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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO INTEGRADA EM SAÚDE CURSO DE NUTRIÇÃO EPIDEMIOLOGIA NUTRICIONAL ALEITAMENTO MATERNO ALUNOS: ANDRÉ LUCAS SAPLISCHE BONGIOVANI, ARTHUR CRUZ FAVARO E BARBARA FERREIRA ALVES ORIENTADORA: PROFA. DRA. CAROLINA PERIM DE FARIA Definição: É o ato de alimentar o bebê com leite materno diretamente no seio da mãe. O aleitamento materno é uma prática fundamental para o desenvolvimento da criança. Envolve uma grande interação entre mãe e filho com repercussões importantes sobre o desenvolvimento cognitivo, estado nutricional e emocional da criança. INTRODUÇÃO • A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide o aleitamento materno nos subtipos: 1. Aleitamento materno exclusivo (AME): Envolve oferecer à criança apenas o leite materno, seja por sucção direta da mama ou por ordenha manual, sem que haja adição de outros líquidos ou sólidos. 2. Aleitamento materno predominante (AMP): Quando é oferecido à criança água, sucos ou outras bebidas, porém sem deixar de lado o aleitamento materno, que deve ser feito de forma predominante sobre as outras bebidas. 3. Aleitamento materno complementado: Quando, além do leite materno, há a inserção de alimentos sólidos ou semissólidos de forma complementar e não substitutiva. 4. Aleitamento materno misto ou parcial: Oferecimento de leite materno e outros tipos de leite (vaca, cabra, etc.). INTRODUÇÃO Têm-se três processos principais de preparação da mama para o ato da amamentação: 1. Mamogênese: fase de desenvolvimento e crescimento mamário —> inicia com a puberdade e durante o período de gravidez esse desenvolvimento se acelera e se completa. 2. Lactogênese: início da formação da secreção láctea —> produção e secreção do leite se dá com estímulos da prolactina (estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias) e pela ocitocina (estimula a contração da musculatura lisa e ejeção do leite pela mama). 3. Galactopoiese: manutenção da secreção láctea —> a secreção que requer um meio hormonal adequado (PRL + OT), sucção periódica e remoção regular do leite —> sucção é fundamental para produzir o leite, caso contrário, deve- se estimular a ordenha. FISIOPATOLOGIA DO ALEITAMENTO MATERNO TÉCNICA DA AMAMENTAÇÃO Fonte: disponível em: <https://www.sanarmed.com/aleitamento-materno-definicoes-beneficios-e-principais- desafios-enfrentados-na-atencao-basica-colunistas>. Acesso em: 15 ago. 2022 ASPECTOS NUTRICIONAIS • A produção láctea é diferente de mãe para mãe: cada uma produz um leite com composição única. • Durante a produção ocorre o processo de maturação onde o leite materno obedece três fases principais a fim de sua geração: 1. Colostro: é a primeira imunização do bebê e produzido do primeiro ao quinto dia após o nascimento —> composição rica em proteínas e imunoglobulinas (IgA, IgG e IgM) e possui coloração amarelada. 2. Leite de Transição: produzido do sexto ao décimo quinto dia após o nascimento —> composição rica em gorduras, lactose e outros nutrientes importantes e possui coloração branca. 3. Leite maduro: considerado o leite ideal, com todos os componentes essenciais para o desenvolvimento da criança —> produzido a partir do 15º dia após o nascimento e sua coloração é de transição entre o amarelo e o branco. FASES DO LEITE MATERNO 1 2 3 Fonte: disponível em: <https://dramarcelanoronha.com.br/2021/02/colostro-x-leite- maduro/>. Acesso em: 15 ago. 2022. DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO • Até os 6 meses: Aleitamento materno exclusivo. • 6 meses a 2 anos: Aleitamento materno seguido da inserção da alimentação complementar. • Após os 2 anos: Alimentação conjunta com a família. O Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) indica que 95% dos bebês são amamentados em algum momento de suas vidas. Variação entre países ricos e pobres: Apenas 1 em 25 crianças nunca são amamentadas em países de baixa renda, no entanto, em países de alta renda um a cada cinco crianças nunca recebem leite materno. As prevalências mais altas de amamentação aos 12 meses, globalmente, foram encontradas na África Subsaariana, no Sul da Ásia e em partes da América Latina. Na África Ocidental e Central, 63% dos bebês de famílias mais pobres ainda recebem leite materno aos dois anos, contra apenas 26% no caso de indivíduos mais ricos. Na Europa Oriental e Ásia Central, a diferença é menor: 23% entre as famílias mais ricas e 31% entre as mais pobres. SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO ALEITAMENTO MATERNO : MUNDIAL DISTRIBUIÇÃO GLOBAL DA AMAMENTAÇÃO AOS 12 MESES DE IDADE Fonte: disponível em: <https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140673615010247>. Acesso em: 15 ago. 2022. SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO ALEITAMENTO MATERNO : BRASIL Os índices de aleitamento materno estão aumentando no Brasil, de acordo com resultados preliminares do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani) do Ministério da Saúde. Foram avaliadas 14.505 crianças menores de cinco anos entre fevereiro de 2019 e março de 2020. Mais da metade (53%) das crianças brasileiras continua sendo amamentada no primeiro ano de vida e entre as menores de seis meses o índice de amamentação exclusiva é de 45,7%. O último dado de 2006 da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), em comparação com o Enani, aponta para aumento de 15 vezes na prevalência de aleitamento materno exclusivo entre as crianças menores de 4 meses, e de 8,6 vezes entre crianças menores de 6 meses. Na comparação com os últimos 34 anos, houve aumento de quase 13 vezes no índice de amamentação exclusiva em crianças menores de 4 meses e de cerca de 16 vezes entre crianças menores de 6 meses. . SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DO ALEITAMENTO MATERNO : ESPÍRITO SANTO No Espírito Santo, a referência estadual da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (BLH) é o Hucam. Entre os meses de Janeiro e Julho deste ano foram coletados 1.855 litros e distribuídos 1.392 litros a 908 bebês internados em hospitais localizados no Espírito Santo. O número de doadoras foi de 1.113 nesse período. Já em 2021, 4.116 litros de leite foram doados no estado. Doadoras 1.113 1.392 litros de leite distribuídos N. de bebês atendidos 908 Fonte: De autoria própria No Espírito Santo existem 6 bancos de leite: Banco de leite do Hospital das Clínicas (HUCAM): Vitória. Banco de leite do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Dr. Alzir Bernardino Alves (Himaba): Vila Velha. Banco de leite do Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo (HPM): Vitória. Banco de leite do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim. Banco de leite do Hospital e Maternidade São José, Colatina. Banco de leite da Santa Casa de Misericórdia: Vitória. 1. 2. 3. 4. 5. 6. BANCOS DE LEITE ESTADO NUTRICIONAL (SISVAN) - 2008 Fonte: disponível em: <https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/estado-nutricional-sisvan/>. Acesso em: 15 ago. 2022 POLÍTICA NACIONAL O documento foi elaborado para a formulação e pactuação da Política Nacional de Promoção, Proteção e Apoio ao Aleitamento Materno no Brasil. Sua construção teve início em 2010, refletindo a necessidade de fortalecer as ações de incentivo ao aleitamento materno desenvolvidas no País desde a década de 1980. O objetivo principal é garantir o direito as crianças, mães e famílias à amamentação exclusiva nos primeiros 6 meses de vida e até os 2 anos de vida ou mais, seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde (MS). BENEFÍCIOS DA AMAMENTAÇÃO Fonte : disponível em: <https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/sobre-ans/semana-mundial-da- amamentacao-destaca-a-responsabilidade-de-todos/Aleitamentomaterno.png>. Acesso em: 15 ago. 2022. BENEFÍCIOS: MÃE X BEBÊ A amamentação reduz a depressão pós- parto; O leite materno é acessível; A amamentação ajuda no controle da natalidade (tem uma taxa de proteção de 98% nos primeiros seis meses); Tem um efeitoprotetor contra o câncer de mama e de ovário; A amamentação reduz o risco da mulher desenvolver diabetes tipo 2 após a gravidez. Ajuda na perca de peso proveniente da gestação. Menor risco de obesidade, hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia para a criança; Promove melhor desempenho cognitivo; Auxilia no desenvolvimento da cavidade bucal; Se torna um contraceptivo natural para as mães; Reduz risco de alergias e infecções na criança; Reduz risco de morte súbita; DESAFIOS DA MANUTENÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO • Ingurgitamento mamário: causado pela estase de leite na glândula —> tratamento: realização de compressas mornas e evitado a ordenha de leite e amamentação até esvaziar a mama. • Traumas mamilares: causado pela consequência de uma pega incorreta, ocasionando fissuras/bolhas mamilares, muito dolorosas à mãe —> tratamento: com hidratantes à base de lanolina, com a aplicação do próprio leite materno no local e com banho de sol. • Mononilíase mamária: candidíase mamária que causa dores profundas (fisgadas) e queimação nas mamas, que persistem após as mamadas —> tratamento: antifúngicos (Miconazol ou Fluconazol). • Mastite: infecção aguda da mama, tendo como principal agente etiológico o Staphylococcus aureaus —> tratamento; para evitar ingurgitamento mamário deve-se usar sutiãs de alças largas e utilizar antiinflamatórios ou analgésicos para alívio da dor. • Abcesso mamário: complicação de uma mastite não tratada —> tratamento: drenagem cirúrgica do abcesso e avaliação da necessidade de antibioticoterapia. AGOSTO DOURADO O mês de agosto foi designado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Agosto Dourado, por simbolizar a luta pelo incentivo à amamentação. A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. Amamentar é muito mais do que nutrir a criança, pois repercute também em suas defesas imunológicas, desenvolvimento físico, cognitivo e emocional, além dos benefícios para a saúde física e psíquica da mãe. Fonte : disponível em: <https://www.paho.org/pt/campanhas/semana-mundial-aleitamento-materno-2022- fortalecer-amamentacao>. Acesso em: 15 ago. 2022. CONCLUSÃO O aleitamento materno é inerente à criança e possui uma repercussão importante no seu desenvolvimento. Apesar de possuir benefícios duradouros, nem sempre sua realização é feita da forma que é preconizada pelas diretrizes. Cabe aos médicos e profissionais da saúde estimularem a sua realização da forma correta e evitar que as intercorrências mamárias estimulem a inserção precoce da alimentação complementar. REFERÊNCIAS Aleitamento Materno. Disponível em: <https://www.sanarmed.com/aleitamento-materno-definicoes-beneficios-e-principais-desafios-enfrentados-na-atencao-basica-colunistas>. Acesso em: 15 ago. 2022a. Aleitamentomaterno.png — Português (Brasil). Disponível em: <https://www.gov.br/ans/pt-br/assuntos/noticias/sobre-ans/semana-mundial-da-amamentacao-destaca-a- responsabilidade-de-todos/Aleitamentomaterno.png>. Acesso em: 15 ago. 2022. Colostro x Leite Maduro -. . [S.l: s.n.]. Disponível em: <https://dramarcelanoronha.com.br/2021/02/colostro-x-leite-maduro/>. Acesso em: 15 ago. 2022. , 7 fev. 2021 Estado Nutricional (SISVAN) – DATASUS. . [S.l: s.n.]. Disponível em: <https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/estado-nutricional-sisvan/>. Acesso em: 15 ago. 2022. , [s.d.] Amamentação ao redor do mundo e fatores que a influenciam | Primeiros 1000Dias. Disponível em: <https://www.primeiros1000dias.com.br/artigos/amamentacao-no- mundo>. Acesso em: 16 ago. 2022. Bancos de leite amparam mulheres na amamentação. Disponível em: <https://www.al.es.gov.br/Noticia/2022/08/43479/bancos-de-leite-amparam-mulheres-na- amamentacao.html>. Acesso em: 16 ago. 2022. Fisiologia da lactação e manutenção da produção de leite | Colunista - Sanar Medicina. Disponível em: <https://www.sanarmed.com/fisiologia-da-lactacao-e-manutencao-da- producao-de-leite-colunista>. Acesso em: 16 ago. 2022. Pesquisa inédita revela que índices de amamentação cresceram no Brasil. Disponível em: <https://www.unasus.gov.br/noticia/pesquisa-inedita-revela-que-indices-de- amamentacao-cresceram-no-brasil>. Acesso em: 16 ago. 2022. Semana Mundial de Aleitamento Materno 2022. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/campanhas/semana-mundial-aleitamento-materno-2022-fortalecer-amamentacao>. Acesso em: 15 ago. 2022. VICTORA, C. G. et al. Breastfeeding in the 21st Century: Epidemiology, Mechanisms, and Lifelong Effect. The Lancet, v. 387, n. 10017, p. 475–490, jan. 2016. Disponível em: <https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0140673615010247>. Acesso em: 15 ago. 2022.
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