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FANOR | Devry Brasil CURSO DE GRADUAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA FRANCESCA DE LIMA MARTINS CAMPANHA DE REPOSICIONAMENTO DA MARCA APATA - ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS ANIMAIS PARA TRATAMENTO E ADOÇÃO FORTALEZA-CE JUNHO/2016 FRANCESCA DE LIMA MARTINS CAMPANHA DE REPOSICIONAMENTO PARA A ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS ANIMAIS PARA TRATAMENTO E ADOÇÃO - APATA Projeto experimental apresentado ao curso de Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, da Fanor | Devry Brasil como requisito para obtenção do título de bacharel. Orientadora: Profa. Ms. Talita Garcez Guimarães. FORTALEZA-CE JUNHO/2016 Martins, Francesca de Lima. Campanha de reposicionamento da marca Apata - Associação Protetora dos Animais para tratamento e adoção / Francesca de Lima Martins, 2016 124 f. : il. color. Orientadora: Talita Garcez Guimarães Projeto Experimental(Graduação) apresentado ao curso de Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, da Fanor | Devry Brasil, Fortaleza, 2016. 1. 1. ONG. 2. Animais abandonados. 3. Reposicionamento. 4. Propaganda. 5. APATA. I. Fanor | Devry Brasil. Comunicação Social. II. Título. FRANCESCA DE LIMA MARTINS CAMPANHA DE REPOSICIONAMENTO PARA A ASSOCIAÇÃO PROTETORA DOS ANIMAIS PARA TRATAMENTO E ADOÇÃO - APATA Projeto Experimental de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda, da Fanor | Devry Brasil como requisito para obtenção do título de bacharel, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores abaixo. Aprovada dia: 28 de junho de 2016. BANCA EXAMINADORA ______________________________________ Profª. Ms. Talita Garcez Guimarães Orientadora - Fanor | Devry Brasil ______________________________________ Profª. Ms. Cristina Gomes Freire 1º Examinadora - Fanor | Devry Brasil ______________________________________ Prof. Ms. Edmilson Forte Miranda Júnior 2º Examinador - Fanor | Devry Brasil “A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pelo modo como seus animais são tratados” (Mahatma Gandhi, líder pacifista indiano). AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, por sua graça infinita e seu amor transbordante. Agradeço a Ele por minha evolução espiritual, moral e intelectual. Como a bíblia cita em Salmos 18:32: "Ele é o Deus que me reveste de força e torna perfeito o meu caminho”. Agradeço ao meu irmão Fábio pelo apoio e aos meus pais, Luiz e Carmem, exemplos de dedicação e força, que muitas vezes renunciaram aos seus próprios sonhos para que eu pudesse realizar os meus. Papai, muito obrigada por me incentivar e por me ajudar na jornada de conclusão do meu curso. Agradeço aos meus bichos de estimação que alegram a minha casa, Ariel e Simba. Obrigada também aos peludinhos Zelda, Cherry, Fofinha, Teluz, Pirrôta e Link, que me fizeram compreender todo o amor e zelo envolvido no resgate, cuidado e proteção animal. Agradeço aos meus colegas de classe e com certeza futuros excelentes profissionais. Em especial aos meus amigos, Poliana Corrêa, Marília Nunes, Luciene Alves, Jader Oliveira, Tiago Nunes, Paulo Ricardo e Jorge Marques, que contribuíram de alguma forma e somaram conhecimentos comigo na conclusão deste trabalho. Agradeço à minha querida e amável orientadora, Talita Guimarães. Sou imensamente grata por toda paciência e compreensão, obrigada pelos ensinamentos transmitidos ao longo da execução deste trabalho, pelos conselhos e por todo carinho dedicado a mim durante este período. Agradeço a todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação. Muito obrigada. RESUMO Este trabalho é um projeto publicitário experimental de reposicionamento da marca APATA - Associação Protetora dos Animais para Tratamento e Adoção. Para isso, foi realizado, por meio de entrevista e pesquisa bibliográfica e documental, um embasamento teórico para construção do cenário atual do Terceiro Setor e condições das ONGs de proteção animal, como também foram investigadas questões como a guarda responsável, bem-estar animal e zoonozes. Além do embasamento teórico, a fim de desenvolver uma propaganda eficiente, foi feito um Briefing contendo informações completas em relação ao cliente APATA; bem como uma entrevista não estruturada realizada com um questionário de perguntas abertas com Gisele Oliveira, administradora da ONG APATA e uma entrevista com o público alvo da organização. A partir da coleta dessas informações, foi elaborada uma campanha que teve como conceito o amor envolvido na adoção e/ou apadrinhamento de um animal carente. Foram analisados também os ambientes internos e externos da organização e o mercado no qual esta se encontra inserida. Foram definidos objetivos e traçadas estratégias que culminaram numa campanha publicitária de tom lúdico e emocional, cujo tema é #umamorpratodavida. O propósito deste projeto é possibilitar à ONG a obtenção de uma comunicação desenvolvida de forma voluntária, que possibilite à organização solucionar o seu problema de comunicação e se reposicionar no mercado como uma ONG organizada, de credibilidade e reconhecida por atuar em respeito à vida animal. O trabalho é concluído com a exposição das peças, que servem como principais ferramentas para divulgação da campanha. Palavras-chave: ONG; Animais Abandonados; Reposicionamento; Propaganda; APATA. ABSTRACT This work is an experimental advertising project of repositioning of the brand APATA - Protective Association of Animals Care and Adoption. For this, it was conducted by interview and bibliographical and documentary research, a theoretical foundation for construction of the current situation of the Third Sector and conditions of animal protection NGOs, it were also investigated issues as responsible ownership, animal welfare and zoonotic infectious diseases. Besides the theoretical foundation in order to develop an efficient advertising, it was made a briefing with complete information about the customer APATA; and an unstructured interview conducted with a questionnaire of open questions with Gisele Oliveira, manager of APATA NGO, and an interview with the target audience of the organization. From the collection of the information, a campaign that has as concept the love involved in the adoption and/or sponsoring a needy animal was drafted. It was also analyzed the internal and external environments of the organization and the market in which it is inserted. The objectives were defined and outlined strategies that culminated in an advertising campaign with playful and emotional tone, whose subject is “a love for all life” (in Portuguese, #umamorpratodavida). The purpose of this project is to make possible the NGO to obtain a developed communication voluntarily, which allows the organization to solve its problem of communication and reposition itself in the market as an organized NGO, credible and recognized for acting in respect to animal life. The work is completed with the exhibition of the pieces, which serve as the main tools for this campaign. Keywords: NGOs; abandoned animals; repositioning; advertising; APATA. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Proporção de animais domésticos por região. ......................................... 19 Figura 2 – Controle de natalidade de animais (gatos) ...............................................20 Figura 3 – Estimativa de vida dos animais domésticos ............................................. 21 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Análise dos três setores .......................................................................... 16 Tabela 2 – Comparação do serviço e concorrência .................................................. 35 Tabela 3 – Cargos e voluntários da APATA .............................................................. 36 Tabela 4 – Cronograma interno da agência .............................................................. 41 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 15 1.1 ONGS .............................................................................................................. 15 1.2 TERCEIRO SETOR E ONGS .......................................................................... 15 1.3 GUARDA RESPONSÁVEL, BEM-ESTAR ANIMAL E ZOONOZES ................. 18 1.4 ONGS DE PROTEÇÃO ANIMAL EM FORTALEZA ......................................... 24 2 O CLIENTE ............................................................................................................ 27 2.1 A ESCOLHA DO CLIENTE .............................................................................. 27 2.2 HISTÓRICO ..................................................................................................... 27 2.3 MISSÃO, VISÃO E VALORES DA ONG APATA ............................................. 29 2.3.1 Missão ....................................................................................................... 29 2.1.2 Visão ......................................................................................................... 29 2.1.3 Valores ...................................................................................................... 29 3 BRIEFING .............................................................................................................. 30 3.1 SITUAÇÃO DE MERCADO ............................................................................. 30 3.2 CONCORRÊNCIA ............................................................................................ 31 3.2.1 Grupo VIPA ............................................................................................... 32 3.2.2 ONG UPAC ............................................................................................... 33 3.2.3 ONG Abrigo São Lázaro .......................................................................... 34 3.3 DADOS DA ONG APATA ................................................................................ 36 3.4 OBJETIVOS DE MARKETING ......................................................................... 37 3.5 ANÁLISE SWOT .............................................................................................. 38 3.5.1 Ambiente Interno ..................................................................................... 38 3.5.1.1 Forças da empresa .............................................................................. 38 3.5.1.2 Fraquezas da empresa ........................................................................ 38 3.5.2 Ambiente Externo .................................................................................... 38 3.5.2.1 Ameaças do mercado: ......................................................................... 38 3.5.2.2 Oportunidades do mercado: ................................................................ 39 3.6 POSICIONAMENTO ........................................................................................ 39 3.7 PÚBLICO ALVO ............................................................................................... 39 3.8 QUAL O PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO A SER RESOLVIDO? ................. 39 3.9 OBJETIVO DE COMUNICAÇÃO ..................................................................... 40 3.10 TOM DA CAMPANHA .................................................................................... 40 3.11 OBRIGATORIEDADE DE COMUNICAÇÃO .................................................. 40 3.12 VERBA DA COMUNICAÇÃO ......................................................................... 41 3.13 CRONOGRAMA INTERNO DA AGÊNCIA .................................................... 41 4 PESQUISA E DIAGNÓSTICO ............................................................................... 43 4.1 PESQUISA ....................................................................................................... 43 4.1.1 Entrevista com a administração da ONG ............................................... 43 4.1.2 Entrevista com público-alvo ................................................................... 47 4.2 DIAGNÓSTICO ................................................................................................ 56 5 DEFESA DO CONCEITO CRIATIVO .................................................................... 57 6 CAMPANHA DE REPOSICIONAMENTO PARA A APATA .................................. 59 6.1 PEÇAS ............................................................................................................. 59 7 PLANO DE MÍDIA .................................................................................................. 80 7.1 DEMONSTRATIVO GERAL DE INVESTIMENTOS ......................................... 84 7.2 PLANO DE INSERÇÃO ................................................................................... 84 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 88 APENDICE A ............................................................................................................ 92 ANEXOS ................................................................................................................. 121 13 1 INTRODUÇÃO O abandono de animais, principalmente de cães e gatos, nas ruas de Fortaleza é evidente. É impossível transitar pela capital e não vê-los vagando pelas ruas e avenidas, esquecidos nas esquinas e escondidos entre o lixo. Embora ativistas e profissionais do segmento de saúde animal batalhem por condições melhores para os animais, a situação ainda é critica. Diante da ineficácia das políticas públicas, grupos de voluntários independentes e organizações não governamentais tentam amenizar o sofrimento desses animais, promovendo eventos de adoção e a arrecadação de recursos para manter abrigos que cuidam destes animais em situação de desamparo. Nesse contexto a Associação Protetora dos Animais para Tratamento e Adoção - APATA, uma organização não governamental de responsabilidade social, desenvolve seu trabalho social de forma voluntária, resgatando, tratando e disponibilizando para adoção os animais carentes – como cães, gatos, jumentos e cavalos – resgatados pela ONG. O presente trabalho tem como objetivo a elaboração de uma campanha de reposicionamento para APATA, uma vez que a mesma encontra-se sem destaque e distante de seu público alvo, o que se reflete na receita da organização e na dificuldade de encontrar adotantes e padrinhos para os animais sob a guarda da ONG. Para realizar este TCC, inicialmente foi necessário realizar uma pesquisa bibliográfica e documental para contextualizar ONGs e Terceiro Setor, além de conceituar temas que norteiam o trabalho, como: guarda responsável, bem estar animal e zoonoses. Neste mesmo capítulo também foi estudado o cenário atual das ONGs de proteção animal em Fortaleza. No capítulo seguinte é abordadaa justificativa do porquê da escolha do cliente em questão, apresentando-o, relatando seu histórico, do seu surgimento até o presente ano e descrevendo sua missão, visão e valores. No terceiro capítulo, é estudada a situação de mercado no qual o cliente encontra-se inserido. Sua concorrência também é observada e é realizada a 14 comparação dos serviços prestados por cada um dos concorrentes e seus diferenciais competitivos. No mesmo capítulo também são apresentados dados jurídicos do cliente, como CNPJ, endereço, voluntários e cargos ocupados. Também são abordadas informações como: frentes de trabalho da ONG, objetivos de marketing e seu posicionamento, entre outros elementos do briefing. No quarto capítulo são mostrados os métodos utilizados para investigar o cliente, como uma entrevista não estruturada realizada com um questionário de perguntas abertas com Gisele Oliveira, administradora da ONG APATA e uma entrevista com o público alvo da organização realizada no Facebook, principal ferramenta online utilizada pelo cliente, a fim de coletar dados a fim de conhecer os entrevistados e saber qual a percepção destes em relação as ONGs de proteção animal. No quinto capítulo é realizada a defesa do conceito criativo, que é alicerçado pelo estudo realizado anteriormente de embasamento teórico e levantamento de dados sobre o cliente, concorrência e mercado, além de explicar como ocorrerá a campanha e defender o tema desta. No sexto capítulo é realizada a apresentação da campanha. Também é feita a defesa de cada peça, explicando o posicionamento e o processo criativo, com a escolha do layout, e texto, e as principais características adotadas para as peças. No sétimo é realizada a justificativa do período de lançamento da campanha, o porquê da escolha deste período e a apresentação dos planos de inserção de cada mídia. No último capitulo são realizadas as considerações finais. Desta maneira, a partir da campanha de reposicionamento da APATA, este trabalho tem como objetivo estudar, compreender e expor a importância da comunicação para as ONGs, que é fator determinante e essencial para seus planos de atração e retenção de mantenedores. 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 ONGS Para iniciarmos compreendendo o conceito de ONG, podemos aplicar a definição de Tachizawa (2014, p.06), a qual afirma que “Organizações Não Governamentais – ONGs são entidades de natureza privada (não públicas), sem fins lucrativos, que, juridicamente, caracterizam-se como associações ou fundações”. O termo ONG foi usado pela primeira vez em 1940, pela Organização das Nações Unidas – ONU, para designar grupos sociais que realizavam projetos humanitários ou de interesse público (COUTINHO, 2015). No Brasil, com o início do regime democrático e amparadas pelos objetivos da Constituição Federal de 1988 de criar uma sociedade livre, democrática e solidária, as fundações e constituições ganharam espaço, como explana Tachizawa: As ONGs, historicamente, começaram a existir em anos de regime militar, acompanhando um padrão característico da sociedade brasileira onde o período autoritário convive com a modernização do país e com o surgimento de uma nova sociedade organizada, baseada em ideários de autonomia em relação ao Estado, em que a sociedade civil tende a confundir-se, por si só, com oposição politica. As ONGs constroem-se e consolidam-se à medida que se cria e fortalece amplo e diversificado campo de associações civis, a partir sobretudo dos anos 70 – processo que caminha em progressão geométrica pelas décadas de 80 e 90. As ONGs fazem parte desse processo e representam um papel em seu desenvolvimento (TACHIZAWA, 2014, pág. 12). Porém, o termo ONG não é definido por lei. Tachizawa (2014) diz que as organizações seriam como uma categoria que está sendo socialmente construída. O termo é usado para identificar um conjunto de entidades com características peculiares, reconhecidas por seus integrantes, pelo senso comum e pela opinião pública. 1.2 TERCEIRO SETOR E ONGS A sociedade pode ser dividida em três setores: Terceiro Setor, Organizações Privadas e o Estado. Fernandes define o Terceiro Setor como: 16 [...] um composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação da ação voluntária, num âmbito não governamental, dando continuidade às práticas tradicionais de caridade, da filantropia e do mecenato e expandido o seu sentimento para outros domínios, graças, sobretudo à incorporação da cidadania e das suas múltiplas manifestações na sociedade civil (FERNANDES, 1994, p.27). Para compreender o papel do Terceiro Setor é preciso determinar os limites entre estes três setores e perceber que estes interagem, sem necessariamente obedecer a uma regra. Fernandes (1994, p.21) afirma que o Terceiro Setor é “um conjunto de organizações e iniciativas privadas que visam a produção de bens e serviços públicos”, conforme mostra o quadro a seguir: Tabela 1 - Análise dos três setores. Setor Agentes e Fins Quem atua no Setor Primeiro Setor Formado por agentes públicos para fins públicos. Estado, responsável pelas demandas da população. Segundo Setor Formado por agentes privados para fins privados. Iniciativa privada (ou Mercado), realiza atividades visando fins particulares, ou seja, o “lucro”. Terceiro Setor Formado por agentes privados para fins públicos. Formado por pessoas ou empresas privadas, mas sem fins lucrativos e com interesses voltados à população. Adaptação: Fernandes, 1994, p.20. O Terceiro Setor mobiliza a sociedade a desenvolver novos modos de agir e pensar sobre a realidade social. Por ser voltado aos interesses da população, este setor tem como objetivo levantar a discussão, pressionar o governo e auxiliar na execução dos projetos. Cardoso defende que a afirmação do Terceiro Setor tem o grande mérito de romper a dicotomia entre público e privado, na qual público era sinônimo de estatal e privado de empresarial. Estamos vendo o surgimento de uma esfera pública não-estatal e de iniciativas privadas com sentido público. Isso enriquece e complexifica a dinâmica social (CARDOSO, 2000, p. 08). 17 Segundo Tachizawa (2014, p.09), “estima-se que o número de entidades que compõem o Terceiro Setor seja superior a 540 mil, incluindo ONGs, fundações, associações civis e unidades assistenciais”. Estas entidades nasceram da necessidade de solucionar demandas que são atendidas de forma ineficiente pelo Estado. Tachizawa (2014) diz que uma ONG pode ter como foco de atuação: direito animal e preservação do meio ambiente; defesa dos direitos de sua comunidade; assistência social, promoção da cultura, da educação e da saúde; entre outros. Para desenvolver seu trabalho, as ONGs podem captar recursos de diversas formas: através de financiamento dos governos, patrocínios de empresas privadas, venda de produtos e das doações realizadas pela população. Tachizawa (2014, p. 06) afirma que parcerias e alianças entre diversos segmentos sociais são firmadas para realizar a captação de recursos no mercado, viabilizando a execução das atividades sociais destas entidades. Ao longo dos anos, tornou-se tão complexa multiplicidade de campos atendidos pelas ONGs brasileiras, que até mesmo o Estado, em seu papel fundamental, passa despercebido em alguns de seus setores de atuação. Fernandes (1994, p. 23) reforça este argumento quando diz que “presume-se que as organizações devam prestar serviços coletivos que não passam pelo exercício do poder do Estado”. O papel destas ONGs no Brasil tornou-se fundamental para o equilíbrio da dinâmica social, pois através de seus trabalhos desenvolvidos, estas interferem diretamente na sociedade. Costa e Conceição afirmam que As organizações da sociedade civil possuem diversas finalidades, que, em seu conjunto, contribuempara aumentar a capacidade da sociedade de exercer a sua cidadania e desenvolver-se de forma sustentável; representam, portanto, a capacidade de organização da sociedade civil e de intervenção ativa das comunidades na realidade em que vivem (COSTA E CONCEIÇÃO, 2012, P.19). Segundo dados do livro do IBGE: Existiam oficialmente no Brasil, em 2010, 290,7 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos - Fasfil. Sua importância é revelada pelo fato de este grupo de instituições representar mais da metade (52,2%) do total de 556,8 mil entidades sem fins lucrativos e uma parcela significativa (5,2%) do total de 5,6 milhões de entidades públicas e privadas, lucrativas e 18 não lucrativas, que compunham o Cadastro Central de Empresas - Cempre, do IBGE neste mesmo ano (IBGE, 2012, pág.26). Informações do site IBGE afirmam que o Ceará já abrigava 20.579 Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos, sendo que apenas 61 unidades tinham como causa o meio ambiente e proteção animal (IBGE, 2010a). O site do IBGE também informa que no ano de 2010 Fortaleza possuía 24 unidades voltadas ao meio ambiente e à proteção animal (IBGE, 2010b). Em síntese, entende-se como papel das ONGs no Brasil e no mundo: protestar, buscar o equilíbrio da sociedade, apresentar propostas, pressionar o governo e até unir-se a ele na execução de projetos. Como mediadoras das políticas públicas, as ONGs são uma forte ferramenta para a mobilização social e manutenção da democracia, uma vez que estas erguem a bandeira das minorias e lutam pelos direitos destas. 1.3 GUARDA RESPONSÁVEL, BEM-ESTAR ANIMAL E ZOONOZES O G1 noticiou que a Pesquisa Nacional de Saúde - PNS 2013, realizada pelo IBGE estimou a população de cachorros em domicílios brasileiros em 52,2 milhões e a presença de gatos em domicílios brasileiros foi estimada em 22,1 milhões. Os dados confirmam que no Brasil existem mais animais de estimação do que crianças, pois de acordo com outra pesquisa do IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, em 2013, havia 44,9 milhões de crianças de até 14 anos. (G1, 2015). Também foi publicado pelo portal Agência de Notícias de Direitos Animais – ANDA, que os dados da Organização Mundial de Saúde – OMS apontam que em países pobres e emergentes como o Brasil, a proporção é de 15 filhotes de cães e 45 de gatos para cada bebê nascido (ANDA, 2015). No gráfico a seguir podemos observar a proporção de domicílios com animais domésticos nas grandes regiões do Brasil: 19 Figura 1 - Proporção de animais domésticos por região. Reprodução: Folha de São Paulo – F5. Matéria: Brasileiros têm mais cachorros que crianças, segundo pesquisa do IBGE. Publicação de 02/06/2015. Na pesquisa acima foi quantificado o número de animais que tem moradia, mas a situação dos animais abandonados nas ruas do Brasil representa hoje um problema de saúde pública. Animais domésticos, como cães e gatos, sem abrigo, sujos, debilitados e famintos, acabam por reproduzir-se indiscriminadamente e transformam-se em vetores de zoonoses1. Em 2015, Fortaleza e Região Metropolitana de Fortaleza – RMF contabilizaram 35 mil animais abandonados, desse total, segundo o Centro de Zoonoses, 30 mil estão na Capital, sendo 23 mil caninos e 7 mil felinos (DN, 2015a). Segundo matéria do jornal O Estado, estima-se que de dez animais abandonados, oito já tiveram um lar. (O Estado, 2013). De acordo com os militantes da causa animal em Fortaleza, a esterilização (conhecida popularmente como castração) ainda é a medida mais eficaz para controlar essa situação de abandono, uma vez que a esterilização evita as crias indesejadas, além de ser a única medida definitiva no controle da procriação sem 1 Zoonoses: segundo o dicionário digital Aulete, zoonoses são doenças transmissíveis aos seres humanos pelos animais. 20 contraindicações. Para que a população tenha ciência da importância do controle de natalidade dos animais, o movimento SOS Gatos de Fortaleza2 em parceria Prefeitura Municipal de Fortaleza - PMF distribuiu a cartilha “Eu Tenho Atitude” (2013) que instrui a guarda responsável de animais, abordando também a importância da esterilização. Levando em consideração que a região Nordeste tem o maior número de gatos do país, com mais de 7.380 milhões desses animais, a cartilha dá a seguinte informação sobre a natalidade descontrolada dos felinos: Figura 2 – Controle de natalidade de animais (gatos). Reprodução da parcial da pág. 06 da cartilha “Eu Tenho Atitude” (2013), produzida pelo movimento SOS Gatos de Fortaleza em parceria com a PMF. O abandono de animais, além de ser uma grave violação dos direitos animais, aumenta o risco de zoonoses e facilita a ocorrência de abusos e maus tratos, principalmente entre as classes sociais menos favorecidas, que carecem de instrução e conscientização. Para diminuir os casos de abandono e suas consequências se faz 2 SOS Gatos de Fortaleza: https://www.facebook.com/sosgatosdefortaleza/ 21 necessário a conscientização do que é a guarda responsável, bem-estar animal e profilaxia a zoonoses. Vale ressaltar que a Lei de Crimes Ambientais, de nº 9.605/1998, adverte que ferir, mutilar, cometer atos de abuso e maus-tratos aos animais pode acarretar em detenção de três meses a um ano, além de multa (LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998). Segundo Gisele Oliveira3, administradora da Associação Protetora dos Animais para Tratamento e Adoção - APATA, a guarda responsável e o bem-estar animal abordam os cuidados para com a criação, a guarda, entre outros. Dentre suas recomendações, estão: Pensar bem antes de adquirir ou adotar, considerando o tempo de vida estimado do animal (cães podem viver em média entre 13 a 18 anos; gatos podem viver em média 20 anos), como mostra o quadro abaixo: Figura 3 – Estimativa de vida dos animais domésticos. Reprodução: Folha de São Paulo. Matéria: Expectativa de vida de cães e gatos dobrou nos últimos 30 anos. Jornalista: Vanessa Correa. Publicação de 06/07/2014. 3 Entrevista realizada em 25/05/2015, com Gisele Oliveira, administradora da ONG APATA. O conteúdo da entrevista encontra-se na íntegra no quarto capítulo, Pesquisa e Diagnóstico. 22 Ao comprar ou adotar, o proprietário é responsável por fornecer assistência veterinária e condições adequadas de alojamento, alimentação, higiene e bem- estar ao animal; O animal deve ser vacinado contra a raiva e viroses anualmente; Manter o seu animal sempre dentro de casa, jamais solto na rua. Nos passeios os animais devem utilizar guia e coleira adequadas, pessoa que conduz deve recolher as fezes do animal; É crime maltratar o animal ou submetê-lo a qualquer atividade que possa machucá-lo, bem como abandoná-lo; Dar atenção e carinho, além de respeitar suas características físicas e comportamentais; Não descartar o animal quando este chegar à terceira idade; Esterilizar (castrar) o animal. Pois, além de o animal ficar mais dócil, a esterilização evita: O constrangimento de cães "agarrando" em pernas ou braços de visitas; A marcação do território com urina; Em machos, reduz a frustração sexual e a necessidade de sair em busca de “namoradas”. Ao mesmo tempo, isso diminui o risco de fugas, atropelamentos e brigas com outros machos; Tumores testiculares nos machos e o risco de câncer de mama nas fêmeas; Evita o aumento do número de animais abandonados na rua; Em animais que tiveram o diagnóstico de doenças geneticamente transmissíveis, evita a sua perpetuação. O bem-estar animal também se direciona aos animais de produção4, zelando por estes desde o seu nascimento até o seu abate humanitário5.Este cuidado está ligado às condições de manejo, instalações e alimentação dos animais, respeitando a integridade física e psicológica destes e abolindo métodos que causem sofrimento desnecessário. 4 Animais de produção: animais destinados ao consumo humano e que fornecem ovos e laticínios, tais como: galinhas, porcos, vacas, gansos e vitelas. 5 Abate humanitário: segundo a Instrução Normativa Nº 3, de 17 de Janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, o abate humanitário é definido como o conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bem-estar dos animais desde a recepção até a operação de sangria. 23 Segundo o site da World Animal Protection, indústrias agropecuárias que adotam modelos humanitários de criação beneficiam os animais, as pessoas e o meio ambiente: A criação humanitária de animais pode demandar um consumo menor de alimentos, de água e de combustíveis em comparação com métodos mais intensivos de criação. Isso propicia a redução de custos e do impacto ambiental; As fazendas que adotam modelos humanitários de criação geram empregos, alavancam lucros e fornecem alimentos mais saudáveis; A adoção de padrões humanitários de produção agrícola e de criação animal diminui os danos ao meio ambiente ao possibilitar a reciclagem de nutrientes e a melhorar o solo; As emissões de gases do efeito estufa são igualmente reduzidas quando os animais estão mais saudáveis e dispõem de melhores condições de bem-estar (WORLD ANIMAL PROTECTION, 2015). Zoonoses são doenças que podem ser transmitidas ao homem ou aos animais através do contato direto ou indireto com animais ou pessoas contaminadas. Conforme divulgado no manual do Programa de Zoonoses – Região Sul (2009, p. 05), “dados da Organização Mundial da Saúde, 60% dos patógenos humanos são zoonóticos, 75% das enfermidades emergentes humanas são de origem animal”. Dentre as zoonoses mais comuns em Fortaleza, podemos destacar: calazar (leishmaniose canina) e a raiva. O CCZ da capital cearense oferece à população o teste de calazar para cães e vacina antirrábica para cães e gatos. Para evitar essas doenças, medidas simples podem ser tomadas: lavar as mãos após o contato com o animal, manter as vacinas deste em dia e levá-lo periodicamente ao veterinário, não ingerir carne mal passada e verduras mal lavada, realizar a limpeza dos terrenos baldios, evitar acúmulo de lixo, uso de inseticidas no ambiente e repelente nos animais domésticos. Segundo a ARCA Brasil, em 1996 na cidade de São Paulo, “o controle à superpopulação de cães e gatos consistia basicamente em seu recolhimento e posterior eutanásia” (ARCA Brasil, 2014). Infelizmente esse método de controle à superpopulação e de zoonoses não se restringia somente à capital de São Paulo, mas a todos os Centros de Controle de Zoonoses - CCZ do Brasil. Porém, com o surgimento do Direito Animal e a mudança nos hábitos da sociedade, onde os animais de companhia passaram a ser considerados membros da família e seus tutores têm maior consciência quanto à prática da guarda responsável, a população passou a exigir do Estado garantias de que os animais recebam tratamento eticamente aceitável. As ONGs participam desse cenário militando pelos direitos dos animais e mobilizando a sociedade em busca de apoio à causa animal. 24 1.4 ONGS DE PROTEÇÃO ANIMAL EM FORTALEZA A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 reconhece que os animais são seres dotados de sensibilidade e que é dever da sociedade e do poder público respeitar a vida, a liberdade corporal e a integridade física dos animais, além de proibir expressamente as práticas que coloquem em risco a função ecológica, provoque a extinção ou submetam à crueldade qualquer animal. No capítulo VI, que dispõe sobre o meio ambiente, a Constituição diz: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações. (ART. 225, DA CF/1988). Porém, mesmo a Constituição Federal incumbindo ao poder público de proteger os animais de qualquer ato de crueldade, hoje a unidade central do CCZ da capital cearense, Fortaleza, encontra-se superlotada e sem estrutura física para prestar atendimento adequado e abrigar os animais que vagam pelas ruas. Denunciado pelo jornal O Povo, o CCZ foi acusado de adulterar laudos de exames realizados no local e de praticar a de eutanásia de animais com crueldade (O POVO, 2015). Além da unidade central, o CCZ conta com dez postos de atendimento veterinário localizados nas seis regionais da cidade, além de dois postos que realizam plantões nos fins de semana nas Regionais II e IV. Segundo informações disponibilizadas no site da Prefeitura Municipal de Fortaleza, doravante nominada PMF, estes postos oferecem atendimento público e gratuito, podendo registrar denúncias de maus tratos contra animais, prestando orientações à população sobre zoonoses e realizando vacinação em cães e gatos (PMF, 2015). Em entrevista6, Gisele Oliveira, administradora da ONG APATA, relatou o descontentamento quanto aos serviços prestados, tanto pela estrutura precária, como pela falta qualidade do atendimento e de equipamentos veterinários. Diante deste cenário caótico, as ONGs e associações protetoras de animais buscam mudanças através de ações sociais como a realização de mutirões de 6 Entrevista realizada em 25/05/2015, com Gisele Oliveira, administradora da ONG APATA. O conteúdo da entrevista encontra-se na íntegra no quarto capítulo, Pesquisa e Diagnostico. 25 esterilização onde a população é convidada a operar seu cão ou gato a baixo custo. Os valores cobrados nos mutirões chegam a ser 80% mais baixos que os praticados em clínicas particulares, facilitando o acesso da população carente e dos protetores independentes, que aproveitam a oportunidade para esterilizar animais de rua que estejam sob a sua guarda, contribuindo para o controle de natalidade de animais abandonados. O grupo Castração - Mais Animais Castrados e Menos Filhotes Abandonados, fundado em 03 de setembro de 2014, promove regularmente mutirões em Fortaleza e no interior do estado, castrando em média 100 animais por evento. Além deste grupo, instituições como a ONG APATA, Grupo VIPA - Voluntários Independentes de Proteção Animal, grupo PAS - Proteção Animal da Sapiranga, Projeto Face Pet Associados, ONG GPA - Grupo De Proteção Animal, ONG Upac - União Protetora dos Animais Carentes, Grupo Voluntários Vakinha e UIPA - União Internacional Protetora dos animais realizam mensalmente castrações de animais carentes com os recursos de doações que arrecadam, além de divulgar a importância da esterilização e os preceitos da guarda responsável. Das ações promovidas pelas instituições de proteção animal podemos destacar também a realização da Marcha da Defesa Animal em Fortaleza, um evento onde as ONGs, associações, grupos, ativistas e protetores reivindicam, principalmente, respeito ao direito animal, a criação de hospitais veterinários públicos e mais rigor nas penas em casos de crimes contra animais. As primeiras manifestações da Marcha da Defesa Animal em Fortaleza foram organizadas pela ONG APATA. Vale ressaltar que a Marcha da Defesa Animal é um evento nacional, sem data definida, que ocorre simultaneamente em mais de 48 cidades brasileiras, estando entre elas entre elas Fortaleza-CE, Rio Branco-AC, Santos-SP, Belém-PA, Foz do Iguaçu-PR, Goiânia-GO, Manaus-AM, Natal-RN, Rio de Janeiro-RJ e São Paulo-SP. Também são realizadas feiras de adoção em parceria com empresas, como supermercados e shoppings. Estas feiras oferecem para adoção animais queforam encontrados em situação de risco e sofrimento. Só são considerados aptos a serem ofertados para adoção os animais que receberam tratamento veterinário e estão sadios. No caso de adultos, quando possível, estes já são entregues castrados. Os 26 interessados na adoção devem portar RG, CPF e comprovante de residência, os pretendentes são submetidos a uma entrevista e avaliação de perfil. O objetivo desta avaliação é evitar adoções irresponsáveis. O ideal é que a adoção seja sempre definitiva e segura. Também são promovidos encontros de protetores independentes e de algumas instituições para coletar reivindicações e debater as políticas públicas de bem-estar animal. Além de se encontrarem, algumas ONGs travam negociações com a prefeitura do município e realizam audiências na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará em busca de soluções para a situação emergencial dos animais em situação de rua em Fortaleza. Uma solicitação que poderia ser destacada seria a disponibilização de vacinas e castrações gratuitas. Não só os recursos escassos atrapalham as ações das organizações em Fortaleza, mas também a falta de consciência de sua própria condição: as instituições muitas vezes não se percebem como um conjunto coeso, o que acaba por atrapalhar o desenvolvimento de ações que poderiam ser realizadas em parceria, como, por exemplo, juntos pressionar a gestão do município pelo cumprimento das leis de proteção animal. A obtenção dessa consciência e a aliança destas instituições fazem-se fundamental para que suas ações sociais tenham força e notoriedade, permitindo que, consequentemente, a luta pelo direito animal conquiste mais adeptos. A aliança das ONGs só iria trazer benefícios à população, pois através destas organizações, o povo encontra meios para transformar sua realidade, exercitar sua cidadania e trabalhar pelo equilíbrio da sociedade. 27 2 O CLIENTE 2.1 A ESCOLHA DO CLIENTE A escolha da Associação Protetora dos Animais para Tratamento e Adoção – APATA foi feita a partir da possibilidade de realizar uma campanha que beneficiasse a ONG e ao povo fortalezense, uma vez que a superpopulação de animais nas ruas tornou-se um problema de saúde pública e ambiental e a própria constituição brasileira prevê a proteção desses seres. Outro motivo para escolha do cliente foi que, ao contrário da maioria das ONGs e grupos atuantes em Fortaleza, a APATA assiste a todos os animais e não apenas os domésticos, como gatos e cachorros. Também tem como diferencial o trabalho educativo, promovendo palestras que abordam temas como: posse responsável, proteção animal, benefícios da castração etc. Portanto, a escolha do cliente se dá pela possibilidade de melhorias na sociedade e fortalecimento de uma ONG competente e confiável. 2.2 HISTÓRICO Segundo informações cedidas pela própria ONG, a Associação Protetora dos Animais para Tratamento e Adoção - APATA é organização não governamental de responsabilidade social. A associação trabalha voluntariamente pela causa animal, resgatando, tratando e doando animais de rua. Seu trabalho é restrito ao município de Fortaleza, no Estado do Ceará. Criada com a missão de promover a manutenção do bem-estar animal e ambiental, possuindo objetivos filantrópicos e atuando sem fins lucrativos, a ONG acredita que os dois pilares para a mudança sejam: a educação da população e a castração dos animais. Segundo a ONG, em 2014, através da APATA foram castradas 66 cadelas, 15 cães, 449 gatas fêmeas, 175 gatos machos, um total de 705 animais castrados. Até o fechamento deste trabalho a ONG não possuía os números referentes ao ano de 2015. 28 Em fevereiro de 2016, a ONG mantinha em lares temporários (LT) de voluntários cerca de 250 animais. Hoje a ONG não recolhe mais animais, pois não possui abrigo nem sede oficial. A APATA não possui funcionários, todo o trabalho é realizado por voluntários que dedicam parte do seu tempo para o serviço da ONG. A APATA possui como diferencial a assistência a todos os animais e não apenas os domésticos, ao contrário da maioria das ONGs e grupos de proteção animal atuantes em Fortaleza. Outro diferencial é a promoção de palestras educativas que abordam temas como: posse responsável, proteção animal, benefícios da castração, higiene e saúde animal, como agem as doenças transmitidas por animais etc. As ações promovidas pela instituição são: Castração a baixo custo de animais pertencentes a famílias com baixa renda; Oferta de apadrinhamento de animais que estejam sob a proteção da ONG; Incentivo de adoção e intermediações de adoções; Orientação sobre como efetivar denúncias, resgates etc.; Eventos para arrecadação de materiais, recursos financeiros etc.; Quanto à presença online, a APATA possui um blog7 de endereço www.apatace.blogspot.com.br, e um perfil no Facebook8 de endereço www.facebook.com/apata.ceara, para divulgar eventos, fotos e dados dos animais que estão para adoção, realizar pedidos de doação de medicação, ração ou valores para consulta de animais enfermos resgatados pelos voluntários da ONG ou por protetores independentes. A APATA é mantida através de doações e do lucro dos bazares de roupas e utilidades que realiza mensalmente. Toda a renda arrecadada é destinada ao atendimento dos animais de rua. Em busca de tornar mais prático o recebimento de doações, além da forma de doação tradicional (em espécie ou opção de depósito em conta corrente), a organização dispõe de uma conta no PagSeguro UOL9, onde as 7 Blog: a palavra é uma abreviação de weblog, qualquer registro frequente de informações pode ser considerado um blog. 8 Facebook: um site de rede social. Endereço: https://www.facebook.com/ 9 PagSeguro UOL: é um sistema de pagamento de compras online. Endereço: https://pagseguro.uol.com.br/ http://www.apatace.blogspot.com.br/ http://www.facebook.com/apata.ceara 29 doações podem ser feitas com cartão de crédito, débito ou através de boleto bancário. 2.3 MISSÃO, VISÃO E VALORES DA ONG APATA De acordo com informações, obtidas junto a Gisele Oliveira, administradora da APATA, são missão, visão e valores da ONG: 2.3.1 Missão “Exercer a manutenção do bem-estar animal e ambiental, com o intuito de obter um ambiente equilibrado para homens e animais”. 2.1.2 Visão “Tornar-se, em Fortaleza, uma ONG com forte credibilidade, auxiliando no resgate, tratamento, esterilização e adoção de animais desamparados; valorização da vida animal por meio da educação humanitária”. 2.1.3 Valores “Proteção, amor, educação, transparência, responsabilidade social e respeito a todas as espécies”. 30 3 BRIEFING Segundo Sant’Anna (1989, p.109), “chama-se briefing todas as informações preliminares que contém as instruções que o cliente fornece à agência para orientar os seus trabalhos.” Para o desenvolvimento deste capítulo, foi adotado como referência o Modelo Básico de Briefing, do livro Atendimento na Agência de Comunicação, do autor Roberto Corrêa. Durante esta etapa foi feito o levantamento de dados e informações junto ao cliente, entendendo que o briefing “deve conter as informações a respeito do produto, do mercado, do consumidor, da empresa e os objetivos do cliente.” (S'ANTANNA, 1989, P.109). 3.1 SITUAÇÃO DE MERCADO A APATA é Organização Não-Governamental de responsabilidade social pertencente ao Terceiro Setor. A organização está inserida em um mercado com possibilidade de crescimento, uma vez que seus serviços estão relacionados às políticas públicas que são oferecidas de forma ineficiente pelo Estado. De modo geral, diante do caos político, a tendência é que as ONGs ocupem de maneira crescente o espaço entre o Estado e a sociedade, oferecendo a assistência da qual a população necessita.A cada dia surgem mais ONGs, projetos e até mesmo leis em cidades brasileiras que favorecem o bem-estar animal. De acordo com o Diário do Nordeste, nos últimos anos houve uma mudança no comportamento do brasileiro em relação aos seus animais de estimação e em 2015, os bichos de estimação no Brasil passavam de mais de 132,4 milhões (DN, 2015b). Segundo uma reportagem da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, um mercado a ser explorado no ano de 2015 pelo empreendedorismo seria o mercado de pets10, cujas projeções para o nicho são de um crescimento médio de 8% ao ano até 2016 (PEGN, 2015). A adoção de animais faz com que as 10 Pet: animal de estimação. 31 pessoas compreendam a necessidade da proteção animal, como também faz com que o mercado para animais de estimação cresça e aumente a demanda de serviços, como comida, produtos veterinários, acessórios e até determinados serviços, como beleza para os bichos. Foi constatado durante a pesquisa deste trabalho que adotantes de animais carentes são mais propensos a atender ao apelo de auxílio das ONGs e a rejeitar a opção de comprar um novo pet. Mais dados sobre a situação de mercado estão contidas no primeiro capítulo, o Referencial Teórico, deste projeto experimental. 3.2 CONCORRÊNCIA Apesar de militar por objetivos semelhantes, as ONGs de proteção animal de Fortaleza buscam diferencial para se destacar no mercado e fidelizar voluntários e mantenedores. Durante a pesquisa deste trabalho foram identificadas as seguintes ONGs, grupos e projetos: Grupo GAFF - Grupo de Apoio aos Felinos de Fortaleza; Grupo Gateiras de Fortaleza; Grupo Novelo de Lã; Grupo PAS - Proteção Animal da Sapiranga; Grupo Turma Do Manda Chuva; Grupo Vipa - Voluntários Independentes de Proteção Animal; Grupo Voluntários Vakinha; ONG Abrigo da Estela; ONG Abrigo Nosso Lar; ONG Abrigo São Lázaro; ONG GABA - Grupo de Apoio ao Bem-Estar Animal. ONG GPA - Grupo De Proteção Animal; ONG Lar TinTin; ONG UIPA - União Internacional Protetora dos animais; ONG Upac - União Protetora dos Animais Carentes; ONG Viva Bicho; 32 Projeto Campanha de Castração - Mais animais castrados e menos filhotes abandonados Projeto Face Pet Associados; Projeto Todo Bicho; SOS Gatos de Fortaleza; SPA-CE - Sociedade Protetora Ambiental no Estado do Ceará. Acreditamos que existam outros grupos, porém estes são os únicos cuja veracidade pode ser confirmada. Quanto à atuação, algumas ONGs e projetos têm como foco a esterilização; a defesa das questões jurídicas; a denúncia de maus tratos; e as algumas atendem somente a uma espécie de animal, são exemplos: Esterilização: Projeto Campanha de Castração e o Projeto Face Pet Associados; Questões jurídicas: ONG Viva Bicho e a ONG UIPA; A denúncia de maus tratos: SPA-CE; Atendem somente a uma espécie de animal: Grupo Novelo de Lã (somente felinos). Para a escolha da concorrência direta APATA, consideramos alguns quesitos como: exercer a proteção animal, ser formada por voluntários, depender da doação de terceiros, estar entre as três primeiras instituições11 mais lembradas pelo consumidor e não atender somente um tipo de animal. 3.2.1 Grupo VIPA Fundado em março de 2012, o VIPA é um grupo sem fins lucrativos, resultante da união de voluntários independentes que ajudam financeiramente animais necessitados, sejam eles de rua ou de pessoas carentes. Para tornar-se membro do grupo, os interessados pagam uma mensalidade de R$15,00. O membro tem direito a solicitar o auxílio financeiro do grupo para 11 Essa informação foi baseada nos dados coletados na entrevista online realizada com o público- alvo. Dados disponíveis na pág.38 deste trabalho. 33 tratamento de algum animal necessitado, tendo como limite duas solicitações por mês. Estas solicitações são postas para votação e os casos mais votados são atendidos. Antes de a solicitação ser liberada para votação, a assessoria do grupo avalia o caso, levando em consideração o fundo de caixa da ONG e a urgência do caso. Porém, existem solicitações que podem ser atendidas sem votação, como casos onde existe o risco iminente de morte. Vale salientar que permanecem no grupo somente os membros ativos. O grupo também desenvolve um projeto de castração. Cada membro ativo tem direito a cadastrar um animal por mês, que entrará em votação. Caso ganhe, terá a castração liberada. Transporte, hemograma e pós-operatório são por conta do membro responsável pelo animal. O VIPA realiza eventos de adoção de cães e gatos, e busca a conscientização da população sobre o direito animal. As ações do grupo são restritas à capital cearense. Quanto à presença online, o VIPA possui: Site de endereço www.grupovipa.com.br; Perfil no Facebook de endereço www.facebook.com/GrupoVipa; Grupo fechado no Facebook formado por mensalistas de endereço www.facebook.com/groups/vipa.ce; Perfil no Instragram de endereço @grupovipa e um canal no Youtube sem uso. 3.2.2 ONG UPAC A União Protetora dos Animais Carentes – UPAC atua em Fortaleza desde 2006. De perfil similar ao da APATA, a organização é uma associação civil, de direito privado, de caráter sócio-ambientalista, sem fins lucrativos que tem por princípios: estimular controle de natalidade de animais, a adoção de animais carentes, o equilíbrio ambiental e combater o abandono de animais na capital do Ceará, Fortaleza. http://www.grupovipa.com.br/ http://www.facebook.com/GrupoVipa http://www.facebook.com/groups/vipa.ce 34 A UPAC estipula que mais de 300 animais sejam atendidos pela ONG todo ano, seja através de esterilizações a baixo custo, tratamentos veterinários e adoções. Todos os serviços prestados a esses animais abandonados são custeados pelas doações recebidas, bem como todo trabalho desenvolvido é voluntário. Quanto à presença online, a UPAC possui: Blog de endereço upacfortaleza.wordpress.com; Perfil no Facebook de endereço www.facebook.com/ongupac; Perfil no Instragram de endereço @upacfortaleza; Canal no Youtube de endereço www.youtube.com/upacfortaleza. 3.2.3 ONG Abrigo São Lázaro Atuante desde 1993, o Abrigo São Lázaro é uma ONG sem fins lucrativos e que não recebe suporte de organizações públicas ou privadas. Apesar de possuir abrigo, a organização não realiza mais resgates, pois o abrigo encontra-se superlotado e a instituição só consegue efetuar novos resgates em conformidade com o número de adoções. Para casos de abandono ou de animais que se encontrem enfermos, a ONG só oferece orientação de como proceder e, se for o caso, indica clínicas que atendam a baixo custo. Essa falta de mobilidade se dá pelo alto custo da manutenção dos animais que estão abrigados na ONG. O abrigo da ONG tem como missão executar duas tarefas: ser um refúgio seguro para os animais que dele precisam; funcionar como local de passagem, buscando a adoção definitiva desses animais. Em busca de obter recursos para terminar as reformas no abrigo e construir um ambulatório, a ONG firmou parcerias com sites de compras coletivas, como o Barato Coletivo12 e o Peixe Urbano13, para facilitar o recebimento de doações. O 12 Barato Coletivo: site de compras coletivas que funciona como um comércio virtual de ofertas, endereço: http://www.baratocoletivo.com.br/ 13 Peixe Urbano: site de compras coletivas que funciona como um comércio virtual de ofertas, endereço: https://www.peixeurbano.com.br/ https://www.facebook.com/ongupac 35 cupom custa entre R$ 5,00 e R$15,00 e a compra é integralmente direcionada para a ONG. Em todos os sites a oferta tem tempo limitado, durando cerca de um mês.Quanto à presença online, o Abrigo São Lázaro possui: Site de endereço www.abrigosaolazaro.com.br; Perfil no Facebook de endereço www.facebook.com/saolazaro; Perfil no Instragram de endereço @abrigosaolazaro; Canal no Youtube sem uso. Tabela 2 – Comparação do serviço e concorrência. APATA UPAC Grupo VIPA Abrigo São Lázaro BENEFÍCIOS Oferece castração a baixo custo, ações e palestras educativas. Resgata, trata e disponibiliza animais para adoção. Oferece castração a baixo custo, ações educativas. Resgata, trata e disponibiliza animais para adoção. Oferece castração a baixo custo, ações educativas, auxilio a animais carentes, promoção de eventos de adoção. Possui abrigo próprio. Resgata, trata e disponibiliza animais para adoção. BENEFICIADOS Todos os tipos de animais carentes e vítimas de abandono e maus-tratos. Todos os tipos de animais carentes e vítimas de abandono e maus-tratos. Todos os tipos de animais carentes que estejam sob a guarda dos membros ou animais resgatados por protetores independentes. Cães e gatos carentes e vítimas de abandono e maus-tratos. FORMAS DE ARRECADAÇÃO Financeira: dinheiro, via depósito e pelo Pag Seguro. Doações de ração, medicamentos e material de limpeza. Financeira: dinheiro, via depósito. Doações de ração e medicamentos. Mensalidade no valor de R$15,00. Financeira: dinheiro, via depósito e através de site de compras coletivas. Doações de ração, medicamentos e material de limpeza. http://www.abrigosaolazaro.com.br/ http://www.facebook.com/saolazaro 36 FORMAS DE CONTATO Internet. Eventos de adoção. Participação em mutirões de castração. Internet. Eventos de adoção. Participação em mutirões de castração. Internet. Eventos de adoção. Participação em mutirões de castração. Internet. Eventos de adoção. Para visitar o abrigo, ou adotar um animal é necessário agendar dia e horário por telefone. MÍDIAS (MEIOS) Online, release em jornais, cartazes em pet shops. Online, release em jornais, cartazes em pet shops. Online, release em jornais, cartazes em pet shops. Online, release em jornais, cartazes em pet shops. MÍDIAS (CONTEÚDO) Conteúdo online: criatividade baixa, frequência alta. Só são feitos releases e distribuídos cartazes quando há participação em eventos. Conteúdo online: criatividade razoável, frequência alta. Só são feitos releases e distribuídos cartazes quando há participação em eventos. Conteúdo online: criatividade razoável, frequência alta. Só são feitos releases e distribuídos cartazes quando há participação em eventos. Conteúdo online: criatividade boa, frequência alta. Só são feitos releases e distribuídos cartazes quando há participação em eventos. Fonte: Elaborado pela autora. 3.3 DADOS DA ONG APATA Fundada em 16 de setembro 2004, na cidade de Fortaleza, estado do Ceará, e inscrita no CNPJ sob 07.226.040/0001-03, a ONG não possui sede e atende provisoriamente no estabelecimento Estação Pet, situado na Rua José de Barcelos, 155, no bairro Parquelândia. A APATA ainda conta com onze voluntários que dedicam parte de seu tempo a iniciativas e/ou atividades que visam ao bem-estar e à proteção dos direitos dos animais: Tabela 3 – Cargos e voluntários da APATA. CARGOS VOLUNTÁRIOS Presidente Renata Holanda Vice Presidente Marcos Messias 37 Administração Gisele Oliveira Relações Públicas Sandra Alves Notas Fiscais Samira Lima Colaboradoras Rosina Maria Carla Saldanha Iolanda Lene Ligia Viana Euridan Costa Mônica Ximenes Fonte: Elaborado pela autora através de informações cedidas pela ONG. O serviço prestado pela Apata tem valor social, dentre eles, pode ser destacado dois serviços que a ONG acredita que sirvam como pilares para a transformação da realidade atual: a educação da população e a castração dos animais. a) Educação da população: em suas palestras e encontros, a APATA busca instruir quanto aos preceitos do Direito Ambiental e Animal, a importância da guarda responsável e as consequências do abandono. Além destas questões, também é visto junto às comunidades carentes medidas simples que colaborem para o controle das zoonoses. b) Castração dos animais: a APATA incentiva a castração de animais que já tenham proprietário e instrui quando a necessidade de castrar os animais em situação de rua. A ONG também oferta castrações a baixo custo de animais pertencentes à famílias com baixa renda; 3.4 OBJETIVOS DE MARKETING Segundo a ONG, no ano de 2015, foram adotados cerca de 156 animais, 11 animais foram apadrinhados. Ainda em 2015, o total de doação em espécie foi de cerca de R$ 5.000,00 reais. Até o fechamento deste trabalho a ONG não disponibilizou os dados referentes ao ano de 2016. São objetivos da empresa no período de um ano: Aumentar em 60% o número de adoções e 80% de apadrinhamentos; Aumentar em 100% o número de doações atuais. 38 3.5 ANÁLISE SWOT 3.5.1 Ambiente Interno O ambiente interno da ONG foi dividido entre forças e fraquezas. Foram pontuadas suas condições e seus diferenciais, tanto positivos quanto negativos. 3.5.1.1 Forças da empresa Relacionamento interno fortalecido; Bom relacionamento com outras ONGs de proteção animal; Pessoal qualificado e conhecedor da causa animal; Parceria com lojas de produtos veterinários, como a Provet, situada na Rua Senador Pompeu, nº 1350, no Centro de Fortaleza; Contatos com clínicas veterinárias que oferecem descontos para a ONG. 3.5.1.2 Fraquezas da empresa Voluntários desmotivados; Poucas doações e falta de recursos financeiros; Nenhum investimento em marketing ou comunicação; Presença fraca na internet. 3.5.2 Ambiente Externo O ambiente externo da ONG foi dividido entre ameaças e oportunidades de mercado: 3.5.2.1 Ameaças do mercado: Migração de doadores para outras ONGs; Migração de voluntários para outras ONGs; A ONG caiu no esquecimento da população; Percepção fraca da marca; 39 Crise financeira que afetou a população em geral. 3.5.2.2 Oportunidades do mercado: Interesse crescente da população em participar das questões sociais; Interesse da população em defender o direito animal e ambiental; Aproveitar o crescimento do mercado de animais de estimação. 3.6 POSICIONAMENTO A APATA deseja ser vista como uma ONG de credibilidade. A marca quer ser conhecida pelos resultados de seu trabalho de resgate, tratamento e encaminhamento para adoção, mas, mais que isso, a APATA quer ser vista como uma organização valoriza o respeito à vida e o equilíbrio entre homem, animais e natureza. 3.7 PÚBLICO ALVO Segundo informações da ONG, o público alvo da APATA, é formado por pessoas de ambos os sexos, classe social C (ou classe média), com renda familiar entre R$ 2.674 reais a R$ 9.897 reais, com idade entre 20 e 38 anos, residentes na cidade de Fortaleza, que possuam ou não animais de estimação. Outro dado relevante é que Fortaleza possui 58% de seus domicílios pertencentes à classe social C14. Para criação de parcerias é público-alvo: instituições de ensino, empresas como Pet Shop, clínicas veterinárias, escolas de adestramento etc. 3.8 QUAL O PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO A SER RESOLVIDO? A APATA não possui ações planejadas para arrecadação de recursos ou mesmo um plano de comunicação. Levando em consideração que a credibilidade das empresas de terceiro setor é diretamente ligada à visibilidade positiva de 14 Dado disponível em: http://www.oestadoce.com.br/economia/classe-media-gasta-mais-com- alimentacao. Acesso em 01.12.2015. http://www.oestadoce.com.br/economia/classe-media-gasta-mais-com-alimentacao http://www.oestadoce.com.br/economia/classe-media-gasta-mais-com-alimentacao40 suas ações, a falta de comunicação da APATA tem trazido consequências negativas, como a dificuldade de angariar recursos. Informações simples como quais animais estão para adoção e como funciona o procedimento de adoção e apadrinhamento de um animal; os serviços que são oferecidos à comunidade; a prestação de contas ou como as doações podem ser feitas são encontradas com dificuldade nos canais de divulgação. 3.9 OBJETIVO DE COMUNICAÇÃO São objetivos de comunicação: Consolidar a nova identidade visual no período de 06 meses; Consolidar o aplicativo no período de 06 meses; Aumentar o share of mind15 40% no período de 01 ano. 3.10 TOM DA CAMPANHA A campanha deverá ter um tom lúdico e emocional, capaz de se conectar com o público-alvo. A comunicação deve ter uma abordagem diferente da utilizada pelas demais ONGs, como por exemplo, o uso de imagens de animais sofridos em situações precárias como recurso para atrair a atenção. O público deve perceber o quão é bom adotar, convidando a população a aderir à prática, relacionando amor ao ato de adoção. Também é necessário dar destaque à questão do apadrinhamento, serviço oferecido pela ONG onde a madrinha e/ou padrinho destina uma contribuição para o os cuidados e manutenção do animal apadrinhado. 3.11 OBRIGATORIEDADE DE COMUNICAÇÃO Uma vez que a ONG não possui identidade visual, a criação é livre para desenvolver o manual da marca e as peças. A criação também se encontra livre para criar um novo slogan tendo como diretriz a missão da organização. É importante respeitar o posicionamento de marca. 15 Share of Mind: é a memória dos consumidores ou do público em geral em relação a uma marca. Logo, se há elevado share of mind, se tem boa lembrança de determinada marca. 41 3.12 VERBA DA COMUNICAÇÃO A ONG não dispõe de verba para execução da campanha, por isso, após elaborado o plano de mídia, será apresentado ao cliente a verba recomendada para execução da campanha. Será uma estimativa de quanto seriam os custos de mídia desta campanha, já que a ONG não dispõe de verba para a comunicação. Por meio de parceria com veículos, fornecedores e padrinhos será possível colocar parte da campanha, ou mesmo ela inteira, na rua. 3.13 CRONOGRAMA INTERNO DA AGÊNCIA A campanha de lançamento será veiculada no mês de junho/2016, aproveitando o dia dos namorados, que ocorre em 12 de junho. Tabela 4 – Cronograma interno da agência. ETAPAS/AÇÕES JAN FEV MAR ABR MAI JUN 1. Pesquisa de concepção criativa. x 2. Definição de meios da campanha. x 3. Criação do teaser da campanha. x 4. Apresentação das peças teaser da campanha. x 5. Aprovação da linha de campanha e teaser. x 6. Possíveis ajustes nas peças básicas teaser. x 7. Peças teaser 1: finalização. x 8. Veiculação do teaser. x 9. Criação do aplicativo. x 10. Apresentação do layout das telas do aplicativo. x 11. Aprovação do layout das telas do aplicativo. x 12. Possíveis ajustes do layout das telas do aplicativo. x 13. Envio das telas para desenvolvedor. x 14. Apresentação do projeto por parte do desenvolvedor. x x 15. Entrega do aplicativo finalizado. x 16. Criação das peças de lançamento da campanha. x 42 17. Apresentação das peças de lançamento da campanha. x 18. Aprovação de peças de lançamento da campanha. x 19. Possíveis ajustes nas peças de lançamento da campanha. x 20. Peças de lançamento da campanha: finalização. x 21. Produção das peças gráficas. x 22. Envio de material para meios de comunicação. x 23. Veiculação da campanha e lançamento para o mercado. x Fonte: Elaborado pela autora. 43 4 PESQUISA E DIAGNÓSTICO 4.1 PESQUISA Foi realizada uma pesquisa exploratória, a fim de realizar um levantamento de dados, coletar informações mais precisas e identificar a problemática a ser solucionada. Para tal, entrevistou-se a administradora da ONG APATA, Gisele Oliveira. Para Severino (2000, p.123), a pesquisa exploratória é um levantamento de dados sobre o objeto estudado, recomendada quando há pouco conhecimento sobre o problema a ser resolvido. Em visita ao endereço provisório da instituição, foi realizada uma sondagem na qual foram identificados os seguintes problemas: A organização não possui ações planejadas para arrecadação de recursos e isso gera a queda no retorno em doações; Os poucos voluntários estão desmotivados pela falta de recursos para tratar dos animais com dignidade; A falta de doações gera falta de recursos financeiros; Pela falta de recursos a ONG não realiza nenhum investimento em planejamento de marketing ou comunicação; Não existe um planejamento para a presença online e isso gera uma percepção fraca da marca; Crise financeira que afetou a população em geral faz com que as pessoas tenham ainda menos interesse em tornar-se um doador. 4.1.1 Entrevista com a administração da ONG Além das questões pontuadas acima, a responsável pela administração, Gisele Oliveira, respondeu a entrevista abaixo: Entrevistada: Gisele Oliveira, administradora da ONG APATA Data: 25/05/2015 Local: Sede provisória da ONG, no estabelecimento comercial Estação Pet 44 Endereço: Rua José de Barcelos, 155 - Parquelândia Entrevistadora: Francesca Martins Quando a ONG surgiu? A ONG Possui sede? Gisele: A ONG surgiu em foi fundada em 16 de setembro 2004 pela nossa presidente, Renata Holanda. A Renata coloca a disposição da APATA um sítio de sua propriedade que fica fora de Fortaleza, cujo endereço é mantido em segredo, pois haviam pessoas que sabendo do sítio iam lá abandonar seus animais. Hoje temos cerca de 200 animais no sítio, mas não o consideramos nosso sede. Nesse momento atendemos provisoriamente no pet shop Estação Pet, situado na Rua José de Barcelos, 155, na Parquelândia. Quantas pessoas vocês têm hoje trabalhando pela APATA? Gisele: 11 pessoas. Renata Holanda (Presidente); Marcos Messias (Vice Presidente); Gisele Oliveira (Administração) Sandra Alves (Relações Públicas); Samira Lima (Notas Fiscais); Rosina Maria, Carla Saldanha, Iolanda Lene, Ligia Viana, Euridan Costa e Mônica Ximenes (Colaboradoras). Pela ONG ser de pequeno porte, todos contribuem e “colocam a mão na massa” da mesma forma. Como está a situação das doações? Gisele: Cada vez mais as doações estão sumindo, inclusive temos hoje um débito pendente na Clínica ETAVE que passa de dois mil reais. Para recebimento de doações temos vários canais: Pag Seguro; conta corrente na Caixa Econômica Federal; lojas parceiras: ESTAÇÃO PET - Rua José de Barcelos, 155 - Parque Araxá e PROVET - Rua Senador Pompeu, 1350 - Centro. Quais são as principais necessidades da ONG? o Arrecadar ração para cães e gatos que se encontram no sítio e em lares temporários; o Recursos para castração de animais mantidos pela ONG; o Arrecadar medicamentos e material de limpeza; o Arrecadar roupas, acessórios, brinquedos e itens que possam ser comercializados em bazares; 45 o Arrecadar recursos financeiros para despesas veterinárias (consultas, cirurgias, exames, tratamentos, internações); o Caronas solidárias para animais de lares temporários para a clínica e vice-versa; o Mais voluntários que possam abrigar ou resgatar um animal carente; o Pessoas dispostas a apadrinhar os animais mantidos pela ONG; o Voluntários para auxiliar nas feiras de adoção e nos mutirões de esterilização de animais (antes, durante e depois); Das necessidades que você listou, quala principal e que gera mais custos a ONG? Gisele: Os animais mantidos no sítio e em lares temporários podem ser separar em dois grupos: os que aguardam adoção e os que são mantidos pela APATA e não estão disponíveis para adoção por serem idosos ou deficientes e necessitarem de cuidados especiais. Este é a nossa maior despesa, pois a manutenção destes animais requer recursos financeiros, precisamos castrá-los, de ração de qualidade para melhorar a imunidade dos animais, de vitaminas, de remédio de verme (vermífugo), de spray antipulgas e anticarrapato e de materiais de limpeza para a manutenção dos ambientes nos quais os animais ficam alojados. É de extrema importância para a ONG conseguir adoção para os animais sadios ou apadrinhamento. Ocorre que enquanto estamos custeando um animal que pode ser adotado, deixamos de atender outros que necessitam de resgate. Por isso, nesse momento não estamos realizando resgates, não temos como custear tantos animais. Como funciona o apadrinhamento? Gisele: Ser padrinho ou madrinha de um animal sob a proteção da ONG é contribuir para a sua proteção e bem-estar. O interessado se compromete a contribuir com um valor mensal que cobrirá uma parte da despesa que a ONG tem com o animal. O compromisso do apadrinhamento é moral, além da contribuição financeira, o padrinho ou madrinha pode marcar uma visita para visitar o animal, leva-lo para passear, o que contribui para a socialização do animal e bem-estar deste. A escolha do animal fica ao critério do padrinho/madrinha, mas colocamos 46 como prioridade os velhinhos e os deficientes que, como eu disse, não estão disponíveis para adoção. Do seu ponto da ONG, quem é considerado público alvo da APATA? Gisele: Pelo que percebemos ao longo do tempo, tanto homem como mulher, a partir de 18 anos, boa parte deles tem condições financeiras estáveis, tipo classe média. É possível realizar parcerias com escolas, faculdades, empresas e igrejas. Vocês fazem investimento em publicidade? Como a ONG se promove? Gisele: Pela falta de recursos, o investimento em publicidade tem sido somente online. Nós postamos os casos de resgate, tratamentos e animais para adoção constantemente no Facebook, porém são tantos os detalhes e por nós mantermos dois perfis, um pessoal e uma fanpage, as vezes se torna complicado acompanhar a todos. As postagens estavam desorganizadas e estamos tentando organizá-lo para facilitar o acesso as informações sobre a ONG. Nós ainda mantemos o blog da ONG, mas não o alimentamos. A ONG realiza bazares mensais, que são divulgados também no Facebook. O que a APATA entende por a guarda responsável e o bem-estar animal? Gisele: Existem vários cuidados para com a criação e a guarda. Para evitar o abandono, é bom refletir antes de comprar ou adotar, porque cães podem viver em média entre 13 a 18 anos e gatos podem viver em média 20 anos. E tem os detalhes: o tutor deve levar ao veterinário, abrigo, alimentação, higiene, vacinar contra raiva e viroses anualmente; é recomendado manter o animal dentro de casa e quando for passear, no caso de cachorros usar guia e coleira; é crime maltratar o animal ou, como é o caso de jumentos e cavalos, obriga-los a atividades que podem machucá-los; dar atenção e amor, respeitar o temperamento do animal, alguns são mais ativos outros menos; não abandonar o animal quando ele estiver velhinho; castrar só trás benefícios: o animal fica mais dócil, acaba com o constrangimento dos cachorros ficarem "agarrando" as pernas e braços das pessoas; acaba com o problema da marcação do território com urina; os machos, principalmente os gatos, param de querer pra namorar, o que reduz o risco deles fugirem, serem atropelamentos e brigarem com outros machos; nos machos também acaba com o risco de tumores testiculares e o risco de câncer de mama nas fêmeas; os animais não podem procriar gerando animais 47 indesejados, o que evita o aumento do número de animais abandonados na rua; tem animais de raça que tem diagnóstico de doenças geneticamente transmissíveis, castrar evita que a doença seja perpetuada. Você acha que os tutores de animais resgatados por ONGs são mais propensas a adotar um animal ao invés de compra-lo? Gisele: Quem adota um animal carente sempre é mais sensível aos pedidos de ajuda das ONGs e muitas vezes não aceita a ideia de comprar. Quem comprou e conhece a realidade da criação de fundo de quintal e dos animais nas ruas, rejeita a ideia de comprar um novo amigo. Qual a opinião da ONG quanto ao atendimento do CCZ? Gisele: Recebemos muitas reclamações dos serviços prestados de CCZ, tanto pela estrutura precária, como pela falta qualidade do atendimento e de equipamentos veterinários. 4.1.2 Entrevista com público-alvo Além da entrevista com a integrante da ONG, foi realizada uma entrevista no principal meio de divulgação da ONG, que é a internet. A pesquisa online foi desenvolvida com o intuito de compreender as questões que norteiam os problemas de comunicação do cliente. A ferramenta de comunicação mais usada pela ONG é o Facebook, então este foi usado como impulsionador da pesquisa. A pesquisa foi encerrada com resposta de 110 pessoas, tendo sida iniciada no dia 16 de novembro de 2015 e encerrada em 18 de novembro de 2015. Quando encerrada, o Google Docs gerou os gráficos que serão apresentados a seguir. Para que haja um melhor acompanhamento dos gráficos, além de cada resposta, serão apresentados cruzamentos entre algumas questões levantadas pelo trabalho, facilitando o diagnóstico. 48 Pergunta 01: Qual sua idade? Reprodução figura 01 / Francesca Martins Como dito na entrevista, o público alvo da ONG tem acima de 18 anos, representando maior percentual entre 18 a 25 anos, com 48.2% dos entrevistados. Pergunta 02: Você realiza doações para alguma ONG ligada a causas humanitárias? Reprodução figura 02 / Francesca Martins Pergunta 03: Você realiza doações para alguma ONG ligada a causa animal ou meio ambiente? Reprodução figura 03 / Francesca Martins Observando as perguntas 02 e 03, percebemos que do universo de 110 pessoas, a maioria realiza doações para ONGs ligadas à causa animal ou de meio ambiente. 49 Pergunta 4: Qualifique o trabalho das ONGs de proteção animal em Fortaleza? Reprodução figura 04 / Francesca Martins Pergunta 5: Cite o nome das ONGs de proteção animal que você conhece. Caso não conheça nenhuma, basta responder: desconheço. Abrigo São Lázaro, Apata, Grupo Vipa Upac, São Lázaro Abrigo São Lazáro, Upac, Vipa Apata, Abrigo São Lazaro, Grupo Vipa Abrigo São Lázaro, Apata Ceará E Gaba Fortal. São Lazaro. Não Conheço Vipa, Vakinha E Apata São Lázaro, Apata, Resgate Amigo Upac, Vipa, Abrigo São Lázaro Apata Abrigo São Lázaro, Apata E Grupo Vipa Não Sei O Nome São Lázaro , Sos Gatos , Upac Apata, São Lazaro, Rin Tin Tin Apata; Adote Umamor; Abrigo São Lazaro. Não Conheço Apata, Upac E Abrigo São Lázaro São Lázaro Desconheço A Pata, Abrigo São Lázaro, Upac Viva Bicho São Lazaro. Apata, Abrigo São Lazaro 50 Upac São Lazaro Upac,São Lázaro, Bem-Estar Pet Abrigo São Lázaro, Gateiras De Fortaleza E Upa Abrigo São Lazaro Apata, Abrigo São Lázaro E Adote Anjos Não Sei O Nome Em Especifico, Mas Conheço Diversas Amigas Do Curso Da Pp Que Abraçam A Causa E Estão Em Uma Ong De Proteção Animal. Apata-Gaba-São Lázaro-Pas Upac, Abrigo Sao Lazaro, Abrigo Da Estela, Apata, Grupo Vipa, Spa São Lázaro, Apata, Clube Do Manda Chuva Vipa, São Lazaro Sao Lázaro, Apata Abrigo São Lázaro Abrigo São Lázaro, Uipa Instituto Luiza Mell Grupo Vipa, Abrigo São Lázaro, Apata Upac, Abrigo São Lázaro E Grupo Vipa São Lázaro, Associação Viva Bicho, Grupo Vipa São Lázaro, Apata Abrigo São Lázaro Apata, Sao Lazaro, Upac Vipa