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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Robinson Henrique Scholz Doutor em Ciências Sociais pela Universidade do Rio dos Sinos. Mestre em Ciências Sociais e Bacharel em Administração: Hab. Recursos Humanos ambos pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Especialista em Docência Universitária na Contemporaneidade, pela Universidade de Caxias do Sul. Professor universitário nas áreas de Administração e de Ciências Sociais. Estágio de Pós-doutoramento (2021-2021) em Memória Social e Bens Culturais na Universidade La Salle. Professor conteudista EaD, com larga experiência como professor formador e produtor de conteúdo. Possui certificação Google for Education - Nível I e II. Pesquisador no Grupo de Pesquisa Tecnologias Sociais, Inovação e Desenvolvimento - TESSIDO, potencializando os estudos sobre liderança em organizações autogestionárias. Tem experiência na área de administração e gestão social, atuando principalmente nos seguintes temas: empreendedorismo, economia solidária, administração, sociologia, cultura, autogestão, memória social, gestão de pessoas, liderança e gestão socioambiental. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO 1ª edição Ipatinga – MG 2022 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Bruna Carolina de Almeida Salles Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Fernanda Cristine Barbosa Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 7 ABORDAGEM CIENTÍFICA 1.1 INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Os estudos organizacionais são recentes, historicamente, se em comparação com a medicina ou a matemática. A importância de se desenvolver pesquisas e processos gerenciais nas instituições tomam maior força e necessidade com o surgimento da moeda, as revoluções francesa e industrial, como também a expansão da urbanização na Europa e nos Estados Unidos. Desta forma, pensar em soluções práticas para as indústrias, foco das primeiras pesquisas realizadas sobre a administração de empresas, foi uma necessidade do mercado, não apenas um desejo ou vontade de se modelar novos negócios. A carência de controle sobre a produção, qualidade no serviço prestado, gestão de conflitos entre os trabalhadores e, claro, a demanda do mercado, foram alvo das primeiras teorias da administração, dando origem à Teoria Geral da Administração. Assim, vamos começar nossos estudos compreendendo o cenário em que a Administração Científica se desenvolve, sendo a primeira teoria da administração a ser sistematizada, validada e que ainda é utilizada, em muitos casos, em diferentes tipos de organizações. 1.2 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA A Administração Científica foi iniciada pelos estudos do engenheiro Frederick Winslow Taylor (1856- 1915) nos Estados Unidos. A ênfase dada nesses estudos estava centrada em resultados e, portanto, no aumento da produtividade. Em outras palavras, a responsabilidade dos administradores era focar nos objetivos organizacionais no sentido de potencializar ao máximo os resultados. Ao desenvolver suas pesquisas sobre o processo fabril, Taylor observou algumas situações recorrentes que afetavam o desenvolvimento do trabalho, tanto por parte dos operários, quanto por parte dos proprietários das indústrias. As situações observadas foram (CHIAVENATO, 2002): Os trabalhadores das empresas, de forma geral, mantinham pouca comunicação e interação entre si; UNIDADE 01 8 Ausência de incentivos aos operários pelo trabalho desenvolvido, os quais não tinham clareza de metas a serem alcançadas; Os operários desenvolviam o seu trabalho até o limite de seus esforços, produzindo apenas o necessário para não perderem os seus empregos. A partir disso, Taylor propõem um método de trabalho nos processos produtivos, que consistia em dividir as atividades ao máximo, decompondo cada etapa produtiva, para que cada uma delas pudesse ser monitorada a partir do tempo necessário para a sua execução. Dessa forma, gerenciar o tempo e movimento de cada tarefa era possível eram processos que objetivavam a eficiência produtiva. Figura 1: Frederick Winslow Taylor Fonte: https://bit.ly/36bRE4h. Acesso em: 22 nov. 2021 Mas, não foi somente isso. Taylor propôs em seu método de trabalho a divisão das tarefas e responsabilidades aos operários, em que cada um deles era especialista em uma atividade, no sentido de aumentar a sua capacidade de operação diária. Com isso, cada trabalhador recebia pela produção diária executada, e não somente pelo tempo disponibilizado à empresa. Este incentivo ampliava a alienação do operário ao trabalho; mas, por outro lado, disponibilizada maiores ganhos no seu salário. https://bit.ly/36bRE4h 9 Ao empregar técnicas de observação, análise crítica e pensamento lógico, Taylor, pela primeira vez, trouxe à atividade laboral uma conotação mais científica. Estava surgindo aí o movimento que hoje conhecemos como Administração Científica, corrente que propôs ideias um tanto revolucionárias para a época. Continuando, a teoria da Administração Científica (ou Taylorismo) propõe quatro princípios básicos que orientam o desenvolvimento das organizações, que são (MAXIMIANO, 2012): 1. Princípio de Planejamento: examinar cada tarefa cientificamente para determinar a “melhor maneira” de realizar o trabalho. Essa é uma mudança fundamental em relação ao “método” anterior, por meio do qual os trabalhadores definiam suas próprias maneiras de fazer o trabalho. 2. Princípio de Preparo: contratar os trabalhadores certos para cada trabalho e treiná-los para trabalhar com eficiência máxima. 3.Princípio de Controle: monitorar o desempenho do trabalhador, fornecendo orientações e treinamento quando necessário; 4. Princípio de Execução: dividir o trabalho entre a gerência e a produção para que a gerência possa planejar e treinar os trabalhadores. Em relação aos Princípios da Administração Científica, a preocupação era em racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta. Os gestores deveriam ser os responsáveis pelo controle das principais atividades gerenciais da organização (CHIAVENATO, 2002). 10 Na Administração Científica, a busca pela substituição de métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos em todas as etapas dos processos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). Veja os principais aspectos da ORT no quadro a seguir: Quadro 1: Características da Organização Racional do Trabalho (ORT) Característica Descrição Análise do Trabalho e Estudo dos tempos e movimentos Tarefas foram estudadas para verificar quais movimentos eram necessários para sua execução, bem como qual o tempo médio para a sua realização. Assim, Taylor buscou simplificar esses movimentos a fim de diminuir o seu tempo de duração, devendo esses movimentos serem seguidos pelos demais funcionários. Estudo da fadiga humana Taylor observou que a execução de movimento repetitivo levava o funcionário ao cansaço prematuro, repercutindo na diminuição da produtividade. Assim, por meio da organização das tarefas e do local de trabalho, acreditava na redução do esforço laboral (fadiga). Divisão do trabalho e especialização do operário Para qualificar os funcionários, Taylor dividiu as tarefas em pequenas etapas. Isso oportunizou aos seus funcionários se especializarem rapidamente, repercutindo no aumento de produtividade. Desenho de cargos e tarefas Taylor tinha grande preocupação com produtividade, e, por isso, centrava-se nos Cargos e Tarefas. Tarefa sendo a atividade a ser realizada e Cargo o conjunto de tarefas. Assim os cargos eram criados com base nas tarefas, que deveriam ser simplificadas para que seus funcionários a realizassem com especialização e maior produtividade. Incentivos salariais e prêmios de produção O trabalhador, ao realizar suas tarefas, poderia ser incentivado a aumentar a sua produtividade através de incentivos financeiros. Conceito de homo economicus O pensamento da época era que o homem trabalhava pelo ganho financeiro exclusivamente. Não havia a ideia de que o colaborador gostasse da sua atividade profissional. Condições ambientais de trabalho Taylor, em seus estudos, percebeu que não bastava somente condições humanas no ambiente de trabalho. Havia necessidade de organização para aumento de eficiência tais como: equipamentos, localização das máquinas, iluminação, ventilação, entre outros, referentes a estrutura física de uma organização. Padronização de métodos de trabalho e ferramentas Taylor buscou unificar tarefas, padronizar máquinas, ferramentas, matérias-primas entre outros itens necessários na produção. Supervisão funcional Para Taylor as tarefas deveriam ser supervisionadas nas mais diversas áreas por pessoas especializadas naquela tarefa. Assim como cada trabalhador deveria realizar pequenas etapas de um processo, deveria haver supervisão para cada uma delas. Fonte: Chiavenato (2002). Para muitos pesquisadores, Taylor foi um visionário em sua época. Foi inegável sua preocupação com a prosperidade tanto do patrão quanto dos trabalhadores. 11 Porém, como qualquer filosofia, a sua aplicabilidade foi relacionada aos problemas organizacionais da época, que se direcionavam a técnicas de execução dos processos. Ele não levou em consideração o bem-estar dos colaboradores a longo prazo. No entanto, como uma ciência, foi analisada, avaliada e criticada, oportunizando novos pensamentos e ideias a respeito dos problemas organizacionais que foram surgindo posteriormente. De forma geral, os esforços centravam-se na tarefa, no sentido de mensurar os tempos e movimentos de cada etapa do processo, a eficiência e a eficácia nos resultados (CHIAVENATO, 2002), bem como a distribuição das atividades em cargos que pudessem estar sob supervisão constante em uma estrutura organizacional, dando origem à Teoria Clássica. 1.3 TEORIA CLÁSSICA Os estudos de Jules Henri Fayol (1841-1925) foram desenvolvidos na Europa, dando origem à Teoria Clássica. Uma característica dessa teoria é a ênfase na estrutura organizacional, sendo um importante auxílio aos administradores na distribuição das atividades em cargos e funções. Figura 2: Jules Henri Fayol Fonte: https://bit.ly/3vX6qXa. Acesso em: 22 nov. 2021. Fayol desenvolveu os seus estudos sobre o método científico aplicado à administração de empresas ao longo de sua vida. Ao comparar os estudos de Fayol com os de Taylor, é possível percebermos que Fayol desenvolveu seus estudos de https://bit.ly/3vX6qXa 12 forma contrária à daquele estudioso. Os estudos de Taylor, por um lado, se iniciam a partir da visão fragmentada da tarefa, enquanto Fayol progrediu a sua compreensão sobre a estrutura organizacional, do topo da pirâmide até a sua base durante as suas pesquisas. Como havia um grande número de trabalhadores especialistas na execução de tarefas nas indústrias, reflexo do Taylorismo, os pesquisadores desenvolvem os estudos sobre a racionalidade limitada, ou seja, cada trabalhador possui conhecimentos e responsabilidades específicas de sua função, sob o monitoramento de seu supervisor direto (CHIAVENATO, 2002). De modo específico, Fayol sugere que a Administração precisa ser desenvolvida como uma função à parte nas organizações e identifica uma lista de seis funções principais da gestão. Você quer saber quais são essas seis funções? Acompanhe: Técnicas: relacionadas à manufatura e produção de bens; Comerciais: relacionadas com as transações de compra, venda e troca; Financeiras: direcionadas à busca pelo bom uso do capital; De segurança: relacionadas à proteção das pessoas e dos bens materiais; Contábeis: vinculadas ao controle e registro das despesas da organização; Administrativas: relacionadas à previsão, comando, controle, organização e coordenação. É importante destacar que a sexta função (administrativa), segundo Fayol, funciona como uma espécie de agrupamento das demais funções. Dessa forma, ela se propõe a integrar todas as operações da organização, a partir da coordenação e sincronização das cinco funções anteriores (SILVA, 2013). Fayol argumentava que esta função é a mais relevante de todas, sendo alvo de concentração de poder e comando de decisão. Neste sentido, Fayol defende a constituição da estrutura organizacional, a qual promove a organização das tarefas executadas em cargos e estes, em áreas, e estas são distribuídas no organograma de acordo com as responsabilidades sobre a gestão da empresa. 13 Mas você deve estar se perguntando: como Fayol chegou a pensar no organograma e na estrutura organizacional? Pois bem, na Teoria Clássica, a função administrativa era a mais importante de todas as possíveis funções exercidas por uma organização. Fayol definiu cada um dos seus componentes, conforme detalha Maximiano (2012): planejamento: relacionado à previsão. Tinha como propósito examinar o futuro e desenvolver um plano de ação de médio e longo prazo; organização: relacionado ao desenvolvimento de uma estrutura humana e material responsável pela realização do empreendimento (objetivo: fim do negócio); comando: relacionado ao propósito de manter os trabalhadores em atividade em toda a organização; coordenação: relacionado ao propósito de reunir, sintetizar e harmonizar tarefas,esforços e funções ao alcance das atividades fins; e, controle: vigiar para que se realizem as atividades de acordo com o planejado e as ordens. Assim, os estudos de planejamento, direção, execução e controle são ampliados, qualificados e organizados em processos, com a necessidade de supervisão constante e, por isso, a necessidade da estrutura organizacional (MAXIMIANO, 2012). A partir dessa estrutura, a organização pode definir os cargos e as responsabilidades de cada trabalhador a parte do seu grau de responsabilidades e de autoridade dentro da estrutura pensada em departamentos (ou as áreas funcionais, como hoje é muito utilizado). A estrutura é organizada de forma vertical, a partir da autoridade e responsabilidade de cada área e seus profissionais com seus cargos, bem como de forma horizontal, de acordo com as especificidades da área funcional (finanças, produção etc.). Por isso, muito usualmente, entendemos a estrutura organizacional em forma de pirâmide, em cujo topo está a alta direção, no centro as áreas táticas de gestão e, na base, a operação das tarefas. 14 Além disso, Fayol propõe 14 princípios a serem aplicados na Administração das Empresas, no sentido de poder ampliar os resultados gerados e a produtividade. Quadro 2: Princípios da Teoria Clássica Princípio Definição Divisão do Trabalho Especialização dos colaboradores e gerentes para aumentar a eficiência. Implica na separação dos poderes. Autoridade e Responsabilidade A autoridade pode ser estatutária, inerente à função e/ou pessoal, derivada da inteligência, do saber e da experiência do chefe. A autoridade implica em responsabilidade, devendo haver sanção (recompensa ou penalidade) no exercício do poder. Disciplina Respeito às convenções estabelecidas entre a organização e seus empregados (convenções devem ser claras e equitativas para que as sanções sejam aplicadas). Unidade de Comando O empregado deve receber ordens de apenas um superior. Princípio da autoridade única. Unidade de Direção Deve haver um só chefe e um só plano para um grupo de atividades que tenha o mesmo objetivo. Interesse Geral Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais. Remuneração do Pessoal A remuneração deve ser justa e garantir a satisfação para os empregados e empregador. Centralização Concentração da autoridade. Nos pequenos negócios, em que as ordens do chefe vão diretamente aos agentes inferiores, a centralização é absoluta; nas grandes empresas o chefe está separado dos empregados subalternos por longa hierarquia havendo intermediários obrigatórios. Hierarquia ou Cadeia Escalar Linha de autoridade do escalão superior ao inferior. As comunicações dão-se através de uma via hierárquica. Ordem Material: há um lugar para cada coisa e cada coisa deve estar em seu lugar. E ordem social: há um lugar para cada pessoa e cada pessoa deve estar em seu lugar. Equidade Justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessário. Estabilidade e Duração do Pessoal A rotatividade tem um impacto negativo sobre a eficiência da organização (empresa). Iniciativa Capacidade de montar um plano e assegurar seu sucesso. União do Pessoal ou Espírito de Equipe O bom relacionamento entre as pessoas fortalece a organização. Entretanto, é indispensável observar a unidade de comando. Fonte: Chiavenato (2002, p. 108-109) Para Fayol, os princípios orientam a atuação dos administradores e contribuem para o alcance dos objetivos do negócio. Agora, se você observar bem, os princípios ainda são utilizados nas empresas, em maior ou menor grau, dependendo do perfil e do contexto da organização, não é mesmo? Como Fayol foi um precursor dos estudos de Taylor, podemos considerar que também Fayol traz em seus estudos uma abordagem prescritiva e normativa (as empresas são tratadas de forma igualitária). Ele considerava a função administrativa como uma ciência que se baseia em leis ou princípios globalmente aplicáveis a todas 15 as organizações de forma semelhante. Como principais críticas recebidas pelos estudiosos que analisaram seus estudos, destacam-se: a empresa como um sistema fechado; obsessão pelo comando; manipulação dos trabalhadores; a inexistência de fundamentação científica; abordagem apenas da organização formal; e visão mecanicista do trabalho (CHIAVENATO, 2002). A seguir, vamos tratar de outra teoria, o Fordismo, que teve uma grande contribuição aos estudos da administração em todo o mundo. 1.4 FORDISMO O fordismo é um sistema de organização do trabalho que se configura como uma evolução do Taylorismo. No Fordismo, a mecanização da produção e o preparo da gerência, característicos do sistema anterior, foram mantidos, mas foi incrementada uma nova tecnologia para acelerar a produção: a esteira rolante. Em 1914, Henry Ford, fundador da indústria Ford de veículos automotivos, criou o termo fordismo para descrever o modelo de produção capitalista empregado na sua empresa, caracterizado pelo conjunto de mudanças no processo de trabalho e pela introdução da primeira linha de montagem, revolucionando a indústria automobilística e constituindo o mercado de consumo em massa para os automóveis. Figura 3: Henry Ford Fonte: https://bit.ly/3hYW3du. Acesso em: 22 nov. 2021 Uma curiosidade: Ford nomeou os primeiros modelos de seus veículos em ordem alfabética, de A a S. O modelo de maior sucesso ficaria conhecido como https://bit.ly/3hYW3du 16 “Ford T”. No início da trajetória da Ford, cada carro era produzido por equipes que, trabalhando em conjunto, levavam mais de 12 horas para concluir cada unidade. Ford tinha em sua concepção que desenvolver um único modelo de automóvel, com a mesma cor, tamanho, qualidade e capacidade de motor, aumentaria a sua rotina produtiva, a distribuição das tarefas, o fluxo produtivo, a simplicidade e o custo produtivos. Para Andrade e Amboni (2018, p. 61), três eram as premissas básicas desta metodologia de Ford: “o processo de produção deveria ser planejado, ordenado e contínuo; os trabalhadores deveriam receber o trabalho a ser feito; e os fluxos de operações deveriam ser avaliados de forma contínua, para evitar desperdícios e incrementar os níveis de eficiência”. Ou seja, os princípios de Ford eram a intensificação da produção; economicidade e produtividade em linha de montagem. O sistema americano conhecido como fordismo demonstrou a sua eficiência na condição de forma de extração de mais-valia, à medida que, a partir das suas relações de produção e das novas formas de organização do processo produtivo, foram concebidos e veiculados novos modos de vida, de comportamento, de valores ideológicos, na forma de buscar um consenso por meio da veiculação de uma nova concepção de mundo, de interesse do capital. Para que o operário fosse “fordizado”, foi preciso aliar ao plano científico do processo produtivo os novos mecanismos de adaptação ideológica “na” e “da” vida privada. Portanto, o sistema capitalista se consolidou de maneira global, reproduzindo as relações de dominação e exploração que separavam o capital do trabalho. Esse modelo de fabricação se embasa na produção industrial em massa no sentido de se obter maior produtividade sobre o trabalho desenvolvido pelos operários nas indústrias. As tarefas eram fragmentadas e realizadas por etapas no processo produtivo de automóveis, potencializando a padronização da produção. https://bit.ly/3pRibL2 17 Como um dos pontos fortes do Fordismo, podemos citar a inclusão das esteiras rolantes, as quais acarretavam a minimização dos custos e o aumento da produtividade; assim, os preços diminuíam. Porém, esse método acabava por desqualificar os funcionários. Por outro lado,no Fordismo, a jornada de trabalho foi limitada a 8 horas diárias, bem como o pagamento justo e melhor de salários aos operários. São características de produção no fordismo: a padronização dos produtos; a produção em grande escala; o uso de linhas de montagem; e a divisão do trabalho em pequenas tarefas. Assim, se observa as grandes contribuições de Ford à gestão da produção, oportunizando maior controle e produtividade às indústrias até os dias de hoje. 18 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE ADMINISTRAÇÃO 2015) Uma organização é um sistema de recursos que procura alcançar objetivos. Cada pessoa e cada grupo de pessoas têm atribuições específicas que contribuem para isso. As funções organizacionais são as tarefas especializadas que as pessoas e os grupos executam para que a organização atinja seus objetivos. O princípio que permite superar as limitações individuais por meio da especialização é denominado: a) formalização. b) hierarquização. c) divisão do trabalho. d) amplitude de controle. e) processos de transformação. 2. (ENADE TEC. GESTÃO PÚBLICA 2015) Apesar de afirmações teóricas de que a mudança é reconhecida como um processo emergente, substantivo, fluido e dinâmico, assentado nas pessoas, é fato também que os membros das organizações insistem em levá-la à prática segundo parâmetros de pensamento mecaniscistas, ou seja, de inspiração, de inspiração taylorista. Os modelos mantais que permeiam a gestão pública são um dos responsáveis por esse fenômeno. BERGUES, S. T. Gestão estratégica de pessoas no setor público. São Paulo: Atlas, 2014 (adaptado). No contexto apresentado, o pensamento mecanicista: I. baseia-se na estrutura organizacional. II. permite flexibilidade no processo de mudança. III. compreende a mudança como um processo linear. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. 19 d) I e III, apenas. e) I, II e III. 3. (CEBRASPE 2021): Há um conceito, proposto pela administração científica, que aumenta a eficiência e contribui para diminuir custos de produção. Nesse contexto, cada departamento ou posto de trabalho executa as mesmas tarefas, de forma repetitiva, e, assim, o trabalhador se torna especialista na execução de suas atividades, com mais rapidez e maior produtividade. Para as organizações formais modernas, essas são características referentes ao conceito de: a) divisão do trabalho. b) hierarquia. c) distribuição da autoridade e da responsabilidade. d) racionalismo. e) especialização. 4. (ADMINISTRAÇÃO 2017) Frederick Taylor consolidou conceitos como a organização racional do trabalho, a divisão das tarefas e a especialização do trabalho, entre muitos outros que delinearam as estratégias produtivas utilizadas na época e que perduram até hoje. Acerca do conceito de divisão do trabalho, é correto afirmar que: I. Taylor estudou cada tarefa realizada no chão de fábrica e propôs a divisão delas. II. depois de divididas, cada operário faria uma parte do processo. III. esse operário teria domínio sobre toda a operação e o processo como um conjunto. IV. as tarefas da divisão do trabalho são colocadas em linha, resultando no material, ao final. Avaliando as assertivas, é possível AFIRMAR que: a) as afirmativas III e IV estão incorretas. b) a afirmativas II e III estão corretas. c) somente a afirmativa IV está incorreta. 20 d) as afirmativas I e III estão corretas. e) somente a afirmativa III está incorreta. 5. (SUGEP 2019) Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz. A teoria administrativa que trata da Administração Científica tem como principal enfoque a racionalização do trabalho no nível operacional. Essa teoria tem como ênfase: a) as pessoas. b) as estruturas. c) as tarefas. d) o ambiente. e) a competitividade. 6. (CESGRANRIO 2019) Um funcionário do curso de Administração de uma universidade comentou que o chefe de seu departamento conseguiu melhorar a produtividade do trabalho dos funcionários, utilizando técnicas de estudo de tempos e movimentos em que as tarefas foram divididas em seus movimentos básicos, e os diferentes gestos foram cronometrados para se determinar o modo mais eficiente de se completar cada uma delas. Com base nessa descrição, constata-se que a gestão desse chefe foi embasada na abordagem: a) comportamental. b) contingencial. c) burocrática. d) da Administração Científica. e) da Administração Quantitativa. 7. (FGV – 2019) Administração Científica constituiu uma escola pioneira do pensamento administrativo, cujo principal expoente é Frederick Taylor. Um dos principais focos de atenção de Taylor foi a organização racional do trabalho, com 21 vistas à eliminação do desperdício, da ociosidade e à redução dos custos de produção. Dentre as principais contribuições da Administração Científica, encontra-se: a) Proposição das funções administrativas: planejamento, organização, direção e controle. b) Formulação dos princípios gerais de organização. c) Introdução dos estudos sobre liderança, associada à supervisão. d) Introdução das primeiras normas de segurança do trabalho. e) Introdução da remuneração associada à produtividade do trabalhador frente a padrão de desempenho. 8. (CESPE (2019) A teoria da administração científica, formulada por Frederick W. Taylor e outros, entre 1890 e 1930, buscava determinar cientificamente os melhores métodos de se realizar qualquer tarefa e para selecionar, treinar e motivar os empregados das organizações. Acerca dessa teoria, assinale a opção correta. a) Taylor desenvolveu um plano de três posições em que um empregado poderia, ao mesmo tempo, fazer suas tarefas atuais, preparar-se para um trabalho imediatamente superior e treinar seu sucessor. b) Um dos princípios no qual Taylor fundamentou sua teoria consiste na ideia de que a seleção de empregados deveria se dar com base em métodos científicos para que uma tarefa a ser realizada ficasse a cargo de alguém mais bem habilitado. c) Visando acompanhar o progresso de cada empregado, planejar e rever formalmente os custos e o andamento da produção, Taylor criou um sistema de gráficos para a programação da produção. d) Taylor investigou e sistematizou o comportamento do administrador em funções organizacionais e na organização como um todo. e) Taylor estabeleceu sua doutrina de administração com ênfase na visão do ser humano racional e social, motivado pelos ganhos financeiros e pelas relações sociais estabelecidas no ambiente de trabalho. 22 ABORDAGEM HUMANÍSTICA 2.1 TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Os estudos que centram o comportamento e o desempenho dos trabalhadores nas empresas ganham notoriedade a partir de 1930, com a Experiência de Hawthorne, na cidade Chicago, EUA. Elton Mayo (1880–1949) foi o pesquisador que aplicou quatro fases no processo produtivo da Fábrica da Western Electric Company. Figura 4: Elton Mayo Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3KEqiCv. Acesso em: 24 nov. 2021 Para que você possa entender, Mayo queria testar o comportamento dos trabalhadores e os efeitos de produtividade por meio de incitações geradas no espaço e no processo de trabalho. Foram selecionados dois grupos, um grupo experimental, que recebeu alterações na rotina e no ambiente de trabalho (iluminação, ventilação, tempo de descanso entre turnos etc.) e um grupo controle, que mantinha a sua rotina de trabalho (CHIAVENATO, 2002). O experimento ocorreu no período de 1927 a 1933, na primeira fase, e durou até1947, na segunda fase. Acompanhe cada uma das fases: UNIDADE 02 https://bit.ly/3KEqiCv 23 Quadro 3: Fases da Experiência de Hawthorne Fases Características 1ªFase Foram estudados dois grupos de trabalho que, operando em condições idênticas, tiveram sua produção constantemente avaliada. Um grupo teve suas condições ambientais mantidas e outro teve sua iluminação intensificada. Nesta fase não foram identificadas variações significativas de produção. 2ª Fase Foram selecionadas e convidadas seis moças de nível médio, constituindo-se o grupo experimental. Das garotas, cinco delas montavam relés e a sexta apenas fornecia as peças necessárias. O grupo de controle era constituído pelo restante do departamento. Após diversas variações nas condições de trabalho, obtiveram resultados crescentes de produtividade. 3ª Fase Programa de entrevistas buscando mais conhecimentos sobre as atitudes e sentimentos do trabalhador (foram entrevistados 21.126 operários). Descobriu-se a existência da organização informal (grupos informais). 4ª Fase Separação de um pequeno grupo experimental para avaliação de sua interferência no comportamento do grupo maior. Percebeu-se claramente o sistema de recompensa e punição dos grupos informais. Fonte: Chiavenato (2002). O estudo é considerado a origem da Escola das Relações Humanas. Isso se justifica pela geração do resultado ter demonstrado que entre os fatores mais importantes no desempenho individual de uma pessoa em seu ambiente de trabalho, estão as relações pessoais com os colegas e os administradores. Relacionando esse estudo com os conceitos predominantes da teoria da Escola Clássica, que não admitia relacionamentos informais, podemos imaginar o impacto do resultado da pesquisa: a introdução de um novo conceito à teoria da administração, que inseriu as relações informais, e sua influência nos objetivos organizacionais formais. A partir da experiência realizada por Mayo, houve algumas conclusões, que são: 1. Integração Social: as pessoas geram mais resultado quando se percebem como grupo e desenvolvem relações sociais entre si. 2. Trabalho em Grupo: as pessoas desenvolvem comportamentos apoiados no grupo de trabalho. 3. Grupos Informais: as pessoas se associam em grupos informais, não somente na equipe formal de trabalho. 4. Relações Humanas: são as práticas desenvolvidas por meio dos contatos sociais entre pessoas e grupos. 24 5. O conteúdo do cargo afeta a moral do trabalhador: trocas de cargos e funções aumentam a moral dos trabalhadores, evitando a monotonia da especialização em um cargo. 6. Ênfase nos aspectos emocionais: os comportamentos emocionais das pessoas merecem atenção nas organizações. De modo geral, Mayo passaria a concluir que os trabalhadores eram mais impactados pelos fatores sociais do que pelos fatores físicos do ambiente, e que o aumento na performance dos trabalhadores estava relacionado a um conjunto de variáveis complexas. Mayo também havia notado que os trabalhadores selecionados para o estudo haviam desenvolvido um senso de orgulho e de pertencimento que geraram maior produtividade, além de expressarem maior engajamento no desenvolvimento de suas funções. Além disso, os colaboradores que haviam recebido maior atenção e algum grau de autonomia por parte de seus supervisores também apresentaram níveis ainda maiores de participação e, consequentemente, de produtividade. O grupo de pesquisadores chamou esse aumento da motivação e da produtividade de “Efeito Hawthorne”. Além disso, a Escola das Relações Humanas também é hoje conhecida pelo entendimento do indivíduo enquanto homem social. A partir dos resultados da pesquisa de Mayo, a Teoria das Relações Humanas 25 oportunizou que o ambiente de trabalho começasse também a ser estruturado de forma mais adequada, para que o convívio entre os trabalhadores e a prática do trabalho desempenhado pudessem ter resultados mais positivos, aumentando a competitividade e lucratividade. Portanto, esta é a maior contribuição dessa escola para os estudos em gestão de pessoas: a valorização do ser humano nas instituições, levando em consideração que as pessoas é que movimentam as empresas e que há a necessidade de compreender os fatores psicológicos e sociais que circulam entre elas. É interessante destacar que esses resultados propiciaram políticas de gestão de pessoas nas empresas, levando em consideração a valorização dos profissionais, o comportamento humano, a motivação, a liderança, o grupo de trabalho, as relações humanas e a comunicação. 2.2 TEORIA DA MOTIVAÇÃO DE MASLOW Em se tratando de motivação, o que te motiva a estudar, trabalhar ou, simplesmente viver? Pois bem, essas indagações também foram feitas por diversos pesquisadores, no sentido de compreender o comportamento humano e suas motivações. Para começar, vamos entender o que é a motivação. Segundo Maximiliano (2012, p. 190), “a palavra motivação deriva do latim motivus, movere, que significa mover”. Seguindo o pensamento do autor, em seu sentido original, esta palavra indica um processo no qual o comportamento humano é “estimulado, incentivado ou energizado por alguma razão ou motivo e também por um estado de disposição, interesse ou desejo de perseguir, realizar uma tarefa ou uma meta” (MAXIMIANO, 2012, p. 191). Assim, você pode entender que uma pessoa que está motivada apresenta positividade na realização de suas obrigações. 26 Agora, em se tratando dos estudos realizados sobre a motivação, conforme Gil (2010), no ano de 1954, o psicólogo Abraham Maslow desenvolveu a Teoria das Necessidades, também reconhecida como a Teoria da Motivação de Maslow. Seu estudo sobre as necessidades humanas as relacionou a diferentes níveis de motivação. Maslow concluiu que há, de fato, uma hierarquia de necessidades humanas, ou seja, algumas seriam mais importantes do que outras. A partir da observação da sequência hierárquica das necessidades humanas, os administradores passaram a compreender melhor como as pessoas “funcionam” e, assim, buscaram formas de preencher essas necessidades com o intuito de melhorar os níveis de desempenho delas (MAXIMIANO, 2012; OLIVEIRA, 2009). Para você entender, Maslow constata em sua pesquisa que as necessidades humanas apresentam diferentes níveis de força e, nesse sentido, se estabeleceu uma hierarquia de necessidades, as quais são divididas em cinco grupos: Primeiro nível: necessidades fisiológicas. São aquelas básicas para a manutenção da vida. Isso inclui fome, sede, comer, descansar, ter o que vestir, onde morar. Segundo nível: necessidade de segurança. Se refere à preocupação para com o futuro, estar livre de perigos e das necessidades básicas, estabilidade no emprego e nos relacionamentos. Terceiro nível: necessidade social. Inclui “afeição, aceitação, amizade e sensação de pertencer a um grupo, relações humanas harmônicas como família, relações amorosas” (PEREIRA, 2012, p, 11). Quarto nível: necessidade de estima. Está ligada ao reconhecimento de nossas capacidades, assim como ao reconhecimento delas por outrem. Está vinculada à necessidade do ser humano de ser respeitado, admirado, gerando nele uma sensação de dignidade. Quinto nível: necessidade de autorrealização. Refere-se à “intenção de tornar- se tudo aquilo que se é capaz de ser; inclui crescimento, alcance do seu próprio potencial e autodesenvolvimento superação de desafios, independência e realização de sonhos e autocontrole” (PEREIRA, 2012, p. 11). Os níveis são representados por meio de uma pirâmide, conforme ilustra a figura 5, cuja interpretação se inicia por meio da base da pirâmide (primeiro nível) até o topo dela (quinto nível).27 Figura 5: Pirâmide das Necessidades Básicas Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3J6ebhg Acesso em: 24 nov. 2021 A pirâmide de Maslow é desmembrada em 2 patamares: as necessidades de nível inferior, compostas pelas necessidades fisiológicas e de segurança, as quais são satisfeitas externamente; e as necessidades de nível superior, que são satisfeitas internamente, como as sociais, de estima e de autorrealização (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Para Maslow, segundo Chiavenato (2002, p. 185), “quando uma necessidade é relativamente satisfeita, a próxima necessidade mais elevada torna-se dominante no comportamento da pessoa”. As necessidades mais elevadas somente interferem no comportamento quando as necessidades mais baixas estão relativamente satisfeitas. Assim, o que você deve fazer primeiro para motivar uma pessoa é saber em qual nível da hierarquia ela está para, assim, conseguir satisfazer aquela necessidade específica. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010), a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, apesar de não ter sido totalmente finalizada, crê que um nível da pirâmide totalmente satisfeito não motiva mais, pois, no momento em que uma é atendida, a seguinte torna-se superior. Ou seja, entende-se que, para motivar alguém, é preciso saber em qual nível a pessoa se encontra na pirâmide para analisar a satisfação que está naquele nível para conseguir atingir sua necessidade subsequente. https://bit.ly/3J6ebhg 28 Spector (2012) relata que esta teoria tem desfrutado de um resultado positivo nas organizações, pois permanece sendo utilizada na preparação dos futuros gerentes, ressaltando a importância de motivar e satisfazer as necessidades dos colaboradores no ambiente de trabalho. 2.3 TEORIA COMPORTAMENTAL DE HERZBERG O comportamento dos indivíduos pode ser interpretado pela situação em que cada um está, no que se refere à satisfação, motivação, emoções, entre outras. Assim, Frederick Herzberg, psicólogo americano, desenvolveu a Teoria dos Dois Fatores. Nesta teoria, Herzberg buscou explicar o comportamento humano no ambiente de trabalho. Para iniciarmos, podemos entender que há diferentes possibilidades quando se busca compreender a ligação de uma pessoa com o seu trabalho, ou até você mesmo, pois há momentos em que uma pessoa pode estar extremamente satisfeita e, em outros, conduzida à insatisfação. Conforme Robbins, Judge e Sobral (2010), a Teoria dos Dois Fatores é a que define os fatores intrínsecos que estão relacionados à satisfação no trabalho (como a responsabilidade, a realização e o progresso do indivíduo) à medida em que os fatores extrínsecos estão ligados à insatisfação (como a política da empresa, condições de trabalho, remuneração, entre outros). Observe a figura 6 sobre os estudos da teoria de Herzberg. https://bit.ly/3CxuxgF 29 Figura 6: Teoria dos Dois Fatores Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3KAgv0y. Acesso em: 23 nov. 2021 Complementando, Spector (2012) orienta que a Teoria dos Dois Fatores está relacionada à motivação da natureza do trabalho em si, e não de recompensas ou de condições de trabalho. Nesta teoria, as necessidades humanas são divididas em duas categorias: os fatores higiênicos (ou extrínsecos) e os fatores motivacionais (ou intrínsecos). Os fatores higiênicos (ou extrínsecos) estão relacionados à natureza animal dos seres humanos, como habilidade, nível elevado, necessidades físicas e crescimento psicológico, no qual incluem: salário, supervisão, políticas organizacionais e companheiros de trabalho. Na prática, continuam os fatores tradicionalmente utilizados pelas organizações para obter motivação das pessoas, porém, eles são limitados à capacidade de influenciá-las. A expressão higiene: serve para refletir teu caráter preventivo e para mostrar que quando são excelentes, esses fatores apenas evitam a insatisfação, uma vez que sua influência sobre o comportamento não consegue elevar substancial e duradouramente a satisfação das pessoas (MAXIMIANO, 2012, p. 138). Esta categoria impede a insatisfação, mas não influencia no desenvolvimento do indivíduo. https://bit.ly/3KAgv0y 30 Já os fatores motivacionais (ou intrínsecos) estão ligados com o trabalho em si, tais como a realização, reconhecimento, responsabilidades e crescimento do indivíduo, entre outros; produzem efeito duradouro de satisfação e de aumento de produtividade. Mas, quando estes fatores são atingidos, são diretamente levados à satisfação (SPECTOR, 2012). Com base nessas informações, percebe-se que a motivação está relacionada ao modo como se configura a política da empresa, desde o momento que o funcionário é contratado, sua trajetória, oportunidades de crescimento profissional, coleguismo, benefícios, reconhecimento e responsabilidades que o indivíduo vai desenvolver ao longo do processo, contribuindo para o elevado índice de satisfação. Dessa forma, podemos sugerir que, primeiramente, o trabalhador se preocuparia com a questão de sua remuneração (até para que satisfaça as suas necessidades fisiológicas básicas, como, por exemplo, se alimentar) e, apenas depois disso, poderia passar a se preocupar com um ambiente de trabalho seguro, confortável e no qual as ações da chefia sejam relativamente previsíveis. O mesmo aconteceria, portanto, com todas as demais camadas de necessidades e seus respectivos exemplos. Agora, você precisa saber que Frederick Herzberg afirmava que satisfação e desempenho elevados no cargo estão ligados ao atendimento das necessidades motivacionais do funcionário. A insatisfação e a satisfação não são extremidades de um contínuo, são conceitos diferentes. A insatisfação é provocada pelo atendimento insuficiente dos fatores higiênicos, que se manifestam no ambiente de trabalho e abrangem a qualidade da coordenação, as relações interpessoais, o ambiente físico e as condições de trabalho, as políticas e a gestão da organização, os benefícios e a segurança na função. Quando os fatores higiênicos estão atendidos, as pessoas não apresentam elevado grau de insatisfação. Ao contrário, a insatisfação das pessoas é esperada se esses fatores não forem atendidos (KINICKI; KREITNER, 2006). 31 Para te ajudar a entender as diferenças entre as teorias de Maslow e de Herzberg, conforme Chiavenato (2002), as teorias de Maslow e de Herzberg apresentam pontos comuns. Os fatores higiênicos de Herzberg podem ser relacionados às necessidades primárias de Maslow. Por sua vez, os fatores motivacionais de Herzberg podem ser relacionados às necessidades secundárias de Maslow. Portanto, podemos verificar que A Teoria de Herzberg, em certa medida, complementa os estudos de Maslow, uma vez que quanto mais o indivíduo ascende na hierarquia das necessidades, maior é a relevância dos fatores motivacionais. Da mesma forma, quanto mais se desce na hierarquia de Maslow, mais importantes se tornam os fatores higiênicos de Herzberg (MAXIMIANO, 2012). https://bit.ly/3MBbiqW 32 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE TEC. DA QUALIDADE 2018) Com a globalização e o consequente aumento da competitividade empresarial, as organizações buscam a qualidade e a melhoria contínua de seus processos, de forma a atender às expectativas dos clientes e às exigências do mercado, assim como alcançar os objetivos organizacionais. Para tanto, é necessário que se reconheça a importância da gestão de pessoas, que deve contribuir com a melhoria contínua das condições e do ambiente de trabalho, que envolvem aspectos sociais e culturais, com vistas a elevar a qualidade de vida no trabalho e o nível de satisfação do trabalhador. Considerando o tema tratado no texto,avalie as afirmações a seguir. I. A motivação do trabalhador está associada, entre outros fatores, às características do trabalho, que são as demandas de suas tarefas no dia a dia. II. As características individuais dos trabalhadores, que envolvem atitudes, interesses, necessidades e expectativas, impactam a sua motivação. III. As políticas de pessoal, de recompensa, do clima organizacional bem como as atitudes da liderança determinam a motivação do trabalhador. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 2. (ENADE TEC. DA QUALIDADE 2018) Os líderes são os motivadores dos profissionais, e estes, motivados, propiciam a formação de equipes de trabalho de alta performance – a mais relevante entre todas as atividades de responsabilidade do líder. Os técnicos esportivos, por exemplo, procuram os melhores atletas, aqueles que apresentam condições físicas adequadas ao perfil do esporte que vão praticar e que tenham facilidade de integrar-se aos demais atletas, 33 principalmente se a modalidade for coletiva. TEIXEIRA, J. M. B.; RIBEIRO, M. T. F. Gestão de pessoas na administração pública: teorias e conceitos. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2017 (adaptado). A partir das informações do texto apresentado, avalie as afirmações a seguir. I. A liderança é uma competência inata do indivíduo, ou seja, não é adquirida ao longo do exercício profissional. II. O feedback, essencial para uma boa atuação na gestão de pessoas, deve ser dado aos subordinados em público, de modo a desafiá-los a promoverem alterações positivas em seu comportamento. III. O exercício da liderança como forma de influenciar o comportamento de equipes de trabalho permite direcioná-las aos objetivos estabelecidos pela organização. IV. A motivação dos membros do grupo é um dos fatores que influenciam na produtividade da equipe. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV. 3. (ENADE TEC. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 2018) Os primeiros experimentos de Hawthorne, realizados entre 1924 e 1933, para analisar o clima interno das organizações, já apontavam que a simples atenção para com as condições de trabalho foi suficiente para gerar motivação e sentimentos positivos dos empregados em relação à organização. As pessoas são os elementos mais importantes, pois partem delas as iniciativas para as práticas sociais e são também criadoras dos objetivos e das inovações que almeja qualquer segmento que envolve atividade humana. BEGNAMI, M. L. V.; ZORZO, A. Clima organizacional: percepções e aplicabilidade. Revista Científica da FHO|Uniararas, v. 1, n. 2, 2013 (adaptado). 34 Nesse contexto, avalie as afirmações a seguir. I. O clima organizacional abre novas perspectivas para a gestão de pessoas, na medida em que se buscam argumentos e compreensão para o desempenho do trabalho humano, que está relacionado a outros aspectos relevantes do cotidiano, como liderança, satisfação, ética, motivação, desempenho e rotatividade. II. O conjunto das normas informais que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia a dia define o seu clima organizacional. III. O clima organizacional está ligado à autoestima e à satisfação, ou insatisfação, das necessidades dos colaboradores de uma organização. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 4. (ENADE TEC. DA QUALIDADE 2015) O gerente de projetos é o centro em torno do qual giram todas as atividades; o elo entre os stakeholders internos e externos, ou seja, das partes interessadas internas e externas ao projeto; o regulador e progresso, velocidade, qualidade e custo; o comunicador, motivador e negociador do projeto; o controlador de finanças e outros recursos. Os projetos não dispõem de tempo ilimitado, logo o gerente não pode ser desenvolvido no cargo. FONTE: KEELLING, R. Gestão de Projetos: uma abordagem global. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008 (adaptado). A partir do texto acima e considerando a Teoria X e a Teoria Y de Douglas McGregor, assinale a alternativa CORRETA acerca do estilo de gestão que o gerente de projetos deve adotar, desconsideradas as características de personalidade. 35 a) Estilo controlador: sem alinhamento à Teoria X e à Teoria Y, mas justificado pelos trade-offs do projeto, ou seja, das decisões que compreendem o lado positivo e o negativo das escolhas que o gestor tem de fazer. b) Estilo participativo: alinhado à Teoria Y e aos pressupostos do conceito de homem social, da Teoria das Relações Humanas, e justificado pela necessidade de qualificação dos membros que compõem a equipe de projetos, o que permite o compartilhamento de autoridades e responsabilidades. c) Estilo consultivo: alinhado à Teoria Y, com restrições aos pressupostos do conceito de homem social, da Teoria das Relações Humanas, e justificado pelos conhecimentos e experiência do gestor. d) Estilo autoritário benevolente: alinhado à Teoria X, porém, mais condescendente e menos rígido, e aos pressupostos do conceito de Homo Economicus, da Teoria Clássica da Administração, justificado pela necessidade de se negociar com a equipe e as partes interessadas externas ao projeto. e) Estilo participativo: alinhado à Teoria Y e aos pressupostos do conceito de homem social, da Teoria das Relações Humanas, e justificado pela necessidade de qualificação dos membros que compõem a equipe de projetos, o que permite o compartilhamento de autoridades e responsabilidades. 5. (FCC 2018) Entre as teorias mais divulgadas acerca da motivação, insere-se a desenvolvida por Abraham Maslow, conhecida como hierarquia das necessidades humanas, a qual, em linhas gerais, sustenta que: a) O indivíduo somente vai se sentir estimulado a buscar a satisfação de necessidades mais elevadas, como de autorrealização, se outras básicas, como de subsistência, já estiverem satisfeitas. b) O homem médio não gosta do trabalho e precisa ser forçado ao seu desempenho, havendo, contudo, uma hierarquia natural entre indivíduos que respondem mais prontamente a estímulos motivacionais. c) A maioria das pessoas tem uma motivação intrínseca para o trabalho, sendo desnecessário o estabelecimento de recompensas, porém, é imprescindível o atendimento de necessidades básicas. d) O que motiva o indivíduo para a realização de uma tarefa é a correlação entre o resultado obtido e o esforço empregado (valência), devendo as tarefas ser 36 hierarquizadas em função dessa relação. e) O reforço positivo é mais efetivo para a fixação de uma motivação permanente, porém, o reforço negativo é necessário para induzir determinados grupos mais refratários. 6. (FCC 2018) De acordo com a Teoria Bifatorial, desenvolvida por Herzberg para buscar explicar os elementos que envolvem a satisfação no trabalho, os denominados fatores higiênicos: a) estão relacionados à insatisfação no trabalho, sendo administrados pela empresa e extrínsecos à motivação do funcionário. b) são intrínsecos à satisfação dos indivíduos em geral, induzindo o processo de motivação no trabalho. c) não repercutem na satisfação ou insatisfação do indivíduo, sendo neutros do ponto de vista da motivação. d) são fatores indutores do processo motivacional, correspondendo às recompensas diretas por comportamentos ou ações desejadas. e) representam forças antagônicas à motivação, devendo ser neutralizados pelo reforço positivo e evitados mediante punição. 7. (FCC – 2019) Considere que o novo dirigente de uma entidade integrante da Administração indireta do Município tenha estabelecidocomo principal foco de sua atuação fomentar a motivação dos servidores no ambiente de trabalho. Como embasamento teórico, o referido dirigente valeu-se dos preceitos da Teoria ERC (ou ERG, como é conhecida internacionalmente), desenvolvida por Clayton Alderfer, o que significa pressupor que: a) apenas o atendimento às necessidades mais básicas, ligadas à subsistência do indivíduo, constituem fonte para a motivação no trabalho. b) há uma hierarquia entre as necessidades dos indivíduos, cujo atendimento na ordem correta é pressuposto para gerar motivação. c) existem três necessidades essenciais a serem satisfeitas para a motivação dos indivíduos: existência; de relacionamento e de crescimento. d) o que gera a motivação genuína, capaz de assegurar o envolvimento e 37 comprometimento do indivíduo com os objetivos da entidade, é apenas o atendimento das necessidades de estima e apreciação social. e) O homem médio não gosta do trabalho e o evita, sendo que a motivação para a realização das tarefas advém exclusivamente de recompensas financeiras. 8. (UFG 2018) A hierarquia das necessidades de Maslow é usada em diversas áreas da administração como ferramenta para a compreensão do comportamento do trabalhador nas organizações. Conforme essa hierarquia, o desenvolvimento dos empregados, as boas condições de trabalho, os planos de aposentadoria, a poupança, a pensão etc. são exemplos da categoria: a) de necessidades de autorrealização. b) de necessidades de segurança. c) de necessidades fisiológicas. d) de necessidades sociais. e) de necessidades de estima. 38 ABORDAGEM ESTRUTURALISTA 3.1 TEORIA DA BUROCRACIA A palavra burocracia tem origem nos componentes linguísticos franceses: bureaucratie, bureau que significa escritório, e do grego krátos que significa poder. Portanto, a palavra burocracia dá a ideia do exercício do poder e da autoridade por meio dos espaços administrativos e das repartições públicas. De forma geral, a sociedade remete à interpretação de que a burocracia gera processos lentos de controle que impedem as soluções rápidas e dinâmicas. Esta é uma visão reducionista frente à complexidade dos processos da burocracia (MAXIMIANO, 2012). Para entendermos o surgimento da burocracia, vamos recordar que a Teoria Clássica demandava atividades processuais em uma estrutura organizacional, a qual exigia supervisão e controle. Isso repercutiu em uma maior burocracia, fortalecendo a Teoria da Burocracia. Ela mantinha como foco o controle dos processos e dos resultados (CHIAVENATO, 2002). Essa teoria surgiu em 1940, frente aos problemas que a Teoria Clássica e a das Relações Humanas enfrentavam diante de uma abordagem global de problemas organizacionais. Neste contexto, surgiu a necessidade de uma teoria que abarcasse toda a estrutura organizacional, suas variáveis, departamentos e pessoas, pois não era apenas para a fábrica, mas sim para todas as formas de organizações humanas e principalmente para as empresas. Com o crescimento do tamanho e a complexidade das empresas, era necessário um modelo organizacional mais adaptado para esta situação. Os principais autores deste modelo foram Max Weber, Robert K. Merton, Philip Selznick, Alvin W. Gouldner, Richard H. Hall e Nicos Mouzelis. UNIDADE 03 39 Figura 7: Max Weber Fonte: https://bit.ly/3J8c8tk. Acesso em: 24 nov. 2021 A partir dos estudos de Weber, surgiu a Sociologia da Burocracia, em que ele defende que um homem é remunerado para assumir um certo comportamento preestabelecido, explicado minuciosamente, e nunca permitir que as emoções interfiram no seu desempenho. O favorecimento dessa teoria se deu para Weber, segundo Chiavenato (2002, p. 420), pelos seguintes motivos: O desenvolvimento de uma economia monetária, a moeda assume o papel da remuneração para o funcionário, centralizando e fortalecendo, assim, a administração burocrática; O crescimento quantitativo e qualitativo do Estado Moderno; A superioridade técnica em termos de eficiência no tipo de administração burocrática. As práticas gerenciais nas indústrias demandaram maior ênfase na necessidade de ações burocráticas que permitissem a análise do trabalho, otimização de recursos, maximização de resultados e geração da produtividade (CHIAVENATO, 2002). Assim, a disciplina no ambiente de trabalho era requerida aos trabalhadores por meio de uma estrutura linear e centralizada de comando, no sentido de poder estabelecer a ordem e o cumprimento dos objetivos da empresa. A Teoria da Burocracia, defendida pelo sociológico alemão Max Weber (1864-1920), reforça as https://bit.ly/3J8c8tk 40 teorias da Administração Científica e da Teoria Clássica, já que havia o interesse de se ter uma racionalidade organizacional para o controle das responsabilidades no trabalho. As regras e o controle precisam ser definidos de acordo com a estrutura hierárquica da organização e a racionalidade nas atividades administrativas. Agora, para que você possa entender mais sobre o assunto, a burocracia é uma forma de organização baseada na racionalidade, isto é, “na adequação dos meios aos fins pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance dos objetivos” (CHIAVENATO, 2002, p. 422). Na burocracia, o detalhamento de tudo deve ser feito antecipadamente, para que o controle possa ser assertivo. Os trabalhadores deverão subordinar-se de acordo com as orientações, regras e normas da instituição para que esta atinja a máxima eficiência possível. Além disso, caracteriza-se por: Divisão do trabalho: funções específicas. Isso evita conflitos na atribuição de competências, todos têm o conhecimento exato dos seus deveres e nas suas obrigações quanto ao que deve ser feito e suas tarefas preestabelecidas; Hierarquia: sistema organizado em pirâmide permite melhor desempenho do sistema; Impessoalidade: os trabalhadores compõem o sistema e executam suas atividades, os quais podem ser substituídos por outras pessoas, uma vez que o sistema, como está estruturado, funcionará com uma ou outra pessoa, sem perder o fluxo dos processos; Meritocracia: a definição pela escolha de um trabalhador se dá pelo seu mérito, anulando as possibilidades de nepotismo; Separação entre propriedade e administração: os burocratas focam a administração dos meios de produção e não os possuem; e Profissionalização dos funcionários. Contudo, cabe ressaltar que a Teoria da Burocracia também preconiza que o 41 ambiente de trabalho deve ser profissional e impessoal. Nesse sentido, nas relações de trabalho, as amizades são fortemente desencorajadas. O ambiente impessoal caracterizado pela burocracia é projetado para promover a tomada de decisões que se baseia exclusivamente em fatos, em registros e no pensamento racional. Previne, assim, por exemplo, as influências políticas e os insights de pessoas externas à organização. 3.2 PODER, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Estudar o poder, suas implicações e formas de apresentação nas relações humanas e na sociedade é um desafio para todos nós. Muito se discute sobre quem detém e/ou exerce o poder, o comando sobre outra pessoa ou grupo de pessoas, portador da máxima de transformar as condições e a realidade, como também nas práticas de gestão, negociação e liderança. Você também pode pensar no poder existente nas instituições reguladoras e normatizadoras (como o caso dos governos, empresas detentoras de uma grande fatia de atuação no mercado, as religiões etc.), no âmbito das quais os sujeitos que pertencem a cada uma delas cumprem suas obrigações de acordo com o poder normativo exercido pelas instituiçõessobre eles e diversos tipos de estruturas organizacionais, de acordo com cada contexto (MAXIMIANO, 2012). Essa atuação é percebida, muitas vezes, nas dinâmicas políticas, estatais e autoritárias, que regem nas pessoas a manifestação das vontades e ordens impostas pelo seu líder, presidente, chefe de estado, líder religioso etc. Nesse sentido, Foucault (2002, p. 33) pondera que se estude o poder, de certo modo, “do lado de sua face externa, no ponto em que ele está em relação direta e imediata com o que se pode denominar, muito provisoriamente, seu objeto, seu alvo, seu campo de aplicação, no ponto, em outras palavras, em que ele se implanta e produz seus efeitos reais”. Para que possamos compreender o que é o poder, iniciamos pela teorização de que “não existe algo unitário e global chamado poder, mas unicamente formas díspares, heterogêneas, em constante transformação” (MACHADO, 2005, p. XI). De acordo com Michel Foucault, “o poder não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social e, como tal, constituída historicamente” (MACHADO, 2005, p. XI). O poder não é algo palpável, que se possa usar, como se utiliza e manipula um objeto. O poder está nas ações, nas relações entre os indivíduos na sociedade, 42 em grupos de pessoas, na negociação e tomada de decisão, em um espaço público ou privado. Assim, o indivíduo é “um efeito do poder e é, na mesma medida que é um efeito seu, seu intermediário: o poder transita pelo indivíduo que ele constituiu” (FOUCAULT, 2002, p. 35). Fácil de se entender, não é mesmo? Contudo, para ajudá-lo em seus estudos, atente-se para o fato de que o poder em uma organização: é a capacidade de afetar e controlar as ações e decisões das outras pessoas, mesmo quando elas possam resistir. Uma pessoa que ocupa uma alta posição em uma organização tem poder porque sua posição apresenta o que chamamos de poder de posição. Autoridade é o direito formal e legítimo de tomar decisões, dar ordens e alocar recursos para alcançar objetivos organizacionais desejados. A cadeia de comando reflete a hierarquia de autoridade que existe na organização (CHIAVENATO, 2002, p. 359). Do ponto de vista tradicional, a autoridade apresenta três características principais (CHIAVENATO, 2002, p. 359): Autoridade é decorrente de uma posição organizacional, e não de pessoas. Os administradores possuem autoridade em função da posição ocupada, e os que têm posição semelhante devem ter a mesma autoridade. Autoridade deve ser aceita pelos subordinados. Embora a autoridade flua do topo para a base da hierarquia, os subordinados a aceitam porque acreditam que os administradores têm o direito legítimo de dar ordens. A autoridade flui abaixo pela hierarquia vertical. As posições do topo da hierarquia são investidas com mais autoridade formal do que as posições abaixo delas. Todavia, a autoridade pode ser entendida como uma prática de liderança, não no sentido da força; mas, sim, no da legitimidade exercida pelos líderes aos liderados. O líder engaja seus liderados não somente pela sua ocupação de comando, mas também pelas suas competências e características pessoais. (MAXIMIANO, 2012). A responsabilidade faz parte do processo da autoridade, uma vez que ela é o dever de realizar a atividade pelo trabalhador, independente do 43 cargo que ele ocupa. Quando os gestores possuem responsabilidade pelos resultados gerados pelo seu trabalho, “mas pouca autoridade, o trabalho é possível, mas difícil, pois repousa na persuasão e sorte. Quando os administradores têm autoridade que excede a responsabilidade, eles se tornam tiranos, usando autoridade para resultados frívolos” (CHIAVENATO, 2002, p. 359). É importante lembrar que o poder está na interação entre as pessoas, bem como nas relações estabelecidas em uma estrutura organizacional. Assim, todas as empresas, sejam elas quais forem, demandam de uma estrutura que possibilite o desenvolvimento dos processos de trabalho. Uma espécie de coluna vertebral que integre as áreas, os sistemas, as pessoas e suas responsabilidades, no sentido de manter a integração das informações (MAXIMIANO, 2012). As empresas enfrentam alguns dilemas de como se organizar da melhor forma possível e, por isso, a necessidade de mudanças e adaptações para atender às oscilações do mercado. A partir do entendimento de que as empresas são organismos vivos, pois recebem recursos do ambiente e geram resultados ao ambiente (seja interno ou externo), as organizações nascem, crescem, se desenvolvem e podem, se não bem gerenciadas, morrerem (acarretando fechamento, falência etc.), por isso demandam cuidados e gerenciamento (CHIAVENATO, 2002). Cada qual à sua maneira, todas as organizações precisam estruturar-se e organizar-se internamente para funcionar adequadamente. Como a atividade organizacional é complexa e envolve uma diversidade de tarefas diferentes que precisam ser coordenadas e integradas, a estrutura assume uma importância fundamental. O sucesso da empresa vai depender de como ela desenvolve a sua 44 gestão e controla seus resultados. A organização (do grego, organon = ferramenta) significa “o arranjo e disposição dos recursos organizacionais para alcançar objetivos estratégicos” (CHIAVENATO, 2002, p. 367). Esse arranjo está na base da divisão do trabalho em áreas funcionais, como setores ou departamentos, os quais possuem seus cargos e as orientações das linhas de autoridade e coordenação das responsabilidades da área (líderes e liderados). A reorganização sempre se torna necessária para ajustar-se a essas mudanças. Reorganização significa a ação de alterar a estrutura organizacional para ajustá-la às novas condições ambientais. Muitas organizações estão se reestruturando continuamente para se tornarem mais ágeis, simples, eficientes e mais eficazes e competitivas em um ambiente global de forte e acirrada concorrência. A organização é uma importante função administrativa e deve servir como base fundamental para a estratégia organizacional. A estratégia define o que fazer, enquanto a organização define o como fazer. A estrutura organizacional é uma ferramenta para o administrador utilizar no sentido de harmonizar os recursos, de modo que tudo seja feita através da estratégia estabelecida (CHIAVENATO, 2002, p. 361). A organização é uma função administrativa distribuída entre todos os níveis organizacionais. Assim, quando falamos de organização, queremos dizer que o nível institucional estabelece o seu desenho organizacional, o nível intermediário estabelece o desenho departamental para cada uma das unidades organizacionais; e o nível operacional estabelece o desenho dos cargos e das tarefas de cada atividade, cada qual dentro de sua área de competência. Contudo, o processo é exatamente o mesmo para todos: estruturar as diferentes atividades que conduzem aos objetivos da organização. Cada administrador em seu nível organizacional coordena o trabalho de https://bit.ly/3vZqGrl 45 várias pessoas e estrutura equipes para processar a produção do trabalho. A tarefa básica da organização é estabelecer a estrutura organizacional. Existem dois caminhos para abordar a estrutura organizacional: a especialização vertical e a especialização horizontal. A primeira conduz aos níveis de hierarquia, e a segunda, a áreas de departamentalização ou divisionalização (CHIAVENATO, 2002, p. 366). A partir dos estudos até aqui apresentados, vamos, a seguir, estudar a Teoria Estruturalista e suas contribuições ao contexto da administração de empresas. 3.3 TEORIA ESTRUTURALISTA A Teoria Estruturalista foi considerada um desdobramento da Teoria Burocrática que, por sua vez, buscou conciliar as teorias propostaspelas abordagens Clássicas e pela Teoria das Relações Humanas. Conforme Maximiano (2012), uma grande contribuição à Teoria Estruturalista, foi, sem dúvida, de Amitai Etzioni. Nascido na Alemanha em 1929, Etzioni estudou as teorias anteriores e escreveu uma série de livros fundamentais para a Administração. Entre eles, destacam-se as obras Organizações modernas (1964) e Análise Comparativa de Organizações Complexas (1961). Em seus textos, Etzioni destaca a tendência que as organizações têm de se adaptarem ao meio no qual estão inseridas. Figura 8: Amitai Etzioni Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3KA9EEb. Acesso em: 24 nov. 2021 Insatisfeito com as descobertas de outros pesquisadores sobre a abordagem https://bit.ly/3KA9EEb 46 das relações humanas, ele as considerou insuficientes para esclarecer as relações entre o homem e a organização. Por isso, desenvolveu um trabalho em que criou uma classificação sobre as organizações levando em consideração diferentes tipologias. Para isso, ele utilizou a análise comparativa do controle e da autoridade. O quadro a seguir apresenta a classificação das três diferentes categorias identificadas por Etzioni em seus estudos. Quadro 4: Classificação das organizações Tipo Definição Organizações Especializadas Atividades de alto nível de especialização. Predominância da autoridade técnica. Organizações Não Especializadas Organizações envolvidas com atividades de produção de bens. Organizações em que há possibilidade de definir objetivos específicos e controle de metas. Organizações de Serviços O próprio nome já define a sua atividade. A característica diferenciadora dessas organizações é que as pessoas não são vinculadas à sua organização, tendo uma atividade temporária definida pela Tarefa Específica de Assessoria ou pesquisa. A vinculação dá-se por contrato. Fonte: Maximiano (2012, p. 228) Ribeiro (2016) comenta que o Estruturalismo passa a enxergar a empresa como uma organização complexa, e ressalta que grupos diferentes (por exemplo: a sociedade) interagem fortemente com a organização, apresentando, por vezes, objetivos distintos dela. A corrente teórica que constitui objeto desta nossa seção leva fortemente em conta as estruturas, e vê os indivíduos como muito dependentes delas. Para o Estruturalismo, o ser humano depende das organizações para nascer, crescer, viver e morrer. Além disso, por essa ótica, as organizações são vistas de modo mais integral, e interagindo intensamente com o seu meio externo. O meio externo, para o Estruturalismo, aprende com a organização, e vice-versa. 47 Continuando nosso estudo sobre a Teoria Estruturalista, Etzioni defende que as organizações possuíam as seguintes características (CHIAVENATO, 2002, p. 356): Divisão de trabalho e atribuição de poder e responsabilidades: de acordo com um plano intencional para a realização de objetivos específicos. Centros de poder: controlam os esforços combinados da organização e os dirigem para seus objetivos: esses centros de poder precisam também reexaminar continuamente a realização da organização e, quando necessário, reordenar sua estrutura, a fim de aumentar sua eficiência. Substituição do pessoal: as pessoas podem ser demitidas ou substituídas por outras pessoas para as suas tarefas. A organização pode recombinar seu pessoal através de transferências e promoções. Organizações com as características mencionadas reveem constantemente os seus resultados e se reorganizam para atender a esses resultados almejados. Portanto, possuem unidades sociais que controlam seus membros e são tidas como mais complexas que as unidades sociais naturais, tais como a família e alguma comunidade, entre outras possíveis. Por essa razão, recompensas e sansões são impostas como forma de controle dos resultados. Agora, as contribuições da Teoria Estruturalista vão para além dos estudos sobre as características, tipos de controle e a relação entre os indivíduos e as organizações. Para Chiavenato (2002, p. 258-259), a tipologia de controle de Etzioni classifica as organizações com base no uso e significado da obediência sobre as pessoas, a saber: Organizações coercitivas: o poder é imposto por força ou controlado por prêmios ou punições. O envolvimento dos participantes tende a ser alienativo em relação aos objetivos organizacionais. Exemplo: as prisões. Organizações utilitárias: o poder baseia-se no controle por meio de incentivos econômicos. Utilizam a remuneração como base principal de controle. As pessoas contribuem para a organização com um envolvimento calculativo, baseado nos benefícios que esperam obter. Exemplo: as empresas. Organizações normativas: o poder baseia-se no consenso sobre objetivos e métodos da organização. Utilizam o controle moral para influenciar os participantes devido ao elevado envolvimento moral. Exemplo: a Igreja, as universidades, os hospitais, as organizações políticas e sociais. Você pode compreender que a tipologia de Etzioni dá visibilidade aos sistemas psicossociais das empresas e apresenta como desvantagem a sua omissão à 48 estrutura, à tecnologia e ao ambiente. É considerada ainda uma tipologia simples, unidimensional e baseada exclusivamente nos tipos de controle. O estruturalismo representou um método que analisa as relações e as funções dos diferentes elementos que constituem uma organização. Ele se inicia da linguística e da psicologia no começo do século XX, e vai até a antropologia estrutural em meados dos anos 1960. Segundo Andrade e Amboni (2011, p. 140), “o estruturalismo é um método analítico e comparativo que estuda os elementos ou fenômenos em sua totalidade, salientando seu valor de posição”. https://bit.ly/3tP7xFR 49 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE TEC. GESTÃO PÚBLICA – 2018) A Administração Pública burocrática foi solidificada com o advento do Estado moderno, desenhando suas marcas em contraposição ao modelo patrimonialista. A burocracia, conforme análise clássica de Max Weber, foi o tipo de Administração Pública mais puro e apropriado à emergência da sociedade capitalista de base industrial, firmando- se como a conhecemos atualmente. Entre as suas principais características, estão o fim da lealdade pessoal e da tradição como fonte de autoridade. A lei, as regras escritas e impessoais passam a definir as relações de mando e obediência. A nova gestão pública, também conhecida como modelo gerencialista, veio no bojo das mudanças socioeconômicas a partir dos anos 1970, contrapondo-se ao modelo burocrático, tomado este como ineficiente e incapaz para lidar com demandas da sociedade contemporânea. Sua plataforma básica pretende buscar a transformação da Administração Pública, por meio da adoção de princípios de gestão até então exclusivos do setor privado da economia. JUNQUILHO, G. S. Teorias da Administração Pública. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2010 (adaptado). Considerando o texto, avalie as afirmações a seguir. I. A Administração Pública gerencialista tem como foco a implementação de um modelo de gestão pública que se inspira nas recomendações e nos desenhos sugeridos pelos que advogam a favor da reforma do Estado para que se atinja mais eficiência no setor público, especialmente no campo econômico-financeiro. II. O gerencialismo descarta a Escola de Administração Científica, também chamada de Teoria Clássica da Administração, que foi idealizada por Henri Fayol, bem como a Teoria da Burocracia. III. A Administração Pública burocrática enfatiza a formalização, a divisão do trabalho, a hierarquia, a impessoalidade e a competência técnica dos funcionários, que devem serpromovidos e escolhidos por critérios de mérito e competência. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. 50 b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 2. (ENADE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – 2018) O modelo da Administração Pública Burocrática, surgido na segunda metade do século XIX, teve como princípios orientadores do seu desenvolvimento a profissionalização, a ideia de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo – em síntese, o poder racional-legal. BRASIL. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília: Imprensa Nacional, 1995 (adaptado). Considerando o modelo de administração pública abordado no texto, bem como o modelo de Administração Pública Gerencial, avalie as afirmações a seguir. I. No modelo da Administração Pública Burocrática visa-se controlar os atos administrativos, evitando-se, assim, a corrupção e o mau uso da máquina pública. II. O modelo da Administração Pública Burocrática antecedeu o modelo da Administração Pública Gerencial. III. O modelo da Administração Pública Gerencial objetiva reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços públicos, priorizando o cidadão como beneficiário desse serviço. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. (FGV – 2018) Um empresário do setor de commodities, após participar de um workshop sobre gestão, decide aplicar uma política salarial em sua empresa pela 51 qual todos receberiam um salário base mais uma comissão em função da produtividade, pautando-se na ideia de que os esforços são exclusivamente relacionados aos incentivos financeiros. Esse entendimento do empresário tem influência da: a) abordagem clássica, remetendo ao conceito do homo economicus. b) abordagem sistêmica, a qual considera a interação do homem com os fatores extrínsecos. c) abordagem contingencial, enfatizando a dependência entre a estrutura organizacional e o ambiente no qual está inserida. d) abordagem estruturalista, priorizando a eficácia à forma. e) abordagem humanística, ressaltando as necessidades básicas do ser humano associadas às finanças. 4. (CESPE – 2018) De acordo com as concepções iniciais de Max Weber, são características da burocracia. a) O excesso de regras, a subjetividade e o mecanicismo. b) O individualismo, os registros escritos e a estrutura orgânica. c) A racionalidade, o compromisso profissional e a hierarquia de autoridade. d) A divisão do trabalho, a flexibilidade organizacional e a previsibilidade. e) A informalidade das comunicações, a impessoalidade e o profissionalismo. 5. (UFPR – 2018) Uma das facetas de uma organização burocrática é considerar o poder empregado pelos superiores para controlar os subordinados e a orientação dos subordinados com relação a esse poder. Com relação aos tipos de organizações burocráticas e aos mecanismos de controle, identifique como verdadeiras ou falsas as seguintes afirmativas. ( ) Uma organização burocrática coercitiva usa o poder das regras como principal meio de controle dos participantes dos níveis mais baixos. ( ) Uma organização burocrática utilitária adota a remuneração como principal meio de controle dos participantes dos níveis mais baixos. 52 ( ) Uma organização burocrática normativa permite que o gerente escolha o principal meio de controle dos participantes dos níveis mais baixos. ( ) Uma organização burocrática híbrida adota mais de um meio de controle dos participantes dos níveis mais baixos. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. a) F – V – V – V. b) F – V – F – V. c) V – F – V – F. d) F – F – V – V. e) V – V – F – F. 6. (FGV – 2021) A Teoria Estruturalista representou uma inovação no mundo da gestão por contribuir para mitigar a dicotomia que vigorava entre os princípios e fundamentos utilizados pelas teorias administrativas da época, trazendo um conceito de abordagem interdisciplinar que sintetizava diferentes abordagens. Assinale a opção que apresenta um dos principais conceitos trazidos à tona pela Teoria Estruturalista. a) A ideia de homem organizacional. b) A forma de controle proveniente da dominação racional-legal. c) O uso de recompensas sociais e simbólicas. d) O foco no comportamento dos grupos informais. e) A organização por meio de um sistema de hierarquia funcional. 7. (FCC – 2015) Para Etzioni, há três tipos de organizações que são definidas pelo tipo de poder exercido sobre as pessoas. O tipo de organização e o tipo de poder estão corretamente relacionados em: a) manipulativa (reativa) x coercitivo: baseado em punições. b) impessoal x normativo: baseado em crenças e símbolos. c) normativa x impessoal: baseado em regras preestabelecidas. 53 d) coercitiva x premiações: baseado em recompensas. e) utilitária x manipulativo (remunerativo): baseado em recompensas. 8. (COPESE – 2020) Leia as afirmações abaixo: I. A burocracia não considera as pessoas como pessoas, mas como ocupantes de cargo. II. Na burocracia, a escolha das pessoas se baseia no mérito e na competência técnica e não em preferências pessoais. III. O ocupante de cargo na burocracia, não faz o que quer, mas o que a burocracia impõe a ele. IV. Cada funcionário da burocracia tem mandato por tempo indeterminado e segue carreira na organização. V. Regras, decisões e ações administrativas são formuladas por escrito. Analise as características da burocracia abaixo: a) rotinas e procedimentos padronizados. b) profissionalização dos participantes. c) impessoalidade nas relações. d) caráter formal das comunicações. e) competência técnica e meritocracia. Marque a opção que apresenta a correspondência CORRETA entre as afirmações e as características da burocracia. a) I-E; II-B; III-A; IV-C; V-D. b) I-B; II-C; III-D; IV-A; V-E. c) I-C; II-A; III-B; IV-D; V-E. d) I-B; II-E; III-A; IV-C; V-D. e) I-C; II-E; III-A; IV-B; V-D. 54 ABORDAGEM SISTÊMICA 4.1 CONCEITOS DE SISTEMAS Quando falamos de sistemas, logo vem à nossa mente os sistemas de computadores ou de internet, não é mesmo? Mas, podemos ir mais próximos de nós mesmos e pensar nos sistemas do nosso corpo, que nos mantém vivos. Agora, podemos pensar ainda em outro tipo de sistema, o sistema econômico de um país, ou até mesmo o sistema eleitoral. Enfim, podemos entender que quando falamos em sistemas, eles podem fazer parte de diferentes contextos e perspectivas além de poderem conectar coisas e pessoas, tendo objetivos comuns, similares ou distintos. Assim, para que você possa começar a entender melhor, O’Brien (2006, p. 17) define sistemas como “um grupo de componentes inter-relacionados que trabalham rumo a uma meta comum, recebendo insumos e produzindo resultados em um processo organizado de transformação”. A discussão sobre os sistemas teve seu ponto de partida após a Segunda Guerra Mundial, a qual apresentou para todos os continentes e seus países que eram mutuamente dependentes e que, na verdade, faziam parte de um ecossistema integrado mundialmente, com suas diversidades e características próprias. Dessa maneira, você pode entender que as modificações realizadas em uma das partes do sistema refletem nas outras partes em sua totalidade. Desta forma, segundo Maximiano (2012, p. 342), o “sistema global (a totalidade dos países) era composto de partes diferenciadas, mas interdependentes e, em certa medida, integradas por políticas econômicas mundiais, regras, leis, instituições, comércio e por fenômenos sociais de influênciamútua”. UNIDADE 04 https://bit.ly/3J9hPqM 55 Essa conscientização provocada pela guerra refletiu-se nas concepções de conhecimento e ciência. Nota-se a importância de se desenvolver ciência nas mais variadas áreas, observando mudanças de comportamento, tendências evolutivas, práticas distintas das que eram antes praticadas, potencializando nossos rumos para o desenvolvimento mundial. Com isso, a interdisciplinaridade nas pesquisas científicas torna-se necessária, tendo em vista as complexas conexões entre as variáveis pesquisadas, como o comportamento da sociedade, a cura de doenças, investimentos no mercado, como também na comunicação de informações de estudos já realizados. Dessa maneira, os cientistas observaram que havia uma grande possibilidade de se conectarem e trabalharem de forma conjunta, dados os fatos e o contexto histórico da época (SILVA, 2013). Conforme nos esclarece Chiavenato (2002), o conceito de sistema foi desenvolvido a partir do estudo da cibernética proposto inicialmente pelo cientista Nobert Wiener. A cibernética “é uma teoria dos sistemas de controle baseada na comunicação (transferência de informação) entre o sistema e o meio e dentro do sistema e do controle (retroação) da função dos sistemas com respeito ao ambiente”. (CHIAVENATO, 2002, p. 416). Assim, por meio da comunicação, é possível tornar os sistemas integrados de forma coerente, o que repercute na regulação do comportamento, buscando um equilíbrio sistêmico e dinâmico que permite o autocontrole sobre as operações do sistema. Para Chiavenato (2002, p. 545), “a cibernética permitiu o desenvolvimento e a operacionalização das ideias que convergiam para uma teoria de sistemas aplicado à administração”. Além desses estudos, podemos compreender que a expansão da tecnologia, da inovação nas sociedades do mundo todo, e claro, a necessidade de geração de novos negócios, oportunizaram o pensamento sistêmico, ou seja, um pensamento distinto da visão especialista e fragmentada, “em que o todo é muito maior que a soma das partes” (CHIAVENATO, 2002, p. 544). Assim, um conjunto de partes que interagem e funcionam como um todo é um sistema (LACOMBE, 2009). Agora, para que você possa entender melhor, uma situação precisa ser analisada por diferentes ângulos, pontos de vistas, bem como os elementos que estão envolvidos. E isso também ocorre em uma empresa, tendo em vista as interações existentes sobre um fenômeno, processo ou prática administrativa. Portanto, podemos dizer que tudo está interligado em uma empresa, sejam informações, funcionários, produtos, máquinas etc. Cada elemento é interdependente de outros para o seu 56 funcionamento. Neste sentido, emergem duas características (CHIAVENATO, 2002, p. 552): Propósito ou objetivo (funcionalismo): todo sistema tem um propósito ou objetivo. As unidades ou elementos, bem como os relacionamentos definem um arranjo que visa sempre um objetivo ou finalidade a alcançar; Globalismo ou totalidade: todo sistema tem uma natureza orgânica, pela qual uma ação que produza mudança em uma das unidades do sistema deverá produzir mudanças em todas as suas outras unidades. O efeito total dessas mudanças proporcionará um ajustamento de todo o sistema. A grande contribuição dos sistemas à sociedade é a sua aplicabilidade e visão sistêmica ao mundo real, ou seja, para a percepção das conexões possíveis entre os elementos e suas formas de transformações que permitem a evolução da ciência e da humanidade. Para o seu entendimento, os sistemas são divididos com base na sua constituição e na sua natureza. (CHIAVENATO, 2002). Em relação à sua natureza, temos: a) Sistema fechado: não há interação com o ambiente externo, o que leva à desintegração e à morte. Os estudos teóricos anteriores focam na tarefa e suas operações, o que permitia até então a percepção interna se seu funcionamento e sem menção ao ambiente externo, levando ao entendimento de um sistema fechado. b) Sistema aberto: neste sistema ocorre o intercâmbio de matéria e energia entre o meio interno e o externo. Considerando a perspectiva de um sistema aberto, eles apresentam quatro elementos básicos (CHIAVENATO, 2002, p. 559): I. objetivos: são partes ou elementos do conjunto. Depende da natureza do sistema. Podem ser físicos ou abstratos; II. atributos: são qualidades ou propriedades do sistema e de seus objetos; III. relações de interdependência: um sistema deve possuir relações internas com seus objetos. Essa é uma qualidade definidora crucial dos 57 sistemas. Uma relação entre objetos implica um efeito mútuo ou interdependência. IV. meio ambiente: os sistemas não existem no vácuo, pois são afetados pelo seu meio circundante. Agora que sabemos sobre os sistemas, vamos estudar os seus parâmetros, conceitos e características. 4.2 PARÂMETROS DOS SISTEMAS Vamos começar falando do biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy (1901- 1972) e seus estudos que, por volta da década de 1950, deram origem à Teoria Geral dos Sistemas (TGS). Na sua visão analítica e científica sobre os seres vivos, ele defende que os sistemas devem ser entendidos na sua plenitude e não sendo observados isoladamente ou de forma fragmentada. É a interdependência dos elementos que compõe o todo, como o caso das ciências, da sociedade, das empresas e dos seres vivos, o seu ponto de partida sobre os sistemas que os constituem. Na abordagem sistêmica, as organizações são entendidas e interpretadas como sistemas abertos, os quais interagem com diversos sistemas, trocando dados. (MAXIMIANO, 2012). Figura 9: Ludwig von Bertalanffy Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3CBHTIH. Acesso em: 24 nov. 2021 Os principais parâmetros são visualizados na figura 2 e descritos a seguir. https://bit.ly/3CBHTIH 58 Figura 10: Parâmetros do Sistema Fonte: Maximiano (2012) Para a sua compreensão sobre o sistema apresentado, acompanhe: Objetivos: são definidos pela organização. Dados de Entrada (inputs): são compostos por informação, energia ou matéria, que são provenientes do ambiente externo e entram no sistema. Segundo Chiavenato (2002, p. 568), as entradas “são os recursos físicos e abstratos de que o sistema é feito, incluindo todas as influências e recursos recebidos do meio ambiente”. Processo de transformação: são os processos de gestão e produção, em que os dados provenientes da entrada são processados para a geração de resultados. As melhorias e as perdas podem ocorrer no processo. Dados de Saída (outputs): são os resultados gerados pelo processo de transformação, que podem ser informação, energia ou matéria. Os dados de saída contribuem para a avaliação sobre o processo realizado. Controle e Avaliação: monitoramento dos resultados gerados por meio de indicadores da empresa que monitoram os resultados gerados pelo processamento, com base nos dados de saída. Retroalimentação (feedback): com base na avaliação dos resultados dos dados de saída, as informações retornam aos dados de entrada de forma a ajustar e controlar o funcionamento do sistema, aperfeiçoando-o. O entendimento sobre a Teoria dos Sistemas de que todos os elementos de uma empresa estão interligados contribui para a visão sistêmica da empresa e para a percepção de todo o funcionamento do negócio (MAXIMIANO, 2012). 59 Em relação ao ambiente, todo o sistema está integrado a ele. Por sua vez, ele é formado por outros sistemas que importam energia desse ambiente e, após processamento e transformação, devolvem energia para outros sistemas. De acordo com Maximiano (2012), na análise do sistema se torna relevante entender seu ambiente e o papel do sistema nesse ambiente,focalizando a missão do sistema para com outros sistemas. Portanto, podemos compreender, a partir disso, que as organizações podem ser consideradas sistemas formados por diferentes sistemas. Integrados, podem se tornar novos sistemas e esses novos sistemas, muitas vezes, não têm uma gerência ou coordenação comum. Dessa forma, é impossível estudar ou gerenciar um sistema sem levar em consideração os outros sistemas, entendendo-os em três níveis: subsistema (parte estruturada); sistema (o que está sendo considerado); ecossistema (o todo interligado) uma vez que a visão sistêmica propõe uma visão integrada (LACOMBE, 2009). Observando o comportamento dos sistemas nas organizações, podemos investigar uma pouco mais sobre a Teoria Geral dos Sistemas, suas características e contribuições aos estudos organizacionais. 4.3 TEORIA GERAL DOS SISTEMAS Os estudos de Bertalanffy foram muito promissores aos estudos dos sistemas complexos, no sentido de que esta complexidade é a normalidade cotidiana, uma vez que a interação dos elementos e suas variáveis são diversas. Assim, o autor toma como ponto de partida a complexidade posta por desafios, problemas e situações https://bit.ly/3vZsAZc 60 complexas para o desenvolver o enfoque sistêmico. Assim, você pode levar em consideração que tudo está interligado e que não vivemos em um sistema fechado ou isolados em uma ilha. As abordagens sistêmicas nas organizações são percebidas como sistemas sociotécnicos estruturados. Nessa abordagem, as organizações são analisadas como sistemas abertos, mantendo relacionamentos com outros sistemas, com os quais trocam informações. São ainda considerados sistemas dinâmicos, em constante adaptação e mudança, buscando o equilíbrio, ou seja, a homeostase. Como sistemas, as empresas estão sujeitas a receberem insumos (inputs), analisá-los e liberá- los através de resultados (produtos/serviços – outputs). Em função dos seus resultados, o sistema organizacional é então retroalimentado (por feedback) segundo suas necessidades (MAXIMIANO, 2012). Teoria Geral dos Sistemas tem um importante papel dentro da formação do profissional de Administração, pois com ela identificamos os sistemas de ambientes, sejam eles abertos, com a troca de informações, ou fechados (LACOMBE, 2009). Muito importante no modelo de interpretação dos sistemas, o entendimento da TGS leva ao conhecimento de que a maioria das teorias estudadas entendia uma organização como um sistema fechado, focada no estudo do ambiente interno, sem preocupação com a influência dos fornecedores, acionistas e todos aqueles que hoje estão representados como stakeholders. Portanto, se verifica que a abordagem dos sistemas aplicada à Administração esteja dentro do modelo de sistema aberto, para sua interação e sobrevivência, ao interagirem com clientes, fornecedores, que fazem parte da organização desse sistema aberto. Conforme Martinelli e Ventura (2006), a Abordagem Sistêmica nas organizações tem o poder da resolução efetiva de problemas, uma vez que analisa o todo, e não uma ou outra parte dele, sempre em interação com o ambiente, o que gera análises mais complexas – e completas. Neste sentido, pode-se atuar diretamente com aspectos de gestão, controle e tomada de decisões. Contudo, para que se possa atuar efetivamente sob essa abordagem, é preciso antes considerar seus alicerces. 61 Agora, com base nos estudos de Maximiano (2012), os sistemas podem estabelecer estruturas distintas, bem como funcionalidades diversas a partir da necessidade da empresa e de seu objetivo enquanto negócios. Para isso, você precisa conhecer as classificações de sistemas e suas aplicações, para que possa ter maior clareza sobre o assunto, fomentar novos negócios e possibilitar o crescimento da empresa. Quadro 5: Classificação de Sistemas Sistemas Definição Sistemas Naturais Dizem respeito à natureza, como a organização das galáxias e do reino animal. Sistema de Atividade Humana São sistemas formados pelas ações humanas, em torno de alguma intenção ou propósito comum, de forma ordenada. Sistemas Físicos São produtos da intenção e da ação humana, como máquinas, equipamentos e obras. Sistemas Não Físicos São sistemas abstratos, como as áreas de conhecimento. Sistema Aberto Este tipo de sistema importa recursos do ambiente, processa, transformando-os, e depois exporta o que foi transformado para o ambiente. Assim sendo, ele requer interação e interdependência. Sistema Fechado Neste tipo de sistema, não há qualquer interação com o ambiente, ou seja, ele é considerado autossuficiente. Neste sentido, entram em um processo de entropia. Sistema Mecânico É uma forma de organização caracterizada por atividades funcionais diferenciadas e especializadas, definição de direitos e deveres de cada papel funcional, reforço de hierarquia, disciplina e obediência. Sistema Orgânico É uma forma de organização marcada por baixa hierarquia, comunicação vertical e horizontal, maior inovação e flexibilidade dos papéis. Fonte: Maximiano (2012) Os sistemas acima descritos demonstram a potencialidade de aplicação da teoria na administração de empresas, e, evidentemente, a sabedoria de gerenciar da melhor forma possível os recursos no sistema. De todas as teorias administrativas, a Teoria dos Sistemas é a menos criticada. Isso se deve ao fato de que ela vai ao encontro dos interesses das indústrias capitalistas que objetivam um maior lucro através da sua interação com o seu meio. No entanto, há críticas relativas ao uso do conceito para transformar a administração em pequenos sistemas ou processos. Neles, os gestores poderiam perder a noção das interações entre esses pequenos sistemas que formam a empresa, o que poderia reduzir a visão do todo organizacional, além de poucas análises sobre as condições 62 internas das empresas e o elevado grau de paralelismo e seus excessos. (CHIAVENATO, 2000). https://bit.ly/3MIh22h 63 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (PUC/PR – 2017) “A falta de demanda por parte de indústrias e varejistas por soja certificada tem sido o gargalo para a expansão do setor, segundo a Mesa Redonda para a Soja Sustentável (RTRS). O custo maior do grão, devido à certificação e ao prêmio pago ao produtor, mantém a produção mundial da soja certificada oscilando entre 2 milhões a 3 milhões de toneladas. A associação pretende anunciar até o fim do ano novos modelos a fim de tornar o selo mais acessível -- sem reduzir exigências para a certificação --, a partir de observações feitas pelos próprios membros da RTRS”. Barros, Betina. Falta de demanda limita crescimento do mercado de soja sustentável. Valor Econômico. 19/09/2017. Disponível em: https://bit.ly/3I4477g Acesso em: 10 set. 2017. Embora a sociedade esteja cada vez mais preocupada com a sustentabilidade e demandando ações das empresas nesse sentido, a aquisição de produtos e serviços originados de processos sustentáveis tem apresentado ritmo lento para estimular maior evolução da produção. Essa situação reflete bem o que pesquisadores representantes da teoria dos sistemas constataram sobre a interdependência entre as organizações e seus sistemas. Sobre o entendimento dessa teoria, esse fato sobre a soja reforça o entendimento de que: a) As organizações, como sistemas abertos, recebem influências dos seus ambientes externos, tendo suas condições de expansão limitadas ou estimuladas por eles, embora tenham muito pouca capacidade de influenciá-los. b) As organizações são sujeitas ao que o ambiente em que estão inseridas lhes determina. c) As organizações, como sistemas abertos, são limitadas ou estimuladas à expansão e desenvolvimentoa partir das demandas e recursos que os seus ambientes apresentam, mas também interferem neles, alterando seus comportamentos e recursos mediante as ações que elas adotam. d) As organizações são sistemas fechados e as influências ambientais são mera impressão dos seus decisores. e) As organizações estão em interação constante com o ambiente externo e sofrem influência das contingências externas, resistindo-as. https://bit.ly/3I4477g 64 2. (SUGEP – 2019) A teoria sistêmica busca produzir teorias e formulações para aplicação nas organizações, através de conceitos de várias disciplinas. No que diz respeito aos insumos para a produção de bens e serviços, assinale “V” para os verdadeiros, ou “F” para os falsos. ( ) Matérias-primas. ( ) Recursos Humanos. ( ) Energia. ( ) Recursos Financeiros. ( ) Informação. ( ) Equipamento. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) F, F, V, V, V, F. b) V, V, V, V, V, V. c) V, V, F, V, V, V. d) F, V, V, F, F, V. e) F, V, F, F, V, F. 3. (SUGEP – 2019) “Analisando as organizações como organismos, consideramos as empresas como ambientes abertos, ou seja, que sofrem e influenciam o meio onde estão inseridas. Ver organizações pela metáfora do organismo é aceitar como verdade o ciclo de vida de todo ser vivo, que nasce, desenvolve-se, cresce e morre. Sendo assim, acredita-se que toda empresa deverá ter um fim.” Acerca desse ponto de vista, analise as proposições abaixo. I. Fazer a pessoa acreditar que o que ela produz é realmente necessário. Ela tem que estar engajada. II. Devem-se criar premissas para as pessoas quererem trabalhar, mexendo nas crenças de valores delas. III. O ser humano é limitado e precisa de grupos sociais para interagir. Deve-se fazer a cooperação dos grupos através de incentivos (status). IV. A autoridade não vem de cima, mas de baixo, da aceitação do subordinado. 65 Estão corretas: a) I, II e III, apenas. b) III e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 4. (FGV – 2013) Com base na Teoria Geral dos Sistemas, assinale a alternativa que apresenta os princípios da abordagem sistêmica. a) Expansionismo – Pensamento Sintético – Mecanicismo. b) Reducionismo – Pensamento Analítico – Mecanicismo. c) Expansionismo – Pensamento Sintético – Teleologia. d) Expansionismo – Pensamento Analítico – Teleologia. e) Reducionismo – Pensamento Sintético – Mecanicismo. 5. (FCC – 2019) As organizações são sistemas abertos que operam em constante interação com o ambiente externo, este que pode ser operacionalizado em dois estratos: o ambiente geral e o ambiente de tarefa. Fazem parte do ambiente de tarefa: a) As Entidades reguladoras e os clientes. b) As Variáveis demográficas e tecnológicas. c) As Variáveis sociais e culturais. d) As Entidades políticas e legais. e) O Macroambiente e o microambiente. 6. (IFCC – 2018) Entre as teorias desenvolvidas ao longo do tempo acerca das estruturas organizacionais, insere-se a Abordagem Sistêmica: a) que, de acordo com o modelo predicado por Eric Trist, identifica dois subsistemas na organização: o técnico, compreendendo as demandas da tarefa, e o social, compreendendo as relações sociais dos encarregados da tarefa. 66 b) desenvolvida a partir dos estudos do sociólogo George Homans em seu livro The human group, predicando a independência entre os sistemas interno e externo à organização, a qual se traduz em um ambiente fechado e impermeável a mutações. c) inspirada na Teoria dos Sistemas desenvolvida pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy, predicando a autonomia das unidades de uma organização, como sistemas autônomos, denominados centros de resultado. d) baseada nos estudos de Mary Parker Follet, que propõe um enfoque holístico das relações entre os integrantes da organização de modo a fomentar a motivação e a produtividade. e) desenvolvida por Henri Fayol, sustentada pelo princípio da cadeia escalar e unidade de comando como pilares para a manutenção do sistema organizacional. 7. (FCC – 2018) Entre as diversas escolas que se sucederam no estudo das estruturas organizacionais, pode-se citar a abordagem sistêmica da administração, baseada nos conceitos desenvolvidos por Ludwig von Bertalanffy, que possui como foco: a) a função de staff, que centraliza a matriz de responsabilidades no sistema organizacional. b) a unidade de comando, buscando isolar a organização de fatores exógenos. c) a cadeia escalar, que representa a gradação de responsabilidades internas. d) os centros de resultado, que irradiam comandos para toda a organização. e) a interação da organização com o ambiente em que se insere, sendo por este influenciada. 8. (FGV – 2018) A Teoria dos Sistemas rompeu com os paradigmas das teorias administrativas anteriores e trouxe uma nova forma de interpretação das organizações. Assinale a opção que indica uma inovação proposta pela Teoria dos Sistemas. a) Os funcionários podem ser substituídos por máquinas para a otimização de tarefas específicas. 67 b) A hierarquia de comando da organização deve ser separada entre as funções. c) O núcleo técnico deve estar ajustado ao núcleo estratégico. d) Os processos internos são suficientes para o sucesso competitivo. e) As organizações interagem continuamente com o ambiente externo. 68 ABORDAGEM CONTINGENCIAL 5.1 CARACTERÍSTICAS DA ABORDAGEM CONTINGENCIAL Durante a década de 1970, ocorreram muitos estudos que pesquisavam os fenômenos organizacionais por meio de uma outra forma de enxergar a realidade. Os pesquisadores das teorias da administração até a década supracitada discutiam e projetavam novas organizações, estruturas e processos, além de ações gerenciais mais apropriadas para contextos mais específicos. As questões da Teoria da Contingência “estavam baseadas no princípio de que nas organizações nada é absoluto, pois tudo é relativo e, portanto, depende de algo, que geralmente é incontrolável para a organização” (OLIVEIRA, 2009, p. 93). Podemos citar como os precursores da Teoria Contingencial: Joan Woodward, Alfred Chandler, Tom Burns, G. M. Stalker, Lawrence e Lorsch. Estes autores verificaram que métodos eficientes, dependendo do contexto, obtinham resultados diferentes. Por isso, a importância de se entender o contexto em que a empresa está inserida, suas relações com o ambiente externo, além de perceber as variáveis que afetam a organização. Dessa forma, após diversas pesquisas realizadas na Europa e nos Estados Unidos, os pesquisadores chegaram a uma conclusão: os resultados eram diferentes porque as situações eram diferentes. Contribuindo, na abordagem contingencial prevalece a análise das condições do ambiente externo e suas influências sobre a dinâmica organizacional. Em livro de 1985, Freemont Kast e James Rosenzweig (apud SILVA, 2013, p. 365) observaram que: A visão de contingência procura entender as relações dentro e dentre os subsistemas, bem como entre a organização e seu ambiente, e procura definir padrões de relações ou configurações de variáveis. Essa visão enfatiza a natureza multivariada das organizações e tenta entender como as organizações operam sob condições variáveis e em circunstâncias específicas. Assim, você pode entender que uma contingência é uma incerteza, um fato que, na prática, pode ou não acontecer. Nesse mesmo entendimento, a UNIDADE 05 69 Abordagem Contingencial da Administração defende que pode ou não existir uma solução “ideal” para os problemas administrativos, os quais, já sabemos, são bastante complexose desafiadores. Para Ribeiro (2016, p. 150), a Teoria da Contingência considera “tudo como relativo”, ou seja, não há um só modelo que servirá para todas as situações, como de fato sugeriam as teorias que estudamos até o momento. Andrade e Amboni (2018), nessa mesma linha, comentam que a abordagem contingencial usou premissas das demais escolas, especialmente da Teoria dos Sistemas, e considera que as organizações são, sim, sistemas abertos e dinâmicos que interagem constantemente com o ambiente. É também por isso que a Teoria da Contingência aceita a adoção da melhor alternativa possível. Desse modo, essa teoria exibe um caráter pragmático, ou seja: a “solução” para o problema virá depois da análise da situação, e não antes. Conforme nos explica Chiavenato (2002), a Teoria Contingencial apresenta que a empresa é um sistema complexo composto de outros subsistemas intimamente ligados ao sistema ambiental considerado o sistema máster. Nesse sentido, “[...] a visão contingencial procura analisar as relações dentro e entre os subsistemas, bem como entre a organização e seu ambiente e definir padrões de relações ou configuração de variáveis” (CHIAVENATO, 2002, p. 583). A Teoria das Contingências veio como uma forma de evolução da Teoria dos Sistemas, porém, não foi considerada por muitos, como uma nova teoria, por não agregar novas formas de pensamento. Após muitas pesquisas, foram apresentadas duas variáveis principais, que são o ambiente e a tecnologia, que determinam a organização e os relacionamentos dentro da empresa. A Teoria das Contingências informa que as partes são diferentes e a forma de estruturá-las também deve ser, cada uma com suas características. Logo, sua função é direcionar a empresa, adequando os desenhos organizacionais e os sistemas gerenciais a cada situação específica. 70 Quadro 6: Principais pesquisadores da Teoria da Contingência Pesquisador Foco Estudo Chandler Estratégia e Estrutura Este autor desenvolveu uma pesquisa histórica sobre os impactos das alterações estruturais de grandes empresas relacionando-as com o desenho estratégico de suas atuações no mercado. O autor pesquisou quatro grandes organizações americanas (DuPont, General Motors, Standard Oil e a Sears Roebuck). A conclusão de seu estudo foi que a estrutura organizacional dessas empresas foi gradativamente definida de acordo com sua estratégia mercadológica. Portanto, a estrutura organizacional correspondia ao desenho da empresa. Isto é, correspondia à forma organizacional que cada empresa assumia para incorporar seus recursos, enquanto o posicionamento estratégico adotado correspondia ao plano sistêmico de distribuição e alocação dos recursos para atender às necessidades do seu ambiente. Burns e Stalker Organizações Estes pesquisadores, por meio do estudo de 20 indústrias inglesas, buscaram entender a dinâmica organizacional em relação ao ambiente externo das indústrias pesquisadas. Identificaram em seus resultados que as organizações adotavam diferentes procedimentos administrativos. Dessa forma, classificaram esses procedimentos em dois tipos: mecanísticos e orgânicos. Sobre a forma mecanística de organização, definiram que é a forma mais apropriada para aquelas condições ambientais estáveis. Quanto à forma orgânica, ela pode ser utilizada para ambientes com condições tecnológicas e de inovação com elevado grau de mudanças. Portanto, identificaram um imperativo ambiental, pois, para eles, é o ambiente que define a estrutura organizacional e a sua gestão. Lawrence e Lorsch Ambiente Realizaram uma pesquisa envolvendo 10 empresas em três diferentes segmentos industriais. A pesquisa buscou identificar características que as empresas deveriam ter para serem eficiências ao enfrentamento das condições tecnológicas e econômicas. A pesquisa marcou o desenvolvimento da Teoria da Contingência, que inclusive recebeu o nome a partir desse estudo. Os pesquisadores concluíram que as principais dificuldades eram: a diferenciação e a integração. A diferenciação e integração referem-se a prognósticos do ambiente da empresa. Portanto, quanto mais a organização se aproximar das características requeridas pelo ambiente, mais chances de sucesso terá do que as empresas que se afastam da diferenciação e integração que o ambiente exige delas. Joan Woodward Tecnologia Esta autora se debruçou em pesquisar o êxito do negócio de 100 empresas e verificar se os princípios da administração tinham alguma relação com elas. Sua pesquisa originou a classificação das empresas em três grupos orientados pela tecnologia de produção: “produção unitária ou oficina; produção em massa ou mecanizada; e, produção em processo ou automatizada” (CHIAVENATO, 2002, p. 589). Assim, sua pesquisa definiu que a tecnologia utilizada pela empresa define a sua estrutura organizacional e o seu comportamento. 71 Fonte: Chiavenato (2002) De acordo com os conceitos até aqui apresentados, você irá saber mais sobre o ambiente externo à luz da Abordagem Contingencial. 5.2 FORÇAS EXTERNAS A abordagem contingencial apresenta avanços nas teorias administrativas anteriores, no sentido de estabelecer conexão com o contexto do ambiente externo e suas condições, que contribuem ou obstaculizam o desenvolvimento empresarial. Assim, a abordagem contingencial “[...] procura analisar as relações dentro e entre os subsistemas, bem como entre a organização e seu ambiente e definir padrões de relações ou configuração de variáveis” (CHIAVENATO, 2002, p. 583). Essa abordagem apresenta as condições do meio externo como elementos importantes de análise, os quais influenciam a gestão das empresas. As condições podem ser de ordem política, legal, tecnológica, ecológica, social/cultural, demográfica e econômica. Todas elas são entendidas como contingências, em que a empresa não possui gerência e controle sobre suas mudanças. Para melhor entendimento, vamos estudar cada um dos fatores externos que podem impactar no desenvolvimento de uma empresa, tanto de forma favorável ao negócio, como prejudicial, oportunizando perdas ao negócio. Acompanhe como as forças externas, que são contingenciais, são expressas. 72 5.2.1 Fatores econômicos As forças econômicas têm grande influência dentro das organizações, pois referem-se ao período em que a economia está, as influências tributárias, as taxas e os custos. E sabe-se que esses fatores são cruciais dentro de uma organização, pois todas as organizações existem com a finalidade de dar lucro. Segundo Chiavenato (2002), as forças econômicas estão relacionadas com o estágio em que está a economia, em depressão, recessão, recuperação ou prosperidade. Relaciona-se também com as tendências nos preços de bens e serviços (inflação ou deflação), as políticas fiscais e monetárias, ao balanço de pagamentos, entre outras. Conforme se configuram essas facetas, elas podem facilitar ou dificultar o atingimento dos objetivos das empresas, levando, subsequentemente, ao fracasso ou sucesso de sua estratégia. As forças econômicas impactam fortemente nos negócios, principalmente sobre a oscilação do mercado cambial, políticas fiscais, taxa de desemprego, no ajuste das taxas de juros etc. As mudanças e oscilações mencionadas acima podem representar oportunidades ou ameaças para os administradores estratégicos (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2010). Para Chiavenato e Sapiro (2010, p. 88), “o raciocínio está centrado no impacto da tecnologia sobre as pessoas em todo mundo”, em que diversos mercados se tornam pouco a pouco mais globais em sua excelência, por isso, nenhum negócio está imune à concorrência internacional. A tecnologia está sendo um facilitador parao acesso e a agilidade dos produtos, por meio do qual os potenciais clientes têm maior facilidade de saber de sua existência. Nos dias de hoje, há uma grande movimentação de mercados mundiais onde as economias de escala nos setores da produção, do marketing e da distribuição podem ser perseguidas e o resultado disto está concentrado na redução dos custos, gerando, então, problemas e dificuldades para os concorrentes que não desenvolvem suas ações globalizadas. 5.2.2 Fatores sociais/culturais As forças sociais/culturais são regidas pela sociedade, as questões de moda e tendências são fatores principais, pois eles movem as pessoas a desejarem outras formas de ter e ser. Assim, “as tendências sociais apresentam várias oportunidade e 73 ameaças ou restrições para as empresas” (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2010, p. 55). Essas forças se tornam ameaças porque, muitas vezes, as organizações não prestam atenção nesses detalhes e não analisam o ambiente externo; então, quando a sociedade modifica essas forças, as empresas enfraquecem. Segundo Chiavenato e Sapiro (2010), a análise das tendências relacionadas com crenças, valores, normas e costumes está associada às dinâmicas do ambiente econômico, aos valores sociais que também estão sofrendo mudanças. Por outro lado, as organizações podem transformar essas forças sociais em novas oportunidades para crescer, criar novos produtos e desenvolver a empresa. Para Chiavenato (2002), os fatores sociais estão relacionados com os valores sociais e as atitudes das pessoas, pois com a população desejando melhor qualidade de vida, melhores padrões de conforto e sendo cada vez mais exigente, entre outros, ela acaba influenciando os produtos e serviços ofertados pelas organizações, podendo afetar as estratégias das empresas. 5.2.3 Forças tecnológicas Com a modernização e os avanços que a humanidade empreendeu nos últimos anos, as forças tecnológicas também se desenvolveram, podendo ser uma ameaça ou uma oportunidade para as organizações. Chiavenato e Sapiro (2010, p. 91) definem o “ambiente tecnológico como a análise das tendências relacionadas com o conhecimento humano que podem provocar a utilização das matérias-primas e insumos ou então a adequação de processos operacionais ou gerenciais”. A tecnologia é uma benção confusa, pois, uma nova tecnologia pode melhorar nossas vidas em uma área gerando problemas ambientais e sociais em outra. A tecnologia aparentemente é um fator que favorece a sociedade, porém, as empresas podem analisar a tecnologia sobre o aspecto de sua contínua evolução, no entanto, é o que todas as empresas almejam, porém, para que isso ocorra é necessário capital para manter-se atual. Para Wright, Kroll e Parnell (2010, p. 54), as forças tecnológicas: [...] incluem melhorias e inovações científicas que oferecem oportunidades ou ameaças para as empresas. A intensidade de mudança tecnológica varia consideravelmente de um setor para outro. As mudanças na tecnologia afetam as operações de uma empresa, bem como seus produtos e serviços. 74 Para os mesmos autores, alguns avanços tecnológicos disponibilizam grandes oportunidades de melhorias operacionais. Esses avanços são: microcomputadores, lasers, satélites, telefonia, automação etc. Analisando de outra forma, a mudança tecnológica pode dizimar empresas existentes e até mesmo setores inteiros, visto que a demanda passa de um produto para outro. Nos estudos da socióloga inglesa Joan Woodward (1916-1971), a tecnologia foi considerada como responsável por um fator tão ou mais significativo do que da estrutura e suas práticas nas organizações (MAXIMIANO, 2012). Assim, a tecnologia influencia na gestão, na produção e no desenvolvimento humano dos profissionais nas empresas. Segundo Chiavenato (2002), os fatores tecnológicos, compreendem os custos e as disponibilidades dos fatores produtivos usados nas organizações e as mudanças tecnológicas que envolvem e afetam esses fatores de produção. 5.2.4 Forças políticas/legais Em se tratando dessas forças, Chiavenato e Sapiro (2010, p. 89) comentam sobre o ambiente político e legal: Nos últimos anos, aflorou uma ênfase na importância do desenho institucional e legal para o adequado funcionamento dos mercados e das políticas públicas. A aprovação do novo Código Civil Brasileiro e as discussões no plenário sobre reforma previdenciária, tributária, entre outras, são consequência disso. Além disso, podemos entender que o sistema político-legal de uma nação influencia muito “suas operações comerciais e o padrão de vida de seus cidadãos, historicamente, padrões de vida mais altos têm sido associados a nações cujos sistemas econômicos favorecem a realização de negócios” (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2010, p. 49). Para Chiavenato (2002), os fatores políticos estão relacionados às decisões governamentais nos níveis federal, estadual e municipal, e são passíveis de afetar as operações e atividades da organização. Já os fatores legais da legislação nos âmbitos federais, estaduais e municipais, acabam tornando a atividade empresarial sujeita a limitações e restrições legais. 75 5.2.5 Forças demográficas Quando falamos em demografia, estamos potencializando as informações pertinentes aos dados de uma determinada população, como as condições de vida e saúde, faixa etária, acesso à educação, raça, gênero, costumes religiosos, taxa de crescimento e demais informações relativas aos perfis da população. Segundo Chiavenato e Sapiro (2010), essas informações são importantes para se desenvolver estratégias de marketing e relacionamento com o cliente, no âmbito da gestão contemporânea nas organizações. 5.2.6 Forças ecológicas Para a abordagem contingencial, essa força deve ser tratada com muito cuidado em suas variadas possibilidades, muitas das quais são relativas aos fenômenos da natureza, tais como temporais, seca, oscilações no clima, desmatamento, crise hídrica e energética, poluição, dentre outros fenômenos naturais. De acordo com Maximiano (2012), as empresas devem criar um ecossistema de relações com o ambiente ecológico e natural, possibilitando ações seguras de desenvolvimento sustentável. Veremos a seguir as principais contribuições e críticas da teoria às organizações, as quais podem ajudar na intepretação das empresas na contemporaneidade. 5.3 CONTRIBUIÇÕES À ADMINISTRAÇÃO A abordagem contingencial atravessou décadas e hoje é profundamente estudada. Muitos autores consideram-na como teoria, e não abordagem, como os https://bit.ly/34AZGTH 76 criadores do termo a consideravam. O fato é que a contingência, quer seja teoria, quer seja abordagem, atravessou o século, recebendo os mais variados estudos. Podemos citar, por exemplo, o artigo de Donaldson (1998), no qual ele estabelece as bases para teoria da contingência estrutural. Na verdade, a frequente quebra de paradigmas tem exigido das organizações constante procura para enfrentar novos padrões, novas normas de ação. Donaldson (1998, p. 113) esclarece a questão afirmando que “a teoria da contingência estabelece que não há uma estrutura organizacional única que seja altamente efetiva para todas as organizações [...]. Há diversos fatores contingenciais: estratégia, incerteza com relação as tarefas e tecnologia [...]. Essas características refletem a influência do ambiente” e que é mutante. Os vários aspectos dos estudos organizacionais, incluindo a abordagem contingencial são úteis, pois estabelecem a relação evolutiva desde a fundamentação até a primeira transição do século XXI, passando pelos importantes estágios da reformulação, da transição do século XX e da integração. Categorizar os vários movimentos teóricos foi a forma encontrada paratransmitir a relação de causa e efeito entre os postulados teóricos e os ganhos práticos advindos da consagração desses postulados. Poderíamos dizer que a evolução teórica é dada por denominação, ideologia, meios e resultante. Decorrente desse esforço, temos o reflexo na prática organizacional, que é dado pelos componentes: a) estrutural (estrutura física e organizacional); b) comportamental (pessoas e o comportamento organizacional); c) tecnológico (equipamentos e tecnologias utilizadas); d) estratégico e tecnológico (conhecimentos produzidos no, pelo e para o trabalho). Esses componentes pautam a ação moderna dos executivos quanto a estudos, análises e gestão das empresas (ARAÚJO, 2011). A qualidade de trabalho está intrinsecamente ligada à qualidade de vida de cada um e de todos. Se saudáveis, alimentados, abrigados, educados, com possibilidade de trocas afetivas, a responsabilidade e a eficiência serão naturais consequências. O trabalho, com efeito, será o brinquedo do adulto. O prazer genuíno de ajudar-se e ajudar o próximo (CARAVANTES, 2007, p. 354). Assim, as organizações tendem a se adaptar ao ambiente em que sua cultura ou tecnologia se enquadra. É preciso saber que sempre ocorrem mudanças devido a tudo o que acontece fora da organização, e essas contingências podem vir do 77 governo, da tecnologia, dos clientes, da concorrência etc. Para isso, é essencial que ocorram mudanças, tentado achar o melhor modo de se estabilizar e estar sempre a um passo à frente. As melhores empresas são as que conseguem se enquadrar diante do seu ambiente, conseguindo concretizar seus objetivos, alcançando resultados e a satisfação. Mas mudar não significa sucesso, pois mudanças repentinas não acham um tipo de padrão de trabalho que possibilite a avaliação eficiente dos resultados. Nesse entendimento, tudo que essa abordagem ensina acerca de tecnologia, ambiente, estrutura, tamanho e desenho é fundamental para se entender com mais detalhes das áreas de um todo que a teoria do sistema nos mostra, mas acho que não é novidade que sempre precisamos nos adaptar e mudar, evitando a acomodação. A abordagem incentiva a fazer escolhas, e que sempre há algo a fazer perante uma situação problemática, dando uma visão flexível e dinâmica para o administrador. Agora, podemos apontar como crítica à abordagem contingencial a ênfase excessiva à tecnologia, pois realmente está desatualizada. Mas por quê? Simples, porque a tecnologia está cada vez mais presente no mercado em que nos encontramos e se desenvolvendo cada vez mais, tornando-se foco nas decisões das organizações, e não somente uma necessidade de desenvolvimento para o sucesso, você não concorda? Portanto, os estudos que antecederam a formulação da Teoria da Contingência evidenciavam que não existia uma única maneira de melhor administrar uma organização. Ao invés de haver uma padronização, as organizações precisavam se adaptar às suas condições ambientais. É importante lembrar das características da abordagem contingencial (MAXIMIANO, 2012), para que você possa entender como ela se aplica nas organizações até os dias de hoje: 78 O papel do ambiente: as relações e os impactos gerados pelo ambiente externo às empresas são muito utilizados em análises de diagnóstico organizacional. A supremacia do transitório: as empresas devem ser dinâmicas e adaptáveis, como o ambiente externo que está em constate mudança, podendo gerar oportunidades e desafios. Fim do modelo ideal: não há um modelo único de administração, tudo vai depender do contexto em que se está inserido. Por isso a lógica do se... então... Tecnologia: as empresas devem utilizar a tecnologia que melhor atende às suas necessidades, bem como de acordo com a sua estrutura organizacional. Dessa forma, a lógica se – então contribui para o entendimento de que para a composição e administração de uma empresa, para a abordagem contingencial, tudo depende das condições do ambiente em que ela está e a tecnologia disponível. Portanto, você deve saber que além da análise do ambiente, o reconhecimento das condições, o diagnóstico produzido e a adaptação à situação, é importante também que as relações funcionais com base nas condições ambientais e práticas administrativas, sejam revistas e ajustadas constantemente. O ambiente é tudo que está externamente à empresa, a qual pode ser considerada como um subsistema do ambiente externo. A origem da Teoria da Contingência ocorre a partir de pesquisas realizadas para verificar tipos de estruturas de empresas mais eficientes, tendo como referência as Teorias Clássicas (CHIAVENATO, 2002). https://bit.ly/3w08luf 79 Por fim, De acordo com Chiavenato (2002), os teóricos contingencialistas retiraram a responsabilidade de evolução e de desenvolvimento da organização, incidindo mais responsabilidade nas variáveis ambientais. Dessa forma, “responsabilizando-as pelas influências sobre as características organizacionais, quando na realidade, mesmo com situações adversas e ambientes não tão agradáveis para se trabalhar, é possível realizar um bom trabalho” (OLIVEIRA, 2009, p. 79). Portanto, as organizações não podem ficar somente condicionadas ao fator ambiente, é necessário levar em consideração o potencial evolutivo dos colaboradores e sua capacidade de adaptação e mudança 80 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE – ADMINISTRAÇÃO – 2015) As organizações, enquanto fenômenos complexos, são influenciadas por alterações que ocorrem ao longo do tempo em função das demandas sociais, políticas, econômicas, culturais e, mais precisamente no contexto atual, tecnológicas. Essas mutações demandam entendimento dos processos que envolvem o ciclo de vida dessas entidades e as formar pelas quais elas devem ser gerenciadas, considerando a articulação entre os elementos de seu planejamento estratégico. Além de se tornar substancial para o fomento e a formulação de estratégias, compreender os aspectos históricos, econômicos, contextuais e políticos de uma organização é fator preponderante para o seu sucesso. (JUNQUEIRA, E.; FREZATTI, F. Perfil do sistema de controle gerencial das empresas brasileiras (adaptado). A partir das ideias apresentadas no texto, assinale a opção que descreve a corrente teórica mais adequada à interpretação do cenário apresentado. a) Escola burocrática, que postula a necessidade de modelos racionais, para a criação da estrutura organizacional, à luz do planejamento estratégico da organização. b) Abordagem das Relações Humanas, que postula que a estrutura da organização se fortalece com a criação de sistemas organizacionais interdependentes, cuja principal característica é a estrutura técnica. c) Escola Comportamentalista, que prevê a adaptação organizacional associada à classificação dos profissionais por aspectos relacionados à motivação, o que torna a mudança organizacional independente das pessoas. d) Escola Clássica da Administração, que propõe que a mudança organizacional se estabeleça por meio de métodos e técnicas que busquem a máxima eficiência das atividades organizacionais e, assim, se constitua como organização racional do trabalho. e) Abordagem Contingencial, que propõe a possibilidade de adaptação das organizações frente às alterações contextuais que as acometem, permitindo que possam utilizar modelos, ferramentas e instrumentos adequados às suas demandas. 81 2. (ENADE – ADMINISTRAÇÃO – 2018) Preocupado com a crise mundial na economia, o gerente comercial de uma empresa procurou mapear as contingências ambientais e os seus impactos na estratégia da organização para os próximos anos. Sua conclusão é a de que haverá umaredução na demanda por seu produto no mercado externo, com uma consequente redução nas exportações. Sendo assim, está prevendo que, no curto prazo, a empresa terá que se adaptar a essa realidade a partir das seguintes ações: (i) redução do quadro de funcionários; (ii) redirecionamento da produção para o mercado interno; e (iii) otimização dos custos empresariais. Considerando essa situação hipotética, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. I. As previsões do gerente comercial apontam para o contingenciamento dos recursos organizacionais em face de uma nova configuração global. PORQUE II. Em períodos de tensionamento da situação econômica mundial, o mapeamento das contingências ambientais deve considerar a natureza cíclica e pré- determinada dos períodos de crise. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 3. (ENADE – TEC. DA QUALIDADE – 2018) As bases teóricas da Administração ainda estão em formação, tendo os estudos pioneiros de Taylor e Fayol, por exemplo, sido ampliados, de forma significativa, nos anos posteriores à sua publicação. No que se refere a essas bases teóricas, avalie as afirmações a seguir. 82 I. No âmbito da burocracia, o trabalho realiza-se por meio de funcionários que ocupam cargos, os quais têm atribuições oficiais, fixas e ordenadas por meio de leis, normas e resoluções. II. No âmbito da administração científica, enfatizam-se o estudo das tarefas, a seleção e o treinamento de trabalhadores e a busca pela eficiência operacional. III. A reengenharia de processos prevê um esforço deliberado de se obter uma visão sistêmica da empresa, lastreado em estruturas organizacionais verticalizadas. IV. Sob o ponto de vista contingencial, procura-se analisar como as condições ambientais da empresa afetam as possibilidades de escolha nas decisões organizacionais. V. Segundo a abordagem comportamentalista, a eficácia organizacional é promovida pela aplicação de análise quantitativa aos problemas e às decisões administrativas. É correto apenas o que se afirma em a) I e V. b) I, II e III. c) I, II e IV. d) III, IV e V. e) II, III, IV e V. 4. (FGV – 2019) Um importante marco na evolução do pensamento administrativo deu-se com o enfoque contingencial, cuja perspectiva pode ser resumida na frase “não existe uma única maneira indicada de administrar e organizar” (SOBRAL; PECI, 2013, p. 81). Fortemente baseados em pesquisas empíricas, autores desse enfoque – como Woodward, Lawrence e Lorsch, Burns e Stalker e outros – identificaram fatores de contingência que influenciam a estrutura organizacional e que devem ser considerados pelos administradores, na busca por eficácia organizacional. São fatores de contingência que influenciam a estrutura: a) grau de centralização e tipo de processo produtivo. 83 b) ambiente e fatia do mercado (market share). c) concentração do mercado e cultura organizacional. d) composição da mão de obra e estratégia. e) tecnologia e tamanho da organização. 5. (FGV – 2018) Sobre a Teoria Contingencial, analise as afirmativas a seguir. I. O sistema é composto por variáveis mutáveis. II. A organização deve focar em controlar variáveis independentes. III. Variáveis independentes devem servir como incentivo à adaptação. Está correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I e III, apenas. 6. (UFG – 2017) A teoria administrativa que estabelece “não haver solução universal única para problemas da administração” e se distingue por “apresentar uma metodologia de solução de problema que se inicia com uma análise situacional e termina com a criação, avaliação, e recomendação de uma solução potencial para resolver o problema gerencial”, denomina-se: a) Teoria Estruturalista. b) Teoria das Contingências. c) Teoria dos Sistemas. d) Teoria Clássica. e) Teoria das Relações Humanas. 7. (IESES – TRT – 2014) Segundo a teoria Contingencial, a tecnologia contida em bens de capital e matérias-primas, constitui-se na chamada tecnologia: 84 a) Tecnologia incorporada. b) Tecnologia não incorporada. c) Tecnologia obsoleta. d) Tecnologia inflexível. e) Tecnologia flexível. 8. (FCC – 2020) A abordagem da administração orientada pelo entendimento de que as características ambientais condicionam as características organizacionais é baseada na teoria: a) clássica. b) das relações humanas. c) da burocracia. d) neoclássica. e) da contingência. 85 TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS 6.1 ESG Você já ouviu falar em ESG? Você já trabalhou com métricas e ações sustentáveis no seu trabalho? Se a sua resposta é sim, você está no caminho da ESG. Mas, o que é ESG? Muito simples, ESG significa na tradução para a língua portuguesa: Ambiental, Social e Governança. O foco que devemos ter atenção é em relação aos investimentos realizados pela empresa, tendo em vista a tríade forma pela ESG. Cabe aqui dizer que as análises realizadas pelos administradores têm forte relação com a gestão financeira do negócio, levando em consideração os resultados gerados pelos investimentos efetivados (SIQUEIRA; RICHTER; MACHADO, 2022). Figura 11: ESG Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3MCsFI5. Acesso em: 24 nov. 2021 Há estudos que apontam que a ESG é um método de investimento, chamando-o de investimento ESG. Dessa maneira, para que ele possa ser gerado, passa por uma divisão em três áreas, a saber: Primeiro, a integração ESG, na qual o objetivo principal é melhorar as características de risco-retorno de um portfólio. Em segundo lugar, o investimento baseado em valores, no qual o investidor busca alinhar seu portfólio com suas normas e crenças. Terceiro, investimento de impacto, no qual os investidores querem usar seu capital para desencadear mudanças para fins sociais ou ambientais, por exemplo, para acelerar a descarbonização da economia (GIESE et al., 2019, p. 69). UNIDADE 06 https://bit.ly/3MCsFI5 86 O processo de tomada de decisão realizado à luz dos critérios ESG (SIQUEIRA; RICHTER; MACHADO, 2022) refere-se aos seguintes fatores: investimentos de impacto: são aqueles que objetivam promover práticas de governança que fomentem estratégias sustentáveis e promotoras de resultados de impacto econômico, social e ambiental ao negócio, interna e externamente; investimentos socialmente responsáveis: são os programas, projetos e ações que viabilizam o desenvolvimento social e humano dos trabalhadores da empresa e da sociedade com a qual a empresa se relaciona; investimentos sustentáveis: são as estratégias e suas ações internas e externas que priorizam o cuidado com o meio ambiente, o clima, a redução da poluição, o tratamento e descarte sustentável de resíduos, entre outros fatores ambientais. Por meio dos critérios apresentados, a empresa pode planejar de forma mais assertiva suas estratégias, desenvolver diagnósticos focados no investimento ESG, além de construir a marca com base nessa diretriz, comunicando seus stakeholders sobre seu posicionamento institucional. Dessa forma, ela pode agregar valor ao seu produto e/ou serviço, fomentando novos negócios e investimentos ESG. No investimento ESG,são monitorados os resultados gerados com base em métricas administrativas de controle, haja vista a peculiaridade de as ações serem pautadas nas seguintes dimensões que orientam a gestão ESG: Quadro 7: Dimensões da ESG Dimensão Características Ambiental Objetiva os impactos ambientais gerados pela empresa, com base em seus indicadores ambientais de controle, tais como a redução do consumo de carbono, a utilização adequada dos recursos naturais, desde a matéria- prima até a entrega aos consumidores, bem como as ações de preservação ambiental. Social Preconiza as relações sociais e suas práticas, tanto na esfera institucional com seus trabalhadores, quanto na esfera externa, com seus fornecedores, clientes, moradores em torno, parceiros do negócio e a sociedade de forma mais ampla. Além disso, a gestão da diversidade é uma das características do investimento ESG, promovendo o respeito e a valorização humana em todos os sentidos, tanto no ambiente de trabalho como na atuação da marca e suas campanhas externas. Governança Prioriza a gestão ética e transparente das ações realizadas, bem como a prestação de contas do trabalho desenvolvimento pela empresa em prol da sociedade e do mercado em que atua. Por isso, a realização de auditorias internas e externas são foco do investimento ESG, contribuindo para a administração da empresa e o alinhamento estratégico. Fonte: Adaptado de Giese et al. (2019) 87 Com base no quadro acima, Siqueira, Richter e Machado (2022, p. 3) orientam que as organizações e seus administradores têm a “capacidade de responder aos desafios globais, sendo os atores principais, de forma mais proativa, ao repensar as estratégias corporativas para [...] a sustentabilidade futura global do sistema econômico, social e ambiental”. Agora, vamos tratar de outro assunto contemporâneo na administração de empresas, o Big Data, que está contribuindo em muito para o desenvolvimento dos negócios no século XXI. 6.2 BIG DATA Você já se deparou com um alto volume de dados e informações acumuladas? Se sim, bem-vindo ao Big Data! Este termo está associado ao elevado número de informações disponíveis de forma on e offline. Diferentemente do Data Analytics, que possibilita a análise de um alto volume de dados que permite a visualização de tendências por meio de métricas analíticas, o Big Data (BD) tem a capacidade de armazenar um alto volume de dados, contribuindo para a gestão da informação (O’BRIEN; MARAKAS, 2007). Dessa maneira, os gestores podem buscar os dados de forma mais rápida e segura no Big Data, ao invés de buscar informações em diferentes sistemas, fazendo agrupamentos manualmente. Além disso, cabe ressaltar que o Big Data Analytics possibilita gerar análises sobre os dados armazenados pelo Big Data, tendo em vista as necessidades do negócio, tais como comportamento dos consumidores, tendências de mercado, oscilações mercadológicas, deficiências financeiras, investimentos realizados, taxa de crescimento, política cambial, dentre outros fatores pertinentes ao negócio 88 (O’BRIEN; MARAKAS, 2007). Conforme você pode perceber, cada vez mais as empresas estão digitais e conectadas por meio da internet. Seja no sentido de sistemas de gestão financeira, relacionamento nas redes sociais com os consumidores, sistemas integrados de gestão, ERP, além de sistemas logísticos que possibilitem, em tempo real, saber como está o transporte das mercadorias, seja o recebimento de insumos, como na entrega de mercadorias aos clientes (LAUDON; LAUDON, 2007). Tudo isso é muito favorável ao negócio, desde que bem administradas as informações geradas pelo Big Data no sentido de oportunizar estratégias de desenvolvimento organizacional. Figura 12: Big Data Fonte: https://bit.ly/3KBk1HP. Acesso em: 24 nov. 2021 No entanto, você considera que as empresas estão preparadas para utilizar o Big Data? Podemos dizer que sim, para aquelas que investem em tecnologia, automação de dados, treinamento dos funcionários e entendem a relevância da informação integrada ao negócio. Complementando, a infraestrutura de tecnologia da informação (TI) desatualizada, a complexidade e o caos inerentes ao BD, o gerenciamento, a qualidade e a segurança de dados, a falta de habilidades de ciência de dados nas organizações, as preocupações com a privacidade e as culturas organizacionais que não conduzem a operações orientadas a dados ou à tomada de decisão baseada em dados são as principais barreiras para a implementação eficaz de estratégias de BD (MEDEIROS; MAÇADA; HOPPEN, 2021, p. 3). https://bit.ly/3KBk1HP 89 Nesse sentido, você precisa saber que a empresa necessita desenvolver estratégias de gestão da informação aliada à gestão do conhecimento, tendo em vista o acúmulo de dados gerados pelo Big Data e o foco que ela terá com essas informações analisadas pelo Data Analytics. Esses dados processados e interpretados vão contribuir para o processo de tomada de decisão sobre as mudanças e adaptações que a empresa precisará desenvolver no sentido de se manter competitivas no mercado (LAUDON; LAUDON, 2007). Além disso, o Big Data demanda a atuação de profissionais qualificados em sistema de informações para realizar a manutenção, revisão, adequação e cruzamento de dados necessários ao negócio. Assim, se estabelece uma rede de apoio à tomada de decisão, com base nas análises geradas, com vistas a oportunizar que a empresa possa desenvolver sua gestão contemporânea (O’BRIEN; MARAKAS, 2007). É importante ressaltar que a gestão de dados não é puramente uma ação do Big Data, mas, sim, uma estratégia organizacional que deve ser fomentada e aprimorada constantemente, conforme orientam Medeiros, Maçada e Hoppen (2021, p. 4): Para que possam equilibrar a criação de valor e a exposição ao risco e alcançar a coordenação eficaz necessária para ter sucesso e manter a vantagem competitiva, as organizações precisam de um programa de governança de dados [...]. No entanto, o desenvolvimento de mecanismos e políticas de governança e administração de dados (AD) é um dos desafios organizacionais contemporâneos mais complexos. Dessa forma, com o avanço da computação em nuvem, as redes sociais e a internet possibilitam que as empresas tenham dados dos seus clientes por meio de alguns cliques, isto é, quando o BD está operando de forma eficiente e com analistas competentes e orientados ao negócio. 90 Complementado sobre os aspectos estruturais para a viabilidade e eficiência do Big Data, os autores Rech, Casalinho e Silveira (2020, p. 54) orientam que as organizações desenvolvam “líderes com visão de futuro em todos os setores devem começar a construir capacidades em suas organizações que permitam o uso do BD”. Por fim, você precisa saber que o Big Data também é orientado por 3 Vs (LOPES; SILVA, 2021), que dizem respeito ao: Volume: se refere à quantidade de informações geradas diariamente que alimentam o banco de dados da organização. Veracidade: tem relação com os formatos de dados recebidos, que podem ser brutos, semiestruturados e estruturados, tendo em vista a confirmação das análises produzidas. Velocidade: tem como orientação a rapidez do processamento dos dados, de acordo com o volume de informações, a dimensão de variedade dos elementos recebidos e analisados. Estes pilares do Big Data oportunizam aos profissionais desenvolverem informações que podem produzir conteúdos significativos à empresa e à sociedade. Como exemplo disso, temos os dados relativos à pandemia da Covid-19, que diariamente são processados para gerar informações que permitem aos gestores tomadas de decisão referentes aos impactos da pandemia no mercado e nasociedade. Para finalizarmos esta unidade, vamos estudar o Trabalho Remoto e a Jornada Híbrida, que consistem em práticas de gestão contemporânea. https://bit.ly/3hYq0u2 91 6.3 TRABALHO REMOTO E JORNADA HÍBRIDA Você certamente deve conhecer alguém que trabalhe em casa para alguma empresa ou que não precise estar fisicamente presente em uma empresa para desenvolver suas responsabilidades. Essa possibilidade de trabalhar fora dos muros da empresa é designada de trabalho remoto, o qual, com a pandemia da Covid-19, consistiu em uma estratégia significativa para muitas empresas e trabalhadores manterem suas ações e seus empregos, respectivamente. Frente à pandemia supracitada e com foco exclusivo no mundo do trabalho, os autores Rocha e Amador (2018) reforçam que novas demandas de prevenção à saúde surgiram e as pessoas foram aconselhadas a ficarem em casa. Com a crise suscitada por essa situação, muitas pessoas ficaram assustadas; mas, ao mesmo tempo em que se tinha medo de sair na rua, também existia o medo de ficar sem emprego. Atendendo-se, então, às novas normas e aderindo ao distanciamento social, a principal medida tomada pelas empresas e funcionários foi o trabalho remoto, enquanto estratégia aplicada ao desenvolvimento do trabalho nas empresas desde 1970, “proporcionando mudança na forma de execução do trabalho, no qual as pessoas exercem suas atividades em casa, mantendo o vínculo com a organização” (HAUBRICH, D. B.; FROEHLICH, 2020, p. 169). O teletrabalho já era algo recorrente antes mesmo da pandemia, sendo um modelo de trabalho em que muitas pessoas desejam desenvolver, pois traz consigo uma ideia de conforto, autonomia, flexibilidade, em que não há uma preocupação com deslocamento, gastos com alimentos, risco de atrasos e controle excessivo da rotina. Dessa forma, o teletrabalho pode ser definido “como uma forma de organização de trabalho por meio da qual as atividades podem ser desenvolvidas parcial ou completamente fora do local de trabalho convencional da empresa, com o auxílio de ferramentas e serviços de telecomunicação” (VILARINHO; PASCHOAL; DEMO, 2021, p. 138). É importante lembrar que o teletrabalho não é algo recente e que não surgiu com a pandemia: O teletrabalho, embora fruto da confluência dos sistemas flexíveis e da revolução informacional do último quartel do século XX, não pode ser entendido separado das formas históricas de trabalho domiciliar (em 92 casa, parcial, home office) que o precedem. No entanto, não se confunde com o trabalho em domicílio dos primórdios da industrialização e que retornou com a reestruturação produtiva e a externalização da produção, caso típico do segmento da confecção (DURÃES, B.; BRIDI, M. A. C.; DUTRA, 2021, p. 948). Assim, por ser algo que já existia e funcionava em muitos segmentos de atuação, foi essa a medida adotada e que gerou resultados significativos durante a pandemia, os quais permanecem até hoje. O trabalho remoto oportunizou que o trabalhador fosse mantido em seu cargo, sem correr o risco do contato com outras pessoas e, ao mesmo tempo, a empresa manteve suas ações e ainda conseguiu suprimir algumas despesas em função de não precisar arcar com os gastos oriundos da presença do seu funcionário no posto de trabalho (BATISTA et al, 2021). O trabalho remoto é um dos grandes temas quando o assunto é trabalho do futuro. Esse assunto é relativamente recente no Brasil. Esse modelo de trabalho é muitas vezes adotado por profissionais independentes, autônomos ou empreendedores, bem como por modelos de organização que não demandam a necessidade de os trabalhadores estarem fisicamente na empresa, podendo trabalhar a distância ou online (VILARINHO; PASCHOAL; DEMO, 2021). O trabalho pode ser desempenhado em casa ou em ambientes diferenciados, compartilhados com outras pessoas, levando-se em conta o conforto para a realização das atividades. O trabalho remoto tende a trazer uma nova proposta de trabalho, alterando as formas de contratos vinculados ao trabalho formal, no sentido da prestação de serviços no contexto brasileiro e mundial. Além disso, é importante que: [...] é necessário distinguir entre as práticas oficialmente implementadas na organização e como os empregados as percebem. A simples introdução de novas formas de trabalho pode não alcançar os resultados desejados quando não considera uma cultura organizacional compatível que dê suporte a elas. Lewis (2013) também aponta a importância de questões culturais para a funcionalidade e a efetividade do teletrabalho, argumentando que na cultura francesa, por exemplo, em que as interações e comunicações cara a cara são muito valorizadas, o teletrabalho encontra mais barreiras para se estabelecer (VILARINHO; PASCHOAL; DEMO, 2021, p. 140). Também é importante dizer que emerge desse contexto uma nova nomenclatura e podemos nos deparar com outros termos para se referir ao trabalho remoto, como teletrabalho, também por vezes referido como home office ou trabalho a distância (LEAL, 2015). 93 Antes de mais nada: qual é o termo correto? Há diferença entre eles? Buscando responder à essa questão, Rocha e Amador (2018) mencionam que há, no mínimo, seis diferentes tipos de trabalho nesta perspectiva. Acompanhe no quadro a seguir: Quadro 8: Possibilidades do Trabalho Remoto Tipo Característica Trabalho em domicílio É o trabalho realizado na casa do trabalhador (home office). Trabalho em escritório satélite Os trabalhadores executam o trabalho em pequenas unidades espalhadas de uma empresa central. Trabalho em telecentros O trabalho é realizado em estabelecimentos normalmente instalados próximo ao domicílio do trabalhador que oferecem postos de trabalho a empregados ou várias organizações ou serviços telemáticos a clientes remotos. Trabalho móvel Fora do domicílio ou do centro principal de trabalho, compreendendo viagens de negócios ou trabalho de campo ou em instalações do cliente. Trabalho em empresas remotas ou off- shore Call-centers ou telesserviços por meio dos quais as firmas instalam seus escritórios-satélite ou subcontratam empresas de telesserviços de outras zonas do globo com mão de obra mais barata. Trabalho informal ou teletrabalho misto Arranjo com o empregador para que se trabalhe algumas horas fora da empresa. Todas essas modalidades de teletrabalho têm em comum a flexibilização dos espaços de trabalho e, muitas vezes, do tempo dedicado a ele, substituindo o deslocamento do trabalhador até a sede demandante pelo uso das ferramentas de informação e comunicação remota. Fonte: Rocha e Amador (2018, p. 154) Cabe salientar que um dos maiores problemas do home office é a administração do tempo. É necessário que as atividades da empresa sejam realizadas sem que seja perdido o foco. E quando a empresa tem funcionários, sejam eles contratados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sejam terceirizados, é importante que estejam bem-definidas as atividades e os prazos para cada serviço prestado (BATISTA et al, 2021). Como uma alternativa a isso, muitas empresas e trabalhadores estão adotando a jornada híbrida de trabalho, que possibilita uma flexibilização entre o trabalho presencial e o trabalho remoto, em que, de comum acordo, são negociados os turnos que serão remotos e os que serão presenciais. A jornada híbrida favorece o processo de trabalho que demanda atividades presenciais no ambiente de trabalho e outras que podem muito bem ser desenvolvidas remotamente (DURÃES; BRIDI; DUTRA, 2021). 94 Agora, quando você for adotar o trabalho remoto ou a jornada híbrida, é importante ressaltar que, para desenvolver esses modelos de trabalho, é necessário fazer um bom planejamentopara avaliação das possibilidades desses formatos. (VILARINHO; PASCHOAL; DEMO, 2021). Pode-se criar uma linha de pensamento segundo a qual uma pessoa (empreendedora) pode fazer todo seu trabalho de forma remota, bem como ter uma equipe para contribuir com o trabalho, desde que haja a cultura para esse tipo de trabalho e o desenvolvimento de competências dos profissionais que atuam juntamente na equipe. Assim, é possível promover a gestão dos recursos, do tempo, das pessoas e avaliar, por meio dos resultados, a eficiência do trabalho desempenhado. https://bit.ly/3Cy0IMU 95 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE MARKETING – 2018) Uma grande empresa provedora de filmes e séries de televisão via streaming utiliza recursos de big data para armazenar os dados de seus consumidores. A empresa passou a utilizar também os recursos de marketing digital, de modo que fosse possível criar experiências positivas com os consumidores. Em uma das análises dos dados, revelou-se que os clientes demoravam, em média, 20 minutos para decidir ao que assistir. A partir de dados antigos de cada consumidor, a empresa passou a enviar mensagens e avisos relacionados aos filmes ou às séries que poderiam agradar aquele consumidor específico. Além disso, a empresa, com base nos dados atuais dos consumidores, busca prever as séries e os filmes que os clientes venham a assistir. Nesse contexto, avalie as afirmações a seguir. I. A primeira estratégia utilizada pela empresa pode ser descrita como segmentação, que, com a utilização do big data, foi realizada com dados específicos. II. Os dados captados por meio de big data possibilitam que a empresa direcione a escolha de filmes e séries de acordo com o seu interesse comercial. III. A empresa deve utilizar o big data com cautela, pois podem restringir a oferta de produtos, limitando a escolha do consumidor. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 2. (ENADE – ADMINISTRAÇÃO – 2018) A teoria matemática da Administração foi a que trouxe para os processos decisórios o foco no uso de métodos oriundos das ciências exatas, em especial a Matemática Aplicada, a Computação e a 96 Estatística. Implementações de conhecimentos, tais como pesquisa operacional, teoria dos jogos, teoria das filas, teoria das probabilidades, programação linear e modelagem estatística preditiva, passaram a fazer parte do dia a dia de algumas áreas gerenciais. A evolução gerencial recente diz respeito ao uso de grandes volumes de dados, com permanente atualização e diferentes formatos (como numérico, textual e visual), que vêm associados ao conceito de Big Data. O novo cenário para as práticas de gestão viabiliza um conceito de decisão baseada em dados ou de gestão baseada em dados. ANDRADE, R.; AMBONI, N. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Elsevier Brasil, 2017 (adaptado). No que se refere à evolução recente comentada no texto, assinale a opção correta. a) A gestão baseada em dados refere-se à prática de captação, manipulação e análise de dados para a tomada de decisão, utilizando, na atualidade, diferentes fontes, tipos e volumes de dados, além de ferramentas computacionais estatísticas mais sofisticadas e com aplicações complementares aos métodos convencionais de tomada de decisão. b) Os conceitos associados à inteligência de negócios e à ciência de dados sinalizam uma reorientação paradigmática da teoria matemática, que se distancia dos métodos efetivamente matemáticos, como a pesquisa operacional ou a teoria das filas, e se aproxima da área de Educação e Psicologia, pelos estudos de inteligência, e da área computacional, pelo estudo de dados. c) O uso dos diferentes tipos de dados citados sinaliza uma complementação de métodos de análise nos processos decisórios, com uso de métodos quantitativos convencionais, a exemplo das medidas estatísticas ou análise de regressão, e de métodos de análise da pesquisa qualitativa, a exemplo dos métodos etnográficos e projetivos. d) O conceito de decisão baseada em dados, ainda que não represente novidade no cenário gerencial, vem adquirindo novos contornos em função de sua aproximação com o conceito de Big Data, o qual substitui pequenos volumes de 97 dados e dispensa os procedimentos convencionais de pesquisa com pequenas amostras, como métodos experimentais ou estudos por entrevistas. e) As tendências associadas ao Big Data, devido à utilização de grandes números e valores, atualizam a aproximação do conhecimento gerencial com a Matemática e a Estatística, com novas aplicações da teoria dos conjuntos infinitos e da lei estatística dos grandes números. 3. (ENADE – ADMINISTRAÇÃO – 2018): Texto 1: No esforço de gestão orientada à competitividade, a decisão baseada em informação é sempre uma referência de valor para gestores mais eficientes e visionários. No contexto de grandes volumes de dados e com produção continuada nos meios virtuais, associados ao conceito de Big Data, os gestores têm à disposição dados que permitem melhor conhecimento de concorrentes, consumidores, colaboradores, parceiros e outros agentes de influência e interação. No campo particular de marketing, essa realidade alcança o conceito de inteligência de marketing, com foco nas variáveis de mercado e em dados e informações, por exemplo, sobre consumidores e concorrentes. TURBAN, E. et al. Business intelligence: um enfoque gerencial para a inteligência do negócio. Porto Alegre: Bookman Editora, 2009 (adaptado). Texto 2: Um debate sobre questões legais e éticas a respeito do uso de dados de consumidores atualmente acessíveis a diferentes tecnologias de prospecção surgiu em decorrência da abundância de informações nas redes sociais. A venda de tais dados a empresas interessadas em melhor direcionar seus esforços de marketing, sem a autorização da pessoa, pode vir a criar os mais diversos transtornos. A constante novidade dessas ferramentas e práticas dificulta a existência de referências legais de gestão e controle. A base de decisão ética parece ser a referência central para os gestores. Disponível em: https://bit.ly/3HXXXFK. Acesso em: 27 jul. 2017 (adaptado). Considerando os desenvolvimentos relativos à inteligência de marketing, avalie as afirmações a seguir. https://bit.ly/3HXXXFK 98 I. Diferentemente da inteligência competitiva, voltada a dados externos, a inteligência de marketing se operacionaliza por meio dos sistemas de processamentos de transações de dados internos da organização, de modo que, com o devido consentimento do cliente, são eliminados os problemas éticos no uso de tecnologias para melhorar as decisões de marketing com bases em seus pessoais. II. As redes sociais têm sido objeto de reflexão no debate contemporâneo porque as tecnologias disponíveis permitem extrapolar o interesse gerencial dos prestadores de serviços e gerar ações marketing que, em algumas situações, não seriam permitidas pelos consumidores caso soubessem do uso de seus dados. III. As ferramentas convencionais de inteligência competitiva, cuja aplicação abrange a inteligência de marketing, requerem cuidado e clareza no uso dos dados de mercado e dos clientes em potencial, sendo exemplos de práticas que minimizam problemas em um cenário de falta de referência legal. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 4. (ENADE – TEC. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS – 2018) Um funcionário foi contratado por uma companhia no regime de teletrabalho, conforme a Lei n° 13.467/2017. Posteriormente, esse funcionário solicitou ao setor de recursos humanosque seu regime de trabalho fosse alterado para presencial, alegando que a empresa vinha demandando a realização de atividades específicas presenciais ao menos um dia na semana. Considerando essa situação hipotética, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas. 99 I. A alteração para o regime presencial depende de mútuo acordo entre empresa e funcionário. PORQUE II. A presença recorrente do funcionário no estabelecimento da empresa descaracteriza o teletrabalho. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. c) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 5. (FCC – 2018) Trata-se de uma definição de responsabilidade social corporativa: a) recolhimento de todos os impostos devidos. b) promoção de trabalho voluntário não remunerado dos seus funcionários. c) ações articuladas que revertam benefício para alguma comunidade. d) financiamento de apresentações e espetáculos artísticos. e) doações em valores ou produtos para entidades assistenciais. 6. (VUNESP – 2019) João da Silva foi contratado como Assistente de Suporte de Vendas da empresa Cosméticos Luxo Ltda., e trabalha em regime de teletrabalho. Com relação ao seu contrato de trabalho, é correto afirmar que: a) deve conter cláusula específica sobre o regime de teletrabalho, especificando as atividades que devem ser realizadas pelo empregado. b) pode ser verbal e não há cláusulas específicas obrigatórias. c) deve conter cláusula específica abordando que não faz jus ao recebimento de horas extraordinárias. 100 d) pode ser escrito ou verbal, desde que haja anotação expressa da modalidade na carteira profissional. e) deve ser escrito, mas a anotação do regime de teletrabalho não precisa constar no contrato, mas, sim, na carteira profissional. 7. (NU – UFPR – 2019) Acerca da jornada de trabalho e do teletrabalho, assinale a alternativa correta. a) O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, quando fornecido pelo empregador, será computado na jornada de trabalho, por ser tempo à disposição deste. b) A remuneração da hora extra será, pelo menos, 100% (cem por cento) superior à da hora normal. c) É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês. d) O comparecimento às dependências do empregador para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento descaracteriza o regime de teletrabalho. e) A hora do trabalho noturno será computada como de cinquenta e quatro minutos e trinta segundos. 8. (FCC – 2018) Os sistemas de Big Data costumam ser caracterizados pelos chamados 3 Vs, sendo que o V de: a) veracidade corresponde à rapidez na geração e obtenção de dados. b) valor corresponde à grande quantidade de dados acumulada. c) volume corresponde à rapidez na geração e obtenção de dados. d) velocidade corresponde à confiança na geração e obtenção dos dados. e) variedade corresponde ao grande número de tipos ou formas de dados. 8 ECONOMIA, CONCEITO E OBJETO DE ESTUDO/ MICROECONOMIA: A LEI DA OFERTA, DEMANDA E EQUILÍBRIO DE MERCADO Objetivos desta unidade: Definir economia e seu objeto de estudo: a lei da escassez Explicar a divisão do estudo econômico: macroeconomia e a microeconomia Conceituar demanda e seus fatores determinantes e demonstrar as alterações nas curvas da demanda. Conceituar a oferta e seus fatores determinantes e demonstrar as alterações nas curvas da oferta. Determinar e analisar o equilíbrio de mercado. 1.1 DEFINIÇÃO DE ECONOMIA: OBJETO DE ESTUDO E A LEI DA ESCASSEZ Vamos começar esta unidade com alguns questionamentos: 1) O que vem a ser a Economia? 2) Qual o objeto de estudo da economia? 3) Como funciona nosso sistema econômico? 4) Quando e por que o sistema econômico entra em crise, ocasionando mudan- ças de comportamento das pessoas e empresas, como no caso da Covid19? Caberá então à ciência econômica, através do seu escopo teórico, fornecer respostas, ainda que parciais para os questionamentos acima. Segundo Cario (2008) a economia insere-se no campo das ciências sociais, pois estuda como a sociedade emprega os recursos na produção de riqueza, bem como ocorre a distribuição desta riqueza entre seus participantes. Nesta perspectiva, trata não somente com variáveis quantitativas, como preço e quantidade, mas também com variáveis qualitativas, consideradas não UNIDADE 07 9 quantificáveis, como gosto e preferência do consumidor, expectativas dos consumi- dores e produtores, dentre outras. Etimologicamente, a palavra “economia”, conforme figura 1 a seguir, tem seu significado dos termos gregos “oikós” (casa) e “nomos” (norma, lei). Pode ser com- preendida como “administração da casa”. É interessante essa aproximação do mundo da casa com o mundo da econo- mia, onde pode-se afirmar que a Economia estuda a maneira de administrar os re- cursos disponíveis com o objetivo de produzir bens e serviços, e de distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade (MENDES et al., 2015). Figura 1: Etimologia da expressão economia Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Segundo Costa, Oliveira e Perez Júnior (2012)o objetivo da economia é orga- nizar políticas que articulem produção, distribuição e consumo de bens e serviços, com a finalidade de minimizar os problemas e maximizar os benefícios em favor da qualidade de vida da sociedade. Marques (2018)destaca que o estudo da Economia como ciência surgiu ape- nas no capitalismo. Qual é seu objeto de análise? A definição que geralmente está presente nos manuais de Economia diz que ela é a ciência que estuda como otimizar os recursos escassos frente a necessidades crescentes. Outra definição, já bem menos frequente de se encontrar, diz que a Economia é a ciência que estuda como os homens se organizam para produzir e distribuir a riqueza. Neste contexto o foco de análise da Ciência Econômica é a escassez e suas consequências, conforme apontado por Nogami e Passos (2016), na figura 2: 10 Figura 2: Objeto de estudo da economia Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Os recursos limitados contrapõem-se a necessidades humanas ilimitadas, tor- nando a economia uma ciência da escolha, onde toda sociedade tem de escolher entre alternativas de produção e de distribuição dos resultados da atividade produ- tiva entre os vários grupos da sociedade (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Podemos sintetizar o problema da escassez na figura 3, a seguir: Figura 3: O problema da escassez Fonte: Elaborado pelo autor (2020) 11 Como apontado por Nogami (2016) a sociedade não dispõe de recursos produtivos em quantidade suficiente para produzir tudo o que a população deseja. Assim é que toda sociedade, qualquer que seja sua organização política, se defronta com três questões econômicas básicas decorrentes do problema de escassez: Quadro 1: Problemas econômicos básicos O que produzir? Já que não se pode produzir a quantidade desejada pela sociedade dos mais diversos tipos de bens e servic ̧os, esta deve escolher, entre as várias alternativas, quais bens e servic ̧os serão produzidose em que quantidade. Devemos produzir mais automóveis do que roupas? Mais roupas e menos alimentos? Quanto de roupas e quanto de alimentos? Como produzir? Em contrapartida, a sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhido será produzido. Normalmente, os bens podem ser obtidos mediante diferen- tes combinac ̧ões de recursos e técnicas, e deve-se optar pela técnica que resulte no menor custo por unidade de produto a ser obtida. Para quem produzir? Uma vez decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma terceira decisão fundamental: quem vai receber esses bens e servic ̧os? Sabemos que a produc ̧ão total de bens e servic ̧os deverá ser distribuída entre os diferentes indiví- duos que compõem a sociedade. De que maneira essa distribuic ̧ão ocorrerá? Será que todas as pessoas receberão a mesma quantidade de bens e servic ̧os? Ou será que essa distribuic ̧ão será feita segundo a contribuic ̧ão de cada um à produc ̧ão? Ou segundo a sua necessidade? Fonte: Nogami (2016) Os agentes econômicos são: As empresas que são unidades produtoras de bens e serviços que visam lucro, utilizam os fatores de produção, como o capital, trabalho e terra, As famílias que fornecem os serviços dos fatores de produção (renda) e, O governo que prestam serviços à comunidade. 12 Já os geradores de renda são: Terra: recursos naturais existentes, tais como florestas, recursos minerais, recur- sos hídricos etc. Trabalho: esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens e serviços. Ex: serviço médico, o trabalho de um operário da construção civil, etc. Capital (bens de capital): não se destinam à satisfação das necessidades através do consumo, são utilizados no processo de fabricação. Ex: matérias primas, computadores, máquinas, usinas, estradas de ferro, fábricas, etc. Capacidade empresarial: considerada um fator de produção uma vez que o empresário exerce funções fundamentais para o processo produtivo. De acordo com Mendes et al. (2015)Os agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica que, através de suas ações, contribuem para o funciona- mento do sistema econômico, seja este capitalista ou socialista. Podem ser: as em- presas, as famílias e o governo. Neste sentido é ilustrada na figura 4 o fluxo real e o fluxo monetária da eco- nomia. Figura 4: Fluxo Real e o Fluxo Monetário da economia Disponível em: https://bit.ly/3qL4XOt . Acesso em: 31 out. 2020 https://bit.ly/3qL4XOt 13 1.2 DIVISÃO DO ESTUDO ECONÔMICO: MACROECONOMIA E A MICROECO- NOMIA Na opinião de Mankiw (2020)a economia pode ser dividida em dois grandes grupos: 1) A microeconomia: procura estudar como as famílias e empresas tomam de- cisões (a demanda ou procura, a oferta, o equilíbrio de mercado) e de como elas interagem em mercados específicos (as estruturas de mercado, como o mercado de concorrência perfeita, imperfeita, oligopólio e monopólio). 2) A macroeconomia: procura estudar os fenômenos que englobam toda a economia: demanda agregada, oferta agregada, investimento agregado, o PIB, e etc. Neste contexto, na opinião do autor a microeconomia e a macroeconomia estão intimamente ligadas, uma vez que é impossível entender os desdobramentos macroeconômicos sem considerar as decisões microeconômicas a eles associadas. Por exemplo, um macroeconomista pode estudar os efeitos do aumento do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ou do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a receita de venda de mercadorias e produtos. Para analisar a questão, ele precisa levar em consideração de que maneira o au- mento destes impostos afeta as decisões das famílias sobre quanto gastar em bens e serviços. Apesar da ligação entre a microeconomia e a macroeconomia, os dois cam- pos são distintos. Como tratam de questões diferentes, cada um deles tem seu pró- prio campo de atuação, conforme Nogami e Passos (2016) o estudo da Teoria Eco- nômica se divide em duas grandes áreas: a Teoria Microeconômica e a Teoria Ma- croeconômica. Quadro 2: Problemas econômicos básicos A Teoria Microeconômica, ou Microeconomia Preocupa-se em explicar o comporta- mento econômico das unidades individuais de decisão representadas pelos consumi- dores, pelas empresas e pelos proprietários de recursos produtivos. Ela estuda a interação entre empresas e consumidores e a maneira pela qual produc ̧ão e prec ̧o são determinados em mercados específicos. 14 A Teoria Macroeconômica, ou Macroeconomia Estuda o comportamento da economia como um todo. Ela estuda o que determina e o que modifica o comporta- mento de variáveis agregadas, tais como a produc ̧ão total de bens e servic ̧os, as taxas de inflac ̧ão e de desemprego, o volume total de poupanc ̧a, as despesas totais de consumo, as despesas totais de investimentos, as despesas totais do governo etc. Fonte: Nogami (2016) Na figura 5, é realizada uma síntese da divisão do estudo econômico de acordo com Nogami (2016) Figura 5: Divisão do estudo econômico Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Para Vasconcelos e Garcia (2019)a análise econômica, para fins metodológi- cos e didáticos, é normalmente dividida em quatro áreas de estudo, conforme apon- tado no quadro 3 a seguir: Quadro 3: Quatro áreas de estudo da macroeconomia Microeconomia ou Teoria de Formação de Preços Examina a formação de preços em mercados específi- cos, ou seja, como consumidores e empresas interagem no mercado e como decidem os preços e a quanti- dade para satisfazer a ambos simultaneamente. Macroeconomia Estuda a determinação e o comportamento dos gran- des agregados nacionais, como o Produto Interno Bruto (PIB), o investimento agregado, a poupança agre- gada, o nível geral de preços, entre outros. Seu enfoque é basicamente de curto prazo (ou conjuntural) 15 Economia internacional Analisa as relações econômicas entre residentes e não residentes do país, as quais envolvem transações com bens e serviços e transações financeiras. Desenvolvimento econômico Preocupa-se com a melhoria do padrão de vida da co- letividade ao longo do tempo. O enfoque é também macroeconômico, mas centrado em questões estrutu- rais e de longo prazo (como progresso tecnológico e estratégias de crescimento). Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) 1.3 A LEI DA DEMANDA E SEUS FATORES DETERMINANTES, CURVAS DA DE- MANDA. Vamos descrever o campo da Teoria Microeconômica ou microenonomia que preocupa-se em estudar o comportamento econômico das unidades econômicas individuais, tais como consumidores, empresas e proprietários de recursos. Trataremos neste capítulo do estudo da lei da demanda e seus fatores condi- cinantes. Para Nogami (2016) demanda (ou procura) de um indivíduo por um determi- nado bem (ou serviço) refere-se à quantidade desse bem que ele deseja e está ca- pacitado a comprar, por unidade de tempo. È condicionada pela aspiração (de- sejo), capacidade financeira e pelo fluxo por unidade de tempo. Os autores esclarecem que três elementos que devem ser destacados nessa definição: 1) A demanda é uma aspiração, um desejo, e não a realização do desejo. A demanda é um dese- jo de comprar (um bem, um serviço). A realização do desejo se dá pela compra do bem desejado. Logo, não se pode con- fundir demanda (ou procura) com compra. 2) Para que haja demanda por um bem (ou serviço) é preciso que o indivíduo esteja capacitado a pagar por esse bem. Em outras palavras, é preciso que ele tenha renda que lhe permita participar do mercado desse bem. 3) A demanda é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, devemos expressar a procurapor uma determinada quantidade em um determinado período de tempo. Na concepção de Vasconcelos e Garcia (2019) a demanda depende de va- riáveis que influenciam a escolha do consumidor. As principais são: o preço do bem 16 ou serviço; o preço dos outros bens; a renda do consumidor e as preferências e há- bitos do indivíduo. Dependendo do mercado a ser estudado, outras variáveis podem ser incluí- das, tais como: fatores sazonais (demanda de sorvetes, por exemplo); localização dos consumidores; disponibilidade de crédito etc. Conforme destacado na figura 6, a Lei geral da Demanda possui uma relação inversamente proporcional entre a quantidade procurada e o preço do bem. Figura 6: Lei Geral da Demanda Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) Na figura 7 é demonstrado a inclinação da curva da demanda, uma vez que: quanto menor o preço, maior vai ser a quantidade demandada de um produto ou serviço. Figura 7: Inclinação da curva da demanda Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) 17 Vamos a um exemplo prático: vamos supor que João deseja comprar refrige- rantes. A um preço de R$ 7,00, não é interessante a compra. Mas quando o preço cai para R$ 6,00, João resolve consumir cinco unidades de refrigerante, quando cai para R$ 5,00 aumenta o consumo para dez refrigerantes. Tabela 1: Consumo de refrigerante Preço do Refrigerante Quantidade 7,00 0 6,00 5 5,00 10 4,00 15 3,00 20 2,00 25 1,00 30 Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Figura 8: Gráfico do consumo de refrigerante Fonte: Elaborado pelo autor (2020) De acordo com Vasconcelos e Garcia (2019)a curva de demanda negativa- mente inclinada devido ao efeito conjunto de dois fatores: o efeito substituição e o efeito renda. Se o preço de um bem aumenta, a queda da quantidade deman- dada será provocada por esses dois efeitos somados. Os autores esclarecem sobre o efeito substituição e o efeito renda: 18 Quadro 4: Efeito substituição x Efeito Renda Efeito substituição Se um bem x possui um bem substituto y, ou seja, outro bem similar que satisfaça a mesma necessidade, quando o preço do bem x aumenta, o consumidor passa a adquirir o bem substituto (o bem y), reduzindo assim a demanda do bem x. Exemplo: se o preço da manteiga au- mentar, os consumidores passarão a demandar consumir margarina reduzindo assim a demanda por manteiga. Efeito Renda Quando a renda do consumidor da classe D e E aumenta, ele deixará de consumir carne de segunda e passará a consumir carne de pri- meira. Caso a renda volte a diminuir, ele voltará a consumir carne de segunda novamente. Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Garcia (2019) Em relação ao preço de outros bens podemos destacar: Quadro 5: Preço de outros bens Tipo do Bem Definição Comportamento da demanda Bens complementares São aqueles que ten- dem a aumentar a satis- fação do consumidor quando utilizados em conjunto: (pão e man- teiga). Um aumento no preço no preço do pão, acarretará a diminuição da Qd de pão e consequentemente da Qd de manteiga. Bens substitutos São aqueles que podem ser substituídos: (man- teiga e margarina). Um aumento no preço da manteiga, acarretará uma diminuição da Qd de manteiga e um aumento na Qd de margarina. Bens inferiores São aqueles de baixo valor e consumidos pe- las classes D e E: (pão, carne de segunda, rou- pas usadas). Um aumento na renda de consumi- dores da classe D acarretará uma di- minuição da Qd de carne de se- gunda. Bens normais São bens cuja demanda varia diretamente a vari- ações na renda do con- sumidor: (roupas, ali- mentos, eletro domésti- cos). Um aumento na renda dos consumi- dores acarretará um aumento na Qd de bens normais. Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Há três razões para a curva da procura apresentar uma inclinação negativa, relacionando inversamente preços e quantidades procuradas (ROSSETTI, 2016). Primeira: Se o preço for muito alto, o consumidor poderá deixar de adquirir o produto, assim quando menor o preço, maior vai ser a quantidade deman- dada. Segunda: a possibilidade de substituição de produtos influencia na quanti- 19 dade demandada. Caso um produto aumente o seu preço e tenha um subs- tituto próximo, o consumidor vai com certeza adquirir o substituto a um preço mais baixo. Isto só não acontecerá no caso de monopólio, onde o consumidor não terá escolha e será obrigado a adquirir o produto/serviço do monopo- lista. Terceira: o grau de utilidade para o consumidor do produto/serviço, assim podemos comparar o aumento ou diminuição da demanda por produtos/ser- viços como bens normais (como alimentos), quanto para bens supérfluos (car- ros). Uma mudança na demanda, ou mudança na curva de demanda, ocorre quando os consumidores desejam menos ou mais de um produto para algum motivo além de seu preço, como a renda, o gosto do bem, expectativas dos consumidores e etc. No quadro a seguir são destacados os aumentos e diminuição da demanda. Quadro 6: Aumento e diminuição da demanda AUMENTO DA DEMANDA DIMINUIÇÃO DA DEMANDA Aumento na renda dos consumidores (Bem normal) Diminuição na renda dos consumidores (Bem normal) Diminuição na renda do consumidor (Bem inferior) Aumento na renda do consumidor (Bem inferior) Mudança de gosto favorável a um bem Mudança de gosto favorável a um bem Aumento no preço dos bens substitutos Diminuição no preço dos bens substitutos Diminuição no preço dos bens comple- mentares Aumento no preço dos bens complementa- res Expectativas dos consumidores (de au- mento de renda) Expectativas dos consumidores (de diminui- ção de renda) Aumento no número de consumidores Diminuição no número de consumidores Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Vasconcelos e Garcia (2019)demonstra a distinção entre demanda e quanti- dade demandada, que embora tendam a ser utilizados como sinônimos, esses ter- mos têm significados diferentes: Por demanda entende-se toda a escala ou curva que relaciona os possíveis preços a determinadas quantidades. Por quantidade de- mandada devemos compreender um ponto específico da curva relacionando um preço a uma quantidade. 20 Os autores demonstram que movimentos da quantidade demandada ocor- rem ao longo da própria curva, devido a mudanças no preço do bem. Quando a curva de procura se desloca (em virtude de variações da renda ou de outras variá- veis, que não o preço do bem), temos uma mudança na demanda (e não na quan- tidade demandada). Figura 9: Mudanças na quantidade demandada e mudanças na demanda Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) Passaremos agora para a análise do comportamento do produtor – lei da oferta e seus fatores condicionantes. 1.4 A LEI DA OFERTA E SEUS FATORES DETERMINANTES, CURVAS DA OFERTA. Para Vasconcelos e Garcia (2019)a quantidade ofertada de um bem ou ser- viço é a quantidade que o produtor planeja vender em determinado período a um determinado preço. A quantidade ofertada será determinada pelo preço do bem, preço dos fa- tores de produção, tecnologia, preço dos outros bens, as expectativas do produtor e as condições climáticas. A oferta de um produto ou serviço, em determinado período de tempo, varia na razão direta da variação de preços do bem ou serviço, a partir de um nível de preço tal que seja suficiente para fazer face ao custo de produção até o limite su- perior de pleno emprego dos fatores de produção, quando se tornará constante, 21 ainda que os preços em referencias possam continuar oscilando, mantidas constan- tes as demais condições (NOGAMI, 2016). Vasconcelos e Garcia (2019)ainda faz alguns apontamentos em relação aos fatoresdeterminantes da oferta e consequentemente alterações na quantidade ofertada. Quadro 7: Fatores determinantes da oferta Relação Alteração na Oferta A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem. Um aumento do preço de mercado eleva a ren- tabilidade das empresas, estimulando-as a ele- var a produção. A relação entre a oferta e o custo dos fatores de produção seja inversamente proporcional Um aumento dos salários ou do custo das maté- rias-primas deve provocar, coeteris paribus, uma retração da oferta do produto. A relação entre a oferta e o nível de co- nhecimento tecnológico é diretamente proporcional. Dado que melhorias tecnológicas promovem melhorias da produtividade no uso dos fatores de produção e, portanto, aumento da oferta. Há uma relação direta entre a oferta de um bem ou serviço e o número de em- presas ofertantes do produto no setor Quando há muitos ofertantes no mercado, a quantidade ofertada tende a diminuir. Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Garcia (2019) Oferta de Mercado: é a curva que relaciona cada um dos preços possíveis à quantidade ofertada por todos os produtores. Graficamente, a oferta de mercado resulta da soma horizontal de cada uma das ofertas individuais. Tabela 2: Produção de refrigerante Preço do refrigerante Produtor A Produtor B Mercado A + B 100,00 400 600 1.000 80,00 300 500 800 60,00 200 400 600 40,00 100 300 400 Fonte: Adaptado de Nogami e Passos (2016) 22 Figura 10: Lei Geral da Oferta Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) Na concepção de Nogami e Passos (2016)a oferta de um produto ou serviço qualquer, em determinado período de tempo, varia na razão direta da variação de preços desse produto ou serviço, a partir de um nível de preços tal que seja suficiente para fazer face ao custo de produ- ção do mesmo até o limite superior de pleno emprego dos fatores (de produção), quando se tornará constante, ainda que os preços em referência possam conti- nuar oscilando, mantidas as demais condições constantes. Essa relação entre preço e quantidade pode ser demonstrada pela equação: Na figura 11 é demonstrado a inclinação da curva da oferta, uma vez que: quanto maior o preço, maior vai ser a quantidade ofertada de um produto ou ser- viço. 23 Figura 11: Inclinação da curva da oferta Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Vamos a um exemplo prático: suponhamos que a Empresa X deseja vender refrigerantes. A um preço de R$ 40,00 a empresa vende 100 refrigerantes. Mas quando o preço aumenta para R$ 60,00 a quantidade aumenta para 200 unidades, quando aumenta para R$ 80,00 a quantidade aumenta para 300 refrigerantes e pro último quando o preço aumenta para R$ 100,00, a quantidade aumenta para 400 refrigerantes, conforme apontado no quadro 9. Tabela 3: Oferta de refrigerantes Preço do Refrigerante Quantidade 100,00 400 80,00 300 60,00 200 40,00 100 Fonte: Adaptado de Nogami (2016) 24 Figura 12: Gráfico de produção de refrigerante Fonte: Elaborado pelo autor (2020) No quadro 10, a seguir são destacados os aumentos e diminuição da de- manda. Quadro 8: Aumento e diminuição da oferta AUMENTO DA OFERTA DIMINUIÇÃO DA OFERTA Diminuição no preço dos fatores de pro- dução Aumento no preço dos fatores de produ- ção Mudança tecnológica favorável Mudança tecnológica desfavorável Diminuição no preço dos bens substitutos na produção Aumento no preço dos bens substitutos na produção Aumento no preço dos bens complemen- tares na produção Diminuição no preço dos bens comple- mentares na produção Expectativas desfavoráveis sobre evolu- ção de preços Expectativas favoráveis sobre evolução de preços Condições climáticas favoráveis Condições climáticas desfavoráveis Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Como no caso da demanda, também devemos distinguir entre a oferta e a quantidade ofertada de um bem. Assim, Vasconcelos e Garcia (2019)esclarecem que a oferta refere-se à escala (ou toda a curva), enquanto a quantidade ofertada diz respeito a um ponto específico da curva de oferta. Assim, um aumento no preço do bem provoca um aumento da quantidade ofertada, enquanto uma alteração nas outras variáveis (como nos custos de produção ou no nível tecnológico) desloca a oferta (isto é, a curva de oferta). 25 Figura 13: Mudança na quantidade ofertada e mudança na oferta Fonte: Vasconcellos e Garcia (2019) Por outro lado, a diminuição no preço dos insumos, ou a melhoria tecnológica em sua utilização, ou ainda o aumento no número de empresas no mercado, con- duz ao aumento da oferta, dados os mesmos preços praticados, deslocando--se, desse modo, a curva de oferta para a direita. Figura 14: Alteração da curva de oferta com a tecnologia Fonte: Vasconcellos e Garcia (2019) 26 Figura 15: Alteração da curva de oferta com aumento no preço e quantidade de insumos Fonte: Vasconcellos e Garcia (2019) 1.5 DETERMINAÇÃO E ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DE MERCADO. É chegado o momento de juntar os dois lados do mercado, o da oferta e o da demanda, a fim de ver de que maneira o preço e a quantidade de equilíbrio são determinados. Nossa atenção estará́ voltada somente aos mercados do tipo competitivo, que são aqueles em que existem muitos compradores e vendedores, de forma tal que nenhum deles, agindo individualmente, consegue exercer influência significativa sobre os preços e quantidades praticados no mercado (NOGAMI, 2016). A lei da oferta e da demanda gera a tendência ao equilíbrio, onde a interse- ção das curvas determina o preço e a quantidade de equilíbrio de um bem ou de um serviço em um dado mercado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Vamos um exemplo proposto por Nogami (2016) no qual encontramos as es- calas de oferta e de demanda de mercado para camisas. 27 Tabela 4: Escalas de oferta e de demanda de mercado para camisas Preço (Camisa) Qd (Por mês) Qo (Por mês) Excesso oferta (+) Excesso de demanda (-) Pressão sobre o preço 100 1000 11.000 + 10.000 Descendente 90 2000 10.000 + 8.000 Descendente 80 3000 9.000 + 6.000 Descendente 70 4000 8.000 + 4.000 Descendente 60 5000 7.000 + 2.000 Descendente 50 6000 6.000 Equilíbrio Nenhuma 40 7000 5.000 -2.000 Ascendente 30 8000 4.000 - 4.000 Ascendente 20 9000 3.000 - 6.000 Ascendente 10 10000 2.000 - 8.000 Ascendente Fonte: Nogami (2016) Na figura a seguir é demonstrado como ocorre o equilíbrio de mercado, com o excesso de oferta e escassez da demanda, bem como o excesso de demanda e escassez de oferta. Figura 16: Equilíbrio de mercado (Excesso e escassez de oferta e demanda) Fonte: Nogami (2016) Se examinarmos atentamente as quantidades ofertadas e demandadas a cada nível de prec ̧o, descobriremos que existe apenas um prec ̧o – $ 50,00 – para o qual a quantidade demandada é exatamente igual à quantidade oferecida – 6.000 unidades. 28 Quadro 9:Equilíbrio de mercado Preço (camisa) Qd (por mês) Qo (Por mês) Excesso oferta (+) Excesso de demanda (-) Pressão sobre o preço 50 6000 6.000 Equilíbrio Nenhuma Fonte: Nogami (2016) Um prec ̧o que faz que a quantidade demandada seja exatamente igual à quantidade ofertada é chamado Prec ̧o de Equilíbrio (ou Prec ̧o de Mercado); a quantidade correspondente a esse prec ̧o é chamada Quantidade de Equilíbrio. No quadro 11, o preço de equilíbrio foi de R$ 50,00 e a quantidade em equilíbrio de 6.000 unidades. Esse preço emerge espontaneamente em um mercado competitivo, em quea oferta e a demanda se confrontam. O prec ̧o de equilíbrio é aquele que, uma vez atingido, tende a persistir. Sempre que o preço estiver acima do prec ̧o de equilíbrio, teremos excesso de oferta da mercadoria; esse excesso de oferta fará que o prec ̧o diminua até atingir o equilíbrio. Quadro 10: Excesso de oferta Preço (Camisa) Qd (Por mês) Qo (Por mês) Excesso oferta (+) Excesso de demanda (-) Pressão sobre o preço 100 1000 11.000 + 10.000 Descendente 50 6000 6.000 Equilíbrio Nenhuma Fonte: Nogami (2016) Assim, sempre que o prec ̧o estiver abaixo do prec ̧o de equilíbrio, teremos excesso de demanda da mercadoria; esse excesso de demanda fará que o prec ̧o aumente até atingir o equilíbrio. Quadro 11: Excesso de demanda Preço (Camisa) Qd (Por mês) Qo (Por mês) Excesso oferta (+) Excesso de demanda (-) Pressão sobre o preço 50 6000 6.000 Equilíbrio Nenhuma 10 10000 2.000 - 8.000 Ascendente Fonte: Nogami (2016) 29 https://bit.ly/3umW27X ttps://bit.ly/3bvnEiF 30 FIXANDO O CONTEÚDO 1. O problema fundamental com o qual a Economia se preocupa é: a) A pobreza. b) O controle dos bens produzidos. c) A escassez. d) A taxação daqueles que recebem toda e qualquer espécie de renda. e) A estrutura de mercado de uma economia. 2. Em uma economia de mercado, os problemas do “o quê”, “quanto”, “como” e “para quem” deve ser produzido são resolvidos: a) Pelos representantes do povo, eleitos por meio do voto. b) Pelos preços dos serviços econômicos. c) Pelo mecanismo de preços. d) Pelos preços dos recursos econômicos. e) Pela quantidade dos fatores produtivos. 3. Se o produto A é um bem normal e o produto B é um bem inferior, um aumento da renda do consumidor provavelmente: a) Aumentará a quantidade demandada de A, enquanto a de B permanecerá constante. b) Aumentarão simultaneamente os preços de A e B. c) O consumo de B diminuirá e o de A crescerá. d) Os consumos dos dois bens aumentarão. e) Nenhuma das alternativas 4. Assinale os fatores mais importantes, que afetam as quantidades procuradas: a) Preço e durabilidade do bem. b) Preço do bem, renda do consumidor, custos de produção. 31 c) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, renda e preferên- cia do consumidor. d) Renda do consumidor, custos de produção. e) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, custos de produ- ção, preferência dos consumidores. 5. O preço de equilíbrio para uma mercadoria é determinado: a) Pela demanda de mercado dessa mercadoria. b) Pela oferta de mercado dessa mercadoria. c) Pelo balanceamento das forças de demanda e oferta da mercadoria. d) Pelos custos de produção. e) Nenhuma das alternativas 6. Num dado mercado, a oferta e a procura de um produto são dadas, respectivamente, pelas seguintes equações: Qs = 48 + 10P e Qd = 300 – 8P, onde Qs, Qd e P representam, na ordem, a quantidade ofertada, a quantidade procurada e o preço do produto. A quantidade transacionada nesse mercado, quando ele estiver em equilíbrio, será: a) 2 unidades. b) 188 unidades. c) 252 unidades. d) 14 unidades. e) 100 unidades. 7. Uma mercadoria que é demandada em quantidades maiores, quando a renda do consumidor cai, é um: a) Bem normal. b) Bem inferior. c) Bem complementar. d) Bem substituto. e) Nenhuma das alternativas. 32 8. Assinale os fatores mais importantes, que afetam as quantidades ofertadas: a) Preço e durabilidade do bem. b) Preço do bem, renda do consumidor, custos de produção. c) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, renda e preferên- cia do consumidor. d) Renda do consumidor, custos de produção. e) Preço do bem, preços dos bens substitutos e complementares, custos de produ- ção, tecnologia e condições climáticas. 33 ESTRUTURAS DE MERCADO Objetivos desta unidade: Identificar os tipos de estruturas de mercado e como os mercados competiti- vos determinam os preços das mercadorias. Classificar as estruturas de mercado para o setor de bens e serviços: mercado de concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolista e oligopólio. Definir cada estrutura de mercado, com exemplos e as hipóteses básicas de cada modelo. Demonstrar as imperfeições do mercado. 2.1 INTRODUÇÃO No capítulo 1 trabalhamos com o conceito de economia, vimos o comporta- mento do consumidor através da demanda e o do produtor pelo lado da oferta e finalmente como se processa o equilíbrio de mercado. Discutiremos neste capítulo mais especificamente essa e outras formas de mer- cado, como a concorrência perfeita, concorrência imperfeita ou monopolista, o oli- gopólio e o monopólio. Segundo Vasconcellos e Garcia (2019)as várias formas ou estruturas de mer- cado dependem fundamentalmente de três características: a) Número de empresas que compõem esse mercado; b) Tipo do produto (se as firmas fabricam produtos idênticos ou diferenciados); c) Se existem ou não barreiras ao acesso de novas empresas nesse mercado. Vamos identificar neste capítulo os tipos de estruturas de mercado e como os mercados competitivos determinam os preços das mercadorias. Segundo Nogami e Passos (2016) podemos classificar as estruturas de mercado para o setor de bens e serviços da seguinte forma: Mercado de concorrência Per- feita, monopólio, concorrência Monopolista e oligopólio. UNIDADE 08 34 Quadro 12: Estruturas de mercado CONCORRÊNCIA PERFEITA E uma situação de mercado na qual o número de compra- dores e vendedores é tão grande que nenhum deles, agindo individualmente, consegue afetar o preço. Além disso, os produtos de todas as empresas no mercado são ho- mogêneos. MONOPÓLIO É uma situação de mercado em que uma única firma vende um produto que não tenha substitutos próximos CONCORRÊNCIA MONO- POLISTA É uma situação de mercado na qual existem muitas firmas vendendo produtos diferenciados que sejam substitutos en- tre si. OLIGOPÓLIO É uma situação de mercado em que um pequeno número de firmas domina o mercado, controlando a oferta de um produto que pode ser homogêneo ou diferenciado. Fonte: Nogami (2016) Assim veremos a seguir cada estrutura de mercado, com exemplos e as hipó- teses básicas de cada modelo. 2.2 MERCADO EM CONCORRÊNCIA PERFEITA A primeira estrutura a ser analisada denomina-se concorrência perfeita. Segundo Nogami (2016) é uma estrutura de mercado que visa descrever o funcionamento ideal de uma economia, servindo de parâmetro para o estudo das outras estruturas de mercado. Trata-se de uma construção teórica. Para Vasconcellos e Garcia (2019)a concorrência perfeita é um tipo de mer- cado em que há grande número de vendedores (empresas), de tal sorte que uma empresa, isoladamente, não afeta a oferta do mercado nem, consequentemente, o preço de equilíbrio. O grande número de empresas nesse mercado faz que elas sejam apenas to- madoras de preços. Nesse tipo de mercado, devem prevalecer as seguintes premissas, conforme destacado por Nogami (2016). Quadro 13: Hipóteses básicas em um mercado de concorrência perfeita Concorrência Perfeita Hipóteses básicas do modelo Observações É uma situação de mercado na qual o número de compradores e vendedores é tão 1) Existência de um Grande Número de Compradores e Vendedores. - Suponhamos que o mercado de um produto qualquer seja composto, pelo lado da oferta, por 1.000 firmas, cadaqual produzindo 2.000 to- neladas desse bem, totalizando a oferta con- junta de 2 milhões de toneladas. 35 grande que ne- nhum deles, agindo individual- mente, consegue afetar o preço. Exemplos: lojistas da 25 de maio, camelôs em shoppings popu- lares, sistema bancário, restau- rantes, e etc. 2) Os Produtos são homogêneos. 3) Livre Entrada e Saída de firmas. 4)Transparência de Mercado - Suponhamos ainda que, pelo lado da procura, existam 10.000 compradores, cada qual adqui- rindo 200 kg desse produto. Se uma das firmas resolvesse dobrar sua produção, a oferta total aumentaria em apenas 0,10%, o que não seria bastante para exercer impacto sobre o preço de mercado. Se, por outro lado, um dos compra- dores resolvesse deixar de comprar este produto, as vendas cairiam em 0,01%, o que também se- ria insuficiente para alterar o preço desse bem. Isto evidencia o fato de que compradores e ven- dedores, isoladamente, são incapazes de exer- cer influência sobre o preço do que está sendo comprado ou vendido. Por essa razão, diz-se que eles são tomadores de preço, ou seja, o preço é um dado fixado tanto para firmas quanto para consumidores; Os produtos colocados no mercado pelas firmas são homogêneos, ou seja, são perfeitos substitu- tos entre si (várias firmas produzindo o mesmo produto). Como resultado, os compradores são indiferentes quanto à firma da qual eles irão ad- quirir o produto. Não existem barreiras legais e econômicas tanto para a entrada quanto para a saída de firmas no mercado. Esta hipótese garante tanto aos compradores quanto aos vendedores terem informação per- feita sobre o mercado: ambos conhecem a qualidade do produto e seu preço vigente. Os vendedores conhecem também os custos e lu- cros de seus concorrentes. Assim é que, pelo fato de inexistir desinformação, nenhum comprador estará disposto a adquirir um produto por um preço superior ao vigente; pelo mesmo motivo, nenhum vendedor estará disposto a vender seu produto por um preço inferior ao de mercado. Fonte: Nogami (2016) Um mercado competitivo, por vezes, chamado mercado perfeitamente com- petitivo, tem duas características: 1) Há muitos compradores e vendedores no mercado O que é um mercado Competitivo? Segundo Nogami e Passos (2016) é onde existe um número tão grande de compradores e de vendedores, sendo cada comprador ou ven- dedor tão pequeno em relac ̧ão ao tamanho do mercado, que nenhum deles, atuando isoladamente, consegue influenciar o prec ̧o da mercadoria. 36 2) Os bens oferecidos pelos diversos vendedores são, em grande escala, os mes- mos. Por causa dessas condições, as ações de um comprador ou vendedor indivi- dual no mercado têm impacto insignificante sobre o preço de mercado. Cada com- prador e cada vendedor tomam o preço de mercado como dado. Mankiw (2020) traz um exemplo para contextualizar a situação acima: o mer- cado de leite. 1) Nenhum comprador individual de leite é capaz de influenciar o preço do pro- duto, porque cada comprador adquire uma pequena quantidade em rela- ção ao tamanho do mercado. 2) De maneira similar, cada vendedor de leite tem controle limitado sobre o preço, porque há muitos outros vendedores fornecendo um produto basica- mente idêntico. 3) Uma vez que cada vendedor pode vender quanto quiser ao preço vigente, ele não tem motivo para cobrar menos do que esse preço, e se cobrar mais, os compradores vão procurar outro fornecedor. 4) Os compradores e vendedores dos mercados competitivos precisam aceitar o preço que o mercado determina e, portanto, são chamados tomadores de preço. 2.3 MERCADO EM CONCORRÊNCIA IMPERFEITA OU MONOPOLISTA Na opinião de Nogami (2016)como o próprio nome diz, a concorrência mono- polista é uma estrutura de mercado que contém elementos da concorrência perfeita e do monopólio, ficando em situação intermediária entre as duas formas de organi- zação de mercado. Mankiw (2020)descreve uma estrutura de mercado em Concorrência Imper- feita ou monopolista em que há muitas empresas vendendo produtos similares, mas não idênticos. A mesmas hipóteses do mercado de concorrência perfeita se repetem tam- bém na concorrência imperfeita, a única diferença é que há o processo de diferen- ciação das empresas ao venderem seus produtos ou serviços. Importante dizer que os produtos são diferentes do ponto de vista do 37 consumidor. Mas as empresas podem tentar influenciar o ponto de vista dos consumidores, através da propaganda, enfatizando a qualidade do produto, atendimento ao conumidor, estilo, e etc (PINHO et al., 2017). Pode-se verificar a tendência para a existência de lucros normais (receita total igual a custo total), não surgindo lucros extraordinários, como acontece no mercado de concorrência perfeita. No mercado de concorrência perfeita, devem prevalecer as seguintes premis- sas, conforme destacado por Nogami (2016). Quadro 14: Hipóteses básicas em um mercado de concorrência imperfeita Concorrência mono- polista (concorrência imperfeita) Hipóteses básicas do modelo Observações - É uma situação de mercado na qual exis- tem muitas firmas ven- dendo produtos dife- renciados que sejam substitutos entre si; Exemplos: Produtos ali- mentícios, roupas de marca, padarias, far- mácias, salão de be- leza e etc. As empresas lançam mão de estratégias de marketing para se dife- renciarem dos concor- rentes. 1) Existência de um Grande Número de Compradores e de Vendedores. 2) Cada Firma Produz e Vende um Pro- duto Diferenciado, embora Substituto Próximo. 3) Existência de Livre Entrada e Saída de Firmas Da mesma forma que na concorrên- cia perfeita, a concorrência monopo- lista apresenta grande número de fir- mas, cada qual respondendo por uma fração da produção total de mercado; Na verdade, a diferenciação carac- teriza a maioria dos mercados existen- tes. Exemplificando: não existe um tipo homogêneo de perfumes, de apare- lhos de televisão, de restaurantes, de automóveis ou DVDs. Na realidade, cada produtor procura diferenciar seu produto a fim de torná-lo único. A diferenciação, por sua vez, pode ser real ou ilegítima. No caso da diferen- ciação real, buscam-se diferenças re- ais nas características do produto. Costuma-se estabelecer, por exem- plo, diferenças a respeito do aspecto de composição química, serviços ofe- recidos por vendedores, etc. No caso da diferenciação ilegítima do produto, as diferenças são artificiais, 38 tais como marca, embalagem e de- sign. Em outros casos, pode não haver nenhuma diferença, mas o consumi- dor pode ser levado a pensar que elas existem, normalmente como resultado de campanhas promocionais que, de maneira artificial, apontam caracterís- ticas diferenciadoras entre os produ- tos. O fato de os produtos serem diferenci- ados é que dá ao produtor o poder de monopólio, uma vez que somente ele produz aquele tipo de bem. Nestas condições, a exemplo do que ocorre no monopólio, cada produtor possui alguma liberdade para fixar seus pre- ços; Da mesma forma que no mercado de concorrência perfeita, não existem barreiras legais ou de qualquer outro tipo que impeçam a livre entrada e saída de firmas no mercado. Fonte: Nogami (2016) Antes de se perguntar quantas empresas há em um mercado, é necessária uma questão bastante elementar, mas freqüentemente esquecida: qual é a delimitac ̧ão deste mer- cado? Um mercado é, em sua definic ̧ão mais simples, o espac ̧o de troca entre compra- dores e vendedores. 39 2.4 MONOPÓLIO Para Nogami (2016) o monopólio é uma situaçãode mercado em que existe um só produtor de um bem ou serviço que não tenha substituto próximo. Devido a isso, o monopolista exerce grande influência na determinação do preço a ser co- brado pelo seu produto. Conforme Pinho et al. (2017) no monopólio, o setor é a própria firma, porque existe um único produtor que realiza toda a produção. Dessa forma, a oferta da firma é a oferta do setor e a demanda da firma é a demanda do setor. No mercado monopolista devem prevalecer as seguintes premissas, conforme destacado por Nogami (2016). Quadro 15: Hipóteses básicas em um mercado de monopólio Monopólio Hipóteses básicas do modelo Observações – É uma situação de mer- cado em que uma única firma vende um produto que não tenha substitutos próximos. De um lado temos uma única empresa vende- dora dominando a oferta e de outro, um conjunto de consumidores. O monopolista é um for- mador de preço. Isto sig- nifica que o monopolista tem a capacidade de es- colher o preço do pro- duto. Assim o monopo- lista pode apresentar lu- cro maior que outros se- tores. Exemplos: Petrobras, Cor- reios, e em Minas Gerais: Cemig, Copasa, domi- nando o monopólio de 1) Um Determinado Pro- duto é Suprido por uma Única Firma 2) Não há substitutos Pró- ximos para esse Pro- duto. 3) Existem Obstáculos (barreiras) à Entrada de Novas Firmas na In- dústria (nesse caso a indústria é composta de uma única firma). Uma única firma oferece o pro- duto em um determinado mer- cado. Ex. o monopólio da gasolina pela Petrobras. Isso significa dizer que o monopo- lista enfrenta pouca ou nenhuma concorrência. Vamos ao exemplo do consumo de água tratada que pratica- mente em todas as cidades do Es- tado de Minas Gerais acontece o monopólio. Não há como substituir este tipo de produto. Para que o monopólio exista é pre- ciso manter concorrentes em po- tencial afastados da indústria. Isto significa que devem existir barrei- ras que impeçam o surgimento de competidores, protegendo, dessa forma, a posição de monopolista. Estas barreiras fazem com que seja 40 fornecimento de energia elétrica e de água tra- tada. muito difícil (ou praticamente im- possível) a entrada de novas firmas na indústria. Para garantir o monopólio existem: Barreiras Legais: As barreiras legais incluem patentes, licenças e con- cessões governamentais. O Mono- pólio Legal ocorre quando o go- verno concede a uma empresa um direito exclusivo para ela ope- rar, por meio de licença e conces- sões que permitem que uma única firma produza um determinado produto, excluindo legalmente a competição de outras firmas. Controle sobre o fornecimento de Matérias Primas: Se uma firma mo- nopolista detém os controles sobre o fornecimento das matérias pri- mas essenciais à produção de um determinado bem ou serviço, ela pode bloquear o ingresso de no- vas firmas no mercado; Monopólios Estatais: Existem ainda os monopólios estatais, que per- tencem e são regulamentados pe- los governos: federal, estadual e municipal. Fonte: Nogami (2016) A patente funciona como uma barreira a entrada a outras empresas, que fi- cam impedidas de produzir bem semelhante enquanto vigorar a patente. Mas com o passar do tempo as patentes podem tornar-se obsoletas, surgir novos produtos mais inovadores, matérias primas podem ser substituídas. Cabe ao poder público pode intervir em mercados monopolistas (PINHO et al., 2017). 2.5 OLIGOPÓLIO O oligopólio pode ser conceituado como uma estrutura de mercado em que um pequeno número de firmas controla a oferta de um determinado bem ou serviço. Segundo Nogami (2016)de acordo com essa conceituação, a indústria auto- mobilística é um exemplo de indústria com pequeno número de firmas. Entretanto, o oligopólio pode também ser entendido como sendo uma indústria em que há um grande número de firmas, mas poucas dominam o mercado. Como exemplo, pode- mos citar a indústria de bebidas. 41 Além das indústrias de bebidas temos a indústria de aço, de fumo, de cimento, de celulose, empresas de transporte aéreo e rodoviário, setor de telefonia móvel, ti- das como sendo oligopolistas. No quadro a seguir são listadas algumas empresas oligopolistas e seus setores de atuação: Quadro 16: Empresas oligopolistas e suas atividades AVIAÇÃO CIVIL CO- MERCIAL LATAM, AZUL, GOL. INDÚSTRIA DE CELULOSE CENIBRA, KLABIN, WESTROCK, INTERNATIONAL PAPER, SUZANO, TROMBINI FRAIBURGO, VERACEL CELULOSE. INDÚSTRIA DE CIMENTO VOTORANTIM, INTERCEMENT, NASSAU, LAFARGE-HOLCIM TELEFONIA MÓVEL TIM, VIVO, CLARO, OI. Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Essa estrutura de mercado caracteriza-se pela existência de reduzido número de produtores e vendedores fabricando bens que são substitutos próximos entre si. Em outras palavras, esses produtos têm alta elasticidade cruzada. Segundo a substi- tutibilidade perfeita ou imperfeita dos bens, o oligopólio pode ser perfeito ou diferen- ciado (PINHO et al., 2017). No mercado oligopolista devem prevalecer as seguintes premissas, conforme destacado por Nogami (2016). Quadro 17: Hipóteses básicas em um mercado de Oligopólio Oligopólio Hipóteses bási- cas do modelo Observações - É uma situação de mercado em que um pequeno número de fir- mas domina o mer- cado, controlando a oferta de um produto que pode ser homogê- neo ou diferenciado. De acordo com essa conceituação, a indús- tria automobilística é um exemplo de indús- tria com pequeno nú- mero de firmas. Entre- tanto, o oligopólio pode também ser en- tendido como sendo uma indústria em que há um grande número 1) Existência de Poucas Firmas. 2) Produto Ho- mogêneo ou Di- ferenciado. 3) Existência de Dificuldades para Entrar na Indústria. O oligopólio é uma estrutura de mercado que se situa entre a concorrência monopolista e o monopólio. O oligopólio apresenta como prin- cipal característica o fato das firmas serem in- dependentes. Isso decorre do pequeno nú- mero de firmas existentes na indústria. O oli- gopólio pode ter duas, três, dez ou mais em- presas, dependendo da natureza da indústria. Entretanto, o número deve ser pequeno, de tal forma que as firmas levem em considera- ção e tenham reações quanto às decisões de preço e produção de outras. Uma das manei- ras de se verificar uma indústria é um oligopó- lio e por meio de determinação do índice de concentração da indústria. No Brasil muitas indústrias, tais como as monta- doras de veículos, indústria de aço, a indústria de fumo e a indústria de bebidas, são tidas como sendo oligopolistas. 42 de firmas, mas poucas dominam o mercado. Exemplo: indústria de bebidas, de cigarros, empresas aeras, de te- lefonia, gases industri- ais, cimento e etc. O oligopólio pode ser puro ou diferenciado. Ele será considerado puro caso os concorren- tes ofereçam um produto homogêneo (substi- tutos perfeitos entre si). Exemplos de oligopólio puros podem ser encontrados na indústria de cimento, de alumínio, cobre, aço, etc. Caso os produtos não sejam homogêneos, o oli- gopólio será considerado diferenciado. Como exemplo, podemos citar a indústria au- tomobilística e de cigarros, cujos produtos, embora semelhantes, não são idênticos (o carro Vectra é diferente do Gol e o cigarro Marlboro é diferente do Free, e assim por di- ante); Da mesma forma que no monopólio, existem barreiras que favorecem o surgimento do oli- gopólio, impedindo a entrada de novas firmas na indústria, tais como a existência de paten- tes e outras barreiras legais. Fonte: Nogami (2016) 2.6 EXTERNALIDADES X VIRTUDES X VÍCIOS DO MERCADO Rossetti (2016)destaca que as virtudes e osvícios dos mercados competitivos passaram a ser objeto de reconsideração, sob a óptica de conciliação dos interesses privados e públicos. Entre as virtudes do mercado, Rossetti (2016)destacam algumas que permane- cem reconhecidas: Quadro 18: Virtudes do mercado O mercado gera índi- ces de escassez Transmitidos aos preços e às remunerações, orientando a aloca- ção dos recursos escassos da sociedade. O mercado é um cen- tro de estimulação Que leva à maior qualificação dos recursos e a compromissos com a qualidade dos produtos. As exigências impostas pela competição são, de um lado, fatores de impulsão das pessoas para investirem em si mesmas, aprimorando o capital humano; de outro lado, impulsionam a diversidade dos produtos e seus padrões de desempenho e qualidade. O mercado orienta as sociedades Os preços sinalizam o que está sendo e o que deve ser conser- vado; estimulam a busca de tecnologias alternativas; e sinaliza- rão a direção a ser dada a boa parte dos projetos de P&D – Pes- quisa e Desenvolvimento. O mercado possibilita as trocas voluntárias. Concilia interesses e objetivos. Nesse sentido, é uma alternativa a sistemas coercitivos. O mercado viabiliza a liberdade de escolha econômica Não obstante os graus dessa categoria de liberdade não se en- contrarem igualmente distribuídos e serem desigualmente limita- dos por diferentes níveis de restrições orçamentárias, o processo de escolha é tolhido para todos, sempre que se suprime o mer- cado, centralizando-se decisões alocativas. Fonte: Rossetti (2016) 43 Mas, em contrapartida, Rossetti (2016) afirma que o mercado também tem ví- cios. Estes são os mais apontados: Quadro 19: Vícios do mercado O processo de alocação exclusiva- mente via mercado registra ineficácias, do ponto de vista social. Havendo consumidores dispostos e aptos a pa- gar por rações balanceadas para cães de esti- mação, essas rações continuarão a ser produzi- das, ainda que pessoas desprovidas de recursos sobrevivam com dietas precárias. O mercado não se estrutura apenas se- gundo as hipóteses da concorrência perfeita Prevalecem, na realidade, estruturas imperfeita- mente competitivas, que podem conduzir a prá- ticas que conspirem contra o interesse público. O mercado não garante, o tempo todo, o pleno-emprego dos recursos As instabilidades que muitas vezes decorrem de movimentos questionáveis das forças de mer- cado, deixam recursos ociosos. Dificilmente o mercado leva a economia a operar permanen- temente sobre suas fronteiras de produção. O mercado não é capaz de penalizar agentes econômicos que geram exter- nalidades negativas, ao produzir ou a consumir. A acumulação de externalidades pode, no li- mite, inviabilizar o processo econômico como um todo. Os mecanismos do mercado, limitados a preços, fragilizam-se diante do poder de outros mecanismos persuasórios e alocativos Estendida também à comunicação social, a li- berdade de mercado pode tornar-se mais forte que as próprias forças do mercado. “A criatura pode rebelar-se contra o criador” e, embora menos perfeita, tomar seu lugar. Fonte: Rossetti (2016) Do balanceamento dessas virtudes e vícios, todos fortemente relacionados com os pontos fortes e fracos dos sistemas econômicos, podem resultar diferentes categorias de intervenções regulatórias exercidas pelo governo. Rossetti (2016)destaca as intervenções de maior relevância: Quadro 20: Intervenções regulatórias exercidas pelo governo Coparticipação do governo no processo produtivo Originalmente para a geração de bens e serviços públicos e semipúblicos. Controle de preços Fixação de tetos e de mínimos. Fixação de quotas de produção Limitação de acesso aos recursos. Controle de externalidades Notadamente as que conduzem à degra- dação ambiental. Regulamentação de práticas operacionais Em estruturas imperfeitamente competiti- vas. Implantação de mecanismos redistributivos de renda De efeitos indiretos e diretos. Fonte: Rossetti (2016) 44 Outras medidas também poderão ser reguladas pelo governo, como a fixa- ção de quotas de produção, limitação de acesso aos recursos, constituição de esto- ques reguladores, repressão aos abusos do poder de mercado, dentre outros. Este tópico iniciou-se com uma síntese acerca dos benefícios dos mercados que, mesmo com todas as imperfeições, podem levar a formas superiores de organi- zação produtiva, com práticas abusivas, como a formação de cartéis. Nogami (2016)afirmam que o cartel é uma organização formal de produtores dentro de um setor. Essa organização formal determina as políticas para todas as empresas do cartel, objetivando aumentar seus lucros totais. Muitas vezes, os acordos entre empresas concorrentes são tornados públicos e, em outras, a prática de cartel ocorre sem que haja qualquer documento explici- tando seu comportamento. Vale ressaltar que a prática do cartel no Brasil é conside- rada um crime, portanto, ilegal. Determinadas consequências das atividades de produção geram custos para a sociedade, mas que não são computadas como custo de produção. Como exem- plo, pode-se citar a poluição decorrente da produção de determinado bem ou ser- viço. Este é o caso da poluição dos rios decorrente da produção de papéis ou a poluição do ar e sonora resultante do transporte rodoviário de cargas. Tais custos são denominados, na Economia, de externalidades negativas (BRAGA, 2019). As externalidades negativas também podem ser evitadas pelas ações de or- ganizações não governamentais ou fundações que funcionam a partir de doações de pessoas físicas ou jurídicas, e com recursos financeiros praticam ações de caráter assistencial na sociedade. Muitas empresas possuem fundações para tal fim. Mas nem sempre as solu- ções privadas garantem a solução adequada para os efeitos das externalidades. Cada vez mais as empresas tendem a ser responsabilizadas pelos danos am- bientais, não apenas na forma de pagamento de multas, mas na obrigatoriedade 45 do desenvolvimento de procedimentos que minimizem tais danos. Neste sentido, muitas empresas de grande porte publicam seu balanço ambi- ental, demostrando as ações que fizeram para minimizar os efeitos negativos causa- dos ao meio ambiente em função de sua atividade. Se, por um lado, isso implica em aumento nos custos das firmas, por outro eleva o bem-estar daqueles que prezam pela qualidade de vida em um ambiente menos poluído, sem contar que melhora a imagem da empresa no mercado, com boas práticas de governança corporativa. O Brasil possui, desde os anos de 1960, extensa legislação que procura coibir os abusos do poder econômico em defesa da concorrência e da proteção aos con- sumidores e consequentementemente combtare algumas externatidades negativas do mercado. Vasconcelos e Garcia (2019)demonstram que dentro do chamado Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, o Conselho Administrativo de Direito Econô- mico (Cade), a Secretaria de Direito Econômico (SDE) e a Secretaria de Acompa- nhamento Econômico (Seae), que são os órgãos que têm por objetivo julgar os pro- cessos administrativos relativos a abusos do poder econômico, bem como analisar fusões de empresas que podem criar situações de monopólio ou maior domínio de mercado. No livro de Rossetti (2016) o autor demonstra as defasagens e imperfeições do mer- cado mas https://bit.ly/2ZFq09h https://bit.ly/2P4oknH 46 47 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Segundo Nogami e Passos (2016) podemos classificar as estruturas de mercado para o setor de bens e serviços da seguinte forma: Mercado de concorrênciaPer- feita, monopólio, concorrência Monopolista e oligopólio. I - Concorrência Perfeita é uma estrutura de mercado, na qual existe um grande número de compradores e vendedores. II - Monopólio é uma estrutura de mercado na qual existe muitos vendedores e muitos compradores, sendo uma das causas para seu aparecimento a concessão de uma patente durante um determinado período de tempo. III - Oligopólio é uma estrutura de mercado na qual existe um pequeno número de empresas, diante de um grande número de compradores. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 2. Em alguns setores ____________________ ocorre cooperação entre as empresas, po- rém em outros elas competem agressivamente, mesmo que isso signifique lucros menores. Para entendermos a razão disso é preciso levar em consideração o modo pelo qual essas empresas decidem seus níveis de produção e seus preços. Essa sentença se refere à: a) oligopolistas b) monopolistas c) de concorrência perfeita d) de concorrência imperfeita e) nenhuma das anteriores 48 3. Em um mercado ____________________, algumas ou todas empresas explicita- mente fazem coalizões: elas coordenam seus preços e níveis de produção de ma- neira que possam maximizar seu lucro conjunto. Exemplo desse tipo de estrutura de mercado é o da OPEP (organização dos países exportadores de petróleo). a) oligopolistas b) monopolistas c) de concorrência perfeita d) de concorrência imperfeita e) nenhuma das anteriores 4. Identifique o tipo de mercado 1 - concorrência perfeita; 2 – Concorrência imperfeita; 3 – monopólio; 4 - oligopólio) mais provável nas seguintes situações: Não existem barreiras legais e econômicas tanto para a entrada quanto para a saída de firmas no mercado. É uma situação de mercado em que uma única firma vende um produto que não tenha substitutos próximos É uma situação de mercado na qual o número de compradores e vendedores é tão grande que nenhum deles, agindo individualmente, consegue afetar o preço. Existência de Dificuldades para Entrar na Indústria. É uma situação de mercado em que um pequeno número de firmas domina o mercado, controlando a oferta de um produto que pode ser homogêneo ou diferenciado. A sequência correta será: a) 1, 3, 1, 4, 4 b) 2, 4,1, 3, 4 c) 4, 4, 2, 1, 3 d) 3, 3, 1, 4, 1 e) 4, 3, 2, 1, 2 49 5. Identifique o tipo de mercado 1 - concorrência perfeita; 2 – Concorrência imperfeita; 3 – monopólio; 4 - oligopólio) mais provável nas seguintes situações: É uma situação de mercado na qual existem muitas firmas vendendo produtos diferenci- ados que sejam substitutos entre si. Esta hipótese garante tanto aos compradores quanto aos vendedores terem informação perfeita sobre o mercado: ambos conhecem a qualidade do produto e seu preço vi- gente (transparência de mercado). Uma única firma oferece o produto em um determinado mercado Os produtos colocados no mercado pelas firmas são homogêneos, ou seja, são perfeitos substitutos entre si (várias firmas produzindo o mesmo produto). Como resultado, os com- pradores são indiferentes quanto à firma da qual eles irão adquirir o produto. A sequência correta será: a) 3, 2, 1, 4 b) 4, 3, 2, 1 c) 2, 1, 3, 1 d) 3, 1, 4, 2 e) 2, 3, 4, 1 6. Rossetti (2016) destaca que as virtudes e os vícios dos mercados competitivos pas- saram a ser objeto de reconsideração, sob a óptica de conciliação dos interesses privados e públicos. Algumas medidas poderão ser reguladas pelo governo para combater os vícios: I - Fixação de quotas de produção. II - Limitação de acesso aos recursos III - Constituição de estoques reguladores IV - Repressão aos abusos do poder de mercado É correto o que se afirma em: 50 a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II, III e IV 7. Rossetti (2016) destaca que as virtudes e os vícios dos mercados competitivos pas- saram a ser objeto de reconsideração, sob a óptica de conciliação dos interesses privados e públicos. Entre as virtudes do mercado, destacam algumas que per- manecem reconhecidas: I – O mercado viabiliza a liberdade de escolha econômica II – O mercado orienta as sociedades III - O mercado possibilita as trocas voluntárias. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 8. Rossetti (2016) destaca que as virtudes e os vícios dos mercados competitivos pas- saram a ser objeto de reconsideração, sob a óptica de conciliação dos interesses privados e públicos. Mas, em contrapartida, Rossetti afirma que o mercado tam- bém tem vícios: I - O processo de alocação exclusivamente via mercado registra ineficácias, do ponto de vista social. II - O mercado não é capaz de penalizar agentes econômicos que geram exter- nalidades negativas, ao produzir ou a consumir. III - O mercado não se estrutura apenas segundo as hipóteses da concorrência perfeita 51 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 52 ELASTICIDADES Objetivos desta unidade: Definir elasticidades e determinar sua importância Explicar e exemplificar a Elasticidade preço da demanda Explicar e exemplificar a Elasticidade preço da oferta Explicar e exemplificar a Elasticidade renda da demanda 3.1 CONCEITO E IMPORTÂNCIA No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decla- rou que estava em curso uma pandemia denominada COVID-19, que rapidamente alastrou-se para todos os países do mundo, tendo impactos profundos na saúde pú- blica e choques sem precedentes nas economias e nos mercados de trabalho (COSTA, 2020). De acordo com o Amitrano, Magalhães e Silva (2020)os fatores de demanda, associados aos impactos negativos da epidemia sobre três elementos distintos. 1) Consumo das famílias: decorrente da perda de renda presente, resultado da redução da jornada de trabalho, do desemprego e/ou da queda dos salá- rios reais. O consumo também é afetado negativamente pelas medidas de isolamento social que, ao limitarem a mobilidade (seja pelo medo, seja pela coerção do Estado), reduzem o montante gasto, ainda que a renda não tenha necessariamente sido reduzida. Além disso, a expectativa de queda da renda futura também contrai as despesas familiares. 2) Investimento privado: relacionado tanto à queda da rentabilidade imediata, devido à redução da demanda (efeito acelerador), quanto à deterioração das expectativas sobre a rentabilidade futura. 3) Comércio exterior: associado tanto à interrupção da produção de insumos e bens finais em diversos países, como à diminuição da demanda internaci- onal, mas também a práticas não cooperativas e protecionistas (confisco da produção doméstica para venda exclusiva no mercado interno; aumento UNIDADE 09 53 dos mark-ups relacionados à condição oligopolista nos mercados de insu- mos). Neste caso, destaca-se o impacto da desaceleração chinesa, epicen- tro inicial da crise, sobre as demais economias. No ano de 2020, o evento da Covid19 afetou drasticamente o consumo das famílias, conforme destacado pelo IPEA como consequência, houve aumentos ex- cessivos nos preços de alguns alimentos, como a carne bovina, arroz, óleo de soja, açúcar, feijão, milho, dentre outros, bem como efeitos no mercado de trabalho, com o aumento do desemprego.Poderíamos responder usando a lei da demanda que aprendemos no pri- meiro capítulo. Mas talvez você queira uma resposta exata. Em quanto o do arroz, a soja, o feijão, o milho, a carne bovina e etc., seria reduzida? Essa pergunta pode ser respondida por meio de um conceito chamado elas- ticidade, que será desenvolvido neste capítulo. Conforme Mankiw (2020) a elasticidade é uma medida do tamanho da res- posta dos compradores e vendedores às mudanças das condições do mercado. Ao estudarmos como um acontecimento ou política pública qualquer afeta um mer- cado, podemos discutir não apenas a direção dos efeitos, mas também a sua mag- nitude. Podemos então nas palavras de Mankiw (2020) encaminhar para a resposta da questão do aumento de preços dos alimentos ocasionados pela Covid19, que através da elasticidade veremos os efeitos na economia e também a sua magnitude, com o aumento de preços, da inflação e do desemprego. Na concepção de Nogami (2016)em termos econômicos, a elasticidade ex- pressa uma relação entre duas variáveis inter- -relacionadas funcionalmente. Assim podemos relacionar a variação percentual na quantidade demandada em relação a uma mudança percentual no preço, ou uma variação percentual na quantidade demandada em relação a uma mudança percentual de renda. Este aumento do preço em alguns produtos alimentícios, de maneira geral faz com que os consumidores comprariam menos? 54 Do ponto de vista microeconômico, por exemplo, o conceito estaria associ- ado às relações entre preço e quantidade demandada (ou ofertada) de um bem; da ótica macroeconômica, o conceito de elasticidade estaria associado, por exem- plo, às relações existentes entre os níveis de renda e das importações de um país (NOGAMI, 2016). Interessa-nos, no momento, a elasticidade do ponto de vista microeconômico. Acima foram descritos aumentos de alguns alimentos, em função da crise do Covid19? Como vamos encontrar uma resposta do aumento ou diminuição do con- sumo da carne de boi e do arroz, por exemplo? Então, através das Leis da Oferta e da Procura é possível apontar a direção de uma resposta em relação à mudança de preços. A demanda de um produto ou serviço poderá cair quando o preço sobe, e de maneira diferente do lado da oferta, poderá aumentar se o preço sobe. Neste contexto podemos perceber que após as mudanças de preços não será informado o quanto mais ou menos os consumidores demandarão ou os produtores ofertarão. Veremos que esta resposta será encontrada através do estudo da elastici- dade. As reações dos consumidores a mudanças de preços, podem gerar sensibili- dade ou não a este aumento, como dizem os economistas, podem ser elásticas ou inelásticas e do mesmo modo os produtores também têm suas reações. Se uma firma quer aumentar sua receita total. Deve reduzir ou aumentar seus preços? 55 Em geral o aumento de preço tem dois efeitos, do ponto de vista do empre- sário: Figura 17: Efeitos do aumento de preço Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Mas, a indagação do aumento de preços e sua influência na receita da em- presa pode ser respondida com o estudo da elasticidade, o que vai depender da elasticidade do produto/serviço, como veremos no próximo item sobre elasticidade preço da demanda, com exemplos de demanda elástica, inelástica e unitária. Tomando por base a função demanda temos: Elasticidade-Preço da Demanda; Elasticidade-Renda da Demanda; Elasticidade-Preço Cruzada. Tomando por base a função oferta temos: Elasticidade-Preço da Oferta 3.2 ELASTICIDADE PREÇO DA DEMANDA Variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus, conforme fórmula a seguir: 56 Vamos a algumas considerações da Elasticidade preço da demanda: 1) Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores, quando ocorre uma vari- ação no preço de um bem ou serviço. 2) A Elasticidade-preço da demanda é sempre negativa. Seu valor é expresso em módulo (por exemplo, |Epd | = 1,5 que equivale a Epd = -1,5). A resposta é não, por dois motivos: o preço do sal é muito baixo para afetar sua quantidade demandada e por outro lado o sal não tem um substituto próximo. Figura 18: Aumento do preço do sal Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Voltamos ao estudo da Elasticidade- Preço da Demanda que é calculada Se o preço do sal aumentar de R$ 1,00 para R$ 2,00 a quantidade demandada irá dimi- nuir? Ed = ΔQd ΔP 57 pela razão entre dois percentuais: a variação percentual na quantidade deman- dada dividido pela mudança percentual no preço, como apresentado nos exem- plos a seguir: 1) Suponhamos que a redução de 10% no preço do peixe durante a quaresma provoque uma elevação de 40% na quantidade demandada. Neste caso te- remos: Ed = Variação percentual na Quant. Demandada = 40% = 4 Variação percentual do preço 10% Isto significa que se trata de um produto que tem grande sensibilidade a vari- ação de preços, uma vez que a variação percentual na quantidade foi quatro vezes maior que a variação percentual do preço que lhe deu origem. 2) Suponhamos que a redução de 10% no preço da carne de porco na qua- resma provoque uma elevação de 5% na quantidade demandada. Neste caso teremos: Ed = Variação percentual na Quant. Demandada = 5% = 0,5 Variação percentual do preço 10% Isto significa que se trata de um produto cujas variações de preço provoca pouca reação nos consumidores, ou seja, há baixa sensibilidade, uma vez que a variação percentual do preço provoca uma variação percentual menor nas quan- tidades demandadas. 3) Suponhamos que a redução de 10% no preço da carne de frango na qua- resma provoque uma elevação de 10% na quantidade demandada. Neste caso teremos: Ed = Variação percentual na Quant. Demandada = 10% =1,0 Variação percentual do preço 10% 58 Isto significa que a variação na quantidade demandada é igual a variação percentual no preço que a ocasionou. Nos resultados da variação da quantidade demandada, podemos fazer a Classificação da Elasticidade- Preço da demanda, em: Quadro 21: Classificação da elasticidade da demanda Ed > 1 = Demanda elástica Uma mudança no preço (%) provoca uma mudança (%) na quan- tidade demandada maior que a mudança de preço. Ex. Ed = 40%/10% = 4 Ed < 1 = Demanda inelástica Uma mudança no preço (%) provoca uma mudança (%) na quan- tidade demandada menor que a mudança de preço. Ex. Ed = 10%/5% = 0,5 Ed = 1 = Demanda unitária Uma mudança no preço (%) provoca uma mudança (%) na quan- tidade demandada igual à mudança percentual havida no preço. Ex. Ed = 10%/10% = 1,0 Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Segundo Mankiw (2020) para responder a essa questão, os economistas cole- tam dados dos resultados de mercado e aplicam técnicas estatísticas para estimar a elasticidade‐preço da demanda. Eis algumas elasticidades‐preço, obtidas de di- versos estudos, para uma variedade de bens. Quadro 22: Elasticidades x receita Produto/Serviço Elasticidade Ovos 0,1 Assistência Médica 0,2 Arroz 0,5 Habitação 0,7 Carne de vaca 1,6 Refeições (restaurante) 2,3 Fonte: Mankiw (2020) Vamos responder a pergunta elaborada anteriormente: Se uma firma quer Quanto, precisamente, o preço de um bem em particular influencia a quantidade de- mandada? 59 aumentar sua receita total. Deve reduzir ou aumentar seus preços? Tudo vai depender da elasticidade.Ao se calcular a elasticidade da de- manda e realizar sua classificação em elástica e inelástica, poderemos apontar se um aumento ou uma diminuição no preço pode diminuir ou aumentar a receita total da empresa. Na demanda elástica: Quadro 23: Efeito do preço na receita (demanda elástica) Diminuição no preço P Receita total aumenta RT Aumento no preço P Receita total diminui RT Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Na demanda inelástica: Quadro 24: Efeito do preço na receita (demanda inelástica) Diminuição no preço P Receita total diminui RT Aumento no preço P Receita total aumenta RT Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Se uma empresa estiver atuando na região inelástica da curva de demanda, será vantajoso para ela aumentar o preço até onde a Epd = 1. Neste caso, embora a quantidade vendida diminua, o aumento de preço mais que compensará esta diminuição. Consequentemente a receita total aumentará. Da mesma forma, se uma empresa estiver atuando na região elástica da curva de demanda, ela terá vantagens ao baixar o preço até onde a Epd = 1 pois o aumento na quantidade vendida mais que compensará a diminuição no preço. Neste caso haverá um aumento na receita total. Para entender melhor a situação apresentada de forma resumida anterior- mente, vamos a um exemplo proposto por Nogami (2016)conforme quadro. 60 Quadro 25:Efeito da elasticidade na receita total Ponto Preço ($) Quantidade Demandada Elasticidade Receita Total A B C D E F G H 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0 0 50 100 150 200 250 300 350 Ed = 13,00 Ed = 3,67 Ed = 1,80 Ed = 1,00 Ed = 0,56 Ed = 0,27 Ed = 0,08 0 0 300,00 500,00 600,00 600,00 500,00 300,00 0 Procura Elástica Receita total se preço ↓ Receita total ↓ Se preço ↑ Elasticidade Unitária Receita total não muda se preço ou ↓ Procura Inelástica Receita total ↓ se preço ↓ Receita total ↑ Se preço ↑ Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Vamos a análise dos resultados do quadro acima: 1) (Ponto A, B) - Quando o preço do refrigerante caiu de R$ 7,00 para R$ 6,00, a quantidade demandada aumentou de 0 para 50 unidades, a elasticidade preço da demanda (no ponto médio) foi de 13,0, com este resultado a re- ceita total aumentou para R$ 300,00 (Procura elástica). 2) (Ponto B, C) - Quando o preço do refrigerante caiu de R$ 6,00 para R$ 5,00, a quantidade demandada aumentou de 50 para 100 unidades, a elasticidade preço da demanda (no ponto médio) foi de 3,67, com este resultado a re- ceita total aumentou de R$ 300,00 para R$ 500,00 (Procura elástica). 3) (Ponto C, D) - Quando o preço do refrigerante caiu de R$ 5,00 para R$ 4,00, a quantidade demandada aumentou de 50 para 100 unidades, a elasticidade preço da demanda (no ponto médio) foi de 1,80, com este resultado a re- ceita total aumentou de R$ 500,00 para R$ 600,00 (Procura elástica). 4) (Ponto D, E) - Quando o preço do refrigerante caiu de R$ 4,00 para R$ 3,00, a 61 quantidade demandada aumentou de 150 para 200 unidades, a elasticidade preço da demanda (no ponto médio) foi de 1,0, com este resultado a receita total permaneceu em R$ 600,00 (Elasticidade Unitária). 5) (Ponto E, F) - Quando o preço do refrigerante caiu de R$ 3,00 para R$ 2,00, a quantidade demandada aumentou de 200 para 250 unidades, a elasticidade preço da demanda (no ponto médio) foi de 0,56, com este resultado a re- ceita diminuiu de R$ 600,00 para R$ 500,00 (Procura inelástica). 6) (Ponto F, G) - Quando o preço do refrigerante caiu de R$ 2,00 para R$ 1,00, a quantidade demandada aumentou de 250 para 300 unidades, a elastici- dade preço da demanda (no ponto médio) foi de 0,27, com este resultado a receita diminuiu de R$ 500,00 para R$ 300,00 (Procura inelástica). Em resumo: Quadro 26: Elasticidades x receita Ed Preço Receita Total Demanda elástica > 1 Aumenta Diminui Diminui Aumenta Demanda unitária = 1 Aumenta Diminui Constante Constante Demanda inelástica < 1 Aumenta Diminui Aumenta Diminui Fonte: Elaborado pelo autor (2020) A figura abaixo mostra um resumo sobre a variação da receita total e da elas- ticidade ao longo de uma curva de demanda. Figura 19: Variação da receita total e da elasticidade Fonte: Adaptado de Nogami (2016) 62 Vasconcelos e Garcia (2019) demonstram alguns fatores que influenciam o grau de elasticidade-preço da demanda: Quadro 27: Fatores que influenciam a elasticidade da demanda Fatores Influência Existência de bens substitutos Quanto mais substitutos houver para um bem, mais elástica será sua demanda, pois pequenas variações em seu preço – para cima, por exemplo – farão que o consumidor passe a adquirir seu substituto, provocando queda em sua demanda mais que propor- cional à variação do preço. Essencialidade do bem Se o bem é essencial, sua demanda será pouco sensível à varia- ção de preço; terá, portanto, demanda inelástica Importância do bem, quanto a seu gasto no orçamento do consumidor Quanto maior o gasto referente a determinado bem (maior parti- cipação ou peso) em relação ao gasto total (orçamento) do con- sumidor, mais sensível torna-se o consumidor a alterações em seu preço (ou seja, a demanda é mais elástica) Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) 3.3 ELASTICIDADE PREÇO DA OFERTA Segundo Vasconcelos e Garcia (2019)o mesmo raciocínio utilizado para a de- manda também se aplica à oferta, observando-se, no entanto, que o resultado da elasticidade será positivo, pois a correlação entre preço e quantidade ofertada é direta., assim, quanto maior o preço, maior a quantidade que o empresário estará disposto a ofertar, coeteris paribus. A elasticidade-preço da oferta (Eo) mede a reação dos vendedores às mu- danças no preço. Na elasticidade preço da oferta ocorrerá a variação percentual na quantidade ofertada, dada uma variação percentual no preço do bem, coeteris paribus, conforme fórmula a seguir: Suponha que uma empresa tenha aumentado o preço de um televisor de R$ 700,00 para R$ 900,00 por unidade, e que devido a isso a venda desse produto tenha diminuído de 200 para 150 unidades por mês. Eo = ΔQo ΔP 63 Vamos calcular a elasticidade preço da oferta utilizando a fórmula de elastici- dade no ponto médio: Eo = Qo2 – Qo1 / Qo2 + Qo1 = 150 – 200 / 150 + 200 = 1,14 P2 – P1 / P2 + P1 900 – 700 / 900 + 700 No resultado de 1,14 podemos classificar a elasticidade preço da oferta como elástica, pois quando há aumento de preço, haverá uma diminuição da receita da empresa. Aumento no preço P Receita total diminui RT Vamos a um outro exemplo: Considere os seguintes dados relativos à empresa Doce Vinhos. Embora alguns dados já estejam disponíveis, o gerente pretende redu- zir os preços da garrafa de vinho tinto para aumentar as vendas. Ele estimou o cres- cimento das vendas, mas precisa saber se de fato essa estratégia é boa. É necessário calcular a elasticidade preço da oferta e também a receita total, para descobrir qual o limite de preço do vinho tinto, de modo que não dê prejuízos para a empresa. Tabela 5:Elasticidade- preço da oferta do vinho tinto Cenários Preço Quant. ofertada estimada Receita Total Elasticidade- preço da oferta A $ 20,00 100 2.000,00 Elástica 3,39 B $ 19,00 120 2.280,00 Elástica 3,39 C $ 18,00 140 2.520,00 Elástica 2,84 D $ 17,00 160 2.720,00 Elástica 2,33 E $ 15,00 165 2.475,00 Inelástica 0,24F $ 13,00 170 2.210,00 Inelástica 0,20 Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Conclusão: De acordo com o quadro acima, compensa para o gerente redu- zir o preço até R$ 17 (Cenário D), onde a oferta é elástica, a partir do momento que a oferta passa a ser inelástica, não compensa mais reduzir preços, uma vez que a receita vai diminuir. Ao se calcular a elasticidade preço da oferta e também a receita total, en- contramos algumas respostas do limite de preço do vinho tinto, de modo que não 64 dê prejuízos para a empresa, desse modo quando a: 3.4 ELASTICIDADE RENDA DA DEMANDA É utilizada para medir a reação dos consumidores a mudanças na renda. Na aplicação da fórmula encontraremos uma variação percentual na quan- tidade demandada, dada uma variação percentual na renda, coeteris paribus: Vasconcelos e Garcia (2019)demonstram os resultados da elasticidade-renda e seus efeitos no consumo: a) Se a elasticidade-renda da demanda (ER) é negativa, o bem é inferior, ou seja, aumentos de renda levam a quedas no consumo desse bem, coeteris paribus. b) Se a elasticidade-renda da demanda (ER) é positiva e maior que 1, o bem é superior ou de luxo, ou seja, aumentos na renda dos consumidores levam a um aumento mais que proporcional no consumo do bem. Vejamos algumas considerações da elasticidade-renda em relação aos tipos de bens, propostos por Vasconcelos e Garcia (2019) Quadro 28: Considerações obre a elasticidade-renda A distinção entre bem normal e bem inferior Não tem muito significado para os consumidores mais pobres, para os quais praticamente todos os bens são normais, como alimentos, ou seja, se houver aumento da renda dos consumidores, eles não consumirão muito mais arroz, feijão, açúcar. Oferta Elástica No quadro 28 o preço caiu de $ 20 até $17 (Elástica) Receita total ↑ A receita aumentou de $2.000 para $ 2.720. se preço ↓ Oferta Inelástica No quadro 28 o preço caiu de $17 para $13 (Inelástica) Receita total ↓ A receita caiu de $2.720 para 2.210. se preço ↓ Er = ΔQd ΔR 65 Para bens normais Há uma relação positiva entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade renda é positiva, assim quando há aumento na renda dos consumidores, é de se esperar que haja um aumento no consumo de bens normais. Para bens inferiores Há uma relação negativa entre renda e quantidade demandada, logo a elasticidade renda é negativa, assim quando há diminuição na renda dos consumidores, é de se esperar que haja uma diminui- ção no consumo de bens inferiores (roupas usadas, carne de se- gunda, e etc.). Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) Vale destacar que para bens inferiores, caso a renda do consumidor (classe D e E) aumentar, ele deixará de consumir carne de segunda (vai diminuir o consumo de carne de segunda) e passará a consumir carne de primeira. Poderá acontecer o inverso, caso sua renda por um motivo diminuir, esse con- sumidor voltará a consumir carne de segunda. 66 Bens complementares: Bens consumidos conjuntamente. (Vasconcelos e Garcia, 2019) Bens substitutos (ou concorrentes): O consumo de um bem substitui o consumo de outro. (Vasconcelos e Garcia, 2019) Coeteris paribus: Expressão latina que significa “tudo o mais constante”. Em Microecono- mia, analisa-se um dado mercado isolado dos demais. É a análise do equilíbrio parcial. (Vasconcelos e Garcia, 2019) Elasticidade: Alteração percentual em uma variável, dada a variação percentual em ou- tra, coeteris paribus. (Vasconcelos e Garcia, 2019) Elasticidade-preço da demanda: Variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus. (Vasconcelos e Garcia, 2019) Elasticidade-preço da oferta: Variação percentual na quantidade ofertada, dada a va- riação percentual no preço do bem, coeteris paribus. (Vasconcelos e Garcia, 2019) Elasticidade-renda da demanda: É a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual na renda, coeteris paribus. (Vasconcelos e Garcia, 2019) 67 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A elasticidade-preço da demanda é um conceito importante para as empresas porque lhes permite saber se ao reduzir ou aumentar o preço, a receita total au- mentará, diminuirá ou permanecerá inalterada. Neste contexto: I - Quando a demanda é elástica, uma redução do preço aumentará a receita total. Ao contrário, um aumento do preço reduzirá a receita total (Ex. geladeira). II - Quando a demanda é inelástica, uma redução no preço diminuirá a receita total. Ao contrário, um aumento de preço elevará a receita total (ex. feijão). III - Quando a demanda é unitária, a receita total proporcionada pelo bem não é afetada pelo preço, ou melhor, não varia com o preço cobrado. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 2. Vamos supor que o governo querendo reduzir o consumo de gasolina no curto prazo, resolva promover um aumento de 40% no preço. Percebeu-se que este au- mento provocou uma redução de 8% no consumo. O resultado do coeficiente de elasticidade-preço por gasolina foi de 0,2, conclui-se que: I - O resultado acima demonstra que a medida do governo não surtiu muito efeito, uma vez que a variação percentual na quantidade demandada é menor que a variação percentual no preço, ou seja, os consumidores foram insensíveis à varia- ção do preço (demanda inelástica). II - O resultado acima demonstra que a medida do governo surtiu muito efeito, uma vez que a variação percentual na quantidade demandada foi maior que a varia- ção percentual no preço, ou seja, os consumidores foram sensíveis à variação do preço (demanda elástica). 68 III - O resultado acima demonstra que a medida do governo surtiu muito efeito, uma vez que a variação percentual na quantidade demandada foi menor que a vari- ação percentual no preço, ou seja, os consumidores foram insensíveis à variação do preço (demanda elástica). É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 3. Suponha que a elasticidade-preço da demanda por passagens aéreas seja 2. O que aconteceria com a quantidade demandada de passagens aéreas se o preço aumentasse em 5%? I - Se o preço das passagens aéreas aumentarem em 5%, a quantidade demandada vai aumentar em 10%. II - Se o preço das passagens aéreas aumentarem em 5%, a quantidade demandada vai cair em 10%. III - Se o preço das passagens aéreas aumentarem em 5%, a quantidade demandada não vai ser alterada. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 4. O conceito de elasticidade é usado para medir a reação das pessoas frente a mudanças em variáveis econômicas. Podemos classificar a demanda em: 69 I - Demanda inelástica: Elasticidade inferior a 1. (Um aumento de 20% no preço causa uma queda de 10% na quantidade demandada). II - Demanda Elástica unitária: Elasticidade igual a 1. (Um aumento de 20% no preço causa uma queda de 20% na quantidade demandada). III - Demanda elástica: Elasticidade maior do que 1. (Um aumento de 20% no preço causa uma queda de 60% na quantidade demandada). É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 5. Em geral o aumento de preço tem dois efeitos, do ponto de vista do empresário: I - EfeitoPositivo de vender a um preço mais alto. II - Efeito Negativo de vender menos. III - A decisão de aumentar ou não dependerá de qual dos efeitos supera o outro. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 6. São fatores que determinam a elasticidade da demanda: I – Disponibilidade de bens substitutos: quanto mais bens substitutos, mais elástica é a demanda, pois dado um aumento de preços, o consumidor tem mais opções para “fugir” do consumo desse bem; 70 II - Essencialidade do bem: quanto mais essencial é um bem, mais elástica é a sua demanda, geralmente são bens de consumo saciado, como por exemplo, sal açú- car, passagem de ônibus; III - Importância relativa do bem no orçamento do consumidor: quanto maior o peso do bem no orçamento, mais elástica é a demanda. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 7. A elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra, coeteris paribus. Sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis. Na elasticidade preço da demanda: I - Variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual na renda do consumidor, coeteris paribus. II - Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores, quando ocorre uma variação no preço de um bem ou serviço. III - A Elasticidade-preço da demanda é sempre negativa. Seu valor é expresso em módulo (por exemplo, |Epd | = 1,5 que equivale a Epd = -1,5). É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 71 8. A elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra, coeteris paribus. Sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis. Assim temos a: I - ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA - Variação percentual na quantidade deman- dada, dada a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus. II - ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA - variação percentual na quantidade ofertada, dada uma variação percentual no preço do bem, coeteris paribus. III - ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA - Variação percentual na quantidade de- mandada, dada uma variação percentual na renda, coeteris paribus. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 72 TEORIA DA PRODUÇÃO E DOS CUSTOS Neste capítulo voltaremos para a oferta de mercado. Vamos trabalhar com A teoria da firma trata das seguintes questões: O modo pelo qual uma firma toma decisões de produção minimizadoras de custo O modo pelo qual os custos de produção variam com o nível de produção Características da oferta de mercado Na teoria dos custos vamos mostrar o que os economistas entendem por cus- tos, medição de custos, tipos de custos e formato das curvas de custo (custo fixo, custo variável, custo total, custo marginal) e o ponto de equilíbrio. Para Vasconcelos e Garcia (2019)a teoria dos custos de produção serve de base para a análise das relações existentes entre produção e custos dos fatores de produção em uma eco- nomia moderna, cuja tecnologia e processos produtivos evoluem diariamente, o re- lacionamento entre a produção e os custos de insumos é muito importante na análise da teoria da formação dos preços. UNIDADE 10 a Teoria da produção e dos custos. Os princípios de produção estudados neste segmento são fundamentais para o entendimento da Teoria dos Custos 73 4.1 FUNÇÃO PRODUÇÃO Quando falamos em produção, é comum pensarmos não apenas nos produ- tos que a empresa produz, mas também nos fatores de produção, que são os recur- sos que as empresas usam para produzir. Os fatores de produção incluem não só os recursos produtivos (trabalho, capi- tal, terra e capacidade empresarial), como também matérias primas e outros bens e serviços adquiridos de outras empresas. Figura 20: Fatores de produção Fonte: Elaborado pelo autor (2020) A empresa é a unidade básica de produção em um sistema econômico. Ela contrata recursos produtivos, transforma-os em bens e serviços e os coloca ou à dis- posição dos consumidores, no caso de bens finais, ou à disposição de outras empre- sas, no caso de bens intermediários. No Processo Produtivo, há a combinação e transformação de insumos ou fa- tores de produção em produtos, como a utilização do Trabalho, de Matérias-primas e de Capital. Rossetti (2016) nos traz um exemplo para ilustrar o processo produtivo na pro- dução de um veículo “Gol”, a Volkswagen usa vários fatores de produção: 1) Trabalho (que inclui o trabalho dos engenheiros, dos operários etc.), 2) Capital humano (que inclui o conhecimento e a experiência de cada traba- lhador), 74 3) Capital físico (que inclui computadores, máquinas, o prédio onde está insta- lada a fábrica da empresa etc.) e a, 4) Terra (sobre a qual se construiu o prédio que abriga a fábrica da empresa). A empresa também usou muitos recursos produzidos por outras empresas, in- cluindo aí matérias-primas como tinta etc. Nas concepção de Vasconcelos e Garcia (2019) o empresário, ao decidir o quê, como e quanto produzir, com base nas respostas do mercado consumidor, mo- dificará a quantidade utilizada dos fatores, para, com isso, variar a quantidade pro- duzida do produto. A função de produção é a relação que mostra a quantidade física obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produ- ção em determinado período de tempo. No caso de dois insumos a função de produção é: Q = F(K,L) Onde, Q = Produto, K = Capital, L = Trabalho Essa função depende do estado da tecnologia Vasconcelos e Garcia (2019)afirmam que o empresário, ao decidir o que, como e quanto produzir, com base nas respostas do mercado consumidor, modifi- cará a quantidade utilizada dos fatores, para, com isso, variar a quantidade produ- zida do produto. Assim, fazem algumas considerações sobre a função produção: Quadro 29: Considerações sobre a função Produção 1 - A função de produção É a relação que mostra a quantidade física obtida do produto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção em determinado período de tempo. (Terra, capital, trabalho e tecnologia) 2 - A função de produção Admite sempre que o empresário esteja utilizando a maneira mais eficiente de combinar os fatores e, consequentemente, obter a maior quantidade produzida do produto, com a utilização das Curvas de possibilidade de produção. 3 - A melhor tecnologia de produção É, na realidade, mais uma questão de engenharia do que de economia, ou seja, planejamento e controle de produção – PCP. Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Garcia (2019) Neste sentido, Nogami (2016)afirmam que a tecnologia existente à disposição 75 da empresa permite a obtenção de um determinado volume de produção através da utilização de diferentes quantidades de fatores de produção. De acordo com o conceito de eficiência técnica e eficiência econômica, um mesmo volume de produto pode ser obtido utilizando-se mais mão de obra e menos capital (máquinas, equipamentos etc.), ou, alternativamente, menos mão de obra e mais capital, conforme apresentado no quadro 30 a seguir (NOGAMI, 2016). Quadro 30: Eficiência técnica x eficiênciaeconômica Eficiência técnica ou tecnológica Diz-se que um método de produc ̧ão é tecnologicamente o “mais eficiente” entre os métodos alternativos conhecidos se permitir a obtenção da mesma quantidade de produto que os outros processos com a utilizac ̧ão de menor quantidade de to- dos os fatores de produc ̧ão, ou menor quantidade de pelo me- nos um fator de produc ̧ão, com a quantidade dos demais fato- res de produc ̧ão permanecendo inalterada Eficiência econô- mica Um método de produc ̧ão será considerado “economicamente eficiente” se permitir a obtenc ̧ão da mesma quantidade de produto que os métodos alternativos, ao menor custo possível. Fonte: Nogami (2016) 4.2 PERÍODOS DE TEMPO RELEVANTES PARA A EMPRESA A partir da classificação dos fatores de produção em fixos e variáveis, estabe- lece-se a noção dos períodos de tempo relevantes para a empresa: o curto e o longo prazos. Rossetti (2016)estabele a relação e diferença entre o cruto e o longo prazo: Quadro 31: Curto prazo x Longo prazo Curto Prazo Diz respeito ao período de tempo em que pelo menos um dos fatores de produção empregados na produção é fixo. Assim, se o empresário quiser aumentar o volume físico de produção, em curto prazo, só poderá fazê-lo mediante a utilização mais intensa dos fatores de produção variáveis. Longo Prazo É definido como o período de tempo em que todos os fatores de pro- dução são variáveis. Em longo prazo, o tamanho da empresa pode mudar. Assim, ela pode aumentar sua capacidade instalada por meio da aquisição de novas instalações e equipamentos. Fonte: Rossetti (2016) Devemos observar ainda que as definições apresentadas para curto e longo prazos são gerais, variando conforme o tipo de empresa. Exemplificando: o curto 76 prazo para uma empresa de confecção será menor que o curto prazo para uma empres que produz aviões, já que levam muito tempo para serem construídos. Nesse caso, o curto prazo pode durar vários meses. 4.3 PRODUÇÃO COM UM FATOR VARIÁVEL E UM FIXO (UMA ANÁLISE DO CURTO PRAZO) Na teoria econômica em geral, e não apenas na microeconomia, é fundamental a questão do prazo que está sendo considerado, o curto ou o longo prazo, pois dependem de quais fatores de produção e insumos mantêm-se fixos, ou variam, no período analisado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Quadro 32: Fatores de produção fixos e variáveis Fatores de produção variáveis São aqueles cujas quantidades utilizadas variam quando o volume de produção se altera. Por exemplo: quando aumenta a produção, são necessários mais trabalhadores e maior quantidade de matérias-primas Fatores de produção fixos São aqueles cujas quantidades não mudam quando a quantidade do produto varia. Por exemplo: as instala- ções da empresa e a tecnologia, que são fatores que só são alterados no longo prazo. Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Garcia (2019) Para se apurar o custo total, leva-se em consideração o somatório dos custos fixos mais os custos variáveis. Figura 21: Formação do custo total Fonte: Elaborado pelo autor (2020) No processo de medição de Custos: Quais Custos devemos considerar? Custos fixos, vari- áveis, custo médio, custo marginal? 77 Custos Fixos são aqueles que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, independem do volume de produção, ou seja, uma altera- ção no volume de produção para mais ou para menos não altera o valor total do custo. Exemplos como: aluguel, salário dos supervisores da fábrica, internet, material de limpeza, material de escritório, seguros etc (COSTA; OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2012). Ainda conforme os autores os custos fixos têm as seguintes características: O valor total permanece constante dentro de determinada faixa da produ- ção; O valor por unidade produzida varia à medida que ocorre variação no volume de produção, por tratar de um valor fixo diluído por uma quantidade maior; Sua alo- cação para os departamentos ou centros de custos necessita, na maioria das vezes, de critérios de rateios determinados pela administração; A variação dos valores totais pode ocorrer em função de desvalorização da moeda ou por aumento ou redução significativa no volume de produção. Crepaldi e Crepaldi (2017) demonstram que o custo fixo que, em determinado período e volume de produção, não se altera em seu valor total, mas vai ficando cada vez menor em termos unitários com o aumento do volume de produção. Outro aspecto dos Custos Fixos para Martins (2018) é que eles não são, mesmo os repetitivos, eternamente do mesmo valor. Sempre há pelo menos duas causas para sua modificação: mudança em função de variação de preços, de expansão da empresa ou de mudança de tecnologia. Os custos fixos ocorrerão independentemente do nível de atividade como alu- guel de imóveis utilizados na produção de bens e serviços; mão de obra indireta (su- pervisores e gerentes de produção); pró-labore do diretor; salários da vigilância e etc., apesar de seus valores se modificarem, já que seu montante em cada período é independente do volume de produção (MARTINS, 2018). Para Dubois, Kulpa e Souza (2019)os custos fixos são aqueles cujos valores são os mesmos, qualquer que seja o volume de produção da empresa, dentro de um intervalo relevante. Portanto, eles não apresentam qualquer variação, em função do nível de produção. 78 Figura 22: Custos fixos Fonte: Dubois, Kulpa e Souza (2019) Nota-se que, em termos gráficos, os custos fixos sempre se comportarão para- lelamente ao eixo das quantidades, visto que não apresentam variação, qualquer que seja o volume produzido pela empresa. Os custos variáveis são aqueles que mantêm relação direta com o volume de produção ou serviço. Dessa maneira, o valor absoluto dos custos variáveis cresce à medida que o volume de atividades da empresa aumenta. Na maioria das vezes, esse crescimento no total evolui na mesma proporção do acréscimo no volume pro- duzido (COSTA; OLIVEIRA; PEREZ JÚNIOR, 2012). Ainda de acordo com os autores os custos variáveis têm as seguintes caracte- rísticas: seu valor total varia na proporção direta do volume de produção; o valor é constante por unidade, independentemente da quantidade produzida; a alocação aos produtos é, normalmente, feita de forma direta, sem a necessidade de utilização de critérios de rateios. Martins (2018)demonstra que os Custos variáveis são uniformes por unidade, mas que variam no total na proporção direta das variações da atividade total ou do volume de produção relacionado. Os custos variáveis sempre apresentarão algum grau de variação em função das quantidades produzidas e, por este motivo, seu gráfico se apresentará da se- guinte maneira: 79 Figura 23:Custos Variáveis Fonte: Dubois, Kulpa e Souza (2019) Os custos variáveis totais são aumentados ou diminuídos de acordo com o au- mento ou diminuição da quantidade produzida. São aqueles cujos valores alteram- se em função do volume de produção ou atividades como a matéria-prima consu- mida e o material de embalagem nos produtos acabados. Observa-se que, na medida em que as quantidades forem aumentando, os custos variáveis também irão crescendo, de maneira diretamente proporcional ao volume de produção. Resumidamente, na figura a seguir são apresentados os formatos das curvas de custos: Figura 24: Formatos das Curvas de Custos Fonte: Nogami (2016) 80 Vamos entender como a junção dos custos fixos e variáveis podem produzir o que chamaremos de ponto de equilíbrio: É definido como o nível de produção e vendas em que todos os custos fixos e variáveis sãocobertos pela receita, isto é, o ponto em que o lucro é igual a zero. Em outras palavras é o mínimo de produção e vendas que a firma pode funci- onar sem que ocorram perdas. Graficamente podemos observar na figura o ponto de equilíbrio, onde houve a interseção das curvas de receitas totais com os custos totais: Figura 25: Gráfico do ponto de equilíbrio Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Resumidamente podemos entender o ponto de equilíbrio, com a aplicação das fórmulas a seguir: CT = CF + CV (Custo total é igual a soma do custo fixo mais o custo variável) RT = P x Q (Receita total é igual ao preço multiplicado pela quantidade) LT = RT – CT (Lucro total é igual a receita total menos o custo total) PE (Ponto de equilíbrio), onde a RT (receita total) = CT (custo total), e o Lucro = 0 Vamos a um exemplo prático, para entender as aplicações das formulas 81 acima: Tabela 6: Ponto de equilíbrio da venda de camisas Preço Quanti- Dade Custo Fixo Custo variável Custo Total Receita Total Lucro Total 100 500 100.000 25.000 125.000 50.000 -75.000 100 1000 100.000 50.000 150.000 100.000 -50.000 100 1500 100.000 75.000 175.000 150.000 -25.000 100 2000 100000 100000 200000 200000 Zero 100 2500 100.000 125.000 225.000 250.000 25.000 100 3000 100.000 150.000 250.000 300.000 50.000 Fonte: Adaptado de Vasconcelos e Garcia (2019) No quadro 33, podemos observar que o ponto de equilíbrio aconteceu quando a empresa vendendo a camisa a um preço de R$ 100,00, teve um custo fixo no montante de R$ 100.000,00 e um custo variável de R$ 100.000,00, ocasionando um custo total de R$ 200.000,00, que se igualou a receita total de R$ 200.000,00, não ha- vendo lucro ou prejuízo. Note-se no quadro, que qualquer ponto acima do equilíbrio a empresa terá prejuízo, já abaixo do equilíbrio a empresa terá lucro. A análise do equilíbrio entre receitas de vendas e custos é muito importante como instrumento de decisão gerencial. O sucesso financeiro de qualquer empreen- dimento empresarial está condicionado à existência da melhor informação geren- cial. 4.4 PRODUTO TOTAL, MÉDIO, MARGINAL Uma vez conceituados os períodos de tempo relevantes para a empresa, fa- remos agora uma análise da produção em curto prazo. Nosso estudo se concentrará especificamente nesse período de tempo, porque toda ação econômica tem lugar em curto prazo. Iniciaremos com o exemplo utillizado por Nogami e Passos (2019)) de uma fa- zenda que produz trigo: 1) A fazenda possui uma área cultivável de 10 hectares (fator fixo) 82 2) A mão de obra será o único fator de produção variável, de tal forma que essa fazenda possa produzir volumes maiores de produção (trigo) por meio do au- mento de seu fator de produção mão de obra. Em termos de função de produção teríamos: Tabela 7: Produção de trigo com um fator variável (Mão de obra) 1 Quantidade De trabalho (L) 2 Quantidade de capital (K) 3 Produto total (Q) 4 Produto médio (Q/L) 5 Produto marginal (ΔQ/Δ L) 0 10 0 - - 1 10 10 10 10 2 10 30 15 20 3 10 60 20 30 4 10 80 20 20 5 10 95 19 15 6 10 108 18 13 7 10 112 16 4 8 10 112 14 0 9 10 108 12 -4 10 10 130 10 -8 Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Na produção com um insumo variável (Trabalho), vamos a algumas observa- ções: 1) À medida que aumenta o número de trabalhadores, o produto (Q) au- menta, atinge um máximo e, então, decresce. 2) O produto médio do trabalho (PM), ou produto por trabalhador, inicialmente aumenta e depois diminui. Como a produc ̧ão de trigo se modifica à medida que o número de trabalhadores varia? 83 3) O produto marginal do trabalho (PMg), ou produto de um trabalhador adicio- nal, aumenta rapidamente no início, depois diminui e se torna negativo. Figura 26: Curva de produção total do trigo Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Na figura representamos os produtos médios e marginal associados às várias quantidades de trabalho utilizadas. Os dados são os constantes do Quadro 34. Como o produto marginal foi definido como a variação na produção total decorrente da variação de uma unidade do fator de produção variável, cada valor de Pmg deve ser representado no ponto médio do intervalo entre duas unidades. Devemos observar que, no caso, o Pmg é dado pela inclinação da curva de Produto Total entre as unidades de fator variável. 84 Figura 27: Curvas de produto médio e marginal Fonte: Adaptado de Nogami (2016) Observa-se na figura que, após certo nível de produção, o custo total passa a crescer mais que o aumento da produção, e os custos médio e marginal passam a ser crescentes. Como o custo fixo médio tende a zero, quando aumenta o volume de produ- ção, o custo total médio tende, no limite, a se igualar ao custo variável. A custo médio e variável no ponto mínimo dessas duas. Essa é a chamada lei dos custos crescentes, que no fundo é a lei dos rendimentos decrescentes, da teoria da produção, aplicada à teoria dos custos da (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). 85 ttps://bit.ly/2P9qKl7 ttps://bit.ly/2ZGb3no. 86 FIXANDO O CONTEÚDO 1. A existência de diferentes métodos de produção permite à empresa a obtenção de um determinado volume de produção por meio da utilização de diferentes quantidades de fatores de produção. Assim, o processo de produção economi- camente mais eficiente será aquele que permite: a) Está associada ao método de produção mais barato (isto é, os custos de produção são menores) relativamente a outros métodos, para produzir a mesma quantidade do produto. b) A obtenção da mesma quantidade de produção que os métodos alternativos, com a utilização da menor quantidade de todos os fatores de produção. c) várias combinações de outros fatores de produção para a produção de uma mesma quantidade, mantendo-se a tecnologia constante. d) A obtenção de maior quantidade de produção que os métodos alternativos, ao menor custo. e) diversas combinações de outros fatores de produção para a produção de uma mesma quantidade, mantendo-se fixa as quantidades do insumo de capital e tra- balho. 2. A Função de Produção indica o maior nível de produção que uma firma pode atingir para cada possível combinação de insumos, dado o estado da tecnologia. Mostra o que é tecnicamente viável quando a firma opera de forma eficiente. Neste contexto: I - A função de produção é a relação que mostra a quantidade física obtida do pro- duto a partir da quantidade física utilizada dos fatores de produção em determi- nado período de tempo. II - A função de produção, assim definida, admite sempre que o empresário esteja utilizando a maneira mais eficiente de combinar os fatores e, consequente-mente, obter a maior quantidade produzida do produto. III - A melhor tecnologia de produção é, na realidade, mais uma questão de enge- nharia do que de economia. 87 É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 3. Rossetti (2016) demonstra que a escolha do método ou processo de produção de- pende de sua eficiência. I - O conceito de eficiência pode ser enfocado do ponto de vista técnico ou tecno- lógico, ou do ponto de vista econômico. II - Eficiência econômica é quando, comparado com outros métodos, utiliza menor quantidade de insumos para produzir uma quantidade equivalente do produto. III - Eficiência técnica está associada ao método de produção mais barato (isto é, os custosde produção são menores) relativamente a outros métodos, para produzir a mesma quantidade do produto. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 4. Custos Fixos para Perez Jr., Oliveira e Costa (2012) são aqueles que permanecem constantes dentro de determinada capacidade instalada, independem do vo- lume de produção, ou seja, uma alteração no volume de produção para mais ou para menos não altera o valor total do custo. Os custos fixos têm as seguintes ca- racterísticas, conforme figura a seguir: 88 $ Custos Fixos Quantidades I - O valor total permanece constante dentro de determinada faixa da produção. II – Ocorrerão independentemente do nível de atividade como aluguel de imóveis utilizados na produção de bens e serviços. III - Sua alocação para os departamentos ou centros de custos necessita, na maioria das vezes, de critérios de rateios determinados pela administração. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 5. Conforme Perez Jr., Oliveira e Costa (2012) os custos variáveis são aqueles que mantêm relação direta com o volume de produção ou serviço. Os custos variáveis têm as seguintes características, conforme figura a seguir: $ Custos Variáveis Quantidades I - Seu valor total varia na proporção direta do volume de produção; II - Sua alocação para os departamentos ou centros de custos necessita, na maioria das vezes, de critérios de rateios determinados pela administração. 89 III - A alocação aos produtos é, normalmente, feita de forma direta, sem a necessi- dade de utilização de critérios de rateios. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 6. No Processo Produtivo, há a combinação e transformação de insumos ou fatores de produção em produtos, como a utilização do Trabalho, de Matérias-primas e de Capital. Rossetti (2016) nos traz um exemplo para ilustrar o processo produtivo na produção de um veículo “Gol”, a Volkswagen usa vários fatores de produção. Neste contexto, associe a primeira coluna de acordo com a segunda: 1 – Trabalho ( ) Inclui o conhecimento e a experie ̂ncia de cada traba- lhador 2 - Capital humano ( ) Inclui o trabalho dos engenheiros, dos operários etc 3 - Capital físico ( ) Sobre a qual se construiu o prédio que abriga a fábrica da empresa 4 – Terra ( ) Inclui computadores, máquinas, o prédio onde está ins- talada a fábrica da empresa etc A sequência correta será: a) 3, 2, 1, 4 b) 4, 3, 1, 2 c) 2, 1, 4, 3 d) 3, 4, 1, 2 e) 1, 4, 3, 2 7. Vamos entender como a junção dos custos fixos e variáveis podem produzir o que chamaremos de ponto de equilíbrio: Gráfico do ponto de equilíbrio 90 $ Receitas Totais Custos totais Ponto de equilíbrio Quantidades Graficamente podemos observar que: I – O ponto de equilíbrio é definido como o nível de produção e vendas em que todos os custos fixos e variáveis são cobertos pela receita, isto é, o ponto em que o lucro é igual a zero. II – No ponto de equilíbrio acontece o mínimo de produção e vendas que a firma pode funcionar sem que ocorram perdas. III – No ponto de equilíbrio é onde houve a interseção das curvas de receitas totais com os custos totais É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 8. Associe a primeira coluna de acordo com a segunda: 1 – Curto Prazo ( ) Prazo É definido como o período de tempo em que todos os fatores de pro- duc ̧ão são variáveis. Em longo prazo, o tama- nho da empresa pode mudar. Assim, ela pode aumentar sua capacidade instalada por meio da aquisic ̧ão de novas insta- lac ̧ões e equipamentos. 2 - Longo Prazo ( ) São aqueles cujas quantidades utilizadas variam quando o 91 volume de produção se altera. Por exemplo: quando au- menta a produção, são necessários mais trabalhadores e maior quantidade de matérias-primas. 3 - Fatores de produ- ção variáveis ( ) são aqueles cujas quantidades não mudam quando a quan- tidade do produto varia. Por exemplo: as instalações da em- presa e a tecnologia, que são fatores que só são alterados no longo prazo. 4 – Fatores de produ- ção fixos ( ) Diz respeito ao período de tempo em que pelo menos um dos fatores de produc ̧ão empregados na produc ̧ão é fixo. Assim, se o empresário quiser aumentar o volume físico de pro- duc ̧ão, em curto prazo, só poderá faze ̂-lo mediante a utili- zac ̧ão mais intensa dos fatores de produc ̧ão variáveis. A sequência correta será: a) 3, 2, 1, 4 b) 4, 3, 1, 2 c) 2, 3, 4, 1 d) 3, 4, 1, 2 e) 1, 4, 3, 2 92 MACROECONOMIA Objetivos desta unidade: » Demonstrar os objetos de estudo da Macroeconomia. » Classificar e explicar as principais políticas macroeconômicas. 5.1 DEFINIÇÃO DE MACROECONOMIA-TEORIA MACROECONÔMICA Como vimos na unidade I, a ciência econômica se divide em dois ramos: mi- croeconomia e macroeconomia. A microeconomia é o estudo de como as famílias e as empresas individuais tomam decisões e interagem umas com as outras nos mercados. Como a economia nada mais é que um conjunto de muitas famílias e muitas empresas que interagem em muitos mercados, a microeconomia e a macroecono- mia estão intimamente associadas. Nesta unidade vamos tratar da macroeconomia, que segundo Mankiw (2020)é o estudo da economia como um todo, com o objetivo de explicar as mudan- ças econômicas que afetam muitas famílias, empresas e mercados simultanea- mente. Por que estudar Macroeconomia? Qual a preocupação dos macroeconomistas? Quais são os temas estudados na macroeconomia? Por que a renda média é elevada em al- guns países e baixa em outros? Por que os preços sobem rapidamente em algumas épo- cas e permanecem mais estáveis em outras? Por que a produção e o emprego aumen- tam em alguns anos e se contraem em outros? O que o governo pode fazer para promo- ver o crescimento acelerado da renda, a baixa inflação e um nível de emprego estável? (MANKIU, 2020) UNIDADE 11 Demonstramos o comportamento do consumidor, através da Lei da De- manda, identificando os fatores que influenciam sua decisão de compra, em seguida o comportamento do produtor, através da Lei da Oferta, identificando os fatores que influenciam a decisão de produzir/vender o produto/serviço e em seguida, como ocorre o equilíbrio de mercado, dentre outros temas como as estruturas de mercado. 93 Estas perguntas são todas de natureza macroeconômica, porque se referem ao funcionamento da economia como um todo. Veremos que a macroeconomia procura explicar, buscar soluções, para algu- mas questões, como: • Por que ocorre o déficit na Balança de Pagamentos? • Por que há inflação? Como ocorre? Como baixá-la? • Por que existe o desemprego? Como diminuí-lo? • Por que a taxa de investimento é baixa? Segundo Vasconcelos e Garcia (2019)a Macroeconomia é o segmento da ci-ência econômica que se ocupa do estudo dos agregados econômicos no curto prazo. É a teoria da renda, do emprego, da moeda, da taxa de juros emprego e da flutuação do nível de preços. A macroeconomia aborda a Contabilidade Nacional, moeda, economia in- ternacional, crescimento e desenvolvimento econômico, bem como as noções sobre a evolução da formação da economia brasileira, o desemprego, a inflação e temas econômicos atuais relacionados ao país, ou seja, fenômenos que atingem a econo- mia em sua totalidade: Figura 28: Objeto de estudo da macroeconomia Fonte: Elaborado pelo autor (2020) A Macroeconomia, estuda as atividades econômicas globais de uma socie- dade, analisando o comportamento agregado dos agentes econômicos. São alguns exemplos dos agregados macroeconômicos: Produto Interno Bruto (PIB), o Produto Nacional Bruto (PNB), Demanda agregada, oferta agregada e etc. Podemos considerar as formas de intervenção do governo na economia, o 94 que nos remete às denominadas políticas macroeconômicas e às polêmicas em torno dos seus resultados, que contemplam custos e benefícios (LOPES et al., 2018). São os seguintes os objetivos das políticas macroeconômicas: Figura 29: Objetivos das políticas econômicas Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Vasconcelos e Garcia (2019)descrevem sobre a política macroeconômica e sua atuação, a política macroeconômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade produtiva (oferta agregada) e as despesas planejadas (demanda agre- gada), com o objetivo de permitir que a economia opere a pleno emprego, com baixas taxas de inflação com distribuição de renda justa, e cresça de forma contínua e sustentável. As questões relativas ao emprego e à inflação são consideradas con- junturais, de curto prazo. É a preocupação central das chamadas políticas de esta- bilização. As questões relativas ao crescimento econômico e à distribuição de renda envolvem aspectos também estruturais, que são predominantemente de longo prazo. 5.2 PRINCIPAIS POLÍTICAS MACROECONÔMICAS Segundo Rossetti (2016)os instrumentos da política macroeconômica são vari- áveis-meio que se mobilizam para alcançar os objetivos de expansão do produto e o emprego, a estabilidade dos preços e o equilíbrio em transações externas. Veremos a seguir os principais instrumentos para atingir tais objetivos, que são as políticas fiscal, monetária, cambial, comercial e de rendas. 5.2.1 Política Fiscal A Política Fiscal é o nome dado às ações do governo destinadas a ajustar seus 95 níveis de gastos, assim monitorando e influenciando a economia de um país. Para Lopes et al. (2018)são políticas que alteram os gastos do governo ou os impostos e subsídios impostos à sociedade. O objetivo dessa política é o estímulo, via demanda, do nível de atividade econômica. Vários autores definem no quadro 35, a política fiscal e seus objetivos: Quadro 33: Conceituação de política fiscal Vasconcelos e Garcia (2019) Refere-se a todos os instrumentos de que o governo dis- põe para arrecadar tributos (política tributária) e con- trolar suas despesas (política de gastos). Nogami e Passos (2016) Refere-se à ação do governo com relação aos seus gastos e receitas (impostos e taxas). Rossetti (2016) Diz respeito ao manejo dos orçamentos do governo, tanto do lado dos dispêndios, quanto do lado das re- ceitas. Lopes et al. (2018) Políticas que alteram os gastos do governo ou os im- postos e subsídios impostos à sociedade Fonte: Adaptação de vários autores (2020) Os governos modernos, em países economicamente avançados, gastam grande quantidade de dinheiro e coletam grande quantidade de impostos, sejam das pessoas físicas ou jurídicas. Os objetivos da política econômica (seja expansionista ou contracionista) e as medidas e instrumentos fiscais, são avaliados por Vasconcelos e Garcia (2019), con- forme apresentado no quadro a seguir: Quadro 34: Objetivos das políticas econômicas x medidas fiscais Se o objetivo da polí- tica econômica for reduzir a taxa de in- flação. As medidas fiscais normalmente adotadas são a dimi- nuição de gastos públicos e/ou o aumento da carga tri- butária (o que inibe o consumo). Logo, essas medidas visam diminuir os gastos da coletividade. Se o objetivo for maior crescimento e emprego. Os instrumentos fiscais são os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar a demanda agregada. Para uma política que vise melhorar a Esses instrumentos devem ser utilizados de forma sele- tiva, em benefício dos grupos menos favorecidos. Por Que políticas constituem a política fiscal expansionista e quais constituem a política fiscal contracionista? 96 distribuição de renda. exemplo, impostos progressivos, gastos do governo em regiões mais atrasadas etc. Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) 5.2.2 Política Monetária Lopes et al. (2018) afirmam que a política monetária consiste no controle da quantidade de meios de pagamento ou, em termos gerais, da quantidade de mo- eda na economia. No mínimo dois são os objetivos dessa política: estimular a econo- mia ou controlar a inflação. Vários autores definem no quadro a política monetária e seus objetivos: Quadro 35: Conceituação de política monetária Vasconcelos e Garcia (2019) Refere-se à atuação do governo sobre a quantidade de moeda e títulos públicos existentes na economia. Nogami (2016) Pode ser definida como o conjunto de medidas adotadas pelo governo com o objetivo de controlar a oferta de moeda, os níveis das taxas de juros e o crédito, de forma a assegurar a liquidez do sistema econômico. Rossetti (2016) O instrumento básico é o controle da oferta de moeda, que de- fine a liquidez da economia como um todo, atuando sobre a taxa de juros. Lopes et al. (2018) A política monetária consiste no controle da quantidade de meios de pagamento ou, em termos gerais, da quantidade de moeda na economia. Montella (2012) Política monetária é o conjunto de medidas adotadas pelo go- verno com o objetivo de controlar a oferta monetária, a taxa de juros e, por conseguinte, a atividade econômica. Fonte: Adaptado de varios autores (2020) O mercado monetário compreende a quantidade ofertada e demandada de moeda, e o preço da moeda, que é a taxa de juros. De acordo com Montella (2012) toda vez que a taxa de juros aumenta, a con- cessão de crédito, tanto para as famílias que consomem quanto para as empresas que investem em bens de capital, fica mais cara. Como consequência, o consumo e o investimento autônomos diminuem, re- duzindo a demanda agregada e o nível de renda de equilíbrio da economia. Montella (2012) demonstra que além das emissões clássicas de moeda, são três os instrumentos clássicos de controle monetário: 97 Quadro 36: Instrumentos de controle monetário 1. os depósitos compulsórios Se o governo quiser restringir a oferta monetária, um dos caminhos é aumentar a taxa dos depósitos compulsórios, ou seja, a porcen- tagem dos depósitos à vista dos bancos comerciais que eles são obrigados a depositar no Banco Central. O aumento dos depósitos compulsórios reduz os recursos disponíveis que os bancos comerci- ais te ̂m para emprestar e, consequentemente, a oferta de moeda escritural (moeda disponível para empréstimo. Caso o governo de- seje aumentar a oferta monetária, ele faz o procedimento inverso, isto é, diminui a taxa do compulsório, aumentando a oferta de mo- eda escritura 2. A taxa de redesconto Redesconto é o empréstimo cedido pelo Banco Central aos ban- cos comer- ciais, quando estes estão com problemas de liquidez. Se o Banco Central elevar a taxa ou restringir as condic ̧ões de re- desconto, desestimulará o sistemabancário a recorrer a esse tipo de socorro financeiro. Com isso, o BC está automaticamente res- tringindo o crédito e limitando a criação de moeda bancária. O contrário ocor- rerá caso o BC facilite as condic ̧ões de redesconto e/ou reduza as taxas cobradas nessa operac ̧ão. 3. As operações de open market. As operac ̧ões de open market (mercado aberto) permitem ao go- verno regular diretamente o volume dos meios de pagamento. Es- sas operac ̧ões consistem na compra e venda, pelo Banco Central, de títulos da dívida pública. Tais títulos são emitidos pelo Governo Federal e adquiridos pelo Banco Central, que os mantém em sua carteira (no seu Ativo). Fonte: Montella (2012) Os objetivos da política econômica no controle da inflação e nas metas de crescimento econômico, são avaliados por Vasconcelos e Garcia (2019)conforme apresentado no quadro a seguir: Quadro 37:Objetivos da política monetária Se o objetivo for o controle da inflação A medida apropriada de política monetária seria diminuir (“en- xugar”) o estoque monetário da economia (por exemplo, au- mento da taxa de juros, aumento das reservas compulsórias ou venda de títulos no open Market). 98 Se a meta for o cres- cimento econômico Seria o inverso: redução da taxa de juros e da taxa de compul- sório, compra de títulos no open Market, aumentando a liquidez da economia. Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) Acerca da política monetária e fiscal Vasconcelos e Garcia (2019), fazem al- gumas considerações, as políticas monetária e fiscal representam meios alternativos diferentes para as mesmas finalidades. A política econômica deve ser executada por meio de uma combinação adequada de instrumentos fiscais e monetários. Pode-se dizer que a política fiscal tem mais eficácia quando o objetivo é a melhoria na distri- buição de renda, tanto na taxação às rendas mais altas como pelo aumento dos gastos do governo com destinação a setores menos favorecidos. Já a política mone- tária é mais difusa no tocante à questão distributiva. 5.2.3 Política cambial e política comercial Vasconcelos e Garcia (2019), afirmam que no Brasil, as decisões de política cambial são de competência das autoridades monetárias, enquanto a política co- mercial é comandada geralmente pelos ministros do Planejamento, da Indústria e Comércio e Agricultura, com apoio do Ministério das Relações Exteriores. Vasconcelos e Garcia (2019) e Nogami (2016)definem no quadro a política cambial e seus objetivos: Quadro 38: Conceituação de política cambial Vasconcelos e Garcia (2019) A política cambial refere-se à atuação do go- verno sobre a taxa de câmbio. As autoridades monetárias podem fixar a taxa de câmbio (re- gime de taxas fixas de câmbio) ou permitir que ela seja flexível e determinada pelo mercado de divisas (regime de taxas flutuantes de câmbio). Nogami (2016) Baseia-se na administração da taxa (ou taxas) de câmbio e no controle de operações cambi- ais Fonte: Adaptado de varios autores (2020) Os governos possuem várias medidas que podem influenciar os objetivos ma- croeconômicos, dentre estas medidas temos a politica comercial que procura equi- librar o volume financeiro das transações econômicas com exterior. 99 Vasconcelos e Garcia (2019) e Nogami(2016), definem no quadro a seguir po- lítica comercial e seus objetivos: Quadro 39: Conceituação de política comercial Vasconcelos e Garcia (2019) A política comercial diz respeito aos instrumentos de in- centivos às exportações e/ou ao estímulo e desestímulo às importações, ou seja, refere-se a estímulos fiscais (cré- dito-prêmio do ICMS, IPI etc.) e creditícios (taxas de juros subsidiadas) às exportações e ao controle das importa- ções (via tarifas e barreiras quantitativas sobre importa- ções). Nogami (2016) Refere-se a ações por parte do governo que estimulam ou inibem o comércio exterior. Podem ser de ordem fiscal (como a aplicação de tarifas sobre o preço internacional dos produtos importados), quantitativas (como a fixação de cotas de importação) ou burocráticas (tais como os certificados de origem e vistos consulares). Fonte: Adaptado de varios autores (2020) 5.2.4 Políticas de rendas Vasconcelos e Garcia (2019) afirmam que a denominação política de rendas se justifica pelos tipos predominantes de intervenções, como os controles diretos de preços e os controles legais sobre salários e demais remunerações dos recursos de produção. Vários autores definem no quadro a seguir política monetária e seus objetivos: Quadro 40: Conceituação de política de rendas Vasconcelos e Garcia (2019) A política de rendas refere-se à intervenção direta do governo na formação de renda (salários, aluguéis), com o controle e conge- lamento de preços. Nogami (2016) Política de interferência do governo na formação de preços, por meio de controles diretos sobre salários, lucros e preços dos bens intermediários e finais. Rossetti (2016) Trata-se de um conjunto de intervenções di- retas que geralmente complementam a atu- ação dos instrumentos fiscais, monetários e cambiais Fonte: Adaptado de varios autores (2020) 100 ttps://bit.ly/2MmLioW. https://bit.ly/2ZNNc50 101 102 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Quando se discutem os problemas macroeconômicos do Brasil, frequentemente surge o diagnóstico de que a causa de nossos males é a alta taxa de juros. Basica- mente, há canais pelos quais os juros altos prejudicariam a economia: I - Os juros altos desestimulam o investimento, o que, por sua vez, reduz a aumento da capacidade produtiva. II - Ao final do processo, a economia não cresce e cria-se um círculo vicioso: a baixa oferta provoca mais inflação, que faz os juros subirem mais, que inibe novos investimentos, o que, ao final, leva a taxas de investimento mais baixas. III - Os juros altos também desestimulam o consumo, porque tornam o consumo pre- sente (em contraposição ao consumo futuro) muito caro. O indivíduo passa a con- siderar mais seriamente a hipótese de consumir menos hoje e utilizar os recursos poupados (acrescidos dos juros) para consumir mais no futuro. IV - Sem ter consumidores, os empresários decidem reduzir sua produção, e diminuem as contratações. Mais gente sem emprego significa menos consumo, e o círculo vicioso se perpetuaria. É correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) I e IIII, apenas. c) I, II e III, apenas. d) II e IV, apenas. e) I, II, III e IV 2. POLÍTICAS ECONÔMICAS: É o conjunto de medidas tomadas pelo governo de um país com o objetivo de: I- Promover o desenvolvimento econômico e o pleno emprego. II- Garantir a estabilidade de preço e o controle da moeda. III- Equilibrar o volume financeiro das transações econômicas com exterior e promover a distribuição de riqueza e das rendas. 103 Considerando os motivos elencados acima, assinale a opção correta. a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas o item III está correto. c) Apenas os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Os itens I, II e III estão corretos. 3. A política fiscal refere-se às decisões do governo quanto ao gasto público e aos impostos para influir sobre o nível de atividade econômica. Os objetivos da Política Fiscal são: I - Manter elevados os níveis de emprego. II - Elevadas taxas de crescimento econômico III - Estabilidade de preços. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 4.Complete as lacunas a seguir: Uma das principais atividades do governo é ___________ e ____________ na nossa vida financeira. Esta interferência é chamada de Política _____________ que é subdivi- dida em: Política _________, Política __________, Política de _________ e Política ________ que se divide em Política _______ e Política _____. a) Controlar – Interferir – Financeira - Fiscal - Monetária - de Renda - Externa – Cam- bial - Comercial. b) Controlar – Interferir – Econômica - Tributária - Monetária - de Renda - Interna – https://www.clubedospoupadores.com/impostos/politica-fiscal-contracionista.html https://www.clubedospoupadores.com/investimentos/juros-subindo-politica-monetaria.html https://www.clubedospoupadores.com/impostos/politica-fiscal-contracionista.html https://www.clubedospoupadores.com/investimentos/juros-subindo-politica-monetaria.html https://www.clubedospoupadores.com/impostos/politica-fiscal-contracionista.html https://www.clubedospoupadores.com/investimentos/juros-subindo-politica-monetaria.html 104 Cambial - Comercial. c) Controlar – Interferir – Econômica - Fiscal - Monetária - de Renda - Externa – Cam- bial - Comercial. d) Controlar – Interferir – Tributária - Comercial - Monetária - de Renda - Externa – Cambial - Fiscal. e) Controlar – Interferir – Comercial - Fiscal - Monetária - de Renda - Interna – Cam- bial - Fiscal. 5. Uma das principais atividades do governo é controlar e interferir na nossa vida fi- nanceira. Esta interferência é chamada de Política Econômica. Temos dentro das políticas econômicas a política cambial. I - A política cambial tem como principal objetivo manter o equilíbrio no fluxo de en- trada e saída de moeda estrangeira de tal forma que a taxa de câmbio possa se manter em um patamar que atenda os interesses do governo no cenário econô- mico que o país se encontra. II - Existem momentos em que o governo adota medidas para valorizar o real (o dólar fica mais barato). III - Existem momentos em que o governo adota medidas que desvalorizam o real (o dólar fica mais caro). É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 6. Política monetária é o controle da oferta de moeda (dinheiro) na economia, ou seja, o meio de estabilizar e controlar ao máximo os níveis de preços para garantir a liquidez ideal (equilíbrio) do sistema econômico do país. I - Quando o banco central reduz as taxas de juros, ele busca expandir o crédito na https://www.clubedospoupadores.com/impostos/politica-fiscal-contracionista.html https://www.clubedospoupadores.com/investimentos/juros-subindo-politica-monetaria.html https://www.clubedospoupadores.com/impostos/politica-fiscal-contracionista.html https://www.clubedospoupadores.com/investimentos/juros-subindo-politica-monetaria.html https://www.clubedospoupadores.com/impostos/politica-fiscal-contracionista.html https://www.clubedospoupadores.com/investimentos/juros-subindo-politica-monetaria.html 105 economia e diminuir os custos dos empréstimos. Essa é uma ação típica de política monetária, objetivando influenciar a demanda agregada da economia. II - A política monetária, portanto, constitui-se em um conjunto de medidas adotadas pelo governo com objetivo de controlar a oferta de moeda e as taxas de juros, de forma a assegurar a liquidez da economia. III - Em última instância, a política mo- netária, por meio do controle da oferta de moeda, visa à elevação do nível de emprego, a estabilidade dos preços, uma taxa de câmbio adequada ao mo- mento econômico e a sustentação do crescimento da demanda a curto prazo. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III 7. Associe a primeira coluna de acordo com a segunda: 1 – Políticas econômicas ( ) são políticas que alteram os gastos do governo ou os impostos e sub- sídios impostos à sociedade. O objetivo dessa política é o estímulo, via demanda, do nível de atividade econômica. 2 – Política fis- cal ( ) Faz o controle da oferta de moeda (dinheiro) na economia, ou seja, o meio de estabilizar e controlar ao máximo os níveis de preços para ga- rantir a liquidez ideal (equilíbrio) do sistema econômico do país. 3 – Políticas monetárias ( ) tem como principal objetivo manter o equilíbrio no fluxo de entrada e saída de moeda estrangeira de tal forma que a taxa de câmbio possa se manter em um patamar que atenda os interesses do governo no cenário econômico que o país se encontra. 4 – Política cambial ( ) É o conjunto de medidas tomadas pelo governo de um país com o objetivo de: Promover o desenvolvimento econômico, pleno emprego; Garantir a estabilidade de preço, controle da inflação; Equilibrar o vo- lume financeiro das transações econômicas com exterior; Promover a dis- tribuição de riqueza e das rendas. A sequência correta será: 106 a) 3, 2, 1, 4 b) 4, 3, 1, 2 c) 2, 3, 4, 1 d) 3, 4, 1, 2 e) 1, 4, 3, 2 8. Os objetivos da política econômica e as medidas e instrumentos fiscais, são apre- sentados no quadro abaixo. Pede-se: associe a primeira coluna de acordo com a segunda: 1 - Se o objetivo da política econômica for reduzir a taxa de inflação. ( ) Os instrumentos fiscais são os mesmos, mas em sentido inverso, para elevar a demanda agregada. 2 - Se o objetivo for maior crescimento e emprego. ( ) As medidas fiscais normalmente adotadas são a diminui- ção de gastos públicos e/ou o aumento da carga tribu- tária (o que inibe o consumo). Logo, essas medidas visam diminuir os gastos da coletividade. 3 - Para uma política que vise melhorar a distribui- ção de renda. ( ) Esses instrumentos devem ser utilizados de forma seletiva, em benefício dos grupos menos favorecidos. Por exem- plo, impostos progressivos, gastos do governo em regiões mais atrasadas etc. A sequência correta será: a) 3, 2, 1 b) 3, 1, 2 c) 2, 3, 1 d) 2, 1, 3 e) 1, 3, 2 107 TÓPICOS DE MACROECONOMIA Objetivos desta unidade: Descrever a evolução do pensamento macroeconômico. Demonstrar a relação de inflação e desemprego. Demonstrar a diferença entre Crescimento e desenvolvimento econômico. 6.1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO MACROECONÔMICO A macroeconomia moderna, possui um “pai fundador”, Keynes, que com o livro A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda deu início aos estudos macro- econômicos ao conferir unidade em torno de problemas ainda não solucionados pela teoria dominante à época da grande depressão de 1929 nos Estados Unidos. A partir dos anos 1930, passa a surgir grande insatisfação com os resultados que a macroeconomia oferecia, ou seja, a tendência automática ao pleno emprego e, consequentemente, a inexistência de desemprego e de capacidade ociosa. Isto porque a evidência empírica mostrava pessoas buscando constantemente emprego sem alcançar sucesso (LOPES et al., 2018). Para entender a obra e as ideias de Keynes, temos que nos reportar a década de 1930, onde a economia mundial atravessava uma crise que ficou conhecida como a Grande Depressão, em 1929, onde a realidade econômica dos principais países capitalistas era crítica naquele momento. O desemprego na Inglaterra e em outros países da Europa era muito grande. Nos Estados Unidos, após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, o número de desempregados assumiu proporções elevadas. Para Vasconcelos e Garcia (2019), a teoria econômica vigente acreditava que se tratava de um problema temporário, apesar de a crise estar durando alguns anos. A teoria geral de Keynes consegue mostrar que a combinação das políticas econômicasadotadas até então não funcionava adequadamente naquele novo contexto econômico, e aponta para soluções que poderiam tirar o mundo da reces- são. UNIDADE 12 108 Segundo o pensamento keynesiano, um dos principais fatores responsáveis pelo volume de emprego é o nível de produção nacional de uma economia, deter- minado, por sua vez, pela demanda agregada ou efetiva. Ou seja, sua teoria inverte o sentido da lei de Say (a oferta cria sua própria procura) ao destacar o papel da demanda agregada de bens e serviços sobre o nível de emprego (VASCONCELOS E GARCIA, 2019). Assim na visão Lopes et al. (2018)a linha predominante dos economistas acre- ditava que as economias de mercado tinham a capacidade de, sem a interferência do governo, utilizar de maneira eficiente todos os recursos disponíveis, de forma a sempre alcançar o chamado nível de pleno emprego. Para Keynes, em uma econo- mia em recessão, não existem forças de auto ajustamento, por isso se torna necessá- ria a intervenção do Estado por meio de uma política de gastos públicos. Neste sentido, Rossetti (2016) afirma que na visão keynesiana, a economia de mercado não é autorreguladora, que os salários e preços não são tão flexíveis a ponto de garantir o pleno emprego e que o go- verno pode estabelecer políticas para ajudar a estabilizar a economia – em um esquema teórico mais sólido Tal posicionamento teórico significa o fim da crença no laissez-faire como re- gulador dos fluxos real e monetário da economia, que por trás disso, estava a crença no liberalismo, no poder autorregulador do mercado. Ou seja, segundo Lopes et al. (2018), supunham ainda que tudo o que fosse produzido seria vendido, ideia conhecida como Lei de Say (“a oferta cria sua própria procura”), devida ao economista francês Jean Baptiste Say. Vamos sintetizar a ideia da visão dos clássicos e a visão proposta por Keynes: 109 Figura 30: Visão clássica x Visão de Keynes Fonte: Adaptado de Braga (2019) Segundo Vasconcelos e Garcia (2019), os argumentos de Keynes influencia- ram muito a política econômica dos países capitalistas. De modo geral, essas políticas apresentaram resultados positivos nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mun- dial. 110 6.2 INFLAÇÃO E DESEMPREGO O que é Inflação? No contexto macroeconômico, vamos entender que há um aumento continu- ado e generalizado dos preços dos bens e serviços em uma economia, mas a grosso modo podemos observar que o termo inflação significa o efeito de inflar ou inchar. Vamos a alguns conceitos básicos: Figura 31: Conceitos básicos Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Graficamente, conforme figura podemos observar: Mas uma situação curiosa chamou a atenção de muitos leigos em questões econômicas: durante boa parte do Governo Dilma, a Economia esteve no pleno emprego. Surgiu então uma intrigante questão: como se pode falar em crise se a Economia estava operando no seu nível ótimo? Essa aparente contradição (crise × pleno emprego) mostra que a Economia tem suas armadilhas. Felizmente, há, na teoria macroeconômica, instrumentos que ajudam a resolver essa aparente contradição. Esse exemplo mostra a importância da macroeconomia nas es- tratégias de um Governo. Também serve para ilustrar como as políticas macroeconômi- cas podem afetar a vida das pessoas. Sugiro ver as considerações do autor, disponível no site da minha biblioteca através do link: https://bit.ly/3soI0kw . Acesso em: 10 fev. 2021. https://bit.ly/3soI0kw 111 Figura 32: Comportamento da inflação, da deflação, da aceleração inflacionária e da hiperinflação. Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Braga (2019) define a inflação como sendo a elevação do nível geral de pre- ços. No cálculo da sua taxa, utilizam-se os denominados “índices gerais de preços”: como o IGP, INPC, IPCA, IPC. Há vários índices que mostram o quanto os preços sobem ou descem em de- terminados períodos. Cada índice aponta uma inflação diferente: isso acontece por- que a alta de preços não atinge todo mundo da mesma forma. No Brasil, existem vários desses índices, como o Índice Geral de Preços (IGP), calculado pela FGV, o Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ambos calculados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), dentre outros. Esses índices representam, na média, os preços dos bens e serviços comercia- lizados dentro do país. Ou seja, são calculados com base em amostras de preços a partir de determinados padrões de consumo. Vasconcelos e Garcia (2019)apontam que a inflação é definida como um au- mento contínuo e generalizado no índice de preços, ou seja, os movimentos inflacio- nários são aumentos contínuos de preços, e não podem ser confundidos com altas esporádicas de preços. Conceitos relativos à inflação -10 0 10 20 30 40 50 60 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Tempo In fl a ç ã o ( v a ri a ç ã o d o I n d ic e d e p re ç o ) Deflação Inflação aceleração inflacionária Hiperinflação 112 As fontes de inflação segundo Vasconcelos e Garcia (2019)costumam diferir em função das condições de cada país. No quadro são apresentadas as fontes de inflação: Quadro 41: Fontes de inflação Tipo de estrutura de mercado (oligopolista, concorrencial etc.) Que condiciona a capacidade dos vários setores de repas- sar aumentos de custos aos preços dos produtos. Grau de abertura da economia ao comércio exterior Quanto mais aberta a economia à competição externa, maior a concorrência e menores os preços dos produtos. Estrutura das organiza- ções trabalhistas quanto maior o poder de barganha dos sindicatos, maior a capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de produtividade e maior a pressão sobre os preços. Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) Segundo Braga (2019) a inflação, que se manifesta pela elevação do nível geral de preços, reduz o salário ou a renda real das pessoas, e assim podemos apon- tar os custos com a inflação: Quadro 42: Custos com a inflação Um dos custos da inflação alta refere-se ao comportamento das pessoas em re- lação às transações comerciais e finan- ceiras. São as idas e vindas aos bancos, a busca de preços melhores ou a pressa em realizar negócios quando os preços sobem diariamente Exemplo: alguém que deseja vender seu auto- móvel em um momento em que a inflação atinge patamares superiores a 50% ao mês. Su- ponha que a venda seja divulgada na página de automóveis de algum grande jornal. Se o vendedor anunciar seu carro por, digamos, R$ 20 mil, terá que se esforçar para realizar a venda no dia da publicação do anúncio. Isso porque, passados dois ou três dias, os mesmos R$ 20 mil valerão menos, em termos reais. Outro custo da inflação refere-se à alta frequência com que as empresas têm Exemplo: Esse custo também tem um nome pe- culiar: são denominados custos de menu, em referência aos gastos referentes à frequência As Economias mais desenvolvidas tratam a inflação como algo a ser evitado. Mas quais os custos da inflação para a sociedade? 113 que reajustar os preços. Isso porque alte- rações frequentes nos valores deman- dam gastos com anúncios, etiquetas, monitoração dos preços dos concorren- tes ou reformulação dos contratos. com que os restaurantes têm que alterar o car- dápio com os preços das refeições. O custo demenu cresce com a hiperinflação, já que é ne- cessário alterar os preços diariamente (ou mesmo mais de uma vez durante o mesmo dia). Há ainda outro custo que se relaciona com altas taxas de inflação. Trata-se da distorção dos preços relativos na Econo- mia nas situações em que os preços so- bem diariamente. A distorção ocorre porque os preços não se alteram na mesma proporção Exemplo: Em um determinado dia, uma gela- deira, por exemplo, pode custar duas bicicletas, e, em outro, cinco bicicletas. Essa distorção tem uma implicação negativa para a Economia: os preços relativos perdem a função de represen- tar a escassez relativa dos bens. Em outras pala- vras, eles deixam de cumprir a função de pres- tar informações que são fundamentais nas de- cisões dos agentes econômicos, elevando a ineficiência na alocação dos recursos pelos mercados. Fonte: Adaptado de Braga (2019) Vamos analisar agora as causas da inflação. Segundo Vasconcelos e Garcia (2019)a forma mais tradicional para estudar a questão inflacionária é distinguir a inflação provocada pelo excesso de demanda agregada (inflação de demanda) da inflação por elevação de custos (inflação de custos) e da inflação devida aos mecanismos de indexação de preços (inflação iner- cial). Nesta mesma linha, Braga (2019)afirma que na teoria econômica são conside- radas pelo menos três causas para a inflação: a alta da demanda agregada, a ele- vação generalizada dos custos das empresas e a emissão monetária como fonte para o financiamento do déficit público. Cada causa demanda políticas específicas, porém não mutuamente exclu- dentes. A emissão monetária baseia-se na visão monetarista e é considerada por mui- tos como a causa fundamental da inflação. Isso porque, na ocorrência das outras duas, se a autoridade monetária mantém o controle sobre os meios de pagamentos, a inflação será mantida sob controle, mas a Economia experimentará a recessão. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). A inflação de demanda se manifesta quando ocorre forte elevação da de- manda agregada na Economia. Na verdade, qualquer aumento na demanda provoca alguma elevação no nível geral de preços, conforme estudado no modelo de oferta e demanda agre- gada. O problema se intensifica quando a Economia se encontra próxima do pleno emprego. 114 Para se combater um processo de inflação de demanda, a política econô- mica deve basear-se em instrumentos que provoquem redução da procura agre- gada por bens e serviços, como redução dos gastos do governo, aumento da carga tributária, controle de crédito e elevação da taxa de juros (VASCONCELLOS; GARCIA, 2019). Conforme estudado, as políticas monetária e fiscal podem ser acionadas quando a Economia experimenta a situação de desemprego. No pleno emprego, entretanto, a impossibilidade de se elevar o nível de utili- zação da capacidade produtiva faz com que as políticas percam sua eficácia no objetivo de elevar o Produto Interno Bruto (PIB) da Economia; e, neste caso, os efeitos tendem a ser exclusivamente sobre o nível geral de preços. Essa última possibilidade coloca-se como uma restrição nas intervenções do Governo na macroeconomia. (BRAGA, 2019). As consequências da inflação são: 1. Distorções na alocação de recursos da economia, 2. Os preços relativos deixam de ser sinalizadores da escassez e dos custos relati- vos de produção. 3. Efeito negativo sobre o incentivo a investir pelas dificuldades dos agentes em prever o retorno dos investimentos. 4. Parte dos agentes não consegue se proteger da inflação. 5. Aumento dos custos de transação na economia. Diante de tais questões, os principais efeitos provocados por esse fenômeno são apontados a seguir. Quadro 43:Efeitos da inflação Sobre a distribuição de renda A distorção mais séria provocada pela inflação diz respeito à re- dução relativa do poder aquisitivo das classes que dependem de rendimentos fixos, que possuem prazos legais de reajuste. Nesse caso, estão os assalariados que, com o passar do tempo, vão ficando com seus orçamentos cada vez mais reduzidos até a chegada de um novo reajuste. A classe trabalhadora é, sem dúvida, a que mais perde com a elevação das taxas de infla- ção, principalmente os trabalhadores de baixa renda. Sobre o balanço de pa- gamentos Elevadas taxas de inflação, em níveis superiores ao aumento de preços internacionais, encarecem o produto nacional em rela- ção ao produzido externamente. Assim, tendem a provocar um 115 estímulo às importações e desestímulo às exportações, dimi- nuindo o saldo da balança comercial (exportações menos im- portações). Sobre os mercados de capitais Tendo em vista o fato de que, em um processo inflacionário in- tenso, o valor da moeda deteriora-se rapidamente, ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no mercado financeiro. Sobre as expectativas empresariais levadas taxas de inflação também afetam a formação das ex- pectativas sobreo comportamento da economia no futuro. O setor empresarial é bastante sensível a esse tipo de situação, dada a relativa instabilidade e imprevisibilidade de seus lucros. O empresário fica em um compasso de espera, enquanto a con- juntura inflacionária perdurar, e dificilmente tomará iniciativas no sentido de aumentar seus investimentos na expansão da capa- cidade produtiva. Fonte: Vasconcelos e Garcia (2019) Em relação aos efeitos sobre as expectativas empresariais, a própria capaci- dade de produção futura e, consequentemente, o crescimento econômico e o pró- prio nível de emprego podem ser afetados pelo processo inflacionário. Não são necessárias grandes análises teóricas para mostrar que a inflação alta se constitui, junto com o desemprego, em grave desequilíbrio macroeconômico. O desemprego é um problema extremamente grave, não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista social e pessoal. Rossetti (2016)aponta alguns fatores negativos do desemprego: Quadro 44: Custos da inflação Principal custo econômico do desemprego Perda de produc ̧ão e da renda, ou seja, os bens e servic ̧os que os desempregados poderiam produzir (e a renda que poderiam ganhar) se estivessem trabalhando, mas que não produzem porque não conseguem encontrar emprego. . Essa perda de produto e de renda não poderá jamais ser recuperada em períodos futuros. Outro custo econômico relevante Diz respeito à diminuição da capacidade produtiva da economia em razão da perda de capital humano. Isso ocorre porque as habilidades da mão de obra se deterioram quando ela se encontra desempregada. Outra característica do desemprego É que ele se distribui de forma desigual por toda a sociedade. Os maiores ônus recaem sobre as minorias, as mulheres e os jovens, e tendem a se concentrar nos setores mais pobres da populac ̧ão. Fonte: Rossetti (2016) Do ponto de vista individual, o desemprego é um fardo pesado e triste. Ele significa perda de renda e, portanto, deterioração do padrão de vida, envolvendo também graves problemas psicológicos e físicos. A inflação e o desemprego são um mal a ser combatido. Trata-se de um grave 116 desequilíbrio macroeconômico que, uma vez estabelecido, é de difícil solução. A experiência brasileira, dentre outras que podem ser encontradas na história econômica, prova sem muitas dúvidas esse argumento, com altas taxas de inflação e desemprego na década de 80 e vários planos econômicos tentando estabilizar a economia. No ano de 2020, com a pandemia da Covid19, a crise que se estabeleceu em função do distanciamento social tem provocado impactos sociais, econômicos, políticos, culturais. No campo economico, altos indices de desemprego, aumento de preços, aumento da inflação, em função da restrição da produçãoe do consumo, o que provavelmente trará um iimpacto sobre a trajetória de longo-prazo da economia. Mas, existe outro problema que está presente na Economia brasileira. Ele diz respeito às baixas taxas de crescimento do PIB verificadas nas últimas décadas. Mui- tos creditam essa situação às políticas ortodoxas ou liberais. Mas talvez as causas sejam outras e devem ser encontradas nas condições que explicam o crescimento econômico de longo prazo. Esse tema será objeto de estudo do próximo capítulo. 6.3 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Dois conceitos estarão sendo abordados nesta unidade: os de desenvolvi- mento e crescimento. Segundo Gremaud et al. (2017)ambos guardam forte relação entre si, mas pode-se dizer que o primeiro engloba o segundo, ou seja, para o desenvolvimento de um país ocorrer é necessário que este cresça, mas apenas isto não basta. Para Nogami (2016), as definições de desenvolvimento e crescimento suscitam, muitas vezes, confusões conceituais. Em geral, são dois termos que se combinam no progresso das nações, mas nunca poderemos defini-los como palavras sinônimas. Crescimento e desenvolvimento econômico são dois conceitos diferentes. 117 Vasconcelos e Garcia (2019), esclarecem o conceito de crescimento e desen- volvimento econômico, crescimento econômico é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo. Já o desenvolvimento econômico é um conceito qualitativo, incluindo as alterações da composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia). Quando o processo de crescimento ocorre de forma isolada, poderá acarretar desequilíbrios estruturais em uma economia, trazendo sérias dificuldades a seus governantes. O processo de desenvolvimento, por sua vez e via de regra, traz consigo o crescimento. Quadro 45: Crescimento x desenvolvimento econômico Crescimento econcomico - Podemos entender o ato ou efeito de crescer. - Pode ocorrer pelo aumento contínuo do Produto Nacional Bruto (PNB), tanto em termos globais como per capita, ao longo do tempo. Desenvolvimento economico - Entendemos o ato ou efeito de desenvolver. - Refere-se a um estágio econômico, social e político de uma sociedade, caracterizado pela constante melhoria nos índices de produtividade dos fatores de produc ̧ão (aproveitamento da busca da eficácia dos recursos naturais, capital e trabalho). Fonte: Adaptado de Nogami e Passos (2016) Resumidamente poderíamos sisntetizar a ideia de crescimento eocomico e de- senvolvimento economico na figura a seguir: Figura 33: Crescimento eocomico e desenvolvimento economico Fonte: Elaborado pelo autor (2020) De acorco com Braga (2019) o significado do crescimento econômico no 118 modelo de oferta e demanda agregada, em uma primeira análise, pode-se considerar o crescimento econômico como sendo a elevação do PIB ao longo do tempo. Na figura 34, a seguir podemos visualizar o crescimento do PIB de 2002 até o ano de 2019. É possível observar um ápice do PIB em 2010, com 7,6% e PIB negativo nos anos de 2009, 2015 e 2016. Apresentando uma pequena melhora em 2017, 2018 e 2019, na faixa de um pouco mais de 1% de crescimento. Figura 34: Crescimento do PIB no Brasil Disponível em: https://glo.bo/3kzkYoxV. Acesso em: 08 fev. 2020. O Ministério da Economia fez uma revisão em 17 de novembro de 2020, em função de problemas enfretados pela Covid19 e suas consequências, de uma projeção de contração do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020 a 4,5%, sobre queda de 4,7% antes, em função do bom resultado esperado para a atividade econômica no terceiro trimestre de 2020 (G1, 2020). https://glo.bo/3kzkYoxV 119 O crescimento econômico pode ocorrer pelo aumento contínuo do Produto Nacional Bruto (PNB), tanto em termos globais como per capita, ao longo do tempo, enquanto o desenvolvimento econômico refere-se a um estágio econômico, social e político de uma sociedade, caracterizado pela constante melhoria nos índices de produtividade dos fatores de produção (aproveitamento da busca da eficácia dos recursos naturais, capital e trabalho). Atualmente, entretanto, sabemos que não bastam apenas essas variáveis para explicar o fenômeno do crescimento. A elas pode-se associar a questão da melhoria na qualidade da mão de obra (obtida pela melhoria nos níveis educacionais, de treinamento e de especialização), na melhoria tecnológica (por meio do aumento da eficiência na utilização do esto- que de capital) e na eficiência organizacional (maximização na utilização dos recur- sos disponíveis). Segundo Braga (2019), para alcançar esse crescimento, é necessário que o país busque alguns caminhos apontados pela teoria e prática econômica: altos níveis de poupança e investimentos produtivos, a melhoria da produtividade dos fatores de produção, particularmente a do trabalho, as inovações tecnológicas e a construção de boas instituições. Existe ainda a possibilidade de se utilizar o comércio internacional para elevar https://bit.ly/3bFZr9o 120 a produtividade de Economia. São caminhos que mostram opções reais e pautadas na realidade para se alcançar o bem-estar material da sociedade. O desenvolvimento econômico implica, além de aumento na quantidade de bens e serviços produzidos por uma economia, determinado período de tempo e, em termos per capita, mudanças de caráter qualitativo. Por essa razão, o desenvolvimento econômico não deve ser analisado tomando-se por base os indicadores tais como o crescimento do produto global ou o crescimento do produto per capita, e sim por outros indicadores que reflitam mudanças na qualidade de vida da população de uma economia. Devemos observar, portanto, que o conceito de crescimento econômico difere do conceito de desenvolvimento econômico já que este implica, além de um aumento da quantidade de bens e serviços per capita, mudanças de caráter qualitativo. Por essa razão, o desenvolvimento econômico não deve ser analisado tomando-se por base os indicadores tais como o crescimento do produto global ou o crescimento do produto per capita. Podemos visualizar o desenvolvimento e PIB per capita, apresentado na figura a seguir: Figura 35: Desenvolvimento e PIB per capita Fonte: Elaborado pelo autor (2020) Explicando melhor a figura Nogami (2016), afirma que outros indicadores que 121 reflitam mudanças na qualidade de vida, devem ser levados em conta. Como exemplo podemos citar: • renda per capita; • nível de estoque de capital per capita; • taxas de natalidade e de mortalidade; • taxa de mortalidade infantil; • esperança de vida ao nascer; • índice de analfabetismo e padrões educacionais; • taxa de desemprego e produtividade da mão de obra; • distribuição da renda; • participação do setor primário no produto nacional; • porcentual da população atuando na agricultura; • potencial científico e tecnológico; • grau de dependência externa; • condições sanitárias e etc. Gremaud et al. (2017)aponta que alguns indicadores sociais dão informações sobre a qualidade de vida da população de um país, tais como: • esperança de vida da população ao nascer; • médicos e leitos hospitalares por habitante; • acesso a água potável e esgoto; • taxa de alfabetização; • quantidade média de anos na escola etc. Segundo o Banco Mundial (2000) apud Rossetti (2016) o grau de desenvolvi- mento de uma nação é percebidopela análise de certos indicadores que se relaci- onam em termos de estrutura. Esses indicadores compreendem tre ̂s grandes grupos cujos conceitos seguem as definições estabelecidas pelo Banco Mundial: Quadro 46: Indicadores do grau de desenvolvimento econômico Vitais - Esperança de vida ao nascer: indica o número de anos que um recém- nascido viveria, considerando-se os padrões de mortalidade vigentes à época do seu nascimento. 122 - Taxa de mortalidade infantil : Representa o número de crianc ̧as que morrem antes de completar 1 ano, em um grupo de mil nascidos vivos, em determinado pe- ríodo de tempo. - Estrutura etária da populac ̧ão: mostra-nos a proporc ̧ão da populac ̧ão total entre as idades de 15 e 64 anos, que representam a chamada populac ̧ão economicamente ativa; em muitos países em desenvolvimento, entretanto, crianc ̧as com menos de 15 anos trabalham em período integral ou parcial, enquanto em economias de alta renda muitos trabalhadores postergam a sua aposentadoria para depois dos 65 anos. - Taxa média anual de crescimento populacional: calculada pelo método exponencial entre os extremos de determinado período de tempo. Econômicos - Estruturais: ou de infraestrutura, relacionam-se ao conjunto de elementos que formam a base econômica da sociedade. Entre eles podemos citar: forc ̧a de trabalho; recursos naturais; capital; estrutura da produc ̧ão; estrutura da distribuic ̧ão da renda. - Disponibilidade de bens e servic ̧os: conjunto de elementos que permitem o bem- -estar da sociedade: renda per capita; bens básicos de consumo(alimentos, gasolina, móveis, eletrodomésticosetc.); bens produtivos e insumos (ac ̧o, energia etc.); servic ̧os básicos (transportes, estradas etc.); servic ̧os sociais (educac ̧ão, saúde etc.). Sociais - Mobilidade social: possibilidade ou facilidade de os indivíduos de uma sociedade se movimentarem de uma para outra camada da hierarquia social. - Representac ̧ão no sistema político: nível de representatividade da populac ̧ão nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. - Participação social: forma como a populac ̧ão se articula, de acordo com um conjunto de valores que definem seus padrões de comportamento. - Sistema de concentração da propriedade: avaliac ̧ão da proporc ̧ão de empresas que dete ̂m parte significativa do capital, investimentos, vendas, forc ̧a de trabalho etc. Fonte: Banco Mundial (2000) apud Rossetti (2016) Para se medir o grande desenvolvimento, temos também dois novos indicadores importantes: • Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); e • Índice de Corrupção Percebida (ICP). A Organização das Nações Unidas, em 1990, criou o Índice de Desenvolvi- mento Humano (IDH) na tentativa de: • se reduzir a pobreza; • estimular a implantação de governos democráticos; • estabelecer mecanismos de prevenção a crises e 123 • despertar a atenção mundial no que diz respeito à energia e ao meio ambiente, dentre outros objetivos. É uma média aritmética de três indicadores: • um indicador de renda: o PIB per capita; • um indicador que capta a saúde da população: a expectativa de vida da população ao nascer; e • um indicador da educação da população: média ponderada da taxa de alfabetização de adultos (2/3) e da taxa combinada de matrícula nos ensinos fundamental, médio e superior (1/3). O IDH varia de zero a 1: quanto mais próximo de 1 mais desenvolvido é o país. Por este índice os países são divididos em países de alto (IDH maior que 0,8), médio (entre 0,5 e 0,8) e baixo desenvolvimento (abaixo de 0,5). O IDH do Brasil foi de 0,761 em 2018, e 0,760 em 2017, quando o país ficou em 78º lugar, de acordo com uma revisão dos dados do ano passado. Em 2019, o Brasil alcançou o IDH de 0,761, com uma pequena melhora de 0,001 em relação ao ano anterior . Na classificação da ONU, o Brasil segue no grupo dos que têm alto desen- volvimento humano (79º lugar) (G1, 2020). ́Ja o Indice de Corrupção Percebida (ICP) é apontado por Nogami e Passos (2019), como um importante debate a respeito da presença da corrupção nos mais diferentes níveis de uma economia, do escalão governamental até o cotidiano das pessoas, passando inclusive pelas empresas da iniciativa privada. Este índice estabelece a correlação existente entre o grau de desenvolvi- mento econômico e grau de corrupção – em geral, quanto mais evoluída é uma economia, mais distante ela estará desse tipo de comportamento. Dentro desse contexto, o Índice de Corrupção Percebida tem assumido um papel de destaque nas discussões realizadas em torno do assunto. Em 2019, o Brasil obteve o seu pior resultado com apenas 35 pontos. Vale res- saltar que a escala do IPC vai de 0 a 100, onde 0 significa que o pais é altamente corrupto e 100 seria um pais integro. O Brasil se enconttra em 2019 no 106º lugar, sendo o 5º. Récuo seguido. Já em 2018 o pais já havia perdido dois pontos e caido nove posições. 124 ttps://bit.ly/3knFPL7 https://bit.ly/2ZRZB85%20.Acesso 125 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Segundo o pensamento keynesiano, um dos principais fatores responsáveis pelo volume de emprego é o nível de produção nacional de uma economia, determi- nado, por sua vez, pela demanda agregada ou efetiva. Ou seja, sua teoria inverte o sentido da lei de Say (a oferta cria sua própria procura) ao destacar o papel da demanda agregada de bens e serviços sobre o nível de emprego. I - A linha predominante dos economistas acreditava que as economias de mercado tinham a capacidade de, sem a interferência do governo, utilizar de maneira efi- ciente todos os recursos disponíveis, de forma a sempre alcançar o chamado nível de pleno emprego. II - Para Keynes, em uma economia em recessão, não existem forças de auto ajusta- mento, por isso se torna necessária a intervenção do Estado por meio de uma po- lítica de gastos públicos. III - Na visão keynesiana, a economia de mercado não é autorreguladora, que os salários e preços não são tão flexíveis a ponto de garantir o pleno emprego e que o go- verno pode estabelecer políticas para ajudar a estabilizar a economia – em um esquema teórico mais sólido Considerando os motivos elencados acima, assinale a opção correta. a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas o item III está correto. c) Apenas os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Os itens I, II e III estão corretos 2. A seguir são relacionados alguns conceitos básicos de inflação e suas tipologias. Neste sentido relacione a primeira coluna de acordo com a segunda. 1 – Inflação ( ) Baixa generalizada e contínua do nível geral de preços, a con- trapartida da deflação é o aumento do poder aquisitivo da mo- eda 2 – Deflação ( ) É a elevação da taxa de inflação, elevação da inflação. 126 3 – Aceleração infla- cionária ( ) É o aumento generalizado e contínuo do nível geral de preços, a contrapartida da inflação é a perda do poder aquisitivo da moeda. 4 - Hiperinflação ( ) Não há clareza de quanto é este “aumento grande” dos preços. A hiperinflação é uma situação onde a moeda perde sua fun- ção e é substituída. A sequência correta seria: a) 2, 4, 1, 3 b) 4, 1, 2, 3 c) 2, 3, 1, 4 d) 3, 1, 2, 4 e) 1, 2, 3, 4 3. Braga (2019) define a inflação como sendo a elevação do nível geral de preços. No cálculo da sua taxa, utilizam-se os denominados “índices gerais de preços”: como o IGP, INPC, IPCA, IPC. Há vários índices que mostram o quanto os preços sobem ou descem em determinados períodos. Cada índice aponta uma inflaçãodiferente: isso acontece porque a alta de preços não atinge todo mundo da mesma forma. No Brasil, existem vários desses índices, como: I - O Índice Geral de Preços (IGP), calculado pelo IBGE II - O Índice Nacional de Preços do Consumidor (INPC) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ambos calculados pela FIPE. III - E o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas o item III está correto. c) Apenas os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Os itens I, II e III estão corretos 127 4. O aumento de um bem ou serviço em particular não constitui inflação, que ocorre apenas quando há um aumento generalizado da maioria dos bens e serviços. Na teoria econômica são consideradas pelo menos três causas para a inflação: I - A alta da demanda agregada. II – A elevação generalizada dos custos das empresas. III - A emissão monetária como fonte para o financiamento do déficit público. a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas o item III está correto. c) Apenas os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Os itens I, II e III estão corretos 5. Segundo Vasconcelos e Garcia (2019), para se combater um processo de inflação de demanda, a política econômica deve basear-se em instrumentos que provo- quem redução da procura agregada por bens e serviços: I - Como redução dos gastos do governo. II - Diminuição da carga tributária. III - Controle de crédito e diminuição da taxa de juros. a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas o item I está correto. c) Apenas os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Os itens I, II e III estão corretos 6. São consequências da inflação: I - Distorções na alocação de recursos da economia, II - Os preços relativos deixam de ser sinalizadores da escassez e dos custos relativos de produção. 128 III - Efeito negativo sobre o incentivo a investir pelas dificuldades dos agentes em pre- ver o retorno dos investimentos. a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas o item I está correto. c) Apenas os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Os itens I, II e III estão corretos 7. Considere as afirmativas abaixo, marcando V ou F: ( ) Em relação aos efeitos sobre as expectativas empresariais, a própria capacidade de produção futura e, consequentemente, o crescimento econômico e o próprio nível de emprego podem ser afetados pelo processo inflacionário. ( ) Não são necessárias grandes análises teóricas para mostrar que a inflação alta se constitui, junto com o desemprego, em grave desequilíbrio microeconômico. ( ) O desemprego é um problema extremamente grave, não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista social e pessoal. ( ) Do ponto de vista individual, o desemprego é um fardo pesado e triste. Ele significa perda de renda e, portanto, deterioração do padrão de vida, envolvendo também graves problemas psicológicos e físicos. ( ) A inflação e o desemprego são um mal a ser combatido. Trata-se de um grave desequilíbrio microeconômico que, uma vez estabelecido, é de difícil solução. A sequência correta será: a) V, F, V, F,V b) V, V, F, V, F c) V, F, V, V, V d) V, F, V, V, F e) V, F, F, V, V 8. Para Nogami e Passos (2019), as definições de desenvolvimento e crescimento suscitam, muitas vezes, confusões conceituais. Em geral, são dois termos que se 129 combinam no progresso das nações, mas nunca poderemos defini-los como palavras sinônimas. Crescimento e desenvolvimento econômico são dois conceitos diferentes. I - Crescimento econômico: é a ampliação qualitativa da produção (PIB). II – Desenvolvimento econômico: além da expansão da produção refere-se também à natureza e à qualidade do crescimento. III - A idéia de desenvolvimento econômico está associada às condições de vida da população. a) Apenas os itens I e II estão corretos. b) Apenas o item I está correto. c) Apenas os itens II e III estão incorretos. d) Os itens I e III estão corretos. e) Todos os itens estão corretos. 101 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO UNIDADE 01 UNIDADE 02 QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 B QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 B UNIDADE 03 UNIDADE 04 QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 B QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 A QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 E UNIDADE 05 UNIDADE 06 QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 D QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 E 130 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 C QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 A QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 E QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 A QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 E QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 A QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 C QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 C QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 E QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 C QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 E QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 C QUESTÃO 3 E QUESTÃO 3 B QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 E QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 B QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 E QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 D QUESTÃO 8 D QUESTÃO 8 E UNIDADE 07 UNIDADE 08 UNIDADE 09 UNIDADE 10 UNIDADE 11 UNIDADE 12 131 REFERÊNCIAS AMITRANO, C.; MAGALHÃES, L. 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