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2021-tcc-adsricardo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE TECNOLOGIA 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA 
 
 
 
 
 
 
ANDERSON DIÓGENES SOUZA RICARDO 
 
 
 
 
 
 
ENGENHARIA SOCIAL: IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO 
DA MANIPUEIRA EM PACAJUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2021 
 
 
 
ANDERSON DIÓGENES SOUZA RICARDO 
 
 
 
 
 
 
 
 ENGENHARIA SOCIAL: IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO 
DA MANIPUEIRA EM PACAJUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão do curso de 
Engenharia Química do Cento de 
Tecnologia da Universidade Federal do 
Ceará, como requisito parcial à obtenção 
do Grau de Bacharel em Engenharia 
Química 
 
Orientador: Prof. Dr. João José Hiluy Filho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2021 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
R376e Ricardo, Anderson Diógenes Souza.
 Engenharia social : implementação de um sistema de tratamento da manipueira em Pacajus / Anderson
Diógenes Souza Ricardo. – 2021.
 52 f. : il. color.
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia,
Curso de Engenharia Química, Fortaleza, 2021.
 Orientação: Prof. Dr. João José Hiluy Filho.
 1. Casa de farinha. 2. Empreendedorismo social. 3. Manipueira. I. Título.
 CDD 660
 
 
 
ENGENHARIA SOCIAL: IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE TRATAMENTO 
DA MANIPUEIRA EM PACAJUS 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão do curso de 
Engenharia Química do Cento de 
Tecnologia da Universidade Federal do 
Ceará, como requisito parcial à obtenção 
do Grau de Bacharel em Engenharia 
Química 
 
 
 
Aprovada em: ___/___/______. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. João José Hiluy Filho (Orientador) 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Dr. Carlos Estevão Rôlim Fernandes 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
_________________________________________ 
Prof. Dra. Rilvia Saraiva de Santiago Aguiar 
Universidade Federal do Ceará (UFC) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A todos e todas aqueles que desejam 
“melhorar a vida das pessoas, 
desenvolvendo projetos de impacto social, 
com um time forte e sonhador”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente à minha mãe, sem a qual não teria tido 
oportunidades que me trouxeram até aqui no campo da educação da qualidade, me 
ensinando desde cedo a importância da Educação na vida das pessoas. Agradeço 
também aos meus irmãos, em especial à minha irmã Janielle por sempre me orientar 
e me guiar, sempre incentivando meu desenvolvimento pessoal e profissional. 
Agradeço ao meu namorado e companheiro Henrique, por sempre me apoiar na vida, 
sendo uma das pessoas que mais me incentivou e orientou na escrita deste trabalho
 . Não poderia deixar de agradecer também ao Time Enactus UFC também, por 
ter me proporcionado a melhor experiência dentro da Universidade. Dentre estes, 
destaco meus amigos Espedito, Marcelo, Tayná, Sophia e Ernandes, que colaboraram 
de diversas formas para a escrita deste trabalho direta ou indiretamente, com 
informações muito pertinentes no que tange a um trabalho sobre um projeto Enactus. 
Além disso, agradeço à equipe do Projeto Maní, com destaque, para a Aline, ex-
coordenadora do STM, a qual foi fundamental para o desenvolvimento e 
implementação do projeto. 
Ademais, sou muitíssimo grato aos meus amigos da graduação em 
Engenharia Química Bianca, Lairana, Camila, Cammilla e Carlos, por terem sido 
importantes no compartilhamento de conhecimento e vivências ao longo da 
graduação. 
Agradeço também aos meus amigos de Ensino Médio que me 
acompanham até hoje na jornada da vida: Jefferson, Fernanda e Vanessa, por terem 
sido amizades firmes e consistentes ao longo dos anos. 
Por fim, agradeço aos professores Hiluy, pela orientação inestimável neste 
trabalho, ao professor Estevão por ter contribuído de forma muito relevante com 
sugestões para este trabalho e à professora Rilvia pela dedicação e instrução nas 
aulas da disciplina de Trabalho Final de Curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“O nordestino é antes de tudo um forte” 
Euclides da Cunha 
 
 
 
RESUMO 
 
A farinhada, atividade econômica e cultural típica da Região Nordeste, consiste na 
transformação da mandioca em farinha, goma fresca ou torrada. Nesse contexto, 
insere-se a Casa de Farinha Curimatã, na zona rural da cidade de Pacajus, Ceará, 
contando com cerca de 15 colaboradores, os quais estão sujeitos a atividades laborais 
arriscadas, dentre as quais o descascamento da mandioca sem a utilização adequada 
de equipamentos de proteção, além de remunerações inferiores a um salário mínimo. 
No processo de prensagem da mandioca, é produzida a manipueira, líquido tóxico 
devido à alta concentração de CN- (cianeto), que configura um risco aos corpos 
hídricos, ao solo e à saúde humana de regiões produtoras de farinha de mandioca. 
Apesar dos inúmeros riscos da manipueira, esta é uma excelente base química para 
a produção de subprodutos, dentre os quais biofertilizante, sabão, licor, vinagre e 
molho de pimenta. Sendo assim, a fim de melhorar a qualidade de vida dos 
beneficiários, o Time Enactus da Universidade Federal do Ceará (UFC), iniciativa 
pautada no empreendedorismo social e nos Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ODS), está implementando o Projeto Maní na comunidade Curimatã. 
Dessa forma, o Projeto Maní está desenvolvendo um Sistema de Tratamento da 
Manipueira (STM), a fim de tratar e reaproveitar esse resíduo, possibilitando o 
descarte correto na natureza e a produção de subprodutos, que complementarão a 
renda dos beneficiários da casa de farinha em cerca de 12,5% ao mês. O STM 
consiste em 4 etapas: tanque de decantação, tanque de armazenamento, filtro de 
areia e filtro de coco. Em vista disso, este trabalho tem por objetivo descrever os 
processos físico-químicos envolvidos no processamento da manipueira até o 
tratamento pelo STM, juntamente à análise de possibilidades de mitigação do impacto 
ambiental desse resíduo e alternativas de modelo de negócios no contexto do Projeto 
Maní. 
 
Palavras-chave: Casa de farinha. Empreendedorismo social. Manipueira. 
 
 
ABSTRACT 
 
Flour, a typical economic and cultural activity in the Northeast, consists of transforming 
cassava into flour, fresh or roasted gum. In this context, the flour house Curimatã is 
inserted in the rural area of the city of Pacajus, Ceará, with about 15 employees, who 
are subject to risky work activities, among which the peeling of cassava without the 
proper use of protective equipment, as well as remuneration below the minimum wage. 
In the process of pressing cassava, cassava waste water is produced, a toxic liquid 
due to the high concentration of CN- (cyanide), which poses a risk to water bodies, soil 
and human health in regions producing cassava flour. Despite the innumerable risks 
of cassava waste water, this is an excellent chemical base for the production of by-
products, including biofertilizer, soap, liquor, vinegar and pepper sauce. Therefore, in 
order to improve the quality of life of the beneficiaries, the Time Enactus of the Federal 
University of Ceará (UFC), an initiative based on social entrepreneurship and the 
Sustainable Development Goals (SDGs), is implementing the Maní Project in the 
Curimatã community. In this way, the Maní Project is developing a Manipueira 
Treatment System (MTS), in order to treat and reuse this waste, enabling correct 
disposal in natureand the production of by-products, which will complement the 
income of the flour mill beneficiaries in about 12.5% per month. The STM consists of 
4 stages: decantation tank, homogenization tank, sand filter and coconut filter. In view 
of this, this work aims to describe the physical-chemical processes involved in the 
cassava waste water processing until treatment by STM, together with the analysis of 
possibilities for mitigating the environmental impact of this residue and business model 
alternatives in the context of the Maní Project. 
 
Keywords: Flour house. Social entrepreneurship. Cassava water. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Os 5P's da Sustentabilidade ..................................................................... 18 
Figura 2 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável .............................................. 19 
Figura 3 - Resultados do Programa Enactus no Brasil 2020 ..................................... 23 
Figura 4 - Projetos do Time Enactus UFC ................................................................. 25 
Figura 5 - Lago de manipueira na comunidade Curimatã ......................................... 26 
Figura 6 - Fluxograma da Metodologia ...................................................................... 28 
Figura 7 - Distância entre as cidades de Fortaleza e Pacajus................................... 29 
Figura 8 - Learning Canvas do Projeto Maní ............................................................. 31 
Figura 9 - Análise SWOT do projeto Maní ................................................................. 34 
Figura 10 - Projeto do STM ....................................................................................... 37 
Figura 11 - Esquema do filtro de coco ....................................................................... 42 
Figura 12 - Esquema do filtro de areia ...................................................................... 43 
Figura 13 - Rótulo do molho de pimenta da Vó Maria ............................................... 45 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Resultados médios da análise de água de poço ...................................... 36 
Tabela 2 - Dimensões dos tanques ........................................................................... 38 
Tabela 3 - Considerações para os cálculos de tensão mecânica nos tanques ......... 39 
Tabela 4 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque de armazenamento ............. 39 
Tabela 5 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque de decantação ..................... 40 
Tabela 6 - Especificações para o cálculo de tensão mecânica nos tanques de filtro 
de coco e de areia ..................................................................................................... 40 
Tabela 7 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque com filtro de coco ................ 41 
Tabela 8 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque com filtro de areia ................ 44 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABNT 
CONAMA 
EMBRAPA 
EPC 
EPI 
HCD 
Associação Brasileira de Normas Técnicas 
Conselho Nacional do Meio Ambiente 
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
Equipamentos de Proteção Coletiva 
Equipamentos de Proteção Individual 
Human Centered Design 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
NBR 
NUTEC 
Norma Brasileira Regulamentar 
Núcleo de Tecnologia e Qualidade Industrial do Ceará 
ONU Organização das Nações Unidas 
ODS 
OSC 
ProUni 
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 
Organizações da Sociedade Civil 
Programa Universidade Para Todos 
STM 
STD 
 
Sistema de Tratamento da Manipueira 
Sólidos Totais Dissolvidos 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO..................................................................................................................... 8 
ABSTRACT ................................................................................................................. 9 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 
1.1 Objetivos gerais ................................................................................................ 16 
1.2 Objetivos específicos........................................................................................ 16 
2 FUNDAMETAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 17 
2.1 Empreendedorismo social e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) ........................................................................................................................ 17 
2.2 Negócios de impacto social ............................................................................. 20 
2.3 A rede Enactus .................................................................................................. 22 
2.4 Engenharia Popular .......................................................................................... 26 
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 28 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 31 
4.1 Modelo de negócios .......................................................................................... 31 
4.1.1 Learning Canvas ............................................................................................ 31 
4.1.2 Análise SWOT ................................................................................................. 33 
4.2 Análise da água do poço .................................................................................. 35 
4.3 Etapas do STM ................................................................................................... 37 
4.3.1 Tanque de armazenamento ........................................................................... 38 
4.3.2 Tanque de decantação ................................................................................... 39 
4.3.3 Filtro de coco .................................................................................................. 40 
4.3.4 Filtro de areia .................................................................................................. 42 
4.3 Molho de pimenta da Vó Maria ......................................................................... 45 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 46 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 48 
APÊNDICE A – LEARNING CANVAS – PROJETO MANÍ ...................................... 52 
APÊNDICE B – ANÁLISE SWOT – PROJETO MANÍ .............................................. 53 
APÊNDICE C – PERSPECTIVAS FUTURAS – PROJETO MANÍ ........................... 54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A farinhada, atividade econômica e cultural típica da Região Nordeste, 
consiste na conversão da mandioca em farinha, goma fresca ou torrada. Celebrada 
por compositores ícones da cultura regional como Luiz Gonzaga (1912-1989) e muito 
presente no imaginário popular através da literatura de cordel e da poesia falada, a 
produção da farinha de mandioca no Ceará remete ao Período Colonial (1530 – 1822) 
, sendo ainda fonte principal de renda de famílias no interior e na zona rural do estado. 
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o plantio 
da mandioca na Região Nordeste teve uma redução de cerca de 20% entre os anos 
de 1990 e 2017. Além disso, a região, que concentra a maior área plantada do produto, 
ao longo da história já chegou a 57%, no ano de 2017, atingiu a marca de 37%. No 
Ceará, a mecanização rural no processo produtivo da mandioca aumenta ainda mais 
a desvantagem dos pequenos produtores familiares, que têm que competir com 
grandes indústrias produtoras de farinhas e derivados. 
Nesse contexto, segundodados do Ministério da Cidadania (2021), no 
Ceará, vivem mais de 5 milhões de pessoas em situação de pobreza e pobreza 
extrema, pois as famílias têm renda de até meio salário mínimo por pessoa ou até 3 
salários mínimos de renda mensal total. 
Em vista disso, o Time Enactus UFC, que vem atuando desde 2017 com 
projetos de impacto social, desenvolveu, em 2018, o Projeto Maní, trabalhando os 
ODS 8 (Trabalho digno e crescimento econômico), 10 (Redução das Desigualdades) 
e 11 (Cidades e comunidades sustentáveis) na solução da problemática ambiental da 
manipueira, resíduo tóxico gerado na prensagem da mandioca, o qual pode ser 
processado e convertido em subprodutos lucrativos para a comunidade de casa de 
farinha familiar, tais como molho de pimenta. 
Atuando desde 2018 na comunidade Curimatã, em Pacajus, o projeto Maní, 
nesse mesmo ano, foi consagrado Pelo Prêmio ODS 8 (Trabalho decente e 
crescimento econômico) no ENEB (Encontro Nacional Enactus Brasil), pelo mérito de 
projeto de excelência ao tratar desse Objetivo de Desenvolvimento Sustentável. 
A Casa de Farinha Curimatã, na zona rural da cidade de Pacajus, Ceará, 
conta com cerca de 15 colaboradores, todos integrantes da mesma família, a qual 
está sujeita a atividades laborais arriscadas, dentre os quais o descascamento da 
15 
 
mandioca sem a produção adequada de EPI (Equipamentos de Proteção Individual) 
e EPC (Equipamentos de Proteção Coletiva), e a salários inferiores a um salário 
mínimo (R$1100,00 na cotação atual). A renda média dos colaboradores devido ao 
trabalho nessa casa de farinha é de R$800,00 e depende de fatores tais como clima, 
safra, tempo de operação da casa de farinha e tempo de trabalho do colaborador. O 
Projeto Maní, por sua vez, coopera para que a renda média da comunidade Curimatã 
seja complementada, por meio da comercialização dos subprodutos oriundos da 
manipueira. 
Desse modo, este trabalho apresenta a fundamentação teórica necessária 
para interligar conceitos de empreendedorismo social, negócios de impacto, rede 
Enactus, engenharia popular e subprodutos da manipueira. 
Em relação à metodologia empregada, o projeto inicialmente prospectou 
uma comunidade de casa de farinha, localizando a comunidade Curimatã na cidade 
de Pacajus, desenvolvendo assim diversas pesquisas bibliográficas importantes para 
entender o manejo sustentável da manipueira e as formas de aproveitamento desta, 
no contexto da elaboração de um modelo de negócios, que culminou na construção 
do STM (Sistema de Tratamento da Manipueira). 
Este trabalho é composto por metodologias próprias do contexto do 
empreendedorismo social, tais como Análise SWOT e Learning Canvas, realizando, 
na medida do possível, atividades na comunidade Curimatã, para a inicialização do 
projeto do STM, além de utilizar recursos de análises laboratoriais necessárias, como 
foi o caso da análise de qualidade da água de poço da região da casa de farinha. 
Em vista disso, o trabalho foi dividido em 5 capítulos principais (Capítulo 1: 
Introdução, Capítulo 2: Fundamentação Teórica, Capítulo 3: Metodologia, Capítulo 4: 
Resultados e Discussão e Capítulo 5: Considerações finais). O capítulo 2 teve por 
objetivo trazer conceitos importantes para o entendimento do trabalho, principalmente, 
atrelado às definições acerca do empreendedorismo social, dos ODS (Objetivos de 
Desenvolvimento Sustentável), dos negócios de impacto social, da Rede Enactus e 
da Engenharia Popular. 
O capítulo 4, por sua vez, se propôs a discutir os principais resultados do 
projeto Maní no que tange à análise da qualidade da água da comunidade, ao projeto 
de construção do STM, ao cálculo das tensões mecânicas dos tanques (caixas 
d’águas) e à produção do molho de pimenta da “Vó Maria”, ressaltando também o 
incremento médio de renda esperado a partir da comercialização desse produto. 
16 
 
 
1.1 Objetivos gerais 
 
Este trabalho tem por objetivo geral aplicar conceitos das áreas da 
Engenharia Química, Empreendedorismo Social e Gestão no desenvolvimento de um 
projeto de impacto social norteado a partir dos ODS da ONU através da 
implementação de um sistema de tratamento da manipueira visando a produção de 
molho de pimenta colaborando para o desenvolvimento de uma microeconomia 
sustentável da comunidade familiar produtora de farinha Curimatã, na cidade de 
Pacajus. 
 
1.2 Objetivos específicos 
 
Este trabalho tem por objetivos específicos: 
 
• Inicializar a construção do STM; 
• Elaborar um modelo de negócios por meio dos métodos Análise SWOT e 
Learning Canvas; 
• Apresentar potenciais subprodutos da manipueira passíveis de produção na 
comunidade de Pacajus; 
• Analisar a água proveniente do poço da comunidade; 
• Prospectar futuras aplicações do STM e impacto deste na comunidade 
 
17 
 
2 FUNDAMETAÇÃO TEÓRICA 
2.1 Empreendedorismo social e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
(ODS) 
 
O termo “empreendedorismo social” vem sendo utilizado para caracterizar 
iniciativas que desenvolvem modelos de negócios baseados na resolução de uma 
problemática na sociedade relacionada à combinação de eixos ambientais, 
econômicos e sociais, unindo o conhecimento do mundo dos negócios ao trabalho 
com propósito, tendo uma missão social alvo, por exemplo acesso à educação de 
qualidade e ao saneamento básico. Unindo termos, à primeira vista, muito distintos 
como “empreendedorismo” e “social”, o empreendedorismo tem o diferencial de 
empregar qualidades típicas do meio empreendedor, tais como inovação, criatividade, 
proatividade, liderança, senso de dono e determinação, a projetos de impacto social, 
que são cuidadosamente gerenciados levando em conta métricas específicas, como 
números de impacto direto e indireto. 
O termo “social”, por sua vez, tem um fator determinante na diferenciação 
desse tipo de empreendedorismo, visto que que indica o fator de transformação social 
inato a essas iniciativas, favorecendo parcerias no campo empresarial relativas à 
responsabilidade socioambiental, no Terceiro Setor com ONGs(Organizações Não-
governamentais) com propósito alinhado e no Primeiro Setor por meio de programas 
governamentais de desenvolvimento socia (Martin, 2007). 
 Nesse contexto, projetos de empreendedorismo social utilizam dos 
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU) para alinhar as iniciativas de 
impacto à Agenda 2030, conjunto de 169 subdivididas em 17 ODS para promover um 
planeta mais sustentável até o ano de 2030, da ONU (Organização das Nações 
Unidas), segundo as Nações Unidas Brasil (2020). Esses ODS levam em conta fatores 
cruciais do desenvolvimento humano e são organizados em 5 áreas principais: 
Pessoas, Prosperidade, Planeta, Paz e Parcerias. A Figura 1 ilustra um esquema 
acerca dessas 5 áreas, conforme o Movimento Nacional ODS. 
18 
 
Figura 1 - Os 5P's da Sustentabilidade 
 
Fonte: Movimento Nacional ODS (2020). 
 
 
Os ODS relacionados diretamente à área de “Pessoas” buscam acabar 
com a pobreza e a fome, em todas as formas e dimensões, garantindo que todos os 
seres humanos possam realizar o potencial em dignidade e igualdade, em um 
ambiente saudável. Os ODS 1-Erradicação da Pobreza, 2-Erradicação da Fome, 3-
Saúde e bem-estar, 4-Educação de Qualidade e 5-Igualdade de gênero estão 
diretamente relacionados à subárea de “Pessoas”. Na figura 2, pode-se visualizar os 
17 ODS estabelecidos pela ONU. 
 
 
 
 
 
19 
 
Fonte: ONU (2020). 
 
Já os ODS que trabalham com a temática de “Prosperidade” são os 6-Água 
potável e saneamento, 7-Energia acessível e limpa,8-Trabalho decente e crescimento 
econômico, 9-Indústria, inovação e infraestrutura e 10-Redução das Desigualdades, 
focando em assegurar que todos os seres humanos possam desfrutar de uma vida 
próspera e plena realização pessoal, com progresso econômico, social e tecnológico 
em harmonia com a natureza. 
 Com a finalidade de proteger o planeta da degradação, sobretudopor 
meio do consumo e da produção sustentáveis da gestão sustentável e da produção 
sustentáveis, a subárea “Planeta” trabalha os ODS 11-Cidades e comunidades 
sustentáveis,12-Consumo e produção sustentáveis,13-Ação contra a mudança 
global,14-Vida na água e 15-Vida terrestre. 
 
 
 
Figura 2 - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 
20 
 
 Enfim, as subáreas de “Paz” e “Parcerias” são representadas, 
respectivamente, pelos ODS 16-Paz, justiça e instituições fortes e 17-Parcerias e 
meios de implementação, objetivando desenvolver ações que contemplem a 
promoção de sociedades pacíficas, justas e inclusivas e mobilizar os meios 
necessários para implementar a Agenda 2030, por meio de uma parceria global para 
o desenvolvimento sustentável. 
 Dessa forma, o empreendedorismo social desenvolve projetos de impacto 
orientados para contemplar metas e objetivos da Agenda 2030 de desenvolvimento 
sustentável, trabalhando a combinação desses ODS na construção de modelos de 
negócios sociais, estruturados a partir de metodologias do mundo dos negócios, tais 
como Matriz SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), Learning 
Canvas, 5W2H e Human Centered Design (HCD), tendo este último foco na criação 
de soluções nas quais a perspectiva humana é colocada em foco. 
2.2 Negócios de impacto social 
 
Empreendimentos sociais são explicados por Cruz da seguinte forma: “Os 
empreendedores sociais podem criar organizações da sociedade civil que se 
sustentam com doações ou que geram receita com produtos e serviços, como também 
negócios sociais que distribuem ou reinvestem os lucros" (Herrero,2013). Nesse 
contexto, segundo Limeira (2015), o campo do empreendedorismo social vem se 
expandindo mundialmente a partir da década de 1980 e inclui um conjunto 
diversificado de organizações da sociedade civil (OSC), negócios sociais (social 
business) ou empresas sociais (social enterprise), que podem ser lucrativas ou não, e 
cuja intencionalidade e missão organizacional é gerar impacto socioambiental. 
 Negócios sociais têm emergido cada vez mais do âmbito acadêmico a 
partir de iniciativas jovens que fomentam o empreendedorismo, a liderança e a 
sustentabilidade no meio universitário, tais como a Enactus e o MEJ (Movimento 
Empresa Júnior). Alguns exemplos de negócios sociais que têm origem acadêmica 
são as startups MoraDigna, Amana Katu e Safe Drinking Water for All (SDW), as quais 
desenvolvem trabalho de impacto social voltado, respectivamente, para o acesso à 
moradia digna, acesso à água potável na região amazônica e acesso à água potável 
em regiões do semiárido brasileiro. A ideia para o MoraDigna partiu de Matheus 
Cardoso, recém-egresso do curso de Engenharia Civil da Mackenzie, onde estudava 
21 
 
com bolsa integral do ProUni (Programa Universidade para Todos). A startup Amana 
Katu, inclusive, surgiu a partir de um projeto, de mesmo nome, egresso da Rede 
Enactus, desenvolvido por estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA). Já a 
SDW surgiu a partir da iniciativa de uma estudante da Universidade Federal da Bahia 
(UFBA), Anna Luísa Beserra, a qual também desenvolve trabalhos colaborativos com 
a Universidade Federal do Ceará (UFC) desde 2019. 
 De acordo com Yunus(2010), um dos patronos do empreendedorismo 
social no mundo, os negócios sociais são concebidos a partir das seguintes 
características: a)ter a missão de atender às demandas dos segmentos populacionais 
de baixa renda e mais vulneráveis; b) desenvolver e comercializar produtos e serviços 
ajustados a essas demandas sociais; c) gerar receita suficiente para cobrir as próprias 
despesas; d) reinvestir uma parte do excedente econômico na expansão do negócio, 
enquanto a outra parte é mantida como reserva para cobrir despesas inesperadas; e) 
ter investidores que não recebem lucros na forma de dividendos, mas podem receber 
de volta o investimento após um período. 
 Em 1976, Yunus criou o primeiro negócio social que opera com essas 
características, o Grameen Bank, que oferece microcrédito para a população da base 
da pirâmide econômica em Bangladesh. Na concepção do autor, aqueles indivíduos 
que conduzem negócios sociais são considerados empreendedores sociais, mas nem 
todos estes empreendem atividades dessa natureza, como é o caso das organizações 
da sociedade civil que dependem de filantropia. 
 Outra definição, proposta por Prahalad e Hart (2002) propõe que 
negócios sociais também podem ser caracterizados por fornecer produtos e/ou 
serviços de custo reduzido e de alta qualidade para as famílias situadas na base da 
pirâmide econômica. A população da base da pirâmide foi definida pelos autores como 
"quatro bilhões de pessoas no mundo que tem renda per capita inferior a US$ 1.500 
por ano, isto é, um poder aquisitivo (purchasing power parity) inferior a US$ 2 por dia". 
Yunus (2010), todavia, vai de encontro a essa definição de negócio social, 
por considerar que estas iniciativas priorizam o lucro em detrimento da geração de 
impacto socioambiental positivo, de modo a não respeitar o equilíbrio das metas 
indissociáveis do empreendedorismo social: geração de impacto social e de receita 
econômica. 
Comini (2012) define empreendimentos sociais como “organizações que 
visam solucionar problemas sociais com eficiência e sustentabilidade financeira por 
22 
 
meio de mecanismos de mercado", apresentando diferente nomenclaturas e 
definições para esse tipo de empreendimento: social (social enterprise), negócio social 
(social business) e negócio inclusivo (inclusive business). 
Este último, por sua vez, é definido por Comini (2012) como organizações 
que visam a solucionar problemas sociais com eficiência e sustentabilidade financeira, 
voltados à geração de oportunidades de emprego e renda para grupos com baixa 
mobilidade no mercado de trabalho, dentro dos padrões do chamado trabalho decente 
e de forma autossustentável, estabelecendo relações com organizações empresariais 
privadas tradicionais na condição de fornecedores ou distribuidores de seus produtos 
ou serviços. 
Nesse contexto, negócio inclusivo pode ser compreendido como um 
modelo de negócio voltado para inclusão socioeconômica de grupos sociais 
vulneráveis, tais como comunidades indígenas, quilombolas, jovens periféricos sem 
experiência profissional, mulheres de baixa qualificação profissional e indivíduos que 
se encontram na base da pirâmide econômica, no geral. Assim, apesar da diversidade 
e potencial ambiguidade dos termos associados a empreendimentos sociais, Young 
(2009) pontua a distinção entre negócios sociais e negócios inclusivos em relação ao 
formato clássica e tradicional de se desenvolver um negócio. 
 
2.3 A rede Enactus 
 
Integrando a ação de estudantes, professores e empresários, a rede 
Enactus é uma organização do Terceiro Setor que tem por objetivo desenvolver 
projetos de impacto com base nos ODS da ONU em comunidades vulneráveis, 
implementando ações que proporcionem o progresso de eixos ambientais, 
econômicos e sociais nessas comunidades por intermédio do empreendedorismo 
social. Estando presente em 37 países, o programa Enactus é desenvolvido em 
universidades, engajando jovens com propósito na mudança social. No Brasil, o 
programa Enactus opera com 200 projetos, 120 times e mais de vidas 77 mil vidas 
impactadas, tendo parcerias com empresas de renome internacional, dentre as quais 
Amanco Wavin, Sumitomo Chemical, KPMG e McDonald’s, às quais dão suporte aos 
projetos dos times por meio de editais de fomento, fornecendo aporte financeiro e 
23 
 
mentorias empresariais para os times selecionados. Na figura 3, é possível visualizar 
alguns resultados obtidos pelo Programa Enactus no Brasil no ciclo 2019-2020. 
 
 
Fonte: Relatório anual Enactus Brasil (2020). 
 
 O Time Enactus da Universidade Federal do Ceará começou a operar 
em março de 2017 com a missão de “melhorar a vida das pessoas desenvolvendoprojetos de impacto social com um time forte e sonhador”, contando com cerca de 10 
membros à época e com um apenas um projeto, ainda em fase de ideação, que tinha 
por objetivo criar uma plataforma de ensino e mentorias para alunos do ensino médio: 
o projeto CADE (Célula de Aprendizagem Disruptiva e Empreendedora). Atualmente, 
desenvolvem-se 4 projetos na Enactus UFC, trabalhando com comunidades e ODS 
distintos: Crânio Verde, Gestus, Maní e Ohana, contando com cerca de 45 membros 
das mais diversas áreas de formação, tais como Engenharia, Comunicação, 
Computação, Saúde e Ciências Humanas. 
 O projeto Crânio Verde nasceu da necessidade de fornecer um destino 
adequado ao coco verde descartado de forma incorreta na orla das praias da cidade 
de Fortaleza, uma vez que esse resíduo sólido, uma vez que o formato esférico e a 
densa carga de matéria orgânica dificultam a biodegradação deste, gerando impacto 
Figura 3 - Resultados do Programa Enactus no Brasil 
2020 
24 
 
ambiental negativo, sendo a casca do coco, que equivale a 80% do peso bruto deste, 
segundo a EMBRAPA (2004), o principal contribuinte para isso. Dessa forma, o projeto 
implementou, com o apoio do Instituto Semente das Artes, uma bacia de 
evapotranspiração (BET), comumente denominada de ecofossa ou fossa verde, que 
utiliza a casca do coco como material filtrante, substituindo parcialmente a brita nas 
camadas de preenchimento da fossa sustentável, reduzindo o custo de produção em 
cerca 70% e possibilitando menor risco de impacto ambiental negativo devido a 
implantação de fossas irregulares em comunidades para as quais a rede de esgoto 
integrada não é uma realidade. No momento, o projeto está construindo uma ecofossa 
piloto na localidade de Pacajus, Ceará, e trabalha diretamente com os ODS 6(Água 
potável e saneamento básico),8(Trabalho decente e crescimento econômico), 
11(Cidades e comunidades sustentáveis) e 12(Consumo e produção responsáveis). 
 Os projetos Gestus, por sua vez, tem por objetivo de ensinar LIBRAS 
(Língua Brasileira de Sinais) para crianças ouvintes por meio de recursos lúdicos, tais 
como o jogo digital de mesmo nome e jogos físicos adaptados para a LIBRAS (UNO, 
jogo da memória e dominó), sendo, assim com o Projeto Crânio Verde, semifinalista 
do Programa Centelha - CE, o qual visa a fomentar e investir em ideias inovadoras no 
meio empreendedor cearense, financiando a criação de novas Startups. Por 
desenvolver ações para o fortalecimento da educação inclusiva e acessível, o projeto 
emprega a ODS 4 (Educação de Qualidade), além das ODS 10 (Redução das 
Desigualdades) e 16 (Paz, Justiça e Instituições Fortes). 
Também trabalhando com o ODS 16, o projeto Ohana foca em fortalecer 
organizacionalmente ONGs cearenses por intermédio de consultorias voltadas para 
as áreas de finanças, marketing, planejamento de eventos e planejamento estratégico. 
Além disso, o projeto está desenvolvendo um aplicativo com a finalidade de mapear 
ONGs com as respectivas causas sociais, facilitando também o processo de doação 
e engajamento social em um formato gamificado análogo a redes sociais como 
instagram e facebook. 
 Por fim, o Projeto Maní atua no reaproveitamento da manipueira, resíduo 
tóxico oriundo na fase de prensagem da mandioca, visto que esse resíduo tóxico 
devido ao elevado teor de cianeto é um risco ambiental aos corpos hídricos, solo e 
vidas humanas da região. Apesar da toxicidade, se manejada da maneira correta, a 
manipueira pode ser convertida em subprodutos, tais como inseticidas, 
25 
 
biofertilizantes, sabão e molho de pimenta (EMBRAPA, 2011). Na figura 4, encontram-
se os logos representativas dos 4 projetos em execução do Time Enactus UFC. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal time Enactus UFC. 
 
 
Em vista disso, um Sistema de Tratamento de Manipueira está sendo 
desenvolvido em fase piloto na comunidade Curimatã, em Pacajus, em parceria com 
as empresas Amanco Wavin e Sumitomo Chemical. Esse sistema tem por objetivo 
tratar a manipueira produzida na casa de farinha, para que esta possa ser descartada 
de forma sustentável na natureza e reaproveitada para a produção de subprodutos 
para o complemento de renda dos beneficiários do projeto. Constituído de 4 tanques 
de decantação/sedimentação acoplados, o sistema tem por finalidades reduzir a 
concentração de cianeto na manipueira, por evaporação, visto que o ácido cianídrico 
é bastante volátil, e reter a parte sólida do resíduo (goma) por intermédio de processos 
de decantação e posterior filtração, utilizando coco e da areia como material filtrante. 
Sendo um projeto de extensão cadastrado na PREX/UFC (Pró-Reitoria de 
Extensão), a Enactus UFC trabalha com um vasto público comunitário e emprega 
conhecimentos do mundo acadêmico e empresarial alinhados para construir soluções 
Figura 4 - Projetos do Time Enactus UFC 
26 
 
criativas no contexto do empreendedorismo social e negócios de impacto. A figura 5 
refere-se a uma foto do lago de manipueira na comunidade Curimatã, um dos 
problemas os quais o projeto se propõe a atenuar. 
 
Fonte: Arquivo pessoal time Enactus UFC. 
2.4 Engenharia Popular 
 
O conceito de Engenharia Popular está diretamente relacionado à 
ressignificação do próprio conceito de Engenharia, ao passo que esta, ao longo da 
história, foi construída pelas elites e para as elites, sem necessariamente, aliar a 
inovação ao desenvolvimento social e econômico das populações menos abastadas 
(Bazzo, 2003; Dagnino e Novaes,2008; Riley, 2008). Em diversas regiões do globo, 
então, surgem diversas iniciativas voltadas a repensar e modelar o desenvolvimento 
humano, a partir da análise das realidades sociais de cada localidade, a exemplo dos 
Engenheiros sem Fronteiras e da Rede Enactus. O papel do Engenheiro, nesse 
Figura 5 - Lago de manipueira na comunidade Curimatã 
27 
 
contexto, é visto, segundo o livro “Engenharia Popular”, como uma aplicação direta do 
juramento da Engenharia e do código de ética da profissão: 
 
 
Juramento do Engenheiro: 
 
Prometo que, no cumprimento do meu dever de Engenheiro não me deixarei 
cegar pelo brilho excessivo da tecnologia, de forma a não me esquecer de 
que trabalho para o bem do Homem e não da máquina. Respeitarei a 
natureza, evitando projetar ou construir equipamentos que destruam o 
equilíbrio ecológico ou poluam, além de colocar todo o meu conhecimento 
científico a serviço do conforto e desenvolvimento da humanidade. Assim 
sendo, estarei em paz Comigo e com Deus. (Bitencourt, 2016). 
 
Código de ética do Engenheiro: 
 
Do objetivo da profissão: I) A profissão é bem social da humanidade e o 
profissional é o agente capaz de exercê-la, tendo como objetivos maiores a 
preservação e o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu 
ambiente e de seus valores. (Código de Ética Profissional da Engenharia, da 
Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia, 2014). 
 
Dessa forma, apropriando-se de preceitos da Engenharia Popular, é possível 
desenvolver sustentavelmente projetos de impactos em comunidades de 
vulnerabilidade, pensando, por exemplo, no escopo do projeto e na abordagem com 
a comunidade. Sendo assim, indica-se desenvolver um senso de pertencimento dos 
beneficiários em relação ao projeto, de modo a facilitar a comunicação interna e 
potencializar resultados positivos. Uma abordagem consagrada, nesse sentido, é o 
Human Centered Design (Design centrado no ser humano), o qual tem por objetivo a 
criação de soluções de forma orientada à problemática e ao ponto de vista dos 
indivíduos envolvidos na situação, neste caso, os beneficiários (Cooley, 1999). 
 
 
 
 
28 
 
3 METODOLOGIA 
 
O fluxograma na figura 6 resume as etapas metodológicas deste trabalho: 
 
Figura 6 - Fluxograma da Metodologia 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
 
29 
 
 
A metodologia empregada neste trabalho configurou-se como, inicialmente, 
prospecção de comunidades produtoras de farinhade mandioca e pesquisa 
bibliográfica acerca de potenciais soluções sustentáveis para o manejo da manipueira 
no contexto das casas de farinha, utilizando, dentre outros materiais, o Manual de 
aproveitamento sustentável da Rama da Mandioca e da Manipueira, idealizado pelo 
SEBRAE (2020). A comunidade escolhida foi a comunidade Curimatã por motivos de 
aproximação e laços já estabelecidos entre lideranças da comunidade e membros do 
projeto, o que facilitaria a comunicação e atividade do projeto, apesar da distância em 
relação à Fortaleza:53,7 Km, aproximadamente, como consta na figura 7. 
 
Figura 7 - Distância entre as cidades de Fortaleza e Pacajus 
Fonte: Google Maps (2021). 
 
 
Então, encontrou-se dois possíveis caminhos aplicáveis para que a 
manipueira fosse tratada e reaproveitada ainda dentro da comunidade curimatã: 1. 
sistema de tratamento da manipueira, que possibilitaria a conversão desse resíduo 
em subprodutos comercializáveis, tais como o molho de pimenta; 2. biodigestor de 
manipueira, que converteria esse resíduo em gás de cozinha para atividades nos 
quais esse insumo é necessário. A partir da análise de viabilidade, junto do time do 
30 
 
Projeto Maní com participação direta dos beneficiários da comunidade, e da 
consagração do projeto pelo Edital da parceria Enactus-Sumitomo Chemical, avaliou-
se o sistema de tratamento como estratégia de maior viabilidade, por possibilitar a 
conversão da manipueira em um maior número de subprodutos, de modo a trazer 
maior retorno financeiro para a comunidade, o que não seria possível a partir do 
principal subproduto da manipueira oriundo do biodigestor, o gás de cozinha. 
A partir desse contexto, construiu-se um modelo de negócios do Projeto, 
com base em ferramentas como Análise SWOT e Learning Canvas visando à 
sustentabilidade financeira do projeto. 
Analisou-se, por conseguinte, a necessidade de iniciar-se a produção de 
um dos subprodutos da manipueira. Após pesquisas bibliográficas e visitas a outras 
comunidades produtoras de farinha, encontrou-se, em uma Beijuaria localizada no 
bairro José Walter, um produtor de molho de pimenta a partir desse resíduo, que 
serviu como inspiração para a produção do molho de pimenta oriundo da comunidade 
Curimatã: o molho da Vó Maria, em homenagem à matriarca da comunidade em 
Pacajus. 
O projeto foi finalista do Prêmio Sumitomo de Consciência e Ética no 
Agronegócio, o que possibilitou o início da construção do STM, com a devida 
autorização da comunidade, em Pacajus. Assim, calcularam-se as tensões mecânicas 
estimadas para o projeto do STM, financiado pelas empresas Sumitomo Chemical e 
Amanco Wavin, por meio, respectivamente, dos Editais de Consciência e Ética e de 
Inovação Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
4.1 Modelo de negócios 
 
Elaborou-se, colaborativamente, utilizando-se as metodologias Análise 
SWOT e Learning Canvas, um modelo de negócio para o projeto Maní, como descrito 
nas figuras 7 e 8. 
4.1.1 Learning Canvas 
 
O Business Model Canvas é uma ferramenta utilizada por empreendedores 
no auxílio à criação e à manutenção de um modelo de negócios. Dessa forma, essa 
ferramenta também pode ser adaptada a projetos ou negócios sociais, de modo a 
permitir uma melhor correlação entre recursos, atividades e impactos. O modelo 
construído pelo projeto maní encontra-se na Figura 8(Para melhor visualização, ver o 
Apêndice A). 
 
 
Fonte: Elaborado pelo autor (2021). 
Figura 8 - Learning Canvas do Projeto Maní 
32 
 
Nesse sentido, o businees model canvas usualmente empregado no mundo 
dos negócios, pode ser adaptado para negócios de impacto social, seguindo a 
seguinte estruturação: 
a) Propostas de valor: Que tipo de valor o negócio social pretender criar? Como o 
empreendedor pensa melhorar a vida das pessoas? 
b) Stakeholders (partes interessadas no projeto): 
Beneficiários e clientes: Para quem está criando valor? 
Influenciadores: Quem está apoiando o seu negócio? 
Fornecedores/Contribuintes: Para quem está atraindo recursos? 
Competidores: Quem está em competição com sua empresa? 
c) Relacionamentos: Que tipo de relação cada stakeholders queria ter com a 
empresa? De que tipo de informação eles precisam? Qual seria a frequência 
das interações com cada tipo de stakeholders? 
d) Canais: Como os bens e serviços da empresa social devem ser distribuídos? 
Através de quais canais seus clientes, beneficiários, parceiros e fornecedores 
podem ser atingidos? 
e) Fontes de recursos: Como os recursos podem ser adquiridos pela empresa? 
Qual é o valor que os clientes são dispostos a pagar? Eles vão pagar com 
capital, informação, trabalho ou outros itens? De que outras fontes vem os 
recursos? 
f) Recursos principais: De quais recursos financeiro, trabalhista, intelectual, 
natural, social ou físico o empreendedor precisa? 
g) Atividades principais: Quais principais atividades são requeridas pelas 
propostas de valor da empresa? Pelos canais de distribuição e de 
comunicação? Pelas fontes de recursos? 
A metodologia Learning Canvas é usualmente empregada por 
microempreendedores que estão buscando entender melhor o funcionamento 
sistêmico do empreendimento (SEBRAE, 2020). No que tange ao contexto do 
33 
 
empreendedorismo social, essa técnica pode ser adaptada, como exposto neste 
trabalho, para obter respostas e promover a reflexão acerca do projeto/negócio social. 
Dessa forma, o Learning Canvas auxilia na construção de modelo de 
negócios inovadores, possibilitando ao projetista/empreendedor repensar sobre ideias 
de negócios outrora consideras sólidas e imutáveis. Em relação ao projeto Maní, esse 
método permitiu que o time de projeto estabelecesse atividades fundamentais para o 
sucesso do projeto, pensando na proposta de valor, ou seja, aquilo que torna o projeto 
único e inovador. Além disso, foi possível visualizar que o projeto necessita investir 
em uma fonte de receita, tal como venda direta, para não depender unicamente do 
fomento por editais de empresas parceiras, com o intuito de atingir a sustentabilidade 
financeira. Outro ponto interessante obtido a partir do Learning Canvas foi a análise 
dos possíveis segmentos de clientes, os quais, além dos consumidores diretos e 
indiretos do molho de pimenta, foram considerados os possíveis interessados na 
compra e implementação do STM nas respectivas comunidades: pequenos e médios 
produtores de farinha, em esquemas de doação para os primeiros e de compra direta 
ou indireta para os segundos, seguindo critérios qualitativos de renda, índice de 
produção e área do terreno. 
Em vista disso, além de permitir visualizar parcerias estratégicas do projeto 
como a Universidade e as associações de produtores de farinha, foi possível fazer o 
levantamento qualitativo da estrutura de custos geral do projeto, que envolve, por 
exemplo, embalagens e ingredientes para a produção do molho de pimenta e 
materiais de construção para o projeto do STM. 
 
4.1.2 Análise SWOT 
 
Assim como o Learning Canvas, outras metodologias comuns ao mundo 
dos negócios, tais como a matriz SWOT ou análise SWOT, podem ser aplicáveis no 
contexto de projetos de impacto social. Segundo a Enactus Brasil(2020), no manual 
de submissão da Trilha Empreendedora, a análise SWOT consiste na construção de 
um diagrama compartilhado pelo grupo para compreender de forma mais otimizada 4 
principais pontos no que tange à organização do projeto: Strength (Força), Weakness 
(Fraqueza), que dizem respeito a características de cunho interno, Threat (Ameaça) e 
Opportunities (Oportunidades), que dizem respeito a características de cunho externo. 
34 
 
Sendo assim, a análise SWOT se propõe a diagnosticar forças e fraquezas internas, 
ao mesmo tempo que analisa ameaças e oportunidades externas de um projeto ou 
negócio social. 
As forças internas de um projeto referem-se a tudo aquilo que potencializa 
as ações desenvolvidaspor este, tais como pessoas, habilidades e conhecimento. 
Além disso, fraquezas internas relacionam-se a pontos negativos internos que 
dificultam a realização das atividades propostas pelo time. Entende-se por fraqueza: 
falta de conhecimentos necessários, rotatividade dos membros, conflitos internos 
entre outras dificuldades internas. 
Enquanto isso, oportunidades externas são aquelas inseridas no âmbito do 
projeto que facilitam e otimizam a execução das atividades deste, como facilidade de 
acesso a algum recurso, mentores, conexões, leis de incentivo, organizações que 
possam apoiar o projeto, entre outras. Enfim, ameaças externas se relacionam 
àquelas que podem dificultar a atuação do projeto, dentre as quais taxas e custos que 
possam aumentar os gastos, distância geográfica e falta de mercado para o produto 
ou serviço. Uma proposta de análise SWOT feita para o projeto encontra-se na Figura 
9. Para melhor visualização, veja o Apêndice B. 
 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
Assim como a metodologia Learning Canvas, a Análise SWOT permite ao 
empreendedor ressignificar a construção do modelo de negócios, ao encarar pontos 
Figura 9 - Análise SWOT do projeto Maní 
35 
 
como forças e fraquezas (internas) e ameaças e oportunidades(externas). Dessa 
forma, o manual de submissão da Trilha Empreendedora (Enactus Brasil, 2020), 
fomenta a importância da aplicação da Análise SWOT na construção dos próprios 
projetos Enactus, em todos os níveis (Insights, Implementação, Impacto, Ignição), 
sendo, inclusive, um item de preenchimento obrigatório, na Trilha Empreendedora, 
para projetos no terceiro nível de maturidade (impacto). 
No que tange aos resultados da Análise SWOT, vale ressaltar os principais 
pontos fortes do projeto, como time engajado e BAB (Business Advisory Board) ativos, 
e as principais fraquezas, tais como logística de visita dificultosa, visto que a 
comunidade se encontra a aproximadamente 55 Km de Fortaleza, e sustentabilidade 
financeira deficitário, uma vez que grande parcela do projeto depende financeiramente 
de editais de fomento, o que destaca ainda mais a necessidade de consolidar a 
produção e o sistema de vendas dos subprodutos da manipueira, dentre os quais o 
molho de pimenta, a fim de gerar receita para o projeto. 
 
4.2 Análise da água do poço 
 
Com o apoio da NUTEC (Núcleo de Tecnologia e Qualidade Industrial do 
Ceará), realizou-se a análise química da água proveniente dos poços da comunidade, 
com o objetivo de analisar se eventuais contaminantes provenientes da manipueira 
presente no “lago de manipueira” no centro da comunidade não havia atingido o 
abastecimento aquífero dos beneficiários da casa de farinha. A seguir, consta os 
resultados obtidos a partir da análise na Tabela 1: 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
Tabela 1 - Resultados médios da análise de água de poço 
PARÂMETROS 
 
UNIDADES AMOSTRA 
CONAMA 
N° 396/08 
Alcalinidade total mg L-1 [CaCO3-] 170 * 
Bicarbonatos mg L-1 [CaCO3-] 170 * 
Carbonatos mg L-1 [CaCO3-] ≤ LQ * 
Hidróxidos mg L-1 [OH-] ≤ LQ * 
Dureza total mg L-1 [CaCO3] 661,6 ≤ 500,0 
Cálcio mg L-1 [Ca2+] 152,56 * 
Cloretos mg L-1 [Cl-] 105,2 ≤ 250,0 
pH a 25ºC - 6,79 6,0 a 9,5 
Condutividade mS.cm-1 2.005 * 
Cloro Residual - ≤ LQ ≤ 0,01 
Turbidez NTU 0,10 ≤100 
CO2 mg L-1 [CaCO3] 156,0 * 
Fluoreto mg L-1 0,207 ≤ 1,4 
Fósforo - ≤ LQ ≤ 0,05 
OD mg L-1 15,2 * 
STD mg L-1 1.303.250 ≤ 1000 
Cor Pt-Co 1,9 * 
Nitrogênio Amoniacal 
 
mg L-1 ≤ LQ * 
* Valor não definido 
LQ – Limite de Quantificação 
Fonte: Nutec (2019). 
 
Segundo os limites de quantificação do CONAMA (Conselho Nacional do 
Meio Ambiente), a amostra de água proveniente do poço da comunidade pode ser 
classificada como “água dura” por conter valor de concentração mgCaCO3L-1 superior 
ao máximo permitido. Ademais, a água tem valor de STD (Sólidos Totais Dissolvidos) 
muito além do especificado pela norma CONAMA Nº 396/08 e pela Portaria Nº2.914 
de 2011 do Ministério da Saúde (STD<1000 mg/L), o que classifica a água como não 
própria para o consumo humano (não potável). 
Os STD correspondem ao peso total de minerais constituintes na água, por 
unidade de volume (Mestrinho, 2013). Outro parâmetro relevante na análise qualitativa 
de águas é a condutividade, que pode ser definida como a capacidade de transmitir 
corrente elétrica através de substâncias dissolvidas. Nesse sentido, a condutividade 
da água também está além do ideal para águas potáveis (>1000 μS/cm), segundo 
Mendes e Oliveira (2004). 
37 
 
4.3 Etapas do STM 
 
O STM, desenvolvido pelo projeto Maní, a partir do suporte financeiro das 
empresas Amanco Wavin e Sumitomo Chemical, consiste em 4 etapas principais: 
tanque de armazenamento, tanque de decantação, filtro de areia e filtro de coco. Para 
a construção do STM, elaborou-se cálculos relacionados à tensão mecânica e 
construiu-se um modelo 3D (figura 10). O modelo 3D foi elaborado com o objetivo de 
ter uma perspectiva de como seria construído o STM, de modo a compartilhar com a 
comunidade e com investidores no projeto. Nesse âmbito, o modelo 3D, ainda, visa a 
facilitar o entendimento da comunidade acerca do funcionamento do sistema, uma vez 
que esta é a responsável pelo autogerenciamento do STM. 
Os cálculos de tensão mecânica foram executados com o intuito de obter 
valores médios sobre o quanto o fundo das caixas d´água utilizadas como tanques 
suportariam em relação às tensões geradas totais sobre o piso a ser construído sob o 
reservatório. Esses cálculos, então, foram necessários porque uma base deve ser 
construída, de cimento, concreto ou materiais similares, a fim de apoiar os tanques, 
que não devem ser enterrados diretamente sob à terra, por recomendação do Manual 
de Normas Técnica Fortlev (2021), seguindo procedimentos de instalação conforme 
Norma NBR 14800 e NBR 5626 da ABNT. 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2021). 
 
Figura 10 - Projeto do STM 
38 
 
4.3.1 Tanque de armazenamento 
 
Nesta etapa, a manipueira será armazenada, para posterior tratamento em 
descanso por decantação, de modo que a partir sólida se depositará ao fundo do 
tanque, e para o processo de evaporação de HCN. Esta etapa se faz necessária, visto 
que nem sempre o tempo climático estará ensolarado, facilitando o processo de 
evaporação desse ácido. Assim, quando o tempo estiver favorável, ou seja, 
ensolarado e quente, a manipueira seguirá para a etapa seguinte: tanque de 
decantação. 
As equações 1, 2 e 3 empregadas no cálculo de tensão para o tanque de 
armazenamento estão dispostas a seguir: 
 𝑀𝑚 = 𝑉 𝜌𝑚 (1) 
 𝑃𝑡 = (𝑀𝑚 + 𝑀𝑐)𝑔 (2) 
 𝑇𝐴 = 𝑃𝑡𝐴𝑖 (3) 
 
As dimensões dos 4 tanques (caixas d´águas) estão na Tabela 2: 
 
 
Tabela 2 - Dimensões dos tanques 
Volume (V) 1000 L 
Altura (h) 0,90 m 
Diâmetro inferior (Di) 1,30 m 
Diâmetro superior (Ds) 1,49 m 
Massa (M) 18,00 kg 
Área inferior (Ai) 1,33 m² 
Área superior (As) 1,73 m² 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
Para os cálculos das tensões mecânicas foram feitas as seguintes 
considerações na Tabelas 3, para os cálculos de tensão nos tanques: 
 
 
 
39 
 
Tabela 3 - Considerações para os cálculos de tensão mecânica nos tanques 
Densidade estimada da manipueira* (ρm) 0,99 g/cm³ 
Aceleração da gravidade (g) 9,81 m/s² 
Densidade estimada da casca do coco (ρc) 0,13 g/cm³ 
Densidade estimada da areia (ρa) 1,80 g/cm³ 
Densidade estimada da brita (ρb) 1,70 g/cm³ 
Densidade estimada dotijolo (ρt) 1,40 g/cm³ 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
As considerações em relação à densidade da manipueira foram feitas com 
base na análise de Cardoso Pinho et al (2015). Já as considerações acerca das 
densidades de casca de coco, areia, brita e tijolo (necessárias para os cálculos de 
tensão dos tanques contendo filtro de areia e de coco) foram feitas por Cardoso e 
Gonçalez (2016), com o auxílio de informações da empresa Operaction (2021). 
Para Na Tabela 4, encontram-se os resultados dos cálculos de tensão 
mecânica para esta etapa do STM. 
 
 
Tabela 4 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque de armazenamento 
Massa da manipueira (Mm) = V*ρm 990,00 kg 
Massa da caixa 18,00 kg 
Peso total (Pt) = (Mm+Mc)*g 9888,48 N 
Tensão = Pt/Ai 7459,46 Pa 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
4.3.2 Tanque de decantação 
 
Nesta etapa a manipueira será posta em descanso, a fim de separar as 
fases da mistura. Dessa forma, a fase sólida da manipueira (goma) se depositará ao 
fundo do tanque, enquanto, a condições climáticas favoráveis (clima quente), o HCN 
sairá da mistura por evaporação. 
As equações 4, 5 e 6 empregadas no cálculo de tensão para o tanque de 
armazenamento estão dispostas a seguir: 
 𝑀𝑚 = 𝑉 𝜌𝑚 (4) 
 
40 
 𝑃𝑡 = (𝑀𝑚 + 𝑀𝑐)𝑔 (5) 
 
 𝑇𝐷 = 𝑃𝑡𝐴𝑖 (6) 
 
 
Na Tabela 5, encontram-se os resultados dos cálculos de tensão mecânica 
para esta etapa do STM. 
 
Tabela 5 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque de decantação 
Massa da manipueira (Mm) = V*ρm 990,00 kg 
Massa da caixa 18,00 kg 
Peso total (Pt) = (Mm+Mc)*g 9888,48 N 
Tensão = Pt/Ai 7459,46 Pa 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
4.3.3 Filtro de coco 
 
Por ter propriedades filtrantes muito favoráveis, além de ser biodegradável 
e de fácil manuseio, o filtro anaeróbio utilizando casca de coco verde tem por objetivo 
purificação e retenção de potenciais contaminantes no resíduo oriundo do tanque de 
decantação, ou seja, restos de sólidos e/ou partículas menores. 
Para os cálculos das tensões mecânicas foram feitas as seguintes 
especificações em relação aos cálculos de tensão nos tanques com filtro de coco e 
de areia na Tabela 6: 
 
Tabela 6 - Especificações para o cálculo de tensão mecânica nos tanques de filtro 
de coco e de areia 
Altura da camada de brita 0,30 m 
Altura da camada de areia 0,50 m 
Altura da camada de coco 0,20 m 
Altura da camada de tijolo 0,11 m 
Altura da manipueira aplicada ao filtro de areia 0,15 m 
Altura da manipueira aplicada ao filtro de coco 0,31 m 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
 
41 
 
As equações 7,8,9,10 e 11 empregadas no cálculo de tensão para o tanque 
com filtro de coco estão dispostas a seguir: 𝑀𝑚 = 𝑉 𝜌𝑚 (7) 
 
 𝑀𝑡 = 𝑉𝑡 𝜌𝑡 (8) 
 
 𝑀𝑐𝑜 = 𝑉𝑐𝑜 𝜌𝑐𝑜 (9) 
 
 𝑃𝑡 = (𝑀𝑚 + 𝑀𝑐𝑜 + 𝑀𝑐 + 𝑀𝑡)𝑔 (10) 
 
 𝑇𝐹𝐶 = 𝑃𝑡𝐴𝑖 (11) 
 
 
Na Tabela 7, encontram-se os resultados dos cálculos de tensão mecânica 
para esta etapa do STM. 
 
 
Tabela 7 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque com filtro de coco 
Volume ocupado pelo coco (Vc) 307,72 dm³ 
Volume ocupado pelos tijolos (Vt) 166,63 dm³ 
Volume ocupado pela manipueira 474,35 dm³ 
Massa do coco = ρc*Vc 40,00 kg 
Massa dos tijolos = ρt*Vt 233,28 kg 
Massa da manipueira = Vm*ρm 469,61 kg 
Massa da caixa 18,00 kg 
Peso total (Pt) = (M+Mm+Mc+Mt)*g 7464,35 N 
Tensão = Pt/Ai 5744,02 Pa 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
 
Para a manutenção do filtro em questão, faz-se necessário a remoção 
periódica do lodo, a cada 2 ou 3 anos, o qual deverá ser enviado para uma estação 
de tratamento própria ou gerenciado pela própria comunidade passando por um leito 
de secagem e depois compostagem, com o objetivo de aproveitamento do lodo no 
solo. Na figura 11, encontra-se um esquema do filtro. 
 
42 
 
 
Figura 11 - Esquema do filtro de coco 
 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
4.3.4 Filtro de areia 
 
O filtro de areia foi construído, a fim de se reduzir a quantidade de resíduos 
sólidos (goma) provenientes de outras etapas do tratamento da manipueira. A 
montagem do filtro aeróbio de areia será feita conforme a figura 12: 
 
 
43 
 
Figura 12 - Esquema do filtro de areia 
 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
 
O filtro deve seguir as seguintes etapas de construção: 
A) O tubo de aeração será posicionado no fundo com furos de 8 cm de distância 
de 0,4 cm de tamanho; 
 
B) A brita será adicionada com profundidade de 8 cm, partindo do fundo do tanque; 
 
C) Será adicionada uma camada suporte com brita 1 com profundidade de 4 cm; 
 
D) Será coberta a primeira camada com uma tela sombrite; 
 
E) Será adicionada a camada de areia com profundidades de 39 cm; 
 
F) Será colocada uma placa de madeira ou concreto para distribuição de 20cm de 
comprimento no centro do tanque; 
 
44 
 
G) Será tampada a caixa (tanque). 
 
As equações 12,13,14 e 15 empregadas no cálculo de tensão para o 
tanque com filtro de areia estão dispostas a seguir: 𝑀𝑚 = 𝑉 𝜌𝑚 (12) 
 
 𝑀𝑏 = 𝑉𝑏 𝜌𝑏 (13) 
 
 𝑀𝑎 = 𝑉𝑎 𝜌𝑎 (14) 
 
 𝑃𝑡 = (𝑀𝑚 + 𝑀𝑐 + 𝑀𝑎 + 𝑀𝑏)𝑔 (15) 
 
 
Na Tabela 8, encontram-se os resultados dos cálculos de tensão mecânica 
para esta etapa do STM. 
 
Tabela 8 - Cálculo da tensão mecânica para o tanque com filtro de areia 
Filtro de areia 
Volume ocupado pela brita (Vb) [dm³] 461,58 
Volume ocupado pela areia (Va) [dm³] 769,30 
Volume ocupado pela manipueira (Vm) 
[dm³] 230,79 
Massa da manipueira (Mm) = Vm*ρm [kg] 990,00 
Massa da caixa [kg] 18,00 
Massa da brita = ρb*Vb [kg] 784,69 
Massa da areia = ρa*Va [kg] 1384,74 
Peso total (Pt) = (Mm+Mc+Ma+Mb)*g [N] 31170,59 
Tensão = Pt/Ai [Pa] 23986,60 
Fonte: Arquivo pessoal da Enactus UFC (2020). 
 
 
 
 
 
 
45 
 
4.3 Molho de pimenta da Vó Maria 
 
A partir do resíduo tratado pelo STM, é possível continuar a produção do 
molho de pimenta da Vó Maria, nomeado em homenagem à matriarca da comunidade 
Curimatã (a Dona Maria). O molho é produzido a partir da manipueira, que é fervida e 
posta para descanso, a fim de eliminar possíveis agentes infecciosos ou 
contaminantes, além de favorecer a evaporação do HCN. Além disso, utiliza-se 
ingredientes tais como pimenta (a gosto), vinagre, alho, óleo e cebola, que colaboram 
como sabor do produto final. Anteriormente à pandemia, o custo para a produção de 
um molho de pimenta desses era cerca de R$5,00/375 ml, chegando a ser vendido 
por até R$10,00. Nesse sentindo, estimando uma renda média dos beneficiários da 
casa de farinho sendo de R$800,00/mês, espera-se complementar a renda destes em 
cerca de 12,5% após a estruturação de um sistema sólido de vendas para o molho de 
pimenta e outros subprodutos da manipueira. Um dos rótulos desenvolvidos para o 
molho, encontra-se na figura 13. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2020). 
 
 
 
Figura 13 - Rótulo do molho de pimenta da Vó Maria 
46 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Considerando os objetivos propostos para o trabalho, conseguiu-se atingir 
grande parte destes. Alguns sendo inviabilizados por conta da pandemia de Covid-19, 
que dificultou ainda mais o acesso físico à comunidade e aos laboratórios de testes. 
Nesse sentido, a inicialização do processo de construção do STM foi possível, apesar 
das restrições, seguindo as medidas sanitárias cabíveis. Para trabalhos futuros, após 
a construção da planta piloto do projeto do STM, avaliar a eficiência deste por meio 
de análises laboratoriais utilizando-se métodos analíticos que mostrem a variação do 
cianeto na amostra, assim como a redução no grau de sólidos suspensos na mistura 
do resíduo. 
Além disso, espera-se a consolidação de um sistema de vendas de pelo 
menos um subproduto da manipueira, tal como o molho de pimenta, e avaliar o 
impacto ambiental positivo no solo e nos corpos hídricos da região de Curimatã ao 
impedir que a manipueira seja incorretamente despejada ao ar livre. Dessa forma, a 
expectativa inicial é que o projeto consiga elevar em cerca de 12,5% a renda mensal 
dos beneficiários da casa de farinha, ao comercializar os subprodutos convertidos a 
partir da manipueira tratada pelo STM. O Apêndice C detalha informações acerca de 
atividades-chave e perspectivas futuras da implementação do STM na comunidade 
Curimatã, relacionando aspectos tais como gestão de escopo e partes interessadas 
(stakeholders), gestão de riscos, cronograma, orçamento e construção. 
Em suma, este trabalho teve conclusões bastantes relevantes no que se 
refere a dados como os de amostragem da água de poço, tendo em vista que esta, 
em decorrência de níveis inadequados de STD, dureza e condutividade, foi 
classificada como inadequada para consumo humano (não-potável). Dessa forma, 
faz-se necessário realizar outra coleta de água na comunidade, para comparar os 
resultados em duplicata ou triplicata. 
Considerando os objetivos gerais, este trabalho conseguiu unir conceitos 
das áreas de Engenharia Popular e Empreendedorismo Social, para desenvolver 
análises pertinentes do impacto positivo, nos eixos ambiental, econômico e social, do 
Projeto Maní na comunidade Curimatã, em Pacajus. Dessa forma, aplicando 
diretamente os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na resolução de uma 
problemática ambiental (resíduo da manipueira), favorecendo, simultaneamente, o 
47 
 
trabalho digno e crescimento econômico na comunidade, a fim de desenvolver uma 
microeconomia sustentável. 
Para trabalhos futuros, sugere-se investigar, por meio de análises 
laboratoriais, o nível de qualidade da água do poço da comunidade, inclusive para o 
índice de concentração de cianeto (para avaliar possível envenenamento por 
infiltração da manipueira no solo), comparando também a amostras de comunidades 
vizinhas, na cidade de Pacajus. Além disso, para completude de dados sobre o devido 
funcionamento do STM, faz-se necessário, a avaliação da eficiência do STM, por meio 
da análise de sólidos totais dissolvidos e não-dissolvidos na amostra tratada, além da 
concentração de ácido cianídrico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
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APÊNDICE A – LEARNING CANVAS – PROJETO MANÍ 
 
Fonte: Elaborado pelo autor (2021). 
53 
 
APÊNDICE B – ANÁLISE SWOT – PROJETO MANÍ 
 
Fonte: Elaborado pelo autor (2021). 
54 
 
APÊNDICE C – PERSPECTIVAS FUTURAS – PROJETO MANÍ 
 
Fonte: Arquivo pessoal do Time Enactus UFC (2021).

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