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1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Robinson Henrique Scholz Doutor em Ciências Sociais pela Universidade do Rio dos Sinos. Mestre em Ciências Sociais e Bacharel em Administração: Hab. Recursos Humanos ambos pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Especialista em Docência Universitária na Contemporaneidade, pela Universidade de Caxias do Sul. Professor universitário nas áreas de Administração e de Ciências Sociais. Estágio de Pós-doutoramento (2021-2021) em Memória Social e Bens Culturais na Universidade La Salle. Professor conteudista EaD, com larga experiência como professor formador e produtor de conteúdo. Possui certificação Google for Education - Nível I e II. Pesquisador no Grupo de Pesquisa Tecnologias Sociais, Inovação e Desenvolvimento - TESSIDO, potencializando os estudos sobre liderança em organizações autogestionárias. Tem experiência na área de administração e gestão social, atuando principalmente nos seguintes temas: empreendedorismo, economia solidária, administração, sociologia, cultura, autogestão, memória social, gestão de pessoas, liderança e gestão socioambiental. TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO 1ª edição Ipatinga – MG 2022 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Bruna Carolina de Almeida Salles Revisão/Diagramação/Estruturação: Bárbara Carla Amorim O. Silva Bruna Luiza Mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Salles Fernanda Cristine Barbosa Design: Brayan Lazarino Santos Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos Taisser Gustavo de Soares Duarte © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 7 ABORDAGEM CIENTÍFICA 1.1 INTRODUÇÃO À TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO Os estudos organizacionais são recentes, historicamente, se em comparação com a medicina ou a matemática. A importância de se desenvolver pesquisas e processos gerenciais nas instituições tomam maior força e necessidade com o surgimento da moeda, as revoluções francesa e industrial, como também a expansão da urbanização na Europa e nos Estados Unidos. Desta forma, pensar em soluções práticas para as indústrias, foco das primeiras pesquisas realizadas sobre a administração de empresas, foi uma necessidade do mercado, não apenas um desejo ou vontade de se modelar novos negócios. A carência de controle sobre a produção, qualidade no serviço prestado, gestão de conflitos entre os trabalhadores e, claro, a demanda do mercado, foram alvo das primeiras teorias da administração, dando origem à Teoria Geral da Administração. Assim, vamos começar nossos estudos compreendendo o cenário em que a Administração Científica se desenvolve, sendo a primeira teoria da administração a ser sistematizada, validada e que ainda é utilizada, em muitos casos, em diferentes tipos de organizações. 1.2 ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA A Administração Científica foi iniciada pelos estudos do engenheiro Frederick Winslow Taylor (1856- 1915) nos Estados Unidos. A ênfase dada nesses estudos estava centrada em resultados e, portanto, no aumento da produtividade. Em outras palavras, a responsabilidade dos administradores era focar nos objetivos organizacionais no sentido de potencializar ao máximo os resultados. Ao desenvolver suas pesquisas sobre o processo fabril, Taylor observou algumas situações recorrentes que afetavam o desenvolvimento do trabalho, tanto por parte dos operários, quanto por parte dos proprietários das indústrias. As situações observadas foram (CHIAVENATO, 2002): Os trabalhadores das empresas, de forma geral, mantinham pouca comunicação e interação entre si; UNIDADE 01 8 Ausência de incentivos aos operários pelo trabalho desenvolvido, os quais não tinham clareza de metas a serem alcançadas; Os operários desenvolviam o seu trabalho até o limite de seus esforços, produzindo apenas o necessário para não perderem os seus empregos. A partir disso, Taylor propõem um método de trabalho nos processos produtivos, que consistia em dividir as atividades ao máximo, decompondo cada etapa produtiva, para que cada uma delas pudesse ser monitorada a partir do tempo necessário para a sua execução. Dessa forma, gerenciar o tempo e movimento de cada tarefa era possível eram processos que objetivavam a eficiência produtiva. Figura 1: Frederick Winslow Taylor Fonte: https://bit.ly/36bRE4h. Acesso em: 22 nov. 2021 Mas, não foi somente isso. Taylor propôs em seu método de trabalho a divisão das tarefas e responsabilidades aos operários, em que cada um deles era especialista em uma atividade, no sentido de aumentar a sua capacidade de operação diária. Com isso, cada trabalhador recebia pela produção diária executada, e não somente pelo tempo disponibilizado à empresa. Este incentivo ampliava a alienação do operário ao trabalho; mas, por outro lado, disponibilizada maiores ganhos no seu salário. https://bit.ly/36bRE4h 9 Ao empregar técnicas de observação, análise crítica e pensamento lógico, Taylor, pela primeira vez, trouxe à atividade laboral uma conotação mais científica. Estava surgindo aí o movimento que hoje conhecemos como Administração Científica, corrente que propôs ideias um tanto revolucionárias para a época. Continuando, a teoria da Administração Científica (ou Taylorismo) propõe quatro princípios básicos que orientam o desenvolvimento das organizações, que são (MAXIMIANO, 2012): 1. Princípio de Planejamento: examinar cada tarefa cientificamente para determinar a “melhor maneira” de realizar o trabalho. Essa é uma mudança fundamental em relação ao “método” anterior, por meio do qual os trabalhadores definiam suas próprias maneiras de fazer o trabalho. 2. Princípio de Preparo: contratar os trabalhadores certos para cada trabalho e treiná-los para trabalhar com eficiência máxima. 3.Princípio de Controle: monitorar o desempenho do trabalhador, fornecendo orientações e treinamento quando necessário; 4. Princípio de Execução: dividir o trabalho entre a gerência e a produção para que a gerência possa planejar e treinar os trabalhadores. Em relação aos Princípios da Administração Científica, a preocupação era em racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta. Os gestores deveriam ser os responsáveis pelo controle das principais atividades gerenciais da organização (CHIAVENATO, 2002). 10 Na Administração Científica, a busca pela substituição de métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos em todas as etapas dos processos recebeu o nome de Organização Racional do Trabalho (ORT). Veja os principais aspectos da ORT no quadro a seguir: Quadro 1: Características da Organização Racional do Trabalho (ORT) Característica Descrição Análise do Trabalho e Estudo dos tempos e movimentos Tarefas foram estudadas para verificar quais movimentos eram necessários para sua execução, bem como qual o tempo médio para a sua realização. Assim, Taylor buscou simplificar esses movimentos a fim de diminuir o seu tempo de duração, devendo esses movimentos serem seguidos pelos demais funcionários. Estudo da fadiga humana Taylor observou que a execução de movimento repetitivo levava o funcionário ao cansaço prematuro, repercutindo na diminuição da produtividade. Assim, por meio da organização das tarefas e do local de trabalho, acreditava na redução do esforço laboral (fadiga). Divisão do trabalho e especialização do operário Para qualificar os funcionários, Taylor dividiu as tarefas em pequenas etapas. Isso oportunizou aos seus funcionários se especializarem rapidamente, repercutindo no aumento de produtividade. Desenho de cargos e tarefas Taylor tinha grande preocupação com produtividade, e, por isso, centrava-se nos Cargos e Tarefas. Tarefa sendo a atividade a ser realizada e Cargo o conjunto de tarefas. Assim os cargos eram criados com base nas tarefas, que deveriam ser simplificadas para que seus funcionários a realizassem com especialização e maior produtividade. Incentivos salariais e prêmios de produção O trabalhador, ao realizar suas tarefas, poderia ser incentivado a aumentar a sua produtividade através de incentivos financeiros. Conceito de homo economicus O pensamento da época era que o homem trabalhava pelo ganho financeiro exclusivamente. Não havia a ideia de que o colaborador gostasse da sua atividade profissional. Condições ambientais de trabalho Taylor, em seus estudos, percebeu que não bastava somente condições humanas no ambiente de trabalho. Havia necessidade de organização para aumento de eficiência tais como: equipamentos, localização das máquinas, iluminação, ventilação, entre outros, referentes a estrutura física de uma organização. Padronização de métodos de trabalho e ferramentas Taylor buscou unificar tarefas, padronizar máquinas, ferramentas, matérias-primas entre outros itens necessários na produção. Supervisão funcional Para Taylor as tarefas deveriam ser supervisionadas nas mais diversas áreas por pessoas especializadas naquela tarefa. Assim como cada trabalhador deveria realizar pequenas etapas de um processo, deveria haver supervisão para cada uma delas. Fonte: Chiavenato (2002). Para muitos pesquisadores, Taylor foi um visionário em sua época. Foi inegável sua preocupação com a prosperidade tanto do patrão quanto dos trabalhadores. 11 Porém, como qualquer filosofia, a sua aplicabilidade foi relacionada aos problemas organizacionais da época, que se direcionavam a técnicas de execução dos processos. Ele não levou em consideração o bem-estar dos colaboradores a longo prazo. No entanto, como uma ciência, foi analisada, avaliada e criticada, oportunizando novos pensamentos e ideias a respeito dos problemas organizacionais que foram surgindo posteriormente. De forma geral, os esforços centravam-se na tarefa, no sentido de mensurar os tempos e movimentos de cada etapa do processo, a eficiência e a eficácia nos resultados (CHIAVENATO, 2002), bem como a distribuição das atividades em cargos que pudessem estar sob supervisão constante em uma estrutura organizacional, dando origem à Teoria Clássica. 1.3 TEORIA CLÁSSICA Os estudos de Jules Henri Fayol (1841-1925) foram desenvolvidos na Europa, dando origem à Teoria Clássica. Uma característica dessa teoria é a ênfase na estrutura organizacional, sendo um importante auxílio aos administradores na distribuição das atividades em cargos e funções. Figura 2: Jules Henri Fayol Fonte: https://bit.ly/3vX6qXa. Acesso em: 22 nov. 2021. Fayol desenvolveu os seus estudos sobre o método científico aplicado à administração de empresas ao longo de sua vida. Ao comparar os estudos de Fayol com os de Taylor, é possível percebermos que Fayol desenvolveu seus estudos de https://bit.ly/3vX6qXa 12 forma contrária à daquele estudioso. Os estudos de Taylor, por um lado, se iniciam a partir da visão fragmentada da tarefa, enquanto Fayol progrediu a sua compreensão sobre a estrutura organizacional, do topo da pirâmide até a sua base durante as suas pesquisas. Como havia um grande número de trabalhadores especialistas na execução de tarefas nas indústrias, reflexo do Taylorismo, os pesquisadores desenvolvem os estudos sobre a racionalidade limitada, ou seja, cada trabalhador possui conhecimentos e responsabilidades específicas de sua função, sob o monitoramento de seu supervisor direto (CHIAVENATO, 2002). De modo específico, Fayol sugere que a Administração precisa ser desenvolvida como uma função à parte nas organizações e identifica uma lista de seis funções principais da gestão. Você quer saber quais são essas seis funções? Acompanhe: Técnicas: relacionadas à manufatura e produção de bens; Comerciais: relacionadas com as transações de compra, venda e troca; Financeiras: direcionadas à busca pelo bom uso do capital; De segurança: relacionadas à proteção das pessoas e dos bens materiais; Contábeis: vinculadas ao controle e registro das despesas da organização; Administrativas: relacionadas à previsão, comando, controle, organização e coordenação. É importante destacar que a sexta função (administrativa), segundo Fayol, funciona como uma espécie de agrupamento das demais funções. Dessa forma, ela se propõe a integrar todas as operações da organização, a partir da coordenação e sincronização das cinco funções anteriores (SILVA, 2013). Fayol argumentava que esta função é a mais relevante de todas, sendo alvo de concentração de poder e comando de decisão. Neste sentido, Fayol defende a constituição da estrutura organizacional, a qual promove a organização das tarefas executadas em cargos e estes, em áreas, e estas são distribuídas no organograma de acordo com as responsabilidades sobre a gestão da empresa. 13 Mas você deve estar se perguntando: como Fayol chegou a pensar no organograma e na estrutura organizacional? Pois bem, na Teoria Clássica, a função administrativa era a mais importante de todas as possíveis funções exercidas por uma organização. Fayol definiu cada um dos seus componentes, conforme detalha Maximiano (2012): planejamento: relacionado à previsão. Tinha como propósito examinar o futuro e desenvolver um plano de ação de médio e longo prazo; organização: relacionado ao desenvolvimento de uma estrutura humana e material responsável pela realização do empreendimento (objetivo: fim do negócio); comando: relacionado ao propósito de manter os trabalhadores em atividade em toda a organização; coordenação: relacionado ao propósito de reunir, sintetizar e harmonizar tarefas,esforços e funções ao alcance das atividades fins; e, controle: vigiar para que se realizem as atividades de acordo com o planejado e as ordens. Assim, os estudos de planejamento, direção, execução e controle são ampliados, qualificados e organizados em processos, com a necessidade de supervisão constante e, por isso, a necessidade da estrutura organizacional (MAXIMIANO, 2012). A partir dessa estrutura, a organização pode definir os cargos e as responsabilidades de cada trabalhador a parte do seu grau de responsabilidades e de autoridade dentro da estrutura pensada em departamentos (ou as áreas funcionais, como hoje é muito utilizado). A estrutura é organizada de forma vertical, a partir da autoridade e responsabilidade de cada área e seus profissionais com seus cargos, bem como de forma horizontal, de acordo com as especificidades da área funcional (finanças, produção etc.). Por isso, muito usualmente, entendemos a estrutura organizacional em forma de pirâmide, em cujo topo está a alta direção, no centro as áreas táticas de gestão e, na base, a operação das tarefas. 14 Além disso, Fayol propõe 14 princípios a serem aplicados na Administração das Empresas, no sentido de poder ampliar os resultados gerados e a produtividade. Quadro 2: Princípios da Teoria Clássica Princípio Definição Divisão do Trabalho Especialização dos colaboradores e gerentes para aumentar a eficiência. Implica na separação dos poderes. Autoridade e Responsabilidade A autoridade pode ser estatutária, inerente à função e/ou pessoal, derivada da inteligência, do saber e da experiência do chefe. A autoridade implica em responsabilidade, devendo haver sanção (recompensa ou penalidade) no exercício do poder. Disciplina Respeito às convenções estabelecidas entre a organização e seus empregados (convenções devem ser claras e equitativas para que as sanções sejam aplicadas). Unidade de Comando O empregado deve receber ordens de apenas um superior. Princípio da autoridade única. Unidade de Direção Deve haver um só chefe e um só plano para um grupo de atividades que tenha o mesmo objetivo. Interesse Geral Subordinação dos interesses individuais aos interesses gerais. Remuneração do Pessoal A remuneração deve ser justa e garantir a satisfação para os empregados e empregador. Centralização Concentração da autoridade. Nos pequenos negócios, em que as ordens do chefe vão diretamente aos agentes inferiores, a centralização é absoluta; nas grandes empresas o chefe está separado dos empregados subalternos por longa hierarquia havendo intermediários obrigatórios. Hierarquia ou Cadeia Escalar Linha de autoridade do escalão superior ao inferior. As comunicações dão-se através de uma via hierárquica. Ordem Material: há um lugar para cada coisa e cada coisa deve estar em seu lugar. E ordem social: há um lugar para cada pessoa e cada pessoa deve estar em seu lugar. Equidade Justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessário. Estabilidade e Duração do Pessoal A rotatividade tem um impacto negativo sobre a eficiência da organização (empresa). Iniciativa Capacidade de montar um plano e assegurar seu sucesso. União do Pessoal ou Espírito de Equipe O bom relacionamento entre as pessoas fortalece a organização. Entretanto, é indispensável observar a unidade de comando. Fonte: Chiavenato (2002, p. 108-109) Para Fayol, os princípios orientam a atuação dos administradores e contribuem para o alcance dos objetivos do negócio. Agora, se você observar bem, os princípios ainda são utilizados nas empresas, em maior ou menor grau, dependendo do perfil e do contexto da organização, não é mesmo? Como Fayol foi um precursor dos estudos de Taylor, podemos considerar que também Fayol traz em seus estudos uma abordagem prescritiva e normativa (as empresas são tratadas de forma igualitária). Ele considerava a função administrativa como uma ciência que se baseia em leis ou princípios globalmente aplicáveis a todas 15 as organizações de forma semelhante. Como principais críticas recebidas pelos estudiosos que analisaram seus estudos, destacam-se: a empresa como um sistema fechado; obsessão pelo comando; manipulação dos trabalhadores; a inexistência de fundamentação científica; abordagem apenas da organização formal; e visão mecanicista do trabalho (CHIAVENATO, 2002). A seguir, vamos tratar de outra teoria, o Fordismo, que teve uma grande contribuição aos estudos da administração em todo o mundo. 1.4 FORDISMO O fordismo é um sistema de organização do trabalho que se configura como uma evolução do Taylorismo. No Fordismo, a mecanização da produção e o preparo da gerência, característicos do sistema anterior, foram mantidos, mas foi incrementada uma nova tecnologia para acelerar a produção: a esteira rolante. Em 1914, Henry Ford, fundador da indústria Ford de veículos automotivos, criou o termo fordismo para descrever o modelo de produção capitalista empregado na sua empresa, caracterizado pelo conjunto de mudanças no processo de trabalho e pela introdução da primeira linha de montagem, revolucionando a indústria automobilística e constituindo o mercado de consumo em massa para os automóveis. Figura 3: Henry Ford Fonte: https://bit.ly/3hYW3du. Acesso em: 22 nov. 2021 Uma curiosidade: Ford nomeou os primeiros modelos de seus veículos em ordem alfabética, de A a S. O modelo de maior sucesso ficaria conhecido como https://bit.ly/3hYW3du 16 “Ford T”. No início da trajetória da Ford, cada carro era produzido por equipes que, trabalhando em conjunto, levavam mais de 12 horas para concluir cada unidade. Ford tinha em sua concepção que desenvolver um único modelo de automóvel, com a mesma cor, tamanho, qualidade e capacidade de motor, aumentaria a sua rotina produtiva, a distribuição das tarefas, o fluxo produtivo, a simplicidade e o custo produtivos. Para Andrade e Amboni (2018, p. 61), três eram as premissas básicas desta metodologia de Ford: “o processo de produção deveria ser planejado, ordenado e contínuo; os trabalhadores deveriam receber o trabalho a ser feito; e os fluxos de operações deveriam ser avaliados de forma contínua, para evitar desperdícios e incrementar os níveis de eficiência”. Ou seja, os princípios de Ford eram a intensificação da produção; economicidade e produtividade em linha de montagem. O sistema americano conhecido como fordismo demonstrou a sua eficiência na condição de forma de extração de mais-valia, à medida que, a partir das suas relações de produção e das novas formas de organização do processo produtivo, foram concebidos e veiculados novos modos de vida, de comportamento, de valores ideológicos, na forma de buscar um consenso por meio da veiculação de uma nova concepção de mundo, de interesse do capital. Para que o operário fosse “fordizado”, foi preciso aliar ao plano científico do processo produtivo os novos mecanismos de adaptação ideológica “na” e “da” vida privada. Portanto, o sistema capitalista se consolidou de maneira global, reproduzindo as relações de dominação e exploração que separavam o capital do trabalho. Esse modelo de fabricação se embasa na produção industrial em massa no sentido de se obter maior produtividade sobre o trabalho desenvolvido pelos operários nas indústrias. As tarefas eram fragmentadas e realizadas por etapas no processo produtivo de automóveis, potencializando a padronização da produção. https://bit.ly/3pRibL2 17 Como um dos pontos fortes do Fordismo, podemos citar a inclusão das esteiras rolantes, as quais acarretavam a minimização dos custos e o aumento da produtividade; assim, os preços diminuíam. Porém, esse método acabava por desqualificar os funcionários. Por outro lado,no Fordismo, a jornada de trabalho foi limitada a 8 horas diárias, bem como o pagamento justo e melhor de salários aos operários. São características de produção no fordismo: a padronização dos produtos; a produção em grande escala; o uso de linhas de montagem; e a divisão do trabalho em pequenas tarefas. Assim, se observa as grandes contribuições de Ford à gestão da produção, oportunizando maior controle e produtividade às indústrias até os dias de hoje. 18 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE ADMINISTRAÇÃO 2015) Uma organização é um sistema de recursos que procura alcançar objetivos. Cada pessoa e cada grupo de pessoas têm atribuições específicas que contribuem para isso. As funções organizacionais são as tarefas especializadas que as pessoas e os grupos executam para que a organização atinja seus objetivos. O princípio que permite superar as limitações individuais por meio da especialização é denominado: a) formalização. b) hierarquização. c) divisão do trabalho. d) amplitude de controle. e) processos de transformação. 2. (ENADE TEC. GESTÃO PÚBLICA 2015) Apesar de afirmações teóricas de que a mudança é reconhecida como um processo emergente, substantivo, fluido e dinâmico, assentado nas pessoas, é fato também que os membros das organizações insistem em levá-la à prática segundo parâmetros de pensamento mecaniscistas, ou seja, de inspiração, de inspiração taylorista. Os modelos mantais que permeiam a gestão pública são um dos responsáveis por esse fenômeno. BERGUES, S. T. Gestão estratégica de pessoas no setor público. São Paulo: Atlas, 2014 (adaptado). No contexto apresentado, o pensamento mecanicista: I. baseia-se na estrutura organizacional. II. permite flexibilidade no processo de mudança. III. compreende a mudança como um processo linear. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. 19 d) I e III, apenas. e) I, II e III. 3. (CEBRASPE 2021): Há um conceito, proposto pela administração científica, que aumenta a eficiência e contribui para diminuir custos de produção. Nesse contexto, cada departamento ou posto de trabalho executa as mesmas tarefas, de forma repetitiva, e, assim, o trabalhador se torna especialista na execução de suas atividades, com mais rapidez e maior produtividade. Para as organizações formais modernas, essas são características referentes ao conceito de: a) divisão do trabalho. b) hierarquia. c) distribuição da autoridade e da responsabilidade. d) racionalismo. e) especialização. 4. (ADMINISTRAÇÃO 2017) Frederick Taylor consolidou conceitos como a organização racional do trabalho, a divisão das tarefas e a especialização do trabalho, entre muitos outros que delinearam as estratégias produtivas utilizadas na época e que perduram até hoje. Acerca do conceito de divisão do trabalho, é correto afirmar que: I. Taylor estudou cada tarefa realizada no chão de fábrica e propôs a divisão delas. II. depois de divididas, cada operário faria uma parte do processo. III. esse operário teria domínio sobre toda a operação e o processo como um conjunto. IV. as tarefas da divisão do trabalho são colocadas em linha, resultando no material, ao final. Avaliando as assertivas, é possível AFIRMAR que: a) as afirmativas III e IV estão incorretas. b) a afirmativas II e III estão corretas. c) somente a afirmativa IV está incorreta. 20 d) as afirmativas I e III estão corretas. e) somente a afirmativa III está incorreta. 5. (SUGEP 2019) Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz. A teoria administrativa que trata da Administração Científica tem como principal enfoque a racionalização do trabalho no nível operacional. Essa teoria tem como ênfase: a) as pessoas. b) as estruturas. c) as tarefas. d) o ambiente. e) a competitividade. 6. (CESGRANRIO 2019) Um funcionário do curso de Administração de uma universidade comentou que o chefe de seu departamento conseguiu melhorar a produtividade do trabalho dos funcionários, utilizando técnicas de estudo de tempos e movimentos em que as tarefas foram divididas em seus movimentos básicos, e os diferentes gestos foram cronometrados para se determinar o modo mais eficiente de se completar cada uma delas. Com base nessa descrição, constata-se que a gestão desse chefe foi embasada na abordagem: a) comportamental. b) contingencial. c) burocrática. d) da Administração Científica. e) da Administração Quantitativa. 7. (FGV – 2019) Administração Científica constituiu uma escola pioneira do pensamento administrativo, cujo principal expoente é Frederick Taylor. Um dos principais focos de atenção de Taylor foi a organização racional do trabalho, com 21 vistas à eliminação do desperdício, da ociosidade e à redução dos custos de produção. Dentre as principais contribuições da Administração Científica, encontra-se: a) Proposição das funções administrativas: planejamento, organização, direção e controle. b) Formulação dos princípios gerais de organização. c) Introdução dos estudos sobre liderança, associada à supervisão. d) Introdução das primeiras normas de segurança do trabalho. e) Introdução da remuneração associada à produtividade do trabalhador frente a padrão de desempenho. 8. (CESPE (2019) A teoria da administração científica, formulada por Frederick W. Taylor e outros, entre 1890 e 1930, buscava determinar cientificamente os melhores métodos de se realizar qualquer tarefa e para selecionar, treinar e motivar os empregados das organizações. Acerca dessa teoria, assinale a opção correta. a) Taylor desenvolveu um plano de três posições em que um empregado poderia, ao mesmo tempo, fazer suas tarefas atuais, preparar-se para um trabalho imediatamente superior e treinar seu sucessor. b) Um dos princípios no qual Taylor fundamentou sua teoria consiste na ideia de que a seleção de empregados deveria se dar com base em métodos científicos para que uma tarefa a ser realizada ficasse a cargo de alguém mais bem habilitado. c) Visando acompanhar o progresso de cada empregado, planejar e rever formalmente os custos e o andamento da produção, Taylor criou um sistema de gráficos para a programação da produção. d) Taylor investigou e sistematizou o comportamento do administrador em funções organizacionais e na organização como um todo. e) Taylor estabeleceu sua doutrina de administração com ênfase na visão do ser humano racional e social, motivado pelos ganhos financeiros e pelas relações sociais estabelecidas no ambiente de trabalho. 22 ABORDAGEM HUMANÍSTICA 2.1 TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Os estudos que centram o comportamento e o desempenho dos trabalhadores nas empresas ganham notoriedade a partir de 1930, com a Experiência de Hawthorne, na cidade Chicago, EUA. Elton Mayo (1880–1949) foi o pesquisador que aplicou quatro fases no processo produtivo da Fábrica da Western Electric Company. Figura 4: Elton Mayo Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3KEqiCv. Acesso em: 24 nov. 2021 Para que você possa entender, Mayo queria testar o comportamento dos trabalhadores e os efeitos de produtividade por meio de incitações geradas no espaço e no processo de trabalho. Foram selecionados dois grupos, um grupo experimental, que recebeu alterações na rotina e no ambiente de trabalho (iluminação, ventilação, tempo de descanso entre turnos etc.) e um grupo controle, que mantinha a sua rotina de trabalho (CHIAVENATO, 2002). O experimento ocorreu no período de 1927 a 1933, na primeira fase, e durou até1947, na segunda fase. Acompanhe cada uma das fases: UNIDADE 02 https://bit.ly/3KEqiCv 23 Quadro 3: Fases da Experiência de Hawthorne Fases Características 1ªFase Foram estudados dois grupos de trabalho que, operando em condições idênticas, tiveram sua produção constantemente avaliada. Um grupo teve suas condições ambientais mantidas e outro teve sua iluminação intensificada. Nesta fase não foram identificadas variações significativas de produção. 2ª Fase Foram selecionadas e convidadas seis moças de nível médio, constituindo-se o grupo experimental. Das garotas, cinco delas montavam relés e a sexta apenas fornecia as peças necessárias. O grupo de controle era constituído pelo restante do departamento. Após diversas variações nas condições de trabalho, obtiveram resultados crescentes de produtividade. 3ª Fase Programa de entrevistas buscando mais conhecimentos sobre as atitudes e sentimentos do trabalhador (foram entrevistados 21.126 operários). Descobriu-se a existência da organização informal (grupos informais). 4ª Fase Separação de um pequeno grupo experimental para avaliação de sua interferência no comportamento do grupo maior. Percebeu-se claramente o sistema de recompensa e punição dos grupos informais. Fonte: Chiavenato (2002). O estudo é considerado a origem da Escola das Relações Humanas. Isso se justifica pela geração do resultado ter demonstrado que entre os fatores mais importantes no desempenho individual de uma pessoa em seu ambiente de trabalho, estão as relações pessoais com os colegas e os administradores. Relacionando esse estudo com os conceitos predominantes da teoria da Escola Clássica, que não admitia relacionamentos informais, podemos imaginar o impacto do resultado da pesquisa: a introdução de um novo conceito à teoria da administração, que inseriu as relações informais, e sua influência nos objetivos organizacionais formais. A partir da experiência realizada por Mayo, houve algumas conclusões, que são: 1. Integração Social: as pessoas geram mais resultado quando se percebem como grupo e desenvolvem relações sociais entre si. 2. Trabalho em Grupo: as pessoas desenvolvem comportamentos apoiados no grupo de trabalho. 3. Grupos Informais: as pessoas se associam em grupos informais, não somente na equipe formal de trabalho. 4. Relações Humanas: são as práticas desenvolvidas por meio dos contatos sociais entre pessoas e grupos. 24 5. O conteúdo do cargo afeta a moral do trabalhador: trocas de cargos e funções aumentam a moral dos trabalhadores, evitando a monotonia da especialização em um cargo. 6. Ênfase nos aspectos emocionais: os comportamentos emocionais das pessoas merecem atenção nas organizações. De modo geral, Mayo passaria a concluir que os trabalhadores eram mais impactados pelos fatores sociais do que pelos fatores físicos do ambiente, e que o aumento na performance dos trabalhadores estava relacionado a um conjunto de variáveis complexas. Mayo também havia notado que os trabalhadores selecionados para o estudo haviam desenvolvido um senso de orgulho e de pertencimento que geraram maior produtividade, além de expressarem maior engajamento no desenvolvimento de suas funções. Além disso, os colaboradores que haviam recebido maior atenção e algum grau de autonomia por parte de seus supervisores também apresentaram níveis ainda maiores de participação e, consequentemente, de produtividade. O grupo de pesquisadores chamou esse aumento da motivação e da produtividade de “Efeito Hawthorne”. Além disso, a Escola das Relações Humanas também é hoje conhecida pelo entendimento do indivíduo enquanto homem social. A partir dos resultados da pesquisa de Mayo, a Teoria das Relações Humanas 25 oportunizou que o ambiente de trabalho começasse também a ser estruturado de forma mais adequada, para que o convívio entre os trabalhadores e a prática do trabalho desempenhado pudessem ter resultados mais positivos, aumentando a competitividade e lucratividade. Portanto, esta é a maior contribuição dessa escola para os estudos em gestão de pessoas: a valorização do ser humano nas instituições, levando em consideração que as pessoas é que movimentam as empresas e que há a necessidade de compreender os fatores psicológicos e sociais que circulam entre elas. É interessante destacar que esses resultados propiciaram políticas de gestão de pessoas nas empresas, levando em consideração a valorização dos profissionais, o comportamento humano, a motivação, a liderança, o grupo de trabalho, as relações humanas e a comunicação. 2.2 TEORIA DA MOTIVAÇÃO DE MASLOW Em se tratando de motivação, o que te motiva a estudar, trabalhar ou, simplesmente viver? Pois bem, essas indagações também foram feitas por diversos pesquisadores, no sentido de compreender o comportamento humano e suas motivações. Para começar, vamos entender o que é a motivação. Segundo Maximiliano (2012, p. 190), “a palavra motivação deriva do latim motivus, movere, que significa mover”. Seguindo o pensamento do autor, em seu sentido original, esta palavra indica um processo no qual o comportamento humano é “estimulado, incentivado ou energizado por alguma razão ou motivo e também por um estado de disposição, interesse ou desejo de perseguir, realizar uma tarefa ou uma meta” (MAXIMIANO, 2012, p. 191). Assim, você pode entender que uma pessoa que está motivada apresenta positividade na realização de suas obrigações. 26 Agora, em se tratando dos estudos realizados sobre a motivação, conforme Gil (2010), no ano de 1954, o psicólogo Abraham Maslow desenvolveu a Teoria das Necessidades, também reconhecida como a Teoria da Motivação de Maslow. Seu estudo sobre as necessidades humanas as relacionou a diferentes níveis de motivação. Maslow concluiu que há, de fato, uma hierarquia de necessidades humanas, ou seja, algumas seriam mais importantes do que outras. A partir da observação da sequência hierárquica das necessidades humanas, os administradores passaram a compreender melhor como as pessoas “funcionam” e, assim, buscaram formas de preencher essas necessidades com o intuito de melhorar os níveis de desempenho delas (MAXIMIANO, 2012; OLIVEIRA, 2009). Para você entender, Maslow constata em sua pesquisa que as necessidades humanas apresentam diferentes níveis de força e, nesse sentido, se estabeleceu uma hierarquia de necessidades, as quais são divididas em cinco grupos: Primeiro nível: necessidades fisiológicas. São aquelas básicas para a manutenção da vida. Isso inclui fome, sede, comer, descansar, ter o que vestir, onde morar. Segundo nível: necessidade de segurança. Se refere à preocupação para com o futuro, estar livre de perigos e das necessidades básicas, estabilidade no emprego e nos relacionamentos. Terceiro nível: necessidade social. Inclui “afeição, aceitação, amizade e sensação de pertencer a um grupo, relações humanas harmônicas como família, relações amorosas” (PEREIRA, 2012, p, 11). Quarto nível: necessidade de estima. Está ligada ao reconhecimento de nossas capacidades, assim como ao reconhecimento delas por outrem. Está vinculada à necessidade do ser humano de ser respeitado, admirado, gerando nele uma sensação de dignidade. Quinto nível: necessidade de autorrealização. Refere-se à “intenção de tornar- se tudo aquilo que se é capaz de ser; inclui crescimento, alcance do seu próprio potencial e autodesenvolvimento superação de desafios, independência e realização de sonhos e autocontrole” (PEREIRA, 2012, p. 11). Os níveis são representados por meio de uma pirâmide, conforme ilustra a figura 5, cuja interpretação se inicia por meio da base da pirâmide (primeiro nível) até o topo dela (quinto nível).27 Figura 5: Pirâmide das Necessidades Básicas Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3J6ebhg Acesso em: 24 nov. 2021 A pirâmide de Maslow é desmembrada em 2 patamares: as necessidades de nível inferior, compostas pelas necessidades fisiológicas e de segurança, as quais são satisfeitas externamente; e as necessidades de nível superior, que são satisfeitas internamente, como as sociais, de estima e de autorrealização (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Para Maslow, segundo Chiavenato (2002, p. 185), “quando uma necessidade é relativamente satisfeita, a próxima necessidade mais elevada torna-se dominante no comportamento da pessoa”. As necessidades mais elevadas somente interferem no comportamento quando as necessidades mais baixas estão relativamente satisfeitas. Assim, o que você deve fazer primeiro para motivar uma pessoa é saber em qual nível da hierarquia ela está para, assim, conseguir satisfazer aquela necessidade específica. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010), a Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow, apesar de não ter sido totalmente finalizada, crê que um nível da pirâmide totalmente satisfeito não motiva mais, pois, no momento em que uma é atendida, a seguinte torna-se superior. Ou seja, entende-se que, para motivar alguém, é preciso saber em qual nível a pessoa se encontra na pirâmide para analisar a satisfação que está naquele nível para conseguir atingir sua necessidade subsequente. https://bit.ly/3J6ebhg 28 Spector (2012) relata que esta teoria tem desfrutado de um resultado positivo nas organizações, pois permanece sendo utilizada na preparação dos futuros gerentes, ressaltando a importância de motivar e satisfazer as necessidades dos colaboradores no ambiente de trabalho. 2.3 TEORIA COMPORTAMENTAL DE HERZBERG O comportamento dos indivíduos pode ser interpretado pela situação em que cada um está, no que se refere à satisfação, motivação, emoções, entre outras. Assim, Frederick Herzberg, psicólogo americano, desenvolveu a Teoria dos Dois Fatores. Nesta teoria, Herzberg buscou explicar o comportamento humano no ambiente de trabalho. Para iniciarmos, podemos entender que há diferentes possibilidades quando se busca compreender a ligação de uma pessoa com o seu trabalho, ou até você mesmo, pois há momentos em que uma pessoa pode estar extremamente satisfeita e, em outros, conduzida à insatisfação. Conforme Robbins, Judge e Sobral (2010), a Teoria dos Dois Fatores é a que define os fatores intrínsecos que estão relacionados à satisfação no trabalho (como a responsabilidade, a realização e o progresso do indivíduo) à medida em que os fatores extrínsecos estão ligados à insatisfação (como a política da empresa, condições de trabalho, remuneração, entre outros). Observe a figura 6 sobre os estudos da teoria de Herzberg. https://bit.ly/3CxuxgF 29 Figura 6: Teoria dos Dois Fatores Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3KAgv0y. Acesso em: 23 nov. 2021 Complementando, Spector (2012) orienta que a Teoria dos Dois Fatores está relacionada à motivação da natureza do trabalho em si, e não de recompensas ou de condições de trabalho. Nesta teoria, as necessidades humanas são divididas em duas categorias: os fatores higiênicos (ou extrínsecos) e os fatores motivacionais (ou intrínsecos). Os fatores higiênicos (ou extrínsecos) estão relacionados à natureza animal dos seres humanos, como habilidade, nível elevado, necessidades físicas e crescimento psicológico, no qual incluem: salário, supervisão, políticas organizacionais e companheiros de trabalho. Na prática, continuam os fatores tradicionalmente utilizados pelas organizações para obter motivação das pessoas, porém, eles são limitados à capacidade de influenciá-las. A expressão higiene: serve para refletir teu caráter preventivo e para mostrar que quando são excelentes, esses fatores apenas evitam a insatisfação, uma vez que sua influência sobre o comportamento não consegue elevar substancial e duradouramente a satisfação das pessoas (MAXIMIANO, 2012, p. 138). Esta categoria impede a insatisfação, mas não influencia no desenvolvimento do indivíduo. https://bit.ly/3KAgv0y 30 Já os fatores motivacionais (ou intrínsecos) estão ligados com o trabalho em si, tais como a realização, reconhecimento, responsabilidades e crescimento do indivíduo, entre outros; produzem efeito duradouro de satisfação e de aumento de produtividade. Mas, quando estes fatores são atingidos, são diretamente levados à satisfação (SPECTOR, 2012). Com base nessas informações, percebe-se que a motivação está relacionada ao modo como se configura a política da empresa, desde o momento que o funcionário é contratado, sua trajetória, oportunidades de crescimento profissional, coleguismo, benefícios, reconhecimento e responsabilidades que o indivíduo vai desenvolver ao longo do processo, contribuindo para o elevado índice de satisfação. Dessa forma, podemos sugerir que, primeiramente, o trabalhador se preocuparia com a questão de sua remuneração (até para que satisfaça as suas necessidades fisiológicas básicas, como, por exemplo, se alimentar) e, apenas depois disso, poderia passar a se preocupar com um ambiente de trabalho seguro, confortável e no qual as ações da chefia sejam relativamente previsíveis. O mesmo aconteceria, portanto, com todas as demais camadas de necessidades e seus respectivos exemplos. Agora, você precisa saber que Frederick Herzberg afirmava que satisfação e desempenho elevados no cargo estão ligados ao atendimento das necessidades motivacionais do funcionário. A insatisfação e a satisfação não são extremidades de um contínuo, são conceitos diferentes. A insatisfação é provocada pelo atendimento insuficiente dos fatores higiênicos, que se manifestam no ambiente de trabalho e abrangem a qualidade da coordenação, as relações interpessoais, o ambiente físico e as condições de trabalho, as políticas e a gestão da organização, os benefícios e a segurança na função. Quando os fatores higiênicos estão atendidos, as pessoas não apresentam elevado grau de insatisfação. Ao contrário, a insatisfação das pessoas é esperada se esses fatores não forem atendidos (KINICKI; KREITNER, 2006). 31 Para te ajudar a entender as diferenças entre as teorias de Maslow e de Herzberg, conforme Chiavenato (2002), as teorias de Maslow e de Herzberg apresentam pontos comuns. Os fatores higiênicos de Herzberg podem ser relacionados às necessidades primárias de Maslow. Por sua vez, os fatores motivacionais de Herzberg podem ser relacionados às necessidades secundárias de Maslow. Portanto, podemos verificar que A Teoria de Herzberg, em certa medida, complementa os estudos de Maslow, uma vez que quanto mais o indivíduo ascende na hierarquia das necessidades, maior é a relevância dos fatores motivacionais. Da mesma forma, quanto mais se desce na hierarquia de Maslow, mais importantes se tornam os fatores higiênicos de Herzberg (MAXIMIANO, 2012). https://bit.ly/3MBbiqW 32 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE TEC. DA QUALIDADE 2018) Com a globalização e o consequente aumento da competitividade empresarial, as organizações buscam a qualidade e a melhoria contínua de seus processos, de forma a atender às expectativas dos clientes e às exigências do mercado, assim como alcançar os objetivos organizacionais. Para tanto, é necessário que se reconheça a importância da gestão de pessoas, que deve contribuir com a melhoria contínua das condições e do ambiente de trabalho, que envolvem aspectos sociais e culturais, com vistas a elevar a qualidade de vida no trabalho e o nível de satisfação do trabalhador. Considerando o tema tratado no texto,avalie as afirmações a seguir. I. A motivação do trabalhador está associada, entre outros fatores, às características do trabalho, que são as demandas de suas tarefas no dia a dia. II. As características individuais dos trabalhadores, que envolvem atitudes, interesses, necessidades e expectativas, impactam a sua motivação. III. As políticas de pessoal, de recompensa, do clima organizacional bem como as atitudes da liderança determinam a motivação do trabalhador. É correto o que se afirma em: a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 2. (ENADE TEC. DA QUALIDADE 2018) Os líderes são os motivadores dos profissionais, e estes, motivados, propiciam a formação de equipes de trabalho de alta performance – a mais relevante entre todas as atividades de responsabilidade do líder. Os técnicos esportivos, por exemplo, procuram os melhores atletas, aqueles que apresentam condições físicas adequadas ao perfil do esporte que vão praticar e que tenham facilidade de integrar-se aos demais atletas, 33 principalmente se a modalidade for coletiva. TEIXEIRA, J. M. B.; RIBEIRO, M. T. F. Gestão de pessoas na administração pública: teorias e conceitos. 1. ed. Curitiba: Intersaberes, 2017 (adaptado). A partir das informações do texto apresentado, avalie as afirmações a seguir. I. A liderança é uma competência inata do indivíduo, ou seja, não é adquirida ao longo do exercício profissional. II. O feedback, essencial para uma boa atuação na gestão de pessoas, deve ser dado aos subordinados em público, de modo a desafiá-los a promoverem alterações positivas em seu comportamento. III. O exercício da liderança como forma de influenciar o comportamento de equipes de trabalho permite direcioná-las aos objetivos estabelecidos pela organização. IV. A motivação dos membros do grupo é um dos fatores que influenciam na produtividade da equipe. É correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) I e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) II, III e IV. 3. (ENADE TEC. GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS 2018) Os primeiros experimentos de Hawthorne, realizados entre 1924 e 1933, para analisar o clima interno das organizações, já apontavam que a simples atenção para com as condições de trabalho foi suficiente para gerar motivação e sentimentos positivos dos empregados em relação à organização. As pessoas são os elementos mais importantes, pois partem delas as iniciativas para as práticas sociais e são também criadoras dos objetivos e das inovações que almeja qualquer segmento que envolve atividade humana. BEGNAMI, M. L. V.; ZORZO, A. Clima organizacional: percepções e aplicabilidade. Revista Científica da FHO|Uniararas, v. 1, n. 2, 2013 (adaptado). 34 Nesse contexto, avalie as afirmações a seguir. I. O clima organizacional abre novas perspectivas para a gestão de pessoas, na medida em que se buscam argumentos e compreensão para o desempenho do trabalho humano, que está relacionado a outros aspectos relevantes do cotidiano, como liderança, satisfação, ética, motivação, desempenho e rotatividade. II. O conjunto das normas informais que orientam o comportamento dos membros de uma organização no dia a dia define o seu clima organizacional. III. O clima organizacional está ligado à autoestima e à satisfação, ou insatisfação, das necessidades dos colaboradores de uma organização. É correto o que se afirma em: a) II, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) I e III, apenas. e) I, II e III. 4. (ENADE TEC. DA QUALIDADE 2015) O gerente de projetos é o centro em torno do qual giram todas as atividades; o elo entre os stakeholders internos e externos, ou seja, das partes interessadas internas e externas ao projeto; o regulador e progresso, velocidade, qualidade e custo; o comunicador, motivador e negociador do projeto; o controlador de finanças e outros recursos. Os projetos não dispõem de tempo ilimitado, logo o gerente não pode ser desenvolvido no cargo. FONTE: KEELLING, R. Gestão de Projetos: uma abordagem global. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2008 (adaptado). A partir do texto acima e considerando a Teoria X e a Teoria Y de Douglas McGregor, assinale a alternativa CORRETA acerca do estilo de gestão que o gerente de projetos deve adotar, desconsideradas as características de personalidade. 35 a) Estilo controlador: sem alinhamento à Teoria X e à Teoria Y, mas justificado pelos trade-offs do projeto, ou seja, das decisões que compreendem o lado positivo e o negativo das escolhas que o gestor tem de fazer. b) Estilo participativo: alinhado à Teoria Y e aos pressupostos do conceito de homem social, da Teoria das Relações Humanas, e justificado pela necessidade de qualificação dos membros que compõem a equipe de projetos, o que permite o compartilhamento de autoridades e responsabilidades. c) Estilo consultivo: alinhado à Teoria Y, com restrições aos pressupostos do conceito de homem social, da Teoria das Relações Humanas, e justificado pelos conhecimentos e experiência do gestor. d) Estilo autoritário benevolente: alinhado à Teoria X, porém, mais condescendente e menos rígido, e aos pressupostos do conceito de Homo Economicus, da Teoria Clássica da Administração, justificado pela necessidade de se negociar com a equipe e as partes interessadas externas ao projeto. e) Estilo participativo: alinhado à Teoria Y e aos pressupostos do conceito de homem social, da Teoria das Relações Humanas, e justificado pela necessidade de qualificação dos membros que compõem a equipe de projetos, o que permite o compartilhamento de autoridades e responsabilidades. 5. (FCC 2018) Entre as teorias mais divulgadas acerca da motivação, insere-se a desenvolvida por Abraham Maslow, conhecida como hierarquia das necessidades humanas, a qual, em linhas gerais, sustenta que: a) O indivíduo somente vai se sentir estimulado a buscar a satisfação de necessidades mais elevadas, como de autorrealização, se outras básicas, como de subsistência, já estiverem satisfeitas. b) O homem médio não gosta do trabalho e precisa ser forçado ao seu desempenho, havendo, contudo, uma hierarquia natural entre indivíduos que respondem mais prontamente a estímulos motivacionais. c) A maioria das pessoas tem uma motivação intrínseca para o trabalho, sendo desnecessário o estabelecimento de recompensas, porém, é imprescindível o atendimento de necessidades básicas. d) O que motiva o indivíduo para a realização de uma tarefa é a correlação entre o resultado obtido e o esforço empregado (valência), devendo as tarefas ser 36 hierarquizadas em função dessa relação. e) O reforço positivo é mais efetivo para a fixação de uma motivação permanente, porém, o reforço negativo é necessário para induzir determinados grupos mais refratários. 6. (FCC 2018) De acordo com a Teoria Bifatorial, desenvolvida por Herzberg para buscar explicar os elementos que envolvem a satisfação no trabalho, os denominados fatores higiênicos: a) estão relacionados à insatisfação no trabalho, sendo administrados pela empresa e extrínsecos à motivação do funcionário. b) são intrínsecos à satisfação dos indivíduos em geral, induzindo o processo de motivação no trabalho. c) não repercutem na satisfação ou insatisfação do indivíduo, sendo neutros do ponto de vista da motivação. d) são fatores indutores do processo motivacional, correspondendo às recompensas diretas por comportamentos ou ações desejadas. e) representam forças antagônicas à motivação, devendo ser neutralizados pelo reforço positivo e evitados mediante punição. 7. (FCC – 2019) Considere que o novo dirigente de uma entidade integrante da Administração indireta do Município tenha estabelecidocomo principal foco de sua atuação fomentar a motivação dos servidores no ambiente de trabalho. Como embasamento teórico, o referido dirigente valeu-se dos preceitos da Teoria ERC (ou ERG, como é conhecida internacionalmente), desenvolvida por Clayton Alderfer, o que significa pressupor que: a) apenas o atendimento às necessidades mais básicas, ligadas à subsistência do indivíduo, constituem fonte para a motivação no trabalho. b) há uma hierarquia entre as necessidades dos indivíduos, cujo atendimento na ordem correta é pressuposto para gerar motivação. c) existem três necessidades essenciais a serem satisfeitas para a motivação dos indivíduos: existência; de relacionamento e de crescimento. d) o que gera a motivação genuína, capaz de assegurar o envolvimento e 37 comprometimento do indivíduo com os objetivos da entidade, é apenas o atendimento das necessidades de estima e apreciação social. e) O homem médio não gosta do trabalho e o evita, sendo que a motivação para a realização das tarefas advém exclusivamente de recompensas financeiras. 8. (UFG 2018) A hierarquia das necessidades de Maslow é usada em diversas áreas da administração como ferramenta para a compreensão do comportamento do trabalhador nas organizações. Conforme essa hierarquia, o desenvolvimento dos empregados, as boas condições de trabalho, os planos de aposentadoria, a poupança, a pensão etc. são exemplos da categoria: a) de necessidades de autorrealização. b) de necessidades de segurança. c) de necessidades fisiológicas. d) de necessidades sociais. e) de necessidades de estima. 38 ABORDAGEM ESTRUTURALISTA 3.1 TEORIA DA BUROCRACIA A palavra burocracia tem origem nos componentes linguísticos franceses: bureaucratie, bureau que significa escritório, e do grego krátos que significa poder. Portanto, a palavra burocracia dá a ideia do exercício do poder e da autoridade por meio dos espaços administrativos e das repartições públicas. De forma geral, a sociedade remete à interpretação de que a burocracia gera processos lentos de controle que impedem as soluções rápidas e dinâmicas. Esta é uma visão reducionista frente à complexidade dos processos da burocracia (MAXIMIANO, 2012). Para entendermos o surgimento da burocracia, vamos recordar que a Teoria Clássica demandava atividades processuais em uma estrutura organizacional, a qual exigia supervisão e controle. Isso repercutiu em uma maior burocracia, fortalecendo a Teoria da Burocracia. Ela mantinha como foco o controle dos processos e dos resultados (CHIAVENATO, 2002). Essa teoria surgiu em 1940, frente aos problemas que a Teoria Clássica e a das Relações Humanas enfrentavam diante de uma abordagem global de problemas organizacionais. Neste contexto, surgiu a necessidade de uma teoria que abarcasse toda a estrutura organizacional, suas variáveis, departamentos e pessoas, pois não era apenas para a fábrica, mas sim para todas as formas de organizações humanas e principalmente para as empresas. Com o crescimento do tamanho e a complexidade das empresas, era necessário um modelo organizacional mais adaptado para esta situação. Os principais autores deste modelo foram Max Weber, Robert K. Merton, Philip Selznick, Alvin W. Gouldner, Richard H. Hall e Nicos Mouzelis. UNIDADE 03 39 Figura 7: Max Weber Fonte: https://bit.ly/3J8c8tk. Acesso em: 24 nov. 2021 A partir dos estudos de Weber, surgiu a Sociologia da Burocracia, em que ele defende que um homem é remunerado para assumir um certo comportamento preestabelecido, explicado minuciosamente, e nunca permitir que as emoções interfiram no seu desempenho. O favorecimento dessa teoria se deu para Weber, segundo Chiavenato (2002, p. 420), pelos seguintes motivos: O desenvolvimento de uma economia monetária, a moeda assume o papel da remuneração para o funcionário, centralizando e fortalecendo, assim, a administração burocrática; O crescimento quantitativo e qualitativo do Estado Moderno; A superioridade técnica em termos de eficiência no tipo de administração burocrática. As práticas gerenciais nas indústrias demandaram maior ênfase na necessidade de ações burocráticas que permitissem a análise do trabalho, otimização de recursos, maximização de resultados e geração da produtividade (CHIAVENATO, 2002). Assim, a disciplina no ambiente de trabalho era requerida aos trabalhadores por meio de uma estrutura linear e centralizada de comando, no sentido de poder estabelecer a ordem e o cumprimento dos objetivos da empresa. A Teoria da Burocracia, defendida pelo sociológico alemão Max Weber (1864-1920), reforça as https://bit.ly/3J8c8tk 40 teorias da Administração Científica e da Teoria Clássica, já que havia o interesse de se ter uma racionalidade organizacional para o controle das responsabilidades no trabalho. As regras e o controle precisam ser definidos de acordo com a estrutura hierárquica da organização e a racionalidade nas atividades administrativas. Agora, para que você possa entender mais sobre o assunto, a burocracia é uma forma de organização baseada na racionalidade, isto é, “na adequação dos meios aos fins pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance dos objetivos” (CHIAVENATO, 2002, p. 422). Na burocracia, o detalhamento de tudo deve ser feito antecipadamente, para que o controle possa ser assertivo. Os trabalhadores deverão subordinar-se de acordo com as orientações, regras e normas da instituição para que esta atinja a máxima eficiência possível. Além disso, caracteriza-se por: Divisão do trabalho: funções específicas. Isso evita conflitos na atribuição de competências, todos têm o conhecimento exato dos seus deveres e nas suas obrigações quanto ao que deve ser feito e suas tarefas preestabelecidas; Hierarquia: sistema organizado em pirâmide permite melhor desempenho do sistema; Impessoalidade: os trabalhadores compõem o sistema e executam suas atividades, os quais podem ser substituídos por outras pessoas, uma vez que o sistema, como está estruturado, funcionará com uma ou outra pessoa, sem perder o fluxo dos processos; Meritocracia: a definição pela escolha de um trabalhador se dá pelo seu mérito, anulando as possibilidades de nepotismo; Separação entre propriedade e administração: os burocratas focam a administração dos meios de produção e não os possuem; e Profissionalização dos funcionários. Contudo, cabe ressaltar que a Teoria da Burocracia também preconiza que o 41 ambiente de trabalho deve ser profissional e impessoal. Nesse sentido, nas relações de trabalho, as amizades são fortemente desencorajadas. O ambiente impessoal caracterizado pela burocracia é projetado para promover a tomada de decisões que se baseia exclusivamente em fatos, em registros e no pensamento racional. Previne, assim, por exemplo, as influências políticas e os insights de pessoas externas à organização. 3.2 PODER, ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO Estudar o poder, suas implicações e formas de apresentação nas relações humanas e na sociedade é um desafio para todos nós. Muito se discute sobre quem detém e/ou exerce o poder, o comando sobre outra pessoa ou grupo de pessoas, portador da máxima de transformar as condições e a realidade, como também nas práticas de gestão, negociação e liderança. Você também pode pensar no poder existente nas instituições reguladoras e normatizadoras (como o caso dos governos, empresas detentoras de uma grande fatia de atuação no mercado, as religiões etc.), no âmbito das quais os sujeitos que pertencem a cada uma delas cumprem suas obrigações de acordo com o poder normativo exercido pelas instituiçõessobre eles e diversos tipos de estruturas organizacionais, de acordo com cada contexto (MAXIMIANO, 2012). Essa atuação é percebida, muitas vezes, nas dinâmicas políticas, estatais e autoritárias, que regem nas pessoas a manifestação das vontades e ordens impostas pelo seu líder, presidente, chefe de estado, líder religioso etc. Nesse sentido, Foucault (2002, p. 33) pondera que se estude o poder, de certo modo, “do lado de sua face externa, no ponto em que ele está em relação direta e imediata com o que se pode denominar, muito provisoriamente, seu objeto, seu alvo, seu campo de aplicação, no ponto, em outras palavras, em que ele se implanta e produz seus efeitos reais”. Para que possamos compreender o que é o poder, iniciamos pela teorização de que “não existe algo unitário e global chamado poder, mas unicamente formas díspares, heterogêneas, em constante transformação” (MACHADO, 2005, p. XI). De acordo com Michel Foucault, “o poder não é um objeto natural, uma coisa; é uma prática social e, como tal, constituída historicamente” (MACHADO, 2005, p. XI). O poder não é algo palpável, que se possa usar, como se utiliza e manipula um objeto. O poder está nas ações, nas relações entre os indivíduos na sociedade, 42 em grupos de pessoas, na negociação e tomada de decisão, em um espaço público ou privado. Assim, o indivíduo é “um efeito do poder e é, na mesma medida que é um efeito seu, seu intermediário: o poder transita pelo indivíduo que ele constituiu” (FOUCAULT, 2002, p. 35). Fácil de se entender, não é mesmo? Contudo, para ajudá-lo em seus estudos, atente-se para o fato de que o poder em uma organização: é a capacidade de afetar e controlar as ações e decisões das outras pessoas, mesmo quando elas possam resistir. Uma pessoa que ocupa uma alta posição em uma organização tem poder porque sua posição apresenta o que chamamos de poder de posição. Autoridade é o direito formal e legítimo de tomar decisões, dar ordens e alocar recursos para alcançar objetivos organizacionais desejados. A cadeia de comando reflete a hierarquia de autoridade que existe na organização (CHIAVENATO, 2002, p. 359). Do ponto de vista tradicional, a autoridade apresenta três características principais (CHIAVENATO, 2002, p. 359): Autoridade é decorrente de uma posição organizacional, e não de pessoas. Os administradores possuem autoridade em função da posição ocupada, e os que têm posição semelhante devem ter a mesma autoridade. Autoridade deve ser aceita pelos subordinados. Embora a autoridade flua do topo para a base da hierarquia, os subordinados a aceitam porque acreditam que os administradores têm o direito legítimo de dar ordens. A autoridade flui abaixo pela hierarquia vertical. As posições do topo da hierarquia são investidas com mais autoridade formal do que as posições abaixo delas. Todavia, a autoridade pode ser entendida como uma prática de liderança, não no sentido da força; mas, sim, no da legitimidade exercida pelos líderes aos liderados. O líder engaja seus liderados não somente pela sua ocupação de comando, mas também pelas suas competências e características pessoais. (MAXIMIANO, 2012). A responsabilidade faz parte do processo da autoridade, uma vez que ela é o dever de realizar a atividade pelo trabalhador, independente do 43 cargo que ele ocupa. Quando os gestores possuem responsabilidade pelos resultados gerados pelo seu trabalho, “mas pouca autoridade, o trabalho é possível, mas difícil, pois repousa na persuasão e sorte. Quando os administradores têm autoridade que excede a responsabilidade, eles se tornam tiranos, usando autoridade para resultados frívolos” (CHIAVENATO, 2002, p. 359). É importante lembrar que o poder está na interação entre as pessoas, bem como nas relações estabelecidas em uma estrutura organizacional. Assim, todas as empresas, sejam elas quais forem, demandam de uma estrutura que possibilite o desenvolvimento dos processos de trabalho. Uma espécie de coluna vertebral que integre as áreas, os sistemas, as pessoas e suas responsabilidades, no sentido de manter a integração das informações (MAXIMIANO, 2012). As empresas enfrentam alguns dilemas de como se organizar da melhor forma possível e, por isso, a necessidade de mudanças e adaptações para atender às oscilações do mercado. A partir do entendimento de que as empresas são organismos vivos, pois recebem recursos do ambiente e geram resultados ao ambiente (seja interno ou externo), as organizações nascem, crescem, se desenvolvem e podem, se não bem gerenciadas, morrerem (acarretando fechamento, falência etc.), por isso demandam cuidados e gerenciamento (CHIAVENATO, 2002). Cada qual à sua maneira, todas as organizações precisam estruturar-se e organizar-se internamente para funcionar adequadamente. Como a atividade organizacional é complexa e envolve uma diversidade de tarefas diferentes que precisam ser coordenadas e integradas, a estrutura assume uma importância fundamental. O sucesso da empresa vai depender de como ela desenvolve a sua 44 gestão e controla seus resultados. A organização (do grego, organon = ferramenta) significa “o arranjo e disposição dos recursos organizacionais para alcançar objetivos estratégicos” (CHIAVENATO, 2002, p. 367). Esse arranjo está na base da divisão do trabalho em áreas funcionais, como setores ou departamentos, os quais possuem seus cargos e as orientações das linhas de autoridade e coordenação das responsabilidades da área (líderes e liderados). A reorganização sempre se torna necessária para ajustar-se a essas mudanças. Reorganização significa a ação de alterar a estrutura organizacional para ajustá-la às novas condições ambientais. Muitas organizações estão se reestruturando continuamente para se tornarem mais ágeis, simples, eficientes e mais eficazes e competitivas em um ambiente global de forte e acirrada concorrência. A organização é uma importante função administrativa e deve servir como base fundamental para a estratégia organizacional. A estratégia define o que fazer, enquanto a organização define o como fazer. A estrutura organizacional é uma ferramenta para o administrador utilizar no sentido de harmonizar os recursos, de modo que tudo seja feita através da estratégia estabelecida (CHIAVENATO, 2002, p. 361). A organização é uma função administrativa distribuída entre todos os níveis organizacionais. Assim, quando falamos de organização, queremos dizer que o nível institucional estabelece o seu desenho organizacional, o nível intermediário estabelece o desenho departamental para cada uma das unidades organizacionais; e o nível operacional estabelece o desenho dos cargos e das tarefas de cada atividade, cada qual dentro de sua área de competência. Contudo, o processo é exatamente o mesmo para todos: estruturar as diferentes atividades que conduzem aos objetivos da organização. Cada administrador em seu nível organizacional coordena o trabalho de https://bit.ly/3vZqGrl 45 várias pessoas e estrutura equipes para processar a produção do trabalho. A tarefa básica da organização é estabelecer a estrutura organizacional. Existem dois caminhos para abordar a estrutura organizacional: a especialização vertical e a especialização horizontal. A primeira conduz aos níveis de hierarquia, e a segunda, a áreas de departamentalização ou divisionalização (CHIAVENATO, 2002, p. 366). A partir dos estudos até aqui apresentados, vamos, a seguir, estudar a Teoria Estruturalista e suas contribuições ao contexto da administração de empresas. 3.3 TEORIA ESTRUTURALISTA A Teoria Estruturalista foi considerada um desdobramento da Teoria Burocrática que, por sua vez, buscou conciliar as teorias propostaspelas abordagens Clássicas e pela Teoria das Relações Humanas. Conforme Maximiano (2012), uma grande contribuição à Teoria Estruturalista, foi, sem dúvida, de Amitai Etzioni. Nascido na Alemanha em 1929, Etzioni estudou as teorias anteriores e escreveu uma série de livros fundamentais para a Administração. Entre eles, destacam-se as obras Organizações modernas (1964) e Análise Comparativa de Organizações Complexas (1961). Em seus textos, Etzioni destaca a tendência que as organizações têm de se adaptarem ao meio no qual estão inseridas. Figura 8: Amitai Etzioni Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3KA9EEb. Acesso em: 24 nov. 2021 Insatisfeito com as descobertas de outros pesquisadores sobre a abordagem https://bit.ly/3KA9EEb 46 das relações humanas, ele as considerou insuficientes para esclarecer as relações entre o homem e a organização. Por isso, desenvolveu um trabalho em que criou uma classificação sobre as organizações levando em consideração diferentes tipologias. Para isso, ele utilizou a análise comparativa do controle e da autoridade. O quadro a seguir apresenta a classificação das três diferentes categorias identificadas por Etzioni em seus estudos. Quadro 4: Classificação das organizações Tipo Definição Organizações Especializadas Atividades de alto nível de especialização. Predominância da autoridade técnica. Organizações Não Especializadas Organizações envolvidas com atividades de produção de bens. Organizações em que há possibilidade de definir objetivos específicos e controle de metas. Organizações de Serviços O próprio nome já define a sua atividade. A característica diferenciadora dessas organizações é que as pessoas não são vinculadas à sua organização, tendo uma atividade temporária definida pela Tarefa Específica de Assessoria ou pesquisa. A vinculação dá-se por contrato. Fonte: Maximiano (2012, p. 228) Ribeiro (2016) comenta que o Estruturalismo passa a enxergar a empresa como uma organização complexa, e ressalta que grupos diferentes (por exemplo: a sociedade) interagem fortemente com a organização, apresentando, por vezes, objetivos distintos dela. A corrente teórica que constitui objeto desta nossa seção leva fortemente em conta as estruturas, e vê os indivíduos como muito dependentes delas. Para o Estruturalismo, o ser humano depende das organizações para nascer, crescer, viver e morrer. Além disso, por essa ótica, as organizações são vistas de modo mais integral, e interagindo intensamente com o seu meio externo. O meio externo, para o Estruturalismo, aprende com a organização, e vice-versa. 47 Continuando nosso estudo sobre a Teoria Estruturalista, Etzioni defende que as organizações possuíam as seguintes características (CHIAVENATO, 2002, p. 356): Divisão de trabalho e atribuição de poder e responsabilidades: de acordo com um plano intencional para a realização de objetivos específicos. Centros de poder: controlam os esforços combinados da organização e os dirigem para seus objetivos: esses centros de poder precisam também reexaminar continuamente a realização da organização e, quando necessário, reordenar sua estrutura, a fim de aumentar sua eficiência. Substituição do pessoal: as pessoas podem ser demitidas ou substituídas por outras pessoas para as suas tarefas. A organização pode recombinar seu pessoal através de transferências e promoções. Organizações com as características mencionadas reveem constantemente os seus resultados e se reorganizam para atender a esses resultados almejados. Portanto, possuem unidades sociais que controlam seus membros e são tidas como mais complexas que as unidades sociais naturais, tais como a família e alguma comunidade, entre outras possíveis. Por essa razão, recompensas e sansões são impostas como forma de controle dos resultados. Agora, as contribuições da Teoria Estruturalista vão para além dos estudos sobre as características, tipos de controle e a relação entre os indivíduos e as organizações. Para Chiavenato (2002, p. 258-259), a tipologia de controle de Etzioni classifica as organizações com base no uso e significado da obediência sobre as pessoas, a saber: Organizações coercitivas: o poder é imposto por força ou controlado por prêmios ou punições. O envolvimento dos participantes tende a ser alienativo em relação aos objetivos organizacionais. Exemplo: as prisões. Organizações utilitárias: o poder baseia-se no controle por meio de incentivos econômicos. Utilizam a remuneração como base principal de controle. As pessoas contribuem para a organização com um envolvimento calculativo, baseado nos benefícios que esperam obter. Exemplo: as empresas. Organizações normativas: o poder baseia-se no consenso sobre objetivos e métodos da organização. Utilizam o controle moral para influenciar os participantes devido ao elevado envolvimento moral. Exemplo: a Igreja, as universidades, os hospitais, as organizações políticas e sociais. Você pode compreender que a tipologia de Etzioni dá visibilidade aos sistemas psicossociais das empresas e apresenta como desvantagem a sua omissão à 48 estrutura, à tecnologia e ao ambiente. É considerada ainda uma tipologia simples, unidimensional e baseada exclusivamente nos tipos de controle. O estruturalismo representou um método que analisa as relações e as funções dos diferentes elementos que constituem uma organização. Ele se inicia da linguística e da psicologia no começo do século XX, e vai até a antropologia estrutural em meados dos anos 1960. Segundo Andrade e Amboni (2011, p. 140), “o estruturalismo é um método analítico e comparativo que estuda os elementos ou fenômenos em sua totalidade, salientando seu valor de posição”. https://bit.ly/3tP7xFR 49 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (ENADE TEC. GESTÃO PÚBLICA – 2018) A Administração Pública burocrática foi solidificada com o advento do Estado moderno, desenhando suas marcas em contraposição ao modelo patrimonialista. A burocracia, conforme análise clássica de Max Weber, foi o tipo de Administração Pública mais puro e apropriado à emergência da sociedade capitalista de base industrial, firmando- se como a conhecemos atualmente. Entre as suas principais características, estão o fim da lealdade pessoal e da tradição como fonte de autoridade. A lei, as regras escritas e impessoais passam a definir as relações de mando e obediência. A nova gestão pública, também conhecida como modelo gerencialista, veio no bojo das mudanças socioeconômicas a partir dos anos 1970, contrapondo-se ao modelo burocrático, tomado este como ineficiente e incapaz para lidar com demandas da sociedade contemporânea. Sua plataforma básica pretende buscar a transformação da Administração Pública, por meio da adoção de princípios de gestão até então exclusivos do setor privado da economia. JUNQUILHO, G. S. Teorias da Administração Pública. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2010 (adaptado). Considerando o texto, avalie as afirmações a seguir. I. A Administração Pública gerencialista tem como foco a implementação de um modelo de gestão pública que se inspira nas recomendações e nos desenhos sugeridos pelos que advogam a favor da reforma do Estado para que se atinja mais eficiência no setor público, especialmente no campo econômico-financeiro. II. O gerencialismo descarta a Escola de Administração Científica, também chamada de Teoria Clássica da Administração, que foi idealizada por Henri Fayol, bem como a Teoria da Burocracia. III. A Administração Pública burocrática enfatiza a formalização, a divisão do trabalho, a hierarquia, a impessoalidade e a competência técnica dos funcionários, que devem ser
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