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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM CURSO DE ODONTOLOGIA AMANDA MARIA CÂNDIDO RIBEIRO REABILITAÇÃO ESTÉTICA E FUNCIONAL APÓS PERDA DE INCISIVOS PERMANENTES FORTALEZA 2019 AMANDA MARIA CÂNDIDO RIBEIRO REABILITAÇÃO ESTÉTICA E FUNCIONAL APÓS PERDA DE INCISIVOS PERMANENTES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Clínica Odontológica da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial à obtenção do título de Cirurgiã-dentista Orientadora: Profª. Dra. Juliana Oliveira Gondim FORTALEZA 2019 AMANDA MARIA CÂNDIDO RIBEIRO REABILITAÇÃO ESTÉTICA E FUNCIONAL APÓS DE PERDA DE INCISIVOS PERMANENTES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Clínica Odontológica da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial à obtenção do título de Cirurgiã-dentista. Aprovada em: ___/____/_____. BANCA EXAMINADORA Professora Dra. Juliana Oliveira Gondim (Orientadora) Universidade Federal do Ceará (UFC) Mestre Fabíola Nogueira Holanda Ferreira Universidade Federal do Ceará (UFC) Mestre Aline Levi Baratta Monteiro Universidade Federal do Ceará (UFC) AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus e nosso Senhor Jesus Cristo, pelo seu amor e a sua misericórdia, a Ele toda honra e toda glória. A minha família por tudo que fizeram e fazem por mim durante toda a minha vida, principalmente a minha mãe, a minha irmã Carol e ao meu sobrinho Guilherme por estarem ao meu lado e torcendo pelo meu sucesso e a minha tia Nicinha por ter me acolhido na sua casa quando ficou muito cansativo o percurso de ida e volta diário de Horizonte a Fortaleza. A minha orientadora, professora Dra Juliana Gondim pela sua disponibilidade, paciência e gentileza. A minha turma Odontologia UFC 2019.1. Aos meus colegas de turma mais próximos, pelo carinho e a amizade ao longo desses cinco anos. Aos meus colegas de projeto do extensão Dr. Conta pelos momentos especiais e únicos nas ações do projeto na ala infantil do Hospital Universitário, vou levar no meu coração, com certeza, os momentos de alegria nas ações. A professora orientadora professora Virgínia por incentivar os seus alunos e se empenhar para que as coisas deem certo. Agradeço por ter feito parte desse projeto. Aos funcionários da clínicas, da esterilização e ao técnico de prótese da faculdade que sempre foram prestativos comigo. A banca avaliadora pelas considerações importantes para melhoria do meu Trabalho de Conclusão de Curso. RESUMO O trauma dentário é uma causa frequente de perda de dentes anteriores em crianças e adolescente, principalmente no sexo masculino, com dano proporcional à intensidade e duração do trauma dentário ocorrido, e ao estágio de desenvolvimento radicular. Este trabalho tem como objetivo apresentar um relato de caso de um paciente de 9 anos de idade, mesofacial, padrão I, vítima de trauma buco-dentário, que ocasionou intrusão severa dos dentes 11 e 12 e avulsão dos dentes 31 e 41, cujo plano de tratamento inicial foi o reposicionamento dos dentes superiores e a instalação de mantenedor de espaço inferior. Porém, devido a severidade do trauma e a falta de assiduidade ao tratamento, foi necessária a exodontia dos dentes 11 e 12 e novo plano de tratamento com o autotransplante do dente 25 para a região do dente 11, seguido da sua reanatomização em incisivo central superior e mesialização com aparelho ortodôntico do dente 13 seguido da sua reanatomização em incisivo lateral superior e reanatomização do dente 14 em canino. Levando em consideração o aspecto estético, os dentes de canino a canino superiores foram reanatomizados a fim de proprorcionar melhor harmonia do sorriso. As restaurações foram realizadas com resina composta fazendo-se uso da guia de silicone. Pode observar que o autotransplante dentário associado ao tratamento ortodôntico e a reanatomização de dentes transpostos é uma alternativa viável no tratamento para perda de dentes anteriores em pacientes jovens. Palavras-chave: trauma; autotransplante; estética dental; reabilitação bucal ABSTRACT Dental trauma is a frequent cause of loss of anterior teeth in children and adolescents, especially in males, with damage proportional to the intensity and duration of dental trauma, and to the stage of root development. This study aims to present a case report of a 9-year-old female, mesofacial, pattern I, victim of oral-dental trauma, which caused severe intrusion of teeth 11 and 12 and avulsion of teeth 31 and 41, whose plane of initial treatment was the repositioning of the upper teeth and the installation of inferior space maintainer. However, due to the severity of the trauma and the lack of attendance to the treatment, it was necessary to have teeth 11 and 12 and a new treatment plan with the autotransplantation of the tooth 25 for the region of the tooth 11, followed by its reanatomization in the upper central incisor and mesialization with orthodontic appliance of the tooth 13 followed by its reanatomization in the upper lateral incisor and reanatomization of the tooth 14 in the canine. Taking into account the aesthetic aspect, the superior canine to canine teeth were reanatomized in order to promote better smile harmony. The restorations were made with composite resin using the silicone guide. It can be observed that the dental autotransplantation associated with orthodontic treatment and the reanatomization of transposed teeth is a viable alternative in the treatment for loss of anterior teeth in young patients. Keywords: trauma; autotransplantation; dental aesthetics; oral rehabilitation SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................... 07 2. RELATO DE CASO ........................................................... 09 3. DISCUSSÃO ...................................................................... 17 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................... 22 5. REFERÊNCIAS .................................................................. 23 7 1. INTRODUÇÃO O traumatismo dentário é caracterizado como qualquer lesão de natureza térmica, física ou química sofrida pelo dente e estruturas adjacentes cuja magnitude supera a resistência encontrada nos tecidos ósseos e dentários conforme o tipo, a intensidade e a duração do impacto. (MOTA et al.,2011; RODRIGUES et al., 2015; TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010). O trauma dental pode ser desde uma simples fratura em esmalte ou subluxação até a perda definitiva do elemento dentário (CONSOLARO et al., 2008; COSTA et. al., 2014; MOTA et al., 2011; RODRIGUES et al., 2015; SANABE et al., 2009). As lesões dentárias traumáticas são mais prevalentes no gênero masculino (ARECO,2017; MOTA et.al,2011; RODRIGUES, 2015; SANABE et al., 2009; TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010), em idade escolar, como consequência de quedas, quedas da própria altura, brigas ou lutas, acidentes esportivos, acidentes de bicicleta e automobilísticos, traumatismos com objetos e maus tratos. Os incisivos centrais superiores são os dentes mais acometidos. (ARECO,2017; BASTOS; CORTÊS, 2011; MARTINS, 2011; COSTA et. al., 2014; MOTA et al., 2011; SANABE et al.; 2009; TRAEBERT; MARCON; LACERDA, 2010). A luxação intrusiva é o deslocamento apical do dente para o interior do alvéolo, comprimindo o ligamento periodontal, gerando danos ao feixe vásculo-nervoso, podendo haver fratura alveolar. Clinicamente, o dente parece estar encurtado em suas dimensões ou, em casos mais graves, pode parecer ausente, há presença de sangramentogengival, som metálico, insensibilidade à percursão e ausência de mobilidade, por estar firmemente aderido ao osso. Radiograficamente, o dente aparece deslocado apicalmente e há ausência ou descontinuidade do ligamento periodontal (ARECO,2017; BONANATO, 2005; PERCINOTO et. al. 2009; SANTOS et. al., 2010; STEFANI, 2011; XAVIER; BARBIN, 2010). O tratamento em casos de luxação de intrusiva pode ser desde o tratamento expectante ou espera de reerupção espontânea, reposicionamento cirúrgico ou ortodôntico associados ao tratamento endodôntico com medicação intracanal a base de hidróxido de cálcio ou contenção com fio de nylon, resina ou fios ortodônticos, até mesmo a exodontia do elemento (ARECO,2017; PERCINOTO et. al. 2009; SANTOS et. al., 2010; XAVIER; BARBIN, 2010). Fatores como o grau de desenvolvimento 8 radicular, presença de fraturas ósseas, idade do paciente, se o dente é permanente ou decíduo, tempo decorrido entre o acidente e a procura por atendimento, ocorrência de fraturas dentárias, número de elementos dentários comprometidos determinam a escolha do tratamento para intrusão (ANDREASEN; BAKLAND; ANDREASEN, 2006; BONANATO, 2005; STEFANI, 2011). O prognóstico pulpar e periodontal de dentes intruídos é pouco favorável, pois dentes que sofrem luxação intrusiva, geralmente, podem apresentar como complicações pós-traumatismo e pós-tratamento a necrose pulpar, perda de inserção periodontal, reabsorção radicular inflamatória, reabsorção por substituição e distúrbios de desenvolvimento radicular. Assim, para minimizar a gravidade dessas complicações é preciso escolher um tratamento adequado para cada caso (ANDREASEN ;BAKLAND; ANDREASEN, 2006; ARECO, 2017; BONANATO, 2005; OZAKI; CORRÊA; CASTILLO, 2009; PERCINOTO et. al. 2009; STEFANI, 2011). Quando não é possível a manutenção do elemento no alvéolo após o trauma dentário, pode ser feita a reabilitação por meio de próteses fixas, próteses adesivas, aparelhos ortodônticos mantedores de espaço estético-funcionais, implantes, tratamento ortodôntico para o fechamento dos espaços ausentes e autotransplante dentário, seguidos de reanatomização de dentes transpostos. O transplante autógeno de dentes permanentes consiste em um procedimento cirúrgico de transferência de um dente natural incluso ou erupcionado de um local para outro num mesmo individuo, em um alvéolo de um dente recém extraído ou preparado cirurgicamente para isso (ACASIGUA, 2017; MIKAMI et. al., 2014; SANTOS et. al. 2013; SILVA et al., 2013). Após autotransplante, faz-se necessária uma resolução estética, pois as características dos elementos dentários, como forma, tamanho, e proporção altura/largura não são alteradas no autotransplante e na movimentação ortodôntica, fazendo-se necessária a reformulação dos dentes naturais, utilizando o contorno cosmético, pela reanatomização a partir do uso de resina composta ou laminados de porcelana Este artigo tem por objetivo apresentar um relato de caso de um paciente de 9 anos de idade vítima de trauma buco-dentário, cujo restabelecimento da função e estética do sorriso após a perda de incisivos permanentes foi realizado através de 9 autotransplante e fechamento de espaço com aparelho ortodôntico fixo seguido de reanatomizações dentárias. 2. RELATO DE CASO Paciente K.H., 9 anos de idade, sexo masculino, compareceu à clínica de Odontopediatria da Universidade Federal do Ceará, campus Fortaleza, acompanhado de sua mãe, cuja queixa principal era a história de traumatismo bucodentário, sofrido há trinta dias, no qual um muro caiu sobre a vítima causando a “entrada completa dos dentes da frente de cima e a saída dos dentes da frente de baixo”. Na anamnese foi relatado que o paciente gozava de boa saúde geral e que logo após o trauma, o paciente foi levado à um serviço de urgência (Instituto José Frota) no qual foi diagnosticado intrusão severa dos dentes 11 e 12 e avulsão do 31 e 41 sendo realizado o reposicionamento cirúrgico dos dentes intruídos seguido de contenção (amarrias) com fios de aço. No exame clínico inicial observou-se que os dentes 11 e 12 estavam em posição adequadas e que a contenção envolvia os dentes 13, 12, 11 e 21. Os dentes apresentavam coloração e mobilidade normais. Entretanto, observou-se grande inflamação gengival provavelmente ocasionada pelo tipo de contenção. Radiograficamente, observou-se que os dentes lesionados estavam bem posicionados, apresentavam rizogênese incompleta e a imagem era sugestiva de normalidade pulpar (Figura 1). O tratamento proposto e iniciado foi a abertura coronária com troca da medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio até que fosse observado a apicificação para os dentes 11 e 12. Em função da avulsão dos dentes 31 e 41 foi proposto a manutenção de espaço com mantenedores removíveis estéticos funcionais. 10 Entretanto, o paciente, por motivos particulares, não pôde comparecer às sessões subsequentes, retornando após três anos . Ao exame clínico foi observado que os dentes 11 e 12 estavam acessados endodonticamente, sem restauração provisória para proteção da cavidade e com mobilidade excessiva. Observou-se também a perda de espaço no arco inferior devido à mesialização dos dentes adjacentes. Radiograficamente, constatou-se a reabsorção radicular inflamatória em estágio avançado nos dentes 11 e 12 (Figura 2). No exame clínico extra oral, o paciente apresentava perfil levemente convexo, mesofacial, padrão I, ângulo nasolabial e linha queixo-pescoço aceitáveis (Figura 3A, 3B e 3C). No exame clínico intra-oral observou-se que o paciente estava em fase de dentição mista, no final do 2º período transicional com a presença de incisivos, caninos inferiores, 1º pré-molares inferiores, 2º pré-molar inferior direito, 1º pré-molar superior esquerdo, canino superior esquerdo, molares permanentes e molares decíduos. O paciente apresentava sobremordida e sobressaliência aceitáveis, relação canino esquerdo com tendência à Classe III de Angle devido a mesialização dos dentes Figura 1 – dentes bem posicionados, imagem sugestiva de normalidade pulpar Figura 2 – reabsorção radicular inflamatória da raiz em estágio avançado nos dentes 11 e 12 11 adjacentes e molares em Classe I. Os dentes 11 e 12 apresentavam-se em infraoclusão e vestibularizados (Figura 4A, 4B, 4C, 4D, 4E). Figura 4A, 4B, 4C – Dentes 11 e 12 apresentavam-se em infraoclusão e vestibularizados Figura 3A, 3B, 3C – Paciente apresentava perfil levemente convexo, mesofacial, padrão I, bom ângulo nasolabial e boa linha queixo-pescoço 12 Na radiografia panorâmica pôde-se observar que o paciente encontrava-se no final do segundo período transicional, a ausência dos dentes 31 e 41 e os dentes 11 e 12 em estágio avançado de reabsorção inflamatória (Figura 5). Na telerradiografia pôde-se observar que o paciente apresentava crescimento harmônico das bases maxilares com padrão I, mesofacial, perfil suavemente convexo, com incisivos superiores e inferiores vestibularizados e levemente protruídos (Figura 6). Levando em consideração a análise facial, a oclusão, a idade do paciente e a particularidade do estágio de rizogênese que o dente 25 se encontrava (estágio 8 de Nolla) foi proposto, e aceito pelos responsáveis e pelo próprio paciente, o autotransplante do dente 25 para a região do 11 com posterior reanatomização dos elementos dentários 25 e 13, transformando-os em incisivos central e lateral, respectivamente, e finalização ortodôntica com uso de aparelho fixo autoligado para correção da Figura 5 – Radiografia panorâmica Figura 6 - Telerradiografia 13 má oclusão. Foi realizada cirurgia minimamente traumática de remoção do dente 25, sendo este preservado no alvéolo enquanto procedia-se a preparação do sitio receptor. Em função da espessura do alvéolo,o dente 25 foi posicionado na região do dente 11 rotacionado 90° de sua posição habitual e em infraoclusão, seguido de confecção de contenção semirrígida com resina composta e sutura (Figura 7). A reanatomização inicial do pré-molar em incisivo central foi realizada três meses após o autotransplante, onde, também foi avaliado o sucesso do procedimento cirúrgico por meio de exame clínico-radiográfico, sendo observado um tecido gengival com padrão normal, com textura firme, boa adesão ao dente, formação de papila interdental, mobilidade fisiológica, canais radiculares em processo de obliteração e normalidade no desenvolvimento radicular (Figura 8, 9, 10). O dente 13 ainda estava em processo de erupção. Figura 7 – Radiografia após o autotransplante Figura 8 – Radiografia três meses após o autotransplante 14 Figura 9 – Aspecto clinico três meses após o autotransplante Figura 11 – Resultado da reanatomização inicial do pré-molar em incisivo central superior Figura 10 – Sequência clínica da reanatomização inicial do pré-molar em incisivo central superior 15 Um ano após o procedimento cirúrgico, foi realizado a colagem de bráquetes autoligados (Morelli, Brasil), prescrição Roth slot 0,22”, no arco superior e inferior, com levante de mordida na superfície oclusal dos dentes 16 e 26 com ionômero de vidro fotopolimerizável (Resilience, EUA). O tratamento foi realizado a fim de mesializar os dentes posteriores e fechar os espaços oriundos da sequela das perdas dentárias. Após tratamento ortodôntico finalizado, foi realizado novo planejamento para melhorar a harmonia do sorriso. Para isso, foi realizado enceramento diagnóstico levando em consideração os aspectos estéticos, sendo proposto realocação dos zênites de alguns dentes e reanatomização de canino a canino superiores. Numa sessão prévia, foi realizado o mock-up com resina bisacrílica para avaliar a satisfação do paciente com a futura reabilitação. Para reanatomização de cada dente, foi realizada profilaxia e seleção de cor da resina composta. Alguns dentes necessitaram de desgaste prévio do esmalte com broca diamantada. Procedeu-se a aplicação do ácido fosfórico 37% por 30 segundos, seguido da lavagem e secagem da superfície, inserção de fio retrator no sulco gengival e aplicação do sistema adesivo Ambar (FGM), seguindo as instruções do fabricante. Para restauração foi utilizada a técnica estratificada com resina composta com o auxílio da guia de silicona. Desta forma, aplicou-se a resina translúcida (Trans opal - Ivoclair/Vivadent, Alemanha) a fim de construir a superfície palatina. Em seguida, adaptou a resina para reprodução da camada dentinária (Dentina A2 - Ivoclair/Vivadent, Alemanha), e aplicação de resina translucida, para reproduzir a translucidez das margens proximais e incisais, sendo aplicados incrementos de resina para reproduzir a camada de esmalte (Esmalte A1 e A2 - Ivoclair/Vivadent, Alemanha) e definição de sua anatomia ideal. Cada incremento de resina composta foi fotopolimerizado por 40 segundos com um aparelho fotopolimerizador de luz halógena (Bluephase N), seguindo as instruções do fabricante. A oclusão foi ajustada em máxima intercuspidação, a fim de eliminar interferências e contatos prematuros. Em seguida, foi realizado acabamento e polimento das restaurações. Atualmente, o Figura 12 – Enceramento diagnóstico 16 paciente encontra-se em fase de ajustes finais e sob acompanhamento semestral (Figura 13). Figura 13 – Fase de ajustes finais sob acompanhamento semestral Figura 14 – Paciente apresenta linha de sorriso baixa 17 3. DISCUSSÃO A reabilitação após perda de dentes anteriores é um desafio interdisciplinar que precisa de um correto diagnóstico e um planejamento individual que possa devolver ao paciente a função e estética do sorriso, respeitando os limites de aceitação e cooperação da criança, limitação do próprio caso e assegurando o máximo de segurança e conforto durante a sua realização (CARDOSO et al., 2011; JUSTO,2015). O presente relato apresentou várias limitações dentre elas, o reposicionamento cirúrgico dos incisivos superiores intruídos com posterior exodontia devido ao estágio severo de reabsorção inflamatória devido à falta de continuidade ao tratamento por parte do paciente. Além disso, a limitação inerente em seguir as proporcionalidades estéticas dentárias após reabilitação com autotransplante autógeno do pré-molar e mesialização do remanescente para o espaço com aparelho ortodôntico. O transplante autógeno de dentes permanentes é uma opção viável, de baixo custo para substituição de um elemento dentário perdido ou comprometido, com alto índice de sucesso. (BARBIERI et al.2008; COSTA; MUÑOZ; NICOLAU, 2017; MIKAMI et. al.,2014) Esta técnica é uma forma biológica de substituir dentes perdidos que permite a formação de novo ligamento periodontal e manutenção das funções proprioceptivas, sendo principalmente recomendada para pacientes em fase de crescimento ósseo, devido a capacidade de adaptação funcional dos dentes autotransplantados, acompanhando o crescimento do paciente, além de preservar a crista óssea alveolar (SALES,2014; ONG; TSKOVICH; DANCE, 2016; KVINT et. al., 2010; SILVA, 2013 ). Fatores como estágio de desenvolvimento radicular, reabsorção radicular e condições pulpares são determinantes no sucesso do autotransplante. O índice de sucesso do autotransplante é maior em dente com rizogênese incompleta quando comparado a um dente com ápice radicular totalmente formado. A reparação periodontal sem reabsorção radicular foi associada ao estágio de desenvolvimento radicular, sendo maior em dentes com ¾ de desenvolvimento radicular, e menor em dentes com formação radicular completa. Dentes com ½ a ¾ de formação radicular têm um melhor prognóstico em relação a viabilidade pulpar, uma vez que possuem um diâmetro apical que possibilitará a revascularização. (ONG; TSKOVICH; DANCE, 2016; BARBIERI et al. 2008; MIKAMI et. al.,2014; KVINT et. al., 2010) Em casos de dentes com formação radicular maior que 3/4, o tratamento endodôntico poderá ser 18 necessário para prevenir a reabsorção inflamatória e perda precoce do dente autotransplantado (ACASIGUA, 2017; ONG; TSKOVICH; DANCE, 2016, TEXEIRA, 2006). Neste relato de caso, o dente autotransplantado apresentava rizogênese incompleta (estágio 8 de Nolla) e foi observado a continuidade da formação radicular como sucesso do procedimento executado. O transplante de pré-molar para região de região de incisivo central superior é o dente que tem as maiores taxas de sucesso,( KVINT et. al., 2010 ) seguido pelo transplante de terceiros molares para a região de primeiros molares( SALES, 2014 ). Após a realização do autotransplante é necessário o ajuste estético do dente transplantado, neste caso, o remodelamento do pré-molar em um incisivo central (SALES,2014 ). As opções de tratamento para o fechamento dos espaços de dentes ausentes devem ser selecionadas de acordo com a idade, padrão facial, relação sagital entre os arcos dentais, integridade das raízes, dimensão das coroas dos dentes envolvidos e a aceitação do paciente (JUSTO, 2015). O fechamento ortodôntico do espaço do incisivo lateral com a mesialização dos segmentos posteriores, reposicionando canino e pré-molares mesialmente permite a reanatomização dos caninos em incisivos laterais e primeiros pré-molares em caninos, possibilitando um resultado estético e funcional favorável, visto que o pré-molar pode ser considerado um substituto apropriado para o canino do ponto de vista funcional e o fechamento do espaço do incisivo lateral pela mesialização do canino não está relacionadoaos problemas de DTM (DI MARCHI, 2010). Em nosso trabalho, o fechamento do espaço do incisivo lateral pela mesialização do canino com aparelho ortodôntico fixo foi realizado com sucesso, assim como toda correção da má oclusão, sem maior comprometimento à oclusão do paciente. O diagnóstico e o planejamento do tratamento ortodôntico deve der baseado na morfologia facial, avaliação do sorriso e da oclusão, pois em pacientes com erros esqueléticos , geralmente, a má oclusão ocorre devido a essas discrepâncias (REIS et. al., 2006; REIS et. al. 2011). Pela avaliação morfológica da face em vistas frontal e lateral é feita a classificação do Padrão facial do paciente, levando em consideração as limitações das medidas faciais para expressar forma ou normalidade, os indivíduos podem ser classificados em Padrão I , II ou III, os tipos faciais em braquifacial, mesofacial e dolicofacial. O Padrão I é considerado como normalidade facial, quando 19 a má oclusão está presente é apenas dentária e não está associdada a discrepâncias esquelética, sagital ou vertical. Enquanto o padrão II apresenta degrau sagital positivo e o padrão III apresentam degrau sagital negativo entre a maxila e mandíbula. (REIS et.al., 2006; REIS et. al. 2011; SILVA FILHO et. al. 2008). Quanto a relação sagital entre os arcos dentários , pode ser caracterizada como Classe I, Classe II e Classe III. A relação de Classe I é definida quando a cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior oclui no sulco central do primeiro molar inferior ou quando o assentamento da ponta de cúspide do canino superior na ameia entre o canino e o primeiro molar decíduos inferiores, sendo considerada a situação de normalidade sagital entre os arcos. A relação Classe II quando a arcada inferior se encontra em relação distal com a arcada superior e a relação Classe III quando o primeiro molar inferior encontra-se em posição mesial na relação com o primeiro molar superior. (NOGUEIRA, 2014; SILVA FILHO et. al. 2008). A reanatomização dos dentes anteriores por meio de facetas diretas de resina composta é um método conservador, com maior preservação de tecido dental sadio que apresenta um bom resultado estético e longevidade clínica, além disso, têm um menor custo, se comparado a procedimentos indiretos, são passiveis de reparo e dispensam a fase laboratorial (JUSTO, 2015; RODRIGUE; ARGOLO; CAVALCANTI,2014; CARDOSO et al.,2006; BARCELOS et al., 2015; MARQUES, 2010). Apesar da estética ser um conceito subjetivo que varia de acordo com a época, região e cultura das pessoas, existem algumas normas que podem ajudar a tornar o sorriso esteticamente mais agradável, sendo a proporção áurea um método muito utilizado (CUNHA et al.2013; JUSTO,2015; FRANCISCHONE; MONDELLI, 2007; LOURO; GALAZI; MOSCON,2009) . A proporcionalidade entre os dentes é um aspecto significativo na aparência do sorriso. Ela depende da relação entre o comprimento e a largura dos dentes, da sua disposição no arco, da forma do arco e da configuração do sorriso (CUNHA et al.,2013). A proporção áurea é uma fórmula matemática para definir a harmonia nas proporções de qualquer figura, escultura, estrutura ou monumento. Ela é de 1,0 pra 1,618. (CUNHA et al., 2013; LOURO, GALAZI, MOSCON, 2009; RESIO, 2014; FRANCISCHONE; MONDELLI, 2007). Qualquer coisa, uma linha, uma grandeza, dividida por 1,618, resulta em duas partes desiguais cujo ponto de divisão (ponto 20 áureo) estabelece uma relação proporcional e harmônica entre elas (CUNHA et al., 2013). Ela ocorre quando a largura do incisivo central superior está em proporção áurea em relação à porção da largura do incisivo lateral, na visão frontal, e este em proporção com a largura vista do canino (CUNHA et al., 2013; LOURO, GALAZI, MOSCON, 2009). Para encontrar a proporção dourada deve-se multiplicar a largura do incisivo central por 0,618, ou aproximadamente 62%, ou seja, a proporção divina é que o incisivo central seja 62% maior que a visão frontal do lateral, que o incisivo lateral seja 62% maior que a visão frontal do canino (CUNHA et al., 2013; FRANCISCHONE; MONDELLI,2007; GIMENEZ, 2016; LOURO, GALAZI, MOSCON, 2009;. RÉSIO,2014; TARTARI,2017). Estas proporções tem como base os tamanhos aparentes dos dentes quando vistos frontalmente e não nos tamanhos reais dos dentes de modo individual. É utilizada para reconstruir o sorriso esteticamente comprometido entre incisivo central, lateral e canino, por meio da medida do incisivo central calcula-se a medida do lateral e do canino (CUNHA et al., 2013). Ao multiplicar a medida equivalente à metade da largura do sorriso por 0,618 ou 62%, obtém-se o valor aparente da metade do segmento anterior (incisivo central a canino), e este multiplicado por 0,618 indica a largura do corredor bucal em um sorriso idealmente estético. A curvatura do arco determina a inclusão ou não de pré-molares no segmento dentário anterior (GIMENEZ, 2016; LOURO, GALAZI, MOSCON, 2009). A partir da proporção áurea, foi criada a grade de Levin para avaliar a medida da amplitude do sorriso de proporção visível dos dentes, utilizada como guia no tratamento estético odontológico (CUNHA et al., 2013; FRANCISCHONE; MONDELLI, 2007; RESIO, 2014; TARTARE, 2017). No entanto, proporção áurea nem sempre é encontrada na composição dentária da população, por isso ela deve ser usada como um guia de diagnóstico e não como uma formula matemática inflexível para todos os casos. O plano de tratamento deve ser individualizado, adaptado em cada caso para harmonização do sorriso, pois apesar da não ocorrência da proporção áurea, os sorrisos podem ser considerados harmônicos (CUNHA et al., 2013; GIMENEZ, 2016; LOURO, GALAZI, MOSCON, 2009; MARSON; SILVA, 2009; TARTARE 2017). A proporcionalidade do próprio dente, ou seja, a relação entre altura e largura de cada coroa dentaria é outro método utilizado na análise da estética do sorriso. Segundo o método de MONDELLI, a relação ideal largura/comprimento da coroa é 21 de 70-80% (LOURO, GALAZI, MOSCON, 2009; TARTARI,2017). Os incisivos centrais superiores tem como proporção ideal, considerada mais estética, entre 75 e 85%. Incisivos centrais com proporção <75% são mais longos, padrão mais aceito pelas mulheres, enquanto dentes com proporção >85% são curtos ou quadrados, padrão mais aceito por homens (MACHADO,2014). No presente trabalho, foi tentado levar em consideração os quesitos estabelecidos pela proporção aúrea e proporcionalidade dos dentes para harmonização do sorriso. Entretanto, devido à limitação inerente do caso, a proporcionalidade em relação aos tamanhos dentários ficaram dificultadas visto que o pré-molar foi reimplantado à 90°, fazendo com que a cervical desse dente ficasse mais larga que do central homólogo. Aspecto semelhante também proporcionado pela mesialização do canino para o local do incisivo lateral, no qual a reanatomização também apresenta a mesma limitação. A reanatomização do pré-molar em canino já não apresenta essa limitação tão crítica. Uma vantagem apresentada pelo paciente foi a linha de sorriso um pouco baixa o que permite que durante o sorriso e fala a região cervical dos dentes não fique visível (Figura 14). Vale salientar, que apesar dessas limitações em relação à proporção entre os dentes e ao posicionamento dos zênites, esta conduta terapêutica é muito indicada, apresenta excelente prognóstico e devolve a autoestima do paciente. Assim, para obter a estética ideal em um sorriso é necessário: simetria de linha média, a proporção de forma, cor, textura e posicionamento entre os elementos dentários das hemiarcadas superiores. Deve ser observado uma dominância anterior na qual os incisivos centrais superiores devido a sua posição no arco devem aparecer 100% como os dentes mais largos e brancos e os mais vistos no aspecto frontal e progressão regressiva, ouseja, diminuição gradativa de 62% e na mesma proporção em direção aos posteriores, criada pela curvatura dentoalveolar do arco dentário (FRANCISCHONE; MONDELLI, 2007; GIMENEZ, 2016; LOURO, GALAZI, MOSCON, 2009; TARTARE, 2017). 22 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O transplante dentário de pré-molar para região de incisivo central superior associado ao tratamento ortodôntico e a reanatomização dos dentes transpostos e adjacentes com restaurações diretas de resina composta pode ser uma alternativa de tratamento viável na reabilitação de dentes anteriores perdidos, pois recuperam a estética e função e apresentam efeito positivo na autoestima do paciente. 23 REFERÊNCIAS ACASIGUA, Gerson Arisoly Xavier. Autotransplante dentário: uma revisão da literatura. 2017. 26 f. Trabalho de conclusão de curso (Especialização) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Odontologia, Especialização em Ortodontia, Porto Alegre, 2017. ANDREASEN, Jens Ove; BAKLAND, Leif K.; ANDREASEN, Frances Meriam. Traumatic intrusion of permanent teeth. Part 2. 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