Buscar

SANTOS - teoria do conhecimento 1.pdf

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SANTOS, Izequias Estevam. Conhecimento. In: Textos selecionados de 
métodos e técnicas de pesquisa científica. 3ª Ed. Rio de Janeiro: inpetus, 
2001, p. 29-45. 
 
Teoria do Conhecimento 
 
Pensar sobre a idéia de conhecimento envolve uma série de questões 
profundas, investidas de um grande teor filosófico. Filosofia é o estudo da vida. 
Pensar a vida exige esforço, exige sair do comum, investe abrir-se ao 
questionamento das coisas. 
Para tudo isso, é necessário amor pela sabedoria. 
Deste modo, o motor do conhecimento é a dúvida, a sede de conhecer, para 
transformar. Um movimento que encontra-se num processo histórico de 
aprimoramento. 
A teoria do conhecimento iniciou-se, portanto, com os primeiros filósofos, 
pensando a origem e o porquê das coisas. Em 1690, John Locke produziu uma 
obra denominada Ensaio Sobre o Entendimento Humano, onde organizou, por 
assim dizer, o 1º tratado de teoria do conhecimento. 
Pouco mais tarde, em 1765, Leibnitz publicou outro livro, questionando e 
aprimorando as concepções filosóficas sobre o tema. Outros nomes 
importantes neste processo histórico da teoria do conhecimento são: George 
Berkeley (1710), David Hume (1740) e Imnannuel Kant (1781) com sua obra 
Crítica da Razão pura. 
O grande foco destes pensadores era tratar da sede de conhecimento inerente 
ao ser humano e como isto foi, aos poucos, se subdividindo em campos 
diversos de conhecimento. 
De modo geral, desde a antiguidade (período anterior a Cristo), se pensava 
sobre estas coisas; um período em que o foco era compreender a 
multiplicidade dos pensamentos e dos processos de transformação do 
conhecimento, criando uma identidade entre o ser e o pensar. 
Com base nestas reflexões é que se desenvolveram os primeiros estudos 
organizados de aritmética, geometria, astronomia e música, conduzidos pelos 
sofistas. 
Ainda na antiguidade, outra grande nome para a teoria do conhecimento foi 
Socrátes (470-399 a.c.). Sua principal contribuição à construção da teoria do 
conhecimento foi a máxima “só sei que nada sei”. 
Pode-se citar-se ainda Platão (428-399 a.c.) com sua busca incessante pela 
verdade como motor da teoria do conhecimento. Aristóteles (384-322 a.c.), por 
seu turno, empenhou-se na busca pela essência profunda das coisas através 
de estudo sistemático dos fundamentos da realidade e do conhecimento 
(metafísica). 
Na idade média, os dois principais contribuidores à teoria do conhecimento 
foram Santo Agostinho e Santo Tomaz de Aquino. O primeiro elaborou uma 
ligação entre razão e fé, subjugando o homem aos propósitos divinos, ou seja, 
as coisas são como são por vontade de Deus, de modo que o conhecimento 
humano também procede absolutamente de Deus (sec. II ao VIII). 
Com Santo Tomaz de Aquino e a Escolástica (sec. IX), seguiu-se ainda o 
paradigma da razão como doação divina e o conhecimento como benevolência 
de Deus. 
Após o século XI, as teses de Galileu Galilei, Descartes e Francis Bacon 
fizeram surgir centros de estudos racionais, visando a produção de 
conhecimento científico, que se afasta da concepção escolástica – é o homem 
a sede de razão e conhecimento. 
 A partir do século XVI e XVII (período medieval), estas idéias ganham força e 
a questão do conhecimento é tratada por duas correntes: o racionalismo e o 
empirismo. 
O racionalismo teve como representante exponencial René Descartes (1596-
1650), com sua obra Discurso do Método. Seu ponto de partida era a busca 
pela afirmação de uma verdade, ou seja, algo que não pudesse ser posto em 
dúvida, donde se fez alicerce para o estudo, observação e questionamento de 
todas as explicações sócio-políticas organizacionais – que se pautavam na 
explicação da vontade divina. 
Daí houve uma dissociação entre os modelos de conhecimento científico, 
filosófico e religioso. A contribuição do empirismo foi a afirmação da busca 
essencial da verdade através da verificação e experimentação. 
Conhecer e saber: 
São palavras sinônimas relacionadas à produção do conhecimento. Significam 
ter posse de informações sobre as coisas que nos cercam. Conhecimento em 
si, significa uma prática, uma consciência de si e do mundo, conhecer de forma 
metódica e prática, experimentar. 
O saber envolve experiência, maturidade, prudência, competência como 
atributos peculiares à aquele que se propõe a conhecer. É ter habilidade para o 
exercício prático racional e constante. O saber metódico afasta os 
preconceitos, superstições, mitos; visa a superação de obstáculos; busca a 
verdade através de provas, de fatos e de teorias. O modelo metódico de 
conhecer confere, portanto, cientificidade à informação fornecida. 
Formas de conhecer 
O processo de conhecimento envolve um confronto entre o externo – o mundo 
que nos cerca – e o interno – a maneira como vemos as coisas. É um processo 
lento e gradativo através do qual interage com o meio ambiente e social, 
descobre os fenômenos naturais e toma posse dos instrumentos metodológicos 
para questionar as verdades oferecidas sobre a realidade social. 
Nesse contato, o homem passa a conhecer e compreender o real. Dada a 
complexidade da vida moderna, nem sempre nos damos conta deste processo 
de produção cotidiana de conhecimento. 
Temos a intercalação de 3 fatores para o conhecimento: intuição, razão e 
comunicação. O primeiro depende da sensibilidade de cada um; o segundo, é o 
esforço de raciocinar, dar valores, ponderar e julgar algo; o terceiro é quando já 
temos a informação organizada em nossa mente, quando já a processamos e 
transmitimos. 
O saber metódico é fruto da constante interação entre intuição e razão, entre a 
experiência e o conceito, entre o concreto e o abstrato. 
Tipos de conhecimento 
De qualquer forma, ao materializar-se, o conhecimento pode assumir formas 
diferentes. Temos 4 tipos específicos de conhecimento que são validos como 
formas de explicação da realidade: I) popular; II) religioso; III) filosófico; IV) 
científico. A diferença entre eles reside no modelo de explicação da realidade 
que cada uma assume. 
Conhecimento popular 
É uma forma de conhecimento natural, da experiência cotidiana, inata ao ser 
humano. Ela permeia e influencia as demais formas de conhecimento. Suas 
características são: superficialidade, sensitividade, subjetividade, assistemática 
e acrítica. 
Não está ocupado das explicações profundas, da busca pela essência das 
coisas, mas com as aparências. Ele apenas retém, repete e reproduz as 
experiências vividas, atualizando-as. 
Conhecimento religioso 
Busca explicar a realidade do homem no universo, sua origem e existência. 
Não demonstra nem experiência suas explicações; atribui tudo à fé e à 
revelação divina. É absoluto. Se embase em dogmas e doutrinas. A evidência, 
a prova da verdade é doada pela fé. Suas características: inspiracional, 
infalível, sistemático, não verificável. 
Conhecimento Filosófico 
Surgiu da separação entre as explicações religiosas e as intelectuais. Busca 
explicar o ser e o existir, separando fé e razão. Refuta as explicações religiosas 
de que tudo é vontade divina. Busca coerência e define rigorosamente os 
conceitos. 
Está na base do saber científico. Suas características são: conhecimento 
valorativo, infalível, sistemático, racional. 
Conhecimento científico 
Como visto, nem todo conhecimento é científico. Para ser científico é preciso: 
1) delimitação do campo de conhecimento; 2) método criterioso para a 
pesquisa. 
O conhecimento científico se divide em, inicialmente, dois grandes blocos: 
ciências humanas e ciências naturais. Mas a produção do saber científico não 
é isolada, de modo que estes campos interagem. 
Suas características: ocupa-se de fenômenos regulares, onde causas e efeitos 
se sucedem entre fatos isolados, ou grupos de fatos; registro de semelhanças 
e classificação dos fenômenos; afirmação de resultados em leis, teorias e 
generalidades. Trabalha apenas através de método sistemático.Inicia-se pela busca do maior número de informações possíveis sobre o tema, 
segue-se com aplicação de experiências, verificação de regularidade e das 
condições de sua ocorrência, elaboram-se hipótese que serão verificados via 
método criterioso. 
O percurso então será: escolha do tema, elaboração do problema, 
planejamento da investigação, coleta de dados, análise sistemática, produção 
de resultados. 
Suas peculiaridades são, portanto, racionalidade, objetividade, precisão, 
clareza, factualidade, comunicabilidade, sistematização, falibilidade. 
De modo geral, conhecimento é algo fundamental à qualquer pessoa. Podemos 
não produzi-lo, mas sempre o consumimos. 
 
 
SANTOS, Izequias Estevam. Ciência. In: Textos selecionados de métodos e 
técnicas de pesquisa científica. 3ª Ed. Rio de Janeiro: inpetus, 2001, p. 47-
80. 
Ciência: base técnica 
A palavra ciência possui um significado aberto (conhecimento, saber) e um 
significado fechado (tipo específico de conhecimento produzido de modo 
sistemático e experimentado). 
A ciência se compõe de duas dimensões inseparáveis que referenciam 
respectivamente o caráter lógico e o técnico: a dimensão de conteúdo e a 
dimensão metodológica. 
Conceito 
Ciência: estudo de problemas solúveis via método sistemático. 
Foco: afirmação de verdades, explicação de fatos por meio da experimentação 
e investigação que permitem definir leis e regularidades de sua ocorrência. Ela 
esta voltada a estabelecer certezas através de procedimentos racionais. 
Exige, por conseguinte, o uso de métodos sistemáticos e a formulação de 
hipóteses e conceituações. A ciência não se constitui de verdades e certeza 
eternas. Ela é feita para ser superada. Seu produto é uma teoria (conjunto de 
idéias). 
Processo histórico 
Desde o início, a humanidade sempre buscou compreender e explicar a origem 
das coisas, mas a grande revolução neste sentido, ocorre somente entre os 
séculos XV e XVII, que daria inicio à chamada ciência moderna. 
Este período foi marco de transformação em todos os campos da organização 
social. No campo específico da ciência, mudaram as técnicas de pesquisa, os 
objetivos e o papel da ciência na sociedade. 
Houve uma mudança drástica na forma como o homem via a si mesmo e ao 
mundo. Foi o período em que foram retomadas as idéias do período final da 
antiguidade. É deste período a expansão marítima e tecnológica, que permitiu 
também um desenvolvimento grande da imprensa e da divulgação de livros e 
informações. 
Este período foi marcado ainda pela cisão na igreja católica, com a reforma 
protestante, que também contribuiu de forma extrema para o desenvolvimento 
científico. 
Relacionado a isso, o próprio desenvolvimento do capitalismo foi um estímulo 
ao desenvolvimento científico, pela necessidade que este sistema produtivo 
possui de inovações. 
Neste contexto, houve avanços marcantes em todos os ramos de 
conhecimento. A investigação, a observação e experimentação passaram a ser 
regra. 
Ciência na idade moderna 
Pode-se dizer que a ciência moderna se estabeleceu a partir do século XVIII, 
com o surgimento de inúmeros estudos criteriosos em todas as áreas do 
conhecimento. 
Em função do crescente interesse do Estado pela ciência, ampliaram-se os 
centros de estudo, que no século XIX desenvolveram-se ainda mais. Pouco a 
pouco, a ciência tornou-se pública, na medida em que exercia conseqüências 
na vida prática cotidiana das pessoas. 
Pode-se apontar como grandes marcos deste processo, o desenvolvimento da 
força a vapor, da energia elétrica, e a publicação de alguma obras como A 
Origem das Espécies de Darwin. 
A partir daí, como uma necessidade imposta pelo sistema capitalista crescente, 
as realizações da ciência se aceleraram e intensificaram cada vez mais, 
produzindo materiais cada vez mais sofisticados, com tecnologias cada vez 
mais avançadas que facilitaram e agilizaram a pesquisa científica. 
Ciência e tecnologia 
Enquanto a ciência busca a afirmação de verdades, a tecnologia objetiva a 
alteração e a eficiência. 
A tecnologia utiliza-se dos resultados da ciência para desenvolver produtos que 
modificam o mundo e submetem a natureza às necessidade humanas. A 
tecnologia tem como objetivo inovar, criar, revolucionar. Mas ela sempre 
precisa do saber científico, do embasamento teórico que a precede. A 
tecnologia é, portanto, um conjunto de conhecimento destinado à uma 
aplicação prática. 
Diretamente relacionado a isso, tanto a produção da ciência em si, quanto para 
a produção tecnológica, é necessário que haja pesquisa, ou seja, um trabalho 
ordenado, sitemático e racional que objetiva produzir conhecimentos. É um 
processo que se inicia com a formulação de um problema, o desenvolvimento 
de estudo e a produção de resultados. 
A pesquisa pode ser experimental, aplicada, ou de fundamentos teóricos. Para 
tudo isso, o alicerce principal é a metodologia científica. 
A produção científica e tecnológica é um dos mais importantes setores de 
distribuição de poder no mundo moderno. Por isso, o apoio e incentivo estatal 
são fundamentais, pois, para que o país se desenvolva, é necessária a 
produção científica e tecnológica. 
Neste sentido, as trocas comerciais são muito importantes para a incorporação 
de novos conhecimentos, mas para que haja independência, é fundamental 
que o país invista em pesquisa. Não basta absorver o que vem de fora. 
Ciência e tecnologia são, assim, um bem econômico, uma mercadoria de alto 
valor no mercado internacional. Isto porque, conhecimento é poder, capacidade 
de domínio. É fundamental que o país possa produzir ciência e não apenas 
consumi-la.

Continue navegando