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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA RURAL 
 
 
 
 
 
LUCIANA PAIXÃO MACIEL MACHADO 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA FOCALIZAÇÃO E DO IMPACTO DO PROGRAMA MAIS 
MÉDICOS NO BRASIL SOBRE INDICADORES SELECIONADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020 
 
 
 
 
LUCIANA PAIXÃO MACIEL MACHADO 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA FOCALIZAÇÃO E DO IMPACTO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS 
NO BRASIL SOBRE INDICADORES SELECIONADOS 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Economia Agrícola da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial para obtenção do título de Mestre em 
Economia Rural. Área de concentração: 
Políticas Públicas. 
 
Orientador: Prof. Vitor Hugo Miro Couto Silva. 
Coorientadores: Prof. Guilherme Diniz Irffi e 
Prof. Edward Martins Costa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LUCIANA PAIXÃO MACIEL MACHADO 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA FOCALIZAÇÃO E DO IMPACTO DO PROGRAMA MAIS MÉDICOS 
NO BRASIL SOBRE INDICADORES SELECIONADOS 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Economia Agrícola da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial para obtenção do título de Mestre em 
Economia Rural. Área de concentração: 
Políticas Públicas. 
 
Aprovada em: ___/___/______. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. Vitor Hugo Miro Couto Silva (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Dr. Guilherme Diniz Irffi 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Dr. Edward Martins Costa 
Universidade Estadual do Ceará (UFC) 
 
_________________________________________ 
Prof. Dr. Bladimir Carrillo Bermúdez 
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, por seu cuidado imensurável, por ter estado sempre ao meu lado, 
fortalecendo-me e guiando-me em todos os momentos de minha vida. 
À minha família, por ser meu porto seguro. 
À Capes, pelo apoio financeiro com a manutenção da bolsa de auxílio que foi de 
grande ajuda para a execução do curso. 
Ao professor Vitor Miro, por todo apoio, direcionamento, acompanhamento e 
generosidade como orientador deste trabalho e durante todo o período do curso de mestrado. 
Ao professor Guilherme Irffi, por todo incentivo e suporte dado para a realização 
de um curso de pós-graduação, por sua mentoria, empenho, ensinamentos e amizade durante 
todo o período acadêmico. 
Ao professor Edward Costa, por seus ensinamentos, dedicação, instruções e toda a 
assistência concedida. 
Ao professor Bladimir Carrillo, que aceitou fazer parte da banca, e contribuir de 
maneira proveitosa e significativa para finalização desta pesquisa. 
Aos demais professores do curso, por todos os ensinamentos concedidos. 
Aos meus queridos colegas de turma, por termos compartilhado juntos momentos 
difíceis e alegres que ficarão guardados na memória e no coração. 
 
 
 
RESUMO 
 
Entre 2013 e 2018, a razão de médicos por mil habitantes no Brasil saiu de aproximadamente 
2,0 profissionais por mil habitantes para 2,18. Essa foi, até então, a maior taxa de médicos já 
registrada no país. O aumento observado foi devido ao Programa Mais Médicos, instituído pelo 
Governo, em julho de 2013, na tentativa de resolver a questão emergencial do atendimento 
básico e criar condições para a formação de novos médicos. No entanto, a melhoria dos números 
não garantiu a melhor distribuição desses profissionais nas regiões do país. Em virtude do que 
foi mencionado, esta pesquisa tem como objetivo examinar os impactos causados pelo 
Programa Mais Médicos (PMM) nos seus dois anos iniciais de atuação e realizar um estudo de 
foco para examinar se o Programa priorizou o envio de médicos a regiões de maior necessidade, 
em razão de sua finalidade. Os resultados obtidos na análise de focalização indicaram que o 
PMM acabou priorizando municípios com razões superiores a 1 médico do SUS por mil 
habitantes e com proporções comparativamente mais baixas de população em extrema pobreza. 
A análise de indicadores de impacto mostrou que o PMM não exerceu efeito sobre o percentual 
de internações da atenção básica e nem sobre a quantidade de consultas médicas realizadas no 
país. 
 
Palavras-chave: Programa Mais Médicos. Avaliação de Impacto. Focalização. Políticas 
Públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Between 2013 and 2018, the ratio of doctors per thousand inhabitants in Brazil went from 
approximately 2.0 professionals per thousand inhabitants to 2.18. This was the highest rate of 
doctors so far, ever recorded in the country. The increase observed was due to the More Doctors 
Program, instituted by the Government in July 2013 in an attempt to resolve the emergency 
issue of basic care and create conditions for the training of new doctors. However, the 
improvement in numbers did not guarantee a better distribution of these professionals in the 
regions of the country. Within this scope, this research aimed to examine the impacts caused by 
the More Doctors Program in its initial two years of operation and to conduct a focus study to 
examine whether the Program prioritized the sending of doctors to regions of greatest need, as 
proposed. The results obtained in the focus analysis indicated that the PMM ended up 
prioritizing municipalities with ratios greater than 1 doctor from the SUS per thousand 
inhabitants and with comparatively lower proportions of the population in extreme poverty. The 
analysis of impact indicators showed that the PMM had no effect on the percentage of primary 
care admissions or on the number of medical consultations held in the country. 
 
Keywords: More Doctors Program. Impact Assessment. Focusing. Public policy 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1- Quantidade de médicos do PMM de acordo com o estado (2013 – 2016) ............. 33 
Gráfico 2 - Distribuição de médicos do PMM por perfil de análise dos municípios ............... 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Programas anteriores ao Mais Médicos ................................................................. 17 
Quadro 2 - Quantidade de médicos e municípios com PMM por região do país ..................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Descrição das variáveis................................................................................... 25 
Tabela 2 - Perfil dos Municípios para indicação e seleção dos médicos participantes do 
Programa.......................................................................................................... 29 
Tabela 3 - Municípios com piores resultados em percentuais de pobreza do Brasil....... 30 
Tabela 4 - Relação dos DSEI que receberam PMM........................................................ 32 
Tabela 5 - Efeito do PMM no modelo de efeitos fixos sobre o número de consultas 
médicas............................................................................................................. 37 
Tabela 6 - Efeito do PMM no modelo efeitos fixos sobre o percentual de internações 
da Atenção Básica............................................................................................ 39 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABS Atenção Básica à Saúde 
ACS Agentes Comunitários de Saúde 
CFM Conselho Federal de Medicina 
CGU Controladoria Geral da União 
DSEI Distritos Sanitários Especiais IndígenasESF Estratégia de Saúde da Família 
e-Sic Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão 
FIES Fundo de Financiamento Estudantil 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde 
PMM Programa Mais Médicos 
UBS Unidade Básica de Saúde 
UPA Unidade de Pronto Atendimento 
PIASS Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento 
PISUS Programa de Interiorização do Sistema Único de Saúde 
PITS Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde 
PROVAB Programa de Valorização dos Profissionais da Atenção Básica 
CEBES Centro Brasileiro de Estudos de Saúde 
ABRASCO Associação Brasileira de Pós-graduação em Saúde Coletiva 
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
SasiSUS Subsistema de Atenção à Saúde Indígena 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 13 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E O PROGRAMA MAIS MÉDICOS 16 
3 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 21 
4 METODOLOGIA................................................................................................... 25 
4.1 Descrição da base de dados................................................................................... 25 
4.2 Método de Diferenças em Diferenças Generalizado (GDD)............................... 26 
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS................................................ 29 
5.1 Focalização do Programa...................................................................................... 29 
5.2 Resultados Econométricos.................................................................................... 36 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 40 
 REFERÊNCIAS..................................................................................................... 42 
APÊNDICE A – RELAÇÃO DOS CEM MUNICÍPIOS BRASILEIROS 
COM OS MAIORES PERCENTUAIS DE POPULAÇÃO EM EXTREMA 
POBREZA, SEGUNDO MDS............................................................................... 47 
APÊNDICE B – RELAÇÃO DOS CEM MUNICÍPIOS BRASILEIROS, 
CONTEMPLADOS PELO PMM, COM AS RAZÕES MAIS BAIXAS DE 
MÉDICOS DO SUS / MIL HABITANTES.......................................................... 50 
APÊNDICE C – RELAÇÃO DOS CEM MUNICÍPIOS BRASILEIROS, 
CONTEMPLADOS PELO PMM, COM AS RAZÕES MAIS ALTAS DE 
MÉDICOS DO SUS / MIL HABITANTES.......................................................... 53 
APÊNDICE D – RELAÇÃO DOS MUNICÍPIOS QUE INTEGRAVAM O 
G100 NO ANO DE 2013 POR PERCENTUAL DE EXTREMA POBREZA.... 56 
APÊNDICE E – RESULTADOS DOS TESTES DE TENDÊNCIAS 
PARALELAS.......................................................................................................... 59 
APÊNDICE F – RESULTADOS DAS ESTIMAÇÕES DO MODELO 
POOLED PARA O BRASIL.................................................................................. 60 
APÊNDICE G – RESULTADOS DAS ESTIMAÇÕES POR REGIÕES DO 
BRASIL.................................................................................................................... 62 
13 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A percepção da falta de médicos e a desigual distribuição desses profissionais, no 
Brasil, vem orientando o diagnóstico dos responsáveis pelas políticas de saúde segundo o qual 
existe a necessidade de uma política que possa atrair médicos para as regiões menos populosas 
do país. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), em outubro de 2012, o número de 
registros de médicos brasileiros em atividade correspondia a um total de 388.015, o que 
representava quase 2 (dois) profissionais por mil habitantes. 
Em 2018, o total de médicos em atividade no país chegou a 465.502 e, com isso, a 
razão de médicos por mil habitantes chegou a 2,18. No entanto, esse aumento não garantiu, 
necessariamente, uma melhor distribuição desses profissionais entre as regiões do país. 
Segundo Scheffer et al. (2018), há imensas desigualdades na distribuição dos 
médicos pelo território nacional. Enquanto em todo o país existem 2,18 médicos por mil 
habitantes, há capitais com mais de 12 médicos por mil habitantes, por exemplo, Vitória, no 
Espírito Santo. Em compensação, em regiões no interior do Nordeste os valores são inferiores 
a um médico por mil habitantes. 
Na Atenção Básica, o déficit crescente de médicos é reconhecido como o 
responsável pelo baixo crescimento da cobertura populacional da Estratégia de Saúde da 
Família (ESF) e consequentes problemas quanto à sua qualidade e eficiência (BRASIL, 2015). 
Em função desses diagnósticos, o Governo Federal criou o Programa Mais Médicos (PMM) 
por meio de Medida Provisória, em julho de 2013, sendo convertida na Lei 12.871/2013, em 
outubro do mesmo ano. 
Os objetivos do Programa centram-se na resolução da questão emergencial do 
atendimento básico a partir da contratação de médicos, na criação de condições para a formação 
de novos médicos, por meio da abertura de vagas de graduação e residência médica, com o 
objetivo de atingir a marca 2,7 médicos por mil habitantes até o ano de 2026 (BRASIL, 2015). 
Adicionalmente, o Programa também tem como meta destinar maiores investimentos para 
construção, reforma e ampliação de Unidades Básicas de Saúde (UBS). 
O problema da concentração de médicos em cidades maiores (capitais e cidades 
mais populosas) se revela com a desassistência às cidades pequenas, áreas rurais, comunidades 
mais remotas e regiões mais pobres. Em geral, os segmentos mais pobres e desprotegidos das 
populações são os mais atingidos pela situação de insegurança assistencial em saúde, e muitas 
vezes, esse problema é somado a outros como insegurança pública, alimentar, econômica e 
14 
 
social, o que agrava a situação de privação essencial a que tais populações são submetidas 
(CAMPOS; MACHADO; GIRARDI, 2009). 
Para Unglert (1990), o acesso à saúde (usufruto dos serviços de saúde) envolve 
aspectos que extrapolam a assistência à saúde (conjunto organizado das ações e serviços 
oferecidos). Com respeito ao acesso à saúde atuam fatores socioeconômicos e culturais que 
interagem com aspectos intersetoriais ligados à própria estrutura política de cada país. Contudo, 
não se pode deixar de enfatizar que a acessibilidade dos serviços de saúde é um fator de 
fundamental importância para que a equidade do acesso aos serviços de saúde seja concretizada. 
Duarte e Barreto (2012) destacam a importância dos serviços de saúde na redução 
das taxas de mortalidade infantil, bem como na redução de mortalidade por doenças 
transmissíveis, infecciosas e parasitárias. Além disso, com o aumento da população idosa e as 
demandas crescentes de um envelhecimento saudável representam desafios importantes para o 
Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil. 
Bodstein (2002) ressalta que a avaliação de políticas públicas pode ser focada nos 
processos de mudanças e aferida a partir da mensuração dos resultados e impactos provocados 
por esses programas e políticas, e que adquire um papel imprescindível de crescente 
responsabilização do gestor público. Para isto, a análise do contexto de implantação e a 
execução do Programa se faz necessária para compreender e avaliar as mudanças em curso, 
bem como os resultados e impactos na saúde da população. 
Por todos esses aspectos, este estudo tem como objetivo avaliar e mensurar o 
impacto do PMM em relação ao eixo de Provimento Emergencial e seus potenciais resultados 
sobre diferentes indicadores de saúde, além de apresentar evidências a respeito da focalização 
do Programa. A ideia consiste em avaliar a focalização do Programa no atendimento a regiões 
prioritárias e estimar o impacto das medidas executadas pelo eixo de provisão emergencial 
sobre indicadores de saúde dos municípios brasileiros. Emsíntese, espera-se examinar se o 
Programa contribuiu para o fortalecimento da Atenção Básica no país. 
Para alcançar tais objetivos, adota-se o método de Diferenças em Diferenças que 
faz uso de dados em painel das unidades tratadas e não tratadas, a saber, os municípios 
brasileiros, com períodos de observação referentes ao antes e o depois da intervenção do 
Programa. O método calcula a diferença entre os períodos de tempo para cada unidade 
observada, e a diferença entre as unidades para cada período de tempo (PEIXOTO et al., 2008). 
Dessa forma, o presente estudo pretende contribuir com o escopo de pesquisas 
realizadas relacionadas ao PMM, ao analisar alguns indicadores relacionados ao Programa e se, 
de fato, houve benefícios para a saúde da população contemplada. 
15 
 
Com esse intuito, a pesquisa está organizada em seis seções, incluindo esta 
introdução. A próxima seção apresenta a contextualização histórica do PMM, ressaltando que 
em anos anteriores, outros programas já haviam sido implementados com propostas similares 
ao PMM. Na mesma seção, também sintetiza-se como o Programa é estruturado. A terceira 
seção contempla a revisão da literatura existente, com alguns trabalhos realizados sobre o 
assunto e suas principais contribuições. A quarta traz uma explanação da metodologia utilizada 
no estudo. A quinta seção apresenta os resultados obtidos. E, por fim, são tecidas as 
considerações finais. 
 
 
 
16 
 
2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E O PROGRAMA MAIS MÉDICOS 
 
Ao final da década de 1970, diversos segmentos da sociedade civil1 iniciaram um 
movimento que lutou pela atenção à saúde como um direito de todos e um dever do Estado. O 
movimento ficou conhecido como Reforma Sanitária Brasileira e culminou na instituição do 
Sistema Único de Saúde, o SUS, por meio da Constituição de 1988 (PEREIRA; LIMA, 2008). 
Os termos “Atenção Primária” ou “Atenção Básica à Saúde” (ABS) incorporam os princípios 
da Reforma Sanitária como uma estratégia de organização da atenção à saúde voltada para a 
forma regionalizada, contínua e sistematizada, integrando ações preventivas e curativas, bem 
como a atenção a indivíduos e comunidades (PEREIRA; LIMA, 2008). 
Segundo dados do Relatório de 30 anos do SUS, elaborado pela Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS), o principal mecanismo desenvolvido para induzir a expansão da 
cobertura da atenção primária e reorientar o modelo de atenção adotado para o SUS foi a criação 
do Programa Estratégia Saúde da Família (ESF). Desse modo, a baixa disponibilidade de 
profissionais médicos é vista como o principal fator limitante da expansão desse Programa. A 
ESF é composta por equipes de multiprofissionais. Cada equipe é composta por um médico, 
um enfermeiro, um auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (ACS). 
Existem também equipes com membros para cuidar da saúde bucal, como odontólogos, técnicos 
de higiene bucal e auxiliares de cirurgião-dentista (BRASIL, 2018). 
Com efeito, o Programa Mais Médicos surgiu com a missão de impulsionar o 
crescimento da ESF, diminuindo a carência dos médicos nas equipes, sobretudo em regiões 
mais vulneráveis tais como zonas rurais, populações quilombolas, municípios com elevado 
percentual da população em situação de pobreza, municípios distantes dos grandes centros e 
em Distritos Sanitários Especiais Indígenas – DSEI (BRASIL, 2018). 
Vale ressaltar que esse não é um problema recente e outros programas já foram 
realizados com o intuito de atrair e/ou fixar profissionais médicos em municípios mais 
vulneráveis. Podem ser citados o Projeto Rondon, o Programa de Interiorização das Ações de 
Saúde e Saneamento (Piass), o Programa de Interiorização do Sistema Único de Saúde (Pisus), 
o Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde (Pits) e o Programa de Valorização dos 
Profissionais da Atenção Básica (Provab). 
 
1 Grupos formados por lideranças do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), da Associação Brasileira de 
Pós-graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), profissionais da área de saúde incluindo médicos e agentes 
sanitários, estudantes universitários e pesquisadores da área (PAIVA; TEIXEIRA, 2014). 
17 
 
O Projeto Rondon, criado em 1968, possuía uma concepção de integração nacional. 
O Projeto contemplou, majoritariamente, municípios localizados nas regiões Norte, Nordeste e 
Centro-Oeste, voltando-se primordialmente para a extensão universitária, a integração nacional, 
o desenvolvimento e a interiorização (MACIEL; BRANCO, 2008). 
O Piass foi criado em 1976, com o objetivo de implantar uma estrutura básica de 
saúde pública em comunidades de até 20 mil habitantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-
Oeste do país. O Programa expandiu a rede ambulatorial e o trabalho de pessoal auxiliar, não a 
fixação de médicos e teve dificuldades para prestar serviços de qualidade na atenção à saúde. 
(MACIEL; BRANCO, 2008). 
Em 1993, foi a vez do Pisus, cujo objetivo era oferecer uma unidade de saúde e uma 
equipe mínima para cada município contemplado. As equipes mínimas eram formadas por um 
médico, um enfermeiro e um agente comunitário de saúde (GONÇALVES JUNIOR; GAVA; 
SILVA, 2017). 
O Pits, criado em 2001, tinha como objetivo atrair e fixar médicos e também 
enfermeiros, por meio de incentivos educacionais e econômicos, por exemplo, ofertando a 
especialização profissional em Saúde da Família e bolsas de estudos. Grande parte dos 
municípios atendidos tinha entre 10 e 20 mil habitantes e baixa densidade demográfica 
(MACIEL; BRANCO, 2008). 
O Provab, criado em 2011, e ainda vigente, busca estimular e valorizar o 
profissional de saúde que atua em equipes multiprofissionais no âmbito da ABS e da ESF. O 
intuito é levar esses profissionais para localidades com maior carência dos serviços de saúde. 
Conforme consta em Brasil (2015), o Provab inicialmente atraiu 380 médicos, após algumas 
mudanças, que incluíram a oferta de especialização e o pagamento de bolsa para os profissionais 
participantes, conseguiu a participação de mais de 3 mil médicos anualmente. 
O quadro 1 expõe de forma resumida informações importantes sobre os Programas 
mencionados. 
Quadro 1: Programas anteriores ao Mais Médicos 
Programa 
Ano de 
criação 
Objetivo 
Alguns dos resultados 
alcançados 
Legislação 
regulamentar 
Projeto 
Rondon 
1968 
Levar professores e 
estudantes 
universitários para 
atender 
comunidades 
carentes. 
Envolveu cerca de 350 mil 
universitários e 13 mil professores 
em todas as regiões do País. 
Foram realizados atendimentos 
médicos, odontológicos, 
vacinação e combate a endemias. 
Decreto nº 62.927, de 
28 de junho de 1968 
(Continua) 
 
18 
 
Quadro 1: Programas anteriores ao Mais Médicos 
(Conclusão) 
Programa 
Ano de 
criação 
Objetivo 
Alguns dos resultados 
alcançados 
Legislação 
regulamentar 
Programa de 
Interiorização 
das Ações de 
Saúde e 
Saneamento 
(Piass) 
1976 
Implantar estrutura 
básica de saúde 
pública para 
atender 
comunidades de até 
20 mil habitantes. 
Rede de serviços implantada e/ou 
incorporada com cerca de 
60 Centros de Saúde e 200 Postos 
Decreto n° 78.307, de 
24 de agosto de 1976 
Programa de 
Interiorização 
do Sistema 
Único de 
Saúde (Pisus) 
1993 
Oferecer uma 
unidade de saúde e 
uma equipe 
mínima para cada 
município 
contemplado 
O Programa foi esquecido 11 
meses após o seu anúncio de 
criação por conta da nova eleição 
presidencial. 
Criado pelo 
Departamento de 
Desenvolvimento, 
Controle e Avaliação 
dos Serviços de Saúde, 
da então Secretaria de 
Assistência à Saúde do 
Ministério da Saúde 
Programa de 
Interiorização 
do Trabalho 
em Saúde 
(Pits) 
2001 
Estimular a ida de 
médicos e 
enfermeiros para os 
municípios mais 
carentes e 
distantes, por meio 
de incentivos 
financeiros e de 
formação 
profissional 
Contemploucerca de 300 
municípios. Foram aplicados no 
primeiro ano R$ 36,1 milhões e 
alocados mais R$ 70 milhões no 
orçamento 2002/2003. 
Decreto n° 3.745, de 5 
de fevereiro de 2001 
Programa de 
Valorização 
dos 
Profissionais 
da Atenção 
Básica 
(Provab) 
2011 
Programa de 
incentivo 
educacional e 
recrutamento de 
médicos, 
enfermeiros e 
odontólogos para 
atuarem em áreas 
vulneráveis. 
Conseguiu assegurar a 
participação de mais de 3 mil 
médicos anualmente. 
Portaria 
interministerial nº 
2.087, de 1º de 
setembro de 2011 
Fonte: Maciel e Branco (2008) e Escorel (1999). 
 
No final de 2011, antes da criação do PMM, o governo federal adotou algumas 
medidas preliminares. A primeira delas foi a regulamentação da Lei nº 12.202, de 14 de janeiro 
de 2010, em que o governo concedeu a possibilidade de um médico formado, com o apoio do 
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), pudesse abater sua dívida em função do tempo de 
atuação nas equipes da Estratégia de Saúde da Família nas áreas com maior necessidade 
(BRASIL, 2015). 
A segunda, foi o lançamento do Programa de Valorização dos Profissionais da 
Atenção Básica (Provab) que buscava incentivar os egressos de medicina a atuarem na Atenção 
Básica nas áreas com maior necessidade, oferecendo em troca estímulos como especialização 
e pontuação adicional válida em concursos de residência médica e bolsa de estudos paga pelo 
governo federal (BRASIL, 2015). 
19 
 
Essas ações contribuíram, mas não foram suficientes para solucionar o problema. 
Assim sendo, prefeitos eleitos nas eleições de 2012 encabeçaram um movimento intitulado 
“Cadê o médico?”, em que pressionaram o governo federal para que tomasse providências 
quanto a dificuldade de alocação de médicos enfrentada pelos municípios. Reforçando as 
tensões, movimentos sociais ganharam as ruas reivindicando, entre outras pautas, melhorias na 
qualidade dos serviços públicos de saúde. 
Visando atender às necessidades que orientaram sua criação, o PMM se estruturara 
em três eixos: i) Provimento emergencial; ii) Educação; e, iii) Infraestrutura. O eixo educação 
é fundamentado na concepção segundo a qual as escolas médicas do país formam um número 
bem menor de profissionais do que a quantidade demandada pelo mercado de trabalho. Além 
disso, as escolas concentram suas vagas de graduação e residência nas maiores e mais ricas 
cidades, capitais e nas regiões Sudeste e Sul do Brasil. 
Assim como faz com os cursos de graduação, o Programa aponta para a definição 
de onde e em qual especialidade serão abertas novas vagas de residência, independentemente 
se são custeadas pelos Ministérios da Saúde e da Educação ou por qualquer outra instituição. 
Até o fim de 2018, era meta do PMM estabelecer o mesmo número de vagas de residência 
médica de acesso direto que o número de egressos dos cursos de graduação em Medicina do 
ano anterior, e que, Medicina de Família seria a base da formação de todos os especialistas 
(BRASIL, 2015). 
As principais ações do PMM podem ser resumidas da seguinte forma: recrutamento 
de profissionais graduados no Brasil e fora do país, médicos brasileiros e estrangeiros; a 
abertura de novas vagas de graduação e residência médica, a reorientação da formação de 
médicos e especialistas conforme as necessidades do SUS; e, a criação de novas Unidades 
Básicas de Saúde (UBS), bem como a melhoria do funcionamento das UBS’s já existentes. 
Atualmente, segundo dados do governo federal2, o PMM conta com um total 18.240 
médicos em 4.058 municípios de todo o país, cobrindo 73% das cidades brasileiras e 34 DSEIs. 
O governo assegura que, com esses números, o PMM promove assistência para 
aproximadamente 63 milhões de pessoas. 
Diante dessas informações, esta pesquisa busca investigar e analisar se o PMM 
alcançou resultados significativos em seu principal eixo de atuação (Provimento Emergencial) 
por meio da análise de importantes indicadores de saúde da população. Dessa maneira, 
averiguar se, de fato, houve impacto na atenção básica com a inserção desses novos médicos, 
 
2 Dados disponíveis no site do Programa: www.maismedicos.gov.br 
20 
 
bem como se estes profissionais foram alocados em municípios de maior vulnerabilidade dos 
quais o Programa se propôs a priorizar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
3 REVISÃO DE LITERATURA 
 
Segundo Scheffer et al. (2018), na comparação com países da Organização para a 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil ainda possui uma das menores 
taxas de médicos por mil habitantes (2,18). Embora próximo à quantidade de países como 
Coreia do Sul (2,2), México (2,3) e Japão (2,4), encontra-se abaixo de países como Polônia 
(2,5), Canadá (2,7), Estados Unidos (2,7) e Reino Unido (2,8). 
Ao fazer uma análise da distribuição de médicos pelo território brasileiro, o estudo 
de Scheffer et al. (2018) apontou que entre todas as unidades da Federação, o Distrito Federal 
tem a razão mais alta, com 4,35 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (3,55), 
depois São Paulo (2,81) e Rio Grande do Sul (2,56). Na outra ponta estão estados do Norte e 
Nordeste: o Maranhão, que mantém a menor razão entre as unidades, 0,87 médico por mil 
habitantes, em seguida, o Pará, com uma razão de 0,97. 
Na região Sudeste, onde moram 41,9% dos brasileiros, estão 54,1% dos médicos, 
ou seja, mais da metade dos profissionais de todo o país. Na região Norte ocorre o oposto, ali 
moram 8,6% da população brasileira e estão 4,6% dos médicos. No Nordeste, onde vivem 
27,6% dos habitantes do país, estão 17,8% do conjunto de médicos (SCHEFFER et al. 2018). 
Segundo Araújo e Maeda (2013), para lidar com a escassez de profissionais de 
saúde em áreas de difícil acesso, como áreas rurais e remotas, é necessário que as intervenções 
sejam implementadas de forma combinada, em pacotes, de acordo com a variedade dos fatores 
que influenciam a decisão do profissional de saúde para trabalhar nessas áreas. Os autores 
salientam que o sucesso de qualquer estratégia de recrutamento e retenção da força de trabalho 
dependem da forma pela qual os postos rurais e remotos possam atrair os profissionais de saúde. 
Como estratégia de atração desses profissionais, o PMM oferta uma bolsa 
remunerada3; ajuda de custo para deslocamento para o município de atuação; auxílio moradia 
e alimentação; apoio clínico e pedagógico, com a presença de médicos tutores e supervisores; 
concessão de tempo para que se dediquem a atividades educacionais como projetos de extensão 
e pós-graduação; e a concessão de pontuação4 extra aos interessados em programas de 
residência médica. 
 
3 De acordo com as informações disponíveis no site do Programa, atualmente o valor da bolsa é de R$11,8 mil. O 
valor da bolsa é ajustado anualmente. Os médicos recebem uma ajuda de custo inicial entre R$10 e R$30 mil para 
deslocamento para o município de atuação. 
4 O PMM concede 10% de pontuação adicional nos exames de seleção dos Programas de Residência Médica para 
o médico que concluir o período mínimo exigido de permanência no Programa. 
22 
 
Reunindo características do Programa e por meio da coleta de dados de desempenho 
disponibilizados pelo Ministério da Saúde, Gonçalves Junior, Gava e Silva (2017) produziram 
uma análise qualitativa do PMM. Segundo os autores, os estudos consultados e os documentos 
disponibilizados demonstram um significativo sucesso no desempenho do Programa, uma 
melhora da qualidade no atendimento, aumento no acesso aos serviços de ABS e, ainda, a 
aprovação popular. 
Por sua vez, Girardi et al. (2016) analisaram o impacto do PMM na redução da 
escassez de médicos nos municípios brasileiros por meio do Índice de Escassez de Médicos na 
Atenção Primária à Saúde, no período de março de 2013 a setembrode 2015, antes e depois 
portanto da implantação do Programa. Segundo o estudo, ocorreu um substantivo aumento na 
oferta de médicos, o que contribuiu para redução do número de municípios com escassez desses 
profissionais de 1.200 para 777. Verificou-se ainda que em alguns municípios ocorreu redução 
na oferta regular de médicos, possivelmente, por substituição da oferta regular de médicos das 
prefeituras pelo provimento federal. 
Miranda et al. (2017) realizaram um estudo ecológico, descritivo, para analisar o 
PMM com base nas quantidades de ESF implantadas nos municípios do país nos anos de 2012 
e 2015. O estudo relata que o número de ESF passou de 33.404, em 2012, para 40.162, em 2015 
– representando um aumento de 16,2% de cobertura populacional, com maior cobertura na 
região Nordeste (80,6%) e menor no Sudeste (52,1%). Ainda observaram que a maior 
incorporação de equipes do PMM ocorreu nos municípios com menos de 100.000 habitantes, 
com 10.084 equipes, representando 63,7% do total. No entanto, a expansão de equipes do PMM, 
que representou a criação de novas equipes de atenção básica no país, foi maior nos municípios 
com mais de 200.000 habitantes. O estudo aponta que entre 2012 e 2015 as internações foram 
reduzidas em 9,1%. 
Santos, Costa e Girardi (2015) elaboraram um estudo documental e de campo com 
o intuito de verificar se o PMM seria uma ação efetiva para reduzir as iniquidades em saúde. 
Os pesquisadores entrevistaram 263 usuários do SUS que, conforme o estudo, relataram um 
alto grau de satisfação em relação ao tempo de espera para agendamentos e realização de 
consultas. Cerca de 57% dos entrevistados relataram não ter dificuldade de entender a fala do 
médico intercambista e 32% ter um pouco de dificuldade de compreensão. Os autores acreditam 
que o PMM é um programa bem fundamentado nas necessidades da população e concernente 
aos princípios constitucionais do SUS. 
Lima et al. (2016) analisaram a produção de consultas, encaminhamentos médicos 
e atendimentos a grupos de educação em saúde, com o enfoque no PMM. Os resultados obtidos 
23 
 
revelaram que nos municípios mais pobres, a produção e a produtividade de consultas médicas 
do PMM foram mais elevadas. E o volume de atividades educativas e procedimentos da equipe 
com Mais Médicos foi maior nas capitais brasileiras. Segundo os autores, o PMM foi bem-
sucedido ao expandir o acesso aos serviços de saúde em regiões com maior vulnerabilidade 
social, contribuindo para a consolidação da atenção básica. 
Com o intuito de identificar os impactos causados pela implementação do PMM em 
um município do sertão central nordestino, Alencar et al. (2016) fizeram a análise de 
indicadores de saúde registrados no Sistema de Informação da Atenção Básica. Segundo os 
autores da pesquisa, a partir da implementação do PMM houve um aumento considerável no 
número de consultas e atendimentos realizados pelos médicos, com destaque para os 
atendimentos prestados aos pacientes portadores de tuberculose e hanseníase e impacto nas 
solicitações dos exames complementares que sofreu uma queda bastante considerável. Outro 
ponto identificado foi o aumento de visitas domiciliares. 
A fim de comparar o desempenho antes e depois de cidades beneficiárias e não-
beneficiárias do PMM, Fontes, Conceição e Saraiva (2016) aplicaram o estimador de diferenças 
em diferenças conjugado com o pareamento por escore de propensão e observaram que para o 
primeiro grupo de tratamento houve uma queda relativa de 0,6 internações para cada mil 
habitantes já no primeiro ano do PMM. Os autores atentam que, do ponto de vista econômico, 
para um município na média da distribuição dos tratados em 2013, os resultados corroboram 
para uma diminuição de aproximadamente 14% ao longo de três anos nas internações evitáveis 
na atenção básica. 
Carrilho e Feres (2018) elaboram um estudo detalhado acerca do efeito do PMM 
sobre indicadores de saúde. Dentre os principais resultados, constataram que o PMM ocasionou 
um aumento médio de 18% na proporção de médicos e um aumento entre 5% e 8% no número 
de consultas. No entanto, o estudo não identificou uma melhora nos indicadores de saúde 
infantil como maior peso da criança ao nascer, redução do número de partos prematuros ou 
queda da mortalidade infantil. Os autores concluíram que o efeito da contratação de um médico 
é equivalente ao da contratação de um enfermeiro em termos de indicadores de qualidade de 
saúde de recém-nascidos. Ou seja, o resultado sugere que o PMM alcançou resultados positivos, 
mas a um custo relativamente elevado. 
Santos et al. (2019) elaboraram uma avaliação do PMM a partir de um trabalho de 
campo, realizado por uma equipe de multiprofissionais, em 32 municípios com 20% ou mais 
da população em extrema pobreza. O trabalho reforça a premissa segundo a qual o Programa 
teve uma contribuição ímpar em atrair e fixar médicos em áreas de difícil acesso. Em uma 
24 
 
avaliação quase-experimental verificou-se que a cobertura da atenção primária nos municípios 
inscritos aumentou de 77,9%, em 2012, para 86,3%, em 2015; as internações evitáveis nos 
1.450 municípios inscritos diminuíram 44,9%, em 2012, para 41,2%, em 2015, permanecendo 
inalteradas nos 258 municípios controle. Os autores também enaltecem o trabalho realizado 
pelos médicos cubanos por deixar marcas fortes, resultantes de uma cultura médica distinta e 
necessária ao povo brasileiro. 
Amparados no modelo lógico, Moreira et al. (2017) apresentaram uma análise 
quantitativa de dados do PMM no Distrito Federal. Os pesquisadores não identificaram metas, 
atividades e produtos na construção do modelo lógico. A análise dos resultados do Programa 
no Distrito Federal sugere que houve aumento em 32% da cobertura populacional por equipes 
da atenção básica, aumento do número de médicos e equipes na Estratégia Saúde da Família, 
melhora da cobertura de pré-natal e de consultas aos maiores de 60 anos, além do aumento de 
visitas médicas domiciliares 
Almeida et al. (2016) produziram um estudo para mensurar o impacto do PMM 
sobre indicadores de saúde das populações localizadas em municípios com dificuldades de 
atração de médico. Os resultados estimados com a adoção da abordagem de pareamento e de 
diferenças em diferenças, mostraram que o Programa não teve um impacto estatisticamente 
significativo na redução da incidência de internações hospitalares por condições sensíveis a 
atenção básica, bem como sobre as enfermidades analisadas. 
 
 
 
25 
 
4 METODOLOGIA 
 
Este capítulo está dividido em duas seções. A primeira, discorre sobre a base de 
dados utilizada no estudo com o intuito de esclarecer como os dados foram obtidos e como 
foram selecionadas as variáveis para elaboração da análise. 
 Na seção seguinte do capítulo, é explicado o método estatístico aplicado para a 
execução da avaliação de impacto. 
 
4.1 Descrição da base de dados 
 
A relação dos municípios contemplados pelo Programa foi obtida por meio do 
Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-Sic). O documento fornecido pela 
Controladoria Geral da União (CGU) contém a relação dos municípios, o ano em que ocorreu 
a adesão ao Programa e a quantidade de médicos autorizada para cada um. O documento traz 
informações até o ano de 2016, contendo um total de 3.903 municípios contemplados pelo 
PMM e 34 DSEI, que estão inclusos nesses territórios. A contagem dos médicos resultou num 
total de 18.240 profissionais atuando no Programa. 
A análise do impacto do PMM será feita a partir do primeiro ano de sua 
implantação, 2013, até o ano de 2015. Como forma de identificar o perfil socioeconômico dos 
municípios e estabelecer controles para as estimações a serem realizadas, emprega-se um 
conjunto amplo de variáveis de resultados e covariáveis que estão expostas na Tabela 1. 
Tabela 1 - Descrição das variáveis 
Variável Descrição Fonte 
Resultado 
txmortinf Taxade mortalidade infantil. 
Tabnet / 
DataSus 
internacoes 
Percentual de internações por condições sensíveis à atenção básica em 
relação a quantidade total de internações clínicas. 
Tabnet / 
DataSus 
atendiprenatal Número de atendimentos de pré-natal. 
Tabnet / 
DataSus 
consultasmed Número de consultas médicas. 
Tabnet / 
DataSus 
quantvisitmedicas Quantidade de visitas realizadas por médicos em domicílios. 
Tabnet / 
DataSus 
ngestantes20anos Número de gestantes menores de 20 anos de idade. 
Tabnet / 
DataSus 
Controle 
hospitais Número de hospitais (Geral). 
Tabnet / 
DataSus 
policlínicas Número de policlínicas. 
Tabnet / 
DataSus 
(Continua) 
26 
 
Tabela 1 - Descrição das variáveis 
(Conclusão) 
Fonte: Elaboração própria. 
 
4.2 Método de Diferenças em Diferenças Generalizado (GDD) 
 
Com o intuito de verificar se o Programa está alcançando os objetivos, ou os 
impactos esperados, ou seja, melhorar a qualidade do atendimento prestado pelo SUS à 
população, será utilizado o método de Diferenças em Diferenças Generalizado (GDD) que se 
trata de uma adequação do método de Diferença em Diferença (DD) para quando tratamos de 
diferenças adicionadas no tempo. 
Conforme consta em Peixoto et al. (2008), o método de DD é baseado no cálculo 
de uma dupla subtração: a primeira se refere à diferença das médias da variável de resultado 
entre os períodos anterior e posterior ao Programa, para cada grupo, o de tratamento e o de 
controle, e a segunda se refere à diferença da primeira diferença calculada entre esses dois 
grupos. 
Denotando por 𝑇 = {1,0} a participação ou não do Programa e por 𝑡 = {1,0} os 
períodos posterior e anterior à intervenção, respectivamente, o estimador de DD será dado por: 
𝛽𝐷𝐷 = {𝐸[𝑌|𝑇 = 1, 𝑡 = 1] − 𝐸[𝑌|𝑇 = 1, 𝑡 = 0]} − {𝐸[𝑌|𝑇 = 0, 𝑡 = 1] − 𝐸[𝑌|𝑇 = 0, 𝑡 = 0]} 
Ou, de maneira equivalente: 
𝛽𝐷𝐷 = {𝐸[𝑌|𝑇 = 1, 𝑡 = 1] − 𝐸[𝑌|𝑇 = 0, 𝑡 = 1]} − {𝐸[𝑌|𝑇 = 1, 𝑡 = 0] − 𝐸[𝑌|𝑇 = 0, 𝑡 = 0]} 
O método DD possui uma série de vantagens relativamente a outros métodos não-
experimentais. Em particular, ele é capaz de lidar com o viés de seleção associado a certo tipo 
de características não observáveis dos indivíduos, especificamente àquelas que são invariantes 
no tempo. 
A principal hipótese do método é que a trajetória temporal da variável de resultado 
para o grupo de controle represente o que ocorreria com o grupo tratado caso não houvesse a 
Variável Descrição Fonte 
Controle 
postossaude Número de postos de saúde. 
Tabnet / 
DataSus 
nequipessaudefam Número de ESF. 
e-Gestor 
Atenção 
Básica 
famacomppsf Número de famílias acompanhadas pelo PSF. 
Siab / 
DataSus 
fambenefb Número de famílias beneficiadas pelo Bolsa Família. 
Vis Data / 
MDS 
pib Produto Interno Bruto. IBGE 
Pibpc Produto Interno Bruto per capita. IBGE 
27 
 
intervenção. A ideia básica é que se as trajetórias se assemelham durante o período antes do 
Programa, então parece coerente supor que a evolução do grupo de controle após o Programa 
represente bem o que ocorreria com o grupo de tratados na situação de não tratamento 
(PEIXOTO et al., 2008). 
O método de Diferenças em Diferenças Generalizado (DDG)5 é utilizado quando 
existe, no mínimo, uma diferença de tempo a mais, bem como a existência de um hiato nos 
resultados nos grupos de tratamento e controle no período de pré-tratamento, sendo que essa 
diferença ainda possa persistir no período pós-tratamento (LEE, 2016). Nesse caso, a 
especificação do modelo será feita da seguinte forma: 
𝑌𝑖𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1𝑇𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑖𝑥𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜𝑡 + 𝛼𝑖 + 𝛿𝑡 + 𝜇𝑖𝑡 (1) 
Em que o subscrito i representa os municípios e t o tempo (t=2010, 2011, ..., 2015). 
O coeficiente 𝛼𝑖 é o controle de efeitos fixos dos municípios, enquanto 𝛿𝑡 são os coeficientes 
que representam os efeitos fixos de tempo e 𝜇𝑖𝑡 é o termo de erro. O coeficiente 𝛽1 o efeito 
direto do PMM sobre as variáveis de resultado. Além disso, o vetor de características dos 
municípios 𝑋𝑖𝑡 é incluído na equação (1). Portanto: 
𝑌𝑖𝑡 = 𝛽0 + 𝛽1𝑇𝑟𝑎𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑖𝑥𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜𝑡 + 𝛽2𝑋𝑖𝑡 + 𝛼𝑖 + 𝛿𝑡 + 𝜇𝑖𝑡 (2) 
Um ponto a destacar é que os efeitos de grupo e as tendências de tempo decorrem 
de diferenças subjacentes nas covariáveis não medidas entre grupos e períodos. A suposição 
central no DD generalizado é que quaisquer determinantes não medidos dos resultados são 
invariantes no tempo ou invariantes no grupo (WING; SIMON; BELLO-GOMEZ, 2018). 
Tanto o método DD simples quanto o generalizado se baseiam na suposição 
segundo a qual variações importantes não medidas são atributos de grupo e invariantes no 
tempo ou fatores variáveis no tempo e invariantes de grupo. Juntas, essas restrições implicam 
que as séries temporais de resultados em cada grupo devem diferir por um valor fixo em cada 
período e devem exibir um conjunto comum de alterações específicas do período. Em termos 
gerais, o gráfico da série temporal de cada grupo (tratamento e controle) deve se parecer com 
um conjunto de linhas paralelas (WING; SIMON; BELLO-GOMEZ, 2018). 
Sendo assim, a hipótese de tendências paralelas será testada a partir da análise 
gráfica do período anterior à implantação do Programa. O objetivo será verificar se ocorrem 
mudanças na tendência da variável de resultado nos grupos de controle e de tratados. Caso esta 
variável se mova em tendência paralela nestes grupos, então se pode inferir que estas deverão 
 
5 O Método de Diferenças em Diferenças Generalizado tem sido bastante utilizado na literatura como pode ser 
visto em Cordeiro Guerra e Lastra-Anadón (2018); Pereira (2019) e Graff e Pirog (2019). 
28 
 
continuar a se mover em tendências paralelas após a implementação do Programa. Se as 
tendências das variáveis de resultado forem diferentes, o efeito estimado do tratamento obtido 
pelo método DDG será considerado inválido ou enviesado (GERTLER et al., 2018). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
 
Este capítulo visa identificar a eficiência do Programa Mais Médicos quanto a 
escolha de seus municípios, dado que o Programa elenca algumas características que colocam 
certos municípios numa determinada linha de prioridade. A análise de focalização tem por 
objetivo verificar se os municípios que receberam o Programa eram prioridade em vista dos 
municípios que não receberam. 
Na seção seguinte do capítulo, são expostos os resultados estatísticos, bem como a 
análise dos valores resultantes dessas estimações. 
 
5.1 Focalização do Programa 
 
O PMM estabelece regiões ditas prioritárias como critério para a seleção dos 
municípios contemplados, segundo a Portaria Interministerial de n° 1.369, de 8 de julho de 
2013, esses critérios são descritos da seguinte forma: 
a) ter o Município 20% (vinte por cento) ou mais da população vivendo em extrema 
pobreza, com base nos dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
(MDS). Até abril de 2014, a situação de extrema pobreza implicava estar numa faixa de renda 
per capita menor e/ou igual a 70 reais; 
b) estar entre os 100 (cem) municípios com mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes, 
com os mais baixos níveis de receita pública per capita e alta vulnerabilidade social de seus 
habitantes (G100) ; 
c) estar situado em área de atuação de Distrito Sanitário Especial Indígena 
(DSEI/SESAI/MS), órgão integrante da Estrutura Regimental do Ministério da Saúde; ou, 
d) estar nas áreas referentes aos 40% (quarenta por cento) dos setores censitários 
com os maiores percentuais de população em extrema pobreza dos municípios. 
A partir desses critérios, o Programa constrói uma lista de 6 (seis) perfis, os quais 
estão descritos na Tabela 2. 
Tabela 2 - Perfil dos municípios para indicação e seleção dos médicosparticipantes do 
Programa 
Perfil Descrição 
1 
Áreas referentes aos 40% dos setores censitários com os maiores percentuais de população em 
extrema pobreza das capitais, conforme IBGE; 
2 Áreas referentes aos 40% dos setores censitários com os maiores percentuais de população em 
extrema pobreza dos Municípios situados em região metropolitana, conforme IBGE; 
(Continua) 
 
30 
 
Tabela 2 - Perfil dos municípios para indicação e seleção dos médicos participantes do 
Programa 
 (Conclusão) 
Fonte: Elaboração própria. 
 
A análise de focalização do PMM é realizada com base nos dados fornecidos pelo 
Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (e-Sic), em que são listados os 
municípios que receberam o Programa desde o primeiro ano de suas atividades (2013) até o ano 
de 2016. 
O Brasil possui atualmente 5.570 municípios. Em 2012, eram 5.565. Segundo dados 
do e-Sic, o Programa Mais Médicos está presente em 3.903 municípios, o que representa 
aproximadamente 70% dos municípios do país. De acordo com os dados do Ministério da 
Cidadania (MDS), em janeiro de 2013, 3.433 municípios brasileiros possuíam 20% ou mais de 
sua população vivendo em situação de extrema pobreza, ou seja, aproximadamente 62% dos 
municípios brasileiros se encaixavam no perfil de prioridade para aquisição do PMM. Dentro 
deste perfil, até 2016, 17% dos municípios brasileiros ainda não haviam sido contemplados pelo 
Programa. 
Entre os dez municípios que apresentavam os piores resultados em percentuais de 
pobreza do país, conforme consta na Tabela 3, quatro deles permaneciam sem PMM até 2016. 
Todos apresentando índices menores que um médico por mil habitante e todos situados no 
estado do Maranhão. 
Tabela 3 - Municípios com piores resultados em percentuais de pobreza do Brasil 
UF Município Base Perc. Pop. Ext. Pob. Méd/milHab do SUS Presença do PMM 
MA Brejo de Areia 100* 1,089087 Sim 
PI Sebastião Barros 100* 0,285796 Sim 
MA Junco do Maranhão 100* 0,273748 Sim 
MA Cachoeira Grande 98 0,229938 Não 
MA Paulino Neves 92 0,328213 Não 
(Continua) 
 
6 Os municípios que fazem parte do G100 são selecionados pela receita corrente per capita. 
Perfil Descrição 
3 
Áreas referentes aos 40% dos setores censitários com os maiores percentuais de população em 
extrema pobreza dos Municípios que estão entre os 100 Municípios com mais de 80.000 habitantes, 
com os mais baixos níveis de receita pública "per capita" e alta vulnerabilidade social de seus 
habitantes (G100)6; 
4 
Município com 20% ou mais da população vivendo em extrema pobreza, com base nos dados do 
MDS; 
5 
Município que está situado em área de atuação de Distrito Sanitário Especial Indígena 
(DSEI/SESAI/MS) 
6 
Áreas referentes aos 40% dos setores censitários com os maiores percentuais de população em 
extrema pobreza dos demais Municípios, conforme IBGE. 
31 
 
Tabela 3 - Municípios com piores resultados em percentuais de pobreza do Brasil 
 (Conclusão) 
UF Município Base Perc. Pop. Ext. Pob. Méd/milHab do SUS Presença do PMM 
MA Senador La Rocque 91 0,419141 Não 
MA Porto Rico do Maranhão 91 0,504796 Sim 
PI Morro Cabeça no Tempo 89 0,734934 Sim 
PE Terezinha 88 0,429123 Sim 
MA Belágua 88 0,422238 Não 
Fonte: Elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo MDS. 
Nota: Os percentuais foram calculados com base na estimativa da população feita pelo IBGE para o ano de 
2013. Com asterisco (*) estão os valores que, no cálculo, ultrapassaram 100%. 
 
Ampliando a análise para os cem municípios com os piores resultados em 
percentuais de extrema pobreza, é possível encontrar 28 deles sem a presença do PMM e todos 
com índices superiores à 75% de sua população vivendo extrema pobreza e, em sua grande 
maioria, com menos de um médico por mil habitantes. A tabela contendo essas informações 
encontra-se no apêndice A desta pesquisa. 
Dos municípios contemplados pelo Programa, 45% apresentavam 20% ou mais da 
população em extrema pobreza. São Paulo foi o município que recebeu a maior quantidade de 
médicos do Programa, que apresentava aproximadamente 7% de sua população em situação de 
extrema pobreza. Em segundo lugar, Fortaleza, com aproximadamente 22% da população em 
extrema pobreza, terceiro, o Rio de Janeiro com 10%, quarto, Salvador com 20% e, quinto, 
Brasília com 9%. 
É válido ressaltar que, apesar do município de São Paulo ter apresentado menores 
valores em termos relativos de extrema pobreza, em termos absolutos, o município apresentava 
o número mais elevado de pessoas que viviam nessa situação. De modo semelhante, o 
município do Rio de Janeiro. No entanto, também vale destacar que, em 2013, São Paulo 
apresentava uma proporção de 4,48 médicos para cada mil habitantes e o Rio de Janeiro 6,18, 
sendo assim, bem acima da média nacional de 2,0 (SCHEFFER et al., 2013). 
Nesse sentido, levando em consideração a relação existente entre a quantidade de 
médicos do SUS para cada mil habitantes, é possível perceber que os cem municípios com as 
razões mais baixas de médicos do SUS / mil habitantes receberam menos de dez médicos do 
PMM em seus territórios. Por outro lado, dos cem municípios com as razões mais altas do país 
(todos acima de 2,4 médicos do SUS / mil habitantes), quase metade deles recebeu mais de dez 
médicos do PMM em seus territórios (tabelas disponíveis nos apêndices B e C). 
Dos vinte e quatro municípios contemplados que chegaram a receber mais de 50 
médicos do Programa, dez tinham o perfil de 20% ou mais da população em extrema pobreza. 
32 
 
E dos municípios que receberam apenas um médico do PMM, 86% contavam com uma razão 
inferior a 1 médico do SUS por mil habitantes. O estado em que mais se observou o envio de 
apenas um médico foi o de Minas Gerais que, apesar de ser o terceiro da lista dos estados que 
mais recebeu médicos, em 224 municípios apenas um profissional do PMM foi enviado. 
No grupo do G100, apenas três municípios não receberam o PMM, São Lourenço 
da Mata – PE com aproximadamente 42% da população em extrema pobreza, Itabaiana - SE 
com 39% e Ibirité – MG com 15%. Segundo os dados do MDS, 70% dos municípios do G100 
tinham 20% ou mais da população em extrema pobreza e, em sua maioria, contando com menos 
de 1 médico do SUS / mil habitantes. 80% desses municípios receberam mais de dez médicos 
do PMM, no topo da lista aparece o município de Salvador, que recebeu 140 profissionais 
(tabela disponível no apêndice D). 
Segundo os dados divulgados pelo Programa, os 34 Distritos Sanitários Especiais 
Indígenas do Brasil receberam médicos do PMM. O DSEI é a unidade gestora descentralizada 
do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) que contempla um conjunto de 
atividades técnicas para a promoção e reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias 
(BRASIL, 2019). Até 2016, 372 vagas haviam sido autorizadas para que médicos do Programa 
atuassem nessas áreas. 
O DSEI que mais recebeu médicos do Programa foi o de Alto Solimões, situado no 
município de Tabatinga – AM, com um total de 30 profissionais. Em seguida o DSEI do 
Maranhão, situado em São Luís – MA, com 21 médicos, e o DSEI da Bahia, situado em 
Salvador – BA, com 20 médicos. A tabela 4 traz a relação dos DSEI por percentual de população 
em extrema pobreza, de acordo com o município ao qual pertence. 
Tabela 4 – Relação dos DSEI que receberam PMM 
UF Município 
Perc. Pop. 
Ext. Pob. 
Méd/milHab. DSEI 
Nº médicos 
PMM 
RR Mucajaí 64 0,13 DSEI Yanomami 16 
AM Lábrea 61 0,26 DSEI Médio Purus 7 
AC Cruzeiro do Sul 54 1,03 DSEI Alto Juruá 13 
AM Tefé 53 0,51 DSEI Médio Solimões 12 
AM 
São Gabriel da 
Cachoeira 
49 0,60 DSEI Alto Rio Negro 18 
PA Itaituba 47 0,23 DSEI Tapajós 11 
AM Atalaia do Norte 46 0,35 DSEI Javari 6 
AM Parintins 46 0,39 DSEI Parintins 13 
AM Tabatinga 33 0,48 DSEI Alto Solimões 30 
MA São Luís 30 1,52 DSEI Maranhão 21 
RR Boa Vista 27 1,73 DSEI Leste RR19 
(Continua) 
33 
 
Tabela 4 – Relação dos DSEI que receberam PMM 
(Conclusão) 
UF Município 
Perc. Pop. 
Ext. Pob. 
Méd/milHab. DSEI 
Nº médicos 
PMM 
PA Altamira 26 0,91 DSEI Altamira 5 
PB João Pessoa 25 2,75 DSEI Potiguara 7 
AL Maceió 24 1,97 DSEI Alagoas e Sergipe 7 
PE Recife 24 3,4 DSEI Pernambuco 14 
AP Macapá 23 1,19 DSEI Amapá/Norte Para 9 
CE Fortaleza 22 2,02 DSEI Ceará 6 
PA Redenção 22 0,63 DSEI Kaiapó do Para 6 
PA Belém 22 1,90 DSEI Guama Tocantins 9 
AC Rio Branco 21 1,66 DSEI Alto Rio Purus 10 
AM Manaus 21 1,36 DSEI Manaus 13 
BA Salvador 20 2,29 DSEI Bahia 20 
MT 
São Félix do 
Araguaia 
20 0,27 DSEI Araguaia 5 
RO Porto Velho 19 1,88 DSEI Porto Velho 11 
MT Barra do Garças 17 1,49 DSEI Xavante 10 
MT Canarana 16 0,66 DSEI Xingu 6 
RO Cacoal 14 2,21 DSEI Vilhena 4 
MG 
Governador 
Valadares 
13 1,75 
DSEI Minas Gerais e 
Espirito Santo 
6 
TO Palmas 10 2,13 DSEI Tocantins 10 
MT Cuiabá 7 2,93 DSEI Cuiabá 11 
MS Campo Grande 7 2,64 DSEI Mato Grosso do Sul 11 
MT Colíder 6 1,55 DSEI Kaiapó Mato Grosso 4 
PR Curitiba 4 3,67 DSEI Litoral Sul 7 
SC Florianópolis 3 4,46 DSEI Interior Sul 15 
Fonte: Elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo e-Sic. 
Nota: Os percentuais foram calculados com base na estimativa da população feita pelo IBGE para o ano de 2013. 
 
O gráfico 1 exibe como ocorreu a distribuição do número de médicos do PMM de 
acordo com cada estado brasileiro. 
Gráfico 1- Quantidade de médicos do PMM de acordo com o estado (2013 – 2016) 
 
Fonte: Elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo e-Sic. 
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
S
P
B
A
M
G
C
E
R
S
P
R
P
E
P
A
M
A R
J
G
O
S
C
A
M E
S
P
B P
I
R
O
R
N
M
T
A
L
M
S
S
E
R
R
A
C
T
O
D
F
A
P
34 
 
Segundo dados do Censo 2010, o estado de São Paulo apresentava uma das menores 
percentagens de população em extrema pobreza do país (1,16%), perdendo apenas para o estado 
de Santa Catarina (1,01%). No entanto, como mostra o gráfico 1, São Paulo recebeu a maior 
quantidade de médicos do PMM. Os estados de Minas Gerais (3,49% de extrema pobreza), Rio 
Grande do Sul (1,98%) e Paraná (1,96%) apresentavam proporções abaixo da média nacional 
de população em extrema pobreza (6,62%), entretanto, receberam mais médicos que estados 
como Maranhão (o pior percentual de extrema pobreza do país, 22,47%), Acre (15,6%), 
Roraima (15,66%) e Alagoas (16,66%). 
Do mesmo modo, ao se analisar pela quantidade de médicos do SUS, o estado de 
São Paulo apresentava a maior quantidade de médicos que atuavam no país, aproximadamente, 
28,78%. Minas Gerais se encaixava em terceiro lugar com aproximadamente 11% dos médicos 
do SUS, Rio Grande do Sul contava com 6,71% e Paraná com 5,4%. No outro extremo, Roraima 
apresentava o pior percentual com aproximadamente 0,18% da quantidade de médicos que 
atuavam no SUS. O estado do Amapá que, de acordo com o gráfico 1, foi o que menos recebeu 
médicos do Programa, contava apenas com 0,20% da quantidade de médicos. 
O quadro 2 exibe a quantidade de municípios contemplados pelo Programa de 
acordo com cada região e o número de médicos disponibilizados pelo PMM. 
Quadro 2 - Quantidade de médicos e municípios com PMM por região do país 
Região Número de municípios com PMM Número de médicos autorizados 
Nordeste 1.349 6.333 
Sudeste 965 5.220 
Sul 895 2.913 
Norte 373 2.118 
Centro-Oeste 321 1.284 
Fonte: Elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo e-Sic. 
 
Em termos regionais, como mostra o quadro 2, o Nordeste é a região que apresenta 
o maior número de municípios contemplados pelo PMM. Segundo os dados divulgados, 1.349 
municípios do Nordeste receberam médicos do Programa. Em segundo lugar, a região Sudeste, 
com 965 municípios aderidos, e, na sequência, Sul (895 municípios), Norte (373 municípios) e 
Centro-Oeste (321 municípios). 
Em se tratando da quantidade de médicos, o Nordeste também foi a região que mais 
recebeu profissionais do PMM. Ao todo, até 2016, foram enviados para essa região 6.333 
médicos, seguido pela região Sudeste (5.220 médicos), terceiro, a região Sul (2.913 médicos), 
quarto, região Norte, (2.118 médicos) e quinto, o Centro-Oeste (1.284 médicos). 
35 
 
Como esperado, a região Nordeste recebeu prioridade por parte do PMM. Os dados 
divulgados pelo MDS revelam que a região Nordeste possuía a pior proporção de pessoas que 
viviam em situação de extrema pobreza, comparativamente às outras regiões do país. 
Aproximadamente, 42% da população nordestina estava em situação de extrema pobreza. A 
região Norte possuía o segundo pior percentual, com aproximadamente 35%. Em seguida, 
estava o Centro-Oeste (14%), depois o Sudeste (12%) e, por último, o Sul (10%). Contudo, o 
PMM não atendeu as expectativas em promover prioridade na escolha das regiões Norte e 
Centro-Oeste. Como se pode observar, as regiões Sudeste e Sul acabaram sendo prioridades 
para o Programa. 
De um modo geral, o PMM alcançou um total de 70% dos municípios brasileiros. 
45% destes municípios dentro do perfil de possuir mais de 20% da população em situação de 
extrema pobreza, 97% dos municípios que participam do G100 e 100% dos DSEI. É notória a 
presença do Programa nos municípios que concentram os maiores números em termos 
absolutos de pessoas vivendo em extrema pobreza como São Paulo - SP, Rio de Janeiro - RJ, 
Brasília - DF, Belo Horizonte - MG e São Gonçalo – RJ. Contanto, é válido ressaltar que a 
proposta do PMM versa sobre termos relativos de extrema pobreza, e que o objetivo principal 
do Programa é levar médicos para regiões mais carentes desses profissionais, de difícil acesso, 
o que não foi observado quando examinados os municípios que mais receberam médicos. 
O gráfico 2 ilustra como estão distribuídos os médicos do PMM de acordo com os 
perfis analisados. 
Gráfico 2 - Distribuição de médicos do PMM por perfil de análise dos 
municípios 
 
Fonte: Elaboração própria com base nos dados fornecidos pelo e-Sic. 
 
48%
2%
11%
39%
20% Pop. Ext. Pob DSEI G100 Demais mun.
36 
 
Como observado no gráfico, 2,39% dos médicos disponibilizados pelo Programa 
foram alocados em municípios que não possuíam 20% ou mais de sua população em situação 
de extrema pobreza, de acordo com os dados do MDS. Esses municípios também não faziam 
parte do grupo do G100 ou dos DSEI. Se a análise for realizada com base nos dados do IBGE 
para o Censo de 2010, é possível observar que os municípios com percentuais de 20% ou mais 
da população em extrema pobreza receberam, aproximadamente, 21% dos médicos que foram 
disponibilizados pelo PMM, ou seja, apenas 21% dos médicos do Programa foram enviados 
para as áreas que possuíam os maiores percentuais de extrema pobreza do país e, certamente, 
as maiores necessidades. 
A proposta de levar médicos para regiões mais vulneráveis e mais carentes desses 
profissionais acabou não correspondendo com as expectativas esperadas. O PMM priorizou o 
envio de médicos para grandes municípios, que já possuíam razões superiores a 1 médico do 
SUS por mil habitantes, e com proporções comparativamente mais baixas de população em 
extrema pobreza. 
Os resultados encontrados estão em consonância com os achados no estudo de 
Santos (2018), que identificou que municípios com perfil de extrema pobreza, apesar de serem 
prioridade, tinham menos chances de participar do PMM. No entanto, conclusões diferentes 
foram encontradas em Ribas (2016) e Gonçalves Junior, Gava e Silva (2017), que enquadram 
o Programa como uma política bem-sucedida em áreas prioritárias. 
 
 5.2 Resultados Econométricos 
 
Conforme descrito na metodologia, foi aplicado o método DDG para as estimações 
de impacto do eixo de Provimento Emergencial do PMM sobre um conjunto de indicadores 
selecionados. A análise considerou apenas os resultados relativos às variáveis que passaram no 
teste de tendências paralelas, nesse caso, apenas os efeitos sobrea quantidade de consultas 
médicas e internações. As demais variáveis de impacto foram desconsideradas por violarem as 
exigências requeridas pelo método DD, como explicado anteriormente. Os resultados dos testes 
de tendências paralelas podem ser consultados no Apêndice E. 
Aproveitando a estrutura longitudinal dos dados, o modelo foi estimado sob 
diferentes versões entre modelos de efeitos fixos, efeitos aleatórios e pooled7. Os resultados do 
 
7 Considerando as estimações realizadas para diferentes especificações foram realizados os tradicionais testes: 
teste de Hausman, teste de multiplicador de Lagrange de Breusch e Pagan, e o teste de Chow. Os resultados indicam 
37 
 
modelo pooled poderão ser consultados no Apêndice F desta dissertação. Como critério para 
inferência dos resultados, foi adotado o nível de significância de 5%. 
O modelo pooled foi estimado com uma versão incluindo uma variável de 
exposição ao tratamento. O objetivo foi verificar se o tempo de vigência do Programa em cada 
município exerce efeitos significativos sobre as variáveis de resultado consideradas no presente 
estudo. Também foram realizadas estimações a níveis regionais com o intuito de capturar um 
efeito mais específico do Programa sobre as diferentes regiões do Brasil. Os resultados das 
estimações por regiões poderão ser consultados nas tabelas do Apêndice G. 
Definido o tipo de modelo, foram estimadas diferentes especificações diferenciadas 
pelo conjunto de variáveis de controle. O objetivo foi de analisar como cada grupo de variáveis 
de controle se adequava e impactava na estimativa do efeito do PMM sobre os indicadores de 
resultado. A primeira versão utilizada foi a de captar o efeito do PMM sobre os indicadores de 
resultado sem o uso de variáveis de controle. Em seguida, as estimações foram realizadas 
inserindo os grupos de variáveis de controle que foram organizados da seguinte maneira: 
a) oferta de infraestrutura e serviços de saúde (quantidade de hospitais, 
policlínicas, postos de saúde, equipes de saúde da família e famílias 
acompanhadas pelo PSF); e 
b) indicadores socioeconômicos dos municípios (famílias beneficiadas pelo bolsa 
família, PIB e PIB per capita). 
O uso das variáveis de controle mencionadas acima tem o intuito de adequar o 
modelo, incorporando informações de variáveis que podem exercer influência sobre os 
resultados analisados. Ao incluí-las no modelo podemos estimar um efeito mais fidedigno do 
PMM sobre os indicadores de resultado em questão. 
As estimações referentes ao número de consultas médicas no modelo de efeitos 
fixos indicaram que o PMM não obteve efeito estatisticamente significante sobre o indicador, 
conforme pode ser visto na Tabela 5. 
 
Tabela 5 - Efeito do PMM no modelo de efeitos fixos sobre o número de consultas 
médicas 
CONSULTAS 
Covariáveis Coef. Coef. Coef. Coef. Coef. Coef. 
tratamxdepois 2057.510*** 5088.555 5321.062 1626.360* 5057.121 4272.206 
 (728.902) (3397.104) (3493.402) (901.637) (7598.542) (7807.713) 
(Continua) 
 
que o modelo de efeitos fixos é adequado para quase todos os indicadores de resultados, a exceção é o número de 
internações. 
38 
 
Tabela 5 - Efeito do PMM no modelo de efeitos fixos sobre o número de consultas médicas 
(Conclusão) 
CONSULTAS 
Covariáveis Coef. Coef. Coef. Coef. Coef. Coef. 
hospitais -10605.312 -269.092 -10486.571 -162.236 
 (9438.718) (7715.847) (9347.406) (7686.951) 
policlinicas -156.927 -201.577 -172.243 -205.191 
 (642.370) (494.694) (643.386) (493.737) 
postossaude -1090.349 -1024.509 -1169.793 -1129.444 
 (853.716) (962.756) (845.962) (975.424) 
nequipessaudefam 1210.145*** -30.411 1203.539*** -36.033 
 (400.272) (331.908) (401.846) (332.381) 
famacomppsf 1.527*** 1.407*** 1.526*** 1.406*** 
 (0.516) (0.527) (0.514) (0.524) 
fambenefb -0.555 -0.555 
 (1.113) (1.116) 
pib 0.000 0.000 
 (0.000) (0.000) 
pibpc -0.316 -0.304 
 (0.378) (0.396) 
Intercepto 23188.552*** 54441.783* 32559.311 23184.643*** 58337.841* 37023.486 
 (85.648) (30893.029) (23705.244) (487.713) (31459.610) (24561.651) 
Número de obs. 31327 2842 2842 31327 2842 2842 
Modelos Ef. Fixo 1 Ef. Fixo 2 Ef. Fixo 3 Ef. Fixo 
Tempo 1 
Ef. Fixo 
Tempo 2 
Ef. Fixo 
Tempo 3 
Fonte: elaboração própria de acordo com os dados obtidos via estimação. 
Erros padrão entre parênteses. 
* p < 0.1, ** p < 0.05, *** p < 0.01 
 
Esperava-se um efeito positivo do PMM sobre o número de consultas realizadas, 
em função do aumento na quantidade de médicos atuando pelo Programa. No entanto, o 
resultado não mostra um efeito estatisticamente significante, diferente dos resultados obtidos 
por Alencar et al. (2016) e Carrilho e Feres (2018), que constataram um aumento no número de 
consultas em decorrência do PMM. 
A nível regional, as estimações mostraram um aumento de aproximadamente 
24.465,74 no número de consultas médicas realizadas na região Sudeste. O efeito deixou de 
mostrar significância estatística quando inserido o grupo de variáveis relacionadas aos fatores 
socioeconômicos. Na região Norte o efeito estimado foi contrário ao esperado, de forma que o 
PMM teria o efeito de reduzir a quantidade média de consultas. Nas regiões Nordeste, Sul e 
Centro-Oeste o PMM não exibiu efeito sobre o indicador. Os resultados podem ser verificados 
no Apêndice G. 
Considerando o resultado referente às internações do SUS e a estimação do modelo 
de efeitos fixos, o coeficiente estimado não indica um efeito do Programa. O resultado 
corrobora com os encontrados em Almeida et al. (2016), que também não constatou efeito do 
Programa sobre o indicador. Os resultados da estimativa estão expostos na Tabela 6. 
 
39 
 
Tabela 6 - Efeito do PMM no modelo de efeitos fixos sobre o percentual de internações da 
Atenção Básica 
INTERNAÇÕES 
Covariáveis Coef. Coef. Coef. Coef. Coef. Coef. 
tratamxdepois -1.145*** -1.420*** -1.061*** -0.231 -0.111 -0.132 
 (0.109) (0.244) (0.245) (0.195) (0.464) (0.467) 
hospitais 0.394 0.503** 0.197 0.311 
 (0.252) (0.225) (0.225) (0.213) 
policlinicas -0.033* -0.023 0.017 0.015 
 (0.018) (0.015) (0.015) (0.013) 
postossaude 0.141** 0.119** 0.045 0.050 
 (0.059) (0.057) (0.059) (0.058) 
nequipessaudefam -0.020** -0.038*** -0.003 -0.020** 
 (0.009) (0.013) (0.010) (0.008) 
famacomppsf 0.000 0.000 0.000 0.000 
 (0.000) (0.000) (0.000) (0.000) 
fambenefb -0.000** -0.000 
 (0.000) (0.000) 
pib 0.000*** 0.000** 
 (0.000) (0.000) 
pibpc -0.000*** -0.000 
 (0.000) (0.000) 
Intercepto 34.231*** 31.720*** 34.387*** 36.745*** 34.570*** 34.615*** 
 (0.013) (0.834) (0.992) (0.089) (0.828) (0.830) 
Numero de obs. 33402 2851 2851 33402 2851 2851 
Modelos Ef. Fixo 
1 
Ef. Fixo 
2 
Ef. Fixo 
3 
Ef. Fixo 
Tempo 1 
Ef. Fixo 
Tempo 2 
Ef. Fixo 
Tempo 3 
Fonte: elaboração própria de acordo com os dados obtidos via estimação. 
Erros padrão entre parênteses. 
* p < 0.1, ** p < 0.05, *** p < 0.01 
 
Em termos regionais, a região Nordeste exibiu efeito do Programa em reduzir o 
percentual de internações apenas quando a estimação foi realizada sem os grupos de variáveis 
de controle (redução de, em média, 1,01). Não foi observado efeito do PMM sobre o percentual 
de internações nas demais regiões do país. Os resultados podem ser verificados no Apêndice G. 
Os resultados encontrados em relação às internações não corroboraram com os 
achados em Miranda et al. (2017) e Fontes, Conceição e Saraiva (2016), que apontaram efeito 
do PMM na redução da quantidade de internações da atenção básica. A nível regional, também 
não foi identificado impacto do Programa sobre este indicador. Uma única exceção foi o efeito 
estimado para a região Nordeste, mas na especificação sem as variáveis de controle. 
 
 
 
 
 
 
40 
 
6 CONSIDERAÇÕESFINAIS 
 
Esta Dissertação teve como objetivo examinar os impactos causados pelo Programa 
Mais Médicos na Atenção Primária, a partir do eixo de Provimento Emergencial. O Programa 
teve como foco principal aumentar a quantidade de médicos atuando nos municípios brasileiros, 
em especial, em municípios que possuíam maior necessidade desses profissionais. 
A partir dos dados obtidos por meio do Sistema Eletrônico do Serviço de 
Informação ao Cidadão (e-Sic), foi possível ter acesso à lista de municípios contemplados pelo 
Programa e, dessa maneira, realizar uma análise de focalização com o intuito de averiguar se o 
PMM, de fato, priorizou regiões mais necessitadas, conforme critérios estabelecidos pelo 
próprio Programa. 
O estudo concluiu que, aproximadamente, 39% dos médicos disponibilizados pelo 
Programa foram alocados para municípios considerados de baixa prioridade. O perfil desses 
municípios havia sido estabelecido com base nos dados do Ministério da Cidadania (MDS). 
Levando em consideração os mesmos perfis embasados pelos dados do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), foi possível concluir que apenas 21% dos médicos do Programa 
foram enviados para as áreas que possuíam os maiores percentuais de extrema pobreza do país 
e, certamente, as maiores necessidades desses profissionais. 
A análise de impacto do PMM foi realizada a partir da mensuração do efeito do 
Programa sobre algumas variáveis relacionadas com a saúde da população. Desse modo, a 
análise econométrica baseou-se no método de Diferenças em Diferenças Generalizado que 
captou o efeito da intervenção utilizando dados dos municípios tratados (que receberam o 
Programa) e não tratados (que não receberam) de antes e depois da inserção do PMM. 
Os resultados obtidos indicaram que o PMM não exerceu efeito sobre os 
indicadores de impacto analisados. Não foi constatado impacto do Programa sobre a quantidade 
de consultas médicas realizadas e nem sobre o percentual de internações hospitalares da 
Atenção Básica. Outros trabalhos presentes na literatura encontraram efeitos estatisticamente 
significantes do PMM sobre estes indicadores. Esta divergência pode ser explicada por 
diferenças metodológicas, seja na estimação ou no conjunto de variáveis empregadas. 
Uma contribuição que pode ser destacada da presente análise foi a estimação dos 
efeitos em nível regional. Para estas estimações, destaca-se o resultado que indica uma redução 
na quantidade de consultas médicas na região Norte. A interpretação deste resultado deve ser 
cautelosa e exige novas análises no futuro. Este resultado, porventura, pode não representar um 
41 
 
impacto negativo do Programa, mas que possa ser explicado em decorrência de um possível 
aumento da quantidade de visitas domiciliares feitas por médicos que atuam nas ESF. 
Os resultados reportados no presente estudo colaboram com outras pesquisas 
elaboradas sobre o Programa Mais Médicos que tiveram a preocupação de esclarecer aos 
formadores de políticas públicas, pesquisadores e à sociedade em geral, sobre os reais impactos 
de intervenções e investimentos voltados para a área da saúde. Faz-se plenamente necessário 
que autoridades políticas tenham ciência e responsabilidade sobre o bom planejamento, 
elaboração, execução e acompanhamento dos programas e projetos para que menos erros sejam 
cometidos com o gasto público e mais exitosos sejam os resultados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
REFERÊNCIAS 
 
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ALMEIDA, A. T. C.; ANNEGUES, A. C.; DOS ANJOS, O. R.; CARVALHO, P. S. A. 
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Mais Médicos. Portal Regional da BVS: Informação e Conhecimento para a Saúde. Mossoró, 
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