Prévia do material em texto
07/02/2023 20:08 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DE PLAQUETAS E COAGULAÇÃO SANGUÍNEA Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Ainda que o desenvolvimento tecnológico tenha surgido pra facilitar nossas vidas, em um ambiente de laboratório, o emprego das técnicas manuais ainda é muito útil e importante. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:08 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 Na nossa situação-problema, temos um caso de leucocitose e trombocitopenia, alterações identi�cadas pela utilização de maquinário automatizado. A dúvida de seu colega é sobre a pertinência do emprego de técnicas manuais, uma vez que já existem equipamentos modernos que obtêm resultados em minutos. Na situação hipotética apresentada, o emprego da técnica manual de contagem e/ou avaliação morfológica das células têm como propósito con�rmar os resultados obtidos ou adicionar informações úteis que possam auxiliar na identi�cação de possíveis equívocos na leitura realizada de forma autônoma. Imagine que, ao analisar a lâmina de esfregaço (conforme proposto na situação-problema), fosse constatado que a contagem baixa de plaquetas e alta de leucócitos aconteceu devido à presença de plaquetas gigantes, as quais, no exame automatizado, foram contadas erroneamente como leucócitos, demonstrando uma leucocitose e trombocitopenia não existentes de fato. Isso evidencia que as técnicas manuais aplicadas em laboratório são importantes para con�rmar, ou não, o que os equipamentos identi�cam. AVANÇANDO NA PRÁTICA TROMBOCITOSE EXAGERADA Um paciente do sexo masculino, 72 anos, procura os serviços do laboratório onde você trabalha com solicitação médica para realização de hemograma completo. Em conversa com o paciente, ele relata que ultimamente tem sentido fraqueza, tonturas, cefaleia, prurido generalizado, além de confusão mental. O resultado do hemograma demonstra anemia e leucocitose discretas, e plaquetose com valor superior a 800.000 plaquetas por mm . Muito preocupado, ele questiona se você pode ajudá-lo a esclarecer o que pode estar acontecendo. Será que você consegue identi�car a causa das alterações identi�cadas no exame? 3 RESOLUÇÃO O aumento do número de plaquetas no sangue é denominado trombocitose ou plaquetose e pode ocorrer em situações como infecções virais, processos in�amatórios, de�ciências nutricionais ou em doenças mieloproliferativas, 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:08 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 como, por exemplo, a trombocitemia essencial, doença caracterizada pelo aumento expressivo de plaquetas no sangue devido à proliferação clonal de megacariócitos na medula óssea. É uma condição que aparece com mais frequência em idosos de ambos os sexos e tem sua sintomatologia ligada a fenômenos tromboembólicos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/16 NÃO PODE FALTAR PRÁTICAS NA AVALIAÇÃO DE PLAQUETAS E COAGULAÇÃO SANGUÍNEA Diego Fernandes Alarcon Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Caro aluno, En�m chegamos à última seção do livro de Hematologia. Aprendemos muitas coisas até aqui não é mesmo? Nesta seção, aprofundaremos um pouco mais nosso conhecimento sobre as plaquetas e o processo de coagulação. Como vimos nas seções anteriores, as plaquetas são fragmentos citoplasmáticos de células denominadas megacariócitos, que se encontram, em sua maioria, na medula Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/16 óssea. Sabemos que, em situações normais, quando sofremos pequenos ferimentos, nosso organismo age rápido e impede o sangramento contínuo, criando um tampão e�caz, estimulando a reparação do ferimento e recobrando, com o tempo, as características originais da área lesionada. São vários elementos que atuam nesse processo, e, sem dúvida, um dos mais importantes são as plaquetas. Elas cumprem o papel inicial de estancamento do sangramento, ativando-se, mudando de forma e desencadeando uma série de respostas para potencializar o processo de coagulação. Vamos aprender quais são as características destas estruturas quando observadas ao microscópio ótico. Sabendo que são estruturas importantes, o que acontece quando temos plaquetas a menos ou a mais? Quais os efeitos disso? Como fazemos para contar essas estruturas tão pequeninas? Vamos aprender sobre isso também! Atualmente, estamos rodeados de inovações e tecnologias criadas para nos auxiliar na rotina diária, como os eletrodomésticos modernos, aparelhos celulares que permitem a comunicação remota com pessoas, veículos modernos e muito mais. No ambiente de trabalho, existem com tecnologias impressionantes que nos deixam, literalmente, “de boca aberta”. Essas inovações têm como principal objetivo otimizar nosso trabalho, melhorando o custo-benefício. No laboratório de análises clínicas, não é diferente. Coisas novas sempre surgirão para nos surpreender. Por isso, precisamos sempre estar atentos às novidades. Você trabalha em um laboratório de análises clinicas e, atendendo a uma solicitação de hemograma completo, realiza os exames. Ao analisar os resultados, constatou leucocitose e trombocitopenia. Como o exame foi realizado totalmente de forma automatizada, você solicitou a um técnico a realização de um esfregaço sanguíneo para análise e con�rmação dos dados. O pro�ssional lhe questionou a razão para aplicar uma técnica manual ao invés de um novo teste nos aparelhos do laboratório. Se existe tanta tecnologia, por que ainda precisamos das técnicas manuais? Como você responderia a esta dúvida? O conhecimento faz toda diferença. Por isso, tenha foco no aprendizado. Sucesso e bons estudos! 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/16 CONCEITO-CHAVE As Plaquetas, também chamadas de trombócitos, são estruturas pequenas e em formato discoide, com diâmetro que varia entre 1,5 e 3 µm, espessura de aproximadamente 1,0 µm e volume em torno de 7,0 fL (fentolitros). No sangue periférico, em condições normais, temos de 140.000 a 400.000 plaquetas por mm . A formação das plaquetas acontece a partir da fragmentação citoplasmática do megacariócito, e é por isso que as plaquetas não são células, mas fragmentos de células especializados na prevenção contra hemorragias. A sobrevida no sangue circulante é de 9 a 10 dias. Figura 4.4 | Células precursoras, megacariócito e plaquetas Fonte: Melo et al. (2011, p. 13). Ao microscópio ótico, as plaquetas apresentam-se esféricas e com �nos grânulos azuró�los (α-grânulos) distribuídos no citoplasma. Em amostras de sangue com EDTA (ácido etilenodiaminotetracético), as plaquetas tendem a permanecerem separadas umas das outras, já em amostras coletadas na ausência de anticoagulantes, as plaquetasmostram uma tendencia de agregação. Figura 4.5 | Algumas plaquetas indicadas pelas setas pretas em lâmina de esfregaço sanguíneo 3 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/16 Fonte: Wikimedia Commons. As plaquetas têm como principal função a formação do tampão mecânico durante a resposta hemostática normal à lesão vascular. A ausência ou diminuição das plaquetas (trombocitopenia) impede a resposta automática, o que acarreta sangramentos e processos hemorrágicos severos. Já o aumento no número normal de plaquetas (trombocitose) está associado a tromboses e embolias, e pode ocorrer em processos in�amatórios, de�ciência de ferro e doenças mieloproliferativas crônicas, como a trombocitemia essencial (TE), doença caracterizada pela presença massiva de trombocitose (1.000.000/mm3 ou mais), acometendo sobretudo idosos de ambos os sexos. PESQUISE MAIS O número natural de plaquetas no sangue circulante pode ser alterado através de processos �siológicos, como no caso da menstruação, por exemplo. Leia a matéria Menstruação reduz plaquetas no sangue, publicada em 2003 na revista Pesquisa FAPESP, e conheça um pouco mais sobre o assunto (link disponível na bibliogra�a da seção). 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/16 SAIBA MAIS Púrpuras Plaquetárias Púrpuras são doenças plaquetárias caracterizadas por sangramentos mucocutâneos ocasionados por problemas nos vasos sanguíneos e por dé�cit plaquetário, funcional ou numérico. O sangramento é evidenciado pelo aparecimento de petéquias, equimoses, epistaxes (sangramento nasal), gengivorragias, sangramento no trato gastrintestinal e no sistema nervoso central, geralmente com história familiar negativa. CONTAGEM DE PLAQUETAS Antigamente, a contagem de plaquetas era realizada através da microscopia óptica ou de contraste de fases, e sua aplicação restringia-se às situações de óbvia necessidade clínica. Atualmente, a contagem de plaquetas e outras determinações são feitas em minutos, com o uso de instrumentos automatizados ou semiautomatizados, com modi�cações das técnicas manuais ou com tecnologia completamente nova. Graças ao desenvolvimento da tecnologia na área de análises clínicas, hoje existem equipamentos que, quando devidamente calibrados, obtêm resultados precisos e con�áveis. Isso otimiza o trabalho dos laboratórios de análises clínicas, pois permite a análise de inúmeras amostras em um curto intervalo de tempo sem prejuízo à qualidade do serviço prestado. Existem, hoje, diversos modelos de analisadores hematológicos, com variações entre a metodologia aplicada na contagem e análise dos componentes do sangue. Contudo, os principais métodos utilizados são a impedância eletrônica e a análise ótica, técnicas que podem estar associadas em alguns aparelhos. A contagem através da impedância eletrônica identi�ca as plaquetas pelo tamanho, fazendo uma análise dimensional das estruturas. Todos os componentes da amostra passam por um orifício aberto, alteram a corrente elétrica e emitem 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/16 um pulso elétrico proporcional ao volume da estrutura, permitindo, assim, a distinção dos tipos especí�cos de células analisados. A quantidade de pulsos emitidos é equivalente ao número de células contadas. A técnica de contagem a partir da análise ótica é realizada através da medição simultânea de dispersão de luz em dois ângulos diferentes. A dispersão de luz é ampli�cada 30 vezes para baixos ângulos e 12 vezes para altos ângulos. O tamanho da célula refere-se ao baixo ângulo e a densidade ao ângulo alto. Nesse tipo de equipamento, as plaquetas apresentam volume entre 0 e 30 fL (fentolitro). Através dos analisadores hematológicos, é possível, portanto, obter dados referentes ao número de plaquetas, o volume plaquetário médio (VPM), o cálculo de variação do tamanho das plaquetas (PDW) e o cálculo da massa plaquetária (plaquetócrito-PCT). Existe, ainda, a contagem através da �uorescência ótica. Neste tipo de medição, o conteúdo de RNA das células reticuladas, os grânulos e a membrana das plaquetas são marcados através do �uorocromo polimetina, produzindo �uorescência ao passar pelo laser. A vantagem, nesse caso, é a avaliação simultânea de reticulócitos, eritrócitos e plaquetas, distinguindo-as adequadamente. Somado a isso, a técnica permite incluir, na contagem plaquetária, as macroplaquetas e plaquetas gigantes. O uso desses equipamentos permite um aproveitamento melhor do tempo no ambiente laboratorial, associando agilidade com uma boa relação custo-benefício. Mesmo com o avanço da tecnologia na rotina laboratorial, as técnicas manuais de contagem permanecem úteis, sendo bem aplicadas como métodos de referência, bem como na investigação de amostras de sangue que apresentam resultados anômalos quando analisadas pelos métodos automatizados. Para contagem de plaquetas através dos métodos manuais, objetivando garantir resultados precisos e reprodutíveis, alguns cuidados devem ser adotados devido às propriedades intrínsecas das plaquetas (alta capacidade de adesão e agregação e 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/16 fácil desintegração). Todo material utilizado deve ser de plástico ou siliconado, exceto a câmara de Neubauer. Além disso, o anticoagulante mais bem aplicado é o EDTA (ácido etilenodiaminotetracético). Na contagem manual de plaquetas, podemos aplicar métodos diretos e indiretos. Conheceremos um pouco de cada um deles. REFLITA Atualmente, a rotina em um laboratório está diretamente relacionada ao uso de equipamentos eletrônicos que permitem a execução de diversas análises em um menor tempo, otimizando a atuação do pro�ssional. Mas será que as técnicas manuais de análises podem ser dispensadas? Qual a utilidade em mantê-las na rotina laboratorial? As técnicas manuais são importantes, pois adicionam informações úteis aos resultados obtidos de forma automatizada. Além disso, as técnicas manuais, como a contagem manual de plaquetas, permite a investigação de alterações morfológicas nas plaquetas que podem distorcer os resultados obtidos pelos equipamentos autônomos. Métodos diretos A amostra deve ser diluída apropriadamente, e a contagem das plaquetas é realizada utilizando-se a câmara de Neubauer ou aparelho eletrônico. Como recursos técnicos utilizáveis na contagem direta das plaquetas, temos a microscopia de contraste de fase, microscopia óptica comum e a contagem eletrônica. Para diluição da amostra, podemos utilizar os diluentes de Rees-Ecker, de Feissly, de Lutin modi�cado, entre outros. A técnica de Rees-Ecker consiste na diluição do sangue com o líquido diluidor de Rees-Ecker na proporção de 1/200 (20 µL de sangue + 4 mL do diluente). O conteúdo deve ser agitado por 15 minutos, preferencialmente utilizando agitador mecânico. Na sequência, preencher a câmara de contagem e observá-la ao 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/16 microscópio. A contagem das plaquetas é realizada utilizando o reticulocentral, que equivale a 1 mm². Na execução desta técnica as plaquetas são visualizadas coradas em azul e refringentes. Na técnica de Brecher, a diluição é feita também na proporção de 1/200, utilizando o líquido de Brecher. Após diluição, preencher a câmara de Neubauer e contar as plaquetas após 3 minutos. A contagem também deve ser feita utilizando o reticulo central da câmara de contagem. O cálculo do número de plaquetas é realizado multiplicando o total de plaquetas contadas por 2.000, obtendo-se, assim, o número de plaquetas por milímetro cúbico de sangue. Os métodos indiretos são aqueles nos quais a contagem das plaquetas acontece a partir de um esfregaço sanguíneo, e a contagem é calculada mediante proporcionalidade em relação aos eritrócitos por mm³ de sangue. Figura 4.6 | Câmara de Neubauer Fonte: Melo et al. (2011, p. 46). Métodos Indiretos Nos métodos indiretos, as plaquetas são contadas em uma extensão sanguínea (esfregaço) e, posteriormente, relacionadas ao número de eritrócitos por mm de sangue. 3 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/16 Para exempli�car um método indireto, vamos conhecer o método de Fônio. O sangue deve ser colhido com tubo EDTA. Depois, fazer a técnica de extensão sanguínea em lâmina e realizar coloração do modo habitual. Contar 1000 eritrócitos no aumento de 100x e contar as plaquetas visualizadas durante o processo. Para execução do cálculo, é preciso ter o valor estimado de eritrócitos por milímetro cúbico de sangue (contagem global). O cálculo deve ser feito da seguinte forma: número de plaquetas contadas X número total de eritrócitos (contagem global) dividido por 1000. Figura 4.7 | Fórmula Método de Fônio adaptado Fonte: Silva et al. (2015, p. 340). ASSIMILE Em uma lâmina de esfregaço sanguíneo, podem ser observadas plaquetas grandes, que possuem diâmetro acima de 4 μm. Elas são chamadas de macroplaquetas ou macrotrombócitos. Existem, ainda, as plaquetas gigantes, fragmentos de células excepcionalmente grandes, as vezes apresentando diâmetro próximo ou até maior aos de eritrócitos ou linfócitos. Mas não são apenas as plaquetas que podem nos apontar informações relevantes quanto a problemas associados a coagulação sanguínea. Como vimos na seção anterior, a capacidade de coagulação sanguínea de um indivíduo pode ser avaliada através do coagulograma, exame composto por testes que avaliam as plaquetas, os fatores de coagulação e a interação entre eles. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/16 Vamos conhecer um pouco mais sobre a interpretação clínica de dois deles, o tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) e o tempo de atividade de protombina (TAP). O TTPa avalia o tempo de formação do coágulo após a adição de tromboplastina, fosfolipídios e cálcio ao plasma. Ele tem a �nalidade de avaliar a integridade das vias intrínseca (pré-calicreína, cininogênio de alto peso molecular e fatores XII, XI, IX, VIII) e comum (fatores V, X, protrombina e �brinogênio), e os valores normais vão de 30 a 40 segundos. A avaliação do TTPa é importante na triagem do pré- operatório de pacientes do sexo masculino quando existe suspeita de hemo�lia. Em aproximadamente 98% dos casos de hemo�lia, o TTPa encontra-se prolongado, isto é, observado também em boa parte das demais coagulopatias, exceto nas de�ciências dos fatores VII e XIII. Em síndromes hemorrágicas sem diagnostico preciso, a avaliação do TTPa deve ser realizada junto com TAP. O TTPa também se mostra alterado quando está na presença de inibidores da coagulação e de anticoagulantes, assim como nas dis�brinogenias, na insu�ciência hepática e na CIVD. O TAP/INR tem como objetivo medir o tempo de formação do coágulo após a adição de tromboplastina tecidual e cálcio ao plasma. Sua �nalidade é avaliar a integridade da via extrínseca da coagulação, prolongando-se nas de�ciências seletivas ou conjuntas dos fatores II, V, VII, X e �brinogênio. O TAP é importante também na avaliação de coagulopatias secundárias durante o tratamento com dicumarínicos e na suspeita de carência de vitamina K, visto que os fatores II, VII e X são vitamina K dependentes. Em pacientes que usam medicação anticoagulante via oral, deve-se aguardar no mínimo uma semana após o início do uso da medicação para que o TAP atinja níveis adequados. Nos pacientes que tiveram suspensão da medicação anticoagulante, deve-se aguardar também uma semana para retorno dos níveis normais. A administração de vitamina K acelera a volta dos níveis normais. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/16 Devido à grande variação entre os reagentes utilizados na obtenção do TAP ao redor do mundo, houve a necessidade de uniformizar os valores e, desta forma, permitir o acompanhamento adequado dos pacientes que utilizam anticoagulante oral. Assim, a Relação Normatizada Internacional (INR ou RNI) foi criada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A INR é calculada através da média do valor normal de um TAP, de�nida mediante valores de TAP normais colhidos em laboratório padronizado e do índice internacional de sensibilidade (IIS), especí�co de cada reagente utilizado e devidamente informados pelos fabricantes. Valores normais de TAP são os que se enquadram entre 10 e 14 segundos, e valores normais de INR são os que se mantêm entre 2,0 e 3,0. Quanto maior o valor de INR, maior o risco de sangramentos. O TTPa e o TAP são úteis no diagnóstico diferencial das coagulopatias. Em situações em que ambos estão aumentados, o defeito da via de coagulação está associado aos fatores X, V e II; ou a alteração de ambos pode estar associada à presença de inibidores de coagulação, como a heparina ou a anti-trombina. Se apenas o TTPa está prolongado, a de�ciência está associada às etapas iniciais da via intrínseca, os fatores XII, XI, IX ou VIII; se apenas o TAP está prolongado, a de�ciência está relacionada aos fatores II ou VII, sendo rara a de�ciência dos fatores V e X. Quadro 4.1 | Alterações do TTPa e do TP no diagnóstico diferencial das coagulopatias TTPa Prolongado TAP Prolongado TTPa e TAP prolongados De�ciência dos fatores: De�ciência dos fatores: De�ciência dos fatores: XII (fator Hageman ou contato) II (Protrombina) X (fator Stuart-Power) 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/16 TTPa Prolongado TAP Prolongado TTPa e TAP prolongados XI (antecedente tromboplástico do plasma – PTA) VII (Proconvertina) V (Proacelerina) IX (fator Christmas, componente tromboplástico do plasma – PTC) V (Proacelerina) II (Protrombina) VIII (globulina anti- hemofílica A) X (fator Stuart-Power) Fonte: adaptado de Lorenzi (2006, p. 503). O prolongamento do TAP pode, portanto, ocorrer devido à: Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD). De�ciência associada aos fatores da via extrínseca, �brinogênio ou protrombina. Ação da varfarina. Já as condições que podem provocar um prolongamento do TTPa são: De�ciência de fatores da via intrínseca, protrombina ou �brinogênio. Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD). Doença de Von Willebrand. Uso de heparina. EXEMPLIFICANDO 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592…13/16 Quando avaliamos a capacidade de coagulação de um paciente, as plaquetas, o TTPa e o TAP podem nos trazer informações relevantes, principalmente quando examinamos as relações entre elas. Suponha que um paciente com sangramento apresente valores de TTPa e TAP prolongados e os trombócitos diminuídos (trombocitopenia). O exame de TTPa avalia a via intrínseca da coagulação; o TAP, a via extrínseca; e as plaquetas têm relação direta com a resposta inicial da via comum. A combinação dessas três alterações pode indicar como causa a Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD). Trata-se de uma síndrome na qual ocorre a ativação e consumo dos fatores de coagulação, causando trombose de pequenos e médios vasos, podendo gerar disfunção orgânica e sangramentos. Obviamente, os dados obtidos nas análises laboratoriais devem ser avaliados pelo médico e associados ao observado na anamnese do paciente. Baseados no que aprendemos até aqui, podemos dizer que TTPa e TPA são exames que se completam. A informação que os dois exames nos fornecem auxiliam a identi�car se os problemas da coagulação estão relacionados à via comum, intrínseca, extrínseca ou a ambas. Se apenas o TAP apresentar alterações, o problema encontra-se na via extrínseca; se a alteração for observada no TTPa, a via afetada é a intrínseca; se ambos apresentarem alterações, contudo, as duas vias podem estar afetadas ou há alguma condição associada à via comum de coagulação. Com essas informações, podemos direcionar as investigações complementares, permitindo, assim, o diagnóstico preciso e a adoção de medidas de tratamento adequadas. FAÇA VALER A PENA Questão 1 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/16 No mecanismo hemostático, as plaquetas atuam tanto na hemostasia primária (adesão, agregação e secreção) quanto na hemostasia secundária, fornecendo fosfolípides de membrana para uma maior ativação dos fatores de coagulação. Alterações de função ou do número de plaquetas causam desequilíbrio nas fases iniciais do sistema hemostático. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente a terminologia aplicada para a diminuição do número de plaquetas no sangue circulante. a. Trombocitose. b. Trombocitemia. c. Trombocitopenia. d. Megacariocitose. e. Cariocitopenia. Questão 2 Os testes de triagem fornecem avaliação dos sistemas “extrínseco” e “intrínseco” da coagulação do sangue e da conversão central de �brinogênio em �brina. O tempo de atividade de protrombina (TAP) avalia a via extrínseca da coagulação. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente os fatores de coagulação avaliados pelo TAP. a. Fatores II, VI, VIII, X e tromboplastina. b. Fatores II, V, VII, XIII e fator tissular. c. Fatores II, V, VIII, XII e �brinogênio. d. Fatores II, V, VII, X e �brinogênio. e. Fatores III, VI, VII, XII e fator tissular. Questão 3 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/16 REFERÊNCIAS BAIN, B. J. Células Sanguíneas: Um guia prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. Disponível em: https://bit.ly/2TihWvt. Acesso em: 3 jun. 2021. CHAUFFAILLE, M. L. (Org.). Diagnósticos em Hematologia. 2. ed. Barueri: Manole, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3w62JuW. Acesso em: 2 jun. 2021. FAILACE, R.; FERNANDES, F. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3qwVivq. Acesso em: 1 jun. 2021. GONÇALVES, T. C. Análise comparativa das metodologias de contagem manual e automatizada de plaquetas em plaquetopenias. 2019. 71 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Medicina, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2UHKRcE. Acesso em: 27 jun. 2021. As doenças hemorrágicas podem ter natureza hereditária ou adquirida. Quando adquiridas, é preciso relacionar as causas hematológicas ou secundárias a outras condições sistêmicas. Para o diagnóstico e o tratamento adequados dessas doenças, é fundamental a realização de anamnese detalhada e de testes laboratoriais de triagem. Em relação aos testes de triagem, está correto o que se a�rma em: a. O TTPa mede o tempo de dissolução do coágulo após a adição de plasmina, fosfolipídios e cálcio ao plasma. b. O TAP/INR mede o tempo de dissolução do coágulo após a adição de tromboplastina tecidual, vitamina K e ferro ao sangue do paciente. c. O TAP se destina à avaliação da integridade das vias intrínseca, que são representados pelos fatores V, X, protrombina e �brinogênio. d. A avaliação dos testes de triagem deve ser realizada de maneira isolada. Desta forma, é possível identi�car precisamente o fator de coagulação afetado. e. O TTPa avalia as vias intrínseca (pré-calicreína, cininogênio de alto peso molecular e fatores XII, XI, IX, VIII) e comum (fatores V, X, protrombina e �brinogênio). 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713310/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555760019/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712290/ https://teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17155/tde-11022020-170730/publico/ThaianaCirqueiraGoncalves.pdf 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/16 HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Artmed, 2017. Disponível em: https://bit.ly/361cgsA. Acesso em: 2 jun. 2021. LORENZI, T. F. Manual de Hematologia: Propedêutica e Clínica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Disponível em: https://bit.ly/360i8SS. Acesso em: 2 jun. 2021. MARTY, E.; MARTY, R. M. Hematologia Laboratorial. São Paulo: Érica, 2015. Disponível em: https://bit.ly/35ZG9th. Acesso em: 18 jun. 2021. MELO, C. P. A. et al. Manual Roca Técnicas de Laboratório: Sangue. São Paulo: Roca, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3h2dF8A. Acesso em: 3 jun. 2021. MENSTRUAÇÃO reduz plaquetas no sangue. Pesquisa FAPESP, São Paulo, n. 87, p. 30, 2003. Disponível em: https://bit.ly/3h6Q8mI. Acesso em: 27 jun. 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia Básica. 2. ed. Porto Alegre: Sagah, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3hjAwvi. Acesso em: 5 jun. 2021. SILVA, P. H. et al. Hematologia Laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: Artmed, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3AbkaNR. Acesso em: 14 mar. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714515/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1998-8/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520995/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736794/ https://revistapesquisa.fapesp.br/menstruacao-reduz-plaquetas-no-sangue/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029491/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712603/ 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO MECANISMOS E AVALIAÇÃO CLÍNICA DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Ao analisar os dados obtidos no hemograma, percebemos que os grandes achados laboratoriais do paciente dizem respeito à parte de coagulação, o coagulograma. Temos o aumento do tempo de protrombina ativada, tempo de tromboplastina Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir estematerial? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 parcial ativada e uma diminuição na dosagem de �brinogênio, que é o fator I da coagulação, proteína vital para formação de um coágulo seguro e estável. Uma hipótese viável para o quadro apresentado nesta situação-problema é Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD). A CIVD é uma síndrome adquirida em que ocorre ativação da coagulação de forma descontrolada no espaço intravascular, causando a formação e deposição de �brina, levando a trombose e risco de processos hemorrágicos. Na maioria dos casos, ocorre inibição da �brinólise, o que causa a deposição de �brina em diferentes órgãos. A alta demanda e consumo dos fatores de coagulação e das plaquetas causa diminuição desses itens no sangue, resultando em sangramentos em diversas partes do organismo. São causas possíveis de CIVD: sepse grave, câncer, leucemia (principalmente LMA), traumas, complicações obstétricas, hemólise intravascular, uso de drogas, embolia gordurosa, alterações vasculares, acidentes com animais peçonhentos, rejeição de órgãos transplantados, entre outras. O diagnóstico é estabelecido mediante análise do hemograma com identi�cação de trombocitopenia, diminuição dos fatores de coagulação (�brinogênio), aumento nos valores de TAP, TTPA. A ocorrência de hemorragias ou tromboses isoladas não necessariamente permitem a de�nição de um diagnóstico. AVANÇANDO NA PRÁTICA HEMOFILIA: DOENÇA GENÉTICA-HEREDITÁRIA Hemo�lia é uma doença grave que afeta a coagulação sanguínea devido à produção inadequada de fatores especí�cos, prejudicando o processo de hemostasia. A hemo�lia do tipo A é caracterizada pela de�ciência do Fator VIII da coagulação. Na Hemo�lia B, há ausência do fator IX. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 A hemo�lia A ocorre com maior frequência. Ela representa cerca de 80% dos hemofílicos. Já a hemo�lia B atinge 20% dos portadores (BRASIL, 2015, p.10). As manifestações mais comuns da doença são os sangramentos articulares (hemartroses e musculares) e os hematomas, causados por qualquer tipo de trauma. A gravidade do quadro clínico é dependente da quantidade de fator circulando no plasma. É uma doença que afeta em maior proporção os indivíduos do sexo masculino. A quantidade de cromossomos da espécie humana é 46, separados em 23 pares, tanto para homens como para mulheres. Entretanto, por que será que essa doença afeta mais os homens? Você é capaz de explicar o motivo? Além disso, como é o tratamento para o hemofílico? RESOLUÇÃO A hemo�lia é uma doença genética-hereditária que acontece por uma mutação genética presente no cromossomo X. É uma doença de caráter recessivo, e, portanto, só se manifesta quando o gene encontra-se em homozigose. O cromossomo X e o Y são os responsáveis por de�nir o sexo do indivíduo (XX para mulher e XY para homens). Uma vez que o gene mutante que causa a hemo�lia está presente no cromossomo X, caso o homem herde da mãe o X com a mutação, a hemo�lia se manifesta, pois o indivíduo do sexo masculino possui apenas um cromossomo X, ou seja, ou ele é ou não é hemofílico. Nos indivíduos do sexo feminino, para que a doença se manifeste, é necessário que os dois X que compõem os cromossomos sexuais do indivíduo tenham o gene da hemo�lia, o que é bem mais difícil de acontecer. O tratamento consiste na reposição dos fatores de coagulação afetados. A pessoa com hemo�lia deve redobrar os cuidados em relação a riscos de lesões. A prática de atividades físicas deve sim ser realizada, mediante orientação médica e evitando-se esportes de maior contato. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/17 NÃO PODE FALTAR MECANISMOS E AVALIAÇÃO CLÍNICA DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA Diego Fernandes Alarcon Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Caro aluno, Seguimos para mais uma seção em que aprenderemos um pouco mais sobre o processo de coagulação do sangue. Como já vimos, o processo de coagulação é muito importante para nós e envolve a interação de diversos componentes que estão presentes em nosso organismo. Entenderemos como isso tudo funciona. Além disso, sabemos que a coagulação só deve acontecer mediada por estímulos, Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/17 sob risco de prejudicar nossa �siologia caso ocorra sem motivo aparente. Para eliminar os coágulos formados e deixar o sangue �uir, existe a �brinólise, outro processo �siológico muito importante. Em relação às plaquetas, fragmentos de células denominadas megacariócitos, veremos o que são trombocitose e trombocitopenia, e em que situações podem surgir. Teremos espaço, ainda, para conhecer e aprender sobre os principais exames laboratoriais relacionados à coagulação sanguínea, tais como TTPA, TS, TC, TPA, dosagem de �brinogênio e muito mais. Será que esses parâmetros podem ajudar o pro�ssional a realizar diagnósticos e nortear tratamentos? Após um período trabalhando em um laboratório de análises clínicas de sua cidade, você consegue uma boa oportunidade de trabalho em um laboratório de um hospital de uma grande cidade, onde sua rotina de trabalho estará associada à dinâmica dos atendimentos de lá. Certo dia, chega até seu setor uma solicitação de realização de hemograma de um paciente do sexo masculino, 55 anos de idade, que procurou a emergência com quadro de hematomas generalizados. O paciente está internado, e a solicitação da equipe médica é que os resultados sejam apresentados com a maior brevidade possível para auxiliar a determinação do que pode estar afetando o paciente, e, assim, nortear os próximos passos em relação aos cuidados e tratamento. O hemograma acusou anemia normocítica e normocrômica; Plaquetas: 70.000/mm³, Tempo de Atividade de Protrombina (TAP): 25 segundos; Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA): 1 minuto e 33 segundos; e o Fibrinogênio: 58 mg/dL. Você e sua equipe têm como costume discutir alguns resultados atípicos que surgem na rotina de trabalho e aproveitam para aprender um pouco mais. Diversas possibilidades são sugeridas pelos seus colegas, mas você tem uma 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/17 suspeita do que pode estar acontecendo com o paciente e pretende se posicionar e justi�cá-las. Ajude seus colegas e se posicione quanto ao que você imagina estar acontecendo com esse paciente. Quanta coisa interessante não é mesmo? Então vamos logo seguir com nosso aprendizado. Bons estudos! CONCEITO-CHAVE Na última seção, nós aprendemos sobre a hemostasia e os agentes atuantes no processo. Aprofundaremos um pouco mais nosso conhecimento sobre a coagulação sanguínea e o modelo de cascata de coagulação. A coagulação sanguínea é representada pela conversão do �brinogênio, uma proteína solúvel presente no plasma, em �brina, um polímero insolúvel. A mudança acontece mediante a ação da enzima trombina. A atuação da �brina seresume em transformar o tampão plaquetário em um tampão hemostático, estável e resistente, o que só é possível quando ela forma uma rede de �bras elásticas, estabilizando o tampão plaquetário. A coagulação acontece mediante uma série de respostas químicas entre diversas proteínas que converterão pró-enzimas em enzimas. Esses componentes são chamados de fatores de coagulação. O modelo clássico da cascata de coagulação foi criado em 1964, e nele a ativação de cada fator acontece em sequência, até a formação da trombina. Os fatores são enumerados com algarismos romanos, de I a XIII, sendo que, após a ativação, os números são acompanhados de uma letra “a” minúscula (Exemplo: Fator X após ativação: Fator Xa). A numeração estabelecida para cada fator segue a ordem de sua descoberta e não a sequência de ativação. O Fator VI foi classi�cado como um novo fator, mas logo depois veri�cou-se que se tratava do fator V ativado e por isso não existe Fator VI na cascata de coagulação. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/17 O Fator III representa a tromboplastina, também chamada de Fator Tissular ou Fator Tecidual. O Fator IV designa o Cálcio Iônico, importante para a formação do coágulo. Tabela 4.2 | Fatores da Coagulação Número do fator Nome descritivo Forma ativa I Fibrinogênio Subunidade de �brina II Protrombina Serina-protease III Fator tecidual Receptor/cofator* V Protrombina Serina-protease VII Proconvertina** Serina-protease VIII Fator anti-hemofílico** Cofator IX Fator Christmas*** Serina-protease X Protrombina Serina-protease XI Antecedente de tromboplastina plasmática** Serina-protease XII Fator Hageman ***(contato) Serina-protease XIII Fator estabilizador da �brina Transglutaminase Pré-calicreína (fator Fletcher)*** Serina-protease 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/17 Número do fator Nome descritivo Forma ativa HMWK (fator Fitzgerald)*** Cofator* HMWK, quininogênio de alto peso molecular. *Ativo sem modi�cação proteolítica. **N. de T. Estes nomes descritivos estão em desuso; usam-se os números romanos, pronunciados como numerais (p. ex., fator VIII = "fator oito"). ***N. de T. Os sobrenomes são os de pacientes (ou famílias) em que as de�ciências respectivas foram descritas pela primeira vez. Fonte: Ho�brand e Moss (2018, p. 271). O modelo da cascata de coagulação é dividido didaticamente em duas vias: Intrínseca e Extrínseca. A via intrínseca refere-se à via onde todos os componentes já estão presentes no sangue; já a via extrínseca depende da presença da proteína das células do subendotélio vascular, o Fator Tecidual (TF). Tanto a via intrínseca como a extrínseca têm, como eventos comuns da coagulação, a ativação do fator X(Xa), a conversão de trombina a partir da protrombina através da atuação do fator Xa, formação de �brina através de estímulo da trombina e, por �m, a estabilização da �brina pela atuação do fator XIIIa. Pela via intrínseca, a coagulação é desencadeada a partir da ativação do fator XII, que acontece a partir do contato com superfície negativamente carregada (endotoxina ou colágeno, por exemplo). Atuam na via intrínseca ainda os fatores XI, a pré-calicreína (Fator Fletcher) e o quininogênio de alto peso molecular (HMWK ou Fator Fitzgerald). Os fatores XI e pré-calicreína precisam do HMWK para realizar a adsorção à superfície onde o fator XIIa está aderido. O fator XI é ativado a partir da interação desses fatores, e, na sequência, XIa ativa o fator IX. Os Fatores IXa e VIIa vão se associar à superfície de fosfolipídios através de íons cálcio, estimulando, assim, a ativação do fator X. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/17 Na via extrínseca, a coagulação acontece a partir da lesão dos tecidos com a liberação do TF, que forma um complexo com VII, com interação por íons de cálcio. Ocorre estímulo de ativação para o fator X. A partir desse momento, as vias intrínsecas e extrínsecas encontram um caminho comum, onde ocorre o surgimento da �brina através da ação da protrombina no �brinogênio. Este modelo de cascata de coagulação foi muito importante para o entendimento do processo in vitro e para as pesquisas sobre o assunto, mas diversas falhas foram observadas e os pesquisadores concluíram que a via intrínseca não possui papel �siológico verdadeiro na hemostasia. A ativação do complexo composto por TF e o fator VIIa (TF/VIIa) é o principal evento desencadeador do processo de hemostasia. Desta forma, um novo modelo de coagulação foi proposto, baseado nas células da hemostasia. O modelo possui três fases sobrepostas: Iniciação, Ampli�cação e Propagação. Iniciação O início do processo de coagulação acontece com a exposição das células que expressam o TF ao �uxo sanguíneo. O TF é exposto após lesão vascular ou mediante ativação endotelial por substâncias químicas, citocinas ou processos in�amatórios. O fator VII é ativado mediante contato com o TF, formando o complexo TF/VIIa. Este complexo ativa o fator X e IX. O fator Xa pode ativar o fator V. Caso o fator Xa seja dissociado da superfície celular, ele será inativado pela ação da antitrombina II, bem como pelo inibidor da via do fator tecidual (TFPI). O fator Xa e o fator V permanecem na superfície celular e convertem uma quantidade pequena de protrombina em trombina, que atuará na fase de ampli�cação. Ampli�cação O fator de von Willebrand (vWF), associado à glicoproteína Ia/IIa, é o responsável por intermediar a adesão das plaquetas ao colágeno subendotelial, formando ligações entre as �bras de colágeno e as plaquetas, ativando-as. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/17 A pequena quantidade de trombina produzida na fase de iniciação potencializa o processo de coagulação, causando a ativação de mais plaquetas, aumentando ainda mais a adesão plaquetária, bem como ativando os fatores V, VIII e IX. Após ativação, as plaquetas liberam fator V parcialmente ativado, que será completamente ativado pela trombina ou pelo fator Xa. O vWF é dissociado pela trombina, liberando fator VIIIa. As plaquetas ativadas têm agora os fatores Va, VIIIa e IXa em sua superfície. Propagação Nesta fase ocorre a formação de complexos tenases e protrombinases, que se agrupam na superfície das plaquetas ativadas. A formação do complexo tenase (fator VIIIa/IXa) acontece quando o fator IXa se move das células que expressam o TF, local de sua ativação, para se ligar aos seus receptores nas plaquetas ativadas. O complexo tenase ativa o fator X, que, juntamente com o fator Va, forma o complexo denominado protrombinase (Xa/Va). A produção de trombina é intensamente ampliada pela ação do complexo protrombinase, e, sendo a trombina a proteína incumbida de converter o �brinogênio solúvel em �brina, há uma potencialização dessa ação. A trombina é responsável também pela ativação do fator XIII, que forma o coágulo de �brina hemostático. O sistema de coagulação tem sua inibição e contenção realizada através da ação de anticoagulantes especí�cos, como o inibidor da via do fator tecidual (TFPI), proteína C, proteína S e antitrombina III. As fases de ampli�cação e propagação são controladas, principalmente, pela açãoda antitrombina III. Sob condições normais, os processos de coagulação e �brinólise encontram-se em equilíbrio dinâmico de tal maneira que acontecem simultaneamente. A coagulação interrompe a perda sanguínea, e a �brinólise retira a �brina produzida em excesso, permitindo o �uxo normal de sangue no interior do vaso recuperado. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/17 A proteína responsável pela quebra da rede de �brina é a Plasmina, derivada do plasminogênio. TROMBOCITOPENIA E TROMBOCITOSE As plaquetas não são células, são fragmentos celulares presentes no sangue circulante, estruturas vitais para o processo de coagulação sanguínea, pois interagem com o endotélio vascular quando estimuladas e se ativam e liberam componentes presentes em seus grânulos, aperfeiçoando, assim, o processo de coagulação. Valores plaquetários considerados normais em uma pessoa adulta, independente do gênero, variam entre 140.000 e 400.000/mm , e a sobrevida plaquetária normal é de 9 a 10 dias. No plaquetograma, o número total de plaquetas (mil/μL) pode ser realizado pelo modo manual ou automatizado, sendo o primeiro praticamente abandonado na rotina laboratorial. Quando efetuado em automação laboratorial, além da contagem de plaquetas, faz-se os parâmetros de volume plaquetário médio (VPM) e o PDW (platelets distribution width — distribuição das plaquetas por tamanho). Contudo, esses valores nem sempre são incluídos no exame de sangue – a avaliação morfológica das plaquetas também pode ser realizada, embora não sofram grandes alterações. Trombocitopenia (ou plaquetopenia) representa a contagem de plaquetas com valores abaixo dos limites de referência. Valores abaixo de 140.000/µL e até 70.000/µL, geralmente, representam trombocitopenia assintomática, uma vez que, nessas condições, as plaquetas mantêm a função hemostática. É um achado frequente e relevante no hemograma. Em situações em que a trombocitopenia não tenha causa óbvia ou previamente conhecida, o achado deve ser con�rmado com nova coleta e exame imediato, minimizando possíveis erros técnicos ou agregação in vitro. 3 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/17 Existem pacientes que possuem regularmente valores de plaquetas abaixo dos de referência. Nessas situações, a avaliação dos resultados anteriores é indispensável. Nas grandes hemorragias tratadas com transfusões, é comum a diminuição no número de plaquetas, visto que elas são perdidas e consumidas no sangramento. Além disso, não ocorre reposição, pois as plaquetas não estão viáveis no sangue estocado. É uma condição passageira, logo substituída por trombocitose pós- hemorrágica. Em viroses febris, a trombocitopenia pode ser observada, pois a viremia induz o sistema macrofágico a eliminar plaquetas. A esplenomegalia, independente da causa, proporciona a diminuição do número de plaquetas devido à retenção delas no baço. Normalmente, 20 a 30% das plaquetas periféricas �cam retidas no baço; na esplenomegalia, este valor pode ultrapassar os 80%. A cirrose, em geral, também causa esplenomegalia com consequente trombocitopenia. Trombocitopenia é observada na púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), síndrome urêmico-hemolítica, nas leucemias agudas, anemia aplástica, síndromes mielodisplásicas, in�ltração da medula por tumores e na necrose medular. Na quimioterapia e radioterapia antiblásticas, ela também é observada. Em doenças infecciosas graves, especialmente nos casos de septicemias, a trombocitopenia se dá em decorrência de coagulação intravascular disseminada. Na gravidez, a trombocitopenia pode se manifestar por distintas causas, podendo ser �siológica, como no terceiro trimestre da gestação, ou patológica, como na trombocitopenia gestacional, pré-eclâmpsia, síndrome HELLP, púrpura trombocitopênica, entre outras. A Púrpura Trombocitopênica Imunológica (PTI) é uma síndrome autoimune em que a trombocitopenia se deve à cobertura das plaquetas por anticorpos IgG, dirigidos contra glicoproteínas da membrana (GP IIb/IIIa e Ib/IX), destruição periférica e remoção pelo sistema macrofágico. Ela pode se manifestar na forma aguda ou crônica. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/17 EXEMPLIFICANDO No hemograma, a plaquetopenia é um achado relativamente frequente, mas nem sempre sua ocorrência está associada a alguma doença. Em situações em que a contagem de plaquetas esteja acima de 50.000 células/mm³ e não se tenha uma causa aparente para esta diminuição, deve-se repetir o teste para con�rmar a plaquetopenia e excluir possíveis erros laboratoriais ou agregação plaquetária in vitro. Existem pessoas que naturalmente possuem valores mais baixos de contagem plaquetária, não sendo necessário o aprofundamento na investigação. Em algumas infecções virais, ocorre a plaquetopenia transitória, sendo geralmente resolvidas de forma espontânea. De�ciências nutricionais e alcoolismo também podem causar plaquetopenia, devendo-se sempre questionar o paciente sobre o consumo de bebidas alcoólicas. Trombocitose é um fenômeno reacional. Não representa, portanto, uma doença hematológica. Nos primeiros anos de vida, a trombocitose é uma resposta a estados in�amatórios, mesmo nos mais comuns e corriqueiros. Na anemia ferropriva, comum na primeira infância, o aumento na quantidade de plaquetas também é comum. A carência de ferro pode causar trombocitose. Por isso, é importante a dosagem de ferro nas trombocitoses sem justi�cativa aparente. Nas doenças in�amatórias crônicas (principalmente intestinais), infecciosas ou reumáticas, a trombocitose geralmente é acompanhada de neutro�lia, eritrossedimentação acelerada e elevação da proteína C-reativa. Após quadro hemorrágico, o aumento no número de plaquetas ocorre poucas horas após a perda, e permanece de 2 a 3 dias, sendo notado mesmo após doação de sangue. Isso ocorre também no período pós-operatório. Entretanto, a 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/17 permanência da trombocitose dura de 2 a 3 semanas, dependendo da magnitude do evento. A trombocitose é também observada nos casos de esplenectomia, remoção do baço de pessoas normais. As neoplasias mieloproliferativas, principalmente a trombocitemia essencial, são causas de trombocitose primária, não reacional. Em dois tipos de síndrome mielodisplásica, pode haver trombocitose, às vezes considerável: deleção isolada de 5q (abreviadamente 5q–) e anemia refratária com sideroblastos em anel associada a trombocitose. EXAMES DE COAGULAÇÃO A interpretação dos exames tradicionais utilizados na avaliação da coagulação deve ser realizada em conjunto com os aspectos clínicos do paciente, permitindo a determinação da causa básica do sangramento anormal. Contudo, nem sempre o resultado está disponível com a urgência que o caso requer. Os principais testes básicos ou de triagem relacionados à coagulação são: tempo de atividade da protrombina (TAP), tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa), �brinogênio, tempo de coagulação (TC), tempo de sangramento (TS) e retração de coágulo. O Tempo de Atividade de Protrombina, TP ou TAP, é um teste que permite avaliar os fatores VII, X, V, II e o �brinogênio. Consistena adição de tromboplastina ao plasma descalci�cado pelo citrato. O TAP aumenta em casos de de�ciência desses fatores ou do �brinogênio. O TAP alterado é observado em pacientes que fazem uso de anticoagulantes, com doenças hepáticas e com de�ciência de vitamina K (fatores II, VII e X são Vitamina K dependentes). O valor de referência do TAP para uma pessoa saudável deve variar entre 10 e 14 segundos. Ele costuma ser expresso, também, como International Normalized Ratio (INR). ASSIMILE 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/17 O tempo de atividade de protrombina costuma ser expresso também como RNI (Relação Normalizada Internacional). A Organização Mundial de Saúde – OMS de�niu o uso do RNI como padrão mundial do resultado obtido no teste TAP devido ao fato de serem utilizados diferentes tipos de fator tissular no reagente de TAP. Essa padronização garante que os resultados do RNI sejam praticamente os mesmos se usados em distintos laboratórios pelo mundo todo. E o que é o RNI? Nada mais é do que o TAP corrigido a padrões mundiais. Para permitir o cálculo do RNI, os fabricantes dos fatores tissulares fornecem o ISI (Índice de Sensibilidade Internacional), que se estabelece geralmente entre 1,0 e 2,0. Quanto mais próximo de 1,0 o ISI, melhor a sensibilidade. O exame Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada ou TTPA avalia o tempo de formação do coágulo depois da adição de tromboplastina, fosfolipídios e cálcio ao plasma sanguineo. O TTPA permite a análise da integridade das vias intrínseca, relacionada a pré-calicreína, quininogênio de alto peso molecular e fatores VIII, IX, XI, XII; e, da via comum, fatores V, X, protrombina e �brinogênio (SANDES, 2020, p.211). O teste consiste na adição de três substâncias ao plasma citratado: fosfolipídio, um ativador de superfície (ex: caulim) e o cálcio. O tempo normal para coagulação é de 30 a 40 segundos. Alterações do TTPA estão relacionadas a pacientes com hemo�lias A e B, portadores de doenças hepáticas, pacientes que utilizam anticoagulantes e pessoas com de�ciência de vitamina K. A dosagem do �brinogênio, também chamada de dosagem do fator 1, é importante no diagnostico diferencial das coagulopatias. O �brinogênio produzido no fígado é uma das proteínas mais abundantes no sangue. Os valores normais variam entre 200 e 400 mg/dL. Valores superiores podem ser observados no uso de anticoagulantes, uso de contraceptivos orais, situações de stress, traumas, in�amações, infecções, neoplasias, períodos pós-operatórios e durante a gravidez. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/17 A observação de valores menores do que a referência está relacionada à a�brinogenemia/hipo�brinogenemia hereditária, �brinólises, desordens hepáticas, coagulação intravascular e na terapia �brinolítica. O teste de Tempo de Coagulação ou TC (Técnica de Lee e White) avalia quanto tempo demora para se formar um coágulo de uma amostra de sangue total à temperatura de 37°C, quando em contato com a superfície do vidro. Valores normais são os que �cam entre 5 e 14 minutos para formação de um coágulo �rme. Um TC prolongado geralmente está associado a severas hemo�lias A ou B, presença de anticoagulante circulante inespecí�co ou especí�co (inibidor de fator Vlll, inibidor lúpico) ou de�ciência de fator Xll. Cerca de um terço dos hemofílicos não apresentam anormalidades para este teste. A prova do Tempo de Sangramento avalia a atuação dos vasos sanguíneos e das plaquetas na hemostasia. É feita uma pequena incisão no lobo da orelha ou na polpa digital com uma lanceta. Utiliza-se um papel �ltro para realizar a absorção do sangue proveniente da incisão, com cuidado de não permitir o contato do papel com a pele. O tempo é medido do aparecimento do sangue até o �m do sangramento. São considerados normais os valores entre 1 e 3 minutos. A Prova de Retração do Coágulo avalia a qualidade das plaquetas e a atividade da enzima trombastenina. A Técnica consiste em colocar 5mL de sangue total em um tubo graduado, sem anticoagulante e deixar coagular em banho-maria a 37°C. Para realização do cálculo deve-se ter a determinação do hematócrito do paciente à parte. Após um período de 2h, retirar o coágulo e medir o volume de soro. Valores normais observados são os que se encontram entre 43 e 63%. Figura 4.3| Formula do cálculo de retração de coágulo Fonte: Melo (2011, p. 72). REFLITA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/17 Quando em condições normais, a coagulação e a �brinólise permanecem em equilíbrio dinâmico. Quando se intensi�ca o processo de coagulação, como o organismo reage para impedir que a produção de trombina escape do controle? Como principal inibidor endógeno do complexo FT/FVIIa, o Inibidor da Via do Fator Tissular (TFPI) tem, como ponto principal de produção, as células endoteliais. Há ainda outra via importante de anticoagulação, mediada pela ação da Proteína C (PC). A PC, uma vez ligada ao seu receptor especí�co presente no endotélio, se ativa (PCa) após ligação da trombina. A PCa inibe a coagulação quebrando e inativando os fatores Va e VIIIa. A ação da PCa é potencializada pela Proteína S. Como pudemos perceber, o processo de coagulação sanguínea é muito importante na proteção de nosso organismo, e para que ela aconteça de forma adequada, as plaquetas precisam interagir com os fatores de coagulação e seus cofatores, em ativações sucessivas, até que se tenha um coágulo estável e seguro, sendo removido após estabilização, permitindo a retomada do �uxo normal. Caso ocorra diminuição ou falta de um dos componentes da coagulação, a execução do processo será prejudicada, colocando o organismo em risco. FAÇA VALER A PENA Questão 1 Este teste mede o tempo de formação do coágulo após a adição de tromboplastina, fosfolipídios e cálcio ao plasma e se destina à avaliação da integridade das vias intrínseca (pré-calicreína, quininogênio de alto peso molecular e fatores XII, XI, IX, VIII) e comum (fatores V, X, protrombina e �brinogênio). Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o teste laboratorial de coagulação descrito no texto-base. a. TTPA. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/17 b. INR. c. Fibrinogênio. d. TS. e. Contagem de plaquetas. Questão 2 A hemo�lia A é a mais comum das de�ciências hereditárias de fatores de coagulação. A prevalência na população é de 30 a 100 por 1 milhão. A herança é ligada ao sexo, mas até um terço dos pacientes não tem história familiar, e a doença resulta de mutação recente. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o fator de coagulação afetado nos pacientes com Hemo�lia A. a. Fator VII. b. Fator IX. c. Fator XII. d. Fator VIII. e. Fator V. Questão 3 Como trombocitopenia é uma causa comum de sangramento anormal, os pacientes com suspeita de doença hemorrágica inicialmente devem fazer hemograma, incluindo contagem de plaquetas e exame microscópico da distensão sanguínea. Os testes de triagem fornecem avaliação dos sistemas “extrínseco” e “intrínseco” da coagulação do sangue e da conversão central de �brinogênio em �brina. Em relação aos testes de triagem de coagulação, assinale a alternativa correta.a. O tempo de atividade de protrombina, TP ou TAP é um teste que permite avaliar os fatores VIII, XII, V, VII, ou seja, a via intrínseca da coagulação. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/17 REFERÊNCIAS ANTUNES, S. R. et al. Hematologia clínica. Porto Alegre: Sagah, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3h3cFRy. Acesso em: 26 maio 2021. BAIN, B. J. Células Sanguíneas: Um guia prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. Disponível em: https://bit.ly/2TihWvt. Acesso em: 18 maio 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Manual de hemo�lia. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2015. Disponível em: https://bit.ly/2U5I8tj. Acesso em: 26 jun. 2021. CHAUFFAILLE, M. L. (Org.). Diagnósticos em Hematologia. 2. ed. Barueri: Manole, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3w62JuW. Acesso em: 26 maio 2021. COLOMBO, R. T.; ZANUSSO JÚNIOR, G. Hemo�lias: Fisiopatologia, Diagnóstico e Tratamento. Infarma, Brasília, v. 25, n. 3, p. 155-162, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3x85H38. Acesso em: 27 jun. 2021. FAILACE, R.; FERNANDES, F. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3qwVivq. Acesso em: 18 maio 2021. FERREIRA, L. T. Manual de Hematologia: Propedêutica e Clínica. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2006. Disponível em: https://bit.ly/360i8SS. Acesso em: 18 maio 2021. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Ho�brand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Disponível em: https://bit.ly/361cgsA. Acesso em: 10 maio 2021. b. A dosagem do �brinogênio, também chamada de dosagem do INR mede a quantidade de �brinogênio produzido pelos rins. c. O exame Tempo de Trombócitos Presentes Ativos - TTPA avalia o tempo de ação das plaquetas na formação de um coágulo. d. A prova do Tempo de Sangramento avalia a atuação dos fatores de coagulação após ativação devido à inserção de �brinogênio no local da lesão. e. O teste de Tempo de coagulação avalia o tempo necessário para que o sangue total, em contato com o vidro, forme um coágulo �rme à temperatura de 37°C. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786581492243/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713310/ https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_hemofilia_2ed.pdf https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555760019/ http://revistas.cff.org.br/?journal=infarma&page=article&op=view&path%5B%5D=494&path%5B%5D=460 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712290/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1998-8/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714515/ 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 17/17 MAURER, M. H. Fisiologia Humana Ilustrada. 2. ed. Barueri: Manole, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3h3DtkD. Acesso em: 18 maio 2021. MELO, C. P. A. et al. Manual Roca Técnicas de Laboratório: Sangue. São Paulo: Roca, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3h2dF8A. Acesso em: 28 maio 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia básica. 2. ed. Porto Alegre: Sagah, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3hjAwvi. Acesso em: 26 maio 2021. SANTOS, P. C. J. L. Hematologia: Métodos e Interpretação. São Paulo: Roca, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3y7zPfa. Acesso em: 26 maio 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520449509/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736794/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029491/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0144-5/ 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO COAGULAÇÃO SANGUÍNEA E FUNÇÃO DAS PLAQUETAS Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Para que ocorra adequadamente o processo de coagulação sanguínea, os fatores II, VII, IX e X são dependentes da vitamina K. No entanto, eles são escassos no plasma logo após o nascimento, e tendem a diminuir ainda mais nas crianças com aleitamento materno nos primeiros dias de vida. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 Somado a isso, a imaturidade das células hepáticas, a falta de bactérias intestinais atuando na síntese de vitamina K e a baixa quantidade do micronutriente no leite materno contribuem para o quadro de�citário que pode causar hemorragia. Esta condição é denominada Doença hemorrágica do recém-nascido (HDN) e pode se manifestar clinicamente de três formas: Forma precoce: Manifesta-se nas primeiras 24 horas de vida, e sua ocorrência é associada a �lhos de mães que durante a gestação receberam tratamento medicamentoso que modi�ca o metabolismo da vitamina K. Para essas crianças, o risco de sangramentos graves é maior. Forma clássica: é a de ocorrência mais comum e se manifesta entre os primeiros cinco dias de vida, em recém-nascidos saudáveis. Os sinais são equimoses, sangramentos nasais, umbilicais, gastrointestinais, e, de forma mais rara, no SNC. Forma tardia: pode ocorrer entre a 2ª e a 12ª semanas de vida, afetando crianças com amamentação exclusiva do seio materno e em crianças com doenças congênitas em que a absorção de vitamina K é afetada. Nos exames clínicos, a contagem de plaquetas e o �brinogênio mostram-se normais, com ausência de produtos de degradação da �brina. Uma vez que a de�ciência nestes casos é restrita aos fatores de coagulação dependentes de vitamina K, a administração de 1 mg de vitamina K por via intramuscular a cada seis horas é o tratamento adequado. AVANÇANDO NA PRÁTICA VACINAÇÃO E TROMBOCITOPENIA, QUAL A RELAÇÃO? Sua prima de dez anos de idade é levada pelos seus tios ao hospital devido a um quadro de manchas equimóticas e sangramento gengival, geralmente após a escovação. A criança relata também dor abdominal e falta de apetite. As vacinas 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 estão em dia e, recentemente, a criança recebeu a vacina de HPV. O médico solicitou exame de sangue e outros complementares, buscando identi�car as possíveis causas. Ao receber o resultado dos exames, sua tia te procura, já que você é um pro�ssional da saúde, para entender o que pode estar acontecendo. Ao analisar os resultados, você identi�ca apenas a trombocitopenia (25 mil plaquetas por mm ) com leve eosino�lia. Será que, com estes dados, você pode ajudar a identi�car o que pode estar acontecendo? 3 RESOLUÇÃO O provável diagnostico para o problema relatado é Púrpura trombocitopênica aguda. Sua ocorrência é mais comum em crianças, e, em cerca de 75% dos casos, sua ocorrência está associada a vacinação ou infecções virais alguns dias antes. Remissões espontâneas são comuns. Entretanto, em 5 a 10% dos casos, a doença torna-se crônica, com duração superior a seis meses. A morbidade e a mortalidade são muito baixas, sendo o maior risco a hemorragia cerebral, mas felizmente é rara. A recomendação médica muitas vezesenvolve apenas cuidados para evitar traumas, sendo o tratamento medicamentoso indicado apenas nos casos de sangramentos relevantes. Os pacientes com sangramento signi�cativo e baixas contagens são tratados com esteroides e/ou imunoglobulina intravenosa. É sempre importante ressaltar que o diagnóstico deve ser feito por um médico, este exercício tem apenas o intuito de promover o aprendizado e a re�exão. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/16 NÃO PODE FALTAR COAGULAÇÃO SANGUÍNEA E FUNÇÃO DAS PLAQUETAS Diego Fernandes Alarcon Imprimir CONVITE AO ESTUDO Caro aluno, Chegamos à última unidade de hematologia, e, neste momento, aprenderemos sobre outra característica importante de nosso sangue: a capacidade de coagular, transformar o que é líquido em um gel sólido. A coagulação sanguínea é parte de um processo re�nado denominado Hemostasia, processo pelo qual o organismo busca controlar o sangramento em um vaso lesado, evitando que se prolongue e, consequentemente, traga prejuízos. A ação natural da hemostasia depende da interação íntima entre a parede Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/16 vascular, as plaquetas circulantes e os fatores de coagulação do sangue. A resposta hemostática rápida e e�ciente na estancagem de um sangramento é essencial para a sobrevivência. Entretanto, essa resposta precisa ser rigorosamente controlada, objetivando evitar a formação de extensos coágulos por tempo maior do que o necessário. Para isso, contamos com a �brinólise, etapa da hemostasia em que ocorre a dissolução da �brina formada, evitando as complicações tromboembólicas. Nosso sistema hemostático é, portanto, um equilíbrio entre mecanismos pró- coagulantes e anticoagulantes, aliado a um processo de �brinólise. Os principais componentes envolvidos no sistema hemostático são as plaquetas, os fatores de coagulação, inibidores da coagulação, fatores �brinolíticos e vasos sanguíneos. Diversas condições podem afetar o funcionamento deste sistema complexo. Conheceremos, nesta unidade, alguns dos problemas que podem afetar tanto os fatores de coagulação quanto as plaquetas – e, se diagnosticados precocemente, aumentam a chance de controle e/ou remissão. Veremos que, para o diagnóstico e avaliação da hemostasia, existem diversos parâmetros que podem ser avaliados e diversos tipos de testes, manuais ou autônomos. Bastante coisa interessante, não é mesmo? Esperamos que você possa absorver todo este conteúdo que fará parte da sua carreira pro�ssional! PRATICAR PARA APRENDER Neste material, conheceremos sobre a hemostasia e seu importante papel em nosso organismo. A hemostasia representa uma série de fenômenos biológicos que acontecem como reação a uma lesão vascular com o intuito de deter o processo hemorrágico. Após a lesão do vaso sanguíneo, a hemostasia primária entra em ação, formando uma espécie de tampão, em decorrência da adesão das plaquetas no local lesionado. A hemostasia secundária compreende os fenômenos cuja �nalidade é compor um coágulo mais consistente, formado por uma malha de �brina com agregação plaquetária, ativando os fatores de coagulação. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/16 Assim que concluído o processo de coagulação, o vaso sanguíneo deve permitir o retorno do �uxo normal, entrando assim na última etapa do processo, a �brinólise, a dissolução da �brina formada. As plaquetas são estruturas fundamentais para que o processo todo aconteça, vejamos sua origem, como elas atuam e de que forma a produção delas é estimulada. Em mais um dia de trabalho no laboratório onde você atua como pro�ssional responsável pela equipe de analistas, surge um atendimento intrigante. Patrícia, uma mulher de 26 anos de idade, procura o laboratório para realizar exames de avaliação em seu �lho Ravi, um bebê nascido há apenas 10 dias. Segundo o relato da mãe, seu �lho nasceu através de parto normal, com peso e tamanho gestacionais dentro do esperado. Assim que nasceu, o bebê conseguiu se alimentar bem e, desde então, se alimenta apenas com leite materno. A partir do sétimo dia de vida, a criança apresentou sinais de sangramento nas evacuações, além de muito desconforto e redução no apetite, o que fez com que a mãe procurasse o médico. No hospital, foi administrada injeção de vitamina K e solicitado exame de sangue do bebê, buscando identi�car possíveis alterações �siológicas que pudessem explicar este quadro. O resultado dos exames não identi�cou alterações signi�cativas que pudessem justi�car a causa do problema. A mãe relatou que, após a administração de vitamina K na criança, as fezes estão normais e a criança está se alimentando bem. Os funcionários do laboratório estão em dúvida do que pode ter sido a causa dos problemas relatados pela mãe, e qual a relação com a remissão do problema após a administração de vitamina K para a criança. Será que você pode nos ajudar a entender melhor o que aconteceu? Muita coisa interessante para aprender, vamos logo começar! CONCEITO-CHAVE 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/16 Nosso organismo dispõe de um mecanismo complexo de fenômenos biológicos que tem a �nalidade de manter o sangue �uindo, sem permitir seu extravasamento ou sua obstrução. Este mecanismo é denominado Hemostasia, e compreende a resposta �siológica normal do nosso corpo, prevenindo sangramentos e interrompendo processos hemorrágicos. O mecanismo da hemostasia envolve três etapas: hemostasia primária, hemostasia secundária e �brinólise. HEMOSTASIA PRIMÁRIA Esta etapa da hemostasia acontece quando uma lesão nos vasos sanguíneos ocorre, como, por exemplo, na perfuração de uma agulha, acidente com perfurocortante, descamação do endotélio vascular, entre outras causas. A hemostasia primária provoca a contração do vaso sanguíneo, inicialmente através da ação da endotelina, com a �nalidade de selar o local lesionado. O processo é completado pelas plaquetas, que fecham os espaços abertos, compondo um tampão hemostático. Quando ocorre a lesão vascular, a parte denominada subendotélio, com colágeno subjacente, �ca exposta, ativando as plaquetas, dando início a uma série de fenômenos que têm como objetivo impedir a hemorragia. As plaquetas ativas se ligam diretamente ao colágeno exposto ou através do fator de Von Willebrand (vWF). Elas são ativadas através da ligação dos fatores agonistas aos receptores especí�cos. Após ativação, as plaquetas passam da forma discoide para a forma irregular, com a emissão de pseudópodes. Na hemostasia primária, várias glicoproteínas (GPs) atuam como receptores. No processo de adesão das plaquetas com o subendotélio vascular, a GPIb compõe o complexo GPIb/IX/V que se liga ao vWF. Esta ligação imobiliza o vWF no ponto da lesão vascular, formando um canal na membrana da plaqueta aderida, permitindo o �uxo de cálcio do meio extracelular para o meio intracelular, causando a ativação da GPIIb/IIIa que vai estabilizar a ligação e ativar as plaquetas, que mudam de forma, passando a apresentar projeções da membrana (pseudópodes). 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/202320:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/16 As plaquetas ativadas aumentam ainda mais a adesão entre elas e passam a liberar os grânulos alfa e corpos densos. Os grânulos alfa liberam �brinogênio e vWF e os corpos densos, serotonina, ADP e cálcio, que serão importantes na próxima etapa do processo de hemostasia. Figura 4.1 | Ultraestrutura da plaqueta Fonte: Ho�brand e Moss (2017, p. 269). HEMOSTASIA SECUNDÁRIA A hemostasia secundária compreende os fenômenos destinados à formação de um coágulo consistente, capaz de controlar grandes sangramentos provenientes de graves lesões, produzidos por traumas, cirurgias ou procedimentos odontológicos e se ativa a partir dos mecanismos da hemostasia primária. O sistema de coagulação, formado por proteínas e cofatores enzimáticos, realiza a hemostasia secundária mediante a produção de um trombo de �brina. Após a adesão e a agregação plaquetária, há exposição na superfície plaquetária de fosfolipídios carregados negativamente, liberação de fator V e liberação de micropartículas plaquetárias pró-coagulantes. Desse modo, ocorre a interação entre as plaquetas e os fatores de coagulação. Tabela 4.1 | Fatores de coagulação 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/16 Número do Fator Nome descritivo Forma Ativa I Fibrinogênio Subunidade de �brina II Protrombina Serina-protease III Fator Tecidual – TF Receptor/cofator V Fator lábil Cofator VII Proconvertina Serina-protease VIII Fator anti-hemolítico Cofator IX Fator Christmas Serina-protease X Fator Stuart Prower Serina-protease XI Antecedente de Tromboplastina plasmática Serina-protease XII Fator Haegeman Serina-protease XIII Fator estabilizador de �brina Transglutaminase Pré calicreína (fator Fletcher) Serina-protease HMWK (fator Fitzgerald) Cofator Fonte: adaptada de Ho�brand e Moss (2017, p. 271). 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/16 A geração de trombina in vivo acontece a partir de uma rede de alças de ampli�cação e retroalimentação negativas, que garantem a produção limitada e localizada. A geração de trombina depende de três complexos enzimáticos, constituídos de protease, cofator, fosfolipídeos e cálcio. O cálcio desempenha papel vital na atividade das plaquetas. Além disso, os íons de cálcio são necessários para a ativação de vários fatores de coagulação, especialmente os fatores vitamina K dependentes. EXEMPLIFICANDO Alguns fatores de coagulação são dependentes da vitamina K, responsável pela carboxilação de diversos resíduos terminais de ácido glutâmico. Os fatores de coagulação II, VII, IX e X são dependentes da vitamina K, assim como as proteínas C e S, que atuam como anticoagulantes. Desta forma, a de�ciência de vitamina K diminui os níveis destes fatores, causando coagulação defeituosa, potencializando quadros hemorrágicos, acarretando altos riscos a recém-nascidos. Após a lesão vascular, a geração de trombina acontece em duas ondas, de diferentes amplitudes. No início do processo, são geradas pequenas quantidades de trombina. Esta primeira onda dá origem a uma segunda produção expressivamente maior. O processo de coagulação tem início a partir da lesão vascular, através da interação do fator tecidual (TF) com o fator VII plasmático. O TF está presente nos �broblastos da camada adventícia dos vasos sanguíneos, nos músculos da parede vascular, em pequenas partículas na corrente sanguínea e em outras células não vasculares. O complexo fator VIIa-TF (Xase extrínseca) vai atuar na ativação dos fatores IX e X. O fator Xa, sem a presença de seu cofator, é capaz de transformar quantidades pequenas de protrombina em trombina (primeira onda). A quantidade de trombina gerada desta forma é insu�ciente para iniciar uma signi�cativa polimerização de �brina. É preciso ampli�car o processo. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/16 A aderência das plaquetas no colágeno subendotelial é controlada através da glicoproteína Ia/IIa e do vWF, que, com suas ligações, ativam as plaquetas. A quantidade pequena de trombina que é gerada na fase inicial ampli�ca o processo, estimulando a adesão de mais plaquetas, ativando os fatores V, VIII e XI. O fator V, parcialmente ativo, é liberado pelas plaquetas ativadas, e será completamente ativado através da ação da trombina e/ou do fator Xa. O vWF libera o fator VIII a partir da ação da trombina. Na fase de propagação, ocorre a produção de complexos tenases e protrombinases, que �cam dispostos na superfície das plaquetas ativas. A formação do complexo Tenase, fator VIIIa e fator IXa acontece quando o fator IXa se move, proveniente da célula que expressa FT para se ligar ao receptor das plaquetas ativadas. Após ativação do fator X pelo complexo VIIIa/IXa, este se junta ao fator Va e forma o complexo denominado Protrombinase. Este complexo intensi�ca muito a produção de trombina, que converte o �brinogênio em �brina. Além disso, a Trombina também ativa o fator XIII, que estabiliza a �brina, formando um coágulo estável. Após o processo de hemostasia estar completo, o vaso sanguíneo deve ser liberado para o retorno normal do �uxo sanguíneo. Neste momento, inicia-se a última etapa da hemostasia: a �brinólise. Nesta etapa acontece a dissolução da �brina formada, através da ação de enzimas produzidas nas células endoteliais. A plasmina é a principal enzima no cumprimento dessa dissolução. Ela circula em condições normais em sua forma inativa, o plasminogênio. Através da �brinólise, qualquer coágulo formado na circulação pode ser lisado, evitando complicações tromboembolíticas. Agora que já aprendemos um pouco mais sobre a hemostasia e os fatores da coagulação, vamos conhecer as plaquetas, fragmentos de células vitais para que a resposta hemostática aconteça de forma e�ciente. PLAQUETAS 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/16 A produção das plaquetas acontece na medula óssea, a partir da fragmentação do citoplasma de uma das maiores células do nosso corpo: os megacariócitos. Os megacariócitos são originados a partir de seus precursores, os megacarioblastos, que surgem por meio de um processo de diferenciação da célula tronco hematopoiética. O amadurecimento dos megacariócitos acontece por um processo de replicação endomitótica sincrônica, onde o DNA é replicado na célula sem que ocorra a divisão do núcleo ou do citoplasma, aumentando o volume e tamanho da célula. Os megacariócitos maduros são células enormes, apresentam um nucleo único lobulado e baixa relação nucleo-citoplasma. As plaquetas são formadas a partir da fragmentação das extremidades dos megacariócitos, sendo que cada célula origina de 1000 a 5000 plaquetas. A liberação das plaquetas acontece através do endotélio vascular, nos nichos da medula onde �cam os megacariócitos. O tempo entre a diferenciação da célula tronco até a produção das plaquetas acontece em torno de 10 dias. As plaquetas têm como principal função a formação de um tampão mecânico durante a ação da hemostática normal em resposta a uma lesão vascular. Semas plaquetas ocorre vazamento espontâneo de sangue através dos pequenos vasos. A função plaquetária pode dividir-se em reações de adesão, agregação, liberação e ampli�cação. A regulação da produção das plaquetas acontece através da ação do hormônio Trombopoetina (TPO), produzido, em sua maioria, pelo fígado, tendo seu nível plasmático controlado através da ligação aos receptores c-MPL das plaquetas e dos megacariócitos. O valor de referência para contagem de plaquetas no adulto é de 150.000 a 450.000/mm , e a sobrevida plaquetária normal é de 9 a 10 dias. ASSIMILE 3 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/16 A trombopoetina (TPO) é o principal regulador da produção de plaquetas. Este hormônio liga-se ao receptor MPL presente na superfície dos megacariócitos e nas plaquetas, e não é reciclado. Desta forma, os níveis plasmáticos de TPO são afetados pelas plaquetas e megacariócitos. Assim, caso a quantidade de plaquetas e megacariócitos for alta, os níveis deste hormônio estarão baixos, como no caso da anemia aplásica, e em baixa quantidade de plaquetas e megacariócitos, o nível hormonal de TPO será alto, como no caso da trombocitemia essencial. As plaquetas são pequenas e em forma discóide, com diâmetro de 1,5 a 3,0 µm, possuem em sua superfície glicoproteínas (GPs) importantes nas reações de adesão e agregação plaquetária, que leva a formação do tampão plaquetário durante a hemostasia. As GPs Ia, Ib e IIb/IIIa, são fundamentais para a ligação da plaqueta ao vWF, e, em seguida, ao subendotélio vascular. O sítio de ligação de IIb/IIIa também é o receptor de �brinogênio, importante na agregação plaqueta-plaqueta. Na membrana das plaquetas temos também os fosfolipídios, que têm sua importância na conversão do fator X da coagulação em Xa (X ativado) e na ativação do fator II (protrombina) em IIa. No interior das plaquetas existem três tipos de grânulos de armazenamento: alfa (α), densos (delta ou δ) e os lisossomos (lambda ou λ). Os grânulos alfa são os mais numerosos e contêm fatores de coagulação, vWF, fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF), β-tromboglobulina, �brinogênio e outras proteínas; os grânulos densos possuem adenosina trifosfato (ATP), adenosina difosfato (ADP), serotonina e cálcio; e os lisossomos contêm enzimas hidrolíticas. ENDOTÉLIO VASCULAR 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/16 O endotélio vascular exerce função muito importante na formação de um trombo ou coágulo. Na anatomia de um vaso sanguíneo são reconhecidas as seguintes camadas: Camada de células endoteliais ou revestimento interno. Camada basal. Subendotélio. Fibras conjuntivas colágenas. Fibras musculares. As células endoteliais de um vaso sanguíneo são representadas por uma única camada de células achatadas, justapostas ou do revestimento interno dos vasos que constituem uma camada única de células fusiformes, achatadas e justapostas. As células endoteliais possuem duas propriedades relativas à hemostasia, função pró-coagulante e função anticoagulante. Em primeiro lugar, a função anticoagulante das células endoteliais ocorre diretamente devido ao impedimento de contato entre as plaquetas e o subendotélio. Além disso, essas células produzem substâncias anticoagulantes como heparan sulfato, trombomodulina, prostaciclina, ativadores do plasminogênio e inibidores do fator tecidual. Como pró-coagulantes, essas células produzem principalmente o fator de von Willebrand (vWF) e inibidores da ativação do plasminogênio. Os fenômenos trombóticos aparecem sempre que o equilíbrio entre as funções pró coagulantes e anticoagulantes das células endoteliais é quebrado. A diminuição do �uxo sanguíneo e a exposição do subendotélio vascular começa a partir de uma lesão vascular também alterar a hemostasia normal. Quando o subendotélio é lesado, o colágeno é exposto e inicia a adesão plaquetária, ativando o fator XII. A exposição do subendotélio leva ainda a ativação do FT, principal iniciador do processo de coagulação. Figura 4.2 | Estrutura de uma parede arterial 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/16 Fonte: MÚSCULO , (2021, [s. p.]). MECANISMOS REGULADORES DA COAGULAÇÃO SANGUÍNEA O processo de coagulação sanguínea descontrolado ocasionaria uma oclusão perigosa de vasos sanguíneos (trombose). Assim, o organismo possui mecanismos de controle do processo, inibindo fatores de coagulação e desfazendo coágulos, permitindo a manutenção do �uxo constante. O efeito de ação da trombina deve se limitar ao local da lesão, e, atuando nessa lógica, há o TFPI (tissue factor pathway inhibitor), inibidor dos fatores Xa, VIIa e TF. A trombina e outras serinoproteases são inativadas diretamente por outros inibidores circulantes, dos quais o mais potente é a Antitrombina, e a heparina potencializa ainda mais sua ação. Os cofatores V e VIII são inibidos pelas proteínas C e S, e a ação delas depende de vitamina K. A proteína C ativada estimula também a �brinólise. A antitrombina atua como inibidor direto da trombina, além de exercer efeito inibitório sobre outros fatores como IXa, Xa e XIa. A AT também acelera a dissociação e impede a reassociação do complexo formado pelos fatores VIIa e FT. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/16 Tanto os fatores de coagulação como os anticoagulantes estão presentes normalmente no sangue. Porém, em condições �siológicas normais, existe um predomínio dos mecanismos de anticoagulação, o que mantém a �uidez do �uxo sanguíneo. REFLITA A interação entre a parede celular, as plaquetas no sangue circulante e os fatores de coagulação permite a resposta adequada do organismo na manutenção da hemostasia. A resposta do organismo deve ser estritamente controlada, evitando o desenvolvimento de extensos coágulos, que podem prejudicar a circulação, bem como realizar o desfazimento deles, uma vez que o equilíbrio tenha se recuperado. Nosso sistema hemostático é fruto de um equilíbrio entre mecanismos pró- coagulantes e anticoagulantes, aliado a um processo de �brinólise. São muitos fatores, estruturas e condições envolvidas. Assim, podemos compreender como é complexo este processo e quão afetado ele pode ser pela ausência de apenas um de seus componentes. Nesta seção, vimos que a hemostasia requer vasoconstrição, agregação plaquetária e coagulação do sangue. O vaso sanguíneo, quando lesionado, expõe o colágeno ao contato com as plaquetas, disparando o processo de agregação plaquetária, iniciando o processo de coagulação. Este mecanismo deve ser muito bem equilibrado, impedindo, assim, a formação de trombos. Quando ocorrem alterações no mecanismo hemostático, deve-se investigar distúrbios associados à integridade da parede vascular, número e função das plaquetas e fatores da coagulação sanguínea e do processo de retração do coágulo. FAÇA VALER A PENA Questão 1 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/16 A hemostasia tem por �nalidade estancar qualquer perda sangüínea para forados vasos (hemorragia). Sempre que houver lesão na parede de um vaso, este sofrerá, imediatamente, uma constrição, que pode ou não ser capaz de evitar a hemorragia. A seguir ocorrerá exposição dos elementos celulares e do colágeno do endotélio vascular. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente as três fases da hemostasia. a. Hemostasia primária, Hemostasia secundária e Fibrinólise. b. Hemostasia inicial, Hemostasia regular e Hemostasia tardia. c. Hemostasia primária, Hemostasia secundária e Hemostasia terciária. d. Hemostasia plaquetária, Coagulação e Fibrinólise. e. Hemostasia aguda, Hemostasia crônica e Hemostasia tardia. Questão 2 A lesão vascular representa o momento inicial da hemostasia primária. Primeiro, ocorre uma vasoconstrição do vaso lesionado, com o intuito de diminuir o �uxo de sangue. Concomitante a isso, as plaquetas são ativadas e se aderem ao endotélio vascular no local da lesão. A cascata de coagulação é ativada mediante interação de dois fatores, provenientes da parede vascular e do plasma sanguíneo, somado a moléculas de cálcio. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente a combinação dos fatores no início da via comum de coagulação do sangue. a. Fator Tecidual e Fator VIII. b. Fator Tecidual e Fator V. c. Fator Tecidual e Fator VII. d. Fibrina e Trombina. e. Fibrina e Fator VIII. Questão 3 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/16 REFERÊNCIAS BAIN, B. J. Células Sanguíneas: Um guia prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. Disponível em: https://bit.ly/2TihWvt. Acesso em: 18 maio 2021. FAILACE, R.; FERNANDES, F. Hemograma: manual de interpretação. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3qwVivq. Acesso em: 18 maio 2021. FERREIRA, L. T. Manual de Hematologia: Propedêutica e Clínica. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2006. Disponível em: https://bit.ly/360i8SS. Acesso em: 18 maio 2021. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Ho�brand. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Disponível em: https://bit.ly/361cgsA. Acesso em: 10 maio 2021. MARTY, E.; MARTY, R. M. Hematologia Laboratorial. São Paulo: Érica, 2015. Disponível em: https://bit.ly/35ZG9th. Acesso em: 18 maio 2021. As plaquetas são produzidas na medula óssea por fragmentação do citoplasma dos megacariócitos, uma das maiores células do organismo. Os megacariócitos maduros são enormes, com um único núcleo lobulado excêntrico e baixa relação núcleo-citoplasmática. As plaquetas formam-se pela fragmentação das extremidades das extensões do citoplasma do megacariócito, cada um originando até 5 mil plaquetas. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente qual o hormônio regulador da produção de plaquetas e onde este hormônio é produzido. a. Renina, produzida nos rins. b. Eritropoietina, produzida nos rins. c. Fator Tecidual, produzido no endotélio vascular. d. Fibrinogênio, produzido no fígado. e. Trombopoetina, produzida no fígado. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713310/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712290/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1998-8/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714515/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520995/ 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/16 MAURER, M. H. Fisiologia Humana Ilustrada. 2. ed. Barueri: Manole, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3h3DtkD. Acesso em: 18 maio 2021. MELO, R. C. N. Células & microscopia: princípios e práticas. 2. ed. Barueri: Manole, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3A7srSW. Acesso em: 15 maio 2021. MÚSCULO liso. In: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3drMyRZ. Acesso em: 25 jun. 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia básica. 2. ed. Porto Alegre: Sagah, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3hjAwvi. Acesso em: 15 maio 2021. SERGIPE. Secretaria de Saúde. Trabalho cientí�co destaca importância do tratamento para pacientes com hemo�lia e Von Willebrand. Aracaju, SE, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3y3FmTX. Acesso em: 26 jun. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520449509/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788578683023/ https://es.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo_liso https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029491/ https://www.saude.se.gov.br/trabalho-cientifico-destaca-importancia-do-tratamento-para-pacientes-com-hemofilia-e-von-willebrand/ 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO QUANTIFICAÇÃO ABSOLUTA E RELATIVA DOS LEUCÓCITOS Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Ao analisar os resultados obtidos nos exames laboratoriais, assim como o relato da paciente sobre os sintomas, temos a indicação de um quadro de leucemia mieloide crônica (LMC). Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 A LMC é uma neoplasia de caráter não hereditário e afeta células sanguíneas, assim como a medula óssea. É uma doença de progressão lenta e gradual, caracterizada como uma doença mieloproliferativa. Sua ocorrência é mais comum em adultos, sendo acima de 65 anos a faixa etária mais incidente. Em caso de suspeita de leucemia, o primeiro exame a ser solicitado é o hemograma, através do qual é possível avaliar como estão as células sanguíneas. Exames complementares podem ser solicitados, como a análise da medula óssea ou o exame de citogenética. No caso apresentado na situação-problema, a paciente apresentou dúvidas quanto ao tipo de doença e o porquê da necessidade de exames complementares para determinar o diagnóstico. O diagnóstico precoce e preciso da leucemia é fundamental, pois indicará ao médico o tratamento mais adequado a ser aplicado. A escolha do tratamento depende do tipo e do nível de progressão da doença, assim como da �siologia do paciente. O exame complementar citogenético solicitado serviu para diagnosticar adequadamente o tipo de leucemia, que, no presente caso, é a leucemia mieloide crônica (LMC). Na LMC, um dos principais marcadores é o cromossomo Philadelphia (Ph), representado pelo oncogene quimérico BCR-ABL, resultado da fusão do gene ABL do cromossomo 9 com o gene BCR do cromossomo 22. Cumpre salientar que em alguns casos (em torno de 5%) o paciente pode ser Ph negativo e estar cm LMC. AVANÇANDO NA PRÁTICA DESVIO À ESQUERDA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 20:06 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 Você trabalha em um laboratório que presta serviço para o hospital de sua cidade. É solicitado o exame de sangue de uma paciente, com idade de 67 anos, apresentando quadro de febre alta, di�culdade respiratória, cansaço e dor de cabeça. No raio-X, os pulmões estão parcialmente comprometidos. A série vermelha do hemograma não apresentou alterações, diferentemente do que aconteceu no leucograma, onde foi observada leucocitose com neutro�lia e desvio à esquerda. Um dos pro�ssionais do hospital�cou com dúvidas quanto à representatividade do desvio à esquerda relatado no exame. Você consegue ajudá-lo a entender do que se trata e qual é a importância dessa informação? RESOLUÇÃO A leucocitose com neutro�lia nem sempre é indicativa de algum tipo de doença causada por agentes patogênicos. A dosagem de neutró�los pode mudar devido a fatores como stress, exercícios físicos intensos, tabagismo, entre outros. A identi�cação de desvio à esquerda é uma informação mais contundente de possível infecção, geralmente bacteriana. O desvio à esquerda é caracterizado por aumento no sangue de neutró�los imaturos ou de suas células precursoras. Os neutró�los ainda em fase de desenvolvimento são chamados de bastonetes ou bastões. Em situações normais, a quantidade de bastonetes representa aproximadamente 5% do total de neutró�los. A principal função dessas células é o combate a infecções bacterianas, e a constatação de um desvio à esquerda indica que o organismo está produzindo mais neutró�los e os liberando antes do processo de maturação, o que sugere uma infecção aguda em curso. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/16 NÃO PODE FALTAR QUANTIFICAÇÃO ABSOLUTA E RELATIVA DOS LEUCÓCITOS Diego Fernandes Alarcon Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Olá, caro aluno. Seja bem-vindo novamente. Nesta seção nosso aprendizado está voltado para os leucócitos, importantes células que fazem a proteção de nosso organismo. A parte do hemograma que avalia os leucócitos é chamada de leucograma, e através dele podemos avaliar a quantidade total, absoluta e relativa dos diferentes tipos de leucócitos que existem em um organismo. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/16 São vários tipos de células com características e funções distintas, o que torna tão importante a realização de sua avaliação diferencial. Atualmente, as medições relativas aos leucócitos são realizadas através de metodologia automatizada ou semiautomatizada, com o uso de equipamentos cada dia mais modernos, por isso a importância de sempre se atualizar. É também possível a avaliação dessas células por metodologia manual, então vamos conhecer um pouco mais sobre isso. Estamos novamente acompanhando a rotina do laboratório de análises clínicas onde você é o pro�ssional responsável. Em uma manhã tranquila de trabalho, surge uma solicitação de coleta de sangue de uma mulher, idosa, com 77 anos de idade. Ela relatou ao médico que tem apresentado cansaço, episódios de febre e perda de peso. Contou ainda que sente que sua imunidade está baixa, pois tem �cado doente constantemente. Após coleta do sangue e análise no laboratório, o hemograma indicou anemia normocítica, normocrômica e leucocitose, com células mieloides em diferentes estágios de maturação. Depois de algumas semanas a paciente retornou ao laboratório com uma solicitação de exame citogenético. Após análise, o resultado foi positivo para o cromossomo Philadelphia. A paciente apresentou dúvidas em relação à solicitação do médico. Ela gostaria de entender melhor que doença ela tem e o porquê da solicitação desse tipo de análise incomum. Será que você é capaz de esclarecer essa dúvida? E ainda, será que você pode explicar a importância de um diagnóstico preciso para casos como esse? Então vamos sem demora para mais um momento de aprendizado. Bons estudos! CONCEITO-CHAVE Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, podem ser divididos em dois grandes grupos: os fagócitos, que atuam no processo de fagocitose, e os linfócitos, que mediam nossa resposta imune adquirida. No sistema imune inato, 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/16 os fagócitos representam as células que podem agir rapidamente após uma infecção, enquanto os linfócitos mediam a resposta imune adquirida, resposta esta que pode ocorrer através de uma memória imunológica, como acontece por exemplo na vacinação. Leucocitose e leucopenia signi�cam, respectivamente, contagens acima e abaixo dos limites de referência. Contudo, essa terminologia pode ser bem aplicada também às variações signi�cativas das contagens usuais de um determinado paciente, quando se conhece seu histórico, visto que os valores observados podem variar de indivíduo para indivíduo. Essas variações (leucocitose e leucopenia), quando analisadas de forma isolada, não têm interpretação relevante. Assim, é fundamental saber qual tipo ou quais tipos celulares são os responsáveis pelas alterações nos valores observados. Para isso é necessária a aplicação da contagem diferencial (fórmula leucocitária), obtida através do exame ao microscópio de 100 leucócitos observados em lâmina de esfregaço sanguíneo, com anotação do percentual dos diferentes tipos de células. Recomenda-se a ampliação da contagem para 200 células quando houver leucocitose ou número excessivo de um tipo celular comumente ausente ou de porcentagem baixa. Figura 3.4 | a) neutró�lo; b) eosinó�lo; c) basó�lo; d) monócito; e) linfócito Fonte: Ho�brand e Moss (2017 p. 88). 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/16 Como já foi dito, a contagem de leucócitos é muito variável em uma população, mas a proporção entre os tipos de leucócitos praticamente não apresenta variação. Neutró�los são as células predominantes, representando de metade a dois terços do total, seguidos de linfócitos, monócitos e eosinó�los (poucos) e basó�los, plasmócitos e mielócitos (muito raros). Neutro�lia é caracterizada pelo aumento do número de neutró�los circulantes para valores acima de 7,5 × 10³/mL. É uma alteração bastante comum em hemogramas e possui diversas causas, como infecções bacterianas, in�amação e necrose tecidual, doenças metabólicas, neoplasias, hemorragia ou hemólises agudas, gestação, prática de exercícios físicos intensos, uso de fármacos, tabagismo, entre outras. Em algumas ocasiões, a neutro�lia é acompanhada de febre, devido à ação de substâncias que induzem o aumento da temperatura, os pirogênios, que são liberados através dos leucócitos. Na neutro�lia reacional outros aspectos característicos podem incluir desvio à esquerda, com a presença de bastonetes ou células imaturas (como metamielócitos e mielócitos), presença de granulação tóxica e corpos de Döhle nos neutró�los. Leucocitose monocítica ou monocitose é representada pelo aumento da contagem de monócitos para valores acima de 0,8 × 10³/mL. A monocitose é observada em infecções bacterianas crônicas, tuberculose, brucelose, febre tifoide, endocardite bacteriana, arterite temporal, linfoma de Hodgkin, lúpus eritematoso sistêmico, infecções por protozoários, leucemia mielomonocítica crônica, leucemia mieloide aguda e outras neoplasias malignas. O aumento de eosinó�los no sangue é chamado de eosino�lia ou leucocitose eosinó�la e acontece quando os valores estão acima de 0,4 × 10³/mL. Possíveis causas são doenças alérgicas, doenças parasitárias, doenças de pele (como psoríase e dermatite herpetiforme), sensibilidade a fármacos, vasculite, reações a procedimentos de enxerto, linfoma de Hodgkin e alguns outros tumores, tumores metastáticos com necrosetumoral, síndromes pulmonares, síndrome de Loe�er, neoplasias mieloproliferativas, entre outras. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/16 A baso�lia é o aumento dos basó�los do sangue para valores acima de 0,1 × 10³/mL. Trata-se de um achado incomum, geralmente associado à neoplasia mieloproliferativa, como leucemia mieloide crônica ou policitemia vera. Baso�lia reacional, em algumas situações, é observada no mixedema, na varíola, na varicela e na colite ulcerativa. Linfocitose é o aumento do número de linfócitos no sangue, e seus valores de referência variam de acordo com a idade do indivíduo. No adulto, a linfocitose é caracterizada por valores superiores a 4 × 10³/mL, sendo comum em lactentes e em crianças jovens como resposta a infecções que produzem reação neutró�la nos adultos. A linfocitose é associada a quadros infecciosos agudos como mononucleose infecciosa, rubéola, coqueluche, cachumba, citomegalovirose, linfocitose infecciosa aguda, herpes simples ou zóster, hepatite infecciosa e HIV. Nos quadros crônicos, está associada a toxoplasmose, brucelose, tuberculose, sí�lis tireotoxicose, leucemias linfoides crônicas, leucemia linfoblástica aguda e linfoma não Hodgkin. A linfocitose pode ocorrer com a presença de linfócitos atípicos no sangue, o que deve ser relatado no hemograma. São células caracterizadas por citoplasma amplo que se projeta em torno das células vizinhas e núcleo jovem. ASSIMILE Reação leucoeritroblástica é caracterizada pela presença de precursores granulocíticos e eritroblastos no sangue. Sua origem se dá por in�ltração metastática da medula óssea ou devido a distúrbios sanguíneos benignos ou neoplásicos. Figura 3.5 | Linfócitos atípicos Fonte: Failace (2015 p. 268). 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/16 LINFOCITOSE Os achados hematoscópicos são importantes também no diagnóstico das leucemias, que compõem o grupo de doenças caracterizadas pelo acúmulo de leucócitos malignos na medula óssea e no sangue. Como vimos nas seções anteriores, as leucemias são classi�cadas em agudas e crônicas e podem atingir células de origem mieloide ou linfoide. Na leucemia mieloide aguda (LMA), os exames hematológicos demonstram, em sua grande maioria, anemia normocítica e normocrômica, além de trombocitopenia. É comum leucocitose, e a microscopia da distensão sanguínea (esfregaço sanguíneo) mostra blastos em número variável. Em avaliação da medula óssea é observada hipercelularidade devido à in�ltração de blastos leucêmicos, que podem ser caracterizados por sua morfologia através de análises imunológica, citogenética e molecular, itens fundamentais na con�rmação do diagnóstico. Figura 3.6 | Distensão sanguínea em paciente com LMA Fonte: Bain (2016 p. 434). Na leucemia mieloide crônica (LMC) a alteração acontece através de um distúrbio clonal de uma célula-tronco pluripotente. Ao contrário da LMA, a LMC tem progressão lenta e as células afetadas atingem sua maturidade com o tempo. Um dos principais achados laboratoriais é a leucocitose, podendo atingir níveis superiores a 200 × 10³/mL. No sangue periférico observa-se um espectro completo de células mieloides. Baso�lia é um achado comum, assim como anemia 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/16 normocítica e normocrômica e contagem de plaquetas aumentada. A medula óssea é hipercelular com predominância granulocitopoética. Em análise molecular, há a presença do gene de fusão BCR-ABL1 por análise RT-PCR e, em 98% dos casos, cromossomo Ph na análise citogenética. As medições de ácido úrico sérico podem se apresentar alteradas (aumento). REFLITA Vejamos como a análise genética é importante para o diagnóstico diferencial das leucemias. Cerca de 15% das leucemias são classi�cadas como leucemia mieloide (ou mielocítica) crônica e sua ocorrência pode atingir qualquer idade. Seu diagnóstico é facilitado pela presença típica do cromossomo Filadél�a (Ph, do inglês Philadelphia), resultado da translocação t(9;22) (q34;q11) entre os cromossomos 9 e 22, em que uma porção do oncogene ABL1 é transferida para o gene BCR que �ca no cromossomo 22 e uma fração do cromossomo 22 é transferida para o cromossomo 9. Nos outros tipos de leucemias a diferenciação também passa pelo estudo dos aspectos genéticos e moleculares. Figura 3.7 | Distensão sanguínea em LMC observa-se leucocitose com vários estágios da granulocitopoese Fonte: Ho�brand e Moss (2017 p. 159). A leucemia linfoide aguda (LLA) é caracterizada pelo acúmulo de linfoblastos na medula óssea e é a doença maligna mais comum na infância. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/16 Os achados laboratoriais no hemograma demonstram, na maioria dos casos, anemia normocítica normocrômica, além de trombocitopenia. Quanto ao leucograma, a contagem de leucócitos pode se apresentar diminuída, normal ou aumentada, neste último caso devido ao número de blastos, e pode atingir 200 × 10³/mL ou mais. Na observação microscópica da distensão sanguínea ocorre a presença de blastos em número variável. A medula óssea mostra-se hipercelular, com blastos leucêmicos representando cerca de 20% do total de células. A caracterização dos blastos pode ser realizada pela morfologia, por exames imunológicos e por análise citogenética. A identi�cação da genética molecular das células leucêmicas é importante para de�nição do estágio da doença e para melhor escolha do tratamento. A leucemia linfoide crônica é caracterizada por linfocitose crônica persistente. Os subtipos desse grupo de leucemia são distintos pela morfologia das células, pelo imunofenótipo e pela análise citogenética. A leucemia linfocítica crônica (LLC) é a forma mais comum das LLCs e tem um pico de incidência entre 60 e 80 anos de idade. Os achados laboratoriais envolvem linfocitose, podendo ultrapassar 300 × 10³/mL. Dos leucócitos observados no sangue, 70 a 99% têm aspecto de pequenos linfócitos. Através da imunofenotipagem dos linfócitos, é possível identi�car que se trata de células B (CD19+ de superfície) que apresentam níveis baixos de imunoglobulina de superfície e expressão de apenas uma cadeia leve. Através da citometria de �uxo é possível detectar duas proteínas de superfície CD38 e ZAP70, com importância prognóstica. Anemia normocítica e normocrômica é observada nas fases tardias, resultado de hiperesplenismo e in�ltração medular. A trombocitopenia pode ocorrer em alguns pacientes. Figura 3.8 | a) distensão sanguínea de LLA; b) LLC 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/16 Fonte: Ho�brand e Moss (2017 ) imagem A (página 190) imagem B (página 199) CONTAGEM DE LEUCÓCITOS Atualmente, as contagens de leucócitos são realizadas de forma rápida e com satisfatória precisão, através de equipamentos semiautomatizados ou automatizados, dispensando a obrigatoriedade de microscopia em boa parte dos casos. Conforme a tecnologia progride, novos equipamentos surgem, ainda mais precisos que seus antecessores. Isso garante agilidadee o atendimento de um número expressivamente maior de solicitações. No passado, essas contagens eram realizadas através de técnicas manuais, relativamente lentas e trabalhosas, empregando o uso de câmaras de contagens, pipetas, centrifugadores, microscópio, entre outros. Historicamente, foi em 1879 que Paul Ehrlich realizou, através do microscópio, a primeira observação de uma lâmina de sangue corada. Ele identi�cou quais eram os tipos de leucócitos e calculou a porcentagem de ocorrência de cada um deles. Apesar disso, apenas em 1912, através da publicação de Victor Schilling, a aplicação dessa técnica passou a ser recorrente. O procedimento padrão da aplicação da prática de contagem manual diferencial consiste na contagem de 100 leucócitos em distensão sanguínea (esfregaço sanguíneo) observados ao microscópio, diferenciando-os por neutró�lo bastonado e segmentado, linfócito, monócito, eosinó�lo, basó�lo e suas respectivas formas imaturas, quando existentes. Deve-se estender a contagem a 200 ou mais leucócitos quando for observada leucocitose ou número maior de um tipo celular que usualmente é ausente ou encontrado em porcentagem baixa, como é o caso das células 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/16 imaturas. A contagem deve ser realizada em movimento de zigue-zague, percorrendo uma boa extensão da lâmina, partindo da cauda em direção ao corpo do esfregaço. Figura 3.9 | Forma indicada de leitura da lâmina de esfregaço Fonte: Neves et al. (2011 p. 47). A distribuição dos diferentes tipos de leucócitos no esfregaço nem sempre é uniforme, devido aos variados tamanhos. Nas bordas e na cauda geralmente é observada a presença dos neutró�los eosinó�los e monócitos em maior quantidade, �cando os linfócitos mais concentrados na região central do esfregaço. Para a avaliação da quantidade geral de leucócitos em um indivíduo é realizada a contagem de leucócitos totais. Essa contagem pode ser realizada de duas maneiras: automatizada ou manual. A metodologia automatizada é a forma utilizada atualmente nos laboratórios de análises clínicas. É feita com o uso de contadores hematológicos, que podem ser de pequeno ou grande porte, sendo que constantemente surgem equipamentos mais modernos e efetivos. A contagem de leucócitos totais é realizada através da inserção na máquina de um tubo contendo a amostra de sangue do paciente (com EDTA). Deve-se adicionar também um reagente para a lise dos eritrócitos. Uma agulha aspira uma quantidade prede�nida da amostra que é distribuída em diversos canais dentro do equipamento, sendo este o local onde ocorre a análise. A impedância elétrica e a citometria de �uxo são as principais metodologias utilizadas para detecção e contagem dos leucócitos. A aplicação da contagem total automatizada praticamente extinguiu a técnica de contagem manual da rotina de um laboratório de análises clínicas. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/16 A forma manual é realizada a partir da diluição da amostra de sangue com líquido de Turk, que é composto por ácido ácetico e corante, causando a lise dos eritrócitos e coloração dos leucócitos. A diluição é geralmente feita na proporção de 1/20, tendo como volume �nal 400 μL. A diluição é transferida para um hemocitômetro (geralmente a câmara de Neubauer), onde é realizada a contagem, utilizando-se das objetivas de 10 ou 40x. Na câmara de Neubauer são contados todos os leucócitos visualizados nos quatro quadrantes laterais. O resultado é obtido através da fórmula leucócitos/μL = (leucócitos contados x fator da diluição x 10) ÷ 4. Da contagem relativa (percentual), conhecendo-se a contagem de leucócitos totais, pode ser calculado o valor absoluto da seguinte forma: o número absoluto de determinado leucócito é igual ao seu número relativo multiplicado pelo número total de leucócitos dividido por 100. EXEMPLIFICANDO Exemplo de contagem relativa e absoluta de leucócitos — leucócitos totais: 9.000/μL Tabela 3.2 | Contagem de leucócitos Leucócitos Contagem relativa Fórmula Contagem absoluta Neutró�lo bastonado 3% 3 × 9.000/100 270/μL Neutró�lo segmentado 56% 56 × 9.000/100 5.040/μL Linfócito 34% 34 × 9.000/100 3.060/μL 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/16 Leucócitos Contagem relativa Fórmula Contagem absoluta Monócito 4% 4 × 9.000/100 360/μL Eosinó�lo 2% 2 × 9.000/100 180/μL Basó�lo 1% 1 × 9.000/100 90/μL Fonte: adaptada de Dalpicolli (2019 p. 246). Como vimos, muitas informações relevantes podem ser obtidas através da análise dos aspectos atinentes aos leucócitos, nossas células de defesa. Hoje muito se sabe sobre os diferentes tipos de leucócitos, suas funções e o signi�cado de suas alterações em uma análise clínica. Mas apenas a análise clínica não é garantia de diagnóstico, devendo os dados obtidos serem analisados em conjunto com o aspecto clínico do paciente. Com o avanço da tecnologia, novos equipamentos surgem para agilizar o trabalho em um ambiente de laboratório, garantindo rapidez sem perder a qualidade das análises, que são muito importantes para nortear os médicos no tratamento dos pacientes. Assim, devemos sempre estar atentos a essas atualizações constantes, pois a tecnologia não substitui a importância do pro�ssional técnico. ASSIMILE A diferenciação dos precursores dos linfócitos T no timo segue o sentido do córtex para a medula e se inicia por volta da sétima semana de gestação. Para que essa diferenciação ocorra, há um complexo rearranjo genético, permitindo o aparecimento de receptores especí�cos na membrana dos linfócitos T, denominados receptores célula T (TcR). 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/16 REFLITA Em nosso organismo existem linfócitos T especializados em matar diretamente as células infectadas por vírus ou células tumorais, os quais são chamados de natural killers ou NK. São ativados em resposta ao interferon (IFN) secretado pelos macrófagos, e formam junto com os macrófagos e neutró�los a primeira linha de defesa de nosso organismo, auxiliando até que a imunidade adquirida possa atuar através da ação dos linfócitos T citotóxicos e linfócitos B. EXEMPLIFICANDO A contagem de linfócitos pode variar de acordo com o sexo, a raça e a idade do indivíduo. Os valores de referência observados para linfócitos se estabilizam a partir dos 16 anos de idade, �cando entre 1.000 e 4.000/µL (de 20 a 40% dos leucócitos totais). Em algumas condições, os valores de neutró�lo e leucócito podem mostrar equivalência percentual, ou seja, a proporção de linfócitos e neutró�los pode ser similar. Nesses casos, a interpretação de linfocitose não deve ser realizada sem antes observar o número absoluto de células. Em algumas pessoas, principalmente em mulheres jovens, os linfócitos podem manter- se altos por um período prolongado, e em pessoas negras o normal baixo de neutró�los pode mostrar equivalência com o número de linfócitos, sendo, portanto, duas situações em que o diagnóstico de linfocitose não se aplica. Os linfócitos são células muito importantes no nosso sistema imune, pois participam ativamente de nossa imunidade adquirida, aquela que aperfeiçoamos ao longo de nossavida através do contato com diferentes organismos e estruturas. São células que se originam em tecidos diferenciados, chamados de órgãos linfoides primários, e percorrem todo o nosso organismo em busca de possíveis agentes agressores ou células que apresentem alterações em seu processo mitótico e que possam prejudicar o funcionamento do organismo. De tão 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/16 importantes que são essas células para o nosso corpo, nós conseguimos compreender o impacto causado por patologias que as atinjam, como as leucemias linfoides e os linfomas. FAÇA VALER A PENA Questão 1 As leucemias são classi�cadas em agudas e crônicas e em mieloides e linfoides. A leucemia é uma neoplasia maligna que atinge... Assinale a alternativa que completa corretamente o texto. a. O sistema nervoso. b. O tecido epitelial. c. O sistema reprodutor. d. A medula óssea. e. O sistema urinário. Questão 2 Neste tipo de leucemia os exames hematológicos demonstram, em sua grande maioria, anemia normocítica e normocrômica, além de trombocitopenia. É comum leucocitose, e a microscopia da distensão sanguínea (esfregaço sanguíneo) mostra blastos em número variável. Em avaliação da medula óssea é observada hipercelularidade devido à in�ltração de blastos leucêmicos, que podem ser caracterizados por sua morfologia através de análises imunológica, citogenética e molecular, itens fundamentais na con�rmação do diagnóstico. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o tipo de leucemia descrito no texto. a. Leucemia linfoide aguda. b. Leucemia linfoide crônica. c. Leucemia mieloide aguda. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/16 REFERÊNCIAS ABRALE. Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Epidemiologia: Leucemia Mieloide Crônica - LMC. [s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3x7ILks. Acesso em: 11 maio 2021. BAIN, B. J. Células Sanguíneas. Porto Alegre: Grupo A, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3ivXYrh. Acesso em: 26 abr. 2021. CHAUFFAILLE, M. de L. Diagnósticos em Hematologia. 2. ed. São Paulo: Editora Manole, 2020. Disponível em: https://bit.ly/35e6PWZ. Acesso em: 26 abr. 2021. d. Leucemia mieloide crônica. e. Linfoma de Hodgkin. Questão 3 O leucograma é a etapa do hemograma que realiza a avaliação dos leucócitos, incluindo sua contagem, a fórmula diferencial com quanti�cação relativa e absoluta, além da avaliação morfológica dos diversos tipos leucocitários. Quando há no organismo algum processo de imunossupressão, in�amatório, infeccioso ou neoplásico, entre outros, ocorre diminuição ou aumento de um ou mais tipos celulares especí�cos, resultando em leucopenia ou leucocitose, respectivamente. Em relação ao leucograma, assinale a alternativa correta. a. A contagem de leucócitos totais pode ser realizada de forma manual ou automatizada, sendo a forma manual a mais utilizada ainda nos laboratórios. b. O procedimento padrão da aplicação da prática de contagem manual diferencial consiste na contagem de 1000 leucócitos em distensão sanguínea. c. A contagem deve ser realizada em movimentos aleatórios, percorrendo uma boa extensão da lâmina, não importando a contagem repetida de células. d. A distribuição dos diferentes tipos de leucócitos no esfregaço é sempre uniforme, devendo a leitura ser realizada preferencialmente na parte mais espessa da distensão. e. A impedância elétrica e a citometria de �uxo são as principais metodologias utilizadas para detecção e contagem dos leucócitos. 0 V e r a n o ta çõ e s https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/lmc/epidemiologia/# https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713310/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555760019/ 07/02/2023 19:50 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/16 FAILACE, R. Hemograma. Porto Alegre: Grupo A, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3x57GEZ. Acesso em: 26 abr. 2021. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Grupo A, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3uZdFd3. Acesso em: 26 abr. 2021. MARTY, E.; MARTY, R. M. Hematologia Laboratorial. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3uYsooI. Acesso em: 25 abr. 2021. NEVES, P. A. et al. Manual Roca Técnicas de Laboratório - Sangue. São Paulo: Grupo GEN, 2011. Disponível em: https://bit.ly/2TRPyQT. Acesso em: 25 abr. 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia Básica. Porto Alegre: Grupo A, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3v4Hp8r. Acesso em: 25 abr. 2021. WIKIMEDIA. File:Leucocitos.jpg. In: Wikimedia Commons, the free media repository, oct. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3v4Hucf. Acesso em: 11 maio 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712290/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714515/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520995/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736794/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029491/ https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Leucocitos.jpg 07/02/2023 19:49 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO ANÁLISE HEMATOLÓGICA DOS LEUCÓCITOS DE ORIGEM LINFOIDE Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR A leucemia linfoblástica aguda (LLA) é causada pelo acúmulo de linfoblastos na medula óssea e trata-se da doença maligna mais comum na infância. A maior incidência acontece em crianças entre 3 e 7 anos, com predominância do sexo masculino. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:49 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 É sabido que crianças que vivem em comunidades mais isoladas, afastadas da exposição às infecções mais comuns, tendem a apresentar risco maior de desenvolvimento da LLA em comparação com crianças que apresentam alto nível social, especialmente as que são mantidas em creches desde pequenas. A presença dos linfoblastos nas lâminas observadas é indicativo de LLA, e a identi�cação precisa é fundamental para a de�nição das próximas medidas quanto ao tratamento do paciente, sendo que casos com tratamento rápido, logo que os primeiros sintomas surgem, apresentam alta incidência de cura e remissão da doença. A in�ltração dessas células alteradas nos órgãos causa dor óssea, linfonodopatia, esplenomegalia moderada, hepatomegalia e síndrome meníngea (cefaleia, náuseas e vômitos, visão turva, diplopia). Há febre na maioria dos pacientes; em geral, ocorre melhora após o começo da quimioterapia. O tratamento especí�co da LLA é guiado por idade, sexo e contagem de blastos do paciente, e é realizado através de quimioterapia e radioterapia, sendo os protocolos amplamente complexos. Deve-se realizar um tratamento suporte, com objetivo de minimizar os efeitos das alterações do sangue, bem como prevenir o desenvolvimento da síndrome de lise tumoral. A resposta inicial ao tratamento também é de suma importância, pois a lenta eliminação dos blastos do sangue e da medula, após o períodoentre uma ou duas semanas com o tratamento de indução, pode representar ine�cácia. AVANÇANDO NA PRÁTICA AIDS – SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA Você acaba de se formar na área que tanto sonhou e agora pretende seguir para uma pós-graduação, aprofundando seu conhecimento. Para isso, você precisa conseguir uma nota satisfatória em uma prova de conhecimento aplicada por uma renomada instituição de ensino superior. Uma das perguntas desse exame é sobre 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:49 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 a alta incidência de neoplasias em pacientes HIV positivos com a síndrome da imunode�ciência adquirida já estabelecida. Você consegue explicar por que isso acontece? RESOLUÇÃO Os indivíduos soropositivos apresentam diminuição gradual dos linfócitos CD4- positivos, o que causa uma queda progressiva da capacidade imunológica, abrindo espaço para a manifestação de infecções oportunistas ou o desenvolvimento de neoplasias. Ou seja, a presença do vírus enfraquece o funcionamento do sistema imunológico, que passa a ter di�culdade em combater boa parte das doenças. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/17 NÃO PODE FALTAR ANÁLISE HEMATOLÓGICA DOS LEUCÓCITOS DE ORIGEM LINFOIDE Diego Fernandes Alarcon Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Olá, caro aluno. Seja bem-vindo novamente! Nesta seção nosso foco de aprendizagem está nos linfócitos, suas características, índices analíticos e patologias associadas. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/17 Os linfócitos são os leucócitos responsáveis diretamente pela execução de dois aspectos únicos do sistema imunológico: a habilidade de gerar resposta imune especí�ca e a capacidade de manutenção de uma memória imunológica. A ação dessas células é muito importante no combate às infecções virais e a muitas outras doenças. Em nosso organismo, a medula óssea e o timo são os órgãos linfoides primários. Recebem essa classi�cação porque, após o nascimento, são os locais onde os linfócitos se desenvolvem e são produzidos constantemente. Como órgãos linfoides secundários temos os linfonodos, o baço e os tecidos linfoides do trato respiratório e do trato digestório, que são as áreas onde acontecem as respostas imunes especí�cas. A porcentagem de linfócitos no sangue circulante sofre variação de acordo com as condições �siológicas e patológicas do indivíduo. Os órgãos linfoides primários e secundários são os locais onde os linfócitos são mais numerosos. Ainda nesta seção discutiremos também as neoplasias que afetam os linfócitos. As leucemias linfoides podem ser classi�cadas como agudas ou crônicas e atingem as células B e T precursoras ou maduras. Conhecer suas características é importante para diferenciá-las adequadamente, permitindo uma ação e�caz na busca por tratamento e cura. Temos ainda os linfomas, que são neoplasias causadas por células malignas que atingem os linfonodos e podem se disseminar pelo corpo. Os linfomas são divididos em linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin, tipo que pode se manifestar de distintas formas. Ao chegar para mais um dia de trabalho no laboratório de análises clínicas onde atua como responsável técnico, você é abordado pela biomédica Carolina, sua colega de trabalho. Ela lhe apresenta o caso de uma criança do sexo masculino, com idade de 3 anos, moradora da área rural da cidade. A criança nunca foi à escola e no local onde vive não existem outras crianças próximas. Sua mãe procurou o médico da cidade, pois seu �lho apresentou febre, letargia, palidez, dispneia e mal-estar, além de infecções orais e da garganta com sangramento de 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/17 difícil cicatrização. O quadro teve início repentino, e prontamente o médico solicitou uma bateria de exames, fato que fez com que a mãe da criança procurasse o laboratório. Na análise clínica, o hemograma apresentou anemia normocítica e normocrômica com diminuição de plaquetas e leucocitose devido a linfocitose. Em lâmina de distensão sanguínea foi observada a presença de linfoblastos na amostra. São muitas informações, não é mesmo? Será que você é capaz de auxiliar seus colegas a de�nir um diagnóstico? E o tratamento? É possível indicar o melhor caminho? Vamos para mais um momento de muita aprendizagem! CONCEITO-CHAVE LINFÓCITOS Os linfócitos B e T são as células responsáveis pela resposta imune, e assim como todos os leucócitos, são células que derivam da célula-tronco hematopoética. Têm sua origem a partir de células denominadas linfoblastos, que se apresentam com o citoplasma basó�lo, e núcleo bem desenvolvido, redondo, com cromatina �na e a presença de nucléolos. Os linfoblastos convertem-se na sequência em prolinfócitos, células similares às suas precursoras, com citoplasma basó�lo, núcleo bem desenvolvido, levemente menor, mas com nucléolos mais raros. Dos prolinfócitos temos a formação dos linfócitos, os quais compreendem de 5 a 15% das células observadas na medula óssea. Uma maior quantidade é encontrada no sangue periférico, da ordem de 20 a 40% do total de leucócitos observados. Os tamanhos dessas células variam, formando linfócitos pequenos e linfócitos grandes. Os linfócitos pequenos têm diâmetro de 7 a 10µ e apresentam- se geralmente redondos, com citoplasma escasso, núcleo grande e intensa baso�lia. Os linfócitos grandes apresentam tamanho variando entre 12 e 15µ. Sua presença é maior nas áreas mais �nas de uma lâmina de esfregaço e sua morfologia é similar ao linfócito pequeno. Deve-se estar atento às suas características a �m de evitar que linfócitos grandes sejam erroneamente classi�cados como monócitos. A identi�cação diferencial dos linfócitos B e T por 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/17 meio da morfologia é inviável, sendo possível apenas por técnicas imunológicas como a imuno�uorescência e a citometria de �uxo. Isto porque essas células possuem marcadores especí�cos em suas membranas. Figura 3.2 | Linfócitos: (A) linfócito pequeno; (B) linfócito ativado; (C) linfócito grande e granular; (D) plasmócito Fonte: Ho�brand e Moss (2017 p. 103). Os linfócitos B têm sua maturação na medula óssea e seguem para o sangue, onde vão circular até que adquiram reconhecimento por algum antígeno. Essas células têm como receptores uma imunoglobulina denominada receptor de célula B (BCR), e cada célula B possui receptores para antígenos especí�cos. A ligação de um antígeno especí�co ao receptor de um linfócito B desencadeia uma série de eventos intracelulares que culminam com a maturação dessa célula, que passa a se chamar célula B de memória ou plasmócito e, então, retorna para a medula óssea. Os plasmócitos são células com morfologia característica, com núcleo redondo, presença de cromatina agregada e citoplasma basó�lo intenso. As imunoglobulinas expressas pelos plasmócitos são intracelulares e não de superfície. Os linfócitos T se desenvolvema partir de células que migram para o timo, onde sofrem diferenciação em linfócitos T maduros, enquanto avançam do córtex para a medula do timo. Ao longo desse processo ocorre uma seleção, sendo eliminadas 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/17 as células autorreativas e selecionadas as células T que apresentam alguma especi�cidade para moléculas de antígenos leucocitários humanos (HLA). Os linfócitos T auxiliares maduros (linfócitos helper) expressam CD4, e os linfócitos T citotóxicos expressam CD8. Os linfócitos são, portanto, as células responsáveis pela geração de uma resposta imune de atuação rápida e especí�ca. Somados a outras células e estruturas, encontram-se organizados em nosso organismo em uma composição denominada sistema linfoide. Integram esse sistema tecidos e órgãos que atuam para que a resposta imune ocorra de forma e�ciente. Além dos linfócitos, temos os macrófagos e as células apresentadoras de antígenos, e em alguns tecidos, as células epiteliais. O timo, a medula óssea, o baço, os linfonodos e os nódulos linfáticos são órgãos que compõem esse sistema. Além disso, temos acúmulos de tecido linfoide disseminados em outros tecidos. Os órgãos linfoides são classi�cados em primários e secundários. O timo e a medula óssea são as estruturas que compõem os órgãos linfoides primários. O timo é um órgão que �ca anatomicamente posicionado atrás do osso esterno, na altura dos grandes vasos sanguíneos do coração. É constituído de dois lobos, revestidos por um tecido conjuntivo denso que imerge na estrutura do timo e divide seu parênquima em lóbulos. Cada lóbulo é dividido em região cortical e região medular, sendo a parte cortical corada com maior intensidade, devido à presença de um maior número de linfócitos, e a parte medular, mais opaca, o local onde encontra-se os corpúsculos de Hassall, um aglomerado de células reticulares epiteliais pavimentosas. No timo, as células mais abundantes são os linfócitos T. A medula óssea é composta por um tecido líquido e gelatinoso que é encontrado, no adulto, no interior de alguns ossos. É um órgão disseminado, volumoso e altamente ativo. Na medula óssea são produzidos os eritrócitos, os leucócitos e as plaquetas, através das células denominadas megacariócitos. Além da função hematopoiética, é na medula que os linfócitos B sofrem maturação. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/17 Após a formação dos linfócitos no timo e na medula óssea, essas células migram em direção aos órgãos linfoides secundários, que podem ser representados por estruturas bem-organizadas e encapsuladas (como os linfonodos e o baço) ou por estruturas sem a presença de cápsula e associadas a mucosas, dispersas no organismo, denominadas tecido linfoide associado às mucosas (MALT). O baço é composto por duas regiões denominadas polpa branca e polpa vermelha, revestidas por uma camada externa composta de �bras colágenas (cápsula). Na polpa branca é onde encontramos o tecido linfoide do baço, formando os nódulos e revestindo as arteríolas com a presença massiva de linfócitos. A polpa vermelha é composta de uma rede reticular que sustenta os seios venosos. Nos sinusoides e nos cordões celulares da polpa vermelha existem macrófagos e células dendríticas que possuem circulação livre entre a polpa vermelha e a polpa branca. Essas células, ao entrarem em contato com antígenos ou microrganismos provenientes da circulação sanguínea, migram para a polpa branca e apresentam os antígenos aos linfócitos. Os linfócitos, após ativação, começam a se proliferar em centros germinativos, aumentando o número de células ativas e especí�cas para desenvolvimento de resposta imunológica adequada. Os linfonodos, também chamados de nódulos linfáticos, estão distribuídos pelo nosso organismo, conectados à nossa rede linfática. Nesses locais acontecem a captação e o reconhecimento de antígenos presentes na linfa, que é um líquido transparente produzido pelo extravasamento do sangue dos capilares. Nos linfonodos temos a região do córtex, com a presença dos linfócitos B, o paracórtex, onde �cam os linfócitos T, e a região medular, onde estão os dois tipos de linfócitos e muitos macrófagos. Os linfócitos podem ser encontrados na circulação ou permanecem nos órgãos linfoides, podendo circular dos órgãos linfoides primários para os secundários. Os linfócitos T deixam o timo ainda imaturos, sem passar pelo processo de ativação, assim como fazem os linfócitos B ao deixar a medula óssea. Os linfócitos B e T circulantes, nos órgãos linfoides secundários, vão se localizar em áreas especí�cas, as zonas B e T. Nesses locais, as moléculas de adesão que atuam são a L-selectina 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/17 e as integrinas LFA-1 e LFA-4, que estão presentes no endotélio vascular e nos linfócitos. Esses linfócitos aderidos nas regiões preferenciais dos órgãos linfoides secundários não se �xam por todo o tempo. Após circular dentro desses espaços, caem novamente na corrente sanguínea, a chamada recirculação dos linfócitos, fator que permite que essas células entrem em contato com os linfócitos T encarregados do reconhecimento de antígenos, assim como com os linfócitos capazes de liberar anticorpos contra esses mesmos antígenos. Os linfócitos B e T são, portanto, capazes de recircular, estando os linfócitos T aptos a realizar esse trânsito em maior velocidade através dos órgãos linfoides, o que justi�ca o fato de se observar mais células B nos órgãos linfoides. Além do importante papel das selectinas e integrinas, as quimiocinas e seus receptores têm importância fundamental na �xação dos linfócitos nas vênulas pós- capilares. A circulação dessas células permite a ativação dos linfócitos, que acontece quando os anticorpos de suas membranas reconhecem os antígenos encontrados. Na medula óssea e no timo localizam-se e proliferam as células antígeno- independentes, enquanto nos órgãos linfoides periféricos, como linfonodos, tecidos linfoides associados às mucosas e baço, se situam e proliferam as células antígeno-dependentes, com diferenciação posterior em células imunocompetentes. O aumento na produção dos linfócitos acontece principalmente através do estímulo antigênico, pois nessas condições um certo número de células já maduras readquire o aspecto de blastos e entra em processo de mitose, o que faz com que a população de linfócitos �que parcialmente independente da produção de células novas nos órgãos linfoides primários. O aumento no número de células em processo de divisão celular nos linfonodos e no baço é a causa da linfocitose observada no sangue periférico, em resposta ao estímulo antigênico. Nessas condições, é comum o aumento desses órgãos linfoides em processos infecciosos especí�cos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/17 LINFOCITOSE A linfocitose é caracterizada pelo aumento do número total de linfócitos presentes no sangue. Nos primeiros anos de vida, a quantidade de linfócitos varia tanto que não se estabelece um valor de referência. Entre 3 e 8 anos de idade, o valor máximo de contagem �ca em torno de 8.000/µL. Com o avançar da idade, a população de linfócitos nosangue circulante diminui gradativamente e estabiliza aproximadamente aos 16 anos, mantendo-se assim em toda a idade adulta, na faixa de 1000 a 4000/µL, o que representa de 20 a 40% dos leucócitos totais. A adrenalina é um fator que causa linfocitose signi�cativa, mas com rápida remissão, seguindo-se um quadro de linfopenia, como nos pacientes com emergências cardiológicas e traumáticas. A linfocitose duradoura é observada em pacientes que sofreram esplenomegalia, com valores podendo ultrapassar 8.000 linfócitos/µL, geralmente com aumento de grandes linfócitos granulares (GLG). Pode haver linfocitose também nas convalescenças. A linfocitose reacional é observada em diversas infecções virais, em respostas imunológicas e raramente em infecções bacterianas e protozoóticas. LINFOPENIA A linfocitopenia ou linfopenia é caracterizada pela diminuição do número de linfócitos a valores abaixo de 1.000/µL em adultos, ou ainda, a diminuição de forma signi�cativa em relação a medições prévias, em um paciente em particular, em situações conhecidas e estáveis. A linfopenia não deve ser interpretada em situações de baixa percentual dos linfócitos em relação a aumento no número total de leucócitos ou de algum leucócito em especí�co. Nessas situações temos uma linfopenia relativa, sendo, dessa forma, adequado ater-se sempre aos valores da fórmula absoluta. A linfopenia pode ser observada de 3 a 4 semanas após a vacinação para o vírus da gripe in�uenza. Nas doenças in�amatórias/infecciosas graves, a linfopenia é acompanhada de neutro�lia. Linfopenias duráveis com importância clínica são 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/17 observadas após radioterapia, no tratamento com drogas imunossupressoras, na doença de Hodgkin, no lúpus eritematoso sistêmico, em pacientes soropositivos para o vírus HIV, no idoso e em algumas síndromes genéticas raras. A adrenalina é um fator que causa linfocitose signi�cativa, mas com rápida remissão, seguindo-se um quadro de linfopenia, como nos pacientes com emergências cardiológicas e traumáticas. A linfocitose duradoura é observada em pacientes que sofreram esplenomegalia, com valores podendo ultrapassar 8.000 linfócitos/µL, geralmente com aumento de grandes linfócitos granulares (GLG). Pode haver linfocitose também nas convalescenças. A linfocitose reacional é observada em diversas infecções virais, em respostas imunológicas e raramente em infecções bacterianas e protozoóticas. INFECÇÕES VIRAIS As infecções virais podem se manifestar de forma aguda ou crônica, produzindo efeitos distintos nas células sanguíneas. Nas infecções virais agudas, as alterações observadas no hemograma tendem a ser de ordem transitória, sendo a mais frequente a linfocitose com alterações reacionais dos linfócitos. Pode ser observado o aumento no número de grandes linfócitos granulares, sendo que com alguns vírus graves o quadro pode ser confundido com mononucleose infecciosa. Algumas infecções virais agudas, como varicela, herpes simples, raiva, poliomielite, infecção por vírus da encefalite de Saint Louis, infecção por vírus da encefalite equina oriental, hantavírus, entre outras, estão associadas à neutro�lia. A contagem de eosinó�los apresenta redução nos casos de infecção viral aguda, elevando-se após a recuperação do organismo. Em relação às infecções virais crônicas, os efeitos apresentam variações de acordo com o vírus. Pode-se observar aumento no número de grandes linfócitos granulares (GLG). O vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV-1), em infecções crônicas, pode causar linfocitose com a presença de linfócitos atípicos, incluindo 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/17 alguns com núcleo em trevo. Em qualquer um dos tipos de vírus da hepatite, o paciente com infecção crônica pode apresentar anormalidades hematológicas em detrimento da hepatologia crônica e do hiperesplenismo. A mononucleose infecciosa é representada por uma síndrome clínico-patológica aguda que ocorre devido à infecção primária do vírus Epstein-Barr (EBV). A doença é caracterizada pela presença de linfócitos atípicos no sangue circulante. Esses linfócitos são células T ativadas, geradas em resposta aos linfócitos B infectados pelo EBV. Clinicamente, o paciente apresenta febre, faringite, linfonodomegalia, esplenomegalia e hepatite. Na análise laboratorial ocorre leucocitose decorrente da linfocitose, com a presença massiva de linfócitos atípicos. Figura 3.3 | Linfócitos em mononucleose infecciosa: no alto, à esquerda - dois linfócitos atípicos, um deles vacuolizado; no alto, à direita - linfócito granular atípico; embaixo, à esquerda - uma célula amassada e um linfócito com núcleo em trevo; embaixo, à direita - linfócito apoptótico e um linfócito atípico Fonte: Bain (2016 p. 420). Na infecção por HIV, o paciente apresenta um quadro da doença aguda no momento da soroconversão e, posteriormente, uma fase de infecção latente seguida da manifestação da infecção crônica, ou seja, a síndrome da 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/17 imunode�ciência adquirida (AIDS). A fase aguda pode se assemelhar tanto clínica como hematologicamente à mononucleose infecciosa, mas neste caso a quantidade de linfócitos atípicos é expressivamente menor. A infecção crônica apresenta-se com uma queda gradual da contagem de linfócitos CD4-positivos, e essa diminuição é associada a uma queda progressiva da imunidade do paciente, que eventualmente desenvolve infecções ou neoplasias. LEUCEMIAS LINFOIDES E LINFOMAS Como vimos na seção anterior, as leucemias recebem sua classi�cação em quatro tipos distintos: leucemias agudas e crônicas com subdivisão linfoide e mieloide. Nesta seção vamos conhecer as leucemias linfoides agudas e crônicas. 1. Leucemia linfoide aguda A leucemia linfoide aguda (LLA) é caracterizada pelo desenvolvimento de blastos linfoides, células imaturas que rapidamente ocupam a medula óssea, di�cultando a produção dos outros tipos de células do sangue e consequentemente afetando a hemostasia do organismo. Com o passar do tempo, os blastos leucêmicos podem surgir no sangue periférico e ocasionalmente ocupar baço, linfonodos e outros órgãos importantes e vitais. Caso não seja tratada, a LLA é rapidamente fatal, sendo a causa de morte dos pacientes alguns meses após diagnóstico. Caso o tratamento seja adotado rapidamente, a chance de sucesso e cura é expressivamente maior. Sua ocorrência é de aproximadamente 1 a 2 casos por 100 mil habitantes por ano, e é mais incidente em crianças e em adultos idosos. Em sua maioria, a ocorrência da LLA não possui motivo aparente. A LLA se manifesta clinicamente sob a forma de cansaço, sinais de sangramento, falta de ar, quadros infecciosos e febre, podendo ser também observados o aumento dos gânglios e do baço, a in�amação dos testículos e manifestações sugestivas de alterações do sistema nervoso, como vômitos e dor de cabeça. A maioria dos sintomas são em detrimento da anemia, neutropenia e 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/17 trombocitopenia. O comprometimento do sistema nervoso deve ser avaliado pelo estudo do líquido cefalorraquidiano (LCR). O diagnóstico é realizadoa partir da análise microscópica do sangue e da medula óssea, por imunofenotipagem e citogenética. A LLA das células B ou T é subclassi�cada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de acordo com os defeitos genéticos associados. Na classi�cação da LLA-B existem vários subtipos caracterizados geneticamente, tais como as translocações t(9;22), t(12;21) ou t(11q23; variável), rearranjos do gene MLL ou ainda aneuploidias, como hiperdiploidia acima de 50 cromossomos ou hipodiploidia inferior a 45 cromossomos. A identi�cação do subtipo é importante para a de�nição do melhor protocolo de tratamento e prognóstico. Nos casos de LLA-T, o cariótipo alterado é encontrado em aproximadamente 60% dos casos e a via sinalizadora NOTCH está eventualmente ativada. Em sua maioria, o hemograma apresenta anemia normocítica normocrômica e trombocitopenia. No leucograma, a contagem de leucócitos pode resultar em diminuição, aumento ou normalidade dos valores esperados, sendo que quando observado o aumento no número de leucócitos, a causa é a presença massiva dos blastos, que podem atingir 200 × 103/mL ou mais. 2. Leucemia linfoide crônica São várias as doenças inclusas neste grupo, sendo elas caracterizadas por um acúmulo no sangue de linfócitos B ou T maduros. São manifestações geralmente incuráveis, entretanto costumam evoluir de forma crônica e �utuante. Tabela 3.1 | Classi�cação das leucemias linfoides crônicas Célula B Célula T Leucemia linfocítica crônica – LLC Leucemia de linfócitos grandes e granulares Leucemia prolinfocítica – LPL Leucemia prolinfocítica de células T – LPL-T Leucemia das células pilosas – HCL Leucemia/linfoma de células T do adulto 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/17 Célula B Célula T Leucemia plasmocítica Síndrome de Sézary Fonte: elaborada pelo autor. A mais comum das leucemias linfoides crônicas é a leucemia linfocítica crônica (LLC), sendo sua ocorrência mais frequente em pessoas entre 60 e 80 anos de idade. Sua incidência é mais comum na Europa e nos Estados Unidos da América. O risco de ocorrência em familiares próximos de pacientes com LLC é sete vezes maior, o que indica uma predisposição genética. Nesse tipo de leucemia, a célula tumoral é um linfócito B maduro que apresenta fraca expressão de imunoglobulinas IgM ou IgD. São células que geralmente apresentam diminuição de apoptose e consequente sobrevida prolongada, causando um acúmulo no sangue, na medula, no fígado, no baço e nos linfonodos. Mais de 80% dos casos são diagnosticados em hemograma de rotina, feito por outro motivo. Ainda associados aos linfócitos temos os linfomas, que são um grupo de neoplasias que tem sua ocorrência em detrimento de linfócitos malignos que se aglomeram nos linfonodos e dão origem a um quadro clínico característico de linfonodopatias. Os linfomas são divididos em linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin, e este possui diversos subtipos. A classi�cação adequada do tipo de linfoma acontece a partir da observação histológica de células de Reed-Stemberg (RS) no linfoma de Hodgkin. ASSIMILE A diferenciação dos precursores dos linfócitos T no timo segue o sentido do córtex para a medula e se inicia por volta da sétima semana de gestação. Para que essa diferenciação ocorra, há um complexo rearranjo genético, permitindo o aparecimento de receptores especí�cos na membrana dos linfócitos T, denominados receptores célula T (TcR). REFLITA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/17 Em nosso organismo existem linfócitos T especializados em matar diretamente as células infectadas por vírus ou células tumorais, os quais são chamados de natural killers ou NK. São ativados em resposta ao interferon (IFN) secretado pelos macrófagos, e formam junto com os macrófagos e neutró�los a primeira linha de defesa de nosso organismo, auxiliando até que a imunidade adquirida possa atuar através da ação dos linfócitos T citotóxicos e linfócitos B. EXEMPLIFICANDO A contagem de linfócitos pode variar de acordo com o sexo, a raça e a idade do indivíduo. Os valores de referência observados para linfócitos se estabilizam a partir dos 16 anos de idade, �cando entre 1.000 e 4.000/µL (de 20 a 40% dos leucócitos totais). Em algumas condições, os valores de neutró�lo e leucócito podem mostrar equivalência percentual, ou seja, a proporção de linfócitos e neutró�los pode ser similar. Nesses casos, a interpretação de linfocitose não deve ser realizada sem antes observar o número absoluto de células. Em algumas pessoas, principalmente em mulheres jovens, os linfócitos podem manter- se altos por um período prolongado, e em pessoas negras o normal baixo de neutró�los pode mostrar equivalência com o número de linfócitos, sendo, portanto, duas situações em que o diagnóstico de linfocitose não se aplica. Os linfócitos são células muito importantes no nosso sistema imune, pois participam ativamente de nossa imunidade adquirida, aquela que aperfeiçoamos ao longo de nossa vida através do contato com diferentes organismos e estruturas. São células que se originam em tecidos diferenciados, chamados de órgãos linfoides primários, e percorrem todo o nosso organismo em busca de possíveis agentes agressores ou células que apresentem alterações em seu processo mitótico e que possam prejudicar o funcionamento do organismo. De tão 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/17 importantes que são essas células para o nosso corpo, nós conseguimos compreender o impacto causado por patologias que as atinjam, como as leucemias linfoides e os linfomas. FAÇA VALER A PENA Questão 1 Nos dois primeiros anos de vida, a variabilidade do número de linfócitos é tal que o arbítrio de valores de referência é impossível. Contagens de linfócitos entre 10.000 e 18.000/µL são frequentemente encontradas, sem signi�cação. Nesse grupo etário sempre são vistos alguns/vários linfócitos de aspecto mais jovem, às vezes com nucléolo aparente. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente a palavra que de�ne o aumento do número absoluto de linfócitos no sangue. a. Leucocitose. b. Leucopenia. c. Linfocitose. d. Linfopenia. e. Trombocitose. Questão 2 Infecções virais podem ser agudas ou crônicas, produzindo efeitos variados sobre as células sanguíneas. Infecções virais agudas estão associadas a anormalidades hematológicas transitórias. Assinale a alternativa que identi�ca o tipo de leucócito mais atuante nas infecções virais. a. Neutró�lo. b. Macrófago. c. Monócito. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/17 REFERÊNCIAS ABRALE. Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. O que é Leucemia Linfoide Crônica - LLC. [s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3x5JLoX. Acesso em: 28 abr. 2021. BAIN, B. J. Células Sanguíneas. Porto Alegre: Grupo A, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3csgn4y. Acesso em: 15 abr. 2021. FAILACE, R. Hemograma. Porto Alegre: Grupo A, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3cpuOWW. Acesso em: 21 abr. 2021. FARIAS, M. G.; CASTRO, S. M. de. Diagnóstico laboratorial das leucemias linfoides agudas. Bras. Patol. Med. Lab., v. 40, n. 2, p. 91-98, abr. 2004. Disponível em: https://bit.ly/3gh9qnW. Acesso em: 15 abr. 2021.d. Eosinó�lo. e. Linfócito. Questão 3 Paciente do sexo masculino, 7 anos de idade, apresenta quadro clínico com febre alta, empalidecimento, anorexia, petéquias, dor óssea e aparente linfonodomegalia. No hemograma do paciente foi con�rmado quadro anêmico com células normocíticas e normocrômicas. Em esfregaço sanguíneo observa-se a presença massiva de blastos de origem linfoide. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente a doença que acomete o paciente, conforme descrito no texto. a. Leucemia mieloide aguda. b. Leucemia linfoide aguda. c. Leucemia mieloide crônica. d. Leucemia mieloide aguda. e. Linfoma de Hodgkin. 0 V e r a n o ta çõ e s https://www.abrale.org.br/doencas/leucemia/llc/o-que-e/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713310/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712290/ https://www.scielo.br/pdf/jbpml/v40n2/a08v40n2.pdf 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 17/17 HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Grupo A, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3v1uCUb. Acesso em: 18 abr. 2021. LORENZI, T. F. Manual de Hematologia - Propedêutica e Clínica. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3gnj48N. Acesso em: 21 abr. 2021. MARTY, E.; MARTY, R. M. Hematologia Laboratorial. São Paulo: Editora Saraiva, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3ggCCvr. Acesso em: 21 abr. 2021. NEVES, P. A.; MELO, C. P. A.; FRANCO, J. M.; GARCIA, T. F. P. Manual Roca Técnicas de Laboratório - Sangue. São Paulo: Grupo GEN, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3x65WLL. Acesso em: 16 abr. 2021. SANTOS, P. C. J. de L. Hematologia - Métodos e Interpretação. Série Análises Clínicas e Toxicológicas. São Paulo: Grupo GEN, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3pFYgxu. Acesso em: 21 abr. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714515/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1998-8/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536520995/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527736794/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0144-5/ 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO ANÁLISE HEMATOLÓGICA DOS LEUCÓCITOS DE ORIGEM MIELOIDE Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR A sintomatologia relatada pela mulher que buscou o laboratório onde você trabalha é bastante elusiva, sendo compartilhada por diversas doenças e males que podem nos acometer. A importância das análises laboratoriais vem da Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 possibilidade de identi�car precisamente qual é o tipo de problema que nos atinge. Os achados laboratoriais da situação-problema (SP) indicam que a mulher em questão está sofrendo de leucemia mieloide aguda, tipo de neoplasia que afeta as células germinativas da medula óssea. A presença de 20% ou mais de blastos é indicativa de hiperatividade da medula óssea. Com o progresso rápido da doença, a presença massiva das células mieloides alteradas afeta signi�cativamente o processo de produção dos outros tipos de células. Esse tipo de leucemia ocorre mais comumente em pessoas acima de 65 anos e possui diversos tipos de causas. Como exames adicionais, pode-se solicitar a punção da medula óssea e a análise citoquímica da mieloperoxidase. O diagnóstico preciso do tipo de leucemia auxilia o médico especialista a compreender a evolução da doença e indicar o tratamento apropriado. Alguns dos testes utilizados no diagnostico devem ser repetidos ao longo do tratamento do paciente, para avaliar sua e�cácia. AVANÇANDO NA PRÁTICA NEUTRÓFILOS E A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA Em um dia normal de trabalho no laboratório onde você é responsável técnico, um paciente chega, ofegante, para realização de um hemograma de rotina. Ao indagar ao paciente os motivos da respiração acelerada, ele lhe informa que o ônibus em que ele estava quebrou a aproximadamente 2 quilômetros de distância do laboratório, e como o horário de coleta estava próximo de encerrar, ele resolveu correr o mais rápido que pôde para chegar a tempo de realizar a coleta. Após a coleta da amostra, o paciente foi liberado e você foi para o laboratório, entregar as amostras. Ao realizar a contagem de leucócitos do paciente em questão, Beatriz, sua colega, notou um aumento no número esperado de 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:48 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 neutró�los. Será que existe relação entre a pequena corrida do paciente e o aumento no número de neutró�los? Você consegue esclarecer para sua colega o que pode ter acontecido? RESOLUÇÃO A quantidade de neutró�los no sangue pode apresentar alterações por diferentes motivos que não são considerados patogênicos, tais como prática de exercício físico leve ou intenso, doses de corticoides, pânico e choro. A intensidade da resposta dos neutró�los polimorfonucleares a uma única sessão de exercício está diretamente relacionada à intensidade dessa atividade física. No exemplo citado na SP, o paciente percorreu um trecho de 2 quilometros correndo. Isso pode ter causado uma migração dos neutró�los do pool marginante para o pool circulante. A interpretação de neutro�lia deve ser realizada com cautela, considerando-se sempre outros indicadores constantes no hemograma. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/17 NÃO PODE FALTAR ANÁLISE HEMATOLÓGICA DOS LEUCÓCITOS DE ORIGEM MIELOIDE Diego Fernandes Alarcon Imprimir CONVITE AO ESTUDO Olá, aluno. Seja bem-vindo à terceira unidade da disciplina de Hematologia. Esta unidade é composta por três seções, nas quais aprenderemos conceitos relacionados aos leucócitos e ao nosso sistema imune. Os leucócitos são nossas células de defesa e atuam em nosso organismo na imunidade inata e adquirida, conhecida também como adaptativa. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/17 São células produzidas na medula óssea, e sua quantidade no nosso sangue pode variar de acordo com a necessidade do nosso organismo. Sua produção é baseada em estímulos, que podem partir de células epiteliais, �broblastos ou dos próprios leucócitos. Nosso sistema imunológico é composto de diversos tipos de células com diversi�cadas funções, por isso as variações nas quantidades esperadas dos leucócitos são informações importantes na busca por diagnósticos. Em relação às células precursoras, os leucócitos podem ter sua origem a partir de células mieloides e linfoides. Nas próximas seções vamos conhecer quais células são originadas de quais precursores, assim como os possíveis problemas que podem afetar a produçãoe a atuação dessas células tão importantes para o funcionamento adequado de nosso organismo. PRATICAR PARA APRENDER Chegamos à primeira seção da Unidade 3 da disciplina de Hematologia. Nesta seção o enfoque do nosso aprendizado será dado aos leucócitos de origem mieloide. Vamos aprender um pouco mais sobre os neutró�los, que são o tipo de leucócito mais abundante em nosso sangue e vitais em nossa resposta imune inata, atuando como linha de frente na defesa de nosso organismo. Em uma análise laboratorial de sangue vamos nos deparar muito com essas células, assim como com seus precursores diretos, os bastonetes, neutró�los ainda jovens, com o núcleo sem segmentação. Sua presença massiva em uma amostra sanguínea pode ser indicativa de infecções bacterianas e outros males. Além dos neutró�los vamos conhecer também os eosinó�los e os basó�los, leucócitos menos comuns no sangue circulante, mas não menos importantes. São células combatentes associadas a patógenos especí�cos, o que torna suas variações em números encontrados na amostra um dado analítico relevante. O aumento no número de eosinó�los pode estar relacionado à presença de parasitas, enquanto o aumento no número de basó�los está geralmente associado a processos alérgicos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/17 Temos, ainda, outro leucócito importante derivado das células mieloides, os monócitos. São células que, ao saírem do sangue e entrarem nos tecidos, sofrem diferenciação e tornam-se macrófagos, excelentes na fagocitose e na apresentação de antígenos. Vamos também conhecer as leucemias mieloides, doenças malignas que atingem a medula óssea, proliferando células doentes que ocupam os espaços das células normais, prejudicando nosso organismo. No laboratório onde nossos amigos Carolina, Gabriel e Beatriz trabalham, você agora atua como responsável, colaborando com seus colegas nas dúvidas e nos problemas que surgem na rotina diária. Uma mulher com 67 anos de idade procura o laboratório para realização de exame de sangue, atendendo ao pedido de seu médico. Essa mulher buscou ajuda médica porque começou a apresentar fraqueza, tontura, confusão mental, quadros febris e sudorese. Além disso, surgiram manchas em sua pele e ela teve hemorragia na gengiva e no órgão genital. O hemograma apresentou como resultado mais expressivo a anisocitose e poiquilocitose com dacriócitos e acantócitos. No leucograma foi constatada leucocitose, causada pelo aumento expressivo na presença de blastos. Foi realizada lâmina de esfregaço, onde observou-se predomínio de blastos com mais de um nucléolo. No citoplasma dessas células destaca-se a presença de grânulos e de bastão de Auer, o que indica serem mieloblastos. A partir desses achados laboratoriais, você consegue emitir um possível diagnóstico? Além disso, você indicaria algum exame clínico adicional? Vamos conhecer um pouco mais sobre esses assuntos fascinantes! Bons estudos. CONCEITO-CHAVE Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, podem ser divididos em dois grupos: os fagócitos e os linfócitos. Cada grupo possui distintos tipos de células, cada qual com suas funções especí�cas. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/17 Os fagócitos são as células que fazem parte do nosso sistema imune natural ou inato. São células que respondem rapidamente a uma invasão do organismo. Já os linfócitos são as células que compõem nossa imunidade adquirida, com a possibilidade de desenvolvimento de memória imune após exposição, como acontece no caso das vacinas. Os fagócitos são subdivididos em granulócitos e monócitos. Os granulócitos são os neutró�los, eosinó�los e basó�los, e os monócitos são as células que darão origem aos macrófagos. Assim como todas as células que compõem nosso sangue, os leucócitos têm sua origem na medula óssea, a partir de um processo de produção e maturação denominado leucopoiese. A liberação dos leucócitos no sangue periférico acontece geralmente de forma escalonada, sendo primeiro enviadas as células maduras e permanecendo na medula óssea as células em processo de maturação. Em situações normais, essa dinâmica de funcionamento mantém os valores leucocitários observados dentro dos padrões de referência. No processo de leucopoiese temos, portanto, uma população de células no ambiente intramedular (células geralmente imaturas) e uma população no ambiente extramedular (geralmente células maduras). Os leucócitos no ambiente extramedular dividem-se em pool circulante, que são as células presentes no �uxo sanguíneo, e pool marginal, leucócitos aderidos ao endotélio vascular. De acordo com a necessidade (por exemplo, em resposta a um processo infeccioso), nosso organismo pode enviar células do pool marginal para circulação, aumentando assim a contagem de leucócitos circulantes. Caso o estímulo migratório para essas células permaneça, nosso organismo pode também enviar os leucócitos presentes no ambiente intramedular, liberando inclusive células ainda imaturas, caracterizando um desvio leucocitário à esquerda. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/17 Nesta seção aprenderemos sobre a formação dos fagócitos (origem mieloide). Por sua vez, os aspectos relacionados à origem e maturação dos linfócitos serão discutidos na próxima seção. Na medula óssea, a primeira célula reconhecível relacionada à origem dos leucócitos mieloides é o mieloblasto. Esta célula possui um tamanho variado, com núcleo grande, presença de cromatina �na, citoplasma basó�lo sem a presença de grânulos e nucléolos em número de 2 a 5. Em condições normais, os mieloblastos correspondem a 5% das células da medula óssea. Essas células, respondendo a estímulos, podem dar origem aos promielócitos e aos promonócitos. Os promielócitos são células um pouco maiores que um mieloblasto, já com desenvolvimento de grânulos primários no citoplasma. Dos promielócitos serão originados os mielócitos, que possuem grânulos secundários e especí�cos. Nessa etapa é possível observar a diferenciação entre mielócitos eosinó�los, mielócitos basó�los e mielócitos neutró�los. Os mielócitos originam os metamielócitos, que são células que não sofrem mais divisão, sendo também possível distinguir a morfologia entre os metamielócitos a partir dos granulócitos. Os neutró�los posicionados entre metamielócitos e neutró�los maduros são chamados de neutró�los bastonados ou bastonetes. A diferença entre os bastonetes e os neutró�los maduros é a presença de núcleo pouco segmentado. São células frequentes no sangue periférico. Os neutró�los maduros têm núcleo característico, dividido em dois a cinco lobos, e citoplasma pouco corado, com a presença de muitos grânulos �nos rosa-azulados ou cinza-azulados. Os neutró�los sobrevivem de 6 a 10 horas no sangue circulante. Figura 3.1 | Formação de fagócitos neutró�los e monócitos 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/17 Fonte: Ho�brand e Moss (2017 p.89). O processo de produção dos eosinó�los e dos basó�los se assemelha ao que acontece com os neutró�los. Os eosinó�los possuem grânulos citoplasmáticos que são grandes e coram-se de vermelho ou laranja intenso. Seu núcleo geralmente se segmentaem três lobos, no máximo. Essas características são as que distinguem os eosinó�los dos neutró�los. Os eosinó�los permanecem mais tempo no sangue circulante do que os neutró�los e têm papel importante, pois penetram nos exsudatos in�amatórios e removem �brinas formadas durante a in�amação, atuando na resposta local e na reparação dos tecidos. Além disso, são importantes nas respostas alérgicas e na defesa contra agentes parasitários. Como dito anteriormente, a formação dos basó�los também ocorre de forma similar à dos neutró�los. São células escassas no sangue periférico, sendo raramente vistos. Caracterizam-se por possuírem muitos grânulos citoplasmáticos de cor escura, contendo heparina e histamina. Esses grânulos cobrem completamente o núcleo. Quando in�ltradas nos tecidos, essas células tornam-se mastócitos. Possuem sítios de ligação de imunoglobulina E (IgE), e a histamina é liberada a partir da sua degradação. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/17 Os monócitos são formados na medula óssea a partir de células precursoras iguais às que formam os granulócitos, compartilhando, portanto, sua origem. São células geralmente maiores e com um núcleo grande e centralizado, ovalado ou edentado. O citoplasma adquire coloração azulada suave, com a presença de grânulos citoplasmáticos quase imperceptíveis. Permanecem por um período curto na medula óssea, e após circularem pelo sangue por 1 a 2 dias, penetram nos tecidos, onde cumprirão suas principais funções. Após se alojarem nos tecidos, essas células podem sobreviver por meses ou anos. Nos seus locais especí�cos, os macrófagos teciduais (histiócitos) têm capacidade de multiplicação, tornando o suprimento dessas células independente das células provenientes da medula óssea. Os macrófagos teciduais assumem funções distintas de acordo com o tipo de tecido que ocupam. Os precursores dos monócitos são os monoblastos e os promonócitos, e raramente são encontrados na circulação. Essas células precursoras fazem parte do mesmo grupo dos granulócitos, provenientes de uma célula precursora comum, os mieloblastos. Durante o processo de formação dos leucócitos, as células progenitoras granulopoiéticas que realizam a mitose são os mieloblastos, promielócitos e mielócitos, e por isso compõem o chamado conjunto mitótico ou proliferativo. Os metamielócitos, bastonetes e granulócitos compõem o grupo de maturação ou pós-mitótico. Na medula óssea são mantidos muitos bastonetes e neutró�los segmentados (de 10 a 15 vezes a quantidade presente no sangue) que servem como uma reserva para situações emergenciais. A quantidade de células mieloides na medula óssea é maior do que a quantidade de células eritroides, na ordem de 2:1 até 12:1, com predominância de metamielócitos e neutró�los maduros. A produção das células que compõem o grupo dos fagócitos responde a fatores de crescimento. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/17 Esses fatores exercem sua in�uência estimulando a proliferação e diferenciação das células, bem como inibem a apoptose das células senescentes. Tais fatores de crescimento entram em ação em situações nas quais a demanda por células especí�cas do sistema imune aumenta. As interleucinas IL-1, IL-3 e IL-5 estão envolvidas no processo de maturação dos eosinó�los, por exemplo. As interleucinas IL-6 e IL-11 e os fatores estimuladores de colônias granulocíticas macrofágicas (GM-CSF), granulocíticas (G-CSF) e monocíticas (M-CSF) atuam na proliferação e maturação dos fagócitos em geral. Nas infecções, a produção de granulócitos e monócitos é aumentada em resposta à produção em maior escala de fatores de crescimento por parte das células do estroma e pelos linfócitos T, que são estimulados por endotoxinas e citocinas como o fator de necrose tumoral (TNF) ou como o IL-1. LEUCOGRAMA EM PROCESSOS INFECCIOSOS Leucograma é a parte do hemograma que abrange a contagem dos leucócitos e a fórmula diferencial, incluindo a quanti�cação e avaliação morfológica dos diferentes tipos de leucócitos. Os valores de referência para contagem de leucócitos variam entre 4.000 e 11.000 leucócitos/mL, referência obtida a partir de uma população normal. Assim, em condições normais, aproximadamente 95% da população se enquadra nesse intervalo, e os outros 5%, apesar de não se encaixarem nesse intervalo, também são considerados normais. Obviamente, o conceito de normalidade nessas condições deve ser aplicado a partir do conhecimento do histórico do paciente. A contagem de leucócitos pode variar muito entre os indivíduos de uma população. Porém, a proporção entre os tipos de leucócitos, em condições normais, varia pouco entre as pessoas. Ou seja, cada indivíduo possui uma contagem de leucócitos totais própria, mas todos possuem a mesma proporção leucocitária, com grande predominância de neutró�los (entre metade e dois terços do total), 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/17 alguns monócitos e eosinó�los e, por �m, a terceira ou quarta parte restante composta por linfócitos. Os basó�los, plasmócitos e mielócitos são raros e vistos ocasionalmente. 1. Valores de neutró�los O aumento da quantidade absoluta de neutró�los é chamado de neutro�lia ou neutrocitose. Para esse parâmetro utilizamos como valor de referência médias entre 3.700 e 4.100/µL, e limites (± 2 DP) de 1.500 e 6.800/µL. Em populações negras, esses valores são entre 10 e 20% menores. A quantidade de neutró�los no sangue pode ser alterada por diversos fatores que não são considerados patogênicos, tais como prática de exercício físico leve ou intenso, doses de corticoides, pânico e choro. Doenças como meningites, pneumonias, artrites, infecções bacterianas, peritonites, osteomielite, quadros de septicemia, infecções purulentas, entre outras, são condições em que se observa neutro�lia. A diminuição da quantidade absoluta de neutró�los é denominada neutropenia. A interpretação desse achado deve ser realizada com cautela, considerando-se sempre outros indicadores constantes no hemograma. As infecções virais costumam ter um período de neutropenia que dura entre 2 e 5 dias, ocorrendo com maior frequência em crianças. No lúpus eritematoso sistêmico, na artrite reumatoide com esplenomegalia e nas hepatopatias crônicas a neutropenia também acontece. ASSIMILE Os neutró�los associados à circulação sanguínea podem ser encontrados no sangue circulante e nos espaços intravasculares, sendo esses dois grupos denominados pool circulante e pool marginante. Os tamanhos dos pools se equivalem e, em caso de uma resposta imunitária rápida, os neutró�los do pool marginante rapidamente avançam para a corrente 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/17 sanguínea e, em seguida, para o tecido lesionado. Nos tecidos, os neutró�los permanecem de 4 a 5 dias, sendo destruídos durante a ação imunológica ou por senescência. 2. Valores de eosinó�los O aumento do número absoluto de eosinó�los, ultrapassando o limite de referência de 500/µL, é denominado eosino�lia. O acúmulo de eosinó�los no sanguee nos tecidos é observado em diversas doenças e eventualidades. A eosino�lia é parte importante da resposta imunológica às parasitoses.A presença dos antígenos exógenos dos parasitas estimula os linfócitos T, os quais secretam interleucina 5, que funciona como eosino�lopoetina. Em quadros asmáticos, são comuns eosino�lias até 1.500/µL. Eosinopenia é a diminuição do número esperado de eosinó�los em um hemograma. Nos eventos cotidianos de estresse e no princípio de doenças infecciosas em geral pode-se observar eosinopenia. 3. Valores de basó�los A baso�lia, também chamada de basocitose, é o aumento da quantidade de basó�los esperada. Quando observado valor igual ou superior a 3% na fórmula fornecida por contador eletrônico, deve-se realizar a con�rmação através da microscopia. Sua ocorrência está relacionada a estados alérgicos e à leucemia mieloide crônica. Pacientes com baso�lia acentuada costumam queixar-se de prurido. A basopenia, que seria a diminuição do número de basó�los, é impossível de se con�rmar, visto que os valores de referência têm o zero como limite inferior. 4. Valores de monócitos O aumento da quantidade de monócitos no sangue para valores acima de 800 ou 1.000/µL é chamado de monocitose. A monocitose acompanha a neutro�lia em quadros in�amatórios. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/17 Doenças como tuberculose, endocardite, brucelose e linfocitose por virócitos podem causar aumento dos monócitos circulantes. De 2 a 3 dias após infarto do miocárdio, a monocitose pode ser observada. A monocitose, quando persistente em idosos, em valores superiores a 1.500/µL, geralmente é causada por leucemia mielomonocítica crônica. A diminuição da quantidade esperada de monócitos (monocitopenia) é um achado incomum. É representada por valores abaixo de 50/µL. Na anemia aplásica ocorre monocitopenia e neutropenia, causando uma maior gravidade das infecções. REFLITA Os monócitos são células que, ao atingirem os tecidos, tornam-se macrófagos e assumem funções especí�cas. Uma linhagem de macrófagos importante é a das células dendríticas. São células amplamente distribuídas nos tecidos linfoides, no epitélio das mucosas e no parênquima dos orgáos. Atuam na apresentação de antígenos aos linfócitos T, agindo como “pontes” por permitir a interação entre a imunidade inata e a imunidade adquirida. LEUCEMIAS MIELOIDES Leucemia é o termo designado para identi�car as doenças malignas e clonais que atingem os leucócitos. São responsáveis por causar comprometimento na produção dos leucócitos, e geralmente não possuem causa conhecida. As leucemias podem ser classi�cadas em leucemias mieloides, que afetam as células da linhagem mieloide, e leucemias linfoides, que afetam as células da linhagem linfoide. Podem ainda ser classi�cadas de acordo com o estágio de maturação das células atingidas, sendo leucemias agudas para aumento de células imaturas atingidas e leucemias crônicas para aumento de células maduras atingidas. A classi�cação mais utilizada atualmente é a da Organização Mundial da Saúde (OMS), baseada em critérios morfológicos, citogenéticos e imunofenotípicos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/17 Assim, temos quatro tipos principais de leucemia. A leucemia mieloide aguda (LMA), leucemia mieloide crônica (LMC), leucemia linfoide aguda (LLA) e leucemia linfoide crônica (LLC). Nesta seção vamos aprender mais sobre as leucemias mieloides. 1. Leucemia mieloide aguda As leucemias mieloides agudas (LMA) podem ser classi�cadas em primarias, cuja ocorrência se dá sem doença prévia, ou secundárias, cuja origem é uma neoplasia mieloide anterior. A sintomatologia recorrente desse tipo de leucemia é representada por febre, sangramentos, sinais de anemias, fadiga e indisposição. Pode ocorrer também ostealgia, tosse inespecí�ca, cefaleia, sudorese e linfadenopatia. Em relação ao sexo, são doenças mais incidentes em homens, e quanto à idade, são mais recorrentes acima dos 65 anos (para cada 100.000 pessoas/ano, 1,7 casos em indivíduos com menos de 65 anos e 15,9 casos após os 65 anos). Sua origem pode ser motivada por razões hereditárias, radiação, elementos químicos ou causas ocupacionais, sendo também mais incidentes em trissomias (como a síndrome de Down) e em doenças hereditárias de reparo do DNA (como a anemia de Fanconi). Atualmente, a tendência é a classi�cação baseada em características genéticas tumorais. A OMS classi�ca a LMA em seis subtipos: Quadro 3.1 | Subtipos da LMA (segundo a OMS) LMA com anormalidades genéticas recorrentes LMA com mutações relacionadas a mielodisplasias Neoplasias mieloides associadas ao tratamento (t–LMA) LMA não especi�cada Sarcoma mieloide Proliferações mieloides associadas à síndrome de Down Fonte: elaborado pelo autor. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/17 2. Leucemia mieloide crônica As leucemias crônicas são patologias das células-tronco da hematopoiese onde ocorrem mutações ou alterações cromossômicas, causando uma proliferação clonal do tipo de célula afetado. A progressão da doença acontece de forma mais lenta do que nas leucemias agudas e a população adulta é a mais afetada. A leucemia mieloide crônica (LMC) responde por 10 a 15% das leucemias que afetam adultos. A LMC possui incidência constante no mundo todo, abrangendo de 1 a 2 casos para cada 100.000 indivíduos, sendo discretamente mais predominante no sexo masculino. A etiologia da LMC é em grande parte desconhecida, sendo que a disposição hereditária não é evidenciada. Sua ocorrência é expressiva entre as pessoas que sobreviveram às explosões das bombas atômicas que atingiram as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. As LCMs são classi�cadas pela Organização Mundial da Saúde em neoplasias mieloproliferativas (NMPs) e neoplasias mielodisplásicas/mieloproliferativas. Veja o Quadro a 3.2 seguir. Quadro 3.2 | Classi�cação da OMS de 2008 das neoplasias mieloproliferativas e mielodisplá- sicas/mieloproliferativas Neoplasias mieloproliferativas Neoplasias mielodisplásicas/mieloproliferativas Leucemia mieloide crônica BCR–ABL1 positiva Leucemia mielomonocítica crônica Leucemia neutrofílica crônica Leucemia mieloide crônica atípica Leucemia eosinofílica crônica, sem outras especi�cações* Leucemia mielomonocítica infantil 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/17 Neoplasias mieloproliferativas Neoplasias mielodisplásicas/mieloproliferativas Mielo�brose primária Outras neoplasias mielodis- plásicas/mieloproliferativas inclassi�cáveis Policitemia vera Trobocitemia essencial Mastocitose Neoplasias mieloproliferativas inclassi�cáveis Neoplasias mieloproliferativas inclassi�cáveis Fonte: adaptado de Rodrigues (2020 p. 172). O diagnóstico laboratorial das LMCs é baseado na análise dos resultados do mielograma e do hemograma, na análise citogenética e na imunofenotipagem. EXEMPLIFICANDO A imunofenotipagem por citometria de �uxo é uma técnica que utiliza laser e propicia estudar uma determinada população de células, identi�cando suas condições físicas e biológicas, o que permite nortear o tratamento de doenças como leucemias e linfomas. Uma vez que existem diferentes tipos de leucemia, identi�car a linhagem da célula permite realizar a classi�cação correta, o que vai auxiliar o médico na escolhado tratamento adequado e no acompanhamento da doença. Nesta seção pudemos aprender sobre a origem celular dos fagócitos, células muito importantes no funcionamento do nosso sistema imune, englobando tanto a imunidade inata como a adquirida, como é o caso dos macrófagos, que são 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/17 importantes apresentadores de antígenos. Nossa medula óssea tem a capacidade de se adaptar e de produzir células de defesa especí�cas, de acordo com nossa necessidade pontual e com base em estímulos especí�cos. Neutró�los, basó�los e eosinó�los têm processos de origem e maturação similares. Além deles, temos ainda os monócitos, que são também células de origem mieloide. Além de aprender sobre o processo de leucopoiese, conhecemos também os principais tipos de neoplasias que atingem essas células: a leucemia mieloide aguda (LMA) e a leucemia mieloide crônica (LMC). O diagnóstico laboratorial preciso do tipo de leucemia é fundamental para a de�nição do prognóstico, com a orientação adequada do paciente e adoção de todas as medidas aplicáveis na busca de tratamento e cura. Quanto aprendizado interessante nesta seção, não é? Mas ainda temos muito mais a conhecer. Na área de análises clínicas são constantes o surgimento de novas tecnologias, o aperfeiçoamento das existentes e novas descobertas que auxiliam o pro�ssional no exercício de sua função. Por isso, manter-se sempre atualizado é fundamental. FAÇA VALER A PENA Questão 1 São células que permanecem pouco tempo na medula óssea e, depois de circularem por 20 a 40 horas, deixam o sangue para adentrar nos tecidos, nos quais amadurecem e desempenham suas principais funções. A sua sobrevida extravascular, depois da transformação em macrófagos (histiócitos), pode prolongar-se por vários meses ou anos. Nos tecidos, os macrófagos são capazes de multiplicação, sem necessidade de suprimento contínuo. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o tipo de leucócito descrito no texto. a. Basó�lo. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/17 b. Eosinó�lo. c. Neutró�lo. d. Monócito. e. Linfócito. Questão 2 Os granulócitos e os monócitos são formados na medula óssea a partir de uma célula precursora comum. Um grande número de bastonetes e neutró�los segmentados (10-15 vezes o número total no sangue) é mantido na medula óssea como uma “reserva granulocítica medular”. Assinale a alternativa que indica corretamente a primeira célula precursora identi�cável na medula óssea. a. Mielócitos. b. Mieloblastos. c. Promielócitos. d. Promonócitos. e. Mielolinfócitos. Questão 3 É um distúrbio clonal de uma célula-tronco pluripotente. A doença é responsável por cerca de 15% das leucemias e pode ocorrer em qualquer idade. O diagnóstico raramente é difícil, sendo con�rmado pela presença característica do cromossomo Filadél�a (Ph, do inglês Philadelphia). Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o tipo de leucemia descrito. a. Leucemia mieloide aguda. b. Leucemia linfoide aguda. c. Leucemia mieloide crônica. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:46 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 17/17 REFERÊNCIAS FAILACE, R. Hemograma. Porto Alegre: Grupo A, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3g4DVyy. Acesso em: 5 abr. 2021. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Grupo A, 2017. Disponível em: https://bit.ly/2RzVm0B. Acesso em: 4 abr. 2021. LORENZI, T. F. Manual de Hematologia - Propedêutica e Clínica. 4. ed. São Paulo: Grupo GEN, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3x9MIEX. Acesso em: 8 abr. 2021. OLIVEIRA, R. A. G. Leucemias Agudas e a Classi�cação da OMS: da clínica e morfologia aos oncogenes. Academia de Medicina, 2018. Disponível em: https://bit.ly/34Xbhci. Acesso em: 8 abr. 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia Básica. Porto Alegre: Grupo A, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3x4SEix. Acesso em: 8 abr. 2021. RODRIGUES, A. S. Hematologia Clínica. Porto Alegre: Grupo A, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3uY94Ic. Acesso em: 8 abr. 2021. SANTOS, P. C. J. de L. Hematologia - Métodos e Interpretação. Série Análises Clínicas e Toxicológicas. São Paulo: Grupo GEN, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3fZdv17. Acesso em: 8 abr. 2021. SILVA, P. H. da et al. Hematologia Laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: Grupo A, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3gmFQ0r. Acesso em: 5 abr. 2021. d. Leucemia linfoide crônica e. Leucemia eritroide aguda. 0 V e r a n o ta çõ e s https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712290/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582714515/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1998-8/ https://www.academiademedicina.com.br/genmedicina/leucemias-agudas-e-a-classificacao-da-oms-da-clinica-e-morfologia-aos-oncogenes/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595029491/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786581492243/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-412-0144-5/ 07/02/2023 19:43 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO HEMOGLOBINOPATIAS, ANEMIAS APLÁSICAS E EXAMES COMPLEMENTARES PARA DIAGNÓSTICO DE ANEMIAS Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Para resolver a situação-problema (SP) precisamos analisar todas as informações que temos sobre o caso, pois por mais que pareça pequeno, qualquer detalhe pode fazer a diferença. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:43 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 O quadro clínico apresentado pela criança pode, sem dúvida, ser confundido com uma série de doenças, mas um detalhe chamou a atenção: o fato de ela ser recém- chegada do exterior, mais precisamente da Itália. Nesse sentido, podemos perceber como é importante conhecer o histórico clínico do paciente, pois a talassemia é uma doença bastante regional, sendo também conhecida como anemia do Mediterrâneo, muito incidente em países como Itália, Grécia, Marrocos, entre outros. O relato da mãe quanto a possuir traço talassêmico já nos indica qual caminho seguir. A talassemia beta pode se manifestar sob três subtipos: talassemia menor, talassemia intermediária e talassemia maior, subtipo este no qual se enquadram os casos mais graves. A mãe, que possui traço talassêmico, não apresenta sintomas, mas obviamente pode passar as características genéticas para seus descendentes. Pela apresentação clínica grave da criança e com base no histórico familiar, somos capazes de diagnosticar o quadro clínico de talassemia maior, sendo necessário tratamento imediato. Quanto à posição da mãe de acreditar que o fato de possuir traço talassêmico não deve ter relação com a doença da �lha, você, como pro�ssional técnico responsável, deve esclarecer que existe sim relação entre o traço talassêmico na mãe e a talassemia maior na criança. Certamente, o pai da criança também possui traço talassêmico, e geneticamente os dois genitores doaram os genes mutantesda talassemia para a criança, a qual desenvolveu o quadro mais grave, que é a talassemia maior. AVANÇANDO NA PRÁTICA DIAGNOSTICANDO ANEMIA GRAVE Paciente com 1 ano de idade apresenta episódios de choro constante, palidez, icterícia, atraso no crescimento e feridas nos membros inferiores. No hemograma são obtidos os seguintes resultados: Hemoglobina 6 g/dl. Eritrócitos normocíticos e normocrômicos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:43 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 Aumento de bilirrubina indireta. Reticulocitose. Leucocitose. Teste de falcização positivo. Os pais da criança relataram que não foram orientados a realizar o teste do pezinho assim que a criança nasceu. Você, como pro�ssional da área, recebe esses dados e tem sua análise solicitada para identi�car qual é a doença que afeta essa criança. O que você deverá concluir, com base nessas informações? RESOLUÇÃO O teste do pezinho faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e é uma importante ferramenta no combate a diversas doenças, pois as identi�ca previamente, permitindo o tratamento imediato. Uma das doenças abrangidas pelo teste do pezinho é a doença falciforme, desordem de origem genética hereditária e que causa um quadro clínico grave na criança. Com base nos dados obtidos e no relato dos pais, podemos sugerir que a criança em questão sofre de anemia falciforme e já está com seu crescimento prejudicado devido à demora no diagnóstico. Por isso, o teste do pezinho deve ser amplamente divulgado e realizado logo que a criança nasce, evitando assim problemas maiores e mais graves. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:40 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO ANEMIAS CARENCIAIS, HEMOLÍTICAS E POLICITEMIAS Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Em áreas mais carentes, os quadros anêmicos tornam-se mais comuns, mas é importante identi�car precisamente o tipo de anemia e sua forma de tratamento. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:40 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 No caso demonstrado em nossa situação-problema (SP) temos a paciente Julia, uma criança que vive em área rural e apresentou sintomas como fraqueza, palidez de pele e mucosas e prostração, além de encontrar-se abaixo do peso ideal. Como resultado do hemograma solicitado foram observadas microcitose leve e hipocromia dos eritrócitos. Os sintomas apresentados pela paciente são típicos de quadro anêmico, com destaque para a palidez das mucosas. As características observadas nos eritrócitos são típicas de anemia ferropriva, uma anemia carencial em que a demanda de ferro é maior do que a disponibilidade. Em situações como a descrita na SP, seria adequado também realizar a medição da ferritina plasmática da paciente. Poderia ainda ser solicitado um exame parasitológico de fezes, pois em áreas sem saneamento básico as pessoas estão mais sujeitas a adquirirem parasitoses, que podem inclusive ser a causa ou agravar quadros de anemia, como é o caso da doença popularmente conhecida como amarelão, causada no Brasil pelos parasitas Necator americanus e Ancylostoma duodenale. Para o tratamento da paciente citada na SP, a complementação do ferro através de suplementação alimentar é o procedimento adequado. AVANÇANDO NA PRÁTICA EXCESSO DE ERITRÓCITOS NO SANGUE PODE SER PREJUDICIAL? Você é um pro�ssional biomédico renomado em sua cidade e é convidado para ministrar uma palestra aos alunos do ensino médio da escola do seu município. Os alunos dessa faixa etária estão aprendendo sobre o corpo humano e sobre as células e funções do sangue. No �nal da palestra, um aluno faz a seguinte pergunta: se os eritrócitos são as células responsáveis pelas trocas gasosas, por que ter uma quantidade maior do que o normal dessas células no sangue pode ser prejudicial? Elas não deveriam melhorar ainda mais nossa capacidade de realizar as trocas gasosas? 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:40 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 Como palestrante, qual será sua resposta ao questionamento do aluno? Você pode citar um exemplo de patologia que aumenta o número de células no sangue? RESOLUÇÃO Esse é o tipo de dúvida que até conseguimos compreender quando acontece. Sempre imaginamos que quanto mais, melhor. Obviamente, em nosso organismo as coisas não funcionam assim, não é mesmo? Um excedente de células no sangue afeta a �uidez nos vasos sanguíneos, deixando o sangue mais “grosso”. Isso pode ocasionar isquemias, embolia pulmonar, trombose, entre outros males. Um exemplo de quadro patológico em que temos um aumento no número de células sanguíneas é a policitemia vera, doença causada por mutação genética que afeta principalmente pessoas com idade acima de 60 anos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/16 NÃO PODE FALTAR ANEMIAS CARENCIAIS, HEMOLÍTICAS E POLICITEMIAS Diego Fernandes Alarcon Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Olá, caro aluno. Nesta seção começaremos a conhecer algumas das condições que podem provocar alterações em nosso sangue. A anemia é a principal delas, e há vários tipos que podem atingir a espécie humana. Por esse motivo, é de extrema importância conhecer suas características especí�cas, o que é fundamental para obter um diagnostico adequado, bem como identi�car o melhor caminho para o tratamento. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/16 As anemias carenciais são caracterizadas por dé�cit na quantidade de um ou mais componentes fundamentais no processo de síntese de hemoglobina ou no processo de divisão celular. Sem as “matérias-primas” necessárias para produzir a hemoglobina, os eritrócitos têm sua morfologia e capacidade de trocas gasosas alteradas, prejudicando a homeostasia do indivíduo. Vamos conhecer ainda algumas anemias hemolíticas, caracterizadas pela destruição precoce dos eritrócitos, causando alterações na �siologia da pessoa enferma, em que o ritmo de destruição das células é maior do que o ritmo de reposição celular pela medula óssea. As policitemias são as doenças relacionadas ao aumento do número de eritrócitos no sangue circulante. Nessas condições ocorre aumento nos valores do hematócrito ou nos níveis associados à hemoglobina. Ao contrário das anemias, nesse caso, o aumento no número de células pode ocasionar quadros graves, como tromboses, isquemias e embolia pulmonar. A cidade onde nossos amigos do laboratório trabalham possui uma grande parcela de sua população vivendo em área rural. Em atendimento à solicitação de um médico, foi realizado o hemograma da paciente Julia. Ela tem 11 anos e vive com seus pais em um sítio onde plantam hortaliças. O médico justi�cou o pedido do exame pelo fato deJulia apresentar como sintomas fraqueza, palidez de pele e mucosas e prostração, além de estar abaixo do peso ideal. No hemograma realizado detectou-se leve microcitose e hipocromia dos eritrócitos. Baseado em seus conhecimentos, você consegue ajudar nossos amigos a identi�car qual é o quadro patológico da criança? E o que você indicaria para reverter essa condição de saúde? Muitos conteúdos interessantes para conhecer e aprender, portanto vamos começar! CONCEITO-CHAVE ANEMIA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/16 A anemia é caracterizada como a diminuição da quantidade de hemoglobina no sangue, atingindo valores abaixo dos padrões de referência, levando-se em consideração fatores como idade e sexo. Atualmente os valores de�nidos para classi�car uma anemia são abaixo de 13,5 g/dl para homens adultos e abaixo de 11,5 g/dl para mulheres adultas. É sempre importante lembrarmos que esses valores podem apresentar pequenas diferenças entre os laboratórios de análises clínicas, além das diferenças em relação às várias regiões do mundo. Em recém-nascidos, a quantidade de hemoglobina é maior, tendo como parâmetro mínimo 14 g/dl. Já em crianças, considerando as idades até atingirem a puberdade, os valores observados são da ordem de 11 g/dl (limite de referência inferior). Uma vez que a anemia é caracterizada pela diminuição na dosagem de hemoglobina em uma amostra, é importante sabermos como é feita essa medição. A hemoglobina é medida através de um processo automatizado em que os eritrócitos têm sua membrana plasmática rompida, liberando o conteúdo intracelular, composto quase integralmente de hemoglobina. Após a estabilização da hemoglobina, a medição acontece por meio de espectrofotometria. A dosagem de hemoglobina está diretamente relacionada à quantidade de eritrócitos na amostra, bem como à quantidade de plasma (hematócrito). Situações como o aumento ou a diminuição do volume plasmático podem fornecer dados errôneos quanto ao quadro de anemia. Dessa forma, o primeiro passo é identi�car o quadro anêmico. Em seguida, o passo mais importante é identi�car a causa da anemia, o que envolve uma análise mais aprofundada dos dados obtidos, assim como dos hábitos e das condições do paciente. A OMS estimou em 2010 a incidência de anemia em cerca de 33% da população global. Em todas as idades, a prevalência foi maior em mulheres do que em homens, e maior ainda em crianças com até 5 anos de idade. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/16 No Brasil, segundo o Governo Federal, a prevalência de anemia em crianças de até 5 anos de idade recuou de 20,9% em 2006 para 10% em 2019 (BRASIL, 2020). Com tantos fatores in�uentes, a anemia pode se manifestar de diferentes formas, e o diagnóstico preciso é de suma importância na busca da correção do problema. ANEMIAS CARENCIAIS As anemias carenciais são aquelas em que há carência de elementos fundamentais no processo de produção de novos eritrócitos. São anemias que podem acontecer em qualquer idade, entretanto são mais prevalentes em crianças, condição que se deve à alta necessidade nutricional durante o processo de crescimento. Componentes como ferro, folato, vitaminas (B12, B6, C, A, E) e proteínas são exemplos de itens cuja disponibilidade reduzida pode afetar o processo de eritropoiese e permitir o desenvolvimento de quadro anêmico. Esses componentes são obtidos através do processo de alimentação, portanto as anemias carenciais estão diretamente ligadas à questão nutricional. Nos recém-nascidos, a anemia carencial pode se manifestar em razão de problemas no aleitamento materno ou na dieta alimentar da mãe. Já nas crianças com faixa etária entre 1 e 6 anos, as anemias carenciais estão relacionadas à má alimentação e à questão sanitária, pois as verminoses interferem no processo de absorção de nutrientes, bem como podem estar diretamente relacionadas com a perda de sangue da criança. Quanto ao sexo, as anemias carenciais são mais incidentes nas mulheres, devido ao ciclo menstrual e a gestações consecutivas, com o cenário se agravando em situações de pobreza nutricional. Em idosos, a anemia é comum, e sua prevalência aumenta conforme a idade do idoso. São diversas as causas, mas as anemias causadas por de�ciências nutricionais correspondem a um terço do total. ANEMIA FERROPRIVA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/16 Esse tipo de anemia é caracterizado pela de�ciência nutricional de ferro no organismo. Representa o tipo de anemia carencial mais comum no mundo, bastante incidente na população mais carente. Sua ocorrência está diretamente ligada à pobreza nutricional e à falta de saneamento básico, pois as parasitoses intestinais representam fator preponderante na manifestação desse tipo de anemia. O ferro é um componente químico importante para nosso organismo, participando de diversos processos �siológicos, como síntese de DNA, produção de energia e trocas gasosas (deste último, como componente da hemoglobina). Em uma molécula de hemoglobina o átomo de ferro está centralizado no grupo heme, e é através dele que ocorre a interação com o oxigênio, permitindo seu transporte. No nosso organismo, o ferro é armazenado na forma de ferritina e hemossiderina. Os homens possuem uma reserva de 600 a 1200 mg de ferro, enquanto nas mulheres essa reserva é da ordem de 100 a 400 mg. Este fato obviamente contribui para uma maior incidência desse tipo de anemia no sexo feminino. Somada a isso, há uma maior demanda de ferro, no caso das mulheres, durante os ciclos menstruais e nas gestações. Assim, a anemia ferropriva ocorre quando há um balanço negativo de ferro, ou seja, quando a ingestão desse nutriente é menor do que a necessidade imposta pelo organismo. Quadro 2.2 | Etiopatologia da anemia ferropriva 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/16 Causas de de�ciência de ferro Perda crônica de sangue (trato gastrintestinal e geniturinário, hemodiálise, doação de sangue, parasitose) Perda aguda de sangue (trauma, hematêmese, melena, hemoptise, menorragia) Ingestão de�ciente (p. ex., vegetarianismo) Aumento da demanda (gestação, lactação) Má absorção (gastrectomia, doença celíaca, gastrite atró�ca, bypass gástrico) Hemólise intravascular (hemoglobinúria) Fonte: adaptado de Fochesatto Filho e Barros (2013) apud Rodrigues et al. (2019, p. 136). A anemia ferropriva é caracterizada por sinais e sintomas comuns a qualquer anemia, tais como palidez nas mucosas e nos leitos ungueais, fraqueza, letargia, palpitações e dores de cabeça. A coiloníquia é um sinal especí�co da anemia causada por de�ciência de ferro, e caracteriza-se por unhas na forma de colher (côncavas). Em crianças, irritabilidade e má função cognitiva são sintomas recorrentes. O diagnóstico desse tipo de anemia baseia-se nas medições de hemoglobina, na morfologia dos eritrócitos e na concentração de ferritina. Os achados laboratoriais acompanham o avanço do quadro clínico do paciente. A baixa disponibilidade de ferro nesses pacientes causa uma queda nos valores de VCM, CHCM e HCM. Sem hemoglobina su�ciente disponível, os eritrócitos apresentam-se microcíticos e hipocrômicos. As dosagens deferro sérico e ferritina caem, enquanto a capacidade ferropéxica total (TIBC) aumenta. Pode-se realizar a pesquisa de ferro através da análise da medula óssea. Essa avaliação é feita por meio da coloração com azul da Prússia, permitindo a visualização dos depósitos férricos nos macrófagos da medula. Esse tipo de 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/16 avaliação é realizado apenas nos casos de diagnósticos mais complexos. O tratamento baseia-se na suplementação de ferro na dieta alimentar do paciente. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Esse tipo de anemia é caracterizado por um atraso na maturação do núcleo dos eritroblastos em relação ao citoplasma. Essa maturação desbalanceada é causada por falhas na síntese de DNA devido à de�ciência de vitamina B12 ou de folato. Essas vitaminas são importantes nas células que sofrem mitoses sucessivas, como as células da medula óssea. A vitamina B12 é sintetizada por microrganismos e a espécie humana a adquire através da ingestão de alimentos de origem animal, tais como carnes, peixes, fígado e derivados de leite. Por não ser obtida através da ingestão de frutas e verduras, os adeptos do vegetarianismo podem apresentar de�ciência dessa vitamina. No processo digestivo, a B12 se combina com uma glicoproteína chamada de fator intrínseco (FI), produzida no estômago. A cubilina, um receptor especí�co, se liga ao complexo FI-B12. Nas células do intestino (íleo) ocorre a endocitose desse complexo, sendo a B12 absorvida e o FI eliminado. Os folatos são vitaminas importantes em várias reações bioquímicas, principalmente nas que envolvem a troca de átomos de carbono. Assim como na anemia ferropriva, os sinais e sintomas da anemia megaloblástica surgem de forma gradativa, conforme o avanço do quadro anêmico. O excesso de catabólise de hemoglobina em razão do aumento da eritropoiese na medula óssea pode causar leve icterícia nos pacientes. Glossite, estomatite e sinais de má absorção, como a perda de peso, podem ser observados. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/16 No hemograma, o principal sinal é a ocorrência de eritrócitos macrocíticos ovais, ocasionando um aumento no valor de VCM. Na análise medular, os eritroblastos apresentam-se grandes e com sinais de falta de maturação. ANEMIAS HEMOLÍTICAS Anemias hemolíticas são as associadas a um aumento na ocorrência de destruição dos eritrócitos. Esse tipo de anemia pode demorar a se �xar, visto que nosso organismo possui uma capacidade de adaptação, sendo que a expansão da capacidade medular pode fazer com que a medula óssea produza em ritmo até 6 a 8 vezes maior do que o normal, ainda que mais eritrócitos estejam sendo destruídos. Anemias hemolíticas podem ser classi�cadas em dois tipos: adquiridas e hereditárias. As adquiridas são causadas por efeitos imunológicos ou alterações ambientais, enquanto as hereditárias são ocasionadas por fatores herdados geneticamente. São sinais e sintomas gerais das anemias hemolíticas: mucosas apresentando palidez, icterícia leve e esplenomegalia. O paciente pode apresentar escurecimento da urina pela presença em excesso do urobilinogênio. São frequentes os aparecimentos de cálculos vesiculares de bilirrubina. Os achados laboratoriais dessa forma de anemia são divididos em três tipos: Sinais do aumento da destruição de eritrócitos. Sinais do aumento da produção de eritrócitos. Alterações eritrocitárias. Quanto aos sinais do aumento da destruição dessas células, temos o aumento do urobilinogênio urinário, aumento da bilirrubina sérica e ausência de haptoglobinas. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/16 Em relação aos sinais de aumento na produção dos eritrócitos, temos a ocorrência de reticulocitose e aumento de eritroblastos na medula óssea (hiperplasia eritroide). As alterações eritrocitárias, quando observadas, estão relacionadas a danos causados aos eritrócitos, afetando sua forma (células elipsoides, microesferoides ou fragmentadas) e sua fragilidade osmótica. A hemólise causa alterações químicas no organismo, que podem ser detectadas através de análise plasmática, de urina e de fezes do paciente. A metemoglobina deriva da hemoglobina e possui coloração marrom. Seu excedente pode alcançar a urina e alterar a coloração natural de amarela para castanho-avermelhada. O grupo heme liberado pela degradação da hemoglobina é clivado até formar a bilirrubina, causando icterícia leve. O excesso de bilirrubina sérica depende da função hepática do indivíduo, bem como da intensidade da hemólise. Se há bilirrubina em excesso sendo excretada pelo fígado, parte dela alcança o intestino e é eliminada pelas fezes como urobilina. Os eritrócitos podem ser destruídos de duas maneiras nas anemias hemolíticas. A primeira envolve a eliminação excessiva dos eritrócitos através da ação dos macrófagos do sistema mononuclear fagocitário (hemólise extravascular). A segunda forma é a destruição direta na corrente sanguínea (hemólise intravascular). A forma predominante de destruição dos eritrócitos está diretamente relacionada à �siopatologia da anemia. O tipo de hemólise extravascular é mais recorrente do que o intravascular. Nesse cenário, a hemoglobina não será liberada diretamente no plasma. Assim, não serão encontradas alterações como hemoglobinemia, hemoglobinúria ou deposição de hemossiderina, pois a hemoglobina será degradada diretamente pelo macrófago. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/16 Na hemólise extravascular os principais achados estão relacionados com o grupo heme, como o aumento de CO, carboxihemoglobina, bilirrubina sérica e urobilinogênio em fezes e urina. A esferocitose hereditária e suas formas variantes são as anemias hemolíticas mais recorrentes e atingem diferentes grupos étnicos. Em aproximadamente 75% dos casos ocorre a herança autossômica dominante. A esferocitose característica ocorre devido à perda de fragmentos da membrana eritrocitária. POLICITEMIA A policitemia vera (PV) é o principal tipo de policitemia. É uma doença neoplásica clonal mieloproliferativa que atinge o sistema hematopoiético, alterando a produção dos eritrócitos, granulócitos e megacariócitos, sendo os eritrócitos as células mais afetadas, causando um aumento expressivo no número de células e alterações persistentes do hematócrito. As causas da ocorrência da PV ainda não são completamente conhecidas, entretanto pesquisas recentes referentes a uma mutação denominada V617F que ocorre no gene JAK 2 (janus tyrosine kinase) indicam sua relação com a manifestação da doença, visto que virtualmente todos os pacientes diagnosticados apresentam essa mutação. Não é uma doença condicionada à hereditariedade e se manifesta de maneira mais frequente na faixa etária acima dos 60 anos. É mais recorrente na população judaica proveniente da Europa Oriental. Estima-se 1 caso/100.000 habitantes por ano. Em casos mais raros a doença pode evoluir, a longo prazo, para mielo�brose e leucemia mieloide aguda. A proliferação das colônias celulares eritroides acontece de forma autônoma, não estando associada a alterações do hormônio eritropoietina. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/16 Os sintomas associados são cefaleia, tontura, cansaço físico, prurido e sudorese. Em aproximadamente 30% dos pacientes ocorre trombose antes do diagnóstico de policitemia vera. Nos primeiros 10 anos da doença, a trombose ocorre em 40 a 60% dos casos, tornando-se o maior agravo da PV. Casos graves, como acidente vascular encefálico, tromboembolismo pulmonar, infarto do miocárdio e trombose profunda, podem levar a óbito o paciente. Nos casos não tratados, a sobrevida do paciente é em média de 18 meses. Podem ocorrer sangramentos leves e uma atenção especial deve ser dada quanto a hemorragias gastrointestinais, que quando ocorrem de forma prolongada podem di�cultar o diagnóstico de policitemia vera. Quadro 2.3 | Critérios para diagnóstico de policitemia vera (PV) A1: aumento da massa eritrocitária (25% acima do valor normal) ou hematócrito > ou = a 56% no sexo feminino A2: ausência de causa de eritrocitose secundária A3: esplenomegalia detectada no exame físico A4: cariótipo anormal B1: plaquetose (> 400.000/mm ) B2: neutro�lia (neutró�los > 10.000/mm ou, em fumantes, > 12.500/mm ) B3: esplenectomia demonstrada exclusivamente por exame subsidiário B4: crescimento de BFU-E sem adição de eritropoietina exógena ou níveis reduzidos de eritropoietina Interpretação Policitemia vera = A1 + A2 + A3 ou A4 Policitemia vera = A1 + A2 + pelo menos 2 dos critérios B 3 3 3 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/16 Fonte: Hamerschlak (2010, p. 145). O tratamento baseia-se na �ebotomia, com o objetivo de diminuir a massa celular e aumentar o volume do plasma, permitindo uma maior �uidez no �uxo sanguíneo. O procedimento é aplicado na maioria dos casos a cada 2 dias e a avaliação do benefício do tratamento é realizada através da análise do hematócrito do paciente. Existem ainda outros dois tipos de policitemia, a policitemia relativa e a policitemia secundária. A relativa é caracterizada pelo aumento do hematócrito por uma diminuição do volume plasmático, como em quadros de desidratação. Já a policitemia secundária geralmente está associada a um aumento da quantidade de eritropoietina devido a hipóxia tecidual. ASSIMILE A haptoglobina é uma proteína produzida pelo fígado e tem como função ligar-se às moléculas de hemoglobina livre no plasma sanguíneo. Após a junção com a hemoglobina, o complexo é carreado até o fígado, onde é destruído. A análise de haptoglobina é um importante indicador para o diagnóstico dos diferentes tipos de anemias. Nas anemias hemolíticas, por exemplo, a quantidade de haptoglobina no sangue circulante diminui devido à demanda de hemoglobina livre disponível pela destruição das células. REFLITA Pesquisas recentes indicam que a manifestação da policitemia vera está relacionada com uma mutação denominada V617F, que ocorre no gene JAK 2. A PV não é uma doença condicionada à hereditariedade, manifestando-se em maior número em pacientes acima dos 60 anos de idade. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/16 Aluno, você consegue explicar como uma doença causada por mutação pode não interferir na hereditariedade? Quando as mutações acontecem nas células somáticas elas �cam restritas aos indivíduos. Caso a mutação aconteça nas células que originarão os gametas, essa condição de mutação pode ser herdada pelos descendentes. EXEMPLIFICANDO As anemias são as alterações mais comuns que ocorrem no nosso sangue e são caracterizadas pela diminuição da capacidade de troca gasosa do organismo, por alterações nas células ou em seus componentes. Existem vários tipos de anemias, com diferentes causas. A identi�cação correta do tipo de anemia incidente é muito importante para ditar os próximos passos no cuidado com o paciente. Por exemplo, no caso de uma anemia carencial, qual seria o melhor procedimento a adotar? Anemias carenciais são aquelas em que ocorrem alterações no processo de produção das células por falta de componentes. Dessa forma, a melhor medida é a reposição dos componentes via alimentação ou via medicamentosa. Nem todas as anemias são tratadas dessa maneira, por isso é importante obter o máximo de informações possíveis para um diagnóstico preciso e um tratamento e�caz. Nesta seção, aluno, você pôde aprender um pouco mais sobre doenças que afetam nosso sangue, como alguns tipos de anemias e as policitemias. As anemias surgem quando temos redução nos nossos componentes celulares, di�cultando o processo de troca gasosa. Já nas policitemias temos o inverso, a produção descontrolada de células do nosso sangue, principalmente eritrócitos, o que pode interferir na �uidez do sangue e consequentemente na nossa circulação. Tanto as anemias como as policitemias podem acontecer em qualquer indivíduo de qualquer idade, mas devemos sempre estar informados sobre suas principais características e sobre o per�l da população que mais sofre com esses males. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/16 Aprendemos também sobre como cada tipo de doença possui suas características e como os achados hematológicos são importantes na busca por um diagnóstico correto. Conforme a ciência médica avança, novas informações sobre esses tipos de males podem surgir, por isso é fundamental manter-se sempre atualizado sobre novidades. FAÇA VALER A PENA Questão 1 São anemias que podem acontecer em qualquer faixa etária, mas são mais comuns em crianças devido à alta necessidade nutricional durante o processo de crescimento. Componentes como ferro, folato, vitaminas (B12, B6, C, A, E) e proteínas são exemplos de itens cuja disponibilidade reduzida pode afetar o processo de eritropoiese e permitir o desenvolvimento de quadro anêmico. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o tipo de anemia descrita no texto. a. Anemia hemolítica. b. Anemia carencial. c. Anemia megaloblástica. d. Anemia aplásica e. Talassemia. Questão 2 A policitemia vera é uma doença mieloproliferativa que causa alterações na medula óssea, aumentando expressivamente o número de células sanguíneas produzidas. Esse excesso de produção altera a �uidez do sangue, podendo causar graves problemas circulatórios. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/16 Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o tratamento aplicado nos casos de policitemia vera. a. Suplementação alimentar. b. Reposição hormonal. c. Uso de antidiuréticos. d. Uso de anticoagulantes. e. Flebotomia. Questão 3 A Organização Mundial de Saúde (OMS) de�ne a anemia como condição em que a quantidade de hemoglobina disponível no sangue encontra-se abaixo dos níveis normais, causando uma diminuição na capacidade de realização das trocas gasosas. A hemoglobina em nosso sangue é carregada pelos eritrócitos, também chamados de glóbulos vermelhos. Existem vários tipos de anemias causadas por diversos fatores. Em relação às anemias hemolíticas, assinale a alternativa correta. REFERÊNCIAS ABRALE. Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. O queé Policitemia Vera. [s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3wF7Pih. Acesso em: 9 mar. 2021. a. Anemias hemolíticas são as causadas por de�ciência de algum componente que participa do processo de produção das hemoglobinas. b. São anemias que se �xam rapidamente no organismo do paciente, pois nossa medula óssea não possui potencial de expansão expressivo. c. As anemias hemolíticas somente são diagnosticadas através de alterações dos índices avaliados em um hemograma, pois não afetam outros sistemas no organismo. d. Anemias hemolíticas podem ser classi�cadas em adquiridas e hereditárias, sendo as hereditárias causadas por fatores herdados geneticamente. e. Os achados hematoscópicos das anemias hemolíticas envolvem a observação, em esfregaço sanguíneo, de eritrócitos normocíticos e normocrômicos. 0 V e r a n o ta çõ e s https://bit.ly/3wF7Pih 07/02/2023 19:35 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/16 ABRALE. Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia. Câncer: célula obstruída por gordura é possível elo entre obesidade e a doença, indica estudo. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3fzfSaZ. Acesso em: 9 mar. 2021. ALMEIDA, R. A. de; BERETTA, A. L. R. Z. Anemia Falciforme e abordagem laboratorial: uma breve revisão de literatura. Revista RBAC, fev. 2017. Disponível em: https://bit.ly/3vI6GGV. Acesso em: 13 mar. 2021. BRASIL. Governo Federal. Brasil reduz anemia e carência de vitamina A em crianças de até 5 anos. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3uv5UeX. Acesso em: 14 mar. 2021. CHAUFFAILLE, M. de L. Diagnósticos em Hematologia. 2. ed. São Paulo: Editora Manole, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3yNde8M. Acesso em: 9 mar. 2021. HAMERSCHLAK, N. Manual de Hematologia: Programa Integrado de Hematologia e Transplante de Medula Óssea. São Paulo: Editora Manole, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3yNhmpg. Acesso em: 8 mar. 2021. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Artmed, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3fMX9aC. Acesso em: 9 mar. 2021. MAURER, M. H. Fisiologia Humana Ilustrada. São Paulo: Editora Manole, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3ut7iyv. Acesso em: 14 mar. 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia Básica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3vzlfwm. Acesso em: 7 mar. 2021. SILVA, P. H. da et al. Hematologia Laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: Grupo A, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3fV79hU. Acesso em: 14 mar. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://bit.ly/3fzfSaZ https://bit.ly/3vI6GGV https://bit.ly/3uv5UeX https://bit.ly/3yNde8M https://bit.ly/3yNhmpg https://bit.ly/3fMX9aC https://bit.ly/3ut7iyv https://bit.ly/3vzlfwm https://bit.ly/3fV79hU 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/14 NÃO PODE FALTAR HEMOGLOBINOPATIAS, ANEMIAS APLÁSICAS E EXAMES COMPLEMENTARES PARA DIAGNÓSTICO DE ANEMIAS Diego Fernandes Alarcon Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Caro aluno, chegamos até a Seção 3 da Unidade 2 e agora vamos conhecer um pouco mais sobre outros tipos de doenças que podem afetar o nosso sangue, tecido tão importante na manutenção de nossa homeostasia. Vamos aprender sobre as hemoglobinopatias, doenças relacionadas às hemoglobinas, aquelas proteínas tão importantes nas trocas gasosas e que se acomodam dentro dos nossos eritrócitos. Alterações na produção ou na estrutura Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/14 dessa proteína podem ocasionar sérios problemas ao organismo humano. A anemia aplásica é outro tipo de condição que prejudica nosso organismo e está relacionada com o sangue. Temos diversos tipos de anemias aplásicas, e aqui o problema está na medula óssea, tecido onde ocorre a hematopoiese. Ao longo desta seção, vamos conhecer as alterações nos índices hematimétricos e quais são os achados hematoscópicos associados a cada uma dessas doenças. Esse conhecimento é fundamental para que possamos distinguir adequadamente qual é a doença que afeta o paciente e qual deve ser o tratamento adequado. Em algumas situações, para permitir o diagnóstico correto, é indicada a aplicação de exames complementares, como teste de Coombs direto, falcização, prova de fragilidade osmótica, entre outros. Então, aprenderemos também sobre eles e as circunstâncias em que se aplicam. Vamos analisar mais um dos casos atendidos no laboratório de análises clínicas. Em análise de amostra de sangue proveniente de uma criança recém-chegada da Itália, que apresentou quadro clínico de fraqueza, palidez, falta de ar e algumas deformidades ósseas, os funcionários do laboratório constataram a presença elevada de eritroblastos, hemólise celular e células hipocrômicas e microcíticas. Além disso, os níveis séricos de bilirrubina, ferro e ferritina estavam aumentados. Em conversa com a mãe, ela disse sofrer de traço talassêmico, mas não acredita que isso tenha relação com a condição de sua �lha. Você, como supervisor da equipe de atendimento e análise, consegue nos ajudar a diagnosticar o problema dessa criança? E a informação da mãe, está correta? Temos muitas novidades para conhecer e aprender, então vamos lá! CONCEITO-CHAVE A hemoglobina é a proteína que compõe os eritrócitos, sendo a partir dela que os eritrócitos cumprem sua principal função, que é a realização do processo de troca gasosa. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/14 É uma proteína composta por uma estrutura quaternária de quatro subunidades (tetramérica), e cada subunidade é ligada a um grupo heme. Como são cadeias polipeptídicas, possuem vários resíduos de aminoácidos. As cadeias alfa possuem 141 resíduos de aminoácidos e as cadeias beta têm 146 resíduos. Ao longo de nosso desenvolvimento, nós apresentamos alterações quanto à quantidade e aos tipos de hemoglobinas em nosso organismo. No sangue de um indivíduo adulto temos três tipos de hemoglobina: Hemoglobina A1, composta por duas cadeias de globina α (alfa) e duas β (beta). Corresponde a aproximadamente 96% de toda hemoglobina no adulto. Hemoglobina A2, composta por duas cadeias de globina α e duas δ (delta). Corresponde a aproximadamente 2% do total. Hemoglobina F (fetal), composta por duas cadeias de globina α e duas γ (gama). Corresponde a aproximadamente 2% do total. HEMOGLOBINOPATIA Refere-se a um grupo de doenças de ordem genética, em que mutações nos genes que codi�cam a hemoglobina alteram o processo de produção. Essas alterações podem ocasionar a síntese de uma hemoglobina anormal ou afetar a velocidade de síntese das cadeias alfa e beta normais. As desordens nos genes da hemoglobina representam as doenças genéticas mais comuns no mundo. A maioria das anomalias nas cadeias de hemoglobina acontece na cadeia beta. DOENÇA FALCIFORME De todas as hemoglobinopatias conhecidas, a doença falciforme é a mais comum, sendo a doença hereditária monogênica mais frequente no Brasil. De origem africana, a doença falciforme chegou às Américas através do trá�co de escravos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926…4/14 Sua manifestação genética é autossômica recessiva, ou seja, a doença só se manifesta se existirem dois genes alelos recessivos. Ocorre por problemas na composição da estrutura da hemoglobina, associados ou não a de�ciência na sua sintetização pelo organismo. A doença falciforme é caracterizada clinicamente por um quadro de anemia hemolítica crônica com a presença de poiquilócitos (eritrócitos alterados morfologicamente). Os eritrócitos alterados apresentam-se em forma de foice e são classi�cados como drepanócitos. A forma das células é condicionada pela presença da hemoglobina do tipo S (HbS). Geralmente, os pais têm a mutação (traço falciforme), mas não apresentam os sintomas por serem heterozigotos, produzindo HbA e HbS (AS). Quando cada genitor cede um gene afetado para a criança a doença se manifesta, pois a criança será homozigota e produzirá HbS e HbS (SS). A formação da hemoglobina S acontece devido a uma mutação que atinge o gene beta, na posição 6, com a substituição do aminoácido ácido glutâmico pela valina. Quando a célula com a hemoglobina S encontra-se em situação de baixa tensão de oxigênio ela �ca mais sujeita à formação dos cristais que alteram a rigidez da célula, podendo dani�car sua membrana e causar hemólise. O período em que a hemoglobina S permanece desoxigenada também é importante, por isso em locais onde a circulação é lenta a falcização das células é mais frequente. A alteração na forma do eritrócito é a principal causa do sintoma mais recorrente das doenças falciformes, que é a obstrução de vasos sanguíneos, principalmente os de menor calibre. Essas obstruções ocorrem de maneira recorrente e são dolorosas, podendo inclusive levar à morte tecidual. Ocorrem geralmente nos membros, no abdômen e na região do tórax. O quadro de anemia na doença falciforme também é recorrente devido à sobrevida curta das hemácias. A alta taxa de morte celular provoca, em alguns casos, o aumento do baço (esplenomegalia). 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/14 Figura 2.4 | Consequências clínicas da anemia falciforme Fonte: Antunes et al. (2019, p. 58). O hemograma dos pacientes com doença falciforme apresenta valores de hemoglobina entre 5 e 10 g/dl. Apesar da anemia, as células apresentam-se normocíticas e normocrômicas na maioria das vezes. A anemia causada pela doença falciforme é classi�cada como hemolítica, tanto intra como extracelular. Ocorre aumento de bilirrubina indireta, diminuição de hemoglobina e aumento nos níveis de reticulócitos. O número de leucócitos aumenta, podendo subir ainda mais nas crises oclusivas, e a trombocitose é recorrente. Na análise de extensão sanguínea (esfregaço) é possível identi�car diversas formas falciformes (drepanócitos). Figura 2.5 | Drepanócitos em esfregaço sanguíneo Fonte: Wikimedia Commons. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/14 O diagnóstico das síndromes falciformes envolve diretamente a comprovação da presença da hemoglobina S no sangue. Essa comprovação acontece mediante realização de eletroforese de hemoglobinas, processo pelo qual os tipos de hemoglobinas presentes na amostra são con�rmados. As técnicas de eletroforese de hemoglobinas mais aplicadas são as seguintes: em gel de ágar com pH 6,2; em acetato de celulose com pH 8,4; e os testes de solubilidade de hemoglobinas, utilizando tampão fosfato concentrado. Outras formas de detecção da HbS são a eletroforese com focalização isoelétrica (FIE) e a cromatogra�a líquida de alta performance (HPLC). Através da reação em cadeia de polimerase (PCR) é possível identi�car a alteração molecular nos casos de doença falciforme. In�ltrados citoplasmáticos eritrocitários, como policromato�lia, ponteado basó�lo e corpúsculo de Howel-Jolly, podem ser também observados. O diagnóstico prévio é realizado através do teste do pezinho ou teste de Guthrie, que é obrigatório e gratuito, e faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) do SUS. TALASSEMIA Outra hemoglobinopatia de importância médica é a talassemia, caracterizada por diminuição ou ausência, no processo de produção, das cadeias polipeptídicas que formam as hemoglobinas. É uma doença causada por mutação gênica que pode ocorrer no cromossomo 16 ou no cromossomo 11. As mutações podem ocorrer por deleção, inserção, substituição ou por crossing over. A classi�cação das talassemias pode ser feita de acordo com a cadeia globínica que sofreu a alteração. Quadro 2.4 | Classi�cação das talassemias de acordo com as cadeias globínicas mutadas 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/14 Classi�cação Cadeia globínica afetada Tipo de mutação α talassemia Redução das cadeias alfa (α+) ou ausência da cadeia alfa (α°) Deleções ou inserções nos genes alfa β talassemia Redução das cadeias beta (β+) ou ausência da cadeia beta (β°) As alterações se processam em genes intactos, ou por substituição δβ talassemia Redução ou ausência das cadeias alfa ou beta Crossing over Fonte: adaptado de Lorenzi (2006) apud Antunes et al. (2019, p. 60). Os casos de α talassemia acontecem devido à produção reduzida ou à não produção das cadeias globínicas alfa. São quatro os genes responsáveis pela síntese das cadeias alfa, e por isso existem quatro tipos de talassemias alfa diferentes, classi�cadas como subtipos da doença. O traço alfa talassêmico acontece quando dois genes são suprimidos. Usualmente são pacientes assintomáticos, mas em exames clínicos a alteração genética pode ser identi�cada. Também há pessoas que possuem alteração em apenas um gene, nesse caso, elas não apresentam sintoma nenhum. A doença de hemoglobina H é fruto da deleção de três genes da cadeia alfa. Nesses casos, não ocorre a produção de cadeias alfa e elas são substituídas por cadeias beta. As hemoglobinas compostas de cadeias beta possuem alta a�nidade ao oxigênio, di�cultando o processo de liberação desse gás nos tecidos. A hidropsia fetal, também chamada de hemoglobina de Bart, representa a forma mais grave da doença e ocorre quando há deleção dos quatro genes das cadeias alfa, causando a morte nos primeiros meses de vida. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/14 A talassemia beta acontece quando mutações genéticas impedem a produção ou causam a diminuição na produção das cadeias do tipo beta. É uma condição caracterizada como hereditária autossômica recessiva. São dois os genes que coordenam o processo de síntese das cadeias beta, e eles podem ser alterados por deleções, por ação de RNA não funcional ou devido a erros na síntese do RNA que atua na produção das cadeias beta. Por causa dessas características, a talassemia beta possui três subtipos: a talassemia menor, a talassemia intermediária e a talassemia maior. Na talassemia menor os pacientes são heterozigotos e clinicamente assintomáticos, mas pode-se detectar alterações laboratoriais como uma leve anemia. Para esses casos não há necessidade de tratamento. A forma intermediária da talassemia beta é a forma sintomática de menor gravidade, com níveis de hemoglobina variando de 8 a 10 g/dl. Geralmente, o indivíduo enfermo não depende de transfusões sanguíneas, podendo ser caracterizado quadroanêmico de leve a grave. A talassemia maior é a forma mais grave da doença, representada geneticamente por indivíduos heterozigotos compostos ou homozigotos, o que causa uma queda drástica ou a ausência na produção de β-globina. É representada por um quadro anêmico grave, com necessidade de transfusões sanguíneas regulares, e pela ocorrência de hepatoesplenomegalia, crescimento ósseo (nos que possuem medula ativa) e atraso no crescimento. Na análise clínica, o hemograma de uma pessoa com talassemia maior apresenta dados de hemoglobina muito abaixo dos valores de referência (2 a 3 g/dl). Anisocitose e pecilocitose severa, alterações morfológicas como células em alvo, dacriócitos e eliptócitos são observados no esfregaço. A anemia é classi�cada como microcítica, com valores baixos de VCM, HCM e CHCM e aumento de RDW. ANEMIA APLÁSICA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/14 Diz respeito às anemias caracterizadas pela destruição das células-tronco responsáveis pela hematopoiese, sendo a medula óssea ativa parcialmente substituída por tecido adiposo. A redução no processo de hematopoiese causa pancitopenia (diminuição de todas as células geradas na medula óssea). Esse tipo de anemia pode ter sua origem congênita ou adquirida. A forma congênita mais disseminada é a doença de Fanconi, uma síndrome autossômica recessiva associada a atraso cognitivo, defeitos de crescimento e defeitos congênitos do esqueleto, tais como microcefalia e ausência de polegares ou do osso rádio. Alterações do trato renal, como rim em ferradura, e alterações da pele (hipo e hiperpigmentação) também são observadas. A forma adquirida da anemia aplásica é a de ocorrência mais comum, representando uma proporção de 2:1 em relação às congênitas. Em sua grande maioria, o dano ao tecido hematopoiético acontece devido a um processo autoimune. No diagnóstico laboratorial da anemia aplásica são observadas pancitopenia e reticulocitopenia, uma vez que existem poucas ou não existem células-tronco disponíveis. Usualmente, o quadro anêmico aplásico é normocrômico e normocítico. Contudo, em casos mais graves pode-se observar macrocitose com VCM acima de 115 �, dosagem de hemoglobina inferior a 10 g/dl, plaquetopenia e neutropenia. Para con�rmação, o exame de biópsia de medula óssea é o mais adequado. Observamos que existem diversos tipos de condições e doenças que causam anemia e que há diversos tipos de anemias, com mecanismos de lesões distintas. É importante diferenciá-las, o que pode garantir o sucesso no tratamento. A contagem eritrocitária é um tipo de análise que auxilia na diferenciação das anemias, sendo importante na distinção entre a anemia ferropriva e as talassemias. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/14 O teste de falcização é outro exemplo de procedimento que auxilia na distinção dos quadros anêmicos. O teste é realizado colocando-se uma gota de sangue sobre uma lâmina e cobrindo-a com lamínula. A lâmina deve ser selada com cera ou esmalte, o que fará com que a atividade metabólica dos leucócitos presentes na amostra cause a desoxigenação. Após um período de 24 horas, deve-se observar a lâmina ao microscópio, e em caso da presença da hemoglobina S, os eritrócitos estarão morfologicamente alterados (drepanócitos). O teste de Coombs direto é aplicado na detecção de anticorpos associados aos eritrócitos, gerados pelo próprio organismo ou provenientes de transfusões sanguíneas. Esse teste é bem aplicado na detecção das anemias hemolíticas. O resultado positivo do teste signi�ca que existem anticorpos ligados aos eritrócitos. Quanto maior a reação, mais anticorpos a amostra possui. Outro teste utilizado no diagnóstico diferencial das anemias é o teste de fragilidade osmótica. Consiste em avaliar a capacidade dos eritrócitos em absorver água sem que ocorra a lise da membrana. Na esferocitose ocorre uma diminuição da resistência osmótica, enquanto nas anemias microcíticas, nas hemoglobinopatias e nas talassemias a resistência osmótica é aumentada. A contagem de reticulócitos é um exame muito importante para avaliação da integridade �siológica da medula óssea e da hematopoiese. Os valores de referência para reticulócitos são de 0,5 a 1,5% dos eritrócitos totais. Em uma medição mais precisa, é considerado o número absoluto desse tipo de célula, com valores de referência entre 20.000 e 80.000 reticulócitos por mm3. A reticulocitose (aumento de reticulócitos) ocorre normalmente nos pacientes anêmicos com medula óssea funcional. Anemias derivadas de lise celular (hemolíticas), anemia falciforme, talassemias ou quadros hemorrágicos são exemplos de anemias associadas à reticulocitose. Valores normais ou diminuição de reticulócitos (reticulopenia) estão associados a anemias como a aplásica e anemias carenciais. ASSIMILE 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/14 São quatro as origens das hemoglobinopatias: Substituição de um único aminoácido na cadeia proteica (anemia falciforme). Síntese anormal de um tipo das cadeias de aminoácidos (talassemias). Fusão entre cadeias de hemoglobinas (doença de Lepore). Cadeia de aminoácido de tamanho mais extenso (Hemoglobin Constant Spring – HBCS). REFLITA Doenças falciformes são as formas sintomáticas causadas pela presença do gene mutante HbS, em homozigose ou em combinação com outras alterações genéticas. Anemia falciforme é a terminologia utilizada exclusivamente para a doença que ocorre quando há a combinação dos genes que causam a produção da hemoglobina S (homozigotos SS). O gene HbS pode ainda se combinar com outras mutações hereditárias das hemoglobinas, tais como talassemia beta, hemoglobina C (HbC), hemoglobina D (HbD), entre outras. EXEMPLIFICANDO A anemia aplásica é caracterizada por alterações na medula óssea, diminuindo a quantidade de células-tronco disponíveis e consequentemente causando uma diminuição de todos os tipos celulares presentes no sangue circulante (pancitopenia). Pode ter origem hereditária ou adquirida. A forma adquirida é a mais comum e pode ser ocasionada por diversos fatores, tais como ação de agentes físicos ou químicos, infecções virais, tratamento oncológico ou através do desenvolvimento de doenças autoimunes. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/14 Nesta seção aprendemos um pouco mais sobre algumas doenças que podem afetar nosso sangue, através de alterações na hemoglobina ou mesmo alterações que atingem diretamente a medula óssea. São doenças que podem ser adquiridas ou ter sua origem por meio da hereditariedade. Nesse sentido, conhecer as origens genealógicas dos pacientes afetados é importante para compreender o mecanismo da doença. Você pôde ver que cada um dos tipos de doenças discutidos tem suas peculiaridades, o que afeta diretamente os resultados obtidos através da análise do aspecto clínico do paciente. Conhecer as diferenças no mecanismo das doenças nos permite identi�cá-las com maior precisão. Em certas situações você pode precisar de exames complementares para con�rmação de diagnóstico, exames manuais ou automatizados. Por isso, esteja sempre atento a atualizações de técnicas ou maquinários. Habitue-se comos termos técnicos utilizados nas descrições das doenças e pratique sempre o que você aprendeu, para absorver ainda mais conteúdo. FAÇA VALER A PENA Questão 1 Sua manifestação genética acontece através de dois genes alelos recessivos. É caracterizada por problemas na composição da estrutura da hemoglobina, associados ou não a de�ciência na sua sintetização pelo organismo. O paciente desenvolve um quadro de anemia hemolítica crônica com a presença de drepanócitos. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente a doença descrita no texto. a. Traço falciforme. b. Anemia falciforme. c. Talassemia beta. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/14 d. Doença de Fanconi. e. Anemia aplásica adquirida. Questão 2 A talassemia é uma hemoglobinopatia causada por mutação gênica que pode ocorrer no cromossomo 16 ou no cromossomo 11. Pacientes com a forma mais grave da doença apresentam diminuição ou ausência, no processo de produção, das cadeias polipeptídicas que formam as hemoglobinas. Em relação à talassemia, é correto a�rmar que: a. Talassemia beta possui quatro subtipos: talassemia menor, talassemia média, talassemia maior e hidropsia fetal. b. A classi�cação das talassemias pode ser feita de acordo com o gene que é alterado (por exemplo, talassemia 16 e talassemia 11). c. A talassemia H acontece com a deleção de três genes da cadeia beta, o que impede a produção das cadeias beta, sendo estas substituídas por alfa. d. A hemoglobina de Bart representa a forma mais branda da doença e ocorre quando há deleção de um dos genes das cadeias alfa. e. A talassemia beta é caracterizada como hereditária autossômica recessiva. Nesses casos há diminuição ou não há produção de cadeias beta. Questão 3 Reticulócitos são as células precursoras dos eritrócitos. A contagem de reticulócitos associada a outros parâmetros avaliativos pode indicar algumas doenças. Quando o número de reticulócitos está acima do esperado temos a reticulocitose, e valores abaixo representam uma reticulopenia Assinale a alternativa que identi�ca corretamente um exemplo de doença associada à reticulopenia. a. Anemia aplásica. b. Anemia hemolítica. c. Anemia falciforme. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:21 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/14 REFERÊNCIAS ANTUNES, S. R. et al. Hematologia Clínica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2RTZwjR. Acesso em: 16 mar. 2021. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Governo Federal (ed.). Manual de Diagnóstico e Tratamento de Doença Falciformes. 2001. Disponível em: https://bit.ly/3vxGjmD. Acesso em: 17 mar. 2021. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Artmed, 2018. Disponível em: https://bit.ly/2SAfm3p. Acesso em: 16 mar. 2021. MANCINI, N. Anemia aplásica não é câncer, mas é igualmente grave. Revista Abrale On-line, nov. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3yL8sZD. Acesso em: 22 mar. 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia Básica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2R1r4DH. Acesso em: 16 mar. 2021. SILVA, P. H. da et al. Hematologia Laboratorial. Porto Alegre: Grupo A, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3oXQGhj. Acesso em: 16 mar. 2021. UFG. Dacriócitos. Atlas de Hematologia. Faculdade de Farmácia, Universidade Federal de Goiás, [s. d.]. Disponível em: https://bit.ly/3fTIMBf. Acesso em: 22 mar. 2021. WIKIMEDIA. File:Sickle-cell smear 2015-09-10.jpg. In: Wikimedia Commons, the free media repository, oct. 2020. Disponível em: https://bit.ly/34sRJMS. Acesso em: 21 mar. 2021. d. Talassemia. e. Hemorragia. 0 V e r a n o ta çõ e s https://bit.ly/2RTZwjR https://bit.ly/3vxGjmD https://bit.ly/2SAfm3p https://bit.ly/3yL8sZD https://bit.ly/2R1r4DH https://bit.ly/3oXQGhj https://bit.ly/3fTIMBf https://bit.ly/34sRJMS 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/16 NÃO PODE FALTAR ERITROPOIESE E CONTROLE DA PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS Diego Fernandes Alarcon Imprimir CONVITE AO ESTUDO Nesta unidade vamos conhecer e aprender sobre as anemias, suas principais características e suas manifestações clínicas. As anemias são as condições relacionadas à diminuição das células sanguíneas eritrócitos ou de seus componentes. Anemias são doenças que afetam aproximadamente 30% da população mundial, tornando-se consequentemente um sério problema de saúde pública, já que seus efeitos são intensamente sentidos em áreas economicamente mais carentes. Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/16 Existem diversos tipos de anemia que afetam a humanidade. Embora seus efeitos sejam similares, cada um dos tipos de anemia carrega características diferenciadas. Assim, torna-se imperativo conhecer sobre elas e aprender a distinguir os tipos principais existentes, pois os passos a serem dados no tratamento do paciente dependem do exato diagnóstico. Ao analisar um esfregaço sanguíneo, sem dúvida as células que vamos visualizar em maior número são os eritrócitos, também chamados de hemácias, responsáveis pela realização das trocas gasosas. Em situações de normalidade, essas células são caracterizadas como discos bicôncavos com forma elíptica de pigmentação avermelhada, isso graças à hemoglobina. Acontece que, considerando os diversos tipos de anemias, temos situações em que essas células se apresentam de maneira distinta, com variações na forma, no tamanho e na pigmentação. Os eritrócitos alterados são chamados de poiquilócitos, e no hemograma identi�camos essa situação como poiquilocitose. São diversos os tipos de alterações que podem se manifestar, então vamos aprender um pouco mais sobre cada uma delas. Este tipo de análise, somado à interpretação dos resultados de um hemograma, é vital para o sucesso nos próximos passos ao lidar com o paciente. PRATICAR PARA APRENDER Estimado aluno, nesta primeira seção da Unidade 2 da disciplina de Hematologia estudaremos o que é a eritropoiese, como ela ocorre e de que forma são produzidos os componentes base para que esse fenômeno aconteça. A eritropoiese tem a função de produzir e renovar os eritrócitos que irão operar no nosso organismo. Para que esse fenômeno aconteça de maneira adequada, nosso organismo dispõe de um controle hormonal preciso, indicando adequadamente o momento de se produzir novas células em perfeitas condições de atender às nossas demandas, quer seja para renovação, quer seja para reposição. Essas células devem passar 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/16 por um período de maturação, no qual os eritroblastos (falaremos sobre eles) sofrem as alterações adequadas e tornam-se eritrócitos maduros, prontos para realizar as trocas gasosas. Assim deve ser o funcionamento desse processo, contudo sabemos que em condições especí�cas os eventos não acontecem como deveriam. Dessa forma, vamos aprender também sobre as alterações morfológicas a que os eritrócitos estão sujeitos. O laboratório de análisesclínicas onde nossos amigos trabalham realiza diversos tipos de exames, incluindo o teste do pezinho. Este teste é obrigatório e gratuito por lei, e muito importante, pois permite o diagnóstico prévio de seis doenças graves que podem prejudicar o desenvolvimento da criança. Em um desses exames, o teste do pezinho do bebê Miguel apresentou alterações, indicando que a criança possuía anemia falciforme. Gabriel, pro�ssional do laboratório, resolveu preparar lâminas de esfregaço com a amostra de sangue do bebê para procurar os eritrócitos característicos dessa doença, que se apresentam com morfologia alterada. Na observação da lâmina, não foi possível notar alterações signi�cativas dos eritrócitos. Será que o bebê possui mesmo anemia falciforme? E se possui, por que não houve alterações nos eritrócitos? Imagine que você é o supervisor do laboratório onde Gabriel trabalha. Como você responderia a essas perguntas? Pronto para mais um “mergulho” nesse assunto fascinante? Então vamos lá! CONCEITO-CHAVE Aprendemos nas seções anteriores um pouco mais sobre as células que compõem nosso sangue. Conhecemos suas funções e características, mas de onde elas vêm? Como elas são produzidas? O processo de produção das células sanguíneas é chamado de hematopoiese e é realizado por um tecido de aspecto gelatinoso chamado de medula óssea, que possui essa nomenclatura por ocupar a parte interna de alguns dos nossos ossos. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/16 Acontece que a produção de nossas células sanguíneas nem sempre foi realizada através da medula óssea. Em nosso desenvolvimento embriológico temos o princípio do processo de hematopoiese, a partir do vigésimo dia aproximadamente, acontecendo em “ilhotas sanguíneas” posicionadas na parede do saco vitelino, onde são formados os eritroblastos iniciais em um processo de hematopoiese transitório. O processo de�nitivo acontecerá a partir de um grupo de células-tronco encontradas na região denominada AGM (aorta - gônadas - mesonefros). Na sequência, temos a parte hepática da produção das células sanguíneas, a partir do surgimento de centros hematopoiéticos no fígado. Neste local serão produzidos todos os precursores das células sanguíneas. Além do fígado, o baço também cumpre função na produção das células sanguíneas. Esses dois locais são as principais áreas de produção de células sanguíneas durante o período entre a sexta semana e o sexto/sétimo mês de gestação. Após esse período, inicia-se a hematopoiese na medula óssea, sem que a produção nos outros locais cesse. O fígado e o baço continuam produzindo células sanguíneas até duas semanas após o nascimento. A medula óssea é o local mais importante para a produção das células do sangue, e durante a infância e a vida adulta é o único local onde essas células são produzidas, renovando constantemente nosso estoque celular. Durante os dois primeiros anos de vida, toda nossa medula óssea atua na hematopoiese. Contudo, conforme vamos envelhecendo, boa parte da medula vermelha é substituída por adipócitos, constituindo a chamada medula amarela. Nos adultos, a medula vermelha ativa se restringe ao esqueleto central e às extremidades dos ossos longos. A medula amarela pode ser reativada em condições adversas, objetivando atender à demanda do organismo na produção de células sanguíneas, assim como o fígado e o baço, em um processo denominado hematopoiese extramedular. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/16 A hematopoiese começa com uma célula-tronco pluripotente, célula esta que em seu processo de divisão (denominado autorrenovação) pode formar novas células- tronco ou dar origem a células precursoras das diversas linhagens de células sanguíneas. Morfologicamente, as células-tronco pluripotentes são similares aos linfócitos, não sendo possível sua diferenciação através da microscopia ótica. Figura 2.1 | Origem das células sanguíneas Fonte: Ho�brand e Moss (2018, p. 3). Cada tipo celular tem um processo de origem e maturação, atendendo a uma ordem cronológica até que a célula esteja perfeitamente apta para o cumprimento de sua função. Assim como tudo em nosso organismo, as células do sangue possuem tempo de atividade, e este tempo já é conhecido para cada um dos tipos celulares sanguíneos. O tempo de vida de um leucócito varia muito de acordo com o tipo. A função dessas células é proteger o nosso organismo contra agentes estranhos e/ou patológicos, por isso seu tempo de vida pode ser in�uenciado de acordo com a frequência que nosso organismo é exposto. Células fagocitárias tendem a ter um período de viabilidade menor. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/16 A produção dessas células acontece em nossa medula óssea, em um processo denominado leucopoiese ou leucogênese. Os leucócitos têm sua origem através de células precursoras linfoides ou mieloides, por meio da ação de citocinas especí�cas norteando a produção dos tipos celulares de leucócitos de acordo com a necessidade expressa do organismo. Essas células precursoras, quando estimuladas, passam gradativamente por etapas de evolução e maturação até que atinjam sua maturidade completa. As células em processo mais avançado de maturação são mais funcionais e, portanto, seguem para o meio extramedular, liberando assim os leucócitos de maneira escalonada. Esse processo faz com que, em condições homeostáticas, seja sempre menor o número de células imaturas fora da medula. ERITROPOIESE Todas as células sanguíneas são originadas a partir de células-tronco pluripotentes, e com os eritrócitos não é diferente. Os eritrócitos são as células mais abundantes no nosso sangue e têm a função principal de realizar o processo de troca gasosa. São células com sobrevida aproximada de 120 dias, e por isso estão sendo renovadas constantemente. O processo de produção e maturação dos eritrócitos é chamado de eritropoiese. São células que quando maduras apresentam-se anucleadas, com pigmentação vermelha característica, bicôncavas e de diâmetro variando de 6 a 8 μm em situações normais. Diariamente são produzidos em torno de 1 trilhão de eritrócitos através do processo de eritropoiese. A primeira célula eritrocítica precursora reconhecida na medula óssea é o proeritroblasto, uma célula grande com núcleo e nucléolo centralizados e citoplasma com pigmentação em azul-escuro. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/16 Trata-se de uma célula que não está presente no sangue periférico, salvo em situações especí�cas, como a eritropoiese extramedular e em algumas doenças que acometem a medula óssea. Essa célula passará diversas vezes pelo processo de mitose, dando origem a diversos eritroblastos, que se apresentam em tamanho menor, mas ainda nucleados e com citoplasma de coloração rósea. A alteração da coloração azul-escura para a rósea entre os tipos de célula acontece devido à degeneração do aparato de síntese proteica e do RNA da célula precursora. Seguidas essas etapas, o núcleo é �nalmente expelido e o eritroblasto dá origem, ainda na medula óssea, aos reticulócitos. Estes são células que ainda realizam a síntese de hemoglobina, pois ainda têm RNA ribossômico emseu interior. Os reticulócitos são pouco maiores que os eritrócitos e permanecem no sangue circulante por um período de aproximadamente 2 dias até que atinjam a maturação. A partir daí, sem aparato para síntese proteica, os reticulócitos dão origem aos eritrócitos maduros, nossas células responsáveis pelo processo de troca gasosa. A regulação do processo de eritropoiese é realizada pela ação do hormônio endógeno denominado eritropoietina, um polipeptídio glicoproteico que é produzido majoritariamente (90%) nos rins, enquanto o restante, basicamente, se origina no fígado. É um hormônio que não possui reserva ativa, sendo sua produção controlada a partir da tensão de oxigênio nos tecidos renais. Dessa forma, em situações de hipóxia, em que há a diminuição da concentração do oxigênio nos tecidos, ocorre a indução dos fatores HIF-2α e β que estimulam a produção da eritropoietina e de receptores de transferrina, os quais, junto com a diminuição da produção do hormônio hepcidina, permitem uma maior absorção de ferro. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/16 E em quais situações a hipóxia acontece? Em quadros anêmicos ou em situações em que a hemoglobina tenha di�culdade em liberar o oxigênio nos tecidos. Além disso, situações como disfunção cardíaca, alterações atmosféricas e lesões pulmonares podem estimular a produção de eritropoietina pela diminuição da oferta de O2. Se a oferta baixa de oxigênio estimula a produção de eritropoietina, o aumento de fornecimento de oxigênio inibe a produção desse hormônio. Dosagens de eritropoietina no plasma podem ser utilizadas de forma diagnóstica, sendo elevados os níveis em quadros anêmicos, salvo em situações de insu�ciência ou neoplasia renal. ACHADOS HEMATOLÓGICOS Como vimos anteriormente, os eritroblastos são células nucleadas, precursoras dos eritrócitos e ocupam a medula óssea. Entretanto, em algumas condições, como anemias hemolíticas, talassemias e leucemias, pode-se encontrar os eritroblastos no sangue circulante. Isso porque a demanda por células novas nessas condições faz com que o organismo libere as células antes de atingirem a maturação. A presença dos eritroblastos em um exame de sangue pode ser, portanto, utilizada de forma diagnóstica. Os reticulócitos são também os eritrócitos jovens, caracterizados por apresentarem RNA residual, observado a partir de processo de coloração. A avaliação da presença de reticulócitos no sangue periférico nos dá informação sobre a funcionalidade da medula óssea. A presença massiva dessas células em uma análise de sangue, somada a outros indicadores (eritropoietina, por exemplo), aponta um aumento de demanda, seja por um quadro anêmico, seja por um quadro hemorrágico. Figura 2.2 | Maturação de eritrócitos 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/16 Fonte: Ho�brand e Moss (2018, p. 14). INCLUSÕES ERITROCITÁRIAS Os eritrócitos podem apresentar alterações em seu interior decorrentes de diversos fatores, como resquícios de seu processo de maturação, presença de microrganismos, desnaturação de hemoglobina, alterações na síntese de hemoglobina, entre outros. Essas alterações são chamadas de inclusões eritrocitárias, e neste tópico vamos conhecer as principais. Anéis de Cabot: caracterizados por restos nucleares de cor basó�la. Podem ser visualizados em pacientes esplenectomizados e em quadros de anemias graves. Corpúsculo de Howell-Jolly: são compostos por remanescentes do núcleo da célula. São pequenos, basó�los e usualmente únicos. Sua visualização no sangue periférico está associada a problemas no baço ou a quadros de doença falciforme. Corpúsculos de Pappenheimer: inclusões basó�las pequenas, compostas de hemossiderina, que é um acúmulo anormal de hidroxifosfato férrico. Podem estar presentes em quadros de sobrecarga de ferro, anemias hemolíticas e talassemia maior. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/16 Microrganismos: dentro de um eritrócito eventualmente pode-se observar a presença de microrganismos. Nesse caso, eles podem ser bactérias em quadros de sepse ou protozoários parasitas como o Plasmodium, agente causador da malária. As medições relativas aos reticulócitos envolvem valor percentual, sendo a referência de 0,5 a 1,5% em adultos e contagem absoluta na ordem de 50 a 150 mil/μL. Quadro 2.1 | Principais inclusões eritrocitárias Inclusão Característica da célula Possíveis causas Anéis de Cabot Filamento em forma de anel Anemia Esplenectomia Corpúsculos de Howell-Jolly Remanescentes do núcleo celular Problemas no baço e doença falciforme Corpúsculos de Pappenheimer Aglomerados férricos Sobrecarga de ferro, anemias hemolíticas e Talassemia maior Microrganismos Bactérias, parasitas em seu interior Septicemia e parasitoses Pontilhado basó�lo Granulos azulados de distribuição irregular Intoxicação por metais pesados, quadros anêmicos e Talassemia Fonte: elaborado pelo autor. ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS DOS ERITRÓCITOS 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/16 Em condições anormais, as formas dos eritrócitos podem ser alteradas. Os eritrócitos morfologicamente distintos são chamados de poiquilócitos, e a condição de surgimento de um número atípico de células alteradas em um exame de sangue é chamada de poiquilocitose. Essas células podem ter sua forma alterada por diversos motivos, desde problemas associados à medula óssea até condições desfavoráveis na circulação sanguínea. Algumas alterações morfológicas dos eritrócitos são típicas de determinadas doenças. Vamos conhecer, então, algumas delas. Esferócitos (Figura 2.3 A): são eritrócitos pequenos e hipercorados pela perda de pedaços da membrana. Sua presença está associada a anemia autoimune, talassemia maior e algumas hemoglobinopatias. Ovalócitos (Figura 2.3 B): são eritrócitos de aspecto alongado, em formato ovalado ou elíptico. Sua presença está associada à eliptocitose hereditária, doença que altera a membrana dos eritrócitos. Estomatócitos (Figura 2.3 C): são eritrócitos caracterizados pela presença de uma reentrância semelhante a uma boca na parte central da célula. Sua presença está associada a males hepáticos e alcoolismo. Dacriócitos (Figura 2.3 D): eritrócitos em forma de lágrima. Sua presença está associada a �brose da medula óssea, metaplasia mieloide, anemias megaloblásticas e quadros talassêmicos. Eritrócitos em alvo (Figura 2.3 E): são eritrócitos caracterizados por possuírem a parte central corada e cercada por uma área pálida, similar a um alvo. Essa característica acontece pelo excesso de membrana celular no eritrócito em relação ao citoplasma. Sua presença está associada a hemoglobinopatias, talassemias, hepatopatias, remoção do baço e anemia ferropriva. Drepanócitos (Figura 2.3 F): eritrócitos caracterizados pela forma de foice. Sua presença está associada à permanência da hemoglobina fetal e à anemia falciforme. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/16 Células espiculadas: eritrócitosque apresentam espículas devido a anormalidades em sua membrana. A nomenclatura muda de acordo com a quantidade e tamanho das espículas. Equinócitos, acantócitos, queratócitos e esquizócitos são os tipos principais. Geralmente estão associadas a traumas mecânicos ocasionados por anormalidades cardíacas ou vasculares. Figura 2.3 | Poiquilocitoses - A; B; C; D; E; F Fonte: adaptada de Neves (2011, p. 55). ASSIMILE No adulto, a medula óssea pode ser de dois tipos: medula óssea vermelha e medula óssea amarela. A medula óssea vermelha é encontrada nos ossos longos (principalmente nas epí�ses), no osso esterno, nas vertebras, costelas e em alguns ossos cranianos, sendo variável sua disponibilidade de acordo com a idade, visto que com o envelhecimento a medula amarela vai substituindo boa parte da medula vermelha. A medula amarela é composta basicamente por adipócitos, contudo não perde a capacidade hematopoiética, podendo ser reativada pelo organismo em situações de necessidade. Essa capacidade vai se perdendo conforme o envelhecimento, pois o tecido adiposo é substituído gradualmente com a proliferação dos �broblastos do tecido ósseo, transformando a medula amarela em medula cinza. REFLITA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/16 O hematócrito é o parâmetro do hemograma que determina a proporção de eritrócitos em uma amostra de sangue. O valor do hematócrito está sujeito à ação do hormônio eritropoetina (EPO). A eritropoetina é produzida pelos rins e liberada na corrente sanguínea. Ao chegar na medula óssea, esse hormônio atua nas células precursoras eritroides. O aumento do hematócrito após ação da eritropoetina pode melhorar o suprimento tissular de O . Agora vamos re�etir um pouco. O que acontece se o hematócrito �ca acima dos valores normais? Será que nosso organismo sofre algum tipo de prejuízo com mais eritrócitos no sangue? EXEMPLIFICANDO A análise dos reticulócitos no sangue também pode servir como indicador de recuperação e resposta da medula óssea após tratamento quimioterápico ou transplante medular. Para o pro�ssional de um laboratório de análises clínicas, conhecer e identi�car adequadamente os achados hematológicos é muito importante, pois essas informações auxiliarão na avaliação e diagnóstico de alterações veri�cadas no paciente, permitindo a adoção de medidas preventivas ou norteando processos de tratamento e cura. 2 FAÇA VALER A PENA Questão 1 Possuímos em nosso sangue diversos tipos de células, com funções distintas, mas todas originárias da medula óssea, nosso tecido hematopoiético. Os eritrócitos são células anucleadas responsáveis pelas trocas gasosas e são as mais abundantes no nosso sangue, sendo constantemente substituídas por células jovens. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 14/16 Assinale a alternativa que indica corretamente o nome da célula precursora dos eritrócitos. a. Reticulócito. a. Neutró�lo. c. Basó�lo. d. Eosinó�lo. e. Megacariócito. Questão 2 Os eritrócitos são células caracterizadas como discos bicôncavos, apresentando uma área central menos pigmentada. Essas células são vitais no processo de troca gasosa. Em algumas ocasiões, elas podem apresentar alterações denominadas inclusões eritrocitárias. Em situações como sobrecarga de ferro, anemias hemolíticas e talassemia maior, essas células podem apresentar inclusões. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o tipo de inclusão eritrocitária associada ao que é descrito no texto. a. Anéis de Cabot. b. Corpúsculos de Howell-Jolly. c. Corpúsculos de Pappenheimer. d. Microrganismos. e. Pontilhado basó�lo. Questão 3 Poiquilócitos são os eritrócitos que apresentam alterações morfológicas. Em um hemograma, o aumento da visualização de poiquilócitos em uma amostra é chamado de poiquilocitose. Essas células com formatos alterados podem indicar 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 15/16 anomalias no processo de produção de células novas. São diversos os tipos de alterações que um eritrócito pode apresentar, e algumas delas são associadas a doenças especí�cas. Assinale a alternativa que identi�ca corretamente o tipo de poiquilócito associado à doença falciforme. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação-Geral de Atenção Especializada. Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do Programa Nacional de Triagem Neonatal. Ministério da Saúde, Secretaria de Assistência à Saúde, Coordenação Geral de Atenção Especializada. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: https://bit.ly/3yH7QEi. Acesso em: 3 mar. 2021. FERRAZ, M. H. C.; MURAO, M. Diagnóstico laboratorial da doença falciforme em neonatos e após o sexto mês de vida. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Brasil, v. 29, n. 3, 2007. Disponível em: https://bit.ly/34rwI4Y. Acesso em: 3 mar. 2021. HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Artmed, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3vxBcmx. Acesso em: 18 fev. 2021. MAURER, M. H. Fisiologia Humana Ilustrada. São Paulo: Editora Manole, 2014. Disponível em: https://bit.ly/3c2CG0x. Acesso em: 1 mar. 2021. a. Ovalócitos. b. Dacriócitos. c. Estomatócitos. d. Drepanócitos. e. Células espiculadas. 0 V e r a n o ta çõ e s https://bit.ly/3yH7QEi https://bit.ly/34rwI4Y https://bit.ly/3vxBcmx https://bit.ly/3c2CG0x 07/02/2023 19:15 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 16/16 MOREIRA, L. B. M.; MELO, A. S. A. de; MARCHIORI, E. Hematopoiese Extramedular Intratorácica – Relato de um caso. Radiologia Brasileira, v. 34, n. 3, maio/jun. 2001. Disponível em: https://bit.ly/3vwLAeb. Acesso em: 19 fev. 2021. NEVES, P. A.; MELO, C. P. A.; FRANCO, J. M.; GARCIA, T. F. P. Manual Roca Técnicas de Laboratório - Sangue. São Paulo: Roca, 2011. Disponível em: https://bit.ly/3frchvp. Acesso em: 19 fev. 2021. SANTOS, P. C. J. de L. Hematologia - Métodos e Interpretação. Série Análises Clínicas e Toxicológicas. São Paulo: Grupo GEN, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3oWN3s1. Acesso em: 19 fev. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://bit.ly/3vwLAeb https://bit.ly/3frchvp https://bit.ly/3oWN3s1 07/02/2023 19:13 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO ANÁLISE DO HEMOGRAMA E CONCEITOS SOBRE HEMOGLOBINA Diego Fernandes Alarcon SEM MEDO DE ERRAR Você deverá explicar ao Tiago que em um hemograma os parâmetros são geralmente expressos em siglas. Saber o que cada sigla identi�ca é fundamental para o entendimento do hemograma. Dentro do eritrograma temos o VCM, RDW, HCM e CHCM. O VCM signi�ca volume corpuscular médio e avalia a média do volume dos eritrócitos. O RDW é uma sigla proveniente do termo em inglês red cell Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:13 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&…2/3 Imprimir distribution width e serve para avaliar a diferença entre os tamanhos dos eritrócitos da amostra, de modo que quanto mais tamanhos distintos a amostra possui, maior é o RDW. A sigla HCM diz respeito à hemoglobina corpuscular média e avalia a quantidade de hemoglobina dentro dos eritrócitos. Já o CHCM é a concentração de hemoglobina corpuscular média, ou seja, a concentração de hemoglobina dentro de uma célula, e avalia, portanto, a tonalidade de pigmentação de um eritrócito. Esse parâmetro é calculado relacionando a quantidade de hemoglobina com o hematócrito, que é a porcentagem de eritrócitos na amostra. AVANÇANDO NA PRÁTICA OS ERITRÓCITOS E A ALTITUDE Quem gosta de acompanhar jogos de futebol sabe qual é a preocupação de jogadores e comissão técnica quando vão enfrentar um adversário em locais onde a altitude é elevada. Os jogadores relatam que o cansaço é muito maior do que em outros jogos e que um período de adaptação mais longo colabora na melhora do rendimento físico. Você foi convidado para acompanhar seu time preferido em uma dessas viagens. Durante a estada, alguns colegas de equipe lhe pedem para explicar o motivo pelo qual o rendimento físico do atleta tem relação com a altitude do local e por que um período maior de adaptação gera rendimento melhor. O que você deverá responder? RESOLUÇÃO Você deverá responder que em locais onde a altitude é elevada o oxigênio disperso no ar �ca mais rarefeito, o que di�culta o “trabalho” de captação e transporte por parte da hemoglobina presente nos nossos eritrócitos. Essa baixa saturação do oxigênio é percebida pelos rins, que começam a liberar o hormônio eritropoietina, o qual age na medula óssea induzindo a produção de mais eritrócitos, com o objetivo de captar sempre a maior quantidade de oxigênio possível. Assim, em períodos de adaptação maiores, o organismo 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:13 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 consegue produzir mais células, minimizando os efeitos do ar rarefeito. Por isso, é sempre importante lembrar que o ambiente pode in�uenciar nos resultados obtidos em um hemograma. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 1/13 NÃO PODE FALTAR ANÁLISE DO HEMOGRAMA E CONCEITOS SOBRE HEMOGLOBINA Diego Fernandes Alarcon Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Quantas vezes você precisou realizar um exame de sangue e se deparou com aquelas siglas cheias de consoantes e de difícil entendimento? Na curiosidade de tentar entender o que elas signi�cam, você pesquisa na internet em busca de respostas. Ou ainda, você, como estudante de graduação da área da saúde, já foi abordado por um parente ou amigo que tinha dúvidas quanto ao hemograma? Será que entender as siglas te fará entender o que um hemograma pode nos mostrar? Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 2/13 Nesta seção vamos conhecer um pouco mais sobre os itens que compõem um hemograma e entender o que eles representam e o que suas alterações podem signi�car. Além disso, vamos estudar sobre a hemoglobina, proteína vital na realização das trocas gasosas. Para que nosso organismo mantenha seu funcionamento com excelência, a hemoglobina e a hematose são fundamentais. Sendo a hemoglobina uma proteína, vamos rever brevemente o que é preciso para produzir essa matéria única. As células que “carregam” nossa hemoglobina são as hemácias, e elas são bem peculiares, como vimos nas seções anteriores. São células anucleadas e com tempo de vida aproximado de 120 dias. Por possuírem rotatividade constante, é importante entender de onde nosso organismo tira a matéria-prima básica dessas células, a hemoglobina. Assim, vamos aprender sobre a fundamentação bioquímica da síntese e da degradação da hemoglobina. Como dito anteriormente, o laboratório onde nossos amigos pro�ssionais trabalham está situado em uma pequena cidade. Tiago é amigo de Carolina e, após consulta de rotina com o Doutor Rafael, ele procurou o laboratório para realizar uma série de exames solicitados, entre eles o hemograma. Carolina orientou o amigo sobre o processo de coleta e sobre a emissão dos resultados. Após obtenção dos resultados dos exames, Tiago voltou ao consultório do Doutor Rafael. Como bom curioso, Tiago olhou os resultados do hemograma e não entendeu nada sobre aquelas siglas malucas. Como você, no lugar do Doutor Rafael, deverá explicar a Tiago o que cada uma delas signi�ca? Vamos em frente! Bons estudos! CONCEITO-CHAVE O exame clínico do sangue, denominado hemograma, é o exame que abrange uma série de avaliações dos componentes do nosso tecido sanguíneo e, a partir da análise dos resultados obtidos, contribui e muito para o prognóstico e diagnóstico 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 3/13 de diversas patologias que acometem a espécie humana. Por esse motivo, é o exame mais requerido na rotina médica. A introdução do hemograma na prática médica teve a in�uência de diversos farmacêuticos, médicos e cientistas. No ano de 1929, Wintrobe descreveu a técnica de centrifugação criada por ele, que permite a obtenção do hematócrito, e as constantes corpusculares usadas atualmente: volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), mas foi só na década de 1940 que a solicitação de hemograma passou a fazer parte da rotina médica com mais frequência, sendo até hoje mantida sua importância. Muitos outros pesquisadores, ao longo do desenvolvimento cientí�co, contribuíram na composição de todos os parâmetros abrangidos pelo hemograma nos dias de hoje. Em um hemograma é feita a avaliação de diversos indicadores diretamente relacionados com o nosso metabolismo. Temos a avaliação das células da série vermelha, os eritrócitos, da série branca, os leucócitos, e os parâmetros ligados às plaquetas e aos fatores de coagulação. Para cada um dos parâmetros que podem ser medidos em uma amostra existem seus valores de referência. Esses valores são baseados em fatores como a idade e o sexo e, portanto, devem ser observados na elaboração de um hemograma. Os laboratórios seguem os padrões estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde – OMS, contudo os valores de referência podem apresentar pequenas diferenças entre os laboratórios, inclusive levando-se em consideração a população e os fatores ambientais in�uentes na área de atendimento desses laboratórios. Além disso, devemos considerar que uma parcela da população pode apresentar valores no hemograma alterados em relação aos seus valores de referência, sem, entretanto, estar doente. O diagnóstico sempre deve ser feito através da anamnese do paciente somada às informações obtidas nos exames laboratoriais. ERITROGRAMA 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 4/13 A parte de um hemograma relacionada com a série vermelha é chamada também de eritrograma. Dentro desse conteúdo estão, portanto, os aspectos relacionadosaos eritrócitos. Além da projeção do número de células por milímetro cúbico de sangue (contagem de eritrócitos), temos parâmetros relacionados com a morfologia da célula. Quanto ao número de células, os valores de referência são de 4,5 a 5,5 milhões de hemácias por milímetro cúbico (mi/mm³) para homens e 3,7 a 4,8 mi/mm³ para mulheres. O volume corpuscular médio (VCM) diz respeito ao volume da célula, ou seja, ao tamanho dela. O valor de referência do VCM é de 80 a 100 fentolitros (fL). Quando o valor do VCM da amostra está maior que o valor de referência classi�camos a célula como macrocítica, e quando o VCM está menor, a célula é classi�cada como microcítica. Células com valores dentro da referência são chamadas de normocíticas. O parâmetro denominado hematócrito é calculado por meio do percentual relativo das hemácias em uma amostra de sangue. É medido em porcentagem (%) e o valor de referência é de 40 a 50% para homens e de 36 a 46% para mulheres. Em relação ao eritrócito em si temos ainda o parâmetro RDW, sigla derivada da língua inglesa (red cell distribution width) que indica a variabilidade dos volumes dessas células. É calculado em porcentagem e o valor de referência, tanto para homens como para mulheres, é de 11,6 a 14%. Quando o valor de RDW �ca acima do limite de referência temos um quadro de anisocitose, que pode ser um indicativo de quadro anêmico. Além desses parâmetros relacionados aos eritrócitos especi�camente, é possível observar alterações quanto ao formato da célula. Alterações desse tipo podem ser indicativas de uma série de quadros patológicos. Em um hemograma, temos também a avaliação dos componentes celulares, no caso de avaliações relacionadas à hemoglobina. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 5/13 A principal função de um eritrócito é a realização das trocas gasosas, que consiste no transporte do oxigênio dos pulmões para os tecidos e do dióxido de carbono dos tecidos para os pulmões. Isso só acontece graças à presença das moléculas de hemoglobina dentro dos glóbulos vermelhos. A hemoglobina é uma proteína composta de 4 cadeias polipeptídicas, cada uma com seu grupo heme. Vamos conhecer um pouco mais adiante sobre a hemoglobina e sua produção e degradação. Voltando aos índices hematimétricos, os relacionados à hemoglobina avaliam a hemoglobina corpuscular média (HCM), a concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM) e a medição da hemoglobina em si. O HCM é a medida que avalia a quantidade (peso) de hemoglobina dentro da célula. O valor de referência para esse parâmetro é de 27 a 32 picogramas (pg) e alterações nesse valor podem indicar um quadro de anemia. O CHCM é representado pela média da concentração de hemoglobina dentro da célula e tem como valor de referência 31,5 a 34,5 gramas por decilitro (g/dl). Esses parâmetros devem ser avaliados juntos, assim como com o VCM. Células abaixo dos valores de referência são chamadas de hipocrômicas e apresentam-se menos coradas. Quando acima, são chamadas de hipercrômicas, com coloração mais forte, e quando dentro dos parâmetros referenciais, células normocrômicas. A hemoglobina também pode ser medida considerando-se o montante presente em relação a toda a amostra. A hemoglobina é medida em g/dl e valores baixos de hemoglobina geralmente são acompanhados de valores alterados em relação à quantidade de eritrócitos. Quadro 1.3 | Valores de referência de um eritrograma Eritrograma – Valores de Referência em Adultos Homens Mulheres Hemácias (mi/mm³) 4,5 a 5,5 mi/mm³ 3,7 a 4,8 mi/mm³ 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 6/13 VCM fL 80 a 100 Hematócrito (%) 40 a 50 36 a 46 RDW (%) 11,6 a 14% Hemoglobina g/dl 13 a 17 11,5 a 15 HCM pg 27 a 32 CHMC g/dl 31,5 a 34,5 Fonte: elaborado pelo autor. HEMOGLOBINA Agora que conhecemos um pouco sobre o hemograma e seus índices hematimétricos, vamos aprender a respeito da hemoglobina, essa proteína tão importante. Em um eritrócito, o constituinte mais abundante no citoplasma é a hemoglobina. Estima-se que, em uma célula maturada, a hemoglobina perfaça de 85 a 90% do peso seco da célula. A hemoglobina é uma proteína esferoide globular com diâmetro de aproximadamente 6,5 nm e com peso molecular aproximado de 65.000 dáltons. É composta por 4 cadeias polipeptídicas (tetrâmero) associadas a um grupo heme. As 4 cadeias proteicas se apresentam em pares e se ligam ao grupo heme que apresenta o átomo de ferro e a protopor�rina. Essas 4 subunidades proteicas são interligadas por ligações hidrofóbicas não covalentes. Em um indivíduo adulto a hemoglobina mais abundante é a A (Hb A), ocupando cerca de 97% de toda a hemoglobina presente. Ela é constituída por duas cadeias polipeptídicas α e duas cadeias β. A presença dominante no nosso organismo da hemoglobina A acontece após os 6 meses de idade. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 7/13 Hemoglobinas são estruturas pigmentadas graças à presença da molécula de ferro no grupo heme. As cadeias polipeptídicas que compõem a hemoglobina são moldadas a partir de nosso material genético, como qualquer síntese proteica que acontece no nosso organismo. Já a síntese de heme acontece principalmente dentro das organelas denominadas mitocôndrias, em um metabolismo do ciclo de Krebs, através de uma série de reações bioquímicas. O processo se inicia com a condensação do succinil Co-A com um aminoácido denominado glicina, através da ação da enzima ALA sintetase. Na sequência, duas moléculas de ALA vão se condensar e formar a molécula porfobilinogênio (PBG), perdendo duas moléculas de água no processo. Com a fusão de quatro moléculas de PBG através da ação da enzima PBG desaminase, liberando aminas, forma-se a molécula uropor�rinogênio I (URO I). Com a ação da enzima uropor�rinogênio I cosintetase temos, a partir do URO I, a formação do uropor�rinogênio III (URO III). URO I e URO III sofrerão descarboxilação e darão sequência ao processo formando os copropor�rinogênios I e III, através da ação de outra enzima, chamada de URO descarboxilase. Por meio de um processo de oxidação, as copropor�rinas vão se descarboxilizar e sintetizar moléculas chamadas de protopor�rinogênio que, por �m, serão oxidadas pela ação das enzimas denominadas PROTO gene oxidase, formando as moléculas de protopor�rinas (PROTO). São as PROTO que �xarão o ferro e formarão o grupo heme que será então anexado às 4 cadeias polipeptídicas, formando a hemoglobina. Temos aqui, portanto, a ação de enzimas alterando moléculas até alcançar a etapa que permite a anexação dos átomos de ferro. Figura 1.4 | Síntese de hemoglobina no eritrócito 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 8/13 Fonte: Ho�brand e Moss (2018, p. 16). Em uma hemoglobina temos, então, a parte heme, que é fundamental para a realização do processo de troca gasosa, e a globina, parte proteica que protege o grupo heme da oxidação em contato com a água, além de permitir as variações da estrutura na a�nidade com o oxigênio. É através da hemoglobina que os eritrócitos cumprem sua principal função, a realização das trocas gasosas. Os eritrócitos presentes no sangue arterial carregam o oxigênio dos pulmões paraos diferentes tecidos do nosso corpo. Retornando ao coração pelo nosso sistema venoso, os eritrócitos carregam maiores cargas de CO , que serão levadas aos pulmões. Isso acontece porque nos pulmões, onde a presença do oxigênio é maior após um re�exo de inspiração, a hemoglobina se ligará mais facilmente às moléculas de O , e após a primeira ligação as próximas acontecem de maneira mais rápida, através de um processo chamado ligação cooperativa, alterando inclusive a conformidade da molécula. Ao chegar aos tecidos onde a concentração de O é menor, o oxigênio é liberado e passa a integrá-los, nutrindo as células que os compõem. A hemoglobina não transporta apenas O , ela é responsável também pelo transporte do CO . Na verdade, o que ocorre é que o grupo heme transporta o O e as cadeias laterais transportam H+, 2 2 2 2 2 2 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 9/13 diretamente ligado ao transporte do CO . Acontece que o dióxido de carbono, através da enzima denominada anidrase carbônica (AC), se associa à molécula de água, formando ácido carbônico que é carregado pelo plasma sanguíneo. A AC é abundante nas hemácias e controla, portanto, a transformação e o transporte do CO até os alvéolos pulmonares. DEGRADAÇÃO DA HEMOGLOBINA Como vimos anteriormente, os eritrócitos são células que apresentam um período de vida curto, de 90 a 120 dias, sendo destruídas após esse período em um processo denominado hemocaterese. Essa ação acontece principalmente no baço, fígado e na medula óssea, através da fagocitose feita pelos macrófagos, liberando a hemoglobina. Nesse processo de eliminação das células velhas o componente mais abundante de um eritrócito é reaproveitado, a hemoglobina. Para ser reaproveitada, a hemoglobina primeiramente precisa ser degradada em globina e em heme. A parte proteica será desfeita em aminoácidos novamente, os quais podem ser reaproveitados nas diversas funções que cumprem em nosso organismo. O grupo heme, onde está presente a molécula de ferro, será degradado por células que realizam fagocitose e que se encontram no baço, fígado e medula óssea. O processo inicia-se com a ação da enzima heme oxidase, responsável por abrir o anel de tetrapirrol da por�rina e liberar o Fe2+, uma molécula de CO e a biliverdina. A biliverdina sofre ação da enzima biliverdina redutase e se transforma em bilirrubina. A bilirrubina será utilizada no fígado para a produção da bile, que �ca armazenada na vesícula biliar e tem como função emulsionar os lipídeos no processo de digestão. O monóxido de carbono (CO) pode atuar como vasodilatador, inibidor da agregação plaquetária e como neurotransmissor. 2 2 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 10/13 O ferro liberado no processo de degradação de heme é carregado pela circulação sanguínea, acumulado nas proteínas globulares chamadas de ferritinas. Esse ferro será utilizado pelas células precursoras quando da formação de novos eritrócitos. ASSIMILE Na avaliação de um hemograma nunca devemos analisar um parâmetro de maneira isolada, mas sim um conjunto de parâmetros. A relação entre as alterações observadas pode indicar se estamos lidando com um quadro anêmico e qual o tipo de anemia. Esses detalhes são fundamentais para nortear os passos seguintes no tratamento do paciente. REFLITA Como você já sabe, o sangue humano apresenta cor vermelha escarlate, isso por conta da presença do ferro na hemoglobina. Mas será que a cor do sangue é sempre uniforme? Existe diferença entre a cor do sangue arterial e do sangue venoso? Na verdade, temos distinções na tonalidade do vermelho do sangue dependendo da sua oxigenação. O sangue arterial apresenta-se com coloração vermelho vivo, isso em razão de boa parte da hemoglobina estar associada a moléculas de oxigênio. Já no sangue venoso a coloração é vermelho vinho, pela menor oxigenação e pela presença do dióxido de carbono. EXEMPLIFICANDO Os parâmetros observados em um eritrograma envolvem análise da célula e de seu conteúdo, no caso, a hemoglobina. Quando os resultados obtidos são analisados, deve-se observar a interrelação entre os parâmetros. O tamanho de um eritrócito e sua quantidade e distribuição em uma amostra estão diretamente relacionados à quantidade de hemoglobina. Conceitos como microcitose, macrocitose, hipercromia e hipocromia e a relação entre eles devem estar “na ponta da língua”. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926… 11/13 Nesta seção foi possível conhecer mais sobre os parâmetros que compõem um hemograma, os índices hematimétricos abrangidos e os possíveis signi�cados de alterações constatadas. Conhecemos também como é o processo de síntese e degradação da hemoglobina, o componente mais importante de um eritrócito e vital no processo de trocas gasosas. FAÇA VALER A PENA Questão 1 Na composição de um hemograma temos diversos parâmetros que são avaliados e que, associados, podem nos ajudar a identi�car alguma doença que esteja prejudicando o funcionamento do organismo de um paciente. Entre os parâmetros avaliados em um hemograma temos o CHCM e o HCM. Assinale a alternativa que descreve corretamente as siglas do texto-base, respectivamente. a. Hemoglobina corpuscular média e concentração da hemoglobina corpuscular média. b. Concentração da hemoglobina corpuscular média e hemoglobina corpuscular média. c. Concentração de hemácias corpusculares metabólicas e hemácias corpusculares médias. d. Capacidade de hemácias carregando metabólicos e hemoglobina corpuscular média. e. Concentração de hemoglobina corpuscular média e hemácias concentradas na medula. Questão 2 As hemácias, também chamadas de eritrócitos, são células do nosso sangue que atuam diretamente no processo de troca gasosa. São anucleadas, ou seja, não possuem núcleo e, por isso, têm um período de atividade relativamente curto, em torno de 90 a 120 dias. Após esse período essas células são degradadas e seu conteúdo é reaproveitado na confecção de novas células. Dentro de uma hemácia a substância mais abundante é uma proteína denominada hemoglobina, que quando degradada gera substâncias distintas. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 12/13 Assinale a alternativa que identi�ca corretamente os produtos obtidos através da degradação da hemoglobina. a. Aminoácidos; Fe2+; monóxido de carbono; biliverdina. b. Aminoácidos; glicose; Fe2+; oxigênio; bilirubina. c. Aminoácidos; Fe2+; oxigênio; biliverdina. d. Glicose; Mg2+; monóxido de carbono; bilirrubina e. Glicose; Fe2+; monóxido de carbono; biliverdina. Questão 3 Na composição de um eritrograma temos parâmetros relacionados às hemácias e à hemoglobina, proteína que preenche a maior parte do conteúdo das células vermelhas do sangue. Entre esses parâmetros temos o que indica a variabilidade dos volumes dessas células, o qual é calculado em porcentagem e cujo valor de referência, tanto para homens como para mulheres, é de 11,6 a 14%. Quando o valor desse parâmetro �ca acima do limite de referência temos um quadro de anisocitose, que pode ser um indicativo de quadro anêmico. Assinale a alternativa que identi�ca qual é esse parâmetro avaliado em um eritrograma. REFERÊNCIASHAMERSCHLAK, N. Manual de Hematologia: programa integrado de hematologia e transplante de medula óssea. Barueri: Editora Manole, 2010. Disponível em: https://bit.ly/3fpvMnT. Acesso em: 2 fev. 2021. a. VCM. b. HCM. c. CHCM. d. RDW. e. Hematócrito. 0 V e r a n o ta çõ e s https://bit.ly/3fpvMnT 07/02/2023 19:07 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=349592… 13/13 HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Ho�brand. Porto Alegre: Artmed, 2018. Disponível em: https://bit.ly/2Tm05Ua. Acesso em: 2 fev. 2021. LORENZI, T. F. Atlas de hematologia: clínica hematológica ilustrada. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Disponível em: https://bit.ly/3vrwJC0. Acesso em: 2 fev. 2021. NEVES, P. A. et al. Manual Roca Técnicas de Laboratório – Sangue. São Paulo: Roca, 2011. Disponível em: https://bit.ly/2QYtBP1. Acesso em: 2 fev. 2021. POR QUE o sangue é vermelho? [S.l.: s.n.], 2017. 1 vídeo (1:29 min). Publicado pelo canal DW Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eruLgAdy6Nc. Acesso em: 10 fev. 2021. PNCQ. Valores de referência hematológicos para adultos e crianças. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3wAfuyo. Acesso em: 17 maio 2021. RODRIGUES, A. D. et al. Hematologia Básica. Porto Alegre: SAGAH, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3wGgaCe. Acesso em: 2 fev. 2021. SILVA, P. H. da et al. Hematologia Laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: Artmed, 2016. Disponível em: https://bit.ly/3vrTDcn. Acesso em: 21 jan. 2021. 0 V e r a n o ta çõ e s https://bit.ly/2Tm05Ua https://bit.ly/3vrwJC0 https://bit.ly/2QYtBP1 https://www.youtube.com/watch?v=eruLgAdy6Nc http://pncq.org.br/uploads/VRH2020.pdf https://bit.ly/3wGgaCe 07/02/2023 18:58 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 1/3 FOCO NO MERCADO DE TRABALHO INTRODUÇÃO AOS COMPONENTES DO SANGUE Diego Fernandes Alarcon Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Para responder à pergunta proposta vamos relembrar quais são os tipos de células no nosso sangue. Temos os eritrócitos ou glóbulos vermelhos, os leucócitos ou glóbulos brancos e os fragmentos de células denominados plaquetas. Cada tipo celular possui funções distintas, e os leucócitos estão associados a nosso sistema Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 18:58 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 2/3 imunológico, o sistema de defesa de nosso organismo. Ao analisar a lâmina, Gabriel se deparou com uma dúvida em relação à classi�cação de uma célula e agiu corretamente ao solicitar auxílio a sua colega de trabalho. Beatriz classi�cou a célula suspeita como um basó�lo, um dos tipos de leucócitos presentes no sangue circulante. Para responder à pergunta proposta na situação-problema você deve relembrar quais são as células relacionadas a nosso sistema imune que estão presentes no sangue. Temos o neutró�lo, uma célula fagocítica ativa associada a infecções bacterianas; o eosinó�lo, que é uma célula de defesa associada a parasitoses e a processos in�amatórios e alérgicos; e o basó�lo, uma célula bem rara cuja função está relacionada a processos alérgicos. Temos ainda os linfócitos e os monócitos, sendo os linfócitos relacionados ao nosso sistema de memória imunológica e os monócitos responsáveis por fagocitar bactérias e partículas estranhas em nosso organismo. AVANÇANDO NA PRÁTICA RELAÇÃO HEMOGRAMA E LEUCÓCITOS Como vimos, a presença ou ausência de uma célula no hemograma pode signi�car alguma alteração �siológica no organismo do paciente. Imagine um hemograma em que o resultado identi�ca uma diminuição expressiva no número de plaquetas. De que maneira você, como pro�ssional da área, explicaria para um grupo de alunos o tipo de problemas que um paciente pode apresentar em um cenário como esse? RESOLUÇÃO Se estamos falando de plaquetas temos que nos lembrar de sua principal função, que é a atuação importante no processo de coagulação sanguínea. Se o indivíduo apresenta uma expressiva diminuição no número de plaquetas, podemos pressupor que o principal problema em um cenário como esse é o risco de manifestação de um quadro hemorrágico. Obviamente, na análise de um hemograma vários fatores devem ser observados e, além disso, a adoção 0 V e r a n o ta çõ e s 07/02/2023 18:58 lddkls212_hem https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=marineri0017%40gmail.com&usuarioNome=MARILENE+NERY+GONÇALVES&disciplinaDescricao=HEMATOLOGIA&atividadeId=3495926&… 3/3 dos procedimentos adequados para cada situação deve ser de�nida pelo médico, baseando-se na anamnese do paciente e na análise dos exames clínicos. 0 V e r a n o ta çõ e s