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VALIDAÇÃO DA TERCEIRA VERSÃO DO QUESTIONÁRIO ALIMENTAR DO DIA ANTERIOR (QUADA-3) PARA A ESCOLARES DE 6 A 11 ANOS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO INTEGRADA EM SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL ALUNO: ANDRÉ LUCAS SAPLISCHE BONGIOVANI ORIENTADORA: PROFA. DRA. CAROLINA PERIM DE FARIA Título do artigo Autores Revista / Ano de publicação ABSTRACT INTRODUÇÃO O estudo em questão testa a validação do questionário QUADA-3 ( Questionário Alimentar do Dia Anterior ). Participantes: 164 indivíduos em idade escolar. Outras validações : Dia Típico de Atividade Física e de Consumo Alimentar (DAFA): Escolares de primeira à quarta série , ensino público, método de referência utilizado: recordatório de 24hrs. Questionário Alimentar do Dia Anterior (QUADA-2) : Escolares , método de referência : observação direta referente ao consumo de refeições do dia anterior . 1. 2. Questionários de consumo alimentar estruturados Simplicidade e praticidade. Baixo custo benefício. Ilustrado. Delineado como recordatório. Formato e linguagem direcionada ao público alvo. Justificativa: Aprimoramento de métodos . Fonte: Departamento de Nutrição, Universidade Federal de Santa Catarina. Questionário Alimentar do Dia Anterior (QUADA-3) OBJETIVO Apresentar os resultados do estudo de validação da QUADA-3 e avaliar a influência de variáveis relacionadas aos participantes do estudo sobre a discordância das respostas entre o questionário e as observações diretas de três refeições escolares. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de validação, com amostra de conveniência: Estudo de validação : Análise de validação de testes em prol de medir o que se deseja mensurar. Amostra de conveniência : Amostra constituída a partir de critérios que podem ser preestabelecidos por conveniência do pesquisador (facilidade),baixo custo , rapidez,curto prazo , não conclusiva e sem valor científico. Ideais para testes piloto. População do estudo: escolares do segundo a quinto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do Balneário Camboriú, Santa Catarina, Brasil. A instituição foi selecionado por ser a única da região com modelo de permanência em atividade integral com fornecimento de três refeições escolares : lanche da manhã , almoço e lanche da tarde. Entretanto : A delimitação do público não permite generalização de resultados para diferentes contextos. 1. 2. 3. · METODOLOGIA Etapas e aplicações dos métodos do estudo : Classificação de estado nutricional: Inicialmente foram obtidos dados relacionado massa corporal (IMC) e estatura (M2) seguindo normas e orientações pré estabelecidas pela OMS. O questionário ainda levou em consideração padrões alimentares particular a faixa etária, disponibilidade de alimentos,cardápio oferecido nas escolas públicas e o Guia Alimentar para população brasileira . 1. 2.Desenvolvimento do QUADA : Delineado e formatado para o público alvo em prol de adequação a faixa etária estudada de acordo com sua capacidade de raciocínio , sendo ainda modificado em relação a sua segunda versão por conter também a inclusão de uma refeição pós jantar com instituto de estímulo à memória do indivíduos sendo também incluso outros alimentos para diversificação em conjunto a ilustrações adequadas a faixa etária. As refeições ainda foram ordenadas em ordem cronológica ilustrada com 21 alimentos ou grupos de alimentos. METODOLOGIA 3. Método de referência(observação direta ): A partir de um protocolo padronizado , a observação foi realizada por pesquisadores e alunos devidamente treinados do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí. Por meio direto, observou- se o consumo alimentar dos sujeitos escolares em três refeições escolares (lanche da manhã, almoço e lanche da tarde). Os indivíduos foram responsáveis por observar no máximo cinco alunos, identificados por meio de crachás com cores diferentes 4. Aplicação do QUADA: O teste foi aplicado às aulas na forma de um exercício orientado por um professor treinado e dois pesquisadores. Os alunos foram agrupados por ano letivo. Em seguida, foram solicitados a marcar os alimentos que haviam ingerido no dia anterior. As crianças também foram solicitadas a lembrar a hora do dia em que comeram a comida. Após as orientações, os alunos receberam um questionário para agendamento de suas refeições. METODOLOGIA Para a validade externa do QUADA-3, foram calculados os valores : Sensibilidade. Especificidade. Falsos-negativos Falsos-positivos Usando as observações como padrão ouro (teste padrão afim de avaliar exatidão diagnóstico e assegurar o mesmo Para comparações do estudos similares ainda foi ultilizada a estatísca Kappa (coeficiente estatístico usado para medir confiabilidade entra avaliações). 5. Análise : O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina. Um termo de consentimento foi assinado pelos pais e as crianças foram informadas sobre a não obrigatoriedade do estudo. ex: teste RT- PCR -> COVID-19 (Padrão Ouro ). A amostra foi composta por 164 alunos: Entre os participantes: 45 (27,4%) estavam acima do peso (17 meninas e 28 meninos) Uma criança de cada sexo estava abaixo do peso para a idade.. 1. 43,3% meninas 2. 56,7% meninos RESULTADOS As taxas de falsos-negativos (omissões) foram mais baixas para estes alimentos : Doces (43,4%) Hortaliças /verduras (43,4%) Refrigerantes (36%) Ambos apresentaram os menores valores de sensibilidade e, conseqüentemente, as maiores taxas de falsos-negativos (omissões). A especificidade foi alta para todos os alimentos, variando entre 99,4% (refrigerantes) a 88,2% (bebida achocola- tada), gerando, por conseguinte, baixas taxas de falsos-positivos RESULTADOS Tabela 1 : RESULTADOS Tabela 2: Apresenta os valores de sensibili- dade e especificidade do QUADA-3, por item alimentar, estratificada segundo o sexo, a idade (6 a 8 anos ou 9 a 11 anos) e a condição de excesso de peso (não ou sim). Os valores de sensibilidade foram mais elevados para os escolares de 9 a 11 anos em comparação aos de 6 a 8 anos. Em média, os valores de sensibilidade foram ligeiramente mais elevados para meninas do que para os meninos nos escolares que não apresentavam excesso de peso. RESULTADOS Tabela 2: Apresenta os valores de sensibili- dade e especificidade do QUADA-3, por item alimentar, estratificada segundo o sexo, a idade (6 a 8 anos ou 9 a 11 anos) e a condição de excesso de peso (não ou sim). os valores indicaram maior sensibilidade para: o relato de consumo de frutas entre as meninas; de doces entre os escolares de 9 a 11 anos. Tabela 3: A taxa de discordância e os fatores associados no que se refere à divergência de respostas entre o QUADA-3 e as observações, por refeição e item alimentar. A idade da criança foi o fator que mais influenciou na taxa de discordância. A condição de excesso de peso apresentou influência na discordância de respostas apenas para a bebida achocolatada no lanche da tarde. Não foram verificadas discordâncias de respostas entre os sexos, para todos os itens alimentares analisados. RESULTADOS O QUADA foi desenvolvido considerando o estágio cognitivo de crianças de 7 a 10 anos. A sua estrutura e protocolo de aplicação permitem situar as crianças no tempo (ontem), no espaço (refeições ordenadas cronologicamente) e estimular a imaginação visual. Os vieses associados aos entrevistados podem ter implicações nas avaliações das associações entre o consumo de alimentos e os resultados de saúde e para programas de intervenção destinados a mudar o comportamento. Hipótese a ser considerada em relação à subnotificação do consumo de doces é o fato de as crianças saberem que esse item é socialmente indesejável de acordo com as recomendações nutricionais 28. Outros estudos de validação de questionários estruturados do dia anteriortambém relataram menor acurácia. informações para categorias de alimentos que incluíam vários tipos de alimentos em vez de alimentos específicos (por exemplo, 'legumes' em vez de 'cenouras' ou 'alface'; 'doces' em vez de 'sorvete'). DISCUSSÃO O QUADA não foi projetado para estimar a ingestão de nutrientes e não foram incluídas perguntas sobre o tamanho das porções. Futuras pesquisas podem ser realizadas para testar a validade do instrumento aplicado em vários dias, uma vez que o instrumento é relativamente breve e de fácil aplicação no contexto escolar. Outra questão também se refere a limitação de participantes por faixa etária o que não permite diversidade de resultados e também ao número de refeições realizadas na escola que não cobre as 24 hrs. LIMITAÇÕES A taxa de falsos positivos (intrusões) foi relativamente baixa. Para os falsos negativos (omissões), os maiores índices foram encontrados para refrigerantes, doces e vegetais (Tabela 1). O nível de desenvolvimento cognitivo das crianças de 9 a 11 anos (vocabulário mais desenvolvido em relação ao nome dos alimentos e capacidade de abstração ) pode ter contribuído para a melhor concordância das respostas. Os dados encontrados indicaram que o gênero não influenciou na discordância dos resultados, e que o excesso de peso esteve associado à discordância apenas para o item achocolatado. Não foi encontrado diferença significativa entre os sexos quanto à acurácia do autorrelato por meio de entrevistas recordatórias validadas, contra observações escolares. CONCLUSÃO Os resultados deste estudo mostraram que a terceira versão do QUADA pode gerar dados válidos para a maioria dos alimentos ilustrados no questionário, quando aplicada junto a uma amostra de escolares do segundo ao quinto ano do ensino fundamental da escola pública , entretanto ainda requer aprimoramentos. CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS 1. Baxter SD. Cognitive processes in children’s dietary recalls: insight from methodological studies. Eur J Clin Nutr 2009; 63 Suppl 1:S19-32 2. Edmunds LD, Ziebland S. Development and vali- dation of the day in the life questionnaire (DILQ) as a measure of fruit and vegetable questionnaire for 7-9 year olds. Health Educ Res 2002; 17:211-20. 3. Baxter SD, Thompson WO, Davis HC, Johnson MH. Impact of gender, ethnicity, meal component, and time interval between eating and reporting on ac- curacy of fourth-graders’ self-reports of school lunch. J Am Diet Assoc 1997; 97:1293-8. 4. 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