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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO 
MESTRADO PROFISSIONAL EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA 
 EDUCAÇÃO SUPERIOR 
 
 
SULANNY DE SOUZA SAMPAIO 
 
 
 
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIOECONÔMICO E O 
DESEMPENHO ACADÊMICO NO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE UMA 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020 
 
 
SULANNY DE SOUZA SAMPAIO 
 
 
 
 
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIOECONÔMICO E O DESEMPENHO 
ACADÊMICO NO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE UMA INSTITUIÇÃO DE 
ENSINO SUPERIOR PÚBLICA 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada à 
coordenação do Mestrado Profissional em 
Políticas Públicas e Gestão da Educação 
Superior da Universidade Federal do Ceará. 
Linha de pesquisa: Políticas Públicas da 
Educação Superior. 
Orientador: Prof. Dr. Maxweel Veras 
Rodrigues. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2020
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SULANNY DE SOUZA SAMPAIO 
 
 
 
 
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE O PERFIL SOCIOECONÔMICO E O DESEMPENHO 
ACADÊMICO NO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DE UMA INSTITUIÇÃO DE 
ENSINO SUPERIOR PÚBLICA 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado apresentada à 
coordenação do Mestrado Profissional em 
Políticas Públicas e Gestão da Educação 
Superior da Universidade Federal do Ceará. 
Linha de pesquisa: Políticas Públicas da 
Educação Superior. 
 
Aprovada em: 22/10/2020. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
______________________________________________ 
Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
______________________________________________ 
Profa. Dra. Sueli Maria de Araújo Cavalcante 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
______________________________________________ 
Profa. Dra. Ana Cláudia Uchôa Araújo 
Instituto Federal do Ceará (IFCE) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus, pelo seu amor que excede todo entendimento. 
Aos meus pais, pelo amor, cuidado, dedicação, educação, conselhos e muita oração. 
Aos meus avós Sampaio e Rita, Almir e Maria do Carmo e minha tia Rute, pelo 
amor, oração e carinho que ultrapassa as barreiras do tempo e da distância. 
Ao Rafael, pelo companheirismo, pelo amor, motivação e paciência em relação a 
minha intensa rotina de estudos e trabalho. 
Ao meu orientador Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues, pela orientação, 
disponibilidade, pelos ensinamentos, compreensão, incentivo, pelos momentos de 
descontração em meio à intensa demanda das atividades do mestrado e por sua alegria e bom 
humor que são únicos. 
As professoras participantes da banca examinadora Prof.ª Dra. Sueli Maria de Araújo 
Cavalcante e a Profa. Dra. Ana Cláudia Uchôa Araújo, pela disponibilidade e pelas valiosas 
contribuições ao trabalho. 
À Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas que efetiva as políticas da UFC para os 
servidores, pela concessão do afastamento necessário para cumprimento da carga horaria do 
curso. 
Aos colegas de trabalho, pela compreensão e apoio no período letivo e de produção 
da dissertação. 
Aos Professores do mestrado pelos conhecimentos transmitidos e pelo apoio. 
Aos colegas da turma de mestrado, pelas conversas, companheirismo, reflexões, 
críticas, sugestões recebidas e pelos momentos de convivência que contribuíram para 
equilibrar a rotina intensa. Em especial minha amiga Marcela, pela parceria na elaboração de 
artigos e seminários e meu amigo Gultierrez pelas conversas, conselhos, amizade, ambos 
foram fundamentais para tonar a caminhada do mestrado mais serena. 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Nas últimas décadas a educação superior tem sido alvo de diversas políticas de 
democratização do acesso e permanência, objetivando alterar seu cenário que se caracterizava 
como excludente. Diante dessas ações, tem-se observado a diversificação do perfil dos 
discentes das instituições de ensino superior e com isso a preocupação em manter esse aluno 
com desempenho acadêmico satisfatório. Paralela a essa expansão, tem-se a consolidação do 
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, com o objetivo de promover um 
processo de avaliação nacional, que assegure a qualidade da educação superior. Entre as 
ferramentas desse sistema, está o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 
que avalia o desempenho dos discentes das IES. Este estudo, de caráter quantitativo, tem 
como objetivo estabelecer um método de análise da relação entre o perfil socioeconômico e o 
desempenho acadêmico no Enade, dos alunos do curso de Ciências Contábeis de uma 
instituição de ensino superior pública. Quanto à natureza, a pesquisa classifica-se como 
aplicada, e quanto aos propósitos, assume características de pesquisa descritiva. Como 
ferramentas de coleta de dados, foram utilizados dados secundários. Os dados referentes ao 
perfil socioeconômico e desempenho na prova do Enade foram coletados a partir dos 
microdados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais 
Anísio Teixeira. Para a interpretação e análises de dados foram aplicados os métodos 
estatísticos: Anova, Análise de Correlação e Análise Fatorial. Os resultados obtidos através da 
aplicação da correlação revelam que, apenas o recebimento de bolsa acadêmica mostrou 
relação com o desempenho discente. Com a aplicação da análise fatorial, complementando o 
estudo, identificou-se que as variáveis com maiores pesos na relação com o desempenho 
discente foram as relacionadas com a situação de moradia, situação financeira, forma de 
ingresso na graduação e incentivo familiar. Observa-se, portanto, que existem variáveis que 
compõem o perfil socioeconômico que possuem relação com o desempenho discente e por 
isso devem ser analisadas pelos gestores, objetivando elaborar ações que busquem sanar 
possíveis deficiências que possam interferir na formação discente e consequentemente no seu 
desempenho. 
 
Palavras-chave: Perfil socioeconômico. Desempenho acadêmico. Ciências contábeis. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Throughout the last decades, higher education has been the target of several policies to 
democratize access and permanence, aiming to alter its scenario characterized by its 
exclusiveness. In face of such actions, there has been a diversification of the profile of 
students in higher education institutions and, with that, the concern to keep such student with 
a satisfactory academic performance. Parallel to this expansion, there is the consolidation of 
the National System of Higher Education Assessment, with the aim of promoting a national 
assessment process that ensures the quality of higher education. Among the tools of such 
system is the National Exam of Student Performance (Enade), which assesses the 
performance of students from HEIs. This quantitative study aims to establish a method of 
analyzing the relationship between the socioeconomic profile and the academic performance 
at Enade, of students enrolled in the Accounting Sciences course at a public higher education 
institution. In regards to the study’s nature, it is an applied research, and, as for its purposes, it 
assumes characteristics of a descriptive research. Secondary data were used as data collection 
tools. The data regarding the socioeconomic profile and performance at the Enade exam were 
collected from the microdata provided by the National Institute for Educational Studies and 
Research Anísio Teixeira. The Statistical methods: Anova, Correlation analysis e Factor 
analysis were applied for the interpretation and analyses of data. The results obtained through 
the application of correlation revealed that only the receipt of an academic scholarship has 
been shown to have a relation to student’s performance. With the application of factor 
analysis, thus complementing the study, it was identified that the variables with thegreatest 
weight in relation to student performance were those related to the housing situation, financial 
situation, manner of enrollment in the undergraduation course and family incentive. It is 
observed, then, that there are variables that make up the socioeconomic profile that are related 
to student’s performance and therefore must be analyzed by managers in order to develop 
actions that seek to remedy possible deficiencies that may interfere with the student’s 
education and consequently their performance. 
 
Keywords: Socioeconomic profile. Academic performance. Accounting sciences. 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 – Exemplos de gráficos de dispersão................................................................... 45 
Figura 2 – Níveis de correlação.......................................................................................... 46 
Figura 3 – Método proposto................................................................................................ 52 
Figura 4 – Sentido e força da correlação em função do valor r.......................................... 56 
Figura 5 – F de significância de cada questão a partir da Anova (Nota Geral) ................. 80 
Figura 6 – F de significância de cada questão (Nota de Formação Geral) ........................ 80 
Figura 7 – F de significância de cada questão (Nota do Componente Específico) ........... 81 
Figura 8 – Questões com relação direta com a Nota Geral................................................ 81 
Figura 9 – Questões com relação inversa com a Nota Geral.............................................. 81 
Figura 10 – Questões com relação direta com a Nota de Formação Geral........................... 82 
Figura 11 – Questões com relação direta com a Nota do Componente Específico.............. 82 
Figura 12 – Questões com relação inversa com a Nota de Formação Geral........................ 82 
Figura 13 – Questões com relação inversa com a Nota de Componente Específico............ 82 
Quadro 1 – Divisão da prova do Enade................................................................................ 32 
Quadro 2 – Classificação metodológica............................................................................... 51 
Gráfico 1 – Quantas pessoas da família moram com o discente.......................................... 66 
Gráfico 2 – Tipo de escola que cursou o Ensino Médio....................................................... 67 
Gráfico 3 – Situação de trabalho.......................................................................................... 68 
Gráfico 4 – Recebimento de Bolsa Acadêmica.................................................................... 70 
Gráfico 5 – Médias da prova de Formação Geral e Específica (UFC x Brasil) .................. 75 
Gráfico 6 – Nota Geral dos discentes de Contabilidade da UFC......................................... 76 
Gráfico 7 – Notas de Formação Geral.................................................................................. 77 
Gráfico 8 – Notas de Formação Específica.......................................................................... 78 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Análise de variância.......................................................................................... 44 
Tabela 2 – Caraterização dos alunos participantes do Enade 2015.................................... 64 
Tabela 3 – Onde o discente mora e com quem................................................................... 66 
Tabela 4 – Situação Financeira........................................................................................... 69 
Tabela 5 – Perfil Socioeconômico predominante............................................................... 71 
Tabela 6 – Componentes da Nota de Formação Geral....................................................... 73 
Tabela 7 – Componentes da Nota de Formação Específica............................................... 74 
Tabela 8 – Desempenho dos discentes de Contabilidade da UFC..................................... 75 
Tabela 9 – Confiabilidade das dimensões do estudo – Cenário 1...................................... 83 
Tabela 10 – Confiabilidade das dimensões do estudo (Nota de Formação Geral) .............. 84 
Tabela 11 – Confiabilidade das dimensões do estudo (Nota Componente Específico) ....... 
 
 
84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLA 
 
ANDIFES Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino 
Superior 
AF Análise Fatorial 
ANOVA Análise de Variância 
CASa Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa 
CONSUNI Conselho Universitário 
ENADE Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes 
ENC Exame Nacional de Cursos 
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio 
FEAAC Faculdade de Econômica, Administração, Atuaria, Contabilidade e 
Secretariado Executivo 
FIES Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior 
FONAPRACE Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis 
ICA Instituto de Cultura e Arte 
IES Instituição de Ensino Superior 
IFES Instituições Federais de Ensino Superior 
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
IRA Índice de Rendimento Acadêmico 
KMO Teste de Kaiser – Meyer – Oklin 
MEC Ministério da Educação 
ONG Organização Não Governamental 
PAIUB Programa de Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras 
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional 
PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência 
PNAES Programa Nacional de Assistência Estudantil 
PROUNI Programa Universidade Para Todos 
PUC-Rio Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 
REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das 
Universidades Federais. 
SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior 
SiSU Sistema de Seleção Unificada 
 
 
SQER Soma de quadrados de erro 
SQTR Soma de quadrados de tratamento 
STQ Soma total dos quadrados 
UFC Universidade Federal do Ceará 
UFES Universidade Federal do Espírito Santo 
UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul 
UFPE Universidade Federal de Pernambuco 
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro 
UFSJ Universidade Federal de São João del-Rei 
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UNEMAT Universidade do Estado de Mato Grosso 
UNESPAR Universidade Estadual do Paraná 
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas 
UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13 
1.1 Contextualização e problematização .................................................................. 13 
1.2 Objetivos ................................................................................................................ 16 
1.2.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 16 
1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................................. 16 
1.3 Estrutura do trabalho .......................................................................................... 16 
2 ENSINO SUPERIOR NO BRASIL .................................................................... 18 
2.1 Políticas de acesso ao ensino superior ................................................................. 18 
2.2 O novo perfil discente das universidades ........................................................... 24 
2.3 A UFC e a democratização do ensino superior .................................................. 28 
2.4 Considerações ....................................................................................................... 30 
3 DESEMPENHO ACADEMICO EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO 
SUPERIOR ...........................................................................................................31 
3.1 Desempenho acadêmico na Educação Superior ................................................ 31 
3.2 Desempenho acadêmico na UFC ......................................................................... 35 
3.3 Desempenho acadêmico em Ciências Contábeis ................................................ 38 
3.4 Considerações ....................................................................................................... 42 
4 FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS DE SUPORTE AO PROCESSO DE 
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO: ANÁLISE DE VARIÂNCIA, 
CORRELAÇÃO E ANÁLISE FATORIAL ....................................................... 43 
4.1 Análise de variância ............................................................................................. 43 
4.2 Coeficiente de correlação ..................................................................................... 45 
4.3 Análise fatorial ...................................................................................................... 46 
4.4 Considerações ....................................................................................................... 48 
5 METODOLOGIA DO ESTUDO ........................................................................ 50 
5.1 Metodologia da pesquisa ...................................................................................... 50 
5.2 Método proposto ................................................................................................... 52 
5.2.1 Fase 1 - Descrever o ambiente onde será aplicado o estudo e definir a amostra 53 
5.2.2 Fase 2 - Analisar dados referentes as informações socioeconômicas dos 
alunos ..................................................................................................................... 54 
5.2.3 Fase 3 - Analisar os dados dos rendimentos dos discentes no Enade ................. 54 
 
 
 
 
 
5.2.4 Fase 4 - Definir a relação entre o perfil socioeconômico e o desempenho dos 
discentes e sua intensidade .................................................................................... 55 
5.2.4.1 Etapa 4.1 – Aplicar a Análise de variância ........................................................... 55 
5.2.4.2 Etapa 4.2 – Aplicar a Correlação .......................................................................... 55 
5.2.4.3 Etapa 4.3 - Aplicar a Análise fatorial .................................................................... 56 
5.3 Considerações ....................................................................................................... 57 
6 APLICAÇÃO DO MÉTODO PROPOSTO ....................................................... 58 
6.1 Fase 1 - Descrição do ambiente onde será aplicado o estudo e definição da 
amostra .................................................................................................................. 58 
6.2 Fase 2 - Análise dos dados referentes as informações socioeconômicas dos 
alunos ..................................................................................................................... 63 
6.3 Fase 3 - Análise dos dados dos Rendimentos dos discentes no Enade ............. 72 
6.4 Fase 4 - Definição da relação entre o perfil socioeconômico e o desempenho 
dos discentes e sua intensidade ............................................................................ 79 
6.4.1 Etapa 4.1 – Aplicar a Análise de variância .......................................................... 79 
6.4.2 Etapa 4.2 – Aplicar a Correlação .......................................................................... 81 
6.4.3 Etapa 4.3 – Aplicar a Análise fatorial .................................................................. 83 
6.4.4 Análise dos resultados ........................................................................................... 84 
6.5 Considerações ....................................................................................................... 88 
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 90 
7.1 Conclusões da pesquisa ........................................................................................ 90 
7.2 Limitações da pesquisa ........................................................................................ 93 
7.3 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................ 93 
 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 94 
 APÊNDICE A – ANOVA – NOTA GERAL ...................................................... 107 
 APÊNDICE B – ANOVA – NOTA DE FORMAÇÃO GERAL ...................... 114 
 APÊNDICE C – ANOVA – NOTA DO COMPONENTE ESPECÍFICO ...... 121 
 ANEXO A – QUESTIONÁRIO DO ESTUDANTE (INEP) ............................ 128 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Este estudo se inicia com o presente capítulo que versa sobre os seguintes tópicos: 
definição do problema, objetivos e estrutura do trabalho. 
 
1.1 Contextualização e problematização 
 
A história da educação superior no Brasil é marcada pelo seu início tardio, em 
relação aos outros países da América Latina, e pela dificuldade de acesso das camadas pobres 
da população do país, sendo assim, por muito tempo, um privilégio da elite brasileira. 
Apesar da expansão do ensino superior que ocorreu no governo militar (1964-
1985), pode-se afirmar que ela beneficiou mais diretamente as instituições de ensino superior 
privadas, não promovendo amplo acesso para a camada pobre da população apta a esse nível 
de ensino. Com a promulgação da Constituição de 1988 (BRASIL, 1988) e da Lei 9.394/96 - 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996), foi possível observar, ainda que de 
forma tímida, a ampliação do acesso à Educação Superior. 
Os anos seguintes ao ano 2.000, por sua vez, foram marcados por vários 
programas e políticas governamentais de acesso e permanência ao ensino superior, seja esse 
acesso a uma instituição privada ou pública, em cursos presenciais ou a distância. Em ambos 
os casos é observado um aumento de ingressos. Segundo o Censo da Educação Superior 2017, 
houve aumento de 56,4% no número de matrículas nos cursos de graduação entre 2007 e 
2017, com média de crescimento anual de 4,6% (INEP, 2018). A variação de 2017 para 2018 
foi menor, crescimento de apenas 1,9% nas matrículas (INEP, 2019a). 
Entre os programas que ampliaram o acesso às instituições federais de ensino 
superior (IFES) estão o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das 
Universidades Federais (Reuni), instituído pelo Decreto nº 6.096, de abril de 2007 (BRASIL, 
2007a), que tem seu objetivo disposto logo no art. 1º “[...] criar condições para a ampliação do 
acesso e permanência na educação superior, no nível de graduação, pelo melhor 
aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades 
federais” e a Lei 12.711/2012 (BRASIL, 2012b, p. 1) que garante a reserva de 50% das 
matrículas por curso e turno nas 63 universidades federais e 40 institutos federais de 
educação, ciência e tecnologia a alunos oriundos integralmente do ensino médio público, em 
cursos regulares ou da educação de jovens e adultos. 
 
 
 
 
14 
 
 
Esse contexto promoveu a diversificação do perfil dos discentes das Instituições 
de Ensino Superior (IES), decorrente das políticas públicas inclusivas, que passaram a receber 
alunos considerados vulneráveis economicamente e, por isso, com níveis de educação de base 
bastante distintos. Nas instituições federais, não foi diferente, pois essa mudança é notória e 
objeto de pesquisa de vários autores. 
Nesse enfoque, surge a preocupação com o desempenho acadêmico satisfatório, 
tendo em vista que, acredita-se que a conclusão do curso superior é o fator que possibilitará a 
competitividade no mercado de trabalho e não apenas, o fato de estar matriculado em uma 
universidade.A universidade tem o papel de fornecer educação adequada aos discentes de 
forma que os torne aptos a escolher pela atividade profissional para a qual foram capacitados 
ou dar continuidade a formação acadêmica. Vários pesquisadores realizaram estudos 
objetivando investigar o desempenho acadêmico dos alunos oriundos das políticas de acesso e 
permanência a educação superior e dos discentes em geral após a implantação dessas políticas 
(CAVALCANTI et al., 2019; MOREIRA; PEREIRA, 2017; SIMON; SILVA; PACHECO, 
2017; TRESOLDI et al., 2015). 
Paralelo à expansão da educação superior ocorre a promulgação do Sistema 
Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), instituído pela Lei nº 10.861, de 14 de 
abril de 2004, com o objetivo de, art. 1º “[...] assegurar processo nacional de avaliação das 
instituições de educação superior, dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de 
seus estudantes [...]” (BRASIL, 2004a, p. 1). 
Acredita-se que as Instituições de Ensino Superior possuam seus próprios 
métodos para mensurar o desempenho acadêmico dos seus alunos, o quanto do que foi 
ensinado foi absorvido pelo discente. Todavia, com a instituição do Sinaes, foi possível 
analisar todo universo das instituições de ensino superior, quanto à avaliação das instituições, 
dos cursos e do desempenho dos estudantes, sob os mesmos parâmetros. 
Dentro do Sinaes, no que se refere à mensuração do desempenho dos discentes, 
existe o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) que possibilita ainda, a 
produção de indicadores de qualidade. Segundo Freitas et al. (2015), o relatório elaborado a 
partir dos resultados obtidos com a aplicação do exame é muito importante para os gestores 
das IES, sendo muito útil para a tomada de decisões. 
Diante desse cenário, vários estudiosos têm buscado investigar que fatores 
influenciam no desempenho acadêmico. E em algumas pesquisas, inclusive, os pesquisadores 
 
 
 
 
15 
 
 
relacionam esses itens com o perfil socioeconômico, porém na sua grande maioria, 
objetivando, apenas, comprovar a existência da relação entre eles. 
Dentro do universo dos cursos de graduação, destaca-se o curso de Ciências 
Contábeis da Universidade Federal do Ceará (UFC) por ser um dos mais antigos, que remonta 
ao ano de 1949, quando da sua criação e por formar um dos profissionais mais antigos e 
essenciais para as empresas, o contador. O curso é ofertado pela UFC desde os anos de 1956 e 
apresenta ótimo desempenho nos sistemas de avaliação do Ministério da Educação (MEC). O 
Curso é bastante procurado pelos futuros graduandos e possui baixa quantidade de evadidos, 
quando comparado com demais cursos da instituição. 
Isto posto, faz-se necessário investigar a relação entre o perfil socioeconômico do 
discente das IFES, dentro do cenário das políticas de democratização da educação superior, e 
o desempenho acadêmico no Enade e em que intensidade essa relação ocorre. 
Esta pesquisa é relevante sob o aspecto de várias perspectivas, principalmente, a 
institucional, a acadêmica e a social. 
Na perspectiva institucional, a pesquisa contribuirá com subsídios que 
possibilitem o estabelecimento de ações e políticas institucionais voltadas para uma maior 
qualidade na formação dos estudantes universitários, proporcionando ensino de qualidade que 
promova a eficácia e a equidade. 
Sob a ótica acadêmica, com a proposta de pesquisa, pretende-se colaborar com os 
estudos sobre a relação entre o perfil socioeconômico e o desempenho acadêmico, ampliando 
o arcabouço teórico que trata o tema, possibilitando a elaboração de ações efetivas que 
melhorem os resultados e indicadores e, que mensuram o desempenho acadêmico dos 
discentes. 
Do ponto de vista social, destaca-se a importância do desempenho acadêmico 
satisfatório, pois resulta em profissionais mais preparados, repercutindo positivamente na 
sociedade de maneira geral. 
Diante do exposto, levantou-se o seguinte questionamento: Como definir um 
método de análise da relação entre o Perfil Socioeconômico e o desempenho acadêmico dos 
alunos do Curso de Ciências Contábeis de uma instituição de ensino superior pública no 
Enade e em que intensidade ocorre? 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
1.2 Objetivos 
 
Diante do problema proposto, apresentam-se os objetivos geral e específicos, 
norteadores do presente estudo. 
 
1.2.1 Objetivo geral 
 
Estabelecer um método de análise da relação entre o perfil socioeconômico e o 
desempenho acadêmico dos alunos do Curso de Ciências Contábeis de uma Instituição de 
Ensino Superior Pública no Enade e em que intensidade ocorre. 
 
1.2.2 Objetivos específicos 
 
a) Analisar os perfis socioeconômicos existentes em discentes do Curso de 
Ciências da Universidade Federal do Ceará 
b) Avaliar o rendimento acadêmico dos alunos do Curso de Ciências da 
Universidade Federal do Ceará 
c) Identificar as relações encontradas entre o perfil socioeconômico e rendimento 
acadêmico. 
 
1.3 Estrutura do trabalho 
 
Este trabalho encontra-se estruturado em sete capítulos, descritos a seguir: 
O Capítulo 1 apresenta a introdução do trabalho, contendo a contextualização da 
pesquisa, sua importância na prática, o problema a ser estudado, o objetivo geral e objetivos 
específicos, que norteiam a pesquisa, e a estrutura a ser seguida. 
O Capítulo 2 traz uma contextualização sobre as políticas de acesso a educação 
superior, o novo perfil discente das universidades, consequência dessas políticas, além de 
apresentar o processo de democratização na Universidade Federal do Ceará (UFC) na visão 
dos pesquisadores como Ristoff (2014), Oliveira e Silva (2017) e Dias Sobrinho (2013). 
O Capítulo 3 trata do desempenho acadêmico, sua mensuração e relevância, na 
perspectiva no ensino superior, no curso de Ciências Contábeis e no âmbito da Universidade 
Federal do Ceará, sob a ótica dos pesquisadores Freitas et al. (2015), Miranda et al. (2015), 
Feldmann e Souza (2016). 
 
 
 
 
17 
 
 
O Capítulo 4 apresenta as técnicas estatísticas utilizadas para alcance do objetivo 
proposto. São elas: análise de variância, análise de correlação e análise fatorial. 
O Capítulo 5 traz a metodologia aplicada no estudo, a classificação do trabalho, 
sob a ótica de autores como Ganga (2012), Gil (2008, 2010) e Yin (2010), além de apresentar 
o método proposto. 
O capítulo 6 aborda a aplicação do método proposto e a análise dos resultados 
obtidos. No sétimo e último capítulo, constam as considerações finais do estudo, limitações da 
pesquisa e sugestões para trabalhos futuros. Ao final do trabalho seguem as referências, anexo 
e apêndices. 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
2 ENSINO SUPERIOR NO BRASIL 
 
Neste item, o ensino superior é tratado sob a ótica das políticas de democratização 
de acesso e permanência, de maneira que se consiga entender o contexto em que se forma a 
política de acesso à educação superior, inclusive na UFC e a mudança no perfil discente, em 
decorrência desse novo cenário. 
Para isso, são abordados os aspectos teóricos a respeito do assunto e o cenário em 
que se deu esse avanço educacional, sob a visão de autores como, Ristoff (2014), Oliveira e 
Silva (2017), Dias Sobrinho (2013). Em seguida, são apresentadas pesquisas que buscaram 
abordar a alteração do perfil discente, após essas mudanças. Por fim, este item traz pesquisas 
que abordam a democratização no âmbito da Universidade Federal do Ceará. 
 
2.1 Políticas de acesso ao ensino superior 
 
Um país com uma elevada desigualdade social e dificuldade em manter uma 
economia estável, muitas vezes, não consegue garantir os direitos sociais impostos na sua 
Constituição Federal, como é o caso do Brasil. A educação é um desses direitos. 
Dias Sobrinho (2013) chega a afirmar que a educação é um bem público, 
indispensável aos cidadãos e que há uma distinção básica entre o que o autor chama de 
educação-bem público e educação-mercadoria. A primeiratem como diretriz o 
aperfeiçoamento do bem comum, de acordo com valores da equidade e da igualdade 
democrática e social; a segunda tem como objetivo gerar lucro para seus investidores e 
desenvolver uma sociedade competitiva e cada vez mais individualista. 
O ensino superior é ofertado por instituições públicas e por instituições privadas, 
porém, Vieria, Troccoli e Silva (2011) afirmam que a maior parte da educação superior é 
ofertada pelo setor privado. As políticas neoliberais na educação superior foram bastante 
estimuladas nos governos que atuaram entre 1995-2002, fragilizando o setor público e 
viabilizando o crescimento indiscriminado de IES e cursos na rede privada (PAULA, 2017). 
O problema é que a grande maioria das pessoas com perfis para ingressar em cursos de nível 
superior não possui poder aquisitivo suficiente para custear o ensino nessas instituições 
privadas. 
No cenário das instituições públicas, Costa, Barbosa e Goto (2011) afirmam que o 
ensino superior sempre foi considerado como algo de difícil acesso para a maioria dos 
brasileiros, devido à baixa competitividade dos alunos das escolas públicas frente aos alunos 
 
 
 
 
19 
 
 
das escolas particulares, decorrente da deficiência na qualidade do ensino básico gratuito, no 
momento das seleções para as universidades públicas. 
Oliveira e Silva (2017) afirmam que ao longo dos anos o ensino superior vem se 
caracterizando como excludente e para combater isso, o governo federal tem realizado ações 
objetivando garantir o acesso à população historicamente excluída. Diante desse cenário, as 
duas últimas décadas têm apresentado um avanço quando se trata de políticas de 
democratização da educação superior. 
Ristoff (2014) segrega esse avanço em dois momentos, o primeiro entre 1999 e 
2003, observado pelas altas taxas de crescimento, notadamente em função da proliferação de 
instituições privadas. O segundo momento, são os anos seguintes, que mantêm o crescimento, 
porém, em harmonia com as políticas de inclusão social, uma expansão relacionada à 
democratização do que o autor chama de campus brasileiro. 
Observa-se o entendimento pacificado dos pesquisadores quanto ao cenário 
bastante desfavorável para o acesso a cursos de nível superior pelas classes menos 
favorecidas, mas, também, o reconhecimento do surgimento de ações para possibilitar a 
reversão dessa situação e o avanço da educação superior no Brasil. 
Dentro desse cenário, tem-se a política pública que é o instrumento que coloca em 
execução as ações que o governo decide ou não executar, muitas delas, criadas a partir das 
necessidades apresentadas pelos cidadãos e condicionada à existência de orçamentos. Logo, 
tem-se a elaboração de uma política pública a partir da identificação do problema a ser 
solucionado, seguido da definição dos focos de atuação do governo, e dos focos que a política 
abrangerá, posteriormente executa-se o planejado e, paralelo a isso, monitora-se e avalia-se o 
que está sendo realizado para possíveis ajustes (BARBOSA, 2015). 
A política de acesso ao ensino superior surge então, da deficiência do estado em 
possibilitar o ensino base de qualidade que conceda a todos os estudantes condições de 
competir de forma igualitária a vagas no ensino superior público, e da deficiência em manter 
uma economia estável que geraria uma sociedade com condições de proporcionar a seus filhos 
o acesso ao ensino superior, ainda que em instituições privadas. 
Entre as políticas adotadas para propiciar a democratização do acesso à educação 
superior estão às políticas voltadas para o setor privado e para o setor público. No âmbito 
privado, pode-se destacar o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) 
criado pela Lei nº 10.260/2001 (BRASIL, 2001) e redefinido pela Lei nº 12.202/2010 
(BRASIL, 2010b), período de grande procura e adesão e o Programa Universidade para Todos 
 
 
 
 
20 
 
 
(ProUni) criado pelo Governo Federal em 2004 e institucionalizada em 2005 através da Lei n 
11.096/95 (BRASIL, 2005). 
Paralelo a essas ações, tem-se em 2006 a instituição do Sistema Universidade 
Aberta do Brasil – UAB, através do Decreto nº 5.800, de 8 de junho de 2006 (BRASIL, 
2006), que segundo Barretto (2015) tinha a intenção de possibilitar a ampliação da educação 
superior no setor público e para as populações distantes dos centros onde se concentram as 
IES, via educação a distância. 
No âmbito das instituições de ensino superior públicas, houve várias ações que 
objetivaram possibilitar o amplo acesso e a permanência dos diversos perfis de alunos aptos à 
educação superior nas instituições. No ano de 2007 foi instituído o Programa de Apoio a 
Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), por meio do 
Decreto nº 6.096/ 2007 (BRASIL, 2007a). O programa objetivou criar condições de expansão 
física, acadêmica e pedagógica na rede federal de educação superior. 
Em 2008, a Lei nº 11.892 (BRASIL, 2008) instituiu a Rede Federal de Educação 
Profissional, Científica e Tecnológica criando, entre outros, os Institutos Federais de 
Educação, Ciência e Tecnologia, que são instituições que oferecem a educação superior e 
foram um forte instrumento para a expansão e democratização do Ensino Superior público. 
Posteriormente, tem-se a criação do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) pelo 
Ministério da Educação, no ano de 2010, objetivando utilizar os resultados do Exame 
Nacional do Ensino Médio (Enem), juntamente com um conjunto de ações afirmativas, como 
critério de seleção nas instituições públicas de educação superior, em substituição ao 
vestibular tradicional (RISTOFF, 2014). Esse sistema de seleção possibilitou ao candidato 
optar por até duas escolhas de cursos e selecionar qualquer universidade do país, caso 
existisse vaga disponível. 
Em julho de 2010, é promulgada uma importante normativa que trata do Plano 
Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), por meio do Decreto nº 7.234/2010 (BRASIL, 
2010a), objetivando democratizar a permanência dos jovens, minimizar os efeitos das 
desigualdades sociais, reduzir as taxas de retenção e evasão e contribuir para a promoção da 
inclusão social pela educação. Essa foi uma ação muito importante, tendo em vista que voltou 
seu olhar para meios que possibilitassem a permanência dos jovens na educação superior, 
principalmente aqueles que seriam oriundos de uma política posterior ao PNAES, a Lei das 
cotas. 
Um mês depois da promulgação do PNAES, em agosto de 2012, é publicada a Lei 
nº 12.711/2012, dispondo sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições 
 
 
 
 
21 
 
 
federais de ensino técnico de nível médio e determinando a reserva de 50% (cinquenta por 
cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em 
escolas públicas. 
Costa, Barbosa e Goto (2011) afirmam que, a população estava demandando junto 
às políticas governamentais o acesso à educação superior, entre outros, por meio da criação ou 
reservas de vagas e democratização do acesso. A Lei das cotas se apresenta então, como uma 
ação afirmativa que objetiva reduzir as distorções existentes (ASSAD, 2013). 
Observa-se uma sequência de ações por parte do governo com o objetivo de sanar 
a demanda da sociedade por inclusão social na educação superior e, com isso, a ampliação de 
oportunidades no mercado de trabalho, seja ele público ou privado, que surgem em 
decorrência dessa capacitação adquirida através de um curso de nível superior. 
Os resultados efetivos dessas políticas podem ser vistos em várias pesquisas, 
trabalhos científicos e, inclusive, em dissertações. Abreu (2013) verificou em seus achados 
que, do ponto de vista institucional, a adoção do Enem/SiSU e, posteriormente, as cotas pela 
UFC, provocou o que ele chamou de uma leve deselitização discente. 
A dissertação de Fontele (2013) que objetivou analisar criticamente o ProUni, de 
acordocom a opinião dos beneficiários, relacionando o que pretendia o programa em seu 
texto legal e sua efetividade na busca da redução da desigualdade social, concluiu, entre seus 
achados, que o programa foi avaliado positivamente pelos discentes apesar de carecer de 
ajustes. 
O trabalho de Suliano (2013) identificou que o processo de interiorização da UFC, 
possibilitado de forma mais acentuada em decorrência do Reuni, se mostrou imprescindível 
ao desenvolvimento regional dos locais onde a instituição se instalou, além de repercutir de 
forma bastante positiva no cotidiano da população beneficiada. 
Para Trevisol e Nierotka (2015), a Lei das cotas teve um impacto bastante 
representativo para a realidade brasileira, pois anterior a essa lei a maioria das instituições não 
adotavam políticas voltadas às minorias e aquelas que faziam, tinham seus próprios critérios, 
que nem sempre garantia acesso à população marginalizada. 
Os achados de Araújo e Santos (2014a), no trabalho realizado com moradores da 
cidade de São João del-Rei, identificaram que, apesar dos entrevistados não terem grande 
conhecimento a respeito do termo Reuni, os moradores reconhecem que a expansão repercutiu 
em crescimento para a cidade com a melhoria das condições de vida e reconhecem mudanças 
positivas como oportunidade de trabalho, estudo e atividades. 
 
 
 
 
22 
 
 
Em outro trabalho, as autoras Araújo e Santos (2014b) objetivaram investigar a 
opinião de gestores da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) acerca dos impactos 
produzidos na cidade após a adesão da UFSJ ao Reuni e identificaram, entre outros, que os 
gestores compreenderam que os impactos do Reuni não se limitam à comunidade interna, mas 
atinge a cidade integralmente. 
Heringer (2014) aponta que as políticas de ação afirmativa foram um importante 
fator para propiciar um cenário de muitos avanços no que diz respeito à ampliação do acesso 
ao ensino superior para estudantes oriundos de escolas públicas, negros e indígenas. 
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com a adesão ao Reuni, passou 
por uma grande expansão. Em 2001, foram ofertadas 6.118 vagas para ingressantes e, em 
2011, esse número aumentou para 10.406 vagas. O número de matrículas cresceu de 25.379 
em 2001 para 39.856 em 2010, um aumento anual no número de ingressantes equivalente a 
7%. A UFRJ aderiu ao SiSU e ao sistema de reserva de vagas e criou uma superintendência 
responsável pelas políticas de permanência e assistência estudantil (HERINGER; 
HONORATO, 2015). 
Na pesquisa de Arruda e Gomes (2015), evidenciou-se que, após a prática do 
Reuni na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), houve grande diferença entre o 
número de aprovados oriundos de escola pública. Os autores afirmam ainda que, em uma 
sociedade com elevado grau de desigualdade, a democratização da educação superior 
demanda políticas de acordo com a composição da estrutura social desse país. 
A interiorização da educação superior, fruto das políticas públicas de acesso e 
democratização, na região Sudoeste do Paraná, produziu não apenas mão de obra qualificada 
e novos conhecimentos, mas levou a comunidade a vislumbrar uma realidade diferente do que 
existia no lugar, além de estimular o desenvolvimento regional, através de novas alternativas 
(MASSUCATTO; PEZARICO; OLIVEIRA 2016). 
Observa-se que os autores têm identificado impactos positivos nas ações de 
democratização, não apenas para os estudantes, mas para a localidade onde as universidades 
estão inseridas. 
Sobre os impactos da Lei das cotas, os achados de Karruz (2018) indicaram que, 
em Minas Gerais, essa lei aqueceu a demanda pelo ensino superior entre seu público, reduziu 
as desigualdades no acesso para concluintes do ensino médio e foi mais efetiva nas 
licenciaturas e cursos diurnos. 
Souza e Brandalise (2017) analisaram a democratização do acesso e permanência 
no ensino superior na perspectiva de seus implementadores, sob a ótica da política de cotas, 
 
 
 
 
23 
 
 
em uma Instituição de Ensino Superior pública estadual paranaense e afirmaram que a política 
é efetiva, pois possibilita a democratização do acesso para uma parcela de estudantes antes 
excluídos do ensino superior. 
A pesquisa de Carvalho e Waltenberg (2015) analisou evolução da igualdade de 
oportunidades no acesso ao ensino superior no Brasil, comparando o ano de 2013 e 2003 
(antes da política de ações afirmativas no acesso ao ensino superior público) e identificou que 
houve transferência de oportunidades dos grupos não vulneráveis para os grupos vulneráveis e 
um leve aumento no acesso à educação superior, no espaço de uma década. 
Gómez e Torres (2015) discutiram em sua pesquisa o acesso e a evasão nos cursos 
de Engenharia do Campus Medianeira da Universidade Tecnológica Federal do Paraná 
(UTFPR) e afirmaram que boa parte da ampliação do acesso à universidade ocorreu como 
consequência do aumento das vagas nas Instituições Federais, por meio do Programa de 
Apoio à Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e 
constataram que, apesar da adoção do SiSU não ter reduzido a evasão, a partir da 
implementação das ações de permanência estudantil realizadas por meio do PNAES, pode-se 
perceber essa redução. Os autores identificaram ainda que, a partir da implementação e 
ampliação do PNAES, pode-se perceber de forma mais acentuada a queda da evasão dos 
cursos de engenharia investigados na pesquisa. 
Filipak e Hennerich Pacheco (2017) afirmam que a democratização do acesso à 
educação superior é indispensável no cenário de construção da “sociedade do conhecimento”, 
nas mudanças no mundo do trabalho, nas alterações que vem ocorrendo no papel do Estado e 
quanto à garantia do acesso e da permanência, essas se mostram indispensáveis para a 
construção de uma sociedade justa, igualitária e democrática. 
Ainda que estatisticamente a sociedade brasileira ainda seja altamente desigual, 
com um sistema de ensino claramente excludente, as políticas de ações afirmativas surgem 
como um movimento em direção à democratização do acesso (DENTZ; SATO; VALLE, 
2019). 
Entre as conclusões da pesquisa de Dias Sobrinho (2013) está a afirmação que, a 
democratização da educação superior não é apenas ampliação de acesso, mas qualidade, 
pertinência e relevância social e que essa democratização deve fazer parte da democratização 
da sociedade. Além do entendimento que a elevação da qualidade de todo o sistema educativo 
reflete na melhoria da qualidade da educação superior e, consequentemente, em 
transformações da sociedade. 
 
 
 
 
24 
 
 
A educação superior promove a mobilidade social, pois o mercado de trabalho da 
sociedade atual tem exigido o diploma com o requisito para as vagas ofertadas, e possibilita a 
igualdade de resultados (GISI; PEGORINI, 2016). 
O compromisso em tornar a educação superior mais democrática não pode estar 
limitado apenas na ampliação de vagas e oportunidades de acesso, mas em entender que é 
importante preocupar-se com o sucesso acadêmico dos discentes, que está vinculado à 
qualidade do ensino superior (USTÁRROZ; QUADROS; MOROSINI, 2017). 
É imprescindível possibilitar o acesso à educação superior através de políticas 
que, quando executadas, geram os resultados esperados, como observado nos achados dos 
diversos pesquisadores apresentados, porém, é fundamental atrelar a isso a qualidade do 
ensino ofertado e os mecanismos que garantam a conclusão do curso ofertado. 
 
2.2 O novo perfil discente das universidades 
 
A democratização do acesso à educação superior possibilitou a diversificação do 
perfil dos ingressantes e, por isso, a investigação desse assunto passou a ser objeto de estudo 
de vários pesquisadores e estudiosos. Esse interesse pode ser observado em relação à 
educação superior como um todo e em cursos específicos. 
A pesquisa de Santos (2012) caracterizou socioeconomicamente os discentesde 
Psicologia, Administração e Direito, oriundos do ProUni na Pontifícia Universidade Católica 
do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e identificou que os beneficiados pertencem aos grupos de 
classe social, renda, cor e origem escolar que, por muitos anos, tiveram pouca participação no 
ensino superior. A autora afirma, ainda, que os resultados de sua pesquisa sugerem que o 
Programa Universidade para Todos (ProUni) funcionou de forma positiva para a inclusão dos 
grupos excluídos da educação superior. 
Bisol e Valentini (2012) afirmam que a expansão da educação superior modificou 
o perfil dos estudantes e que essa mudança é percebida pelos professores. Essa alteração 
reflete, inclusive, na qualificação dos professores que tem que repensar suas práticas 
pedagógicas dentro desse novo cenário. 
Ao analisar os estudantes ingressantes na Universidade Federal do Espírito Santo 
(UFES), oriundos do programa de reserva de cotas sociais, observou-se que esses estudantes 
contribuíram para alterar o perfil dos discentes dos cursos considerados de maior prestígio 
social, no que se refere à renda familiar e grau de escolaridade dos pais (MONGIM, 2012). 
 
 
 
 
25 
 
 
Ristoff (2014) buscou discutir até que ponto o conjunto de políticas para expansão 
da educação superior, citada no tópico anterior, é perceptível no perfil socioeconômico dos 
estudantes de graduação e começou a alterá-lo. Entre outros achados, o autor enfatiza que, 
pode-se constatar que nas universidades federais, o campus brasileiro ganhou uma maior 
variedade de perfis, refletindo o que o autor chama de a cara do Brasil. 
Feres Júnior e Daflon (2014) afirmam que a educação tem a capacidade de 
influenciar a mobilidade social e a distribuição de oportunidades, e, em sociedades com 
histórico de grande desigualdade social e educacional, como é o caso do Brasil, desigualdades 
ainda mais acentuadas para as populações pretas e pardas, somente a adoção de políticas de 
ação afirmativa podem modificar essa realidade. Entre os resultados encontrados no trabalho 
dos autores, pode-se observar um incremento expressivo na presença de pretos e pardos nas 
universidades federais, se comparado os anos de 2003 e 2010. Na mesma pesquisa, observou-
se o incremento na proporção de alunos das classes C, D e E. 
Artes e Ricolde (2015) buscaram estudar as mudanças observadas no perfil dos 
estudantes de graduação entre os anos 2000 e 2010, descrevendo as mudanças nas taxas de 
acesso ao ensino superior sob a ótica da variável cor/raça e sexo e indicaram que houve 
melhora no quantitativo de negros que tiveram acesso à educação superior. 
Uma pesquisa realizada na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) 
constatou que políticas e as ações afirmativas de acesso trouxeram para a universidade 
estudantes jovens, mulheres, com baixa escolaridade e renda familiar até três salários 
mínimos, abrindo a universidade para os jovens das camadas populares (NIEROTKA; 
TREVISOL, 2016). 
Outra pesquisa realizada na UFFS, universidade criada no contexto do Reuni, com 
egressos diplomados entre 2014 e 2017, apontou que o grupo investigado era composto, em 
sua maioria, por jovens oriundos do campo, com pais que não tinham a educação básica 
completa, que não residem mais com os pais ou que já são pais, e que reconhecem a 
importância da formação acadêmica (SIMON; SILVA; PACHECO, 2017). Pode-se observar 
um público bastante distinto daquele que por muito tempo predominou nas universidades. 
Oliveira e Silva (2017) identificaram que os dados que eles analisaram mostram 
que houve modificação no perfil dos alunos que entraram no ensino superior, se comparada 
com os alunos ingressantes nos anos anteriores a 2010 e que foi identificado um maior 
número de alunos oriundos de classes sociais menos favorecidas após as políticas e programas 
de acesso ao ensino superior. 
 
 
 
 
26 
 
 
 Na pesquisa de Ferri, Duarte e Neitzel (2018) com ingressantes no primeiro 
semestre de 2016 em uma universidade comunitária em Santa Catarina, o perfil dos 
estudantes investigados era na sua maioria do sexo feminino, com até 25 anos, dependentes 
economicamente das famílias e oriundos de escolas públicas. 
A pesquisa de Franco e Cunha (2017) que utilizou os dados da IV Pesquisa do 
Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das IFES e objetivou apontar 
as principais transformações observadas no perfil socioeconômico dos graduandos das IFES 
de acordo com as pesquisas anteriores e fazer um paralelo com as características da população 
brasileira observou que os dados mostraram que, nos últimos anos, houve uma crescente 
incorporação de graduandos das classes C, D e E, oriundos de escolas públicas, negros e 
pardos, o que aproximou o perfil socioeconômico dos graduandos das IFES ao da população 
brasileira. 
Observa-se, através das pesquisas já apresentadas, que as políticas de acesso à 
educação superior mostram-se como responsáveis pelas alterações identificadas pelos 
estudiosos, no perfil dos discentes, em características como: renda familiar, cor/raça, sexo, 
origem escolar. 
A V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos graduandos das 
IFES (FONAPRACE; ANDIFES, 2019) realizada em 2018, pela Associação Nacional dos 
Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES), em parceria com o 
Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), 
confirmou o que foi observado no relatório da IV pesquisa (FONAPRACE; ANDIFES, 2016), 
demonstrando que as políticas públicas de acesso à educação superior influenciaram na 
mudança do perfil dos discentes das IFES. Tal mudança é atestada pelo aumento na presença 
de discentes do sexo feminino, de autodeclarados pretos, pardos e indígenas, cuja renda 
mensal é de até 1 salário mínimo e a maioria deles, egressos do ensino médio cursado em 
escolas públicas. 
Melo, Núñez e Santos (2018) buscaram identificar as possíveis mudanças no 
perfil socioeconômico dos estudantes de Engenharia Civil, Engenharia de Produção, 
Engenharia Elétrica, Engenharia Química e Engenharia Têxtil da Universidade Federal do Rio 
Grande do Norte (UFRN), nos anos de 2005, 2012 e 2016, e concluíram que os cursos 
avaliados apresentam mais ingressantes oriundos do ensino médio público, pretos, pardos e 
indígenas, trabalhadores e pertencentes a famílias com renda mensal até cinco salários 
mínimos, mudança que, segundo os autores, ocorreu de maneira mais acelerada após a 
implementação de políticas públicas como a Lei das Cotas. 
 
 
 
 
27 
 
 
Na pesquisa realizada por Lima, Malange e Borges (2018), que objetivou 
compreender o ingresso após a implementação do Sistema de Seleção Unificada (SiSU) e sua 
relação com o processo de democratização da IES, na Universidade do Estado de Mato 
Grosso (Unemat), campus de Cáceres, os pesquisadores identificaram que, após a adoção do 
SiSU, uma das mudanças identificadas foi no perfil acadêmico dos discentes. 
Pires e Wargas (2018) analisaram o perfil dos ingressantes oriundos dos 
programas de acesso no âmbito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e 
observaram que, num primeiro momento, até 2013, a modificação no perfil dos ingressantes 
foi tímida, porém após 2014, observou-se um aumento no número de ingressantes oriundos de 
escolas públicas e estudantes pretos, pardos e indígenas. Os pesquisadores acreditam que esse 
aumento seja ainda maior após 2019. 
Senkevics e Mello (2019) pesquisaram se houve mudança no perfil discente nas 
universidades federais após a Lei das Cotas e os resultados sugeriram que a Lei apresentou 
resultados inclusivos sobre a maioria das IFES no Brasil, principalmente, entre os 
ingressantes oriundos da rede pública e entre os autodeclarados pretos, pardos e indígenas. 
Pataro (2019) traçou em sua pesquisa o perfil dos discentes dos cursos de 
graduação da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) no Campusde Campo Mourão 
entre 2015 a 2018 objetivando conhecer os ingressantes da instituição e conhecer suas 
dificuldades. O pesquisador identificou que 75% dos estudantes são os primeiros de suas 
famílias a ingressarem na educação superior. O perfil socioeconômico era, em sua maioria, de 
estudantes egressos de escola pública, do sexo feminino, brancos e pardos, mais de 70% 
trabalham e cerca de 40% possuem renda mensal de até um salário mínimo. 
Independente das mais variadas opiniões sobre os Programas e Políticas de Ações 
Afirmativas, pode-se afirmar que eles garantem a inclusão dos grupos excluídos por questões 
econômicas, sociais e étnico-racial. Na Universidade Federal de Santa Catarina, pôde-se 
observar avanços no acesso por parte de pessoas de diferentes etnias (DENTZ; SATO; 
VALLE, 2019). 
As políticas de ações afirmativas, além de possibilitar a ampliação do acesso à 
educação superior, transformam o ambiente da universidade, trazendo para seu contexto uma 
diversidade de pessoas com experiências diferentes, propiciando a troca de conhecimento 
entre estudantes de diferentes raças e classes sociais (BARROS, 2019). 
Diante desse cenário e desse novo perfil discente que passa a integrar a 
universidade, é fundamental a presença de ações, por parte das instituições, que garantam a 
permanência e o êxito desses discentes. 
 
 
 
 
28 
 
 
Através dos achados da dissertação de Palácio (2012) pode-se observar que a UFC 
apresentou ações que possibilitaram não apenas o acesso, mas a permanência do estudante na 
Instituição, como, programas de ajuda de custo, auxílio moradia, residência universitária, 
incentivo ao desporto, acompanhamento pedagógico e/ou psicológico, assistência médica e 
odontológica, entre outras ações. 
Esses são apenas alguns exemplos de como as instituições podem atuar de forma a 
possibilitar o êxito dos seus discentes, principalmente os mais vulneráveis. 
É fundamental que as instituições tenham um corpo discente que reflete a 
pluralidade da sociedade brasileira, mas também é imprescindível a presença de ações que 
proporcionem ferramentas que auxiliem os discentes, sobretudos aqueles vulneráveis, a 
obterem o sucesso tão esperado. 
 
2.3 A UFC e a democratização do ensino superior 
 
A Universidade Federal do Ceará (UFC) aderiu tempestivamente às políticas de 
democratização do acesso e permanência a educação superior para as instituições públicas, 
entre elas, o Reuni, com adesão no ano de 2007 e a Lei das Cotas, parcialmente em 2013 com 
a Resolução do Conselho Universitário (Consuni) nº 18, de 30 outubro de 2012, e 
integralmente, conforme disposto na lei, em 2014, com a Resolução do Consuni nº 31, de 4 de 
outubro de 2013. 
Em outro documento oficial da instituição, o Plano de Desenvolvimento 
Institucional (PDI), a UFC abordou as ações de democratização. O PDI que vigorou de 2007 a 
2011 trouxe em seu texto a adoção ao Reuni por parte da UFC, e como decorrência da 
previsão da elevação do número de matrículas na graduação e pós-graduação, a previsão da 
contratação de novos professores e servidores técnicos administrativos (UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO CEARÁ, 2007). 
O texto do PDI 2012 trouxe como meta global a expansão de vagas, preconizado 
pelo Reuni, com a oferta de 6.200 vagas e o PDI 2013 a 2017 trouxe em seus princípios 
institucionais a promoção da inclusão social, e a previsão de adoção da política de cotas que 
se consolidou através de resolução do Consuni, citada anteriormente (UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO CEARÁ, 2012b, 2013a). 
O PDI vigente, 2018 a 2022, trata da expansão da educação superior com a 
discussão da inclusão de cotas raciais para a pós-graduação e da capacitação de servidores 
técnicos e docentes para lidar com os discentes provenientes das diversas cotas, que se 
 
 
 
 
29 
 
 
constitui como o novo público da instituição (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 
2018b). 
Observa-se que a UFC apresenta ações tempestivas, que possibilitem a 
democratização da educação superior, trazendo, em seus normativos e planos norteadores, 
diretrizes que viabilizam a adoção de ações efetivas junto as políticas de acesso. 
Pode-se observar, através de matéria publicada na Revista Universidade Pública 
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2011) que a adoção ao Reuni, pela UFC, 
possibilitou a expansão de programas como o Programa Bolsa-Arte, a transformação da Rádio 
Universitária e o investimento em obras de infraestrutura nos campi de Fortaleza e no interior, 
destacando-se em Fortaleza as instalações do Instituto de Cultura e Arte (ICA) e o novo bloco 
didático da Faculdade de Economia, Administração, Atuaria, Contabilidade e Secretariado 
Executivo (FEAAC), no Campus do Benfica. 
A edição seguinte da Revista Universidade Pública (UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO CEARÁ, 2012a, 2012c) apresentou os novos cursos de graduação ofertados 
pela instituição, desde a implantação do Reuni, que tiveram como característica comum a 
sintonia com a realidade local e a grande demanda de formação e trabalho. Como 
consequência da integração curricular cada vez mais interdisciplinar, houve a grande 
possiblidade de atuação profissional por parte dos graduados. Na UFC Cariri, foi criada uma 
escola de música que atende tanto os alunos da universidade como pessoas de fora do 
ambiente acadêmico. 
A dissertação de Mesquita (2016) concluiu que o Reuni foi preponderante para a 
modernização e gestão do sistema de bibliotecas da UFC e que o Sinaes também contribui 
para melhoria e aumento do acervo das bibliotecas. Observa-se, com esse resultado, que a 
política pública objetiva, também, proporcionar infraestrutura que possibilite melhor 
utilização dos recursos disponíveis, por parte dos alunos. 
Quanto à adoção da Lei das cotas, nº 12.711/2012 (BRASIL, 2012b), esta foi 
regulamentada pelo decreto n º 7.824/2012 (BRASIL, 2012a), que determinou o prazo 
máximo para sua implantação, porém a UFC optou por implantar integralmente em 2014, dois 
anos antes do prazo final, e no percentual de 50%. 
Como consequência da adoção dessas políticas, houve a expansão da instituição e 
a alteração do perfil dos seus discentes. Alguns pesquisadores, através de seus trabalhos, 
buscaram tratar do processo de democratização, expansão e impactos na instituição. 
Andriola e Suliano (2015) buscaram identificar de que maneira a presença da 
UFC impactou os municípios do interior do Ceará, após a adesão ao Programa de Apoio a 
 
 
 
 
30 
 
 
Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), por parte da 
instituição. Os achados mostraram que a presença da UFC dinamizou a economia local, 
influenciou no crescimento municipal, gerou novos postos de trabalho e proporcionou a 
população oportunidade de qualificação profissional, por meio dos cursos ofertados. 
Senkevics e Mello (2019) observaram que a Lei das cotas influenciou na 
ampliação do acesso de estudantes de escolas públicas, principalmente, em instituições mais 
elitizadas e bem-conceituadas na avaliação institucional, como é o caso da UFC, que dobrou o 
número de discentes ingressantes oriundos de escola pública, aumentando de 28,4% em 2012 
para 56,9% em 2016. Segundo os pesquisadores, é evidente que a Lei das cotas ampliou a 
participação de pretos, pardos e indígenas de escolas públicas nas Instituições Federais de 
Ensino Superior. 
Observa-se que o processo de democratização na UFC vem ocorrendo de forma 
gradual, e que já é possível observar as alterações que ocorrem como consequência da 
aplicação das políticas de acesso à educação superior. Pode-se identificar inclusive que elas 
vão além do ambiente institucional, impactando, também, a comunidade ao seu redor. 
 
2.4 Considerações 
 
Neste capítulo, foi abordado o processo de democratização da educação superior 
sob a ótica de diversos pesquisadores, que defenderam a necessidade e a importância de tais 
ações e apresentaram variadas consequênciasdessas políticas. 
 Posteriormente, corroborando com os objetivos da democratização, foram 
apresentadas pesquisas que buscaram mostrar a diversificação do perfil dos discentes das 
universidades após as políticas de acesso à educação superior. Por fim, mostraram-se as 
consequências da adoção das políticas de acesso à educação superior na UFC, sua expansão e 
diversificação. 
O próximo capítulo versa sobre o desempenho acadêmico nas IES, como é 
mensurada sua importância, seguido da explanação do assunto no âmbito da UFC e do curso 
de Ciências Contábeis. 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
3 DESEMPENHO ACADEMICO EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR 
 
Este capítulo objetiva explanar o desempenho acadêmico sob a ótica da educação 
superior e o instrumento que avalia o desempenho dos discentes em nível nacional, no âmbito 
da UFC e do curso de Ciências Contábeis. 
Para isso, traz uma contextualização de como é mensurado o desempenho 
acadêmico no ensino superior, sua importância, sob a ótica de autores como Freitas et al. 
(2015), Miranda et al. (2015), Feldmann e Souza (2016). Logo em seguida, o assunto é 
tratado no âmbito da Universidade Federal do Ceará e do curso de Ciências Contábeis. 
 
3.1 Desempenho acadêmico na Educação Superior 
 
O desempenho acadêmico é mensurado a partir de um processo de avaliação, seja 
esse processo através de avaliações diagnósticas, formativas, comparativas ou somativas, 
adotados segundo critérios dos professores e das instituições. Segundo Polidori (2009), no 
Brasil, esse processo teve uma trajetória bastante interessante e inovadora, passando de uma 
avaliação totalitária e primitiva para um processo que respeita as diversidades e as 
especificidades de cada Instituição de Ensino Superior. 
No processo de ensino e aprendizagem, é fundamental identificar o quanto do 
conhecimento foi apreendido pelos alunos, após o trabalho pedagógico de conteúdo e matérias 
por parte dos docentes. As Instituições de Ensino Superior (IES) possuem seu método próprio 
de análise desse desempenho, inclusive por ser o critério que será adotado para aprovação ou 
reprovação do aluno, que na maioria das vezes é a modalidade de avaliação somativa. Porém, 
esses critérios são específicos de cada instituição e não podem ser comparados. 
O número crescente de IES no Brasil, que pode ser explicado pelo crescimento da 
rede privada, do ensino a distância e do investimento do próprio Estado no financiamento da 
Educação Superior, viabilizou um cenário onde a qualidade da educação tornou-se um fator 
fundamental na orientação e condução de políticas para a educação superior. Esta qualidade é 
mensurada, por exemplo, por uma avaliação de desempenho acadêmico (FREITAS et al., 
2015; MIRANDA et al., 2015). 
Na década de 1990, foi implantado o Programa de Avaliação Institucional das 
Universidades Brasileiras (PAIUB), posteriormente o Exame Nacional de Cursos (ENC) e, 
em 2004, foi implantado o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), 
 
 
 
 
32 
 
 
ainda vigente, que busca melhorar a qualidade da educação superior por meio de processos de 
avaliação (FREITAS et al., 2015). 
O Sinaes entra em vigor com o objetivo de assegurar um processo de avaliação 
nacional que promovesse a qualidade da educação superior, o compromisso e a 
responsabilidade social por parte das IES, por meio do estimulo dos valores democráticos, 
respeitando as diferenças, as diversidades, a autonomia e a identidade das instituições 
(BRASIL, 2004a). 
O sistema é formado pelos seguintes componentes: a avaliação das instituições, 
dos cursos e do desempenho dos alunos em torno dos eixos ensino, pesquisa, extensão, 
responsabilidade social, desempenho dos alunos, a gestão da instituição, o corpo docente e as 
instalações, o qual, através de uma série de instrumentos complementares, permite que sejam 
atribuídos conceitos, ordenados numa escala com cinco níveis. Os resultados obtidos 
subsidiam o processo de regulação das IES, compreendendo Atos Autorizativos e Atos 
Regulatórios (INEP, 2015). 
Dentro do sistema, o componente que mensura o desempenho dos alunos da 
graduação é o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aplicado pelo 
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), com inscrição 
obrigatória para ingressantes e concluintes habilitados e situação de regularidade do estudante 
registrada no histórico escolar. O Exame avalia o rendimento dos concluintes dos cursos de 
graduação com relação ao conteúdo programático previsto nas diretrizes curriculares dos 
cursos (INEP, 2019b). 
De acordo com a Portaria Normativa nº 40, de 12 de dezembro de 2007 (BRASIL, 
2007b), republicada em 2010, o Enade é realizado anualmente, porém com aplicação trienal 
para cada curso, composto por uma prova geral de conhecimentos aplicada para os 
ingressantes e concluintes aptos e uma prova específica de cada área de avaliação aplicada 
apenas para os concluintes. O Quadro 1 apresenta os pesos que são dados a cada parte da 
prova, para a composição da nota final. 
 
Quadro 1 – Divisão da prova do Enade 
Partes 
Número das 
questões 
Peso das questões no 
componente 
Peso dos componentes 
no cálculo da nota 
Formação Geral: Discursivas D1 e D2 40% 
25% 
Formação Geral: Objetivas 1 a 8 60% 
Componente Específico: Discursivas D3 a D5 15% 
75% 
Componente Específico: Objetivas 9 a 35 85% 
Questionário da Percepção da Prova 1 a 9 - - 
Fonte: Inep (2018). 
 
 
 
 
33 
 
 
A partir da aplicação dos pesos em cada componente da prova, é formada a nota 
dos discentes na prova no Enade. Observa-se que, para o discente ter uma nota melhor, é 
necessário um bom desempenho na parte específica da prova, pois representa a maior parte da 
nota. Logo, esse bom desempenho depende não apenas do esforço do discente, mas da 
instituição de ensino, que é a responsável pelo repasse de conteúdo e capacitação. 
Os alunos respondem ainda ao questionário do estudante que tem por objetivo 
conhecer o perfil socioeconômico e acadêmico dos participantes do Enade, além de 
possibilitar a avaliação do curso. 
Existem diferentes entendimentos quanto à qualidade das instituições de ensino 
superior e seus cursos e, nesse contexto, o Enade se consolida como um procedimento 
avaliativo usado pelo governo e pela sociedade para reconhecer os cursos e as instituições 
como detentoras ou não de qualidade (BERTOLIN; MARCON, 2015). 
Wainer e Melguizo (2018) afirmam que os resultados dos desempenhos dos 
alunos obtidos através do Enade são bastante relevantes, pois medem o rendimento dos 
discentes ao final do curso de graduação sendo por isso, mais próximo dos conhecimentos 
totais que deveriam ser adquiridos pelos alunos durante a carreira acadêmica e a preparação 
para a carreira profissional. Tal conhecimento é denominado por Lopes e Vendramini (2015) 
como ganho acadêmico. 
Para Cesso e Ferraz (2017), o caráter avaliativo e comprobatório do Enade 
proporciona as IES além da oportunidade de melhorias institucionais, metodológicas, de 
conteúdo programático dos cursos, a avaliação da influência do desempenho docente na 
transmissão do conhecimento. Esta é uma avaliação obrigatória que comprova a qualidade das 
IES junto aos órgãos responsáveis. 
Para Santos et al. (2016), o Enade tem o papel de estimular a integração entre a 
avaliação, o desempenho e a inovação, possibilitando assim o fortalecimento da formação 
com o trabalho dos professores e o aprimoramento dos aspectos metodológicos e da 
avaliação, que refletirão em alunos aptos a adquirir as competências e as habilidades 
necessárias ao perfil do curso de graduação, através da aplicação de modelos pedagógicos que 
colocam a figura do estudante como principal componente. 
Feldmann e Souza (2016) afirmam que o Estado, ao estabelecer avaliações como 
o Enade, promove a visibilidade do que foi ensinado e do que se pretende alcançar e queos 
resultados dos exames dão suporte para elaborações de ações, reformulações de normas e 
definições de estratégias que influenciam o ambiente acadêmico. 
 
 
 
 
34 
 
 
Observa-se que o Enade se apresenta como uma ótima ferramenta para avaliar os 
discentes, pois, além de viabilizar a identificação do desempenho dos alunos, sob os mesmos 
parâmetros, possibilita ainda uma análise geral, através da comparação do desempenho dos 
discentes a nível regional e nacional. 
Diante disso, diversos pesquisadores têm realizado estudos envolvendo o 
desempenho acadêmico dos alunos da educação superior na prova do Enade, tanto em IES 
públicas como em instituições privadas, e as possíveis motivações, fatores que justificam ou 
influenciam o desempenho dos discentes no cenário das políticas de acesso à educação 
superior. 
Lemos e Miranda (2015), considerando relevante o resultado apresentado pelo 
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior e suas ferramentas na área contábil, 
buscaram identificar em sua pesquisa quais variáveis utilizadas pelo Sinaes influenciaram no 
desempenho dos discentes de Ciências Contábeis no Exame Nacional de Desempenho dos 
Estudantes. 
A pesquisa realizada por Vendramini e Lopes (2016) buscou identificar se existia 
diferença entre o desempenho no Enade dos discentes bolsistas do ProUni se comparado com 
os discentes com bolsa ofertada pela própria instituição, estudantes com outros tipos de bolsas 
e os que não possuíam nenhuma bolsa, e ainda, verificar se esse desempenho permanecia o 
mesmo para os discentes ingressantes e concluintes. 
Staniszewski (2016) pesquisou os cursos de Publicidade e Propaganda de suas 
IES, que obtiveram nota máxima do Enade em 2012, objetivando compreender o que essas 
instituições tinham em comum. Entre as conclusões, a autora afirma ser o Enade uma 
ferramenta que auxilia na melhoria do ensino superior brasileiro e que é um instrumento de 
partida que levará a outras investigações. 
Por ser o Enade um componente curricular obrigatório nos cursos de graduação, 
Ott et al. (2016) analisaram as questões aplicadas no exame para o curso de Farmácia, sob a 
ótica dos docentes, objetivando compreender se as questões aplicadas e o intuito da prova são 
condizentes com o que determina as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de 
Farmácia, e seus achados foram positivos. As questões específicas se mostraram adequadas e 
as de formação geral apresentaram caráter crítico-reflexivo, humanista e ético. 
Diante dos grandes investimentos na educação superior visando à melhoria da 
qualidade e aumento no acesso à educação superior, Lepchak et al. (2016) buscou identificar 
que fatores influenciaram nos indicadores de desempenho da educação superior, baseando-se 
no Índice Geral de Cursos, Conceito Preliminar de Curso e Enade nas universidades federais 
 
 
 
 
35 
 
 
brasileiras. Entre os achados, constatou-se que a variável número de alunos influencia a nota 
do Enade. 
Bertolin e Marcon (2015) afirmaram que a literatura internacional evidencia que 
os fatores que mais impactam o desempenho dos discentes em provas como o Enade é o 
contexto familiar, social, econômico e cultural e concluíram com seus achados que, estudar o 
desempenho diferenciado dos alunos em cursos ou instituições distintas é fundamental para o 
desenvolvimento de políticas. 
Rocha, Leles e Queiroz (2018) verificaram em sua pesquisa a associação entre o 
desempenho de estudantes concluintes de Nutrição no Enade e fatores socioeconômicos, 
trajetória acadêmica e perfil da instituição. Os achados mostraram que os discentes oriundos 
das políticas de acesso à educação superior apresentaram desempenho maior que os discentes 
que não ingressaram por essas políticas. 
A pesquisa de Medeiros Filho et al. (2019) buscou identificar quais fatores 
poderiam estar associados ao desempenho dos estudantes no Exame Nacional de Desempenho 
dos Estudantes e os resultados mostraram que diversos fatores influenciam no desempenho 
dos estudantes no exame. Entre os que estão associados a um maior desempenho, destaca-se, 
maior renda familiar, melhor infraestrutura das IES, maior titulação do corpo docente e alunos 
oriundos de IES pública. 
Observa-se que os pesquisadores analisam positivamente a aplicação da prova do 
Enade, pois ela viabiliza, inclusive, a avaliação, por parte das instituições, em quesitos que 
precisam de melhoria ou aperfeiçoamento, além da possiblidade de análise a nível geral e 
nacional do desempenho dos discentes considerando o cenário da democratização da 
educação superior. 
 
3.2 Desempenho acadêmico na UFC 
 
A Universidade Federal do Ceará (UFC) tem como missão “[...] formar 
profissionais da mais alta qualificação, gerar e difundir conhecimentos, preservar e divulgar 
os valores éticos, científicos, artísticos e culturais, constituindo-se em instituição estratégica 
para o desenvolvimento do Ceará, do Nordeste e do Brasil” (UNIVERSIDADE FEDERAL 
DO CEARÁ, 2020d, p. 1), para isso ministra cursos e estimula a pesquisa em todas as áreas 
do conhecimento. Em 2019, a UFC ofereceu 119 cursos de graduação e 94 de pós-graduação. 
Além da capital, a instituição está presente em Crateús, Quixadá, Russas e Sobral, 
influenciando no desenvolvimento socioeconômico dessas localidades e colaborando para a 
 
 
 
 
36 
 
 
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 
2020a). 
A instituição reflete suas expectativas e projetos, construídos a partir de debates 
com a comunidade acadêmica, no seu Plano de Desenvolvimento Institucional e a 
preocupação com o desempenho discente não poderia ser um assunto ausente. 
Diante disso, no PDI 2013-2017 a instituição abordou o tema no Eixo Ensino e 
Aprendizagem, dividido no programa melhoria da qualidade do ensino e expansão da oferta, 
que teve como alguns dos seus objetivos a realização de avaliações periódicas do curso de 
graduação e o compartilhamento desses resultados com a comunidade vinculada ao curso de 
graduação (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2013a). Identifica-se a preocupação 
da instituição em realizar ações que resulte em desempenho positivo em seus cursos. 
O PDI 2018-2022 deu continuidade a ações voltadas ao tema, no eixo ensino, 
apresentando em seus objetivos estratégicos a implementação de currículos flexíveis e 
formação baseada em metodologias ativas de ensino e aprendizagem (UNIVERSIDADE 
FEDERAL DO CEARÁ, 2018b). 
A instituição tem buscado estar sempre à frente, desenvolvendo pesquisas e 
achados que se destacam no campo da ciência e tecnologia. No eixo ensino não é diferente: a 
instituição se destaca no estado, na região nordeste e no Brasil pelo ótimo desempenho dos 
seus discentes. Em matéria disponível no website da Universidade Federal do Ceará (2018a), 
a instituição teve, 34 dos 51cursos avaliados na prova do Enade do ano anterior, com notas 4 e 
5, desempenho superior ao de instituições do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. 
Internamente, a UFC avalia seus discentes através do Índice de Rendimento 
Acadêmico (IRA), calculado ao fim de cada período letivo. De acordo com o Guia do 
estudante (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, 2020c), plataforma digital da UFC, 
existem dois IRAs, o individual relativo a um único estudante e considerando apenas seu 
desempenho, e o geral, calculado de acordo com o curso e considerando todos os seus alunos. 
O cálculo desse índice leva em consideração a nota final de cada disciplina, a carga horária 
dela, o período em que foi cursada, considerando a previsão da integralização curricular e a 
ocorrência ou não de trancamentos parciais. 
O IRA é utilizado como fator de desempate no processo de matrícula, em alguns 
processos internos que oferecem bolsas e quando há mais interessados que vagas ofertadas. 
Segundo o Painel de indicadores elaborado pela Pro-reitoria de graduação, a Faculdade de 
Economia, Administração, Atuária

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