMAR UNIDADE 1 26 1. o Conselho Nacional de Assistência Social; 2. os Conselhos Estaduais de Assistência Social; 3. o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal; 4. os Conselhos Municipais de Assistência Social (BRASIL, 1993). O Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS é composto por 18 membros e respectivos suplentes, cujo mandato é de 2 (dois) anos, sendo permitida uma recondução pelo mesmo período. O presidente será eleito entre seus membros, para mandato de 1 (um) ano, tendo uma recondução permitida por igual período. Os Conselhos, em cada esfera de governo, estão vinculados ao órgão gestor de assistência social, cabendo a ele a responsabilidade de garantir as condições para seu funcionamento, tais como infraestrutura, recursos humanos e financeiros, esses últimos, inclusive, nas despesas com passagens e diárias dos conselheiros, se estiverem no exercício das suas atribuições. Cabendo aos “ [...] Conselhos de que tratam os incisos II, III e IV do art. 16, com competência para acompanhar a execução da política de assistência social, apreciar e aprovar a proposta orçamentária, em consonância com as diretrizes das conferências nacionais, estaduais, distrital e municipais, de acordo com seu âmbito de atuação. [...] e “deverão ser instituídos, respectivamente, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, mediante lei específica "(BRASIL, 1993). A lei determinou um total de 14 atribuições a esse Conselho, entre elas, a de normatizar, regular, acompanhar e fiscalizar a prestação dos serviços públicos e privados no âmbito da assistência social, bem como aprovar os critérios de transferência dos recursos para os Estados, Municípios e Distrito Federal, acom- panhando e avaliando a gestão dos recursos. Tornou-o responsável, também, pela convocação ordinária das Conferências Nacionais, periodicamente. Conhecemos, neste tópico, as bases do Conselho de Assistência Social e como ele se faz representar nas respectivas esferas de governo. Tivemos a oportunidade de conhecer sobre o espaço que ocupa e como se organiza financeira e estrutu- ralmente, pautado nas responsabilidades do órgão gestor. Também listamos suas atribuições essenciais, conhecimento básico necessário à discussão do próximo tópico, que trata das Conferências de Assistência Social e como estão articuladas 27 com esse Conselho. O espaço democrático de discussão, articulação e avaliação se concretiza nas Conferências de Assistência Social, que acontecem bianual- mente, em cada esfera de governo, com base na representatividade do governo e sociedade civil. É amplo e se fortalece a partir das estratégias de organização e reorganização das propostas e diretrizes estabelecidas para a Política de Assis- tência Social, repensando as ações, com vistas a sua estruturação e consolidação, enquanto garantia de acesso e direitos sociais. Conheceremos, a seguir, os caminhos percorridos pela assistência social nos espaços democráticos de discussão, até culminar na IV Conferência Nacional de Assistência Social, quando foi criado o Sistema Único da Assistência Social - SUAS, que é o tema central da nossa discussão nesta disciplina. Apresentar as discussões e temas das Conferências Nacionais de Assistência Social é de extrema relevância para que acompanhemos o processo de consolidação da assistência social, enquanto sistema, conforme estudaremos. CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL O espaço de participação social democrática no âmbito da assistência social se consolida a partir da I Conferência Nacional, que aconteceu de 20 a 23 de no- vembro de 1995, na cidade de Brasília, e teve por objetivo avaliar a situação da AssistênciaSocial, visando propostas de concretização e aperfeiçoamento do UNICESUMAR UNIDADE 1 28 Sistema Único da Assistência Social, de forma participativa e descentralizada, tendo por tema a assistência social como direito do cidadão e dever do Estado. A Portaria nº 4.251 de 24 de novembro de 1997, convocou a II Conferência, tendo sido realizada no período de 9 a 12 de dezembro de 1997, em Brasília. Essa Conferência teve como tema geral “O Sistema Descentralizado e participativo da Assistência Social - Construindo a Inclusão - Universalizando Direitos” e, de acordo com o Conferencista José Paulo Netto, em seu discurso de abertura, cons- truir a inclusão e universalizar direitos está “diretamente vinculado ao projeto de construir uma sociedade democrática em nosso País.” Com base nos anais do re- ferido evento, o conferencista, ainda, complementa a discussão sobre a construção dessa sociedade democrática, desvinculando-a do regime político democrático: “ Não devemos e não podemos identificar a vigência de um regime político democrático com a existência de uma sociedade democrá-tica. [...] Mas a democracia política, ainda quando por sua inteira efetividade, o que não é o nosso caso, não é um valor para ser apre- ciado em si mesmo, é um instrumento estratégico para viabilizar a democratização da sociedade e do Estado. Uma sociedade demo- crática é mais, muito mais que o Estado de direito democrático, uma sociedade democrática é aquela em que, contando-se com o indispensável suporte da democracia política, todos e cada um de seus membros dispõem de condições reais de construir sua auto- nomia pessoal sem os agravantes da exclusão social (NETTO, 1997, p. 20 “Anais II Conferência”). Pautados nessa discussão, percebemos que a democracia deve ser exercida, in- clusive, no âmbito da autonomia individual, com base na criação de condições concretas para efetivação dos direitos sociais, de forma participativa. Em 30 de março de 2001, o CNAS, por meio da Portaria nº 909, convoca a III Conferência Nacional de Assistência Social, para ser realizada entre os dias 4 e 7 de dezembro de 2001, e define como tema central de discussão a “Política de Assistência Social: Uma trajetória de Avanços e Desafios”. Essa conferência teve discussão pautada em 3 painéis. O grupo do primeiro painel refletiu sobre a “Avaliação do Controle Social nos Oito anos da LOAS”, sendo traduzido em deli- berações acerca do papel político dos conselhos, da participação dos conselhos na elaboração dos planos de assistência social e no controle dos recursos, bem como 29 na garantia de acesso à participação dos usuários nas conferências realizadas nos três níveis de governo. Deliberou sobre a necessidade de investimento na criação e fortalecimento de instituições de usuários das políticas sociais que fortalecesse a articulação entre os Conselhos de Assistência e outros Conselhos de Direitos. Em 12 de agosto de 2003, a Portaria nº 262 do Ministério de Estado da As- sistência Social, publicada no Diário Oficial da União - DOU, entre outras pro- vidências, convocou, extraordinariamente, a IV Conferência Nacional de Assis- tência Social que ocorreu entre 7 e 10 de dezembro do mesmo ano, na cidade de Brasília. Essa portaria determinou, além da convocação, a data, o local, instituiu comissão organizadora e definiu, como tema geral, a “Assistência Social como Política de Inclusão: uma Nova Agenda para a cidadania - LOAS 10 anos”, tendo por finalidade avaliar a situação da assistência social, visando encontrar novas diretrizes para o seu aperfeiçoamento (BRASIL, 2003). A comissão organizadora, com base na determinação do art. 4º da referida Portaria, teve os seguintes representantes: I - Presidente do CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social; II - Vice- Presidente do CNAS; e III - Representantes Governamentais: ■ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; ■ Ministério da Saúde; ■ Ministério do Trabalho e Emprego; e ■ FONSEAS - Fórum Nacional de Secretários(as) de Estado da Assistência Social. IV - Representantes da sociedade Civil: ■ Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua - MNMM; ■ Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente - AMENCAR; ■ Conselho Federal de Serviço Social - CFESS; e, ■ Central Única dos Trabalhadores. V - Secretário Executivo do CNAS (Portaria nº 262, 2003). Como sistematização do trabalho realizado durante a IV Conferência, foi elabo- rado um relatório, visando socializar para a sociedade, integralmente, os conteú- dos produzidos pelos 1.053 participantes ali presentes, visto que se tratou de um passo importante na “sedimentação dos novos termos da Política Nacional de UNICESUMAR UNIDADE 1 30 Assistência Social no Brasil” e “tradução concreta da Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS” (BRASIL, 2003, p. 7). Teve, por subtemas, a Assistência Social: conceber a política para realizar o direito; Gestão e organização - planejar localmente para descentralizar e demo- cratizar o direito; Financiamento - assegurar recursos para garantir a política; Mobilização e Participação como estratégia para fortalecer o controle social. Com base na discussão de descentralização e democratização do direito, essa Conferência traz como contribuição essencial, para nossa discussão, a criação do SUAS, sistema público, não contributivo, que organiza, entre os seus participantes, a gestão dos serviços socioassistenciais no Brasil. Utiliza recursos e esforços dos três níveis de governo para execução e financiamento da PNAS, com base nas legislações previstas vigentes nessas esferas, que conheceremos mais detalhada- mente discutido em item posteriormente. A realização da V Conferência Nacional de Assistência Social, em dezem- bro do ano de 2005, foi pautada na proposta de consolidação de um plano com metas e estratégias que visassem à implementação da Política Nacional de Assistência Social nos 10 anos seguintes. Nesse evento, foi firmado o pacto em favor de um mutirão nacional para a construção do recém-criado Siste- ma Único da Assistência Social, além de deliberar sobre as metas de gestão de recursos humanos da assistência social; metas de gestão do SUAS; metas de financiamento; sobre as metas de controle social. O tema geral da VI Conferência Nacional de Assistência Social, realizada no mês de dezembro do ano de 2007, foi Compromissos e responsabilidades para assegurar a Proteção Social pelo SUAS. No mês de dezembro de 2009, com o tema geral: Participação e Controle Social no SUAS, ocorreu a VII Conferência Nacional de Assistência Social, objetivando uma discussão norteadora da democratização do SUAS, propor- cionando o acesso de indivíduos e famílias aos serviços, projetos, programas e benefícios socioassistenciais no Brasil. As suas deliberações contribuíram para a discussão sobre cofinanciamento dos governos estaduais e federal aos municípios que possuíssem CRAS. A VIII Conferência Nacional de Assistência Social aconteceu em dezembro do ano de 2011, tendo como tema: Avançando na Consolidação do Sistema Único da Assistência Social com a valorização dos trabalhadores e a qualificação da gestão dos serviços, programas, projetos e benefícios, discutindo estratégias para 31 a estruturação da gestão do trabalho no SUAS, assim como o reordenamento e a qualificação dos serviços socioassistenciais, entre outros subtemas. Quanto à IX Conferência Nacional de Assistência Social, que aconte- ceu em dezembro de 2013, teve como tema A Gestão e o Financiamento na efetivação do SUAS, utilizando e criando, durante as discussões, instrumen- tais para a avaliação local do SUAS e para o Registro e Sistematização das Conferências Municipais de Assistência Social. Os informes oriundos dessa Conferência, orientam a questão da participação popular e da organização das Conferências Estaduais e Municipais de assistência social. Já para o ano de 2015, em 09 de fevereiro, a Ministra de Estado do Desenvolvi- mento Social e Combate à Fome - MDS, em conjuntocom o Presidente, convocou a X Conferência Nacional de Assistência Social realizado na data pre- visto no período de 07 a 10 de dezembro do corrente ano, tendo como tema: Consolidar o SUAS de vez rumo a 2026. Todo o material sobre as Conferências, você pode acessar no site do MDS, na aba CNAS. No ano de 2017 a conferência tratou de discutir sobre o tema “Garantia dos Direitos no Fortalecimento do SUAS” e foi realizada nos dias de 5 a 8 de de- zembro de 2017 em Brasília/DF. Posteriormente, no ano de 2021 em meio a um contexto pandêmico devido ao vírus Covid-19, a Conferência Nacional da Assistência Social tratou de dialogar sobre um contexto desafiador. Primeiramen- te, porque o cenário brasileiro antes da pandemia já enfrentava desigualdades intensas devido às instabilidades políticas, econômicas e territoriais. Conforme o caderno de deliberações da 12ª Conferência Nacional de Assis- tência Social, cujo tema “Assistência Social: Direito do Povo e Dever do Estado, com financiamento público, para enfrentar as desigualdades e garantir proteção social”, diversas questões foram levantadas como o aumento do desemprego, fome e insegurança alimentar, violência doméstica, assassinatos de mulheres, discrimi- nação de gênero, racismo, intolerância religiosa e outras questões em nosso país. “ O tema da Conferência Nacional de Assistência Social, “Assistên-cia Social: Direito do Povo e Dever do Estado, com financia-mento público, para enfrentar as desigualdades e garantir proteção social”, além de oportuno, representa a afirmação da assistência social como uma política pública indispensável e es- tratégica em meio a uma condição social perversa que assola o UNICESUMAR UNIDADE 1 32 país. É um tema que afirma e requisita o compromisso do Estado Brasileiro com a preservação da vida, com a proteção social dos mais vulneráveis, e com o desenvolvimento de ações públicas para fortalecer a autonomia e a independência social e econômica de cada brasileiro atingido pela chaga da desigualdade social que agride e avilta o nosso povo (BRASIL, 2021). Uma das principais preocupações da 12ª conferência foi a questão do SUAS estar preparado para eventuais situações de emergências ou calamidades públicas. De certo modo, embora já existam regulamentações sobre esse assunto, garantir que ações eficazes sejam tomadas na velocidade necessária e que as políticas de Assis- tência Social sejam devidamente reconhecidas é um desafio político básico nas situações de desastres e emergências públicas. É notória a necessidade de elevar os padrões, garantir orçamentos e financiar regularmente o trabalho antes, durante e depois de realizado. Os eventos de emergência possibilitam aos profissionais do SUAS proteger e preparar, fornecer treinamento, suporte técnico, estrutura adequada e condições de trabalho, e garantir a renda de famílias e indivíduos afetados em caso de desastre e emergência (BRASIL, 2021). Conversamos, superficialmente, sobre as conferências nacionais para que tivesse condições de visualizar o contexto de mobilização dos profissionais da rede socioassistencial e, principalmente, para que percebesse o quanto SUAS está presente em, praticamente, todas as discussões desses eventos, haja vista que se trata do instrumento que busca auxiliar no processo de monitoramento, avaliação e controle dos programas, projetos e serviços de assistência social, com o foco de que as análises pautem novas propostas, que promovam a garantia e a defesa dos direitos socioassistenciais à população em situação de vulnerabilidade social e econômica, em regime de prevenção de situação de pobreza ou mesmo de extinção dessa condição de vida. O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Como já vimos, o SUAS foi criado em um contexto de mobilização democráti- ca com base na Constituição Federal de 1988, teve contribuição legal na LOAS e se solidificou a partir de deliberação da IV Conferência Nacional de Assistên- 33 cia Social. Concretizou sua operacionalização, em 2005, com a Norma Opera- cional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS na tentativa de constituir um modelo de gestão que integrasse os entes federativos e consolidasse o sistema de forma descentralizada e participativa. Visa regular e organizar as ações de assistência social, assim como o Sistema Único de Saúde - SUS, realiza com as ações da área de saúde. Para a concretização dessa tarefa, o planejamento deve acontecer de forma articulada nos níveis de governo, com base em princípios e diretrizes comuns, mesmo quando respeitando a diversidade em todas as suas representações, tais como territorial, cultural, entre outras. Trata-se de um sistema coordenado pelo Ministério da Cidadania, em que o poder público, nos três níveis, e a sociedade civil participam, diretamente, do pro- cesso de gestão compartilhada. Esse sistema, que foi definido por meio da PNAS, organiza e apresenta as ações da assistência social, articulando e promovendo as ações em níveis de proteção, conforme o quadro ao lado, que foi elaborado pelo Ministério para apresentação do Sistema, sobre algumas de suas características. A Proteção Social Básica atua no âmbito da prevenção de riscos sociais e pessoais, garantindo programas, projetos, serviços e benefícios a pessoas expostas à situação de vulnerabilidade social. Já a Proteção Social Especial visa o atendi- mento de pessoas já em situação de risco, muitas vezes, com direitos violados. A Proteção Social Especial, para garantir amplitude no atendimento, subdivide-se em proteção social especial de média e alta complexidade, conforme o nível de risco da situação vivenciada pela pessoa ou família. O SUAS, para contribuir na superação das situações de risco e vulnerabili- dade, organiza e articula a oferta de serviços, programas, projetos e benefícios assistenciais. A criação do sistema, além de pretender organizar os serviços so- cioassistenciais, também se deu na intenção de superar alguns impasses na im- plementação da política pública de assistência social, na garantia dos direitos sociais e, entre seus problemas, destacamos os fatos de que não possuía regulação suficiente dos serviços, de não haver definição das atribuições e competências dos três níveis de governo quanto à gestão e ao financiamento,e ausência de proces- sos continuados de capacitação e de política de recursos humanos. Na busca por superar os entraves iniciais de implantação da política nacional de assistência social, foram estabelecidas as bases de organização do SUAS, conforme dispostas, na Norma Operacional Básica - NOB/RH/SUAS: UNICESUMAR UNIDADE 1 34 Conceitos Base para a Organização do SUAS ■ Matricialidade sócio-familiar ■ Descentralização político administrativa e Territorialização ■ Financiamento pelas três esferas de governo, com divisão de responsa- bilidades ■ Controle Social ■ Política de Recursos Humanos ■ Informação, Monitoramento e Avaliação. (BRASIL, 2005). Os conceitos e as bases de organização do SUAS são pautados nas legislações sociais e pretendem garantir o atendimento das famílias e indivíduos em situação de risco ou vulnerabilidade, proteger e prevenir contra tais situações. Durante a discussão, pudemos conhecer o que é o SUAS e quais seus objetivos. Entretanto, precisamos saber um pouco mais a respeito deste siste- ma, para que, com condições técnicas termos uma noção gradual sobre seus instrumentos de gestão, informação, monitoramento e avaliação, conforme veremos a partir da próxima unidade. Que tal aprender um pouco mais sobre a estrutura e con- solidação do SUAS? Ouça o podcast e saiba mais sobre a importância deste sistema! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11202 35 A gestão da informação do SUAS tem como ferramenta a Secretaria de Avaliação e Ges- tão da Informação (SAGI). De acordo com o Decreto nº 10.357 de 20 de maio de 2020, a SAGI é dividida em quatro departamentos, cada um com suas características, trabalhando de forma integrada, para que com isso,possa fiscalizar e avaliar as políticas públicas de cidadania. • Avaliação • Monitoramento • Gestão da Informação • Formação e Disseminação É muito importante que você, futuro (a) Assistente Social, dê muita atenção à gestão de dados do SUAS, pois isso é a chave para o levantamento de recursos nas esferas estaduais e municipais. Fonte: Ministério da Cidadania (online). PENSANDO JUNTOS De acordo com a LOAS/ lei 8742/93 Art. 6o-A. A assistência social organiza-se pelos seguintes tipos de proteção: I - proteção social básica: conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios da as- sistência social que visa a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento de vínculos familia- res e comunitários; II - proteção social especial: conjunto de serviços, programas e projetos que tem por objetivo contribuir para a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direito, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos para o enfrentamento das situações de violação de direitos. Parágrafo único. A vigilância socioassistencial é um dos instrumentos das proteções da assistência social que identifica e previne as situações de risco e vulnerabilidade social e seus agravos no território. Art. 6o-B. As proteções sociais básica e especial serão ofertadas pela rede socioassistencial, de forma integrada, diretamente pelos entes públicos e/ou pelas entidades e organizações de assistência social vinculadas ao Suas, respeitadas as especificidades de cada ação. EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 1 36 Todos os questionamentos e situações apresentadas sobre a atuação do SUAS e a sua capacidade de lidar com estados emergenciais foram necessários para termos uma noção breve de algumas dificuldades que os profissionais enfrentam no dia a dia. Sejam elas por demandas novas, dificuldades de implantação e organização do SUAS nos municípios, baixa gestão da informação, entre outros. NOVAS DESCOBERTAS Título: Sistema Único de Assistência Social no Brasil - uma realidade em movimento. Autor: Berenice Rojas Couto, Maria Carmelita Yazbek, Maria Ozanira da Silva e Silva, Raquel Raichelis. Editora: Cortez Editora. Sinopse: Se até pouco tempo o tema da política da assistência social mobilizava, sobretudo, o interesse dos profissionais e pesquisadores da área de Serviço Social, hoje a interlocução é outra. Milhares de novos trabalhadores de distintas áreas, milhares de gestores públicos de entidades privadas e os milhões de novos sujeitos de direitos compõem um multifacetado e ávido segmento social, que no cotidiano são desafiados a construir a nova matriz do Sistema Único da Assistência Social o SUAS, com suas virtudes e vicissitudes, diriam as autoras. Para este vasto público, a leitura deste livro é preciosa. Trata-se de uma obra que reúne de ma- neira instigante um belo e amplo observatório da políticas pública de assistência social hoje. Ao examinar tema tão relevante, expondo a difícil dialética de sua da sua realidade em movi- mento, a equipe de autoras nos presenteia com uma feliz oportunidade de preparar melhor o estudo e intervenção profissional nesta complexa, fundamental, e não poucas vezes mal compreendida, política social. WEB : Para obter maiores informações e contribuir no aprendizado, você pode visitar o portal Capacitação Cidadania, uma platafor- ma EaD do Ministério da Cidadania, com cursos livres e auto instrucionais sobre o SUAS e outros assuntos pertinentes. Fonte: Ministério da Cidadania (online). https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13604 37 1. A proteção social no âmbito da Assistência Social organiza-se por dois tipos, isto é, a proteção social básica e a proteção social especial. Descreva detalhadamente as funções e evidencie as áreas em que cada uma se dedica. 2. De acordo com a Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS - Lei nº 8.742/1993, o SUAS possui instâncias deliberativas de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil. Com relação a essas instâncias deliberativas, responda quais são e a sua importância dentro do SUAS. 3. O Conselho Nacional de Assistência Social é o órgão responsável por aprovar e de- liberar sobre a Política Nacional da Assistência Social. Deste modo, pontue algumas características sobre o conselho e também como é a composição de seus membros. 2Gestão e Desenvolvimento do SUAS: Instrumentos de Gestão Me. Michele Vanessa Werner Nesta unidade você entenderá como funcionam os instrumentos de gestão do SUAS, suas origens e também as bases legais, como tam- bém aprender o papel do Plano de Assistência Social. Nesta parte você também verá sobre os aspectos relevantes que o financiamento ocupa na concretização de uma política pública. Além disso, refletir sobre a contribuição das ferramentas de informação, monitoramento e avaliação do SUAS à Política Pública de Assistência Social. UNIDADE 2 40 Imagine que você, Assistente Social de um município, tenha que fazer vários atendimentos no mês de fevereiro, e devido à alta demanda, deixe de lançar os dados daquele período ao sistema de informação do SUAS. No mês seguinte, os atendimentos seguem altos, a equipe da Assistência Social do município é suficiente mas, ao mesmo tempo reduzida, e os dados no sistema do SUAS seguem acumulando para serem lançados. Naquela semana, a equipe de monitoramento de avaliação do SUAS con- voca você e seus colegas de trabalho para uma importante reunião, onde serão destinados novos recursos para programas e projetos que tenham prioridade no momento. Assim, a equipe solicita um levantamento de dados, mas infeliz- mente eles não foram lançados no sistema, inviabilizando uma análise comple- ta da situação. Devido à demora e falta de organização para o recebimento do recurso, o mesmo é repassado primeiro ao município vizinho pela celeridade das informações prestadas ao órgão gestor. Você enquanto Assistente Social, se preocupa e tenta adequar todas as bases de dados e considerações, mas apesar da organização nos dias seguintes, ainda precisa aguardar uma nova avaliação dos gestores para que os recursos sejam concedidos ao município. Você conseguiu ter uma dimensão da importância que é a gestão da infor- mação para o SUAS?. Exemplos como esse acontecem em vários municípios brasileiros diariamente, e o êxito da Política Nacional da Assistência Social depende que o SUAS esteja trabalhando em Rede, no qual todos os pontos alimentem informações para que este sistema funcione em sinergia. Agora, vamos aprender um pouco mais sobre isso! O objetivo da gestão da informação é criar condições estruturais para as ope- rações de gestão, monitoramento e avaliação do SUAS, de acordo com a NOB/ SUAS-2005. E, para isso, a avaliação torna-se um desafio com base em obrigações morais, e avança em questões estratégicas. Esta ferramenta é fundamental para a manutenção de políticas públicas, planos, projetos, serviços e interesses que são, portanto, vitais para a aquisição, sequenciamento e aplicação de recursos. Poden- do com isso, detectar problemas ou desvios na execução de uma ação, projeto ou plano, e permitir que ações corretivas sejam tomadas durante a sua execução. 41 Para que você, estudante, tenha uma experiência inicial sobre o tema, que tal entrar no site do Ministério da Cidadania e ver alguns Manuais do Censo SUAS 2021?. Com isso você poderá ter um breve conhecimento de como funciona a coleta de informações dos municípios. Acesse o site abaixo e confira: A partir do exemplo exposto, quais reflexões você pode observar na coleta de informações do censo SUAS?. Procure pensar sobre as dificuldades que um município com uma localização mais longe dos grandes centros possui na hora de levantar esses dados e anote abaixo possíveis adaptações para isso. UNIDADE 2 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13606UNIDADE 2 42 INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO SUAS Para tratarmos de instrumentos de gestão, vamos dar início a uma apresentação sobre os papéis desenvolvidos pelos entes federados no que diz respeito à assis- tência social. Alicerçados nas publicações do Ministério da Cidadania (antigo MDS), consideramos para o SUAS quatro tipos de gestão, que ocorrem no âmbito da União, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios. A gestão no âmbito da assistência social tem por objetivo contribuir na consolidação dos direitos sociais, trata-se da administração das demandas advindas da sociedade que expressam as necessidades da população. A for- mulação das políticas públicas, a implementação da política social, dos pro- gramas e dos projetos de cunho sócio assistencial são considerados os canais, os meios, de resposta às demandas sociais (KAUCHAKJE, 2012, p. 22- 25). Nesse sentido, Kauchakje (2012, p. 26) conclui que: “ Há uma íntima articulação entre as ações que visam assegurar direi-tos sociais, tais como políticas públicas, programas, projetos e servi-ços sociais destinados à população como um todo (universalidade) e a grupos sociais específicos (priorização social). Essa articulação acontece já na distribuição das atribuições das esferas de go- verno, situação em que cada uma assume seu papel na elaboração, coordenação, execução, monitoramento, avaliação dos planos, programas, projetos e serviços na área da assistência social. 43 Nesse sentido, compete a cada esfera realizar as atividades concernentes às suas responsabilidades pactuadas. A cargo da União, cabe a formulação, apoio, articulação e coordenação das ações, enquanto que os estados estão incumbidos da gestão da assistência social em seu âmbito, com base na NOB/SUAS. Já para a gestão municipal, a habilitação ao SUAS pode acontecer por meio de um dos três níveis, gestão inicial, básica e plena, cada nível define a amplitude das ações de assistência que o município irá assumir e cada nível amplia o alcance da ação. Por exemplo, a gestão inicial é para os municípios que tenham conselho em funcionamento, seus fundos e planos municipais de assistência social criados e executem as ações da Proteção Social básica, com recursos próprios, já no nível de gestão plena, gere totalmente as ações socioassistenciais. Quando um município não se habilita, os recursos federais ficam à disposição da gestão estadual (MDS, 2015). O SUAS conta, na sua metodologia de gestão, com instâncias de pactuação, que recebem o nome de Comissão Intergestores Tripartite - CIT e Comissão In- tergestora Bipartite - CIB. Tais comissões articulam nos três níveis de governo as suas demandas, negociando questões operacionais e intercambiando informações para efetivação da descentralização prevista no modelo de gestão do SUAS. As CITs articulam a organização e a gestão do sistema entre as três esferas, e as CIBs entre estados e municípios sempre considerando as deliberações dos Conselhos de Assistência Social na respectiva esfera. As pactuações definidas são encaminhadas ao Conselho Estadual/Municipal e para CNAS para registro e cientificação. Com base nisso, trataremos dos assuntos que envolvem os instrumen- tos de gestão do SUAS, retomando a discussão sobre a participação, pois o “modelo de organização institucional e distribuição de responsabilidades, e ao conjunto de mecanismos jurídicos e políticos, instrumentos técnicos, ferramentas informacionais e processos administrativos”, (MDS, 2015) está atrelado à questão essencial de responsabilidades dos envolvidos, na execu- ção, eficiência, eficácia e efetividade do conjunto de ações qualificadas nos serviços, programas, projetos, benefícios e transferências de renda. A execução da tarefa de controle social deve refletir a participação e a co- gestão do sistema, definida a partilha do poder e a democratização de decisões, estas necessitam ter suas determinações em esfera populacional, possibilitando fiscalização e controle pela população nas decisões e ações nos três níveis de go- verno. A aplicação dos princípios constitucionais, da legalidade, impessoalidade, UNIDADE 2 UNIDADE 2 44 publicidade e eficiência, de gestão pública direta e indireta, também pauta a gestão do SUAS no cumprimento do art. 6º da Lei Orgânica da Assistência Social, de nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993, que define os objetivos do SUAS, seguem: “ I - consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a coopera-ção técnica entre os entes federativos que, de modo articulado, operam a proteção social não contributiva; II - integrar a rede pública e privada de serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social, na forma do art. 6º-C; III - estabelecer as responsabilidades dos entes federativos na orga- nização, regulação, manutenção e expansão das ações de assistência social;IV - definir os níveis de gestão, respeitadas as diversidades re- gionais e municipais; V - implementar a gestão do trabalho e a educação permanente na assistência social; VI - estabelecer a gestão integrada de serviços e benefícios; e VII - afiançar a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos (BRASIL, 1993) Tais objetivos são alcançáveis, desde que sejam utilizados instrumentos de gestão, enquanto ferramentas de planejamento, de ordem técnica e financeira da PNAS e do SUAS, nos três níveis de governo. Embora haja previsão constitucional para a integração do planejamento e do orçamento público, na esfera da PNAS, a NOB/ SUAS - 2005 inclui outros instrumentos de gestão ao SUAS, identificando-os como o Plano de Assistência Social, o Orçamento da Assistência Social, a Ges- tão da Informação, Monitoramento e Avaliação, e o Relatório Anual de Gestão, tendo como parâmetro o diagnóstico social e os eixos de proteção social, básica e especial (NOB/SUAS, 2005). Nesse sentido: “ A gestão do SUAS, portanto, está relacionada a. processo técnico e político por meio do qual as ações acima refe-ridas são formuladas e implementadas; 45 b. modelo de organização institucional e distribuição de responsa- bilidades entre atores, instituições e unidades da federação quanto ao processo de planejamento, financiamento, execução, monitora- mento e avaliação da política pública; c. Conjunto de mecanismos jurídicos e políticos, instrumentos técnicos, ferramentas informacionais e processos administrativos, mobilizados pelos diversos atores que atuam na área – gestores, téc- nicos, conselheiros etc. – visando garantir a efetividade das ações e o seu controle pela sociedade (BRASIL, 2005). Os mecanismos, instrumentos e ferramentas listados embasam a formulação, a implementação, o controle, o monitoramento e a avaliação das ações e das deci- sões no processo de gestão compartilhada. Com base no art. 6º da LOAS, texto incluído pela Lei 12.435, de 2011, no “§ 2º O Suas é composto pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas entidades e organizações de assistência social abrangi- das por esta Lei”. Uma equipe que transcende a base técnica e une, em desafio, gestores, representações governamentais e da sociedade civil (nos espaços de controle social - os conselhos), cada qual com sua parcela de responsabilidade na garantia da efetividade da ação e no controle da aplicação dos recursos para a sua implementação. Considerando isso, iremos saber um pouco mais a respeito dos Instrumen- tos de Gestão do SUAS, a saber: o Plano de Assistência Social, o Orçamento da Assistência Social, a Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação e o Relatório Anual de Gestão. O PLANO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Como vimos, com base na NOB/SUAS, o Plano de Assistência Social é uma das ferramentas de planejamento técnico e financeiro da PNAS e do SUAS, é um instrumento de gestão que organiza, regula e norteia a execução física e financeira da PNAS. Pautado no princípio democrático e participativo, deve ser submetido à aprovação do respectivo Conselho de Assistência Sociale sua elaboração é de UNIDADE 2 UNIDADE 2 46 responsabilidade do órgão gestor da política. Esse instrumento deve ser capaz de propor estratégias de intervenção na realidade social, política, econômica e cultural, eficazes e eficientes, priorizando investimentos e aplicação de recursos que traduzam, na prática, os objetivos estabelecidos pela relação de parceria e do compromisso social entre o poder público e a sociedade civil, materializando-os. A Resolução nº182, de 20 de julho de 1999, “explicita procedimentos opera- cionais proporcionando avanços no processo de municipalização das ações de assistência social”, determina, em seu art. 1º, que os Planos de Assistência Social, nos Estados e nos Municípios abranjam períodos regulares de governo, serão plurianuais, construídos para o espaço temporal de 4 anos, sendo executado a partir do segundo ano de mandato da gestão governamental que o elaborou e concluído no primeiro ano da gestão seguinte. A Resolução prevê, ainda, que, anualmente, os Planos de Assistência Social poderão receber ajustes necessários, desde que aprovados pelos respectivos Conselhos de Assistência. Entretanto, a cada dois anos, os Estados estarão obrigados a realizar os ajustes nos seus planos, com base nas alterações decorrentes da mudança de gestão municipal. Determi- na, inclusive, que os Relatórios de Gestão serão sempre anuais. A estrutura do Plano é composta por informações que justifiquem as inter- venções propostas, conta com: a caracterização da rede de assistência; os objetivos gerais e específicos; as diretrizes e prioridades deliberadas; as ações estratégicas correspondentes para sua implementação; as metas estabelecidas; os recursos ma- teriais, humanos e financeiros disponíveis e necessários; os mecanismos e fontes de financiamento; a cobertura da rede prestadora de serviços; o monitoramento e avaliação; o espaço temporal de execução. O Plano é um instrumento que faz parte de um processo, que só assumirá relevância política e seu papel democrático-participativo se tiver condições reais de fomentar o debate sobre as ações da área da assistência social. Precisa produzir dados consistentes sobre as demandas sociais, com base em questionamentos so- bre o alcance dessas ações. As ações propostas e sua previsão orçamentária estão garantidas nos artigos 203 e 204, porém a exigência de instituição dos planos nas esferas de governo estão descritas entre as condições de repasse de recursos, do art.30 da LOAS/93. 47 O ORÇAMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL O financiamento da Política de Assistência Social tem sua definição durante o processo de planejamento da gestão nas três esferas de governo e se expressa nos instrumentos de gestão orçamentária, o Orçamento Plurianual e anual. Ferramentas que garantem o registro e a projeção das receitas de forma cla- ra, bem como a autorização dos limites de gastos em projetos e atividades propostas pelo órgão gestor e aprovados pelos conselhos, tendo por base os princípios legais orçamentários. A Assistência Social possui estreita relação com os documentos orçamentários, uma vez que se faz necessário conhecer os trâmites para solicitar e acessar recursos financeiros a cada ação proposta na área. O documento conhecido como orçamento se desmembra em PPA (Plano Plurianual), LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e LOA (Lei Orçamentária Anual) e é imprescindível para a concretização dos objetivos da PNAS. A forma de financiamento é um dos aspectos mais relevantes para a con- cretização de uma política pública, pois ela delineia como serão providos, dis- tribuídos e aplicados os recursos necessários para a sua execução, respeitando as diversidades das regiões abrangidas. Nesse sentido, as políticas públicas de seguridade devem ser financiadas com a participação de toda a sociedade, com a utilização de recursos oriundos dos orçamentos das três esferas de governo e das diversas contribuições sociais. No que concerne à assistência social, o art. 24. da CF/88 atribui que é competência da União, dos Estados e do Distrito Federal legislar concorrentemente, inclusive, sobre o orçamento. E todo o processo de construção orçamentária, execução e prestação de contas deve ser transparente e acessível à sociedade. Os recursos são alocados em seus respectivos orçamentos e repassados via fundo. Os recursos federais para o financiamento da assistência social são alo- cados no Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), no caso dos estados, municípios e Distrito Federal, estes alocam em seus respectivos fundos, como unidades orçamentárias. Quando da execução de serviços socioassistenciais de caráter continuado da PNAS, os recursos têm sua transferência automática e regular aos fundos regionais e locais. Já para o apoio a projetos e programas de duração determinada, os recursos têm sido repassados por meio de convênios e UNIDADE 2 UNIDADE 2 48 contratos de repasse. Os contratos de repasse tem como agente financeiro a Caixa Econômica Federal. O artigo 30-A, da LOAS/93, confirma a forma de transferência automá- tica entre os fundos de assistência social no SUAS, para o “cofinanciamento dos serviços, programas, projetos e benefícios eventuais, no que couber, e o aprimoramento da gestão da política da assistência social”, desde que haja a alocação de recursos próprios nesses fundos nas três esferas de governo. Enquanto que a NOB/SUAS “define as condições gerais, os mecanismos e os critérios de partilha para a transferência de recursos federais para o Distrito Federal e os estados e municípios” (MDS/2015). O controle e o acompanhamento dos serviços, programas, projetos e be- nefícios cabe ao ente federado responsável pela utilização do recurso do respectivo Fundo, sem depender de ações do órgão repassador dos recursos. As informações sobre a aplicação dos recursos advindos dos fundos de assis- tência social poderão ser solicitadas pelos entes transferidores para análise e acompanhamento de sua utilização (LOAS/93, artigos 30-B e 30-C). 49 A GESTÃO DA INFORMAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO Considerando o fato de que a informação é uma ferramenta essencial para a consolidação do SUAS, a gestão dessas informações organiza e compila os dados disponíveis, subsidiando a política de assistência social desde seu planejamento até a avaliação de suas ações. A gestão da informação produz condições estruturais conforme a determinação da NOB/SUAS/2005, efeti- vando-se nos termos da Rede SUAS. A gestão de informação tem como objetivo produzir condições estruturais para as operações de gestão, monitoramento e avaliação do SUAS, conforme a determinação da NOB/SUAS – 2005. E, para que se cumpra, a avaliação tornou-se um desafio embasado no dever ético, na questão estratégica para proposição e manutenção de políticas públicas, programas, projetos, serviços e benefícios, sendo, dessa forma, essencial para a captação, a ordenação e a aplicação de recursos. O monitoramento e o acompanhamento da proposição e execução de programas, projetos, atividades e benefícios, estrategicamente, garante melhores padrões de avaliação de execução, de desempenho e de re- sultados. Possibilita alterações de curso de uma proposta durante sua execu- ção para que se obtenham os resultados esperados, superiores aos previstos, ou mesmo que garantam o alcance dos resultados mínimos previstos, diante de intercorrências. Esse instrumento é imprescindível, pois tem a capacidade de detectar problemas ou desvios no desempenho de uma ação, projeto ou programa, permitindo ações corretivas durante sua execução. Para que essa fase se concretize, é necessário que se construa um sistema contendo as informações técnicas e operativas de cada parte do processo, acompanhando toda a execução. A avaliação atribui valores para que se possa mensurar o grau de eficiência, eficácia e efetividade de políticas, programas e projetos sociais, identificando os processos, acompanhando os resultados, comparando desempenho e propondonovas alternativas. A avaliação sis- temática é de grande relevância para que uma política pública atenda às necessidades sociais e deve ser um processo permanente, desde a gênese de uma proposta até sua conclusão. Uma proposta de avaliação participativa ne- cessita ter em seu processo todos os envolvidos, considerando beneficiários, gestores, parceiros, financiadores, equipe técnica e equipe executora. Promo- UNIDADE 2 UNIDADE 2 50 vendo a aprendizagem social e a reflexão da ação pelos atores envolvidos. Os parâmetros de avaliação mais comuns são a eficiência, que corresponde ao custo do projeto; a eficácia, que mede se o projeto/ação foi capaz de alcançar os objetivos e se efetuou as correções necessárias, é uma medida da relação entre os meios utilizados e os fins obtidos; a efetividade, que é medida pelas alterações reais e significativas na vida dos beneficiários da ação, pode ser mensurada, no comparativo do antes e depois do projeto/ação/programa. O valor usado para medir, avaliar e acompanhar a evolução e os resultados é dado pelos Indicadores de avaliação. Esses indicadores devem ser pautados nos objetivos e, para sua definição, precisam considerar a capacidade real desse indicador para medir aquilo a que se propôs, se a qualidade dos dados produzidos garante a construção de um indicador, se é de fácil compreen- são e se ele expressa as características essenciais e as mudanças e resultados esperados. Ou seja, indicadores que garantam a validade, a confiabilidade, a simplicidade, a seletividade, a sensibilidade e a especificidade. Essas informações/resultados fornecidos pelo indicador devem ser sólidos, claros, os dados precisam, realmente, representar de forma clara a realidade posta, sem gerar dúvidas posteriores. O indicador deve exemplificar claramente uma realidade social, permitindo sua comparação futura, para acompanhar as pos- síveis mudanças nessa mesma realidade e para que os documentos e relatórios produzidos expressem todos os pontos da realidade em que se efetuou a inter- venção. A alocação e a execução dos recursos financeiros, atrelados às atividades propostas, precisam ser claros à população, aos técnicos, à sociedade como um todo, uma vez que conhece o seu processo de aplicação e o seu destino. E, no processo de participação popular, cabe ao cidadão fiscalizar como o governo aplica e define suas diretrizes orçamentárias. No que diz respeito aos contratos firmados entre entes públicos, ou mes- mo de entes públicos com entes privados, o Art. 70 da CF/88 atribui que a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, no que se refere à legalidade, à legitimidade e à economicidade, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo e sistema interno de cada Poder. O seu parágrafo único define que: “ Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou priva-da, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, 51 bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária (CF/88). No que concerne à gestão das ações e aplicação dos recursos, no âmbito do SUAS, essas são negociadas e pactuadas nas Comissões Intergestores Bipartite e Tripar- tite, mas tais procedimentos são acompanhados e aprovados pelos respectivos Conselhos, com vistas ao controle social. Abordamos, neste tópico, os instrumentos de informação, monitoramento e avaliação que precisam ser aliados e organizados sistematicamente, propiciando à sociedade, aos executores e aos elaboradores da ação, da proposta, meios de perceber caminhos de participação. A informação e o acesso a essa se faz essencial para o exercício amplo da cidadania, conhecendo os caminhos percorridos pelos recursos públicos no atendimento de demandas sociais. FERRAMENTAS DE INFORMAÇÃO, MONITORAMEN- TO E AVALIAÇÃO DO SUAS Conheceremos, nos tópicos a seguir, as ferramentas de informação, monito- ramento e avaliação do Sistema Único da Assistência Social. Tais ferramentas são responsáveis pela sistematização dos dados e produção de relatórios para o acompanhamento do desenvolvimento e resultado das ações e atividades desenvolvidas pela rede socioassistencial, garantindo, desse modo, uma ava- liação constante e redirecionamento das propostas, com base nos impactos produzidos no âmbito do SUAS. REDE SUAS O SUAS possui um sistema que auxilia na gestão, monitoramento e avaliação das atividades, contando com parâmetros financeiros e gerenciais, esse sistema recebe o nome de REDE SUAS. Com base nas informações do MDS (2015), esse sistema nasce da necessidade de ampliar a comunicação no âmbito das informações do SUAS e o acesso a dados no que diz respeito à implementação da PNAS, atua como instrumento de gestão, organizando a produção, o armazenamento, o pro- UNIDADE 2 UNIDADE 2 52 cessamento e a disseminação dos dados. Pautado nessas funções, oferece suporte à operação, financiamento e controle social do SUAS, contribuindo na questão legal da transparência das ações e aplicação dos recursos, pautado na gestão da informação, por ser um sistema composto por ferramentas de registro e divulga- ção das informações sobre os programas, serviços e benefícios socioassistenciais. Com base nas informações disponibilizadas no site do próprio MDS (2015), “a Rede SUAS não se resume à informatização ou instalação de aplicativos, mas afirma-se também como uma cultura a ser disseminada na gestão do controle social”. Tendo o Sistema Nacional de Informações do SUAS – Rede SUAS a fina- lidade de organizar produção, armazenamento, processamento e a disseminação dos dados e da informação, disponibilizando-os na ótica da garantia da cidadania. Esse sistema subsidia decisões, “à operacionalização, à gestão, ao financiamento e ao controle social do SUAS” (MDS, 2015). Os sistemas que compõem a REDE SUAS são: BPC na Escola CadSUAS Carteira da Pessoa Idosa Censo SUAS CNEAS Demonstração de implantação Módulo de Acompanhamento dos Estados Prontuário Eletrônico do SUAS Registro Mensal de Atendimento SAA SIMPETI SISAcessuas SISC SUASweb Termo de Aceite/adesão Quadro 01: Composição da REDE SUAS. Fonte: Blog da Rede SUAS (Ministério da Cidadania). Dos sistemas componentes da REDE SUAS, cada qual tem uma funcionalidade e são disponibilizados para preenchimento de informações aos órgãos públicos e Conselhos que tenham autorização prévia, com login e senha válidos. 53 O CadSUAS é o Sistema de Cadastro do SUAS, em funcionamento desde o ano de 2008, e é abastecido com informações cadastrais da Rede Socioas- sistencial, dos Órgãos Governamentais e Trabalhadores do SUAS, por meio de módulos de preenchimento. Para a Rede Socioassistencial, temos o Cadastro do CRAS, do CREAS e de outras Unidades Públicas de atendimento social. No que diz respeito aos Órgãos Governamentais, são efetuados o cadastro do Conselho Estadual/Municipal de As- sistência Social, o Cadastro do Fundo Estadual/Municipal de Assistência Social, o Cadastro dos Governos Estaduais, o Cadastro de Prefeituras, o Cadastro do Órgão Gestor, ou seja, da Secretaria Municipal/Estadual de Assistência Social, e cadastra, também, outros entes, como Autarquias, Câmaras e Assembleias. Para esses cadas- tros, é necessário login e senha e só pode ser preenchido por pessoas autorizadas. Para cadastrar os trabalhadores do SUAS, existe o cadastro de pessoa física realizado pelo órgão gestor que, para acesso, preenche login e senha, informa o quadro funcional, registrando os trabalhadores do SUAS. Já o resultado pode ser visualizado/consultado por qualquer pessoa, sem a necessidade de login e senha. A consulta a parcelas pagas pode ser feita por qualquer cidadão, sem necessidade de login e senha, basta acessar “Parcelas Pagas Público” e preencher os campos de busca. O SUASWEB é específico para gestão do SUAS, trás informações sobre o Plano de Ação, contemplando o planejamento das ações cofinanciadas; sobre o DemonstrativoSintético de Execução Físico-Financeira (esse rela- tório é preenchido pelo gestor e aprovado pelo conselho, com login e senha individualizada), com informações resumidas, prestando contas de um de- terminado período e respectivos recursos utilizados; sobre a consulta a dados financeiros, contas, repasses e saldos dos entes públicos; sobre a consulta à base cadastral dos beneficiários do Benefício de Prestação Continuada - BPC. Esse sistema realiza integração com outros sistemas e bases de dados da Rede SUAS. Todo município deve ter acesso para preenchimento do sistema. O Benefício de Prestação Continuada - BPC tem um sistema de nome, BPC na escola, que é alimentado pelo gestor com login e senha, e trata-se de um programa para acompanhamento e monitoramento da concretização do acesso e permanência de crianças com deficiência na escola. O GEO SUAS íntegra dados e mapas, um sistema de georreferenciamen- to que, com seus relatórios e indicadores, subsidia as decisões no processo de gestão da PNAS. Esse sistema pode ser acessado por qualquer cidadão UNIDADE 2 UNIDADE 2 54 para obter informações sobre Unidades e Equipamentos, sobre a Matriz de Informações Sociais que gerencia programas/ações e serviços conduzidos pelo Ministério da Cidadania entre outras ferramentas de acompanhamen- to, e não é exigido login e senha. Essa ferramenta, por produzir relatórios e publicá-los, é componente do Sistema de Informação do SUAS. Aliado ao GEO SUAS, temos o INFO SUAS, sistema que, também, produz as informações e as disponibiliza à população, mas essas dizem respeito aos repasses atuais e anteriores (de execução) de recursos financeiros ao Fun- do Nacional de Assistência Social e aos Fundos Estaduais e Municipais de Assistência Social. Conhecido como Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social. Para acompanhar e gerir o Projovem adolescente, a Rede SUAS tem o SISJOVEM, que subsidia as tomadas de decisão dos gestores de assistência social, das três esferas de governo, ofere- cendo informações detalhadas e consolidadas sobre a execução do serviço. Para administrar a implantação de uma Política de senhas para os sistemas da Rede SUAS, foi criado um modelo descentralizado para acesso aos sistemas, cuja definição de parâmetros de acesso é definida com base no perfil definido pelo gestor e na esfera a que este está vinculado (gestores estaduais, municipais e do Distrito Federal). Esse modelo de sistema responsável pela gestão do acesso a Rede SUAS é denominado SAA - Sistema de Autorização e Autenticação. Na Rede SUAS, existem, ainda, outros sistemas vinculados. Os sistemas para preenchimento e informações dos Termos de Aceite referentes aos programas Brasil sem miséria; CapacitaSuas; Sispeti; Termo de Aceite 2013, e, inclusive, o Plano de Ação e CNEAS dependem de cadastro prévio do gestor para emissão de login e senha. Somente dessa forma, os campos para abastecimento das in- formações que comporão o relatório estarão disponíveis. Eles são instrumentos de planejamento e acompanhamento. O sistema comporta, também, a solicitação da Carteira do idoso, que é realizada pelo CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), desde que o idoso já tenha seus dados inseridos no Cadastro Único e um número de NIS (Número de Identificação Social) válido. No que se refere ao monitoramento e avaliação, o sistema possui alguns ins- trumentos sistematizados que possibilitam a visualização de informações sobre repasses de recursos na área da assistência social. Essas informações estão dis- poníveis no ícone de sistema: Parcelas Pagas Público. 55 O acompanhamento e a gestão do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV, é efetuado por meio do SISC - Sistema de Informações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O preenchimento de in- formações referentes a esse serviço é de responsabilidade do gestor municipal de assistência social, que acessa o sistema por meio da inserção do seu CPF. Todos esses sistemas têm suas descrições e acessos no próprio site do MC. A percepção clara dos resultados obtidos pelos serviços de assistência social é dada pelo monitoramento constante, que influência no direcionamento da PNAS e seu aperfeiçoamento acontece de forma articulada entre o MC, estados e mu- nicípios, com base no processo sistemático e informatizado de coleta e análise de informações, por meio de questionários eletrônicos e um conjunto de ferra- mentas de acesso e visualização das informações validadas, que estão disponíveis no CENSO SUAS, que é alimentado pelos CRAS, desde o ano de 2007, e pelos CREAS, desde 2008. Essa ferramenta é de uso restrito dos gestores nas esferas de governo e pretende “priorizar a definição de um processo sistemático de monito- ramento das unidades de prestação e organização dos serviços socioassistenciais” (MDS/CENSO SUAS, 2015) ofertados pelas unidades do SUAS, acompanhando continuamente essas unidades, no que se refere a equipamentos e serviços. Com base no Censo anual, é elaborado o diagnóstico e atualizado os equi- pamentos de referência, CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), sobre a infra- estrutura, serviços, recursos humanos, articulação e outras avaliações. GESTÃO DESCENTRALIZADA No que se refere à Gestão Descentralizada, ela ocorre por meio dos quatro tipos de gestão do SUAS: da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. Sendo a União responsável pela formulação, apoio, articulação e coordenação das ações, “com base nas propostas das Conferências Nacionais e as deliberações e competências do Conselho Nacional de Assistência Social” (NOB/SUAS 2005). No caso da esfera Estadual, esta que gere a assistência social no seu âmbito de competência, sendo - lhe auferida entre as suas responsabilidades, a de organizar, coordenar e monitorar o Sistema Estadual de Assistência Social, em todos os seus aspectos, prestando apoio técnico aos municípios na estruturação, implantação UNIDADE 2 UNIDADE 2 56 e avaliação dos programas, projetos, serviços socioassistenciais. Já para a gestão dos municípios, ela comporta três níveis possíveis, inicial, básica e plena, cada nível, gradativamente, assume responsabilidades sobre atendimento dos requi- sitos mínimos do art. 30, da LOAS e seu parágrafo único e alocação e execução de recursos financeiros próprios no Fundo de Assistência Social para as ações de Proteção Social Básica. O artigo 8º da NOB/SUAS/2012 (Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social, editada em 2012) define parâmetro de funda- mentação do SUAS como sendo a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e delimita “respectivas competências e responsabilidades comuns e específicas, que são descritas nos parágrafos e artigos seguintes, do referido documento” (MDS, 2015). IGD-SUAS - ÍNDICE DE GESTÃO DESCENTRALIZA- DA DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Esse instrumento mede a qualidade da “gestão descentralizada dos serviços, pro- gramas, projetos e benefícios socioassistenciais, bem como da articulação inter- setorial no âmbito dos municípios, Distrito Federal e estados” (MDS, 2015). Com base nos índices auferidos sobre os resultados obtidos, a União define o apoio financeiro para o aprimoramento da gestão. Esse índice varia de 0 (zero) a 1 (um), denotando a qualidade da gestão do SUAS, quanto maior o índice, maior será o incentivo financeiro, mas leva em conta o teto orçamentário e financeiro, não ultra- passando-o. Entretanto, para receber o IGDSUAS, devem ter valor maior que 0,2. A ferramenta possui dois meios para o repasse, o primeiro é o IGDSUAS- -M (Índice de Gestão Descentralizada dos Municípios), que deve ser aplicado aos municípios e DF, já o IGDSUAS-E (Índice de Gestão Descentralizada dos Estados) será aplicado aos Estados. Todavia, para estar apto a essa avaliação de índice, os Municípios, Distrito Federale Estados, precisam aderir e se habilitar ao SUAS, conforme a definição da NOB/SUAS. No caso dos municípios, a habi- litação acontece em três níveis de gestão: inicial, básica ou plena. Os Estados e DF devem elaborar o Plano do Pacto de Aprimoramento da Gestão Estadual e do DF e sua Pactuação em CIB ou em CIT para estarem habilitados. 57 VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL A vigilância socioassistencial tem por objetivo produzir e sistematizar informações territorializadas sobre situações de vulnerabilidade e risco a que as famílias e indi- víduos estejam sujeitos, considerando todas as etapas da vida do cidadão. Realiza, ainda, o acompanhamento dos padrões de oferta dos serviços. Trata-se de uma ferramenta de gestão, inserida na área de gestão da informação que, com o acom- panhamento e análise de informações sobre a execução e resultados dos programas sociais, subsidia planejamento, supervisão e execução dos serviços socioassistenciais, pautando-se em dados e indicadores resultantes das análises de dados do Cadastro Único de Programas Sociais. Com base nisso, sua estrutura está dividida em dois eixos: o de Vigilância de Riscos e o de Vulnerabilidades e Vigilância de Padrões e Serviços, que se articula para denotar violações da proteção social e para caracterizar a rede de atendimento e proteção, que disponibiliza os serviços (MDS/2015). Para fazer frente às suas atribuições, essa ferramenta conta com instru- mentos que lhe fornecem os dados. Nesse sentido, são instrumentos de vi- gilância socioassistencial os prontuários; o protocolo de gestão integrada; o relatório mensal de atendimento do CRAS, do CREAS e do Centro POP; o Censo SUAS que já estudamos no início desta unidade. O Registro Mensal de Atendimento – RMA “define o conjunto de infor- mações que devem ser coletadas, organizadas e armazenadas pelas unidades”, mede a demanda e a qualidade do serviço ofertado pela rede de atendimento. O Prontuário SUAS orienta os profissionais na organização das infor- mações referentes ao acompanhamento das famílias e indivíduos referencia- dos e atendidos em cada serviço. Documento que deve permanecer armaze- nado organizadamente na unidade de atendimento, registra todo o processo de atendimento, encaminhamento e retomadas de cada atendido e famílias, construindo o histórico de vida (MDS, 2015). O Protocolo de Gestão Integrada de Serviços, Benefícios e Transferên- cias de Renda no âmbito do SUAS define as competências dos entes federados, norteia os procedimentos de acompanhamento dos beneficiários pelos serviços e determina o fluxo de informações na identificação das demandas dos territórios. Esse instrumento possui ferramentas que auxiliam na sua operacionalização, que são: o Sistema de Gestão de Condicionalidades do Programa Bolsa Família (SICON) e o Sistema do Programa BPC na Escola. UNIDADE 2 UNIDADE 2 58 GESTÃO DO TRABALHO A gestão do trabalho e a educação permanente no âmbito do SUAS têm seus eixos de atuação delimitados pela Norma Operacional Básica de Recursos Hu- manos do Sistema Único de Assistência Social (NOB/RH/SUAS). Consolida-se enquanto instrumento potencializador da formação, qualificação e regulação dos profissionais do SUAS e tem como parâmetros: “ Os princípios éticos para os seus trabalhadores; os princípios e di-retrizes nacionais para a gestão do trabalho no âmbito do SUAS; as equipes de referência; as diretrizes para a Política Nacional de Ca- pacitação; as diretrizes nacionais para os planos de carreira, cargos e salários; as diretrizes para entidades e organizações de assistência social; as diretrizes para o cofinanciamento da gestão do trabalho; as responsabilidades e atribuições do gestor federal, estadual, do Dis- trito Federal e municipal; as diretrizes nacionais para a instituição de mesas de negociação; a organização do CADSUAS; e, o controle social da gestão do trabalho (BRASIL, 2015, online). A gestão do trabalho, nesse sentido, orienta-se na busca e garantia de melhores condições de trabalho, renda e atendimento dos/pelos profissionais/serviços nas esferas governamentais e não governamentais, pois a atuação profissional é pro- pulsora dos direitos sociais e isso se apresenta na qualidade dos serviços ofertados aos usuários da assistência social. A maneira como o SUAS se organiza e executa suas ações são aperfei- çoadas e, posteriormente, mensuradas na sua efetividade, eficácia e eficiên- cia por meio dos instrumentos de informação que estudamos neste tópico. Conhecemos qual a parcela de responsabilidade de cada esfera de governo no que se refere ao financiamento, organização e execução dos programas, projetos e atividades da assistência social. Todas as informações produzidas, sistematizadas e organizadas relativas à execução das atividades, à aplicação dos recursos e à capacitação da equipe que, quando agrupadas, fornecem o panorama de possibilidades e necessidades da rede socioassistencial. O resultado dessa incorporação de informações são dispostas em um relató- rio anual, que reflete os passos da gestão nos três níveis de governo, respectiva- mente, no que diz respeito ao direcionamento financeiro no período. 59 O RELATÓRIO ANUAL DE GESTÃO Nesse relatório, deve constar a aplicação dos recursos, da esfera de governo, por exercício fiscal (ano civil) e devem, obrigatoriamente, ser aprovados pelos respectivos Conselhos de Assistência Social. Traz, de forma sintética, as in- formações sobre os resultados obtidos das ações propostas em cada período. Essas informações demonstrativas da execução anual das ações e resulta- dos são divulgadas para garantir o processo de participação, transparência e como indicador avaliativo da probidade dos gestores do SUAS às instâncias formais do SUAS, aos órgãos de controle e à sociedade. Trata-se de um instrumento de gestão que é alimentado pelo órgão ges- tor e aprovado pelo respectivo Conselho de Assistência Social, que deverá realizar o acompanhamento e a avaliação da aplicação desses recursos, legi- timando o documento junto ao MC para garantir a continuidade de repasses e convênios entre as respectivas esferas de governo. As ferramentas de informação, monitoramento e avaliação, que tratamos nos tópicos anteriores, aliadas aos Instrumentos de Gestão do SUAS, são de extrema relevância para a correta leitura do relatório e consequente garantia e melhoria da qualidade dos serviços. Traduzem, para os profissionais e para a sociedade, todo o arcabouço de planos, programas, projetos, serviços e benefícios disponibiliza- dos à população. Por tal razão, devem ser amplamente divulgados para efetivar a garantia de acesso à transparência e informação. Quem organiza tais informações é a SAGI - Secretaria de Avaliação e Ges- tão da Informação. SAGI – SECRETARIA DE AVALIAÇÃO E GESTÃO DA INFORMAÇÃO Como já comentamos na unidade I, a SAGI é componente do Ministério da Ci- dadania, como unidade técnica-administrativa. Essa Secretaria desenvolve ações e atividades de gestão da informação, monitoramento, avaliação e capacitação das políticas e programas do Ministério, possibilitando “conhecer o público-al- vo, a lógica de intervenção de seus programas, os problemas e boas práticas de UNIDADE 2 UNIDADE 2 60 implementação de suas ações e, naturalmente, os resultados e impactos” (MDS, 2015). Essa Secretaria, com base nas ferramentas de informação que desenvolve, subsidia técnicos e gestores na gestão diária e no aprimoramento dos progra- mas e ações da área social. Também promove cursos de capacitação e formação, visando disseminar as informações e conhecimentos produzidos. As informa- ções produzidas provêm dos formulários e relatórios que são preenchidos pelos órgãos gestores e conselhos nas três esferas de governo e Distrito Federal, que após compiladas, compõem os Boletins Informacionais e Diagnósticos que são disponibilizados para técnicos, gestores e sociedade. Agregar informações sobre a execução das ações que integram o SUAS, seus resultados e impactosé de responsabilidade desta Secretaria. Mas as informações fidedignas à realidade devem ser subsidiadas por técnicos, gestores e conselhos das três esferas de governo. Os profissionais responsáveis pelo preenchimento desses formulários precisam ter ciência da imensa responsabilidade que assu- mem quando iniciam o fornecimento das informações, pois delas decorrem as decisões sobre novas ações ou encerramento de outras. Desse modo, concluímos nesta unidade que é de vital importância que todos os entes federados garantam o nivelamento básico das condições de gestão, de informação, do fortalecimento dos Conselhos, da comunicação linear, da capa- citação e cultura técnica voltada para o planejamento, com base em demandas territorializadas, respeitando diferenças, conforme preconiza o art. 6º da LOAS, quanto às ações ofertadas no âmbito do SUAS. Para que as ações sejam executadas de forma padronizada e por profissionais adequados, existem normativos e regras a serem seguidas, que tratamos nas unidades, são documentos e orientações que embasam a ação, a informação e a gestão do SUAS, no que se refere à composição da equipe e capacitação permanente. Conheceremos, na unidade III, sobre o trabalho social, o trabalho social de- senvolvido no âmbito do SUAS e os trabalhadores que executam as ações. Para o exercício profissional do assistente social qual a importância do diagnóstico produ- zido pelos instrumentos de informação, monitoramento, controle e avaliação do SUAS? E, para os beneficiários dos serviços, altera sua realidade? PENSANDO JUNTOS 61 OLHAR CONCEITUAL FERRAMENTAS DE INFORMAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO DO SUAS: REDE SUAS: atua como instrumento de gestão, organizando a produção, o armazenamento, o processamento e a disseminação dos dados. GESTÃO DESCENTRALIZADA: ocorre por meio dos quatro tipos de gestão do SUAS: da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. IGD-SUAS - ÍNDICE DE GESTÃO DESCENTRALIZADA DO SUAS: ocorre por meio dos quatro tipos de gestão do SUAS: da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios. VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL: tem por objetivo produzir e sistematizar informações territorializadas sobre situações de vulnerabilidade e risco a que as famílias e indivíduos estejam sujeitos, considerando todas as etapas da vida do cidadão. GESTÃO DO TRABALHO: Consolida-se enquanto instrumento potencializador da formação, qua- lificação e regulação dos profissionais do SUAS através da Norma Operacional Básica (NOB/RH). Neste podcast você entenderá mais sobre o funciona- mento das ferramentas de informação, monitoramento e avaliação do SUAS. Você tem interesse em saber um pouco mais sobre o assunto? Então ouça e fique por dentro! NOVAS DESCOBERTAS Título: SAGI: informação e conhecimento para políticas de desenvol- vimento social. Autor: MDS e Elisabete Ferrarezi (org.) Editora: MDS Sinopse: “Com o objetivo de contribuir para o entendimento do processo de institucionalização da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), esta publicação destaca o contexto de criação e os principais marcos da trajetória da SAGI. Vi- sando à sistematização e disseminação do aprendizado gerado, são identifica- dos elementos que propiciaram inovações e dificuldades enfrentadas a partir da constituição dos sistemas de informação, monitoramento e avaliação da política de desenvolvimento social, bem como a evolução da política de formação, capa- citação e disseminação da secretaria” (MDS, 2015). UNIDADE 2 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11203 UNIDADE 2 62 O planejamento de recursos e a gestão em todos os níveis do SUAS são es- senciais para um bom funcionamento. Atualmente, a internet propiciou a co- municação entre as diferentes esferas dentro deste sistema, por isso é muito importante que as informações tenham o devido tratamento e sejam diaria- mente anexadas ao banco de dados, gerando organização e agilidade para o planejamento de recursos da Assistência Social. 63 1. A gestão no âmbito da assistência social visa promover a consolidação dos Direitos Sociais, que tem por objetivo principal atender as necessidades da população. Deste modo, explique como se dá a articulação na gestão do SUAS desde a elaboração até a avaliação na área da Assistência Social. 2. No que diz respeito à metodologia de gestão, existe no SUAS instâncias de pactuação para definição e deliberação das ações, que articulam nos três níveis de governo às suas demandas, negociando questões operacionais e intercambiando informações para efetivação da descentralização prevista no modelo de gestão do SUAS. Essas instâncias são, respectivamente: a) CIT, SUAS e NOB. b) CIB e CIT. c) NOB e CNAS. d) CIB e SAGI. e) CIT e CNAS. 3. Dada a importância no âmbito da gestão da informação tal qual vista durante a Unidade 2, descreva como são as ferramentas utilizadas para a informação, moni- toramento e avaliação dentro da REDE SUAS. 3Gestão e Desenvolvimento do SUAS: Trabalhadores do SUAS. Me. Michele Vanessa Werner Nesta unidade, entenderemos o trabalho social e como ele é desenvol- vido no âmbito do SUAS. Para isso, conheceremos a composição míni- ma da equipe de referência dos serviços SUAS, as origens de recursos para seu financiamento e a Política de Capacitação dos trabalhadores do sistema. Como também, apresentar as atribuições dos profissionais do SUAS nos Serviços CRAS e CREAS, assunto extremamente impor- tante para você, futuro Assistente Social! UNIDADE 3 66 Você já se perguntou como funciona o trabalho com as famílias no âmbito do SUAS?. A organização das equipes técnicas vai muito além do que um simples escalado para determinadas funções. Imagine que você, Assistente Social, se depare com várias situações que exi- jam além da sua formação profissional, como é o caso de pessoas com distúrbios psicológicos que praticam agressão física. Você se vê numa situação delicada, não sabe o que fazer e acaba encaminhando o caso familiar para a polícia, que com o uso da força, mobiliza o indivíduo e posteriormente acaba o liberando. Mas será que essa seria a conduta correta neste caso? Pensando nisso, o SUAS organiza instrumentos legais que direcionam as ati- vidades concernentes a cada área, definindo o quadro funcional e equipe mínima para as ações de cada serviço da Rede SUAS, seja no âmbito público ou privado. Deste modo, com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB- -SUAS/2006), a gestão desse sistema confere eixos a serem trabalhados na educa- ção e capacitação permanente da equipe de atendimento que compõem o SUAS. Deste modo, atualmente o SUAS que antes era um trabalho pautado no voluntariado e filantropia, hoje consegue ser profissional e articulado frente às diversas demandas sociais que são apresentadas diariamente. As equipes técnicas são formadas por assistentes sociais, psicólogos, advogados, coorde- nadores e auxiliares, e vários serviços de proteção, dando o encaminhamento adequado para cada necessidade. Você notou a importância da organização e profissionalização do SUAS? A instrumentalidade, normativas e adequação de equipes e serviços faz com que este sistema funcione integralmente em todos os municípios brasileiros, visando atender os diversos conflitos sociais que se apresentam no cotidiano profissional dos Assistentes Sociais. O SUAS possui equipes de referência, cuidadosamente formadas através de concurso público, que são responsabilizadas por toda a organização dos serviços e programas na proteção básica e social. Para que haja a diferen- ciação nos atendimentos, a equipe do SUAS se baseia em contextos como o território das famílias, as situações e graus de vulnerabilidade e riscos que possam estar inseridas. Assim, se dividem por níveis de complexidade e po- dem oferecer os níveis de proteção adequados. 67 Para que você aluno tenha conhecimento sobre a formação das equipes e como são feitosos atendimentos socioassistenciais, que tal acessar a Tipi- ficação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (Res. nº 109/2009)?. Com isso você poderá aprender sobre todos os serviços e as descrições técnicas de cada um. Acesse o link abaixo e confira: Diante das experiências conhecendo as equipes multiprofissionais do SUAS, e levando em considera- ção que as normas estudadas NOB-SUAS e Tipifica- ção Nacional dos Serviços Socioassistenciais são dos anos de 2006 e 2009, procure pensar sobre as novas demandas e possíveis adaptações que seriam necessá- rias nessas equipes, visando um melhor atendimento no contexto atual. UNICESUMAR https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/13607 UNIDADE 3 68 O TRABALHO SOCIAL Historicamente, o trabalho social teve suas bases pautadas no voluntariado e na filantropia, por outro lado, mantinha o mínimo e emergencial de forma precária e, muitas vezes, como instrumento de disciplina e ordem social, minimizando os conflitos sociais. Era executado filantropicamente de forma descontinuada, pon- tual,emergencial e sem regulamentação, por damas de caridade representantes da sociedade mais abastada e pela Igreja Católica. Tais ações garantiam uma visão parcial e fragmentada da realidade vivencia- da pela família e pelo indivíduo e não avaliavam o contexto de cada demanda, resolviam problemas imediatos, sem promover qualquer tipo de melhoria ou transformação na vida dos envolvidos. Para fazer frente às demandas oriundas das expressões da questão social, o trabalho social recebe a intervenção técnica e profissional e, no campo da assis- tência social, ao longo dos tempos, foi se reconstruindo e se constituindo enquan- to profissão, “[..] o Serviço Social desborda o acervo das suas protoformas ao se 69 desenvolver como um produto típico da divisão social (e técnica) do trabalho da ordem monopólica” (NETTO, 2001, p. 79). A realização do trabalho social executada por um dos profissionais da equipe de referência, de um serviço específico, deve estar pautada em conhecimento, for- mação teórica, técnica, política e metodológica capaz de lhe fornecer meios para compreender os processos e a realidade social em sua totalidade e complexidade. Deve, ainda, tal trabalho estar vinculado a condições institucionais adequadas à concretização da ação proposta. O profissional de serviço social, em seu código de ética, assume o compromisso da defesa intransigente dos direitos sociais. Para tal, em sua intervenção, deve proporcionar meios para o fortalecimento da prá- tica democrática e participativa, garantindo a construção do protagonismo dos usuários dos seus serviços, vislumbra mudanças na vida do sujeito e na sociedade. Percebemos que, historicamente, a concretização do trabalho social, na esfera do serviço e da assistência social, está atrelada à formação profissional, à capaci- tação permanente, à busca do conhecimento constante e da valorização inclusive dos trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social. Conhecemos que o trabalho social teve suas origens caritativas, mas consolidou-se profissionalmente no movimento de lutas sociais, edificou o SUAS. TRABALHO SOCIAL NO SUAS Voltando nossos olhos para a Gestão do Trabalho no SUAS, com base na NOB/ SUAS (2012), em seu artigo 109 e parágrafos, temos as ações que são relacionadas à valorização do trabalhador e às ações de estruturação do processo de trabalho. No que diz respeito à valorização do trabalhador, atua na “perspectiva da des- precarização da relação e das condições de trabalho”, sendo elas, entre outras: “ I- a realização de concurso público;II - a instituição de avaliação de desempenho; III -a instituição e implementação de Plano de Capacitação e Educação Permanente com certificação; IV- a adequação dos perfis profissionais às necessidades do UNICESUMAR UNIDADE 3 70 SUAS; V -a instituição das Mesas de Negociação; VI -a instituição de planos de cargos, carreira e salários (PCCS); VII- a garantia de ambiente de trabalho saudável e seguro, em consonância às normativas de segurança e saúde dos traba- lhadores; VIII- a instituição de observatórios de práticas profissionais (NOB/SUAS, 2012, artigo 109). No que concerne à estruturação do processo de trabalho institucional, esse mes- mo artigo, no segundo parágrafo, prevê a construção de desenhos organizacio- nais, a consolidação de processos de negociação do trabalho, a criação, manuten- ção e utilização de sistemas de informação e de supervisão técnica. No âmbito do SUAS, a Norma designa que cabe a cada ente federativo constituir um setor ou equipe para se responsabilizar pela gestão do trabalho, cujas despesas devem estar previstas no orçamento e financiamento da política de assistência social. Entretanto as diretrizes para a gestão do trabalho tiveram suas diretrizes de- finidas anteriormente, em 2006, na aprovação da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social - NOB -RH/SUAS, que foi publicada em 2007, determinando entre as suas dimensões: • conhecer os profissionais que atuam na assistência Social, caracterizando suas expectativas de formação e capacitação para a construção do SUAS; vislumbrar o desafio proposto, para estes profissionais, a partir dos compromissos dos entes federativos com os princípios e diretrizes da universalidade, equidade, descentralização político-administração, interseto- rialidade, e participação da população; • propor estímulos e valorização desses trabalhadores; • identificar os pactos necessários entre os gestores, servidores, trabalhadores da rede socioassistencial, com base no compro- misso da prestação de serviços permanentes ao cidadão e da prestação de contas de sua qualidade e resultados; • uma política de gestão do trabalho que privilegie a qualifica- 71 ção técnico-política desses agentes (NOB-RH/SUAS, 2006). Essa normativa determinou que, diante do caráter público dos serviços so- cioassistenciais, é imprescindível que, para responsabilizar-se pela execução da gestão do trabalho no SUAS, haja servidores públicos e que os cargos de- vem ser criados por lei, garantindo a continuidade e qualidade da execução desses serviços. Tais serviços se pautam em princípios éticos voltados para a atuação dos trabalhadores da assistência social, que normatizam a ação pro- fissional no campo socioassistencial e devem ser considerados na elaboração, implantação e implementação dos padrões, rotinas e protocolos específicos. De acordo com a NOB-RH/SUAS 2006, são princípios éticos orientadores da intervenção profissional da área de assistência social: a. Defesa intransigente dos direitos socioassistenciais; b. Compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e be- nefícios de qualidade que garantam a oportunidade de conví- vio para o fortalecimento de laços familiares e sociais; c. Promoção aos usuários do acesso à informação, garantindo conhecer o nome e a credencial de quem os atende; d. Proteção à privacidade dos usuários, observado o sigilo pro- fissional, preservando sua privacidade e opção e resgatando sua história de vida; e. Compromisso em garantir atenção profissional direcionada para construção de projetos pessoais e sociais para autonomia e sustentabilidade; f. Reconhecimento do direito dos usuários a ter acesso a bene- fícios e renda e a programas de oportunidades para inserção profissional e social; g. Incentivo aos usuários para que estes exerçam seu direito de participar de fóruns, conselhos, movimentos sociais e coope- rativas populares de produção; h. Garantia do acesso da população a política de assistência so- cial sem discriminação de qualquer natureza (gênero, raça/ etnia, credo, orienta- ção sexual, classe social, ou outras), res- guardados os critérios de elegi- bilidade dos diferentes pro- gramas, projetos, serviços e benefícios; i. Devolução das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no sentido de que estes possam usá-las para o UNICESUMAR UNIDADE 3 72fortalecimento de seus interesses; j. Contribuição para a criação de mecanismos que venham des- burocratizar a relação com os usuários, no sentido de agilizar e melhorar os serviços prestados (NOB-RH/SUAS, 2006). A atuação de qualquer dos profissionais que compunham a equipe de atendi- mento na área da assistência social deve estar, obrigatoriamente, baseada nos princípios éticos de atendimento definidos pela NOB-RH/SUAS e por todas as legislações pertinentes à área socioassistencial. Cabe lembrar que essa normati- va não é específica para o serviço social, mas à EQUIPE na sua totalidade, não excluindo nenhum profissional da Unidade de atendimento. Dessa forma, todos os trabalhadores precisam ter consciência de que executar uma tarefa em uma Unidade de Atendimento Socioassistencial traz consigo uma imensa responsabilidade no sentido de ampliar direitos, ga- rantir acessos, empoderar pessoas. A atuação dos profissionais do SUAS en- quanto mediadores sociais está diretamente atrelada à prestação dos serviços ofertados no âmbito do SUAS aos usuários das assistência social. Cabendo ao MDS desenvolver ações que garantam a formação técnica, a elaboração de publicações técnicas, o envio de boletins informativos, como ferramenta de capacitação técnica e profissional, transparência das ações, de orientação pro- fissional aos integrantes das equipes do SUAS e de controle social. Para que se materialize a rede de proteção e promoção social no território nacional a Gestão do trabalho no SUAS visa à valorização do trabalhador (MDS, 2015). Estudamos sobre as Normativas de 2006 e 2012 que orientam sobre a compo- sição das equipes de atendimento no trabalho social no SUAS. Trazem a discussão sobre o reconhecimento do trabalhador no âmbito do SUAS e requerem que haja nos equipamentos de atendimento o número adequado de trabalhadores capacita- dos e aptos para o desenvolvimento das ações previstas para a proteção social. Es- ses trabalhadores em equipamentos públicos compõem as equipes de referência. EQUIPES DE REFERÊNCIA A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único da Assistência Social caracteriza o conceito de Equipes de referência, no âmbito do SUAS, definindo-o como aquelas que são compostas por “servidores efeti- 73 vos, que se responsabilizam pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial”. Para determinar a amplitude do atendimento e caracterizar como proteção social básica ou es- pecial, o SUAS se baseia no diagnóstico do território, nas vulnerabilidades e riscos a que famílias/indivíduos possam estar sujeitos. E o porte das equipes para atendimento de tais demandas se delineia com base no número de famí- lias referenciadas em um dado território, pelo tipo de atendimento necessário e nas aquisições que devem ser garantidas aos usuários dos serviços. Os serviços públicos de proteção social estão divididos por níveis de comple- xidade. Temos a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial, esse último nível se subdivide em Especial de Média e Especial de Alta Complexidade. O MDS disponibiliza a lista dos serviços de cada nível de proteção, que foi padronizada e detalhada em diversos aspectos de seu funcionamento e organização, pela Ti- pificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (Res. nº 109/2009), que segue: PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA “ 1 . Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família – PAIF2. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos 3. Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL “ Média Complexidade 1. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indivíduos – PAEFI 2. Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indivíduos – PAEFI 3. Serviço Especializado em Abordagem Social UNICESUMAR UNIDADE 3 74 4. Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) 5. Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com De- ficiência, Idosos(as) e suas Famílias 6. Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua Alta Complexidade 7. Serviço de Acolhimento Institucional 8. Serviço de Acolhimento em República 9. Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora 10. Serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de emergências (BRASIL, Resolução 109/2009). A oferta dos serviços listados é responsabilidade dos equipamentos públicos, entretanto alguns deles são disponibilizados, também, por associações sem fins lucrativos, vinculadas e articuladas aos órgãos públicos que, em alguns casos, os adquire dessas instituições para ofertá-los à população. Nos equi- pamentos públicos ou nos privados, existe uma equipe mínima de técnicos e profissionais que obrigatoriamente deve estar disponível para atendimento aos usuários da assistência social. EQUIPES DE REFERÊNCIA EM EQUIPAMENTOS PÚ- BLICOS E PRIVADOS, NO ÂMBITO DO SUAS No caso dos equipamentos públicos, os serviços do PAIF e PAEFI são prestados exclusivamente pelas equipes de referência do CRAS e CREAS, respectivamen- te. Para os serviços de Proteção Social Básica, somente em situações em que os equipamentos públicos não tenham condições/recursos físicos ou de pessoal é que o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas poderão ser prestados por entidades de assistência social, sob a condição de elas estarem referenciadas aos respectivos CRAS, atuando de forma articulada, 75 conjunta, padronizada e pautadas nas diretrizes, princípios e legislações perti- nentes ao SUAS, garantindo, dessa forma, que o atendimento das necessidades e proteção das famílias daquele território de abrangência será de qualidade. O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, com base na Tipi- ficação, possui serviços distintos, organizados por faixa etária e dispõe de um Caderno de Orientações Técnicas para cada um deles que determina detalhada- mente a ação e todo recurso necessário a sua execução com qualidade, inclusive as atribuições dos profissionais que compõem a equipe de atendimento. A orien- tação define que, no mínimo, cada um desses serviços disponha de um técnico de referência do PAIF (nível superior) e um profissional com a função de orientador social (nível médio), podendo opcionalmente agregar um Facilitador de Oficinas. Ainda nos referindo à Proteção Social Básica na esfera municipal gover- namental, de acordo com o porte do referido município, essa Norma atribui a composição mínima de equipe de referência para os serviços dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS como sendo: PEQUENO PORTE I PEQUENO PORTE II MÉDIO, GRANDE, METRÓ- POLE E DF Até 2500 famílias referenciadas. Até 3500 famílias referenciadas. A cada 5000 famílias referen- ciadas. 2 técnicos de nível superior, sendo um profissional assis- tente social e outro, preferencialmente, psicólogo. 3 técnicos de nível superior, sendo dois profissionais assistentes sociais e, preferencialmente, um psicólogo. 4 técnicos de nível superior, sendo dois profissionais assistentes sociais, um psi- cólogo e um profissional que compõem o SUAS. 2 técnicos de nível médio. 3 técnicos de nível médio. 4 técnicos de nível médio. Quadro 01: Equipes de referência para os Centros de Referência da Assistência Social - CRAS Fonte: NOB-RH/SUAS (2006). A Norma decide, ainda, que tais equipes dos equipamentos públicos de CRAS devem, obrigatoriamente, sempre ter em seu quadro um coordenador de “nível UNICESUMAR UNIDADE 3 76 superior, concursado, com experiência em trabalhos comunitários e gestão de pro- gramas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais” (NOB-RH/SUAS, 2006). Ainda refletindo sobre os equipamentos públicos, no que se refere à Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade,delibera que o Centro de Refe- rência Especializado da Assistência Social - CREAS, enquanto pólo de referência, coordenador e articulador da proteção social especial de média e alta comple- xidade, deve ter na composição de sua equipe técnica de referência os seguintes profissionais (por tipo de habilitação do município): MUNICÍPIOS EM GESTÃO INI- CIAL E BÁSICA MUNICÍPIOS EM GESTÃO PLENA E ESTADOS COM SERVIÇOS REGIONAIS Capacidade de atendimento de 50 pessoas/indivíduos. Capacidade de atendimento de 80 pes- soas/indivíduos. 1 coordenador. 1 coordenador. 1 assistente social. 2 assistentes sociais. 1 psicólogo. 2 psicólogos. 1 advogado. 1 advogado. 2 profissionais de nível superior ou médio, para abordagem dos usuários. 2 profissionais de nível superior ou mé- dio para abordagem dos usuários. 1 auxiliar administrativo. 1 auxiliar administrativo. Quadro 02: Equipe técnica do CREAS. Fonte: NOB-RH/SUAS (2006). No que se refere aos serviços da rede de atendimento de Proteção Social Especial de média e alta complexidade, a maior parte dos serviços deve assegurar uma 77 equipe específica para atendimento direto e uma equipe de referência vinculada ao órgão gestor para atendimento psicossocial. O Serviço de Abordagem So- cial deve ter assegurada uma equipe composta por, no mínimo, 3 profissionais, sendo que, ao menos, um deles seja de nível superior. Essa equipe mínima pode ser ampliada, com base em diagnóstico da realidade e demandas socioterritoriais. Ao Centro POP, serviço de atendimento à população em situação de rua, recomenda-se que, a cada 80 (oitenta) casos atendidos (famílias/indivíduos) por mês, a equipe de referência seja composta por 1 coordenador(a), 2 assistentes so- ciais, 2 psicólogos(as), 1 técnico de nível superior (com formação preferencial em direito, pedagogia, antropologia, sociologia ou terapia ocupacional) e 2 auxiliares administrativos. Sob a avaliação do órgão gestor, na necessidade de ampliação do atendimento e/ou serviços, poderão ser agregados outros profissionais, tais como estagiários e facilitadores de oficina. Os Serviços de Liberdade Assistida – LA, de Prestação de Serviços à Comunidade – PSC e de Proteção Espe- cial para Pessoas com Deficiência, Idosos(as) e suas famílias são ofertados pelas Unidades de CREAS ou em Unidades Referenciadas (públicas ou privadas credenciadas ao SUAS), dessa forma, fazendo uso da mesma equipe de referência. Nos serviços de atendimento para pequenos grupos na Proteção Social Especial de Alta Complexidade, tais como abrigo institucional, casa-lar UNICESUMAR UNIDADE 3 78 e casa de passagem, a equipe de referência para atendimento direto deve ser composta da seguinte forma: PROFISSIONAL/ FUNÇÃO ESCOLARIDADE QUANTIDADE Coordenador Nível superior ou médio 1 profissional referenciado para até 20 usuários acolhidos em, no máximo, 2 equipamentos. PROFISSIONAL/ FUNÇÃO ESCOLARIDADE QUANTIDADE Cuidador Nível médio e qualificação específica 1 profissional para até 10 usuários por turno. A quantidade de cuidador por usuário deverá ser aumentada quando houver usuários que demandem atenção específica (com deficiência, com necessidades específicas de saúde, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com grau de dependência II ou III, dentre outros). Para tanto, deverá ser adotada a seguinte relação: a) 1 cuidador para cada 8 usuários, quando houver 1 usuário com demandas específicas; b) 1 cuidador para cada 6 usuários, quando houver 2 ou mais usuários com demandas específicas. Auxiliar de Cuidador Nível fundamental e qualificação específica 1 profissional para até 10 usuários por turno. A quantidade de cuidador por usuário deverá ser aumentada quando houver usuários que demandem atenção específica (com deficiência, com necessidades específicas de saúde, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com grau de dependência II ou III, dentre outros). Para tanto, deverá ser adotada a seguinte relação: a) 1 auxiliar de cuidador para cada 8 usuários, quando houver 1 usuá- rio com demandas específicas; b) 1 auxiliar de cuidador para cada 6 usuários, quando houver 2 ou mais usuários com demandas específicas. Quadro 03: Equipe para atendimento direto. 79 e casa de passagem, a equipe de referência para atendimento direto deve ser composta da seguinte forma: PROFISSIONAL/ FUNÇÃO ESCOLARIDADE QUANTIDADE Coordenador Nível superior ou médio 1 profissional referenciado para até 20 usuários acolhidos em, no máximo, 2 equipamentos. PROFISSIONAL/ FUNÇÃO ESCOLARIDADE QUANTIDADE Cuidador Nível médio e qualificação específica 1 profissional para até 10 usuários por turno. A quantidade de cuidador por usuário deverá ser aumentada quando houver usuários que demandem atenção específica (com deficiência, com necessidades específicas de saúde, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com grau de dependência II ou III, dentre outros). Para tanto, deverá ser adotada a seguinte relação: a) 1 cuidador para cada 8 usuários, quando houver 1 usuário com demandas específicas; b) 1 cuidador para cada 6 usuários, quando houver 2 ou mais usuários com demandas específicas. Auxiliar de Cuidador Nível fundamental e qualificação específica 1 profissional para até 10 usuários por turno. A quantidade de cuidador por usuário deverá ser aumentada quando houver usuários que demandem atenção específica (com deficiência, com necessidades específicas de saúde, pessoas soropositivas, idade inferior a um ano, pessoa idosa com grau de dependência II ou III, dentre outros). Para tanto, deverá ser adotada a seguinte relação: a) 1 auxiliar de cuidador para cada 8 usuários, quando houver 1 usuá- rio com demandas específicas; b) 1 auxiliar de cuidador para cada 6 usuários, quando houver 2 ou mais usuários com demandas específicas. Quadro 03: Equipe para atendimento direto. UNICESUMAR UNIDADE 3 80 Fonte: NOB-RH/SUAS (2006). O órgão gestor, como já comentamos, deve disponibilizar equipe de referência para atendimento psicossocial com as seguintes características: PROFISSIO- NAL/ FUNÇÃO ESCOLARI- DADE QUANTIDADE Assistente Social Nível supe- rior 1 profissional para atendimento a, no máximo, 20 usuários acolhidos em até dois equipamentos de alta complexidade para pequenos grupos. Psicólogo Nível supe- rior 1 profissional para atendimento a, no máximo, 20 usuários acolhidos em até dois equipamentos de alta complexidade para pequenos grupos. Quadro 04: Equipe de referência para atendimento psicossocial. Fonte: NOB-RH/SUAS (2006). 81 O Programa Família Acolhedora é um serviço de acolhimento para amparo a crianças e adolescentes que não tem estabelecido pela Norma uma equipe de referência para atendimento direto, determinando, apenas, a equipe de referência para atendimento psicossocial, vinculada ao órgão gestor: PROFISSIONAL/ FUNÇÃO ESCOLA- RIDADE QUANTIDADE Coordenador Nível superior 1 profissional referenciado para até 45 usuá- rios acolhidos. Assistente Social Nível superior 1 profissional para acompanhamento de até 15 famílias acolhedoras e atendimento até 15 famílias de origem dos usuários atendidos nesta modalidade. Psicólogo Nível superior 1 profissional para acompanhamento de até 15 famílias acolhedoras e atendimento a até 15 famílias de origem dos usuários atendidos nesta modalidade. Quadro 05: Equipe de atendimento do programa Família Acolhedora. Fonte: NOB-RH/SUAS (2006). Outro serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade que também não tem equipe de atendimento direto definida pela NOB-RH/SUAS (2006), so- mente conta com equipe de referência para atendimento psicossocial vinculada ao órgão gestor, é a República e deve contar com: PROFISSIONAL/ FUNÇÃO ESCOLARIDADE QUANTIDADE Coordenador Nível superior 1 profissional referenciado para até 20 usuários. Assistente Social Nível superior 1 profissional para atendimento a, no máximo, 20 usuários atendidos em até dois equipamentos.UNICESUMAR UNIDADE 3 82 Psicólogo Nível superior 1 profissional para atendimento a, no máximo, 20 usuários atendidos em até dois equipamentos. Quadro 06: Equipe de Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Fonte: NOB-RH/SUAS (2006). O Serviço de Proteção Social Especial de Alta Complexidade prestado em Insti- tuições de Longa Permanência para Idosos - ILPI’s conta com definição de equipe de referência para atendimento direto, devido ao seu caráter continuado, devendo tal equipe estar composta pelos seguintes profissionais: PROFISSIONAL/FUNÇÃO ESCOLARIDADE 1 Coordenador Nível superior ou médio Cuidadores Nível médio 1 Assistente Social Nível superior 1 Psicólogo Nível superior 1 Profissional para desenvolvimento de ativida- des socioculturais Nível superior Profissional de limpeza Nível fundamental Profissional de alimentação Nível fundamental Profissional de lavanderia Nível fundamental Quadro 07: Equipe para atendimento em Instituições de Longa Permanência para Idosos. Fonte: NOB-RH/SUAS (2006). Para o atendimento de pessoas com deficiência, com dependência, a Proteção Social Especial conta com os Serviços de Acolhimento Institucional em Resi- dência Inclusiva que, com base nas especificidades de seus usuários, determina- rão a quantidade de cuidadores e auxiliares de cuidadores, tendo por orientação que o mínimo seja de 1 cuidador e 1 auxiliar para cada 6 usuários. 83 Para o Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e Emergências, não existe pré-definição de equipe de referência, mas deve consi- derar que necessita de provisões humanas, materiais, técnicas, físicas, entre outras, para responder a situações dessa natureza. De acordo com a Norma, no caso de atendimento a comunidades tradicio- nais, é definida uma composição de equipe diferenciada, com base na especifi- cidade de conhecimento exigida para o atendimento desses usuários, sendo que “ A composição das equipes de referência dos Estados para apoio a Municípios com presença de povos e comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, seringueiros, etc.) deve contar com pro- fissionais com curso superior, em nível de graduação concluído em ciências sociais com habilitação em antropologia ou graduação concluída em qualquer formação, acompanhada de especialização, mestrado e/ou doutorado em antropologia (NOB-RH/SUAS, 2006). As equipes de referência para cada serviço, ou unidade de atendimento pública e excepcionalmente para as entidades de assistência social (nos casos expressos já citados anteriormente), foram definidas pela NOB-RH/SUAS, no ano de 2006, e ratificadas pela Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009, Tipificação Nacio- nal dos Serviços Socioassistenciais, do Conselho Nacional de Assistência Social, e orientações técnicas posteriores. Essa Resolução define uma matriz padronizada para os serviços socioassistenciais, trazendo informações específicas e detalhadas para a execução de cada serviço no âmbito do SUAS. POLÍTICA NACIONAL DE CAPACITAÇÃO Para que a execução das atividades que estudamos na unidade anterior esteja pautada em padrões de qualidade e uniformes em todos os equipamentos da rede socioassistencial, existe a previsão de capacitar os trabalhadores do SUAS. A proposta de capacitação ganhou força a partir da VIII Conferência Nacional de Assistência Social, cujo tema trazia a discussão com o seguinte texto: “A conso- lidação do SUAS e a valorização dos seus trabalhadores”. Nessa ocasião, visando UNICESUMAR UNIDADE 3 84 à qualificação, foram definidas as estratégias da Política Nacional de Educação Permanente do SUAS - PNEP/SUAS. “ A formulação desta Política Nacional de Educação Permanente do SUAS, em um contexto que evidencia a necessidade de responder às demandas de fortalecimento de uma ampla rede de proteção social no Brasil, aponta a formação e o desenvolvimento dos atores da assistência social como uma das questões de fundamental impor- tância para a qualidade dos serviços ofertados à sociedade (BRASIL, 2015, online). Com base no texto da referida Política, ela é “ [...] destinada aos trabalhadores do SUAS, com ensino fundamental, médio e superior que atuam na rede socioassistencial governamen-tal e não governamental, assim como aos gestores e agentes de con- trole social no exercício de suas competências e responsabilidades (MDS, 2013, p. 27). Com o intuito de uniformizar a execução do trabalho e alinhar as competências profissionais, a PNEP/SUAS definiu seu objetivo geral, tendo por base “institucio- nalizar a perspectiva político-pedagógica e a cultura da educação permanente”. Para tal, delimita princípios, diretrizes, instrumentos e estratégias para sua exe- cução. Nesse sentido, são objetivos específicos da PNEP/SUAS: I. Desenvolver junto aos trabalhadores e conselheiros condi- ções para que possam distinguir e fortalecer a centralidade dos direitos socioassistenciais do cidadão no processo de gestão e no desenvolvimento das atenções em benefícios e serviços; II. Desenvolver junto aos trabalhadores da Assistência Social as competências e capacidades específicas e compartilhadas re- queridas para a melhoria contínua da qualidade da gestão do SUAS e da oferta e provimento dos serviços e benefícios so- cioassistenciais; 85 III. Desenvolver junto aos conselheiros de Assistência Social as competências e capacidades requeridas para a melhoria con- tínua da qualidade do controle social e da gestão participativa do SUAS; IV. Instituir mecanismos institucionais que permitam descentra- lizar para estados, municípios e Distrito Federal capacidades relacionadas ao planejamento, oferta e implementação de ações de formação e capacitação; V. Instituir mecanismos institucionais que permitam a participa- ção dos trabalhadores e dos usuários do SUAS, dos conselhei- ros de Assistência Social e 11 das Instituições de Ensino que formam a Rede Nacional de Capacitação e Educação Perma- nente do SUAS, nos processos de formulação de diagnósticos de necessidades, planejamento e implementação das ações de formação e capacitação; VI. Criar mecanismos que gerem aproximações entre as manifes- tações dos usuários e o conteúdo das ações de capacitação e formação; VII. Ofertar aos trabalhadores Percursos Formativos e ações de formação e capacitação adequados às qualificações profis- sionais requeridas pelo SUAS; VIII. Ofertar aos conselheiros de Assistência Social Percursos Formativos e ações de formação e capacitação adequados às qualificações requeridas ao exercício do controle social; IX. Criar meios e mecanismos de ensino e aprendizagem que per- mitam o aprendizado contínuo e permanente dos trabalhado- res do SUAS nos diferentes contextos e por meio da experiência no trabalho; X. Criar meios e mecanismos institucionais que permitam articu- lar o universo do ensino, da pesquisa e da extensão ao universo da gestão e do provimento dos serviços e benefícios socioas- sistenciais, de forma a contribuir para o desenvolvimento das competências necessárias à contínua e permanente melhoria UNICESUMAR UNIDADE 3 86 da qualidade do SUAS. XI. Consolidar referências teóricas, técnicas e ético-políticas na Assistência Social a partir da aproximação entre a gestão do SUAS, o provimento dos serviços e benefícios e instituições de ensino, pesquisa e extensão, potencializando a produção, sis- tematização e disseminação de conhecimentos (PNEP/SUAS/ MDS, 2013, p. 27-29). A PNEP/SUAS, em seus objetivos, traz clara a sua prioridade na garantia e de- fesa dos direitos socioassistenciais, capacitando os trabalhadores do SUAS para fortalecimento profissional próprio, dos usuários da rede socioassistencial e da própria rede de atendimento. Tal formação necessita prover uma visão de totali- dade acerca dos direitos, serviços e benefícios socioassistenciais. A ação conjunta, sincronizada, do conjunto dos trabalhadores que atuam no SUAS é conhecida como trabalho social, esse trabalho se organiza pautado na função da gestão ena função do provimento dos serviços e benefícios socioassistenciais, que se articulam e se completam no atendimento das demandas sociais. A primeira função listada para se desenvolver solicita a mobilização do tra- balhador quanto à detenção e ao adequado uso de recursos teóricos, metodoló- gicos e tecnológicos em cada nível da gestão. Pretende-se que se produzam meios para o aperfeiçoamento dos fluxos de informação e dos processos de tomada de decisão, facilitando o acesso dos usuários a serviços e benefícios, assim como o fortalecimento dos espaços de deliberação e gestão participativa. A segunda função a que se refere e provimento de serviços e benefícios se baseia nas relações sociais e intersubjetivas para que o profissional tenha condi- ções de análise, reflexão e adequação de suas práticas profissionais e processos de trabalho para atendimento das demandas que se apresentam em cada espaço de atuação do SUAS. Nesse sentido, “ [...] a Educação Permanente no SUAS deve buscar não apenas de-senvolver habilidades específicas, mas problematizar os pressupos-tos e os contextos dos processos de trabalho e das práticas profis- sionais realmente existentes. Via pela qual se buscará desenvolver a capacidade crítica, a autonomia e a responsabilização das equipes 87 de trabalho para a construção de soluções compartilhadas, visando às mudanças necessárias no contexto real das mencionadas práticas profissionais e processos de trabalho (PNEP/MDS, 2013, p. 30). Tais definições e diretrizes não se aplicam somente a equipamentos governamen- tais, mas também aos não governamentais que compõem a rede socioassistencial, uma vez que a garantia e a defesa intransigente dos direitos socioassistenciais não se restringem a um ou a outro (PNEP/MDS, 2013). Buscamos conhecer sobre a PNEP e percebemos que cada trabalhador da rede SUAS deve ter claro os objetivos dos serviços e benefícios, bem como co- nhecer a legislação básica de proteção ao direito do cidadão, no que se refere às garantias socioassistenciais e à PNEP. Nesse sentido, capacita os profissionais para que tenham acesso à informação e conhecimentos que pautem sua avaliação, análise e direcionamento das demandas para superação do problema apresentado pela população beneficiária do SUAS. Conheceremos, a seguir, a composição dos equipamentos da rede socioassistencial, para podermos tratar da origem dos recursos que possibilitam tais ações. FINANCIAMENTO DAS EQUIPES DE REFERÊNCIA Para tratarmos da fonte de recurso e financiamento para pagamento de salários das equipes de referência, falaremos de alguns pontos determinantes estabeleci- dos legalmente. Conheceremos a composição da equipe de atendimento da rede de Proteção Social Básica e Proteção Social Especial de Média e Alta Complexi- dade e algumas características das origens financeiras. Sendo o CRAS uma unidade pública estatal de base territorial e respon- sável pela oferta do serviço de Proteção e Atendimento à Família (PAIF), não é permitida a terceirização desse serviço, ele é responsabilidade de execução da gestão municipal (MDS, 2015). A equipe do CRAS deve, obrigatoriamente, ser formada por servidores efetivos, que tenham seu ingresso por meio de concurso público ou teste seletivo, e se responsabilizam pela organização e oferta dos serviços da Unidade. A Portaria nº 442/2005, em seu artigo 1º, define que o Piso básico seja destinado exclusivamente ao custeio das ações UNICESUMAR UNIDADE 3 88 de atendimento aos componentes do núcleo familiar, ou seja, para serviços do PAIF e para ações que complementam o Programa Bolsa Família. Os recursos utilizados para pagamento de ações do PAIF são originários do Piso Básico e, com base na Controladoria Geral da União, os recursos repassados fundo a fundo têm o uso negado para o pagamento de locação de imóvel, salários de funcionários públicos, recolhimento de encargos sociais (13º salário, férias, encargos patronais), rescisão contratual, vale-transporte/ vale-refeição, passagens e diárias, aquisição de bens e material permanente, construção ou ampliação de imóveis. Porém a Resolução CNAS nº 33/2011 determina que os Estados, DF e Municípios podem utilizar até 60% (sessenta por cento) dos recursos designados para ações continuadas de assistência social, provenientes do Fundo Nacional de Assistência Social para pagamento de profissionais que integrem a equipe de referência do SUAS, e reiterando que tenham sido contratados por meio de concurso ou teste seletivo. Em síntese, podem ser incluídas, para uso do recurso do Piso Básico Fixo, despesas em custeio designadas para a manutenção e para o financiamento de ações, serviços e atividades socioassistenciais de proteção básica. Para o cofi- nanciamento federal do serviço PAIF, as disposições legais que orientam, estão descritas na Portaria nº 116, de 22 de outubro de 2013, e para o financiamento de profissionais do SUAS e serviços de proteção básica, tal como o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, a descrição legal da origem financeira está prevista no art. 6º E, da LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social/1993. O repasse de recursos do Piso Básico pode ser bloqueado ou suspenso, nos casos em que não haja observância das normativas do SUAS, ou em que não haja oferta do PAIF de forma regular e continuada, ou mesmo nos casos em que o CRAS não esteja em funcionamento regular e, inclusive, quando do não preen- chimento do formulário do CENSO CRAS (Portaria 116/2013). O cofinanciamento federal dos serviços da proteção Social Especial (PSE) de Alta Complexidade são pactuados na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e deliberadas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). A transferência ocorre de forma regular e automática de fundo a fundo, ou seja, do Fundo Nacional de Assistência Social para os Fundos de Assistência Social Municipais, estaduais ou do Distrito Federal, com base na Portaria 440/2005, art. 6º, e na Portaria nº 460/2007, art. 3º. 89 Apresentamos de forma superficial algumas das fontes para o financia- mento de recursos humanos no SUAS, para as atividades de proteção básica, no PAIF, e a maneira como esse recurso é repassado, garantindo o desenvol- vimento e continuidade das ações, ou sua extinção quando da apuração de Ao profissional de Serviço Social, é essencial o conhecimento sobre fontes de financia- mento e alocação de recursos públicos. Você conhece a lei de Responsabilidade Fiscal? Sabia que ela impõe limites ao financiamento de recursos humanos, no que diz respeito à administração pública direta e indireta? Fonte: a autora. PENSANDO JUNTOS alguma irregularidade na execução do serviço. É de suma importância que o profissional conheça quais suas responsabilidades na execução e a fonte de recursos para cada serviço, para que não incorra em irregularidades por desconhecimento. Faz parte de suas atribuições, na prestação do serviço à rede socioassistencial, ter consciência desses limites. ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DO SUAS NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA Listamos, na unidade anterior, basicamente, os serviços que compõem a Proteção Social Básica (PSB) do SUAS. Desses, aqui, vamos conhecer as atribuições dos pro- fissionais do SUAS, daqueles que são executados pelo órgão público. Iniciaremos pelos profissionais do CRAS e das atribuições básicas, considerando sua equipe mínima de referência para atendimento à população usuária dos serviços socioas- sistenciais, visto que se, além do PAIF, programas, projetos e benefícios, houver oferta direta de outros serviços de PSB, o número de profissionais deve ser ampliado. Com base nas informações do MDS (2015), os profissionais que com- põem a equipe técnica de referência do CRAS têm entre suas funções algu- mas que lhes são comuns, que seguem: “ 1. Recepção e acolhimento de famílias, seus membros e indivíduos em situação de vulnerabilidade social; UNICESUMAR UNIDADE 3 90 2. Oferta de procedimentos profissionais em defesados direitos humanos e sociais daqueles relacionados às demandas de proteção social de Assistência Social; 3. Vigilância social: produção e sistematização de informações que possibilitem a construção de indicadores e de índices territoriali- zados das situações de vulnerabilidade e riscos que incidem sobre famílias/pessoas nos diferentes ciclos de vida. Conhecimento das famílias referenciadas e as beneficiárias do BPC – Benefício de Pres- tação Continuada e do Programa Bolsa Família; 4. Acompanhamento familiar: em grupos de convivência, serviço socioeducativo para familiares ou seus representantes; dos bene- ficiários do Programa Bolsa Família, em especial das famílias que não estejam cum- prindo as condicionalidades; das famílias com beneficiários do BPC; 5. Proteção pró-ativa por meio de visitas às famílias que estejam em situações de maior vulnerabilidade (como, por exemplo, as famílias que não estão cumprindo as condicionalidades do PBF), ou risco; 6. Encaminhamento para avaliação e inserção dos potenciais bene- ficiários do PBF no Cadastro Único e do BPC, na avaliação social e do INSS; das famílias e indivíduos para a aquisição dos documentos civis fundamentais para o exercício da cidadania; encaminhamento (com acompanhamento) da população referenciada no território do CRAS para serviços de Proteção Básica e de Proteção Social Especial, quando for o caso; 7. Produção e divulgação de informações de modo a oferecer refe- rências para as famílias e indivíduos sobre os programas, projetos e serviços socioassistenciais do SUAS, sobre o Bolsa Família e o BPC, sobre os órgãos de defesa de direitos e demais serviços públicos de âmbito local, municipal, do Distrito Federal, regional, da área metropolitana e ou da microrregião do estado; 8. Apoio nas avaliações de revisão dos cadastros do Programa Bolsa Família, BPC e demais benefícios (MDS, 2015). 91 Considerando o fato de que a equipe de referência deve contar com um coorde- nador, cujo perfil atenda aos requisitos de ser técnico de nível superior, concur- sado, para fazer frente às suas atribuições, deve, obrigatoriamente, ter experiência em gestão pública, em trabalhos comunitários e gestão de programas, projetos, serviços e benefícios socioassistenciais. Deve, ainda, ter domínio da legislação referente à Política Nacional de Assistência Social e direitos sociais. O conheci- mento dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais é impres- cindível, além da necessidade de gerenciar a rede socioassistencial local. No que diz respeito a sua relação com a equipe, necessita ter experiência em coordenação de equipes, ser hábil em comunicação, nas relações e negociação de conflitos. Em resumo, carece ser um bom gestor. O MDS (2015) informa, em seu sítio eletrô- nico, as atribuições do Coordenador do CRAS, sendo estas: “ 1. Articular, acompanhar e avaliar o processo de implantação do CRAS e a implementação dos programas, serviços, projetos da proteção social básica operacionalizadas nessa unidade; 2. Coordenar a execução, o monitoramento, o registro e a ava- liação das ações; 3. Acompanhar e avaliar os procedimentos para a garantia da referência e contra-referência do CRAS; 4. Coordenar a execução das ações de forma a manter o diá- logo e a participação dos profissionais e das famílias, inseridas nos serviços ofertados pelo CRAS e pela rede prestadora de serviços no território; 5. Definir com a equipe de profissionais critérios de inclusão, acompanhamento e desligamento das famílias; 6. Definir com a equipe de profissionais o fluxo de entrada, acompanhamento, monitoramento, avaliação e desligamento das famílias; 7. Definir com a equipe técnica os meios e os ferramentais teórico-metodológicos de trabalho social com famílias e os serviços socioeducativos de convívio; UNICESUMAR UNIDADE 3 92 8. Avaliar sistematicamente, com a equipe de referência dos CRAS, a eficácia, eficiência e os impactos dos programas, ser- viços e projetos na qualidade de vida dos usuários; 9. Efetuar ações de mapeamento, articulação e potencialização da rede socioassistencial e das demais políticas públicas no território de abrangência do CRAS; 10. Uma das funções principais do coordenador é articular as ações junto à política de Assistência Social e às outras po- líticas públicas visando ao fortalecimento da rede de serviços de Proteção Social Básica. Assim, recomenda-se que seja um profissional com funções exclusivas. Se este profissional tiver de articular e pensar estratégias para que a equipe possa tra- balhar bem, e ainda, trabalhar direto com as famílias haverá uma sobrecarga de funções e, consequentemente, uma queda na qualidade dos serviços prestados, o que justifica a impos- sibilidade do coordenador ser da equipe técnica (MDS, 2015). A gestão e organização das ações ofertadas pelo PAIF e a articulação da rede de serviços socioassistenciais no território de abrangência do CRAS são de responsabilidade da pessoa que responde pela coordenação do CRAS e, para que o serviço não seja precarizado, sugere-se que tal função seja ocupada por profissional concursado. A exigência profissional aos técnicos de nível médio é de que tenham experiência atuando em programas, projetos, serviços e benefícios socioas- sistenciais. Quanto ao conhecimento, exige-se que tenham ciência da PNAS, noções básicas sobre direitos humanos e sociais, da realidade do território de atuação do CRAS. No que se refere às relações com equipe e usuários dos serviços, é necessário que sejam capazes de se sensibilizar com as questões sociais e tenham boa capacidade relacional e de comunicação. As orientações do serviço do CRAS disponibilizadas pelo MDS (2015) trazem como atribuições dos técnicos de nível médio: “ 1. Recepção e oferta de informações às famílias usuárias do CRAS; 93 2. Apoio ao trabalho dos técnicos de nível superior da equipe de referência do CRAS; 3. Mediação dos processos grupais do serviço socioeducativo geracional, sob orientação do técnico de referência do CRAS, identificando e encaminhando casos para o serviço socioe- ducativo para famílias ou para acompanhamento individua- lizado; 4. Participação de reuniões sistemáticas de planejamento e avaliação do processo de trabalho com a equipe de referência do CRAS; 5. Participação das atividades de capacitação da equipe de re- ferência do CRAS (MDS, 2015). Aos profissionais de nível superior que compõem a equipe de referência do CRAS, é necessário que tenham formação em serviço social, psicologia e/ou outra profissão que compõe o SUAS (de acordo com o porte do município, considerando a NOB-RH/SUAS, 2006). Assim como o coordenador, devem ter experiência de atuação e/ou gestão em programas, projetos, serviços e be- nefícios socioassistenciais, conhecimento da legislação concernente à PNAS e aos direitos sociais, conhecimento da realidade do território, boa capacidade relacional, capacidade de escuta das famílias, experiência de trabalho em grupos e atividades coletivas e em trabalho interdisciplinar. O perfil descrito se faz imprescindível para a execução de suas atribuições, que, em alguns pontos, são similares e complementares às de outros componentes da equipe do CRAS, com base no fato de que os objetivos são unificados, sendo elas: “ 1. Acolhida, oferta de informações e realização de encaminha-mentos às famílias usuárias do CRAS;2. Mediação dos processos grupais do serviço socioeducativo para famílias; 3. Realização de atendimento individualizado e visitas domi- ciliares às famílias referenciadas ao CRAS; UNICESUMAR UNIDADE 3 94 4. Desenvolvimento de atividades coletivas e comunitárias no território; 5. Assessoria aos serviços socioeducativos desenvolvidos no território; O que é a Acolhida? É o processo de contato inicial do usuário com o PAIF e tem por objetivo instituir o vínculo necessário entre as famílias usuárias e o PAIF para a continuidade do atendimento so- cioassistencial iniciado. A acolhida ocorre emgrande parte na recepção do CRAS. Deve ser cuidadosamente organizada, para se constituir referência para as famílias. A acolhida é primordial na garantia de acesso da população ao SUAS e de compreensão da assistência social como direito de cidadania (MDS, 2015). EXPLORANDO IDEIAS 6. Acompanhamento das famílias em descumprimento de condicionalidades; 7. Alimentação de sistema de informação, registro das ações desenvolvidas e planejamento do trabalho de forma coletiva; 8. Articulação de ações que potencializam as boas experiências no território de abrangência (BRASIL, 2006). Considerando que as determinações da LOAS, da PNAS, a NOB-RH/SUAS e o fato de que as atribuições dos profissionais de nível superior são específicas ao atendimento psicossocial, pautadas em códigos de ética e conduta das respecti- vas profissões, temos parâmetros de atuação rígidos para o serviço que deve ser disponibilizado à população usuária da assistência social. No que diz respeito à contratação de estagiários, para os equipamentos de CRAS, existe a recomendação de que haja um convênio entre o órgão gestor da Política de assistência social da respectiva esfera governamental com as institui- ções de ensino superior, garantindo a supervisão técnica de profissional de nível superior, de mesma categoria profissional, componente da equipe de referência. Entretanto somente poderá acertar convênio para aceite de acadêmicos de nível superior dos cursos de psicologia, serviço social ou outro curso que componha o quadro de formação dos profissionais do SUAS (MDS, 2015). 95 Esses estagiários têm como atribuição acompanhar as atividades de progra- mas, serviços e projetos no espaço do CRAS, junto com seu supervisor, ou, em casos autorizados, executar sem a presença do supervisor. Para o trabalho realizado junto a comunidades tradicionais e quilombolas, a NOB-RH/SUAS define que sejam capacitadas e orientadas por um antropólogo, para que considere as especificidades culturais e étnicas da população. Esse pro- fissional deve contribuir, inclusive, no planejamento, monitoramento e avaliação dos serviços e ações, levando em conta que, para a legitimação do trabalho, deve haver anuência e participação das lideranças da comunidade que esteja sendo atendida. A equipe deve contar com profissional com graduação em ciências sociais com habilitação em antropologia, se for de outro curso de graduação, que a pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado) deve ser antropologia. Tratamos sobre alguns dos serviços da rede de atendimento socioassisten- cial, apresentando, resumidamente, as determinações legais da NOB-RH/SUAS e da LOAS, o perfil que os profissionais da equipe técnica devem possuir para fazer frente às demandas apresentadas pela população beneficiária dos serviços de proteção social básica. Conheceremos, a seguir, sobre as atribuições desses profissionais na rede de proteção social especial de média e alta complexidade. ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS DO SUAS NOS SERVIÇOS DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DE MÉDIA E ALTA COMPLEXIDADE Descreveremos as atribuições dos profissionais de alguns dos equipamentos pú- blicos dos serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. Com base no fato de que é essencial o vínculo dos profissionais que executam os serviços de cada unidade, com a família e/ou indivíduo atendido, a qualificação dos profissionais é imprescindível. No que se refere ao Centro de Referência Es- pecializado de Assistência Social – CREAS, a Norma Operacional Básica de Re- cursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social - NOB-RH/SUAS (2006) define que, ao ofertar os serviços socioassistenciais tipificados na Resolução do UNICESUMAR UNIDADE 3 96 Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS de nº 109 , do ano de 2009, deverá ter garantido profissionais para coordenação e auxiliares administrativos. A Resolução CNAS nº 17, do ano de 2011, determinou como profissionais de referência do CREAS o psicólogo, o assistente social e o advogado, mas a NOB-RH/SUAS acrescenta como parâmetro que, de acordo com a demanda de atendimento e encaminhamento do serviço, estabelece-se os recursos humanos, podendo agregar, também, os profissionais de outras áreas de for- mação de nível superior ou médio (MDS, 2015). A equipe técnica de atendimento do CREAS necessita de qualificação técni- ca, conhecimentos e habilidades com base nos serviços ofertados e nas atribui- ções funcionais. Além do fato de que a complexidade das situações atendidas no CREAS produzem nos trabalhadores impacto e dificuldades na realização do acompanhamento especializado às famílias e/ou indivíduos. Cabendo, assim, ao coordenador promover ações para integração da equipe e, ao órgão gestor, planejar e desenvolver a capacitação continuada e a educação permanente, inclusive ado- tando medidas preventivas de saúde e segurança dos trabalhadores (MDS, 2015). O coordenador do CREAS, de acordo com a NOB-RH/SUAS (2006), deve ter, no mínimo, nível superior, experiência na área social, em gestão pública e coordenação de equipes. Ter conhecimento dos direitos socioassistenciais e le- gislações pertinentes a atender o público-alvo do serviço, conhecer a rede de proteção socioassistencial, ter capacidade de mediação de conflitos, habilidade para comunicação, ou seja, todas as funções de um bom gestor, uma vez que, entre suas atribuições, deve articular, acompanhar, coordenar rotinas e processo de trabalho do CREAS, conforme a NOB-RH/SUAS (2006). No que diz respeito ao perfil dos profissionais que ocuparão as funções de técnico de nível superior, deverá ter formação em serviço social, psicologia e di- reito, com conhecimento da legislação que embasa os direitos socioassistenciais e a proteção no caso de violação de direitos. Deve conhecer a rede socioassistencial, as políticas públicas disponíveis e os órgãos de defesa de direitos. Precisa ter base teórica, habilidades e domínio metodológico para o trabalho social com famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social, para os casos atendidos no CREAS. O trabalho interdisciplinar executado por esses profissionais demanda experiência. Esses profissionais terão entre suas atribuições a tarefa de: “ Acolhida, escuta qualificada, acompanhamento especializado 97 e oferta de informações e orientações; Elaboração, junto com as famílias/indivíduos, do Plano de acompanhamento Individual e/ou Familiar, considerando as especificidades e particularidades de cada um; Realização de acompanhamento especializado, por meio de atendimentos familiar, individuais e em grupo; Realização de visitas domiciliares às famílias acompanhadas pelo CRE- AS, quando necessário; Realização de encaminhamentos monitorados para a rede so- cioassistencial, demais políticas públicas setoriais e órgãos de defesa de direito; - Trabalho em equipe interdisciplinar; Orientação jurídico-social (advogado); Alimentação de registros e sistemas de informação sobre as ações desenvolvidas; - Participação nas atividades de planeja- mento, monitoramento e avaliação dos processos de trabalho; Participação das atividades de capacitação e formação conti- nuada da equipe do CREAS, reuniões de equipe, estudos de casos, e demais atividades correlatas; Participação de reuniões para avaliação das ações e resultados atingidos e para planejamento das ações a serem desenvolvi- das; para a definição de fluxos; instituição de rotina de aten- dimento e acompanhamento dos usuários; organização dos encaminhamentos, fluxos de informações e procedimentos (BRASIL, 2015, online). As tarefas desenvolvidas pelos profissionais de nível superior são de atendimento, encaminhamento e acompanhamento do público-alvo do CREAS, buscando garantir os direitos e proteger as pessoas e famílias atendidas. Essa equipe para as ações complementares conta com o educador social, que deve ter o nível médio completo, conhecimento básico sobre a legislação de assistência social e das áreas específicasde atendimento do equipamento, conhe- cimento da realidade social do território e da rede de articulação do UNICESUMAR UNIDADE 3 98 CREAS, além da habilidade de se comunicar com o público-alvo e experiência em trabalho com famílias e indivíduos em situação de risco. O educador social realiza a recepção e transmite informações às famílias do CREAS, realiza a abordagem de rua e a busca ativa no território. Participa das reuniões de equipe para planejar as atividades, avaliar os processos, fluxos de trabalho e resultados obtidos e participa de capacitações e processos de educação continuada (NOB-RH/SUAS, 2006). O auxiliar administrativo também deve ter, no mínimo, o nível médio completo, conhecer as rotinas administrativas e a gestão de documentos e possuir domínio de informática e internet, visto que presta apoio aos demais profissionais no campo administrativo, auxilia na recepção aos usuários do serviço e, assim como os outros profissionais, precisa estar sempre atualizado em seus conhecimentos, participando de capacitações e de cursos de forma- ção continuada do CREAS (NOB-RH/SUAS, 2006). Já para o serviço prestado pelo Centro POP, o perfil do coordenador é similar ao do CREAS, só diferencia, em relação ao seu público específico de atendimento, a população de rua, quando do conhecimento da legislação e conhecimentos e experiências prévias no atendimento desse público, agregando-os ao perfil. “ Para a composição da equipe, faz-se imprescindível a prioriza-ção de profissionais com perfil e habilidades para o desenvol-vimento do trabalho social com pessoas em situação de rua. O coordenador deverá, preferencialmente, exercer função exclu- siva, tendo em vista o grau de responsabilidade e desempenho de suas atribuições e desempenho de suas atribuições no âmbito da Unidade (BRASIL, 2011, p. 54). Ainda com base na NOB-RH/SUAS (2006, online), suas atribuições são: “ Articular, acompanhar e avaliar o processo de implantação do Centro POP e seu (s) serviço (s), quando for o caso;Coordenar as rotinas administrativas, os processos de traba- lho e os recursos humanos da Unidade; 99 Participar da elaboração, do acompanhamento, da implemen- tação e avaliação dos fluxos e procedimentos adotados, visan- do garantir a efetivação das articulações necessárias; Coordenar a relação cotidiana entre o Centro POP e as demais Unidades e serviços socioassistenciais, especialmente com os serviços de acolhimento para população em situação de rua; Coordenar o processo de articulação cotidiana com as demais políticas públicas e órgãos de defesa de direitos, recorrendo ao apoio do órgão gestor, sempre que necessário; Definir com a equipe, a dinâmica e os processos de trabalho a serem desenvolvidos na Unidade; Discutir com a equipe técnica, estratégias e ferramentas teó- rico-meto- metodológicas que possam qualificar o trabalho; Coordenar a execução das ações, assegurando diálogo e pos- sibilidades de participação dos profissionais e usuários; Coordenar o acompanhamento do (s) serviço (s) ofertado, incluindo o monitoramento dos registros de informações e a avaliação das ações desenvolvidas; Coordenar a alimentação dos registros de informação e mo- nitorar o envio regular de informações sobre a Unidade ao órgão gestor; Identificar as necessidades de ampliação do RH da Unidade ou capacitação da equipe e informar ao órgão gestor de As- sistência Social; Contribuir para avaliação, por parte do órgão gestor, dos re- sultados obtidos pelo Centro POP; Participar das reuniões de planejamento promovidas pelo ór- gão gestor de Assistência Social e representar a Unidade em outros espaços, quando solicitado; Coordenar os encaminhamentos à rede e seu acompanhamento. UNICESUMAR UNIDADE 3 100 É preciso considerar que atender o público-alvo dos serviços de Proteção Social Especial demanda muito conhecimento, experiência e habilidades em lidar com situações de risco vivenciadas pelos indivíduos e famílias. Nesse sentido, as atribuições são de muita responsabilidade, pois atendem pessoas com vínculos fragilizados ou já rompidos. Quanto à equipe do Centro POP, o perfil e as atribuições são bem similares ao de outros serviços desse nível de proteção, agregando a necessidade de conhe- cimento específico e experiência em atendimento a pessoas em situação de rua. As atribuições dos trabalhadores do SUAS na rede socioassistencial privada é pautada na NOB-RH/SUAS, com base no serviço a que se propõe prestar e de acordo com as Orientações Técnicas de cada serviço. Esse tema não se esgota aqui e nem se esgotará, visto que o SUAS busca seu aperfeiçoamento constante no atendimento das demandas sociais. Caro(a) aluno(a), falamos sobre alguns serviços de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade em órgãos públicos, mas você pode ampliar seu conhecimento sobre os outros tantos serviços que compõem essa rede de aten- dimento listados no início desta unidade, e que, descreveremos na unidade IV, isso lhe possibilitará optar por um campo de pesquisa e atuação profissional, posteriormente. Para lhe auxiliar neste caminho, segue, no próximo tópico, a síntese de al- gumas legislações relativas à assistência social, que são necessárias ao exercício profissional no âmbito do SUAS. CONHECIMENTO BÁSICO LEGAL ESSENCIAL AOS PROFISSIONAIS DO SUAS Citaremos resumidamente algumas legislações e normativas para pautar co- nhecimento básico e algumas que são exigidas como conhecimento mínimo aos profissionais dos Serviços de Proteção Social Básica e de Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade e aos profissionais de atuação no âmbito do SUAS, como instrumental de trabalho. Ao exercício profissional, é imprescindível conhecer mais de perto a Carta Magna, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Na sequência, a Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da Assis- 101 tência Social, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e que foi alterada pela Lei nº 12.435, de 6 de julho de 2011. Contemplar conhecimento sobre a Lei nº 8.069, de 13 de junho de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente e suas alterações posteriores são es- senciais à defesa e garantia de direitos. Para a defesa dos direitos socioassis- tenciais, contamos com a Política Nacional de Assistência Social -PNAS de 2004. Já para proteção e defesa da pessoa idosa, temos a Política Nacional do Idoso, Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, e o Estatuto do Idoso, Lei Federal nº 10741, de 1º de outubro de 2003. Contamos com a Política Nacional da Pessoa com Deficiência que foi pro- mulgada por meio da Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, e regulamentada pelo Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999. No que se refere à pessoa com deficiência, alguns estados e municípios têm legislações complementares que precisamos conhecer quando da atuação nesses territórios. Para operacionalizar a Política Nacional de Assistência Social, nos pau- tamos na Norma Operacional Básica da Assistência Social - NOB/SUAS, aprovada em 2005 e reeditada em 2012, devemos conhecer as duas edições. No ano de 2006, foi aprovada a Norma Operacional Básica de Recursos Hu- manos da Assistência Social- NOB-RH/SUAS. No que concerne à capacitação e formação continuada, a base é a PNEP/SUAS - Política Nacional de Educação Permanente do Sistema Único de Assistência Social, que foi instituída pela Resolução CNAS nº 4, de 13 de março de 2013. Com base nas orientações do MDS (BRASIL, 2015) para a atuação no âmbito do CREAS, acrescente às já citadas legislações, as seguintes: “ Plano nacional de enfrentamento à violência sexual infanto--juvenil (2000);Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho In- fantil e Pro- teção ao Trabalhador Adolescente (2004); Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e saúde - CIF. Organização Mundial de Saúde (2004); Plano Nacional de Promoção e Defesa do Direito da Criança e Adolescentes à Convivência Familiare Comunitária (2006); UNICESUMAR UNIDADE 3 102 Lei Maria da Penha - Lei nº 11340 de 2006; Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (2006); Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência contra a Mu- lher (2007); Legislações referentes ao Benefício de Prestação Continuada (BPC): Decreto nº 6214, de 26 de setembro de 2007; Decreto nº 6564, de 12 de setembro de 2008 e Portaria MDS n° 44, de 25 de fevereiro de 2009; Convenção sobre os Direitos das pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo (2008); Orientações técnicas: Serviços de Acolhimento para crian- ças e adolescentes. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome, Conselho Nacional de Assistência Social, e Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (2009); SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (2009); Protocolo de gestão integrada de serviços, benefícios e trans- ferência de renda no âmbito do SUAS (2009); Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009; Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Huma- nos de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transe- xuais) (2009); Orientações técnicas Centro de Referência de Assistência So- cial (CRAS) (2009); Estatuto de Promoção da Igualdade Racial (2010); Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras drogas. Decreto nº 7179, de 20 de maio de 2010; 103 Legislações sobre o Cadastro Único para Programas Sociais e o Programa Bolsa Família; Instrução Operacional SENARC/SNAS n° 07, de 22 de no- vembro de 2010. Orientações aos municípios e ao DF para a inclusão de pessoas em situação de rua no Cadastro Único para Programas Sociais; Cadernos de orientações técnicas sobre o PETI - Gestão e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (2010). O profissional deve ter seu conhecimento sempre atualizado quanto às legisla- ções, às bases teóricas e metodológicas e às leis, decretos e portarias dos órgãos vinculados ao tema. Ter clara a legislação e instrumentos éticos de sua for- mação profissional, as leis específicas relativas a benefícios sociais e a normas e orientações técnicas de cada serviço. O profissional não deve se limitar ao mínimo exigido, mas buscar conhecimento constante, afinal, o profissional de serviço social, em muitas ocasiões, torna-se responsável pelo destino de pessoas, e tal compromisso solicita um empenho ético, moral e profissional de Quais as diretrizes metodológicas para o trabalho social com famílias do PAIF? • Fortalecer a assistência social como direito social de cidadania; • Respeitar a heterogeneidade dos arranjos familiares e sua diversidade cultural; • Rejeitar concepções preconceituosas, que reforçam desigualdades no âmbito familiar; • Respeitar e preservar a confidencialidade das informações repassadas pelas famílias no decorrer do trabalho social; • Utilizar e potencializar os recursos disponíveis das famílias no desenvolvimento do trabalho social; • Utilizar ferramentas que contribuam para a inserção efetiva de todos os membros da família no acompanhamento familiar. É importante que as ações do PAIF sejam adequadas às experiências, situações e contex- tos vividos pelas famílias. Portanto, ao implementá-las cabe refletir sobre o tipo de família a que a ação se destina e se ela terá algum significado. EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 3 104 grande vulto. A próxima unidade tratará do trabalho profissional das equipes do SUAS, como já descrevemos nas unidades anteriores, a composição mínima das equipes de referência de alguns equipamentos, seu perfil e atribuições, e conheceremos sobre o desenvolvimento dessas tarefas. Ao abordarmos sobre a temática do Sistema Único de Assistência Social - SUAS, pudemos refletir sobre como o exercício profissional assume compromissos éti- cos e de capacitação constante, devido ao fato de atender demandas sociais, que sempre vêm carregadas de necessidades humanas urgentes, e ao fato de termos que estar aptos à responsabilidade que é intervir na vida dessas pessoas. Tratamos assim, das legislações que pautam o trabalho no âmbito do SUAS e dos princípios e das diretrizes dessa ação, com base na Norma Operacional Básica de Recursos O apoio no programa Família Acolhedora acontece com crianças e adolescentes que precisam de um lar e proteção enquanto a família biológica não possui condições de cuidar. Assim, as famílias devidamente cadastradas no programa fazem esse cuidado até o momento em que essas crianças e adolescentes possam voltar para a família de origem. Ficou curioso e quer saber mais detalhes deste programa? Ouça o podcast e saiba mais! NOVAS DESCOBERTAS Título: Pesquisa de opinião sobre o Sistema Único de Assistência Social: percepções de gestores municipais de assistência social e de coordenadores de CRAS, CREAS e Centros Pop Autor: MDS, 2016. Editora: MDS https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11204 105 Humanos do SUAS, visto que é essa Norma que orienta a composição da equipe de cada serviço/equipamento e define as atribuições dos trabalhadores. Pudemos compreender as definições do trabalho social no SUAS e qual o perfil do profissio- nal que irá compor a equipe de referência da rede socioassistencial. 1. Sobre a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS de 2006, cite 3 (três) dos princípios éticos voltados para a atuação dos trabalhadores da assistência social, que normatizam a ação profissional no campo socioassistencial e devem ser considerados na elaboração, implantação e implementação dos padrões, rotinas e protocolos específicos. 2. A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único da Assistência Social caracteriza o conceito de Equipes de referência no âmbito do SUAS. Defina-as. 3. A atuação profissional no SUAS não deve estar pautada somente nos conhecimen- tos individuais de cada profissional que compõe a equipe de trabalho, mas precisa atender de maneira uniforme, com capacitação permanente e ter seus trabalhadores 4Trabalho Social com Famílias e a Tipificação dos Serviços na Proteção Social Básica e Especial de Média e Alta Complexidade Me. Michele Vanessa Werner Nesta unidade você conhecerá os serviços ofertados pelo Sistema Único de Assistência Social na proteção social básica e especial de média e alta complexidade no atendimento às famílias em situação de vulnerabilidade social. Como também, identificará o trabalho do assistente social com as famílias demandantes da Política Nacional de Assistência Social (SUAS). E ainda, compreender os desafios do Serviço Social na contemporaneidade no trabalho com famílias, e seus varia- dos conceitos, e a vulnerabilidade, contribuindo com o debate acerca da construção de caminhos que fortaleçam a família. UNIDADE 4 108 Imagine que você tenha sido aprovado(a) no Concurso Público de seu município e agora finalmente ocupe o cargo de Assistente Social, você está muito feliz com o novo emprego, e pretende iniciar as suas atividades. Na segunda-feira, surge o caso de uma família que necessita de uma intervenção profissional, e a equipe do CRAS se direciona para a residência desta família. Estando a família em situação de vulnerabilidade, toda a equipe inicia um tra- balho social, visando prevenir a ruptura dos vínculos e o acesso aos direitos bási- cos. Através disso são feitas visitas domiciliares, ações de orientação e informação, como também o encaminhamento para inserção do CadÚnico (Cadastro Único). Tendo por base o diálogo nas ações feitas com a família, o psicólogo da equipe indica que há a necessidade de um acompanhamento psicológico com a mãe da família, e você enquanto Assistente Social responsável concorda com a atuação interdisciplinar do psicólogo. Através da atuação conjunta, a equipe do CRAS consegue ter êxito no aten- dimento àquela família, que após algum tempo consegue se inserir novamente no mercado de trabalho e as crianças têm acesso à escola. Caro(a) aluno(a), este exemplo foi um simples esboço do que acontece diariamente na atuação profis- sional de um assistente social e da equipe que juntamente dão vida ao SUAS. Le- vando em consideração o exemplo acima, você consegue entender a relação entre o trabalho em equipe e as ações que envolvem o trabalho social com as famílias? A execução dos Serviços Socioassistenciais tem como missão garantir o acesso da população a uma Política de Assistência Social de qualidade. Por outro lado, também significa a união de esforços para a criação de uma grande parceria entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios para a construção de um sistema único e específico. Os serviços socioassistenciais são oferecidos sob a proteção so- cial que se divide em Básica e Especial de Média e Alta Complexidade, com vistas a garantir a oferta das seguranças sociais e assegurar a responsabilidade do Estado na proteção social das famílias em situação de vulnerabilidade e risco social. 109 Que tal aprofundarmos um pouco mais sobre a proteção social de crianças e adolescentes? Leia o artigo “O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Política de Assistência Social: Reflexões sobre o direito à proteção social” da autora Lúcia Cortes da Costa e depois faça uma pesquisa sobre as Redes Socioassistenciais que se dedicam ao trabalho com as Crianças e Adolescentes. A partir da experiência proposta é possível identificar a importância do trabalho das redes socioassistenciais de proteção social com as crianças e adolescentes. O amparo a essas pessoas, consideradas em fase de crescimento e desenvolvimento enquanto ser humano, se torna algo essencial na efetivação dos Direitos Huma- nos. Não devemos esquecer que além da família, é dever de toda a sociedade e Estado prover condições adequadas à vida das crianças e adolescentes, visando uma moradia, alimentação, educação e saúde de qualidade, e evitando qualquer tipo de violência ou falta de cuidados para essa parte da população. UNIDADE 4 UNIDADE 4 110 SERVIÇO SOCIAL E O TRABALHO COM FAMÍLIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL O Serviço Social tem uma longa tradição histórica no processo de trabalho em atenção às famílias e do aprofundamento da discussão teórico-metodológica e ético-política como compromisso profissional com a referida demanda. Nesse sentido, coadunamos com Neder (1996, p. 124): “ Os assistentes sociais são os únicos profissionais que têm a família como objeto privilegiado de intervenção durante toda sua trajetória histórica, ao contrário de outras profissões que a privilegiam em alguns momentos e, em outros, a tiram de cena. Contudo, dada as transformações da família brasileira, muitos desafios, ainda, são enfrentados cotidianamente pelos assistentes sociais que, embora tenham domí- nio de todo arcabouço teórico, ainda assim exige-se cada vez mais do profissional o aperfeiçoamento do processo de trabalho no trato com as famílias, em virtude das expectativas sociais sobre sua função, suas tarefas e obrigações no contexto contemporâneo. Ou seja, espera-se um mesmo padrão de funcionalidade das fa- mílias, independente do lugar em que estão localizadas na linha da estratificação social, padrão esse baseado em postulações culturais tradicionais referentes aos papéis paterno e materno, principalmente (MIOTO, 2001). São questões presentes no debate profissional acerca da temática. “ Na área da criança e do adolescente, campo fértil de intervenção com famílias, Sant’ana (2000), ao investigar a prática profissional de assistentes sociais em instituições públicas e privadas, concluiu que a maioria dos assistentes sociais realiza uma intervenção pou- co qualificada e com ausência de referenciais teóricos e de postura crítica. Para a autora, essa situação compromete a implantação do projeto ético-político do Serviço Social, à medida que ele fica a cargo de uma minoria de vanguarda.Na perspectiva da análise do discurso dos assistentes sociais no cotidiano profissional, Guimarães (1996) observou a existência de quatro construções discursivas. A primeira, denominada de pré-construída, refere-se ao discurso pautado na 111 suposição do senso comum. A segunda, que é a linha de pensamento umbilicado, caracteriza-se pela permanência de um pensamento pré-estabelecido do início ao final da intervenção. A terceira, que a autora chamou de kit-discurso, considera que o assistente social realiza a sua prática a partir dos dois procedimentos anteriores, tornando a intervenção um ato altamente mecânico. Finalmente, a quarta construção discursiva se caracteriza pela dicotomia entre ação e fala (MIOTO, 2004, p. 5). Ao discursarem sobre suas respectivas práticas, os assistentes sociais apresentam tal distância entre ação e fala que, muitas vezes, se apresentam como contraditó- rias, sem que, geralmente, as contradições sejam percebidas. Esse tipo de análise demonstra a fragilidade do processo de intervenção. Como afirma Guerra (2000), é necessário resgatar a dimensão emancipatória da instrumentalidade do exercício profissional, pois é por meio dela que a pro- fissão poderá superar o seu caráter eminentemente operativo e manipulatório dado pela condição histórica do surgimento da profissão. Para Iamamoto (2011, p. 31), esse processo consolida a profissionalização do Serviço Social à medida em que passa a deixar a ideia de caridade e vai se modulando para uma nova estruturação profissional, vinculando-se ao Estado e suas políticas sociais. Cabe aqui uma análise histórica e sociológica da concepção de família e da intervenção profissional frente ao desafio contemporâneo, então, vamos lá?. CONCEITO DE FAMÍLIA O conceito de família vem, ao longo da história, sofrendo mudanças, devido às transformações societárias motivadas pelo sistema econômico capitalista e, mais precisamente, após a Revolução Industrial, quando muitas famílias deixa- ram os campos agrícolas para viverem nos grandes centros urbanos. O maior impacto se deu a partir do momento em que as mulheres também vão trabalhar nas indústrias, até mesmo as crianças, iniciando, assim, a exploração da mão de obra tanto de mulheres como de crianças. Esses acontecimentos representam as transformações que configuram a emergência da sociedade urbana industrial. UNIDADE 4 UNIDADE 4 112 À medida que a mulher é lançada no mercado de trabalho, ela deixa de exer- cer o papel da figura feminina, responsabilizada a ficar dentro de casa para cuidar exclusivamente dos afazeres domésticos e da educação dos filhos. Esse quadro se intensifica com o movimento feminista na década de 1960, quando a mulher inicia a sua emancipação social e sexual, que culmina com a possibilidade da mulher fazer escolha pela maternidade, pois, nesse mesmo período, difunde-se os anticoncepcio- nais que trazem outras consequências afirmadas por Sarti (1996, p. 21): “ A partir da década de 1960, (…) em escala mundial, difundiu-se a pílula anticoncepcional, que separou a sexualidade da reprodução e interferiu decisivamente na sexualidade feminina. Esse fato criou as condições materiais para que a mulher deixasse de ter sua vida e sua sexualidade atadas à maternidade como um “destino”, recriou o mundo subjetivo feminino e, aliado à expansão do feminismo, ampliou as possibilidades de atuação da mulher no mundo social. A pílula, associada a outro fenômeno social, o trabalho remunerado da mulher, abalou os alicerces familiares, e ambos inauguraram um processo de mudanças substantivas na família. Podemos, assim, identificar que as mudanças ocorreram de forma gradativa, sendo possível compreender as transformações sociais e familiares que se expressam nos dias atuais. É, ainda, significativo o número de famílias monoparentais, termo utili- zado para denominar como responsáveis o pai e/ou a mãe. Essa constituição de família pode ser denominada de “recompostas” a partir do momento em que o responsável pela família venha a se casar ou viver um concubinato (art. 1727- Código Civil Brasileiro,2002). 113 Os novos arranjos familiares vêm ocorrendo, o que denota um novo olhar profissional na intervenção junto às famílias. Amaral (2001) afirma que a família é uma construção social que varia segun- do as épocas, permanecendo, no entanto, aquilo que se chama de “sentimento de família”, que se forma a partir de um emaranhado de emoções e ações pessoais, familiares e culturais, compondo o universo do mundo familiar. Os conceitos, porém, ampliam-se, assim como pode ser observado na opinião de outros autores, por exemplo, para Kaloustian (1994, p. 107), “ A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independente-mente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal; em seu espaço são absorvidos os valores éticos e morais, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. UNIDADE 4 UNIDADE 4 114 De acordo com a Política Nacional de Assistência Social (1988), “a família é a unidade nuclear, eventualmente ampliada por outros indivíduos que com ela possuam laços de parentesco, que forme um grupo doméstico, vivendo sob o mesmo teto e mantendo sua economia pela contribuição de seus membros” (BRASIL, 1999, p.66). Vem crescendo internacionalmente a visão de que as unidades de atuação “família e comunidade” são pontos importantes da estratégia de integração das diversas políticas sociais. A escolha do ano de 1994 como Ano Interna- cional da Família pela ONU reflete esse movimento de priorização política da família (CARVALHO, 2002, p. 34). Diante de tantas transformações sociais, faz-se necessário refletir nesse ce- nário como se dá a intervenção profissional. Segundo Iamamoto e Lessa (2007), analisar os espaços sócio ocupacionais do assistente social exige inscrever a re- flexão no movimento histórico da sociedade brasileira e mundial, considerando os processos sociopolíticos que condicionam o modo como o Serviço Social se insere na sociedade capitalista madura, como um tipo de especialização do trabalho inscrito na divisão sociotécnica do trabalho, articulado aos processos de produção e reprodução das relações sociais. 115 De acordo com Campos e Mioto (2003, p. 167), desde a instituição da Lei dos Pobres, havia a preocupação de “se tratar a família como unidade, quando se trata de agir em relação à miséria”. Desse modo, identificamos que a intervenção profissional junto às famílias em situação de vulnerabilidade remonta desde o surgimento da profissão. Para Gomes e Pereira (2005), de fato, na sociedade brasileira, a crise do Estado é resultante da dificuldade do país em acompanhar o desenvolvimento do novo cenário econômico internacional, tornando-se incapaz de garantir o crescimento econômico e solucionar questões sociais. Diante da ausência de políticas de proteção social à população pauperizada, em consequência do retraimento do Estado, a família é chamada a responder por esta deficiência sem receber condições para tanto. Assim, o Estado transfere “na família uma sobrecarga que ela não consegue suportar tendo em vista sua situação de vulnerabilidade socioeconômica” (GOMES; PEREIRA, 2005, p. 361). Nesse cenário de refração do Estado, podemos identificar a intervenção pro- fissional do assistente social por meio das demandas individuais e coletivas que surgem cotidianamente nos espaços sócio ocupacionais como expressão da ques- tão social e que demandam políticas públicas em todos os setores da sociedade, a exemplo da educação, assistência social, habitação, saneamento, saúde, transporte. E, nessa perspectiva de análise, refletimos em Iamamoto (2011, p. 20), “a profissão não se caracteriza apenas como forma de exercer a caridade, mas como forma de intervenção ideológica na vida da classe trabalhadora”, que propõe uma con- cepção educativa, de modo que possa prevenir os problemas sociais, integrando a família operária na sociedade. A autora traduz o desafio constante que consiste em encontrar estratégias e outras formas de abordagem e interlocução para o enfrentamento dos problemas familiares tão presentes na sociedade capitalista e, ao mesmo tempo, da respon- sabilidade de como integrá-los na luta política dos diversos movimentos sociais. Nesse sentido, concordamos com os estudos realizados por Mioto (2000) que avalia o trabalho coletivo e individual com famílias. Esse trabalho tem se mani- festado no cotidiano dos serviços e consiste no protagonismo e emancipação das famílias face às transformações sociais ocorridas no sistema capitalista. No Brasil, a Proteção Social tem maior ênfase e garantia com a aprovação da Constituição de 1988, que vai constituir legalmente como função do Estado UNIDADE 4 A família passa a ser priorizada, bem como responsabilizada no âmbito da Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004, p. 41), “(...) indepen- dente dos formatos ou modelos que assume, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de modalidades comuni- tárias de vida”; enquanto cabe ao Estado subsidiar as famílias por meio de medidas socioeducativas e, quando necessário, de repasse financeiro. Cum- prindo, assim, superficialmente, o seu papel na proteção social. Agora que já refletimos sobre os vários conceitos de família e os desafios para o Serviço Social do trabalho com famílias; vamos estudar o que é vulnerabilidade social. UNIDADE 4 116 prover a Proteção Social, que inicia com a consolidação e aprovação, em 1993, da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Conforme a Política Nacional de Assistência Social (PNAS, 2004, p. 31), “pro- teção social deve garantir as seguintes seguranças: segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência familiar”. A compreensão da PNAS é que a responsabilidade maior da Assistência Social é a proteção social da acolhida, de convívio ou vivência familiar. “A segurança da vivência familiar ou a segurança do convívio (...) supõe a não aceitação de situações de reclusão, de situações de perda das relações. (...) A dimensão societária da vida desenvolve potencialidades, subjetividades coletivas, construções culturais, políti- cas e, sobretudo, os processos civilizatórios. As barreiras relacionais criadas por questões individuais, grupais, sociais por discriminação ou múltiplas inaceitações ou intolerâncias estão no campo do convívio humano. A dimensão multicultural, intergeracional, interter- ritorial, intersubjetivas, entre outras, devem ser ressaltadas na perspectiva do direito ao convívio”. PNAS (2004, p. 26). EXPLORANDO IDEIAS 117 VULNERABILIDADE SOCIAL A partir dos conceitos trabalhados sobre família, propomo-nos a refletir sobre as vulnerabilidades sociais como uma das expressões da questão social e sobre a sua interface com a proteção social. A vulnerabilidade da família está, também, associada às políticas pú- blicas, que uma vez desassistidas pelo Estado, se veem impossibilitadas de responderem às necessidades básicas de seus membros e, por conseguinte, aumentam a sua condição de exclusão e de pobreza. “A exclusão social, a pobreza, a miséria e a falta de perspectiva de um projeto existencial que vislumbre a possibilidade da melhoria da qualidade de vida implica dizer que impõe a toda a família uma luta desumana e desigual pela sobrevivência. A questão da centralida- de da família pobre aparece no cenário da sociedade burguesa como a face mais cruel da disparidade econômica e da desigualdade social”. Gomes e Pereira (2005, p.360). PENSANDO JUNTOS Para aprofundar esse tema, foi necessária uma revisão literária e documental como recurso metodológico para discutir a questão social e a temática da família. Assim, propomos discutirconceitualmente as categorias Exclusão, Vulnerabili- dade Social e Pobreza como expressões da Questão Social. UNIDADE 4 UNIDADE 4 118 O conceito de vulnerabilidade social não tem uma definição única, sendo que muitos autores que dialogam sobre o tema o compreendem como tendo várias facetas. Dessa forma, é possível observar entre os estudiosos diversas teorias, as quais estão dispostas sobre diferentes percepções de mundo. A PNAS/2014 aborda essa temática, mas não aponta um conceito definido, indica, ao falar sobre a Proteção Social Básica, que as situações caracterizadas como de vulnerabilidade social, geralmente, são decorrentes da pobreza, privação, ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, tempestades ou calamidades, fragilização dos vínculos afetivos e de pertencimento social decor- rentes de discriminações etárias, de gênero, relacionadas à sexualidade, deficiên- cia, entre outros, a que estão expostas famílias e indivíduos, dificultando, assim, seu acesso aos direitos e exigindo proteção social do Estado. Para compreender as dimensões de vulnerabilidade social expressas na Polí- tica Nacional de Assistência Social, vamos explanar sobre o disposto nos demais documentos oficiais que abordam a temática, sendo eles: Os Cadernos de Orien- tações Técnicas do PAIF (BRASIL, 2012), os estudos realizados pelo Departa- mento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – DIEESE (2007, apud BRASIL, 2012), e discussões realizadas pelos autores Kaztman (1999 apud BRASIL, 2012), e Marandola Junior e Hogan (2006 apud BRASIL, 2012). Katzman (1999 apud BRASIL, 2012) aborda a questão da vulnerabilidade social como sendo resultante de duas variáveis: a estrutura de oportunidade e a capacidade dos luga- res. A estrutura de oportunidade é concebida por meio da seguinte composição: mercado, sociedade e Estado. No que tange ao mercado, ele é composto pelos em- pregos e a estrutura ocupacional. A sociedade é composta pelo chamado “capital social”, que é entendido como as relações sociais e de apoio mútuo, as quais são geradas a partir do princípio da reciprocidade, ocorrendo, geralmente, em meio a grupos étnicos, na religião, na composição familiar ou na comunidade. E, por fim, o Estado, que representa as políticas de bem-estar social e as estruturas de repre- sentações de demandas e direitos, como, por exemplo, os conselhos de direitos. No que diz respeito ao conceito de capacidades dos lugares, o autor destaca os territórios como os espaços de sobrevivência, pois, neles, encontramos as possi- bilidades de acesso a condições habitacionais, de saúde, sanitárias, de transporte, entre outros serviços públicos, o que vai influenciar diretamente no acesso à informação e às oportunidades e, com isso, no acesso aos direitos da população. Dessa forma, para o autor, os atores sociais estão inseridos em uma gama de 119 oportunidades e precariedades que se configuram por meio do contexto histórico, econômico e social que originam os diferentes tipos e graus de vulnerabilidade social. Para que consigam superar as situações de vulnerabilidades vigentes, é necessário uma interlocução igual entre a capacidade de gerenciamento das suas opções, mas também da intermediação e da proteção da estatal. Dentro deste contexto, a vulnerabilidade define a zona intermediária instável que conjuga a precariedade do trabalho, a fragilidade dos suportes de proximi- dade e a falta de proteção social. Diante disso, se ocorrer algo, como uma crise econômica, o aumento do desemprego ou a generalização do subemprego, a zona de vulnerabilidade aumenta substancialmente. Nesse contexto: “ A vulnerabilidade de um indivíduo, família ou grupos sociais refere se à maior ou menor capacidade de controlar as forças que afetam seu bem-estar, ou seja, a posse ou controle de ativos que constituem os recursos requeridos para o aproveitamento das oportunidades propiciadas pelo Estado, mercado ou sociedade: a) físicos - meios para o bem-estar - moradia, bens mensuráveis, poupança, crédito; b) humanos: trabalho, saúde, educação (capacidade física e qualifica- ção para o trabalho); e c) sociais–redes de reciprocidade, confiança, contatos e acessos à informação (BRASIL, 2012, p.12). Os estudos sobre vulnerabilidade social, na sua maioria, apontam, também, à ideia de risco frente ao desemprego, à precariedade do trabalho, à pobreza, à falta de proteção social ou acesso aos serviços públicos, à fragilidade dos vínculos familiares e sociais. UNIDADE 4 UNIDADE 4 120 Os estudos realizados por Marandola Junior e Hogan (2006 apud BRASIL, 2012) afirmam que “o termo vulnerabilidade é um conceito novo utilizado para com- por os estudos sobre pobreza, o qual tem relação com os utilizados no passado, tais como: exclusão/inclusão, marginalidade, apartheid, periferização, segregação, dependência, entre outros”. Os autores afirmam, ainda, que o termo vulnera- bilidade tem sido utilizado para retratar a diminuição dos bens de cidadania, seja em função da diminuição de renda ou da perda de capital social. A partir do que foi apresentado até o momento, é possível observar que os documentos oficiais indicam que a condição de vulnerabilidade deve considerar a situação das pessoas e famílias a partir de alguns elementos, sendo eles: a inser- ção e estabilidade no mercado de trabalho, a debilidade de suas relações sociais e, por fim, o grau de regularidade e de qualidade de acesso aos serviços públicos ou outras formas de proteção social. Sendo assim, identificamos nos estudos sobre vulnerabilidade que existem várias formas de mensurar uma condição de vulnerabilidade social, conforme descrito nos documentos oficiais. E, com o intuito de buscar aprofundar ainda mais a discussão acerca dessa temática, ampliamos os estudos em diversos autores. Desse modo, localizamos na obra Dinâmica dos processos de marginalização: da vulnerabilidade à “desfiliação”, de Castel (1997), na qual o autor discute a exis- tência de uma “zona de vulnerabilidade”, que é constituída por indivíduos que se encontram numa dada zona de pobreza, que “a vulnerabilidade social é uma zona intermediária instável que conjuga a precariedade do trabalho e a fragilidade dos suportes de proximidade” (CASTEL,1997, p. 27). Quando colocamos no centro do debate Famílias Vulneráveis e a Proteção Social, refletimos sobre a necessidade de atenção pública, mais precisamente da Política de Assistência Social Brasileira, dos seus avanços e limites com vistas a avaliar se a proteção prevista é capaz de proporcionar autonomia para as famílias na perspectiva de processo emancipatório ou se reforça responsabilidades. A maioria das discussões a respeito da vulnerabilidade social estava associada à análise sobre o papel desempenhado pelas políticas sociais nos países desen- volvidos com o regime do Welfare State, período que marca o contexto de crise aberta a partir dos anos 70 nas economias capitalistas. Dentre os vários estudos sobre vulnerabilidade social, identificamos as mais diversas condições intermediárias que se traduzem nas situações extremas de in- 121 clusão e exclusão e que vêm colaborar para o estudo dinâmico das desigualdades a partir dos indicadores sociais que situam as zonas de risco. Portanto, a noção conceitual de vulnerabilidade social tem sido adotada para a construção de indicadores sociais mais amplos, não se restringindo à delimita- ção de uma determinada linha de pobreza. “ Um somatório de situações de precariedade, para além das precárias condições socioeconômicas (como indicadores de renda e escola-ridade ruins) [...]. São considerados como elementos relevantes no entendimento da privação social aspectos como a composição de- mográfica das famílias aí residentes, a exposição a situações de risco variadas (como altas incidências de certos agravos à saúde, gravidez precoce, exposição à morte violenta, etc.), precárias condições gerais de vida e outros indicadores (USP,2004, p. 9). O termo vulnerabilidade social exprime várias situações de precariedade e não apenas a de renda, como destaca Oliveira (1995, p. 5) “uma definição econômica de vulnerabilidade social é insuficiente e incompleta, mas deve ser a base material para o seu enquadramento mais amplo”, incluindo, também, outras precariedades, que não se limitam a recursos materiais, mas se inclui, assim, a fragilização de vínculos afetivos, tanto os relacionais como os de pertencimento, muitas vezes, decorrentes das discriminações etárias, étnicas, de gênero, dentre outras. Ainda de acordo com Yasbek (2007), vulneráveis são as pessoas ou grupos que, por condições sociais, de classe, culturais, étnicas, políticas, econômicas, educacionais e de saúde, distinguem-se por suas condições precárias de vida. O que implica: suscetibilidade à exploração; restrição à liberdade; redução da autonomia e da autodeterminação; redução de capacidades; fragilização de laços de convivência; rupturas de vínculos e outras tantas situações que aumentam a probabilidade de um resultado negativo na presença de risco. Nesse aspecto, constatamos que os termos exclusão, vulnerabilidade, pobreza e risco social estão intrinsecamente relacionados e se consideram tanto os aspectos objetivos, como restrição de renda, e relativos às condições de vida dos indivíduos, quanto os aspectos subjetivos, como a desvalorização social, a perda da identidade, falência de vínculos comunitários, sociais e familiares, UNIDADE 4 UNIDADE 4 122 em que a tônica do problema se dá pelo empobrecimento das relações sociais, econômicas, culturais e das redes de solidariedade. De acordo com Fávero (2001), não estamos afirmando que situações que levam à destituição do poder familiar, tais como violência doméstica, negli- gência, abandono e exploração do trabalho infantil, são fatores exclusivos de famílias pobres, contudo a pobreza deixa as pessoas vulneráveis a tais situações, compreendendo essa pobreza como “um conjunto de ausências relacionado à renda, educação, trabalho, moradia e rede familiar e social de apoio” (FÁVERO, 2001, p. 79 apud AGUERA). Agora que já analisamos as discussões teóricas sobre os vários contextos so- ciais que podem levar a família e/ou indivíduos a uma condição de exclusão e de vulnerabilidade social, vamos apresentar os Serviços Socioassistenciais que compõem a rede de proteção social básica e especial voltados ao atendimento das famílias contempladas pelo Sistema Único de Assistência Social. OS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E ESPECIAL DE MÉDIA E ALTA COM- PLEXIDADE DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Vamos agora detalhar os serviços oferecidos em cada um dos níveis de proteção social definidos pela Política Nacional de Assistência Social. Esses serviços foram citados a vocês no início da unidade III e, agora, iremos apresentá-los de forma que você consiga mensurar a amplitude de cada um deles. Conforme abordado ao longo do nosso livro, o SUAS é dividido em níveis de complexidade no que tange a proteção social, sendo eles: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial de Média e Alta Complexidade. Em cada uma delas, o trabalho é realizado a fim de fortalecer e/ou resgatar laços e vínculos sociais e de pertencimento entre os membros da família, objetivando enaltecer suas capacidades e ampliar o seu protagonismo social. Nesse momento, vamos abordar a Proteção Social Básica, a qual tem por objetivos, segundo a PNAS (2014, p.33): 123 “ Prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de po-tencialidades e aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Destina-se a população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso a serviços públicos, dentre ou- tros), e, ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais ou de pertencimento social (discriminações etárias, éticas, de gênero ou por deficiências, dentre outras). Diante disso, a proteção social básica é dividida em três modalidades de servi- ços, conforme disposto na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, aprovada pela Resolução CNAS nº 109, de 11 de novembro de 2009, sendo eles: o serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e o Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas. Nesse sentido, apre- sentaremos, a seguir, as especificações dos serviços realizados na proteção social básica por meio do disposto nas normativas legais. A Resolução relata em seu texto que o PAIF tem por objetivo o trabalho social com famílias, é de caráter continuado e tem como intuito fortalecer a função protetiva das famílias, prevenir a ruptura dos seus vínculos, promo- ver o acesso e usufruto das famílias aos direitos garantidos na Constituição e contribuir para a melhoria na qualidade de vida de seus membros. Além disso, prevê o desenvolvimento das potencialidades e aquisições das famílias e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, por meio de ações de caráter preventivo, protetivo e proativo. O PAIF se configura como o principal programa de Política de Assistência Social no atendimento a famílias que se encontram em situação de vulnerabi- lidade, em que seu atendimento é realizado UNIDADE 4 UNIDADE 4 124 “ Por meio de visitas domiciliares, ações de orientação e informa-ção, realização de grupos de convivência, atividades socioeduca-tivas – de capacitação e inserção produtiva –, o PAIF acompanha famílias em situação de vulnerabilidade social, promovendo in- clusive encaminhamento para inserção no CadÚnico – Cadastro Único e também para outras políticas. De acordo com dados do MDS, este conjunto de ações promovido pelo PAIF alcançou aproximadamente 2,8 milhões de famílias em 2009 (IPEA, 2011, p.62). O trabalho social do PAIF deve utilizar-se, também, de ações nas áreas culturais para o cumprimento de seus objetivos, de modo a ampliar o universo informa- cional e proporcionar novas vivências às famílias usuárias do serviço. As ações do PAIF não devem possuir caráter terapêutico. É serviço baseado no respeito à heterogeneidade dos arranjos familiares, aos valores, crenças e iden- tidades das famílias. Fundamenta-se no fortalecimento da cultura do diálogo, no combate a todas as formas de violência, de preconceito, de discriminação e de estigmatização nas relações familiares. Realiza ações com famílias que possuem pessoas que precisam de cuidado, com foco na troca de informações sobre ques- tões relativas à primeira infância, à adolescência, à juventude, ao envelhecimento e às deficiências, a fim de promover espaços para troca de experiências, expressão de dificuldades e reconhecimento de possibilidades. O PAIF tem como princípios norteadores a universalidade e gratuidade de atendimento, cabendo exclusivamente à esfera estatal sua implementação. Esse serviço é ofertado, necessariamente, no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). O atendimento às famílias residentes em territórios de baixa densidade demográfica, com espalhamento ou dispersão populacional (áreas rurais, comunidades indígenas, quilombolas, calhas de rios, assentamentos, dentre outros), pode ser realizado por meio do estabelecimento de equipes volantes ou mediante a implantação de unidades de CRAS itinerantes. Todos os serviços da proteção social básica desenvolvidos no território de abrangência do CRAS, em especial os Serviços de Convivência e Fortalecimento de Víncu- los, bem como o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas, devem ser a ele referenciados e manter articulação com o PAIF. É a partir do trabalho com famílias no serviço PAIF que se or- ganizam os serviços referenciados ao CRAS. O referenciamento dos serviços 125 socioassistenciais da proteção social básica ao CRAS possibilita a organização e hierarquizaçãoda rede socioassistencial no território, cumprindo a diretriz de descentralização da política de assistência social (BRASIL, 2009). A Assistência Social organiza-se pela: Proteção Social Básica: voltada à prevenção de situações de risco pessoal e social, fortalecendo as famílias e indivíduos (CRAS). Proteção Social Especial: voltada à proteção de famílias e indivíduos em situação de risco pessoal e social. Divide-se, ainda, em: Média Complexidade: onde está inserido o CREAS, responsável pela oferta de orientação e apoio a famílias e/ou indivíduos com seus direitos violados. Alta complexidade: voltado ao atendimento à famílias e/ou indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a �m de garantir proteção integral. OLHAR CONCEITUAL A articulação dos serviços socioassistenciais do território com o PAIF garante o desenvolvimento do trabalho social com as famílias dos usuários desses serviços, permitindo identificar suas necessidades e potencialidades dentro da perspectiva familiar, rompendo com o atendimento segmentado e descontextualizado das situações de vulnerabilidade social vivenciadas (BRASIL, 2009). UNIDADE 4 UNIDADE 4 126 O trabalho social com famílias, assim, apreende as origens, significados atribuídos e as possibilidades de enfrentamento das situações de vulnerabilidade vivencia- das por toda a família, contribuindo para sua proteção de forma integral, mate- rializando a matricialidade sociofamiliar no âmbito do SUAS. O próximo eixo é o Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculo que, conforme a Resolução nº 109 acima mencionada, especifica que o SCFV é trabalhado em grupos, visando organizar em etapas de progressão aos usuários, de acordo com vivência dos mesmos, evitando situações de risco social. Além disso, é “uma forma de intervenção social planejada que cria situações desafiado- ras, orienta os usuários na reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território” (BRASIL, 2009, p. 06). A organização do SCFV é realizada de modo a ampliar as trocas culturais e de vivências, desenvolvendo o sentimento de pertencimento e de identidade, fortalecendo os vínculos familiares e incentivando a socialização e a convivência comunitária. Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades, com vistas 127 ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabili- dade social. Deve, ainda, prever o desenvolvimento de ações intergeracionais e a heterogeneidade na composição dos grupos por sexo, presença de pessoas com deficiência, etnia, raça, entre outros. Possui articulação com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), a fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidade e risco social e agravos decorrentes de situações que configuram violação de direitos. O SCFV parte da concepção de que os ciclos de vida familiar têm estreita ligação com os ciclos de vida de desenvolvimento das pessoas que os compõem. Seu foco é a oferta de atividades de convivência e socialização, com intervenções no contexto de vulnerabilidades sociais, de modo a fortalecer vínculos e prevenir situações de exclusão e risco social, objetivando a segurança do convívio familiar. A partir da Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, o SCFV foi organizado por faixa etária, com o objetivo de prevenir possíveis situações de risco inerentes a cada ciclo de vida. O SCFV está organizado nas seguintes faixas etárias: • Crianças até 6 anos. • Crianças e adolescentes de 6 a 15 anos. • Adolescentes e jovens de 15 a 17 anos. • Pessoas Idosas (BRASIL, 2009). Esse serviço tem configurações distintas no que tange ao atendimento para cada uma das faixas etárias, sendo que, para crianças até 6 anos de idade, incluindo crianças com deficiência, o foco é a realização de atividades que envolvam a criança, os familiares e a comunidade com o intuito de fortalecer seus vínculos, objetivando prevenir a ocorrência de situações que configurem exclusão social e risco, principalmente no que diz respeito à violência doméstica e ao trabalho infantil. Esse trabalho está diretamente relacionado ao PAIF e configura-se como uma forma de complementação dele. Nessa faixa etária, o atendimento é pautado no reconhecimento da condição peculiar de dependência, ou seja, a dependência que a criança tem de seus familiares, no desenvolvimento desse ciclo de vida e, ainda, pelo cumprimento dos direitos da criança, tudo isso dentro de uma con- cepção que faz do brincar, da experiência lúdica e da vivência artística uma forma privilegiada de expressão, interação e proteção social. UNIDADE 4 UNIDADE 4 128 Para a faixa etária de crianças e adolescentes entre as idades de 6 a 15 anos de idade, o foco do atendimento é a criação de espaço de convivência, formação para a participação e cidadania, objetivando o desenvolvimento do protagonismo e da autonomia da criança e do adolescente, a partir dos interesses manifestados, demandas e potencialidades específicas dessa faixa etária. As ações realizadas com esse grupo devem estar pautadas em experiências lúdicas, culturais e esportivas como formas de expressão, interação, aprendizagem, sociabilidade e proteção so- cial. Inclui crianças e adolescentes com deficiência, retirados do trabalho infantil ou submetidos a outras violações, cujas atividades contribuem para ressignificar vivências de isolamento e de violação de direitos, bem como propiciar expe- riências favorecedoras do desenvolvimento de sociabilidades e na prevenção de situações de risco social (BRASIL, 2009). Outra faixa etária desse serviço é para adolescentes de 15 a 17 anos que tem como intuito o fortalecimento da convivência familiar e comunitária e contribui para o retorno ou permanência dos adolescentes e jovens por meio do desenvol- vimento de atividades que estimulem a convivência social. A participação cidadã é uma formação geral para o mundo do trabalho. As atividades desenvolvidas nesse grupo devem abordar as questões relevan- tes sobre a juventude, contribuindo para a construção de novos conhecimentos e formação de atitudes e valores que reflitam no desenvolvimento integral do jovem. As atividades também devem desenvolver habilidades gerais, tais como a capacidade comunicativa e a inclusão digital, de modo a orientar o jovem para a escolha profissional, bem como realizar ações com foco na convivência so- cial por meio da arte-cultura e esporte-lazer. As intervenções devem valorizar a pluralidade e a singularidade da condição juvenil e suas formas particulares de sensibilizar para os desafios da realidade social, cultural, ambiental e política de seu meio social; criar oportunidades de acesso a direitos; estimular práticas associativas e as diferentes formas de expressão dos interesses, posicionamentos e visões de mundo de jovens no espaço público. A última faixa etária a ser abordada neste documento é a dos serviços para o Idoso, em que o foco das atividades está no desenvolvimento do processo de envelhecimento saudável, na autonomia e sociabilidade, no fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio comunitário e na prevenção de situações que configurem risco social. A intervenção social deve estar relacionada a caracte- rísticas, interesses e demandas específicas dessa faixa etária, além de considerar 129 que a vivência em grupo, as experimentações artísticas, culturais, esportivas e de lazer e a valorização das experiências vividas constituem formas privilegiadas de expressão, interação e proteção social. Devem incluir vivências que valori- zam suas experiências e que estimulem e potencializem a condição de escolher e decidir (BRASIL, 2009). No ano de 2013, o Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS aprovou, na Tipificação de Serviços Socioassistenciais, por meio da Resoluçãonº 13, de maio de 2013, a inclusão da faixa etária dos 18 aos 59 anos no Serviço de Convi- vência e Fortalecimento de Vínculo. Para essa nova faixa etária, institui-se uma divisão na realização do trabalho, sendo que, para os jovens de 18 a 29 anos, o serviço deve ter como foco o forta- lecimento de vínculos familiares e comunitários, na proteção social, assegurando espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvi- mento de relações de afetividade, solidariedade e respeito mútuo, de modo a de- senvolver a sua convivência familiar e comunitária. Contribuir para a ampliação do universo informacional, artístico e cultural dos jovens, bem como estimular o desenvolvimento de potencialidades para novos projetos de vida, propiciar sua formação cidadã e vivências para o alcance de autonomia e protagonismo social, detectar necessidades, motivações, habilidades e talentos (BRASIL, 2013). No que se refere aos serviços específicos para a faixa etária dos 30 aos 59 anos, a nova resolução afirma que o trabalho tem como foco o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, desenvolvendo ações complementares, assegurando espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvimento de relações de afetividade, solidariedade e encontros in- tergeracionais de modo a desenvolver a sua convivência familiar e comunitária. Contribuir para a ampliação do universo informacional, artístico e cultural, bem como estimular o desenvolvimento de potencialidades para novos projetos de vida, propiciar sua formação cidadã e detectar necessidades e motivações, habi- lidades e talentos, propiciando vivências para o alcance de autonomia e prota- gonismo social, estimulando a participação na vida pública no território, além de desenvolver competências para a compreensão crítica da realidade social e do mundo contemporâneo.As atividades a serem desenvolvidas com esses dois novos grupos que foram incluídos no SCFV têm o mesmo objetivo e devem: UNIDADE 4 UNIDADE 4 130 “ Possibilitar o reconhecimento do trabalho e da formação profissio-nal como direito de cidadania e desenvolver conhecimentos sobre o mundo do trabalho e competências específicas básicas e contribuir para a inserção, reinserção e permanência dos adultos no sistema educacional, no mundo do trabalho e no sistema de saúde básica e complementar, quando for o caso, além de propiciar vivências que valorizam as experiências que estimulem e potencialize a condição de escolher e decidir, contribuindo para o desenvolvimento da au- tonomia e protagonismo social, ampliando seu espaço de atuação para além do território (BRASIL, 2013, p.1). Ainda no que concerne ao SCFV, no ano de 2014, foi aprovado, por meio da Instrução Operacional e do Manual de Orientações nº 01 da Secretaria Nacio- nal de Assistência Social, do Ministério do Desenvolvimento Social/Secretaria de Educação Básica e do Ministério da Educação de 18 de dezembro de 2014, a articulação e integração das ações do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV e o Programa Mais Educação - PME. Essa junção vem com o objetivo de desenvolver ações articuladas, buscando possibilitar aos usuários das duas políticas (de Assistência Social e de Educação) a oportunidade de participar das atividades de forma complementar, proporcionan- do, com isso, diferentes formas de aprendizagem, de construção de conhecimento e de formação cidadã, tendo como consequência o fortalecimento de vínculos entre familiares e com a comunidade em que está inserida, promovendo, dessa forma, a maior proteção aos direitos da criança e dos adolescentes e suas famílias, reduzindo a ocorrência de vulnerabilidades e riscos sociais a que estão expostos (BRASIL, 2014). 131 Por fim, vamos abordar o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas. Esse serviço tem como principal objetivo pre- venir os agravos que possam vir a provocar o rompimento dos vínculos familiares e sociais dos usuários, visando garantir os direitos do cidadão e o desenvolvimen- to de mecanismos que auxiliem na inclusão social e igualdade de oportunidades e na participação e desenvolvimento das pessoas com deficiência e pessoas idosas. A leitura dos documentos oficiais nos mostram como deve ser realizado esse serviço e no que ele deve contribuir para a manutenção e fortalecimento de vín- culos dos usuários atendidos: “ O serviço deve contribuir com a promoção do acesso de pessoas com deficiência e pessoas idosas aos serviços de convivência e fortalecimento de vínculos e a toda a rede socioassistencial, aos serviços de outras políticas públicas, entre elas educação, traba- lho, saúde, transporte especial e programas de desenvolvimento de acessibilidade, serviços setoriais e de defesa de direitos e pro- gramas especializados de habilitação e reabilitação. Desenvolve ações extensivas aos familiares, de apoio, informação, orientação e encaminhamento, com foco na qualidade de vida, exercício da cidadania e inclusão na vida social, sempre ressaltando o caráter preventivo do serviço (BRASIL, 2009, p. 16). Os serviços oferecidos pela Política de Assistência Social por meio da Prote- ção Social Básica tem como intuito a manutenção e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários, objetivando a autonomia do usuário para seu usu- fruto, a fim de auxiliá-lo na conquista do seu protagonismo social. Segundo a PNAS/2014, o trabalho com famílias deve considerar novas referências para a compreensão dos diferentes arranjos familiares, superando o reconhecimen- to de um modelo único baseado na família nuclear e partindo do pressuposto que as funções básicas da família são: prover a proteção e a socialização de seus membros; construir-se como referências morais, de vínculos afetivos e sociais; de identidade grupal, além de ser mediadora das relações dos seus membros com outras instituições sociais e com o Estado (BRASIL, 2004). Nesse momento, iremos abordar os serviços desenvolvidos por meio da Pro- teção Social Especial de Média Complexidade, sendo eles: o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), o Serviço Espe- UNIDADE 4 UNIDADE 4 132 cializado em Abordagem Social, o Serviço de Proteção Social a adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Pres- tação de Serviços à Comunidade (PSC), o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias e o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. Por Proteção Social Especial, vamos entender a definição existente na PNAS/2004, que a apresenta como sendo: “ Uma modalidade de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e, ou, psíquicos, abusos sexuais, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de me- dida socioeducativa, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras (BRASIL, 2004. p. 37). Diferentemente da proteção social básica, na qual a função é preventiva, na prote- ção social especial, às ações e programas destinam-se aos usuários que se encon- tram em situação de risco pessoal ou social e que tiveram seus direitos violados ou ameaçados e cuja vivência com a família de origem pode ser considerada como prejudicial a sua proteção ou ao seu desenvolvimento. No que se refere à proteção social de média complexidade, os serviços visam um atendimento a famílias ou indivíduos que estão vivenciando si- tuações de vulnerabilidade, nas quais seus direitos estão sendo violados, mas que, ainda, não tiveram seus vínculos familiares rompidos, não configurando, dessa forma, necessidade de acolhimento. Para exemplificar os serviços oferecidos na proteção social especial de média complexidade, vamos abordar as orientações contidas no documento de Tipificação dos Serviços Socioassistenciais. O Serviço de Proteção eAtendimento Especializado a Famílias e Indiví- duos (PAEFI) é um serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famí- lias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comu- nitários e sociais e para o fortalecimento da função protetiva das famílias 133 diante do conjunto de condições que as vulnerabilizam e/ou as submetem a situações de risco pessoal e social (BRASIL, 2009). O atendimento nesse serviço é fundamentado nas potencialidades, valo- res, identidades, crenças e heterogeneidade das famílias, articulando-se com todos os demais serviços socioassistenciais. “ O serviço articula-se com as atividades e atenções prestadas às fa-mílias nos demais serviços socioassistenciais, nas diversas políticas públicas e com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direi- tos. Deve garantir atendimento imediato e providências necessárias para a inclusão da família e seus membros em serviços socioassis- tenciais e/ou em programas de transferência de renda, de forma a qualificar a intervenção e restaurar o direito (BRASIL, 2009, p.19). O próximo é o Serviço Especializado em Abordagem Social, o qual é ofertado de forma contínua e programado, com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras. O Serviço deve buscar a resolução de necessidades imediatas e promover a inserção na rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas na perspectiva da garantia dos direitos (BRASIL, 2009). O Serviço de Proteção Social a adolescentes, em cumprimento de Medida So- cioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), conforme a tipificação dos serviços socioassistenciais, tem como finalidade: “ Prover atenção socioassistencial e acompanhamento a adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente. Deve contribuir para o acesso a direitos e para a resignificação de valores na vida pessoal e social dos adolescentes e jovens. Para a oferta do serviço faz-se necessário à observância da res- ponsabilização face ao ato infracional praticado, cujos direitos e obriga- ções devem ser assegurados de acordo com as legislações e normativas específicas para o cumprimento da medida (BRASIL, 2009, p.24). UNIDADE 4 UNIDADE 4 134 Nesse serviço, é necessário elaborar um Plano de Ação Individual (PIA) para a sua operacionalização, esse plano deve ser desenvolvido em conjunto com o adolescente e a sua família, objetivando o estabelecimento de metas a serem alcançadas durante o cumprimento da medida, com intuito da criação de pers- pectivas futuras. Além disso, é necessário um acompanhamento social a esse adolescente de forma sistêmica, em que ele deve ter uma frequência mínima semanal no serviço. No que diz respeito ao acompanhamento da medida de Prestação de Serviços à comunidade, ela deve configurar-se de tarefas gratuitas com uma jornada máxima de oito horas semanais, garantindo, dessa forma, a regularidade das atividades escolares ou do trabalho. A inserção em qualquer uma dessas medidas deve levar em consideração as aptidões e favorecimentos do adolescente no seu desenvolvimento pessoal e social. O Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias é voltado aos usuários que tiveram suas limitações agravadas por violações de direitos, tais como: exploração da imagem, isolamento, confi- namento, atitudes discriminatórias e preconceituosas no seio da família, falta de cuidados adequados por parte do cuidador, alto grau de estresse do cuidador, des- valorização da potencialidade/capacidade da pessoa, dentre outras que agravam a dependência e comprometem o desenvolvimento da autonomia (BRASIL, 2009). A finalidade do serviço é promover a autonomia, a inclusão social e a me- lhoria da qualidade de vida dos participantes. As ações desenvolvidas devem ser voltadas à promoção e ao reconhecimento do potencial da família e do cuidador, no sentido de aceitação e valorização da diversidade e, sobretudo, na redução da sobrecarga do cuidador, devido à prestação dos cuidados diários prolongados. 135 “ As ações devem possibilitar a ampliação da rede de pessoas com quem a família do dependente convive e compartilha cultura, troca de vivências e experiências. A partir da identificação das necessida- des, deverá ser viabilizado o acesso a benefícios, programas de trans- ferência de renda, serviços de políticas públicas setoriais, atividades culturais e de lazer, sempre priorizando o incentivo à autonomia da dupla “cuidador e dependente”. [...] A intervenção será sempre voltada a diminuir a exclusão social tanto do dependente quanto do cuidador, a sobrecarga decorrente da situação de dependência/ prestação de cuidados prolongados, bem como a interrupção e superação das violações de direitos que fragilizam a autonomia e intensificam o grau de dependência da pessoa com deficiência ou pessoa idosa (BRASIL, 2009, p.26). Para finalizar a proteção especial de média complexidade, vamos abordar o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua que é destinado àquelas pessoas que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevi- vência, sua finalidade é assegurar o atendimento e atividades direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidades, na perspectiva de fortalecimento de vínculos interpessoais e/ou familiares que oportunizem a construção de novos projetos de vida. Esse serviço busca contribuir na construção da au- tonomia, inserção social e da proteção às situações de violência, por meio do trabalho técnico de orientação individual e grupal e encaminhamentos aos demais serviços socioassistenciais e políticas públicas. Que tal aprender um pouco mais sobre a proteção social básica e especial? Acesse o Podcast pelo QRcode e fique por dentro! UNIDADE 4 https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11205 UNIDADE 4 136 A partir de agora, vamos tratar dos serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade, sendo eles que garantem a proteção integral dos usuários, ou seja, moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para famílias e indiví- duos que se encontram sem referência e/ou em situação de ameaça e que neces- sitam ser retirados do seu núcleo familiar ou comunitário (BRASIL, 2004). Vale salientar, aqui, que a proteção social especial de alta complexidade visa fornecer o serviço de acolhimento institucional quando a situação de risco pessoal ou social que o indivíduo está vivenciando envolve o seu afastamento do convívio familiar. Segundo a PNAS, os serviços de alta complexidade são: Serviço de Aco- lhimento Institucional, Serviço de Acolhimento em Repúblicas, Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora, Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e Emergências. De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009), o Serviço de acolhimento institucional é um acolhimento realizado em diferentes tipos de equipamentos, destinado a famílias e/ou indivíduos com vínculos fami- liares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir proteção integral. A organização do serviço deverá garantir privacidade, o respeito aos costumes, às tradições e à diversidade de: ciclos de vida, arranjos familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual. O atendimento prestado deve ser personalizado e em pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e comunitário, bem como a utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local. As regras de gestão e de convivência deverão ser construídas de forma participativa e coletiva, a fim de assegurar a autonomia dos usuários. Assim, o atendimento desse serviço deve funcionar em unidadeinserida na comunidade com características residenciais, ambiente acolhedor e estru- tura física adequada, visando o desenvolvimento de relações mais próximas do ambiente familiar. As edificações devem ser organizadas de forma a aten- der aos requisitos previstos nos regulamentos existentes e às necessidades dos usuários, oferecendo condições de habitabilidade, higiene, salubridade, segurança, acessibilidade e privacidade. Esse serviço é destinado ao atendimento de diferentes públicos: crianças e adolescentes, adultos e famílias, mulheres em situação de violência, jovens e adultos com deficiência e para idosos, sendo que cada um desses grupos tem as suas especificações para o atendimento conforme o exposto no documento das Tipificações dos Serviços Socioassistenciais. 137 O Serviço de Acolhimento em Repúblicas oferece proteção, apoio e moradia subsidiada a grupos de pessoas maiores de 18 anos em estado de abandono, situa- ção de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados e sem condições de moradia e autossustentação. O atendimento deve apoiar a construção e o fortalecimento de vínculos comuni- tários, a integração e participação social e o desenvolvimento da autonomia das pessoas atendidas. O serviço deve ser desenvolvido em sistema de autogestão ou cogestão, possibilitando gradual autonomia e independência de seus moradores. Deve contar com equipe técnica de referência para contribuir com a gestão coletiva da moradia (administração financeira e funcionamento) e para acompanhamento psicossocial dos usuários e encaminhamento para outros serviços, programas e benefícios da rede socioassistencial e das demais políticas públicas (BRASIL, 2009). O próximo serviço a ser abordado na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (2009) é o Serviço de Acolhimento em família acolhedora, o qual organiza o acolhimento de crianças e adolescentes, afastados da família por medida de proteção, em residência de famílias acolhedoras cadastradas. É previsto até que seja possível o retorno à família de origem ou, na sua im- possibilidade, o encaminhamento para adoção. O serviço é o responsável por selecionar, capacitar, cadastrar e acompanhar as famílias acolhedoras, bem como realizar o acompanhamento da criança e/ou adolescente acolhido e sua família de origem. O Serviço deverá ser organizado segundo os princípios, di- retrizes e orientações do Estatuto da Criança e do Adolescente e do documento “Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes”, sobretudo no que se refere à preservação e à reconstrução do vínculo com a família de origem, assim como a manutenção de crianças e adolescentes com vínculos de parentesco (irmãos, primos etc.) numa mesma família. O aten- dimento também deve envolver o acompanhamento às famílias de origem, com vistas à reintegração familiar. Esse serviço é particularmente adequado ao atendimento de crianças e adolescentes cuja avaliação da equipe técnica indique possibilidade de retorno à família de origem, nuclear ou extensa. E, por fim, vamos abordar que o Serviço de Proteção em Situações de Calami- dades Públicas e de Emergências é um serviço que promove o apoio e a proteção à população atingida por situações de emergência e calamidade pública, com a oferta de alojamentos provisórios, atenções e provisões materiais, conforme as necessidades detectadas. Assegura a realização de articulações e a participação UNIDADE 4 UNIDADE 4 138 em ações conjuntas de caráter intersetorial para a minimização dos danos oca- sionados e o provimento das necessidades verificadas. Com a apresentação deste último serviço, chegamos ao final desta parte em que nos propomos a apresentar a você quais os serviços socioassistenciais são desenvolvidos no SUAS em cada um dos seus níveis de Proteção Social. É impor- tante conhecermos todos os serviços disponíveis para que possamos realizar um atendimento voltado à garantia intransigente de acesso aos direitos dos usuários da Política de Assistência Social. NOVAS DESCOBERTAS Título: Família e Proteção Social: todos sob o mesmo teto. Autor: Elisiane Sartori Editora: Editora Papel Social Sinopse: O presente livro traçou um quadro amplo do sistema de pro- teção social implantado no brasil a partir dos anos 30, assim como o papel da família dentro deste contexto de intervenção estatal. A rigor, o objetivo foi desvendar, não apenas sob ponto de vista econômico, mas principalmente a partir da perspectiva sociológica, a inter-relação existente entre família e sis- tema de proteção social. A partir de uma ampla e densa pesquisa qualitativa e quantitativa junto às famílias pertencentes ao programa de erradicação do trabalho infantil, buscou-se compreender como elas vivem e a influência do programa sobre as suas vidas. Para tanto, a argumentação movimentou-se em torno de três eixos analíticos a partir dos quais se demonstrou as se- guintes teses: programas de transferência direta de renda às famílias mais pobres que possuem como contrapartida a inserção e a permanência da criança e do adolescente na escola conseguem, de fato, garantir melhores níveis de desempenho escolar. Somente por meio de uma complementação de renda que efetivamente garanta um mínimo de sobrevivência é que se pode alcançar maior sucesso no combate ao trabalho infanto-juvenil, sob pena das crianças e adolescentes continuarem trabalhando, apesar do rece- bimento da bolsa. Programas sociais com viés mais compensatórios do que emancipatórios não propiciam a autonomização econômica das famílias, o que as deixa numa situação crítica de dependência contínua e, com isso, pode até lograr a reprodução do ciclo da pobreza para as suas próximas ge- rações. A ideia, portanto, é discutir a relação de dependência existente entre famílias de baixa renda e estado. 139 É de grande relevância discutir e propor reflexões do grande desafio profissional que se traduz no trabalho social com famílias, à luz de uma análise crítica da pro- dução e reprodução das relações sociais no sistema capitalista, da necessidade de criar estratégias de trabalho para potencializar famílias e indivíduos, com vistas ao seu empoderamento.É importante conhecer os serviços socioassistenciais que estão dispostos na Tipificação dos Serviços, os quais são desenvolvidos na Política de Assistência Social por meio dos seus níveis de complexidade. A tipifi- cação configura-se com um avanço de grande relevância para a consolidação do SUAS e da política de assistência social no Brasil, pois, por meio da regulação dos serviços oferecidos, eles ficam explícitos aos cidadãos, bem como suas instâncias de controle social, para que todos possam utilizar-se para exigir do poder público seus direitos no campo da assistência social em todo o território nacional. UNIDADE 4 140 1. A partir dos conceitos estudados sobre vulnerabilidade social, identificamos, por meio dos vários autores, que a vulnerabilidade não se limita a uma questão de re- cursos materiais. Com base no exposto, explique quais são os fatores materiais e não materiais que identificam as famílias e os indivíduos que se encontram numa condição vulnerável. 2. O SUAS é dividido em níveis de complexidade no que tange a proteção social, sendo eles: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial de Média e Alta Comple- xidade. Identifique e explique as principais características dos níveis de Proteção Social definidos pela Política Nacional de Assistência Social e exemplifique as suas diferenças. 3. O SCFV instituído pelo SUAS está organizado na oferta de serviços de proteção social básica que tem como proposta trabalhar o resgate dos vínculos familiares e comunitá- rios. Identifique quais são as faixas etárias previstas para o atendimento desse Serviço e explique seus objetivos de trabalho para cada categoria especificada. 5O Trabalho em Rede com Famílias na Perspectiva do SUAS Me. MicheleVanessa Werner Nesta unidade vamos compreender o trabalho social com famílias no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nos diferentes níveis de Proteção Social. Entenderemos nesse processo como se dá, e a importância do trabalho em rede para a garantia de direitos e acesso a serviços no SUAS. UNIDADE 5 144 Imagine que até você, Assistente Social do CRAS de seu município, chegue uma pessoa informando que uma mãe esteja sofrendo maus-tratos de seu filho de 23 anos. Esta pessoa afirma que não quis envolver a justiça nesse assunto e então a equipe do CRAS procura esta mãe para fazer uma visita domiciliar. Através da entrevista foram coletadas as seguintes informações: Helena tem 64 anos, possui alguns problemas de saúde e convive com seu filho de 20 anos que possui transtornos psíquicos e ainda nesta família há um neto de 5 anos de idade. Neste contexto, o filho de Helena não faz nenhum acompanhamento médico e ela apenas sustenta a família com o benefício que recebe do INSS. Caro(a) aluno, este é um dos diversos casos que envolvem o trabalho social com famílias no SUAS. Destacamos a situação dessa mãe e avó como um exemplo dentre as variadas e diferentes situações que acontecem diariamente no Brasil. Neste caso, quais seriam as habilidades que você julgaria necessário na atuação de um Assistente Social? Quais conhecimentos podem contribuir para que o trabalho seja completo e de qualidade? O trabalho com famílias no âmbito da Política Nacional de Assistência Social (PNAS), necessita que o profissional esteja atento aos novos arranjos e rearranjos familiares frente à política pública e à importância do preparo ético das equipes para o trabalho com as diversas demandas. deste modo, trabalhar em equipes e em rede é compreender a incompletude dos trabalhos humanos e a necessidade da troca, de diálogos e saberes entre os profissionais para que as famílias recebam atendimento integral e de qua- lidade, conquistando assim, o fortalecimento delas enquanto atores sociais indispensáveis ao processo de construção de um SUAS de qualidade. O trabalho interdisciplinar é fundamental para o funcionamento do SUAS. Convido a acessar o Código de Ética do(a) Assistente Social e ler um pouco mais so- bre essa construção do diálogo entre diversas disciplinas. A sociedade vive em constante evolução e as fa- mílias vão se transformando em vários sentidos. Diante disso, o trabalho inter- disciplinar no âmbito do SUAS é fundamental para o seu pleno funcionamento. É por isso que o Código de Ética incentiva e até mesmo traz em seu conteúdo a necessidade de incentivar a prática interdisciplinar, principalmente por ser uma https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14173 145 complementação ao trabalho dos Assistentes Sociais, no que tange às condutas profissionais e também as decisões adotadas frente às políticas institucionais. UNICESUMAR UNIDADE 5 146 TRABALHO DA EQUIPE TÉCNICA PARA O ATENDI- MENTO COM AS FAMÍLIAS O debate envolvendo as famílias é algo que envolve muitas abordagens, se tratando de diversos pontos de vista e desafios no trabalho social com as mesmas. Dentre as diversas composições familiares, o Estado precisa manter a mesma responsabilidade diante da proteção social. Assim, sendo o Serviço Social ligado a essa questão, se vincula a uma estrutura teórico-metodológica de modo que os Assistentes Sociais se comprometam a construir interven- ções de acordo com o projeto ético político da profissão. Assim como apontam os autores Cronemberger e Teixeira (2018): “ Na contemporaneidade, desde os anos 90, a família ressurge como importante agente na proteção social, resgatada como parceira dos serviços públicos e privados. É um momento de ênfase nas reformas neoliberais e na ideia de que a proteção social é responsabilidade de todos. Não apenas financiando, mas principalmente executando, com seus recursos humanos, materiais e até financeiros ou com pe- quenos financiamentos pelo Estado. A família assume centralidade em muitas políticas públicas e o direito à convivência familiar e comunitária passa a ser lido como de responsabilidade da família na sua garantia (CRONEMBERGER; TEIXEIRA, 2018, p. 277). Para iniciarmos a discussão sobre o trabalho social das equipes técnicas com as famílias, especialmente dentro do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), retomaremos alguns conceitos básicos que nortearão nosso raciocínio. Relem- brando o que diz o Art. 6º da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS): “ As ações na área de assistência social são organizadas em sistema descentralizado e participativo, constituído pelas entidades e organizações de assistência social, abrangidas por esta lei, que articule meios, esforços e recursos, e por um conjunto de instân- cias deliberativas compostas pelos diversos setores envolvidos na área (BRASIL, 1993). 147 Portanto, com todos seus princípios e diretrizes, a assistência social é um sis- tema em construção, ou seja, para que se concretize, é construído por ações de vários atores sociais no conjunto de seus objetivos, tudo isso para estruturação de um sistema de proteção social. Dessa forma, o trabalho no âmbito do SUAS é construído na interlocução en- tre o Estado e a Sociedade, isto é, deve ser constituído de acordo com a realidade da população para a própria população. Conforme podemos ver na NOB-SUAS (2005, p. 20), a rede socioassistencial “(...) supõe constituir ou redirecionar essa rede, na perspectiva de sua diversidade, complexidade, cobertura, financiamento e do número potencial de usuários que dela possam necessitar”. A PNAS (2004), portanto, salienta que a assistência social, para constru- ção desse sistema, precisa levar em conta três vertentes: as pessoas, as suas circunstâncias e, dentre elas, seu núcleo de apoio primeiro, isto é, a família e dentro desse sistema é importante relembrarmos que a proteção social deve garantir os seguintes tipos de seguranças: a segurança de sobrevivência (de rendimento e autonomia), a segurança de acolhida e, por último, a segurança de convivência ou vivência familiar. UNICESUMAR UNIDADE 5 148 Onde encontramos as famílias dentro da PNAS? Como vimos anteriormente neste livro, a PNAS destaca alguns elementos que considera indispensáveis para a execução da política, dentre eles encontramos a matricialidade familiar. Por que trabalhar com foco nas famílias dentro da perspectiva do SUAS? A PNAS destaca a matricialidade sociofamiliar por reconhecer que a família é um dos cenários onde ocorrem e se refletem as fortes pressões dos processos de exclusão social e cultural, ainda, por considerá-la como: “ (...) espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que pre-cisa também ser cuidada e protegida. Essa correta percepção é con- dizente com a tradução da família na condição de sujeito de direitos, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Orgânica de Assistência Social e o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2004, p. 42). Muitas vezes, as famílias que necessitam de proteção social estão ligadas à pobreza, vulnerabilidade social ou violência. Diante disso, a classificação que ocorre dentro da administração do SUAS é importante para que haja essa classificação de funções dentro do sistema, visando o melhor atendimento especializado à essas famílias. E quanto à composição das equipes técnicas? De acordo com a NOB-SUAS (2005), as composições das equipes técnicas, como vimos na unidade III deste livro, possibilita compartilhamentos e contribuições teóricas que se complemen- tam frente aos desafios da política de assistência social, permitindo realizar esco- lhas e planejamentos de diversas intervenções, visando à adequação às diversas demandas presentes no cenário do SUAS, em seus diferentes níveis de complexi- dade. Esse tema também será abordado mais à frente de forma reflexiva. É preciso destacarque em meio a esse cenário, a pandemia do covid-19, al- gumas desconstruções e retrocessos como a falta de recursos, o aumento da po- breza e da miséria e aumento da demanda, provocaram diversos contratempos à atuação do SUAS com as famílias. Mas a reconstrução deste sistema deve ser pela base, com seus usuários, sua equipe técnica e gestores. 149 A seguir, falaremos do trabalho em rede para garantia e acesso aos serviços da assistência social e nos aprofundaremos, para completar o raciocínio, um pouco mais no trabalho com as famílias nessa perspectiva. O ATENDIMENTO EM REDE PARA A GARANTIA DE DIREITOS E ACESSO AOS SERVIÇOS. Como vimos anteriormente, a interlocução entre diversos saberes e a compo- sição dos diversos serviços dentro de determinada localidade formam o que chamamos rede de serviços. De acordo com a Política Nacional de Assistência Social (2004), a rede constitui essencial papel no trabalho do SUAS, pois pos- sui por objetivos efetivação, eficiência e eficácia tanto nas atuações específicas quanto nas atuações intersetoriais, por meio da definição e responsabilização de cada dispositivo, tanto governamentais quanto não governamentais. “ O trabalho em rede sem contrarreferência ou ação socioeducativa sem trabalho em grupo dificulta a reintegração familiar e a parti-cipação qualificada nas audiências, além de relatórios e pareceres favoráveis às famílias. Afinal, não há registro de melhoria de suas condições de vida nem tampouco compreensão da problemática vivenciada. Como então superar culturas de violação reproduzidas entre gerações e no interior das famílias? Assim, ainda são inúmeros os desafios do trabalho do assistente social, dentre os quais está o trabalho em rede. No entanto, este pode ser visto como possibilidade de um fazer diferenciado do tradicional. Em vez de circunscrito a um setor específico, assume perspectiva interdisciplinar e interse- torial capaz de atender às demandas das famílias (CRONEMBER- GER; TEIXEIRA, 2018, p. 288). Isso quer dizer que os diferentes tipos de serviços dentro da rede, trabalhando em articulação, têm a possibilidade de dar foco em suas atribuições especí- ficas e complementar os atendimentos com diversas equipes com enfoques diversificados e específicos. UNICESUMAR UNIDADE 5 150 Diante da falta de atendimentos adequados, interprofissionais e com atua- ção abrangente e clara, o trabalho em redes intersetoriais possibilita a mo- bilização de pessoas e estratégias de forma clara e integrada para planejar e avaliar resultados. Ao final, supõe-se que todas essas medidas garantem que o serviço social seja um campo de conhecimento interdisciplinar e também que o próprio assistente social esteja lidando com as famílias em serviços de atendimento institucional (CRONEMBERGER; TEIXEIRA, 2018, p. 288). Para iniciarmos nossa discussão sobre o trabalho em rede, é necessário reto- marmos os conceitos de multiprofissional e interdisciplinaridade, pois eles serão encontrados nos diversos serviços e em várias situações em que os profissionais que os compõem realizam a interlocução entre diversos serviços. A complexidade da questão social com a qual os profissionais lidam cotidianamente de- manda diálogo, cooperação e até mesmo divergências nas lutas por Políticas Públicas e constituem possibilidades de alianças com outras áreas do conhecimento na realização de trabalho em equipe (com advogado, psicólogo, médico, pedagogo, dentre outros), a partir de uma visão mais ampla no que se refere à efetivação do acesso ao direito, como cidadania e não apenas como uma Lei quanto à execução aos serviços prestados. Fonte: Cavalcante (et al. 2011, p. 7). PENSANDO JUNTOS O TRABALHO MULTIPROFISSIONAL As equipes multiprofissionais são formadas variavelmente conforme os objeti- vos locais de atuação dos trabalhadores e demandas, ainda, conforme a capaci- dade de atendimento do serviço e suas complexidades, como o próprio nome já diz: são equipes compostas por diversas formações que se complementam nas ações, mas não necessariamente realizam a interlocução e discussão de casos, tendo objetivos em comum, realizando suas ações por meio de diversas instru- mentalidades e intervenções. 151 O TRABALHO INTERDISCIPLINAR O trabalho interdisciplinar dentro da perspectiva do SUAS não apenas é uma possibilidade, como também é uma necessidade. Permite a troca de conheci- mentos específicos e amplia as possibilidades de atuação e intervenção sobre as demandas complexas do cotidiano profissional. Conforme salientam Cavalcanti et al. (2011), o trabalho interdisciplinar possibi- lita a construção de diálogos entre diversas disciplinas, favorecendo a proximidade entre elas de forma dialética, com vistas à quebra de paradigmas pré-estabelecidos. O Código de ética do(a) assistente social considera o trabalho interdisciplinar como direito do profissional, podendo integrar comissões interdisciplinares de ética nos locais de trabalho, tanto em questão de avaliação da conduta profissional quanto no que tange às decisões frente às políticas institucionais. O mesmo código de ética considera, ainda, como dever do profissional assis- tente social incentivar, sempre que possível, a prática profissional interdisciplinar. O TRABALHO EM REDE DENTRO DA PERSPECTIVA DO SUAS Ao realizarmos a análise sobre os conceitos de multiprofissionalidade e in- terdisciplinaridade, notamos que o profissional de serviço social trabalhará sob as duas perspectivas: de acordo com o local e os objetivos das demandas atendidas. Importante ressaltar que, independente dos conceitos, ambas são importantes e fazem parte do que veremos agora no chamado trabalho em rede com equipes de referência. As equipes de referência dentro desse contexto, falamos, aqui, da rede de servi- ços socioassistenciais, são formadas por diversos profissionais em locais pontuais de atuação, de diferentes áreas de formação e habilidades, para atender demandas, geralmente em situações de riscos ou vulnerabilidades, e que, como o próprio nome já diz, torna-se referência para determinada localidade e tipo de serviço. Compreendemos, então, que o trabalho, em especial do assistente social, é inacessível em seu âmbito individual, portanto, pensar a atuação da categoria enquanto parte integrante de equipes multiprofissionais/interdisciplinari- dade é indispensável. Assim, podemos concluir que trabalhar com equipes UNICESUMAR UNIDADE 5 152 pressupõe o reconhecimento da incompletude humana, ou seja, que todas as formações possuem limites. “ Como se pode perceber, fazer de um grupo de trabalhadores uma equipe de trabalho é realmente um grande desafio. Desafio que envolve o grupo e o gestor e que passa pelo aprendizado coletivo da necessidade de comunicação aberta, de uma prática democrá- tica que permita o exercício pleno das capacidades individuais e atuação mais criativa e saudável de cada sujeito, evitando, assim, a cristalização de posições, a rotulação e a deterioração das relações interpessoais. Desta forma, o grupo buscará seus objetivos, res- ponsabilizando-se, solidariamente, pelos sucessos e fracassos. (...) No entanto, há que se destacar que não podemos ingenuamente atribuir exclusivamente à solidariedade do grupo, às capacidades individuais ou a competência do coordenador da equipe a tarefa de superar as diversidades e até as diferenças ideológicas. O grupo não está isolado de uma estrutura organizacional, de um processo de gestão, de um contexto sócio-político que condicionam as relações estabelecidas (MUNIZ, 2011, p. 93). O trabalho em rede é necessário para garantir a integralidade dos atendimen- tos prestados às famílias, com vistas à garantia de seus direitos. Essa articulação pressupõe o encaminhamento para acompanhamento das ações nos diversos dispositivos do SUAS, tanto governamentais como não governamentais em seus diferentes níveis de complexidade: básica, média e alta. De acordo com a atualização da Norma Operacional Básica (2012), o tra-balho em rede pressupõe o reconhecimento da incompletude dos serviços e a superação da fragmentação das e nas políticas públicas sendo necessário, então, sua definição de acordo com as realidades e índices de vulnerabilidade e risco social identificados nos territórios, ou seja, compor e estruturar uma rede de serviços deve preconizar: a matricialidade sociofamiliar, descentralização políti- ca-administrativa e a territorialização, princípios e diretrizes dispostos na PNAS. O trabalho em rede como instrumento de encaminhamento e acompanhamento dos indivíduos e suas famílias é composto por ações conjuntas e pode ser realiza- do por campanhas e ações voltadas à prevenção e enfrentamento de situações de 153 risco e vulnerabilidades sociais, reuniões inter e multiprofissionais de diferentes dispositivos de atuação, estudos de casos pela junção das equipes (BRASIL, 2012). Afinal, quem é o principal responsável pelo trabalho em rede? Tanto a formação quanto a efetivação do trabalho em rede é de respon- sabilidade do órgão gestor da política de assistência social. Isso deve ocorrer pela coordenação e definição dos componentes dessa rede de serviços de acordo com as características de cada território. Dessa forma, podemos concluir que tal função proporciona aos diferentes serviços o destaque de suas identidades, ou seja, a clarificação do papel e atribui- ções de cada um nos encaminhamentos, de modo a evitar solicitações e deman- das inapropriadas aos serviços e suas atribuições privativas. A interface com demais políticas, como saúde, educação, habitação, trabalho, segurança, entre outras, é indispensável ao trabalhar a interdisciplinaridade nas SUAS, haja vista que as equipes técnicas, independente do nível de complexidade em que estejam trabalhando, possuem por objetivo pensar e estabelecer inter- venções efetivas tanto para demandas individuais quanto coletivas dos serviços. “ Ao integrar a equipe dos(as) trabalhadores(as) no âmbito da polí-tica de Assistência Social, esses(as) profissionais podem contribuir para criar ações coletivas de enfrentamento a essas situações, com vistas a reafirmar um projeto ético e sócio-político de uma nova sociedade que assegure a divisão equitativa da riqueza socialmente produzida. Dessa forma, o trabalho interdisciplinar em equipe deve ser orientado pela perspectiva de totalidade, com vistas a situar o indivíduo nas relações sociais que têm papel determinante nas suas condições de vida, de modo a não responsabilizar o indivíduo pela sua condição socioeconômica (CFESS, 2011, p. 38). A REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA COMO INSTRUMENTO DE ACOMPANHAMENTO ÀS FAMÍ- LIAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL. A referência e contrarreferência pressupõe a interlocução entre os serviços em seus diferentes níveis de complexidade, de forma a assegurar às demandas UNICESUMAR UNIDADE 5 154 o acesso aos diferentes dispositivos e garantia da integralidade da proteção social, encaminhamentos e acompanhamentos. Para sua concretização, é necessário que haja a definição exata dos tipos de serviços e suas atribuições específicas, incluindo as especialidades de cada pro- fissional inserido nos diversos serviços. Dessa forma, a referência e a contrarreferência acontecem tanto de serviços da proteção social básica para média e alta complexidade como ao contrário, ou seja, entre serviços de alta complexidade para média e proteção social básica. Isso quer dizer que acaba por definir entre elas uma relação de hierarquia, sem que para isso os serviços percam suas identidades e estejam em situação de inferioridade técnica, mas sim de complementação prático-teórica. “ É essencial a interlocução entre a Média e a Alta Complexidade, de modo que haja acompanhamento das famílias após o desliga-mento dos acolhidos dos serviços, proporcionando a reintegração familiar de forma segura para as crianças e/ou adolescentes, o apoio às famílias no desempenho do seu papel de cuidado e proteção e a prevenção de futuros retornos aos serviços de acolhimento. Por 155 isso, municípios que já possuem CREAS devem ser priorizados na escolha de alocação das unidades de acolhimento (inclui-se CREAS em processo de implantação). Ainda, municípios sede de comarca devem ser priorizados na escolha dos municípios que farão a oferta do serviço, como forma de estreitar a articulação com o Sistema de Justiça (BRASIL, 2015, p. 38). Podemos concluir, então, que a rede socioassistencial é formada de acordo com o princípio de territorialização, ou seja, de acordo com cada território e suas características específicas, como cultura e população. O trabalho em rede é uma estratégia para a superação da fragmentação dos serviços e falta de continuidade de encaminhamentos e acompanhamen- tos das famílias e usuários atendidos. Para complementar todo esse raciocínio e começarmos a enxergar todos esses conceitos, veremos, a partir de agora, o trabalho com as famílias nesse contexto. O TRABALHO SOCIAL COM AS FAMÍLIAS A centralidade da família na elaboração e execução de políticas sociais não é novidade, ainda mais no âmbito da política de assistência social. Na PNAS (2004), conforme já aprendemos, a matricialidade familiar significa que o foco dos tra- balhos a serem desenvolvidos na proteção social em seus diferentes níveis de complexidade no âmbito do SUAS está nas famílias. Complementando o raciocínio sobre a matricialidade sociofamiliar, Teixeira (2010, p. 5) destaca a matricialidade familiar como “um antídoto à fragmentação dos atendimentos, como sujeitos à proteção de uma rede de serviços de suporte à família”. No entanto o trabalho com indivíduos e famílias nem sempre foi assim: “ Em virtude da forma de organização da assistência social, historica- mente marcada por atendimentos segmentados por categorias, frag- mentados em problemáticas, os serviços foram dispostos a partir de “indivíduos-problemas” e “situações específicas”, como, por exemplo, trabalho infantil, abandono, exploração sexual, delinquência, den- tre outras, não contemplando a família como uma totalidade. Em UNICESUMAR UNIDADE 5 156 relação às famílias pobres, subjacentes à lógica da assistência social, estava a ideia de que a família é constitutiva do problema social, e de que seus responsáveis não tinham capacidade de educar as crianças, proteger seus membros da marginalidade, da promiscuidade e dos vícios (TEIXEIRA, 2010, p. 6). Conforme aprendemos em outras disciplinas e na unidade anterior, é necessário atentar-se aos chamados “novos arranjos e rearranjos familiares”, ou seja, famílias compostas por componentes que extrapolam a idealização burguesa de família tradicional/ nuclear, em outras palavras: pai, mãe e filhos. Dessa forma, é de extrema importância que as equipes atuantes nos diferentes dispositivos do SUAS compreendam e façam análise crítica desses novos arran- jos e famílias, tendo em vista, principalmente, a valorização das possibilidades presentes nesses diversos contextos e o respeito a suas diversidades, identida- des culturais e universalidade.Podemos, então, considerar como impensável no âmbito do SUAS, principalmente na atualidade, abordagens conservadoras, de senso comum e de culpabilização das famílias e sua relação direta com a pobreza no sentido de considerá-las desestruturadas e sem capacidade de emancipação frente ao ideal neoliberal (TEIXEIRA, 2010). Esse assunto vai de encontro com o argumento de Cruz (2021) que afirma: “ O SUAS reconhece que não é de sua responsabilidade enfrentar to-das as situações de vulnerabilidades de uma família”. Portanto, cabe aos profissionais o desenvolvimento de fluxos de encaminhamentos para a rede setorial e intersetorial de políticas públicas. Cabe, por pressuposto, o empenho não apenas do Serviço Social, mas de todos trabalhadores do SUAS e das demais políticas públicas. Entende- -se que a intervenção com foco nas necessidades das famílias exige proatividade na resolução das demandas (CRUZ,2021, p.18). Pensar o trabalho com famílias visando à preservação de seus vínculos, levando em consideração seus laços afetivos e não apenas consanguíneos, não exclui a possibilidade da análise crítica sobre as relações envolvidas em seu seio, ou seja, as equipes atuantes diretamente com famílias no SUAS necessitam estar atentas a possibilidades de risco que envolvem tais contextos. 157 É preciso evidenciar sobre o trabalho na inserção da mulher e mãe no mer- cado de trabalho, mas pela sobrecarga dos cuidados familiares muitas vezes essas mulheres acabam tendo problemas no seio familiar, conforme situa-se: “ A família ocupa grande parte das preocupações do universo das mulheres, em especial, no que se refere à qualidade de vida que elas esperam proporcionar aos filhos. No intuito de satisfazer tais aspirações e alcançar esses objetivos, as mulheres são levadas a ado- tarem ritmo demasiado estressante em suas vidas, o que interfere profundamente em sua qualidade de vida. Para que as mulheres vivenciem esta realidade de multitarefas, a rotina diária é um cor- re-corre frenético para tentar dar conta de todos os segmentos de trabalho. pode-se considerar que a mulher vivencia uma constante ambivalência de sentimentos em relação à conciliação entre traba- lho e vida familiar, em uma busca constante de realização, almejan- do ser altamente competitiva e capaz em todas as esferas de sua vida. Pode-se inferir que se não houver equilíbrio nessa conciliação e espaço para o exercício de autonomia, essa busca incessante poderá trazer profundos impactos sobre a saúde da mulher contemporânea (COSTA, 2018, p. 445). Gostaria de salientar, aqui, que a análise crítica dos contextos familiares, mui- tas vezes, permite ao profissional identificar situações graves de violência em suas diversas faces: física, sexual, moral e mental, certas vezes sendo até mo- tivações para que esses vínculos se fragilizam ou até mesmo se rompam; isso sem pensar em casos mais complexos em que a alternativa mais adequada, em determinados momentos, é a retirada dos membros do mesmo contexto. Conforme descrito no trecho a seguir: “ O perfil das famílias pobres brasileiras se caracteriza pela exclusão do processo produtivo, pela desinformação e qualificação inade-quada para o mercado formal de trabalho. Estas famílias vivem em uma situação de subemprego, buscando na economia informal e na UNICESUMAR UNIDADE 5 158 agricultura safrista alternativas para a sobrevivência”. Os indivíduos que vivem nessa informalidade, quando não possuem mais ocupa- ção que mantenha o custeio de suas necessidades básicas, migram para outros lugares na tentativa de encontrar oferta de trabalho, ou receber ajuda dos familiares que neste lugar residem. Ocorre que, a família pode não conseguir dar o suporte necessário nessa fase de trânsito, pois também convive com as mazelas da falta de emprego, renda, moradia e alimentos, e embora seja uma responsabilidade do Estado, assistir esses usuários através das políticas públicas, não há financiamento para que tais políticas consigam atender esse público que chega até o equipamento (SOKALSKI, 2021, p. 109). Nesse sentido, compor equipes de referência de serviços da política de as- sistência social pressupõe compromisso ético e político, como sujeitos que elaboram e executam intervenções de garantia de direitos e qualidade nos serviços prestados, estando atentos às possibilidades e necessidades de en- caminhamentos e interlocução com serviços necessários à integralidade das ofertas, ainda à inserção dos usuários no planejamento e fiscalização da po- lítica, conforme garantido em Constituição Federal. Ao falarmos de encaminhamentos, é importante fazermos um feedback sobre a composição da rede de proteção social e a formação das equipes técnicas multi e interdisciplinares. Vamos, então, relembrar a composição da rede de proteção social dentro do SUAS, conforme já vimos anteriormente na terceira unidade deste livro: de acordo com a NOB SUAS, a rede de proteção social é formada hierarquicamente entre a proteção social básica e especial, dividida em outros dois níveis de complexidade - média e alta. ATENÇÃO ÀS FAMÍLIAS NA ATENÇÃO BÁSICA O propósito da Política de Assistência Social é romper com a velha atuação de atendimentos que não eram contínuos, que envolviam situações extremas, voltando-se para um novo modelo que busca a proteção social como um modelo de prevenção aos riscos. 159 Deste modo, conforme vimos na unidade III e de acordo com a Tipifi- cação dos Serviços Socioassistenciais, o trabalho na proteção social básica divide-se em três tipos de serviços: a. Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF). b. Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. c. Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas (BRASIL, 2009). As atuações com as famílias na atenção básica devem buscar a valorização das diversidades culturais da localidade em que atua, servindo como suporte para a promoção da autonomia da população e fortalecimento de seus vínculos familiares e comunitários. As equipes atuantes na atenção básica, tendo como referência a equipe dos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e como principal programa os Programas de Atenção Integral às Famílias (PAIF), de acordo com Brasil (2004, p. 35): “ (...) deve prestar informação e orientação para a população de sua área de abrangência, bem como se articular com a rede de proteção social local no que se refere aos direitos de cidadania, mantendo ativo um serviço de vigilância da exclusão social na produção, sis- tematização e divulgação de indicadores da área de abrangência do CRAS, em conexão com outros territórios. O PAIF, assim como o próprio nome salienta, possui como foco o convívio, for- talecimento e desenvolvimento de autonomia dos indivíduos, famílias e forta- lecimento da cidadania. Há, nesse contexto, as parcerias público/privadas que servem, muitas vezes, como complementos aos serviços ofertados no SUAS, con- tribuindo, assim, para a formação da rede de serviços local. As variadas constituições de famílias tornam o PAIF um programa que busca a inclusão de todos os modelos familiares. Assim, o Estado tem a função básica de respeitar e garantir os direitos pertencentes a todos os cidadãos brasileiros, buscando a proteção social e a integração das famílias. UNICESUMAR UNIDADE 5 160 Muitos municípios brasileiros possuem diferentes estágios de implantação do PAIF, enquanto alguns apresentam práticas inovadoras, outros se apresentam em um estágio atrasado. As altas demandas provocam o encaminhamento a bene- fícios eventuais, cesta-básica, ou vale-transporte por exemplo, e o atendimento termina sem um acompanhamento posterior. Deste modo, é importante destacar que os benefícios devem ser vinculados a uma atenção e um trabalho social de continuidade com as famílias. Nesse contexto, devemos destacar no trabalho social com famílias na atenção básica, como já vimos na unidade anterior, o Serviço de Convivên- cia e Fortalecimento de vínculos (SCFV) que possui por objetivo prevenir possíveis situações de risco e melhorar a qualidade de vida da população por meio de atividades e projetos desenvolvidos entre diferentes faixas etárias, porém não nos cabe detalhar esse serviço nesta unidade. ATENÇÃO ÀS FAMÍLIAS NA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL Já na proteção social especial, às equipes atuam com indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco, violação de direitos e fragilização ou rompimen- to dos vínculos familiares, portanto, a atuação das equipes deve abarcar desde o provimento de seu acesso a serviços de apoio e sobrevivência, até sua inclusão em redes sociais de atendimento e de solidariedade (BRASIL, 2004), isso engloba tanto os serviços governamentais quanto não governamentais. As intervenções na proteção social de média e alta complexidade exigem maiores especializações nas áreas deatuação, com vistas à reestruturação dos vínculos familiares e comunitários. É comum, ainda, o compartilhamento de ações nesses níveis de atuação com o poder judiciário. Independente do nível de complexidade dos atendimentos, o trabalho no âm- bito do SUAS com indivíduos e famílias deve valorizá-los enquanto cidadãos, pos- suindo os trabalhadores desta área, em especial o assistente social, compromisso ético de estimular os sujeitos a participarem ativamente na esfera política, fomen- tando o protagonismo e o reconhecimento deles em representações não governa- mentais e comunitárias. Esse assunto vai de encontro com a Informação Técnica da Secretaria do estado de Desenvolvimento Social de Santa Catarina, que situa: 161 “ As equipes de Proteção Social Especial na Gestão, em parceria com a área de vigilância socioassistencial, podem atuar fazen-do diagnósticos da realidade social em relação às diferentes situações de risco e de vulnerabilidades sociais que ameaçam ou violam os direitos da população local; levantando aí quais as potencialidades para o enfrentamento destas situações. Este trabalho poderá auxiliar futuramente o gestor a decidir qual o melhor local para a implantação de um Creas, por exemplo. Porém, é importante considerar que a atribuição principal de elaboração deste diagnóstico é da vigilância socioassistencial, que conta com as equipes dos serviços e benefícios para delinear fluxos e rede de atendimento, por exemplo (SDS, 2019, p. 2). O trabalho em equipe é fruto de mudanças muito significativas na maneira de se construir e de se trabalhar políticas públicas, essa é a forte marca daqueles que, cada vez mais, se empenham em desenvolver mecanismos de estruturação e valorização do trabalho em equipe, hoje, reconhecido como indispensável para que objetivos, metas e expectativas sejam atingidos. O trabalho desenvolvido com as famílias e indivíduos dentro da perspecti- va da política de assistência social deve ser uma construção coletiva que só se faz concreta graças à junção de diversos atores sociais, nesse caso: o Estado, os diversos cargos que compõem as equipes técnicas, os gestores e, o mais impor- tante de todos, a própria população. É de extrema importância atentar-se no cuidado ao atendimento às demandas, levando em consideração que o SUAS deve ser um sistema acolhedor que valoriza a família enquanto um sistema de indivíduos com laços afetivos, independente da sua relação sanguínea. “ Apesar das equipes de Proteção Social Especial na Gestão não apresentarem obrigatoriedade do acompanhamento das famílias, da execução de um plano individual de atendimento e de preen- chimento do Registro Mensal de Atendimento (RMA), esses são procedimentos que vão para além da acolhida e do atendimento e qualificam o trabalho da equipe, ampliando as chances de defesa e garantia dos direitos da população usuária Em virtude do trabalho UNICESUMAR UNIDADE 5 162 com atendimento aos usuários é importante observar os aspectos da estrutura física do ambiente de trabalho que garantam o direito ao sigilo , bem como todas as condições técnicas e éticas profissionais necessárias para este tipo de atuação. Além do atendimento direto aos usuários da Assistência Social nos serviços de média e alta com- plexidades já especificados anteriormente, as equipes de Proteção Social Especial na Gestão também podem criar campanhas de pre- venção e enfrentamento às situações de riscos que podem recair em violações de direitos e mobilizar outras políticas públicas, de órgãos do Sistema de Garantia de Direitos (Conselho Tutelar, Ministério Público, Defensoria Pública, etc) com o intuito de enfrentar as vio- lações de direitos. As competências das equipes de Proteção Social Especial na Gestão são diferentes daquelas desempenhadas pelas equipes designadas para desempenhar a gestão do Suas. A gestão do Suas juntamente com o provimento de serviços socioassistenciais, benefícios, programas e projetos e o controle social compõem a tríade de funções essenciais do SUAS (SDS, 2019, p. 2). A construção de um sistema de proteção social só faz sentido se partir da escu- ta das necessidades da população, visando à construção de uma sociedade que valorize as diversas faces e peculiaridades da população. A interlocução entre os diferentes níveis hierárquicos de serviços deve acontecer considerando que cada serviço dentro do SUAS possui especificidades de atendimentos e a junção deles compõe o sistema de proteção social em sua totalidade e possibilita os encami- nhamentos e acompanhamento adequados para cada realidade, proporciona o reconhecimento de que a troca de experiência e saberes é indispensável aos atendimentos e favorece a qualidade dos serviços prestados à população. 163 O TRABALHO SOCIAL COM AS FAMÍLIAS EM TEMPOS DE PANDEMIA (COVID-19) A pandemia do Covid-19 provocou um intenso contratempo no trabalho com as famílias no âmbito do SUAS. Com as normas de isolamento e distanciamento social, ficou ainda mais difícil para que as equipes de atendimento pudessem realizar o trabalho social com as famílias. Diante deste cenário, as equipes que possuíam um treinamento continuado passaram a se re- unir de forma remota, buscando manter as atualizações e o trabalho, sendo dada a assistência social pela presidência da república como uma atividade essencial durante a pandemia. UNICESUMAR UNIDADE 5 164 A reorganização de todo esse serviço público evidenciou a importância da as- sistência social para com as famílias brasileiras. Embora mesmo com o esforço de proteção contra o vírus e o auxílio emergencial, muitas famílias ainda se encontram em situação de vulnerabilidade social. “ O SUAS vem tentando se construir enquanto política de proteção social, desde a criação da Lei Orgânica Assistência Social em 1993, e posteriormente a Política Nacional de Assistência Social em 2004, Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS) em 2005 e a ti- pificação dos serviços socioassistenciais em 2009, com vistas a rom- per a lógica do assistencialismo e benemerência no Brasil. Porém o SUAS, um modelo de sistema unificado em todo país, é um sistema novo, que desde sua criação luta para se consolidar como um mo- O Auxilio Brasil é a nova proposta do governo federal para a transferência de renda às famílias que se encontram em vulnerabilidade social. Acesse o podcast e saiba mais sobre as últimas novidades do programa. Após o encerramento do Bolsa Família, o governo federal aprovou no ano de 2021 o Auxílio Brasil. Mas o que é o Auxílio Brasil? • O Auxílio Brasil integra em um só programa várias políticas públicas de assistência social, saúde, educação, emprego e renda. • O novo programa social de transferência direta e indireta de renda é destinado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país. • Além de garantir uma renda básica a essas famílias, o programa busca simplificar a cesta de benefícios e estimular a emancipação dessas famílias para que alcancem au- tonomia e superem situações de vulnerabilidade social. • O Auxílio Brasil é coordenado pelo Ministério da Cidadania, que é responsável por gerenciar os benefícios do Programa e o envio de recursos para pagamento. • Fonte: Ministério da Cidadania (2022, online). EXPLORANDO IDEIAS https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/11206 165 delo de gestão que está inserido na realidade social, reconhecendo as potencialidades e desafios que as famílias apresentam, o que re- presenta uma discussão muito recente sob essa lógica do acesso a benefícios, programas, projetos e serviços socioassistenciais com centralidade na família (SOKALSKI, 2021, p. 130). Deste modo, a situação provocada pela pandemia evidenciou que os procedi- mentos executados no âmbito da proteção social ainda são os mesmos desde a criação da Lei Orgânica da Assistência Social, havendo muitas vezes, algumas dificuldades em relação ao trabalho com as famílias. Para Sokalski (2021), ao analisar a atuaçãodo SUAS em meio a situação emer- gencial da pandemia do Coronavírus, a autora pontua que o sistema não foi capaz de suportar a alta demanda de trabalho e condições precárias nas instituições. “ É consenso entre as falas dos/das diferentes profissionais que o SUAS não foi compreendido enquanto política pública de en-frentamento da pandemia. A alta demanda de trabalho, somado à precarização das condições trabalhistas nas instituições, trouxe apontamentos de que ainda se atua de forma pontual e focaliza- da, através da entrega de uma cesta básica, liberação de um auxílio aluguel ou funeral. Apenas isso não seria suficiente para as famílias sobreviverem em meio à emergência de saúde pública que estamos vivenciando, mas foi nesse lugar que o SUAS foi colocado durante o período da pandemia, na liberação compulsória de benefícios eventuais e a responder demandas de outros segmentos que estavam em trabalho remoto, sem a preocupação e comprometimento em criar estratégias de enfrentamento ao aumento da pobreza oriun- do da pandemia, bem como, a desigualdade social que caracteriza historicamente a realidade brasileira (SOKALSKI, 2021, p. 130). É preciso destacar que, muitos dos problemas que envolveram a assistência social e o governo se deram pela falta de diálogo naquele momento. A prio- ridade pela conservação da economia brasileira foi em sentido contrário às ações dos estados e municípios, provocando um colapso nos atendimentos à população. Além disso, o isolamento social fez com que a maioria dos atendimentos fosse em plataformas digitais, proporcionando uma falta de acesso às pessoas que não possuíam equipamentos eletrônicos. UNICESUMAR UNIDADE 5 166 Diante da falta de informações às pessoas, de programas emergenciais do governo, as diversas e amplas demandas da população chegaram até as portas do SUAS. O sistema, não estando preparado para suportar uma situação inesperada como a pandemia, teve que atuar reduzido desde o início de 2020. Neste cenário, as famílias tiveram que enfrentar situações de desemprego, vio- lência familiar, ausência de creches e escolas, dentre outros fatores. Conforme expõe a autora sobre a pesquisa realizada com os assistentes sociais: 167 “ No que tange a família, foi possível concluir que a responsabilidade pelo cuidado dos seus membros recaiu sobre o âmbito familiar. As situações desencadeadas pela pandemia, como desemprego, vio- lência, alcoolismo, foram consideradas como falta de vontade da família em sair dessa condição, sem levar em consideração a sin- gularidade dos diferentes grupos familiares e suas necessidades, na perspectiva de superar os desafios trazidos pela pandemia. Também foi possível identificar através da pesquisa, que os profissionais do SUAS reconhecem seu papel dentro do sistema de proteção, mas que estão imersos nos velhos paradigmas da política de assistência social. Demonstram comprometimento com o atendimento à po- pulação tentando buscar respostas às demandas que a população tem trazido até os equipamentos. Além dessa problemática, somam- -se, os espaços inadequados para atendimento, equipes com falta de profissionais, ou somente um/uma assistente social trabalhando sozinha no CRAS, falta de reconhecimento e valorização profissio- nal, sobrecarga de trabalho e falta de gestores comprometidos com os interesses da população (SOKALSKI, 2021, p. 130). Somado a isso, o contexto da pandemia do Covid-19 veio para intensificar as de- sigualdades sociais que já existiam no Brasil. O auxílio emergencial, estabelecido em 2020, destinou-se teoricamente a fornecer uma renda eventual em tempos de crise do vírus. No entanto, o valor pareceu insuficiente perante a inflação do país, e também causou uma série de questionamentos, desinformação e insatisfação dos beneficiários. De acordo com Sokalski (2021), o que pode ser visto com o auxílio emergencial foi uma gama de pessoas em busca de atendimento na Caixa Econômica Federal, banco responsável pelo repasse dos recursos à população, onde muitas não conseguiam regularizar seus dados para que o benefício fosse concedido. Deste modo, justamente o que foi recomendado, o isolamento social, se transformou em diversas filas em busca de atendimento, tornando a busca pelo direito em algo exaustivo, e com exposição ao vírus. Dentro deste contexto, muitas informações sobre o auxílio emergencial foram procuradas no CRAS e em outros departamentos do SUAS para a realização dos cadastros no site do banco. Os profissionais do SUAS atuaram neste sentido, ajudando conforme buscavam informações por conta própria, sendo que não UNICESUMAR UNIDADE 5 168 houve nenhum treinamento sobre o assunto. Muitos municípios sofreram com a falta de profissionais nas equipes, conforme situa a autora: “ Entre as particularidades, registra-se que há municípios que pos-suem uma equipe completa, outro que só tem o assistente social com a jornada de 40h semanais no CRAS e gestão, inclusive mu- nicípio que divide a atuação do profissional entre CRAS e gestão ou CRAS e serviços de acolhimento. Outra particularidade é o co- nhecimento e apoio da gestão para auxiliar os técnicos nos servi- ços, programas e projetos do SUAS. Há municípios que possuem gestores engajados na busca por construir uma política de direitos e há gestores que desconhecem por completo a assistência social, que ocupam essa função por apadrinhamento. Nesse aspecto entende-se que, se um gestor não conhece o SUAS e não tem a pretensão de se inteirar das pautas de lutas, o gestor não soma à equipe, e ainda fortalece a visão na sociedade caritativa da política de assistência social, quando realiza campanha de alimentos, roupas, cobertores e utensílios diversos. No entanto, a pesquisa realizada, apontou que as demandas que emergiram e se potencializaram durante o período da pandemia, foram similares de um modo geral. A pesquisa apon- tou que a busca por serviço, programas e benefícios do SUAS fo- ram relacionados a alimentos/cesta básica, auxílio funeral e aluguel social, entre outras demandas que não eram atribuições do SUAS, mas que foram realizadas para que os indivíduos não ficassem sem atendimento (SOKALSKI, 2021, p. 130). Nesse sentido, o SUAS é um sistema muito bem estruturado, mas com a pande- mia os profissionais se viram despreparados para lidar com a ampla demanda que chegava até os centros de atendimento. Como todo serviço público, o SUAS sem- pre precisa de atualizações e ações conjuntas com as políticas públicas e atuações dos governos, seja em âmbito federal, estadual ou municipal. O trabalho com as famílias envolve diversos fatores desde a primeira intervenção até o contato contínuo que foi prejudicado com o isolamento. É preciso destacar que em meio a esse período os problemas familiares continuaram acontecendo, muitas vezes até piorados devido à questões de pobreza, desemprego ou violência. 169 Levando em consideração todos os problemas causados pela pandemia em diversos setores da sociedade, no nosso assunto em questão, o SUAS, foi possível identificar uma fragilidade no sistema em lidar com situações de calamidades pú- blicas e emergências, onde o serviço de alta complexidade não conseguiu suportar a ampla demanda de indivíduos que precisavam de acolhimento. É preciso neste caso que o sistema esteja organizado de modo a estar pronto caso haja algum evento como foi o caso do covid-19. A necessidade de articulação prévia com os comitês dos municípios deve ser frequente, conforme as Diretrizes para a atuação da PNAS em contextos de Emergência Socioassistencial (BRASIL, 2020). Este documento, criado no ano de 2020 veio para servir de orientação e também de apoio técnico nas variadas formas de que eventos adversos possam acontecer. A disparidade nas atuações do CRAS porta de entrada do PAIF também foi notada no período pandêmico, é preciso que situações rotineiras de acesso a be- nefícios não sejam tratados como eventuais. É preciso organizar as ferramentasque o CRAS desempenha realizando um protocolo de gestão. Em casos de situações de calamidades públicas ou emergências, a atenção básica é pouco evidenciada e muitas vezes atuando de forma improvisada nes- tes contextos, mas o que devemos observar é que em situações assim, a atenção básica é a porta de entrada da população, onde o serviço pode atuar de forma estratégica contribuindo em todo o processo. A regulação dos benefícios eventuais tiveram muitos questionamentos e mui- ta rigidez para o enquadramento da população. A articulação entre benefícios e exercícios deve acontecer amplamente no SUAS de cada município. Deste modo, o SUAS é um sistema que precisa de atenção e adaptação frente às circunstâncias, cada vez mais expressivas que acontecem no território brasileiro e no mundo. Onde o trabalho com as famílias deve ser cada vez mais focado em reconhecer todas as particularidades sociais que a mesma vive, visando o melhor atendimen- to e reinserção em sociedade e no mercado de trabalho. O período pós pandemia será de reajuste em muitos serviços públicos, e com o SUAS não será diferente. O trabalho socioeducativo com as famílias deve estar dialogando com diferentes esferas e metodologias para que juntos possam intervir de forma adequada na vida dos usuários. UNICESUMAR UNIDADE 5 170 O PROGRAMA MUNICÍPIO AMIGO DA FAMÍLIA (PMAF) No ano de 2020, o governo federal instituiu o Programa Município da Família, o programa não pertence ao SUAS e é vinculado ao Ministério da Mulher, da Famí- lia e dos Direitos Humanos. O programa “visa incentivar os municípios brasileiros a realizarem ações destinadas à implementação integrada de políticas familiares, que promovam o fortalecimento dos vínculos familiares (BRASIL, 2021). A Portaria nº 107 de 18 de janeiro de 2022 aponta que são objetivos e ativi- dades do PMAF: “ Art. 3º São objetivos do PMAF:I. o incentivo a políticas públicas de fortalecimento dos vínculos fa-miliares; II. o fortalecimento das instâncias municipais de implementação de políticas públicas familiares e da coordenação entre os diferentes entes da federação; e III. a promoção da articulação governamental para a integração das políticas públicas familiares. Art. 4º O PMAF tem como principais atividades: I. elaboração de guia metodológico que oriente os municípios sobre as políticas públicas familiares e a criação de organismos governamen- tais que tenham como foco a família na estrutura administrativa municipal, assim como a implantação de ações em prol das famílias; II. oferta de iniciativas de formação de gestores públicos, sob diversos formatos, sobre políticas públicas familiares; e III. reconhecimento pelo Governo Federal de políticas públicas, pro- gramas, ações, serviços ou benefícios implementados pelos mu- nicípios, que promovam o fortalecimento dos vínculos familiares (BRASIL, 2022). O programa conta com a instituição de um Selo aos municípios que adota- rem o mesmo em suas práticas governamentais. Deste modo, o município adota políticas públicas que incentivem o vínculo familiar em busca de pro- mover direitos e proteção social. 171 Essa proposta visa contribuir no trabalho com as famílias, embora tenha moldes diferentes da abordagem de trabalho social do SUAS. Se tratando de um programa relativamente novo e recente, o ideal seria que o PMAF futuramente se vinculasse aos propósitos do SUAS que já desempenha esta função de fornecer atendimento integral às famílias. OS NOVE TIPOS DE COMPOSIÇÃO FAMILIAR OU DE FAMÍLIA NA CONTEMPORANEIDADE: 1) Família Nuclear: são as famílias formadas por pai, mãe e filhos biológicos, ou seja, é a família formada por apenas duas gerações; 2) Famílias Extensas: são as famílias formadas por pai, mãe, filhos, avós e netos ou ou- tros parentes, isto é, a família formada por três ou quatro gerações; 3) Famílias Adotivas Temporárias: são famílias (nuclear, extensa ou qualquer outra) que adquirem uma característica nova ao acolher um novo membro, mas temporariamente; 4) Famílias Adotivas: são as famílias formadas por pessoas que, por diversos motivos, acolhe novos membros, geralmente crianças, que podem ser multiculturais ou birraciais; 5) Famílias de Casais: são as famílias formadas apenas pelo casal sem filhos; 6) Famílias Monoparentais: são as famílias chefiadas só pelo pai ou só pela mãe; 7) Famílias de casais homossexuais com ou sem criança: são as famílias formadas por pessoas do mesmo sexo, vivendo maritalmente, possuindo ou não crianças; 8) Famílias reconstruídas após o divórcio: são famílias formadas por pessoas (apenas um ou o casal) que foram casadas, que podem ou não ter crianças do outro casamento; 9) Famílias de várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte com- promisso mútuo: são famílias formadas por pessoas que moram juntas e que, mesmo sem ter a consanguinidade, são ligadas fortemente por laços afetivos. Trabalho social com famílias na Política de Assistência Social: elementos para sua reconstrução em bases críticas. Fonte: TEIXEIRA (2010). EXPLORANDO IDEIAS UNICESUMAR UNIDADE 5 172 Podemos rever nesta unidade os objetivos do trabalho social com famílias dentro da Política Nacional de Assistência Social, tendo o Sistema Único de Assistên- cia Social como norte. O trabalho desenvolvido com as famílias e indivíduos dentro da perspectiva da política de assistência social deve ser uma construção coletiva que só se faz concreta graças à junção de diversos atores sociais, nesse caso: o Estado, os diversos cargos que compõem as equipes técnicas, os gestores e, o mais importante de todos, a própria população. Neste sentido, é de extrema importância atentar-se no cuidado ao atendimento às demandas, levando em consideração que o SUAS deve ser um sistema acolhedor que valoriza a família enquanto um sistema de indivíduos com laços afetivos, independente da sua relação sanguínea. A construção de um sistema de proteção social só faz sentido se partir da escuta das necessidades da população, visando à construção de uma sociedade que valorize as diversas faces e peculiaridades da população. NOVAS DESCOBERTAS Título: Parâmetros para atuação de assistentes sociais e psicólogos (as) na Política de Assistência Social. Autor: CFESS – Conselho Federal de Serviço Social e Conselho Federal de Psicologia (CFP). Editora: CFESS e CFP Sinopse: A publicação é uma reedição do “Parâmetros Para Atuação de As- sistentes Sociais e Psicólogos na Política de Assistência Social”, produzido em parceria com o Conselho Federal de Psicologia (CFP). Esta nova versão, que inaugura a série Trabalho e Projeto Profissional nas Políticas Sociais, visa con- solidar a política de assistência social como direito e assegurar as condições técnicas e éticas requeridas para o exercício do trabalho com qualidade. 173 1. Temos como um dos princípios da Lei Orgânica de Assistência Social, em seu art.4º: “igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais”. Diante disso e com o que aprendemos na unidade IV e V deste livro, descreva sobre a importância da atenção aos novos arranjos familiares no atendimento social com famílias no âmbito do SUAS. 2. Conforme vimos nesta unidade do livro, a interlocução entre diversos saberes e a composição dos diversos serviços dentro de determinada localidade formam o que chamamos rede de serviços. Desta forma, identifique a importância do trabalho em rede na perspectiva do SUAS. 3. De acordo com o que vimos nesta unidade e, também, usando como parâmetro a Política Nacional de Assistência Social, disserte, com suas palavras, qual a importância da Matricialidade sócio familiar na Assistência Social. 174 UNIDADE 1 BRASIL. Ministério da Cidadania. Assistência Social. 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As instâncias deliberativas do Suas, de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil, são: o Conselho Nacional de Assistência Social; os Conselhos Estaduais de Assistência Social; o Conselho de Assistência Social do Distrito Federal; os Conselhos Municipais de Assistência Social. Os Conselhos de Assistên- cia Social estão vinculados ao órgão gestor de assistência social, que deve prover a infraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo recursos materiais, humanos e financeiros, inclusive com despesas referentes a passagens e diárias de conselheiros representantes do governo ou da sociedade civil, quando estiverem no exercício de suas atribuições. 3. O Conselho Nacional de Assistência Social não está vinculado à gestão pública, mas ao Ministério da Cidadania. Trata-se de um órgão de deliberação colegiada, cujos membros são nomeados pela presidência da república. Sua composição é paritária, com 18 membros e respectivos suplentes, sendo 9 representantes governamentais e 9 representantes da sociedade civil, escolhidos em foro próprio sob fiscalização do Ministério Público federal. O conselho tem a atribuição de aprovar a Política Nacional de Assistência Social, assim como a de normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no campo da assistência social. UNIDADE 2 1. A gestão no âmbito da assistência social tem por objetivo contribuir na consolidação dos direitos sociais, trata-se da administração das demandas advindas da sociedade que expressam as necessidades da população. A formulação das políticas públicas, a implementação da política social, dos programas e dos projetos de cunho socioassis- tencial são considerados os canais, os meios, de resposta às demandas sociais. Essa articulação acontece na distribuição de atribuições das esferas de governo, como União, estados e municípios, situação em que cada esfera assume o seu papel na elaboração, coordenação, execução, monitoramento e avaliação dos planos e projetos 183 na área da Assistência Social. A cargo da União, cabe a formulação, apoio, articulação e coordenação das ações, enquanto que os estados estão incumbidos da gestão da assistência social em seu âmbito, com base na NOB/SUAS. Já para a gestão municipal, a habilitação ao SUAS pode acontecer por meio de um dos três níveis, gestão inicial, básica e plena, cada nível define a amplitude das ações de assistência que o município irá assumir e cada nível amplia o alcance da ação. 2. Letra B. O SUAS conta, na sua metodologia de gestão, com instâncias de pactuação, que recebem o nome de Comissão Intergestores Tripartite - CIT e Comissão Inter- gestora Bipartite - CIB. Tais comissões articulam nos três níveis de governo as suas demandas, negociando questões operacionais e intercambiando informações para efetivação da descentralização prevista no modelo de gestão do SUAS. As CITs articu- lam a organização e a gestão do sistema entre as três esferas, e as CIBs entre estados e municípios sempre considerando as deliberações dos Conselhos de Assistência Social na respectiva esfera. 3. A Rede SUAS nasceu da necessidade de ampliar a comunicação no âmbito das infor- mações do SUAS e o acesso a dados no que diz respeito à implementação da PNAS, atua como instrumento de gestão, organizando a produção, o armazenamento, o processamento e a disseminação dos dados. Assim, suas ferramentas oferecem su- porte à operação, financiamento e controle social do SUAS, contribuindo na questão legal da transparência das ações e aplicação dos recursos, pautado na gestão da informação, por ser um sistema composto por ferramentas de registro e divulgação das informações sobre os programas, serviços e benefícios socioassistenciais. UNIDADE 3 1. A Norma Operacional Básica determina diante do caráter público dos serviços socioas- sistenciais a responsabilização pela execução da gestão do trabalho no SUAS. Tais serviços são pautados em princípios éticos e devem ser considerados na elaboração, implantação e implementação dos padrões, rotinase protocolos. Assim, três prin- cípios seriam a defesa intransigente dos direitos socioassistenciais; o compromisso em ofertar serviços, programas, projetos e benefícios de qualidade que garantam a oportunidade de convívio para o fortalecimento de laços familiares e sociais; a promoção aos usuários do acesso à informação, garantindo conhecer o nome e a credencial de quem os atende. 184 2. A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único da Assistência Social caracteriza o conceito de Equipes de referência, no âmbito do SUAS, definindo-o como aquelas que são compostas por “servidores efetivos, que se responsabilizam pela organização e oferta de serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica e especial”. Para determinar a amplitude do atendimento e caracterizar como proteção social básica ou especial, o SUAS se baseia no diagnóstico do terri- tório, nas vulnerabilidades e riscos a que famílias/indivíduos possam estar sujeitos. E o porte das equipes para atendimento de tais demandas se delineia com base no número de famílias referenciadas em um dado território, pelo tipo de atendimento necessário e nas aquisições que devem ser garantidas aos usuários dos serviços. 3. No contexto de enfatizar a necessidade de fortalecimento da extensa rede de proteção social do Brasil, a formulação da política nacional do SUAS de educação permanente, incluindo a formação e desenvolvimento dos atores da assistência social como uma das questões, é crucial para a qualidade dos serviços prestados à sociedade. Desti- na-se a servidores do SUAS com ensino fundamental, médio e superior que atuam em redes assistenciais governamentais e não governamentais, bem como gestores e agentes de controle social no exercício de suas competências e responsabilidades. UNIDADE 4 1. A vulnerabilidade social é desencadeada por condições sociais, de classe, culturais, étnicas, políticas e econômicas, educacionais e de saúde e se distinguem por suas condições precárias de vida. Nesse aspecto, constatamos que os termos exclusão, vulnerabilidade, pobreza e risco social estão intrinsecamente relacionados e se consi- deram tanto os aspectos objetivos, como restrição de renda, e relativos às condições de vida dos indivíduos, quanto os aspectos subjetivos, como a desvalorização social, a perda da identidade, falência de vínculos comunitários, sociais e familiares, em que a tônica do problema se dá pelo empobrecimento das relações sociais, econômicas, culturais e das redes de solidariedade. 2. O SUAS é dividido em níveis de complexidade no que tange a proteção social, sendo eles: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial de Média e Alta Comple- xidade.Em cada uma delas, o trabalho é realizado a fim de fortalecer e/ou resgatar laços e vínculos sociais e de pertencimento entre os membros da família, objetivando enaltecer suas capacidades e ampliar o seu protagonismo social. A Proteção Social Básica tem por objetivo o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e destina-se a população que vive em situação de vulnerabilidade social, e é dividida em três modalidades de serviços, sendo eles: o serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e o Serviço de Proteção Social Básica no domicílio para pessoas com deficiência e idosas. Já a Proteção Social Especial é destinada a famílias e indivíduos que se en- 185 contram em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus tratos, violência, etc. Os serviços desenvolvidos neste caso são: o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), o Serviço Especializado em Abordagem Social, o Serviço de Proteção Social a adolescentes em cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à Comunidade (PSC), o Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias e o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua. E os serviços de alta complexidade são: Serviço de Acolhimento Institucional, Serviço de Acolhimento em Repúblicas, Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora, Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e Emergências. 3. Dentre as faixas etárias previstas no atendimento do SCFV estão as crianças até 6 anos, as crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, os adolescentes e jovens de 15 a 17 anos e as pessoas idosas. Para as crianças o foco é a realização de atividades que envolvam a criança, os familiares e a comunidade com o intuito de fortalecer seus vínculos, objetivando prevenir a ocorrência de situações que configurem exclusão social e risco, principalmente no que diz respeito à violência doméstica e ao trabalho infantil. Para a faixa etária de crianças e adolescentes entre as idades de 6 a 15 anos de idade, o foco do atendimento é a criação de espaço de convivência, formação para a participação e cidadania, objetivando o desenvolvimento do protagonismo e da au- tonomia da criança e do adolescente, a partir dos interesses manifestados, demandas e potencialidades específicas dessa faixa etária. Outra faixa etária desse serviço é para adolescentes de 15 a 17 anos que tem como intuito o fortalecimento da convivência familiar e comunitária e contribui para o retorno ou permanência dos adolescentes e jovens por meio do desenvolvimento de atividades que estimulem a convivência social. A participação cidadã é uma formação geral para o mundo do trabalho. A úl- tima faixa etária a ser abordada neste documento é a dos serviços para o Idoso, em que o foco das atividades está no desenvolvimento do processo de envelhecimento saudável, na autonomia e sociabilidade, no fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio comunitário e na prevenção de situações que configurem risco social. UNIDADE 5 1. Visando a igualdade de direitos na Assistência Social, é necessário que o profissional se atente aos chamados “novos arranjos e rearranjos familiares”, ou seja, famílias com- postas por componentes que extrapolam a idealização burguesa de família tradicional/ nuclear, em outras palavras: pai, mãe e filhos. Dessa forma, é de extrema importância que as equipes atuantes nos diferentes dispositivos do SUAS compreendam e façam análise crítica desses novos arranjos e famílias, tendo em vista, principalmente, a valorização das possibilidades presentes nesses diversos contextos e o respeito a suas diversidades, identidades culturais e universalidade. 186 2. De acordo com a PNAS, a rede constitui essencial papel no trabalho do SUAS, pois possui por objetivos efetivação, eficiência e eficácia tanto nas atuações específicas quanto nas atuações intersetoriais, por meio da definição e responsabilização de cada dispositivo, tanto governamentais quanto não governamentais. Isso quer dizer que os diferentes tipos de serviços dentro da rede, trabalhando em articulação, têm a possibilidade de dar foco em suas atribuições específicas e complementar os aten- dimentos com diversas equipes com enfoques diversificados e específicos. 3. A PNAS destaca a matricialidade sociofamiliar por reconhecer que a família é um dos cenários onde ocorrem e se refletem as fortes pressões dos processos de exclusão social e cultural, ainda, por considerá-la como um espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primárias, provedora de cuidados aos seus membros, mas que precisa também ser cuidada e protegida. Essa correta percepção é condizente com a tradução da família na condição de sujeito de direitos, conforme estabelece a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Orgânica de Assistência Social e o Estatuto do Idoso. _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.2et92p0 Gestão e Desenvolvimento do Suas: Eixos Estruturantes Gestão e Desenvolvimento do SUAS: Instrumentos de Gestão Gestão eDesenvolvimento do SUAS: Trabalhadores do Suas. Trabalho Social com Famílias e a Tipificação dos Serviços na Proteção Social Básica e Especial de Média e Alta Complexidade. O Trabalho em Rede com Famílias na Perspectiva do SUAS _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.2et92p0 _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 _heading=h.2et92p0 _heading=h.tyjcwt _heading=h.3dy6vkm _heading=h.1t3h5sf _heading=h.4d34og8 _heading=h.2s8eyo1 _heading=h.17dp8vu _heading=h.gjdgxs _heading=h.gjdgxs _heading=h.30j0zll _GoBack _heading=h.30j0zll _heading=h.1fob9te _heading=h.3znysh7 Button 14: Botão 24: Botão 25: Button 16: Página 9: Botão 23: Botão 21: Botão 22: